Metalworking World 1/2013

Transcrição

Metalworking World 1/2013
1/13
a revista de negócios e tecnologia da sandvik coromant
Anna-Karin Wahlström,
operadora, Scana
Energy, Suécia.
empreendedor:
richard
branson
vai fundo
A Scana Energy testa sua nova classe
Reinventando
o aço
Signal Snowboards inova tecnologia Engenharia do bloco do motor
inovação Lá vem o sol alemanha O papa das engrenagens tecnologia O futuro da
usinagem inspiração Sushi sustentável tecnologia Fresamento total
perfil
editorial
klas forsström presidente da sandvik coromant
Ampliando o
conceito de
inovação
A Sandvik Coromant é líder de conhecimento
em nossa indústria. Há um bom tempo temos
focado em três áreas para nos tornarmos líderes:
educação, competência e inovação.
Enquanto outros falam de inovação pela
perspectiva do desenvolvimento de produtos - a
última versão de uma broca é um pouco mais
eficiente do que sua antecessora - nós ampliamos
o significado do termo.
Inovação não é apenas desenvolver ferramentas, é focar no que ela tem a oferecer. Está
intimamente ligada ao nosso lema "Your Success
in Focus" (Seu sucesso em foco), não apenas
fornecendo um produto bem acabado, como
também o conhecimento sobre a melhor forma
de usá-lo.
Grande parte do trabalho no campo da
inovação acontece nos 26 Centros de Produtividade ao redor do mundo, com mais de cem
profissionais certificados treinando clientes e
nosso próprio pessoal. Neles também podemos
trazer os clientes para testes de materiais, como
fizemos com a sueca Scana Energy (página 20),
cuja nova classe de aço foi exaustivamente
testada antes de ser lançada no mercado.
Em nossos oito exclusivos Centros de
Aplicação trabalhamos ao lado dos clientes em
busca de soluções inovadoras. Muitas vezes,
aprendemos novas formas de utilização e
aplicação das ferramentas nesses trabalhos
conjuntos. Desafio técnico é geralmente uma
força motriz das inovações, exemplificado pela
alemã ZF (página 9), com a qual desenvolvemos um projeto conjunto que resultou na
produção de uma ferramenta de fresamento
completamente nova.
Inovação e colaboração formaram também
2 metalworking world
uma combinação de sucesso que levou a italiana
Avio a achar uma solução para as turbinas do
Boeing 787 (pág. 32).
Em nosso segmento, temos muito orgulho de
sermos líderes em conhecimento: ao mesmo
tempo em que ampliamos nosso próprio
conceito de inovação, também estamos sempre
atentos e abertos para nos inspirarmos em
soluções inovadoras que surgem no mercado.
É o caso da diferenciadas Petra Wadström e
seu recipiente que usa energia solar de uma
maneira revolucionária para purificar água suja
(página 27) e dos jovens empresários da
californiana Signal (página 5), cujas inovadoras
- ou simplesmente loucas - ideias os fazem
desafiar a si próprios para melhorar seus
snowboards. Há quanto tempo você não
acompanha uma ideia maluca?
Toda vez que você abre uma caixa com
ferramentas da Sandvik Coromant, você faz
parte de nossa inovadora maneira de pensar.
Boa leitura!
klas forsström
Presidente da Sandvik Coromant
Metalworking World
é uma revista de negócios e tecnologia da
AB Sandvik Coromant, 811 81 Sandviken,
Suécia. Tel: +46 (26) 26 60 00.
Metalworking World é publicada três
vezes por ano em inglês americano e
britânico, alemão, chinês, coreano,
dinamarquês, espanhol, finlandês,
francês, holandês, húngaro, italiano,
japonês, polonês, português, russo,
sueco, tailandês e tcheco. A revista
é gratuita para clientes da Sandvik
Coromant no mundo inteiro.
Uma publicação da Spoon Publishing,
Estocolmo, Suécia. ISSN 1652-5825.
Editora-chefe e responsável legal na
Suécia: Jessica Alm. Editor-executivo:
Mats Söderström. Gerente de
contas: Christina Hoffmann. Editor:
Henrik Emilson. Direção de arte: Emily
Ranneby. Editor técnico: Börje Ahnlén.
Subeditora: Valerie Mindel. Coordenação: Lianne Mills. Coordenação de
idiomas: Sergio Tenconi. Diagramação
das versões: Louise Holpp. Pré-impressão: Markus Dahlstedt. Foto de capa:
Martin Adolfsson. Artigos não solicitados
serão recusados. O conteúdo desta
publicação só poderá ser reproduzido
com autorização do gerente editorial da
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expressas na Metalworking World não
necessariamente refletem os pontos de
vista da Sandvik Coromant ou da editora.
Correspondências e pedidos de
informação sobre a revista são
bem-vindos.
Contato: Metalworking World, Spoon
Publishing AB,Kungstensgatan 21B,
113 57 Estocolmo, Suécia.
Tel: +46 (8) 442 96 20.
E-mail: [email protected].
Informações sobre
distribuição:Catarina Andersson,
Sandvik Coromant.
Tel: +46 (26) 26 62 63. E-mail:
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Impresso na Suécia, gráfica Sandvikens
Tryckeri. Impresso em papéis MultiArt
Matt 115g e MultiArt Gloss 200g, da
Papyrus AB, com certificação ISO
14001e registro junto ao Sistema
Comunitário Europeu de Ecogestão e
Auditoria (EMAS). Coromant Capto,
CoroMill, CoroCut, CoroPlex, CoroTurn,
CoroThread, CoroDrill, CoroBore,
CoroGrip, AutoTAS , GC, Silent Tools e
iLock são todas marcas registradas da
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A Metalworking World tem caráter
informativo. As informações veiculadas
na revista são de natureza genérica e
não devem ser entendidas como
recomendações ou utilizadas como base
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específicos. Qualquer uso dessas
informações é de total responsabilidade
do usuário. A Sandvik Coromant não se
responsabiliza por qualquer dano direto,
acidental, consequencial ou indireto
resultante do uso das informações
disponibilizadas pela Metalworking World.
conteúdo
32
Itália. Uma
produtiva
união de três
parceiros.
9
7
Alemanha.
Fresamento
de engrenagens.
10
Limpando
o lixo
espacial.
A patented new
technique puts Voith
Turbo on the map.
4
Perfil:
22
5
Perfil:
27
6
Jogo Rápido:
38
7
Notícias do mundo
Richard Branson
Signal snowboards
Efeito estufa
Suécia:
Nasce uma nova classe de aço
Inovação:
Explorando o sol e o vento
Nota final:
Olhe para cima na Coréia do Sul
32
16
Inspiração.
Preparando sushi
sustentável.
Tecnologia
De armas a
trens de pouso
Oferta
total
Usinagem
de motores
Para usinar furos longos e
precisos com eficiência, use as
mais novas tecnologias e
conhecimento da aplicação.
Evite riscos na usinagem de
roscas com um parceiro que
tem uma ampla gama de
ferramentas e conhecimento
da aplicação.
Veja como atender as
demandas da usinagem de
blocos de motores com
economia de custo.
26
30
14
Tecnologia
preparada para o
futuro
Como aumentar a troca de
ferramentas sem monitoramento e
eliminar os problemas de
escoamento de cavacos em
centros de torneamento .
36
metalworking world 3
jogo rápido
texto: Henrik emilson
imagens: getty images
Essa broca seria
capaz de levar três
passageiros para o
núcleo do vulcão.
Negócio quente!
Richard Branson
Brincadeira de perfuração. O empresário Richard
Branson gosta de desafios - e de boas
risadas. Em 2012, aos 62 anos de
idade, ele se tornou a pessoa mais
velha a atravessar o Canal da Mancha
em uma prancha de kitesurf. Antes,
ele havia tentado dar a volta ao
mundo em um balão de ar quente.
No dia 1º de abril, o fundador do
multifacetado Grupo Virgin anunciou
uma nova meta – explorar o núcleo de
um vulcão ativo utilizando um veículo
especialmente desenvolvido para o
trabalho.
O veículo para vulcões da Virgin,
criado com um pioneiro material de
carbono específico para exploração
espacial, seria parecido com uma
grande broca mas, ao contrário dela,
capaz de adentrar as profundezas do
vulcão e capaz de carregar três
passageiros.
“Eu tenho uma fascinação de longa
data por vulcões. Ainda criança li a
Viagem ao Centro da Terra, de Julio
Verne”, recordou Branson em
comunicado à imprensa. “Eu decidi
que, um dia, eu iria para lá também.
Eu adoro desafios!”
Claro que se tratava de uma
brincadeira, além de uma inteligente
jogada de marketing do empresário. n
jogo rápido
texto: Henrik emilson
foto: emily shur
Olho na neve Desenvolvimento criativo
Empreendedores. Imagine-se
deslizando ladeira abaixo sobre um
alto-falante, guitarra ou peças de Lego.
Esses pensamentos são rotineiros no dia
a dia de trabalho na Signal, fabricante de
pranchas de snowboard dos Estados
Unidos. Na terceira quinta-feira de cada
mês, os fundadores Marc Wierenga e
Dave Lee e seus colegas param a
produção normal para se dedicarem à
criação dessas pranchas personalizadas.
“Eu buscava uma desculpa para tirar
nossas cabeças da produção convencional na esperança de que isso agregasse
mais criatividade à nossa marca”, justifica
Lee. “Isso levou à criação do ‘Toda
Terceira Quinta-Feira’ e à ideia de que
nenhum conceito é inacessível”.
Esse conceito também gerou um
programa no You Tube, onde cada criação
é documentada. Sua preferida é a “Peixe
fora d’água”, uma prancha para surf que
foi adaptada para snowboard. A “Sweet
tooth candy”, feita com balas e chicletes
de ursinhos, foi um fracasso, ele admite,
mas foi a mais divertida de construir. A
Signal também aprendeu bastante sobre
desenvolvimento de produtos. “Trabalhamos com diferentes materiais, fibra de
vidro de vários pesos e construções de
núcleo, e isso permitiu que nossas
pranchas evoluíssem”, afirma Lee.
Qual o conselho dele para uma pessoa
se tornar inovadora? “Não se acomode.
Só porque você tem um produto que
funciona, ou funciona muito bem, não
significa que não possa ser ainda melhor.
Estabeleça desafios, independentemente
da qualidade de seus produtos. Você
sempre aprende algo passando pelo
processo, o que é sempre bom para o
produto.” n
Os fundadores da Signal
Marc Wierenga, com
uma prancha de
snowboard feita de vinil
(à esq.) e Dave Lee, com
a prancha alto-falante.
Veja os vídeos na edição
da Metalworking World
para iPads.
metalworking world 5
jogo rápido
texto: henrik emilson
ILUSTRAção: peter grundy
sul
Carro verde
O PlantaCar, um
carro movido a
restos da estufa,
está sendo
projetado pela
Plantagon.
bons frutos do
efeito
estuFa
escritórios
A estrutura tem os
espaços para
escritório na parte
norte do prédio. A
estufa estará no
lado sul do edifício.
investimentos
Moradores doam
parte dos fundos
para a estufa. Por 10
coroas suecas ou
mais, o investidor
vai receber parte
das futuras
colheitas.
Menu
Dentre as plantas a
serem cultivadas
estão aipo branco,
kailaan (brócolis
chinês), mostarda
roxa osaka e
saladini oriental.
Aipo
branco
Kailaan
Mostarda
roxa osaka
Saladini
oriental
A estufa da Plantagon em Linköping, Suécia
a Plantagon, uma empresa
sueco-americana de arquitetura, sonha alto
com seu conceito de agricultura vertical,
que combina escritórios e estufas para
conservar a terra em grandes cidades.
A construção da primeira estufa da
Plantagon começou em 2012, em
Linköping (Suécia), e está prevista para
ser finalizada em 2014. Depois disso, a
empresa pretende focar nas megacidades
estrangeiras. “As cidades já têm
6 metalworking world
densidade e infraestrutura necessárias
para comportar as fazendas verticais, e
arranha-céus super verdes poderiam
fornecer não apenas alimentos, mas
também energia, criando um ambiente
verdadeiramente autossustentável”, diz
Hassle Hans, CEO da Plantagon.
Outras estufas verticais estão sendo
planejadas em Xangai e Wuxi (China),
Hamburgo (Alemanha) e Barcelona
(Espanha). n
Agricultura urbana:
• Abastece o mercado com produtos
que não precisam de transporte;
• Pouca ou nenhuma necessidade de
pesticida;
• Menos problemas relacionados a
desastres climáticos;
• Promove a biodiversidade nas cidades;
• Cria novos tipos de trabalhos na cidade;
• Elimina o intermediário no caminho
entre a fazenda e a mesa.
nasa
jogo rápido
Do fundo
do baú:
dejetos . No espaço,
o lixo é um problema
crescente. Pedaços de
satélite, foguetes, peças
abandonadas,
combustível despejado
e manchas flutuantes
de pintura são alguns
dos mais de cem
milhões de dejetos que
orbitam ao redor da
Terra, uma grande
ameaça para os
viajantes espaciais.
a força aérea dos
EUA catalogou 20 mil
objetos em órbita, sem
considerar os restos
com menos de 28 cm
de diâmetro, que não
podem ser detectados.
Para estes, duas
empresas disputam um
o número:
6A
É o assento mais popular em
um avião. O 6A é na janela,
ao mesmo tempo perto da
saída e longe do tráfego da
cozinha e dos banheiros.
contrato de 3,5 bilhões
de dólares para
construir um sistema de
cerca espacial, a ser
lançado em 2015. O
sistema de radar seria
poderoso o suficiente
para catalogar cem mil
objetos e detectar
dejetos tão pequenos
quanto 2 cm de
diâmetro. n
Fantásticos
tênis de plástico
novos materiais. Apenas oito
garrafas PET são necessárias para criar um
par de tênis Newsky, da New Balance. O
produto é feito com Eco-fi, um poliéster com
95% de plástico de garrafas PET. As garrafas
são cortadas em pedaços, aquecidas e
moldadas em fibra, criando o novo tecido. A
Sandvik Coromant vende as ferramentas
que produzem os moldes para o calçado. n
Novo design
africano
REaproveitamento. Hamed
Ouattara, um artista e designer de
Burkina Faso, transforma barris de
petróleo e de óleo de cozinha em
móveis. Em seu novo estado
“reaproveitado” (veja à página 8), os
barris amassados e corroídos se
tornam marcas de beleza. A intenção
de Ouattara é oferecer design moderno
para os africanos - e para o mundo. n
Barris de petróleo reaproveitados viram móveis nas mãos
inovadoras de Hamed Ouattara.
china. Em junho,
a Sandvik
Coromant abriu um
novo Centro de
Produtividade em
Pequim, para
oferecer à região
as mais recentes
técnicas de
usinagem e
conhecimento.
O centro é o
segundo aberto na
China. O primeiro,
um Centro de
Aplicação, foi
inaugurado em
Xangai, em 2004.
Arte
no gelo
gettyimages
Limpeza geral
Alguns objetos
orbitam a velocidades entre
11 mil e 30 mil
quilômetros
por hora.
Sandviken não só
emprestou seu
nome ao Grupo
Sandvik e à
Sandvik
Coromant, como
também inspirou a
Sandvik Big Band,
uma orquestra
fundada em 1968
com várias
conexões com a
cidade e empresa.
O LP Sandvik Big
Band em
Vancouver capta a
banda em turnê
em 1983.
70 equipes
disputam o
título mundial.
ferramentas. O 24º Campeonato
Mundial de Arte no Gelo está agendado
para acontecer em Fairbanks, Alasca,
entre 26 fevereiro e 24 março de 2013.
Mais de cem artistas usarão suas
ferramentas para criar esculturas em
enormes blocos de gelo. Quase dois
milhões de quilos de um gelo excepcionalmente claro e grosso, conhecido como
“Arctic Diamond” (Diamante Ártico), será
retirado do lago local para servir como
matéria-prima para as esculturas. n
metalworking world 7
jogo rápido
FEIRAS
2013
2 perguntas sobre:
o novo centro
de treinamento
técnico na Romênia
Desde 2011, a Sandvik Coromant tem
sido uma empresa parceira ativa no
apoio ao cliente Schaeffler Romênia e
seu Centro Técnico de Educação,
formando jovens talentos que mais
tarde se tornam colaboradores
técnicos dos
fabricantes de
máquinas.
P: Dragos Baila da
Sandvik Coromant
Romênia, como você
Uwe Kando (à esq.) dá suporte a seus
clientes?
e Dragos Baila.
“A Schaeffler Romênia
está à procura de soluções de
produtividade, e a Sandvik Coromant
fornece conhecimento e recursos com
as mais recentes tecnologias em
ferramentas de corte, processos e
estratégias de usinagem. Equipamos
todas as máquinas DMG deles com
ferramentas de corte, e também
oferecemos documentação técnica
completa. Além disso, Evelin
Georgescu, nossa experiente
engenheira de aplicação, já fez
demonstrações ao vivo na oficina do
Centro Técnico de Educação para o
departamento técnico e para os jovens
estudantes. Nossos eventos têm sido
bem recebidos por todos os participan-
tes e também pelos gestores técnicos
Adrian Muscalu, líder da Central de
Tecnologia, e Uwe Kando, líder do
Centro Técnico de Educação.”
P: Como você continuará a
atender seus clientes?
“O Centro Técnico da Schaeffler
tornou-se um bom exemplo para
outras empresas romenas. Projetos
semelhantes já começaram este ano,
como a DWK [Deutscher Wirtschaftsklub Kronstadt]. Treze empresas
alemãs da área de Brasov decidiram
abrir uma escola técnica privada para
os jovens. Esta iniciativa é também
apoiada pelo Ministro da Educação da
Romênia. As aulas práticas de
usinagem serão feitas no Centro de
Treinamento Técnico da Schaeffler.
Estamos aqui para atender às
necessidades de nossos clientes, tanto
com materiais profissionais como com
o nosso conhecimento e competência,
por meio de uma formação de alto
nível e de demonstrações ao vivo. O
Grupo Schaeffler tem um slogan:
‘Juntos movemos o mundo’, e a
Sandvik Coromant os apoia nessa
empreitada.” n
dragos baila
Sandvik Coromant, Romênia.
IMTEX
24 a 30 de janeiro
Bangalore, Índia
8 metalworking world
O objetivo do avião
protótipo é demonstrar
que ele pode percorrer
400 quilômetros (215
milhas náuticas) em
silêncio, de forma
eficiente e com zero
emissão. Caso a carga
se esgote em pleno
voo, o avião é equipado
com pára-quedas. n
reaproveitamento...
... significa reutilizar resíduos diretamente,
sem submetê-los a processos de refinamento
que consomem energia, como é o caso dos
métodos convencionais de reciclagem, nos
quais os resíduos passam por extensos
processos a fim de serem convertidos em
materiais utilizáveis. O reaproveitamento é
uma tendência popular entre artistas e
designers. Veja à páginas 5 e 7.
TECMA
5 a 8 de março
Cidade do México
EMO
16 a 21 de setembro
Hannover, Alemanha
você sabia?
A Sandvik foi a primeira a
usar um nome fantasia, na
feira mundial em 1876 na
Filadélfia, EUA.
Para mais eventos
e feiras acesse
www.sandvik.coromant.com
O portador dos ventos
energia. Um
problema da energia
eólica é a dificuldade
de se conseguir
armazenar vento em
excesso. A empresa
canadense Hydrostor
está tentando resolver
a questão usando
Voos elétricos
espaço aéreo. A
indústria aeroespacial
trabalha constantemente para tornar as
aeronaves mais leves e
eficientes. Um grande
passo nessa direção é
o Panthera Electro,
avião de quatro lugares
da empresa eslovena
Pipistrel, que possui
um motor totalmente
elétrico de 145 kW.
a palavra:
O Panthera Electro pode
voar 400 quilômetros
com uma única carga
turbinas no litoral para
inflar balões subaquáticos. A eletricidade é,
então, convertida em
ar comprimido e
armazenada em
acumuladores flexíveis
montados debaixo
d’água. O peso da água
mantém o ar sob
pressão e os balões
são trazidos à tona
quando necessário.
Cerca de 200 desses
balões gigantes
poderiam fornecer dois
megawatts por quatro
horas. n
textO: tomas lundin Foto: christoph papsch
Câmbio
superior
Friedrichshafen, Alemanha. Novas ferramentas que utilizam
tecnologia de pastilhas intercambiáveis desafiam o aço rápido sinterizado
nos processos de produção que exigem alta precisão. A alemã ZF, líder
mundial na fabricação de caixas de câmbio para a indústria automotiva,
está na vanguarda.
nnn enquanto a neblina matinal cobre o lago Constança, o terceiro
maior da Europa Central, um Zeppelin sobrevoa em um límpido céu azul.
Os cumes dos alpes suiço-austríacos brilham ao fundo e balsas brancas
flutuam em toda a extensão da água.
Na costa norte do lago está Friedrichshafen, uma cidade universitária e
vibrante centro de tecnologia, com raízes nas indústrias aeroespaciais e
automotivas alemãs. Desde o início do século XX ela abriga empresas
como Dornier, MTU e Zeppelin, que ficou famosa quando o dirigível
Hindenburg pegou fogo durante uma aterrissagem nos EUA, em 1937.
Entre as pioneiras da década de 1900 estava a Friedrichshafen
Zahnradfabrik (ZF), ainda hoje símbolo da
engenharia de qualidade e do talento para a
inovação dos alemães. O grupo produz de
caixas de câmbio a sistemas de direção
para a indústria automotiva mundial e
também está fortemente envolvido na
expansão da indústria de energia eólica, na
qual a vida da peça é um fator crítico.
"Nós sobrevivemos por estarmos
sempre na vanguarda e por nunca
comprometer nosso padrão de qualidade,
independentemente do esforço necessário", afirma Heinrich Geiger, responsável
pela produção de engrenagens na ZF, o
homem que os colegas da Sandvik
Coromant descrevem como "o Papa das
Engrenagens".
Alguns anos atrás, a ZF começou a
pensar em alternativas para a usinagem de
engrenagens em aço rápido para veículos
comerciais, bem como para caixas de
câmbio. Ferramentas de aço rápido são
feitas a partir de um corpo sólido e têm
sido, há muito tempo, o único meio de
alcançar a precisão exigida para uma caixa de câmbio operar o mais fácil e
sem ruído possível.
A desvantagem de aço rápido é o longo tempo de manuseio e a logística
envolvida. Quando a ferramenta está cega, ela é fresada na ZF e depois
enviada para o revestimento da superfície externa. Técnicos da ZF
começaram a pesquisar alternativas. E foi quando o gerente de desenvolvimento de negócios globais para soluções de fresamento de engrenagens
da Sandvik Coromant, Kenneth Sundberg e o gerente técnico de
fresamento de engrenagens, Mats Wennmo, visitaram a ZF há dois anos
que a tecnologia de pastilhas intercambiáveis ganhou destaque.
A Sandvik Coromant já havia desenvolvido um protótipo para a
10 metalworking world
empresa alemã Voith Turbo, produtora de engrenagens para indústrias de
trens e de energia eólica. A nova tecnologia de pastilhas intercambiáveis
levou a Voith a aumentar a produtividade em 55% e a reduzir significativamente os custos.
os engenheiros da Sandvik Coromant tinham certeza de que havia muito
a ganhar trabalhando com uma empresa especializada na produção de
massa como a ZF. Assim, um projeto de desenvolvimento intensivo foi
iniciado - e continua até hoje.
"Começamos do nada", lembra Willy Åström, da divisão de pesquisa da
Sandvik Coromant, que monitorava os
testes realizados tanto no laboratório, na
Suécia, como no ambiente de produção
na fábrica da ZF, em Friedrichshafen.
Åström teve suporte do vendedor local,
“Papa das engrenagens”
Henrich Geiger, da ZF afirma:
Bernd Schweikhardt.
“Uma grande vantagem em
Rapidamente ficou evidente que as
trabalhar com a Sandvik
caixas de câmbio da ZF eram um desafio
Coromant é a possibilidade
de desenvolver ferramentas
completamente diferente das engrenagens
sob medida para a ZF.”
da Voith Turbo. Na ZF, as tolerâncias são
de um micrômetro, no máximo. "Alguns
dizem que somos loucos - verdadeiros
fanáticos por qualidade", afirma Geiger.
"É que gostamos de manter o nível
elevado". Ele lembra como a Sandvik
Coromant recebia frequentes pedidos de
melhorias.
O primeiro protótipo tinha pastilhas
fixadas em um corpo de metal por meio
de um parafuso. Gastaram mais tempo do
que o aceitável para trocar 150 pastilhas
em cada ferramenta e havia incertezas
quanto à precisão.
A Sandvik Coromant voltou com um
conceito completamente novo que, depois de combinar pesquisa e
desenvolvimento, resultou em uma ferramenta inteiramente nova. Na
nova CoroMill 176 as pastilhas são fixadas por uma cunha, o que significa
que elas podem ser substituídas em cinco ou seis segundos, em vez de gastar um minuto por pastilha. Outra vantagem é que cada ferramenta pode
ser equipada com diferentes pastilhas de variadas geometrias ou materiais.
A tecnologia também leva em conta exigências ambientais e a
necessidade de poupar recursos limitados. Os dentes que foram substituídos representam menos de 5% do material da ferramenta, e o corpo de
metal pode ser usado por vários anos. "Empresas de grande porte sabem
que o acesso aos recursos estratégicos pode se tornar um problema em
Acima: A ZF Friedrichshafen está situada na
costa norte do lago Constança, na Alemanha.
direita: A ZF fornece de caixas de câmbio a
sistemas de direção para a indústria
automotiva mundial e também está envolvida
com a indústria de energia eólica.
abaixo: O vendedor local da Sandvik
Coromant, Bernd Schweikhardt, garante a
montagem correta da CoroMill 176.
acima: A ZF nunca compromete seu
padrão de qualidade e atenção aos
detalhes. Ersin Oguz dá o toque
final em uma engrenagem.
AO LADO: Danilo Neumann confere a
qualidade da engrenagem.
metalworking world 11
insight técnico: zahnradfabrik friedrichshafen
fixação RÁPIDA
As pastilhas são
fixadas por cunha e
podem ser
substituídas em
cinco ou seis
segundos, em vez de
um minuto por
pastilha.
desde o final de 2010 está em
Grande vantagem
Cada CoroMill 176 pode ser
equipada com diferentes
pastilhas de variadas
geometrias e materiais.
12 metalworking world
andamento um projeto intensivo e
conjunto entre a ZF Friedrichshafen
e a Sandvik Coromant para
desenvolver uma nova solução de
pastilha intercambiável. A parceria
resultou na produção de uma
ferramenta completamente nova, a
CoroMill 176.
Hoje, o aço rápido é a tecnologia
padrão para engrenagens, nas quais
precisão extrema é fundamental. A
desvantagem é que ela exige várias
ferramentas para produzir um único
tipo de engrenagem. Quando a
ferramenta está gasta, é enviada
para retificação e revestimento,
processo que leva, em geral, cerca
de duas semanas.
Com a nova CoroMill 176 da
Sandvik Coromant, apenas duas
ferramentas são utilizadas, uma na
máquina e outra para o cliente
trocar as pastilhas. Ela também
pode utilizar pastilhas com perfis
diferentes, mas com o mesmo
tamanho do módulo, o que significa
que são necessárias apenas duas
ferramentas para produzir
engrenagens variadas.
Na CoroMill 176 as pastilhas são
fixadas por cunha, o que permite
que elas sejam trocadas em cinco
ou seis segundos. Comparada com
a tecnologia em aço sinterizado,
existem vários materiais de pastilhas
que permitem mais oportunidades
para otimizar a produção.
"A produtividade aumentará
radicalmente no futuro com classes
otimizadas para pastilhas
intercambiáveis, que vêm sendo
cada vez mais fabricadas. Isto, por
sua vez, reduz o consumo", conta
Willi Åström, gerente de P&D para
fresamento de engrenagens na
Sandvik Coromant.
alguns anos", explica Hans Dürr,
gerente de clientes estratégicos da
Sandvik Coromant, responsável pela ZF
em base global.
Para o "Papa das Engrenagens"
Heinrich Geiger, o desafio agora é
melhorar a lucratividade e, com o
tempo, aumentar o grau de automação,
usando sistemas óticos que monitoram
se a pastilha está montada corretamente
e com o grau correto de inclinação.
"Não há nenhum problema com a
qualidade. Mesmo considerando a alta
demanda de pastilhas intercambiáveis
da ZF, a tecnologia pode ser utilizada
para fabricar caixas de câmbio. Também
não há problema com a produtividade.
No entanto, precisamos otimizar a vida
útil da ferramenta e reduzir os custos. Se
conseguirmos gerenciar isso, o mundo
estará aberto para essa tecnologia."
O trabalho agora continua a todo
quarteto-chave Hans Dürr (Sandvik Coromant), Heinrich
vapor. O projeto foi classificado pelo
Geiger e Steffen Schmidberger (ambos da ZF) e Bernd
Grupo ZF como um projeto de pesquisa
Schweikhardt (Sandvik Coromant). "A Sandvik Coromant é
nossa fornecedora mais importante há mais de 20 anos. Nós
global. Kenneth Sundbergh, da Sandvik
nos vemos como parceiros estratégicos, que compartilham a
Coromant, acredita que haverá um
mesma filosofia básica", diz Heinrich Geiger.
grande avanço. "A ZF é um cliente bem
exigente", conta. "Se nós podemos
uma mudança significativa de tecnologia, com
atendê-los significa que podemos atender
enormes vantagens econômicas e ambientais. Nossa
às demandas de outras empresas igualmente
ambição é encabeçar a transformação."
exigentes, e então ninguém
Mas, de acordo com Geiger, ainda há muito o que
mais vai querer a tecnologia
fazer. "Não paramos de otimizar nossa atual
antiga". Estou convencido de
que a indústria de usinagem de tecnologia. Ela ainda é o padrão que todos têm para se
balizarem. E isso não é um desafio pequeno.” n
engrenagens está à beira de
zf
em números
1915
Ano em que Luftschiffbau Zeppelin
GmbH fundou a ZF para fabricar
componentes para aeronaves
viajarem sobre o Atlântico.
71.500
Número de colaboradores.
27
Países onde a ZF atua.
4
Número de divisões da empresa,
responsáveis pela fabricação de
produtos como transmissões, eixos
e peças de chassis para equipamentos de energia eólica e da indústria
aeronáutica. Peças para carros e
veículos comerciais de menos de
seis toneladas compõem dois terços
das vendas. Peças para veículos
comerciais pesados, principalmente
caminhões, representam mais 25%.
15,5
bilhões de euros
Volume de negócios em 2011.
540
milhões de euros
Lucro de 2011, já descontados os
impostos. Crescimento de 22%.
754
milhões de euros
Em 20 de agosto de 1915, a Zahnradfabrik foi
Investimento da ZF em P&D em 2011.
Crescimento de17%.
fundada em Friedrichshafen como uma sociedade
limitada. No mês seguinte, a empresa foi inscrita no
registro comercial no tribunal distrital em Tettnang.
O objeto da empresa, de acordo com o registro, era
produzir engrenagens e transmissões para
aeronaves Zeppelin, veículos a motor e lanchas.
metalworking world 13
tecnologia
texto: turkka kulmala
solução: Empregar um
método comprovado de
usinagem de furos profundos,
usando os mais recentes
conhecimentos em tecnologia de
ferramentas e aplicações.
desafio: Como usinar furos
longos e precisos em peças difíceis
com eficiência?
De canos de armas
a trens de pouso
a origem da furação profunda remonta às primeiras
oficinas de canos de armas. A partir deste bélico início, a
tecnologia de usinagem de furos profundos (DHM
- Deep Hole Machining, na sigla em inglês) evoluiu para
uma sofisticada e produtiva série de métodos de
usinagem destinada a aplicações como trens de pouso de
aeronaves e turbinas de usinas de energia.
As características que definem a DHM incluem altas
taxas de remoção de materiais e de precisão, incluindo a
retilineidade do furo, tolerâncias dimensionais e
acabamento superficial.
"Profundo" refere-se a elevada
relação comprimento/diâmetro do
furo, variando entre 5 a 150 x
“D”. A segurança do processo é
uma preocupação fundamental na
maioria das operações de DHM.
Tornos CNC convencionais,
máquinas multitarefas e centros
de usinagem com poderosos
sistemas de refrigeração também
estão sendo cada vez mais usados
na usinagem de furos profundos,
com o objetivo de minimizar o
número de set ups necessário.
14 metalworking world
estudo de caso:
peça: grade tubular com
diâmetro de 40 mm (1,575
polegadas) e comprimento
de1330 mm (52,362 pol.)
Material: aço carbono
(CMC 02.1/02.2)
ferramenta: stationary STS
CoroDrill 800
velocidade
de corte vc:
88 m/mm
(289 ft/min)
Avanço fn:
0,37 mm
(10 in/min)
Broca soldada
velocidade
de corte vc:
88 m/mm
(289 ft/min)
Avanço fn:
0,24 mm
(7 in/min)
Resultado: A produtividade
aumentou 53% e os custos
por peça caíram 50%.
Métodos DHM podem ainda ser aplicados em furos
mais curtos, devido à necessidade de alta produtividade.
Metódos. O método mais comum de furação profunda é
a furação em cheio, na qual é feito um furo em um
material sólido, em uma única operação. O alargamento
é usado principalmente para ampliar um furo já
existente, torná-lo mais retilíneo e melhorar o acabamento superficial. O mandrilamento reverso é uma variante
na qual a ferramenta avança para trás através da peça. A
trepanação forma um núcleo no centro do furo e traz a
vantagem de apresentar um consumo de energia menor.
Os núcleos são muitas vezes usados para teste,
especialmente quando se trabalha com materiais
exóticos, e também como matéria-prima para outros
processos de produção. Um método especializado, corte
de núcleo, é utilizado para remover o núcleo após a
trepanação.
Os métodos mais especializados geralmente visam
tolerâncias muito baixas e/ou formatos especiais.
Brunimento e roletamento envolvem essencialmente
uma combinação de ferramentas para proporcionar
extremo acabamento superficial e tolerâncias dimensionais e de circularidade.
No mandrilamento em forma de garrafa, um furo
longo é feito no interior da peça, deixando um
diâmetro menor no orifício de entrada e/ou
saída. Uma vantagem particular é a capacidade
de usinar formatos internos complexos,
permitindo ao fabricante reduzir o peso dos
componentes essenciais sem comprometer a
integridade superficial.
Ferramentas para furos cegos são usadas
principalmente para usinar superfícies de
diferentes diâmetros em aplicações com altas
exigências de integridade superficial.
sistema de ferramentas. O sistema mais
comum de usinagem de furos profundos,
furação com brocas canhão, usa uma ferramenta sólida equipada com um duto de refrigeração
e um canal com formato V para remoção de
cavacos. Ele tem sido cada vez mais popular em
máquinas-ferramenta CNC convencionais
equipadas com sistemas de refrigeração de alta
pressão. Brocas canhão, que são ferramentas de
alta precisão, são úteis para exigências rigorosas
de acabamento superficial e diâmetros abaixo
de um milímetro, mas a taxa de penetração é
baixa em razão da dimensão da haste. A
profundidade máxima de furação é 100 x “D”.
O sistema de tubo único (STS, na sigla em
inglês) pode ser comparado a uma broca canhão
reversa: a refrigeração flui para a cabeça da
broca, entre a parede do furo e o tubo da broca, e
expulsa os cavacos para dentro do tubo. Isto
requer uma cabeça de pressão para vedar a
entrada lateral da peça. O STS é ideal para furos
extremamente profundos e, devido a sua alta
velocidade de refrigeração, para materiais
difíceis como aço baixo carbono, aço inoxidável
e titânio. O STS tem um diâmetro padrão que
varia entre de 15,6 e 130 milímetros (0,61425,112 polegadas) e é a única alternativa para
diâmetros maiores que 200 mm (7,874 pol.).
Em um sistema Ejector ou de tubo duplo, a
refrigeração flui entre um tubo interior e um
exterior. Uma grande vantagem é a possibilidade de adaptar este sistema em máquinas-ferramenta convencionais, como tornos. Não é
necessário vedação entre a peça e a bucha-guia.
A faixa de diâmetro padrão é entre 18,4 e 65
milímetros (0,7244 a 2,559 pol.) e o diâmetro
máximo é de 200 milímetros (7,874 pol.).n
O STS tem diâmetro
padrão na faixa de
15,60 a 130 milímetros.
Abaixo, em tamanho real.
{15,6 mm}
{130 mm}
Vantagens da CoroDrill 818:
•Melhor flexibilidade devido ao
perfil da geometria e classe
aprimorada
•Desenho aprimorado da boca de
cavacos para melhor escoamento
dos mesmos
•Melhor segurança do processo
devido à nova pastilha e
interface do trilho T do
tip-seat
•Maior capacidade de ajuste do raio
Vantagens da CoroDrill 801:
• Processo altamente seguro
• Melhor flexibilidade devido à
maior capacidade de ajuste
• Desenho rígido com três guias
• Melhor desempenho durante a
vida útil da ferramenta devido à
nova tecnologia da pastilha e da
guia
• É possível ajustar sem serviço da
sala de ferramentas
resumo
Usinagem de furos
profundos ainda é uma
solução avançada e
produtiva para aplicações
que exigem elevadas
taxas de remoção de
materiais e precisão. A
segurança do processo é
uma preocupação
fundamental. Vários
métodos e sistemas de
ferramentas oferecem
flexibilidade operacional
e amplas possibilidades
para a otimização de
aplicações específicas.
metalworking world 15
Texto: Risto Pakarinen Ilustração: Moa Bartling/agent molly & co foto: Martin adolfsson
CRU
como sushi
Inspiração. Se você for a um shopping em qualquer lugar do mundo com
certeza encontrará dois tipos de comida: pizza e sushi. E isso é um
problema. Mas, ao menos para o sushi, existe uma solução sustentável.
nnn Sushi, a tradicional iguaria
japonesa feita de arroz, algas e peixes
crus, partiu de suas modestas raízes
históricas para se transformar no sabor
mundial da década. Mas essa popularidade tem um preço.
Sushi é, sobretudo, peixe cru. E com
a crescente demanda global, garantir
esse peixe tem se tornado algo
problemático - tanto no preço quanto
na sustentabilidade ambiental.
A história do sushi nos leva ao
século X e ao sushi nare (sushi
maduro), processo que consistia em
colocar arroz ainda não cozido dentro
do peixe cru e deixá-lo fermentar.
Quando a fermentação acabava, o
arroz era jogado fora e o peixe era
comido.
Com o passar dos anos, as pessoas
começaram a comer o arroz utilizado na
fermentação. E então, por volta de
1830, em Tóquio, Hanaya Yohei criou
16 metalworking world
uma versão fast-food do sushi,
colocando uma fina fatia de peixe cru
sobre um bolinho de arroz, fácil de
comer com os dedos. Nascia o Edomae
sushi.
“Edo” é muitas vezes traduzido
como "sushi tradicional". Na verdade,
Edo era o antigo nome de Tóquio, e
mae significa "em frente a". Então,
Edomae literalmente significa ‘da baía
de Tóquio', afirma Casson Trenor,
amante de sushi e um dos sócios do
restaurante Tataki, em São Francisco,
nos Estados Unidos.
Até o sushi se tornar um fenômeno
global, foram mais de 150 anos. Em
1923, o terremoto Grande Kantō
devastou Tóquio, matando quase 150
mil pessoas. Os habilidosos chefs que
tiveram a sorte de sobreviver precisaram se mudar.
Na década de 1960, o sushi
tornou-se uma indústria. Em 1968, Kin
Syo Chin, um engenheiro taiwanês
que virou empresário, criou um
restaurante no qual uma esteira levava
sushis frescos para os clientes. Seis
anos depois, Chin possuía 85 filiais
no Japão e uma em Nova York.
o Sushi surgiu nos EUA no início dos
anos 60. O Café Kawafuku, na área
de Los Angeles conhecida como
Pequena Tóquio, é considerado o
primeiro restaurante americano a
servir o prato. Fundado por Nakajima
Tokijiro, o estabelecimento atraiu
empresários japoneses, muitas vezes
acompanhados de clientes americanos. Quatro anos mais tarde, o
primeiro restaurante do gênero fora
da Pequena Tóquio foi aberto – e o
sushi se tornou global.
"A globalização do sushi foi muito
rápida", diz Trenor, que também é
ativista do Greenpeace nos Estados
Unidos e um entusiasta por trás do
movimento que deseja tornar o sushi
sustentável. "A popularidade do sushi
está destruindo os oceanos", afirma.
Em uma ponta do espectro, estão
chefs famosos como Nobuyuki
Matsuhisa, cujos 30 restaurantes
incluem três com estrelas do Guia
Michelin. No outro extremo estão os
fast foods, com preços mais populares,
que podem ser encontrados em
qualquer lugar. Enquanto isso, a cultura
que outrora fez parte da experiência do
sushi tem sido deixada para trás.
"Por que um restaurante em Amsterdã
serve o pargo japonês, um peixe que
vive a mais de 15 mil km da Holanda?”,
pergunta Trenor. "E ainda assim eles o
fazem”. Algo se perdeu no meio do
caminho.
No Japão, certas coisas, incluindo
peixe, são simplesmente consideradas
melhores.
"Ninguém pensou sobre isso criticamente",
diz Trenor. “Gastamos muito combustível e
carbono para trazer grandes quantidades de
peixe do Japão, de onde veio a regra."
A globalização do
sushi, iguaria
apreciada pelas
massas e por
refinados
conhecedores,
tornou-se uma
questão de
sustentabilidade.
em outras palavras, os novos mercados de
sushi identificaram o peixe que deveria estar
no cardápio - "o peixe do sushi" – sem
compreender a tradição japonesa. E quando a
popularidade do sushi se espalhou pelo
Canadá, via Europa, um formato foi criado.
metalworking world 17
"Tudo que um dono de restaurante de
sushi precisa saber é como obter dez
tipos de peixes e como fazer um arroz
decente", afirma Trenor. "Há distribuidores que se especializaram nos peixes
para sushi, e assim você pode consegui-los em qualquer lugar do mundo”.
Trenor lista os mais populares: salmão,
camarão e hamachi (do rabo amarelo,
criados em cativeiro), enguias de água
doce, e atum rabilho, um peixe que
pode custar 170 mil dólares no leilão do
mercado de Tsukiji, em Tóquio.
"Você não precisa pensar em nada.
Apenas assine na linha pontilhada,
consiga o peixe e você tem um
restaurante. Infelizmente, isto tem
deformado a indústria a tal ponto que
agora está afetando o planeta. O salmão
vem de lugares como o Chile, onde a
quantidade de antibióticos utilizada é
quase 300 vezes a prescrita”.
"A enguia de água doce tem sido tão
caçada que hoje está reduzida a 10%
do total de 30 anos atrás", continua
Trenor. Populações de bacalhau e atum
estão em vias de extinção.
É hora de trazer o Edomae sushi de
volta às suas raízes, evoca.
"Acreditamos que o Edomae é
tradicional, mas se você quer mesmo
ser assim, sirva o peixe que está na sua
frente”, afirma Trenor. "O sushi foi
Distribuidores
especializaram-se
em peixes para
sushi e seus
ingredientes são
enviados para todo
o mundo.
criado a partir de uma consciência das
estações e uma reverência aos oceanos.
Nós o transformamos em uma versão
distorcida e não precisa ser dessa
maneira”. É aí que entra o sushi
sustentável.
Trenor explica que quando Tataki,
seu restaurante, foi inaugurado em
2008, era o primeiro de sushi sustentável dos Estados Unidos, e possivelmente, do mundo. Agora, há 11 restaurantes
que servem sushi sustentável nos EUA,
sendo três da cadeia Tataki. Um deles é
o Bamboo Sushi, em Portland, o
primeiro a obter uma certificação por
seu processo sustentável.
"Todos os peixes que servimos
devem vir de populações abundantes e
saudáveis”, anuncia o site do Bamboo
Sushi. "Além disso, os pescadores
devem pegá-los de uma forma
ambientalmente ética".
O Bamboo Sushi também está atento
à sustentabilidade em seus processos.
O restaurante consome energia de
fontes renováveis e usa palitos de
madeira reutilizada.
"O sushi sustentável exige trabalho do
dono do restaurante", garante Trenor.
"Devemos pensar mais criticamente e
sermos mais humildes, porque, de
repente, precisamos ouvir mais do que
apenas nossos clientes e nosso próprio
gosto - temos que ouvir a ciência.
"Quando os cientistas dizem que a
população do atum rabilho está muito
pequena, os chefs devem dar um passo
atrás e dizer ‘Ok, você sabe mais do que
eu, não vou vender este peixe e ser parte
do problema. Em vez disso, vou usar
meu restaurante e minhas habilidades
culinárias para ser parte da solução'".
Em vez de tentar descobrir como
melhor substituir o Madai, o atum
rabilho e os outros peixes, os chefs
precisam ver o que têm e inovar a
partir daí, diz Trenor. Mas isto é mais
fácil de dizer do que de fazer.
"Se você considerar o atum rabilho
como o melhor que existe e apenas
tentar encontrar uma reposição para ele,
você vai sempre ficar aquém do
desejado, pois nada é exatamente igual a
outra coisa. Devemos partir de um ponto
diferente. Precisamos olhar para o que
temos – a recompensa específica de
onde estamos e da época do ano, e fazer
o nosso melhor para tornar isso
verdadeiramente belo. O que nós não
temos não pode fazer parte do quadro.
"O sushi sustentável apenas
começou", aponta Trenor. “Vai ficar
ainda maior. Tem que acontecer. Se
vamos salvar a arte e a culinária do
sushi, precisamos voltar às suas
raízes.” n
Top 6 Alguns dos mestres mundiais do sushi
Tóquio | Sukiyabashi Jiro
Las Vegas | Nobu
Tóquio | Sushi Mizutani
Nova York | Nobu
Tóquio | Araki
Nova York | Masa
Jiro Ono
Nobuyuki "Nobu"
Matsuhisa
Hachiro Mizutani
Masaharu
Morimoto
Mitsuhiro Araki
Masa Takayama
Chef-proprietário do
Araki, um restaurante
de Tóquio. Alcançou
direto o status de três
estrelas em 2010.
Mais conhecido por
seu atum (maguro).
Chef e proprietário do
Masa de Nova York,
que possui três
estrelas Michelin.
Considerado um dos
restaurantes mais
caros do mundo.
Chef no Sukiyabashi
Jiro, restaurante três
estrelas pelo Guia
Michelin em Tóquio.
Ono, 86 anos, foi
reconhecido pelo
governo japonês
como um tesouro
nacional por suas
contribuições para a
culinária do país.
Proprietário e sócio de
mais de duas dúzias
de restaurantes,
vários com três
estrelas Michelin.
Chef executivo do
Nobu, em Las Vegas.
Chef principal do
Sushi Mizutani, em
Tóquio, que também
ganhou três estrelas
Michelin.
Chef do restaurante
Nobu de Nova
York.
Sören Olsson Especialista
em Aplicações da Sandvik Materials
Technology fala sobre:
Faca, a
ferramenta
mais preciosa
do chef do
sushi
P: Há quanto tempo a Sandvik
Materials Technology produz aço
para facas?
Desde 1960. Produzimos milhares
de toneladas de aço por ano, para
todos os tipos de faca: dos modelos
de mão esportivos e para pesca a
facas de cozinha, navalhas, facas
industriais e tosquiadores de
jardim. O aço usado nas facas é
basicamente o mesmo das lâminas
de barbear e bisturis cirúrgicos.
P: Como é o processo de produção
do aço para as facas dos chefs?
É necessário balancear corretamente as características mais
importantes de uma faca: firmeza,
resistência, durabilidade e
resistência à corrosão. Você não
pode ter o máximo de tudo. Se
produzir algo muito duro, pode
perder, por exemplo, em resistência
à corrosão.
Acredito que as mesmas
características e equilíbrio são
importantes para todos os produtos
da Sandvik Coromant. O aço para as
facas dos chefs é feito por meio do
derretimento de matérias-primas ferro e ligas metálicas – fundição,
laminação a quente, tratamento
térmico e laminação a frio.
P: Que cuidados os chefs devem
ter ao manusear suas facas?
MESTRE DA METALURGIA
Keijiro Doi, e seu filho Itsuo, são
considerados dois dos melhores
ferreiros que já viveram no Japão.
Keijiro é aclamado por aperfeiçoar
a Yakidoshi, difícil técnica de
forjamento em baixa temperatura,
e pelo complexo trabalho com o
Blue Steel.
.
É necessário protege-las de outros
materiais duros. Um erro comum é
colocar a faca na lava-louças ou na
gaveta junto com outras lâminas,
que podem bater umas contra as
outras e danificar suas arestas. Já
me disseram que, no final do dia, o
chef afia a sua faca e a deixa
descansar durante a noite, porque
uma superfície de aço recém-afiada
pode deixar gosto de metal na
comida. Verdade ou mentira, não
vale a pena correr o risco.
Leia a história exclusiva na edição para
iPad da Metalworking Word.
metalworking world 19
texto: Susanna Lindgren Foto: daniel månsson
Ancorada
na história
Söderfors, Suécia. A siderúrgica
Scana Energy está pronta para o
futuro e recebendo os louros pelo
Stellax, seu aço de alta resistência.
A Sandvik Coromant realizou o teste
e documentou as propriedades do
novo aço na usinagem. Trata-se de
uma reinvenção industrial em uma
cidade que tem sua história ligada
ao aço desde 1676.
A cidade de Söderfors já foi célebre pelas
âncoras que produzia para a marinha sueca.
Essa produção foi extinta no século 19, mas
a indústria de ferro e aço na região persiste,
empregando centenas de pessoas.
20 metalworking world
nnn desde 1676, quando se iniciou a produção de âncoras
para a marinha sueca, a pequena cidade industrial de
Söderfors tem tradição de excelência em aço e tratamento
térmico. Hoje a cidade é a casa da Scana Energy, que
mantém a tradição na fabricação de aços de alta-liga, alto
desempenho e alta pureza.
Cerca de 200 funcionários trabalham em turnos para
manter ininterrupta a produção. Em uma das áreas, a porta
aberta de um enorme forno revela vários lingotes incandescentes, esperando para serem prensados em uma grande
bigorna. Uma máquina gigante move uma viga de aço
parcialmente moldada de volta para dentro do forno para
reaquecimento. O operador usa os dois enormes mordentes
de aperto para pegar outro lingote que será moldado em uma
prensa maciça. A máquina suporta até seis toneladas, mas
mesmo com uma capacidade tão grande é essencial ter
habilidade. Todas as dimensões são medidas à mão para
garantir que o produto final atenda as exigências do cliente.
A Scana Energy é especializada na fabricação de séries
limitadas de produtos sob medida. Há poucos pedidos
repetidos, de modo que todo pedido é um novo desafio. A
empresa oferece um processo de produção completo e integrado - da produção interna do aço até o processamento
- na unidade de usinagem vizinha. Quer seja o produto um
grande eixo ou um perfil de aço com poucos quilos, ele é
Após cerca de um ano e meio de
testes, a nova classe de aço
Stellax foi lançada.
laminado e forjado de acordo com as especificações
precisas, em um processo que vai se tornando cada vez
mais detalhado.
"Há centenas de produtores de aço no mundo", afirma
Linus Svensson, diretor de marketing e vendas da Scana
Energy. "O que nos torna diferentes é que nós gostamos de
fazer o que os outros não fazem, e estamos dispostos a
assumir as tarefas mais desafiadoras."
Ele levanta um perfil - que serve como peça central em
uma mesa da sala de conferências - e mostra suas bordas
afiadas, necessárias para o corte de lascas de madeira na
produção de papel-cartão. "Somos uma das poucas
empresas do mundo que fazem perfis laminados usando
aço rápido sinterizado -, um dos materiais mais complica-
sobre a scanA Energy
a Scana Energy Söderfors AB é um fabricante especializado em aços
de alta-liga, alto desempenho e alta pureza, destinados a aplicações
exigentes. Em 1995 a empresa passou a fazer parte do Grupo Scana, um
grupo industrial nórdico estruturado em três áreas de negócio: energia,
motores e offshore. A Scana tem uma organização descentralizada, e muito
de sua experiência técnica e comercial está dividida nas diversas empresas
do grupo. O Grupo Scana tem a sua sede em Stavanger, na Noruega.
A Scana Energy é especialista em
produtos feitos sob medida e recebe
poucos pedidos repetidos. Cada
pedido é um novo desafio.
metalworking world 21
Cerca de 200 funcionários
trabalham na Scana Energy, onde
ter habilidade é essencial. Na foto,
a operadora Camilla Hoffman.
ACIMA: Tem havido muitas solicitações de produtos
processados ou acabados, e quando a Scana Energy
foi consultada se poderia criar uma classe de aço de
alta resistência ela aceitou o desafio e trouxe uma
parceira de longa data – a Sandvik Coromant – para
testar as ligas e aperfeiçoar o processo de produção.
Na foto, o especialista técnico da Sandvik Coromant,
Kenneth Lundberg, vestindo a característica capa
amarela, conversa com o técnico de produção da
Scana Steel, Per Hedqvist.
Anna-Karin
Wahlström,
operadora.
"O que é único hoje pode não ser
único amanhã. Temos que evoluir
para nos mantermos competitivos.
Desenvolver novas classes de aço é
uma maneira de fazer isso", afirma
Per Hedqvist.
O líder do grupo, Manfred
Pettersson, à esquerda, e o
operador Christer Johansson
durante 200 anos,
todas as âncoras da
marinha sueca foram
produzidas na cidade
de Söderfors. O Rei
Karl XI em pessoa
ordenou a produção,
após uma embaraçosa
derrota em uma
batalha naval contra a
Dinamarca, em 1676.
O movimento dos
navios foi o culpado
pela péssima mira dos
suecos com seus
canhões. Söderfors
acabou sendo o lugar
perfeito para a
produção de âncoras,
já que minério e
energia hidrelétrica
estavam disponíveis no
local. Hoje uma âncora
exibida no parque da
cidade ilustra o
passado aos visitantes
– a produção de
âncoras foi extinta no
século XIX. Enquanto
isso, as indústrias de
ferro e aço ainda
empregam centenas
de pessoas na região.
Rei Karl XI
24 metalworking world
dos de se trabalhar,” afirma Svensson.
Nos últimos anos tem aumentado a demanda por
produtos já processados ou finalizados, tanto por
parte daqueles que compram diretamente da Scana
Energy quanto por subcontratados que obtém sua
matéria-prima em Söderfors.
"Recebemos uma série de consultas perguntando se
poderíamos criar um aço de alta resistência com boas
propriedades de usinagem para hidráulicos - como válvulas
de bloqueio e pistões", diz Svensson.
Os pedidos, em sua maioria feitos por empresas subcontratadas, são bem específicos. O material deve ser ao mesmo
tempo robusto e fácil de usinar, o que em si é uma contradição. O material também deve ser entregue em formato
retangular, a fim de evitar desperdícios e minimizar o peso,
economizando espaço de armazenamento e dinheiro.
O técnico de produção Per Hedqvist e seus colegas
aceitaram o desafio. Após um ano de preparação, quatro
ligas estavam prontas para serem testadas. A Scana Energy
procurou sua parceira de longa data – a Sandvik Coromant
– para testar as ligas e aperfeiçoar o
processo de produção.
"Encontrar a classe perfeita de aço é
um desafio e tanto", diz Hedqvist. "O
teste é uma parte essencial do processo."
As quatro classes de aço foram testadas
tanto no Centro de Produtividade da
Sandvik Coromant como nas instalações
da Scana Energy.
“Elas foram comparadas usando um material como
referência e com base nos testes de como a Scana e seus
clientes processam o material em suas produções,” afirma
Kenneth Lundberg, especialista técnico da Sandvik
Coromant. "Nós realmente exigimos bastante tanto das
ferramentas quanto do material.”
Todos os testes e dados de corte foram documentados. O
desgaste nas arestas de corte foi fotografado através de um
microscópio e o processamento foi filmado. Todos os dados
e parâmetros foram levados em consideração e comparados,
a fim de encontrar a classe ideal de aço para fresamento e
insight técnico
O Stellax é um aço estrutural recém-desen-
volvido pela Scana Energy com excelentes
propriedades de usinagem. Ele proporciona
menor tempo de usinagem, redução no
desgaste das ferramentas e uma usinabilidade previsível que minimiza a quebra de
ferramentas e a necessidade de supervisão.
Durante o desenvolvimento, a Sandvik
Coromant auxiliou a Scana Steel nos testes
e documentação de usinabilidade.
O Stellax foi desenvolvido especialmente para válvulas hidráulicas de bloqueio,
nas quais são necessárias usinagens e
furações complexas e extensas.
O produto foi testado no Centro de
Produtividade da Sandvik Coromant, em
Sandviken, para alcançar a usinabilidade
ideal, a fim de maximizar a produtividade
da Scana Energy e demonstrar ao cliente
final a qualidade da nova classe.
Potenciais compradores do Stellax
poderão estudar os dados de corte dos
produtos da Sandvik Coromant como
CoroMill 345 e 490, bem como a CoroDrill
860 e 846.
Com as ferramentas
certas para a nova
classe de aço. Elias
Ragnarsson, Kenneth
Lundberg e Per Hedqvist.
Stellax é uma marca registrada.
furação com ferramentas da Sandvik Coromant.
"Para um técnico como eu não há nada mais agradável do
que trabalhar em um material completamente novo e testá-lo
por todos os ângulos possíveis", anima-se Lundberg.
Após um ano e meio de testes, uma classe se destacou.
Denominada Stellax, ela foi lançada em maio de 2012. O
primeiro pedido foi entregue logo depois, na Finlândia.
"A cooperação da Sandvik Coromant foi extremamente
importante em todo o desenvolvimento", diz Svensson. “A
capacidade de mostrar sua usinabilidade ao cliente final e de
fornecer todos os dados de corte é importante também no
marketing do novo produto”.
‘‘
Linus Svensson,
diretor de vendas
e marketing
A Sandvik Coromant também vê isso como um conceito
vencedor. "É importante pensar globalmente mesmo se você
só trabalha em âmbito local,” diz Mikael Larsson, gerente
regional da Sandvik Coromant Suécia. "Acreditamos que
isso auxiliará nas nossas vendas ao redor do mundo.” Tanto
Sandvik Coromant como Scana Energy têm clientes em
todo lugar, e a Scana faz referência, na ficha de dados do
material, aos produtos específicos da Sandvik Coromant
utilizados na fase de testes.
"Trabalhar na Suécia, mas sendo capaz de ajudar a Scana
e a Sandvik Coromant em todo o mundo, é realmente uma
situação em que ambas as partes ganham", completa. n
"Nós realmente exigimos bastante, tanto das ferramentas
quanto do material.”
metalworking world 25
tecnologia
textO: turkka kulmala
desafio: Escolher o método
errado para usinagem de roscas
pode trazer riscos para a
produtividade e para a qualidade.
solução: Procurar um parceiro
com uma gama abrangente de
ferramentas de corte e
conhecimento da aplicação.
Fornecedor total
é uma forma
relativamente simples e produtiva de
usinar roscas de alta qualidade em
peças rotativas. Também é uma área
historicamente forte da Sandvik
Coromant, que conta com uma extensa
gama de perfis e passos de roscas. A
CoroThread 266 é uma ferramenta
ultrarrígida com uma interface iLock
exclusiva. Outra ferramenta é o
CoroTurn XS, útil para furos muito
pequenos. A maior desvantagem do
torneamento de roscas é a baixa
adequação a peças como tubos de
paredes finas, que tem tendência de se
deformarem sob cargas pesadas. O
fresamento de roscas é, muitas vezes, a
melhor alternativa devido a forças de
corte mais baixas.
O fresamento é uma solução versátil
para peças não rotativas e muitas vezes
é um solucionador de problemas para
peças grandes e forças de corte
extremas. Além disso, o fresamento
oferece um bom controle de cavacos
em materiais de cavacos longos. A
gama de fresamento de roscas da
Sandvik Coromant inclui tanto
ferramentas sólidas quanto intercambiáveis, com faixa entre 3,2 e 80 mm.
Rosqueamento com machos é um
metódo de rosqueamento interno
altamente produtivo para grandes lotes
e condições estáveis.*
Ao decidir entre rosqueamento com
machos ou fresamento, um fator
importante é o material. Em materiais
torneamento de roscas
26 metalworking world
duros ou difíceis, um macho pode se
quebrar catastroficamente – um problema
que não existe no fresamento. Para
materiais de cavacos longos suscetíveis a
problemas de escoamento dos cavacos, o
fresamento é uma solução útil.
Turbilhonamento de roscas é um
método especializado para peças
delgadas, pequenas ou grandes, como
parafusos de chumbo. A principal
aplicação é na tecnologia médica.
Turbilhonamento é uma alternativa para o
fresamento em aplicações que requerem
perfis de rosca específicos. n
estudo de caso:
Material: Aço, MC P2.1.Z.AN, CMC02.1, 180 HB
rosca: M80 x 4 interna
fresa: 328-063Q22-13M
pastilha: 328R13-400VM-TH 1025
dados de corte
CoroMill 328
220
nº de pastilhas:
5
avanço/dente, mm:
0,12
tempo de corte, min:
10,32
vida útil, peças:
18
vel. de corte m/min:
aumento de produtividade
Concorrente
150
6
0,06
21,64
1
+188%
*Leia mais sobre rosqueamento na Metalworking
World 2/2012, p. 32, ou em
www.sandvik.coromant.com.
resumo
Escolher o método correto de usinagem de roscas requer um cuidadoso equilíbrio de fatores: material, geometria,
produtividade e qualidade. A Sandvik Coromant oferece soluções para as principais tecnologias de usinagem de
roscas.
Texto: Johan Rapp
Capturando
o sol e o vento
Inovação. Em casas, praias ensolaradas, universidades e escritórios há
getty images
pessoas tentando responder grandes questões da humanidade: Como resolver
nossas futuras necessidades de energia? Como evitar danos à natureza?
Como construir sociedades sustentáveis? A resposta correta é: inovação.
nnn Enquanto se alongava no quintal,
apreciando o sol do verão de Estocolmo,
a bioquímica e artista sueca Petra
Wadström refletia sobre a enorme
quantidade de energia solar em torno
dela. Seus pensamentos foram até
aldeias da África e Ásia, onde água suja
era a causa de doenças e má higiene. A
mesma energia solar que a aquecia não
poderia ser usada para limpar a água
nestas aldeias? Ela começou a pensar
em várias soluções de pequena escala.
Alguma delas poderia ser viável.
Ao mesmo tempo, em uma praia na
Austrália, o pesquisador Dylan Thorpe
observava windsurfistas se atirando para
frente e para trás no vento costeiro. "Foi
um vislumbre do poder do vento",
lembra. Acima do nível das árvores, a
velocidade do vento aumenta bastante.
Pesquisas mostram que em uma
altitude de dez mil metros os ventos são
tão fortes que apenas 1% dessa energia é
suficiente para suprir toda a necessidade
energética da humanidade. Inspirado
pelos windsurfistas, Thorpe iniciou um
projeto de pesquisa no Royal Melbourne
Institute of
Technology com o
objetivo de
aproveitar os ventos
de altas altitudes.
muitos de nós
temos ideias
inovadoras e
deixamos por isso
mesmo. Não foi
assim com
Dylan Thorpe
Wadström e Thorpe.
Eles encararam os
desafios envolvidos
na realização de
suas ideias para transformá-las em
realidade.
“Você tem que ser corajoso quando
trabalha com inovação", afirma
Wadström. "Você deve ousar inovar –
bater em muitas portas, acreditar no que
28 metalworking world
faz e progredir com sua solução. Dá
mais trabalho que a própria invenção.”
Wadström trabalhou em pesquisas
durante muitos anos, principalmente no
campo de tecnologia de DNA. Ela adora
resolver problemas e acredita que a
mistura de arte e ciência ajuda a ver as
coisas por uma nova perspectiva. Em
seu projeto de purificação de água em
pequena escala, a ideia central era de
que as bactérias transmitidas pela água
morrem se você aquecê-las e submetê-las à radiação ultravioleta.
O primeiro desafio foi dinheiro.
Ninguém queria investir em seu projeto.
"Então fui até minha madrasta e peguei
emprestado", recorda.
Wadström, que reside em Estocolmo,
construiu diversos protótipos – vários
tipos de caixas que foram preenchidas
com água – e usou um painel solar para
direcionar o máximo de radiação
possível para as caixas e a água dentro
delas. Ela teve um importante avanço
nas instalações locais de purificação de
água de Estocolmo. A planta de
tratamento pôs bactérias e acompanhou
a limpeza no
protótipo. O
resultado: a água
estava completamente limpa e tão
quente que poderia
ser usada para chá.
Com o sucesso,
Wadström se
animou. "Eu não
conseguia resistir a
trabalhar com esta
invenção", diz. "Eu
via claramente
como ela ajudaria
as pessoas."
Seu dispositivo de limpeza se parece
com uma mala de viagem com um
painel solar na lateral. Ao enchê-lo com
água e deixá-lo sob o sol, a água fica
limpa e quente em pouco tempo. Ele é
usado para tornar a água potável ou,
Enquanto assistia
windsurfistas
australianos
usarem a força do
vento, Dylan
Thorpe, do Royal
Melbourne
Institute of
Technology, teve a
ideia de usar o
vento que sopra
acima do nível das
árvores como
fonte de energia.
Apenas 1% dos
fortes ventos a dez
mil metros de
altura é suficiente
para fornecer à
humanidade o
total de suas
necessidades
energéticas.
como nas escassas áreas florestais no
norte da Índia, como forma de aquecê-la
sem ter que derrubar árvores para usar
com combustível.
Ela chamou o dispositivo de
Solvatten (água do sol, em sueco).
O cientista australiano Thorpe passou
quatro anos e meio pesquisando como
aproveitar a energia eólica em altas
altitudes. Pesquisas semelhantes foram
feitas em vários lugares do mundo, com
pipas e até com turbinas ultra-leves, que
são suspensas com cabos. Thorpe fez o
seu trabalho com planadores, também
ligados à terra por cabos. A energia
gerada pelo movimento do cabo podia
ser transmitida para um gerador.
“um planador é semelhante a uma pipa
quando preso, mas a asa tem algumas
vantagens", explica. "Se o vento cessa,
ele irá deslizar para o chão pouco a
pouco, e vai subir se houver novos
ventos."
Thorpe foi capaz de transformar sua
ideia em trabalho, mas o caminho para o
uso comercial é longo, por isso ele
deixou a universidade para trabalhar
como consultor em um projeto de
dessalinização com uma empresa
privada. Ele tem sido parte de algo que
no futuro pode contribuir para uma
forma sustentável de energia.
"Eu acredito que os seres humanos
precisam ser sustentáveis no que
fazem", diz Thorpe. "Ultimamente, a
estrutura e a forma como a sociedade
funciona precisam mudar para sermos
completamente sustentáveis, sem
esgotar os recursos humanos."
Wadström, com seus filhos e uma
pequena equipe, trabalha para tornar seu
dispositivo acessível para as pessoas que
precisam dele, apesar da falta de
infraestrutura e de comunicação nestas
áreas. As próprias pessoas são sua
inspiração. "Eu posso ver um usuário
feliz na minha frente, alguém que é
ajudado pela minha invenção.” n
Harri Weckström
da área de Desenvolvimento de
Negócios da Sandvik Coromant, fala
sobre o assunto:
Cerca de um bilhão de pessoas
no mundo não tem acesso à
água potável. Agora, graças a
uma inovadora sueca e seu
novo purificador de água por
energia solar, essa realidade
pode começar a mudar.
PORTAS
ABERTAS
PARA
A INOVAÇÃO
P: Qual é o plano?
Avançar na gestão da inovação. A
ideia é estimular um ambiente
criativo, fornecendo tempo e
recursos para ideias que causam
estranheza à primeira vista, mas
que podem ser valiosas.
P: A Sandvik Coromant já é uma
empresa muito inovadora. O que há
de novo?
Sempre fomos inovadores, mas
somos muito disciplinados e
estruturados como empresa e a
criatividade é focada na melhoria
do que já temos. Com a gestão de
inovação, queremos incentivar
ideias "fora da caixa" – novos
conceitos para atrair mais clientes.
P: Qual ideia você ouviu recentemente?
Uma ideia consiste em utilizar uma
tecnologia específica de outra área
em nossas soluções de produtos.
Ela soa promissora. Enquanto isso,
há muitas pessoas na organização
com ideias que estão apenas
esperando para serem realizadas.
P: Por que começar a gestão de
inovação agora?
A empresa está indo bem, mas é
importante ser proativo e olhar
para o futuro. Que produtos,
serviços ou modelos de negócios
teremos em dez ou 15 anos?
Estamos vivenciando uma
competição cada vez maior, o que
torna ainda mais importante
desenvolver produtos de valor
agregado e estar no topo quando
se trata de inovação.
daniel månsson
INOVE!
A inovadora Wadström Petra
com o Solvatten. O recipiente é
fácil de utilizar e as instruções
são apresentadas em imagens,
para evitar problemas de
tradução e compreensão.
Aprenda como
tornar suas ideias
realidade na edição
da Metalworking
World para iPad
metalworking world 29
tecnologia
textO: Elaine McClarence
desafio: Como cumprir as
exigências da usinagem de blocos de
motor na indústria automotiva?
solução: Opte por ferramentas
eficazes, fáceis de usar e com bom
custo-benefício.
Usinagem
estratégica
Qualidade, custo-benefício e confiabilidade são fatores
determinantes na indústria automotiva. Por isso, produzir
blocos de motor exige ferramentas que se comportem de
forma previsível e altamente consistente. Os fabricantes
estão sempre atentos ao controle de estoque e custos de
produção, com soluções de ferramentas que são rápidas e
fáceis de usar e cujas partes podem ser acessadas
rapidamente pelos fornecedores.
Com a evolução da tecnologia de fundição, a usinagem
do bloco do motor passa a focar em operações de
semiacabamento e acabamento, mais do que na
significativa remoção de material. A furação continua
sendo fundamental nesta parte complexa e o custo por
furo e segurança do processo são fatores importantes. Os
furos são produzidos como uma combinação escalonada
e furos chanfrados são normalmente seguidos por uma
operação de rosqueamento ou, dependendo do tamanho,
são mandrilados em acabamento ou alargados para a
tolerância preferida.
A Sandvik Coromant
desenvolveu soluções de
ferramentas específicas que
atendem as necessidades de
30 metalworking world
fabricação dessa peça complexa. Entre
elas estão a introdução da nova
geração de fresas de facear S-60 para
desbaste e semiacabamento e uma
gama de ferramentas de metal duro, a
CoroDrill 460, para operações de
furação, complementadas por uma
gama já existente de machos de roscar
com geometrias otimizadas e
adequadas para materiais em ferro
fundido.
Além da ampla gama de soluções de
ferramentas, a Sandvik Coromant tem
presença global e centros de competência
específicos, dedicados a aplicações
automotivas, incluindo usinagem do
virabrequim. Desta forma, a empresa oferece
competência e soluções
inigualáveis para este
componente automotivo chave,
ajudando fabricantes a estarem
de acordo com as necessidades
de melhoria contínua da
produtividade e ao mesmo
tempo controle de custos. n
A evolução da tecnologia de fundição significa que a usinagem
do bloco do motor agora está focada em operações de
semiacabamento e acabamento, mais do que na significativa
remoção de material.
CoroMill S-60
Semiacabamento
Para as operações de
semiacabamento no bloco do
motor, a nova ferramenta para
operações de fresamento para
ferro fundido é a S-60. Esta
solução oferece vida útil longa e
previsível e dados de corte
elevados, que levam à redução
do tempo de usinagem.
CoroMill 365
CoroMill 590
Faceamento— Desbaste e acabamento
O faceamento da face de combustão é necessário e requer
fresas com grandes diâmetros, que cobrem toda a
extensão do bloco; pequenas ferramentas podem realizar
usinagem de pequenas faces e saliências. As Coromill 365
e 590 e a S-60 são concebidas para o uso de conjuntos de
centros de usinagem. Novas classes de pastilhas,
geometrias e pastilhas multiarestas com até 12 arestas
foram introduzidas para oferecer ferramentas de corte
confiáveis e produtivas para a indústria automotiva. resumo
CoroDrill 460
furação
Para operações de furação, a CoroDrill 460,
complementada por uma vasta gama de
machos de roscar, foi projetada para
trabalhar em ferro fundido. Esta solução foi
otimizada para bom escoamento de cavacos
em um ambiente de produção com elevada
precisão e baixas tolerâncias, abrangendo
todas as necessidades de furos escalonados
e com chanfros.
Produzir blocos de motor para a
indústria automotiva exige
ferramentas previsíveis e que se
comportem de maneira consistente.
As soluções de ferramentas
específicas da Sandvik Coromant
atendem as necessidades de
qualidade, custo-benefício e
confiabilidade dos fabricantes.
metalworking world 31
que venha o calor
A Avio produz pás de turbinas para o
motor GEnx do Boeing 787. As pás são
feitas de René N5, uma liga de níquel
com alta resistência ao calor.
textO: Claudia flisi Foto: maurizio camagna
Parceria
nas alturas
Pomigliano, Itália. Por meio de uma parceria tripla com a Makino e com a Sandvik
Coromant, a italiana Avio reduziu consideravelmente o tempo de usinagem e
melhorou a confiabilidade e a qualidade de seus processos.
nnn mais de meio século antes de o termo "alta
tecnologia" ter sido cunhado (em 1964), a empresa italiana
Avio já criava soluções dessa natureza para os problemas
do setor aeroespacial.
A Avio foi fundada em 1908 como uma subsidiária da
Fiat, maior montadora italiana de automóveis. Sua
atribuição inicial era desenvolver e fabricar um motor de
avião, o AS 8/75, baseado no motor de um carro de
corrida. A Primeira Guerra Mundial foi um estimulador de
pesquisa e desenvolvimento em aplicações aeroespaciais,
e a divisão que se tornaria a Avio passou da construção de
motores para a fabricação completa de aeronaves. Em
1918, o grupo passou a se chamar Fiat Aviazione.
A diversificação durante os anos 1930 incluiu o
desenvolvimento de motores para uso industrial. Quando a
Segunda Guerra Mundial terminou,
experiência e know-how neste setor levaLuigi Cuccaro
ram - através de um acordo de colaboração com a Westinghouse, em 1954 - ao
desenvolvimento de uma turbina a gás.
O sucesso deste projeto convenceu a
gerência da Fiat Aviazione a se
concentrar nesse produto. A especialização acelerou quando a Fiat vendeu suas
atividades de construção de aeronaves em 1972 e passou a
se focar na produção de motores aeronáuticos.
Em 1989, a Fiat Aviazione se tornou Fiat Avio, com clientes
como Boeing, Airbus e NATO. Novas áreas de conhecimento foram incluídas em 1994 e 1996, graças a
aquisições estratégicas em propulsão espacial e MRO
(manutenção, reparo e operações) de aeronaves civis. Esta
última surgiu pela compra da Alfa Romeo Avio em
Pomigliano d'Arco, na região de Nápoles. A cidade é hoje
um importante centro de produção da empresa, com
produção de combustores, pós-combustores, aerofólios e
pequenas peças estruturais para motores aeronáuticos,
assim como três células de teste para motores. "Mais de
90% do nosso negócio é com a General Electric,
especificamente no motor a jato turbofan de
alta tecnologia GEnx (General Electric
next-generation), destinado ao novo Boeing
787,” conta o engenheiro Luigi Cuccaro,
engenheiro-chefe de fabricação de pás na
Divisão de Motores de Aeronaves da Avio,
sediada em Pomigliano.
Pomigliano é também o local da Divisão
AvioService Civil da empresa, que cuida de
fundação: 1908, em Turim,
como parte da entrada da Fiat
no setor aeronáutico.
gestão: Francesco Caio, CEO
produtos: Concepção,
desenvolvimento e fabricação
de peças e sistemas de
propulsão para aeronaves, com
um forte viés tecnológico.
colaboradores: 5.200,
dos quais 86% atuam na Itália.
metalworking world 33
insight técnico: avi0
lugares
MRO e da assistência técnica nos motores de aeronaves
civis e da reparação e revisão geral de peças projetadas e
fabricadas pela Avio.
Embora os clientes da empresa sejam predominantemente globais, a produção fora da Itália só começou em
2001, com a criação de Avio Polska, na Polônia.
Investimentos contínuos em
P&D e parcerias com os
melhores centros de pesquisa e
universidades italianas e
internacionais consolidaram a
reputação da Avio nos setores
aeronáutico e aeroespacial de
todo o mundo.
Em 2003, enquanto enfrentaDomenica Di Palo,
operadora de
va uma crise automotiva, seu
máquinas, e Antonio
principal negócio, a Fiat vendeu
Maurelli, gerente de
a Fiat Avio para um consórcio
processamento de
pás de turbinas.
controlado pela americana
Carlyle Group. Nascia a Avio
S.p.A. Em agosto de 2006, a
gestora de fundos de private
equity Cinven adquiriu as ações
pertencentes à Avio Carlyle.
Atualmente a Avio é propriedade
da Cinven e do governo italiano.
Embora o controle da empresa
tenha se estabilizado, os desafios e pressões econômicas
aumentaram e convergiram. A pressão para aumentar a
produtividade é feroz e global. "Todos os nossos desafios
se resumem a duas palavras: custos e prazo", diz Antonio
Maurelli, gerente de processamento de pás de turbinas no
Centro de Aerofólios de Turbina da Avio, em Pomigliano.
210 a 250 passageiros, dois corredores
ENVERGADURA
A aeronave tem 60
metros de envergadura
então, quando a General Electric, a maior cliente da
Avio, pediu reduções no prazo de entrega e no custo das
pás das turbinas dos motores a jato GEnx, sem causar
perda de qualidade, a empresa ficou ansiosa por atendê-la.
34 metalworking world
14.200 a 15.200
quilômetros
aeronave Super eficiente
getty images
‘‘
Mais de 90% do nosso negócio aqui
é com a General Electric, especificamente no motor a jato turbofan de alta
tecnologia GEnx, destinado ao novo
Boeing 787.”
autonomia
O Boeing 787 utiliza 20%
menos combustível do
que qualquer outro avião
de seu tamanho.
Novo processo de ferramentas
o novo processo de ferramentas de
usinagem resultou em uma produtividade
70% maior.
o problema
Cooperação pode ser tão importante
quanto tecnologia e inovação na busca pela
redução de custos e melhoria da qualidade
na produção industrial. Introduzida em um
estágio inicial, ela pode levar a inovações
nos processos e à integração de novas
tecnologias, com ganhos de custos para
clientes e fornecedores.
A GE, cliente da Avio, precisava de mais
rapidez e qualidade na fabricação de
turbinas para o novo Boeing 787. A Avio
contou com a ajuda de uma equipe da
Sandvik Coromant e de engenheiros da
Makino, uma fabricante de máquinas-ferramenta, para chegar a uma solução.
a solução
dimensões
O corpo tem 57
metros de comprimento, 17 de altura e
5,74 de largura
"O especialista de investimento em
máquinas da Sandvik Coromant, Roberto
Appiani, trabalhou em um método de
fresamento e calculou o provável tempo de
ciclo, utilizando a CoroMill 316 da Sandvik
Coromant, e baseando-se em resultados de
testes anteriores", lembra o especialista de
área da Sandvik Coromant, Bruno Schisa,
que esteve profundamente envolvido no
projeto. Um engenheiro da Makino
desenvolveu os percursos de fresamento e
configurou a máquina - equipada com um
mandril HydroGrip - para garantir a
estabilidade do processo e técnicos da Avio
desenvolveram os componentes de fixação.
"Atuamos em cooperação para garantir a
qualidade das peças, e a Sandvik Coromant,
com seu produto de fresamento e seu
especialista em aplicação, Stefano Bertoni,
ajudaram a Avio na otimização da vida útil
da ferramenta", avalia Schisa.
O resultado
O processo que a equipe desenvolveu foi
uma nova abordagem para as ferramentas
de usinagem, nem estritamente baseada
nas peças, nem completamente integrada.
Os resultados dos testes foram tão
atrativos que a Avio optou por esta solução,
que gerou um aumento de 70% na
produtividade.
O GEnx será o propulsor original do
novo Boeing 787 que, após uma série de
contratempos e atrasos, fez um bem-sucedido teste de voo em maio de 2011. O
mercado global de motores para o 787 é
estimado em 40 bilhões de dólares ao
longo dos próximos 25 anos.
O pedido específico da GE foi de
melhorar o processo de usinabilidade das
pás, que são feitas de René N5, uma liga à
base de níquel que tem elevada resistência
ao calor.
Desde setembro de 2011, uma equipe da
Avio, da Sandvik Coromant e da fabricante
de máquina-ferramenta Makino se reúne
para discutir a questão. Ela desenvolveu
um processo para reduzir o tempo de
produção de 46 para 30 minutos ou menos
por peça, sem perda de qualidade. "Nosso
problema não era só o material, mas sua
forma geométrica, volume e a questão da
vibração", explica Maurelli.
Por meio da tripla parceria, a Avio
reduziu o tempo de usinagem em 16
minutos e aumentou a confiabilidade e a
qualidade do processo. Desde que a
produção começou, em janeiro de 2012,
houve apenas uma peça com defeito – por
um motivo que não está associado ao
novo processo. n
Antonio Maurelli,
gerente de
processamento de
pás de turbinas (à
esq.), com o
especialista da
Sandvik Coromant
Bruno Schisa.
metalworking world 35
tecnologia
textO: Christer Richt
desafio: Aumentar a troca não
manual de ferramentas e eliminar
problemas no manuseio de cavacos
nos centros de torneamento.
solução: Transição para a troca
automática de ferramentas e aumento
na pressão de refrigeração nos centros
de torneamento.
Preparado
para o futuro
centros de torneamento dominam a indús-
nada pela necessidade da indústria de ter mais
tria de manufatura. Independentemente do
máquinas versáteis e automatizadas, a fim de
tamanho, eles tendem a ter longas paradas
minimizar a movimentação de peças e ter a
desnecessárias para a troca manual de
capacidade de utilizar longas barras de
ferramentas e um sistema de refrigeração pelo
mandrilar sem limitar as posições da torre.
qual o refrigerante flui passivamente para a
Está claro que equipamentos com troca
zona de corte. Trabalhos de desenvolvimento
automática de ferramentas e interfaces de torre
nessas máquinas visam a minimizar tanto as
padrão farão parte do conceito da máquina no
paradas planejadas quanto as não planejadas.
futuro. O desenvolvimento de ferramentas é
Embora hoje ninguém considera comprar
impulsionado pela evolução da usinagem e
um centro de usinagem que não tenha troca
vice-versa, com a indústria da manufatura
automática de ferramentas, o recurso não é
conduzindo ou reagindo à nova tecnologia e
padrão nos centros de torneamento. Em parte,
tendo os custos de usinagem como ponto de
isso é causado pela falta de uma interface de
partida.
fixação para torres que permita a troca
automática de ferramentas. Inteligentes, os
sistemas de refrigeração de alta pressão
centros de torneamento horizontais evoluíram
fazem parte da maioria das máquinas
para incluir um eixo Y, duas torres, subfusos e
modernas, mas a maioria não é usada de forma
monitoramento e medição para a produção
a gerar uma diferença real no processo de
eficiente de altos volumes,
tornando-os extremamente
eficientes e versáteis durante a
Está claro que equipamentos com troca
usinagem. Centros de torneamento
automática de ferramentas e torres paverticais estão agora evoluindo para
drão serão parte do conceito da máquina
a fase onde a troca automática de
no futuro.”
ferramentas é uma opção, determi-
36 metalworking world
‘‘
usinagem. Existem conceitos como o
CoroTurn HP, que comumente exploram
recursos de alta pressão, na faixa de 30 a 80
bars. Nestes, precisos jatos refrigerantes com
fluxo laminar paralelo são direcionados para
levantar o cavaco que está sendo gerado,
reduzir o calor e melhorar o controle de
cavacos em centros de torneamento, melhorando o desempenho e a segurança da produção
automatizada na maioria dos materiais.
Mas para alcançar o máximo benefício no
torneamento de alta pressão assistido em
materiais com maior exigência quanto à quebra
de cavacos, são necessárias ainda maiores
velocidade e pressão do refrigerante - até 150
bars - para abranger a maioria das aplicações.
Isto traz grandes vantagens para o processo de
corte e manejo dos cavacos na zona de
usinagem e no transportador de cavacos. Para
realização de uma usinagem automatizada em
centros de torneamento, o novo recurso deve
ser levado em consideração, pois materiais
exigentes e de cavacos longos são risco
potencial para a confiabilidade e o momento de
limpeza dos cavacos.
Soluções são baseadas no sistema modular
Centros de
torneamento verticais
Tal como os centros de usinagem,
centros de torneamento verticais
estão evoluindo para a troca
automática de ferramentas. Em
parte por causa da necessidade
de remover ferramentas longas
que obstruem a usinagem feita
com ferramentas mais curtas, e
em parte pelas necessidades de
maior eficiência e de se adotar a
produção automatizada. O
desenvolvimento do Coromant
Capto será a interface comum
para ferramentas estáticas e
manuais e a norma para o
estabelecimento da troca
automática de ferramentas.
de fixação Coromant Capto, certificado pela
norma ISO, que há anos é amplamente
utilizado como o principal sistema de troca
rápida manual nos centros de torneamento com
suportes estáticos ou móveis. Hoje, tornos
verticais e máquinas multitarefas usam a
mesma interface combinada com o recurso de
troca automática de ferramentas. O próximo
capítulo da evolução do Coromant Capto será o
desenvolvimento de centros de torneamento
que incorporem a troca automática de
ferramentas.
Na preparação para aumentar a pressão do
refrigerante, novos mecanismos de fixação têm
sido desenvolvidos com vedação para resistir à
pressão de, pelo menos, 150 bars. Isto vale
para unidades de fixação manual em centros de
torneamento, bem como para fixação de fusos
rotativos em máquinas multifuncionais. Uma
grande vantagem do desenvolvimento em
curso é que a interface permanece consistente,
com as atuais unidades de usinagem e
adaptadores sendo totalmente compatíveis. n
Controle de cavacos consistente Para alcançar um
controle de cavacos mais consistente em materiais mais
exigentes, os benefícios da usinagem de alta pressão
assistida devem ser explorados por meio de pressões mais
elevadas do que as geralmente usadas. Até 150 bars serão
necessários para a maioria das aplicações. Isso trará grandes
vantagens para o processo de corte e para o manejo de
cavacos na zona de usinagem e no transportador de cavacos.
resumo
Mudar o tempo de troca de ferramentas e a forma como o refrigerante é aplicado na
zona de corte permitirá que as fábricas sejam mais competitivas em um futuro
próximo – especialmente centros de torneamento.
metalworking world 37
nota final
texto: henrik emilson
38 metalworking world
foto: Jean Chung
Busan Cinema Centre, Coréia do Sul
Olhe para cima
pré-estreias de grandes filmes sempre contam com
tapetes vermelhos no piso da entrada. Mas no Busan
Cinema Centre, na Coréia do Sul, a atração passa do chão
para o teto. Sobre as cabeças dos espectadores está a
maior cobertura suspensa do mundo, com um vão livre de
85 metros e 7.200 metros quadrados de superfície.
Construído para a abertura do Festival de Cinema de Busan
de 2011, o telhado está suspenso por uma única coluna em
forma de cone, utilizada como entrada para a sala de
projeção e que também abriga um café. A cobertura é toda
iluminada com lâmpadas de LED e funciona como principal
forma de comunicação com os visitantes, exibindo
espetáculos de luzes e trailers de filmes. Agora, todos no
Busan Cinema Centre podem se misturar com as estrelas
– uma das variações das imagens de LED.
metalworking world 39
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