programa homem 2
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programa homem 2
Capa Homem II.qxp 10/17/06 7:44 PM Page 5 : 2 e 3 10/17/06 7:16 PM Page 2 DEDICATÓRIAS O Homem II é dedicado aos transhomens Renée Gumiel, Roberto Ventura, Lina Bo Bardi e Jorge Borges Corrêa. A criação deste trabalho é dedicada a todo poder de Desmassacre da Arte do Teatro e da atuação do Poder Transhumano da Multidão, seu público, para não somente conter a ameaça do Teatro Oficina ser Massacrado por um Shopping Center mas principalmente para Criar em seu entorno tombado a Orgya, o prazer do Teatro de Estádio, abraçado por Oficinas de Florestas, estudando a Multiversidade de Cultura Popular Brazyleira Antropofágica respirando na Praça da Cultura transfiguradora do Minhocão. Um lugar de encontro de todos os povos de todos os guetos de São Pã no cultivo vivo da cultura, da educação deseducada, da saúde desconhecida de forças que o duplo do Teat(r)o cria, da fraternidade sensual da inclusão, da possibilidade que a revolução virtual criou no atual. O Grupo Silvio Santos, anuncia este semestre o início das obras do Shopping. Esta ameaça de 26 anos, inspirou o trabalho das 5 peças de “Os Sertões” no sentido de impedir este Massacre Anunciado. As 5 peças vividas até o fim de 2006 vão estimular vencer a questão que se coloca para a terra arrasada em torno do Oficina aonde se construa Não o Carandiru de luxo de um Shopping mas Sim um poderoroso Lugar de Prazer Público de Cultura. A geração viva deste início de milênio pode atuar com eficácia nesta necessária 2 2 e 3 10/17/06 7:16 PM Page 3 "À CRIAÇÃO DE UMA ATITUDE HERÓICA E ANTI-HERÓICA DOS QUE VÃO À LUTA E DIZEM - adeus Homem!" “perestroika” no capitalismo financeiro como Multidão. Por isso cada peça tem sua dedicatória mas a viagem de todas é dedicada a todos e a todas, sem exceção, que desejam trabalhar a criação dessa possibilidade do impossível muito além de trabalhar para o Oficina que atuará somente como link de todo um movimento fora dos guetos para tomar esse espaço de formação de coros protagonistas de criadores, além das ideologias, das mídias, dos sexos, classes, culturas, catequeses, compartimentações. As 24 horas de Os Sertões são dedicadas ao viver cada dia, cada noite, como a primeira, apaixonado pela recriação da vida concreta, vida carne-alma, fora das esferas de cristal, rompendo-as como Galileus, e libertando o Corpo Doente quase moribundo da Terra para a viagem sem amarras com o deus desconhecido Solar, Estrelar, Vegetal, Animal, em Transe para o Trans. Ao Bexiga. Aos seus cultivadores e frequentadores de todo o mundo. Aos lutadores de seu florescimento, seu amor, sua ordem, seu progresso. Daquilo que é impossível dizer sem o phoder político da Arte como poder condutor da ORGYA de tudo com tudo. Todo com Todas. 3 4 a 9 10/17/06 11:19 AM Page 4 RENEE!!!!! Depois de ter entrado de bailarina clássica de ballet russo, coisa que repudiou em toda sua vida, na “Luta II”, Renée passou a topar tudo, quis entrar para o Circo e ensaiou a Fera Fora da Jaula, para ser indomada por Zé de Paiva com seu Chicote Cruel. Renée surgia com suas garras pra atacar com seus alongadíssimos dedos culminados por unhas enormes e seus olhares direcionados para a sedução do domador em sua última cena que ainda vamos realizar, assim como a Nanã Burukú neste mesmo “Homem II”, mas ainda não tivemos tempo de vida para começar a comer todas as farturas que essa bailarina do perigo com sua lanterninha conquistou para o Teatro Oficina, para todos nós vivos e mortos no mundo que aprendemos tanto com sua passagem eterna, saindo do Circo para a UTI, para retornar linda em seu caixão no palco do Sesc Vila Nova, provocando um ritual maravilhoso de seus amigos, que continuou até o Caixão Respirando, antes de ser queimada, no Teatro de Arena, na Vila Alpina. Os Ritos continuam hoje, no hoje que for hoje. VIDA ESCRITA NA PELE Personalidade única no processo de modernização da dança paulista, Renée Gumiel foi, toda a vida, capaz de catalisar forças ao seu redor. Sempre trabalhou na interface da dança com o teatro, que eram suas armas a favor da arte e da vida. No início, quando chegou a São Paulo, em 1957, não encontrou grande receptividade ao seu trabalho. Aos poucos, foi rompendo preconceitos. Desde então, não parou de influenciar gerações da dança e do teatro. Para Gumiel, “corpo é saber: sensibilidade física e psíquica”. Na sua visão cosmopolita, as várias artes estão interligadas e um artista deve ter formação múltipla. Assim como trouxe 4 para o país a dança moderna, também apresentou compositores como o alemão Karlheinz Stockhausen, pioneiro da música eletrônica, e criou coreografias inspiradas em autores como Sartre e Brecht. Experimentalismo e improvisação eram aspectos fundamentais do seu trabalho corporal, que foi se tornando cada vez mais próximo do teatro _ um teatro que parte do corpo. Desde 1991, vinha participando de espetáculos de José Celso Martinez Corrêa, no teatro Oficina: “Cacilda!”, “Bacantes” e as cinco partes de “Os Sertões”. Este ano estreou “Cinzas”, de Samuel Beckett, que dirigiu e interpretou ao lado de Aury 4 a 9 10/17/06 11:19 AM Page 5 Porto. “Para mim, fazer dança ou teatro significa evoluir, não me acomodar”, ela gostava de dizer, com o sotaque carregado e o tom voluntarioso que nunca deixaram de ser suas marcas, assim como a maquiagem pesada, o cigarro e o cálice de vinho. Até os últimos dias, Gumiel continuava no palco do Oficina e dando aulas na escola teatral Célia Helena. Para ela, vida e arte nunca se separavam. Sempre viveu o presente, com pouca paciência para o passado e de olho no futuro, planejando novas montagens. “Não tenho saudades do passado, vivo o presente e o futuro. Mas minha vida está escrita na pele.” Não tinha medo da morte: “Para mim, não existe a morte sem a vida. O anjo da morte está sempre presente, em nossas emoções e atos. Nossa caminhada não tem princípio nem fim, só continuidade”. A imagem de Renée dançando, aos 92 anos, é uma das nossas visões definitivas da arte, como forma humana de continuidade. Sua lição maior sempre foi essa: a renovada afirmação do sim, contra tudo que nos diz não. “Ínes” Bogéa Folha de S.Paulo, 12 de setembro de 2006 >> 5 4 a 9 6 10/17/06 11:19 AM Page 6 4 a 9 10/17/06 11:19 AM Page 7 RENEE GUMIEL E NOSSA ESTRELA-GUIA “Ela” tem papel extremamente importante no movimento que busca a epifania do Oficina como dança. “ Só acredito num deus que dança.” Está na vanguarda porque está/é constantemente dança, dançando o mundo. Renée fez uma revolução na dança brasileira colonizada. Devolveu nossas origens, trazendo para nosso país, na bagagem de seu próprio corpo, pele, respiração, a dança moderna da iluminada vanguarda construtivista da Europa do século 20, que somou à tecnicização a redescoberta dos bárbaros da África, do Brasil, de Bali, do Japão etc. Atualmente no Oficina, continua fazendo a revolução construtivista. Está na nossa vanguarda, nos levando aonde queremos chegar, o teatro dançado como sol, estrela errante no cosmos em direção a sabe-se lá onde. Dançando. Para mim, a expressão máxima do teatro reúne todas as outras artes: projeção, luz, dramaturgia, música, canto. Tudo isso é um grande corpo sem órgãos, mas sobretudo dançante, como sonhava Artaud [1896-1948]:“Quando vocês tiverem construído um corpo sem órgãos, o terão libertado de todos seus automatismos e lhe terão devolvido sua verdadeira liberdade. Aí poderão ensinar-lhe a dançar pelo avesso, como nos delírios dos carnavais, e esse avesso será seu verdadeiro direito. ”E Renée Gumiel sabe que a máquina do desejo do espetáculo é movida a todo instante pelo ritmo da dança que respira o ar em fluxos incorporados incessantes, longe, bem longe da prosa, dentro muito dentro da poesia escrita com o corpo no instante. Renée já é um teatro acima de tudo dança. Não só o teatro, mas a vida como dança, ritmo, canto, expulsando a sala de visitas, trazendo a intimidade secreta libidinosa da cama, do poema do amor. Agora, na primeira parte de o “Homem” [Os Sertões], além de sua personagem de Speculation Lady, ela é a Dançarina contemporânea, com seu belíssimo vestido estelar, que chegou como epifania dessa materialização da dança num corpo de mulher secular. Ela me incentiva muito como dançarino, e eu me espelho nela. Sua dança está muito ligada ao sentido profundo da dança, da cura, da vida fluindo mais viva. Coreografada (ligação não mecânica, mas elétrica, de coros), não “coreografada”, sem a rigidez militar do chorus line. Renée é muito religiosa. >> 7 4 a 9 10/17/06 11:19 AM Page 8 É uma dança muito integrada ao espaço, ao ar que respiramos, ao aqui e agora e sempre. Felizmente, os DVDs de nossos espetáculos têm preservado os momentos de eternidade presentes, como em “Bacantes”, em que Renée dançou a entidade mestiça de Réa – Nana Buruku tatuando para toda a eternidade nosso lugar imaginação. Renée Gumiel se põe num estado de dança e improvisa na situação concreta, e isso é muito parecido com o que faço no teatro – quer dizer, eu entro em estado teatral e tento viver aquele instante, naquele dia, naquele momento, e escrevê-lo, “dramaturgiálo” em cena. Renée se liga na energia do instante, dança essas energias, transforma a atmosfera; sua dança interfere materialmente no espaço como uma sublime e forte iaô. É dança religiosa, dança da macumba, candomblé. O gesto interfere no espaço físico e muda a energia que está no ar. É uma dança muito concreta. Por isso, a dança é a maior ambição do teatro, porque ela mexe, remexe, embola, rebola, viola, vola a energia de cada instante. Cura. Eu acredito muito nisso, eu observo, absorvo, como Renée, apreendo e aplico. Essa Estrela me Guia. São Paulo, 23 de agosto de 2003. José Celso Martinez Corrêa 8 4 a 9 10/17/06 11:19 AM Page 9 9 10 a 23 10/17/06 11:51 AM Page 10 O R I T O T RA N S - H O M E M O Homem II traz a Saga Sacra de Antônio Maciel metamorfoseado no Zaratustra, no Transhomem Antônio Conselheiro em seu Segundo Nascimento pela Criação dos Atores que tiveram de inventar a cidade de Belo Monte-Canudos antagonizados pelos atores Polícia, República, Exército, Igreja, Latifundiários, Especuladores. Esta Saga levantada desde os ensaios abertos em diante, com o Público de sua estréia no Brasil e na Alemanha, continua revivida com o Público de Hoje, do que vai ao Teatro Oficina e do que ainda não vai, que acaba influenciando por sua ausência. Os 6 anos levados para levantar todas as peças num esforço ansioso, muitas vezes intuitivo, inconsciente, apressado para que se cumprisse o Milagre desta realização até a retomada agora, depois de levantada toda obra, cada peça, reconstruída com o público deste fim de 10 2006 início de 2007 preparando-a para Viagens e para a Filmagem dos 5 DVD’s, são uma experiência de descoberta infinita de significados que nem imaginávamos, de compreensão inesgotável de estar-se realmente dentro de um Rito Global da Guerra do Terror e da Exclusão. As peças cada vez mais eloquentes, nos seus sons, gestos, letras, têm seus significados renovados pelas próprias provocações que a realidade do Estado de Guerra de Terror que faz aumentar numa velocidade desconhecida nos levando à uma vivência vertiginosa do nosso tempo ao mesmo tempo que nos descobrimos dentro do movimento de superação desse estado terrorista, de uma maneira que também não imaginamos. Quando terminamos de fazer pela primeira vez um dia depois da primavera passada a quinta peça, “A Luta II, o Desmassacre”, começaram nossos corpos a entender o que era este >> 10 a 23 10/17/06 11:51 AM Page 11 11 10 a 23 10/17/06 11:51 AM Page 12 “desmassacre”. Todos achávamos que estaríamos arrebentados e que faríamos um espetáculo exausto, nervoso, com vozes detonadas, cansaço dominando. Nada disso. Atingimos no ser-estar, serestando nos sertões nesta noite uma tranquilidade na execução da peça, um estado de inocência criativa com o público junto que nos fez experimentar sem poder ainda definir “o desmassacre”, ou mais precisamente, o início do desmassacre. Dentro deste mundo sob o Terror, o nascimento de um sentimento novo, o fim absoluto da paranóia, do estresse, para a continuidade desta felicidade guerreira. Claro o dia seguinte, estávamos mortos, eu pelo menos, sem alma, e durante toda esta semana, numa dificuldade enorme de escrever qualquer coisa para os programas novos, como estou escrevendo agora. A incorporação teatral de “Os Sertões” no seu itinerário todo de quem passou esta semana conosco nas quatro peças e de nós exige um comportamento novo. Desconhecido. Revendo o Homem II, O Trans-Homem, em que o público entra no teatro com as imagens e os sons das demolições do Grupo Silvio Santos do entorno do Oficina, assistindo o nascimento do futuro Conselheiro não num presépio 12 mas no meio de uma sanguinária Guerra de Famílias entre os ricos latifundiários Araújos e os remendados Maciéis, vendo o Rito passando por esta Casa do Massacre da família de Antônio em que seu pai, sobrevivente fugindo muito humanamente da guerra permanente do sertão para Quixeramobim para livrar o filho recém nascido do mecanismo infindável da vingança levando-o para “longe destas guerras insensatas, para buscar a paz” e dando-lhe o nome do tio avô Patriarca Guerreiro Antônio Maciel colocorá Antônio como Conselheiro diante da Guerra de Canudos e de novo diante de um Massacre ainda Maior, nos perguntamos se os esforços humanos, transhumanos, rodam em falso na mesma lama? Antoninho é educado como um homem pobre do ocidente mas dentro da civilização patriarcal, e torna-se adulto com o mesmo figurino de terno preto e chapéu de Euclides da Cunha, de “Homem” do Século 19, o mesmo da Dupla que Espera Godot. Mas a Bacante Brazylina sua mulher, com o fogo da Paixão nas entranhas vermelhas de Carmem-Maria Padilha, origem da Pomba Gira da Umbanda, desarranja toda a história: cria o Amor Livre, Tabú punido com Morte no mundo Patriarcal do Nordeste. Antônio confronta-se com 10 a 23 10/17/06 11:51 AM Page 13 esta segunda guerra. Como “Homem” tem de matar sua esposa que ele adora. Recusa, como seu pai a violência, para não ter que matar e muda-se de cidade. E assim vai mudando, mudando, cada vez mais apaixonado até que ela foge descalça, com um Cabo de Polícia. Deixa só o lençol de cetim de casal. Antônio enfrenta o inferno do abandono amoroso e no aprendizado na secura dos ares de coroar-se como Corno Divino. Assiste sua própria história transformada na Mídia do Circo em Pulp Fiction Violenta e Tragycômica. Sai do Teatro e vai pro Deserto, fugindo da perseguição policial como assassino da Mãe e da Esposa. Foge da dor no coração pro seu país de dentro, o sertão. Se enfia no buracú do mundo, no buraco do buraco, na vala comum, cai magnetizado por um ponto da Terra, o mesmo para onde Onilê Orixá do Centro da Terra atraíra dos céus um século atrás o aerólito Bedengó (trambolho caído dos céus como os indios chamavam), “Os Sertões”. A Bíblia de Chumbo. Nessa região, pedaço de Marte no meio do Brasil, encontra uma velha Igreja, com uma Nossa Senhora da Concepção, >> 13 10 a 23 10/17/06 Otávio Ortega Adriano Salhab 14 11:51 AM Page 14 Daniel Camilo e André Lagartixa Edna dos Santos Naomy Schölling Freddy Allan Samuel de Assis Elenildo de Moura (Uga) 10 a 23 10/17/06 11:51 AM Page 15 a Mãe do Mundo, cercada por Catimbopzeiras. Com suas Feitiçarias das poções de Jurema Preta, suas fumaças aromatizadas, despem Antônio de seu Fardo enterrando seu Terno de “Homem” com sua Mala e seu Livro de Contabilidade. Antônio está Nú nos Braços da Mãe Terra. Agarra-se à bandeira branca da Pomba Gira, seu lençol de amor de cetim, sua fralda de Conselheiro, pra ele agora Bandeira de Paz e Paixão. Seu amor por Brazylina na sua viagem de Jurema vira Amor por todo mundo, tudo, Amor Orgya. Encontra um galho de árvore, em forma duma cobra, um Bastão de Arco Verde Portal do Sertão de Pernambuco, de Meu Velho do “Árido Movie”, presente de Lírio Ferreira para o Conselheiro. Lírio que no seu primeiro filme contara a lenda dos assassinatos de Antônio e de seu amor desesperado por Brazylina, oferece o apoio do clássico bastão com que o mesmo Antônio se levanta arrebatado de amor, por um caminho que nem mesmo ainda sabe qual é. Sagra a Direção que lhe dá o Bastão e some no deserto. Nunca mais se ouviu falar daquele moço de Quixeramobim. Mas deixa uma certeza: quando Antônio Maciel tiver morrido ele volta nascido de novo pra aquele ponto do Sertão. Na nudez do deserto o moço Antônio Maciel encontra-se consigo mesmo Velho forjando-se na Uzina das Intempéries, nas horas das secas, nas horas dos frios, nas horas sem horas, sob o Sol Férreo de Heliogabalo, o corpo moldando-se como um estranho fruto de vinho fermentado na têmpera destas paredes artérias hortas da pista do Oficina. Passado pelo Malho e pela Bigorna aparece de Santo Antônio Aparecido, no norte da Bahia, já de todo imerso no sonho de Paz Libidinosa de onde não quer mais ser acordado. Com sua Imagem Barbuda, e seu hábito de brim americano, batina de blue jeans. Comecei a fazer a personagem deixando a Barba crescer até não suportar mais o meu fracasso de ator de andar pelas ruas e não ser lido como Conselheiro, ou pelo menos Walt Withiman, mas como Papai Noel. Nas Praias semi desertas, no Hemisfério Norte, em Araraquara, no Ibirapuera. A Barba foi tirada ritualmente na Cinelândia do Rio, dia 24 de agosto de 2005, quando sob uma chuva fina, vivi a Carta Testamento e suicidei Conselheiro Zé Getúlio Vargas, com uma garrafa de vinho no peito, libertando Conselheiro de sua barba, Getúlio do seu busto túmulo de mármore, lavado e beijado, renascido no cinquentenário de seu Teato inaugural da Tragédia Brazyleira. Deixei Zé livre para encontrar o seu >> Conselheiro. Segui pra Bahia no dia 15 10 a 23 10/17/06 11:51 AM Page 16 seguinte para uma Conferência Internacional de Candomblé e recebi das mãos de Mãe Stela a honraria de Exú Senhor das Artes Cênicas. Pra que mais? A Barba agora virou um aplique que não colou, não consegui. Me tirava a fé cênica. Passei a me apresentar com a cara limpa, e agora estou querendo é cortar o cabelo. Conselheiro renascido não precisaria de sua cara de Deus, que virou Papai Noel Global. Não, não dá. Fui aproximando-me da religiosidade mestiça dele, por minha fé de Teat(r)o em Dionisios Eros. Sua mudez, sua estranheza, sua peregrinação flanando sem destino, vai juntando, como nesses 25 anos de Oficina Canudos-Citerrão, gente e personagens de todos os cantos, que buscam ir além do “Homem”. Os Ham-lets, os Dionísios, Sua Santidade, Bacantes, os Mistérios Gozozos, os Bocas de Ouro, os Cogatas, as Cacildas!!!! Vão aparecendo os primeiros, monossilabando nas “Mutações de Apoteose”, nos primeiros ensaios abertos, nos vilarejos, nas periferias de São Pã, nos ensaios abertos, seguidos de Mutirões de Construções que resultaram no Teatro Oficina atual, no que em cada tempo, cada lugar mais precisa. Multidões passam a bacanear com ele, quilombolas, índios fugidos, 16 insatisfeitos de todas as classes, abalando a sociedade celebridade até no seu mais sagrado, sua Economia Teatral. Chegam a prendê-lo. Antônio, como Graciliano Ramos, se deixa prender para viver seu experimento do Cárcere, intuindo que logo poderá ver suas mãos livres das algemas movimentarem-se desmuchecadas como as de Carmem Miranda e Oscar Niemeyer. Seu primeiro Milagre é ser libertado no dia que previra e recebido em festa por bacantes praticantes. Mas a Seca torra o Planeta, massacra nos países colonizados milhões de pessoas enquanto nas Metrópoles o Homem Ocidental deslumbrado com a Riqueza da Revolução Industrial não tem tempo, mergulhado na mundanidade, de saber o que se passa no fim do mundo. Em Chorrochó, capital do fim do mundo, Antônio beija, mama a Seca. Aceita o amor ao fato de estar à Seca e cria uma coalizão de forças entre os sertanejos e uma decisão conjurada que dá força a construírem na aridez absoluta a primeira Capela do fim de todos os Apocalipses, a do Coracão de Fogo de São João. Sugere à sua companhia que durma em pleno sol esturricador. Sem saber, prenuncia o milagre da sombra imensa de um arbusto ralo que os protege e revigora. Antônio toma consciência que estão sobrevivendo à 10 a 23 10/17/06 11:51 AM Page 17 Adriana Capparelli Maldição da Seca na farândola andarilha dos Mutirões Ritmados em Torés, Ditirambos. Passam-se dez anos, chegam ao Mar, que chamam de “a” Mar, a Mar Mulher. O Sertão chega aMar e aMar chega ao Sertão. A Princesa Isabel queima um baseado oferecido por um escravo e assina a Lei Áurea, de libertação dos escravos. Canudos aumenta com o movimento de quilombos 13 de Maio. Um Feitor-Mór recebe do Imperador as Terras do Barão de Jaceguay, a Chácara do Bexiga, da Avenida Paulista até o rio Saracura, na 9 de julho onde hoje na rua ensaia a Escola de Samba Vai-Vai. O Feitor passa estas terras para sua amante exescrava de nome Libertas e suicida-se do papel de Feitor. Libertas cria o seu Terreiro: Libertas Libertina, na Zona do Teatro Oficina. Suas terras começam a ser griladas. Libertas enterra uma caveira de Burro para que no local se preserve o culto de seus ancestrais, seus fundamentos, onde hoje é o Teatro Oficina. Por muitos anos o antigo Teatro Novos Comediantes, que levava peças de Espiritismo Mesa Branca, e que ao mesmo tempo alugava para outras companhias, era um local que todo >> 17 10 a 23 10/17/06 11:51 AM Page 18 pessoal de teatro dizia: “tem Caveira de Burro, nada dá certo lá.” O Teatro Oficina deu certo. Mas quando alugávamos para outras Companhias, não funcionava bem. Depois do “Rei da Vela” descobrimos que o Teatro Brasileiro era pré Anchieta, era Antropófago e Africano, sobretudo. O Teatro então começou a falar pelo deus Ritmo, deus Música, deus Dança, fora do quadrinho do palquinho italiano, no chão, na Terra, no Terreiro Eletrônico. Libertas refunda o lugar como sua casa de Amante de Santo e Ham-let-Marcelo Drummond sai com a Caveira de Burro dos subterrâneos e leva pra Rua. O Último Baile da Monarquia na Ilha Fiscal acontece lá ainda com a fumaça da defumação. Vem o Homem e o Cavalo, a República introduzindo o “Amor, Ordem e Progresso”. A Pomba Gira de Ana da Cunha que segura o Amor na faixa da Bandeira entrega-se ao amor possível entre ela, Dilermando e Euclides, e contagia toda a festa da recém República com o Cio da Orgya. Marechal Deodoro guilhotina então o amor da Bandeira. Fica somente “Ordem e Progresso”. A república vem guerreando para instaurar o controle do Estado sobre todo território nacional, cobrando impostos dos pequenos municípios, exigindo casamento civil etc. A resposta 18 de Conselheiro induzido por Chico Science é reconstruir no dia de Todos os Santos, todos os Mortos, a Catedral ao Ar Livre de Monte Santo, que Apolônio de Todi cem anos antes iniciara. Quando Antônio chega a capela do topo, se indaga sobre os sinais dos tempos, olhando o céu estrelado. A Estrela Jeanne Moreau Letícia Coura com seu canto conduz Conselheiro em transe ao altar mor onde vê o sangue vertendo da Estátua de Nossa Senhora. Ela pousa o primeiro pé no chão do Altar Mor e desce os degraus até a Terra, anunciando com suas lágrimas uma estação sangrenta. Antônio desalentado quase cai na baixaria de amaldiçoar mas é dissuadido por Leão de Natuba em quem, encantado, encontra o escrevente do seu Trágico Evangelho. Antônio e seu grupo cometem o primeiro ato de desobediência civil. Queimam, com a população da feira de Bom Conselho, as Tabelas de Impostos vindas do Governo Federal. A Polícia aproxima-se para matá-lo, mas vai encontrar pela primeira vez não somente as beatas bacantes, ao redor do Profeta Bufão, mas os Jagunços Armados dando proteção e ataque em defesa de Conselheiro. Ele recusa, mas não consegue rejeitar aqueles homens tocados por sua presença que decidem dispor suas armas a favor da crença 10 a 23 10/17/06 11:51 AM Page 19 misteriosa e sem nome, nem cara, que está nascendo. Conselheiro prefere fugir a enfrentar a violência da Polícia e dirige-se para o Ponto, para o lugar onde deixara de ser “Homem”, para refugiar-se com seus viajantes em fuga. A Polícia aparece no meio do caminho, em Massetê. Conselheiro anda com seu Tyaso em direção aos policiais armados com os braços abertos vibrando Paz, mas antes dos soldados atirarem, os jagunços atacam e dá-se o confronto. Conselheiro com a Nossa Senhora do lado, vê o sangue agora no corpo de seus amigos e de seus inimigos. Desde criança fugiu deste encontro com a violência. Joga fora o Bastão encontrado no Ponto, os colares das três religiões mestiças que lhe deram: o de Ogum, o de Dentes dos Índios Atropófagos e a cruz em T do Teatro de Jesus Judeu Palestino. Desiste de continuar no Caminho Sangrento, no retorno do Massacre. Mas as Coriféias Profetizas Cantoras, anunciam o retorno dos Homens da República e um Massacre ainda maior. A Nossa Senhora toma o Bastão, as Guias, e faz Antônio retomar esses parâmentos. Antônio reluta, mas cede e vai em busca da nova cidade, aponta para o Ponto, a oeste, e vai mostrando as veredas em direção ao lugar onde possam ser o que queiram, numa Hégira como a de Maomé. Reencontra no caminho um burguês negociante, o Vila-Nova, que abriga na Farândola, reencontra um jovem Monge Andarilho, Antônio Beato, seu gêmeo apaixonado que pra sua felicidade entra na Farândola da Hégira. Chegam até o >> 19 10 a 23 10/17/06 11:51 AM Page 20 Aury Porto lugar onde ainda vive a Mãe Terra e Brazylina que agora pode viver toda a liberdade de seu amor. Brazylina desenterra sua mala, seu terno de “Homem” e o livro de Contabilidade de seu pai em Quixeramobim. Vila-Nova veste a Fantasia de Homem e recebe o livro de Contabilidade do Pai de Conselheiro, para administrar Canudos. Batiza-se a cidade de Belo Monte. Levanta-se o Sino que toca pra todos os ermos dos Sertões do Bexiga, como de uma Igreja. Aí começa a construção louca da cidade cogumelo, que brota do 20 chão numa Madrugada de Mutirão. Em poucas horas aquela Multidão levanta uma Cidade Santa e de todos os lugares dos quintais do nordeste acorrem levas humanas, adunando a paisagem do Sertão para essa Terra da Promissão onde jorram rios de leite e vinho, onde as barrancas são de cuscuz de milho. Sob as nuvens enormes errantes do Sertão, inspirados numa religião mestiça, armam tendas, para um ser-estar possível nem socialista, capitalista, sem “ista”, um lugar construído por Mutirões, inspirado nas 10 a 23 10/17/06 11:51 AM Page 21 necessidades imediatas, no desenvolvimento de uma cultura de cabras e bodes para exportação de seu Coro, de Ferreiros de Ogum, para os viajantes de todas as encruzilhadas, da glorificação do rebotalho humano inútil, na Ceia Bori com o Público, interrompida para a construção da Igreja Nova, com todos, de um Teatro de Estádio com Volutas Impossíveis. Beatinho dirige a arquitetura teatral dos coros de um Terreiro Aberto para todos os Sóis e Luas, para o encontro de Gente de Todas as Ruas, com um Bunker Shopping Subterrâneo. Chega Lina Bardi, com Maracangalha, puxa a orelha de seus Marcelos, arquitetos que não entenderam nada fazendo o projeto do Shopping abraçando um Teatrinho de 1.000 lugares. Mas vem a Festa: nas horas Marianas, em torno do Lençol Sagrado de Cetim para enxugar as lágrimas das Dores escancaradas, para o Prazer Molhado espermeado, do Pecado Amor, do amor grande demais para ser julgado por nós pobres mortais. Desprendem-se das velhas vestes morais longamente costuradas no sertões patriarcais e caem com Eva no hetairismo infrene do Apocalipse dos últimos dias do “Homem” na construção de uma outra Anatomia, paucúcama, Outra Orgya. Saem os jagunços em recaídas para manter a forma guerreira de “fazer o saco” e invadem o casamento do Juiz Arlindo Barbosa. Pajeú rapta a noiva Helena para a Tróia de Taipa, o Anjo Negro Chicoteia o Juiz, e os outros jagunços raspam uma coroa de frade na cabeça do Juiz de Paz por ousar fazer o Casamento Civil, no lugar de um padre. O Juiz Arlindo clama Vingança ao som do Hino Nacional. Vêm em réplica os noturnos de amor, na Cerimônia do Beija dos Santos e entre os presentes, numa cerimônia bárbara de entrega a um amor coletivo apaixonado, insaciável, trocando salivas, em transe ritualizado com os públicos de noites de Homem II. São visitados teatralmente nesta prática por Euclides da Cunha, que equipara no seu ainda positivismo, o beija, “à psicoses epidêmicas que despontam em todos os tempos, quando um largo movimento civilizador é imposto pelas camadas dominantes enviando o lesgilador Krupp com este argumento único: a bala”, num flashfuture do Massacre que se dará na 5ª peça: “A Luta II”. O próprio Euclides narrador diz: antes tentou-se uma empresa mais nobre e mais prática: o envio de um Frei Italiano acompanhado por outros dois, para uma Missão de Paz, logo Abortada. Pediam em nome do Barão de Jeremoabo, dono das terras, que abondonassem o local, depusessem >> 21 10 a 23 10/17/06 11:51 AM Page 22 as armas e obedecessem a República, em troca da Construção naquela Cava de um Açúde que daria emprego e água para todos e os reeducaria para a civilização dos Homens. Os Conselheiristas expulsam os embaixadores, contra a vontade de Conselheiro que até o último instante da presença dos Monges tenta buscar uma solução que não levasse ao corte diplomático e à conseqüente Guerra. O Frei Evangelista amaldiçoa Canudos e antevê sua destruição. Conselheiro se junta à sua nação e jura com ela: “Amaldiçoadores da Vida /Levem o Fim do Homem /com vossa idéia única de Homem. / Felicidade Guerreira / Não seremos jamais amaldiçoadores. / Adeus “Homem /o que sobrou, / vai a Luta. / Toquem, Xamem Tambores.” E saímos pela rua até penetrarmos no estacionamento do Baú da Felicidade, que guarda os carros dos freqüentadores do Oficina e do Teatro Imprensa, com as faixas do Teatro de Estádio, da Oficina de Florestas e da Universidade Popular Antropofágica, lá mesmo onde queremos construir tudo isso. Poucos acompanham, poucos crêem, mesmo no elenco de 100 pessoas, na possibilidade do Projeto deste enorme Mutirão inspirado, agora em 2006, nas necessidades e desejo de 22 “Os Sertões”. Mas muitos cumprem o Rito até o fim, retornam ao Teatro, depositam as faixas, com a banda que Ditiramba heróica até o último momento construindo o mistério louco do Desmassacre. Todos, atores, os chamados técnicos, que viram com Euclides cientista poeta, artistas, atores também na Luz, no Vídeo, na Contraregragem, na Camareiragem, na Faxina do Terreiro. Todos humanos e também o público e também tudo a que a peça refere, todos que nem ousam se aproximar do teatro incômodo com peças de seis horas, todos que querem construir esse Shopping no entorno sufocando, como o Exército sufocou Canudos, o Oficina. Todas as 5 Filhas de Sílvio Santos, todos os povos dos Bexigas do mundo, todos envolvidos quer queiram ou não nesta história que nos ultrapassa. Toda Luta pela paz fraterna, sensual, próspera, perversa, cômica, trágica, transhumana, precisa da têmpera destes homens sertanejos antes de tudo fortes. Porque não se renderam, não foram massacrados em seu corpo-alma. Estão vivos agora em todas as Favelas do Mundo. Invocamos do PréHomem ao TransHomem, o fim dessa figura amaldiçoadora de “Homem” para estarmos aptos para a Luta que não tem fim pois a vida quer a luta. Luta 10 a 23 10/17/06 11:51 AM Page 23 pelo desmascaramento do homem classificado. O desmassacre começa cada noite, cada temporada em que remontamos “Os Sertões”. A ameaça de Massacre é contínua mas enquanto estivermos atuando como Atores pra lá dos Homens da Sociedade de Espetáculo o desmassacre abre espaço e cresce, no vai vai, no ser estando. Se sairmos desta peça, desta parte do rito, que cresce cada vez mais que se realiza, como quem sai de uma sessão de Bigorna, de Forja, tocados, estaremos prontos para entrar na quarta parte do Rito: A LUTA. O Teat(r)o, O Rito, é o Desmassacre. Muitos vão passar por estas Mandalas, como por muitas outras. O Teatro está potente em Sampã, para isso. É sua desrazão de ser. São Paulo, 8 de outubro de 2006. José Celso Martinez Corrêa 23 24 e 25 10/17/06 11:59 AM Page 24 ROTEIRO 1 ATO 0 1 . 1º passo de antônio: luta de famílias: 1º assalto e 2º assalto 2 . Nascimento de antônio 3 . Luta de famílias: 3º assalto, 4º assalto, 5º assalto e 6º assalto 4 . Uma vida bem auspiciada 5 . Candidatura de antônio conselheiro 6 . Primeiros reveses 7 . O circo 8 . A lenda – circo teatro no picadeiro a moda de ópera 9 . Antônio no deserto 10 . Como se faz a amostra da mostra de um monstro 11 . Peregrinações e martírios 12 . Desfile de antônio xingado 13 . Interrogatório do céu 14 . 1º milagre – reaparecimento 15 . A seca de 77 – chorrochó 16 . 2º milagre – fitolatria – chegada de manoel quadrado 17 . Mutirões 18 . As prédicas 19 . Tentativas de reação legal 20 . Poliperões ameaçam naufrágio geral 21. Abolitura da escravidão 22 . Quilombos do bixiga 23 . Proclamação da república 24 . Positivismo 25 . Ressurreição do monte santo 26 . 3º milagre – lágrimas de sangue 27 . Conselheiro ia se tornando mau… – o escrivão do evangelho 28 . Queima das velhas tábuas em bom conselho, insurreição e ressurreição 29 . Aparecimento das armas 30 . Reação militar 31 . Hégira – início da nova era 2 ATO 32 . Chegada 33 . Frevo dos germens da desordem e do crime 34 . Nascimento de bello monte 35 . Dityrambo da chegada da voz montes mágicos 36 . Retorno ao ponto 0 24 24 e 25 10/17/06 11:59 AM Page 25 37 . Organização da pólis 38 . Dityrambo da construção numa noite de loucura 39 . Hora de colocar os balangandãs 40 . Hora de dormir ámem 41 . Hora de se armar e abençoar as armas 42 . Guerra ou paz? 43 . Canto do bode in desesperato 44 . Nova chegança 45 . Noturno responsório 46 . Ditirambos da alvorada 47 . Mãos à obra. Novas construções 48 . Rap pros fundos: trincheiras tatuturemas 49 . Hora da vala comum 50 . Ressureição dos mortos 51 . Polipeiro 52 . Formatura dos inválidos do rebotalho 53 . Hora de levantar o templo fortaleza 54 . Estrada para o céu 55 . Conselho – criação da guarda católica 56 . Hora mar-i-ana de adorar os bodes e as cabras: 6 badaladas do sino bendito 57 . Lágrimas – dityrambo da dor: 8 badaladas do sino bendito 58 . Hora de gozar: 9 badaladas do sino bendito 59 . Dityrambo do amor livre: brincadeiras 60 . Hora das crianças os filhos do gozo 61 . Hora da policia de bandidos 62 . Dityrambos das horas dos treinos tropelias 63 . Alarme dos inimigos: teato em bom conselho 64 . As rezas 66 . Responsório bem dito 67 . O beija 68 . Dança do beija: meia-voz; transição; crescendo; solos; próximo ao clímax explosão do ardor irresistível; pegadas de transe; espuma de salivas; epilepsia; epilepsia com as armas; explosão 69 . Prédica no êxtase extático 70 . Por que não pregar contra a república? 71 . Missão abortada 72 . Hino apoteótico da missão de paz 73 . Sermão 74 . Transhomem 75 . Maracatú 25 26 e 27 26 10/17/06 12:30 PM Page 26 Frederick Steffen Haroldo Costa Ferrari Sálvio Prado Anna Guilhermina Edilson dos Santos Jacqueline Braga Luciana Domschke Zé de Paiva Félix Oliveira Guilherme Calzavara Fernando Coimbra Juliane Elting 26 e 27 10/17/06 12:30 PM Page 27 Sylvia Prado Edísio dos Santos Patrícia Aguille Fransérgio Araújo Marcelo Drummond Camila Mota Fioravante Almeida Mariano Mattos Danilo Tomic Letícia Coura Wilson Feitosa Francisco Rodrigues 27 28 a 63 28 10/17/06 12:57 PM Page 28 28 a 63 10/17/06 12:57 PM Page 29 1 ATO 0 O HOMEM – 2ª parte TRANS-HOMEM LUTA DE FAMÍLIAS 1º PASSO DE ANTÔNIO 6º ASSALTO HELENA MACIEL Canto e danço tua perda amado amigo. Ganhas o céu vermelho do meu coração. Belo fim que deste ao teu inimigo! (para a família Araújo) Outros inimigos imolarei aos teus manes irmão! HELENA Fui eu. Confesso. Aos manes de meu irmão sacrifiquei André Jacinto de Souza Pimentel, moço de família importante da vila, imolei, dos Araújos, esse cão fiel! Alcagüeta, dava os avisos onde Carlos ía aparecer! (André Jacinto contorce-se em estertores) Morre infeliz, com tua cardíaca lesão, em transes de horror vais desaparecer em verdade culpado dessa derradeira agressão. Fui eu, fui eu ! Helena, a Nêmesis. UMA VIDA BEM AUSPICIADA ANTÔNIO O relógio da saudade Anda suspenso nas horas Só quem não ama não sente Quando meu bem vai embora Quando meu bem me visita Se estou doente melhoro mas volta a mesma doença Quando meu bem vai embora Minuto parece hora Hora parece dia Dia parece ano Quando meu bem vai embora CANDIDATURA DE ANTÔNIO CONSELHEIRO CORO Pra nossa Provincia Governar Em Antônio Vicente Vamos todos votar MACHA O sino dos novos tempos! PRIMEIROS REVESES CANTOR DO CABARET Eu cansei de choramingar por ti oh formosa vagabunda Já me conformei em acatar esse jeito que é só seu Seguirei sempre ao teu lado pela vida por mim não haverá mais despedida >> 29 28 a 63 10/17/06 12:57 PM Page 30 mas não duvido que você meu bem, me deixe por outro alguém. Nossa vida esse etherno cabaret cada dia mais imunda. Padeço da minha obsessão de viver ao lado teu, Mas irei sempre ao teu lado pela vida por mim não haverá mais despedida mas não duvido que você meu bem, me deixe por outro alguém. O CIRCO RUMBEIRA ESCANDALOSA Um dia, uma vez lá em Cuba dançando uma Rumba disseram que eu era… Escandalosa! Eu sei… mas eu me perguntei pois a Rumba é por si… Maliciosa Escandalosa! CRIANÇAS CIRCENSES Ridi Pagliacci! HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ A LENDA – CIRCO TEATRO NO PICADEIRO A MODA DE ÓPERA CORO DO CIRCO A paixão de Antônio e Brazylina Lenda viva no sertão O espelho de Canudos O alvitre do chifrudo 30 A tragycomédiaorgya A tragicomédia da família No teatro aqui no Crato Nesse circo faz um hino Forza do destino O Amor! MENINAS APRESENTADORAS Cleopátria, a mãe. Jurema-Brazylina, a mulher Boffo, o amante Antoninho, o marido e a Janela. Uma lenda arrepiadora! Contavam que a mãe, desadorando a nora, imaginara perdê-la. MÃE Não posso calar-me, tenho sofrido Mas você, está sendo traído… BRAZYLINA Não creia meu amor! Não Creia ! ANTONINHO Ai Meu! Não acredito. Então Prova! Prova! MÃE Já. Fantasia uma viagem Mas não vás tu ficarás, JUREMA BRAZYLINA Uma calúnia! MÃE À noite verás um homem, JUREMA BRAZYLINA Um venticello! MÃE 28 a 63 10/17/06 12:57 PM Page 31 invadir pela janela é o sedutor que o desonra no faro dessa cadela. ANTONINHO (Dúvidas, olha para um lado e outro). Aceito o alvitre. (Para Jurema-Brazylina) Parto agora em viagem, mas em breve voltarei pros teus braços meu amor. JUREMA BRAZYLINA Não se vá Sem ti sinto dor. (Ao som de “A Força do Destino”, o infeliz cavalga e afastando-se torce de rédeas. Espera. TIC-TAC e o badalar das horas. Um vulto mascarado aproxima-se de sua vivenda achegando-se cautelosamente. Galga a janela. Antônio abate-o com um tiro e penetra, de um salto, no lar e fulmina com outra descarga a esposa adormecida. Volta, depois, para reconhecer o homem que matou…) JUREMA BRAZYLINA Morro sem confissão. (Abre a camisa do morto, os seios saltam.) ANTONINHO Pai ?… Mãe!!! BOFFO O que meus olhos vêem?… O que meus olhos vêem?… JANELA Eu janela Só vejo o amor… >> 31 28 a 63 10/17/06 12:57 PM Page 32 BOFFO Meu amor!… Meu amor!… ANTONINHO Mato a família no teatro e vou para o deserto. ANTÔNIO NO DESERTO CATIMBOBZEIRAS Foi nos braços de mamãe pra ela me acarinhar apareça velentão para me tirar de lá nos braços dela eu vou morar… ANTÔNIO Meu corpo Estranho Fruto Aqui te Forjo com a corja. CORO Agora uzyno não ao teu extermínio Me atiro sem rede no tirocínio brutal de todas as sedes No vinho fermentado Nessas paredes Sem paredes No abdome com fome de fome sem nome das angústias recalcadas das dores desconhecidas conhecidas todas. ANTÔNIO VELHO da minha pele seca – cheia enrugada couraça amolgada aberta ferida 32 da minha Artéria-Horta sambando minha coluna torta dentro da carne de amor quase morta com a própria dor anestesiada, na farândula apaixonada ANTÔNIO JOVEM pelas pedras dos caminhos, CORO na levada ANTÔNIOS nas horas das secas, CORO esturricada ANTÔNIOS nas horas dos frios CORO Enteiriçada 28 a 63 10/17/06 12:57 PM ANTÔNIOS nas horas sem horas CORO orgyada ANTÔNIOS adormecida, enlouquecida em repousos transitórios, CORO ginga nos leitos dilacerantes das caatingas… ANTÔNIO VELHO carne já amiga da morte ANTÔNIO JOVEM nos jejuns saciada na cena por vós imantada. ANTÔNIOS Cansaço nesta hora neste espaço em mil pedaços te estilhaço CORO Apodrece Apodrece apodrece aparece meu coração é uma cigarra canta sempre Antônio Antônio Antônio meu coração é uma cigarra canta sempre Antônio Antônio Antônio ANTÔNIO JOVEM Pareço? CORO Antônio Conselheiro… Page 33 ANTÔNIO Te mereço? Apareço! PEREGRINAÇÕES E MARTÍRIOS ANTÔNIO CONSELHEIRO São tão Tantos Sertões CORO São tão Tantos Sertões ANTÔNIO CONSELHEIRO Os Sertões de Pernambuco Os Sertões de Sergipe até Itabaiana! 1874. FARÂNDOLA DOS PRIMEIROS FIÉIS Tanto tempo, tempo tão Tanto tempo Tempo largo São tantos sertões até aparecermos ao norte da Bahia. Seu prestígio cresce Conselheiro. ANTÔNIO CONSELHEIRO Eu não chamei ninguém. FARÂNDOLA DOS PRIMEIROS FIÉIS Já não segue a sós. Encalçados na rota Na rota desnorteada dos teus pés, vamos nós, >> 33 28 a 63 10/17/06 12:57 PM Page 34 os primeiros. vamos nós, os primeiros. Chegamos espontâneos, gente ínfima dos subterrâneos avessa ao trabalho, vadiando de galho em galho gente fina vezada à rapina, farandula de vencidos, felizes reunidos em orações provocações, em misérias e construções. E Paixões. Em orações provocações, em misérias e construções. E Paixões. E Paixões. Entramos na sua cidade, oferecendo mutirão pro que for necessidade. Seu prestígio cresce Conselheiro. CORO DE ITAPICURU DE CIMA Bem vindos, vocês que entram com vosso maiúsculo templo, triunfalmente erguido, na nossa Vila de Itapicuru de Cima. Cuidado com o Vigário E com o delegado gente que não vos estima. FARÂNDOLA DOS PRIMEIROS FIÉIS Agradecidos, será vossa cidade nossa sina? 34 CANTORES DO OUVIDOR Na rua do Ouvidor… Sim sim juremos que nos juntaremos oh negligência independência prazer prazer e felicidade sois vós, sois vós querida Liberdade! INTERROGATÓRIO DO CÉU JUIZ TOGADO DO SENHOR DEUS Quem é o Senhor? Da onde vem o Senhor? O que faz o Senhor? Com quem vive o Senhor? Quantos anos tem o Senhor? O Senhor matou sua mulher? O Senhor matou sua mãe? Porque não come o Senhor? Porque não bebe o Senhor? Onde mora o Senhor? O que quer o Senhor? CONSELHEIRO Eu não sou o Senhor. JUIZ TOGADO DO SENHOR DEUS Nada provado, mas existe um crime um mal social gravíssimo que na sua pessoa assisto, que um dia será apurado. Oh! Não-senhor. 1º MILAGRE – REAPARECIMENTO MANDRAGORAS Milagre! >> 28 a 63 10/17/06 12:57 PM Page 35 35 28 a 63 10/17/06 12:57 PM Quando foi preso prefixou esse dia! E esse dia é hoje. Santo Antônio Aparecido, Quantas saudades! Abraço o teu abraço atrevido, Santo Homem Endoidecido! Milagre! A SECA DE 77 – CHORROCHÓ CONSELHEIRO E FARÂNDOLA DE FIÉIS São tantos sertões pra vaguear são tantos Sertões de Curaçá, nesse ano, Duplo 7 Ano de 77, Grande Seca Apocalíptica, no mundo não global, Holocausto Colonial, capital do fim do mundo, Chorrochó, Chorrochó, Chorrochó, Chorrochó… aqui tijolo e pó capela elegante levante prá aprontar. Chorrochó, Chorrochó, Chorrochó, 36 Page 36 MUTIRÕES CARPIDEIRA SAMBISTA Pai Nosso Ave Maria Guarde bem essas almas salvas dos martírios desses dias bem aventurados sejam esses nossos desconhecidos mesmo que nas desaventuranças dessas terras tenham sido nossos piores inimigos em nome do Pai-Homem da Mãe-Terra e do Espírito Santo Guerreiro Âmem CONSELHEIRO E FARÂNDOLA DE FIÉIS Âmem…! CORO Inhambupe, Alagoinhas, Bom Conselho, Mucambo, Jeremoabo, Cumbe, Maçacará, Tucano Açudes de mutirão, Cacimbas pras sedes de estádio água não vai faltar se lágrima não economizar. Pedreiros, Carpinteiros nem trabalham por dinheiro materiais são dados pelos abastados Dias seguidos 28 a 63 10/17/06 12:57 PM Page 37 Pronto! Duma levantada, Uma verde latada, perfumada. Karina Buhr o povo carrega pedras. na azáfama nos bailéus se agitam os operários salários se averbam nos céus. CORIFÉIA Parem ocupações normais, Esvaziem oficinas culturais. Esqueçam autoridades locais. CORO Grande a concorrência, todos querem a ocorrência, mutirão no centro do largo CORIFEU DO XUCURU Vamos minha gente que uma noite não é nada Quem chegou foi Xucuru no romper da madrugada Vamos ver se nós dá conta do resto da empeleitada Vamos ver se nós dá conta da construção da latada! CORO TENTATIVAS DE REAÇÃO LEGAL CONSELHEIRO E FARÂNDOLA DE FIÉIS São tantos Sertões São tantos sertões pra vaguear. Itapicuru, eu sempre volto a tu. CORO DE ITAPICURU DE CIMA Graças em ter de volta essa obra prima, na Vila de Itapicuru de Cima. CONSELHEIRO E FARÂNDOLA DE FIÉIS Itapicuru, eu sempre volto a tu. FARÂNDOLA DE FIÉIS Dessa vez vamos erguer uma capela pra todo mundo ver Itapicuru, eu sempre volto a tu. Itapicuru de Cima. RAP DO DELEGADO DE POLÍCIA (Para Dom Pedro e Princesa Isabel, no Rio) Realíssimo Imperador do Brasil, Saudações, o ambiente está hostil, de Antônio Conselheiro vou dando >> 37 28 a 63 10/17/06 12:57 PM Page 38 logo a ficha, acaba de fazer acampamento com um bando de bicha ! Aqui na Vila de Itapicuru de Cima, no maior clima ! O ajuntamento cresce a milhares. Além de não trabalharem, vendem o que possuem, furtam em cada viela, pra que não falte nada pra capela! O fanatismo não tem limite, não estou com menigite. Em rigorosa disciplina, bebem-lhe a urina, comem seus excrementos, como sacramentos. Adoram-no, é repulsivo como se fosse: um Deus vivo. E ai daquele que ficar cabreiro, com Antônio Malvadeza Conselheiro… POLIPERÕES AMEAÇAM NAUFRÁGIO GERAL CONSELHEIRO Ande Ande Como Gandhi Pra chegar a mar Há vagas no fundo d’a mar! Vila Conde Nada mais esconde Assim se passaram dez anos de paz O Sertão chega a Mar A Mar chega ao Sertão Abraça azul Mãe Cretácea, Mar 38 Ricardo Bittencourt Nossas fadigas Formigas De Multirãs Renaça-nos Nos seres que tu abrigas PolipÉros, Maracanãs! FARÂNDOLA DE FIÉIS Antônio das Mares Mar na pista, maravilha! Calmas ondas megondas da Mar antiga atávicos nadadores do fundo da mar rediviva Antônio das Mares corpos na água-sal. Transbordemos, ágeis sem margens! Estronda! 28 a 63 10/17/06 12:57 PM Page 39 no hospício de alienados do Rio. JOSÉ BONIFACIO Não há vagas. O Cortejo Imperial ocupou todas com os convidados para a festa da abolição. O GOVERNADOR DA BAHIA (ao Arcebispo da Bahia) Não há vagas. ARCEBISPO DA BAHIA Vagas! Vagas!… É preciso provar todas as ondas… ARCEBISPO DA BAHIA Contenha o indivíduo Antônio Vicente Mendes Maciel que, pregando doutrinas subversivas, faz um grande mal à religião e ao Estado, distraindo o povo de suas obrigações e arrastando-o após si, procurando convencer de que é Espírito-Santo, GOVERNADOR DA BAHIA O maluco já está no litoral, próximo a Bahia, e em direção a essa capital e convence o povo a mergulhar com seu grupo em todas as praias porque, segundo dizem, FARÂNDOLA DE FIÉIS é preciso provar todas as ondas! GOVERNADOR DA BAHIA (O mar chega na Bahia.) Peço um lugar para o tresloucado Antônio Conselheiro ABOLITURA DA ESCRAVIDÃO TODOS Os grilhões que nos forjavam da perfídia astuta e vil houve mão mais poderosa zombou deles o Brazyl… houve mão mais poderosa houve mão mais poderosa zombou deles o Brazyl… CORO DE PRETO VÉIO (beijando as mãos de dona madame) Madame é boa. Madame é linda. Madame é um anjo. Madame é perfumada madame é uma boneca… QUILOMBOS DO BIXIGA CANTO DE LIBERTAS Sou agora senhora desse terreiro e do Bixiga inteiro essa é a morada da minha paixão Terra libertada minha Nação Etherna Libertas >> 39 28 a 63 10/17/06 12:57 PM Algemas Janelas Paredes Abertas Inauguro Vida presente futura Terreiro Eletronico Saracura Vai Vai Navio parado Itororó Cabeça de porco Fora dos Guetos ricos, brancos pobres, pretos vem pro bixiga atiça 452 anos Bixiga ainda que tardia liberta tua sina ainda é tempo Libertas Bixiga libertina (Projeção: Quilombos do Bixiga) CORO 13 DE MAIO A abolição Não aboliu a Tarja Preta Do Brasil Tarja Preta Te Penetra Sertão do Conselheiro. Cafeicultores Uzineiros Querem agora Empregados registrados e Grileiros no campo, na cidade. Brancos, 40 Page 40 emigrantes, estrangeiros, Bandeirantes, com’antes. Nossas terras do Bexiga, foram griladas Agora reconquistadas estão, Pelo povo do Sertão. PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA TODOS Liberdade, Liberdade, abre as asas sobre nós, das lutas, nas tempestades, dá que ouçamos sua voz! POSITIVISMO CORO GERAL MENOS A REPUBLICA E DEODORO A Verdade meu amor mora num poço É Pilatos lá na Biblia quem nos diz E Também, faleceu por ter pescoço O Infeliz, autor da guilhotina de Paris. Vai orgulhosa querida Mas aprende esta lição No câmbio incerto da vida A libra sempre é o coração O Amor vem por princípio, a Ordem por base, o Progresso é que deve vir por fim Desprezaste esta lei de Augusto Conte E foste ser feliz longe de mim Vai coracão que não vibra Com teu juro exorbitante 28 a 63 10/17/06 12:58 PM Page 41 Transformar mais outra libra Em dívida, flutuante… A Intriga nasce de um café pequeno Que se toma para ver quem vai pagar Para não sentir mais o teu veneno Foi que eu resolvi me envenenar. MULHERES FARÂNDOLA DE FIÉIS Conselheiro, hoje vem de nós a aconselhada: a república está proclamada vamos perder muitos filhos se continuarmos andarilhos vamos recriar essa igreja que até do litoral todo mundo veja, um arraial inteiro, pro povo brasileiro um arraial inteiro, pro povo brasileiro e pra nosso encanto vamos lá pra Monte Santo e pra nosso encanto vamos lá pra Monte Santo RESSURREIÇÃO DO MONTE SANTO CHICO SCIENCE Ventos fortes CORO Ventos Haustos 1 e 2 de Novembro Todos os Santos Todos os Mortos Humanos encontram nesses dias Mortais e Mortos. CHICO SCIENCE Em Procissão Science CORO século a século Vão… esvaem-se…! CHICO SCIENCE Chico vem nesse Monte CORO Em Procissão, estendida pelo chão, CORIFÉIA na linha de cumeada, CORO populada, CORIFÉIA traça uma estrada CORO luminada! ÍNDIAS no dorso do Monte do Picoaraçá AVÔ DO MURIBECA do El Dorado MURIBECA do Muribeca >> 41 28 a 63 10/17/06 12:58 PM Page 42 CORO Monte Santo Catedral de Pedra A mais alta ao ar livre do mundo Antes só subia atraz do bode APOLÔNIO DE TODI Mas veio Apolonio de Toddi CORO Procissão Mutirão Construção de Antônio Conselheiro de Conselheiro do meu e do seu coração Procissão Mutirão Construção de Antônio Conselheiro de Conselheiro do meu e do seu coração GLAUBER ROCHA De Glauber Fé de Rocha CORISCO Deus Diabo da Terra Sol CHICO SCIENCE Monta ao Monte Antônio novo Antônio de novo CONSELHEIRO Retorno ao Monte dos fortes haustos 21 séculos de Holacasutos. NIETZSCHE Berg des Zarathustra. CORO Za ra thus tra NIETZSCHE Gipfelmeer Fels der Ewigen Wiederkehr CORO A Vida Quer 42 Mariana de Moraes Procissão cada século, cada milênio Vinte cinco cidades construídas Vinte cinco passos Caídos Erguidos Destruídos Hoje ontem anteontem Procissão Mutirão Construção de Antônio Conselheiro de Conselheiro do meu e do seu coração Procissão Mutirão Construção de Antônio Conselheiro de Conselheiro do meu e do seu coração CONSELHEIRO Estrelas, que sinais me dão de tempos que vão e estão brilhando tanto ? Eu não aguento… A Madição do calvário Sísifo, absurdo escapulário 28 a 63 10/17/06 12:58 PM Page 43 Estrelas, que sinais me dão… ESTRELA JEANNE MOREAU Me la Vie est comme ça on monte, on monte, on monte ça tombe mais plus ça tombe plus on monte, on monte. QUEIMA DAS VELHAS TÁBUAS EM BOM CONSELHO INSURREIÇÃO RESSURREIÇÃO CEGO Eu sou um louco de Deus eu sou um servo dos loucos de deus Conserva oh Pai conserva o fogo o fogo E o sol rodando vermelho Um ceguinho pede licença E o sol rodando vermelho A voz de deus se calou E o sol rodando vermelho Vejam só com que ofensa E o sol rodando vermelho A república chegou E o sol rodando vermelho só o fogo purifica E o sol rodando vermelho as cinzas da salvação E o sol rodando vermelho nos temos a lei de deus E o sol rodando vermelho eles tem a lei do cão E o sol rodando vermelho Uma esmola pelo amor de deus REAÇÃO MILITAR A TROPA 30 vão virar 80 80 serão 300 300 vão virar 1000 e 1000 vão virar 6000. Somos só o estopim o começo do fim. O ovo botado na serra do Ovó chocado… FARÂNDULA O ovo botado na serra do Ovó chocado… CORIFÉIAS NA FARÂNDOLA Nossa Senhora chorou lágrimas de sangue >> 43 28 a 63 10/17/06 12:58 PM Page 44 anunciando esta batalha monstruosa miudinha diante das graúdas que virão. Nossa historia é agora de uma triste guerra Declarada nesta Terra Sem a nossa intenção. O desbarato da tropa prenuncia mais vigorosa perseguição; HÉGIRA – INÍCIO DA NOVA ERA (Música Épica Sertanejo-Islâmica da Hégira) FARÂNDOLA hoje começa a idade em busca da nova cidade hoje começa a idade em busca da nova cidade no ritmo desse canto em canto Hégira Hégira É Gira Hégira Hégira Hégira É Gira Hégira Maomé Fundou o Islão Na fuga da Meca pra Medina Não fundamos Não uma nova religião vamos para onde 44 nossos trabalhos nosssos conselhos sejam o que são é certo demandamos o deserto rumo firme certo certão. É certo demandamos o deserto rumo firme certo certão. Longos dias Na marcha cadenciada Pelo passo atleta Do Profeta Entoando Ôlimambôs Ou muito quieta… FIM DO PRIMEIRO ATO Vera Barreto Leite 28 a 63 10/17/06 12:58 PM Page 45 2 ATO 0 FREVO DOS GERMENS DA DESORDEM E DO CRIME CORO DOS MARCHADORES DA HÉGIRA (cantam) Para sempre seja louvado ! Aqui era uma vez Brazil antiga vivenda senhoril à beira do Vaza-Barril Baronato de Jeremoabo ninguém sabe ninguém viu, agora Fazenda Velha taperas de pau-a-pique taperas desocupadas, chegamos e ocupamos. CORO DOS PRÉ CANUDOS Benvindos sejam, À capuaba, da laia da gente daqui, que está armada até aos dentes, gente que exclusivamente, vive pra beber aguardente, Céllia Nascimento vive pitar cachimbos cachimbos de Canudos, Gente de jagunçagem, Sem nenhum dinheiro Mas com muita camaradagem. CORO DOS MARCHADORES DA HÉGIRA Gente de jagunçagem, Sem nenhum dinheiro Mas com muita camaradagem. DITYRAMBO DA CHEGADA DA VOZ MONTES MÁGICOS CORO FARANDULA CHEGADA Tudo aqui seja louvado, montes, nuvens, a terra, o céu, E nós habitantes acampados, nações vivendo ao léu, queremos todos, ãos montes belos horizontes a voz dos Morros, e de seus écos cantando alem dos bécos! ORGANIZAÇÃO DA PÓLIS VILLA NOVA Nasce Bello Monte. É preciso quem $ifrões conte. Aqui na Praça Central, Produção, Administração, e pra toda a população O Celeiro comum, Nem só de pão! CORO (O povo ovaciona.) Vem malão! THIMÓTEO SINEIRO Não há propriedade privada. Comunismo tribal. >> 45 28 a 63 10/17/06 12:58 PM Page 46 Apropriação pessoal, objetos móveis e casas, CORO Vem malão THIMÓTEO SINEIRO comunidade absoluta da terra, das pastagens, dos rebanhos e dos produtos das culturas, Cada grupo recebe na apertura quota-arte, revertendo o todo para cada parte. CORO Vem malão! Mutirão contagia! DITYRAMBO DA CONSTRUÇÃO NUMA NOITE DE LOUCURA MULTIDÃO SEM LARES Multidão sem lares, sem pares, mutiramos. Multiplicamos os impares mais de doze casas por dia; mutirão contagia (as casas são armadas e nascem como os cristais na terra) da tapera á óca colossal estereografia nossa feição moral sociedade acoutada, contrução Bendita Imensa nossa Insânia, revelada! Primeira Favela do Brasil documento concreto, 46 Ariclenes Barroso Corpo do Delito Direto, dos Desmandos dos povos, dos erros, primeiros ovos. Não distinguimos ruas, ficamos todos grudados, dédalos desesperados, nossos leitos embaralhados testadas volvidas para todos os rasos, casebres paridos ao acaso. Tudo isto se constrói assim, na febre duma noite sem fim, por nossa multidão de loucos, até ficarmos roucos. Mais que miséria, riqueza do homem parece, que nega a decrepitude da espécie. 28 a 63 10/17/06 12:58 PM Page 47 HORA DE COLOCAR OS BALANGANDÃS CORO Raros Trastes, grosseiros: banco tosco, escabelos; bogó borracha, quanta! Balde de couro pra água santa; pares de caçuás pro jegue levar e os aiós pra caçar, de fibras de caroá canastras, afetos, jiraus pendidos dos tetos; Redes. Ah as Redes! Enredadas, fora e dentro das paredes. Pra que mais? Nem mesas, nem camas? o chão da terra que ama… Ah…! (A cidade é enredada, acampamento. Todos entram nas vestes-acampamentos para dormir.) HORA DE DORMIR ÁMEM DITIRAMBO BERCEUSE Na furna amo, no Oratório tosco, clamo: Manipansos, vodús, Santo Antônios na forma de exús, broncos fetiches ainda crus santa mal acabada, imaginária atiça, nossa religião mestiça… BEATINHO (Com Conselheiro no Santuário) Marias Santíssimas, feias como megeras… CORO Beatinho nada sabes exageras. São belas quimeras imaginária atiça, nossa religião mestiça… Como o tempo passa rápido, uma noite, o sol já nasce no horizonte. Feito ruínas, nasce velho, Bello Monte. CANTO DO BODE IN DESESPERATO BARÃO DE JEREMOABO Para lá convergem, partindo de todos os pontos, de Sergipe, de outros estados, turmas sucessivas dos mais remotos povoados, que vão ficando abandonados. Um aluvião de famílias desce e sobe pra Canudos, lugar escolhido por Antônio Conselheiro como escudo centro de operação, vem aí confusão. Da dó Da dó Da dó Ver nas feiras expostas a venda, quantidade extraordinária de fazendas, gado cavalar, vacum, caprino, boiada por preços de nonada. >> 47 28 a 63 10/17/06 12:58 PM Page 48 O anelo extremo, vender, apurar algum dinheiro e ir repartir com Santo Antônio Malvadeza Conselheiro! NOVA CHEGANÇA PEQUENOS COROS DOS QUATRO CANTOS Nesses sertões vamos topando, grupos já se irmanando, comendo farinha de rosca, carregando mobília tosca, canastras, oratórios, pro lugar eleito, pro ofertório. PEQUENO CORO ATÉ O GRANDE CORO Isolados no começo, pequeninhos, adunamos em turmas pelos 48 caminhos, chegamos no fim sem perguntas levas conjuntas, aos montes do Bello Monte. NOTURNO RESPONSÓRIO (Entre Bello Monte e os recém chegados nos montes ao redor.) CORO DO ARRAIAL No monte todo a noite desce reza uma prece Ave Amaria CORO DOS RECEM CHEGADOS Ave Amaria COROS Ave Amaria 28 a 63 10/17/06 12:58 PM Page 49 CORO DO ARRAIAL Noturno Cintura fulgurante que enlaça sensual o arraial; Bendita seja! CORO DOS RECEM CHEGADOS Ventre de fogo, nosso abraço sexual no arraial; Bendito Seja! CORO DO ARRAIAL E CORO DE RECÉM CHEGADOS Benditos descontentes contentes de toda Terra! Amem Amemos Amor Dor Humor DITYRAMBOS DA ALVORADA OS RECÉM CHEGADOS Na mudez ainda da terra dormida reboando nos ermos despertamos derivando à toada das invocações. Chegamos com o dia anunciando de longe agora de perto. CORO DO ARRAIAL Chegaram com o Dia Anunciando de longe agora de perto CORO GERAL Manhã dos Inícios, Primeira beleza dos Apaixonados, arraial de Santo Antônio, Enamorados. JOÃO ABADE COMANDANTE DE RUA Louvado Seja o coração quente de Jesus! CORO GERAL Para Sempre seja Louvado! RAP PROS FUNDOS: TRINCHEIRAS TATUTUREMAS ESTEVÃO Tatuturemas Atenção: Cercas impenteráveis de gravatás, plantadas na borda de fosso cavado por pás. TATUTUREMAS Envolvente, quero o quente, do balaio quero o fundo profundo do Inferno, govérno. Trincheira Ninho Sepultura Chocadeira ESTEVÃO TATUTUREMA Tatuturemas cavamos, na cidade selvagem, o não visto da paisagem. (o vídeo traz o fundo das minas) CORO FEMININO No icto do crescimento, rápido, gandaieira, ESTEVÃO TATUTUREMA (abaixando a voz) um círculo quieto, surdo, de trincheiras, >> 49 28 a 63 10/17/06 12:58 PM Page 50 cozendo todos os pendores, enfiando pelas veredas, planos de fogo volvidos, rasantes com o solo, bocas de fogueiras, pra todos cantos, altos, baixos, direção. Veladas por touceiras, inextricáveis de macambiras ou lascas de pedra. Não estão sentindo falta do chão do chão? HORA DA VALA COMUM CORO GERAL Nossa grei revoltosa não se ilhou numa eminência, assoberbando os horizontes, a cavaleiro dos assaltos. Entocou-se. Escolhemos precisamente este buraco, dentro outros buracos, dentro de outros e mais outros Tatus Tatuturemas Escolhemos … Esta Vala Comum Enorme… RESSUREIÇÃO DOS MORTOS CORO 13 DE MAIO Sem irmandade do sangue, Com sangüinidade cardíaca de amor, forma informe de um clã meio tã tã. CORO 13 de MAIO e CARIRI Agrupamentos bárbaros, 50 sertanejos penetrados, por incidentes virados Transmutados Desmassacrados Desdonsebastianizados CORO GERAL Alegria! Fanáticos, brutos delicados, sem nevrose absorvemos alegria da nossa coletiva psicose. Alegria! 28 a 63 10/17/06 12:58 PM Page 51 E adotamos cabo a rabo o nome consagrado aos turbulentos saqueadores de feiras e cidades, JA-GUN-ÇOS. A gente somos Jagunços JA-GUN-ÇOS. A gente somos Jagunços JA-GUN-ÇOS. A gente somos Jagunços POLIPEIRO CORO DO POLIPEIRO HUMANO SEM ORGÃOS Fazemos comunidade homogênea e uniforme, massa inconsciente, bruta informe, crescendo sem evolver, sem órgãos, levas sucessivas, à maneira de um poli, poli, poli poli Éros polipeiro humano das profundezas das mares das terras, dos ares de todos os lugares Mares dos Ares Corpos Sem Órgãos. FORMATURA DOS INVÁLIDOS DO REBOTALHO CORO DO REBOTALHO Conselheiro compreende que nossa massa, inativa sub raça é o cerne, é o cerne vigoroso do arraial. Eleitos no confronto com todo pessoal. Aqui vamos ficar até o fim, inativos sim, inválidos, inúteis, e doentes, O Rebotalho, grupo mais crente, os parasitas do Presidente. Nossos tragos de vaidade, dias ébrios com a bondade, bebendo o santo milagreiro, cada suspiro, cada peido no terreiro. Bem-aventurados, nosso o passo estropiado, Bem-aventurados, nas muletas cadenciado Bem-aventurados, na fraterna caminhada, anquiloses avançando, pra felicidade eterna. Conselheiro, a nós desaventurados, abre celeiros empazinados, esmolas, frutos de um a um, produtos do trabalhos comum. Conselheiro, a nós desaventurados, abre celeiros empazinados… Santo Protetor da nossa estima, te saudamos com séculos de rimas. Do céu veio uma luz Que Jesus Cristo mandou Santo Antônio Aparecido Dos castigos nos livrou! Quem ouvir e não aprender Quem souber e não ensinar >> 51 28 a 63 10/17/06 12:58 PM Page 52 Agora, no Fim do Juízo Sua alma penará! Agora, no Fim do Juízo Sua alma gozará! HORA DE LEVANTAR O TEMPLO FORTALEZA CORO (cantando a entrada de Lina no Terreiro) Eu vou pra Maracangalha, eu vou Eu vou de chapéu de palha, eu vou Eu vou de uniforme branco, eu vou Eu vou convidar Anália, eu vou Se Anália não quiser ir eu vou só eu vou só eu vou só sem Anália, mas eu vou! BEATINHO Vamos levantá-la volvida para o levante arquibancadas rebolantes e abraçando esse nosso arraial que se abrirão dessas janelas viradas portas sem proporções, sem regras, sem comportas; Estilo indecifrável… Cabrilolando volutas impossíveis, num delírio de curvas incorretas, esburacadas de troneiras, CORO Luz vazando em glórias, BEATINHO …coberta por uma cupula-oca abrindo ou fechando, cumeeira 52 ipueira trincheira Informe e brutal, feito a testada de um túmulo desenterrado; vai objetivar em pedra e cal, CORO …a desordem do nosso espírito de carnaval. BEATINHO A sua carreira com ela se encerra, É sua obra-prima nessa terra. CORO A Catedral admirável dos jagunços… (O elevador de obras vai subindo com Conselheiro.) LINA BARDI Conselheiro de agora em diante vai passar seus dias, sobre os andaimes, bailéus bamboantes. BEATINHO Cariátide errante, sobre o edifício monstruoso. VILA NOVA A madeira pro teto do terreiro, encomendada e já paga, está sendo aplainada em Juazeiro. CORO Juazeiro, Juazeiro! VILA NOVA E para quem no mundo pagar pode exportamos nosso leite… CORO DE CABRAS E BODES …e nossos couros… CORO DE CABRAS 28 a 63 10/17/06 12:58 PM …de cabras! CORO DE BODES E bodes! ESTRADA PARA O CÉU CORO GERAL (Voltado para os quatro cantos.) As estradas que levam ao inferno são fascinantemente traiçoeiras. Canudos, imunda ante-sala do paraíso, pobre peristilo dos céus, Canudos deve ser assim Como é –repugnante, aterradora, horrenda… Líderes corruptos das seitas Povo! Povo! Todo aquele que quiser pecar Page 53 precisa vir para Canudos… Em todos os outros lugares tudo está contaminado e perdido aqui, porém, nem é preciso trabalhar… É a terra da promissão, onde corre um rio de leite é a terra da promissão, onde corre um rio de leite e as barrancas são de cuscuz de milho. E voce pode cruzar o leito o Vaza-Barris seco, ou empanzinado com as águas barrentas das enchentes, E ver desaparecer a miragem feliz; mas mantenha a sua fé mas mantenha a sua fé mas mantenha a sua fé mas mantenha a sua fé Quando os Republicanos chegarem, >> 53 28 a 63 10/17/06 12:58 PM Page 54 as águas do Vaza Barris vão virar sangue para eles E vinho para nós As pedra para nós vão virar pão E para eles, pedras sempre serão. É a terra da promissão, onde corre um rio de leite é a terra da promissão, onde corre um rio de leite… HORA MAR-I-ANA DE ADORAR OS BODES E AS CABRAS – 6 badaladas do sino bendito BENDITO CORO GERAL Cada Hora é Hora da refinação dos treinos de agora. Hora Mariana. de amor a Maria. Penetre nossos corpos, constância na mutação, santos baixem na Terra, fetiche de carne e osso, bufão apocaliptico e grosso, cabra da peste, bode cantando seu bode, mééé, mééeé! sem garantias vazias dos messias inúteis pra quem desenterra seu destino na terra imersos corais polipéros no sonho dos fundos das mares, doentios de mais vida, no sonho dos fundos das mares, 54 resumindo todo mundo na serrania guarida… (breque) Canudos é o cosmos. breve ponto de passagem, escala inicial da viagem, decampamos da Terra dos “homens” Jagunços errantes sob nuvens gigantes armamos pela derradeira vez tendas de guerra pela vida desejada aqui sob céus do que chamam Terra. LÁGRIMAS – DITYRAMBO DA DOR – 8 badaladas do sino bendito CORO DAS DORES Dói dói a dor É só ardor É só chorar Bem aventurados os que sabem sofrer sem reclamar Extrema dor, extrema-unção. O sofrimento duro é plena absolvição Maior vício, Homem depravado ou virtuoso, drama fictício. Todos os erros erremos todos os erros lembremos mas que a escorralha da vida vendida caia, gota a gota saia, lágrimas vertidas, 28 a 63 10/17/06 12:58 PM Page 55 água sal transbordando sentidas. HORA DE GOZAR – 9 badaladas do sino bendito DITYRAMBO DO AMOR LIVRE: BRINCADEIRAS (Ambiente de harém ao ar livre) BRAZYLINA HETAIRA CANTORA E CORO Lençol Sagrado lençol do Pecado lençol da lágrima enxugada Lençol espermado lençol aguado Pecadores, Bons Pecadores, Grandes Pecadores, despreendimento dispa-nos das belas vestes morais, longamente costuradas, nos sertões patriarcais. MENINAS DE MENOR A lubricidade de um devasso maculou-me, sou uma incauta donzela. CONSELHEIRO O Amor é livre, e belo demais pra ser julgado por nós, pobres mortais. Seguiu o destino de todas; ancestral! Passou por baixo da árvore do bem e do mal! Você quer ficar com ele? (O Lenço das Lágrimas é agora Lençol do Amor.) MENINA DE MENOR REVELADA HETAIRA Não, quero conhecer mais destas árvores. Eu sou Eva no Pomar dos Frutos Proibidos Com todos os Adões e Liliths. Eu sou a Rainha do Minhocão! Eu quero o Hetairismo Infrene CORO Eu quero o Hetairismo infrene acene >> 55 28 a 63 10/17/06 12:58 PM Page 56 tira o freio que eu arreio com ou sem o reio. Você não me dá o teu olhar de loucura, e eu fico louca sem teu olhar de loucura, Você não me olha Com teu olhar de loucura que fico louca, sem teu olhar de loucura. O Apocalipse é isso é isso é isso aí!!! HETAIRA TRANS SEXUAL (Veste os trajes de Conselheiro.) Nos conselhos diários, Conselheira, não cogito da vida conjugal, nem traço normas ao ingênuo casal. Últimos dias do homem, é malbaratá-los agitar preceitos vãos, em capítulo próximo 56 cataclismas virão, as uniões mais íntimas se apagarão, os lares serão dispersos, martírios, gozos, submersos confundidas virtudes e abominações. Urge antecipá-los pelas provações, O Homem está sendo refeito na anatomia, palco cama, outra orgia. CORO GERAL O Homem está sendo refeito na sua anatomia, pau cu cama outra outra outra outra orgia outra outra outra outra orgia outra outra outra outra orgia Orgya Orgya ! MENINA HETAIRA Eu caí do cavalo, um curandeiro! Manuel Quadrado! 28 a 63 10/17/06 12:58 PM Page 57 (ele começa a examiná-la) Eu não menstruo há meses!? MANUEL QUADRADO Você está grávida de uns cinco meses! CORO Hetaira! HORA DAS CRIANÇAS OS FILHOS DO GOZO MANDRAGORAS E CRIANÇAS Conselheiro pede sempre, sintam a dor de Maria, que sabia, que seria mãe de um deus exterminado. E os filhos do gozo meninos meninas jesus Aqui não são criados para cruz nem levam escrito na testa: filhos da puta, gente que não presta! Meninos Meninas Febem por ti tocam aqui os sinos de Belém. Iniciados no amor belo perigoso e arriscado. Por amor ao amor é preciso cantar o amor até a delícia da sua crueldade e dor. TODOS Aqui somos legião. Amor livre paixão Conselheiro não chuta, Mãe Bandido Pai Puta. Imortalidade infantil do brasil sai da gruta uma criança deusa… Chamada: CRIANÇAS Luta! RESPONSÓRIO BEM DITO CORO A MODA DE BENDITOS E LADAINHA Bem ditos sejam, Povos tumultuários, saudemos todos, contas dos nossos Rosários. Humano ultrapassa! Transborda a taça! Louvados sejamos, transbordemos! CHIQUINHO E JOÃO DA MOTA Desfiamos, crédulos, hilários as contas do nosso exclusivo rosário. Rezemos! CORO Rezamos! (Entra Nanã Buruku) CORO Sou de Nanã, Nanã Buruku… Sou de Nanã, Nanã Buruku… O BEIJA TODOS Vem, Vem Peste que cura na Veia Empesteia Agua viva viva viva Cerimônia sem margem, Vem o Beija, vem saliva, Venham todas as imagens. (O terço é depositado abraçando a Fonte) RAIMUNDO BOCA TORTA >> 57 28 a 63 10/17/06 12:59 PM Page 58 Hoje é meu dia, Que Alegria foi combinado vou ser beijado. TODOS Vem, Vem Peste que cura na Veia Empesteia Agua viva viva viva Cerimônia sem margem, Vem o Beija, vem saliva, Venham todas as imagens. PRÉDICA NO ÊXTASE EXTÁTICO CONSELHEIRO Homem forte: adoro silencioso, cerrados olhos qual quem ‘stá no templo interno, eterno; e forte e tão piedoso de mim mesmo, e a mim mesmo sendo exemplo; me sinto inti existindo, estando em Deus. Me sinto ser em Deus-Alma necessária minha existência, nuvem que precária é animada a limpidez dos céus, e ao coração que eu ora contemplo com a ciência, que tudo vê mais claramente. Quanto mais sondo o abismo meu, mais luz eu acho. Sou na infância um homem-deus vidente. Não creo na deusa dos mortais, na esperança, creo na fé, na gratidão que não 58 esqueço, porque é a saudade, é a lembrança e o divo amor, que o outro é d’interesse. Entanto, é da esperança um sentimento de justiça futura, que me encanta; Mas, antes que a visão do julgamento, Creo na fé, e na ressignação, a santa. Meditando, sinto terra o cérebro Onde a idéia, qual arvore visceja: Recem nascido, do terreno verbo Sinto-me em Deus e ergo a fronte Sertaneja! POR QUE NÃO PREGAR CONTRA A REPÚBLICA? SOLDADO “Sahiu D. Pedro segundo “Para o reino de Lisboa “Acabosse a monarquia “O Brasil ficou atôa! SOLDADO “O Anti-Cristo nasceu “Para o Brasil governar “Mas ahi está o Conselheiro “Para delle nos livrar! SOLDADO “Visita nos vem fazer “Nosso deus São Sebastião. “Coitado daquelle pobre “Que estiver na lei do cão! MISSÃO ABORTADA CANTO DO CORIFEU 13 de Maio de 1895, Ano 7 da Abolição, >> 28 a 63 10/17/06 12:59 PM Page 59 59 28 a 63 10/17/06 12:59 PM Page 60 Daniel vai penetrar na furna do Leão, em Missão Persuasória, origem da nossa Oratória, e Moral de Brancos, descendo aos trancos os barrancos, até o atravessamento da fronteira fluvial do acampamento. CORO GERAL DISTANCIADO Em nome do homem Larô Yê! CORIFEU Santos Embaixadores da Desordem Mundial! CORO Em nome do homem Larô Yê! CORIFEU Santos Preparadores da Guerra da Terra Arrasada, CORO Em nome do homem Larô Yê! CORIFEU Negociadores, Lobistas, com suas pastas, embaixadas, projetos, Engenheiros, Políticos, Arquitetos Agentes da Paz do Holocausto CORO Em nome do homem Larô Yê! CORIFEU Não pode perecer a idéia única do Homem CORO 60 Em nome do homem Larô Yê! CORIFEU e do seu Império do Tomem Comem Consomem. CORO Em nome do homem Larô Yê! HINO APOTEÓTICO DA MISSÃO DE PAZ CORO Missão Santíssima, Concorridíssima, corram seus dias criando paz na alma das gentes, nós cinco mil assistentes, mulheres e homens válidos, cartucheiras à cinta, cálidos, gorro na cabeça, de quem vai à combate, mas acreditem não queremos saber de ataque. Não queremos saber de ataque. Que os Anjos vos tenham enviado, pra fazer batizados, crismas, casamentos, confissões, e disseminar nossa peste nossas Paixões. Não queremos guerra, Só contagiarmos de amor toda terra. (Sobre a música o povo comenta:) JAGUNÇO Maçon… 28 a 63 10/17/06 12:59 PM Page 61 VIRAGO Protestante! JOAQUIM MACAMBIRA Republicano. ZURIA (Desesperada) Não estão do nosso lado… TRANSHOMEM MANDRÁGORAS GRÁVIDAS COM CORIFÉIA LINA O Tempo vai revelar, outro construtivismo. Por mais que se queira massacrar Estará sempre, eternamente vivo somos todas são vocês Muito mais do que, o que chamam Homem e sua civilização da maldição. Somos Mais… somos mais… CORO História de amor desamor cornos coroados apaixonados. Desejo bate forte à porta do que, o que chamam Deus e é Criação. Luta transborda do que, o que chamam amor e é paixão. >> 61 28 a 63 10/17/06 12:59 PM Page 62 MARACATÚ LINA Vem Oficina de Florestas Teatro De Estádio Cidade! Manifesta?! CORO São Pã, Nosso presente Sempre Hoje Amanhã CORO Vêm Luta 1a 2a 3a 4a Expedição sai sai sai sai maldição. tente sempre um próximo assalto, Pode vir Reiniciamos marcha talvez longa, ou num salto. Não haverá rendição diante da vergonha muito humana da maldição. Amaldiçoadores da vida, levem o fim do Homem com vossa Idéia única de homem. Nasce felicidade guerreira Xama, aqui, xama lá, qualquer hora qualquer lugar CONSELHEIRO Não seremos jamais amaldiçoadores Felicidade Guerreira Batam xamem Tambores Adeus Homem o que sobrou CORO Vai à Luta! 62 28 a 63 10/17/06 12:59 PM Page 63 63 64 a 69 10/17/06 6:02 PM Page 64 ATUADORES SER-ESTANDO 2000-2006 Adão Filho, Adriana Calcanhotto, Adriana Capparelli, Adriana Garotti, Adriana Viegas, Adriano Salhab, Aguinaldo de Souza Rocha, Aíla da Conceição, Alessandra Silva, Alessandra Zalaf, Alex da Conceição, Alex Sandro, Alexandra Campos Tavares, Alexandra Nunes do Nascimento, Alexandre Soares do Nascimento, Alexandro Silva, Alice Ferraz, Alice Queiroz, Allan Milani, Amanda Dafoe, Ana Carolina Almeida, Ana Carolina Lemos, Ana Carolina Pereira, Ana Manfrinatto, Ana Maria Bortoletto Grizante, Ana Maria Nora Tannus, Ana Maria Santaché, Ana Rúbia de Melo, Ana Vanstini, Ana Vitória, Analiê Schnaider, Anderson Ballet Miguel, Anderson Ferreira, Anderson Orui, André Capoeira, André do Balé, André Lorena, André Luiz Bortolanza, André Luiz Santana Lagartixa, André Mello, Andrea Mendonça Barbosa, Andréia Guilhermina, Ângela Dip, Angelita de Lourdes Machado, Anna Guilhermina, Antonio Aureliano Pereira, Ariclenes Barroso, Arifranio Barroso, Aristenio Barroso, Arnaldo Antunes, Arthur Lescher, Arthur Nestrovski, Augusto César, Alves dos Santos, Aureliano Coimbra, Aury Porto, Beatriz Carolina Gonçalves, Bebê Soares, Berthold Zilly, Beto Galvão, Bia Fonseca, Brenda Lígia Miguel, Caio da Rocha, Camila Mota, Carina Miyata Stadiê, Carlinhos Brown, Carlos Alberto Pontes Jr., Carlos André Ferreira, Carlos Caçapava, Carlos Ebert, Carlos Gomes, Carolina Ferreira Zoccoli, Carolina Maluf, Caterine de Lima (Catê), Catherine Hirsch, Celso Sim, Charles Lima da Silva, Chiara Rodello, Chica, Chico César, Christian Cancino, Cibele Forjaz, Cibele Gardin, Cida Melo, Cida Rodrigues, Cintia Ingrid Alves Rocha, Cíntia Porfírio, Clarissa Mastro, Clayton Barros, Cristiane Cortílio, Cristiani Zonzini, Cristiano Carvalho, Cynthia Zucchi Matozinho, Dalmo Louzada, Daniel Camilo, Daniel Gonzalez, Daniel Lara, Daniela Duarte, Danilo Tomic, David Schumaker, Deco, Denis Garcez, Denise 64 >> 64 a 69 10/17/06 6:02 PM Page 65 Carolina Oliveira Günther Giese Bia Fonseca Cida Melo Alice Queiroz Emerson Aureliano Eduardo Moreira Ana Rúbia de Melo Charles Lima Elisa Ferraz Daniel Lara Elisete Jeremias 65 64 a 69 10/17/06 6:02 PM Page 66 Assunção, Denise Millan, Diogo Granato, Diogo Leite da Silva, Djalma Lima, Dorien Barretto, Doró Cross, Dylan Rocha, Edilson dos Santos, Edina dos Santos, Edísio dos Santos, Edson Aureliano, Edu Nazarian, Eduardo Bruno Fecsman Jr., Eduardo Ferroni, Eduardo Moreira, Eduardo Reyes de Campos, Elaine César, Elenildo de Moura Uga, Elenira Peixoto Silva, Elisa Ohtake, Elisete Jeremias, Elísio Lages Thomaz, Elói de Melo Nunes, Emerson Aureliano Pereira, Emerson Ribeiro, Estanislau Azevedo, Everaldo Guimarães, Everson Romito, Fabiana Salles, Fábio Delduque, Felipe da Silva Berlim, Felipe Gomes Moreira, Felipe Vidal, Félix Oliveira, Fenício Trejo, Fernanda Aguiar, Fernanda Diamant, Fernando Coimbra, Fioravante Almeida, Flavia Lobo de Felício, Flávio Rocha, Francine Ramos, Francione Oliveira Carvalho, Francisco Rodrigo, Francisco Taunay, Franklin Albuquerque, Franklin Araújo, Fransérgio Araújo, Fredy Allan, Gabriel Fernandes, Gabriela Panachão Benício, Gabriela Brits, Gabriela Previdello, Geraldo Alves de Carvalho, Geraldo Júnior, Gilmário da Silva Júnior, Giovane Azevedo, Giovanni Cardeliquio Gambra, Girleide, Gisela Marques, Giuliana Pellegrini, Gringo Cardia, Guilherme Calzavara, Günther Giese, Gustavo Medeiros, Haroldo Costa Ferrari, Heberson Hoerbe, Helena Amaral, Heloísa Ururahy, Henrique Mariano, Henrique Martins, Henrique Palazzo, Hitomi Jonishi, Horácio Sei, Ingrid Furtado, Irene Selka, Isaar França, Isadora Ferrite, Ito Alves, Ivaldo de Melo, Ivan Estanislau Azevedo 66 Irene Selka Flávia Lobo 64 a 69 10/17/06 6:02 PM Page 67 Andrade, Ivonete Pereira, Jacqueline Braga, Jamile Valente, Jards Macalé, Jean Canesqui, Jéssica, Jime, Joan Santos, Joana Salles, João André da Rocha, João Paulo Carvalho, Jonaya de Castro Garbe, José Celso Martinez Corrêa, José Luiz Ziembik, José Paulo Gouvêa, Juan Ortiz, Juarez Nunes, Judite de Lima, Juliana d’Grazia, Juliana Freire, Juliane Elting, Júlio Meiron, Junio Barreto, Kadu Pinto, Karina Buhr, Karlla Girotto, Kátia Alves, Katia Oliveira, Keila Malvezzi, Lala Martinez Corrêa, Laura Vinci, Leandro Rodrigues, Leci de Andrade, Lene, Lenerson Leandro Poloini, Lenise Pinheiro, Letícia Coura, Lígia Casella Kamado, Lílian Brites de Castro, Liliana Cury, Lira Paes (Lirinha), Lírio, Lucas Braguirolli, Lucas Moreno S. Anjos, Lucas Weglinski, Lúcia Telles, Luciana Brites, Luciana Cunha, Luciana Domschke, Luis Carlos França, Luis Paëtov, Luis Ushirobira, Luiz Maria Veiga, Lula Carvalho, Madalena Bernardes, Maíra Leme de Andrade, Maju Minervino, Marcelo Boffa, Marcelo Bratz, Marcelo Capobianco, Marcelo Comparini, Marcelo Drummond, Marcelo Gavião Arossa, Marcelo Gazzoti, Marcelo Pellegrini, Márcia Maria Azevedo Papoti, Marcio Dionizio da Silva, Marco Antonio Rezende, Marco Bexiga, Marco Piantã, Marcus Avaloni Guedes, Marcus Damigo, Marcus del Mastro, Marcus Silva de Lima, Maria Cilene Ribeiro de Souza, Maria Cristina, Maria Gomez, Maria Juliana S. Camargo, Maria Thereza Mello Maron, Maria Zita, Mariana de Moraes, Mariana de Oliveira, Mariana Zanetti, Mariano Mattos >> Gabriel Fernandes Tom Ribeiro Wal Nogueira 67 64 a 69 68 10/17/06 6:02 PM Page 68 Giovani Azevedo Henrique Martins Lucas Weglinski Michele Roland Osvaldo Gabrieli Rafael Martins Rodrigo Andreolli Pedro Terra Simone Rodrigues Roseli Aparecida Rodrigo Gava Thaís Sandri 64 a 69 10/17/06 6:02 PM Page 69 Martins, Marilene Rodrigues Reis, Marília Halla, Marina Vergueiro Leme, Mário Lopes, Marli Pereira da Silva, Marlio Vilela Nunes, Marta Macruz de Sá, Mathias Pees, Maura Baiocchi, Maurício Shirikawa, Michele Ugliano Garbelini, Milena Palma Espildora, Miro Rizzo, Modesto Carvalhosa, Moracy Amaral, Naomy Schölling, Nasha, Nelson Kume, Ney Oliveira, Océlio de Sá, Olintho Malaquias, Oswaldo Gabrielli, Oswaldo Santana, Otávio Ortega, Pascoal da Conceição, Patrícia Aguille, Patrícia Lopes, Patricia Silva, Patrícia Winceski, Paula Carvalho, Paula Romano, Paulo Ferreira, Pedro Epifânio, Pedro José Renteiro, Pedro Lira, Pedro Terra, Pepê Mata Machado, Péricles Cavalcanti, Rafael Amaral Primo, Rafael Carvalho, Raí, Regina Prata, Reginaldo Nascimento, Regis Soares, Renata Rugai, Renato Rodrigues Jacinto, Renée Gumiel, Ricardo Bittencourt, Ricardo Costa, Ricardo Cutz, Ricardo Fernandes, Ricardo Morañez, Ricardo Seco, Roberta Koyama, Rochele Sá, Rodolfo Dias Paes (Dipa), Rodrigo Gava, Rodrigo Matos, Rodrigo Rocha da Silva, Rodrigo Trindade, Rogério Victor, Rosana Ferraz, Rosangela Nê, Rose Aparecida, Rubens Rewald, Sálvio do Prado, Samuel Costa, Sandra Manoelina Pereira, Sandra Michelan, Sara Antunes Bueno, Schinaider, Sérgio Ricardo, Sérgio Souza, Sheyla Souza, Sidão, Sidney Almeida, Silvia Castro, Sílvia Moraes, Sílvia Regina de Carvalho, Siva Rama Terra, Sônia Ushyiama Souto, Stanislau Azevedo, Stefan Wolf, Stella Prata Miziara, Sylvia Prado, Talita Martins Souza, Tania Bernucci, Thaís Sandri, Thaís Taverna, Theo Solnik, Thiago Silva Granato, Thomas Miguez Ramos Gouveia Silva, Tila Teixeira, Tom Zé, Tommy Pietra, Tônia Grecco, Valtêncio Vieira, Vanessa Lutz, Vanessa Poitena, Vânia Monteiro, Vera Barreto Leite, Vera de Andrade, Verônica Tamaoki, Vicente Gil, Wal Nogueira, Waldemir Leite, Walter José Balthazar, Wanessa Janiak, William Cristiano da Silva, Wilson Feitosa Jr., Wolfgang Pannek, Xandy, Ylízia Batista, Yve Valente, Zé de Paiva, Zé Miguel Wisnik. 69 70 a 83 10/18/06 3:10 PM Page 70 O S S E RT O E S - O H O M E M I I D A R E - V O LTA A O T RA N S - H O M E M de Euclides da Cunha TEATRO OFICINA UZYNA UZONA Direção JOSÉ CELSO MARTINEZ CORRÊA Dramaturgia FERNANDO COIMBRA, JOSÉ CELSO MARTINEZ CORRÊA E TOMMY PIETRA Conselheira CATHERINE HIRSCH Diretora assistente CAMILA MOTA FICHA TÉCNICA ATUADORES ADRIANA CAPPARELLI maciel, olga/ordem, heloísa de lesbos, carpideira sambista, atávica nadadora do fundo da mar rediviva, farândola, coriféia dos trastes grosseiros, nova chegança, célula do corpo sem órgãos, virago ADRIANO SALHAB cantor de cabaré, cantor da rua do ouvidor, cego aderaldo, chiquinho ou jõao da mota, soldado cantador ANDRÉ SANTANA LAGARTIXA andré jacinto de souza pimentel ANNA GUILHERMINA ninfa irmã de miguel carlos, irina/ progresso, boffo o amante do circo-teatro, sertaneja catimbopzeira, farândola (itapicuru de cima), yemanjá do fundo da mar rede-vida, convidada da ilha fiscal, virgem santíssima cacilda becker, eva, menina etaira AURY PORTO antônio maciel, um dos irmãos spartacus (fortão do circo), arcebispo da bahia, marechal deodoro da fonseca, joão abade, célula do corpo sem órgãos CAMILA MOTA diadorim, a janela, em alguns dias: antoninho maciel do circo, jurema 70 catimbópzeira, cabra coriféia da farândula, atávica nadadora do fundo da mar rediviva, catimbopzeira índia do piquaraçá, em alguns dias: estrela jeanne moreau, em alguns dias: hemeralopaica das lágrimas de sangue de nossa senhora, thimóteo sineiro, célula do corpo sem órgãos, cabra coriféia do coro sagrado CÉLLIA NASCIMENTO maria jana (irmã de maria chana) tia de antoninho maciel, rumbeira, povo de itabaiana, libertas, procissão do mutirão, povo de bom conselho, farândola, moradora de canudos, coro de ditirambo, coro de rebotalho, coro de tatuturemas, coro sagrado, beija, coriféia no canto do 13 de maio ELENILDO DE MOURA (UGA) antoninho maciel, acrobata do circo, morador de itapicurú de cima, farandoleiro, jagunço que vem com a nova chegança, soldado da guarda católica DANILO TOMIC araújo, oficial, juiz deus, d. pedro II, nietzsche, vila-nova >> FÉLIX OLIVEIRA vicente mendes maciel, 70 a 83 10/18/06 3:10 PM Page 71 71 70 a 83 10/18/06 3:10 PM Page 72 palhaço sem calça do circo, fotógrafo da folhinha laemmert, manuel quadrado, feitor, célula do corpo sem órgãos, vigário do cumbe FERNANDO COIMBRA dilermando de assis, vigário de natuba FIORAVANTE ALMEIDA jagunço mercenário dos araújos, espião de miguel carlos, boy maconheiro que leva o enquadro, índio cariri, xucuru, o homem da capela cistina, atávico nadador do fundo da mar rediviva, chico science, norberto cariri FRANCISCO RODRIGUES josé joaquim de menezes, acrobata do circo, joaquim macambira farandoleiro seguindo conselheiro, convidado do baile da ilha fiscal, macambira jr. soldado da guarda católica FRANSÉRGIO ARAÚJO manoel carlos avô de antônio maciel, jovem antônio maciel, cadete no baile da ilha fiscal, cadete na proclamação da república, governador da bahia, estevão tatuturema que vem na nova chegança, célula do corpo sem órgãos FREDERICK STEFFEN família araújo, um dos irmãos spartacus (os fortões do circo), são sebastião, leão de natuba FREDDY ALLAN coreuta de todos os coros GUILHERME CALZAVARA silvestre acomparsado com a família araújo, rumbeira escandalosa!, marcelo ferraz da farândola do povo de itapicuru de cima, sir. jones, apolonio de toddi de monte santo, soldado que vai e morre!, palhaço guia de cego atuante!, célula do corpo sem órgãos, marcelo ferraz com suas plantas sem folhas vivas, anjo do apocalipse desapercebido!, mano fruslay flash back! HAROLDO COSTA FERRARI miguel carlos, jurema brasylina do circo-teatro, delegado de itapicuru, cadete no baile da ilha fiscal e na proclamação da república/soldado 72 republicano, avô do muribeca com seus mapas das minas de prata, prudente de moraes, beatinho JULIANE ELTING prima favorecida do manoel da familia araújo, em alguns dias: olga/ ordem, em alguns dias: a janela, coro da viagem antonio/brazilynha, coro das estrelas da rumbeira escandalosa, farândola (itapicuru de cima), atávica nadadora do fundo da mar rediviva, convidada do baile da ilha fiscal, sertaneja amante futura do palhaço que vem na nova chegança, célula do corpo sem órgãos KARINA BUHR rumbeira, joventina ceguinha e mudinha de itabaiana, joventina apenas ceguinha pós milagre, valsante do baile da ilha fiscal, jagunça science nos coros, os que chegam com o dia na nova chegança, célula do corpo sem órgãos, jagunça do xequerê LETÍCIA COURA maria chana mãe das três irmãs maciel e de antônio (inho) vicente mendes maciel, antoninho maciel _ o marido _ do circo-teatro, catimbopzeira, farândola de itapicuru de cima, atávica nadadora do fundo da mar rediviva, convidada do baile da ilha fiscal, catimbopzeira índia do piquaraçá, estrela jeanne moreau, hemeralopaica das lágrimas de sangue de nossa senhora, cavaquinista da primeira chegança em canudos, célula do corpo sem órgãos LUCIANA DOMSCHKE uma das irmãs de antônio maciel, ana de assis, mãe santa de antônio, ana de assis bacante, princesa isabel, macha-amor, terra-amor MARCELO DRUMMOND euclides da cunha MARIANA DE MORAES filha de césar araújo (a noiva), coro candidatura de antonio conselheiro, primeiros revezes, rumbeiras, coro dos forjadores do corpo sem órgãos, coro itabaiana, farândola dos primeiros, 70 a 83 10/18/06 3:10 PM Page 73 irmã mariana, em alguns dias: carpideira sambista, mandrágoras, coro da corte, em alguns dias: coriféia dos trastes grosseiros, ceguinhas MARIANO MATTOS manoel procópio em: coro dos eleitores, coro do cabaré ipu, coro da rua do prazer de aporá, coro dos irmãos spartacus fortões do circo, sertanejo troiano erismar em: coro da farândola, itapicuru de cima, assessor cerimonial do império de d. pedro II, glauber rocha, sertanejo bem-te-vi troiano, coro de natuba, coro da queima de masseté, abu al zarqawi que vem com a nova chegança, escrivão coroinha de bom conselho NAOMY SCHÖLLING mãe da família silvestre aparentada com a família Araújo, em alguns dias: maria chana mãe das três irmãs maciel e de antônio (inho) vicente mendes maciel, rumbeira, cantora da rua do ouvidor, farândola, atávica nadadora do fundo da mar rediviva, coro da corte, ceguinha OTÁVIO ORTEGA chiquinho ou joão da mota PATRÍCIA AGUILLE matriarca helena araújo, >> 73 70 a 83 10/18/06 3:10 PM Page 74 a apresentadora do circo, farandoleira de canudos, a liberdade, atávica nadadora do fundo da mar rediviva, prefeita de “bom” conselho, profetisa da orgyapocalyptyca, helena araújo leoni que fugiu pra tróia de taipa, beijadora ávida do beija PEDRO EPIFÂNIO jagunço mercenário dos araújos, alferes francisco gregório de pinto, noivo de irmã de antônio, soldado lovelace de brasylina, pinah fortão do circo, ogum, escravo liberto no dia 13 de maio riscador de pemba de terreiro, pajeú, célula do corpo sem órgãos RICARDO BITTENCOURT patriarca araújo da costa, mãe de antônio maciel do circo teatro, cara que grita e chinga, josé bonifácio, militar linha-dura da proclamação da república, raimundo boca torta, barão de jeremoabo, juiz militar menelau barbosa arlindo leone, frei joão evangelista do monte marciano RODOLFO DIAS PAES (DIPA) farândola, povo de itapicuru de cima, quinquim de coiqui que vem na nova chegança, célula do corpo sem órgãos RODRIGO GAVA coreuta de todos coros atuando da cabine de comando do terreiro eletrônico SÁLVIO PRADO silvestre veras, noivo assassinado, palhaço do circo, morador de itapicuru de cima, farândolista, membro atuante do cerimonial imperial, barnabé josé de carvalho que vem na nova chegança SAMUEL DE ASSIS jagunço mercenário dos araújos, servente da baioca de manoel procópio, soldado subordinado do alferes francisco gregório de pinto a mando da nêmesis, marcelo suzuki que segue a farândola, segurança da alcaide de bom conselho, capitão jesuíno que vem com a nova chegança 74 SYLVIA PRADO jagunça mercenária dos araújos, brasylina boa, brazylina carmem, brasylina rumbeira fugida com o circo, brasylina no deserto, farandolina, atávica nadadora do fundo da mar rediviva, convidada do baile da ilha fiscal, brasylina habitante de canudos, célula do corpo sem órgãos, lina bo bardi VERA BARRETO LEITE helena maciel a nêmesis da família, república, hécuba a megera de tróia que vem na nova chegança, hécuba/zuria WILSON FEITOSA JR filho da família araújo, um dos irmãos spartacus (os fortões do circo), povo de itapicuru de cima, farândola, soldado do exército, em alguns dias: estrela querelle que toca com estrela jeanne moreau, chegado da nova chegança ZÉ CELSO MARTINEZ CORREA antônio conselheiro ZÉ DE PAIVA capanga dos araújos, vicente lopes de aracatiaçú, acrobata do circo, coro da farândola (joão grande), deus, escravos libertados, coro 13 de maio, joão grande chefe da guarda católica ATUADORES DO MOVIMENTO BIXIGÃO ARICLENES BARROSO criança da família araújo, o caçula dos irmãos spartacus (o fortinho do circo), morador de itapicurú de cima, farândola, menino republicano, jaguncinho que vem com a nova chegança, brazyleirinho criança deusa chamada LUTA EDNA DOS SANTOS irmã de antoninho maciel, menina apresentadora da ópera do circo, criança conselheirista da farândola EDÍSIO DOS SANTOS criança da família araújo, jovem euclides da cunha, acrobata do circo, euclidinho filho de euclides e ana, jovem pregador de placas de impostos, 70 a 83 10/18/06 3:10 PM Page 75 Pedro Epifânio habitante original de canudos EDILSON DOS SANTOS garoto avião de helena e miguel carlos, acrobata do circo, farandoleiro, jovem pregador de placas de impostos, soldado da guarda católica JACQUELINE BRAGA irmã de antoninho maciel, menina apresentadora da ópera do circo, criança republicana, jaguncinha que vem com a nova chegança E MAIS OS ARTISTAS DO CIRCO TEATRO DE ESTÁDIO OFICINA: ANELIÊ SCHINAIDER BEIÇO – GILMÁRIO JÚNIOR CAROLINA ALMEIDA DÉBORA SANTOS GENI DE LIRA IVAN CARDOSO JHONATHA FERREIRA JULIANE LIRA LUNA OLIVEIRA MARIANA OLIVEIRA THIAGO MARTINHO XANDY MÚSICA E SONORIZAÇÃO Diretor musical e trilha sonora original MARCELO PELLEGRINI Compositores ADÃO FILHO, ADRIANA CALCANHOTTO, ADRIANA CAPPARELLI, ADRIANO SALHAB, ARNALDO ANTUNES, CAMILA MOTA, CARLINHOS BROWN, CELSO SIM, CLAYTON BARROS, DENISE ASSUNÇÃO, FIORAVANTE ALMEIDA, JARDS MACALÉ, LETÍCIA COURA, LIRINHA, MARCELO PELLEGRINI, OTÁVIO ORTEGA, PATRÍCIA AGUILLE, PEPÊ MATAMACHADO, PÉRICLES CAVALCANTI, SÉRGIO RICARDO, ZÉ CELSO, ZÉ DE PAIVA, ZÉ MIGUEL WISNIK Operador de som RODRIGO GAVA Direção de sound design RODOLFO DIAS PAES (DIPA) Roadie RODRIGO ANDREOLLI >> 75 70 a 83 10/18/06 3:10 PM Page 76 MÚSICOS INSTRUMENTISTAS Baixo ADRIANA CAPPARELLI Baixo, bandolim, rabeca, violino ADRIANO SALHAB Cavaquinho LETÍCIA COURA Percussão ANDRÉ LAGARTIXA Percussão DANIEL CAMILO Percussão KARINA BUHR Percussão ITO ALVES Piano, acordeon, escaleta OTÁVIO ORTEGA Trompete GUILHERME CALZAVARA Preparação do coro GÜNTHER GIESE, LETÍCIA COURA, NAOMY SCHÖLLING VÍDEO Direção original TOMMY PIETRA Direção na remontagem 2006 FERNANDO COIMBRA Assistente de direção 2006 GABRIEL FERNANDES 76 Câmeras DANIEL LARA, GABRIEL FERNANDES Operador e VJ CHARLES LIMA DA SILVA FERNANDO COIMBRA Gaffer RODRIGO ANDREOLLI Colaboração ELAINE CESAR MARÍLIA HALLA E OSVALDO SANTANA CENA Maestra de cena ELISETE JEREMIAS Diretor de cena ESTANISLAU AZEVEDO Contra-regras HENRIQUE MARTINS, GIOVANI AZEVEDO Camareira diretora CIDA MELO Camareiras ALICE QUEIROZ, TEREZINHA, MARIA DO SOCORRO ARTE/CENÁRIO Diretor de arte e cenografia OSVALDO GABRIELI Coordenação de objetos na 70 a 83 10/18/06 3:10 PM Page 77 remontagem 2006 ZÉ DE PAIVA Aderecistas MÁRIO LOPES, EDUARDO MOREIRA, OCÉLIO DE SÁ, JUAN ORTIZ FIGURINO OLINTHO MALAQUIAS, HELENA AMARAL Coordenação da remontagem 2006 SYLVIA PRADO Assistentes de figurino CRISTIANO CARVALHO, SOFIA BORGES Costureiras ALICE FERRAZ, LECI DE ANDRADE, SILVIA CASTRO, WAL NOGUEIRA, MARILENE RODRIGUES, SR. MIGUEL Máscara de raymundo boca torta LALA MARTINEZ CORRÊA ILUMINAÇÃO Diretor de iluminação CIBELE FORJAZ, ALLAN MILANI Operadores de luz IRENE SELKA, PEDRO TERRA Técnico geral RAFAEL MSP Montagem RICARDO MORAÑEZ, RAFAEL MSP, IRENE SELKA, PEDRO TERRA Operadores de foco móvel CAROLINA MERCALDI OLIVEIRA, TOM RIBEIRO Produtor gráfico HORACIO SEI Revisão FERNANDA DIAMANT Assessoria de comunicação FRANCINE RAMOS Apoio de divulgação FIORAVANTE ALMEIDA Fotos LENISE PINHEIRO, LUIS USHIROBIRA, PEDRO TERRA, ANA ROJAS PRODUÇÃO Produtoras ANA RUBIA E BIA FONSECA Produtor internacional MATHIAS PEES Assistente de produção MARIANO MATTOS COREOGRAFIA WOLFGANG PANNEK, MAURA BAIOCCHI PREPARAÇÃO DAS CENAS DO ELENCO INFANTIL CAMILA MOTA, FIORAVANTE ALMEIDA, ZÉ DE PAIVA ADMINISTRAÇÃO Diretor administrativo AURY PORTO Auxiliar administrativo SIMONE RODRIGUES Secretária ELISA FERRAZ Arquivista THAIS SANDRI BIXIGÃO MANUTENÇÃO DO TEATRO Coordenação SYLVIA PRADO LOPES Produção FLÁVIA LOBO DE FELÍCIO Dona do circo VERÔNICA TAMAOKI Musa da acrobacia LUANA TAMAOKI Domador de crianças ZÉ DE PAIVA Nutrição ROSELI APARECIDA Zelador EDSON AURELIANO Conservação EMERSON AURELIANO, MARCELO MÁRCIO DE PAULA, JOHN LENNON ASSESSORIA JURÍDICA MARTHA MACRUZ DIVULGAÇÃO Site TOMMY PIETRA (Des)programação visual – projeto gráfico ARTUR LESCHER, DORIEN BARRETTO Assistentes de arte AMANDA DAFOE, ANDERSON MIGUEL, EVERALDO GUIMARÃES ASSESSORIA CONTÁBIL PAULA CRISTINA ROMANO CONSULTORIA MÉDICA LUCIANA DOMSCHKE 77 70 a 83 10/18/06 3:10 PM Page 78 70 a 83 10/18/06 3:10 PM Page 79 70 a 83 10/18/06 3:11 PM Page 80 APOIO CULTURAL tel. 11 3159-5106 ACADEMIA Templo Shaolim SACOLÃO AVANHANDAVA CASA DE VELAS SANTA RITA www.srita.com.br 80 PADARIA 14 DE JULHO 70 a 83 10/18/06 3:11 PM Page 81 70 a 83 10/18/06 3:11 PM Page 82 PATROCÍNIO SECRETARIA DE ESTADO DA CULTURA DE SÃO PAULO 82 70 a 82 10/17/06 7:04 PM Page 81 TEATRO OFICINA UZYNA UZONA Rua Jaceguai, 520 - Bixiga - São Paulo - SP - Brasil cep: 01315-010 - tel: 55 11 3106 5300/3106 2818 www.teatroficina.com.br - [email protected] Capa Homem II.qxp 10/17/06 7:44 PM Page 4