A Hegemonia europeia

Transcrição

A Hegemonia europeia
A Hegemonia Europeia
A Conferência de Berlim
O Mapa Cor de Rosa
M Filipe Sousa 2012
O domínio europeu
A Hegemonia Europeia
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A Europa dominava o Mundo nos finais do século XIX e inícios do
século XX
Politicamente: dominava e controlava grande parte da África e Ásia;
Económica e financeiramente: grandes bancos, grandes empresas
industriais e comerciais encontravam-se nos principais estados europeus;
Demograficamente: continente mais povoado, com as maiores cidades,
população disposta a emigrar para povoar novos continentes;
Cientifica e culturalmente: até 1914 todos os prémios Nobel ligados à
ciência foram europeus; na literatura, na filosofia e nas artes eram europeus
que dominavam; até a moda europeia e o estilo de vida influenciavam o
mundo.
Século XIX (2ª metade) – EUROPA/ CRESCIMENTO INDÚSTRIAL
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Alterações nos modos de vida
Desenvolvimento das economias capitalistas
(grandes empresas,
desenvolvimento da banca)
Aumento do consumo
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(forte crescimento demográfico)
Potências industrializadas
Desenvolvimento economia:
Necessidade matérias primas e a baixos preços
Mercados para exportação de produtos excedentários (consequência
produção em massa)
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Rumos
Politica expansionista de reforço dos impérios coloniais
Alargamento da área de influência a regiões menos desenvolvidas
(colonialismo)
Domínio politico, económico, militar e cultural (imperialismo)
A presença europeia em África antes da
Conferência de Berlim 1884/85
EUROPA - rivalidades e disputas
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Competição e rivalidade entre as potências na luta pelo domínio das
regiões menos exploradas mas possuidoras de matérias primas
necessárias ao desenvolvimento industrial
Procura de matérias primas
Disputa por territórios africanos, aumento das rivalidades entre as
potências europeias pelo domínio de África
Viagens de exploração interior do continente africano
geográficos, científicos, militares, políticos e económicos)
(interesses
A Conferência de Berlim
A Conferência de Berlim realizada entre 19 de Novembro de
1884 e 26 de Fevereiro de 1885 teve como objetivo organizar,
na forma de regras, a ocupação de África pelas potências coloniais
e resultou numa divisão que não respeitou, nem a história, nem as
relações étnicas e mesmo familiares dos povos do Continente.
No congresso, que foi proposto por Portugal e organizado pelo
Chanceler alemão Otto von Bismarck — país anfitrião, que não
possuía colónias na África, mas tinha esse desejo e viu-o satisfeito,
passando a administrar o “Sudoeste Africano” (atual Namíbia) e o
Tanganica — participaram ainda a Grã Bretanha, a França, a
Espanha, a Alemanha, a Itália, a Bélgica, o Império Austro Húngaro
e Portugal.
Colónias em 1914
Espanha
Bélgica
Itália
França
Inglaterra
Alemanha
Portugal
A Conferência de Berlim
A partilha de África
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Princípio da ocupação efetiva – prioridade aos
países que tivessem possibilidade de explorar e
ocupar o território
Derrota do direito histórico da descoberta.
Inglaterra – território do Cairo ao Cabo;
França – colónias na África ocidental;
Itália, Alemanha, Bélgica, Espanha e Portugal – ficaram
com o restante território repartido entre si;
Alemanha – insatisfação pelo resultado, clima de tensão
entre os países;
As Viagens de Exploração Africana
A exploração do continente africano marca os finais do século XIX, com as grandes viagens
de exploração.
É no período compreendido entre 1836
e 1865, sob influência do Marquês
Sá da Bandeira, que se dá na
política portuguesa uma viragem
para África.
O
interesse governamental pelos
territórios africanos depara, no
entanto, com a fraca implantação
portuguesa no terreno.
O interior era mal conhecido, e apenas
nas regiões costeiras existiam
zonas de ocupação que serviam de
meio de escoamento de produtos
coloniais.
Foto: Sociedade Geografia, numa gravura da Revista Ocidente
em 1901
Rumo: o interior de África
Nas décadas de 1870 e 1890, verifica-se um aumento do interesse dos países europeus
pelo continente africano.
A ocupação de vastas zonas do litoral pelos portugueses era um obstáculo às
pretensões dos outros países, mas as zonas do interior eram ainda muito pouco
conhecidas. Por outro lado, os problemas políticos e financeiros portugueses facilitavam
uma mudança de poderes instalados neste continente e uma alteração da política
dominante: do direito tradicional da prioridade das descobertas, para um
direito de ocupação efectiva, estabelecido internacionalmente na
Conferência de Berlim de 1884-1885.
A Conferência de Berlim impõe o direito à ocupação de facto, isto é, o
reconhecimento, por parte dos régulos indígenas, da soberania de uma potência
europeia sobre os territórios tradicionalmente pertencentes a uma ou várias etnias,
contra
a
validação
dos
direitos
históricos
reclamados
por
Portugal.
OS EXPLORADORES
As viagens de H. Capelo, Serpa Pinto e Roberto Ivens
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A primeira expedição promovida pela
Sociedade foi levada a efeito por Serpa
Pinto (1846-1900), Hermenegildo Capelo
(1841-1917) e Roberto Ivens (1850-1898),
em 1877. O seu principal objectivo era a
exploração do rio Cuango, a região das
origens dos rios Zambeze e Cunene e das
bacias hidrográficas do Cuanza e do
Cuango. Depois de iniciada e expedição, os
exploradores dividiram-se e, enquanto
Capelo e Ivens se mantiveram fiéis ao
figurino inicial, Serpa Pinto seguiu as
indicações de Luciano Cordeiro e tentou
fazer a travessia de Angola a Moçambique.
Não o conseguiu como pretendia, mas
chegou a Pretória, e posteriormente a
Durban. A ligação entre Angola e
Moçambique seria realizada com sucesso
em 1884-1885 por Capelo e Ivens.
Foto: Os exploradores H. Capelo e R. Ivens
OS EXPLORADORES
David Livingstone e Henry Stanley
David Livingstone (1813-73), foi um missionário e médico escocês que explorou
uma grande parte do interior da África. Numa incrível jornada em 1853-56,
ele tornou-se o primeiro europeu a atravessar o continente africano. Começando no
rio Zambeze, ele viajou do norte para o oeste através de Angola até atingir o
Atlântico, em Luanda. Na sua viagem de volta, ele acompanhou o Zambezi até sua
foz, no Oceano Índico, atualmente Moçambique.
A expedição mais famosa de Livingstone foi em 1866-73, quando explorou a África
Central na tentativa de encontrar a nascente do rio Nilo. Sem dar notícias por muitos
anos, foi dado como morto. Tanto a Sociedade Real Geográfica quanto o jornal
sensacionalista New York Herald organizaram expedições para encontrá-lo.
Henry M. Stanley (1841-1904), um repórter de origem britânica que se
transformaria em notável explorador por seus próprios méritos, liderou a expedição
do Herald. Em 10 de novembro de 1871, Stanley encontrou Livingstone na cidade de
Ujiji, às margens do Lago Tanganica, na atual Tanzânia. As notícias da descoberta
causaram comoção mundial. Este livro, que surgiu em Chicago em 1872, fez parte do
esforço das editoras em capitalizar a demanda do público para obter informações
sobre Livingstone e Stanley e sobre a África em geral.
David Livingstone (1813-73)
Encontro entre Livingstone e Styanley no interior de África
Henry M. Stanley (1841-1904)
Portugal vs. Inglaterra
A exploração do território africano
As pretensões portuguesas de ocupação do espaço entre Angola e Moçambique chocaram, no
entanto, com as pretensões inglesas, que se materializaram no Ultimato de 1890 e
consequente reivindicação dessa zona para o império inglês.
Para além das questões territoriais e de política colonial, merece destaque a preocupação da
dos exploradores em fazerem descrições minuciosas das zonas percorridas, com a elaboração
de mapas, fotografias e recolha de informação com interesse científico.
Desta forma, cumpriam os objectivos delineados pela Sociedade de Geografia, contribuindo
para o conhecimento das zonas efectivamente ocupadas pelos portugueses.
Nos anos seguintes as expedições africanas continuariam a ser promovidas, mas com
objectivos mais localizados de conhecimento aprofundado de Angola e Moçambique. Ao longo
do século XX foram realizados vários trabalhos de exploração e de registo cartográfico,
hidrográfico, etnográfico, entre outros.
Mapa Cor-de-rosa
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Nome dado ao projecto
português para unir Angola
a Moçambique,
apresentado no Congresso
de Berlim de 1884 e que
provocou forte reacção da
Inglaterra.
Este ambicioso plano
aparece já numa
convenção luso -francesa
de 1886 e figura a cor-derosa, daí advindo o nome
para a questão.
Mapa Cor-de-rosa
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No entanto, este nosso plano
chocava frontalmente com os
planos de expansionismo
inglês para esta área,
sobretudo com as iniciativas
de Cecil Rhodes, cujo plano
pretendia ligar o Cabo ao
Cairo, sempre por solo
britânico, ao mesmo tempo
que punha em jogo o critério,
formulado em Berlim, de que
só a ocupação efectiva seria
prova do domínio colonial.
Por isso, o governo apressouse a organizar expedições de
vária ordem aos territórios em
litígio, enquanto se
desenvolviam esforços para a
obtenção de apoios no plano
diplomático.
Mapa Cor-de-rosa
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Pensou-se que um desses
pontos de apoio fosse a
Alemanha, visto também
ter disputas coloniais com
a Inglaterra. Porém, não
só não conseguimos o
apoio da Alemanha, como
não conseguimos provar a
nossa procedência na
ocupação dos territórios
em causa.
Portugal / Inglaterra
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De resto, esta
disputa colonial com
a Inglaterra
acabaria por
culminar no
humilhante Ultimato
feito a Portugal, em
Janeiro de 1890
O Ultimatum (1890)
O assassinato
Sarajevo, 28 Junho 1914
As Alianças: Tríplice Entente: França, Rússia e Reino Unido;
Tríplice Aliance: Alemanha, Império Austro Húngaro e
Itália.