io_motta poranea l - Instituto Sergio Motta

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io_motta poranea l - Instituto Sergio Motta
#instituto_sergio_motta
#arte_contemporanea
#cultura_digital
#br
#2011
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Horizontes ampliados: novos desafios
Broadened Horizons: New Challenges
Camila Duprat Martins
Arte pós-virtual
Postvirtual Art
Giselle Beiguelman
Selecionados
Shortlisted
Alice Miceli, Claudio Bueno, Panetone, Ricardo Carioba, Dias & Riedweg, Raquel Kogan
Visões críticas e expandidas
Critical and Expanded Visions
Adriana Amaral, Clarissa Diniz, Eduardo de Jesus, Marcos Boffa, Priscila Farias
Premiados
Awarded
Jeraman, mmnehcft & MANIFESTO21.TV, Pablo Lobato, Vivian Caccuri, Lucas Bambozzi, Zaven Paré
Artes de busca de novos sentidos
Arts Pursuing New Meanings
Cícero Silva, Claudia Assef, Ivana Bentes, Tadeu Chiarelli, Tiago Mesquita
Homenagem: Uma artista superlativa
Homage: A Superlative Artist
Lucia Santaella
Hors Concours: Paulo Bruscky
Hors Concours: Paulo Bruscky
Giselle Beiguelman
Biografias
Biographies
Horizontes ampliados:
novos desafios
Camila Duprat Martins
A realização desta nona edição do Prêmio Sergio Motta de
Arte e Tecnologia reitera os propósitos do Instituto Sergio
Motta de fomentar e difundir a produção artística contemporânea que, fazendo uso de mídias eletrônicas e digitais, aponte questionamentos, constatações e inquietações do mundo
atual dentro do exercício poético.
A criação do ISM e do próprio Prêmio na abertura do século XXI trazem em seu bojo a vocação ao protagonismo no
apoio e incentivo ao uso inovador e criativo da tecnologia. Ante
os desafios constantes gerados pelas rápidas transformações
e impactos tecnológicos, aliados à velocidade dos sistemas
informacionais no mundo contemporâneo, o ISM se debruça
na formulação de um escopo consistente e permanentemente
focado na atualização de seus parâmetros.
Dentro destes propósitos, o Prêmio Sergio Motta, desde
sua primeira edição em 2000, surge como uma ação que se
propõe o fomento da produção artística brasileira nessa área,
configurando-se também um canal para a circulação e discussão dessa produção.
No transcorrer destes onze anos, foram muitas as modificações e adaptações necessárias no sentido de uma busca
constante de atualização. Se hoje essa iniciativa está consolidada, isso se deve à tenacidade de sua direção artística
e equipe técnica em reformular e reformatar as premissas
desta ação, de forma a garantir-lhe a abrangência e a coerência conceitual, diante de um cenário artístico em constante dinamismo. As inovações nas linguagens artísticas, especialmente aquelas em que o uso de ferramentas tecnológicas
é a premissa do processo criativo, exigem um olhar sempre
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Broadened Horizons:
New Challenges
This ninth edition of the Sergio Motta
Art and Technology Award reinforces
Instituto Sergio Motta’s purpose
of fostering and disseminating a
contemporary artistic production
that, through digital and electronic
media and as part of its poetic
activity, raises questionings,
analyses, and restlessness in view of
the current state of the world.
The foundation of ISM and of the
Award itself in the beginning
of the 21st century puts forth
actions to support the innovative
and creative use of technology. In
light of the constant challenges
generated by fast transformation,
technological impacts, and the
speed of informational systems in
contemporary world, ISM develops
initiatives to create a consistent
space that is permanently focused on
updating its parameters.
In view of these purposes, the Sergio
Motta Award, since its first edition
in 2000, has emerged as an actor
whose aim is to foster the Brazilian
production in this field, also becoming
a mean in which the dissemination
and discussion of this production
takes place.
In these eleven years, many
changes and adjustments have been
necessary in view of the need to
be constantly up to date. The wellestablished initiative we see today
is a result of the determination of
the institute’s artistic direction and
technical team in reestablishing and
redesigning the proposals of this
action in order to ensure its scope
and conceptual coherence, in view
of a dynamic artistic scenario. The
atento das instituições e curadores no sentido de uma compreensão ampla das inovações e alterações das linguagens.
Como coloca Néstor Canclini, quando conceitos novos irrompem, ou deslocam nosso olhar, exigindo sua reformulação, é
o momento de ampliar horizontes e reformatar nossa percepção do contemporâneo1. Assim é que a cada edição a formatação do Prêmio se renova, para dar conta do dinamismo das
novas manifestações artísticas.
A mudança no calendário da premiação a partir de 2005
– quando passa a ter periodicidade bienal – ensejou a criação
de novos projetos que atingissem públicos ampliados e uma
penetração mais abrangente pelas diversas regiões brasileiras. Esse período mais extenso entre a realização das premiações abriu espaço ainda para o debate e discussões mais
aprofundadas da questão artística brasileira contemporânea.
Em 2011, novamente com curadoria de Giselle Beiguelman, o Prêmio abre um espaço maior para artistas e criadores em Início de Carreira, com a criação de quatro premiações, que couberam a Jeraman (PE), mmnehcft & MANIFESTO21.TV (SP), Pablo Lobato (MG) e Vivian Caccuri (RJ).
Lucas Bambozzi (SP) e Zaven Paré (RJ) foram os artistas
ganhadores dos dois prêmios para Meio de Carreira.
Submetidos a duas comissões de seleção distintas, compostas, cada uma delas, por cinco profissionais das áreas
abrangidas pelo Prêmio, os portfólios inscritos foram analisados detidamente e selecionados por consenso pelos jurados.
A partir dessa seleção inicial, integrada por doze finalistas,
é que foi feita a escolha final dos premiados. Foram muitas
horas de debates acalorados no auditório do Instituto Goethe,
na sempre difícil tarefa de escolha das trajetórias individuais
mais consistentes ante o universo artístico contemporâneo.
Coube também às Comissões de Seleção e Premiação
a indicação do prêmio Hors Concours, que homenageia artistas e teóricos cuja atuação tenha uma contribuição signi1. Canclini, N.G. Culturas híbridas. São Paulo: Edusp, 2008.
innovations in artistic languages,
particularly those in which the use of
technological tools is the basis of the
creative process, require a special
attention from institutions and
curators in terms of a comprehensive
understanding of the innovations
and changes in these languages.
As stated by Néstor Canclini, when
new concepts abruptly emerge, or
displace our view, demanding its
reformulation, it is time to expand
horizons and reestablish our
perception of what is contemporary.1
And having this in mind, the design of
the Award is renewed in each edition
to keep up with the dynamism of new
artistic expressions.
When, as of 2005, the Award became
biennial, this change resulted in
the creation of new projects that
reached a wider public and more
Brazilian regions. This longer time
gap between awards opened space
for more comprehensive debates
and discussions on the issue of
contemporary Brazilian art.
In 2011, once again curated by Giselle
Beiguelman, the Award gives more
space to Early-Career artists and
creators with the creation of four
awards, granted to Jeraman (PE),
mmnehcft & MANIFESTO21.TV (SP),
Pablo Lobato (MG), and Vivian
Caccuri (RJ).
Lucas Bambozzi (SP) and Zaven
Paré (RJ) were granted the two
Midcareer awards.
The portfolios submitted to the award
were thoroughly examined by two
different selection committees—each
comprised of five professionals of the
fields considered for the Award—and
consensually selected by the jury.
This first phase selected twelve
artists who made the short list for
the Award. It took several hours of
heated debates at Goethe-Institut’s
auditorium to fulfill the hard task
of choosing the more consistent
backgrounds in view of the broad
contemporary artistic universe.
The Selection Committee and the
Prize Jury also had the task of
1. Néstor Canclini, Hybrid Cultures,
translated by Christopher L. Chiappari
and Silvia L. Lopez, foreword by Renato
Rosaldo (Minneapolis: University of
Minnesota Press, 2005).
ficativa no desenvolvimento das linguagens artísticas com
interfaces eletrônicas ou digitais. Por unanimidade, o júri
indicou o artista pernambucano Paulo Bruscky, pioneiro no
uso das mais variadas mídias e suportes, e na compreensão
das múltiplas variações do processo artístico. Referência no
meio, Bruscky recebe, através desta premiação, justíssima
homenagem por sua trajetória de incansável busca pelo novo
no cenário artístico.
Partiu ainda dos jurados a proposta de uma homenagem à
artista multimídia gaúcha Diana Domingues, também professora acadêmica e batalhadora incansável na difusão e na sedimentação da produção artística em meios eletrônicos e digitais.
Contribuições significativas como as de Diana Domingues
e Paulo Bruscky possibilitam hoje produções que incorporam
as mais recentes ferramentas tecnológicas, problematizando
ou tensionando suas potencialidades. Premiar e homenagear esses artistas é também uma forma de o Prêmio Sergio
Motta estabelecer pontes e destacar aspectos relevantes da
historiografia da arte digital brasileira, através de seus mais
destacados integrantes.
Acreditamos também que o Prêmio cumpre sua missão
de fomento à produção em mídias eletrônicas e digitais, ao
proporcionar um espaço de crítica e debate em sua programação. Nesta edição, as Leituras de Portfólios – que abrem
espaço aos artistas finalistas para um debate de suas produções com críticos brasileiros e internacionais – foram ampliadas para o formato de um seminário. O Circuito e crítica da arte
contemporânea pós mídias digitais tem a intenção de oferecer
um olhar crítico ao corpo de trabalho dos doze artistas e de
pensar de forma mais ampla a produção contemporânea que
dialoga com a tecnologia, além de provocar a aproximação do
público com o trabalho e a poética destes artistas.
Parabenizamos todos os ganhadores do 9º Prêmio Sergio Motta de Arte e Tecnologia, os finalistas e o júri de seleção e premiação desta edição. Aproveitamos para agradecer
o apoio sempre constante do Instituto Goethe na cessão de
suas instalações para as reuniões do júri, o excelente traba-
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granting the Hors Concours award,
which pays tribute to artists and
scholars whose works made a
substantial contribution to the
development of artistic languages
with digital or electronic interfaces.
By unanimous decision, the jury
appointed Pernambuco-born Paulo
Bruscky, a pioneer in the use of
various media and supports, as well
as in understanding the multiple
variations of the artistic process.
Through this Award, a well-deserved
tribute is paid to Bruscky, who is a
reference in the art world, and to his
tireless pursuit for whatever is new in
the artistic scenario.
The jury also proposed a tribute to the
multimedia artist Diana Domingues,
from the state of Rio Grande do Sul, a
scholar and a hardworking advocate of
the dissemination and establishment
of the artistic production in digital and
electronic media.
Substantial contributions, such as
those made by Diana Domingues and
Paulo Bruscky enabled the current
existence of productions that use
the state-of-the-art technological
tools and question potentialities,
pushing them to their limit. For the
Sergio Motta Award, granting these
awards and paying these tributes
is also a way of building bridges
and highlighting relevant aspects
in the history of Brazilian digital
art through its most prominent
contributors.
We also believe the Award fulfills its
mission of fostering the production
in electronic and digital media by
offering within its program a space
for debate and critic. In this edition,
the Portfolio Readings—which open
space for the shortlisted artists to
debate their work with Brazilian and
foreign art critics—were expanded
to a seminar format. The Circuit
and Critic of Post-Digital Media
Contemporary Art intends to offer
a critical view on the body of work
of the twelve artists and to have a
more comprehensive understanding
of the contemporary production
that establishes a dialogue with
technology, in addition to bringing
the public closer to the work and the
poetics of these artists.
We would like to congratulate all
lho da curadora Giselle Beiguelman e a dedicação de toda a
equipe do Instituto Sergio Motta, que não mediu esforços para
a efetivação desta edição.
Camila Duprat Martins (São Paulo) é superintendente do
Instituto Sergio Motta. Museóloga e pós-graduada em história da arte pela ECA-USP. Foi diretora do Museu de Arte Moderna SP (1990-1992), diretora da Divisão de Artes Plásticas
do Centro Cultural São Paulo (1993-2000), coordenadora de
produção do Prêmio Sergio Motta de Arte e Tecnologia (20012004), coordenadora do projeto Museu Vivo da Secretaria de
Estado da Cultura (2004-2005) e coordenadora do curso de
pós-graduação do Senac-SP Gestão em Artes (2007-2008).
the winners of the 9th Sergio Motta
Art and Technology Award, as well
as this edition’s shortlisted artists,
the selection committee, and the
jury. We would also like to thank the
permanent support given by GoetheInstitut, which lent its facilities to
the meetings of the jury. Our special
thanks to curator Giselle Beiguelman
for the excellent job she did and to
Instituto Sergio Motta’s team for its
commitment and restless effort to
organize this edition.
Camila Duprat Martins is Instituto
Sergio Motta’s superintendent.
Martins is a museologist
postgraduated in art history from
ECA-USP. She was the director of
Museu de Arte Moderna-SP (19901992), director of Centro Cultural São
Paulo’s Divisão de Artes Plásticas
[Visual Arts Department] (19932000), production coordinator of the
Sergio Motta Art and Technology
Award (2001-2004), coordinator of
the project Museu Vivo, developed by
the Secretaria de Estado da Cultura
(2004-2005), and coordinator of
Senac-SP’s graduate course
Gestão em Artes [Art management]
(2007-2008).
Arte pós-virtual
Giselle Beiguelman
O novo paradigma estético tem implicações ético-políticas porque
quem fala em criação, fala em responsabilidade da instância
criadora em relação à coisa criada, em inflexão de estado de
coisas, em bifurcação para além de esquemas pré-estabelecidos
e aqui, mais uma vez, em consideração do destino da alteridade
em suas modalidades extremas (Guattari, 2006, p. 137).
Os resultados da 9ª edição do Prêmio Sergio Motta indicam
o esgotamento do termo arte e tecnologia para dar conta da
produção artística contemporânea relacionada às ciências e
às mídias. Pautada pela reorientação do papel das telecomunicações e da informática no cotidiano, em meados dos anos
1990 essa definição remetia à emergência de categorias e
experiências então inéditas fora de espaços especializados
como laboratórios e centros de pesquisa avançada. Conceitos
como telepresença, inteligência artificial e pós-humanidade,
entre outros, foram então incorporados ao vocabulário das
artes e das ciências humanas, configurando aquilo que acreditávamos ser a era do virtual.
Essa era, se existiu, acabou. Contudo, falar do fim dessa
era do virtual não quer dizer apostar numa volta ao mundo
analógico. Ao contrário, significa assumir que as redes se tornaram tão presentes no cotidiano e que o processo de digitalização da cultura é tão abrangente, que se tornou anacrônico
pensar na dicotomia real/virtual.
O mundo da Internet das Coisas já se anuncia no presente, prevendo que todos os objetos estarão conectados e
nos colocando diante de uma nova tangibilidade. Ela é sensorial, táctil, concreta, mas também midiática. Realiza-se por
meio de imagens que deixam de ser superfícies clicáveis e se
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Postvirtual Art
The new aesthetic paradigm has
ethico-political implications because
to speak of creation is to speak of
the responsibility of the creative
instance with regard to the thing
created, inflexion of the state of things,
bifurcation beyond the pre-established
schemas, once again taking into
account the fate of alterity in its extreme
modalities (Guattari 1995, 107).
The results of the 9th edition of the
Sergio Motta Award show that the
expression ‘art and technology’ is
no longer enough to comprise the
contemporary artistic production
related to the fields of sciences and
media. This definition, following
the reorientation of the role of
telecommunications and information
technology in the everyday life in the
mid-1990s, referred to the emergence
of categories and experiences that
were unknown outside specialized
spaces, such as labs and advanced
research centers. Concepts such as
telepresence, artificial intelligence,
and posthumanity were, then, added
to the vocabulary of arts and human
sciences, shaping what we believed
to be the virtual era.
That era, if it actually existed, is now
over. However, to talk about the end
of the virtual era does not mean to
talk about the return of the analogical
transformam em interfaces expandidas que borram os limites entre o real e o virtual. Nesse contexto, somos ciborguizados por aparelhos, como os celulares, que nos transformam
em um híbrido de carne e conexão, ao mesmo tempo em que
os objetos se convertem em instâncias materiais dos fluxos
de informação. Nesse mundo mediado por bancos de dados
de toda sorte, tornamo-nos uma espécie de plataforma que
disponibiliza informações e hábitos, conforme construímos
nossas identidades públicas nos diversos serviços relacionados ao nosso consumo, lazer e trabalho. Convertemo-nos,
assim, em corpos informacionais, e isso tende a se acirrar,
conforme se popularizam os métodos de investigação genética e sua distribuição pela internet. No limite, foi isso o que o
Projeto Genoma fez: converteu nossa compreensão do corpo,
antes entendido como um arranjo de carne, ossos e sangue,
em um mapa de informações sequenciadas. A situação faz
pensar que um dia poderemos subitamente encontrar parte
do nosso código genético no Google ou hackear o DNA de alguém via um site de compartilhamento baseado em torrents.
Mas faz também pensar que estamos testemunhando a reconceituação dos limites entre natureza e cultura, e novas
relações entre real e virtual. Elas têm dimensões estéticas,
cognitivas e políticas, e seu tensionamento aparece na diversidade dos portfólios dos artistas selecionados e premiados
nesta 9ª edição do Prêmio Sergio Motta.
Encontramos aqui conjuntos de obras que problematizam as emergentes questões micropolíticas da contemporaneidade, questionando as novas relações entre público e
privado, e a obsolescência programada – como é marcante
no caso de Lucas Bambozzi, mmnehcft & MANIFESTO21.TV
e Claudio Bueno – e que atentam para o “lado B” da globalização e do avanço tecnológico, interrogando seu impacto
ambiental e sociocultural, e as estratégias de construção da
memória coletiva, questões presentes em diversas obras da
dupla Maurício Dias e Walter Riedweg, Paulo Lobato e Alice
Miceli. Somos confrontados com uma gama de experiências
criativas que exploram também os novos horizontes cognitivos que se anunciam com as próteses maquínicas e investigam as formas pelas quais alteram nossos modos de ver, ouvir e perceber, como evidenciam os portfólios de Vivian Cac-
world. On the contrary, it means
admitting that networks have become
so present in our daily lives and that
the process of digitalization of culture
is so comprehensive that to think
about the dichotomy real/virtual
has become anachronous.
The world of the Internet of Things
already exists in the present; it
anticipates that all objects will be
connected and it places us before
a new tangibility, which is sensory,
tactile, concrete, but also media
related; it takes place through
images that are no longer clickable
surfaces and have become expanded
interfaces that blur the limits
between what’s real and what’s
virtual. In this context, devices,
such as cell phones, transform us
in cyborg-like creatures—hybrids of
meat and connection. At the same
time, objects are converted into
material instances of information
flows. In this world mediated by all
sorts of data banks, we become
a kind of platform that provides
information and habits, as we form
our public identities in the several
types of services that relate to our
consumption, leisure, and working
habits. Therefore, we become
informational bodies. And this tends
to grow, as methods of genetic
investigation and their distribution
on the Internet become available.
Ultimately, that’s what the Genoma
Project did; it converted our
understanding of the body—up until
then seen as a set of meat, bones,
and blood—into a map of sequenced
information. This makes us think
that, one day, we might suddenly
bump into our genetic code in Google
or hack someone’s DNA through a
torrent-based sharing website. But
it also makes us think that we are
witnessing the redefinition of the
limits between nature and culture,
and new relationships between real
and virtual. They have aesthetic,
cognitive, and political dimensions,
and their tensioning is made evident
in the diversity of portfolios by the
shortlisted and awarded artists at the
9th edition of the Sergio Motta Award.
Here, we found a set of works that
question the emerging micropolitical
issues of contemporaneity,
curi, Ricardo Carioba e Raquel Kogan. Acima de tudo, somos
levados por essas obras a pensar que as clivagens entre low
e high tech, velho e novo, tradição e ruptura não fazem mais
sentido. Vivemos uma era tecnofágica em plenitude, em que
antigos saberes são reprocessados à luz da robótica, em que
a vida, no seu ritmo e tempo, prossegue sem ceder ao fascínio
mistificador da inovação tecnológica, como deixam claro os
projetos de Zaven Paré e Jeraman.
Se cerca de dez anos atrás, como diz o professor André
Lemos (2009, p. 32), discutíamos a desmaterialização da cultura, dando ênfase ao upload das práticas sociais, hoje estamos fazendo o download do ciberespaço. Esse download se
realiza na demanda por aplicativos de Realidade Aumentada,
no design cada vez mais táctil e ergonômico das telas e dispositivos, na ciência e na filosofia sobre as quais avançam dinamitando as compartimentações entre natural e artificial, nos
novos horizontes políticos que se impõem para além das velhas dicotomias entre real e virtual, e especialmente na arte
contemporânea pós mídias digitais.
Isso tudo constitui um campo de vetores de ação que
contempla a emergência de uma consciência planetária, novos formatos audiovisuais, relações autorais inovadoras, estratégias de codificação, um vocabulário “Ready Media”, mapeamentos de espacialidades nômades, propostas para novos regimes de interação e para a exploração das dimensões
políticas e cognitivas dos corpos expandidos pela integração
homem-máquina.
Nesse contexto, a obra de arte torna-se dispositivo, tensionando o status quo das mídias, desarmando-as tanto como
ferramenta quanto tema, afastando-se de qualquer relação
de fetichismo, devoção ou fobia. Mídias e tecnologias, de acordo com o que se infere a partir dos artistas selecionados nesta nona edição, não são mais, nem menos, que uma das linhas
de força que compõem o tecido discursivo da contemporaneidade. E isso não é pouco. Afinal, como já aprendemos com
Agamben: “A contemporaneidade é uma singular relação com
o próprio tempo adere a ele e, simultaneamente, dele toma
distâncias” (Agamben, 2009, p. 59).
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the new relationships between what’s
public and what’s private, as well as
the programmed obsolescence—a
strong feature in Lucas Bambozzi’s,
mmnehcft & MANIFESTO21.TV’s,
and Claudio Bueno’s work—, and
that pay attention to the “B-side”
of globalization and technological
advances, questioning their
environmental and sociocultural
impact, as well as the strategies to
build collective memory—issues
that are present in several works
by Maurício Dias & Walter Riedweg,
Paulo Lobato, and Alice Miceli. We are
in face of a wide variety of creative
experiences that also explore
new cognitive horizons, which are
presented by machinic prosthesis
and investigate new forms of altering
our ways of seeing, listening, and
perceiving, as made evident in
portfolios by Vivian Caccuri, Ricardo
Carioba, and Raquel Kogan. Above
all, these works lead us to think that
the differences between low and
high tech, old and new, tradition and
rupture no longer make sense. We
are experiencing a technophagic
era in which old knowledge is
reprocessed according to robotics;
in which life, its rhythm and its time,
continues without giving in to the
mystifying enthrall of technological
innovation, as made clear by Zaven
Paré’s and Jeraman’s projects.
Nearly ten years ago, as professor
André Lemos says (2009, 32), we were
discussing the dematerialization of
culture, focusing on the upload of
social practices, whereas today, we
are downloading the cyberspace. This
download takes place in the demand
for Augmented Reality applications;
in the increasingly tactile and
ergonomic design of screens and
devices; in science and in philosophy
into which they advance, shattering
the compartmentalization between
natural and artificial; in new political
horizons that go beyond the old realvirtual dichotomies; and, specially, in
post-digital media contemporary art.
All of this makes up a field of action
vectors that sees the emergence
of a planetary conscience, new
audiovisual formats, innovative
relations of authorship, codification
strategies, a “Ready Media”
REFERÊNCIAS
Agamben, Giorgio. O que é o contemporâneo? E outros ensaios.
Trad. Vinícius Nicastro Honesko. Chapecó, SC: Argos,
2009.
Guattari, Félix. Caosmose: Um novo paradigma estético. Trad.
Ana Lúcia de Oliveira e Lúcia Claudia Leão. São Paulo:
Editora 34, 2006.
Lemos, André. “Cultura da mobilidade”. Revista FAMECOS.
Porto Alegre, nº 40, dezembro de 2009, pp. 28-35.
Giselle Beiguelman (São Paulo) é artista e professora universitária. Atua nas áreas relacionadas à criação e crítica de
artemídia. Foi professora da pós-graduação em comunicação
e semiótica da PUC-SP (2001-2011) e é professora da FAUUSP. Foi curadora do Nokia Trends (2007 e 2008) e diretora
artística do Instituto Sergio Motta (2008-2011). Informações
sobre suas obras artísticas e trabalhos críticos estão disponíveis em seu site: http://www.desvirtual.com.
vocabulary, mapping of nomadic
spatialities, proposals of new
interaction and exploration systems
of political and cognitive dimensions
of bodies expanded by the manmachine interaction.
In this context, the work of art
becomes device, tensioning the
status quo of media, disarming it
as a tool and as a theme, turning
away from any relationship with
fetishism, devotion, or phobia. Media
and technologies, according to what
one may infer from the shortlisted
artists at this 9th edition, are nothing
but one of the lines of force that
make up the discoursive tissue of
contemporaneity. And this is a lot.
After all, as we have already learned
from Agamben: “Contemporariness is
a singular relationship with one’s own
time, which adheres to it, and at the
same time keeps a distance from it”
(Agamben 2009, 41).
REFERENCES
Agamben, Giorgio. 2009. What Is
an Apparatus? And Other Essays.
Translated by David Kishik and
Stefan Pedatella. Palo Alto: Stanford
University Press.
Guattari, Félix. 1995. Chaosmosis: An
Ethico-Aesthetic Paradigm. Translated
by Paul Bains and Julian Pefanis.
Bloomington: Indiana University Press.
Lemos, André. 2009. “Cultura da
mobilidade.” FAMECOS journal (Porto
Alegre) 40 (December): 28-35.
Giselle Beiguelman is a media
artist and university professor. She
develops works in the field of media
art creation and criticism. She was
a communication and semiotics
graduate professor at PUC-SP (20012011) and is currently a lecturer with
FAU-USP. She curated Nokia Trends
festival (2007 and 2008) and was the
artistic director of Instituto Sergio
Motta (2008-2011). Information on
her artwork and critical essays
are available on her website:
http://www.desvirtual.com.
#SELECIONADOS
#SHORTLISTED
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ALICE MICELI
CLAUDIO BUENO
PANETONE
RICARDO CARIOBA
DIAS & RIEDWEG
RAQUEL KOGAN
Visões críticas e expandidas
Adriana Amaral, Clarissa Diniz, Eduardo de Jesus, Marcos Boffa e Priscila Farias
O conjunto de portfólios analisados pelo júri de seleção do 9º
Prêmio Sergio Motta nos mostrou um instigante e complexo panorama da produção contemporânea brasileira que se
estrutura tomando os instrumentos, dispositivos e processos
tecnológicos no desenvolvimento de obras artísticas.
Observamos uma produção bastante diversificada, tanto
na categoria de Início quanto na de Meio de Carreira, que se
coloca em distintos níveis de envolvimento com a tecnologia
e com possíveis formas de viabilizar as expressões poéticas.
Trata-se de um conjunto de artistas que se arriscam a tomar
as mais diversas ferramentas e materiais com o objetivo de
refletir sobre a vida contemporânea e seus múltiplos desdobramentos derivados do encontro entre as subjetividades,
os distintos contextos sociais e políticos de nosso país, e as
estruturas tecnológicas. Um panorama heterogêneo, mas ao
mesmo tempo muito vibrante, no qual podemos perceber algumas das linhas de força que caracterizam a produção artística mais recente.
Na seleção, privilegiamos os artistas que, ao abordarem
o ambiente tecnológico em toda a sua diversidade, apontaram
para visões críticas, situações de confronto com a padronização e subversões nos modos de uso, gerando obras que
estruturam suas poéticas e expressões de forma alargada
dentro do campo expandido da arte contemporânea. Em face
da alta qualidade dos trabalhos apresentados, tivemos que
manter um certo rigor nos critérios que estabelecemos para
propor um recorte significativo da produção.
Paralelamente, buscamos garantir a presença de trabalhos que apontassem para o tensionamento – típico da arte
contemporânea – entre passado e presente, especialmente
quando a prática artística se lança no contexto do uso e apropriação das tecnologias. Como as inovações tecnológicas do
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Critical and Expanded Visions
The set of portfolios examined by the
selection committee of the 9th Sergio
Motta Award gave us an exciting
and complex panorama of Brazilian
contemporary art production whose
foundation is based on the use of
technological instruments, devices,
and processes to create artwork.
What we observed was a diverse
production—both in Early-Career and
Midcareer categories—that presents
different levels of involvement with
technology and with possible ways of
making poetic expressions feasible.
It is a group of artists who take risks
by using several different tools
and materials to reach their goal of
reflecting upon contemporary life
and its multiple unfoldings, which
stem from the meeting between
subjectivities and our country’s
different social and political contexts,
as well as technological structures.
It is a heterogeneous and extremely
vibrant panorama in which we
notice some of the strengths that
characterize the more recent
artistic art production.
In the selection process, we gave
priority to artists who expressed
critical views, situations of
confrontation with standardization
and subversion in terms of usage
when addressing the technological
environment and its diversity,
thus generating pieces that build
the structure of their poetics and
expressions in a comprehensive
manner within the expanded field
of contemporary art. In view of the
presented works high quality, we had
to establish strict criteria in order to
present a comprehensive scope of the
artistic production.
We also sought to make sure that
works expressing tension—which is
typical of contemporary art—between
the past and the present would
be included, especially when the
passado tornaram-se parâmetros disponibilizados por bibliotecas de procedimentos, assim como apropriações e rearticulações são hoje absolutamente comuns no espaço institucional e comercial, parece-nos necessário que, no contexto
atual, o uso das ferramentas, plataformas e interfaces tecnológicas não seja tomado como eixo articulador das obras:
é preciso ir além, envolvendo questões formais, conceituais,
técnicas, culturais, estéticas e políticas que gerem sentidos
mais abertos e densos como resposta à multiplicidade de situações nas quais a tecnologia se engendra.
Em especial, é preciso problematizar a tecnologia não
apenas no campo de suas ferramentas, mas, sobretudo, de
sua linguagem, o que torna a abordagem inevitavelmente inventiva e crítica. E talvez tenha residido aí, no espaço mesmo
de invenção da tecnologia através da arte, o ponto mais frágil dos trabalhos subscritos ao Prêmio e, portanto, o terreno
onde esta comissão de seleção buscou atuar de maneira mais
distintiva, privilegiando os portfólios que de alguma forma dobravam a tecnologia sobre si mesma, ressaltando suas implicações diante das mais diversas instâncias da subjetividade e
da vida social.
Este é o cenário que buscamos salientar através da seleção de trabalhos para o 9º Prêmio Sergio Motta.
artistic practice involves the use and
appropriation of technologies. Since
technological innovations from the
past became parameters that are
available in procedure libraries—
just as, today, appropriation and
rearticulation are common practices
in institutional and commercial
spaces—and in view of the current
context, we believe that it is necessary
to avoid the use of technological
tools, platforms, and interfaces as an
articulating axis for the artwork: we
must go beyond and include formal,
conceptual, technical, cultural,
aesthetic, and political issues to
create broader and denser senses in
response to the multiple situations in
which technology is present.
It is important to point out that
we must question technology not
only regarding its tools, but, above
all, regarding its language, which
inevitably generates inventive and
critical approaches. And maybe
there, in the very space in which
technology is created through art,
is where the most difficult aspect of
the works submitted to the Award
lies. Therefore, this is the limit within
which this selection committee
sought to work, giving priority to
portfolios that, in some way, folded
technology upon itself, emphasizing
its implications in view of different
aspects of subjectivity and social life.
This is the scenario we sought to
highlight through the selection of
works for the 9th Sergio Motta Award.
Fragmento de um campo III (Projeto Chernobyl), 2009
Alice Miceli
Rio de Janeiro, 1980
Sua produção em fotografia, cinema e vídeo dialoga com a
ciência e tecnologia, criando uma poética que lida com a memória, com foco nos limites destes meios e em suas materialidades específicas. Desenvolveu trabalhos em vários países
como Camboja, Bielo-Rússia e Alemanha. Foi premiada no 6º
Prêmio Sergio Motta de Arte e Tecnologia (2005) com o Projeto
Chernobyl, que participou da 29ª Bienal de São Paulo (2010).
http://bit.ly/chernobylproject
http://www.youtube.com/user/alicemiceli
16 | 17
Her photography, cinema, and video
production establishes a dialogue
with science and technology, creating
a poetic that deals with memory and
focuses on the limits of these media
and their specific materialities.
Miceli has developed works in
several countries, such as Cambodia,
Byelorussia, and Germany. She was
awarded at the 6th Sergio Motta Art
and Technology Award (2005) for
the Chernobyl Project, which was
exhibited at the 29th Bienal de São
Paulo (2010).
S E L E C I O N A D O # I N Í C I O D E C A R R E I R A | shortlisted # earl y career
Jerk Off (Dízima periódica), 2006-11
14 horas, 54 minutos, 59,9… segundos (Dízima periódica), 2006-07
Redes vestíveis, 2010
Claudio Bueno
São Paulo, 1983
Artista doutorando em artes visuais na ECA-USP. Atua em grupos de prática artística e de pesquisa. Seus trabalhos articulam noções de lugar, rede, participação e da vida mediada por
dispositivos eletrônicos e digitais. Foi residente do LABMIS,
recebeu menção honrosa no Ars Electronica 2011, ganhou o
Rumos Arte Cibernética – Itaú Cultural, o prêmio Mídias Locativas do arte.mov e foi indicado ao 8º Prêmio Sergio Motta. Em
2011 será residente no La Chambre Blanche, Canadá.
http://buenozdiaz.net
18 | 19
Artist and doctoral student in visual
arts at ECA-USP. He participates
in research and artistic practice
groups. His works articulate notions
of place, network, participation, and
life mediated by digital and electronic
devices. He was a LABMIS resident,
received an honorary mention at
the 2011 Ars Electronica, won the
Rumos Itaú Cultural – Cybernetic Art,
the Locative Media Prize from
arte.mov – International Mobile Media
Art Festival, and was nominated
for the 8th Sergio Motta Award. In
2011, he will be resident artist at La
Chambre Blanche, Canada.
O transporte #1, 2009
Campo minado, 2009-11
S E L E C I O N A D O # I N Í C I O D E C A R R E I R A | shortlisted # earl y career
Piksel Fest, Bergen, 2010
Panetone
Porto Alegre, 1973
Produtor de música experimental desde 1989 e adepto do movimento faça-você-mesmo. Trabalha a partir da apropriação
e livre experimentação, utilizando sucatas eletrônicas e brinquedos antigos modificados por técnicas como circuit bending.
Os resultados são concertos audiovisuais, instalações e intervenções, além de laboratórios e oficinas.
http://panetone.net
http://vimeo.com/panetone/videos
http://soundcloud.com/panetone
20 | 21
Experimental music producer
since 1989 and supporter of the
do-it-yourself movement. His work
is based on appropriation and
free experimentation with the use
of electronic scrap and old toys
modified through techniques such
as circuit bending. The results are
audiovisual concerts, installations,
and interventions, in addition to
laboratories and workshops.
S E L E C I O N A D O # I N Í C I O D E C A R R E I R A | shortlisted # earl y career
Museo de Antioquia, Medellín, 2011
Ptarmigan Art Gallery, Helsinque, 2010
Panetone Laboratório, Porto Alegre, 2008
Panetone Qadrox, 2009
Hacking Toy, 2007
Escopo, 2011
Ricardo Carioba
São Paulo, 1976
Formado em artes plásticas pela FAAP, trabalha com som,
imagem, objeto e instalação. Investiga, na ciência e na forma, as fronteiras da percepção humana. Suas propostas de
experiências espaço-temporais indicam uma relação estreita
entre a condição física e psicológica. Realizou as exposições
individuais Escape para outra estática, Branca Sua, White Box,
Motris e Sem título (São Paulo); In Side#No Form (Londres, Inglaterra) e LaDo4X4 (Rio de Janeiro). Participou da mostra Panorama da Arte Brasileira (MAM-SP, 1999).
www.ricardocarioba.com
22 | 23
A graduate in the visual arts from
FAAP, Carioba works with sound,
image, object, and installation.
Through science and shape,
he investigates the borders of
human perception. His space-time
experience proposals indicate a close
relationship between the physical
and psychological condition. He has
had solo exhibitions such as Escape
para outra estática, Branca Sua,
White Box, Motris, and Sem título
(São Paulo); In Side#No Form (London,
UK) and LaDo4X4 (Rio de Janeiro).
He participated in the show
Panorama da Arte Brasileira
(MAM-SP, 1999).
Lusco-fluxo, 2010
Escape para outra estática, 2010
S E L E C I O N A D O # I N Í C I O D E C A R R E I R A | shortlisted # earl y career
Caminhão de mudança, 2009-11
Dias & Riedweg
Maurício Dias (Rio de Janeiro, 1964) & Walter Riedweg (Lucerna, Suíça, 1955)
Desenvolvem projetos interativos e interdisciplinares no campo das artes visuais e performance desde 1993. Investigam
como as psicologias privadas afetam e constituem o espaço público e vice-versa, tendo como característica principal
o envolvimento do público na concepção e execução de seus
trabalhos. Participaram da Documenta 12 (Kassel, Alemanha,
2007), das Bienais de Veneza (Itália, 1999) e São Paulo (1998,
2000 e 2002), além das mostras InSite 2000 (fronteira México/
Estados Unidos), Arte Cidade 4 (São Paulo) e L’état des Choses
(Kunst-Werke Berlin, Alemanha, 2001).
24 | 25
Dias & Riedweg develop interactive
and interdisciplinary projects in
the field of the visual arts and
performance since 1993. They study
how private psychologies affect and
constitute the public space and vice
versa, having as main characteristic
the involvement of the audience
in the conception and execution of
their works. They showed at the
Documenta 12 (Kassel, Germany,
2007), the Venice (Italy, 1999) and
the São Paulo (1998, 2000, and 2002)
biennials, and in festivals, such as
InSite 2000 (Mexico/United States
border), Arte Cidade 4 (São Paulo),
and L’état des Choses (Kunst-Werke
Berlin, Germany, 2001).
Funk Staden, 2007
Malas para Marcel, 2006-08
S E L E C I O N A D O # M E I O D E C A R R E I R A | shortlisted # midcareer
reler, 2008
Raquel Kogan
São Paulo, 1955
Formada em arquitetura, explora novas possibilidades nas
mídias digitais. A partir de séries numéricas infinitas, multiplicações imagéticas e sonoras, a artista procura articular
novos espaços através de vídeos, objetos e instalações. Participou da 7ª Bienal do Mercosul (Porto Alegre) e de diversas
exposições coletivas internacionais. Ganhou o prêmio Rumos
Cibernética – Itaú Cultural em 2007, foi menção honrosa do
prêmio FILE PRIX LUX em 2010, e foi indicada para as 5ª, 6ª e
8ª edições do Prêmio Sergio Motta.
www.raquelkogan.com
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A graduate in architecture,
Kogan investigates new possibilities
in digital media. Based on infinite
numeric series, image and sound
multiplications, the artist seeks
to articulate new spaces through
videos, objects, and installations.
She showed at the 7th Mercosul
Biennial (Porto Alegre) and at several
international group exhibitions.
She was awarded Rumos Itaú
Cultural – Cybernetic Art prize in
2007, received an honorary mention
from the FILE PRIX LUX in 2010,
and was nominated for the 5th, 6th,
and 8th editions of the Sergio Motta
Award.
ponte, 2008
mov_ing, 2007
S E L E C I O N A D O # M E I O D E C A R R E I R A | shortlisted # midcareer
#PREMIADOS
#AWARDED
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JERAMAN
MMNEHCFT &
MANIFESTO21.TV
PABLO LOBATO
VIVIAN CACCURI
LUCAS BAMBOZZI
ZAVEN PARÉ
Artes de busca de
novos sentidos
Cícero Silva, Claudia Assef, Ivana Bentes, Tadeu Chiarelli e Tiago Mesquita
O Instituto Sergio Motta é um dos espaços mais importantes do debate sobre a arte tecnológica no país. Teve papel
central na consolidação dessas poéticas.
O júri do 9° Prêmio Sergio Motta procurou reforçar a
vocação da premiação não só da arte digital, mas da arte
contemporânea produzida aqui. A quantidade de poéticas,
formas de atuação e mesmo de logradouros onde as obras
foram produzidas é imensa. Por isso, além de premiarmos o
que existia de melhor entre os trabalhos enviados, também
tentamos dar visibilidade a tal diversidade.
Ficou claro, na análise dos trabalhos selecionados para
a categoria Início de Carreira, que a produção se descentralizou. Migrou dos grandes centros para diversos outros polos
criativos do país.
Uma das características marcantes entre os artistas
dessa categoria é a utilização militante da tecnologia para
além dos aparatos em si, caracterizando sua vontade de levar
à comunidade uma discussão na formação da cultura e da
sociedade. Uso em que a técnica tem sentido transformador,
seja na busca por novas relações interpessoais, seja na procura por outras possibilidades poéticas.
Na categoria Meio de Carreira, os artistas selecionados
confirmam uma trajetória consolidada, já que o Prêmio tem
como objetivo avaliar criticamente a densidade artística de
criadores já reconhecidos pelos seus pares em exposições,
festivais e circuitos de discussão. Foram escolhidas poéticas maduras em trajetórias expostas de maneira clara e
concisa nos portfólios.
30 | 31
Arts Pursuing New Meanings
Instituto Sergio Motta is one of the
country’s most prominent spaces
for the debate on art and technology,
and has played a key role in the
establishment of these poetics.
The jury of the 9th Sergio Motta
Award sought to reinforce the
award’s connection with both digital
art and Brazilian contemporary
art. The variety of poetics, ways of
performing, and even places where
the pieces have been produced is
enormous. Therefore, in addition to
granting awards to the best works
submitted to us, our goal was also to
lend visibility to this diversity.
The works shortlisted for the EarlyCareer category made clear the
fact that the production has been
decentralized; it has migrated
from large centers to several
creative hubs.
One of the most remarkable
characteristics shared by the artists
who submitted works to this category
is the activist use of technology,
which goes beyond the apparatus
itself, demonstrating their will to
bring into the community a discussion
on the development of culture and
society. When this happens, the
technique acquires a transforming
sense, be it in the attempt to find new
interpersonal relationships and or in
the quest for new poetic possibilities.
In the Midcareer category, the
shortlisted artists confirm their
established background, since the
Award aims to critically evaluate the
artistic density of creators that are
well-known by their peers through
exhibitions, festivals, and debate
spaces. Poetics that had reached
their maturity and whose background
Por fim, decidimos premiar como Hors Concours o artista pernambucano Paulo Bruscky. Nos últimos anos, sua obra
foi reavaliada e alcançou o reconhecimento merecido. Sua intervenção em meios pouco convencionais bem como os novos
sentidos que deu à obra de arte entram em consonância com
o sentido do Prêmio Sergio Motta. Esperamos que essa decisão reafirme a importância deste grande artista.
was clearly and concisely expressed
in the portfolio were chosen.
Finally, we have decided to grant
the Hors Concours award to Paulo
Bruscky. In recent years, his work
has been reevaluated and finally was
given the recognition it deserves. The
interventions he makes in unusual
media as well as the new meanings
he lends to the work of art are in
accordance with what the Sergio
Motta Award points to. We hope this
decision reinforces the recognition of
the outstanding role of this artist.
Marvim Gainsbug, 2009
Jeraman
Natal, 1987
Pesquisador, com base em Recife, que busca utilizar o livreconhecimento como linguagem de trabalho, atuando num
meio-termo entre artista, educador e cientista. Contemplado
com o Rumos Itaú Cultural Arte Cibernética (2009) e menção
honrosa no FILE PRIX LUX (2010). É mestrando em ciência
da computação pelo CIn/UFPE, com ênfase em realidade aumentada e computação musical.
http://jeraman.info
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A researcher who lives in Recife and
seeks to use free knowledge as a
working language, Jeraman is an
artist-cum-educator-cum-scientist.
He received the Rumos Itaú Cultural
– Cybernetic Art prize (2009) and
an honorary mention at the FILE
PRIX LUX (2010). He is also pursuing
a master’s degree in computer
sciences at CIn/UFPE, with focus
on augmented reality and
computer music.
Illusio, 2011
Illusio, 2011
P R E M I A D O # I N Í C I O D E C A R R E I R A | awarded # earl y career
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Exposição Internacional de Tecnologia e Arte, Porra! – EITA, Porra!, 2010
Exposição Internacional de Tecnologia e Arte, Porra! – EITA, Porra!, 2010
P R E M I A D O # I N Í C I O D E C A R R E I R A | awarded # earl y career
Autômatos na Sociedade do Espetáculo, 2006
mmnehcft & MANIFESTO21.TV
Mariana Kadlec (São Paulo, 1981) & Milena Szafir (Santos, SP, 1977)
mmnehcft (2003) & MANIFESTO21.TV (2006) criam dispositivos audiovisuais partindo de diversas áreas da cultura digital
e urbana: CCTV (CFTV), VJing, webTV, telefonia móvel e remix/
mashup. Buscando unir conceito, ativismo, interação, arte e
comunicação, o coletivo explora mídias on e off-line, high e
low-tech. Participaram do FILE (São Paulo) em 2004 e de projetos em instituições como SESC, Funarte, MIS, Instituto Tomie Ohtake e MAM-RJ.
www.manifesto21.tv
http://www.manifesto21.com.br/mmnehcft
http://www.youtube.com/user/mszBR
36 | 37
mmnehcft (2003) & MANIFESTO21.TV
(2006) create audiovisual devices
based on several aspects of digital
and urban culture: CCTV, VJing,
webTV, mobile telephony, and remix/
mashup. Aiming to bring together
concept, activism, interaction, art,
and communication, they collectively
develop actions in on/off-line
and high/low-tech media.
They participated in the 2004 FILE
(São Paulo) and in projects at
institutions such as SESC, Funarte,
MIS, Instituto Tomie Ohtake,
and MAM-RJ.
P R E M I A D O # I N Í C I O D E C A R R E I R A | awarded # earl y career
CityMapping Performance 2.0 MP, 2006
Vj’ing móvel: espetáculo+vigilância=consumo, 2005
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Manifeste-se [todo mundo artista] – mobile webtv live broadcast, 2006-08
P R E M I A D O # I N Í C I O D E C A R R E I R A | awarded # earl y career
O cubo, 2003
The Birth of Automaton: Cyborg Panopticando, 2004
Surveillance Wireless Vj’ing
Performance, 2004
Acidente, 2006
Pablo Lobato
Bom Despacho, MG, 1976
Um dos criadores do Teia – Centro de pesquisa audiovisual,
em Belo Horizonte. Diretor do filme Acidente, ganhador do
prêmio de melhor documentário ibero-americano no Festival Internacional de Cinema de Guadalajara, México, 2007. Foi
selecionado pelo projeto Bolsa Pampulha, em 2008, e bolsista da Fundação Guggenheim, EUA, 2009. Recentemente, exibiu seus trabalhos em instituições nacionais e internacionais
como MAM-SP;
MoMA, Nova York, EUA; Museo Tamayo, México; Akademie der Künste, Berlim, Alemanha; New Museum,
Nova York.
www.teia.art.br
www.expiracao.net
http://vimeo.com/user2076300
40 | 41
Lobato is one of the founders of Teia
– Centro de pesquisa audiovisual
[audiovisual research center],
in Belo Horizonte. He directed the
film Accident, winner of the prize for
best Ibero-American documentary
at the Guadalajara International
Film Festival, in Mexico, 2007.
He was selected by the project Bolsa
Pampulha, in 2008, and was granted
a scholarship from the Guggenheim
Foundation, USA, in 2009. Recently,
his works have been shown in
national and international venues,
such as MAM-SP; MoMA and
New Museum, New York, USA;
Museo Tamayo, Mexico; Akademie
der Künste, Berlin, Germany.
Bronze revirado, 2011
Expiração 01, 2010
P R E M I A D O # I N Í C I O D E C A R R E I R A | awarded # earl y career
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Queda, 2010
Outono, 2007
P R E M I A D O # I N Í C I O D E C A R R E I R A | awarded # earl y career
Mira, 2001
O que exatamente vocês fazem, quando fazem, ou esperam fazer curadoria?, 2010
Garganta, 2010
Vivian Caccuri
São Paulo, 1986
Bacharel em artes plásticas (Unesp) e mestre em estudos do
som musical (UFRJ). Pesquisadora visitante na Universidade
de Princeton, EUA, nos departamentos de artes e literatura.
Seu trabalho faz referência à música para criar espaços capazes de alterar a sensação do tempo e da presença física.
Expôs no Brasil e no exterior, com destaque para Domingos
da Criação (MAM-RJ, 2010), Confluências (Centro de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro, 2010), Emoção Art.ficial (Itaú Cultural, São Paulo, 2008) e Elektra_Montréal (Canadá, 2008).
http://www.viviancaccuri.net
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A graduate in the visual arts (Unesp)
and holder of a master’s degree in
musical and sound studies (UFRJ),
Caccuri is a visiting scholar at
Princeton University, USA, in both
Arts and Literature Departments.
Her work makes reference to music
to create spaces that are capable of
altering the sensation of time and
physical presence. Her work has
been shown in Brazil and abroad:
Domingos da Criação (MAM-RJ,
2010), Confluências (Centro de Arte
Hélio Oiticica, Rio de Janeiro, 2010),
Emoção Art.ficial (Itaú Cultural, São
Paulo, 2008), and Elektra_Montréal
(Canada, 2008).
Canções submersas, 2008
Canções submersas, 2008
P R E M I A D O # I N Í C I O D E C A R R E I R A | awarded # earl y career
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Maquiagem aumentada, 2008-10
Imprevisibilidade e justeza, 2010
Dissimulado, 2009-10
P R E M I A D O # I N Í C I O D E C A R R E I R A | awarded # earl y career
Coisa vista, 2011
Lucas Bambozzi
Matão, SP, 1965
Produz vídeos, instalações, performances audiovisuais e
obras interativas, tendo trabalhos exibidos em mais de quarenta países. É criador do Festival arte.mov, que acontece
desde 2006, em várias capitais do país. Em 2010 recebeu
menção honrosa no Ars Electronica e, em 2011, teve uma retrospectiva de suas instalações no Laboratorio Arte Alameda
(Cidade do México, México). Seus trabalhos recentes tratam
das mobilidades e imobilidades do contexto urbano.
www.lucasbambozzi.net
http://vimeo.com/bamba
http://comum.com/lucas
48 | 49
Bambozzi creates videos,
installations, audiovisual
performances, and interactive works,
all of which have been shown in over
forty countries. He is the creator
of the arte.mov - International
Mobile Media Art Festival, which
takes place since 2006 in several
important Brazilian cities. In 2010,
he received an honorary mention
at Ars Electronica and, in 2011, the
Laboratorio Arte Alameda (Mexico
City, Mexico) presented an overview
of his installations. His recent
works deal with the mobilities and
immobilities of the urban context.
Da obsolescência programada em 3 atos, 2009
Pêndulo, 2011
P R E M I A D O # M E I O D E C A R R E I R A | awarded # midcareer
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Presenças insustentáveis, 2010-11
P R E M I A D O # M E I O D E C A R R E I R A | awarded # midcareer
Micropresenças (O quarto dos fundos), 2009
Presenças insustentáveis, 2010-11
Der Jasager, 2004
Zaven Paré
Fort de l’Eau, Argélia, 1961
Pós-doutor em robótica, desenvolve pesquisa em Robot Drama no Intelligent Robotic Laboratory da Universidade de
Osaka, Japão. Em seus trabalhos interativos, mistura experiências em mecânica, ótica e acústica, desenvolvendo dispositivos eletroeletrônicos. Sua exposição individual Cyber Art itinerou por cinco cidades brasileiras através da Caixa Cultural.
Seus trabalhos foram apresentados em diversos festivais e
instituições internacionais como CalArts (Los Angeles, EUA)
e Laboratorio Arte Alameda (Cidade do México, México).
www.cyberart.com.br
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Holder of a postdoctorate in
robotics, Paré is a Robot Drama
researcher at the Intelligent Robotic
Laboratory of Osaka University,
Japan. In his interactive works,
he mixes experiences in mechanics,
optics, and acoustics, developing
electro and electronic devices.
His solo exhibition Cyber Art has
toured five Brazilian cities through
Caixa Cultural. His works have
been shown in several international
festivals and institutions, such as
the CalArts (Los Angeles, USA)
and the Laboratorio Arte
Alameda (Mexico City, Mexico).
Esboço para “O veículo”, 2003
P R E M I A D O # M E I O D E C A R R E I R A | awarded # midcareer
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O observador, 1999
Not Me, 2008
Variações de carregamento do Telenoid, 2010
P R E M I A D O # M E I O D E C A R R E I R A | awarded # midcareer
#HOMENAGEM
#HOMAGE
Uma artista superlativa
Lucia Santaella
“Dianíssima Domingues”, assim a também artista Giselle
Beiguelman refere-se à colega. De fato, tudo em Diana Domingues é superlativo: professora e orientadora superlativa,
pesquisadora superlativa e, sobretudo, artista superlativa,
reconhecida internacionalmente. Não há pesquisadores ou
artistas engajados no campo da arte e tecnologia, em quaisquer partes do mundo, que não tenham conhecimento da pessoa e dos trabalhos de Diana Domingues. Citada em vários
livros estrangeiros e artista premiada, seu nome engrandece
não apenas a cidade onde nasceu, Caxias do Sul, mas também nosso país.
Exigentíssima consigo mesma e com o outro, Diana Domingues é obstinada, incansável, uma força da natureza, um
furor de energia, e proprietária de um invejável imaginário
proliferante. Justamente esse indomesticável imaginário é o
que constitui a marca registrada de sua arte. Um imaginário
que não afugenta, ao contrário, sabe tirar proveito das intrincadas complexidades das tecnologias de ponta e das ciências
avançadas. Dessas alianças, nasce uma arte sintonizada com
o que há de mais híbrido e inovador no território da criação
artística contemporânea.
Desde o início dos anos 1980, a artista já usava o som
cardíaco e suas grafias em ambientes participativos através
de estetoscópios eletrônicos, osciloscópios, amplificadores,
neons. No final dos anos 1980, quando as tecnologias multimídia estavam se tornando disponíveis aos artistas, Domingues
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A Superlative Artist
“Dianaest Domingues,” this is
how artist Giselle Beiguelman
refers to her colleague. Actually,
everything about Diana Domingues
is superlative: she’s a superlative
professor and advisor, superlative
researcher, and, above all,
internationally recognized superlative
artist. All over the world, there are no
researchers or artists involved in the
field of art and technology who do not
know Diana Domingues and her work.
The name of this award-winning
artist who has been quoted in several
foreign books honors not only her
hometown, Caxias do Sul, but
also our country.
Diana Domingues sets high standards
for herself and others; she’s
determined, hardworking, a force of
nature, an untiring energy, and has an
enviable fertile imaginary. And this
precise untamed imaginary is what
makes up the trademark of her art.
It is an imaginary that does not drive
off the difficult complexities that
exist in state-of-the-art technologies
and in advanced sciences; on the
contrary, it benefits from them.
These alliances result in an art
that is connected with what is most
hybrid and innovative in the field of
contemporary artistic creation.
Since the early 1980s, the artist
used the cardiac sound and its
transcriptions in participatory
environments through electronic
stethoscopes, oscilloscopes,
produzia atmosferas oníricas nas instalações que exploravam
o caráter volátil, evanescente e metamórfico dos corpos e das
subjetividades. Esses trabalhos funcionaram como porta de
entrada para a trajetória mais radical que viria, em meados
dos anos 1990, na série de videoinstalações TRANS-E: o corpo
e as tecnologias e na obra In-Viscera, uma instalação multimídia composta por cinco telas transparentes onde eram teleprojetadas videolaparoscopias tratadas eletronicamente. As
imagens, passeando pelo interior das vísceras vivas, haviam
sido gravadas por uma microcâmera durante uma cirurgia.
É quase impossível dar conta da produção prolífica, ininterrupta como um rio caudaloso, de Diana Domingues. Limito-me, por isso, a apontar para alguns marcos definidores
de sua trajetória. Das paisagens produzidas pela percepção
sensível dos interiores do corpo auscultado pelas tecnologias
avançadas, a artista caminhou para o corpo conectado a interfaces em ambientes sensorizados e softwares comandados por redes neurais, inspiradas em nosso sistema nervoso
biológico. No ano 2000, seu My Body, My Blood apresentava
um sistema imersivo com interfaces para a propriocepção e
animações estereoscópicas, o que lhe valeu o prêmio Unesco
para a Promoção das Artes, durante a 7ª Bienal de Havana.
Das redes neurais, Domingues deu um passo além na
complexidade, saltando para a vida artificial. A instalação
Terrarium-Viveiro explora parâmetros que criam serpentes
artificiais controladas por um sistema de algoritmos genéticos preparado para executar e processar cálculos, simulando características de ambientes orgânicos. Mais um passo
foi dado em HEARTscape, um ambiente virtual imersivo que
oferece interações com um coração virtual simulado. Tratase de um lugar que simula uma caverna para receber o corpo
do participante. Este fica totalmente envolvido pela sensação
de dissolução de seus limites corporais amalgamados com o
ambiente que pulsa e palpita.
Exemplar do gênio indômito da artista é a ciberinstalação
L´Mito – Zapping mobile zone (2004-2006), um sistema interativo que envolve realidade virtual, mineração de dados na rede,
inteligência artificial, algoritmos genéticos e que apresenta
amplifiers, neon. In the late 1980s,
when multimedia technologies
became available to artists,
Domingues created dreamlike
atmospheres in installations that
explored the volatile, evanescent,
and metamorphic aspect of bodies
and subjectivities. These pieces were
the path to a more radical phase,
which started in the mid-1990s, in the
series of video installations TRANS-E:
o corpo e as tecnologias [TRANS-E:
the body and the technologies]
and in the work In-Viscera, a
multimedia installation comprised
of five transparent screens on
which electronically treated video
laparoscopies were projected.
The images, which consisted of a tour
inside the viscera, had been recorded
by a microcamera during a surgery.
It is almost impossible to keep up
with Diana Domingues’ teeming
and continuous production, which
resembles a rushing river. Therefore,
here, my only intention is to point
out some of the landmarks of her
career. From landscapes created
by the sensitive perception of the
inner body, which was auscultated
by advanced technologies, the
artist went on to work with the body
connected to interfaces in sensorized
environments and software
controlled by neural networks
inspired in our biological nervous
system. In the year 2000, her piece
My Body, My Blood presented an
immersive system that had interfaces
for proprioception and stereoscopic
animations; it was awarded the
UNESCO Prize for the Promotion of
the Arts, at the 7th Havana Biennial.
From networks, Domingues went
beyond complexity, taking a leap
to artificial life. The installation
Terrarium-Viveiro explores
parameters that create artificial
snakes controlled by a system of
genetic algorithms that is prepared
to execute and process calculations
to simulate the characteristics of
organic environments. Another step
forward was taken in HEARTscape,
an immersive virtual environment
that offers interactions with a
simulated virtual heart. It is a place
that simulates a cave to receive the
participant’s body. The viewer is
artista homenageada : diana domingues | H O N O R E D A R T I S T: diana domingues
como interface nada menos que leitor a laser de código de
barras, projeções ampliadas, óculos para estereoscopia e
tela sensível ao toque. Dessa alquimia estética de base tecnocientífica, Diana Domingues migrou para a plataforma social
Living Tattoos, um software especulativo visando à criação de
uma ciberplataforma para uma comunidade de tattoos baseada em uma rede social colaborativa.
A sequência inesgotável dos trabalhos de Diana Domingues não para aí. A documentação descritiva e crítica do
elenco completo de sua obra exigiria um livro. Enquanto isso
não se realiza, basta mencionar que hoje a artista, rodeada
de cientistas por todos os lados, encontra-se em um ambiente que faz jus à sua irresistível atração por uma estética que
brota no cerne da tecnociência. No seu laboratório de pesquisa junto ao programa de engenharia biomédica da Universidade de Brasília, desenvolve projetos artísticos em interfaces
afetivas, sistemas vestíveis biocíbridos, eletromiografia, visualização de dados, reconhecimento de voz, paisagens sonoras
e realidade aumentada móvel na vida urbana misturada.
Recentemente, via redes, pedi a Diana Domingues que
me descrevesse seus mais recentes interesses e criações.
Sua resposta jorrou como uma tempestade criadora. Diz ela
que, no ambiente em que vive, “artistas, engenheiros, biólogos, geógrafos, filósofos, físicos, médicos, músicos, coreógrafos, matemáticos, cientistas da computação investigam
a reengenharia da vida e a reengenharia dos sentidos, a reengenharia da natureza, a reengenharia da consciência e a
reengenharia da cultura. Interfaces enativas para acoplamentos estruturais em presenças colocalizadas no espaço
físico e no espaço de dados levam a evasões em RV em CAVE.
Interfaces plurissensoriais e crossmodais, comunicação ubíqua e móvel, interfaces locativas, pervasivas e sencientes,
mapeamentos e traçados em geolocatividade, realidade aumentada e misturada, interfaces biológicas, visão computacional, tagueamento e geotagueidade, processamento de
sinais, biomas, clima e biodiversidade, leis e fenômenos do
cosmos, interfaces sinestésicas que redefinem e suplementam a fisiologia corporal em biofeedback e bioengenharia,
circuitos miniaturizados de comunicação remota e portabili-
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completely involved by the feeling
that his or her body limits are
being dissolved, fusing with the
environment that pulsates
and throbs.
A good example of the artist’s genius
is the cyberinstallation L’Mito –
Zapping mobile zone (2004–2006),
an interactive system that involves
virtual reality, data mining on the
Internet, artificial intelligence, and
genetic algorithms, whose interface
is no less than a laser bar-code
scanner, amplified projections,
stereoscopic glasses, and touch
screen. From this technoscientifically
based aesthetic alchemy, Diana
Domingues migrated to the social
platform called Living Tattoos, a
speculative software whose aim is to
create a cyberplatform for a tattoo
community based on a collaborative
social network.
The endless list of works by
Diana Domingues continues.
A full descriptive and critic
documentation of her body of work
requires a book. In the meantime,
let’s just note that today the artist,
surrounded by scientists, is in an
environment that corresponds
to her irresistible attraction for
an aesthetics that emerges in
the heart of technoscience. In
her research laboratory in the
biomedical engineering program
of the University of Brasília, she
develops artistic projects in affective
interfaces, wearable biocybrid
systems, electromyography, data
visualization, voice recognition, sound
landscapes, and mobile augmented
reality in mixed urban life.
Recently, through networks,
I asked Diana Domingues to tell
me about her recent interests and
projects. Her answer was like a
creative storm. She said that, in the
environment she lives in “artists,
engineers, biologists, geographers,
philosophers, physicists, physicians,
musicians, choreographers,
mathematicians, computer scientists
investigate the reengineering of life
and the reengineering of senses,
the reengineering of nature, the
reengineering of conscience, and the
reengineering of culture. Enactive
interfaces for structural couplings
dade são soluções criativas do aparato tecnológico desafiando o ecossistema”.
O que mais seria necessário acrescentar como comprovação das transfigurações fulgurantes pelas quais a tecnociência pode passar, quando contagiada pelo imaginário fecundante de uma artista?
Lucia Santaella é professora e livre-docente em ciências
da comunicação (ECA-USP). Coordenadora da pós-graduação
em tecnologias da inteligência e design digital, diretora do
CIMID (Centro de Investigação de Mídias Digitais) e coordenadora do Centro de Estudos Peirceanos, todos na PUC-SP.
É presidente honorária da Federação Latino-Americana de
Semiótica, foi presidente da Charles S. Peirce Society (USA,
2007) e vice-presidente da Associação Internacional de Semiótica (1989 e 1999). Recebeu os prêmios Jabuti (2002, 2009),
Sergio Motta (2005) e Luiz Beltrão (2010).
in presences that are colocated in
the physical space and in the data
space lead to evasions in VR in CAVE.
Plurisensorial and crossmodal
interfaces, ubiquitous and mobile
communication, locative, pervasive,
and sentient interfaces, mapping and
tracking in geolocativity, augmented
and mixed reality, biological
interfaces, computer vision, tagging
and geotagging, signal processing,
biomes, climate and biodiversity,
laws and phenomena of the cosmos,
synesthetic interfaces that redefine
and provide supplement to the
physiology of the body in biofeedback
and bioengineering, remote
communication and portability
miniaturized circuits are creative
solutions of the technological
apparatus defying the ecosystem.”
What else would be necessary to
prove the blazing transfigurations
technoscience may undergo when in
contact with the fertile imaginary of
an artist?
Lucia Santaella is a communication
sciences professor, with a habilitation
degree (“Livre-Docência”) from the
University of São Paulo’s School of
Communications and Arts. Santaella
is head of the graduate program
in technologies of intelligence and
digital design, director of CIMID
[Research Center in Digital Media],
and coordinator of the Centro de
Estudos Peirceanos [Center for
Peircean Studies], all of them at
PUC-SP. She is an honorary president
of the Latin American Federation
of Semiotics, was president of the
Charles S. Peirce Society (USA,
2007), and vice-president of the
International Association for Semiotic
Studies (1989 and 1999). She received
the Jabuti (2002, 2009), the Sergio
Motta (2005), and the Luiz Beltrão
(2010) awards.
artista homenageada : diana domingues | H O N O R E D A R T I S T: diana domingues
#HORSCONCOURS
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PAULO BRUSCKY
Paulo Bruscky
(por Drummond, João Cabral e Bandeira)
Giselle Beiguelman
Paulo Bruscky é antropotecnofágico. Devora e tritura o que
estiver pela frente. Jornais, exames científicos, documentos,
placas de ruas. Onde existir comunicação, ele avança. Irônico,
surpreendente, corrosivo.
Diante de suas obras, parecemos habitantes de uma versão 2.0 daquela cidadezinha qualquer de que nos falava Carlos Drummond de Andrade. Na cidade de Drummond, tudo
ia devagar, em meio às casas entre bananeiras e mulheres
entre laranjeiras. Tudo era tão lento e repetitivo que até as
janelas, também devagar, olhavam-nos. Era mesmo uma vida
muito besta.
Pelas frestas das obras de Bruscky, somos confrontados
com outra paisagem. A de uma aldeia global que se pretende
muito poderosa, moderna e arrojada. Nela, tudo vai muito rápido. Os classificados, as perícias clínicas, os veredictos críticos, as falácias dos políticos, tudo está sempre muito além do
entre e passa muito rápido por janelas que nem nos olham. É
mesmo o retrato de uma aldeiazinha qualquer. E não é besta.
É só metida a besta. Mais que isso, é bunda, como aquela cantada também por Drummond, tão engraçada...
Bruscky não nos educa pela pedra, como queria seu conterrâneo João Cabral de Melo Neto. Liquidifica as certezas,
desdenha da chatice das bulas, dos cânones, das mídias para
fazer arte.
E basta de lero-lero. É hors concours, vida, noves fora,
zero.
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Paulo Bruscky (by Drummond,
João Cabral, and Bandeira)
Paulo Bruscky is
anthropotechnophagical. He devours
and crunches whatever is in front of
him: newspapers, scientific exams,
documents, street signs. Wherever
there is communication, he moves
forward. Ironic, surprising, corrosive.
When we look at his works, we seem
like inhabitants of a 2.0 version of
that any given little town Carlos
Drummond de Andrade used to
tell us about. In Drummond’s town,
everything moved slowly, in the midst
of homes, in the midst of banana
trees, and women in the midst of
orange trees. Everything was so slow
and repetitive that even the windows,
also slowly, looked at us. It was
indeed a very dull life.
Through the fissures of Bruscky’s
works, we face a different landscape;
the landscape of a global village that
intends to be very powerful, modern,
and daring. Everything moves fast
in it. Classified ads, clinical reports,
critical verdicts, politician’s fallacies,
everything is always far beyond the
midst and quickly passes by windows,
which don’t even look at us. It is
indeed the portrait of any given little
village. And the village is not dull. It is
actually pretty cocky. More than that,
it is badonkadonk, just as the one also
sung by Drummond, so funny…
Bruscky does not educate us through
the stone, as his fellow countryman
João Cabral de Melo Neto wanted.
He liquefies all certainties; he mocks
the boredom of labels, of canons, of
media, in order to make art.
And enough of this yakety-yak. It is
hors concours, life, casting out nines,
and that is that.
HORS CONCOURS
Confirmado: é arte, 1977
Título eleitoral cancelado, 1976
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História político-administrativa social e econômica do Brasil, 1990
HORS CONCOURS
Meu cérebro desenha assim, 2009
66 | 67
O governo brasileiro adverte, 1994
HORS CONCOURS
Atenção cuidado com o vão, 2008
Disco antropofágico, 1984
Biografias
Júri de seleção, Júri de premiação e Leitores de portfólios
Adriana Amaral (Porto Alegre) é docente e pesquisadora do Programa de Pós-graduação em Ciências da Comunicação da Unisinos. Doutora em comunicação social pela PUC-RS, com estágio de doutorado
em sociologia da comunicação pelo Boston College (EUA). Faz parte do
Conselho Científico da ABCiber – Associação Brasileira dos Pesquisadores em Cibercultura e é membro da Aoir – Association of Internet
Research. É parecerista de vários periódicos e agências de fomento nacionais e internacionais.
Brian Mackern (Montevidéu, Uruguai) é artista e compositor de atuação internacional. Exibiu trabalhos e ministrou palestras em diversos
países, e recebeu diversos prêmios institucionais. Professor de arte
eletrônica e digital da Escola Nacional de Belas-Artes da Universidade
do Uruguai, Mackern é fundador e organizador do dorkbot.mvd e coordenador/curador de arte em novas mídias do Cme-Subte, Montevidéu.
Atualmente, desenvolve o programa “montevideo.ETC” no Espacio de
Tecnología y Cultura em Montevidéu. http://34s56w.org
Cauê Alves (São Paulo) é mestre e doutor em filosofia pela FFLCHUSP e professor da graduação e pós-graduação da PUC-SP. É curador
adjunto da 8ª Bienal do Mercosul, curador do 32º Panorama da Arte
Brasileira do MAM-SP e curador do Solo Projects: Focus Latinoamerica, ARCOmadrid 2012. Desde 2006 é curador do Clube de Gravura do
MAM-SP. Realizou a mostra Mira Schendel: Avesso do avesso (Instituto de
Arte Contemporânea, 2010) e Quase líquido (Itaú Cultural, 2008).
Cícero Silva (São Paulo) é pesquisador e professor da UFJF. Foi pesquisador associado na Universidade da Califórnia, San Diego, e na Brown
University, ambas nos EUA. Coordena o Grupo de Software Studies no
Brasil, é organizador do CineGrid Brasil e curador de arte digital do
Fórum da Cultura Digital Brasileira. Recebeu menção honrosa em comunidades digitais no Prêmio Prix Ars Electronica de 2010.
Clarissa Diniz (Recife) é editora da revista Tatuí. Publicou Crachá – aspectos da legitimação artística (2008), Gilberto Freyre, em coautoria com
Gleyce Heitor (2010) e Montez Magno, em coautoria com Paulo Herkenhoff
e Luiz Carlos Monteiro (2010). Curadorias: Refrações – arte contemporânea em Alagoas (Pinacoteca da UFAL, 2010), contidonãocontido, com o
EducAtivo MAMAM (Recife, 2010). Foi curadora assistente do Programa
Rumos Artes Visuais 2008/2009 (Itaú Cultural, São Paulo) e integrou o
Grupo de Críticos do CCSP (2008-2010).
Claudia Assef (São Paulo) é escritora, jornalista e DJ. Passou pelos
mais importantes veículos do país, chegando a ser correspondente da
Folha de S.Paulo, em Paris, França. Também foi editora das revistas Volume01 e Beatz. No rádio, apresenta o programa Discologia, às quintasfeiras (23h), na Oi FM. É diretora do portal Vírgula, da Jovem Pan, e colu-
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Biographies (Selection Committee,
Prize Jury, and Portfolio Readers)
Adriana Amaral is a lecturer and researcher
with the Graduate Program in Communication
Sciences at Unisinos. Holder of a PhD in social
communication from PUC-RS, with a doctoral
internship in sociology of communication
from Boston College. She is a member of the
Scientific Council of ABCiber and of Aoir. She
is an advisor for several journals and national
and international development agencies.
Brian Mackern is an artist and composer. He
has exhibited his work and given workshops
and lectures internationally, having been
awarded numerous institutional prizes. A
professor in digital and electronic arts with
the University of Uruguay, Mackern is the
founder and organizer of dorkbot.mvd and
new media art coordinator/curator at CmeSubte, Montevideo. He is currently developing
the program “montevideo.ETC” at Espacio de
Tecnología y Cultura.
Cauê Alves has a master’s degree and a
doctorate in philosophy from FFLCH-USP, and
is a graduate and undergraduate professor
at PUC-SP. He is associate curator at the
8th Mercosul Biennial; curator of the 32nd
Panorama da Arte Brasileira (MAM-SP, 2011),
and curator of the section Solo Projects:
Focus Latinoamerica (2012 ARCOmadrid).
Since 2006, he has been the curator of
MAM-SP’s Engraving Club. He organized the
exhibitions Mira Schendel: Avesso do avesso
(Instituto de Arte Contemporânea, 2010)
and Quase líquido (Itaú Cultural, 2008).
Cícero Silva is a researcher and lecturer
with UFJF, and an associate researcher with
the University of California and the Brown
University. He coordinates the Software
Studies Group in Brazil, is the organizer of
CineGrid Brasil, and digital art curator at the
Brazilian Digital Culture Forum. He received
an honorary mention in digital communities at
the 2010 Prix Ars Electronica.
Clarissa Diniz
is editor of Tatuí magazine.
She published Crachá – aspectos da
legitimação artística (2008), Gilberto Freyre, in
collaboration with Gleyce Heitor (2010), and
Montez Magno, in collaboration with Paulo
Herkenhoff and Luiz Carlos Monteiro (2010).
Curatorships: Refrações – arte contemporânea
em Alagoas (UFAL Art Collection, 2010) and
contidonãocontido with EducAtivo MAMAM
(Recife, 2010). She was assistant curator of
the Rumos Itaú Cultural Visual Arts 2008-9
program and was part of Centro Cultural São
Paulo’s Critics’ Group (2008-10).
Claudia Assef
is a writer, journalist, and
DJ. Assef has worked in the most prominent
Brazilian media companies and was a foreign
correspondent with the Folha de S.Paulo
newspaper, in Paris, France. She was the
nista do jornal O Estado de S. Paulo. É autora do livro Todo DJ já sambou,
da editora Conrad.
Cristiana Tejo (Recife) é curadora independente. Atualmente, é cocuradora do 32º Panorama da Arte Brasileira do MAM- SP e curadora do
Projeto Made in Mirrors. Foi diretora do MAMAM (Recife, 2007-2008),
curadora da Fundação Joaquim Nabuco (Recife, 2002-2006) e do Rumos
Artes Visuais do Itaú Cultural (São Paulo, 2005-2006). Na X Bienal de
Havana, fez a curadoria da Sala Especial de Paulo Bruscky e, no Itaú
Cultural, fez a cocuradoria de Futuro do Presente, com Agnaldo Farias.
Publicou Paulo Bruscky – Arte em todos os sentidos (2009).
Eduardo de Jesus (Belo Horizonte) é professor da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas. Graduado em comunicação social
pela PUC Minas, mestre em comunicação pela UFMG e doutor pela
ECA-USP. Faz parte do Conselho da Associação Cultural Videobrasil.
Realizou recentemente as curadorias Dense Local, com Gunalan Nadarajan, no contexto do Transitio MX (Cidade do México, 2009) e Esses espaços, no Oi Futuro (Belo Horizonte, 2010).
Ivana Bentes (Rio de Janeiro) é professora e pesquisadora de cinema, novas mídias, cultura e comunicação da Escola de Comunicação da
UFRJ. Coordenadora do projeto Midiarte e Estéticas da Comunicação, e
coordenadora do Pontão de Cultura Digital da ECO-UFRJ e Laboratório
Cultura Viva. Participa regularmente como ensaísta e conferencista em
publicações e eventos relacionados às áreas de comunicação, artes visuais, cinema, TV e novas tecnologias da imagem, e como curadora em
cinema e arte.
Jorge La Ferla (Buenos Aires, Argentina) é professor catedrático da
Universidade de Buenos Aires, da Universidade de Cinema de Buenos
Aires e da Universidade de Los Andes, Bogotá, Colômbia. Editou trinta
livros sobre arte e mídia. Autor dos livros Video en la Puna: Los viajes de
Valdez (Editorial Nueva Librería, 1994) e Cine (y) digital. Aproximaciones a
posibles convergencias entre el cinematógrafo y la computadora (Ed. Manantial, 2009), entre outros. É curador de cinema, vídeo e novas tecnologias com ampla atuação internacional.
Josephine Bosma (Amsterdã, Holanda) é escritora e crítica de
arte. Publicou Nettitudes – Let’s Talk Net Art [Nettitudes – Vamos falar sobre net art] uma compilação de ensaios (Editora NAi Publishers
/ Institute for Network Cultures), além de entrevistas, críticas e textos para catálogos, livros e revistas. Tendo como foco o trabalho com
net art, arte sonora e cultura de rede, Bosma co-organizou eventos,
como a seção rádio do festival Next 5 Minutes (1996-1999), a newsletter CREAM (2001-2002) e o simpósio do festival GOGBOT (2010-2011).
http://www.josephinebosma.com
Manuela Naveau (Linz, Áustria) é artista independente e curadora.
Juntamente com Gerfried Stocker, é responsável, desde 2004, pelo
festival internacional Ars Electronica. Seu trabalho pessoal tem como
foco projetos que desafiam a percepção da arte. Ela é doutoranda pela
University for Art and Design, em Linz, e sua pesquisa trata de formas
contemporâneas de práticas artísticas influenciadas pela internet.
editor of Volume01 and Beatz magazines. She
is the host of the radio program Discologia (Oi
FM), the director of Jovem Pan radio station’s
website, Vírgula, columnist in O Estado de
S. Paulo, and the author of the book Todo DJ
já sambou (Ed. Conrad).
Cristiana Tejo is an independent curator. She
is the cocurator of the 32nd Panorama da Arte
Brasileira (MAM- SP, 2011) and curator of the
Project Made in Mirrors. She was director of
MAMAM (Recife, 2007-8), curator of Fundação
Joaquim Nabuco (Recife, 2002-6) and of
Rumos Itaú Cultural Visual Arts (São Paulo,
2005-6). In the 10th Havana Biennial, Tejo
curated the special room dedicated to Paulo
Bruscky. She also cocurated the exhibition
Futuro do Presente, with Agnaldo Farias (Itaú
Cultural). She published the book Paulo
Bruscky – Arte em todos os sentidos (2009).
Eduardo de Jesus is a lecturer with PUC
Minas’ Communication and Arts School. He
is a graduate in social communication from
PUC Minas, holder of a master’s degree in
communication from UFMG and a doctorate
from ECA-USP. He is a member of Associação
Cultural Videobrasil’s Council. He cocurated
Dense Local, with Gunalan Nadarajan, as part
of the Transitio MX festival (Mexico City, 2009),
and curated the exhibition Esses espaços (Oi
Futuro, Belo Horizonte, 2010).
Ivana Bentes is
a lecturer and researcher in
the fields of cinema, new media, culture, and
communication with UFRJ’s Communication
School. Bentes coordinates the projects
Midiarte e Estéticas da Comunicação,
ECO-UFRJ’s Pontão de Cultura Digital, and
Laboratório Cultura Viva. She writes essays
in different journals and delivers lectures in
events related to communication, visual arts,
cinema, TV, and new imaging technologies;
she is also a cinema and art curator.
Jorge La Ferla is a full professor at the
University of Buenos Aires, at the University
of Cinema Foundation, Buenos Aires, and at
the University of Los Andes, Bogota. He has
edited thirty books on art and media. He’s the
author of Video en la Puna: Los viajes de Valdez
(Nueva Librería, 1994) and Cine (y) digital.
Aproximaciones a posibles convergencias
entre el cinematógrafo y la computadora
(Manantial, 2009), among others. He’s an
internationally acclaimed cinema, video, and
new technologies curator who participates in
events all over the world.
Josephine Bosma is a writer and art critic.
She published the Nettitudes – Let’s Talk Net
Art collection of essays (NAi/ Institute for
Network Cultures), in addition to interviews,
reviews, and texts in catalogues, books, and
magazines. Focused on net art, sound art,
and net culture, Bosma has coorganized
events such as the radio section of Next 5
Minutes (1996-99), the CREAM newsletter
(2001-02), and the symposium of the GOGBOT
festival (2010-11).
Manuela Naveau is an artist and
independent curator. Together with Gerfried
Stocker she has been responsible, since
2004, for the development of the international
exhibitions of Ars Electronica. Naveau’s
personal work focuses on projects that
Marcos Boffa (São Paulo) é um dos produtores de eventos musicais
mais ativos da América do Sul. Criou o Eletronika – Festival de Novas
Tendências Musicais em Belo Horizonte (1999) e integrou a equipe dos
festivais Sonar Sound SP (2004), Nokia Trends (2005), Motomix (2006),
Planeta Terra Festival e Vivo arte.mov – Festival Internacional de Arte e
Mídias Móveis. Em 2009, participou do júri do Transmediale de Berlim,
na Alemanha. Integra o júri do Prix Ars Electronica 2011 na categoria
Digital Musics & Sound Art.
Priscila Arantes (São Paulo) é pesquisadora, crítica e curadora. Mestre e doutora em comunicação e semiótica pela PUC-SP e pós-doutora
pela Unicamp. É diretora técnica do Paço das Artes e foi diretora adjunta do MIS-SP (2007-2011). É autora de Arte @ Mídia: perspectivas da
estética digital (Senac/Fapesp), Conexões tecnológicas (Imesp), Estéticas
tecnológicas: novas formas de sentir (Educ). Foi curadora das exposições
I/legítimo: dentro e fora do circuito (2008), Crossing [Travessias] (2010) e
Assim é, se lhe parece (2011).
Priscila Farias (São Paulo) é designer gráfica e pesquisadora na área
de design. Doutora em comunicação e semiótica pela PUC-SP, é docente da FAU-USP, onde coordena o Laboratório de Pesquisa em Design
Visual, e do Centro Universitário Senac-SP. Editora do periódico científico InfoDesign, organizadora dos livros Fontes digitais brasileiras (Rosari) e Advanced Issues in Cognitive Science and Semiotics (Shaker Verlag),
autora de Tipografia digital (2AB) e de diversos artigos sobre tipografia,
design e semiótica.
Tadeu Chiarelli (São Paulo) é professor junto ao Departamento de Artes Plásticas da ECA-USP e diretor do Museu de Arte Contemporânea
da USP.
Tania Aedo (Cidade do México, México) é diretora do Laboratorio Arte
Alameda. Em 1993, passou a trabalhar no Multimedia Center, do qual
foi diretora entre 2005 e 2007. Nos anos 1990, como parte de sua prática artística, dedicou-se ao desenvolvimento de simulações interativas tridimensionais (Realidade Virtual), de ambientes multiusuários e
de pequenas comunidades na internet. Atualmente, tem como foco de
pesquisa o desenvolvimento de estratégias artísticas em contextos específicos, tecnologia e educação interdisciplinar na América Latina.
Tiago Mesquita (São Paulo) atua como crítico e, ocasionalmente,
como curador. É formado em ciências sociais e mestre em filosofia pela
FFLCH-USP e colaborou com os jornais Folha de S.Paulo e O Público,
além das revistas Novos Estudos Cebrap, +soma e Reportagem, entre
outros. Escreve o blog do Guaciara e é letrista de música popular. Já
compôs com Rômulo Fróes, Maurício Takara e Rob Mazurek.
attempt to challenge accepted perceptions of
visual art forms. She is pursuing a doctorate
at the University for Art and Design (Linz),
where she researches contemporary forms of
artistic practices influenced by the Internet.
Marcos Boffa is one of the most active
musical events producers in South America.
He created Eletronika festival (Belo
Horizonte, 1999) and joined the teams of
the following festivals: Sonar Sound SP
(2004), Nokia Trends (2005), Motomix (2006),
Planeta Terra Festival, and Vivo arte.mov. In
2009, Boffa was part of the jury of the Berlin
Transmediale. He is part of the jury of Prix
Ars Electronica 2011 in the Digital Musics &
Sound Art category.
Priscila Arantes is a researcher, critic, and
curator. Holder of a master’s degree and a
doctorate in communication and semiotics
from PUC-SP, and a postdoctorate from
Unicamp. She is the technical director of
the museum Paço das Artes and has been
associate director of MIS-SP (2007-11). She
is the author of Arte @ Mídia: perspectivas
da estética digital (Senac/Fapesp), Conexões
tecnológicas (Imesp), Estéticas tecnológicas:
novas formas de sentir (Educ). She curated the
exhibitions I/legítimo: dentro e fora do circuito
(2008), Crossing [Travessias] (2010), and Assim
é, se lhe parece (2011).
Priscila Farias is a graphic designer and
researcher in the field of design. She is the
holder of a doctorate in communication
and semiotics from PUC-SP and a lecturer
with FAU-USP—where she coordinates the
Research Laboratory in Visual Design—and
with the Senac University Center. She is also
the editor of the scientific journal InfoDesign,
organizer of the books Fontes digitais
brasileiras (Rosari) and Advanced Issues
in Cognitive Science and Semiotics (Shaker
Verlag), and author of Tipografia digital (2AB)
and of several papers on typography, design,
and semiotics.
Tadeu Chiarelli is a professor at the Visual
Arts Department at ECA-USP, and director of
USP’s Contemporary Art Museum.
Tania Aedo is the director of Laboratorio
Arte Alameda. She has worked at the
Multimedia Center since 1993 and directed
it from 2005 to 2007. In the 1990s, as part
of her artistic practice, she was involved
in the development of three-dimensional
interactive simulations (Virtual Reality), as
well as multiuser environments and small
communities on the Internet. Her current
research is focused on the development
of strategies for art in specific contexts,
technology, and interdisciplinary education in
Latin America.
Tiago Mesquita is a lecturer, an art critic,
and occasionally also a curator. A graduate
in social sciences with a master’s degree
in philosophy from FFLCH-USP, he has
contributed in Folha de S.Paulo and O Público
newspapers, besides Novos Estudos Cebrap,
+soma, and Reportagem magazines, among
others. He writes the blog do Guaciara and
is also a pop music lyricist. He has written
songs in partnership with Rômulo Fróes,
Maurício Takara, and Rob Mazurek.
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Imagens gentilmente cedidas pelos artistas ou por:
Images kindly granted by the artists or by:
Galeria Nara Roesler / Fernanda Figueiredo e Eduardo Mattos (Jerk Off [Dízima periódica], 2006-11, p. 17)
Cauê Ito (Redes vestíveis, 2010, p. 18; Campo minado, 2009-11, p. 19)
Leonardo Crescenti (reler, 2008, p. 26, imagem inferior [lower image])
Ana Paula Miranda, Fernando M. (Vj’ing móvel: espetáculo+vigilância=consumo, 2005, p. 37)
Ana Paula Miranda, Fernando M., Kinho Skujis, Borô (Surveillance Wireless Vj’ing Performance, 2004, p. 39)
Henrique Skujis, Borô (The Birth of Automaton: Cyborg Panopticando, 2004, p. 39)
Bianca Aun (Outono, 2007, p. 42)
Cuia Guimarães (Queda, 2010, p. 42)
Maíra Buzelin Leonel (Garganta, 2010, p. 44)
Amilcar Packer (Imprevisibilidade e justeza, 2010, p. 46)
Conception Levi, Camil Scorteanu (Maquiagem aumentada, 2008-10, p. 46)
Pedro Victor Brandão (Dissimulado, 2009-10, p. 47)
Ale Vega (Pêndulo, 2011, p. 49; Presenças insustentáveis, 2010-11, p. 50/51)
Brigitte Pougeoise (O observador, 1999, p. 54)
Bel Pedrosa (Not Me, 2008, p. 55)
Galeria Nara Roesler (Título eleitoral cancelado, 1976, p. 63; Confirmado: é arte, 1977, p. 63; História politicoadministrativa social e econômica do Brasil, 1990, p. 64; Meu cérebro desenha assim, 2009, p. 65; O governo brasileiro
adverte, 1994, p. 66; Disco antropofágico, 1984, p. 67; Atenção cuidado com o vão, 2008, p. 67)
Alguns dos trabalhos que aparecem neste catálogo foram realizados em parceria:
Some of the artworks that are shown in this catalogue were made in partnership:
ponte, 2008, p. 27, com [with] Lea van Steen
Marvim Gainsbug, 2009, p. 32, com [with] Filipe Calegário
Vj’ing móvel: espetáculo+vigilância=consumo, 2005, p. 37 com [with] Ana Paula Miranda, Fernando M., Luciana Costa,
Mariana Cavalcanti, Flavia Vivaqua
Manifeste-se [todo mundo artista] – mobile webtv live broadcast, 2006-08, p. 38 com [with] Fernando M., Diogo Lessa,
Jobas, Paulo Régis, Tony Domingues
Surveillance Wireless Vj’ing Performance, 2004, p. 39, com [with] Ana Paula Miranda, Fernando M., Kinho Skujis, Borô,
Daniel Gonzales, Ricardo Barreto, mau sacht
Acidente, 2006, p. 40, com [with] Cao Guimarães
O que exatamente vocês fazem, quando fazem, ou esperam fazer curadoria?, 2010, p. 43, com [with] Yuri Firmeza
Mira, 2001, p. 43, com [with] Eva Queiroz, Filipe FCMC, Leandro HBL, João Flávio Flores, Sérgio Borges
Imprevisibilidade e justeza, 2010, p. 46, com [with] Arto Lindsay, Pedro Sá, Lisette Lagnado
Da obsolescência programada em 3 atos, 2009, p. 49, [with] com Paulo Beto, Jarbas Jácome
Catalogação na Fonte:
Bibliotec Gerenciamento da Informação
P916 Prêmio Sergio Motta de arte e tecnologia, 9 / Camila
Duprat; Giselle Beiguelman; Lucia Santaella et al. 1.ed.
São Paulo: Instituto Sergio Motta, 2011.
72p.: il; 24cm
Título em inglês: 9th Sergio Motta art & technology award.
ISBN: 978-85-60824-09-0
1.Arte e tecnologia. 2.Cultura. 3.Premiação. 4.Arte. I.
Duprat, Camila. II. Beiguelman, Giselle. III. Santaella,
Lucia, et al. IV. Título.
CDD – 700.105
INSTITUTO SERGIO MOTTA
Conselho Deliberativo Board
Presidente Chairman | Antonio de Pádua Prado Junior
Vice-Presidente Vice-Chairman | Paulo Renato Costa Souza – in memoriam
Presidente de Honra Honorary Chairman | Wilma Kiyoko Vieira da Motta
Conselheiros Board Members | Lídia Goldenstein, José Expedicto Prata, Marcello Borg, Ethevaldo Mello de Siqueira,
Silvia Alice Antibas
Conselho Fiscal Audit Committee | Antonio Carlos Bernardo, Maria Helena Berlinck Martins, Teiji Tomioka
Diretoria Main Executives
Diretora-Presidente CEO | Wilma Kiyoko Vieira da Motta
Diretor Financeiro CFO | João Teixeira de Almeida Junior
Colaboradores Team
Superintendência Superintendent | Camila Duprat Martins
Coordenação de Projetos Projects Coordinator | Tetê Tavares
Coordenação de Produção Production Coordinator | Aline Minharro Gambin
Coordenação de Comunicação Diffusion Coordinator | Fernanda Perez
Controller Controller | Luciana Dacar
Administração Administration | Sadao Kitagawa
Auxiliar Administrativo Administrative Assistant | Márcio dos Santos
Secretaria Geral Executive Secretary | Maria José Tenório Paiva
www.ism.org.br
9º PRÊMIO SERGIO MOTTA DE ARTE E TECNOLOGIA
9th SERGIO MOTTA ART AND TECHNOLOGY AWARD
Coordenação Geral General Coordinator | Camila Duprat Martins
Curadoria Curator | Giselle Beiguelman
Coordenação do Projeto Projects Coordinator | Tetê Tavares
Coordenação de Produção Production Coordinator | Aline Minharro Gambin
Coordenação de Comunicação Diffusion Coordinator | Fernanda Perez
Controller Controller | Luciana Dacar
Administração Administration | Sadao Kitagawa
Identidade Visual Visual Identity | Paula Astiz
Assessoria de Imprensa Press Relations | Décio Hernandez Di Giorgi
CATÁLOGO CATALOGUE
Coordenação Geral General Coordinator | Tetê Tavares
Coordenação Editorial Editorial Coordination | Rafaela Ferreira
Versão para o Inglês Translation | Márcia Macêdo
Revisão Proofreading | Regina Stocklen
Projeto Gráfico Graphic Design | Paula Astiz
CTP, impressão e acabamento CTP, printing, and finishing | Gráfica Águia
Tiragem Print run | 2.000 exemplares 2,000 copies
São Paulo, Brasil, 2011 | São Paulo, Brazil, 2011
PATROCÍNIO | SPONSORSHIP
APOIO | SUPPORT
REALIZAÇÃO | PRODUCED BY
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