43_desenvolvimento de sensores inteligentes sem fios para
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43_desenvolvimento de sensores inteligentes sem fios para
DESENVOLVIMENTO DE SENSORES INTELIGENTES SEM FIOS PARA ENSAIOS EM MODELOS DE FUNDAÇÕES ESPECIAIS PARA LINHAS DE ANCORAGEM DE SISTEMAS FLUTUANTES OFFSHORE UTILIZANDO CENTRÍFUGA Rubens Ramires Sobrinho Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo S.A. E-mail: [email protected] Toshi-ichi Tachibana Escola Politécnica da Universidade de São Paulo E-mail: [email protected] RESUMO O presente trabalho visa apresentar uma metodologia que garante a integridade dos dados contra falhas de comunicação em redes de sensores inteligentes sem fios, a serem empregados nos ensaios em centrífuga, em modelos físicos reduzidos de âncoras tartaruga utilizados em linhas de ancoragem de sistemas oceânicos para produção de óleo e gás em águas profundas. O emprego da tecnologia de redes de sensores sem fios tem aumentado em muitas áreas da sociedade, principalmente na engenharia. Apesar desta evidência, muitos problemas estão sendo enfrentados e estudados pelos pesquisadores, destacando a interferência ambiental, relação de potência versus alcance, integridade da informação, miniaturização dos dispositivos, autonomia de energia, limitação de algoritmos e vida útil. A inserção desta tecnologia nos ensaios de modelos físicos reduzidos em centrífuga permitirá avanços significativos na determinação de parâmetros de difícil obtenção com tecnologias convencionais, onde muitas vezes se deparam com a inconveniência do peso dos cabos e dificuldades de instalação dos dispositivos nos modelos pela sua pouca portabilidade. ABSTRACT This paper describes a methodology that guarantees the data integrity due communication failures in the development of the wireless smart sensor network employed in centrifuge physical models test of turtle anchors used as system for deep water platforms or flotation systems. This technology has been increasing in many engineering areas. In spite of this evidence, lots of problems are being faced and studied by the scientists, environmental interference, power versus reach, integrity of the information, miniaturization of the devices, energy autonomy, algorithms and useful life. The insert of this technology in the of reduced physical models test in centrifuge will be allow significant advances in the parameters determination, where many times come across with inconvenience of the weight cables and difficulties of the devices in the models by your portable. 1. INTRODUÇÃO Este trabalho visa dar continuidade dos estudos sobre instrumentação para avaliação do comportamento de sistemas de fixação offshore em águas profundas através de ensaios de modelos físicos reduzidos empregando-se a centrífuga. Permitir a inserção da nova tecnologia de redes de sensores inteligentes sem fio significa melhorar o desempenho dos ensaios no que tange a consistência dos dados da instrumentação. Quando se trata de modelagem física é necessário tomar vários cuidados para representar qualitativamente os fenômenos físicos envolvidos para transferir com boa qualidade para a escala do protótipo. Tanto que vários autores discutem as leis de semelhança para que as incertezas fiquem somente no âmbito dos erros da medida que, por sua vez, é muito mais fácil de resolver. Na modelagem física em centrífugas, a instrumentação é uma das partes mais importantes, pois é ela quem fornecerá os valores dos fenômenos físicos envolvidos. Se existem interferências da sua utilização nas simulações durante os ensaios ela passa a não ser mais uma solução, mas um sério problema a ser contornado. Erros consideráveis podem ser propagados e interferir significativamente, alterando os resultados e comprometendo o entendimento sobre os fenômenos envolvidos, trazendo dúvidas na interpretação ou aceitação dos parâmetros de forma equivocada. Neste sentido, entende-se que com a introdução da rede de sensores inteligentes sem fio permitirá a eliminação ou diminuição destes efeitos. Outro interesse é quanto a proteção dos dados obtidos dos sensores durante sua transferência, visto que esta tecnologia opera em rede aberta. Estudos foram realizados para adequar a melhor topologia para aplicações em ensaios em centrífuga, visto que poucos trabalhos contribuíram para este tema. Depara-se ainda com a falta de infraestrutura básica para a miniaturização dos dispositivos no Brasil. A idéia inicial desta pesquisa era o encapsulamento de todas as funções num único dispositivo, porém as soluções presentes indicam o uso misto destas tecnologias, sendo uma parte “sacrificada” empregando o cabeamento ou fiação e a outra através da comunicação sem fio, sejam condições a se adotar. Finalmente, foram realizados estudos sobre os protocolos empregados em sensores sem fios e sua implementação na instrumentação para os ensaios em centrífuga. 2. TECNOLOGIA DE REDES DE SENSORES SEM FIOS (RSSF’s) A comunicação da instrumentação esteve muito tempo limitado em razão de conexões com fio entre o elemento sensor e o sistema de aquisição de dados (SAD) ou controle eletrônico, seja em relação a protocolos de comunicações, e principalmente, pelo seu conjunto ser muito caro (Loureiro, 2003; Yarvis, 2002; Kevan, 2002; Mark, 2002; Steve, 2001; Dunbar, 1999). O progresso mais significativo ocorreu quando o acesso às redes de medição passou a ser feito com tecnologia wireless, permitindo uma resposta mais rápida às variáveis dos processos ou o monitoramento das condições ambientais. Segundo Vieira (2004), vários fabricantes de sensores passaram a utilizar a tecnologia wireless em suas redes de sensores, aproveitando a infra-estrutura de redes já disponível e o protocolo de redes para monitoramento muito disseminado denominado SOAP. Mas em se tratando de RSSF’s, os desenvolvedores depararam-se com as diversas particularidades e características desta tecnologia, sendo as mais importantes a tecnologia de transmissão de dados (alcance de transmissão e recepção), arquitetura, topologia, segurança e proteção dos dados, autonomia de energia, dimensões e custos. As tecnologias para transmissão de dados sem fios hoje em dia estão bastante difundidas, citando a comunicação via estrutura celular que deixou de ser apenas um serviço telefônico (voz) e passou a ofertar a seus usuários e clientes condições para o tráfego de dados (Santos, 2006). As tecnologias de redes WWAN’s permitem uma comunicação sem fio à longa distância, centenas de quilômetros (Oliveira, 2006). As tecnologias para redes WLAN’s também já estão disponíveis, podendo alcançar áreas de algumas centenas de metros. Os maiores investimentos para seu desenvolvimento se deram pela área computacional, para permitir uma rede móvel de computadores. Hoje, a infra-estrutura instalada permite facilmente a aplicação de comunicação de dados de instrumentação, não havendo a necessidade de grandes investimentos para infra-estrutura, pode-se citar a tecnologia IEEE 802.11 e suas famílias como sendo a principal atuação nesta área. Já para redes WPAN’s, cujo alcance permite atingir até 100 metros, são citadas as tecnologias Bluetooth (IEEE 802.15.1) e o ZigBee (IEEE 802.15.4) de acordo com Oliveira (2006). As RSSF’s podem possuir um grande número de elementos distribuídos ou apenas alguns elementos que se comunicam. A arquitetura de uma rede de sensores sem fio possui elementos denominados de nós sensores, nós gateway e as interfaces de comunicação sem fio (Oliveira, 2006). Os elementos de uma rede podem ser móveis ou não, podem se comunicar entre si ou com o controle central. As redes que se comunicam entre si são chamadas de ad hoc ou simplesmente MANET’s (Nakamura, 2003; Loureiro e Mateus, 1998). Os MANET’s têm a função de fornecer suporte à comunicação entre os elementos, podendo ou não executar tarefas distintas (Nakamura, 2003; Vieira et al, 2004; Sohrabi, 2000). As redes de sensores podem ser homogêneas ou heterogêneas, no caso das redes de sensores homogêneas, é quando os nós sensores são idênticos entre si em termos de autonomia de energia, hardware, funcionalidades, sendo um deles, ou mais de um, adotado como nó gateway. Já as redes de sensores heterogêneas, possuem características diferentes entre si onde dois ou mais tipos diferentes de nós podem existir diferentes autonomias de energia e funcionalidades (Oliveira, 2006). As redes de sensores são classificadas quanto ao modo de roteamento (single-hop (simples-salto) ou multi-hop (múltiplo-salto)). No caso das redes em single-hop a comunicação é feita direta com o líder do grupo (ou nó gateway), enquanto que para redes que operam em multi-hop a comunicação se dá entre os nós sensores de um grupo (cluster) até chegar ao líder de grupo (nó gateway) conforme mencionado pelos Oliveira (2006), Crowley et al. (2005), Jiang e Manivannan (2005) e Berni (2004). Topologia é o estudo da distribuição geográfica de uma rede de sensores e atuadores ou de computadores, dispositivos de informática e telefonia celular. Esta topologia depende do projeto das operações, da confiabilidade e do seu custo operacional (Tavares, 2002; Rombaldi, 1994; Souza, 1994;). A topologia de sensores sem fio é a mesma que das redes de computadores e telefonia celular e ela pode ter características como ligação ponto a ponto e multiponto. Combinando-se os dois tipos básicos formam-se redes mais complexas, as chamadas estruturas mistas. A adição de novos nós tende a fazer a topologia da rede modificar-se dinamicamente (Tavares, 2002). Para lidar com estes problemas, os protocolos de roteamento especiais são necessários para permitir o seu gerenciamento. Uma das maiores preocupações nesta área é manter as informações que trafegam na sua rede com a máxima segurança possível. Como se sabe, as redes wireless utilizam ondas de rádio para transmitir informações e estas ondas podem viajar além das paredes do escritório ou do prédio, fazendo com que esta informação atinja áreas que podem ser perigosas. Com redes wireless, as bordas de uma rede crescem, neste sentido, os protocolos e tecnologias de criptografias podem ser empregados. O consumo de energia numa rede de sensores sem fio é o fator fundamental no projeto. Devido às fontes de energia serem escassas e muitas vezes não substituíveis, métodos de economia de energia estão sendo utilizados empregando todas técnicas possíveis. É justamente por isso que muitas pesquisas têm sido feitas para melhorar os algoritmos responsáveis pela transmissão e encaminhamento de dados na rede além da criação de novos tipos de transmissores mais eficientes quanto à utilização de energia (Akyildiz et al., 2002; Tavares, 2002; Brian, 2001). Segundo Akyildiz et al. (2002) pode-se dividir o consumo de energia em três domínios numa rede de sensores sem fio: sensoriamento, comunicação e processamento de dados. No que tange o sensoriamento deve-se levar em consideração o ambiente de operação da rede de sensores sem fios. Quanto à comunicação, alguns fatores são levados em conta. Os nós sensores gastam a maior parte de sua energia na transmissão e recepção de dados (Tavares, 2002, Brian, 2001; Dunbar, 1999). O que tem se mostrado é que para comunicações em pequenas distâncias a quantidade de energia que se gasta para transmissão e recepção é quase a mesma do que para longas distâncias (Wayne e Genn 2001; Dunbar, 1999). Todos os componentes do circuito transceiver consomem energia valiosa do sistema. Como em uma rede de sensores sem fio o tamanho dos pacotes de dados é pequeno, este consumo passa a dominar o consumo total do sistema de transmissão. Já no processamento de dados, mesmo diante do contínuo surgimento de novos processadores cada vez mais poderosos, tem-se o fator de consumo de energia como sendo fundamental. Alguns autores argumentam que seria o caso de se criar estratégias de organização da CPU onde a principal preocupação seria a energia gasta. Métodos de economia de energia estão sendo empregados sempre que possível nas CPU’s dos nós sensores (Tavares, 2002; Wayne e Genn 2001; Dunbar, 1999). Diversos trabalhos apresentam técnicas que permitem a otimização no consumo de energia, não apenas na qualidade da bateria que compõe o sensor, mas também uma forma de capturar energia de alguma maneira para ser reaproveitada no sistema do sensor sem fio. Em se tratando de sensores inteligentes sem fios, uma necessidade a ser atendida é que as funções de sensoriamento, atuação, condicionamento de sinais, amplificação, conversão A/D e D/A, microcontrolador, memória, transmissão RF, energia, gerenciamento de energia e inteligência, estejam embutidas num único encapsulamento para que este dispositivo satisfaça todas as necessidades das mais diversas aplicações, inclusive daquelas que necessitam de portabilidade, decorrentes do pouco espaço disponível ou onde o fenômeno físico ocorre num ponto infinitesimal da área a ser estudada. Até onde foi possível, a microeletrônica possibilitou avanços significativos para atingir a miniaturização de dispositivos ou o encapsulamento parcial destas funções em um único dispositivo de estado sólido em uma escala micrométrica (Patrick, 2000). Ocorre que as necessidades atuais estão exigindo cada vez mais a miniaturização destes dispositivos, porém, para atender esta demanda, mudanças de paradigmas, descobertas de novos materiais revolucionários e concepções simples devem fazer parte do cotidiano, podendo posteriormente, dar soluções plausíveis que foram difíceis de se conseguir em tempos não muito distantes (Patrick, 2000). Com o advento da nanotecnologia, novos conceitos estão surgindo, permitindo que novos dispositivos, materiais e concepções de projetos substituam as tradicionais atividades de atuação e sensoriamento na engenharia. Apesar da miniaturização contribuir significativamente para algumas aplicações, nem sempre é vista de forma positiva por alguns cientistas, visto que a miniaturização pode chegar a um ponto de se trabalhar com divisões subatômicas, causando outros problemas a serem enfrentados. Muitos trabalhos apresentam técnicas, concepções e emprego dos dispositivos MEMS (Micro Electro Mechanical Systems). Atualmente estão surgindo trabalhos sobre os NEMS (Nano Electro Mechanical Systems), tecnologias estas já disponíveis para contribuir com os esforços dos desenvolvedores na miniaturização dos sensores e atuadores. Ressalta-se que quando as dimensões desses dispositivos ficam abaixo de um mícron, eles são designados pelo termo NEMS. O problema é que, abaixo de um certo tamanho, é necessário empregar-se técnicas de produção totalmente diferentes; de um lado, devido aos fortes efeitos superficiais do material, que são difíceis de controlar; por outro, porque a física dos fenômenos se altera no reino quântico. Alguns trabalhos são abordados no sentido de aproximar estas tecnologias emergentes, para contribuir, significativamente, na construção de sensores para tornarem-se cada vez mais inteligentes, cujas funções poderão estar incorporadas e cuja condição de miniaturização seja suficiente para atender a uma grande faixa de aplicações. Por se tratar de redes de sensores, é possível admitir que os custos para sua operação não devem ser elevados. Sabe-se que os custos de investimentos para atingir todas as tecnologias discutidas neste trabalho demandam volumes de recursos da ordem de bilhões de dólares. Mesmo assim, o que se tem acompanhado até o presente momento é um preço ainda elevado por unidade sensora, da ordem de US$ 1000.00 para uma rede robusta (da ordem de 100 sensores). Atualmente tem sido possível ver alguns dispositivos com funções completas atingirem valores da ordem de algumas dezenas de dólares (US$ 19.00). Segundo Tavares (2002), o preço de um transmissor Bluetooth está abaixo dos US$ 10.00. Mas, ele acredita que o custo final de um nó sensor deverá estar abaixo de US$ 1.00 para uma rede de sensores sem fios em pouco tempo. 3. SISTEMA ADOTADO NESTE TRABALHO O sistema empregado consistiu na escolha de dispositivos baseados nos trabalhos pesquisados. Estes dispositivos passaram por diversas evoluções a partir do trabalho dos Maxwell e Williamsom (2000), sendo a última versão denominada de 2.01 (Chipcon, 2004), de fabricação da Chipcon AS, subsidiária da Texas Instruments, na Noruega. O sistema é denominado de SmartRF CC1010DK, que foi adquirido como um kit de desenvolvimento para o início dos trabalhos. O sistema SmartRF CC1010DK é um conjunto de dispositivos denominado de Development Kit, tendo uma placa denominada CC1010EB (Evaluation Board) que é uma placa de avaliação, e duas placas denominadas de CC1010EM (Evaluation Module) que são dois nós (sendo um o nó sensor e outro o nó gateway) contendo um chip único com três funções principais integrados: possui um transceiver UHF com um microcontrolador de alto desempenho compatível com a família 8051, contém 32 kB de memória flash para programação e um conversor analógico/digital de três canais (Chipcon, 2004). O trasceiver RF é programado pelo fabricante para operar na faixa de 300 ~ 1000 MHz. O transceiver do kit adquirido está ajustado pelo fabricante para operar na freqüência de 868 MHz, e foi projetado para operar em baixa energia em aplicações wireless (Chipcon, 2004). A comunicação entre o sistema e o computador se dá pela porta serial e é suportado pelo software Keil µVision3 IDE (ambiente de edição e compilação), e pelo software Flash Programmer (ambiente de transferência do arquivo compilado para os nós sensor e gateway, gravando a informação na memória flash do chip) e pelo software Smart RF Studio (ambiente de ajustes dos registradores do chip, ou seja, configurações gerais do mesmo). 4. METODOLOGIA PARA GARANTIR A INTEGRIDADE DOS DADOS CONTRA FALHA DE COMUNIUCAÇÃO Foram desenvolvidos dois softwares, sendo o primeiro (software embarcado), em linguagem C, para a monitoração de dois canais do A/D do nó sensor e controle pelo nó gateway e o segundo, na plataforma LabVIEW, para gerenciamento dos dados do sistema wireless, sendo os dois softwares complemento do outro para que a metodologia desenvolvida garanta a integridade dos dados contra falhas de comunicação (transmissão e recepção dos sinais de RF). Durante o desenvolvimento dos softwares foram necessários realizar diversos ensaios. Estes ensaios foram conduzidos para verificar o tempo de atraso das medições na transmissão e na exibição dos dados na tela do computador e eventuais perdas de pacotes. O que se verificou foi a ocorrência de uma série de problemas que, associados, geravam atrasos significativos ou até perdas de pacotes inteiros de dados devido às falhas de comunicação. Os problemas mais importantes verificados que resultaram em atrasos e perdas de pacotes foram o tempo de processamento do nó sensor para gerenciar a taxa de aquisição de dados do A/D, escrita dos dados na memória do chip e sua transmissão para o nó gateway, a aceitação do pacote e processamento dos dados no mesmo, transferência dos dados através da porta serial, e o processamento do software no microcomputador e apresentação na sua tela, computando um atraso de até 20ms e com perdas eventuais de pacote de dados. Após a realização destes ensaios, passou-se à etapa da elaboração de um algoritmo mais eficiente para implementar a metodologia e obter todos os dados mesmo da ocorrência de falhas de comunicação ou atrasos. A idéia de se proteger os dados contra falhas de comunicação e atrasos decorrentes dos problemas já expostos baseou-se na tecnologia de comunicação via Internet, onde as atualizações das telas do computador são feitas mediante o envio de pacotes inteiros das informações contidas numa página de website durante vários ciclos de transmissão. Na ocorrência de falha de comunicação num determinado ciclo, o pacote inteiro é reenviado num outro ciclo de comunicação e assim sucessivamente até que se tenha recebido a página inteira junto com as suas funções específicas (links, endereços de e-mails, etc). A diferença do método desenvolvido neste trabalho para esta tecnologia, consiste no envio do pacote de dados sempre atualizado ou modificado por novos valores monitorados dos sensores acoplados nos canais do A/D a cada ciclo de comunicação, chamada de tabela dinâmica de dados. Este método é baseado na construção de uma tabela de dados dentro do nó sensor a ser enviada ao nó gateway em ciclos de transmissão. Esta tabela é modificada ou atualizada de acordo com a taxa de amostragem do A/D e do processamento do programa na fase de transmissão da tabela anterior. O algoritmo implementado no nó sensor consiste em aguardar uma liberação do RF para o pacote ser enviado. Os valores do conversor A/D são lidos e armazenados na memória RAM do CC1010. No momento em que esse pacote de valores do conversor A/D é liberado, e em processo de envio, é montada uma tabela com esses valores, além dos últimos dois valores da iteração anterior (dos canais do conversor e do tempo). Estes dois últimos valores são uma forma de checagem de que não houve perdas durante as transmissões, mesmo que tenham ocorrido falhas de comunicação, esta checagem é feita pelo software de gerenciamento desenvolvido no LabVIEW. Com a tabela pronta, à medida que não ocorre a sua liberação para o envio, acontecem novas aquisições que serão montadas em uma nova tabela e enviadas na próxima iteração. Assim, os dois últimos valores dessa última iteração são incorporados nesta nova tabela. Após esta implementação, outros ensaios foram realizados para verificar se houve aumento do tempo de atraso e conseqüentemente perdas de pacotes de dados. Foi constatado que, de todos os problemas que contribuem para o tempo de atraso, o processamento com a implementação do método contribuiu muito pouco ou em nada para o aumento do mesmo, permanecendo um atraso na ordem de 20ms. 4.1. Testes de Funcionamento da Metodologia Desenvolvida Diversos testes foram realizados para diferentes versões, para verificar as falhas de comunicação durante o seu funcionamento, resultando na melhora do atraso na transmissão do pacote de dados nas últimas versões. O atraso de transmissão observado durante a realização dos ensaios de monitoramento de dois canais, com a última versão, nas condições da centrífuga em vôo atingiram valores próximos a 5 ms, combinando com o intervalo de tempo de aquisição dos canais do A/D. Os primeiros resultados, das primeiras versões, apresentaram perdas significativas de pacotes com cerca de 37% (apenas para comparação). Com a última versão, foram realizados de três (3) a cinco (5) ensaios para cada parâmetro de tempo entre aquisições dos canais do A/D. Na Tabela 1 são apresentados os valores de ajustes de velocidade do A/D, os respectivos atrasos, bem como perdas de pacotes. Tabela 1. – Testes Comparativos entre os Parâmetros de Tempo de Aquisição x Tempo de Atraso Tempo de aquisição (ms) 0.001 2 3 4 5 7 9 11 13 16 17 19 Tempo de atraso (ms) 5 10 13 15 18 23 27 30 35 43 45 48 Total de pacotes Pacotes perdidos % 12455 17227 13969 9225 9172 9882 13929 13631 12687 10517 11520 9490 250 0 0 192 55 36 131 223 521 67 0 0 2,01 0,00 0,00 2,08 0,60 0,36 0,94 1,64 4,11 0,64 0,00 0,00 Repetições de ensaios 4 5 4 3 3 3 4 4 4 3 3 3 5. ENSAIOS COMPARATIVOS NA CENTRÍFUGA A realização de ensaios comparativos entre o sistema wireless e o sistema de aquisição de dados convencional da centrífuga permitiu avaliar o comportamento e a confiabilidade do novo sistema wireless em relação ao sistema convencional já incorporado na centrífuga do IPT. Os ensaios comparativos dos sistemas se basearam na re-calibração da centrífuga. Visto que a mesma já havia sido calibrada em meados de 2001, com o sistema convencional. Para a realização da calibração da centrífuga foi necessário confeccionar um cantilever com as dimensões e geometrias adequadas, para a devida disposição no cesto da centrífuga (metade da altura do cesto). O cantilever foi instrumentado com strain gage próximo da extremidade engastada em ponte de Wheatstone completa, resistência nominal dos gages de 350 Ω, sendo seus fios conectados ao sistema wireless ou ao sistema convencional, em tempos de calibração distintos. No sistema wireless foi acoplado um amplificador de sinais para amplificar o sinal do cantilever e a saída do sinal foi conectada ao canal ADC0 do nó sensor. Os sinais aquisitados do cantilever foram controlados pelos dois programas (embarcado e o de gerenciamento). Tabela 2 – Comparação das Medidas Realizadas com os Sistemas Wireless e o Convencional Tipo de Aceleração Sistema Referência (SAD) (g) Wireless 50 Convencional Wireless 75 Convencional Wireless 100 Convencional Aceleração Média (g) 48,40 50,17 75,10 75,14 100,25 100,65 Aceleração Máxima (g) 50,2584 51,9693 76,3782 77,6225 101,0796 103,3037 Aceleração Mínima (g) 46,7520 48,8133 71,7525 72,7802 98,9152 98,6697 Desvio Padrão 0,5629 0,5208 0,4670 1,2313 0,2262 1,2431 O sistema de aquisição de dados convencional consiste de uma rede de condicionadores de sinais no interior da centrífuga, alimentados por fontes DC que são alimentados por um slip ring elétrico. Os sinais tratados pelos condicionadores são enviados através de um slip ring eletrônico, a um bastidor analógico externo à centrífuga e depois para a placa conversora A/D instalada no microcomputador. Um software foi desenvolvido na plataforma LabVIEW para realizar o gerenciamento dos dados até a gravação dos mesmos no disco rígido. A calibração do cantilever consistiu em adicionar massas conhecidas na sua extremidade livre, os valores de voltagem e da massa foram registrados pelos respectivos sistemas para a geração da curva de calibração de cada à gravidade terrestre. Com a geração das respectivas curvas de calibração, foi possível determinar a massa da viga em balanço do cantilever sem nenhuma massa adicional. Isto se deu aplicando a centrifugação em diversas acelerações artificiais. Após isto, foi possível encontrar a massa da própria viga do cantilever que foi de 1,2 gramas para a aceleração gravitacional terrestre. Foi fixada uma massa adicional na extremidade livre do cantilever de 3,8 gramas, totalizando 5 gramas para facilitar a interpretação dos valores da calibração da centrífuga pelos dois sistemas. A partir daí passou-se à realização da centrifugação em três patamares de aceleração artificial a saber: 50g’s, 75g’s e 100g’s. Os resultados dos ensaios estão apresentados na Tabela 2 e nas Figuras 1 ao 8. Calibração da centrífuga 75g (instrumentação convencional) Histograma (75g Convencional) 90 80 80 70 70 60 60 Freqüência Cantilever (g) 50 40 30 50 40 20 30 10 20 0 10 -10 0 50 100 150 200 250 300 Tempo (s) 0 72,8 73,3 73,7 74,2 74,7 75,2 75,7 76,2 76,7 77,1 Mais Bloco Figura 1 - Ensaio com a instrumentação convencional em 75g Figura 2 – Distribuição normal dos dados do sistema convencional em 75 g Calibração da centrífuga 75g (instrumentação wireless) Histograma (75g Wireless) 80 700 70 600 60 500 Freqüência Cantilever (g) 50 40 30 400 300 20 200 10 100 0 0 -10 0 50 100 150 200 250 71,8 300 72,1 72,5 72,8 73,2 73,6 Tempo (s) 74,3 74,6 75,0 75,4 75,7 76,1 Bloco Figura 3 - Ensaio com a instrumentação wireless em 75g Figura 4 - Distribuição normal dos dados do sistema wireless em 75 g Calibração da centrífuga 100g (instrumentação convencional) Histograma (100g Convencional) 120 60 100 50 80 40 Freqüência Cantilever (g) 73,9 60 40 30 20 20 10 0 0 -20 98,7 0 50 100 150 200 250 300 350 99,1 99,6 100,0 100,4 100,9 101,3 101,8 102,2 102,6 103,1 400 Bloco Tempo (s) Figura 5 - Ensaio com a instrumentação convencional em 100g Figura 6 – Distribuição normal dos dados do sistema convencional em 100 g Calibração da Centrífuga 100g (instrumentação wireless) Histograma (100g Wireless) 1400 120 1200 100 Freqüência Sensor Wireless (g) 1000 80 60 40 800 600 400 20 200 0 0 -20 98,9 99,0 99,2 99,3 99,4 99,6 99,7 99,9 100,0 100,1 100,3 100,4 100,5 100,7 100,8 100,9 101,1 0 50 100 150 200 250 300 350 400 Bloco Tempo (s) Figura 7 - Ensaio com a instrumentação wireless em 100g Figura 8 - Distribuição normal dos dados do sistema wireless em 100 g 6. ANÁLISE DOS RESULTADOS E CONCLUSÕES Os dados apresentados na Tabela 1 indicam que para alguns ajustes de tempo de aquisição a metodologia desenvolvida apresentou eficiências próximas e até melhores do que a dos algoritmos desenvolvidos por outros autores. Ressalta-se que para os eventos que serão monitorados nos ensaios em centrífuga serão utilizados tempos de aquisição superiores aos apresentados nesta tabela, sendo que para estes ajustes a eficiência é de 100%. Estudos estão sendo realizados para alterar e melhorar o hardware para atender todo o espectro de ajustes de tempo de aquisição, que será alvo de discussões num futuro breve. Observandose os dados dos ensaios comparativos que estão apresentados na Tabela 2 e nas Figuras 1 ao 8 é possível verificar que os dois sistemas apresentaram valores semelhantes dos valores estabelecidos pela calibração realizada em 2001 nos pontos estabelecidos como referência, apresentando boa exatidão. Destaque deve ser dado no tempo de resposta do sistema convencional que apresenta uma perturbação durante o processo de subida da rampa de aceleração da centrífuga. Na rampa de descida o comportamento apresenta menor interferência, porém ao término do movimento do braço da centrífuga ocorre um efeito de acomodação dos componentes mecânicos e elétricos nos slip rings e o sinal retorna à origem. Esta firmação é comprovada pela repetição de várias calibrações realizadas. Foram feitos novos ensaios alterando os parâmetros dos filtros digitais. Observou-se que não houve mudanças significativas no tempo de resposta do sistema quando da mudança dos parâmetros do filtro, principalmente na rampa de descida (de menor interferência). Inicialmente, desconfiava-se do tempo de atraso devido ao filtro digital em relação aos que ocorrem com os valores observados nos gráficos de calibração da centrífuga com o sistema wireless, porém, os resultados denunciaram que não houve interferência devido à filtragem. É possível ver que os efeitos de acomodação mecânica e ruídos elétricos não ocorrem com o sistema wireless, percebese que as duas rampas (subida e descida) não ocorrem tais distorções, mantendo boa simetria, destacando-se que o nó sensor utilizou a mesma fonte de alimentação do sistema convencional. Contudo, no ensaio com patamar de 75g a rampa de descida ultrapassou o valor de zero (0) na parada do movimento do braço da centrífuga, sugerindo que pode ter ocorrido alguma alteração num dos componentes do amplificador de instrumentação (trimpot de ajuste de offset de entrada submetido à alta aceleração que pode ter sofrido algum movimento de suas peças internas). Ressalta-se que as ocorrências observadas na calibração atual com o sistema convencional não foram tão evidentes nas calibrações passadas, acredita-se que os componentes estejam sofrendo degradação com o tempo, ou o desgaste do slip ring eletrônico esteja contribuindo significativamente para esta perturbação, necessitando ser feita sua substituição. Apesar das ocorrências terem seu ponto negativo no que tange a confiabilidade do sistema convencional, é de se notar que em regime de operação nas acelerações escolhidas, o sistema se comportou satisfatoriamente em comparação com o sistema wireless, apesar de o desvio padrão ter sido superior do que com o novo sistema. Mediante estas observações, comprova-se que a decisão da utilização de novos sistemas tecnologicamente mais avançados como os sistemas sem fios (wireless), parecem ser uma alternativa viável para a solução dos problemas enfrentados, mesmo porque os resultados até o presente momento estão se mostrando muito melhores do que o sistema convencional, sem falar na possibilidade de existir uma gama mais ampla para explorar a melhoria do sistema wireless. 7. AGRADECIMENTOS Os autores desejam agradecer as instituições como o IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas, a EPUSP - Escola Politécnica da USP – Departamento de Engenharia Naval e Oceânica, a FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo e a Petrobrás que contribuíram significativamente para a realização destes trabalhos, reconhecendo os esforços de suas equipes, o apoio financeiro, as oportunidades ofertadas e infra-estrutura disponível. 8. REFERÊNCIAS Akyildiz, I. 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