Mirian Carbonera MB- Maurí Bessegatto AC

Transcrição

Mirian Carbonera MB- Maurí Bessegatto AC
MC- Mirian Carbonera
MB- Maurí Bessegatto
AC- Avelino de Cézaro.
Catalogação – Darli Zorzi
1-MC- Então entrevista a ser realizada com o senhor Avelino De Cézaro, por Mirian
Carbonera e Maurí Bessegatto, as 14 horas no município de Cordilheira Alta, no dia 5
de junho de 2002, na residência do entrevistado.
Qual é seu nome completo?
AC- Avelino de Cézaro.
2-MC- Onde e quando o senhor nasceu?
AC- Em 1917, dia dois de janeiro.
3-MC- Qual é o nome de seus pais?
AC- Vicencio De Cezaro e Josefina de Bona.
4-MC- E qual é a sua profissão?
AC- Agricultor, sempre fui.
5-MC- Desde quando o senhor mora aqui?
AC- 52 ano, faz não me lembro, acho que faz 52 ano feito.
6-MC- E porque o senhor veio residir aqui na Cordilheira.
AC- Ah, tinha uma irmã que morava aqui, um cunhado aqui, e vim conhece, comprei aqui
perto da estrada, porque no mato não era fácil de ir, poco dinheiro, então tinha acampá aqui.
7-MB- Seu Avelino eu tenho um informação que vocês é irmão do seu Luíz de Cezaro?
AC- É sim, eles moravam aqui.
8- MB- É me parece que foram os primeiros moradores da sede?
AC- É foi ele.
9-MB- Foi ele mesmo, o senhor confirma?
AC- É, sim foi ele.
10-MB- Ele trabalhava com o que ali na sede?
AC- Ele boto uma bodeguinha.
MB- Uma bodega.
AC- Casa de pouso fazia comida.
MB- Tipo um hotel.
AC- Sim tipo hotel.
11-MB- Tinha nome o hotel?
AC- Ah, era Cordilheira, era Cordilheira não sei o nome, tinha a rodoviária também.
12-MB- Aonde ficava a casa lá na sede?
AC- Lá onde tem o comércio agora do Tozzo...
MB- No Tozzo naquele lugar.
AC- Tinha uma estrada que ia pra Linha Bento, uma estradinha de caroça, ia de linha Bento
pra Coronel Freitas.
13-MB- E só a casa dele tinha?
AC- Sim, só a casa dele tinha.
14-MB- Isso que ano?
AC- Ah, não me lembro.
15-MB- Será que era ainda na década de 40?
AC- É, mais uns 5 anos antes que eu ele tava aqui, quando eu vim morá ele vendeu aqui.
16-MB- Vendeu, porque?
AC- Porque não tinha água e tinha que pegá água lá no Rogério Dal Santo, de carroça.
17-MB- O senhor tem idéia pra que ele vendeu?
AC- Ele vendeu pro José Esmanhoto.
18-MB- Não era seu Argento por acaso?
AC- Depois aquele ele foi morá em Coronel Freitas, José Esmanhoto vendeu pro Tozzo.
MB- Ah tá, pro Tozzo atual.
19-MC- É esse seu irmão ele era conhecido como Pot? Era conhecido como Pot? Ele
tinha o apelido Pot?
AC-Apelido, ma não sei, chamava tipo Panosseli ia começa sem nada, fazia como
Panosseli de Erechim.
20-MC- Porque nós estavámos conversando com uma senhora na linha Bento a dona
Páscoa Guaragni e ela disse quando vieram morá aqui na Linha Bento, a única pessoa
que morava ali na Cordilheira era um De Cézaro, mas que chamavam de Pot,
chamavam ele de Pot, era o apelido dele?
AC- Sim, sim de Pot.
21-MB- Ah! O senhor lembra?
AC- Eu não lembraro, eu chamava Panosseli, ouvi conversa, mas senão era De Cézaro, não
era apelido que tinha, ele tinha começado ali era o Panosseli, começou sem nada também
em Erechim, então ele também veio sem nada, aqui morá e começo sem nada diz, porque o
Panosseli também se fizero, era um homem que começo sem nada, então começaro a
chamar ele de Panosseli, má não era .
22-MB- O seu Luíz de Cézaro está ainda vivo?
AC- Não, faleceu faz uns 3 anos.
23-MB- E daqui o senhor disse que ele vendeu pra família...
AC- José Esmanhoto.
MB- Esmanhoto né, ele vivia aonde daí?
AC- Depois ele foi pra Coronel Freitas.
MB- Coronel Freitas...
AC- Trabalhava de sapateiro primeiro.
MB- Sapateiro.
AC-Trabaio de sapateiro junto cos Gollo lá em Coronel Freitas...
MB- E fico por lá.
AC- Ficou por lá, depois aí veio Fernando Machado. Fernando Machado venderam lá, e foi
pra Ponte Serrada, botá uma serraria, em 3 sócio é, era Vicente Fávero e tinha o Fernando
Kat da linha Bento, foi botá serraria em Ponte Serrada, ficou dois anos em Ponte Serrada e
vendeu a parte, parte pro outro, Fernando e Vicente Fávero, e depois ele veio morá em
Xanxerê e morreu lá, mas ficou uns 30 anos em Xanxerê.
24-MB- Seu Avelino é a informação que eu tenho é que primeira vez que ele vende a
casa ali, o hotel né, seria pra família Argenta? O senhor não tem certeza disso.
AC- Se tem Argenta que fico 3, 4 mês, má Argenta compro do Esmanhoto, Esmanhoto, ma
Argenta ficou pouco tempo, ficou pouco, vendeu pro Tozzo depois, má ele tava sempre
tomando cachaça, Argenta, má ele morava aqui de debaixo, ele tinha 10 colonias de terra
aqui, esse Argenta, mas ele vivia sempre bêbedo.
25-MC- Depois ele acabou vendendo terra?
AC- Depois ele foi ainda pro Rio Grande, tinha o pai dele, é filho único do Argenta e o pai
era gente de, de capital.
26-MB- Então ficaram, permaneceu pouco tempo no local seu Luíz né?
AC- Sim...
MB- Um poquinho depois foi embora, o senhor que permaneceu mais tempo aqui.
AC- É quando eu cheguei ele foi pra Coronel Freitas.
27-MB- Você chegou aqui, ficou nesse lugar que nós estamos?
AC- Sim, sempre, sempre.
28-MB- Mas chegou quantos anos depois dele?
AC- Ah, aquele ano, é ele saiu, e eu vim, eu comprei antes, e ele, tava aqui, quando eu
comprei, dali moro uns 2 ano pra vim mora, não tinha dinheiro pra sai de lá, tinha que faze
um poco de dinhero pra sai de lá.
29-MB- Mas porque que eles queriam sai de lá?
AC- Ah, porque a terra era pouca né, pouca terra, terra lavrada, então saí de lá porque, e
outro irmão que morava lá.
30-MB- E vocês compravam a terra de quem do Bertaso, do Corso?
AC- Não, aqui era dos Lunardi, é, Luíz Lunardi,
31-MC- E como que era esse local naquela época?
AC- Local?
MC- É como que era aqui?
AC- Aqui é puro mato, lá em cima da Igreja não tinha, escola não tinha, então nós
comecemo faze a igreja, botá assoalho, botá os filho na escola, porque não tinha escola, e
nois já tinha filho e tudo, já devia ter 7 ou 8morando, que tava morando aqui já tinha filho
pra i na aula, ma não tinha professor e não tinha escola, ma botemo assoalho na igrejinha e
daí comecemo a escola.
MB- Dentro da Igreja?
AC- Dentro da igreja, não tinha banco, não tinha nada. Depois aí um 2 ou 3 anos, começo
política, já veio o Tozzo daí 2,3 ano, quando veio o Tozzo o Ferronatto de Chapecó,
prometeu, me ajuda me elege de vereador eu, eu requero a escola pra você de prefeitura. Ai,
ajudemo ele o Ferronatto, ele se elegeu, ele requereu a escola da prefeitura, então não
paguemo do nosso bolso, senão pagava do nosso bolso.
32-MB- Quanto mais ou menos?
AC- Ah, pagava pouco, dava 1,2 mil reis por cabeça por meis, se tinha 2, pagava 2, se tinha
3, pagava 3 e vai.
33-MB- E quais que eram os vizinhos mais próximos que o senhor tinha aqui?
AC- É aqui tinha o Gabriel.
34-MC- Ele veio logo que o senhor, ele veio antes ou depois que o senhor?
AC- Antes, um pouquinho veio os Técchio morava aqui meu vizinho.
35-MC- E o que mudou hoje?
AC- Ah, mudou um pouco,mas, quase na mesma carreira. Ah, mudou porque naquele
tempo não tinha carro, não tinha nada, hoje, hoje, não tinha luz, não tinha geladeira, não
tinha nada, é não era fácil.
36-MC- E como era assim, existiam árvores que hoje não existem mais, animais que
hoje não tem mais?
AC- Ah, de mato tem pouco, naquele tempo tinha muito bicho de mato.
37-MB- Pode citar alguns, tipos de bicho, que tipo?
AC- Tinha cuati, viado, tinha paca, passarinho, tinha bastante, hoje não tem mais.
38-MB- E árvores, que tipos de árvores, que tipo de árvores que mais tinha aqui na
época?
AC- Ah, tinha grápia, angico, gabriúva, pinheiro aqui não tinha, lá pro lado de lá tinha, ma
aqui não.
39-MB- E quantos animais você caçava?
AC- É cuati, a gente se divertia no mato.
40-MB- Com o que, com arma ou arapuca?
AC- Não com arma.
MB- Com arma, 38?
AC- Sim, era uma arma, que o falecido pai me deu, uma arma 32, que eu vinha aqui no
mato, era bom.............................
41-MB- Ah, seu Avelino houve dificuldades pra pagar as terras que o senhor
comprou?
AC- Não, quando eu vim de lá a terra já tinha pagado...
MB- Pagou lá antes, depois..
AC- É eu tava morando lá paguei aqui, 9 contos de réis.
42-MB- Nove contos, mas o senhor sabe se algum teve dificuldade pra pagar as
empresas que venderam o terreno aqui?
AC- Não, não eu foi fácil eu paga eu não sei.
43-MB- Mas os outros vizinhos, parentes que compraram aqui sofreram?
AC- É sim compraro, ah tudo mundo, nois morava aqui ma tudo mundo sem dinheiro, mas
nós ia na bodega toma um trago, sempre mas...
MB- Tudo dia?
AC- No, no de domingo.... na semana não ia pra bodega.
44- MC- E o que o senhor produzia?
AC- Ah, milho, trigo aquele tempo era só milho e trigo, e feijão, comecemo um pouco de
feijão, mas pouco, mas tudo a manguá, batia a manguá.
MB- Com manguá?
AC- Máquina, trilhadeira não tinha.
45-MB- O senhor ainda tem essa peça? Manguá o senhor ainda tem guardado?
AC- Tenho, tenho ainda sim, tenho ela guardado, fica como uma lembrança né, como é
que nós comecemo (...).
46-MC- E pra quem o senhor vendia? E com quem o senhor comerciava?
AC- Ah vendia, as vez tinha comprador em Xaxim, tinha diversa, depois tinha os Tozzo,
aqui veio, na linha Bento tinha o Jacinto Carniel e Erasmo Mantelli, e nós negociava
também ali, ma o Tozzo que veio com a carroça e boi, pra i pega, o prefeito aqui vinha com
a carroça me pega produto com boi, carroça com boi, não tinha caminhão nada.
47-MC- E logo que o senhor chegou, quais que foram as principais dificuldades que o
senhor encontrou aqui?
AC- É a dificuldade eu não tinha feito nada aqui, só a casinha mal e mal, estrada não tinha,
pra subi fora não tinha, estrada nem de carroça não passava, era aqui não tinha essa ali, era
por aqui do Santo Técchio passava ma não era fácil. Ma o seu Nilo, primeiro veio cos boi e
não descarregou 2 vez na estrada aqui e não podia subi de moro, então descarregava em
saco de trigo, depois ele levava uns 20, 30 metros, pra pode descarrega e depois carrega de
novo na carroça, e não podia subi, muito morro né, a estrada era braba.
48-MB- E seu Avelino, não tinha um zelador aqui na estrada naquela época?
AC- Não, é tinha um feitor de estrada, que era Bueno...
MB- Ah o Pedro Bueno?
AC- É conhecia?
MB- Não é já li alguma coisa que era ele que fazia essa parte.
AC- Sim ele, ele, nois ia com carinho tapava burraco que tinha, passava caminhão.
49-MB- Ele era caboclo?
AC- Sim, era caboclo ma boa gente, boa pessoa, ma ele passava com o carrinho de mão,
levava aonde tinha burraquinho bota pedra.
50-MB- E botava pedra, e era pago por quem por quem, por vocês ou pelo Estado?
AC- No era pago pra prefeitura pro estado, eu não sei bem, era do estado a estrada.
51-MB- Então Pedro Bueno o senhor confirma ele era o zelador então da estrada.
Havia uma estrada que era conhecida como caminho das tropas, o senhor lembra
dessa estrada? Caminho das tropas, que ia até ali, ah linha Caravagio até Chapecó?
Existia isso?
AC- Sim, sim passava aqui.
52-MB E por que que chamavam caminho das tropas?
AC- É caminhão, lá tinha um pauso, botava na estrada, quando chovia não passava mais os
caminhão, daí uns 7,8 ano que tava aqui tinha um hotel aqui em cima na Cordilheira, os
caminhão parava ali até que não abria o portão, trancava não passava ninguém porque
estragava a estrada, estrada de chão né, então caminhão não passava ficava 8, 10, 15, 20
caminhão aqui em cima parado, carregado reboque de madeira, vinha de Xanxerê, Xaxim
Faxinal, Pone Cerrada, ia no Rio Uruguai, na balsa.
53-MB- Seu Avelino, quanto a origem do nome Cordilheira Alta, o senhor lembra se
quando o senhor chegou aqui ela se chamava encruzilhada de Santo Antônio, ou não?
AC- É era encruzilhada, queia pra Santo Antônio em Coronel Freitas é se chamava
encruzilhada de Santo Antônio.
54-MB- Depois é que virou Cordilheira Alta?
AC- Cordilheira Alta e Coronel Freitas viro, Coronel Freitas era quadro Santo Antônio,
agora viro.
55-MB- E porque o senhor acha que mudaram de encruzilhada de Santo Antônio
para Cordilheira Alta.
AC- Santo Antônio era pra lá do rio Chapecó, lá em outro lugar não era ali em Coronel
Freitas.
56-MB- Mas eu tenho uma informação aqui que um motorista de ônibus, chamado
José Zanela é que deu esse nome de Cordilheira Alta, o senhor confirma isso ou não?
É ele era motorista de ônibus que passava aqui, e foi ele que deu o nome Cordilheira
Alta.
AC- É José Zanela, conhecido meu.
MB- Lembra, era motorista de ônibus mesmo?
AC- Não ele era sócio de ônibus, ele e o Ricardo Viviam e um tal de Zílio Masolini.
57-MC- O senhor acha que ele mudou o nome?
AC- É o José Zanela, quando veio meu irmão boto Cordilheira Alta é.... e ainda existe
Cordilheira Alta.
58-MC- Ah, e o que o senhor mais gostava nos primeiros tempos na comunidade, na
vida assim na comunidade? com vizinhos?
AC- É, eu sempre gostei que faze festa, é nós se pegava ali em 7, 8 nos fazia nossa festa,
tomava cachaça, porque bebida não tinha, e cerveja vinha cada volta e meia, vinha de mês
de Porto Alegre ensacada...
MB- De Porto Alegre que marca era?
AC- De Porto Alegre, lá beker de Porto Alegre, não tinha vendedor de bebida ali, fazia
festa e nem tinha cerveja, tinha que manda pelo ônibus dinheiro e pra traze cerveja.
59-MB- Você fala a marca da cerveja que eu não entendi ou não?
AC- É era Beker da Beker, de Porto Alegre.
60- MB- Então vocês faziam festa organizada, por vocês mesmos?
AC- É festa cachaça e vinho tinha aquele tempo, tinha morador aqui perto de Xaxim que
tinha pareral, então trazia um quarto de vinho, uma lona e o salão de festa é uma lona,
churrasco era feito um buraco ali na terra, churrasco.
61- MC- E a festa era em honra há algum santo?
AC- É, é são Domingos,aqui, São José , Gabriel que deu a terra ali e compro São
Domingos, pra continua e saísse a festa e a Igreja ali.
62-MC- Aonde ela tá hoje, no mesmo lugar?
AC- É mesmo lugar, é o José Gabriel é, mas faz anos que morreu, ma ninguém se lembrou
do José Gabriel, eu sempre falo, que o pioneiro daqui era José Gabriel, ele não morava
aqui, morava perto de Xaxim, mas ele que comprou a terra aqui, deu pros filho um aqui,
outro de lá, mas reservou a terra da igreja, e compro São Domingo né, ele tá aqui na
Cordilheira enterrado aqui, mas ele morava em Xaxim, aquele tempo lá. Sempre ajudou, os
filho dele, um morava por aí, José Antônio Gabriel Filho, e depois tinha o Ângelo, o
Emiliano aqui, sempre ajudou a igreja foi aqueles Gabriel ali, sempre gente que ajudou a
igreja.
63-MC- E Gabriel que origem é italiano?
AC- Italiana.
64-MC- Quando o senhor veio mora aqui, o senhor teve, viu algum índio ou caboclo
aqui ou não?
AC- Ah, caboclo sim existiu um poco, ma não era muito, é quase tudo gente italiana,
porque os Lunardi vendia terra, ma que tinha dinheiro pra paga, senão não vendia, Lunardi.
65-MB- É os caboclos não tinham dinheiro?
AC- Não, no os caboclo não tinha dinheiro pra compra terra aquele tempo, é tem algum....
66-MB- O senhor lembra o nome de algum caboclo que morava que o senhor lembra?
AC- Não, não me lembro, sempre, sempre tinha caboclo que passava na estrada, ma
morador aqui perto não tinha.
67-MC- E como que se divertiam as crianças naquele tempo?
AC- Ah, ma família, outra passiá pra brinca de Domingo, dia de semana era na escola e
trabalha, tudo mundo ajudava pequeno, grande, tudo.
68-MC- E na construção da escola como que foi os moradores que construíram a
primeira escola?
AC- Sim, sim nó, sem dinheiro, e trabalha faze tabuinha, o Luiz Ranzam deu dois pinheiro,
um não rachava bem pra faze tabuinha pra cobri, e depois deu outro, e depois compremo
madeira, tem o Ferronato até que eu falei primeiro, ele me deu madeira, depois fazia
festinha, até baile nós fazia dentro da escola pra pode faze algum dinheiro, pra pagá a tábua
os prego.
69-MB- Baile com gaitero?
AC- É com gaita.
70- MB- E tinha bastante gaitero por aqui.
AC- Tinha, tinha gaitero.
71-MB- Lembra do nome de algum?
AC- É, gaitero era Daniel Tonini, que nós tinha aqui, Severiano que era irmão dele, é.
72-MB- E cantava que tipo de música?
AC- Cantava e tocava gaita.
MB- Música italiana?
AC- É italiana, italiana.
73-MB- O senhor lembra de alguma música?
AC- Ah, sempre tem.
74-MB- Quer canta um pouquinho?
AC- No, no, eu sozinho, to meio gripado.
75-MC- E a prefeitura ajudava alguma coisa na escola ou não, material...
AC- Não, não o primeiro tempo não, ajuda, ele pagava a professora depois que fizemo a
escola, aquele Ferronatto lá ele requereu a escola paga pra prefeitura de Chapecó.
76-MC- E quantas igrejas ao todo foram construindo, ao todo aqui na Cordilheira
Alta.
AC- 3, 3, até agora, e uma primera de 4 por 5 acho que era, e depois a outra era mais
grandinha, eu acho que viro 25, 30 ano uma...
MB- A primera?
AC- A segunda, é a segunda, 30 ano acho, depois foi a outra de material.
77-MC- E quais que eram as principais festas na comunidade?
AC- É festa que fazia na igreja, São Domingos e Santa Bárbara. Tinha duas festa por ano.
78- MC- Sempre desde o começo fazia duas?
AC- Sim, sim desde o começo, nem que vinha o padre rezava o terço, ma saia a festa.
79-MC- E os bailes? Faziam baile também?
AC- Ah não, no dia da festa não é depois sim, depois, depois fazia.
80- MB- Começava que horas o baile?
AC- Ao anoitecer até meia noite, 11 e meia, meia noite.
81-MB- E o senhor dançava bastante?
AC- Eu dançava, sempre dancei, sempre gostei de dança.
82-MB- E quais que eram as doenças mais freqüentes?
AC- Mais frequentes, era o Tecchio, era o Ranzam era o nosso padre que rezava o terço, e
o Miliano Gabriel aqui,e tudo.
MC- Nos queria sabe as doença, que doenças que mais tinham naquele tempo?
AC- Ah, doença de tudo tinha gripe, tinha operação.
83-MC- Mas e tinham dificuldade pra leva as pessoas no médico?
AC- No medico eu me machuquei uma vista tinha que ir em Erechim, aqui Xaxim não
tinha nem um médico, em Chapecó tinha duas ou três médico aí, ma oculista tinha só tinha
só em Erechim.
84-MB- E como iam até lá? Como o senhor ia até o hospital?
AC- Ah, com o ônibus, pegava o ônibus que tinha o Zanela.
85-MC- Ah, o senhor gostaria de conta alguma coisa, alguma história, que o senhor
lembra, que a gente não pediu?
AC- Ah, conta como, tem muita.
MB- Então conte alguma?
AC- É nós comecemo ali das vezes tava na Cordilheira, fazia festa porque ia a cavalo,
aquele tempo de cavalo thó, então tratava fazê carera de noites, e o cavalo pra saí não era
fácil então pegava foguetão e estorava foquetão, então quando estourava, o cavalo corria.
Pode pedi pro Antonio Tozzo se não é verdade, cada volta e meia ele fala aquela vez que
nos fizemo assim, o Antonio era piazote.
86-MB- O senhor como agricultor, lembra na hora de estar arando, se o senhor
encontrou panela de bugre, aquelas pedras de raio, alguma coisa assim?
AC- Sim, lá em baixo, lá em baixo, na sangua tinha uma casinha de feita, dos primeiros,
não sei se era bugre o que, mas já tinha árvore, dessa grossura no meio da casinha, das
coluna tava ainda lá, tinha bergamoteira, ainda existe uma bergamoteira, daquele tipo.
87-MB- Mas um pedaço de cerâmica, de, feita de barro o senhor lembra ter
encontrado?
AC- Ah, sim encontrava sim.
88-MB- E o senhor não encontrou nenhum pedaço?
AC- No, no mas tinha, tinha aquele tempo, e parecia tudo unha.
89-MB- Ah ungulada? Que pena que o senhor não guardou então? Não tem como o
senhor acha será?
AC- Não sei se acha, pode ser que encontra sim.
90-MB- Se o senhor encontrar, você comunica a gente, tá bom?
AC- É bom de guarda mesmo, e a gente quebrava, faze o que, um pedaço de...
91-MB- E dentro do convívio assim com os vizinhos aqui, que tipo de dificuldade,
havia brigas? Ou havia muito companheirismo.
AC- No, no companheirismo, briga nunca quase, existiu aqui.
92-MB- Se dava muito bem?
AC- Cordilheira nunca existia briga.
93-MB- Bergamaski, havia algum problema de entendimento de língua ou só ou não?
AC- Ah, é de bergamaski pra i na Linha Bento aprende a fala com os veio não era fácil,
eles falavam uma língua diferente, e agora mudou os nomes diferente ma o primeiro tempo,
não era fácil, eu gostava i nas festa da Linha Bento, mas os veio não era fácil.
94-MC- Não era fácil de conversa?
MB- Nem faze amizade daí?
AC- Não, não amizade era sempre foi, não importava se eu compreendia, compreendia
senão não.
95-MB- E as empresas então, que o pessoal compro a terra aqui, teve algum problema
que o senhor lembra? Algum caso que não conseguiu paga terra?
AC- Não, não.
96-MC- Mas então era isso, muito obrigado!
AC- Eu nunca briguei com ninguém, então to 50 e tantos, tenho 85 ano nunca briguei com
ninguém, nunca entimei e nunca foi entimado, nem de testemunha nunca fui, não sei se sou
burro o que é (risos). Nunca fui, eu disse pra polícia aqui em cima pra mim vocês não se
cria aqui, é porque nunca tinha nada, vai briga pra faze o que é tem muito que queria ser
valente, isso que aquilo, ma eu burro porque dá pra fala e se compreende.
MC- Então muito obrigado.
AC- Tá.

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