Adorável Noite
Transcrição
Adorável Noite
10 passos para morrer por Adriano Siqueira no primeiro passo olhei para trás e vi alguém me seguindo no segundo achei uma garrafa no terceiro um cigarro aceso no quarto uma mulher no quinto uma arma no sexto atirei na mulher no sétimo larguei a arma no oitavo achei um espelho no nono descobri que eu era a mulher que matei no décimo levei um tiro de quem me seguia, ele fumava e bebia. Toque Mortal Por Adriano Siqueira - Está Frio. Faz tempo que não sinto um frio tão cortante. Era como se eu estivesse sem roupa no alasca. - A calçada está molhada e cheia de buracos. Minhas pernas congeladas, quase adormecidas. Os corpos estavam nos buracos da rua, congelados como carnes em um açougue. - Todos, naquela cidade, estavam mortos e congelados. Alguns, estavam enforcados, pendurados e balançando com o vento do lado de fora das casas. Seus corpos batiam nas janelas como se fossem enfeites de natal. Com o brilho do sol, dava para fazer um circulo no chão para acompanhar a sombra dos corpos como um ponteiro de relógio. É ótimo ver que mesmo no meio deste holocausto eu ainda tinha noção de horário ja estava para anoitecer. - Amanda, minha esposa estava balançando enforcada na entrada da casa. Tiro meu sobretudo e cubro seu corpo e logo sento na escada na frente da casa. - A cidade toda destruida... Coloco as minhas mãos na minha testa, olho para o chão e fico falando sem sentido. balbuciando palavras que só os demônios entenderiam. Em meio a tanto desespero lembro-me da minha filha e desesperado eu grito: - Onde está minha filha? Minha criança. - Pai!... Eu to aqui! Mila, a minha filha de 17 anos corre para os meus braços, chorando e com medo. - Filha... Você não teve culpa. É diferente dos humanos. - Pai. Me abraça. Quando nos abraçamos, meus braços começam a queimar e ela estava queimando comigo. Ela tinha o toque gelado da loucura e da morte e eu... do fogo do inferno. Nao irei resistir aos poderes da minha filha, mas desta vez... Ela vai morrer comigo. As chamas dos dois corpos era a única luz acesa por toda a cidade. 8 www.contosdevampiroseterror.blogspot.com nº27 Toque Mortal Chegou a sua vez de morrer! Contos de Vampiros e Terror www.adoravelnoite.blogspot.com TORMENTO SOMBRIO CRIAÇÃO, ADRIANO SIQUEIRA - [email protected] NOVO SITE DE CONTOS DE VAMPIROS www.contosdevampiroseterror.blogspot.com.br Grupo de Vampiros da internet: http://br.groups.yahoo.com/group/adoravelnoite/ http://br.groups.yahoo.com/group/tintarubra/ http://br.groups.yahoo.com/group/vampirevich/ CARTA DE UMA JOVEM RENASCIDA Ano I O dia mergulha nas sombras da noite, fazendo desse anoitecer minha nova alvorada, e trazendo com ela o eterno tormento que constantemente aflige minha alma. Alma... dizem que já não a tenho, mas, então, por que a consigo sentir? Chorando, gritando, por que essa dor em meu ser? Não encontrei respostas, não as procuro mais, porém a angústia permanece e a cada noite que passa, lamento... lamento cada amanhecer perdido que jamais voltarei a encarar a vida cheia de sonhos que jamais voltarei a ter todas as pessoas que jamais poderei conhecer o amor que jamais voltarei a encontrar... 2 E então por entre as trevas que agora envolvem tudo a minha volta sigo o meu caminho, contando que talvez, um dia, não lamente mais e apenas trilhe o que me foi traçado para encontrar um significado em meu mundo agora vazio, sombrio, solitário. E assim minha existência continua e continua, Eternamente... Escrito por Gisele Luz <[email protected]> PARTICIPE DO NOSSO GRUPO DE VAMPIROS http://br.groups.yahoo.com/group/adoravelnoite/ Gisele Luz - 13/09/2003 [email protected] Sou noite, escuridão Sem sentimento, sem alma, Trago o vazio, a solidão, O medo, tormenta e desgraça. Sou poderoso, mas nada sou Senão sombra flagelada, Que por entre mares de vidas Em silêncio, torturado, vaga. Tenho força poderosa E coragem desmedida, Mas não é suficiente, Para suportar minha triste sina Minha cruel maldição Priva-me a luz do dia Faz-me esgueirar pelas sombras Sem ver rostos, sem ter companias. Jogado em meio a um mundo Onde o desespero é meu guia Sugando desejos, sonhos, alegrias Contidas no líquido rubro da vida. Àqueles que ainda não sabem, Que escutem o aviso, De um ser que implora, Que grita para ser ouvido, Não vague por entre as sombras, Não siga por elas sozinho, Não desejes o poder Contido num trágico destino Pois entre as trevas só poderá encontrar Ilusões e desvarios. Não humano, nem amigo, Sou sombra, espectro de ser vivo, Sou um dos senhores da noite, Que traz confusão, delírio Sou implacável, voraz, melancólico... Um insaciável, sedento .... VAMPIRO Sangue. Adriano Siqueira - [email protected] Uma vez derramado, desperdiçado, gera desconforto, gera ódio, gera vingança. Pobre de quem vê lamber as sobras, é ver seu próprio destino Desta vez você será o sangue, você será o próximo. Descanse em paz! 7 cinema. Santana olha fixamente para Cristine...ela está esperando o namorado...O vampiro desce do alto do prédio e caminha vagarosamente para a rua paralela. Essas estão quase desertas na noite fria de julho... Ele chega a avenida principal e aguarda, protegido na escuridão de uma alameda. Ele vê um rapaz andando apressado atravessando a avenida e entrando na mesma alameda para cortar o caminho que leva ao local onde Cristina o espera. Santanna o segue de perto... ele não nota sua presença... - Tem fogo, por favor? O rapaz pára e volta-se para responder. Com uma velocidade assustadora, Santanna segura-o pelo pescoço...Suas presas sobressaem e ele se delicia com o pavor no semblante do jovem. - Ela é minha, garoto! Foram suas palavras antes de estrangular o rapaz com apenas uma de suas mãos. Nem ao menos o mordeu...Não estava com sede...Apenas queria matar. O corpo sem vida cai na pequena rua...uma garoa fina começa a cair. Tranqüilamente, Santanna caminha de volta a rua do cinema, pegaria Cristine, ou melhor, sua amada Heloisa e a faria eterna juntamente com ele. Ela ainda está lá...Impaciente...Sozinha...Ninguém por perto...Seria fácil! Heloísa seria dele somente...para sempre! Santanna pára nas sombras... ao longe ele observa...Três homens se aproximam de Cristine...Querem levar sua bolsa...Ela resiste...Um tiro! Cristine cai...Santanna corre em direção a ela! Os assaltantes fogem por entre os prédios. Santanna segura sua amada! Heloísa ainda está viva! - Você...veio! Morreu em seus braços! A morte veio rápido como vento...apenas as últimas palavras sopram levemente no ouvido de Santanna. Ela o esperava? - Senhor? Era uma policial. Nem percebera que uma multidão já se aglomerava em volta. - Era namorado dela? A pergunta do policial entrou como uma estaca em seu coração. - Fui...marido dela... Sua resposta é um choro escondido... O policial pede que ele se afaste um pouco. Santanna se afasta e entra desapercebido no beco ao lado do cinema. - Senhor...Ué? Onde ele foi? O policial fica sem resposta. No prédio em frente, um vampiro de 300 anos observa o movimento. Mais uma vez ele perdeu sua amada Heloisa...O fantasma da solidão o apavora novamente. As horas voam...Solidão... Ele não quer mais isso... 4:30h da madrugada...Em algunsem respostaara Cristina minutos o sol vai nascer...Santanna senta-se em um caixote de madeira e espera...Seus dias de solidão estão contados! 6 SOLIDÃO Por Humberto Faria de Lima [email protected] O homem está sentado em uma rua de pedra na cidade de Olinda. Seu semblante é triste, marcado pelas agruras da vida. As pessoas vêm e vão. Turistas com seus jeans e camisetas coloridas, mulheres com seus tabuleiros de doce e crianças comendo coquinho e fazendo uma enorme algazarra. O homem se chama Nabuco. Ignorado por todos. É como se não o vissem. Sua frustração não pára de crescer. Ignorado por horas, dias, meses, anos... Tenta se lembrar quando foi à última vez que alguém olhou para ele. Foi há muitos anos. E Nabuco já era um beberrão. Lembra-se de uma briga, uma pedrada na cabeça. Dor. Põe a mão na têmpora. Sangra ainda. As horas passam e a escuridão se aproxima. Lâmpadas tentam iluminar o centro histórico de Olinda. As ruas pouco à pouco se esvaziam. Nabuco continua sentado no chão frio. Um casal se aproxima, rindo baixinho. Ele, estrangeiro, ela, nativa; menina ainda, no máximo quinze anos. Escondidos nas sombras ao lado do homem começam a se agarrar. Ela abre o cinto do estrangeiro enquanto este se delicia com o jovem corpo moreno jambo. Escandalizado, Nabuco se levanta. - Ó Pá! V´cêis naum teim v´rgonha naum? Ouvindo a voz do português os dois se voltam assustados. Vestido de casacão e colete do século XVII, a cabeça esmagada do lado direito com o sangue empapando o bigode e os babados da camisa, o fantasma de Nabuco é uma visão medonha. Os dois empalidecem terrivelmente e fogem ladeira a baixo; o americano caiu duas vezes com a calça arriada. Satisfeito por ter sido notado uma vez nos últimos três séculos, o português volta se sentar sobre a cova que esconde seus ossos, desde seu assassinato em 1654. 3 JÉSSICA Solidão Lady Debby Lenon <[email protected]> Antonio Santos <[email protected]> Ela coloca Cibo Matto no cd player. Sugar Water. A voz da vocalista deixa o homem excitado, ele tenta toca-la, mas ela não deixa. Arrasta-o para uma cadeira posta no centro da sala do pequeno apartamento. Ele tenta falar, mas, é impedido com o suave toque da mão, dela. - Hoje quem manda é eu machão! Ele senta. Ela começa a dançar sensualmente, tira o, sobretudo bem devagarzinho, deixando a amostra o corpo escultural de uma mulher de vinte anos. Pele morena, olhos verdes, lábios carnudos. Essa era a mulher sensual que ele havia conhecido a menos de duas horas no bar da esquina. Uma verdadeira puta. Por baixo do, sobretudo estava um lingerie vermelho de rendas. Ela dançava para ele como uma ninfa. Às vezes se aproximava dele, cheirava-lhe os cabelos, a nuca. Nunca deixava que ele a tocasse, o homem só de cuecas, não estava mais agüentando de tanto excitação, ela percebia o liquido saindo e molhando a cueca, logo ele estaria no ponto. Ela colocou o pé no meio das pernas dele e friccionou a perna e o corpo, aproximando seu rosto ao dele. Ele tentou beija-la, ela deu-lhe um tapa. Virou-se de costa e rebolou a bunda arrebitada e perfeita. Ele abriu a boca estonteante, em seus quarenta anos nunca havia visto uma mulher tão perfeita. A musica estava chegando ao final, ela sentou-se no colo do homem, beijo-lhe a orelha, a testa, desceu a língua pelo rosto dele até chegar ao pescoço. Sua boca abriu-se e enormes presas apareceram. Em questões de segundo ela mordeu o pescoço do homem e sugou-lhe o sangue. Enquanto ela se alimentava dele, ele gemia, não de dor, mas de prazer, e o gozo do prazer e da morte jorrava, molhando cada vez mais a cueca da presa da vampira. Assim que ela sugou a ultima gota de sangue do homem, Jéssica limpou-se e vestiu seu sobretudo. Olhou para a vítima morta com expressão de prazer no rosto. Jogou um papel sobre o corpo que permanecia na cadeira e partiu. No papel apenas uma frase: “Meninas boazinhas vão para o céu. Meninas más, para aonde quiserem...”. Seus olhos vermelhos postos na moça parada na entrada do cinema refletiam uma luz que não combinava com sua natureza sombria. Santanna era um vampiro. Um vampiro de mais de trezentos anos. Já estivera a serviço da igreja como inquisidor, o mais jovem que já existira. Era o melhor, o mais cruel, mais implacável...até aquela noite de 13 de setembro de 1770, no povoado de São Rafael. Uma acusação de bruxaria...um povoado atacado por uma doença estranha em que a vitima morria por anemia...uma bruxa linda e atraente. As vitimas da Inquisição eram, em sua maioria, inocentes, mas...em São Rafael ela era culpada, acontece que não era uma bruxa, mas uma vampira. Santanna... mordido... a dor... o frio... a transformação...a vampira fora morta por seu companheiro...mas...tarde demais. Sua primeira sede incontrolável de sangue fora saciada com seu parceiro inquisidor. Depois disso...sua nova natureza falava mais alto... anos se passaram e uma lembrança ainda passeava por sua mente: Heloísa, sua amada Heloísa, a única que domava o implacável Santanna...Mas Santanna não queria para sua amada uma vida eterna de tormentos...não gostaria de vê-la sentindo a dor provocada pela abstinência de sangue... não queria vê-la debruçada sobre uma pessoa sungando-a como um animal até que a vida se esgotasse... Maldita vampira! Por que não o sugou até a morte? Por que permitiu que carregasse aquela maldição eterna? Ver Heloísa ser consumida pelo tempo, enquanto ele se mantinha com a aparência de 30 anos, foi o maior castigo imposto à alguém que amava com toda sua alma! Desde então, a solidão tem sido sua companheira...vira muitas coisas...matara muitas pessoas...as cidades eram agitadas e violentas nos novos tempos, ninguém percebia a presença de um vampiro no século 21... solidão...solidão...solidão... Algumas noites atrás, isto pareceu mudar...Enquanto do alto de um edifício procurava alimento em potencial...a janela aberta de um apartamento revelou o que seu coração achava que havia perdido a muito tempo: Ela estava lá...trocando as suas roupas...a pele morena...os seios pequenos...os cabelos negros e cacheados...Heloísa! Mas como? Pela primeira vez em três séculos, Santanna sentia-se novamente humano! Não iria perdê-la dessa vez! Faria com que ela ficasse ao seu lado pela eternidade...Naquela mesma noite descobriu que o nome dela agora era Cristine, mas sabia, tinha certeza de que era sua amada Heloísa que voltara para ele. Não se sentiria sozinho novamente! Esperou...seguiu...descobriu que tinha um rival, mas isso não seria problema. Chegou a noite em que iria consumar sua paixão eterna.Em frente a um local chamado 44 5 5