A revistA dA produção AnimAl | novembro 2014
Transcrição
A revistA dA produção AnimAl | novembro 2014
NT A revista da produção Animal Nº 20 - ANO 06 - 2014 Nutrition for Tomorrow 2014 o ano da pecuária Cooperativismo Casos de Sucesso COASC, a mais nova cooperativa de suinocultores de Santa Catarina C.Vale chega aos 51 anos com vitalidade e 16 mil produtores cooperados Mercado Brasil movimenta mais de R$ 1 bi no Salão Internacional da Alimentação Eventos Workshop de Suprimentos foca discussão em qualidade, preço e serviço NT A revista da produção Animal | novembro 2014 1 Expediente nftalliance.com.br @nftalliance tinyurl.com/6ewbqog Editorial Gestão focada em pessoas: compromisso que dá certo youtube.com/nftalliance A revista NT é uma publicação trimestral da Nutrition for Tomorrow Alliance, distribuída gratuitamente para a cadeia da produção animal. Comitê NFT Alliance MSD Saúde Animal: Edival Santos Cargill Alimentos - Nutron: Celso Mello Vale: Thaís Martins Nutron® Gestão NFT Álvaro Peixoto Carolina Tanese Produção Editorial Texto Comunicação Corporativa Jornalista Responsável Altair Albuquerque (MTb 17.291) Redação Alexandre Franco dos Santos Adriana Fernandes Projeto Gráfico e Diagramação Rodrigo Bonaldo Antecipar o futuro da nutrição animal não é tarefa impossível para quem ajuda a construí-lo. A Nutron® trabalha todos os dias para construir a nutrição do amanhã. Fazemos isso através de uma Plataforma Global, líder no desenvolvimento de produtos e serviços para nutrição animal com a mais alta tecnologia, segurança, inovação e performance para atender às exigentes demandas atuais e às que ainda estão por vir. Conte conosco para construir seu futuro: www.nutron.com.br 2 NT A revista da produção Animal | novembro 2014 Fotos Arquivo NFT Alliance e Texto Comunicação Impressão Silvamarts Tiragem 3.500 exemplares Contato [email protected] A revista em formato eletrônico está disponível no site: www.nftalliance.com.br Nutrition for Tomorrow (NFT Alliance) é um projeto desenvolvido e administrado pela Cargill Alimentos - Nutron, que reúne empresas do setor da produção animal, concentrando o melhor capital humano e fornecendo conteúdo técnico para gerar e fortalecer a sustentabilidade dos clientes. A Revista NT é uma publicação dirigida a produtores, empresários, técnicos, pesquisadores e colaboradores ligados à cadeia da produção animal. Os artigos assinados não expressam necessariamente a opinião da revista. O conteúdo dos artigos é de responsabilidade dos autores. Não é permitida a reprodução parcial ou total das reportagens e dos artigos publicados sem autorização. Edival Santos Presidente da MSD Saúde Animal C uidar dos animais é nossa causa e vocação. Cuidar da nossa equipe, também. Esse é o pensamento que move a MSD Saúde Animal e é com muita alegria que o compartilho com os parceiros da NFT Alliance. Em outubro, recebemos o título de “Melhor Empresa do Setor Farmacêutico para Você Trabalhar” da revista Você S/A, da Editora Abril, que anualmente realiza uma conceituada pesquisa em parceria com a Universidade de São Paulo, para ranquear as empresas do País que têm o melhor ambiente de trabalho. O mais interessante disso tudo é que essa pesquisa é realizada dentro das companhias inscritas, de forma transparente e objetiva, na qual a parte mais importante de uma corporação é ouvida: o colaborador. Para nós, o título é uma honra, mas também a certeza de que estamos no caminho certo e de que queremos ir além. Por isso, quero dividir com vocês esse caminho que trilhamos até chegar ao reconhecimento. Acredito e sempre digo que são as pessoas que fazem uma empresa e seus resultados. E aqui não poderia ser diferente. Nosso time é formado por pessoas motivadas, que amam o que fazem, e é esse perfil que buscamos identificar nos nossos colaboradores, além, é claro, de motivá-los constantemente. Na MSD Saúde Animal, investimos de forma consistente em capacitação e comunicação, mantendo nossos profissionais atualizados sobre nossas ações e projetos, incentivando-os a buscar a excelência individual e em equipe, sempre tendo em mente os melhores resultados. Esse título é mérito de todo o time, que é formado por profissionais de perfis diferentes, mas que mantêm o respeito uns com os outros, trabalhando com um único objetivo: ser a melhor empresa de saúde animal do mundo. Nossos líderes também têm papel fundamental nesse processo e, claro, a área de Recursos Humanos. A MSD Saúde Animal, como mencionei, é uma empresa que busca a excelência e, por isso, oferece ferramentas de desenvolvimento para todo o time, mas, principalmente a área de RH, lança um olhar individual sobre cada um dos colaboradores para buscar sempre a evolução profissional e pessoal. A maior parte da nossa equipe é formada por médicos veterinários que, para se adaptar às exigências da indústria farmacêutica como um todo, recebe suporte da empresa para descobrir e aperfeiçoar suas aptidões para os negócios. Com as ferramentas internas, conseguimos manter o colaborador em constante aperfeiçoamento, ajudando o time em suas necessidades e, claro, construindo uma carreira vitoriosa. Diante desse reconhecimento, a MSD Saúde Animal caminha para fechar o ano com chave de ouro e feliz, novamente, por poder dividir seus conceitos na NFT Alliance, que nasceu com o objetivo de multiplicar boas práticas dentro do contexto de saúde animal e que resultam, é claro, em mais saúde para toda a população. E boas práticas devem mesmo ser compartilhadas. Por isso, nas próximas apáginas desta edição você conhecerá um pouco mais sobre o modelo de gestão da MSD e o prêmio que recebemos. Obrigado a todos os parceiros e boa leitura! Patrocínio: NT A revista da produção Animal | novembro 2014 3 índice Foto: Divulgação Cooperativismo COASC, a mais nova cooperativa de suinocultores de SC 18 Observações de campo revelam falhas na proteção das Enramicinas genéricas Suplementar bovinos de corte nas águas é como empurrar o carro ladeira abaixo! SIAL, o maior evento da alimentação mundial 42 Casos de Sucesso Metafilaxia: mais que um conceito, um ganho em produtividade 26 Eventos A revista da produção Animal | novembro 2014 Diarreias neonatais em suínos: um desafio multifatorial Foto: Divulgação As isoflavonas da soja e sua relação como ingrediente em dietas de bovinos leiteiros Workshop de Suprimentos, Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite e muito mais 28 Suinocultura Pecuária de Leite 72 Uso de sucedâneos lácteos para leitões 82 Ingredientes Conceitos Técnicos UTMOST™ 15 64 46 C.Vale chega aos 51 anos em forma e em crescimento Suinocultura Nutrição e imunidade em aves Foto: NFT Alliance 24 Foto: NFT Alliance Foto: MSD Saúde Animal 9 NT 60 Foto: Texto Mercado 6 4 Quanto o milho é consistente como ingrediente alimentar? 38 21 2014 foi um ano muito bom para as proteínas animais 58 Doença Respiratória Bovina em confinamento. Como definir o melhor protocolo sanitário Celso Mello (Cargill Alimentos) e Edival Santos (MSD) analisam 2014 e fazem previsões para 2015 MSD é a melhor empresa farmacêutica para se trabalhar e a Cargill Alimentos é a melhor empresa de nutrição animal do ano Interação entre a adubação fosfatada na pastagem e a suplementação mineral de bovinos 34 Entrevista Giro Avicultura Foto: NFT Alliance Destaque Pecuária de Corte 50 Brachyspira spp. na produção suína 86 NT A revista da produção Animal | novembro 2014 5 fecham 2014 com desempenho positivo Carnes bovina, suína e de frangos alcançam US$ 20 bilhões em exportação 6 NT A revista da produção Animal | novembro 2014 2014 termina com um resultado muito especial para o agronegócio e será lembrando por muito tempo como o ano em que as proteínas animais do Brasil vivenciaram uma confluência de fatores positivos única, o que proporcionou ganhos para todos os elos da cadeia: os produtores, os fornecedores de insumos, a indústria e o varejo. Não houve melhor ano na história recente, considerando avicultura de corte, suinocultura e pecuária de corte. Mesmo a pecuária leiteira e avicultura de postura, atividades que não participam ativamente do comércio internacional e, assim, vivem mais à mercê do vaivém do mercado interno, apresentaram resultados satisfatórios. O ano chega ao final com um recorde em exportações, o que puxa o desempenho das carnes. Segundo estimativas preliminares, o balanço das vendas externas de carnes bovina, suína e de frangos aponta para aumento superior a 15% sobre os números de 2013. Esse percentual fica ainda mais saboroso por conta dos preços internacionais, que se mantiveram em bons patamares no ano. O fator Rússia é destacado em todas as rodas de comércio global. O embargo econômico proposto por Estados Unidos e União Europeia ao país de Putin abriu as portas de um mercado comprador – e necessitado –, elevando os resultados a patamares impensáveis e a ponto de Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) ter dito que “não exportamos mais carne suína simplesmente porque não estávamos preparados para vender tanto”. Em números, 2014 deve fechar com exportação de quase US$ 20 bilhões, contra S$ 16,65 bilhões – um resultado já muito bom – no ano anterior. Esse desempenho é liderado pela avicultura de corte, com cerca de US$ 9,5 bilhões. No ano anterior, a ABPA registrou vendas de US$ 8,55 bilhões. Em apenas um ano, o aumento superior a 10%. Em volume, pela primeira vez na história o Brasil atingiu o patamar de 4 milhões de toneladas de carne de frangos exportadas – esse montante representa nada menos do que 31% de toda a produção da avicultura brasileira em 2014. A carne bovina também teve um ano excepcional. Na verdade, o melhor da história. Segundo dados preliminares da Associação Brasileira das Empresas Exportadoras de Carnes (ABIEC), o ano fecha com cerca de US$ 8 bilhões em vendas externas. No ano anterior, foram US$ 6,6 bilhões. No total, o país vendeu 1,8 milhão de toneladas – contra 1,5 mi/t em 2013. “Foi realmente um ano muito bom, motivado por uma série de fatores, incluindo a presença sólida da Rússia, mas destacando que estamos presentes em mais de 150 países”, disse Fernando Sampaio, diretor executivo da ABIEC. O Brasil é o quarto maior exportador de carne suína. Em 2014, foram vendidas perto de 600 mil toneladas, com faturamento na casa dos US$ 2 bilhões. Como disse Francisco Turra, havia espaço para mais, porém o país agiu com cautela por Foto: Divulgação Proteínas animais Foto: Divulgação destaque Produção de ovos atinge 37 bilhões de unidades e consumo, 168 unidades/hab conta da demanda russa e prefere se estruturar para crescer com segurança. Um fato a destacar foi o embarque de carne suína brasileira para os Estados Unidos, realizado pela Aurora, no início de novembro. Produção em crescimento O cenário internacional efetivamente contribuiu para o bom desempenho das proteínas animais em 2014. Outro fato a destacar foi a força do mercado interno, em que pese o baixo crescimento econômico. Segundo projeções do Rally da Pecuária, em 2014 o Brasil deve produzir 10,5 milhões de toneladas de carne bovina, com crescimento modesto mas importante de 2,7% sobre o ano anterior. Em relação à avicultura de corte, novo recorde. A produção de frangos deve alcançar 12,8 milhões de toneladas, contra 12,31 mi/t em 2013. No segmento de postura, a previsão da ABPA é chegar a 37 bilhões de unidades (3,08 bilhão de dúzias) com expressivo aumento de 8,4% sobre o ano anterior. A produção de carne suína deve se aproximar de 3,6 milhões de toneladas, após fechar em 3,42 mi/t em 2013: avanço de 5%. Há dez anos, o Brasil produzia 2,6 mi/t: crescimento de quase 40% em uma década. A pecuária leiteira também fecha o ano com um excelen- NT A revista da produção Animal | novembro 2014 7 Giro Balanço da Pecuária de Corte Item Balanço da Avicultura de Corte 2004 2013 2014* Item 2004 2013 2014* Produção (mi/t) 8,85 10,23 10,50 Produção (mi/t) 8,49 12,31 12,80 Exportação (mi/t) 1,18 1,50 1,80 Exportação (mi/t) 2,47 3,89 4,10 39 40 40 32 43 44 Consumo per capita (kg) Fonte: ABIEC, Abrafrigo e ABCZ * Estimativa Fonte: ABPA e ACAV Balanço da Avicultura de Postura Item Consumo per capita (un) Fonte: ABPA e APA * Estimativa Balanço da Pecuária de Leite 2004 2013 2014* Produção (bi/t) Consumo per capita (kg) 23,87 34,12 37,00 120 165 168 * Estimativa Item 2013 2014* 2004 Produção (mi/t) 23,5 35,0 37,0 Consumo per capita (l) 127 175 180 Fonte: Leite Brasil e CNA * Estimativa Balanço da Suinocultura Item 2004 2013 2014* Produção (mi/t) 2,62 3,43 3,60 Exportação (mil/t) 484 517 590 Consumo per capita (kg) 11,5 15 15 Fonte: ABPA e ABCS 8 NT * Estimativa A revista da produção Animal | novembro 2014 Vale Fertilizantes apoia cursos gratuitos de capacitação agrícola Como parte do seu Programa de Apoio à Agricultura Familiar, a Vale Fertilizantes patrocinou mais quatro cursos de capacitação para famílias de Ouvidor (GO). A iniciativa conta com apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg). Foram realizadas aulas nas áreas de bovinocultura de leite, construção de instalações elétricas e hidráulicas, selaria e alimentação complementar. Bovinocultura de Leite – Os alunos aprenderam como fazer a criação de bovinos de leite da maneira mais adequada, visando à produção de leite com qualidade e de animais para reprodução. Entre outras atividades, estão a higienização e a limpeza do equipamento, preservação ambiental e segurança no trabalho. Construção de instalações – Prática ensina a fazer construções e reformas elétricas, hidráulicas e de alvenaria, utilizando equipamentos e técnicas adequadas. Além disso, atividades voltadas à segurança e aos cuidados no uso da energia elétrica, encanamentos de água e esgoto, nivelamento e esquadrejamento do terreno para construções, preparação e uso dos vários traços de argamassas, construção de pisos concretados, aplicação de rebocos de parede, entre outras atividades. Selaria – Os alunos aprendem a identificar as peças com seus respectivos nomes e utilidades, identificação de defeitos do arreio ou sela, montagem e desmontagem, reparos de defeitos, correção de ferragem, substituição de peças, confecção de barrigueira, cabeçada e bainha. Alimentação complementar – Programação inclui noções básicas de higiene, importância do planejamento e aproveitamento de alimentos, processamento dos pós para multimistura e receitas nutritivas. “Projeto Prepara” ajuda adolescentes a enfrentar os desafios do futuro Com ações de doação de conhecimento para orientar os jovens sobre a vida profissional e acadêmica, empregados do escritório da Vale Fertilizantes em São Paulo, em parceria com a Associação Maria Helen Drexel, promoveram de março a setembro de 2014 o “Projeto Prepara”, voltado para adolescentes de 13 a 17 anos em situação de risco. Atividades como palestras, encontros para acompanhamento e capacitação em técnicas de coaching foram realizadas em parceria com uma consultoria. Além disso, os adolescentes visitaram o escri- tório da Vale Fertilizantes em São Paulo para conhecer a rotina e as diversas atividades desenvolvidas na empresa. “É uma maneira diferente e mais eficiente de ajudar. Quando se divide algo com uma pessoa – um brinquedo ou mesmo dinheiro –, cada um fica com metade. Quando se compartilha conhecimento, você não perde o que você tem. Ao contrário, a gente aprende muito com os outros”, diz Dirk Brunckhorst, voluntário do Prepara e Gerente de Vendas Internacionais da Vale Fertilizantes. Foto: Divulgação Consumo interno sólido Um dos fatores que ajudam a fortalecer o desempenho das proteínas animais no Brasil é o tamanho do mercado interno. Com pouco mais de 200 milhões de habitantes, o país é um grande consumidor de carnes e avança em ovos e leite, dando importante respaldo para o crescimento da oferta nas propriedades rurais. De acordo com as entidades de classe, o brasileiro consome 40 kg de carne bovina/ano. Nesse caso específico, há uma certa estabilidade na demanda. Há dez anos, o consumo per capita era de 39 kg/hab/ano. “O brasileiro já é um grande consumidor de carne bovina. Esse patamar é histórico e está muito bom, suportando a produção – que cresce para atender as necessidades internacionais. Também não se pode esquecer que os volumes consumidores mantêm-se estáveis, para a qualidade da carne brasileira está cada vez melhor”, assinala Luiz Claudio Paranhos, presidente da Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ). O frango posiciona-se mais uma vez no topo do ranking de consumo de carnes. São cerca de 44 kg/hab/ano. Há uma década era de “apenas” 32 kg/hab/ano: avanço superior a 35%. “O preço da carne de frango sem dúvida é um atrativo. Além disso, trata-se de uma proteína de alta qualidade nutricional”, explica Francisco Turra, presidente da ABPA. Em relação a ovos, a evolução é menos consistente, mas persistente. Apesar de a FAO/ONU recomendar consumo superior a 260 unidades/hab/ano, o brasileiro consome em torno de 170 unidades. Já foi pior: em 2004, a demanda era de 120 ovos por habitante anualmente. A carne suína conseguiu superar a barreira dos 15 kg/hab/ ano, após um longo período de altos e baixos. Esse percentual ainda está distante das carnes mais consumidas porém dá o suporte necessário para a atividade investir na produção. O Brasil produz muito leite, porém consome relativamente pouco. São cerca de 180 litros/ano, também abaixo da recomendação da FAO/ONU – acima de 250 litros/hab/ano. Mas esse resultado melhora ano após ano. Em 2004, era de 127 litros/hab/ano. No período, o crescimento foi de mais de 40%. Foto: Vale Fertilizantes te resultado. O Brasil é um dos maiores produtores mundiais, porém participa esporadicamente do comércio internacional de leite. Em 2014, o país atinge 37 bilhões de litros, após alcançar 35 bi/l em 2013. Há uma década, a produção era de 23,5 bilhões/l. No período, o aumento da oferta interna foi de 57%. Preservação do meio ambiente em Tapira (MG) A Vale Fertilizantes investe em ações voltadas para a conservação do meio ambiente. Uma delas faz parte do programa de Educação Ambiental, desenvolvido pela empresa em parceria com a Escola Municipal Vicente Pereira Fernandes, de Tapira (MG). Alunos e professores da escola participam do projeto de preservação da nascente, situada na comunidade rural das Palmeiras, com NT diversas atividades, como plantio de mudas e limpeza da nascente localizada próxima ao colégio. São duas frentes de atuação: primeiro, a ação de preservação em si; em segundo lugar, a oportunidade de fazer as dinâmicas com os alunos, conscientizando-os por ser responsáveis pelo cuidado com as áreas de preservação permanentes, inclusive muito além das proximidades da escola, como em suas propriedades. A revista da produção Animal | novembro 2014 9 MSD Saúde Animal é eleita a melhor empresa Foto: Editora Abril farmacêutica para se trabalhar olhar individual sobre cada um dos colaboradores para buscar sempre a evolução profissional e pessoal. “A maior parte da equipe da MSD Saúde Animal é formada por médicos veterinários que, para se adaptar às exigências da indústria farmacêutica como um todo, recebe suporte da empresa para descobrir e aperfeiçoar suas aptidões para os negócios. Com as ferramentas internas, conseguimos manter o colaborador em constante aperfeiçoamento, ajudando o time em suas necessidades e, claro, construindo uma carreira vitoriosa”, explica. A MSD Saúde Animal é uma empresa que promove a ciência para animais mais saudáveis, atuando com cinco unidades de negócios em todo o Brasil e mais de 50 países: avicultura, aquacultura, pecuária, pet e suinocultura. Possui uma extensa linha de produtos veterinários, que garantem um convívio saudável para homem e seus animais de companhia e também proteínas animais mais saudáveis para toda a população. A filosofia adotada pelo presidente da empresa é de ser a melhor empresa de saúde animal, não só como negócio, mas também para se trabalhar, como confirmam os colaboradores. “Fazer parte da equipe MSD Saúde Animal é um motivo de orgulho para mim. É você saber que está num ambiente em que prevalece a cooperação, espírito de equipe e senso de humanidade. Valores e princípios são os pontos exaltados e que regem nossa empresa e que, com certeza, são lembrados por cada um de nós e nos faz querer estar aqui”, ressaltou o Gerente Comercial da Unidade de Avicultura da MSD, Alexandre Palma, há 10 anos na empresa. O mesmo sentimento de orgulho é compartilhado pelo Coordenador de Território da Unidade Pet, Alexandre Matsui, há seis anos na empresa. “Sinto muito orgulho e satisfação de fazer parte da MSD Saúde Animal, que é uma empresa modelo em gestão de pessoas e, agora, reconhecida nacionalmente pela Editora Abril”, comentou. Leonardo Burcius, Gerente de Produtos da Unidade de Suinocultura, está há 11 anos no time e também comemora o título. “Foi na MSD que iniciei minha carreira profissional, após me formar em veterinária. Posso exemplificar as oportunidades que tive desde o início, passando por diversas posições como Promotor Técnico, Coordenador de Território, Coordenador Técnico, Gerente de Mercado e Gerente de Produtos e Marketing. As oportunidades e possibilidades de crescimento profissional são enormes. Como se não bastasse isso, ainda trabalho com pessoas excelentes e com produtos de ponta. Tenho muito orgulho de fazer parte desta companhia”, exaltou. Fotos: MSD Saúde Animal Edival Santos, presidente da MSD Saúde Animal, recebe o prêmio “Cuidar dos Animais é nossa causa e vocação. Cuidar da nossa equipe, também”. Foi assim que o presidente da MSD Saúde Animal no Brasil, Edival Santos, recebeu a notícia de que a empresa foi eleita, pela primeira vez em sua história, a melhor farmacêutica para se trabalhar. O título é resultado da conceituada pesquisa realizada anualmente pela revista Você S/A, da Editora Abril. Desde que assumiu o comando da operação brasileira da MSD Saúde Animal, em janeiro de 2013, Edival Santos vem implementando uma gestão focada em pessoas, cujos resultados são percebidos diariamente 10 NT entre os colaboradores e, agora, consagrados com o prêmio. “São as pessoas que fazem uma empresa e aqui não poderia ser diferente. Nosso time é formado por pessoas motivadas, que amam o que fazem e é esse perfil que buscamos identificar nos nossos colaboradores, além, é claro, de motivá-los constantemente. Na MSD Saúde Animal, investimos de forma consistente em capacitação e comunicação, mantendo nossos profissionais atualizados sobre nossas ações e projetos, incentivando-os a buscar a excelência individual e em equipe”, ressaltou o presidente. “Estamos imensamente felizes e A revista da produção Animal | novembro 2014 honrados com esse reconhecimento, resultado de muito esforço de todos os nossos líderes em proporcionar um ambiente de trabalho saudável, em que todos respeitam suas diferenças, trabalhando diariamente em um único propósito. Agradeço a cada colaborador pelo empenho e que eles saibam que continuaremos fazendo o melhor para manter essa qualidade na nossa empresa. Afinal, queremos ter o melhor time”, acrescentou. O Gerente de Recursos Humanos da MSD Saúde Animal, Odair Castro, menciona que a companhia oferece ferramentas de desenvolvimento, mas, principalmente a área de RH, lança um NT A revista da produção Animal | novembro 2014 11 2ª Semana Nacional da Carne Suína teve apoio da MSD Saúde Animal Para valorizar e incentivar cada vez mais o consumo da carne suína no Brasil, a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) e o Grupo Pão de Açúcar (GPA), com o apoio da MSD Saúde Animal, promoveram a 2ª Semana Nacional da Carne Suína, em setembro. Durante o período da campanha, todas as lojas das redes do GPA incentivaram o consumo da carne suína por meio de promoções e explicações sobre as vantagens dessa proteína. O evento de abertura contou, ainda, com bate-papo com o Dr. Dráuzio Varella sobre os mitos negativos que cercam o consumo da carne suína. Como apoiadora e patrocinadora do projeto, a MSD Saúde Animal destaca a importância do evento para o setor mas, principalmente, para o consumidor, que tem à disposição uma série de informações sobre o valor da carne suína. “No Brasil ainda existem muitos mitos em torno da qualidade da carne suína, quando, na verdade, essa é uma das proteínas mais consumidas em outros países, devido ao seu alto valor nutricional. A Carna Suína é 10”, ressalta Leonardo Burcius, Gerente de Produto da MSD Saúde Animal. MSD Saúde Animal faz palestras para apresentar Zuprevo, para DRB A MSD Saúde Animal fez eventos regionais em importantes municípios de pecuária, como Barretos. Zuprevo é um novo antibiótico para controle do complexo Doença Respiratória Bovina (DRB), que oferece combinação única de velocidade e durabilidade da ação, além de conveniência ao produtor. Zuprevo é indicado no tratamento e prevenção da DRB associada à Mannheimia haemolytica, Pasteurella multocida e Histophilus somni, os três principais agentes do complexo DRB. O produto é aprovado para uso em bovinos de corte. “Para se ter uma ideia, DRB é a doença de bovinos de corte mais comum e que gera mais prejuízos no mundo, tornando-se uma questão importante em saúde e bem-estar animal. O tratamento eficaz da DRB é a prevenção, portanto, é fundamental proteger o seu rebanho, para manter a produção sustentável de carne bovina. Zuprevo chega ao mercado com essas duas opções de uso e coloca você no controle”, destaca o médico veterinário Maurício Morais, Gerente de Produto da Linha Corte da MSD Saúde Animal. “Com o lançamento de Zuprevo, a plataforma de saúde pulmonar da MSD Saúde Animal tem agora gama completa de soluções para DRB, tanto no diagnóstico, tratamento e prevenção”, destaca Morais. Nutron® UTMOST™ A REVOLUÇÃO DA EFICIÊNCIA C M Y CM MY CY CMY K A preocupação com a Tristeza Parasitária Bovina no Centro-Sul A Tristeza Parasitária Bovina (TPB) é uma doença infecciosa e parasitária dos bovinos causada por uma riquétsia do gênero Anaplasma (Anaplasmose) e um protozoário do gênero Babesia (Babesiose), transmitida aos animais pelo carrapato dos bovinos (Rhipicephalus [Boophilus] microplus) e mosca hematófaga. Está distribuída por todo o Brasil, sendo a sua maior ocorrência na região Centro-sul e com maior frequência no Estado do Rio Grande do Sul. Na TPB, ocorre rompimento das hemácias dos animais, fazendo com que entrem em anemia. Os sintomas são: febre, icterícia ou mucosas pálidas e prostração, daí o nome popular de “tristeza”. “A doença é mais encontrada nos 12 NT rebanhos com sangue de raças europeias de corte e leite, nos quais o carrapato aparece em infestações irregulares, variando de baixa a alta, causando grandes perdas econômicas pela influência que exerce no crescimento e desenvolvimento desses animais, pelas altas perdas de produção de carne e leite e pelos distúrbios reprodutivos, com interferência direta na produtividade do rebanho e consequentemente a perdas econômicas (podendo, sem tratamento adequado, levar o animal à morte). Por este motivo, é importante realizar a quimioprofilaxia”, explica Emerson Botelho, Gerente de Produto MSD Saúde Animal. Em pecuária leiteira, a tristeza parasitária bovina é um problema constante A revista da produção Animal | novembro 2014 em bezerras (terneiras) devido ao manejo. Existem também os casos de vacas em lactação criadas em free-stall e quando secadas são colocadas em piquetes, onde podem ter contato com carrapato e contágio pela TPB. Em rebanhos de corte, é crescente os casos de TPB nos confinamentos e áreas de integração lavoura-pecuária. No caso de confinamento, transporte animal, organização em novos lotes e outros fatores reduzem a imunidade do animal pelo estresse e permite o retorno da TPB, principalmente casos de anaplasmose transmitida por moscas. Para prevenir e combater esta doença, a MSD Saúde Animal possui um protocolo de sanidade completo com o uso estratégico do Imizol. Programa de soluções para suínos em crescimento e terminação Utmost™ é um programa nutricional para suínos que alia ciência à eficiência para gerar o verdadeiro máximo retorno do investimento na fase de terminação. O conhecimento avançado da Cargill® permite a personalização de cada caso, garantindo retorno positivo independente do cenário macroeconômico. VOCÊ, A UM PASSO DA REVOLUÇÃO DA EFICIÊNCIA. Consulte a Nutron® para implementar Utmost™ em seu negócio. www.nutron.com.br 0800 979 9994 NT A revista da produção Animal | novembro 2014 13 Cargill Alimentos apresenta UTMOST, para o máximo retorno econômico em todos os cenários econômicos Cargill Alimentos - Nutron é eleita melhor empresa de Nutrição Animal pela Globo Rural Pela 8ª vez consecutiva a Cargill Alimentos-Nutron foi vencedora do Prêmio ‘Melhores do Agronegócio’, da Revista Globo Rural, na categoria ‘Nutrição Animal’, premiação que chega à 10ª edição em 2014. Esta conquista aconteceu em um ano de consolidação e expansão dos negócios da empresa após a aquisição pela Cargill, que motivou também ajustes internos, tendo em vista os novos desafios e expectativa de crescimento do mercado para os próximos anos. 14 NT “Este cenário deve se manter promissor e a empresa tende a acompanhá-lo, com crescimento em torno de 10% ao ano para os próximos anos”, enfatiza Celso Mello, presidente da Cargill Alimentos-Nutron. E completa: “Esse reconhecimento conquistado nos últimos oito anos reforça o empenho da empresa em oferecer não apenas a nutrição, mas soluções completas aos nossos clientes, com as mais modernas evoluções tecnológicas que contribuem para o sucesso do negócio”. A revista da produção Animal | novembro 2014 o rendimento da carcaça “Como não temos controle de alguns fatores, como o preço do milho ou da carne, nosso trabalho é buscar o potencial em que podemos adequar e controlar, trazendo segurança para o resultado”, aponta Thiago Lala. Além de resultar do trabalho de uma equipe especializada, o programa UTMOST alia as tecnologias otimizadas Máxima, Performa e Essencial, desenvolvidas para atender às exigências do potencial de desempenho do animal e do perfil de produção dos clientes. Conceitos Técnicos UTMOST™ Por Renato Colucci (Consultor Técnico Suínos Brasil) e Everton Daniel (Consultor Técnico Suínos Latam), da Cargill Alimentos - Nutron Foto: Divulgação Thiago Lala, Gerente Regional de Negócios Suínos da Cargill Alimentos-Nutron. “O investimento na terminação reflete-se diretamente no retorno financeiro da atividade, ainda mais neste momento em que temos o melhor preço histórico em todas as regiões do Brasil”, complementa Lala. O principal diferencial do programa UTMOST está no objetivo de oferecer a estratégia perfeita para obter a melhor rentabilidade, visando atingir o máximo do potencial diante de qualquer cenário econômico. Para isso, a equipe especializada da Cargill Alimentos-Nutron realiza o mapeamento completo do negócio e dos cenários para a construção da melhor solução para cada cliente. Para que isso seja possível, a proposta é atuar em três níveis: 1. Aumentar a eficiência de aproveitamento do animal 2. Aumentar a disponibilidade de nutrientes dos macroingredientes da fórmula 3. Aumentar a deposição proteica e Renato Colucci Thiago Lala: atenção à terminação Foto: Editora Globo Uma solução inovadora e exclusiva, que visa o máximo retorno econômico dos suínos na fase de terminação. Essa é a proposta de UTMOST, projeto desenvolvido pelo time global da Cargill Alimentos-Nutron ao longo dos últimos dois anos, que oferece ao produtor a possibilidade de ter o máximo retorno sobre o investimento independente do cenário macroeconômico. UTMOST é resultado da associação de duas tecnologias globais do Grupo Cargill: a plataforma Max System (modelo preciso da demanda de nutrientes) e o Cargill Nutrition System (precisão no fornecimento de nutrientes), que resultou no desenvolvimento de um inovador conceito de mercado para uma fase essencial na rentabilidade final do suinocultor: a terminação. “A fase de crescimento e terminação de suínos ainda é vista apenas como responsável por 70% do investimento em nutrição, mas acreditamos que é nessa fase que se concentra 100% do retorno sobre a produção”, destaca suinocultura Celso Mello, presidente da empresa, recebe o troféu Everton Daniel Ao longo dos anos a nutrição de suínos vem se desenvolvendo de modo acelerado. A grande parte do progresso obtido se deve ao lançamento e comprovação de tecnologias que trazem inovação ao setor. O programa UTMOST™ é a nova solução tecnológica da Cargill Alimentos-Nutron para suínos em crescimento e terminação e traz inovações no que diz respeito aos dois pilares da nutrição animal: o valor nutricional dos ingredientes e a demanda nutricional dos suínos. A aplicação dessa nova solução visa gerar maior eficiência na fase de crescimento e terminação. O Cargill Nutrient System assegura que sejam oferecidas soluções nutricionais de alto padrão a partir da correta valorização das matrizes nutricionais nos ingredientes utilizados nas fórmulas. Esse sistema permite identificar valores de digestibilidade dos aminoácidos de ingredientes de acordo com a qualidade do processamento. Com igual teor de proteína bruta, o mesmo farelo de soja pode ter variabilidade de 4 a 5% do valor de lisina digestível se bem ou mal processado. Dentre outros pontos fortes do Cargill Nutrient System, se destacam ainda a determinação na energia líquida e fósforo digestível dos ingredientes. É de conhecimento dos nutricionistas que tanto o sistema de energia líquida quanto o sistema de fosforo digestível são melhores correlacionados com a exigência nutricional dos suínos. A demanda nutricional dos suínos muda de acordo com a genética, sexo, fase de crescimento etc. Sabe-se ainda que o consumo de ração é afetado pelos fatores citados anteriormente. O maior desafio dos nutricionistas é estabelecer os níveis nutricionais de comtemplem essas variações. De forma a mitigar esses problemas, a Cargill Alimentos-Nutron lança mão do MAX System, ferramenta que gera a demanda de nutrientes de acordo com os diferentes cenários de produção. O MAX System permite gerar a demanda de nutrientes de acordo com o potencial dos suínos. Com a ajuda dessa ferramenta foram desenhados programas de alimentação para a nova solução UTMOST™ que contemplam vários potenciais de ganho dos animais. Além disso, a melhor eficiência do ganho de peso é buscada por meio de diferentes estratégias nutricionais. Enquanto o correto fornecimento de vitaminas e minerais favorece o equilíbrio metabólico e sistema imune, o correto aporte de proteína garante alta produção de carne magra. A solução UTMOST™ foi desenvolvida de modo a gerar ganho de peso dos suínos em crescimento e terminação com alta eficiência. Isso foi possível graças à aplicação de tecnologias globais da Cargill que permitem a otimização de formulas nutricionais de acordo com a correta demanda de nutricional. NT A revista da produção Animal | novembro 2014 15 Foto: Divulgação Figura: Exigência relativa de energia líquida e lisina digestível de acordo com o potencial de ganho magro de suínos em crescimento e terminação Exigência relativa de Lisina Equilíbrio entre o valor nutricional dos ingredientes e a demanda nutricional dos suínos visa gerar maior eficiência na fase de crescimento e terminação Exigência relativa de Energia 100% 100% 93% 90% Médio potencial Médio potencial Alto potencial Alto potencial Foto: Divulgação A solução UTMOST foi desenvolvida para gerar ganho de peso dos suínos em crescimento e terminação com alta eficiência 16 NT A revista da produção Animal | novembro 2014 NT A revista da produção Animal | novembro 2014 17 Suinocultura catarinense alinhada à força do cooperativismo Foto: Texto Foto: Texto Cooperativismo Por Alexandre Franco dos Santos, de Chapecó (SP) A suinocultura catarinense, que é a líder nacional na atividade, detendo 19,2% do plantel brasileiro, com 7,5 milhões de cabeças, recentemente recebeu uma notícia que fortalecerá ainda mais as ações comerciais, produtivas e logísticas do setor. Foi criada a Cooperativa Agroindustrial dos Suinocultores Catarinenses (Coasc), cuja oficialização e o lançamento da sua central de compras ocorreram em 7 de novembro, no auditório da Associação Comercial e Industrial de Chapecó (ACIC). A NFT Alliance marcou presença no evento. A Coasc nasce forte, com a participação de 30 sóciosfundadores de diversas regiões do estado. Estes, somados, representam oferta anual próxima de 900 mil suínos para abate, com base de 19 mil matrizes. A adesão dos demais suinocultores catarinenses – estimados em 350 produtores independentes – será feita gradativamente. “Estruturação de silos e logística de armazenagem são estratégicas e providenciais para enfrentarmos eventuais períodos de crise e evitar a perda do estímulo da atividade, quando surgirem momentos difíceis”, destacou o presidente da cooperativa, Losivanio Luiz de Lorenzi, que também preside a Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS) – entidade que completou 55 anos de fundação. Nessa somatória de forças, prevaleceu também entre os cooperados a criação de um sistema de negociações coleti- Foto: Texto Grupo de suinocultores que fundaram a COASC 18 NT A revista da produção Animal | novembro 2014 O presidente Losivanio Lorenzi e o gerente de compras Gentil Bonez Participantes do evento da COASC: suinocultores unidos vas (medicamentos, grãos, núcleos, insumos) por via de uma Central de Compras, que terá movimentação em torno de R$ 2 milhões por mês. “A primeira compra coletiva proporcionou média de 29% de economia em insumos, como milho e farelo de soja”, comemorou Rubens Antônio Comelli, vice-presidente da Coasc e proprietário da Granja Comelli, em Iomerê (SC), suinocultor há mais de 60 anos e com produção anual de 85 mil animais terminados. “Acessar os fabricantes e fornecedores com melhor poder de negociação e competitividade para os suinocultores. Esse é o objetivo da Central de Compras”, endossou Jefferson Reis Bueno, gestor do programa de centrais de compras do Sebrae/SC. A instituição teve participação fundamental ao dispor de consultores para assessoria e suporte à aplicação de metodologias específicas nas diversas fases do processo de oficialização da cooperativa, ressaltou Ênio Alberto Permeggiani, coordenador regional do Sebrae catarinense. Como explicou Gentil Bonéz, Gerente Comercial da cooperativa, a central de compras terá respaldo de uma comissão que avaliará e validará todas as operações de cotação e precificação. “A proposta não é apenas avaliar o melhor preço, mas também o atendimento, a qualidade do produto, o prazo e a logística oferecida para a entrega nas propriedades dos cooperados”, esclarece Bonéz. Os suinocultores cooperados enfrentavam gargalos na integração industrial e, agora com a cooperativa, terão a oportunidade de incorporar benefícios em termos de produtividade, resultados econômicos – como os ganhos de preço na hora da compra e recebimento de créditos de ICMS nas operações de venda –, além de ajustes na logística e mão-de-obra na propriedade. “Demos um grande passo ao reunir forças em torno da cooperativa e melhoramos as condições para permanecer na atividade. Os resultados virão a médio e longo prazos, alinhados com as necessidades e interesses dos suinocultores”, destacou Adriano Tessaro, nomeado secretário da Co- asc. Tessaro está há 38 anos na atividade e integra a terceira geração da família proprietária da Granja Rio do Peixe 1, em Lacerdópolis (SC), que comercializa 1.200 matrizes e três mil animais terminados por ano. “Uma granja de suínos é uma atividade de portas abertas e todos devem permanecer em um ambiente produtivo, porque assim deve ser a nossa luta em benefício da cadeia e muito mais agora em torno da cooperativa que tem o diferencial de ser exclusivamente dedicada aos suinocultores”, diz Jacob Biondo, cooperado e titular da Agropecuária Biondo, de Seara (SC), suinocultor há 34 anos com volume anual de 40 mil animais terminados. Bolsa Catarinense de Suínos - Outra providência em pauta pela recém-criada cooperativa é o de firmar uma ação alinhada com o modelo do Consórcio Suíno Paulista, iniciativa da Associação Paulista dos Criadores de Suínos (APCS) que trabalha em sistema de compra e venda conjunta entre suinocultores e frigoríficos e inclui a venda da carne. “Criamos a nossa bolsa de suínos também a exemplo da de São Paulo. A maioria de nossos animais terminados vai para o mercado paulista. Por isso, precisamos ajustar a melhor maneira de regular esses mercados para que trabalhem em conjunto, de forma que os frigoríficos absorvam a nossa produção, porém tendo por trás parcerias que asseguram a entrega, numa via recíproca de garantias”, diz o presidente da cooperativa. Em médio prazo, a intenção é focar também em ações que privilegiem a comercialização de produtos de qualidade superior, com rastreabilidade desde a sua origem e com o selo do cooperativismo. O fator da biossegurança também mereceu a atenção da diretoria da Coasc, que pretende contratar técnicos que atuam a campo para introduzir a rastreabilidade nas propriedades, incluindo a certificação das fábricas de rações. “Este é um processo acessível e, ao contrário do que se pensa, não é tão oneroso. Considero um caminho natural para alcançar a chancela de um selo de qualidade”, acrescenta Lorenzi. NT A revista da produção Animal | novembro 2014 19 Entrevista 2014, um ano de Foto: MSD Saúde Animal Foto: Cargill Alimentos conquistas Evento de confraternização dos cooperados marcou apresentação oficial da COASC Foto: Texto Cooperados estruturam produção certificada Os recentes avanços no ambiente do cooperativismo da suinocultura catarinense não param por aí. Além da expressiva adesão de suinocultores cooperados, outro ponto importante dessa integração é a do Frigorífico Primaz, detentor da marca Girardi, com unidade de produção certificada na cidade de Rio Negro, no Paraná. “Vivemos um momento muito bom na suinocultura, mas não podemos nos esquecer de anos anteriores quando a atividade passou por crises, o que impactou no desestímulo de muitos produtores. A intenção agora 20 NT como cooperados é nos preparar para futuras dificuldades. Por isso, o importante é comprar, armazenar, vender e produzir melhor. Este é o principal objetivo da existência da cooperativa”, destaca o presidente do frigorífico, Marcos Antônio Sprícigo, que integra o conselho fiscal da Coasc e está há 53 anos na suinocultura. “Vamos produzir carne suína com padrão e com qualidade. Os produtos que o mercado deseja consumir. Por isso, vamos buscar novos nichos para produzir de acordo com estruturas e diferentes tamanhos de proprieda- A revista da produção Animal | novembro 2014 des, mas com produtos finais padronizados e de qualidade diferenciada”, destaca Adriano Tessaro, da Granja Rio do Peixe 1, de Lacerdópolis (SC). “Já participei de outras cooperativas, mas a Coasc tem esse diferencial de dedicar suas ações exclusivamente para a suinocultura. Assim, além de novo cooperado eu tenho a honra de pertencer a essa diretoria pioneira que trabalha para fazer toda a diferença”, revela Altair Antonio Borsatti, titular da Granja Borsatti, em Ipirá (SC), com 25 anos na suinocultura e fornecimento de 13 mil animais terminados/ano. Celso Mello Presidente da Cargill Alimentos - Nutron O ano está no final e o balanço das proteínas animais é positivo, como mostra a seção Destaque. Para aprofundar a questão, a revista NT perguntou aos presidentes da Cargill Alimentos - Nutron, Celso Mello, e da MSD Saúde Animal, Edival Santos, quais os pontos positivos e os desafiso de 2014, além do que esperam para 2015. Seguem os principais trechos da entrevista. Revista NT – Como os srs. definem 2014? Celso Mello – O ano de 2014 foi de consolidação das estratégias globais da Cargill e de novidades locais que reforçam a filosofia de ‘Crescer Juntos’. Com a conclusão do processo de fusão, trouxemos novos conceitos em nutrição, Edival Santos Presidente da MSD Saúde Animal com soluções tecnológicas focadas na alimentação do futuro. Essas mudanças devem impulsionar o crescimento registrado ao longo dos anos, que deve ser em torno de 10%, sendo que as perspectivas de dois dígitos de crescimento devem se manter para os próximos anos. Paralelamente, trouxemos novas soluções para o mercado, iniciativas inovadoras que certamente impulsionarão o relacionamento comercial da Cargill Alimentos-Nutron com os produtores. Pelo 8º ano consecutivo, nossa empresa foi eleita a Melhor em Nutrição Animal, pela revista Globo Rural, premiação que nos enche de satisfação. Edival Santos – Foi um ano fantástico para a MSD Saúde Animal. Um ano de implementação, no qual tivemos inú- NT AA revista revista da produção Animal | novembro 2014 NT da produção Animal | novembro 2014 21 21 meros desafios no caminho, mas todos contornados por um time unido, formado por líderes bem preparados para os desafios e profissionais motivados. Estamos tendo resultados excelentes em todos os negócios e introduzimos Zuprevo, um novo antibiótico para controle do Complexo Doença Respiratória Bovina (DRB), que oferece uma combinação única de velocidade e durabilidade da ação, além de conveniência ao produtor. Além disso, tivemos uma inovação no combate a carrapatos e pulgas de cães que está revolucionando o mercado pet, Bravecto: comprimido mastigável, altamente palatável, que age por 12 semanas. Para completar, a MSD foi eleita a melhor farmacêutica para se trabalhar pela revista Você S/A, da Abril. Isso demonstra nossa força e empenho em fazer sempre o melhor, fazendo com que os desafios sejam superados com muita motivação e levando a empresa a um crescimento em ritmo acelerado. Revista NT – Quais os pontos positivos do ano? E os principais desafios? Celso Mello – Um dos pontos positivos é o bom momento para o setor das carnes em geral e a nova geração de produtores rurais, abertos às novidades, que impulsionam a entrada de novas tecnologias no campo, sendo, portanto, um caminho de oportunidades para nossa empresa. Além de boa demanda interna, a carne bovina, suína e de frangos bateu recordes em exportações, confirmando o tremendo potencial de crescimento das vendas externas. Quanto aos desafios, destaco um cenário de incertezas do mercado, com oscilações do preço das commodities e das carnes. Edival Santos – Como comentei anteriormente, tivemos dois grandes lançamentos esse ano, além de um prêmio inédito. Na MSD, trabalhamos a gestão focada em pessoas. Esse reconhecimento, com certeza, foi a confirmação de que um time capacitado e motivado, trabalhando em um ambiente saudável, demonstra todo o seu potencial e faz com que a empresa atinja seus resultados. É, sem dúvida, motivo de orgulho para todos os colaboradores! Tivemos, também, inúmeros desafios, mas, com certeza, um importante e de alto impacto para a cadeia foi a suspensão da venda de produtos com avermectinas. Temos confiança e certeza de que esta situação será revertida, pois isso é o melhor para a cadeia produtiva. Revista NT – A produção animal teve desempenho positivo: que fatores contribuíram para esse cenário? Celso Mello – A excelente safra mundial de grãos tem pro- 22 NT A revista da produção Animal | novembro 2014 vocado redução nos preços das commodities agrícolas, com impacto na redução de custo da ração, o que, alavancado pelos excelentes preços das carnes no cenário mundial, faz com que o produtor tenha rentabilidade excepcional. Adicionalmente, tivemos o embargo russo às compras de carnes provenientes dos Estados e União Europeia, o que possibilitou novas oportunidades para as exportações brasileiras que, como disse acima, estão batendo recordes em 2014 e trabalham com excelentes perspectivas para 2015. Edival Santos – O agronegócio vive um momento positivo, lucrativo e valorizado. A procura por proteínas de origem animal aumenta, uma vez que o consumo interno e externo também cresce a cada dia, o que contribui para o momento favorável do setor. A MSD Saúde Animal, em especial, tem algumas introduções importantes para o mercado, que adicionam significativo valor ao setor, vindo no sentido da nossa visão, que é de nos tornar a principal força no fornecimento de novos e valiosos produtos e soluções de saúde, melhorando a saúde dos animais, assegurando o abastecimento sustentável de alimentos de qualidade, protegendo a saúde pública e ajudando as pessoas e seus animais de estimação a desfrutar de suas vidas juntos. Para 2015, acreditamos que o agronegócio ainda será dos setores menos impactados num ambiente economicamente complexo. Revista NT – Como o sr. define o atual momento das atividades produtivas: avicultura, suinocultura, pecuária de corte e de leite? Celso Mello – O momento é bastante positivo para os produtores de todas as atividades animais, tendo em vista a queda de preço das commodities e consequente redução no preço da ração. No caso específico da pecuária de corte, por exemplo, há pelo menos dois anos o cenário vem se mantendo positivo e a carne vermelha é um balizador do preço das demais carnes, o que também contribui para este cenário. Além disso, o rebanho norte-americano e o australiano está em ciclo de retenção devido à seca, a mesma situação encontrada no Brasil. Por isso, os três maiores exportadores mundiais estão em contração de oferta nos próximos anos. Então, diante de cenário global de elevados preços da carne, o Brasil tem chances de se alavancar nos próximos anos. Edival Santos – O mercado de leite nos últimos anos tem tido um momento único no Brasil, com crescimento significativo para a MSD, que oferece solução completa para o produtor. Temos, por exemplo, o programa Maxi-Leite, uma plataforma que leva ao produtor educação continuada, um pacote completo de produtos e serviços, que visa o aumento da saúde e produtividade. De acordo com dados do Sindan, a produção de bovinos consome, em média, 56% do mercado total de saúde animal, seguido por aves (15%) e suínos (12%) e outras espécies. Esses dados comprovam o momento importante que vive a produção de proteína no Brasil, um dos países que mais exporta e é referência mundial. Essas projeções tendem a crescer nos próximos anos, com o aumento do consumo pela população nacional e internacional. Revista NT – Quais os principais desafios das atividades a médio prazo tanto no mercado doméstico quanto no global? Celso Mello – A cadeia deve estar bem informada, unida e forte para que esteja preparada para as incertezas que virão. Por isso, apesar do bom momento para o segmento, os produtores devem estar atentos quanto ao apetite para investimentos exagerados. A busca por aumento de produtividade deve continuar sendo prioridade, ou seja, produzir mais com menos e de maneira sustentável. Edival Santos – Tanto no mercado doméstico quanto global, os desafios estão relacionadas à economia interna e externa. Se não tivermos grandes surpresas em relação às políticas econômicas internas, o Brasil continuará crescendo. Caso a economia se mantenha como em 2014, o País continuará crescendo, pois tem comprovada importância na produção e oferta global de proteína: a demanda é crescente e a produção também. Revista NT – Quais os diferenciais mais relevantes das suas empresas que contribuem para o bom desempenho das atividades produtivas? Celso Mello – A Cargill Alimentos é focada em oferecer tecnologias e soluções avançadas para garantir a melhor produtividade e rentabilidade do produtor. E isso é possível com a consultoria realizada pelos nossos profissionais, que são capacitados para atender de forma global cada atividade, além de nutrição, manejo, ambiência, planejamento forrageiro, otimização processos de fábricas de ração etc. Edival Santos – A MSD Saúde Animal tem um compromisso com a saúde dos animais e das pessoas em geral, sendo essa sua principal contribuição para a qualidade das atividades produtivas. A empresa realiza pesquisas para trazer sempre as maiores inovações no cuidado com os animais e, consequentemente, saúde da população, que, com isso, tem ganho na qualidade da proteína que chega à sua mesa. Nosso diferencial também é oferecer a nossos clientes serviços. Falar aqui das nossas plataformas de serviços, de educação continuada (apoio para a profissionalização das atividades produtivas), não apenas de pecuária, mas de aves e suínos também. Revista NT – Que novidades da empresa o sr. destaca como mais importantes em 2014? Celso Mello – Alguns destaques são a consolidação da Nutron como integrante da Cargill Alimentos, que resultou na ampliação das pesquisas e desenvolvimento de inovações levadas ao produtor. Como exemplo, tivemos o lançamento de novos Programas Nutricionais que endereçam diferentes soluções para nossos clientes, como o Programa Nurture para gado leiteiro jovem, o Programa Litro para bovinos leiteiros, o Programa Utmost para crescimento e terminação de suínos, além de novos conceitos de soluções para bovinos de corte. Edival Santos – Sem dúvida alguma, Bravecto. É o primeiro e único produto do mercado em forma de comprimido mastigável que mata carrapatos e pulgas, com ação que dura 12 semanas. Além de Bravecto, voltado ao mercado pet, lançamos Zuprevo, antibiótico revolucionário para o tratamento da doença respiratória bovina. Zuprevo possui combinação única de velocidade, longa persistência e atividade bactericida. O produto é um antimicrobiano à base de tildipirosina - um macrolídeo de última geração desenvolvido pela MSD Saúde Animal. Estudos mostram que a molécula tildipirosina é rapidamente absorvida a partir do local da aplicação atingindo o T max em apenas 23 minutos, o que é mais rápido do que os principais antibióticos macrolídeos disponíveis no mercado. Revista NT – E para 2015? O que os produtores podem esperar de suas empresas no próximo ano? Celso Mello – A Cargill Alimentos vai manter seu propósito de levar as melhores soluções para os produtores, que se insere em contexto de avançadas tecnologias e consultoria de técnicos especializados, visando contribuir para o sucesso do negócio e rentabilidade do produtor, buscando a prosperidade de toda a cadeia. Edival Santos – Para 2015, os produtores podem esperar melhoria continua, lançamento de novos produtos em todas as espécies, plataformas de serviços cada vez mais eficientes e muito trabalho com alegria. NT A revista da produção Animal | novembro 2014 23 Proteínas animais destacam-se no maior evento da alimentação mundial Foto: Texto Foto: Texto mercado Por Altair Albuquerque, de Paris Foto: Texto Salão Internacional de Alimentação (SIAL) reuniu mais de 150 mil visitantes de 105 países “A avicultura brasileira é líder mundial em exportação e está tendo um ano excelente. Nossa suinocultura não venderá mais em 2014 porque não tem excedentes para exportar. No Sial, é possível ter esse imprescindível contato direto com nossos clientes e discutir com absoluta transparência para intensificar o comércio e, claro, vender mais”. “A participação da carne bovina brasileira no Sial é viabilizada por uma parceria muito bem-sucedida entre a Apex, a Abiec e os frigoríficos exportadores. Neste ano, degustamos 1 tonelada da melhor carne bovina brasileira com importadores de mais de uma centena de países. São negócios em construção e esse é o papel da Abiec”. Case carne Angus no Sial O Brasil participou com destaque (e sucesso) do Sial 2014, o maior evento da alimentação mundial, realizado em Paris, em meados de setembro. Cerca de 85 empresas brasileiras disputaram a atenção de 150 mil visitantes de mais de 100 países – no total, participaram 6.300 expositores. No total, foram gerados negócios de mais de US$ 1,1 bilhão para o Brasil no evento, segundo levantamento da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (APEX). “É preciso ter o que mostrar. E competência o Brasil tem de sobra”, resume Mauricio Borges, presidente da APEX. A instituição mantém parceria com entidades de classe, contribuindo para viabilizar a participação de empresas brasileiras. No segmento de proteínas animais, a agência tem acordos com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) e com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). “Temos uma parceria muito produtiva com a Apex. Esse é um dos motivos que as carnes de frangos e suínos do Brasil sempre participam com muito sucesso de grandes eventos internacionais, como o Sial, Anuga e Gulf Expo”, explica Francisco Turra, presidente da ABPA. 24 NT A revista da produção Animal | novembro 2014 A ABPA liderou grupo de 18 indústrias avícolas e suinícolas no Sial. “É uma excelente oportunidade para contato direto das empresas brasileiras com os maiores compradores de alimentos do mundo. E muitas negociações são iniciadas, adiantadas ou concluídas no evento, indiscutivelmente um local onde temos obrigação de estar presentes”, assinala Turra. A Abiec coordenou a participação de 16 frigoríficos exportadores de carne bovina para mais de uma centena de países. Para Fernando Sampaio, diretor executivo da entidade, como líder o Brasil precisa mostrar-se inovador e atuante no comércio global. “O Sial rivaliza com Anuga como o maior evento da alimentação mundial. Precisamos estar aqui”, diz Sampaio. Apex e Abiec aproveitaram o Sial para renovar a parceria para mais dois anos, viabilizando a participação dos frigoríficos exportadores. “Esse trabalho da Apex é fundamental para o contínuo aumento das vendas de carne brasileira, mantendo a nossa liderança”, complementa o diretor executivo da Abiec. Em sua 50ª edição, o Salão Internacional da Alimentação (Sial) premiou a inovação. E a inovação brasileira foi a ação especial realizada com a carne angus brasileira pelo Brazilian Beef, iniciativa da APEX (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), como apoio da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) e da Associação Brasileira de Angus. A carne angus brasileira associa as qualidades inerentes e reconhecidas da nossa pecuária com a valorizada genética Angus e o processo produtivo profissional. O resultado é uma carne gourmet, que se destaca no cardápio nacional – e que quer ganhar o mundo. “Nossa carne angus não deve nada, absolutamente nada, às melhores carnes do mundo”, diz o vice-presidente da Associação Brasileira de Angus, Wilson Brochman, presente no Salão Internacional da Alimentação (SIAL), em Paris. “O Brasil tem o mérito de contar com um rígido programa de carne Angus certificada, que proporciona carne de altíssima qualidade, que atende aos mais exigentes paladares”, completa Reynaldo Salvador, diretor do Programa. Assim, não foi surpresa que mais de 100 importadores de carne bovina visitaram o Brazilian Angus Beef Day, no SIAL, em Paris. Destaque aos russos, aos europeus de maneira geral, a representantes do Oriente Médio e da Ásia – especialmente da China. US$ 1,18 bi em exportações no Sial A ação da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) no Sial, de Paris, gerou US$ 1,184 bilhão em vendas para as empresas brasileiras. Além disso foram realizados mais de oito mil encontros com a parti- cipação de pelo menos uma das 85 empresas brasileiras que participaram da comitiva liderada pela Apex. O investimento da agência na feira foi de R$ 8 milhões, incluindo dois restaurantes — uma churrascaria e uma galeteria com produtos das NT empresas brasileiras participantes da feira — para os visitantes provarem os produtos nacionais. A estratégia brasileira no Sial envolveu o slogan em inglês “Brazil Beyond Flavour”, ou “Brasil Além do Sabor” em português. A revista da produção Animal | novembro 2014 25 Fotos: Divulgação Casos de Sucesso C.Vale, 51 anos de excelência no campo Uma das duas maiores cooperativas singulares do país, a C.Vale está chegando aos 16 mil associados e produz quase 4 milhões de toneladas de grãos e mandioca. Em sua mensagem de comemoração dos 51 anos da C.Vale enviada aos produtores cooperados, funcionários e mercado, o presidente Alfredo Lang foi direto ao ponto. “As pessoas são o diferencial de uma empresa. Foram pessoas que, ao longo de 51 anos, fizeram da C.Vale a potência que é hoje, com quase 16 mil associados, mais de 6.300 funcionários, uma família de 80 mil pessoas considerando-se os dependentes. Durante Foto: Divulgação Sede da C.Vale em Palotina (PR): cerca de 16 mil produtores cooperados 26 NT A revista da produção Animal | novembro 2014 51 anos ajudamos o associado a crescer, instalando unidades para receber a produção, prestando assistência técnica e investindo na agroindustrialização para gerar renda, empregos e benefícios às comunidades”. “Em 2014, tivemos uma grande conquista, a mudança do nosso sistema de gestão com a implantação do ERP SAP. Foram dois anos em que 260 consultores e funcionários trabalharam Alfredo Lang, presidente exclusivamente nesse projeto. Uma empreitada tão complexa quanto essa só deu certo pelo comprometimento dos funcionários e consultores, e também pela compreensão dos nossos associados, que souberam entender as dificuldades que uma mudança como essa é capaz de gerar. As grandes conquistas são as pessoas que alcançam, pela postura frente aos desafios. Aqui na C.Vale somos uma grande família de associados, funcionários e diretores que planejam, se propõem a grandes desafios e são perseverantes para alcançar suas metas. É isso que explica o crescimento da cooperativa e é assim que queremos continuar nos próximos 50 anos. Por tudo que já conquistamos meu muito obrigado e meus parabéns a cada um dos nossos associados, funcionários, clientes, diretores, conselheiros e lideranças pelos 51 anos da C.Vale”. MSD Saúde Animal, Cargill Alimentos-Nutron, Du Pont, Vale Fertilizantes e CJ do Brasil cumprimentam a C.Vale pelos 51 anos de trabalhos em prol do desenvolvimento econômico e socioambiental. Os números comprovam o excepcional resultado desse meio século de atuação. Em 2013 (últimos números oficiais disponíveis), a C.Vale faturou R$ 4,18 bilhões, com a produção de 3,18 milhões de toneladas de grãos e mandioca. Pelos dados preliminares de 2014, o crescimento será acima da média do mercado, demonstrando a força da cooperativa, bem como o profissionalismo de sua gestão, liderada pelo presidente Alfredo Lang. A C.Vale é uma cooperativa agroindustrial com atuação no Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraguai, com mais de uma centena de unidades de negócios, quase 16 mil associados e 6.300 funcionários. A cooperativa destaca-se na produção de soja, milho, trigo, mandioca, leite, frango e suínos, e atua na prestação de serviços, com mais de 150 profissionais que dão assistência agronômica e veterinária aos associados. No segmento industrial, a C.Vale produz amido modificado de mandioca e rações. Neste mesmo segmento, a cooperati- Abate de 600 mil frangos por dia va mantém um complexo avícola com capacidade de abate de 600 mil frangos/dia, em operação desde 1997. É composto por fábricas de rações, matrizeiro, incubatório, aviários de campo e abatedouro. A cooperativa possui um sistema de rastreabilidade capaz de monitorar e controlar todos os procedimentos ligados à avicultura, como o uso de agroquímicos nas lavouras, o fornecimento de medicamentos e o manejo dos frangos. As aves são alojadas em granjas com ambiente climatizado e com controle informatizado do fornecimento de água e alimentação. Esse cuidado garante o bem-estar animal. “O desafio a que a C.Vale se impõe é usar racionalmente os recursos naturais para produzir alimentos com excelência para o consumidor”, diz Lang. Os números da C.Vale em 2013 (oficiais) Faturamento R$ 4,18 bilhões Associados cerca de 16 mil* Funcionários 6.300* Leite 18,6 milhões de litros produzidos Suínos 234 mil animais produzidos Produção grãos e mandioca 3,18 milhões de toneladas * Estimativa NT A revista da produção Animal | novembro 2014 27 eventos Keila e Dalia, as campeãs leiteiras da Expointer 2014 A Cargill Alimentos - Nutron participou com sucesso da Expointer 2014, maior e mais importante exposição agropecuária do Rio Grande do Sul, juntamente com o distribuidor regional Tecnoleite. Durante a feira ocorreram várias atrações, mas o mais esperado para setor leiteiro sem dúvida foi o torneio leiteiro e a final do Circuito Exceleite Estadual da Raça Holandesa. Após intensa disputa balde a balde, o título do torneio leiteiro da Expointer 2014 foi da vaca Dalia, da família Giliotto, de Serafina Corrêa (RS). O fêmea de Lidenor Giliotto e filhos produziu 71,960 kg/dia, em sua primeira participação na exposição. Esse resultado comprova que a família Giliotto possui um plantel de alto desempenho, com animais de excepcional produção e genética. Fotos: Divulgação 28 NT A revista da produção Animal | novembro 2014 No circuito estadual Exceleite, a vaca Keila Pontiac, da Cabanha VB, de Eldorado do Sul (RS), de propriedade de Virgílio Biesdorf, conquistou o primeiro lugar na pista e maior produção na competição, garantindo o título de Suprema do Circuito Exceleite, colocação máxima da raça. O resultado garantiu vários prêmios, incluindo um carro 0Km. Além dessas conquistas, Keila também foi premiada com a Grande Campeã da Raça Holandesa da Expointer 2014. A Tecnoleite participou com estande diferenciado na feira, valorizando a Cargill Alimentos-Nutron. Além disso, priorizou o atendimento dos clientes presentes na Expointer 2014, cumprindo sua função de apresentar importantes soluções para o sucesso dos produtores rurais. NFT Alliance valorizou o leite no Simpósio Brasil Sul, em Chapecó Por Adriana Fernandes, de Chapecó (SC) Considerada uma das maiores e mais dinâmicas bacias leiteiras do Brasil, Santa Catarina é referência em status sanitário no país e tem uma das produções que mais cresce. Resultado dessa consolidação, a cidade de Chapecó sediou, em outubro, o Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite, que reuniu especialistas de todo país para discutir os desafios e apresentar as novidades aos profissionais do setor. A NFT marcou presença nos três dias de evento para prestigiar os parceiros e gerar conteúdo relevante para o agronegócio. De acordo com Airton Vanderlinde, Gerente de Contas da Cargill Alimentos-Nutron, a participação no evento é fundamental para fortalecer o relacionamento com os clientes, produtores, técnicos e formadores de opinião ligados à cadeia produtiva do leite. “O simpósio representa uma importante oportunidade de expor aos produtores novas tecnologias e soluções inovadoras que constantemente estamos desenvolvendo para atender o mercado, cada vez mais dinâmico e exigente. Nosso desafio é ser o “parceiro de escolha” de nossos clientes com uma visão e atuação integradas da produção animal. Nosso compromisso é oferecer produtos e serviços de alta qualidade, visando maior retorno sobre o investimento”. A pecuária de leite movimenta cerca de R$ 3,8 bilhões/ ano no Oeste de SC e concentra 70% da produção estadual. “Santa Catarina está próximo de atingir a marca de três bilhões de litros produzidos por ano. A bacia leiteira catarinense tem taxas de crescimento acima de 10% ao ano. O estado é um dos principais focos de atuação de nossa empresa. Esse potencial se deve particularmente ao perfil das propriedades, pequenas e com mão-de-obra familiar, condições climáticas favoráveis para produção de forragem e exploração de rebanhos especializados, além de um sistema cooperativo bem organizado e estruturado, que facilita a disseminação e a implementação de tecnologias por parte do produtor de leite”, ressalta Vanderlinde, que já atua há 11 anos na região. Case da Castrolanda - O projeto de leite da Castrolanda, um dos principais clientes da Cargill Alimentos-Nutron no Paraná, foi apresentado no simpósio. O Gerente de Negócios Leite, Henrique Costales Junqueira, encerrou o painel sobre sistemas de produção falando da cooperativa, que conta com 303 cooperados no Paraná, 80% deles com vacas confinadas, e produção de 645 mil litros por dia. A região de Castro (PR) é considerada vitrine tecnológica da bovinocultura de leite e tem histórico de crescimento consistente nas últimas décadas, conforme o engenheiro agrônomo, responsável pelo fomento de leite da cooperativa. “O confinamento foi decisivo para que os produtores pudessem crescer a partir de meados de 1980. Foi um impulso para a produção leiteira. Hoje, Castro é o município com a maior produção de leite do país e tem a maior densidade de leite por metro quadrado. O nosso grande diferencial, sem dúvida, é a busca e implementação de tecnologia pelo produtor. Trabalhamos fortemente em produção de forragem de alta qualidade, nutrição balanceada, melhoramento genético do rebanho e gestão da produção”, finaliza. Fotos: NFT Alliance Evento já se tornou referência na cadeia do leite Henrique (Castrolanda), Junio (palestrante) e Airton Vanderlinde (Cargill Alimentos) NT A revista da produção Animal | novembro 2014 29 Iniciativa em prol do fortalecimento da cadeia de suprimentos Mais de 200 participantes das principais empresas e entidades da cadeia de proteína animal do Brasil e da América Latina reunidos com um propósito: discutir temas que impactam diretamente a atividade ligada à gestão de suprimentos. E foi isso que encontraram na 8ª edição do Workshop de Suprimentos, organizado pela NFT Alliance, que, mais uma vez, fechou com balanço positivo tanto de público como de profundidade das discussões propostas. Durante três dias, Foz do Iguaçu (PR) foi o palco do encontro que teve como tema central ‘Estratégias de Suprimentos frente aos panoramas político e econômico’ e reuniu reconhecidos especialistas de diversos setores, que propuseram discussões relacionadas ao agronegócio em geral, à economia e à política e questões específicas ligadas à cadeia de suprimentos. Foto: NFT Alliance Celso Mello, presidente da Cargill Alimentos: “debate rico em informações” 30 NT A revista da produção Animal | novembro 2014 A programação teve início com dois professores da Fundação Getúlio Vargas (FGV): Manoel Reis e Alexandre Pignanelli. A estrutura da área de compras e segmentação de fornecedores norteou a apresentação de Manoel Reis. Ele apontou a tendência de redução dos fornecedores, utilizando contratos mais longos e utilização cada vez mais frequente de meios eletrônicos de comunicação, tendo a necessidade de melhoria contínua da qualidade, preço e serviço. E deixou um alerta: “É preciso estar atento à gestão e execução do fluxo de materiais, serviços e informações associadas na cadeia de abastecimento, desde os fornecedores até os locais de necessidades dos mesmos na empresa”. Alexandre Pignanelli reforçou a importância do relacionamento fornecedor/cliente para o desempenho da Supply Chain. O professor da FGV fez uma análise das formas de re- Wedekin, Alexandre e Nassif: especialistas contribuem com visão crítica. No destaque, apresentação do Maestro João Carlos Martins Foto: NFT Alliance lacionamento possíveis, apontando seus impactos para as empresas e propondo uma visão estratégica para a cadeia de suprimentos, que inclui a gestão do relacionamento. “O relacionamento é fundamental para a tomada de decisões das empresas e também o seu maior desafio, tendo em vista que a cadeia envolve contatos entre empresas com objetivos muitas vezes conflitantes. Mas é preciso olhar não apenas o relacionamento direto, mas tendo uma visão mais abrangente da cadeia”. O workshop contou, também, com três painéis e uma mesa redonda, como de Alexandre Mendonça de Barros, engenheiro agrônomo pela ESALQ, que debateu sobre o mercado de commodities agrícolas, tendo como destaque o bom momento vivido pela pecuária brasileira. “Além da forte demanda e cotações em alta, os custos de produção estão mais baixos, devido à queda no preço das commodities agrícolas, especialmente em razão da expectativa de safra recorde nos EUA e da boa produção brasileira de milho e soja”, destaca. “A cada quatro anos o Brasil precisa se reinventar para manter sua competitividade. Nesse contexto, o trabalho de integração da cadeia, sinergia e construção competente de valores é essencial. O que não agrega valor desperdiça valor”. Esta foi a mensagem deixada por Ivan Wedekin, engenheiro agrônomo e diretor da Bolsa Brasileira de Mercadorias, no painel sobre a estrutura de mercado e políticas para o agronegócio, que teve como foco o complexo funcionamento dos mercados e a necessidade de compreender a estratégia de formação de preços, ferramenta essencial para tomada de decisões mais técnicas e menos intuitivas. O recado aos participantes foi a necessidade de gerenciar tecnologia, processos e custos para garantir a sustentabilidade econômica do negócio. Política – Realizado às vésperas do segundo turno das eleições, o evento abriu espaço para as discussões políticas e econômicas, que tiveram início na palestra do jornalista Luís Nassif, debate que se estendeu para mesa redonda tendo Nassif, Ivan Wedekin e Alexandre Mendonça de Barros como participantes. Foi uma oportunidade para apresentação de ideias divergentes, mas enriquecedoras aos participantes. “Grande governante é aquele que consegue definir uma visão de futuro e o papel que cabe a cada agente, as instituições públicas, o capital privado, casando políticas públicas estruturantes com estímulos fiscais e creditícios capazes de criar o ambiente econômico adequado para a mobilização da poupança privada, para o florescimento do empreendedorismo”, ressalta Nassif. Emoção – O encerramento do evento foi em grande estilo, com o Maestro João Carlos Martins, que emocionou a todos ao relembrar sua trajetória, marcada por muitas dificuldades, que se transformaram em superação e sucesso com a música. Foi o momento também de uma bela apresentação, realizada juntamente por um dos jovens que integram os projetos sociais liderados pelo maestro, que tem como proposta fazer com que a música seja uma esperança para milhares de crianças carentes. Organização – O Presidente da Cargill Alimentos - Nutron, Celso Mello, mostra-se satisfeito com os resultados gerais do principal evento do ano organizado pela NFT, motivados também pelo bom momento do agronegócio, o que gera a necessidade ainda maior de que a cadeia esteja preparada para os desafios do futuro. “Houve divergência de opiniões e isso é muito interessante para enriquecer os debates. O workshop tem a proposta de compartilhar informações para fortalecer nosso setor, já que a cadeia produtiva precisa estar mais preparada para as adversidades”. Rodrigo Goulart, Gerente Técnico da MSD Saúde Animal, enfatiza que “eventos como esse se configuram como excelentes oportunidades para unir os vários elos da cadeia com o mesmo objetivo. E a cada ano fica claro a excepcional contribuição desses eventos para a profissionalização do setor produtivo”. NT A revista da produção Animal | novembro 2014 31 Conferência Facta 2014 A MSD Saúde Animal participou do evento técnico-científico mais tradicional da avicultura brasileira, a Conferência Facta 2014, que aconteceu em agosto, em Atibaia (SP), e contou com palestras de nomes renomados da avicultura mundial. Manejo, biossegurança e proteção de amplo espectro foram destaques durante o painel sobre Bronquite Infecciosa, da consultora em microbio- logia e virologia global, Jane Cook. Em sua explanação, ela apontou soluções para os problemas atuais no Brasil, destacando um importante trabalho de biosseguridade e manejo, além do uso cuidadoso e otimização das vacinas já disponíveis no mercado. Por outro lado, a Doutora em Ciência Animal e consultora da MSD global, Linnea Newman, ministrou a palestra “Desafios no controle da coccidiose em frangos de corte”. Segundo Laura Villarreal, Diretora da Unidade de Avicultura da MSD Saúde Animal, o evento é um grande momento para pensar na evolução da avicultura e levar as experiências de outros mercados para nossa indústria. “Fundamental esse bate papo que enriquece nossos veterinários e levam novidades para o seu dia a dia”, ressaltou. Pecuária de corte em sistemas integrados, em Sinop (MT) A intensificação e o uso racional da terra passam por ferramentas, como a integração ‘lavoura-pecuária’, que promove o revezamento de atividades da agricultura e pecuária na mesma propriedade, além de construir uma prática sustentável, que pode gerar economia e rentabilidade ao produtor. Com o intuito de disseminar informações sobre sistemas integrados, o zootecnista e Gerente Global de Tecnologia Bovinos de Corte da Cargill Alimentos - Nutron, Pedro Veiga Paulino, ministrou a palestra ‘Estratégias de intensificação da pecuária de corte em sistemas integrados’, em outubro, durante o I Simpósio de Pecuária Integrada ‘Intensificação da produção animal em pastagens, realizado pela Embrapa Agrossilvipastoril e Universidade Federal do Mato Grosso, em Sinop (MT). “A proposta foi levar ao pecuarista os benefícios técnicos e econômicos que a intensificação do seu sistema de produ- ção pode proporcionar e que a integração lavoura-pecuária é uma alternativa viável para conquistar essa intensificação necessária”, enfatiza Pedro Paulino. Durante o evento, a Cargill Alimentos também apresentou sua linha para pastagem Probeef, composta por produtos específicos para cada sistema de produção, desde a suplementação mineral tradicional até a suplementação para sistemas que buscam alto desempenho. Festa do Rosário em Catalão (GO) Com o objetivo de preservar a cultura regional, a Vale Fertilizantes patrocina e apoia a Festa de Nossa Senhora do Rosário, realizada em Catalão, em Goiás. Em sua 138º edição, a festa aconteceu no início de outubro, como parte do calendário de festejos da cidade. Também conhecida como Congadas de Catalão, tem origem no 32 NT período da escravidão e mistura manifestações de cunho religioso com o folclore trazido à região pelos descendentes de africanos. A programação contou com missas e procissões em louvor à santa, desfiles dos grupos de congos, violeiros e outras manifestações da cultura regional. “Para nós, da Vale Fertilizantes, é A revista da produção Animal | novembro 2014 sempre uma satisfação fazer parte desta grande festa. Ela reúne a população e é uma forma de disseminar a cultura regional para os moradores e para os visitantes que vêm de outros lugares para prestigiar o evento”, afirma Jalmiro Lazarini, Gerente Industrial do Complexo Mineroquímico de Catalão. Engorda estratégica em confinamento A Cargill Alimentos-Nutron patrocinou curso sobre engorda estratégica em confinamento no início de novembro, em Sertãozinho (SP), evento realizado pelo núcleo de Ensino Avançado da CRV Lagoa. A proposta do evento foi explorar todo o potencial de um sistema que representa o futuro da pecuária e descobrir a fórmula para engordar lucros do pecuarista. Foram 36 horas de ensinamentos, sendo oito práticas, discutindo gerenciamento da informação; plano nutricional para as fases de adaptação, crescimento e terminação; plano de manejo, controles e pontos de checagem; viabilidade técnica e econômica; uso de aditivos melho- radores de eficiência alimentar; práticas de manejo zootécnico no confinamento; utilização da BM&F como ferramenta gerencial; métricas para gestão e avaliação de lucro; importância da gestão de riscos para o sucesso do confinamento. Uma dieta específica para atender às necessidades de cada fase do rebanho é essencial na busca da eficiência na atividade pecuária foi o tema da palestra do Gerente Global de Tecnologia Bovinos de Corte da Cargill Alimentos - Nutron, Pedro Veiga, no evento. Com o tema ‘Plano Nutricional para fases de adaptação, crescimento e terminação’, Veiga mostrou como elaborar um plano nutricional de bovinos confinados para cada uma dessas fases, ressaltando a importância de manter uma dieta específica para cada período. “Outro ponto importante passado aos participantes são os níveis nutricionais preconizados para cada fase, além do manejo nutricional, para que seja possível garantir que dietas formuladas sejam as mais próximas possíveis daquelas realmente ofertadas aos animais”, destaca Pedro Veiga. E acrescenta: “Quando bem delineado e executado, o planejamento nutricional focado em dietas de adaptação, crescimento e terminação pode trazer benefícios técnicos e econômicos para os sistemas de confinamento que buscam mais profissionalização”. Guilhermo Zavala palestrou no 10º Simpósio de Avicultura da ACAV Durante o 10º Simpósio Brasileio de Avicultura da ACAV, realizado setembro em Balneário Camboriú (SC), a MSD Saúde Animal promoveu uma das palestras mais esperadas do encontro, como o professor da Universidade da Geórgia, Guilhermo Zavala, com o tema “Síndromes Virais com Interferência na Qualidade de Pintos de um dia”. Zavala é um dos nomes mais importantes da indústria avícola, desenvolvendo pesquisas e lecionando na Universidade da Geórgia (EUA). Pela terceira edição consecutiva, o evento, que é realizado a cada dois anos, contou com patrocínio da companhia, promoveu o coquetel de abertura do encontro. Foto: Divulgação MSD Saúde Animal participa da Suinocultores de MG recebem Curso Técnico de Reprodução de Suínos A Bretanha Suínos, com apoio da MSD Saúde Animal, promoveu, em Ponte Nova (MG), Curso Técnico de Reprodução de Suínos. O programa tratou dos vários aspectos que envolvem a reprodução de suínos e teve a participação de profissionais renomados do setor. A agenda incluiu palestras da MSD Saúde Animal. O Coordenador de Assistência Técnica de Suinocultura da empresa, Diogo Fontana, conduziu a palestra “Otimização Reprodutiva com o Uso de Terapêuticos Hormonais”. Fontana falou sobre “Manejo em Bandas: Como Maximizar Mão-de-Obra”. NT A Unidade de Suinocultura da MSD Saúde Animal possui linha completa de produtos reprodutivos e é referência nesse setor. Para 2015, a empresa planeja o lançamento de uma plataforma de serviços da linha, que ajudará o produtor na maximização dos resultados. A revista da produção Animal | novembro 2014 33 Interação entre a adubação fosfatada na pastagem e a suplementação mineral de bovinos Foto: Divulgação pecuária de corte Por Paulo Rodrigo Santos de Souza e Fábio Ribeiro Loures (Departamento Técnico), da Vale Fertilizantes Paulo Souza Fabio Loures Objetivo é melhoria dos índices de produtividade do rebanho O Brasil é o país com o maior volume de exportações de carne bovina do mundo e detém o segundo lugar no volume produzido, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Além disso, as condições brasileiras de produção pecuária indicam que este é o país com maiores chances de incremento na produção, consolidando cada vez mais sua importância como fornecedor global. Para tanto, é fundamental que sejam melhorados os principais índices zootécnicos e de produtividade. Quando observamos sistemas de produção de commodities, podemos notar um amplo consenso técnico, como por exemplo na safra de milho, soja e outros produtos nos quais não há espaço para experiências caseiras ou manutenção de mitos no que se refere à maneira de produzir. No caso da pecuária de corte, apesar de a carne bovina ser considerada commodity, observamos ainda um amplo espaço para o desenvolvimento tecnológico e principalmente para a difusão das tecnologias de produção desde os centros de pesquisa até os pecuaristas, criando um censo comum sobre a maneira de produzir, que técnica de manejo empregar, em que situação e porque, como é comum em sistemas de produção em que o preço do produto final sofre pouca ou nenhuma variação dentro da mesma região. O aumento da demanda e consequente valorização da carne bovina observada nos últimos anos deve, provavelmente, impulsionar a cadeia produtiva atraindo maiores investimentos e aumentando o espaço da produção empresarial, na qual predomina a busca pela produtividade aliada à lucratividade. Atualmente, percebemos que no campo ainda existe grande falta de uniformidade entre os sistemas de produção, em que podemos encontrar uma empresa pecuária que utiliza o topo da tecnologia e da informação gerada no mundo, vizinho de outro sistema gerido de maneira extrativista, com baixíssimo investimento e produtividade. Esta heterogeneidade tão grande na maneira de produzir nos transmite um importante sinal de alerta, a respeito da falta de fluxo de informação técnica idônea, dando margem a mitos gerados sem bases científicas. Neste artigo, gostaríamos de abordar algumas considerações técnicas a respeito de um mito que ainda hoje é erroneamente divulgado, mencionando que “a adubação da pastagem reduz ou elimina a necessidade de suplementação mineral no cocho”. Vejamos a seguir o que realmente podemos esperar da adubação da pastagem e da suplementação mineral na dieta de bovinos, avaliando seus principais efeitos no sistema de produção. Adubação da pastagem De acordo com levantamentos realizados recentemente, o rebanho brasileiro é de aproximadamente 200 milhões de cabeças (FAO), sendo que mais de 90% estão distribuídas em uma área de 165 milhões de hectares de pastagens (IBGE/ MAPA), dos quais 65 milhões são de origem nativa e 100 mi- 34 NT A revista da produção Animal | novembro 2014 lhões cultivados (maioria da família das brachiarias). Aproximadamente 130 milhões de hectares apresentam algum grau de degradação (Embrapa 2011) e apenas 5% do total (aproximadamente 10 milhões de ha) recebem algum tipo de adubação, o que não significa que seja a adubação ideal nem que receba o manejo correto. Ao mesmo tempo em que os números mostram que a pecuária brasileira ainda não é totalmente adepta de técnicas como adubação de pastagens, podemos evidenciar também que essa atividade ainda tem muito espaço para crescer. O potencial de crescimento está diretamente relacionado ao melhor aproveitamento das áreas (maior produção de massa forrageira/ha), que só será possível com planejamento e adequações de adubação e manejo, assim como em qualquer outra cultura (milho, soja, algodão etc). No caso da correção e adubação, tanto para implantação como para a manutenção das pastagens, é necessário que se tenha conhecimento do que o solo pode oferecer tanto em relação a nutrientes como em termos físicos (Embrapa). A utilização de fosfatos naturais reativos como fonte de fósforo na adubação de pastagens vem crescendo significativamente no Brasil, pois são fontes de fósforo de menor custo comparandose com os fosfatos processados (superfosfato Simples, por exemplo) e de liberação mais lenta no solo, disponibilizando fósforo para a planta durante anos, dependendo das características da rocha. A adubação corretiva e de manutenção com fósforo são fundamentais para a eficiência da atividade. O fósforo é responsável por diversas funções importantes na planta, inclusive pelo desenvolvimento do sistema radicular e perfilhamento, características imprescindíveis para o aumento de massa da forragem (Embrapa). Dentre os macronutrientes, o fósforo é o mais exigido na fase inicial de desenvolvimento da forragem, principalmente até os 40 primeiros dias após a germinação das sementes. Após o início do pastejo, a demanda da planta por P tende a diminuir e a os elementos N e K são mais exigidos, sendo responsáveis pelo crescimento vegetativo e translocação de nutrientes e seiva dentro da planta, respectivamente. Assim como no caso dos macronutrientes mencionados acima, deve-se avaliar a necessidade de enxofre e de micronutrientes, sempre levando em consideração a análise de solo e a exigência da forrageira utilizada (Embrapa). A concentração de nutrientes na planta varia principalmente conforme o ciclo natural de desenvolvimento da mesma, ou seja, conforme o avanço dos períodos vegetativo, reprodutivo e de senescência do vegetal ocorre redução significativa da concentração de nutrientes. Isto é dizer que a adubação do solo tem efeito pouco significativo sobre a concentração de nutrientes na planta quando compararmos plantas de mesma espécie, variedade e estágio fenológico. Porém, o que observamos é um aumento significativo na produção de massa de NT A revista da produção Animal | novembro 2014 35 forragem (quilogramas de matéria seca por hectare) quando corrigimos o pH e adubamos o solo. Considerando um solo corrigido e com produção de massa satisfatória, resta ao pecuarista a correta implantação do manejo desta pastagem. Evidentemente, a primeira coisa a ser feita é a adequação da carga animal. Neste caso, deve-se aumentar o volume de animais por unidade de área, pois assim podemos manter a pastagem sendo colhida ou pastejada no melhor momento de concentração de nutrientes, ou seja, no seu período vegetativo. Quando trabalhamos com sistemas de pastejo rotacionado ou simplesmente aumentando o número de divisões das áreas de pasto, torna-se mais fácil acertar as fases de entrada e saída dos animais, descanso das pastagens, roçadas e controle de plantas invasoras e pragas, melhorando assim o aproveitamento nutricional das forragens pelos animais. Nesse sentido, ainda temos muito espaço para melhorias de manejo, pois mais de 90% dos bovinos brasileiros são criados em sistemas extensivos (IBGE/MAPA). Suplementação mineral de bovinos Podemos definir tecnicamente que suplementar é o ato suprir ou complementar qualquer elemento nutricional da dieta principal que seja limitante à produção. Para que os animais sejam adequadamente suplementados com misturas minerais, proteicas e/ou energéticas é necessário que o suplemento forneça a diferença entre a necessidade nutricional do animal e o que existe de nutrientes na dieta principal, nesse caso o pasto. As tabelas de exigências nutricionais podem ser utilizadas para identificar a necessidade de nutrientes do animal, assim como as análises volumétrica e bromatológica da pastagem devem ser utilizadas para se estimar os aportes de nutrientes advindos da mesma. É importante ter em mente que o crescimento acelerado, os ganhos de peso elevados, o final da gestação e a produção leiteira contribuem para elevar significativamente as exigências nutricionais dos bovinos. Quando planejamos o aumento da produtividade, necessariamente precisamos contar com o investimento em suplementação, pois esta é a única estratégia que se mostra eficiente para se atingir os objetivos descritos. Considerações Devemos entender que ao aumentar a carga animal sobre a pastagem (volume de cabeças ou de peso de animais por unidade de área), beneficiando-se do incremento da produção de massa de forragem em função da adubação, não excluímos a necessidade de suplementação mineral, proteica ou até mesmo energética, dependendo da forragem, período do ciclo da planta e ganho esperado por área. Pelo contrário, o primeiro investimento (adubação) traz consigo os demais, como o aumento do número de animais e do volume total de suplemento mineral utilizado, porque teremos mais animais. A adubação da pastagem é o ajuste necessário para adequar o balanço de nutrientes entre o solo e a planta, assim como o fornecimento de suplementação mineral é o ajuste necessário para dar equilíbrio entre o que a planta produz de minerais e o que o animal necessita. Podemos observar um importante efeito aditivo entre a adubação da pastagem e a suplementação mineral no cocho. Ambos são efetivos no aumento de produtividade, porém não se substituem de maneira econômica. Foto: Divulgação Pastagens brasileiras precisam merecer atenção dos pecuaristas 1) 1) 2) 36 NT A revista da produção Animal | novembro 2014 NT A revista da produção Animal | novembro 2014 37 Doença Respiratória Bovina em confinamento. Como definir o melhor protocolo sanitário Foto: MSD Saúde Animal Pecuária de corte Por Rodrigo Goulart e Sebastião Faria (Gerentes Técnicos), da MSD Saúde Animal Rodrigo Goulart Sebastião Faria DBR é um importante desafio para os projetos de confinamento 38 NT A revista da produção Animal | novembro 2014 O Complexo Respiratório Bovino ou Doença Respiratória Bovina (DRB) representa hoje o maior desafio sanitário nos confinamentos de bovinos de corte. Além dos surtos de elevada mortalidade, sabe-se que entre 30 e 60% dos animais podem desenvolver lesões sem apresentar sinais externos, a chamada doença inaparente, e ter assim reduzidos seu ganho de peso e qualidade da carcaça. A incorporação da tecnologia em confinamentos impõe a adoção de uma abordagem de gestão da saúde, diferente da improvisação com que geralmente se enfrentam as enfermidades na pecuária tradicional. Para isso, é preciso conhecer as causas da doença, entender as lesões e seus efeitos e reconhecer os sinais, para então implantar um programa sanitário consistente. A DRB é considerada doença multifatorial, por ter diferentes fatores predisponentes e agentes envolvidos em suas causas. Agentes infecciosos que já habitam as vias aéreas anteriores alcançam os pulmões a partir da imunossupressão provocada pelo estresse. Em animais mais jovens, têm papel importante os agentes virais (IBRv, BVDv, PI3v e BRSV), como iniciadores do processo. Mas são bactérias como Pasteurella multocida, Histophilus somni, Mycoplasma bovis e, principalmente, a Manheimyia haemolytica, as grandes causadoras dos quadros mais graves e da mortalidade em bovinos de qualquer idade. É fundamental entender o papel dos estressores na DRB. Num confinamento, os principais fatores são o transporte por longas distâncias, as mudanças de hierarquia no rebanho, a superlotação, mudanças bruscas na alimentação, a inversão térmica e a poeira. Os agentes infecciosos produzem um processo inflamatório que acomete várias estruturas anatômicas além dos pulmões. Por isso, a doença é vista como um “complexo”. Broncopneumonia (inflamação dos brônquios e pulmões) e pleuropneumonia (inflamação das membranas que envolvem os pulmões e revestem a cavidade torácica) produzem febre, perda de apetite, secreção mucopurulenta, tosse e intensa dispneia (dificuldade respiratória). A forte resposta inflamatória do organismo, representada pela ação das células de defesa, produz extensas lesões no tecido pulmonar. Estas lesões podem ser irreversíveis, com a perda definitiva da função das áreas afetadas, num processo semelhante à cicatrização, conhecido como consolidação pulmonar. É por isso que muitos animais, depois de tratados, têm seu desempenho produtivo comprometido. Quanto maior a distância percorrida e mais diversificada a origem dos animais, maiores serão a morbidade e a mortalidade dos bovinos em virtude do desencadeamento de um processo de imunossupressão dos animais. São, portanto, considerados grupos de alto risco, por exemplo, os animais de compra que viajaram longas distâncias até chegar ao confinamento. Assim, devido à redução da imunidade pela viagem e das dificuldades enfrentadas durante o período de adaptação, as primeiras três semanas de confinamento são o período crítico para ocorrência da DRB. Tendo em vista os desafios que a DRB promove na saúde e no desempenho dos bovinos durante o período de engorda em confinamento, diversas práticas de manejo, nutricional e de saúde poderão ser implementadas dentro da propriedade na tentativa de minimizar o efeito deletério desta doença. Uma prática já consagrada em alguns países denominada de metafilaxia utilizada no momento da chegada dos animais ao confinamento tem reduzido a ocorrência da DRB neste sistema. No primeiro momento, decidir se a adoção da metafilaxia é a escolha mais adequada para um determinado grupo de bovinos no início do confinamento pode ser uma tarefa difícil. Veterinários e gerentes de confinamento sempre convivem com uma dúvida que seguem dois caminhos opostos: um caminho seria identificar animais doentes durante o período de engorda e tratá-los, já o outro caminho seria prevenir problemas respiratórios logo no momento da chegada dos bovinos ao confinamento, realizando o processo de metafilaxia. Metafilaxia é um termo relativamente novo no meio zootécnico, sendo definido como o tratamento prévio de todos os animais pertencentes a um grupo considerado de elevado risco a adquirir determinada doença. Como bom exemplo prático, atualmente a prática mais comum usada em sistemas de engorda em confinamentos norte-americanos é o uso da metafilaxia para reduzir o número de bovinos com problemas respiratórios. Ao adotar a metafilaxia como ferramenta para reduzir problemas respiratórios no confinamento, análises econômicas comumente são realizadas para verificar se o investimento da prevenção da DRB em certos lotes de bovinos apresenta retorno econômico positivo ao comparar sistemas tradicionais, nos quais é realizado apenas o tratamento de animais durante o período de engorda. Em dois estudos realizados nos EUA, a taxa de tratamento de animais com problemas de DRB durante os primeiros 30 dias de confinamento reduziu de 23 a 47% entre os animais controle (bovinos não tratados no início do confinamento com a técnica da metafilaxia) para 0 a 12% entre bovinos de mesma origem, mas que receberam o tratamento da metafilaxia no início do confinamento. Numerosos estudos pelo mundo demonstraram redução consistente nas taxas de morbidade (números de animais que se tornaram doentes durante o período de engorda) e das taxas de mortalidade (número de animais mortos durante o período de engorda) quando bovinos são tratados com determinado tipo de antibiótico na chegada NT A revista da produção Animal | novembro 2014 39 ao confinamento. Entretanto, é importante ressaltar que nem todos os animais que entram no confinamento desenvolverão a DRB durante o período de engorda. Nesse cenário, torna-se imprescindível avaliar o nível dos fatores estressores que estes animais enfrentaram até o momento da chegada ao confinamento, como também avaliar as condições que estes animais receberão no confinamento. Desse modo, fatores já citados como: transporte por longas distâncias, mudanças de hierarquia no rebanho, superlotação, mudanças bruscas na alimentação, inversão térmica e poeira são variáveis que auxiliarão o confinador a definir um protocolo sanitário de entrada fazendo-se o uso da metafilaxia. De acordo com o pesquisador Bob Larson, da Universidade do Estado do Kansas, a escolha pelo tratamento de animais doentes durante o período de engorda, de modo geral, reduz o ganho de peso diário dos animais (elevando o custo do ga- nho), eleva o número de pessoas envolvidas no processo de diagnóstico e tratamento da doença, prejudica o valor final da carcaça, bem como aumenta o período de engorda dos animais, justificando que a prevenção traz melhores resultados econômicos que o sistema convencional de tratamento. Além das variáveis citadas anteriormente, o mesmo autor também ressalta que a redução da taxa de morbidade e da taxa de mortalidade, o preço de compra do animal magro, o custo do ganho e o potencial ganho de peso dos animais durante o período de engorda são fatores que justificam o uso da metafilaxia em animais com elevado histórico de estresse. Outro fator de grande importância é que a metafilaxia torna-se economicamente vantajosa por reduzir principalmente a taxa de morbidade durante os primeiros 30 dias do confinamento, evitando perdas de peso corporal, no momento em que estes estão expressando ganho compensatório e, portanto, baixo custo do ganho. Foto: MSD Saúde Animal É importante avaliar os fatores de estresse dos bovinos confinados 40 NT A revista da produção Animal | novembro 2014 NT A revista da produção Animal | novembro 2014 41 Foto: Texto Pecuária de corte Suplementar bovinos de corte nas águas é como empurrar o carro ladeira abaixo! Por Equipe Bovinos de Corte, da Cargill Alimentos - Nutron Nas águas, há oportunidade de melhorar ainda mais os ganhos 42 NT A revista da produção Animal | novembro 2014 Existem provérbios populares bastante conhecidos que ilustram muito bem a suplementação de bovinos de corte durante o período das águas: “para baixo todo santo ajuda”; “fogo morro acima e água morro abaixo ninguém segura” etc. Ou seja, no período favorável ao crescimento das plantas forrageiras, que no Brasil Central vai de Outubro/Novembro até Fevereiro/Março, também chamado de período de verão ou de águas, o potencial de ganho de peso dos animais mantidos a pasto é maior. E é justamente nessa fase que há oportunidades para explorar ainda mais esse potencial de ganho. Muitos pecuaristas imaginam, erroneamente, que justamente devido ao fato de o capim estar bonito e viçoso, o animal não precisa receber suplementação adequada. Pelo contrário: como o pasto verde e abundante oferece condições para que o animal ganhe mais peso, suas exigências de minerais e vitaminas são aumentadas. Portanto, uma correta suplementação mineral-vitamínica é o mínimo que se deve fazer nessa época. Além, é claro, de garantir disponibilidade de pasto. Falando em disponibilidade de pasto, até há pouco tempo se falava bastante em quanto deveria ser a oferta de pasto de forma que o consumo de forragem não fosse limitado, garantindo, assim, que o animal colhese a quantidade de capim que bem lhe conviesse ao longo do dia. Existem, inclusive, valores referência, como mínimo de 2.000 kg de MS/ha. Entretanto, a arte e a ciência de manejo do pastejo evoluíram muito ultimamente e, hoje, já se discute não só qual deve ser a quantidade total de massa disponível mas também quanto dessa massa é potencialmente digestível e de que forma está disponível ao animal, uma vez que a estrutura do pasto e não somente sua quantidade/qualidade interferirá no hábito de pastejo do bovino e, consequentemente, na sua capacidade de colheita do capim que será, em última instância, traduzida em ganho de peso. Dessa forma, a altura do pasto tem sido sugerida como uma ferramenta prática e simples de manejo do pastejo, e a literatura científica brasileira traz valores referência de altura pré e pós-pastejo ideais para a maioria das espécies forrageiras utilizada para produçãode bovinos de corte no país. Mas no mundo real mesmo, ou seja, nas fazendas de produção de carne baseadas em pastagens tropicais, a complexidade do manejo do pastejo adquire uma dimensão mais complexa, que às vezes impede que as práticas ideais do ponto de vista técnico e científico sejam seguidas a risca. Seja por questões mercadológicas (compra e venda de animais de acordo com oportunidades de mercado), de clima (precipitação, temperatura etc), disponibilidade e qualidade de mão-de-obra, infraestrutura disponível (divisões de pasto, aguadas, cochos etc), método de pastejo (contínuo ou rotacionado) etc, o manejo do pastejo estará, na maioria das situações, um pouco aquém do ideal. Mas isso não significa que não se possa otimizar a produtividade, por animal e por área, maximizando o retorno econômico. Em sistemas mais intensivos de produção, que se caracterizam por maior uso de insumos, com práticas de correção e adubação de pastagens implementadas de forma regular, associadas a manejo correto dos pastos, em que o ajuste da taxa de lotação é controlado com maior rigor de forma a se manter uma pressão de pastejo ótima, a forragem produzida e disponível ao animal certamente apresentará características nutricionais distintas de um pasto mantido e manejado sob um controle do manejador não tão intenso. Dessa forma, o delineamento do plano nutricional a ser implementado (suplementação energética ou protéica, por exemplo) deve levar em consideração as características do sistema de produção, principalmente no que se refere à forma como a pastagem é manejada e o capim oferecido ao animal, como também de outros fatores primordiais, como meta de desempenho almejada, objetivos do sistema produtivo, categoria animal, capacidade de investimento, disponibilidade de infraestrutura e de mão-de-obra etc. Pastos adubados e submetidos ao manejo preconizado nas alturas ideias de entrada e resíduo pós-pastejo permitirão elevadas taxas de ganho de peso, sendo energia, muito provavelmente, o nutriente mais limitante para se maximizar o ganho de peso. Nessa cirscunstância, a suplementação energética seria a mais indicada, sendo o nível de oferta de suplemento a ser fornecido dependente da taxa de ganho almejada, bem como da taxa de lotação, visto que por meio da suplementação e da exploração do efeito substitutivo do pasto por concentrado torna-se possível manipular a taxa de lotação de uma área de pastagem. Em condições médias, ou seja, que representam a grande maioria dos sistemas de produção de bovinos de corte no país, a pastagem tropical, mesmo durante o período das águas, pode não apresentar conteúdo de proteína suficiente para maximizar o ganho de peso. Diversos trabalhos realizados no Brasil têm demonstrado que há um ganho latente por volta de 150 – 200 g por animal/dia com o uso de suplementos protéicos de médio consumo no período das águas, quando se busca otimizar o uso da forragem disponível e não substituí-la pelo suplemento. Amostras de forragem obtidas nesse período, seja pelo método do pastejo simulado ou utilizando-se animais fistulados no esôfago e analisadas em laboratório, apontam para concentrações de PB variando de 8 – 13 % (Tabela 1), portanto, aquém do necessário para otimizar o desempenho, seja de animais em recria ou terminação. Isso sem falar na variação que ocorre ao longo da estação chuvosa e que parte da proteína do capim encontra-se indisponível para o animal, por estar fortemente ligada à fração fibrosa (PIDA). Portanto, o uso de um NT A revista da produção Animal | novembro 2014 43 Tabela 1: Conteúdo médio de proteína bruta de pastos tropicais durante o período das águas Espécie % PB (MS) Referência Braquiarão 11.0 Moretti et al. (2013) Braquiarão 12.0 Koscheck et al. (2013) Braquiarão 9.9 Costa et al. (2011) Braquiarão 11.1 Casagrande et al. (2011) Tanzânia 13.9 Fernandes et al. (2014) Tanzânia 9.6 Cabral et al. (2008) Tanzânia 10.1 Pompeu et al. (2008) Braquiarinha 9.31 Rocha et al. (2012) Braquiarinha 8.17 Barros et al. (2011) Braquiarinha 8.8 Zervoudakis et al. (2001) proteinado durante o período das águas ajuda a eliminar a flutuação do teor de proteína bruta do pasto, mantendo o desempenho dos animais mais constante. Nessas circunstâncias, portanto, o uso de suplementação protéica apresenta-se como uma grande oportunidade para maximizar o ganho por animal e por área. No entanto, caso o pecuarista não disponha de infraestrutura de cocho, ou em cenários em que a logística de distribuição do suplemento não seja favorável, ainda assim é possível explorar ganhos de peso superiores ao proporcionado apenas pela dupla pasto + mineral de boa qualidade. Isso é possível a partir do uso de suplemento mineral aditivado, que nada mais é do que um sal mineral adicionado de um aditivo melhorador de desempenho. Inúmeros trabalhos científicos e dados de campo têm demonstrado ganhos adicionais da ordem de 70 a 100 g com o uso desses aditivos, desde que as doses corretas sejam consideradas, bem como bom manejo de fornecimento, garantindo o consumo da mistura dentro dos níveis preconizados. Existem várias opções disponíveis com destaque para flavomicina, monensina e virginiamicina. Ou seja, praticamente sem alterar estrutura de cocho, obtêm-se melhorias significativas no ganho de peso dos animais, com custo-benefício altamente favorável. Subindo-se a escada da intensificação e adotando-se suplementos protéicos de baixo/médio consumo (0,1 – 0,3 % 44 NT A revista da produção Animal | novembro 2014 Para se ter uma ideia da oportunidade em se maximizar o resultado econômico com a suplementação nas águas, fizemos uma simulação usando uma das ferramentas do portfólio de serviços que a Cargill Alimentos tem a disposição de seus clientes, que pode ser aplicada facilmente a vários sistemas de produção de bovinos criados a pasto no Brasil. Consideramos um garrote em recria, com peso de 250 kg na entrada as águas, dia 1º de novembro, a preço de mercado de R$ 1.300,00. Consideramos também o custo do pasto como sendo R$ 20,00/mês (equivalente ao aluguel de pasto), todos os demais custos (mão-de-obra, vacinas, vemífugos, frete, fornecimeno do suplemento utilizado etc), ajustamos os valores para mortalidade de 1%, e, então, incluímos os seguintes planos nutricionais: 1. Sal mineral 60 - Probeef 60: bastante usado em sistemas de recria a pasto nas águas, por ser de menor custo por cabeça 2. Sal aditivado com Flavomicima - linha Probeef Pasto Bom 3. Sal Proteinado - linha Probeef Proteinado 30, com consumo de 0.1 % do PV Considerando-se também o custo de cada um desses produtos, e os ganhos de peso esperados com o uso de cada linha, calculamos o lucro por animal no período, assumindo rendimento de carcaça de 50% e preço da arroba de R$ 140,00 (arroba de boi magro). O resultado é mostrado no gráfico abaixo: Conforme pode ser observado na Figura 1, o uso de suplemento mineral aditivado ou de um proteinado de baixo consumo permitiria a obtenção de quase R$ 50,00 a mais por animal de lucro líquido, somente durante o período das águas. Se a análise for estendida para uma situação em que os animais são confinados no final das águas e na entrada da estação seca, o resultado seria ainda mais notável, uma vez que animais que entram no confinamento vindos de um plano nutricional na recria tendem a ficar menos tempo no cocho para atingir peso de abate, se adaptam muito mais rápido à dieta, apresentam melhor rendimento de carcaça e, consequentemente, deixam mais dinheiro no bolso. Figura 1: Lucratividade (R$/boi) de diferentes alternativas tecnológicas de suplementação de garrotes em recria no período das águas do PV), os ganhos adicionais podem chegar a 130 – 220 g/ animal/dia, otimizando o ambiente ruminal para maior digestibilidade da fração fibrosa (FDN) do capim, permitindo maior consumo pelo animal, o que dará suporte a maior ganho. Diferenciais de ganho de peso superiores a esse também podem ser obtidos, porém níveis maiores de oferta de concentrado a pasto passam a ser requeridos, situação em que haverá substituição de parte da forragem por suplemento. Como durante a estação de águas a ocorrência de chuvas passa a ser corriqueira, aumenta-se o desafio quanto à logística de distribuição, garantia de consumo da quantidade previamente estabelecida etc. Portanto, a definição do melhor plano nutricional a ser seguido durante o período das águas requer uma análise criteriosa do sistema de produção como um todo e da ajuda de um técnico devidamente capacitado, que irá orientar o pecuarista a adotar a estratégia mais adequada para sua realidade e que lhe traga o maior retorno econômico do investimento. Se o plano é atingir esse objetivo, procure os técnicos da Cargill Alimentos, que acaba de lançar a linha Probeef de suplementos a pasto, carregados de ciência, tecnologia e qualidade que o Brasil já conhece, associado ao serviço diferenciado de nossa equipe, que conta com diversas ferramentas auxiliares para a tomada de decisão de forma a maximizar o lucro do sistema produtivo de carne bovina! NT A revista da produção Animal | novembro 2014 45 Pecuária de corte Metafilaxia: mais que um conceito, um ganho em Foto: MSD Saúde Animal Por Daniel de Castro Rodrigues (Consultor em Pecuária), Juliana de Freitas Farias (Farmacêutica Industrial) e Mauricio Marques de Morais (Gerente de Produto), da MSD Saúde Animal Juliana Farias Mauricio Morais É importante tratar animais em constante desafio 46 NT A revista da produção Animal | novembro 2014 Tabela 2: Classificação dos macrolídeos de acordo com as estruturas químicas Grupos Amino Carga Molecular Estrutura Anel Lactona Tilosina 1 Monobásico (+1) 16 membros Tilmicosmina 2 Dibásico (+2) 16 membros Tulatromicina 3 Tribásico (+3) 15 membros Tildipirosina 3 Tribásico (+3) 16 membros Droga Figura 4: Estruturas químicas de macrolídeos Metafilaxia A metafilaxia consiste em tratamento em massa de populações animais constantemente desafiadas por um agente microbiano, podendo ser considerada um tratamento de prevenção ou curativo. Este conceito é muito aplicado à Síndrome Respiratória Bovina, devido à dificuldade de diagnóstico uma vez que os sintomas são subjetivos. produtividade Daniel Rodrigues O incremento da pesquisa, de um modo geral, tem como fundamento trazer à luz da ciência inovações tecnológicas e, ainda, fornecer resoluções às situações questionáveis. Na área da pecuária bovina, os esforços se concentram na produtividade, procurando eliminar fatores limitantes como as doenças, agindo de forma ostensiva no seu controle e prevenção, além de compatibilizar a segurança e o bem-estar do animal. Dessa forma, conhecer a atuação dos medicamentos e desvendar novas moléculas que atuem como ferramenta no controle e/ou cura é um dos objetivos permanentes dos pesquisadores da área de saúde animal. O tratamento metafilático tem com proposta: • Reduzir o número de bovinos infectados com um agente bacteriano apresentando tanto a forma clinica ou subclínica. • Diminuir a contaminação do ambiente e, dessa forma, limitar a propagação da doença. No entanto, o sucesso desse procedimento depende de algumas características farmacológicas do agente antimicrobiano, como rápida ação e ao mesmo tempo longa duração. Dentre os diversos antimicrobianos existentes, os agentes da classe dos macrolídeos têm notório destaque na implementação do conceito da metafilaxia. Macrolídeos Os macrolídeos são antibióticos bacteriostáticos, que atuam inibindo a síntese de proteínas bacterianas. Quimicamente, são caracterizados pela presença de uma lactona macrocíclica de origem policetídica de 14 a 16 membros, no caso dos exemplares naturais, e de somente 15 membros nos semi-sintéticos, estando ambos ligados a um açúcar e a um amino-açúcar, como demonstrado nas imagens representadas na Figura 4. Em 1952, o primeiro macrolídeo foi descoberto, a eritromicina, e ainda hoje é considerado um dos mais seguros antibióticos de uso clínico. São indicados para o tratamento de infecções respiratórias, como a pneumonia, nas quais atuam os principais patógenos Mannheimia haemolytica, Pasteurella multocida e Histophilus somni. (Guimarães et al., 2010), conforme Tabela 2. Tildipirosina A tildipirosina é um macrolídeo semi-sintético tribásico de 16 membros, de amplo espectro. A droga age a partir da inibição da biossíntese de proteínas essenciais, com propriedades bactericida e bacteriostática. É eficaz contra os NT A revista da produção Animal | novembro 2014 47 principais patógenos bacterianos das vias respiratórias de bovinos, sendo os principais a Mannheimia haemolytica, Pasteurella multocida e Histophilus somni. Foi descoberta e desenvolvida por cientistas da Merck Animal Health (MSD Saúde Animal), culminando na busca de um novo agente terapêutico com excelente eficácia e perfil de segurança, além da comodidade de única aplicação, o qual é denominado mundialmente como Zuprevo, conforme Figura 5. Figura 5: Estrutura química do macrolídeo Tildiposina (Zuprevo) Quanto às suas características farmacocinéticas, verificase rápida absorção (Tmax 45 minutos), limitada ligação às proteínas plasmáticas, o que aumenta a concentração tissular e consequentemente o efeito, elevada biodisponibilidade, grande volume de distribuição e um longo tempo de persistência após injeção. Demonstra atividade antibacteriana pulmonar contra os três principais patógenos por pelo menos 14 dias após o tratamento e contra dois (Mannheimia haemolytica e Pasteurella multocida) após 28 dias da injeção, conforme pode-se observar no Gráfico 1. Gráfico 1: Curvas das disponibilidade da Tildipirosina no plasma, no fluido branquial e no pulmão de bovinos Especificamente, a tildipirosina inibe a síntese de proteínas bacterianas pela ligação reversível com o RNA ribossomal 23S da subunidade ribossomal 50S. Esse processo é essencial para replicação e crescimento bacteriano, em nível ribossomal. Os ribossomos são componentes celulares, resultado da união de RNA ribossômico e proteínas, e sua função é sintetizar proteínas a partir de aminoácidos. Eles possuem duas subunidades: uma 30S ou pequena e uma 50S ou grande. A subunidade menor se liga ao RNA mensageiro (mRNA) e lê a sequência de código de aminoácidos de um polipeptídeo específico. O RNA transportador (tRNA) se liga à subunidade maior e o aminoácido carregado por ele é adicionado à cadeia de peptídeos em crescimento. A partir de uma saída na subunidade 50S, a cadeia peptídica é liberada e, quando a síntese termina, ocorre a clivagem da cadeia a partir do ribossomo, conforme o processo representado na Figura 6. Figura 6: Processo de síntese de proteína bacteriana Com base nas características farmacocinéticas, pode-se conjecturar que a Tildipirosina é uma excelente ferramenta para controlar DRB nos animais que estão em alto risco e nos que já se encontram doentes. Tal eficácia foi comprovada em teste comparativo entre Tulatromicina (Draxxin) e Tildipirosina (Zuprevo), avaliando o tempo de permanência do princípio ativo no órgão acometido pela pneumonia: o pulmão. Uma vez que a porcentagem de lesão pulmonar é uma estimativa de valor, uma medida quantitativa mais precisa para determinar a quantidade de dano pulmonar é o peso pulmonar total em relação ao peso do corpo do animal. Neste estudo, a porcentagem de peso corporal pulmonar concordou com o nível de lesões pulmonares para bovinos dos grupos controle e Tulatromicina (Draxxin), com ambos os grupos tendo maior porcentagem de lesões pulmonares quando comparados com bovinos do grupo Tildipirosina (Zuprevo), conforme verificado na Tabela 3 e Gráficos 2 e 3. Tabela 3: Descrição das lesões totais e cranioventral pulmonar dos grupos tratados e controle Escore de lesões pulmonares % de lesões no pulmão % de lesões na região cranioventral do pulmão Zuprevo Tulatromicina Controle Zuprevo Tulatromicina Controle Média 8,7 13,1 25,5 21,4 33,4 57,4 Mediana 5,9 9,9 25,1 16,4 27,9 61,2 Divisão Padrão 9,8 8,6 11,2 18,4 18,9 23,8 Minimo 3,3 3,8 12,8 9,4 10,9 25,2 Máximo 39,1 27,8 39,8 77,8 68,9 92,7 A probabilidade de bovinos no grupo recebendo Tulatromicina (Draxxin) com escores clínicos anormais foi maior do que os bovinos tratados com Tildipirosina (Zuprevo). Os bovinos do grupo controle tiveram maiores porcentagens de lesões pulmonares em relação aos animais do grupo tratado. Estas observações clínicas corroboram com os dados obtidos durante as necropsias, conforme pode-se observar no Gráfico 4 e na Figura 7. Conclusão No que tange aos enormes desafios encontrados na atividade pecuária, a atuação dos antibióticos torna-se uma importante ferramenta para potencializar a rentabilidade da atividade. Dessa forma, a introdução de novas moléculas permite melhor eficácia e controle dos principais agentes bacterianos causadores de enfermidade nos bovinos. A Tildipirosina, antibiótico da classe dos macrolídeos, enquadra-se perfeitamente como uma grande inovação e uma importante aliada para o controle e tratamento das doenças dos animais de importância zootécnica. Figura 7: Imagens das lesões pulmonares dos grupos tratado e controle obtido por necropsia Gráfico 4 : Variabilidade em percentual das lesões pulmonares dos grupos tratado e controle Gráfico 2 e 3: Porcentagem de alterações pulmonares de acordo com os grupos tratados 48 NT A revista da produção Animal | novembro 2014 NT A revista da produção Animal | novembro 2014 49 Pecuária de leite Foto: Divulgação As isoflavonas da soja e sua relação como ingrediente em dietas de bovinos leiteiros Soja: leite da oleaginosa tem efeitos positivos sobre colesterol e doenças do coração Foto: Divulgação Por Cesar Augusto Pierezan (Administrador Industrial), da Cotriel (RS) Cesar Pierezan Isoflavonóides precisam estar disponíveis em quantidades ideais nas dietas dos bovinos de leite 50 NT A revista da produção Animal | novembro 2014 O desafio é buscar na literatura existente a resposta para o seguinte questionamento: será que os “isoflavonóides” estão presentes nas dietas ou em derivados de soja em quantidades mínimas sugeridas para se ter melhor desempenho animal em reprodução, fertilidade e produtividade de bovinos de leite? Evidentemente, “existem inúmeros trabalhos científicos e meta-análises sobre fitoesterogênios, flavonóides e isoflavonas com resultados comprovados para a saúde humana” (Padilla, 2012). “Em meados dos anos 1990, foram publicados os resultados de uma meta-análise de 38 estudos clínicos sobre os efeitos benéficos do leite de soja na redução do colesterol e o seu efeito positivo nas doenças do coração” (Margareth, 2011, p. 11). Contudo, a opinião de médicos especialistas destaca as qualidades terapêuticas da soja, que algumas vezes chega a ser também controversa. Pois, pode haver restrições de uso e desempenho em determinadas quantidades ingeridas diariamente e ainda tendo efeitos adversos em determinadas fazes da vida, principalmente em períodos de climatério e menopausa. Entretanto, quanto ao teor de isoflavonas em alimentos comerciais de soja, Huei-ju Wang e Murphy (1994) investigaram uma ampla variedade de produtos de soja e fornecem informações básicas para o ser humano e seu futuro na alimentação e estudos com animais. “As doses anticarcinogênicas, propostas de isoflavonas de soja variam de 1,5 para 2,0 mg (kg de peso corporal)-l-dia, segundo Hendrich et al., (1994) apud Wang e Murphy (1994). No entanto, identificar e gerar indicadores quantitativos das isoflavonas e seus efeitos nas dietas de bovinos leiteiros, em que o nível de exigência em produtividade é cada vez maior e possibilita melhores resultados competitivos na atividade leiteira. Verificou-se a partir dos métodos analíticos: CLAE/HPLC e os seus parâmetros de desempenho de indicadores como instrumentos indispensáveis de medição e diagnósticos destes fitoesterogênios de maneira rápida e precisa. Logo, Issa e Petersen (1996, p. 5) consideram o NEAR Infrared, importante e ágil ferramenta analítica: “sua facilidade impressiona, comparado com as técnicas analíticas convencionais, ou seja, os resultados são obtidos em apenas 30 segundos; é uma técnica não destrutiva e, na maioria das vezes, não necessita de nenhuma preparação de amostras”. Reconhece (Moraes et al. 2009, p. 67) que “existe uma certa dificuldade na realização de estudos conclusivos sobre biodisponibilidade de isoflavonas”. Portanto, a falta destes dados mais consistentes, com as análises laboratoriais e equipamentos adequados e o uso de soja e derivados de forma exagerada e desorientada em dietas de bovinos leiteiros, pode acarretar alterações em fertilidade e reprodução nos bovinos leiteiros causando prejuízos ao produtor. Na absoluta totalidade dos rótulos de rações comerciais de bovinos leiteiros, ainda não consta a expressão “Contém Isoflavonóides”, em quantidades volumétricas, e não está previsto na Instrução Normativa que regulamenta o Relató- NT A revista da produção Animal | novembro 2014 51 rio Técnico de produto Isento de Registro - RTPI, conforme IN Nº 42, de 16 de dezembro de 2010, do MAPA – Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, (2010). Pois, tais substâncias ainda não receberam a devida evidência em pesquisas, estudos de casos e meta-análises em bovinos leiteiros e outras espécies animais domésticos de interesse econômico. No entanto, detectar a presença de isoflavonas nos concentrados e, a partir dessas informações, monitorar e diagnosticar a evolução e qualidade de dietas nutricionais para ruminantes, torna-se indispensável para o aprimoramento da atividade leiteira. Porém, a leguminosa Glycine max pertence à família das Fabaceae e é nativa do Leste asiático, cultivada há milhares de anos. É a maior fonte de proteína para países orientais, tais como China e Japão. A proteína corresponde a 40% do peso seco e o óleo a aproximadamente 20%, segundo Fontana (2011, p. 134). Com os avanços das pesquisas em bioquímica, novos compostos da soja já foram identificados, como os flavonoides, que são compostos fenólicos vegetais responsáveis pela coloração de inúmeras verduras, frutas e flores, variando do amarelo, laranja, vermelho ao violeta. Dentre os flavonoides, encontramos as flavanonas, flavonas, flavonols, antocianinas, catequinas e as isoflavonas são isômeros heterocíclicos que apresentam estrutura – C6 – C3 – C6 –, que se diferenciam das demais estruturas dos flavonóides por apresentarem o anel benzênico unido ao carbono 3 do heterociclo em vez do carbono (Moraes et al., 2009, p. 31). No entanto, segundo Moraes et al. (2009, p. 31), “existem atualmente mais de 5.000 isoflavonas identificadas”. A soja possui três tipos de isoflavonas, cada uma em quatro formas químicas diferentes, totalizando 12 isômeros. As formas agliconas são chamadas de daidzeína [...], genisteína [...] e gliciteína [...]. Quando glicosiladas, ou seja, na forma de glucosídeos, são chamadas de daidzina, genistina e glicitina. Existem também as isoflavonas, β-glicosídicas conjugadas que podem ser classificadas em acetil glicosídeo e malonil glicosídeo. Mas, “as isoflavonas são compostos fenólicos bioativos da classe dos flavonoides. São predominantemente encontrados em leguminosas, em especial a soja”, como relata Pacheco (2013), que brevemente, também apresenta, caracteriza e ilustra as estruturas químicas destes principais fitoesteróides, igualmente denominados de isoflavonas. No entanto, “o conteúdo de isoflavonóides varia nos diversos derivados da soja. É mais elevado naqueles que contêm todo o grão, em especial no tofu; estão ausentes nos isolados”, afirmam Morais e Silva (1996, p. 132). E, prosseguem, salientando a importância dessas substâncias: “[...] Esses compostos estimulam o crescimento e o desenvolvimento 52 NT A revista da produção Animal | novembro 2014 de órgãos reprodutores femininos, como também outras características sexuais secundárias em mamíferos” (Morais e Silva, 1996, p. 197). No entanto, ao avaliar os efeitos do armazenamento nos teores de isoflavonas e na qualidade fisiológica de sementes de soja convencional e transgênica, pelo período de 180 dias antes e após a armazenagem do produto, Ávila et al., (2011, p. 149-161) consideraram que “pelos resultados obtidos foi possível concluir que os teores de isoflavonas diferenciam-se entre as cultivares e possuem comportamento distinto ao longo do armazenamento”. Entretanto, para Ribani (2008) a concentração de isoflavonas em grão de soja é bastante variável, entre 0,1 – 0,4 %, e a quantidade e composição das diferentes isoflavonas depende da época do ano em que a soja foi plantada, do genótipo, da localização, do cultivo e das condições climáticas. Além disso, o autor salienta que “a maior parte das isoflavonas está concentrada no hipocótilo e o seu conteúdo na casca é bem baixo. A extração do óleo de soja não remove as isoflavonas, devido à insolubilidade destes compostos em hexano” (Ribani, 2008, p. 3). Contudo, para Moraes et al. (2009, p. 35-36), “o óleo de soja, produto largamente consumido no Brasil não contém isoflavonas. Estas últimas permanecem retidas nos flocos de soja desengordurada durante a extração do óleo”. Todavia, a descrição das isoflavonas sugere que “suas estruturas são similares ao hormônio estrogênio, ligando-se aos receptores de estrogênio. Algumas isoflavonas (genistina, daidzina e glicitina) são encontradas na soja, sendo consideradas antioxidantes naturais”, informa (Ribani, 2008, p. 1). O consumo de soja e de produtos à base de soja estão associados aos benefícios à saúde, fato que criou considerável expectativa na comunidade dietética e nutricional. Contudo, “grande parte da pesquisa sobre este tema permanece em andamento como uma questão polêmica na literatura sobre sua eficácia terapêutica”, complementa mais uma vez (Ribani, 2008, p. 20). Porém, Steverson (2012) apud Ramos (2012), em seu artigo técnico sobre 10 verdades associadas a cistos ovarianos em bovinos, pondera que “cistos ovarianos podem ser causados por ingredientes na dieta que contém compostos semelhantes a estrogênio, regularmente conhecidos como isoflavonas ou fitoestrogenios”. Não obstante, Steverson (2012) apud Ramos (2012) considera ainda que “alguns destes compostos são encontrados em legumes (trevos), grão de soja inteiro e alimentos contaminados com fungo”. Wattiaux (2013) considera que “o efeito da proteína da dieta na reprodução é bastante complexa, principalmente de farelo de soja. Em geral, quantidades inadequadas de proteína na dieta diminuem a produção de leite e a performance reprodutiva”. Portanto, é importante a suplementação com proteína e ureia em vacas no início de lactação para que tenham dietas com 16% de proteína e vacas em fim de lactação para ter dietas com 12% de proteína. Com isso, deve-se otimizar a reprodução. Mas, deve ser levando em conta que “a administração de rações que contenham altas proporções de proteínas, além de acarretar sobrecarga ao fígado e rins, que necessitam eliminar o nitrogênio em excesso, não trazem aumentos na produção que justifiquem a sua economicidade (Andriguetto et al., 1988, p. 118)”. No entanto, Russet (2000) e Swick (2009) adaptado por Butolo (2010), apresentando as especificações de qualidade em produtos de soja, “considera o percentual (%) de fitoestrogênio, em média, a seguir: soja grão 0,2; farelo de soja 0,25 e concentrado proteico <0,02”. Também existem fatores antinutricionais que podem afetar a qualidade nutricional de produtos à base de proteína de soja. Para Moraes et al., (2009, p.15), “alguns destes fatores são parcialmente ou totalmente inativados pelo calor durante o processamento, tais como os fatores antivitamínicos, as hemaglutininas e inibidores de tripsina”. Porém, estes autores consideram ainda que “outros não são destruídos pelo calor como as saponinas, fitatos e fatores de flatulência, que também podem comprometer a qualidade nutricional da proteína de soja”. Entretanto, para Pourcel et al. (2007) apud Oliveira et al. (2010, p. 734), “a oxidação dos flavonóides contribui para as alterações de propriedades químicas e biológicas de tecidos vegetais levando à formação de pigmentos marrons de matérias-primas bem como alimentos derivados destas”. Contudo, existem vários fatores que comprometem a qualidade, umidade, temperatura, pré-armazenamento e em toda a cadeia de suprimentos da soja (produção, recepção, armazenagem/processamento e expedição/distribuição). Apesar disso, estes autores afirmam ainda que “a oxidação dos flavonóides é principalmente catalisada por polifenoloxidases (catecol oxidases e lacases) e peroxidases. Os principais compostos fenólicos dos grãos de soja são as isoflavonas e taninos condensados”. E quanto aos aspectos sensoriais, tem-se “em relação ao uso da soja como alimento sabe-se que não há consumo generalizado devido ao sabor característico dos produtos à base de soja que não são de muita aceitabilidade”, afirmam Moraes et al., (2009, p. 16). Não obstante, identificar e quantificar a presença das substâncias isoflavonóides: a genistina, a daidzina e a glicitina em alimentos à base de soja e derivados, como as rações e concentrados para bovinos leiteiros, se faz necessário, no sentido de elucidar sua aplicação em dietas de animais, pois já são reconhecidos e comprovados seus benefícios na saúde humana e de outros animais monogástricos em de interesse e escala comercial. Entretanto, note ainda que Jonker et al., (1998) apud Almeida (2012, p. 35-37), em seu trabalho sobre “Nitrogênio ureico no leite como ferramenta para ajuste de dietas” já tem demonstrado que o monitoramento mensal de NUL-Nitrogênio Ureico no Leite pode ser uma importante ferramenta no manejo de rebanhos leiteiros, porque (1) o excesso no consumo de proteína (N) pode comprometer a eficiência reprodutiva; (2) suplementos proteicos são ingredientes caros; e (3) excessos na excreção de N têm impacto ambiental negativo. No entanto, “os valores normais de NUL devem estar entre 10 a 14 mg/dL (Jonker et al., 2008; Johnson & Young, 2003; Rajala-Schultz & Saville, 2003)”. Com isso, vacas alimentadas de acordo com o estádio de lactação, conforme recomendado pela NRC-National Academy of Sciences (2001), elevam a produção de leite, porém também aumentam os níveis de ingestão de proteína bruta. Porém, outros autores, afirmam que “a proteína suplementar pode aumentar a produção de leite por fornecer mais aminoácidos para a síntese do leite, aumentar a energia disponível a partir da deaminação dos aminoácidos ou alterar a eficiência de utilização dos nutrientes absorvidos” (Chalupa, 1984) apud (Almeida, 2012, p. 36-37). E, consequentemente, “níveis elevados de proteína na dieta determinarão maior liberação de amônia no rúmen, o que pode elevar as concentrações de nitrogênio ureico no leite”. Jonker et al., (1998) apud Almeida (2012, p. 37) . Além disso, Godden et al. (2001a) apud Almeida (2012, p. 37) “observaram elevada correlação positiva, mas não-linear, entre NUL e produção de leite e consideraram que uma possível explicação para este fato seria a utilização de rações com alto teor proteico para vacas de alta produção”. Além disso, no centro-sul do país o suplemento proteico mais usado em dietas de vacas leiteiras é o farelo de soja, ingrediente que sofreu aumento expressivo de preço na última década e, particularmente, em 2012, quando a saca de soja atingiu cotações recordes. Portanto, dependendo dos níveis de proteína bruta da dieta haverá maior ou menor eficiência de utilização do nitrogênio, sendo que, de modo geral, quanto maiores os níveis de proteína bruta na dieta menos a eficiência de utilização do nitrogênio (Jonker et al., 2002; Groff & Wu, 2005) apud (Almeida, 2012, p. 49). Mas, para Kozloski (2011, p. 33), “as proteínas são os principais compostos nitrogenados presentes nos alimentos dos ruminantes. No entanto, sua concentração e degradação ruminal variam amplamente entre os diferentes tipos de alimentos”. Porém, este autor afirma que “o teor proteico é bem mais alto nas plantas leguminosas que nas gramíneas”. Da mesma forma, “as proteínas solúveis do interior das células vegetais NT A revista da produção Animal | novembro 2014 53 são degradadas mais ampla e rapidamente que aquelas presentes na parede das células vegetais”. E reforça que “como os polissacarídeos, a degradação das proteínas no rúmen é efetuada por sistemas multienzimáticos associados à membrana celular bacteriana” (Kozloski, 2011, p. 34). Sendo muito complexo o seu sistema digestivo, mais ainda que o dos monogástricos. Entretanto, elucidar a relação ou correlação entre o Nitrogênio Ureico no Leite (NUL), proteína das dietas e os fitoestrogênios ssoflavonas de soja, é um desafio surpreendente: primeiro porque o Brasil é fonte abundante da soja e derivados (farelos em seus mais diversos processos de extração) nas dietas nutricionais de bovinos leiteiros; segundo, o custo das análises laboratoriais como o CLAE/HPLC em quantidade mínima de análises para se ter dados mais conclusivos ainda é um grande desafio. Mas, será que existem outras metodologias, confiáveis e adequadas a se aplicar? Contudo, a associação entre CLAE (no mímino 10 análises) e as curvas de Near Infrared especificas para detectar a presença das isoflavonas nos produtos amostrados, tanto a soja e derivados (farelos) como as mais diversas fórmulas de rações e concentrados balanceados, nos dará uma sensível redução de custos e precisão nas respostas. E, com isso, pretende-se quantificar de isoflavonas oriundas de fontes de soja Glycine Max, e sua ínfima fragmentação volumétrica (g/kg) em diferentes concentrados e rações para animais (Fontana, 2011, p. 203): Apesar disso, em média geral, ”a soja contém altos teores 54 NT A revista da produção Animal | novembro 2014 de isoflavonas, podendo apresentar concentrações de até 4 mg/g. As isoflavonas estão envolvidas em funções fisiológicas importantes para o crescimento desenvolvimento dos grãos de soja”, afirmam Moraes et al. (2009, p. 35). Porém, note que para quantificar o trabalho proposto sugere-se um método analítico aceito e reconhecido pela comunidade científica, neste caso o CLAE-Cromatografia Líquida de Alta Eficiência ou HPLC, método este largamente utilizado na indústria de biocombustíveis e concernente com o Near Infrared, com “curvas apropriadas e resultados analíticos, rápidos e confiáveis, desde que em ambos equipamentos sejam seguidas adequadamente as calibrações sugeridas pelos fabricantes e com técnicos laboratoristas, qualificados e ambiente propício (Fontana, 2011, p. 231). No entanto, para Moraes et al. (2009, p. 40), “o método mais comum de análise e quantificação de isoflavonas é a Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE/HPLC), utilizando-se colunas de fase reversa e detectores de ultravioleta, seguidos ou não de espectrômetro de massa”. No caso das isoflavonas, as atividades biológicas ainda estão sendo confirmadas e estudadas, não foram estabelecidos os chamados sítios de ação ou mesmo ingredientes ativos, uma vez que cada aglicona pode produzir diversos metabólitos, reconhece (Moraes et al., 2009, p. 64). Todavia, os autores ponderam ainda que, “dessa forma, a biodisponibilidade das isoflavonas, como a maioria dos ingredientes nutracêuticos, tem sido avaliada pelas concentrações desses compostos e seus metabólitos no plasma e excreção via urina”. Níveis ideais de isoflavonas nas dietas das vacas leiteiras contribuem para melhoria da produção Foto: Divulgação Segundo Butolo (2010), a tecnologia NIR (Near Infrared) possui métodos de avaliação da qualidade como “análises proximais; aminoácidos e disgestibilidade (IDEA-Immobilized Digestive Enzyme Assay); energia; fatores antinutricionais; urease; solubilidade de proteína em KOH; índice de digestibilidade proteica-PDI; micotoxinas”. Contudo, “os equipamentos de infravermelho próximo devem ser calibrados, ou seja, é necessário se criar uma curva para cada constituinte do produto a ser analisado, passando por três etapas distintas e sequenciais, afirmam (Issa e Petersen, 1996, p. 5-6)”. Pois, há um novo processo automatizado da tecnologia NIR, que visa corrigir os “desvios padrão” das matérias-primas ou principais macroingredientes, como o farelo de soja e o milho, rações e concentrados (Vasconcelos, 2012). Certamente, o equipamento NIR em breve terá calibrações de suas curvas específicas para detectar, quantificar e qualificar as principais isoflavonas, das dietas de ruminantes e até mesmo monogástricos, em tempo quase real, aprimorando os processos de controle e rastreabilidade de matérias-primas, Recall (logística reversa), se houver. Segundo Fspanero (2012), “para que a espectroscopia na região do infravermelho próximo possa ser utilizada em análises qualitativas e quantitativas é importante à interpretação e o conhecimento sobre as bandas espectrais nessa região do espectro”. Apesar disso, a informação contida no espectro NIR pode ser empregada para ter uma estimativa da concentração de uma dada substância na amostra, ou ainda, “a estimativa de uma propriedade física quando esta pode ser de alguma forma correlacionada com alterações significantes na intensidade e/ou comprimento de onda das características espectrais produzidas pela amostra”. Entretanto, entre as vantagens apresentadas por esta técnica podem-se destacar: “simplicidade no preparo das amostras, natureza não-destrutiva com alta penetração da radiação na amostra, além dos instrumentos ser mais simples e robustos” (quando comparados àqueles da região do Infravermelho Médio), permitindo o monitoramento em linha de processos de produção, Pereira (2006) apud Fspanero (2012). E, com isso, tem-se mais precisão e rapidez nos resultados amostrados. Por outro lado, Berzosa (2013) recomenda o HPLC por ter seu campo de aplicação numeroso, devido às seguintes razões. “Sua sensibilidade, sua fácil adaptação às determinações quantitativas exatas, sua idoneidade para a separação de espécies não voláteis e termovoláteis; sua grande aplicabilidade a substâncias de grande interesse para a indústria e seus distintos campos da ciência”. Como “exemplo de aplicação temos: ácidos nucleicos, aminoácidos, hidrocarbonos, carboidratos, drogas, praguicidas, antibióticos, esteroides (Berzona, 2013)”. NT A revista da produção Animal | novembro 2014 55 Porém (Krajcová et al., 2010, p. 264-274), em seu trabalho sobre fitoestrogênios em plasma bovino consideraram como “um método simples e rápido foi o HPLC-MS/MS desenvolvido e validado para a determinação de isoflavonas agliconas, daidzeína, genisteína, e equol metabolito no plasma bovino e de leite”. Reforçam dizendo que “após a administração de alimento rico em daidzeína um aumento rápido de equol, tanto em plasma e leite, ocorreu. Não há acúmulo deste composto em vacas leiteiras”. Contudo (Krajcová et al., 2010) contribuem dizendo que “um aumento da ingestão de daidzeína e genisteína pelas vacas resultou em níveis elevados no plasma. No entanto, no leite apenas uma fraca dependência da dieta experimental (à base de soja VS controle) foi observada para daidzeína”. Entretanto, para “a genisteína nenhum aumento foi encontrada na segunda parte da alimentação do experimento em resposta a esse consumo de isoflavonas”, Krajcová et al., (2010). No entanto, é importante observar as reais condições de cada plantel a campo. Existe uma série de variáveis e fatores que pode afetar os resultados de desempenho da atividade leiteira, bem antes da investigação e medição da presença de isoflavonóides. Como lembram Chase e Overton (2010, p. 40-43): “vacas leiteiras com perda excessiva de peso e condição corporal tendem a ter menor teor de proteína do leite. Isso é especialmente evidente em vacas no início de lactação”. Mas, e no período de pré-parto e pós-parto das vacas leiteiras, que influência tem as concentrações de isoflavonas em dietas desses animais? Segundo Melo (2010, p. 28-34), “vários aspectos da função imunológica no periparto são suprimidos de uma a duas semanas antes do parto até duas a três semanas pós-parto”. Porém, prossegue, dizendo que “as causas dessa diminuição na função imunológica não são bem esclarecidas, mas queda de consumo de alimentos, mobilização de reservas corporais, alterações nos níveis de progesterona e estrógeno e aumento dos níveis de cortisol durante o parto estão envolvidos”. Apesar disso, em outro trabalho em suínos, Wang et al. (2011, p. 1-9) destacam a relação entre os isoflavonóides e outros fungos que produzem toxinas prejudiciais à atividade comercial, suinícola. Todavia, “a pesquisa atual indica que a ISO a 600 mg/kg poderia reduzir os aumentos no peso relativo de órgãos reprodutivos em leitoas pré-púberes induzidas de 2 mg/ kg ZEA”, destaca. Para Wang et al. (2011, p. 1-9), “os resultados também sugerem que um dieta, incluindo a ISO 300-600 mg/kg, exibem atividades antioxidantes, que podem atuar para aliviar o estresse oxidativo induzido por ZEA durante o crescimento em leitoas pré-púberes”. Por outro lado, “as dietas incluindo ZEA podem intensifi56 NT A revista da produção Animal | novembro 2014 car os danos do fígado nas leitoas pré-púberes”, finalizam (Wang et al., 2011, p. 1-9). Além disso, outra forma de monitorar e estabelecer limites seguros quanto à presença de micotoxinas é por meio de laudos específicos, em laboratórios conceituados, pois pode haver associação nos efeitos entre dietas com excesso de proteínas – isoflavonóides e fungos do gênero Fusarium e outras micotoxinas que impactam negativamente a produtividade dos ruminantes, ainda não bem esclarecidos. E, com isso, mais investigações nesse campo são necessários para descrever os fitoestrogênios/isoflavonas no metabolismo de ruminantes e potenciais efeitos benéficos ou nocivos destes compostos. Considerações Finais Sabemos que é imprescindível a instrumentalização das unidades de fabricação de alimentos com equipamentos NIR/Near-Infrared com seus parâmetros analíticos (“curvas”) para isoflavonas e, ao menos, buscar parcerias e convênios com fabricantes de equipamentos, universidades e laboraC tórios públicos ou aprovados para frequente verificação via CLAE/HPLC da presença destas substâncias fitoestrogênicas M e isoflavonóides, visando a geração de banco de dados hisY tórico e indicadores de desempenho de dietas de bovinos leiteiros, com altos desafios proteicos-energéticos e a reduCM ção de custos por análises e quantificação destas substânMY cias e suas causas e efeitos, na variação ou correlação nas dietas nutricionais de bovinos leiteiros. CY Para finalizar, sugere-se adotar o termo “Contém Isoflavonóides” ou “Contém Isoflavonas” (e seus teores MínimoCMY e Máximo, volumétricos medidos) na rotulagem – nos rótuK los de rações como estratégia de diferencial competitivo e agregação de valor nas indústrias de rações para animais ruminantes. Para os bovinos leiteiros, tendo alimentos muito mais seguros e com rastreabilidade mais visíveis, é uma grande oportunidade de posicionamento e estratégia de diferenciação de produtos como ingredientes, concentrados e rações, tendo-se em vista a grande expansão da atividade leiteira com agregação de valor ao produtor e as indústrias de processamento e transformação de lácteos e, ainda, o aumento do índice de confiabilidade por negociação com fabricantes de farelo de soja destinados à produção animal. No entanto, considera-se imprescindível que os gestores e responsáveis técnicos de indústrias de alimentos analisem, controlem e inspecionem o processamento de soja em grão e seus derivados, pois a presença das substâncias isoflavonóides, bem como seu processamento industrial e quantidade fornecida de proteína de soja e derivados (kg/animal/ dia) e a frequência de seu fornecimento, pode gerar situações indesejáveis na produtividade leiteira e desempenho reprodutivo e imunológico dos animais. Nutron® Prime e LactalTM Substitutos do leite para bezerras em aleitamento. Otimize a produção com Nurture® LactalTM e Prime, garantindo desenvolvimento para as bezerras e lucro para o produtor. 0800 979 9994 | www.nutron.com.br NT A revista da produção Animal | novembro 2014 57 Foto: NFT Alliance Avicultura Observações de campo revelam falhas na proteção das Enramicinas genéricas Por Luis Etcharren (Diretor Regional de Marketing para a América Latina, Unidade de Negócios Avicultura), da MSD Saúde Animal Luis Etcharren Muitas vezes é perguntado como diferenciar Enradin F80®, o produto de referência, em relação às enramicinas similares? Informações técnicas publicadas recentemente revelam diferenças importantes entre Enradin F80® e outras enramicinas: • • • O monitoramento rotineiro da saúde dos lotes de aves comprova otimização da digestão e absorção de alimentos 58 NT A revista da produção Animal | novembro 2014 Somente Enradin F80® é produzido com o isolado original da B5477 do Streptomyces fungicidicus. Esta molécula única foi desenvolvida pelo laboratório japonês Takeda, em 1966. Somente dois laboratórios no mundo estão autorizados a produzir Enradin com a master seed isolada originalmente. Análises realizadas no laboratório de controle de qualidade da HISUN revelaram que a potência de alguns produtos genéricos é inferior aos níveis indicados em seus rótulos. Enradin F80® proporciona uma atividade microbiológica estável e constante contra Clostridium perfringens, que pode ser demonstrada por meio das avaliações das Concentrações Inibitórias Mínimas (MIC), realizadas nos últimos 26 anos pela MSD Saúde Animal no Japão. Escute suas aves. Elas vão contar a história... A melhor evidência da eficácia de Enradin®F80 é observada no desempenho das aves. O monitoramento rotineiro da saúde dos lotes de aves irá comprovar a otimização da digestão e absorção de alimentos, traduzidas na prática por melhores índices de conversão allimentar. Aproximadamente 70% do custo total da produção estão relacionadoS com o custo da ração. Um intestino saudável é o principal fator para maximizar os processos de digestão e absorção. Neste relato estão descritas as observações de uma recente visita ao campo, no qual aves que consumiam enramicina similar foram avaliadas. Embora o produtor tenha indicado que o medicamento foi usado como indicado no respectivo rótulo, o lote de aves mostrou deficiências quanto à sua saúde e desempenho. Um exame detalhado nas aves revelou três importantes descobertas: 1. Avaliando as fezes na cama dos galpões ficou evidente a presença excessiva de muco e umidade, além de uma quantidade significativa de grãos não digeridos. Em algumas delas também se observou a presença de sangue. Avaliação e diagnóstico clínico O diagnóstico destas observações foi: enterite causada por um desequilíbrio da microflora intestinal associada a surto de E. tenella. O quadro clínico foi desencadeado por um desafio de E. tenella. Este desafio estimulou uma resposta inflamatória com aumento da produção de muco e descamação celular. O muco excessivo e os debris celulares favorecem a multiplicação das populações de Clostridium spp. no ceco, aumentando exponencialmente o seu número. Pelo mecanismo de retroperistaltismo intestinal, as bactérias patogênicas são carreadas para as porções mais proximais do intestino, onde irão produzir as toxinas responsáveis pelo desequilíbrio entre as populações bacterianas normalmente aí presentes e pelas lesões necróticas características, em variados graus. Como resultado, os processos de digestão e absorção foram afetados, causando significativas perdas econômicas. Esse exemplo demonstra como o retorno econômico do uso de Enradin®F80, comparado ao das enramicinas similares pode ser superior, já que as perdas econômicas causadas por enterites, resultantes de infecções por Clostridium spp., superam a economia inicialmente gerada. 2. Na necropsia, observou-se enterite moderada a grave, desde o duodeno, por todo o intestino até o ceco, com conteúdo intestinal aquoso e apresentando quantidades excessivas de muco. Figura 5: Enterite e quantidade excessiva de muco no intestino Figura 1: Fezes apresentando umidade Figura 2: Fezes que mostram baixa diexcessiva, muco e alimento mal digeri- gestão do alimento e umidade excessiva do. Uma causa comum de alta conversão e muco alimentar e baixo ganho de peso 3. No ceco encontramos bolhas de gás e sangue. Figura 6: Sangue no ceco, lesão normal- Figura 7: Hemorragia nas tonsilas cecais, mente associada a surto de E. tenella sinal de resposta ao processo inflamatório no intestino das aves Figura 3: Fezes mostrando má digestão do alimento, umidade excessiva e muco Figura 4: Sangue nas fezes. Provavelmente resultado de surto de E. tenella Figura 8: Conteúdo do ceco mostrando a produção de gás (bolhas). A produção de gás está associada ao crescimento de Clostridium spp Os sinais e lesões observados durante a visita sugerem que o aditivo melhorador de desempenho utilizado (enramicina similar) pode não proteger de forma adequada a integridade intestinal, compromemtendo assim o desempenho produtivo dos animais. NT A revista da produção Animal | novembro 2014 59 Avicultura Quanto o milho é consistente como ingrediente alimentar? Foto: Divulgação Por Ceinwen Evans (Gerente Sênior de Serviços Técnicos Globais), da Danisco Animal Nutrition, da Du Pont, e Julian Cooksley Ceinwen Evans Durante os últimos dez anos, a Danisco Animal Nutrition analisou mais de 3.000 amostras de milho provenientes de mais de 30 países, cujos resultados destacam variações de até 17% no teor de nutrientes e na digestibilidade do amido. Estes resultados quebram o mito de longa data no qual o milho tem valor nutricional consistente e implicações econômicas substanciais para os produtores de aves. Avicultores, nutricionistas e fabricantes de ração tendem a considerar o milho como ingrediente consistente em termos de valor nutricional, independentemente do local no mundo onde é cultivado e sob que condições. Isso é um mito, diz Ceinwen Evans, Gerente Técnico de Danisco Animal Nutrition, da DuPont. Ao longo dos últimos dez anos, a Danisco Animal Nutrition tem realizado estudos exaustivos que provaram de forma conclusiva que o milho apresenta variações notáveis, que têm grandes implicações para todos os setores da indústria avícola mundial. Tabela 1: Valores analíticos de milho global - 2013 Matéria Seca Amido Proteína Óleo Digestibilidade de Amido (in vitro) Média 87.6 71.7 7.2 4.4 34.7 Mínimo 82.7 40.7 5.0 0.5 14.7 Máximo 91.1 75.9 10.3 5.6 46.9 CV% 1.7 4.9 12.6 13.2 17.2 (%) Fonte: Banco de Dados de Colheita - Danisco Animal Nutrition Tabela 1: Valores analíticos de milho do Brasil - 2013 Matéria Seca Amido Proteína Óleo Digestibilidade de Amido (in vitro) Média 87.3 70.8 7.4 4.6 39.4 Mínimo 85.4 40.7 5.9 0.6 25.3 Máximo 90.4 73.6 9.3 5.6 45.6 CV% 1.2 5.3 10.1 8.7 11.0 (%) Fonte: Banco de Dados de Colheita - Danisco Animal Nutrition Figura 1: Teor de amido e digestibilidade in vitro podem ser altamente variáveis entre os lotes de milho (amostras de milho do Brasil 2013) Teor de amido 74% 41% Pesquisa comprova variação dos teores nutricionais do milho como alimento para as aves 138 amostras de milho Amido 60 NT A revista da produção Animal | novembro 2014 Digestibilidade do Amido (%) Digestibilidade do amido 46% 25% Avaliando a variabilidade Evidências científicas têm demonstrado que o milho pode ser um grão inconsistente e que sua Energia Metabolizável Aparente (EMA) pode variar drasticamente. Uma série de fatores contribui para essa variabilidade, incluindo o genótipo do milho, o local onde é cultivado, variações sazonais em condições de cultivo e colheita, bem como as condições de secagem e o armazenamento. Fabricantes de alimentos para animais e produtores de aves comerciais que necessitam de alimentos uniformes a partir de diferentes lotes de milho, produzidos em diferentes anos de colheita, locais ou condições de crescimento, enfrentam sérios desafios. Para ajudar nutricionistas, fabricantes de ração e avicultores a administrarem a questão da variabilidade de milho de forma mais eficaz, a pesquisa da Du Pont se concentra em duas áreas. Em primeiro lugar, quais são os principais fatores que afetam a qualidade do milho e, em segundo, como enzimas especificas podem reduzir a variabilidade e melhorar o valor nutricional dos alimentos derivados de diferentes lotes de milho. Uma análise da Du Pont de 363 amostras de milho colhidos em 2013, cultivados em 11 países e coletados de fábricas de rações e integradores de aves comerciais, provou conclusivamente que matéria seca, amido, proteína bruta, teor de óleo e digestibilidade de amido podem variar muito entre amostras de milho (Tabela 1). A mesma tendência pode ser vista em 138 amostras de milho do Brasil colhidas em 2013. (Tabela 1A) Globalmente, a matéria seca variou entre 83-91%, os níveis de amido entre 41-76%, a proteína bruta entre 5-10%, óleo entre 0,5-6% e digestibilidade in vitro a partir de 1547%. Curiosamente, variações semelhantes em conteúdo nutricional também foram evidentes entre as amostras de dentro do mesmo país. Para o Brasil, a matéria seca variou de 85-90%, os níveis de amido de 41-74%, de proteína bruta 6-9%, óleo de 0,66% e digestibilidade in vitro a partir de 25-46%. Uma vez que o amido contribui com cerca de 65-70% do valor de energia do milho, é interessante notar que uma análise das 138 amostras de milho do Brasil realça o fato de que tanto o teor de amido quanto o de digestibilidade pode ser altamente variável entre os lotes de milho (Figura 1) Desempenho variável de ave O desempenho consistente da ave é o objetivo do avicultor. Já que uma dieta típica de milho-soja contém 6570% de milho, uma variação significativa no valor nutritivo do milho levará, sem dúvida, diretamente a uma variação no crescimento das aves e na conversão alimentar. A Danisco Animal Nutrition estabeleceu um programa NT A revista da produção Animal | novembro 2014 61 de pesquisas para estabelecer o efeito da variabilidade do milho sobre o desempenho das aves. A pesquisa envolveu a obtenção de 59 amostras de milho de 13 países, representando os Estados Unidos, América do Sul, Europa e Ásia. Estas amostras foram incluídas em diferentes lotes de ração, formuladas para conter 55% de cada amostra de milho em uma dieta constante. As dietas foram fornecidas a frangos de corte e a energia digestível ileal de cada dieta, bem como o ganho de peso das aves, foi medida em 28 dias. A energia digestível ileal variou substancialmente entre as amostras de 2.361 kcals/kg de ração (9,9 MJ/kg de ração) para 3.930 kcal/kg de ração (16,4 MJ/kg de ração) (Figura 2) e ganho de peso corporal aos 28 dias variou de 747 g a 1301 g (média 962 g) (Figura 3). Uma vez que todas as dietas eram idênticas em composição, incluindo a origem dos ingredientes (exceto o milho), qualquer variação na energia digestível ileal e ganho de peso entre as aves pode ser diretamente atribuída às variações no valor de alimentação de milho. Figura 2 - Energia digestível ileal em frangos de corte alimentados com rações contendo amostras de milho diferentes Energia digestível ileal da ração kcals/kg 59 exemplos de milho Média 2.963 kcal/kg (12.4 MJ/kg) CV = 10% Fonte: Danisco Animal Nutrition Figura 3 - Ganho de peso de frangos de corte alimentados com rações contendo amostras de milho diferentes Ganho de peso do frango de corte (g) 0-28 dias 59 exemplos de milho Média 962 g CV = 18% Fonte: Danisco Animal Nutrition 62 NT A revista da produção Animal | novembro 2014 Melhorando a qualidade do milho Provado ser eficaz em mais de 70 experiências comerciais e de investigação, a combinação de enzimas Avizyme® 1500, da Du Pont, mistura única de xilanase, amilase e protease, melhora a taxa de digestão de amido dentro do intestino delgado. A amilase, uma enzima de digestão de amido, ajuda a ave a digerir mais do amido no milho. Uma vez que a principal fonte de energia em dietas à base de milho é o amido, aumentar a digestibilidade do amido significa melhora na digestibilidade da energia. A protease, uma enzima de digestão de proteínas, quebra proteínas de armazenamento que ligam amido. O amido ligado e então liberado tornando mais disponível para digestão das aves através da amilase endógena das aves e da amilase exógena de Avizyme 1500. A xilanase quebra as paredes celulares ricas em fibras, liberando amido fechado, novamente aumentando sua disponibilidade para a digestão. O resultado líquido é que a amilase, a protease e a xilanase em Avizyme® 1500 trabalham em conjunto para melhorar a digestibilidade do amido e, consequentemente, aumentar a digestibilidade da energia do milho. O grau em que a mistura de enzimas pode melhorar a digestibilidade da energia de milho é expressa como Valor de Melhoria de Energia (EIV). A Du Pont identificou vários fatores que influenciam o grau em que a mistura de enzimas pode melhorar a digestibilidade da energia do milho. Estes incluem amido, proteínas e teor de óleo, digestibilidade do amido e índice de solubilidade da proteína (que fornece indicação do grau de proteína de ligação com outros nutrientes no milho). Estes fatores são rotineiramente medidos no laboratório da Du Pont para avaliar o EIV de diferentes milhos. O EIV também nos dá uma ideia da qualidade do grão. A Tabela 2 resume o EIV médio de 792 amostras de milho colhidas em 2012 e 2013, bem como os países-chave para a região da América Latina, Estados Unidos, Brasil e Argentina. O EIV médio para todas as amostras ao longo dos anos de colheita de 2012 e 2013 era de aproximadamente 158 kcal/ kg, num intervalo de 119 kcal/kg a 206 kcal/kg. Para os mercados-chave, o intervalo foi de 119 kcal/kg a 186 kcal/kg. Estados Unidos, China, Brasil, México, França e Argentina produzem cerca de 75% da oferta de milho do mundo. Os EUA sozinhos são responsáveis por aproximadamente 40% dessa oferta, o que o torna o maior exportador mundial de milho. Consequentemente, informação sobre a variabilidade de milho dos EUA também é muito relevante para fabricantes em muitos outros países que importam o milho norte americano. Nos EUA, por exemplo, o EIV médio de 42 amostras da colheita de 2013 foi de 160 kcal/kg - média de 137 kcal/kg a 186 kcal/kg. Tabela 2 – Adição de enzima melhora a digestibilidade da energia do milho Colheita 2012 (EIV (kcal/kg as fed)) País Média EIV Mínimo EIV Máximo EIV CV% Argentina 163.1 133.4 185.8 8.0 Brasil 159.2 142.4 171.8 3.9 EUA 143.1 121.2 176.2 6.8 Global 153.1 121.2 215.9 8.7 Colheita 2013 (EIV (kcal/kg as fed)) País Média EIV Mínimo EIV Máximo EIV CV% Argentina 158.6 137.6 183.7 6.5 Brasil 156.7 118.6 181.0 5.4 EUA 159.8 136.9 185.8 7.3 Global 157.8 118.6 206.3 7.2 *EIV – “Valor de Melhoria de Energia” devido à adição de Avizyme® 1500 Mais lucro Em sistemas de produção de frangos de corte, a alimentação é o maior custo individual. Portanto, a rentabilidade depende do custo relativo e do valor nutritivo dos ingredientes principais. Como indicado, o milho é inerentemente variável e, portanto, maximizando o seu valor nutritivo e minimizando sua variabilidade melhoramos significativamente a economia da produção de frangos de corte. O conhecimento obtido com a pesquisa da Du Pont sobre a variabilidade milho nos levou diretamente ao desenvolvi- mento de um único serviço - Avicheck™. O serviço permite que os fabricantes de rações para frangos de corte otimizem o uso de Avizyme® 1500 de acordo com a qualidade do milho utilizado na formulação de rações. O serviço inclui um ensaio de laboratório único que estima o quanto de Avizyme® 1500 pode melhorar o ME de milho, apresentado como Valor de Melhoria de Energia (EIV). Incluir Avizyme® 1500 e o novo milho de maior energia na formulação de rações oferece oportunidades para reduzir os custos de alimentação. Normalmente, o milho de maior energia substitui alguns ingredientes de alta energia mais caros, como gordura ou óleo. O serviço inclui também um modelo econômico que calcula para o produtor o valor da mistura proveniente dos custos de alimentação reduzidos e da maior uniformidade de peso corporal. Os benefícios financeiros são muito atraentes. Por exemplo, o benefício financeiro líquido atual para um produtor norte-americano proveniente do uso da mistura de enzimas, como previsto pela Avicheck ™ Milho, é de aproximadamente US$ 11,46/tonelada de ração. Isso atualmente equivale a um adicional de US$ 2,7 milhões de dólares de renda anual para o processamento de 1.000.000 aves por semana. O atual benefício financeiro líquido de um produtor brasileiro, como previsto pela Avicheck ™ Milho, é de aproximadamente US$ 13,03/tonelada de ração. Parece que altos preços de milho e gordura/óleo vieram para ficar e projetar um futuro previsível. Para os produtores de frangos de corte que procuram maximizar a eficiência da atividade e melhorar a uniformidade de aves, estes avanços mais recentes em tecnologia de enzimas representam um emocionante e significativo passo à frente. Foto: Divulgação Preço do milho pesa consideravelmente nos custos de produção dos frangos de corte NT A revista da produção Animal | novembro 2014 63 aves Avicultura Nutrição e imunidade em Vladimir Fay Mortalidades elevadas não se admitem mais e o foco está voltado à melhoria e manutenção de altas performances das aves, menor custo possível e maior competitividade comercial 64 NT A revista da produção Animal | novembro 2014 Foto: Divulgação Por Vladimir Fay, (Consultor Técnico), da Cargill Alimentos - Nutron Animais ditos superiores como os humanos quando submetidos a períodos de jejum constante ou intermitente desencadeiam uma forma leve de estresse, acelerando continuamente as defesas celulares contra danos moleculares, favorecendo o sistema imune. (Mattson, 2003) Animais de laboratório, como camundongos e alguns vermes nematódeos, acumulam mais danos oxidativos prematuros que outros roedores. Mas, paradoxalmente, vivem praticamente livres de doenças até morrer em idade muito avançada. (Gems, 2006) Afirmações como estas comprovam que a literatura técnica mundial está repleta de pesquisas que contrapõem os preceitos básicos em nutrição e saúde, demonstrando que a imunologia está em constante evolução e verdades consolidadas e inquestionáveis até então são contestadas a todo o momento, ao mesmo tempo em que sinalizam novas descobertas. O Sistema Imune (SI) possui seus mecanismos de ação específicos e conhecidos como qualquer outro no intrincado arranjo metabólico. Independente disso, nos modernos sistemas de produção animal temos a ação em maior ou menor grau de fatores externos como pressões de infecção, ambiental e aporte de nutrientes específicos para seu sustento e regulação, além de ter como função principal a necessidade de ativação imediata e efetiva a agentes com alto poder adaptativo. Nos sistemas produtivos, apesar de observarmos na última década o ressurgimento de doenças que entendíamos estarem banidas da indústria avícola, a maioria delas ainda se mantém contida por medidas efetivas de controle, como processos de biossegurança das instalações, pessoas e alimentos, bem como de programas de vacinações. Com isso, mortalidades elevadas, como em surtos da forma clássica da Doença de Newcastle das décadas de 60 e 70, não se observam e não se admitem mais nas criações e o foco está totalmente voltado à melhoria e manutenção de altas performances das aves, menor custo possível e maior competitividade comercial. Quanto custa o Sistema Imune? O Sistema Imune é prioritariamente atendido e dietas equilibradas em macro e micronutrientes atendem perfeitamente às suas demandas em situações também de equilíbrio ambiental e sanitário. Contudo, quando submetido a agressões microbiológicas ou vacinações, por exemplo, o animal imediatamente entrará em catabolismo muscular a fim de direcionar aminoácidos ao SI, comprometendo a performance e agregando o custo de produção. Tabela 1: Efeito da vacinação sobre o consumo de ração (CR), ganho de peso (GP) e conversão alimentar (CA) de frangos de corte de 1 a 21 dias de idade em dois diferentes trabalhos de pesquisa Vacinação Item Sim Não P CR, g 1151 1172 0,26 GP, g 801 a 840 0,01 CA 1,44b 1,40a 0,03 CR, g 1178b 1216a 0,001 GP, g 862b 911a 0,001 CA 1,73 1,34 0,001 Rubin et al., 2007a b Rubin et al ., 2007b b a Adaptado de Rubin et al. (2007a e 2007b) Manipulação dietética e Sistema Imune? Considerando a redução de consumo de alimento como o principal impacto do Sistema Imune desafiado, torna-se prudente a manipulação do teor energético da ração para conter essa perda. Segundo Ribeiro (2014), em dietas experimentais, o aumento da densidade calórica com carboidratos como amido de milho é mais eficaz do que o uso de gordura animal ou óleo vegetal. Laganá et al. (2007) observou que o uso de dietas de maior densidade energética e proteica (dieta verão) submetidas a estresse cíclico por calor entre 21 e 42 dias de idade gerou maior peso relativo de bursa e menor relação heterófilos/linfócitos, o que é um indicativo de animais em situação de baixo estresse. Micotoxinas Diversos são os mecanismos de ação nos quais as micotoxinas podem afetar o bom desempenho do SI, seja pela ação direta no trato digestório inibindo a ingestão de nutrientes (desde a recusa de alimento, passando pela geração de lesões cáusticas orais e na moela, até enterites em diversos graus e, independente disso, as micotoxinas são rapidamente absorvidas pela complexação reversível com a albumina e em menor grau a outras proteínas plasmáticas), sendo pela metabolização em diversos órgãos, como rins, pulmões e principalmente no fígado. Após depositada no fígado, as micotoxinas são biotransformadas pelo sistema microssomal hepático em metabólitos mais tóxicos. Esses metabólitos reativos têm a habilidade de se ligar de forma covalente com constituintes intracelulares, incluindo DNA e RNA, além de alterarem a síntese de proteínas no tecido hepático com mau funcionamento, le- NT A revista da produção Animal | novembro 2014 65 Figura 1: Metabolismo de Aflatoxina B1 no figado de aves Gráfico 1: Modelo de gráfico de mensuração de risco Gerenciamento de risco Atualmente, não se utiliza mais o uso contínuo de produtos adsorventes de micotoxinas, por ser anti-econômico e por estarem disponíveis métodos rápidos de detecção para uso mais racional (em determinado período de desafio) e direcionado (para determinada micotoxina). Modelo de scanner para Análise Rápida de Micotoxina litadas por quantidades adequadas de vitamina E nas membranas celulares e de selênio no citosol. Outra propriedade creditada a vitamina E é de reduzir a biossíntese de prostaglandinas (PG) e leucotrienos (potentes indutores de inflamação), além de diminuir a mortalidade. Tabela 3: Efeito da suplementação com vitamina E sobre as células T helper (Th) no timo de frangos de 7 semanas de idade Vit E (mg/kg) Células T helper 0 9,7 +- 1,0b 17 13,1+- 1,5ab 46 15,5 +- 1,4ab 87 19,6 +- 3,5a Médias nas colunas seguidas de diferentes letras diferem significativamente (P < 0,05). Adaptado de Erf et al. (1998) vando à profunda alteração nas propriedades funcionais e na síntese das proteínas das aves (Wyatt, 1991). Há décadas, a indústria avícola se vale do uso de produtos adsorventes de micotoxinas para o controle de desafios nessa área. Contudo, muitos deles não apresentam a efetividade necessária. Para ser considerado um bom produto, os seguintes requisitos são desejáveis: • Ser livres de contaminantes como dioxinas, furanos e níveis máximos toleráveis de metais pesados, que podem contaminar as carcaças e o consumidor final, principalmente em mercados importadores mais exigentes; • Ter granulometria e dosagem compatível e desejável para uma boa qualidade de mistura, considerando que o mecanismo de ação do produto exige contato, baixíssimas inclusões podem colocar em risco a efetividade do produto; • Teste in vitro como teste rápido de avaliação apenas para comprovar a composição e adsorção mínima garantidas dos lotes. Teste obrigatório. • Teste in vivo, que é o teste definitivo de efetividade do produto, pois valida todos os requisitos acima. 66 NT A revista da produção Animal | novembro 2014 Há décadas, a indústria avícola se vale do uso de produtos adsorventes de micotoxinas para o controle de desafios nessa área. Contudo, muitos deles não apresentam a efetividade necessária. Tabela 2: Conversão alimentar média (CA), peso relativo médio de fígado (Fígado) e níveis séricos médios de proteínas plasmáticas totais (PPT; g/dL) de frangos intoxicados com aflatoxinas, com e sem a adição de Notox na dieta, durante 21 dias Tratamentos CA CV Fígado CV PPT CV Controle 1,41b 11,5 3,02c 7,6 2,87ab 7,1 0,5 Notox 1,40b 8,1 3,27c 8,0 3,21a 13,1 2,8 ppm Afla 1,68a 23,0 5,05a 17,7 1,80d 29,1 2,8 ppm Afla + 0,25% Notox 1,57a 18,6 4,41b 21,6 1,94cd 20,1 2,8 ppm Afla + 0,5% Notox 1,59a 20,2 4,02b 24,0 2,47bc 22,5 Probabilidade 0,00 0,00 00 a - d Médias nas colunas seguidas de letras diferentes diferem pelo teste de Bonferroni (P<0,05)1 CV= Coeficiente de variação (%) PPT é metodologia padrão para mensuração de performance hepática Vitaminas e outros antioxidantes Segundo Ribeiro (2014), conceitualmente a maioria dos efeitos metabólicos da vitamina E vem de suas propriedades antioxidantes, particularmente por sua ação direta junto aos intermediários do oxigênio reativo, os radicais livres. Estas moléculas resultam do metabolismo normal de todas as células e o próprio SI (neutrófilos e monócitos intensificam sua produção durante a resposta imune) são responsáveis por isso. Os radicais livres produzidos, juntamente com o óxido nítrico e enzimas de catabolismo, matam bactérias, parasitas e células infectadas, apesar de também causar danos às células sadias do animal. Presume-se que as defesas locais antioxidantes sejam faci- As células Th desempenham o papel regulatório central na resposta imune, podendo induzir a uma resposta predominantemente celular (Th1) ou humoral (Th2). As células Th1 produzem citocinas como interferon-γ (IFN-γ), fator de necrose tumoral-α (TNF-α) e interleucina (IL-2), enquanto o Th2 produz IL-4, IL-5 e IL-10, importantes estimuladores da resposta imune humoral. Apesar disso, pesquisas com elevadas suplementações de vitamina E nem sempre apresentam as melhores respostas. Acredita-se que a inconsistência de alguns estudos sobre o efeito da vitamina E resulte de diferenças no grau de desafio imposto, na presença e na concentração de outros antioxidantes na dieta, nas linhagens utilizadas e nas condições ambientais. Por outro lado, são descritos resultados negativos com elevadas doses de vitaminas E quando esta assume papel de pró-oxidante, podendo inclusive apresentar sinais de toxidez. Assim como a vitamina E, a vitamina A também tem seus valores dietéticos questionados. Segundo Klasing e Leshchinsky (1999), os níveis adequados para uma modulação adequada do SI, a fim de evitar doenças infecciosas, seriam de 5 a 20 vezes o valor preconizado pelo NRC. Contu- NT A revista da produção Animal | novembro 2014 67 do, níveis elevados (acima de 14000 UI) apresentaram forte perfil inflamatório em nível de pele das aves. Nos últimos anos, muitos estudos sobre o metabolismo da vitamina D relacionados ao aspecto imunomodulador foram sendo desenvolvidos, encontrando receptores para vD em um grande número de tipos celulares, desde células do músculo esquelético até células importantes para a resposta imune, como macrófagos. Sabe-se hoje que os metabólitos da vitamina D podem suprimir a produção de imunoglobulinas e acentuar a atividade imunossupressora das células T (Rucker, 1998). Polifenóis e Pigmentos Devido às limitações dietéticas do uso da vitamina E e, principalmente, ao seu alto custo no mercado internacional, a indústria agora voltou-se a alternativas como o uso de polifenóis retirados de extratos vegetais e pigmentos como cantaxantina como potentes antioxidantes substitutos da vitamina E ou simplesmente como um novo aditivo melhorador de performance. Além de ter maior segurança, essas novas alternativas também tendem a reduzir possíveis toxidades de megadoses de vitamina E. Os polifenóis como o nome diz são compostos fenólicos que têm em sua composição as protocianidinas com alto poder antioxidante, contudo, dependente diretamente do processo de extração e preservação destas moléculas termolábeis, garantindo assim a alta biodisponibilidade e atividade. Pigmentos como a cantaxantina são indicados como potentes antioxidantes na presença de alta concentração de ácidos graxos polinsaturados (PUFA) nos tecidos embrionários e, devido ao maior consumo de oxigênio no final da incubação, responsável maior pelo estresse oxidativo ao embrião. Pesquisas com ovos comerciais demonstraram que os lipídios da gema oxidam durante o armazenamento. Assim, o efeito negativo do armazenamento sobre o rendimento de incubação pode não ser somente devido às mudanças físicas do ovo, mas também poderia estar relacionado à oxidação dos lipídios da gema. Isso resultaria em menor quantidade de energia disponível para desenvolvimento do embrião e presença de compostos tóxicos, resultantes da peroxidação, que causaria morte embrionária. As necessidades antioxidantes aos embriões são extremamente importantes e são obviamente cobertas apenas parcialmente via nutrição materna. Assim, a suplementação da matriz com antioxidantes, como a cantaxantina e polifenóis, pode contribuir para a redução principalmente na fase inicial da mortalidade embrionária. Minerais Conceitualmente, o Selênio cumpre importante papel na 68 NT A revista da produção Animal | novembro 2014 A imunologia representa um universo cada vez maior de desafios, que vai muito além das demandas primordiais de controles sanitários que dominaram os primeiros anos do surgimento da avicultura industrial Foto: Divulgação Fonte: Provimi Veldriel, 2014 qualidade da resposta imune e na proteção das membranas, sendo este mineral importante constituinte de enzimas na cascata da reação imunológica. A deficiência de Se prejudica o sistema imune aumentando o risco de infecções virais e bacterianas, pois com sua deficiência há a redução significativa de linfócitos. Além dos tradicionais trabalhos associando ao Selênio e Zinco, obtendo melhora de ganho diário e eficiência alimentar, observa-se também melhora da resposta imune associado ao aumento do peso de bursa e timo. Alguns experimentos demonstram que o Se (1 ppm) pode apresentar melhora da imunidade durante a exposição à Salmonella typhimurium com ou sem aflatoxicose. A suplementação de Se ocorre na prática na forma de selenito de sódio ou junto com aminoácidos (selenometionina) e a forma usada pode influenciar nos resultados observados. Silva et al. (2010) trabalharam com suplementação dietética de Se orgânico e inorgânico. Os pesquisadores observaram que o uso de Se orgânico propiciou maior consumo de ração e menor depleção linfocitária aos 42 dias de idade nas bursas das aves vacinadas contra Doença de Gumboro. No entanto, a fonte inorgânica teve o efeito benéfico de aumentar a produção de anticorpos. Sabe-se que o fornecimento adequado de Zn é essencial para desenvolvimento, manutenção e função normal do sistema imune e células associadas, inclusive de heterófilos, neutrófilos, basófilos, macrófagos e linfócitos T. Devemos lembrar que os heterófilos e neutrófilos realizam quimiotaxia, fagocitose e degradação de microrganismos, além de ser as primeiras células imunes a chegar ao local da infecção. Eles contam com uma alta concentração de fosfatase alcalina (uma Zn-metalo-enzima), especialmente durante o curso de uma doença infecciosa. Estas células também regulam um mecanismo que reduz o Zn plasmático, evitando assim que bactérias em infecções sistêmicas utilizem o Zn para se multiplicarem. A resposta imune prejudicada tem sido muitas vezes ligada à deficiência de Zn com sintomas clínicos, tais quais: atrofia do timo, predisposição a infecções bacterianas, virais e por fungos, diminuição da atividade de células natural killer, fagócitos, macrófagos e maturação e função das células T (Sahin et al., 2009). O Zn ainda induz à produção de citocinas além de também influenciar na defesa contra infecções virais devido à ação antiviral do IFN-α que inibe as proteases que envolvem o vírus. Os efeitos do Zn são altamente específicos e não há nenhum outro mineral que o substitua. Já o cobre atua principalmente como cofator ou componente de enzimas. Pelo menos 3 enzimas dependentes de cobre (Cu) funcionam na defesa antioxidante do organismo. Animais deficientes em Cu são mais suscetíveis a infecções, apresentam menor produção de anticorpos, menor peso de timo, baixa atividade das células natural killer e menor capa- cidade de fagocitose. No entanto, é muito difícil, em dietas práticas, haver carência que afetaria o sistema imune. Relação entre aminoácidos Há dados sugerindo que a relação entre aminoácidos também se altera durante a resposta imune. Aminoácidos sulfurados (AAS), mais exigidos para mantença em aves, seriam necessários em maior nível proporcionalmente do que lisina (Lis), que é altamente exigida na síntese proteica (Han e Lee, 2000). A maior parte dos mediadores da inflamação e da resposta imune é de peptídeos. Estas proteínas têm perfil diferente das proteínas envolvidas no desenvolvimento corporal ou na produção de leite. Então, há uma exigência específica de aminoácidos para a resposta imune (Le Floch, 2000), conferindo um papel chave para o nível (quantidade) e qualidade de proteínas da dieta. Alguns aminoácidos têm recebido atenção particular. É o caso da glutamina (Gln), que tem sido indicada como um importante “combustível” para macrófagos, linfócitos, neutrófilos e enterócitos. A glutamina é considerada um imunomodulador, atuando na defesa do trato respiratório e trato gastrointestinal (Dewitt et al., 1999). Estudos recentes indicam os benefícios da Arg no sistema imune, agindo no desenvolvimento dos órgãos linfoides. Entretanto, pouco se conhece sobre as necessidades para esse desenvolvimento em mamíferos e aves (Kwak e Austic, 1999). Segundo Leshchinsky (1999), os ácidos graxos n-3 (linolênico) na dieta diminuíram significativamente a incidência de septicemia em 25% e a incidência de celulite (geralmente resultado da infecção por E. coli nas lesões de pele) em 18% em aves nos abatedouros. Inversamente, a incidência de tumo- NT A revista da produção Animal | novembro 2014 69 Restrição Alimentar Ao contrário do que muitos imaginam, pesquisas têm mostrado que a restrição alimentar pode ser benéfica para a imunocompetência. Animais submetidos ao jejum entre 12 e 24 horas tendem a aumentar a resposta à vacinação (Klasing, 1988), sugerindo que essa metodologia poderia ter aplicabilidade na indústria avícola. A restrição alimentar crônica também é responsável pelo aumento da longevidade e da resistência a doenças infecciosas (Praharaj, 1997; Von Borrel, 1992), com elevação da produção de IgY contra BSA aos 42 dias (Moraes et al., 2010). Observações a campo demonstram que lotes em restrição alimentar em regiões endêmicas de Bronquite Infecciosa têm significativa redução na mortalidade comparativamente ao restante da população com alimento à vontade. Manipulação de populações microbianas Anteriormente à consolidação dos avançados conceitos de biossegurança, o uso de antibióticos era disseminado e foi por muito tempo uma importantíssima ferramenta frente aos surtos das mais diversas patologias que hora ou outra voltavam a comprometer a produção. Com os banimento de boa parte das moléculas antibióticas iniciado nas décadas de 80 e 90 e por exigência dos países importadores, elevou-se a utilização de diversas categorias de aditivos ditas não-antibióticos para controle microbianos e manutenção da performance como os pro e os prebióticos, ácidos orgânicos e óleos essenciais, dentre outros. Hoje em dia está bem claro que o organismo animal é portador de número maior de células microbianas (que chamamos de microbioma -microbiota intestinal, respiratória, reprodutiva...) do que constituinte de seu próprio organismo, podendo chegar a uma proporção de 10 x 1! Essa população é composta por milhares de espécies e que, assim como nós, evoluíram por milhões de anos e com alta capacidade de adaptação e o maior interesse de perpetuação, utilizando-se de ferramentas como a produção de enzimas, vitaminas, bacteriocinas e fatores anti-inflamatórios, que têm por objetivo manter o equilíbrio do meio sem prejuízo a nenhum de seus componentes. Por meio disso, a microbiota interage harmonicamente com o SI em outras mais de 20 mil funções diferentes, sendo 5.000 desconhecidas, em um ambiente considerado “zona nobre” pela presença de nutrientes em plena simbiose. 70 NT A revista da produção Animal | novembro 2014 Fatores que alterem esse equilíbrio podem ocasionalmente gerar mais danos do que benefícios ao hospedeiro. Nas últimas décadas, o interesse em aprimorar a capacidade digestiva das aves levou os pesquisadores a tentar entender os mecanismos de convivência dessas populações bacterianas intestinais e propor o uso de aditivos compostos pelos gêneros Bacillus, Lactobacillus e Enterococcus, que favoreceriam um ambiente de maior digestibilidade, saúde intestinal e, com isso, possibilidade de exclusão de bactérias patogênicas de impacto econômico (Clostridium) ou em saúde pública (Salmonella enteritidis). Com o maior entendimento dos mecanismos de ação e o surgimento dos primeiros resultados na performance das aves, foram-se aprimorando as gerações microbianas que compunham esses produtos, e entendendo-se que haveria diferença mensurável, principalmente por um fator de potência relacionado à expressão gênica das cepas em questão. Atualmente, está bem claro o papel do perfil nutricional e a ação direta dos ingredientes usados na rotina de formulação sobre o desenvolvimento e seleção de cepas específicas, além do inter-relacionamento da ação do ambiente de criação. Com o início do desenvolvimento de aditivos anti-clostridiais e enzimas observou-se desenvolvimento das pesquisas sobre o perfil da microflora em aves com foco, principalmente na composição de espécies em determinado segmento intestinal. Foto: Divulgação res (espontâneos e associados ao vírus da doença de Marek) aumentou em 24%. Este estudo mostra que as ações modulatórias dos PUFAs sobre o sistema imune resultam em uma mudança no espectro de doenças que ocorrem a campo. Enzimas O uso de enzimas pela ação digestiva propicia a indisponibilidade de substratos para que agentes microbianos, dentre eles patogênicos, tenham a possibilidade de se multiplicar. Além disso, estimula a produção de ácidos orgânicos com ação direta redutora de enterobacteriáceas. Espécies diferentes ou cepas diferentes das mesmas espécies de probióticos podem apresentar diferentes perfis de crescimento e povoamento intestinal. Fonte: Christian Hansen, 2014 Fonte: Danisco, 2012 Atualmente, as pesquisas na área de probiose vão além do mapeamento e tipificação de gêneros e espécies distribuídos por todo o TGI. Algumas avaliações de como lotes de aves de alta e baixa performance apresentam sua microflora, bem como qual o grau de produção de peptídios por segmento e por cepas e suas expressões como ações pró e anti-inflamatórias e suas consequências na performance em conversão alimentar (Kogut,2014). Fonte: Christian Hansen, 2014 Aves de um mesmo lote e com distintos padrões de crescimento submetidos a um mesmo regime nutricional podem apresentar perfis diferentes de população microbiana. Fonte: Johnson, 2014 Conclusão A imunologia representa um universo cada vez maior de desafios, que vai muito além das demandas primordiais de controles sanitários que dominaram os primeiros anos do surgimento da avicultura industrial. Tentativas de trabalhar com o excessos de nutrientes e aditivos de maneira indiscriminada, a fim de buscar melhoria de desempenho dos animais são cada vez mais questionadas, ao mesmo tempo em que surgem indícios a todo momento de malefícios à saúde animal. Associada a nutrição e em particular a microbiologia, além da manipulação de microrganismos e metodologias de controles de seus metabólitos, a moderna “imunologia nutricional” abre um vasto campo de pesquisa, que provavelmente desde já dominarão boa parte do desenvolvimento de aditivos de última geração. Produtos que anteriormente tinham a pretensão apenas de substituir os antibióticos, possivelmente poderão acompanhar em eficiência as antigas moléculas, agregando com isso também segurança alimentar sem a perda de performance frente a desafios do ambiente de criação. NT A revista da produção Animal | novembro 2014 71 Diarreias neonatais em suínos: um desafio Foto: NFT Alliance suinocultura multifatorial Por Brenda Marques (Departamento Técnico), da MSD Saúde Animal Brenda Marques Infecções entéricas representam importante problema sanitário e podem ocasionar consideráveis prejuízos econômicos para a suinocultura em todo o mundo 72 NT A revista da produção Animal | novembro 2014 Entre as diversas doenças que podem acometer os suínos, as infecções entéricas representam importante problema sanitário e podem ocasionar consideráveis prejuízos econômicos para a suinocultura em todo o mundo. A diarreia neonatal suína, na dependência da frequência e intensidade com que ocorre, ocasiona prejuízos econômicos de ordem direta e indireta. Os principais prejuízos econômicos diretos são representados pelo aumento na mortalidade de leitões, gastos adicionais com medicamentos e desinfetantes, intensificação da mão-de-obra e aumento no custo de produção. Dentre os prejuízos indiretos, há aumento da taxa de conversão alimentar, redução no ganho de peso, desuniformidade das leitegadas, diminuição do peso ao desmame, queda na imunidade e, consequentemente, predisposição para a ocorrência de infecções secundárias, particularmente as respiratórias (Alfieri et al., 2012). Diarreias neonatais: quando consideramos um problema? Numa rápida reflexão sobre a ocorrência das diarreias nas granjas de suínos em nosso meio criatório, pode-se afirmar que sempre que uma granja for visitada serão encontrados casos de diarreia nos animais lá alojados. O que vai determinar a importância ou não desses episódios são fatores como: o número de doentes, o curso da doença, o grau de desidratação dos leitões afetados, a mortalidade especificamente devida ao problema, a repetição de episódios em diferentes lotes e as quantidades usadas e eficiência das medicações e vacinações em curso. A quantificação exata do que seria “aceitável” é difícil de definir em termos absolutos. Números de casos de diarreia em 3 a 5% dos animais em não mais de 10% das baias têm sido usados por algumas agroindústrias brasileiras como parâmetro de análise (Barcellos et al., 2011). A diarreia caracteriza-se pelo aumento na frequência de eliminação das fezes, que devido ao grande volume de água eliminada apresentam-se com consistência pastosa a líquida. Como consequência, o animal pode desenvolver quadro clínico caracterizado por desidratação, desequilíbrio eletrolítico e acidose metabólica (Alfieri et al., 2012). Um outro problema encontrado para quantificar a importância dos problemas entéricos nas granjas tem relação com o tipo de alteração fecal que deve ser considerado como “diarreia”. Existem tabelas descrevendo a consistência das fezes como “normais”, “pastosas”, “cremosas” e “líquidas” (Gheller et al., 2008). Nesse modelo, as fezes líquidas certamente caracterizariam diarreia e fezes cremosas e pastosas poderiam representar diarreia amena ou desequilíbrio eventual de trânsito intestinal em alguns indivíduos, sem caracterizar diretamente nenhuma situação patológica. Entretanto, esta é uma análise muito subjetiva e mesmo entre técnicos experientes pode haver diferenças nos critérios de avaliação da consistência fecal. Nos suínos, a maioria das diarreias tem origem infecciosa. Esses agentes costumam estar presentes na maioria das nossas granjas e o que vai determinar a ocorrência ou não de um quadro clínico associado a algum entre eles é a existência de desequilíbrio de um delicado complexo multifatorial, que envolve fatores como grau de patogenicidade do agente, resistência a antimicrobianos, higiene, ambiente, nutrição, manejo, imunidade, programas de vacinação e medicação preventivos e estresse (Barcellos et al., 2011). Os principais agentes causadores de diarreia neonatal suína podem ser divididos em: virais (rotavírus e coronavírus), bacterianos (Escherichia coli, Clostridium difficile e Clostridium perfringens tipos A e C) e parasitários (Isospora suis, Eimeria sp. e Cryptosporidium sp.). Em estudo recente de prevalência realizado em granjas do Rio Grande do Sul com e sem problemas de diarreia, os agentes mais frequentemente encontrados nas granjas foram os coccídeos (42,86%) e o rotavírus (39,3%). A infecção pelo Clostridium difficile foi diagnosticada em 13,6% das leitegadas, mas não houve relação entre a infecção e a diarreia. Apenas 29,34% das amostras foram positivas para pelo menos um agente (Lippke et al., 2011). Fatores de risco predisponentes a diarreias neonatais Um fator de risco pode atuar provocando estresse no animal e, com isso, reduzir a resistência à agressão por agentes infecciosos ou aumentando a pressão infectiva no ambiente que supera a capacidade de defesa dos animais. Os principais fatores predisponentes que facilitam a ocorrência de diarreia na maternidade são: • Uso da maternidade no sistema contínuo ou sem o vazio sanitário adequado • Má higiene da cela parideira no parto e durante a lactação • Porca com úbere sujo de fezes no momento do parto e no período de lactação • Umidade e temperatura fora da zona de conforto especialmente dentro do escamoteador e na primeira semana de vida • Utilização de água contaminada • Leitegadas de porcas com MMA (Metrite-Mastite-Agalaxia) têm risco 1,8 vezes maior de terem diarreia • Presença de excessivo número de primíparas no plantel. A diarreia diminui com o aumento da ordem de parto das porcas. Rebanhos com mais de 30% de primíparas apresentam prevalência de leitegadas com diarreia duas vezes maior que a média geral • Porcas mantidas em baias tradicionais (porcas soltas) com piso compacto têm maior prevalência de diarreia nos leitões do que nas leitegadas de porcas mantidas em gaiolas com piso vazado NT A revista da produção Animal | novembro 2014 73 • O uso excessivo de antibióticos nos leitões tem sido apontado como fator predisponente para diarréia por Clostridium difficile Adaptado de Mores (2011). Principais causas de diarreias neonatais Colibacilose neonatal – A infecção por Escherichia coli causa, em leitões recém-nascidos, uma forma de diarreia denominada colibacilose neonatal. É mais comum entre 1 e 4 dias de vida e é resultante da infecção por cepas enterotoxigênicas de E.coli (ETEC) (Wada et al., 2004). A ETEC é considerada, até o momento, a maior causa de diarreia em leitões neonatos e no período de creche. Estudos de prevalência mais recentes, todavia, mostram que a ETEC tem diminuído sua importância (Katsuda et al., 2006), perdendo lugar para agentes como Clostridium perfringens tipo A e Clostridium difficile (Yaeger et al., 2002; Yaeger, 2007). A maioria das cepas de E. coli está presente em títulos baixos e constitui parte da microbiota normal do intestino delgado de suínos sadios. A ETEC patogênica diferencia-se da comensal por apresentar dois importantes fatores de virulência: fímbrias e enterotoxinas (Francis, 2002). As fímbrias são responsáveis pela aderência da bactéria na mucosa do intestino delgado, sendo esse um mecanismo essencial para evitar a eliminação através do peristaltismo intestinal normal (Sobestiansky et al., 1999). As principais fímbrias presentes nas amostras de E. coli isoladas de casos de colibacilose neonatal classificam-se em F4 (K88), F5 (K99), F6 (P987), F41 e AIDA. Após aderir ao epitélio intestinal, a ETEC inicia a Foto 1 A Foto 1 B Foto 1 A - Leitão com sinais de diarreia e irritação na região perianal Foto 1 B - Leitegada com colibacilose, com sinais de desidratação e prostração 74 NT A revista da produção Animal | novembro 2014 produção de enterotoxinas (LT – termolábel; ST – termoestável), que alteram o fluxo de água e eletrólitos do intestino delgado, podendo levar a diarreia se o intestino grosso não for capaz de absorver o excesso de fluído. A severidade da doença depende dos fatores de virulência presentes na cepa, da quantidade de bactérias ingeridas, status imunológico da matriz e idade (Francis, 2002). A colibacilose neonatal apresenta curso rápido e pode ser observada 2 a 3 horas após o nascimento, afetando um número variável de leitões, podendo atingir toda a leitegada. Em casos severos, leitões aparentemente sem diarreia podem ser encontrados mortos pelo curso rápido da doença que, se não tratada, pode levar à morte de 4 a 24 horas após o início dos sinais clínicos. Os principais sinais são diarreia com consistência líquida e coloração não hemorrágica, desidratação, prostração e irritação da pele na região perianal devido à alcalinidade das fezes (Guedes, 2006). Coccidiose – A coccidiose afeta leitões, principalmente, entre 7 a 15 dias de idade, e é causada por protozoários intracelulares da família Eimeriidae. Diversas espécies dessa família, pertencentes ao gênero Isospora sp. e Eimeria sp. são encontradas em suínos. Todavia, o Isospora suis é o principal agente responsável pelas perdas causadas pela enfermidade (Mundt et al., 2006). O leitão se infecta pela ingestão de oocistos esporulados logo após o nascimento, presentes no piso contaminado e nas tetas das porcas, ou de oocistos excretados de leitões provenientes de outras leitegadas durante a uniformização dos lotes na maternidade (Lindsay et al., 1999). O período pré-patente é de aproximadamente 5 dias e a excreção dos oocistos geralmente não coincide com o desenvolvimento da diarreia. Existem, ainda, divergências em relação ao momento em que se inicia a excreção dos oocistos pelas fezes de leitões contaminados. Os oocistos resistem 26 dias à temperatura de congelamento, 15 meses em temperaturas de 40ºC a 45ºC e à maioria dos desinfetantes utilizados comercialmente na suinocultura. São destruídos a 65ºC em 15 minutos (Sobestiansky et al., 1999). A coccidiose caracteriza-se pela alta morbidade e baixa mortalidade e tem como principal consequência a redução no peso ao desmame. Mundt et al. (2006) observaram que aos 28 dias de vida (desmame) os animais que foram infectados experimentalmente com oocistos de Isospora suis pesaram 2,125 kg a menos do que os controles que não adoeceram. O desenvolvimento dos sinais clínicos depende principalmente do número de oocistos esporulados ingerido pelo leitão. A sintomatologia clínica consiste em diarreia de consistência cremosa a pastosa, não hemorrágica (Mundt et al., NT A revista da produção Animal | novembro 2014 75 Foto: Cristiano Braga Foto 2 Foto 2 - Leitão com diarréia de coloração amarelada e consistência cremosa Rotavirose – O rotavírus é considerado o mais importante entre os agentes etiológicos das gastroenterites virais de caráter agudo tanto em crianças quanto em animais jovens em todo o mundo (Alfieri, 2004). A enteropatogenicidade do agente em suínos é caracterizada pela sua habilidade em produzir uma gastroenterite severa, com atrofia das vilosidades do intestino delgado (Paul & Stevenson, 1999). Acomete suínos mais frequentemente em idade variando de 15 até 30 dias (79%) e a infecção é pouco frequente em leitões com menos de 10 dias de vida (10%) (Roehe et al., 1989). Três importantes características virais são responsáveis pela perpetuação dos rotavírus nas granjas de suínos. A primeira é a grande resistência da partícula viral ao meio ambiente e ação de produtos químicos, como os desinfetantes. O vírus é estável em matéria orgânica à temperatura de 60ºC por 30 minutos e pode resistir em temperaturas que variam de 18 a 20ºC durante 7 a 9 meses. A segunda é a grande quantidade de partículas virais eliminadas nas fezes de leitões com diarreia, podendo chegar a 1.012 partículas virais por grama de fezes, fazendo com que a sua erradicação, ou mesmo a redução na quantidade dessas partículas no meio ambiente, seja muito difícil. A terceira é a presença de animais portadores assintomáticos do vírus, como as matrizes, que devido ao estresse do período ao redor do parto eliminam o vírus pelas fezes, constituindo assim fonte de infecção para os leitões (Alfieri, 2004). Com base na proteína viral VP6, presente no capsídeo, os 76 NT A revista da produção Animal | novembro 2014 rotavírus podem ser classificados em sete grupos sorológicos distintos. O principal grupo responsável por infecções seguidas de sinais clínicos (episódios de diarreia) em seres humanos e em animais, incluindo os suínos, é o sorogrupo A. Porém, os grupos B e C de rotavírus também são descritos em infecções em leitões tanto nas fases de maternidade quanto de creche. No período agudo da infecção, o número de partículas virais excretadas pelos animais infectados com rotavírus dos grupos B e C é consideravelmente menor que a excretada nas infecções com o rotavírus grupo A. Com isso, o diagnóstico das rotaviroses ocasionadas por esses grupos de rotavírus é mais difícil e menos frequente. As fezes têm consistência variando de aquosa a cremosa, com coloração branco-amarelada, contendo leite não digerido. De 12 a 24 horas após a infecção pelo rotavírus, os animais apresentam anorexia, depressão e, ocasionalmente, vômito. A diarreia continua em média por 4 dias, retornando progressivamente ao normal em 7 a 14 dias (Paul & Stevenson, 1999). A mortalidade varia com a idade, geralmente ocorrendo entre 3 a 7 dias após o início da diarreia, quando o leitão se apresenta desidratado. Os rotavírus infectam os enterócitos das porções apical e intermediária das vilosidades intestinais, presentes no segmento final do duodeno e inicial do jejuno. A infecção promove a lise dos enterócitos, diminuindo a capacidade de absorção e das funções digestivas (Alfieri, 2012). Foto 3 A Foto 3 B Foto 3 A - Leitão com sinais de desidratação, apresentando diarreia de consistência pastosa, coloração branco-amarelada Foto 3 B - Presença de vômito em baia de maternidade, com presença de leite não digerido Clostridioses – As clostridioses são causadas por bastonetes Gram-positivos anaeróbios. São divididos em: Clostridium perfringens tipo C e Clostridium perfringens tipo A e Clostridium difficile. A doença causada pelo C. perfringens tipo C é também chamada de enterotoxemia. A infecção causa diarreia em leitões novos, geralmente com até três dias de idade, mas às vezes ocorre de forma muito precoce, afetando leitões com menos de 12 horas de vida. Raramente está presente em animais com mais de uma semana de idade (Songer & Uzal, 2005). A difusão do agente de leitão para leitão ocorre em virtude dos esporos ser muito resistentes a condições adversas de ambiente como o calor, a luz ultravioleta e a desinfetantes (Songer & Uzal, 2005). A transmissão se dá logo após o nascimento pelo contato do leitão com esporos, geralmente presentes em piso não adequadamente limpo e desinfetado entre uma ocupação da cela parideira e a próxima ou pelo contato com fezes contendo o agente. O manejo de vacinação contra este agente vem sendo utilizado desde a década de 90 e pode ser uma das explicações para a baixa importância do agente no nosso meio como causador de diarreia neonatal. A enfermidade apresenta quatro formas de apresentação clínica e patológica de acordo com a severidade: superaguda, aguda, subaguda e crônica. As formas mais comuns são a superaguda e a aguda. A primeira é caracterizada por diarreia hemorrágica de consistência aquosa, com fragmentos necróticos e desidratação severa, sendo que os sinais clínicos aparecem de 12 a 24 horas após o nascimento e a morte geralmente ocorre 24 horas após. É comum encontrar leitões mortos sem a presença de diarreia. Há extensa necrose hemorrágica na mucosa, submucosa e muscular do jejuno e íleo, com acúmulo de gás no tecido e presença de exsudato hemorrágico no lúmen intestinal (Mc Kean, 1987). O C. perfringens tipo A vem sendo isolado do intestino dos leitões nos últimos anos e é considerado componente da microbiota normal destes animais. Evidências sugerem seu envolvimento nas doenças entéricas em leitões lactentes, principalmente com um a quatro dias de vida (Yaeger, 2007). A contaminação dos leitões se dá logo após o nascimento e a principal fonte de infecção são os esporos presentes no ambiente e nas fezes das porcas (Holmgren et al., 2006). Os sinais clínicos da infecção pelo C. perfringens tipo A consistem em diarreia mucóide e pastosa, de coloração amarelada e não hemorrágica, apatia, desidratação e baixa taxa de crescimento (Songer & Uzal, 2005). À necropsia, pode ser encontrada hiperemia discreta a moderada da mucosa intestinal e dilatação de alças devido à produção aumentada de gases e excesso de conteúdo líquido (Costa et al., 2004). As lesões afetam primariamente o jejuno e o íleo. O C. difficile é uma bactéria oportunista encontrada no solo, água e trato intestinal de diversos mamíferos, aves e répteis (Songer et al., 2000). A diarreia causada pelo agente em suínos pode estar associada à utilização de antimicrobianos no início da vida do leitão, tanto na forma preventiva como curativa. Esse fator predisponente leva a um desequi- líbrio da microbiota entérica e oportuniza a colonização, proliferação e produção de toxinas (Menin et al., 2005). Diferente de outras espécies, no suíno a infecção é mais frequente entre o 1º e o 7º dia de vida. Os animais podem apresentar leve depressão, inapetência e diarreia pastosa à aquosa de coloração amarelada. Os leitões infectados geralmente apresentam edema de mesocólon e tiflocolite. Nota-se conteúdo amarelado que varia de pastoso a aquoso no lúmen do intestino grosso. (Songer et al., 2002). Foto 4 Foto: Dro David Barcellos 2006). Em função da diarreia, os leitões desidratam e apresentam queda no ganho de peso diário (Lindsay et al., 1999). As lesões localizam-se principalmente na mucosa do jejuno e íleo, raramente no ceco e cólon. Foto 4 - Leitão com sinais clínicos de infecção pelo C. perfringens tipo A, apresentando diarreia mucóide e pastosa, de coloração amarelada e não hemorrágica Diagnóstico: fatores fundamentais para o correto diagnóstico O diagnóstico de problemas entéricos na maternidade geralmente é difícil de definir somente pelo quadro clínico. A confirmação do diagnóstico requer uma associação entre anamnese, quadro clínico e exames laboratoriais. As técnicas de diagnóstico evoluíram bastante nos últimos anos, mas a escolha da técnica ideal é muito importante para o correto diagnóstico. De forma geral, deve-se associar a detecção do agente com o tipo de lesão presente no aparelho digestivo. Isso diminui as chances de se obterem resultados falsos positivos, especialmente nos casos em que as doenças estiverem ocorrendo numa forma endêmica. Neste sentido, o exame histopatológico é de extrema importância para a definição do diagnóstico. A escolha de animais que NT A revista da produção Animal | novembro 2014 77 sejam representativos para o quadro clínico da diarreia e uma boa amostragem são pontos fundamentais para obter maior sucesso no diagnóstico. Para isolamento bacteriano e antibiograma, é preferível que sejam selecionados animais que nao tenham sido medicados com antimicrobianos. No Brasil a colibacilose neonatal é frequentemente diagnosticada apenas por isolamento do agente de amostras de fezes, sem nenhum tipo de tipificação baseado em fatores de virulência. Muitas vezes podemos ter a detecção de bactérias que não necessariamente são patogênicas e estão causando o problema clínico no animal. Segue abaixo um guia prático de exames e materiais a ser colhidos conforme o agente a ser pesquisado. Exames a ser solicitados Materiais para os exames Clostridiose (Clostridium sp.) Bacteriológico/ Antibiograma Histopatologia Swab de fezes frescas; alças intestinais (jejuno, íleo, cólon) refrigeradas e em formol 10% Colibacilose (E. coli) Bacteriológico/ Antibiograma Histopatologia PCR multiplex para fatores de virulência Swab de fezes frescas; alças intestinais (jejuno e íleo) refrigeradas e em formol 10% Etiologia Foto 5 Rotavirose (Rotavirus) PAGE/PCR; Histopatologia Fezes frescas refrigeradas ou congeladas. Fragmentos de alças intestinais (jejuno e íleo) em formol 10% Foto 5 - Coleta de fezes diretamente da ampola retal, em frascos estéreis ou com suabes retais Controle e profilaxia – A prevenção e o controle das diarreias na maternidade são baseados principalmente em medidas sistemáticas de manejo, higiene e desinfecção, associadas com a vacinação das porcas no pré-parto a fim de transferir imunidade aos leitões via colostro. A importância da vacinação – Em geral, as vacinas destinam-se ao controle e profilaxia das diarreias neonatais e, com isso, em sua composição são incluídos o toxóide do Clostridium perfringens tipo C e os antígenos fimbriais 78 NT A revista da produção Animal | novembro 2014 O efetivo controle das diarreias deve ser feito, principalmente, pela identificação dos fatores de risco (predisponentes) e sua correção Foto: Divulgação Coccidiose (Isospora suis) Exame Parasitológico; Histopatologia Fezes frescas. Fragmentos de alças intestinais (jejuno e íleo) em formol 10% K88, K99, 987P e F41 de Escherichia coli. Ao implementar um programa de vacinação em um rebanho, deve-se sempre administrar duas doses na primo vacinação e dose de reforço a cada gestação subsequente. Quanto ao esquema vacinal, estes devem ser seguidos conforme orientação dos laboratórios fabricantes (Alfieri et al., 2012). A linha entérica da MSD Saúde Animal possui duas vacinas para a prevenção de diarreias neonatais: PORCILIS® COLI (vacina de subunidade constituída pelas fímbrias K88ab, K88ac, K99, 987P e toxóide termo lábil da E. coli toxigênica) e PORCILIS® 2*4*3 (contém o Rotavirus tipo A, sorotipos G4 e G5, fímbrias de Escherichia coli K88, K99, 987P e F41 e Clostridium perfringens tipo C inativados). Como o objetivo final desse tipo de vacina é a imunização passiva do leitão, destaca-se mais uma vez a importância da assistência ao parto e do manejo das mamadas para que o programa de vacinação alcance os seus objetivos, que são a redução no número e na intensidade dos episódios de diarreia neonatal. Destaca-se ainda que a vacina representa a medida específica mais importante no NT A revista da produção Animal | novembro 2014 79 controle das infecções entéricas neonatais. Porém, o seu sucesso está diretamente relacionado à implantação de medidas inespecíficas de controle, que objetivem reduzir o desafio ambiental e, consequentemente, o título viral por meio de métodos físicos (limpeza/ vassoura de fogo) e químicos (desinfecção) (Alfieri et al., 2012). De acordo com Mores, (2011), as principais medidas para o controle das diarreias neonatais seguem abaixo: tro sistema de aquecimento. Cuidar para não ocorrer variações térmicas acima de 6°C/dia Proceder à lavagem e desinfecção do úbere logo que a porca inicia o parto Assistir aos partos proporcionando os cuidados ao recém-nascido e, principalmente, orientando os leitões nas mamadas durante os dois primeiros dias de vida. Se necessário providenciar banco de colostro para os leitões mais fracos As instalações devem ser bem ventiladas com no mínimo 20% de aberturas laterais, onde deverá ser instalado cortinado ou janelões para evitar correntes de ar em época fria Sala de maternidade com forro (madeira, PVC ou cortina) auxilia para proporcionar melhor conforto térmico, reduzindo-se a amplitude térmica na sala (18 a 22ºC) Fazer limpeza das celas/baias parideiras das instalações, com remoção das fezes várias vezes ao dia, desde o alojamento da porca Utilizar medidas higiênicas e de biossegurança para evitar/reduzir a disseminação do problema (vassoura e pá exclusiva por sala e para leitegadas com diarreia) Fazer o manejo adequado da aplicação de vacinas preventivas nas matrizes contra diarreias em leitões Fazer controle sistemático das moscas, pois são importantes vetores na transmissibilidade de agentes infecciosos entre granjas, salas ou leitegadas Fazer adaptação adequada das leitoas de reposição a microbiota da granja Atuar imediatamente com terapia de suporte para os leitões afetados (hidratantes, energéticos, protetores de mucosas, adsorventes de toxinas) • Planejar o fluxo de produção para poder realizar vazio sanitário de sete dias (um dia para limpeza e lavagem, um dia para desinfecção e cinco dias de vazio) entre lotes de porcas na maternidade • Usar vassoura de fogo ou água aquecida (pelo menos a 80°C) na complementação do processo de desinfecção das salas • Alojar a porca na cela parideira cerca de sete dias antes do parto – importante para redução do estresse do parto • Fornecer aos leitões ambiente (escamoteador) limpo, seco, com cama ou piso aquecido ou ou- Conclusão O efetivo controle das diarreias deve ser feito, principalmente, pela identificação dos fatores de risco (predisponentes) e sua correção. Como mencionado, existe uma diversidade de patógenos que podem estar envolvidos em casos de diarreia em suínos. Para um diagnóstico mais assertivo, deve-se associar a anamnese, o histórico clínico e os exames laboratoriais. Para o diagnóstico laboratorial deve-se estar atento a fatores ligados à amostragem, cuidados na coleta dos materiais e associação entre a detecção do agente e lesões presentes no aparelho digestivo. A importância do colostro – Sem dúvida, essa é a principal forma de proteção do leitão recém-nascido contra as infecções neonatais e, particularmente, contra a rotavirose e a colibacilose neonatal. O colostro, além de fornecer energia e proteção imune passiva ao leitão, auxilia na maturação intestinal nas primeiras horas de vida, cuja função é a menos conhecida. É fundamental que o leitão ingira colostro em quantidade suficiente logo após o nascimento, pois não há transferência de imunidade via placentária e suas reservas de glicogênio e gordura corporal ao nascer são muito baixas, tendo o colostro como a principal fonte de energia e imunoglobulinas. A concentração de IgG no colostro é de 48,26mg/mL no parto, caindo para 14,02 e 9,84mg/mL, 24 horas e 48 horas após o parto, vivo 4 vezes ao dia nas primeiras 24 horas, o nível de IgG no plasma é equivalente ao dos irmãos mantidos mamando na mãe. Então, em média um leitão deve ingerir cerca de 180 mL de colostro nas primeiras 24 horas vida. Os melhores produtores de suínos dedicam muito tempo aos leitões recém-nascidos, particularmente aos mais fracos, estimulando-os para mamar o máximo possível nas 6 primeiras horas após o nascimento (Mores, 2011). • • • • • • • • • • C M Y CM MY CY CMY K TIAMUCARETM 80% PR Tiamulina fumarato 80% PR Seu aliado no combate de doenças entéricas, respiratórias e articulares. TIAMUCARETM 80% PR é o antibiótico da Nutron® com amplo espectro à base de tiamulina fumarato 80%, eficiente no tratamento de infecções respiratórias, infecções entéricas e artrite micoplásmica de suínos. Totalmente seguro, interage apenas com bactérias patogênicas, não gerando efeitos sobre as células dos animais. TIAMUCARETM 80% PR possui atividade contra cepas bacterianas que se tornaram resistentes aos antibióticos macrolídeos. Máxima eficácia contra micoplasmas. Linha Care: A linha de medicamentos da Nutron® para aves e suínos SAC 0800 979 9994 | www.nutron.com.br 80 NT A revista da produção Animal | novembro 2014 NT A revista da produção Animal | novembro 2014 81 suinocultura Uso de sucedâneos lácteos para leitões Por Camila Tofoli e Maicon Sbardella (Consultores de Nutrição de Suínos), da Cargill Alimentos - Nutron Maicon Sbardella Foto: Divulgação Camila Tofoli A ingestão de leite na fase de maternidade é considerada o fator principal para o desenvolvimento e maturação do sistema digestório e para o crescimento dos leitões. Entretanto, a produção de leite da porca já se torna insuficiente para atender a demanda energética de crescimento dos leitões nas primeiras semanas de vida (Li et al., 2000). Este quadro tem sido agravado nos genótipos atuais de alta prolificidade, uma vez que a capacidade de produção de leite das porcas não tem aumentado na mesma proporção que o número de leitões nascidos. Além disso, algumas porcas podem apresentar febre e corrimento vulvar após o parto, levando à diminuição ou à falta de produção de leite (agalaxia) (Silveira e Mores, 1997). Com isso, deve-se suprir o leitão com uma fonte alternativa de alimento (Li et al., 2000). Com a preocupação de se desmamar leitegadas cada vez maiores com peso maior, a suplementação de nutrientes por meio de sucedâneos lácteos é uma alternativa simples que vem sendo utilizada na suinocultura atual. A principal finalidade dessa prática é fornecer nutrientes para suportar o potencial de crescimento dos leitões em situações em que a porca não é capaz de suprir a demanda energética da leitegada numerosa, em casos de morte da porca (Azain et al., 1996) ou em épocas mais quentes do ano, em que a produção de leite da porca fica prejudicada. Outro ponto a ser destacado é o fato de que os substitutos lácteos podem ser a solução mais aceitável para porcas com boa produção de leite, mas que não possuem todos os tetos funcionais quando se depara com uma leitegada numerosa. Desta maneira, esse texto tem por objetivo abordar os principais aspectos do uso dos sucedâneos lácteos, mostrando os benefícios no desempenho da progênie, bem como a sua estratégia de uso na alimentação de leitões. Desempenho de leitões alimentados com sucedâneos e suas implicações O fornecimento de sucedâneos lácteos para os leitões é uma estratégia que pode ser usada pelos suinocultores para melhorar o desempenho de leitões durante a fase de maternidade. A maioria dos sucedâneos de leite é formulada para fornecer ao leitão energia, proteína, vitaminas e minerais. Isso propicia uma leitegada mais saudável e pesada ao desmame. Em um trabalho realizado com 133 porcas, o fornecimento de sucedâneo lácteo para a leitegada durante todo o período de lactação (21 dias) proporcionou maior peso do leitão e da leitegada ao desmame, como pode ser visto na Tabela 1. Estudando-se 32 leitegadas, o uso de sucedâneo lácteo proporcionou maior peso ao desmame e menor mortalidade de leitões na maternidade (Figura 1). O leite da porca 82 NT A revista da produção Animal | novembro 2014 é composto por alta quantidade de gordura (quase 6% de gordura), que proporciona reserva energética para o leitão na fase após o desmame. Pensando nisso, os sucedâneos são compostos por altos níveis de produtos lácteos, além de óleos vegetais diferenciados para simular a qualidade do leite in natura. Isso proporciona ao leitão maior probabilidade de sobrevivência, pelo simples fato do aporte Tabela 1: Desempenho de leitões ao desmame (21 dias) alimentados ou não com sucedâneo lácteo (Azain et a., 1996) Sucedâneo Sem Com Peso Leitão (kg) 5,5 6,4 Peso Leitegada (kg) 52,2 60,9 Figura 1: Desempenho de leitões na maternidade alimentados com sucedâneo lácteo durante 21 dias (Wolter et a., 2002). extra de energia, seja oriundo da lactose ou da gordura presentes nos sucedâneos. Também, uma possibilidade de uso dos substitutos lácteos é o fato de que se pode reduzir a variação de peso ao desmame, pois leitões leves ao nascimento quando suplementados com sucedâneos lácteos podem ter pesos ao desmame próximos aos de leitões nascidos mais pesados sem suplementação (Wolter et al., 2002). Outra vantagem do uso de sucedâneos de leite na maternidade é o desempenho nas fases subsequentes. Leitões alimentados com substitutos lácteos no período de 3 a 21 dias de idade anteciparam em três dias o peso de abate (Wolter et al., 2002). Além disso, tem sido observado que animais que receberam suplementação láctea na maternidade tem maior ganho de peso nas três primeiras semanas pós-desmame (Dunshea et al., 1999), em decorrência do melhor desempenho na fase de maternidade. Importante lembrar que a porca fornece aos leitões o colostro e suas imuglobulinas e que um melhor resultado no desempenho da leitegada se dá pela combinação de NT A revista da produção Animal | novembro 2014 83 fornecimento de leite pela porca juntamente com o sucedâneo lácteo, que é uma fonte extra de energia e lactose. Outra aplicabilidade dos sucedâneos de leite é seu uso na fase de creche para leitões pequenos. A estratégia alimentar consiste em se fornecer o sucedâneo entre 2 a 5 dias pós-desmame juntamente com a ração seca. Esta combinação porporciona adaptação mais fácil do sistema digestório do leitão, prevenção de diarreia e melhor ganho de peso (Mavromichalis, 2011). Composição do leite da porca e os sucedâneos Para considerarmos um sucedâneo lácteo que garante bom desempenho aos leitões, é preferível que esse se assemelhe ao máximo à composição nutricional do leite da porca, como pode ser demonstrado na Tabela 2. Tabela 2: Composição leite da porca Análises Leite da Porca Matéria Seca 20,00 Proteína 5,80 Gordura 8,60 Lactose 4,60 CA 0,24 Proteína 0,14 como por exemplo óleo de coco e outros óleos vegetais. Não se pode esquecer dos palatabilizantes, aromatizantes, acidificantes, vitaminas e minerais. Outras fontes de proteínas podem ser colocadas, desde que sejam de alta qualidade e purificadas, como por exemplo concentrado proteico de soja e glúten de trigo. Os sucedâneos lácteos de última geração podem também conter imunglobulinas para auxiliar na proteção do leitão. As principais carcaterísticas dos produtos lácteos que compõem os sucedâneos são: • Soro de leite em pó: resulta da desidratação do líquido resultante da coagulação do leite durante a produção do queijo. O uso na alimentação de leitões deve-se a sua alta palatabilidade e por ser fonte de energia facilmente digestível (lactose). No entanto, deve-se estar atento à higroscopicidade do produto (Figura 2) e alta variação bromatológica que o produto pode ter em decorrência de seu processamento (Tabela 3). • Leite em pó: dentre os produtos lácteos, o leite em pó é o que mais se assemelha ao leite da porca. Possui alto teor de proteína com elevada digestibilidade, além de excelente palatabilidade. No entanto, o elevado custo pode ser um fator limitante para a sua utilização na nutrição de leitões. • Permeato de soro: produto obtido a partir da remoção da fração proteica do soro (ultrafiltração). Possui alto teor de lactose, vitaminas tiamina (B1), riboflavina (B2) e niacina (B3). No entanto, caracteriza-se pelo baixo aporte de proteína e aminoácidos. Conclusão No cenário atual, no qual fêmeas suínas caracterizam-se pela alta prolificidade, o uso de sucedâneos lácteos para leitões torna-se uma ferramenta extremamente viável. O uso destes produtos proporciona aumento no ganho de peso da leitegada e reduz a mortalidade de leitões na maternidade, especialmente em se tratando de leitegadas numerosas. Além disso, benefícios do seu uso também podem ser observados após o desmame. No entanto, deve-se sempre estar atento à composição e qualidade das matérias-primas que compõem estes sucedâneos, a fim de se obter o maximo desempenho. Foto: NFT Alliance Figura 2: Foto empedramento do soro de leite em pó (Arrey, 2008) Fonte: Mavromichalis (2011) Além da compoisção nutrional, deve-se atentar à composição em ingredientes para a constituição de um sucedâneo. Diferentes sucedâneos no mercado possuem composição nutricional semelhante, porém contém ingredientes com qualidade e características distintas. Dessa forma, deve-se atentar para a composição em ingredientes, que devem ser nobres e com alta digestibilidade. Assim, os sucedâneos devem ser constituídos em sua maioria por derivados lácteos, como leite em pó integral ou desnatado, soro de leite, concentrado protéico de soro de leite, lactose cristalina e outros derivados de alta qualidade. Como o leite da porca é rico em gordura, as gorduras colocadas nesses sucedâneos devem ser de fácil digestão para os leitões, Tabela 3: Variação na composição química do soro de leite em pó (Arrey, 2008) Umidade Proteína Cinzas Lactose pH Soro 1 3,45 7,53 12,60 66,40 4,80 Soro 2 3,71 8,90 8,11 66,90 5,94 Soro 3 3,11 9,48 11,50 69,60 4,39 Soro 4 4,48 13,36 12,60 60,00 4,29 Soro 5 3,87 9,41 12,07 62,20 7,35 CV (%) 13,70 22,30 16,50 5,90 24,20 84 NT A revista da produção Animal | novembro 2014 Fêmeas são altamente produtivas na suinocultura atual. Assim, é preciso utilizar sucedâneos de leite para atender necessidades nutricionais das leitegadas NT A revista da produção Animal | novembro 2014 85 Ingredientes na produção suína Foto: NFT Alliance Por Vivian Ferreira da Silva (Coordenadora de Produtos - Medicamentos) e Tiago José Mores (Consultor Técnico Suínos), da Cargill Alimentos - Nutron Vivian Silva Tiago Mores Leitões saudáveis representam a chave para a produtividade na suinocultura 86 NT A revista da produção Animal | novembro 2014 Disenteria Suína A disenteria suína é conhecida como diarreia sanguinolenta ou diarreia do sangue, causada por um espiroqueta anaeróbico β-hemolítico chamado Brachyspira hyodysenteriae que causa lesões no ceco e cólon do suíno, provocando lesões fibrino-hemorrágicas, impedindo que ele faça a absorção de água. Esta diarreia leva a perda de peso, piora na conversão alimentar, vulnerabilidade a outras patogenias e até mortalidade. Os animais acometidos apresentam diarreia muco-hemorrágica, muitas vezes com material necrótico e alimento mal digerido (Figura 1). Acomete predominantemente animais logo após a saída da creche, em fases de recria e terminação. Porém, pode acometer todo o rebanho levando a 90% de morbidade (média de 30-40%) e 30% de mortalidade (média de 5 a 15%), sendo que estas altas taxas são atingidas quando os animais sofrem com mau manejo Figura 1: Estágio inicial da infecção. Fezes com presença de grande quantidade de muco, sangue e partículas de ração não digerida Foto: Tiago Mores Brachyspira spp. Diarreias causadas por infecções intestinais bacterianas são algumas das doenças mais importantes para a produção de suínos no mundo inteiro. Um dos agentes mais importantes causadores de diarreia é a bactéria do gênero Brachyspira (B.), correspondendo ao grupo de bactérias anteriormente classificadas no gênero Serpulina e incluindo várias espiroquetas intestinais comensais e patogênicas para diversas espécies animais incluindo o homem. Em suínos, duas espécies são consideradas patogênicas: Brachyspira hyodysenteriae, que causa uma diarreia mucohemorrágica severa conhecida como “Disenteria suína”; e Brachyspira pilosicoli, que causa uma diarreia mucoide de baixa gravidade, não hemorrágica, conhecida como “Colite espiroquetal suína”. A infecção tem significativa importância econômica, pois provoca diarreia e perda de peso nos animais afetados e, em função disso, a necessidade do uso sistemático de medicação com antimicrobianos para seu controle. A piora na conversão alimentar tem sido calculada na ordem de 10 a 90% e a redução do ganho de peso diário em 13 a 62%. Estudos recentes estipulam perda anual de US$ 100 por porca acometida. Casos de disenteria e colite têm sido descritos em todo o mundo. No Brasil, vários estudos demonstraram a relação entre infecção com a bactéria e perdas em rebanhos de crescimento e terminação. Já foram citados alguns surtos nos estados de Minas Gerais e São Paulo, assim como no Rio Grande do Sul (disenteria suína - Barcellos, 1978; Barcellos et al. 1995) e no Paraná (Warth, Kluppel & Dittrich, 1985). Esses dados sugerem a importância do agente em nosso meio e indicam a necessidade de que as infecções espiroquetais sejam incluídas no diagnóstico diferencial das diarreias prevalentes nas fases de recria e terminação. e estresse permanente. A infecção ocorre por via fecal-oral, sendo que suínos e roedores portadores do agente têm grande importância na sua disseminação, visto que os suínos infectados podem carrear a B. hyodysenteriae por até 3 meses e camundongos infectados podem eliminar este agente nas fezes por mais de 180 dias, enquanto ratos eliminam por 2 dias. Esta bactéria é sensível à secagem, calor e pH ácido, não sobrevivendo fora do hospedeiro quando exposto à luz solar e ao ar. A B. hyodysenteriae sobrevive nas fezes por sete dias a 25ºC, no solo por 10 dias a 10ºC, por 78 dias em solo com 10% de fezes e por até 112 dias em fezes puras, também a 10ºC. Em fezes disentéricas diluída em água foi constatada a sobrevivência do agente por 61 dias a 5ºC. Um rebanho pode se contaminar pela introdução de animais portadores no plantel, veículos que transportam animais doentes ou portadores, visitantes, cães, ratos, moscas e mosquitos. Outra forma de ocorrência de surto dentro de uma granja é pela introdução de reprodutores com infecção subclínica (portadores assintomáticos) ou na fase de incubação da doença, principalmente quando não se realiza a quarentena destes animais. O período de incubação varia de 10 a 14 dias, podendo chegar entre 3 a 6 semanas. A Disenteria dos Suínos é disseminada pelos animais doentes por meio da água, principalmente em lâminas de água (Figura 2), e fômites, como botas e roupas sujas de fezes ou alimentos contaminados. Os sinais clínicos geralmente são iniciados em alguns animais no lote com repetição dos casos e, aos poucos, com a disseminação de fezes contaminadas pelo ambiente. O número de infectados aumenta de forma progressiva com diferentes graus de severidade. O curso pode variar de um caso mais raro e superagudo (com morte em 24 horas) até uma diarreia crônica com retardo no crescimento. NT A revista da produção Animal | novembro 2014 87 água, realizar limpeza diária das baias e fazer a limpeza semanal das baias e calhas de dejetos seguidas de lavagem e desinfecção. O ideal é iniciar o programa de erradicação nos períodos quentes e de seca, quando a resistência da bactéria no ambiente é menor. Além disso, deve-se realizar um intenso combate a roedores e insetos, assim como a outros possíveis vetores do agente. Colite Espiroquetal A Colite Espiroquetal caracteriza-se por colite moderada não fatal acompanhada de diarreia mucóide com caracte88 NT A revista da produção Animal | novembro 2014 360 300 200 180 175 170 165 160 155 150 145 140 Dias 135 130 125 120 115 105 100 95 90 85 80 75 70 65 60 55 50 45 40 Dias 360 300 200 180 175 170 165 160 155 150 145 140 135 130 125 120 115 105 100 95 90 85 80 75 70 65 60 55 50 45 40 Ileíte 360 300 200 180 175 170 165 160 155 150 145 140 135 130 125 120 115 105 100 95 90 85 80 Dias 75 70 65 60 55 50 45 40 Síndrome colite 360 300 200 180 175 170 165 160 155 Dias 150 145 140 135 130 125 120 115 105 100 95 90 85 80 75 70 65 60 55 50 45 40 Colite espiroquetal 360 300 200 180 175 Dias 170 165 160 155 150 145 140 135 130 125 120 115 105 100 95 90 85 80 75 70 65 60 55 50 45 40 Colibacilose Foto: Tiago Mores Figura 2: Contaminação da lâmina de água por um suíno com diarreia. Outros animais entram em contato com a lâmina contaminada e acabam se infectando 360 300 200 180 175 170 165 160 155 150 145 140 135 130 125 Dias 120 115 105 100 95 90 85 80 75 70 65 60 55 50 45 40 Disenteria suína Figura 3: Estágio mais avançado da doença. Fezes de coloração marrom-chocolate e presença de muco Quadro 1: Idade de maior ocorrência das principais diarreias dos suínos nas fases de recria e terminação Ileíte Para eliminar o agente dos suínos, é necessário utilizar drogas que combatem a doença, sendo mais eficientes as drogas à base de valnemulina e tiamulina. Antes de determinar um programa de medicação, recomenda-se isolar o agente e realizar um antibiograma com determinação da concentração inibitória mínima (MIC) para tornar o tratamento mais eficaz e assertivo. A droga de escolha deve ser administrada a todos os animais da granja na dose terapêutica por um período de 3 a 4 semanas. É importante retirar os animais jovens da granja com interrupção de partos por cerca de três semanas e venda de todos os leitões em creche, crescimento e terminação, além de matrizes jovens de até 10 meses de idade e povoar instalações de recria ou terminação com animais de apenas uma origem e da mesma idade. Para eliminação do agente do ambiente deve-se utilizar sistema de manejo do tipo “todos dentro - todos fora” e elaborar um programa de limpeza e desinfecção das instalações e de seus arredores, com foco total na eliminação da matéria fecal. Deve-se evitar a utilização de lâminas de Foto: Tiago Mores Nos casos agudos ocorre anorexia, sede intensa, flancos do abdômen retraídos, emagrecimento, diarreia e aumento da temperatura corporal, podendo atingir 40ºC. Após 48h, iniciam-se os sinais de diarreia com muco, sangue e partículas de ração nas fezes, com eliminação contínua e sem esforço. Posteriormente, os sinais evoluem para fezes de coloração marrom-chocolate (Figura 3) com material muco-fibroso com odor fétido, levando os animais à rápida perda de condição corporal (olhos fundos, costelas salientes, pele áspera, cauda caída e região perianal suja de fezes). Leitões lactentes afetados apresentam diarreia catarral sem sangue e dificilmente ocorrem surtos em animais adultos ou fêmeas em gestação/lactação. Animais mortos apresentam-se edemaciados, com pelos longos e tingidos por fezes, com sinais claros de desidratação. Durante a necropsia observa-se limitação da lesão no intestino grosso até a união íleo-cecal, com enterite muco-hemorrágica ou fibrino-hemorrágica. O conteúdo intestinal é fluido, com muco, sangue e até mesmo fibrino-necrótica. Linfonodos mesentéricos podem estar aumentados e edemaciados, além de conteúdo seroso abdominal. O diagnóstico é feito a partir dos sinais clínicos, achados de necropsia, análise microscópica dos esfregaços de mucosa, histopatologia, imunohistoquimica, isolamento, identificação bioquímica ou PCR, técnica esta mais utilizada atualmente. Os tratamentos comumente utilizados são, em geral, direcionados para combater a forma aguda da doença. Dessa forma, casos de recidivas são comuns e os gastos com medicamentos são normalmente altos, o que leva à necessidade de erradicação da doença pela eliminação da infecção nos suínos e no ambiente. * EPH - Enteropatia proliferativa hemorrágica, forma aguda da infecção por L. intracellularis, até 360 dias de idade (Fonte: Barcellos, 2001). NT A revista da produção Animal | novembro 2014 89 rística de “cimento fresco” (Figura 4). Os suínos acometidos apresentam atraso no ganho de peso e desuniformidade no lote. A infecção tem maior frequência entre 60 e 85 dias de idade, uma a duas semanas após o reagrupamento dos animais por ocasião do deslocamento entre as instalações de creche e crescimento. A B. pilosicoli é um espiroqueta Gram-negativa, anaeróbia, móvel (flagelada) que causa fraca hemólise no ágar sangue. O uso da ração sem medicamento tem sido considerado a variável mais importante para influenciar a prevalência da infecção. Além disso, são considerados fatores pré disponentes o uso de formulações que venham a favorecer o crescimento bacteriano no intestino grosso, tais como as rações ricas em polissacarídeos não amiláceos, rações peletizadas e/ou contendo cevada. Estes fatores favorecem a produção de muco no intestino e/ ou não são digeridos no intestino delgado, favorecendo assim substrato para a microbiota. A infecção se dá por via fecal-oral e por portadores assintomáticos. A B. pilosicoli pode sobreviver no ambiente por até 119 dias no solo e 210 dias em solo com contaminação de 10% de fezes. Após inoculação experimental, a B. pilosicoli pode ser detectada nas fezes entre 2 a 7 dias, sendo que o período de infecção pode se estender por até 20 dias. Ela se liga às células do intestino, causando a perda das microvilosidades levando aos quadros de diarreia por má absorção e abrindo portas para infecções secundárias. As fezes têm características de cimento fresco, sendo da cor acinzentada, às vezes grudenta e viscosa. Alguns animais não têm sinais de diarreia devido à grande capacidade do cólon e ceco de reabsorver a água, mas mesmo assim os animais sofrem com a perda de peso. Esta diarreia costuma ser auto limitante com cura entre 2 a 14 dias, mas pode retornar após a redução da imunidade do animal. Durante a necropsia, as lesões se limitam ao ceco e cólon. Estes órgãos apresentam-se dilatados, com mucosa congestionada e aspecto brilhante pelo excesso de muco. A parede intestinal está edematosa e linfonodos mesentéricos e colônicos estão aumentados. O tratamento é muito semelhante ao da disenteria suína com o uso de antimicrobianos específicos contra espiroquetas no início do quadro clínico. A salinomicina como promotor de crescimento pode suprimir os sintomas, mas não elimina a infecção. Outros antibióticos são mais efetivos e podem ser utilizados por qualquer via (injetável, ração ou água), no mesmo protocolo da disenteria suína, mas seu efeito depende da sensibilidade do microrganismo. Estudos recentes mostram que as moléculas mais efetivas são as pleuromutilinas, tais como a tiamulina. Numa baia devem ser medicados todos os animais doentes e não apenas aqueles com diarreia, assim como os lotes das baias adjacentes. O uso de medicação preventiva deve ser cauteloso, visto que a mudança na ração medicada para não medicada entre as fases de creche e crescimento pode desenvolver casos da doença. As formas de controle são pela melhoria do ambiente, instalações, manejo de despovoamento, higiene e medicação, assim como a redução do conteúdo energético e proteico da ração. Todas as medidas de manejo capazes de reduzir a contaminação fecal-oral, como a limpeza diária das baias, podem diminuir a pressão infectante e auxiliar no controle de surtos da colite espiroquetal. Foto: Tiago Mores Figura 4: Fezes de consistência pastosa, com coloração acinzentada (cimento fresco) e com presença de muco LUCRO AUMENTADO ATRAVÉS DE NUTRIÇÃO MELHORADA As enzimas Avizyme® melhoram a digestibilidade e a variabilidade de muitos ingredientes usados na ração avícola. Avizyme 1505 ® • Reduzem o custo da ração • Mantêm o crescimento e a produtividade de ovos • Aves mais uniformes • Termoestável a 90°C/194°F Aprenda mais acessando www.animalnutrition.dupont.com ou envie um e-mail para [email protected] Copyright© 2014 DuPont ou suas afiliadas. Todos os direitos reservados. O logo oval da DuPont, DuPont™ e todos os produtos que apresentem as marcas ® ou ™ são marcas comerciais registradas ou marcas comerciais da DuPont ou de suas afiliadas. 90 NT A revista da produção Animal | novembro 2014 NT Danisco Animal Nutrition A revista da produção Animal | novembro 2014 91 92 NT A revista da produção Animal | novembro 2014