que Voltou

Transcrição

que Voltou
16,5 mm
B e s t s e l l e r d o N e w Yo r k T i m e s
«Talvez já esteja claro que o Alex esteve no Céu
várias vezes, mas a primeira viagem, no dia do
acidente, foi diferente do que acontece agora.
Na ocasião do acidente, ele passou por um túnel
de luz e teve uma série de interações com os
anjos e com Deus. Naquela altura, também pôde
observar acontecimentos na terra, como o que
acontecia no local do acidente (mesmo depois de
o helicóptero levar o seu corpo do local) e nas
urgências, onde ele e Jesus observavam a
operação. Lembra-se das conversas a respeito de
permanecer no Céu ou voltar para a terra. Muitos
desses relatos parecem fantásticos, mas não são
sem precedentes no campo das experiências
de quase-morte. Outras pessoas que foram ao
Céu descreveram muitos pormenores similares
às experiências dele.
Conhece alguém que tenha estado no Céu?
Pela mão de um menino de seis anos, entre pelas portas
do universo celestial e descubra
o lugar onde todos iremos viver um dia.
Em novembro de 2004, o pequeno Alex Malarkey, de seis anos,
sofreu um acidente terrível quando viajava no banco de trás do carro
conduzido pelo seu pai. O impacto da colisão foi de tal modo grave
que, embora tenha sobrevivido a uma paragem cardíaca, Alex entrou
em coma. Quando acordou, ao fim de dois meses, tinha uma história
impressionante para contar.
O Menino Que Voltou do Céu revela-lhe a viagem mais invulgar que
alguém pode fazer: a experiência de Alex desde o momento do
acidente, a perda de consciência, a estada no hospital e a sua jornada
Kevin Malarkey
é um cristão terapeuta com grande prática
Kevin e Alex Malarkey
O Menino
que Voltou
do Céu
de aconselhamento psicológico. Licenciou-se
e fez várias graduações no seu estado natal do
Ohio, nos EUA. A sua formação académica inclui
estudos de psicologia clínica, avaliação
psicológica e aconselhamento familiar. Kevin
desenvolveu também uma grande experiência em
programas educacionais, avaliando distúrbios
psicológicos e dando aconselhamento aos jovens
e respetivas famílias. Kevin e a sua mulher, Beth,
são pais de quatro filhos (Alex, Aaron, Gracie,
e Ryan). Gostam de passar o tempo juntos,
fazendo jogos ou passeios lúdicos. Quanto ao seu
filho Alex, com quem escreveu O Menino que
Voltou do Céu, confessa simplesmente que nem
de ascensão ao Céu, rumo ao encontro com o Divino.
sempre sabe lidar com a sua dimensão
As experiências do Alex têm, no entanto, uma
grande diferença: ele ainda vai periodicamente
ao Céu. Quando acontece isso? Principalmente
durante o sono. Mas também acontece
ocasionalmente quando está acordado, na cama.
Há uma certa regularidade na forma como ocorre
a visita. Ele entra pelas portas e conversa com os
anjos que estão de prontidão. Normalmente,
esses anjos estão a conversar animadamente
sobre o dia em que Jesus voltará à terra. E, como
sempre, dizem ao Alex para não ter medo.
sobrenatural.
Conduzido por anjos que o ajudaram a atravessar os portões
celestiais, Alex dá-nos a conhecer algumas das conversas que teve
com Deus, bem como muitos pormenores sobre um universo que
Alex Malarkey
escapa por inteiro à nossa perceção sensorial.
é a primeira criança no mundo a quem foi feita
a «cirurgia Christopher Reeve», que lhe permite
respirar sem um ventilador. O menino que voltou
A história verídica de uma viagem única.
uma nova perspetiva sobre os milagres,
a vida e a morte.
do céu acredita que um dia vai conseguir andar
A história verdadeir a
de um encontro com Deus
sozinho novamente. É um grande fã de desporto
e torce avidamente pelas suas equipas preferidas
de futebol americano, os Pittsburgh Steelers e os
— Filho, porque é que os anjos te dizem sempre
para não teres medo? A que achas que eles se
referem?
— Acho que se referem à glória de Deus.»
Um relato impressionante sobre a vida no Além,
repleta de anjos e milagres.
ISBN 978-989-668-304-7
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apresentação
deste livro.
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9 789896 683047
Espiritualidades
Ohio State Buckeyes.
ÍNDICE
AGRADECIMENTOS INTRODUÇÃO CAPÍTULO 1
DO ALEX:
7
9
13
26
Nas Encruzilhadas Eu Fui ao Céu CAPÍTULO 2 Três Jornadas DO ALEX:
Eu Observo, do Teto 31
45
CAPÍTULO 3 Setenta e Duas Horas DO ALEX:
Do Lado de dentro dos Portões 47
65
CAPÍTULO 4 Um Exército Convocado Céu e Terra DO ALEX:
69
85
CAPÍTULO 5 Milagres, Confusões e mais Milagres DO ALEX:
Anjos 87
106
CAPÍTULO 6 Conhecemos Outro Mundo
DO ALEX:
Anjos a Ajudar­‑me 109
136
CAPÍTULO 7 De Volta para Casa
DO ALEX:
Dizer aos Outros 139
169
CAPÍTULO 8 Guerra e Paz DO ALEX:
Demónios 171
195
CAPÍTULO 9 Fins e Começos DO ALEX:
Eu ainda Visito o Céu 199
217
CAPÍTULO 10 O Caminho em Frente
EPÍLOGO:
Perguntas e Respostas com o Alex APÊNDICE DE PASSAGENS DAS ESCRITURAS 221
241
245
AGRADECIMENTOS
Como é que eu e o Alex poderíamos começar a agradecer a qualquer
pessoa sem antes agradecer a Deus, no Céu, que salvou as nossas
duas vidas a 14 de novembro de 2004 e que é a razão pela qual
temos o propósito e a esperança que permeiam as nossas vidas?
Agradeço à Beth, que teve uma visão do que a história do Alex
poderia fazer para ajudar outras pessoas. O seu trabalho incansável
pelo nosso filho vai além de qualquer descrição. Agradeço ao Aaron,
à Gracie e ao Ryan, por sempre tentarem perceber a atenção que o
Alex recebe, e também por perceberem que eu, a vossa mãe e Deus
vos amamos tanto quanto amamos o vosso irmão mais velho.
Agradeço aos milhares e milhares de pessoas que oraram
e têm orado diariamente por muitos anos pela nossa família.
Desempenharam um papel importante que tentamos mostrar
na nossa história. E, ainda mais importante do que isto, as vossas orações estão guardadas no Céu. Obrigado, pastor Brown, pastor Ricks e todas as outras maravilhosas pessoas que concertaram
esforços para auxiliar a nossa família.
Agradeço a todas as pessoas incríveis da Tyndale House, que não
só converteram a nossa história em livro mas que se tornaram membros essenciais do apoio de oração pelo Alex e pelo resto da nossa
equipa. O Alex deseja fazer uma menção especial ao seu amigo
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Stephen Vosloo, que continuamente põe um sorriso no rosto do
Alex, desde o dia em que se conheceram. Agradeço à Lisa Jackson,
à Kim Miller e ao Jan Long Harris por nos ajudarem a organizar a
nossa história. Agradeço também ao Rob Suggs pela sua ajuda no
manuscrito.
Agradeço ao Matt Jacobson por — há alguma coisa que não
fizeste? — orar, escrever, editar e servir como nosso agente e,
acima de tudo, como nosso amigo.
Também gostaria de agradecer aos meus pais, porque sempre acreditaram em mim e porque me apresentaram ao Deus que
agora sirvo. Agradeço também aos pais da Beth, que me ensinaram a coragem e a graça durante tempos difíceis.
Por fim, gostaria de agradecer ao meu filho Alex. És o meu
herói e a pessoa com quem mais me quero parecer quando crescer.
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INTRODUÇÃO
Fomos criados para muito mais do que as coisas deste mundo.
Às vezes podemos perceber isso. Temos um sentimento de que,
apesar dos nossos melhores esforços, não pertencemos a este lugar,
que este não é o nosso destino final. Temos fomes e sedes profundas, que não podem ser satisfeitas.
Na verdade, quando tentamos fazer deste mundo o nosso lar,
a nossa segurança e o lugar do nosso conforto, simplesmente acabamos por nos sentir desapontados ou vazios. É por isso que um
grande santo da Igreja se sentiu motivado a escrever: «Os nossos
corações estão inquietos até que encontrem o seu descanso em Ti.»
O nosso lar é o Céu. Mas o que é o Céu? O Céu irradia o esplendor da glória de Deus. Ele está cheio da música de anjos em adoração e da beleza de uma paisagem que não se deteriorou. Como o
Céu é a morada de Deus, os que entram pelas suas portas sentem
apenas paz, esperança, fé e amor — a verdadeira essência do próprio Deus.
Por mais que ansiemos pelo Céu, há um problema. Sabemos
pouco sobre o lugar em que fomos criados para viver. O leitor
conhece alguém que já lá tenha estado? Viu alguma fotografia do
lugar? Certamente que pode ter ouvido histórias de luzes brancas e
túneis, contadas por pessoas que passaram pela morte e então
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regressaram a esta vida. Mas… e se existisse uma pessoa que
tivesse estado no Céu… que tivesse realmente passado pelas suas
portas… e permanecido ali por um período suficiente para aprender sobre aquele lugar? Estaria interessado no que essa pessoa
tivesse a dizer?
Bem, eu conheço uma pessoa assim. É o meu filho William
Alexander Malarkey. Chamamos­‑lhe Alex.
Em novembro de 2004, eu e o Alex sofremos um acidente de
carro. O acidente foi tão terrível que não se esperava que o Alex, que
tinha 6 anos na época, sobrevivesse, e um médico­‑assistente chegou a sugerir que fosse chamado o médico­‑legista. Posteriormente,
no hospital, o Alex esteve em coma durante dois meses. Ele passou
esse período no Céu e, quando regressou para nós, teve muito a
dizer sobre a sua experiência.
Sei que o leitor pode estar a pensar: Um rapazinho vai para o Céu
e volta para nos falar sobre ele? Ora, convenhamos!
Não estou aqui para advogar uma causa, para convencer o leitor
de um argumento teológico ou forçá­‑lo a validar as experiências do
Alex. Mas humildemente ofereço um desafio: suspenda a sua crítica
por apenas alguns capítulos.
Penso que a sua vida poderá modificar­‑se para sempre.
Às vezes, não tenho ideia do que pensar sobre a vida sobrenatural do Alex — não tenho uma caixa teológica onde guardar isso.
Mas todos os que dedicaram algum tempo a conhecer o Alex concordam: ele é um miúdo notável, sobre o qual Deus colocou a mão para
os Seus propósitos.
O que vai ler a seguir inclui descrições físicas de partes do Céu,
uma narrativa da maneira como o Alex e Deus às vezes conversam,
sem intermediários, e pormenores sobre a experiência direta do
Alex com anjos, demónios e, sim, o próprio Diabo.
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O Céu é real. Há um mundo invisível em ação: uma dimensão espiritual intensamente ativa, bem aqui na terra, à nossa volta.
E grande parte dessa atividade impede­‑nos de nos concentrar no
nosso destino futuro, o lugar onde passaremos a eternidade.
O Alex esteve lá. E, se o seu coração estiver inquieto, se já desejou mais do que este mundo oferece, convido­‑o a acompanhar o
Alex na sua jornada para o Céu e o seu regresso.
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CAPÍTULO 1
Nas Encruzilhadas
A estrada reta e vazia era uma ilusão de ótica mortal.

As folhas mal se mantinham presas aos velhos carvalhos que ladeavam a estrada naquela manhã fria de novembro. Enquanto eu e o
Alex seguíamos para a igreja no meu velho Honda Civic, finalmente comecei a libertar­‑me da sensação de pressa que havia sentido enquanto fazia com que o meu filho mais velho se vestisse e
saísse de casa.
Na nossa família, como em muitas outras, os preparativos para
ir à igreja envolviam lutar contra as forças do caos. Nós já estávamos atrasados quando o Alex correu pela casa, completamente nu,
para ver um programa sobre vida selvagem na televisão, em vez de
se vestir, como lhe havíamos dito. Nada de roupas, nada de pequeno­
‑almoço e, honestamente, nada de obediência à mãe; tudo isto resultou em nervos e impaciência. Porém, havia outra coisa a passar­‑se.
No dia anterior, o nosso recém­‑nascido, o Ryan, havia deixado o
hospital e ido para casa. Esse facto atualizava a soma de filhos: eram
quatro, com a idade máxima de 6 anos. Será que alguém realmente
está pronto para quatro filhos pequenos? Parecia que a melhor
maneira de preservar algum sentido de normalidade era que, pelo
menos, dois de nós fôssemos à igreja naquele dia.
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Naquele momento, a vigiar pelo espelho retrovisor, sorri enquanto
os olhos do Alex dançavam para mim.
— Estou contente por estares comigo hoje, miúdo.
— Eu também, papá. É um momento papá­‑Alex, não é?
— Exatamente, Alex. Só tu e eu!
O Alex era o meu companheiro. Desde o início, havíamos
feito tudo juntos e havíamos ido a todos os sítios juntos. Vários
dos Barneys do Alex estão sempre por perto. Algumas crianças
têm um animal indefinido. Algumas crianças têm uma mantinha de segurança. O Alex tinha os seus Barneys: pequenos pedaços de pano que ele gostava de mastigar. O Alex, com 6 anos, era
o meu filho mais velho, de quatro — quatro! Que número fantástico! Agora era preciso habituar­‑me à ideia.
Continuámos no carro, em silêncio. Como que sondando involuntariamente o futuro, com os meus olhos fixos no horizonte, num
futuro que parecia cheio de iguais medidas de riqueza e, sinceramente, incertezas. Senti o peso da responsabilidade de ser «papá»
de quatro filhos pequenos. A profunda inspiração que dei, sem me
dar conta, foi exalada com ruído. Não pude evitar pensar nas despesas médicas.
Havíamos alterado o nosso plano de saúde recentemente e não
estaríamos cobertos para um caso de gravidez durante mais alguns
meses. Vir ao mundo sem seguro médico não tornou o nosso bebé
nem um pouco menos maravilhoso, mas não havia como evitar:
tornou a sua vida brutalmente cara.
As folhas varreram a rua, sinal de uma brisa crescente. A estação estava a mudar. Tudo estava a mudar: casa nova, igreja nova,
bebé novo. As estações são naturais e boas. A nossa família estava a
embarcar numa nova estação: outro filho. Isso também era natural
e bom. Os problemas financeiros seriam resolvidos. Sempre eram.
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O rápido novo enfoque trouxe uma sensação de tranquilidade e
ajudou­‑me a saborear o que havia acontecido no dia anterior: eu e a
Beth, a minha bela esposa, havíamos ocupado as horas com múltiplos turnos com o nosso recém­‑nascido.
O Alex não quis.
— Anda cá, Alex — disse eu. — És o irmão mais velho dele.
Anda segurar o bebé.
— Não quero, papá. Posso só pegar na câmara? Não gosto de
pegar em bebés.
Estudei o meu filho mais velho por um momento, e eu e a Beth
trocámos olhares.
— Claro, filho, toma. Tu ficas com a câmara.
Quem pode perceber a mente de uma criança? Ele ficaria mais
próximo e íntimo do Ryan no seu próprio ritmo. Para quê forçá­‑lo?
A nossa chegada ao estacionamento da igreja trouxe­‑me de
volta ao presente. A Beth e o novo bebé estavam a descansar em
casa, com a Gracie, de 2 anos, e o Aaron, de 4, e eu e o Alex estávamos prestes a conhecer algumas pessoas novas. Tínhamos estado
naquela igreja poucas vezes.
Antes de sair do carro, ocorreu­‑me novamente tudo aquilo
por que eu realmente devia estar agradecido, o quanto fora abençoado, o quanto me fora dado: tínhamos um novo membro na
família, ao mesmo tempo em que nos tornávamos membros de
uma nova família na igreja, tendo­‑nos mudado para uma nova
casa no campo pouco tempo antes. Embora o meu consultório de
psicoterapia não estivesse muito agitado ultimamente, eu tinha
uma profissão — diferentemente de muitas pessoas.
Mas será que eu estava verdadeiramente agradecido? Sim,
mais ou menos… de forma geral. A presença contínua de despesas
que aumentam cada vez mais tem uma forma de exigir atenção, de
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obscurecer todas as coisas boas, de distorcer a beleza que nos rodeia
e que enche as nossas vidas. É como o gotejar irritante da torneira
que não se consegue arranjar, ou, no meu caso, como o ruído agudo
de um alarme a advertir sobre as contas menores que não haviam
sido pagas e sobre o pagamento da prestação da casa que ainda não
havia sido feito… pelo segundo mês consecutivo. A verdade é que,
para mim, a nuvem da pressão financeira obscurecia o belo e revigorante brilho do sol das verdades de Deus. Ainda assim, era domingo,
e aos domingos a nossa família vai à igreja.
O Alex foi para a sua aula, eu sentei­‑me, sorri educadamente
a todos os que estabeleciam contacto visual comigo ao procurar assentos no auditório, mas a minha mente consumia­‑se, outra vez, com a
imagem da pilha de contas para pagar, que parecia olhar para mim
sempre que eu passava pela porta de entrada de casa. O cântico terminou, e de repente eu estava de volta ao presente, com o pastor
Gary Brown a abrir a sua Bíblia no púlpito e a dizer:
— Estivemos a explorar diferentes aspetos do caráter de Deus.
Ele identificou­‑se nas Escrituras por meio de vários nomes. Hoje estamos a considerar como Deus se revelou a nós relativamente às nossas necessidades: Jeová­‑Jireh. Assegurar que nós tenhamos aquilo
de que necessitamos é uma responsabilidade que Deus assume
pessoalmente, uma mensagem que Ele oferece por intermédio do
Seu nome, que significa, literalmente, «o Senhor proverá». Sejamos
claros: Deus não disse que proveria a tudo o que nos faltasse, mas
que nos daria as coisas que Ele sabe que realmente nos fazem falta.
Se Deus disse que todas as nossas necessidades são o Seu interesse
e responsabilidade, porque perdemos tanto tempo sendo ansiosos?
Tive a sensação de que estava com um sinal pintado na testa,
com um grande dardo que o perfurava. O sermão poderia ter terminado ali mesmo. A minha tensão, tão palpável momentos antes,
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fora substituída por uma leveza de espírito que eu não havia sentido durante toda a manhã. Aquela era apenas a minha quinta visita
à igreja, pelo que não era possível que o pastor Brown tivesse conscientemente preparado aquele sermão sob medida para a minha
situação. Mergulhei a cabeça entre as mãos e tive de sorrir com
a repreensão que vinha no momento exato. Deus é o Provedor.
Ele sabe aquilo de que necessito. Pensei outra vez sobre a nossa
pilha de contas para pagar. A primeira coisa que vou fazer ao chegar
a casa é afixar um grande cartaz diante dela: «Deus satisfará as nossas necessidades.»
Depois do culto, iniciei uma conversa com o líder das crianças. Caminhámos pelo relvado, no agradável ar de fim de outono,
comentando a visão do pastor e da equipa em relação à sua igreja.
O Alex tentou ser paciente durante aquela conversa de adultos.
Trocámos olhares e sorrimos entre nós, mas era difícil para o meu
rapazinho suportar uma conversa que, para ele, parecia que nunca
teria fim. Inclinei­‑me e sussurrei:
— Alex, és um miúdo tão bem comportado… Vamos encontrar
um parque a caminho de casa, está bem?
Um grande sorriso indicou a sua aprovação.
Alguns minutos depois, eu e o Alex dirigimo­‑nos de volta ao
carro, agora praticamente sozinho no estacionamento. Prendi o seu
cinto de segurança no banco de trás, mas, antes de me sentar atrás
do volante, deixei os meus olhos percorrerem o chão até às portas
da frente do edifício. Eu havia chegado com ansiedade e estava a sair
com esperança. Como é que pude não agradecer?
— Não te esqueças, papá, que temos de ir a um parque! — lembrou o Alex, quando me sentei no banco do condutor.
— Está descansado, Alex, mas vais ter de me ajudar a encontrar um. Presta atenção à tua janela.
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Descemos a rua à procura de um parque com a intensidade
de caçadores à espreita da caça. Durante o curto percurso, surgiu
um cemitério. Eu costumava usar a aparição de um cemitério para
ensinar ao Alex que cada um de nós tem um espírito.
— Olha, Alex: um cemitério. O que há ali?
— Apenas corpos, papá. Os cemitérios não têm pessoas, porque, quando elas morrem, os seus espíritos deixam os corpos e vão
para a sua nova casa.
— Exatamente, filho. Agora, onde estará esse parque?
Não se passou muito tempo até o Alex gritar:
— Olha, há ali um. Ali!
Eu mal havia parado o carro quando o Alex saltou para fora,
correndo em direção às escadas, barras e rampas. Apenas alguns
meses antes, num parque semelhante, o Alex havia perdido o controlo no topo do escorrega tubular. Ali estava eu, a espremer o meu
corpo de 1,87 metros pelo túnel… Papá ao resgate! Nunca mais.
De alguma maneira, desde então, o Alex tinha­‑se transformado
num super-herói.
— Alex, tem cuidado —
­ adverti. — Estás a deixar­‑me inquieto.
Presta atenção a onde pões as mãos e os pés.
A Beth geralmente estava próxima para manter o controlo das
coisas, mas, na sua ausência, percebi repentinamente que o Alex
estava a correr muitos riscos. Eu tinha uma boa razão. O Alex já
era um veterano das urgências (já lá fora parar duas vezes!).
Relativamente à sua última visita, eu realmente tenho de admitir
que a escolha do momento, por parte do Alex, foi boa. Ali estava
eu nas urgências, e o Alex levava pontos. Quando o médico terminou, deixei o Alex com a tia e corri para a sala de partos, para
estar com a Beth, minutos antes da chegada do Aaron! Agora,
naquele dia, pela forma como o Alex estava a comportar-se,
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pendurando­‑se e balançando­‑se, era fácil imaginar que teríamos
de fazer outra visita às urgências!
— Olha, papá, sem as mãos!
— És um campeão, Alex. Agora tem cuidado.
Onde estava o meu pequeno e tímido Alex?
Depois de cerca de 15 minutos, comecei a ficar ansioso, sabendo
que a Beth estaria a perguntar­‑se acerca de onde estávamos.
— Anda, filhote. É melhor voltarmos para casa. A mamã já deve
estar preocupada com o que nos pode ter acontecido.
Entre o Céu e a Terra
Depois de pôr o Alex em segurança no assento atrás de mim, puxei a
correia do cinto, para me certificar de que estava apertada. O desafio
seguinte era encontrar o caminho para casa no meio daquele território pouco familiar — claro que sabia como havia chegado à igreja,
mas encontrar atalhos e explorar novos caminhos são atividades
que fazem parte da diversão de viver numa nova área. Começámos
a andar, e logo à frente apareceu uma bifurcação. Peguei no telemóvel para dizer à Beth onde estávamos.
— Olha, Alex, aposto que aquela rua nos levará até casa. Vamos
por ela.
Embora fosse um caminho rural, estava ladeado por várias
vivendas com amplos jardins.
Ring… Ring…
Parado na bifurcação, com o telemóvel junto ao ouvido, olhei em
ambas as direções, como sempre fazia. Não vinha nenhum veículo
num raio de, pelo menos, 800 metros. O que eu não sabia era que,
naquele cruzamento desconhecido, eu não estava a olhar para uma
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extensão perfeitamente reta de 800 metros. Vários metros à frente,
pouco antes de a estrada descrever uma curva à esquerda, havia um
imenso declive que obscurecia qualquer coisa que pudesse estar ali.
A estrada reta e vazia era uma ilusão de ótica mortal.
— Olá, Beth, como está tudo? Bem, vi­‑me numa longa conversa depois do culto, e então encontrámos um parque, mas agora
estamos a caminho de casa. Devemos chegar aí…
— Papá, tenho fome. Ainda falta muito?
Virei­‑me para responder ao Alex enquanto ainda falava ao telemóvel com a Beth. Entrei no cruzamento, e então…
Houve o ruído ensurdecedor de metal a cortar metal e depois
um silêncio brilhante. Tudo era silêncio.
  
À medida que a falta de consciência se transformava numa consciência confusa, a minha mente lutou para obter ordem a partir do
caos. O frágil começo de um pensamento conseguiu chegar à clareza:
O que estou a fazer, deitado numa vala, ao lado do meu carro? A minha
mente estava acelerada. O que se passa? Com o primeiro lampejo de
razão a cintilar na minha mente ainda enevoada, sentei­‑me, confuso. O que havia acontecido? Porque estava ali? O Alex… ele estava
comigo, não estava? Onde está o Alex? Onde está o meu filho?
Não sei por quanto tempo estive inconsciente, mas várias pessoas já haviam corrido das casas próximas até ao local do acidente.
«Fique deitado. Não se mexa», implorou alguém. Não pude. Cada
fibra do meu coração gritava: «Onde está o Alex?» Agora que eu
estava de pé, tudo parecia amortecido. Movia­‑me lentamente, como
se estivesse a andar no fundo de uma piscina. Eu gritava, cada vez
mais: «Alex, Alex, Alex!» Nenhuma resposta. O meu coração batia
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num ritmo de terror. O silêncio caiu como um martelo, mas logo
foi interrompido pelo lamento de sirenes.
Quando a minha mente estava a ser dilacerada pelo medo,
um braço gentil envolveu­‑me os ombros. Virei­‑me e vi os olhos
bondosos de um completo estranho.
— Teve um acidente de viação. Há um menino que ainda está
no banco traseiro do carro.
Estavam bombeiros e polícias por todo o lado, concentrando­‑se
no que anteriormente era o meu carro. Antes que eu tivesse um
momento para pensar no que poderia encontrar no banco traseiro,
corri e olhei. Um cheiro ácido e desagradável invadiu­‑me os sentidos. No meio de milhares de fragmentos de vidro, estofamento
rasgado e metal retorcido, estava o meu filho, o meu primogénito,
em quem estavam depositados os sonhos do seu pai e da sua mãe,
ainda preso pelo cinto de segurança — ainda na sua roupa de levar à
igreja. Ele está bem, ele está bem. Está inconsciente e provavelmente deve
ter sofrido uma concussão, mas vai ficar bem. Mas, naquele momento
de desespero, o que eu esperava freneticamente não se equiparava
à dura realidade. E, enquanto eu continuava a olhar, o terror logo
superou a minha esperança. Havia sangue a jorrar de um corte na
testa do Alex. E o que havia de errado com a sua cabeça? Estava pendurada de uma maneira anormal para a esquerda, estranhamente
mais baixa do que deveria estar. Os olhos vazios e assustadoramente cheios de sangue olhavam para baixo.
Alex, meu filho… Ele parece morto! Matei o meu filho.
Uma imensa onda de incredulidade, horror e esmagadora angústia levantou­‑se sobre mim, ameaçando engolir­‑me. Do outro lado do
carro, os paramédicos trabalhavam furiosamente, tentando remover o
Alex e colocá­‑lo numa maca, sem deixar de estabilizar uma passagem
de ar para fazer com que chegasse oxigénio aos seus pulmões.
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Alguns momentos depois, um médico que consultava o polícia
que fora o primeiro a chegar ao local disse:
— Temos de entrar em contacto com o médico­‑legista e cancelar o helicóptero de resgate.
— Sim, mas o helicóptero já está a aterrar.
O pânico atingiu­‑me o peito, e a minha respiração converteu­‑se
em curtos arquejos, enquanto a minha mente corria incontrolavelmente entre a confusão: Sou eu a causa de tudo isto. Matei o meu filho?
E as pessoas do outro carro? De onde veio o outro carro? Serei preso? Está
o Alex realmente morto?
Ouvi um forte ruído na bifurcação, a poucos metros da porta da
frente da minha casa. Fui bombeiro, pelo que pensei que conseguiria ajudar, por isso corri para o local do acidente. Quando
cheguei, o Kevin, que eu não conhecia na ocasião, estava atordoado. As pessoas insistiam para que ele se sentasse, uma vez que
estava, obviamente, desorientado. Corri antes até ao outro carro,
mas ali as pessoas pareciam estar bem. Então fui até ao carro do
Kevin e pude ver que havia um miúdo no banco de trás. Subi à
parte traseira da melhor forma que pude, mas não fazia ideia se o
menino estava morto ou vivo. Eu sabia que não devia tocar­‑lhe na
cabeça, mas pus a minha mão sobre o seu peito. Não se conseguia
perceber a respiração da criança. Sou um homem de fé, por isso
comecei a rezar por ele. Também conversei com ele, como se me
pudesse ouvir, embora não houvesse resposta. Eu disse:
— Não te preocupes, miúdo.
E continuava a orar.
— Vais ficar bem.
E continuava a orar.
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— Não tenhas medo. Aguenta aí.
E continuava a orar.
— Vais conseguir, miúdo. Vem aí ajuda.
Eu não tinha nenhuma indicação de que o Alex estivesse vivo,
mas continuava a orar por ele e pelo seu pai.
Dan Tullis
À medida que as pessoas se juntaram ao redor da confusão organizada do esforço de resgate, a vergonha lançou­‑se sobre
mim — o pai que havia causado a destruição de tantas vidas. Será
que todas aquelas pessoas estavam a condenar­‑me secretamente?
Estavam atrasadas. A condenação já havia invadido o fundo do
meu coração. Oh, meu Deus, o que foi que eu fiz?
O medo percorreu todo o meu corpo como uma corrente elétrica. Completamente confuso quanto ao que fazer, virei­‑me quando
uma mão no meu ombro direito me interrompeu os pensamentos.
— Encontrámos este telemóvel no carro. O senhor gostaria de
telefonar para a sua esposa?
A Beth! Oh, não! Ela estava a falar comigo quando o acidente
aconteceu. Ainda estava em casa, com o Ryan, de 2 dias de idade,
e o Aaron e a Gracie. O que estaria ela a pensar? O que teria ouvido?
Enquanto digitava o número, decidi diminuir o crescente aperto
na minha garganta.
— Beth.
— Estou? Kevin?
Mas, no momento em que ouvi a sua voz, a angústia e a vergonha explodiram e transformaram­‑se em soluços.
— Oh, Beth, oh, Beth, tivemos um acidente terrível!
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Corriam­‑me lágrimas pelo rosto.
A caminho do hospital, lembro­
— Ele morreu? — perguntou
‑me de ter dito a Deus: «O Alex
ela, com a voz baixa e calma.
é Teu. Se decidires levá­‑lo para
— Não sei. Não sei. Estão a pô­‑lo
junto de Ti hoje, muito bem,
num helicóptero e vão levá­‑lo para o
mas terás de me dar as forças
Hospital Pediátrico. Sinto muito, Beth.
para suportar isso.»
— Estou com as crianças. Vamos
Beth Malarkey, mãe de Alex
concentrar­‑nos no que precisamos de
fazer agora. Vou ter contigo ao Hospital Pediátrico.
No meio da desordem do esforço de resgate, ouvi alguém
dizer: «Conseguimos uma pulsação. Muito fraca, mas está aqui.»
Naquela altura, a Beth já havia desligado o telefone e estava a juntar as crianças para fazer o percurso de uma hora e meia até ao
Hospital Pediátrico de Columbus.
Corri até ao helicóptero, decidido a ir naquele voo, mas um
braço forte deteve­‑me.
— O senhor é o pai? — perguntou­‑me um paramédico de
uniforme.
— Sim, sou — respondi, tentando seguir em frente e subir
para o helicóptero.
— O senhor pode vir connosco. — Mas então ele hesitou
por um momento e olhou de novo para a cena do acidente. —
Desculpe, mas o senhor também esteve envolvido no acidente?
— Sim, era eu quem estava a conduzir, mas estou bem.
O tempo é sempre essencial, ainda mais no caso do Alex. Quando
chegámos ao local do acidente, as suas pupilas estavam fixas (não
reagiam à luz), ele não estava a respirar sozinho, e era difícil sentir­‑lhe
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o pulso. Eu e o meu colega soubemos que a criança estava gravemente ferida e pensámos que ela provavelmente morreria devido aos
ferimentos. Ainda assim, fizemos o melhor que podíamos. A caminho do local do acidente, eu sentira, no meu coração, que necessitava de rezar antes de chegarmos, pelo que orei silenciosamente
enquanto corríamos para o local. Agora percebo porquê.
Depois de pormos o Alex numa maca, levámo­‑lo para o helicóptero. O Kevin perguntou se podia orar com o filho antes de
levantar voo. Dissemos que sim, mas tinha de ser algo realmente
rápido, porque não podíamos perder tempo. O Kevin começou
a chorar, e preocupámo­‑nos com a possibilidade de que a oração demorasse demais. Perguntei se ele era cristão. Ele disse que
sim. Retorqui que eu e a enfermeira também éramos. Perguntei­
‑lhe se acreditava que Deus desejava curar o seu filho, e ele afirmou que sim. Eu disse que acreditávamos nisso também. Depois
perguntei­‑lhe se me permitiria orar pelo seu filho no helicóptero.
Ele concordou, então agradecemos e partimos.
Quando subimos para o helicóptero, rapidamente coloquei
a minha mão sobre o peito do Alex e orei para que ele se recuperasse em nome de Jesus. Então, simplesmente agradeci ao Senhor
por curar o Alex e acreditei que Deus estava a fazer o que Ele disse
que faria, na Sua Palavra.
Frequentemente rezo pelos pacientes durante os voos — não
todas as vezes, mas frequentemente.
Dave Knopp, paramédico
— Sinto muito, mas não pode vir connosco. O senhor tem de
ser examinado no hospital local.
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O pânico apoderou­‑se de mim outra vez. Não ir com o Alex?
Impossível! Eu estava reduzido a implorar, mas não me importava.
— Tem de me deixar ir com o meu filho. A sério, estou bem.
Tenho de ir com ele. Por favor, deixe­‑me ir com o Alex… Por favor!
— Eu percebo o que deve estar a sentir, mas agora a melhor
coisa que pode fazer pelo seu filho é ir ao hospital, ter certeza de
que está bem e deixar­‑nos socorrê­‑lo. O Alex é a sua prioridade.
Ele também é a nossa prioridade.
— Mas eu estou bem! — protestei. — Veja, estou a andar, estou
bem. Tem de me deixar ir com ele.
Com firmeza mas com respeito, o paramédico disse:
— Sinto muito, mas tenho de fechar as portas e ir.
— Oh, Deus… Oh, Deus! — gritei, a orar freneticamente. —
Por favor, salva o meu filho, por favor… — Mas isso foi tudo o
que consegui fazer, antes de ser envolvido por soluços de angústia.
O primeiro paramédico olhou para o seu colega e disse, com
os dentes cerrados:
— Temos de ir agora.
Do Alex
Eu Fui ao Céu
Deixai vir a mim os pequeninos e não os afasteis, porque
o Reino de Deus pertence aos que são como eles.
Marcos 10,14
O papá não viu o carro que se aproximava, mas eu vi. Gosto de olhar
pela janela traseira do carro do papá, e era isso o que estava a fazer
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quando começámos a virar. Eu estava precisamente a preparar­‑me
para lhe dizer que havia um carro quando sofremos o acidente.
Durante um único segundo antes que começasse toda a «ação»,
houve um momento de calma. Lembro­‑me de ter pensado que
alguém iria morrer. Quando a calma terminou, ouvi o ruído de vidro
a partir­‑se e vi os pés do papá a saírem do carro.
Naquele momento achei que sabia quem iria morrer. Mas então
vi uma coisa incrivelmente fixe. Cinco anjos estavam a carregar
o papá para fora do carro. Quatro deles carregavam o seu corpo,
e o outro segurava­‑lhe o pescoço e a cabeça. Os anjos eram grandes e
musculosos, como lutadores, e tinham asas nas costas, dos ombros
até à cintura. Pensei que o papá estivesse morto, mas não fazia mal,
porque os anjos iriam fazer com que ele ficasse bem.
Então olhei para o banco do passageiro, e o Diabo estava a
olhar nos meus olhos. Ele disse: «Sim, é isso mesmo, o teu papá
está morto, e a culpa é tua.» Pensei que o acidente tinha acontecido
por culpa minha, porque eu tinha feito uma pergunta ao papá e ele
se virara para responder pouco antes de chocarmos com o outro
carro. Não estou certo se vi o papá do carro ou do Céu. Fui para o
Céu pouco depois de o outro carro bater no nosso, mas não tenho
certeza do momento exato em que deixei o corpo. O que sei é que,
enquanto eu estava no Céu, tudo era perfeito.
Foi isto o que aconteceu no nosso carro, depois de o outro carro
bater no nosso. Tudo pareceu durar apenas poucos segundos.
Ouvi o som de vidro a partir­‑se e tentei baixar a cabeça para me
proteger. Quando me baixei, vi um pedaço de vidro no meu polegar. Foi quando percebi que tudo aquilo era real, e tentei morder
o Barney. Senti uma dor na boca, como se tivesse mordido a língua. Comecei a sentir dor por todo o corpo. Pensei que eu seria
o próximo a morrer. As minhas costas estavam a arder como se
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houvesse um fogo atrás de mim. Tentei virar a cabeça na direção
da parte traseira do carro, mas não havia fogo. Eu conseguia ver
apenas um grande círculo negro, e alguma coisa cheirava realmente mal. Senti uma terrível dor na parte posterior da cabeça.
Parecia que havia uma faca enterrada no meu pescoço. E então
percebi que a minha cabeça estava pendurada para um lado e eu
não conseguia endireitá­‑la.
Tentei chamar o papá, mas não conseguia ouvir o som da minha
voz. Imaginei que talvez a minha audição não estivesse bem. Então
achei que o som do carro a bater contra nós estava a ecoar­‑me na
cabeça. Com os lábios, disse: «Amo­‑te, papá.»
Acreditei que o teto do carro iria cair sobre mim. Parecia que eu
estava num avião, a voar na estrada. Parecia que um vulcão estava
em erupção e vinha na minha direção. Vi os dois airbags a explodir.
O papá voou para fora do carro antes que os airbags se abrissem.
A janela do lado do passageiro, na parte dianteira, partiu­‑se. O banco
traseiro foi rasgado por vidro. Havia vidro na minha mão direita,
na minha axila esquerda, no meu cabelo, nas minhas partes íntimas.
Eu sabia que a minha sobrancelha tinha sofrido um corte, porque
pingava sangue dela. Eu sabia que a minha garganta, o meu nariz
e os meus olhos estavam a sangrar. Eu sentia que também a minha
barriga sangrava, através do cinto de segurança.
O bombeiro cortou o meu cinto porque estava preso. Puseram­‑me
alguma coisa na garganta, para me fazer respirar. Enquanto estava
na maca, eles disseram­‑me que eu devia ser forte. Disseram que eu
estava muito ferido e que ia para o hospital. Disseram que eu era um
rapaz corajoso.
Passei por um túnel comprido e branco, muito brilhante. Não
gostei da música no túnel; era uma música verdadeiramente feia,
tocada em instrumentos de cordas muito longas.
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Mas então cheguei ao Céu, e ali havia uma música vigorosa,
e gostei muito.
No Céu, os mesmos cinco anjos que haviam ajudado o papá
a sair do carro estavam ali. Eles consolaram­‑me. O papá também estava no Céu. Os anjos ficaram comigo para que o papá
pudesse estar sozinho com Deus. O papá teve ferimentos muito
graves, como os meus, mas Deus estava a curá­‑lo no Céu, para trazer glória a Si mesmo — foi o que Deus me contou, mais tarde.
O papá perguntou a Deus se ele poderia trocar de lugar comigo,
mas Deus disse que não. Deus disse que me curaria mais tarde,
na terra, para trazer mais glória ao Seu nome.
Depois de Deus dizer «não» ao papá, o espírito dele voltou para
o corpo, ao lado do nosso carro destruído. Do Céu, eu podia ver o
papá, deitado na vala, ao lado do nosso carro.1
1 Kevin: «Não tenho nenhuma lembrança de ter estado no Céu, mas o Alex é enfático ao
afirmar que foi isto o que aconteceu.»
29
16,5 mm
B e s t s e l l e r d o N e w Yo r k T i m e s
«Talvez já esteja claro que o Alex esteve no Céu
várias vezes, mas a primeira viagem, no dia do
acidente, foi diferente do que acontece agora.
Na ocasião do acidente, ele passou por um túnel
de luz e teve uma série de interações com os
anjos e com Deus. Naquela altura, também pôde
observar acontecimentos na terra, como o que
acontecia no local do acidente (mesmo depois de
o helicóptero levar o seu corpo do local) e nas
urgências, onde ele e Jesus observavam a
operação. Lembra-se das conversas a respeito de
permanecer no Céu ou voltar para a terra. Muitos
desses relatos parecem fantásticos, mas não são
sem precedentes no campo das experiências
de quase-morte. Outras pessoas que foram ao
Céu descreveram muitos pormenores similares
às experiências dele.
Conhece alguém que tenha estado no Céu?
Pela mão de um menino de seis anos, entre pelas portas
do universo celestial e descubra
o lugar onde todos iremos viver um dia.
Em novembro de 2004, o pequeno Alex Malarkey, de seis anos,
sofreu um acidente terrível quando viajava no banco de trás do carro
conduzido pelo seu pai. O impacto da colisão foi de tal modo grave
que, embora tenha sobrevivido a uma paragem cardíaca, Alex entrou
em coma. Quando acordou, ao fim de dois meses, tinha uma história
impressionante para contar.
O Menino Que Voltou do Céu revela-lhe a viagem mais invulgar que
alguém pode fazer: a experiência de Alex desde o momento do
acidente, a perda de consciência, a estada no hospital e a sua jornada
Kevin Malarkey
é um cristão terapeuta com grande prática
Kevin e Alex Malarkey
O Menino
que Voltou
do Céu
de aconselhamento psicológico. Licenciou-se
e fez várias graduações no seu estado natal do
Ohio, nos EUA. A sua formação académica inclui
estudos de psicologia clínica, avaliação
psicológica e aconselhamento familiar. Kevin
desenvolveu também uma grande experiência em
programas educacionais, avaliando distúrbios
psicológicos e dando aconselhamento aos jovens
e respetivas famílias. Kevin e a sua mulher, Beth,
são pais de quatro filhos (Alex, Aaron, Gracie,
e Ryan). Gostam de passar o tempo juntos,
fazendo jogos ou passeios lúdicos. Quanto ao seu
filho Alex, com quem escreveu O Menino que
Voltou do Céu, confessa simplesmente que nem
de ascensão ao Céu, rumo ao encontro com o Divino.
sempre sabe lidar com a sua dimensão
As experiências do Alex têm, no entanto, uma
grande diferença: ele ainda vai periodicamente
ao Céu. Quando acontece isso? Principalmente
durante o sono. Mas também acontece
ocasionalmente quando está acordado, na cama.
Há uma certa regularidade na forma como ocorre
a visita. Ele entra pelas portas e conversa com os
anjos que estão de prontidão. Normalmente,
esses anjos estão a conversar animadamente
sobre o dia em que Jesus voltará à terra. E, como
sempre, dizem ao Alex para não ter medo.
sobrenatural.
Conduzido por anjos que o ajudaram a atravessar os portões
celestiais, Alex dá-nos a conhecer algumas das conversas que teve
com Deus, bem como muitos pormenores sobre um universo que
Alex Malarkey
escapa por inteiro à nossa perceção sensorial.
é a primeira criança no mundo a quem foi feita
a «cirurgia Christopher Reeve», que lhe permite
respirar sem um ventilador. O menino que voltou
A história verídica de uma viagem única.
uma nova perspetiva sobre os milagres,
a vida e a morte.
do céu acredita que um dia vai conseguir andar
A história verdadeir a
de um encontro com Deus
sozinho novamente. É um grande fã de desporto
e torce avidamente pelas suas equipas preferidas
de futebol americano, os Pittsburgh Steelers e os
— Filho, porque é que os anjos te dizem sempre
para não teres medo? A que achas que eles se
referem?
— Acho que se referem à glória de Deus.»
Um relato impressionante sobre a vida no Além,
repleta de anjos e milagres.
ISBN 978-989-668-304-7
Veja o vídeo de
apresentação
deste livro.
www.nascente.pt
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Espiritualidades
Ohio State Buckeyes.

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