Novo fôlego e portas abertas para os inovadores

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Novo fôlego e portas abertas para os inovadores
Com a qualidade de seus projetos inovadores atestada, vencedores do Prêmio Finep de Inovação Tecnológica
vêem as portas para novas pesquisas e financiamentos se abrirem com a premiação, que completa uma década.
Cláudia Sendra
O que têm em comum um robô, utilizado no combate a incêndios, que conta com a maior capacidade de vazão
de jato de água do mundo, uma pequena empresa que fabrica fitoterápicos e fitocosméticos utilizando
brasileiríssimos insumos encontrados na floresta amazônica, e uma grande empresa do setor petroquímico que
tem a mais completa infra-estrutura de pesquisa e desenvolvimento de produtos da América Latina? Por mais
díspares que possam parecer, as empresas e o robô partilham uma espécie de DNA que os torna únicos e os
coloca em um patamar acima de seus concorrentes: inovação. Um elemento que faz toda a diferença, gerando
impactos positivos na qualidade de vida das pessoas, desenvolvi mento e lucro. Trazendo a inovação em sua
composição, tanto o robô Saci — desenvolvido pela cearense Armtec Tecnologia em Robótica — quanto a
pequena empresa amazonense Pharmakos e a petroquímica gaúcha Braskem conquistaram títulos de vence
dores do Prêmio Finep de Inovação Tecnológica, criado há dez anos com o objetivo de identificar e apoiar os
mais importantes esforços inovadores desenvolvidos e aplicados no Brasil por empresas e instituições de ciência
e tecnologia.
A premiação, que acontece anualmente, se tornou sinônimo de garantia de qualidade de produtos e processos
desenvolvidos no país, mobilizando cada vez mais empreendedores interessados em disputar as etapas
regionais e nacional do concurso. Quem ganha conta não só com o título em si, que vaie como atestado de
viabilidade de sua inovação, mas também com uma porta aberta para contatos que podem transformar seus
produtos e processos em sucesso internacional. O prêmio, que há uma década reunia 25 inscritos, na região Sul,
conta, na edição de 2007, com mais de 700 participantes. Colocar a inovação na pauta da estratégia competitiva
de empresas e instituições tem sido uma missão recompensadora para a Financiadora de Estudos e Projetos
(Finep), que vê seus esforços de apoio às organizações renderem importantes frutos, reforçando a visão de que
com criatividade e pesquisa o Brasil pode ascender no ranking dos países inovadores. Hoje o país detém 1,8%
do conhecimento referenciável, ficando em 16° lugar no mundo.
O Prêmio Finep contempla sete categorias: Produto, Processo, Pequena Empresa, Média e Grande Empresas,
Instituição de Ciência e Tecnologia, Inovação Social e Inventor Inovador. “As diversas categorias refletem bem o
que é inovar. Você vê que uma pequena empresa consegue fazer uma inovação mesmo sem ter feito um grande
investimento”, avalia Ana Teresa Balvé, responsável pelo programa de inovação da Braskem, que contabiliza três
prêmios oferecidos pela Finep. Em 2003, a empresa venceu na categoria Produto, com uma resina de polietileno;
dois anos depois, conquistou a categoria Processo, com o desenvolvimento de um modelo de negócio para
produção de copos descartáveis de polipropileno; no ano passado, a Braskem recebeu menção honrosa na
categoria Grande Empresa, em âmbito nacional. Junto com os prêmios, vieram visibilidade, novos parceiros e
oportunidades. “As premiações trouxe ram uma imagem de empresa inovadora que foi muito importante, uma vez
que somos uma empresa de capital aberto. Essa imagem atraiu parcerias e investi mentos. Além disso, esse
reconhecimento trouxe multa motivação para a equipe”, aponta Ana Teresa.
Vencedores do Prêmio Finep costumam se tornar referência de pioneirismo. No caso da Armtec, do setor de
robótica, os dividendos chegaram logo após a empresa completar seu primeiro ano de existência. “O Prêmio
Finep recebido pela Armtec, em 2005, na categoria Produto, na etapa Nordeste, teve enorme influência no
desempenho da empresa. Em função desse prêmio, a Armtec venceu sua primeira licitação internacional, que
gerou o produto vencedor da etapa Nordeste de 2007. Também representou para toda a equipe um
extraordinário fator de incentivo ao crescimento pessoal, técnico e inovador”, conta o diretor técnico de Pesquisa
e Desenvolvimento da empresa, Roberto Macêdo. O produto que deu o primeiro prêmio à Armtec foi o robô Saci,
desenvolvido em 2004. Controlado à distância, o aparelho trans portava um dos mais modernos canhões de
combate a incêndio. Hoje, após inovações, o Saci é considerado o robô com a maior capacidade de vazão de jato
de água do mundo, que chega a ser 21 vezes superior a de qualquer outro modelo similar existente.
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A pesquisa constante na área de novas tecnologias possibilitou à Armtec, este ano, a conquista de novas
premiações, nas categorias Pequena Empresa e Produto, na etapa Nordeste. Nessa última, a empresa inscreveu
um sistema integrado de simulação de tráfego, o Sistran, que testa, antes do início das obras, o tipo de asfalto
mais indicado para uma determinada rodovia, permitindo ganho de qualidade na pavimentação das estradas
brasileiras, O Sistran concorre, agora, ao Prêmio Finep em âmbito nacional. “O Prêmio Finep 2007 abriu mercado
para a Armtec em mais dois estados brasileiros, Sergipe e Santa Catarina, com novos pro dutos inovadores,
proporcionando um crescimento de 50% sobre o faturamento da empresa”, comemora Macêdo.
A coordenadora de desenvolvimento de novas tecnologias da Sabó, Lílian Régis Laraia, também destaca os
resultados obtidos com a conquista do Prêmio Finep. A empresa, líder na fabricação de retentores, juntas e
mangueiras para o setor automobilístico, foi vencedora, em 2003, na categoria Processo, em âmbitos regional e
nacional, e viu abrirem-se novos caminhos para financia mentos de suas inovações. “O prêmio foi decisivo para
conseguirmos investidores. Até então, tudo era feito com financiamento próprio. Além disso, o prêmio constou
também de uma bolsa de pesquisa do CNPq, que ampliou nossas possibilidades nessa área. Hoje, contamos
com 17 pessoas de instituições de pesquisa trabalhando conosco”, enumera. A empresa, criada há mais de 60
anos, tem matriz em São Paulo e fábricas no Brasil, Argentina, Ale manha, Áustria e Hungria, e filiais nos EUA e
Austrália, além de escritórios técnico-comerciais na Itália e Inglaterra. “Oferecemos para os clientes produtos
inovadores, economicamente competitivos. Estamos à frente do estado da arte”, decreta.
O diretor corporativo de Tecnologia da Embraco, empresa especializada em soluções para refrigeração e líder
mundial do mercado de compressores herméticos, considera vital a existência de instrumentos de identificação
de ações inovadoras no país. A empresa foi vencedora nacional do Prêmio Finep nas categorias Produto e
Grande Empresa — em 2001 e 2002, respectivamente. “O prêmio Finep de Inovação Tecnológica, além de
reconhecer as melhores práticas de inovação das empresas, cumpre um papel fundamental de promoção e
inovação no país. E motivo de grande orgulho para a Embraco ter sido premiada duas vezes”, diz o diretor
corporativo de Tecnologia, Roberto H. Campos.
Crescendo com a inovação — Com três premiações consecutivas na categoria Pequena Empresa, na região
Norte, a fábrica de fitoterápicos e fitocosméticos Pharmakos foi criada em 2001, por um professor da
Universidade Federal da Amazônia, que levou para a organização a experiência acadêmica adquirida durante 35
anos. A empresa aplica 5 de seu lucro em pesquisas e os insumos são provenientes da floresta amazônica. “A
Amazônia é o n laboratório vivo do mundo. Temos que aproveitar essa biodiversidade que é nossa porque, do
contrário, a biopirataria ataca e acontece como no caso da copaíba, um produto que é da nossa floresta e que foi
patenteado pelos EUA. Temos que deter o conhecimento sobre um produto que é nosso”, defende o presidente
da empresa, Shubert Pinto.
A Pharmakos está há seis anos no Centro de Incubação e Desenvolvimento de Empresas (Cide), mas os
produtos da marca já ganharam o mundo. No início deste ano foram apresenta dos para o público japonês,
aproveitando o interesse daquele povo por inovações destinadas à terceira idade, como cremes e energéticos.
“Utilizamos a chamada inovação incrementada, acrescentando a produtos já existentes novas características,
que os tornam mais eficientes”, explica o professor. Entre as novidades fabricadas pela Phamakos estão uma
parafina bronzeadora que tem em sua fórmula óleo de urucum, um gel anestésico com copaíba e um produto
utilizado em tratamentos ginecológicos — os óvulos de crajirú. Foi o desenvolvimento de pesquisas para esse
último medicamento que possibilitou o ingresso da empresa no Cide. O investimento para produção dos óvulos
foi de R$ 5 mil. Hoje, a Pharmakos conta com uma linha de 53 produtos e mais de mil clientes em vários
municípios do interior do Amazonas e em estados como Acre, Rondônia, Pará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco
e Ceará.
Da incubadora para o mercado internacional — A empresa de engenharia Pipeway foi criada em 1998 por um
grupo de pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), em uma pequena sala,
no Instituto Gênesis, como empresa incubada. Hoje ela funciona em uma área de 1.500 metros quadrados e
presta serviços em todo o Brasil além de EUA, Canadá, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Peru, Uruguai e
Venezuela. Com menos de dez anos de existência, a empresa já conquistou dois Prêmios Finep de Inovação
Tecnológica. “O Prêmio Finep é intangível e um banho de otimismo em
empregados, fornecedores e clientes da empresa. Quando apresentamos a Pipeway para clientes internacionais,
mostramos fotos da premiação, com o presidente da República. Isso, com certeza, ajuda muito no processo de
venda dos nossos produtos”, conta o diretor-presidente da empresa, José Augusto Pereira da Silva. Os prêmios
foram conquistados na categoria Pequena Empresa, em 2003 e 2004, e os produtos são ferramentas para
inspeção de dutos de óleo e gás, que verificam anomalias nos equipamentos, contribuindo para evitar
vazamentos que podem causar acidentes ecológicos.
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Nos últimos anos, a PipeWay investiu 10% de seu faturamento em pesquisa e desenvolvimento — cerca de R$ 1
milhão —, atividades permanentes que envolvem parcerias com universidades, laboratórios e centros de estudo
no Brasil e no exterior. E a essa estratégia que o diretor-presidente atribui o crescimento da empresa, na ordem
de 50%, registrado nos últimos três anos. “A inovação é um terreno fértil e o Brasil está acordando para isso.
Temos que sair desse negócio de vender matéria-prima e passar a vender o produto acabado, com alto valor
agregado, referente à propriedade intelectual”, aponta.
Chegando longe — O empresário Attílio Turchetti nasceu na Itália, mas foi na cidade goiana de Abadia de Goiás
que ele fundou, em 1993, a fábrica de equipamentos mecânicos para o setor industrial que se transformaria na
Mecat de hoje, líder mundial na produção de turbos filtros utilizados pela indústria cítrica. Turchetti conta, com
forte sotaque italiano, que a Mecat se expandiu rapidamente, conquistando os maiores produtores de suco de
laranja do mundo com sua tecnologia de manutenção simples e de baixo consumo de energia. Hoje, o Turbo
Filtro Mecat processa 70% da produção mundial de sucos. Foi esse produto que garantiu à empresa o Prêmio
Finep de Inovação Tecnológica, em 2004, em âmbito nacional. “O prêmio fez com que a empresa fosse
reconhecida por diversas entidades, como bancos e a Federação das Indústrias, que não faziam parte de nossos
relacionamentos”, conta Turchetti.
O presidente da Mecat chama a atenção para a necessidade de suportes para os inovadores no país.
“Precisamos de velocidade nos financiamentos e muita colaboração dos centros de pesquisa”, diz. O italiano fala
com a convicção de quem está acostumado a superar adversidades. Ex-torneiro mecânico em seu país de
origem, Turchetti quer continuar ultrapassando barreiras e agora prepara a empresa para entrar no mercado do
etanol. Afora as dificuldades que aponta, reconhece que a inovação vem ganhando espaço. Assim como ele
próprio. O reconhecimento dessa evolução foi tema do comentário irresistível que fez ao receber das mãos do
presidente Lula o prêmio da Finep: “Presidente, de torneiro para torneiro: até que nós chegamos longe, hein!”
Revista Rumos – Prêmio Finep de Inovação Tecnológica – 01/10/2007 – Pág. 14 à 16
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