Ancient Vs. Modern

Transcrição

Ancient Vs. Modern
Leonardo Da Vinci
Gottfried Helnwein - Artista austríaco, óleo sobre tela
Ancient Vs. Modern
Por: francisco chinita
Recentemente, como ao longo dos séculos, cada vez
que uma nova corrente artística aparece, ouve-se dizer,
“isto não é arte”, “vamos por maus caminhos”, “estão
a destruir a beleza”, hoje, apesar do nosso conhecimento, não é diferente, mas a verdade é que o homem
evolui, logo, tudo o que em geral nos rodeia, e a arte
em particular, vão criando novas roupagens, novos
contornos. Foi assim que passámos do Ford T de 1908
para o actual Ferrari ou Lamborghini, foi assim que
passámos de Goitto a Picasso, dos sinais de fumo e do
tambor ao e-mail e ao smartphone.
Há milhares de anos que isso acontece, a evolução não
pára, faz parte do crescimento desde os tempos mais
remotos, como sempre, procurou-se a perfeição, a
pedra filosofal, o éter, hoje não é diferente e se o caminho aconteceu desta forma, então foi porque o destino
assim nos presenteou por sermos uma espécie inteligente e denotou-se isso, quando o homem se tornou
artista.
Pintura a óleo de Pedro Campos
Seremos gratos por isso e seremos gratos aos que, no
passado, iniciaram a caminhada na senda da perfeição. Essa perfeição arrebatadora, gritante, encontramo
-la hoje no hiper-realismo.
Inventaram-se frases, ismos, ideias novas da realidade
da mente abstracta, do onírico, desbravou-se caminho,
mas o objectivo foi sempre o mesmo, a realidade, a
superação de Deus na criação, o desafio à própria
existência, o Hiper…
Na actualidade muitos dos seguidores da velha escola
tendem em denegrir o novo, alegando que esta arte
actual não nos transmite nada à alma, - como novo e
arte actual refiro-me ao Hiper-realismo - no entanto,
veneram os mestres da antiguidade (por obrigação,
tradição ou hipocrisia) sem fazer por entender que
também eles, no passado, foram os modernos, os
hiper-realistas do seu tempo, infelizmente sem a técnica e a habilidade que hoje qualquer jovem artista tem;
um realismo fotográfico, arrepiante.
Se os velhos mestres pudessem ver o que hoje se consegue, certamente abandonariam os pincéis, tal é a
diferença no perfeccionismo se comparado com o que
eles fizeram, além disso, segundo os nossos cânones
actuais, seriam eles artistas quando trabalhavam para
um mecenas? Quando a sua arte não nascia da vontade, do sentir mas sim do que lhes era imposto pela
igreja? Eram artistas ou fazedores de quadros, artesãos? Dá que pensar! É certo que o tempo tudo apaga,
e estes novos críticos do moderno desdizem-se, pois
falam sem bases. Para eles arte é imitar o real do
Renascimento, arte é o mau desenho da idade média,
mas não é o realismo actual... Eles lá saberão porquê!
É certo que os materiais; pincéis, tintas, tela etc. não
tinham a qualidade que têm hoje, é certo que não existia a fotografia para poder ter aí o modelo disponível
horas, dias, semanas e copia-lo à minúcia, mas também é certo que também o saber, o desenho e a habilidade não tinham comparação.
Comparando as obras de então com as actuais, essas
do passado assemelham-se-nos ao que são, pinturas
que imitam uma realidade “pouco real”, obras pintadas por mestres que hoje não teriam credibilidade, em
oposição à pintura actual que consegue uma perfeição
ímpar.
Esquerda, Robin Eley, pintura a óleo, séc. XXI
Baixo Esq. Desenho a lápis de Dirk Dzimirsky séc. XXI
Baixo dir. Auto-retrato de Leonardo da Vinci , séc. XVI
Leonardo e Michelangelo. Alguém tem a coragem de meter em causa estes mestres venerados da arte antiga?
Comparemos pois a pincelada, o desenho e a perfeição na tentativa de retratar o real destes hiper-realistas do
passado com os artistas actuais.
Leonardo da Vinci
Michelangelo Buonarroti
Abaixo dois retratos pintados por artistas praticamente desconhecidos do nosso tempo.
Sebastian Krüger. Óleo sobre tela.
Dru Blair. Aerógrafo.
Sebastian Krüger
Sejamos sinceros, esta é a pura verdade,
se a pintura servia para retratar a realidade (paisagem, retrato, cenas bíblicas e
mais tarde a realidade da mente abstracta
e do onírico), como sempre se tentou,
(tentou) então o homem nunca conseguiu
essa realidade tão gritante como em
finais do Século XX. Recorreu então,
para o conseguir, ao realismo, mais tarde
à pintura da luz do Impressionismo e por
fim, na procura desenfreada do real,
optando por representar a mente com o
Suprematismo e o Abstracto. Conseguiu?
Só em parte!
Actualmente discute-se sobre a pintura
hiper-realista, os que gostam e os que
odeiam, e os que odeiam, sabemo-lo, são
sobretudo pintores falhados, incapazes de
fazer um bom desenho ou um bom quadro, renegam por inveja, revoltam-se
contra o que não dominam e dedicam-se
a um abstracto trapalhão onde se denota
mediocridade na tentativa de encontrar aí
um meio de esconder as próprias falhas.
Falham duplamente na composição, perspectiva e contraste cromático, como se
tudo fosse permitido no abstracto, no
entanto só conseguem mostrar uma falta
de respeito pelos mestres do abstracto,
nada mais.
Rafael Sanzio
Luciano Ventrone - actual, acima.
Sandro Botticelli. Acima.
Rafael Sanzio , Abaixo
Omar Ortiz, pintor Mexicano, óleo sobre tela.
A arte abstracta tem a sua beleza, as suas leis e o seu valor
quando é séria, feita por quem tem o dom de a fazer e nesse
caso não serve de cortina mas de luz.
Vem-me em mente Kandinsky, Picasso, Pollock, Kirchner,
Nadir Afonso etc., que admiro, que tiveram o seu tempo de
ouro mas que actualmente estão ultrapassados, como o estão
os Impressionistas, e os pintores de cavernas do neolítico,
segui-los, hoje, é retroceder 50 anos ou mais na história e
impor um travão à evolução.
Duas obras de Javier Arizabalo. Óleos sobre tela.
Robin Eley, pintor inglês. Óleo sobre tela.
O abstracto não pode nem deve ser o bode expiatório para
os enjeitados actuais, a esse respeito Salvador Dalí dizia:
"Pintores não temam a perfeição, nunca a conseguireis
alcançar! Mas se fordes medíocres, e se, por isso, vos forçardes por pintar muito mal, ver-se-á sempre que sois
medíocres".
Os mais críticos afirmam:
“O hiper-realismo não aporta nada de novo à fotografia”.
- Teremos de abandonar um caminho só porque existe outro contíguo? Não sejamos ridículos, só porque existe a fotografia teremos de abandonar uma abilidade?
- Teremos de retroceder na nossa capacidade e fazer pinturas que pareçam pinturas afastando-nos do que
aprendemos? Mas isso é travar a evolução de milénios para poder agradar a alguns, poucos, que se sentem ameaçados pelo novo!
- Não será esta nova forma de fazer arte uma superação do transcendente, onde o homem desafia a própria
existência e os próprios limites e supera Deus na criação, algo que só hoje é possível fazer apesar de toda a nossa
existência o termos, em vão, tentado?
Não pretendo com este
trabalho idolatrar a arte
actual em detrimento da
passada, nada disso,
simplesmente mostrar
que tem o valor que
conquistou e que se
pode bater de igual para
igual com todas as
outras correntes artísticas passadas, pois ela é
a essência filtrada, o
óleo essencial extraído
no alambique do tempo,
ela é, portanto, a causa,
não o efeito, é o culminar de milénios de criação humana, ela não
deve servir de crítica
para realçar o passado
recalcando o futuro.
Duas pinturas de Alyssa Monks, pintora dos EUA. Óleos sobre tela.
Pode até chegar-se à conclusão que as correntes artísticas, como tudo, têm períodos que se repetem ao longo da
história. O Expressionismo abstracto pode ser o retorno às origens do neolítico de Foz Côa, como o realismo ao
Maneirismo que derivou do renascimento que por sua vez foi beber à Idade média e o Hiper-realismo ao Realismo, o Simbolismo que, “com a descoberta da luz” se transforma no Impressionismo, o Abstracto, de deriva do
Expressionismo, desagua no Surrealismo. É a evolução a lutar pela vida...
Natureza Morta
Duas naturezas mortas. Acima Caravaggio, magnifico, abaixo Luciano Ventrone, magistral.
Ambas as pinturas a óleo sobre tela.
É notório o trabalho do artista actual se comparado com os do passado.
Luciano Ventrone, óleo sobre tela. séc. XXI
Excelente composição em diagonal de Juan Sanchez Cotán. Óleo sobre tela,1602
Javier Arizabalo, Óleo sobre tela
Antonio Castello Avilleira. Óleo e Alquídico sobre tela — 2013
Budegones / Composições
Lauro Winck, Óleo sobre tela
Francisco de Zurbarán (1636).
Temas Bíblicos. “Madonna com o menino”.
Gottfried Helnwein, séc. XXI, A tradicional cena da Madonna
rodeada de anjos anunciadores, vem aqui representada , na versão
actual, rodeada de membros das SS nazis. Gottfried Helnwein representa em toda a sua obra o sofrimento e o caos, o sangue, as crianças
feridas e/ou armadas, mas também os nazis com cara de bondosos homens. Denota-se na sua obra o sofrimento com ligação ao passado do
seu país.
Felizmente já não tememos
a inquisição que durante
séculos impôs um travão na
criação, e obrigou a seguir
um caminho amorfo, esquálido, hipocritamente venerado hoje só porque é antigo,
mas temos os actuais críticos. Só o tempo, como sempre aconteceu, vem provar
que estão errados e que as
suas brilhantes ideias de
nada valem, rapidamente o
tempo se encarregará de os
calar, sempre assim aconteceu.
Quanto mais avançamos no
tempo, mais e mais rapidamente as nossas actividades
se transformam e evoluem,
temos o exemplo da ciência,
electrónica, medicina etc.
Não há fim à vista, a porta
está aberta e a mente humana não tem limites.
Davide Ghirlandaio séc. XV.
Paisagem
A clássica paisagem da escola
de Veneza, muito diferente da
paisagem holandesa da mesma
época, e principalmente das
verdejantes paisagens inglesas.
Canaletto
A paisagem urbana moderna
do artista Richard Estes. A
este nível as dificuldades
superam as encontradas na
paisagem natural devido aos
novos materiais, tais como os
vidros, os plásticos, os néones
etc.
A pintora inglesa Raphaella Spence é outra paisagista urbana. No hiperrealismo a paisagem urbana ganhou terreno às antigas paisagens de campo.
Antonio Castello
Avilleira. Jovem pintor espanhol com um
excelente domínio de
cor. Pinta a óleo
sobre tela mas essencialmente sobre aglomerado de madeira,
MDF o que torna as
obras mais realista
por não terem o grão
do tecido, como as
aqui representadas.
Istvan Sandorfi, pintor recentemente desaparecido de nacionalidade húngara. Hiper-realista com tendências Surrealistas. Óleo sobre tela.
Em cima, Jeremy Geddes, pintor australiano. Pintura a óleo sobre tela.
A mais nova de todas as técnicas vem do digital, para nos lembrar que temos novas tecnologias à disposição e
que não as poderemos esquecer, como no passado não deixaram de deitar mão ao que tinham, também nós não
poderemos ficar parados nem nos sentir constrangidos por as utilizar, elas são criadas pelo homem para serem
usadas pelo homem.
O retrato acima de Morgan Freeman, foi desenhado num ipad. O futuro já aí está e o que conta mesmo é o
resultado final, num futuro próximo, pincéis e tintas serão materiais obsoletos.
Sobre a actual arte abstracta (contemporânea), Avelina Lésper discursou na Cidade do México
… artigo extraído do jornal mexicano: VANGUARDIA
El arte contemporáneo es una farsa:
Avelina Lésper
Ciudad de México.- Con la finalidad de dar a conocer sus argumentos sobre el por qué el arte contemporáneo
es un "falso arte", la crítica de arte Avelina Lésper ofreció la conferencia "El Arte Contemporáneo- El dogma
incuestionable" en la Escuela Nacional de Artes Plásticas (ENAP) en donde fue ovacionada por los estudiantes.
"La carencia de rigor (en las obras) ha permitido que el vacío de creación, la ocurrencia, la falta de inteligencia
sean los valores de este falso arte, y que cualquier cosa se muestre en los museos", afirmó Lésper.
Explicó que los Los objetos y valores estéticos que se presentan como arte, son aceptados, en completa
sumisión a los principios que una autoridad que impone.
Lo que ocasiona que cada día se formen sociedades menos inteligentes y llevándolos a la barbarie. También
abordó el tema del Ready Made, sobre el que expresó que mediante esta corriente "artística", se ha regresado a
lo más elemental e irracional del pensamiento humano, al pensamiento mágico, negando la realidad. El arte
queda reducido a una creencia fantasiosa y su presencia en un significado. "Necesitamos arte y no creencias".
Asimismo, destacó la figura del "genio", artista con obras insustituible, personajes que en la actualidad ya no
existen. "Hoy con la sobrepoblación de artistas, estos no son prescindibles y la obra se sustituye por otra,
porque carece de singularidad".
Detalló que la sustitución de artistas se da por la poca calidad de sus trabajos, "todo lo que el artista realice esta
predestinado a ser arte, excremento, filias, odios, objetos personales, imitaciones, ignorancia, enfermedades,
fotos personales, mensajes de internet, juguetes, etc. Actualmente hacer arte es un ejercicio ególatra, los
performances, los videos, instalaciones están hechos con tal obviedad que abruma la simpleza creadora, y son
piezas que en su inmensa mayoría apelan al menor esfuerzo, y que su accesibilidad creativa nos dice que es una
realidad, que cualquiera puede hacerlo".
En ese sentido, afirmó que no darle el status al artista que lo merece, ocasiona un alejamiento del arte a las
personas, lo demerita, lo banaliza. "Cada ves que alguien sin méritos y sin trabajo real excepcional expone, el
arte va decreciendo en su presencia y concepción. Entre más artistas hay, las obras son peores, la cantidad no
está aportando calidad".
"El artista ready made toca todas las áreas, y todas con poca profesionalidad, si hace video, no alcanza los
estándares que piden en el cine o en la publicidad; si hace obras electrónicas o las manda a hacer, no logra lo
que un técnico medio; si se involucra con sonidos, no llega ni a la experiencia de un Dj. Se asume ya que sí la
obra es de arte contemporáneo, no tiene por que alcanzar el mínimo rango de calidad en su realización. Los
artistas hacen cosas extraordinarias y demuestran en cada trabajo su condición de creadores, ni Demian Hirst,
ni Gabriel Orozco ni Teresa Margolles, ni la inmensa lista de gente que crece son artistas, y esto no lo digo yo,
lo dicen sus obras", aseveró.
Como consejo a los estudiantes, les indicó que dejen que su obra hable por ellos, no un curador, no un sistema,
no un dogma, "su obra dirá si son o no artistas, y si hacen este falso arte, se los repito no son artistas".
Lésper aseguró que hoy día, el arte dejó de ser incluyente, por lo que se ha vuelto en contra de sus propios
principios dogmáticos y en caso de que al espectador no le guste, lo acusa de "ignorante, de estúpido y le dice
con gran arrogancia, si no te gusta es que no entiendes".
"El espectador, para evitar ser llamado ignorante, no puede ni por asomo decir lo que piensa, para este arte todo
público que no es sumiso a sus obras es imbécil, ignorante y nunca está a la altura de lo expuesto ni de sus
artistas, así el espectador presencia obras que no demuestran inteligencia", denunció.
Finalmente, señaló que el arte contemporáneo es endogámico, elitista; como vocación segregacionista,
realizado para su estructura burocrática, para complacer a las instituciones y a sus patrocinadores. "Su obsesión
pedagógica, su necesidad de explicar cada obra, cada exposición, su sobre producción de textos es la implícita
acotación del criterio, la negación a la experiencia estética libre, define, nombra, sobreintelectualiza la obra
para sobrevalorarla y para impedir que la percepción sea ejercida con naturalidad".
La creación es libre, pero la contemplación no lo es. "Estamos ante a dictadura del más mediocre".