fabuloso - Livraria da Vila

Transcrição

fabuloso - Livraria da Vila
Edição 142
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Ano 12
●
Seu Jeito de Ler
●
Fevereiro 2016
UM MUNDO
ENTREVISTA
Mostra sobre o cineasta
americano Tim Burton
revela o fascínio e
o alcance de uma
linguagem singular no
cinema, nos livros e nas
artes plásticas
RETRATO
FABULOSO
As ideias
e projetos
de Mario Prata
A vida breve
e intensa
de James Dean
AUTÓGRAFO
O novo livro de
Maria Valéria Rezende
2
ÍNDICE | fevereiro_2016
5editorial
17infantil
António Gonçalves
autografa Barriga da baleia
Por Flavio Seibel
18música
O Quarteto Quadrantes faz pocket
shows para lançar o CD Sinuosa
19versos
Foto: Divulgação
Poesia reunida traz todos os
poemas de Adélia Prado
20urbanismo
Insustentável arquitetura
documenta discussões
sobre metrópoles
6entrevista
O escritor Mario Prata fala sobre
livros e novos projetos
21palco
Livro registra as histórias do
Teatro Guaíra, em Curitiba
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GALLERIA SHOPPING
22retrato
Como James Dean se
transformou na imagem da
juventude em Hollywood
24aconteceu
As atrações que movimentaram
as lojas da Vila em janeiro
10capa
25programação
O mundo de Tim Burton
agita o circuito cultural
16debate
Cursos, teatro, lançamentos
e outras atrações da
agenda de fevereiro
Vencedora do Jabuti 2015,
Maria Valéria Rezende
lança Outros cantos
35nossas dicas
Sugestões para ver, ouvir e ler
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A Revista Vila Cultural é uma publicação mensal da Livraria da Vila • Editor-chefe: Samuel Seibel
[email protected] • Editor: Rafael Seibel [email protected] • Jornalista responsável:
Sérgio Araújo MTB - 4422 • Publicidade: Gil Torres [email protected] • Programação: Gil Torres
e Wilson Junior [email protected] • Estagiária de eventos: Mariana Ramiro • Revisão:
Valéria Palma • Colaboraram: Fernanda Coutinho e Alex Olobardi • Estagiária de criação: Fernanda
Oliveira • Capa & Diagramação: Jonas Ribeiro [email protected]
3
4
EDITORIAL | por Flavio Seibel
Sempre dá tempo
de mudar
I
nício de ano é aquele momento em que paramos pra refletir sobre o que
faremos de diferente no ano que está começando. Confesso que nunca
entendi direito porque fazemos isso quase que exclusivamente nas viradas
de um ano para o outro. O que será que 31 de dezembro tem que nos faz parar
pra refletir mais fortemente do que, digamos, 14 de março ou 5 de outubro?
Entendo, lógico, que o simbolismo do novo, do calendário, é um marco
importante. Há o Natal e o Réveillon, as férias escolares, a volta às aulas.
Uma nova etapa na escola, uma nova meta na empresa, um novo objetivo de
emagrecimento. Mas as tais “resoluções de ano novo” deveriam ser
algo constante e permanente. Afinal, a mudança faz parte da
vida e pode ser sempre muito bem-vinda.
Quem não definiu, por exemplo, não comer chocolate
em 2016 mas já está com um Sonho de Valsa na boca?
Ou resolveu fazer mais exercício mas continua no
Netflix and chill?
Comece hoje, agora! Largue esse chocolate,
desligue essa televisão. Ainda dá tempo. Sempre
é hora de apagar a luz ao sair de casa ou tomar
banhos (bem) menos demorados.
Em janeiro, nosso Férias na Vila elegeu a sustentabilidade como tema prioritário. Crianças e
pais discutindo e aprendendo sobre o assunto,
que é fundamental para nossa sobrevivência
como espécie. Não vamos deixar apenas para
janeiro. Vamos discutir sustentabilidade sempre.
Aquecimento global tem que ser pauta sempre
em voga.
Saia pra dar uma caminhada, coma melhor,
apague as luzes que não está usando. Vamos
melhorar nosso planeta hoje, amanhã, todos os dias.
Melhorando nossas vidas, ajudamos a melhorar a
vida de todo mundo.
Faça novas resoluções todos os dias.
Mais importante do que quando, é que
elas sejam realmente definidas e vividas.
Boa Leitura. Abraços,
Flavio Seibel
5
ENTREVISTA | Mario Prata
O escritor Mario Prata vive em Florianópolis,
em Santa Catarina, e é um dos convidados
do projeto Navegar é Preciso, que acontece
este ano entre os dias 25 e 29 de abril
6
Investigações da
realidade
Convidado do Navegar é Preciso em 2016, o escritor
Mario Prata fala de sua paixão pela literatura policial
e diz que o Brasil virou uma piada pronta tamanho o
absurdo do noticiário nacional
Foto: Divulgação
“O
Brasil virou uma piada
pronta”, diz o escritor
Mario Prata, um dos
cronistas mais bem-humorados do
país. Prata não tem conseguido entender exatamente como algumas
notícias – às vezes surreais – são
divulgadas seriamente na imprensa brasileira. “Eles estão rindo da
cara da gente e temos que rir da
cara deles também”, diz, sobre
os políticos brasileiros e algumas
figuras públicas notáveis – ou patéticas, dependendo do ponto de
vista – que protagonizam o noticiário nacional nos últimos meses.
No ano passado, o escritor publicou Mario Prata entrevista uns
brasileiros (Record). Com a irreverência habitual, e muita pesquisa,
ressuscitou, no livro, personagens
célebres da história nacional para
“arrancar”, em tom ficcional, confissões íntimas de figuras como
Aleijadinho, Tiradentes, Xica da
Silva, Dom Pedro I, a marquesa de
Santos, Dom João VI, entre tantos
outros. Há desde a interlocução
com Iça-Mirim, índio levado para a
corte francesa, que explica, no livro, a origem da expressão “afogar
o ganso”, até uma conversa com
Dom Casmurro, o personagem da
obra de Machado de Assis.
A inventividade e o humor sempre foram marcas registradas da
obra, da carreira e da presença
de Prata, cuja atuação é marcada
pela versatilidade. O escritor e
dramaturgo começou a trabalhar
no final dos anos de 1960 e, em
mais de 50 anos de carreira, contabiliza uma produção superlativa:
ultrapassa 3 mil crônicas escritas
e já assinou cerca de 80 títulos,
entre romances, livros de contos,
roteiros e peças teatrais. Recebeu
18 prêmios nacionais e estrangeiros, com obras reconhecidas no
cinema, na literatura, no teatro e
na televisão.
Com projeto de novos livros e
pelo menos cinco roteiros de minisséries policiais já “bem encaminhados”, Prata é um dos convidados
do projeto Navegar é Preciso, a
viagem ecoliterária promovida pela
Livraria da Vila e pela Auroraeco
anualmente. O encontro entre autores e público acontece ao longo
de cinco dias de convívio durante
a navegação pelo Rio Negro, no
Amazonas.
Prata vive em Florianópolis,
Santa Catarina, porque decidiu,
15 anos atrás, que não queria mais
morar em São Paulo. O escritor
nasceu em Uberaba, Minas Gerais,
mas viveu boa parte da infância e
da adolescência em Lins, interior
de São Paulo, onde começou sua
carreira como repórter da Gazeta
de Lins. Na sequência, trabalhou
no jornal Última Hora.
Atuando no jornalismo, foi cronista de O Pasquim, ao lado de
Millôr Fernandes, na década de
1970. Em 1993, passou a assinar
uma coluna semanal no jornal O
Estado de S. Paulo, do qual foi
cronista por 11 anos. Também
assinou crônicas para diversas
publicações nacionais, entre elas
as revistas Isto É e Época e para o
jornal Folha de S. Paulo.
“Minha trajetória de escritor é
totalmente absurda. Porque eu
comecei pelo mais difícil – o teatro – e acabei na crônica. Iniciei
sem ter nenhum conhecimento do
que era o teatro. Depois do AI-5,
em dezembro de 1968, os teatros
começaram a ser atacados fisicamente. Depois dos espetáculos,
entravam grupos com porretes e
batiam nos atores. Aí, então, surgiu
a figura do segurança de peças
teatrais, que na verdade eram estudantes. Eu participava dessa
segurança e era uma coisa muito
absurda, porque eu era muito magrinho, muito fraquinho. A gente ia
com uma barra de ferro enfiada na
calça e sentava na frente. Quando
terminava o espetáculo a gente
pulava no palco e ficava segurando aquela barra. Não sei o que
aconteceria se alguém resolvesse
entrar ali, se eu sairia correndo. Era
muito estranho. Mas com isso fui
conhecendo o teatro, via as peças
ENTREVISTA | Mario Prata
várias vezes. Fui conhecendo atores, diretores, por ser segurança
de teatro. E escrevi uma peça de
teatro. Eu tinha 23 anos quando
resolvi escrever uma peça. Escrevi e deu certo. Se tivesse dado
errado, não estaria aqui agora. A
peça se chamava Cordão umbilical. Foi um sucesso em São Paulo
e depois no Rio. Então achei que
eu era um gênio. E dava grana
aquele negócio. Estava cursando
o último ano de economia na USP
e trabalhva no Banco do Brasil,
que naquela época era um empregão. Era chamado de partidão
pelas moças. ‘Pô, o cara trabalha
no Banco do Brasil’. Teria uma
aposentadoria etc. Lembro até
hoje meu cargo, auxiliar de escrita,
referência 050 – era o número do
meu cargo”, declarou Prata, num
longo depoimento publicado originalmente no site da Biblioteca
Pública do Paraná.
“De uma vez só larguei o banco
e a faculdade. Foi um gesto tão
absurdo, tão louco, que o meu pai
nem ousou conversar comigo. Ele
tinha – ele tem ainda – um irmão
padre. Então, ligou pro padre ir
até São Paulo pra conversar comigo porque achou que eu estava
louco, possuído pelo demônio. O
padre foi. Mas primeiro o padre
assistiu à peça. E gostou. Só fez
ressalvas em relação a algumas
coisas”, lembrou Mario Prata, que
tem três filhos, o escritor Antonio,
a jornalista Maria e o arquiteto
Pedro. Leia a seguir a entrevista
do escritor à Vila Cultural.
VC. A proximidade com o mar é
inspiradora?
MP. Muita gente me pergunta isso,
mas não vejo a menor relação. As
redações de jornais, por exemplo,
eram grandes espaços, com cinquenta pessoas falando alto, fazendo o maior barulho em máquinas de escrever, e me acostumei
a escrever até em lugares assim.
Quando você tem que escrever
duas ou três crônicas por semana,
às vezes exausto, não há como não
escrever. Claro que é muito melhor
trabalhar em silêncio, sem barulho
de carro ou sirene de ambulância,
8
Não existe inspiração. Existem ideias,
boas ou ruins. E o momento da ideia
dura um ou dois segundos.
que eu ouvia a noite toda quando
morava em São Paulo. E é claro
que é bom ficar olhando para o
mar. As ondas não se repetem e
o som pode ser mais eficiente do
que remédio para dormir. Mas não
acredito nessa história de que o
mar inspire.
VC. Em inspiração você acredita?
MP. Não existe inspiração. Existem
ideias, boas ou ruins. E o momento
da ideia dura um ou dois segundos.
O resto é trabalho. Há ideias que
tive das quais me lembro até da
roupa que usava, de com quem
estava, dos detalhes da situação.
Algumas dessas ideias resultaram
em trabalhos muito bons. A ideia
é a coisa mais sublime da vida do
escritor. Ontem, por exemplo, tive
uma ideia quando estava a caminho da terapia. Ao estacionar o
carro, fiquei tentado a pegar o lixo
que estava na calçada – porque o
lixo revela a personalidade de uma
pessoa – e começar uma história.
Não é uma ideia original – o New
Yorker fez isso, com lixo de dez
personalidades, o que rendeu até
alguns processos. Só lembrei do lixo e comecei a viajar e a criar uma
história que ainda vou escrever.
VC. Por que faz terapia?
MP. Meus filhos sempre disseram
para eu fazer. Mesmo que às vezes
num esquema “meia-bomba” – faz
um tempo, para e tal – , eles sempre fizeram. Mas a minha geração
é meio avessa a essas coisas. E
comecei a fazer porque quando
você vai ficando mais velho começa a achar que já está lidando com
todas situações que a velhice pode trazer: a doença, a depressão,
Alzheimer, uma monte de coisas.
Fui fazer e acabei gostando. O
terapeuta é uma das pessoas com
quem eu mais gosto de conversar
atualmente. Temos mais ou menos
a mesma idade. Mas é uma terapia
bem light, que, até agora, já serviu
para eu descobrir que não tenho
depressão, que não tenho Alzheimer. Você descobre coisas que
são comuns a todo mundo.
VC. Por falar em filhos, se sente
responsável pelas escolhas profissionais deles?
MP. Bom lembrar que eu também
tenho outro filho, o Pedro, que é
arquiteto, fotógrafo e tem um bar
na Vila Madalena, ou seja, uma
atuação bem diferente na família.
A Maria virou jornalista sem querer.
Originalmente, ela trabalhava com
moda. Fez faculdade de moda,
mas começou a atuar em redação
de revista e agora tem um programa de televisão (ela apresenta o
programa Mundo S.A., no canal
de TV por assinatura GloboNews).
Mas, na verdade, tanto a Maria
como o Antonio cresceram engatinhando em cima de livros. O
pai e a mãe (a jornalista e escritora Marta Góes) são jornalistas
e escritores. A Marta e eu nos
separamos e ela se casou com
o Nirlando Beirão, que também é
jornalista e escritor. Eu me casei
com a Luciana De Francesco, fotógrafa e repórter fotográfico. Todos
os meus amigos evidentemente
eram escritores ou jornalistas e os
da Marta também. A gente brinca
com o Antonio dizendo que ele foi
ser escritor porque achava que só
existia essa profissão no mundo.
Ele não sabia que podia ser contador, dentista, engenheiro. Foi uma
coisa natural.
VC. E como observa a carreira do
Antonio?
MP. Quando ele começou a levar a
ideia de ser escritor a sério, fiquei
com medo. Porque é difícil um
escritor filho de escritor. Aliás, tudo
é difícil de dar certo hoje em dia.
Tinha medo que o Antonio fizesse
uma carreira “meia-bomba” porque
Você vê muitos articulistas ditando regras,
todos com muito ódio. Parece que o jornal
não tem mais um editorial, uma posição.
era meu filho. Sei lá. Brinco que era
a “síndrome de Zoca”. Zoca é o irmão do Pelé que, ao voltar da Copa
da Suécia, com menos de 18 anos
e já consagrado como o “rei do
futebol”, dizia que bom mesmo era
o irmão dele. Coisa nenhuma. Mas
tudo deu certo porque, parece, o
Zoca toca os negócios do Pelé.
Mas eu ficava com medo, sim. Aí
comecei a gostar muito das coisas
do Antonio e pensei: “Pô, o cara
tá fazendo direito”. Ele começou a
publicar em jornal e eu comecei a
achar que eu gostava porque era
admiração típica de pai... Todo pai
acha que o que o filho faz é maravilhoso. Ficava na minha. Até que um
dia, uns cinco anos atrás, quando
o Chico Buarque fez um show em
Porto Alegre, e a Lucia, mulher do
Luiz Fernando Veríssimo, estava
me devendo um bobó há muitos
anos. Fizemos um jantar na casa
deles – éramos umas 15 pessoas
–, e quando retornei à sala peguei
uma discussão entre o Chico e
o Luis Fernando Veríssimo para
saber quem tinha dito primeiro que
o Antonio era genial. Aí, pensei:
“Se o Chico Buarque e o Veríssimo
estão discutindo para saber quem
falou primeiro, é porque o cara é
bom, né?”. Entrei na conversa e
falei: “Vocês vão me desculpar,
mas foi o Fernando Morais quem
primeiro mandou um e-mail para
mim e para Marta com algo do tipo:
'Gostaria de declarar que eu sou o
primeiro a dizer...'. Aí, eu relaxei. O
cara deu certo.
VC. Como lida com as demandas
para socializar na vida de um
escritor?
MP. Faz parte da história toda.
Outro dia fui fazer uma palestra
numa universidade aqui em Florianópolis e o garoto que faz o jornal
da escola me contou que quando
o meu nome foi sugerido ninguém
sabia exatamente sobre o meu
trabalho... “O cara que escreveu a
novela Bang bang”, alguém disse.
É mais difícil, claro, conversar com
um público que está lá mais cumprindo missão, pouco interessado
no seu trabalho. Mas não é sempre
assim. Em Olinda, na Fliporto, que
está na 11ª edição, dedicada este
ano a Fernando Pessoa, com presença de autores portugueses, foi
muito interessante especialmente
pelo público muito interessado no
assunto. Todo mundo sabia porque
estava ali. É um prazer, mesmo
que dê o maior quebra-pau no
campo das ideias. Há uma responsabilidade, uma troca. Numa
feira em Maringá recentemente, na
fila de autógrafos, várias pessoas
trouxeram livros de casa para autografar. Esse é o leitor mesmo e é
um prazer.
VC. Como percebe o Brasil neste
momento?
MP. Dependendo do ponto de vista, o Brasil está engraçadíssimo.
Virou uma piada pronta. Não estou
assustado com essa crise de ódio,
que já está passando, por causa
de um cara que perdeu a eleição
e ficou nervoso. Ele botou o país
contra uma mulher em quem eu
não votei, é importante deixar claro. Mas o que está havendo no
Brasil hoje eu acho que é uma estagnação econômica – e lembre-se que estudei economia na USP,
fui aluno do Delfim Netto – com
todo mundo com medo de gastar,
pessoa física e jurídica. Ninguém
sabe o que pode acontecer entre
hoje e amanhã. No mais, acho que
nos últimos 50 ou 60 anos já passamos por situações bem piores
do que essa. O que temos é uma
presidente muito, muito ruim, isso
é inegável.
VC. Como achar graça disso?
MP. Basta abrir o jornal todo dia.
Primeiro o cara, que é pastor, jura
por Deus que não tem conta na Suíça. Depois fala que não era bem
ele, que o negócio dele era carne.
Depois era carne moída. E isso
sai na imprensa seriamente. Eles
estão rindo da gente e a gente tem
que rir deles. Me disseram que tem
gente vendendo água com as ervas do Egito, do rio Nilo, por causa
da novela Os dez mandamentos.
Isso só pode ser uma piada. Um
país louco.
VC. A imprensa não contempla essa realidade, digamos,
surreal?
MP. Há uns trinta anos, tínhamos
jornais de humor, revista de humor
no país. Os cartunistas eram todos
muito engraçados e agora eles
parecem todos sérios, a ponto
de a gente não entender exatamente. Dá saudades do Angeli da
Rê Bordosa, do Wood & Stock, o
Laerte do Tietê, o Adão do Rocky
& Hudson. Eu não sei o que está
acontecendo. Você abre o jornal
e é difícil achar um cronista que
valha a pena. Você vê muitos articulistas ditando regras, todos com
muito ódio. Parece que o jornal
não tem mais um editorial, uma posição. De direita ou de esquerda,
quem acaba fazendo o editorial
são esses caras.
VC. O que você tem lido?
MP. Nos últimos dez anos tenho
levado a literatura policial muito a
sério. Fiquei fascinado, pirei com
esse negócio e já li 891 livros – que
uma moça veio organizar para
mim dia desses – até agora. Só
do George Simenon são mais de
cem livros. Comecei a ler literatura
policial com os clássicos e fui descobrindo gente que eu nunca imaginei. Assim, descobri a literatura
nórdica, com autores da Suécia,
Noruega, Dinamarca e Islândia.
Não só livros, mas também as
séries de televisão deles, os filmes
policiais deles. A melhor literatura
policial que se faz no mundo hoje
é a nórdica. Lendo outros autores,
cheguei aos livros de Maj Sjöwall
e Per Wahlö, um casal que desde
os anos de 1960 influenciou muitos
outros escritores.
9
CAPA
Fábulas
contemporâneas
A mostra O mundo de Tim Burton
agita a temporada de grandes exposições
em São Paulo e movimenta o circuito cultural
com filmes, ideias e criações do cineasta americano
“D
o mesmo jeito que
você reconhece, em
alguns segundos, um
filme, uma cena de Fellini, é possível identificar imediatamente
a assinatura de Tim Burton. É
uma linguagem tão única que
transcende o cinema. Costumo
dizer que não usamos a expressão
‘burtoniana’ mais corriqueiramente
só por causa da dificuldade de
pronunciá-la”, diz André Sturm,
diretor-executivo e curador geral
do Museu da Imagem e do Som,
ao falar sobre a obra e a estética
do diretor americano de 57 anos.
O cineasta é o protagonista absoluto de O mundo de Tim Burton,
mostra que abre a temporada
de grandes exposições em São
Paulo, no dia 4 de fevereiro, fica
em cartaz até 15 de maio e cria,
além de intensa movimentação no
circuito cultural, expectativas de
recordes de público, a exemplo do
que tem acontecido mais recentemente no MIS paulistano.
Com a exposição de David
Bowie ou a montagem sobre o
programa de TV Castelo Rá-Tim-Bum, o MIS se transformou numa
referência de vitalidade ao dar
forma, de maneira sempre meticulosa, à ideia da “exposição
como experiência”. Neste caso,
como uma vivência “real”, quase sensorial, num mundo cada
10
vez mais ocupado por hábitos e
comportamentos digitais-virtuais.
À frente do museu desde 2011,
Sturm é um dos responsáveis pelo
feito que, por extensão, contamina
toda a dinâmica da produção e
do consumo cultural, chamando
a atenção para os filmes, para os
livros e para as histórias relacionadas às mostras.
...é possível
identificar
imediatamente
a assinatura de
Tim Burton. É
uma linguagem
tão única que
transcende o
cinema.
A retrospectiva de trabalhos
de Tim Burton que São Paulo vê
agora foi originalmente montada
pelo MoMA, de Nova York, em
2009. Na sequência, viajou para
as cidades de Melbourne, Toronto,
Los Angeles, Paris e Seul. Depois
dessas paradas, O mundo de Tim
Burton se aprofundou nas temáticas do cineasta, seus assuntos
e sua perspectiva criativa única,
apresentando mais de 150 novas
obras não vistas na exposição
anterior. Foi apresentada, nessa
nova versão, em Praga, Tóquio,
Osaka e Brühl, na Alemanha, onde
esteve em exibição no Museu Max
Ernst até o mês passado.
“A exposição foi apresentada
em quatro continentes ao longo
dos últimos seis anos”, afirma
Jenny He, curadora da mostra.
“E, para sua estreia na América
Latina, Tim Burton, sua equipe
e eu estamos muito felizes em
colaborar com uma instituição que
personifica a arte contemporânea
e a cultura cinematográfica em São
Paulo com a sua história recente
de exposições célebres e uma
base fiel de visitantes”, declarou.
A mostra apresenta cerca de
500 itens, incluindo obras de arte
e esboços raramente ou nunca
vistos, pinturas, storyboards e
bonecos da extensa filmografia
de Burton, que fez filmes como
Edward Mãos de Tesoura, O estranho mundo de Jack, Batman,
Marte ataca!, Ed Wood, Os fantasmas se divertem, entre outros,
e de projetos não realizados e
pouco conhecidos que revelam
seu talento como artista, ilustrador,
fotógrafo e escritor.
Foto Divulgação © Tim Burton
Menina azul com vinho, 1997, óleo sobre tela da coleção particular de Tim Burton
11
CAPA
12
Trajetória
brilhante
Com um novo filme prometido para
este ano, Tim Burton começou como
estagiário de animação na Disney
O homem verde, 1999
T
imothy Walter Burton, 57
anos, nasceu em Burbank,
sul da Califórnia, Estados
Unidos, e já fez 18 filmes. Conhecido sobretudo como cineasta,
sempre apostou em várias outras
atividades criativas, dos livros às
artes plásticas. Na adolescência, entediado com a vida nos
subúrbios, Burton divertia-se pintando, desenhando e realizando
curtas-metragens. Em 1976, foi
estudar no Califórnia Institute of
the Arts. Três anos depois, conseguiu um emprego como estagiário de animação na The Walt
Disney Company.
A estreia cinematográfica de
Burton aconteceu em 1985 na Warner Bros., com As grandes aventuras de Pee-wee. Os fantasmas se
divertem (1988) e Batman (1989) já
indicavam um autor de estilo visual
único, uma reputação confirmada
mundialmente com os sucessos de
crítica e de bilheteria de Edward
Mãos de Tesoura (1990) e O estranho mundo de Jack (1993).
Em seus longas, Burton explora
os mais variados gêneros, como
biografia (Ed Wood, 1994), ficção
científica (Marte ataca!, 1996),
horror (A lenda do cavaleiro sem
cabeça, 1999), fantasia (Peixe
grande, 2003), animação em stop
motion (A noiva cadáver, 2005),
literatura infantil (A fantástica fábrica de chocolate, 2005) e musical
(Sweeney Todd, 2007). Seu filme
mais recente, Miss Peregrine’s
home for peculiars, será lançado
este ano.
Além do cinema, Burton realizou trabalhos para a televisão,
comerciais, lançou livros e também
empreendeu na internet. Para a
televisão, fez Aladim e a lâmpada
maravilhosa (1984) e Alfred Hitchcock presents: The jar (1986),
comerciais para a Hollywood Gum
e Timex; na internet, criou a websérie The world of stainboy (2000)
e, no campo musical, dirigiu os
videoclipes de Bones (2006) e
Here with me (2012), da banda
The Killers. Em 1997, publicou o
livro de poemas ilustrado O triste fim do pequeno menino ostra
e outras histórias e, em 2003,
a editora norte-americana Dark
Horse Comics apresentou os
bonecos colecionáveis Tragic toys
for girls and boys.
Foto Divulgação © Tim Burton
Storyboards do filme feito para
a televisão João e Maria; seus primeiros curtas, realizados no início
da década de 1970 e nunca lançados; desenhos feitos por Burton
em guardanapos e emoldurados
em dois frames com 45 desenhos
cada; esboços de Edward, personagem de Johnny Depp em Edwards Mãos de Tesoura, e bonecos
dos personagens Victor, Edgar
e Elsa Van Helsing da animação
Frankenweenie são alguns dos
itens em exibição. Os visitantes
ainda encontram cast & crew books
– material anteriormente disponível
apenas para as pessoas que trabalharam em filmes de Burton –, onde
podem conferir, de forma interativa,
os bastidores de alguns de seus filmes: Peixe Grande e suas histórias
maravilhosas, Sweeney Todd – O
barbeiro demoníaco da rua Fleet,
A fantástica fábrica de chocolate,
Sombras da noite e Frankenweenie.
Há outras surpresas reservadas
para os visitantes da exposição.
“Diferentemente das mostras já
apresentadas, propusemos à equipe de Tim Burton um novo conceito
em que os visitantes literalmente
entrarão pelo mundo do cineasta;
assim, criamos uma nova divisão
na disposição dos objetos. No MIS,
agrupamos os itens em salas temáticas: elas estão divididas por
sentimentos como horror, humor,
felicidade e melancolia, elementos
presentes na obra de Burton”,
afirma Sturm. “As exposições do
MIS são sempre diferentes das
que foram feitas em outros lugares
do mundo; nossa intenção é
proporcionar uma vivência nova e
imersiva”, afirma.
Assim, uma sala inédita promete
revelar quais foram as principais
inspirações que influenciaram o cineasta, que forneceu uma lista para
a montagem do espaço. Pôsteres
promocionais dos filmes King Kong
(1976) e Frankenstein (1931), uma
cópia do quadro A noite estrelada,
de Vincent van Gogh, e uma foto de
Edgar Allan Poe estão entre as “inspirações em questão”. A mostra traz
ainda uma sala dedicada a projetos
não realizados e outra à filmografia
do cineasta.
O ano que promete
Com Bienal programada para setembro
e Mondrian já em cartaz, roteiro de
exposições terá ainda mostra de Picasso
e homenagem a Frank Sinatra
Fotos Divulgação
N
o ano em que a 32ª Bienal
de São Paulo, a partir de
setembro, anuncia-se como
o mais aguardado e comentado
destaque no circuito das artes
plásticas no roteiro cultural da cidade, a mostra de Tim de Burton
no MIS dá sequência a abertura
da temporada 2016, recém-inaugurada com a exposição que
destaca a obra do holandês Piet
Mondrian, aberta no último dia 25
no Centro Cultural Banco do Brasil.
A exposição é um panorama
que apresenta cerca de 60 obras
entre pinturas, desenhos de arquitetura, mobiliário e fotografias
de artistas do movimento da vanguarda moderna holandesa conhecido como De Stijl (“O Estilo” em
tradução literal), fundado em 1917
e que tem Mondrian como ícone.
Os artistas elaboravam um tipo de
“arte total”, usando cores primárias
para criar obras sem restrições,
claras e limpas, como eles imaginavam o futuro. Com curadoria de
Pieter Tjabbes, Benno Tempel e
Hans Janssen, a exposição acompanha o percurso de Mondrian da
figuração à abstração.
Ainda no primeiro semestre, a
partir de maio, o Instituto Tomie
Ohtake, que tem sido referência
para no mapa das exposições
mais comentadas de São Paulo, apresenta uma exposição de
Pablo Picasso. Outro destaque
prometido para julho também está programado para o MIS e tem
apelo explicitamente pop, para
além de muitas gerações. Trata-se
da versão “nacional” para Sinatra:
An american icon (Sinatra: Um
ícone americano), que pela primeira vez traz a público objetos
pessoais, cedidos pela família do
artista norte-americano, entre fotos,
correspondências raras, obras de
arte e gravações, que somam cerca de 200 itens. Do primeiro Oscar
do cantor, recebido em 1945, ao
seu famoso chapéu de feltro, tudo
vai estar lá, além de uma jukebox
com mais de 80 músicas do repertório de Sinatra. Com curadoria
do Grammy Museum at L.A. Live,
em colaboração com a família do
cantor e a New York Public Library
for the Performing Arts, a mostra
celebra o centenário de Frank Sinatra, que morreu em maio de 1998.
Acima, o pintor holandês Piet Mondrian
em autorretrato de 1918; no alto, De Stijl,
também de Mondrian
13
CAPA
A linguagem
singular
Amada ou odiada, a estética inconfundível de Tim
Burton sugere a desconstrução do horror para
resignificá-lo com a estrutura de uma fábula, em que
nunca prevalece o terror
Por Rafael Menezes
14
Fotos Divulgação © Tim Burton
O
cabelo sempre
no sangue e a adição de
grande e armado,
uma “graça” constano uso contínuo
te, ainda que seja puro
de óculos escuros e um
humor negro.
guarda-roupa monocroA preferência pela
mático com todos os tons
paleta preta é indiscutíde preto. Desde que ele
vel, assim como as lissurgiu, em meados dos
tras presentes desde Os
anos de 1980, essa esfantasmas se divertem
tética meio “fashionista”
(1988), mas isso não
acompanha Tim Burton
significa ausência de
e ainda hoje se mantém
cor. Muito pelo contrário.
como uma referência de
Quando ela aparece,
estilo do diretor norteé destacada e quente.
-americano. A imagem
Para roubar a cena. O
pessoal de Burton é um
vermelho explode aqui
preview do que ele proe ali e as casas ficam
jeta nas telas há mais
multicoloridas no subúrde 30 anos. E até quem
bio de Edward Mãos de
nunca assistiu a um filme
Tesoura (1990).
do diretor conhece, por
Assim como o moderalgum motivo, a lenda
nismo redefiniu o “feio”
que faz sua imaginação
nas artes plásticas, a esparecer sempre macabra
tética de Burton parece
e mórbida.
ser uma desconstrução
Se por um lado o
do horror, resignificandore c e i o d e a l g u n s s e
-o, tornando-o outra coiO último de seu tipo, 1994, da coleção particular de Tim Burton
justifica – pois “o munsa qualquer, mas nunca
do de Tim Burton” norterror. Em Edward, talvez
malmente se abastece
o filme mais essencial do
na fonte do horror e do grotesco
cineasta,
um ser humano é cons“impressionados-aterrorizados”.
–, por outro nunca há a tensão
truído
por
um
cientista, mas tem teMesmo em suas obras mais “peprópria de um filme de terror ou
souras
no
lugar
das mãos. Quando
sadas”, como A lenda do cavaleiro
qualquer imagem mais chocante,
desce
de
seu
castelo
e encontra a
sem cabeça (1999) e Sweeney
capaz de deixar os espectadores
humanidade,
representada
por
todd (2007), há um aspecto fake
uma paródia de subúrbio, ele é ao
mesmo tempo amado e enxotado
por causa da estranheza que provoca. Há ecos de Frankenstein na
história Edward. Se o livro de Mary
Shelley é uma das obras pioneiras
de “ficção científica” e horror, o filme de Burton desconstrói a história
para torná-la uma fábula, um conto
de fadas, um romance.
Os filmes mais emblemáticos
de Burton, aliás, parecem todos
contos de fadas. Fantasmas tentam assustar novos moradores da
casa em que viviam (Os fantasmas
se divertem), o rei do Halloween quer invadir a festa de Natal
(O estranho mundo de Jack), o
barbeiro vai atrás de vingar sua
mulher (Sweeney Todd) e até um
filme com toque mais realista como Peixe grande e suas histórias
maravilhosas (2003) guarda histórias fantásticas, e possivelmente
“mentirosas-fantasiosas”, que um
pai contaria a seu filho. Apesar
dessa estética tão emblemática e
tão peculiar, ela está sempre em
consonância com a arte de contar
uma história com a estrutura de
fábula. É nesse ponto crucial que
a criatividade impera nas obras
de Burton.
Os apelos são tão característicos que “vampirizam” o gótico,
flertam com o fabuloso e ainda
trazem modernidade estética para criar uma linguagem peculiar,
que coloca Burton no panteão
da contemporaneidade identificada na obra de cineastas como
Quentin Tarantino, Lars von Trier,
Pedro Almodóvar, entre outros.
Não só Tim Burton é um grande
cineasta como acaba sendo uma
assinatura tão única que ele se
torna um personagem-chave da
cultura pop contemporânea. Sua
estética influencia outras instâncias e seus filmes são facilmente
reconhecíveis. Tanto que podemos
ver, no linguajar do dia a dia, junto com personagens tipicamente
almodovarianos ou violentos à la
Tarantino, outras figuras “tão Tim
Burton”. Quando um artista tem
uma voz assim, única e inconfundível, ele se destaca dos demais
e, logicamente, amado ou odiado,
Sem título, 1994, Polaroid
mantém, no âmago, a função da arte de criar o singular para alcançar
a apreciação.
Burton é um artista autêntico.
Mais conhecido por seus filmes,
também é poeta (O triste fim do pequeno menino ostra) e desenhista,
cujas obras compõem a exposição
O mundo de Tim Burton, agora
em exposição no MIS. Em suas
ilustrações e pinturas, temos personagens trágicos, em sua maioria
crianças, meio “cabeçudos” ou
com algumas desporporções que
trazem o dramático ou o trágico
ao mundo infantil, novamente com
algum humor negro e muito simbolismo. A Chapeuzinho Vermelho de
Burton, por exemplo, é um esqueleto que persegue o lobo em suas
ilustrações, o “menino alfinete” é
um rei com uma coroa de alfinetes
fincados na cabeça, o bicho-papão
é um gângster feito de saco e de
insetos, e no clássico desenho de
stop-motion O estranho mundo de
Jack, a Alice de Lewis Carol nunca foi para o País das Maravilhas
(Wonderland), e sim para o País
Subterrâneo (Underland).
Recontar, reinterpretar, resignificar, desconstruir e reconstruir
envolto a uma estética que brinda
o gótico. Esta é uma síntese das
estranhas entranhas deste artista
cuja obra é pautada também pelo
impacto visual. Você pode amar
ou até não gostar nada, mas é
impossível ficar indiferente a tanta
riqueza imaginativa.
15
LANÇAMENTO
De viagens e sonhos
A escritora Maria Valéria Rezende,
ganhadora do Jabuti de melhor livro de ficção em 2015
com Quarenta dias, autografa seu novo livro,
Outros cantos, na Livraria da Vila da Fradique
A
16
Maria Valéria Rezende
antes, em condições mais precárias e perigosas, “seguindo um
pequeno anúncio num diário oficial
listando municípios onde se necessitavam alfabetizadores para o
Mobral, e fui logo aceita, sem mais
perguntas, porque, de Brasília,
pressionavam os chefes políticos
da região, e ninguém mais, capaz
de enfileirar uma letra atrás da
outra, estava disposto a se exilar
em Olho d’Água e ensinar a ler e
escrever aos jovens e adultos”.
As lembranças do tempo passado em Olho d’Água se cruzam
a outras, entre freiras educadoras na Argélia ou como viajante
no México, deparando-se com
costumes distantes e ao mesmo
tempo com pessoas de coragem
e pureza evidentes que a ajudam
a enfrentar as dificuldades do caminho. As mesmas lembranças
desfiam a série de amores impossíveis encontrados na juventude,
olhares promissores vistos apenas
de relance e dos quais ela guarda lembranças escondidas numa
“caixinha dos patuás posta em
sossego lá no fundo do baú”. Com
sutileza, Maria Valéria Rezende
compõe um retrato emocionante
de uma mulher determinada, que
sacrifica a própria vida em troca
de algo maior.
LANÇAMENTO
Do livro Outros cantos (Alfaguara),
da escritora Maria Valéria Rezende,
dia 25 de fevereiro, a partir da 19h,
na Livraria da Vila da Fradique.
Fotos: Divulgação
escritora Maria Valéria Rezende autografa Outros
cantos (Alfaguara) dia 25
de fevereiro a partir da 19h na
Livraria da Vila da Fradique. O
livro é um romance sobre “viagens
movidas a sonhos”, seguindo território e caminho pelos quais ela
transita com especial segurança,
não importa se na vida real ou
na ficção. Paulista radicada no
Nordeste do País, Maria Valéria
é autora de Quarenta dias, que
ganhou, no final do ano passado,
o Jabuti de melhor livro de ficção de 2015, o que rendeu, além
da visibilidade, o reconhecimento pela qualidade da literatura
que produz.
Maria Valéria viveu até os 18
anos em Santos, no litoral paulista,
onde nasceu. Nos anos de 1960
entrou para a Congregação de
Nossa Senhora Cônegas de Santo
Agostinho e passou a se dedicar
à educação popular, inicialmente
na periferia de São Paulo e depois,
a partir de 1972, no Nordeste.
Viveu primeiro em Pernambuco e
depois na Paraíba, no meio rural,
até 1988. Foi quando se transferiu
para João Pessoa, onde mora até
hoje. Seu primeiro livro de ficção,
Vasto mundo, saiu em 2001. O
voo da guará vermelha e Modo de
apanhar pássaros à mão são seus
outros livros.
Em Outros cantos, Maria cruza
o sertão em um ônibus que a leva
a algum ponto isolado do Nordeste
e relembra sua primeira incursão
na região agreste, quarenta anos
INFANTIL
Mergulho na fantasia
O ilustrador António Jorge Gonçalves
autografa Barriga da baleia e participa de uma
sessão especial com contação de histórias e
oficina na loja da Fradique
O
ilustrador e cartunista português António
Jorge Gonçalves faz
sessão de autógrafos especial, com contação de histórias e oficina, dia 28 de
fevereiro, a partir das 15h,
na loja da Fradique. Ele lança
Barriga da baleia (MOVpalavras), título que habitualmente encanta a garotada.
O livro conta a história
da pequena Sari, que, por
não conseguir acordar os
pais, assumidamente dorminhocos, sai de casa numa
manhã de verão e junto com
seu amigo Azur vai rumo à
“terra-onde-nunca-ninguém-se-aborrece”. Num convite
irresistível à imaginação, Sari
acaba engolida por uma baleia. É o pretexto, no livro,
para uma sucessão de cores e
texturas que traduzem instantaneamente os sentimentos da garota
ao desbravar o desconhecido,
enfrentar o medo de se ver só
e encontrar muitas surpresas no
caminho. Uma viagem à fantasia
infantil, o livro valoriza as soluções
que só as crianças são capazes
de inventar quando se metem em
confusão.
“A figura da baleia, que existe
em diversas mitologias, me acompanha há muitos anos. É a ideia
da jornada do dia para a noite
dentro do grande peixe. Quando
minha filha estava para nascer,
fui desenhar na parede do quarto
dela e acabei pintando uma baleia
com a boca aberta e uma menina
sendo engolida. Logo recebi o convite de uma companhia de teatro
de Lisboa, com a qual costumo
trabalhar para a criação de um
espetáculo infantil, e aí desenvolvi
a história da baleia. Nunca tinha
trabalhado para crianças, achava
que falavam uma língua diferente
da minha”, diz Gonçalves, numa
entrevista ao blog da editora.
O ilustrador estudou design
gráfico na Escola Superior de
Belas-Artes de Lisboa e fez mestrado em Theatre Design na Slade
School of Fine Art de Londres.
Professor na Universidade Nova
de Lisboa, Gonçalves trabalha
prioritariamente com desenho,
fotografia, música e arte pública. Diz que a narração por
imagens é seu território favorito.
Desde 1978, publica tirinhas
em jornais, revistas e fanzines
em Portugal, na Espanha, na
França e na Itália.
“Acredito que as crianças
re a l m e n t e n e c e s s i t a m d e
histórias. Desde muito cedo
precisamos do que a literatura
nos dá, que é a possibilidade de mergulhar em nossos
medos e desafios através de
uma ficção. As histórias que
os irmãos Grimm recolheram e
deram forma não foram feitas
por uma razão qualquer. Todo
o lado psicanalítico da inclusão
de figuras como o pai, a mãe,
os adultos, os monstros e as
privações estão lá. Como pai,
faz sentido contar à minha filha
apenas histórias que realmente
mexem comigo. Em Barriga da
baleia, não estava completamente
consciente da história até o momento em que precisei organizá-la
para a peça de teatro, e percebi
que estavam lá grandes motivos”,
diz António Jorge Gonçalves.
LANÇAMENTO
Do livro Barriga da baleia (MOVpalavras), do ilustrador e cartunista
português António Jorge Gonçalves, com sessão de contação de
histórias e oficina, dia 28 de fevereiro, a partir das 15h, na loja da
Livraria da Vila da Fradique.
17
MÚSICA
Harmonia urbana
Dos grupos mais comentados da atual
cena instrumental brasileira, o Quarteto Quadrantes
faz pocket show para lançar Sinuosa, seu segundo CD,
nas lojas do Pátio Higienópolis e do JK Iguatemi
O
Quarteto Quadrantes apresenta músicas de Sinuosa,
seu segundo CD, em dois
pocket shows especiais dia 19 de
fevereiro a partir das 19h na Livraria
da Vila do Shopping Pátio Higienópolis e dia 25 de fevereiro, também
às 19h, na loja do Shopping JK
Iguatemi. São oportunidades imperdíveis para a audição de um dos
grupos mais comentados da atual
cena instrumental brasileira.
Formado por Arnaldo Nardo
(bateria), Bruno Elisabetsky (composições/violão/guitarra/voz), Gabriela Machado (flautas/escaleta)
e Renato Leite (contrabaixo), o
Quadrantes assume a vocação
para uma música autoral que parte
das influências do jazz, da MPB e
da música erudita para produzir
uma sonoridade contemporânea,
juntando experimentações na composição ou na improvisação.
“Eu fiquei encantado com o
trabalho. Principalmente com a
proposta composicional do Bruno,
com abordagens harmônicas e
rítmicas diferentes. Acho um dos
grandes trabalhos da cena instrumental brasileira e estou feliz em
poder participar”, diz o prestigiado
produtor Swami Jr., que assina a
produção do novo CD e faz participação especial (ao violão de sete
cordas) em Sinuosa.
O novo álbum, que tem 11 composições, traz uma homenagem
à cantora e compositora Joyce
Moreno, refazendo o “swingue
jazzístico” de seu percurso. “É
um prazer poder participar desse
18
Leite, Nardo, Elisabetsky e Gabriela
diálogo de gerações”, diz a cantora
Joyce. O disco incluiu também as
participações de Teco Cardoso
(sax) e Nailor Proveta (clarinete).
“No quarteto, a flauta de Gabriela Machado voa alto e alcança
lugares rarefeitos. O baterista Arnaldo Nardo a acompanha com
ritmo e sustentação aveludada.
Renato Leite, num contrabaixo mais
lírico, e o próprio Bruno, parecem
improvisar com precisão atenta e
cadenciada. Assertivo e despojado, o grupo alude a referências
populares e eruditas, sem perder a
mão da originalidade. O resultado
é notável. Ilustrado por nuances
e inquietudes, Sinuosa revela um
trabalho maduro e duradouro”, escreve Tiago Novaes no material de
apresentação de Sinuosa.
Em Passos largos, o CD de estreia lançado em 2013, o Quarteto
Quadrantes registrou 13 composições, todas de Elisabetsky, que
refletiam o olhar renovador sobre os
ritmos brasileiros e suas relações
com a música instrumental mundial.
“A impressão que eu tenho é que
agora os temas estão mais agulhados, tem uma pegada mais do
urbano, com temas mais agitados,
com muita informação harmônica”,
diz, no making of de gravação
do novo CD, a flautista Gabriela
Machado. “Gosto muito da fusão.
Harmonicamente e melodicamente, eu não fico num único lugar. Eu
gosto de misturar referências”, diz
Elisabetsky sobre o seu processo
de composição.
LANÇAMENTO
Do CD Sinuosa, do Quarteto Quadrantes, dia 19 de fevereiro, a
partir das 19h, na Livraria da Vila
do Shopping Pátio Higienópolis, e
dia 25, a partir das 19h, na Livraria
da Vila do Shopping JK Iguatemi.
POESIA
Adélia na íntegra
Nova edição de Poesia reunida traz,
num único volume, todos os livros de poemas
da escritora mineira, que celebrou
seus 80 anos no final de 2015
C
omemorados com
a discrição habitual no final do ano
passado, os 80 anos da
escritora Adélia Prado
garantiram um superpresente para os leitores da
melhor poesia brasileira.
O volume Poesia reunida
(Record), recém-lançado,
é a nova versão, em edição de luxo, com capa
dura, do título no qual
estão reunidos todos os
poemas dos livros Bagagem, O coração disparado, Terra de Santa Cruz, O
pelicano, A faca no peito,
Oráculos de maio, A duração do dia e Miserere. A
edição especial traz textos de Carlos Drummond
de Andrade e Affonso Romano de Sant’Anna e posfácio de Augusto Massi.
Das mais renomadas
autoras brasileiras, Adélia sabe como ninguém
retratar a alma e os sentimentos humanos. Entre a
perplexidade e o encanto,
o sagrado e o profano,
sempre norteados pela fé cristã
e permeados por certo aspecto
lúdico-filosófico, a poetisa mineira
usa o que é comum na vida cotidiana para recriar as dimensões
da existência humana.
“É um empenho sagrado, abençoado, fazer isso: oferecer algo
que pode ser consumido como
se fosse uma comida espiritual.
Porque a poesia não serve para
nada. Ela não dá emprego, ela não
me torna mais rica, nem mais isso
e nem mais aquilo. Mas ela atende
a uma fome primária nossa, que é
a fome de sentido, de beleza, de
significação. Só de oferecer isso
você já está tendo um ato da mais
alta humanidade”, disse a escritora, falando sobre a experiência de
escrever poemas, numa entrevista
exclusiva à Vila Cultural,
quando do lançamento de
Miserere, em 2013.
Do mais recente ao
primeiro livro de Adélia, o
novo Poesia reunida também resgata a celebrada
estreia da autora no mercado editorial, em 1976,
com Bagagem, que ela
lançou quando tinha 40
anos, apesar de escrever
desde os 14. “Tudo que
eu escrevi até Bagagem
não tem nenhum valor
literário. São coisas que
têm impor tância para
mim, afetiva, de um bom
tempo de minha vida”,
declarou. Na época do
aparecimento da “nova
poetisa”, num episódio
famoso na literatura brasileira, Bagagem foi lido
e recebido com empolgação por Carlos Drummond de Andrade, um dos
entusiastas da obra de
Adélia, cuja leitura ele recomendava antes mesmo
de conhecê-la.
Adélia Prado nasceu
e vive em Divinópolis, no interior
de Minas Gerais. É formada em
Magistério e Filosofia. O coração
disparado, seu segundo livro de
poesias, ganhou o Prêmio Jabuti
em 1978. No ano seguinte, a escritora estreou na prosa com o livro
Solte os cachorros. Desde então,
tem publicado regularmente, em
diferentes formatos.
19
URBANISMO
Colapso e continuidade
Em Insustentável arquitetura, que reúne
ideias e projetos de arquitetos de quatro países , São
Paulo surge como “modelo ideal” para se pensar nos
principais desafios urbanísticos do século 21
A
20
Obra de mutirão em Cidade Tiradentes, em Insustentável arquitetura
A ideia de uma conexão internacional criando um olhar crítico
e de busca de soluções dentro de
padrões de sustentabilidade social
para São Paulo também ajudam
a refletir sobre perspectivas de
outras metrópoles e megalópoles
ao redor do mundo. Assim, com
seu desenvolvimento acelerado
e caótico, São Paulo surge como
“modelo ideal” para se pensar os
principais desafios urbanísticos
deste século. Entre os temas em
evidência, estão o fechamento da
cidade em comunidades isoladas,
o cerceamento e a privatização
dos espaços públicos, a expansão de construções informais, a
“participação cidadã” e os temas
ligados à diversidade cultural, as
cidades-dormitório e a verticalização, assim como os investimentos
em infraestrutura. Nesse cenário,
renovar a maneira como a população lida com os espaços públicos
é justamente um dos pontos ressaltados por Olivier Mongin, autor
do livro A condição urbana – A
cidade na era da globalização.
“Na contracorrente do urbanismo
funcionalista que evacuou a rua,
fustigou os espaços misturadores
e exacerbou o lugar prioritário
do carro, é preciso reencontrar
o sentido desses espaços mistos e misturadores que são na
mesma medida ‘lugares comuns’”,
escreve Mongin no livro, que traz
depoimentos e ideias de vários
arquitetos e urbanistas.
Foto: Divulgação
rquitetos do Brasil, da França, da Colômbia e do México discutem os caminhos
urbanísticos para São Paulo em
Insustentável arquitetura (Estação
Liberdade), livro que acaba de ser
lançado e documenta a discussão
realizada como parte da 10a Bienal
de Arquitetura de São Paulo, que
aconteceu em 2013 e cujo tema foi
“Cidade: Modos de fazer, modos
de usar”.
Ao abordar questões práticas de
como planejar e vivenciar a metrópole, o livro quer criar uma ponte
entre os pensamentos e práticas
urbanísticas e arquitetônicas em
diversos países. É o testemunho
de uma diversidade enriquecedora e fruto da colaboração entre o
Institut Français e os ministérios
franceses da Cultura e Comunicação e de Negócios Estrangeiros e
Desenvolvimento Internacional, que
apoiaram o projeto.
“As chamadas dificuldades do
dia a dia na metrópole paulistana
podem ser consideradas como um
dos geradores daquela instabilidade entre o colapso e a continuidade.
Quando se entra em uma estação
subterrânea de metrô no horário
de pico durante o final da tarde,
onde as plataformas se encontram
completamente tomadas por multidões de pessoas esgotadas depois
de um dia estafante, sente-se a
pressão do ar comprimido entre
as paredes de concreto aparente”,
escrevem, no livro, os arquitetos
Kazuo Nakano e Ligia Nobre, uma
das curadoras da Bienal.
DOCUMENTO
Guaíra em livro
Com a história de um ícone da arquitetura
e da vida cultural da cidade, o livro sobre
o Teatro Guaíra tem noite de lançamento
na Livraria da Vila do Pátio Batel, em Curitiba
Foto: Divulgação
O
livro Teatro Guaíra, de Erich Nissen, Loire Nissen e
Waltraud Sekula, ganha
noite especial de lançamento dia
25 de fevereiro, a partir das 19h,
na Livraria da Vila do Pátio Batel,
em Curitiba. Ao remontar a história de um ícone da arquitetura e
da vida cultural da cidade, o livro
documenta desde a idealização
até a construção e a dinâmica do
espaço cultural que é referência
no Paraná. Além de depoimentos
e testemunhos, traz anotações,
desenhos, plantas, documentos e
fotografias que, juntos, montam um
autêntico painel sobre a criatividade e a audácia que deram forma e
vida ao Guaíra.
“A história do Teatro Guaíra,
como verdadeira instituição paranista, tem dois tempos, assim
como as escrituras sagradas do
Velho e do Novo Testamento. De
sua primeira fase, existem registros conhecidos e divulgados. Da
segunda, além das informações
acerca dos projetos apresentados durante o primeiro governo
de Moysés Lupion (1948), há uma
vasta gama de testemunhos acerca de sua construção – inclusive
sobre a tragédia do incêndio, em
25 de abril de 1970, e a sua reinauguração oficial com ‘pompa e
circunstância’ em 12 de dezembro
de 1974 com a montagem Paraná,
terra de todas as gentes, de Adherbal Fortes de Sá Júnior e Paulo
Vítola, hoje dois destacados membros da Academia Paranaense de
Letras”, escreve, no prefácio do
A construção do Guaíra (acima) e o livro sobre o teatro (abaixo)
livro, o advogado e professor René
Ariel Dotti, que também integra a
Academia Paranaense de Letras
“O primeiro grupo de teatro
amador que se apresentou no
Guairinha foi a Sociedade Paranaense de Teatro (SPT), fundada em
1954, por Ary Fontoura, René Dotti,
Sinval Martins, Luiz Silvestre, Mário
Guimarães, Divo Dacol, Marlene
Mazza e Odelair Rodrigues. A
peça É proibido suicidar-se na
primavera, do escritor espanhol
Alejandro Casona, estreou em 14
de abril de 1955, permanecendo
uma semana em cartaz, como
noticiaram O Estado do Paraná
e o Diário do Paraná. Uma nova
temporada, no mesmo local, ocorreu em setembro daquele ano”,
prossegue Dotti em um registro
meticuloso que promete agregar
muito à bibliografia e à história de
Curitiba.
LANÇAMENTO
Do livro Teatro Guaíra, de Erich
Nissen, Loire Nissen e Waltraud
Sekula, dia 25 de fevereiro, a partir
das 19h, na Livraria da Vila do
Pátio Batel, em Curitiba.
21
RETRATO | JAMES DEAN (1931-1955)
À imagem da rebeldia
Nascido em fevereiro de 1931, o ator
norte-americano James Dean protagonizou
três filmes que se transformaram na síntese
definitiva da biografia de um mito do cinema
22
menção ao episódio trágico que
deu fim precoce a uma das carreiras mais promissoras do cinema.
Como ator, Dean teve o mérito
de “encarnar” e definir a imagem
da juventude logo após a 2a Guerra
Mundial. Ele foi a melhor expressão, em meados do século passado, de uma mistura de angústia e
rebeldia que, do jeito dele, desafiava os padrões de época. Quando
morreu, apenas um de seus filmes,
Vidas amargas (East of eden), uma
adaptação de Elia Kazan para o
romance de John Steinbeck (19021968), tinha sido exibido. Mesmo
assim, foi o suficiente para o ator
ser saudado como um dos mais
surpreendentes jovens talentos já
revelados por Hollywood. O filme
rendeu uma indicação póstuma
ao Oscar.
Em outubro de 1955, um mês
após a morte de Dean, foi lançado
Rebelde sem causa (Rebel without
a cause), de Nicholas Ray, que
também causou furor nos cinemas
e no comportamento da “juventude transviada”. Assim caminha a
humanidade (Giant), o último filme
em que atuou, dirigido por George Stevens, estreou em outubro
de 1956, com Elizabeth Taylor e
Rock Hudson também no elenco.
A exemplo do que havia acontecido com Vidas amargas, o filme
rendeu outra indicação ao Oscar,
reforçando a figura do mito que já
havia se eternizado.
Para muitos críticos e pesquisadores, o “tormento” que
caracterizou os personagens de
Dean podiam tranquilamente ter
semelhanças com a vida real.
Criança ainda, ele perdeu a mãe e
foi viver com os avós numa fazenda
em Indiana, já que o pai também
se ausentou. Tão logo fez 18 anos,
foi estudar interpretação em Los
Angeles e, no teatro, participou
da montagem de Macbeth depois
de uma seleção entre centenas de
candidatos. Em 1951, apostou em
peças teatrais que eram exibidas
na televisão e cavou assim sua primeira oportunidade em Hollywood.
Louco por carros e por velocidade, James Dean também deixou declarações e frases que, de
alguma forma, transformaram-se
na síntese de sua imagem. Entre
outras ilustres declarações atribuídas a ele, está a famosa: “Sonhe
como se fosse viver para sempre
e viva como se fosse morrer hoje”.
Foi o que ele fez.
Ilustração: Jonas Ribeiro
U
ma vida breve e intensa
o suficiente para criar a
imagem e a conduta que
definiram um mito no cinema.
Apesar de ter vivido apenas 24
anos e atuado em poucos filmes,
o ator norte-americano James
Dean, nascido em 8 de fevereiro
de 1931, se transformou em ícone
de juventude, liberdade e rebeldia
que ainda hoje é reverenciado por
sua imagem e biografia singulares
na história do cinema e da indústria
do entretenimento. Ao combinar
beleza, talento, carisma e uma surpreendente noção de estilo, James
Dean fez história.
No ano passado, quando se
completaram 60 anos da morte
do ator, a tragédia que resultou
no desaparecimento de um dos
maiores astros de Hollywood foi
revivida em detalhes: às 17h55
do dia 30 de setembro de 1955,
no cruzamento das estradas estaduais 46 e 41, perto da cidade
de Cholame, na Califórnia, a 300
km de Los Angeles, o Porsche
550 Spyder prateado, apelidado
carinhosamente de “Little Bastard”
(Pequeno Bastardo), bateu de
frente com um Ford Tudor branco conduzido por um estudante
que saiu praticamente ileso do
acidente. Duas horas antes, Dean
havia sido multado por excesso de
velocidade no mesmo trajeto que
percorria para participar de uma
corrida de carros em Salinas. Ele
estava acompanhado do mecânico
alemão Rolf Wütherich, que ficou
entre a vida e a morte, sobreviveu
ao acidente e jamais fez qualquer
LUGAR DE GRANDES
“Eu tenho feito grandes
progressos no meu ofício.
Depois de meses de audições,
estou muito orgulhoso de anunciar que eu sou um membro dos
Actors Studio, a maior escola de teatro.
Ele abriga grandes atores como Marlon
Brando, Julie Harris, Arthur Kennedy,
Mildred Dunnock... Muito poucos podem
chegar até ela, que é absolutamente livre. É a
melhor coisa que pode acontecer a um ator. E
eu sou um dos mais jovens a pertencer a esse
grupo. Se eu puder continuar com isso e nada
interferir em meu progresso, um dia desses
eu poderei ser capaz de contribuir com algo
para o mundo.”
James Dean, numa carta escrita a sua família em
1952, para compartilhar o orgulho de integrar o
Actors Studio, em Nova York
23
ACONTECEU
Férias bem-vindas
Com várias atividades especiais, a agenda
de janeiro teve aprendizado e diversão para
tratar de sustentabilidade e festa para o
lançamento do selo Boitatá
24
No alto, lançamento da editora Boitatá; acima, Férias na Vila na loja do Galleria Shopping
neles o respeito ao meio ambiente.
Tornar possível um mundo mais
verde e sustentável, como se disse, é o grande desafio e a maior
inspiração dos voluntários que
participam do projeto. Uma pequena história do Greenpeace no
Brasil e no mundo, as mudanças
do clima – como o aquecimento
global, os gases do efeito estufa e
demais temas relacionados –, os
conceitos de sustentabilidade e de
cidadania foram alguns dos temas
abordados para deixar clara a importância e a urgência de uma vida
mais sustentável e a relevância nas
ações para a preservação de toda
a biodiversidade do planeta.
Foto: Divulgação e Pedro Fernandes (Férias na Vila, Galleria Shopping)
R
epleta de atrações pensadas para retomar o dia a
dia depois dos recessos
de fim de ano, a agenda cultural
de janeiro da Livraria da Vila teve
até festa, na loja da Fradique, marcando a estreia do Boitatá, o selo
infantojuvenil da editora Boitempo.
Projeto pensado cuidadosamente
para dar forma a um antigo sonho,
a novidade celebra também as
duas décadas, completadas em
2015, de atuação da editora. E o
presente, claro, ficou reservado
aos pequenos leitores com o lançamento dos dois primeiros títulos
da coleção Livros para o amanhã,
A democracia pode ser assim e A
ditadura é assim. Temas de interesse social e cidadania, como os
conceitos de democracia, ditadura
e diferenças entre gêneros, são
prioridade na coleção, que apresenta, em breve, mais dois livros,
As mulheres e os homens e O que
são classes sociais?.
Durante todo o mês, a agenda
especial do projeto Férias na Vila
fez da sustentabilidade a palavra-chave da programação. Com
palestras, contação de histórias e
diversas atrações, a ideia é sempre
aproveitar o período do verão e das
férias escolares para propor diversão com aprendizado e consumo
cultural com conteúdo da melhor
qualidade. Nas lojas da Fradique e
da Lorena, por exemplo, o Projeto
Escola, do Greenpeace, garantiu a realização de palestras cujo
propósito central é conscientizar
crianças e jovens para despertar
PROGRAMAÇÃO | fevereiro_2016*
Convite à imaginação
Foto: Divulgação
Entre lançamentos, teatro e música, o roteiro
cultural tem também garantia de diversão com
o grupo Sambalelê contando histórias na loja do
Parque Shopping Maia, em Guarulhos
Hora da Historinha é o nome do projeto que o
Grupo Sambalelê, que faz o maior sucesso com as
crianças, apresenta este mês na Livraria da Vila do
Parque Shopping Maia, em Guarulhos, em quatro
sessões especiais nos dias 13, 14, 20 e 27, sempre
às 16h, com apoio do Colégio Mater Amabilis e
O Pequeno Príncipe Educação Infantil
25
PROGRAMAÇÃO | fevereiro_2016*
Fradique
25/2, QUINTA, das 19h às 21h30
Outros cantos
De Maria Valéria Rezende
Ed. Alfaguara
Lorena
Palestras
Galleria Shopping
26/2, SEXTA, das 18h30 às 21h30
Filhos de Adão
De Luís Guilherme Assis Kalil
Paco Editorial
Shopping
JK Iguatemi
4/2, QUINTA, das 18h30 às 21h30
Condado Macrabo
De Marcos Debritto
Ed. Simonsen
18/2, QUINTA, das 18h30 às 21h30
Os métodos de solução de
conflitos e o Processo Civil
De Luis Fernando Guerrero
Ed. Atlas
13/2, SÁBADO, das 15h às 18h
Tocando a vida – Uma travessia
para continuar na briga
De Marcelo Tieppo
Ed. Letras do Brasil
20/2, SÁBADO, das 15h às 18h
Minha lição de fé
De Waldir de Lazzari e
Carlos Magalhães
Ed. Primavera
16/2, TERÇA, das 18h30 às 21h30
Hipnose terapêutica
De vários autores
Ed. Ficções
25/2, QUINTA, das 18h30 às 21h30
A indiferença do vento nas folhas
verdes
De Fábio Antonio Tavares
Ed. Calíope
Pátio Batel
25/2, QUINTA, das 18h30 às 21h30
Teatro Guaíra de Curitiba
De Erich Nissen, Loire Nissen e
Waltraud Sekula
Independente
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Pocket
19/2, SEXTA, das 19h às 21h30
Rita Lima & Los Petaleiros
Com Rita Lima
Loja: Pátio Batel
19/2, SEXTA, das 19h às 20h
Sinuosa
Com Quarteto Quadrantes
Loja: Shopping Pátio Higienópolis
25/2, QUINTA, das 19h às 20h
Sinuosa
Com Quarteto Quadrantes
Loja: Shopping JK Iguatemi
16/2, TERÇA, das 19h às 21h
Share Talks: Transição de
Carreira
Com Silvia Zwi e Luiz Eduardo Drouet
Evento Gratuito
Inscrições: [email protected] ou
(19) 3578-1220
Loja: Galleria Shopping
17/2, QUARTA, das 19h às 21h30
Noites de Gestão: Diário de um
empreendedor
Com Marcel Malczewski
Evento Gratuito
Loja: Pátio Batel
18/2, QUINTA, das 19h às 20h30
Cultura financeira
Com Marcel Mendes e IBGTr (Instituto
Brasileiro de Governança Trabalhista)
Apoio: ZHZ Consultores
Evento Gratuito
Mais informações: (41) 3343-1999 ou
[email protected]
Loja: Pátio Batel
20/2, SÁBADO, das 11h às 13h
Sócrates ao café: Olho
meditativo, os personagens na
Literatura e na Psicanálise
Com Fernando Carneiro, Thaisa Barros
e Bernadette Biaggi
Evento Gratuito
Loja: Fradique
27/2, SÁBADO, das 11h às 13h
Café Lacaniano: Cultura material
e consumo – Perspectivas semiopsicanalíticas
Com Clotilde Perez
Evento Gratuito
Loja: Fradique
Clube de leitura
15/2, SEGUNDA, das 20h às 21h
Clube de Leitura:
Hereges, de Leonardo Padura
Com Kim Doria
Apoio: Boitempo
Loja: Fradique
19/2, SEXTA, das 19h30 às 21h30
Leitura Compartilhada: O duplo,
de Fiódor Dostoiévski
Com Os Espanadores
Loja: Fradique
* Programação sujeita a alteração.
Lançamentos
Cursos e Workshops
Educacuca
O objetivo primordial do Educacuca é
promover o desenvolvimento, a aprendizagem e a socialização das crianças
em seus primeiros anos de vida, além
de instrumentalizar o adulto cuidador,
orientando-o e enriquecendo seu repertório de brincadeiras. Para isso,
oferecemos um programa em que a
criança e um adulto responsável, mediados por educadoras capacitadas,
participam de até dois encontros semanais em que, inseridos num grupo,
vivenciam uma série de experiências
lúdicas, planejadas e organizadas
cuidadosamente de modo a estimular
seu desenvolvimento físico, socioemocional e cognitivo, além de propiciar a
aquisição e o aprimoramento da lin-
guagem verbal. Para agendamento de
aula experimental e informações sobre
horários para cada grupo, consulte o
site www.educacuca.com.br
Idade Permitida: 3 a 30 meses.
Terças e quintas – Loja: Lorena
Quartas – Loja: Fradique
Sarau
27/2, SÁBADO, das 19h às 21h
Sarau dos Conversadores
Com Os Conversadores
Na apresentação musical, o cantor e
compositor paraibano Jocélio Amaro
apresenta suas canções românticas,
Giselle Cota mostra sua voz delicada
e forte e o jovem Felipe Alves traz
uma performance musical inspirada
desde o soul de Tim Maia até o
heavy metal do grupo Angra. Na
literatura, o poeta e cordelista Carlos
Galdino, a educadora Sumaya Fouad,
apresentando leitura de um clássico
brasileiro e a escritora Julia Ambrósio
de Jesus, de 10 anos de idade, que
lerá suas muitas histórias, das quais
também é ilustradora. Para abrir e
fechar o evento, Edson Tobinaga e
Cacá Mendes apresentam sua música
e poesia falada.
Evento gratuito.
Loja: Lorena
Infor mações: (11) 99338-9088 e
[email protected] ou no perfil
http://facebook.com/sarau.dos.
conversadores
VILA DA CRIANÇA
MAIA
FRADIQUE
13/2, SÁBADO, das 16h às 17h
Hora da historinha: O Patinho
feio, músicas e brincadeiras
Com Espaço Sambalelê
Apoio: Colégio Mater Amabilis e O
Pequeno Príncipe Educação Infantil
27/2, SÁBADO, das 15h às 18h
Lançamento: O menino e o vento
De Regina Machado
Ed. Companhia das Letrinhas
14/2, DOMINGO, das 16h às 17h
Hora da historinha: Os
Três Porquinhos, músicas e
brincadeiras
Com Espaço Sambalelê
Apoio: Colégio Mater Amabilis e O
Pequeno Príncipe Educação Infantil
20/2, SÁBADO, das 16h às 17h
Hora da historinha: Até as
princesas soltam pum, músicas e
brincadeiras
Com Espaço Sambalelê
Apoio: Colégio Mater Amabilis e O
Pequeno Príncipe Educação Infantil
21/2, DOMINGO, das 16h às 17h
Storytelling and activities
Com The Kids Club
O menino e o vento
Autora: Regina Machado
Ilustrações: Chris Mazzotta
Ed. Companhia das Letrinhas
28/2, DOMINGO, das
15h às 18h
Lançamento:
Barriga da baleia
De António Jorge
Gonçalves
Ed. MOVpalavras
JK IGUATEMI
20/2, SÁBADO, das
15h às 18h
Lançamento: As
aventuras do
filhote de morcego
De Claudia Amorim
Ed. Intermeios Cultural
27/2, SÁBADO, das 16h às 17h
Hora da historinha: O pote vazio,
músicas e brincadeiras
Com Espaço Sambalelê
Apoio: Colégio Mater Amabilis e O
Pequeno Príncipe Educação Infantil
27
PROGRAMAÇÃO | fevereiro_2016*
Teatro Infantil
De 6/2 a 28/2, SÁBADOS e DOMINGOS, às 15h
O espetáculo Detetives da aventura tem formato de episódios.
Cada apresentação traz duas histórias para o público:
Detetives da natureza em: Trânsito na barriga
Pato não vê a hora de chegar em casa para saber porque sua
amiga e vizinha Berê não foi a escola hoje. “É dor de barriga,
Pato!”, ela disse. É hora do Pato Polícia entrar em ação e ajudar
a sua amiga a descobrir as besteirinhas que ela deve ter comido
ao invés de comer alimentos saudáveis. Berê acaba entendendo
que não comer direito “dá transito na barriga”!
Detetives da natureza em: As plantas mágicas da vovó
Depois de escutar a conversa da avó ao telefone com uma amiga,
Berê fica desconfiada que sua avó seja uma feiticeira da pesada.
Afinal de contas, que história é essa de que “é só tomar um
chazinho que a dor vai embora como num passe de mágica?”.
Berê convoca então o seu melhor amigo, Pato, para desvendarem
juntos esse mistério. E descobrem o que mais as plantas mágicas
da vovó fazem.
Local: Shopping JK Iguatemi
Valor: R$ 30 inteira | R$ 15 meia-entrada
De 9/1 a 28/2, SÁBADOS e DOMINGOS, às 16h
Soldadinho de Chumbo e a Bailarina
O espetáculo, que trata sobre o tema inclusão social e como
combater o preconceito, narra de maneira divertida as
travessuras dos brinquedos que não são vendidos por terem
algum defeito de fábrica. A montagem ganhou uma versão
musicada para contar as aventuras do jovem soldadinho bravo
e suas desventuras com o seu primeiro amor, tendo como de
pano de fundo o porão da loja de brinquedos do senhor Pepeu.
Local: Shopping Pátio Higienópolis
Valor: R$ 30 inteira | R$ 15 meia-entrada
De 6/2 a 28/2, SÁBADOS E DOMINGOS, às 16h
Chapeuzinho Vermelho em Uma surpresa para o Lobo
O espetáculo, inspirado na obra de Charles Perrault, conta a
história de uma garota que vai visitar sua avó, que mora perto
da floresta, e é sempre perseguida por um Lobo.
Se você pensa que já sabe o final deste conto, está enganado.
Uma bela surpresa espera o Lobo, que, no final das contas,
não é tão mau assim. Ou será que ele é um pouquinho bom e
um pouquinho mau?
Local: Galleria Shopping (Campinas)
Valor: R$ 30 inteira | R$ 15 meia-entrada
28
* Programação sujeita a alteração.
De 9/1 a 28/2. SÁBADOS E DOMINGOS, às 16h
A Cigarra e a Formiga
Conta a história que uma formiguinha muito esforçada trabalhou
o verão inteiro juntando alimentos e folhas para o terrível inverno,
enquanto sua vizinha, a Cigarra, apenas pensava em cantar.
Chegando o inverno a Cigarra levou então um susto ao perceber
que estava despreparada para enfrentar o frio. Como a Dona Cigarra
sairá dessa? O objetivo desta montagem é mostrar que cada ação
tem uma consequência, seja ela boa ou não, e que, muitas vezes,
perdoar e ensinar o caminho certo é a melhor escolha.
Local: Pátio Batel (Curitiba)
Valor: R$ 30 inteira | R$ 15 meia-entrada
Teatro Adulto
Fotos: Divulgação
De 23/1 a 28/2, SÁBADOS às 20h e DOMINGOS
às 18h
Los Lobos Bobos
A comédia, estrelada por Guilherme Uzeda,
Marcelo Augusto e Ricardo Arantes, é formada
por esquetes que retratam o cotidiano da cidade
de São Paulo e por números musicais, com
sambas do poeta popular Adoniran Barbosa, um
dos mais marcantes retratos desta metrópole.
Local: Shopping JK Iguatemi
Valor: R$ 60 inteira | R$ 30 meia-entrada
TEATRO DA LIVRARIA DA VILA
Mais informações e ingressos: www.ingressorapido.com.br
29
30
31
PROGRAMAÇÃO | dezembro_2015*
Volta às aulas
2016
na Livraria da Vila!
www.livrariadavila.com.br
32
* Exceto cartões AMEX (parcelamento em 6x).
33
Vila do Leitor
por Lednard*
* Estudante de design e ilustrador, Lednard diz que criou o personagem Drandel (acima) como um espelho, um reflexo possível do cidadão
paulistano que, “sem cor, sem sentidos, sem emoções”, enfrenta uma rotina que pode esmagar os sonhos. Trabalhando habitualmente com
papel e nanquim, Lednard já chegou a grafitar Drandel metrópole afora.
A página Vila do Leitor é um espaço aberto para todos aqueles que gostam de escrever, ilustrar e fotografar. Os trabalhos devem ser enviados
para o e-mail: [email protected]
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NOSSAS DICAS
MAIS VENDIDOS |janeiro_2016
LI E GOSTEI
CDs
DVDs
Fernanda Coutinho
Moema
1º 25
Adele (Sony Music)
2º Dois amigos, um século de música
– Ao vivo
Gilberto Gil e Caetano Veloso (Sony
Music)
3º A head full of dreams
Coldplay (Warner Music)
4º Purpose (Deluxe)
Justin Bieber (Universal Music)
5º If I can dream
Elvis Presley (Sony Music)
1º Dois amigos, um século de
música – Ao vivo
(Sony Music)
2º Caderno de poesias
(Biscoito Fino)
3º Divertida mente
(Disney Home)
4º Chaplin – A obra completa
(Versátil)
5º One
The Beatles (EMI Music)
Carta a D.
André Gorz
Um dos melhores livros que já li,
Carta a D. tem a história de amor
mais bonita que eu encontrei em
um livro. Nesta obra biográfica
escrita em carta, Gorz se dirige
d i re t a m e n t e a s u a e s p o s a ,
Dorine, então com uma doença incurável.
Em uma carta profundamente apaixonada,
descreve momentos que marcaram os 59
anos que passaram juntos, o quanto a
amava e admirava e o quanto sofria vendo
a doença debilitá-la. Gorz e sua esposa
cometeram suicídio juntos, em 2007, após
a doença de Dorine ter se agravado,
dando fim a uma linda jornada onde o
amor que eles sentiam um pelo outro não
os permitiria viver se não pudessem mais
estar juntos.
Ed. Cosac Naify
VI E GOSTEI
Alex Olobardi
Comercial
Caderno de poesias
Cader no de poesias é o
mais recente lançamento da
cantora Maria Bethânia, um
delicado registro da paixão
da artista pela música e pela
poesia. Gravado ao vivo na
Universidade Federal de
Minas Gerais, apresenta
músicas de Dorival Caymmi
a Fernando Pessoa, em uma versão mais
descontraída, de simplicidade e de beleza
inigualáveis. "Eu gosto de emprestar minha
vida e minha voz aos personagens que os
autores nos revelam", diz Bethânia. Este
DVD é um sarau particular na sua casa
Biscoito Fino
Ficção
Não Ficção
1º Mulheres de cinzas
Mia Couto (Companhia das Letras)
2º Clássicos do conto russo
(Editora 34)
3º Hereges
Leonardo Padura (Boitempo)
4º S.
Doug Dorst (Intrínseca)
5º Toda luz que não podemos ver
Anthony Doerr (Intrínseca)
1º A noite do meu bem – A história
e as histórias do samba-canção
Ruy Castro (Companhia das Letras)
2º All fire
André Lima de Luca (Tapioca)
3º Diários da presidência 19951996
Fernando Henrique Cardoso
(Companhia das Letras)
4º Cozinha prática
Rita Lobo (Senac)
5º A mágica da arrumação
Marie Kondo (Sextante/GMT)
Infantil
Juvenil
1º Diário de um zumbi do Minecraft 1
– Um desafio assustador
Herobine Books (Sextante)
2º Star Wars – Academia Jedi
Jeffrey Brown (Aleph)
3º Darth Vader e filho
Jeffrey Brown (Aleph)
4º O grande livro da Clara e do
Gabriel
Ilan Brenman (Brinque-Book)
5º Vamos ajudar o Gildo?
Silvana Rando (Brinque-Book)
1º Diário de um Banana – Bons
tempos
Jeff Kiney (Vergara & Riba)
2º Dois mundos, um herói – Uma
aventura não oficial de Minecraft
(Suma de Letras)
3º Guinness world records 2016
(Agir)
4º A rainha vermelha
Victoria Aveyard (Seguinte)
5º Diário de uma garota nada
popular 9
Rachel Renée Russell (Verus)
Importados | adulto
Importados | infantojuvenil
1º Perfume de sonho
Sebastião Salgado (Paisagem)
2º O livro dos símbolos
(Taschen)
3º Say a little prayer
Giovanni Bianco (Taschen)
4º Alchemy & mysticism
Alexander Roob (Taschen)
5º Genesis
Sebastião Salgado (Taschen)
1º Old Macdonald – A hand puppet
board book
Scholastic Books (Scholastic Books)
2º Where's Wally – The magnificent
mini book box
Martin Handford (Walker Book)
3º Harry Potter – Horcrux locket
and sticker book
(Running Press)
4º Harry Potter – Hedwig owl kit
and sticker book
(Running Press)
5º Harry Potter – Lord Voldemort’s
wand with sticker kit
(Running Press)
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