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4. Formas de violência e criminalidade Diagnóstico e ações Escrito por Fernando Bossi em 8 de Outubro de 2014. Dizemos que há uma extrema-direita fascista, assassina, terrorista, etc. Mas nos assombramos quando eles matam nossos companheiros. A política é a luta pelo poder. Na sociedade de classes esse poder se disputa entre diferentes blocos de classes. Cansamos de mostrar como o imperialismo atropela e mata povos inteiros. Mas nos assombramos quando financiam mercenários, terroristas e criminosos para atentar contra nossos compatriotas. Na Venezuela a confrontação principal se dá entre um bloco popular e um bloco oligárquico. Um bloco popular patriótico, democrático, latino-americanista, antiimperialista, incipientemente socialista, progressista em geral, pacifista e tolerante. O outro bloco, o oligárquico, por lógica, apresenta todos os elementos antagônicos aos enunciados para o bloco popular: pró-ianque, cipaio, colonizado, neoliberal, antidemocrático, intolerante e fascista. Se o bloco oligárquico ou ao menos um setor do bloco oligárquico é fascista, teríamos que saber que esse setor atuará como fascista E o que é atuar como fascista? É fazer a saudação como fazia Hitler ou Mussolini? NÃO! Atuar como fascistas é realizar atos terroristas, assassinar militantes de esquerda, gerar medo e atentar contra a paz. Esta é uma descrição das características gerais de cada um dos blocos em luta. É possível conviver com elementos fascistas, com terroristas? A história demonstra que isso é impossível. Agora, quando caracterizamos o bloco oligárquico da maneira que caracterizamos, não é para ter simplesmente um diagnóstico, mas é para lembrar de que deve ter consequências. Ou são eles ou é o povo, mas ambos não podem conviver em um mesmo espaço. Há que reprimir os fascistas com toda a força da lei, mas implacavelmente, sem vacilação. Se dizemos que não devemos nos aproximar de um certo animal porque morde, é para que tomemos as precauções caso tenhamos que passar perto dele. Os fascistas são bichos violentos, mas também covardes. A impunidade é o que os faz engrandecer, mas se são castigados exemplarmente retrocedem, porque carecem de valores essenciais. Mas parece que todavia temos um tipo de dissociação entre o discurso e a prática. Fonte: Correo del Orinoco SOCIOLOGIA - 3º ANO - Apostila nº 4 - Prof. Renato Fialho Jr.- Página 1 A ascensão do capitalismo do desastre não viável". Por vezes, explicou, "reconstruir significa dilacerar o velho". por Naomi Klein [*] No verão passado, na modorra do mês de Agosto, a doutrina bushiana da guerra preventiva deu um grande salto para a frente. No dia 5 de Agosto de 2004, a Casa Branca criou o Gabinete do Coordenador para a Reconstrução e Estabilização (Office of the Coordinator for Reconstruction and Stabilization), encabeçado pelo antigo embaixador dos EUA na Ucrânia, Carlos Pascual. O seu mandato é rascunhar elaborados planos "pósconflito" para mais de 25 países que não estão, ainda, em conflito. Segundo Pascual, o gabinete será capaz de coordenar até três operações de reconstrução em plena escala em diferentes continentes e "em simultâneo", cada uma delas perdurando "cinco a sete anos". Assim, de modo adequado, um governo dedicado à perpétua desconstrução preventiva tem agora um gabinete dedicado à perpétua reconstrução preventiva. Já estão longe os dias em que se aguardava as guerras acontecerem para então elaborar planos a fim de consertar os estragos. Em estreita cooperação com o National Intelligence Council, o gabinete de Pascual mantém os países "de alto risco" numa "lista de observação" e reúne equipes de resposta rápida prontas para se empenharem no planejamento pré-guerra e para se "mobilizarem e instalarem rapidamente" depois de o conflito ter acabado. As equipes são constituídas por companhias privadas, organizações não governamentais e membros de think tanks. Algumas delas, disse Pascual numa audiência do Center for Strategic and International Studies (CSIS) em Outubro último, terão contratos "précompletados" para reconstruir países que ainda não estão fraturados. Fazer este trabalho administrativo previamente poderia "cortar de três a seis meses no tempo de resposta". Os planos que as equipes de Pascual estão a elaborar no seu pouco conhecido gabinete no Departamento de Estado referem-se à mudança "do próprio tecido social de uma nação", afirmou ele à CSIS. O mandato do gabinete não é reconstruir qualquer dos antigos Estados, reparem, mas criar outros "democráticos e voltados ao mercado". Assim, por exemplo (e ele estava apenas a extrair esse exemplo de sua cartola, não há dúvida), os seus reconstrutores de atuação rápida podem ajudar a vender "empresas estatais que criaram uma economia Poucos ideólogos podem resistir à atração de um quadro em branco – que foi a promessa sedutora do colonialismo: "descobrir" novas e vastas terras onde a utopia parecia possível. Mas o colonialismo está morto, ou assim nos dizem: não há lugares novos a serem descobertos, nenhuma terra vaga (e, de fato, nunca houve), nenhuma página em branco sobre as quais, como outrora Mao disse, "as mais novas e mais belas palavras possam ser escritas". Há, entretanto, destruição de sobra — países esmagados até às ruínas, seja pelos chamados "Atos de Deus" ou pelos Atos do Bush (sob as ordens de Deus). E onde há destruição há reconstrução, uma oportunidade de agarrar a "terrível aridez", como um funcionário das Nações Unidas recentemente descreveu a devastação em Aceh, e preenchê-la com os planos mais belos e perfeitos. "Costumávamos ter colonialismo vulgar", afirma Shalmali Guttal, investigador em Bangalore do Focus on the Global South. "Agora, temos um colonialismo refinado, e eles chamam a isto 'reconstrução' ". Parece que porções cada vez maiores do globo estão sob reconstrução ativa: a serem reconstruídas por um governo paralelo constituído por uma casta familiar de firmas de consultoria com fins lucrativos, companhias de engenharia, mega-ONGs, agências governamentais e de ajuda da ONU e instituições financeiras internacionais. E, das pessoas a viverem nesses sítios de reconstrução (a população pobre) — do Iraque ao Aceh, do Afeganistão ao Haiti — levanta-se um coro similar de queixas. O trabalho é demasiado lento, se é que está a haver algum trabalho. Consultores estrangeiros desfrutam uma boa vida, graças a contratos fixos com o pagamento das despesas extras, ao passo que os habitantes locais são excluídos dos tão necessários empregos, treinamentos e tomadas de decisão. Peritos "construtores da democracia" ensinam os governos sobre a importância da transparência e da "boa governação"; mas a maior parte dos empreiteiros contratados e das ONGs recusase a abrir a sua contabilidade àqueles mesmos governos, e muito menos a dar-lhes o controle sobre como é gasto o dinheiro da sua ajuda. Três meses depois de o tsunami ter assolado o Aceh, o New York Times publicou um texto aflitivo a relatar que SOCIOLOGIA - 3º ANO - Apostila nº 4 - Prof. Renato Fialho Jr.- Página 2 "quase nada parece ter sido feito para começar os reparos e a reconstrução". O mesmo relato poderia igualmente ter vindo do Iraque, onde, segundo relato recente do Los Angeles Times, todas as instalações de água reconstruídas pela Bechtel já começaram a decompor-se, mais uma coisa na infinita litania de estragos nas reconstruções. Mas poderia ter procedido igualmente do Afeganistão, onde o presidente Hamid Karzai recentemente denunciou empreiteiros estrangeiros como "corruptos, esbanjadores e irresponsáveis", por "dissiparem os preciosos recursos que o Afeganistão recebeu como ajuda". Ou do Sri Lanka, onde 600 mil pessoas que perderam os seus lares com o tsunami ainda estão a vegetar em acampamentos temporários. Cem dias depois do ataque das ondas gigantes, Herman Kumara, dirigente do movimento National Fisheries Solidarity Movement, de Negombo, Sri Lanka, enviou um e-mail desesperado a colegas em todo o mundo: "Os fundos recebidos para benefício das vítimas são dirigidos a uns poucos privilegiados, não para as vítimas reais", escreveu ele. "Nossas vozes não são ouvidas e não permitem que elas sejam divulgadas." Mas se a indústria da reconstrução é impressionantemente inepta na reconstrução isso pode ser devido ao fato de que a reconstrução não é o seu propósito primário. Segundo Guttal, "não se trata de reconstrução alguma e sim de remodelar tudo". As histórias de corrupção e incompetência servem para mascarar esse escândalo mais profundo: a ascensão de uma forma predatória de capitalismo do desastre que utiliza o desespero e o medo criados pela catástrofe para lançar uma engenharia social e econômica radical. E, nesta frente, a indústria da reconstrução trabalha tão rápida e eficientemente que as privatizações e a captura de terras habitualmente já estão consumadas antes de a população local saber do golpe que a atingiu. Kumara, em outro e-mail, adverte que agora o Sri Lanka está a enfrentar "um segundo tsunami, o da globalização corporativa e da militarização", potencialmente ainda mais devastador do que o primeiro. "Vemos isso como um plano de ação em meio à crise do tsunami para entregar o mar e a costa a corporações estrangeiras e ao turismo, com a assistência militar dos Marines dos EUA." O vice-secretário da Defesa, Paul Wolfowitz, concebeu e supervisionou um projeto de espantosa semelhança no Iraque: Os incêndios ainda devastavam Bagdá quando responsáveis americanos pela ocupação reescreviam as leis de investimentos e anunciavam que as companhias estatais do país seriam privatizadas. Alguns destacaram este cadastro para argumentar que Wolfowitz seria inadequado para conduzir o Banco Mundial. Na verdade, nada poderia tê-lo preparado melhor para o novo emprego. No Iraque, Wolfowitz estava simplesmente a executar aquilo que o Banco Mundial já fazia em praticamente todos os países do mundo devastados por guerras ou por desastres – embora com menos delicadezas burocráticas e mais bravatas ideológicas. Atualmente os países "pós-conflito" recebem 20 a 25 por cento do total de empréstimos do Banco Mundial, um nível 16% superior ao de 1998, o qual já era 800% superior ao de 1980, segundo estudo do Serviço de Investigação do Congresso. A resposta rápida às guerras e aos desastres naturais tradicionalmente tem sido da competência das agências da ONU, as quais trabalhavam com as ONGs para proporcionar ajuda de emergência, construir habitações temporárias e tudo o mais. Mas agora os trabalhos de reconstrução revelaram-se uma indústria tremendamente lucrativa, demasiado importante para ser deixada aos milagreiros da ONU. Desse modo, hoje é ao Banco Mundial, já dedicado ao princípio de aliviar a pobreza através da criação do lucro, que cabe a liderança do processo. E não há dúvida de que há lucros a serem feitos nos negócios de reconstrução. Há enormes contratos de engenharia e abastecimento (10 bilhões de dólares para a Halliburton, só no Iraque e no Afeganistão); a "construção da democracia" explodiu numa indústria de 2 bilhões de dólares e nunca houve um tempo melhor para os consultores do setor público — as empresas privadas que assessoram os governos a venderem os seus ativos, empresas essas que muitas vezes administram as próprias agências governamentais como subcontratadas (a Bearing Point, a mais favorecida dessas empresas nos EUA, relatou que as receitas da sua divisão de "serviços públicos quadruplicou em apenas cinco anos", e os lucros são enormes: US$342 milhões, em 2002 – uma margem de lucro de 35%). Mas, países estilhaçados são atraentes para o Banco Mundial também por outra razão: eles acatam as ordens docilmente. Após um evento cataclísmico, os governos habitualmente fazem seja o que for para obter ajuda em dólares — mesmo se isso significa assumir dívidas enormes e concordar com políticas de reformas arrasadoras. E com a população local a lutar para obter abrigo e comida, a organização política contra a privatização pode parecer um luxo inimaginável. SOCIOLOGIA - 3º ANO - Apostila nº 4 - Prof. Renato Fialho Jr.- Página 3 Melhor ainda na perspectiva do Banco: muitos países arrasados pela guerra estão em estado de "soberania limitada". Eles são considerados demasiado instáveis e não qualificados para administrar o dinheiro da ajuda nele despejado. Assim, muitas vezes esses fundos são colocados num fundo fiduciário (trust fund) administrado pelo Banco Mundial. Foi o caso em Timor Leste, onde o Banco dá esmolas ao governo na medida em que ele mostrar que gasta com responsabilidade. Aparentemente, isso significa cortar empregos do setor público (o governo de Timor tem agora a metade da dimensão que tinha sob a ocupação indonésia), mas quantias abundantes da ajuda monetária são despendidas com consultores estrangeiros, os quais o Banco insiste em contratar (o investigador Ben Moxham escreve: "Num departamento governamental, um único consultor internacional ganha em um mês o mesmo que ganham juntos vinte dos seus colegas timorenses durante um ano inteiro"). No Afeganistão, onde o Banco Mundial também administra a ajuda ao país através de um fundo fiduciário, a instituição já conseguiu privatizar os cuidados de saúde, recusando-se a conceder fundos ao Ministério da Saúde para a construção de hospitais. Ao invés disso, este encaminha o dinheiro diretamente para as ONGs que administram as suas próprias clínicas privadas, com contratos de três anos. O Banco Mundial também impôs "um papel acrescido para o setor privado" nos sistemas de águas, telecomunicações, petróleo, gás e mineração, e ordenou ao governo que "se retirasse" do setor da eletricidade e que o deixasse para "investidores privados estrangeiros". Essas profundas transformações na sociedade afegã nunca foram debatidas ou relatadas, até porque poucas pessoas de fora do Banco souberam o que estava a acontecer: As mudanças foram enterradas bem fundo, num "anexo técnico" do contrato de uma doação de fundos para ajuda "de emergência" às infraestruturas destruídas do Afeganistão – dois anos antes de o país ter um governo eleito. O mesmo se passou no Haiti, após a derrubada do presidente Jean-Bertrand Aristide. Em troca de um empréstimo de US$ 61 milhões, o banco está a exigir "parceria público-privada e gestão nos setores da educação e da saúde", segundo os documentos do Banco — ou seja, que as companhias privadas administrem as escolas e os hospitais. Roger Noriega, ao secretário de Estado Assistente dos EUA para os Negócios do Hemisfério Ocidental, deixou claro que o governo Bush compartilha esses objetivos: "Também encorajaremos que o governo do Haiti avance, no momento apropriado, com a reestruturação e a privatização de algumas empresas públicas", disse ele ao American Enterprise Institute em 14 de Abril de 2004. Trata-se de planos extremamente controversos num país com uma base estatal e o Banco admite que é precisamente por essa razão que está a pressioná-lo agora, com o Haiti sob um regime quase militar. "O Governo de Transição proporciona uma janela de oportunidade para a implementação de reformas de governação econômica… que dificilmente poderão ser desfeitas por um próximo governo", observa o banco no seu acordo do Economic Governance Reform Operation. Para os haitianos isto é uma ironia particularmente amarga: Muitos culpam as instituições multilaterais, incluindo o Banco Mundial, pelo aprofundamento da crise política que levou à deposição de Aristide, pela retenção de centenas de milhões dos empréstimos prometidos. Na época, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), sob a pressão do Departamento de Estado, afirmou que o Haiti era insuficientemente democrático para receber o dinheiro, apontando pequenas irregularidades verificadas numa eleição legislativa. Mas agora que Aristide está deposto, o Banco Mundial está a celebrar abertamente os bônus de operar numa zona livre de democracia. O Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional têm estado a impor terapias de choque a países sob vários estados de choque ao longo de pelo menos três décadas, sobretudo após golpes militares na América Latina e o colapso da União Soviética. Ainda que muitos observadores digam que os desastres do capitalismo de hoje realmente ultrapassem os do Furacão Mitch. Em Outubro de 1998, durante uma semana, o furacão estacionou na América Central, engolindo aldeias inteiras e matando mais de 9.000 pessoas. Países já empobrecidos estavam desesperados por ajuda para a reconstrução — e ela veio, mas com cadeias impostas. Nos dois meses após o golpe do Mitch, com o país ainda de joelhos em meio a ruínas, cadáveres e lama, o congresso de Honduras iniciou o que o Financial Times chamou de "liquidação veloz depois da tempestade", aprovando leis que permitiam a privatização dos aeroportos, portos e rodovias, além de planos urgentes para privatizar a companhia telefônica estatal, a companhia elétrica nacional e partes do setor das águas. SOCIOLOGIA - 3º ANO - Apostila nº 4 - Prof. Renato Fialho Jr.- Página 4 Anulou leis de reforma agrária e facilitou a compra e venda de propriedades para os estrangeiros. O mesmo aconteceu nos países vizinhos: Durante estes mesmos dois meses, a Guatemala anunciou planos para liquidar com o seu sistema telefônico, e a Nicarágua fez outro tanto, juntamente com a sua companhia de eletricidade e o seu setor de petróleo. Todos os planos de privatização foram pressionados agressivamente pelos suspeitos habituais. Segundo o Wall Street Journal, "o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional lançaram todo o seu peso para a venda da Telecom, fazendo disto uma condição para libertar cerca de US$ 47 milhões de ajuda anual, por um período de três anos, e ligando-a a cerca de US$ 4,4 mil milhões de alívio para a dívida externa da Nicarágua". Agora, o Banco está a usar o tsunami de 26 de dezembro para pressionar pelas suas políticas predadoras. Os países mais devastados quase não viram alívio para a dívida, e a maior parte da ajuda de emergência do Banco Mundial veio sob a forma de empréstimos, não de doações. Ao invés de enfatizar a necessidade de ajudar as pequenas comunidades de pescadores – mais de 80 por cento das vítimas da onda – o banco está pressionando pela expansão do setor turístico e pela pesca industrial. Quanto às infraestruturas públicas danificadas, como estradas ou escolas, os documentos do Banco reconhecem que reconstruí-los poderá "exigir forçar as finanças públicas", e sugere que os governos considerem a privatização (sim, eles só têm uma ideia). "Para certos investimentos", observa o plano de resposta do Banco ao tsunami, "poderá ser apropriado utilizar financiamentos privados". praias com campos de jogos para turistas, oceanos como minas aquáticas para frotas pesqueiras das corporações indústria corporativa da pesca, tudo servido por aeroportos privatizados e rodovias construídas com o dinheiro emprestado. Em Janeiro último, Condoleezza Rice desencadeou uma pequena controvérsia ao descrever o tsunami como "uma oportunidade maravilhosa" que "nos pagou altos dividendos ". Muitos ficaram horrorizados com a ideia de tratar uma tragédia humana maciça como uma oportunidade para extrair lucros. Mas, de qualquer forma, Rice mostrou estar subestimando o caso. Um grupo autodenominado Sobreviventes e Apoiantes do Tsunami da Tailândia afirma que: "para homens de negócios e políticos, o tsunami foi a resposta às suas orações, uma vez que literalmente varreu as áreas costeiras deixando-as limpas de comunidades que anteriormente impediam a realização de seus planos para a construção de balneários, hotéis, cassinos e instalações para a criação de camarões. Para eles, todas essas áreas costeiras são hoje terra aberta!" O desastre, parece, é a nova terra nullius. _________________________ [*] Autora de No Logo: Taking Aim at the Brand Bullies, traduzido em 25 línguas, e de Fences and Windows: Dispatches from the Front Lines of the Globalization Debate (2002). O original encontra-se em: http://www.thenation.com/doc.mhtml?i=20050502&s=klein . Tradução de JF para http://resistir.info/. Adaptada ao português do Brasil por RFJ. Tal como em outros sítios de reconstrução, desde o Haiti até o Iraque, a ajuda ao tsunami pouco tem a ver com a recuperação do que foi perdido. Embora os hotéis e a indústria na costa tenham já começado a reconstrução, no Sri Lanka, na Tailândia, na Indonésia e na Índia, os governos aprovaram leis impedindo as famílias de reconstruírem suas casas frente ao oceano. Em Aceh, centenas de milhares de pessoas estão a ser transferidas à força para o interior, e instaladas em quartéis de estilo militar, e no caso da Tailândia em caixas pré-fabricadas. A costa não está a ser reconstruída como era – salpicada de aldeias de pescadores e praias com redes de pesca feitas à mão espalhadas entre umas e outras. Ao invés disso, os governos, as corporações e os doadores estrangeiros estão a agrupar-se para reconstruir a costa da forma tal como gostariam que realmente fosse: SOCIOLOGIA - 3º ANO - Apostila nº 4 - Prof. Renato Fialho Jr.- Página 5 A ONU, a impunidade e a guerra A Resolução 1929 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, de 9 de junho de 2010, marcou o destino do imperialismo. Sei lá quantos terão se apercebido de que, entre outras coisas absurdas, o secretário-geral dessa instituição, Ban Ki-moon, cumprindo ordens superiores, cometeu a gafe de nomear Álvaro Uribe — quando este estava quase concluindo seu mandato — vice-presidente da comissão responsável por investigar o ataque israelense à pequena frota humanitária, que transportava alimentos essenciais para a população sitiada na faixa de Gaza. O ataque ocorreu em águas internacionais, a uma distância considerável da costa. Essa decisão outorgava impunidade a Uribe, quem é acusado de crimes de guerra, como se um país cheio de valas comuns com cadáveres de pessoas assassinadas, algumas contendo até duas mil vítimas, e sete bases militares ianques, mais o resto das bases militares colombianas a seu serviço, não tivesse nada a ver com o terrorismo e o genocídio. Por outro lado, em 10 de junho de 2010, o jornalista cubano Randy Alonso, que dirige o programa "Mesa Redonda" da televisão nacional, escreveu no site CubaDebate um artigo intitulado: "O chamado Governo Mundial se reuniu em Barcelona", onde sublinha: "Chegaram até o confortável hotel Dolce em carros de luxo com vidros escuros ou em helicópteros." "Eram os mais de 100 chefões da economia, das finanças, da política e da mídia da América do Norte e da Europa, que vieram até este lugar para a reunião anual do Clube de Bilderberg, uma espécie de governo mundial à sombra." Outros jornalistas honestos estavam acompanhando igual do que ele as notícias que conseguiram filtrar-se do esquisito encontro. Alguém muito mais informado do que eles andava no encalço desses eventos havia muitos anos. "O exclusivo Clube que se reuniu em Sitges nasceu em 1954. Surgiu da ideia do conselheiro e analista político Joseph Retinger. Seus impulsionadores iniciais foram o magnata norteamericano David Rockefeller, o príncipe Bernardo de Holanda e o primeiro-ministro belga, Paul Van Zeeland. Seus propósitos fundacionais eram combater o crescente ‘anti-norte-americanismo’ que existia na Europa da época e contestar a União Soviética e o comunismo que ganhava força no velho continente." "Sua primeira reunião foi realizada no Hotel Bilderberg, em Osterbeck, Holanda, entre 29 e 30 de maio de 1954. Daí saiu o nome do grupo, que desde então se reúne anualmente, salvo em 1976." "Há um núcleo de afiliados permanentes que são os 39 membros do Steering Comittee, o resto são convidados." "…a organização exige que ninguém ‘conceda entrevistas’ nem revele nada do que ‘um participante individual tenha dito’. É requisito imprescindível um domínio excelente da língua inglesa [...] não há tradutores presentes." "Não se sabe ao certo os alcances reais do grupo. Os estudiosos do ente dizem que não é por acaso que se reúnam sempre pouco antes do que o G-8 (G-7 anteriormente) e que procuram uma nova ordem mundial de governo, exército, economia e ideologia única." "David Rockefeller disse em uma reportagem à revista ‘Newsweek’: ‘Algo deve substituir os governos e parece-me que o poder privado é a entidade adequada para o fazer." "…o banqueiro James P. Warburg afirmou: ‘Quer gostem quer não, teremos um governo mundial. A única questão é se será por concessão ou por imposição." "‘Eles sabiam dez meses antes a data exata da invasão ao Iraque; também o que ia acontecer com a bolha imobiliária. Com informação como essa se pode fazer muito dinheiro em toda classe de mercados. E aqui falamos de clubes de poder e de saber’. SOCIOLOGIA - 3º ANO - Apostila nº 4 - Prof. Renato Fialho Jr.- Página 6 "Para os estudiosos, um dos temas que mais preocupa o Clube é a ‘ameaça econômica’ que significa a China e a sua repercussão nas sociedades norte-americana e europeias. "A sua influência na elite é demonstrada segundo alguns pelo fato de que Margaret Thatcher, Bill Clinton, Anthony Blair e Barack Obama estiveram entre os convidados ao Clube antes de serem eleitos para a mais alta responsabilidade governamental, na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos. Obama participou da reunião de junho de 2008, na Virgínia, EUA, cinco meses antes de sua vitória eleitoral e seu triunfo se previa já desde a reunião de 2007." "Entre tanto sigilo, a imprensa foi tirando nomes daqui e dali. Entre os que chegaram a Sitges estavam importantes empresários como os presidentes da Fiat, Coca Cola, France Telecom, Telefônica da Espanha, Suez, Siemens, Shell, Novartis e Airbus. "Também se reuniram gurus das finanças e da economia como o famoso especulador George Soros, os assessores econômicos de Obama, Paul Volcker e Larry Summers; o flamante secretário do Tesouro Britânico, George Osborne; o expresidente da Goldman Sachs e da British Petroleum, Peter Shilton [...] o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellic; o diretor-geral do FMI, Dominique Strauss-Kahn; o diretor da Organização Mundial do Comércio, Pascal Lamy; o presidente do Banco Central Europeu, Jean Claude Trichet; o presidente do Banco Europeu de Investimentos, Philippe Maystad." Sabiam disso nossos leitores? Algum órgão importante da imprensa oral ou escrita disse uma palavra? É essa a liberdade de imprensa que tanto apregoam no Ocidente? Algum deles pode negar que estas reuniões sistemáticas dos mais poderosos financistas do mundo são realizadas todos os anos, à exceção do ano mencionado? "O poder militar enviou alguns dos seus falcões — continua Randy —: o ex-secretário de Defesa de Bush, Donald Rumsfeld; seu subalterno, Paul Wolfowitz; o secretário-geral da OTAN, Anders Fogh Rasmussen e seu antecessor no cargo, Jaap de Hoop Scheffer." "O magnata da era digital Bill Gates, foi o único assistente que falou alguma coisa à imprensa antes do encontro. ‘Sou um dos que estará presente’, disse e anunciou que ‘Sobre a mesa haverá muitos debates financeiros’." "Os especuladores da notícia falam de que o poder na sombra analisou o futuro do euro e as estratégias para salvá-lo; a situação da economia europeia e o rumo da crise. Sob a religião do mercado e o auxílio dos drásticos recortes sociais se deseja continuar prolongando a vida do doente. "O coordenador da Esquerda Unida da Espanha, Cayo Lara, definiu com clareza o mundo que nos impõem os Bilderberg: ‘Estamos no mundo ao avesso; as democracias controladas, tuteladas e pressionadas pelas ditaduras dos poderes financeiros’." "O mais perigoso que foi publicado no jornal espanhol Público é o consenso majoritário dos membros do Clube a favor de um ataque norteamericano ao Irã [...] Lembre-se que os membros do Clube sabiam, em 2003, a data exata da invasão ao Iraque, dez meses antes de que acontecesse". É por acaso uma invenção caprichosa a ideia, quando isto se soma a todas as evidências expostas nas últimas Reflexões? A guerra contra o Irã está já decidida nos altos círculos do império, e apenas um esforço extraordinário da opinião mundial poderia impedir que estoure num prazo de tempo muito breve. Quem oculta a verdade? Quem é que engana? Quem é que mente? Alguma coisa do que aqui é afirmado pode ser desmentida? Fidel Castro Ruz 15 de agosto de 2010 SOCIOLOGIA - 3º ANO - Apostila nº 4 - Prof. Renato Fialho Jr.- Página 7 A máquina do clima? Deisy Francis Mexidor (Prensa latina) Parece um argumento de ficção científica, mas é real: os Estados Unidos desenvolveram armas ultramodernas que podem atuar sobre o meio ambiente e modificar o entorno remoto de regiões inteiras. Os devastadores terremotos de 7,3 graus na escala Richter no Haiti, no passado 12 de janeiro, e o ocorrido no Chile, a 27 de fevereiro, com magnitude de 8,8 graus, reavivou as suspeitas de que estas catástrofes ocorrem como resultado da intervenção humana. Hoje se tem certeza de que, em territórios já submetidos a fortes tensões, existe a possibilidade de provocar sismos induzidos através de um brusco aumento da pressão intersticial que se daria pela eliminação, no subsolo, de matéria em solução ou em suspensão, ou por extração de hidrocarbonetos. Enquanto alguns cientistas pensam em como utilizar esses movimentos telúricos induzidos para evitar fenômenos de maior magnitude, outros talvez trabalhem no sentido oposto. Em várias páginas da Internet há menções de que os experimentos do denominado Programa de Investigação de Aurora Ativa de Alta Freqüência (HAARP, devido a sua sigla em inglês), poderiam estar por trás dessa "fúria" da terra. Fred Burks, que serviu de intérprete, entre outros, aos ex-presidentes William Clinton e George W. Bush, revelou num artigo que publicou em janeiro no site digital "Examiner" que "existe um projeto pouco conhecido ainda", malgrado o fato de que esteja sendo aperfeiçoado há décadas. Mas advertiu que é um "importante programa de defesa militar dos Estados Unidos que tem gerado bastante controvérsia em certos círculos", através do qual é possível alterar seletivamente os modelos climáticos. O HAARP é um apêndice da Iniciativa de Defesa Estratégica da Casa Branca que pretende alcançar a militarização do espaço como parte da Guerra das Estrelas. Burks o confirmou em seu escrito: "mui poucas pessoas estão conscientes das tenebrosas possibilidades de destruição e morte que se desenvolveram ao longo destes anos". Contudo, a página oficial do HAARP na web o define como "um empenho científico" destinado a estudar as propriedades e o comportamento da ionosfera para otimizar as comunicações e os sistemas de vigilância, "tanto para fins civis como de defesa". A ionosfera é a camada superior da atmosfera que está eletricamente carregada, e que se estende dos 85 até 800 quilômetros acima da superfície da Terra. Conhecida também como termosfera, absorve as radiações de menor longitude de onda e protege os seres humanos dos raios solares (ultravioleta, X, gama) que são nocivos à saúde. O mesmo site do HAARP reconhece que se levam a cabo ensaios que utilizam as freqüências de impulsos eletromagnéticos com a finalidade de "excitar temporariamente uma área limitada da ionosfera". Todo "um programa, ao que aparenta, dedicado à investigação meteorológica, mas muitos consideram que na realidade tem motivos muito mais sinistros", expressou Rob Ferrier, na sinopse de um documentário sobre o tema realizado em 1999, citado no The New York Times. Arrebentar a ionosfera Foi uma idéia original do austríaco-estadunidense Nicola Tesla, que em princípios do século XX pensou em interconectar o mundo através da atmosfera, transformada em um canal de comunicação global. Logo após sua morte, em 1943, o Governo dos Estados Unidos confiscou os documentos de seu gabinete e contudo os mantêm sem se desclassificar, explica a enciclopédia digital Wikipédia. No entanto, um de natureza militar que pode ser utilizado com efeitos devastadores num raio de mais de 320km, é o que se considera a base do mui secreto projeto HAARP. De acordo com o Pentágono, trata-se de uma investigação para aprender como "arrebentar a ionosfera", faz referência a página digital Rosa Blindada. Para o doutor Richard Williams, da Sociedade Americana de Física, isto é como "um ato irresponsável de vandalismo global". Estabelecido em 1992, o HAARP, situado em Gokona, Alaska, utiliza uma série de antenas de alta potência que transmitem, através de ondas de rádio, quantidades massivas de energia contra essa camada superior da atmosfera. Sua construção foi financiada pela Força Aérea estadunidense, a Marinha e a Agência de Projetos de Investigação Avançada (DARPA, sua sigla em inglês). SOCIOLOGIA - 3º ANO - Apostila nº 4 - Prof. Renato Fialho Jr.- Página 8 Em fevereiro de 1998, em resposta a um informe da deputada sueca Maj Britt Theorin, o Parlamento Europeu manteve audiências públicas em Bruxelas sobre o programa HAARP. A moção foi proposta em virtude do profundo impacto sobre o meio ambiente, como uma "inquietude global" e solicitava que um organismo internacional independente examinasse "suas implicações legais, ecológicas e éticas"; contudo, Washington se negou a esse escrutínio. A Caixa de Pandora HAARP, com suas centenas de milhões de watts de potência e suas antenas, é conceituado como um verdadeiro "aquecedor" da alta atmosfera, capaz de provocar uma ionização de conseqüências imprevisíveis. Graças a seu efeito "espelho" é possível dirigir suas derivações para qualquer zona do planeta o que o qualifica como "arma de destruição em massa", assinala a revista on-line "Examiner", num artigo de 27 de fevereiro de 2010, mesmo dia do terremoto de grande intensidade que sacudiu o Chile. Num estudo de simulação de futuros "cenários" de defesa se estabeleceu que as forças aeroespaciais norte-americanas estão obrigadas a "controlar o clima" mediante o aproveitamento das novas tecnologias, alega o professor canadense Michel Chossudovsky, no site Global Research. Além da manipulação meteorológica, o HAARP tem vários usos conexos, porque os seres humanos poderiam ter suas ondas cerebrais afetadas e, dessa forma, se conseguiria alterar seus padrões de conduta, assinalou. Em 1977, uma Convenção Internacional ratificada bem depois, em 1997, pela Assembléia Geral das Nações Unidas, proibiu "o uso militar, ou qualquer outro uso de natureza hostil, das técnicas de modificação ambiental que provoquem efeitos generalizados, duradouros ou severos". A Convenção Marco das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (UNFCCC), assinada na Cúpula da Terra, no Rio de Janeiro, em 1992, também revalidou este acordo de 1977. Os movimentos telúricos não só do Haiti e do Chile, mas o de Sichuan, na China, em 2008 e o tsunami na Indonésia, em 2004, já não poderiam ser experiências do HAARP ou de algum outro programa secreto? Que tipo de armas mortíferas avançadas podem estar disponíveis agora? "É inegável que o exército tem a capacidade para causar tsunamis, terremotos e furacões e é hora de agirmos sem vacilação para difundir os perigos que envolvem este assunto tão vital", assinalou Fred Burks em "Examiner". "É uma experimentação do que poderia ser a arma das próximas guerras", sacou em conclusão um artigo do site digital Cambio de Michoacán, datado de 3 de março. Enquanto isso, um dos pioneiros nas denúncias sobre este projeto, Nicholas Begich, cientista de Anchorage, Alaska, disse que o HAARP é "uma tecnologia altamente poderosa" de emissão de feixes de ondas radiais que quando "quicam na terra arrasam com tudo, vivo ou morto". A evidência não é concludente, mas sugere que o HAARP está em funcionamento e, com o que se conhece até aqui sobre seu potencial destrutivo, as perguntas seguem no ar. Mas de uma coisa os especialistas estão certos: é possível comparar a potência ofensiva deste aquecedor ionosférico com uma Caixa de Pandora, que, uma vez aberta, será impossível de ser fechada. (*) A autora é jornalista da Redação da Prensa Latina nos Estados Unidos. SOCIOLOGIA - 3º ANO - Apostila nº 4 - Prof. Renato Fialho Jr.- Página 9 Noam Chomsky e as 10 estratégias de manipulação midiática 1. A estratégia da distração. O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração, que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante o uso da técnica de dilúvio, ou inundação contínua através de distrações e informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir que o público se interesse pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. “Manter a atenção do público distraída, distante dos verdadeiros problemas sociais, aprisionada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; retornando à granja como fazem com outros animais (citado do texto 'Armas silenciosas para guerras tranqüilas')”. maior a intenção de enganar o expectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante. Por quê? “Se alguém se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12 anos ou menos, então, devido à sugestionabilidade, ela tenderá, com certa probabilidade, a responder ou reagir também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade (ver 'Armas silenciosas para guerras tranqüilas')”. 2. Criar problemas e depois oferecer soluções. Este método também é chamado “problema-reação-solução”. Cria-se um problema, uma “situação” prevista, para causar certa reação no público, com o objetivo de que este pareça o mandante das medidas que se deseja fazer aceitar. Por ejemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público solicite leis de segurança e políticas austeras que acabem acarretando em perda de liberdade. Ou ainda: criar uma crise econômica para que se aceite como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos. 7. Manter o público na ignorância e na mediocridade. Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. “A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que reina entre as classes inferiores e as classes sociais superiores seja e permaneça impossíveis de ser alcançada pelas classes inferiores (ver 'Armas silenciosas para guerras tranqüilas')”. 3. A estratégia do gradativo. Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradualmente, no estilo contagotas, por anos consecutivos. É dessa maneira que condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizações, precarização do trabalho, flexibilidade, desemprego em massa, defasagem salarial, ou seja, uma série de mudanças que teriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez. 4. A estratégia de diferir, retardar. Outra maneira de convencer de uma decisão impopular é apresentá-la como “dolorosa e necessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é realizado imediatamente. E isto porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá, quem sabe, ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para se acostumar com a idéia da mudança e assim aceitá-la com resignação quando chegar o momento. 5. Dirigir-se ao público como criaturas de pouca idade. A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discursos, argumentos, personagens e entonações parti-cularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse uma criatura de pouca idade ou um deficiente mental. Quanto 6. Utilizar o aspecto emocional muito mais que a reflexão. Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto-circuito na análise racional, e finalmente no sentido crítico dos indivíduos. Por outro lado, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou injetar ideias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos… 8. Estimular o público a ser complacente com a mediocridade. Promover no público a crença de que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto… 9. Reforçar a autoculpabilidade. Fazer com que o indivíduo acredite que é somente ele o culpado por sua própria desgraça, devida à sua insuficiência de inteligência, de capacidade ou de esforço. Assim, no lugar de revoltar-se contra o sistema econômico, o indivíduo se autodesvaloriza e se culpa, o que gera um estado depressivo, cujo efeito, para citar apenas um, é a inibição de sua ação. E, sem ação, não há revolução! 10. Conhecer os indivíduos melhor do que eles mesmos se conhecem. No transcurso dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência gerou um crescente abismo entre os conhecimentos do público e aqueles possuídos e utilizados pelas elites dominantes. Graças à biología, à neurobiologia e a psicologia aplicada, o “sistema” tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto no seu aspecto físico como em seu aspecto psicológico. O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele se conhece a si próprio. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos, superior ao que os próprios indivíduos tem sobre si mesmos. (Publicado por Omar Montilla, no Blog Gramscimania) 15/9/2010 SOCIOLOGIA - 3º ANO - Apostila nº 4 - Prof. Renato Fialho Jr.- Página 10
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