negócios e produtos verdes: solução ou agravante para o

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negócios e produtos verdes: solução ou agravante para o
FFLG 0114 – Mudanças Climáticas
Globais e Implicações Atuais
Disciplina Ministrada pelo Prof. Dr. Ricardo
Aula de Daniela Miranda de Souza
NEGÓCIOS E PRODUTOS VERDES: SOLUÇÃO OU AGRAVANTE
PARA O MEIO AMBIENTE E O HOMEM?
INTRODUÇÃO
A partir da década de 70 ocorreram diversos encontros, eventos, convenções
para discutir o quanto de impacto a industrialização causava no meio ambiente,
chegaram a conclusão de que era um impacto muito grande e que algo deveria ser
feito, era necessário uma mudança de mentalidade, um pensamento mais verde,
mais ético, tanto socialmente, quanto ambientalmente.
As empresas viram nisso uma oportunidade de novos negócios. Os negócios
se tornaram verdes, e seus produtos também, seu consumo é amplamente
incentivado, porque desse modo a população estaria ajudando a preservar o meio
ambiente. Sendo que o mais novo desses produtos é o crédito carbono, para
proteger o mundo do aquecimento global.
O problema é que há a tentativa de corrigir os erros do ser humano perante a
natureza, através do ato que sempre a prejudicou, o consumismo. A solução é muito
mais simples do que instalar MDLs, fabricar produtos verdes, tem-se que rever os
padrões de consumo instaurados hoje, não se deixar influenciar pela mídia, enfim,
medidas simples, mas que não são interessantes às empresas.
PRIMEIRA PARTE:
SEPARAÇÃO HOMEM E MEIO E O CAPITALISMO
Pode-se dizer que uma das primeiras formas de organização social foi a
constituição de clãs e tribos, no qual as pessoas eram unidas pela existência de um
ancestral comum, baseados em grau de parentesco ou meramente simbólico.
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Essa reunião dos homens em torno de clãs e tribos aconteceu devido a
questões de sobrevivência, isto é, notou-se que as chances de sobreviver em um
ambiente hostil eram maiores para aqueles que conviviam em um grupo, do que
para aqueles que atuavam sozinhos. Assim, todos trabalhavam de acordo com as
suas capacidades, voltados para o bem comum, a sobrevivência do clã.
Sabe-se que um dos primeiros modos de subsistência desses grupos ocorria
por meio da caça e da coleta, no qual eram aproveitados os materiais que estavam
disponíveis na natureza. Devido ao uso intenso dos mesmos, fazia-se necessário a
mudança constante desse grupo para novas áreas, tem-se, então, o nomadismo,
neste caso, um deslocamento em busca de alimentos.
Tudo mudou quando um grupo de pessoas notou que as sementes extraídas
da natureza, se plantadas, geravam novas plantas, iguais a anterior, deu-se início à
agricultura e ao processo de sedentarização dos grupos humanos. Isto porque o
cultivo de diversas plantas aumentava a oferta de alimentos disponíveis para o
grupo, e este não precisava mais se deslocar, passou-se a produzir mais do que era
preciso para o consumo imediato, passou-se a realizar a troca entre os grupos.
Isso fez com que a divisão de trabalho que já existia, trabalho de homens e
trabalho de mulheres, se aprofundasse, pois algumas pessoas eram responsáveis
pela plantação, outros pela fabricação de instrumentos, ou pela proteção do grupo
contra invasões, etc.
O advento da agricultura fez com que emergissem duas coisas que mudariam
o curso da história, isto é, surge o excedente de produção e o protótipo das classes
sociais, culminando na possibilidade de se apropriar do trabalho do outro, e
posteriormente na apropriação dos modos de produção, restando ao trabalhador a
venda de sua força de trabalho.
A partir desse momento se sucederam outros modos de produção como o
escravista, o feudal, culminando no capitalista. Com a “evolução” desses modos de
produção, houve o aprofundamento das diferenças entre as classes sociais
(distanciamento), aumento do excedente de produção, com uma maior apropriação
do trabalho de outro, cujo objetivo único era ter lucros, acumular mais dinheiro.
(NOVAES, RODRIGUES, 1996).
Nota-se que a relação entre a sociedade e a natureza sempre foi pautada no
trabalho, o que mudou durante o desenvolvimento da humanidade foi a qualidade
dessa relação, isto é, o motivo pelo qual a sociedade se relacionava com a natureza
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(MARTINS, 2007). Em um primeiro momento era uma relação pautada, objetivada
na sobrevivência do grupo, como acontecia com os coletores e caçadores. A
pessoa, ou o grupo, ia até a natureza buscar alimentos para ele e sua tribo.
Em um segundo momento, quando surge a produção de excedentes e as
classes sociais, a sociedade passa a interagir com a natureza por meio do trabalho,
não mais para garantir a sua sobrevivência (diretamente), mas sim para a obtenção
de lucro e de renda. “À diferença entre o preço de custo da força de trabalho
(salário) e o valor da mercadoria produzida, dá-se o nome de mais-valia. Quanto
mais baixo o salário e mais alto o valor da mercadoria, maior a mais-valia, maior o
lucro” (NOVAES, RODRIGUES, 1996:51).
Agora o trabalhador se direcionava ao empregador, e não mais à natureza,
para sobreviver. Pois o segundo detinha os meios de produção, comprava a força de
trabalho de outrem, pagava a este uma renda, sendo que esta não é proporcional ao
trabalho despendido. Observa-se que no sistema capitalista faz-se necessário a
geração de uma renda, para que o ser humano possa comprar itens para a sua
sobrevivência.
A relação com a natureza ocorre de forma indireta, e mesmo aqueles que se
relacionam com esta, enxergam-na somente como fonte de matéria-prima, um
recurso natural a ser utilizada para a confecção de produtos, a sua venda, gerando
lucros e acumulando capital. Isso gerou um consumo desordenado e acelerado da
natureza.
O consumo é o momento final, mas também inicial, do processo produtivo
capitalista, isto porque ao se consumir um produto, paga-se um preço, nele está
incluso a mais-valia, o lucro do empregador, este por sua vez utiliza esse dinheiro
“extra” para reinvestir no processo produtivo que tem por fim o consumo, portanto, a
produção depende do consumo e vice-versa. “O elemento fundamental do modo de
produção capitalista é a mercadoria O Capitalismo só se realiza na produção e
venda de mercadorias. O Capitalismo transforma tudo em mercadoria. Conseguiu
transformar até o trabalhador.” (NOVAES, RODRIGUES, 1996:172).
Em uma definição do dicionário “Consumir – fazer o uso de alguma coisa para
a subsistência própria” (LAROUSSE, 1995:1588). Essa situação se agrava, a
sociedade torna-se uma sociedade de consumo
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nome
dado
desenvolvidos,
algumas
nos
vezes
quais,
às
sociedades
estando
as
de
países
necessidades
industriais
elementares
asseguradas à maioria da população, os meios de produção e de
comercialização são orientados a responder às necessidades multiformes,
freqüentemente superficiais e supérfluas (op. cit., 1995:1588).
As necessidades passaram a ser produzidas pela sociedade, ou mais
especificamente, por um grupo seleto de pessoas que visam aumentar os seus
lucros. “Vista por outro ângulo, a sociedade de consumo pode ser chamada de
sociedade de venda. Para alguém consumir alguém tem que vender. Tudo vira um
pretexto para vendas” (NOVAES, RODRIGUES, 1996:173). Como exemplo disso
podemos observar as datas comemorativas, Natal, Dia das Crianças, Páscoa, etc,
nas quais o consumo se intensifica, o que não quer dizer que ele não exista nos
outros 360 dias do ano.
A sociedade de consumo chegou a ponto de chegar na seguinte premissa: ter
é mais importante do que ser. Isto marca uma mudança de valores no qual o homem
não estava mais preocupado com questões existenciais, mas sim em ter/possuir
adquirindo, assim, um status social diferenciado daquele que não possui.
Assim, possuir qualidades como ser honesto, incorruptível, educado, etc,
perdeu importância, valor diante do possuir coisas, quantidade, ter um carro
importado, um TV de LCD de 50”, um Iphone, a geladeira que acessa a internet, etc.
E estes que têm são mais respeitados do que aqueles que são.
Sem a preocupação do Ser, o Homem torna-se oco por dentro. Perde sua
consciência crítica, sua capacidade de reflexão, e torna-se uma presa fácil
da tríplice aliança formada pelo consumo, a publicidade e a televisão. O
Homem deixa de ser sujeito e passa a ser objeto. Tem suas decisões e sua
própria vida comandada pelas necessidades e pelo interesses de mercado.
(NOVAES, RODRIGUES, 1996:175).
Com o advento da televisão acontece(u) uma difusão em larga escala de
produtos, estilos de vidas, lugares, a serem consumidos. Ao construírem
propagandas sobre um determinado produto, não se vende somente ele, o produto
físico, mas também uma fantasia, um simbolismo (fetiche da mercadoria) que se cria
entorno desse produto, facilitando/incentivando/obrigando o seu consumo. Essa
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fantasia é anexada à utilidade real do produto, uma relação social que existe entre
os homens, mais exatamente uma relação que existe entre os homens que têm, que
consomem aquele produto e aqueles que não o possuem, dando aos primeiros uma
honra ou prestígio perante o resto da sociedade, ou seja, um status social maior que
os outros que não possuem.
O problema é que isto incentiva mais ainda o consumo, pois ter mais, significa
maior status social, e logo, também, outras pessoas terão aquilo que antes somente
uma pessoa tinha. Essa ânsia por status, que consome tudo que vê gera um uso
demasiado da natureza, esta vista como matéria-prima, recurso natural, tendo em
vista que ela é a base do processo produtivo.
Esse processo de separação entre indivíduo e natureza, não a
reconhecendo como legítima, mas como recurso, juntamente com as
possibilidades acumuladas pela técnica e pela ciência, conduziu a um
processo
de
crescimento
industrial
desordenado,
intensificando
os
problemas ambientais, que atingem hoje um largo espectro, desde a
dilapidação dos ecossistemas até o aumento da criminalidade (MELO,
2006:41).
O Homem passa a ser alheio a si mesmo, ou utilizando um termo mais
conhecido, o Homem passa a ser alienado, se submetendo aos valores de outros, é
a alienação do trabalhador frente ao trabalho e frente ao produto de seu trabalho,
perdendo a sua consciência. O Homem deixa de Ser, como já fora comentado
anteriormente, permitindo que se torne um títere, um boneco manipulável pelas
mãos de terceiros.
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SEGUNDA PARTE:
A INSUSTENTABILIDADE DO SISTEMA CAPITALISTA
A preocupação do mundo com os limites do desenvolvimento iniciaram-se na
década de 60, quando o planeta já sofria com o uso indiscriminado dos recursos
naturais, bem como dos dejetos industriais.
De forma sintética, podemos dizer que isso começou com um estudo
encomendado pelo Clube de Roma ao pesquisador Dennis Meadows entitulado de
Limites do Crescimento, no qual concluí-se que se fossem mantidos os níveis de
industrialização, poluição, produção de alimentos e exploração dos recursos
naturais, o limite do desenvolvimento do planeta seria atingido em até 100 anos.
Com a intenção de discutir tais fatos a ONU (Organização das Nações
Unidas) promoveu a Conferência de Estocolmo (1972), introduzindo na agenda
política internacional a temática ambiental, como resultado houve a criação do
PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) que coordena ações
internacionais de proteção ao meio ambiente, bem como de desenvolvimento
sustentável. (ONU – BRASIL, 2008).
Em 1983/1987 a CCMAD (Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento) adotou em seu relatório “Nosso Futuro Comum”, também
conhecido como Relatório Brundtland, o conceito de desenvolvimento sustentável,
postulando que “o desenvolvimento sustentável é aquele que atende às
necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras
atenderem a suas próprias necessidades” (MELO, 2006:24). Tal conceito foi
incorporado como um princípio durante a ECO-92.
Publicado com o título “Nosso Futuro Comum”, o documento propôs integrar
o desenvolvimento econômico à questão ambiental, surgindo não apenas
um novo termo, mas uma nova forma de progredir. Para isso, o governo
deve adotar as seguintes medidas:
* Limitar do crescimento populacional;
* Garantir de alimentação em longo prazo;
* Preservar da biodiversidade e dos ecossistemas;
* Diminuir o consumo de energia e desenvolvimento de tecnologias que
admitem o uso de fontes energéticas renováveis;
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* Aumentar a produção industrial nos países não-industrializados à base de
tecnologias ecologicamente adaptadas;
* Controlar a urbanização selvagem e integração entre campo e cidades
menores.
No nível internacional, as metas propostas pelo Relatório sugerem que as
organizações
do
desenvolvimento
devem
adotar
a
estratégia
de
desenvolvimento sustentável; a comunidade internacional deve proteger os
ecossistemas supranacionais como a Antártica, os oceanos, o espaço; as
guerras devem ser banidas e que a ONU deve implantar um programa de
desenvolvimento sustentável (PORTAL UNB, 2008).
O desenvolvimento sustentável deve estar comprometido com uma nova
visão de mundo que contemple o sentido do que seja o bem-estar do ser humano,
este não pode ser reduzido à racionalidade econômica em busca de satisfação
material. Para que o desenvolvimento sustentável seja alcançado faz-se necessário
que a natureza seja entendida como parte integrante do processo de produção, e
que ele é finita.
Este conceito deverá ser absorvido pelas empresas como um meio de
produzir sem destruir o meio ambiente, essa nova consciência deve se estender a
todos os níveis organizacionais da empresa, culminando na criação de um projeto
que alie a produção e a preservação ambiental, com a adaptação tecnológica à esse
preceito (AMBIENTEBRASIL, 2008). Muitos empresários perceberam aí um novo
nicho econômico, isto é, um novo espaço para expandir o mercado e gerar lucro.
É a partir desse momento, com as idéias de desenvolvimento sustentável que
emergem os primeiros produtos verdes, conseqüentemente, empresas verdes,
visando a sustentabilidade do sistema, entretanto sem revisar o foco do negócio: o
consumo. Os produtos verdes se tornaram a solução para a insustentabilidade do
sistema capitalista.
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TERCEIRA PARTE:
A SOLUÇÃO DISFARÇADA
3.1. – MOTIVOS PARA INGRESSAR/INVESTIR EM UM NEGÓCIO VERDE
Durante muito tempo os investimentos ambientais nunca foram vistos como
algo que pudesse dar lucros para as empresas, ou ainda, como a alma do negócio,
e por isso fora negligenciado. Os escassos investimentos que existiam eram devido
a obrigações legais, marketing ou filantropia (SCHARF, 2004).
Entretanto, a ocorrência de diversos eventos mundiais ambientais, como fora
citado anteriormente, mudou o comportamento de algumas instâncias, isto é, no
âmbito legal surgiram leis mais rígidas, no ambiental e social, maior pressão dos
ambientalistas, além de um interesse crescente da mídia sobre o assunto, atraindo
as atenções da população no geral. Tudo isso gerou uma pressão em cima das
empresas para estas serem mais éticas, tanto socialmente, quanto ambientalmente.
Essas pressões podem ser divididas em três tipos:
•
Pressão legal - É aquela exercida por meio de leis e regulamentos. No caso
do Brasil considera-se que seja uma das mais avançadas do mundo
(Benjamin, 1999 apud CARIDADE, PFANNEMÜLLER, 2006). Uma breve
percorrida na história legal ambiental brasileira demonstra isso.
Em 1980 foi instituída a Política Nacional do Meio Ambiente que prevê
padrões de qualidade ambiental, zoneamento, avaliação de impacto
ambiental, licenciamento de atividades potencialmente poluidoras. Em 1985
uma lei federal regulamenta ações civis públicas quando há danos ao meio
ambiente. Em 1988 é promulgada a nova Constituição Federal, com um
capítulo específico para o meio ambiente, em 1989 cria-se o Ibama.
Entretanto a ação mais significativa ocorreu em 1998 com a Lei dos Crimes
Ambientais “além de prever multas de até R$ 50 milhões para punir quem
polui ou desmata indiscriminadamente, ela confronta dirigentes e donos de
empresas com a possibilidade concreta de serem presos” (SCHARF,
2004:16). Há ainda as diversas resoluções do Conama (Conselho Nacional do
Meio Ambiente) que impões restrições ao uso, despejo, emissão de certos
elementos da/na natureza.
8
•
Pressões ambientais - São aquelas causadas pelo esgotamento dos
recursos naturais, devido ao consumo desenfreado desses bens. As
empresas iniciam sua preocupação com o fim dos recursos naturais, pois elas
buscam no ambiente seus inputs para o processo produtivo. “O esgotamento
de recursos além de maior restrição ao uso de recursos naturais são,
portanto,
questões
estratégicas
das
organizações.”
(CARIDADE,
PFANNEMÜLLER, 2006:6).
•
Pressões sociais – acredita-se que hoje exista uma sociedade mais
consciente da responsabilidade de cada indivíduo perante os atuais cenários
econômicos e sociais. Isto é percebido com o crescente número de ONGs
dedicada ao social e meio ambiente. “Esta mobilização reflete-se no aumento
de consciência do consumidor, forçando alguns mercados a adotarem
práticas diferenciadas” (CARIDADE, PFANNEMÜLLER, 2006:7).
Essas pressões podem ser vistas de forma negativa, entretanto muitas
empresas consideraram isso como uma oportunidade de se destacar perante a
concorrência, gerando mais lucro para a empresa.
Assim, o Manual de Negócios Sustentáveis (2004), lista as dez principais
vantagens de ser um negócio sustentável.
1_ Um melhor acesso a mercados com algum tipo de filtro ou critério.
2_ Um produto com maior valor agregado, que pode incorporar um “prêmio”
ao seu preço.
3_ Redução dos custos de seguro, pela redução dos riscos no negócio.
4_ Valorização da marca, melhoria da imagem e das relações com a
comunidade.
5_ Maior produtividade, em função dos investimentos em eficiência e do
maior grau de aproveitamento da matéria-prima.
6_ Economia nos insumos (matérias-primas, energia, água, tempo).
7_ Garantia de acesso à matéria-prima no longo prazo, por se tratar de
materiais renováveis.
8_ Melhor relacionamento com financiadores, por conta da garantia de
longo prazo do negócio.
9_ Redução de gastos com multas, conflitos legais e descarte.
9
10_ Ganhos de eficácia na gestão, em decorrência de uma equipe mais
motivada (SCHARF, 2004:26).
Analisando essa lista nota-se que é vantajoso o ingresso em um negócio
sustentável, mas para a empresa. A conservação da natureza é relegada ao
segundo, terceiro plano. Em nenhum momento é mencionado que a intenção de se
ter um negócio sustentável é a preservação da natureza por ela mesma, sem
nenhum objetivo econômico, mas de conservá-la para que outras espécies não
desapareçam.
Assim, a natureza é “considerada apenas na medida em que sua degradação
prejudica as condições de produção (...)” (Godard e Sachs, 1975 apud MELO,
2006:42), pois isso afetaria o lucro e a existência futura dessa empresa, logo o ideal
é ter um uso “racional” da natureza, mas focado na economia que empresa terá
conservando-a, e se possível criar alguns produtos verdes e incentiva o seu
consumo, gerando lucro para empresa também.
Percebe-se que um negócio verde é vantajoso em dois sentidos: economia de
insumos (matéria-prima, energia, água, etc) da empresa, reduzindo os seus gastos;
e na criação de produtos verdes, incentivando o seu consumo, aumentando o lucro
da empresa.
3.2. FUNDOS VERDES
Tendo o desenvolvimento sustentável como premissa , e também vendo isso
como uma oportunidade de expansão de mercados, muitos fundos passaram a
destinar recursos financeiros para companhias com práticas sociais e ambientais
positivas, estes são chamados de fundos éticos.
Segundo Martinez (2000), a proposta de fundos éticos ganhou fôlego há
três décadas, quando quatro fundos de investimentos com critérios éticos
foram criados no mercado de valores mobiliários dos EUA. Naquela época,
gerenciaram cerca de 18,6 milhões de dólares. Hoje, os fundos éticos
concentram US$ 1,00 a cada US$ 8,00 aplicados na bolsa americana. São
144 fundos éticos naquele país, respondendo por 2,34 trilhões de dólares.
(DIAS, 2007:2).
10
Não tardou para que este tipo de investimento chegasse ao Brasil, começou
em 2001 com o lançamento do Ethical pelo Banco Real, em 2004 foi a vez do
Unibanco lançar o Unibanco Classe Mundial. A tabela a seguir mostra os fundos
éticos que existem no país.
FONTE: DIAS, 2007:4
Os motivos para que os investidores injetem seu dinheiro neste tipo de fundo
não é somente altruísmo (amor ao próximo), mas também, principalmente, de que
há indicadores econômicos afirmando que as ações de empresas sustentáveis
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oferecem maior segurança e rentabilidade no longo prazo, quando se faz uma
comparação com os fundos tradicionais (SCHARF, 2004). Segundo Christopher
Wells gerente da área de sustentabilidade do Banco Real “verificou uma alta
correlação da existência de problemas ambientais e sociais e suspeitas quanto a um
mau desempenho financeiro.” (SCHARF, 2004:111).
Entretanto essa expectativa de que fundos socialmente responsáveis geram
maior segurança e rentabilidade em longo prazo deve ser contida, pois
Ainda não há uma série histórica que permita tirar conclusões definitivas
sobre uma correlação positiva entre ética e lucro. Um dos problemas para
validar a tendência ao melhor desempenho dos fundos éticos é, em geral, o
fato que eles existem há pouco tempo e que isso é insuficiente para avaliar
o desempenho de forma completa.” (SCHARF, 2004:134).
A hipótese de que os fundos éticos possuem uma rentabilidade igual ou
inferior aos fundos tradicionais fora pesquisada por Rezende (2005). Por meio de
estudos empíricos com dados coletados sobre a rentabilidade de 36 meses de
fundos éticos, tradicionais e do Ibovespa, ela conclui “todos os testes empíricos
realizados nessa pesquisa indicam que a rentabilidade dos fundos SRI [Socially
Responsible Investiment] é semelhante a dos outros fundos de ações e que sua
performance também está em torno da média da amostra” (op cit, p. 13).
Dito isto, vale fazer uma explanação do fundo brasileiro pioneiro nesse
segmento de fundo ético, isto é, o Banco Real e o Ethical. Assim, em novembro de
2001, o Banco Real lançou o Ethical, o primeiro fundo de investimento ético
destinado aos investidores locais (SCHARF, 2004), cujo objetivo é “remunerar o
capital investido através da alocação em ações de empresas socialmente
responsáveis” (ABN, 2008).
Este fundo começou com um patrimônio de R$ 3,1 milhões em dezembro de
2001, chegou a R$ 14,7 milhões em dezembro de 2002, a R$ 33 milhões em 2003 e
em novembro de 2007, o patrimônio líquido do fundo da ABN chegou a RS 650
milhões.
O público alvo deste fundo são pessoas que desejam investir em empresas
cujas práticas demonstrem a preocupação com aspectos sociais, ambientais e com
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a governança corporativa (verificar se a empresa é transparente na tomada de
decisões, bem como se ela permite a participação de pequenos acionistas).
Para que tal objetivo seja alcançado, o gestor do fundo, para formar a carteira
de ações do mesmo, deve selecionar ações de empresas que estejam de acordo
com o objetivo do fundo, isto é, empresas socialmente responsáveis.
Assim, além dos critérios básicos do fundo, isto é, governança corporativa,
responsabilidade social, ambiental e potencial de valorização para os investidores, o
gestor utiliza outros meios para realizar essa seleção:
Critério de Exclusão Automática: tem-se como premissa, excluir
automaticamente,
empresas
cujos
segmentos
de
atuação
sejam
considerados negativos à sociedade como: fumo, álcool, armas, energia
nuclear, pornografia e jogo.
Análise do Balanço Social das Empresas : Refere-se à análise das
empresas a partir de pesquisas a dados públicos.
Análise das Respostas ao Questionário de Avaliação: Refere-se à
avaliação das empresas com base em informações fornecidas pelas
mesmas no Questionário de Avaliação, especificamente desenvolvido pelo
ABN AMRO Asset Management com o apoio do Instituto Ethos e do
Instituto Brasileiro de Governança Corporativa - IBGC. (ABN, 2008).
A composição da carteira do fundo pode ser vista no gráfico a seguir
Carteira de Investimentos do Ethical
0,81% 0,52%
1,18%
3,40%
2,37%
4,14%
24,81%
4,50%
4,55%
6,05%
6,53%
6,85%
17,17%
17,14%
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Bancos
Mineração
Energia
Alimentos
Petróleo e Gás
Metalurgia e Siderurgia
Telecomunicações
Transporte
Papel e Celulose
Infra Estrutura
Saúde
Fundos
Operações Compromissadas
Outros
Nota-se que três setores predominam na composição da carteira, totalizando
quase 60% dela, o setor de bancos, da mineração e de energia, não foi possível
identificar quais eram as ações das empresas participantes, pois o sítio do Banco
Real estava com informações de 02/2007, o que gera uma contradição perante a
teoria e a prática, pois um dos itens avaliados pelo fundo para que as ações sejam
compradas por ele, é a governança corporativa, que inclui transparência nos atos da
empresa.
Vale lembrar aqui no sítio de apresentação do FIA Ethical é apresentado
como objetivo investir em empresas socialmente responsáveis, o que incluiria os três
itens apresentados anteriormente, responsabilidade social, ambiental e governança
corporativa. Entretanto ao ler o regulamento deste fundo nota-se uma incongruência
entre o primeiro e este último, sendo que este é mais importante, por ser o
documento guia do fundo.
Neste regulamento encontra-se que os investimentos ocorrerão em ações de
empresas que tenham praticas que evidenciem “preocupação com aspectos sociais
e/ou relacionados à proteção do meio ambiente e/ou que adotem, voluntariamente,
boas práticas de governança corporativa” (ABN, 2007). Utilizando-se do português,
E é uma partícula aditiva, e OU alternativa, disso conclui-se que há mais do que uma
possibilidade para ter ações compradas pelo FIA Ethical, isto é, a empresa ser por
completo socialmente responsável, ela pode ser responsável com o social, mas não
com o ambiental, ou vice-versa, ou ainda ter somente uma boa prática de
governança corporativa. Não há evidências de que isso ocorra, mas abre uma
prerrogativa para o seu acontecimento.
Mas isso não é um motivo de preocupação para aqueles investidores que não
são altruístas, isto é, aqueles que se interessam exclusivamente pelo lucro, não
importando a sua origem, pois o fundo de investimento sempre buscará meios de
sobreviver, mesmo que isso esbarre no seu objetivo divulgado, mas que comprove
seu objetivo oculto, a geração de lucros.
3.3 – EXEMPLOS COMERCIAIS
Foi por causa dessa nova mentalidade de ser ético, tanto socialmente, quanto
ambientalmente, juntamente com a possibilidade de expansão de mercados que
diversas empresas modificaram partes do processo produtivo com inovação
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tecnológica, além de diversificar as linhas de produtos, gerando os chamados
produtos verdes.
Existem diversas empresas que se intitulam de verdes, algumas delas
inclusive com certificados e selos internacionais que atestam, comprovam o quanto
essas empresas são ambientalmente responsáveis. Podemos citar a Natura, o
Boticário, a Cartepillar, Klabin, Wal-Mart, General Eletric (GE), os exemplos não
param na área de empresas, eles se estendem até a agricultura, madereiras,
silvicultura, entre tantos outros. Vale exemplificar, para tanto foi escolhida a GE.
3.3.1 – GENERAL ELETRIC - GE
Atualmente a GE é um conglomerado que produz desde locomotivas, turbinas
de aviões, eletrodomésticos, além de ser uma financeira. A sua história começou em
1879 quando Thomas Edison criou a lâmpada elétrica incandescente, nessa época a
empresa se chamava Edison Electric Light Company, mas conforme foram surgindo
outros produtos o nome foi alterado para Edison General Eletric Company, mas
somente após a fusão com outra empresa, em 1892, que ela passou a se chamar
apenas General Electric Company, mais conhecida como GE.
Como ocorre em todas as empresas a GE realiza a troca de seus presidentes,
e com essas mudanças, a cara da GE também foi se alterando. Com Jack Welch,
gestão de 1981 – 2001, houve a construção de “uma GE mais magra, mais forte,
mais competitiva — com menos pessoas, menos unidades de negócio, menos
níveis, e menos gestores” (MUNDO DAS MARCAS, 2008). Tudo isso contribuiu para
aumentar o valor do mercada da empresa que passou de US$ 14 bilhões, no início
de sua gestão para US$ 410 bilhões em 2001. Ele ganhou, inclusive, o título de
“executivo do século”, entretanto todo o avanço da GE acarretou na poluição do
meio ambiente onde se encontrava, e o seu presidente se recusou a limpar a sujeira.
Entretanto essa realidade mudou em 2001, quando Jeff Immelt tornou-se
presidente da empresa, e criou uma nova linha de produtos da GE: a
Ecomagination, esta é uma proposta que pretende ajudar os clientes a combaterem
os desafios ambientais, só que com novas tecnologias da GE.
Em entrevista Immelt definiu a Ecomagination como “o compromisso da GE
para enfrentar desafios como a necessidade de fontes de energia mais eficientes e
limpas, emissões reduzidas e fontes abundantes de água limpa” (GE BRASIL, 2008).
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Tudo isso porque durante os tradicionais encontros para o planejamento
estratégico da empresa perceberam que cada vez mais clientes chegavam à eles
com preocupação sobre novas e mais rígidas leis ambientais, gastos crescentes de
energia, água, etc. “Percebemos que não eram problemas pontuais, mas algo muito
grande que começava a afetar os clientes em todas as nossas áreas de atuação.
Ficou evidente que havia uma oportunidade de negócios, poderíamos sair na frente
e desenvolver os produtos e serviços que ajudariam aquelas empresas a lidar com o
problema.” disse a vice-presidente da GE, Lorraine Bolsinger (ÉPOCA NEGÓCIOS,
2007).
Para que a proposta da Ecomagination não ruísse, a empresa deveria ser
coerente com a sua política interna de funcionamento e com os produtos verdes que
vendia, isto é, a empresa perderia credibilidade se fabricasse produtos ecológicos de
maneira poluente. Foi por isso que a GE tornou os seus processos produtivos mais
limpos.
A empresa traçou duas metas: eficiência energética e a redução dos gases do
efeito estufa. Assim, para o primeiro item a GE reduziu cerca de 33% do consumo de
energia, alcançando uma economia de US$ 100 milhões. Já para o segundo houve
uma redução de 8%. E é justamente com esses exemplos internos que ela vende
seus produtos, principalmente no que tange energias renováveis e produtos com
baixa emissão de gases do efeito estufa.
Nota-se que o primeiro item tem como fonte de preocupação a economia de
gastos, já o segundo provêm de uma idéia cultivada na cabeça das pessoas pelo
IPCC e, conseqüentemente pela mídia.
Foi dessa maneira de pensar que surgiu o novo lema de Jeff Immelt: “Green
is Green”, ou seja, uma relação direta entre a venda de produtos sustentáveis e
dólares, isso demonstra que a intenção principal da GE é usar a natureza como uma
forma de obtenção de lucros, não nos moldes da Revolução Industrial, mas o
objetivo continua o mesmo.
Assim, todas as áreas da empresa (da fabricação de turbinas aos serviços
financeiros) deveriam se empenhar para criar produtos ambientalmente corretos.
“Nós concentraremos nossas capacidades de energia, tecnologia, fabricação e infraestrutura exclusivamente para desenvolver soluções para o amanhã, como energia
solar, locomotivas híbridas, células de combustível, motores de aeronaves com
16
baixa emissão, materiais mais fortes e mais leves, iluminação eficiente e tecnologia
de purificação de água.” (GE BRASIL, 2008).
Para que isso se concretize Immelt pretende estabelecer parcerias com seus
clientes, no qual eles trazem o problema e a GE desenvolve a solução, o trabalho é
compartilhado no gerenciamento do projeto ou no desenvolvimento de novas
tecnologias.
Podemos citar como exemplos a parceria da GE com a Boing para
desenvolver uma turbina que ajudará “a reduzir as emissões das aeronaves de
companhias aéreas. O produto também será menos barulhento que seus similares”
(ÉPOCA NEGÓCIOS, 2007), ou ainda com o setor sucroalcooleiro no Brasil, no qual
devem desenvolver soluções para reduzir a emissão de gases e que usem
racionalmente a energia, há cerca de cem novas usinas que devem ser construídas
no país até 2011, com um custo de US$ 120 milhões cada (ÉPOCA NEGÓCIOS,
2008).
E é com investimentos na área de pesquisa de novas tecnologias que a GE
pretende encontrar soluções para os problemas de seus clientes, em 2005, quando
o Ecomagination foi lançado, a empresa investiu cerca de US$ 750 milhões, em
2007 essa quantia subiu para US$ 1,1 bilhão, e há uma projeção para que em 2010
seja de US$ 1,5 bilhão.
Eis algumas das frentes de inovação da GE
•
Energia Renovável - a empresa quer desenvolver sistemas de energia
eólica mais eficientes e baratear a energia solar [este é o setor que a
empresa mais se dedica e desenvolve];
•
Carvão - os pesquisadores estudam tecnologias que permitam reduzir
as emissões atmosféricas na queima do carvão mineral;
•
Hidrogênio - a GE quer atuar em todas as etapas da cadeia do
hidrogênio para geração de energia, da produção ao armazenamento e
•
Água - os cientistas criam sistemas de tratamento que possam ser
utilizados na agricultura, na indústria e no saneamento. (ÉPOCA
NEGÓCIOS, 2007).
A GE possui cerca de 60 produtos com o selo da Ecomagination, entre eles
há de locomotivas híbridas a turbinas menos poluentes para aviões ou sistemas
industriais de filtragem e reúso de água, mas nem todos os produtos desenvolvidos
17
nos seus centros de tecnologia vão para o mercado, pois o produto deve combinar o
melhor desempenho ambiental com o melhor desempenho econômico (PLANETA
SUSTENTAVEL, 2008). Há um processo pormenorizado de produtos que possui
potencial para ser comercializado, é preciso oferecer preço e qualidade.
As vendas dos produtos verdes da GE já superam o faturamento de
companhias como Google e Avon nos Estados Unidos. A receita gerada,
inicialmente, em 2005, com os produtos da Ecomagination era de US$ 10 bilhões,
em 2007 foi de US$ 14 bilhões, e a meta para 2010 é de US$ 25 bilhões. A receita
de 2007 representava cerca de 10% das receitas totais da GE. De fato “green is
green”.
Entretanto esse movimento da GE para a sustentabilidade não significa o
abandono dos antigos negócios, muitos deles grandes poluidores, "No final do dia,
se o cliente quiser mais turbinas a carvão, é isso que ele terá", diz Lorraine.
(PLANETA SUSTENTAVEL, 2008)
3.3.2 – CRÉDITOS CARBONO
Podemos considerar o crédito carbono como um tipo de produto verde, pois é
um crédito desenvolvido/obtido de forma sustentável, como um meio de reduzir o
impacto das industrias, conseqüentemente, do homem no aquecimento global, para
aqueles que acreditam em tal tese.
O termo crédito carbono surgiu do Protocolo de Kyoto em 1997, este é um
tratado internacional que demonstra o compromisso dos países que o ratificaram
com a redução da emissão dos gases do efeito estufa (CO2, CH4, N2O, HFC
(hidrofluorcarboneto), PFC(perfluorcarboneto) e SF6 (hexafluoreto de enxofre),
sendo que o CO2 tem o menor e o SF6 o maior potencial para aquecimento global)
(FIESP, 2008), este foram considerados como os causadores antropogênicos do
aquecimento global (GREENPEACE, 2008).
Essa redução deve ser de pelo menos 5,2% em relação aos níveis medidos
em 1990, e acontecer até o ano de 2012. Vários setores econômicos, principalmente
na área de energia e transporte, devem reduzir a emissão. Os países devem
cooperar entre si por meio das seguintes ações:
•
reforma dos setores de energia e transportes;
•
promoção do uso de fontes energéticas renováveis;
18
•
eliminação de mecanismos financeiros e de mercado inadequados aos
fins da Convenção de Kyoto;
•
redução das emissões de metano no gerenciamento de resíduos e dos
sistemas energéticos;
•
proteção de florestas e outros sumidouros de carbono. (ÉPOCA, 2008a)
A redução dos gases deve acontecer nos países desenvolvidos, já os em
desenvolvimento o protocolo não prevê um compromisso de redução, mas devem
ajudar os primeiros a cumprirem as suas cotas, isto é, os países ou indústrias que
não conseguirem reduzir a emissão podem negociar com os países através dos
mecanismos de flexibilização.
Este mecanismo de flexibilização permite que a redução da emissão dos
gases gere um impacto menor na economia daquele país, ajudando-o a cumprir a
sua meta. Existem três tipos de mecanismos de flexibilização:
•
Comércio Internacional de Emissões (CIE) – realizado entre os países
desenvolvidos, no qual um país tenha reduzido as emissões mais do
que a meta exigia, então transfere esse excedente de redução para um
outro país que não tenha atingido a meta.
•
Implementação Conjunta (IC) – projeto de caráter bilateral entre países
desenvolvidos que tenham metas de redução.
•
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) – é realizado nos países
que não possuem metas de reduções. (MAIA, BOZZA, 2008).
O mais conhecido desses três mecanismos é o MDL, no qual países
desenvolvidos, Partes do Anexo I, podem implementar, financiar projetos de
desenvolvimento sustentável e que contribuam para a redução dos gases, ou ainda,
a sua captura, obtendo a Redução Certificada de Emissões (RCE), ou seja, crédito
carbono, emitidos/produzidos em países em desenvolvimento, Partes Não Anexo I.
O primeiro projeto de MDL do mundo foi o do aterro sanitário de Nova Iguaçu,
no Rio de Janeiro, no qual eles realizaram o aproveitamento energético do biogás,
produzido pela decomposição da matéria orgânica (NOVAGERAR, 2008), sendo que
os seus créditos carbonos foram negociados com a Holanda.
Existem cerca de 142 projetos brasileiros registrados no Conselho Executivo
do MDL, o Brasil está em terceiro lugar em número de projetos registrados perdendo
somente para a Índia (348) e para a China (238) (MCT, 2008).
19
O processo de venda ocorre através
da comercialização de certificados de emissão de gases do efeito estufa em
bolsas de valores, fundos ou através de brokers, onde os países
desenvolvidos, que tem que cumprir compromissos de redução da emissão
desses gases, podem comprar créditos derivados dos mecanismos de
flexibilização (CARBONO BRASIL, 2008).
Pelo fato de existir esse comércio há dois tipos de RCEs, as primárias,
aquelas que são adquiridas diretamente de quem desenvolveu o projeto de redução,
e as RCEs secundárias que são obtidas de uma empresa que as comprou do
desenvolvedor do projeto de redução, esta empresa pode ter créditos vindos de
diversos projetos.
Os Estados Unidos, que não ratificaram o protocolo, foi o primeiro a criar uma
bolsa de valores para a venda de créditos carbono, a Bolsa do Clima de Chicago
(CCX), é uma bolsa para aqueles setores, ou países, que não são obrigados pelo
Protocolo de Kyoto a reduzirem as emissões, mas que querem negociar os seus
créditos carbono. Um crédito carbono, ou seja, o equivalente a uma tonelada é
negociada por US$ 1,8 dólar.
A Bolsa de Mercados e Futuros (BM&F) de São Paulo lançou contratos para a
compra/venda de créditos carbono, para eles é como se fosse o surgimento de uma
nova moeda, pois quem diminuiu os níveis de emissão de carbono mais do que o
necessário deve negociar essas cotas (ÉPOCA, 2008). O crédito carbono aprovado
pelo MDL, o RCE, recebe cerca de cinco a seis dólares por tonelada.
Em 2007 houve o primeiro leilão de créditos carbono cuja proveniência era de
um órgão público, a Prefeitura de São Paulo 808.450 créditos carbonos, gerados a
partir da contenção do metano do Aterro Sanitário Bandeirantes. O Fortis Bank da
Holanda comprou o lote, com o valor de € 16,20 por tonelada, rendendo cerca de R$
34 milhões. Quem realizou o leilão foi a BM&F. Este ano já aconteceu outro leilão de
713.000 créditos carbonos, estes foram comprados pela Mercuria Energy Trading,
Estados Unidos com o valor de € 19,20 por tonelada.
Toda essa ação financeira deve ser cautelosa pois
Existe o risco dos certificados de carbono serem transformadas apenas
numa operação financeira para dar lucros aos seus investidores e acabar
20
não gerando nenhuma vantagem para o meio ambiente. Isto é, se os
instrumentos econômicos forem uma promessa de capturar carbono no
futuro. (EL KHALILI, 2003)
PARTE 4
A REAL SOLUÇÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O elemento fundamental do capitalismo é a produção da mercadoria e o seu
consumo, e estes se constituem como parte essencial do problema ambiental que
hoje existe, pois a natureza é reconhecida somente como um recurso, algo passível
de consumo indiscriminado.
Essa situação se agrava quando há o consumismo, isto é, o consumo em
excesso de produtos que não são necessários para a sobrevivência do indivíduo.
Este tipo de comportamento é incentivado pela mídia, ao veicular propagandas que
vendem não somente o produto, mas também o status social que será obtido ao
compra-lo, pois atualmente vivemos em uma sociedade em que ter é mais
importante do que ser.
Na década de 70 inicia-se uma série de encontros, convenções para discutir
os impactos ambientais causados pela industrialização acelerada que aconteceu no
mundo. Percebeu-se que era necessária uma nova atitude perante essa situação, e
o capitalismo sempre em movimento, notou que essa era uma nova oportunidade de
negócios.
Os desenvolvimentos recentes nos mercados de serviços ambientais
demonstram a capacidade do capitalismo para criar novos negócios. A
receita é simples. Primeiro, divulgam-se algumas evidências sobre a crise
ambiental, causada por uma conjugação de pequenas acções individuais.
Governantes e ex-governantes, celebridades e cientistas surgem como os
protagonistas de uma estratégia que visa explorar os problemas de
consciência dos cidadãos de países industrializados. A fase seguinte, uma
vez criada a ideia de que todos somos igualmente responsáveis pela
degradação ambiental1, é a de criar um negócio de indulgências. Com um
clique que transfere dinheiro da nossa conta pessoal para uma empresa
qualquer, podemos facilmente expiar o nosso sentimento de culpa. A fase
final é a da distribuição dos lucros pelos especuladores. (COELHO, 2008).
21
Muitos acreditam que essa é uma nova fase do capitalismo, é o chamado
capitalismo verde, no qual há uma preocupação dos impactos causados pelas
indústrias e seus produtos no meio ambiente. Quando na verdade é o tradicional
capitalismo fantasiado de verde.
No transcorrer do trabalho percebe-se que a realidade é um todo complexo,
no qual as partes de inter-relacionam, é só olhá-las atentamente.
O Protocolo de Kyoto, cujo texto foi escrito em 1997, prevê uma reforma dos
setores de energia e transporte, além da promoção de fontes de energia renovável,
tudo para diminuir a emissão de gases do efeito estufa lançados para a atmosfera.
Este Protocolo entrou em vigor em fevereiro de 2005, após a ratificação em
novembro de 2004 pela Rússia.
Em dezembro de 2004 Jeffrey Immelt, presidente da GE, anunciou a proposta
da Ecomagination para os executivos dessa empresa, essa nova linha de produtos
são ambientalmente corretos, isto é, visam a economia de energia, de água,
diminuição da emissão de gases do efeito estufa, tudo isso em comparação com os
seus similares.
O destaque da GE é o setor de equipamentos para geração de energia mais
limpa. Isso reflete no total de produtos vendidos da linha Ecomagination, metade de
suas vendas provêm de equipamentos de energia eólica, além desse tipo de energia
a GE desenvolve alternativas com a energia solar. E este é um tipo de negócio que
tende movimentar muito dinheiro, atualmente é cerca de US$ 600 bilhões por ano,
pois normas como a do Protocolo de Kyoto incentivam energias alternativas na
Europa. "Hoje, somos talvez a maior empresa de energia renovável do mundo, com
faturamento de cerca de 10 bilhões de dólares por ano", diz Immelt.” PLANETA
SUSTENTAVEL, 2008).
Outro setor importante da Ecomagination é o de transportes, a empresa
afirma ter cerca de 2 mil pedidos de “ecolocomotivas” e 700 turbinas mais limpas
para aviões.
Assim, coincidentemente, a GE faz uma proposta de produtos verdes,
justamente quando o Protocolo de Kyoto entra em vigor, bem quando os
empresários são forçados a possuírem modos de energia mais limpa. A GE, uma
das maiores empresas do mundo, trouxe soluções verdes para os problemas
ambientais de seus clientes, e também como uma nova forma de gerar lucro.
22
Mas a geração de novas tecnologias, a sua criação, desenvolvimento e
instalação possuem um custo, e da onde provem o dinheiro para fomentar essa
inovação tecnológica verde? Uma parte é retirada das próprias empresas, mas outra
de fundos de investimentos éticos que financiam projetos éticos, tanto socialmente,
quanto ambientalmente (SCHARF, 2004).
Um dos braços da GE é a GE Money (GE Capital, no Brasil), este é o setor
mais lucrativo da empresa, na verdade a GE é a maior empresa de serviços
financeiros do mundo. “A GE Capital, sua subsidiária financeira, é uma potência
impressionante, capaz de oferecer desde crédito popular no Brasil a leasings de
1.800 aviões para 225 companhias aéreas ou administrar cartões de crédito para a
rede varejista Wal- Mart.” (ISTO É DINHEIRO, 2008). A GE Money é/era um
eficiente canal de financiamento para os negócios do setor industrial da companhia.
Diz-se é/era pelo fato da atual crise econômica em que se encontra o mundo
e principalmente os Estados Unidos. Este braço financeiro, que inclui seguro,
cartões de crédito, empréstimos pessoais para a casa própria, registrou o menor
lucro por causa da crise. Não se sabe ainda se isso afetará o financiamento de
projetos para desenvolver ou implementar tecnologias verdes. O recuo da oferta do
crédito ocorre em todo o mundo.
Cada vez mais o Protocolo de Kyoto, juntamente com as RCEs, demonstra a
que veio à este mundo, criar uma nova necessidade mundial para que as empresas
captassem mais dinheiro. A geógrafa italiana Teresa Isenburg cita o seu país como
exemplo, que passou a investir em MDLs na China e no Marrocos pois não
conseguiu diminuir suas emissões, na verdade, as emissões aumentarem. Segunda
a pesquisadora o mercado de crédito carbono se tornou um “jeito barato de
mascarar o problema sem resolve-lo. Se a Itália fosse reduzir as emissões em seu
próprio solo, gastaria 80 euros por tonelada de dióxido de carbono, na China esse
valor é de 3 euros e a Itália não precisa parar de poluir”, afirmou” (FAPESP, 2008).
Se o aquecimento global fosse um fato o Protocolo de Kyoto em nada ajudaria.
Adjetivar as coisas de verdes, ecológicas, ou ainda, demonstrar que seu
consumo ajudará a salvar o planeta virou uma forma de se obter lucro, é um tipo de
pensamento que foi difundido pelo mundo com o intuito de comércio, e mesmo que a
intenção inicial não fosse, tudo que um capitalista toca é pensando em seu benefício
próprio, “é difícil ter um ato desinteressado, em especial, num mercado dominado
por um pequeno grupo de empresas” (Bourdieu (2005b), apud, DIAS, 2007:13). A
23
postura ética, ambiental ou social, não provém de um altruísmo, mas sim da
oportunidade de se realizar um bom negócio, reforçando o lema da GE: “Green is
Green”.
O único meio, vislumbrado até o momento, para deter a exploração
exacerbada dos recursos naturais, e evitar o colapso da sociedade que hoje se
conhece, é por meio da revisão dos padrões de consumo de cada um, e isso
significa, rever o funcionamento do próprio capitalismo como sistema econômico.
No Brasil, e provavelmente em outros países, essa é uma questão delicada
pois “o consumo está relacionado ao status, faz o sujeito se identificar com a classe
média. Isso reflete a baixa auto-estima do brasileiro. É uma noção de bastardia, um
complexo de povo colonizado que se arrasta desde os tempos da Metrópole
portuguesa" analisa o sociólogo e antropólogo Maurício Waldman, doutor em
geografia (YAHOO NOTÍCIAS, 2008).
A sociedade atual necessita retornar ao básico, isto é, recuperar a sua
consciência crítica, sua capacidade de reflexão, ser capaz de tomar suas próprias
decisões, reconhecer suas reais necessidades. Retornar ao valor mais básico, no
qual, ser é mais importante do que ter.
Afinal de contas, o que é de fato o status “é comprar o que você não precisa,
com o dinheiro que você não tem, para mostrar para aqueles que você não gosta,
aquilo que você não é” (INSTITUTO VITA, 2008).
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