programa homem 2

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DEDICATÓRIAS
O Homem II é dedicado
aos transhomens Renée
Gumiel, Roberto Ventura,
Lina Bo Bardi e Jorge
Borges Corrêa.
A criação deste trabalho é dedicada a todo poder de Desmassacre da Arte do
Teatro e da atuação do Poder Transhumano da Multidão, seu público, para não
somente conter a ameaça do Teatro Oficina ser Massacrado por um Shopping
Center mas principalmente para Criar em seu entorno tombado a Orgya, o prazer
do Teatro de Estádio, abraçado por Oficinas de Florestas, estudando a
Multiversidade de Cultura Popular Brazyleira Antropofágica respirando na
Praça da Cultura transfiguradora do Minhocão.
Um lugar de encontro de todos os povos de todos os guetos de São Pã no cultivo
vivo da cultura, da educação deseducada, da saúde desconhecida de forças que
o duplo do Teat(r)o cria, da fraternidade sensual da inclusão, da possibilidade
que a revolução virtual criou no atual.
O Grupo Silvio Santos, anuncia este semestre o início das obras do Shopping.
Esta ameaça de 26 anos, inspirou o trabalho das 5 peças de “Os Sertões” no
sentido de impedir este Massacre Anunciado.
As 5 peças vividas até o fim de 2006 vão estimular vencer a questão que se coloca
para a terra arrasada em torno do Oficina aonde se construa Não o Carandiru de
luxo de um Shopping mas Sim um poderoroso Lugar de Prazer Público de Cultura.
A geração viva deste início de milênio pode atuar com eficácia nesta necessária
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"À CRIAÇÃO DE UMA ATITUDE HERÓICA E ANTI-HERÓICA
DOS QUE VÃO À LUTA E DIZEM - adeus Homem!"
“perestroika” no capitalismo financeiro como Multidão. Por isso cada peça tem
sua dedicatória mas a viagem de todas é dedicada a todos e a todas, sem exceção,
que desejam trabalhar a criação dessa possibilidade do impossível muito além
de trabalhar para o Oficina que atuará somente como link de todo um movimento
fora dos guetos para tomar esse espaço de formação de coros protagonistas
de criadores, além das ideologias, das mídias, dos sexos, classes, culturas,
catequeses, compartimentações.
As 24 horas de Os Sertões são dedicadas ao viver cada dia, cada noite, como a
primeira, apaixonado pela recriação da vida concreta, vida carne-alma, fora das
esferas de cristal, rompendo-as como Galileus, e libertando o Corpo Doente quase
moribundo da Terra para a viagem sem amarras com o deus desconhecido Solar,
Estrelar, Vegetal, Animal, em Transe para o Trans.
Ao Bexiga.
Aos seus cultivadores e frequentadores de todo o mundo.
Aos lutadores de seu florescimento, seu amor, sua ordem, seu progresso.
Daquilo que é impossível dizer sem o phoder político da Arte como poder condutor
da ORGYA de tudo com tudo. Todo com Todas.
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RENEE!!!!!
Depois de ter entrado de bailarina clássica de ballet russo, coisa que repudiou
em toda sua vida, na “Luta II”, Renée passou a topar tudo, quis entrar para o
Circo e ensaiou a Fera Fora da Jaula, para ser indomada por Zé de Paiva com seu
Chicote Cruel. Renée surgia com suas garras pra atacar com seus alongadíssimos
dedos culminados por unhas enormes e seus olhares direcionados para a sedução
do domador em sua última cena que ainda vamos realizar, assim como a Nanã
Burukú neste mesmo “Homem II”, mas ainda não tivemos tempo de vida para
começar a comer todas as farturas que essa bailarina do perigo com sua
lanterninha conquistou para o Teatro Oficina, para todos nós vivos e mortos no
mundo que aprendemos tanto com sua passagem eterna, saindo do Circo para
a UTI, para retornar linda em seu caixão no palco do Sesc Vila Nova, provocando
um ritual maravilhoso de seus amigos, que continuou até o Caixão Respirando,
antes de ser queimada, no Teatro de Arena, na Vila Alpina. Os Ritos continuam
hoje, no hoje que for hoje.
VIDA ESCRITA NA PELE
Personalidade única no processo de
modernização da dança paulista, Renée
Gumiel foi, toda a vida, capaz de
catalisar forças ao seu redor. Sempre
trabalhou na interface da dança com
o teatro, que eram suas armas a favor
da arte e da vida. No início, quando
chegou a São Paulo, em 1957, não
encontrou grande receptividade ao seu
trabalho. Aos poucos, foi rompendo
preconceitos. Desde então, não parou
de influenciar gerações da dança e do
teatro. Para Gumiel, “corpo é saber:
sensibilidade física e psíquica”. Na sua
visão cosmopolita, as várias artes estão
interligadas e um artista deve ter
formação múltipla. Assim como trouxe
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para o país a dança moderna, também
apresentou compositores como o
alemão Karlheinz Stockhausen, pioneiro
da música eletrônica, e criou
coreografias inspiradas em autores
como Sartre e Brecht.
Experimentalismo e improvisação eram
aspectos fundamentais do seu trabalho
corporal, que foi se tornando cada vez
mais próximo do teatro _ um teatro que
parte do corpo. Desde 1991, vinha
participando de espetáculos de José
Celso Martinez Corrêa, no teatro Oficina:
“Cacilda!”, “Bacantes” e as cinco partes
de “Os Sertões”. Este ano estreou
“Cinzas”, de Samuel Beckett, que
dirigiu e interpretou ao lado de Aury
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Porto. “Para mim, fazer dança ou teatro
significa evoluir, não me acomodar”, ela
gostava de dizer, com o sotaque
carregado e o tom voluntarioso que
nunca deixaram de ser suas marcas,
assim como a maquiagem pesada,
o cigarro e o cálice de vinho. Até os
últimos dias, Gumiel continuava no
palco do Oficina e dando aulas na
escola teatral Célia Helena. Para ela,
vida e arte nunca se separavam.
Sempre viveu o presente, com pouca
paciência para o passado e de olho no
futuro, planejando novas montagens.
“Não tenho saudades do passado, vivo
o presente e o futuro. Mas minha vida
está escrita na pele.” Não tinha medo
da morte: “Para mim, não existe a morte
sem a vida. O anjo da morte está
sempre presente, em nossas emoções
e atos. Nossa caminhada não tem
princípio nem fim, só continuidade”.
A imagem de Renée dançando, aos 92
anos, é uma das nossas visões
definitivas da arte, como forma humana
de continuidade. Sua lição maior
sempre foi essa: a renovada afirmação
do sim, contra tudo que nos diz não.
“Ínes” Bogéa
Folha de S.Paulo,
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RENEE GUMIEL E NOSSA ESTRELA-GUIA
“Ela” tem papel extremamente
importante no movimento que busca
a epifania do Oficina como dança. “
Só acredito num deus que dança.”
Está na vanguarda porque está/é
constantemente dança, dançando o
mundo. Renée fez uma revolução na
dança brasileira colonizada. Devolveu
nossas origens, trazendo para nosso
país, na bagagem de seu próprio corpo,
pele, respiração, a dança moderna
da iluminada vanguarda construtivista
da Europa do século 20, que somou
à tecnicização a redescoberta dos
bárbaros da África, do Brasil, de Bali,
do Japão etc. Atualmente no Oficina,
continua fazendo a revolução
construtivista. Está na nossa vanguarda,
nos levando aonde queremos chegar,
o teatro dançado como sol, estrela
errante no cosmos em direção a
sabe-se lá onde. Dançando. Para mim,
a expressão máxima do teatro reúne
todas as outras artes: projeção, luz,
dramaturgia, música, canto. Tudo isso é
um grande corpo sem órgãos, mas
sobretudo dançante, como sonhava
Artaud [1896-1948]:“Quando vocês
tiverem construído um corpo sem
órgãos, o terão libertado de todos seus
automatismos e lhe terão devolvido sua
verdadeira liberdade. Aí poderão
ensinar-lhe a dançar pelo avesso, como
nos delírios dos carnavais, e esse
avesso será seu verdadeiro direito.
”E Renée Gumiel sabe que a máquina
do desejo do espetáculo é movida a
todo instante pelo ritmo da dança que
respira o ar em fluxos incorporados
incessantes, longe, bem longe da prosa,
dentro muito dentro da poesia escrita
com o corpo no instante. Renée já é
um teatro acima de tudo dança. Não só
o teatro, mas a vida como dança, ritmo,
canto, expulsando a sala de visitas,
trazendo a intimidade secreta libidinosa
da cama, do poema do amor. Agora,
na primeira parte de o “Homem” [Os
Sertões], além de sua personagem de
Speculation Lady, ela é a Dançarina
contemporânea, com seu belíssimo
vestido estelar, que chegou como
epifania dessa materialização da dança
num corpo de mulher secular. Ela me
incentiva muito como dançarino, e eu
me espelho nela. Sua dança está muito
ligada ao sentido profundo da dança,
da cura, da vida fluindo mais viva.
Coreografada (ligação não mecânica,
mas elétrica, de coros), não
“coreografada”, sem a rigidez militar
do chorus line. Renée é muito religiosa. >>
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É uma dança muito integrada ao
espaço, ao ar que respiramos, ao aqui
e agora e sempre. Felizmente, os DVDs
de nossos espetáculos têm preservado
os momentos de eternidade presentes,
como em “Bacantes”, em que Renée
dançou a entidade mestiça de Réa –
Nana Buruku tatuando para toda a
eternidade nosso lugar imaginação.
Renée Gumiel se põe num estado de
dança e improvisa na situação concreta,
e isso é muito parecido com o que faço
no teatro – quer dizer, eu entro em
estado teatral e tento viver aquele
instante, naquele dia, naquele
momento, e escrevê-lo, “dramaturgiálo” em cena. Renée se liga na energia
do instante, dança essas energias,
transforma a atmosfera; sua dança
interfere materialmente no espaço
como uma sublime e forte iaô.
É dança religiosa, dança da macumba,
candomblé. O gesto interfere no
espaço físico e muda a energia que
está no ar. É uma dança muito concreta.
Por isso, a dança é a maior ambição
do teatro, porque ela mexe, remexe,
embola, rebola, viola, vola a energia
de cada instante. Cura. Eu acredito
muito nisso, eu observo, absorvo,
como Renée, apreendo e aplico.
Essa Estrela me Guia.
São Paulo, 23 de agosto de 2003.
José Celso Martinez Corrêa
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O R I T O T RA N S - H O M E M
O Homem II traz a Saga Sacra de
Antônio Maciel metamorfoseado no
Zaratustra, no Transhomem Antônio
Conselheiro em seu Segundo
Nascimento pela Criação dos Atores
que tiveram de inventar a cidade de
Belo Monte-Canudos antagonizados
pelos atores Polícia, República, Exército,
Igreja, Latifundiários, Especuladores.
Esta Saga levantada desde os ensaios
abertos em diante, com o Público de
sua estréia no Brasil e na Alemanha,
continua revivida com o Público de
Hoje, do que vai ao Teatro Oficina e
do que ainda não vai, que acaba
influenciando por sua ausência. Os 6
anos levados para levantar todas as
peças num esforço ansioso, muitas
vezes intuitivo, inconsciente, apressado
para que se cumprisse o Milagre desta
realização até a retomada agora, depois
de levantada toda obra, cada peça,
reconstruída com o público deste fim de
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2006 início de 2007 preparando-a para
Viagens e para a Filmagem dos 5 DVD’s,
são uma experiência de descoberta
infinita de significados que nem
imaginávamos, de compreensão
inesgotável de estar-se realmente
dentro de um Rito Global da Guerra do
Terror e da Exclusão. As peças cada vez
mais eloquentes, nos seus sons, gestos,
letras, têm seus significados renovados
pelas próprias provocações que a
realidade do Estado de Guerra de Terror
que faz aumentar numa velocidade
desconhecida nos levando à uma
vivência vertiginosa do nosso tempo
ao mesmo tempo que nos descobrimos
dentro do movimento de superação
desse estado terrorista, de uma
maneira que também não imaginamos.
Quando terminamos de fazer pela
primeira vez um dia depois da
primavera passada a quinta peça,
“A Luta II, o Desmassacre”, começaram
nossos corpos a entender o que era este >>
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“desmassacre”. Todos achávamos que
estaríamos arrebentados e que faríamos
um espetáculo exausto, nervoso, com
vozes detonadas, cansaço dominando.
Nada disso. Atingimos no ser-estar,
serestando nos sertões nesta noite uma
tranquilidade na execução da peça, um
estado de inocência criativa com o
público junto que nos fez experimentar
sem poder ainda definir “o
desmassacre”, ou mais precisamente,
o início do desmassacre. Dentro deste
mundo sob o Terror, o nascimento de
um sentimento novo, o fim absoluto
da paranóia, do estresse, para a
continuidade desta felicidade guerreira.
Claro o dia seguinte, estávamos mortos,
eu pelo menos, sem alma, e durante
toda esta semana, numa dificuldade
enorme de escrever qualquer coisa para
os programas novos, como estou
escrevendo agora. A incorporação
teatral de “Os Sertões” no seu itinerário
todo de quem passou esta semana
conosco nas quatro peças e de nós
exige um comportamento novo.
Desconhecido.
Revendo o Homem II, O Trans-Homem,
em que o público entra no teatro com
as imagens e os sons das demolições
do Grupo Silvio Santos do entorno do
Oficina, assistindo o nascimento do
futuro Conselheiro não num presépio
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mas no meio de uma sanguinária
Guerra de Famílias entre os ricos
latifundiários Araújos e os remendados
Maciéis, vendo o Rito passando por esta
Casa do Massacre da família de Antônio
em que seu pai, sobrevivente fugindo
muito humanamente da guerra
permanente do sertão para
Quixeramobim para livrar o filho recém
nascido do mecanismo infindável da
vingança levando-o para “longe destas
guerras insensatas, para buscar a paz”
e dando-lhe o nome do tio avô Patriarca
Guerreiro Antônio Maciel colocorá
Antônio como Conselheiro diante da
Guerra de Canudos e de novo diante
de um Massacre ainda Maior, nos
perguntamos se os esforços humanos,
transhumanos, rodam em falso na
mesma lama?
Antoninho é educado como um homem
pobre do ocidente mas dentro da
civilização patriarcal, e torna-se adulto
com o mesmo figurino de terno preto e
chapéu de Euclides da Cunha, de
“Homem” do Século 19, o mesmo da
Dupla que Espera Godot. Mas a Bacante
Brazylina sua mulher, com o fogo da
Paixão nas entranhas vermelhas de
Carmem-Maria Padilha, origem da
Pomba Gira da Umbanda, desarranja
toda a história: cria o Amor Livre, Tabú
punido com Morte no mundo Patriarcal
do Nordeste. Antônio confronta-se com
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esta segunda guerra. Como “Homem”
tem de matar sua esposa que ele adora.
Recusa, como seu pai a violência, para
não ter que matar e muda-se de cidade.
E assim vai mudando, mudando, cada
vez mais apaixonado até que ela foge
descalça, com um Cabo de Polícia.
Deixa só o lençol de cetim de casal.
Antônio enfrenta o inferno do abandono
amoroso e no aprendizado na secura
dos ares de coroar-se como Corno
Divino. Assiste sua própria história
transformada na Mídia do Circo em
Pulp Fiction Violenta e Tragycômica. Sai
do Teatro e vai pro Deserto, fugindo da
perseguição policial como assassino
da Mãe e da Esposa. Foge da dor no
coração pro seu país de dentro, o
sertão. Se enfia no buracú do mundo,
no buraco do buraco, na vala comum,
cai magnetizado por um ponto da Terra,
o mesmo para onde Onilê Orixá do
Centro da Terra atraíra dos céus um
século atrás o aerólito Bedengó
(trambolho caído dos céus como os
indios chamavam), “Os Sertões”.
A Bíblia de Chumbo.
Nessa região, pedaço de Marte no meio
do Brasil, encontra uma velha Igreja,
com uma Nossa Senhora da Concepção, >>
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Otávio Ortega
Adriano Salhab
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Daniel Camilo e André Lagartixa
Edna dos Santos
Naomy Schölling
Freddy Allan
Samuel de Assis
Elenildo de Moura (Uga)
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a Mãe do Mundo, cercada por
Catimbopzeiras. Com suas Feitiçarias
das poções de Jurema Preta, suas
fumaças aromatizadas, despem Antônio
de seu Fardo enterrando seu Terno de
“Homem” com sua Mala e seu Livro de
Contabilidade. Antônio está Nú nos
Braços da Mãe Terra. Agarra-se à
bandeira branca da Pomba Gira, seu
lençol de amor de cetim, sua fralda de
Conselheiro, pra ele agora Bandeira de
Paz e Paixão. Seu amor por Brazylina na
sua viagem de Jurema vira Amor por
todo mundo, tudo, Amor Orgya. Encontra
um galho de árvore, em forma duma
cobra, um Bastão de Arco Verde Portal
do Sertão de Pernambuco, de Meu Velho
do “Árido Movie”, presente de Lírio
Ferreira para o Conselheiro. Lírio que no
seu primeiro filme contara a lenda dos
assassinatos de Antônio e de seu amor
desesperado por Brazylina, oferece o
apoio do clássico bastão com que o
mesmo Antônio se levanta arrebatado
de amor, por um caminho que nem
mesmo ainda sabe qual é. Sagra a
Direção que lhe dá o Bastão e some no
deserto. Nunca mais se ouviu falar
daquele moço de Quixeramobim. Mas
deixa uma certeza: quando Antônio
Maciel tiver morrido ele volta nascido de
novo pra aquele ponto do Sertão.
Na nudez do deserto o moço Antônio
Maciel encontra-se consigo mesmo
Velho forjando-se na Uzina das
Intempéries, nas horas das secas, nas
horas dos frios, nas horas sem horas,
sob o Sol Férreo de Heliogabalo, o corpo
moldando-se como um estranho fruto
de vinho fermentado na têmpera destas
paredes artérias hortas da pista do
Oficina. Passado pelo Malho e pela
Bigorna aparece de Santo Antônio
Aparecido, no norte da Bahia, já de todo
imerso no sonho de Paz Libidinosa de
onde não quer mais ser acordado. Com
sua Imagem Barbuda, e seu hábito de
brim americano, batina de blue jeans.
Comecei a fazer a personagem deixando
a Barba crescer até não suportar mais o
meu fracasso de ator de andar pelas
ruas e não ser lido como Conselheiro, ou
pelo menos Walt Withiman, mas como
Papai Noel. Nas Praias semi desertas,
no Hemisfério Norte, em Araraquara, no
Ibirapuera. A Barba foi tirada
ritualmente na Cinelândia do Rio, dia
24 de agosto de 2005, quando sob uma
chuva fina, vivi a Carta Testamento e
suicidei Conselheiro Zé Getúlio Vargas,
com uma garrafa de vinho no peito,
libertando Conselheiro de sua barba,
Getúlio do seu busto túmulo de
mármore, lavado e beijado, renascido
no cinquentenário de seu Teato
inaugural da Tragédia Brazyleira. Deixei
Zé livre para encontrar o seu
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Conselheiro. Segui pra Bahia no dia
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seguinte para uma Conferência
Internacional de Candomblé e recebi
das mãos de Mãe Stela a honraria de
Exú Senhor das Artes Cênicas. Pra que
mais? A Barba agora virou um aplique
que não colou, não consegui. Me tirava
a fé cênica. Passei a me apresentar
com a cara limpa, e agora estou
querendo é cortar o cabelo. Conselheiro
renascido não precisaria de sua cara de
Deus, que virou Papai Noel Global. Não,
não dá.
Fui aproximando-me da religiosidade
mestiça dele, por minha fé de Teat(r)o
em Dionisios Eros. Sua mudez, sua
estranheza, sua peregrinação flanando
sem destino, vai juntando, como nesses
25 anos de Oficina Canudos-Citerrão,
gente e personagens de todos os
cantos, que buscam ir além do
“Homem”. Os Ham-lets, os Dionísios,
Sua Santidade, Bacantes, os Mistérios
Gozozos, os Bocas de Ouro, os Cogatas,
as Cacildas!!!!
Vão aparecendo os primeiros,
monossilabando nas “Mutações de
Apoteose”, nos primeiros ensaios
abertos, nos vilarejos, nas periferias de
São Pã, nos ensaios abertos, seguidos
de Mutirões de Construções que
resultaram no Teatro Oficina atual, no
que em cada tempo, cada lugar mais
precisa. Multidões passam a bacanear
com ele, quilombolas, índios fugidos,
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insatisfeitos de todas as classes,
abalando a sociedade celebridade até
no seu mais sagrado, sua Economia
Teatral. Chegam a prendê-lo. Antônio,
como Graciliano Ramos, se deixa
prender para viver seu experimento do
Cárcere, intuindo que logo poderá ver
suas mãos livres das algemas
movimentarem-se desmuchecadas
como as de Carmem Miranda e Oscar
Niemeyer. Seu primeiro Milagre é ser
libertado no dia que previra e recebido
em festa por bacantes praticantes. Mas
a Seca torra o Planeta, massacra nos
países colonizados milhões de pessoas
enquanto nas Metrópoles o Homem
Ocidental deslumbrado com a Riqueza
da Revolução Industrial não tem tempo,
mergulhado na mundanidade, de saber
o que se passa no fim do mundo.
Em Chorrochó, capital do fim do mundo,
Antônio beija, mama a Seca. Aceita o
amor ao fato de estar à Seca e cria uma
coalizão de forças entre os sertanejos e
uma decisão conjurada que dá força a
construírem na aridez absoluta a
primeira Capela do fim de todos os
Apocalipses, a do Coracão de Fogo de
São João. Sugere à sua companhia que
durma em pleno sol esturricador. Sem
saber, prenuncia o milagre da sombra
imensa de um arbusto ralo que os
protege e revigora. Antônio toma
consciência que estão sobrevivendo à
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Adriana Capparelli
Maldição da Seca na farândola
andarilha dos Mutirões Ritmados em
Torés, Ditirambos. Passam-se dez anos,
chegam ao Mar, que chamam de “a”
Mar, a Mar Mulher. O Sertão chega aMar
e aMar chega ao Sertão. A Princesa
Isabel queima um baseado oferecido
por um escravo e assina a Lei Áurea, de
libertação dos escravos. Canudos
aumenta com o movimento de
quilombos 13 de Maio. Um Feitor-Mór
recebe do Imperador as Terras do Barão
de Jaceguay, a Chácara do Bexiga, da
Avenida Paulista até o rio Saracura, na
9 de julho onde hoje na rua ensaia a
Escola de Samba Vai-Vai. O Feitor
passa estas terras para sua amante exescrava de nome Libertas e suicida-se
do papel de Feitor. Libertas cria o seu
Terreiro: Libertas Libertina, na Zona do
Teatro Oficina. Suas terras começam a
ser griladas. Libertas enterra uma
caveira de Burro para que no local se
preserve o culto de seus ancestrais,
seus fundamentos, onde hoje é o Teatro
Oficina. Por muitos anos o antigo Teatro
Novos Comediantes, que levava peças
de Espiritismo Mesa Branca, e que ao
mesmo tempo alugava para outras
companhias, era um local que todo
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pessoal de teatro dizia: “tem Caveira de
Burro, nada dá certo lá.” O Teatro
Oficina deu certo. Mas quando
alugávamos para outras Companhias,
não funcionava bem. Depois do “Rei da
Vela” descobrimos que o Teatro
Brasileiro era pré Anchieta, era
Antropófago e Africano, sobretudo. O
Teatro então começou a falar pelo deus
Ritmo, deus Música, deus Dança, fora
do quadrinho do palquinho italiano, no
chão, na Terra, no Terreiro Eletrônico.
Libertas refunda o lugar como sua casa
de Amante de Santo e Ham-let-Marcelo
Drummond sai com a Caveira de Burro
dos subterrâneos e leva pra Rua. O
Último Baile da Monarquia na Ilha
Fiscal acontece lá ainda com a fumaça
da defumação. Vem o Homem e o
Cavalo, a República introduzindo o
“Amor, Ordem e Progresso”. A Pomba
Gira de Ana da Cunha que segura o
Amor na faixa da Bandeira entrega-se
ao amor possível entre ela, Dilermando
e Euclides, e contagia toda a festa da
recém República com o Cio da Orgya.
Marechal Deodoro guilhotina então o
amor da Bandeira. Fica somente
“Ordem e Progresso”.
A república vem guerreando para
instaurar o controle do Estado sobre
todo território nacional, cobrando
impostos dos pequenos municípios,
exigindo casamento civil etc. A resposta
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de Conselheiro induzido por Chico
Science é reconstruir no dia de Todos os
Santos, todos os Mortos, a Catedral ao
Ar Livre de Monte Santo, que Apolônio
de Todi cem anos antes iniciara.
Quando Antônio chega a capela do topo,
se indaga sobre os sinais dos tempos,
olhando o céu estrelado. A Estrela
Jeanne Moreau Letícia Coura com seu
canto conduz Conselheiro em transe ao
altar mor onde vê o sangue vertendo da
Estátua de Nossa Senhora. Ela pousa o
primeiro pé no chão do Altar Mor e
desce os degraus até a Terra,
anunciando com suas lágrimas uma
estação sangrenta. Antônio desalentado
quase cai na baixaria de amaldiçoar
mas é dissuadido por Leão de Natuba
em quem, encantado, encontra o
escrevente do seu Trágico Evangelho.
Antônio e seu grupo cometem o primeiro
ato de desobediência civil. Queimam,
com a população da feira de Bom
Conselho, as Tabelas de Impostos
vindas do Governo Federal. A Polícia
aproxima-se para matá-lo, mas vai
encontrar pela primeira vez não
somente as beatas bacantes, ao redor
do Profeta Bufão, mas os Jagunços
Armados dando proteção e ataque em
defesa de Conselheiro. Ele recusa, mas
não consegue rejeitar aqueles homens
tocados por sua presença que decidem
dispor suas armas a favor da crença
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misteriosa e sem nome, nem cara, que
está nascendo. Conselheiro prefere fugir
a enfrentar a violência da Polícia e
dirige-se para o Ponto, para o lugar
onde deixara de ser “Homem”, para
refugiar-se com seus viajantes em fuga.
A Polícia aparece no meio do caminho,
em Massetê. Conselheiro anda com seu
Tyaso em direção aos policiais armados
com os braços abertos vibrando Paz,
mas antes dos soldados atirarem, os
jagunços atacam e dá-se o confronto.
Conselheiro com a Nossa Senhora do
lado, vê o sangue agora no corpo de
seus amigos e de seus inimigos. Desde
criança fugiu deste encontro com a
violência. Joga fora o Bastão encontrado
no Ponto, os colares das três religiões
mestiças que lhe deram: o de Ogum, o
de Dentes dos Índios Atropófagos e a
cruz em T do Teatro de Jesus Judeu
Palestino. Desiste de continuar no
Caminho Sangrento, no retorno do
Massacre. Mas as Coriféias Profetizas
Cantoras, anunciam o retorno dos
Homens da República e um Massacre
ainda maior. A Nossa Senhora toma o
Bastão, as Guias, e faz Antônio retomar
esses parâmentos. Antônio reluta, mas
cede e vai em busca da nova cidade,
aponta para o Ponto, a oeste, e vai
mostrando as veredas em direção ao
lugar onde possam ser o que queiram,
numa Hégira como a de Maomé.
Reencontra no caminho um burguês
negociante, o Vila-Nova, que abriga na
Farândola, reencontra um jovem Monge
Andarilho, Antônio Beato, seu gêmeo
apaixonado que pra sua felicidade entra
na Farândola da Hégira. Chegam até o >>
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Aury Porto
lugar onde ainda vive a Mãe Terra e
Brazylina que agora pode viver toda a
liberdade de seu amor. Brazylina
desenterra sua mala, seu terno de
“Homem” e o livro de Contabilidade de
seu pai em Quixeramobim. Vila-Nova
veste a Fantasia de Homem e recebe o
livro de Contabilidade do Pai de
Conselheiro, para administrar Canudos.
Batiza-se a cidade de Belo Monte.
Levanta-se o Sino que toca pra todos os
ermos dos Sertões do Bexiga, como de
uma Igreja. Aí começa a construção
louca da cidade cogumelo, que brota do
20
chão numa Madrugada de Mutirão. Em
poucas horas aquela Multidão levanta
uma Cidade Santa e de todos os
lugares dos quintais do nordeste
acorrem levas humanas, adunando a
paisagem do Sertão para essa Terra da
Promissão onde jorram rios de leite e
vinho, onde as barrancas são de cuscuz
de milho. Sob as nuvens enormes
errantes do Sertão, inspirados numa
religião mestiça, armam tendas, para
um ser-estar possível nem socialista,
capitalista, sem “ista”, um lugar
construído por Mutirões, inspirado nas
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necessidades imediatas, no
desenvolvimento de uma cultura de
cabras e bodes para exportação de seu
Coro, de Ferreiros de Ogum, para os
viajantes de todas as encruzilhadas, da
glorificação do rebotalho humano inútil,
na Ceia Bori com o Público,
interrompida para a construção da
Igreja Nova, com todos, de um Teatro de
Estádio com Volutas Impossíveis.
Beatinho dirige a arquitetura teatral
dos coros de um Terreiro Aberto para
todos os Sóis e Luas, para o encontro de
Gente de Todas as Ruas, com um
Bunker Shopping Subterrâneo. Chega
Lina Bardi, com Maracangalha, puxa a
orelha de seus Marcelos, arquitetos que
não entenderam nada fazendo o projeto
do Shopping abraçando um Teatrinho de
1.000 lugares. Mas vem a Festa: nas
horas Marianas, em torno do Lençol
Sagrado de Cetim para enxugar as
lágrimas das Dores escancaradas, para
o Prazer Molhado espermeado, do
Pecado Amor, do amor grande demais
para ser julgado por nós pobres
mortais. Desprendem-se das velhas
vestes morais longamente costuradas
no sertões patriarcais e caem com Eva
no hetairismo infrene do Apocalipse dos
últimos dias do “Homem” na
construção de uma outra Anatomia,
paucúcama, Outra Orgya. Saem os
jagunços em recaídas para manter a
forma guerreira de “fazer o saco” e
invadem o casamento do Juiz Arlindo
Barbosa. Pajeú rapta a noiva Helena
para a Tróia de Taipa, o Anjo Negro
Chicoteia o Juiz, e os outros jagunços
raspam uma coroa de frade na cabeça
do Juiz de Paz por ousar fazer o
Casamento Civil, no lugar de um padre.
O Juiz Arlindo clama Vingança ao som
do Hino Nacional. Vêm em réplica os
noturnos de amor, na Cerimônia do
Beija dos Santos e entre os presentes,
numa cerimônia bárbara de entrega a
um amor coletivo apaixonado,
insaciável, trocando salivas, em transe
ritualizado com os públicos de noites de
Homem II. São visitados teatralmente
nesta prática por Euclides da Cunha,
que equipara no seu ainda positivismo,
o beija, “à psicoses epidêmicas que
despontam em todos os tempos, quando
um largo movimento civilizador é
imposto pelas camadas dominantes
enviando o lesgilador Krupp com este
argumento único: a bala”, num flashfuture do Massacre que se dará na 5ª
peça: “A Luta II”. O próprio Euclides
narrador diz: antes tentou-se uma
empresa mais nobre e mais prática: o
envio de um Frei Italiano acompanhado
por outros dois, para uma Missão de
Paz, logo Abortada. Pediam em nome do
Barão de Jeremoabo, dono das terras,
que abondonassem o local, depusessem >>
21
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as armas e obedecessem a República,
em troca da Construção naquela Cava
de um Açúde que daria emprego e água
para todos e os reeducaria para a
civilização dos Homens. Os
Conselheiristas expulsam os
embaixadores, contra a vontade de
Conselheiro que até o último instante
da presença dos Monges tenta buscar
uma solução que não levasse ao corte
diplomático e à conseqüente Guerra. O
Frei Evangelista amaldiçoa Canudos e
antevê sua destruição.
Conselheiro se junta à sua nação e jura
com ela:
“Amaldiçoadores da Vida /Levem o Fim
do Homem /com vossa idéia única de
Homem. / Felicidade Guerreira / Não
seremos jamais amaldiçoadores. /
Adeus “Homem /o que sobrou, / vai a
Luta. / Toquem, Xamem Tambores.”
E saímos pela rua até penetrarmos no
estacionamento do Baú da Felicidade,
que guarda os carros dos
freqüentadores do Oficina e do Teatro
Imprensa, com as faixas do Teatro de
Estádio, da Oficina de Florestas e da
Universidade Popular Antropofágica, lá
mesmo onde queremos construir tudo
isso. Poucos acompanham, poucos
crêem, mesmo no elenco de 100
pessoas, na possibilidade do Projeto
deste enorme Mutirão inspirado, agora
em 2006, nas necessidades e desejo de
22
“Os Sertões”. Mas muitos cumprem o
Rito até o fim, retornam ao Teatro,
depositam as faixas, com a banda que
Ditiramba heróica até o último momento
construindo o mistério louco do
Desmassacre.
Todos, atores, os chamados técnicos,
que viram com Euclides cientista poeta,
artistas, atores também na Luz, no
Vídeo, na Contraregragem, na
Camareiragem, na Faxina do Terreiro.
Todos humanos e também o público e
também tudo a que a peça refere, todos
que nem ousam se aproximar do teatro
incômodo com peças de seis horas,
todos que querem construir esse
Shopping no entorno sufocando, como o
Exército sufocou Canudos, o Oficina.
Todas as 5 Filhas de Sílvio Santos,
todos os povos dos Bexigas do mundo,
todos envolvidos quer queiram ou não
nesta história que nos ultrapassa. Toda
Luta pela paz fraterna, sensual,
próspera, perversa, cômica, trágica,
transhumana, precisa da têmpera
destes homens sertanejos antes de tudo
fortes. Porque não se renderam, não
foram massacrados em seu corpo-alma.
Estão vivos agora em todas as Favelas
do Mundo. Invocamos do PréHomem ao
TransHomem, o fim dessa figura
amaldiçoadora de “Homem” para
estarmos aptos para a Luta que não
tem fim pois a vida quer a luta. Luta
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pelo desmascaramento do homem
classificado. O desmassacre começa
cada noite, cada temporada em que
remontamos “Os Sertões”. A ameaça
de Massacre é contínua mas enquanto
estivermos atuando como Atores pra
lá dos Homens da Sociedade de
Espetáculo o desmassacre abre espaço
e cresce, no vai vai, no ser estando. Se
sairmos desta peça, desta parte do rito,
que cresce cada vez mais que se
realiza, como quem sai de uma sessão
de Bigorna, de Forja, tocados,
estaremos prontos para entrar na
quarta parte do Rito: A LUTA.
O Teat(r)o, O Rito, é o Desmassacre.
Muitos vão passar por estas Mandalas,
como por muitas outras. O Teatro está
potente em Sampã, para isso. É sua
desrazão de ser.
São Paulo, 8 de outubro de 2006.
José Celso Martinez Corrêa
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ROTEIRO
1 ATO
0
1 . 1º passo de antônio: luta de famílias: 1º assalto e 2º assalto
2 . Nascimento de antônio
3 . Luta de famílias: 3º assalto, 4º assalto, 5º assalto e 6º assalto
4 . Uma vida bem auspiciada
5 . Candidatura de antônio conselheiro
6 . Primeiros reveses
7 . O circo
8 . A lenda – circo teatro no picadeiro a moda de ópera
9 . Antônio no deserto
10 . Como se faz a amostra da mostra de um monstro
11 . Peregrinações e martírios
12 . Desfile de antônio xingado
13 . Interrogatório do céu
14 . 1º milagre – reaparecimento
15 . A seca de 77 – chorrochó
16 . 2º milagre – fitolatria – chegada de manoel quadrado
17 . Mutirões
18 . As prédicas
19 . Tentativas de reação legal
20 . Poliperões ameaçam naufrágio geral
21. Abolitura da escravidão
22 . Quilombos do bixiga
23 . Proclamação da república
24 . Positivismo
25 . Ressurreição do monte santo
26 . 3º milagre – lágrimas de sangue
27 . Conselheiro ia se tornando mau… – o escrivão do evangelho
28 . Queima das velhas tábuas em bom conselho, insurreição e ressurreição
29 . Aparecimento das armas
30 . Reação militar
31 . Hégira – início da nova era
2 ATO
32 . Chegada
33 . Frevo dos germens da desordem e do crime
34 . Nascimento de bello monte
35 . Dityrambo da chegada da voz montes mágicos
36 . Retorno ao ponto
0
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37 . Organização da pólis
38 . Dityrambo da construção numa noite de loucura
39 . Hora de colocar os balangandãs
40 . Hora de dormir ámem
41 . Hora de se armar e abençoar as armas
42 . Guerra ou paz?
43 . Canto do bode in desesperato
44 . Nova chegança
45 . Noturno responsório
46 . Ditirambos da alvorada
47 . Mãos à obra. Novas construções
48 . Rap pros fundos: trincheiras tatuturemas
49 . Hora da vala comum
50 . Ressureição dos mortos
51 . Polipeiro
52 . Formatura dos inválidos do rebotalho
53 . Hora de levantar o templo fortaleza
54 . Estrada para o céu
55 . Conselho – criação da guarda católica
56 . Hora mar-i-ana de adorar os bodes e as cabras: 6 badaladas do sino bendito
57 . Lágrimas – dityrambo da dor: 8 badaladas do sino bendito
58 . Hora de gozar: 9 badaladas do sino bendito
59 . Dityrambo do amor livre: brincadeiras
60 . Hora das crianças os filhos do gozo
61 . Hora da policia de bandidos
62 . Dityrambos das horas dos treinos tropelias
63 . Alarme dos inimigos: teato em bom conselho
64 . As rezas
66 . Responsório bem dito
67 . O beija
68 . Dança do beija: meia-voz; transição; crescendo; solos;
próximo ao clímax explosão do ardor irresistível; pegadas de transe;
espuma de salivas; epilepsia; epilepsia com as armas; explosão
69 . Prédica no êxtase extático
70 . Por que não pregar contra a república?
71 . Missão abortada
72 . Hino apoteótico da missão de paz
73 . Sermão
74 . Transhomem
75 . Maracatú
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Frederick Steffen
Haroldo Costa Ferrari
Sálvio Prado
Anna Guilhermina
Edilson dos Santos
Jacqueline Braga
Luciana Domschke
Zé de Paiva
Félix Oliveira
Guilherme Calzavara
Fernando Coimbra
Juliane Elting
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12:30 PM
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Sylvia Prado
Edísio dos Santos
Patrícia Aguille
Fransérgio Araújo
Marcelo Drummond
Camila Mota
Fioravante Almeida
Mariano Mattos
Danilo Tomic
Letícia Coura
Wilson Feitosa
Francisco Rodrigues
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12:57 PM
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1 ATO
0
O HOMEM – 2ª parte TRANS-HOMEM
LUTA DE FAMÍLIAS
1º PASSO DE ANTÔNIO
6º ASSALTO
HELENA MACIEL
Canto e danço tua perda amado
amigo.
Ganhas o céu vermelho do meu
coração.
Belo fim que deste ao teu inimigo!
(para a família Araújo)
Outros inimigos imolarei aos teus
manes irmão!
HELENA
Fui eu.
Confesso.
Aos manes de meu irmão sacrifiquei
André Jacinto de Souza Pimentel,
moço de família importante da vila,
imolei,
dos Araújos, esse cão fiel!
Alcagüeta,
dava os avisos onde Carlos ía
aparecer!
(André Jacinto contorce-se em
estertores)
Morre infeliz, com tua cardíaca lesão,
em transes de horror vais desaparecer
em verdade culpado dessa
derradeira agressão.
Fui eu, fui eu ! Helena, a Nêmesis.
UMA VIDA BEM AUSPICIADA
ANTÔNIO
O relógio da saudade
Anda suspenso nas horas
Só quem não ama não sente
Quando meu bem vai embora
Quando meu bem me visita
Se estou doente melhoro
mas volta a mesma doença
Quando meu bem vai embora
Minuto parece hora
Hora parece dia
Dia parece ano
Quando meu bem vai embora
CANDIDATURA DE ANTÔNIO
CONSELHEIRO
CORO
Pra nossa Provincia Governar
Em Antônio Vicente
Vamos todos votar
MACHA
O sino dos novos tempos!
PRIMEIROS REVESES
CANTOR DO CABARET
Eu cansei de choramingar por ti
oh formosa vagabunda
Já me conformei em acatar
esse jeito que é só seu
Seguirei sempre ao teu lado pela vida
por mim não haverá mais despedida >>
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mas não duvido que você meu bem,
me deixe por outro alguém.
Nossa vida esse etherno cabaret
cada dia mais imunda.
Padeço da minha obsessão
de viver ao lado teu,
Mas irei sempre ao teu lado pela vida
por mim não haverá mais despedida
mas não duvido que você meu bem,
me deixe por outro alguém.
O CIRCO
RUMBEIRA ESCANDALOSA
Um dia, uma vez lá em Cuba
dançando uma Rumba
disseram que eu era…
Escandalosa!
Eu sei…
mas eu me perguntei
pois a Rumba é por si…
Maliciosa
Escandalosa!
CRIANÇAS CIRCENSES
Ridi Pagliacci!
HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ
HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ
HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ
HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ
HÁ HÁ
A LENDA – CIRCO TEATRO NO
PICADEIRO A MODA DE ÓPERA
CORO DO CIRCO
A paixão de Antônio e Brazylina
Lenda viva no sertão
O espelho de Canudos
O alvitre do chifrudo
30
A tragycomédiaorgya
A tragicomédia da família
No teatro aqui no Crato
Nesse circo faz um hino
Forza do destino
O Amor!
MENINAS APRESENTADORAS
Cleopátria, a mãe.
Jurema-Brazylina, a mulher
Boffo, o amante
Antoninho, o marido
e a Janela.
Uma lenda arrepiadora!
Contavam que a mãe,
desadorando a nora,
imaginara perdê-la.
MÃE
Não posso calar-me, tenho sofrido
Mas você, está sendo traído…
BRAZYLINA
Não creia meu amor!
Não Creia !
ANTONINHO
Ai Meu!
Não acredito. Então Prova! Prova!
MÃE
Já.
Fantasia uma viagem
Mas não vás
tu ficarás,
JUREMA BRAZYLINA
Uma calúnia!
MÃE
À noite verás um homem,
JUREMA BRAZYLINA
Um venticello!
MÃE
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invadir pela janela
é o sedutor que o desonra
no faro dessa cadela.
ANTONINHO
(Dúvidas, olha para um lado e outro).
Aceito o alvitre.
(Para Jurema-Brazylina)
Parto agora em viagem,
mas em breve voltarei
pros teus braços meu amor.
JUREMA BRAZYLINA
Não se vá
Sem ti sinto dor.
(Ao som de “A Força do Destino”, o
infeliz cavalga e afastando-se torce
de rédeas. Espera. TIC-TAC e o
badalar das horas. Um vulto mascarado aproxima-se de sua vivenda
achegando-se cautelosamente. Galga
a janela. Antônio abate-o com um tiro
e penetra, de um salto, no lar e fulmina com outra descarga a esposa
adormecida.
Volta, depois, para reconhecer o
homem que matou…)
JUREMA BRAZYLINA
Morro sem confissão.
(Abre a camisa do morto, os seios
saltam.)
ANTONINHO
Pai ?…
Mãe!!!
BOFFO
O que meus olhos vêem?…
O que meus olhos vêem?…
JANELA
Eu janela
Só vejo o amor…
>>
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BOFFO
Meu amor!…
Meu amor!…
ANTONINHO
Mato a família no teatro
e vou para o deserto.
ANTÔNIO NO DESERTO
CATIMBOBZEIRAS
Foi nos braços de mamãe
pra ela me acarinhar
apareça velentão
para me tirar de lá
nos braços dela eu vou morar…
ANTÔNIO
Meu corpo
Estranho Fruto
Aqui te Forjo
com a corja.
CORO
Agora uzyno
não ao teu extermínio
Me atiro sem rede
no tirocínio brutal de todas as sedes
No vinho fermentado
Nessas paredes
Sem paredes
No abdome com fome
de fome sem nome
das angústias recalcadas
das dores desconhecidas
conhecidas todas.
ANTÔNIO VELHO
da minha pele seca – cheia
enrugada
couraça amolgada
aberta ferida
32
da minha Artéria-Horta
sambando minha coluna torta
dentro da carne de amor quase
morta
com a própria dor anestesiada,
na farândula apaixonada
ANTÔNIO JOVEM
pelas pedras dos caminhos,
CORO
na levada
ANTÔNIOS
nas horas das secas,
CORO
esturricada
ANTÔNIOS
nas horas dos frios
CORO
Enteiriçada
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ANTÔNIOS
nas horas sem horas
CORO
orgyada
ANTÔNIOS
adormecida, enlouquecida em
repousos transitórios,
CORO
ginga
nos leitos dilacerantes das
caatingas…
ANTÔNIO VELHO
carne já amiga da morte
ANTÔNIO JOVEM
nos jejuns saciada
na cena por vós imantada.
ANTÔNIOS
Cansaço
nesta hora
neste espaço
em mil pedaços
te estilhaço
CORO
Apodrece
Apodrece
apodrece
aparece
meu coração é uma cigarra
canta sempre
Antônio Antônio Antônio
meu coração é uma cigarra
canta sempre
Antônio Antônio Antônio
ANTÔNIO JOVEM
Pareço?
CORO
Antônio Conselheiro…
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ANTÔNIO
Te mereço?
Apareço!
PEREGRINAÇÕES E MARTÍRIOS
ANTÔNIO CONSELHEIRO
São tão
Tantos
Sertões
CORO
São tão
Tantos
Sertões
ANTÔNIO CONSELHEIRO
Os Sertões
de Pernambuco
Os Sertões
de Sergipe
até Itabaiana!
1874.
FARÂNDOLA DOS PRIMEIROS FIÉIS
Tanto tempo,
tempo tão
Tanto tempo
Tempo largo
São tantos
sertões
até aparecermos
ao norte da Bahia.
Seu prestígio cresce Conselheiro.
ANTÔNIO CONSELHEIRO
Eu não chamei ninguém.
FARÂNDOLA DOS PRIMEIROS FIÉIS
Já não segue a sós.
Encalçados na rota
Na rota desnorteada
dos teus pés, vamos nós,
>>
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os primeiros.
vamos nós,
os primeiros.
Chegamos espontâneos,
gente ínfima dos subterrâneos
avessa ao trabalho,
vadiando de galho em galho
gente fina vezada à rapina,
farandula de vencidos,
felizes reunidos
em orações
provocações,
em misérias
e construções.
E Paixões.
Em orações
provocações,
em misérias
e construções.
E Paixões.
E Paixões.
Entramos na sua cidade,
oferecendo mutirão
pro que for necessidade.
Seu prestígio cresce Conselheiro.
CORO DE ITAPICURU DE CIMA
Bem vindos,
vocês que entram
com vosso maiúsculo templo,
triunfalmente erguido,
na nossa Vila de Itapicuru de Cima.
Cuidado com o Vigário
E com o delegado
gente que não vos estima.
FARÂNDOLA DOS PRIMEIROS FIÉIS
Agradecidos,
será vossa cidade nossa sina?
34
CANTORES DO OUVIDOR
Na rua do Ouvidor…
Sim sim juremos
que nos juntaremos
oh negligência
independência
prazer prazer e felicidade
sois vós, sois vós
querida Liberdade!
INTERROGATÓRIO DO CÉU
JUIZ TOGADO DO SENHOR DEUS
Quem é o Senhor?
Da onde vem o Senhor?
O que faz o Senhor?
Com quem vive o Senhor?
Quantos anos tem o Senhor?
O Senhor matou sua mulher?
O Senhor matou sua mãe?
Porque não come o Senhor?
Porque não bebe o Senhor?
Onde mora o Senhor?
O que quer o Senhor?
CONSELHEIRO
Eu não sou o Senhor.
JUIZ TOGADO DO SENHOR DEUS
Nada provado,
mas existe
um crime
um mal social gravíssimo
que na sua pessoa assisto,
que um dia será apurado.
Oh! Não-senhor.
1º MILAGRE – REAPARECIMENTO
MANDRAGORAS
Milagre!
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Quando foi preso
prefixou
esse dia!
E esse dia é hoje.
Santo Antônio Aparecido,
Quantas saudades!
Abraço o teu abraço atrevido,
Santo Homem Endoidecido!
Milagre!
A SECA DE 77 –
CHORROCHÓ
CONSELHEIRO E FARÂNDOLA DE FIÉIS
São tantos
sertões pra vaguear
são tantos
Sertões de Curaçá,
nesse ano,
Duplo 7
Ano de 77,
Grande Seca Apocalíptica,
no mundo não global,
Holocausto Colonial,
capital do fim do mundo,
Chorrochó,
Chorrochó,
Chorrochó,
Chorrochó…
aqui
tijolo
e pó
capela elegante
levante
prá aprontar.
Chorrochó,
Chorrochó,
Chorrochó,
36
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MUTIRÕES
CARPIDEIRA SAMBISTA
Pai Nosso
Ave Maria
Guarde bem essas almas
salvas dos martírios desses dias
bem aventurados sejam esses nossos
desconhecidos
mesmo que nas desaventuranças
dessas terras
tenham sido
nossos piores inimigos
em nome
do Pai-Homem
da Mãe-Terra
e do Espírito Santo Guerreiro
Âmem
CONSELHEIRO E FARÂNDOLA DE FIÉIS
Âmem…!
CORO
Inhambupe,
Alagoinhas,
Bom Conselho,
Mucambo,
Jeremoabo,
Cumbe,
Maçacará,
Tucano
Açudes de mutirão,
Cacimbas pras sedes de estádio
água não vai faltar
se lágrima não economizar.
Pedreiros, Carpinteiros
nem trabalham por dinheiro
materiais são dados
pelos abastados
Dias seguidos
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Pronto!
Duma levantada,
Uma verde latada,
perfumada.
Karina Buhr
o povo carrega pedras.
na azáfama nos bailéus
se agitam os operários
salários se averbam nos céus.
CORIFÉIA
Parem ocupações normais,
Esvaziem oficinas culturais.
Esqueçam autoridades locais.
CORO
Grande a concorrência,
todos querem a ocorrência,
mutirão no centro do largo
CORIFEU DO XUCURU
Vamos minha gente que uma noite
não é nada
Quem chegou foi Xucuru no romper
da madrugada
Vamos ver se nós dá conta do resto
da empeleitada
Vamos ver se nós dá conta da construção da latada!
CORO
TENTATIVAS DE REAÇÃO LEGAL
CONSELHEIRO E FARÂNDOLA DE FIÉIS
São tantos
Sertões
São tantos
sertões
pra vaguear.
Itapicuru,
eu sempre volto a tu.
CORO DE ITAPICURU DE CIMA
Graças em ter de volta essa obra
prima,
na Vila de Itapicuru de Cima.
CONSELHEIRO E FARÂNDOLA DE FIÉIS
Itapicuru,
eu sempre volto a tu.
FARÂNDOLA DE FIÉIS
Dessa vez
vamos erguer
uma capela
pra todo mundo ver
Itapicuru,
eu sempre volto a tu.
Itapicuru
de Cima.
RAP DO DELEGADO DE POLÍCIA
(Para Dom Pedro e Princesa Isabel,
no Rio)
Realíssimo Imperador do Brasil,
Saudações,
o ambiente está hostil,
de Antônio Conselheiro vou dando
>>
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logo a ficha,
acaba de fazer acampamento com
um bando de bicha !
Aqui na Vila de Itapicuru de Cima,
no maior clima !
O ajuntamento cresce a milhares.
Além de não trabalharem,
vendem o que possuem,
furtam em cada viela,
pra que não falte nada pra capela!
O fanatismo não tem limite,
não estou com menigite.
Em rigorosa disciplina,
bebem-lhe a urina,
comem seus excrementos,
como sacramentos.
Adoram-no, é repulsivo
como se fosse:
um Deus vivo.
E ai daquele que ficar cabreiro,
com Antônio Malvadeza
Conselheiro…
POLIPERÕES AMEAÇAM
NAUFRÁGIO GERAL
CONSELHEIRO
Ande Ande
Como Gandhi
Pra chegar a mar
Há vagas no fundo d’a mar!
Vila Conde
Nada mais esconde
Assim se passaram dez anos de paz
O Sertão chega a Mar
A Mar chega ao Sertão
Abraça azul
Mãe Cretácea, Mar
38
Ricardo Bittencourt
Nossas fadigas
Formigas
De Multirãs
Renaça-nos
Nos seres que tu abrigas
PolipÉros, Maracanãs!
FARÂNDOLA DE FIÉIS
Antônio das Mares
Mar na pista,
maravilha!
Calmas
ondas
megondas
da Mar
antiga
atávicos nadadores
do fundo
da mar
rediviva
Antônio das Mares
corpos na água-sal.
Transbordemos,
ágeis
sem margens!
Estronda!
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no hospício de alienados do Rio.
JOSÉ BONIFACIO
Não há vagas.
O Cortejo Imperial ocupou todas
com os convidados para a festa da
abolição.
O GOVERNADOR DA BAHIA
(ao Arcebispo da Bahia)
Não há vagas.
ARCEBISPO DA BAHIA
Vagas! Vagas!…
É preciso provar todas as ondas…
ARCEBISPO DA BAHIA
Contenha o indivíduo Antônio Vicente
Mendes Maciel que, pregando doutrinas subversivas,
faz um grande mal à religião e ao
Estado,
distraindo o povo de suas obrigações
e arrastando-o após si,
procurando convencer de que é
Espírito-Santo,
GOVERNADOR DA BAHIA
O maluco já está no litoral,
próximo a Bahia,
e em direção a essa capital
e convence o povo a mergulhar com
seu grupo
em todas as praias porque,
segundo dizem,
FARÂNDOLA DE FIÉIS
é preciso provar todas as ondas!
GOVERNADOR DA BAHIA
(O mar chega na Bahia.)
Peço um lugar para o tresloucado
Antônio Conselheiro
ABOLITURA DA ESCRAVIDÃO
TODOS
Os grilhões que nos forjavam
da perfídia astuta e vil
houve mão mais poderosa
zombou deles o Brazyl…
houve mão mais poderosa
houve mão mais poderosa
zombou deles o Brazyl…
CORO DE PRETO VÉIO
(beijando as mãos de dona madame)
Madame é boa.
Madame é linda.
Madame é um anjo.
Madame é perfumada
madame é uma boneca…
QUILOMBOS DO BIXIGA
CANTO DE LIBERTAS
Sou agora senhora desse terreiro
e do Bixiga inteiro
essa é a morada da minha paixão
Terra libertada minha Nação
Etherna
Libertas
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Algemas
Janelas
Paredes
Abertas
Inauguro
Vida presente futura
Terreiro Eletronico
Saracura
Vai Vai
Navio parado
Itororó
Cabeça de porco
Fora dos Guetos
ricos, brancos pobres, pretos
vem pro bixiga
atiça
452 anos Bixiga
ainda que tardia
liberta tua sina
ainda é tempo
Libertas Bixiga
libertina
(Projeção: Quilombos do Bixiga)
CORO 13 DE MAIO
A abolição
Não aboliu a Tarja Preta
Do Brasil
Tarja Preta
Te Penetra
Sertão do Conselheiro.
Cafeicultores Uzineiros
Querem agora
Empregados registrados
e
Grileiros
no campo, na cidade.
Brancos,
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emigrantes,
estrangeiros,
Bandeirantes,
com’antes.
Nossas terras do Bexiga,
foram griladas
Agora reconquistadas estão,
Pelo povo do Sertão.
PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
TODOS
Liberdade, Liberdade,
abre as asas sobre nós,
das lutas,
nas tempestades,
dá que ouçamos sua voz!
POSITIVISMO
CORO GERAL MENOS A REPUBLICA E
DEODORO
A Verdade meu amor mora num
poço
É Pilatos lá na Biblia quem nos diz
E Também, faleceu por ter pescoço
O Infeliz, autor da guilhotina de Paris.
Vai orgulhosa querida
Mas aprende esta lição
No câmbio incerto da vida
A libra sempre é o coração
O Amor vem por princípio,
a Ordem por base,
o Progresso é que deve vir por fim
Desprezaste esta lei de Augusto
Conte
E foste ser feliz longe de mim
Vai coracão que não vibra
Com teu juro exorbitante
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Transformar mais outra libra
Em dívida, flutuante…
A Intriga nasce de um café pequeno
Que se toma para ver quem vai pagar
Para não sentir mais o teu veneno
Foi que eu resolvi me envenenar.
MULHERES FARÂNDOLA DE FIÉIS
Conselheiro,
hoje vem de nós a aconselhada:
a república está proclamada
vamos perder muitos filhos
se continuarmos andarilhos
vamos recriar essa igreja
que até do litoral
todo mundo veja,
um arraial inteiro,
pro povo brasileiro
um arraial inteiro,
pro povo brasileiro
e pra nosso encanto
vamos lá pra Monte Santo
e pra nosso encanto
vamos lá pra Monte Santo
RESSURREIÇÃO DO MONTE
SANTO
CHICO SCIENCE
Ventos fortes
CORO
Ventos
Haustos
1 e 2 de Novembro
Todos os Santos
Todos os Mortos
Humanos encontram nesses dias
Mortais e Mortos.
CHICO SCIENCE
Em Procissão
Science
CORO
século a século
Vão…
esvaem-se…!
CHICO SCIENCE
Chico vem nesse Monte
CORO
Em Procissão, estendida pelo chão,
CORIFÉIA
na linha de cumeada,
CORO
populada,
CORIFÉIA
traça uma estrada
CORO
luminada!
ÍNDIAS
no dorso do Monte do Picoaraçá
AVÔ DO MURIBECA
do El Dorado
MURIBECA
do Muribeca
>>
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CORO
Monte Santo
Catedral de Pedra
A mais alta ao ar livre do mundo
Antes só subia atraz do bode
APOLÔNIO DE TODI
Mas veio
Apolonio de Toddi
CORO
Procissão Mutirão Construção de
Antônio Conselheiro
de Conselheiro
do meu e do seu coração
Procissão Mutirão Construção de
Antônio Conselheiro
de Conselheiro
do meu e do seu coração
GLAUBER ROCHA
De Glauber Fé de Rocha
CORISCO
Deus Diabo da Terra Sol
CHICO SCIENCE
Monta ao Monte
Antônio novo
Antônio de novo
CONSELHEIRO
Retorno ao Monte dos fortes haustos
21 séculos de Holacasutos.
NIETZSCHE
Berg des Zarathustra.
CORO
Za ra thus tra
NIETZSCHE
Gipfelmeer Fels der
Ewigen Wiederkehr
CORO
A Vida Quer
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Mariana de Moraes
Procissão cada século,
cada milênio
Vinte cinco cidades construídas
Vinte cinco passos
Caídos Erguidos Destruídos
Hoje ontem anteontem
Procissão Mutirão Construção
de Antônio Conselheiro
de Conselheiro
do meu e do seu coração
Procissão Mutirão Construção
de Antônio Conselheiro
de Conselheiro
do meu e do seu coração
CONSELHEIRO
Estrelas,
que sinais me dão
de tempos que vão
e estão brilhando tanto ?
Eu não aguento…
A Madição do calvário
Sísifo, absurdo escapulário
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Estrelas,
que sinais me dão…
ESTRELA JEANNE MOREAU
Me la Vie
est comme ça
on monte, on monte, on monte
ça tombe
mais plus ça tombe
plus on monte,
on monte.
QUEIMA DAS VELHAS TÁBUAS EM
BOM CONSELHO
INSURREIÇÃO
RESSURREIÇÃO
CEGO
Eu sou um louco de Deus
eu sou um servo dos loucos de deus
Conserva oh Pai
conserva
o fogo
o fogo
E o sol rodando vermelho
Um ceguinho pede licença
E o sol rodando vermelho
A voz de deus se calou
E o sol rodando vermelho
Vejam só com que ofensa
E o sol rodando vermelho
A república chegou
E o sol rodando vermelho
só o fogo purifica
E o sol rodando vermelho
as cinzas da salvação
E o sol rodando vermelho
nos temos a lei de deus
E o sol rodando vermelho
eles tem a lei do cão
E o sol rodando vermelho
Uma esmola pelo amor de deus
REAÇÃO MILITAR
A TROPA
30 vão virar 80
80 serão 300
300 vão virar 1000
e 1000 vão virar 6000.
Somos só o estopim
o começo do fim.
O ovo botado
na serra do Ovó
chocado…
FARÂNDULA
O ovo botado
na serra do Ovó
chocado…
CORIFÉIAS NA FARÂNDOLA
Nossa Senhora chorou lágrimas
de sangue
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anunciando esta batalha monstruosa
miudinha diante
das graúdas que virão.
Nossa historia é agora de uma triste
guerra
Declarada nesta Terra
Sem a nossa intenção.
O desbarato da tropa
prenuncia
mais vigorosa perseguição;
HÉGIRA – INÍCIO DA NOVA ERA
(Música Épica Sertanejo-Islâmica da
Hégira)
FARÂNDOLA
hoje começa a idade
em busca da nova cidade
hoje começa a idade
em busca da nova cidade
no ritmo desse canto
em canto
Hégira
Hégira
É
Gira
Hégira
Hégira
Hégira
É
Gira
Hégira
Maomé
Fundou o Islão
Na fuga da Meca pra Medina
Não fundamos Não
uma nova religião
vamos para onde
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nossos trabalhos
nosssos conselhos
sejam o que são
é certo
demandamos o deserto
rumo firme
certo
certão.
É certo
demandamos o deserto
rumo firme
certo
certão.
Longos dias
Na marcha cadenciada
Pelo passo atleta
Do Profeta
Entoando Ôlimambôs
Ou muito quieta…
FIM DO PRIMEIRO ATO
Vera Barreto Leite
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2 ATO
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FREVO DOS GERMENS DA
DESORDEM E DO CRIME
CORO DOS MARCHADORES DA HÉGIRA
(cantam)
Para sempre seja louvado !
Aqui era uma vez Brazil
antiga vivenda senhoril
à beira do Vaza-Barril
Baronato de Jeremoabo
ninguém sabe ninguém viu,
agora Fazenda Velha
taperas de pau-a-pique
taperas desocupadas,
chegamos e ocupamos.
CORO DOS PRÉ CANUDOS
Benvindos sejam,
À capuaba,
da laia da gente daqui,
que está armada até aos dentes,
gente que exclusivamente,
vive pra beber aguardente,
Céllia Nascimento
vive pitar cachimbos
cachimbos de Canudos,
Gente de jagunçagem,
Sem nenhum dinheiro
Mas com muita camaradagem.
CORO DOS MARCHADORES DA HÉGIRA
Gente de jagunçagem,
Sem nenhum dinheiro
Mas com muita camaradagem.
DITYRAMBO DA CHEGADA DA VOZ
MONTES MÁGICOS
CORO FARANDULA CHEGADA
Tudo aqui seja louvado,
montes, nuvens, a terra, o céu,
E nós habitantes acampados,
nações vivendo ao léu,
queremos todos, ãos montes
belos horizontes
a voz dos Morros, e de seus écos
cantando alem dos bécos!
ORGANIZAÇÃO DA PÓLIS
VILLA NOVA
Nasce Bello Monte.
É preciso quem $ifrões conte.
Aqui na Praça Central, Produção,
Administração,
e pra toda a população
O Celeiro comum,
Nem só de pão!
CORO
(O povo ovaciona.)
Vem malão!
THIMÓTEO SINEIRO
Não há propriedade privada.
Comunismo tribal.
>>
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Apropriação pessoal,
objetos móveis e casas,
CORO
Vem malão
THIMÓTEO SINEIRO
comunidade absoluta da terra, das
pastagens,
dos rebanhos e dos produtos das culturas,
Cada grupo recebe na apertura
quota-arte, revertendo o todo para
cada parte.
CORO
Vem malão!
Mutirão contagia!
DITYRAMBO DA CONSTRUÇÃO
NUMA NOITE DE LOUCURA
MULTIDÃO SEM LARES
Multidão sem lares,
sem pares,
mutiramos.
Multiplicamos os impares
mais de doze casas por dia;
mutirão contagia
(as casas são armadas e nascem
como os cristais na terra)
da tapera
á óca colossal
estereografia
nossa feição moral
sociedade acoutada,
contrução Bendita Imensa
nossa Insânia,
revelada!
Primeira Favela do Brasil
documento concreto,
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Ariclenes Barroso
Corpo do Delito Direto,
dos Desmandos dos povos,
dos erros, primeiros ovos.
Não distinguimos ruas,
ficamos todos grudados,
dédalos desesperados,
nossos leitos embaralhados
testadas volvidas para todos os rasos,
casebres paridos ao acaso.
Tudo isto se constrói assim,
na febre duma noite sem fim,
por nossa multidão de loucos,
até ficarmos roucos.
Mais que miséria, riqueza do homem
parece,
que nega a decrepitude da espécie.
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HORA DE COLOCAR OS
BALANGANDÃS
CORO
Raros Trastes, grosseiros:
banco tosco, escabelos;
bogó borracha, quanta!
Balde de couro pra água santa;
pares de caçuás
pro jegue levar
e os aiós pra caçar,
de fibras de caroá
canastras, afetos,
jiraus pendidos dos tetos;
Redes.
Ah as Redes!
Enredadas,
fora e dentro das paredes.
Pra que mais?
Nem mesas, nem camas?
o chão da terra que ama…
Ah…!
(A cidade é enredada, acampamento.
Todos entram nas vestes-acampamentos para dormir.)
HORA DE DORMIR ÁMEM
DITIRAMBO BERCEUSE
Na furna amo,
no Oratório tosco,
clamo:
Manipansos, vodús,
Santo Antônios
na forma de exús,
broncos fetiches ainda crus
santa mal acabada,
imaginária atiça,
nossa religião mestiça…
BEATINHO
(Com Conselheiro no Santuário)
Marias Santíssimas,
feias como megeras…
CORO
Beatinho nada sabes exageras.
São belas quimeras
imaginária atiça,
nossa religião mestiça…
Como o tempo passa rápido,
uma noite,
o sol já nasce no horizonte.
Feito ruínas, nasce velho, Bello
Monte.
CANTO DO BODE IN DESESPERATO
BARÃO DE JEREMOABO
Para lá convergem,
partindo de todos os pontos,
de Sergipe, de outros estados,
turmas sucessivas
dos mais remotos povoados,
que vão ficando abandonados.
Um aluvião de famílias desce e sobe
pra Canudos,
lugar escolhido por Antônio
Conselheiro como escudo
centro de operação,
vem aí confusão.
Da dó
Da dó
Da dó
Ver nas feiras expostas a venda,
quantidade extraordinária de fazendas,
gado cavalar, vacum, caprino, boiada
por preços de nonada.
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O anelo extremo, vender,
apurar algum dinheiro
e ir repartir
com Santo Antônio Malvadeza
Conselheiro!
NOVA CHEGANÇA
PEQUENOS COROS DOS QUATRO CANTOS
Nesses sertões vamos topando,
grupos já se irmanando,
comendo farinha de rosca,
carregando mobília tosca,
canastras, oratórios,
pro lugar eleito, pro ofertório.
PEQUENO CORO ATÉ O GRANDE CORO
Isolados no começo, pequeninhos,
adunamos em turmas pelos
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caminhos,
chegamos no fim sem perguntas
levas conjuntas,
aos montes do Bello Monte.
NOTURNO RESPONSÓRIO
(Entre Bello Monte e os recém
chegados nos montes ao redor.)
CORO DO ARRAIAL
No monte todo
a noite desce
reza uma prece
Ave Amaria
CORO DOS RECEM CHEGADOS
Ave Amaria
COROS
Ave Amaria
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CORO DO ARRAIAL
Noturno
Cintura fulgurante
que enlaça sensual
o arraial;
Bendita seja!
CORO DOS RECEM CHEGADOS
Ventre de fogo,
nosso abraço sexual
no arraial;
Bendito Seja!
CORO DO ARRAIAL E CORO DE RECÉM
CHEGADOS
Benditos descontentes contentes de
toda Terra!
Amem
Amemos
Amor
Dor
Humor
DITYRAMBOS DA ALVORADA
OS RECÉM CHEGADOS
Na mudez ainda da terra dormida
reboando nos ermos despertamos
derivando à toada das invocações.
Chegamos
com o dia
anunciando
de longe
agora de perto.
CORO DO ARRAIAL
Chegaram com o Dia
Anunciando de longe agora de perto
CORO GERAL
Manhã dos Inícios,
Primeira beleza dos Apaixonados,
arraial de Santo Antônio,
Enamorados.
JOÃO ABADE COMANDANTE DE RUA
Louvado Seja o coração quente de
Jesus!
CORO GERAL
Para Sempre seja Louvado!
RAP PROS FUNDOS:
TRINCHEIRAS TATUTUREMAS
ESTEVÃO
Tatuturemas
Atenção:
Cercas impenteráveis de gravatás,
plantadas na borda de fosso cavado
por pás.
TATUTUREMAS
Envolvente, quero o quente,
do balaio quero o fundo
profundo
do Inferno, govérno.
Trincheira
Ninho
Sepultura
Chocadeira
ESTEVÃO TATUTUREMA
Tatuturemas cavamos,
na cidade selvagem,
o não visto da paisagem.
(o vídeo traz o fundo das minas)
CORO FEMININO
No icto do crescimento, rápido,
gandaieira,
ESTEVÃO TATUTUREMA
(abaixando a voz)
um círculo quieto, surdo, de
trincheiras,
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cozendo todos os pendores,
enfiando pelas veredas,
planos de fogo volvidos,
rasantes com o solo,
bocas de fogueiras,
pra todos cantos,
altos, baixos, direção.
Veladas por touceiras,
inextricáveis de macambiras
ou lascas de pedra.
Não estão sentindo falta do chão do
chão?
HORA DA VALA COMUM
CORO GERAL
Nossa grei revoltosa
não se ilhou numa eminência,
assoberbando os horizontes,
a cavaleiro dos assaltos.
Entocou-se.
Escolhemos precisamente este buraco,
dentro outros buracos,
dentro de outros e mais outros
Tatus
Tatuturemas
Escolhemos …
Esta Vala Comum
Enorme…
RESSUREIÇÃO DOS MORTOS
CORO 13 DE MAIO
Sem irmandade do sangue,
Com sangüinidade cardíaca de amor,
forma informe de um clã meio tã tã.
CORO 13 de MAIO e CARIRI
Agrupamentos bárbaros,
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sertanejos penetrados,
por incidentes virados
Transmutados
Desmassacrados
Desdonsebastianizados
CORO GERAL
Alegria!
Fanáticos,
brutos delicados,
sem nevrose
absorvemos alegria da nossa coletiva
psicose.
Alegria!
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E adotamos
cabo a rabo
o nome consagrado
aos turbulentos saqueadores de
feiras e cidades,
JA-GUN-ÇOS.
A gente somos Jagunços
JA-GUN-ÇOS.
A gente somos Jagunços
JA-GUN-ÇOS.
A gente somos Jagunços
POLIPEIRO
CORO DO POLIPEIRO HUMANO SEM ORGÃOS
Fazemos
comunidade homogênea e uniforme,
massa inconsciente,
bruta informe,
crescendo sem evolver,
sem órgãos,
levas sucessivas,
à maneira de um poli, poli, poli poli
Éros
polipeiro humano
das profundezas das mares
das terras, dos ares
de todos os lugares
Mares dos Ares
Corpos Sem Órgãos.
FORMATURA DOS INVÁLIDOS DO
REBOTALHO
CORO DO REBOTALHO
Conselheiro compreende que nossa
massa,
inativa sub raça
é o cerne, é o cerne
vigoroso do arraial.
Eleitos no confronto com todo pessoal.
Aqui vamos ficar até o fim,
inativos sim,
inválidos,
inúteis,
e doentes,
O Rebotalho,
grupo mais crente,
os parasitas do Presidente.
Nossos tragos de vaidade,
dias ébrios com a bondade,
bebendo o santo milagreiro,
cada suspiro, cada peido no terreiro.
Bem-aventurados,
nosso o passo estropiado,
Bem-aventurados,
nas muletas cadenciado
Bem-aventurados,
na fraterna caminhada,
anquiloses avançando,
pra felicidade eterna.
Conselheiro, a nós desaventurados,
abre celeiros empazinados,
esmolas, frutos de um a um,
produtos do trabalhos comum.
Conselheiro, a nós desaventurados,
abre celeiros empazinados…
Santo Protetor da nossa estima,
te saudamos com séculos de rimas.
Do céu veio uma luz
Que Jesus Cristo mandou
Santo Antônio Aparecido
Dos castigos nos livrou!
Quem ouvir e não aprender
Quem souber e não ensinar
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Agora, no Fim do Juízo
Sua alma penará!
Agora, no Fim do Juízo
Sua alma gozará!
HORA DE LEVANTAR O TEMPLO
FORTALEZA
CORO
(cantando a entrada de Lina no
Terreiro)
Eu vou pra Maracangalha, eu vou
Eu vou de chapéu de palha, eu vou
Eu vou de uniforme branco, eu vou
Eu vou convidar Anália, eu vou
Se Anália não quiser ir eu vou só
eu vou só
eu vou só
sem Anália, mas eu vou!
BEATINHO
Vamos levantá-la volvida para o levante
arquibancadas rebolantes
e abraçando esse nosso arraial
que se abrirão dessas janelas viradas
portas
sem proporções, sem regras, sem
comportas;
Estilo indecifrável…
Cabrilolando volutas impossíveis,
num delírio de curvas incorretas,
esburacadas de troneiras,
CORO
Luz vazando em glórias,
BEATINHO
…coberta por uma cupula-oca
abrindo ou fechando,
cumeeira
52
ipueira
trincheira
Informe e brutal,
feito a testada de um túmulo
desenterrado;
vai objetivar em pedra e cal,
CORO
…a desordem do nosso espírito de
carnaval.
BEATINHO
A sua carreira com ela se encerra,
É sua obra-prima nessa terra.
CORO
A Catedral admirável dos jagunços…
(O elevador de obras vai subindo
com Conselheiro.)
LINA BARDI
Conselheiro de agora em diante
vai passar seus dias,
sobre os andaimes, bailéus bamboantes.
BEATINHO
Cariátide errante, sobre o edifício
monstruoso.
VILA NOVA
A madeira pro teto do terreiro,
encomendada e já paga,
está sendo aplainada
em Juazeiro.
CORO
Juazeiro, Juazeiro!
VILA NOVA
E para quem no mundo pagar pode
exportamos nosso leite…
CORO DE CABRAS E BODES
…e nossos couros…
CORO DE CABRAS
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…de cabras!
CORO DE BODES
E bodes!
ESTRADA PARA O CÉU
CORO GERAL
(Voltado para os quatro cantos.)
As estradas que levam ao inferno
são fascinantemente traiçoeiras.
Canudos, imunda ante-sala
do paraíso,
pobre peristilo dos céus,
Canudos
deve ser assim
Como é
–repugnante,
aterradora,
horrenda…
Líderes corruptos das seitas
Povo! Povo!
Todo aquele que quiser pecar
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precisa vir para Canudos…
Em todos os outros lugares
tudo está contaminado e perdido
aqui, porém, nem é preciso
trabalhar…
É a terra da promissão,
onde corre um rio de leite
é a terra da promissão,
onde corre um rio de leite
e as barrancas são de cuscuz de
milho.
E voce pode cruzar o leito o
Vaza-Barris seco,
ou empanzinado com as águas
barrentas das enchentes,
E ver desaparecer a miragem feliz;
mas mantenha a sua fé
mas mantenha a sua fé
mas mantenha a sua fé
mas mantenha a sua fé
Quando os Republicanos chegarem,
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as águas do Vaza Barris vão virar
sangue para eles
E vinho para nós
As pedra para nós vão virar pão
E para eles, pedras sempre serão.
É a terra da promissão,
onde corre um rio de leite
é a terra da promissão,
onde corre um rio de leite…
HORA MAR-I-ANA DE ADORAR OS
BODES E AS CABRAS
– 6 badaladas do sino bendito
BENDITO
CORO GERAL
Cada Hora
é Hora
da refinação dos treinos de agora.
Hora Mariana.
de amor a Maria.
Penetre nossos corpos,
constância na mutação,
santos baixem na Terra,
fetiche de carne e osso,
bufão apocaliptico
e grosso,
cabra da peste,
bode cantando seu bode,
mééé, mééeé!
sem garantias
vazias dos messias
inúteis pra quem desenterra
seu destino na terra
imersos corais polipéros
no sonho dos fundos das mares,
doentios de mais vida,
no sonho dos fundos das mares,
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resumindo todo mundo
na serrania guarida…
(breque)
Canudos é o cosmos.
breve ponto de passagem,
escala inicial da viagem,
decampamos da Terra dos “homens”
Jagunços errantes
sob nuvens gigantes
armamos pela derradeira vez
tendas de guerra
pela vida desejada aqui
sob céus do que chamam
Terra.
LÁGRIMAS – DITYRAMBO DA DOR
– 8 badaladas do sino bendito
CORO DAS DORES
Dói dói a dor
É só ardor
É só chorar
Bem aventurados os que sabem
sofrer
sem reclamar
Extrema dor, extrema-unção.
O sofrimento duro é plena absolvição
Maior vício,
Homem depravado ou virtuoso,
drama fictício.
Todos os erros
erremos
todos os erros
lembremos
mas que a escorralha da vida vendida caia,
gota a gota saia,
lágrimas vertidas,
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água sal
transbordando sentidas.
HORA DE GOZAR
– 9 badaladas do sino bendito
DITYRAMBO DO AMOR LIVRE:
BRINCADEIRAS
(Ambiente de harém ao ar livre)
BRAZYLINA HETAIRA CANTORA E CORO
Lençol Sagrado
lençol do Pecado
lençol da lágrima enxugada
Lençol espermado
lençol aguado
Pecadores,
Bons Pecadores,
Grandes Pecadores,
despreendimento
dispa-nos das belas vestes morais,
longamente costuradas,
nos sertões patriarcais.
MENINAS DE MENOR
A lubricidade de um devasso
maculou-me,
sou uma incauta donzela.
CONSELHEIRO
O Amor é livre,
e belo demais
pra ser julgado por nós,
pobres mortais.
Seguiu o destino de todas;
ancestral!
Passou por baixo da árvore do bem e
do mal!
Você quer ficar com ele?
(O Lenço das Lágrimas é agora
Lençol do Amor.)
MENINA DE MENOR REVELADA HETAIRA
Não, quero conhecer mais destas
árvores.
Eu sou Eva no Pomar dos Frutos
Proibidos
Com todos os Adões e Liliths.
Eu sou a Rainha do Minhocão!
Eu quero o Hetairismo Infrene
CORO
Eu quero o Hetairismo infrene
acene
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tira o freio
que eu arreio
com ou sem o reio.
Você não me dá
o teu olhar de loucura,
e eu fico louca sem teu olhar de loucura,
Você não me olha
Com teu olhar de loucura
que fico louca, sem teu olhar de loucura.
O Apocalipse é isso é isso é isso aí!!!
HETAIRA TRANS SEXUAL
(Veste os trajes de Conselheiro.)
Nos conselhos diários,
Conselheira, não cogito da vida conjugal,
nem traço normas ao ingênuo casal.
Últimos dias do homem,
é malbaratá-los agitar preceitos vãos,
em capítulo próximo
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cataclismas virão,
as uniões mais íntimas se apagarão,
os lares serão dispersos,
martírios, gozos, submersos
confundidas virtudes e abominações.
Urge antecipá-los pelas provações,
O Homem está sendo refeito na
anatomia,
palco cama, outra orgia.
CORO GERAL
O Homem está sendo refeito na sua
anatomia,
pau cu cama
outra outra outra outra orgia
outra outra outra outra orgia
outra outra outra outra orgia
Orgya Orgya !
MENINA HETAIRA
Eu caí do cavalo,
um curandeiro!
Manuel Quadrado!
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(ele começa a examiná-la)
Eu não menstruo há meses!?
MANUEL QUADRADO
Você está grávida de uns cinco
meses!
CORO
Hetaira!
HORA DAS CRIANÇAS OS FILHOS
DO GOZO
MANDRAGORAS E CRIANÇAS
Conselheiro pede sempre,
sintam a dor de Maria,
que sabia,
que seria mãe de um deus exterminado.
E os filhos do gozo
meninos meninas jesus
Aqui não são criados para cruz
nem levam escrito na testa:
filhos da puta, gente que não presta!
Meninos Meninas Febem
por ti
tocam aqui
os sinos de Belém.
Iniciados no amor
belo perigoso e arriscado.
Por amor ao amor é preciso cantar o
amor
até a delícia da sua crueldade e dor.
TODOS
Aqui somos legião.
Amor livre paixão
Conselheiro não chuta,
Mãe Bandido Pai Puta.
Imortalidade infantil do brasil
sai da gruta
uma criança deusa…
Chamada:
CRIANÇAS
Luta!
RESPONSÓRIO BEM DITO
CORO A MODA DE BENDITOS E LADAINHA
Bem ditos sejam,
Povos tumultuários,
saudemos todos,
contas dos nossos Rosários.
Humano ultrapassa!
Transborda a taça!
Louvados sejamos, transbordemos!
CHIQUINHO E JOÃO DA MOTA
Desfiamos, crédulos, hilários
as contas do nosso exclusivo rosário.
Rezemos!
CORO
Rezamos!
(Entra Nanã Buruku)
CORO
Sou de Nanã, Nanã Buruku…
Sou de Nanã, Nanã Buruku…
O BEIJA
TODOS
Vem, Vem
Peste que cura na Veia
Empesteia
Agua viva viva viva
Cerimônia sem margem,
Vem o Beija, vem saliva,
Venham todas as imagens.
(O terço é depositado abraçando a
Fonte)
RAIMUNDO BOCA TORTA
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Hoje é meu dia,
Que Alegria
foi combinado
vou ser beijado.
TODOS
Vem, Vem
Peste que cura na Veia
Empesteia
Agua viva viva viva
Cerimônia sem margem,
Vem o Beija, vem saliva,
Venham todas as imagens.
PRÉDICA NO ÊXTASE EXTÁTICO
CONSELHEIRO
Homem forte: adoro silencioso,
cerrados olhos qual quem ‘stá no
templo interno, eterno;
e forte e tão piedoso de mim mesmo,
e a mim mesmo sendo exemplo;
me sinto inti existindo,
estando em Deus.
Me sinto ser em Deus-Alma
necessária
minha existência, nuvem que
precária
é animada a limpidez dos céus,
e ao coração que eu ora contemplo
com a ciência,
que tudo vê mais claramente.
Quanto mais sondo o abismo meu,
mais luz eu acho.
Sou na infância um homem-deus
vidente.
Não creo na deusa dos mortais, na
esperança,
creo na fé, na gratidão que não
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esqueço,
porque é a saudade, é a lembrança
e o divo amor, que o outro é d’interesse.
Entanto, é da esperança um sentimento
de justiça futura, que me encanta;
Mas, antes que a visão do julgamento,
Creo na fé, e na ressignação, a santa.
Meditando, sinto terra o cérebro
Onde a idéia, qual arvore visceja:
Recem nascido, do terreno verbo
Sinto-me em Deus e ergo a fronte
Sertaneja!
POR QUE NÃO PREGAR CONTRA
A REPÚBLICA?
SOLDADO
“Sahiu D. Pedro segundo
“Para o reino de Lisboa
“Acabosse a monarquia
“O Brasil ficou atôa!
SOLDADO
“O Anti-Cristo nasceu
“Para o Brasil governar
“Mas ahi está o Conselheiro
“Para delle nos livrar!
SOLDADO
“Visita nos vem fazer
“Nosso deus São Sebastião.
“Coitado daquelle pobre
“Que estiver na lei do cão!
MISSÃO ABORTADA
CANTO DO CORIFEU
13 de Maio de 1895,
Ano 7 da Abolição,
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Daniel vai penetrar
na furna do Leão,
em Missão Persuasória,
origem da nossa Oratória,
e Moral de Brancos,
descendo aos trancos
os barrancos,
até o atravessamento
da fronteira fluvial
do acampamento.
CORO GERAL DISTANCIADO
Em nome do homem
Larô Yê!
CORIFEU
Santos Embaixadores da Desordem
Mundial!
CORO
Em nome do homem
Larô Yê!
CORIFEU
Santos Preparadores da Guerra
da Terra Arrasada,
CORO
Em nome do homem
Larô Yê!
CORIFEU
Negociadores, Lobistas, com suas
pastas, embaixadas, projetos,
Engenheiros, Políticos, Arquitetos
Agentes da Paz do Holocausto
CORO
Em nome do homem
Larô Yê!
CORIFEU
Não pode perecer a idéia única do
Homem
CORO
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Em nome do homem
Larô Yê!
CORIFEU
e do seu Império do Tomem Comem
Consomem.
CORO
Em nome do homem
Larô Yê!
HINO APOTEÓTICO DA MISSÃO
DE PAZ
CORO
Missão Santíssima,
Concorridíssima,
corram seus dias criando paz na
alma das gentes,
nós cinco mil assistentes,
mulheres e homens válidos,
cartucheiras à cinta, cálidos,
gorro na cabeça, de quem vai à combate,
mas acreditem
não queremos saber de ataque.
Não queremos saber de ataque.
Que os Anjos vos tenham enviado,
pra fazer batizados,
crismas,
casamentos,
confissões,
e disseminar nossa peste nossas
Paixões.
Não queremos guerra,
Só contagiarmos de amor toda terra.
(Sobre a música o
povo comenta:)
JAGUNÇO
Maçon…
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VIRAGO
Protestante!
JOAQUIM MACAMBIRA
Republicano.
ZURIA
(Desesperada)
Não estão do nosso lado…
TRANSHOMEM
MANDRÁGORAS GRÁVIDAS
COM CORIFÉIA LINA
O Tempo vai revelar,
outro construtivismo.
Por mais que se queira massacrar
Estará sempre, eternamente vivo
somos todas
são vocês
Muito mais do que, o que
chamam Homem
e sua civilização da maldição.
Somos Mais… somos mais…
CORO
História de amor
desamor
cornos coroados
apaixonados.
Desejo bate forte
à porta do que, o que chamam Deus
e é Criação.
Luta transborda do que, o que
chamam amor
e é paixão.
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MARACATÚ
LINA
Vem Oficina de Florestas
Teatro De Estádio
Cidade! Manifesta?!
CORO
São Pã,
Nosso presente
Sempre Hoje Amanhã
CORO
Vêm Luta
1a 2a 3a 4a Expedição
sai sai sai sai maldição.
tente sempre um próximo assalto,
Pode vir
Reiniciamos marcha
talvez longa, ou num salto.
Não haverá rendição
diante da vergonha muito humana
da maldição.
Amaldiçoadores da vida,
levem o fim do Homem
com vossa Idéia única
de homem.
Nasce felicidade guerreira
Xama, aqui, xama lá,
qualquer hora
qualquer lugar
CONSELHEIRO
Não seremos jamais amaldiçoadores
Felicidade Guerreira Batam xamem
Tambores
Adeus Homem
o que sobrou
CORO
Vai à Luta!
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ATUADORES SER-ESTANDO 2000-2006
Adão Filho, Adriana Calcanhotto, Adriana Capparelli, Adriana Garotti, Adriana Viegas,
Adriano Salhab, Aguinaldo de Souza Rocha, Aíla da Conceição, Alessandra Silva,
Alessandra Zalaf, Alex da Conceição, Alex Sandro, Alexandra Campos Tavares,
Alexandra Nunes do Nascimento, Alexandre Soares do Nascimento, Alexandro Silva,
Alice Ferraz, Alice Queiroz, Allan Milani, Amanda Dafoe, Ana Carolina Almeida, Ana
Carolina Lemos, Ana Carolina Pereira, Ana Manfrinatto, Ana Maria Bortoletto Grizante,
Ana Maria Nora Tannus, Ana Maria Santaché, Ana Rúbia de Melo, Ana Vanstini, Ana
Vitória, Analiê Schnaider, Anderson Ballet Miguel, Anderson Ferreira, Anderson Orui,
André Capoeira, André do Balé, André Lorena, André Luiz Bortolanza, André Luiz
Santana Lagartixa, André Mello, Andrea Mendonça Barbosa, Andréia Guilhermina,
Ângela Dip, Angelita de Lourdes Machado, Anna Guilhermina, Antonio Aureliano
Pereira, Ariclenes Barroso, Arifranio Barroso, Aristenio Barroso, Arnaldo Antunes,
Arthur Lescher, Arthur Nestrovski, Augusto César, Alves dos Santos, Aureliano
Coimbra, Aury Porto, Beatriz Carolina Gonçalves, Bebê Soares, Berthold Zilly, Beto
Galvão, Bia Fonseca, Brenda Lígia Miguel, Caio da Rocha, Camila Mota, Carina
Miyata Stadiê, Carlinhos Brown, Carlos Alberto Pontes Jr., Carlos André Ferreira,
Carlos Caçapava, Carlos Ebert, Carlos Gomes, Carolina Ferreira Zoccoli, Carolina
Maluf, Caterine de Lima (Catê), Catherine Hirsch, Celso Sim, Charles Lima da Silva,
Chiara Rodello, Chica, Chico César, Christian Cancino, Cibele Forjaz, Cibele Gardin,
Cida Melo, Cida Rodrigues, Cintia Ingrid Alves Rocha, Cíntia Porfírio, Clarissa Mastro,
Clayton Barros, Cristiane Cortílio, Cristiani Zonzini, Cristiano Carvalho, Cynthia
Zucchi Matozinho, Dalmo Louzada, Daniel Camilo, Daniel Gonzalez, Daniel Lara,
Daniela Duarte, Danilo Tomic, David Schumaker, Deco, Denis Garcez, Denise
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Carolina Oliveira
Günther Giese
Bia Fonseca
Cida Melo
Alice Queiroz
Emerson Aureliano
Eduardo Moreira
Ana Rúbia de Melo
Charles Lima
Elisa Ferraz
Daniel Lara
Elisete Jeremias
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Assunção, Denise Millan, Diogo Granato, Diogo Leite da Silva, Djalma Lima, Dorien
Barretto, Doró Cross, Dylan Rocha, Edilson dos Santos, Edina dos Santos, Edísio dos
Santos, Edson Aureliano, Edu Nazarian, Eduardo Bruno Fecsman Jr., Eduardo Ferroni,
Eduardo Moreira, Eduardo Reyes de Campos, Elaine César, Elenildo de Moura Uga,
Elenira Peixoto Silva, Elisa Ohtake, Elisete Jeremias, Elísio Lages Thomaz, Elói de Melo
Nunes, Emerson Aureliano Pereira, Emerson Ribeiro, Estanislau Azevedo, Everaldo
Guimarães, Everson Romito, Fabiana Salles, Fábio Delduque, Felipe da Silva Berlim,
Felipe Gomes Moreira, Felipe Vidal, Félix Oliveira, Fenício Trejo, Fernanda Aguiar,
Fernanda Diamant, Fernando Coimbra, Fioravante Almeida, Flavia Lobo de Felício,
Flávio Rocha, Francine Ramos, Francione Oliveira Carvalho, Francisco Rodrigo,
Francisco Taunay, Franklin Albuquerque, Franklin Araújo, Fransérgio Araújo, Fredy
Allan, Gabriel Fernandes, Gabriela Panachão Benício, Gabriela Brits, Gabriela
Previdello, Geraldo Alves de Carvalho, Geraldo Júnior, Gilmário da Silva Júnior,
Giovane Azevedo, Giovanni Cardeliquio Gambra, Girleide, Gisela Marques, Giuliana
Pellegrini, Gringo Cardia, Guilherme Calzavara, Günther Giese, Gustavo Medeiros,
Haroldo Costa Ferrari, Heberson Hoerbe, Helena Amaral, Heloísa Ururahy, Henrique
Mariano, Henrique Martins, Henrique Palazzo, Hitomi Jonishi, Horácio Sei, Ingrid
Furtado, Irene Selka, Isaar França, Isadora Ferrite, Ito Alves, Ivaldo de Melo, Ivan
Estanislau Azevedo
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Irene Selka
Flávia Lobo
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Andrade, Ivonete Pereira, Jacqueline Braga, Jamile Valente, Jards Macalé, Jean
Canesqui, Jéssica, Jime, Joan Santos, Joana Salles, João André da Rocha, João Paulo
Carvalho, Jonaya de Castro Garbe, José Celso Martinez Corrêa, José Luiz Ziembik, José
Paulo Gouvêa, Juan Ortiz, Juarez Nunes, Judite de Lima, Juliana d’Grazia, Juliana
Freire, Juliane Elting, Júlio Meiron, Junio Barreto, Kadu Pinto, Karina Buhr, Karlla
Girotto, Kátia Alves, Katia Oliveira, Keila Malvezzi, Lala Martinez Corrêa, Laura Vinci,
Leandro Rodrigues, Leci de Andrade, Lene, Lenerson Leandro Poloini, Lenise Pinheiro,
Letícia Coura, Lígia Casella Kamado, Lílian Brites de Castro, Liliana Cury, Lira Paes
(Lirinha), Lírio, Lucas Braguirolli, Lucas Moreno S. Anjos, Lucas Weglinski, Lúcia
Telles, Luciana Brites, Luciana Cunha, Luciana Domschke, Luis Carlos França, Luis
Paëtov, Luis Ushirobira, Luiz Maria Veiga, Lula Carvalho, Madalena Bernardes, Maíra
Leme de Andrade, Maju Minervino, Marcelo Boffa, Marcelo Bratz, Marcelo Capobianco,
Marcelo Comparini, Marcelo Drummond, Marcelo Gavião Arossa, Marcelo Gazzoti,
Marcelo Pellegrini, Márcia Maria Azevedo Papoti, Marcio Dionizio da Silva, Marco
Antonio Rezende, Marco Bexiga, Marco Piantã, Marcus Avaloni Guedes, Marcus
Damigo, Marcus del Mastro, Marcus Silva de Lima, Maria Cilene Ribeiro de Souza,
Maria Cristina, Maria Gomez, Maria Juliana S. Camargo, Maria Thereza Mello Maron,
Maria Zita, Mariana de Moraes, Mariana de Oliveira, Mariana Zanetti, Mariano Mattos >>
Gabriel Fernandes
Tom Ribeiro
Wal Nogueira
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Giovani Azevedo
Henrique Martins
Lucas Weglinski
Michele Roland
Osvaldo Gabrieli
Rafael Martins
Rodrigo Andreolli
Pedro Terra
Simone Rodrigues
Roseli Aparecida
Rodrigo Gava
Thaís Sandri
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Martins, Marilene Rodrigues Reis, Marília Halla, Marina Vergueiro Leme, Mário Lopes,
Marli Pereira da Silva, Marlio Vilela Nunes, Marta Macruz de Sá, Mathias Pees, Maura
Baiocchi, Maurício Shirikawa, Michele Ugliano Garbelini, Milena Palma Espildora,
Miro Rizzo, Modesto Carvalhosa, Moracy Amaral, Naomy Schölling, Nasha, Nelson
Kume, Ney Oliveira, Océlio de Sá, Olintho Malaquias, Oswaldo Gabrielli, Oswaldo
Santana, Otávio Ortega, Pascoal da Conceição, Patrícia Aguille, Patrícia Lopes,
Patricia Silva, Patrícia Winceski, Paula Carvalho, Paula Romano, Paulo Ferreira,
Pedro Epifânio, Pedro José Renteiro, Pedro Lira, Pedro Terra, Pepê Mata Machado,
Péricles Cavalcanti, Rafael Amaral Primo, Rafael Carvalho, Raí, Regina Prata,
Reginaldo Nascimento, Regis Soares, Renata Rugai, Renato Rodrigues Jacinto,
Renée Gumiel, Ricardo Bittencourt, Ricardo Costa, Ricardo Cutz, Ricardo Fernandes,
Ricardo Morañez, Ricardo Seco, Roberta Koyama, Rochele Sá, Rodolfo Dias Paes (Dipa),
Rodrigo Gava, Rodrigo Matos, Rodrigo Rocha da Silva, Rodrigo Trindade, Rogério Victor,
Rosana Ferraz, Rosangela Nê, Rose Aparecida, Rubens Rewald, Sálvio do Prado,
Samuel Costa, Sandra Manoelina Pereira, Sandra Michelan, Sara Antunes Bueno,
Schinaider, Sérgio Ricardo, Sérgio Souza, Sheyla Souza, Sidão, Sidney Almeida,
Silvia Castro, Sílvia Moraes, Sílvia Regina de Carvalho, Siva Rama Terra,
Sônia Ushyiama Souto, Stanislau Azevedo, Stefan Wolf, Stella Prata Miziara,
Sylvia Prado, Talita Martins Souza, Tania Bernucci, Thaís Sandri, Thaís Taverna,
Theo Solnik, Thiago Silva Granato, Thomas Miguez Ramos Gouveia Silva, Tila Teixeira,
Tom Zé, Tommy Pietra, Tônia Grecco, Valtêncio Vieira, Vanessa Lutz, Vanessa Poitena,
Vânia Monteiro, Vera Barreto Leite, Vera de Andrade, Verônica Tamaoki, Vicente Gil,
Wal Nogueira, Waldemir Leite, Walter José Balthazar, Wanessa Janiak, William
Cristiano da Silva, Wilson Feitosa Jr., Wolfgang Pannek, Xandy, Ylízia Batista,
Yve Valente, Zé de Paiva, Zé Miguel Wisnik.
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O S S E RT O E S - O H O M E M I I
D A R E - V O LTA A O T RA N S - H O M E M
de Euclides da Cunha
TEATRO OFICINA UZYNA UZONA
Direção JOSÉ CELSO MARTINEZ CORRÊA
Dramaturgia FERNANDO COIMBRA,
JOSÉ CELSO MARTINEZ CORRÊA E TOMMY PIETRA
Conselheira CATHERINE HIRSCH
Diretora assistente CAMILA MOTA
FICHA TÉCNICA
ATUADORES
ADRIANA CAPPARELLI maciel, olga/ordem,
heloísa de lesbos, carpideira sambista, atávica
nadadora do fundo da mar rediviva, farândola,
coriféia dos trastes grosseiros, nova
chegança, célula do corpo sem órgãos, virago
ADRIANO SALHAB cantor de cabaré, cantor
da rua do ouvidor, cego aderaldo, chiquinho
ou jõao da mota, soldado cantador
ANDRÉ SANTANA LAGARTIXA andré jacinto
de souza pimentel
ANNA GUILHERMINA ninfa irmã de miguel
carlos, irina/ progresso, boffo o amante
do circo-teatro, sertaneja catimbopzeira,
farândola (itapicuru de cima), yemanjá do
fundo da mar rede-vida, convidada da ilha
fiscal, virgem santíssima cacilda becker,
eva, menina etaira
AURY PORTO antônio maciel, um dos irmãos
spartacus (fortão do circo), arcebispo da
bahia, marechal deodoro da fonseca, joão
abade, célula do corpo sem órgãos
CAMILA MOTA diadorim, a janela, em alguns
dias: antoninho maciel do circo, jurema
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catimbópzeira, cabra coriféia da farândula,
atávica nadadora do fundo da mar rediviva,
catimbopzeira índia do piquaraçá, em alguns
dias: estrela jeanne moreau, em alguns dias:
hemeralopaica das lágrimas de sangue de
nossa senhora, thimóteo sineiro, célula do
corpo sem órgãos, cabra coriféia do coro
sagrado
CÉLLIA NASCIMENTO maria jana (irmã
de maria chana) tia de antoninho maciel,
rumbeira, povo de itabaiana, libertas,
procissão do mutirão, povo de bom conselho,
farândola, moradora de canudos, coro
de ditirambo, coro de rebotalho, coro de
tatuturemas, coro sagrado, beija, coriféia
no canto do 13 de maio
ELENILDO DE MOURA (UGA) antoninho
maciel, acrobata do circo, morador de
itapicurú de cima, farandoleiro, jagunço
que vem com a nova chegança, soldado
da guarda católica
DANILO TOMIC araújo, oficial, juiz deus,
d. pedro II, nietzsche, vila-nova
>>
FÉLIX OLIVEIRA vicente mendes maciel,
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palhaço sem calça do circo, fotógrafo da
folhinha laemmert, manuel quadrado, feitor,
célula do corpo sem órgãos, vigário do cumbe
FERNANDO COIMBRA dilermando de assis,
vigário de natuba
FIORAVANTE ALMEIDA jagunço mercenário
dos araújos, espião de miguel carlos, boy
maconheiro que leva o enquadro, índio cariri,
xucuru, o homem da capela cistina, atávico
nadador do fundo da mar rediviva, chico
science, norberto cariri
FRANCISCO RODRIGUES josé joaquim
de menezes, acrobata do circo, joaquim
macambira farandoleiro seguindo
conselheiro, convidado do baile da ilha
fiscal, macambira jr. soldado da guarda
católica
FRANSÉRGIO ARAÚJO manoel carlos avô
de antônio maciel, jovem antônio maciel,
cadete no baile da ilha fiscal, cadete na
proclamação da república, governador da
bahia, estevão tatuturema que vem na nova
chegança, célula do corpo sem órgãos
FREDERICK STEFFEN família araújo, um
dos irmãos spartacus (os fortões do circo),
são sebastião, leão de natuba
FREDDY ALLAN coreuta de todos os coros
GUILHERME CALZAVARA silvestre
acomparsado com a família araújo, rumbeira
escandalosa!, marcelo ferraz da farândola
do povo de itapicuru de cima, sir. jones,
apolonio de toddi de monte santo, soldado
que vai e morre!, palhaço guia de cego
atuante!, célula do corpo sem órgãos,
marcelo ferraz com suas plantas sem
folhas vivas, anjo do apocalipse
desapercebido!, mano fruslay flash back!
HAROLDO COSTA FERRARI miguel carlos,
jurema brasylina do circo-teatro, delegado
de itapicuru, cadete no baile da ilha fiscal
e na proclamação da república/soldado
72
republicano, avô do muribeca com seus
mapas das minas de prata, prudente de
moraes, beatinho
JULIANE ELTING prima favorecida do manoel
da familia araújo, em alguns dias: olga/
ordem, em alguns dias: a janela, coro da
viagem antonio/brazilynha, coro das estrelas
da rumbeira escandalosa, farândola
(itapicuru de cima), atávica nadadora do
fundo da mar rediviva, convidada do baile
da ilha fiscal, sertaneja amante futura do
palhaço que vem na nova chegança, célula
do corpo sem órgãos
KARINA BUHR rumbeira, joventina ceguinha
e mudinha de itabaiana, joventina apenas
ceguinha pós milagre, valsante do baile da
ilha fiscal, jagunça science nos coros, os que
chegam com o dia na nova chegança, célula
do corpo sem órgãos, jagunça do xequerê
LETÍCIA COURA maria chana mãe das três
irmãs maciel e de antônio (inho) vicente
mendes maciel, antoninho maciel _ o
marido _ do circo-teatro, catimbopzeira,
farândola de itapicuru de cima, atávica
nadadora do fundo da mar rediviva,
convidada do baile da ilha fiscal,
catimbopzeira índia do piquaraçá, estrela
jeanne moreau, hemeralopaica das lágrimas
de sangue de nossa senhora, cavaquinista
da primeira chegança em canudos, célula
do corpo sem órgãos
LUCIANA DOMSCHKE uma das irmãs de
antônio maciel, ana de assis, mãe santa
de antônio, ana de assis bacante, princesa
isabel, macha-amor, terra-amor
MARCELO DRUMMOND euclides da cunha
MARIANA DE MORAES filha de césar araújo
(a noiva), coro candidatura de antonio
conselheiro, primeiros revezes, rumbeiras,
coro dos forjadores do corpo sem órgãos,
coro itabaiana, farândola dos primeiros,
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irmã mariana, em alguns dias: carpideira
sambista, mandrágoras, coro da corte, em
alguns dias: coriféia dos trastes grosseiros,
ceguinhas
MARIANO MATTOS manoel procópio em:
coro dos eleitores, coro do cabaré ipu, coro
da rua do prazer de aporá, coro dos irmãos
spartacus fortões do circo, sertanejo troiano
erismar em: coro da farândola, itapicuru de
cima, assessor cerimonial do império de d.
pedro II, glauber rocha, sertanejo bem-te-vi
troiano, coro de natuba, coro da queima de
masseté, abu al zarqawi que vem com a
nova chegança, escrivão coroinha de bom
conselho
NAOMY SCHÖLLING mãe da família silvestre
aparentada com a família Araújo, em alguns
dias: maria chana mãe das três irmãs
maciel e de antônio (inho) vicente mendes
maciel, rumbeira, cantora da rua do ouvidor,
farândola, atávica nadadora do fundo da
mar rediviva, coro da corte, ceguinha
OTÁVIO ORTEGA chiquinho ou joão da mota
PATRÍCIA AGUILLE matriarca helena araújo, >>
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a apresentadora do circo, farandoleira de
canudos, a liberdade, atávica nadadora do
fundo da mar rediviva, prefeita de “bom”
conselho, profetisa da orgyapocalyptyca,
helena araújo leoni que fugiu pra tróia de
taipa, beijadora ávida do beija
PEDRO EPIFÂNIO jagunço mercenário dos
araújos, alferes francisco gregório de pinto,
noivo de irmã de antônio, soldado lovelace
de brasylina, pinah fortão do circo, ogum,
escravo liberto no dia 13 de maio riscador
de pemba de terreiro, pajeú, célula do corpo
sem órgãos
RICARDO BITTENCOURT patriarca araújo da
costa, mãe de antônio maciel do circo teatro,
cara que grita e chinga, josé bonifácio,
militar linha-dura da proclamação da
república, raimundo boca torta, barão de
jeremoabo, juiz militar menelau barbosa
arlindo leone, frei joão evangelista do
monte marciano
RODOLFO DIAS PAES (DIPA) farândola, povo
de itapicuru de cima, quinquim de coiqui
que vem na nova chegança, célula do corpo
sem órgãos
RODRIGO GAVA coreuta de todos coros
atuando da cabine de comando do terreiro
eletrônico
SÁLVIO PRADO silvestre veras, noivo
assassinado, palhaço do circo, morador de
itapicuru de cima, farândolista, membro
atuante do cerimonial imperial, barnabé josé
de carvalho que vem na nova chegança
SAMUEL DE ASSIS jagunço mercenário
dos araújos, servente da baioca de manoel
procópio, soldado subordinado do alferes
francisco gregório de pinto a mando da
nêmesis, marcelo suzuki que segue a
farândola, segurança da alcaide de bom
conselho, capitão jesuíno que vem com
a nova chegança
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SYLVIA PRADO jagunça mercenária dos
araújos, brasylina boa, brazylina carmem,
brasylina rumbeira fugida com o circo,
brasylina no deserto, farandolina, atávica
nadadora do fundo da mar rediviva,
convidada do baile da ilha fiscal, brasylina
habitante de canudos, célula do corpo sem
órgãos, lina bo bardi
VERA BARRETO LEITE helena maciel a
nêmesis da família, república, hécuba
a megera de tróia que vem na nova
chegança, hécuba/zuria
WILSON FEITOSA JR filho da família araújo,
um dos irmãos spartacus (os fortões do
circo), povo de itapicuru de cima, farândola,
soldado do exército, em alguns dias: estrela
querelle que toca com estrela jeanne moreau,
chegado da nova chegança
ZÉ CELSO MARTINEZ CORREA antônio
conselheiro
ZÉ DE PAIVA capanga dos araújos, vicente
lopes de aracatiaçú, acrobata do circo, coro
da farândola (joão grande), deus, escravos
libertados, coro 13 de maio, joão grande
chefe da guarda católica
ATUADORES DO MOVIMENTO
BIXIGÃO
ARICLENES BARROSO criança da família
araújo, o caçula dos irmãos spartacus (o
fortinho do circo), morador de itapicurú de
cima, farândola, menino republicano,
jaguncinho que vem com a nova chegança,
brazyleirinho criança deusa chamada LUTA
EDNA DOS SANTOS irmã de antoninho maciel,
menina apresentadora da ópera do circo,
criança conselheirista da farândola
EDÍSIO DOS SANTOS criança da família
araújo, jovem euclides da cunha, acrobata
do circo, euclidinho filho de euclides e ana,
jovem pregador de placas de impostos,
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Pedro Epifânio
habitante original de canudos
EDILSON DOS SANTOS garoto avião de
helena e miguel carlos, acrobata do circo,
farandoleiro, jovem pregador de placas de
impostos, soldado da guarda católica
JACQUELINE BRAGA irmã de antoninho maciel,
menina apresentadora da ópera do circo,
criança republicana, jaguncinha que vem
com a nova chegança
E MAIS OS ARTISTAS
DO CIRCO TEATRO DE
ESTÁDIO OFICINA:
ANELIÊ SCHINAIDER
BEIÇO – GILMÁRIO JÚNIOR
CAROLINA ALMEIDA
DÉBORA SANTOS
GENI DE LIRA
IVAN CARDOSO
JHONATHA FERREIRA
JULIANE LIRA
LUNA OLIVEIRA
MARIANA OLIVEIRA
THIAGO MARTINHO
XANDY
MÚSICA E SONORIZAÇÃO
Diretor musical e trilha sonora original
MARCELO PELLEGRINI
Compositores ADÃO FILHO, ADRIANA
CALCANHOTTO, ADRIANA CAPPARELLI,
ADRIANO SALHAB, ARNALDO ANTUNES,
CAMILA MOTA, CARLINHOS BROWN, CELSO
SIM, CLAYTON BARROS, DENISE ASSUNÇÃO,
FIORAVANTE ALMEIDA, JARDS MACALÉ,
LETÍCIA COURA, LIRINHA, MARCELO
PELLEGRINI, OTÁVIO ORTEGA, PATRÍCIA
AGUILLE, PEPÊ MATAMACHADO, PÉRICLES
CAVALCANTI, SÉRGIO RICARDO, ZÉ CELSO,
ZÉ DE PAIVA, ZÉ MIGUEL WISNIK
Operador de som RODRIGO GAVA
Direção de sound design RODOLFO DIAS
PAES (DIPA)
Roadie RODRIGO ANDREOLLI
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MÚSICOS INSTRUMENTISTAS
Baixo ADRIANA CAPPARELLI
Baixo, bandolim, rabeca, violino ADRIANO
SALHAB
Cavaquinho LETÍCIA COURA
Percussão ANDRÉ LAGARTIXA
Percussão DANIEL CAMILO
Percussão KARINA BUHR
Percussão ITO ALVES
Piano, acordeon, escaleta OTÁVIO ORTEGA
Trompete GUILHERME CALZAVARA
Preparação do coro GÜNTHER GIESE,
LETÍCIA COURA, NAOMY SCHÖLLING
VÍDEO
Direção original TOMMY PIETRA
Direção na remontagem 2006
FERNANDO COIMBRA
Assistente de direção 2006 GABRIEL
FERNANDES
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Câmeras DANIEL LARA, GABRIEL FERNANDES
Operador e VJ CHARLES LIMA DA SILVA
FERNANDO COIMBRA
Gaffer RODRIGO ANDREOLLI
Colaboração ELAINE CESAR MARÍLIA HALLA
E OSVALDO SANTANA
CENA
Maestra de cena ELISETE JEREMIAS
Diretor de cena ESTANISLAU AZEVEDO
Contra-regras HENRIQUE MARTINS, GIOVANI
AZEVEDO
Camareira diretora CIDA MELO
Camareiras ALICE QUEIROZ, TEREZINHA,
MARIA DO SOCORRO
ARTE/CENÁRIO
Diretor de arte e cenografia
OSVALDO GABRIELI
Coordenação de objetos na
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remontagem 2006 ZÉ DE PAIVA
Aderecistas MÁRIO LOPES, EDUARDO
MOREIRA, OCÉLIO DE SÁ, JUAN ORTIZ
FIGURINO
OLINTHO MALAQUIAS, HELENA AMARAL
Coordenação da remontagem 2006
SYLVIA PRADO
Assistentes de figurino CRISTIANO
CARVALHO, SOFIA BORGES
Costureiras ALICE FERRAZ, LECI DE
ANDRADE, SILVIA CASTRO, WAL NOGUEIRA,
MARILENE RODRIGUES, SR. MIGUEL
Máscara de raymundo boca torta LALA
MARTINEZ CORRÊA
ILUMINAÇÃO
Diretor de iluminação CIBELE FORJAZ,
ALLAN MILANI
Operadores de luz IRENE SELKA, PEDRO
TERRA
Técnico geral RAFAEL MSP
Montagem RICARDO MORAÑEZ, RAFAEL MSP,
IRENE SELKA, PEDRO TERRA
Operadores de foco móvel CAROLINA
MERCALDI OLIVEIRA, TOM RIBEIRO
Produtor gráfico HORACIO SEI
Revisão FERNANDA DIAMANT
Assessoria de comunicação
FRANCINE RAMOS
Apoio de divulgação FIORAVANTE ALMEIDA
Fotos LENISE PINHEIRO,
LUIS USHIROBIRA, PEDRO TERRA, ANA ROJAS
PRODUÇÃO
Produtoras ANA RUBIA E BIA FONSECA
Produtor internacional MATHIAS PEES
Assistente de produção MARIANO MATTOS
COREOGRAFIA
WOLFGANG PANNEK, MAURA BAIOCCHI
PREPARAÇÃO DAS CENAS
DO ELENCO INFANTIL
CAMILA MOTA, FIORAVANTE ALMEIDA,
ZÉ DE PAIVA
ADMINISTRAÇÃO
Diretor administrativo AURY PORTO
Auxiliar administrativo SIMONE RODRIGUES
Secretária ELISA FERRAZ
Arquivista THAIS SANDRI
BIXIGÃO
MANUTENÇÃO DO TEATRO
Coordenação SYLVIA PRADO LOPES
Produção FLÁVIA LOBO DE FELÍCIO
Dona do circo VERÔNICA TAMAOKI
Musa da acrobacia LUANA TAMAOKI
Domador de crianças ZÉ DE PAIVA
Nutrição ROSELI APARECIDA
Zelador EDSON AURELIANO
Conservação EMERSON AURELIANO,
MARCELO MÁRCIO DE PAULA,
JOHN LENNON
ASSESSORIA JURÍDICA
MARTHA MACRUZ
DIVULGAÇÃO
Site TOMMY PIETRA
(Des)programação visual – projeto gráfico
ARTUR LESCHER, DORIEN BARRETTO
Assistentes de arte AMANDA DAFOE,
ANDERSON MIGUEL, EVERALDO GUIMARÃES
ASSESSORIA CONTÁBIL
PAULA CRISTINA ROMANO
CONSULTORIA MÉDICA
LUCIANA DOMSCHKE
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APOIO CULTURAL
tel. 11 3159-5106
ACADEMIA
Templo Shaolim
SACOLÃO
AVANHANDAVA
CASA DE VELAS
SANTA RITA
www.srita.com.br
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PADARIA
14 DE JULHO
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PATROCÍNIO
SECRETARIA DE ESTADO DA
CULTURA DE SÃO PAULO
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TEATRO OFICINA
UZYNA UZONA
Rua Jaceguai, 520 - Bixiga - São Paulo - SP - Brasil
cep: 01315-010 - tel: 55 11 3106 5300/3106 2818
www.teatroficina.com.br - [email protected]
Capa Homem II.qxp
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