Estudo taxonômico dos gêneros Oiovelia Drake
Transcrição
Estudo taxonômico dos gêneros Oiovelia Drake
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA Coordenação de Biodiversidade – CBIO Programa de Pós-Graduação em Entomologia – PPG-ENT Estudo taxonômico dos gêneros Oiovelia Drake & Maldonado-Capriles, 1952 e Paravelia Breddin, 1898 (Hemiptera: Heteroptera: Gerromorpha: Veliidae) HIGOR DANIEL DUARTE RODRIGUES Manaus, Amazonas Março, 2013 i Higor Daniel Duarte Rodrigues Estudo taxonômico dos gêneros Oiovelia Drake & Maldonado-Capriles, 1952 e Paravelia Breddin, 1898 (Hemiptera: Heteroptera: Gerromorpha: Veliidae) Orientadora: Dra. Ruth Leila Ferreira-Keppler – INPA Coorientador: Dr. Alan Lane de Melo – UFMG Dissertação apresentada ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciências Biológicas, área de concentração em Entomologia. Manaus, Amazonas Coordenação de Biodiversidade/CBIO Março, 2013 ii Banca Examinadora da Defesa Pública Presencial Dra. Rosaly Ale Rocha – Titular Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Aprovado) Dra. Lisiane Dilli Wendt – Titular Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Aprovado) Dr. Ulisses Gaspar Neiss – Titular Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Aprovado) Dr. Gil Felipe Gonçalves Miranda – Suplente Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia Dr. Márcio Luiz Leitão Barbosa – Suplente Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia iii Ficha Catalográfica R696 Rodrigues, Higor Daniel Duarte Estudo taxonômico dos gêneros Oiovelia Drake & MaldonadoCapriles, 1952 e Paravelia Breddin, 1898 (Hemiptera: Heteroptera: Gerromorpha: Veliidae) / Higor Daniel Duarte Rodrigues. --Manaus : [s.n.], 2013. xviii, 180 f. : il. color. Dissertação (mestrado) --- INPA, Manaus, 2013. Orientadora : Ruth Leila Ferreira-Keppler Coorientador : Alan Lane de Melo Área de concentração : Entomologia 1. Insetos aquáticos – Taxonomia. 2. Veliinae. 3. Entomologia. I. Título. CDD 19. ed. 595.754 Sinopse: O gênero Oiovelia Drake & Maldonado-Capriles, 1952 foi revisado através de caracteres morfológicos com base no material-tipo (em parte), espécimes depositados em coleções nacionais e espécimes coletados recentemente, incluindo a descrição de quatro espécies novas. Em Paravelia Breddin, 1898 oito novas espécies foram descritas, incluindo fotos de outras 19 espécies, a descrição da forma macróptera de P. capixaba e P. dilatata, uma chave de identificação para as 36 espécies registradas no Brasil e um catálogo para as 55 espécies válidas no gênero. Palavras-chave: Insetos aquáticos, novos táxons, América do Sul. iv Não é estranho que os jovens taxonomistas ensinados como que amestrando macacos, totalmente por imitação, e que somente em muito raros lhe seja dada alguma instrução teoria taxonômica? sejam quase casos sobre Arthur J. Cain v Agradecimentos Ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, em especial ao Programa de PósGraduação em Entomologia, pela infraestrutura, oportunidade e todo o apoio intelectual para realização deste trabalho. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela concessão da bolsa de mestrado. Ao professor doutor Alan Lane de Melo e a doutora Ruth L. Ferreira-Keppler por aceitarem me orientar, agregando incentivos e conhecimento ao estudo dos percevejos, além da amizade concretizada. As doutoras Neusa Hamada e Ana Maria O. Pes pelos espécimes coletados ou doados, conversas e idas ao campo. Ao doutor Victor Py-Daniel pela valiosa coleção de percevejos aquáticos doada ao Laboratório de Citotaxonomia e Insetos Aquáticos, além das informações sobre localidades. Ao doutor e curador da Coleção de Invertebrados do INPA, Augusto L. Henriques, o qual permitiu o acesso sem restrição à coleção, contribuindo para a melhoria desse estudo. Ao doutor Frederico Falcão Salles (UFES) pelo envio de parte do material-tipo e pelas boas conversas, sempre que possível. Ao curador Carlos Campaner e doutor Marcelo Duarte da Silva, os quais permitiram a visita ao Museu de Zoologia da USP e o empréstimo de um excelente material. Ao amigo Michel P. Valim pelas incontáveis conversas sobre Taxonomia, Sistemática e adversidades científicas, além é claro dos inúmeros conselhos e incentivos. Ao amigo Gustavo Vianna, vulgo Guzé, pelos ensinamentos sobre percevejos aquáticos, boas conversas e idas ao campo (sobretudo aquelas na “Lagoa” da Pampulha!). Ao casal Ulisses G. Neiss e Roberta Torreias pela amizade, espécimes doados, conselhos e conversas sobre pesquisa. Aos mestres e amigos Paulo V. Cruz, Lucas M. de Camargos, André S. Fernandes, Vitor Tarli, Galileu Dantas, Emiliano Reis e Renato Martins pelas conversas sobre entomologia, pelos espécimes coletados e amizade concretizada. Aos amigos Diogo França, Thiago Mahlmann “Panda” e Victor Gomes pelas conversas e hospedagem em Salvador (BA) na época do Congresso de Zoologia. Aos funcionários, professores e colegas do INPA pelos momentos compartilhados e ensinamentos adquiridos. vi Ao doutor Felipe F. F. Moreira pelas referências e espécimes enviados, ambos de fundamental importância para a elaboração deste estudo, além das conversas sobre os percevejos semi-aquáticos. À Nubia F. S. Giehl pelo envio de parte do interessante material examinado no segundo capítulo. À Karina Dias da Silva pela elaboração do mapa do segundo capítulo e coleta de alguns espécimes examinados nesse estudo. À minha família, em especial minha mãe Eliana, minha vó Dona Maria e minha tia Marísia por todo o apoio incondicional para a construção dos meus princípios e saberes. À Isabella De Bonis pelo companheirismo e incentivos, além dos deliciosos almoços de domingo em companhia de sua família. Aos grandes amigos Rafael Duarte, Marcelo Rodrigues, Caroline Kawakami e Helen Sadauskas pela acolhida em terras manauaras, amizade e bons momentos durante esses dois anos em conjunto da Mura, Micuim (em memória), Preta e Bolinha. Aos amigos da república do conjunto Acariquara Maíra, Roberto, Tarcísio, Samuel, André e Diogo pelas conversas e bons momentos. E por fim, a todos os grandes entomólogos e zoólogos de nosso planeta que mesmo sob a incompreensão de muitos, conseguiram levar uma vida de dedicação ao progesso do saber científico e da preservação da biodiversidade. vii Resumo Os gêneros neotropicais Oiovelia Drake & Maldonado Capriles, 1952 e Paravelia Breddin, 1898 (Hemiptera: Heteroptera: Veliidae) foram estudados taxonomicamente. O primeiro gênero foi revisado, as espécies conhecidas foram redescritas acrescentando caracteres não mencionados na descrição original, e quatro espécies novas para o Brasil foram descobertas e ilustradas, totalizando 8 espécies. Oiovelia rivicola Spangler foi registrada pela primeira vez no Brasil (Amazonas e Amapá), além de ampliar a área de ocorrência para as demais espécies descritas. Em Paravelia, oito novas espécies foram descritas e ilustradas através do material proveniente de sete Estados brasileiros (Amapá, Amazonas, Maranhão, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais), totalizando 55 espécies válidas para o gênero. Fotografias coloridas do aspecto dorsal foram obtidas para as seguintes espécies: P. basalis (Spinola), P. biae Spangler, P. boliviana Breddin, P. bullialata Polhemus & Polhemus, P. capillata Drake & Harris, P. capixaba Moreira, Nessimian & Rúdio, P. conata (Hungerford), P. dilatata Polhemus & Polhemus, P. foveata Polhemus & Polhemus, P. itatiayana Drake, P. lanemeloi Moreira & Barbosa, P. manausana Polhemus & Polhemus, P. nieseri Moreira & Barbosa, P. platensis (Berg), P. recens (Drake & Harris), P. rotundanotata (Hungerford), P. spinifera Polhemus & Polhemus, P. splendoris (Drake & Harris) e P. williamsi (Hungerford). Três dessas espécies são registradas pela primeira vez no Brasil: P. platensis, P. spinifera e P. williamsi. É apresentada uma chave de identificação para as espécies de Paravelia registradas no Brasil, além da descrição das formas macrópteras de P. capixaba e P. dilatata. Mapas de distribuição foram elaborados para as espécies de Oiovelia e para as novas espécies de Paravelia. Por fim, com o objetivo de reunir as informações para as espécies em ambos os gêneros estudados, os registros geográficos, lista sinonímica, diagnoses e comentários para todas as espécies foram incluídos separadamente para cada gênero. viii Abstract The Neotropical genera Oiovelia Drake & Maldonado-Capriles, 1952 and Paravelia Breddin, 1898 (Hemiptera: Heteroptera: Veliidae) were studied taxonomically. The first was revised, the known species were redescribed with characters not mentioned in the original description, and four new species were described and illustrated, all of them to Brazil, totaling eight species in the genus. Oiovelia rivicola Spangler was recorded for the first time in Brazil (Amazonas and Amapá), besides expanding the occurrence area for the other described species. In Paravelia, eight new species were described and illustrated through material from seven Brazilian States (Amapá, Amazonas, Maranhão, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul and Minas Gerais), totaling 55 valid species in the genus. Color photographs of dorsal aspect were obtained for the following species: P. basalis (Spinola), P. biae Spangler, P. boliviana Breddin, P. bullialata Polhemus & Polhemus, P. capillata Drake & Harris, P. capixaba Moreira, Nessimian & Rúdio, P. conata (Hungerford), P. dilatata Polhemus & Polhemus, P. foveata Polhemus & Polhemus, P. itatiayana Drake, P. lanemeloi Moreira & Barbosa, P. manausana Polhemus & Polhemus, P. nieseri Moreira & Barbosa, P. platensis (Berg), P. recens (Drake & Harris), P. rotundanotata (Hungerford), P. spinifera Polhemus & Polhemus, P. splendoris (Drake & Harris) and P. williamsi (Hungerford). Three of these species are recorded for the first time in Brazil: P. plantesis, P. spinifera and P. williamsi. Moreover, the macropterous form of P. capixaba and P. dilatata are described. Finally, in order to summarize the information for species in both genera, a catalog including geographic records, synonymic list, diagnosis, and comments, are presented separately for each genus. ix Sumário 1. INTRODUÇÃO GERAL........................................................................................................1 1.1. – Hemiptera Linnaeus, 1758....................................................................................1 1.2. – Gerromorpha Popov, 1971....................................................................................2 1.3. – Veliidae Brullé, 1836............................................................................................3 1.3.1. – Morfologia................................................................................................5 1.3.2. – Chave para as subfamílias neotropicas de Veliidae.................................7 1.3.3. – Chave para os gêneros neotropicais de Veliinae......................................7 2. OBJETIVOS...........................................................................................................................9 2.1. – Geral......................................................................................................................9 2.2. – Específicos............................................................................................................9 3. MATERIAL E MÉTODOS....................................................................................................9 CAPÍTULO 1 – REVISÃO TAXONÔMICA DO GÊNERO OIOVELIA DRAKE & MALDONADOCAPRILES, 1952 (HEMIPTERA: HETEROPTERA: GERROMORPHA: VELIIDAE) ......................11 Oiovelia brasiliensis Moreira, Nessimian & Rúdio, 2010............................................20 Oiovelia cunucunumana Drake & Maldonado-Capriles, 1952.....................................24 Oiovelia rivicola Spangler, 1986..................................................................................28 Oiovelia spumicola Spangler, 1986..............................................................................32 Oiovelia A sp. nov.........................................................................................................36 Oiovelia B sp. nov.........................................................................................................41 Oiovelia C sp. nov.........................................................................................................44 Oiovelia D sp. nov.........................................................................................................47 CAPÍTULO 2 – ESTUDO TAXONÔMICO DE PARAVELIA BREDDIN, 1898 (HEMIPTERA: HETEROPTERA: VELIIDAE): NOVAS ESPÉCIES, NOVOS REGISTROS, LISTA PARA TODAS AS ESPÉCIES DO GÊNERO E CHAVE DE IDENTIFICAÇÃO PARA AS ESPÉCIES BRASILEIRAS ...........58 Paravelia A sp. nov.......................................................................................................72 Paravelia B sp. nov.......................................................................................................75 Paravelia C sp. nov.......................................................................................................79 Paravelia D sp. nov.......................................................................................................82 Paravelia E sp. nov.......................................................................................................88 Paravelia F sp. nov.......................................................................................................92 Paravelia G sp. nov.......................................................................................................94 Paravelia H sp. nov.......................................................................................................98 Paravelia albotrimaculata (Kirkaldy, 1899)...............................................................101 Paravelia amoena (Drake, 1957).................................................................................102 Paravelia anta Mazzucconi, 2000...............................................................................103 Paravelia atra (Polhemus, 1969)................................................................................104 Paravelia basalis (Spinola, 1837)...............................................................................104 Paravelia biae Spangler, 1989....................................................................................106 Paravelia boliviana Breddin, 1898.............................................................................107 Paravelia bullialata Polhemus & Polhemus, 1984.....................................................108 Paravelia capillata (Drake & Harris, 1933)...............................................................110 x Paravelia capixaba Moreira, Nessimian & Rúdio, 2010............................................111 Paravelia cognata (Drake & Harris, 1933).................................................................112 Paravelia columbiensis (Hungerford 1930)................................................................114 Paravelia conata (Hungerford, 1929).........................................................................115 Paravelia confusa (Hungerford, 1930).......................................................................117 Paravelia cupariana Polhemus & Polhemus, 1984....................................................117 Paravelia daza Padilla-Gil & Moreira, 2011..............................................................118 Paravelia dilatata Polhemus & Polhemus, 1984........................................................120 Paravelia flavomarginata (Hungerford, 1930)...........................................................121 Paravelia foveata Polhemus & Polhemus, 1984.........................................................121 Paravelia gabrielae Moreira & Barbosa, 2011...........................................................122 Paravelia helenae (Hungerford, 1929).......................................................................124 Paravelia hungerfordi (Drake & Harris, 1933)..........................................................125 Paravelia inveruglas (Kirkaldy, 1899).......................................................................126 Paravelia itatiayana (Drake, 1951)............................................................................128 Paravelia juruana Polhemus & Polhemus, 1984........................................................129 Paravelia kahli (Drake & Harris, 1933)......................................................................130 Paravelia lanemeloi Moreira & Barbosa, 2012..........................................................131 Paravelia manausana Polhemus & Polhemus, 1984..................................................132 Paravelia myersi (Hungerford, 1931).........................................................................133 Paravelia nexa (Drake & Harris, 1933)......................................................................134 Paravelia nieseri Moreira & Barbosa, 2012...............................................................135 Paravelia osborniana (Kirkaldy, 1909)......................................................................137 Paravelia paolettii Polhemus & Polhemus, 1991.......................................................138 Paravelia parilis (Drake & Harris, 1933)...................................................................140 Paravelia paxilla (Drake, 1957)..................................................................................140 Paravelia platensis (Berg, 1883)................................................................................142 Paravelia recens (Drake & Harris, 1935)...................................................................143 Paravelia rotundanotata (Hungerford, 1930).............................................................145 Paravelia spinifera Polhemus & Polhemus, 1984......................................................146 Paravelia splendoris (Drake & Harris, 1933).............................................................147 Paravelia stenoptera Polhemus & Polhemus, 1984....................................................151 Paravelia taipiensis (Cheesman, 1926)......................................................................152 Paravelia truxali Polhemus & Polhemus, 1985..........................................................152 Paravelia velitis (Drake, 1951)...................................................................................154 Paravelia virtutis (Drake & Harris, 1935)..................................................................154 Paravelia willei (Drake & Harris, 1940).....................................................................155 Paravelia williamsi (Hungerford, 1930).....................................................................155 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................170 5.REFERÊNCIAS...................................................................................................................171 ANEXO...................................................................................................................................174 xi Lista de figuras Introdução Figura 1. (A) Aspecto dorsal da cabeça de Oiovelia, (B) aspecto dorsal da cabeça e pronoto de Oiovelia, (C) tíbia anterior vista internamente evidenciando o grasping comb, (D) detalhe do grasping comb, (E) detalhe da região intersegmentar entre o meso- e metaesterno evidenciando os dois pares de pequenos tubérculos, (F) vista ventral de parte do tórax de Paravelia sem os pares de tubérculos, (G) vista ventral de Steinovelia, (H) vista ventral de Platyvelia, (I) tarsômeros da perna mediana de Oiovelia, (J) tarsômeros da perna mediana de Paravelia, (K) tarsômero III da perna mediana de Rhagovelia, (L) tarsômero III da perna mediana de Veloidea. (Sml) sutura mediana longitudinal, (Pto) pontuação oblíqua, (Mes) mesoesterno, (Met) metaesterno, (Co) coxa, (tar) tarsômero.....................................................6 Figura 2. Stridulivelia sp. – (A) Aspecto lateral (pernas removidas) (seta indicando a fileira estridulatória do conexivo e o sulco transversal dos segmentos abdominais), (B) parte do fêmur posterior em vista dorsal (seta indicando as áreas estridulatórias)...................................8 Capítulo 1 Figura 3. Igarapés de Presidente Figueiredo, Amazonas, Brasil, onde parte dos espécimes de Oiovelia foram coletados, com a formação da típica espuma formada nos igarapés de água preta – (A) Cachoeira do Santuário, (B) Igarapé da Onça, (C) detalhe das espumas, (D) detalhe dos espécimes de Oiovelia sobre as espumas...............................................................17 Figura 4. Oiovelia brasiliensis – (A) Aspecto dorsal do macho áptero (segmentos genitais removidos) [Parátipo], (B) aspecto dorsal da fêmea áptera, (C) aspecto dorsal da fêmea macróptera, (D) aspecto ventral da fêmea macróptera (seta indicando a constrição dos segmentos abdominais III e IV). Escala 1 mm.........................................................................22 Figura 5. Oiovelia cunucunumana – (A-B) aspecto dorsal da fêmea macróptera, (C) aspecto dorsal do macho macróptero. Escala 1 mm..............................................................................27 Figura 6. Oiovelia rivicola – (A) aspecto dorsal do macho macróptero, (B) aspecto dorsal da fêmea macróptera. Escala 1 mm...............................................................................................32 xii Figura 7. Oiovelia spumicola – (A) aspecto dorsal do macho áptero [Parátipo], (B) aspecto dorsal da fêmea áptera [Parátipo], (C) aspecto ventral do macho (seta indicando as áreas escuras sobre os esternitos V–VI). Escala 1 mm......................................................................34 Figura 8. Segmentos genitais do macho – (A-D) aspecto dorsal do primeiro segmento, (E-H) aspecto lateral do primeiro segmento, (I, K-M) aspecto lateral da cápsula genital, (J) detalhe dos espinhos sobre o proctiger. (A, E, I, J) Oiovelia brasiliensis, (B, F, K) O. cunucunumana, (C, G, M) O. rivicola, (D, H, L) O. spumicola.........................................................................35 Figura 9. Oiovelia A sp. nov. – (A) aspecto dorsal do macho áptero, (B) aspecto dorsal da fêmea áptera, (C) aspecto dorsal da fêmea macróptera, (D) aspecto ventral da fêmea macróptera. Escala 1 mm..........................................................................................................40 Figura 10. Oiovelia B sp. nov. – (A) aspecto dorsal do macho macróptero, (B) aspecto dorsal da fêmea macróptera. Escala 1 mm..........................................................................................43 Figura 11. Oiovelia C sp. nov. – (A-B) aspecto dorsal do macho, (A) espécime de São Gabriel da Cachoeira, (B) espécime de Alter do Chão, (C) fêmea macróptera de São Gabriel da Cachoeira. Escala 1 mm.......................................................................................................47 Figura 12. Oiovelia D sp. nov. – (A) aspecto dorsal do macho macróptero, (B) aspecto dorsal da fêmea macróptera, (C) aspecto frontal. Escala 1 mm...........................................................49 Figura 13. Segmentos genitais do macho – (A-D) aspecto dorsal do primeiro segmento, (EH) aspecto lateral do primeiro segmento, (I-L) aspecto lateral da cápsula genital. (A, E, I) Oiovelia A sp. nov., (B, F, J) Oiovelia B sp. nov., (C, G, K) Oiovelia C sp. nov., (D, H, L) Oiovelia D sp. nov....................................................................................................................51 Figura 14. Aspecto lateral do parâmero esquerdo, (A) Oiovelia brasiliensis, (B) O. cunucunumana, (C) O. rivicola, (D) Oiovelia A sp. nov., (E) Oiovelia B sp. nov., (F) Oiovelia C sp. nov., (G) Oiovelia D sp. nov............................................................................52 Figura 15. Fêmea em vista lateral (pernas removidas) – (A) Oiovelia B sp. nov., (B) Oiovelia C sp. nov., (C) Oiovelia D sp. nov. (Cox) Coxa mediana, (II–VII) segmentos abdominais, (Gon) Gonocoxa. Escala 1 mm.................................................................................................53 Figura 16. Mapa de distribuição – (●) Oiovelia cunucunumana [? registro prévio sem localidade específica], (●) Oiovelia spumicola, (●) Oiovelia C sp. nov...................................54 xiii Figura 17. Mapa de distribuição – (●) Oiovelia brasiliensis, (●) O. rivicola, (●) Oiovelia A sp. nov., (●) Oiovelia B sp. nov., (●) Oiovelia D sp. nov.........................................................54 Capítulo 2 Figura 18. Paravelia rotundanotata exemplificando o aspecto dorsal das espécies do gênero, (Ant) antenômero. Escala 1 mm...............................................................................................64 Figura 19. Paravelia A sp. nov. – Macho macróptero [Holótipo], (A) aspecto dorsal, (B) aspecto ventral, (C) aspecto lateral. Escala 1 mm.....................................................................74 Figura 20. Paravelia B sp. nov. – (A) aspecto dorsal do macho [Holótipo], (B) aspecto dorsal da fêmea [Parátipo], (C) aspecto lateral do macho, (D) ápice do abdome do macho em vista ventral. Escala 1 mm.................................................................................................................78 Figura 21. Paravelia A sp. nov. – (A) cápsula genital do macho em vista lateral, (B) detalhe das projeções do proctíger em vista anterior. Paravelia B sp. nov. – (C) segmento genital I do macho em vista dorsal, (D) segmento genital I em vista lateral, (E) cápsula genital do macho em vista lateral, (F) ápice do ângulo posterior do pronoto.......................................................79 Figura 22. Paravelia C sp. nov. – macho macróptero, (A) aspecto dorsal [Holótipo], (B) aspecto dorsal [Parátipo], (C) aspecto ventral [Parátipo], (D) aspecto lateral [Holótipo]. Escala 1 mm.........................................................................................................................................81 Figura 23. Paravelia D sp. nov. – Macho braquíptero [Holótipo], (A) aspecto dorsal, (B) aspecto ventral (seta indicando a cutícula branca). Fêmea braquíptera [Parátipo], (C) aspecto dorsal. Fêmea macróptera [Parátipo], (D) aspecto dorsal. Escala 1 mm..................................87 Figura 24. Paravelia C sp. nov. – segmento genital I, (A) aspecto dorsal, (B) aspecto lateral, (C) aspecto ventral, (D) ápice do abdome do macho em vista ventral, (E) cápsula genital do macho em vista lateral, (F) detalhe das projeções bilobadas do proctíger. Paravelia D sp. nov. – segmento genital I, (G) aspecto dorsal, (H) aspecto lateral, (I) cápsula genital do macho em vista lateral................................................................................................................................88 Figura 25. Paravelia E sp. nov. – Fêmea macróptera [Holótipo], (A) aspecto dorsal, (B) aspecto ventral, (C) aspecto lateral. Escala 1 mm.....................................................................91 xiv Figura 26. Paravelia F sp. nov. – Fêmea macróptera [Holótipo], (A) aspecto dorsal, (B) aspecto ventral, (C) aspecto lateral. Escala 1 mm.....................................................................93 Figura 27. Ápice do abdome da fêmea em vista lateral, (A) Paravelia E sp. nov., (B) Paravelia F sp. nov...................................................................................................................94 Figura 28. Paravelia G sp. nov. – Macho macróptero, (A) aspecto dorsal [Holótipo], (B) aspecto ventral [Parátipo], (C) ápice do abdome em vista ventral [Parátipo], (D) ápice do abdome da fêmea em vista ventral [Parátipo]. Escala 1 mm....................................................97 Figura 29. Paravelia H sp. nov. – Fêmea macróptera [Holótipo], (A) aspecto dorsal, (B) aspecto ventral, (C) aspecto lateral. Escala 1 mm.....................................................................99 Figura 30. Paravelia G sp. nov. – (A) segmento genital I do macho em vista lateral, (B) cápsula genital do macho em vista lateral, (C) parâmero do macho em vista lateral, (D) ápice do abdome da fêmea em vista lateral. Paravelia H sp. nov. – (E) ápice do abdome da fêmea em vista lateral, (F) fêmur posterior em vista ventral.............................................................101 Figura 31. Paravelia albotrimaculata – (A) perna posterior, (B) aspecto dorsal. Modificado de Hungerford (1930b)............................................................................................................102 Figura 32. Paravelia anta – (A) aspecto dorsal, (B–C) variações da asa anterior, (D) parte da cápsula genital do macho em vista antero-lateral. Modificado de Mazzucconi (2000)..........103 Figura 33. Paravelia atra – (A) fêmur posterior, (B) ápice do abdome em vista ventral, (C) parâmero em vista lateral. Modificado de Polhemus (1969)..................................................104 Figura 34. Paravelia biae – (A) Cápsula genital do macho em vista lateral, (B) ápice do abdome do macho em vista ventral. Modificado de Spangler (1989)....................................106 Figura 35. Paravelia boliviana – (A) pronoto da forma macróptera em vista dorsal, (B) aspecto dorsal do proctíger do macho, (C) parâmero em vista lateral. Modificado de Drake & Harris (1938)...........................................................................................................................108 Figura 36. Aspecto dorsal – (A) Paravelia basalis, (B) P. basalis (sem a mancha apical), (C) P. biae [Holótipo], (D) P. boliviana. Escala 1 mm.................................................................109 Figura 37. Aspecto dorsal – (A) Paravelia bullialata, (B) P. capillata, (C) P. capixaba (macróptero), (D) P. capixaba (áptero). Escala 1 mm............................................................113 xv Figura 38. Paravelia columbiensis – (A) parte do proctíger em vista dorsal, (B) parâmero em vista lateral. Modificado de Hungerford (1930b)...................................................................114 Figura 39. Paravelia confusa – (A) ápice do abdome do macho em vista ventral, (B) parâmero em vista lateral. Modificado de Hungerford (1930a)..............................................117 Figura 40. Paravelia cupariana – Parâmero em vista lateral. Modificado de Polhemus & Polhemus (1984b)...................................................................................................................118 Figura 41. Paravelia daza – (A) aspecto dorsal do macho, (B) aspecto dorsal da fêmea, (C) parâmero em vista lateral, (D) detalhe do ápice do parâmero em vista posterior. Modificado de Padilla-Gil & Moreira (2011).............................................................................................119 Figura 42. Paravelia flavomarginata – (A) parte do proctíger do macho em vista dorsal, (B) parâmero em vista lateral. Modificado de Hungerford (1930b).............................................121 Figura 43. Paravelia gabrielae – (A) aspecto dorsal, (B) parâmero em vista lateral, (C) detalhe do ápice do parâmero. Modificado de Moreira & Barbosa (2011)............................123 Figura 44. Paravelia helenae – (A) aspecto dorsal da fêmea [Holótipo], (B) aspecto ventral da fêmea [Holótipo], (C) fêmur mediano do macho, (D) fêmur posterior do macho, (E) ápice do abdome do macho em vista ventral, (F) parâmero em vista lateral, (G) detalhe do ápice do parâmero. Foto do holótipo proveniente do site do Museu Sueco de História Natural (http://www2.nrm.se/en/het_nrm/h/paravelia_helenae.html) acessado em 02.II.2013. Figuras C–G modificadas de Polhemus (1969)...................................................................................125 Figura 45. Paravelia hungerfordi – Aspecto dorsal. Modificado de Mazzucconi (2000).....126 Figura 46. Paravelia inveruglas – (A) aspecto dorsal do macho, (B) parte do proctíger em vista dorsal, (C) parâmero em vista lateral, (D) detalhe do ápice do parâmero em vista posterior. Modificado de Hungerford (1930b)........................................................................127 Figura 47. Aspecto dorsal – (A) Paravelia conata (detalhe do processo cônico do pronoto em vista lateral), (B) P. dilatata, (C) P. itatiayana, (D) P. itatiayana (sem a mancha apical). Escala 1 mm............................................................................................................................128 Figura 48. Paravelia juruana – Parâmero em vista lateral. Modificado de Polhemus & Polhemus (1984b)...................................................................................................................130 xvi Figura 49. Cápsula genital do macho em vista lateral – (A) Paravelia bullialata, (B) P. capillata, (C) detalhe do parâmero de P. capillata em vista anterior. (D) P. capixaba, (E) P. conata, (F) P. dilatata, (G) P. foveata, (H) P. itatiayana, (I) P. lanemeloi............................133 Figura 50. Aspecto dorsal – (A) Paravelia foveata, (B) P. lanemeloi [Parátipo], (C) P. manausana, (D) P. nieseri [Holótipo]. Escala 1 mm..............................................................136 Figura 51. Paravelia osborniana – (A) cápsula genital do macho em vista lateral, (B) parte do proctíger do macho em vista dorsal, (C) parte do parâmero em vista lateral. Modificado de Hungerford (1930b)................................................................................................................138 Figura 52. Paravelia paolettii – (A) aspecto dorsal, (B) fêmur posterior, (C) ápice do abdome do macho em vista ventral, (D) proctíger do macho em vista lateral, (E) parâmero em vista lateral. Modificado de Polhemus & Polhemus (1991)............................................................139 Figura 53. Paravelia paxilla – (A) aspecto dorsal do macho, (B) detalhe dos pequenos dentículos pretos, (C) aspecto dorsal da fêmea, (D) ápice do abdome do macho em vista ventral, (E) parâmeros em vista dorsal. Modificado de Mazzucconi & Polhemus (2003).....141 Figura 54. Paravelia platensis – Ápice do abdome em vista ventral. Modificado de Spangler (1986) [Desenho original de Hungerford 1930].....................................................................143 Figura 55. Aspecto dorsal – (A) Paravelia recens, (B) P. rotundanotata, (C) P. splendoris (macróptero), (D) P. splendoris (braquíptero). Escala 1 mm.................................................150 Figura 56. Paravelia stenoptera – (A) vista interna do trocânter posterior, (B) abdome em vista lateral, (C) parâmero em vista lateral. Modificado de Polhemus & Polhemus (1984a)....................................................................................................................................151 Figura 57. Paravelia taipiensis – Aspecto dorsal. Redesenhado de Cheesman (1926).........152 Figura 58. Paravelia truxali – Parâmero em vista lateral. Modificado de Polhemus & Polhemus (1985).....................................................................................................................153 Figura 59. Aspecto dorsal – (A) Paravelia platensis, (B) P. spinifera, (C) P. williamsi. Aspecto ventral – (D) P. williamsi (seta indica a projeção sobre o esternito VII). Escala 1 mm..........................................................................................................................................157 xvii Figura 60. Cápsula genital do macho – (A) Paravelia nieseri, (C) P. recens, (D) P. rotundanotata, (E) P spinifera, (F) P. splendoris, (G) P. williamsi. Parâmero em vista posterior – (B) P. platensis.....................................................................................................158 Figura 61. Mapas de distribuição para as novas espécies de Paravelia................................159 xviii 1. INTRODUÇÃO GERAL 1.1. – Hemiptera Linnaeus, 1758 Hemiptera é a maior ordem de insetos hemimetábolos, cujas espécies apresentam três estágios de vida: o ovo, a ninfa e o adulto. Possivelmente, originaram-se no final do Permiano (há aproximadamente 200 milhões de anos), apresentando atualmente ampla distribuição mundial, sem registros apenas na Antártica (Grimaldi & Engel 2005). Possuem uma grande diversidade de tamanhos, formas e tipos de alimentação (fitófagos, predadores, hematófagos), sendo as espécies pertencentes a essa ordem conhecidas popularmente como cigarrras, cigarrinhas, cochonilhas, pulgões e percevejos. A ordem possui ancestralidade comum com as atuais ordens Psocoptera, Phthiraptera e Thysanoptera, e juntas formam o táxon Paraneoptera (Wheeler et al. 2001; Ishiwata et al. 2011). Dentre os caracteres que unem esse clado, destacam-se a morfologia do aparelho bucal, redução dos túbulos de Malpighi, um único gânglio abdominal e ausência do esternito I e cercos no ápice do abdome. A monofilia da ordem Hemiptera é fundamentada em várias sinapomorfias, destacando-se o aparelho bucal (Grimaldi & Engel 2005), que é do tipo picador sugador. A estrutura externa do rostro é o lábio segmentado e em forma de bainha, que envolve as duas mandíbulas e as duas maxilas modificadas em forma de estiletes perfurantes, estando ausentes os palpos maxilares e labiais (Borror & Delong 1969). Atualmente os hemípteros estão divididos em quatro subordens: Sternorrhyncha, Auchenorrhyncha, Coleorrhyncha e Heteroptera (Forero 2008). Esta última, também conhecida em inglês como true bugs (verdadeiros percevejos), possui sete infraordens: Enicocephalomorpha, Dipsocoromorpha, Gerromorpha, Nepomorpha, Leptopodomorpha, Cimicomorpha e Pentatomomorpha (Schuh & Slater 1995; Wheeler et al. 1993) e juntas possuem aproximadamente 38.000 espécies descritas, alocadas em 75 famílias (Schuh & Slater 1995). A maioria das espécies desta subordem é terrestre, porém, uma parcela significativa está relacionada com os ambientes aquáticos, o que se aproxima de 5.000 espécies (Polhemus & Polhemus 2008). Estes percevejos ocorrem em todos os ecossistemas de água doce e algumas espécies são encontradas em ambientes marinhos, como estuários, mares e oceanos. Possuem ampla distribuição mundial, sendo mais diversos nos trópicos e subtrópicos (Nieser & Melo 1997). Estas espécies consistem nas infraordens Gerromorpha, Nepomorpha e 1 Leptopodomorpha, podendo estar diretamente relacionadas com a água, vivendo dentro dela (Nepomorpha), ou indiretamente, vivendo sobre a superfície, pedras ou plantas aquáticas (Gerromorpha), ou até mesmo, relacionadas apenas às margens dos ambientes aquáticos (Leptopodomorpha). Entre os Nepomorpha, existem duas exceções, que são as famílias Gelastocoridae e Ochteridae, encontradas às margens dos ecossistemas aquáticos (Schell 1943; Todd 1955). Leptopodomorpha possui quatro famílias (Aepophilidae, Omaniidae, Leptopodidae e Saldidae), com aproximadamente 400 espécies (Polhemus & Polhemus 2008), das quais apenas 10 espécies pertencentes à Saldidae são registradas para o Brasil até o momento (Heckman 2011). Os Gerromorpha e Nepomorpha compreendem, dessa maneira, a maioria dos heterópteros aquáticos e semi-aquáticos, com oito famílias de Gerromorpha (Gerridae, Hebridae, Hermatobatidae, Hydrometridae, Macroveliidae, Mesoveliidae, Paraphrynoveliidae e Veliidae) e Gelastocoridae, 12 de Nepomorpha Helotrephidae, (Aphelocheiridae, Micronectidae, Belostomatidae, Naucoridae, Nepidae, Corixidae, Notonectidae, Ochteridae, Pleidae e Potamocoridae) (Polhemus & Polhemus 2008). Recentemente, Moreira et al. (2011) publicaram um catálogo listando as espécies ocorrentes de ambas as infra-ordens no Brasil, registrando 479 espécies ao todo, sendo 187 (39%) de Gerromorpha e 292 (61%) de Nepomorpha. 1.2. – Gerromorpha Popov, 1971 Os Gerromorpha, conhecidos também como heterópteros semi-aquáticos, vivem em sua maioria sobre a superfície da água, podendo também ser encontrados sobre plantas flutuantes, pedras, ambientes higropétricos ou mesmo às margens dos ambientes aquáticos (Andersen 1982). Não frequentemente, algumas espécies são coligidas longe de coleções aquáticas, como algumas espécies de Hydrometridae (Schuh & Slater 1995). São predadores de insetos e outros invertebrados que caem na superfície da água, ou de organismos aquáticos, como outros insetos e pequenos crustáceos (Hungerford 1917). Pouco se conhece sobre a preferência alimentar dos Gerromorpha e poucas espécies foram observadas em seu ambiente natural (Andersen 1982). Entre as três infraordens de heterópteros aquáticos e semi-aquáticos, os Gerromorpha são facilmente reconhecidos pelas suas antenas com quatro segmentos e maiores que a 2 cabeça, e grande parte das espécies apresentam garras tarsais subapicais, inseridas anteriormente ao ápice do último tarsômero. Ao contrário da maioria dos heterópteros, os Gerromorpha não possuem as asas anteriores divididas em uma parte coriácea e uma membranosa, típica dos heterópteros, mas apresentam asas esclerotizadas, com apenas as partes proximais das veias longitudinais engrossadas. Alguns gêneros de Veliidae possuem garras e arólios modificados em forma de lâmina (e.g. Euvelia Drake) ou arólios em forma de pluma (e.g. Rhagovelia Mayr), modificações essas que permitiram a locomoção de diferentes maneiras sobre a água, havendo espécies que andam sobre ela e aquelas que possuem a capacidade de remarem, ou até mesmo saltarem (Andersen 1982; Nieser & Melo 1997). Gerromorpha é considerado um táxon monofilético e entre as suas sinapomorfias destacam-se os três pares de tricobótrias inseridas na cabeça, terceiro tarsômero com arólios ventral e dorsal, dupla camada de cerdas cobrindo o corpo, sendo uma curta e agrupada e a outra mais longa e menos densa, e fêmea com trato genital com complexo “gynatrial” (Andersen 1982; Schuh & Slater 1995). Apesar da monofilia do táxon, as relações evolutivas em nível de famílias e subfamílias, em algumas situações, ainda permanecem pouco sustentadas, sugerindo serem entidades parafiléticas, como por exemplo, a família Veliidae e a subfamília Cylindrostethinae (Gerridae) (Damgaard 2012). 1.3. – Veliidae Brullé, 1836 Das famílias de percevejos aquáticos e semi-aquáticos, Veliidae é a que possui o maior número de espécies descritas no mundo, e essa diversidade taxonômica se reflete em uma diversa ocupação de micro-hábitats e nichos ecológicos. São reconhecidos 61 gêneros e aproximadamente 970 espécies distribuídas pelo mundo, com exceção apenas da Antártica (Polhemus & Polhemus 2008). De acordo com Andersen (1982), esta família é consensualmente dividida em seis subfamílias: 3 - Ocelloveliinae: Sul da África; - Microveliinae: Cosmopolita; - Haloveliinae: Região Oriental, Australiana e Oceano Pacífico; - Rhagoveliinae: Cosmopolita; - Perittopinae: Região Oriental; - Veliinae: Região Neotropical, Afrotropical, Paleártica e Oriental [uma única espécie nas Ihas Oceânicas do Pacífico]. No Brasil, ocorrem três subfamílias de Veliidae e 10 gêneros (Moreira et al. 2011): - Microveliinae: Husseyella Herring, 1955; Microvelia Westwood, 1834; Euvelia Drake, 1957; Xiphovelia Lundblad, 1933; - Rhagoveliinae: Rhagovelia Mayr, 1865; - Veliinae: Oiovelia Drake & Maldonado-Capriles, 1952; Paravelia Breddin, 1898; Platyvelia Polhemus & Polhemus, 1993; Steinovelia Polhemus & Polhemus, 1993; Stridulivelia Hungerford, 1929; Estes insetos vivem às margens de ambientes lênticos ou de correnteza, comumente associados à vegetação marginal ou flutuante, onde usualmente alguns gêneros são encontrados em agrupamentos numerosos (Andersen 1982; Nieser & Melo 1997). Algumas espécies são encontradas apenas em ambientes de correnteza, como é o caso das espécies do gênero Oiovelia e Rhagovelia (Spangler 1986; Nieser & Melo 1997). As fêmeas em geral realizam a postura sobre plantas flutuantes ou na vegetação marginal, havendo espécies que preferem ovipor em lugares secos. Os ovos variam de acordo com a família, principalmente no tamanho e forma, podendo ser postos individualmente ou agrupados (Usinger 1956). Além do ovo, o desenvolvimento destes percevejos apresenta cinco ínstares ninfais (havendo algumas espécies que apresentam apenas quatro, como a maioria das espécies de Microvelia) e o adulto. As ninfas, parecidas com os adultos, diferenciam-se basicamente pela ausência das asas, tarsos com um segmento e tamanho inferior. Como forma de evitar o canibalismo, as ninfas alimentam-se de presas menores e geralmente são encontradas agrupadas próximo das margens, de preferência no meio da vegetação (Andersen 1982; Nieser & Melo 1997). Os trabalhos realizados sobre estudos filogenéticos consistem basicamente em nível de família (Andersen 1979) ou subfamília (Andersen 1982). Embora Andersen (1982) tenha sugerido Veliidae como grupo irmão de Gerridae, considerando ambas as famílias monofiléticas, um estudo mais recente reinterpretando as relações filogenéticas utilizando 4 registros fósseis, mostrou Veliidae como um grupo parafilético, nas quais as subfamílias Microveliinae e Haloveliinae apareceram como grupo irmão de Gerridae, devido principalmente ao aparelho reprodutor da fêmea e os tarsos medianos e posteriores com dois segmentos (Daamgard 2008). 1.3.1. – Morfologia Os Veliidae são insetos de comprimento pequeno ou médio, com as menores espécies medindo em torno de um milímetro (e.g. Microvelia) e as maiores podendo atingir aproximadamente nove milímetros (e.g. Paravelia). Possuem coloração variando entre cores vivas e fortes, até cores escuras e opacas. Os olhos são globosos, inseridos próximos a margem posterior da cabeça. As antenas possuem quatro segmentos, sendo o primeiro geralmente o mais robusto e curvado para fora. Assim como muitos heterópteros aquáticos, os Veliidae apresentam polimorfia nas asas anteriores, apresentando espécies ápteras, micrópteras, braquípteras e macrópteras. Essa característica se mostra importante, sobretudo na taxonomia, uma vez que determinados caracteres morfológicos se alteram em forma e cor dependendo do estado polimórfico. O pronoto das formas ápteras varia em comprimento, podendo em alguns casos cobrir todo o meso- e até mesmo o metanoto; nas formas macrópteras o pronoto geralmente é alongado para trás, cobrindo todo o tórax. As asas possuem venação reduzida, formando no máximo seis células fechadas, podendo ou não conter pruinosidades e/ou manchas. As pernas estão inseridas lateralmente sob o corpo, com uma distância similar entre todas elas. As tíbias anteriores geralmente possuem um pequeno pente estriado disposto internamente, chamado em inglês como grasping comb ou black ridge; em alguns casos, estão presentes em ambos os sexos, sendo usualmente mais comuns apenas no macho. Além desses pentes na tíbia anterior, existe outra estrutura presente no ápice de todas as tíbias, similar a uma fileira homogênea de cerdas rígidas, chamada em inglês como grooming comb, que auxilia na limpeza de sujeiras, parasitos e gotículas de água. Por fim, as garras tarsais são anteapicais em todas as pernas. 5 Figura 1. (A) Aspecto dorsal da cabeça de Oiovelia, (B) aspecto dorsal da cabeça e pronoto de Oiovelia, (C) tíbia anterior vista internamente evidenciando o grasping comb, (D) detalhe do grasping comb, (E) detalhe da região intersegmentar entre o meso- e metaesterno evidenciando os dois pares de pequenos tubérculos, (F) vista ventral de parte do tórax de Paravelia sem os pares de tubérculos, (G) vista ventral de Steinovelia, (H) vista ventral de Platyvelia, (I) tarsômeros da perna mediana de Oiovelia, (J) tarsômeros da perna mediana de Paravelia, (K) tarsômero III da perna mediana de Rhagovelia, (L) tarsômero III da perna mediana de Veloidea. (Sml) sutura mediana longitudinal, (Pto) pontuação oblíqua, (Mes) mesoesterno, (Met) metaesterno, (Co) coxa, (Tar) tarsômero. 6 1.3.2. – Chave para as subfamílias neotropicas de Veliidae [Modificada de Andersen (1982) e Nieser & Melo (1997)] 1. Tarsômero III da perna mediana com uma fenda grande e profunda medialmente, e arólios mofidicados em forma de leque de plumas originando-se da base (Fig. 1K)........Rhagoveliinae 1’. Tarsômero III da perna mediana sem fenda mediana profunda, arólios em forma de cerda ou falciformes, nunca em forma de leque de plumas (Figs. 1I,J,L)............................................2 2. Fórmula tarsal 3-3-3; tarsômero I geralmente muito curto em relação ao comprimento dos tarsômeros II e III (Figs. 1I-J).......................................................................................Veliinae* 2’. Fórmula tarsal 1-2-2; tarsômero I das pernas medianas e posteriores alongados, com o comprimento similar ao tarsômero II.....................................................................Microveliinae *1.3.3. – Chave para os gêneros neotropicais de Veliinae [Adaptada de Nieser & Melo(1997)] 1. Tarsos medianos e posteriores com as garras e arólios modificados, formando quatro estruturas falciformes (Fig. 1L).............Veloidea [América Central e norte da América do Sul] 1’. Tarsos medianos e posteriores com arólios em forma de cerda, com apenas duas garras falciformes (Figs. 1I-J)................................................................................................................2 2. Segmentos abdominais com sulcos transversais lateralmente, geralmente sobre os três primeiros segmentos; fêmur posterior e margem dos conexivos usualmente com estruturas estridulatórias (Fig. 2)..............................................................Stridulivelia [região Neotropical] 2’. Segmentos abdominais sem sulcos transversais laterais; fêmur e conexivos sem estruturas estridulatórias..............................................................................................................................3 3. Metaesterno sem tubérculos laterais (e.g. Fig. 1F).................................................................4 3’. Metaesterno com um par de tubérculos laterais (Fig. 1G-H)................................................5 4. Perna mediana com tarsômero II geralmente menor ou igual à 2x o comprimento do tarsômero I; tarsômero III de todas as pernas expandidos lateralmente, com as margens divergentes (Fig. 1I); asas anteriores das formas macrópteras com apenas um par de manchas basais; mancha apical ausente (e.g. Figs. 4C, 5)................................Oiovelia [América do Sul] 7 4’. Perna mediana geralmente com tarsômero II distintamente maior em comprimento que o tarsômero I (geralmente 3–5x); tarsômero III de todas as pernas cilíndricos, com as margens laterais paralelas (Fig.1J); asas anteriores das formas macrópteras com um par de manchas basais e outra mancha apical (e.g. Figs. 19A, 20) (P. basalis e P. itatiayana podem não possuir a mancha apical)...............................................................................................Paravelia [região Neotropical; exceto P. taipiensis descrita para o leste do Pacífico] 5. Margem interna dos mesoacetábulos com um par de tubérculos anterior aos tubérculos laterais do metaesterno (Fig. 1H); ângulos umerais sem espinhos ou projeções..........Platyvelia [Sul dos EUA e região Neotropical] 5’. Margem interna dos mesoacetábulos sem tubérculos (Fig. 1G); ângulos umerais geralmente formando pequenos espinhos ou projeções.........Steinovelia [Sul dos EUA e região Neotropical] Figura 2. Stridulivelia sp. – (A) Aspecto lateral (pernas removidas) (seta indicando a fileira estridulatória do conexivo e o sulco transversal dos segmentos abdominais), (B) parte do fêmur posterior em vista dorsal (seta indicando as áreas estridulatórias). Escala 1 mm. 8 2. OBJETIVOS 2.1. – Geral Estudar taxonomicamente os gêneros Oiovelia Drake & Maldonado-Capriles, 1952 e Paravelia Breddin, 1898. 2.2. – Específicos Redescrever ambos os gêneros estudados, adicionando ilustrações e caracteres não mencionados na descrição original; Descrever novas espécies em ambos os gêneros; Confeccionar chaves de identificação para as espécies de Oiovelia e para as espécies de Paravelia registradas no Brasil; Oferecer diagnoses, comentários e os registros geográficos para todas as espécies em ambos os gêneros; Confeccionar mapas de distribuição para as espécies de Oiovelia e para as novas espécies de Paravelia. 3. MATERIAL E MÉTODOS A dissertação foi redigida de acordo com o tópico 3 “Formatação com dois ou mais capítulos” das Normas para a Apresentação de Trabalhos de Conclusão dos Programas de Pós-Graduação do INPA, Janeiro de 2011. O periódico escolhido para ambas as publicações foi a Zootaxa (ISSN 1175-5334 – edição online). A terminologia utilizada, bem como as instituições em que os espécimes aqui estudados encontram-se depositados, é mencionada nos respectivos artigos. As referências bibliográficas foram listadas ao final dos respectivos artigos, com exceção das referências citadas na introdução geral e nas considerações finais da Dissertação, normatizadas de acordo com Acta Amazônica e citadas a partir da página 168. As espécies novas aqui descritas foram nomeadas com letras maiúsculas em ordem alfabética para ambos os artigos. A descrição dessas novas espécies não representa registro científico permanente de acordo com os artigos 7 e 8 do Código Internacional de Nomenclatura Zoológica, sendo essas decisões taxonômicas propostas oficialmente em publicação posterior. 9 As informações provenientes para as espécies que não tiveram espécimes analisados foram obtidas pelas descrições originais, além de artigos publicados posteriormente que mencionam dados morfológicos ou oferecem ilustrações. Por fim, segue o Anexo (Pág. 171) contendo o artigo publicado durante o desenvolvimento da dissertação, que contempla parte dos resultados gerados. 10 ___________________________________________________________________________ CAPÍTULO 1 Revisão taxonômica do gênero Oiovelia Drake & Maldonado-Capriles, 1952 (Hemiptera: Heteroptera: Veliidae). Manuscrito em preparação para Zootaxa. 11 Revisão taxonômica do gênero Oiovelia Drake & Maldonado-Capriles, 1952 (Hemiptera: Heteroptera: Veliidae) Programa de Pós-Graduação em Entomologia, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus, AM, Brasil Resumo O gênero Oiovelia Drake & Maldonado-Capriles, 1952 é revisado, com oito espécies reconhecidas, sendo quatro delas novas: Oiovelia A sp. nov. de Minas Gerais; Oiovelia B sp. nov. do Amazonas; Oiovelia C sp. nov. do Amazonas e Pará; e Oiovelia D sp. nov. de Roraima. Oiovelia rivicola Spangler é registrada pela primeira vez no Brasil. Todas as espécies do gênero são registradas para a América do Sul e exceto O. spumicola Spangler não é registrada para a fauna brasileira. Fotos coloridas, chave de identificação e mapas de distribuição para as espécies são fornecidos. Palavras chave: América do Sul, Gerromorpha, novas espécies, percevejos aquáticos, Veliinae Abstract The genus Oiovelia Drake & Maldonado-Capriles, 1952 is revised, with eigth species recognized, four of them are new: Oiovelia A sp. nov. from Minas Gerais; Oiovelia B sp. nov. from Amazonas; Oiovelia C sp. nov. from Amazonas and Pará; and Oiovelia D sp. nov. from Roraima. Oiovelia rivicola Spangler is recorded for the first time in Brazil. All species of the genus are recorded from South America, and except O. spumicola Spangler is not recorded for Brazilian fauna. Colored photos, identification key, and distributional map for species are provided. Key words: Gerromorpha, new species, South America, Veliinae, water-striders 12 Introdução Os percevejos do gênero Oiovelia Drake & Maldonado-Capriles, 1952 (Insecta: Hemiptera: Heteroptera: Veliidae) são insetos semi-aquáticos que vivem predominantemente nas espumas formadas nos ambientes de correnteza (Fig. 3), podendo ser ocasionalmente coligidos sobre troncos, kinon [conjunto de matéria orgânica, incluindo frutos, sementes, pétalas de flor, galhos, folhas, etc, que se acumulam na margem dos ambientes de correnteza (Fittkau 1977)], ou mais raramente, atraídos para armadilhas luminosas (Spangler 1986; Moreira et al. 2010). Até o momento, além de Oiovelia, o gênero Aphrovelia Polhemus & Polhemus, 1988 restrito à Madagascar e uma única espécie de Pseudovelia Hoberlandt, 1950 restrita ao Sri Lanca (Andersen 1983; Polhemus & Polhemus 1988), são os únicos heterópteros semi-aquáticos capazes de colonizarem as espumas. Porém, desses três gêneros, Oiovelia é o único capaz de colonizar o interior das espumas e formar galerias, ao contrário dos outros dois que vivem apenas sobre a superfície. Tendo em vista que são gêneros distantes filogeneticamente, esse hábito de viver sobre as espumas provavelmente evoluiu independentemente pelo menos duas vezes (Polhemus & Polhemus 1988). Oiovelia foi estabelecido por Drake & Maldonado-Capriles (1952) para incluir uma única espécie coletada na Venezuela, Oiovelia cunucunumana Drake & Maldonado-Capriles. Três anos mais tarde, Drake & Roze (1955) coletaram esta espécie no Paraguai e descreveram o macho, desconhecido até então. Após mais de trinta anos, Spangler (1986) descreveu outras duas espécies também para a Venezuela, O. spumicola e O. rivicola. Além disso, registrou O. cunucunumana para o Brasil e Peru. Na década seguinte, Mazzucconi & Bachmann (1997a) registram pela primeira vez o gênero e sua espécie-tipo na Argentina. Neste mesmo ano, os mesmos autores também publicaram um trabalho sobre os estádios imaturos do gênero (Mazzucconi & Bachman 1997b). Posteriormente, Mazzucconi & Bachman (2006) sinonimizaram Paravelia correntina Iglesias & Crespo, 1999 com Oiovelia cunucunuma Drake & Maldonado-Capriles, 1952. Após isso, Moreira et al. (2010) descreveram a última espécie do gênero, O. brasiliensis, para o estado do Espírito Santo, registrando pela primeira vez o gênero no Sudeste do país. Por fim, após a descrição da quarta espécie do gênero, trabalhos envolvendo novos registros geográficos para O. cunucunumana e O. brasiliensis foram publicados (Moreira & Barbosa 2011, 2012; Moreira & Campos 2012; Moreira et al. 2012; Rodrigues et al. 2012), além do catálogo para as espécies de percevejos aquáticos e semi-aquáticos registradas para o Brasil (Moreira et al. 2011). 13 Nesse estudo, após o exame de parte do material-tipo, material depositado em coleções e material coletado no Brasil, foi possível realizar a redescrição das espécies conhecidas e a descoberta de quatro espécies novas, que aqui são descritas, ilustradas e comparadas com suas espécies morfologicamente similares. Fotos da vista dorsal, ilustrações da genitália masculina e mapas de distribuição para todas as espécies de Oiovelia são fornecidos. Material e Métodos O material estudado consiste em espécimes preservados em álcool ou montados via seca em dupla montagem, depositados nas seguintes coleções: CZNC – Coleção Zoológica Norte Capixaba, Universidade Federal do Espírito Santo, São Mateus, Brasil; DPIC – Coleção de Invertebrados, Departamento de Parasitologia, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil; INPA – Coleção de Invertebrados, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus, Brasil; MZSP – Museu de Zoologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil. As imagens foram obtidas com auxílio de uma câmera Leica DFC420 acoplada em um microscópio estereoscópico Leica M165C, processadas usando o programa “Leica Application Suite” V3.7.0 e montadas através da opção “Auto-Montage”. Todas as medidas são dadas em milímetros. As abreviações usadas para as medidas são: comprimento do corpo (CC), comprimento da cabeça (CCA), largura da cabeça incluindo os olhos (LCA), comprimento dos antenômeros I–IV [sem considerar os tubérculos] (ANT I, ANT II, ANT III, ANT IV), largura máxima do olho (OLH), comprimento do pronoto na linha mediana (CPRO), largura do pronoto entre os ângulos humerais (LPRO), comprimento dos segmentos da perna anterior (PANT), comprimento dos segmentos da perna mediana (PMED), comprimento dos segmentos da perna posterior (PPOS), comprimento do fêmur (FEM), comprimento da tíbia (TIB), comprimento dos tarsômeros I–III (TAR I, TAR II, TAR III). Os caracteres citados na redescrição do gênero, não foram repetidos nas descrições e redescrições. A terminologia utilizada segue Spangler (1986) e Moreira et al. (2010). As áreas pruinosas presentes pelo corpo, em geral, são melhor visualizadas com um específico ângulo 14 de iluminação, sendo eles: áreas do lobo anterior do pronoto com iluminação anterior; lobo posterior do pronoto com iluminação anterior ou lateral; e áreas laterais dos segmentos abdominais com iluminação posterior. Taxonomia Veliidae Brullé, 1836 Gênero Oiovelia Drake & Maldonado-Capriles Oiovelia Drake & Maldonado-Capriles, 1952: 51. Espécie tipo: Oiovelia cunucunumana Drake & Maldonado-Capriles, 1952, por designação original. Redescrição. Coloração geral do corpo variando entre amarelo, marrom avermelhado até preto, marcado com áreas pruinosas. Tamanho médio (comprimento 3,10–4,15 mm) comparado com outros veliíneos, sendo as fêmeas um pouco maiores que os machos. O corpo não possui cerdas modificadas similares a diminutos espinhos (chamadas em inglês como: minute conical black setae; minute peg-like points; black denticle; short black spinules; ou flattened triangular tooth). Cabeça, assim como na maioria dos veliídeos, alongada para frente e estendida para baixo, com três pares de tricobótrias dorsais, sutura mediana longitudinal e um par de pontuações oblíquas na região posterior, geralmente perto da margem interna dos olhos (Fig. 1A). Olhos globosos, separados entre si por mais que uma vez a largura de um olho, localizados na porção posterior da cabeça, adjacentes a margem anterior do pronoto (Fig. 1A). Cerdas oculares sempre presentes, um par em cada olho. O rostro atinge a mesocoxa, com o segmento III distintamente maior em comprimento que os restantes. O pronoto, em ambas as formas alares, longo, cobrindo o meso- e o metanoto, com uma fileira de pontuações arredondadas adjacentes à margem anterior (Fig. 1B); lobo posterior coberto por essas mesmas pontuações e com o ângulo posterior arredondado (Fig.1 B); áreas pruinosas, geralmente sobre as laterais do lobo anterior e/ou próximo à margem posterior (Fig. 12C). Forma áptera com os ângulos umerais não elevados, o contrário ocorrendo na forma macróptera, que possui o pronoto mais largo e os ângulos umerais desenvolvidos e levemente elevados. Asas anteriores com quatro células fechadas, atingindo os segmentos genitais e geralmente marrom-escuras; quando fechadas, com um par de manchas basais amareladas ou esbranquiçadas, além de áreas pruinosas que podem variar em 15 forma, tamanho e intensidade. Pro-, mesopleura e prosterno com fileira de pontuações arredondadas. Região intersegmentar entre o meso- e metaesterno com dois pares de pequenos tubérculos dispostos medialmente (Fig. 1E). Pernas sem modificação, espinhos ou dentículos; todas com três tarsômeros e garras falciformes; tarsômeros I e II curtos, o III maior em comprimento e largura em relação aos dois primeiros; tarsômero II da perna mediana geralmente no máximo com 2x o comprimento do I; tarsômero III expandido, com as margens laterais divergentes; duas garras quitinosas; um arólio ventral e outro dorsal, ambos em forma de cerda; essas estruturas estão inseridas em uma fenda mediana que divide o segmento em dois lobos, o externo o dobro de tamanho do interno (Fig.1I). Macho com grasping comb sobre a margem interna das tíbias anteriores (Fig. 1C-D), sempre ausente na fêmea (estrutura que consiste em um pente estriado no ápice das tíbias). Abdome em ambos os sexos geralmente com áreas pruinosas laterais; ângulo posterior do último segmento do conexivo não desenvolvido. Machos com os conexivos levemente elevados; forma áptera com seis tergitos visíveis (Fig. 4A); tergito VII com margem posterior levemente côncava (Fig. 4A; 7A); esternito abdominal VII sem projeções; proctíger geralmente sem expansão ou espinho; parâmeros simétricos, alongados e levemente curvados (Fig. 14). Fêmeas com os conexivos elevados; forma áptera com sete tergitos visíveis, geralmente com os conexivos levemente refletidos sobre o abdome (Fig. 4B; 7B); tergito II geralmente inchado; tergito III geralmente dirigido para baixo, com uma fissura transversal no terço apical; proctíger curto e globoso. Comentários. Morfologicamente muito similar ao gênero Paravelia, diferenciando-se principalmente pelo formato do tarsômero III, expandido e com as margens laterais divergentes (Fig. 1I), enquanto que em Paravelia o tarsômero é cilíndrico ou subcilíndrico, com as margens paralelas (Fig. 1J). Além disso, as espécies de Oiovelia possuem sobre as asas anteriores apenas um par de manchas basais surgindo dos ângulos umerais, com o restante das asas no máximo com pruinosidades (e.g. Fig. 4C; Fig. 5). Em Paravelia, as espécies possuem um par de manchas basais e outra geralmente pré-apical (Fig. 18); além disso, possuem uma grande variedade de tamanho e formas dessas manchas, que podem estar ausentes em casos isolados. Paravelia bullialata Polhemus & Polhemus (Fig. 37A) possui o formato do tarsômero III muito similar às espécies de Oiovelia. Entretanto, uma revisão taxonômica dos veliíneos neotropicais em conjunto com um estudo filogenético se mostra necessário para reavaliar a posição genérica dessa espécie. 16 Em Oiovelia, observou-se que dentro das populações, é comum espécimes com grande variação de cor e das áreas pruinosas, o que pode haver necessidade do macho para confirmar a identificação específica, caso tenha um lote pequeno para analisar. Entretanto, as espécies do gênero possuem hábito gregário e, frequentemente, são coletadas em grande número de espécimes. Nas espumas, onde preferencialmente estes insetos vivem, é comum observar vários casais em cópula, além de ninfas de todos os ínstares. Quando comparados com outros veliídeos, o gênero possui o voo mais ativo, observado com fequência em campo a migração dos espécimes entre as espumas, além de duas espécies ocorrerem em uma mesma massa de espuma. Figura 3. Igarapés de Presidente Figueiredo, Amazonas, Brasil, onde parte dos espécimes de Oiovelia foram coletados, com a formação da típica espuma formada nos igarapés de água preta – (A) Cachoeira do Santuário, (B) Igarapé da Onça, (C) detalhe das espumas, (D) detalhe dos espécimes de Oiovelia sobre as espumas. 17 Chave de identificação para as espécies de Oiovelia Nota: a chave proposta abaixo é aplicável para machos e fêmeas, ápteros e macrópteros; porém, devido à variação de alguns caracteres utilizados, fêmeas provavelmente terão que ser identificadas por associação com machos. 1. Cabeça, pernas e pronoto amarelo-creme nos ápteros (Fig. 7) e pelo menos a metade posterior do pronoto nos macrópteros; proctíger do macho com um pequeno processo cônico sobre a metade da superfície dorsal (Fig. 8L); parâmero largo na base, afilando-se distalmente com o ápice em forma de um pequeno gancho (Fig. 8L)............................O. spumicola (Venezuela) 1’. Cabeça, pernas e pronoto marrom-avermelhados, marrom-alaranjados ou enegrecidos; proctíger do macho sem processo cônico sobre a superfície dorsal; ápice do parâmero arredondado ou subtruncado (Fig. 14), mas nunca em forma de gancho...................................2 2. Asa anterior com áreas pruinosas bem delimitadas entre as células (forma áptera desconhecida) (Figs. 10–12).......................................................................................................3 2’. Asa anterior com uma leve pruinosidade cobrindo uniformemente toda a asa, no máximo ausente sobre uma pequena região abaixo das manchas basais (forma áptera de O. brasiliensis e Oiovelia A sp. nov. conhecidas) (Figs. 4, 5–6, 9)....................................................................5 3. Pronoto alaranjado a marrom-alaranjado uniformemente (Fig. 12); coxas medianas marrons a marrom-escuras (Fig. 15C); parâmero estreitando-se levemente para o ápice (Figs. 13L, 14G)..........................................................................................Oiovelia D sp. nov. (Brasil: RR) 3’. Pronoto marrom-alaranjado a marrom-avermelhado, com o lobo anterior e geralmente uma faixa mediana e outra próxima ao ângulo umeral escura (Figs. 10–11); coxas medianas amareladas a marrom-amareladas (Fig. 15A–B); se o parâmero estreitar-se levemente para o ápice, então o proctíger possui uma leve depressão dorsal (Fig. 13K).......................................4 4. Grande parte da propleura e toda a mesopleura marrom-escura a preta (Fig. 15B); proctíger do macho com uma leve depressão dorsal aproximadamente sobre a metade posterior (Fig. 13K); parâmero estreitando-se levemente para o ápice (Figs. 13K, 14F)...................................................................................Oiovelia C sp. nov. (Brasil: AM, PA) 18 4’. Pro- e mesopleura com a metade dorsal marrom-alaranjada e a metade ventral marromescura (Fig. 15A); parâmero levemente estreito medialmente (Fig. 14E)..........................................................................................Oiovelia B sp. nov. (Brasil: AM) 5. Lobo posterior do pronoto com uma evidente área pruinosa, geralmente em forma de V (Fig. 6); parâmero estreito medialmente e alargando-se distintamente para o ápice sobre a superfície dorsal (Figs. 8M, 14C) (forma áptera desconhecida).................................O. rivicola (Venezuela, Brasil: AM, AP) 5’ Lobo posterior do pronoto se possuir área pruinosa, não evidente e de forma irregular (Figs. 4, 5, 9); parâmero não alargando-se distintamente sobre a superfície dorsal (Figs. 14A, B,D).............................................................................................................................................6 6. Margem do pronoto, abdome e pernas com várias cerdas escuras alongadas (Fig. 4); proctíger do macho medialmente com duas pequenas expansões em forma de espinhos sobre a superfície dorsal (Figs. 8I, J); fêmea com uma leve constrição sobre os esternitos abdominais III–IV (Fig. 4D).....................................................O. brasiliensis (Brasil: MG, ES, SP, RJ, RS) 6’. No máximo, a margem do lobo anterior do pronoto com um conjunto de cerdas escuras alongadas (Figs. 5, 9); proctíger do macho sem expansões em forma de espinhos sobre a superfície dorsal (Figs. 8K, 13I); fêmea sem constrição sobre os esternitos abdominais III–IV (e.g. Figs. 9D).............................................................................................................................7 7. Cabeça e pronoto enegrecidos (Fig. 9); parâmero com uma leve expansão sobre a superfície ventral na metade posterior, com poucas cerdas ao longo da superfície ventral e dorsal (Fig. 14D)........................................................................................Oiovelia A sp. nov. (Brasil: MG) 7’. Margem posterior da cabeça e pronoto marrom-alaranjado a marrom-avermelhado (Fig. 5); parâmero sem expansão sobre a superfície ventral, com um conjunto de várias cerdas na superfície ventral e dorsal (Fig. 14B)...........................................O. cunucunumana (Venezuela, Peru, Paraguai, Argentina, Brasil: AM, AP, PA, MG, SP, SC) 19 Redescrições Oiovelia brasiliensis Moreira, Nessimian & Rúdio (Figs. 4, 8A, E, I, J, 14A, 17) Oiovelia brasiliensis Moreira, Nessimian & Rúdio (in Moreira et al., 2010): 2763. [Descrição original] Oiovelia brasiliensis: Moreira & Barbosa 2011: 11. [Novos registros] Oiovelia cunucunumana: Moreira & Barbosa 2011: 11 [Identificação incorreta, em parte] Oiovelia brasiliensis: Moreira & Barbosa 2012: 64. [Novos registros] Oiovelia brasiliensis: Moreira & Campos 2012: 545. [Novo registro] Oiovelia brasiliensis: Rodrigues et al. 2012: 911. [Novo registro] Redescrição do macho áptero Dimensões (n=2). CC—3,25–3,29; CCA—0,50–0,55; LCA—0,65–0,67; ANT I—0,60–0,62, ANT II—0,45–0,50, ANT III—0,35, ANT IV—0,40–0,42; OLH—0,17; CPRO—1,12–1,20; LPRO—1,00–1,02; PANT: FEM—0,80–0,87, TIB—0,81–0,86, TAR I—0,06, TAR II—0,07, TAR III—0,37; PMED: FEM—1,04–1,07, TIB—1,13–1,15, TAR I—0,07, TAR II—0,11– 0,12, TAR III—0,40; PPOS: FEM—1,17–1,25, TIB—1,42–1,50, TAR I—0,08–0,10, TAR II—0,14–0,17, TAR III—0,40–0,41. Coloração. Cabeça marrom-avermelhada a marrom-escura. Antenas marrons a marromescuras; ápice do antenômero I e parte do III marrom-escuros. Olhos vermelho-escuros. Rostro marrom a marrom-claro, com o ápice do segmento III e todo o IV preto brilhante. Pronoto marrom-avermelhado escuro (Fig. 4A). Pleuras, acetábulos, ventre do tórax e segmentos do abdome marrom-avermelhados escuros. Coxas, trocânteres e fêmures marromclaros a amarelos; restante dos segmentos marrom-claro a marrom-escuro. “Grasping comb” da tíbia anterior preto brilhante. Tarsômeros com o ápice dos segmentos escuros. Segmentos genitais marrom-alaranjados. Cabeça. Coberta por uma pubescência dourada e longas cerdas escuras. Tubérculo antenífero inchado e brilhante. Antenas cobertas por pequenas cerdas douradas e longas cerdas escuras; antenômero I robusto, curvado para fora; antenômero II maior e ligeiramente mais robusto que o III; antenômero IV um pouco mair que o III e fusiforme (Fig. 4A). Tórax. Coberto pubescência curta e dourada, com áreas pruinosas sobre o lobo anterior e ápice do lobo posterior; longas cerdas escuras concentradas sobre o lobo anterior e próximo aos ângulos umerais (Fig. 4A); linha mediana com uma ligeira carena, mais evidente entre os ângulos umerais. Propleura com duas fileiras de pequenas pontuações arredondadas na região 20 posterior; mesopleura com uma fileira das mesmas pontuações na região anterior. Proesterno com uma fileira transversal de pontuações arredondadas, adjacentes à margem anterior. Pernas cobertas por pequenas cerdas douradas; fêmures e tíbias com longas cerdas escuras (Fig.4A). Fêmur anterior levemente expandido na metade posterior. Tíbia anterior com “grasping comb” ocupando quase a metade posterior. Abdome. Conexivos e tergitos abdominais cobertos por pubescência curta e dourada, com cerdas escuras alongadas. Abdome lateralmente com áreas pruinosas. Esternitos abdominais com a mesma pubescência e com poucas cerdas escuras. Conexivos inchados e levemente elevados. Tergitos II–IV subparalelos, V–VII convergentes (Fig. 4A). Último tergito abdominal levemente côncavo sobre a margem posterior (Fig. 4A). Segmento genital I com longas cerdas marrom-escuras sobre a metade posterior (Fig. 8A). Proctíger com um par de pequenas projeções, similares a espinhos, sobre aproximadamente metade da superfície dorsal (Figs. 8I, J). Parâmero alongado, levemente curvado para dentro sobre a metade posterior; superfície ventral levemente alargada após a metade do comprimento; ápice afilado, com a margem posterior arredondada (Figs. 8I, 14A). Redescrição da fêmea áptera Dimensões (n=3). CC—3,40–3,80; CCA—0,53–0,55; LCA—0,65–0,67; ANT I—0,62–0,65, ANT II—0,50–0,51, ANT III—0,37–0,40, ANT IV—0,43–0,45; OLH—0,16–0,20; CPRO— 1,19–1,30; LPRO—0,97–1,00; PANT: FEM—0,81–0,89, TIB—0,83–0,87, TAR I—0,07, TAR II—0,07, TAR III—0,36; PMED: FEM—1,12–1,18, TIB—1,16–1,18, TAR I—0,08, TAR II—0,12–0,14, TAR III—0,38–0,40; PPOS: FEM—1,23–1,30, TIB—1,50, TAR I— 0,08–0,09, TAR II—0,15–0,18, TAR III—0,40–0,45. Similar ao macho áptero em cor e morfologia, diferenciando-se pelo seguinte conjunto de caracteres: fêmur anterior não expandido; abdome constrito lateralmente sobre os segmentos III–IV (e.g. Fig. 4D); conexivos mais elevados, dobrados e refletidos sobre o abdome, principalmente os tergitos IV–VI; sete tergitos abdominais visíveis (Fig. 4B); tergito II inchado; tergito III plano e dirigido para baixo, com uma fissura no terço posterior; restante dos segmentos dispostos horizontalmente; último segmento abdominal mais curto, com a margem posterior côncava; longas cerdas escuras nos conexivos, na margem lateral dos segmentos abdominais IV–V e nos tergitos I e VI–VIII (Fig. 4B). 21 Figura 4. Oiovelia brasiliensis – (A) Aspecto dorsal do macho áptero (segmentos genitais removidos) [Parátipo], (B) aspecto dorsal da fêmea áptera, (C) aspecto dorsal da fêmea macróptera, (D) aspecto ventral da fêmea macróptera (seta indicando a constrição dos segmentos abdominais III e IV). Escala 1 mm. Redescrição da fêmea macróptera Dimensões (n=1). CC—3,92; CCA—0,62; LCA—0,70; ANT I—0,65, ANT II—0,52, ANT III—0,37, ANT IV—0,42; OLH—0,17; CPRO—1,45; LPRO—1,50; PANT: FEM—0,92, 22 TIB—0,90, TAR I—0,07, TAR II—0,07, TAR III—0,40; PMED: FEM—1,17, TIB—1,25, TAR I—0,08, TAR II—0,12, TAR III—0,45; PPOS: FEM—1,36, TIB—1,55, TAR I—0,08, TAR II—0,15, TAR III—0,42. Similar à fêmea áptera em coloração e morfologia, exceto: pronoto mais largo; ângulos umerais mais desenvolvidos, levementes elevados (Fig. 4C); asas anteriores marrom-escuras, com as veias levemente mais claras, alcançando os segmentos genitais e dobradas para cima perto do ápice quando em repouso; um par de manchas basais subtriangulares amarelopálidas, surgindo dos ângulos umerais e ultrapassando a margem posterior do pronoto; coberta inteiramente por pruinosidades, sendo essas mais nítidas entre as células (Fig. 4C). Variação intraespecífica. Foi observada variação substancial na coloração. Alguns espécimes possuem o tegumento do corpo e pernas marrom-alaranjados até marromamarelados; além da cor, os espinhos dorsais do proctíger do macho variaram ligeiramente em tamanho. Diagnose. Coloração dorsal da cabeça e do pronoto marrom-avermelhado. Corpo e pernas com longas cerdas escuras. Proctíger do macho com um par de pequenos espinhos dorsais sobre a metade de seu comprimento. Parâmero com a superfície ventral alargando-se na metade posterior. Abdome da fêmea com uma leve constrição lateral sobre os segmentos III e IV. Comentários. Espécie descrita para o Espírito Santo e posteriormente registrada para os outros três estados da região Sudeste e para o sul do país, no Rio Grande do Sul. Geralmente coletada em um número reduzido de espécimes, sugerindo que não é uma espécie gregária, o que ocorre com as outras espécies do gênero. Além disso, pode ou não ser encontrada sobre as espumas. É conhecida pelas formas áptera e macróptera, tendo Oiovelia A sp. nov. como espécie mofologicamente similar. Diferencia-se desta pela coloração do corpo, presença de um par de espinhos sobre o proctíger do macho (Fig. 8I) e segmento abdominal III–IV da fêmea levemente constrito (Fig. 4D); estando ausentes esses dois últimos caracteres em Oiovelia A sp. nov. Material-tipo examinado. Brasil: Espírito Santo – Pinheiros, Reserva Ecológica Córrego dos Veados, Córrego Água Limpa, espuma, -18.36776°, -40.13944°, 86 m de altitude, 10.II.2009, (F.F.F. Moreira): 1 macho áptero, 2 fêmeas ápteras [Parátipos] (CZNC). Santa Teresa, Reserva Biológica Augusto Ruschi, Cachoeira Grande, espuma, 19°52’30.1”S, 23 40°33’21.9”W, 704 m de altitude, 20.II.2009, (J.A. Rúdio & F.F. Salles): 1 fêmea macróptera [Parátipo] (CZNC). Material adicional examinado. Minas Gerais – Ipoema, 13.IX.2001, (A.L. Melo): 2 machos ápteros (DPIC). Serra do Cipó, 17.IV.1999, (A.L. Melo): 2 fêmeas ápteras (DPIC). Santana do Riacho, Lapinha da Serra, 19°10’08”S, 43°42’51”W, Cachoeira do Paraíso, 29.I.2011, (H.D.D. Rodrigues): 1 fêmea macróptera (DPIC). São Paulo – Salesópolis, E.B. Boracéia, Ribeirão Venerando, 27–28.V.1965, (C.G. Froehlich): 1 macho áptero (MZSP). Regristros geográficos. Brasil – Minas Gerais (Rodrigues et al. 2012; presente estudo); divisa de Minas Gerais e Rio de Janeiro (Moreira & Barbosa 2012); Espírito Santo (Moreira et al. 2010); São Paulo (Moreira & Barbosa 2011; presente estudo); Rio de Janeiro (Moreira et al. 2012); Rio Grande do Sul (Moreira & Campos 2012). Oiovelia cunucunumana Drake & Maldonado-Capriles (Figs. 5, 8B, F, K, 14B, 16) Oiovelia cunucunumana Drake & Maldonado-Capriles, 1952: 51. [Descrição original] Oiovelia cunucunumana: Drake & Roze 1955, 107. [Descrição do macho; novo registros] Oiovelia cunucunumana: Spangler 1986, 449. [Novos registros] Oiovelia cunucunumana: Mazzucconi & Bachmann 1997a, 62. [Novo registros] Oiovelia cunucunumana: Mazzucconi & Bachmann 1997b, 66. [Descrição de estádios imaturos] Paravelia correntina Iglesias & Crespo, 1999: 259. [Descrição original] Oiovelia cunucunumana: Mazzucconi & Bachmann: 2006. [P. correntina sinônimo-junior de O. cunucunumana] Oiovelia cunucunumana: Heckman 2011, 218. [Chave de identificação] Oiovelia cunucunumana: Moreira & Barbosa 2011, 11. [Novo registros] Oiovelia cunucunumana: Moreira et al. 2011, 19. [Catálogo] Oiovelia cunucunumana: Rodrigues et al. 2012, 911. [Novos registros] Redescrição do macho macróptero Dimensões (n=5). CC—3.05–3.20; CCA—0.45–0.47; LCA—0.57–0.62; ANT I—0.45–0.50, ANT II—0.37, ANT III—0.23–0.25, ANT IV—0.33–0.35; OLH—0.15–0.17; CPRO—1.12– 1.17; LPRO—1.07–1.12; PANT: FEM—0.70–0.75, TIB—0.72–0.75, TAR I—0.06, TAR II—0.07, TAR III—0.27–0.28; PMED: FEM—0.82–0.92, TIB—0.97, TAR I—0.07–0.08, TAR II—0.10–0.11, TAR III—0.32–0.35; PPOS: FEM—0.95–0.97, TIB—1.25–1.27, TAR I—0.07–0.08, TAR II—0.15, TAR III—0.35–0.37. Coloração. Cabeça marrom-escura a preta, com a margem interna dos olhos e a margem posterior marrom-alaranjado. Antenas marrom-escuras. Olhos vermelho-escuros. Rostro 24 marrom-escuro, exceto o segmento IV preto. Pronoto marrom-alaranjado, com a carena mediana mais clara e as margens do lobo posterior escurecidas. Asas anteriores marromescuras, com as veias escuras e uma pruinosidade leve e uniforme, exceto uma pequena área basal; um par de manchas basais amarelo-pálidas, alongadas, surgindo dos ângulos umerais e ultrapassando a margem posterior do pronoto (Fig. 5C). Coxas e trocânteres amarelados; tíbias, fêmures e tarsômeros marrom-escuros. Pro-, meso- e metaesterno variando de marrom a marrom-escuro, quase preto. Segmentos abdominais lateralmente marrom-escuros; ventralmente variando entre marrom-claro a marrom-alaranjado. Primeiro segmento genital e cápsula genital amarelado na metade anterior e marrom-escuro na metade posterior. Cabeça. Coberta por pequenas cerdas douradas, com longas cerdas escuras, concentradas dorsalmente à frente dos olhos. Tubérculo antenífero inchado e brilhante. Antenas cobertas por pequenas cerdas douradas; ápice do antenômero II, todo o III e o IV com longas cerdas escuras dispersas. Tórax. Pronoto (Fig. 5C) coberto por pequenas cerdas douradas e longas cerdas escuras, essas últimas concentradas no lobo anterior e margem posterior, com carena mediana longitudinal visível e uma pequena área pruinosa transversal lateralmente entre os lobos anterior e posterior. Pleuras com áreas pruinosas; pro- e mesopleura com uma fileira de pontuações arredondadas; metapleura com cerdas esbranquiçadas na região posterior. Pernas cobertas por pequenas cerdas douradas, e longas cerdas escuras dispersas. Tíbia anterior com um pequeno achatamento na metade posterior e “grasping comb” presente nos 2/3 apicais. Abdome. Áreas pruinosas sobre o segmento abdominal II e uma pequena região abaixo dos espiráculos nos segmentos III–VI. Conexivos não elevados, densamente cobertos por pequenas cerdas douradas. Primeiro segmento genital com a margem anterior ventral escavada; dorsalmente com longas cerdas marrons escuras sobre a região posterior e margem posterior levemente côncava (Fig 8B). Proctíger sem expansão ou espinho na superfície dorsal (Fig. 8K). Parâmero levemente estreito medialmente, com o ápice arredondado e ligeiramente curvado para dentro (Fig. 14B). Redescrição da fêmea macróptera Dimensões (n=5). CC—3,65–3,75; CCA—0,60–0,61; LCA—0,63–0,65; ANT I—0,57–0,58, ANT II—0,47–0,49, ANT III—0,26–0,30, ANT IV—0,33–0,37; OLH—0,15–0,17; CPRO— 25 1,30–1,32; LPRO—1,20–1,22; PANT: FEM—0,80–0,86, TIB—0,80–0,85, TAR I—0,06, TAR II—0,07, TAR III—0,33–0,34; PMED: FEM—1,00–1,02, TIB—1,12–1,13, TAR I— 0,07, TAR II—0,12, TAR III—0,37–0,40; PPOS: FEM—1,15–1,27, TIB—1,47–1,50, TAR I—0,08, TAR II—0,17–0,20, TAR III—0,40–0,45. Similar em coloração e morfologia (Figs. 4A–B) ao macho macróptero, exceto: conexivos mais elevados e marrom-alaranjados lateralmente; áreas pruinosas entre os espiráculos dos segmentos abdominais III–IV e uma pequena região abaixo dos espiráculos nos segmentos III–V (visto com iluminação posterior); apódema ventral visível, surgindo da margem posterior do esternito VI e continuando até aproximadamente a metade do esternito IV (melhor visualizado em meio líquido). Forma áptera e braquíptera. Desconhecidas. Variação intraespecífica. Dentro da mesma população a cor da cabeça e do pronoto variaram significativamente, do marrom-alaranjado típico dessa espécie, até um marrom-escuro (Fig. 5 A–B). Em alguns casos, não é nítida a dirença de cor presente dorsalmente sobre a cabeça. Diagnose. Cabeça marrom-escura a preta, exceto a margem interna dos olhos e margem posterior marrom-alaranjada. Pronoto marrom-alaranjado, com apenas uma pequena área pruinosa lateral entre os lobos anterior e posterior. Asas anteriores sem áreas pruinosas definidas, no máximo com uma levre pruinosidade uniforme por quase toda a asa. Proctíger do macho sem elevação ou espinho dorsal. Parâmero afilando-se levemente no meio, com o ápice arredondado. Comentários. É conhecida apenas pela forma macróptera e até o momento é a espécie do gênero que abrange a maior área de ocorrência, registrada da Venezuela até a Argentina (Fig. 16). Nas coletas realizadas no estado do Amazonas frequentemente coletou-se na mesma massa de espuma espécimes de O. cunucunumana juntos com O. rivicola. São espécies similares morfologicamente, sendo diferenciadas pela pruinosidade em forma de V sobre o lobo posterior do pronoto e formato do parâmero do macho. Em O. cunucunumana a área pruinosa está ausente (Fig. 5) e o parâmero não dilata-se distintamente posteriormente (Fig. 8K), enquanto em O. rivicola a pruinosidade está presente (Fig. 6) e o parâmero dilata-se na metade posterior (Fig. 8M). 26 Figura 5. Oiovelia cunucunumana – (A–B) aspecto dorsal da fêmea macróptera, (C) aspecto dorsal do macho macróptero. Escala 1 mm. Material examinado. Todos os espécimes macrópteros. Brasil: Amapá – Serra do Navio, Rio Cachaço, Cachoeira do Fernando, 00°53’18.8”N, 52°01’22.9”W, 02.VIII.2011, (A.M.O. Pes, P.V. Cruz & A.S. Fernandes): 4 macho, 7 fêmeas, 12 ninfas (INPA). Amazonas – Barcelos, Comunidade Ucuqui, Rio Jauari, 23.VII.2009, (N. Ferreira-Jr & J.L. Nessimian): 2 machos, 7 fêmeas, 4 ninfas (INPA). Presidente Figueiredo, AM-240, Km 12, Reserva Ecológica Cachoeira do Santuário, 02°03’43”S/59°55’44”O, 30.VI.2011, (H.D.D. 27 Rodrigues): 5 machos, 5 fêmeas (INPA); Km 13, Cachoeira da Porteira, 02°02’15”S/59°54’53”O, 30.VI.2011, (H.D.D. Rodrigues): 18 machos, 20 fêmeas, 4 ninfas (INPA); mesmos dados, exceto 16.VIII.2011: 16 machos, 8 fêmeas, 9 ninfas (INPA); km 20, Igarapé da Onça, Balneário Sossego da Pantera, 02°02’34”S/59°51’08”O, 29.VI.2011, (H.D.D. Rodrigues): 24 machos, 32 fêmeas, 44 ninfas (INPA); mesmos dados, exceto 17.VIII.2011: 13 machos, 19 fêmeas, 14 ninfas (INPA); Km 20, Sítio Santo Amaro, 02°04’05”S/59°54’28,8”O, 18.VIII.2011, (H.D.D. Rodrigues): 12 machos, 6 fêmeas, 3 ninfas (INPA); BR-174, Km 107, Balneário Marupiara, 02°07’S/60°06’O, 01.VII.2011, (H.D.D. Rodrigues): 1 macho, 1 fêmea, 6 ninfas (INPA). São Gabriel da Cachoeira, Igarapé Miuá, abaixo da cachoeira da hidrelétrica, 00°06’33,2”S/66°52’24,2”O, 24.VIII.2011, (R.L.FerreiraKeppler, P.V. Cruz, A.S. Fernandes & E.A. Reis): 73 machos, 51 fêmeas, 31 ninfas (INPA). Pará – BR-230, Rio Jaú, 23.IV.1988, (U. Barbosa): 1 macho, 3 fêmeas (INPA). Rio Mapuera, margem esquerda do Igarapé Beiradão, 19.VI.1986, (V. Py-Daniel & U. Barbosa): 10 machos, 9 fêmeas (INPA). Minas Gerais – Luz, Ribeirão Jorge Grande, 19°40’13”S/45°36’37”O, 20.II.2010, (H.D.D. Rodrigues): 1 fêmea (DPIC); mesmos dados, exceto 13.III.2010, (H.D.D. Rodrigues & G.J.C. Vianna): 7 machos, 4 fêmeas (DPIC). São Paulo – Marília, 22°16’S/49°56’O, 650 m de altitude, V.1947, (F. Plaumann): 1 macho (MZSP). Pirassununga, 28.II.1940, (Schubart): 1 macho, 3 fêmeas (MZSP). Registros geográficos. Venezuela (Drake & Maldonado-Capriles 1952; Drake & Roze 1955), Brasil [Amapá, Amazonas, Minas Gerais, São Paulo (presente estudo), Santa Catarina] (Spangler 1986; Moreira & Barbosa 2011; Rodrigues et al. 2012), Peru (Spangler 1986), Paraguai (Drake & Roze 1955) e Argentina (Mazzucconi & Bachmann 1997) (Fig. 13). Oiovelia rivicola Spangler (Figs. 6, 8C,G,M, 14C, 17) Oiovelia rivicola Spangler, 1986: 446. [Descrição original] Oiovelia rivicola: Heckman 2011, 218. [Chave de identificação] Redescrição do macho macróptero Dimensões (n=5). CC—3,55–3,57; CCA—0,51–0,55; LCA—0,60–0,62; ANT I—0,55–0,57, ANT II—0,50–0,52, ANT III—0,37–0,38, ANT IV—0,45–0,47; OLH—0,15–0,17; CPRO— 1,20–1,25; LPRO—1,12–1,17; PANT: FEM—0,85, TIB—0,85–0,86, TAR I—0,06, TAR 28 II—0,07, TAR III—0,31–0,32; PMED: FEM—1,02–1,03, TIB—1,12–1,15, TAR I—0,07, TAR II—0,15–0,16, TAR III—0,32–0,35; PPOS: FEM—1,15–1,17, TIB—1,45–1,50, TAR I—0,07–0,08, TAR II—0,22–0,26, TAR III—0,33–0,35. Coloração. Cabeça marrom-alaranjada, com a região ventral perto da margem posterior mais escura. Antenas marrom-escuras. Olhos vermelho-escuros. Rostro marrom-escuro, exceto o ápice do segmento III e todo o IV preto. Pronoto marrom-avermelhado, com uma linha mediana clara e as margens do lobo posterior alaranjadas. Asas anteriores marrom-escuras, com uma ligeira pruinosidade uniforme por toda a asa, exceto na região basal; veias escuras, um par de manchas basais amarelo-pálidas, alongadas, surgindo dos ângulos umerais e ultrapassando a margem posterior do pronoto (Fig. 6A). Pleuras marrom-escuras a pretas. Coxas e trocânteres amarelados; pro-, meso-, metaesterno, tíbias, fêmures e tarsômeros marrom-escuros. Conexivos amarronzados. Segmentos abdominais escuros na altura dos espiráculos; ventralmente marrom-claro. Primeiro segmento genital e pigóforo amarelado na metade anterior e marrom-escuro na metade posterior. Cabeça. Coberta por pubescência curta e dourada, com cerdas longas escuras concentradas à frente dos olhos. Tubérculos anteníferos inchados e brilhantes. Antenas cobertas por uma fina camada pubescente dourada, com ápice do segmento II, todo o III e o IV com longas cerdas escuras dispersas; antenômero I robusto, alargando-se da base para o ápice e curvado para fora, ligeiramente mais espesso que o antenômero II; II maior e ligeiramente mais robusto que o III; antenômero IV um pouco maior que o III e fusiforme. Tórax. Pronoto coberto por pubescência dourada e cerdas longas escuras, essas últimas concentradas nas margens do lobo anterior; um par de pequenas áreas pruinosas lateralmente na região posterior do lobo anterior (vista com iluminação anterior); grande área pruinosa esbranquiçada em forma de V distalmente sobre o lobo posterior, não atingindo as margens (vista com iluminação lateral) (Fig. 4); linha mediana com uma ligeira carena, mais evidente entre os ângulos umerais. Pleuras com áreas pruinosas (vistas com iluminação anterior); proe mesopleura com pontuações arredondadas; metapleura com cerdas esbranquiçadas na porção posterior. Proesterno com uma fileira transversal de pontuações arredondadas. Pernas cobertas por uma fina camada pubescente dourada, dispersas com longas cerdas escuras; sem espinhos. Tíbia anterior com um leve achatamento distal e a margem interna com “grasping comb” (0.60 mm) sobre os 2/3 apicais. 29 Abdome. Área pruinosa sobre o segmento abdominal III e uma pequena região abaixo dos espiráculos nos segmentos IV–V (vistas com iluminação posterior). Conexivos não elevados, coberto por uma pubescência dourada e longas cerdas marrons escuras. Ventralmente coberto por pubescência mais esbranquiçada. Segmento genital I com a margem anterior escavada ventralmente; região posterior com longas cerdas escuras dorsalmente e margem posterior dorsal reta (Fig. 8C). Proctíger sem expansões, projeções ou espinhos (Fig. 8M). Parâmero alongado, estreito medialmente e alargando-se distintamente para o ápice (Fig. 14C). Redescrição da fêmea macróptera Dimensões (n=5). CC—3,90–4,12; CCA—0,55; LCA—0,65; ANT I—0,60–0,62, ANT II— 0,52–0,55, ANT III—0,33–0,40, ANT IV—0,42–0,48; OLH—0,17–0,18; CPRO—1,40–1,42; LPRO—1,25–1,27; PANT: FEM—0,92–0,95, TIB—0,92–0,94, TAR I—0,06, TAR II— 0,07–0,08, TAR III—0,35; PMED: FEM—1,05–1,20, TIB—1,15–1,25, TAR I—0,07, TAR II—0,15–0,18, TAR III—0,37; PPOS: FEM—1,30–1,45, TIB—1,47–,167, TAR I—0,07– 0,08, TAR II—0,25, TAR III—0,37–0,40. Similar em coloração e morfologia ao macho macróptero (Fig. 6B), exceto: conexivos mais elevados; áreas pruinosas entre e acima do espiráculo no segmento IV, abaixo do espiráculo no segmento V e uma pequena região abaixo dos espiráculos nos segmentos III e VI. Variação intraespecífica. Observou-se que a pruinosidade sobre o lobo posterior do pronoto em alguns espécimes não forma o V nítido (Fig. 6B) e em casos bem específicos, a pruinosidade não é tão evidente. Além disso, a pruinosidade sobre as asas anteriores de alguns espécimes não é uniforme, podendo ter leves falhas medialmente (e.g. Fig. 6B). Forma áptera e braquíptera. Desconhecidas. Diagnose. Coloração marrom-avermelhada sobre a cabeça e grande parte do pronoto, exceto as margens do lobo posterior alaranjadas; um par de pequenas áreas pruinosas lateralmente sobre o lobo anterior e outra grande em forma de V sobre o lobo posterior do pronoto. Pernas marrom-escuras a pretas. Proctíger sem elevação ou espinho dorsalmente. Parâmero estreito medialmente, alargando-se distintamente na metade posterior. Comentários. Essa espécie se parece morfologicamente com O. cunucunumana, além de ser frequentemente coletada em conjunto com ela. Ambas colonizam as mesmas espumas ao longo das margens dos igarapés. Entretanto, O. rivicola possui uma área pruinosa em forma 30 de V na margem posterior do pronoto (Fig. 6) e o parâmero alargado no ápice (Figs. 8M, 14C), enquanto em O. cunucunumana essa pruinosidade está ausente (Fig. 5), e o parâmero não se alarga tão fortemente, além de possuir mais cerdas ao longo de suas margens (Figs. 8K, 14B. Diferencia-se das outras espécies que possuem uma pruinosidade em forma de V sobre o lobo posterior do pronoto (Oiovelia B sp. nov., Oiovelia C sp. nov. e Oiovelia D sp. nov.) pelas asas anteriores, que não possuem áreas pruinosas bem delimitadas (Fig. 6), o que ocorre nas outras três (Figs. 10–12). Spangler (1986) ao descrever essa espécie, menciona que todos os espécimes foram coletados com a utilização de uma armadilha de luz ultravioleta, às margens do Rio Baria, em uma região não elevada (140 m) no sul da Venezuela. O autor ainda presumiu que seu habitat possivelmente seja córregos ou igarapés. No presente estudo, espécimes de O. rivicola foram coletados nas espumas formadas nos ambientes de correnteza, tanto na superfície quanto nas galerias formadas dentro destas espumas. É registrada pela primeira vez no Brasil, nos estados do Amazonas e Amapá (Fig. 17). Material examinado. Todos os espécimes macrópteros. Brasil: Amapá – Serra do Navio, Rio Cachaço, Cachoeira do Fernando, 00°53’18.8”N/ 52°01’22.9”O, 02.VIII.2011, (A.M.O. Pes, P.V. Cruz & A.S. Fernandes): 1 macho (INPA). Amazonas – Presidente Figueiredo, BR174, Km 115, Igarapé das Lajes, 01°59’S/60°01’O, 01.VII.2011, (H.D.D. Rodrigues): 5 machos, 1 fêmea (INPA); AM-240, Km 12, Reserva Ecológica Cachoeira do Santuário, 02°03’43”S/ 59°55’44”O, 30.VI.2011, (H.D.D. Rodrigues): 52 machos, 35 fêmeas (INPA); Km 13, Cachoeira da Porteira, 02°02’15”S/59°54’53”O, 30.VI.2011, (H.D.D. Rodrigues): 19 machos, 10 fêmeas (INPA); Km 20, Igarapé da Onça, Balneário Sossego da Pantera, 02°02’34”S/ 59°51’08”O, 29.VI.2011, (H.D.D. Rodrigues): 19 machos, 14 fêmeas (INPA); Km 20, Sítio Santo Amaro, 02°04’05”S/ 59°54’28,8”O, 18.VIII.2011, (H.D.D. Rodrigues): 8 machos, 1 fêmea (INPA). São Gabriel da Cachoeira, Igarapé Miuá, 00°06’14,2”S/ 66°52’31,3”O, 24.VIII.2011, (R.L. Ferreira-Keppler, P.V. Cruz, A.S. Fernandes & E.A. Reis): 41 machos, 24 fêmeas, 24 ninfas (INPA). Apuí, 06°51’35”S/ 59°58’32”O, 03.V.1999, (N. Hamada): 11 machos, 16 fêmeas (INPA) [Primeiro registro para o Brasil]. Registro geográfico. Venezuela: Amazonas – Divisa com o Brasil (Spangler 1986) (Fig. 17). 31 Figura 6. Oiovelia rivicola – (A) aspecto dorsal do macho macróptero, (B) aspecto ventral da fêmea macróptera. Escala 1 mm. Oiovelia spumicola Spangler (Figs. 7, 8D,H,L, 16) Oiovelia spumicola Spangler, 1986: 438. [Descrição original] Oiovelia spumicola: Mazzucconi & Bachman 1997b: 68. [Descrição de imaturos] Oiovelia spumicola: Heckman 2011, 218. [Chave de identificação] Redescrição do macho áptero Dimensões (n=1). CC—3,10; CCA—0,50; LCA—0,60; ANT I—0,62, ANT II—0,33, ANT III—0,27, ANT IV—0,40; OLH—0,12; CPRO—0,97; LPRO—1,05; PANT: FEM—0,85, TIB—0,83, TAR I—0,06, TAR II—0,06, TAR III—0,35; PMED: FEM—0,92, TIB—0,97, TAR I—0,06, TAR II—0,10, TAR III—0,40; PPOS: FEM—1,15, TIB—1,30, TAR I—0,07, TAR II—0,10, TAR III—0,40. Coloração. Corpo amarelo creme, com exceção dos olhos vermelho-escuros (Fig. 7). Ápice do antenômero II e parte do III amarronzados. Rostro com o ápice do segmento III e todo o segmento IV enegrecidos. Ápice da tíbia anterior amarronzada. “Grasping comb” no ápice da 32 tíbia anterior, metaesterno e área central dos esternitos abdominais V e VI marrom-escuros a pretos; área escura sobre o esternito V com a margem anterior em forma de “V” (Fig. 7C). Cabeça. Coberta por pubescência fina e dourada, com cerdas castanhas alongadas concentradas dorsalmente à frente dos olhos. Antenas com fina camada pubescente dourada, com poucas cerdas alongadas sobre os dois últimos segmentos; segmento I curvado para fora, alargando-se da base para o ápice, mais espesso que o segmento II; segmento II maior e mais robusto que o III; segmento IV maior e mais robusto que o III, com aspecto fusiforme. Tórax. Pronoto coberto por pubescência dourada e cerdas castanhas alongadas concentradas lateralmente sobre o lobo anterior, com uma carena mediana longitudinal, mais evidente sobre o lobo posterior. Propleura com uma fileira de pequenas pontuações arredondadas sobre a margem posterior. Proesterno com uma fileira transversal de pontuações arredondadas. Pernas cobertas por uma fina pubescência dourada, com longas cerdas castanhas sobre as tíbias e tarsômeros. Tíbia anterior com um pequeno “grasping comb” presente apicalmente. Abdome. Coberto por pubescência dourada, com cerdas um pouco maiores sobre os conexivos e tergito II. Conexivos elevados, quase verticais. Seis tergitos abdominais visíveis; tergito III com uma fissura transversal no terço apical; tergitos II–III subparalelos; restante dos tergitos levemente convergentes; último segmento abdominal mais comprido. Segmento genital I com a margem anterior ventral e dorsal escavadas (Fig. 8D); margem posterior dorsal arredondada (Fig. 8D). Proctíger medialmente com um pequeno processo agudo sobre a superfície dorsal (Fig. 8L). Parâmero largo na base, afilando-se em direção ao ápice, que é em forma de gancho (Fig. 8L). Redescrição da fêmea áptera Dimensões (n=1). CC—3,55; CCA—0,55; LCA—0,62; ANT I—0,60, ANT II—0,30, ANT III—0,26, ANT IV—0,43; OLH—0,13; CPRO—0,97; LPRO—1,05; PANT: FEM—0,92, TIB—0,83, TAR I—0,06, TAR II—0,06, TAR III—0,37; PMED: FEM—1,05, TIB—1,06, TAR I—0,09, TAR II—0,11, TAR III—0,38; PPOS: FEM—1,22, TIB—1,32, TAR I—0,07, TAR II—0,15, TAR III—0,41. Similar ao macho áptero em cor e morfologia (Fig. 7B), exceto: sete tergitos abdominais visíveis; conexivos mais elevados e refletidos sobre o abdome, principalmente nos tergitos IV–VII; tergito II inchado; tergito III dirigido para baixo, com uma fissura no terço posterior; 33 restante dos segmentos dispostos horizontalmente; último segmento abdominal mais curto, com a margem posterior levemente arredondada; área central dos esternitos abdominais V e VI sem manchas escuras. Figura 7. Oiovelia spumicola – (A) aspecto dorsal do macho áptero [Parátipo], (B) aspecto dorsal da fêmea áptera [Parátipo], (C) aspecto ventral do macho (seta indicando as áreas escuras sobre os esternitos V–VI). (II–VII) Tergitos abdominais. Escala 1 mm. 34 Proctíger Parâmero Pigóforo Figura 8. Segmentos genitais do macho – (A-D) aspecto dorsal do primeiro segmento, (E-H) aspecto lateral do primeiro segmento, (I, K-M) aspecto lateral da capsula genital, (J) detalhe dos espinhos sobre o proctiger. (A, E, I, J) Oiovelia brasiliensis, (B, F, K) O. cunucunumana, (C, G, M) O. rivicola, (D, H, L) O. spumicola. 35 Diagnose. Espécie facilmente identificada e diferenciada de todas as outras, pela coloração geral do corpo amarelada em ambos os sexos. Macho com uma área central escura sobre os esternitos V–VI; pequeno processo agudo medial sobre a superfície dorsal do proctíger; e parâmero largo na base, com o ápice estreito e em forma de gancho. Comentários. A forma macróptera é conhecida em ambos os sexos. Entretanto, não foi possível o exame de espécimes macrópteros. Spangler (1986) menciona que essa forma se parece com os espécimes ápteros, diferenciando-se nos seguintes caracteres: dorso da cabeça, antenômeros I–III, margens do tórax e esternitos abdominais marrons escuros; pronoto com o terço anterior marrom avermelhado; asas anteriores marrons escuras, com uma área basal amarelo creme. Essa espécie é conhecida até o momento apenas para a localidade-tipo, nos tepuis venezuelanos na divisa com o Brasil, próximo à região do Pico da Neblina (Fig. 16). Possivelmente pode ser uma espécie endêmica dessa região geográfica. Todos os espécimes, de acordo com o autor, foram coletados sobre espumas formadas em um igarapé de água preta, acima dos 1450 m de altitude. Material examinado. Venezuela: Território Federal Amazonas – Cerro de la Neblina, 1450 m de altitude, 0º52’N/ 65º58’W, 25–28.II.1985, (P.J. Spangler, P.M. Spangler & R.A. Faitoute): 1 macho áptero, 1 fêmea áptera (INPA) [Parátipos]; mesmos dados, exceto: 1 fêmea áptera (MZSP) [Parátipo]. Registro geográfico. Venezuela, Amazonas – Cerro de La Neblina (Spangler 1986) (Fig. 16). Descrições das novas espécies Oiovelia A sp. nov. (Figs. 9, 13A,E,I, 14D, 17) Macho áptero Dimensões (n=5). CC—3,55–3,67; CCA—0,50–0,56; LCA—0,66–0,70; ANT I—0,55–0,58, ANT II—0,48–0,52, ANT III—0,33–0,35, ANT IV—0,40–0,45; OLH—0,15–0,16; CPRO— 1,21–1,33; LPRO—0,98–1,03; PANT: FEM—0,82–0,90, TIB—0,83–0,91, TAR I—0,06, TAR II—0,06–0,08, TAR III—0,32; PMED: FEM—1,05–1,16, TIB—1,16–1,23, TAR I— 36 0,08–0,09, TAR II—0,13–0,15, TAR III—0,36–0,40; PPOS: FEM—1,27–1,35, TIB—1,50– 1,63, TAR I—0,08–0,09, TAR II—0,20–0,22, TAR III—0,39–0,45. Coloração. Cabeça marrom-escura; ventralmente quase preta. Antenas marrom-escuras. Olhos vermelho-escuros. Rostro marrom, exceto o ápice do segmento III e todo o IV preto. Pronoto, pleuras, segmentos abdominais e genitalia marrom-escuros, com uma linha mediana clara sobre o pronoto. Coxas e trocânteres marrom-amarelados, restante dos segmentos marrom-escuro. Cabeça. Coberta por pubescência dourada, com cerdas longas escuras concentradas à frente dos olhos. Tubérculo antenífero inchado e brilhante. Antenas cobertas por pubescência dourada, com longas cerdas dispersas sobre os três últimos antenômeros; segmento I arqueado, alargando-se da base para o ápice, ligeiramente mais espesso que o segmento II; segmento II maior e ligeiramente mais robusto que o III; segmento IV apenas um pouco maior que o III e com aspecto fusiforme. Tórax: Pronoto coberto por uma fina pubescência dourada e longas cerdas escuras concentradas lateralmente sobre o lobo anterior, com uma leve carena mediana longitudinal e pruinosidade. Proesterno com uma fileira transversal de pontuações arredondadas. Propleura com duas fileiras na porção posterior e mesopleura com apenas uma fileira na porção anterior destas mesmas pontuações. Pernas cobertas por pubescência dourada, com longas cerdas escuras dispersas sobre as tíbias medianas e posteriores. Fêmur anterior mais robusto; tíbia anterior com “grasping comb” ocupando a metade posterior. Abdome. Coberto por uma pubescência dourada, com cerdas um pouco maiores sobre os conexivos. Conexivo ligeiramente elevado. Seis tergitos abdominais visíveis, a partir do IV afilam-se até o ápice (Fig. 9A); tergito III com uma fissura transversal preapical; último segmento abdominal mais comprido, com a margem posterior levemente côncava (Fig. 9A). Segmento genital I com a margem anterior ventral escavada e longas cerdas marrons escuras na região posterior; margem posterior dorsal quase reta (Fig. 13A). Proctíger sem elevação ou espinhos dorsalmente (Fig. 13I). Parâmero estreito, com a superfície ventral levemente expandida na metade posterior, afilando-se novamente para o ápice, que é arredondado (Fig. 14D). 37 Macho macróptero Dimensões (n=2). CC—3,77–3,87; CCA—0,47–0,52; LCA—0,65; ANT I—0,55–0,62, ANT II—0,52, ANT III—0,33–0,34, ANT IV—0,41–0,42; OLH—0,16–0,17; CPRO—1,33–1,36; LPRO—1,31; PANT: FEM—0,82–0,85, TIB—0,88–0,93, TAR I—0,06, TAR II—0,08, TAR III—0,32; PMED: FEM—1,14–1,18, TIB—1,21–1,23, TAR I—0,08, TAR II—0,15, TAR III—0,40; PPOS: FEM—1,16–1,30, TIB—1,55–1,60, TAR I—0,08–0,10, TAR II—0,20– 0,22, TAR III—0,41–0,42. Similar ao macho áptero em cor e estruturas, exceto: asas anteriores marrom-escuras, com uma ligeira pruinosidade uniforme por toda a asa, com uma área pruinosa mais forte no ápice da asa; veias mais escuras que as outras partes das asas, que são dobradas para cima perto do ápice pelos conexivos; em repouso, apresenta um par de listras amareladas alongadas na base, com o restante da asa pruinosa uniformemente, no máximo com algumas áreas mais claras entre as células (e.g. Fig.9C) . Fêmea áptera Dimensões (n=4). CC—3,63–3,85; CCA—0,53–0,60; LCA—0,62–0,68; ANT I—0,58–0,62, ANT II—0,50–0,56, ANT III—0,34–0,38, ANT IV—0,40–0,45; OLH—0,15–0,17; CPRO— 1,20–1,33; LPRO—0,95–1,00; PANT: FEM—0,86–0,95, TIB—0,80–0,93, TAR I—0,06, TAR II—0,07, TAR III—0,33–0,36; PMED: FEM—1,08–1,12, TIB—1,17–1,25, TAR I— 0,07–0,08, TAR II—0,12, TAR III—0,36–0,40; PPOS: FEM—1,18–1,33, TIB—1,50–1,63, TAR I—0,08, TAR II—0,17–0,22, TAR III—0,39–0,41. Similar ao macho áptero em cor e estruturas (Fig. 9B), exceto: fêmur anterior não dilatado. Conexivos dobrados e refletidos sobre o abdome, sobretudo nos segmentos III-VI. Sete tergitos abdominais visíveis; tergito II inchado; segmento III plano e dirigido para baixo; restante dos segmentos dispostos horizontalmente; último segmento abdominal mais curto, com a margem posterior côncava. Longas cerdas escuras na margem lateral, próximo ao ventre, dos segmentos abdominais III-V e nos tergitos VI-VII. Fêmea macróptera Dimensões (n=3). CC—4,10–4,15; CCA—0,50–0,57; LCA—0,68–0,70; ANT I—0,57–0,62, ANT II—0,46–0,53, ANT III—0,32–0,37, ANT IV—0,40–0,45; OLH—0,17; CPRO—1,43– 1,50; LPRO—1,35–1,40; PANT: FEM—0,83–0,90, TIB—0,80–0,86, TAR I—0,06–0,07, 38 TAR II—0,07–0,08, TAR III—0,32–0,35; PMED: FEM—1,10, TIB—1,16–1,18, TAR I— 0,06–0,09, TAR II—0,10–0,13, TAR III—0,36–0,59; PPOS: FEM—1,12–1,28, TIB—1,50– 1,56, TAR I—0,08–0,10, TAR II—0,20–0,22, TAR III—0,41–0,43. Similar à fêmea áptera em cor e estruturas, exceto o pronoto e asa, que são semelhantes ao macho macróptero; não possui cerdas escuras na margem lateral dos segmentos abdominais II-IV. Variação intraespecífica. Foram obsevadas variações apenas na intensidade da cor em ambas as formas alares. Os olhos de alguns espécimes são escuros, quase pretos. A base do fêmur pode ser marrom-amarelada, enquanto a margem posterior do pronoto e os segmentos genitais podem ser amarronzados. Diagnose. Coloração enegrecida na cabeça, pronoto e abdome, com as antenas e pernas marrom-escuras; sem área pruinosa em forma de V na região posterior do pronoto; longas cerdas escuras concentradas no lobo anterior do pronoto e apenas algumas dispersas sobre a metade posterior das tíbias; proctíger do macho sem expansões em forma de espinho sobre a superfície dorsal. Comentários. A espécie morfologicamente mais próxima dessa nova espécie é O. brasiliensis, pelo seguinte conjunto de caracteres: asas anteriores similares em cor e pruinosidade; machos com fêmur anterior levemente dilatado; e espécimes ápteros com a forma dos tergitos abdominais em ambos sexos similares. Porém, essa nova espécie se diferencia de O. brasiliensis pela coloração do corpo enegrecida (Fig. 9); disposição e quantidade de cerdas escuras pelo pronoto, abdome e pernas; e ausência de pequenos espinhos sobre o proctíger do macho (Fig. 13I). Ao contrário das outras espécies do gênero que foram coletadas sobre as espumas formadas principalmente nas margens de ambientes lóticos de água preta, a série tipo dessa nova espécie foi coletada em todas as ocasiões em um local sem formação de espumas, sobre um ribeirão com água marrom devido ao fundo barrento. A correnteza era moderada nas margens e rápida no centro, com folhas e galhos sobre a superfície. O ribeirão aonde os espécimes foram coletadas é um afluente da margem esquerda do Rio São Francisco, no Cerrado do Centro-Oeste do Estado de Minas Gerais (Fig. 17). Os espécimes foram coletados apenas na estação chuvosa, que geralmente abrange os meses de Dezembro até Abril, quando o nível do ribeirão subia antingindo a vegetação marginal. 39 Figura 9. Oiovelia A sp. nov. – (A) aspecto dorsal do macho áptero, (B) aspecto dorsal da fêmea áptera, (C) aspecto dorsal da fêmea macróptera, (D) aspecto ventral da fêmea macróptera. Material-tipo. Holótipo: macho áptero (MZSP), Brasil: Minas Gerais – Município de Luz, Ribeirão Jorge Grande (45º36’37”W, 19º40’13”S), 27.IV.2011, (H.D.D. Rodrigues). Parátipos: mesmos dados do holótipo, exceto 06.I.2010: 2 machos ápteros, 2 machos macrópteros, 4 fêmeas ápteras, 1 fêmea macróptera (DPIC); mesmos dados do holótipo, 40 exceto 13.III.2010, (H.D.D. Rodrigues & G.J.C. Vianna): 3 machos ápteros, 2 fêmeas macrópteras (MZSP). Oiovelia B sp. nov. (Figs. 10, 13B,F,J, 14E, 15A, 17) Macho macróptero Dimensões (n=5). CC—3,20–3,42; CCA—0,45–0,52; LCA—0,60–0,64; ANT I—0,55–0,60, ANT II—0,50–0,52, ANT III—0,37–0,39, ANT IV—0,41–0,45; OLH—0,18–0,20; CPRO— 1,17–1,27; LPRO—1,07–1,20; PANT: FEM—0,80–0,82, TIB—0,80–0,85, TAR I—0,06– 0,07, TAR II—0,08–0,10, TAR III—0,31–0,32; PMED: FEM—1,03–1,05, TIB—1,10–1,20, TAR I—0,07, TAR II—0,17–0,23, TAR III—0,32–0,35; PPOS: FEM—1,12–1,25, TIB— 1,37–1,53, TAR I—0,07–0,08, TAR II—0,25–0,27, TAR III—0,35–0,37. Coloração. Cabeça marrom-alaranjada, com a região ventral amarronzada. Antenas marromescuras. Olhos vermelho-escuros. Rostro marrom, exceto o dorso e as margens laterais do segmento III amareladas e o segmento IV enegrecido. Pronoto marrom-alaranjado, com grande parte do lobo anterior marrom-escuro. Asas anteriores enegrecidas, com áreas pruinosas bem delimitadas por toda a asa; veias claras e um par de manchas brancas muito estreitas surgindo dos ângulos umerais e terminando na altura da margem posterior do pronoto. Pro- e mesopleura com a metade superior marrom-alaranjada, metade inferior amarronzada. Coxas, trocânteres e uma estreita área basal dos fêmures amarelados, segmentos restantes marrom-escuros a pretos. Proesterno marrom a marrom-alaranjado; meso- e metaesterno marrom-escuros. Segmentos abdominais marrom-alaranjados perto dos conexivos e enegrecidos na região dos espiráculos; esternitos marrons a marrom-escuros. Segmentos genitais marrons a marrom-claros. Cabeça. Coberta por pubescência dourada e cerdas longas escuras. Tubérculos anteníferos inchados e brilhantes. Antenas cobertas por pubescência dourada, com longas cerdas escuras dispersas sobre os antenômeros III e IV; antenômero I robusto, alargando-se da base para o ápice e curvado para fora; antenômero II maior e ligeiramente mais robusto que o III; antenômero IV um pouco maior que o III e fusiforme. 41 Tórax. Pronoto coberto por pubescência dourada e cerdas longas escuras concentradas sobre o lobo anterior, margem posterior e parte basal das veias das asas anteriores; um par de áreas pruinosas transversais sobre a região entre o lobo anterior e posterior do pronoto, quase atingindo uma à outra medialmente; outra grande área pruinosa esbranquiçada em forma de V distalmente sobre o lobo posterior, não atingindo as margens (Fig. 10); linha mediana com uma ligeira carena, mais evidente entre os ângulos umerais. Pleuras com áreas pruinosas; proe mesopleura com pontuações arredondadas; metapleura com cerdas esbranquiçadas na porção posterior. Proesterno com uma fileira transversal de pontuações arredondadas. Pernas cobertas por pubescência dourada, com cerdas amarronzadas um pouco maiores sobre a região posterior dos fêmures e tíbias. Tíbia anterior com um leve achatamento distal e margem interna com “grasping comb” sobre aproximadamente a metade posterior. Abdome. Área pruinosa sobre a lateral dos segmentos IV–VII; área do segmento IV não atinge a região acima do espiráculo. Conexivos não elevados, cobertos por pubescência dourada e longas cerdas marrom-escuras. Ventralmente coberto por pubescência mais esbranquiçada. Segmento genital I com a margem anterior escavada ventralmente; região posterior com longas cerdas escuras dorsalmente; margem posterior dorsal levemente côncava medialmente (Fig. 13B). Proctíger sem expansões, projeções ou espinhos (Fig. 11J). Parâmero alongado, estreito e levemente curvado; ápice um pouco mais estreito que o restante e arredondado (Fig. 14E). Fêmea macróptera Dimensões (n=5). CC—3,50–3,75; CCA—0,45–0,55; LCA—0,62–0,66; ANT I—0,58–0,64, ANT II—0,52–0,55, ANT III—0,37–0,40, ANT IV—0,45–0,47; OLH—0,18–0,20; CPRO— 1,27–1,35; LPRO—1,15–1,25; PANT: FEM—0,89–0,92, TIB—0,87–0,92, TAR I—0,07, TAR II—0,10–0,11, TAR III—0,32–0,35; PMED: FEM—1,12–1,15, TIB—1,18–1,27, TAR I—0,07–0,09, TAR II—0,22–0,23, TAR III—0,33–0,39; PPOS: FEM—1,25–1,32, TIB— 1,52–1,62, TAR I—0,08, TAR II—0,27–0,32, TAR III—0,38–0,40. Similar em coloração e morfologia ao macho macróptero (Fig. 10B), exceto: conexivos mais elevados; área pruinosa sobre as margens laterais dos segmentos IV–VII e uma pequena área no segmento III. Forma áptera. Desconhecida. 42 Diagnose. Cabeça e pronoto marrom-alaranjado a marrom-avermelhado. Pronoto com um par de pruinosidades sobre o lobo anterior e outra mancha sobre o lobo posterior em forma de V. Asas anteriores com áreas pruinosas definidas. Proctíger do macho sem elevação ou espinho dorsal. Parâmero afilando-se levemente no meio, com o ápice arredondado. Comentários. Espécie conhecida apenas pela forma macróptera. A coloração do corpo bem como as pruinosidades são muito similares à Oiovelia C sp. nov., o que pode dificultar a separação das fêmeas entre ambas as espécies. Entrentato, os machos são facilmente diferenciados pela forma do parâmero, que se estreita em direção ao ápice em Oiovelia C sp. nov. (Fig. 14F), o que não ocorre em Oiovelia B sp. nov. (Fig. 14E). A série tipo foi coletada nas espumas formadas nas margens de um igarapé de água escura, em uma floresta de terra firme, no Estado do Amazonas (Fig. 17). Figura 10. Oiovelia B sp. nov. – (A) aspecto dorsal do macho macróptero, (B) aspecto dorsal da fêmea macróptera. Escala 1 mm. 43 Material-tipo. Todos os espécimes macrópteros. Holótipo: macho (INPA), Brasil: Amazonas – Manaus, Reserva Florestal Adolpho Ducke, Igarapé Acará, 22.VI.2011, (H.D.D. Rodrigues). Parátipos: 10 machos, 18 fêmeas (INPA), 3 machos, 3 fêmeas (DPIC), 3 machos, 3 fêmeas (MZSP), mesmos dados do holótipo. Oiovelia C sp. nov. (Figs. 11, 13C,G,K, 14F, 15B, 16) Macho macróptero Dimensões (n=5). CC—3,02–3,25; CCA—0,43–0,55; LCA—0,57–0,60; ANT I—0,52–0,56, ANT II—0,47–0,50, ANT III—0,33–0,35, ANT IV—0,38–0,40; OLH—0,16–0,17; CPRO— 1,12–1,18; LPRO—1,05–1,12; PANT: FEM—0,75–0,81, TIB—0,75–0,80, TAR I—0,06, TAR II—0,07, TAR III—0,28–0,30; PMED: FEM—0,95–1,02, TIB—1,00–1,12, TAR I— 0,07, TAR II—0,17–0,18, TAR III—0,31–0,32; PPOS: FEM—1,12–1,25, TIB—1,37–1,40, TAR I—0,07–0,08, TAR II—0,25, TAR III—0,35–0,37. Coloração. Cabeça marrom-alaranjada, com a região ventral amarronzada. Antenas marromescuras a pretas. Olhos marrom-escuros a pretos. Rostro com os segmentos I e II amarronzados; segmento III marrom escuro ao longo da linha mediana e amarelado lateralmente; segmento IV enegrecido. Pronoto amarronzado, com o lobo anterior e parte das margens do lobo posterior escuras; linha mediana e uma pequena região próxima ao ângulo posterior marrom-amarelada. Asas anteriores enegrecidas, com áreas pruinosas bem delimitadas por toda a asa; veias claras e um par de manchas esbranquiçadas muito estreitas surgindo dos ângulos umerais e terminando na altura da margem posterior do pronoto. Propleura marrom-escura, com a margem posterior abaixo do ângulo umeral marromalaranjada; meso- e metapleura marrom-escuras. Coxas, trocânteres e uma estreita área basal dos fêmures amarelados, segmentos restantes marrom-escuros a pretos. Proesterno marromescuro, com a margem anterior marrom-alaranjada; meso- e metaesterno marrom-escuros. Conexivos marrons a marrom-alaranjados. Segmentos abdominais marrom-escuros na região dos espiráculos; esternitos abdominais marrom a marrom-escuros. Segmentos genitais marrom-alaranjados na metade anterior, e amarronzados na metade posterior. Cabeça. Coberta por pubescência fina dourada e cerdas longas escuras concentradas dorsalmente. Tubérculos anteníferos inchados e brilhantes. Antenas cobertas por pubescência 44 dourada, com cerdas longas escuras dispersas sobre os antenômeros III e IV; antenômero I robusto, alargando-se da base para o ápice e curvado para fora; antenômero II ligeiramente mais robusto que o III e maior em comprimento; antenômero IV um pouco maior que o III e fusiforme. Tórax. Pronoto coberto por pubescência dourada e cerdas longas escuras concentradas sobre o lobo anterior, margem posterior e parte basal das veias das asas anteriores; um par de áreas pruinosas lateralmente sobre a região entre o lobo anterior e posterior do pronoto; outra grande área pruinosa esbranquiçada em forma de V cobrindo a metade posterior, não atingindo as margens (Fig. 11); linha mediana com uma ligeira carena, mais evidente entre os ângulos umerais. Pleuras com áreas pruinosas; propleura com uma fileira irregular de pequenas pontuações arredondadas na porção posterior; mesopleura com uma fileira anteriormente das mesmas pontuações; metapleura com cerdas esbranquiçadas na porção posterior. Proesterno com fileira transversal de pontuações arredondadas. Pernas cobertas por pubescência dourada, com cerdas um pouco maiores dispersas. Tíbia anterior com um leve achatamento distal e margem interna com grasping comb sobre os dois terços distais. Abdome. Área pruinosa sobre a lateral dos segmentos III–V. Conexivos não elevados, cobertos por pubescência dourada e cerdas marrom-escuras um pouco maiores. Ventralmente coberto por uma pubescência mais esbranquiçada. Segmento genital I com a margem anterior escavada ventralmente; região posterior com longas cerdas escuras dorsalmente; margem posterior dorsal côncava medialmente (Fig 13C). Proctíger com leve depressão sobre o terço apical, sem expansões, projeções ou espinhos (Fig. 13K). Parâmero alongado, estreitando-se levemente para o ápice, que é arredondado (Fig. 14F). Fêmea macróptera Dimensões (n=5). CC—3,55–3,60; CCA—0,47–0,50; LCA—0,65; ANT I—0,57, ANT II— 0,50–0,53, ANT III—0,33–0,35, ANT IV—0,40–0,42; OLH—0,17–0,18; CPRO—1,32–1,35; LPRO—1,22–1,23; PANT: FEM—0,85–0,87, TIB—0,86–0,87, TAR I—0,06, TAR II—0,08, TAR III—0,32–0,33; PMED: FEM—1,05–1,07, TIB—1,13–1,15, TAR I—0,07, TAR II— 0,17–0,21, TAR III—0,36–0,37; PPOS: FEM—1,25–1,26, TIB—1,50–1,52, TAR I—0,07, TAR II—0,25–0,27, TAR III—0,37–0,38. 45 Similar em coloração e morfologia ao macho macróptero (Fig. 11C), exceto: conexivos mais elevados; área pruinosa sobre as margens laterais dos segmentos II–VI e uma pequena área acima dos espiráculos sobre os segmentos III, V–VII. Variação intraespecífica. Foi observada variação substancial na coloração do corpo e nas áreas pruinosas sobre o pronoto. Espécimes de São Gabriel da Cachoeira possuem o corpo mais escuro, com a área pruinosa posterior dividida ao meio pela carena mediana longitudinal, enquanto os espécimes de Álter do Chão são mais claros, com uma faixa mediana posterior mais amarelada e não possuem a área pruinosa sobre o lobo posterior do pronoto dividida ao meio. Diagnose. Cabeça e pronoto marrom-alaranjado a marrom-avermelhado. Pronoto com um par de pruinosidades sobre o lobo anterior e outra mancha sobre o lobo posterior em forma de V. Asas anteriores com áreas pruinosas definidas. Proctíger do macho com uma leve depressão sobre o terço apical; sem elevação ou espinho. Parâmero afilando-se levemente em direção ao ápice. Comentários. Espécie conhecida até o momento apenas pela forma macróptera e similar em coloração e pruinosidades à Oiovelia B sp. nov. Para diferenciá-las é recomendado a comparação entre machos, uma vez que as fêmeas são muito parecidas (ver comentários na espécie precedente). A série tipo foi coletada sobre espumas formadas em um igarapé de água transparente na bacia do Rio Tapajós, Pará; registrada também para a bacia do Rio Trombetas, acima do município de Oriximiná (Pará); no alto Rio Negro, em São Gabriel da Cachoeira; e entre os municípios de Manaus e Rio Preto da Eva (Amazonas) (Fig. 16). Material-tipo. Todos os espécimes macrópteros. Holótipo: macho (INPA), Brasil: Pará – Alter do Chão, 10 km sentido Santarém, Igarapé Jutuaranã, 30 m de altitude, 02°32’04,5” S/ 54°54’33,0” O, 01.X.2012, (A.S. Fernandes). Parátipos: 36 machos, 30 fêmeas (INPA), 3 machos, 3 fêmeas (DPIC), 3 machos, 3 fêmeas (MZSP), mesmos dados do holótipo. Material adicional examinado. Todos os espécimes macrópteros. Brasil: Pará – Rio Mapuera, Igarapé da Tentativa, 08.VI.1986, (V. Py-Daniel & U. Barbosa): 9 machos, 14 fêmeas, 35 ninfas (INPA). Amazonas – São Gabriel da Cachoeira, BR-304, Km 19, 00°02’58,4”/66°57’47,1”O, 27.VIII.2011, (R.L. Ferreira-Keppler, P.V. Cruz, A.S. Fernandes & E.A. Reis): 18 machos, 15 fêmeas. Rio Preto da Eva, Rio Urubu, -2.58044 lat/-59.43950 long, sem dados adicionais: 6 fêmeas (INPA). 46 Figura 11. Oiovelia C sp. nov. – (A-B) aspecto dorsal do macho, (A) espécime de São Gabriel da Cachoeira, (B) espécime de Alter do Chão, (C) fêmea macróptera de São Gabriel da Cachoeira. Escala 1 mm. Oiovelia D sp. nov. (Figs. 12, 13D,H,L, 14G, 15C, 17) Macho macróptero Dimensões (n=5). CC—3,60–3,70; CCA—0,50–0,55; LCA—0,60–0,62; ANT I—0,60–0,62, ANT II—0,52–0,57, ANT III—0,37–0,38, ANT IV—0,40–0,43; OLH—0,17–0,18; CPRO— 1,35–1,38; LPRO—1,25; PANT: FEM—0,82–0,87, TIB—0,83–0,90, TAR I—0,07, TAR II—0,08–0,10, TAR III—0,31–0,35; PMED: FEM—1,05–1,13, TIB—1,18–1,27, TAR I— 0,07, TAR II—0,15–0,16, TAR III—0,36–0,37; PPOS: FEM—1,30–1,37, TIB—1,52–1,62, TAR I—0,07–0,08, TAR II—0,20–0,25, TAR III—0,38–0,40. Coloração. Cabeça marrom-alaranjada, com uma pequena área marrom-escura logo abaixo dos tubéculos anteníferos. Antenas marrom-escuras a pretas. Olhos vermelho-escuros. Rostro marrons a marrom-escuros, com o ápice do segmento III e todo o IV enegrecido. Pronoto marrom-alaranjado. Asas anteriores enegrecidas, com áreas pruinosas bem delimitadas por toda a asa; área pruinosa apical em forma de coração invertido (Fig. 12A); veias ligeiramente mais claras e um par de manchas pálidas muito estreitas surgindo dos ângulos umerais e não 47 ultrapassando a margem posterior do pronoto. Pro- e mesopleura marrom-alaranjadas; metapleura marrom-alaranjada a marrom escura. Proesterno marrom-alaranjado; meso- e metaesterno marrom-escuros. Coxas amarronzadas; trocânteres marrom-amarelados a amarelados; segmentos restantes das pernas marrons a marrom-escuros. Conexivos marrons a marrom-alaranjados. Segmentos abdominais marrom-escuros a pretos na região dos espiráculos; esternitos abdominais marrons a marrom-escuros. Segmentos genitais marromalaranjados na metade anterior e amarronzados na metade posterior. Cabeça. Coberta por fina pubescência dourada e cerdas longas escuras concentradas dorsalmente. Tubérculos anteníferos inchados e brilhantes. Antenas cobertas por fina pubescência dourada, com longas cerdas escuras dispersas sobre os antenômeros III e IV; antenômero I robusto, alargando-se da base para o ápice e curvado para fora; antenômero II ligeiramente mais robusto que o III e maior em comprimento; antenômero IV um pouco maior que o III e fusiforme. Tórax. Pronoto coberto por pubescência dourada e cerdas longas escuras concentradas sobre o lobo anterior, margem posterior e parte basal das veias das asas anteriores; um par de pequenas áreas pruinosas lateralmente sobre o lobo anterior; outra área pruinosa em forma de V na porção posterior do lobo posterior, não atingindo as margens (Fig. 12); linha mediana com uma ligeira carena, mais evidente entre os ângulos umerais. Pleuras com áreas pruinosas; propleura com uma fileira e outras poucas pequenas pontuações arredondadas na porção posterior; mesopleura com uma fileira anteriormente das mesmas pontuações; metapleura com cerdas esbranquiçadas na porção posterior. Proesterno com uma fileira transversal de pontuações arredondadas. Pernas cobertas por pubescência dourada e cerdas um pouco maiores. Tíbia anterior com um leve achatamento distal e margem interna com grasping comb sobre os dois terços apicais. Abdome. Área pruinosa sobre a lateral dos segmentos III–VI; uma pequena área acima dos espiráculos nos segmentos V–VI. Conexivos não elevados, cobertos por uma pubescência dourada e cerdas marrons escuras um pouco maiores. Ventralmente coberto por pubescência mais esbranquiçada. Segmento genital I com a margem anterior escavada ventralmente; região posterior com longas cerdas escuras dorsalmente; margem posterior dorsal levemente côncava medialmente (Fig. 13D). Proctíger sem depressão, projeção ou espinho dorsalmente (Fig. 13L). Parâmero alongado, estreitando-se levemente para o ápice, que é arredondado (Fig. 14G). 48 Figura 12. Oiovelia D sp. nov. – (A) aspecto dorsal do macho macróptero, (B) aspecto dorsal da fêmea macróptera, (C) aspecto frontal (seta indicando as áreas pruinosas). Escala 1 mm. Fêmea macróptera Dimensões (n=5). CC—4,15–4,30; CCA—0,50–0,55; LCA—0,66–0,70; ANT I—0,62–0,67, ANT II—0,57–0,62, ANT III—0,37–0,38, ANT IV—0,45–0,46; OLH—0,20; CPRO—1,52– 1,56; LPRO—1,38–1,50; PANT: FEM—1,02–1,05, TIB—0,97–1,06, TAR I—0,06–0,07, TAR II—0,10, TAR III—0,37–0,38; PMED: FEM—1,25–1,30, TIB—1,30–1,40, TAR I— 49 0,07, TAR II—0,17–0,20, TAR III—0,42–0,43; PPOS: FEM—1,42–1,50, TIB—1,67–1,70, TAR I—0,09–0,10, TAR II—0,24–0,27, TAR III—0,46–0,47. Similar em coloração e morfologia ao macho macróptero (Fig. 12B), exceto: conexivos mais elevados; área pruinosa sobre as margens laterais dos segmentos abdominais III–VI, sendo a área sobre o segmento III pequena e medial, e nos segmentos restantes ela atinge a região acima dos espiráculos. Variação intraespecífica. Alguns espécimes possuem a coloração do pronoto mais escura; a mancha basal das asas anteriores pode não ser muito nítida e as áreas pruinosas sobre as asas anteriores podem variar em forma e não possuir a área pruinosa apical em forma de coração. Diagnose. Cabeça e pronoto alaranjados a marrom-alaranjados. Pronoto com um par de pruinosidades laterais sobre o lobo anterior e outra mancha sobre o lobo posterior em forma de V. Asas anteriores com áreas pruinosas definidas. Proctíger do macho com uma leve depressão dorsal aproximadamente sobre a metade posterior, sem expansão ou espinho. Parâmero estreitando-se levemente em direção ápice. Comentários. Espécie conhecida apenas pela forma macróptera. O parâmero dessa espécie é muito similar ao de Oiovelia C sp. nov. (comparar Figs. 14 F–G) em forma e disposição das cerdas. Porém, as espécies são diferenciadas em ambos os sexos pela coloração do pronoto, alaranjado a marrom-alaranjado uniforme em Oiovelia D sp. nov. (Fig. 12), e marromalaranjado a marrom-avermelhado com o lobo anterior escuro em Oiovelia C sp. nov. (Fig. 11). Além disso, o proctíger do macho não possui uma leve depressão sobre a metade posterior (Fig. 13L), o que acontece no proctíger de Oiovelia C sp. nov. (Fig. 13K). A série tipo foi coletada na Serra de Surucucu, região oeste do estado do Roraima (Fig. 17), porém, sem informações sobre o hábitat na etiqueta. Material-tipo. Todos os espécimes macrópteros. Holótipo: macho (INPA), Brasil: Roraima – Área Indígena Yanomami, Serra de Surucucu, 26.XI.1991, (V. Py-Daniel & U. Barbosa). Parátipos: 46 machos, 34 fêmeas (INPA), 3 machos, 3 fêmeas (DPIC), 3 machos, 3 fêmeas (MZSP), mesmos dados do holótipo. 50 Figura 13. Segmentos genitais do macho – (A-D) aspecto dorsal do primeiro segmento, (E-H) aspecto lateral do primeiro segmento, (I-L) aspecto lateral da cápsula genital. (A, E, I) Oiovelia A sp. nov., (B, F, J) Oiovelia B sp. nov., (C, G, K) Oiovelia C sp. nov., (D, H, L) Oiovelia D sp. nov. (seta indicando uma depressão no proctíger). 51 Figura 14. Aspecto lateral do parâmero esquerdo, (A) Oiovelia brasiliensis, (B) O. cunucunumana, (C) O. rivicola, (D) Oiovelia A sp. nov., (E) Oiovelia B sp. nov., (F) Oiovelia C sp. nov., (G) Oiovelia D sp. nov. 52 Figura 15. Fêmea em vista lateral (pernas removidas) – (A) Oiovelia B sp. nov., (B) Oiovelia C sp. nov., (C) Oiovelia D sp. nov. (Cox) Coxa mediana, (II–VII) segmentos abdominais, (Gon) Gonocoxa. Escala 1 mm. 53 ? Figura 16. Mapa de distribuição – (●) Oiovelia cunucunumana [? registro sem localidade específica], (●) Oiovelia spumicola, (●) Oiovelia C sp. nov. Figura 17. Mapa de distribuição – (●) Oiovelia brasiliensis, (●) O. rivicola, (●) Oiovelia A sp. nov., (●) Oiovelia B sp. nov., (●) Oiovelia D sp. nov. 54 Lista das espécies de Oiovelia Drake & Maldonado-Capriles Oiovelia brasiliensis Moreira, Nessimian & Rúdio, 2010 Brasil: ES, MG, SP, RS. Oiovelia cunucunumana Drake & Maldonado-Capriles, 1952 Venezuela, Peru, Paraguai, Argentina, Brasil: AM, AP, MG, SP, SC. Oiovelia rivicola Spangler, 1986 Venezuela, Brasi: AM, AP. Oiovelia spumicola Spangler, 1986 Venezuela. Oiovelia A sp. nov. Brasil: MG. Oiovelia B sp. nov. Brasil: AM. Oiovelia C sp. nov. Brasil: AM, PA. Oiovelia D sp. nov. Brasil: RR. Agradecimentos Somos gratos aos doutores Frederico F. Salles (UFES) pelo empréstimo dos parátipos de O. brasiliensis; e Augusto L. Henriques, curador da Coleção de Invertebrados do INPA, pelo acesso ao material-tipo de Heteroptera e livre acesso à coleção; Neusa Hamada, Victor PyDaniel, Ana Maria O. Pes, Paulo V. Cruz, André Fernandes (INPA), Jorge L. Nessimian e Felipe F. F. Moreira (UFRJ) pela doação de parte do material examinado. O suporte financeiro foi provido pelo PRONEX-CNPq-FAPEAM, INPA/MCTI/PRJ–12.24; e pelo CNPq (Conselho de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) através da concessão da bolsa de estudo. 55 Referências Andersen, N.M. (1983) The Old World Microveliinae (Hemiptera: Veliidae) I. The status of Pseudovelia Hoberlandt and Perivelia Poisson, with a review of Oriental species. Entomologica Scandinavica, 14, 253–268. Drake, C.J. & Maldonado-Capriles, J. (1952) Water-striders from Territorio Amazonas of Venezuela (Hemiptera: Hydrometridae, Veliidae). The Great Basin Naturalist, 12(1–4), 47– 54. Drake, C.J. & Roze, J.A. (1955) A new species of Veloidea from Venezuela (Hemiptera: Veliidae). Bulletin of the Brooklyn Entomological Society, 50, 106–109. Heckman, C.W. (2011) Encyclopedia of South American aquatic insects: Hemiptera Heteroptera. Illustrated keys to known families, genera, and species in South America. London, New York: Springer, Dordrecht, Heidelberg. 679 p. Iglesias, M.S. & Crespo, F.A. (1999) A new species of the genus Paravelia Breddin 1898 from Argentina (Heteroptera: Veliidae). Aquatic Insects, 21(4), 259–265. Mazzucconi, S.A. & Bachmann, A.O. (1997a) Los géneros Oiovelia y Stridulivelia de la Argentina (Heteroptera: Veliidae). Revista de la Sociedad Entomológica Argentina, 56(1–4), 62. Mazzucconi, S.A. & Bachmann, A.O. (1997b) Notas sobre larvas de heterópteros acuáticos argentinos. Familia Veliidae: Oiovelia. Neotrópica, 43(109–110), 57–71. Mazzucconi, S.A. & Bachmann, A.O. (2006) A catalogue of the Gerromorpha and the Nepomorpha from Argentina. In Third Meeting of the International Heteropterists Society, abstracts.(http://www.ndsu.nodak.edu/ndsu/rider/IHS/Meeting2006/abstracts2006.htm) acessado em 10.02.2013. Moreira, F.F.F. & Barbosa, J.F. (2011) The Veliidae (Hemiptera: Heteroptera: Gerromorpha) from São Paulo State, Brazil: new species, description of the male of Microvelia ioana Drake & Hottes, 1952, and synonymical and distributional notes. Annales de Limnologie, 47, 298– 311. 56 Moreira, F.F.F. & Barbosa, J.F. (2012) Two new species of Paravelia Breddin, 1898 and distributional notes concerning the Veliidae from Minas Gerais State, Brazil (Insecta: Hemiptera: Heteroptera: Gerromorpha). Zootaxa, 3354, 58–68. Moreira, F.F.F. & Campos, G.G.F. (2012) New distributional data concerning some Gerromorpha (Insecta: Hemiptera: Heteroptera) from Brazil. Check List, 8, 542–547. Moreira, F.F.F., Barbosa, J.F. & Ribeiro, J.R.I. (2012) Veliidae (Insecta, Heteroptera, Gerromorpha) from southeastern Brazil: three new species from Rio de Janeiro State, a new species group for Neotropical Rhagovelia Mayr, and notes on distribution and synonymy. Revista Brasileira de Entomologia, 56(2), 147–158. Moreira, F.F.F., Nessimian, J.L., Rúdio, J.A. & Salles, F.F. (2010) New species and new records of Veliidae from Espírito Santo State and adjacent Minas Gerais State, Brazil, with notes on nomenclature (Insecta: Heteroptera: Gerromorpha). Journal of Natural History, 44(45–46), 2761–2801. Moreira, F.F.F., Barbosa, J.F., Ribeiro, J.R.I & Alecrim, V.P. (2011) Checklist and distribution of semi-aquatic and aquatic Heteroptera (Gerromorpha and Nepomorpha) occurring in Brazil. Zootaxa, 2958, 1–74. Polhemus, J.T. & Polhemus, D.A. (1988) A new genus of foam-inhabiting Veliidae (Heteroptera) from Western Madagascar. Journal of the New York Entomological Society, 96(3), 274–280. Rodrigues, H.D.D., Melo, A.L. & Ferreira-Keppler, R.L. (2012) New records of Gerromorpha (Insecta: Hemiptera: Heteroptera) from Brazil. Check List, 8, 908–913. Spangler, P.J. (1986) Two new species of water-striders of the genus Oiovelia from the Tepui Cerro de la Neblina, Venezuela (Hemiptera: Veliidae). Proceedings of the Entomological Society of Washington, 88(3), 438–450. 57 ___________________________________________________________________________ CAPÍTULO 2 Estudo taxonômico do gênero Paravelia Breddin, 1898 (Hemiptera: Heteroptera: Veliidae): novas espécies, novos registros, lista para todas as espécies do gênero e chave de identificação para as espécies brasileiras. Manuscrito em preparação para Zootaxa. 58 Estudo taxonômico do gênero Paravelia Breddin, 1898 (Hemiptera: Heteroptera: Veliidae): novas espécies, novos registros, lista para todas as espécies do gênero e chave de identificação para as espécies brasileiras Programa de Pós-Graduação em Entomologia, Coordenação de Biodiversidade, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus, AM, Brazil. Resumo Oito novas espécies de Paravelia Breddin, 1898 são descritas e ilustradas com base em material de quatro regiões do Brasil, sendo elas: Paravelia A sp. nov. do Amapá; Paravelia B sp. nov. da Bahia; Paravelia C sp. nov. do Mato Grosso; Paravelia D sp. nov. do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais; Paravelia E sp. nov. de Minas Gerais; Paravelia F sp. nov. do Maranhão; Paravelia G sp. nov. do Amazonas; e Paravelia H sp. nov. do Mato Grosso. Fotografias coloridas do aspecto dorsal foram obtidas para as seguintes espécies: P. basalis (Spinola, 1837), P. biae Spangler, 1989, P. boliviana Breddin, 1898, P. bullialata Polhemus & Polhemus, 1984, P. capixaba Moreira, Nessimian & Rúdio, 2010, P. conata (Hungerford, 1929), P. dilatata Polhemus & Polhemus, 1984, P. foveata Polhemus & Polhemus, 1984, P. lanemeloi Moreira & Barbosa, 2012, P. manausana Polhemus & Polhemus, 1984, P. nieseri Moreira & Barbosa, 2012, P. platensis (Berg, 1883), P. recens (Drake & Harris, 1935), P. rotundanotata (Hungerford, 1930), P. spinifera Polhemus & Polhemus, 1984, P. splendoris (Drake & Harris, 1933) e P. williamsi (Hungerford, 1930). Três dessas espécies são registradas pela primeira vez no Brasil: P. platensis, P. spinifera e P. williamsi. Além disso, as formas macrópteras de P. capixaba e P. dilatata são descritas. Por fim, uma chave de identificação para as 36 espécies registradas no Brasil é apresentada e com o objetivo de sumarizar as informações existentes sobre a diversidade do gênero, uma lista com a distribuição geográfica para as 55 espécies válidas é apresentada. Palavras chave: Insetos aquáticos, Gerromorpha, Veliinae, região Neotropical, taxonomia Abstract Eight new species of Paravelia Breddin, 1898 are described and illustrated from four regions of Brazil, which are: Paravelia A sp. nov. from Amapá state; Paravelia B sp. nov. from Bahia state; Paravelia C sp. nov. from Mato Grosso state; Paravelia D sp. nov. from Mato 59 Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais states; Paravelia E sp. nov. from Minas Gerais state; Paravelia F sp. nov. from Maranhão state; Paravelia G sp. nov. from Amazonas state; and Paravelia H sp. nov. from Mato Grosso state. Colored photos of the dorsal habitus were obtained for the following species: P. basalis (Spinola, 1837), P. biae Spangler, 1989, P. boliviana Breddin, 1898, P. bullialata Polhemus & Polhemus, 1984, P. capixaba Moreira, Nessimian & Rúdio, 2010, P. conata (Hungerford, 1929), P. dilatata Polhemus & Polhemus, 1984, P. foveata Polhemus & Polhemus, 1984, P. lanemeloi Moreira & Barbosa, 2012, P. manausana Polhemus & Polhemus, 1984, P. nieseri Moreira & Barbosa, 2012, P. platensis (Berg, 1883), P. recens (Drake & Harris, 1935), P. rotundanotata (Hungerford, 1930), P. spinifera Polhemus & Polhemus, 1984, P. splendoris (Drake & Harris, 1933), and P. williamsi (Hungerford, 1930). Three of these species are recorded for the first time from Brazil: P. platensis, P. spinifera, and P. williamsi. Also, the macropterous forms of P. capixaba and P. dilatata are described. Lastly, an identification key to the 36 Paravelia species recorded in Brazil is provided, and in order to summarize existing information about the diversity of the genus, a checklist with the geographic distribution of all described species is presented. Key words: Aquatic insects, Gerromorpha, Veliinae, Neotropical Region, taxonomy 60 Introdução Os percevejos semi-aquáticos do gênero Paravelia Breddin, 1898 (Insecta: Hemiptera: Heteroptera: Veliidae) vivem em uma ampla variedade de hábitats, tanto em ambientes lênticos, quanto em ambientes lóticos, podendo ser coligidos, por exemplo, entre a vegetação marginal, sobre pedras, galhos ou raízes que penetram dentro da água (Mazzucconi et al. 2009). Junto com Microvelia Westwood, 1834, são os únicos Gerromorpha até agora registrados para águas acumuladas no interior de bromélias. O gênero é essencialmente Neotropical, ocorrendo do México até a Argentina, exceto P. taipiensis (Cheesman, 1926), descrita para as Ilhas Marquesas, no leste do Pacífico (Andersen 1981). O gênero Paravelia foi estabelecido por Breddin (1898) para incluir duas espécies descritas no gênero Velia Latreille, 1804: V. basalis Spinola, 1837 e V. platensis Berg, 1883, além de uma terceira descrita por ele, P. boliviana Breddin, 1898. Muitas das outras espécies que atualmente estão incluídas em Paravelia também foram originalmente descritas em Velia. Posteriormente, Hungerford (1929) transferiu as espécies incluídas por Breddin (P. basalis, P. platensis e P. boliviana) em Paravelia, de volta para o gênero Velia. Além disso, Hungerford dividiu as espécies americanas incluídas em Velia em quatro grupos de espécies: basalis, brachialis, inveruglas e stagnalis; e criou o subgênero Velia (Stridulivelia) Hungerford, 1929 para alocar seis espécies: Velia cinctipes Champion, 1898, V. quadrispinosa Hungerford, 1929, V. raspa Hungerford, 1929, V. stridulata Hungerford, 1929, V. strigosa Hungerford, 1929 e V. transversa Hungerford, 1929. Porém, ao sugerir os grupos de espécies, o autor não especificou os caracteres que os separam, o que provavelmente fez com os pesquisadores subsequentes não utilizasse essa divisão. Assim, Paravelia foi negligenciado por muitos pesquisadores, que incluíram todas as subsequentes novas espécies no gênero Velia. Após mais de quarenta anos, Polhemus (1976) reconheceu que as espécies do Novo Mundo incluídas em Velia, não eram congenéricas com as do Velho Mundo, transferindo todas as espécies americanas para o gênero Paravelia, e elevou o subgênero Velia (Stridulivelia) para o status de gênero. Após isso, Polhemus & Polhemus (1993) reconheceram dois novos gêneros dentro das espécies de Paravelia, baseando-se principalmente nas estruturas dos esternos e acetábulos: Platyvelia (tipo Velia brachialis Stål, 1860) e Steinovelia (tipo Velia stagnalis Burmeister, 1835). Ainda assim, com as realocações e criação de novos gêneros, Paravelia ainda parece ser parafilético, uma vez 61 que é possível perceber espécies que compartilham conjuntos de caracteres, não observados em outras espécies do gênero. Quarenta e sete espécies válidas foram descritas para o gênero, sendo o mais especioso dentro da subfamília Veliinae. Dessas, 25 são registradas para o Brasil, algumas das quais, conhecidas apenas pelo registro da localidade-tipo (Moreira et al. 2010, 2011; Moreira & Barbosa 2011, 2012). Além disso, muitas descrições carecem de ilustrações, fato esse que impede o pronto reconhecimento dessas espécies. Por fim, a sistemática do gênero tem sido durante vários anos negligenciada e sabe-se que muito provavelmente deva ser uma entidade parafilética. Grupos de espécies provavelmente formarão clados suportados por várias sinapomorfias, caso uma análise cladística em conjunto com uma revisão taxonômica forem realizadas (Polhemus 1976; Andersen 1982). Baseado em material coletado em quatro regiões do Brasil (Norte, Nordeste, CentroOeste e Sudeste), oito novas espécies de Paravelia foram descobertas e aqui descritas. Também, é apresentada a descrição da forma macróptera previamente desconhecida de P. capixaba Moreira, Nessimian & Rúdio e P. dilatata Polhemus & Polhemus. Material de outras localidades do Brasil e Peru consiste novos registros, que são apresentados juntos com a lista das espécies descritas no gênero e os seus respectivos registros geográficos. Por fim, objetivando facilitar a identificação das espécies estudadas, todas elas foram fotografadas evidenciando seu aspecto dorsal, além de ilustrações das genitálias masculinas. Essas fotos mostram o padrão das manchas sobre as asas anteriores, um caráter chave, facilitando inclusive a identificação de fêmeas a nível específico, uma vez que não há dimorfismo entre os sexos. Material e Métodos O material estudado consiste em espécimes preservados em álcool ou montados via seca em dupla montagem sobre triângulo ou alfinetados, depositados nas seguintes coleções: CZNC – Coleção Zoológica Norte Capixaba, Universidade Federal do Espírito Santo, São Mateus, Brasil; CZNX – Coleção Zoobotânica James Alexander Ratter, Departamento de Ciências Biológicas, Universidade do Estado do Mato Grosso, Nova Xavantina, Brasil; 62 DPIC – Coleção de Invertebrados, Departamento de Parasitologia, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil; DZRJ – Coleção Entomológica Professor José Alfredo Pinheiro Dutra, Departamento de Zoologia, Instituto de Biologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil; INPA – Coleção de Invertebrados, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus, Brasil; MNRJ – Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil; MZSP – Museu de Zoologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil; ZUFG – Coleção Zoológica da Universidade Federal de Goiás. As imagens foram obtidas com auxílio de uma câmera Leica DFC420 acoplada em um microscópio estereoscópico Leica M165C, processadas usando o programa “Leica Application Suite” V3.7.0 e montadas através da opção “Auto-Montage”. Todas as medidas são dadas em milímetros. As abreviações usadas para as medidas são: comprimento do corpo (CC), comprimento da cabeça (CCA), largura da cabeça incluindo os olhos (LCA), comprimento dos antenômeros I–IV [sem considerar os tubérculos] (ANT I, ANT II, ANT III, ANT IV), largura máxima do olho (OLH), comprimento do pronoto na linha mediana (CPRO), largura do pronoto entre os ângulos humerais (LPRO), comprimento dos segmentos da perna anterior (PANT), comprimento dos segmentos da perna mediana (PMED), comprimento dos segmentos da perna posterior (PPOS), comprimento do fêmur (FEM), comprimento da tíbia (TIB), comprimento dos tarsômeros I–III (TAR I, TAR II, TAR III). Taxonomia Veliidae Brullé, 1836 Gênero Paravelia Breddin Paravelia Breddin, 1898: 159–160. Espécie-tipo: Velia basalis Spinola, 1837, por designação original. Redescrição. Coloração geral do corpo geralmente amarronzada, variando entre tons escuros quase pretos, ou amarelados e alaranjados, com presença ou não de áreas pruinosas. Comprimento do corpo variando entre 2.30 e 9.00 mm. Corpo com ou sem cerdas modificadas similares a diminutos espinhos escuros, que podem ser proeminentes ou 63 diminutos, agudos ou arredondados (chamados em inglês como: minute conical black setae, minute peg-like points, black denticle, short black spinules ou flattened triangular tooth); sendo aqui chamados como pequenos dentículos pretos. Olhos globosos, separados entre si por mais que a largura de um olho, localizados na porção posterior da cabeça, adjacentes à margem anterior do pronoto (Fig. 18). Cabeça alongada para frente e estendida para baixo, com geralmente três pares de tricobótrias e pontuações na região posterior. Cerdas oculares geralmente presentes. Rostro atingindo a mesocoxa. Figura 18. Paravelia rotundanotata, exemplificando o aspecto dorsal das espécies do gênero, (Ant) antenômero. Escala 1 mm. 64 Pronoto em ambas as formas alares longo, cobrindo o meso- e geralmente quase todo o metanoto, com uma fileira de pontuações arredondadas adjacentes a margem anterior; lobo posterior coberto por essas mesmas pontuações (e.g. Figura 1B) e com o ângulo posterior variando de arredondado (Fig. 18), triangular (Fig. 36C), até agudo (Fig. 50D); lobo anterior em algumas espécies com um par de manchas (Fig. 50A), áreas pruinosas (Figs. 18, 28A) ou pubescências (Figs. 20A,B, 50C). Forma áptera e braquíptera geralmente com os ângulos umerais não elevados. O contrário ocorrendo na forma macróptera, que possui o pronoto mais largo, ângulos umerais desenvolvidos e levemente elevados; asas anteriores atingindo os segmentos genitais e geralmente marrom-escuras; quando fechadas, ambas as asas formam um par de manchas basais, que podem variar de brancas até amareladas, próximas aos ângulos umerais; no ápice outra mancha, de formato variado, que pode ou não atingir a mancha posterior da asa (e.g. Fig. 18); a mancha apical pode estar ausente em P. basalis e P. itatiayana. Pro, mesopleura e proesterno com pontuações arredondadas. Região intersegmentar entre o meso- e metaesterno geralmente com dois pares de pequenos tubérculos dispostos medialmente (e.g. Fig. 1E). Pernas com ou sem espinhos, quando presentes, geralmente no fêmur posterior, e podem estar dispostos em fileira ou não, variando em número; todas as pernas com três tarsômeros e garras falciformes; arólios em forma de cerda; tarsômero I geralmente muito pequeno; tarsômero II da perna mediana geralmente muito longo, maior que 3–5x o comprimento do tarsômero I; tarsômero III de todas as pernas cilíndrico ou subcilíndrico, com as margens paralelas (Fig. 1J) (exceto P. bullialata, que apresenta as margens levemente divergentes). Abdome geralmente sem áreas pruinosas, com o ângulo posterior do último segmento do conexivo desenvolvido ou não (e.g. Fig. 30D–E). Machos – com os conexivos não elevados ou levemente elevados; forma áptera e braquíptera com seis tergitos visíveis; esternito VII podendo ter projeções (Fig. 59D) ou pequenos lobos (Fig. 24D) sobre a margem posterior, ou estar ausentes em ambas as estruturas (Fig. 28C); proctíger com (e.g. Figs. 60A) ou sem projeções (e.g. Fig. 60C); parâmeros simétricos, estreitos ou largos, cerdosos ou não. Fêmeas – com os conexivos elevados; forma áptera com sete tergitos visíveis, geralmente com parte dos conexivos refletidos sobre o abdome; proctíger e gonocoxas podendo ou não apresentar pequenos dentículos pretos. Comentários. Morfologicamente muito similar ao gênero Paleártico Velia Latreille e ao gênero sul-americano Oiovelia Drake & Maldonado-Capriles. Em Velia o proctíger da 65 fêmea cobre as gonocoxas e a abertura genital; o fêmur posterior do macho possui dois espinhos amplamente separados sobre a superfície interna; e a forma macróptera possui outra mancha mediana, além das basais e da apical. Em Paravelia, o proctíger não cobre as gonocoxas e a abertura genital; o fêmur posterior do macho se possuir espinhos, nunca com apenas dois amplamente separados; e a forma macróptera geralmente com apenas um par de manchas basais e outra apical. Em relação à Oiovelia, diferencia-se de Paravelia principalmente pelo formato do tarsômero III, expandido e com as margens laterais divergentes, enquanto são cilíndricos e com as margens paralelas em Paravelia. As espécies de Paravelia frequentemente são coletadas em ambientes lênticos, como poças temporárias, remansos em córregos e igarapés, lagos, ou até mesmo em águas acumuladas em bromélias, em número reduzido de espécimes. Chave para as espécies de Paravelia registradas no Brasil Nota: parte das espécies não foram examinadas, o que levou a considerar apenas os caracteres mencionados nas descrições originais, que muitas vezes são sucintas e sem ilustrações. 1. Ângulos umerais com processo espinhoso (Fig. 59B)...........................................P. spinifera 1’. Ângulos umerais sem processo espinhoso.............................................................................2 2. Região intersegmentar entre a cabeça e o pronoto e abaixo dos acetábulos ventralmente com uma larga faixa de cutícula branca (Fig. 23B)....................................Paravelia D sp. nov. 2’. Região intersegmentar sem faixa de cutícula branca.............................................................3 3. Comprimento do corpo menor que 3,40 mm..........................................................................4 3’. Comprimento do corpo igual ou maior que 3,40 mm............................................................5 4. Cabeça, pronoto, pernas e abdome cobertos por pequenos dentículos pretos; lobo anterior do pronoto com um par de pequenas áreas pruinosas lateralmente (Figs.55C– D).............................................................................................................................P. splendoris 4’. Corpo e pernas sem pequenos dentículos pretos, apenas cobertos por cerdas muito longas; lobo anterior do pronoto sem pruinosidades (Figs. 37C–D)......................................P. capixaba 66 5. Asas anteriores com um par de estruturas similares a bolhas na região basal próximas aos ângulos umerais (Fig. 37A).......................................................................................P. bullialata 5’. Asas anteriores com um par de manchas na região basal, sem estruturas similares a bolhas..........................................................................................................................................6 6. Pronoto com um distinto processo cônico dorsal entre os ângulos umerais (Fig. 47A)..............................................................................................................................P. conata 6’. Pronoto sem processo cônico dorsal......................................................................................7 7. Ventre do abdome coberto por pontuações arredondadas ou ovais (e.g. Fig. 24D)...............8 7’. Ventre do abdome não coberto por pontuações...................................................................12 8. Macho com o lobo anterior do pronoto alargado distintamente; fêmea com lobo anterior normal, sem alargamento; comprimento do corpo igual ou maior que 5,30 mm........P. dilatata 8’. Macho sem alargamento do lobo anterior do pronoto; comprimento do corpo menor que 5,30 mm......................................................................................................................................9 9. Mancha basal da asa anterior estreitando-se na metade posterior; um par de pequenas manchas brancas arredondadas presente internamente ao lado das manchas basais (Fig. 50A)..............................................................................................................................P. foveata 9’ Mancha basal da asa anterior com as margens paralelas; manchas brancas arredondadas adicionais na base ausentes da asa (e.g. Figs. 19A, 22A–B)....................................................10 10. Distância entre a mancha basal e apical das asas anteriores menor que o comprimento da mancha basal; mancha apical ligeiramente constrita medialmente (Fig. 45)........P. hungerfordi 10’. Distância entre a mancha basal e apical das asas distintamente maior que o comprimento da mancha basal; mancha apical distintamente constrita medialmente (Figs. 19A, 22A–B)...11 11. Mancha apical das asas anteriores fortemente constrita medialmente, podendo estar interrompida na região medial formando duas manchas isoladas (Figs. 22A–B); margem posterior do esternito VII com dois pequenos lobos (Fig. 24D); proctíger do macho com um par de expansões bilobadas (Figs. 21E–F)...................................................Paravelia C sp. nov. 67 11’. Mancha apical menos constrita medialmente, não interrompida (Figs. 19A); margem posterior do esternito VII sem lobos, quase reta; proctíger do macho com um par de expansões não bilobadas (Figs. 21A–B)......................................................Paravelia A sp. nov. 12. Asas anteriores com as manchas basais brancas e em forma de lágrima, surgindo dos ângulos umerais e ultrapassando a margem posterior do pronoto (Fig. 25A)..............................................................................................................Paravelia E sp. nov. 12’. Asas anteriores com as manchas basais de outra forma, nunca em forma de lágrima......13 13. Asas anteriores com as manchas basais e a apical muito pequenas, todas de tamanho similar, brancas e arredondadas (Fig. 26A)..................................................Paravelia F sp. nov. 13’. Asas anteriores com as manchas de outra forma, nunca com todas as manchas pequenas....................................................................................................................................14 14. Asas anteriores com um par de pequenas manchas alongadas e estreitas abaixo da margem posterior do pronoto; no ápice outro par de pequenas manchas arredondadas dispostas lateralmente; ambos os pares esbranquiçados (Fig. 37B).........................................................15 14’. Asas anteriores de outra forma, nunca como acima..........................................................16 15. Comprimento do corpo 4,20–4,95 (Fig. 37B); tíbias armadas com dentículos sobre a margem interna...........................................................................................................P. capillata 15’. Comprimento do corpo 5,50; tíbias sem dentículos internamente.......................P. cognata 16. Asas anteriores com um par de manchas basais brancas e subtriangulares ao longo da margem costal; no ápice uma área oval branca centralmente e duas manchas irregulares na margem posterior.....................................................................................................P. cupariana 16’. Asas anteriores de outra forma, nunca como acima..........................................................17 17. Cabeça, tórax e conexivos cobertos por pequenos dentículos pretos; pronoto alaranajdo ou amarelo-alaranjado; asas anteriores com uma mancha branca em frente a mancha basal; outra mancha surgindo sobre a veia cubital e margeando a asa; no ápice outra mancha branca arredondada (Figs. 28A, 55B)...................................................................................................18 17’. Corpo, se possuir dentículos pretos, não dispostos como acima; asas anteriores no máximo com duas manchas basais e uma apical......................................................................20 68 18. Coloração geral do corpo laranja-amarelado; comprimento do corpo 5,00; esternito abdominal VII do macho com um par de projeções distintas (Fig. 39A)...................P. confusa 18’. Coloração geral do corpo alaranjado para marrom alaranjado; comprimento do corpo 3,80–4,25; esternito abdominal VII do macho sem projeções (e.g. Fig. 28C).........................19 19. Antenômero IV esbranquiçado, com apenas uma pequena área marrom na base e outra no ápice (Fig. 55B); proctíger do macho com uma distinta expansão em forma de chifre na região basal e pequenos dentículos pretos no ápice (Fig. 60D); ângulo posterior do último segmento do conexivo da fêmea não desenvolvido...........................................................P. rotundanotata 19’. Antenômero IV inteiramente marrom-alaranjado (Fig. 28A); proctíger do macho com apenas uma elevação na região basal, sem pequenos dentículos pretos no ápice (Fig. 30B); ângulo posterior do último segmento do conexivo da fêmea desenvolvido, agudo (Fig. 30D).............................................................................................................Paravelia G sp. nov. 20. Asas anteriores com as manchas basais distintamente amareladas (Figs. 29A, 36A– B).............................................................................................................................................21 20’. Asas anteriores com as manchas basais brancas, esbranquiçadas ou branco-amareladas (essa última cor pode ocorrer em P. gabrielae e P. itatiayana)................................................22 21. Tórax e abdome marrom-escuros a pretos; manchas basais surgindo dos ângulos umerais; macho com um par de projeções sobre o esternito abdominal VII; mancha apical da asa anterior, quando presente, estreita e alongada (Fig. 36A); fêmur posterior sem espinhos.........................................................................................................................P. basalis 21’. Tórax marrom escuro, abdome ventralmente marrom a marrom-claro (Fig. 29B–C); manchas basais surgindo muito próximas dos ângulos umerais; mancha apical da asa anterior arredondada (Fig. 29A); fêmur posterior com 5–7 espinhos dorsalmente (Fig. 30F) (macho desconhecido)..............................................................................................Paravelia H sp. nov. 22. Corpo com pequenos dentículos pretos, podendo estar distribuídos somente na cabeça, sobre os esternitos abdominais, conexivos e/ou segmentos genitais ou sobre todas essas regiões.......................................................................................................................................23 22’. Corpo sem pequenos dentículos pretos..............................................................................29 69 23. Ângulo posterior do pronoto acuminado (Fig. 50D); esternito abdominal VII do macho com um par de projeções agudas.............................................................................................24 23’. Ângulo posterior do pronoto arredondado (Figs. 20A–B, 50B); esternito abdominal VII do macho sem projeções (Fig. 20D).........................................................................................25 24. Pronoto alaranjado, com o lobo anterior, ângulos umerais e uma faixa mediana ampla amarronzada; base do parâmero com a superfície dorsal alargando-se levemente (Fig. 58); fêmur posterior da fêmea com aproximadamente sete dentículos pretos sobre a superfície ventral, aumentando de tamanho em direção ao ápice...................................................P. truxali 24’. Pronoto marrom escuro para preto, com as margens do lobo posterior alaranjadas (Fig. 50D); parâmero com uma leve reentrância basal na superfície dorsal (Fig. 60A); fêmur posterior da fêmea com 4–6 pequenos espinhos sobre a metade posterior...................P. nieseri 25. Pequenos dentículos pretos sobre os conexivos; comprimento do corpo 3,54–4,00..........26 25’. Pequenos dentículos pretos ausentes sobre os conexivos; comprimento do corpo 4.58– 5.10............................................................................................................................................28 26. Comprimento do corpo 3,54 mm; primeiro segmento genital do macho sem pequenos dentículos pretos; parâmero curvado para dentro, escurecendo e estreitando em direção ao ápice;.................................................................................................................................P. nexa 26’. Comprimento do corpo 4,00 mm; primeiro segmento genital do macho com pequenos dentículos pretos lateralmente; parâmero de outra forma, não como acima.............................27 27. Parâmero curvado, constrito próximo à base e após o meio, com o ápice alargado..P. kahli 27’. Parâmero com o ápice fortemente curvado e pontudo............................................P. parilis 28. Lobo anterior do pronoto com um par de pubescência prateada lateralmente (Fig. 20A–B); ângulo posterior do pronoto com um pequeno processo medialmente (Fig. 21F); esternitos abdominais cobertos por pequenos dentículos pretos arredondados...........Paravelia B sp. nov. 28’. Lobo anterior do pronoto sem pubescência (Fig. 50B); ângulo posterior do pronoto sem pequeno processo medial; região central dos esternitos abdominais II–VI e sobre a margem póstero lateral do segmento abdominal VII com pequenos dentículos pretos cônicos......................................................................................................................P. lanemeloi 70 29. Comprimento do corpo igual ou maior a 4,90....................................................................30 29’. Comprimento do corpo menor que 4,90 (espécies registradas apenas para bromélias)....33 30. Ângulo posterior do pronoto triangular (Fig. 36C) ou acuminado; fêmures e tíbias marrom-escuras; esternito abdominal VII do macho sem projeções ou pequenos lobos sobre a margem posterior......................................................................................................................31 30’. Ângulo posterior do pronoto arredondado; esternito abdominal VII do macho com um par de projeções (Fig. 59D) ou com dois pequenos lobos medialmente sobre a margem posterior....................................................................................................................................32 31. Ângulo posterior do pronoto acuminado; comprimento do corpo menor ou igual a 6,00; parâmero levemente estreito na base, sem reentrância dorsal (Fig. 48)......................P. juruana 31’. Ângulo posterior do pronoto no máximo triangular (Fig. 36C); comprimento do corpo maior que 6,00; parâmero com uma reentrância sobre a superfície dorsal perto da base, levemente curvado.............................................................................................................P. biae 32. Fêmures amarelados sobre a metade basal, com o restante dos segmentos das pernas amarronzados; machos com um par de projeções distintas sobre a margem posterior do esternito abdominal VII (Figs. 59C–D); proctíger do macho com projeção anteriormente (Fig. 60G); comprimento do corpo 5,80–6,00 mm.............................................................P. williamsi 32’. Pernas marrom-escuras; margem posterior do esternito abdominal VII do macho estendida medialmente, com a margem posterior levemente côncava, formando dois pequenos lobos; comprimento do corpo 5,03.............................................................................P. platensis 33. Mancha apical das asas anteriores arredondada, não surgindo da margem posterior da asa nem tão próxima dela (Fig. 55A)...................................................................................P. recens 33’. Mancha apical das asas anteriores, quando presente, alongada e estreita, surgindo da margem posterior da asa ou muito próxima a ela, nunca arredondada (Figs. 43A, 47C–D, 50C)...........................................................................................................................................34 34. Lobo anterior do pronoto com um par de pubescência (Figs. 43A, 50C)..........................35 34’. Lobo anterior do pronoto sem pubescência (Fig. 47C–D)................................P. itatiayana 71 35. Pubescência prateada sobre o lobo anterior do pronoto estreita e longitudinal, levemente curvada para fora (Fig. 43A); parâmero afilando-se para o ápice na metade posterior (Fig. 43B)...........................................................................................................................P. gabrielae 35’. Pubescência esbranquiçada sobre o lobo anterior larga e subretangular (Fig. 50C); parâmero não se afilando na metade posterior......................................................P. manausana Descrições Nota: os caracteres genéricos citados acima que não variaram entre as espécies não foram repetidos nas descrições e redescrições. Paravelia A sp. nov. (Figs 19, 21A–B, 61) Macho macróptero Dimensões (n=1). CC—4,80; CCA—0,65; LCA—0,90; ANT I—0,63, ANT II—0,54, ANT III—0,53, ANT IV—0,61; OLH—0,24; CPRO—1,64; LPRO—1,61; PANT: FEM—1,10, TIB—1,11, TAR I—0,11, TAR II—0,20, TAR III—0,30; PMED: FEM—1,26, TIB—1,35, TAR I—0,10, TAR II—0,38, TAR III—0,38; PPOS: FEM—1,60, TIB—1,70, TAR I—0,14, TAR II—perdido, TAR III—perdido. Coloração. Cabeça, pleuras e ventre do corpo marrom-alaranjado. Antenas marrons. Olhos enegrecidos. Búcula e segmentos I e II do rostro marrom-claro; segmentos III–IV cobertos pela cola. Pronoto amarronzado, com as margens marron-alaranjadas. Asa anterior marrom, com as veias mais claras; na base um par de manchas brancas, estreitas e alongadas, surgindo próximo aos ângulos umerais e ultrapassando distintamente a margem posterior do pronoto; no ápice outra mancha branca alongada surgindo da margem posterior da asa, fortemente constrita medialmente. Pernas marrons, com áreas levemente escuras próximas ao fêmur. Segmentos genitais e partes expostas dos conexivos marrons. Cabeça. Coberta por pubescência dourada, com cerdas longas escuras concentradas à frente e na margem interna dos olhos; duas impressões oblíquas na região posterior, sem pequenos dentículos pretos. Antenas cobertas densamente por pubescência dourada, com cerdas longas escuras concentradas sobre os antenômeros I e II; antenômero I robusto, curvado para fora; 72 antenômeros III e IV com mesma largura. Cerdas oculares presentes. Búcula e gula com pontuações. Tórax. Coberto por pubescência dourada e cerdas marrom-escuras, com uma leve carena mediana longitudinal, mais evidente sobre o lobo anterior; pontuações sobre o lobo posterior amplas e profundas em direção ao ápice. Ângulos umerais com as margens externas ligeiramente arredondadas. Ângulo posterior do pronoto arredondado. Asas anteriores atingindo os segmentos genitais, cobertas por cerdas douradas sobre a porção proximal. Pleuras cobertas por pontuações subovais. Ventre do tórax colado, não visível. Pernas cobertas por longas cerdas douradas, sem espinhos ou cerdas modificadas. Tíbia anterior colada, não visível. Abdome. Lados e ventre do abdome, exceto o esternito abdominal VII, cobertos por pontuações arredondadas. Conexivos e tergitos cobertos por cerdas douradas e marrons escuras; conexivos em vista lateral com uma estreita faixa superior brilhante. Esternito abdominal VII levemente achatado centralmente, com um par de pequenas gibas sobre a margem posterior. Primeiro segmento genital com a margem posterior formando um pequeno lobo medial, convexo. Proctíger com um par de pequenas expansões anteriormente, coberto por várias cerdas medialmente. Parâmero alongado, levemente curvado, afilando-se no terço posterior, com uma fileira de cerdas na superfície ventral. Material-tipo. Holótipo: macho macróptero (MNRJ), Brasil: Amapá – Porto Santana, I.C.O.M.I., II-VI.1961, (J.C.M. Carvalho). Distribuição. Apenas o holótipo, coletado próximo à foz do Rio Amazonas, é conhecido até o momento (Fig. 61). Essa é a única espécie de Paravelia registrada para o estado do Amapá. Comentários. A presença de várias pontuações arredondadas ou subovais sobre as pleuras e abdome (e.g. Fig. 24D) separa essa nova espécie de todas as outras espécies do gênero, exceto P. anta, Paravelia C sp. nov., P. foveata e P. hungerfordi, que também possuem essas estruturas. A nova espécie possui a mancha basal da asa anterior relativamente curta e a mancha apical constrita medialmente (Fig. 19A), assim como P. anta. Contudo, elas são diferenciadas pela ausência de pequenos espinhos sobre a tíbia posterior (30-50 espinhos em P. anta) e pelo formato das projeções sobre a superfície dorsal do proctíger do macho, pequenas e com o ápice obtuso na nova espécie (Fig. 21B), grandes e em forma de espinhos em P. anta (Fig. 32D). 73 Em relação à Paravelia C sp. nov., a presença de um par de pequenos lobos na margem posterior do esternito VII do macho, em conjunto com um par de projeções bilobadas basalmente sobre o proctíger do macho, separa essa espécie de Paravelia A sp. nov. No caso de P. hungerfordi, a presença de aproximadamente 35 espinhos sobre a tíbia posterior, mancha basal da asa anterior longa e a apical não fortemente constrita medialmente, separa ela da nova espécie. Por fim, P. foveata possui cinco manchas distintas sobre as asas anteriores, enquanto a nova espécie possui apenas três. Figura 19. Paravelia A sp. nov. – Macho macróptero [Holótipo], (A) aspecto dorsal, (B) aspecto ventral, (C) aspecto lateral. Escala 1 mm. 74 Paravelia B sp. nov. (Figs. 20, 21C–F, 61) Macho macróptero Dimensões (n=1). CC—4,58; CCA—0,65; LCA—0,89; ANT I—perdido, ANT II—perdido, ANT III—perdido, ANT IV—perdido; OLH—0,20; CPRO—1,83; LPRO—1,61; PANT: FEM—1,14, TIB—1,11, TAR I—0,13, TAR II—0,19, TAR III—0,26; PMED: FEM—1,25, TIB—1,31, TAR I—0,13, TAR II—0,30, TAR III—0,28; PPOS: FEM—1,81, TIB—1,89, TAR I—0,13, TAR II—0,36, TAR III—0,29. Coloração. Cabeça marrom-escura, com áreas mais claras na região posterior entre os olhos, base das antenas e búcula. Antenas perdidas. Olhos marrom-escuros. Segmento I do rostro marrom, II e III marrom-amarelados, IV preto brilhante. Pronoto marrom-escuro, com um par de pubescência prateada lateralmente sobre o lobo anterior (Fig. 20A). Asas anteriores marrons, com as veias escuras; um par de manchas basais brancas e subovais, não surgindo dos ângulos umerais e distintamente ultrapassando a margem posterior do pronoto; no ápice outra mancha branca oval similar em tamanho à basal, não atingindo a margem posterior da asa (Fig. 20A). Pleuras marrom-escuras. Parte visível dos acetábulos e ventre marrons. Pernas marrons a marrom-escuras. Conexivos marrom-escuros. Esternitos abdominais marrons, escuros lateralmente. Segmentos genitais marrons a marrom-escuros. Cabeça. Coberta por pubescência dourada e duas impressões oblíquas brilhantes na região posterior, sem pequenos dentículos pretos dorsalmente; ventralmente, abaixo dos tubérculos anteníferos e jugo, com pequenos dentículos pretos arredondados. Cerdas oculares presentes. Rostro atingindo a mesocoxa. Tórax. Pronoto coberto por pubescência dourada, com sutura mediana longitudinal distinta, terminando em um pequeno processo na margem posterior (Fig. 21F). Asas anteriores cobertas por cerdas sobre a margem externa. Propelura com uma fileira transversal de pequenas pontuações arredondadas sobre a margem posterior; mesopleura com uma fileira na margem anterior; metapleura com pontuações medialmente. Ventre do tórax com longas cerdas escuras. Região intersegmentar entre o meso- e metaesterno com dois pares de pequenos tubérculos. Pernas cobertas por pequenas cerdas finas e longas cerdas mais robustas, concentrandas sobre o ventre dos fêmures. Fêmur posterior com duas fileiras de espinhos, 2–3 espinhos ventrais, com 9 espinhos dorsais, o último robusto e curvado. 75 Abdome. Conexivos cobertos por cerdas amarronzadas. Ventre coberto por pequenas cerdas douradas e pequenos dentículos pretos arredondados, esses últimos mais largos e numerosos lateralmente. Esternito VII sem projeções ou lobos, com a margem posterior côncava (Fig. 20D). Segmento genital I com a margem anterior dorsal convexa; região posterior com longas cerdas marrons escuras e margem posterior arredondada (Fig. 21C). Proctíger sem expansões ou espinhos. Parâmero com a superfície dorsal escavada anteriormente e conjunto de cerdas na base e ao longo da superfície ventral (Fig. 21E). Fêmea macróptera Dimensões (n=2). CC—4,58-4,77; CCA—0,61-0,74; LCA—0,89-0,90; ANT I—0,64-0,65, ANT II—0,43-0,44, ANT III—perdido, ANT IV—perdido; OLH—0,24-0,25; CPRO—1,561,64; LPRO—1,50-1,58; PANT: FEM—1,18-1,25, TIB—1,01-1,04, TAR I—0,10-0,13, TAR II—0,15-0,18, TAR III—0,23-0,26; PMED: FEM—1,30-1,40, TIB—1,39, TAR I—0,13, TAR II—0,25, TAR III—0,26; PPOS: FEM—1,64-1,70, TIB—1,76-1,85, TAR I—0,13, TAR II—perdido, TAR III—perdido. Coloração e estrutura geral do corpo similar ao macho macróptero (Fig. 20B), exceto: conexivos mais elevados; antenômeros I e II presentes, amarronzados e cobertos por pequenas cerdas douradas, com longas cerdas escuras dispersas; antenômero I robusto e curvado para fora; II cilíndrico e menos robusto; fêmur posterior com uma fileira de 3–4 espinhos ventralmente; dorsalmente com uma fileira de 4–5 pequenos espinhos. Material-tipo. Holótipo: macho macróptero (MNRJ), Brasil: Bahia – Salvador, Pituba, VII.1951, (Dalcy). Parátipos: 2 fêmeas macrópteras (MNRJ), mesmos dados do holótipo. Distribuição. Conhecida apenas para a costa do estado da Bahia, sendo a única espécie do gênero registrada para a região até o momento (Fig. 61). Comentários. Esta nova espécie pode ser diferenciada de todas as outras espécies do gênero por possuir pequenos dentículos pretos arredondados sobre o ventre da cabeça e por toda a extensão dos esternitos abdominais, mas não sobre o dorso e pernas. Esses pequenos dentículos pretos estão presentes sobre o abdome de outras espécies de Paravelia, como P. rotundanotata, P. lanemeloi, P. kahli, P. parilis, P. nexa, Paravelia G sp. nov. e P. splendoris. Contudo, a distribuição desses dentículos sobre o abdome da nova espécie é único. 76 Em Paravelia G sp. nov. e P. rotundanotata, esses dentículos pretos estão presentes sobre a cabeça, tórax, margens dos conexivos e lados do último esternito abdominal, mas não sobre o centro desse segmento ou sobre outro esternito. O número e forma das manchas das asas anteriores também separam essas espécies. Paravelia kahli, P. parilis e P. nexa possuem dentículos sobre os conexivos, mas não sobre os esternitos, além de serem menores em comprimento, variando entre 3.50–4.00 mm. Em P. lanemeloi, os dentículos sobre o ventre do abdome estão dispersos apenas na região central dos esternitos II–VI, além de possuir a mancha apical pequena. Por fim, a nova espécie e P. splendoris possuem o corpo cobertos por pequenos dentículos pretos, porém, os dentículos da última espécie são proeminentes e dirigidos para trás, enquanto os da nova espécie são menores e arredondados, não dirigidos para trás. 77 Figura 20. Paravelia B sp. nov. – (A) aspecto dorsal do macho [Holótipo] (seta indicando a pubescência prateada), (B) aspecto dorsal da fêmea [Parátipo], (C) aspecto lateral do macho, (D) ápice do abdome do macho em vista ventral. Escala 1 mm. 78 Figura 21. Paravelia A sp. nov. – (A) cápsula genital do macho em vista lateral, (B) detalhe das projeções do proctíger em vista anterior. Paravelia B sp. nov. – (C) segmento genital I do macho em vista dorsal, (D) segmento genital I em vista lateral, (E) cápsula genital do macho em vista lateral, (F) ápice do ângulo posterior do pronoto. Paravelia C sp. nov. (Figs. 22, 24A–F, 61) Macho macróptero Dimensões (n=2). CC—5,03–5,07; CCA—0,70–0,77; LCA—0,96–1,02; ANT I—0,75–0,80, ANT II—0,63–0,65, ANT III—0,60–0,62, ANT IV—0,68–0,71; OLH—0,26–0,30; CPRO— 1,95–2,00; LPRO—1,16–1,75; PANT: FEM—1,26–1,33, TIB—1,23–1,25, TAR I—0,10– 0,12, TAR II—0,20–0,27, TAR III—0,31–0,32; PMED: FEM—1,50–1,62, TIB—1,52–1,53, TAR I—0,13, TAR II—0,40, TAR III—0,33–0,37; PPOS: FEM—1,73–1,82, TIB—1,85– 1,92, TAR I—0,13, TAR II—0,36–0,38, TAR III—0,34–0,37. Coloração. Cabeça, pleuras e ventre do abdome marrom a marrom-escuro. Antenas marrons a marrom-claras, com a base dos segmentos III e IV escuros. Olhos preto-brilhantes. Rostro com os segmentos I–III marrom-claro; região central do segmento I e todo o IV preto brilhante; segmento III brilhante centralmente e pálido lateralmente nos dois terços basais. Pronoto marrom-escuro, com as bordas do lobo posterior claras. Asas anteriores marromescuras, com as veias claras; um par de manchas basais brancas e alongadas, não surgindo dos ângulos umerais e distintamente ultrapassando a margem posterior do pronoto; no ápice, uma 79 mancha branca em forma de gota atingindo a margem posterior da asa; em frente a ela, outra pequena mancha branca arredondada (Fig. 22A–B). Acetábulos marrom-alaranjados. Coxas, trocânteres e metade anterior dos fêmures marrom-claros a marrom-amarelados; metade posterior dos fêmures e tíbias marrons. Tarsômeros com regiões intersegmentares claras e medialmente escuras. Cabeça. Coberta por cerdas douradas e duas pequenas, estreitas e brilhantes pontuações na região posterior; sem pequenos dentículos pretos. Antena densamente coberta por pequenas cerdas douradas e dispersa por longas cerdas escuras. Antenômero I robusto, curvado para fora; segmento II mais largo que o III e IV, que são subiguais em comprimento; segmento IV fusiforme. Cerdas oculares presentes. Rostro atingindo a margem posterior do mesoacetábulo. Tórax. Pronoto coberto por pequenas cerdas douradas e longas cerdas marrom-escuras, com carena mediana longitudinal, mais evidente na metada anterior. Ângulos umerais com as margens arredondadas. Ângulo posterior do pronoto arredondado. Asas anteriores cobertas por cerdas douradas sobre a porção proximal. Pleuras cobertas por pontuações subovais. Região intersegmentar entre o meso- e metaesterno com um par de pequenos tubérculos. Pernas cobertas por longas cerdas douradas, sem espinhos ou cerdas modificadas. Tíbia anterior com “grasping comb” presente no 1/5 apical. Abdome. Lados e ventre do abdome, exceto o esternito abdominal VII, cobertos por pontuações subovais (Figs. 22C–D, 24D). Conexivos e tergitos cobertos por cerdas douradas e marrons escuras; conexivos em vista lateral com uma estreita faixa superior brilhante. Esternito abdominal VII sem projeções ou pequenos dentículos, apenas com dois pequenos lobos (Fig. 24D). Dorso do segmento genital I coberto por longas cerdas marrom-escuras, com a margem posterior fortemente escavada, formando um pequeno lobo medial (Fig. 24A); ventre com a margem anterior côncava medialmente e a margem posterior distintamente convergente para o ápice (Fig. 24C). Proctíger coberto por longas cerdas marrons escuras, concentradas na superfície dorsal; anteriormente com um par de projeções bilobadas, com o lobo interno menor (Figs. 24E–F). Parâmeros simétricos, com a margem superior curvada e uma fileira de cerdas claras sobre a porção posterior da superfície ventral (Fig. 24E). Variação intraespecífica. Foi observada variação substancial apenas na forma da mancha apical das asas anteriores, onde um dos dois espécimes analisados possui a mancha constrita 80 medialmente por uma linha longitudinal delgada (Fig. 22B), enquanto o holótipo não possui essa linha (Fig. 22A). Material-tipo. Holótipo: macho macróptero (DPIC), Brasil: Mato Grosso – Nova Xavantina, Reserva Municipal Mario Viana, Córrego Bacaba, 14o43’14.801”S / 52o21’35.635”W, 11.X.2003, (S.O. Pagioro). Parátipo: 1 macho macróptero (MZSP), Córrego da Mata, quarta ordem, 15o01’32”S /52o26’29”W, 17.XI.2005, (H.S.R. Cabette et al.). Figura 22. Paravelia C sp. nov. – macho macróptero, (A) aspecto dorsal [Holótipo], (B) aspecto dorsal [Parátipo] (seta indicando a variação da mancha apical), (C) aspecto ventral [Parátipo], (D) aspecto lateral [Holótipo]. Escala 1 mm. 81 Distribuição. Conhecida para o Centro-Oeste do Brasil, estado do Mato Grosso próximo ao estado de Goiás (Fig. 61). Comentários. Paravelia C sp. nov. possui as mesmas pontuações subovais sobre as pleuras e ventre do abdome (Fig. 24D), presentes também em P. amapaensis sp. nov., P. anta, P. foveata e P. hungerfordi. Entretanto, diferencia-se destas pela forma das manchas sobre as asas anteriores (Figs. 22A–B); margem posterior do segmento genital I escavada com um pequeno lobo medial (Fig. 24A, C); e pelo par de projeções bilobadas no proctíger (Figs. E– F). Paravelia anta e Paravelia A sp. nov. também possuem um par de projeções no proctíger, porém, na primeira espécie as projeções são similiares a espinhos (Fig. 32D) e na segunda as projeções não são bilobadas (Fig. 21B). Paravelia D sp. nov. (Figs. 23, 24G–I, 61) Macho micróptero Dimensões (n=5). CC—4,75–4,95; CCA—0,62–0,63; LCA—0,87–0,89; ANT I—0,79–0,80, ANT II—0,80–0,82, ANT III—0,87–0,88, ANT IV—0,69–0,70; OLH—0,25–0,27; CPRO— 1,25; LPRO—1,45–1,48; PANT: FEM—1,31–1,39, TIB—1,15–1,26, TAR I—0,08–0,09, TAR II—0,10–0,11, TAR III—0,34–0,35; PMED: FEM—1,70–1,76, TIB—1,82–1,84, TAR I—0,14, TAR II—0,63–0,66, TAR III—0,40–0,44; PPOS: FEM—1,75–1,76, TIB—1,89– 1,90, TAR I—0,14–0,15, TAR II—0,28–0,31, TAR III—0,41–0,42. Coloração. Cabeça preta. Tubérculo antenífero marrom-escuro; antenômero I com a base e a metade posterior amarelo-escuro, marrom na porção central e mais claro ventralmente; restante dos antenômeros marrons, com o ápice do segmento II escuro. Olhos vermelhobrilhantes. Rostro com a base do segmento I, todo o II e ápice do III marrons; restante desses segmentos amarelos; segmento IV marrom-escuro brilhante. Pronoto marrom-escuro, com a carena mediana longitudinal marrom; lobo anterior com um par de marcas ovais brancas sobre os lados da linha mediana (Fig. 23A); lobo posterior com as margens alaranjadas. Asas micrópteras com as margens brancas, marrom centralmente (Fig. 23A). Pleuras e ventre do tórax marrom-escuros. Coxa anterior e posterior, e trocânteres amarelo-pálidos. Coxa mediana marrom, mais clara no ápice. Fêmur anterior e posterior com a metade anterior amarelo-pálida 82 e metade posterior marrom com um anel amarelo perto do ápice. Fêmur mediano com a coloração similar, exceto a marca marrom no 1/6 anterior. Tíbias marrons, com um anel amarelo basal e outro mediano. Tarso anterior com os tarsômeros I e II marrons e o III amarelo com o ápice marrom a marrom-escuro. Tarso mediano e posterior com o tarsômero I marrom e o II e III amarelo com o ápice marrom. Tergitos abdominais I e II marrom-escuros; III–VI marrons com as margens escuras; VII marrom com as margens laterais marromescuras e margem posterior preta. Pubescência prateada presente sobre margem posterior do tergito V, maioria do tergito VI e anteriormente sobre o tergito VII. Conexivos abdominais marrom-escuros, com pubescência prateada sobre a porção externa entre os segmentos I–II, II–III e III–IV; pubesência prateda larga entre os segmentos IV–V e V–VI (Fig. 23A). Esternitos abdominais marrom-escuros, com áreas mais claras entre os segmentos. Segmento genital I preto brilhante; segmentos genitais remanescentes marrons, escuros apicalmente. Cabeça. Coberta por longas cerdas escuras, concentradas à frente dos olhos e na margem interna dos olhos, com duas pontuações arredondadas na porção posterior, sem pequenos dentículos pretos. Cerdas oculares ausentes. Tubérculos anteníferos inchados. Antena densamente coberta por longas cerdas marrons. Antenômero I distintamente mais espesso que os restantes, largo medialmente e curvado para fora; II e III cilíndricos; II levemente mais espesso que o III e o IV; III e IV subiguais em largura; IV fusiforme. Búcula coberta por longas cerdas claras, com uma pontuação arredondada próximo do meio, sem pequenos dentículos pretos. Rostro quase atingindo a base do metaesterno. Cabeça e pronoto lateralmente separados por uma faixa de cutícula branca e larga, que se extende ventralmente sobre a propleura e proesterno, quase se encontrando medialmente (Fig. 23B). Tórax. Pronoto coberto por cerdas claras, mais numerosas sobre a metade posterior, e por pequenas cerdas douradas sobre as margens laterais, com carena mediana longitudinal pouco desenvolvida e ângulos umerais não elevados; sem pequenos dentículos pretos; pontuações arredondadas sobre o lobo posterior mais largas e profundas em direção ao ápice; lobo anterior levemente depremido sobre as marcas brancas ovais. Asas micrópteras levemente ultrapassando a margem posterior do tergito I (Fig. 23A). Margens do tórax com uma cutícula branca e larga sobre as áreas intersegmentares e entre o metatórax e abdome, extendendo-se ventralmente abaixo das coxas (Fig. 23B). Propleura com duas pequenas fileiras de pequenas pontuações arredondadas sobre a porção posterior e uma outra sobre a porção anterior da mesopleura. Região intersegmentar entre o meso- e metaesterno sem pequenos tubérculos. 83 Mesoacetábulo com uma larga e profunda pontuação, não se extendendo centralmente. Pernas densamente cobertas por longas cerdas claras; fêmur anterior coberto por pequenas cerdas cônicas pretas sobre a margem posterior; tíbia anterior e posterior achatadas posteriormente, com vários pequenos dentículos pretos ao longo do seu comprimento; parte apical do fêmur posterior também com pequenos dentículos pretos; tíbia mediana com uma fileira de longas cerdas escuras sobre a margem interna da porção posterior; tíbia anterior com um pequeno “grasping comb”. Abdome. Conexivos abdominais e tergitos cobertos por pequenas cerdas marrom-douradas. Tergitos abdominais I e II levemente inchados centralmente. Margem posterior do último tergito abdominal côncavo. Conexivos levemente elevados, sem pequenos dentículos pretos. Esternitos abdominais I–II e margens dos restantes esternitos cobertos por longas cerdas claras. Margem anterior dos esternitos abdominais III–VII com uma área transversal sem cerdas, aumentando de tamanho em direção ao ápice (Fig. 23B). Último esternito abdominal levemente comprimindo lateralmente, sem projeções ou dentículos. Dorso do segmento genital I com as margens laterais levemente divergentes sobre a metade posterior, com a margem posterior reta centralmente (Fig. 24G); ventre levemente comprimido lateralmente, com a margem anterior escavada centralmente. Proctíger levemente elevado nas laterais, sem projeções dorsais (Fig. 24I). Parâmero longo, estreito, levemente curvado no ápice, sem cerdas (Fig. 24I). Fêmea micróptera Dimensões (n=3). CC—5,00–5,10; CCA—0,66–0,75; LCA—0,92–0,95; ANT I—0,83–0,90, ANT II—0,77–0,85, ANT III—0,87–0,90, ANT IV—0,65–0,67; OLH—0,26–0,30; CPRO— 1,30–1,35; LPRO—1,50; PANT: FEM—1,30–1,32, TIB—1,20, TAR I—0,09–0,10, TAR II—0,10–0,12, TAR III—0,35–0,37; PMED: FEM—1,71–1,85, TIB—1,83–1,92, TAR I— 0,12–0,13, TAR II—0,57–0,62, TAR III—0,40–0,42; PPOS: FEM—1,69–1,80, TIB—1,80– 1,88, TAR I—0,11–0,13, TAR II—0,27–0,32, TAR III—0,37–0,43. Coloração e estrutura geral do corpo similar ao macho macrótpero (Fig. 23C), exceto pelo seguinte conjunto de características: tíbia anterior sem “grasping comb”; conexivos abdominais elevados, quase verticais; tergito VII coberto inteiramente por pubescência prateada e tergito VIII com poucas cerdas pratedas; e último esternito abdominal não comprimido lateralmente. 84 Fêmea macróptera Dimensões (n=1). CC—5,30; CCA—0,63; LCA—0,95; ANT I—0,78, ANT II—0,80, ANT III—0,84, ANT IV—0,68; OLH—0,28; CPRO—2,01; LPRO—2,05; PANT: FEM—1,31, TIB—1,26, TAR I—0,10, TAR II—0,13, TAR III—0,39; PMED: FEM—1,90, TIB—1,99, TAR I—0,13, TAR II—0,64, TAR III—0,45; PPOS: FEM—1,91, TIB—1,99, TAR I—0,13, TAR II—0,28, TAR III—0,48. Padrão de coloração e estrutura geral similar ao macho micróptero. Pronoto mais longo que a forma micróptera, com carena mediana e ângulos umerais elevados. A coloração mais clara revela a presença de várias pontuações arredondadas sobre os acetábulos. Asa macróptera marrom, com as veias mais claras, densamente cobertas por cerdas douradas e atingindo os segmentos genitais. Asas anteriores quando secas e fechadas, com três manchas brancas basais sobre cada lado do pronoto, quatro manchas irregulares perta da porção mediana, seguido de uma pequena mancha arredondada; ápice esbranquiçado, com uma mancha branca central extendendo-se anteriormente em direção à pequena mancha branca arredondada, seguidas de duas pequenas manchas em cada lado (Fig. 23D). Material-tipo. Holótipo: macho micróptero (DPIC), Brasil, Minas Gerais – Brumadinho, Retiro das Pedras, 20o04’S/44o00’W, condomínio residencial localizado 15 Km ao sul de Belo Horizonte, primeiro semestre.1999, (G.J.C. Vianna). Parátipos: 1 macho micróptero (DZRJ), Mato Grosso – Nova Xavantina, Reserva Minicipal Mario Viana (Parque Municipal Bacaba), Córrego Bacaba, 14o43’14.801”S/52o21’35.635”W, 10.V.2003, (S.O. Pagioro). 1 fêmea macróptera (DZRJ), Nova Xavantina, Fazenda ML4, Córrego Cachoeirinha, terceira ordem, 14o50’33” S/52o21’34”W, 13.IX.2007, (H.S.R. Cabette). 4 machos micrópteros, 1 fêmea micróptera (DPIC), mesmos dados do holótipo; 1 fêmea micróptera (MZSP), mesmos dados do holótipo, exceto 07.II.1999. 1 macho micróptero (DPIC), Januária, São Joaquim, Rio Jaboticaba, ponte, 15o29’39.79”S/45o08’59.91”W, 29.IV.2008, (G.J.C. Vianna). 1 macho micróptero, 1 fêmea micróptera (DPIC), Rio Doce, Fazenda Baraúnas, 20o14’31”S/ 42o54’60”W, 28.XI.1999, (A.L. Melo). 1 macho micróptero (INPA), Luz, Ribeirão Jorge Grande, 19º40’13”S/ 45º36’37”W, 06.I.2010, (H.D.D. Rodrigues). 1 fêmea macróptera (DPIC), Pains, Fazenda Monalisa, Córrego Caeté dos Veados, 21.I.2002, (S.N. Alves). 2 fêmeas micrópteras (DPIC), Serra do Cipó, Cardeal Mota, MG-010, Km 120, poça 85 temporária, 02.IV.1994, (A.L. Melo); 1 macho micróptero (DPIC), mesmos dados, exceto Km 117, 27.XII.1998. 1 macho micróptero (INPA), Santana do Riacho, Lapinha da Serra, poço antes da Cachoeira do Lajeado, 19o09’13”S/ 43o38’54”W, 02.IV.2010, (H.D.D. Rodrigues). 1 macho micróptero (INPA), Mato Grosso do Sul – Bodoquena, Fazenda California, córrego tributário do Córrego Ouro Fino, 20o43’37.0”S/56o51’39.1”W, 18.III.2012, (N. Hamada, P.V. Cruz & N. Zampiva). Distribuição. Até o momento conhecida para três estados brasileiros, na região Centro-Oeste e região Sudeste (Fig. 61). Comentários. O seguinte conjunto de características distingue essa nova espécie das demais espécies do gênero: pronoto marrom-escuro com um par de manchas brancas sobre o lobo anterior e a margem posterior marrom-claro; presença de uma cutícula branca e larga entre os segmentos do tórax; número e distribuição das manchas brancas sobre as asas anteriores; presença de pequenos dentículos pretos sobre os fêmures anteriores e tíbias posteriores; e forma do proctíger e parâmero do macho. Essa nova espécie se parece superficialmente com P. conata e P. capixaba. Em relação à primeira, ambas as espécies possuem as seguintes características em comum: um par de manchas brancas sobre o lobo anterior do pronoto (Figs. 23A, 47A); padrão de cor das pernas; pequenas cerdas cônicas e dentículos pretos sobre os fêmures anteriores e tíbias posteriores; áreas entre os conexivos abdominais cobertos por pubêscencia prateada; e margem anterior dos esternitos III–VII com uma área transversal sem cerdas. Entretanto, P. conata possui uma larga projeção cônica sobre o dorso do pronoto (Fig. 47A), ausente na nova espécie. Em relação a P. capixaba, ambas as espécies possuem as antenas e pernas cobertas por longas cerdas; ausência de tubérculos sobre os esternitos torácicos; presença de uma larga e profunda pontuação sobre a porção interna do mesoacetábulo; e pequenas cerdas cônicas sobre o ventre do fêmur anterior. A nova espécie é, contudo, muito mais escura que P. capixaba, onde a última possui várias cerdas longas sobre o dorso do corpo, ausência de manchas sobre o lobo anterior do pronoto (Fig. 37C–D), e estruturas da cápsula genital diferente. 86 Figura 23. Paravelia D sp. nov. – Macho braquíptero [Holótipo], (A) aspecto dorsal, (B) aspecto ventral (seta indicando a cutícula branca). Fêmea braquíptera [Parátipo], (C) aspecto dorsal. Fêmea macróptera [Parátipo], (D) aspecto dorsal. Escala 1 mm. 87 Figura 24. Paravelia C sp. nov. – segmento genital I, (A) aspecto dorsal, (B) aspecto lateral, (C) aspecto ventral, (D) ápice do abdome do macho em vista ventral, (E) cápsula genital do macho em vista lateral, (F) detalhe das projeções bilobadas do proctíger. Paravelia D sp. nov. – segmento genital I, (G) aspecto dorsal, (H) aspecto lateral, (I) cápsula genital do macho em vista lateral. Paravelia E sp. nov. (Figs. 25, 27A, 61) Fêmea macróptera Dimensões (n=1). CC—5,52; CCA—0,80; LCA—1,02; ANT I—0,70, ANT II—0,60, ANT III—0,68, ANT IV—0,80; OLH—0,28; CPRO—2,20; LPRO—2,05; PANT: FEM—1,25, TIB—1,27, TAR I—0,10, TAR II—0,20, TAR III—0,42; PMED: FEM—1,52, TIB—1,62, TAR I—0,10, TAR II—0,37, TAR III—0,42; PPOS: FEM—1,87, TIB—2,25, TAR I—0,15, TAR II—lost, TAR III—lost. 88 Coloração. Cabeça marrom-escura a preta; abaixo do tubérculo antenífero mais claro. Primeiro segmento antenal marrom-amarelado a marrom; segmentos remanescentes marromescuros. Olhos vermelho-escuros. Rostro marrom, exceto o ápice do segmento III e todo o IV preto brilhante. Pronoto marrom-escuro a preto; lobo anterior mais claro. Pro-, meso- e metapleura marrom-escuras; acetábulos marrons. Proesterno marrom, meso- e metaesterno escuros. Coxas, trocânteres e base do fêmur marrom-claro; restante dos segmentos escuros. Asa anterior marrom-escuro, com as veias mais claras e áreas pretas entre as células; um par de manchas brancas em forma de lágrima basalmente, surgindo dos ângulos umerais e ultrapassando a margem posterior do pronoto; outra pequena mancha branca e alongada no ápice (Fig. 25A). Segmentos abdominais marrom-claros, com uma banda marrom-escura na região dos espiráculos (Fig. 25C); genitália marrom-amarelada. Cabeça. Superfície dorsal coberta por longas cerdas escuras, concentradas medialmente à frente dos olhos, com um par de pontuações arredondadas perto da margem posterior. Antenas cobertas por pequenas cerdas douradas; antenômero I robusto, curvado para fora; segmento II curto; segmento IV maior que o III. Cerdas oculares presentes. Tubérculo antenífero inchado e brilhante. Jugo com pequenos dentículos pretos. Rostro atingindo a margem posterior do mesoacetábulo. Tórax. Pronoto coberto por pequenas cerdas douradas e longas cerdas escuras, essas últimas concentradas sobre o lobo anterior e no ápice do lobo posterior, com carena mediana longitudinal, mais evidente entre os ângulos umerais, que são levementes elevados; lobo posterior com as margens levemente elevadas perto do ápice. Margem costal e veia radial das asas anteriores com cerdas escuras. Propleura com uma pequena área pruinosa prateada lateralmente, logo atrás dos olhos (Fig. 25C). Pro- e mesopleura com uma filera de 4–5 pontuações arredondadas; metapleura com aproximadamente 10 pontuações, não dispostas em fileira. Proesterno anteriormente com cinco pontuações. Região intersegmentar entre o mesoe metaesterno com dois pares de pequenos tubérculos. Mesoacetábulo com uma pontuação arredondada próximo ao mesoesterno. Pernas cobertas por uma fina e curta pubescência dourada, com longas cerdas escuras dispersas; sem espinhos. Tíbia anterior com um pequeno “grasping comb”. Abdome. Conexivos e segmentos abdominais cobertos por pubescência dourada, com longas cerdas escuras dispersas. Conexivos levemente elevados; ângulo posterior do último segmento do conexivo levemente desenvolvido (Fig. 27A). Margem superior da gonocoxa e 89 lateralmente sobre a margem posterior do tergito abdominal VII com pequenos dentículos pretos. Material-tipo. Holótipo: fêmea macróptera (MZSP), Brasil – Minas Gerais, Serra do Caraça, 1.380 metros de altitude, XI.1961, (Kloss, Lenko, Martins & Silva). Distribuição. Apenas o holótipo é conhecido até o momento; foi coletado na Serra do Caraça, um conjunto de serras que incluem áreas dos municípios de Santa Bárbara e Catas Altas no estado de Minas Gerais (Fig. 61). Comentários. Essa nova espécie pode ser diferenciada de todas as outras espécies do gênero principalmente pela coloração marrom-escura; jugo e gonocoxas com pequenos dentículos pretos; lobo anterior do pronoto sem uma distinta mancha ou área pruinosa; mancha basal das asas anteriores em forma de lágrima (Fig. 25A); e comprimento total do corpo 5,52. Outras espécies que também são registradas para regiões de altitude de Minas Gerais são Paravelia D sp. nov., P. lanemeloi e P. nieseri. Contudo, essas espécies são diferenciadas de Paravelia E sp. nov. por não possuírem as manchas basais sobre as asas anteriores surgindo dos ângulos umerais, o que ocorre na nova espécie (Fig. 25A). Além disso, em Paravelia E sp. nov. a mancha basal ultrapassa a margem posterior do pronoto (o que não ocorre na Paravelia D sp. nov.); áreas expostas dos conexivos são marrons escuras (marrom claro para amarelo em P. lanemeloi); e a cabeça e a margem posterior do pronoto marrom para marrom escuro (laranja em P. nieseri). 90 Figura 25. Paravelia E sp. nov. – Fêmea macróptera [Holótipo], (A) aspecto dorsal, (B) aspecto ventral, (C) aspecto lateral. Escala 1 mm. 91 Paravelia F sp. nov. (Figs. 26, 27B, 61) Fêmea macróptera Dimensões (n=1). CC—4,90; CCA—0,60; LCA—0,95; ANT I—0,62, ANT II—lost, ANT III—lost, ANT IV—lost; OLH—0,30; CPRO—2,05; LPRO—1,95; PANT: FEM—1,12, TIB—1,17, TAR I—0,10, TAR II—0,20, TAR III—0,37; PMED: FEM—1,40, TIB—1,50, TAR I—0,12, TAR II—0,36, TAR III—0,40; PPOS: FEM—1,75, TIB—2,00, TAR I—0,12, TAR II—0,40, TAR III—lost. Coloração. Cabeça, pleuras, ventre do corpo e segmentos genitais marrom-escuros. Olhos marrom-escuros brilhantes. Tubérculo antenífero, antenômero I, segmentos I e II do rostro e pernas marrons a marrom-claros, com a base das tíbias e tarsômeros escuros. Segmentos III e IV do rostro e “grasping comb” da tíbia anterior preto brilhante. Carena mediana do pronoto escura. Asas anteriores marrom-escuras, com as veias claras; basalmente um par de pequenas manchas brancas arredondadas, não surgindo dos ângulos umerais e terminando na altura do ápice da margem posterior do pronoto; no ápice outra pequena mancha branca arredondada de tamanho similar à basal (Fig. 26A). Cabeça. Com um par de pontuações arredondadas na porção posterior, perto da margem interna dos olhos; sem pequenos dentículos pretos. Tubérculos anteníferos inchados e brilhantes. Antenômero I robusto, curvado para fora; antenômeros II–IV perdidos. Cerdas oculares presentes. Búcula e jugo sem pequenos dentículos pretos. Rostro atingindo a base da mesocoxa. Tórax. Pronoto coberto por uma pubescência dourada e longas cerdas sobre os ângulos umerais e na margem posterior, com sutura mediana longitudinal e ângulos umerais levemente elevados, sem pequenos dentículos pretos; lobo posterior com o ângulo posterior arredondado. Propleura com duas pequenas fileiras de pontuações arredondadas; outra fileira sobre a mesopleura. Região intersegmentar entre o meso- e metaesterno com um par de pequenos tubérculos. Pernas sem espinhos ou cerdas modificadas. Tíbia anterior com um pequeno “grasping comb” no ápice. 92 Abdome. Conexivos levemente elevados, cobertos por uma pubescência dourada. Ventralmente cobertos por cerdas douradas, sem pequenos dentículos pretos. Último esternito abdominal sem carena, depressão ou projeções. Ângulo posterior do último segmento do conexivo pouco desenvolvido (Fig. 27B). Porção superior das gonocoxas e lateralmente sobre a margem posterior do tergitoVII com pequenos dentículos pretos. Figura 26. Paravelia F sp. nov. – Fêmea macróptera [Holótipo], (A) aspecto dorsal, (B) aspecto ventral, (C) aspecto lateral. Escala 1 mm. Material-tipo. Holótipo: fêmea macróptera (MZSP), Brasil, Maranhão, Aldeia Yavaruhu, Rio Gurupi, aproximadamente 30 km oeste de Canindé, em uma trilha isolada na floresta, igarapé com fundo lamoso, cascalho e folhas, 14.II.1966, (B. Malkin). 93 Distribuição. Apenas o holótipo coletado na divisa entre os estados do Maranhão e Pará, norte do Brasil, é conhecido até o momento (Fig. 61). Comentários. Após a comparação com a descrição original de todas as espécies do gênero, juntamente com o exame de várias espécies descritas, essa nova espécie pode ser diferenciada principalmente pelo tamanho pequeno de ambas as manchas basal e apical das asas anteriores (Fig. 26A); comprimento do corpo (4,90 mm); ausência de áreas pruinosas sobre o lobo anterior do pronoto; coloração marrom-escura do corpo; e ausência de pequenos dentículos e pontuações sobre os esternitos abdominais. Figura 27. Ápice do abdome da fêmea em vista lateral, (A) Paravelia E sp. nov., (B) Paravelia F sp. nov. Paravelia G sp. nov. (Figs. 28, 30A–D, 61) Macho macróptero Dimensões (n=5). CC—3,80–3,90; CCA—0,50–0,55; LCA—0,67–0,70; ANT I—0,75, ANT II—0,55, ANT III—0,75, ANT IV—0,75–0,77; OLH—0,18–0,21; CPRO—1,43–1,50; LPRO—1,40–1,50; PANT: FEM—1,10–1,15, TIB—1,12, TAR I—0,12, TAR II—0,17, TAR III—0,35; PMED: FEM—1,35–1,37, TIB—1,40, TAR I—0,10–0,11, TAR II—0,32, TAR III—0,35–0,38; PPOS: FEM—1,62, TIB—2,03–2,10, TAR I—0,10–0,12, TAR II—0,50, TAR III—0,40–0,45. 94 Coloração. Cabeça, antenas, grande parte do rostro, pernas e ventre do corpo alaranjado a laranja-amarronzado. Segmento IV do rostro, “grasping comb” da tíbia anterior, parte das asas anteriores e ápice dos tarsômeros pretos. Olhos vermelho-escuros e brilhantes. Banda transversal sobre a margem posterior dos acetábulos mais clara (Fig. 28B). Asas anteriores com as veias amarronzadas; um par de manchas basais brancas e subtriangulares, surgindo dos ângulos umerais e levemente ultrapassando a margem posterior do pronoto; em frente a essa mancha, uma faixa branca longitudinal que se encontra com outra mancha que surge na veia cubital, margeando a asa; no ápice outra mancha branca redonda (Fig. 28A). Cabeça. Coberta por pequenos dentículos pretos dorsalmente, na búcula e jugo. Antena densamente coberta por pequenas cerdas douradas, com longas cerdas escuras dispersas sobre os dois últimos antenômeros; antenômero I robusto, curvado para fora; antenômero II o mais curto; antenômeros III e IV similares ao I em comprimentro; antenômero IV fusiforme. Rostro atingindo a margem posterior do mesoacetábulo. Tórax. Pronoto coberto por pequenos dentículos pretos, mais proeminentes sobre os ângulos umerais, com longas cerdas escuras dispersas; carena mediana longitudinal pouco desenvolvida; lobo posterior com o ângulo posterior arredondado; um par de áreas pruinosas subtriangulares sobre o lobo anterior (Fig. 28A). Margem costal e veia radial das asas anteriores com longas cerdas escuras. Pleuras com áreas pruinosas (quando vistas sobre determinada iluminação). Pro- e mesopleura com uma fileira de 4–6 pontuações arredondadas e pequenos dentículos pretos. Região intersegmentar entre o meso- e metaesterno com dois pares de pequenos tubérculos. Pernas cobertas por pequenas cerdas douradas, dispersas por longas cerdas escuras; sem espinhos ou dentículos pretos. Tíbia anterior com “grasping comb” (0.25) presente sobre o 1/5 apical (Fig. 28B). Abdome. Conexivos cobertos por pequenos dentículos pretos e longas cerdas escuras. Segmentos abdominais lateralmente com áreas pruinosas (quando vistas sobre iluminação posterior), exceto o segmento II e a região dos espiráculos. Esternito abdominal VII achatado medialmente, sem projeções (Fig. 28C). Segmento genital I com pequenos dentículos pretos sobre a metade posterior (Fig. 30A). Proctíger levemente elevado anteriormente, próximo ao pigóforo (Fig. 30B). Parâmero levemente curvado, com o ápice arredondado (Fig. 30C). 95 Fêmea macróptera Dimensões (n=2). CC—3,95–4,25; CCA—0,50–0,55; LCA—0,75; ANT I—0,75–0,80, ANT II—0,60, ANT III—0,75, ANT IV—0,77; OLH—0,20; PL—1,50–1,60; PW—1,50–1,60; PANT: FEM—1,12–1,15, TIB—1,12–1,15, TAR I—0,10–0,11, TAR II—0,17, TAR III— 0,22–0,30; PMED: FEM—1,37–1,40, TIB—1,40–1,43, TAR I—0,10–0,11, TAR II—0,28– 0,30, TAR III—0,32–0,36; PPOS: FEM—1,62–1,75, TIB—2,07–2,12, TAR I—0,11–0,12, TAR II—0,50–0,52, TAR III—0,40–0,42. Similar ao macho macróptero em coloração e morfologia, exceto: tíbia anterior sem “grasping comb”; conexivos abdominais mais elevados; esternito abdominal VII cilíndrico, sem achatamento (Fig. 28D); pequenos dentículos pretos sobre a margem posterior do segmento abdominal VII, gonocoxas e proctíger; ângulo posterior do último segmento do conexivo desenvolvido (Fig. 30D). Material-tipo. Holótipo: macho macróptero (MZSP), Brasil – Amazonas, Tapuruquara [00°24'01"S, 65°01'59"W], Rio Negro, 26–27.XI.1962, (J. Bechyné). Parátipos: 3 machos macrópteros, 2 fêmeas macrópteras (MZSP), mesmos dados do holótipo; 2 machos macrópteros (MZSP), Barcelos [01°00'00"S, 62°58'00"W], 18–22.II.1963, (J. Bechyné); 1 macho macróptero (DPIC), Manaus, Rio Tarumã-Mirim, 03°01’45”S/ 60°08’35”W, tributário do Rio Negro, 04.X.2002, (D.L.V. Pereira). Distribuição. Essa espécie foi registrada até o momento em três localidades, todas situadas na bacia do Rio Negro, norte do Brasil (Fig. 61). Comentários. Essa nova espécie pode ser diferenciada das demais espécies do gênero principalmente pelo atípico padrão das manchas sobre as asas anteriores; áreas pruinosas sobre o lobo anterior do pronoto; coloração geral do corpo alaranjado; presença de pequenos dentículos pretos sobre o dorso e ventre da cabeça, pronoto, conexivos e genitália; ausência de projeções e pontuações sobre os esternitos abdominais; e proctíger do macho apenas com uma leve elevação anteriormente. Esse incomum padrão das manchas sobre as asas anteriores torna essa nova espécie similar morfologicamente à P. confusa e P. rotundanotata. Entretanto, P. confusa possui a mancha da região subcostal (= cório de Hungerford 1930a) surgindo da mancha basal branca, em contraste com a nova espécie e P. rotundanotata, em que essa mancha não surge da 96 mácula basal. Além disso, machos de P. confusa possuem projeções sobre o esternito abdominal VII (Fig. 39A), ausentes nas outras duas espécies (e.g. Fig 28C). Figura 28. Paravelia G sp. nov. – Macho macróptero, (A) aspecto dorsal [Holótipo], (B) aspecto ventral [Parátipo], (C) ápice do abdome em vista ventral [Parátipo], (D) ápice do abdome da fêmea em vista ventral [Parátipo]. Escala 1 mm. Em relação à P. rotundanotata, essa disposição das manchas sobre as asas é quase idêntica, diferindo apenas na intensidade, sendo mais fraca. Porém, a nova espécie pode ser prontamente diferenciada de P. rotundanotata em ambos os sexos por possuir o antenômero IV inteiramente laranja-amarronzado, assim como os outros três segmentos (Fig. 28A). Em P. rotundanotata, apenas a base e o ápice do antenômero IV são marrons, enquanto o restante do 97 segmento é distintamente mais claro, branco para amarelo-pálido (Fig. 55B). O macho da nova espécie possui uma leve elevação na base do proctíger (Fig. 30B), enquanto em P. rotundanotata essa elevação é similar a um chifre (Fig. 60D), além de possuir pequenos dentículos pretos no ápice, ausentes na nova espécie. Além disso, as fêmeas se separam pelo ângulo posterior do último segmento do conexivo, formando um ângulo agudo e desenvolvido na nova espécie (Fig. 30D), o que não ocorre em P. rotundanotata, pouco desenvolvido. Paravelia H sp. nov. (Figs. 29, 30E–F, 61) Fêmea macróptera Dimensões (n=1). CC—6,22; CCA—0,85; LCA—1,05; ANT I—0,80, ANT II—0,66, ANT III—0,75, ANT IV—0,80; OLH—0,27; CPRO—2,50; LPRO—2,20; PANT: FEM—1,23, TIB—1,27, TAR I—0,09, TAR II—0,23, TAR III—0,43; PMED: FEM—1,76, TIB—1,80, TAR I—0,13, TAR II—0,51, TAR III—0,55; PPOS: FEM—2,10, TIB—2,36, TAR I—0,13, TAR II—0,50, TAR III—0,46. Coloração. Cabeça, antenas, pronoto e pleuras marrom-escuras a pretas. Olhos vermelhoescuros e brilhantes. Tubérculo antenífero, segmentos I–III do rostro, acetábulos, coxas, trocânteres, metade basal dos fêmures, partes expostas dos conexivos dorsalmente e segmentos abdominais e genitais marrom-claros. Ápice do segmento III e todo o segmento IV do rostro preto-brilhantes. Asas anteriores marrom-escuras a pretas, com as veias mais claras; um par de manchas largas e amarelas na base, surgindo muito próximas aos ângulos umerais e ultrapassando a margem posterior do pronoto; no ápice outra mancha branca arredondada (Fig. 29A). Proesterno marrom, meso- e metaesterno marrom-escuros. Metade posterior dos fêmures, tíbias e tarsômeros marrom-escuros a pretos. Região dos espiráculos com uma faixa marrom-escura (Fig. 29C). Cabeça. Coberta por pubescência dourada, com cerdas concentradas à frente dos olhos e três pequenas pontuações arredondadas em cada lado da cabeça perto da margem interna dos olhos, sem pequenos dentículos pretos. Antenas cobertas por pequenas cerdas douradas; antenômero I robusto, curvado para fora; antenômero II menos robusto que o I; III e IV com 98 largura subiguais; antenômero IV levemente fusiforme. Cerdas oculares presentes. Rostro atingindo o mesoacetábulo. Tórax. Pronoto coberto por pubescência dourada, com sutura mediana longitudinal e ângulos umerais levemente elevados; ângulo posterior do pronoto triangular, mas não acuminado (Fig. 29A). Asas atingindo a base dos segmentos genitais. Pro-, meso- e metaesterno com algumas pontuações arredondadas. Pernas cobertas por cerdas douradas e tíbia anterior com um pequeno “grasping comb” presente no ápice. Trocânter posterior com 5–6 pequenos espinhos obtusos ventrais. Fêmur posterior com uma fileira de 5–7 espinhos dorsais (Fig. 30F). Figura 29. Paravelia H sp. nov. – Fêmea macróptera [Holótipo], (A) aspecto dorsal, (B) aspecto ventral, (C) aspecto lateral. Escala 1 mm. 99 Abdome. Conexivos levemente elevados. Ventre coberto por cerdas douradas, sem pequenos dentículos pretos. Apódema ventral visível, surgindo da margem posterior do esternito VI e continuando até aproximadamente a margem anterior desse segmento (melhor visualizado em meio líquido). Porção superior das gonocoxas com pequenos dentículos pretos. Ângulo posterior do último segmento do conexivo pouco desenvolvido (Fig. 30E). Material-tipo. Holótipo: fêmea macróptera (DPIC), Brasil – Mato Grosso, Nova Xavantina, Reserva Municipal Mario Viana, Parque Municipal do Bacaba, Córrego Bacaba, 14o43’14.801” S / 52o21’35.635” W, 17.II.2004, (S.O. Pagioro). Distribuição. Apenas o holótipo, coletado no estado do Mato Grosso próximo ao estado de Goiás, é conhecido até o momento (Fig. 61). Comentários. A nova espécie pode ser diferenciada das outras espécies do gênero pela coloração geral do corpo marrom-escura, contrastando com o marrom-claro do abodme; coloração e forma das manchas sobre as asas anteriores; comprimento do corpo (6,22 mm); presença de pequenos espinhos sobre o trocânter posterior; e uma fileira de espinhos mais desenvolvidos no fêmur posterior. O comprimento do corpo; coloração escura da cabeça, pronoto e pernas; e coloração amarelada das manchas basais das asas anteriores faz essa nova espécie similar morfologicamente à P. basalis. Contudo, a nova espécie possui a mancha amarela na base mais clara e a mancha apical arredondada (Fig. 29A), com espinhos sobre o trocânter e fêmur posterior (Fig. 30F), enquanto em P. basalis o amarelo da mancha basal é mais escuro, a mancha apical (quando presente) é estreita e alongada (Fig. 36A), e os espinhos sobre o trocânter e fêmur estão ausentes. 100 Figura 30. Paravelia G sp. nov. – (A) segmento genital I do macho em vista lateral, (B) cápsula genital do macho em vista lateral, (C) parâmero do macho em vista lateral, (D) ápice do abdome da fêmea em vista lateral. Paravelia H sp. nov. – (E) ápice do abdome da fêmea em vista lateral, (F) fêmur posterior em vista ventral. Catálogo para as espécies descritas e novos registros Paravelia albotrimaculata (Kirkaldy) (Fig. 31) Velia albotrimaculata Kirkaldy, 1899: 505. [Descrição original] Velia albotrimaculata: Hungerford 1930b,121. [Redescrição] Paravelia albotrimaculata: Polhemus 1976, 512. [Nova combinação; catálogo] Paravelia albotrimaculata: Heckman 2011, 225. [Chave de identificação] Diagnose. Comprimento do corpo 8,20; largura entre os ângulos umerais 2,60. Cabeça e tórax marrom-escuros, abdome com o ventre levemente marrom-alaranjado; coxas, trocânteres e um anel próximo à base dos fêmures amarelados. Ângulo posterior do pronoto triangular a acuminado. Asas anteriores com um par de manchas brancas arredondadas, não surgindo dos ângulos umerais e terminando na altura da margem posterior do pronoto; no ápice outra mancha brancha, um pouco maior que a basal e oval (Fig. 31A). Fêmur posterior com seis espinhos robustos de tamanho similar (Fig. 31B). 101 Comentários. Descrita por uma fêmea macróptera, sendo até o momento conhecida apenas pela localidade-tipo, na Venezuela. Registros geográficos. Venezuela: Valencia (Kirkaldy 1899). Figura 31. Paravelia albotrimaculata – (A) perna posterior, (B) aspecto dorsal. Modificado de Hungerford (1930b). Paravelia amoena (Drake) Velia amoena Drake, 1957: 138. [Descrição original] Paravelia amoena: Polhemus 1976, 512. [Nova combinação; catálogo] Paravelia amoena: Heckman 2011, 223. [Chave de identificação] Diagnose. Comprimento do corpo 7,60; largura entre os ângulos umerais 2,50. Pronoto marrom escuro, com os ângulos umerais e a margem posterior alaranjados. Pernas marrons com coloração uniforme, sem espinhos. Esternito abdominal VII do macho sem espinhos ou projeções. Comentários. Descrita através de um macho áptero, sendo conhecida até o momento apenas para a localidade-tipo, na Venezuela. Até o momento não existe ilustrações dessa espécie na literatura e a fêmea ainda permanece desconhecida. Registros geográficos. Venezuela (Drake 1957). 102 Paravelia anta Mazzucconi (Fig. 32) Paravelia anta Mazzucconi, 2000: 130. [Descrição original] Paravelia anta:Heckman 2011, 232. [Chave de identificação] Diagnose. Comprimento do corpo variando entre 5,40–5,70 nos machos e 5,45–5,50 nas fêmeas. Pleuras, esternos e abdome coberto por pontuações subovais, com exceção do esternito VII. Asas anteriores com um par de manchas basais, brancas e alongadas, surgindo dos ângulos humerais e ultrapassando distintamente a margem posterior do pronoto; no ápice, outra mancha branca, alongada e constrita medialmente, atingindo a margem posterior da asa (Fig. 32A–C). Proctíger no macho com um par de expansões agudas e divergentes, similares a chifres, dispostas anteriormente (Fig. 32D). Parâmeros simétricos, com a superfície superior fortemente expandida medialmente (Fig. 32D). Comentários. Assim como em P. amapaensis, P. bilobata, P. foveata e P. hungerfordi, essa espécie também possui o tórax e o ventre do abdome cobertos por pontuações ovais e/ou arredondadas. Porém, o formato das manchas sobre as asas anteriores e as projeções no proctíger do macho as diferencia das outras espécies. Registros geográficos. Argentina: Província de Salta, Departamento de Anta. Paraguai: Departamento de Concepción, Puerto Vallemí (Mazzucconi 2000). Figura 32. Paravelia anta – (A) aspecto dorsal, (B–C) variações da asa anterior, (D) parte da cápsula genital do macho em vista antero-lateral. Modificado de Mazzucconi (2000). 103 Paravelia atra (Polhemus) (Figs. 33) Velia atra Polhemus, 1969: 57. [Descrição original] Paravelia atra: Polhemus 1976, 512. [Nova combinação] Paravelia atra: Heckman 2011, 225. [Chave de identificação] Diagnose. Comprimento do corpo 7,90; largura entre os ângulos umerais 2,64. Cabeça e tórax marrons a marrom-claros; ventre marrom-escuro. Asas anteriores com um par de pequenas manchas brancas na base e outra mancha branca, larga e oval no ápice. Trocânter posterior do macho armado com vários espinhos pequenos e um espinho mais robusto. Fêmur posterior com uma fileira de espinhos atingindo quase todo seu comprimento (Fig. 33A). Esternito abdominal VII do macho sem projeções (Fig. 33B). Parâmero com um entalhe anteriormente na superfície superior, afilando-se distalmente, com o ápice arredondado (Fig. 33C). Comentários. Espécie conhecida apenas pelo registro da descrição original e descrita apenas pelo macho macróptero, sendo a fêmea desconhecida até o momento. Registros geográficos. Peru: Tingo Maria (Polhemus 1969). Figura 33. Paravelia atra – (A) fêmur posterior, (B) ápice do abdome em vista ventral, (C) parâmero em vista lateral. Modificado de Polhemus (1969). Paravelia basalis (Spinola) (Fig. 36A–B) Velia basalis Spinola, 1837: 66. [Descrição original] Velia bicolor Blanchard, 1843: 218. [Descrição original] Velia brasiliensis Herrich-Schäffer, 1850: 76. [Descrição original] Velia brasiliensis: Stål 1860, 82. [V. bicolor sinônimo-junior de V. brasiliensis] Velia basalis: Mayr 1866, 180. [V. brasiliensis sinônimo-junior de V. basalis] Paravelia basalis: Breddin 1898, 160. [Descrição de Paravelia; nova combinação] Paravelia basalis: Kirkaldy 1899, 505. [Novos regstros] Velia basalis: Hungerford 1929b, 761. [Grupo de espécies Velia basalis] 104 Paravelia basalis: Polhemus 1976, 512. [Nova combinação; catálogo] Paravelia basalis: Moreira et al. 2011, 20. [Catálogo] Paravelia basalis: Moreira & Barbosa 2011, 307. [Novos registros] Paravelia basalis: Heckman 2011, 221. [Chave de identificação] Paravelia basalis: Moreira et al. 2012, 154. [Novos registros] Dimensões. Macho macróptero: CC—6,30–6,50; CCA—0,85; LCA—1,15; ANT I—1,05, ANT II—0,95, ANT III—lost, ANT IV—lost; OLH—0,33; CPRO—2,60–2,65; LPRO— 2,21–2,30. Fêmea macróptera: CC—6,20; CCA—0,85; LCA—1,15; ANT I—1,03, ANT II—0,90, ANT III—lost, ANT IV—lost; OLH—0,33; CPRO—2,65; LPRO—2,30. Diagnose. Comprimento do corpo, macho 6.30–6.50; fêmea 6.20. Cabeça, pronoto, fêmures e tíbias enegrecidos. Asas anteriores com um par de manchas basais amarelas surgindo dos ângulos umerais e terminando na altura da margem posterior do pronoto; apicalmente outra mancha branca, alongada e estreita (Fig. 36A) [alguns espécimes podem não apresentar essa mancha apical (Fig. 36B)]. Pernas sem espinhos. Esternito abdominal VII do macho posteriormente com um par de distintas projeções levemente divergentes. Comentários. A variação de presença ou não da mancha apical sobre as asas anteriores também foi observado em P. basalis, o que já havia sido mencionado para P. itatiayana por Drake (1951). Porém, após comparar entre si essas duas formas não foram observadas outras diferenças levando a identificar ambos morfotipos como a mesma espécie. Semelhante morfologicamente à Paravelia H sp. nov., mas se diferencia desta pela forma alongada e estreita da mancha apical (quando presente), e ausência de espinhos sobre o fêmur posterior, presentes em Paravelia H sp. nov. Material examinado. Brasil: Espírito Santo – Santa Teresa, Cachoeira São Lourenço, musgo úmido, 02.XI.1944, (Schubart): 2 macho macrópteros, 2 fêmeas macrópteras (MZSP). Espir.[ito] Santo [a única informação na etiqueta]:1 macho macróptero, 1 fêmea macróptera (DPIC) [primeiro registro para o Espírito Santo]. Rio de Janeiro – Rio de Janeiro, Tijuca, II.1940, (Leoberto): 1 fêmea macróptera (INPA) [espécime sem a mancha apical]. São Paulo – Campos do Jordão, 1906, (Lunderwaldt): 1 macho macróptero, 2 fêmeas macrópteras (MZSP) [mesmo material examinado por Moreira & Barbosa (2011)]. Registros geográficos. Brasil: Espírito Santo (presente estudo), Minas Gerais (Kirkaldy 1899), Rio de Janeiro (Blanchard 1843; Stål 1860; Mayr 1866; Moreira et al. 2012; presente estudo) e São Paulo (Moreira & Barbosa 2011). 105 Paravelia biae Spangler (Fig. 34, 36C) Paravelia biae Spangler, 1989: 360. [Descrição original] Paravelia biae: Moreira et al. 2011, 20. [Catálogo] Paravelia biae: Heckman 2011, 229 [Chave de identificação] Diagnose. Comprimento do corpo, macho 6,45; largura máxima do corpo, macho 2,50. Ambos os sexos com coloração geral do corpo preta, com exceção das coxas e base do rostro marrom-amarelados. Asas anteriores com um par de manchas basais brancas, que não surgem dos ângulos umerais e não ultrapassam a margem posterior do pronoto; no ápice uma grande mancha branca oval, quase atingindo a margem posterior da asa (Fig. 32C). Macho sem projeções sobre o esternito abdominal VII, porém possui uma forte gibosidade em cada lado da margem posterior do segmento (Fig. 34B). Proctíger do macho sem elevação na superfície dorsal. Parâmero escavado anteriormente na superfície dorsal, com o ápice arredondado (Fig. 34A). Comentários. Descrita apenas pela forma macróptera e conhecida apenas pelos registros da descrição original. Spangler (1989) menciona que P. biae é similar à P. plantesis e P. williamsi. Porém, são prontamente diferenciadas pela coloração do corpo, forma das manchas sobre as asas anteriores e do esternito abdominal VII do macho. Material-tipo examinado. Brasil: Pará – Altamira, Rio Xingu [3º39’S, 52º22’W], 10.X.1986, (P.J. Spangler & O. Flint): 1 macho macróptero [Holótipo], 6 macho macrópteros, 6 fêmeas macrópteras [Parátipos] (MZSP); 1 macho macróptero, 1 fêmea macróptera [Parátipos] (INPA). Registros geográficos. Brasil: Pará, Altamira e Itaituba (Spangler 1989). Figura 34. Paravelia biae – (A) Cápsula genital do macho em vista lateral, (B) ápice do abdome do macho em vista ventral. Modificado de Spangler (1989). 106 Paravelia boliviana Breddin (Figs. 35, 36D) Paravelia boliviana Breddin, 1898: 160. [Descrição original] Velia boliviana: Hungerford 1930b, 120. [Grupo de espécies Velia inveruglas] Velia boliviana: Drake & Harris 1938, 97 [Redescrição] Paravelia boliviana: Polhemus 1976, 512 [Catálogo] Paravelia boliviana: Heckman 2011, 224 [Chave de identificação] Dimensões (n=1). Fêmea áptera. CC—8,45; CCA—1,30; LCA—1,41; ANT I—1,55, ANT II—1,25, ANT III—1,00, ANT IV—1,15; OLH—0,40; CPRO—2,45; LPRO—2,25; PANT: FEM—2,60, TIB—2,50, TAR I—0,15, TAR II—0,37, TAR III—0,45; PMED: FEM—3,15, TIB—3,40, TAR I—0,15, TAR II—0,57, TAR III—0,65; PPOS: FEM—3,75, TIB—4,95, TAR I—0,20, TAR II—1,00, TAR III—0,80. Diagnose. Coloração geral do corpo enegrecida, com apenas o lobo posterior do pronoto alaranjado (Figs. 35A, 36D). Proctíger do macho com um par de expansões marrom-escuras medialmente (Fig. 35B). Parâmero longo, hirsuto na base, e curvado apicalmente (Fig. 35C). Conexivos da fêmea elevado, com os segmentos VI e VII refletidos sobre o abdome, e ângulo posterior do segmento VII desenvolvido, voltados para dentro e quase tocando um ao outro medialmente. Comentários. Conhecida pelas formas ápteras e macrópteras, sendo uma das maiores espécies do gênero, podendo atingir 9.00 mm. Diferencia-se destas espécies que possuem o comprimento do corpo acima dos 8.00 mm de comprimento, principalmente pela coloração do pronoto, sendo todo o lobo posterior alaranjado. Material examinado. Peru: Cusco – Upispata, Rio Puica, 2879 m, 30.VIII.2012, (D. Takiya & A.P.M. Santos): 1 fêmea áptera (DZRJ). Registros geográficos. Bolívia: sem localidade específica (Breddin 1898), La Paz (Drake & Harris 1938). Peru: Junin e Apurímac (Drake & Harris 1938) e Cusco (presente estudo). 107 Figura 35. Paravelia boliviana – (A) pronoto da forma macróptera em vista dorsal, (B) aspecto dorsal do proctíger do macho, (C) parâmero em vista lateral. Modificado de Drake & Harris (1938). Paravelia bullialata Polhemus & Polhemus (Figs. 37A, 49A) Paravelia bullialata Polhemus & Polhemus, 1984a: 342. [Descrição original] Paravelia bullialata: Pereira & Melo 2007, 645. [Novo registro] Paravelia bullialata: Moreira et al. 2011, 20. [Catálogo] Paravelia bullialata: Heckman 2011, 234. [Chave de identificação] Paravelia bullialata: Rodrigues et al. 2012, 911. [Novo registro] Diagnose. Comprimento do corpo, macho 4,00; fêmea 3,52; largura máxima do corpo, macho e fêmeas 1.32. Coloração geral do corpo marrom a marrom-alaranjado; antenas e pernas marrom-amareladas, com áreas amarronzadas. Pronoto com áreas pruinosas irregulares entre o lobo anterior e posterior, e outra faixa margeando a região apical do lobo posterior. Asas anteriores com um par de estruturas semelhantes a um saco de bolhas surgindo dos ângulos umerais e levemente ultrapassando a margem posterior do pronoto; medialmente com quatro pequenas áreas irregulares esbranquiçadas; no ápice uma grande área irregular brancoamarelada (Fig. 37A). Proctíger do macho sem projeções, no máximo com uma leve expansão anteriormente. Parâmero alongado, levemente curvado medialmente, com o ápice arredondado (Fig. 49A). 108 Figura 36. Aspecto dorsal – (A) Paravelia basalis, (B) P. basalis (sem a mancha apical), (C) P. biae [Holótipo], (D) P. boliviana. Escala 1 mm. Comentários. Conhecida apenas pela forma macróptera, sendo facilmente identificada por possuir uma estrutura única entre as espécies do gênero na região basal das asas anteriores, similare a um saco com bolhas, formando aproximadamente oito seções divididas transversalmente. 109 Material examinado. Brasil: Amazonas – Careiro da Várzea, Ramal do Cobra, igarapé sem nome, 21.VI.2011, (H.D.D. Rodrigues & A.M.O. Pes): 1 macho macróptero, 1 fêmea macróptera (INPA). Presidente Figueiredo, Cachoeira da Maroca, 02°01’S/ 59°49’O, 18.VIII.2011, (H.D.D. Rodrigues): 3 machos macrópteros, 5 fêmeas macrópteras (INPA). Registros geográficos. Suriname (Polhemus & Pollhemus 1984a). Brasil: Amazonas (Polhemus & Pollhemus 1984a; Pereira & Melo 2007; presente estudo) e Rondônia (Rodrigues et al. 2012). Paravelia capillata (Drake & Harris) (Figs. 37B, 49B–C) Velia capillata Drake & Harris, 1933:45. [Descrição original] Velia capitata [sic]: Drake 1957, 138. [P. cognata elevada à espécie] Paravelia capillata: Polhemus 1976, 512. [Nova combinação; catálogo] Paravelia capillata: Moreira et al. 2011, 20. [Catálogo] Dimensões. Macho macróptero (n=1). CC—4,95; CCA—0,75; LCA—0,75; ANT I—0,96, ANT II—0,85, ANT III—0,93, ANT IV—0,88; OLH—0,25; CPRO—1,70; LPRO—1,60; PANT: FEM—1,28, TIB—1,25, TAR I—0,10, TAR II—0,12, TAR III—0,30; PMED: FEM—1,82, TIB—1,75, TAR I—0,10, TAR II—0,27, TAR III—0,33; PPOS: FEM—2,10, TIB—1,93, TAR I—0,10, TAR II—0,37, TAR III—0,40. Fêmea macróptera (n=1). CC— 4,55; CCA—0,75; LCA—0,71; ANT I—0,92, ANT II—0,82, ANT III—0,88, ANT IV— 0,87; OLH—0,20; CPRO—1,55; LPRO—1,50; PANT: FEM—1,30, TIB—1,21, TAR I— 0,10, TAR II—0,12, TAR III—0,27; PMED: FEM—1,77, TIB—1,73, TAR I—0,10, TAR II—0,25, TAR III—0,30; PPOS: FEM—1,92, TIB—1,87, TAR I—0,11, TAR II—0,37, TAR III—0,40. Diagnose. Cabeça marrom a marrom-alaranjada; pronoto amarronzado, com uma larga faixa mediana marrom-escura e as margens laterais do lobo posterior do pronoto marrom-claras. Asas anteriores marrom-escuras com a margem costal e as veias mais claras; um par de manchas basais brancas, alongadas e estreitas, situadas abaixo da margem posterior do pronoto; leves pruinosidades entre as células; no ápice outro par de pequenas manchas brancas arredondadas em cada lado da asa (Fig. 37B). Acetábulos, coxas, trocânteres e metade basal dos fêmures amarelados; restante das pernas marrom-amareladas com áreas marromescuras. Corpo hirsuto, sem pequenos dentículos pretos. Lobo anterior do pronoto sem 110 manchas ou pruinosidades. Tíbias com a superfície interna coberta por dentículos arredondados escuros. Fêmur posterior sem espinhos. Esternito abdominal VII do macho com a margem posterior levemente escavada medialmente; sem projeções ou lobos. Primeiro segmento genital do macho com a margem anterior escavada medialmente sobre a superfície dorsal; margem posterior levemente côncava medialmente, com longas cerdas escuras. Parâmero alongado, estreito (Fig. 49B), com o ápice achatado e arredondado (Fig. 49C). Comentários. Espécie descrita apenas pela forma macróptera e conhecida apenas pelo registro da localidade-tipo, no Mato Grosso. Essa espécie é morfologicamente similar à P. cognata, por ambas possuírem o corpo hirsuto e com o mesmo padrão de cor e manchas sobre as asas anteriores. Difere-se desta pelo tamanho, (4.20–4.95 P. capillata; 5.50 P. cognata) e pela presença dos dentículos sobre as tíbias, ausentes em P. cognata. Material examinado. Brasil: Mato Grosso – Nova Xavantina, Bacia do Ribeirão Antártico, Córrego Bacaba, ponto 2, 14º43'10.5"S/ 52º21'35.07"O, 04.VII.2011, [6080] (N.F.S. Giehl & P.V.B. Fonseca): 1 macho macróptero (CZNX); mesmos dados, exceto [6727]: 1 fêmea macróptera. Registros geográficos. Brasil: Mato Grosso, Chapada dos Guimarães (Drake & Harris 1933) e Nova Xavantina (presente estudo). Paravelia capixaba Moreira, Nessimian & Rúdio (Figs. 37C–D, 49D) Paravelia capixaba Moreira, Nessimian & Rúdio, 2010: 2767. [Descrição original] Paravelia capixaba: Moreira et al. 2011, 661. [Novos registros] Paravelia capixaba: Moreira & Campos 2012, 545. [Novos registros] Paravelia capixaba: Rodrigues et al. 2012, 911. [Novo registro] Descrição do macho macróptero Dimensões (n=1). CC—3,25; CCA—0,40; LCA—0,61; ANT I—0,41, ANT II—0,30, ANT III—0,45, ANT IV—0,46; OLH—0,15; CPRO—1,25; LPRO—1,45; PANT: FEM—0,82, TIB—0,75, TAR I—0,05, TAR II—0,06, TAR III—0,19; PMED: FEM—1,10, TIB—1,10, TAR I—0,07, TAR II—0,22, TAR III—0,27; PPOS: FEM—1,07, TIB—1,15, TAR I—0,07, TAR II—0,12, TAR III—0,25. 111 A forma macróptera é registrada pela primeira vez e é similar à forma áptera (Fig. 37D), exceto pelo seguinte conjunto de caracteres: pronoto mais longo e largo, com os ângulos umerais levemente elevados; pronoto marrom-escuro na metade anterior e marromclaro na posterior; presença de carena mediana longitudinal, mais evidente sobre a metade anterior. Asas anteriores atingindo o ápice do abdome, com apenas uma pequena parte lateral dos conexivos exposta; marrom-escura com áreas mais claras entre as células; um par de pequenas manchas basais brancas e alongadas, surgindo dos ângulos umerais e não ultrapassando a margem posterior do pronoto; a mancha apical é larga, esbranquiçada, cobrindo inteiramente a porção final da asa, exceto as veias (Fig. 37C). Diagnose. Corpo e pernas hirsutos; coloração geral amarronzada, com as áreas intersegmentares dos conexivos mais claras; pernas marrons amareladas; tíbias com uma área mediana e outra apical amarronzada; fêmures com uma área basal e outra apical amarronzada. Ventre das tíbias com fileira de pequenos dentículos pretos. Região intersegmentar entre o meso- e o metaesterno sem pequenos tubérculos. Fêmur posterior sem espinhos ou dentes. Proctíger do macho sem expansões dorsalmente; margens laterais refletidas para cima medialmente, formando um pequeno processo agudo, escuro (Fig. 49D). Comentários. Espécie descrita primeiramente para o Espírito Santo e em seguida registrada para o Amazonas, Pará e Minas Gerais. Conhecida até o momento apenas pela forma áptera, tendo sua forma macróptera aqui descrita pela primeira vez. Facilmente identificada pelo seu tamanho pequeno e corpo coberto por longas cerdas. Material examinado. Brasil: Minas Gerais – Januária, São Joaquim, Barragem, 29.X.2009, (G.J.C. Vianna): 1 macho áptero (DPIC); Córrego dos Coxos, 27.XI.1997, (A.L. Melo): 1 macho macróptero (DPIC). Registros geográficos. Brasil: Amazonas (Moreira et al. 2011a; Moreira & Campos 2012), Espírito Santo (Moreira et al. 2010), Minas Gerais (Rodrigues et al. 2012; presente estudo) e Pará (Moreira & Campos 2012). Paravelia cognata (Drake & Harris) Velia capillata cognata Drake & Harris, 1933:45. [Descrição original] Velia cognata: Drake 1957, 138. [Status de espécie] Paravelia cognata: Polhemus 1976, 512. [Nova combinação; catálogo] Paravelia cognata: Moreira et al. 2011, 20. [Catálogo] 112 Diagnose. Comprimento do corpo, macho 5,50–5,61; largura do corpo 2,02. Cabeça e pronoto marrom para marrom escuro. Asas anteriores com um par de manchas basais irregulares e longitudinais; no ápice uma pequena mancha branca arredondada em cada lado da asa. Pernas sem espinhos ou dentículos. Esternito abdominal do macho sem projeções. Figura 37. Aspecto dorsal – (A) Paravelia bullialata (seta indica a estrutura similar a bolhas), (B) P. capillata (seta indicando o par basal e o par apical de manchas), (C) P. capixaba (macróptero), P. capixaba (áptero). Escala 1 mm. 113 Comentários. Descrita previamente como subespécie de P. capillata, diferenciando-se desta basicamente pelo tamanho do corpo e pela ausência de espinhos ou dentículos nas pernas. É conhecida apenas pelo registro da descrição original, que é bem sucinta e não consta de nenhuma ilustração. Foi descrita pelo macho macróptero e a fêmea ainda permanece desconhecida. Registros geográficos. Brasil: Maranhão (Drake & Harris 1933). Paravelia columbiensis (Hungerford) (Figs. 38) Velia columbiensis Hungerford, 1930b:124. [Descrição original] Paravelia columbiensis: Polhemus 1976, 512. [Nova combinação; catálogo] Paravelia columbiensis: Heckman 2011, 224. [Chave de identificação] Diagnose. Comprimento do corpo 9,00; largura entre os ângulos umerais 2,40. Coloração geral do corpo escura, com a margem posterior do pronoto amarelo-alaranjado; antenas e pernas marrons. Proctíger no macho dorsalmente com um par de projeções divergentes (Fig 38A). Parâmero alongado, curvando-se para cima no terço apical, com o ápice arredondado (Fig. 38B). Comentários. Espécie descrita por um macho e uma fêmea, ambos ápteros. A descrição original é sucinta e apenas o registro da localidade-tipo é conhecido. Registros geográficos. Colômbia (Hungerford 1930b). Figura 38. Paravelia columbiensis – (A) parte do proctíger em vista dorsal, (B) parâmero em vista lateral. Modificado de Hungerford (1930b). 114 Paravelia conata (Hungerford) (Figs. 47A, 49E) Velia conata Hungerford, 1929a: 199. [Descrição original] Velia conata: Hungerford 1929b: 760. [Ilustração do parâmero] Paravelia conata: Polhemus 1976, 512. [Nova combinação; catálogo] Paravelia conata: Moreira et al. 2011, 20. [Catálogo] Paravelia conata: Heckman 2011, 226 [Chave de identificação] Dimensões (n=3). Fêmea macróptera. CC—5,12–5,57; CCA—0,75; LCA—0,87–0,90; ANT I—0,55–0,62, ANT II—0,62–0,67, ANT III—0,69–0,75, ANT IV—0,68–0,77; OLH— 0,25–0,28; CPRO—1,85–2,00; LPRO—1,85–2,00; PANT: FEM—1,20, TIB—0,98–1,10, TAR I—0,05–0,07, TAR II—0,10–0,12, TAR III—0,30–0,33; PMED: FEM—1,40–1,50, TIB—1,39–1,52, TAR I—0,08–0,10, TAR II—0,20–0,27, TAR III—0,35–0,37; PPOS: FEM—1,55–1,60, TIB—1,55–1,75, TAR I—0,08–0,10, TAR II—0,20–0,27, TAR III—0,35– 0,42, Diagnose. Coloração geral do corpo marrom para marrom escuro; fêmures amarelados na metade basal e amarronzados na metade posterior; ventralmente com cerdas prateadas sobre a metade anterior; tíbias amarronzadas com um anel amarelado basal e outro medial. Lobo anterior do pronoto com um par de manchas esbranquiçadas riniforme; lobo posterior entre os ângulos humerais com um distinto processo espinhoso. Asas anteriores com um par de manchas basais brancas, estreitas e alongadas, surgindo dos ângulos humerais e terminando na altura do lobo posterior do pronoto; no ápice outras três manchas brancas, sendo a mancha central fortemente convexa e as manchas laterais pequenas e arredondadas (Fig. 47A). Pequenos dentículos pretos sobre a superfície interna das tíbias anteriores e posteriores. Região intersegmentar entre o meso- e metaesterno sem pequenos tubérculos. Região intersegmentar dos conexivos com cerdas prateadas. Margem anterior dos esternitos abdominais III–VII com uma área transversal sem cerdas, aumentando de tamanho em direção ao ápice. Primeiro segmento genital do macho com a margem posterior levemente convexa dorsalmente. Proctíger do macho sem projeções dorsais (Fig. 49E). Parâmero sem cerdas, estreito na base, afilando-se levemente para o ápice, que é arredondado (Fig. 49E). Comentários. Espécie descrita apenas pela forma macróptera e conhecida previamente apenas pelos registros da descrição original, na Guiana Francesa e para o estado do Pará. Aqui sua área de ocorrência é expandida para o Centro-Oeste e Sudeste brasileiro. Espécie facilmente separada de todas as outras pelo distinto processo cônico sobre o pronoto. 115 Compartilha alguns caracteres com Paravelia D sp. nov., como um par de manchas sobre o lobo anterior do pronoto; pequenos dentículos sobre as tíbias anteriores e posteriores; ausência de tubérculos entre o meso- e metaesterno; conexicos com cerdas prateadas; e áreas transversais sem cerdas sobre os estenitos, fazendo essa espécie a mais próxima morfologicamente de P. conata. Material examinado. Todos os espécimes macrópteros. Brasil: Amazonas – Barcelos, Serra do Aracá, Igarapé Ataiana, tributário do Rio Negro, 00°88'56,57"S/ 62°54'13,90"O, 10.VIII.2009, (N. Hamada, R.L. Ferreira-Keppler, A.M.O. Pes & C.A.S. Azevêdo): 1 fêmea (INPA). Pitinga, Rio Pitinguinha, 17.VI.2001, (D.L.V. Pereira): 1 fêmea (DPIC) [primeiro registro para o Amazonas]. Mato Grosso – Nova Xavantina, Córrego Cachoeirinha, segunda ordem, 14°50'50"S/ 52°24'22"W, 18.XI.2005, [1657], (H.R.S. Cabette et al.): 1 fêmea (CZNX); mesmos dados, exceto 06.XI.2007, [3733], (H.R.S. Cabette & K. Dias-Silva): 1 fêmea; mesmos dados, exceto terceira ordem, 14°50’33”S/ 52°21’34”O, 13.IX.2007, [3735], (K. Dias-Silva): 1 fêmea; Nova Xavantina, Córrego Bacaba, ponto 1, 14º43'3.5"S / 52º21'48.3"O, 09.VIII.2011, [5198], (N.F.S. Giehl & P.V.B. Fonseca): 1 macho (CZNX); mesmos dados, exceto 31.VIII.2012, [6668]: 1 fêmea; mesmos dados, exceto ponto 2, 14º43'10.5"S/ 52º21'35.07"O, 04.IX.2011, [5298]: 2 fêmeas; mesmos dados, exceto, 30.IX.2011, [5513]: 1 macho; mesmos dados, exceto ponto 3, 14º43'14.8"S / 52º21'35.6"O, 30.IX.2011, [5524]: 1 fêmea; mesmos dados, exceto 29.VI.2012, [6714]: 1 fêmea; Córrego Buriti, 14°45'01.4"S/ 52°33'14.4"O, 27.III.2011, [4645], (N.F.S. Giehl): 1 fêmea [primeiro registro para o Mato Grosso]. Goiás – Niquelândia, estação 12, -14.497 S, -48.658 W, 19.VI.2011, (K. Dias-Silva & B.T. Oliveira): 1 macho, 1 fêmea [primeiro registro para Goiás]. Espírito Santo – Pinheiros, Reserva Biológica Córrego do Veado, Tatu Assado, 20.I.2000, (F.F. Salles): 1 macho (CZNC) [primeiro registro para o Espírito Santo]. Registros geográficos. Guiana Francesa (Hungerford 1929a). Brasil: Amazonas (presente estudo), Pará (Hungerford 1929a), Mato Grosso (presente estudo), Goiás (presente estudo) e Espírito Santo (presente estudo). 116 Paravelia confusa (Hungerford) (Figs. 39) Velia confusa Hungerford, 1930a: 24. [Descrição original] Paravelia confusa: Polhemus 1976, 512. [Nova combinação; catálogo] Paravelia confusa: Moreira et al. 2011, 20. [Catálogo] Paravelia confusa: Heckman 2011, 227. [Chave de identificação] Diagnose. Comprimento do corpo 5,00; largura do corpo entre os ângulos umerais 1,90. Corpo marrom-claro. Asas anteriores com um par de manchas basais brancas; em frente a elas (=cório na descrição original), outra mancha branca longitudinal estreita em direção ao ápice da asa; região da veia cubital (=clavo na descrição original) com outra conspícua mancha branca; no ápice, outra mancha branca arredondada. Esternito abdominal VII do macho com um par de projeções unidas na base e divergentes (Fig. 39A). Parâmero alongado, com o ápice truncado (Fig. 39B). Comentários. Descrita da forma macróptera por ambos os sexos, em uma descrição sucinta. Apenas o registro das localidades-tipo é conhecido e por falta de detalhes, a precisão dessas localidades não é possível. Registros geográficos. Brasil: Amazonas e Pará (Hungerford 1930). Figura 39. Paravelia confusa – (A) ápice do abdome do macho em vista ventral, (B) parâmero em vista lateral. Modificado de Hungerford (1930a). Paravelia cupariana Polhemus & Polhemus (Figs. 40) Paravelia cupariana Polhemus & Polhemus, 1984b: 500. [Descrição original] Paravelia cupariana: Moreira et al. 2011, 20. [Catálogo] Paravelia cupariana: Heckman 2011, 236. [Chave de identificação] 117 Diagnose. Comprimento do corpo, macho e fêmea 3,57; largura do corpo entre os ângulos umerais, macho 1,31; fêmea 1,37. Coloração geral do corpo marrom-alaranjado. Asas anteriores com um par de manchas basais brancas e subtriangulares ao longo da margem costal; no ápice uma área oval branca centralmente e duas manchas amareladas e irregulares na margem posterior das asas. Parâmero alargando-se nos 2/3 posteriores, com o ápice arredondado (Fig. 40). Comentários. Conhecida até o momento apenas pelo registro da localide-tipo. Os autores mencionam na descrição original que as espécies semelhantes morfologicamente à P. cupariana são P. capillata e P. cognata, principalmente pela forma e disposição das manchas sobre as asas anteriores. Contudo, o quarto antenômero nas duas últimas é distintamente maior que a largura máxima da cabeça, enquanto que em P. cupariana o último segmento antenal é curto. Registros geográficos. Brasil: Pará, Rio Cupari (Polhemus & Polhemus 1984b). Figura 40. Paravelia cupariana – Parâmero em vista lateral. Modificado de Polhemus & Polhemus (1984b). Paravelia daza Padilla-Gil & Moreira (Figs. 41) Paravelia daza Padilla-Gil & Moreira, 2011: 15. [Descrição original] Diagnose. Comprimento do corpo, macho 9,20; fêmea 9,80; largura máxima, macho 2,16; fêmea 2,60. Coloração geral do corpo marrom-escuro. Proctíger com um par de projeções divergentes na metade anterior. Parâmero alongado, com o ápice oval e achatado (Figs. 41C– D). Fêmeas com os conexivos VI–VIII fortemente refletidos sobre o abdome; ângulo posterior do último segmento do conexivo agudo (Fig 41B). 118 Comentários. Descrita recentemente apenas da forma áptera para os Andes colombianos, em uma região entre 2.600 e 3.000 m de altitude. A espécie semelhante morfologicamente à P. daza, também conhecida apenas pela forma áptera, é P. inveruglas; porém, facilmente diferenciadas pelo tamanho do corpo e formato do parâmero. Registros geográficos. Colômbia: Departamento de Nariño, Município de Pasto, Daza (Padilla-Gil & Moreira 2011). Figura 41. Paravelia daza – (A) aspecto dorsal do macho, (B) aspecto dorsal da fêmea, (C) parâmero em vista lateral, (D) detalhe do ápice do parâmero em vista posterior. Modificado de Padilla-Gil & Moreira (2011). 119 Paravelia dilatata Polhemus & Polhemus (Figs. 47B, 49F) Paravelia dilatata Polhemus & Polhemus, 1984b: 503. [Descrição original] Paravelia dilatata: Pereira & Melo 2007, 645. [Novo registro] Paravelia dilatata: Moreira et al. 2011, 20. [Catálogo] Paravelia dilatata: Heckman 2011, 234 [Chave de identificação] Descrição do macho macróptero Dimensões (n=1). CC—6,50; CCA—1,20; LCA—1,10; ANT I—1,15, ANT II—0,95, ANT III—0,85, ANT IV—0,82; OLH—0,30; CPRO—2,60; LPRO—2,47; PANT: FEM—1,87, TIB—1,72, TAR I—0,12, TAR II—0,32, TAR III—0,42; PMED: FEM—2,25, TIB—2,20, TAR I—0,12, TAR II—0,52, TAR III—0,45; PPOS: FEM—2,50, TIB—2,75, TAR I—0,12, TAR II—0,52, TAR III—0,46. A forma macróptera é registrada pela primeira vez, sendo similar à forma braquíptera em coloração e morfologia, exceto pelo seguinte conjunto de caracteres: asas anteriores atingindo o ápice do abdome, com um par de pequenas manchas basais brancas e subovais, não surgindo dos ângulos humerais e levemente ultrapassando a margem posterior do pronoto; no ápice outra mancha branca, alongada e levemente constrita medialmente (Fig. 47B). Superfície dorsal do proctíger coberta por longas cerdas marrons escuras, com uma pequena elevação na base; pigóforo com a superfície ventral não emarginada. Parâmero com o ápice truncado (Fig. 49F). Diagnose. Essa é a única espécie do gênero que possui a região anterior do pronoto expandida. Material examinado. Brasil: Amazonas – Barcelos, Serra do Aracá, Igarapé Ataiana, tributário do Rio Negro, 00°88'56,57" S / 62°54'13,90" W, 10.VIII.2009, (N. Hamada, R.L. Ferreira-Keppler, A.M.O. Pes & C.A.S. Azevêdo): 1 macho macróptero (INPA). Registros geográficos. Brasil: Amazonas (Polhemus & Polhemus 1984b; Pereira & Melo 2007; presente estudo). 120 Paravelia flavomarginata (Hungerford) (Figs. 42) Velia flavomarginata Hungerford, 1930b:123. [Descrição original] Paravelia flavomarginatus [sic]: Polhemus 1976, 512. [Nova combinação; catálogo] Paravelia flavomarginata: Heckman 2011, 225. [Chave de identificação] Diagnose. Comprimento do corpo 8,40; largura entre os ângulos umerais 2,80. Coloração geral do corpo escura, com as bordas do pronoto e os conexivos amarelo-alaranjados. Proctíger dorsalmente com um par de pequenas projeções achatadas (Fig. 42A). Parâmero afilando-se para o ápice, com um conjunto de longas cerdas na superfície superior (Fig. 42B). Comentários. Ao descrever essa espécie, Hungerford (1930b) menciona como material examinado dois machos e duas fêmeas, e três desses espécimes sendo macrópteros, mas sem designar a forma alar do quarto espécime, além de não descrever a forma e cor das manchas das asas anteriores. Registros geográficos. Colômbia: Paso de Quindío (Hungerford 1930b). Figura 42. Paravelia flavomarginata – (A) parte do proctíger do macho em vista dorsal, (B) parâmero em vista lateral. Modificado de Hungerford (1930b). Paravelia foveata Polhemus & Polhemus (Figs. 49G, 50A) Paravelia foveata Polhemus & Polhemus, 1984b: 499. [Descrição original] Paravelia foveata: Moreira et al. 2011, 20. [Catálogo] Paravelia foveata: Heckman 2011, 230 [Chave de identificação] Dimensões. Macho macróptero (n=3). CC—3,72–4,10; CPRO—1,50; LPRO—1,37. Fêmea macróptera (n=1). CC—4,40; CPRO—1,55; LPRO—1,50. 121 Diagnose. Coloração geral do corpo amarronzada. Pleuras e esternitos abdominais cobertos por pontuações arredondadas sem cerdas. Lobo anterior do pronoto com um par de manchas esbranquiçadas para amarelo-pálidas. Asas anteriores com um par de manchas basais, surgindo dos ângulos umerais e ultrapassando a margem posterior do pronoto, convergentes na metade posterior; ao lado dessas manchas entre as veias radias e cubitais, outro par de pequenas manchas brancas arredondadas; áreas pruinosas entre as células; na metade posterior outra mancha amarela pálida, com a margem posterior levemente côncava (Fig. 50A). Proctíger do macho sem elevação dorsal. Parâmero (Fig. 49G) estreito medialmente e possui o ápice menos arredondado do que o ilustrado na Figura 2 por Polhemus & Polhemus (1984b: 504). Comentários. Descrita pela forma macróptera e conhecida apenas pelo registro da localidadetipo, no estado do Amazonas, Brasil. Essa espécie, assim como Paravelia A sp. nov., Paravelia C sp. nov., P. anta e P. hungerfordi, possui o tórax e o abdome coberto por pontuações arredondadas ou ovais. Porém, é facilmente diferenciada destas pelo padrão de manchas sobre o lobo anterior do pronoto e das asas anteriores. Material examinado. Brasil: Roraima – Área Indígena Yanomami, Serra de Surucucu, 02°49’53.78”N/ 63°38’19.78”O, igarapé sem nome, 26.XI.1991, (V. Py-Daniel & U. Barbosa): 3 machos macrópteros, 1 fêmea macróptera (INPA) [primeiro registro para Roraima]. Registros geográficos. Brasil: Amazonas, Rio Marauiá (Polhemus & Polhemus 1984b) e Roraima (presente estudo). Paravelia gabrielae Moreira & Barbosa (Figs. 43) Paravelia gabrielae Moreira & Barbosa, 2011: 5. [Descrição original] Diagnose. Comprimento do corpo, macho 4,10–4,32; fêmea 4,19–4,26; largura do corpo entre os ângulos umerais, macho 1,38–1,58; fêmea 1,46–1,56. Cabeça e pronoto marromavermelhados; pleuras e ventre do corpo vermelho-alaranjado. Lobo anterior do pronoto com um par de faixas longitudinais prateadas (Fig. 43A). Asas anteriores com um par de manchas basais brancas e alongadas, surgindo dos ângulos umerais e distintamente ultrapassando a 122 margem posterior do pronoto (cerda de metade de seu comprimento); no ápice outra mancha branca alongada, um pouco maior que a basal, alcançando a margem posterior da asa (Fig. 43A). Macho com fêmur mediano ventralmente com um ou dois pequenos espinhos próximos do centro (pode estar ausentes em alguns espécimes); fêmur posterior com uma fileira de pequenos espinhos por quase todo seu comprimento, exceto na base e no ápice; os dois espinhos apicais maiores e curvados; parâmero afilando-se para o ápice (Fig. 43B–C). Fêmea com o fêmur mediano sem espinhos; fêmur posterior, no máximo com um único espinho localizado na metade posterior. Comentários. Espécie descrita recentemente para o sudeste brasileiro e até o momento registrada apenas para águas acumuladas em bromélias. Outra espécie habitante de bromélias e que possui o padrão de manchas sobre as asas anteriores similares, é P. itatiayana, mas são diferenciadas pela última espécie não possuir faixas prateadas no lobo anterior do pronoto, presentes em P. gabrielae. Registros geográficos. Brasil: São Paulo, Parque Nacional da Serra da Bocaina; Espírito Santo: Aracruz, Santa Cruz (Moreira & Barbosa 2011). Figura 43. Paravelia gabrielae – (A) aspecto dorsal, (B) parâmero em vista lateral, (C) detalhe do ápice do parâmero. Modificado de Moreira & Barbosa (2011). 123 Paravelia helenae (Hungerford) (Figs. 44) Velia helenae Hungerford, 1929c: 146. [Descrição original] Velia helenae: Polhemus 1969, 55. [Descrição do macho] Paravelia helenae: Polhemus 1976, 512. [Nova combinação; catálogo] Paravelia helenae: Polhemus & Polhemus 1991, 207. [Habitat; chave de identificação] Paravelia helenae: Heckman 2011, 236. [Chave de identificação] Diagnose. Comprimento do corpo, macho 5,60; fêmea 5,90; largura do corpo entre os ângulos umerais, macho 2,10; fêmea 2,10. Cabeça, pronoto, conexivos e ventre do corpo com um vistoso vermelho-alaranjado Asas anteriores com um par de manchas basais brancas e irregulares, não surgindo dos ângulos umerais e terminando pouco abaixo da margem posterior do pronoto; no ápice outra mancha branca e irregular, um pouco maior do que as basais (Figs. 44A–B). Macho com o fêmur mediano ventralmente com quatro espinhos (maiores em comprimento em direção ao ápice) (Fig. 44C); fêmur posterior ventralmente com uma fileira de espinhos (maiores em direção ao ápice) (Fig.44D). Esternito abdominal VII do macho sem projeções (Fig. 44E). Parâmero estreito, afilando-se para o ápice (Figs. 44F–G). Fêmea sem espinhos nas pernas. Comentários. Espécie facilmente identificada por possuir uma coloração distinta das outras espécies do gênero. Habitante de águas acumuladas em bromélias. Registros geográficos. Peru: Lima, Callanga (Hungerford 1929c), Departamento de Junin e Huacapistana (Polhemus 1969). 124 Figura 44. Paravelia helenae – (A) aspecto dorsal da fêmea [Holótipo], (B) aspecto ventral da fêmea [Holótipo], (C) fêmur mediano do macho, (D) fêmur posterior do macho, (E) ápice do abdome do macho em vista ventral, (F) parâmero em vista lateral, (G) detalhe do ápice do parâmero. Foto do Holótipo proveniente do site do Museu Sueco de História Natural (http://www2.nrm.se/en/het_nrm/h/paravelia_helenae.html) acessado em 02.II.2013. Figuras C–G modificadas de Polhemus (1969). Paravelia hungerfordi (Drake & Harris) (Fig. 45) Velia hungerfordi Drake & Harris, 1933: 46. [Descrição original] Paravelia hungerfordi: Polhemus 1976, 512. [Nova combinação; catálogo] Paravelia hungerfordi: Mazzucconi 2000, 129. [Resdescrição] Paravelia hungerfordi: Moreira et al. 2011, 20. [Catálogo] Paravelia hungerfordi: Heckman 2011, 232. [Chave de identificação] Diagnose. Comprimento do corpo, fêmea 4,80; largura do corpo entre os ângulos umerais 1,68. Coloração geral do corpo marrom-escuro, com as antenas e pernas mais claras. Asas anteriores com um par de manchas basais brancas e alongadas, surgindo dos ângulos umerais e ultrapassando distintamente a margem posterior do pronoto (mais que a metade do comprimento total); no ápice, outra mancha branca alongada, atingindo a margem posterior da asa (Fig. 45). Pleuras e ventre do abdome cobertos por pontuações arredondadas e/ou ovais. Tíbia posterior com aproximadamente 35 pequenos dentículos pretos dispersos sobre a superfície ventral. 125 Comentários. Descrita apenas por duas fêmeas macrópteras, sendo o macho desconhecido até o momento; apenas o registro da localidade-tipo é conhecido. Paravelia anta é a espécie mais próxima de P. hungerfordi, mas diferencia-se desta última pelo tamanho e forma das manchas sobre as asas anteriores, menores e com a mancha apical constrita medialmente. Registros geográficos. Brasil: Mato Grosso, Chapada dos Guimarães (Drake & Harris 1933). Figura 45. Paravelia hungerfordi – Aspecto dorsal. Modificado de Mazzucconi (2000). Paravelia inveruglas (Kirkaldy) (Figs. 46) Paravelia inveruglas Kirkaldy, 1899: 4. [Descrição original] Velia inveruglas: Hungerford 1929b, 761. [Grupo de espécies V. inveruglas] Velia inveruglas: Hungerford 1930b, 123. [Figuras do dorso e genitália do macho] Paravelia inveruglas: Polhemus 1976, 512. [Nova combinação; catálogo] Paravelia inveruglas: Heckman 2011, 223. [Chave de identificação] Diagnose. Comprimento do corpo 7,25; largura do corpo 2,00. Coloração geral do corpo escura; antenas e pernas escuras avermelhadas; pronoto violeta-amarronzado pálido, com as margens violeta-avermelhado. Margem posterior do esternito abdominal VII do macho arredondada, levemente emarginada, sem projeções. Proctíger dorsalmente com um par de distintas projeções divergentes. Parâmero alongado e estreito, com longas cerdas na superfície superior (Fig. 46C) e ápice levemente alargado (Fig. 46D). Comentários. Descrita pela forma áptera e até o momento apenas os registros da descrição original são conhecidos. As espécies semelhantes morfologicamente à P. inveruglas são P. boliviana e P. osborniana. Difere-se de P. boliviana por possuir o comprimento do corpo menor e a coloração do pronoto violeta, sendo alaranjado em P. boliviana. Em relação a P. 126 osborniana, Hungerford (1929) comenta que após examinar ambas as espécies, não identificou caracteres estruturais para diferenciá-las. Posteriormente, após Hungerford (1930) analisar um parátipo de P. osborniana e comparar com P. inveruglas, ele percebeu que as projeções no proctíger da última espécie é um pouco menor que em P. osborniana, não mencionando outro caráter para separá-las. Registros geográficos. Equador: El Pun e Harro (Kirkaldy 1899). Figura 46. Paravelia inveruglas – (A) aspecto dorsal do macho, (B) parte do proctíger em vista dorsal, (C) parâmero em vista lateral, (D) detalhe do ápice do parâmero em vista posterior. Modificado de Hungerford (1930b). 127 Figura 47. Aspecto dorsal – (A) Paravelia conata (detalhe do processo cônico do pronoto em vista lateral), (B) P. dilatata (seta indicando a expansão anterior do pronoto), (C) P. itatiayana, (D) P. itatiayana (sem a mancha apical). Escala 1 mm. Paravelia itatiayana (Drake) (Figs. 47C–D, 49H) Velia itatiayana Drake, 1951: 374. [Descrição original] Paravelia itatiayana: Polhemus 1976, 512. [Nova combinação; catálogo] Paravelia itatiayana: Moreira et al. 2011, 21. [Catálogo] Paravelia itatiayana: Heckman 2011, 232. [Chave de identificação] Paravelia itatiayana: Moreira & Barbosa 2011, 11. [Habitat; novos registros; figura do parâmero] Paravelia itatiayana: Moreira et al. 2012, 154. [Novos registros] 128 Diagnose. Comprimento do corpo 3,85; largura do corpo 1,62. Coloração geral do corpo marrom-escuro a marrom-escuro avermelhado. Asas anteriores com um par de manchas basais brancas e alongadas, surgindo dos ângulos umerais e ultrapassando a margem posterior do pronoto em aproximadamente a metade do seu comprimento; no ápice outra estreita mancha branca alongada de comprimento similar à basal (Fig. 47C). Macho com o fêmur posterior com uma fileira de pequenos dentes sobre a superfície interna, seguidos de um espinho mais robusto; tíbia posterior clavada. Fêmea com o fêmur posterior com 3–4 pequenos espinhos, sem possuir a tíbia posterior clavada. Proctíger do macho com um pequeno processo agudo anteriormente (Fig. 49H). Parâmero alongado, levemente curvado basalmente, com o ápice arredondado (Fig. 49H). Comentários. Essa espécie habita as águas acumuladas em bromélias e o padrão das manchas sobre as asas anteriores se parece com P. gabrielae, outra espécie habitante de bromélia. Porém, pode ser diferenciada dessa última espécie por não possuir um par de faixas longitudinais prateadas lateralmente sobre o lobo anterior do pronoto. Alguns espécimes de P. itatiayana não possuem a mancha apical sobre as asas anteriores (Fig. 47D). Material examinado. Brasil: Rio de Janeiro – Macaé, Ilha do Santana, em bromélia, 20.X.1986, (A.L. Carvalho): 1 macho macróptero, 1 fêmea macróptera [espécimes sem a mancha apical] (DZRJ). Mangaratiba, Reserva Ecológica Rio das Pedras, em bromélia, 22.V.2005, (D. Kaplan, M.T.A. Santos, L. Villaverde): 1 macho macróptero (DZRJ). Maricá, em bromélia, 1977, (C. Ostrovski): 2 machos macrópteros, 4 fêmeas macrópteras (DZRJ). Registros geográficos. Brasil: Rio de Janeiro (Drake 1951; Moreira & Barbosa 2011; Moreira et al. 2012) e São Paulo (Moreira & Barbosa 2011). Paravelia juruana Polhemus & Polhemus (Fig. 48) Paravelia juruana Polhemus & Polhemus 1984b, 501. [Descrição original] Paravelia juruana: Moreira et al. 2011, 21. [Catálogo] Paravelia juruana: Heckman 2011, 235. [Chave de identificação] Diagnose. Comprimento do corpo, macho 5,65; fêmea 5,71; largura máxima do corpo, macho 2,02; fêmea 2,08. Coloração geral do corpo marrom-escuro, com os ângulos umerais e as áreas intersegmentares dos conexivos mais claros. Pronoto com a margem posterior formando 129 um ângulo agudo, acuminado. Asas anteriores com um par de manchas basais brancas e ovais; no ápice, próximo da margem posterior da asa, outra mancha branca grande e irregular. Corpo sem dentículos pretos. Pernas sem espinhos. Parâmero levemente estreito na base e largo por todo o seu comprimento, com a margem posterior arredondada (Fig. 48). Comentários. Descrita de espécimes macrópteros e até o momento apenas o registro da localidade-tipo é conhecida. A espécie mais semelhante morfologicamente à P. juruana é P. cupariana, por ambas não possuírem projeções no esternito VII do macho, ausência de dentículos pretos pelo corpo, dorso piloso e último segmento antenal menor que a largura máxima da cabeça. Porém, diferenciam-se em ambos os sexos pelo formato da margem posterior do pronoto, agudo em P. juruana e arredondado em P. cupariana. Registros geográficos. Brasil: Amazonas, Eirunepé, Rio Juruá (Polhemus & Polhemus 1984b). Figura 48. Paravelia juruana – Parâmero em vista lateral. Modificado de Polhemus & Polhemus (1984b). Paravelia kahli (Drake & Harris) Velia kahli Drake & Harris, 1933, 46. [Descrição original] Paravelia kahli: Polhemus 1976, 512. [Nova combinação; catálogo] Paravelia kahli: Moreira et al. 2011, 21. [Catálogo] Paravelia kahli: Heckman 2011, 230. [Chave de identificação] Diagnose. Comprimento do corpo 4,00; largura do corpo 1,20–1,40. Coloração geral do corpo escura; antenas, porção anterior do pronoto e pernas amarronzadas. Asas anteriores com um par de manchas estreitas e esbranquiçadas na base; no ápice outra mancha esbranquiçada arredondada. Conexivos marcados com áreas pálidas indistintas nos ângulos ântero-laterais e cobertos por dentículos pretos. Primeiro segmento genital do macho com pequenos dentículos pretos achatados lateralmente; margem posterior distinta e amplamente escavada, com um 130 distinto entalhe em cada lado. Parâmero amplo e curvado, constrito perto da base e medialmente, ampliando novamente em direção ao ápice. Comentários. Descrita a partir da forma macróptera e conhecida até o momento apenas pelo registro da localidade-tipo. Não existe ilustração dessa espécie na literatura, dificultando a sua pronta identificação. De acordo com os autores, essa espécie é muito similar à P. parilis em cor e estruturas, inclusive sendo as fêmeas de ambas as espécies muito difíceis de serem separadas. São diferenciadas pelo formato do parâmero. Registros geográficos. Brasil: Mato Grosso, Chapada dos Guimarães (Drake & Harris 1933). Paravelia lanemeloi Moreira & Barbosa (Figs. 49I, 50B) Paravelia lanemeloi Moreira & Barbosa, 2012: 59. [Descrição original] Diagnose. Comprimento do corpo, macho 4,95–5,10; fêmea 5,15. Largura máxima do pronoto, macho 2,03; fêmea 2,04–2,05. Coloração geral do corpo marrom-escura; trocânteres, metade basal dos fêmures e parte visível dos conexivos amarelados. Ventre da cabeça, região central dos esternitos II–VI e margens posterolaterais do esternito VII com pequenos dentículos pretos. Asas anteriores com um par de manchas basais brancas e ovais, não surgindo dos ângulos umerais e terminando na altura da margem posterior do pronoto; no ápice outra mancha branca e oval, um pouco menor do que a basal (Fig. 50B). Proctíger do macho sem projeções no dorso. Parâmero curvado na metade anterior, com o ápice arredondado (Fig. 49I). Comentários. Espécie recentemente descrita a partir da forma macróptera e oriunda das regiões acima de mil metros de altitude no estado de Minas Gerais, na base da cadeia da Serra do Espinhaço. Material-tipo examinado. Parátipos: 1 macho macróptero, 2 fêmeas macrópteras (DZRJ), Brasil: Minas Gerais – Santana do Riacho, Alto do Palácio, poça temporária, 1.300–1400 m de altitude, 17.I.2009, (D.Takiya). Material adicional examinado. 1 fêmea macróptera (DPIC), Serra do Cipó, Cardeal Mota, Travessão, 11.X.1998, (G.J.C. Vianna). 131 Registros geográficos. Brasil: Minas Gerais, Santana do Riacho (Moreira & Barbosa 2012) e Cardeal Mota (presente estudo). Paravelia manausana Polhemus & Polhemus (Figs. 50C) Paravelia manausana Polhemus & Polhemus, 1984a: 341. [Descrição original] Paravelia manausana: Polhemus & Polhemus 1991, 207. [Habitat; chave de identificação; novos registros] Paravelia manausana: Moreira et al. 2011b, 21. [Catálogo] Paravelia manausana: Heckman 2011, 236. [Chave de identificação] Diagnose. Comprimento do corpo, macho 4,15; fêmea 4,10. Largura máxima do corpo, macho 1,60; fêmea 1,30. Coloração geral do corpo marrom-escuro a preto, sem pequenos dentículos pretos. Lobo anterior do pronoto com um par de pubescência esbranquiçada subretangular. Asas anteriores com um par de manchas basais brancas, surgindo dos ângulos umerais e ultrapassando a margem posterior do pronoto; no ápice outra mancha branca, suboval, quase atingindo a margem posterior da asa (Fig. 50C). Fêmur posterior com uma fileira de pequenos dentes sobre a superfície interna. Proctíger do macho com uma elevação sobre a metade posterior. Parâmero alongado, com o ápice subtruncado. Comentários. O único espécime analisado está em parte destruído, o que impossibilitou o desenho da genitália; porém, essa estrutura foi ilustrada por Polhemus & Polhemus (1991: 206, Figura 3). P. manausana, em conjunto com P. itatiayana, P. gabrielae e P. recens, formam as espécies brasileiras registradas para águas acumuladas em bromélias. Mas pode ser diferenciada destas principalmente pela coloração do corpo, padrão das manchas sobre as asas anteriores e formato do parâmero do macho. Espécimes de P. recens e P. manausana podem ser coletados na mesma bromélia e a primeira vista, quando examinados em meio líquido, pode-se confundir ambas as espécies. Porém, quando secos apresentam uma coloração diferente, além do formato do parâmero dos machos distintos. Material examinado. Brasil: Amazonas – Manaus, Reserva Florestal Adolpho Ducke, Acará, campinarana, em bromélia, 03.X.2003, (S.R.S. Torreias, J. Fernandes & J. Vidal): 1 macho macróptero (INPA). Registros geográficos. Bolívia; Equador; Peru; Venezuela; Brasil: Amazonas (Polhemus & Polhemus 1984a; Polhemus & Polhemus 1991; presente estudo). 132 Figura 49. Cápsula genital do macho em vista lateral – (A) Paravelia bullialata, (B) P. capillata, (C) detalhe do parâmero de P. capillata em vista anterior. (D) P. capixaba, (E) P. conata, (F) P. dilatata, (G) P. foveata, (H) P. itatiayana, (I) P. lanemeloi. Paravelia myersi (Hungerford) Velia myersi Hungerford, 1931: 172. [Descrição original] Paravelia myersi: Polhemus 1976, 512. [Nova combinação; catálogo] Paravelia myersi: Polhemus 1999, 36. [Hábitat; novos registros] Paravelia myersi: Fincke 1999, 16. [Estudo ecológico] 133 Diagnose. Comprimento do corpo 7,20–8,20; largura entre os ângulos umerais 2,35–2,75. Coloração geral do corpo escura; pronoto e pernas marrom-escuras (mais escuras dorsalmente). Asas anteriores com um par de pequenas manchas basais brancas e longitudinais; no ápice outra mancha branca, apenas um pouco mais longa do que larga; áreas pruinosas entre as células. Margem superior do fêmur posterior e margem lateral do abdome com áreas pruinosas. Fêmur posterior armado posteriormente com espinhos levemente curvados, geralmente cinco sobre os dois terços apicais e doze distribuídos ao longo do comprimento do fêmur. Proctíger dorsalmente sem projeções. Parâmero afilando-se para o ápice; um leve entalhe na base da superfície superior, que é quase reta. Comentários. Descrita a partir de espécimes macrópteros, tendo como hábitat águas acumuladas em ocos de árvores. Possui como espécies semelhantes morfologicamente P. albotrimaculata e P. atra, diferenciando-se da primeira espécie por apresentar a margem posterior do pronoto arredondada, tarsômero III da perna anterior maior que o II, e tarsômero III das pernas medianas e posteriores subiguais em comprimento ao tarsômero II, enquanto em P. albotrimaculata o ângulo posterior do pronoto é agudo, o tarsômero III da perna anterior subigual ao II, e o tarsômero III das pernas medianas e posteriores distintamente maiores que o II. Em relação a P. atra, Polhemus (1999) menciona a possibilidade de ambas as espécies serem sinônimos, principalmente por apresentarem os parâmeros muito similares. Além disso, comenta que mais espécimes de P. atra são necessários para resolver esse questionamento, uma vez que apenas o holótipo macho é conhecido, sem oferecer informações sobre o hábitat dessa espécie. Até o momento não existe ilustrações dessa espécie na literatura. Registros geográficos. Trinidad e Tobago (Hungerford 1931). Panamá, Zona do Canal, Ilha Barro Colorado (Fincke 1999; Polhemus 1999). Paravelia nexa (Drake & Harris) Velia nexa Drake & Harris, 1933, 47. [Descrição original] Paravelia nexa: Polhemus 1976, 512. [Nova combinação; catálogo] Paravelia nexa: Moreira et al. 2011, 21. [Catálogo] Paravelia nexa: Heckman 2011, 230. [Chave de identificação] Diagnose. Comprimento do corpo 3,54; largura do corpo 1,35. Coloração geral do corpo marrom; antenas (exceto o antenômero IV pálido), pronoto e pernas marrom-escuras. Asas 134 anteriores com um par de manchas estreitas e esbranquiçadas na base; no ápice outra mancha esbranquiçada arredondada. Primeiro segmento genital com a margem posterior levemente escavada medialmente. Parâmero hirsuto, longo, amplo, curvado para dentro; em direção ao ápice escuro e estreito. Comentários. Descrita através de espécimes macrópteros e apenas o registro da localidadetipo é conhecido até o momento. Possui a forma geral, dimensões e marcas sobre o corpo muito similares a P. kahli e P. parilis, diferenciando-se pelos caracteres da genitália. Entretanto, nenhuma dessas espécies possui desenho dessas estruturas na literatura, o que dificulta a diferenciação entre elas. Registros geográficos. Brasil: Maranhão (Drake & Harris 1933). Paravelia nieseri Moreira & Barbosa (Figs. 50D, 60A) Paravelia nieseri Moreira & Barbosa, 2012: 61. [Descrição original] Diagnose. Comprimento do corpo, macho 6,25–6,35; fêmea 6,10. Largura máxima do corpo, macho 2,06–2,26; fêmea 2,06. Cabeça e margem posterior do pronoto alaranjadas a marromalaranjadas; restante do pronoto marrom a marrom-escuro; pernas marrom-amareladas, com uma pequena área basal escura. Região ventral da cabeça, margem anterior do proesterno e região posterior do primeiro segmento genital com pequenos dentículos pretos. Ângulo posterior do pronoto agudo, acuminado. Asas anteriores com um par de manchas basais brancas, não surgindo dos ângulos umerais e terminando na altura da margem posterior do pronoto; no ápice outra mancha branca oval próxima da margem posterior da asa (Fig. 50D). Macho com trocânter posterior com pequenos dentículos; fêmur posterior com uma fileira de pequenos dentes sobre os 3/4 basais, seguidos de outros dois espinhos robustos. Esternito abdominal VII do macho com um par de projeções agudas sobre a margem posterior. Fêmur posterior da fêmea com uma fileira de 4–6 pequenos espinhos sobre a metade posterior. Proctíger do macho com uma distinta elevação anteriormente (Fig. 60A). Parâmero com uma leve reentrância na superfície dorsal próximo a base, com o ápice truncado (Fig. 60A). Comentários. Espécie recentemente descrita, conhecida apenas pela forma macróptera. Machos dessa espécie possuem sobre o esternito abdominal VII um par de projeções, como 135 em P. basalis, P. confusa, P. williamsi e P.truxali. Diferencia-se das três primeiras pelo formato arredondado do ângulo posterior do pronoto, acuminado em P. nieseri e P. truxali. Figura 50. Aspecto dorsal – (A) Paravelia foveata, (B) P. lanemeloi [Parátipo], (C) P. manausana, (D) P. nieseri [Holótipo]. Escala 1 mm. Ambas as espécies possuem além do ângulo acuminado, coloração da cabeça e parte do pronoto alaranjada e projeções sobre o esternito VII do macho agudas. Porém, em P. nieseri o pronoto é marrom escuro para preto, com as margens do lobo posterior alaranjadas; parâmero com uma leve reentrância basalmente na superfície dorsal; e fêmur posterior da fêmea sem dentículos; enquanto em P. truxali o pronoto é alaranjado com o lobo anterior, 136 ângulos umerais e uma faixa mediana ampla amarronzada; o parâmero alarga-se levemente na superfície dorsal basalmente; fêmur posterior da fêmea com aproximadamente sete dentículos pretos sobre a superfície ventral. Essa espécie era até então conhecida apenas para a localidade-tipo, na Serra do Caraça em Minas Gerais. Aqui a área de ocorrência dessa espécie é expandida para a Serra do Cipó, Retiro das Pedras e para o município de Ouro Preto, todas essas localidades situadas acima dos 1.300 metros de altitude no estado de Minas Gerais. Material-tipo examinado. Holótipo: macho macróptero (MZSP), Brasil: Minas Gerais – Serra do Caraça, XI.1961, (Kloss, Lenko, Martins & Silva). Parátipos: 2 machos macrópteros, 1 fêmea macróptera (MZSP), mesmos dados do holótipo. Material adicional examinado. Serra do Caraça, aproximadamente 1.500 m de altitude, 27.III.1999, (M.A. Horta): 2 machos macrópteros, 1 fêmea macróptera (DPIC). Serra do Cipó, Cardeal Mota, MG-010, Km 103, poça temporária, 08.III.1997, (A.L. Melo): 2 fêmeas macrópteras (DPIC); mesmos dados, exceto Km 105, 06.II.2000: 3 machos macrópteros, 5 fêmeas macrópteras, 5 ninfas (DPIC). Serra do Cipó, 12.XII.1997, (A.L. Melo): 2 machos macrópteros, 3 fêmeas macrópteras (DPIC). Brumadinho, Retiro das Pedras, 20o04’S/44o00’W, 14.IV.1999, (G.J.C. Vianna): 2 machos macrópteros, 1 fêmea macróptera (DPIC); mesmos dados, exceto XI.1999: 1 macho macróptero, 1 fêmea macróptera (DPIC). Ouro Preto, Estrada Real, Trilha do Chafariz, poça temporária na trilha, 05.IV.2010, (H.D.D. Rodrigues): 2 fêmeas macrópteras (DPIC). Registros geográficos publicados. Brasil: Minas Gerais (Moreira & Barbosa 2012; presente estudo). Paravelia osborniana (Kirkaldy) (Fig. 51) Velia brunnea Osborn, 1904: 204. [Descrição original; preoc. brunnea Horvath, 1898] Velia osborniana Kirkaldy, 1909: 31. [Nome novo] Velia osborniana: Hungerford 1929b, 761. [Grupo de espécies inveruglas] Velia osborniana: Hungerford 1930b, 123. [Notas; ilustração da genitália do macho] Paravelia osborniana: Polhemus 1976, 512. [Nova combinação; catálogo] Paravelia osborniana: Heckman 2011, 224. [Chave de identificação] Diagnose. Comprimento do corpo 8,00. Coloração geral do corpo marrom-escuro; margem posterior do pronoto amarelada. Fêmures sem espinhos. Proctíger do macho dorsalmente com 137 um par de distintas projeções divergentes (Figs. 51A–B). Parâmero longo, estreito, com o ápice levemente alargado (Fig. 51C). Comentários. Ambas as formas áptera e macróptera são conhecidas. Hungerford (1930) ao examinar um parátipo dessa espécie, percebeu que os parâmeros de P. osborniana e P. inveruglas são muito parecidos. Esse mesmo autor também menciona uma leve diferença nas projeções no proctíger do macho, onde em P. osborniana parece serem um pouco maiores do que em P. inveruglas. Além disso, comenta que espécimes macrópteros de P. osborniana possuem essas projeções um pouco maiores do que nas formas ápteras. Registros geográficos. Bolívia: Departamento de La Paz, Coroico (Osborn 1904) e Chaco (Hungerford 1930). Peru: Departamento de Cusco, Marcapata (Hungerford 1930). Figura 51. Paravelia osborniana – (A) cápsula genital do macho em vista lateral, (B) parte do proctíger do macho em vista dorsal, (C) parte do parâmero em vista lateral. Modificado de Hungerford (1930b). Paravelia paolettii Polhemus & Polhemus (Fig. 52) Paravelia paolettii Polhemus & Polhemus, 1991, 208. [Descrição original] Paravelia paolettii: Heckman 2011, 234. [Chave de identificação] Diagnose. Comprimento do corpo 5,25; largura do corpo 1,92. Coloração geral do corpo marrom-escuro; cabeça vermelho-alaranjada, com uma pequena mancha dorsal amarelada; antenas e pernas marrom-escuras, exceto a base do antenômero I mais claro. Asas anteriores com um par de manchas basais amareladas e largas, surgindo dos ângulos umerais e 138 terminado na altura da margem posterior do pronoto; no ápice outra mancha amarelada oval (Fig. 52A). Fêmur mediano ventralmente com três pequenos espinhos, aumentando de tamanho em direção ao ápice. Fêmur posterior com uma fileira de dentículos nos dois terços basais, aumentando de tamanho em direção ao ápice; espinho distal um pouco maior (Fig. 52B). Esternito abdominal VII do macho sem projeções (Fig. 52C). Proctíger com uma ligeira elevação anteriormente (Fig. 52D). Parâmero longo, truncado distalmente (Fig. 52E). Comentários. Descrita através de um único espécime macho macróptero e até o momento, apenas o registro da localidade-tipo é conhecido. É habitante de águas acumuladas em bromélias. Essa espécie é morfologicamente mais próxima de P. helenae, também habitante de bromélias, onde ambas possuem uma distinta coloração vermelho alaranjado da cabeça, mas diferem-se pela forma e cor das manchas sobre as asas anteriores, amareladas e com as manchas basais surgindo dos húmeros em P. paolettii, sendo brancas e não surgindo dos húmeros em P. helenae. Registros geográficos. Venezuela: Aragua, Parque Nacional Henri Pittier (Polhemus & Polhemus 1991). Figura 52. Paravelia paolettii – (A) aspecto dorsal, (B) fêmur posterior, (C) ápice do abdome do macho em vista ventral, (D) proctíger do macho em vista lateral, (E) parâmero em vista lateral. Modificado de Polhemus & Polhemus (1991). 139 Paravelia parilis (Drake & Harris) Velia parilis Drake & Harris, 1933, 46. [Descrição original] Paravelia parilis: Polhemus 1976, 512. [Nova combinação; catálogo] Paravelia parilis: Moreira et al. 2011, 21. [Catálogo] Paravelia parilis: Heckman 2011, 230. [Chave de identificação] Diagnose. Comprimento do corpo 4,00; largura do corpo 1,20–1,38. Coloração geral do corpo escura; pronoto marrom-escuro, com uma larga área marrom medialmente. Asas anteriores com um par de manchas estreitas e esbranquiçadas na base; no ápice outra mancha esbranquiçada arredondada. Esternito abdominal VII truncado posteriormente, um pouco maior em comprimento que o esternito VI. Primeiro segmento genital escavado posteriormente, com pequenos dentículos pequenos e estreitos. Parâmero longo, com o ápice fortemente curvado e agudo. Comentários. Descrita em ambos os sexos pela forma macróptera; entretanto, não existe nenhuma ilustração dessa espécie na literatura, o que dificulta sua pronta identificação. Até o momento, apenas o registro da localidade-tipo é conhecida. Se parece com P. kahli, possuindo as mesmas manchas das asas anteriores e proporções dos segmentos antenais, diferenciandose principalmente pela forma do parâmero. Registros geográficos. Brasil: Mato Grosso, Chapada dos Guimarães (Drake & Harris 1933). Paravelia paxilla (Drake) (Fig. 53) Velia paxilla Drake, 1957, 113. [Descrição original] Paravelia paxilla: Polhemus 1976, 512. [Nova combinação; catálogo] Paravelia paxilla: Mazzucconi & Polhemus 2003, 33. [Descrição do macho; novos registros] Paravelia paxilla: Heckman 2011, 227. [Chave de identificação] Diagnose. Comprimento do corpo, macho 4,33–4,63; fêmea 3,65–4,72; largura do corpo na altura do segmento abdominal IV, macho 1,33–1,55; fêmea 1,39–1,66. Coloração geral do corpo e pernas marrom-amarelado. Cabeça, búcula, lobo anterior e margens do lobo posterior do pronoto, proesterno, margens dos conexivos e lado dos esternitos abdominais com pequenos dentículos pretos (Figs. 53A–C). Margem posterior do esternito VII do macho côncava; sem projeções (Fig. 53D); fêmeas com a margem quase reta. Primeiro segmento genital e proctíger do macho com pequenos dentículos pretos. Parâmero sinuoso, voltado para cima, atingindo o outro parâmero dorsalmente; ápice amplo e arredondado (Fig. 53E). Fêmea 140 com primeiro par de gonocoxas, proctíger e margem posterior do tergito VIII com pequenos dentículos pretos. Comentários. Conhecida apenas pela forma áptera, tendo como espécie próxima P. splendoris. Ambas as espécies possuem o corpo e os fêmures cobertos por pequenos dentículos pretos. Entretanto, P. splendoris é conhecida apenas pelas formas micrópteras e macrópteras, e possui as dimensões do corpo menores que P. paxilla. Registros geográficos. Argentina: Salta, San Lorenzo (Drake 1957), norte da cidade de Salta (Mazzucconi & Polhemus 2003) e Catamarca, La Banderita (Mazzucconi & Polhemus 2003). Figura 53. Paravelia paxilla – (A) aspecto dorsal do macho, (B) detalhe dos pequenos dentículos pretos, (C) aspecto dorsal da fêmea, (D) ápice do abdome do macho em vista ventral, (E) parâmeros em vista dorsal. Modificado de Mazzucconi & Polhemus (2003). 141 Paravelia platensis (Berg) (Figs. 54, 59A, 60B) Velia platensis Berg, 1883: 117. [Descrição original] Velia platensis: Río & Achával 1904, 364. [Novos registros] Velia platensis: Pennington 1920, 31. [Catálogo] Velia platensis: Hungerford 1930a, 27. [Ilustração da genitália masculina] Velia platensis: Ruffinelli & Pirán 1959, 28 [Novos registros] Paravelia platensis: Polhemus 1976, 512 [Nova combinação; catálogo] Paravelia platensis: Iglesias & Crespo 1999, 263 [Chave de identificação] Paravelia platensis: Mazzucconi & Bachmann 2003, 89 [Novos registros; catálogo] Paravelia platensis: Mazzucconi et al. 2008, 66 [Novos registros] Paravelia platensis: Konopko et al. 2009, 277 [Chave de identificação] Paravelia platensis: Nanni et al. 2011, 32 [Novos registros] Paravelia platensis: Heckman 2011, 231 [Chave de identificação] Dimensões (n=1). Macho braquíptero. CC—5,03; CCA—0,60; LCA—0,80; ANT I—0,72, ANT II—0,55, ANT III—0,67, ANT IV—0,77; OLH—0,20; CPRO—2,02; LPRO—1,80; PANT: FEM—1,27, TIB—1,33, TAR I—0,10, TAR II—0,20, TAR III—0,38; PMED: FEM—1,62, TIB—1,75, TAR I—0,12, TAR II—0,55, TAR III—0,50; PPOS: FEM—1,87, TIB—2,17, TAR I—0,09, TAR II—0,47, TAR III—0,42. Diagnose. Coloração geral do corpo marrom a marrom-escuro. Pronoto sem manchas ou pruinosidades sobre o lobo anterior. Asas anteriores da forma braquíptera deixando grande parte dos conexivos e os tergitos VI e VII expostos; asas marrom-escuras com as veias mais claras, com um par de manchas basais brancas e alongadas, surgindo dos ângulos umerais e terminando na altura da margem posterior do pronoto; no ápice outra mancha branca, pequena e oval, muito próxima da margem posterior da asa (Fig. 59A). Esternitos abdominais do macho V–VII proeminetes medialmente e levemente achatados; esternito VII do macho com a margem posterior levemente estendida medialmente, com a margem posterior levemente côncava, formando dois pequenos lobos (Fig. 54). Parâmero com muitas cerdas alongadas, tanto na superfície externa quanto na interna (Fig. 60B). Comentários. Conhecida pela forma braquíptera e macróptera, e registrada previamente para a Argentina e Uruguai. Aqui é registrada pela primeira no Brasil, no estado de São Paulo. Além dela, apenas P. dilatata possui a forma braquíptera conhecida, diferindo-se desta e de todas outras espécies do gênero pelo formato do esternito abdominal VII do macho, descrito acima. 142 Material examinado. Brasil: São Paulo – São José do Barreiro, Parque Nacional Serra da Bocaina, poça 2, 21.V.2009, (D.S. Provete): 1 macho braquíptero (DZRJ) [primeiro registro para o Brasil]. Registros geográficos. Argentina: Buenos Aires (Berg 1883; Nanni et al. 2011), Córdoba (Río & Achával 1904) e Missiones (Mazzucconi et al. 2008). Uruguai: Montevidéu (Berg 1883) e Maldonado (Mazzucconi & Bachmann 2003). Figura 54. Paravelia platensis – Ápice do abdome em vista ventral. Modificado de Spangler (1986) [Desenho original de Hungerford 1930]. Paravelia recens (Drake & Harris) (Figs. 55A, 60C) Velia recens Drake & Harris, 1935: 192. [Descrição original] Velia recens: Drake & Maldonado-Capriles 1952, 47. [Habitat; novos registros] Velia recens: Drake & Hussey 1954, 133. [Habitat; novos registros] Paravelia recens: Polhemus 1976, 512. [Nova combinação; catálogo] Paravelia recens: Polhemus & Polhemus 1991, 210. [Habitat; identificação; novos registros] Paravelia recens: Nieser &Alkins-Koo 1991, 62 [Chave de identificação; novos registros] Paravelia recens: Pereira et al. 2007, 147. [Estudo ecológico] Paravelia recens: Moreira et al. 2011b, 21. [Catálogo] Paravelia recens: Heckman 2011, 236 [Chave de identificação] Paravelia recens: Padilla-Gil & Moreira 2011, 23 [Chave de identificação] Diagnose. Comprimento do corpo 3,50–3,95. Coloração geral do corpo amarronzada; coxas, trocânteres e base dos fêmures marrons amarelados, restante das pernas amarronzada. Pronoto com o lobo anterior mais claro, podendo estar evidente ou não um par de pruinosidades laterais. Asas anteriores marrons escuras, com um par de manchas basais brancas, surgindos dos ângulos umerais e ultrapassando a margem posterior do pronoto; no ápice outra mancha 143 branca arredondada (Fig. 55A). Fêmur posterior do macho com uma fileira de pqeuenos dentes na margem interna por quase todo o seu comprimento. Tíbia posterior do macho clavada. Parâmero com uma reentrância anteriormente na superfície dorsal, afilando-se para o ápice (Fig. 60C). Comentários. Embora provavelmente seja uma espécie exclusiva de águas acumuladas em bromélias, possui uma ampla área de ocorrência, de Honduras até o sudeste brasileiro. Possui também uma grande variação morfológica entre as populações, levando alguns pesquisadores a pensarem que se tratava de mais de uma espécie. Aqui os espécimes analisados em sua maioria possuem o formato das manchas sobre as asas anteriores e do parâmero similares às ilustrações 15 e 17 do trabalho do Polhemus & Polhemus (1991). Entrentanto, alguns espécimes possuem uma pruinosidade esbranquiçada evidente sobre o lobo anterior do pronoto, além das manchas das asas anteriores diferentes, com a mancha apical oval. Possui como espécie próxima P. manausana, diferindo-se desta pela coloração amarronzada, mancha apical arredondada e parâmero afilando-se para o ápice, enquanto em P. manausana a coloração é marrom-escura a preta, mancha apical suboval e quase atingindo a margem posterior da asa, e parâmero não se afilando para o ápice. Material examinado. Brasil: Amazonas – Manaus, Reserva Florestal Adolpho Ducke, Acará, campinarana, em bromélias, 12.V.2005, (S.R.S. Torreias & C. Menezes): 2 machos macrópteros (INPA); mesmos dados, exceto 14.V.2003, (J. Oliveira, J. Vidal & J. Miranda): 7 machos macrópteros, 7 fêmeas macrópteras (INPA). Espírito Santo – Aracruz, Santa Cruz, I.1975, (L.F. Reys): 1 macho macróptero, 3 fêmeas macrópteras (MNRJ) [primeiro registro para o Espírito Santo]. Registros geográficos. Bolívia; Colômbia; Guiana; Honduras; Panamá; Paraguai; Peru; Trinidad & Tobago; Venezuela; Brasil: Amazonas (Drake & Hussey 1954; Polhemus & Polhemus 1991; Pereira et al. 2007; presente estudo), Pará (Polhemus & Polhemus 1991) e Espírito Santo (presente estudo). 144 Paravelia rotundanotata (Hungerford) (Figs. 18, 55B, 60D) Velia rotundanotata Hungerford, 1930a: 23. [Descrição original] Paravelia rotundanotata: Polhemus 1976, 512. [Nova combinação; catálogo] Paravelia rotundanotata: Moreira et al. 2011, 21 [Catálogo] Paravelia rotundanotata: Heckman 2011, 228 [Chave de identificação] Dimensões. Macho macróptero (n=3). CC—3,67–3,70; CCA—0,52; LCA—0,70; ANT I— 0,62, ANT II—0,50, ANT III—0,63, ANT IV—0,76; OLH—0,20; CPRO—1,30–1,40; LPRO—1,25–1,30; PANT: FEM—1,07, TIB—1,02, TAR I—0,07, TAR II—0,17, TAR III— 0,27; PMED: FEM—1,17, TIB—1,25, TAR I—0,07, TAR II—0,25, TAR III—0,30; PPOS: FEM—1,50, TIB—1,87, TAR I—0,08, TAR II—0,50, TAR III—0,30. Fêmea macróptera (n=3). CC—4,10–4,35; CCA—0,55; LCA—0,67; ANT I—0,75, ANT II—0,62, ANT III— 0,75, ANT IV—0,85; OLH—0,20; CPRO—1,50; LPRO—1,52–1,50; PANT: FEM—1,17, TIB—1,15, TAR I—0,07, TAR II—0,17, TAR III—0,33; PMED: FEM—1,40, TIB—1,50, TAR I—0,10, TAR II—0,30, TAR III—0,35; PPOS: FEM—1,75, TIB—2,20, TAR I—0,12, TAR II—0,55, TAR III—0,40. Diagnose. Coloração geral do corpo e das antenas marrons a marrom-alaranjados, exceto o antenômero IV branco a amarelo-pálido medialmente e com uma pequena faixa basal e outra apical amarronzada (Fig. 55B). Cabeça, pronoto, conexivos e margem posterolateral do esternito VII cobertos com pequenos dentículos pretos. Pronoto com uma linha mediana e os ângulos umerais mais claros; lobo anterior com um par de áreas pruinosas subtriangulares. Asas anteriores com um par de manchas basais brancas, surgindo dos ângulos umerais e terminando na altura da margem posterior do pronoto; em frente a elas, outra faixa pálida longitudinal, ao lado, surgindo sobre a veia cubital, outra faixa pálida margeando a asa; no ápice outra mancha branca arredondada (Fig. 55B). Esternito abdominal VII do macho levemente achatado medialmente, sem projeções. Proctíger do macho com uma distinta elevação dorsal na metade anterior e pequenos dentículos sobre o ápice; nas fêmeas o proctíger é coberto por pequenos dentículos. Parâmero alongado com o ápice arredondado (Fig. 60D). Comentários. Conhecida até o momento apenas para os registros mencionados na descrição original, La Plata na Argentina e para o estado de Minas Gerais, sendo esse último sem localidade específica. Mazzucconi (2000) comenta que apesar desse registro para La Plata mencionado na descrição, sua ocorrência na região de Buenos Aires parece ser duvidosa, uma 145 vez que nenhum outro espécime foi coletado próximo à região. Possui como espécie próxima Paravelia G sp. nov., principalmente pela semelhança das manchas sobre as asas anteriores, coloração do corpo e pequenos dentículos pretos cobrindo grande parte do corpo (ver comentários em P. G sp. nov.). Material examinado. Brasil: Mato Grosso – Novo Santo Antônio, Rio São João Grande, 11.VIII.2003, (S.O. Pagioro): 2 fêmeas macrópteras (DPIC); mesmos dados, exceto 20.VI.2004: 1 fêmea macróptera (DPIC) [primeiro registro para o Mato Grosso]. Mato Grosso do Sul – Aquidauana, Fazenda Rio Negro, 04.IX.2007, (J.L. Nessimian): 3 machos macrópteros (DZRJ) [primeiro registro para o Mato Grosso do Sul]. Registros geográficos. Argentina (Hungerford 1930a). Brasil: Mato Grosso (presente estudo), Mato Grosso do Sul (presente estudo) e Minas Gerais (Hungerford 1930a). Paravelia spinifera Polhemus & Polhemus (Figs. 59B, 60E) Paravelia spinifera Polhemus & Polhemus, 1984a: 341. [Descrição original] Paravelia spinifera: Heckman 2011, 220 [Chave de identificação] Dimensões. Macho macróptero (n=3). CC—3,85–3,90; CCA—0,50–0,60; LCA—0,70– 0,71; ANT I—0,67–0,70, ANT II—0,47–0,50, ANT III—0,43–0,45, ANT IV—0,50–0,51; OLH—0,22–0,23; CPRO—1,32–1,37; LPRO—1,65–1,67; PANT: FEM—0,90–0,92, TIB— 0,91–0,92, TAR I—0,07, TAR II—0,10–0,11, TAR III—0,32–0,37; PMED: FEM—1,25, TIB—1,36–1,37, TAR I—0,07, TAR II—0,16–0,18, TAR III—0,36–0,37; PPOS: FEM— 1,46–1,50, TIB—1,62–1,65, TAR I—0,07, TAR II—0,17, TAR III—0,36–0,38. Fêmea macróptera (n=3). CC—3,95; CCA—0,50; LCA—0,72–0,75; ANT I—0,67, ANT II—0,47– 0,50, ANT III—0,43–0,45, ANT IV—0,50; OLH—0,23–0,25; CPRO—1,42; LPRO—1,61– 1,65; PANT: FEM—0,87–0,92, TIB—0,90–0,92, TAR I—0,07, TAR II—0,10–0,11, TAR III—0,32–0,35; PMED: FEM—1,25–1,32, TIB—1,35–1,37, TAR I—0,08, TAR II—0,17– 0,18, TAR III—0,37; PPOS: FEM—1,50, TIB—1,75, TAR I—0,07–0,08, TAR II—0,20, TAR III—0,37–0,40. Diagnose. Coloração geral do corpo marrom a marrom-alaranjado; margem posterior do pronoto alaranjada; pronoto com leves e pequenas áreas pruinosas posteriormente. Ângulos umerais espinhosos. Asas anteriores amarronzadas, com um par de estreitas manchas basais 146 esbranquiçadas, surgindo dos ângulos umerais e terminando na altura da margem posterior do pronoto; medialmente com pequenas áreas pruinosas entre as células; no ápice outra pequena mancha amarela pálida na região central, com áreas levemente esbranquiçadas ao redor (Fig. 59B). Pernas sem espinhos. Proctíger do macho com uma leve elevação medialmente. Parâmero estreito na base, com o ápice arredondado (Fig. 60E). Comentários. Essa espécie é facilmente identificada por ser a única do gênero que apresenta os ângulos umerais espinhosos. Outro veliíneo que possui os úmeros produzidos de forma similar é Stridulivelia alia (Drake), mas diferencia-se por apresentar áreas estridulatórias sobre o fêmur posterior, ausentes em P. spinifera. As espécies de Steinovelia geralmente também possuem os úmeros desenvolvidos, parecidos com pequenos espinhos obtusos; porém, apresentam tubérculos laterais sobre o metaesterno, ausentes em Paravelia. Uma larga variação foi observada sobre os espinhos dos úmeros de P. spinifera, onde alguns espécimes possuem os espinhos muito menores do que o ilustrado por Polhemus & Polhemus (1984a). Material examinado. Brasil: Maranhão – Aldeia Yavaruhu, Rio Gurupi, aproximadamente 30 km oeste de Canindé, em uma trilha isolada na floresta, igarapé lamoso, com cascalho e folhas, 14.II.1966, (B. Malkin): 90 machos macrópteros, 77 fêmeas macrópteras (MZSP) [primeiro registro para o Brasil]. Registros geográficos. Suriname (Polhemus & Polhemus 1984a). Brasil, Maranhão (presente estudo). Paravelia splendoris (Drake & Harris) (Figs. 55C–D, 60F) Velia splendoris Drake & Harris, 1933: 47. [Descrição original] Paravelia splendoris: Polhemus 1976, 513. [Nova combinação; catálogo] Paravelia splendoris: Mazzucconi & Polhemus 2003, 38. [Comparação com P. paxilla] Paravelia splendoris: Moreira et al. 2011, 21. [Catálogo] Paravelia splendoris: Heckman 2011, 228. [Chave de identificação] Paravelia splendoris: Melo et al. 2011, 3. [Novo registro] Dimensões. Macho micróptero (n=3). CC—2,77–2,90; CCA—0,45; LCA—0,60; ANT I— 0,42–0,47, ANT II—0,32, ANT III—0,38–0,40, ANT IV—0,52–0,55; OLH—0,15; CPRO— 0,87; LPRO—1,00–1,02; PANT: FEM—0,75–0,77, TIB—0,70–0,72, TAR I—0,05, TAR II—0,05–0,06, TAR III—0,25; PMED: FEM—0,87–0,90, TIB—0,87, TAR I—0,05, TAR 147 II—0,10–0,11, TAR III—0,27; PPOS: FEM—1,00–1,02, TIB—1,12–1,15, TAR I—0,06– 0,07, TAR II—0,12–0,15, TAR III—0,30. Macho macróptero (n=1). CC—3,05; CCA— 0,45; LCA—0,60; ANT I—0,45, ANT II—0,35, ANT III—0,42, ANT IV—0,50; OLH— 0,15; CPRO—1,12; LPRO—1,30; PANT: FEM—0,77, TIB—0,75, TAR I—0,05, TAR II— 0,06, TAR III—0,25; PMED: FEM—0,90, TIB—0,88, TAR I—0,05, TAR II—0,12, TAR III—0,30; PPOS: FEM—1,00, TIB—1,22, TAR I—0,06, TAR II—0,13, TAR III—0,28. Fêmea micróptera (n=1). CC—3,02; CCA—0,45; LCA—0,62; ANT I—0,47, ANT II— 0,32, ANT III—0,40, ANT IV—0,52; OLH—0,15; CPRO—0,97; LPRO—1,12; PANT: FEM—0,76, TIB—0,70, TAR I—0,05, TAR II—0,06, TAR III—0,25; PMED: FEM—0,87, TIB—0,87, TAR I—0,06, TAR II—0,12, TAR III—0,27; PPOS: FEM—1,02, TIB—1,15, TAR I—0,06, TAR II—0,12, TAR III—0,27. Fêmea macróptera (n=3). CC—3,00–3,30; CCA—0,45–0,47; LCA—0,60–0,65; ANT I—0,47, ANT II—0,32–0,35, ANT III—0,37– 0,42, ANT IV—0,50–0,53; OLH—0,14–0,16; CPRO—1,07–1,20; LPRO—1,25–1,41; PANT: FEM—0,77–0,82, TIB—0,65–0,75, TAR I—0,05, TAR II—0,06, TAR III—0,22– 0,27; PMED: FEM—0,85–0,92, TIB—0,83–0,90, TAR I—0,06, TAR II—0,10–0,12, TAR III—0,25–0,30; PPOS: FEM—0,95–1,05, TIB—1,10–1,25, TAR I—0,06–0,07, TAR II— 0,12–0,15, TAR III—0,25–0,30. Diagnose. Comprimento do corpo 2,30–3,40. Coloração geral do corpo amarronzada; pronoto com uma linha mediana e a margem posterior marrom-escura; coxas, trocânteres e metade basal dos fêmures amarelados, restante das pernas marrom-amareladas. Corpo e pernas cobertos por pequenos dentículos pretos cônicos. Lobo anterior do pronoto com um par de pequenas e leves áreas pruinosas lateralmente. Forma micróptera (Fig. 55D) com as asas terminando póximas da margem posterior do tergito III (o II visível), brancas na metade basal e sobre a região apical; medialmente marrom com áreas mais claras. Forma macróptera (Fig. 55C) com as asas atingindo os segmentos genitais; marrom escura, com as veias mais claras; um par de manchas basais brancas, surgindo dos ângulos humerais e ultrapassando levemente a margem posterior do pronoto; no ápice outra mancha pequena e arredondada. Porção apical do primeiro segmento genital, proctíger e pigóforo com pequenos dentículos pretos. Parâmero com o ápice arredondado (Fig. 60F). Comentários. Espécie conhecida tanto para a forma micróptera quanto para macróptera, sendo até pouco tempo atrás registrada apenas para a localidade-tipo no Mato Grosso, até ser encontrada no norte da Argentina. Aqui registramos pela primeira vez para o estado de Goiás 148 e para outras localidades no leste do Mato Grosso. Paravelia B sp. nov. e P. paxilla também possuem o corpo cobertos por pequenos dentículos pretos, mas P. splendoris difere-se da primeira por possuir os dentículo cônicos e voltadas para trás, enquando eles são arredondados, ausentes sobre a região dorsal do corpo e pernas, e menos distintos em Paravelia B sp. nov.; além disso são facilmente diferenciadas pelas manchas sobre as asas anteriores. Em relação a P. paxilla, são diferenciadas pela pelo tamanho corpo (2.30–3.40 P. splendoris; 4.35–4.53 P. paxilla) e pela quantidade de dentículos, sendo eles proeminentes e em grande quantidade em P. splendoris, em menor quantidade e menos proeminetes em P. paxilla. Além disso, P. paxilla é conhecida apenas pela forma áptera; P. splendoris pelas formas micrópteras e macrópteras. Material examinado. Brasil: Mato Grosso – Barra do Garças, Bacia do Rio Corrente, Córrego Taquaral, primeira ordem, 15°41’54”S/ 52°20’03”O, 15.I.2005, [1225] (H.S.R. Cabette et al.): 2 machos micrópteros, 1 fêmea micróptera (CZNX); mesmos dados, exceto [1235]: 1 macho micróptero; mesmos dados, exceto [1094]: 1 fêmea micróptera. Nova Xavantina, Bacia do Rio Pindaíba, Córrego da Mata, primeira ordem, 14°59’53”S/ 52°28’42”O, 02.XI.2007, [3741] (K. Dias-Silva): 1 fêmea macróptera (CZNX); mesmos dados, exceto [3802]: 1 macho micróptero; Córrego Buriti, 14°45'01.4"S/ 52°33'14.4"O, 27.IV.2011, [4386] (N.F.S. Giehl): 1 fêmea macróptera (CZNX); Bacia do Ribeirão Antártico, Córrego Duílio, 14°48'18.8"S/ 52°30'10.7"O, 01.V.2011, [4383] (N.F.S. Giehl): 1 fêmea micróptera (CZNX); mesmos dados, exceto [4543]: 1 macho macróptero; Córrego Bacaba, ponto 1, 14º43'3.5"S / 52º21'48.3"O, 01.VI.2011, [6726] (N.F.S. Giehl & P.V.B. Fonseca): 1 macho macróptero, 1 fêmea macróptera (CZNX); mesmos dados, exceto 22.III.2012, [6615]: 1 macho macróptero; mesmos dados, exceto ponto 2, 14º43'10.5"S/ 52º21'35.07"O, 01.VI.2011, [6079]: 1 macho macróptero; mesmos dados, exceto 04.VII.2011, [6080]: 1 macho macróptero; mesmos dados, exceto 21.IV.2012, [6602]: 1 fêmea macróptera; mesmos dados, exceto 29.VI.2012, [6718]: 1 macho micróptero; mesmos dados, exceto [6654]: 1 macho macróptero. Goiás – Niquelândia, 14°12'41"S/ 48°19'42"O, 08.II.2012, (K. Dias Silva & S.T. Vieira): 1 macho macróptero (ZUFG) [Primeiro registro para Goiás]. Registros geográficos. Brasil: Mato Grosso, Chapada dos Guimarães (Drake & Harris 1933), Barra do Garças e Nova Xavantina (presente estudo); Goiás, Niquelândia (presente estudo). Argentina: Chaco, Parque Nacional Chaco (Melo et al. 2011). 149 Figura 55. Aspecto dorsal – (A) Paravelia recens, (B) P. rotundanotata, (C) P. splendoris (macróptero), (D) P. splendoris (braquíptero). Escala 1 mm. 150 Paravelia stenoptera Polhemus & Polhemus (Fig. 56) Paravelia stenoptera Polhemus & Polhemus, 1984a: 340. [Descrição original] Paravelia stenoptera: Heckman 2011, 219 [Chave de identificação] Diagnose. Comprimento do corpo, macho 3,54; fêmea 3,75; largura máxima do corpo, macho 1,40; fêmea 1,45. Coloração geral do corpo marrom-alaranjado, com as antenas marrons e pernas marrom-claras. Cabeça dorsalmente com pequenos dentículos pretos dispersos. Lobo anterior do pronoto com um par de áreas pruinosas triangulares. Conexivos I e II com pequenos dentículos pretos. Asas anteriores reduzidas, atingindo no máximo a margem anterior do tergito VII, com um par de manchas basais brancas e triangulares; no ápice outra pequena mancha branca e oval. Esternitos abdominais III e IV com uma fileira transversal de pequenos dentículos pretos em cada lado (Fig. 56B). Trocânter posterior anteriormente com um conjunto de pequenos dentículos pretos (Fig. 56A). Fêmur posterior com pequenos dentículos pretos dispersos apicalmente. Parâmero pequeno, subtriangular e com o ápice levemente truncado (Fig. 56C). Comentários. Apenas a forma macróptera é conhecida; porém, as asas anteriores são levemente reduzidas. Os dentículos pretos sobre o abdome e o trocânter posterior formam um aparelho estridulatório similar aos presentes em Stridulivelia. Devido aos registros no Suriname, essa espécie pode também ocorrer no norte do Brasil, nas áreas limítrofes entre ambos os países. Registros geográficos. Suriname (Polhemus & Polhemus 1984a). Figura 56. Paravelia stenoptera – (A) vista interna do trocânter posterior, (B) abdome em vista lateral, (C) parâmero em vista lateral. Modificado de Polhemus & Polhemus (1984a). 151 Paravelia taipiensis (Cheesman) (Fig. 57) Velia taipiensis Cheesman, 1926: 366. [Descrição original] Paravelia taipiensis: Andersen 1981, 339 [Nova combinação] Diagnose. Comprimento do corpo, 4,60; largura do corpo, 1,50. Lobo anterior do pronoto com um par de manchas esbranquiçadas e ovais (Fig. 57), sem cerdas. Asas micrópteras brancas, com o centro e a margem externa escura. Tíbia anterior com uma fileira de pequenos dentes extendendo-se pela superfície interna. Fêmur mediano e posterior com uma ampla região prateada sobre a metade basal; outra mancha estreita sobre o centro das tíbias. Comentários. Descrita a partir da forma micróptera e até o momento apenas o registro da localidade-tipo é conhecido. Essa é a única espécie do gênero que não é registrada para a região Neotropical. Registros geográficos. Ilhas Marquesas: Nuka-hiva, leste do Pacífico (Cheesman 1926). Figura 57. Paravelia taipiensis – Aspecto dorsal. Redesenhado de Cheesman (1926). Paravelia truxali Polhemus & Polhemus (Figs. 58) Paravelia truxali Polhemus & Polhemus, 1985: 166. [Descrição original] Paravelia truxali: Moreira et al. 2011, 21. [Catálogo] 152 Diagnose. Comprimento do corpo, macho 6,39; fêmea 5,86; largura entre os ângulos umerais, macho 2,20; fêmea 2,06. Coloração geral do corpo alaranjada, com o ventre do tórax amarronzado. Gula e margem anterior do proesterno com pequenos dentículos pretos. Lobo anterior do pronoto lateralmente levemente pruinoso. Asas anteriores com um par de manchas basais brancas e ovais; medialmente com duas áreas pálidas alongadas presentes na área costal; no ápice outra mancha branca oval. Macho com fêmur posterior com uma fileira de aproximadamente vinte dentículos pretos sobre a superfície ventral; esternito abdominal VII lateralmente com um par de projeções agudas; proctíger dorsalmente com uma carena mediana e pequenos dentículos pretos; parâmero mais largo anteriormente, afilando-se levemente em direção ao ápice, que é arredondado (Fig. 58). Fêmur posterior da fêmea com aproximadamente sete dentículos pretos sobre a superfície ventral. Comentários. Descrita através da forma macróptera e conhecida até o momento apenas pela localidade-tipo. É similar morfologicamente à P. platensis e P. williamsi, diferenciando-se pela disposição das manchas basais sobre as asas anteriores, surgindo dos ângulos umerais nas duas espécies, o que não ocorre em P. truxali. Na discussão dessa espécie na descrição original, os autores também mencionam a carena no dorso do proctíger do macho como caráter diferencial entre essas espécies; contudo, comentam que não examinaram espécime macho de P. williamsi e que Hungerford ao descrever essa espécie não menciona tal estrutura para o proctíger. Entretanto, após dissecar e examinar a genitália de P. williamsi observou-se uma distinta carena anteriormente. Registros geográficos. Brasil: Goiás, Alto Rio Tocantins e São João da Aliança (Polhemus & Polhemus 1985). Figura 58. Paravelia truxali – Parâmero em vista lateral. Modificado de Polhemus & Polhemus (1985). 153 Paravelia velitis (Drake) Velia velitis Drake, 1951: 372. [Descrição original] Paravelia velitis: Polhemus 1976, 513. [Nova combinação; catálogo] Diagnose. Comprimento do corpo 5,35; largura do corpo 2,10. Coloração geral do corpo marrom, com a base dos fêmures amarelados e o ventre do abdome marrom pálido. Margem posterior do pronoto formando um ângulo agudo, quase triangular. Asas anteriores com um par de manchas basais largas, ultrapassando levemente a margem posterior do pronoto; no ápice outra mancha arredondada, aproximadamente dois quintos da largura da asa, ambas amareladas. Ângulo posterior do último segmento do conexivo não desenvolvido. Comentários. Descrita a partir de uma única fêmea macróptera e até o momento apenas o registro da localidade-tipo é conhecido. Registros geográficos. México: Tampico (Drake 1951). Paravelia virtutis (Drake & Harris) Velia virtutis Drake & Harris, 1935: 191. [Descrição original] Paravelia virtutis: Polhemus & Polhemus 1984a, 339. [Nova combinação] Diagnose. Comprimento do corpo 5,50–6,00; largura do corpo entre os ângulos umerais aproximadamente 2,00. Coloração geral do corpo marrom-escuro; pernas marrons, com as coxas, trocânteres, metade basal dos fêmures, um anel indistinto próximo ao ápice do fêmur, outro anel próximo à base da tíbia e uma estreita área medial também sobre a tíbia esbranquiçada. Fêmur posterior com uma fileira irregular de pequenos espinhos escuros internamente na metade posterior. Tíbia posterior levemente denticulada internamente. Forma macróptera com o ângulo posterior do pronoto arredondado e um par de manchas brancas sobre o lobo anterior. Asas anteriores marrom-escuras, com um par de manchas brancas basais, alongadas e ovais; no ápice três manchas brancas ovais; além dessas, quatro manchas alongadas próximas ao pronoto e seis manchas irregulares apicalmente, essas azuladas. Primeiro segmento genital com a margem posterior arredondada. Parâmero longo, estreito, pouco curvado e levemente afilado. Comentários. Descrita através das formas áptera e macróptera, sendo até o momento conhecida apenas pelos registros da descrição original. Na literatura não existe nenhuma 154 ilustração dessa espécie. Os autores comentam que a coloração das pernas e as manchas sobre as asas podem variar entre os espécimes. Registros geográficos. Panamá: Colón, Zona do Canal, Ilha Barro Colorado e Ilha de Taboga (Drake & Harris 1935). Paravelia willei (Drake & Harris) Velia willei Drake & Harris, 1940: 31. [Descrição original] Paravelia willei: Polhemus 1976, 513. [Nova combinação; catálogo] Paravelia willei: Mazzucconi & Polhemus 2003, 38. [Comparação com P. paxilla; novos registros] Paravelia willei: Heckman 2011, 219 [Chave de identificação] Diagnose. Comprimento do corpo 7,20; largura do corpo 1,60. Coloração geral do corpo e apêndices marrom-amarelados; margem posterior do pronoto amarelada; ângulo posterior do último segmento do conexivo desenvolvido. Esternito abdominal VII com a margem posterior escavada. Primeiro segmento genital dorsalmente coberto por cerdas longas escuras. Proctíger com um distinto conjunto de cerdas escuras e curvadas lateralmente. Parâmero longo, curvado, afilando-se distalmente com o ápice ligeiramente torcido. Comentários. Apenas a forma áptera é conhecida, tendo P. paxilla como espécie semelhante morfologicamente, diferenciando-se desta pela ausência de pequenos dentículos pretos sobre o corpo e fêmures. Até o momento não existe ilustrações dessa espécie na literatura. Registros geográficos. Peru: Rio Santa Eulalia (Drake & Harris 1940), Departamento do Amazonas e Departamento de Cajamarca (Mazzucconi & Polhemus 2003). Paravelia williamsi (Hungerford, 1930) (Figs. 59C–D, 60G) Velia williamsi Hungerford, 1930a: 25. [Descrição original] Paravelia williamsi: Polhemus 1976, 513. [Nova combinação; catálogo] Paravelia williamsi: Heckman 2011, 229. [Chave de identificação] Dimensões (n=1). Macho macróptero. CC—5,80; CCA—0,70; LCA—1,20; ANT I—0,80, ANT II—0,70, ANT III—0,75, ANT IV—0,92; OLH—0,26; CPRO—2,05; LPRO—2,00; PANT: FEM—1,35, TIB—1,30, TAR I—0,10, TAR II—0,20, TAR III—0,36; PMED: 155 FEM—1,65, TIB—1,75, TAR I—0,11, TAR II—0,56, TAR III—0,46; PPOS: FEM—2,00, TIB—2,25, TAR I—0,12, TAR II—0,56, TAR III—0,46. Diagnose. Coloração geral do corpo amarronzada; acetábulos, coxas, trocânteres e metade basal das tíbias amareladas; restante dos segmentos das pernas amarronzados. Asas anteriores com um par de manchas basais brancas, surgindo dos ângulos umerais e terminando na altura da margem posterior do pronoto; no ápice outra grande mancha branca oval (Fig. 59C). Esternitos abdominais centralmente achatados nos machos e levemente achatados nas fêmeas; margem posterior do esternito VII do macho com um par de distintas projeções (Fig. 59D). Proctíger do macho com elevação anteriormente. Parâmero alongado, levemente curvado medialmente e com o ápice arredondado (Fig. 60G). Comentários. Descrita através da forma macróptera, em ambos os sexos. Até o momento era conhecida apenas para a localidade-tipo, sendo registrada aqui pela primeira vez no Brasil. O único espécime analisado foi coletado sobre uma pequena poça temporária no meio de uma trilha em uma floresta de terra firme. Machos dessa espécie também possuem projeções sobre o esternito VII, mas diferem-se das outras espécies que também apresentam essas estruturas pelo formato das manchas sobre as asas anteriores. Considerando essas outras espécies, a mancha apical pode ser menor (P. nieseri), alongada (P. basalis) ou arredondada (P. confusa), sendo oval e grande em P. williamsi e P. truxali. Porém, essas duas últimas espécies são facilmente diferenciadas pela coloração e forma do ângulo posterior do pronoto, sendo alaranjada e com o ângulo acuminado em P. truxali, amarronzada e com o ângulo arredondado em P. williamsi. Material examinado. Brasil: Amazonas – Manaus, Reserva Florestal Adolpho Ducke, poça na trilha do Igarapé Acará, 05.III.2012, (U.G. Neiss): 1 macho macróptero (INPA) [primeiro registro para o Brasil]. Registros geográficos. Guiana: Berbice Oriental-Corentyne, próximo de New Amsterdan. Brasil: Amazonas, Manaus (presente estudo). 156 Figura 59. Aspecto dorsal – (A) Paravelia platensis, (B) P. spinifera (seta indica o úmero espinhoso), (C) P. williamsi. Aspecto ventral – (D) P. williamsi (seta indica a projeção sobre o esternito VII). Escala 1 mm. 157 Figura 60. Cápsula genital do macho – (A) Paravelia nieseri, (C) P. recens, (D) P. rotundanotata, (E) P spinifera, (F) P. splendoris, (G) P. williamsi. Parâmero em vista posterior – (B) P. platensis. 158 Figura 61. Mapa de distribuição para as novas espécies de Paravelia. 159 Lista das espécies de Paravelia Breddin Paravelia A sp. nov. Brasil: AP. Paravelia B sp. nov. Brasil: BA. Paravelia C sp. nov. Brasil: MT. Paravelia D sp. nov. Brasil: MT, MS, MG. Paravelia E sp. nov. Brasil: MG. Paravelia F sp. nov. Brasil: MA. Paravelia G sp. nov. Brasil: AM. Paravelia H sp. nov. Brasil: MT. Paravelia albotrimaculata (Kirkaldy, 1899) Venezuela. Paravelia amoena (Drake, 1957) Venezuela. Paravelia anta Mazzucconi, 2000 Argentina. Paravelia atra (Polhemus, 1969) Peru. Paravelia basalis (Spinola, 1837) bicolor (Blanchard, 1843) brasiliensis (Herrich-Schäffer, 1850) Brasil: ES, MG, RJ, SP. Paravelia biae Spangler, 1989 Brasil: PA. 160 Paravelia boliviana Breddin, 1898 Bolívia, Peru. Paravelia bullialata Polhemus & Polhemus, 1984 Guiana, Suriname, Brasil: AM, RO. Paravelia capillata (Drake & Harris, 1933) Brasil: MT. Paravelia capixaba Moreira, Nessimian & Rúdio, 2010 Brasil: AM, PA, ES, MG. Paravelia cognata (Drake & Harris, 1933) Brasil: MA. Paravelia columbiensis (Hungerford 1930) Colômbia. Paravelia conata (Hungerford, 1929) Guiana Francesa, Brasil: AM, PA, MT, GO, ES. Paravelia confusa (Hungerford, 1930) Brasil: AM, PA. Paravelia cupariana Polhemus & Polhemus, 1984 Brasil: PA. Paravelia daza Padilla-Gil & Moreira, 2011 Colômbia. Paravelia dilatata Polhemus & Polhemus, 1984 Suriname, Brasil: AM. Paravelia flavomarginata (Hungerford, 1930) Equador, Colômbia. Paravelia foveata Polhemus & Polhemus, 1984 Venezuela, Brasil: AM, RR. Paravelia gabrielae Moreira & Barbosa, 2011 Brasil: ES, SP. Paravelia helenae (Hungerford, 1929) Peru. Paravelia hungerfordi (Drake & Harris, 1933) 161 Brasil: MT. Paravelia inveruglas (Kirkaldy, 1899) Equador. Paravelia itatiayana (Drake, 1951) Brasil: SP, RJ. Paravelia juruana Polhemus & Polhemus, 1984 Brasil: AM. Paravelia kahli (Drake & Harris, 1933) Brasil: MT. Paravelia lanemeloi Moreira & Barbosa, 2012 Brasil: MG. Paravelia manausana Polhemus & Polhemus, 1984 Equador, Venezuela, Peru, Bolívia, Brasil: AM. Paravelia myersi (Hungerford, 1931) Panamá, Trinidade e Tobago. Paravelia nexa (Drake & Harris, 1933) Brasil: MA. Paravelia nieseri Moreira & Barbosa, 2012 Brasil: MG. Paravelia osborniana (Kirkaldy, 1909) Paravelia brunnea (Osborn, 1904) [preoc. brunnea Horvath, 1898] Peru, Bolívia. Paravelia paolettii Polhemus & Polhemus, 1991 Venezuela. Paravelia parilis (Drake & Harris, 1933) Brasil: MT. Paravelia paxilla (Drake, 1957) Argentina. Paravelia platensis (Berg, 1883) Argentina, Uruguai, Brasil: SP. 162 Paravelia recens (Drake & Harris, 1935) Honduras, Panamá, Colômbia, Venezuela, Trinidade e Tobago, Guiana, Peru, Bolívia, Paraguai, Brasil: AM, PA, ES. Paravelia rotundanotata (Hungerford, 1930) Argentina, Brasil: MT, MS, MG. Paravelia spinifera Polhemus & Polhemus, 1984 Suriname, Brasil: MA. Paravelia splendoris (Drake & Harris, 1933) Argentina, Brasil: MT. Paravelia stenoptera Polhemus & Polhemus, 1984 Suriname. Paravelia taipiensis (Cheesman, 1926) Ilhas Marquesas. Paravelia truxali Polhemus & Polhemus, 1985 Brasil: GO. Paravelia velitis (Drake, 1951) México. Paravelia virtutis (Drake & Harris, 1935) Panamá. Paravelia willei (Drake & Harris, 1940) Peru. Paravelia williamsi (Hungerford, 1930) Guiana, Brasil: AM. Agradecimentos Somos gratos ao Carlos Campaner e Marcelo Duarte da Silva do MZSP, e Gabriel Mejdalani do MNRJ pelo acesso às coleções institucionais ou empréstimo de material; Michel P. Valim (MZSP) pelos valiosos comentários sobre a versão preliminar do manuscrito; Neusa Hamada, Ulisses G. Neiss, Sharlene Roberta Torreias, Victor Py-Daniel (INPA), Helena S. R. Cabette (UNEMAT) e Jorge L. Nessimian (UFRJ) pela doação de alguns espécimes examinados nesse estudo; Karina Dias-Silva (UFG) pela elaboração do mapa; e Lucas A. Cezar (MZSP) pela 163 captura das imagens do holótipo de P. biae e P. nieseri. O suporte financeiro foi provido pelo PRONEX-CNPq-FAPEAM, INPA/MCTI/PRJ–12.24; e pelo CNPq (Conselho de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) através da concessão da bolsa de estudo. Referências Andersen, N.M. (1981) A new genus of Veliinae and descriptions of new Oriental species of the subfamily (Hemiptera: Veliidae). Entomologica Scandinavica, 12, 339–356. Andersen, N.M. (1982) The semiaquatic bugs (Hemiptera, Gerromorpha) phylogeny, adaptations, biogeography and classification. Entomonograph, 3, 1–455. Blanchard, E. (1843) Voyage dans l'Amérique Méridionale (le Brésil, la République Orientale de l'Uruguay, la République Argentine, la Patagonie, la République du Chili, la République de Bolivia, la République du Pérou), Exécuté Pendant les Années 1826, 1827, 1828, 1829, 1830, 1831, 1832, et 1833. C.P. Bertrand, Paris, 222 pp. Breddin, G. (1898) Studia hemipterologica. IV. Jahresberichte und Abhandlungen des Naturwissenschaftlichen Vereins in Magdeburg, 1896-1898, 149–163. Cheesman, L.E. (1926) Two new species of Veliidae from the S.E. Pacific. Annals and Magazine of Natural History, (9)18, 364–367. Drake, C.J. (1951) New water-striders from the Americas (Hemiptera: Veliidae). Revista de Entomologia, 22(1–3), 371–378. Drake, C.J. (1957) Notes on the genus Velia (Hemiptera: Veliidae). Journal of Kansas Entomological Society, 30(4), 138–140. Drake, C.J. & Harris, H.M. (1933) New American Veliidae (Hemiptera). Proceedings of the Biological Society of Washington, 46, 45–54. Drake, C.J. & Harris, H.M. (1935) New Veliidae (Hemiptera) from Central America. Proceedings of the Biological Society of Washington, 48, 191–194. Drake, C.J. & Harris, H.M. (1938) Concerning Velia boliviana (Breddin) (Hemiptera, Veliidae). Revista de Entomologia, 9(1–2), 97–98. 164 Drake, C.J. & Harris, H.M. (1940) A new Velia from Peru (Hemiptera, Veliidae). Pan-Pacific Entomologist 16(1), 31. Drake, C.J. & Hussey, R.F. (1954) Notes on some American Veliidae (Hemiptera), with the description of two new Microvelias from Jamaica. Florida Entomologist, 37, 133–138. Drake, C.J. & Maldonado-Capriles, J. (1952) Water-striders from Territorio Amazonas of Venezuela (Hemiptera: Hydrometridae, Veliidae). Great Basin Naturalist, 12, 47–54. Fincke, O.M. (1999) Organization of predator assemblages in Neotropical tree holes: effects of abiotic factors and priority. Ecological Entomology, 24, 13–23. Heckman, C.W. (2011) Encyclopedia of South American Aquatic Insects: Hemiptera – Heteroptera Illustrated Keys to Known Families, Genera, and Species in South America. Springer, Dordrecht, Heidelberg, London, New York, 679 pp. Herrich-Schäffer, G.A.W. (1850) Die Wanzenartigen Insecten: Getreu nach der Natur abgebildet und Beschrieben. J. L. Lotzbeck, Nürnberg, vol. 9. Hungerford, H.B. (1929a) Two new species of Hemiptera in the Collection of the Museum National of Paris. Bulletin du Museum National de Histoire Naturelle, (2)1, 198–200. Hungerford, H.B. (1929b) A new Velia from Arizona with notes on other species (HemipteraVeliidae). Annals of the Entomological Society of America, 22, 759–761. Hungerford, H.B. (1929c) A new Velia from Peru (Hemiptera, Veliidae). Entomologisk Tidskrift, 50, 146–147. Hungerford, H.B. (1930a) Three new Velia from South America. Journal of the Kansas Entomological Society, 3, 23–27. Hungerford, H.B. (1930b) Concerning Velia inveruglas Kirkaldy and related forms. (Veliidae-Hemiptera). Annals of the Entomological Society of America, 23, 120–125. Hungerford, H.B. (1931) A new Velia from Trinidad (Hemiptera, Veliidae). Annals and Magazine of Natural History (10)7, 172–175. Iglesias, M.S. & Crespo, F.A. (1999) A new species of the genus Paravelia Breddin 1898 from Argentina (Heteroptera: Veliidae). Aquatic Insects, 21(4), 259–265. 165 Kirkaldy, G.W. (1899) Aquatic Rhynchota in the Collection of the Royal Museum of Belgium notes and descriptions. Annales de la Société Entomologique de Belgique, 43, 505–510. Kirkaldy, G.W. (1909) Hemiptera: new and old, No. 1. Canadian Entomologist, 41, 30–32. Konopko, S.A., Mazzucconi, S.A., López-Ruf, M.L. & Bachmann, A.O. (2009) Los heterópteros acuáticos y semiacuáticos del Parque Provincial Ernesto Tornquist (Provincia de Buenos Aires, República Argentina). Revista de la Sociedad Entomológica Argentina, 68(3– 4), 271–282. Mayr, G.L. (1866) Hemiptera. Reise der Österreichischen Fregatte Novara um die Erde in den Jahren 1857, 1858, 1859 unter den Befehlen des Commodore B. von Wüllerstorf-Urbair. Zoologischer Theil, 2(1B), 1–204. Mazzucconi, S.A.( 2000) Paravelia anta sp. n. and P. hungerfordi (Drake and Harris) from South America (Heteroptera: Veliidae). Aquatic Insects, 22(2), 129–137. Mazzucconi, S.A. & Bachmann, A.O. (2003) Las Veliidae y Gerridae del Uruguay (Hemiptera). Revista de la Sociedad Entomológica Argentina, 62(3–4), 89–90. Mazzucconi, S.A. & Polhemus, J.T. (2003) Notes on Paravelia paxilla (Drake), with descriptions of the male form (Heteroptera: Veliidae). Aquatic Insects, 25(1), 33–39. Mazzucconi, S.A., López-Ruf, M. & Bachmann, A.O. (2008) Gerromorpha y Nepomorpha (Insecta: Heteroptera) del Parque Provincial Salto Encantado del Valle del Cuñá Pirú, Provincia de Misiones, Argentina. Lundiana, 9(1), 57–66. Mazzucconi, S.A., López-Ruf, M. & Bachmann, A.O. (2009) Hemiptera – Heteroptera: Gerromorpha y Nepomorpha. In: Dominguez E, Fernández HR, Editors. pp. 167–231. Macroinvertebrados Bentónicos Sudamericanos. Sistemática y Biología. Fundación Miguel Lillo, Tucumán. Melo, M.C., Dellape, P.M., Carpintero, D.L. & Montemayor, S.I. (2011) Heteroptera (Hemiptera) from the Chaco National Park (Argentina). Zootaxa, 2999, 1–19. Moreira, F.F.F. & Barbosa, J.F. (2011) The Veliidae (Hemiptera: Heteroptera: Gerromorpha) from São Paulo State, Brazil: new species, description of the male of Microvelia ioana Drake 166 & Hottes, 1952, and synonymical and distributional notes. Annales de Limnologie, 47, 298– 311. Moreira, F.F.F. & Barbosa, J.F. (2012) Two new species of Paravelia Breddin, 1898 and distributional notes concerning the Veliidae from Minas Gerais State, Brazil (Insecta: Hemiptera: Heteroptera: Gerromorpha). Zootaxa, 3354, 58–68. Moreira, F.F.F. & Campos, G.G.F. (2012) New distributional data concerning some Gerromorpha (Insecta: Hemiptera: Heteroptera) from Brazil. Check List, 8, 542–547. Moreira, F.F.F., Barbosa, J.F. & Ribeiro, J.R.I. (2012) Veliidae (Insecta, Heteroptera, Gerromorpha) from southeastern Brazil: three new species from Rio de Janeiro State, a new species group for Neotropical Rhagovelia Mayr, and notes on distribution and synonymy. Revista Brasileira de Entomologia, 56(2), 147–158. Moreira, F.F.F., Barbosa, J.F., Ribeiro, J.R.I. & Alecrim, V.P. (2011) Checklist and distribution of semiaquatic and aquatic Heteroptera (Gerromorpha and Nepomorpha) occurring in Brazil. Zootaxa, 2958, 1–74. Moreira, F.F.F., Nessimian, J.L., Rúdio, J.A. & Salles, F.F. (2010) New species and new records of Veliidae from Espírito Santo State and adjacent Minas Gerais State, Brazil, with notes on nomenclature (Insecta: Heteroptera: Gerromorpha). Journal of Natural History, 44(45-46), 2761–2801. Nanni, A.S., Magnano, A.L. & Carpintero, D.L. (2011) Los Heteroptera (Insecta: Hemiptera) edáficos del INTA Delta del Paraná (partido de Campana Buenos Aires). Variación espacial y temporal del elenco de las especies en distintos usos de la tierra. Revista del Museo Argentino de Ciencias Naturales, nueva serie, 13(1), 27–39. Nieser, N. & Alkins-Koo, M. (1991) The water bugs of Trinidad & Tobago. Occasional Papers of the Department of Zoology of the University of the West Indies, 9, 1–127. Osborn, H. (1904) Notes on South American Hemiptera-Heteroptera. Ohio Naturalist 5(1), 195–204. Padilla-Gil, D.N. & Moreira, F.F.F. (2011) A new species of Paravelia Breddin, 1898 (Hemiptera: Heteroptera: Veliidae) from Colombia with a key to Colombian Paravelia species. Zootaxa, 3065, 14–26. 167 Pennington, M.S. (1920) Lista de los Hemipteros Heteropteros de la República Argentina. Buenos Aires, 47 pp. Pereira, D.L.V. & Melo, A.L. (2007) Aquatic and semiaquatic Heteroptera (Insecta) from Pitinga, Amazonas, Brazil. Acta Amazonica, 37, 643–648. Pereira, D.L.V., Neiss, U.G. & Ferreira, R.L.M. (2007) Distribuição de Paravelia recens (Drake & Harris, 1935) (Hemiptera, Heteroptera, Veliidae) em Guzmania brasiliensis Ule, 1907 (Bromeliaceae) na Reserva Florestal Adolpho Ducke, Amazonas, Brasil. Acta Amazonica, 37, 147–150. Polhemus, J.T. (1969) A new Velia from Peru, and the description of the male of Velia helenae Hungerford (Hemiptera: Veliidae). Proceedings of the Entomological Society of Washington, 71(1), 55–58. Polhemus, J.T. (1976) A reconsideration of the status of the genus Paravelia Breddin, with other notes and a check list of species (Veliidae: Heteroptera). Journal of the Kansas Entomological Society, 49(4), 509–513. Polhemus, J.T. (1999) Two new species of Microvelia from treeholes, with notes on other container-inhabiting veliid species (Heteroptera: Veliidae). Journal of the New York Entomological Society, 107(1), 31–37. Polhemus, J.T. & Polhemus, D.A. (1984a) Studies on Neotropical Veliidae (Hemiptera) VII. Descriptions of four new species of Paravelia Breddin. Amazoniana, 8, 339–349. Polhemus, J.T. & Polhemus, D.A. (1984b) Notes on Neotropical Veliidae (Hemiptera) IX: additional new species of Paravelia from South America. Amazoniana, 8, 497–504. Polhemus, J.T. & Polhemus, D.A. (1985) Studies on Neotropical Veliidae (Hemiptera) VIII: New species and notes. Pan-Pacific Entomologist, 61(2), 163–169. Polhemus, J.T. & Polhemus, D.A. (1991) A review of the veliid fauna of bromeliads, with a key and description of a new species (Heteroptera: Veliidae). Journal of the New York Entomological Society, 99(2), 204–216. Polhemus, J.T. & Polhemus, D.A. (1993) Two new genera for New World Veliinae (Heteroptera: Veliidae). Journal of the New York Entomological Society, 101(3), 391–398. 168 Río, M.E. & Achával, L. (1904) Geografía de la Provincia de Córdoba. Compañía SudAmericana de Billetes de Banco, Buenos Aires, 568 pp. Rodrigues, H.D.D., Melo, A.L. & Ferreira-Keppler, R.L. (2012) New records of Gerromorpha (Insecta: Hemiptera: Heteroptera) from Brazil. Check List, 8, 908–913. Ruffinelli, A. & Pirán, A.A. (1959) Hemipteros heteropteros del Uruguay. Boletín de la Facultad de Agronomia de Montevideo, 51, 1–60. Spangler, P.J. (1989) A new species of Neotropical water bug, Paravelia biae, from Brazil (Heteroptera: Veliidae). Proceedings of the Entomological Society of Washington, 91, 360– 366. Spinola, M. (1837) Essai sur les Genres d’Insectes Appartenants á l’Ordre des Hémiptères, Lin. ou Rhyngotes, Fab. et á la Section des Hétéroptères, Dufour. Chez Yvez Gravier, Gênes, 383 pp. Stål, C. (1860). Bidrag till Rio Janeiro-Traktens Hemipter-Fauna. Kongliga Svenska Vetenskaps Akademiens Handlingar, 2, 1–84. 169 CONSIDERAÇÕES FINAIS O trabalhou visou contribuir para diferenciar os gêneros Oiovelia e Paravelia, tantas vezes identificados erroneamente nas coleções visitadas, oferecendo caracteres outros além daqueles presentes nas descrições genéricas, sucintas em ambos os gêneros, além das ilustrações, sempre escassas ou ausentes na maioria dos trabalhos. Em relação à distribuição das espécies de Oiovelia, fica evidente a lacuna de coletas no Brasil e em outros países da América do Sul. Além disso, os registros geográficos coincidem com as regiões Norte e Sudeste e a presença de especialistas trabalhando com estes insetos. No caso de Paravelia, a elaboração da chave de identificação para as 36 espécies registradas no Brasil, tem o intuito de facilitar a pronta separação entre elas, bem como melhorar a chave proposta por Heckman (2011), que possui muitos passos contraditórios e separados apenas por um sexo ou forma alar. Além disso, é notável que o caráter da forma e disposição das manchas sobre as asas anteriores é muito importante para separar as espécies, pois não há dimorfismo entre os sexos e a variação entre os espécimes analisados é pequena. Sobre a classificação dos gêneros tratados no trabalho, Polhemus (1976) e Andersen (1982) comentaram, ainda quando o gênero Oiovelia era monotípico, que poderia ser apenas um subgênero ou um grupo de espécie dentro de Paravelia. Porém, foi observado que além da forma do tarsômero III, até então principal caráter diagnóstico de Oiovelia, outros caracteres se mantiveram constantes dentro do gênero, como por exemplo: corpo sem pequenos dentículos pretos; pontuação sobre a porção final da cabeça sempre oblíqua; ausência de pubescência prateada ou esbranquiçada sobre o lobo anterior do pronoto; ângulo posterior do pronoto sempre arredondado; asas anteriores com apenas um par de manchas basais, estando ausente a mancha apical; pernas sem espinhos, dentes ou dentículos; região intersegmentar entre o meso- e metaesterno sempre com dois pares de pequenos tubérculos. Além da morfologia, as espécies de Oiovelia são predominantemente habitantes de espumas, formadas sempre em ambientes de correnteza; o que até agora não foi registrado para nenhuma espécie de Paravelia. Em relação à morfologia e hábito de vida, o contrário foi observado em Paravelia, onde as espécies possuem uma grande variedade de caracteres e vivem em diferentes tipos de ambientes, usualmente em ambientes lênticos. O gênero é o mais especioso (55 espécies) dentro da subfamília Veliinae, sendo notável que determinadas espécies compartilham caracteres entre si, não presentes em outras espécies do gênero, corroborando com a idéia de 170 parafilia do gênero já mencionada anteriomente por Polhemus (1976), Andersen (1982) e Polhemus & Polhemus (1993). Além disso, os gêneros Platyvelia e Steinovelia, que anteriormente possuíam as espécies incluídas dentro de Paravelia, foram descritos baseandose principalmente nas estruturas dos acetábulos e metaesterno. Após examinar espécies desses três gêneros, foi possível perceber que algumas espécies de Paravelia compartilham vários caracteres com Platyvelia brachialis (Stål, 1860), espécie-tipo do gênero. Quando Polhemus & Polhemus (1993) descrevem Platyvelia, mencionam que o padrão das manchas sobre as asas anteriores e as cerdas prateadas presentes no abdome, tanto nas formas ápteras quanto nas macrópteras (nessa última forma visível apenas nos conexivos), constituem apomorfias do gênero. Porém, Paravelia D sp. nov. e P. conata também possuem esses caracteres; além disso, essas duas espécies de Paravelia, juntamente com Pl. brachialis, possuem o mesmo padrão de manchas e anéis sobre as pernas. Isso deixa evidente a necessidade de realizar uma robusta análise cladística para os veliíneos neotropicais, com o objetivo de testar a monofilia dos gêneros envolvidos. REFERÊNCIAS Andersen, N.M. 1979. Phylogenetic inference as applied to the study of evolutionary diversification of semiaquatic bugs (Hemiptera: Gerromorpha). Systematic Zoology, 28(4): 554-578. Andersen, N.M. 1982. The semiaquatic bugs (Hemiptera, Gerromorpha), phylogeny, adaptations, biogeography and classification. Entomonograph, 3: 1-455. Damgaard, J. 2008. Evolution of the semi-aquatic bugs (Hemiptera: Heteroptera: Gerromorpha) with a re-interpretation of the fossil record. Acta Entomologica Musei Nationalis Pragae, 48(2): 251-268. Damgaard, J. 2012. What do we know about the Phylogeny of the semi-aquatic bugs (Hemiptera: Heteroptera: Gerromorpha)? Entomologica Americana, 118 (1-4): 81-98. Forero, D. 2008. The systematics of the Hemiptera. Revista Colombiana de Entomología, 34(1): 1-21. 171 Grimaldi, D.; Engel, M.S. 2005. Evolution of the Insects. New York, Cambridge University Press, 755p. Heckman, C.W. 2011. Encyclopedia of South American aquatic insects: Hemiptera Heteroptera. Illustrated keys to known families, genera, and species in South America. London, New York, Springer, Dordrecht, Heidelberg, 679p. Hungerford, H.B. 1917. Notes concerning the food supply of some water bugs. Science, 45(1162): 336-337. Ishiwata, K.; Sasaki, G.; Ogawa, J; Miyata, T; Su, Z.H. 2011. Phylogenetic relationships among insect orders based on three nuclear protein-coding gene sequences. Molecular Phylogenetics and Evolution, 58: 169-180. Moreira, F.F.F.; Barbosa, J.F.; Ribeiro, J.R.I.; Alecrim, V.P. 2011. Checklist and distribution of semi-aquatic and aquatic Heteroptera (Gerromorpha and Nepomorpha) occurring in Brazil. Zootaxa, 2958: 1-74. Nieser, N.; Melo, A.L. 1997. Os heterópteros aquáticos de Minas Gerais. Guia introdutório com chave de identificação para as espécies de Nepomorpha e Gerromorpha. Belo Horizonte, Editora UFMG, 177p. Polhemus, J.T. 1976. A reconsideration of the status of the genus Paravelia Breddin, with other notes and a check list of species (Veliidae: Heteroptera). Journal of the Kansas Entomological Society, 49(4): 509-513. Polhemus, J.T.; Polhemus, D.A. 1993. Two new genera for New World Veliinae (Heteroptera: Veliidae). Journal of the New York Entomological Society, 101(3): 391-398. Polhemus, J.T.; Polhemus, D.A. 2008. Global diversity of true bugs (Heteroptera; Insecta) in freshwater. Hydrobiologia, 595: 379-391. Schell, D. V. 1943. The Ochteridae (Hemiptera) of the Western Hemisphere. Journal ofthe Kansas Entomological Society, 16(1): 29-46. Schuh, R.T.; Slater, J.A. 1995. True bugs of the world (Hemiptera: Heteroptera): Classification and natural history. Ithaca, USA, Cornell University Press, 336p. 172 Spangler, P.J. 1986. Two new species of water-striders of the genus Oiovelia from the Tepui Cerro de la Neblina, Venezuela (Hemiptera: Veliidae). Proceedings of the Entomological Society of Washington, 88(3): 438-450. Todd, E.L. 1955. A taxonomic revision of the family Gelastocoridae (Hemiptera). University of Kansas Science Bulletin, 37(11): 277-475. Usinger, R.L. 1956. Aquatic Insects of California with keys to North American Genera and California Species. Berkley, California, University of California Press, 508p. Wheeler, W.C.; Schuh, R.T.; Bang, R. 1993. Cladistic relationships among higher groups of Heteroptera: congruence between morphological and molecular data sets. Entomologica Scandinavica, 24: 121-137. Wheeler, W.C.; Whiting, M.; Wheeler, Q.D.; Carpenter, J.M. 2001. The Phylogeny of the extant hexapod orders. Cladistics, 17: 113-169. 173 ANEXO Rodrigues, H.D.D.; Melo, A.L.; Ferreira-Keppler, R.L. 2012. New records of Gerromorpha (Insecta: Hemiptera: Heteroptera) from Brazil. Check List, 8: 908–913. 174 Chec Notes on Geographic Distribution Check List 8(5): 908–913, 2012 © 2012 Check List and Authors ISSN 1809-127X (available at www.checklist.org.br) List Journal of species lists and distribution New records of Gerromorpha (Insecta: Hemiptera: Heteroptera) from Brazil Higor Daniel Duarte Rodrigues 1*, Alan Lane de Melo 2 and Ruth Leila Ferreira-Keppler 1 1 Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Coordenação de Biodiversidade. Avenida André Araújo, 2936, Aleixo. CEP 69060-001. Manaus, AM, Brasil. 2 Universidade Federal de Minas Gerais, Instituto de Ciências Biológicas, Departamento de Parasitologia. Avenida Antônio Carlos, 6627, Pampulha. CEP 30123-970. Belo Horizonte, MG, Brasil. * Corresponding author. Email: [email protected] Abstract: New records are presented for twenty-four species of Gerromorpha belonging to Gerridae (Brachymetra furva, B. lata, Cylindrostethus palmaris, Halobatopsis platensis, Limnogonus aduncus aduncus, L. ignotus, L. profugus, L. recurvus, Ovatametra minima, O. obesa, Tachygerris adamsoni and Neogerris lubricus), Mesoveliidae (Mesovelia zeteki and Mesoveloidea williamsi) and Veliidae (Microvelia longipes, Oiovelia brasiliensis, O. cunucunumana, Paravelia bullialata, P. capixaba, Platyvelia brachialis, Rhagovelia tenuipes, Stridulivelia astralis, S. quadrispinosa and S. tersa). These new records are distributed among the four administrate regions of Brazil, and the known geographical distribution of these species in the country is presented. Among the Gerromorpha, Gerridae and Veliidae are the families with the greatest number of genera and species recorded for the Neotropical region (Polhemus and Polhemus 2008). In Brazil, 13 genera and 56 species of Gerridae, and 10 genera and 105 species of Veliidae have been recorded. Together these families represent 86% of the fauna of Gerromorpha known from the country. Unlike these two families, Mesoveliidae has the fewest species of Gerromorpha occurring in Brazil, with only four genera and seven species (Moreira et al. 2011c). These insects are found in all freshwater ecosystems and some species live in marine environments, such as estuaries, mangroves, seas and open oceans (Andersen 1982). In Brazil, studies on the aquatic Heteroptera (Gerromorpha and Nepomorpha) were concentrated mainly in the North and Southeast regions, a fact that impairs the understanding of the geographical distribution patterns of the semiaquatic bugs. Recently, a work published by Moreira et al. (2011c) as a review of the records these insects in the five Brazilian regions, listed 187 species of Gerromorpha, out of which 85 occur in the North Region (N), 8 in Northeast (NE), 38 in Central-West (CW), 89 in Southeast (SE) and 44 in South (S). These regions are subdivided into 26 states, plus the Federal District. Some states, such as Alagoas, Piauí, Paraíba and Sergipe, in the Northeast Region, have literally no records of Gerromorpha mentioned in the literature. It is remarkable that the Northeast Region is the poorly studied in relation to its fauna of semiaquatic Heteroptera, especially when compared to others regions. Future studies may elucidate which species occur in this region, as well as their distributions. This study deals with new records for 24 species of Gerromorpha (eleven species and one subspecies of Gerridae, two species of Mesoveliidae and ten species of Veliidae) from eleven states in Brazil. Out of these species, eleven are recorded from the North Region (Amapá, Amazonas, Rondônia and Roraima states), eleven to the Northeast Region (Bahia, Maranhão, Pernambuco, Piauí and Rio Grande do Norte states), five to the Southeast Region (Minas Gerais state) and two to the South Region (Paraná state). Some of these species occur in two or more regions of the country, whereas others have been collected only in the same region from where they were described. The current geographic distribution of these species in Brazil is summarized and presented by state and region. The voucher specimens (fixed in alcohol 80%) studied have been deposited in the Invertebrate Collection of the Department of Parasitology, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte (DPIC) and the Invertebrate Collection of the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus (INPA). GERRIDAE Brachymetra furva Drake, 1957 Geographic distribution in Brazil: SE – Minas Gerais (Drake 1957; Nieser and Melo 1997; Vianna and Melo 2003; Melo and Nieser 2004; Pelli et al. 2006; Souza et al. 2006) and Rio de Janeiro (Drake 1957; Moreira et al. 2011d). Material examined: NE – 1 apterous female, 1 nymph (DPIC), Bahia, Parque Nacional do Descobrimento, 30.VII.2009, M.A.P. Horta col.; 1 apterous male, 1 macropterous male, 1 macropterous female (INPA), Maranhão, Timon, Estrada do Portal da Amazônia (05°03’03,3” S, 43°01’52,2” W), 09.VI.2011, N. Hamada, P.V. Cruz and R.B. Querino col.; 1 apterous male, 1 macropterous male, 1 macropterous female (INPA), Piauí, Piracuruca, Parque Nacional de 7 Cidades, 29.V.2011, N. Hamada, P.V. Cruz and R.B. Querino col.; 1 apterous male, 2 apterous females (INPA), Rio Grande do Norte, Parnamirim, 09.IX.2011, R. Boldrini col.; S – 5 apterous males, 4 apterous females (DPIC), Paraná, Foz do Iguaçu, 908 Rodrigues et al. | New records of Gerromorpha from Brazil Rio Tamanduá, 24.VIII.2000, A.L. Melo col. Remarks: Heretofore known in Brazil only from the Southeast Region. Herein it is recorded for the first time from the Northeast and South regions. Brachymetra lata Shaw, 1933 Geographic distribution in Brazil: N – Amapá (Moreira et al. 2011d), Amazonas (Shaw 1933; Nieser 1970; Pereira and Melo 2007; Moreira et al. 2011d; Moreira and Campos 2012), Pará (Nieser 1970; Sampaio and Py-Daniel 1993; Moreira et al. 2011d) and Rondônia (Moreira et al. 2011d); CW – Mato Grosso (Fernandes and Wanzeler 2010; Moreira et al. 2011d). Material examined: N – 1 apterous male, 3 apterous females (INPA), Roraima, Área Indígena Yanomami, Serra de Surucucu, 27.XI.1991, V. Py-Daniel and U. Barbosa col.; 2 apterous males, 3 apterous females, 1 nymph (INPA), Roraima, Área Indígena Yanomami, Parque Xitei/Xidéa, Igarapé das Irmãs, 23.VI.1997, V. Py-Daniel and U. Barbosa col. Remarks: This species is common in North Brazil and was also verified in the Central-West Region. Herein it is recorded for the first time from Roraima state. Cylindrostethus palmaris Drake and Harris, 1934 Geographic distribution in Brazil: N – Amapá (Moreira et al. 2011d), Amazonas (Drake and Harris 1934; Kuitert 1942; Nieser 1970; Pereira and Melo 2007; Moreira et al. 2011d), Pará (Drake and Harris 1930; Kuitert 1942; Nieser 1970; Sampaio and Py-Daniel 1993; Moreira et al. 2011d) and Rondônia (Sampaio and Py-Daniel 1993); CW – Mato Grosso (Nieser 1970; Fernandes and Wanzeler 2010; Moreira et al. 2011d; Moreira and Campos 2012); SE – Minas Gerais (Nieser and Melo 1997; Melo and Nieser 2004; Souza et al. 2006), Rio de Janeiro (Moreira et al. 2011d) and São Paulo (Castanhole et al. 2010, Moreira et al. 2011d). Material examined: N – 2 apterous males (INPA), Roraima, Área Indígena Yanomami, Parque Indígena Xitei/Xidéa, Rio Parima, 08.X.1997, V. Py-Daniel and U. Barbosa col.; NE – 1 apterous male, 1 apterous female (INPA), Bahia, Wenceslau Guimarães, Rio Samambaia (13°31’51,2” S, 39°42’37,5’’ W), 09.X.2010, D. França col.; 1 apterous male, 1 apterous female (DPIC), Bahia, Camacan, RPPN Serra Bonita, Fazenda Paris, D. França col.; 1 apterous male, 4 macropterous males, 7 macropterous females (INPA), Maranhão, Timon, Estrada do Portal da Amazônia (05°03’03,3” S, 43°01’52,2” W), 09.VI.2011, N. Hamada, P.V. Cruz and R.B. Querino col.; 2 apterous males (INPA), Rio Grande do Norte, Parnamirim, 09.IX.2011, R. Boldrini col. Remarks: From the six species of the genus that occur in Brazil, five have been recorded only from the North Region, and C. palmaris is the only species recorded from the Southeast so far. We present the first records from Roraima state and from the Northeast Region. Given the record of this species from Argentina (Mazzucconi et al. 2008), it is likely to occur also in South Brazil. Halobatopsis platensis (Berg, 1879) Geographic distribution in Brazil: CW – Distrito Federal (Nieser 1970) and Mato Grosso (Nieser 1970); SE – Minas Gerais (Drake and Harris 1938; Drake and Harris 1941; Nieser and Melo 1997, 1999; Pelli et al. 2006; Souza et al. 2006; Moreira et al. 2011d), Rio de Janeiro (Jurberg and Gomes 1983; Ribeiro et al. 2010; Moreira et al. 2011d) and São Paulo (Castanhole et al. 2010; Moreira et al. 2011d; Moreira and Campos 2012); S – Paraná (Moreira and Campos 2012) and Rio Grande do Sul (Nieser 1970). Material examined: NE – 1 apterous male (DPIC), Bahia, Parque Nacional do Descobrimento, 30.VII.2009, M.A.P. Horta col.; 6 apterous females (INPA), Piauí, Piracuruca, Parque Nacional de 7 Cidades (04°05’57,1” S, 41°40’46,8” W), 30.V.2011, N. Hamada, P.V. Cruz and R.B. Querino col.; 2 macropterous females, 8 nymphs (INPA), same data, except Riacho Lajeado (04°06’00,7” S, 41°42’53,5” W). Remarks: This genus has four described species, all of which are recorded from Brazil. Halobatopsis platensis is the species with the largest geographic distribution, but it is recorded for the first time from the Northeast Region. Limnogonus aduncus aduncus Drake and Harris, 1933 Geographic distribution in Brazil: N – Amazonas (Drake and Harris 1935; Kuitert 1942; Nieser 1970; Pereira and Melo 2007; Moreira et al. 2011d) and Pará (Nieser 1970; Moreira et al. 2011d; Moreira and Campos 2012); CW – Mato Grosso (Mazzucconi and Bachmann 1993; Heckman 1998; Fernandes and Wanzeler 2010; Moreira et al. 2011d) and Mato Grosso do Sul (Moreira and Campos 2012); SE - Espírito Santo (Nieser and Melo 1997; Moreira and Campos 2012), Minas Gerais (Nieser and Melo 1997; Melo and Nieser 2004; Souza et al. 2006; Moreira et al. 2011d), Rio de Janeiro (Drake and Harris 1933; Jurberg and Gomes 1983; Moreira et al. 2011d; Moreira and Campos 2012) and São Paulo (Castanhole et al. 2008; Moreira et al. 2011d); S – Paraná (Moreira and Campos 2012) and Santa Catarina (Moreira et al. 2011d). Material examined: N – 1 apterous male (INPA), Roraima, Área Indígena Yanomami, Parque Xitei/Xidea, Lagos, 08.VII.1996, V. Py-Daniel and U. Barbosa col.; NE – 1 apterous male, 1 apterous female, 1 nymph (DPIC), Pernambuco, Goiana, Carne de Vaca, water reservoir, 28.XI.2006, M.A.A. Souza col.; 1 apterous male, 1 apterous female, 1 macropterous female (DPIC), same data, except 23.IV.2007; S – 2 macropterous males, 2 apterous females, 1 macropterous female (DPIC), Paraná, Foz do Iguaçu, Rio Tamanduá, 24.VIII.2000, A.L. Melo col. Remarks: In Brazil, this species has previous records from the North, Central-West, Southeast and South regions. In this study, it is recorded for the first time from Roraima state and from the Northeast Region, extending its area of occurrence to all regions of the country. Limnogonus ignotus Drake and Harris, 1934 Geographic distribution in Brazil: N – Pará (Moreira et al. 2011d); CW – Distrito Federal (Nieser 1970), Mato Grosso (Nieser 1970; Heckman 1998; Cabette et al. 2010) and Mato Grosso do Sul (Drake and Harris 1934); SE – Minas Gerais (Nieser and Melo 1997; Pelli and Barbosa 1998; Melo and Nieser 2004; Moreira et al. 2011d) and Rio de Janeiro (Moreira and Campos 2012); S – Santa Catarina and Rio Grande do Sul (Moreira et al. 2011d). Material examined: NE – 1 macropterous female (DPIC), Pernambuco, Goiana, Carne de Vaca, Riacho Doce, 909 Rodrigues et al. | New records of Gerromorpha from Brazil 19.III.2007, M.A.A. Souza col. Remarks: This species has been recorded from four regions of Brazil. Here it is newly reported from the Northeast Region, expanding its area of occurrence to all regions of the country. Limnogonus profugus Drake and Harris, 1930 Geographic distribution in Brazil: NE – Paraíba (Moreira and Campos 2012); CW – Goiás (Moreira et al. 2011d), Mato Grosso (Drake and Harris 1930; Cabette et al. 2010; Fernandes and Wanzeler 2010) and Mato Grosso do Sul (Drake and Harris 1930); SE – Minas Gerais (Nieser and Melo 1997; Vianna and Melo 2003; Souza et al. 2006; Moreira and Campos 2012), Rio de Janeiro (Kuitert 1942; Ribeiro et al. 2010; Moreira et al. 2011d) and São Paulo (Kuitert 1942; Moreira et al. 2011d; Moreira and Campos 2012). Material examined: NE – 1 apterous female (DPIC), Pernambuco, Goiana, Carne de Vaca, water reservoir, 15.X.2007, M.A.A. Souza col.; 1 apterous male, 3 macropterous females, 4 nymphs (DPIC), Pernambuco, Ipojuca, Porto de Galinhas, 12.VIII.2006, A.L. Melo col. Remarks: In Brazil, this species has been previously recorded from Central-West and Southeast regions. The records from Argentina and Venezuela presented by Mazzucconi and Bachmann (1993) suggest that this species also occurs in South and North regions of Brazil, respectively. Here it is newly reported from the Northeast Region. Limnogonus recurvus Drake and Harris, 1930 Geographic distribution in Brazil: N – Amazonas (Moreira et al. 2011d), Pará (Kuitert 1942; Nieser 1970; Sampaio and Py-Daniel 1993) and Rondônia (Kuitert 1942); CW – Mato Grosso (Drake and Harris 1930; Fernandes and Wanzeler 2010; Moreira et al. 2011d); SE – Minas Gerais (Nieser and Melo 1997) and São Paulo (Moreira and Campos 2012). Material examined: NE – 2 apterous males, 1 apterous female, 1 nymph (DPIC), Pernambuco, Goiana, Carne de Vaca, 23.VII.2007, M.A.A. Souza col. Remarks: This species has been previously recorded from three regions of the country. Here it is reported for the first from the Northeast Region. Neogerris lubricus White, 1879 Geographic distribution in Brazil: N – Amazonas (White 1879; Drake and Harris 1935; Moreira et al. 2011d), Pará (Kuitert 1942; Nieser 1970; Moreira et al. 2011d; Moreira and Campos 2012) and Rondônia (Kuitert 1942; Moreira et al. 2011d); CW – Mato Grosso (Nieser 1970; Fernandes and Wanzeler 2010; Moreira et al. 2011d) and Mato Grosso do Sul (Moreira and Campos 2012); SE – Minas Gerais (Nieser 1994; Nieser and Melo 1997; Pelli and Barbosa 1998; Melo and Nieser 2004); Rio de Janeiro (Moreira and Campos 2012) and São Paulo (Moreira et al. 2011d). Material examined: N – 1 macropterous female (INPA), Amapá, Tartarugalzinho, Rio Tracajatuba, Cachoeira da Funasa (01°02’47,1” N, 51°02’46,5” W), 11.VIII.2011, A.M. Pes, P.V. Cruz, A.S. Fernandes and N. Hamada col.; NE – 1 apterous female (DPIC), Bahia, Parque Nacional do Descobrimento, 30.VII.2009, M.A.P. Horta col. Remarks: This species has been previously recorded from three regions of the country. This study documents this species for the first time from the Northeast Region and from Amapá state, despite of some previous records from the North Region. Ovatametra minima Kenaga, 1942 Geographic distribution: N – Rondônia (Kenaga, 1942). Material examined: N – 2 apterous females (INPA), Amazonas, São Gabriel da Cachoeira, Igarapé Miuá (00°06’33,2” S, 66°52’24,2” W), 24.VIII.2011, R.L. FerreiraKeppler, P.V. Cruz, A. Fernandes and E.A. Reis col.; 1 apterous female, 1 nymph (INPA), Amazonas, São Gabriel da Cachoeira, Abaixo do Distrito de Camanaus (00°08’33,6” S, 66°55’43.9” W), 25.VIII.2011, R.L. Ferreira-Keppler, P.V. Cruz, A. Fernandes and E.A. Reis col. Remarks: So far, only the record from the type locality was known. In this study this species is recorded for the first time from Amazonas state, in a municipality that is close to Venezuela. Ovatametra obesa Kenaga, 1942 Geographic distribution: N – Amazonas (Kenaga 1942; Nieser 1970; Pereira and Melo 2007; Moreira et al. 2011b) and Pará (Nieser 1970). Material examined: N – 1 apterous female (DPIC), Bahia, Parque Nacional do Descobrimento, 30.VII.2009, M.A.P. Horta col. Remarks: In Brazil, Ovatametra has previous records from North, Southeast and South regions. This study records the genus for the first time from the Northeast Region. Tachygerris adamsoni (Drake, 1942) Geographic distribution in Brazil: N – Amazonas (Nieser 1970) and Pará (Nieser 1970; Moreira et al. 2011d); CW – Mato Grosso (Nieser 1970; Fernandes and Wanzeler 2010); SE – Minas Gerais (Nieser and Melo 1997) and Rio de Janeiro (Drake 1942; Moreira et al. 2011d). Material examined: NE – 2 macropterous males, 2 macropterous females (INPA), Piauí, Caracol, Parque Nacional Serra das Confusões (9°13’14,9” S, 43°29’20,4” W), 12.XII.2010, D. França col.; 1 macropterous male, 1 macropterous female, same data, except DPIC. Remarks: This species was heretofore recorded from three regions of Brazil, and is herein documented for the first time from the Northeast Region. MESOVELIIDAE Mesovelia zeteki Harris and Drake, 1941 Geographic distribution in Brazil: N – Amazonas and Pará (Moreira et al. 2008). Material examined: N – 5 macropterous females (INPA), Amapá, Serra do Navio, Rio Cachaço, Cachoeira do Fernando (00°53’18,8” N, 52°01’22,9” W), 02.VIII.2011, A.M. Pes, P.V. Cruz and A.S. Fernandes col. Remarks: Until now this species had been recorded only from the North Region. Herein it is recorded for the first time from Amapá state. Mesoveloidea williamsi Hungerford, 1929 Geographic distribution in Brazil: SE – Minas Gerais 910 Rodrigues et al. | New records of Gerromorpha from Brazil (Nieser and Melo 1997; Souza et al. 2006) and Rio de Janeiro (Moreira et al. 2006; Moreira et al. 2011d). Material examined: N – 6 macropterous males, 6 macropterous females (INPA), Amapá, Serra do Navio, Rio Cachaço, Cachoeira do Fernando (00°53’18,8” N, 52°01’22,9” W), 02.VIII.2011, A.M. Pes, P.V. Cruz and A.S. Fernandes col.; 1 macropterous male, 5 macropterous females (INPA), Amapá, Tartarugalzinho, Rio Tracajatuba, Cachoeira da Funasa (01°02’47,1”N, 51°02’46,5”W), 11.VIII.2011, A.M. Pes, P.V. Cruz, A.S. Fernandes and N. Hamada col.; 1 macropterous female (INPA), Amazonas, São Gabriel da Cachoeira, Igarapé Miuá (00°06’14,2” S, 66°52’31,3” W), 24.VIII.2011, R.L. Ferreira-Keppler, P.V. Cruz, A.S. Fernandes and E.A. Reis col. Remarks: Despite of the geographic records of this species from Northern South America, in Brazil it was previously recorded only from the Southeast Region. Herein we register this species for the first time from the North Region. VELIIDAE Microvelia longipes Uhler, 1894 Geographic distribution in Brazil: N – Amazonas (Polhemus 1990; Moreira and Campos 2012); NE – Bahia (Moreira and Campos 2012); CW – Mato Grosso do Sul (Drake and Plaumann 1953; Moreira et al. 2011c); SE – Espírito Santo (Moreira et al. 2010), Minas Gerais (Nieser and Melo 1997; Melo and Nieser 2004) and São Paulo (Moreira and Barbosa 2011); S – Santa Catarina (Drake and Plaumann 1955). Material examined: N – 1 macropterous male, Roraima, Área Indígena Yanomami, Parque Xitei/Xidea, Lagos, 08.VII.1996, V. Py-Daniel and U. Barbosa col. Remarks: This species is widely distributed, occurring from North to South America. Because of this fact, its occurrence on Roraima state is likely, and the record is given here. Oiovelia brasiliensis Moreira, Nessimian and Rúdio, 2010 Geographic distribution: SE – Espírito Santo (Moreira et al. 2010), Minas Gerais (Moreira and Barbosa 2012) and São Paulo (Moreira and Barbosa 2011); S – Rio Grande do Sul (Moreira and Campos 2012). Material examined: SE – 1 macropterous female (DPIC), Minas Gerais, Santana do Riacho, Lapinha da Serra (19°10’08” S, 43°42’51” W), Cachoeira do Paraíso, 29.I.2011, H.D.D. Rodrigues col. Remarks: Known only from the Southeast and South Regions. In this study, the second record from Minas Gerais state is presented. Oiovelia cunucunumana Drake and MaldonadoCapriles, 1952 Geographic distribution in Brazil: SE – São Paulo (Moreira and Barbosa 2011); S - Santa Catarina (Spangler 1986). Material examined: N – 2 macropterous males, 2 macropterous females (INPA), Amapá, Serra do Navio, Rio Cachaço, Cachoeira do Fernando (00°53’18,8” N, 52°01’22,9” W), 02.VIII.2011, A.M. Pes, P.V. Cruz and A.S. Fernandes col.; 8 macropterous males, 6 macropterous females (INPA), Amazonas, Barcelos, Comunidade Ucuqui, Rio Jauari, 23,VII.2009, N. Ferreira-Jr and J.L. Nessimian col.; SE – 1 macropterous female (DPIC), Minas Gerais, Luz, Ribeirão Jorge Grande (19°40’13” S, 45°36’37” W), 20.II.2010, H.D.D. Rodrigues col.; 7 macropterous males, 4 macropterous females (DPIC), same data, except 13.III.2010, H.D.D. Rodrigues and G.J.C. Vianna col. Remarks: Since the work of Spangler (1986), this species was known in Brazil only from the Santa Catarina state. Recently, Moreira and Barbosa (2011) reported this species from the Southeast Region. In this study, the genus is recorded for the first time from the North Region, and the second record of this species from the Southeast Region is presented, being the first record from Minas Gerais state. Paravelia bullialata Polhemus and Polhemus, 1984 Geographic distribution in Brazil: N – Amazonas (Polhemus and Polhemus 1984; Pereira and Melo 2007). Material examined: N – 1 macropterous male (INPA), Rondônia, Igarapé Pé de Serra, Bacia do Rio Candeias, 04.VIII.1985, V. Py-Daniel and L. Aquino col. Remarks: This species was known in Brazil only from Amazonas state. Here it is recorded for the first time from Rondônia state. Paravelia capixaba Moreira, Nessimian and Rúdio, 2010 Geographic distribution: N – Amazonas (Moreira et al. 2011a; Moreira and Campos 2012) and Pará (Moreira and Campos 2012); SE – Espírito Santo (Moreira et al. 2010). Material examined: SE – 18 apterous males, 15 apterous females, 1 nymph (DPIC), Minas Gerais, Luz, Poça Temporária Próximo ao Ribeirão Jorge Pequeno (19°43’32” S, 45°32’58” W), 04.I.2011, H.D.D. Rodrigues col. Remarks: Described from the Southeast Region, but recently recorded from the North Region, which expanded its occurrence to the Amazon. This study records the species for the first time from Minas Gerais state. Platyvelia brachialis (Stål, 1860) Geographic distribution in Brazil: CW – Goiás (Polhemus and Polhemus 1993); SE – Espírito Santo (Nieser and Melo 1997; Moreira et al. 2010), Minas Gerais (Nieser and Melo 1997; Melo and Nieser 2004; Souza et al. 2006) and Rio de Janeiro (Stål 1860; Ribeiro et al. 2010); S – Santa Catarina (Polhemus and Polhemus 1993). Material examined: NE – 1 macropterous male, 1 micropterous female, 2 nymphs (DPIC), Pernambuco, Goiana, Carne de Vaca, water reservoir, 26.II.2007, M.A.A. Souza col. Remarks This species was previously recorded from three regions of Brazil, and is herein documented for the first time from the Northeast Region. The records from Peru and Surinam presented by Polhemus and Polhemus (1993) suggest that this species might also occur in the North Region. Rhagovelia tenuipes Champion, 1898 Geographic distribution in Brazil: N – Amazonas (Pereira and Melo 2007; Lopes et al. 2008) and Pará (Bacon 1956); SE – Minas Gerais (Nieser and Melo 1997; Melo and Nieser 911 Rodrigues et al. | New records of Gerromorpha from Brazil 2004; Pelli et al. 2006; Souza et al. 2006), Espírito Santo (Moreira et al. 2010), Rio de Janeiro (Moreira and Ribeiro 2009) and São Paulo (Moreira and Barbosa 2011). Material examined: N – 3 apterous males, 3 apterous females (INPA), Roraima, Área Indígena Yanomami, Parque Indígena Xitei/Xidéa, Rio Parima, 08.X.1997, V. PyDaniel and U. Barbosa col. Remarks: Despite being a common species in Northern South America, it is recorded for the first time from Roraima state. Stridulivelia astralis (Drake and Harris, 1938) Geographic distribution in Brazil: N – Tocantins (Polhemus and Spangler 1995; Moreira et al. 2011c); CW – Mato Grosso (Polhemus and Spangler 1995) and Mato Grosso do Sul (Drake and Harris 1938). Material examined: SE – 2 micropterous males, 1 micropterous female (DPIC), Minas Gerais, Luz, Ribeirão Estiva (19°45’11” S, 45°31’40” W), 09.I.2010, H.D.D. Rodrigues col.; 4 micropterous males, 1 micropterous female (DPIC), Minas Gerais, Luz, Ribeirão Jorge Pequeno (19°43’42” S, 45°32’57” W), 09.I.2010, H.D.D. Rodrigues col.; 3 micropterous males (DPIC), temporary pond near to Ribeirão Jorge Pequeno (19°43’32” S, 45°32’58” W), 04.I.2011, H.D.D. Rodrigues col.; 1 micropterous female (DPIC), Minas Gerais, Januária, São Joaquim, Rio Jaboticaba, 02.II.2010, A.L. Melo and H.D.D. Rodrigues col. Remarks: First record from the Southeast Region. The record from Argentina by Mazzucconi and Bachmann (1997) suggests that this species also occurs in South Brazil. Stridulivelia quadrispinosa (Hungerford, 1929) Geographic distribution in Brazil: N – Pará (Hungerford 1929; Polhemus and Spangler 1995; Moreira et al. 2011c); SE - Espiríto Santo (Moreira et al. 2010). Material examined: SE – 8 micropterous males, 6 micropterous females (DPIC), Minas Gerais, Luz, Ribeirão Jorge Pequeno (19°43’42” S, 45°32’57” W), 09.I.2010, H.D.D. Rodrigues col.; 3 micropterous males, 4 micropterous females, 1 macropterous female (DPIC), same data, except 22.II.2010; 1 micropterous female (DPIC), Minas Gerais, Luz, Ribeirão Jorge Grande (19°40’13” S, 45°36’37” W), 06.I.2010, H.D.D. Rodrigues col.; 2 micropterous females (DPIC), Minas Gerais, Luz, Córrego Campo do Meio (19°44’41” S, 45°32’24” W), 16.X.2010, H.D.D. Rodrigues col. Remarks: This species is reported for the second time from the Southeast Region, and for the first time from Minas Gerais state. Stridulivelia tersa (Drake and Harris, 1941) Geographic distribution in Brazil: N – Amazonas (Polhemus and Spangler 1995; Pereira and Melo 2007) and Pará (Moreira and Campos 2012); CW – Mato Grosso (Polhemus and Spangler 1995); SE – Espírito Santo (Moreira et al. 2010) and Minas Gerais (Melo and Nieser 2004). Material examined: N – 2 micropterous females (INPA), Pará, Igarapé Tentativa, Tributário do Rio Mapuera, 08.VI.1986, V. Py-Daniel and U. Barbosa col. Remarks: It is one of the commonest species of the genus in Brazil, with records from three regions. Here it is recorded for the second time from Pará state. Acknowledgments: The authors are grateful to all collectors for providing part of the specimens in this study. The material from Amazonas was provided by a research project supported by PRONEXCNPq (MCTI)-FAPEAM, INPA(MCTI) and FINEP/Projeto Fronteira. Part of the material collected in the Northeast region was supported by a CNPq grant to Neusa Hamada (INPA). Literature Cited Andersen, N.M. 1982. The semiaquatic bugs (Hemiptera, Gerromorpha) phylogeny, adaptations, biogeography and classification. Entomonograph 3: 1-455. Bacon, J.A. 1956. A taxonomic study of the genus Rhagovelia (Hemiptera, Veliidae) of the Western Hemisphere. University of Kansas Science Bulletin 38(10): 695-913. Cabette, H.S.R., N.F.S. Giehl, K. Dias-Silva, L. Juen and J.D. Batista. 2010. Distribuição de Nepomorpha e Gerromorpha (Insecta: Heteroptera) da Bacia Hidrográfica do Rio Suiá-Miçú, MT: riqueza relacionada à qualidade da água e do hábitat; p. 113-137 In Santos, J.E., C. Galbiati and L.E. Moschini (org.). Gestão e Educação Ambiental – Água, Biodiversidade e Cultura. Volume II. São Paulo: RiMa Editora. Castanhole, M.M.U., L.L.V. Pereira, H.V. Souza, H.E.M.C. Bicudo, L.A.A. Costa and M.M. Itoyama. 2008. Heteropicnotic chromatin and nucleolar activity in meiosis and spermiogenesis of Limnogonus aduncus (Heteroptera, Gerridae): a stained nucleolar organizing region that can serve as a model for studying chromosome behavior. Genetics and Molecular Research 7(4): 1398-1407. Castanhole, M.M.U., L.L.V. Pereira, H.V. Souza and M.M. Itoyama. 2010. Spermatogenesis and karyotypes of three species of water striders (Gerridae, Heteroptera). Genetics and Molecular Research 9(3): 13431356. Drake, C.J. 1942. A new species of Tenagogonus Stål (HemipteraGerridae). Revista Chilena de Historia Natural 44: 108-109. Drake, C.J. 1957. New Neotropical Halobatinae (Hemiptera: Gerridae). Bulletin of the Brooklyn Entomological Society 52: 128-130. Drake, C.J. and H.M. Harris. 1930. Notes on some South American Gerridae (Hemiptera). Annals of the Carnegie Museum 19(4): 235-239. Drake, C.J. and H.M. Harris. 1933. Some miscellaneous Gerridae in the collection of the Museum of Comparative Zoology (Hemiptera). Psyche 39: 107-112. Drake, C.J. and H.M. Harris. 1934. The Gerrinae of the Western Hemisphere (Hemiptera). Annals of the Carnegie Museum 23: 179-241. Drake, C.J. and H.M. Harris. 1935. Notes on some American Gerrids (Hemiptera). Arkiv för Zoologi 28B(2): 1-4. Drake, C.J. and H.M. Harris. 1938. Veliidae y Gerridae sudamericanos descriptos por Carlos Berg. Notas del Museo de La Plata 3(13): 199204. Drake, C.J. and H.M. Harris. 1941. Concerning some halobatinids from the Western Hemisphere (Hemip. Gerridae). Iowa State College Journal of Science 15: 237-240. Drake, C.J. and F. Plaumann. 1953. A new waterstrider from Brazil (Hemiptera: Veliidae). Dusenia 4(5-6): 414-416. Drake, C.J. and F. Plaumann. 1955. Some Microvelia from Southern Brazil (Hemiptera: Veliidae). Bulletin of the Southern California Academy of Sciences 54(1): 22-24. Fernandes, J.A.M. and E. Wanzeler. 2010. Percevejos aquáticos; p. 24-25, 101-102 In A.C.M. Oliveira, J.B. Santos and M.C. Santos-Costa (ed.). Os animais da Tanguro, Mato Grosso: diversidade na zona de transição entre a Floresta Amazônica e o Cerrado. Belém: MPEG, UFPA, IPAM. Heckman, C.W. 1998. The seasonal succession of biotic communities in wetlands of the tropical wet-and-dry climatic zone: V. Aquatic invertebrate communities in the Pantanal of Mato Grosso, Brazil. International Review of Hydrobiology 83(1): 31-63. Hungerford, H.B. 1929. Some new semi-aquatic Hemiptera from South America with a record of stridulatory devices (Veliidae-Velia). Journal of the Kansas Entomological Society 2(3): 50-59. Jurberg, J. and C.L. Gomes. 1983. Estudo morfológico de Limnogonus aduncus Drake and Harris, 1932 e Halobatopsis platensis (Berg, 1879) e suas genitálias externas (Hemiptera – Gerridae). Memórias do Instituto Oswaldo Cruz 78(2): 199-208. Lopes, M.J.N., A.M.O. Pes, C.A.S. Azevêdo, P. Reis, D.L.V. Pereira, J.M.F. Ribeiro, N. Hamada, R.L. Ferreira-Keppler and J.A. Rafael. 2008. Insetos Aquáticos; p. 123-129 In Oliveira, M.L., F.B. Baccaro, R. BragaNeto and W.E. Magnusson (org.). Reserva Ducke: A Biodiversidade Amazônica Através de uma Grade. Manaus: Áttema Design Editorial. Kenaga, E.E. 1942. A new genus in the Halobatinae (Gerridae-Hemiptera). Journal of the Kansas Entomological Society 15(4): 136-141. Kuitert, L.C. 1942. Gerrinae in University of Kansas Collections. Uninversity of Kansas Science Bulletin 28(7): 113-143. 912 Rodrigues et al. | New records of Gerromorpha from Brazil Mazzucconi, S.A. and A.O. Bachmann. 1993. Familia Gerridae (Heteroptera): Estudio comparativo de las alas de las especies argentinas, chilenas y uruguayas. Revista de la Sociedad Entomológica Argentina 52(1-4): 87-99. Mazzucconi, S.A. and A.O. Bachmann. 1997. Los géneros Oiovelia y Stridulivelia de la Argentina (Heteroptera: Veliidae). Revista de la Sociedad Entomológica Argentina 56(1-4): 62. Mazzucconi, S.A., M. López Ruf and A.O. Bachmann. 2008. Gerromorpha y Nepomorpha (Insecta: Heteroptera) del Parque Provincial Salto Encantado del Valle del Cuñá Pirú, Provincia de Misiones, Argentina. Lundiana 9(1): 57-66. Melo, A.L. and N. Nieser. 2004. Faunistical notes on aquatic Heteroptera of Minas Gerais (Brazil): An annotated list of Gerromorpha and Nepomorpha collected near Januária, MG. Lundiana 5(1) 43-49. Moreira, F.F.F. and G.G.F. Campos. 2012. New distributional data concerning some Gerromorpha (Insecta: Hemiptera: Heteroptera) from Brazil. Check List 8(3): 542-547. Moreira, F.F.F. and J.F. Barbosa. 2011. The Veliidae (Hemiptera: Heteroptera: Gerromorpha) from São Paulo State, Brazil: new species, description of the male of Microvelia ioana Drake and Hottes, 1952, and synonymical and distributional notes. Annales de Limnologie 47(3): 297-311. Moreira, F.F.F. and J.F. Barbosa. 2012. Two new species of Paravelia Breddin, 1898 and distributional notes concerning the Veliidae from Minas Gerais State, Brazil (Insecta: Hemiptera: Heteroptera: Gerromorpha). Zootaxa 3354: 58-68. Moreira, F.F.F. and J.R.I. Ribeiro. 2009. Two new Rhagovelia (Heteroptera: Veliidae) and new records for twelve species in southeastern Brazil. Aquatic Insects 31(1): 45-61. Moreira, F.F.F., J.F. Barbosa and J.L. Nessimian. 2011a. Description of Microvelia urucara sp. nov. and new distributional data on veliids (Insecta: Heteroptera: Veliidae) from the Amazon River floodplain, Brazil. Zoologia 28(5): 658-662. Moreira, F.F.F., J.R.I. Ribeiro and J.L. Nessimian. 2006. Description of the male and the southernmost record of Mesoveloidea williamsi Hungerford, 1929 (Hemiptera: Heteroptera: Mesoveliidae). Zootaxa 1269: 51-56. Moreira, F.F.F., J.R.I. Ribeiro and J.L. Nessimian. 2008. A synopsis of the species of Mesovelia (Insecta: Heteroptera: Mesoveliidae) occurring in the floodplain of the Amazon River, Brazil, with redescriptions of Mesovelia mulsanti White and M. zeteki Harris and Drake. Acta Amazonica 38(3): 539-550. Moreira, F.F.F., V.P. Alecrim, J.R.I. Ribeiro and J.L. Nessimian. 2011b. Identification key to the Gerridae (Insecta: Heteroptera: Gerromorpha) from the Amazon River floodplain, Brazil, with new records for the Brazilian Amazon. Zoologia 28(2): 269-279. Moreira, F.F.F., J.F. Barbosa, J.R.I. Ribeiro and V.P. Alecrim. 2011c. Checklist and distribution of semi-aquatic and aquatic Heteroptera (Gerromorpha and Nepomorpha) occurring in Brazil. Zootaxa 2958: 1-74. Moreira, F.F.F., J.L. Nessimian, J.A. Rúdio and F.F. Salles. 2010. New species and new records of Veliidae from Espírito Santo State and adjacent Minas Gerais State, Brazil, with notes on nomenclature (Insecta: Heteroptera: Gerromorpha). Journal of Natural History 44(45-46): 2761-2801. Moreira, F.F.F., J.R.I. Ribeiro, J.L. Nessimian, M.M. Itoyama, M.M.U. Castanhole and L.L.V. Pereira. 2011d. New records and distribution expansions for Neotropical water-striders (Insecta: Heteroptera: Gerromorpha). Check List Journal of Species Lists and Distributions 7(3): 303-309. Nieser, N. 1970. Gerridae of Suriname and the Amazon with additional records of other neotropical species. Studies on the Fauna of Suriname and Other Guyanas 12(47): 94-138. Nieser, N. 1994. A new species and a new status in Neogerris Matsumura (Heteroptera: Gerridae) with a key to American species. Storkia 3: 27-37. Nieser, N. and A.L. Melo. 1997. Os heterópteros aquáticos de Minas Gerais. Guia introdutório com chave de identificação para as espécies de Nepomorpha e Gerromorpha. Belo Horizonte: Editora UFMG. 177 p. Nieser, N. and A.L. Melo. 1999. A new species of Halobatopsis (Heteroptera: Gerridae) from Minas Gerais (Brazil), with a key to the species. Entomologische Berichten 59(7): 97-102. Pelli, A. and F.A.R. Barbosa. 1998. Insetos coletados em Salvinia molesta Mitchell (Salviniaceae), com especial referência às espécies que causam dano à planta, na lagoa Olhos d’Água, Minas Gerais, Brasil. Revista Brasileira de Entomologia 42(1-2): 9-12. Pelli, A., N. Nieser and A.L. Melo. 2006. Nepomorpha and Gerromorpha (Insecta: Heteroptera) from the Serra da Canastra, southwestern Minas Gerais state, Brazil. Lundiana 7(1): 67-72. Pereira, D.L.V. and A.L. Melo. 2007. Aquatic and semiaquatic Heteroptera (Insecta) from Pitinga, Amazonas, Brazil. Acta Amazonica 37(4): 643648. Polhemus, J.T. 1990. Surface wave communication in water striders; field observations of unreported taxa (Heteroptera: Gerridae, Veliidae). Journal of the New York Entomological Society 98(3): 383-384. Polhemus, J.T. and D.A. Polhemus. 1984. Studies on Neotropical Veliidae (Hemiptera) VII. Descriptions of four new species of Paravelia Breddin. Amazoniana 8(3): 339-349. Polhemus, J.T. and D.A. Polhemus. 1993. Two new genera for New World Veliinae (Heteroptera: Veliidae). Journal of the New York Entomological Society 101(3): 391-398. Polhemus, J.T. and D.A. Polhemus. 2008. Global diversity of true bugs (Heteroptera; Insecta) in freshwater. Hydrobiologia 595: 379-391. Polhemus, J.T. and P.J. Spangler. 1995. A review of the genus Stridulivelia Hungerford and two new species (Heteroptera: Veliidae) from South America. Proceedings of the Entomological Society of Washington 97(1): 128-152. Ribeiro, J.R.I., F.F.F. Moreira, V.P. Alecrim, J.F. Barbosa and J.L. Nessimian. 2010 (2009). Espécies de heterópteros dulciaquícolas (Hemiptera, Heteroptera, Gerromorpha e Nepomorpha) registradas no Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Arquivos do Museu Nacional 67(3-4): 303-312. Sampaio, R.T.M. and V. Py-Daniel. 1993. A subfamília Gerrinae (Hemiptera: Heteroptera: Gerridae) na bacia hidrográfica do Rio Trombetas, Pará, Brasil. Acta Amazonica 23(1): 83-94. Shaw, J.G. 1933. A study of the genus Brachymetra (Hemiptera – Gerridae). University of Kansas Science Bulletin 21(3): 221-233. Souza, M.A.A., A.L. Melo and G.J.C. Vianna. 2006. Heterópteros aquáticos oriundos do Município de Mariana, MG. Neotropical Entomology 35(6): 803-810. Spangler, P.J. 1986. Two new species of water-striders of the genus Oiovelia from the Tepui Cerro de la Neblina, Venezuela (Hemiptera: Veliidae). Proceedings of the Entomological Society of Washington 88(3): 438-450. Stål, C. 1860. Bidrag till Rio Janeiro-Traktens Hemipter-Fauna. Kongliga Svenska Vetenskaps Akademiens Handlingar 2(7): 1-84. Vianna, G.J.C. and A.L. Melo. 2003. Distributional patterns of aquatic and semi aquatic Heteroptera in Retiro das Pedras, Brumadinho, Minas Gerais, Brazil. Lundiana 4(2): 125-128. White, F.B. 1879. Descriptions of new Hemiptera. Journal of the Linnean Society of London, Zoology 14: 482-489. Received: January 2012 Accepted: June 2012 Published online: September 2012 Editorial responsibility: Fabio de Oliveira Roque 913