sistemas de apoio à decisão clínica e ao doente
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SISTEMAS DE APOIO À DECISÃO CLÍNICA E AO DOENTE UMA OPORTUNIDADE PARA OS FARMACÊUTICOS HOSPITALARES Trabalho candidato ao Prémio APFH/IPSEN 2008 Sistemas de apoio à decisão clínica e ao doente Prémio Uma oportunidade para os farmacêuticos hospitalares IPSEN2008 Índice 1. Introdução ............................................................................................................................ 5 2. Objectivos ............................................................................................................................ 9 3. Sistemas de apoio à decisão clínica.............................................................................. 10 Prescrição electrónica .................................................................................................. 10 a. i. Prescrição electrónica nos Estados Unidos da América .................................... 10 ii. Ponto de situação em Portugal .............................................................................. 11 4. Sistemas de apoio ao doente ......................................................................................... 14 5. O farmacêutico hospitalar nos sistemas de apoio à decisão clínica e ao doente .. 16 6. Discussão e conclusão .................................................................................................... 25 7. Bibliografia ......................................................................................................................... 27 Tabela 1 ‐ Exemplos do impacto na prescrição entre a data da colocação da informação e o número de prescrições geradas .......................................................................................................... 18 Tabela 2 ‐ Dados sobre alergias dos doentes entre Agosto de 2007 e Agosto de 2008............... 18 Tabela 3 ‐ Dados sobre alertas gerados pelo farmacêutico entre Agosto de 2007 e Agosto de 2008 ..................................................................................................................................................... 18 Tabela 4 – Lista de medicamentos seleccionados ........................................................................ 20 Tabela 5 ‐ Ajustes de dose de acordo com a função renal ........................................................... 22 Equação 1 - fórmula de Cockroft e Gault para o sexo masculino .................................. 19 Equação 2 - fórmula de Cockroft e Gault para o sexo feminino ..................................... 19 Página 2 de 29 Sistemas de apoio à decisão clínica e ao doente Prémio Uma oportunidade para os farmacêuticos hospitalares IPSEN2008 Ilustração 1 – Representação do sistema de apoio à decisão clínica para ajuste de dose tendo em atenção a função renal. ........................................................................................ 21 Página 3 de 29 Sistemas de apoio à decisão clínica e ao doente Prémio Uma oportunidade para os farmacêuticos hospitalares IPSEN2008 Página 4 de 29 Sistemas de apoio à decisão clínica e ao doente Prémio Uma oportunidade para os farmacêuticos hospitalares IPSEN2008 1. Introdução O crescimento e o envelhecimento da população são factores que levam a um aumento da necessidade de recorrer aos serviços prestadores de cuidados de saúde. A complexidade das tecnologias de saúde e as respectivas necessidades fazem da saúde um dos principais sectores geradores de despesa aos governos. Devido aos valores da despesa que atinge, a saúde encontra-se cada vez mais sob a pressão de mecanismos reguladores da sua actividade e de mercado, com objectivos de: • Aumentar a segurança e qualidade dos cuidados prestados aos doentes; • Garantir a equidades de acesso aos cuidados de saúde; • Reduzir os custos. No hospital trabalham uma miríade de diferentes profissionais com uma rede de suporte muito elaborada e processos de trabalho altamente complexos. Aqui, os doentes recebem um conjunto de cuidados que têm como objectivo principal a produção do bem “saúde”. Segundo a Organização Mundial de Saúde, “a segurança do doente é uma componente essencial da qualidade na prestação de cuidados de saúde, considerando a complexidade, tanto da prática, como da organização. Os três principais objectivos de uma prática clínica segura são: 1) Identificar quais os diagnósticos e procedimentos terapêuticos que são mais seguros e eficientes; 2) Garantir que são aplicados a qualquer pessoa que deles necessite; 3) Implementá-los correctamente e sem erros” (Aranaz, Aibar, Vitaller, & Ruiz, 2005, p. 2). Tendo em vista estes objectivos, as organizações têm de implementar metodologias capazes de providenciar informação de uma forma rápida, segura e eficaz. Hoje, para se atingirem melhores ganhos em qualidade, a medicina tem de se transformar, e a tecnologia de informação é um dos pontos fundamentais desta transformação (Kohn, Corrigan, & Donaldson, 2000). De acordo com o Institute of Medicine, 44.000 a 98.000 doentes nos Estados Unidos morrem devido a erros de medicação (Kohn, et al, 2000). Uma das recomendações deste Página 5 de 29 Sistemas de apoio à decisão clínica e ao doente Prémio Uma oportunidade para os farmacêuticos hospitalares IPSEN2008 mesmo relatório é “criar sistemas de segurança nas organizações de saúde que contribuam para a implementação de práticas mais seguras ao nível da prestação de cuidados” (Kohn, et al, 2000, p. 6). As tecnologias de informação são apontadas como um factor chave para que os doentes sejam tratados de uma forma eficiente, segura e racional nos hospitais. Em teoria, sistemas de informação integrados, tecnologia automática, ou semiautomática, para processamento e análise de amostras ou distribuição de medicamentos, entre outros, são claramente vantajosos. No entanto, a sua adopção tem-se revelado difícil (Poon, Blumenthal, Jaggi, Honour, Bates, & Kaushal, 2004). De acordo com a Organização Mundial de Saúde, uma reacção adversa a um medicamento é “qualquer efeito nocivo, não intencional e indesejado de um medicamento que ocorra nas doses usadas em seres humanos para profilaxia, diagnóstico ou terapia” (www.who.int). É importante lembrar que os doentes hospitalizados recebem terapêuticas de alto risco e que a taxa de incidência de reacções adversas é de 6,7%, sendo que 0,32% se revelam fatais (Lazarou, Pomeranz, & Corey, 1998). De acordo com os mesmos autores, as reacções adversas fatais são entre a quarta e sexta causa de morte, tendo estes números se mantido estáveis nos últimos 30 anos (Lazarou, et al1998). De acordo com um estudo publicado em 1995, 42% das reacções adversas graves são preveníveis (Bates, et al, 1995). Os erros que originam reacções adversas preveníveis, dentro do circuito integrado do plano terapêutico, ocorrem com a seguinte frequência: • 56% na prescrição; • 34% na administração; • 6% na transcrição; • 4% na dispensa (Bates, et al, 1995). Ainda de acordo com o mesmo trabalho, estes erros são mais facilmente interceptados no momento em que se realiza a prescrição (Bates, et al, 1995). Segundo um estudo de 1997, o custo com uma reacção adversa prevenível é de cerca de US $4.700 com um aumento de 4,6 dias de internamento. Os mesmos autores concluem que um hospital de 700 camas tem um custo anual superior a 5 milhões de dólares com reacções adversas a medicamentos (Bates, et al, 1997). Página 6 de 29 Sistemas de apoio à decisão clínica e ao doente Prémio Uma oportunidade para os farmacêuticos hospitalares IPSEN2008 A implementação de sistemas de informação integrados pode contribuir para a redução da taxa de erro: • Através da implementação de diversos apoios à decisão clínica, prevenindo assim erros e reacções adversa; • Aumentando a capacidade de resposta sobre os efeitos adversos ocorridos; • Permitindo a rastreabilidade do efeito adverso (Bates & Gawande, 2003). Os sistemas integrados de apoio à decisão clínica para serem efectivos, seguros e racionais devem permitir: • A realização da prescrição electrónica, directamente pelo médico no computador; • A validação da prescrição electrónica, feita directamente pelo farmacêutico, no computador; • O registo da administração, feita directamente pelo enfermeiro, no computador. A utilização correcta do medicamento passa também pelo doente. O número de doentes crónicos, a fazerem terapêuticas complexas no domicílio é cada vez maior. Segundo a Organização Mundial de Saúde (WHO, 2003) os profissionais de saúde deveriam proporcionar aos doentes o acesso às novas tecnologias de informação para que estes possam utilizar melhor e com mais segurança os medicamentos. Na maioria das patologias crónicas, o insucesso do plano terapêutico deve-se à baixa adesão à terapêutica e à falta de apoio ao doente. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, adesão à terapêutica é “o grau de cumprimento que o doente consegue atingir no que concerne à toma da medicação, as condições desta toma, as instruções relacionadas com a dieta e as alterações do estilo de vida prescritas pelo profissional de saúde (WHO, 2003, p. 3). Em países desenvolvidos a média de adesão à terapêutica é de 50% sendo esta ainda inferior em países em desenvolvimento (WHO, 2003) Devemos criar sistemas de informação de apoio ao doente, centrados nas necessidades deste, que permitam contribuir para: • Mais adesão à terapêutica; • Registo de dados relacionados com a sua saúde (pressão arterial, peso, glicemias, etc.); • Mais segurança; Página 7 de 29 Sistemas de apoio à decisão clínica e ao doente Prémio Uma oportunidade para os farmacêuticos hospitalares IPSEN2008 • Mais efectividade. Estes sistemas multimodais, centrados no doente, utilizando plataformas como a Internet, correio electrónico e mensagens via telemóvel contribuem para: • Aumentar a adesão à terapêutica; • Incrementar a segurança; • Melhorar a efectividade. Página 8 de 29 Sistemas de apoio à decisão clínica e ao doente Prémio Uma oportunidade para os farmacêuticos hospitalares IPSEN2008 2. Objectivos Este trabalho pretende mostrar a importância dos sistemas de informação no apoio á decisão clínica e ao doente. Pretende-se ainda demonstrar a oportunidade que os farmacêuticos hospitalares têm na implementação e manutenção de sistemas de apoio à decisão clínica e ao doente. Página 9 de 29 Sistemas de apoio à decisão clínica e ao doente Prémio Uma oportunidade para os farmacêuticos hospitalares IPSEN2008 3. Sistemas de apoio à decisão clínica a. Prescrição electrónica Em ambiente hospitalar, a prescrição do plano terapêutico inclui: • Prescrição farmacológica; • Prescrição não farmacológica; • Prescrição da dieta. Hoje em dia, é amplamente aceite que os sistemas de prescrição electrónica e os sistemas integrados de informação de medicamentos podem reduzir e evitar erros na prescrição e na dispensa (Eliasson, et al., 2006) (Tamblyn, et al., 2006). A prescrição electrónica, directamente efectuada pelo médico, diminui em mais de metade os erros graves com medicamentos que, de outra forma, não seriam interceptados (Bates, et al., 1998). Numa revisão sistemática (Garg, et al., 2005), foram identificados vários estudos que demonstram claramente uma diminuição do tempo de internamento com a implementação correcta da prescrição electrónica. Este resultado está principalmente relacionado com a diminuição da ocorrência de erros. i. Prescrição electrónica nos Estados Unidos da América O primeiro sistema de prescrição electrónica nos Estados Unidos surgiu nos anos 70. Apesar disto, e de acordo com a KLAS (Whiting & Gale, 2008), em 2008, menos de 10% dos hospitais neste país dispunham desta ferramenta. Em Julho de 2008 o Departamento Norte Americano de Serviços de Saúde e Humanos emitiu uma nota na qual se lia: “a Medicare está a tomar medidas para acelerar a adopção da prescrição electrónica, oferecendo incentivos monetários a médicos e outros profissionais que usem esta tecnologia (http://www.hhs.gov/news, 2008)”. Na mesma nota podia ler-se que o presidente Norte-Americano definiu 2014 como meta para que a maior parte dos cidadãos tenha acesso a um registo clínico electrónico seguro e interoperacional, tendo a prescrição electrónica sido identificada como uma área em que progressos Página 10 de 29 Sistemas de apoio à decisão clínica e ao doente Prémio Uma oportunidade para os farmacêuticos hospitalares IPSEN2008 significativos podem ser feitos para melhorar a qualidade dos cuidados de saúde (http://www.hhs.gov/news, 2008). ii. Ponto de situação em Portugal Nas Grandes Opções do Plano para 2008 (2007), o Governo Português incluí, na sua rubrica dos Sistemas e Tecnologias de Informação e Comunicação, “Implementação da Prescrição Electrónica”, tornando esta ferramenta uma das prioridades governativas. Em Março de 2007 o Ministério da Saúde lançou o Programa do Medicamento Hospitalar (Crujeira, et al., 2007) onde, entre outras questões, se propôs averiguar o número de hospitais com prescrição electrónica. Deste estudo conclui-se que, em 2008, em cerca de 51% dos hospitais portugueses “o médico elabora o plano terapêutico directamente no sistema de informação” (Crujeira, et al., 2008, p. 43) O Sistema de Gestão Integrada do Circuito do Medicamento é o sistema de apoio à decisão clínica mais implementado nos hospitais portugueses. Este sistema tem por base o ciclo diagnóstico-terapêutica, centrado no doente, em que os principais intervenientes no circuito do medicamento, tanto na área clínica (médicos, farmacêuticos e enfermeiros), como na área técnico-administrativa (farmacêuticos, técnicos de diagnóstico e terapêutica, administrativos e administradores) trabalham directamente sobre o sistema, colocando e/ou retirando a informação necessária a uma gestão mais segura, racional, eficaz e eficiente. A implementação deste sistema tem como objectivos: • Servir o doente com segurança, eficácia, eficiência; • Permitir a participação directa de todos os intervenientes no circuito do medicamento; • Optimizar a gestão dos Serviços Farmacêuticos. Este sistema vai ao encontro das recomendações internacionais (Bell, et al., 2004), no sentido de melhorar a segurança e qualidade da gestão do medicamento, permitindo nomeadamente: • A integração com base de dados dos doentes; Página 11 de 29 Sistemas de apoio à decisão clínica e ao doente Prémio Uma oportunidade para os farmacêuticos hospitalares IPSEN2008 A • A apresentação do perfil farmacológico do doente; • Alertas relevantes para a prescrição (doses, alergias, interacções, etc.); • Aceder a bases de dados independentes sobre medicamentos; prescrição do plano terapêutico (prescrição farmacológica e não farmacológica) para internamento, hospital de dia, ambulatório e consulta externa é feita directamente pelo médico, com auxílio de informação sobre doses, frequências, horários, interacções medicamentosas e reacções alérgicas do doente. Os auxílios ao médico incluem, ainda, a possibilidade de prescrição de protocolos terapêuticos que vão desde protocolos de controlo de dor, profilaxia cirúrgica, quimioterapia, etc. Desta forma, o sistema permite uma prescrição electrónica que está de acordo com o que Ash e Bates (2005, p. 8) defendem: “a grande vantagem de um registo clínico electrónico, que inclua um sistema de apoio à decisão, não pode ser atingida sem um sistema de prescrição electrónica directamente efectuada pelo médico. Se quem decide não é quem prescreve, então os alertas e lembretes no momento da decisão não são possíveis”. O sistema permite, a colocação e disponibilização de protocolos terapêuticos associados, ou não, a diagnósticos, a ligação a bases de dados (INFARMED, Prontuário Terapêutico®, Formulário Hospitalar Nacional do Medicamento), a realização da carta de alta e a consulta de informação registada por outros profissionais (médicos, enfermeiros ou farmacêuticos). Desta forma, o médico pode consultar o que foi registado pelos enfermeiros, como tendo sido administrado ou não, consultar resultados de meios complementares de diagnóstico (integração por interface com laboratórios de análise, sistema de imagem, anatomia patológica, medicina nuclear, etc.), consultar o perfil farmacoterapêutico e os episódios anteriores do doente. Os enfermeiros trabalham sobre o sistema para consultar e registar o plano terapêutico. A informação sobre o plano terapêutico global dos doentes internados é disponibilizada de forma ajustada à realidade das enfermarias. Desta forma, o trabalho da equipa de enfermagem é dotado de maior segurança no cumprimento do plano terapêutico do doente, visto que é automaticamente actualizado pela prescrição médica e pela informação disponibilizada pelos serviços farmacêuticos. Além da informação obtida, os enfermeiros registam quais os medicamentos administrados, quais não foram administrados e a sua razão, e toda a componente da prescrição não farmacológica, como seja resultados de Página 12 de 29 Sistemas de apoio à decisão clínica e ao doente Prémio Uma oportunidade para os farmacêuticos hospitalares IPSEN2008 determinação de glicemias capilares, tensão arterial, peso, diurese (com cálculo do débito urinário), etc. O farmacêutico utiliza o sistema de informação para validar o plano terapêutico, com a possibilidade de propor alterações, verificar interacções medicamentosas e definir qualitativa e quantitativamente a distribuição de medicamentos. Este sistema está perfeitamente integrado com todos os sectores da farmácia hospitalar, desde a aquisição de medicamentos até às unidades de preparação de citostáticos. A integração estende-se à ligação directa aos equipamentos de distribuição e reembalagem semi-automáticos de medicamentos. Página 13 de 29 Sistemas de apoio à decisão clínica e ao doente Prémio Uma oportunidade para os farmacêuticos hospitalares IPSEN2008 4. Sistemas de apoio ao doente Os sistemas de apoio ao doente têm como objectivo principal envolver o doente no processo de decisão relacionado com a sua saúde, através de processos que o ajudem a cumprir com o plano terapêutico prescrito e co-responsabilizá-lo pelo mesmo. Estes sistemas devem ser desenvolvidos no sentido: • De envolver diariamente o doente em todas as etapas da sua saúde; • Ajudar o doente a cumprir o plano prescrito; • Facilitar todos os processos de aproximação e diálogo com o hospital. A utilização de tecnologias e sistemas de informação que ajudem os doentes a executarem, registarem e monitorizarem os seus planos terapêuticos é apoiada pela OMS (WHO, 2003). O desenvolvimento destas tecnologias vai permitir ao doente a utilização da terapêutica de uma forma mais segura e racional. Estamos ainda numa fase inicial de implementação destes sistemas onde a tendência é ir pelo caminho mais fácil: desenvolver sistemas de apoio administrativo (por exemplo, pedidos e marcação de consultas, cirurgias, etc.). No entanto, estes sistemas devem perseguir o objectivo de ajudar o doente a cumprir com o plano terapêutico prescrito. Centrar o desenvolvimento destes sistemas no doente e nas suas necessidades para o cumprimento do plano terapêutico, é o caminho que num futuro próximo vai ser mais útil para os doentes e para a sociedade. Este modelo de desenvolvimento vai permitir que sejam atingidos os seguintes objectivos: • Mais adesão à terapêutica; • Mais segurança; • Mais eficiência; • Menos custos. As tecnologias a desenvolver nesta área deverão permitir: • Fazer com que o doente melhore a adesão á terapêutica; • Aumentar a segurança na utilização dos medicamentos; Página 14 de 29 Sistemas de apoio à decisão clínica e ao doente Prémio Uma oportunidade para os farmacêuticos hospitalares IPSEN2008 • Ao doente fazer o registo electrónico dos seus dados de saúde: o Peso; o Pressão arterial; o Temperatura corporal; o Dor; o Frequência cardíaca; o Glicemia; o Colesterolémia; o Etc. • Ao doente fazer o relato das alterações clínicas que ocorreram; • Ao doente monitorizar os resultados e efeitos adversos. Como exemplos destas tecnologias temos: • Web – “A minha página do …”; • SMS; • Correios electrónicos; • Documentos escritos. O sistemas a implementar devem ainda permitir um diálogo eficaz e efectivo com o doente. As respostas não podem ficar “arquivadas” ou dadas mais tarde. Devem surgir quando o doente necessita. Devem-se criar mecanismos que permitam validar se a informação prestada foi entendida pelo doente e se respondeu às suas necessidades. Página 15 de 29 Sistemas de apoio à decisão clínica e ao doente Prémio Uma oportunidade para os farmacêuticos hospitalares IPSEN2008 5. O farmacêutico hospitalar nos sistemas de apoio à decisão clínica e ao doente Os cuidados de saúde, hoje em dia, requerem graus de individualização tais que se tornam praticamente impossíveis de empreender sem a ajuda de sistemas de apoio à decisão. De acordo com Bates e Gawande (2003) mais de 600 medicamentos requerem ajustes de doses para diferentes graus de insuficiência renal. Estes ajustes dificilmente podem ser levados a cabo, de uma forma eficaz, sem a ajuda de sistemas computorizados. Segundo Sijs, Aarts, Vulto e Berg, um sistema de apoio à decisão clínica deverá ser “ter grande especificidade e sensibilidade, apresentar informação clara, não interromper desnecessariamente o fluxo de trabalho e facilitar o manuseamento seguro e eficiente” (2006, p. 142) De acordo com um estudo publicado em Julho de 2008 (DesRoches, Campbell, & Rao, 2008): • 4% de médicos Norte-Americanos dizem ter acesso a um sistema de registos clínicos electrónicos totalmente operacionais e 13% a um sistema de registo electrónico básico; • Este estudo incluiu 4.484 médicos aos quais foi enviado um questionário sobre a utilização de sistemas de informação. Dos 2.758 que responderam, a larga maioria disse estar satisfeita com o sistema usado (93% para os que dispunham de um sistema total e 88% para os que tinham sistema básico); • No que diz respeito à prescrição electrónica, o questionário perguntava se o sistema alguma vez os tinha ajudado a prevenir uma reacção adversa a um medicamento ou uma interacção medicamentosa potencialmente perigosa: o 80% dos médicos com acesso a um sistema totalmente operacional, e 66% dos que tinham acesso a um sistema básico, já tinham recebido ajuda. • Quanto às interacções medicamentosas: o 71% dos médicos com o sistema totalmente operacional e 54% dos médicos com o sistema básico já tinham sido alertados pelo computador; Página 16 de 29 Sistemas de apoio à decisão clínica e ao doente Prémio Uma oportunidade para os farmacêuticos hospitalares IPSEN2008 • Mais de 80% dos médicos envolvidos dizem que o sistema os ajuda a evitar erros com medicamentos. Em 2003, Bates demonstrou que um sistema de prescrição electrónica que apresentava as doses recomendadas permitiu reduzir em 80% a prescrição de medicamentos em que a dose máxima era excedida. (Bates & Gawande, 2003). Garg et al (2005) apresentaram uma revisão sistemática de 100 trabalhos sobre os efeitos dos sistemas de apoio à decisão computorizados. Desta revisão, concluíram que: • Os sistemas melhoravam o desempenho do prestador de cuidados em 64% dos casos, sendo que, no que respeita a sistemas de ajuste de dose e prescrição de medicamentos, esta melhoria se verificava em 62% dos casos. No entanto, é necessário não esquecer a afirmação de Sijs, Aarts, Vulto e Berg (2006, p. 138) de que “a quantidade de alertas e lembretes não poderá ser demasiadamente elevada, ou a ‘fadiga de alertas’ pode levar a que os prestadores de cuidados negligenciem tanto os alertas importantes como os não importantes, de forma a comprometer o efeito desejado de segurança que a integração de um sistema de suporte à decisão traz à prescrição electrónica, directamente efectuada pelo médico”. Os dados disponíveis em hospitais portugueses demonstram a importância e a aceitação por parte dos clínicos das informações que lhes são disponibilizadas no momento da realização do plano terapêutico. A tabela 1, no Hospital Bem-Haja Saúde (por razões de cumprimento do regulamento do prémio IPSEN, artigo 4º, em que não podemos revelar o nome real do hospital), quando um medicamento deixa por alguma razão de existir em stock, é colocada uma informação que surge ao médico no momento em que este prescreve. De acordo com os dados podemos verificar que a prescrição destes medicamentos diminui entre 40 a 100% (tabela 1). No módulo do médico, é permitida a colocação de avisos de alergias dos doentes. Esta informação, quando está disponível, surge ao médico e ao farmacêutico quando estes acedem à prescrição. A tabela 2 refere-se a dados de Agosto de 2007 a Agosto de 2008. Página 17 de 29 Sistemas de apoio à decisão clínica e ao doente Prémio Uma oportunidade para os farmacêuticos hospitalares IPSEN2008 Medicamento Bromexina 4 mg/2 ml sol inj fr 2 ml IM IV Ferro bivalente sulfato 200 mg comp Azitromicina 400 mg pó susp oral saq Flucloxaciclina 500 mg pó sol inj fr IM IV Data e informação colocada Média de prescrições por mês antes da introdução da informação Média de prescrições por mês após introdução da informação 70 9 12 8 7 3 16 0 Por motivos de descontinuação da produção, não existe em stock bromexina injectável. ‐ Dezembro de 2007 Por motivos de descontinuação da produção, não existe em stock ferro bivalente 200 mg ‐ Julho de 2006 De momento não temos em stock azitromicina 400 mg pó susp oral ‐ Março de 2006 De momento não temos em stock flucloxacilina 500 mg injectável ‐ Agosto de 2008 Tabela 1 ‐ Exemplos do impacto na prescrição entre a data da colocação da informação e o número de prescrições geradas Parâmetro Número de alergias colocadas pelo médico Número de doentes aos quais foi adicionada informação sobre alergias Número de vezes em que o médico foi alertado sobre alergias Valor 122 105 1.557 Tabela 2 ‐ Dados sobre alergias dos doentes entre Agosto de 2007 e Agosto de 2008 Todas as prescrições são obrigatoriamente validadas pelo farmacêutico. Durante o processo de validação são, por vezes, emitidos alertas ao médico sobre o plano terapêutico prescrito que lhe surgirão da próxima vez que aceder à prescrição. De Agosto de 2007 a Agosto de 2008, os dados relativos a estes alertas são os apresentados na tabela 3. Parâmetro Número de alertas gerados pelo farmacêutico Número de doentes para os quais foi gerado alerta pelo farmacêutico Número de aceitações por parte do médico das sugestões feitas pelo farmacêutico Valor 41.473 3.217 32.352 Tabela 3 ‐ Dados sobre alertas gerados pelo farmacêutico entre Agosto de 2007 e Agosto de 2008 O sistema renal é a principal via de excreção de medicamentos. Esta excreção depende dos mecanismos do rim, como a filtração glomerular, excreção renal tubular e reabsorção. Quando a filtração glomerular está diminuída pela insuficiência renal, a excreção renal dos medicamentos fica afectada, aumentando a concentração e exposição a estes medicamentos e seus metabolitos. Mais de 600 medicamentos requerem ajuste de dose de acordo com a função renal (Bates & Gawande, 2003). Visto que a taxa de eliminação de medicamentos excretados pelos rins é proporcional à taxa de filtração glomerular, a clearance da creatinina deve ser usada para estimar a Página 18 de 29 Sistemas de apoio à decisão clínica e ao doente Prémio Uma oportunidade para os farmacêuticos hospitalares IPSEN2008 função renal. A fórmula de Cockroft e Gault pode ser usada para este cálculo tendo em conta o peso ideal, idade e sexo dos doentes (Aronoff, Bennett, Berns, Brier, Kasbekar, & Mueller, 2007). 140 72 Equação 1 ‐ fórmula de Cockroft e Gault para o sexo masculino 140 72 0,85 Equação 2 ‐ fórmula de Cockroft e Gault para o sexo feminino De acordo com esta fórmula um doente do sexo masculino com 65 kg e uma creatinina de 1,2 mg/dl tem uma clearance de creatinina de 52,67 mg/dl. Já uma doente do sexo feminino com 60 kg e uma creatinina de 1,2 mg/dl tem uma clearance de creatinina de 41,32 mg/dl. O ajuste da dose deverá ser feito através de uma combinação de aumento do intervalo de administração e redução da dose envolvida (Bennett W. , 1979). Com o aumento da complexidade do tratamento farmacológico, o aparecimento de novos medicamentos, novas indicações, dosagens, interacções, efeitos adversos e ajustes de dose é difícil que um médico tenha sempre presente, em todos os momentos, toda esta informação. Desta forma, se dotarmos os sistemas de apoio à decisão clínica, com mecanismos automáticos de ajuda para o ajuste de doses, estamos a contribuir de uma forma decisiva para ajudar a evitar as consequências de doses “desajustadas” do perfil individual do doente. No sentido de verificar qual o impacto da integração de um módulo de apoio à decisão clínica para ajuste de doses de acordo com a função renal e idade, escolhemos um conjunto de medicamentos que, devido à sua larga utilização, necessidade de ajuste de dose e margem terapêutica, se revelaram os indicados para iniciar o projecto. Alguns destes medicamentos são os que se apresentam na tabela 4. Página 19 de 29 Sistemas de apoio à decisão clínica e ao doente Prémio Uma oportunidade para os farmacêuticos hospitalares IPSEN2008 Nome do medicamento Amoxicilina + ácido clavulânico Ampicilina Cefixima Cefotaxima Cefoxitina Cefradina Ceftazidima Cefuroxima Claritromicina Imipenem + Cilastatina Levofloxacina Meropenem Tabela 4 – Lista de medicamentos seleccionados De acordo com um estudo de 2007 (Gaude, Andrés, Noguera, & Herrero, 2007): • 27,6% dos alertas para ajuste de dose estão relacionados com insuficiência renal; • 17,2% dos alertas para ajuste de dose estão relacionados com a idade dos doentes. No estudo que efectuamos de Agosto de 2007 a Agosto de 2008 no hospital Bem-Haja Saúde tivemos: • 288.269 prescrições electrónicas feitas a 40.870 doentes diferentes; • Cerca de 14% destes doentes (5.708) tinham mais de 70 anos de idade (50,1% do sexo feminino). Daqui podemos concluir que este módulo de alertas de ajuste de dose potencialmente beneficiou cerca de 14% dos nossos doentes, quando este ajuste é feito em função da idade. No mesmo estudo verificamos que: • O médico colocou em 14.381 prescrições, dados relacionados com a função renal do doente; • Beneficiaram do ajuste de doses, devido à função renal e idade, 1.517 doentes diferentes. O desenho deste sistema (ilustração 1) pressupôs o desenvolvimento do módulo editor da base de dados dos medicamentos de forma a incluir informação sobre ajuste de dose Página 20 de 29 Sistemas de apoio à deciisão clínica e ao doente Prémio o Uma op portunidade p para os farm macêuticos ho ospitalares IPSEN2008 de acord do com a função f rena al e idade. Neste edito or, seleccion nando o me edicamento a parametrizar, foi inclluída a inform mação que sse apresenta na tabela 5. Ilustraação 1 – Represe entação do siste ema de apoio à decisão clínica para ajuste de d dose tendo em aatenção a função renal. Para a parametriz zar a base de dados com a info ormação sobre o ajustte de dosess, recolhem mos a inform mação sobre os ajustes recomendad dos aos Ressumos de Ca aracterística as de Mediccamentos ap provados pe elo INFARME ED e EMEA A, assim com mo obras de farmacologiia e medicina interna. abela 5 apresentamos a lista de a alguns medic camentos para os quais foi incluíd da Na ta informaçção sobre ajuste a de dose d de accordo com a função re enal, com a respectivva informaçção. uando um médico m coloca informaçção sobre p peso do doe ente e últim mo Desta forma, qu o da creatinina, o sisttema fará o cálculo da clearance e da creatin nina. Se um m resultado medicam mento neces ssitar de ajusste de dose,, surge no ecrã e um alertta sobre qua al o ajuste de dose a efectuar, e cab bendo ao mé édico a decissão de aceittar ou não a sugestão ap presentada. Sistemas de apoio à decisão clínica e ao doente Prémio Uma oportunidade para os farmacêuticos hospitalares IPSEN2008 Nome do medicamento Amoxicilina + ácido clavulânico Amoxicilina + ácido clavulânico Ampicilina Ampicilina Ampicilina Cefepima Cefepima Cefepima Cefixima Cefixima Cefotaxima Cefoxitina Cefoxitina Cefoxitina Cefoxitina Cefradina Cefradina Cefradina Ceftazidima Ceftazidima Ceftazidima Ceftazidima Cefuroxima Cefuroxima Claritromicina Imipenem + Cilastatina Imipenem + Cilastatina Imipenem + Cilastatina Levofloxacina Levofloxacina Levofloxacina Meropenem Meropenem Meropenem Função renal Ajuste proposto (Clearance da creatinina em mg/dl) (dose e frequência) 30 – 11 > 10 60 ‐ 31 30‐11 > 10 60 ‐ 31 30‐11 > 10 60‐21 > 20 >5 50‐31 30‐11 10‐6 > 5 50‐21 20‐6 > 5 50‐31 30‐16 15‐6 > 5 20‐11 > 10 > 30 70‐41 40‐21 > 20 50‐21 20‐11 > 10 50‐26 25‐11 > 10 600 mg 12/12 horas 600 mg 24/24 horas 1000 mg 12/12 horas 500 mg 12/12 horas 500 mg 24/24 horas 1000 mg 24/24 horas 500 mg 24/24 horas 250 mg 24/24 horas 150 mg 24/24 horas 100 mg 24/24 horas 500 mg 12/12 horas 1000 mg 8/8 horas 1000 mg 12/12 horas 500 mg 12/12 horas 500 mg 24/24 horas 500 mg 6/6 horas 250 mg 6/6 horas 250 mg 12/12 horas 1000 mg 12/12 horas 1000 mg 24/24 horas 500 mg 24/24 horas 500 mg 48/48 horas 750 mg 12/12 horas 750 mg 24/24 horas 250 mg 12/12 horas 500 mg 8/8 horas 250 mg 6/6 horas 250 mg 12/12 horas 250 mg 24/24 horas 125 mg 24/24 horas 250 mg 48/48 horas 1000 mg 12/12 horas 500 mg 12/12 hora 500 mg 24/24 horas Tabela 5 ‐ Ajustes de dose de acordo com a função renal Quando o plano terapêutico prescrito é para ser cumprido no domicílio pelo doente ou familiares, grande parte das situações que dominamos no hospital passam a ficar “fora de controlo” directo. O doente e/ou familiares ficam responsáveis por cumprir o plano terapêutico prescrito. Colocam-se assim, diversas necessidades de auxílios que passam pelas seguintes questões: Página 22 de 29 Sistemas de apoio à decisão clínica e ao doente Prémio Uma oportunidade para os farmacêuticos hospitalares IPSEN2008 • Compreensibilidade e legibilidade do plano prescrito; • Criação de condições para o cumprimento do plano: • o Ensino; o Informação; o Apoio para a execução: Ajudar a recordar o doente sobre o quem tem de fazer; Ajudar a recordar o doente sobre quando tem de fazer; Ajudar a recordar o doente sobre como tem de fazer. Criação de condições para ajudar nas situações imprevistas: o “O que faço? Esqueci-me de tomar?” o Registos de efeitos adversos / imprevistos, do ponto de vista do doente; • o Interacções medicamentosas; o Alteração da qualidade de vida. Criação de condições para registo e monitorização do plano prescrito; O desenvolvimento de sistemas de apoio ao doente, como os referidos anteriormente, criam condições para que, fora do hospital, o plano terapêutico seja cumprido com mais segurança, eficácia, eficiência e aos menores custos. O farmacêutico é o especialista do medicamento. É o profissional de saúde que: • Melhor conhece todo o ciclo de vida de um medicamento; • Melhor conhece todo o circuito técnico - clínico do medicamento, desde a prescrição até à administração; • Melhor conhece todo o circuito técnico – administrativo do medicamento (estatuto do medicamento, processos de autorização de introdução do medicamento, processos de gestão e aprovisionamento, etc.); • Melhor conhece os mecanismos de prestar informação relacionada com medicamento, devido à sua experiência junto das equipas de saúde; • Melhor conhece o medicamento podendo assim parameterizar os auxílios dirigidos ao médico e ao doente: o Protocolos clínicos; o Doses; o Marcas comerciais; Página 23 de 29 Sistemas de apoio à decisão clínica e ao doente Prémio Uma oportunidade para os farmacêuticos hospitalares IPSEN2008 o Interacções; o Vias de administração; o Horários de administração; o Cuidados com a administração; o Forma de tomar; o O que fazer em situações imprevistas (gravidez, vómitos, esquecimento de tomas, reacções alérgicas, etc.) o Alternativas. O farmacêutico hospitalar é assim, o profissional de saúde com o melhor perfil para se responsabilizar pelo desenvolvimento, implementação e manutenção dos auxílios interactivos que os sistemas de apoio à decisão clínica e ao doente necessitam. Ele tem capacidade para: • Gerar a informação dirigida especificamente ao médico, que lhe é útil, em tempo real, no momento em que este está a prescrever um plano terapêutico; • Gerar a informação dirigida ao doente, que lhe é útil, em tempo real, quando este está a executar o plano terapêutico que lhe foi prescrito; • Receber e interpretar as necessidades de informação que têm os profissionais de saúde directamente envolvidos no plano terapêutico; • Receber e interpretar as necessidades de informação que têm os doentes. Página 24 de 29 Sistemas de apoio à decisão clínica e ao doente Prémio Uma oportunidade para os farmacêuticos hospitalares IPSEN2008 6. Discussão e conclusão Providenciar cuidados fiáveis, eficientes e individualizados requer um grau de conhecimento dos dados e coordenação que serão apenas atingíveis com a utilização crescente da tecnologia de informação. Esta tecnologia pode melhorar substancialmente a segurança dos cuidados de saúde através dos seguintes procedimentos: • Estruturação de acções; • Prevenção de erros; • Trazendo suporte à decisão baseada na evidência; • Ser centrada no doente no momento da tomada de decisão para permitir a necessária customização (Bates & Gawande, 2003). Muitos autores argumentam que a geração de alertas deve ser feita no momento da decisão terapêutica, isto é, junto do médico que efectua a prescrição directamente no computador. No entanto, esta informação não deve interromper o raciocínio clínico e deverá ser de importância significativa para a segurança e eficácia do plano terapêutico prescrito (Bennett & Glasziou, 2003) (Martens J. , et al., 2007) (Martens J. , et al., 2008). Os cuidados de saúde hoje em dia, são cada vez mas mantidos em regime de ambulatório. Estes requerem graus de individualização que tornam praticamente impossíveis a sua concretização sem a ajuda de sistemas de informação. Estamos convencidos que, daqui em diante, os sistemas de informação de apoio à decisão clínica, junto do médico, e de apoio ao doente terão de ser cada vez mais individualizados. O futuro vai também passar pela caracterização do perfil genético dos doentes no sentido de ajustar as doses, bem como a selecção dos medicamentos de acordo com esta informação. Os sistemas de informação e as respectivas tecnologias a eles associados, colocam aos farmacêuticos hospitalares e respectivos Serviços Farmacêuticos perante os desafios: • De assumirem definitivamente a responsabilidade manutenção de bases interactivas de informação; Página 25 de 29 pela implementação e Sistemas de apoio à decisão clínica e ao doente Prémio Uma oportunidade para os farmacêuticos hospitalares IPSEN2008 • Criarem condições de recursos humanos (um hospital com cerca de 500 camas necessita de pelo menos dois farmacêuticos a tempo inteiro para esta actividade) e estruturais para que os auxílios sejam criados, mantidos e actualizados em função da evolução científica e das necessidades dos doentes. Segundo alguns autores, “… em 2011 as unidades de saúde com sistemas de informação centrados no utente que permitam a este: • “Falar” com … o seu médico … o seu enfermeiro … o seu farmacêutico … • Registar os seus dados … • Perguntar … • Tomar conta da sua saúde … ganham o desafio … da qualidade … da eficiência … da competição … e da sobrevivência” Os farmacêuticos hospitalares portugueses estão numa posição única para vencerem este desafio. Foram na sua grande maioria os responsáveis pela implementação em Portugal dos sistemas de prescrição on-line mais eficazes e seguros. Não podem agora deixar para outros profissionais a responsabilidade da criação e manutenção das bases tecnológicas que permite estar de uma forma interactiva junto do médico e do doente. Trata-se de ganhar o desafio da competência … da qualidade … da eficiência … e da sobrevivência. Página 26 de 29 Sistemas de apoio à decisão clínica e ao doente Prémio Uma oportunidade para os farmacêuticos hospitalares IPSEN2008 7. Bibliografia Aranaz, J., Aibar, C., Vitaller, J., & Ruiz, P. (2005). National Study of adverse events related to healthcare in hospitals. WHO. Aronoff, G., Bennett, W., Berns, J., Brier, M., Kasbekar, N., & Mueller, B. (2007). Drug prescribing in renal failure: Dosing guidelines for adults and children. ACP Press. Ash, J., & Bates, D. (2005). Factors and forces affecting EHR system adoption: Report of a 2004 ACMI discussion. Journal of the American Medical Informatics Association , 12 (1), 8-12. Bates, D., & Gawande, A. (2003). Improving safety with information technology. New England Journal of Medicine , 348; 25, 2526-2534. Bates, D., Leape, L., Cullen, D., Laird, N., Peterson, L., Teich, J., et al. (1998). Effect of computeriezed physician order entry and a team intervention on prevention of serious medication errors. 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