a inovação tecnológica como recurso didático no ensino

Transcrição

a inovação tecnológica como recurso didático no ensino
FACULDADE ALFREDO NASSER
INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO
CURSO DE LETRAS
A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA COMO RECURSO DIDÁTICO NO
ENSINO-APRENDIZAGEM DA LÍNGUA PORTUGUESA
Paulo Victor Mendes Soares
APARECIDA DE GOIÂNIA
2010
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PAULO VICTOR MENDES SOARES
A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA COMO RECURSO DIDATICO NO
ENSINO APRENDIZAGEM DA LÍNGUA PORTUGUESA
Artigo apresentado ao Instituto Superior de
Educação da Faculdade Alfredo Nasser, sob
orientação da Profª. Me. Patrícia Espíndola
Borges, como parte dos requisitos para a
conclusão do curso de Letras.
APARECIDA DE GOIÂNIA
2010
3
FOLHA DE AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DO TRABALHO
A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA COMO RECURSO DIDÁTICO NO
ENSINO APRENDIZAGEM DA LÍNGUA PORTUGUESA
Aparecida de Goiânia, __ de dezembro de 2010.
EXAMINADORES
Orientador - Prof.(a) MS. Patrícia Espíndola Borges - Nota:___ / 70
Primeiro examinador - Prof.(a) ___________________________________ Nota:___ / 70
Segundo examinador - Prof.(a) ___________________________________ Nota:___ / 70
Média parcial - Avaliação da produção do Trabalho: ___ / 70
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A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA COMO RECURSO DIDÁTICO NO ENSINOAPRENDIZAGEM DA LÍNGUA PORTUGUESA1
Paulo Victor Mendes Soares2
RESUMO: A pesquisa desenvolvida tem como objetivo geral analisar a
influência da linguagem virtual na escrita da Língua Portuguesa e o
resultado do uso das novas tecnologias como recurso didático. Seus
objetivos específicos foram pontuar as desvantagens que a linguagem
virtual pode acarretar na leitura e na escrita do aluno; analisar o uso das
novas tecnologias como recurso didático-motivador para o ensino
aprendizagem do aluno. Seus resultados foram produtivos e relevantes
para futuros professores de Língua Portuguesa que devem ser conscientes
de que as inovações tecnológicas devem funcionar como material de apoio
e não desempenhar sua função no processo de ensino-aprendizagem.
PALAVRAS-CHAVE: Escrita. Leitura. Ensino. Aprendizagem. Recurso
didático.
INTRODUÇÃO
Tendo em vista o uso frequente da tecnologia na vida atual, seja para
trabalho ou para lazer, percebem-se influências desse meio de comunicação na
leitura e na escrita de seus usuários, principalmente dos adolescentes. Já se sabe
que a inovação tecnológica faz parte da vida dos seres humanos, influenciando-os
em todos os setores (trabalho, lazer, relações sociais...). O aluno fazendo parte
dessa sociedade moderna também é influenciado no falar, no escrever, e na sua
leitura, criando um processo constante de transformação, inclusive na língua. Esta
sociedade, influenciada por fatores extralinguísticos, dá origem a várias variantes,
dentre elas a linguagem virtual.
Na vida do professor essa nova ferramenta veio para inovar ou complementar
suas aulas inovando sua didática e o ensino - aprendizagem do aluno. Ele deve se
adaptar a essas inovações e fazer uso constante em sua metodologia de ensino.
Já é notável que a escrita e a leitura do mundo virtual invadiram o mundo real
nos seus vários contextos, inclusive no contexto escolar, influenciando o modo de
escrever e ler dos alunos. Sendo assim, a presente pesquisa tem como tema „A
1
Artigo apresentado como Trabalho de Conclusão do Curso de Letras, sob a orientação da
professora MS. Patrícia Espíndola Borges, do Instituto Superior de Educação, da Faculdade Alfredo
Nasser.
2
Acadêmico do 8º período do Curso de Letras.
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inovação tecnológica como recurso didático no ensino – aprendizagem da língua
portuguesa‟. Este estudo foi desenvolvido com o objetivo geral de analisar a
influência da linguagem virtual na escrita da Língua Portuguesa e o resultado do uso
das novas tecnologias como recurso didático. E teve como objetivos específicos
pontuar as desvantagens que a linguagem virtual pode acarretar na leitura e na
escrita do aluno; e, analisar o uso das novas tecnologias como recurso didáticomotivador para o ensino aprendizagem do aluno.
Tais objetivos foram pontuados na tentativa de responder as seguintes
perguntas de investigação que nortearam o presente trabalho: quais os vícios de
linguagem que o aluno adquire na escrita e na leitura a partir do uso da internet?;
pode-se afirmar que as novas tecnologias são bons recursos didático-motivador no
ensino/aprendizagem da Língua Portuguesa?; Quais as desvantagens que a
linguagem virtual pode causar na escrita do aluno?; Quais os vícios de linguagem
que o aluno adquire na escrita a partir do uso da internet? A presente pesquisa foi
desenvolvida a partir dos métodos bibliográficos e empíricos. Logo, fez uso de
teorias de autores renomados e de aplicação das teorias na escola. Esta parte da
pesquisa foi realizada com um grupo de alunos do primeiro ano do ensino médio,
durante três aulas de cinquenta minutos cada uma. Para a coleta de dados foi
aplicado um questionário, redações, reflexões por parte dos alunos por escrito, diário
de campo e trechos de conversas feitas pelos mesmos alunos no msn.
O trabalho foi concluído com resultados positivos e que podem ser conferidos
no desenvolvimento do mesmo.
1. A ERA TECNOLÓGICA NA EDUCAÇÃO
1.1 Educação e Tecnologia: aliadas ou não?
O avanço da modernidade e o aprimoramento de máquinas e redes estão
fazendo o mundo ficar “pequeno”, sem nenhuma fronteira. Hoje quase não se vê
telegramas, fax, muito menos pombos correios (esse com certeza já ganhou sua
carta de alforria há muito anos), tudo isso devido às grandes redes de comunicações
e à troca rápida de informações.
Denomina-se esse processo de comunicação rápida de, internet, que por sua
vez vem sempre com novidades e funções mais avançadas. Esse meio de
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comunicação é o mais usado mundialmente. No lugar de cartas, hoje, mandam-se emails que não gastam nem um minuto para chegar às telas do destinatário.
Os cidadãos encontram-se diante de um novo século, com uma nova
sociedade, a sociedade da informação, com um novo formato de transmitir e receber
e com uma busca interminável de conhecimento. Essa nova tendência tecnológica
vem entrando na vida das pessoas sem pedir licença, e tendo uma grande
repercussão nas escolas, devido ter um grande público (os adolescentes). Salas de
bate papo, orkut, blogs, twitter e o msn são presenças constantes na vida desses
jovens.
Esses meios de comunicação acabam, de certa forma, influenciando muito na
vida estudantil e pessoal do adolescente. Na pessoal, o jovem marca encontros e
relacionamentos e na escolar a internet acaba influenciando tanto na aprendizagem,
quanto na escrita e na leitura do mesmo.
A escola está cada vez mais aprimorando seus métodos para se adequar às
modalidades virtuais, tudo isso para que o aluno sinta prazer em aprender. Sabe-se
que nem todas as escolas estão adequadas nesse regimento, talvez pela falta de
verba ou estrutura, porém alguns professores já estão sendo capacitados para
manusear esse tipo de avanço. Essa formação tecnológica e a sua utilização é um
requisito básico para qualquer área de atuação, inclusive na educação.
1.2 Tecnologia: recurso didático ou simplesmente facilitador do trabalho do
professor?
Segundo Menezes (2010, p.123), os sistemas de educação evoluem com
extrema rapidez e essa dinâmica é a parte da vertiginosa modernidade em que se
estão imersos. O professor não pode deslumbrar com essas novidades ou ficar
apreensivos pelo perigo de que substituam a função de educar. Mas não devem
ignorar as possibilidades que se abram para aperfeiçoar o trabalho com acesso a
sites de apoio e atualização pedagógica ou programas interativos para alunos com
dificuldades de aprendizagem.
A razão mais importante para os professores utilizarem essas tecnologias são
seus alunos, pois os mesmo já fazem uso delas, como instrumento de comunicação
e lazer, elas são parte da vida dos jovens e os que ainda não dispõem dela (o que
praticamente é improvável) se ressentem dessa falta.
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Sempre que podem, os jovens disputam lugares em Lan houses existentes
em praticamente todas as cidades brasileiras. Por isso, é provável que os alunos
segurem o lápis com menos desenvoltura do que manuseiam um mouse. Para tanto,
Menezes (2010, p. 122) ressalta que “não se pode cobrar das escolas um bom
desempenho se elas estiverem décadas atrás do que já se tornou trivial nas
práticas-sociais”. Com tantas inovações e desenvolvimento, as escolas não podem
ficar paradas no tempo, devem sempre estar aptas a receber mudanças de acordo
com a sociedade, até mesmo porque os jovens de hoje não tem as mesmas atitudes
dos jovens de 30 anos atrás, a escola deve ser aberta para receber os avanços
tecnológicos e sociais.
Esse avanço tecnológico acaba favorecendo a vida do professor em diversos
aspectos, como em elaboração de aula com conteúdos atualizados e acesso rápido
a vídeos e documentários para complementar suas aulas. Esse avanço é benéfico
para a organização escolar, pois em algumas escolas os professores já manuseiam
os computadores para fazer envio de notas, frequências e os planos de aulas para
coordenação pedagógica.
A internet é um recurso didático, pois nessa “Era Digital” o professor deve se
adequar a essa nova modalidade e fazer o uso junto aos seus alunos dos
laboratórios de informática.
Com essas novas tecnologias também se desenvolvem processos de
aprendizagem à distância. São as listas e os grupos de discussão, é a
elaboração de relatórios de pesquisa, é a construção em conjunto de
conhecimentos e são textos espelhando o conhecimento produzido, são os
e-mails colocando professores e alunos em contato fora dos horários de
aula, é a facilidade de troca de informações trabalhos a distancia e num
tempo de grande velocidade, é a possibilidade de buscar dados nos mais
diversos centros de pesquisa através da internet. (MASSETO, 2004, p.137)
1.3 Influência da Internet na Aprendizagem
Tendo em vista o uso frequente da internet na vida atual, seja para trabalho
ou para diversão, percebem-se influências desse meio de comunicação na
aprendizagem do aluno. Nota-se que o uso da internet não é como a leitura de um
livro, no qual o aluno escolhe um gênero, faz sua leitura e posteriormente armazena
as informações devidas em seu cérebro. Na Web tudo funciona diferente, o aluno
nunca abre uma só janela e sim várias, começando pelo orkut, depois navegando
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pelo msn, este “piscando” a todo o momento avisando que alguém está chamando
para conversar, assistindo vídeos no you tube, twitter abastecido a todo o momento,
e faceboock sendo utilizado. Esse “leque” de janelas abertas faz com que os jovens
não tenham uma aprendizagem condensada e sim uma aprendizagem superficial de
tudo o que estão navegando.
Segundo Pontes (2010, p. 40), a internet é repleta de coisas legais,
informações relevantes, mas que o usuário não consegue aproveitar como deveria
pela tentadora avalanche de dados que lhe é ofertada. Isso tudo ocorre por que
entramos em um ambiente em que promove uma leitura apressada, pensamento
corrido, distraído e aprendizado artificial.
Em muitas escolas públicas já existem laboratórios de informática, mas o uso
dos mesmos não são frequentes. Alguns professores, por sua vez, não têm o
conhecimento adequado para o manuseio dessas máquinas (computadores),
fazendo com as aulas nos laboratórios sejam mínimas. Por outro lado, há os
professores que se arriscam e fazem o uso desse espaço para ministrarem suas
aulas preparando slides, pesquisas no Google, e vídeos para saírem da rotina de
sala de aula e se adequarem ao manuseio das novas tendências tecnológicas.
Os professores planejam suas aulas nos laboratórios e desenvolvem
propostas metodológicas para o uso da internet. Segundo Moran (2004, p. 44), o
computador é cada vez mais poderoso em recursos e uma velocidade inexplicável
de comunicação, pois permite pesquisar, simular situações, testar conhecimentos
específicos, descobrir novos conceitos, lugares e ideias, fazendo com que os
professores se adequem com o mundo dos alunos, mas sem deixá-los envolverem
em assuntos que não sejam pertinentes à aula. O professor pode criar uma página
pessoal na internet para a comunicação com seus alunos, não deixando que seja
restrita somente na escola, mas sim por meio de redes (e-mail, blogs). Esse meio de
comunicação criado pelo professor servirá como espaço virtual de encontro e
divulgação de referências para cada matéria e para cada aluno.
Moran (2004, p. 42) afirma que o professor tendo uma visão pedagógica
inovadora, aberta, que pressupõe a participação dos alunos, pode utilizar algumas
ferramentas simples pela internet para melhorar a interação presencial-virtual entre
todos.
Os alunos, mesmo sem cursos profissionalizantes, já sabem manusear o
computador e suas ferramentas regularmente, a quantidade de Lan houses e o
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consumo fácil de computadores proporcionam parcialmente essa aprendizagem.
Com isso, o domínio do aluno sobre a web facilita na aula do professor, pois os
mesmos já possuem seus endereços eletrônicos (emails). Moran, afirma que:
O segundo passo é ajudar na familiarização com o computador, com seus
aplicativos e com a internet. Aprender a utilizá-lo no nível básico, como
ferramenta. No nível mais avançado: dominar as ferramentas da WEB, do email. Aprender a dominar a pesquisar no search, a participar de listas de
discussão, a construir página. (MORAN, 2004, p. 51)
Ainda de acordo com Moran (2004, p. 46), com os e-mails dos alunos o
professor pode criar uma lista interna de cada turma, facilitando uma conexão virtual
permanente entre professor e aluno, a levar informações importantes para o grupo,
como temas para trabalhos, bibliografias, sugestões e o envio de textos e trabalhos.
Moran (2004, p. 46) ainda salienta que a intenção das listas eletrônicas é criar um
novo campo de interação que se acrescenta ao que começa na sala de aula.
Para o momento de pesquisa no laboratório de informática, o professor é
responsável pela coordenação do grupo e a motivação, com temas interessantes e
desafiadores, porém toda pesquisa feita pelos alunos será mediada pelo professor.
Os professores podem também manusear esse fenômeno de agilidade
comunicativa (computador) em sala de aula, usando a internet como uma tecnologia
complementar para fazer pesquisas e melhorar a qualidade de sua aula. Com o uso
dessa ferramenta, em sala de aula, facilita-se a motivação dos alunos, pela novidade
e pelas possibilidades inesgotáveis de pesquisa que oferece, essa motivação
aumenta se o professor criar um clima de confiança com os alunos.
Segundo Behrens (2004, p. 73), os alunos que estão habituados a assistirem
aulas sentados, enfileirados e em “silêncio”, terão que enfrentar uma nova postura
nestas próximas décadas. Anteriormente, as aulas giravam em torno do professor,
por isso, a transmissão de informações era feita somente por ele e os alunos a
memorizavam numa aprendizagem competitiva e individualista. Na atual situação as
aulas não giram em torno do professor, existe uma troca de informações entre
professores e alunos. O professor precisa saber que pode romper barreiras mesmo
dentro da sala de aula, criando encontros presenciais e virtuais que levam o aluno a
acessar informações disponibilizadas no universo da sociedade do conhecimento.
Sobre esse novo tipo de ensino, Kenski (apud BEHRENS, 2004, p. 61 ) afirma que:
O estilo digital engendra, obrigatoriamente, não apenas o uso de novos
equipamentos para a produção a apreensão de conhecimentos, mas
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também novos comportamentos de aprendizagem, novas racionalidades,
novos estímulos perspectivos. Seu rápido alastramento e multiplicação em
novos produtos e em novas áreas obrigam-nos a não mais ignorar sua
presença e importância.
O
professor
(mediador
pedagógico)
terá
como
objetivo
o
diálogo
permanentemente de acordo com o tema abordado, troca de informações
(experiências), debate, dúvidas, questões ou problemas, orientação nas carências e
dificuldades quando o aluno não consegue encaminhá-las sozinho.
2. AS INFLUÊNCIAS TECNOLÓGICAS NA LEITURA E NA ESCRITA DA LÍNGUA
PORTUGUESA
2.1 Distração Contínua
Com o a facilidade do acesso à internet entre os jovens, notamos algo
diferente na leitura e na escrita dos mesmos. O hábito de leitura está quase
escassa, as bibliotecas escolares andam vazias, a internet facilita a vida dos jovens
que, por sua vez, fazem suas leituras navegando pelo mundo virtual e ouvindo
músicas do momento. Será que essa leitura por meio digital é a mesma que
fazemos de um livro?
Pontes (2010, p. 42), afirma que a leitura de um livro convencional precisa de
mais atenção, isolando de várias distrações que enchem as vidas diárias. Um
computador conectado faz o oposto, nunca se abre somente a janela de leitura,
abrem-se outras páginas como orkut, msn, facebook etc.
A partir do momento de conexão, treina-se o cérebro a parar de ser rápido,
mas superficial, fazendo leituras rápidas Segundo Affaro (2010, p. 42), Os PCNs
(2008, p. 112) enfatizam que, para um aprendizado ideal, “as pesquisas feitas fazem
surgir preocupações com que o jovem lê, de que modo lê, buscando avaliar inclusive
se ele „lê melhor ou pior‟ em função das novas tecnologias de comunicação e
informação”.
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2.2 Escrita Virtual
Vive-se um mundo moderno nascido da crença das responsabilidades
incutidas na razão de que o homem é capaz de transformar a sociedade através do
exercício de domínio da natureza. As mudanças comunicativas pela qual a
sociedade vem passando, estão referenciadas nas características de uma cultura
pós-moderna, no qual não se apresentam substituições, mas uma visão globalizada
que determina o esforço de uma nova razão a razão tecnológica marcada pelo
predomínio da informação técnica global, a persuasiva.
Desde o momento em que aprendemos ler, entramos no mundo da escrita e
subordinamo-nos às leis, reforçando nossa condição social, marcada pela
aquisição da linguagem. [...] Se sei ler, estou pronto para conhecer a lei,
não podendo mais desrespeita-lá impunemente. Por outro lado, estou
pronto também para me deixar seduzir pelo contexto e pelos mundos que
ele configura. (PAULINO, 2001, p. 35)
De acordo com Paulino (2001, p. 26), pode-se notar que a comunicação é
responsável pela difusão das informações, pela sustentação do sistema produtivo
que é gerado pela publicidade, podendo ser utilizada na promoção da cidadania ou
como intervenção social, que aliena, massificando as ideias através da linguagem
persuasiva. As mensagens transmitidas pela mídia nem sempre comparecem em
forma de signos linguísticos há aquelas através de imagens ou sons.
É por meio da comunicação que a educação fundamenta-se, porque, nesse
âmbito, se estabelece o intercâmbio de ideias e conceitos, associada à revolução
comunicativa sofrida nos últimos tempos pelo uso do computador, surgiu uma nova
forma de escrita, a escrita virtual, realizada de forma rápida com inovações na forma
da leitura.
A comunicação via internet, acabou por criar um código linguístico bastante
particular, caracterizado por abreviações, (abraço é abç; as diferentes formas de uso
de porque se igualam à pq; e tudo é td). E pela invenção de novas formas de
escrever velhos termos acabaram por ganhar uso contemporâneo (não é naum;
beijo se escreve bjo). Essa mudança no modo de comunicação com linguagem
diferenciada ocasionou no surgimento de novos termos com vocabulários inovados
para denominar a nova mídia, fazendo renascer palavras já esquecidas, mas com
outros significados.
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Segundo Koch e Elias (2009, p. 30), houve um tempo em que a escrita era de
difícil acesso ou uma modalidade destinada às pessoas mais privilegiadas. Na
atualidade, a escrita faz parte da vida humana porque os homens constantemente
são solicitados a produzir textos escritos (bilhetes, cartas, e-mail, listas de compras.),
e ainda são solicitados a ler textos escritos em diversas situações (placas, jornais,
letreiros, anúncios etc.).
A partir de então, a escrita vem sofrendo diversas modificações com o passar
das décadas. Com a chegada da era digital, depara-se com várias formas de
escritas, que surgiram devido à internet ser um meio de comunicação e ligação entre
todos os países, uma ferramenta de interação. Para uma boa interação, o navegador
necessita de uma agilidade de leitura e escrita muito rápida, fazendo então da
escrita uma série de palavras resumidas. As mudanças ocorridas na língua surgem
a partir da necessidade de comunicação.
Cada época tem tido uma forma própria de comunicar-se: os sons de
tambor, o fogo, os sinais com panos ou bandeiras, o bilhetinho, o telefone, o
telégrafo, e agora o telefone fixo-móvel, a internet e os telemóveis. O século
XXI não foge à regra de qualquer outra época. As necessidades de
comunicação têm sido muitas, o ritmo de vida é muito rápido, e o homem
continua a inventar sempre o material que faz avançar os seus sonhos e
sempre aperfeiçoando e indo mais além, de descoberta em descoberta. E
assim o homo sapiens está a converter-se em homo digitalis com a
introdução, na vida diária, dos computadores, da Internet e dos telemóveis.
(BENEDITO, 2003, p. 191)
2.3 A linguagem da internet
A comunicação via Internet é conhecida como Comunicação Mediada por
Computador (CMC), que “abraça” todos os formatos de comunicação e os novos
gêneros discursivos que emergem nesse contexto, como Chat, Messenger, email,
blog. Porém, o impacto da Internet é muito menor como revolução tecnológica do
que como revolução dos modos sociais de interagir linguisticamente.
De acordo com Sardinha (2005, p.130), a escrita utilizada pelos internautas,
salvos algumas exceções, não teria uma utilidade prática no mundo real. A
abreviação de certas palavras talvez seja adotada futuramente, em virtude da
evolução escrita e da constante busca de agilidade no processo de comunicação
pela língua escrita. Quanto ao uso das expressões típicas do mundo virtual,
acredita-se que elas devam ficar restritas ao ambiente dos ciberespaços. A norma
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culta exige certa precisão; a língua escrita dos internautas não precisa dessa
precisão.
A influência da Internet na escrita da Língua Portuguesa é muito maior do que
apenas a contribuição vocabular. Os ambientes de comunicação virtual, como as
salas de bate-papo e o Orkut, são caracterizados pelo uso de uma nova variedade
da Língua, repleta de abreviações, gírias e emotions (símbolos que representam
sentimentos), sem respeito às normas ortográficas. Benedito (2003, p. 87) reforça
que “as mensagens enviadas pelo celular – torpedos – também são regidas pelas
mesmas regras que imperam na comunicação na Internet. Os textos estão cada vez
mais curtos, devido ao tamanho da tela dos aparelhos celulares”.
A internet, já possuidora de uma linguagem própria , vem influenciando jovens
em sua escrita no dia a dia, devido às horas que passam em frente ao computador
abreviando palavras. Isto, não seria nada, se os mesmos deixassem a escrita usada
no mundo virtual, e utilizassem a forma culta da Língua Portuguesa no seu cotidiano.
As pessoas que utilizam a internet, em sua maioria, já possuem conhecimento
da gramática e têm a consciência que lugar de “internetês” é somente na internet,
porém o que vem preocupando a maioria dos professores são os jovens, que por
estarem no processo de aprendizado da gramática normativa (a língua padrão,
ensinada na escola), já estão fazendo uso dessa linguagem em redações.
Por outro lado, as escolas estão cada vez mais investindo na área
tecnológica. A internet é utilizada como uma atividade interdisciplinar por algumas
instituições de ensino, fazendo assim que seus estudantes produzam textos com
diferenciados assuntos e "tomem" o gosto pela leitura.
3. ANÁLISE EMPÍRICA DA TECNOLOGIA COMO RECURSO DIDÁTICO NO
ENSINO-APRENDIZAGEM DA LÍNGUA PORTUGUESA
3.1 Diário de campo
Na turma do 1° ano do ensino médio, formada por 20 (vinte) estudantes
matriculados, no entanto 12 (doze) frequentes. Ideias sobre o tema da aula foram
lançadas, em seguida, introduziu-se o tema a ser ministrado. No primeiro momento
inicia-se a aula com textos de vários gêneros (notícias de jornais, fofoca, moda,
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receitas, narrativas, poemas, contos etc.) após uma leitura silenciosa, foi feito outra,
em voz alta na qual cada aluno poderia ler o texto escolhido.
Ao término desse primeiro momento, foram feitas juntamente com os alunos
suas respectivas interpretações, levantando dúvidas e questionamentos. A temática
abordada foi produção de texto. No segundo momento como atividade proposta, foi
solicitado a eles que produzissem um texto tendo como exemplo os textos lidos em
sala e deixando o tema e o gênero livre.
No terceiro momento, cada aluno fez a leitura de seu texto explicando o
porquê da escolha do tema, foram recolhidas todas as produções textuais e feita às
correções cabíveis. Feito a correção, ficou nítido que, em todas as produções
existiam bastantes palavras abreviadas (vc, ñ, tbm.blz...). Observou-se que a mesma
escrita feita no msn, orkut e salas de Bate-Papo são fortes influências na escrita dos
alunos. Após os alunos terem feito a reescrita das produções já corrigidas, montouse um painel com todas as produções no mural da escola para que todos os alunos
pudessem ter acesso à leitura dos textos.
Essa aula foi ministrada em sala (aula convencional) e obteve-se um
rendimento
satisfatório,
uma
vez
que
os
alunos
foram
participativos
e
questionadores.
No dia seguinte, os alunos foram encaminhados ao laboratório de informática,
onde foi ministrada a mesma aula, o diferencial foi que os textos abordados foram
transferidos para o data - show em forma de slides e a aula prática foi a criação de
textos no Word que foram enviados para o e-mail do professor que os corrigiu e
devolveu com as devidas observações. Notou-se que a mesma forma ortográfica
usada nos textos manuscritos (abreviações de palavras) foram encontradas nos
textos digitados.
No final da aula, os 12 (doze) alunos frequentes responderam um
questionário contendo 09 (nove) perguntas, 5 (cinco) perguntas discursivas e 3 (três)
objetivas, referente à opinião que os discentes têm em relação às tecnologias como
material didático.
Em seguida, pedimos para que cada aluno escrevesse um pequeno parágrafo
reflexivo, fazendo uma comparação entre a aula convencional (sala de aula) e a aula
no laboratório de informática (uso de computadores, data-show, e-mails e internet).
Ao fazer a leitura dos questionários e das reflexões, percebe-se que os
alunos classificam as aulas convencionais para introduzir teorias e as aulas nos
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laboratórios de informática como aula prática. Nota-se também que os alunos têm
um maior interesse nas aulas no laboratório de informática, devido ser algo
diferenciado do seu cotidiano escolar.
3.2 Análise de Dados
Partindo para a análise dos dados colhidos, inicialmente aplicou-se um
questionário inicial com intuito de saber a opinião dos estudantes a respeito do uso
das inovações tecnológicas como um recurso didático - motivador no ensino aprendizagem dos mesmos. Assim, responde-se a seguinte pergunta de
investigação: Pode-se afirmar que as novas tecnologias é um bom recurso didático –
motivador para o ensino – aprendizagem do aluno?
Primeiramente foi questionada a seguinte pergunta: Você como membro da
sociedade atual faz uso frequente das inovações tecnológicas (computador, celular,
máquina digital)? Por quê? Dos 12 (doze) alunos que responderam ao questionário,
todos afirmaram utilizar as novas tecnologias no cotidiano. A fim de exemplificar
foram transcritas algumas respostas abaixo: O aluno A afirmou que: “Sim, porque
assim facilita a nossa vida no dia-a-dia e também na aprendizagem”. O aluno B
afirmou que: “Sim, porque facilita a comunicação, tem acesso a notícias do mundo,
também porque é moderno”. O aluno C afirmou que: “Sim porque é um meio de
comunicação mais fácil”.
Evidencia-se que os alunos são conscientes que as tendências tecnológicas
já fazem parte de seu cotidiano, inclusive no contexto escolar, podendo ser eficaz na
sua aprendizagem. Isso também disse Menezes (2010, p. 123) ao afirmar que os
jovens estão aderindo inconscientemente às novas tendências tecnológicas, através
de sites de relacionamento, jogos em redes, pesquisas, entre outros. Percebemos
isso na seguinte afirmação:
Essa nova tendência tecnológica vem entrando na vida das pessoas sem
pedir licença, e tendo uma grande repercussão nas escolas, devido ter um
grande público (os adolescentes). Salas de bate papo, orkut, blogs, tuwiter e
o msn são presenças constantes na vida desses jovens. (MENEZES, 2010,
p.123)
Em seguida foi elaborada outra pergunta: Que tipo de aula você mostra mais
interesse? Dos 12 (doze) alunos que responderam o questionário, 3 (três) preferem
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aulas convencionais onde se utiliza quadro, giz e livro; 3 (três) preferem aulas
dialogadas nas quais é necessário a participação intensa do aluno; 1 (um) optou por
aulas em laboratórios nas quais se usa data show, computadores, internet entre
outros; 5 (cinco) optaram por aulas diversificadas onde se mescla aula convencional,
dialogada, expositiva e laboratorial.
Embora somente 1 (um) tenha optado por aulas em laboratórios, a maioria
dos alunos optou por aulas diversificadas. Sendo assim, os mesmos estão cientes
de que o ensino – aprendizagem não se dá somente por mediações tecnológicas,
mas que é necessário a junção de vários recursos didáticos para uma aula de
qualidade, entre eles as inovações tecnológicas.
É evidente que o professor não deve ser indiferente às inovações
tecnológicas, ele deve adequar-se as mesmas ao seu contexto de trabalho. Como
Menezes (2010, p. 122) enfatiza, o avanço tecnológico favorece a vida do professor,
tanto na elaboração de conteúdo e pesquisa quanto no envio de notas e freqüências
à coordenação pedagógica.
A terceira pergunta foi a seguinte: Você como estudante acha que é
importante o professor usar as tecnologias para ministrar suas aulas? Justifique. Dos
12 (doze) alunos que responderam o questionário, 10 (dez) responderam que é
importante o uso das novas tecnologias pelos professores; e 2 (dois) responderam
que não, reafirmando que a maioria dos alunos são conscientes de que as
inovações tecnológicas, usadas corretamente, são um bom auxílio no ensino –
aprendizagem.
Por todas as respostas já analisadas pode-se perceber que de acordo com os
próprios alunos, as inovações tecnológicas não somente facilitam o trabalho do
professor, ao ser usado corretamente como recurso didático, mas também
despertam o interesse por parte dos alunos no processo de ensino - aprendizagem.
Isso é óbvio pelas respostas dadas à última pergunta citada anteriormente. O aluno
A afirmou: “Sim, mas não frequentemente; a tecnologia ajuda o professor e o aluno
a ter melhores aulas”. O aluno B disse: “Sim, porque nós não devemos ficar só na
sala de aula temos que renovar as aulas”. O aluno C respondeu: “Sim, porque a aula
fica mais interessante para os alunos”.
O conceito de aula transcrito pelos alunos está lado a lado com o pensamento
de Moran (2004, p. 46), onde ele afirma que o professor – tendo uma visão
pedagógica inovadora, aberta, que pressupõe a participação dos alunos – pode
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utilizar algumas ferramentas simples pela internet para melhorar a interação
presencial-virtual entre todos.
A partir dessas observações dos alunos, percebe-se que as inovações
tecnológicas são fatores que motivam os alunos a aprenderem e a participarem das
aulas. O lado bom disso é que eles próprios têm consciência desse fato, porque
souberam dar respostas claras à pergunta feita e supracitada. E o interessante é
que eles observam, também, pela visão do professor. Isso ficou claro na resposta do
aluno A que afirmou que as inovações tecnológicas ajudam tanto o professor como
o aluno em relação às aulas. E assim constatamos à nossa segunda pergunta de
investigação que é a seguinte: Pode-se afirmar que as novas tecnologias são um
bom recurso didático-motivador no ensino/aprendizagem?
Constata-se que todos os alunos em estudo estão de pleno acordo que as
inovações tecnológicas podem facilitar o trabalho do professor ao serem usadas
como recurso didático, que os motivam no ensino/aprendizagem e que por tais
fatores, o professor não deve se esquivar delas, não as adequando ao seu contexto
de trabalho. Desde o primeiro momento, eles já tinham esse pensamento de que as
inovações tecnológicas podem ajudar no aprendizado. Ao responder a questão se
achavam que as aulas com as inovações tecnológicas teriam um melhor rendimento
em relação à aprendizagem, 5 (cinco) responderam que sim, porque assim como ela
facilita a vida do ser humano no dia-a-dia facilita também nossa aprendizagem; 1
(um) disse que não porque em um contexto escolar o professor é o centro da
informação; 4 (quatro) responderam que as novas tecnologias assim como um livro
didático, são somente um apoio ao professor; e 2 (dois) que elas agilizam o
aprendizado.
No entanto, ao serem questionados em relação à qual tipo de aula eles
aprendem mais, todos, sem exceção afirmaram que aulas em laboratórios são boas,
são motivadoras, são interessantes, são diferentes, porém aprendem mais nas aulas
ministradas em sala de aula. Para exemplificar essa afirmação, foram transcritas
algumas das reflexões feitas no final da última aula dada. A aluna L afirmou: “Para
que as aulas não fiquem repetitivas e chatas os professores podem contar com a
ajuda da internet, com isso os alunos ficam mais interessados na matéria, mas na
minha opinião, para uma aula na sala de informática ser lucrativa ela deve ser
planejada e todos os alunos colaborarem, mas continuo achando que os alunos
aprendem mais em sala de aula”.
18
O aluno M disse: “A aula na sala, na minha opinião, rende mais e a gente
adquire um melhor conhecimento em geral. Já na sala de informática, apesar de ter
mais informação você não adquire o mesmo conhecimento, portanto na sala de aula
o ensino é melhor”. O aluno C disse: “Acho que na sala em grupo com os colegas o
aproveitamento é de 100%. Na informática você se distrai mais no orkut e em sites”.
E o aluno F respondeu: “Acho que em sala é melhor porque na informática influencia
muito na escrita na sala rende mais porque os alunos ficam mais concentrados no
aprendizado porque na informática eles ficam pensando em orkut, vídeo, música,
etc”.
Analisando essas reflexões, percebe-se com clareza o que já foi enfatizado
anteriormente, isto é, ao executar toda aula o professor deve traçar todas suas
metas e objetivos ao serem atingidos, isso para que a mesma seja produtiva. Porém,
mesmo sendo bem planejada, para os alunos as aulas produtivas e que levam a um
melhor aprendizado são as aulas ministradas em sala de aula.
A partir dessas reflexões, constata-se que os próprios alunos têm consciência
do lado negativo do uso da internet. Desde já, eles apontam que nas aulas, na qual
se faz uso da mesma, os alunos se distraem com sites, vídeos, orkut, msn e vários
outros sites de relacionamento. Em todas as reflexões percebe-se essa consciência
dos alunos e na última reflexão transcrita, percebe-se que além de ser um meio que
proporciona distração, também pode prejudicar a escrita deles.
Vandresen (2001, p. 26) também enfatiza essa mesma ideia que os alunos
apontaram em suas reflexões, isto é, a de que o mundo virtual possui sua própria
linguagem e o adolescente ao se relacionar diariamente com esse mundo e essa
linguagem acaba transferindo-a para outro contexto, fato que acarreta consequência
negativa na escrita de redações e textos por parte dos alunos. Ainda de acordo com
Vandresen (2001) nos últimos tempos pelo uso do computador, surgiu uma nova
forma de escrita, a escrita virtual, realizada de forma rápida com inovações na forma
da leitura, particular, caracterizado por abreviações, (abraço é abç; as diferentes
formas de uso de porque se igualam a pq: é tudo é td ) e pela invenção de novas
formas de escrever velhos termos acabaram por ganhar uso contemporâneo (não é
naum; beijo se escreve bjo). O autor também aponta um outro fator, o da leitura.
Devido à criação de uma escrita virtual que é mais rápida e cheia de abreviações
surgiu também um outro tipo de leitura que também se tornou mais rápida. O aluno
M indiretamente cita esse fator afirmando que na internet mesmo tendo muitas
19
informações, os alunos não adquirem conhecimento como na sala de aula
justamente por tudo ser muito rápido, e ter um fluxo de informação muito grande.
A leitura virtual é bastante resumida comparada à leitura que é feita de um
livro e até de uma revista; como já foi afirmado, tudo é muito rápido e a leitura não
poderia ser diferente. Affaro (2010, p. 42) afirma que o fato de a leitura virtual ser
rápida, acaba por ser tornar inferior e artificial. “(...) A leitura que fazemos na internet
é uma leitura que causa uma baixa memorização isso pelo fato de tantas atividades
sendo desenvolvidas ao mesmo tempo”.
Devido a fatores negativos como o apontado pelo teórico acima, Os
Parâmetros Curriculares Nacionais (2008, p. 112) enfatizam o que vem sendo
abordado em relação ao ensino. Recentemente, pesquisas feitas apontam que para
um aprendizado ideal está surgindo “preocupações com que o jovem lê,de que
modo lê, buscando avaliar inclusive se ele „lê melhor ou pior‟ em função das novas
tecnologias de comunicação e informação”. (PCNs, 2008, p.112).
Desde o início das aulas ministradas para o desenvolvimento da presente
pesquisa, os alunos já tinham a consciência da rapidez e da grande artificialidade
que podemos encontrar em um texto online. Quando foi aplicado o questionário
inicial dos 12 (doze) alunos que responderam o mesmo, 11 (onze) disseram ter
diferença na leitura de um texto online para um texto escrito. Pode-se afirmar que a
leitura que fazemos de um livro é a mesma leitura de um texto online? O aluno M
respondeu: “Não, no computador nós lemos rápido”. O aluno H disse: “Não, por que
no livro nós podemos ler com mais atenção”. E o aluno I respondeu: “Não, porque no
livro lemos com mais tranquilidade e online a leitura sai corrida”.
O que os alunos constataram e responderam está em consonância com o que
Pontes (2010, p. 42) afirma ao diferenciar leitura virtual de leitura convencional. De
acordo com ele a leitura de um livro convencional foca-se a atenção do leitor,
isolando de várias distrações que o enchem as vidas diárias. Um computador
conectado faz o oposto, nunca se abre somente a janela de leitura, abrimos outras
páginas como Orkut, Msn, Facebook etc.
Apesar de saberem que uma leitura é diferente da outra, todos eles são
influenciados pelo computador no que diz respeito à leitura. Isso porque quando foi
perguntado a eles o que gostavam de ler, 8 (oito) alunos disseram preferir ler
revistas, 1 (um) aluno disse preferir ler jornal e 3 (três) responderam que preferem
textos online na qual é mais rápida a leitura e de fácil compreensão. Por essas
20
respostas percebe-se que por influência do uso da internet, eles preferem gêneros
na qual a leitura é mais rápida perdendo o hábito da leitura de uma obra literária, por
exemplo.
Em termos gerais, o que se constata é que o uso das inovações tecnológicas
e principalmente o uso do computador facilita o trabalho do docente, é uma
ferramenta que motiva o aprendizado dos discentes e nos proporciona uma gama de
informações bastante diversificadas. Porém, o uso das mesmas acarreta
desvantagens que os próprios alunos apontaram. São elas: influência da escrita
virtual na escrita formal, leitura fragmentada e consequentemente pouca assimilação
do que é lido e um fluxo enorme de informação que por causa de uma leitura rápida
é pouco aproveitada.
Desde o primeiro instante os alunos já sabiam dessas desvantagens;
inclusive no questionário inicial ao responder a questão Na sua opinião a linguagem
virtual causa desvantagens na sua escrita como aluno? Quais?, 11 (onze)
responderam que sim, que as desvantagens se fazem presentes na escrita dos
mesmos. A título de exemplo transcrevemos algumas das respostas dadas. O aluno
K respondeu: “Sim, porque quando vamos colocar „você‟, colocamos „vc‟; e isso não
é muito legal”. O aluno G disse: “Sim, a pessoa acaba acostumando com a
abreviação e leva para sua vida cotidiana”. E o aluno I respondeu: “Sim, os
abreviamentos que você traz para seu dia-a-dia”.
Com todas essas reflexões
acabamos por responder a nossa outra pergunta de investigação que se relaciona
com as desvantagens que o uso da internet pode acarretar na escrita e leitura do
aluno.
Um exemplo prático da influência da escrita virtual na escrita formal são
redações que foram pedidas durante uma aula ministrada para a coleta de dados.
Nas redações é claro essa influência. Dos 12 (doze) alunos estudados todos a
apresentaram. Abaixo há três exemplos:
O aluno M escreveu: “Meu coração/nã sei prq/bat flz/Qdo tv/E os meus olhos
fcam sorrind/E plas ruas vão t seguindo/Mas msmo asim/Fogs d mim”. O aluno G
escreveu: “ñ adiantava nd q o ceu estivesse azul pq a alma d Nicolino estava negra.
___Ei, Nicolino! Nicolino!!!____Qm é?”. E o aluno E escreveu: “ ___Oi, td b?/
___bem e vc? ___bem e as 9dades?”.
Esses exemplos de abreviações, isto é, vícios de linguagem presentes nas
redações produzidas também exemplificam o que é apontado por Benedito (2003, p.
21
87) ao discorrer sobre a influência da internet na escrita da Língua Portuguesa. Para
esse autor, essa influência é muito maior do que apenas a contribuição vocabular,
haja vista que os ambientes de comunicação virtual são caracterizados pelo uso de
uma nova variedade da Língua Portuguesa repleta de abreviações, gírias e emotions
sem respeito às normas ortográficas.
Os vícios de linguagem são evidentes nessas produções textuais que foram
exemplos do que os alunos apontaram desde o início, ao responderem sobre as
desvantagens do uso da internet na escrita. Uma das desvantagens apontadas por
eles foram justamente as abreviações usadas em sites de relacionamento, ou em
celulares e que estão transferindo ao redigir uma redação escolar, por exemplo, e
que eles tem consciência que estão sendo influenciados. Abaixo há uma tabela com
os principais vícios presentes nas mesmas produções textuais.
Vícios de linguagem/abreviações Palavras substituídas
Td
Tudo
Blza
Beleza
Q
Que
ñ/naum/na
Não
Pq
Porque
Vc
Você
Qm
Quem
Bat
Bate
Bjo
Beijo
T
Ter
qdo
Quando
Nd
Nada
Flz
Feliz
Tv
Te ver
Asim
Assim
Na tabela acima foram mencionados os vícios de linguagem mais frequentes.
Porém, aparecem outros como “d” no lugar da palavra “de”, “msmo” no lugar de
“mesmo”. E assim, acaba-se por responder a outra pergunta de investigação que
22
norteou o presente trabalho, na qual foi perguntado, quais os principais vícios de
linguagem que os alunos transferem da linguagem virtual, para a linguagem formal?
Por tudo que foi analisado, constata-se que a internet, que Sardinha (2005, p.
26) chamou de linguagem virtual, e que para ele não existe no mundo real, tendo em
vista que não possui a precisão que a escrita convencional possui, vem
influenciando jovens em sua escrita no dia-a-dia, devido às horas que passam em
frente ao computador abreviando palavras. Consequentemente transferem isso para
outros contextos diferentes do virtual deixando de lado a frase que, lugar de
“internetês” é somente na internet, fato que vem preocupando a maioria dos
professores, haja vista que os jovens como foi constatado na presente pesquisa
estão fazendo uso dessa linguagem nas suas redações.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desenvolver esse trabalho foi bastante produtivo e, acima de tudo, relevante
para futuros professores de Língua Portuguesa. Pode-se dizer que adequar as
inovações tecnológicas às aulas de Português é fazer uso de algo que já faz parte
da vida das pessoas, para ter resultados onde os alunos se envolvem no seu próprio
aprendizado. Ao usar uma ferramenta como o computador, por exemplo, o docente
oferece a oportunidade de o aluno estudar de forma autônoma, sendo responsável
também pelo seu aprendizado; a entrar em contato com um mundo ao qual ele
considerava distante da sua realidade pelo fato de não estar na página de um livro,
mas acessando um site, por exemplo, o aluno saberá de notícias, fatos em tempo
real, tamanha é a velocidade que as inovações tecnológicas oferecem.
Essas inovações facilitam, não somente o trabalho docente em sala de aula,
oferecendo fontes riquíssimas em materiais didáticos, mas também facilita o trabalho
administrativo da escola.
Em relação aos alunos, o que se pode constatar é que as inovações
tecnológicas os motivam a participar mais das aulas, a interessar mais pelo que está
sendo exposto, tendo em vista que sair da sala de aula e entrar em um outro
ambiente, como um laboratório de informática, por exemplo, já é um grande início
para fazer com que os mesmos se interessem e produzam mais.
Constata-se que principalmente os alunos não conseguem levar uma vida
sem fazer uso dessas inovações, e isso se passa inclusive na vida escolar de cada
23
um; tanto é que se pode ver que a influência das mesmas é muito grande. Pela
pesquisa desenvolvida, percebe-se que o hábito que adquiriram em salas de batepapo de escrever tudo abreviado, passou também para seus textos escolares como
as redações; o hábito de leitura já não acontece nas bibliotecas, mas sim em
qualquer página da internet; hoje os alunos preferem ler um texto mais curto a um
romance, em virtude do hábito de uma leitura que pode ser chamada de “virtual”.
Pode-se dizer que esse fato seja uma das desvantagens que se constatou
durante o desenvolvimento da pesquisa em virtude do uso intenso da internet, uma
vez que a leitura virtual acaba por se tornar superficial.
Pensar que os alunos estão alheios a todos esses fatos é ingênuo, haja vista
que em suas reflexões sobre usar as inovações tecnológicas como um recurso
didático, os mesmos afirmaram ser produtivo, relevante, mas também apontaram
fatores como mudança na escrita e na leitura. Há ainda aqueles que
complementaram a informação dizendo que essas inovações devem auxiliar-lhes no
aprendizado e o professor no seu trabalho, porém não substituir o docente que ainda
é importante no processo de ensino-aprendizagem.
Percebe-se que buscar a melhor forma de ensinar e aprender um
determinado conteúdo é algo que sempre estará em evidência. Fazer uso das
inovações tecnológicas nesse sentido é bastante relevante, assim como qualquer
outra forma que vise o melhor ensino e a melhor aprendizagem. No entanto, é
preciso que os docentes, já desempenhando sua função, e os futuros que, todavia
virão, tenham consciência de que seu papel é importantíssimo nesse processo.
Resumen: La investigación tuvo como objetivo general analizar la influencia
del lenguaje virtual en la escrita de la lengua portuguesa y el resultado del
uso de las nuevas tecnologías como recurso didáctico. Sus objetivos
específicos fueron señalar las desventajas que el lenguaje virtual puede
acarrear en la lectura y en la escrita del alumno; analizar el uso de las
nuevas tecnologías como recurso didáctico-motivador para la enseñanzaaprendizaje del alumno. Sus resultados han sido relevantes para futuros
profesores de lengua portuguesa que deben concienciarse que las
innovaciones tecnológicas deben funcionar como material de apoyo y no
desempeñar su función en el proceso de enseñanza-aprendizaje.
Palabras-clave: Escrita. Lectura. Enseñanza. Aprendizaje. Motivación.
Recursos-didácticos.
24
REFERÊNCIAS
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paradigma emergente. In: MORAN, José Manoel et. al. Novas tecnologias e
mediação pedagógica. Campinas: Papirus, 2004.
BENEDITO, Joviana. Dicionário da Internet e do Telemóvel. Lisboa: Centro
Atlântico, 2003.
BRASIL, PCN. Parâmetros Curriculares Nacionais.
tecnologias. Brasília, 2008, p.112
Linguagens, códigos e
KOCH, Ingedore Villança; ELIAS, Vanda Maria. Ler e escrever: estratégias de
produção. São Paulo: Contexto, 2009.
MENEZES, Luis Carlos. Ensinar com ajuda da tecnologia. Revista Nova Escola, a.
25, n. 235, 2010, p. 122.
.
MASSETO, Marcos T. Mediação pedagógica e o uso da tecnologia. In: MORAN,
José Manoel et. al. Novas tecnologias e mediação pedagógica: Campinas:
Papirus, 2004. In: p. 67-173.
MORAN, José Manoel. Ensino e aprendizagem inovadores com tecnologias
audiovisuais e telemáticas. In: MORAN, José Manoel et. al. Novas tecnologias e
mediação pedagógica: Campinas: Papirus, 2004.
PONTES, Felipe; MALI, Thiago; AFFARO, Victor. A internet está deixando você mais
burro? Revista Galileu. São Paulo, Nº. 229, p. 38-47 2010.
SARDINHA, Tony Berber. A Língua Portuguesa no computador. Campinas:
Mercado das letras, 2005.
VANDRESEN, Paulino. A Lingüística no Brasil. Santa Catarina: Labajor Editorial,
2001.
25
ANEXOS
26
ALUNO:A
Diz: ola estrelinha ñ mais
baby: oi barbie tdb???
estrelinha:D fala para Amaroltha: OI
SuperAmigo fala para Luanynha pimentiin: vixi
espanõl sai da sala...
Luanynha pimentiin fala para Todos: me add no msn: [email protected]
estrelinha:D fala para mineiro safado: GLEYCIANE
sanoj sp (reservadamente) fala para baby: oi
barbie fala para ESCORPIÃO: ola
Amaroltha fala para estrelinha:D: vc e de onde gata
ALUNO:B
bem fala para Todos: tudo e vc
Sincero.niteroi sai da sala...
taludinha fala para Anjo casado28: oi
estrelinha:D fala para mineiro safado: PEQUE MEU MSN
TECKTONIK_ entra na sala...
TECKTONIK_ fala para Todos: oiiii gataassssssssssss
bem fala para Todos: to aq
sanoj sp fala para baby: oi gta
ALUNO: C
taludinha fala para nego boom: tudo e vc
estrelinha:D fala para mineiro safado: JA ESTA ADD
taludinha fala para nego boom: de Vitoria
conversar no msn, me add eu tenho cam, [email protected]
taludinha fala para nego boom: bem graças a Deus
taludinha fala para nego boom: 17
bem fala para nego boom: fala de onde
taludinha fala para Anjo casado28: bem e vc
TECKTONIK_ fala para Todos: ALGUMA GATINHA COM 14 ou 15 ou 16 PRA CONVERSA
????
taludinha fala para nego boom: estudo
ALUNO:D
Nany fala para rafael: td bem??
morena simpatia 19 fala para nego boom: eu nao sei se vc vai consegui mi add
delicia fala para paulo: vc e da onde
byby@ fala para byby@: ta velho pra mim
paulo fala para delicia: de onde vc tc?
estrelinha:D fala para o demolidor: ATA PQ MSM EM
delicia fala para paulo: maringa
paulo fala para delicia: sou de pernanbuco
morena simpatia 19 fala para nego boom: vou te q fazer outro
ALUNO:E
27
camila fala para gatao 22: oi td bem
karina fala para JR..: nau
valdivia fala para bonequinha: vc tem orkut
kakau gatinha fala para max: oi tem msn??
ALUNO:F
bruna eu te amo. fala para Todos: oi blz meus mgxos.
kakau gatinha fala para max: hum
camila fala para gatao 22: tem cam
gostoso fala para gostosa: oi gata
ALUNO:G
Bagunceiro: tem msn?
Doce menina 16 fala para lindo e carinhoso: AH EU NÃO CONHEÇO
Doce menina 16 fala para lindo e carinhoso: EU TC DE TRES RIOS
ALUNO:H
Todos: oi pessoal, quam poderia me ajudar, preciso configurar uma web cam e não tenho
contatos on line no msn, depois vcs podem me excluirem e me bloquear tb, so preciso de um
contato on line, seria que alguem poderia me ajuar... por favor...
gostosa fala para seu amigo: da la
TristinhO C@m fala para tayane,cristina*: sim sim.. ñ muitoo até vs falar cmg.. mais agora ta
tudo bein
ALUNO:I
TristinhO C@m fala para tayane,cristina*: fala cmg lá.. aki tein um montãoO de gt.
boby fala para Todos: alguem quer conversar
amiga de 16 anos fala para Me ajudem...: sim
gostosa fala para Me ajudem...: oi
cleitom ofoda fala para gostosa: oi
moreno de sc (reservadamente) fala para Todos: alguem afim de tc
amiga de 16 anos fala para Gato Cherosooo: são jose do rio preto
ALUNO:J
TristinhO C@m fala para tayane,cristina*: sim sim.. te achei aki tbn..
gostosa fala para gostoso: oi
amiga de 16 anos fala para Gato Cherosooo: procura o que aqui?
novinho 18 anos fala para amiga de 16 anos: oi
gostoso fala para gostosa: oi tb
amiga de 16 anos fala para Me ajudem...: ta
ALUNO: K
brunah eu te adoro fala para Todos: oi
gostosa fala para gostoso: tudo e vc
amiga de 16 anos fala para Gato Cherosooo: hum
novinho 18 anos fala para amiga de 16 anos: tudo bem?
28
amiga de 16 anos fala para novinho 18 anos: td e vc?
gostosa fala para gostoso: sim
novinho 18 anos fala para amiga de 16 anos: tudo vc é d onde?
ALUNO: L
Ke.LLy fala para Gato Cherosooo: tenho 14 e vooç?
novinho 18 anos fala para baby: oi
oliveiraH fala para cathicasadinha: OLA
Ke.LLy fala para lindo e carinhoso: indaiatuba sp e vooç??
Ke.LLy fala para Gato Cherosooo: huum : D
Ke.LLy fala para novinho 18 anos: Oiie
Ke.LLy fala para Gato Cherosooo: teem msn??
ALUNO: M
mooreniinhah fala para apollo: 18
mooreniinhah fala para apollo: e vc
apollo fala para mooreniinhah: vc de onde
mooreniinhah fala para apollo: ?
bia100% atrevidinh sai da sala...
apollo fala para mooreniinhah: tenho 25
Rafael Q>B>V fala para mooreniinhah: oi tb com vc