GABARITO Estudos Dirigidos MIP 00085 Microbiologia Geral

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GABARITO Estudos Dirigidos MIP 00085 Microbiologia Geral
GABARITO Estudos Dirigidos MIP 00085 Microbiologia Geral ODONTOLOGIA 2014/01
Prof. Adriana de Abreu Corrêa
Estudo Dirigido 1
AULAS : introdução a virologia; patogenia das infecções virais e resposta imune do
hospedeiro.
1. Defina vírus.
Os vírus são estruturas SUBCELULARES,com ciclo de replicação exclusivamente intracelular, o que os torna
parasitas intracelulares obrigatório, pois não apresentam metabolismo ativo fora de uma célula hospedeira.
Podem ainda ser definidos como um arranjo molecular, composto por proteínas, ácido nucléico e eventualmente
lipídios e glicoproteínas.
2. Qual a função e constituição química dos componentes virais: Genoma, Capsídeo e Envelope.
GENOMA: o genoma viral é composto ou de DNA ou de RNA, têm como função carregar a informação
genética para a produção de proteínas virais necessárias para formar a estrutura da partícula viral (por exemplo as
proteínas do capsídeo) e para a replicação e infecciosidade viral (enzimas como Transcriptase reversa do HIV e
proteínas de interação com a célula hospedeira).
CAPSÍDEO: é composto por subunidades protéicas; a interação destas subunidades confere diferentes simetrias à
partícula viral (icosaedrica, helicoidal e complexa), formando uma CAPA protetora do ácido nucléico viral.
ENVELOPE: é derivado de membranas (plasmática ou membranas internas) da célula hospedeira, apresentando
então a estrutura de uma bicamada lipídica com glicoproteínas inseridas. Alem de apresentar função protetora da
partícula viral, as glicoproteínas do envelope permitem que este desempenhe várias funções, incluindo a
ancoragem inicial do vírion na célula, penetração, fusão e disseminação do vírus entre células.
3. Quais os três tipos de simetria que podemos encontrar nos capsídeos virais? Descreva cada uma.
- Icosaédrica: Na forma icosaédrica, o capsídeo está organizado como um polígono retangular, de 20 faces.
Dessa forma, os vírus icosaédricos assemelham-se a cristais.
- Helicoidal: As proteínas do capsideo se associam ao redor das moléculas de ácidos nucléicos, circulando-as na
forma de uma espiral.
- Complexa: é uma simetria que não se enquadra nem como icosaédrica nem como helicoidal. Normalmente
apresentam uma “cabeça” (que seria um capsídeo icoasedrico) associado a uma “cauda” de protéinas na forma
helicoidal.
4. Por que para que ocorra replicação viral é necessária a presença de uma célula viva?
Considerando a definição de VIRUS (questão 1), o vírus necessita a presença de uma célula viva para se
multiplicar porque não apresenta estruturas moleculares que permitam uma total independência no processo de
replicação. Muitas das enzimas necessárias para a transcrição do ácido nucléico viral e posterior tradução de
RNAs em proteínas não estão presentes no interior dos vírus, desta forma utiliza enzimas (e ribossomos) da
célula hospedeira para a produção de progênie viral (novas partículas virais geradas).
5. Defina cada uma das etapas que ocorrem durante o processo de biossíntese viral.
- Adsorção: É a ligação de uma molécula presente na superfície da partícula viral com os receptores específicos
da membrana celular do hospedeiro.
- Penetração: É a entrada do vírus na célula
- Desnudamento: Neste processo, o capsídeo é removido pela ação de enzimas celulares, expondo o genoma.
- Replicação: A síntese viral compreende a formação das proteínas estruturais e não estruturais a partir dos
processos de transcrição e tradução.
- Montagem: Nessa fase, as proteínas traduzidas vão se agregando ao genoma transcrito, formando o
nucleocapsídeo. Alem disso, para a formação de alguns tipos de vírus, a obtenção do envoltório lipídico deve
ocorrer, o que é dependente de enzimas tanto do vírus quanto da célula hospedeira, podendo ocorrer no
citoplasma ou no núcleo da célula.
- Liberação: A saída do vírus da célula pode ocorrer por lise celular, exocitose ou brotamento.
6. Quais as possíveis formas de penetração e de liberação do vírus na célula (envelopados e não
envelopados)?
A penetração viral na célula hospedeira é um processo que envolve uma etapa de transferência do genoma viral
ou do nucleocapsídeo (genoma+capsideo) para o interior da célula. Isso acontece por mecanismos distintos:
PENETRAÇÃO DIRETA: ocorre somente para vírus não envelopados. Após a interação da partícula viral com
receptores da membrana celular ocorre uma desorganização da estrutura do capsídeo e o genoma é injetado (ou
translocado) para o interior do citoplasma através de poros formados na membrana plasmática. O capsídeo fica
no exterior da célula é sofre degradação.
FUSÃO DO ENVELOPE: ocorre somente para vírus envelopados. Depois da ligação vírus + receptor celular,
este sofre uma alteração conformacional e é iniciado o processo de fusão do envelope viral com a bicamada
lipídica da membrana celular. A partir desta fusão, o nucleocapsideo é liberado no citoplasma onde será
desestruturado para a posterior liberação do genoma viral.
ENDOCITOSE MEDIADA POR RECEPTOR: tanto para vírus envelopados como não-envelopados. Neste
mecanismo, o vírus entra na célula por interação do seu envelope com a região recoberta por clatrina na
membrana plasmática da célula e então ocorre a invaginação para o interior da célula com a formação de
vesículas intracelulares que se fusionam com o endossomo. No interior do endossomo, ocorre a fusão do
envelope com a membrana do endossomo e liberação do nucleocapsideo no citoplasma (no caso de vírus
envelopados) o qual é posteriormente desestruturado e o genoma fica livre no citoplasma; já os vírus não
envelopados utilizam outras estratégias para sair dos endossomos: alguns, como os adenovírus, provocam a lise
do endossomo, enquanto outros, como os poliovírus, geram poros na membrana vesicular e injetam o genoma
viral diretamente no citoplasma.
7. Quais os possíveis tipos de ácidos nucleicos encontrados nos vírus?
Os possíveis tipos de ácidos nucléicos encontrados são DNA fita dupla (ex. Herpesvirus); DNA fita simples (ex.
Parvovirus); RNA fita dupla (ex. Rotavírus); RNA fita simples polaridade positiva (ex. poliovirus; norovírus);
RNA fita simples polaridade negativa (ex. Influenza); RNA fita simples com intermediário de DNA (ex. HIV,
contendo a enzima
trancriptase reversa); DNA de fita dupla com intermediário de RNA (ex. vírus da hepatite B).
8. Quais as formas de transmissão viral?
-Horizontal: é a transferência de um virus de um individuo infectado para um indivíduo sadio, por contato direto
ou indireto.
- Vertical: é a transferência de um vírus entre mãe e filhos,seja no período gestacional,como no momento do
parto.
9. Quais as etapas de uma patogênese viral?
1. Penetração: entrada no hospedeiro pela via adequada (“portas de entrada”) e realizar replicação primária em
tecidos próximos à entrada.
2. Disseminação: escapar dos mecanismos naturais de defesa do organismo e disseminar-se para os tecidos e
órgãos-alvo.
3. Replicação: replicar eficientemente nesses tecidos e órgãos
4. Lesão/Doença: produzir injúria tecidual (ou não, nos casos de infecção assintomática).
5. Excreção: eliminação viral pelo hospedeiro em fluidos corporais, sangue, leite materno, fezes...
10. Quais as portas de entrada dos vírus no hospedeiro. E as vias de excreção?
As portas de entrada são: pele, mucosas dos tratos respiratório, gastrintestinal e urogenital, conjuntiva; alem
disso podem também ser consideradas como entrada de vírus em um hospedeiro a via transplacentaria (de mãe
para feto/embrião) e através de transplantes. As vias de excreção são as secreções respiratórias, fezes, pele, leite
materno, secreções genitais, sangue e urina.
11. Defina os termos: infecção localizada, infecção disseminada e viremia.
-Infecção localizada: este tipo de infecção é característica de viroses que causam lesão na pele ou em mucosas.
Após a replicação no epitélio, ocorre a liberação de novas partículas virais pela superfície apical da célula com
posterior infecção de células vizinhas, atingindo somente um tipo de tecido.
-Infecção Disseminada: este tipo de infecção é característico de viroses que apresentam como alvo outros órgãos,
e não mucosas ou pele. Uma vez replicados no sitio de entrada, os vírus são liberados na superfície baso-lateral
das células e atingem as camadas mais internas, tendo contato com os fluidos corporais como linfa e sangue.
Estes fluidos facilitam a disseminação das partículas virais a outros tecidos do hospedeiro, permitindo o
espalhamento sistêmico.
- Viremia: presença de particulas virais no sangue do indivíduo infectado; é uma forma de disseminação viral.
12. Defina: infecção aguda, infecção assintomática, infecção latente, infecção cronica.
AGUDA: infecções agudas são relativamente passageiras, com uma produção rápida de vírus, seguida de uma
eliminação também rápida do patógeno pelo hospedeiro. Em um hospedeiro saudável, as partículas virais são
eliminadas em poucos dias (auto-limitante)
ASSINTOMÁTICA: é uma infecção aguda que não resultou em doença, ocorrendo de forma inaparente; neste
caso há a produção de vírus no hospedeiro, mas não em quantidade suficiente para a produção de sintomas.
LATENTE: o vírus persiste em uma forma não infecciosa no indivíduo, escapando da resposta imunológica, com
períodos de alternados de reativação (retorno da replicação viral seguido de produção de sintomas)
CRÔNICA: é uma infecção lenta, sem a eliminação do agente viral, com produção continua de novas partículas
virais por longos períodos de tempo em baixas concentrações .
13. Quais os dois tipos de resposta imune? Defina cada uma delas.
- Inata: O sistema inato é composto por mecanismos de defesa não-específicos, que constituem uma resposta
indiferenciada ao agente invasor. É constituida por barreiras fisicas (pelos,muco, pH, saliva...), por celulas
fagocitárias (macrofagos monocitos...), sistema complemento e por celulas dendriticas e celulas “natural killers”.
- Adquirida: a resposta adquirida é formada por mecanismos específicos de reconhecimento do patogeno, é
caracterizada por produção de células de memória que irão produzir anticorpos específicos para um dado agente
patogênico. Isto confere resistência ao individuo caso haja uma nova infecção pelo mesmo agente. É uma
resposta lenta e formada por linfócitos B, linfócitos T e anticorpos.
14. Explique o mecanismo de ação dos interferons na resposta imune do Hospedeiro.
Interferons (alfa e beta) são CITOCINAS produzidas por muitos tipos celulares. A função primordial destas
moléculas na resposta inata do hospedeiro é induzir um ESTADO ANTIVIRAL nas células infectadas e células
vizinhas. Esta indução inicia após o reconhecimento, pelas células, de padrões moleculares associados a
patógenos (PAMPs), no casos dos vírus, a presença de RNA fita dupla é suficiente para desencadear uma cascata
de sinais intracelulares que culminam com a produção de Interferons. Uma vez produzidos e secretados, estes
interferons irão induzir a ativação de outros
genes para a produção de proteínas intracelulares responsáveis por inibir a síntese protéica e por degradarem o
RNAm viral. Desta forma, é impossível a continuidade do ciclo de replicação viral nas células infectadas.
15. Explique de que maneiras os anticorpos podem contribuir para a eliminação dos vírus do organismo.
A importância dos anticorpos na proteção de infecções virais é induzir imunidade protetora e duradoura. Esta
imunidade é desenvolvida através dos mecanismos de neutralização e opsonização da partícula viral. Os
anticorpos neutralizantes atuam principalmente impedindo a interação da partícula viral com a célula: ocorre a
ligação direta de anticorpos nos sítios de ligação do vírus ao receptor na célula hospedeira; ou ainda há o
bloqueio da fusão do envelope viral na membrana da célula. Alem disso, os anticorpos podem atuar como
opsoninas e ao se ligarem na partícula viral são reconhecidos pelas proteínas do sistema complemento,
recrutando macrófagos e induzindo a fagocitose desses complexos de vírus+ anticorpos. As principais classes de
anticorpos na imunidade de infecções virais são os da classe IgA (anticorpos encontrados em mucosas); IgM
(anticorpos produzidos no início da infecção) e IgG (anticorpos que conferem imunidade duradoura e atuam
numa reinfecçao).
16. O que significa dizer que a resposte imunológica é sequencial?
A imunidade ou resistência do hospedeiro contra infecções virais depende da atuação integrada da resposta
imune inata e da resposta imune adquirida. Os mecanismos envolvidos na resposta imune inata atuam
imediatamente após o contato do hospedeiro com os antígenos virais. Os mecanismos envolvidos na resposta
imune adquirida, por sua vez, desenvolvem-se sequencialmente e de forma mais lenta e sincronizada, resultando
na indução de células e moléculas efetoras, que irão combater o agente, e de células de memória, que possuem
vida longa e que serão mais rápida e efetivamente reestimuladas em exposições subsequentes ao mesmo agente.
17. Defina resposta imune adquirida humoral e celular.
- Humoral: resposta imune mediada por anticorpos que são produzidos por linfócitos B
- Celular: resposta imune mediada por linfócitos T (auxiliares e citotóxicos)
Estudo Dirigido 2
Aulas Prevenção e Controle/Diagnóstico em virologia
1) Quais as principais rotas de contaminação viral em um consultório odontológico? Defina Infecção
Cruzada. Quais as principais viroses que envolvem risco profissional na odontologia?
As principais rotas de contaminação são as secreções orais e orofaríngeas (pelo contato direto com o agente
infeccioso; gotículas de saliva, aerossóis, poeira); transmissão pelo sangue (acidente com material perfuro
cortante ou inoculação do agente pela pele ou mucosa) e transmissão pela água (sugadores, cuspideiras,
mangueiras, caneta de alta rotação...).
Uma infecção cruzada significa que a transmissão viral ocorre entre os pacientes, entre pacientes e a equipe de
trabalho e entre a equipe de trabalho dentro de um ambiente clínico. As principais viroses de risco ocupacional
são as de transmissão por contato direto ( ex. herpes oral, conjuntivite herpética, catapora, mononucleose), de
transmissão respiratória (gripe, caxumba, sarampo, rubéola) e de transmissão pelo sangue (HIV e Hepatites B e
C).
2) Quais as diferenças entre vacinas inativadas e atenuadas? Faça uma tabela comparativa.
Vacinas atenuadas são produzidas com VIRUS ATENUADOS, que são produzidos através de sucessivas
inoculações virais em um hospedeiro não natural (ex; ovos embrionados, cultura de células e animais de
laboratórios). Estes vírus vão sofrendo alterações no genoma (pela adaptação ao novo hospedeiro), que os tornam
menos patogênicos, mas ainda capazes de se replicarem. Este tipo de vacina mimetiza uma infecção natural (pois
o vírus está íntegro) o que gera uma resposta imune duradoura. No entanto, apesar de os casos serem raros, há a
possibilidade de uma reativação da virulência da partícula viral, o que causaria doença no indivíduo vacinado.
Exemplo de vacinas atenuadas são as vacinas contra poliomielite, vacina contra rotavirus e febre amarela.
Normalmente são administradas via oral ou nasal
Vacinas Inativadas são produzidas com VÌRUS INATIVADOS, os quais são considerados antígenos inertes, pois
são capazes de produzir uma resposta imune, mas não são replicados. A perda irreversível da capacidade
replicativa é devido a tratamentos físicos ou químicos, como calor, pH, radiação UV ou tratamentos com
solventes orgânicos. Por não ocorrer uma infecção, não é mimetizada uma infecção natural e por isso a resposta
imune é menos eficiente que a produzida por uma vacina atenuada. Desta forma, são necessárias doses de
reforço. Exemplos de vacinas inativadas são a vacina contra hepatite A e a da Raiva. A via de administração é a
via intramuscular. VER TABELA NOS SLIDES DA AULA TEÓRICA.
3) Cite exemplos de vacinas atenuadas, inativadas e de subunidades.
Vacinas atenuadas: para poliovirus, Febre Amarela, tríplice Virale rotavírus; Vacinas inativadas: vacina da
gripe, Hepatite A e Raiva; Vacina de subunidades: Papilomavirus Humanos e Virus da Hepatite B.
4) Cite e explique os métodos de esterilização de material em um consultório odontológico.
Os métodos de esterilização MAIS usados em consultório odontológico são a AUTOCLAVAÇÂO e a
ESTUFA/FORNO de PASTEUR. A autoclavação funciona como uma panela de pressão, na qual se utiliza calor
úmido (a 121ºC, a uma determinada pressão (1 atm) por períodos entre 15 e 30 min. Este procedimento é mais
indicado para matérias que não suportam temperatura altas como gaze, algodão, borracha e material plástico.
Já a ESTUFA ou o FORNO DE PASTEUR esterilizam através do calor seco, para materiais que não podem ser
molhados e desde que não sofram alterações pelo super aquecimento. A estufa é usada em torno de 56ºC, mas o
aquecimento de 160ºC é o que apresenta eficiência na eliminação de partículas virais. O procedimento indicado é
de colocar o material por 2h a 160ºC. Estes dois métodos de esterilização são mais indicados pois outros métodos
de esterilização e desinfecção exigem um maior tempo de contato para um resultado efetivo, podendo causar
danos ao material instrumental. Tanto o calor seco como o calor úmido são efetivos na eliminação de
contaminação viral.
5) Quais as outras estratégias de prevenção e controle de viroses vistas em aula? Explique cada uma.
- Quarentena/Cordão Sanitário: isolamento físico dos indivíduos e do local infectado, para reduzir os focos de
propagação viral.
- Redução de Exposição: melhorias no saneamento básico de uma população; medidas de higiene; controle de
vetores artrópodes
- Informação à população: campanhas de conscientização para mudança de comportamento (DSTs e uso de
drogas injetáveis)
- Vigilância Epidemiologica: avaliação constante das variantes virais circulantes em uma dada população ou
região geográfica
- Controle de sangue e hemoderivados: triagem de diferentes vírus (hepatite B e C, HIV) em serviços de
doação de sangue e de doação de órgaos.
6) Em que circunstâncias o diagnóstico laboratorial de uma virose é importante? Quando o diagnóstico
molecular é indicado?
O diagnóstico virológico é fundamental em determinadas situações clínicas: rápida e precisa identificação do
agente infeccioso; no direcionamento do tratamento, na diferenciação do tipo de infecção (aguda, crônica...); na
soro-conversão de indivíduos vacinados; e na saúde pública para o desenvolvimento de ações de vigilância de
viroses de características epidêmicas (como SARS, H1N1..). O diagnóstico molecular é indicado para a detecção
de patógenos de difícil replicação em sistemas hospedeiros como a cultura de células, ou para aqueles que se
apresentam em baixa concentração nas amostras (o que dificulta o uso de métodos de detecção de antígenos).
Alem disso, para viroses que apresentam janelas imunológicas (HIV e hepatite C), os testes moleculares são mais
sensíveis pois permitem a detecção viral (detectam o genoma do virus) sem a necessidade da detecção de
anticorpos (testes sorológicos).
7) Quais são os métodos Clássicos de Diagnostico em Virologia?
Os métodos clássicos são aqueles métodos que se baseiam no isolamento da partícula viral em algum sistema
hospedeiro. Os vírus podem ser isolados com o uso de cultura de células em laboratórios; inoculação em ovos
embrionados ou em animais de laboratório.
8) Qual a diferença entre os métodos diretos e indiretos em virologia? Cite exemplos de cada um destes
métodos.
Os métodos diretos são utilizados para a detecção da partícula viral ou de antígenos virais; como exemplo são a
microscopia eletrônica, os métodos moleculares de detecção de genoma, e os métodos imunológicos (ELISA
direto; Imunofluorescencia direta). Os métodos Indiretos são caracterizados pela detecção de ANTICORPOS e
não do antígeno/partícula viral; exemplos destes métodos são o ELISA indireto e a imunofluorecencia indireta.
9) O que são métodos SOROLOGICOS?
São todos os métodos que utilizam como amostra o “SORO” do paciente (plasma sanguineo sem fatores de
coagulação). Neste soro estarão presentes os anticorpos, desta forma, todos os métodos ditos sorológicos são
métodos INDIRETOS de detecção viral.
10) Qual a importância da detecção dos anticorpos IgM e IgG na sorologia de um paciente?
A detecção de IgM indica infecção recente, infecção na fase aguda; a detecção de IgG significa contato prévio
com o agente viral (infecção passada) com recuperação e produção de anticorpos de memória, ou ainda uma
soroconversão em resposta a uma vacina.
Estudo Dirigido 3
Família PAPILOMAVIRIDAE
1. Caracterize um papilomavirus em relação à estrutura, tropismo, e tipo de lesão.
O papilomavirus é um virus não envelopado, com genoma de DNA fita dupla circular, com capsideo
icosaédrico, com 55nm de diâmetro. É considerado um virus epiteliotrópico, pois tem como alvo as células do
epitélio escamoso queratinizado e não queratinizado, causando verrugas como lesões características de sua
infecção.
2. Qual a relação das diferentes regiões do genoma de um papilomavírus com a multiplicação viral no
tecido alvo?
O genoma do papilomavirus é dividido em 3 regiões: LCR (que regula o inicio do ciclo); a precoce e a tardia. A
relação existente é que o ciclo viral é lento (+ ou – 3 semanas) porque acompanha o processo de diferenciação
celular das células da camada basal do epitélio. A infecção viral por papilomavirus, induz as células a se
proliferarem porque necessitam da maquinaria celular para a replicação das partículas virais. Assim, as células
entram em fase S do ciclo celular para se dividirem e o vírus inicia sua replicação com a expressão dos genes
precoces E1, E2 e E4; ao longo do processo de renovação celular do epitélio, os genes E6 e E7 são expressos e
somente quando as células já estão na camada mais superficial do epitélio é que os genes L1 e L2 são expressos,
gerando as proteínas estruturais do vírus (do capsideo) as quais serão responsáveis por organizar novas partículas
virais que serão liberadas pelas células da superfície e infectarão outras células.
3. O que significam os termos HPV de “alto risco” e de “baixo risco”
Os HPVs classificados de alto risco são aquelas variantes virais comumente associadas a casos de tumores na
mucosa oral ou genital; os HPVs de baixo risco são aqueles normalmente detectados em lesões benignas, como
as verrugas vulgares na pele. O “RISCO” está se referindo à possibilidade de desenvolvimento de uma lesão
maligna.
4. Qual a relação das formas epissomal e integrada do HPV com o tipo de lesão?
Os HPVs que permanecem latentes na célula hospedeira na forma epissomal são os causadores de lesões
benignas; já os HPV´s que tem seu genoma integrado ao genoma da célula hospedeira, são os vírus que
desenvolvem lesões malignas.
5. Qual a relação da proteína E2 com as proteínas E6 e E7 na produção de uma lesão maligna por
papilomavirus?
A proteína E2, da região precoce do genoma, é considerada uma reguladora negativa da expressão das proteínas
E6 e E7 (as quais são oncogênicas). Enquanto a expressão da proteína E2 for normal em uma célula infectada, as
proteínas E6 e E7 estarão expressas, mas em baixa concentração. No entanto, no HPVs de alto risco, o gene da
proteína E2 sofre uma quebra no processo de integração do genoma viral ao genoma da celula. Com isso, a
expressão da proteína E2 é alterada e logo a expressão das proteínas E6 e E7 fica desregulada. Estas duas
proteínas são responsáveis por inativarem duas importantes proteínas celulares supressoras de tumor (Rd e P53).
Logo, a proliferação celular ocorre em excesso, e a apoptose é inibida, desenvolvendo lesões tumorais.
6. Quais as possíveis manifestações clinicas benignas por HPV na mucosa oral e na pele.
Na pele: verrugas vulgares,verrugas plantares, verrugas planas e condilomas; nas mucosas: condilomas
acuminados, papiloma laríngeo, papiloma conjuntival; papiloma escamoso oral e hiperplasia epitelial focal.
7. Quais são os fatores de risco que podem levar a uma lesão maligna por HPV, seja na mucosa oral ou
genital?
Os fatores de risco são: múltiplos parceiros sexuais, tabagismo, outras DST, HIV, uso de anticoncepcional oral,
consumo de álcool, predisposição genética, baixo status socioeconômico.
8. Quais as formas de prevenção do câncer de colo de útero relacionado ao HPV?
O uso de preservativos previne 70-80% das transmissões, a redução do número de parceiros sexuais, o
monitoramento anual pelo exame citopatologico (papanicolau) que é de graça no sistema de saúde triagem; e
atualmente há vacinas (vacina de subunidades) disponíveis no sistema de saude privado (vacinas Gardasil Tetravalente para 4 tipos de HPV; e Cervarix - bivalente, para dois HPVs de alto risco).
VIROSES RESPIRATORIAS
9. Caracterize uma partícula viral do Virus Influenza.
O vírus da Influenza, pertencente à família Orthomyxoviridae, apresenta cerca de 100nm de diâmetro, genoma
composto de RNA simples fita senso negativo segmentado (de 6 a 8 segmentos, dependendo da variante do
vírus), capsídeo de simetria helicoidal e envelope lipoproteíco no qual estão inseridas duas importantes
glicoproteínas (hemaglutinina e neuroaminidase).
10. Qual a importância dos fenômenos de Shift e Drift na manutenção do vírus Influenza no ambiente?
Tanto o fenômeno de Shift como o de Drift são importantes na variação antigênica do vírus, a qual é responsável
pelas alterações nas estruturas protéicas encontradas na superfície viral. Isto resulta em alterações nas moléculas
de Hemaglutinina (HA) e de Neuroaminidase (NE), originando diversos subtipos de vírus. Estas variações
antigênicas podem ser consideradas menores (“DRIFTs”) que causam pequenas mutações nas glicoproteínas de
superfície, principalmente na HA; ou maiores (“SHIFTs”) que geram grandes alterações nestas glicoproteínas
por substituição de segmentos do genoma viral, sendo relacionadas com reagrupamentos que ocorrem quando os
vírus que infectam humanos, infectam também diferentes espécies, como porcos ou aves. Quando ocorrem estas
grandes mutações, os indivíduos dificilmente apresentam imunidade contra estes vírus formados, havendo rápida
disseminação da doença entre as populações. Portanto, podemos considerar que o fato do vírus influenza do tipo
A possuir vários reservatórios animais, como humanos, suínos e aves, é muito mais susceptível às variações
antigênicas maiores, havendo uma recombinação antigênica entre os vírus que infectam, ao mesmo tempo,
reservatórios diferentes.
11. Explique a ação da hemaglutinina (HA) e Neuraminidase (NE) na patogenia da infecção pelo vírus
Influenza.
A hemaglutinina e a neuraminidase são glicoproteínas de superfície (de papel fundamental na patogênese do
vírus) que agem facilitando a entrada do vírus nas células e a sua saída das mesmas, respectivamente. A HA atua
na ligação do vírus ao ácido siálico presente nos receptores mucoproteícos do epitélio respiratório, facilitando a
entrada dos vírus nas células hospedeiras pelo processo de endocitose mediada por receptores, bem como na
fusão do envelope viral à membrana do endossomo. A NA auxilia na saída das partículas de vírus produzidas das
células do hospedeiro por apresentar atividade sialidasica, agindo da seguinte maneira: partículas virais ao saírem
da célula hospedeira por brotamento ligam-se ao ácido siálico presentes na membrana destas e ficam agregados,
impedidos de se disseminarem a outras células. A NE, presente no envelope destes vírus, quebra essa ligação
HA-ácido siálico e as partículas virais se desagregam e são liberadas da superfície da célula. Alem disso, a NE
atua degradando o muco presente no epitélio respiratório, e assim facilita a aproximação das partículas virais à
superfície da célula alvo para iniciar uma infecção.
12. Influenza Aviária x Influenza Suina: diferencie em relação aos receptores de acido siálico e risco de
infecção em humanos.
Nesta questão vocês devem falar sobre a infecção do influenza aviário em suínos, importância das variações
antigênicas e adaptação a receptores humanos (lembrar das ligações alfa 2,3; alfa 2,6 do ácido siálico à
galactose).
HEPATITES VIRAIS
13. Caracterize“hepatite”.
É toda e qualquer inflamação do fígado, na qual o indivíduo apresenta alterações na produção de enzimas
hepáticas (ALT, AST), e quadros clínicos de náusea, mal-estar, ictericia e dor abdominal.
14. Caracterize a particula viral os vírus da Hepatite A, B e C.
O vírus da hepatite A é da familia Picornaviridae (de 27 a 32nm) e o seu genoma é de RNA fita simples
positivo, capsideo icosaédrico, mas não possui envelope. O virus da Hepatite B da familia Hepadnaviridae
(42 nm) e o seu genoma é de DNA fita parcialmente dupla, capsideo icosaédrico, com envelope lipidico. O
virus da Hepatite C é da familia Flaviviridae (de 40 a 60nm) e o seu genoma é de RNA fita simples positivo,
capsideo icosaédrico, envelopado.
15. Diferencie as hepatites entéricas das hepatites parenterais, em relação à excreção do vírus, vias e
transmissão e cronicidade.
Enterica transmitida pela via fecal oral; parenteral por via percutânea/permucosa; Ver tabela abaixo:
16. Quais são as formas de diagnóstico de hepatites virais?
Para qualquer hepatite, há o diagnostico clinico (marcada pela icterícia; hepatomegalia, coluria, acolia fecal,
etc...), diagnóstico bioquímico (enzimas hepáticas por hepatogama), diagnóstico sorológico (marcadores
sorológicos- antígenos e anticorpos), diagnostico molecular (detecção do genoma) e diagnostico histológico
(biopsia)
17. Quais as formas de disseminação da Hepatite A? Como é feita a prevenção e controle dessa
infecção?
A principal via de contágio do vírus da hepatite A é a fecal-oral; por contato inter-humano ou através de água
e alimentos contaminados. Contribui para a transmissão a estabilidade do vírus da hepatite A (HAV) no meio
ambiente e a grande quantidade de vírus presente nas fezes dos indivíduos infectados. A transmissão
parenteral é rara, mas pode ocorrer se o doador estiver na fase de viremia do período de incubação. A
disseminação está relacionada com o nível sócio-econômico da população, existindo variações regionais de
endemicidade de acordo com o grau de saneamento básico, de educação sanitária e das condições de higiene
da população. A prevenção e controle é feita através de melhorias de Saneamento básico, melhores
condições de Higiene pessoal e vacinação (vacina inativada) indicada para crianças, viajantes de regiões
endêmicas, homossexuais masculinos, receptores de sangue...).
18. Quais os tipos de partículas virais do HBV? Qual a importância de existirem essas 3 diferentes
partículas? O HBV possui um mecanismo único entre os vírus que infectam o homem, permitindo a produção
de diferentes tipos de partículas virais. Três tipos de partículas podem ser observados: as completas infecciosas,
as incompletas esféricas e as incompletas filamentosas (tubular). As partículas incompletas são primeiramente
atacadas pelo sistema imune,e dessa forma, as partículas infecciosas escapam da resposta imunológica.
19. Quais são os antígenos produzidos durante a infecção por HBV. Caracterize cada um.
Antigeno de superfície (HBsAg)= glicoproteína no envelope viral presente em partículas completas e
incompletas; Antígeno do nucleocapsideo ou core (HBcAg)= presente em particulas completas; Antigeno
Solúvel (HBeAg)= proteína viral solúvel no sangue, produzida pela célula hospedeira.
20. Quais são os principais marcadores de uma infecção aguda por HBV? E por uma infecção crônica?
-HBsAg: É um determinante antigênico encontrado na superfície do HBV, aparecendo na corrente sanguínea de
2 a 6 semanas antes do início dos sintomas, mantendo-se detectável por até 20 semanas. O HBsAg está presente
tanto na fase aguda como na crônica. Pacientes que o mantém positivo por mais de 6 meses provavelmente
permanecerão como portadores ou desenvolverão hepatite crônica.
-Anti-HBc: refere-se a anticorpos produzidos contra antígenos do nucleocapsídeo (core) do HBV. Existem dois
tipos, Anti-HBc IgM e Anti-HBc-IgG. O Anti-HBcIgM eleva-se concomitantemente às transaminases e
declina gradualmente em 6 a 8 meses, sem correlação com cura ou cronificação da doença. Cerca de 5% dos
pacientes podem manter títulos baixos deste anticorpo por até 2 anos. Assim, a presença de anti-HBc IgM
significa infecção aguda ou recente. O segundo não tem relação nem com infecção crônica nem aguda (é
marcador de cura).
-HBeAg: surge na hepatite aguda, logo após o HBsAg. É encontrada apenas no soro HBsAg positivo. A presença
do HBeAg cor relaciona-se com maior quantidade do vírus completo no sangue. Permanece positivo cerca de 3 a
6 semanas, período em que há alto risco de transmissão.A persistência do HBeAg está associado à evolução para
hepatite crônica.
- Anti-HBe: é detectável em 90 a 95% dos pacientes que foram HBeAg positivos, após 2 a 3 semanas do
desaparecimento deste antígeno. É o primeiro sinal de recuperação. O aparecimento do anti-HBe indica redução
do risco de contágio. Pacientes anti-HBe podem ser portadores crônicos, mas têm melhor evolução e menor risco
de transmissão.
- Anti-HBs: usualmente é detectado várias semanas ou meses após o desaparecimento do HBsAg. Pode persistir
por muitos anos e depois cair até níveis indetectáveis (permanecendo apenas o anti-HBc IgG) ou continuar por
toda vida. Não é indicador de cura da hepatite. O anti-HBs é o anticorpo que confere imunidade, porém é
específico para cada subtipo, isto é, não confere proteção contra infecções futuras por subtipos diferentes do
HBV. É possível que pacientes com anticorpos anti-HBs tenham i nfecção aguda por outro subtipo, isto é, terem
simultaneamente HBsAg e anti-HBs. A presença de anti-HBs isolado pode ser encontrado em: após vacinação
para hepatite B (as vacinas são poliespecíficas); infecção pelo HBV, em 1-2% dos casos; reação falso-positiva
inespecífica para anti-HBs.
21. Qual o curso clinico da hepatite B em adultos? Qual a relação da idade do individuo com a
possibilidade de cronicidade da hepatite B?
A infecção aguda pelo HBV costuma ser benigna na maioria das vezes. Dois terços dos indivíduos infectados
apresentam formas assintomáticas e evolui para cura, um terço tem manifestações clínicas e desses, apenas 10%
tornam-se portadores crônicos do vírus, podendo evoluir para hepatite crônica, cirrose hepática e
hepatocarcinoma. A hepatite B crônica é um processo dinâmico, com uma fase replicativa precoce com doença
hepática ativa e uma fase tardia com baixa replicação viral e remissão histológica da doença. Cerca de 1 a 2%
dos casos agudos podem apresentar formas graves como hepatite fulminante ou necrose sub-fulminante. Quanto
mais jovem for o paciente infectado, maior a chance de cronicidade devido à imaturidade do sistema
imunológico.
22. Quais as formas de transmissão dos vírus das Hepatites B e C? Quais as formas de prevenção e
controle?
A transmissão do vírus da hepatite B (HBV) se faz por via parenteral, mas principalmente pela via sexual, sendo
considerada uma doença sexualmente transmissível. A transmissão vertical (materno-infantil) também é causa
frequente de disseminação do HBV. A transmissão da hepatite C ocorre principalmente por via parenteral, e são
consideradas populações de risco os usuários de drogas intravenosas, pessoas com tatuagem ou com piercings.
Pessoas que apresentem outras formas de exposição percutânea (p. ex. consultórios odontológicos, podólogos,
manicures, etc., que não obedecem as normas de biossegurança) também são considerados grupos de risco. A
transmissão sexual é pouco frequente, assim como transmissão de mãe para filho (vertical). A prevenção e
controle de hepatite B é prioritariamente através da vacina (disponibilizada no SUS para pessoas até 20 anos, e
para qualquer faixa etária para pessoas de grupo de risco), mudanças de comportamento sexual, alem da triagem
para este vírus em bancos de sangue e hemoderivados. Para a hepatite C, não há vacina, assim, os meios de
prevenção e controle são: seleção de doadores de tecido, órgão e sangue, modificação de comportamento de alto
risco e precauções com sangue e fluidos corpóreos.
23. Qual o curso clinico da hepatite C O curso clínico da hepatite C é menos severo que o da B, porém a
evolução para a forma crônica da doença ocorre em 85% dos pacientes infectados pelo vírus C, em comparação
aos 5 a 10% dos casos de indivíduos infectados pelo vírus B. A cura da Hepatite C ocorre somente em 10-15%
das infecções. 20% dos pacientes crônicos evoluem para a cirrose, o que pode levar ao hepatocarcinoma, dentro
de 20-30 anos pós infecçao.
24. Quais as características do vírus da Hepatite C que impedem o desenvolvimento de uma
vacina?
Por ser um vírus de RNA, está sujeito a uma grande variabilidade genética, o que gera diferentes genótipos,
diferentes sorotipos e quasispecies. Desta forma, não é possível produzir uma vacina, considerando que este virus
está sofrendo constantes mutações e modificando seus antígenos.
25. Por que o Vírus da hepatite B é considerado mais infeccioso que o HIV ou que o HCV?
Porque ele é mais resistente às condições ambientais (temperatura, umidade...) e 0,1 microlitro de sangue já
contem uma concentração de particulas virais capaz de desenvolver uma iinfecção.
RETROVIRIDAE (HIV)
26. Por que a infecção pelo HIV é caracterizada como crônica progressiva?
A infecção por HIV é crônica porque não é possível eliminar o vírus no organismo infectado (principalmente
devido ás células reservatórios); e progressiva porque causa uma progressiva lesão no sistema imune do
individuo, o que o torna cada vez mais susceptível a determinadas infecções e tumores, conhecidas como
oportunistas. Estas doenças acabam levando o doente à morte.
27. Quais são as formas de transmissão do HIV.
As formas de transmissão são a parenteral, sexual e a vertical. A eficiência desta transmissão depende de fatores
relacionados às características biológicas e comportamentais. As características biológicas são a concentração do
HIV no fluido biológico, a integridade e vulnerabilidade da mucosa envolvida, tempo de exposição e o tipo de
amostra. Os fatores comportamentais são o numero de parceiros sexuais, não uso de preservativos e
compartilhamento de seringas contaminadas.
28. Classifique o HIV nos seus diferentes sorotipos, grupos e subtipos.
Existem dois sorotipos (HIV-1 e HIV-2); o HIV-1 é o mais virulento e mais prevalente no mundo todo. O HIV-2
apresenta 8 subtipos. O HIV-1 é dividido em 4 grupos (M, N, O, P), e o grupo M é dividido em 9 subtipos (A, B,
C, D, F, G, H, J, K).
29. Quais a características do gênero Lentivirus?
Todos os vírus classificados neste gênero apresentam como características comuns a persistência da infecção em
seus hospedeiros (•Integração do genoma viral ao genoma celular e replicação em células do sistema
imunológico); a restrição da expressão viral, sem produção de partículas virais; capacidade de infectar
persistentemente macrófagos; acumulam alta taxa de mutação durante o processo de replicação (variabilidade
genética e antigênica, surgimento de quasispecies virais).
30. Quais são as estrutura e principais componentes do HIV?
O HIV é um vírus que apresenta um nucleocapsideo em forma de cone (com a proteína p24), 2 moléculas de
RNA fita simples positiva não ligadas covalentemente (9,8 Kb). Apresenta envelope lipídico com glicoproteínas
(GP120 e GP41), e carrega no interior do nucleocapsideo as enzimas Transcriptase reversa, Integrase e Protease.
31. Quais os tipos de celulares alvos do HIV? O que são “reservatórios” para o HIV? O HIV infecta células
do sistema imune que possuam a molécula CD4 na superfície (CD4+), principalmente Linfócitos T helper
(auxiliares), embora outras células tambem sejam suscetíveis à infecção (macrófagos, monócitos, células
dendriticas, glia, linfócitos T em repouso..que são reservatórios do virus). Os reservatórios são as células que não
estão em divisao e dessa forma não produzem ativamente o virus, mas o podem fazer a partir do momento que
são ativadas para a divisão celular.
32. Qual a função das proteínas GP120 e GP41?
Estas glicoproteínas são as responsáveis pela interação o HIV com as células alvo. A GP120 interage com a
molécula de CD4 (receptor) e a GP41 interage com as moléculas CCR5 ou CXCR4 (co-receptores). Mutações
nesses receptores ou co receptores impedem uma correta adsorção viral e logo a infecção não é produtiva.
33. O que é o PRO-virus?
Pró-vírus é o HIV é o genoma do HIV transcrito reversamente para DNA e integrado ao genoma da célula
hospedeira.
34. Quais são as fases da infecção pelo HIV descritas? Como estas se caracterizam?
As fases são: INFECÇÃO AGUDA que ocorre em 50-90% dos pacientes; viremia elevada, resposta imune
intensa, manifestações clínicas: desde semelhantes a quadro gripal até uma síndrome mononucleose-like,
apresenta como sinais e sintomas mais comuns febre, fadiga, exantema, linfadenopatia, faringite, mialgia e/ou
artralgia, náusea, vômito e/ou diarréia, suores noturnos. A próxima fase (ASSINTOMATICA) é marcada pela
forte interação entre as células de defesa e as constantes e rápidas mutações do vírus. Mas que não enfraquece o
organismo o suficiente para permitir novas doenças, pois os vírus amadurecem e morrem de forma equilibrada.
Esse período, que pode durar muitos anos. Com o frequente ataque, as células de defesa começam a funcionar
com menos eficiência até serem destruídas. O organismo fica cada vez mais fraco e vulnerável a infecções
comuns. A próxima fase é a fase SINTOMÁTICA INICIAL,caracterizada pela alta redução dos linfócitos T
CD4. Os sintomas mais comuns são: febre, diarreia, suores noturnos e emagrecimento. A baixa imunidade
permite o aparecimento de doenças oportunistas, que recebem esse nome por se aproveitarem da fraqueza do
organismo. Com isso, atinge-se o estágio mais avançado da doença, a AIDS. Quem chega a essa fase, por não
saber ou não seguir o tratamento indicado pelos médicos, pode sofrer de hepatites virais, tuberculose, pneumonia,
toxoplasmose e alguns tipos de câncer.
35. Quais são os mecanismos de ação das drogas usadas no tratamento da Aids? Os medicamentos
antirretrovirais surgiram na década de 1980, para impedir a multiplicação do vírus no organismo. Eles não
matam o HIV, vírus causador da AIDS, mas ajudam a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico . Por
isso, seu uso é fundamental para aumentar o tempo e a qualidade de vida de quem tem aids.Os antiretrovirais
disponíveis são os seguintes: Inibidores Nucleosídeos da Transcriptase Reversa atuam na enzima transcriptase
reversa, incorporando-se à cadeia de DNA que o vírus cria. Tornam essa cadeia defeituosa, impedindo que o
vírus se reproduza; Inibidores Não Nucleosídeos da Transcriptase Reversa - bloqueiam diretamente a ação da
enzima e a multiplicação do vírus; Inibidores de Protease – atuam na enzima protease, bloqueando sua ação e
impedindo a produção de novas cópias de células infectadas com HIV; Inibidores de fusão - impedem a entrada
do vírus na célula e, por isso, ele não pode se reproduzir; Inibidores da Integrase – bloqueiam a atividade da
enzima integrase, responsável pela inserção do DNA do HIV ao DNA humano (código genético da célula).
Assim, inibe a replicação do vírus e sua capacidade de infectar novas células.
36. Por que a terapia antiretroviral (TARV) é tripla? Quais são seus objetivos? Porque a TARV não é
aplicada na fase inicial da doença?
A necessidade da combinação de diferentes drogas é para dificultar o desenvolvimento de resistência viral ao
tratamento. O principal objetivo da terapia anti-retroviral é retardar a progressão da imunodeficiência e/ou
restaurar, tanto quanto possível, a imunidade, aumentando o tempo e a qualidade de vida da pessoa infectada. A
TARV não é aplicada na fase aguda porque nesta fase os infectados não são facilmente detectados devido a um
período de janela imunológica (4-8 semanas para a soroconversão); é preferível tratar as pessoas que estão mais
debilitadas (fase sintomática inicial com contagem de celulas menor que 500 celulas/microlitro de sangue).
37. Comente sobre o potencial de transmissão de HIV na prática odontológica. Quais as lesões orais
comuns em pacientes HIV+? Vcs tem que falar sobre o risco de contrair essas viroses de acordo com os
procedimentos da área de atuação profissional, bem como da importância de medidas de prevenção e controle.
Família HERPESVIRIDAE
38. Caracterize uma partícula viral de um vírus herpético.
O vírus herpético apresenta entre 120-300 nm de diâmetro, genoma composto de DNA de fita dupla Linear (125235Kb), Capsídeo com simetria icosaédrica, tegumento (espaço entre o envelope e o capsideo) com proteínas e
enzimas virais e envelope lipoproteíco com espículas de glicoproteínas.
39. A família Herpesviridae apresenta como característica de replicação e patogenia o fenômeno de
Latência. Explique este fenômeno.
A latência viral é um estado fisiológico no qual o vírus expressa somente um pequeno grupo de genes
responsáveis por sua manutenção na forma epissomal na célula hospedeira e pela evasão da resposta imune. Não
ocorre replicação viral, portanto não há sintomas. Após uma infecção primaria, a qual pode ser assintomática ou
sintomática, os vírus herpeticos são direcionados ás células alvo para a latência (que varia entre as subfamílias),
nas quais mantém o seu DNA na forma epissomal, expressando somente poucos genes, sem desenvolver o ciclo
replicativo. O retorno ao ciclo replicativo, com o desenvolvimento de uma infecção produtiva, é chamado de
reativação (ou recorrência) e pode ocorrer devido a situações de queda imunológica do individuo, exposição
exagerada a radiação UV, período menstrual, entre outros. Assim, neste tipo de infecção não há como eliminar o
agente viral das células do hospedeiro.
40. A família Herpesviridae é dividida em subfamílias. Quais são elas? Qual a característica que as
diferencia?
Existem, dentro da família Herpesviridae, três subfamílias as quais são diferenciadas de acordo com o tipo de
célula na qual o vírus entra em latência. 1) Alfaherpesvirinae (latência em nervos sensoriais); 2)
Betaherpesvirinae (latência em glândulas secretórias e rins) e 3) Gamaherpesvirinae (latência em células
linfóides)
41. Descreva a patogenia dos Herpesvírus Humanos tipo 1 e 2. Quais as possíveis manifestações clinicas?
O HSV-1 apresenta como porta de entrada a orofaringe e o individuo geralmente entra em contato com este virus
ainda na infância. Após a infecção da mucosa ou pele, este vírus pode desenvolver uma infecção assintomática
ou sintomática localizada (esta se desenvolve por 5-8 dias seguida de desaparecimento das lesões aftosas);
posteriormente entra em latência no gânglio trigêmio, com possível reativação. As manifestações clinicas do
HSV-1 são o Herpes Orofaríngeo, o qual pode ocorrer tanto na região intrabucal como na peribucal;
ceratoconjuntivite que ocorre na conjuntiva; eczema herpético no qual
ocorre uma infecção sistêmica e desenvolve inúmeras vesículas na pele; gengivostomatite herpética; nódulo
herpético e casos raros de encefalite. O HSV-2 apresenta como porta de entrada abrasões na pele e mucosas do
trato genital, anal e perianal; o contato é mais freqüente na idade adulta. Após a infecção da mucosa genital, a
infecção localizada primária ocorre por um período de até 10 e posteriormente entra em latência no gânglio
sacral. As manifestações clinicas são lesões vesiculares na mucosa infectada, e em recém nascidos causa
meningite herpética e herpes de neonato, devido á possibilidade de transmissão vertical, durante a gestação ou no
momento do parto.
42. Quais seriam as características da catapora e do herpes zoster, ambas causadas pelo vírus VaricelaZoster (VZV ou HHV-3)?
A catapora (ou varicela) é uma infecção primaria pelo VZV, o Herpes Zoster é a manifestação da reativação do
VZV. A catapora é muito mais comum na infância, principalmente porque só se pega catapora uma vez. A
principal característica desta doença é deixar o corpo coberto de manchas vermelhas (eritema), as quais iniciamse pelo tronco, espalhando-se rapidamente para o rosto, braços e pernas. Já no Herpes zoster, mais comum em
adultos, o indivíduo provavelmente adquiriu o vírus VZV muitos anos antes, quando o paciente teve varicela.
Caracteriza-se por dor intensa aguda, neuropática (pode surgir antes da lesão) e lesão herpética unilateral, não
ocorrendo espalhamento pelo corpo como ocorre na catapora.
43. Quais as manifestações clinicas do vírus EBV? Explique por que este vírus é considerado oncogênico?
O EBV, em uma infecção primária, desenvolve a MONONUCLEOSE INFECCIOSA (doença do beijo) que é
caracterizada por edema nos linfonodos, febre e fadiga, faringite e lesões na mucosa oral; no caso de reativação,
desenvolve doenças mais graves como linfomas Hodgking e não-hodgking, linfoma de burkitt, carcinoma de
orofaringe e leucoplasia pilosa oral, as quais são mais freqüentes em imunossuprimidos. Devido à possibilidade
do desenvolvimento destes tumores como manifestações clinicas de uma infecção secundaria (reativação), este
vírus é considerado oncogênico.

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