A revistA dA produção AnimAl | novembro 2014

Transcrição

A revistA dA produção AnimAl | novembro 2014
NT
A revista da produção Animal
Nº 20 - ANO 06 - 2014
Nutrition for
Tomorrow
2014
o ano da pecuária
Cooperativismo
Casos de Sucesso
COASC, a mais nova cooperativa
de suinocultores de Santa Catarina
C.Vale chega aos 51 anos com vitalidade
e 16 mil produtores cooperados
Mercado
Brasil movimenta mais de R$ 1 bi no
Salão Internacional da Alimentação
Eventos
Workshop de Suprimentos foca
discussão em qualidade, preço e serviço
NT
A revista da produção Animal | novembro 2014
1
Expediente
nftalliance.com.br
@nftalliance
tinyurl.com/6ewbqog
Editorial
Gestão focada em pessoas:
compromisso que dá certo
youtube.com/nftalliance
A revista NT é uma publicação trimestral da
Nutrition for Tomorrow Alliance, distribuída
gratuitamente para a cadeia da produção animal.
Comitê NFT Alliance
MSD Saúde Animal: Edival Santos
Cargill Alimentos - Nutron: Celso Mello
Vale: Thaís Martins
Nutron®
Gestão NFT
Álvaro Peixoto
Carolina Tanese
Produção Editorial
Texto Comunicação Corporativa
Jornalista Responsável
Altair Albuquerque (MTb 17.291)
Redação
Alexandre Franco dos Santos
Adriana Fernandes
Projeto Gráfico e Diagramação
Rodrigo Bonaldo
Antecipar o futuro da nutrição animal
não é tarefa impossível para quem
ajuda a construí-lo.
A
Nutron®
trabalha todos os dias para construir a nutrição do amanhã.
Fazemos isso através de uma Plataforma Global, líder no
desenvolvimento de produtos e serviços para nutrição animal com a
mais alta tecnologia, segurança, inovação e performance para atender
às exigentes demandas atuais e às que ainda estão por vir.
Conte conosco para construir seu futuro: www.nutron.com.br
2
NT
A revista da produção Animal | novembro 2014
Fotos
Arquivo NFT Alliance e Texto Comunicação
Impressão
Silvamarts
Tiragem
3.500 exemplares
Contato
[email protected]
A revista em formato eletrônico está disponível
no site: www.nftalliance.com.br
Nutrition for Tomorrow (NFT Alliance) é um
projeto desenvolvido e administrado pela
Cargill Alimentos - Nutron, que reúne empresas
do setor da produção animal, concentrando o
melhor capital humano e fornecendo conteúdo
técnico para gerar e fortalecer a sustentabilidade
dos clientes. A Revista NT é uma publicação
dirigida a produtores, empresários, técnicos,
pesquisadores e colaboradores ligados à cadeia
da produção animal. Os artigos assinados não
expressam necessariamente a opinião da revista.
O conteúdo dos artigos é de responsabilidade
dos autores. Não é permitida a reprodução
parcial ou total das reportagens e dos
artigos publicados sem autorização.
Edival Santos
Presidente da MSD Saúde Animal
C
uidar dos animais é nossa causa e
vocação. Cuidar da nossa equipe,
também. Esse é o pensamento que
move a MSD Saúde Animal e é com muita
alegria que o compartilho com os parceiros da
NFT Alliance. Em outubro, recebemos o título
de “Melhor Empresa do Setor Farmacêutico
para Você Trabalhar” da revista Você S/A, da
Editora Abril, que anualmente realiza uma
conceituada pesquisa em parceria com a
Universidade de São Paulo, para ranquear as
empresas do País que têm o melhor ambiente
de trabalho. O mais interessante disso tudo
é que essa pesquisa é realizada dentro das
companhias inscritas, de forma transparente
e objetiva, na qual a parte mais importante
de uma corporação é ouvida: o colaborador.
Para nós, o título é uma honra, mas também
a certeza de que estamos no caminho certo e
de que queremos ir além. Por isso, quero dividir com vocês esse caminho que trilhamos
até chegar ao reconhecimento. Acredito e
sempre digo que são as pessoas que fazem
uma empresa e seus resultados. E aqui não
poderia ser diferente. Nosso time é formado
por pessoas motivadas, que amam o que fazem, e é esse perfil que buscamos identificar
nos nossos colaboradores, além, é claro, de
motivá-los constantemente.
Na MSD Saúde Animal, investimos de forma consistente em capacitação e comunicação, mantendo nossos profissionais
atualizados sobre nossas ações e projetos,
incentivando-os a buscar a excelência individual e em equipe, sempre tendo em mente os melhores resultados.
Esse título é mérito de todo o time, que é
formado por profissionais de perfis diferentes, mas que mantêm o respeito uns com os
outros, trabalhando com um único objetivo:
ser a melhor empresa de saúde animal do
mundo. Nossos líderes também têm papel
fundamental nesse processo e, claro, a área
de Recursos Humanos.
A MSD Saúde Animal, como mencionei, é
uma empresa que busca a excelência e, por
isso, oferece ferramentas de desenvolvimento
para todo o time, mas, principalmente a área
de RH, lança um olhar individual sobre cada
um dos colaboradores para buscar sempre a
evolução profissional e pessoal. A maior parte
da nossa equipe é formada por médicos veterinários que, para se adaptar às exigências da
indústria farmacêutica como um todo, recebe
suporte da empresa para descobrir e aperfeiçoar suas aptidões para os negócios. Com as
ferramentas internas, conseguimos manter o
colaborador em constante aperfeiçoamento,
ajudando o time em suas necessidades e, claro, construindo uma carreira vitoriosa.
Diante desse reconhecimento, a MSD Saúde
Animal caminha para fechar o ano com chave
de ouro e feliz, novamente, por poder dividir
seus conceitos na NFT Alliance, que nasceu
com o objetivo de multiplicar boas práticas
dentro do contexto de saúde animal e que
resultam, é claro, em mais saúde para toda a
população. E boas práticas devem mesmo ser
compartilhadas.
Por isso, nas próximas apáginas desta edição você conhecerá um pouco mais sobre o
modelo de gestão da MSD e o prêmio que
recebemos. Obrigado a todos os parceiros
e boa leitura!
Patrocínio:
NT
A revista da produção Animal | novembro 2014
3
índice
Foto: Divulgação
Cooperativismo
COASC, a mais nova cooperativa de
suinocultores de SC
18
Observações de campo revelam falhas
na proteção das Enramicinas genéricas
Suplementar bovinos de corte nas
águas é como empurrar o carro
ladeira abaixo!
SIAL, o maior evento da
alimentação mundial
42
Casos de Sucesso
Metafilaxia: mais que um conceito,
um ganho em produtividade
26
Eventos
A revista da produção Animal | novembro 2014
Diarreias neonatais em suínos: um desafio
multifatorial
Foto: Divulgação
As isoflavonas da soja e sua relação como
ingrediente em dietas de bovinos leiteiros
Workshop de Suprimentos, Simpósio
Brasil Sul de Bovinocultura de Leite e
muito mais
28
Suinocultura
Pecuária de Leite
72
Uso de sucedâneos lácteos para leitões
82
Ingredientes
Conceitos Técnicos UTMOST™
15
64
46
C.Vale chega aos 51 anos em forma
e em crescimento
Suinocultura
Nutrição e imunidade em aves
Foto: NFT Alliance
24
Foto: NFT Alliance
Foto: MSD Saúde Animal
9
NT
60
Foto: Texto
Mercado
6
4
Quanto o milho é consistente como
ingrediente alimentar?
38
21
2014 foi um ano muito bom para as
proteínas animais
58
Doença Respiratória Bovina em
confinamento. Como definir o melhor
protocolo sanitário
Celso Mello (Cargill Alimentos) e
Edival Santos (MSD) analisam 2014 e
fazem previsões para 2015
MSD é a melhor
empresa
farmacêutica para
se trabalhar e a
Cargill Alimentos é
a melhor empresa
de nutrição animal
do ano
Interação entre a adubação fosfatada
na pastagem e a suplementação
mineral de bovinos
34
Entrevista
Giro
Avicultura
Foto: NFT Alliance
Destaque
Pecuária de Corte
50
Brachyspira spp. na produção suína
86
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5
fecham 2014 com
desempenho positivo
Carnes bovina, suína e de frangos
alcançam US$ 20 bilhões em exportação
6
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A revista da produção Animal | novembro 2014
2014 termina com um resultado muito especial para o agronegócio e será lembrando por muito tempo como o ano em
que as proteínas animais do Brasil vivenciaram uma confluência de fatores positivos única, o que proporcionou ganhos
para todos os elos da cadeia: os produtores, os fornecedores
de insumos, a indústria e o varejo.
Não houve melhor ano na história recente, considerando
avicultura de corte, suinocultura e pecuária de corte. Mesmo
a pecuária leiteira e avicultura de postura, atividades que não
participam ativamente do comércio internacional e, assim,
vivem mais à mercê do vaivém do mercado interno, apresentaram resultados satisfatórios.
O ano chega ao final com um recorde em exportações, o
que puxa o desempenho das carnes. Segundo estimativas
preliminares, o balanço das vendas externas de carnes bovina, suína e de frangos aponta para aumento superior a 15%
sobre os números de 2013. Esse percentual fica ainda mais
saboroso por conta dos preços internacionais, que se mantiveram em bons patamares no ano.
O fator Rússia é destacado em todas as rodas de comércio
global. O embargo econômico proposto por Estados Unidos
e União Europeia ao país de Putin abriu as portas de um mercado comprador – e necessitado –, elevando os resultados a
patamares impensáveis e a ponto de Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) ter
dito que “não exportamos mais carne suína simplesmente
porque não estávamos preparados para vender tanto”.
Em números, 2014 deve fechar com exportação de quase US$ 20 bilhões, contra S$ 16,65 bilhões – um resultado já
muito bom – no ano anterior. Esse desempenho é liderado
pela avicultura de corte, com cerca de US$ 9,5 bilhões. No
ano anterior, a ABPA registrou vendas de US$ 8,55 bilhões.
Em apenas um ano, o aumento superior a 10%. Em volume,
pela primeira vez na história o Brasil atingiu o patamar de 4
milhões de toneladas de carne de frangos exportadas – esse
montante representa nada menos do que 31% de toda a produção da avicultura brasileira em 2014.
A carne bovina também teve um ano excepcional. Na verdade, o melhor da história. Segundo dados preliminares da
Associação Brasileira das Empresas Exportadoras de Carnes
(ABIEC), o ano fecha com cerca de US$ 8 bilhões em vendas
externas. No ano anterior, foram US$ 6,6 bilhões. No total,
o país vendeu 1,8 milhão de toneladas – contra 1,5 mi/t em
2013. “Foi realmente um ano muito bom, motivado por uma
série de fatores, incluindo a presença sólida da Rússia, mas
destacando que estamos presentes em mais de 150 países”,
disse Fernando Sampaio, diretor executivo da ABIEC.
O Brasil é o quarto maior exportador de carne suína. Em
2014, foram vendidas perto de 600 mil toneladas, com faturamento na casa dos US$ 2 bilhões. Como disse Francisco Turra,
havia espaço para mais, porém o país agiu com cautela por
Foto: Divulgação
Proteínas animais
Foto: Divulgação
destaque
Produção de ovos atinge 37 bilhões de
unidades e consumo, 168 unidades/hab
conta da demanda russa e prefere se estruturar para crescer
com segurança. Um fato a destacar foi o embarque de carne
suína brasileira para os Estados Unidos, realizado pela Aurora,
no início de novembro.
Produção em crescimento
O cenário internacional efetivamente contribuiu para o
bom desempenho das proteínas animais em 2014. Outro fato
a destacar foi a força do mercado interno, em que pese o baixo crescimento econômico.
Segundo projeções do Rally da Pecuária, em 2014 o Brasil
deve produzir 10,5 milhões de toneladas de carne bovina,
com crescimento modesto mas importante de 2,7% sobre o
ano anterior.
Em relação à avicultura de corte, novo recorde. A produção
de frangos deve alcançar 12,8 milhões de toneladas, contra
12,31 mi/t em 2013. No segmento de postura, a previsão da
ABPA é chegar a 37 bilhões de unidades (3,08 bilhão de dúzias) com expressivo aumento de 8,4% sobre o ano anterior.
A produção de carne suína deve se aproximar de 3,6 milhões de toneladas, após fechar em 3,42 mi/t em 2013: avanço
de 5%. Há dez anos, o Brasil produzia 2,6 mi/t: crescimento de
quase 40% em uma década.
A pecuária leiteira também fecha o ano com um excelen-
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A revista da produção Animal | novembro 2014
7
Giro
Balanço da Pecuária de Corte
Item
Balanço da Avicultura de Corte
2004 2013 2014*
Item
2004 2013 2014*
Produção (mi/t)
8,85
10,23
10,50
Produção (mi/t)
8,49
12,31
12,80
Exportação (mi/t)
1,18
1,50
1,80
Exportação (mi/t)
2,47
3,89
4,10
39
40
40
32
43
44
Consumo per capita (kg)
Fonte: ABIEC, Abrafrigo e ABCZ
* Estimativa
Fonte: ABPA e ACAV
Balanço da Avicultura de Postura
Item
Consumo per capita (un)
Fonte: ABPA e APA
* Estimativa
Balanço da Pecuária de Leite
2004 2013 2014*
Produção (bi/t)
Consumo per capita (kg)
23,87
34,12
37,00
120
165
168
* Estimativa
Item
2013 2014*
2004
Produção (mi/t)
23,5
35,0
37,0
Consumo per capita (l)
127
175
180
Fonte: Leite Brasil e CNA
* Estimativa
Balanço da Suinocultura
Item
2004
2013
2014*
Produção (mi/t)
2,62
3,43
3,60
Exportação (mil/t)
484
517
590
Consumo per capita (kg)
11,5
15
15
Fonte: ABPA e ABCS
8
NT
* Estimativa
A revista da produção Animal | novembro 2014
Vale Fertilizantes apoia
cursos gratuitos de
capacitação agrícola
Como parte do seu Programa de Apoio
à Agricultura Familiar, a Vale Fertilizantes
patrocinou mais quatro cursos de capacitação para famílias de Ouvidor (GO).
A iniciativa conta com apoio do Serviço
Nacional de Aprendizagem Rural (Senar)
e da Federação da Agricultura e Pecuária
de Goiás (Faeg). Foram realizadas aulas nas
áreas de bovinocultura de leite, construção de instalações elétricas e hidráulicas,
selaria e alimentação complementar.
Bovinocultura de Leite – Os alunos
aprenderam como fazer a criação de bovinos de leite da maneira mais adequada, visando à produção de leite com qualidade
e de animais para reprodução. Entre outras
atividades, estão a higienização e a limpeza do equipamento, preservação ambiental e segurança no trabalho.
Construção de instalações – Prática ensina a fazer construções e reformas elétricas, hidráulicas e de alvenaria, utilizando
equipamentos e técnicas adequadas. Além
disso, atividades voltadas à segurança e
aos cuidados no uso da energia elétrica,
encanamentos de água e esgoto, nivelamento e esquadrejamento do terreno para
construções, preparação e uso dos vários
traços de argamassas, construção de pisos
concretados, aplicação de rebocos de parede, entre outras atividades.
Selaria – Os alunos aprendem a identificar as peças com seus respectivos nomes e
utilidades, identificação de defeitos do arreio ou sela, montagem e desmontagem,
reparos de defeitos, correção de ferragem,
substituição de peças, confecção de barrigueira, cabeçada e bainha.
Alimentação complementar – Programação inclui noções básicas de higiene,
importância do planejamento e aproveitamento de alimentos, processamento dos
pós para multimistura e receitas nutritivas.
“Projeto Prepara” ajuda adolescentes a
enfrentar os desafios do futuro
Com ações de doação de conhecimento para orientar os jovens sobre a vida profissional e acadêmica,
empregados do escritório da Vale
Fertilizantes em São Paulo, em parceria com a Associação Maria Helen
Drexel, promoveram de março a setembro de 2014 o “Projeto Prepara”,
voltado para adolescentes de 13 a
17 anos em situação de risco.
Atividades como palestras, encontros para acompanhamento e
capacitação em técnicas de coaching foram realizadas em parceria
com uma consultoria. Além disso,
os adolescentes visitaram o escri-
tório da Vale Fertilizantes em São
Paulo para conhecer a rotina e as
diversas atividades desenvolvidas
na empresa.
“É uma maneira diferente e mais
eficiente de ajudar. Quando se divide algo com uma pessoa – um
brinquedo ou mesmo dinheiro –,
cada um fica com metade. Quando
se compartilha conhecimento, você
não perde o que você tem. Ao contrário, a gente aprende muito com
os outros”, diz Dirk Brunckhorst,
voluntário do Prepara e Gerente de
Vendas Internacionais da Vale Fertilizantes.
Foto: Divulgação
Consumo interno sólido
Um dos fatores que ajudam a fortalecer o desempenho das
proteínas animais no Brasil é o tamanho do mercado interno. Com pouco mais de 200 milhões de habitantes, o país é
um grande consumidor de carnes e avança em ovos e leite,
dando importante respaldo para o crescimento da oferta nas
propriedades rurais.
De acordo com as entidades de classe, o brasileiro consome 40 kg de carne bovina/ano. Nesse caso específico, há uma
certa estabilidade na demanda. Há dez anos, o consumo per
capita era de 39 kg/hab/ano. “O brasileiro já é um grande consumidor de carne bovina. Esse patamar é histórico e está muito bom, suportando a produção – que cresce para atender as
necessidades internacionais. Também não se pode esquecer
que os volumes consumidores mantêm-se estáveis, para a
qualidade da carne brasileira está cada vez melhor”, assinala
Luiz Claudio Paranhos, presidente da Associação Brasileira de
Criadores de Zebu (ABCZ).
O frango posiciona-se mais uma vez no topo do ranking de
consumo de carnes. São cerca de 44 kg/hab/ano. Há uma década era de “apenas” 32 kg/hab/ano: avanço superior a 35%.
“O preço da carne de frango sem dúvida é um atrativo. Além
disso, trata-se de uma proteína de alta qualidade nutricional”,
explica Francisco Turra, presidente da ABPA.
Em relação a ovos, a evolução é menos consistente, mas
persistente. Apesar de a FAO/ONU recomendar consumo
superior a 260 unidades/hab/ano, o brasileiro consome em
torno de 170 unidades. Já foi pior: em 2004, a demanda era
de 120 ovos por habitante anualmente.
A carne suína conseguiu superar a barreira dos 15 kg/hab/
ano, após um longo período de altos e baixos. Esse percentual
ainda está distante das carnes mais consumidas porém dá o
suporte necessário para a atividade investir na produção.
O Brasil produz muito leite, porém consome relativamente
pouco. São cerca de 180 litros/ano, também abaixo da recomendação da FAO/ONU – acima de 250 litros/hab/ano. Mas
esse resultado melhora ano após ano. Em 2004, era de 127
litros/hab/ano. No período, o crescimento foi de mais de 40%.
Foto: Vale Fertilizantes
te resultado. O Brasil é um dos maiores produtores mundiais,
porém participa esporadicamente do comércio internacional
de leite. Em 2014, o país atinge 37 bilhões de litros, após alcançar 35 bi/l em 2013. Há uma década, a produção era de 23,5
bilhões/l. No período, o aumento da oferta interna foi de 57%.
Preservação do meio ambiente em Tapira (MG)
A Vale Fertilizantes investe em
ações voltadas para a conservação
do meio ambiente. Uma delas faz
parte do programa de Educação
Ambiental, desenvolvido pela empresa em parceria com a Escola Municipal Vicente Pereira Fernandes,
de Tapira (MG).
Alunos e professores da escola
participam do projeto de preservação da nascente, situada na comunidade rural das Palmeiras, com
NT
diversas atividades, como plantio
de mudas e limpeza da nascente localizada próxima ao colégio.
São duas frentes de atuação: primeiro, a ação de preservação em si;
em segundo lugar, a oportunidade
de fazer as dinâmicas com os alunos,
conscientizando-os por ser responsáveis pelo cuidado com as áreas de
preservação permanentes, inclusive
muito além das proximidades da
escola, como em suas propriedades.
A revista da produção Animal | novembro 2014
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MSD Saúde Animal
é eleita a melhor empresa
Foto: Editora Abril
farmacêutica para se trabalhar
olhar individual sobre cada um dos colaboradores para buscar sempre a evolução profissional e pessoal. “A maior
parte da equipe da MSD Saúde Animal
é formada por médicos veterinários
que, para se adaptar às exigências da
indústria farmacêutica como um todo,
recebe suporte da empresa para descobrir e aperfeiçoar suas aptidões para
os negócios. Com as ferramentas internas, conseguimos manter o colaborador em constante aperfeiçoamento,
ajudando o time em suas necessidades
e, claro, construindo uma carreira vitoriosa”, explica.
A MSD Saúde Animal é uma empresa que promove a ciência para
animais mais saudáveis, atuando com
cinco unidades de negócios em todo
o Brasil e mais de 50 países: avicultura, aquacultura, pecuária, pet e suinocultura. Possui uma extensa linha de
produtos veterinários, que garantem
um convívio saudável para homem e
seus animais de companhia e também
proteínas animais mais saudáveis para
toda a população. A filosofia adotada
pelo presidente da empresa é de ser a
melhor empresa de saúde animal, não
só como negócio, mas também para se
trabalhar, como confirmam os colaboradores.
“Fazer parte da equipe MSD Saúde
Animal é um motivo de orgulho para
mim. É você saber que está num ambiente em que prevalece a cooperação, espírito de equipe e senso de humanidade. Valores e princípios são os
pontos exaltados e que regem nossa
empresa e que, com certeza, são lembrados por cada um de nós e nos faz
querer estar aqui”, ressaltou o Gerente
Comercial da Unidade de Avicultura da
MSD, Alexandre Palma, há 10 anos na
empresa.
O mesmo sentimento de orgulho é
compartilhado pelo Coordenador de
Território da Unidade Pet, Alexandre
Matsui, há seis anos na empresa. “Sinto muito orgulho e satisfação de fazer
parte da MSD Saúde Animal, que é uma
empresa modelo em gestão de pessoas e, agora, reconhecida nacionalmente pela Editora Abril”, comentou.
Leonardo Burcius, Gerente de Produtos da Unidade de Suinocultura, está
há 11 anos no time e também comemora o título. “Foi na MSD que iniciei
minha carreira profissional, após me
formar em veterinária. Posso exemplificar as oportunidades que tive desde o
início, passando por diversas posições
como Promotor Técnico, Coordenador
de Território, Coordenador Técnico,
Gerente de Mercado e Gerente de Produtos e Marketing. As oportunidades e
possibilidades de crescimento profissional são enormes. Como se não bastasse isso, ainda trabalho com pessoas
excelentes e com produtos de ponta.
Tenho muito orgulho de fazer parte
desta companhia”, exaltou.
Fotos: MSD Saúde Animal
Edival Santos, presidente da MSD
Saúde Animal, recebe o prêmio
“Cuidar dos Animais é nossa causa
e vocação. Cuidar da nossa equipe,
também”. Foi assim que o presidente
da MSD Saúde Animal no Brasil, Edival Santos, recebeu a notícia de que a
empresa foi eleita, pela primeira vez
em sua história, a melhor farmacêutica
para se trabalhar. O título é resultado
da conceituada pesquisa realizada
anualmente pela revista Você S/A, da
Editora Abril.
Desde que assumiu o comando da
operação brasileira da MSD Saúde
Animal, em janeiro de 2013, Edival
Santos vem implementando uma
gestão focada em pessoas, cujos
resultados são percebidos diariamente
10
NT
entre os colaboradores e, agora,
consagrados com o prêmio. “São as
pessoas que fazem uma empresa
e aqui não poderia ser diferente.
Nosso time é formado por pessoas
motivadas, que amam o que fazem e
é esse perfil que buscamos identificar
nos nossos colaboradores, além, é
claro, de motivá-los constantemente.
Na MSD Saúde Animal, investimos de
forma consistente em capacitação
e comunicação, mantendo nossos
profissionais atualizados sobre nossas
ações e projetos, incentivando-os a
buscar a excelência individual e em
equipe”, ressaltou o presidente.
“Estamos imensamente felizes e
A revista da produção Animal | novembro 2014
honrados com esse reconhecimento,
resultado de muito esforço de todos
os nossos líderes em proporcionar um
ambiente de trabalho saudável, em
que todos respeitam suas diferenças,
trabalhando diariamente em um único
propósito. Agradeço a cada colaborador pelo empenho e que eles saibam
que continuaremos fazendo o melhor
para manter essa qualidade na nossa
empresa. Afinal, queremos ter o melhor time”, acrescentou.
O Gerente de Recursos Humanos
da MSD Saúde Animal, Odair Castro,
menciona que a companhia oferece
ferramentas de desenvolvimento, mas,
principalmente a área de RH, lança um
NT
A revista da produção Animal | novembro 2014
11
2ª Semana Nacional da Carne Suína
teve apoio da MSD Saúde Animal
Para valorizar e incentivar
cada vez mais o consumo da
carne suína no Brasil, a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) e o
Grupo Pão de Açúcar (GPA),
com o apoio da MSD Saúde
Animal, promoveram a 2ª Semana Nacional da Carne Suína, em setembro.
Durante o período da campanha, todas as lojas das redes do GPA incentivaram o
consumo da carne suína por
meio de promoções e explicações sobre as vantagens dessa proteína.
O evento de abertura contou, ainda, com bate-papo
com o Dr. Dráuzio Varella sobre os mitos negativos que
cercam o consumo da carne
suína.
Como apoiadora e patrocinadora do projeto, a MSD
Saúde Animal destaca a importância do evento para o
setor mas, principalmente,
para o consumidor, que tem
à disposição uma série de informações sobre o valor da
carne suína. “No Brasil ainda existem muitos mitos em
torno da qualidade da carne
suína, quando, na verdade,
essa é uma das proteínas mais
consumidas em outros países, devido ao seu alto valor
nutricional. A Carna Suína é
10”, ressalta Leonardo Burcius,
Gerente de Produto da MSD
Saúde Animal.
MSD Saúde Animal faz palestras
para apresentar Zuprevo, para DRB
A MSD Saúde Animal fez eventos regionais em
importantes municípios de pecuária, como Barretos. Zuprevo é um novo antibiótico para controle do
complexo Doença Respiratória Bovina (DRB), que
oferece combinação única de velocidade e durabilidade da ação, além de conveniência ao produtor.
Zuprevo é indicado no tratamento e prevenção
da DRB associada à Mannheimia haemolytica, Pasteurella multocida e Histophilus somni, os três principais agentes do complexo DRB. O produto é aprovado para uso em bovinos de corte.
“Para se ter uma ideia, DRB é a doença de bovinos
de corte mais comum e que gera mais prejuízos
no mundo, tornando-se uma questão importante
em saúde e bem-estar animal. O tratamento eficaz
da DRB é a prevenção, portanto, é fundamental
proteger o seu rebanho, para manter a produção
sustentável de carne bovina. Zuprevo chega ao
mercado com essas duas opções de uso e coloca
você no controle”, destaca o médico veterinário
Maurício Morais, Gerente de Produto da Linha Corte
da MSD Saúde Animal.
“Com o lançamento de Zuprevo, a plataforma de
saúde pulmonar da MSD Saúde Animal tem agora
gama completa de soluções para DRB, tanto no diagnóstico, tratamento e prevenção”, destaca Morais.
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A REVOLUÇÃO DA EFICIÊNCIA
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CMY
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A preocupação com a Tristeza Parasitária Bovina no Centro-Sul
A Tristeza Parasitária Bovina (TPB) é
uma doença infecciosa e parasitária dos
bovinos causada por uma riquétsia do
gênero Anaplasma (Anaplasmose) e
um protozoário do gênero Babesia (Babesiose), transmitida aos animais pelo
carrapato dos bovinos (Rhipicephalus
[Boophilus] microplus) e mosca hematófaga. Está distribuída por todo o Brasil, sendo a sua maior ocorrência na região Centro-sul e com maior frequência
no Estado do Rio Grande do Sul.
Na TPB, ocorre rompimento das hemácias dos animais, fazendo com que
entrem em anemia. Os sintomas são:
febre, icterícia ou mucosas pálidas
e prostração, daí o nome popular de
“tristeza”.
“A doença é mais encontrada nos
12
NT
rebanhos com sangue de raças europeias de corte e leite, nos quais o carrapato aparece em infestações irregulares, variando de baixa a alta, causando
grandes perdas econômicas pela influência que exerce no crescimento e
desenvolvimento desses animais, pelas altas perdas de produção de carne
e leite e pelos distúrbios reprodutivos,
com interferência direta na produtividade do rebanho e consequentemente a perdas econômicas (podendo, sem
tratamento adequado, levar o animal à
morte). Por este motivo, é importante realizar a quimioprofilaxia”, explica
Emerson Botelho, Gerente de Produto
MSD Saúde Animal.
Em pecuária leiteira, a tristeza parasitária bovina é um problema constante
A revista da produção Animal | novembro 2014
em bezerras (terneiras) devido ao manejo. Existem também os casos de vacas em lactação criadas em free-stall e
quando secadas são colocadas em piquetes, onde podem ter contato com
carrapato e contágio pela TPB.
Em rebanhos de corte, é crescente
os casos de TPB nos confinamentos e
áreas de integração lavoura-pecuária.
No caso de confinamento, transporte
animal, organização em novos lotes e
outros fatores reduzem a imunidade
do animal pelo estresse e permite o retorno da TPB, principalmente casos de
anaplasmose transmitida por moscas.
Para prevenir e combater esta doença, a MSD Saúde Animal possui um
protocolo de sanidade completo com
o uso estratégico do Imizol.
Programa de soluções para suínos
em crescimento e terminação
Utmost™ é um programa nutricional para suínos que alia ciência à eficiência
para gerar o verdadeiro máximo retorno do investimento na fase de terminação.
O conhecimento avançado da Cargill® permite a personalização de cada caso,
garantindo retorno positivo independente do cenário macroeconômico.
VOCÊ, A UM PASSO DA REVOLUÇÃO DA EFICIÊNCIA.
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A revista da produção Animal | novembro 2014
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Cargill Alimentos apresenta UTMOST, para o máximo
retorno econômico em todos os cenários econômicos
Cargill Alimentos - Nutron
é eleita melhor empresa de
Nutrição Animal pela Globo Rural
Pela 8ª vez consecutiva a Cargill
Alimentos-Nutron foi vencedora
do Prêmio ‘Melhores do Agronegócio’, da Revista Globo Rural, na categoria ‘Nutrição Animal’, premiação
que chega à 10ª edição em 2014.
Esta conquista aconteceu em um
ano de consolidação e expansão
dos negócios da empresa após a
aquisição pela Cargill, que motivou
também ajustes internos, tendo
em vista os novos desafios e expectativa de crescimento do mercado
para os próximos anos.
14
NT
“Este cenário deve se manter promissor e a empresa tende a acompanhá-lo, com crescimento em torno de 10% ao ano para os próximos
anos”, enfatiza Celso Mello, presidente da Cargill Alimentos-Nutron.
E completa: “Esse reconhecimento
conquistado nos últimos oito anos
reforça o empenho da empresa em
oferecer não apenas a nutrição,
mas soluções completas aos nossos clientes, com as mais modernas
evoluções tecnológicas que contribuem para o sucesso do negócio”.
A revista da produção Animal | novembro 2014
o rendimento da carcaça
“Como não temos controle de alguns fatores, como o preço do milho
ou da carne, nosso trabalho é buscar
o potencial em que podemos adequar
e controlar, trazendo segurança para o
resultado”, aponta Thiago Lala.
Além de resultar do trabalho de
uma equipe especializada, o programa
UTMOST alia as tecnologias otimizadas
Máxima, Performa e Essencial, desenvolvidas para atender às exigências do
potencial de desempenho do animal e
do perfil de produção dos clientes.
Conceitos Técnicos
UTMOST™
Por Renato Colucci (Consultor Técnico Suínos Brasil) e Everton Daniel
(Consultor Técnico Suínos Latam), da Cargill Alimentos - Nutron
Foto: Divulgação
Thiago Lala, Gerente Regional de Negócios Suínos da Cargill Alimentos-Nutron. “O investimento na terminação
reflete-se diretamente no retorno financeiro da atividade, ainda mais neste momento em que temos o melhor
preço histórico em todas as regiões do
Brasil”, complementa Lala.
O principal diferencial do programa
UTMOST está no objetivo de oferecer a
estratégia perfeita para obter a melhor
rentabilidade, visando atingir o máximo do potencial diante de qualquer
cenário econômico. Para isso, a equipe
especializada da Cargill Alimentos-Nutron realiza o mapeamento completo
do negócio e dos cenários para a construção da melhor solução para cada
cliente. Para que isso seja possível, a
proposta é atuar em três níveis:
1. Aumentar a eficiência de aproveitamento do animal
2. Aumentar a disponibilidade de
nutrientes dos macroingredientes da
fórmula
3. Aumentar a deposição proteica e
Renato Colucci
Thiago Lala: atenção
à terminação
Foto: Editora Globo
Uma solução inovadora e exclusiva,
que visa o máximo retorno econômico dos suínos na fase de terminação.
Essa é a proposta de UTMOST, projeto desenvolvido pelo time global da
Cargill Alimentos-Nutron ao longo dos
últimos dois anos, que oferece ao produtor a possibilidade de ter o máximo
retorno sobre o investimento independente do cenário macroeconômico.
UTMOST é resultado da associação
de duas tecnologias globais do Grupo Cargill: a plataforma Max System
(modelo preciso da demanda de nutrientes) e o Cargill Nutrition System
(precisão no fornecimento de nutrientes), que resultou no desenvolvimento
de um inovador conceito de mercado
para uma fase essencial na rentabilidade final do suinocultor: a terminação.
“A fase de crescimento e terminação
de suínos ainda é vista apenas como
responsável por 70% do investimento
em nutrição, mas acreditamos que é
nessa fase que se concentra 100% do
retorno sobre a produção”, destaca
suinocultura
Celso Mello, presidente da
empresa, recebe o troféu
Everton Daniel
Ao longo dos anos a nutrição de suínos vem se desenvolvendo de modo acelerado. A grande parte do progresso obtido se deve ao lançamento e comprovação de tecnologias
que trazem inovação ao setor. O programa UTMOST™ é a
nova solução tecnológica da Cargill Alimentos-Nutron para
suínos em crescimento e terminação e traz inovações no que
diz respeito aos dois pilares da nutrição animal: o valor nutricional dos ingredientes e a demanda nutricional dos suínos.
A aplicação dessa nova solução visa gerar maior eficiência na
fase de crescimento e terminação.
O Cargill Nutrient System assegura que sejam oferecidas
soluções nutricionais de alto padrão a partir da correta valorização das matrizes nutricionais nos ingredientes utilizados nas fórmulas. Esse sistema permite identificar valores de
digestibilidade dos aminoácidos de ingredientes de acordo
com a qualidade do processamento. Com igual teor de proteína bruta, o mesmo farelo de soja pode ter variabilidade de
4 a 5% do valor de lisina digestível se bem ou mal processado.
Dentre outros pontos fortes do Cargill Nutrient System, se
destacam ainda a determinação na energia líquida e fósforo
digestível dos ingredientes. É de conhecimento dos nutricionistas que tanto o sistema de energia líquida quanto o sistema de fosforo digestível são melhores correlacionados com a
exigência nutricional dos suínos.
A demanda nutricional dos suínos muda de acordo com a
genética, sexo, fase de crescimento etc. Sabe-se ainda que o
consumo de ração é afetado pelos fatores citados anteriormente. O maior desafio dos nutricionistas é estabelecer os níveis nutricionais de comtemplem essas variações. De forma
a mitigar esses problemas, a Cargill Alimentos-Nutron lança
mão do MAX System, ferramenta que gera a demanda de nutrientes de acordo com os diferentes cenários de produção.
O MAX System permite gerar a demanda de nutrientes de
acordo com o potencial dos suínos. Com a ajuda dessa ferramenta foram desenhados programas de alimentação para a
nova solução UTMOST™ que contemplam vários potenciais
de ganho dos animais. Além disso, a melhor eficiência do
ganho de peso é buscada por meio de diferentes estratégias
nutricionais. Enquanto o correto fornecimento de vitaminas
e minerais favorece o equilíbrio metabólico e sistema imune,
o correto aporte de proteína garante alta produção de carne
magra.
A solução UTMOST™ foi desenvolvida de modo a gerar
ganho de peso dos suínos em crescimento e terminação
com alta eficiência. Isso foi possível graças à aplicação de
tecnologias globais da Cargill que permitem a otimização de
formulas nutricionais de acordo com a correta demanda de
nutricional.
NT
A revista da produção Animal | novembro 2014
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Foto: Divulgação
Figura: Exigência relativa de energia líquida e lisina digestível de acordo com o potencial de ganho magro de suínos em
crescimento e terminação
Exigência relativa de Lisina
Equilíbrio entre o valor nutricional dos ingredientes
e a demanda nutricional dos suínos visa gerar maior
eficiência na fase de crescimento e terminação
Exigência relativa de Energia
100%
100%
93%
90%
Médio potencial
Médio potencial
Alto potencial
Alto potencial
Foto: Divulgação
A solução UTMOST foi desenvolvida para gerar ganho de peso
dos suínos em crescimento e terminação com alta eficiência
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A revista da produção Animal | novembro 2014
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A revista da produção Animal | novembro 2014
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Suinocultura catarinense alinhada
à força do cooperativismo
Foto: Texto
Foto: Texto
Cooperativismo
Por Alexandre Franco dos Santos, de Chapecó (SP)
A suinocultura catarinense, que é a líder nacional na atividade, detendo 19,2% do plantel brasileiro, com 7,5 milhões de cabeças, recentemente recebeu uma notícia que fortalecerá ainda mais as ações comerciais, produtivas e logísticas do setor.
Foi criada a Cooperativa Agroindustrial dos Suinocultores
Catarinenses (Coasc), cuja oficialização e o lançamento da
sua central de compras ocorreram em 7 de novembro, no
auditório da Associação Comercial e Industrial de Chapecó
(ACIC). A NFT Alliance marcou presença no evento.
A Coasc nasce forte, com a participação de 30 sóciosfundadores de diversas regiões do estado. Estes, somados,
representam oferta anual próxima de 900 mil suínos para
abate, com base de 19 mil matrizes. A adesão dos demais
suinocultores catarinenses – estimados em 350 produtores
independentes – será feita gradativamente.
“Estruturação de silos e logística de armazenagem são
estratégicas e providenciais para enfrentarmos eventuais
períodos de crise e evitar a perda do estímulo da atividade,
quando surgirem momentos difíceis”, destacou o presidente
da cooperativa, Losivanio Luiz de Lorenzi, que também preside a Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS)
– entidade que completou 55 anos de fundação.
Nessa somatória de forças, prevaleceu também entre os
cooperados a criação de um sistema de negociações coleti-
Foto: Texto
Grupo de suinocultores que fundaram a COASC
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A revista da produção Animal | novembro 2014
O presidente Losivanio Lorenzi e o
gerente de compras Gentil Bonez
Participantes do evento da COASC:
suinocultores unidos
vas (medicamentos, grãos, núcleos, insumos) por via de uma
Central de Compras, que terá movimentação em torno de
R$ 2 milhões por mês.
“A primeira compra coletiva proporcionou média de 29%
de economia em insumos, como milho e farelo de soja”, comemorou Rubens Antônio Comelli, vice-presidente da Coasc e proprietário da Granja Comelli, em Iomerê (SC), suinocultor há mais de 60 anos e com produção anual de 85 mil
animais terminados.
“Acessar os fabricantes e fornecedores com melhor poder de negociação e competitividade para os suinocultores.
Esse é o objetivo da Central de Compras”, endossou Jefferson Reis Bueno, gestor do programa de centrais de compras
do Sebrae/SC. A instituição teve participação fundamental
ao dispor de consultores para assessoria e suporte à aplicação de metodologias específicas nas diversas fases do processo de oficialização da cooperativa, ressaltou Ênio Alberto
Permeggiani, coordenador regional do Sebrae catarinense.
Como explicou Gentil Bonéz, Gerente Comercial da cooperativa, a central de compras terá respaldo de uma comissão que avaliará e validará todas as operações de cotação e
precificação. “A proposta não é apenas avaliar o melhor preço, mas também o atendimento, a qualidade do produto, o
prazo e a logística oferecida para a entrega nas propriedades dos cooperados”, esclarece Bonéz.
Os suinocultores cooperados enfrentavam gargalos na integração industrial e, agora com a cooperativa, terão a oportunidade de incorporar benefícios em termos de produtividade, resultados econômicos – como os ganhos de preço
na hora da compra e recebimento de créditos de ICMS nas
operações de venda –, além de ajustes na logística e mão-de-obra na propriedade.
“Demos um grande passo ao reunir forças em torno da
cooperativa e melhoramos as condições para permanecer
na atividade. Os resultados virão a médio e longo prazos,
alinhados com as necessidades e interesses dos suinocultores”, destacou Adriano Tessaro, nomeado secretário da Co-
asc. Tessaro está há 38 anos na atividade e integra a terceira
geração da família proprietária da Granja Rio do Peixe 1, em
Lacerdópolis (SC), que comercializa 1.200 matrizes e três mil
animais terminados por ano.
“Uma granja de suínos é uma atividade de portas abertas e todos devem permanecer em um ambiente produtivo,
porque assim deve ser a nossa luta em benefício da cadeia
e muito mais agora em torno da cooperativa que tem o diferencial de ser exclusivamente dedicada aos suinocultores”,
diz Jacob Biondo, cooperado e titular da Agropecuária Biondo, de Seara (SC), suinocultor há 34 anos com volume anual
de 40 mil animais terminados.
Bolsa Catarinense de Suínos - Outra providência em pauta pela recém-criada cooperativa é o de firmar uma ação alinhada com o modelo do Consórcio Suíno Paulista, iniciativa
da Associação Paulista dos Criadores de Suínos (APCS) que
trabalha em sistema de compra e venda conjunta entre suinocultores e frigoríficos e inclui a venda da carne.
“Criamos a nossa bolsa de suínos também a exemplo da
de São Paulo. A maioria de nossos animais terminados vai
para o mercado paulista. Por isso, precisamos ajustar a melhor maneira de regular esses mercados para que trabalhem
em conjunto, de forma que os frigoríficos absorvam a nossa
produção, porém tendo por trás parcerias que asseguram a
entrega, numa via recíproca de garantias”, diz o presidente
da cooperativa.
Em médio prazo, a intenção é focar também em ações
que privilegiem a comercialização de produtos de qualidade superior, com rastreabilidade desde a sua origem e com
o selo do cooperativismo.
O fator da biossegurança também mereceu a atenção
da diretoria da Coasc, que pretende contratar técnicos que
atuam a campo para introduzir a rastreabilidade nas propriedades, incluindo a certificação das fábricas de rações. “Este é
um processo acessível e, ao contrário do que se pensa, não é
tão oneroso. Considero um caminho natural para alcançar a
chancela de um selo de qualidade”, acrescenta Lorenzi.
NT
A revista da produção Animal | novembro 2014
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Entrevista
2014,
um
ano de
Foto: MSD Saúde Animal
Foto: Cargill Alimentos
conquistas
Evento de confraternização dos cooperados
marcou apresentação oficial da COASC
Foto: Texto
Cooperados estruturam produção certificada
Os recentes avanços no ambiente
do cooperativismo da suinocultura
catarinense não param por aí. Além
da expressiva adesão de suinocultores
cooperados, outro ponto importante
dessa integração é a do Frigorífico Primaz, detentor da marca Girardi, com
unidade de produção certificada na
cidade de Rio Negro, no Paraná.
“Vivemos um momento muito
bom na suinocultura, mas não podemos nos esquecer de anos anteriores
quando a atividade passou por crises,
o que impactou no desestímulo de
muitos produtores. A intenção agora
20
NT
como cooperados é nos preparar para
futuras dificuldades. Por isso, o importante é comprar, armazenar, vender
e produzir melhor. Este é o principal
objetivo da existência da cooperativa”,
destaca o presidente do frigorífico,
Marcos Antônio Sprícigo, que integra
o conselho fiscal da Coasc e está há 53
anos na suinocultura.
“Vamos produzir carne suína com
padrão e com qualidade. Os produtos
que o mercado deseja consumir. Por
isso, vamos buscar novos nichos para
produzir de acordo com estruturas e
diferentes tamanhos de proprieda-
A revista da produção Animal | novembro 2014
des, mas com produtos finais padronizados e de qualidade diferenciada”,
destaca Adriano Tessaro, da Granja Rio
do Peixe 1, de Lacerdópolis (SC).
“Já participei de outras cooperativas, mas a Coasc tem esse diferencial
de dedicar suas ações exclusivamente
para a suinocultura. Assim, além de
novo cooperado eu tenho a honra de
pertencer a essa diretoria pioneira que
trabalha para fazer toda a diferença”,
revela Altair Antonio Borsatti, titular
da Granja Borsatti, em Ipirá (SC), com
25 anos na suinocultura e fornecimento de 13 mil animais terminados/ano.
Celso Mello
Presidente da Cargill Alimentos - Nutron
O ano está no final e o balanço das proteínas animais é
positivo, como mostra a seção Destaque. Para aprofundar a
questão, a revista NT perguntou aos presidentes da Cargill
Alimentos - Nutron, Celso Mello, e da MSD Saúde Animal,
Edival Santos, quais os pontos positivos e os desafiso de
2014, além do que esperam para 2015. Seguem os principais trechos da entrevista.
Revista NT – Como os srs. definem 2014?
Celso Mello – O ano de 2014 foi de consolidação das estratégias globais da Cargill e de novidades locais que reforçam a filosofia de ‘Crescer Juntos’. Com a conclusão do processo de fusão, trouxemos novos conceitos em nutrição,
Edival Santos
Presidente da MSD Saúde Animal
com soluções tecnológicas focadas na alimentação do futuro. Essas mudanças devem impulsionar o crescimento registrado ao longo dos anos, que deve ser em torno de 10%,
sendo que as perspectivas de dois dígitos de crescimento
devem se manter para os próximos anos. Paralelamente,
trouxemos novas soluções para o mercado, iniciativas inovadoras que certamente impulsionarão o relacionamento
comercial da Cargill Alimentos-Nutron com os produtores.
Pelo 8º ano consecutivo, nossa empresa foi eleita a Melhor
em Nutrição Animal, pela revista Globo Rural, premiação
que nos enche de satisfação.
Edival Santos – Foi um ano fantástico para a MSD Saúde
Animal. Um ano de implementação, no qual tivemos inú-
NT AA revista
revista da produção Animal | novembro 2014
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da produção Animal | novembro 2014
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21
meros desafios no caminho, mas todos contornados por
um time unido, formado por líderes bem preparados para
os desafios e profissionais motivados. Estamos tendo resultados excelentes em todos os negócios e introduzimos
Zuprevo, um novo antibiótico para controle do Complexo
Doença Respiratória Bovina (DRB), que oferece uma combinação única de velocidade e durabilidade da ação, além
de conveniência ao produtor. Além disso, tivemos uma
inovação no combate a carrapatos e pulgas de cães que
está revolucionando o mercado pet, Bravecto: comprimido
mastigável, altamente palatável, que age por 12 semanas.
Para completar, a MSD foi eleita a melhor farmacêutica
para se trabalhar pela revista Você S/A, da Abril. Isso demonstra nossa força e empenho em fazer sempre o melhor,
fazendo com que os desafios sejam superados com muita
motivação e levando a empresa a um crescimento em ritmo acelerado.
Revista NT – Quais os pontos positivos do ano? E os
principais desafios?
Celso Mello – Um dos pontos positivos é o bom momento
para o setor das carnes em geral e a nova geração de produtores rurais, abertos às novidades, que impulsionam a
entrada de novas tecnologias no campo, sendo, portanto,
um caminho de oportunidades para nossa empresa. Além
de boa demanda interna, a carne bovina, suína e de frangos
bateu recordes em exportações, confirmando o tremendo
potencial de crescimento das vendas externas. Quanto aos
desafios, destaco um cenário de incertezas do mercado,
com oscilações do preço das commodities e das carnes.
Edival Santos – Como comentei anteriormente, tivemos
dois grandes lançamentos esse ano, além de um prêmio
inédito. Na MSD, trabalhamos a gestão focada em pessoas.
Esse reconhecimento, com certeza, foi a confirmação de
que um time capacitado e motivado, trabalhando em um
ambiente saudável, demonstra todo o seu potencial e faz
com que a empresa atinja seus resultados. É, sem dúvida,
motivo de orgulho para todos os colaboradores! Tivemos,
também, inúmeros desafios, mas, com certeza, um importante e de alto impacto para a cadeia foi a suspensão da
venda de produtos com avermectinas. Temos confiança e
certeza de que esta situação será revertida, pois isso é o
melhor para a cadeia produtiva.
Revista NT – A produção animal teve desempenho positivo: que fatores contribuíram para esse cenário?
Celso Mello – A excelente safra mundial de grãos tem pro-
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NT
A revista da produção Animal | novembro 2014
vocado redução nos preços das commodities agrícolas, com
impacto na redução de custo da ração, o que, alavancado
pelos excelentes preços das carnes no cenário mundial, faz
com que o produtor tenha rentabilidade excepcional. Adicionalmente, tivemos o embargo russo às compras de carnes provenientes dos Estados e União Europeia, o que possibilitou novas oportunidades para as exportações brasileiras
que, como disse acima, estão batendo recordes em 2014 e
trabalham com excelentes perspectivas para 2015.
Edival Santos – O agronegócio vive um momento positivo, lucrativo e valorizado. A procura por proteínas de
origem animal aumenta, uma vez que o consumo interno
e externo também cresce a cada dia, o que contribui para
o momento favorável do setor. A MSD Saúde Animal, em
especial, tem algumas introduções importantes para o
mercado, que adicionam significativo valor ao setor, vindo
no sentido da nossa visão, que é de nos tornar a principal força no fornecimento de novos e valiosos produtos e
soluções de saúde, melhorando a saúde dos animais, assegurando o abastecimento sustentável de alimentos de
qualidade, protegendo a saúde pública e ajudando as pessoas e seus animais de estimação a desfrutar de suas vidas
juntos. Para 2015, acreditamos que o agronegócio ainda
será dos setores menos impactados num ambiente economicamente complexo.
Revista NT – Como o sr. define o atual momento das
atividades produtivas: avicultura, suinocultura, pecuária
de corte e de leite?
Celso Mello – O momento é bastante positivo para os
produtores de todas as atividades animais, tendo em vista
a queda de preço das commodities e consequente redução
no preço da ração. No caso específico da pecuária de corte, por exemplo, há pelo menos dois anos o cenário vem
se mantendo positivo e a carne vermelha é um balizador
do preço das demais carnes, o que também contribui para
este cenário. Além disso, o rebanho norte-americano e o
australiano está em ciclo de retenção devido à seca, a mesma situação encontrada no Brasil. Por isso, os três maiores
exportadores mundiais estão em contração de oferta nos
próximos anos. Então, diante de cenário global de elevados preços da carne, o Brasil tem chances de se alavancar
nos próximos anos.
Edival Santos – O mercado de leite nos últimos anos tem
tido um momento único no Brasil, com crescimento significativo para a MSD, que oferece solução completa para
o produtor. Temos, por exemplo, o programa Maxi-Leite,
uma plataforma que leva ao produtor educação continuada, um pacote completo de produtos e serviços, que visa
o aumento da saúde e produtividade. De acordo com dados do Sindan, a produção de bovinos consome, em média, 56% do mercado total de saúde animal, seguido por
aves (15%) e suínos (12%) e outras espécies. Esses dados
comprovam o momento importante que vive a produção
de proteína no Brasil, um dos países que mais exporta e é
referência mundial. Essas projeções tendem a crescer nos
próximos anos, com o aumento do consumo pela população nacional e internacional.
Revista NT – Quais os principais desafios das atividades a médio prazo tanto no mercado doméstico quanto
no global?
Celso Mello – A cadeia deve estar bem informada, unida
e forte para que esteja preparada para as incertezas que
virão. Por isso, apesar do bom momento para o segmento, os produtores devem estar atentos quanto ao apetite
para investimentos exagerados. A busca por aumento de
produtividade deve continuar sendo prioridade, ou seja,
produzir mais com menos e de maneira sustentável.
Edival Santos – Tanto no mercado doméstico quanto
global, os desafios estão relacionadas à economia interna
e externa. Se não tivermos grandes surpresas em relação
às políticas econômicas internas, o Brasil continuará crescendo. Caso a economia se mantenha como em 2014, o
País continuará crescendo, pois tem comprovada importância na produção e oferta global de proteína: a demanda
é crescente e a produção também.
Revista NT – Quais os diferenciais mais relevantes das
suas empresas que contribuem para o bom desempenho
das atividades produtivas?
Celso Mello – A Cargill Alimentos é focada em oferecer
tecnologias e soluções avançadas para garantir a melhor
produtividade e rentabilidade do produtor. E isso é possível com a consultoria realizada pelos nossos profissionais,
que são capacitados para atender de forma global cada
atividade, além de nutrição, manejo, ambiência, planejamento forrageiro, otimização processos de fábricas de ração etc.
Edival Santos – A MSD Saúde Animal tem um compromisso com a saúde dos animais e das pessoas em geral,
sendo essa sua principal contribuição para a qualidade
das atividades produtivas. A empresa realiza pesquisas
para trazer sempre as maiores inovações no cuidado com
os animais e, consequentemente, saúde da população, que,
com isso, tem ganho na qualidade da proteína que chega
à sua mesa. Nosso diferencial também é oferecer a nossos
clientes serviços. Falar aqui das nossas plataformas de serviços, de educação continuada (apoio para a profissionalização das atividades produtivas), não apenas de pecuária, mas
de aves e suínos também.
Revista NT – Que novidades da empresa o sr. destaca
como mais importantes em 2014?
Celso Mello – Alguns destaques são a consolidação da Nutron como integrante da Cargill Alimentos, que resultou na
ampliação das pesquisas e desenvolvimento de inovações
levadas ao produtor. Como exemplo, tivemos o lançamento
de novos Programas Nutricionais que endereçam diferentes
soluções para nossos clientes, como o Programa Nurture
para gado leiteiro jovem, o Programa Litro para bovinos leiteiros, o Programa Utmost para crescimento e terminação
de suínos, além de novos conceitos de soluções para bovinos de corte.
Edival Santos – Sem dúvida alguma, Bravecto. É o primeiro e único produto do mercado em forma de comprimido
mastigável que mata carrapatos e pulgas, com ação que
dura 12 semanas. Além de Bravecto, voltado ao mercado
pet, lançamos Zuprevo, antibiótico revolucionário para o
tratamento da doença respiratória bovina. Zuprevo possui
combinação única de velocidade, longa persistência e atividade bactericida. O produto é um antimicrobiano à base de
tildipirosina - um macrolídeo de última geração desenvolvido pela MSD Saúde Animal. Estudos mostram que a molécula tildipirosina é rapidamente absorvida a partir do local da
aplicação atingindo o T max em apenas 23 minutos, o que
é mais rápido do que os principais antibióticos macrolídeos
disponíveis no mercado.
Revista NT – E para 2015? O que os produtores podem
esperar de suas empresas no próximo ano?
Celso Mello – A Cargill Alimentos vai manter seu propósito de levar as melhores soluções para os produtores, que
se insere em contexto de avançadas tecnologias e consultoria de técnicos especializados, visando contribuir para o
sucesso do negócio e rentabilidade do produtor, buscando
a prosperidade de toda a cadeia.
Edival Santos – Para 2015, os produtores podem esperar
melhoria continua, lançamento de novos produtos em todas as espécies, plataformas de serviços cada vez mais eficientes e muito trabalho com alegria.
NT
A revista da produção Animal | novembro 2014
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Proteínas animais destacam-se no
maior evento da alimentação mundial
Foto: Texto
Foto: Texto
mercado
Por Altair Albuquerque, de Paris
Foto: Texto
Salão Internacional de Alimentação (SIAL)
reuniu mais de 150 mil visitantes de 105 países
“A avicultura brasileira é líder mundial em exportação e está tendo um ano excelente. Nossa suinocultura não venderá mais em 2014 porque não tem
excedentes para exportar. No Sial, é possível ter esse
imprescindível contato direto com nossos clientes e
discutir com absoluta transparência para intensificar
o comércio e, claro, vender mais”.
“A participação da carne bovina brasileira no Sial é
viabilizada por uma parceria muito bem-sucedida
entre a Apex, a Abiec e os frigoríficos exportadores.
Neste ano, degustamos 1 tonelada da melhor carne
bovina brasileira com importadores de mais de uma
centena de países. São negócios em construção e
esse é o papel da Abiec”.
Case carne Angus no Sial
O Brasil participou com destaque (e sucesso) do Sial 2014,
o maior evento da alimentação mundial, realizado em Paris,
em meados de setembro. Cerca de 85 empresas brasileiras
disputaram a atenção de 150 mil visitantes de mais de 100
países – no total, participaram 6.300 expositores. No total,
foram gerados negócios de mais de US$ 1,1 bilhão para o
Brasil no evento, segundo levantamento da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (APEX).
“É preciso ter o que mostrar. E competência o Brasil tem de sobra”, resume Mauricio Borges, presidente da APEX. A instituição
mantém parceria com entidades de classe, contribuindo para
viabilizar a participação de empresas brasileiras. No segmento
de proteínas animais, a agência tem acordos com a Associação
Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) e com a
Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
“Temos uma parceria muito produtiva com a Apex. Esse é
um dos motivos que as carnes de frangos e suínos do Brasil
sempre participam com muito sucesso de grandes eventos
internacionais, como o Sial, Anuga e Gulf Expo”, explica Francisco Turra, presidente da ABPA.
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NT
A revista da produção Animal | novembro 2014
A ABPA liderou grupo de 18 indústrias avícolas e suinícolas no Sial. “É uma excelente oportunidade para contato
direto das empresas brasileiras com os maiores compradores de alimentos do mundo. E muitas negociações são
iniciadas, adiantadas ou concluídas no evento, indiscutivelmente um local onde temos obrigação de estar presentes”,
assinala Turra.
A Abiec coordenou a participação de 16 frigoríficos exportadores de carne bovina para mais de uma centena de
países. Para Fernando Sampaio, diretor executivo da entidade, como líder o Brasil precisa mostrar-se inovador e atuante no comércio global. “O Sial rivaliza com Anuga como
o maior evento da alimentação mundial. Precisamos estar
aqui”, diz Sampaio.
Apex e Abiec aproveitaram o Sial para renovar a parceria
para mais dois anos, viabilizando a participação dos frigoríficos exportadores. “Esse trabalho da Apex é fundamental
para o contínuo aumento das vendas de carne brasileira,
mantendo a nossa liderança”, complementa o diretor executivo da Abiec.
Em sua 50ª edição, o Salão Internacional da Alimentação (Sial) premiou
a inovação. E a inovação brasileira foi
a ação especial realizada com a carne
angus brasileira pelo Brazilian Beef,
iniciativa da APEX (Agência Brasileira
de Promoção de Exportações e Investimentos), como apoio da Associação
Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) e da Associação
Brasileira de Angus.
A carne angus brasileira associa as
qualidades inerentes e reconhecidas
da nossa pecuária com a valorizada
genética Angus e o processo produtivo profissional. O resultado é uma
carne gourmet, que se destaca no
cardápio nacional – e que quer ganhar o mundo.
“Nossa carne angus não deve
nada, absolutamente nada, às melhores carnes do mundo”, diz o vice-presidente da Associação Brasileira
de Angus, Wilson Brochman, presente no Salão Internacional da Alimentação (SIAL), em Paris. “O Brasil tem o
mérito de contar com um rígido programa de carne Angus certificada,
que proporciona carne de altíssima
qualidade, que atende aos mais exigentes paladares”, completa Reynaldo Salvador, diretor do Programa.
Assim, não foi surpresa que mais
de 100 importadores de carne bovina
visitaram o Brazilian Angus Beef Day,
no SIAL, em Paris. Destaque aos russos, aos europeus de maneira geral,
a representantes do Oriente Médio e
da Ásia – especialmente da China.
US$ 1,18 bi em exportações no Sial
A ação da Agência Brasileira de
Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) no Sial, de Paris, gerou US$ 1,184 bilhão em vendas para
as empresas brasileiras.
Além disso foram realizados mais
de oito mil encontros com a parti-
cipação de pelo menos uma das 85
empresas brasileiras que participaram da comitiva liderada pela Apex.
O investimento da agência na feira
foi de R$ 8 milhões, incluindo dois
restaurantes — uma churrascaria
e uma galeteria com produtos das
NT
empresas brasileiras participantes da
feira — para os visitantes provarem
os produtos nacionais.
A estratégia brasileira no Sial envolveu o slogan em inglês “Brazil
Beyond Flavour”, ou “Brasil Além do
Sabor” em português.
A revista da produção Animal | novembro 2014
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Fotos: Divulgação
Casos de Sucesso
C.Vale, 51 anos de
excelência no campo
Uma das duas maiores cooperativas singulares do país, a C.Vale está chegando aos 16 mil
associados e produz quase 4 milhões de toneladas de grãos e mandioca.
Em sua mensagem de comemoração dos 51 anos da C.Vale
enviada aos produtores cooperados, funcionários e mercado,
o presidente Alfredo Lang foi direto ao ponto. “As pessoas são
o diferencial de uma empresa. Foram pessoas que, ao longo
de 51 anos, fizeram da C.Vale a potência que é hoje, com quase 16 mil associados, mais de 6.300 funcionários, uma família
de 80 mil pessoas considerando-se os dependentes. Durante
Foto: Divulgação
Sede da C.Vale em Palotina (PR): cerca
de 16 mil produtores cooperados
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NT
A revista da produção Animal | novembro 2014
51 anos ajudamos o associado a crescer, instalando unidades
para receber a produção, prestando assistência técnica e investindo na agroindustrialização para gerar renda, empregos
e benefícios às comunidades”.
“Em 2014, tivemos uma grande conquista, a mudança do
nosso sistema de gestão com a implantação do ERP SAP. Foram
dois anos em que 260 consultores e funcionários trabalharam
Alfredo Lang, presidente
exclusivamente nesse projeto. Uma empreitada tão complexa quanto essa só deu certo pelo comprometimento dos
funcionários e consultores, e também pela compreensão dos
nossos associados, que souberam entender as dificuldades
que uma mudança como essa é capaz de gerar. As grandes
conquistas são as pessoas que alcançam, pela postura frente
aos desafios. Aqui na C.Vale somos uma grande família de associados, funcionários e diretores que planejam, se propõem
a grandes desafios e são perseverantes para alcançar suas
metas. É isso que explica o crescimento da cooperativa e é assim que queremos continuar nos próximos 50 anos. Por tudo
que já conquistamos meu muito obrigado e meus parabéns a
cada um dos nossos associados, funcionários, clientes, diretores, conselheiros e lideranças pelos 51 anos da C.Vale”.
MSD Saúde Animal, Cargill Alimentos-Nutron, Du Pont, Vale
Fertilizantes e CJ do Brasil cumprimentam a C.Vale pelos 51
anos de trabalhos em prol do desenvolvimento econômico e
socioambiental. Os números comprovam o excepcional resultado desse meio século de atuação.
Em 2013 (últimos números oficiais disponíveis), a C.Vale
faturou R$ 4,18 bilhões, com a produção de 3,18 milhões de
toneladas de grãos e mandioca. Pelos dados preliminares de
2014, o crescimento será acima da média do mercado, demonstrando a força da cooperativa, bem como o profissionalismo de sua gestão, liderada pelo presidente Alfredo Lang.
A C.Vale é uma cooperativa agroindustrial com atuação no
Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraguai, com mais de uma centena de unidades de negócios,
quase 16 mil associados e 6.300 funcionários. A cooperativa
destaca-se na produção de soja, milho, trigo, mandioca, leite,
frango e suínos, e atua na prestação de serviços, com mais de
150 profissionais que dão assistência agronômica e veterinária aos associados.
No segmento industrial, a C.Vale produz amido modificado
de mandioca e rações. Neste mesmo segmento, a cooperati-
Abate de 600 mil frangos por dia
va mantém um complexo avícola com capacidade de abate
de 600 mil frangos/dia, em operação desde 1997. É composto por fábricas de rações, matrizeiro, incubatório, aviários de
campo e abatedouro. A cooperativa possui um sistema de
rastreabilidade capaz de monitorar e controlar todos os procedimentos ligados à avicultura, como o uso de agroquímicos
nas lavouras, o fornecimento de medicamentos e o manejo
dos frangos. As aves são alojadas em granjas com ambiente
climatizado e com controle informatizado do fornecimento
de água e alimentação. Esse cuidado garante o bem-estar animal. “O desafio a que a C.Vale se impõe é usar racionalmente
os recursos naturais para produzir alimentos com excelência
para o consumidor”, diz Lang.
Os números da C.Vale em 2013 (oficiais)
Faturamento
R$ 4,18 bilhões
Associados
cerca de 16 mil*
Funcionários
6.300*
Leite
18,6 milhões de
litros produzidos
Suínos
234 mil animais
produzidos
Produção grãos e
mandioca
3,18 milhões de
toneladas
* Estimativa
NT
A revista da produção Animal | novembro 2014
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eventos
Keila e Dalia,
as campeãs leiteiras da Expointer 2014
A Cargill Alimentos - Nutron participou com sucesso da Expointer 2014, maior e mais importante exposição agropecuária
do Rio Grande do Sul, juntamente com o distribuidor regional
Tecnoleite. Durante a feira ocorreram várias atrações, mas o
mais esperado para setor leiteiro sem dúvida foi o torneio leiteiro e a final do Circuito Exceleite Estadual da Raça Holandesa.
Após intensa disputa balde a balde, o título do torneio
leiteiro da Expointer 2014 foi da vaca Dalia, da família Giliotto, de Serafina Corrêa (RS). O fêmea de Lidenor Giliotto
e filhos produziu 71,960 kg/dia, em sua primeira participação na exposição. Esse resultado comprova que a família
Giliotto possui um plantel de alto desempenho, com animais de excepcional produção e genética.
Fotos: Divulgação
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A revista da produção Animal | novembro 2014
No circuito estadual Exceleite, a vaca Keila Pontiac, da Cabanha VB, de Eldorado do Sul (RS), de propriedade de Virgílio Biesdorf, conquistou o primeiro lugar na pista e maior
produção na competição, garantindo o título de Suprema
do Circuito Exceleite, colocação máxima da raça. O resultado
garantiu vários prêmios, incluindo um carro 0Km. Além dessas conquistas, Keila também foi premiada com a Grande
Campeã da Raça Holandesa da Expointer 2014.
A Tecnoleite participou com estande diferenciado na
feira, valorizando a Cargill Alimentos-Nutron. Além disso,
priorizou o atendimento dos clientes presentes na Expointer 2014, cumprindo sua função de apresentar importantes
soluções para o sucesso dos produtores rurais.
NFT Alliance valorizou o leite no
Simpósio Brasil Sul, em Chapecó
Por Adriana Fernandes, de Chapecó (SC)
Considerada uma das maiores e mais dinâmicas bacias
leiteiras do Brasil, Santa Catarina é referência em status sanitário no país e tem uma das produções que mais cresce.
Resultado dessa consolidação, a cidade de Chapecó sediou,
em outubro, o Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite,
que reuniu especialistas de todo país para discutir os desafios e apresentar as novidades aos profissionais do setor. A
NFT marcou presença nos três dias de evento para prestigiar
os parceiros e gerar conteúdo relevante para o agronegócio.
De acordo com Airton Vanderlinde, Gerente de Contas
da Cargill Alimentos-Nutron, a participação no evento é
fundamental para fortalecer o relacionamento com os
clientes, produtores, técnicos e formadores de opinião ligados à cadeia produtiva do leite.
“O simpósio representa uma importante oportunidade
de expor aos produtores novas tecnologias e soluções inovadoras que constantemente estamos desenvolvendo para
atender o mercado, cada vez mais dinâmico e exigente. Nosso desafio é ser o “parceiro de escolha” de nossos clientes
com uma visão e atuação integradas da produção animal.
Nosso compromisso é oferecer produtos e serviços de alta
qualidade, visando maior retorno sobre o investimento”.
A pecuária de leite movimenta cerca de R$ 3,8 bilhões/
ano no Oeste de SC e concentra 70% da produção estadual.
“Santa Catarina está próximo de atingir a marca de três
bilhões de litros produzidos por ano. A bacia leiteira catarinense tem taxas de crescimento acima de 10% ao ano.
O estado é um dos principais focos de atuação de nossa
empresa. Esse potencial se deve particularmente ao perfil
das propriedades, pequenas e com mão-de-obra familiar,
condições climáticas favoráveis para produção de forragem e exploração de rebanhos especializados, além de um
sistema cooperativo bem organizado e estruturado, que
facilita a disseminação e a implementação de tecnologias
por parte do produtor de leite”, ressalta Vanderlinde, que já
atua há 11 anos na região.
Case da Castrolanda - O projeto de leite da Castrolanda,
um dos principais clientes da Cargill Alimentos-Nutron no
Paraná, foi apresentado no simpósio. O Gerente de Negócios Leite, Henrique Costales Junqueira, encerrou o painel
sobre sistemas de produção falando da cooperativa, que
conta com 303 cooperados no Paraná, 80% deles com vacas confinadas, e produção de 645 mil litros por dia.
A região de Castro (PR) é considerada vitrine tecnológica da bovinocultura de leite e tem histórico de crescimento consistente nas últimas décadas, conforme o engenheiro agrônomo, responsável pelo fomento de leite
da cooperativa.
“O confinamento foi decisivo para que os produtores pudessem crescer a partir de meados de 1980. Foi um impulso
para a produção leiteira. Hoje, Castro é o município com a
maior produção de leite do país e tem a maior densidade de
leite por metro quadrado. O nosso grande diferencial, sem
dúvida, é a busca e implementação de tecnologia pelo produtor. Trabalhamos fortemente em produção de forragem
de alta qualidade, nutrição balanceada, melhoramento genético do rebanho e gestão da produção”, finaliza.
Fotos: NFT Alliance
Evento já se tornou referência na cadeia do leite
Henrique (Castrolanda), Junio (palestrante)
e Airton Vanderlinde (Cargill Alimentos)
NT
A revista da produção Animal | novembro 2014
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Iniciativa em prol do fortalecimento
da cadeia de suprimentos
Mais de 200 participantes das principais empresas e entidades da cadeia de proteína animal do Brasil e da América Latina reunidos com um propósito: discutir temas
que impactam diretamente a atividade ligada à gestão de
suprimentos. E foi isso que encontraram na 8ª edição do
Workshop de Suprimentos, organizado pela NFT Alliance,
que, mais uma vez, fechou com balanço positivo tanto de
público como de profundidade das discussões propostas.
Durante três dias, Foz do Iguaçu (PR) foi o palco do encontro que teve como tema central ‘Estratégias de Suprimentos
frente aos panoramas político e econômico’ e reuniu reconhecidos especialistas de diversos setores, que propuseram
discussões relacionadas ao agronegócio em geral, à economia e à política e questões específicas ligadas à cadeia de
suprimentos.
Foto: NFT Alliance
Celso Mello, presidente da Cargill
Alimentos: “debate rico em informações”
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A revista da produção Animal | novembro 2014
A programação teve início com dois professores da Fundação Getúlio Vargas (FGV): Manoel Reis e Alexandre Pignanelli. A estrutura da área de compras e segmentação de
fornecedores norteou a apresentação de Manoel Reis. Ele
apontou a tendência de redução dos fornecedores, utilizando contratos mais longos e utilização cada vez mais
frequente de meios eletrônicos de comunicação, tendo a
necessidade de melhoria contínua da qualidade, preço e
serviço. E deixou um alerta: “É preciso estar atento à gestão
e execução do fluxo de materiais, serviços e informações associadas na cadeia de abastecimento, desde os fornecedores até os locais de necessidades dos mesmos na empresa”.
Alexandre Pignanelli reforçou a importância do relacionamento fornecedor/cliente para o desempenho da Supply
Chain. O professor da FGV fez uma análise das formas de re-
Wedekin, Alexandre e Nassif: especialistas contribuem com visão crítica.
No destaque, apresentação do Maestro João Carlos Martins
Foto: NFT Alliance
lacionamento possíveis, apontando seus impactos para as
empresas e propondo uma visão estratégica para a cadeia
de suprimentos, que inclui a gestão do relacionamento. “O
relacionamento é fundamental para a tomada de decisões
das empresas e também o seu maior desafio, tendo em vista que a cadeia envolve contatos entre empresas com objetivos muitas vezes conflitantes. Mas é preciso olhar não
apenas o relacionamento direto, mas tendo uma visão mais
abrangente da cadeia”.
O workshop contou, também, com três painéis e uma
mesa redonda, como de Alexandre Mendonça de Barros,
engenheiro agrônomo pela ESALQ, que debateu sobre o
mercado de commodities agrícolas, tendo como destaque
o bom momento vivido pela pecuária brasileira. “Além da
forte demanda e cotações em alta, os custos de produção
estão mais baixos, devido à queda no preço das commodities agrícolas, especialmente em razão da expectativa de
safra recorde nos EUA e da boa produção brasileira de milho
e soja”, destaca.
“A cada quatro anos o Brasil precisa se reinventar para
manter sua competitividade. Nesse contexto, o trabalho
de integração da cadeia, sinergia e construção competente
de valores é essencial. O que não agrega valor desperdiça
valor”. Esta foi a mensagem deixada por Ivan Wedekin, engenheiro agrônomo e diretor da Bolsa Brasileira de Mercadorias, no painel sobre a estrutura de mercado e políticas
para o agronegócio, que teve como foco o complexo funcionamento dos mercados e a necessidade de compreender a
estratégia de formação de preços, ferramenta essencial para
tomada de decisões mais técnicas e menos intuitivas. O recado aos participantes foi a necessidade de gerenciar tecnologia, processos e custos para garantir a sustentabilidade
econômica do negócio.
Política – Realizado às vésperas do segundo turno das
eleições, o evento abriu espaço para as discussões políticas e
econômicas, que tiveram início na palestra do jornalista Luís
Nassif, debate que se estendeu para mesa redonda tendo
Nassif, Ivan Wedekin e Alexandre Mendonça de Barros como
participantes. Foi uma oportunidade para apresentação de
ideias divergentes, mas enriquecedoras aos participantes.
“Grande governante é aquele que consegue definir uma visão de futuro e o papel que cabe a cada agente, as instituições públicas, o capital privado, casando políticas públicas
estruturantes com estímulos fiscais e creditícios capazes de
criar o ambiente econômico adequado para a mobilização
da poupança privada, para o florescimento do empreendedorismo”, ressalta Nassif.
Emoção – O encerramento do evento foi em grande estilo, com o Maestro João Carlos Martins, que emocionou a todos ao relembrar sua trajetória, marcada por muitas dificuldades, que se transformaram em superação e sucesso com
a música. Foi o momento também de uma bela apresentação, realizada juntamente por um dos jovens que integram
os projetos sociais liderados pelo maestro, que tem como
proposta fazer com que a música seja uma esperança para
milhares de crianças carentes.
Organização – O Presidente da Cargill Alimentos - Nutron,
Celso Mello, mostra-se satisfeito com os resultados gerais
do principal evento do ano organizado pela NFT, motivados
também pelo bom momento do agronegócio, o que gera a
necessidade ainda maior de que a cadeia esteja preparada
para os desafios do futuro. “Houve divergência de opiniões
e isso é muito interessante para enriquecer os debates. O
workshop tem a proposta de compartilhar informações para
fortalecer nosso setor, já que a cadeia produtiva precisa estar mais preparada para as adversidades”.
Rodrigo Goulart, Gerente Técnico da MSD Saúde Animal,
enfatiza que “eventos como esse se configuram como excelentes oportunidades para unir os vários elos da cadeia
com o mesmo objetivo. E a cada ano fica claro a excepcional contribuição desses eventos para a profissionalização
do setor produtivo”.
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A revista da produção Animal | novembro 2014
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Conferência Facta 2014
A MSD Saúde Animal participou do
evento técnico-científico mais tradicional da avicultura brasileira, a Conferência Facta 2014, que aconteceu
em agosto, em Atibaia (SP), e contou
com palestras de nomes renomados
da avicultura mundial.
Manejo, biossegurança e proteção
de amplo espectro foram destaques
durante o painel sobre Bronquite Infecciosa, da consultora em microbio-
logia e virologia global, Jane Cook.
Em sua explanação, ela apontou soluções para os problemas atuais no
Brasil, destacando um importante
trabalho de biosseguridade e manejo, além do uso cuidadoso e otimização das vacinas já disponíveis no
mercado. Por outro lado, a Doutora
em Ciência Animal e consultora da
MSD global, Linnea Newman, ministrou a palestra “Desafios no controle
da coccidiose em frangos de corte”.
Segundo Laura Villarreal, Diretora
da Unidade de Avicultura da MSD
Saúde Animal, o evento é um grande
momento para pensar na evolução
da avicultura e levar as experiências de outros mercados para nossa
indústria. “Fundamental esse bate
papo que enriquece nossos veterinários e levam novidades para o seu dia
a dia”, ressaltou.
Pecuária de corte
em sistemas integrados, em Sinop (MT)
A intensificação e o uso racional da
terra passam por ferramentas, como
a integração ‘lavoura-pecuária’, que
promove o revezamento de atividades
da agricultura e pecuária na mesma
propriedade, além de construir uma
prática sustentável, que pode gerar
economia e rentabilidade ao produtor.
Com o intuito de disseminar informações sobre sistemas integrados, o
zootecnista e Gerente Global de Tecnologia Bovinos de Corte da Cargill
Alimentos - Nutron, Pedro Veiga Paulino, ministrou a palestra ‘Estratégias de
intensificação da pecuária de corte em
sistemas integrados’, em outubro, durante o I Simpósio de Pecuária Integrada ‘Intensificação da produção animal
em pastagens, realizado pela Embrapa
Agrossilvipastoril e Universidade Federal do Mato Grosso, em Sinop (MT).
“A proposta foi levar ao pecuarista os
benefícios técnicos e econômicos que a
intensificação do seu sistema de produ-
ção pode proporcionar e que a integração lavoura-pecuária é uma alternativa
viável para conquistar essa intensificação necessária”, enfatiza Pedro Paulino.
Durante o evento, a Cargill Alimentos também apresentou sua linha
para pastagem Probeef, composta
por produtos específicos para cada
sistema de produção, desde a suplementação mineral tradicional até a
suplementação para sistemas que
buscam alto desempenho.
Festa do Rosário em Catalão (GO)
Com o objetivo de preservar a
cultura regional, a Vale Fertilizantes
patrocina e apoia a Festa de Nossa
Senhora do Rosário, realizada em Catalão, em Goiás. Em sua 138º edição, a
festa aconteceu no início de outubro,
como parte do calendário de festejos
da cidade. Também conhecida como
Congadas de Catalão, tem origem no
32
NT
período da escravidão e mistura manifestações de cunho religioso com o
folclore trazido à região pelos descendentes de africanos. A programação
contou com missas e procissões em
louvor à santa, desfiles dos grupos de
congos, violeiros e outras manifestações da cultura regional.
“Para nós, da Vale Fertilizantes, é
A revista da produção Animal | novembro 2014
sempre uma satisfação fazer parte
desta grande festa. Ela reúne a população e é uma forma de disseminar a
cultura regional para os moradores e
para os visitantes que vêm de outros
lugares para prestigiar o evento”, afirma Jalmiro Lazarini, Gerente Industrial do Complexo Mineroquímico de
Catalão.
Engorda estratégica em confinamento
A Cargill Alimentos-Nutron patrocinou curso sobre engorda estratégica
em confinamento no início de novembro, em Sertãozinho (SP), evento realizado pelo núcleo de Ensino Avançado
da CRV Lagoa.
A proposta do evento foi explorar todo
o potencial de um sistema que representa o futuro da pecuária e descobrir a fórmula para engordar lucros do pecuarista.
Foram 36 horas de ensinamentos, sendo
oito práticas, discutindo gerenciamento
da informação; plano nutricional para as
fases de adaptação, crescimento e terminação; plano de manejo, controles e
pontos de checagem; viabilidade técnica e econômica; uso de aditivos melho-
radores de eficiência alimentar; práticas
de manejo zootécnico no confinamento;
utilização da BM&F como ferramenta gerencial; métricas para gestão e avaliação
de lucro; importância da gestão de riscos
para o sucesso do confinamento.
Uma dieta específica para atender às
necessidades de cada fase do rebanho é
essencial na busca da eficiência na atividade pecuária foi o tema da palestra do
Gerente Global de Tecnologia Bovinos
de Corte da Cargill Alimentos - Nutron,
Pedro Veiga, no evento. Com o tema
‘Plano Nutricional para fases de adaptação, crescimento e terminação’, Veiga
mostrou como elaborar um plano nutricional de bovinos confinados para cada
uma dessas fases, ressaltando a importância de manter uma dieta específica
para cada período.
“Outro ponto importante passado aos
participantes são os níveis nutricionais
preconizados para cada fase, além do
manejo nutricional, para que seja possível garantir que dietas formuladas sejam
as mais próximas possíveis daquelas realmente ofertadas aos animais”, destaca
Pedro Veiga. E acrescenta: “Quando bem
delineado e executado, o planejamento
nutricional focado em dietas de adaptação, crescimento e terminação pode
trazer benefícios técnicos e econômicos
para os sistemas de confinamento que
buscam mais profissionalização”.
Guilhermo Zavala palestrou no
10º Simpósio de Avicultura da ACAV
Durante o 10º Simpósio Brasileio de
Avicultura da ACAV, realizado setembro
em Balneário Camboriú (SC), a MSD
Saúde Animal promoveu uma das palestras mais esperadas do encontro,
como o professor da Universidade da
Geórgia, Guilhermo Zavala, com o tema
“Síndromes Virais com Interferência na
Qualidade de Pintos de um dia”.
Zavala é um dos nomes mais importantes da indústria avícola, desenvolvendo pesquisas e lecionando na
Universidade da Geórgia (EUA). Pela
terceira edição consecutiva, o evento, que é realizado a cada dois anos,
contou com patrocínio da companhia,
promoveu o coquetel de abertura do
encontro.
Foto: Divulgação
MSD Saúde Animal participa da
Suinocultores de MG recebem
Curso Técnico de Reprodução de Suínos
A Bretanha Suínos, com apoio da
MSD Saúde Animal, promoveu, em
Ponte Nova (MG), Curso Técnico de
Reprodução de Suínos. O programa
tratou dos vários aspectos que envolvem a reprodução de suínos e teve a
participação de profissionais renomados do setor.
A agenda incluiu palestras da MSD
Saúde Animal. O Coordenador de Assistência Técnica de Suinocultura da
empresa, Diogo Fontana, conduziu a
palestra “Otimização Reprodutiva com
o Uso de Terapêuticos Hormonais”.
Fontana falou sobre “Manejo em Bandas: Como Maximizar Mão-de-Obra”.
NT
A Unidade de Suinocultura da MSD
Saúde Animal possui linha completa
de produtos reprodutivos e é referência nesse setor. Para 2015, a empresa
planeja o lançamento de uma plataforma de serviços da linha, que ajudará o produtor na maximização dos
resultados.
A revista da produção Animal | novembro 2014
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Interação entre a adubação
fosfatada na pastagem e a
suplementação mineral de bovinos
Foto: Divulgação
pecuária de corte
Por Paulo Rodrigo Santos de Souza e Fábio Ribeiro Loures
(Departamento Técnico), da Vale Fertilizantes
Paulo Souza
Fabio Loures
Objetivo é melhoria dos índices
de produtividade do rebanho
O Brasil é o país com o maior volume de exportações de
carne bovina do mundo e detém o segundo lugar no volume
produzido, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Além disso, as condições brasileiras de produção pecuária indicam que
este é o país com maiores chances de incremento na produção, consolidando cada vez mais sua importância como fornecedor global. Para tanto, é fundamental que sejam melhorados
os principais índices zootécnicos e de produtividade.
Quando observamos sistemas de produção de commodities, podemos notar um amplo consenso técnico, como por
exemplo na safra de milho, soja e outros produtos nos quais
não há espaço para experiências caseiras ou manutenção
de mitos no que se refere à maneira de produzir. No caso da
pecuária de corte, apesar de a carne bovina ser considerada
commodity, observamos ainda um amplo espaço para o desenvolvimento tecnológico e principalmente para a difusão
das tecnologias de produção desde os centros de pesquisa até
os pecuaristas, criando um censo comum sobre a maneira de
produzir, que técnica de manejo empregar, em que situação e
porque, como é comum em sistemas de produção em que o
preço do produto final sofre pouca ou nenhuma variação dentro da mesma região.
O aumento da demanda e consequente valorização da carne bovina observada nos últimos anos deve, provavelmente,
impulsionar a cadeia produtiva atraindo maiores investimentos e aumentando o espaço da produção empresarial, na qual
predomina a busca pela produtividade aliada à lucratividade.
Atualmente, percebemos que no campo ainda existe grande
falta de uniformidade entre os sistemas de produção, em que
podemos encontrar uma empresa pecuária que utiliza o topo
da tecnologia e da informação gerada no mundo, vizinho de
outro sistema gerido de maneira extrativista, com baixíssimo
investimento e produtividade. Esta heterogeneidade tão grande na maneira de produzir nos transmite um importante sinal
de alerta, a respeito da falta de fluxo de informação técnica
idônea, dando margem a mitos gerados sem bases científicas.
Neste artigo, gostaríamos de abordar algumas considerações técnicas a respeito de um mito que ainda hoje é erroneamente divulgado, mencionando que “a adubação da
pastagem reduz ou elimina a necessidade de suplementação
mineral no cocho”. Vejamos a seguir o que realmente podemos
esperar da adubação da pastagem e da suplementação mineral na dieta de bovinos, avaliando seus principais efeitos no
sistema de produção.
Adubação da pastagem
De acordo com levantamentos realizados recentemente,
o rebanho brasileiro é de aproximadamente 200 milhões de
cabeças (FAO), sendo que mais de 90% estão distribuídas em
uma área de 165 milhões de hectares de pastagens (IBGE/
MAPA), dos quais 65 milhões são de origem nativa e 100 mi-
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NT
A revista da produção Animal | novembro 2014
lhões cultivados (maioria da família das brachiarias). Aproximadamente 130 milhões de hectares apresentam algum grau de
degradação (Embrapa 2011) e apenas 5% do total (aproximadamente 10 milhões de ha) recebem algum tipo de adubação,
o que não significa que seja a adubação ideal nem que receba
o manejo correto.
Ao mesmo tempo em que os números mostram que a pecuária brasileira ainda não é totalmente adepta de técnicas como
adubação de pastagens, podemos evidenciar também que
essa atividade ainda tem muito espaço para crescer. O potencial de crescimento está diretamente relacionado ao melhor
aproveitamento das áreas (maior produção de massa forrageira/ha), que só será possível com planejamento e adequações
de adubação e manejo, assim como em qualquer outra cultura
(milho, soja, algodão etc).
No caso da correção e adubação, tanto para implantação
como para a manutenção das pastagens, é necessário que
se tenha conhecimento do que o solo pode oferecer tanto
em relação a nutrientes como em termos físicos (Embrapa). A
utilização de fosfatos naturais reativos como fonte de fósforo na
adubação de pastagens vem crescendo significativamente no
Brasil, pois são fontes de fósforo de menor custo comparandose com os fosfatos processados (superfosfato Simples, por
exemplo) e de liberação mais lenta no solo, disponibilizando
fósforo para a planta durante anos, dependendo das
características da rocha.
A adubação corretiva e de manutenção com fósforo são
fundamentais para a eficiência da atividade. O fósforo é
responsável por diversas funções importantes na planta,
inclusive pelo desenvolvimento do sistema radicular e
perfilhamento, características imprescindíveis para o aumento
de massa da forragem (Embrapa). Dentre os macronutrientes,
o fósforo é o mais exigido na fase inicial de desenvolvimento
da forragem, principalmente até os 40 primeiros dias após a
germinação das sementes. Após o início do pastejo, a demanda
da planta por P tende a diminuir e a os elementos N e K são mais
exigidos, sendo responsáveis pelo crescimento vegetativo
e translocação de nutrientes e seiva dentro da planta,
respectivamente. Assim como no caso dos macronutrientes
mencionados acima, deve-se avaliar a necessidade de enxofre
e de micronutrientes, sempre levando em consideração a
análise de solo e a exigência da forrageira utilizada (Embrapa).
A concentração de nutrientes na planta varia principalmente conforme o ciclo natural de desenvolvimento da mesma, ou
seja, conforme o avanço dos períodos vegetativo, reprodutivo
e de senescência do vegetal ocorre redução significativa da
concentração de nutrientes. Isto é dizer que a adubação do
solo tem efeito pouco significativo sobre a concentração de
nutrientes na planta quando compararmos plantas de mesma
espécie, variedade e estágio fenológico. Porém, o que observamos é um aumento significativo na produção de massa de
NT
A revista da produção Animal | novembro 2014
35
forragem (quilogramas de matéria seca por hectare) quando
corrigimos o pH e adubamos o solo.
Considerando um solo corrigido e com produção de massa satisfatória, resta ao pecuarista a correta implantação do
manejo desta pastagem. Evidentemente, a primeira coisa a
ser feita é a adequação da carga animal. Neste caso, deve-se
aumentar o volume de animais por unidade de área, pois assim podemos manter a pastagem sendo colhida ou pastejada
no melhor momento de concentração de nutrientes, ou seja,
no seu período vegetativo. Quando trabalhamos com sistemas de pastejo rotacionado ou simplesmente aumentando
o número de divisões das áreas de pasto, torna-se mais fácil
acertar as fases de entrada e saída dos animais, descanso das
pastagens, roçadas e controle de plantas invasoras e pragas,
melhorando assim o aproveitamento nutricional das forragens pelos animais. Nesse sentido, ainda temos muito espaço para melhorias de manejo, pois mais de 90% dos bovinos
brasileiros são criados em sistemas extensivos (IBGE/MAPA).
Suplementação mineral de bovinos
Podemos definir tecnicamente que suplementar é o ato
suprir ou complementar qualquer elemento nutricional da
dieta principal que seja limitante à produção. Para que os animais sejam adequadamente suplementados com misturas
minerais, proteicas e/ou energéticas é necessário que o suplemento forneça a diferença entre a necessidade nutricional
do animal e o que existe de nutrientes na dieta principal, nesse caso o pasto. As tabelas de exigências nutricionais podem
ser utilizadas para identificar a necessidade de nutrientes do
animal, assim como as análises volumétrica e bromatológica
da pastagem devem ser utilizadas para se estimar os aportes
de nutrientes advindos da mesma. É importante ter em mente
que o crescimento acelerado, os ganhos de peso elevados, o
final da gestação e a produção leiteira contribuem para elevar
significativamente as exigências nutricionais dos bovinos.
Quando planejamos o aumento da produtividade, necessariamente precisamos contar com o investimento em suplementação, pois esta é a única estratégia que se mostra eficiente
para se atingir os objetivos descritos.
Considerações
Devemos entender que ao aumentar a carga animal sobre a
pastagem (volume de cabeças ou de peso de animais por unidade de área), beneficiando-se do incremento da produção de
massa de forragem em função da adubação, não excluímos a
necessidade de suplementação mineral, proteica ou até mesmo energética, dependendo da forragem, período do ciclo da
planta e ganho esperado por área. Pelo contrário, o primeiro
investimento (adubação) traz consigo os demais, como o aumento do número de animais e do volume total de suplemento mineral utilizado, porque teremos mais animais.
A adubação da pastagem é o ajuste necessário para adequar
o balanço de nutrientes entre o solo e a planta, assim como o
fornecimento de suplementação mineral é o ajuste necessário
para dar equilíbrio entre o que a planta produz de minerais e o
que o animal necessita.
Podemos observar um importante efeito aditivo entre a adubação da pastagem e a suplementação mineral no cocho. Ambos são efetivos no aumento de produtividade, porém não se
substituem de maneira econômica.
Foto: Divulgação
Pastagens brasileiras precisam
merecer atenção dos pecuaristas
1)
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2)
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A revista da produção Animal | novembro 2014
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A revista da produção Animal | novembro 2014
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Doença Respiratória
Bovina em confinamento.
Como definir o melhor
protocolo sanitário
Foto: MSD Saúde Animal
Pecuária de corte
Por Rodrigo Goulart e Sebastião Faria (Gerentes Técnicos), da MSD Saúde Animal
Rodrigo Goulart
Sebastião Faria
DBR é um importante desafio para
os projetos de confinamento
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A revista da produção Animal | novembro 2014
O Complexo Respiratório Bovino ou Doença Respiratória
Bovina (DRB) representa hoje o maior desafio sanitário nos
confinamentos de bovinos de corte.
Além dos surtos de elevada mortalidade, sabe-se que entre
30 e 60% dos animais podem desenvolver lesões sem apresentar sinais externos, a chamada doença inaparente, e ter
assim reduzidos seu ganho de peso e qualidade da carcaça.
A incorporação da tecnologia em confinamentos impõe
a adoção de uma abordagem de gestão da saúde, diferente da improvisação com que geralmente se enfrentam as
enfermidades na pecuária tradicional. Para isso, é preciso
conhecer as causas da doença, entender as lesões e seus
efeitos e reconhecer os sinais, para então implantar um programa sanitário consistente.
A DRB é considerada doença multifatorial, por ter diferentes
fatores predisponentes e agentes envolvidos em suas causas.
Agentes infecciosos que já habitam as vias aéreas anteriores alcançam os pulmões a partir da imunossupressão
provocada pelo estresse. Em animais mais jovens, têm papel
importante os agentes virais (IBRv, BVDv, PI3v e BRSV), como
iniciadores do processo. Mas são bactérias como Pasteurella
multocida, Histophilus somni, Mycoplasma bovis e, principalmente, a Manheimyia haemolytica, as grandes causadoras dos quadros mais graves e da mortalidade em bovinos
de qualquer idade.
É fundamental entender o papel dos estressores na DRB.
Num confinamento, os principais fatores são o transporte
por longas distâncias, as mudanças de hierarquia no rebanho, a superlotação, mudanças bruscas na alimentação, a
inversão térmica e a poeira.
Os agentes infecciosos produzem um processo inflamatório que acomete várias estruturas anatômicas além dos
pulmões. Por isso, a doença é vista como um “complexo”.
Broncopneumonia (inflamação dos brônquios e pulmões) e
pleuropneumonia (inflamação das membranas que envolvem os pulmões e revestem a cavidade torácica) produzem
febre, perda de apetite, secreção mucopurulenta, tosse e
intensa dispneia (dificuldade respiratória). A forte resposta
inflamatória do organismo, representada pela ação das células de defesa, produz extensas lesões no tecido pulmonar.
Estas lesões podem ser irreversíveis, com a perda definitiva
da função das áreas afetadas, num processo semelhante à
cicatrização, conhecido como consolidação pulmonar. É por
isso que muitos animais, depois de tratados, têm seu desempenho produtivo comprometido.
Quanto maior a distância percorrida e mais diversificada a
origem dos animais, maiores serão a morbidade e a mortalidade dos bovinos em virtude do desencadeamento de um
processo de imunossupressão dos animais. São, portanto,
considerados grupos de alto risco, por exemplo, os animais
de compra que viajaram longas distâncias até chegar ao
confinamento. Assim, devido à redução da imunidade pela
viagem e das dificuldades enfrentadas durante o período de
adaptação, as primeiras três semanas de confinamento são
o período crítico para ocorrência da DRB.
Tendo em vista os desafios que a DRB promove na saúde e
no desempenho dos bovinos durante o período de engorda
em confinamento, diversas práticas de manejo, nutricional
e de saúde poderão ser implementadas dentro da propriedade na tentativa de minimizar o efeito deletério desta doença. Uma prática já consagrada em alguns países denominada de metafilaxia utilizada no momento da chegada dos
animais ao confinamento tem reduzido a ocorrência da DRB
neste sistema.
No primeiro momento, decidir se a adoção da metafilaxia é a escolha mais adequada para um determinado grupo
de bovinos no início do confinamento pode ser uma tarefa
difícil. Veterinários e gerentes de confinamento sempre convivem com uma dúvida que seguem dois caminhos opostos: um caminho seria identificar animais doentes durante
o período de engorda e tratá-los, já o outro caminho seria
prevenir problemas respiratórios logo no momento da chegada dos bovinos ao confinamento, realizando o processo
de metafilaxia.
Metafilaxia é um termo relativamente novo no meio zootécnico, sendo definido como o tratamento prévio de todos
os animais pertencentes a um grupo considerado de elevado risco a adquirir determinada doença. Como bom exemplo prático, atualmente a prática mais comum usada em sistemas de engorda em confinamentos norte-americanos é o
uso da metafilaxia para reduzir o número de bovinos com
problemas respiratórios.
Ao adotar a metafilaxia como ferramenta para reduzir problemas respiratórios no confinamento, análises econômicas
comumente são realizadas para verificar se o investimento
da prevenção da DRB em certos lotes de bovinos apresenta
retorno econômico positivo ao comparar sistemas tradicionais, nos quais é realizado apenas o tratamento de animais
durante o período de engorda.
Em dois estudos realizados nos EUA, a taxa de tratamento
de animais com problemas de DRB durante os primeiros 30
dias de confinamento reduziu de 23 a 47% entre os animais
controle (bovinos não tratados no início do confinamento
com a técnica da metafilaxia) para 0 a 12% entre bovinos de
mesma origem, mas que receberam o tratamento da metafilaxia no início do confinamento.
Numerosos estudos pelo mundo demonstraram redução
consistente nas taxas de morbidade (números de animais
que se tornaram doentes durante o período de engorda)
e das taxas de mortalidade (número de animais mortos
durante o período de engorda) quando bovinos são
tratados com determinado tipo de antibiótico na chegada
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A revista da produção Animal | novembro 2014
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ao confinamento. Entretanto, é importante ressaltar que
nem todos os animais que entram no confinamento
desenvolverão a DRB durante o período de engorda. Nesse
cenário, torna-se imprescindível avaliar o nível dos fatores
estressores que estes animais enfrentaram até o momento
da chegada ao confinamento, como também avaliar as
condições que estes animais receberão no confinamento.
Desse modo, fatores já citados como: transporte por
longas distâncias, mudanças de hierarquia no rebanho,
superlotação, mudanças bruscas na alimentação, inversão
térmica e poeira são variáveis que auxiliarão o confinador a
definir um protocolo sanitário de entrada fazendo-se o uso
da metafilaxia.
De acordo com o pesquisador Bob Larson, da Universidade
do Estado do Kansas, a escolha pelo tratamento de animais
doentes durante o período de engorda, de modo geral, reduz
o ganho de peso diário dos animais (elevando o custo do ga-
nho), eleva o número de pessoas envolvidas no processo de
diagnóstico e tratamento da doença, prejudica o valor final
da carcaça, bem como aumenta o período de engorda dos
animais, justificando que a prevenção traz melhores resultados econômicos que o sistema convencional de tratamento.
Além das variáveis citadas anteriormente, o mesmo autor
também ressalta que a redução da taxa de morbidade e da
taxa de mortalidade, o preço de compra do animal magro,
o custo do ganho e o potencial ganho de peso dos animais
durante o período de engorda são fatores que justificam
o uso da metafilaxia em animais com elevado histórico de
estresse. Outro fator de grande importância é que a metafilaxia torna-se economicamente vantajosa por reduzir principalmente a taxa de morbidade durante os primeiros 30
dias do confinamento, evitando perdas de peso corporal, no
momento em que estes estão expressando ganho compensatório e, portanto, baixo custo do ganho.
Foto: MSD Saúde Animal
É importante avaliar os fatores de
estresse dos bovinos confinados
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A revista da produção Animal | novembro 2014
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A revista da produção Animal | novembro 2014
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Foto: Texto
Pecuária de corte
Suplementar bovinos de corte
nas águas é como
empurrar
o carro ladeira abaixo!
Por Equipe Bovinos de Corte, da Cargill Alimentos - Nutron
Nas águas, há oportunidade de
melhorar ainda mais os ganhos
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A revista da produção Animal | novembro 2014
Existem provérbios populares bastante conhecidos que
ilustram muito bem a suplementação de bovinos de corte
durante o período das águas: “para baixo todo santo ajuda”;
“fogo morro acima e água morro abaixo ninguém segura”
etc. Ou seja, no período favorável ao crescimento das plantas forrageiras, que no Brasil Central vai de Outubro/Novembro até Fevereiro/Março, também chamado de período de
verão ou de águas, o potencial de ganho de peso dos animais mantidos a pasto é maior. E é justamente nessa fase
que há oportunidades para explorar ainda mais esse potencial de ganho.
Muitos pecuaristas imaginam, erroneamente, que justamente devido ao fato de o capim estar bonito e viçoso, o
animal não precisa receber suplementação adequada. Pelo
contrário: como o pasto verde e abundante oferece condições para que o animal ganhe mais peso, suas exigências
de minerais e vitaminas são aumentadas. Portanto, uma
correta suplementação mineral-vitamínica é o mínimo que
se deve fazer nessa época. Além, é claro, de garantir disponibilidade de pasto.
Falando em disponibilidade de pasto, até há pouco tempo se falava bastante em quanto deveria ser a oferta de pasto de forma que o consumo de forragem não fosse limitado, garantindo, assim, que o animal colhese a quantidade
de capim que bem lhe conviesse ao longo do dia. Existem,
inclusive, valores referência, como mínimo de 2.000 kg de
MS/ha. Entretanto, a arte e a ciência de manejo do pastejo
evoluíram muito ultimamente e, hoje, já se discute não só
qual deve ser a quantidade total de massa disponível mas
também quanto dessa massa é potencialmente digestível e
de que forma está disponível ao animal, uma vez que a estrutura do pasto e não somente sua quantidade/qualidade
interferirá no hábito de pastejo do bovino e, consequentemente, na sua capacidade de colheita do capim que será,
em última instância, traduzida em ganho de peso. Dessa
forma, a altura do pasto tem sido sugerida como uma ferramenta prática e simples de manejo do pastejo, e a literatura científica brasileira traz valores referência de altura pré
e pós-pastejo ideais para a maioria das espécies forrageiras
utilizada para produçãode bovinos de corte no país.
Mas no mundo real mesmo, ou seja, nas fazendas de produção de carne baseadas em pastagens tropicais, a complexidade do manejo do pastejo adquire uma dimensão mais
complexa, que às vezes impede que as práticas ideais do
ponto de vista técnico e científico sejam seguidas a risca.
Seja por questões mercadológicas (compra e venda de animais de acordo com oportunidades de mercado), de clima
(precipitação, temperatura etc), disponibilidade e qualidade de mão-de-obra, infraestrutura disponível (divisões de
pasto, aguadas, cochos etc), método de pastejo (contínuo
ou rotacionado) etc, o manejo do pastejo estará, na maioria
das situações, um pouco aquém do ideal. Mas isso não significa que não se possa otimizar a produtividade, por animal
e por área, maximizando o retorno econômico.
Em sistemas mais intensivos de produção, que se caracterizam por maior uso de insumos, com práticas de correção
e adubação de pastagens implementadas de forma regular,
associadas a manejo correto dos pastos, em que o ajuste
da taxa de lotação é controlado com maior rigor de forma a se manter uma pressão de pastejo ótima, a forragem
produzida e disponível ao animal certamente apresentará
características nutricionais distintas de um pasto mantido
e manejado sob um controle do manejador não tão intenso. Dessa forma, o delineamento do plano nutricional a ser
implementado (suplementação energética ou protéica, por
exemplo) deve levar em consideração as características do
sistema de produção, principalmente no que se refere à forma como a pastagem é manejada e o capim oferecido ao
animal, como também de outros fatores primordiais, como
meta de desempenho almejada, objetivos do sistema produtivo, categoria animal, capacidade de investimento, disponibilidade de infraestrutura e de mão-de-obra etc.
Pastos adubados e submetidos ao manejo preconizado
nas alturas ideias de entrada e resíduo pós-pastejo permitirão elevadas taxas de ganho de peso, sendo energia, muito
provavelmente, o nutriente mais limitante para se maximizar o ganho de peso. Nessa cirscunstância, a suplementação
energética seria a mais indicada, sendo o nível de oferta de
suplemento a ser fornecido dependente da taxa de ganho
almejada, bem como da taxa de lotação, visto que por meio
da suplementação e da exploração do efeito substitutivo do
pasto por concentrado torna-se possível manipular a taxa
de lotação de uma área de pastagem.
Em condições médias, ou seja, que representam a grande maioria dos sistemas de produção de bovinos de corte
no país, a pastagem tropical, mesmo durante o período
das águas, pode não apresentar conteúdo de proteína suficiente para maximizar o ganho de peso. Diversos trabalhos
realizados no Brasil têm demonstrado que há um ganho latente por volta de 150 – 200 g por animal/dia com o uso de
suplementos protéicos de médio consumo no período das
águas, quando se busca otimizar o uso da forragem disponível e não substituí-la pelo suplemento. Amostras de forragem obtidas nesse período, seja pelo método do pastejo
simulado ou utilizando-se animais fistulados no esôfago e
analisadas em laboratório, apontam para concentrações de
PB variando de 8 – 13 % (Tabela 1), portanto, aquém do necessário para otimizar o desempenho, seja de animais em
recria ou terminação. Isso sem falar na variação que ocorre
ao longo da estação chuvosa e que parte da proteína do capim encontra-se indisponível para o animal, por estar fortemente ligada à fração fibrosa (PIDA). Portanto, o uso de um
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A revista da produção Animal | novembro 2014
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Tabela 1: Conteúdo médio de proteína bruta de pastos tropicais durante o período das águas
Espécie
% PB (MS)
Referência
Braquiarão
11.0
Moretti et al. (2013)
Braquiarão
12.0
Koscheck et al. (2013)
Braquiarão
9.9
Costa et al. (2011)
Braquiarão
11.1
Casagrande et al. (2011)
Tanzânia
13.9
Fernandes et al. (2014)
Tanzânia
9.6
Cabral et al. (2008)
Tanzânia
10.1
Pompeu et al. (2008)
Braquiarinha
9.31
Rocha et al. (2012)
Braquiarinha
8.17
Barros et al. (2011)
Braquiarinha
8.8
Zervoudakis et al. (2001)
proteinado durante o período das águas ajuda a eliminar a
flutuação do teor de proteína bruta do pasto, mantendo o
desempenho dos animais mais constante.
Nessas circunstâncias, portanto, o uso de suplementação
protéica apresenta-se como uma grande oportunidade para
maximizar o ganho por animal e por área. No entanto, caso o
pecuarista não disponha de infraestrutura de cocho, ou em
cenários em que a logística de distribuição do suplemento
não seja favorável, ainda assim é possível explorar ganhos
de peso superiores ao proporcionado apenas pela dupla
pasto + mineral de boa qualidade. Isso é possível a partir do
uso de suplemento mineral aditivado, que nada mais é do
que um sal mineral adicionado de um aditivo melhorador
de desempenho. Inúmeros trabalhos científicos e dados de
campo têm demonstrado ganhos adicionais da ordem de
70 a 100 g com o uso desses aditivos, desde que as doses
corretas sejam consideradas, bem como bom manejo de
fornecimento, garantindo o consumo da mistura dentro dos
níveis preconizados. Existem várias opções disponíveis com
destaque para flavomicina, monensina e virginiamicina. Ou
seja, praticamente sem alterar estrutura de cocho, obtêm-se
melhorias significativas no ganho de peso dos animais, com
custo-benefício altamente favorável.
Subindo-se a escada da intensificação e adotando-se suplementos protéicos de baixo/médio consumo (0,1 – 0,3 %
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A revista da produção Animal | novembro 2014
Para se ter uma ideia da oportunidade em se maximizar
o resultado econômico com a suplementação nas águas,
fizemos uma simulação usando uma das ferramentas do
portfólio de serviços que a Cargill Alimentos tem a disposição de seus clientes, que pode ser aplicada facilmente a
vários sistemas de produção de bovinos criados a pasto no
Brasil. Consideramos um garrote em recria, com peso de
250 kg na entrada as águas, dia 1º de novembro, a preço
de mercado de R$ 1.300,00. Consideramos também o custo
do pasto como sendo R$ 20,00/mês (equivalente ao aluguel
de pasto), todos os demais custos (mão-de-obra, vacinas,
vemífugos, frete, fornecimeno do suplemento utilizado etc),
ajustamos os valores para mortalidade de 1%, e, então, incluímos os seguintes planos nutricionais:
1. Sal mineral 60 - Probeef 60: bastante usado em sistemas de
recria a pasto nas águas, por ser de menor custo por cabeça
2. Sal aditivado com Flavomicima - linha Probeef Pasto Bom
3. Sal Proteinado - linha Probeef Proteinado 30, com consumo de 0.1 % do PV
Considerando-se também o custo de cada um desses
produtos, e os ganhos de peso esperados com o uso de
cada linha, calculamos o lucro por animal no período, assumindo rendimento de carcaça de 50% e preço da arroba
de R$ 140,00 (arroba de boi magro). O resultado é mostrado no gráfico abaixo:
Conforme pode ser observado na Figura 1, o uso de
suplemento mineral aditivado ou de um proteinado de
baixo consumo permitiria a obtenção de quase R$ 50,00
a mais por animal de lucro líquido, somente durante o período das águas. Se a análise for estendida para uma situação em que os animais são confinados no final das águas
e na entrada da estação seca, o resultado seria ainda mais
notável, uma vez que animais que entram no confinamento vindos de um plano nutricional na recria tendem a ficar menos tempo no cocho para atingir peso de abate, se
adaptam muito mais rápido à dieta, apresentam melhor
rendimento de carcaça e, consequentemente, deixam
mais dinheiro no bolso.
Figura 1: Lucratividade (R$/boi) de diferentes alternativas tecnológicas de suplementação de garrotes em recria no período
das águas
do PV), os ganhos adicionais podem chegar a 130 – 220 g/
animal/dia, otimizando o ambiente ruminal para maior digestibilidade da fração fibrosa (FDN) do capim, permitindo
maior consumo pelo animal, o que dará suporte a maior ganho. Diferenciais de ganho de peso superiores a esse também podem ser obtidos, porém níveis maiores de oferta de
concentrado a pasto passam a ser requeridos, situação em
que haverá substituição de parte da forragem por suplemento. Como durante a estação de águas a ocorrência de
chuvas passa a ser corriqueira, aumenta-se o desafio quanto
à logística de distribuição, garantia de consumo da quantidade previamente estabelecida etc.
Portanto, a definição do melhor plano nutricional a ser seguido durante o período das águas requer uma análise criteriosa do sistema de produção como um todo e da ajuda
de um técnico devidamente capacitado, que irá orientar o
pecuarista a adotar a estratégia mais adequada para sua realidade e que lhe traga o maior retorno econômico do investimento. Se o plano é atingir esse objetivo, procure os técnicos
da Cargill Alimentos, que acaba de lançar a linha Probeef de
suplementos a pasto, carregados de ciência, tecnologia e
qualidade que o Brasil já conhece, associado ao serviço diferenciado de nossa equipe, que conta com diversas ferramentas auxiliares para a tomada de decisão de forma a maximizar o lucro do sistema produtivo de carne bovina!
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A revista da produção Animal | novembro 2014
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Pecuária de corte
Metafilaxia:
mais que um conceito,
um ganho em
Foto: MSD Saúde Animal
Por Daniel de Castro Rodrigues (Consultor em Pecuária), Juliana de Freitas Farias (Farmacêutica
Industrial) e Mauricio Marques de Morais (Gerente de Produto), da MSD Saúde Animal
Juliana Farias
Mauricio Morais
É importante tratar animais em constante desafio
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A revista da produção Animal | novembro 2014
Tabela 2: Classificação dos macrolídeos de acordo
com as estruturas químicas
Grupos
Amino
Carga
Molecular
Estrutura
Anel Lactona
Tilosina
1
Monobásico (+1)
16 membros
Tilmicosmina
2
Dibásico (+2)
16 membros
Tulatromicina
3
Tribásico (+3)
15 membros
Tildipirosina
3
Tribásico (+3)
16 membros
Droga
Figura 4: Estruturas químicas de macrolídeos
Metafilaxia
A metafilaxia consiste em tratamento em massa de
populações animais constantemente desafiadas por um
agente microbiano, podendo ser considerada um tratamento de prevenção ou curativo. Este conceito é muito
aplicado à Síndrome Respiratória Bovina, devido à dificuldade de diagnóstico uma vez que os sintomas são
subjetivos.
produtividade
Daniel Rodrigues
O incremento da pesquisa, de um modo geral, tem como
fundamento trazer à luz da ciência inovações tecnológicas
e, ainda, fornecer resoluções às situações questionáveis.
Na área da pecuária bovina, os esforços se concentram
na produtividade, procurando eliminar fatores limitantes
como as doenças, agindo de forma ostensiva no seu controle e prevenção, além de compatibilizar a segurança e o
bem-estar do animal.
Dessa forma, conhecer a atuação dos medicamentos e
desvendar novas moléculas que atuem como ferramenta
no controle e/ou cura é um dos objetivos permanentes
dos pesquisadores da área de saúde animal.
O tratamento metafilático tem com proposta:
• Reduzir o número de bovinos infectados com um
agente bacteriano apresentando tanto a forma clinica
ou subclínica.
• Diminuir a contaminação do ambiente e, dessa forma,
limitar a propagação da doença.
No entanto, o sucesso desse procedimento depende de
algumas características farmacológicas do agente antimicrobiano, como rápida ação e ao mesmo tempo longa duração.
Dentre os diversos antimicrobianos existentes, os agentes
da classe dos macrolídeos têm notório destaque na implementação do conceito da metafilaxia.
Macrolídeos
Os macrolídeos são antibióticos bacteriostáticos, que
atuam inibindo a síntese de proteínas bacterianas. Quimicamente, são caracterizados pela presença de uma lactona
macrocíclica de origem policetídica de 14 a 16 membros, no
caso dos exemplares naturais, e de somente 15 membros
nos semi-sintéticos, estando ambos ligados a um açúcar e
a um amino-açúcar, como demonstrado nas imagens representadas na Figura 4. Em 1952, o primeiro macrolídeo
foi descoberto, a eritromicina, e ainda hoje é considerado
um dos mais seguros antibióticos de uso clínico. São indicados para o tratamento de infecções respiratórias, como a
pneumonia, nas quais atuam os principais patógenos Mannheimia haemolytica, Pasteurella multocida e Histophilus
somni. (Guimarães et al., 2010), conforme Tabela 2.
Tildipirosina
A tildipirosina é um macrolídeo semi-sintético tribásico
de 16 membros, de amplo espectro. A droga age a partir
da inibição da biossíntese de proteínas essenciais, com propriedades bactericida e bacteriostática. É eficaz contra os
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A revista da produção Animal | novembro 2014
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principais patógenos bacterianos das vias respiratórias de
bovinos, sendo os principais a Mannheimia haemolytica,
Pasteurella multocida e Histophilus somni. Foi descoberta
e desenvolvida por cientistas da Merck Animal Health (MSD
Saúde Animal), culminando na busca de um novo agente
terapêutico com excelente eficácia e perfil de segurança,
além da comodidade de única aplicação, o qual é denominado mundialmente como Zuprevo, conforme Figura 5.
Figura 5: Estrutura química do macrolídeo Tildiposina (Zuprevo)
Quanto às suas características farmacocinéticas, verificase rápida absorção (Tmax 45 minutos), limitada ligação às
proteínas plasmáticas, o que aumenta a concentração tissular
e consequentemente o efeito, elevada biodisponibilidade,
grande volume de distribuição e um longo tempo
de persistência após injeção. Demonstra atividade
antibacteriana pulmonar contra os três principais patógenos
por pelo menos 14 dias após o tratamento e contra dois
(Mannheimia haemolytica e Pasteurella multocida) após 28
dias da injeção, conforme pode-se observar no Gráfico 1.
Gráfico 1: Curvas das disponibilidade da Tildipirosina no
plasma, no fluido branquial e no pulmão de bovinos
Especificamente, a tildipirosina inibe a síntese de proteínas bacterianas pela ligação reversível com o RNA ribossomal 23S da subunidade ribossomal 50S. Esse processo é
essencial para replicação e crescimento bacteriano, em nível ribossomal. Os ribossomos são componentes celulares,
resultado da união de RNA ribossômico e proteínas, e sua
função é sintetizar proteínas a partir de aminoácidos. Eles
possuem duas subunidades: uma 30S ou pequena e uma
50S ou grande. A subunidade menor se liga ao RNA mensageiro (mRNA) e lê a sequência de código de aminoácidos
de um polipeptídeo específico. O RNA transportador (tRNA)
se liga à subunidade maior e o aminoácido carregado por
ele é adicionado à cadeia de peptídeos em crescimento. A
partir de uma saída na subunidade 50S, a cadeia peptídica
é liberada e, quando a síntese termina, ocorre a clivagem da
cadeia a partir do ribossomo, conforme o processo representado na Figura 6.
Figura 6: Processo de síntese de proteína bacteriana
Com base nas características farmacocinéticas, pode-se
conjecturar que a Tildipirosina é uma excelente ferramenta
para controlar DRB nos animais que estão em alto risco e
nos que já se encontram doentes.
Tal eficácia foi comprovada em teste comparativo entre
Tulatromicina (Draxxin) e Tildipirosina (Zuprevo), avaliando
o tempo de permanência do princípio ativo no órgão acometido pela pneumonia: o pulmão. Uma vez que a porcentagem de lesão pulmonar é uma estimativa de valor, uma
medida quantitativa mais precisa para determinar a quantidade de dano pulmonar é o peso pulmonar total em relação ao peso do corpo do animal. Neste estudo, a porcentagem de peso corporal pulmonar concordou com o nível
de lesões pulmonares para bovinos dos grupos controle e
Tulatromicina (Draxxin), com ambos os grupos tendo maior
porcentagem de lesões pulmonares quando comparados
com bovinos do grupo Tildipirosina (Zuprevo), conforme
verificado na Tabela 3 e Gráficos 2 e 3.
Tabela 3: Descrição das lesões totais e cranioventral pulmonar dos grupos tratados e controle
Escore de lesões
pulmonares
% de lesões no pulmão
% de lesões na região cranioventral do pulmão
Zuprevo
Tulatromicina
Controle
Zuprevo
Tulatromicina
Controle
Média
8,7
13,1
25,5
21,4
33,4
57,4
Mediana
5,9
9,9
25,1
16,4
27,9
61,2
Divisão Padrão
9,8
8,6
11,2
18,4
18,9
23,8
Minimo
3,3
3,8
12,8
9,4
10,9
25,2
Máximo
39,1
27,8
39,8
77,8
68,9
92,7
A probabilidade de bovinos no grupo recebendo Tulatromicina (Draxxin) com escores clínicos anormais foi maior do
que os bovinos tratados com Tildipirosina (Zuprevo).
Os bovinos do grupo controle tiveram maiores porcentagens de lesões pulmonares em relação aos animais do
grupo tratado. Estas observações clínicas corroboram com
os dados obtidos durante as necropsias, conforme pode-se
observar no Gráfico 4 e na Figura 7.
Conclusão
No que tange aos enormes desafios encontrados na atividade pecuária, a atuação dos antibióticos torna-se uma
importante ferramenta para potencializar a rentabilidade
da atividade. Dessa forma, a introdução de novas moléculas
permite melhor eficácia e controle dos principais agentes
bacterianos causadores de enfermidade nos bovinos.
A Tildipirosina, antibiótico da classe dos macrolídeos,
enquadra-se perfeitamente como uma grande inovação e
uma importante aliada para o controle e tratamento das doenças dos animais de importância zootécnica.
Figura 7: Imagens das lesões pulmonares dos grupos tratado
e controle obtido por necropsia
Gráfico 4 : Variabilidade em percentual das lesões pulmonares dos grupos tratado e controle
Gráfico 2 e 3: Porcentagem de alterações pulmonares de
acordo com os grupos tratados
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A revista da produção Animal | novembro 2014
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Pecuária de leite
Foto: Divulgação
As isoflavonas da soja e sua
relação como ingrediente em
dietas de bovinos leiteiros
Soja: leite da oleaginosa tem efeitos positivos
sobre colesterol e doenças do coração
Foto: Divulgação
Por Cesar Augusto Pierezan (Administrador Industrial), da Cotriel (RS)
Cesar Pierezan
Isoflavonóides precisam estar disponíveis em
quantidades ideais nas dietas dos bovinos de leite
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A revista da produção Animal | novembro 2014
O desafio é buscar na literatura existente a resposta para
o seguinte questionamento: será que os “isoflavonóides” estão presentes nas dietas ou em derivados de soja em quantidades mínimas sugeridas para se ter melhor desempenho
animal em reprodução, fertilidade e produtividade de bovinos de leite? Evidentemente, “existem inúmeros trabalhos
científicos e meta-análises sobre fitoesterogênios, flavonóides e isoflavonas com resultados comprovados para a
saúde humana” (Padilla, 2012). “Em meados dos anos 1990,
foram publicados os resultados de uma meta-análise de 38
estudos clínicos sobre os efeitos benéficos do leite de soja
na redução do colesterol e o seu efeito positivo nas doenças
do coração” (Margareth, 2011, p. 11).
Contudo, a opinião de médicos especialistas destaca as
qualidades terapêuticas da soja, que algumas vezes chega a
ser também controversa. Pois, pode haver restrições de uso
e desempenho em determinadas quantidades ingeridas
diariamente e ainda tendo efeitos adversos em determinadas fazes da vida, principalmente em períodos de climatério
e menopausa.
Entretanto, quanto ao teor de isoflavonas em alimentos
comerciais de soja, Huei-ju Wang e Murphy (1994) investigaram uma ampla variedade de produtos de soja e fornecem
informações básicas para o ser humano e seu futuro na alimentação e estudos com animais. “As doses anticarcinogênicas, propostas de isoflavonas de soja variam de 1,5 para
2,0 mg (kg de peso corporal)-l-dia, segundo Hendrich et al.,
(1994) apud Wang e Murphy (1994).
No entanto, identificar e gerar indicadores quantitativos
das isoflavonas e seus efeitos nas dietas de bovinos leiteiros, em que o nível de exigência em produtividade é cada
vez maior e possibilita melhores resultados competitivos na
atividade leiteira.
Verificou-se a partir dos métodos analíticos: CLAE/HPLC e
os seus parâmetros de desempenho de indicadores como
instrumentos indispensáveis de medição e diagnósticos
destes fitoesterogênios de maneira rápida e precisa.
Logo, Issa e Petersen (1996, p. 5) consideram o NEAR Infrared, importante e ágil ferramenta analítica: “sua facilidade
impressiona, comparado com as técnicas analíticas convencionais, ou seja, os resultados são obtidos em apenas 30
segundos; é uma técnica não destrutiva e, na maioria das
vezes, não necessita de nenhuma preparação de amostras”.
Reconhece (Moraes et al. 2009, p. 67) que “existe uma certa dificuldade na realização de estudos conclusivos sobre
biodisponibilidade de isoflavonas”.
Portanto, a falta destes dados mais consistentes, com as
análises laboratoriais e equipamentos adequados e o uso
de soja e derivados de forma exagerada e desorientada em
dietas de bovinos leiteiros, pode acarretar alterações em
fertilidade e reprodução nos bovinos leiteiros causando
prejuízos ao produtor.
Na absoluta totalidade dos rótulos de rações comerciais
de bovinos leiteiros, ainda não consta a expressão “Contém
Isoflavonóides”, em quantidades volumétricas, e não está
previsto na Instrução Normativa que regulamenta o Relató-
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A revista da produção Animal | novembro 2014
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rio Técnico de produto Isento de Registro - RTPI, conforme
IN Nº 42, de 16 de dezembro de 2010, do MAPA – Ministério
da Agricultura Pecuária e Abastecimento, (2010). Pois, tais
substâncias ainda não receberam a devida evidência em
pesquisas, estudos de casos e meta-análises em bovinos
leiteiros e outras espécies animais domésticos de interesse
econômico.
No entanto, detectar a presença de isoflavonas nos concentrados e, a partir dessas informações, monitorar e diagnosticar a evolução e qualidade de dietas nutricionais para
ruminantes, torna-se indispensável para o aprimoramento
da atividade leiteira.
Porém, a leguminosa Glycine max pertence à família das
Fabaceae e é nativa do Leste asiático, cultivada há milhares
de anos. É a maior fonte de proteína para países orientais,
tais como China e Japão. A proteína corresponde a 40% do
peso seco e o óleo a aproximadamente 20%, segundo Fontana (2011, p. 134).
Com os avanços das pesquisas em bioquímica, novos
compostos da soja já foram identificados, como os flavonoides, que são compostos fenólicos vegetais responsáveis pela coloração de inúmeras verduras, frutas e flores,
variando do amarelo, laranja, vermelho ao violeta. Dentre
os flavonoides, encontramos as flavanonas, flavonas, flavonols, antocianinas, catequinas e as isoflavonas são isômeros
heterocíclicos que apresentam estrutura – C6 – C3 – C6 –,
que se diferenciam das demais estruturas dos flavonóides
por apresentarem o anel benzênico unido ao carbono 3 do
heterociclo em vez do carbono (Moraes et al., 2009, p. 31).
No entanto, segundo Moraes et al. (2009, p. 31), “existem
atualmente mais de 5.000 isoflavonas identificadas”. A soja
possui três tipos de isoflavonas, cada uma em quatro formas químicas diferentes, totalizando 12 isômeros. As formas
agliconas são chamadas de daidzeína [...], genisteína [...] e
gliciteína [...]. Quando glicosiladas, ou seja, na forma de glucosídeos, são chamadas de daidzina, genistina e glicitina.
Existem também as isoflavonas, β-glicosídicas conjugadas
que podem ser classificadas em acetil glicosídeo e malonil
glicosídeo.
Mas, “as isoflavonas são compostos fenólicos bioativos da
classe dos flavonoides. São predominantemente encontrados em leguminosas, em especial a soja”, como relata Pacheco (2013), que brevemente, também apresenta, caracteriza
e ilustra as estruturas químicas destes principais fitoesteróides, igualmente denominados de isoflavonas.
No entanto, “o conteúdo de isoflavonóides varia nos diversos derivados da soja. É mais elevado naqueles que contêm
todo o grão, em especial no tofu; estão ausentes nos isolados”, afirmam Morais e Silva (1996, p. 132). E, prosseguem,
salientando a importância dessas substâncias: “[...] Esses
compostos estimulam o crescimento e o desenvolvimento
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NT
A revista da produção Animal | novembro 2014
de órgãos reprodutores femininos, como também outras
características sexuais secundárias em mamíferos” (Morais e
Silva, 1996, p. 197).
No entanto, ao avaliar os efeitos do armazenamento nos
teores de isoflavonas e na qualidade fisiológica de sementes
de soja convencional e transgênica, pelo período de 180 dias
antes e após a armazenagem do produto, Ávila et al., (2011,
p. 149-161) consideraram que “pelos resultados obtidos foi
possível concluir que os teores de isoflavonas diferenciam-se entre as cultivares e possuem comportamento distinto
ao longo do armazenamento”.
Entretanto, para Ribani (2008) a concentração de isoflavonas em grão de soja é bastante variável, entre 0,1 – 0,4 %, e a
quantidade e composição das diferentes isoflavonas depende da época do ano em que a soja foi plantada, do genótipo,
da localização, do cultivo e das condições climáticas.
Além disso, o autor salienta que “a maior parte das isoflavonas está concentrada no hipocótilo e o seu conteúdo na
casca é bem baixo. A extração do óleo de soja não remove as
isoflavonas, devido à insolubilidade destes compostos em
hexano” (Ribani, 2008, p. 3).
Contudo, para Moraes et al. (2009, p. 35-36), “o óleo de
soja, produto largamente consumido no Brasil não contém
isoflavonas. Estas últimas permanecem retidas nos flocos de
soja desengordurada durante a extração do óleo”.
Todavia, a descrição das isoflavonas sugere que “suas estruturas são similares ao hormônio estrogênio, ligando-se
aos receptores de estrogênio. Algumas isoflavonas (genistina, daidzina e glicitina) são encontradas na soja, sendo
consideradas antioxidantes naturais”, informa (Ribani, 2008,
p. 1). O consumo de soja e de produtos à base de soja estão
associados aos benefícios à saúde, fato que criou considerável expectativa na comunidade dietética e nutricional.
Contudo, “grande parte da pesquisa sobre este tema permanece em andamento como uma questão polêmica na literatura sobre sua eficácia terapêutica”, complementa mais
uma vez (Ribani, 2008, p. 20).
Porém, Steverson (2012) apud Ramos (2012), em seu artigo técnico sobre 10 verdades associadas a cistos ovarianos em bovinos, pondera que “cistos ovarianos podem ser
causados por ingredientes na dieta que contém compostos
semelhantes a estrogênio, regularmente conhecidos como
isoflavonas ou fitoestrogenios”.
Não obstante, Steverson (2012) apud Ramos (2012) considera ainda que “alguns destes compostos são encontrados
em legumes (trevos), grão de soja inteiro e alimentos contaminados com fungo”. Wattiaux (2013) considera que “o efeito da proteína da dieta na reprodução é bastante complexa, principalmente de farelo de soja. Em geral, quantidades
inadequadas de proteína na dieta diminuem a produção de
leite e a performance reprodutiva”. Portanto, é importante
a suplementação com proteína e ureia em vacas no início
de lactação para que tenham dietas com 16% de proteína
e vacas em fim de lactação para ter dietas com 12% de proteína. Com isso, deve-se otimizar a reprodução. Mas, deve
ser levando em conta que “a administração de rações que
contenham altas proporções de proteínas, além de acarretar sobrecarga ao fígado e rins, que necessitam eliminar o
nitrogênio em excesso, não trazem aumentos na produção
que justifiquem a sua economicidade (Andriguetto et al.,
1988, p. 118)”.
No entanto, Russet (2000) e Swick (2009) adaptado por
Butolo (2010), apresentando as especificações de qualidade
em produtos de soja, “considera o percentual (%) de fitoestrogênio, em média, a seguir: soja grão 0,2; farelo de soja
0,25 e concentrado proteico <0,02”.
Também existem fatores antinutricionais que podem afetar a qualidade nutricional de produtos à base de proteína
de soja. Para Moraes et al., (2009, p.15), “alguns destes fatores são parcialmente ou totalmente inativados pelo calor
durante o processamento, tais como os fatores antivitamínicos, as hemaglutininas e inibidores de tripsina”.
Porém, estes autores consideram ainda que “outros não
são destruídos pelo calor como as saponinas, fitatos e fatores de flatulência, que também podem comprometer a qualidade nutricional da proteína de soja”.
Entretanto, para Pourcel et al. (2007) apud Oliveira et al.
(2010, p. 734), “a oxidação dos flavonóides contribui para
as alterações de propriedades químicas e biológicas de tecidos vegetais levando à formação de pigmentos marrons
de matérias-primas bem como alimentos derivados destas”.
Contudo, existem vários fatores que comprometem a qualidade, umidade, temperatura, pré-armazenamento e em
toda a cadeia de suprimentos da soja (produção, recepção,
armazenagem/processamento e expedição/distribuição).
Apesar disso, estes autores afirmam ainda que “a oxidação dos flavonóides é principalmente catalisada por polifenoloxidases (catecol oxidases e lacases) e peroxidases.
Os principais compostos fenólicos dos grãos de soja são as
isoflavonas e taninos condensados”. E quanto aos aspectos
sensoriais, tem-se “em relação ao uso da soja como alimento
sabe-se que não há consumo generalizado devido ao sabor
característico dos produtos à base de soja que não são de
muita aceitabilidade”, afirmam Moraes et al., (2009, p. 16).
Não obstante, identificar e quantificar a presença das
substâncias isoflavonóides: a genistina, a daidzina e a glicitina em alimentos à base de soja e derivados, como as rações
e concentrados para bovinos leiteiros, se faz necessário, no
sentido de elucidar sua aplicação em dietas de animais, pois
já são reconhecidos e comprovados seus benefícios na saúde humana e de outros animais monogástricos em de interesse e escala comercial.
Entretanto, note ainda que Jonker et al., (1998) apud Almeida (2012, p. 35-37), em seu trabalho sobre “Nitrogênio
ureico no leite como ferramenta para ajuste de dietas” já
tem demonstrado que o monitoramento mensal de NUL-Nitrogênio Ureico no Leite pode ser uma importante ferramenta no manejo de rebanhos leiteiros, porque (1) o
excesso no consumo de proteína (N) pode comprometer a
eficiência reprodutiva; (2) suplementos proteicos são ingredientes caros; e (3) excessos na excreção de N têm impacto
ambiental negativo.
No entanto, “os valores normais de NUL devem estar entre
10 a 14 mg/dL (Jonker et al., 2008; Johnson & Young, 2003;
Rajala-Schultz & Saville, 2003)”.
Com isso, vacas alimentadas de acordo com o estádio de
lactação, conforme recomendado pela NRC-National Academy of Sciences (2001), elevam a produção de leite, porém
também aumentam os níveis de ingestão de proteína bruta.
Porém, outros autores, afirmam que “a proteína suplementar pode aumentar a produção de leite por fornecer mais
aminoácidos para a síntese do leite, aumentar a energia disponível a partir da deaminação dos aminoácidos ou alterar a
eficiência de utilização dos nutrientes absorvidos” (Chalupa,
1984) apud (Almeida, 2012, p. 36-37).
E, consequentemente, “níveis elevados de proteína na
dieta determinarão maior liberação de amônia no rúmen, o
que pode elevar as concentrações de nitrogênio ureico no
leite”. Jonker et al., (1998) apud Almeida (2012, p. 37) .
Além disso, Godden et al. (2001a) apud Almeida (2012, p.
37) “observaram elevada correlação positiva, mas não-linear,
entre NUL e produção de leite e consideraram que uma possível explicação para este fato seria a utilização de rações
com alto teor proteico para vacas de alta produção”.
Além disso, no centro-sul do país o suplemento proteico
mais usado em dietas de vacas leiteiras é o farelo de soja,
ingrediente que sofreu aumento expressivo de preço na última década e, particularmente, em 2012, quando a saca de
soja atingiu cotações recordes.
Portanto, dependendo dos níveis de proteína bruta da
dieta haverá maior ou menor eficiência de utilização do
nitrogênio, sendo que, de modo geral, quanto maiores os
níveis de proteína bruta na dieta menos a eficiência de utilização do nitrogênio (Jonker et al., 2002; Groff & Wu, 2005)
apud (Almeida, 2012, p. 49).
Mas, para Kozloski (2011, p. 33), “as proteínas são os principais compostos nitrogenados presentes nos alimentos dos
ruminantes. No entanto, sua concentração e degradação
ruminal variam amplamente entre os diferentes tipos de
alimentos”.
Porém, este autor afirma que “o teor proteico é bem mais
alto nas plantas leguminosas que nas gramíneas”. Da mesma
forma, “as proteínas solúveis do interior das células vegetais
NT
A revista da produção Animal | novembro 2014
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são degradadas mais ampla e rapidamente que aquelas presentes na parede das células vegetais”. E reforça que “como
os polissacarídeos, a degradação das proteínas no rúmen é
efetuada por sistemas multienzimáticos associados à membrana celular bacteriana” (Kozloski, 2011, p. 34). Sendo muito complexo o seu sistema digestivo, mais ainda que o dos
monogástricos.
Entretanto, elucidar a relação ou correlação entre o Nitrogênio Ureico no Leite (NUL), proteína das dietas e os fitoestrogênios ssoflavonas de soja, é um desafio surpreendente:
primeiro porque o Brasil é fonte abundante da soja e derivados (farelos em seus mais diversos processos de extração)
nas dietas nutricionais de bovinos leiteiros; segundo, o custo das análises laboratoriais como o CLAE/HPLC em quantidade mínima de análises para se ter dados mais conclusivos
ainda é um grande desafio.
Mas, será que existem outras metodologias, confiáveis e
adequadas a se aplicar? Contudo, a associação entre CLAE
(no mímino 10 análises) e as curvas de Near Infrared especificas para detectar a presença das isoflavonas nos produtos
amostrados, tanto a soja e derivados (farelos) como as mais
diversas fórmulas de rações e concentrados balanceados,
nos dará uma sensível redução de custos e precisão nas respostas.
E, com isso, pretende-se quantificar de isoflavonas oriundas de fontes de soja Glycine Max, e sua ínfima fragmentação volumétrica (g/kg) em diferentes concentrados e rações
para animais (Fontana, 2011, p. 203):
Apesar disso, em média geral, ”a soja contém altos teores
54
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A revista da produção Animal | novembro 2014
de isoflavonas, podendo apresentar concentrações de até 4
mg/g. As isoflavonas estão envolvidas em funções fisiológicas importantes para o crescimento desenvolvimento dos
grãos de soja”, afirmam Moraes et al. (2009, p. 35).
Porém, note que para quantificar o trabalho proposto
sugere-se um método analítico aceito e reconhecido pela
comunidade científica, neste caso o CLAE-Cromatografia
Líquida de Alta Eficiência ou HPLC, método este largamente utilizado na indústria de biocombustíveis e concernente
com o Near Infrared, com “curvas apropriadas e resultados
analíticos, rápidos e confiáveis, desde que em ambos equipamentos sejam seguidas adequadamente as calibrações
sugeridas pelos fabricantes e com técnicos laboratoristas,
qualificados e ambiente propício (Fontana, 2011, p. 231).
No entanto, para Moraes et al. (2009, p. 40), “o método
mais comum de análise e quantificação de isoflavonas é a
Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE/HPLC), utilizando-se colunas de fase reversa e detectores de ultravioleta, seguidos ou não de espectrômetro de massa”.
No caso das isoflavonas, as atividades biológicas ainda
estão sendo confirmadas e estudadas, não foram estabelecidos os chamados sítios de ação ou mesmo ingredientes
ativos, uma vez que cada aglicona pode produzir diversos
metabólitos, reconhece (Moraes et al., 2009, p. 64).
Todavia, os autores ponderam ainda que, “dessa forma, a
biodisponibilidade das isoflavonas, como a maioria dos ingredientes nutracêuticos, tem sido avaliada pelas concentrações desses compostos e seus metabólitos no plasma e
excreção via urina”.
Níveis ideais de isoflavonas nas dietas das vacas
leiteiras contribuem para melhoria da produção
Foto: Divulgação
Segundo Butolo (2010), a tecnologia NIR (Near Infrared)
possui métodos de avaliação da qualidade como “análises
proximais; aminoácidos e disgestibilidade (IDEA-Immobilized Digestive Enzyme Assay); energia; fatores antinutricionais; urease; solubilidade de proteína em KOH; índice de
digestibilidade proteica-PDI; micotoxinas”.
Contudo, “os equipamentos de infravermelho próximo
devem ser calibrados, ou seja, é necessário se criar uma curva para cada constituinte do produto a ser analisado, passando por três etapas distintas e sequenciais, afirmam (Issa
e Petersen, 1996, p. 5-6)”.
Pois, há um novo processo automatizado da tecnologia
NIR, que visa corrigir os “desvios padrão” das matérias-primas ou principais macroingredientes, como o farelo de soja
e o milho, rações e concentrados (Vasconcelos, 2012).
Certamente, o equipamento NIR em breve terá calibrações de suas curvas específicas para detectar, quantificar e
qualificar as principais isoflavonas, das dietas de ruminantes
e até mesmo monogástricos, em tempo quase real, aprimorando os processos de controle e rastreabilidade de matérias-primas, Recall (logística reversa), se houver.
Segundo Fspanero (2012), “para que a espectroscopia
na região do infravermelho próximo possa ser utilizada em
análises qualitativas e quantitativas é importante à interpretação e o conhecimento sobre as bandas espectrais nessa
região do espectro”. Apesar disso, a informação contida no
espectro NIR pode ser empregada para ter uma estimativa
da concentração de uma dada substância na amostra, ou
ainda, “a estimativa de uma propriedade física quando esta
pode ser de alguma forma correlacionada com alterações
significantes na intensidade e/ou comprimento de onda das
características espectrais produzidas pela amostra”.
Entretanto, entre as vantagens apresentadas por esta
técnica podem-se destacar: “simplicidade no preparo das
amostras, natureza não-destrutiva com alta penetração da
radiação na amostra, além dos instrumentos ser mais simples
e robustos” (quando comparados àqueles da região do Infravermelho Médio), permitindo o monitoramento em linha de
processos de produção, Pereira (2006) apud Fspanero (2012).
E, com isso, tem-se mais precisão e rapidez nos resultados amostrados. Por outro lado, Berzosa (2013) recomenda
o HPLC por ter seu campo de aplicação numeroso, devido
às seguintes razões. “Sua sensibilidade, sua fácil adaptação
às determinações quantitativas exatas, sua idoneidade para
a separação de espécies não voláteis e termovoláteis; sua
grande aplicabilidade a substâncias de grande interesse
para a indústria e seus distintos campos da ciência”. Como
“exemplo de aplicação temos: ácidos nucleicos, aminoácidos, hidrocarbonos, carboidratos, drogas, praguicidas, antibióticos, esteroides (Berzona, 2013)”.
NT
A revista da produção Animal | novembro 2014
55
Porém (Krajcová et al., 2010, p. 264-274), em seu trabalho sobre fitoestrogênios em plasma bovino consideraram
como “um método simples e rápido foi o HPLC-MS/MS desenvolvido e validado para a determinação de isoflavonas
agliconas, daidzeína, genisteína, e equol metabolito no
plasma bovino e de leite”. Reforçam dizendo que “após a
administração de alimento rico em daidzeína um aumento
rápido de equol, tanto em plasma e leite, ocorreu. Não há
acúmulo deste composto em vacas leiteiras”. Contudo (Krajcová et al., 2010) contribuem dizendo que “um aumento
da ingestão de daidzeína e genisteína pelas vacas resultou
em níveis elevados no plasma. No entanto, no leite apenas
uma fraca dependência da dieta experimental (à base de
soja VS controle) foi observada para daidzeína”. Entretanto,
para “a genisteína nenhum aumento foi encontrada na segunda parte da alimentação do experimento em resposta
a esse consumo de isoflavonas”, Krajcová et al., (2010).
No entanto, é importante observar as reais condições
de cada plantel a campo. Existe uma série de variáveis e
fatores que pode afetar os resultados de desempenho da
atividade leiteira, bem antes da investigação e medição
da presença de isoflavonóides. Como lembram Chase e
Overton (2010, p. 40-43): “vacas leiteiras com perda excessiva de peso e condição corporal tendem a ter menor
teor de proteína do leite. Isso é especialmente evidente
em vacas no início de lactação”.
Mas, e no período de pré-parto e pós-parto das vacas
leiteiras, que influência tem as concentrações de isoflavonas em dietas desses animais? Segundo Melo (2010, p.
28-34), “vários aspectos da função imunológica no periparto são suprimidos de uma a duas semanas antes do
parto até duas a três semanas pós-parto”.
Porém, prossegue, dizendo que “as causas dessa diminuição na função imunológica não são bem esclarecidas,
mas queda de consumo de alimentos, mobilização de reservas corporais, alterações nos níveis de progesterona
e estrógeno e aumento dos níveis de cortisol durante o
parto estão envolvidos”.
Apesar disso, em outro trabalho em suínos, Wang et al.
(2011, p. 1-9) destacam a relação entre os isoflavonóides
e outros fungos que produzem toxinas prejudiciais à atividade comercial, suinícola.
Todavia, “a pesquisa atual indica que a ISO a 600 mg/kg
poderia reduzir os aumentos no peso relativo de órgãos
reprodutivos em leitoas pré-púberes induzidas de 2 mg/
kg ZEA”, destaca. Para Wang et al. (2011, p. 1-9), “os resultados também sugerem que um dieta, incluindo a ISO
300-600 mg/kg, exibem atividades antioxidantes, que
podem atuar para aliviar o estresse oxidativo induzido
por ZEA durante o crescimento em leitoas pré-púberes”.
Por outro lado, “as dietas incluindo ZEA podem intensifi56
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A revista da produção Animal | novembro 2014
car os danos do fígado nas leitoas pré-púberes”, finalizam
(Wang et al., 2011, p. 1-9).
Além disso, outra forma de monitorar e estabelecer limites seguros quanto à presença de micotoxinas é por meio de
laudos específicos, em laboratórios conceituados, pois pode
haver associação nos efeitos entre dietas com excesso de
proteínas – isoflavonóides e fungos do gênero Fusarium e
outras micotoxinas que impactam negativamente a produtividade dos ruminantes, ainda não bem esclarecidos.
E, com isso, mais investigações nesse campo são necessários para descrever os fitoestrogênios/isoflavonas no metabolismo de ruminantes e potenciais efeitos benéficos ou
nocivos destes compostos.
Considerações Finais
Sabemos que é imprescindível a instrumentalização das
unidades de fabricação de alimentos com equipamentos
NIR/Near-Infrared com seus parâmetros analíticos (“curvas”)
para isoflavonas e, ao menos, buscar parcerias e convênios
com fabricantes de equipamentos, universidades e laboraC
tórios públicos ou aprovados para frequente verificação via
CLAE/HPLC da presença destas substâncias fitoestrogênicas
M
e isoflavonóides, visando a geração de banco de dados hisY
tórico e indicadores de desempenho de dietas de bovinos
leiteiros, com altos desafios proteicos-energéticos e a reduCM
ção de custos por análises e quantificação destas substânMY
cias e suas causas e efeitos, na variação ou correlação nas
dietas nutricionais de bovinos leiteiros.
CY
Para finalizar, sugere-se adotar o termo “Contém Isoflavonóides” ou “Contém Isoflavonas” (e seus teores MínimoCMY
e
Máximo, volumétricos medidos) na rotulagem – nos rótuK
los de rações como estratégia de diferencial competitivo e
agregação de valor nas indústrias de rações para animais
ruminantes. Para os bovinos leiteiros, tendo alimentos muito mais seguros e com rastreabilidade mais visíveis, é uma
grande oportunidade de posicionamento e estratégia de diferenciação de produtos como ingredientes, concentrados
e rações, tendo-se em vista a grande expansão da atividade
leiteira com agregação de valor ao produtor e as indústrias
de processamento e transformação de lácteos e, ainda, o
aumento do índice de confiabilidade por negociação com
fabricantes de farelo de soja destinados à produção animal.
No entanto, considera-se imprescindível que os gestores e
responsáveis técnicos de indústrias de alimentos analisem,
controlem e inspecionem o processamento de soja em grão
e seus derivados, pois a presença das substâncias isoflavonóides, bem como seu processamento industrial e quantidade fornecida de proteína de soja e derivados (kg/animal/
dia) e a frequência de seu fornecimento, pode gerar situações indesejáveis na produtividade leiteira e desempenho
reprodutivo e imunológico dos animais.
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Foto: NFT Alliance
Avicultura
Observações de campo
revelam falhas na proteção
das Enramicinas genéricas
Por Luis Etcharren (Diretor Regional de Marketing para a América Latina,
Unidade de Negócios Avicultura), da MSD Saúde Animal
Luis Etcharren
Muitas vezes é perguntado como diferenciar Enradin F80®, o produto de referência,
em relação às enramicinas similares? Informações técnicas publicadas recentemente
revelam diferenças importantes entre Enradin F80® e outras enramicinas:
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O monitoramento rotineiro da saúde dos lotes de aves
comprova otimização da digestão e absorção de alimentos
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A revista da produção Animal | novembro 2014
Somente Enradin F80® é produzido
com o isolado original da B5477 do
Streptomyces fungicidicus. Esta molécula única foi desenvolvida pelo laboratório japonês Takeda, em 1966.
Somente dois laboratórios no mundo
estão autorizados a produzir Enradin
com a master seed isolada originalmente.
Análises realizadas no laboratório de
controle de qualidade da HISUN revelaram que a potência de alguns produtos
genéricos é inferior aos níveis indicados
em seus rótulos.
Enradin F80® proporciona uma atividade microbiológica estável e constante contra Clostridium perfringens,
que pode ser demonstrada por meio das avaliações
das Concentrações Inibitórias Mínimas (MIC), realizadas nos últimos 26 anos pela MSD Saúde Animal
no Japão.
Escute suas aves. Elas vão contar a história...
A melhor evidência da eficácia de Enradin®F80 é observada no desempenho das aves.
O monitoramento rotineiro da saúde dos lotes de aves irá
comprovar a otimização da digestão e absorção de alimentos, traduzidas na prática por melhores índices de conversão allimentar.
Aproximadamente 70% do custo total da produção estão
relacionadoS com o custo da ração. Um intestino saudável
é o principal fator para maximizar os processos de digestão
e absorção.
Neste relato estão descritas as observações de uma recente visita ao campo, no qual aves que consumiam enramicina
similar foram avaliadas. Embora o produtor tenha indicado
que o medicamento foi usado como indicado no respectivo
rótulo, o lote de aves mostrou deficiências quanto à sua saúde e desempenho. Um exame detalhado nas aves revelou
três importantes descobertas:
1. Avaliando as fezes na cama dos galpões ficou evidente
a presença excessiva de muco e umidade, além de uma
quantidade significativa de grãos não digeridos. Em algumas delas também se observou a presença de sangue.
Avaliação e diagnóstico clínico
O diagnóstico destas observações foi: enterite causada
por um desequilíbrio da microflora intestinal associada a
surto de E. tenella.
O quadro clínico foi desencadeado por um desafio de E.
tenella. Este desafio estimulou uma resposta inflamatória
com aumento da produção de muco e descamação celular.
O muco excessivo e os debris celulares favorecem a multiplicação das populações de Clostridium spp. no ceco, aumentando exponencialmente o seu número. Pelo mecanismo de
retroperistaltismo intestinal, as bactérias patogênicas são
carreadas para as porções mais proximais do intestino, onde
irão produzir as toxinas responsáveis pelo desequilíbrio entre as populações bacterianas normalmente aí presentes e
pelas lesões necróticas características, em variados graus.
Como resultado, os processos de digestão e absorção foram
afetados, causando significativas perdas econômicas.
Esse exemplo demonstra como o retorno econômico do
uso de Enradin®F80, comparado ao das enramicinas similares pode ser superior, já que as perdas econômicas causadas
por enterites, resultantes de infecções por Clostridium spp.,
superam a economia inicialmente gerada.
2. Na necropsia, observou-se enterite moderada a grave,
desde o duodeno, por todo o intestino até o ceco, com
conteúdo intestinal aquoso e apresentando quantidades
excessivas de muco.
Figura 5: Enterite e quantidade excessiva de muco no intestino
Figura 1: Fezes apresentando umidade Figura 2: Fezes que mostram baixa diexcessiva, muco e alimento mal digeri- gestão do alimento e umidade excessiva
do. Uma causa comum de alta conversão e muco
alimentar e baixo ganho de peso
3. No ceco encontramos bolhas de gás e sangue.
Figura 6: Sangue no ceco, lesão normal- Figura 7: Hemorragia nas tonsilas cecais,
mente associada a surto de E. tenella
sinal de resposta ao processo inflamatório no intestino das aves
Figura 3: Fezes mostrando má digestão do alimento, umidade excessiva e muco
Figura 4: Sangue nas fezes. Provavelmente resultado de surto de E. tenella
Figura 8: Conteúdo do ceco mostrando
a produção de gás (bolhas). A produção
de gás está associada ao crescimento de
Clostridium spp
Os sinais e lesões observados durante a visita sugerem que o aditivo melhorador de
desempenho utilizado (enramicina similar) pode não proteger de forma adequada a
integridade intestinal, compromemtendo assim o desempenho produtivo dos animais.
NT
A revista da produção Animal | novembro 2014
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Avicultura
Quanto o milho é consistente
como ingrediente alimentar?
Foto: Divulgação
Por Ceinwen Evans (Gerente Sênior de Serviços Técnicos Globais),
da Danisco Animal Nutrition, da Du Pont, e Julian Cooksley
Ceinwen Evans
Durante os últimos dez anos, a Danisco Animal Nutrition analisou mais de 3.000 amostras de milho provenientes de mais de 30 países, cujos resultados destacam
variações de até 17% no teor de nutrientes e na digestibilidade do amido. Estes resultados quebram o mito de
longa data no qual o milho tem valor nutricional consistente e implicações econômicas substanciais para os produtores de aves.
Avicultores, nutricionistas e fabricantes de ração tendem
a considerar o milho como ingrediente consistente em termos de valor nutricional, independentemente do local no
mundo onde é cultivado e sob que condições. Isso é um
mito, diz Ceinwen Evans, Gerente Técnico de Danisco Animal Nutrition, da DuPont. Ao longo dos últimos dez anos, a
Danisco Animal Nutrition tem realizado estudos exaustivos
que provaram de forma conclusiva que o milho apresenta
variações notáveis, que têm grandes implicações para todos
os setores da indústria avícola mundial.
Tabela 1: Valores analíticos de milho global - 2013
Matéria
Seca
Amido
Proteína
Óleo
Digestibilidade de Amido
(in vitro)
Média
87.6
71.7
7.2
4.4
34.7
Mínimo
82.7
40.7
5.0
0.5
14.7
Máximo
91.1
75.9
10.3
5.6
46.9
CV%
1.7
4.9
12.6
13.2
17.2
(%)
Fonte: Banco de Dados de Colheita - Danisco Animal Nutrition
Tabela 1: Valores analíticos de milho do Brasil - 2013
Matéria
Seca
Amido
Proteína
Óleo
Digestibilidade de Amido
(in vitro)
Média
87.3
70.8
7.4
4.6
39.4
Mínimo
85.4
40.7
5.9
0.6
25.3
Máximo
90.4
73.6
9.3
5.6
45.6
CV%
1.2
5.3
10.1
8.7
11.0
(%)
Fonte: Banco de Dados de Colheita - Danisco Animal Nutrition
Figura 1: Teor de amido e digestibilidade in vitro podem
ser altamente variáveis entre os lotes de milho (amostras
de milho do Brasil 2013)
Teor de
amido
74%
41%
Pesquisa comprova variação dos teores
nutricionais do milho como alimento para as aves
138 amostras de milho
Amido
60
NT
A revista da produção Animal | novembro 2014
Digestibilidade do Amido (%)
Digestibilidade
do amido
46%
25%
Avaliando a variabilidade
Evidências científicas têm demonstrado que o milho
pode ser um grão inconsistente e que sua Energia Metabolizável Aparente (EMA) pode variar drasticamente. Uma
série de fatores contribui para essa variabilidade, incluindo
o genótipo do milho, o local onde é cultivado, variações
sazonais em condições de cultivo e colheita, bem como as
condições de secagem e o armazenamento.
Fabricantes de alimentos para animais e produtores de
aves comerciais que necessitam de alimentos uniformes a
partir de diferentes lotes de milho, produzidos em diferentes anos de colheita, locais ou condições de crescimento,
enfrentam sérios desafios.
Para ajudar nutricionistas, fabricantes de ração e avicultores a administrarem a questão da variabilidade de milho
de forma mais eficaz, a pesquisa da Du Pont se concentra
em duas áreas. Em primeiro lugar, quais são os principais
fatores que afetam a qualidade do milho e, em segundo,
como enzimas especificas podem reduzir a variabilidade
e melhorar o valor nutricional dos alimentos derivados de
diferentes lotes de milho.
Uma análise da Du Pont de 363 amostras de milho colhidos em 2013, cultivados em 11 países e coletados de fábricas de rações e integradores de aves comerciais, provou
conclusivamente que matéria seca, amido, proteína bruta,
teor de óleo e digestibilidade de amido podem variar muito entre amostras de milho (Tabela 1). A mesma tendência
pode ser vista em 138 amostras de milho do Brasil colhidas
em 2013. (Tabela 1A)
Globalmente, a matéria seca variou entre 83-91%, os níveis de amido entre 41-76%, a proteína bruta entre 5-10%,
óleo entre 0,5-6% e digestibilidade in vitro a partir de 1547%. Curiosamente, variações semelhantes em conteúdo
nutricional também foram evidentes entre as amostras de
dentro do mesmo país.
Para o Brasil, a matéria seca variou de 85-90%, os níveis
de amido de 41-74%, de proteína bruta 6-9%, óleo de 0,66% e digestibilidade in vitro a partir de 25-46%.
Uma vez que o amido contribui com cerca de 65-70% do
valor de energia do milho, é interessante notar que uma
análise das 138 amostras de milho do Brasil realça o fato de
que tanto o teor de amido quanto o de digestibilidade pode
ser altamente variável entre os lotes de milho (Figura 1)
Desempenho variável de ave
O desempenho consistente da ave é o objetivo do avicultor. Já que uma dieta típica de milho-soja contém 6570% de milho, uma variação significativa no valor nutritivo
do milho levará, sem dúvida, diretamente a uma variação
no crescimento das aves e na conversão alimentar.
A Danisco Animal Nutrition estabeleceu um programa
NT
A revista da produção Animal | novembro 2014
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de pesquisas para estabelecer o efeito da variabilidade do
milho sobre o desempenho das aves. A pesquisa envolveu
a obtenção de 59 amostras de milho de 13 países, representando os Estados Unidos, América do Sul, Europa e Ásia. Estas amostras foram incluídas em diferentes lotes de ração,
formuladas para conter 55% de cada amostra de milho em
uma dieta constante. As dietas foram fornecidas a frangos
de corte e a energia digestível ileal de cada dieta, bem como
o ganho de peso das aves, foi medida em 28 dias.
A energia digestível ileal variou substancialmente entre as amostras de 2.361 kcals/kg de ração (9,9 MJ/kg de
ração) para 3.930 kcal/kg de ração (16,4 MJ/kg de ração)
(Figura 2) e ganho de peso corporal aos 28 dias variou de
747 g a 1301 g (média 962 g) (Figura 3). Uma vez que todas
as dietas eram idênticas em composição, incluindo a origem dos ingredientes (exceto o milho), qualquer variação
na energia digestível ileal e ganho de peso entre as aves
pode ser diretamente atribuída às variações no valor de
alimentação de milho.
Figura 2 - Energia digestível ileal em frangos de corte alimentados com rações contendo amostras de milho diferentes
Energia digestível ileal da ração
kcals/kg
59 exemplos de milho
Média 2.963 kcal/kg (12.4 MJ/kg) CV = 10%
Fonte: Danisco Animal Nutrition
Figura 3 - Ganho de peso de frangos de corte alimentados
com rações contendo amostras de milho diferentes
Ganho de peso do frango
de corte (g) 0-28 dias
59 exemplos de milho
Média 962 g CV = 18%
Fonte: Danisco Animal Nutrition
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NT
A revista da produção Animal | novembro 2014
Melhorando a qualidade do milho
Provado ser eficaz em mais de 70 experiências comerciais
e de investigação, a combinação de enzimas Avizyme® 1500,
da Du Pont, mistura única de xilanase, amilase e protease,
melhora a taxa de digestão de amido dentro do intestino delgado. A amilase, uma enzima de digestão de amido, ajuda a
ave a digerir mais do amido no milho. Uma vez que a principal fonte de energia em dietas à base de milho é o amido,
aumentar a digestibilidade do amido significa melhora na digestibilidade da energia. A protease, uma enzima de digestão
de proteínas, quebra proteínas de armazenamento que ligam
amido. O amido ligado e então liberado tornando mais disponível para digestão das aves através da amilase endógena
das aves e da amilase exógena de Avizyme 1500. A xilanase
quebra as paredes celulares ricas em fibras, liberando amido
fechado, novamente aumentando sua disponibilidade para
a digestão.
O resultado líquido é que a amilase, a protease e a xilanase em Avizyme® 1500 trabalham em conjunto para melhorar a digestibilidade do amido e, consequentemente,
aumentar a digestibilidade da energia do milho.
O grau em que a mistura de enzimas pode melhorar a
digestibilidade da energia de milho é expressa como Valor
de Melhoria de Energia (EIV). A Du Pont identificou vários
fatores que influenciam o grau em que a mistura de enzimas pode melhorar a digestibilidade da energia do milho.
Estes incluem amido, proteínas e teor de óleo, digestibilidade do amido e índice de solubilidade da proteína (que
fornece indicação do grau de proteína de ligação com outros nutrientes no milho). Estes fatores são rotineiramente
medidos no laboratório da Du Pont para avaliar o EIV de
diferentes milhos. O EIV também nos dá uma ideia da qualidade do grão.
A Tabela 2 resume o EIV médio de 792 amostras de milho
colhidas em 2012 e 2013, bem como os países-chave para a
região da América Latina, Estados Unidos, Brasil e Argentina.
O EIV médio para todas as amostras ao longo dos anos de
colheita de 2012 e 2013 era de aproximadamente 158 kcal/
kg, num intervalo de 119 kcal/kg a 206 kcal/kg. Para os mercados-chave, o intervalo foi de 119 kcal/kg a 186 kcal/kg.
Estados Unidos, China, Brasil, México, França e Argentina
produzem cerca de 75% da oferta de milho do mundo. Os
EUA sozinhos são responsáveis por aproximadamente 40%
dessa oferta, o que o torna o maior exportador mundial
de milho.
Consequentemente, informação sobre a variabilidade
de milho dos EUA também é muito relevante para fabricantes em muitos outros países que importam o milho
norte americano. Nos EUA, por exemplo, o EIV médio de 42
amostras da colheita de 2013 foi de 160 kcal/kg - média de
137 kcal/kg a 186 kcal/kg.
Tabela 2 – Adição de enzima melhora a digestibilidade
da energia do milho
Colheita 2012 (EIV (kcal/kg as fed))
País
Média EIV
Mínimo EIV
Máximo EIV
CV%
Argentina
163.1
133.4
185.8
8.0
Brasil
159.2
142.4
171.8
3.9
EUA
143.1
121.2
176.2
6.8
Global
153.1
121.2
215.9
8.7
Colheita 2013 (EIV (kcal/kg as fed))
País
Média EIV
Mínimo EIV
Máximo EIV
CV%
Argentina
158.6
137.6
183.7
6.5
Brasil
156.7
118.6
181.0
5.4
EUA
159.8
136.9
185.8
7.3
Global
157.8
118.6
206.3
7.2
*EIV – “Valor de Melhoria de Energia” devido à adição de Avizyme® 1500
Mais lucro
Em sistemas de produção de frangos de corte, a alimentação é o maior custo individual. Portanto, a rentabilidade
depende do custo relativo e do valor nutritivo dos ingredientes principais.
Como indicado, o milho é inerentemente variável e, portanto, maximizando o seu valor nutritivo e minimizando sua
variabilidade melhoramos significativamente a economia
da produção de frangos de corte.
O conhecimento obtido com a pesquisa da Du Pont sobre
a variabilidade milho nos levou diretamente ao desenvolvi-
mento de um único serviço - Avicheck™. O serviço permite
que os fabricantes de rações para frangos de corte otimizem o uso de Avizyme® 1500 de acordo com a qualidade do
milho utilizado na formulação de rações. O serviço inclui um
ensaio de laboratório único que estima o quanto de Avizyme® 1500 pode melhorar o ME de milho, apresentado como
Valor de Melhoria de Energia (EIV). Incluir Avizyme® 1500 e o
novo milho de maior energia na formulação de rações oferece oportunidades para reduzir os custos de alimentação.
Normalmente, o milho de maior energia substitui alguns ingredientes de alta energia mais caros, como gordura ou óleo.
O serviço inclui também um modelo econômico que calcula para o produtor o valor da mistura proveniente dos
custos de alimentação reduzidos e da maior uniformidade de peso corporal. Os benefícios financeiros são muito
atraentes. Por exemplo, o benefício financeiro líquido atual
para um produtor norte-americano proveniente do uso da
mistura de enzimas, como previsto pela Avicheck ™ Milho,
é de aproximadamente US$ 11,46/tonelada de ração. Isso
atualmente equivale a um adicional de US$ 2,7 milhões de
dólares de renda anual para o processamento de 1.000.000
aves por semana. O atual benefício financeiro líquido de um
produtor brasileiro, como previsto pela Avicheck ™ Milho, é
de aproximadamente US$ 13,03/tonelada de ração.
Parece que altos preços de milho e gordura/óleo vieram
para ficar e projetar um futuro previsível. Para os produtores
de frangos de corte que procuram maximizar a eficiência da
atividade e melhorar a uniformidade de aves, estes avanços
mais recentes em tecnologia de enzimas representam um
emocionante e significativo passo à frente.
Foto: Divulgação
Preço do milho pesa consideravelmente nos
custos de produção dos frangos de corte
NT
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aves
Avicultura
Nutrição e imunidade em
Vladimir Fay
Mortalidades elevadas não se admitem mais e o foco está
voltado à melhoria e manutenção de altas performances das
aves, menor custo possível e maior competitividade comercial
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A revista da produção Animal | novembro 2014
Foto: Divulgação
Por Vladimir Fay, (Consultor Técnico), da Cargill Alimentos - Nutron
Animais ditos superiores como os humanos quando
submetidos a períodos de jejum constante ou intermitente desencadeiam uma forma leve de estresse, acelerando
continuamente as defesas celulares contra danos moleculares, favorecendo o sistema imune. (Mattson, 2003)
Animais de laboratório, como camundongos e alguns
vermes nematódeos, acumulam mais danos oxidativos
prematuros que outros roedores. Mas, paradoxalmente, vivem praticamente livres de doenças até morrer em idade
muito avançada. (Gems, 2006)
Afirmações como estas comprovam que a literatura técnica mundial está repleta de pesquisas que contrapõem
os preceitos básicos em nutrição e saúde, demonstrando
que a imunologia está em constante evolução e verdades
consolidadas e inquestionáveis até então são contestadas
a todo o momento, ao mesmo tempo em que sinalizam
novas descobertas.
O Sistema Imune (SI) possui seus mecanismos de ação
específicos e conhecidos como qualquer outro no intrincado arranjo metabólico.
Independente disso, nos modernos sistemas de produção animal temos a ação em maior ou menor grau de
fatores externos como pressões de infecção, ambiental e
aporte de nutrientes específicos para seu sustento e regulação, além de ter como função principal a necessidade
de ativação imediata e efetiva a agentes com alto poder
adaptativo.
Nos sistemas produtivos, apesar de observarmos na última década o ressurgimento de doenças que entendíamos
estarem banidas da indústria avícola, a maioria delas ainda se mantém contida por medidas efetivas de controle,
como processos de biossegurança das instalações, pessoas e alimentos, bem como de programas de vacinações.
Com isso, mortalidades elevadas, como em surtos da
forma clássica da Doença de Newcastle das décadas de 60
e 70, não se observam e não se admitem mais nas criações
e o foco está totalmente voltado à melhoria e manutenção
de altas performances das aves, menor custo possível e
maior competitividade comercial.
Quanto custa o Sistema Imune?
O Sistema Imune é prioritariamente atendido e dietas
equilibradas em macro e micronutrientes atendem perfeitamente às suas demandas em situações também de equilíbrio ambiental e sanitário.
Contudo, quando submetido a agressões microbiológicas ou vacinações, por exemplo, o animal imediatamente
entrará em catabolismo muscular a fim de direcionar aminoácidos ao SI, comprometendo a performance e agregando o custo de produção.
Tabela 1: Efeito da vacinação sobre o consumo de ração
(CR), ganho de peso (GP) e conversão alimentar (CA) de
frangos de corte de 1 a 21 dias de idade em dois diferentes trabalhos de pesquisa
Vacinação
Item
Sim
Não
P
CR, g
1151
1172
0,26
GP, g
801
a
840
0,01
CA
1,44b
1,40a
0,03
CR, g
1178b
1216a
0,001
GP, g
862b
911a
0,001
CA
1,73
1,34
0,001
Rubin et al., 2007a
b
Rubin et al ., 2007b
b
a
Adaptado de Rubin et al. (2007a e 2007b)
Manipulação dietética e Sistema Imune?
Considerando a redução de consumo de alimento como
o principal impacto do Sistema Imune desafiado, torna-se
prudente a manipulação do teor energético da ração para
conter essa perda.
Segundo Ribeiro (2014), em dietas experimentais, o aumento da densidade calórica com carboidratos como amido de milho é mais eficaz do que o uso de gordura animal
ou óleo vegetal. Laganá et al. (2007) observou que o uso
de dietas de maior densidade energética e proteica (dieta
verão) submetidas a estresse cíclico por calor entre 21 e 42
dias de idade gerou maior peso relativo de bursa e menor
relação heterófilos/linfócitos, o que é um indicativo de animais em situação de baixo estresse.
Micotoxinas
Diversos são os mecanismos de ação nos quais as micotoxinas podem afetar o bom desempenho do SI, seja pela
ação direta no trato digestório inibindo a ingestão de nutrientes (desde a recusa de alimento, passando pela geração de lesões cáusticas orais e na moela, até enterites em
diversos graus e, independente disso, as micotoxinas são
rapidamente absorvidas pela complexação reversível com a
albumina e em menor grau a outras proteínas plasmáticas),
sendo pela metabolização em diversos órgãos, como rins,
pulmões e principalmente no fígado.
Após depositada no fígado, as micotoxinas são biotransformadas pelo sistema microssomal hepático em metabólitos mais tóxicos. Esses metabólitos reativos têm a habilidade
de se ligar de forma covalente com constituintes intracelulares, incluindo DNA e RNA, além de alterarem a síntese de
proteínas no tecido hepático com mau funcionamento, le-
NT
A revista da produção Animal | novembro 2014
65
Figura 1: Metabolismo de Aflatoxina B1 no figado de aves
Gráfico 1: Modelo de gráfico de mensuração de risco
Gerenciamento de risco
Atualmente, não se utiliza mais o uso contínuo de produtos
adsorventes de micotoxinas, por ser anti-econômico e por
estarem disponíveis métodos rápidos de detecção para uso
mais racional (em determinado período de desafio) e direcionado (para determinada micotoxina).
Modelo de scanner para Análise Rápida de Micotoxina
litadas por quantidades adequadas de vitamina E nas membranas celulares e de selênio no citosol.
Outra propriedade creditada a vitamina E é de reduzir a
biossíntese de prostaglandinas (PG) e leucotrienos (potentes
indutores de inflamação), além de diminuir a mortalidade.
Tabela 3: Efeito da suplementação com vitamina E sobre
as células T helper (Th) no timo de frangos de 7 semanas
de idade
Vit E (mg/kg)
Células T helper
0
9,7 +- 1,0b
17
13,1+- 1,5ab
46
15,5 +- 1,4ab
87
19,6 +- 3,5a
Médias nas colunas seguidas de diferentes letras diferem significativamente (P < 0,05).
Adaptado de Erf et al. (1998)
vando à profunda alteração nas propriedades funcionais e
na síntese das proteínas das aves (Wyatt, 1991).
Há décadas, a indústria avícola se vale do uso de produtos
adsorventes de micotoxinas para o controle de desafios nessa área. Contudo, muitos deles não apresentam a efetividade
necessária.
Para ser considerado um bom produto, os seguintes requisitos são desejáveis:
• Ser livres de contaminantes como dioxinas, furanos e níveis máximos toleráveis de metais pesados, que podem
contaminar as carcaças e o consumidor final, principalmente em mercados importadores mais exigentes;
• Ter granulometria e dosagem compatível e desejável
para uma boa qualidade de mistura, considerando que
o mecanismo de ação do produto exige contato, baixíssimas inclusões podem colocar em risco a efetividade
do produto;
• Teste in vitro como teste rápido de avaliação apenas
para comprovar a composição e adsorção mínima garantidas dos lotes. Teste obrigatório.
• Teste in vivo, que é o teste definitivo de efetividade do
produto, pois valida todos os requisitos acima.
66
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A revista da produção Animal | novembro 2014
Há décadas, a indústria avícola se vale do uso de produtos adsorventes de micotoxinas para o controle de desafios nessa área.
Contudo, muitos deles não apresentam a efetividade necessária.
Tabela 2: Conversão alimentar média (CA), peso relativo
médio de fígado (Fígado) e níveis séricos médios de proteínas plasmáticas totais (PPT; g/dL) de frangos intoxicados
com aflatoxinas, com e sem a adição de Notox na dieta,
durante 21 dias
Tratamentos
CA
CV
Fígado
CV
PPT
CV
Controle
1,41b
11,5
3,02c
7,6
2,87ab
7,1
0,5 Notox
1,40b
8,1
3,27c
8,0
3,21a
13,1
2,8 ppm Afla
1,68a
23,0
5,05a
17,7
1,80d
29,1
2,8 ppm Afla +
0,25% Notox
1,57a
18,6
4,41b
21,6
1,94cd
20,1
2,8 ppm Afla +
0,5% Notox
1,59a
20,2
4,02b
24,0
2,47bc
22,5
Probabilidade
0,00
0,00
00
a - d Médias nas colunas seguidas de letras diferentes diferem pelo teste de Bonferroni (P<0,05)1
CV= Coeficiente de variação (%)
PPT é metodologia padrão para mensuração de performance hepática
Vitaminas e outros antioxidantes
Segundo Ribeiro (2014), conceitualmente a maioria dos
efeitos metabólicos da vitamina E vem de suas propriedades antioxidantes, particularmente por sua ação direta
junto aos intermediários do oxigênio reativo, os radicais
livres. Estas moléculas resultam do metabolismo normal
de todas as células e o próprio SI (neutrófilos e monócitos
intensificam sua produção durante a resposta imune) são
responsáveis por isso.
Os radicais livres produzidos, juntamente com o óxido nítrico e enzimas de catabolismo, matam bactérias, parasitas e
células infectadas, apesar de também causar danos às células
sadias do animal.
Presume-se que as defesas locais antioxidantes sejam faci-
As células Th desempenham o papel regulatório central
na resposta imune, podendo induzir a uma resposta predominantemente celular (Th1) ou humoral (Th2).
As células Th1 produzem citocinas como interferon-γ
(IFN-γ), fator de necrose tumoral-α (TNF-α) e interleucina
(IL-2), enquanto o Th2 produz IL-4, IL-5 e IL-10, importantes
estimuladores da resposta imune humoral.
Apesar disso, pesquisas com elevadas suplementações de
vitamina E nem sempre apresentam as melhores respostas.
Acredita-se que a inconsistência de alguns estudos sobre o
efeito da vitamina E resulte de diferenças no grau de desafio
imposto, na presença e na concentração de outros antioxidantes na dieta, nas linhagens utilizadas e nas condições
ambientais.
Por outro lado, são descritos resultados negativos com
elevadas doses de vitaminas E quando esta assume papel de
pró-oxidante, podendo inclusive apresentar sinais de toxidez.
Assim como a vitamina E, a vitamina A também tem
seus valores dietéticos questionados. Segundo Klasing e
Leshchinsky (1999), os níveis adequados para uma modulação adequada do SI, a fim de evitar doenças infecciosas,
seriam de 5 a 20 vezes o valor preconizado pelo NRC. Contu-
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A revista da produção Animal | novembro 2014
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do, níveis elevados (acima de 14000 UI) apresentaram forte
perfil inflamatório em nível de pele das aves.
Nos últimos anos, muitos estudos sobre o metabolismo
da vitamina D relacionados ao aspecto imunomodulador foram sendo desenvolvidos, encontrando receptores para vD
em um grande número de tipos celulares, desde células do
músculo esquelético até células importantes para a resposta
imune, como macrófagos.
Sabe-se hoje que os metabólitos da vitamina D podem
suprimir a produção de imunoglobulinas e acentuar a atividade imunossupressora das células T (Rucker, 1998).
Polifenóis e Pigmentos
Devido às limitações dietéticas do uso da vitamina E e, principalmente, ao seu alto custo no mercado internacional, a
indústria agora voltou-se a alternativas como o uso de polifenóis retirados de extratos vegetais e pigmentos como cantaxantina como potentes antioxidantes substitutos da vitamina
E ou simplesmente como um novo aditivo melhorador de
performance.
Além de ter maior segurança, essas novas alternativas também tendem a reduzir possíveis toxidades de megadoses de
vitamina E.
Os polifenóis como o nome diz são compostos fenólicos
que têm em sua composição as protocianidinas com alto
poder antioxidante, contudo, dependente diretamente do
processo de extração e preservação destas moléculas termolábeis, garantindo assim a alta biodisponibilidade e atividade.
Pigmentos como a cantaxantina são indicados como potentes antioxidantes na presença de alta concentração de ácidos graxos polinsaturados (PUFA) nos tecidos embrionários e,
devido ao maior consumo de oxigênio no final da incubação,
responsável maior pelo estresse oxidativo ao embrião.
Pesquisas com ovos comerciais demonstraram que os lipídios da gema oxidam durante o armazenamento. Assim, o
efeito negativo do armazenamento sobre o rendimento de
incubação pode não ser somente devido às mudanças físicas
do ovo, mas também poderia estar relacionado à oxidação
dos lipídios da gema. Isso resultaria em menor quantidade de
energia disponível para desenvolvimento do embrião e presença de compostos tóxicos, resultantes da peroxidação, que
causaria morte embrionária.
As necessidades antioxidantes aos embriões são extremamente importantes e são obviamente cobertas apenas parcialmente via nutrição materna.
Assim, a suplementação da matriz com antioxidantes, como
a cantaxantina e polifenóis, pode contribuir para a redução
principalmente na fase inicial da mortalidade embrionária.
Minerais
Conceitualmente, o Selênio cumpre importante papel na
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A imunologia representa um universo cada vez maior de desafios, que
vai muito além das demandas primordiais de controles sanitários que
dominaram os primeiros anos do surgimento da avicultura industrial
Foto: Divulgação
Fonte: Provimi Veldriel, 2014
qualidade da resposta imune e na proteção das membranas,
sendo este mineral importante constituinte de enzimas na
cascata da reação imunológica.
A deficiência de Se prejudica o sistema imune aumentando
o risco de infecções virais e bacterianas, pois com sua deficiência há a redução significativa de linfócitos.
Além dos tradicionais trabalhos associando ao Selênio e
Zinco, obtendo melhora de ganho diário e eficiência alimentar, observa-se também melhora da resposta imune associado ao aumento do peso de bursa e timo.
Alguns experimentos demonstram que o Se (1 ppm) pode
apresentar melhora da imunidade durante a exposição à Salmonella typhimurium com ou sem aflatoxicose.
A suplementação de Se ocorre na prática na forma de selenito de sódio ou junto com aminoácidos (selenometionina)
e a forma usada pode influenciar nos resultados observados.
Silva et al. (2010) trabalharam com suplementação dietética
de Se orgânico e inorgânico.
Os pesquisadores observaram que o uso de Se orgânico
propiciou maior consumo de ração e menor depleção linfocitária aos 42 dias de idade nas bursas das aves vacinadas contra Doença de Gumboro.
No entanto, a fonte inorgânica teve o efeito benéfico de aumentar a produção de anticorpos.
Sabe-se que o fornecimento adequado de Zn é essencial
para desenvolvimento, manutenção e função normal do
sistema imune e células associadas, inclusive de heterófilos,
neutrófilos, basófilos, macrófagos e linfócitos T.
Devemos lembrar que os heterófilos e neutrófilos realizam
quimiotaxia, fagocitose e degradação de microrganismos,
além de ser as primeiras células imunes a chegar ao local da
infecção. Eles contam com uma alta concentração de fosfatase alcalina (uma Zn-metalo-enzima), especialmente durante
o curso de uma doença infecciosa. Estas células também regulam um mecanismo que reduz o Zn plasmático, evitando
assim que bactérias em infecções sistêmicas utilizem o Zn
para se multiplicarem.
A resposta imune prejudicada tem sido muitas vezes ligada à deficiência de Zn com sintomas clínicos, tais quais:
atrofia do timo, predisposição a infecções bacterianas, virais
e por fungos, diminuição da atividade de células natural killer, fagócitos, macrófagos e maturação e função das células
T (Sahin et al., 2009).
O Zn ainda induz à produção de citocinas além de também
influenciar na defesa contra infecções virais devido à ação antiviral do IFN-α que inibe as proteases que envolvem o vírus.
Os efeitos do Zn são altamente específicos e não há nenhum
outro mineral que o substitua.
Já o cobre atua principalmente como cofator ou componente de enzimas. Pelo menos 3 enzimas dependentes de
cobre (Cu) funcionam na defesa antioxidante do organismo.
Animais deficientes em Cu são mais suscetíveis a infecções,
apresentam menor produção de anticorpos, menor peso de
timo, baixa atividade das células natural killer e menor capa-
cidade de fagocitose. No entanto, é muito difícil, em dietas
práticas, haver carência que afetaria o sistema imune.
Relação entre aminoácidos
Há dados sugerindo que a relação entre aminoácidos também se altera durante a resposta imune.
Aminoácidos sulfurados (AAS), mais exigidos para mantença em aves, seriam necessários em maior nível proporcionalmente do que lisina (Lis), que é altamente exigida na síntese
proteica (Han e Lee, 2000).
A maior parte dos mediadores da inflamação e da resposta imune é de peptídeos. Estas proteínas têm perfil diferente
das proteínas envolvidas no desenvolvimento corporal ou na
produção de leite. Então, há uma exigência específica de aminoácidos para a resposta imune (Le Floch, 2000), conferindo
um papel chave para o nível (quantidade) e qualidade de proteínas da dieta.
Alguns aminoácidos têm recebido atenção particular. É
o caso da glutamina (Gln), que tem sido indicada como um
importante “combustível” para macrófagos, linfócitos, neutrófilos e enterócitos. A glutamina é considerada um imunomodulador, atuando na defesa do trato respiratório e trato gastrointestinal (Dewitt et al., 1999).
Estudos recentes indicam os benefícios da Arg no sistema
imune, agindo no desenvolvimento dos órgãos linfoides. Entretanto, pouco se conhece sobre as necessidades para esse
desenvolvimento em mamíferos e aves (Kwak e Austic, 1999).
Segundo Leshchinsky (1999), os ácidos graxos n-3 (linolênico) na dieta diminuíram significativamente a incidência de
septicemia em 25% e a incidência de celulite (geralmente resultado da infecção por E. coli nas lesões de pele) em 18% em
aves nos abatedouros. Inversamente, a incidência de tumo-
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Restrição Alimentar
Ao contrário do que muitos imaginam, pesquisas têm
mostrado que a restrição alimentar pode ser benéfica para a
imunocompetência.
Animais submetidos ao jejum entre 12 e 24 horas tendem
a aumentar a resposta à vacinação (Klasing, 1988), sugerindo que essa metodologia poderia ter aplicabilidade na indústria avícola.
A restrição alimentar crônica também é responsável pelo
aumento da longevidade e da resistência a doenças infecciosas (Praharaj, 1997; Von Borrel, 1992), com elevação da
produção de IgY contra BSA aos 42 dias (Moraes et al., 2010).
Observações a campo demonstram que lotes em restrição
alimentar em regiões endêmicas de Bronquite Infecciosa
têm significativa redução na mortalidade comparativamente ao restante da população com alimento à vontade.
Manipulação de populações microbianas
Anteriormente à consolidação dos avançados conceitos
de biossegurança, o uso de antibióticos era disseminado e
foi por muito tempo uma importantíssima ferramenta frente aos surtos das mais diversas patologias que hora ou outra
voltavam a comprometer a produção.
Com os banimento de boa parte das moléculas antibióticas iniciado nas décadas de 80 e 90 e por exigência dos
países importadores, elevou-se a utilização de diversas categorias de aditivos ditas não-antibióticos para controle
microbianos e manutenção da performance como os pro e
os prebióticos, ácidos orgânicos e óleos essenciais, dentre
outros.
Hoje em dia está bem claro que o organismo animal é portador de número maior de células microbianas (que chamamos de microbioma -microbiota intestinal, respiratória, reprodutiva...) do que constituinte de seu próprio organismo,
podendo chegar a uma proporção de 10 x 1!
Essa população é composta por milhares de espécies e
que, assim como nós, evoluíram por milhões de anos e com
alta capacidade de adaptação e o maior interesse de perpetuação, utilizando-se de ferramentas como a produção de
enzimas, vitaminas, bacteriocinas e fatores anti-inflamatórios, que têm por objetivo manter o equilíbrio do meio sem
prejuízo a nenhum de seus componentes.
Por meio disso, a microbiota interage harmonicamente
com o SI em outras mais de 20 mil funções diferentes, sendo
5.000 desconhecidas, em um ambiente considerado “zona
nobre” pela presença de nutrientes em plena simbiose.
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Fatores que alterem esse equilíbrio podem ocasionalmente gerar mais danos do que benefícios ao hospedeiro.
Nas últimas décadas, o interesse em aprimorar a capacidade digestiva das aves levou os pesquisadores a tentar entender os mecanismos de convivência dessas populações bacterianas intestinais e propor o uso de aditivos compostos pelos
gêneros Bacillus, Lactobacillus e Enterococcus, que favoreceriam um ambiente de maior digestibilidade, saúde intestinal
e, com isso, possibilidade de exclusão de bactérias patogênicas de impacto econômico (Clostridium) ou em saúde pública
(Salmonella enteritidis).
Com o maior entendimento dos mecanismos de ação e
o surgimento dos primeiros resultados na performance das
aves, foram-se aprimorando as gerações microbianas que
compunham esses produtos, e entendendo-se que haveria
diferença mensurável, principalmente por um fator de potência relacionado à expressão gênica das cepas em questão.
Atualmente, está bem claro o papel do perfil nutricional e a
ação direta dos ingredientes usados na rotina de formulação
sobre o desenvolvimento e seleção de cepas específicas, além
do inter-relacionamento da ação do ambiente de criação.
Com o início do desenvolvimento de aditivos anti-clostridiais e enzimas observou-se desenvolvimento das pesquisas sobre o perfil da microflora em aves com foco, principalmente na composição de espécies em determinado
segmento intestinal.
Foto: Divulgação
res (espontâneos e associados ao vírus da doença de Marek)
aumentou em 24%. Este estudo mostra que as ações modulatórias dos PUFAs sobre o sistema imune resultam em uma
mudança no espectro de doenças que ocorrem a campo.
Enzimas
O uso de enzimas pela ação digestiva propicia a indisponibilidade de substratos para que agentes microbianos, dentre
eles patogênicos, tenham a possibilidade de se multiplicar.
Além disso, estimula a produção de ácidos orgânicos com
ação direta redutora de enterobacteriáceas.
Espécies diferentes ou cepas diferentes das mesmas espécies de probióticos podem apresentar diferentes perfis
de crescimento e povoamento intestinal. Fonte: Christian Hansen, 2014
Fonte: Danisco, 2012
Atualmente, as pesquisas na área de probiose vão além
do mapeamento e tipificação de gêneros e espécies distribuídos por todo o TGI.
Algumas avaliações de como lotes de aves de alta e baixa
performance apresentam sua microflora, bem como qual o
grau de produção de peptídios por segmento e por cepas e
suas expressões como ações pró e anti-inflamatórias e suas
consequências na performance em conversão alimentar
(Kogut,2014).
Fonte: Christian Hansen, 2014
Aves de um mesmo lote e com distintos padrões de crescimento submetidos a um mesmo regime nutricional
podem apresentar perfis diferentes de população microbiana. Fonte: Johnson, 2014
Conclusão
A imunologia representa um universo cada vez maior de
desafios, que vai muito além das demandas primordiais de
controles sanitários que dominaram os primeiros anos do
surgimento da avicultura industrial.
Tentativas de trabalhar com o excessos de nutrientes e aditivos de maneira indiscriminada, a fim de buscar melhoria de
desempenho dos animais são cada vez mais questionadas, ao
mesmo tempo em que surgem indícios a todo momento de
malefícios à saúde animal.
Associada a nutrição e em particular a microbiologia, além
da manipulação de microrganismos e metodologias de controles de seus metabólitos, a moderna “imunologia nutricional” abre um vasto campo de pesquisa, que provavelmente
desde já dominarão boa parte do desenvolvimento de aditivos de última geração.
Produtos que anteriormente tinham a pretensão apenas de
substituir os antibióticos, possivelmente poderão acompanhar em eficiência as antigas moléculas, agregando com isso
também segurança alimentar sem a perda de performance
frente a desafios do ambiente de criação.
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Diarreias neonatais
em suínos: um desafio
Foto: NFT Alliance
suinocultura
multifatorial
Por Brenda Marques (Departamento Técnico), da MSD Saúde Animal
Brenda Marques
Infecções entéricas representam importante problema
sanitário e podem ocasionar consideráveis prejuízos
econômicos para a suinocultura em todo o mundo
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Entre as diversas doenças que podem acometer os suínos,
as infecções entéricas representam importante problema
sanitário e podem ocasionar consideráveis prejuízos econômicos para a suinocultura em todo o mundo. A diarreia
neonatal suína, na dependência da frequência e intensidade com que ocorre, ocasiona prejuízos econômicos de ordem direta e indireta. Os principais prejuízos econômicos
diretos são representados pelo aumento na mortalidade de
leitões, gastos adicionais com medicamentos e desinfetantes, intensificação da mão-de-obra e aumento no custo de
produção. Dentre os prejuízos indiretos, há aumento da taxa
de conversão alimentar, redução no ganho de peso, desuniformidade das leitegadas, diminuição do peso ao desmame,
queda na imunidade e, consequentemente, predisposição
para a ocorrência de infecções secundárias, particularmente
as respiratórias (Alfieri et al., 2012).
Diarreias neonatais: quando consideramos um problema?
Numa rápida reflexão sobre a ocorrência das diarreias nas
granjas de suínos em nosso meio criatório, pode-se afirmar
que sempre que uma granja for visitada serão encontrados
casos de diarreia nos animais lá alojados. O que vai determinar a importância ou não desses episódios são fatores como:
o número de doentes, o curso da doença, o grau de desidratação dos leitões afetados, a mortalidade especificamente
devida ao problema, a repetição de episódios em diferentes
lotes e as quantidades usadas e eficiência das medicações
e vacinações em curso. A quantificação exata do que seria
“aceitável” é difícil de definir em termos absolutos. Números
de casos de diarreia em 3 a 5% dos animais em não mais de
10% das baias têm sido usados por algumas agroindústrias
brasileiras como parâmetro de análise (Barcellos et al., 2011).
A diarreia caracteriza-se pelo aumento na frequência de
eliminação das fezes, que devido ao grande volume de água
eliminada apresentam-se com consistência pastosa a líquida. Como consequência, o animal pode desenvolver quadro
clínico caracterizado por desidratação, desequilíbrio eletrolítico e acidose metabólica (Alfieri et al., 2012).
Um outro problema encontrado para quantificar a importância dos problemas entéricos nas granjas tem relação
com o tipo de alteração fecal que deve ser considerado
como “diarreia”. Existem tabelas descrevendo a consistência
das fezes como “normais”, “pastosas”, “cremosas” e “líquidas”
(Gheller et al., 2008). Nesse modelo, as fezes líquidas certamente caracterizariam diarreia e fezes cremosas e pastosas poderiam representar diarreia amena ou desequilíbrio
eventual de trânsito intestinal em alguns indivíduos, sem
caracterizar diretamente nenhuma situação patológica. Entretanto, esta é uma análise muito subjetiva e mesmo entre
técnicos experientes pode haver diferenças nos critérios de
avaliação da consistência fecal.
Nos suínos, a maioria das diarreias tem origem infecciosa. Esses agentes costumam estar presentes na maioria das
nossas granjas e o que vai determinar a ocorrência ou não
de um quadro clínico associado a algum entre eles é a existência de desequilíbrio de um delicado complexo multifatorial, que envolve fatores como grau de patogenicidade do
agente, resistência a antimicrobianos, higiene, ambiente,
nutrição, manejo, imunidade, programas de vacinação e
medicação preventivos e estresse (Barcellos et al., 2011).
Os principais agentes causadores de diarreia neonatal
suína podem ser divididos em: virais (rotavírus e coronavírus), bacterianos (Escherichia coli, Clostridium difficile e
Clostridium perfringens tipos A e C) e parasitários (Isospora
suis, Eimeria sp. e Cryptosporidium sp.). Em estudo recente de prevalência realizado em granjas do Rio Grande do
Sul com e sem problemas de diarreia, os agentes mais frequentemente encontrados nas granjas foram os coccídeos
(42,86%) e o rotavírus (39,3%). A infecção pelo Clostridium
difficile foi diagnosticada em 13,6% das leitegadas, mas não
houve relação entre a infecção e a diarreia. Apenas 29,34%
das amostras foram positivas para pelo menos um agente
(Lippke et al., 2011).
Fatores de risco predisponentes a diarreias neonatais
Um fator de risco pode atuar provocando estresse no animal e, com isso, reduzir a resistência à agressão por agentes
infecciosos ou aumentando a pressão infectiva no ambiente
que supera a capacidade de defesa dos animais.
Os principais fatores predisponentes que facilitam a
ocorrência de diarreia na maternidade são:
• Uso da maternidade no sistema contínuo ou sem o vazio
sanitário adequado
• Má higiene da cela parideira no parto e durante a lactação
• Porca com úbere sujo de fezes no momento do parto e no
período de lactação
• Umidade e temperatura fora da zona de conforto especialmente dentro do escamoteador e na primeira semana
de vida
• Utilização de água contaminada
• Leitegadas de porcas com MMA (Metrite-Mastite-Agalaxia) têm risco 1,8 vezes maior de terem diarreia
• Presença de excessivo número de primíparas no plantel.
A diarreia diminui com o aumento da ordem de parto das
porcas. Rebanhos com mais de 30% de primíparas apresentam prevalência de leitegadas com diarreia duas vezes
maior que a média geral
• Porcas mantidas em baias tradicionais (porcas soltas) com
piso compacto têm maior prevalência de diarreia nos leitões do que nas leitegadas de porcas mantidas em gaiolas
com piso vazado
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• O uso excessivo de antibióticos nos leitões tem sido apontado como fator predisponente para diarréia por Clostridium difficile
Adaptado de Mores (2011).
Principais causas de diarreias neonatais
Colibacilose neonatal – A infecção por Escherichia coli
causa, em leitões recém-nascidos, uma forma de diarreia
denominada colibacilose neonatal. É mais comum entre 1 e
4 dias de vida e é resultante da infecção por cepas enterotoxigênicas de E.coli (ETEC) (Wada et al., 2004). A ETEC é considerada, até o momento, a maior causa de diarreia em leitões
neonatos e no período de creche. Estudos de prevalência
mais recentes, todavia, mostram que a ETEC tem diminuído
sua importância (Katsuda et al., 2006), perdendo lugar para
agentes como Clostridium perfringens tipo A e Clostridium
difficile (Yaeger et al., 2002; Yaeger, 2007).
A maioria das cepas de E. coli está presente em títulos
baixos e constitui parte da microbiota normal do intestino
delgado de suínos sadios. A ETEC patogênica diferencia-se
da comensal por apresentar dois importantes fatores de virulência: fímbrias e enterotoxinas (Francis, 2002). As fímbrias
são responsáveis pela aderência da bactéria na mucosa do
intestino delgado, sendo esse um mecanismo essencial para
evitar a eliminação através do peristaltismo intestinal normal (Sobestiansky et al., 1999). As principais fímbrias presentes nas amostras de E. coli isoladas de casos de colibacilose neonatal classificam-se em F4 (K88), F5 (K99), F6 (P987),
F41 e AIDA. Após aderir ao epitélio intestinal, a ETEC inicia a
Foto 1 A
Foto 1 B
Foto 1 A - Leitão com sinais de diarreia e irritação na região
perianal
Foto 1 B - Leitegada com colibacilose, com sinais de desidratação e prostração
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produção de enterotoxinas (LT – termolábel; ST – termoestável), que alteram o fluxo de água e eletrólitos do intestino
delgado, podendo levar a diarreia se o intestino grosso não
for capaz de absorver o excesso de fluído.
A severidade da doença depende dos fatores de virulência presentes na cepa, da quantidade de bactérias ingeridas, status imunológico da matriz e idade (Francis, 2002).
A colibacilose neonatal apresenta curso rápido e pode ser
observada 2 a 3 horas após o nascimento, afetando um número variável de leitões, podendo atingir toda a leitegada.
Em casos severos, leitões aparentemente sem diarreia podem ser encontrados mortos pelo curso rápido da doença
que, se não tratada, pode levar à morte de 4 a 24 horas após
o início dos sinais clínicos. Os principais sinais são diarreia
com consistência líquida e coloração não hemorrágica, desidratação, prostração e irritação da pele na região perianal
devido à alcalinidade das fezes (Guedes, 2006).
Coccidiose – A coccidiose afeta leitões, principalmente,
entre 7 a 15 dias de idade, e é causada por protozoários intracelulares da família Eimeriidae. Diversas espécies dessa
família, pertencentes ao gênero Isospora sp. e Eimeria sp.
são encontradas em suínos. Todavia, o Isospora suis é o principal agente responsável pelas perdas causadas pela enfermidade (Mundt et al., 2006).
O leitão se infecta pela ingestão de oocistos esporulados
logo após o nascimento, presentes no piso contaminado e
nas tetas das porcas, ou de oocistos excretados de leitões
provenientes de outras leitegadas durante a uniformização
dos lotes na maternidade (Lindsay et al., 1999). O período
pré-patente é de aproximadamente 5 dias e a excreção dos
oocistos geralmente não coincide com o desenvolvimento
da diarreia. Existem, ainda, divergências em relação ao momento em que se inicia a excreção dos oocistos pelas fezes
de leitões contaminados.
Os oocistos resistem 26 dias à temperatura de congelamento, 15 meses em temperaturas de 40ºC a 45ºC e à maioria dos desinfetantes utilizados comercialmente na suinocultura. São destruídos a 65ºC em 15 minutos (Sobestiansky
et al., 1999).
A coccidiose caracteriza-se pela alta morbidade e baixa
mortalidade e tem como principal consequência a redução no peso ao desmame. Mundt et al. (2006) observaram
que aos 28 dias de vida (desmame) os animais que foram
infectados experimentalmente com oocistos de Isospora
suis pesaram 2,125 kg a menos do que os controles que não
adoeceram.
O desenvolvimento dos sinais clínicos depende principalmente do número de oocistos esporulados ingerido pelo
leitão. A sintomatologia clínica consiste em diarreia de consistência cremosa a pastosa, não hemorrágica (Mundt et al.,
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Foto: Cristiano Braga
Foto 2
Foto 2 - Leitão com diarréia de coloração amarelada e consistência cremosa
Rotavirose – O rotavírus é considerado o mais importante entre os agentes etiológicos das gastroenterites virais de
caráter agudo tanto em crianças quanto em animais jovens
em todo o mundo (Alfieri, 2004). A enteropatogenicidade
do agente em suínos é caracterizada pela sua habilidade em
produzir uma gastroenterite severa, com atrofia das vilosidades do intestino delgado (Paul & Stevenson, 1999). Acomete suínos mais frequentemente em idade variando de 15
até 30 dias (79%) e a infecção é pouco frequente em leitões
com menos de 10 dias de vida (10%) (Roehe et al., 1989).
Três importantes características virais são responsáveis
pela perpetuação dos rotavírus nas granjas de suínos. A primeira é a grande resistência da partícula viral ao meio ambiente e ação de produtos químicos, como os desinfetantes.
O vírus é estável em matéria orgânica à temperatura de 60ºC
por 30 minutos e pode resistir em temperaturas que variam
de 18 a 20ºC durante 7 a 9 meses. A segunda é a grande
quantidade de partículas virais eliminadas nas fezes de leitões com diarreia, podendo chegar a 1.012 partículas virais
por grama de fezes, fazendo com que a sua erradicação, ou
mesmo a redução na quantidade dessas partículas no meio
ambiente, seja muito difícil. A terceira é a presença de animais portadores assintomáticos do vírus, como as matrizes,
que devido ao estresse do período ao redor do parto eliminam o vírus pelas fezes, constituindo assim fonte de infecção para os leitões (Alfieri, 2004).
Com base na proteína viral VP6, presente no capsídeo, os
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rotavírus podem ser classificados em sete grupos sorológicos distintos. O principal grupo responsável por infecções
seguidas de sinais clínicos (episódios de diarreia) em seres
humanos e em animais, incluindo os suínos, é o sorogrupo
A. Porém, os grupos B e C de rotavírus também são descritos em infecções em leitões tanto nas fases de maternidade
quanto de creche.
No período agudo da infecção, o número de partículas virais excretadas pelos animais infectados com rotavírus dos
grupos B e C é consideravelmente menor que a excretada
nas infecções com o rotavírus grupo A. Com isso, o diagnóstico das rotaviroses ocasionadas por esses grupos de rotavírus é mais difícil e menos frequente.
As fezes têm consistência variando de aquosa a cremosa,
com coloração branco-amarelada, contendo leite não digerido. De 12 a 24 horas após a infecção pelo rotavírus, os
animais apresentam anorexia, depressão e, ocasionalmente,
vômito. A diarreia continua em média por 4 dias, retornando progressivamente ao normal em 7 a 14 dias (Paul & Stevenson, 1999). A mortalidade varia com a idade, geralmente
ocorrendo entre 3 a 7 dias após o início da diarreia, quando
o leitão se apresenta desidratado.
Os rotavírus infectam os enterócitos das porções apical
e intermediária das vilosidades intestinais, presentes no
segmento final do duodeno e inicial do jejuno. A infecção
promove a lise dos enterócitos, diminuindo a capacidade de
absorção e das funções digestivas (Alfieri, 2012).
Foto 3 A
Foto 3 B
Foto 3 A - Leitão com sinais de desidratação, apresentando diarreia de consistência pastosa, coloração branco-amarelada
Foto 3 B - Presença de vômito em baia de maternidade, com presença de leite não digerido
Clostridioses – As clostridioses são causadas por bastonetes Gram-positivos anaeróbios. São divididos em: Clostridium perfringens tipo C e Clostridium perfringens tipo A e
Clostridium difficile.
A doença causada pelo C. perfringens tipo C é também
chamada de enterotoxemia. A infecção causa diarreia em
leitões novos, geralmente com até três dias de idade, mas
às vezes ocorre de forma muito precoce, afetando leitões
com menos de 12 horas de vida. Raramente está presente
em animais com mais de uma semana de idade (Songer &
Uzal, 2005).
A difusão do agente de leitão para leitão ocorre em virtude dos esporos ser muito resistentes a condições adversas
de ambiente como o calor, a luz ultravioleta e a desinfetantes (Songer & Uzal, 2005). A transmissão se dá logo após o
nascimento pelo contato do leitão com esporos, geralmente
presentes em piso não adequadamente limpo e desinfetado
entre uma ocupação da cela parideira e a próxima ou pelo
contato com fezes contendo o agente.
O manejo de vacinação contra este agente vem sendo utilizado desde a década de 90 e pode ser uma das explicações
para a baixa importância do agente no nosso meio como
causador de diarreia neonatal.
A enfermidade apresenta quatro formas de apresentação
clínica e patológica de acordo com a severidade: superaguda, aguda, subaguda e crônica. As formas mais comuns são
a superaguda e a aguda. A primeira é caracterizada por diarreia hemorrágica de consistência aquosa, com fragmentos
necróticos e desidratação severa, sendo que os sinais clínicos aparecem de 12 a 24 horas após o nascimento e a morte
geralmente ocorre 24 horas após. É comum encontrar leitões mortos sem a presença de diarreia. Há extensa necrose
hemorrágica na mucosa, submucosa e muscular do jejuno e
íleo, com acúmulo de gás no tecido e presença de exsudato
hemorrágico no lúmen intestinal (Mc Kean, 1987).
O C. perfringens tipo A vem sendo isolado do intestino dos
leitões nos últimos anos e é considerado componente da
microbiota normal destes animais. Evidências sugerem seu
envolvimento nas doenças entéricas em leitões lactentes,
principalmente com um a quatro dias de vida (Yaeger, 2007).
A contaminação dos leitões se dá logo após o nascimento e a
principal fonte de infecção são os esporos presentes no ambiente e nas fezes das porcas (Holmgren et al., 2006).
Os sinais clínicos da infecção pelo C. perfringens tipo A
consistem em diarreia mucóide e pastosa, de coloração
amarelada e não hemorrágica, apatia, desidratação e baixa taxa de crescimento (Songer & Uzal, 2005). À necropsia,
pode ser encontrada hiperemia discreta a moderada da mucosa intestinal e dilatação de alças devido à produção aumentada de gases e excesso de conteúdo líquido (Costa et
al., 2004). As lesões afetam primariamente o jejuno e o íleo.
O C. difficile é uma bactéria oportunista encontrada no
solo, água e trato intestinal de diversos mamíferos, aves e
répteis (Songer et al., 2000). A diarreia causada pelo agente
em suínos pode estar associada à utilização de antimicrobianos no início da vida do leitão, tanto na forma preventiva
como curativa. Esse fator predisponente leva a um desequi-
líbrio da microbiota entérica e oportuniza a colonização,
proliferação e produção de toxinas (Menin et al., 2005).
Diferente de outras espécies, no suíno a infecção é mais
frequente entre o 1º e o 7º dia de vida. Os animais podem
apresentar leve depressão, inapetência e diarreia pastosa à
aquosa de coloração amarelada. Os leitões infectados geralmente apresentam edema de mesocólon e tiflocolite. Nota-se conteúdo amarelado que varia de pastoso a aquoso no
lúmen do intestino grosso. (Songer et al., 2002).
Foto 4
Foto: Dro David Barcellos
2006). Em função da diarreia, os leitões desidratam e apresentam queda no ganho de peso diário (Lindsay et al., 1999).
As lesões localizam-se principalmente na mucosa do jejuno
e íleo, raramente no ceco e cólon.
Foto 4 - Leitão com sinais clínicos de infecção pelo C. perfringens
tipo A, apresentando diarreia mucóide e pastosa, de coloração
amarelada e não hemorrágica
Diagnóstico: fatores fundamentais para o correto diagnóstico
O diagnóstico de problemas entéricos na maternidade
geralmente é difícil de definir somente pelo quadro clínico.
A confirmação do diagnóstico requer uma associação entre
anamnese, quadro clínico e exames laboratoriais.
As técnicas de diagnóstico evoluíram bastante nos últimos anos, mas a escolha da técnica ideal é muito importante
para o correto diagnóstico. De forma geral, deve-se associar
a detecção do agente com o tipo de lesão presente no aparelho digestivo. Isso diminui as chances de se obterem resultados falsos positivos, especialmente nos casos em que as
doenças estiverem ocorrendo numa forma endêmica. Neste
sentido, o exame histopatológico é de extrema importância
para a definição do diagnóstico. A escolha de animais que
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A revista da produção Animal | novembro 2014
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sejam representativos para o quadro clínico da diarreia e
uma boa amostragem são pontos fundamentais para obter
maior sucesso no diagnóstico. Para isolamento bacteriano e
antibiograma, é preferível que sejam selecionados animais
que nao tenham sido medicados com antimicrobianos. No
Brasil a colibacilose neonatal é frequentemente diagnosticada apenas por isolamento do agente de amostras de
fezes, sem nenhum tipo de tipificação baseado em fatores
de virulência. Muitas vezes podemos ter a detecção de bactérias que não necessariamente são patogênicas e estão
causando o problema clínico no animal. Segue abaixo um
guia prático de exames e materiais a ser colhidos conforme
o agente a ser pesquisado.
Exames a ser
solicitados
Materiais para
os exames
Clostridiose
(Clostridium sp.)
Bacteriológico/
Antibiograma
Histopatologia
Swab de fezes
frescas; alças
intestinais
(jejuno, íleo, cólon)
refrigeradas
e em formol 10%
Colibacilose
(E. coli)
Bacteriológico/
Antibiograma
Histopatologia
PCR multiplex
para fatores de
virulência
Swab de fezes
frescas; alças
intestinais
(jejuno e íleo)
refrigeradas
e em formol 10%
Etiologia
Foto 5
Rotavirose
(Rotavirus)
PAGE/PCR;
Histopatologia
Fezes frescas
refrigeradas ou
congeladas.
Fragmentos de
alças intestinais
(jejuno e íleo)
em formol 10%
Foto 5 - Coleta de fezes diretamente da ampola retal, em frascos
estéreis ou com suabes retais
Controle e profilaxia – A prevenção e o controle das
diarreias na maternidade são baseados principalmente
em medidas sistemáticas de manejo, higiene e desinfecção, associadas com a vacinação das porcas no pré-parto a
fim de transferir imunidade aos leitões via colostro.
A importância da vacinação – Em geral, as vacinas destinam-se ao controle e profilaxia das diarreias neonatais
e, com isso, em sua composição são incluídos o toxóide
do Clostridium perfringens tipo C e os antígenos fimbriais
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A revista da produção Animal | novembro 2014
O efetivo controle das diarreias deve ser feito,
principalmente, pela identificação dos fatores
de risco (predisponentes) e sua correção
Foto: Divulgação
Coccidiose
(Isospora suis)
Exame
Parasitológico;
Histopatologia
Fezes frescas.
Fragmentos
de alças intestinais
(jejuno e íleo)
em formol 10%
K88, K99, 987P e F41 de Escherichia coli. Ao implementar
um programa de vacinação em um rebanho, deve-se sempre administrar duas doses na primo vacinação e dose de
reforço a cada gestação subsequente. Quanto ao esquema vacinal, estes devem ser seguidos conforme orientação dos laboratórios fabricantes (Alfieri et al., 2012).
A linha entérica da MSD Saúde Animal possui duas vacinas para a prevenção de diarreias neonatais: PORCILIS®
COLI (vacina de subunidade constituída pelas fímbrias
K88ab, K88ac, K99, 987P e toxóide termo lábil da E. coli
toxigênica) e PORCILIS® 2*4*3 (contém o Rotavirus tipo
A, sorotipos G4 e G5, fímbrias de Escherichia coli K88, K99,
987P e F41 e Clostridium perfringens tipo C inativados).
Como o objetivo final desse tipo de vacina é a imunização passiva do leitão, destaca-se mais uma vez a importância da assistência ao parto e do manejo das mamadas
para que o programa de vacinação alcance os seus objetivos, que são a redução no número e na intensidade dos
episódios de diarreia neonatal. Destaca-se ainda que a vacina representa a medida específica mais importante no
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A revista da produção Animal | novembro 2014
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controle das infecções entéricas neonatais. Porém, o
seu sucesso está diretamente relacionado à implantação de medidas inespecíficas de controle, que objetivem reduzir o desafio ambiental e, consequentemente, o título viral por meio de métodos físicos (limpeza/
vassoura de fogo) e químicos (desinfecção) (Alfieri et
al., 2012).
De acordo com Mores, (2011), as principais medidas
para o controle das diarreias neonatais seguem abaixo:
tro sistema de aquecimento. Cuidar para não ocorrer variações térmicas acima de 6°C/dia
Proceder à lavagem e desinfecção do úbere logo
que a porca inicia o parto
Assistir aos partos proporcionando os cuidados
ao recém-nascido e, principalmente, orientando
os leitões nas mamadas durante os dois primeiros
dias de vida. Se necessário providenciar banco de
colostro para os leitões mais fracos
As instalações devem ser bem ventiladas com no
mínimo 20% de aberturas laterais, onde deverá ser
instalado cortinado ou janelões para evitar correntes de ar em época fria
Sala de maternidade com forro (madeira, PVC ou
cortina) auxilia para proporcionar melhor conforto
térmico, reduzindo-se a amplitude térmica na sala
(18 a 22ºC)
Fazer limpeza das celas/baias parideiras das instalações, com remoção das fezes várias vezes ao dia,
desde o alojamento da porca
Utilizar medidas higiênicas e de biossegurança
para evitar/reduzir a disseminação do problema
(vassoura e pá exclusiva por sala e para leitegadas
com diarreia)
Fazer o manejo adequado da aplicação de vacinas
preventivas nas matrizes contra diarreias em leitões
Fazer controle sistemático das moscas, pois são importantes vetores na transmissibilidade de agentes
infecciosos entre granjas, salas ou leitegadas
Fazer adaptação adequada das leitoas de reposição a microbiota da granja
Atuar imediatamente com terapia de suporte para
os leitões afetados (hidratantes, energéticos, protetores de mucosas, adsorventes de toxinas)
• Planejar o fluxo de produção para poder realizar vazio sanitário de sete dias (um dia para
limpeza e lavagem, um dia para desinfecção e
cinco dias de vazio) entre lotes de porcas na
maternidade
• Usar vassoura de fogo ou água aquecida (pelo
menos a 80°C) na complementação do processo de desinfecção das salas
• Alojar a porca na cela parideira cerca de sete
dias antes do parto – importante para redução
do estresse do parto
• Fornecer aos leitões ambiente (escamoteador)
limpo, seco, com cama ou piso aquecido ou ou-
Conclusão
O efetivo controle das diarreias deve ser feito, principalmente, pela identificação dos fatores de risco (predisponentes) e sua correção.
Como mencionado, existe uma diversidade de patógenos que podem estar envolvidos em casos de diarreia em
suínos. Para um diagnóstico mais assertivo, deve-se associar a anamnese, o histórico clínico e os exames laboratoriais.
Para o diagnóstico laboratorial deve-se estar atento a
fatores ligados à amostragem, cuidados na coleta dos materiais e associação entre a detecção do agente e lesões
presentes no aparelho digestivo.
A importância do colostro – Sem dúvida, essa é a
principal forma de proteção do leitão recém-nascido
contra as infecções neonatais e, particularmente, contra a rotavirose e a colibacilose neonatal. O colostro,
além de fornecer energia e proteção imune passiva ao
leitão, auxilia na maturação intestinal nas primeiras
horas de vida, cuja função é a menos conhecida. É fundamental que o leitão ingira colostro em quantidade
suficiente logo após o nascimento, pois não há transferência de imunidade via placentária e suas reservas
de glicogênio e gordura corporal ao nascer são muito baixas, tendo o colostro como a principal fonte de
energia e imunoglobulinas. A concentração de IgG no
colostro é de 48,26mg/mL no parto, caindo para 14,02
e 9,84mg/mL, 24 horas e 48 horas após o parto, vivo
4 vezes ao dia nas primeiras 24 horas, o nível de IgG
no plasma é equivalente ao dos irmãos mantidos mamando na mãe. Então, em média um leitão deve ingerir cerca de 180 mL de colostro nas primeiras 24 horas
vida. Os melhores produtores de suínos dedicam muito tempo aos leitões recém-nascidos, particularmente
aos mais fracos, estimulando-os para mamar o máximo possível nas 6 primeiras horas após o nascimento
(Mores, 2011).
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CMY
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A revista da produção Animal | novembro 2014
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A revista da produção Animal | novembro 2014
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suinocultura
Uso de sucedâneos
lácteos para leitões
Por Camila Tofoli e Maicon Sbardella (Consultores de Nutrição de Suínos),
da Cargill Alimentos - Nutron
Maicon Sbardella
Foto: Divulgação
Camila Tofoli
A ingestão de leite na fase de maternidade é considerada o fator principal para o desenvolvimento e maturação
do sistema digestório e para o crescimento dos leitões.
Entretanto, a produção de leite da porca já se torna insuficiente para atender a demanda energética de crescimento
dos leitões nas primeiras semanas de vida (Li et al., 2000).
Este quadro tem sido agravado nos genótipos atuais de
alta prolificidade, uma vez que a capacidade de produção
de leite das porcas não tem aumentado na mesma proporção que o número de leitões nascidos. Além disso, algumas
porcas podem apresentar febre e corrimento vulvar após
o parto, levando à diminuição ou à falta de produção de
leite (agalaxia) (Silveira e Mores, 1997). Com isso, deve-se
suprir o leitão com uma fonte alternativa de alimento (Li
et al., 2000).
Com a preocupação de se desmamar leitegadas cada vez
maiores com peso maior, a suplementação de nutrientes
por meio de sucedâneos lácteos é uma alternativa simples
que vem sendo utilizada na suinocultura atual. A principal
finalidade dessa prática é fornecer nutrientes para suportar o potencial de crescimento dos leitões em situações em
que a porca não é capaz de suprir a demanda energética
da leitegada numerosa, em casos de morte da porca (Azain
et al., 1996) ou em épocas mais quentes do ano, em que a
produção de leite da porca fica prejudicada. Outro ponto a
ser destacado é o fato de que os substitutos lácteos podem
ser a solução mais aceitável para porcas com boa produção
de leite, mas que não possuem todos os tetos funcionais
quando se depara com uma leitegada numerosa.
Desta maneira, esse texto tem por objetivo abordar os
principais aspectos do uso dos sucedâneos lácteos, mostrando os benefícios no desempenho da progênie, bem
como a sua estratégia de uso na alimentação de leitões.
Desempenho de leitões alimentados com sucedâneos e
suas implicações
O fornecimento de sucedâneos lácteos para os leitões
é uma estratégia que pode ser usada pelos suinocultores
para melhorar o desempenho de leitões durante a fase de
maternidade. A maioria dos sucedâneos de leite é formulada para fornecer ao leitão energia, proteína, vitaminas e
minerais. Isso propicia uma leitegada mais saudável e pesada ao desmame.
Em um trabalho realizado com 133 porcas, o fornecimento de sucedâneo lácteo para a leitegada durante todo
o período de lactação (21 dias) proporcionou maior peso
do leitão e da leitegada ao desmame, como pode ser visto
na Tabela 1.
Estudando-se 32 leitegadas, o uso de sucedâneo lácteo
proporcionou maior peso ao desmame e menor mortalidade de leitões na maternidade (Figura 1). O leite da porca
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A revista da produção Animal | novembro 2014
é composto por alta quantidade de gordura (quase 6% de
gordura), que proporciona reserva energética para o leitão
na fase após o desmame. Pensando nisso, os sucedâneos
são compostos por altos níveis de produtos lácteos, além
de óleos vegetais diferenciados para simular a qualidade
do leite in natura. Isso proporciona ao leitão maior probabilidade de sobrevivência, pelo simples fato do aporte
Tabela 1: Desempenho de leitões ao desmame (21 dias)
alimentados ou não com sucedâneo lácteo (Azain et a.,
1996)
Sucedâneo
Sem
Com
Peso Leitão (kg)
5,5
6,4
Peso Leitegada (kg)
52,2
60,9
Figura 1: Desempenho de leitões na maternidade alimentados com sucedâneo lácteo durante 21 dias (Wolter
et a., 2002).
extra de energia, seja oriundo da lactose ou da gordura
presentes nos sucedâneos.
Também, uma possibilidade de uso dos substitutos lácteos é o fato de que se pode reduzir a variação de peso
ao desmame, pois leitões leves ao nascimento quando suplementados com sucedâneos lácteos podem ter pesos ao
desmame próximos aos de leitões nascidos mais pesados
sem suplementação (Wolter et al., 2002).
Outra vantagem do uso de sucedâneos de leite na maternidade é o desempenho nas fases subsequentes. Leitões alimentados com substitutos lácteos no período de 3
a 21 dias de idade anteciparam em três dias o peso de abate (Wolter et al., 2002). Além disso, tem sido observado que
animais que receberam suplementação láctea na maternidade tem maior ganho de peso nas três primeiras semanas
pós-desmame (Dunshea et al., 1999), em decorrência do
melhor desempenho na fase de maternidade.
Importante lembrar que a porca fornece aos leitões o
colostro e suas imuglobulinas e que um melhor resultado
no desempenho da leitegada se dá pela combinação de
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A revista da produção Animal | novembro 2014
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fornecimento de leite pela porca juntamente com o sucedâneo lácteo, que é uma fonte extra de energia e lactose.
Outra aplicabilidade dos sucedâneos de leite é seu uso
na fase de creche para leitões pequenos. A estratégia alimentar consiste em se fornecer o sucedâneo entre 2 a 5
dias pós-desmame juntamente com a ração seca. Esta
combinação porporciona adaptação mais fácil do sistema
digestório do leitão, prevenção de diarreia e melhor ganho
de peso (Mavromichalis, 2011).
Composição do leite da porca e os sucedâneos
Para considerarmos um sucedâneo lácteo que garante
bom desempenho aos leitões, é preferível que esse se assemelhe ao máximo à composição nutricional do leite da
porca, como pode ser demonstrado na Tabela 2.
Tabela 2: Composição leite da porca
Análises
Leite da Porca
Matéria Seca
20,00
Proteína
5,80
Gordura
8,60
Lactose
4,60
CA
0,24
Proteína
0,14
como por exemplo óleo de coco e outros óleos vegetais.
Não se pode esquecer dos palatabilizantes, aromatizantes,
acidificantes, vitaminas e minerais.
Outras fontes de proteínas podem ser colocadas, desde que sejam de alta qualidade e purificadas, como por
exemplo concentrado proteico de soja e glúten de trigo.
Os sucedâneos lácteos de última geração podem também
conter imunglobulinas para auxiliar na proteção do leitão.
As principais carcaterísticas dos produtos lácteos que
compõem os sucedâneos são:
• Soro de leite em pó: resulta da desidratação do líquido resultante da coagulação do leite durante
a produção do queijo. O uso na alimentação de
leitões deve-se a sua alta palatabilidade e por ser
fonte de energia facilmente digestível (lactose). No
entanto, deve-se estar atento à higroscopicidade
do produto (Figura 2) e alta variação bromatológica
que o produto pode ter em decorrência de seu processamento (Tabela 3).
• Leite em pó: dentre os produtos lácteos, o leite em
pó é o que mais se assemelha ao leite da porca. Possui alto teor de proteína com elevada digestibilidade, além de excelente palatabilidade. No entanto,
o elevado custo pode ser um fator limitante para a
sua utilização na nutrição de leitões.
• Permeato de soro: produto obtido a partir da remoção da fração proteica do soro (ultrafiltração).
Possui alto teor de lactose, vitaminas tiamina (B1),
riboflavina (B2) e niacina (B3). No entanto, caracteriza-se pelo baixo aporte de proteína e aminoácidos.
Conclusão
No cenário atual, no qual fêmeas suínas caracterizam-se
pela alta prolificidade, o uso de sucedâneos lácteos para
leitões torna-se uma ferramenta extremamente viável. O
uso destes produtos proporciona aumento no ganho de
peso da leitegada e reduz a mortalidade de leitões na maternidade, especialmente em se tratando de leitegadas
numerosas. Além disso, benefícios do seu uso também podem ser observados após o desmame.
No entanto, deve-se sempre estar atento à composição e
qualidade das matérias-primas que compõem estes sucedâneos, a fim de se obter o maximo desempenho.
Foto: NFT Alliance
Figura 2: Foto empedramento do soro de leite em pó (Arrey, 2008)
Fonte: Mavromichalis (2011)
Além da compoisção nutrional, deve-se atentar à composição em ingredientes para a constituição de um sucedâneo. Diferentes sucedâneos no mercado possuem composição nutricional semelhante, porém contém ingredientes
com qualidade e características distintas. Dessa forma,
deve-se atentar para a composição em ingredientes, que
devem ser nobres e com alta digestibilidade. Assim, os sucedâneos devem ser constituídos em sua maioria por derivados lácteos, como leite em pó integral ou desnatado,
soro de leite, concentrado protéico de soro de leite, lactose
cristalina e outros derivados de alta qualidade. Como o leite da porca é rico em gordura, as gorduras colocadas nesses sucedâneos devem ser de fácil digestão para os leitões,
Tabela 3: Variação na composição química do soro de leite em pó (Arrey, 2008)
Umidade
Proteína
Cinzas
Lactose
pH
Soro 1
3,45
7,53
12,60
66,40
4,80
Soro 2
3,71
8,90
8,11
66,90
5,94
Soro 3
3,11
9,48
11,50
69,60
4,39
Soro 4
4,48
13,36
12,60
60,00
4,29
Soro 5
3,87
9,41
12,07
62,20
7,35
CV (%)
13,70
22,30
16,50
5,90
24,20
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A revista da produção Animal | novembro 2014
Fêmeas são altamente produtivas na suinocultura
atual. Assim, é preciso utilizar sucedâneos de leite
para atender necessidades nutricionais das leitegadas
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Ingredientes
na produção suína
Foto: NFT Alliance
Por Vivian Ferreira da Silva (Coordenadora de Produtos - Medicamentos) e
Tiago José Mores (Consultor Técnico Suínos), da Cargill Alimentos - Nutron
Vivian Silva
Tiago Mores
Leitões saudáveis representam a chave
para a produtividade na suinocultura
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A revista da produção Animal | novembro 2014
Disenteria Suína
A disenteria suína é conhecida como diarreia sanguinolenta ou diarreia do sangue, causada por um espiroqueta
anaeróbico β-hemolítico chamado Brachyspira hyodysenteriae que causa lesões no ceco e cólon do suíno, provocando lesões fibrino-hemorrágicas, impedindo que ele faça a
absorção de água. Esta diarreia leva a perda de peso, piora
na conversão alimentar, vulnerabilidade a outras patogenias e até mortalidade.
Os animais acometidos apresentam diarreia muco-hemorrágica, muitas vezes com material necrótico e alimento mal digerido (Figura 1). Acomete predominantemente
animais logo após a saída da creche, em fases de recria e
terminação. Porém, pode acometer todo o rebanho levando a 90% de morbidade (média de 30-40%) e 30% de mortalidade (média de 5 a 15%), sendo que estas altas taxas
são atingidas quando os animais sofrem com mau manejo
Figura 1: Estágio inicial da infecção. Fezes com presença
de grande quantidade de muco, sangue e partículas de
ração não digerida
Foto: Tiago Mores
Brachyspira spp.
Diarreias causadas por infecções intestinais bacterianas
são algumas das doenças mais importantes para a produção de suínos no mundo inteiro. Um dos agentes mais
importantes causadores de diarreia é a bactéria do gênero Brachyspira (B.), correspondendo ao grupo de bactérias
anteriormente classificadas no gênero Serpulina e incluindo várias espiroquetas intestinais comensais e patogênicas para diversas espécies animais incluindo o homem.
Em suínos, duas espécies são consideradas patogênicas:
Brachyspira hyodysenteriae, que causa uma diarreia mucohemorrágica severa conhecida como “Disenteria suína”; e
Brachyspira pilosicoli, que causa uma diarreia mucoide de
baixa gravidade, não hemorrágica, conhecida como “Colite
espiroquetal suína”.
A infecção tem significativa importância econômica,
pois provoca diarreia e perda de peso nos animais afetados e, em função disso, a necessidade do uso sistemático
de medicação com antimicrobianos para seu controle. A
piora na conversão alimentar tem sido calculada na ordem
de 10 a 90% e a redução do ganho de peso diário em 13 a
62%. Estudos recentes estipulam perda anual de US$ 100
por porca acometida.
Casos de disenteria e colite têm sido descritos em todo o
mundo. No Brasil, vários estudos demonstraram a relação
entre infecção com a bactéria e perdas em rebanhos de
crescimento e terminação. Já foram citados alguns surtos
nos estados de Minas Gerais e São Paulo, assim como no
Rio Grande do Sul (disenteria suína - Barcellos, 1978; Barcellos et al. 1995) e no Paraná (Warth, Kluppel & Dittrich,
1985). Esses dados sugerem a importância do agente em
nosso meio e indicam a necessidade de que as infecções
espiroquetais sejam incluídas no diagnóstico diferencial
das diarreias prevalentes nas fases de recria e terminação.
e estresse permanente. A infecção ocorre por via fecal-oral,
sendo que suínos e roedores portadores do agente têm
grande importância na sua disseminação, visto que os suínos infectados podem carrear a B. hyodysenteriae por até
3 meses e camundongos infectados podem eliminar este
agente nas fezes por mais de 180 dias, enquanto ratos eliminam por 2 dias.
Esta bactéria é sensível à secagem, calor e pH ácido, não
sobrevivendo fora do hospedeiro quando exposto à luz
solar e ao ar. A B. hyodysenteriae sobrevive nas fezes por
sete dias a 25ºC, no solo por 10 dias a 10ºC, por 78 dias em
solo com 10% de fezes e por até 112 dias em fezes puras,
também a 10ºC. Em fezes disentéricas diluída em água foi
constatada a sobrevivência do agente por 61 dias a 5ºC.
Um rebanho pode se contaminar pela introdução de animais portadores no plantel, veículos que transportam animais doentes ou portadores, visitantes, cães, ratos, moscas
e mosquitos. Outra forma de ocorrência de surto dentro de
uma granja é pela introdução de reprodutores com infecção subclínica (portadores assintomáticos) ou na fase de
incubação da doença, principalmente quando não se realiza a quarentena destes animais. O período de incubação
varia de 10 a 14 dias, podendo chegar entre 3 a 6 semanas.
A Disenteria dos Suínos é disseminada pelos animais doentes por meio da água, principalmente em lâminas de água
(Figura 2), e fômites, como botas e roupas sujas de fezes ou
alimentos contaminados.
Os sinais clínicos geralmente são iniciados em alguns
animais no lote com repetição dos casos e, aos poucos,
com a disseminação de fezes contaminadas pelo ambiente. O número de infectados aumenta de forma progressiva
com diferentes graus de severidade. O curso pode variar
de um caso mais raro e superagudo (com morte em 24 horas) até uma diarreia crônica com retardo no crescimento.
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água, realizar limpeza diária das baias e fazer a limpeza semanal das baias e calhas de dejetos seguidas de lavagem
e desinfecção. O ideal é iniciar o programa de erradicação
nos períodos quentes e de seca, quando a resistência da
bactéria no ambiente é menor. Além disso, deve-se realizar
um intenso combate a roedores e insetos, assim como a
outros possíveis vetores do agente.
Colite Espiroquetal
A Colite Espiroquetal caracteriza-se por colite moderada
não fatal acompanhada de diarreia mucóide com caracte88
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Colibacilose
Foto: Tiago Mores
Figura 2: Contaminação da lâmina de água por um suíno
com diarreia. Outros animais entram em contato com a
lâmina contaminada e acabam se infectando
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Disenteria suína
Figura 3: Estágio mais avançado da doença. Fezes de coloração marrom-chocolate e presença de muco
Quadro 1: Idade de maior ocorrência das principais diarreias dos suínos nas fases de recria e terminação
Ileíte
Para eliminar o agente dos suínos, é necessário utilizar
drogas que combatem a doença, sendo mais eficientes as
drogas à base de valnemulina e tiamulina. Antes de determinar um programa de medicação, recomenda-se isolar o
agente e realizar um antibiograma com determinação da
concentração inibitória mínima (MIC) para tornar o tratamento mais eficaz e assertivo. A droga de escolha deve ser
administrada a todos os animais da granja na dose terapêutica por um período de 3 a 4 semanas. É importante retirar
os animais jovens da granja com interrupção de partos por
cerca de três semanas e venda de todos os leitões em creche, crescimento e terminação, além de matrizes jovens de
até 10 meses de idade e povoar instalações de recria ou terminação com animais de apenas uma origem e da mesma
idade.
Para eliminação do agente do ambiente deve-se utilizar
sistema de manejo do tipo “todos dentro - todos fora” e
elaborar um programa de limpeza e desinfecção das instalações e de seus arredores, com foco total na eliminação
da matéria fecal. Deve-se evitar a utilização de lâminas de
Foto: Tiago Mores
Nos casos agudos ocorre anorexia, sede intensa, flancos
do abdômen retraídos, emagrecimento, diarreia e aumento da temperatura corporal, podendo atingir 40ºC. Após
48h, iniciam-se os sinais de diarreia com muco, sangue e
partículas de ração nas fezes, com eliminação contínua e
sem esforço. Posteriormente, os sinais evoluem para fezes
de coloração marrom-chocolate (Figura 3) com material
muco-fibroso com odor fétido, levando os animais à rápida perda de condição corporal (olhos fundos, costelas
salientes, pele áspera, cauda caída e região perianal suja
de fezes). Leitões lactentes afetados apresentam diarreia
catarral sem sangue e dificilmente ocorrem surtos em animais adultos ou fêmeas em gestação/lactação.
Animais mortos apresentam-se edemaciados, com pelos
longos e tingidos por fezes, com sinais claros de desidratação. Durante a necropsia observa-se limitação da lesão no
intestino grosso até a união íleo-cecal, com enterite muco-hemorrágica ou fibrino-hemorrágica. O conteúdo intestinal é fluido, com muco, sangue e até mesmo fibrino-necrótica. Linfonodos mesentéricos podem estar aumentados e
edemaciados, além de conteúdo seroso abdominal.
O diagnóstico é feito a partir dos sinais clínicos, achados de necropsia, análise microscópica dos esfregaços de
mucosa, histopatologia, imunohistoquimica, isolamento,
identificação bioquímica ou PCR, técnica esta mais utilizada atualmente.
Os tratamentos comumente utilizados são, em geral,
direcionados para combater a forma aguda da doença.
Dessa forma, casos de recidivas são comuns e os gastos
com medicamentos são normalmente altos, o que leva à
necessidade de erradicação da doença pela eliminação da
infecção nos suínos e no ambiente.
* EPH - Enteropatia proliferativa hemorrágica, forma aguda da infecção por L. intracellularis, até 360 dias de idade
(Fonte: Barcellos, 2001).
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rística de “cimento fresco” (Figura 4). Os suínos acometidos
apresentam atraso no ganho de peso e desuniformidade
no lote. A infecção tem maior frequência entre 60 e 85 dias
de idade, uma a duas semanas após o reagrupamento dos
animais por ocasião do deslocamento entre as instalações
de creche e crescimento.
A B. pilosicoli é um espiroqueta Gram-negativa,
anaeróbia, móvel (flagelada) que causa fraca hemólise no
ágar sangue. O uso da ração sem medicamento tem sido
considerado a variável mais importante para influenciar
a prevalência da infecção. Além disso, são considerados
fatores pré disponentes o uso de formulações que venham a favorecer o crescimento bacteriano no intestino
grosso, tais como as rações ricas em polissacarídeos não
amiláceos, rações peletizadas e/ou contendo cevada. Estes fatores favorecem a produção de muco no intestino e/
ou não são digeridos no intestino delgado, favorecendo
assim substrato para a microbiota. A infecção se dá por
via fecal-oral e por portadores assintomáticos. A B. pilosicoli pode sobreviver no ambiente por até 119 dias no solo
e 210 dias em solo com contaminação de 10% de fezes.
Após inoculação experimental, a B. pilosicoli pode ser
detectada nas fezes entre 2 a 7 dias, sendo que o período
de infecção pode se estender por até 20 dias. Ela se liga
às células do intestino, causando a perda das microvilosidades levando aos quadros de diarreia por má absorção
e abrindo portas para infecções secundárias. As fezes têm
características de cimento fresco, sendo da cor acinzentada, às vezes grudenta e viscosa. Alguns animais não têm
sinais de diarreia devido à grande capacidade do cólon e
ceco de reabsorver a água, mas mesmo assim os animais
sofrem com a perda de peso. Esta diarreia costuma ser
auto limitante com cura entre 2 a 14 dias, mas pode retornar após a redução da imunidade do animal.
Durante a necropsia, as lesões se limitam ao ceco e
cólon. Estes órgãos apresentam-se dilatados, com mucosa congestionada e aspecto brilhante pelo excesso de
muco. A parede intestinal está edematosa e linfonodos
mesentéricos e colônicos estão aumentados.
O tratamento é muito semelhante ao da disenteria
suína com o uso de antimicrobianos específicos contra
espiroquetas no início do quadro clínico. A salinomicina
como promotor de crescimento pode suprimir os sintomas, mas não elimina a infecção. Outros antibióticos são
mais efetivos e podem ser utilizados por qualquer via (injetável, ração ou água), no mesmo protocolo da disenteria suína, mas seu efeito depende da sensibilidade do
microrganismo.
Estudos recentes mostram que as moléculas mais efetivas são as pleuromutilinas, tais como a tiamulina. Numa
baia devem ser medicados todos os animais doentes e
não apenas aqueles com diarreia, assim como os lotes
das baias adjacentes. O uso de medicação preventiva
deve ser cauteloso, visto que a mudança na ração medicada para não medicada entre as fases de creche e crescimento pode desenvolver casos da doença.
As formas de controle são pela melhoria do ambiente,
instalações, manejo de despovoamento, higiene e medicação, assim como a redução do conteúdo energético e
proteico da ração.
Todas as medidas de manejo capazes de reduzir a contaminação fecal-oral, como a limpeza diária das baias, podem diminuir a pressão infectante e auxiliar no controle
de surtos da colite espiroquetal.
Foto: Tiago Mores
Figura 4: Fezes de consistência pastosa, com coloração acinzentada (cimento fresco) e com presença de muco
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