Pedalada Sustentável da CIP - Congregação Israelita Paulista

Transcrição

Pedalada Sustentável da CIP - Congregação Israelita Paulista
Guia da
PANTONE 262-6 C
PANTONE DS 208-2 C
Realização
Patrocínio
Apoio
Um nova percepção
de São Paulo
PANTONE 262-6 C
PANTONE DS 208-2 C
26 de maio de 2012
23h45
A primeira Pedalada Sustentável da CIP promoveu uma nova experiência de interação com a cidade. Circular pelos arredores da Avenida Paulista
de madrugada, de bicicleta, com um grupo de 50
pessoas, foi como ver as ruas, fachadas e praças
de sempre com um novo olhar.
A pedalada foi também uma oficina de turismo
sustentável, parte do painel “Uvacharta baChaim”
do V Ticun da Virada de Shavuot. A cada parada, ia
ficando mais claro que, quando vivenciamos nossa
cidade, ou qualquer outra, com mais informação –
de sua história, cultura ou natureza –, topamos com
experiências mais marcantes. E conseguimos impactar os lugares de modo mais consciente.
A oficina não foi um city tour, e sim um passeio
curto para explorar uma pequena amostra de
atrações que são típicas de São Paulo, mas que a
gente não se dá conta – ou não presta muita atenção. Este guia reúne o conteúdo de cada parada,
com alguns links para mapas e mais informações
sobre os rios, as frutas e a arte de rua da cidade.
Um bom passeio e até a próxima.
Foto: Demian Takahashi
Congregação Israelita Paulista e PiU Conteúdo
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Viajar na baixa temporada é uma atitude
sustentável. E, em uma metrópole non-stop como São Paulo, a baixa é a madrugada. Sobre duas rodas, sem a barreira da
lataria de carros ou ônibus, fica também
mais fácil ver aquilo que nunca notamos
nas ruas, interagir com o verde, o concreto, as pessoas – ou seja, viajar com mais
conexão e significado. De quebra, nos
8,1 km da pedalada perdemos em média
300 calorias cada um – e deixamos de emitir, juntos, pelo menos 50 Kg de CO2 (o que
ocorreria se tivéssemos percorrido o trajeto
cada um em um carro popular).
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Arte de rua
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Rios sob nossos pés
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PARADA 1
Frutas urbanas
LOCAL
Praça Marechal
Cordeiro de Farias
– no encontro entre
as avenidas Paulista e Angélica.
Amoreira e Castanheira
Um pé de amora e um de castanha portuguesa (na foto), em plena
Paulista? Basta andar de olhos abertos para ver que isso não é raridade em São Paulo. Amoreiras são supercomuns na região da Paulista,
Sumaré e Higienópolis, graças às sementes dispersas por pássaros. Na
Rebouças, em frente ao HC, há um pé de jamelão. Tem uma nespereira
na Bela Cintra, uma mangueira na esquina da Artur de Azevedo com a
Henrique Schaumann, um abacateiro entre o Centro Cultural São Paulo e o metrô Vergueiro. E até um abacaxizeiro no canteiro externo do
Centro da Cultura Judaica, ali na Oscar Freire. Só no mapa organizado
por Isaac Kojima, do blog O Onívoro, e alimentado colaborativamente
no Google Maps há dois anos, há 110 pontos, quase todos no centro
expandido de São Paulo, alguns com dois ou três pés de fruta vizinhos.
Conhecer peculiaridades do meio ambiente de uma cidade não é só assunto para biólogo, ecoturista ou ativista. É para foodies também. Está
em alta hoje o movimento foraging, a prática de catar a comida das
árvores ou do chão. Um de seus maiores propagadores é o chef dinamarquês-albanês René Redzepi – listado pela revista TIME entre as 100
pessoas mais influentes do planeta. Seu restaurante, nos arredores de
Copenhague, o Noma, é o melhor do mundo segundo a revista Restaurant há três anos. Em sua cozinha, e especialmente fora dela, colhendo
iguarias em bosques, tundras, rios e no litoral dinamarquês, Redzepi pratica gastronomia sustentável. O chef só serve pratos da tradição nórdica (ainda que inventivos) e não usa nada que não seja escandinavo –
com a exceção de café, chocolate e vinho. O que se come lá não rodou o
mundo às custas de toneladas de emissões de carbono para transporte
e congelamento. É um restaurante gourmet sem foie gras – mas com
fígado de tamboril, um peixe local. Ali se saboreiam coalhada islandesa, carne de boi-almiscarado da Groenlândia, legumes, ervas, cogumelos e rosas catados pela equipe da cozinha na região... O Noma é a alta
gastronomia provando que ser sustentável não é cumprir uma lista de
proibições, mas proporcionar um rol de surpresas.
clique
para saber
mais
Mapa colaborativo das árvores
frutíferas de São Paulo, organizado
por Isaac Kojima
Projeto Árvores Vivas
Mapa ilustrado das árvores
do Parque da Luz
Restaurante Noma
PARADA 2
Arte de rua
local
Túnel de ligação
entre a Avenida
Paulista e as
avenidas Dr. Arnaldo
e Rebouças.
“Buraco da Paulista”
Este é o mural de grafite mais famoso da cidade. O trecho com ETs, robôs e super-heróis (na foto) é um dos mais antigos também. É do artista Rui Amaral, que começou a grafitar na ditadura militar e iniciou a
ocupação do “Buraco da Paulista” em 1987, depois de expor na Bienal.
Seus traços lembram o do americano Keith Haring. Em 1989, o mural
já estava aqui, só com os contornos pretos. Foi colorido em 1991, para o
centenário da avenida Paulista, apagado em 1995 pela prefeitura, restaurado pouco depois e ainda retocado em 2004 e 2009.
A continuação do túnel é palco de disputa entre grafiteiros e pichadores desde os anos 70 – dá pra ver pelos atropelos, que é como se
chamam as invasões do trabalho de um pelo outro. O painel-base é
de 2007: são grafites de 160 artistas em homenagem aos 100 anos da
imigração japonesa no Brasil. A curadoria foi de Binho Ribeiro, um dos
principais interlocutores entre grafiteiros e órgãos públicos. Os atropelos de pichação e a danificação de alguns trabalhos começaram logo
que a obra ficou pronta: um protesto dos pichadores contra o que chamaram de “grafite institucionalizado”. Nas palavras de um deles, que
pinta referências ao filósofo alemão Nietzsche, ao jornal O Estado de
S. Paulo: “a rua é pública, não tem essa de trampo domesticado; o que
tiver por aí [de grafite] autorizado é decoração”. A birra entre os dois
grupos tem sido acirrada pela entrada do grafite nos canais tradicionais do mercado de arte: galerias, feiras internacionais, leilões. A valorização de trabalhos como os d’osgemeos, os dois irmãos do Cambuci
que já criaram estampas para tênis da Nike e tiveram obras leiloadas
a US$ 122 mil (em 2012, em Londres), motiva acusações de que o grafite
brasileiro ganhou caráter meramente comercial.
O fato é que mesmo osgemeos ainda fazem bombs (grafites ilegais)
em São Paulo, o que pra muita gente é o único grafite genuíno. E a arte
de rua hoje já é tida pela mídia internacional como uma das atrações
turísticas mais autênticas da capital paulista.
clique
para saber
mais
Mapa do Arte Fora do Museu
(prédios, esculturas, murais, também
em app para iPhone)
Tour virtual pelo buraco da
paulista, do Estadao.com.br
Mapa com 17 “naves espaciais” do
do francês Invader pelas ruas de SP
PARADA 3
local
Beco da Rua Garcia
Fernandes com
a Rua Dr. Seng,
na Bela Vista.
Ribeirão Saracura
Neste beco dá pra ouvir um som forte de água correndo: trata-se de uma das nascentes do Rio Anhangabaú. O curso
d’água, chamado Ribeirão Saracura, flui sob o asfalto da avenida 9 de
julho até se juntar ao Riacho do Bexiga e ao Ribeirão Itororó – a avenida
23 de Maio – e desaguar lá no Centro, formando o Rio Anhangabaú.
Todo dia dirigimos e caminhamos sobre rios sem nos dar conta. Para pesquisadores do mapa fluvial de São Paulo, como Luiz de
Campos Jr., do projeto Rios e Ruas, virtualmente ninguém na cidade
mora a mais de 200 metros de um rio ou córrego. Estimativas apontam que, há menos de 100 anos, São Paulo tinha entre 3.500 e 4.000
km de rios a céu aberto. Eles estão todos aqui ainda, mas foram aos
poucos sendo canalizados. Sobrou pouco ao ar livre – algumas contas
apontam para 400 km, ou 10% do total.
Neste beco, a descoberta do Ribeirão Saracura nos leva a outras curiosidades. O terreno baldio ao lado dos prédios está cheio de taiobas,
plantas típicas de áreas de nascente. E o nome do córrego é bem representativo na história do bairro: se deve à saracura, uma ave tão abundante naquela região de brejo, nos anos 1920, que chegou a apelidar a
população de negros que viviam na Rua São Vicente – além de ser até
hoje símbolo da Vai-Vai, a escola de samba do bairro .
Ver São Paulo sem ignorar suas bacias hidrográficas também ajuda a
pensar soluções de mobilidade urbana. Como no projeto coordenado por
Alexandre Delijaicov, da FAU-USP, de criação de um hidroanel. Em 1a fase,
os 170 km de hidrovia conectariam os rios Tietê, Pinheiros e Tamanduateí, além das represas Billings e Taiaçupeba (entre elas, seria construído
um canal de 17 km). Seu uso principal, o transporte de lixo entre ecoportos com usinas de reciclagem, já tiraria centenas de caminhões por dia
das ruas – cada balsa é capaz de carregar o mesmo que 10 caminhões,
a um custo 80% menor. Seriam 30 anos de obras (até 2042), a cerca de
R$ 3 bilhões. Nos links ao lado há reportagens recentes sobre o projeto.
clique
para saber
mais
Projeto Rios e Ruas
Mapas dos rios no !sso não é normal
Matéria sobre hidroanel na globo
Matéria sobre hidroanel na Exame
Matéria sobre hidroanel na Trip
Foto: Claudia Carmello
Rio sob os pés
PEDALADA SUSTENTÁVEL DA CIP
Concepção e roteiro
Coordenação geral
Logística
Congregação Israelita Paulista
PiU Conteúdo
Go! Biking Expeditions
Agradecimentos
Demian Takahashi, Denis Russo
Burgierman, Isaac Kojima, José Bueno,
Luiz de Campos Jr. e Natália Garcia.
GUIA DA PEDALADA SUSTENTÁVEL DA CIP
conteúdo e design
PiU Conteúdo: Ana Paula Severiano e Claudia
Carmello (textos), Larissa Ribeiro (arte).