Edição nº 32 - Ano XVIII - Jan a Mar de 2012

Transcrição

Edição nº 32 - Ano XVIII - Jan a Mar de 2012
Impresso
Especial
9912278225/DR/SPM
SBDens
CORREIOS
Informativo Oficial da ABrASSO - Associação Brasileira de Avaliação Óssea, Osteoporose e Osteometabolismo
Edição nº 32 - ano XVIII - Jan a Mar de 2012
FILIADA À:
EDITORIAL
Nem ausências, nem
distâncias
A
lguns sentimentos não cabem nas
palavras. Percebo a verdade dessa
afirmativa quando penso em definir qual
sentimento o Sergio tinha a capacidade
de cativar em cada um de nós, que tivemos o privilégio de conhecê-lo.
Que espírito esse que compartilhou
nossa vida profissional e pessoal e deixou marcas tão fortes? Inteligência, dedicação, determinação, caráter elevado
são indicadores de homens e mulheres
considerando o grande cenário humano.
Sergio desbordou dessa premissa e alcançou um palco iluminado por valores
próprios e singulares.
Suas atividades ligadas à Osteometabologia consubstanciam um esforço que
além de aglutinar interesses da categoria médica espelham a visão de um empreendedor determinado e apaixonado
pelo conhecimento e aprimoramento nas
mais diversas áreas.
Em comparações missérimas, o identifico como um grande rio caudaloso, que
por onde passa deixa o solo fértil. Ou
também como um cristalino fio d’água,
que expressa a altivez dos sentimentos
mais nobres d’alma.
Copiando um ilustre pensador, em vista da oportunidade de sua fala proferida
em singular ocasião: “o tempo escorre
pelos nossos dedos e ensina que, embora
tudo seja efêmero, tudo permanece”.
Sergio é assim. Muito rápido passou
por aqui, mas não haverá ausência. Ou
porque todos nós estaremos dando continuidade ao seu projeto, ou porque o
espírito que o construiu permanece en-
Arquivo SBDens/ABrASSO
Sergio Ragi Eis: 08/04/1962 - 22/02/2012
tre nós nas lides diárias; não haverá distância, porque o sentimento de gratidão,
carinho e reconhecimento existente entre todos os seus amigos criam laços que
transcendem os contornos dessa pequenina vida para se projetar no eterno.
Elaine de Azevedo
José Augusto Sisson de Castro
Maria Celeste Osorio Wender
Vera Lúcia Szejnfeld
INFORMATIVO OFICIAL DA ABrASSO - Associação Brasileira de Avaliação Óssea, Osteoporose e Osteometabolismo
EXPEDIENTE
Uma justa homenagem
a Sergio Ragi Eis
Informativo Oficial da ABrASSO - Associação
Brasileira de Avaliação Óssea, Osteoporose e
Osteometabolismo - ed. 32 · ano XVIII · janeiro a
março de 2012.
Arquivo SBDens/ABrASSO
Rua Itapeva, 518, Ed. Scientia - cj. 111/112 - Bela Vista
CEP: 01332-000 - São Paulo (SP) - Tel: (11) 3253-6610
Fax: (11) 3262-1511 - E-mail: [email protected]
Jornalista responsável: Renato H. S. Moreira (Mtb 338/86 - ES)
Presidência:
Bruno Muzzi Camargos (MG)
João Lindolfo Cunha Borges (DF)
Sebastião C. Radominski (PR)
Diretoria de Departamentos:
Densitometria: Bruno Muzzi Camargos (MG)
Osteoporose: Sebastião César Radominski (PR)
Osteometabolismo: João Lindolfo C. Borges (DF)
1º Secretário : Victoria Z. Cochenski Borba (PR)
2º Secretário: Cláudio Marcos Mancini Jr (MS)
1º Tesoureiro: Luiz Claudio Castro (DF)
2º Tesoureiro: Marcelo Medeiros Pinheiro (SP)
Diretora Científica:
Vera Lúcia Szejnfeld (SP)
Conselho Consultivo e Fiscal:
Cristiano Augusto de Freitas Zerbini (SP), João
Francisco Marques Neto (SP), Sergio Ragi Eis (ES)
José Carlos Amaral Filho (MT), Victória Zeghbi Cochenski Borba (PR), Marise Lazaretti-Castro (SP)
Rubem Lederman (RJ)
Departamentos:
Certificação em Densitometria:
Maria Guadalupe Barbosa Pippa (SP) - ISCD
Mirley do Prado (DF) - CBR
Comunicação:
Elaine Azevedo (SP)
Controle de Qualidade:
Jose Ricardo Anijar (SP)
Cursos:
Bruno Muzzi Camargos (MG) e Francisco de Paula
Paranhos Neto (RJ)
Profissionais Aliados:
Guilherme Cardenaz de Souza (RS)
Relações Internacionais e Institucionais:
Sérgio Ragi Eis (ES)
Editores do Conectividade
Elaine Azevedo (SP), José Augusto Sisson de Castro
(SP), Maria Celeste Osório Wender (RS)
Comissão Científica:
Aarão Mendes Pinto Neto (SP), Ana Patrícia de
Paula (DF), Ben-Hur Albergaria (ES), Bernardo
Stolnick (RJ), Carolina Aguiar Moreira Kulak (PR),
Cesar Eduardo Fernandes (SP), Cristiano Augusto
de Freitas Zerbini (SP), Cynthia Maria Álvares Brandão (SP), Dalisbor Marcelo Weber Silva (SC), Francisco Alfredo Bandeira e Farias (PE), Francisco José
Albuquerque de Paula (SC), Henrique Mota Neto
(CE), Lindomar Guimarães (GO), Laura Maria Carvalho de Mendonça (RJ), Luiz Henrique de Gregório
(RJ), Maria Marta Sarquis Soares (MG), Maria Lúcia Fleiuss de Farias (RJ), Márcio Passini Gonçalves
de Souza (SP), Marise Lazaretti-Castro (SP), Nilson
Roberto de Melo (SP), Marilia Martins Marone (SP),
Pérola Grimberg Plapler (SP), Rosa Maria Rodrigues
Pereira (SP), Sérgio Setsuo Maeda (SP), Luiz Henrique Maciel Griz (PE)
Representantes da ABrASSO junto às Sociedades e Entidades:
CBR: Hélio Ricardo Cruz (BA)
SBEM: João Lindolfo Cunha Borges (DF)
SBR: Cristiano A F Zerbini (SP)
SBOT: Márcio G. Passini (SP)
FEBRASGO: Nilson Roberto de Melo (SP)
SBMNuclear: Marília Martins Marone (SP)
SBGG: Silvia Pereira (RJ)
ABMF: Pérola Grimberg Plapler (SP)
E
sta edição do Conectividade Óssea é uma homenagem, não só a um amigo e companheiro que se foi recentemente, como também, e principalmente, aos inúmeros exemplos que ele deixou. A morte, intrusa indesejada,
não pede licença: sem bater, entra num salto e sem qualquer cerimônia,
leva de nosso convívio a pessoa que, de muitas formas, foi importante para
estarmos aqui. Homenagens não trazem ninguém de volta, mas talvez ajudem a nós, os que ficamos, a curtir mais, e melhor, o que temos por perto,
em lampejos de silêncio e contemplação.
Sergio Ragi Eis se foi. Não ouviremos sua voz ao telefone, não trocaremos e-mails durante a madrugada, não nos reuniremos em grupo de amigos
para ouvir suas piadas, não o encontraremos na primeira fila dos cursos,
congressos... não teremos mais longas conversas sobre o futuro da osteometabologia.
Ficamos com a singular tarefa de preservar, no coração e no pensamento,
todos esses momentos e de, aos poucos, retomar a vida – como o Sergio
gostaria que fizéssemos.
Aqui, no Conectividade, vocês poderão relembrar alguns destes momentos, conhecer sua trajetória e compartilhar as mais diversas manifestações
de afeto recebidas desde o último dia 22 de fevereiro.
E, afinal, apesar de nos sentirmos órfãos, da melancolia indignada, da
saudade diária; não importa como, esse amigo permanecerá entre nós em
forma de alma, energia ou memória positiva, que nos ilumina, emociona e
faz sorrir frente à vida que chama.
TIRAGEM: 3.000 exemplares
EDITORAÇÃO:
2
RH comuni cação
Diretora de Comunicação
Coeditora do Conectividade Óssea
Elaine de Azevedo
Presidentes
Bruno Muzzi Camargos
João Lindolfo Cunha Borges
Sebastião C. Radominski
INFORMATIVO OFICIAL DA ABrASSO - Associação Brasileira de Avaliação Óssea, Osteoporose e Osteometabolismo
Tabela 1
ARTIGO CIENTÍFICO
Bone-density testing interval
and transition to osteoporosis in
older women
Gourlay ML, Fine JP, Preisser JS, May RC, Li C, Lui LY, Ransohoff
DF, Cauley JA, Ensrud KE; Study of Osteoporotic Fractures
Research Group - N Engl J Med. 2012 Jan 19; 366(3):225-33.
A
maior parte dos consensos recomenda que se faça rastreamento
para osteoporose com densitometria
óssea em mulheres com 65 anos de
idade ou mais. Mas não há consenso
que especifique o intervalo de tempo
necessário para se repetir esse exame na monitoração do tratamento
da osteoporose.
A Força Tarefa, publicada em 2011,
nos Estados Unidos, estabeleceu que
“Devido às limitações da precisão do
método, um mínimo de dois anos
pode ser necessário para se medir a
mudança na densidade óssea, no entanto, intervalos mais longos podem
ser necessários para melhorar o valor preditivo de risco de fraturas”.
Até o momento, nenhum estudo
foi dirigido para esclarecer de quanto em quanto tempo se deve repetir a
densitometria óssea.
O objetivo do estudo foi determinar o intervalo de tempo necessário
para se verificar a transição da densidade óssea normal para osteopenia
ou osteoporose antes que ocorresse
fratura vertebral ou de quadril.
O estudo se baseou em 4.957 mulheres que fizeram parte do estudo
SOF que tinham realizado densitometria óssea por mais de 15 anos.
Foram excluídas as mulheres que
tinham diagnóstico de osteoporose
(T- escore menor ou igual a -2,5 no
colo do fêmur ou fêmur total), tratamento para osteoporose, história
prévia de fratura de fêmur ou fratura vertebral clínica e que não tivessem seguimento pela densitometria
óssea.
Todas as mulheres estudadas eram
ambulatoriais e tinham densidade
óssea normal (T- score ≥ -1 no colo
do fêmur ou fêmur total) ou osteopenia (T-score entre -1 e – 2,5 no
colo do fêmur ou fêmur total). Tinham idade ≥ 67 anos e > 99% eram
brancas. O intervalo para se repetir
a densitometria óssea foi calculado
a partir do momento que 10% das
mulheres tivessem evoluído da densidade óssea normal para osteopenia
ou de osteopenia para osteoporose
antes de apresentarem fratura de
quadril ou fratura clínica vertebral e
antes de receberem tratamento para
osteoporose.
Como o esperado, os autores encontraram que quanto maior a densidade óssea no início do estudo
maior o tempo para desenvolver
osteoporose e que mulheres com 67
anos com densidade óssea normal
tinham pouca chance de apresentar
perda óssea acelerada. Em mulheres
que no início tinham densidade óssea
normal o tempo necessário para fazer
outra densitometria seria 16,8 anos.
As mulheres que haviam iniciado o
estudo com baixa densidade óssea o
tempo para desenvolver osteoporose
era menor e naquelas que iniciaram
com “osteopenia avançada” (T-score
entre -2,0 e -2,5) necessitavam realizar a densitometria após um ano,
pois desenvolviam osteoporose mais
rapidamente. Os achados desse estudo são semelhantes ao observado em
outros que mostraram perda óssea
relacionada à idade em 1% ao ano
em mulheres com características semelhantes.
Baseado nesses dados, os autores
concluíram que mulheres com mais
de 67 anos, com densidade óssea
normal ou “ostepenia leve” (T- score
> -1,5) deveriam repetir a densitometria apenas após 17 anos, naquelas com “osteopenia moderada” ( T
score entre -1,5 e -1,99) o exame deveria ser repetido a cada 5 anos e naquelas com “osteopenia avançada” (
T score entre -2,0 e – 2,49) deveria
ser repetido a cada ano.
Comentários e crítica feitos
pelo Dr Sérgio Ragi Eis - Diretor de Relações Internacionais
e Institucionais da Associação
Brasileira para Avaliação da
Saúde Óssea e Osteometabolismo – ABrASSO - janeiro de
2012, em resposta ao artigo
publicado no NEJM, como nota
pública da ABrASSO:
Num primeiro momento, uma interpretação simplória deste estudo
seria que há um excesso de indicações e realização de testes de densitometria óssea em mulheres após a
menopausa o que poderia levar a um
menor interesse pela realização do
exame inicial de rastreamento (que
já é inapropriadamente baixo) e,
consequentemente, pelas avaliações
sequenciais e, ainda, servir de pano
de fundo para ameaçar o reembolso
e a cobertura dos custos do exame
pelo governo e planos de saúde.
Algumas considerações levantadas
pelas entidades ligadas ao metabolismo ósseo e mineral como a IOF,
ISCD, ABrASSO, dentre outras, devem ser contrastadas sobre as limi3
INFORMATIVO OFICIAL DA ABrASSO - Associação Brasileira de Avaliação Óssea, Osteoporose e Osteometabolismo
ARTIGO CIENTÍFICO
tações deste estudo e a fim de facilitar o correto entendimento do seu
alcance e, mesmo, o diálogo com os
pacientes, a mídia e/ou as seguradoras:
· A população estudada consiste de
mulheres pós-menopausadas idosas
(>67 anos). Mulheres que chegam
nesta idade com DMO normal ou
com osteopenia certamente têm menor probabilidade de apresentar rápida perda óssea muitos anos após a
menopausa. Este estudo não avaliou
intervalos de exames em mulheres
na perimenopausa ou com fatores
de risco que adversamente afetam o
metabolismo ósseo nas quais a perda é muito mais rápida e, assim, avaliações mais frequentes seriam mais
apropriadas.
· Deve-se enfatizar a importância
da determinação do risco de fratura como decorrente da avaliação da
DMO a qual, sem a inclusão de outros fatores de risco clínicos, não
reconhecerá muitos pacientes com
aumentado risco para fraturas.
· O estudo do NEJM avaliou apenas fraturas vertebrais sintomáticas. Fraturas morfométricas são
encontradas em uma parcela considerável de mulheres com osteopenia
(14-30%), e muitas destas pacientes
fraturadas não foram identificadas
no estudo, permanecendo rotuladas apenas como “osteopênicas” ou
“normais” (e não, mais apropriadamente, como osteoporose clínica),
com necessidades de realizarem exames com intervalo menor.
· Os fatores de risco clínicos (ferramenta FRAX) não foram utilizados
para identificar os indivíduos osteopênicos com alto risco para fratura. Alguns fatores (fraturas após 50
anos, tabagismo, uso de esteroides,
artrite reumatoide) foram incluídos
como covariáveis, porém não foram
capazes de predizer a transição para
um T-score <-2,5 e, assim, não influenciaram o intervalo dos testes.
· Os autores insistem que testes
DXA são realizados além da necessidade e que os danos do excessivo
screening de outras doenças crônicas
reforça a importância de desenvolver um programa racional para OP
baseado na melhor evidência disponível evitando-se testes e tratamen4
tos desnecessários (nos EUA). Não
são levados em consideração outros
dados da literatura, por exemplo, os
dados compilados por Alyson King e
Donna Fiorentino (http://www.iscd.
org/Visitors/positions/Advocacy.
cfm), que indicam que num período
de 7 anos, 47,9% das mulheres não
tinham um único exame de densitometria e 25,4% haviam realizado
apenas um exame.
· 9704 foi o total de pacientes do
estudo SOF acima dos 65 anos. 2197
foram excluídas por não ter osteoporose no primeiro exame (~30%).
6040 foram excluídas devido a fratura de fêmur durante algum momento
do estudo, mesmo com DXA normal
ou osteopenia e 1083 outras por falta de dados de fraturas ou de DXA
no seguimento. No final, o estudo se
concentra em 742 (˜8% da amostra
total de mulheres acima de 65 anos)
com DXA NORMAL no fêmur (regiões do colo e total) e de 3702 (~30%)
normais ou osteopênicas avaliadas
para a transição até osteoporose.
· Não foram considerados valores
de DMO da coluna. Valores baixos
de DMO na coluna estão associados
com risco aumentado para fraturas
por fragilidade em qualquer local do
esqueleto e devem ser considerados
pelos clínicos na tomada de decisão
terapêutica. Por isso são avaliados
coluna e fêmur nos exames DXA de
rotina em osteoporoses primárias.
Antes dos valores de T-score no fêmur alcançarem -2.5 DP, em geral,
a coluna (salvo em causas secundárias) já indica DMO substancialmente mais baixas. Perdas de DMO são,
ainda, mais importantes e rápidas na
coluna que no fêmur.
O mesmo grupo da Universidade da Califórnia, em San Francisco,
berço da tecnologia DXA como a
conhecemos hoje, já buscou atrair
a mídia e causar comoção há alguns
anos, quando publicou um artigo
Cummings SR, Palermo L, Browner
W, et al. 2000 Monitoring osteoporosis therapy with bone densitometry. Misleading changes and regression to the mean. J Am Med Assoc.
283:1318–1321, que sugeria que a
avaliação comparativa realizada era
impactada questões técnicas que tornavam o monitoramento por DXA
clinicamente limitado. Em resposta ao que sugeria o Grupo da UCSF
ligado ao estudo SOF, a eloqüente
professora Sidney Lou Bonnick, do
Institute for Women’s Health publicou no The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism Vol. 85,
No. 10 o editorial Monitoring Osteoporosis Therapy with Bone Densitometry: A Vital Tool or Regression
toward Mediocrity? Que explora
todos os pontos elencados pelo grupo SOF realinhando a interpretação
onde, em verdade, o artigo anterior
havia não comprovado alguma limitação técnica ou tecnonlógica mas,
simplesmente, demonstrado que o
recrutamento de pacientes fora bem
realizado, sem tendências ou viezes.
· O ponto positivo levantado pelo
estudo é que, para mulheres com
DMO normal ou minimamente baixa, é improvável que ocorra uma rápida perda óssea a menos que alguma
condição médica esteja associada.
Este estudo não avaliou intervalos
de exames em mulheres pós-menopausadas mais jovens ou homens.
Considerando a base de dados referencial, hoje padrão ouro em densitometria nos EUA, assim como no
Brasil extraída do estudo NHANES
III, constituída de centenas de milhares de mulheres pós-menopáusicas (e citada na publicação em tela),
um dado colide frontalmente com a
amostra de conveniência, não constituída para esse fim, pelo grupo da
UCSF. A perda de densidade mineral
óssea após os 67 anos e a dispersão
dos valores da amostra (+1 desvio
padrão), mulheres com osteopenia
classificada no artigo como “leve”
(até -1.5 DP) podem alcançar a osteoporose (-2.5 DP) em +3,2 anos e
isso dependerá de fatores, certamente, não capturados pela densitometria mas que o clínico deve dominar
se quiser exercer um de seus primeiros juramentos: “Primo Non-Nocere”. Aguardar uma mulher de 67
anos alcançar níveis de osteoporose para intervir pode custar
caro ao médico, aos cofres públicos e principalmente ao paciente. Possivelmente, o grupo
de estatísticos e epidemiologistas, que não atendem pacientes
reais, mas lidam com números.
INFORMATIVO OFICIAL DA ABrASSO - Associação Brasileira de Avaliação Óssea, Osteoporose e Osteometabolismo
DESTAQUES
Sergio
Ragi Eis
1962 - 2012
Em suas
muitas faces...
Articulador: SBDens,
SOBRAO, SOBEMOM,
IOF, ISCD...ABrASSO
Um símbolo que fica
para sempre
Idealizador: Cedoes,
E-Dexa, SBDens, ABrASSO
Criativo e destemido
Companheiro e pai: com
Irani, Marina e Isabela
Palestrante e
orador: no Brasil
e no mundo
Cantor, nas horas
vagas (por que não?)
Congressista assíduo
Sempre carinhoso
com os amigos
Amigos que deixaram
saudades
Agregador
5
INFORMATIVO OFICIAL DA ABrASSO - Associação Brasileira de Avaliação Óssea, Osteoporose e Osteometabolismo
BIOGRAFIA
Acompanhe alguns fatos relevantes
da vida profissional de Sergio
Arquivo SBDens/ABrASSO
· 1995-1997 – Presidente da SBDens;
· 1998-2002 – Membro Consultor da Osteoporosis Task Force da Organização Mundial da Saúde;
· 2006 – Viabilização do primeiro curso oficial de certificação para operadores da International Society for Clinical Densitometry (ISCD);
· 2007 – Viabilização do primeiro curso oficial de certificação para médicos
da ISCD;
· 2007-2009 – Presidente da SBDens;
· 2010 – Criação da e-DXA – Escola de Densitometria da SBDens;
· 2010 – Incorporação do curso de Osteoporose da IOF ao de certificação
da ISCD;
· 2011 – Compra de nova sala comercial para a sede da SBDens e e-DXA;
· 2011-2012 – Concretização de fusão da SBDens, SOBRAO, SOBEMOM
- ABrASSO – Associação Brasileira de Avaliação da Saúde Óssea e Osteometabolismo – idealizada em 2009;
· 2011-2012 – Intermediação para realização do IOF Regional Brazil’2012
- 1° Encontro Latino Americano de Osteoporose em São Paulo promovido
pelo IOF;
· 2011-2012 – Intermediação para realização no Brasil do Position Development Conference em DXA para Avaliação da Composição Corporal,
segundo semestre - 2012.
“Osteoamigos” prestam homenagem
E
m sua última participação num
evento oficial da ABrASSO, na
e-DXA (escola de densitometria que
criou), ocorrido em janeiro deste ano,
Sergio presenteou os amigos e companheiros de osteometabolismo (os
“osteoamigos”), com um boné branco com a logo da nova Sociedade, que
nascia do sonho de união de três sociedades (SBDens, SOBRAO, SOBEMOM): a ABrASSO.
Em Los Angeles, durante o evento anual da International Society for
Clinical Densitometry (ISCD), bonés
idênticos foram confeccionados e
distribuídos pelos “osteoamigos internacionais” do Sergio (palestrantes
internacionais que sempre prestigiaram os eventos brasileiros) e foram
usados durante o encontro por todos
os apresentadores e participantes.
Por determinação da ISCD, todas as
sessões foram precedidas por palavras de carinho e reconhecimento.
6
Arquivo SBDens/ABrASSO
Uma carinhosa homenagem aconteceu durante o Evento Anual da International
Society for Clinical Densitometry (ISCD), entidade coirmã da antiga SBDens, em
Los Angeles: a iniciativa da criação do Sergio’s White Cap Club (Clube do Boné
Branco do Sergio)
INFORMATIVO OFICIAL DA ABrASSO - Associação Brasileira de Avaliação Óssea, Osteoporose e Osteometabolismo
CARTAS DE SERGIO
Be the chance you wish
to see in the world
(Seja a chance que você deseja ver no
mundo) - M. Gandhi
O significado e os
significados da
palavra chance
A
o longo das nossas vidas passamos por incontáveis
situações onde lidamos com chances. Chances de
ideias darem certo, chances de acertos, chances de investimentos, chances de escolhas ou, simplesmente, chances
de variáveis conspirarem a favor: aquele clima, aquele
encontro, aquela conjugação de fatores para que nossos
projetos tenham chance, dentre outros!
Chances são, enfim, elementos inexoráveis, indissociáveis e insofismáveis de nossas vidas.
Desta forma, vida e chance são sinônimos. Somos o resultado de uma chance em milhões desde a fecundação e
que continuam em trilhões de mitoses pelas quais passamos e das quais dependemos em seus infinitos detalhes
durante toda nossa existência.
O contexto da palavra chance associa-se, desde nosso
idioma ancestral, o latim, ao perigo, ao risco e ao desejo!!
Desiderium dic, tui periculum fac, occasionem rape,
mutationem fac. (faça um pedido, arrisque-se, aproveite
a chance, faça a diferença.)
Chances, dessa forma, são indissociáveis e interdependentes do voluntário, do deliberado, das opções que fazemos e, até mesmo, dos nossos desejos.
Assim, meus queridos amigos, começo essa semana
convencido de que todas as forças que me preenchem e
me cercam (a de vocês todos) são também oportunidades
de enfrentamento com nossas chances e para testar nossas convicções e emoções.
Inicio essa semana com uma convicção construída durante esses quase 49 anos de convívio com minha família,
esposa, filhas e amigos que tenho tido o grande privilégio
de conviver e compartilhar a minha vida:
Semper pugnare. Forte vincere. Numquam cedere
(Lutar sempre. Vencer talvez. Desistir jamais)
A palavra talvez se origine do 'Forte', assim, chances
são privilégios de quem tem força. E graças a vocês, me
sinto forte!
Que Deus me permita ser tão forte o quanto necessário (e o quanto vocês acreditam que sou) para que possa
fazer jus à torcida de todos vocês e aproveitar todas as
chances, em todos os níveis e sentidos, nos momentos
que virão.
Onde estão os
problemas??
Amigos,
Voltei para casa depois de uma longa estada em São
Paulo.
Confesso que reencontrar a família e todos os compromissos e problemas deixados para trás no início de setembro me assustavam bastante.
Como estariam os problemas do centro de pesquisa?
A reforma do apartamento? Os exames do CEDOES? A
nova filial de Vila Velha? As notas da Marina na escola?
As inscrições e provas de vestibular da Isabella? etc etc
etc....
Curiosamente, à medida que as informações sobre cada
uma dessas partes da vida chegavam, uma forte sensação
me abraçava e uma conclusão se unificava: "Não tenho
mais problemas!", ressonava a voz do bom senso.
É impressionante como os problemas da vida, antes
considerados "graves" e "urgentes" se tornam questões
menores e triviais!
Passamos a vida correndo atrás de um pássaro azul.
Depois de algum tempo, perdemos a capacidade de identificá-lo mesmo quando aparece em frente aos nossos
olhos.
Algumas pessoas são abençoadas e vivem sem perder
a capacidade de enxergar a poesia da vida. Outras precisam de um empurrão para retomar o rumo!
Confesso que nesse retorno para casa, encontrei tudo
diferente. Não apenas os problemas se tornaram menores mas a própria vida se tornou mais leve.
Recebi um link de um vídeo de um grande amigo que
ilustra plenamente como algumas pessoas têm a capacidade de enxergar a poesia da vida onde a maioria apenas
vê apenas o óbvio...
Espero que gostem.
“Birds on the wires” - www.youtube.com/watch?v=7XoQuc9nlg&feature=related
7
INFORMATIVO OFICIAL DA ABrASSO - Associação Brasileira de Avaliação Óssea, Osteoporose e Osteometabolismo
Caros leitores
CANAL DO LEITOR
“Na filosofia kardecista encaramos a vida como
uma missão, a morte como uma passagem...
Nosso querido Sérgio... produziu muito em
sua curta vida. Sempre com a visão no bem
comum. Foi um altruísta em uma época em que
o altruísmo estava fora de moda. Cumpriu sua
missão com amor e perseverança. Nunca deixou
que a sua perseverança incomodasse os outros.
Era educado, gentil, atencioso, engraçado e
culto. Muito culto! Leva consigo sua cultura.
Perde a Medicina. Pêsames a todos nós...
Agradeçamos a Deus por nos tê-lo emprestado.”
– Márcio e Rita Passini
Deixamos aqui fragmentos de algumas das inúmeras mensagens recebidas. Aos autores,
nossas desculpas por não publicá-las na íntegra. Àqueles não citados, saibam que, de
alguma forma, serão lembrados! Os editores.
la trascendencia de la vida… cuando quien
nos dejó ha relizado una obra trascendente,
aparecen otras perspectivas para el análisis
acerca de nuestra naturaleza…Talvez ése
constituya, en esencia, el propósito de todos
los seres humanos: Hacer con la propia vida
algo original, dejar una impronta propia que
perdure ese milagro que ha concretado “Sergio”
cuyo recuerdo me ronda en estos días. Claro
que, inevitablemente, ante la muerte siempre
surge la tentación de repetir aquello que dijo
el poeta gallego Antón Tovar cuando se cruzó
con el cortejo fúnebre de un niño: “No estoy de
acuerdo”. – Jose Zanchetta
“Quisiera expresarles mis más profundas
condolencias por el fallecimiento de mi amigo
Sergio. Deseo que su alma descanse en paz
ya que fue uno de los grandes maestros en la
osteoporosis en Latinoamérica y me acompaño
en muchas actividades científicas a lo largo
de nuestra región desde la época de SOLAD,
y más recientemente ISCD , IOF y SIBOMM.
Descansa en Paz…..” – Carlos Augusto Perez
N. (SIBOMM)
“Existe um ditado que diz que ninguém é
insubstituível, mas esta será uma exceção à
regra. Sergio será insubstituível! Difícil de
acreditar que não contaremos mais com sua
presença entre nós, com seu entusiasmo, planos,
projetos, piadas, aulas, jogos... E não queremos
substituí-lo. Seu lugar ficará sempre existindo
entre nós, onde quer que estejamos...” – Marise
Lazaretti Castro
“La muerte de una persona que nos es próxima,
querida, genera ineludibles reflexiones sobre
“A luta foi árdua e o lutador extremamente
forte lutou com muita honra até o fim. Ficamos
com o enorme legado que sua dedicação e
brilhantismo deixaram para esta sociedade
que ele ajudou a construir com muita garra e
paixão e com a lembrança de seus comentários
inteligentes, suas tiradas engraçadas... dos
planos que ele fazia para o futuro... a grande
emoção de tê-lo conosco no curso da ISCD para
professores, organizado pela ABrASSO, onde
ele se superou... Tenho certeza que o Sergio
deixou este nível para brilhar em níveis muito
mais altos. E onde estiver estará torcendo para
que seu legado seja mantido. Deixo meu abraço
a todos vocês que sentem este silêncio incômodo
e principalmente à família, onde o silêncio
da ausência dói muito mais.” - Victoria C.
Borba
“If we could sing lullabies to children in their
own languages…war would cease to exist (Sara
Bilezikian). Sergio, not only were you able to
sing lullabies in different languages, but you
were able to tell jokes in those languages…a
formula for peace…a goal for us all to try to
match.” - John P. Bilezikian
Contato: [email protected]
IOF Regionals
Brazil‘12
24-27 de maio de 2012
1º Latin Osteoporosis Meeting
Informações:
www.iofbonehealth.org/brazil-2012
8

Documentos relacionados

Curso de Imersao em Osteometabolismo (Folder)_20160504

Curso de Imersao em Osteometabolismo (Folder)_20160504 Organização/Secretaria STELA MARIS ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS Rua Borges Lagoa, 1065 - Cj. 66 - Vila Clementino CEP 04038-032 - São Paulo - SP Fone/Fax: (11) 5080-4933 / 4934 administrativo@stelamarise...

Leia mais

Edição nº 30 - ano XVII - Jul a Set de 2011

Edição nº 30 - ano XVII - Jul a Set de 2011 área científica de interesse comum em uma área de habilitação específica, em respeito, sobretudo, às necessidades da sociedade brasileira. Só assim crescemos! Um forte ABrASSO,

Leia mais