O violão e as linguagens violonísticas do choro
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O violão e as linguagens violonísticas do choro
O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO CARLOS W ALTER O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO C ARLOS H. W ALTER 2014 É vedada a reprodução eletrônica ou xerográfica desse livro sem a autorização expressa do autor. Registrado na Biblioteca Nacional | ISBN nº 978-85-911-3880-7 © C ARLOS H. W ALTER Capa, revisão, projeto gráfico e formatação C ARLOS W ALTER F ICHA DE CATALOGAÇÃO WALTER, Carlos. O violão e as linguagens violonísticas do Choro. Uberaba | Belo Horizonte, MG: Carlos H. Walter, 2014: edição do livro publicado em 2010, revista, ampliada e atualizada em 23/02/2014. 159p. A imagem da capa é uma pintura em látex de Giselda Walter. O fundo da imagem da orelha corresponde à pintura em látex do Sítio São Miguel (Oratórios, Minas Gerais) feita por Giselda e fotografada por Cloves Walter. A marca d’água retrata os irmãos Carlos e Cloves Walter. A imagem de Álvaro em Mariana (Minas Gerais) foi tirada por Paulo (in memoriam) e editada por Cloves Walter. O retrato de Aníbal, Álvaro e Márcio Walter com uniforme da Sociedade Musical União XV de Novembro foi tirado na década de 50 por autor desconhecido. Os titulares das logomarcas e das referências citadas (livros, artigos, teses, dissertações, ensaios, textos eletrônicos, músicas, vídeos, letras e poemas) foram devidamente identificados. Dados para a citação conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT): WALTER, Carlos. O violão e as linguagens violonísticas do choro. Uberaba | Belo Horizonte, MG: Carlos H. Walter, 2014: edição do livro publicado em 2010, revista, ampliada e atualizada em 23/02/2014. 159p. Dedico essas linhas aos meus talentosos pais (o maestro Álvaro e a artesã Giselda) com homenagens extensivas ao meu filho Pedro, à minha esposa Rosana, aos demais familiares, à obra literomusical de meus ascendentes (Augusto e Aníbal), ao clube do choro de Belo Horizonte, ao violão e seus asseclas (aqui representados pelo professor Sérgio Ramos). A música e o artesanato da Família Walter [Fotos | Acervo familiar] Meu primeiro violão. A logomarca violonística e niemeyeriana do clube do choro de Belo Horizonte [Design | Ericson Silva] “O violão é um instrumento fácil de se tocar mal e difícil de se tocar bem”. PAGANINI S UMÁRIO F ICHA DE CATALOGAÇÃO ................................................................................... 04 D EDICATÓRIA .................................................................................................... 05 E PÍGRAFE ........................................................................................................... 07 A PRESENTAÇÃO .................................................................................................. 17 1 ª P ARTE V IOLÃO : BREVE HISTÓRICO ................................................................................ 19 H ISTÓRIA DO CHORO : ALGUMAS REFERÊNCIAS .................................................. 26 L ICENÇA POÉTICA I ............................................................................................ 28 P ROFISSÃO DE FÉ ................................................................................... 28 V IOLÃO .................................................................................................. 29 L UTERARIA , ESTRUTURA E CUIDADOS ESPECIAIS ............................................... 30 M ODELOS ........................................................................................................... 35 E XTENSÃO .......................................................................................................... 35 E NCORDOAMENTOS ............................................................................................ 36 A FINAÇÃO PADRÃO E AFINAÇÕES ALTERNATIVAS .............................................. 37 O UVIDO , MEMÓRIA , POSTURA E RELAXAMENTO ................................................. 37 E XERCÍCIOS ISOMÉTRICOS ............................................................................... 39 A CESSÓRIOS ERGONÔMICOS .............................................................................. 41 U NHAS ............................................................................................................... 41 L IXAMENTO ............................................................................................ 42 A CABAMENTO E POLIMENTO ................................................................... 42 A LIMENTAÇÃO ........................................................................................ 42 M ATERIAL SINTÉTICO ............................................................................ 42 M ETRÔNOMO | AFINADOR .................................................................................. 43 M ECANISMOS TÉCNICOS DE TOCABILIDADE ...................................................... 44 F ÓRMULAS DE ARPEJOS PARA A MÃO DIREITA ........................................ 44 E STUDOS SUGESTIVOS ................................................................. 45 O UTRAS PEÇAS ............................................................................. 46 F ÓRMULAS DE DIGITAÇÃO PARA A MÃO ESQUERDA ................................ 47 A MÚSICA ENQUANTO LINGUAGEM .................................................................... 48 S ISTEMAS DE NOTAÇÃO ..................................................................................... 48 P ARTITURA ............................................................................................. 49 T ABLATURA ............................................................................................ 49 C IFRA ..................................................................................................... 49 B RAILLE .................................................................................................. 50 A CIDENTES | CÍRCULO DE QUINTAS .................................................................. 50 C HART READING ................................................................................................. 51 2 ª P ARTE O VIOLÃO DE 6 CORDAS NO CHORO .................................................................... 53 E STRUTURA DO CHORO ....................................................................................... 53 F ORMA .................................................................................................... 54 F ORMA TÍPICA .............................................................................. 54 F ORMAS ATÍPICAS ........................................................................ 55 A LTERNATIVAS TONAIS FREQÜENTES .......................................... 55 T ONS COMUNS PARA O TEMA CENTRAL ......................................... 56 R ITMO .................................................................................................... 56 C ÉLULAS CARACTERÍSTICAS ......................................................... 56 V ARIAÇÕES RÍTMICAS E DESDOBRAMENTOS ESTÉTICOS .............. 57 A NACRUSES ............................................................................................ 58 1 NOTA .......................................................................................... 58 2 NOTAS ....................................................................................... 58 3 NOTAS ....................................................................................... 58 F INALIZAÇÕES ....................................................................................... 59 2 NOTAS ....................................................................................... 60 3 NOTAS ....................................................................................... 60 4 NOTAS ....................................................................................... 60 5 NOTAS ....................................................................................... 60 F ADE OUT ..................................................................................... 60 H ARMONIA : NOÇÕES CONCEITUAIS ................................................................... 61 T OM E TONALIDADE ............................................................................... 61 I NTERVALOS ENTRE A TÔNICA OU A FUNDAMENTAL E OS OUTROS GRAUS DE UM ACORDE OU UMA ESCALA ................................................... 62 A CORDES ................................................................................................ 63 T RÍADES ....................................................................................... 63 T ÉTRADES ..................................................................................... 63 A CORDES COM SEXTA ................................................................... 63 A CORDES SUSPENSOS ................................................................... 64 A CORDES COM NOTAS DE TENSÃO ................................................ 64 I NVERSÕES ................................................................................... 64 A CORDES HÍBRIDOS ...................................................................... 64 A CORDES QUARTAIS ..................................................................... 65 P OLIACORDES ............................................................................... 65 H ARMONIA FUNCIONAL .......................................................................... 65 L EIS TONAIS ................................................................................ 66 1 ª LEI TONAL ...................................................................... 66 2 ª LEI TONAL ...................................................................... 66 3 ª LEI TONAL ...................................................................... 66 4 ª LEI TONAL ...................................................................... 66 5 ª LEI TONAL ...................................................................... 66 T IPOS DE CADÊNCIA ..................................................................... 67 C ADÊNCIA AUTÊNTICA PERFEITA ........................................ 67 C ADÊNCIA AUTÊNTICA IMPERFEITA .................................... 68 C ADÊNCIA PLAGAL ............................................................... 68 M EIA - CADÊNCIA ................................................................. 68 C ADÊNCIA DECEPTIVA DIATÔNICA ...................................... 68 C ADÊNCIA DECEPTIVA MODULANTE ..................................... 69 M ARCHA HARMÔNICA MODULANTE ............................................... 69 A CORDES DIMINUTOS ( DE APROXIMAÇÃO , DE PASSAGEM , AUXILIARES , NÃO PREPARATÓRIOS , PREPARAÇÃO DIMINUTA ) ......................... 69 T EORIA DAS ÁRVORES HARMÔNICAS ........................................... 70 H ARMONIA MODAL ................................................................................. 71 M ODOS GREGOS : FÓRMULAS INTERVALARES ................................ 71 I MPROVISAÇÃO .................................................................................................. 72 S ISTEMA DIATÔNICO DE ESCALAS ......................................................... 73 E SCALA MAIOR NATURAL .............................................................. 73 C AMPO HARMÔNICO MAIOR NATURAL ........................................... 73 E SCALA MENOR NATURAL .............................................................. 73 C AMPO HARMÔNICO MENOR NATURAL .......................................... 74 E SCALA MENOR HARMÔNICA ......................................................... 74 C AMPO HARMÔNICO MENOR HARMÔNICO ..................................... 74 E SCALA MENOR MELÓDICA ............................................................ 74 C AMPO HARMÔNICO MENOR MELÓDICO ........................................ 74 E SCALA MENOR BACHIANA OU HÍBRIDA ....................................... 74 C AMPO HARMÔNICO MENOR BACHIANO OU HÍBRIDO .................... 75 S ISTEMA SIMÉTRICO DE ESCALAS ......................................................... 75 E SCALA DE TONS INTEIROS ......................................................... 75 E SCALA DIMINUTA ....................................................................... 75 E SCALA DIMINUTA DOMINANTE ................................................... 75 O UTRAS ESCALAS ......................................................................... 75 E SCALA CROMÁTICA ............................................................ 75 E SCALAS ALTERADAS ( MAIOR E MENOR ) ............................. 76 E SCALAS PENTATÔNICAS ( MAIOR E MENOR ) ...................... 76 E SCALAS DE BLUES ( MAIOR E MENOR ) ................................ 76 A RRANJO : BREVE COMENTÁRIO .......................................................................... 77 N OÇÕES E RECURSOS TÉCNICOS ADICIONAIS .................................................... 77 B AIXARIA ( VARIAÇÃO DE BORDÕES ) ...................................................... 78 E SCALAR , ARPEJADA , MISTA , FLORIDA , ALTERNADA , COM OU SEM APOIO , UNHA E / OU POLPA , FRONTAL , LATERAL , PULSANTE ... 78 O BRIGATÓRIA ............................................................................... 78 P REPARATÓRIA .............................................................................. 79 B AIXO PEDAL .......................................................................................... 79 P IZZICATO ............................................................................................. 80 A RRASTE ( GLISSANDO ) .......................................................................... 80 M OVIMENTOS MELÓDICOS ..................................................................... 81 M OVIMENTO PARALELO ................................................................ 81 M OVIMENTO DIRETO .................................................................... 81 M OVIMENTO OBLÍQUO ................................................................. 82 M OVIMENTO CONTRÁRIO ............................................................. 82 C ROMATISMO ......................................................................................... 82 P EDAL TONES .......................................................................................... 83 E MPRÉSTIMO MODAL .............................................................................. 84 C AMPANELA ............................................................................................ 85 H ARMÔNICOS NATURAIS E ARTIFICIAIS ............................................... 86 T RINADO ................................................................................................ 87 E FEITO REDEMOINHO ............................................................................. 88 A TIPICIDADES RÍTMICAS ....................................................................... 88 H ARMONIZAÇÃO EM BLOCO .................................................................... 89 T RÊMULO ................................................................................................ 90 R ASGUEO ................................................................................................ 91 A LZAPÚA ................................................................................................. 91 E SCALA DE TONS INTEIROS ................................................................... 92 A BERTURA .............................................................................................. 92 S ALTO .................................................................................................... 93 B END ...................................................................................................... 93 T APPING ................................................................................................. 94 L IGADOS ................................................................................................. 94 P OLEGAR ESQUERDO ............................................................................... 95 O UTRAS DIGITAÇÕES ALTERNATIVAS ( PESTANA , DEDO EM ALÇA E DOUBLE STOPS ) ...................................................................................... 95 S OBREPOSIÇÃO DE OITAVAS .................................................................. 96 D IGITAÇÃO TRANSPONÍVEL ( SEM CORDAS SOLTAS ) ............................... 96 C ONTRAPONTO ....................................................................................... 97 M ÚSICA INCIDENTAL ............................................................................. 98 D OMINANTES ESTENDIDOS ................................................................... 99 F ORMAS ATÍPICAS ................................................................................ 100 D IÁLOGOS DO CHORO COM OUTRAS LINGUAGENS ............................................ 101 3 ª P ARTE R ELEASE | FLYER .............................................................................................. 104 E SCOLHA DO REPERTÓRIO ................................................................................ 104 P ERFORMANCE .................................................................................................. 104 S ET UP .............................................................................................................. 105 A MPLIFICAÇÃO ................................................................................................. 106 M ICROFONAÇÃO | CAPTAÇÃO ........................................................................... 107 S OFTWARES ..................................................................................................... 108 R EDES SOCIAIS ................................................................................................ 108 D ISCOGRAFIA ................................................................................................... 109 A CERVO DIGITAL | SITES | OUTRAS REFERÊNCIAS ........................................... 110 F ESTIVAIS | PRÊMIOS ...................................................................................... 110 C LUBES DE CHORO ............................................................................................. 111 A SSOCIAÇÕES VIOLONÍSTICAS ....................................................................... 112 I NSTITUTOS .................................................................................................... 113 P ROGRAMAS DE INTERCÂMBIO E DIFUSÃO ....................................................... 113 E DITORAS E GRAVADORAS ESPECIALIZADAS .................................................... 113 P ROJETOS ........................................................................................................ 114 C ENTROS DE FORMAÇÃO ................................................................................... 114 P ROPRIEDADE INTELECTUAL ............................................................................. 115 T ABELAS DE CACHÊS ......................................................................................... 116 E XERCÍCIO PROFISSIONAL ............................................................................... 116 R ODAS DE CHORO ............................................................................................ 117 O FICINAS DE CHORO : O PROJETO BEM SUCEDIDO DO C LUBE DO C HORO DE B ELO H ORIZONTE E A PROPOSTA PEDAGÓGICA DO AUTOR ............................... 118 L ICENÇA POÉTICA II ........................................................................................ 119 A LA GUITARRA ESPAÑOLA ................................................................... 119 C ORDAS DE AÇO .................................................................................... 120 V IOLÕES QUE CHORAM ......................................................................... 120 S ETE CORDAS ....................................................................................... 121 C ONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 122 R EFERÊNCIAS ................................................................................................... 124 T EXTOS CIENTÍFICOS : TESES E DISSERTAÇÕES .................................. 125 A RTIGOS | ENSAIOS ............................................................................ 128 P ROGRAMAS RADIOFÔNICOS ................................................................ 129 L IVROS ................................................................................................. 130 R EVISTAS ESPECIALIZADAS ................................................................. 134 D OCUMENTÁRIOS ................................................................................. 134 P OEMAS | LETRAS ................................................................................. 135 Á UDIOS | POD CASTS | OUTROS ........................................................... 135 S ITES ESPECIALIZADOS ....................................................................... 137 O UTROS DIGITAIS , SITES ( INSTITUTOS , PROGRAMAS DE ENCICLOPÉDIAS , INTERCÂMBIO , CENTROS DE FORMAÇÃO , ENTRE OUTROS ) CLUBES BIBLIOTECAS , DE CHORO , ........................................... 138 A NEXOS ........................................................................................................... 142 E MENTA ................................................................................................ 143 C ONTEÚDO PROGRAMÁTICO .................................................................. 148 F LYERS DEMONSTRATIVOS ................................................................... 149 B ELOS AIRES , BUENOS HORIZONTES : CHORO BREVE E ATÍPICO ( COM 1 PARTE E CAMPANELAS ) .......................................................................... 153 Í NDICE REMISSIVO ......................................................................................... 154 17 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × A PRESENTAÇÃO O Violão é onipresente! Está em (quase) todos os lugares... Nos botecos, picadeiros, quermesses, escolas, rodas de choro, folias de reis, salas de concerto e estar... Suas estórias contam a história da humanidade. No Brasil – por exemplo – seu advento está relacionado à catequização jesuíta de indígenas e/ou à imigração fugidia de ciganos perseguidos pela inquisição portuguesa. Dessa polêmica, subsiste um indiscutível diagnóstico: seu papel na formação dos primeiros agrupamentos de Choro da 2ª metade do século XIX foi essencial. Com isso, não seria temerário afirmar que o Violão contribuiu (e vem contribuindo) decisivamente nos processos de estruturação e desenvolvimento da música brasileira. É o que esse livro buscou enfatizar ao expor os conteúdos da oficina de capacitação violonística do autor para o projeto de educação musical do Clube do Choro de Belo Horizonte. Repleto de temas que reclamam didatismo e maior publicidade como estrutura do choro, ergonomia, luteraria, notação, harmonia funcional, performance, propriedade intelectual, sonorização e tocabilidade, lança mão de uma base sólida de referências reunidas para despertar o(a) leitor(a) às linguagens violonísticas do Choro e favorecê-lo(a) em seus estudos musicais. O autor. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 18 1ª PARTE 19 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × V IOLÃO : BREVE HISTÓRICO 1 Há precedentes cordofônicos (de cordas dedilhadas) na mitologia greco-romana (Hermes trocou a carapaça de tartaruga com tripa de boi pelo gado roubado de Apolo), entre os hititas, egípcios e assírios... De certa forma, a história do violão se confunde com a história da humanidade. Destacam-se, entre os sécs. XII e XIV, a guiterna (guittern) e, entre os sécs. XV e XVI, 3 linhagens de instrumentos com origem mozárabe: o alaúde (al ud = a madeira = forma de pêra = instrumento nobre), a guitarra (char tar = quatro cordas duplas = instrumento popular) e a vihuela (fidícula = latim). No final do séc. XVI Vicente Espinel acrescentou uma 5ª corda (espinela = guitarra espinela = guitarra espanhola) e, no fim do séc. XVIII, ao substituir as cordas duplas pelas simples, Miguel Garcia (ou Pe. Basílio) adicionou uma 6ª corda ao instrumento. No séc. XIX o austríaco Johann Stauffer e o espanhol Antonio de Torres Jurado realizaram modificações estruturais e revolucionárias no violão. 1 Vide CAMPOS, André et al. História do violão. DEMAC/UFU. Disponível em http://www.demac.ufu.br/numut/historiadoviolao/; ZANON, Fábio. A Arte do Violão. São Paulo: Rádio Cultura FM, 2003 e segs. Disponível em http://aadv.radio.googlepages.com; Idem. Violão Brasileiro. São Paulo: Rádio Cultura FM, 2006 e segs. Disponível em http://vcfz.blogspot.com/2006/12/ndice-o-violobrasileiro.html; TAUBKIN, Myriam (Org.) et al. Violões do Brasil. São Paulo: M. Taybkin, 2004, passim; FERNÁNDEZ, Jerónimo Pena. El arte de un guitarrero español. Jaén, España: Soproarga, 1993, passim; SOUZA, Rogério. Choro 100: violão – play along choro. Rio de Janeiro: Biscoito Fino, 2008, p. 11-14. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 20 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × Os jesuítas portugueses que se embrenharam nas matas e sertões brasileiros para catequizar os nativos trouxeram a versão lusa da vihuela espanhola do séc. XVI. Sua regionalização transformou-a na viola caipira. Já os ciganos, expulsos pela inquisição vindos de Portugal, são considerados os responsáveis pela introdução da guitarra espanhola no Brasil, conforme relato literário de ALENCAR, José de. O Guarani. Cotia, SP: Ateliê, 2000, notabilizado por Francisco Araújo. Segundo Henrique Cazes, “muito antes do surgimento do Choro e da forma chorada de tocar, o violão já era um instrumento popular que acumulava uma grande participação em todo tipo de música feita fora das elites. Estava sempre presente no acompanhamento das serenatas, dos lundus, das cançonetas, na música dos barbeiros, enfim, tudo que se referia às atividades de música popular anteriores ao Choro. Com o surgimento da chamada música dos chorões, o violão, juntamente com o cavaquinho, formou uma base rítmicoharmônica que recebia os solistas: flauta, clarinete e outros; e os contrapontistas, inicialmente bombardino, trombone e um outro instrumento hoje em desuso, o oficleide.” 2 O abrasileiramento da polca européia na 2ª metade do séc. XIX resultou no maxixe e em variações rítmicas tocadas pelos xôlos/chôlos (bailes realizados em senzalas ou festas populares), choromeleiros (tocadores de charamelas) e/ou grupos, sem 2 Cfr. CAZES, Henrique. Choro: do quintal ao municipal. São Paulo: Editora 34, 1998, p. 47. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 21 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × percussão 3, formados por 1 flauta, 2 violões e 1 cavaquinho (forma derivativa do quarteto de cordas: 1 violoncelo, 2 violinos e 1 viola clássica). Henrique Cazes salienta que essa formação “surgiu naturalmente da busca de um melhor equilíbrio acústico entre o volume da flauta e um cavaquinho, instrumentos que atuam do médio para o agudo, com as freqüências médias e graves do violão” [...] “foi batizada por Batista Siqueira de ‘quarteto ideal’ e esteve presente na base de todo grupo de choro, sempre com dois ou três violões” 4 – sendo um deles o violão de 7 cordas, introduzido por Tute, propagado por China, aperfeiçoado e consagrado por Dino 7 Cordas. Os impactantes recitais do paraguaio Agustín Barrios e da espanhola Josefina Robledo 5 em 1916 6 e 1917 (respectivamente) levaram o estigmatizado violão para a sala de concerto. Trocando em miúdos, o violão saiu da cozinha e foi para a sala. Essa mudança de paradigma permitiu que o violonista brasileiro Américo Jacomino (Canhoto) se apresentasse em 1916 no salão nobre do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. 3 Ibidem, p. 79, “[...] o advento da percussão no gênero foi algo que levou em torno de cinqüenta anos para acontecer. Para se ter uma idéia, o livro do Animal (Alexandre Gonçalves Pinto) cita apenas um pandeirista, enquanto aparecem dezesseis oficleides, dois oboés e duas cítaras. E o pandeirista citado não poderia ser outro senão o grande João da Bahiana.” 4 Cfr. CAZES, Henrique. Choro: do quintal ao municipal. São Paulo: Editora 34, 1998, p. 47. 5 PORTO, Patrícia Pereira. A contribuição de Josefina Robledo para a história do violão de concerto no Brasil. In: Seminário de História da Arte. Pelotas: UFPEL, 2007, p. 01-04. 6 Agustín Barrios retornou ao Brasil em 1919 e 1928. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 22 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × Para uma investigação aprofundada sobre o percurso histórico e a difusão espacial do instrumento, verifique TAUBKIN, Myriam (Org.) et al. Violões do Brasil. São Paulo: M. Taybkin, 2004; TABORDA, Márcia. Violão e identidade nacional. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011 e GALILEA, Carlos. Violão ibérico. Rio de Janeiro: Trem Mineiro Produções Artísticas, 2012. Eis uma lista aleatória e interminável de pesquisadores, didatas, compositores, instrumentistas (diletantes e profissionais) ligados ou não ao Choro que reverenciam (e enalteceram) o Violão7: 9 Ferdinando Carulli, Fernando Sor, Matteo Carcassi, Mauro Giuliani, Angelo Zaniol... (Itália). 9 Dionísio Aguado, Antonio Cano, Francisco Tárrega, Josefina Robledo, Andrés Segóvia, Emilio Pujol, Miguel Llobet, Sabicas, Paco de Lucia, Manolo Sanlúcar, Tomatito, Vicente Amigo, Gerardo Nuñez... (Espanha). 7 O livro TAUBKIN, Myriam (Org.) et al. Violões do Brasil. São Paulo: M. Taybkin, 2004, p. 169-205, contém uma lista de violonistas brasileiros com os respectivos contatos. Confira ainda SANCHEZ, Nilo Sérgio; CARRILHO, Fábio. História viva do violão: há 66 anos iniciava a construção do seu acervo violonístico de discos e partituras, o maior do mundo na atualidade. In: Violão Pro. São Paulo: M & M, 2007, vol. 08, p. 32-34, os sites “Músicos do Brasil: uma enciclopédia instrumental” e “Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira” disponíveis em http://www.musicosdobrasil.com.br e http://www.diocionariompb.com.br e a obra rara PINTO, Alexandre Gonçalves. O Choro: reminiscências dos chorões antigos. Rio de Janeiro, 1936, passim. No mais, em setembro de 2007, o autor recebeu a seguinte mensagem eletrônica: "Márcia Taborda, com apoio da Fundação Biblioteca Nacional, está realizando o Dicionário do Violão Brasileiro. A realização do Dicionário prevê a reunião, organização e sistematização de dados fundamentais relacionados à prática do violão no Brasil, através da elaboração de verbetes em torno das principais personalidades - violonistas, compositores, artesãos e pesquisadores. Para um nome ser citado, é preciso preencher e enviar um formulário, disponível no endereço [...].” © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 23 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × 9 Napoleón Coste, Roland Dyens, Mathieu Guillemant, Jo Vurcchio, Véronique Lherm (Verioca), Elodie Bouny (franco-venezuelana), Laurent Pouquet... (França). 9 Olivier Lob, Carlos Juan... (Alemanha). 9 Agustín Barrios... (Paraguai). 9 Sagreras, Cacho Tirao, Juan Falú, Luis Salinas... (Argentina). 9 Abel Carlevaro... (Uruguai). 9 Léo Brouwer... (Cuba). 9 Ralph Towner, David Tanenbaum... (EUA). 9 Julian Bream... (Inglaterra). 9 John Willians, Doug de Vries... (Austrália). 9 Radamés Gnattalli (compôs pioneiramente 6 concertos para o instrumento), Heitor Villa Lobos [autor dos Choros nº 01, Suíte Popular Brasileira com 5 movimentos (mazurka-choro, schottish-choro, valsa-choro, gavotta-choro e chorinho), 12 Estudos e 5 Prelúdios para violão], Quincas Laranjeira, Antônio Rebello, Satyro Bilhar, Américo Jacomino, João Teixeira Guimarães (João Pernambuco), Levino da Conceição, Dilermando Reis, Rogério Guimarães, Mozart Bicalho, Aníbal Augusto Sardinha (Garoto), Zé Menezes, Laurindo de Almeida, Bola Sete, Waltel Branco, Ronoel Simões, Tute, China, Donga, Horondino da Silva (Dino), Jayme Florence (Meira), Carlinhos Leite, César Faria, Sílvio Carlos Silva Costa, Paulinho da Viola, Isaías Sávio (Uruguai/Brasil), Jodacil Damasceno, Paulinho Nogueira, Baden Powell, Sebastião Tapajós, Luiz e Jorge Bonfá, Rosinha de Valença, Heraldo © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 24 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × Monte, Guinga, Hélio Delmiro, Egberto Gismonti, Romero Lubambo, Lula Galvão, Swami Jr., Marco Bertaglia, Celso e Filó Machado, Luizinho, Zé Barbeiro, Sílvio Santisteban, Macumbinha, Carlos Lafelice, Atílio Bernardini, Othon Salleiro, Henrique Pinto, Fábio Zanon, Everton e Edelton Gloeden, Turíbio Santos, Paulo Porto Alegre, Paulo Pedrassoli, Geraldo Ribeiro, Ubiratan Sousa, Francisco Araújo, Ulisses Rocha, Paulo Bellinati, Marco Pereira, Raphael e João Rabello, Badi, Sérgio e Odair Assad, Toquinho, Geraldo Vespar, Nicanor Teixeira, Cláudio Jorge, Luiz Cláudio Ramos, Zezo Ribeiro, Paulo Martelli, Rogério Caetano, Daniel Sá, Nelson Veras, Douglas Lora, João Luiz, Maria Haro, Paulo Aragão, Marcos Alves, Carlos Chaves, Chrystian Dozza, Paola Picherzky, Sidney Molina, Fábio Ramazzina, Fanuel Maciel, André Campos, Alencar, Hamilton Costa, Carlinhos Bombril, Gereba, Canhoto da Paraíba, Nonato Luiz, Nenéu Liberalquino, Lalão, Maurício Carrilho, Alessandro Penezzi, Yamandu Costa, Diego Figueiredo, Sérgio e Toninho Ramos, Cloves Walter, Bozó, Nuca, Vinícius, Henrique Annes, Jonas e Joel Cruz, Lúcio Flávio, Jair Campos, André Rocha, Antônio Loureiro, Luís Carlos Santos, Victor Biglione, Conrado Paulino (Argentina/Brasil), Lula Gama, André Geraissati, Nelson Faria, Rogério Souza, Luiz Otávio Braga, Marcus Tardelli, Zé Paulo Becker, Marcello Gonçalves, Márcia Taborda, José de Assis Martins, Warner Souto, José Lucena, Rosemiro e Leovegildo Leal, José Nunes (Patesko), Pascoal Guimarães, José da Cruz Reis, Luiz Otávio Savassi, Zazá de Mariana, Antônio Fofoca, Crispim, Laerte, Bosquinho, Teodomiro Goulart, Cecília Barreto, Sebastião Idelfonso, Nelson e Alexandre Piló, Eustáquio Grilo, Agostinho Bob, Pedro de Caux, Chico Mário, Rivadávia, Celso e Juarez Moreira, Chiquito Braga, Toninho Horta, © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 25 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × Nelson Ângelo, Ricardo Silveira, Ricardo Simões, Geraldo Vianna, Gilvan de Oliveira, Rogério Leonel, Amauri Angêlo, Fernando Araújo, Aliéksey Vianna, Flávio Barbeitas, Guilherme Paoliello, Vergílio Lima, Fábio Adour, Alvimar Liberato, Beto, Wilson e Weber Lopes, Caxi Rajão, Tavinho Moura, Mozart Secundino, Hélio Pereira, Geraldo Alvarenga, Paulinho Pedra Azul, Geraldo Magela, Oscar e Luís Nassif, Emanuel Casara (Madeira), Flávio Fontenelle, J. Torres, Du, Nego, Balsamão, Wagner, Trisquei, Humberto Junqueira, Tabajara Belo, Thiago Perez (Delegado), Rodrigo Torino, Lucas Telles, Gustavo Monteiro, Adir Reis, Agostinho Paolucci, Mateus Fernandes, Daniel Rosa, Júlio César, Einstein, Hugo Azeredo, Toninho do Carmo, Rubens Miranda, Joãozinho Jamaica, Vaninho Vieira, Marcelo Jiran, Fábio Palhares, Pedro Gervason, Marcos Frederico, Adolfo Martins, Fernando de La Rua, Flávio Rodrigues, Olegário Bandeira, Tales Bastos, Wilson Borges, Marcus Vinícius, Marcelo Taynara, Carlos Valeriano, Helton Silva, Marcelo Issa, Balbino, Zé Pretinho, Pedro Saramenha, João Relojoeiro, Márcio e Carlos Fontoura, Bernardo Bernardes, Reinaldo e Álvaro Ferreira, Cadinho, Faustino, Walmo Vianna, Reginaldo Oliveira, Cid e Paulo Ramos, Ezequiel Piaz, Arismar Espírito Santo, Moisés Caciel, Chico Pinheiro, Maurício Marques, Marcelo Loureiro, Gabriel Sater, Fabiano e Fernando Borges, Edy e Waldir Mendes, Cabral, Baltazar, Renato Sampaio, João Randolfo, João Cunha, Branco, Quintão, Arialdo, Marlúcio, Washington e Wellington Silva, Romildo, Cristina Paranhos, Antônio, Bruno e Reinaldo De Vito, Reginaldo Martins, André Fernandes, Manassés, Ausier Vinícius, Raimundo Reis (Bolão), Henrique Cazes, Sérgio Belluco, Waldir Silva, Zito, José Carlos Choairy, Paulo André, Daniel Santiago, Dado Prates, Dudu e Ramom Braga, Marcos © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 26 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × Flávio, Carlos Felipe Horta, Rubim do Bandolim, Warley Henrique, Lamartine do Vale, Jaime Ernest Dias, Álvaro Henrique, Chico Saraiva, Rudy Arnaut, Rafael dos Anjos, Cláudio Menandro, Caio Márcio, Fernando Presta, Nilo Sérgio Sanchez, Gilson Antunes, Daniel Wolff, Fábio Carrilho, Cristiano Pentagna, Renato Candro, Arthur Nestrovski, Gabriel Neder, Karai Guedes, Ronaldo Sontag, Edson José Alves, Luís Leite, Leo Eymard, Fabinho Gonçalves, Osvaldo Colagrande, Ventura Ramirez, João Camarero, Gian Corrêa, Rafael Schimidt... (Brasil). HISTÓRIA DO CHORO: ALGUMAS REFERÊNCIAS A História do Choro (e do Violão) vem sendo investigada por autores de contributivas publicações. Apreciemos algumas: BAROUH, Pierre. Saravah. 1969 (Documentário). CAZES, Henrique. Os chorões e a roda: ambiência, práticas musicais e repertório nas rodas de choro. Rio de Janeiro: UFRJ, 2011 (Dissertação de mestrado). _______. Choro: do quintal ao municipal. São Paulo: Editora 34, 1998. CLUBE DO CHORO DE BELO HORIZONTE. Choro na Pauta. Belo Horizonte: 20072008 (Informativo). CLUBE DO CHORO DE BELO HORIZONTE; CARVALHO, Fernanda et al. Choro: original do Brasil. Belo Horizonte: TV Uni-BH, 2010 (Documentário). CÔGO, William. Alma carioca: um choro de menino. 2002. Disponível em http://www.portacurtas.com.br/Filme.asp?Cod=2495 (Documentário). COSTA, Marvile Palis. O Grupo Chorocultura e a I Semana Nacional do Choro em Uberaba. Uberlândia, MG: UFU, 2007. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 27 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × GALILEA, Carlos. Violão ibérico. Rio de Janeiro: Trem Mineiro Produções Artísticas, 2012. MEIRA, Daniela; GOMES, Amanda; BIAMONTI, Celso. Simplicidade: Mozart Secundino (DVD em construção). FONTOURA, Antonio Carlos da et al. Chorinhos e chorões. 1974. Disponível em www.portacurtas.com.br/filme_abre_pop.asp?cod=4749&exib=4479# (Documentário). FREITAS, Marcos Flávio de Aguiar. O Choro em Belo Horizonte: aspectos históricos, compositores e obras. Belo Horizonte: UFMG, 2005 (Dissertação de mestrado). GRUPO CORTA JACA. Na levada do choro: um almanaque musical. Belo Horizonte: Natura Musical/Lei Estadual de Incentivo a Cultura, 2008 (DVD). KAURISMAKI, MIKA et al. Brasileirinho, 2005 (DVD). PAES, Anna. O choro e sua árvore genealógica. Rio de Janeiro: Músicos do Brasil/Petrobrás, s.d. Disponível em http://ensaios.musicodobrasil.com.br/annapaes- ochoroarvoregenealogica.htm PINTO, Alexandre Gonçalves. O Choro: reminiscências dos chorões antigos. Rio de Janeiro, 1936. SAMPAIO, Renato. O violão brasileiro de Mozart Bicalho. Belo Horizonte: Hematita, 2002. TABORDA, Márcia. Violão e identidade nacional. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011. TAUBKIN, Myriam (Org.) et al. Violões do Brasil. São Paulo: M. Taybkin, 2004 (DVD). VIANNA, Geraldo et al. Violões de Minas. Belo Horizonte: Uirapuru, 2007 (DVD). © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 28 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × L ICENÇA POÉTICA I Inspirados poetas também contaram a história do violão em versos. Conheçamos alguns: P ROFISSÃO DE FÉ 8 (Agustín Barrios) “Tupã, o Espírito Supremo e protetor de minha raça, encontrou-me um dia no meio de um bosque florescido. E me disse: Toma esta caixa misteriosa e descobre seus segredos. E, aprisionando nela todos os pássaros canoros da floresta e a alma resignada dos vegetais, abandonou-a em minhas mãos. Tomei-a, obedecendo a ordem de Tupã, colocando-a bem junto ao coração, abraçado a ela passei muitas luas à borda de uma fonte. E, uma noite, Jaci, retratada no líquido cristal, Sentindo a tristeza de minha alma índia, deu-me seis raios de prata para com eles descobrir seus arcanos segredos. E o milagre se operou: do fundo da caixa misteriosa, brotou a sinfonia maravilhosa de todas as vozes virgens da natureza da América.” 8 Cfr. BARRIOS, Agustín. Profissão de fé. Apud ZANON, Fábio. A Arte do Violão. São Paulo: Rádio Cultura FM, 2003 e segs. Disponível em http://aadv.radio.googlepages.com © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 29 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × V IOLÃO 9 (Sueli Costa/Paulo César Pinheiro) “Um dia eu vi numa estrada um arvoredo caído, não era um tronco qualquer. Era madeira de pinho e um artesão esculpia o corpo de uma mulher. Depois eu vi pela noite o artesão nos caminhos colhendo raios de lua. Fazia cordas de prata que, se esticadas, vibravam o corpo da mulher nua. E o artesão, finalmente, nesta mulher de madeira botou o seu coração e lhe apertou contra o peito e deu-lhe um nome bonito e assim nasceu o violão.” 9 Cfr. COSTA, Sueli; PINHEIRO, Paulo César. Violão. In: GUEDES, Fátima. Pra bom entendedor. Rio de Janeiro: Velas, 1993 (CD). © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 30 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × L UTERARIA , ESTRUTURA E CUIDADOS ESPECIAIS 10 L UTHIERS O nobre trabalho de construção, regulagem e restauração de violões é desempenhado pelos luthiers. Eis alguns de uma quilométrica lista de notáveis: Vergílio Lima, Francisco e Miguel Munhoz, Sugiyama, Antônio Tessarin, Saraiva, D’Souza, Mário Machado, Paulo Marcos, Gianfranco Fiorini, Altino Onório e José Teodoro dos Prazeres, Arivaldo Souza, João Batista, Antônio de Pádua, Jorge Raphael, Fernando Cardoso, Lineu Bravo, Roberto Gomes, Sérgio Abreu, Cláudio Arone, Samuel Carvalho, Tércio Ribeiro, Ramirez, Thomas Humphrey, Hermanos Conde, Walter Vogt, Ignacio Fleta, Paul Fischer, Do Souto, Del Vecchio, Di Giorgio, Oscar Testa, entre outros... O livro TAUBKIN, Myriam (Org.) et al. Violões do Brasil. São Paulo: M. Taybkin, 2004, p. 169-205, contém uma lista de luthiers brasileiros com os respectivos contatos. 10 Vide GOMES, Rubens et al. Manual de Lutheria: curso básico. Manaus: Unicef, 2004, passim; LIMA, Vergílio. Inovar e sempre. In: Violão Pro. São Paulo: Música & Mercado, 2007, vol. 08, p. 42-45; TESSARIN, Antonio. A arte do fazer. In: Violão Pro. São Paulo: Música & Mercado, 2006, vol. 04, p. 42-44; FERNÁNDEZ, Jerónimo Pena. El arte de un guitarrero español. Jaén, España: Soproarga, 1993, passim. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 31 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × P ARTES ESTRUTURAIS E MATÉRIAS PRIMAS Veja abaixo as partes estruturais e algumas das matérias primas (nomes comerciais de madeiras, artefatos de plástico, osso, metal...) que compõem o instrumento. B RAÇO , CABEÇA E TRÓCULO Composto de cedro, mogno... P ESTANA ( CAPO TRASTE ) E RASTILHO Feito de osso, plástico... T AMPO E LEQUE HARMÔNICO Feitos de pinho (abeto, spruce...), cedro canadense, macacaúba, cipreste espanhol... L ATERAIS Confeccionadas em jacarandá da Bahia, jacarandá indiano, pau ferro, pau rosa... F UNDO Composto de jacarandá da Bahia, jacarandá indiano... © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 32 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × C AVALETE Feito de jacarandá da Bahia... B OJO É a caixa de ressonância constituída pelo tampo, fundo, laterais e peças acessórias. E SCALA OU ESPELHO Construída em ébano, jacarandá (da Bahia ou indiano)... T RASTES Constituído por níquel, alpaca, latão... T ARRAXAS As tarraxas de afinação (compostas de plásticos, acrílicos e metais) substituíram as cravelhas de madeira. Eis algumas marcas fabris: Gotoh, Schaller, Condor (com parafusos de ajuste)... B OCA Abertura (campana) de projeção sonora. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 33 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × MOSAICO Ornamento com desenho caleidoscópico ao redor da boca. TENSOR Barra de metal ou madeira inserida no braço para ajuste de tensão. CRESCENTE X O luthier Vergílio Lima aprimorou um inteligente mecanismo de regulagem crescente e instantânea da altura das cordas no tampo estruturado em X. Tal sistema de ajuste imediato da ação foi inventado pelo austríaco Johann Stauffer no Séc. XIX que, antes do espanhol Antonio de Torres Jurado, já construía o bojo em forma de oito (infinito) e foi responsável por outras inovações como a escala suspensa tratada a seguir, segundo criterioso levantamento do próprio Vergílio. ESCALA SUSPENSA Com base em escritos sobre luteraria violinística (para violino) e em pesquisas realizadas pelo físico norte-americano Michael Kasha e pelo francês Robert Bouchet, Francisco e Miguel Munhoz adotaram a escala suspensa com o braço preso ao corpo e minuciosas modificações internas para vivificação da zona morta (região da caixa de ressonância próxima ao braço), maior equalização das freqüências (agudas, médias e graves) e vibração do instrumento como um todo.11 Vale ressaltar que o norte-americano Thomas Humphrey utilizou outros critérios na elaboração da escala elevada. E também registrar que a sua adoção está em franca expansão, a exemplo dos modelos desenvolvidos pelos brasileiros Lineu Bravo e Antonio de Pádua. 11 SILVA, Luís Felipe. O engenheiro musical. In: Jornal Universidade de Uberaba, 2005. http://www.revelacaoonline.uniube.br/2005/312/musica.html © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br Revelação. Uberaba: Disponível em 34 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × C UIDADOS ESPECIAIS : UMIDADE E TEMPERATURA A umidade deve oscilar entre 35 e 70%. Para medi-la, utilize um higrômetro. Na falta deste, recorra ao informativo de meteorologia dos jornais impressos, televisivos ou eletrônicos. Quando estiver baixa, utilize um umidificador caseiro [algodão umedecido dentro de um bobe capilar ou recipiente de filme fotográfico com a tampa peneirada (cheia de furos)]. As travessas sob o tampo são rebaixadas para o instrumento absorver a dilatação ocasionada pela umidade. A temperatura de acondicionamento deve oscilar entre 15º e 30ºC. Logo, não submeta seu instrumento ao calor intenso. OBS.: 9 Ao viajar, abaixe a afinação 2 ou mais tons. 9 Depois de tocá-lo, limpe-o com uma flanela seca. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 35 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × M ODELOS Há espécimes fabris e artesanais para todos os gostos: Violão de 6 cordas [clássico, cutway, dobro (ressonador ou dinâmico), violão requinto (afinado uma quarta justa acima), violão folk (dreadnought), jumbo, flat e vazado], violão tenor (ou triolim com 4 cordas afinadas em lá, ré, sol, dó, de baixo para cima), violão de 7 (com a última corda afinada em dó e excepcionalmente em si e lá), 8, 9 (violão Brahms), 10, 12 (craviola) ou mais cordas, baixolão... E XTENSÃO O violão é um instrumento transpositor. Suas notas musicais são escritas no pentagrama uma oitava acima. O violão de 6 cordas – afinado em mi (1ª), si (2ª), sol (3ª), ré (4ª), lá (5ª), mi (6ª) – tem 3 oitavas e 1 quinta justa distribuídas ao longo da escala (espelho). O sistema adotado pela escala violonística é cromático temperado 12. Possui, portanto, casas separadas por trastes em 12 Há aproximadamente 40 anos, o mineiro José da Cruz Reis realizou recálculos na escala cromática temperada com “redução de ‘nu’décimos de milionésimos”. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 36 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × intervalos de semitom divididos em comas e calculados com precisão. A coma é um micro intervalo correspondente a 1/9 de 1 tom. Em tal sistema, encontramos uma eqüidistância entre os semitons de 4 comas e ½. No sistema natural (não temperado) existem entre o Dó e o Dó# (Dó sustenido) 5 comas, o Dó# e o Ré 4 comas, o Ré e o Réb (Ré bemol) 5 comas, o Réb e o Dó 4 comas. Ou seja, uma diferença de 1 coma entre o Dó# e o Réb. Pode-se então afirmar que a enarmonia se dá especialmente no sistema temperado. E NCORDOAMENTOS 13 Há encordoamentos de nylon, titanium, fibra de carbono, lona, aço, níquel, entre outros, com diversas tensões (baixa, média, alta e extra-pesada). Troque uma corda de cada vez, trançando-a um pouco no cavalete e bastante na tarraxa. Pressione o rastilho cuidadosamente (entre as cordas) para a captação piezo se reajustar. 13 Vide ROCHA, Ulisses. Cordas leves ou pesadas? In: Acústico. São Paulo: HMP, 2006, vol. 05, p. 44; Idem. Dicas: troca do encordoamento. Disponível em http://www.ulissesrocha.com © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 37 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × A FINAÇÃO PADRÃO E A FINAÇÕES ALTERNATIVAS As 6 cordas do violão são afinadas em mi (1ª), si (2ª), sol (3ª), ré (4ª), lá (5ª), mi (6ª). Para ampliação da textura, facilitação interpretativa e/ou produção de efeitos não alcançados pela afinação tradicional, outras afinações são adotadas. Identifiquemos algumas: Mi | si | sol | ré | lá | ré Sons de carrilhões e Interrogando (João Pernambuco) Mi | si | sol | ré | sol | ré Choro da saudade (Agustín Barrios) Ré | si | sol | ré | sol | ré 14 O UVIDO , MEMÓRIA , POSTURA E RELAXAMENTO 15 Segundo Henrique Pinto, a observância dos seguintes fatores é indispensável: 14 Conheça outras a partir de GERAISSATI, André. Estilo de violão. São Paulo: MPO, s.d. (VHS). 15 Vide PINTO, Henrique. Antologia violonística: história, fundamentos de um método, notas biográficas, repertório. São Paulo: Ricordi, 2007, p. 11-19. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 38 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × O UVIDO Ao discorrer sobre duração, força e qualidade sonoras, o autor acima dá destaque à “auto-audição”, ao “controle auditivo da extensão da nota” [mediante vibratos 16 (longos e curtos) produzidos pela mão esquerda 17], à expressividade da mão direita 18, à dinâmica em pontos frasais culminantes, à personalidade musical, ao estado das unhas e à situação do instrumento durante o “treino do ouvido”. M EMÓRIA A concentração e o “estudo por reflexão” (assimilação dos conteúdos da partitura de um choro sem o instrumento ou a partir da visualização imaginária do braço, dos dedilhados e digitações) beneficiam o desenvolvimento equilibrado dos 3 tipos de memória categorizados pelo notável professor: visual, muscular (digital) e auditiva que abrangem respectivamente a leitura à primeira vista e a visualização imaginária do todo violonístico, o conjunto de movimentos realizados pelas mãos e o estoque de vivências musicais do instrumentista. 16 WOLFF, Daniel. O uso do vibrato no violão. In: Revista da Associação Gaúcha do Violão. Porto Alegre: Assovio, 1999, v. 1, n.1, passim. Disponível em http://www.danielwolff.com.br/arquivos/File/Vibrato_Port.htm 17 Leia “mão direita” se for canhoto não ambidestro. 18 Leia “mão esquerda” se for canhoto não ambidestro. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 39 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × P OSTURA E RELAXAMENTO Ter “reflexo condicionado” (capacidade de tocar um choro ou trecho sem interrupções), equilíbrio mental (paz de espírito, bem estar familiar e vital), respiração, postura corporal (coluna reta, ombros, mãos, braços e antebraços relaxados...), contração e relaxamento muscular conscientes, maximização do rendimento com mínimo esforço muscular (“liberdade muscular”), repertório afim e sob controle técnico, estudo reflexivo, concentrado e regular em curtos períodos de tempo, garantirão resultados frutíferos. E XERCÍCIOS ISOMÉTRICOS 19 A isometria está relacionada ao equilíbrio das forças de contração e relaxamento dos músculos agonista e antagonista e dos tendões flexor e extensor. Milton Raskin e Howard Roberts – autores da publicação indicada na nota de rodapé abaixo – desenvolveram os seguintes exercícios isométricos demonstrados em K, para violonistas Demma. e Exercícios guitarristas bem isométricos para guitarristas. No Cabo TV, 2009. Pesquise-os! 19 Vide RASKIN, Milton; ROBERTS, Howard. Isometric Hollywood: Playback pub, 1971, passim. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br for Guitarists. North 40 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × M ÃO ESQUERDA 20 9 Fortalecimento dos movimentos da mão esquerda. 9 Fortalecimento e aquecimento dos dedos da mão esquerda. 9 Fortalecimento das juntas da mão esquerda. M ÃO DIREITA 21 9 Desenvolvimento dos movimentos de subida e descida da mão direita. 9 Resistência, tensão e relaxamento do pulso e antebraço da mão direita. 9 Fortalecimento do polegar. O UTROS 9 Desenvolvimento dos músculos rotatórios do antebraço. 9 Estimulação dos dedos. 9 Fortalecimento das juntas: dedilhado e digitação. 9 Fortalecimento dos pulsos e mãos. 20 21 Leia “mão direita” se for canhoto não ambidestro. Leia “mão esquerda” se for canhoto não ambidestro. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 41 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × OBS.: 9 O 1º e o 4º exercícios necessitam de 1 pequena bola de borracha. 9 O 7º exercício requer um pequeno bastão cilíndrico. A CESSÓRIOS ERGONÔMICOS Para prevenir LER, DORT ou LTC 22, luthiers e violonistas desenvolvem acessórios ergonômicos constantemente. Experimente-os! Apoios anatômicos (Begut...), plenosom pads e arm rest (Antonio Tessarin e Paulo Bellinati), luva (Matepis...), banquinho, powerball (dynaflex)... U NHAS Quando utilizadas, as unhas requerem cuidados especiais. 22 Tais siglas possuem os seguintes significados: lesões por esforços repetitivos, distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho e lesões por traumas cumulativos. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 42 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × L IXAMENTO O tamanho e a forma variam. Ora maior, menor, quadrada, arredondada ou com o comprimento da largura da corda seguindo (ou não) o formato do dedo. Nessa etapa usa-se a lixa comum. A CABAMENTO E POLIMENTO Nos processos de acabamento e polimento, utiliza-se a lixa d’água para pintura automotiva de nº 2500 ou uma lixa de manicure tripla face. A LIMENTAÇÃO Recomenda-se uma alimentação saudável, rica em cálcio e proteínas. Consulte um médico nutrólogo ou um nutricionista a respeito. M ATERIAL SINTÉTICO Existem materiais postiços de substituição e bases para fortalecimento e restauração das unhas naturais. Consulte um médico dermatologista a respeito. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 43 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × OBS.: 9 Sonoridade dinâmica: timbre + intensidade (maior ou menor pressão dos dedos e unhas sobre as cordas). Essa combinação favorecerá o alcance de uma sonoridade limpa, robusta, equilibrada e dinâmica (capaz de emitir sons fortes e pianos [f (forte), mf (mezzo forte), p (piano), pp (pianíssimo)...]. 9 O toque pode ser lateral [A (ponto de contato = polpa) -> B (ponto de deslizamento = lado esquerdo da unha) -> C (ponto de desligamento = próximo ao meio da unha)], frontal [A (ponto de contato = polpa) –> B 1 B 2 (pontos de deslizamento = extremidades da unha) –> C (ponto de desligamento = meio da unha)], com apoio (o dedo apóia na corda posterior via movimento do tendão flexor) ou sem apoio 23 (o dedo não apóia na corda posterior = movimento e repouso via tendões flexor e extensor). Para tanto, a mão e o pulso direito ficarão retos ou quase retos em relação ao antebraço. M ETRÔNOMO | AFINADOR Tenha-os sempre por perto (analógicos ou digitais). O choro para metrônomo de Baden Powell é pertinente. Estude-o! 23 Vide ROCHA, Ulisses. Tocar com ou sem apoio? In: Acústico. São Paulo: HMP, 2006, vol. 02, p. 46. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 44 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × M ECANISMOS TÉCNICOS DE TOCABILIDADE Realize esses exercícios com regularidade (diariamente, se possível) e moderação (sem sobrecarga), imprimindo em suas fórmulas cartesianas (mecanicistas) um sentido musical. Para tanto, use-as em composições compatíveis com as rítmicas indicadas ao lado. F ÓRMULAS DE ARPEJOS PARA A MÃO DIREITA 24 Leia “mão esquerda” se for canhoto não ambidestro. Sendo canhoto e adepto do “violão pelo avesso” (afinado para destros), espelhe-se nos geniais Américo Jacomino e Canhoto da Paraíba. PIM 3/4 PMI 3/4 PIMI 4/4 PMIM 4/4 PIMA 4/4 PAMI 4/4 PIMAMI 6/8 PAMIMA 6/8 24 P, I, M e A significam respectivamente polegar, indicador, médio e anular. As frações 3/4, 4/4, 6/8... correspondem aos compassos ternário, quaternário e seis por oito. O numerador da fração indica a quantidade de notas e o denominador a qualidade, isto é, o tipo de valor. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 45 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × PIMIAIMI 2/4 ou 4/4 P M I M A M I M 2/4 ou 4/4 P I M A M A M A 2/4 ou 4/4 PAMIMIMI 2/4 ou 4/4 PĻ PĹ PĻ PĹ Alternado E STUDOS SUGESTIVOS Estudos nº 01 a 06 para Violão (Ulisses Rocha) 25 PIAMAI 6/8 PIMAMIMI 2/4 PIMA 4/4 AMIPIM 12/8 PIMPIMPIM 9/8 P I M I ou P I M A 4/4 (para velocidade) Conforme Ulisses Rocha, o aumento gradativo da velocidade não decorre tão somente de um fator muscular. Provém especialmente de um reflexo cerebral ocasionado por ataques rápidos (movimentos) seguidos tocados em frases curtas. de breves pausas (repousos) 26 25 Vide ROCHA, Ulisses. Estudos para violão nº 01. São Paulo: Árvore da Terra, 1998, p. 16-43. Vide Idem. O segredo da velocidade. In: Acústico. São Paulo: HMP, 2006, vol. 01, p. 46; Idem. Estudo 6: estudo trabalha elementos para desenvolver a velocidade. In: Violão pro. São Paulo: M & M, 2008, vol. 18, p. 49-50; Verifique também PENEZZI, Alessandro. Desenvolvendo a velocidade: uma ferramenta importante a serviço da música. In: Violão Pro. São Paulo: M & M, 2007, vol. 08, p. 46-49. 26 © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 46 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × Estudo nº 01 (Heitor Villa Lobos) 27 PIPIPMIAMIMIPIPI 4/4 Prelúdio para Alaúde (Johann Sebastian Bach) 28 PIMAMIMIPIPI 3/4 O UTRAS PEÇAS Para manutenção e fruição desse aporte técnico favorável à interpretação violonística de choros, recomendam-se também outras peças: La catedral (Agustín Barrios): prelúdio, andante religioso, allegro solemne 29 2/4 4/4 e 6/8 Las abejas (Agustín Barrios) 30 4/4 Estudo nº 02 (Heitor Villa Lobos) 31 4/4 Estudos nº 07 a 08 (Ulisses Rocha)32 Étude en mi majeur (Toninho Ramos) Astúrias: leyenda (Isaac Albéniz) 34 27 33 4/4 e 2/4 3/4 3/4 Vide VILLA-LOBOS, Heitor. Villa-Lobos collected works for solo guitar: with an introduction by Frederick Noad. New York/London/Sydney: Amsco, 1990, passim. 28 Peça de domínio público disponível em http://www.free-scores.com/PDF_FR/bach-johann-sebastianprelude-minor.pdf 29 Vide PINTO, Henrique. Antologia violonística: história, fundamentos de um método, notas biográficas, repertório. São Paulo: Ricordi, 2007, p. 104-116. 30 Ibidem, p. 101-103. 31 Vide VILLA-LOBOS, Heitor, Op. cit., passim. 32 Vide ROCHA, Ulisses. Estudos para violão nº 01. São Paulo: Árvore da Terra, 1998, p. 44-54. 33 Vide RAMOS, Toninho. O Brasil de Norte a Sul: pour guitare. Paris: Henry Lemoine, 1996, p. 23-24. 34 Peça de domínio público disponível em http://www.free-scores.com/PDF_FR/albeniz-isaac-asturiaslehenda-1708.pdf © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 47 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × Resta então informar que a mão direita recorre a 3 técnicas [finger style (acima), de palheta e híbrida 35] que dispensam – na pós-modernidade – os arcaicos estigmas de estratificação da classe violonística em instrumentistas que tocam certo ou errado por servirem-se ou não dos dedos. F ÓRMULAS DE DIGITAÇÃO PARA A MÃO ESQUERDA 36 Pratique os exercícios abaixo, percorrendo todo o braço do violão. 1 2 1 2 1 2 1 2 1 2 1 2 | 1ª à 6ª corda | Alternando 1ª e 2ª casas 2 3 2 3 2 3 2 3 2 3 2 3 | 6ª à 1ª corda | Alternando 2ª e 3ª casas 3 4 3 4 3 4 3 4 3 4 3 4 | 1ª à 6ª corda | Alternando 3ª e 4ª casas 4 3 4 3 4 3 4 3 4 3 4 3 | 6ª à 1ª corda | Alternando 3ª e 4ª casas 3 2 3 2 3 2 3 2 3 2 3 2 | 1ª à 6ª corda | Alternando 3ª e 2ª casas 2 1 2 1 2 1 2 1 2 1 2 1 | 6ª à 1ª corda | Alternando 2ª e 1ª casas 1 2 3 4 3 2 1 | 1ª à 6ª corda e vice-versa 1 3 2 4 | 1ª à 6ª corda e vice-versa 4 2 3 1 | 1ª à 6ª corda e vice-versa 1 4 2 3 | 1ª à 6ª corda e vice-versa 4 1 3 2 | 1ª à 6ª corda e vice-versa 35 Vide MAIA, Marcos da Silva. Técnica híbrida aplicada ao violão. Campinas: UNICAMP, 2007 (Dissertação de mestrado), passim. 36 Os números 1, 2, 3 e 4 correspondem aos dedos indicador, médio, anular e mindinho da mão esquerda (“mão direita” caso seja canhoto não ambidestro) e devem estar em sincronia com as fórmulas aleatórias dos dedos p, i, m e a da mão direita (“mão esquerda” caso seja canhoto não ambidestro). © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 48 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × OBS.: 9 Procure manter o polegar na região central do braço e os demais dedos da mão esquerda no centro das casas. 9 Realize os exercícios com e sem ligados. A MÚSICA ENQUANTO LINGUAGEM Quando encaramos a música como linguagem, damos um salto paradigmático! Convertemos o monólogo recluso de sons num diálogo comunicativo discursiva 37 e musical. Promovemos a socialização de nossas perspectivas e histórias com criatividade e cognição. A roda de choro é rotativa (inclusiva e sociável). Seus diálogos musicais são reconstrutivos e transitam entre a tradição e a contemporaneidade. S ISTEMAS DE NOTAÇÃO Enumeramos a seguir os sistemas usuais de notação: 37 WALTER, Carlos. Discurso jurídico na democracia: constitucionalizada. Belo Horizonte: Fórum, 2008, p. 20. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br processualidade 49 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × P ARTITURA Sistema pentagramático de 5 linhas, 4 espaços, linhas e espaços suplementares (superiores e inferiores) onde se anotam claves, notas, acidentes (# = sustenido e b = bemol), valores, pausas, barras de repetição, ligaduras (de prolongamento, frase, expressão...), portamentos, bordaduras, pizzicatos, staccatos, vibratos, rubatos, indicadores de dinâmica e andamento, pontos de aumento e diminuição... T ABLATURA Sistema com 6 linhas e números arábicos alusivos às cordas e casas do violão. C IFRA Sistema alfanumérico de representação dos acordes, a saber: A (lá), B (si), C (dó), D (ré), E (mi), F (fá), G (sol), m (menor), M (maior), 1 (tônica), b2 (segunda menor), 2 (segunda maior), #2 (segunda aumentada), b3 (terça menor), 3 (terça maior), 4J (quarta justa), #4 (quarta aumentada), b5 (quinta diminuta), 5J (quinta justa), #5 (quinta aumentada), b6 (sexta menor), 6 (sexta maior), bb7 (sétima diminuta), 7b (sétima menor), 7 (sétima maior)... © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 50 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × B RAILLE Musibraille é um processo de educação musical via método Braille desenvolvido para portadores de deficiência visual e difundido por Dolores Tomé (flautista e filha do compositor de choros João Tomé), entre outros. A CIDENTES | CÍRCULO DE QUINTAS Conforme Bohumil Med 38, # (sustenido), sustenido), b (bemol), bb (dobrado bemol) e X (dobrado (bequadro) são acidentes. As notas da armadura com sustenido são fá, dó, sol, ré, lá, mi, si e as com bemol si, mi, lá, ré, sol, dó, fá. Para descobrir o tom na armadura da clave com sustenidos, considere a nota ascendente ou descendente (acima ou abaixo) em relação ao último respectivamente) e, sustenido na armadura (modo com maior bemóis, ou menor considere o penúltimo bemol para o modo maior e conte 3 notas a partir do último bemol para o modo menor. O círculo das quintas é um sistema cíclico de descrição das relações entre as 12 notas de uma escala cromática. 38 Cfr. MED, Bohumil. Teoria da música. 4. ed. rev. e ampl. Brasília: Musimed, 1996, p. 269. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 51 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × C HART READING 39 Aprenda a mapear a partitura através dos sinais indicativos [sessão, intro, chorus, bridge (turn around), voicing, drop, vamp, símile, %, ghost notes (notas fantasmas simbolizadas com X), palm muting (staccato), D. C. (Dal Capo = do caput = da cabeça) D. S. (Dal Segno = do sinal), Coda (Calda), barras (duplas, de repetição ou ritornellos...), casas (endings), convenções rítmicas...] bem explicados por BERSANI, Wanderson. Chart reading: mapeando a partitura através dos sinais de indicação de roteiro. In: TAFFO, Wander et al. IG & T Book. São Paulo: EM&T Editora, 2007, vol. 01, p. 18-33. 39 Mapeando a partitura (tradução livre). Confira também WOLFF, Daniel. Como digitar uma obra para violão. In: Violão intercâmbio. São Paulo, 2001, nº 46, passim. Disponível em http://www.danielwolff.com.br/arquivos/File/Como_Digitar_Port.htm © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 52 2ª PARTE 53 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × O VIOLÃO DE 6 CORDAS NO CHORO 40 O papel do violão de 6 cordas no Choro é essencial nas conduções melódica (como instrumento solista), rítmica (junto ao cavaquinho, à percussão etc) e harmônica [ao realizar centro, fraseados, inversões e dialogar com os demais instrumentos (tocar o baixo contínuo em terças contrastantes com os contrapontos especialmente emitidos pelo violão de 7 cordas)], prestando destacada contribuição na ampliação de seu acervo composicional através dos violonistas-compositores 41. E STRUTURA DO CHORO42 O estudo sistêmico de fatores musicais característicos (forma, rítmica, tons, inflexões, anacruses, finalizações típicas e 40 Vide SOUZA, Rogério. Choro 100: violão – play along choro. Rio de Janeiro: Biscoito Fino, 2008, passim; PAULINO, Conrado. Choro básico. In: Acústico. São Paulo: HMP, 2006, vol. 08, p. 42; MARQUES, Euclides. Os violões no choro. In: Violão Pro. São Paulo: Música & Mercado, 2006, vol. 06, p. 42-47; GAMA, Lula. O papel do seis-cordas. In: Violão Pro. São Paulo: Música & Mercado, 2006, vol. 05, p. 58-59; PETAGNA, Cristiano. Remexendo o violão brasileiro. In: Violão Pro. São Paulo: Música & Mercado, 2006, vol. 04, p. 38-44. 41 Vide HARO, Maria Jesus Fábregas. Nicanor Teixeira: a música de um violonista compositor brasileiro. Rio de Janeiro: UFRJ, 1993 (Dissertação de mestrado), passim; CARDOSO, Thomas Fontes Saboga. Um violonista-compositor brasileiro: Guinga – a presença do idiomatismo em sua obra. Rio de Janeiro: UNIRIO, 2006 (Dissertação de mestrado), passim. 42 Vide ALMADA, Carlos. A estrutura do choro. Rio de Janeiro: Da Fonseca, 2006, passim; SÈVE, Mário. Vocabulário do choro: estudos e composições. Rio de Janeiro: Lumiar, 1999, passim. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 54 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × atípicas) lança as bases de uma teoria geral do choro encaminhadora de parâmetros (convenções), variantes e diretrizes a serem observados por intérpretes e compositores em suas criativas incursões. Durante a leitura das subscritas noções, procure identificar os elementos da estrutura do choro em registros escritos e gravados. Depois, dê vazão à sua verve composicional. Invente um choro! F ORMA A forma mais utilizada no Choro corresponde à rondó, originária do período medieval Ars Nova e composta de uma parte principal (refrão ou tema central) que se repete após a intervenção distintiva de outras partes. F ORMA TÍPICA A forma típica do Choro é constituída por 3 partes de 16 compassos (cada), assim distribuídas: A 1 A 2 (ou A com ritornello) -> B 1 B 2 (ou B com ritornello) -> -> A 3 -> C 1 C 2 (ou C com ritornello) -> A 4 ... A 1 = 1º motivo (tema = 4 compassos | resposta suspensiva = 4 © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 55 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × compassos); A 2 = 2º motivo (tema = 4 compassos | resposta conclusiva = 4 compassos) e assim sucessivamente em relação às demais quadraturas e sessões, conforme Maurício Carrilho citado por Lúcia Campos. 43 F ORMAS ATÍPICAS 44 Determinados choros possuem menos ou mais de 3 partes (sessões) com menos ou mais de 16 compassos. Verifique os exemplos das páginas 100 e 153. A LTERNATIVAS TONAIS FREQÜENTES Pode-se depreender do extenso acervo de choros compostos desde a 2ª metade do séc. XIX, parâmetros lógicos de graus tonais freqüentes nas sessões (partes) da forma típica, conforme ALMADA, Carlos. A estrutura do choro. Rio de Janeiro: Da Fonseca, 2006, p. 09-10: Choros iniciados em modo maior I (1ª parte) | V (2ª parte) | IV (3ª parte) = C | G | F I (1ª parte) | VIm (2ª parte) | IV (3ª parte) = C | Am | F 43 Vide CARRILHO, Maurício apud CAMPOS, Lúcia Pompeu de Freitas. Tudo isso de uma vez só: o choro, o forró e as bandas de pífanos na música de Hermeto Pascoal. Belo Horizonte: UFMG, 2006, p. 56-57. 44 Por exemplo, MOREIRA, Juarez. Choro diferente. In: BH no Choro. Belo Horizonte: Belotur/Clube do Choro de Belo Horizonte/Auditório JK, 2008. Cfr. ALMADA, Carlos. A estrutura do choro. Rio de Janeiro: Da Fonseca, 2006, p. 09, “Obviamente, existem exceções (que, como sempre, confirmam a regra): ver, por exemplo, o caso de Lamentos, de Pixinguinha, choro estruturado em duas, em vez das três partes convencionais. Além disso, a primeira parte possui 24 compassos (no lugar de 16), que são subdivididos irregularmente em frases de 8, 4, 6 e 6 compassos”. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 56 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × Choros iniciados em modo menor Im (1ª parte) | III (2ª parte) | I (3ª parte) = Am | C | A Im (1ª parte) | III (2ª parte) | VI (3ª parte) = Am | C | F T ONS COMUNS PARA O TEMA CENTRAL A escolha dos tons temáticos segue raciocínio idêntico. Contempla certos tons com assiduidade, a saber: Modos maiores = fá, dó, sol e ré Modos menores = ré, lá, mi e sol Afinal, segundo ALMADA, Carlos. A estrutura do choro. Rio de Janeiro: Da Fonseca, 2006, p. 10, “normalmente adota-se uma tonalidade que seja ‘boa’ para os principais instrumentos acompanhantes, violão, cavaquinho e bandolim. Em outras palavras, tonalidades cujas escalas forneçam o maior número de notas que coincidam com as cordas soltas soam mais vibrantes, resultando numa sonoridade geral mais cheia, sendo, além disso, no que se refere à execução, mais ‘naturais’, o que torna a interpretação do conjunto mais solta”. R ITMO A rítmica do Choro está assentada em células características, passíveis de desdobramentos e variações. C ÉLULAS CARACTERÍSTICAS 8 semicolcheias = [ [ [ [ [[[[|[[[[ 4 semicolcheias e 2 colcheias = [ [ [ [ [ [ [ [ |... HH|[[[[ H H |... 1 semicolcheia, 1 colcheia, 1 semicolcheia, 1 semicolcheia, 1 colcheia, 1 semicolcheia = [H[ [H[|[H[ [ H [ |... © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 57 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × V ARIAÇÕES RÍTMICAS 45 E DESDOBRAMENTOS ESTÉTICOS O diacronismo e a atemporalidade do choro engendraram variações rítmicas e desdobramentos estéticos, a saber: Polca brasileira, lundu, corta-jaca, maxixe, tango brasileiro, schottisch (xótis), mazurka, choro, choro-canção, chorinho (choro sapeca), choro sambado (choro-samba), samba-choro, valsa-choro (valsa brasileira), choro barroco, choro cantado, entre outros 46... O trecho a seguir – extraído da entrevista de Jacob do Bandolim ao Museu de Imagem e Som do Rio de Janeiro em 1967 – é esclarecedor: “O choro, choro mesmo, teve uma grande definição foi com Pixinguinha. Pixinguinha deu rítmica ao choro. O choro até então era considerado uma coleção de músicas para chorar, fazer chorar [...] Eu tenho inclusive cadernos de antes de 1900, coleções de choro, músicas de choro e não choros. Ali dentro tinha Valsas, tinha polcas, tinha quadrilhas, tinha schottisch, tudo era considerado músicas de choro.” 47 45 Vide BECKER, Zé Paulo. Levadas brasileiras para violão. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2013, p. 19-22; PEREIRA, Marco. Ritmos brasileiros. Rio de Janeiro: Garbolights, 2007, p. 19-20, 37-42; FARIA, Nelson. The Brazilian guitar book. Petaluma: Sher Music Co, 1995, p. 86-99; BRAGA, Luiz Otávio. O violão de 7 cordas. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumiar, 2004, p. 14-18; GUIMARÃES, Maria Inês. Danses et oiseaux du Brésil. Paris: Gérard Billaudot, 2003, vols. 01-02; CAMPOS, Lúcia Pompeu de Freitas. Tudo isso de uma vez só: o choro, o forró e as bandas de pífanos na música de Hermeto Pascoal. Belo Horizonte: UFMG, 2006, p. 58-66. 46 Cfr. FERRAZ, Daniela Silva de Rezende. A voz e o choro: aspectos técnicos vocais e o repertório de choro cantado como ferramenta de estudo no canto popular. Rio de Janeiro: UNIRIO, 2010 (Dissertação de mestrado); JIRAN, Marcelo. Samba chorado. In: ZOCKRATTO, Mauro et al. Pelo espaço de um compasso. Belo Horizonte, 2008; a vida e a obra de Ademilde Fonseca; JACQUES, Lígia; LEONEL, Rogério. Choro barroco. Belo Horizonte, 2001; Idem. Choro cantado. Belo Horizonte, 2010 e o choro francobrasileiro “Reconciliação” de AURÉLIE E VERIOCA. Além des nuages. Paris, 2011. 47 BANDOLIM, Jacob do. Depoimento prestado ao Museu da Imagem e do Som. Rio de Janeiro: MIS, 24 fev. 1967. (Informações verbais). Disponível em © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 58 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × A NACRUSES 48 As anacruses mais comuns compõem-se de: 1 NOTA (1 COLCHEIA OU 1 SEMICOLCHEIA ) Essa fórmula perfaz 15% dos choros pesquisados por Carlos Almada sendo seguida por salto [Brejeiro (Ernesto Nazareth), Pedacinhos do céu (Waldir Azevedo)...] ou movimento em grau conjunto [Querida por todos (Joaquim Callado), Ele e Eu e Naquele tempo (Pixinguinha/Benedito Lacerda)...]. 2 NOTAS (1 COLCHEIA E 1 SEMICOLCHEIA ) Essa fórmula perfaz 5% dos choros pesquisados por Carlos Almada [Proezas de Solon (Pixinguinha), Na Glória (Ary dos Santos e Raul de Barros)...]. 3 NOTAS (3 SEMICOLCHEIAS ) Essa fórmula perfaz 80% dos choros pesquisados por Carlos Almada em movimento escalar ascendente ou descendente [Descendo a serra (Pixinguinha/Benedito Lacerda), Choro negro (Paulinho da Viola/Fernando Costa), Apanhei-te cavaquinho http://www.jacobdobandolim.com.br/jacob/oucajacob.php#trechos; BARRETO, Almir Côrtes. O estilo interpretativo de Jacob do Bandolim. Campinas: UNICAMP, 2006, p. 09. 48 Vide ALMADA, Carlos. A estrutura do choro. Rio de Janeiro: Da Fonseca, 2006, p. 61-62. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 59 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × (Ernesto Nazareth)...], cromático [Flor amorosa (Joaquim Calado), André de sapato novo (André Victor Corrêa), Benzinho (Jacob do Bandolim)...], com bordadura ascendente ou descendente [Ticotico no fubá (Zequinha de Abreu), Um a zero (Pixinguinha)...], contorno em arpejo (mescla de salto com graus conjuntos; Bemte-vi atrevido (Lina Pesce)...] e como antecipação [Brasileirinho (Waldir Azevedo), Sonoroso (K-Ximbinho), Dr. Sabe Tudo (Dilermando Reis)...]. Carlos Almada considera as anacruses de 4 ou 5 semicolcheias raras. F INALIZAÇÕES Segundo Carlos Almada, “[...] a finalização que também poderíamos chamar de uma brevíssima coda, acontece logo após a chegada da tônica, através da progressão harmônica V –> I e do movimento melódico que resolve no I grau da escala [...] normalmente a tônica segue uma das notas pertencentes ao acorde do V grau – os graus escalares II, V ou VII –, embora seja também bastante típica de choros a conclusão melódica III –> I [...]” 49 49 Cfr. ALMADA, Carlos. A estrutura do choro. Rio de Janeiro: Da Fonseca, 2006, p. 65. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 60 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × As finalizações costumeiras possuem: 2 NOTAS Salto entre tônicas oitavadas em 2 colcheias, 2 semínimas ou 2 colcheias separadas por pausa. 3 NOTAS Análise combinatória do movimento tônica –> dominante –> tônica. 4 NOTAS Arpejo da tônica em sentido ascendente = 1 semicolcheia, 1 colcheia, 1 semicolcheia, 1 colcheia. 5 NOTAS Arpejo com 4 semicolcheias e 1 colcheia. Verifique ainda os baixos para finalização sugeridos por BERTAGLIA, Marco. O violão de 7 cordas. 2. ed. Bertaglia: São Paulo, 2002, p. 42-50. F ADE OUT A música também pode ser concluída com um fade out (atenuação gradativa da intensidade sonora). © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 61 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × H ARMONIA : NOÇÕES CONCEITUAIS 50 A música tem momentos instáveis, estáveis e menos instáveis ocasionados por repousos e movimentos harmônicos. Tenha, por isso, algumas noções conceituais em mente (disposição intervalar, leis tonais, fórmulas harmônicas, modalidades de acorde e cadência...)! T OM E TONALIDADE Tonalidade é um complexo de sons (arpejos, escalas, acordes, melodias) adstritos ao centro tonal (tônica). Tom é a órbita (altura) onde essa tonalidade trafega (se desenrola). 50 Vide GUEST, Ian. Harmonia: método prático. Rio de Janeiro: Lumiar, 2006, vols. 01-02, passim; CHEDIAK, Almir. Harmonia e improvisação. 7. ed. Rio de Janeiro: Lumiar, 1986, p. 84; BUCHER, Hannelore. Harmonia funcional prática. Vitória: Gráfica Al, 2001, passim; WALTER, Álvaro. Composição instantânea: apontamentos sobre improvisação. Uberaba, MG | São Paulo: Álvaro A. Walter | Clube de Autores, 2011, passim; FARIA, Nelson. Harmonia aplicada ao violão e à guitarra: técnicas em chord melody. 2. ed. Rio de Janeiro: Nelson Faria Produções Musicais, 2009, passim; Idem. Acordes, arpejos e escalas para violão e guitarra. Rio de Janeiro: Lumiar, 1999, passim. BARASNEVICIUS, Ivan. Jazz: harmonia e improvisação. São Paulo: Irmãos Vitale, 2007, passim. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 62 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × I NTERVALOS ENTRE A TÔNICA OU A FUNDAMENTAL E OS OUTROS GRAUS DE UM ACORDE OU UMA ESCALA 51 1 (tônica = escala ou fundamental = acorde) b2 (segunda menor) ou b9 (nona menor) 2 (segunda maior) ou 9 (nona maior) #2 (segunda aumentada) b3 (terça menor) ou #9 (nona aumentada) 3 (terça maior) 4J (quarta justa) ou 11 (décima primeira) #4 (quarta aumentada) b5 (quinta diminuta) ou #11 (décima primeira aumentada) 5J (quinta justa) #5 (quinta aumentada) ou b13 (décima terceira menor) b6 (sexta menor) 6 (sexta maior) ou 13 (décima terceira maior) bb7 (sétima diminuta) 7b (sétima menor) 7 (sétima maior) 51 FARIA, Nelson. Acordes, arpejos e escalas para violão e guitarra. Rio de Janeiro: Lumiar, 1999, p. 09; Vide NOGUEIRA, Paulinho. Método Paulinho Nogueira: para violão e outros instrumentos de harmonia. 21 ed. São Paulo: Casa Manon, s.d., p. 16-17, 22-23. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 63 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × A CORDES 52 T RÍADES Maior: 1, 3, 5 = C Menor: 1, b3, 5 = Cm Aumentada: 1, 3, #5 = C+ ou C(#5) Diminuta: 1, b3, b5 = Cº ou Cm(b5) T ÉTRADES Sétima maior: 1, 3, 5, 7 = C7M Menor com sétima: 1, b3, 5, b7 = Cm7 Maior com sétima menor ou Dominante: 1, 3, 5, b7 = C7 Diminuta: 1, b3, b5, bb7 = Cº Meia diminuta: 1, b3, b5, b7 = Cm7(b5) Menor com sétima maior: 1, b3, 5, 7 = Cm(7M) Sétima maior e quinta aumentada: 1, 3, #5, 7 = C7M(#5) A CORDES COM SEXTA Maior com sexta: 1, 3, 5, 6 = C6 Menor com sexta: 1, b3, 5, 6 = Cm6 52 Cfr. FARIA, Nelson. Acordes, arpejos e escalas para violão e guitarra. Rio de Janeiro: Lumiar, 1999, p. 13-16; Vide também o “quadro geral dos acordes sobre os graus da tonalidade maior e menor” de CHEDIAK, Almir. Harmonia e improvisação. 7 ed. rev. Rio de Janeiro: Lumiar, 1986, p. 351-353, e do mesmo autor o Dicionário de acordes cifrados: harmonia aplicada à música popular. Rio de Janeiro: Lumiar, 1984, passim. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 64 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × A CORDES SUSPENSOS Acordes em que a terça é substituída pela 4ª justa: 1, 4, 5, b7 = C4 ou C74 A CORDES COM NOTAS DE TENSÃO Tríades ou tétrades acrescidas de b9 (nona menor), 9 (nona maior), #9 (nona aumentada), add9 (nona adicionada ou tríade acrescida de nona maior), 11 (décima primeira justa), #11 (décima primeira aumentada), b13 (décima terceira menor) ou 13 (décima terceira maior). I NVERSÕES Eis os tipos usuais de inversão: 1ª inversão (3ª no baixo ou como fundamental). 2ª inversão (5ª no baixo ou como fundamental). 3ª inversão (7ª menor no baixo ou como fundamental). A CORDES HÍBRIDOS 53 Os acordes híbridos não possuem terça. Por estarem desprovidos do grau modal, não são maiores, nem menores. 53 FARIA, Nelson. Harmonia aplicada ao violão e à guitarra: técnicas em chord melody. 2. ed. Rio de Janeiro: Nelson Faria Produções Musicais, 2009, p. 55. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 65 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × A CORDES QUARTAIS 54 Os acordes quartais são integrados por quartas superpostas. P OLIACORDES 55 Os poliacordes são acordes superpostos (tríades ou tétrades sobrepostas). A forma da notação é fracional: D . H ARMONIA FUNCIONAL 56 Conforme Ian Guest, “a música tonal [...] vem dos últimos séculos e adota uma linguagem melódica e harmônica inventada e, por vezes, rebuscada. Sua harmonia é uma narrativa imprevisível; uma sucessão de preparações e resoluções, ou preparações não resolvidas ou, ainda, resolvidas inesperadamente, tal como um conto de aventuras. Trabalha com tétrades e é enriquecida com dissonâncias. Por sua sofisticação, prevê um público passivo e pagante, nos moldes do consumismo ocidental. Quem porventura participar deve conhecer a música ou recorrer à leitura.” 57 54 FARIA, Nelson. Harmonia aplicada ao violão e à guitarra: técnicas em chord melody. 2. ed. Rio de Janeiro: Nelson Faria Produções Musicais, 2009, p. 57. Ibidem, p. 55; Na introdução de GUEST, Ian. 16 estudos escritos e gravados para piano. Rio de F Janeiro: Lumiar, 2000, p. 05, o autor redige uma nota explica sobre o poliacorde 56 Vide GUEST, Ian. Harmonia: método prático. Rio de Janeiro: Lumiar, 2006, vols. 01-02, passim; CHEDIAK, Almir. Harmonia e improvisação. 7. ed. Rio de Janeiro: Lumiar, 1986, passim; KOELLREUTTER, H. J. Harmonia funcional: introdução à teoria das funções harmônicas. São Paulo: Ricordi, 1986, passim; BUCHER, Hannelore. Harmonia funcional prática. Vitória: Gráfica Al, 2001, passim; WALTER, Álvaro. Composição instantânea: apontamentos sobre improvisação. Uberaba, MG | São Paulo: Álvaro A. Walter | Clube de Autores, 2011, passim; FARIA, Nelson. Harmonia aplicada ao violão e à guitarra: técnicas em chord melody. 2. ed. Rio de Janeiro: Nelson Faria Produções Musicais, 2009, passim; Idem. Acordes, arpejos e escalas para violão e guitarra. Rio de Janeiro: Lumiar, 1999, passim; BARASNEVICIUS, Ivan. Jazz: harmonia e improvisação. São Paulo: Irmãos Vitale, 2007, passim. 57 Cfr. GUEST, Ian. Harmonia: método prático. Rio de Janeiro: Lumiar, 2006, vol. 01, p. 36. 55 © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 66 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × L EIS TONAIS 58 1 ª L EI T ONAL Todos acordes da estrutura harmônica relacionam-se com uma das 3 funções principais [tônica (estável), subdominante (menos instável) e dominante (instável)]. 2 ª L EI T ONAL Os acordes vizinhos de terça da tônica (C), subdominante (F) e dominante (G) podem exercer secundariamente as respectivas funções. Por exemplo: Am (tônica relativa de C), Em (tônica antirrelativa de C), Dm (subdominante relativo de F), Am (subdominante antirrelativo de F), Em (dominante relativo de G) e Bm (dominante antirrelativo de G), respectivamente. 3 ª L EI T ONAL Todos os acordes da estrutura harmônica podem ser valorizados (antecedidos) por uma dominante ou subdominante própria. 4 ª L EI T ONAL Qualquer acorde pode ser seguido de outro. Acordes de tons afastados (de tons não vizinhos) podem necessitar de preparação. Os tons vizinhos possuem um acidente a mais ou a menos ou a mesma armadura do tom principal. 5 ª L EI T ONAL A mudança da função do acorde representa a modulação do tom. Há modulações diatônicas, cromáticas etc. 58 Vide KOELLREUTTER, H. J. Harmonia funcional: introdução à teoria das funções harmônicas. São Paulo: Ricordi, 1986, p. 14-41, com ábaco analítico (círculos concêntricos) das funções harmônicas. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 67 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × OBS.: 9 Quando 2 acordes possuem 2 notas em comum, poderão substituir um ao outro desde que o resultado seja satisfatório ou reflita a expectativa. 9 O trítono é a essência do dominante e corresponde ao intervalo de 3 tons entre o 3º e o 7º graus. T IPOS DE CADÊNCIA De acordo com Almir Chediak, a cadência harmônica é uma “combinação funcional dos acordes, com sentido conclusivo ou suspensivo” 59. Ela pode ser classificada em 6 tipos facilmente encontrados nas composições da música popular brasileira (choros, sambas e afins): C ADÊNCIA AUTÊNTICA PERFEITA Dominante (V) -> Tônica (I) [Dominante resolvida na Tônica] G7 -> C 59 CHEDIAK, Almir. Harmonia e improvisação. 7. ed. Rio de Janeiro: Lumiar, 1986, p. 109. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 68 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × C ADÊNCIA AUTÊNTICA IMPERFEITA Dominante (V) -> Tônica (I) invertidos [Dominante invertida resolvida na Tônica invertida] G/F -> C/E C ADÊNCIA PLAGAL Subdominante (IV) -> Tônica (I) [Subdominante resolvida na Tônica] F -> C ou Dm -> C MEIA CADÊNCIA Subdominante (IIm) -> Dominante (V) [Subdominante resolvida na Dominante] Dm -> G C ADÊNCIA DECEPTIVA 60 DIATÔNICA Dominante (V) -> Qualquer grau diatônico (VIm ou IIIm...) [Dominante sucedida por qualquer grau diatônico] G -> Am ou G -> Em 60 A cadência é deceptiva quando gera decepção, interrupção ou suspensão. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 69 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × C ADÊNCIA DECEPTIVA MODULANTE Dominante (V) -> Tônica de outro tom (I) [Dominante seguida da Tônica de outro tom] G -> D M ARCHA HARMÔNICA MODULANTE A denominação é auto-explicativa. Ocorre, por exemplo, quando módulos sucessivos de acordes se repetem até a resolução pretendida. Essa marcha (modulação transicional) acaba então por se desvincular do centro tonal originário. Esse fenômeno pode ser encontrado no Chorinho pra Ele de Hermeto Pascoal, conforme exemplo de PRINCE, Adamo. Linguagem Harmônica do Choro. São Paulo: Irmãos Vitale, 2010, p. 88. A CORDES DIMINUTOS Existem ACORDES DIMINUTOS DE APROXIMAÇÃO (C G#º Am = os que, através de um salto, alcançam o próximo acorde a ½ tom), DE PASSAGEM (C Bº Am = conduzidos antes e depois por ½ tom na mesma direção ou sem salto), AUXILIARES (Cº C = os que antecedem acorde maior com o mesmo baixo), NÃO PREPARATÓRIOS (Em Ebº Dm7 = os que alcançam o próximo acorde cromaticamente)... A PREPARAÇÃO DIMINUTA ocorre quando a nota fundamental da diminuta é a 3º maior do acorde dominante (Eº em relação a C7b9). © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 70 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × OBS.: 9 Se baixarmos qualquer nota de um acorde diminuto em meio tom o transformaremos em um acorde de sétima menor. 9 Qualquer acorde poderá ser tocado em outras regiões do instrumento. Basta transferir a posição para o grupo superior de cordas, diminuir meio tom na 3ª corda e subir 5 casas ou transferir a posição para o grupo inferior de cordas, aumentar meio tom na 2ª corda e descer 5 casas. 9 Na progressão IIm7b5 | V7 | Im, o 2º acorde pode ser substituído pelo 1º feito uma terça menor acima e o 3º acorde pode ser substituído pelo 2º feito uma terça maior acima [Dm7b5, Fm7b5 (ou G7b9#5), Am7b5 (ou Cm6)]. T EORIA DAS ÁRVORES HARMÔNICAS 61 Teorização do violonista cearense (radicado em Brasília) José de Alencar Soares (Alencar 7 Cordas) construída a partir da análise sistêmica de composições brasileiras e suas probabilidades harmônicas. 61 Vide FERNEDA, Edmilson et al. Rumo à formalização da teoria das árvores harmônicas . Disponível em www.cefala.org/sbcm2005/papers/13850.pdf © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 71 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × H ARMONIA MODAL 62 Segundo Ian Guest, “a música modal é milenar, tem a história da humanidade e expressa sua emoção. É base nos rituais de vitória, derrota e prece. É contagiante e estimula à participação. É intermitente, sem momento de partida e de término. É feita de ritmos, sonoridades e climas. A melodia é simples, curta e repetitiva. A harmonia, se é que existe, é feita de um ou poucos acordes, que quase sempre são tríades, por vezes não cifráveis (não decifráveis). Num permanente crescendo, acompanha o entusiasmo tribal, ou lamenta e chora, conforme os caprichos do ânimo. Tudo nela é coletivo, e convida a entrar na roda, a participar. A tribo vem até os nossos dias.” 63 M ODOS G REGOS : FÓRMULAS INTERVALARES J ÔNIO T | T | ½T | T | T | T D ÓRICO T | ½T | T | T | T | ½T F RÍGIO ½T | T | T | T | ½T | T L ÍDIO T | T | T | ½T | T | T M IXOLÍDIO T | T | ½T | T | T | ½T 62 Vide GUEST, Ian. Harmonia: método prático. Rio de Janeiro: Lumiar, 2006, vols. 01-02, passim; CHEDIAK, Almir. Harmonia e improvisação. 7. ed. Rio de Janeiro: Lumiar, 1986, passim; BUCHER, Hannelore. Harmonia funcional prática. Vitória: Gráfica Al, 2001, passim; WALTER, Álvaro. Composição instantânea: apontamentos sobre improvisação. Uberaba, MG | São Paulo: Álvaro A. Walter | Clube de Autores, 2011, passim; FARIA, Nelson. Harmonia aplicada ao violão e à guitarra: técnicas em chord melody. 2. ed. Rio de Janeiro: Nelson Faria Produções Musicais, 2009, passim; Idem. Acordes, arpejos e escalas para violão e guitarra. Rio de Janeiro: Lumiar, 1999, passim; BARASNEVICIUS, Ivan. Jazz: harmonia e improvisação. São Paulo: Irmãos Vitale, 2007, passim. 63 Cfr. GUEST, Ian. Harmonia: método prático. Rio de Janeiro: Lumiar, 2006, vols. 01, p. 36. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 72 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × E ÓLIO T | ½T | T | T | ½T | T L ÓCRIO ½T | T | T | ½T | T | T I MPROVISAÇÃO 64 Trata-se de uma composição instantânea e/ou paráfrase musical desenvolvida temática, horizontal e/ou verticalmente com momentos de tensão, resolução e clímax. A apreciação musical irrestrita, as práticas de conjunto e composição, os treinos de ouvido e memória (visual, digital, auditiva), a confecção de arranjos e um amplo vocabulário de melodias, rítmicas, acordes, arpejos e escalas articulados com emoção, imaginação e sensibilidade potencializarão o sotaque improvisacional. As referências das notas abaixo são pertinentes. A seguir escalas 65 e campos harmônicos, precedidos por conselho do sábio Paulo Moura: 64 Vide ROCHA, Ulisses. O que é melhor para improvisar: escalas ou arpejos? In: Acústico. São Paulo: HMP, 2006, vol. 06, p. 44; WALTER, Álvaro. Composição instantânea: apontamentos sobre improvisação. Uberaba, MG | São Paulo: Álvaro A. Walter | Clube de Autores, 2011, passim; PADIAL, Douglas. Improvisação: dicas essenciais para começar a improvisar os seus solos. In: Violão Pro. São Paulo: M & M, 2009, vol. 25, p. 16-22; Idem. Improvisação: explorando as possibilidades da escala diminuta. In: Violão Pro. São Paulo: M & M, 2010, vol. 27, p. 46-47; Acordes, arpejos e escalas para violão e guitarra. Rio de Janeiro: Lumiar, 1999, passim; COLLURA, Turi. Improvisação: práticas criativas para a composição melódica na música popular. São Paulo: Irmãos Vitale, 2008, vol. 01, passim; BARASNEVICIUS, Ivan. Jazz: harmonia e improvisação. São Paulo: Irmãos Vitale, 2007, passim. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 73 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × “E muitos dos estudantes que eu encontro em oficinas de música têm a preocupação em saber o que é a improvisação no choro, como fazê-la sem cair no jazz. E sempre recomendo que ouçam os mestres da autenticidade brasileira, como Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Dino 7 Cordas, Raphael Rabello, Zé da Velha. São estes que dominam a rítmica que dialoga com os tambores de nossa tradição africana e com o contracanto da melodia.” 66 S ISTEMA DIATÔNICO DE ESCALAS E SCALA MAIOR NATURAL T | T | ½T | T | T | T | ½T Dó | ré | mi | fá | sol | lá | si | dó [ascendente = descendente] C AMPO HARMÔNICO MAIOR NATURAL I7M | IIm | IIIm | IV7M | V7 |VIm | VIIm7(b5) C7M | Dm | Em | F7M | G7 |Am | Bm7(b5) E SCALA MENOR NATURAL T | ½T | T | T | ½T | T | T Lá | si | dó | ré | mi | fá | sol | lá [ascendente = descendente] 65 Confira a parte 5 de CHEDIAK, Almir. Harmonia e improvisação. 7 ed. rev. Rio de Janeiro: Lumiar, 1986, p. 335-350, contendo “Todas as escalas dos acordes aplicadas ao estudo da improvisação ou no enriquecimento harmônico”. 66 MOURA, Paulo. Prefácio. In: ALMADA, Carlos. A estrutura do choro. Rio de Janeiro: Da Fonseca, 2006; SÈVE, Mário. Vocabulário do choro: estudos e composições. Rio de Janeiro: Lumiar, 1999, passim. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 74 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × C AMPO HARMÔNICO MENOR NATURAL Im | IIm7(b5) | III7M | IVm | Vm | VI7M | VII7 Am | Bm7(b5) | C7M | Dm | Em | F7M | G7 E SCALA MENOR HARMÔNICA T | ½T | T | T | ½T | T e ½T | ½T Lá | si | dó | ré | mi | fá | sol# | lá [ascendente = descendente] C AMPO HARMÔNICO MENOR HARMÔNICO Im7M | IIm7b(5) | III7M(#5) | IVm7 | V7 | VI7M | VIIº Am7M | Bm7b5 | C7M(#5) | Dm7 | E7 | F7M | G#º E SCALA MENOR MELÓDICA T | ½T | T | T | T | T | ½T Lá | si | dó | ré | mi | fá# | sol# | lá [ascendente descendente (menor natural)] C AMPO HARMÔNICO MENOR MELÓDICO Im7M ou Im6 | IIm7 | III7M(#5) | IV7 | V7 | VIm7(b5) | VIIm7(b5) Am7M ou Am6 | Bm7 | C7M(#5) | D7 | E7 | F#m7b5 | G#m7b5 E SCALA MENOR BACHIANA OU HÍBRIDA T | ½T | T | T | T | T | ½T Lá | si | dó | ré | mi | fá# | sol# | lá (ascendente = descendente) © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 75 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × C AMPO HARMÔNICO MENOR BACHIANO OU HÍBRIDO Im7M ou Im6 | IIm7 | III7M(#5) | IV7 | V7 | VIm7(b5) | VIIm7(b5) Am7M (ou Am6) | Bm7 | C7M(#5) | D7 | E7 | F#m7b5 | G#m7b5 S ISTEMA SIMÉTRICO DE ESCALAS E SCALA DE TONS INTEIROS T|T|T|T|T|T|T Dó | ré | mi | fá# | sol# | lá# | dó E SCALA DIMINUTA T | ½T | T | ½T | T | ½T | T | ½T Dó | ré | ré# | fá | fá# | sol# | lá | si | dó E SCALA DIMINUTA DOMINANTE ½T | T | ½T | T | ½T | T | ½T | T | ½T | T Dó | dó# | ré# | mi | fá# | sol | lá | lá# | dó O UTRAS ESCALAS E SCALA C ROMÁTICA ½T | ½T | ½T | ½T | ½T | ½T |... Dó | dó # | ré | ré # | mi | fá |... © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 76 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × E SCALAS ALTERADAS ( MAIOR E MENOR ) Construídas mediante a alteração dos graus II, IV, VI, VII ou sem a alteração do I, III e V graus. E SCALAS PENTATÔNICAS ( MAIOR E MENOR ) T | T | T e ½T | T Dó | ré | mi | sol | lá [maior natural sem IV e VII graus] T e ½T | T | T | T e ½T Lá | dó | ré | mi | sol [menor natural sem II e VI graus] E SCALAS DE BLUES ( MAIOR E MENOR ) T | ½T | ½T | T e ½T | T Dó | ré | ré# | mi | sol | lá [pentatônica maior com a 2ª ou a 9ª aumentada entre o 2º e 3º graus] T e ½T | T | ½T | ½T | T e ½T Lá | dó | ré | ré# | mi | sol [pentatônica menor com a 4ª aumentada entre o 4º e 5º graus] © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 77 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × A RRANJO : BREVE COMENTÁRIO 67 A adaptação ou releitura de choros vale-se de um processo cognitivo de criação (inspirada e/ou transpirada) conhecido como arranjo. Para estilizar uma transcrição e incrementar a linha melódica com inversões, voicings, acordes quartais, notas de tensão etc, o violonista recorre ao chord melody 68, técnica que possibilita a realização simultânea de solo e acompanhamento. A leitura das referências indicadas nas notas de rodapé abaixo e a apreciação de arranjos escritos e/ou gravados para violão e outros instrumentos enriquecerão seus arranjos. N OÇÕES E RECURSOS TÉCNICOS ADICIONAIS Séculos de história violonística produziram um aporte caleidoscópico de recursos técnicos para a otimização dos efeitos com a atenuação dos esforços. 67 Vide SANCHEZ, Nilo Sérgio. Como criar arranjos: saiba como organizar suas idéias musicais para criar preciosidades nas seis cordas. In: Violão Pro. São Paulo: M & M, 2008, vol. 20, p. 16-21; LIMA JÚNIOR, Fanuel Maciel de. A elaboração de arranjos para canções populares para violão solo. Campinas: UNICAMP, 2003 (Dissertação de mestrado), passim; GUEST, Ian. Arranjo: método prática. Rio de Janeiro: Lumiar, 1996, vols. 01-03, passim; ROCHA, Marcel Eduardo Leal. Elaboração de arranjo para guitarra solo. Campinas: UNICAMP, 2005 (Dissertação de mestrado), passim. 68 FARIA, Nelson. Harmonia aplicada ao violão e à guitarra: técnicas em chord melody. 2. ed. Rio de Janeiro: Nelson Faria Produções Musicais, 2009, passim. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 78 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × Como o objeto desse trabalho não se presta à explanação minuciosa de temas exaustivamente investigados em publicações especializadas – muitas das quais citadas nas referências –, delimitamo-nos apenas a identificá-los com sucintos comentários, subsídios bibliográficos (geralmente assinalados nas notas de rodapé) e/ou remissões ao repertório sugestivo do autor. B AIXARIA ( VARIAÇÃO DE BORDÕES ) 69 A baixaria pode ser classificada em: E SCALAR (diatônica, cromática, simétrica, alterada), ARPEJADA , MISTA (escalar e arpejada), FLORIDA (com apojaturas, escapadas, bordaduras, antecipações 70), ALTERNADA (com movimento contínuo descendente e ascendente), COM OU SEM APOIO , UNHA e/ou POLPA , FRONTAL , LATERAL , PULSANTE (com balanço rítmico)... O BRIGATÓRIA Integra a composição ou uma gravação antológica e dependendo da situação funciona como contracanto ativo. A consagrada linha de baixo nos primeiros compassos do Carinhoso de Pixinguinha e João de Barro é um bom exemplo. 69 Vide PENEZZI, Alessandro. Choro: baixarias no violão de seis cordas. In: Violão Pro. São Paulo: M & M, 2007, vol. 09, p. 46-49; Idem. Que baixaria!: saiba como organizar as idéias em seu violão de sete cordas e enriquecer as suas rodas de choro. In: Violão Pro. São Paulo: M & M, 2010, vol. 28, p. 22-26; BERTAGLIA, Marco. O violão de 7 cordas. 2. ed. Bertaglia: São Paulo, 2002, p. 38; BRAGA, Luiz Otávio. O violão de 7 cordas. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumiar, 2004, p. 35-40. CAETANO, Rogério; PEREIRA, Marco (Org.). Sete cordas: técnica e estilo. Rio de Janeiro: Garbolights, 2010, p. 10-12, 14 e segs. 70 Vide UFBA. Notas melódicas. LEM: Bahia. Disponível em www.clem.ufba.br/bordini/cons/n_mel/n_mel.htm © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 79 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × P REPARATÓRIA Inicia e finaliza partes, prepara uma modulação ou se desenvolve nas pausas da melodia principal. Sendo assim, o polegar exerce sustentação harmônica, realiza contrapontos, toca levadas rítmicas e linhas melódicas. B AIXO PEDAL 71 Consiste na repetição ou sustentação de uma nota grave ao longo da progressão harmônica. Jorge da Fusa (Garoto): nos primeiros compassos da 2ª parte* Lamentos do morro (Garoto): baixaria alternada na 1ª parte Interrogando | Sons de carrilhões (João Pernambuco): mediante afinação da 6ª corda em Ré.* Rua Harmonia (Ulisses Rocha): usado constantemente.** * Vide WALTER, Carlos; COSTA, Sílvio Carlos Silva et al. 13 Cordas: VI Festival de Choro de Paris. Paris: Programa de 71 Cfr. CAZES, Henrique. Choro: do quintal ao municipal. São Paulo: Editora 34, 1998, p. 45, “Em 1915, o Passos no Choro gravou uma polca amaxixada bem moderna para sua época. Seu título: ‘Soluçando’; seu autor: Cândido Pereira da Silva, o Candinho do Trombone. Na gravação, observa-se que, além do grupo usual, há um contraponto de trombone que sem dúvida deve ter sido executado pelo próprio autor. Três anos depois, o mesmo grupo gravou o tanguinho de Marcelo Tupinambá ‘Maricota sai da chuva’, no qual se observa, nos primeiros compassos da segunda parte, o aparecimento do baixo pedal no acompanhamento de violão, um recurso copiado do piano e que até então não havia aparecido em gravações de grupos de Choro.” (...) © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 80 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × Intercâmbio e Difusão Cultural do MinC/Club du Choro de Paris/Cebramusik, 2010 (DVD). ** ROCHA, Ulisses. Arranjos e performance para violão. São Paulo: MPO Vídeo, 1992 (VHS). P IZZICATO O pizzicato é obtido a partir do abafamento das cordas com a palma da mão direita 72 (parte inferior), através de leves toques superficiais dos dedos da mão esquerda 73 entre os trastes ou com o auxílio de um flanela colocada sob as cordas e próxima ao cavalete. Magoado (Dilermando Reis): na 2ª parte A RRASTE ( GLISSANDO ) Consegue-se o glissando com o rápido ou moderado arraste (ascendente ou descendente) da mão esquerda. Graúna (João Pernambuco): na 3ª parte Noite de lua (Dilermando Reis): na 1ª parte 72 73 Leia “mão esquerda” se for canhoto não ambidestro. Leia “mão direita” se for canhoto não ambidestro. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 81 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × M OVIMENTOS MELÓDICOS 74 M OVIMENTO PARALELO Ocorre quando 2 ou mais vozes se movimentam na mesma direção com idêntica relação intervalar. Magoado (Dilermando Reis): Quando o início da 2ª parte é tocado em terças Doce de côco (Jacob do Bandolim): Quando a introdução é tocada em terças superpostas Choro Chorado para Paulinho Nogueira (Paulinho Nogueira/Toquinho/Vinícius de Moraes): Quando a introdução é tocada em terças superpostas M OVIMENTO DIRETO Ocorre quando 2 ou mais vozes se movimentam na mesma direção sem coincidência intervalar. 74 Vide FARIA, Nelson. Harmonia aplicada ao violão e à guitarra: técnicas em chord melody. 2. ed. Rio de Janeiro: Nelson Faria Produções Musicais, 2009, p. 8485; SANCHEZ, Nilo Sérgio. Como criar arranjos: saiba como organizar suas idéias musicais para criar preciosidades nas seis cordas. In: Violão Pro. São Paulo: M & M, 2008, vol. 20, p. 20. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 82 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × M OVIMENTO OBLÍQUO Acontece quando 1 das vozes se movimenta e a outra se mantém fixa. Meditação (Garoto): na 1ª parte M OVIMENTO CONTRÁRIO Ocorre quando as vozes se movimentam em direções opostas. Valsa de um sonho (Sebastião Tapajós): Baixos no ritornello da 1ª parte C ROMATISMO Terças superpostas tocadas cromaticamente a partir da 1ª, 3ª e 5ª notas do acorde em direção ascendente e/ou descendente com movimentação paralela ou contrária soam bem. Diz-se o mesmo em relação à 1ª e 5ª notas dos acordes (maiores ou menores) evidenciadas pelos baixos, voicings (vozes internas) e notas de ponta (mais agudas). © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 83 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × Já te digo (Pixinguinha/China): nos breques* Marceneiro Paulo (Hélio Delmiro): nos breques Pedacinhos do céu (Waldir Azevedo): no final* Aprendiz de Joãozinho (Álvaro Walter): na introdução Tânia (Álvaro Walter): na mudança de tom Zé Lucas e Chico Fidélis no choro – Chorando em Mariana (Álvaro Walter): no término da 1ª parte Saudades de Itabira (Sílvio Carlos Silva Costa): Em alguns trechos melódicos Canto de rua (Toninho Ramos): no final da 1ª parte Carinhoso (Pixinguinha/João de Barro): na 2ª parte* * Vide WALTER, Carlos; COSTA, Sílvio Carlos Silva et al. 13 Cordas: VI Festival de Choro de Paris. Paris: Programa de Intercâmbio e Difusão Cultural do MinC/Club du Choro de Paris/Cebramusik, 2010 (DVD). P EDAL TONES Consiste em repetir uma nota pedal intercalando-a com outras. Prelúdio nº 3 (Heitor Villa Lobos): na 2ª sessão Tantos anos sem ele (Sílvio Carlos Silva Costa): na introdução* © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 84 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × Zenaide (Maria Inês Guimarães): na introdução* * Vide WALTER, Carlos; COSTA, Sílvio Carlos Silva et al. 13 Cordas: VI Festival de Choro de Paris. Paris: Programa de Intercâmbio e Difusão Cultural do MinC/Club du Choro de Paris/Cebramusik, 2010 (DVD). E MPRÉSTIMO MODAL Ocorre quando utilizamos acordes do modo menor no modo maior e vice-versa. Lamentos (Pixinguinha/Vinícius de Moraes): após o ritornello de B, experimente tocar a parte inicial do A 1 em modo menor Valsa de Vila Valqueire Henrique Cazes): na segunda parte Tantos anos sem ele (Sílvio Carlos Silva Costa): No final da 1ª parte* Choro pra Cláudio (Sílvio Carlos Silva Costa): na última parte * Vide WALTER, Carlos; COSTA, Sílvio Carlos Silva et al. 13 Cordas: VI Festival de Choro de Paris. Paris: Programa de Intercâmbio e Difusão Cultural do MinC/Club du Choro de Paris/Cebramusik, 2010 (DVD). © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 85 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × C AMPANELA Arpejo com cordas soltas e/ou notas digitadas que gera um sustain mimético de sinos. A expressão é derivativa do termo campanário. Brasileirinho (João Pernambuco) Estudo nº 01 (Heitor Villa Lobos) Fabuloso Belini (Marcelo Chiaretti)* Vibrações (Jacob do Bandolim)* Nhá Chica (Carlos Walter/Marcelo Jiran)*: na introdução Choro de Juliana (Marco Pereira) Vôo da mosca (Jacob do Bandolim) La catedral (Agustín Barrios) Quadros modernos (Toninho Horta/Murilo Antunes/Flávio Henrique) Dichavado (Guinga) Quase sempre (Carlos Walter/Marcelo Jiran) Choro em serenata (Marcelo Jiran) Choro pra Cláudio (Sílvio Carlos Silva Costa) Belos Aires, Buenos Horizontes (Carlos Walter)** Quelque chose (Carlos Walter) 75 75 Vide WALTER, Carlos. Quelque chose. In: DEL NEGRI, André. Quase poesia. São Paulo: Clube de Autores, 2009, p. 63. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 86 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × * Vide WALTER, Carlos; COSTA, Sílvio Carlos Silva et al. 13 Cordas: VI Festival de Choro de Paris. Paris: Programa de Intercâmbio e Difusão Cultural do MinC/Club du Choro de Paris/Cebramusik, 2010 (DVD). ** Vide partitura anexa do autor. H ARMÔNICOS NATURAIS E ARTIFICIAIS Os harmônicos naturais são principalmente obtidos quando tocamos levemente o 5º, 7º, 12º e 19º trastes para a obtenção de notas situadas respectivamente 2 oitavas | 1 oitava e 1 quinta justa | 1 oitava | 1 oitava e 1 quinta justa acima dos sons emitidos pelas cordas soltas ajustadas na afinação padrão. Já os harmônicos artificiais são obtidos a partir da leve sobreposição do dedo indicador da mão direita 76 sobre a(s) corda(s) com toque auxiliar do dedo anular da mesma mão e digitação simultânea dos dedos 1, 2, 3 e/ou 4 da mão esquerda 77 na escala do instrumento. Oscilaremos as comas se movimentarmos o bojo e o braço conjuntamente. Pedacinhos do céu (Waldir Azevedo): no final* Estudo nº 01 (Heitor Villa Lobos): no final Nós e as horas (Ulisses Rocha): na 3ª parte** 76 77 Leia “mão esquerda” se for canhoto não ambidestro. Leia “mão direita” se for canhoto não ambidestro. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 87 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × Um amor de valsa (Paulo Bellinati) Abismo de rosas (Américo Jacomino): no início e na 3ª parte * Vide WALTER, Carlos; COSTA, Sílvio Carlos Silva et al. 13 Cordas: VI Festival de Choro de Paris. Paris: Programa de Intercâmbio e Difusão Cultural do MinC/Club du Choro de Paris/Cebramusik, 2010 (DVD). ** Vide ROCHA, Ulisses. Arranjos e performance para violão. São Paulo: MPO, 1992 (VHS). T RINADO O trinado ou trilo consiste na emissão rápida de 2 notas. Bebê (Hermeto Pascoal)*: no início da 1ª parte Bachianinha nº 01 (Paulinho Nogueira)*: entre as notas sol # e lá do acorde E7 do final da introdução * Vide WALTER, Carlos; COSTA, Sílvio Carlos Silva et al. 13 Cordas: VI Festival de Choro de Paris. Paris: Programa de Intercâmbio e Difusão Cultural do MinC/Club du Choro de Paris/Cebramusik, 2010 (DVD). © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 88 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × E FEITO REDEMOINHO Ao comentar a valsa “Ao luar” gravada em 1928 por seu compositor – o violonista Rogério Guimarães –, Fábio Zanon informa que ele foi “um precursor”. Pois, “com esse tipo de composição, ele abre precedente para as composições mais sérias artisticamente mais ambiciosas de violonistas geração posterior como Laurindo de Almeida Garoto. Por exemplo, a famosa valsa Desvairada Garoto é baseada nesse estilo melódico redemoinho que já é prenunciada nessa valsa Rogério Guimarães de 1928.” 78 (g.n.) um ou da ou de de de Desvairada (Garoto) Risonha (Luperce Miranda) O vôo da mosca (Jacob do Bandolim) A TIPICIDADES RÍTMICAS Estamos acostumados a tocar músicas em compassos binário, ternário e quaternário. Experimentemos compor e tocar choros com divisões atípicas. 78 ZANON, Fábio. Os pioneiros III: Rogério Guimarães e Mozart Bicalho. In: Idem. Violão Brasileiro. São Paulo: Rádio Cultura FM, 2006 e segs. Disponível em http://vcfz.blogspot.com/2006/12/ndice-o-violo-brasileiro.html © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 89 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × Em 3 (Rodrigo Torino) Bachianas brasileiras nº 05 – ária cantilena – 1ª parte (Heitor Villa Lobos): em 5/4, 3/4, 4/4, 6/4...* Chora jazz (Juarez Moreira): 2/4 e 3/4 nos compassos 8 e 9 Churrassom (Rubim do Bandolim): em 7/8 Jequibau (Mário Albanese/Ciro Pereira): em 5/4** Jequibach (Sílvio Satisteban/Macumbinha): em 5/4 * Vide WALTER, Carlos; COSTA, Sílvio Carlos Silva et al. 13 Cordas: VI Festival de Choro de Paris. Paris: Programa de Intercâmbio e Difusão Cultural do MinC/Club du Choro de Paris/Cebramusik, 2010 (DVD). ** Assista ao vídeo explicativo do compositor Mário Albanese sobre o Jequibau em http://il.youtube.com/watch?v=Bww_pV1YnoU&feature=related H ARMONIZAÇÃO EM BLOCOS 79 A harmonização em blocos é adotada quando tocamos as vozes de um acorde (voicings) com divisão idêntica à da melodia. A peça abaixo é condizente. A roupagem rítmica do Choro lhe cairá bem. 79 FARIA, Nelson. Harmonia aplicada ao violão e à guitarra: técnicas em chord melody. 2. ed. Rio de Janeiro: Nelson Faria Produções Musicais, 2009, p. 78-80. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 90 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × Prelúdio nº 20 (Frédéric Chopin): arranjo de Paulinho Nogueira* * Vide NOGUEIRA, Paulinho. Violão em harmonia. São Paulo: MPO, s.d. (VHS). T RÊMULO 80 Eis as fórmulas usuais para esse majestoso efeito, presente nas 3 primeiras composições e aplicável às demais. PMI PAMI P I A M I (trêmulo flamenco) P + M (juntos) I Recuerdos de Alhambra (Francisco Tárrega) 81 Una limosnita por un amor de Dios (Agustín Barrios) Valsa de um sonho (Sebastião Tapajós) Soneto em mi menor (Paulinho Nogueira) Santa morena (Jacob do Bandolim)* Se ela perguntar (Dilermando Reis): na 2ª parte Evocação a Jacob (Avena de Castro): na 2ª parte* 80 Vide INDA, Paulo. Técnicas de trêmulo. In: Violão Pro. São Paulo: M & M, 2006, vol. 04, 62-63; RIBEIRO, Zezo. Técnica de flamenco: 10 exercícios de Zezo Ribeiro. In: Violão Pro. São Paulo: M & M, 2006, vol. 04, p. 23. 81 Peça de domínio público disponível em http://www2.freescores.com/PUBLIC/kb/RiBS0836.pdf © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 91 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × Valsa de Eurídice (Vinícius de Moraes) * Vide WALTER, Carlos; COSTA, Sílvio Carlos Silva et al. 13 Cordas: VI Festival de Choro de Paris. Paris: Programa de Intercâmbio e Difusão Cultural do MinC/Club du Choro de Paris/Cebramusik, 2010 (DVD). R ASGUEO 82 O rasgueo é um recurso muito utilizado pelos violonistas flamencos. Seu parcimonioso uso incrementará a intenção rítmica de seus solos e acompanhamentos. Toque a fórmula abaixo repetida e rapidamente (polegar subindo, médio e polegar descendo) P M P A LZAPÚA 83 A alzapúa é também uma técnica típica do violão flamenco que confere ao polegar um vigoroso papel percussivo. Eis a fórmula: P (o polegar toca a 6ª corda e apoia na 5ª corda) P (o polegar desce até a 1ª corda) P (o polegar sobe até a 6ª corda) 82 Vide RIBEIRO, Zezo. Técnica de flamenco: 10 exercícios de Zezo Ribeiro. In: Violão Pro. São Paulo: M & M, 2006, vol. 04, p. 23. 83 Ibidem, p. 24. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 92 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × E SCALA DE TONS INTEIROS Conforme salientado, a escala de tons inteiros é simétrica e formada por intervalos de 1 tom. Confira os exemplos abaixo. Garoto (Tom Jobim): na 2ª parte Jorge da Fusa (Garoto)*: no turn around do ritornello de A Valsa do desencanto (Paulinho Pedra Azul): no final da introdução e no término do arranjo de Wagner Tiso * Vide WALTER, Carlos; COSTA, Sílvio Carlos Silva et al. 13 Cordas: VI Festival de Choro de Paris. Paris: Programa de Intercâmbio e Difusão Cultural do MinC/Club du Choro de Paris/Cebramusik, 2010 (DVD). A BERTURA A prática contínua dos exercícios isométricos e mecanismos técnicos de tocabilidade conferirá maior independência e maleabilidade aos dedos. Somemos a isso as peças abaixo e o providencial artigo WOLFF, Daniel. Abrindo os dedos: lição especial para aprimorar a sua técnica de distensão e contração dos dedos da mão esquerda. In: Violão Pro. São Paulo: M & M, 2007, vol. 11, p. 14-19. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 93 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × Étude en mi majeur (Toninho Ramos) Emotiva nº 01 (Hélio Delmiro) Estudos nº 05, 07 e 08 (Ulisses Rocha) Waltel Branco: paranaense “baiano da Baía de Paranaguá” (Carlos Walter) S ALTO O arranjo de Dilermando Reis para o Escorregando – tango brasileiro de Ernesto Nazareth – está recheado de saltos. Pesquise-o! B END O bend usado pelos intérpretes de blues soa bem no A 2 do Assanhado, choro sambado de Jacob do Bandolim (compassos 13 a 17). Faça-o levantando a corda para cima ou empurrando-a para baixo com os dedos da mão esquerda 84. O resultado gerará uma nota quase ½ tom acima, ou ainda, uma bemolização ou oscilação de comas. 84 Leia “mão direita” se for canhoto não ambidestro. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 94 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × T APPING Através do tapping martelamos e ligamos as notas com as 2 mãos. O violonista André Geraissati 85 do revolucionário Grupo D’Alma utiliza o tapping e outras técnicas sui generis (hammer on, pull off...). O inesquecível Paulinho Nogueira usou esse artifício em um inspirado arranjo para a valsa Abismo de rosas de Américo Jacomino (Canhoto), conforme NOGUEIRA, Paulinho. Violão em harmonia. São Paulo: MPO, s.d. (VHS). L IGADOS Quando tocamos 2 ou mais notas sem interrupção mediante o ataque de um dos dedos da mão direita 86, as executamos ligadas. Esse recurso vem a calhar em choros sapecas e sambados. Chorinho pra ele (Hermeto Pascoal)* Vamos acabar com o baile (Garoto) Tempo de criança (Dilermando Reis) Dr. Sabe Tudo (Dilermando Reis) Marceneiro Silvino (Carlos Walter): na 2ª parte 85 86 Vide GERAISSATI, André. Estilo de violão. São Paulo: MPO, s.d. (VHS). Leia “mão esquerda” se for canhoto não ambidestro. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 95 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × * Vide WALTER, Carlos; COSTA, Sílvio Carlos Silva et al. 13 Cordas: VI Festival de Choro de Paris. Paris: Programa de Intercâmbio e Difusão Cultural do MinC/Club du Choro de Paris/Cebramusik, 2010 (DVD). P OLEGAR ESQUERDO 87 Alguns violonistas recorrem a técnicas pouco ortodoxas para ampliarem o campo de ação da mão esquerda. Marcus Tardelli 88, por exemplo, utiliza fluentemente o polegar esquerdo na digitação. Observe-o! O UTRAS DIGITAÇÕES ALTERNATIVAS 89 Use a pestana para digitar 2 ou mais cordas de uma casa com o mesmo dedo disposto em barra (como se fosse um capo traste). Faça o dedo em alça, digitando 2 notas dispostas em casas distintas com a falange proximal. Para fazer double stops, digite 2 cordas adjacentes (numa determinada casa) com a ponta de um dedo posicionada entre as mesmas. 87 Leia “polegar direito” se for canhoto não ambidestro. TARDELLI, Marcus. Unha e carne: composições de Guinga para violão. Rio de Janeiro: Biscoito fino, 2006 (CD). 89 Vide FARIA, Nelson. Harmonia aplicada ao violão e à guitarra: técnicas em chord melody. 2. ed. Rio de Janeiro: Nelson Faria Produções Musicais, 2009, p. 45-51. 88 © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 96 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × S OBREPOSIÇÃO DE OITAVAS A sobreposição de oitavas foi imortalizada pelo guitarrista Wes Montgomery. A seguir algumas sugestões: Choro de Juliana (Marco Pereira): no final da segunda parte Tantos anos sem ele (Sílvio Carlos Silva Costa): Efeito oitavador com trêmulo na última sessão* Bole, bole (Jacob do Bandolim): Sobreponha notas oitavadas junto a baixaria obrigatória inicial constituída pelas notas ré, ré#, mi, ré#, ré Falta-me você (Jacob do Bandolim): Efeito oitavador com trêmulo na 2ª parte * Vide WALTER, Carlos; COSTA, Sílvio Carlos Silva et al. 13 Cordas: VI Festival de Choro de Paris. Paris: Programa de Intercâmbio e Difusão Cultural do MinC/Club du Choro de Paris/Cebramusik, 2010 (DVD). D IGITAÇÃO TRANSPONÍVEL ( SEM CORDAS SOLTAS ) Nem sempre as rodas de choro adotam os mesmos tons em certas músicas. Garanta sua contributiva participação no solo de choros tocados em diferentes tons, memorizando digitações © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 97 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × transponíveis (que eventualmente sacrifiquem o belo som das cordas soltas). Migalhas de amor (Jacob do Bandolim): Ora iniciado em Gm, ora em Am Vamos acabar com o baile (Garoto): Ora iniciado em Am, ora em Cm Chorinho pra ele (Hermeto Pascoal): Ora tocado em D, ora em G* * Vide WALTER, Carlos; COSTA, Sílvio Carlos Silva et al. 13 Cordas: VI Festival de Choro de Paris. Paris: Programa de Intercâmbio e Difusão Cultural do MinC/Club du Choro de Paris/Cebramusik, 2010 (DVD). C ONTRAPONTO Faz-se um contraponto quando 2 ou mais vozes melódicas são tocadas simultaneamente. A música abaixo é exemplar. Samba em prelúdio (Baden Powell/Vinícius de Moraes): Depois de serem interpretadas, as melodias da 1ª e 2ª partes são tocadas ao mesmo tempo.* © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 98 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × * Confira arranjos de violão solo que realizam essa façanha em NOGUEIRA, Paulinho. Violão em harmonia. São Paulo: MPO Vídeo, s.d., (VHS) e DELMIRO, Hélio. Recital de violão. In: RT SOM. São Paulo: TV Cultura, s.d. (Transmissão televisiva). M ÚSICA INCIDENTAL Implica em hospedar o trecho de uma determinada composição em outra. O resultado soará satisfatório especialmente se houver compatibilidade harmônica. Experimente interpretar: O início de Tua imagem (Canhoto da Paraíba) no começo de Tristezas de um violão (Garoto) ou vice-versa. O início de Doce de côco (Jacob do Bandolim) no começo de Pedacinhos do céu (Waldir Azevedo) ou vice-versa.* A parte inicial da introdução de Chega de saudade (Tom Jobim/Vinícius de Moraes) na introdução de Meu cavaquinho (Garoto) ou vice-versa. A parte inicial do tema central de Meu amigo Radamés (Tom Jobim) no início da 1ª parte de Meu cavaquinho (Garoto) ou viceversa. O início de Homenagem a velha guarda (Sivuca) no início da 2ª parte de Vibrações (Jacob do Bandolim) ou vice-versa. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 99 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × * Vide WALTER, Carlos; COSTA, Sílvio Carlos Silva et al. 13 Cordas: VI Festival de Choro de Paris. Paris: Programa de Intercâmbio e Difusão Cultural do MinC/Club du Choro de Paris/Cebramusik, 2010 (DVD). D OMINANTES ESTENDIDOS 90 Os dominantes estendidos ocorrem numa progressão harmônica de acordes dominantes dispostos em intervalos de 5ª justa descendente ou 4ª justa ascendente. Lamentos (Pixinguinha/Vinícius de Moraes): Entre os compassos 14 e 16, temos G#7 -> C#7 -> F#7 -> B7 -> E7(9) -> A7... Assanhado (Jacob do Bandolim)*: Entre os compassos 29 e 43, temos A7 -> D7 -> G7 -> C7 -> F7 -> Bb7... * Vide WALTER, Carlos; COSTA, Sílvio Carlos Silva et al. 13 Cordas: VI Festival de Choro de Paris. Paris: Programa de Intercâmbio e Difusão Cultural do MinC/Club du Choro de Paris/Cebramusik, 2010 (DVD). 90 Vide CHEDIAK, Almir. Harmonia e improvisação. 7. ed. rev. Rio de Janeiro: Lumiar, 1986, p. 107. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 100 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × F ORMAS ATÍPICAS 91 A Estrutura do Choro admite exceções: formas com mais ou menos de 3 partes contendo ou não 16 compassos. Eis alguns exemplos: Estou voltando (Pixinguinha/Donga/João Pernambuco): Dotado de 4 partes Vaidoso (Moacir Santos): com 2 partes Choro negro (Paulinho da Viola/Fernando Costa): com 2 partes* Chora jazz (Juarez Moreira): Contendo uma atipicidade rítmica nos compassos 8 e 9 (tocados em 3/4) Belos Aires, Buenos Horizontes (Carlos Walter): Choro breve e atípico com 1 parte e campanelas (Disponível na página 153) * Vide WALTER, Carlos; COSTA, Sílvio Carlos Silva et al. 13 Cordas: VI Festival de Choro de Paris. Paris: Programa de Intercâmbio e Difusão Cultural do MinC/Club du Choro de Paris/Cebramusik, 2010 (DVD). 91 Cfr. MOREIRA, Juarez. Choro diferente. In: BH no Choro. Belo Horizonte: Belotur/Clube do Choro de Belo Horizonte/Auditório JK, 2008. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 101 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × D IÁLOGOS DO CHORO COM OUTRAS LINGUAGENS Ao estabelecer o entretecimento da tradição com a contemporaneidade, o Choro ultrapassa os limites históricos e conceituais do gênero 92 para estabelecer diálogos com outras linguagens. Essa interface possibilita incursões convidativas que, tocadas ao vivo ou registradas em gravações 93, emprestam a estilística do Choro a standarts de jazz, rock, tango, seresta, samba, flamenco, música barroca, romântica, modal, serial, mineira, afro-sambista e marcial. Não se propõe com isso uma apologia irrefreada de descaracterização do Choro. Conforme dito, essa brasileiríssima linguagem detém características próprias (uma estrutura com forma, células rítmicas, alternâncias tonais típicas...) que permitem nuances e variações. As seguintes composições renderão experiências musicais satisfatórias. Teste-as e, sempre que possível, explore outras! 92 A esse respeito, confira a entrevista de Aline Soulhat a Maurício Carrilho disponível em www.youtube.com/watch?v=VvBDOsxr-Pw 93 CAZES, Henrique et al. Beatles ‘n’ Choro. Rio de Janeiro: Deck Disc, 2006, vol. 0104 (CD); MACEDO, Armandinho. Pop Choro. Rio de Janeiro: Biscoito Fino, 2006 (CD); SILVA COSTA, Sílvio Carlos et al. Flor de abacate. Belo Horizonte, 1999 (CD): faixas 02 e 04 com arranjos de Sílvio 7 Cordas para Adios Nonino de A. Piazzolla e Bachianas Brasileiras nº 05 (1ª parte da ária - cantilena) de H. Villa Lobos; BANDOLIM, Rubim do. Formas de chorar. Timóteo, 2002 (CD): faixa 4 com arranjo para Ária na 4ª Corda de J. S. Bach; FREITAS, Marcos Flávio de Aguiar. Choro bone. Betim/Belo Horizonte, 2005 (CD): faixa 06 contendo Czardas de V. Monti. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 102 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × Bachianas brasileiras nº 05 (Heitor Villa Lobos) Ária na 4ª corda (Johann Sebastian Bach) Prelúdio nº 20 (Frédéric. Chopin) La catedral (Agustín Barrios) Estudo nº 01 (Heitor Villa Lobos) Aprendiz de Joãozinho (Álvaro Walter) Tânia (Álvaro Walter) Noite de lua (Dilermando Reis) Rua Harmonia (Ulisses Rocha) Bebê (Hermeto Pascoal) Emotiva nº 01 (Hélio Delmiro) Chora jazz (Juarez Moreira) Choro barroco (Rogério Leonel) Adios Nonino (Astor Piazzolla) Luiza (Tom Jobim) Profunda emoção (Toninho Horta) Samba em prelúdio (Baden Powell/Vinícius de Moraes) Samba triste (Baden Powell) Abismo de rosas (Américo Jacomino) Chega de saudade (Tom Jobim/Vinícius de Moraes) Valsa de Vila Valqueire (Henrique Cazes) Churrassom (Rubim do Bandolim) Quadros modernos (Toninho Horta/Murilo Antunes/Flávio Henrique) Salvador (Egberto Gismonti) © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 103 3ª PARTE 104 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × R ELEASE | FLYER Não deixe de confeccionar peças gráficas (releases e flyers impressos e/ou eletrônicos) de natureza divulgacional com conteúdo verdadeiro, claro, coeso, fotogênico (bem apresentável), bilíngüe, com ou sem trilha demonstrativa, testimonial (apresentação ou parecer qualificativo de um expoente) ou link de áudio-visualização ao dar publicidade às suas atividades musicais. Verifique os flyers demonstrativos das páginas 149 a 152. E SCOLHA DO REPERTÓRIO Monte um repertório diversificado, contrastante, contemplativo das principais variações rítmicas do choro [polca, maxixe, tango brasileiro, choro, choro-canção, chorinho (choro sapeca), choro sambado, valsa-choro, por exemplo...], tecnicamente suportado, com enredo, amarração temática e final apoteótico. P ERFORMANCE Confira o mestrado em performance musical do programa de pós-graduação da Escola de Música da Universidade Federal de © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 105 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × Minas Gerais (UFMG), matérias publicadas em revistas especializadas e textos científicos (artigos, teses e dissertações) sobre o assunto depositados nos acervos físicos e virtuais das bibliotecas universitárias. As publicações abaixo são sucintas e pertinentes: FREITAS, Marcos Flávio de Aguiar. Como lidar com a ansiedade antes da performance. In: Revista Weril. São Paulo: Weril, 2007. HENRIQUE, Álvaro. Primeiro recital: o que fazer? In: Violão Pro. São Paulo: M & M, 2008, vol. 16, p. 42-49. Idem. Agendando os primeiros recitais: dicas para quem está fazendo um som de alto nível e quer levá-lo para a público. In: Violão Pro. São Paulo: M & M, 2008, vol. 18, p. 42-43. ROCHA, Ulisses. Ficar nervoso na hora de tocar ao vivo. In: Acústico. São Paulo: HMP, 2006, vol. 07, p. 42. S ETUP 94 Existem vários acessórios para favorecer o desempenho eletro-acústico. Eis alguns: 94 Vide JAPYS, Mr. Monte o seu set up. In: Violão Pro. São Paulo: M & M, 2010, vol. 27, p. 22-28. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 106 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × Pedais (de volume, seleção, equalização), pedaleiras (AD8 da Boss, por exemplo), cabos (p10, XLR e midi), mesas (analógica e digital), interfaces Behringer de e áudio, pré-amplificadores (Tube ultragain da Aura Spectrum DI da Fishman, por exemplo), amplificadores [Acoustic Chorus (AC) da Roland, por exemplo], bags e cases para traslado, fontes de alimentação, entre outros. A MPLIFICAÇÃO 95 Conheça os significados de expressões imanentes à amplificação violonística: Sistema de P.A. (public adress system: o som ouvido pela platéia é transmitido por esse sistema de projeção externa da fonte sonora), monitor (o som de palco ouvido pelo músico é transmitido por esse sistema de retorno), direct balanceamento das impedâncias), mesas box (dispositivo digitais e de analógicas (interfaces de controle e ajuste de freqüência, intensidade, ganho, efeito...), mapa de palco (desenho da disposição espacial dos instrumentos, microfones, amplificadores, conexões e fontes de alimentação num determinado palco), rider [lista de equipamentos de sonorização (P.A., retorno...) e iluminação], input list (lista de endereçamento das entradas com identificação dos canais)... 95 Vide JAPYS, Mr. Monte o seu set up. In: Violão Pro. São Paulo: M & M, 2010, vol. 27, p. 22-28. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 107 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × M ICROFONAÇÃO | CAPTAÇÃO 96 Ao gravar, utilize 2 microfones cardióides ou hiper-cardióides situados a 30 cm do instrumento: um na região do cavalete e outro entre a boca e a escala. Para captar a ambiência, aplique a técnica XY, dispondo-os a 1 metro de distância (entre si) com angulação intermediária de 90 a 120º, ou a regra 3:1 em que a distância entre os microfones é tripla se comparada à distância do 1º microfone em relação ao violão. Na falta de um estúdio, registre seus choros em ambiente adequado (silencioso) com um microfone multifuncional [cardióide, condensador, contendo saída USB e interface de áudio integrada (G-Track da Sansom, por exemplo)]. Quanto à captação, experimente as passivas (diretas ou sem alimentação) e as ativas (com circuito e alimentação) de rastilho e contato com preços e resultados diversos [RMC, Carlos Juan, Fishman, Highlander, Shadow, Artec, AKG C 411 (captador de contato que requer phantom power)]. Para humanizarmos o som sintético das captações, recorremos ao hibridismo, mesclando-as a sistemas eficazes de microfonação como, por exemplo, o microfone supercadioide 4099 da DPA, o par de microfones cardióides Km 184 da Neumann, o microfone supercadióide PRA 383 dxlr da Superlux (inserido numa espuma vazada de média densidade no sentido horário 19h00, conforme sugestão do violonista de 7 cordas João Camarero orientado pelo violonista João Lyra), entre outros. 96 Vide MARUI, Ricardo. Gravando: o que você precisa saber antes de entrar em estúdio pela primeira vez. In: Violão Pro. São Paulo: M & M, 2007, vol. 14, p. 15-19; GIUFFRIDA, Ricardo. Violonista no estúdio. In: Acústico. São Paulo: HMP, 2006, vol. 06, p. 43; JAPYS, Mr. Monte o seu set up. In: Violão Pro. São Paulo: M & M, 2010, vol. 27, p. 22-28; AUDIOLIST. Gravando violão e instrumentos de cordas dedilhadas. Disponível em http://audiolist.org/forum/kb.php?mode=article&k=91 © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 108 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × Evite realimentações indesejadas, cobrindo a boca do instrumento com anti feed back (tampa anti-ruído), espuma ou, em último caso, papel contact (sem estragar o mosaico e o tampo). Para os ruídos decorrentes da falta de aterramento, busque especialistas em isolamento ou blindagem eletromagnética. S OFTWARES Há inúmeros softwares para edição de partituras e tablaturas (Encore, Finale, Guitar Pro...), gravação (Sonar, Pro Tools, Cool Edit...), edição de áudio (Sound Forge, Melodyne...), desenvolvimento musical (Earmaster, Best Practice, Band in a Box...), simulação de amplificadores e efeitos (Amplitube, Guitar Rig, GTR...), entre outros. Conheça-os! R EDES SOCIAIS Os fóruns, blogs e comunidades virtuais constituem ferramentas eficazes de integração, publicidade e comunicação global na era da convergência (Fórum de Violão Brasileiro, SambaChoro, Blogspot, Blogger, Myspace, Palco Mp3, Last Fm, Youtube, © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 109 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × Facebook, Twitter, Soundcloud, Orkut, BM&A, entre outros). Saiba manuseá-los! D ISCOGRAFIA Consulte o acervo eletrônico de registros fonográficos organizado por Maria Luísa Kfouri no site “Discos do Brasil – Uma Discografia banco Brasileira” de dados (http://www.discosdobrasil.com.br), do Instituto Moreira o Salles (http://ims.uol.com.br/), o livro SOUZA, Rogério. Choro 100: violão – play along choro. Rio de Janeiro: Biscoito Fino, 2008, p. 1819, artigos contendo listas de gravações históricas como MARQUES, Euclides. Os violões no choro. In: Violão Pro. São Paulo: Música & Mercado, 2006, vol. 06, p. 47, PENEZZI, Alessandro. Que baixaria!: saiba como organizar as ideias em seu violão de sete cordas e enriquecer as suas rodas de choro. In: Violão Pro. São Paulo: M & M, 2010, vol. 28, p. 25, os catálogos das gravadoras especializadas [Acari, Biscoito Fino (BECKER, Zé Paulo. Um violão na roda de choro, 2006 etc), as extintas Guarup e Marcus Pereira, por exemplo], entre outras fontes antológicas e revolucionárias. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 110 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × ACERVO DIGITAL | SITES | OUTRAS REFERÊNCIAS Visite o Acervo Digital do Violão Brasileiro idealizado pelo violonista Alessandro Soares com colaboração dos instrumentistas Alexandre Dias e Gilson Antunes contendo dicionário de verbetes, discoteca, biblioteca, banco de partituras, imagens e vídeos, rádio, agenda e linha do tempo sobre o violão brasileiro, disponível em http://www.violaobrasileiro.com.br/. Confira também a plataforma educativa sobre a História do violão do Departamento de Música e Artes Cênicas da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), coordenada por André Campos, em http://www.demac.ufu.br/numut/historiadoviolao/; a biografia eletrônica de João Pernambuco desenvolvida pelo italiano Angelo Zaniol em http://www.joaopernambuco.com; o hot site de Geraldo Vianna sobre os Violões de Minas em http://www.gvianna.com.br/violoesdeminas.asp, os projetos Movimento Violão idealizado por Paulo Martelli com concertos mensais no Estado de São Paulo em http://www.movimentoviolao.com.br e Violão Intercâmbio realizado em Belo Horizonte pelo violonista Frederico Herrmann para entretecer a cena violonística local com tarimbados professores e concertistas através de workshops, master classes e recitais. Confira a programação em http://www.fredericoherrmann.com/violao.intercambio.html. Encontre outros links nas referências deste livro. FESTIVAIS | PRÊMIOS A quantidade de festivais, mostras e prêmios dirigidos à música instrumental é crescente. Eis alguns: © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 111 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × Festival Nacional de Choro, Semana Nacional do Choro de Uberaba, Festival de Choro e Samba – Semana Nacional do Choro de Belo Horizonte, Festival Internacional de Violão de Belo Horizonte, Festival Nacional de Violão de Piauí, Rencontres internationales de la guitare de Anthony, Festival Internacional de Música de Pulso y púa Ciudad de Cristal, Festivais de Choro de Paris e Curitiba, Festival de Música Instrumental de Guarulhos, Prêmio Nabor Pires, Prêmios do Instituto Cultural Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG Cultural – Marco Instrumental), Antônio Mostra da Araújo, Nova Jovem Música Instrumentista Instrumental e Mineira, Festival Choro Novo, Festival de Jazz da Savassi, Prêmios da Fundação Nacional de Arte (FUNARTE: gravação de música popular, produção crítica em música, entre outros)... CLUBES DE CHORO Existem diversas entidades socioculturais – dotadas de personalidade jurídica – criadas para preservar e difundir o Choro dentro e fora do Brasil, a saber: Clube do Choro de Brasília, Clube do Choro de Belo Horizonte, Clube do Choro de Juiz de Fora, Clube do Choro da Bahia, Clube do Choro de Santos, Clube do Choro de Porto Alegre, Clube do Choro de Goiânia, Clube do Choro de Florianópolis, Clube do Choro de Paris, Bando do Chorão, Casa de Choro de Toulouse... © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 112 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × A SSOCIAÇÕES VIOLONÍSTICAS Associações brasileiras foram fundadas para o fomento de práticas institucionais de valorização sistêmica do instrumento. Citemos algumas: D ESATIVADAS Sociedade Violonística Prof. José de Assis Martins, fundada por Rosemiro Pereira Leal e a Associação Brasileira de Violão (ABV). 97 M ILITANTES Associação de Violão do Rio (AVRIO). Associação Brasiliense de Violão (BRAVIO). 97 “Em 1952, foi criada a ABV - Associação Brasileira de Violão, órgão incentivador da atividade violonística, patrocinador da visita de inúmeros concertistas como Isaias Sávio, Maria Luiza Anido, Oscar Cáceres, Narciso Yepes, entre outros. A associação teve também importante atuação junto a intérpretes que estavam ainda em formação, promovendo a realização de cursos de técnica e interpretação. Destacaram-se os jovens Jodacil Damaceno, Turíbio Santos e Antonio Carlos Barbosa Lima, todos artistas que desenvolveriam atividade profissional de grande relevância para o desenvolvimento do violão brasileiro”, conforme TABORDA, Marcia Ermelindo. O violão de concerto no Rio de Janeiro: Villa-Lobos + Turíbio Santos. Revista Polêmica. Rio de Janeiro: UERJ, v. 17, p. 1, 2006. Disponível em http://www.polemica.uerj.br/pol17/cimagem/p17_marcia.htm © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 113 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × I NSTITUTOS Confira os acervos (físicos e/ou eletrônicos) dos Institutos Jacob do Bandolim, Moreira Salles, Villa Lobos, Cravo Albin... Os links estão indicados nas referências dessa publicação. P ROGRAMAS DE INTERCÂMBIO E DIFUSÃO Conheça o trabalho desenvolvido pelo Música Minas (parceria entre a Secretaria de Estado da Cultura e o Fórum da Música de Minas Gerais) e o Programa de Intercâmbio e Difusão Cultural do Ministério da Cultura em: www.musicaminas.com/ www.cultura.gov.br/site/categoria/apoio-a-projetos/ E DITORAS E GRAVADORAS ESPECIALIZADAS Resistindo à pirataria e a contrafações autorais de toda sorte, as editoras e gravadoras © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br especializadas (Acari, 114 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × Choromusic, Biscoito Fino, Da Fonseca, Musimed, Vitale, Lumiar, Ricordi...) oferecem excelentes catálogos. Pesquise-os! P ROJETOS Inúmeros projetos institucionais de intercâmbio, entretenimento e ensino-aprendizagem musical são mantidos pelo setor público e/ou privado, tais como: Violões de Minas, Violões do Brasil, Movimento Violão, Musibraille, Música de Minas, Portal GVianna, Arena da Cultura, Pixinguinha, Pizindin, BH Choro, Festa da Música de Belo Horizonte, Feira do Choro, BH no Choro, Mês do Choro, Oficinas de Choro, Hoje é Dia de Choro (programa televisivo transmitido pela extinta Manchete), Choro Livre, por exemplo... Importa destacar o Novas, projeto idealizado pela violonista Elodie Bouny com banca julgadora composta por ela, Sérgio Assad, Fábio Zanon e Marco Pereira. Esse valioso edital incentiva compositores a enriquecer o repertório para o violão-solo através do registro de peças inéditas em CD e álbum de partituras. C ENTROS DE FORMAÇÃO Conheça as propostas pedagógicas dos centros musicais de formação continuada, a saber: Escola de Música da UFMG – Práticas Interpretativas do Choro, Brasil com S, CEFAR – Fundação Clóvis Salgado, Fundação de © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 115 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × Educação Artística (situadas em Belo Horizonte), Escola de Choro Raphael Rabello (situada no Distrito Federal), Escola Portátil de Música (situada no Rio de Janeiro), IV&T (situada em São Paulo), bacharelados e licenciaturas em Música Popular (UNICAMP, UFMG...) P ROPRIEDADE INTELECTUAL 98 A propriedade imaterial de uma obra artística (composições, arranjos, adaptações e transcrições, por exemplo) confere ao titular direitos morais e patrimoniais regidos pela Lei nº 9610/1998 e tutelados pelo Escritório Central de Arrecadação de Direitos Autorais (ECAD), Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI: registro de marca de grupo, instrumento, espetáculo musical), Escola de Música da UFRJ (registro de composição, transcrição, arranjo), Registro BR (registro de domínios eletrônicos)... 98 Vide FRANCEZ, Andréa et al. Manual do direito do entretenimento: guia de produção cultural. São Paulo: Senac/Sesc, 2009, passim. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 116 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × T ABELAS DE CACHÊS A adoção de parâmetros sindicais na negociação de cachês evita a banalização (anti-classista) do exercício profissional. Visite os links http://www.sindmussp.com.br/caches.asp e http://www.sindmusi.com.br/Caches/tabela_completa.asp E XERCÍCIO PROFISSIONAL 99 A profissão de músico é regulamentada acadêmica estruturada segundo as e a formação diretrizes curriculares nacionais. Sendo assim, os violonistas são titulares de direitos e obrigações contidos no Código de Ética Profissional, nas Leis nº 3857/1960 (OMB) 100 e nº 8213/1991 (Regime Geral de Previdência 99 Vide ROCHA, Ulisses. Pensando na carreira. In: Acústico. São Paulo: HMP, 2006, vol. 08, p. 44; MED, Bohumil. Vida de músico não é fácil: pequeno manual de sobrivênvia na selva musical – dicas do Bohumil. Brasília: Musimed, 2004, passim; HENRIQUE, Álvaro. Primeiro recital: o que fazer? In: Violão Pro. São Paulo: M & M, 2008, vol. 16, p. 42-49; Idem. Agendando os primeiros recitais: dicas para quem está fazendo um som de alto nível e quer levá-lo para a público. In: Violão Pro. São Paulo: M & M, 2008, vol. 18, p. 42-43. 100 Vide acórdão do TRF – 3ª Região para a apelação nº 20066109002404-0 apud FRANCEZ, Andréa et al. Manual do direito do entretenimento: guia de produção cultural. São Paulo: Senac/Sesc, 2009, p. 132: “Assim como no caso dos artistas, a falta de registro dos músicos na Ordem dos Músicos do Brasil (OMB), no seu Conselho Federal ou nos Conselhos Regionais, não tem representado motivo para afastar o exercício da profissão, como têm decidido alguns tribunais do país. São cada vez mais freqüentes decisões judiciais declarando nula a imposição do exercício da profissão de músico apenas aos que preencherem os requisitos do artigo 28 da Lei © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 117 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × do INSS), na Portaria nº 3347/1986 (nota contratual e modelos de contrato) e sua prestação de serviço musical deve ser objeto de propostas e contratos bem elaborados. R ODAS DE CHORO As rodas são fenômenos lúdicos e reconstrutivos de experimentação orgânica das linguagens do Choro. Detêm um saber pragmático catalisador de práticas musicais integrativas (compartilhadas entre jovens e experientes chorões) e imune às interferências imediatistas da cultura de massa. Em 2011, Henrique Cazes defendeu na Escola de Música da UFRJ a dissertação de mestrado “Os chorões e a roda: ambiência, práticas musicais e repertório nas rodas de choro”. Na capital mineira, as rodas ocorrem diariamente em espaços de entretenimento elogiáveis. Prestigie-as! Eis algumas: Bar do Bolão: quinta-feira Pedacinhos do Céu: quinta-feira a sábado Bar do Salomão: quinta-feira Mosteiro: sexta-feira Entre outras rodas nº 3857/1960, bem como a obrigação de se inscreverem perante a OMB e terem seus diplomas registrados no Ministério da Educação. Por se tratar de órgão federal, as ações, normalmente pela via do mandado de segurança, são ajuizadas pelos músicos interessados perante a Justiça Federal de cada estado.” É o que em agosto de 2011 se consumou em decisão do pleno do Supremo Tribunal Federal pelo não provimento do Recurso Extraordinário nº 414426 interposto pela OMB/SC. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 118 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × O FICINAS DE CHORO : O PROJETO BEM SUCEDIDO DO C LUBE DO C HORO DE B ELO H ORIZONTE E A PROPOSTA PEDAGÓGICA DO AUTOR O Clube do Choro de Belo Horizonte – associação cultural e filantrópica com mais de 80 associados sob a direção de Jonas Cruz, Sílvio Carlos Silva Costa e Hamilton Gangana – submeteu à Comissão Municipal capacitação em de Incentivo instrumentos à Cultura um projeto típicos das conferiu ao de formações interpretativas do Choro. Aprovado abrangente sem (jovens, restrições, adultos, estudantes de público-alvo música, músicos amadores e profissionais) acesso gratuito a oficinas e workshops coordenados por Rafael Guimarães com assistência de Lílian Macedo e ministrados por Leonardo Barreto (saxofone e flauta), Carlos Walter, Cecília Barreto (violão de 6 cordas), Bozó, Humberto Junqueira, Sílvio Carlos (violão de 7 cordas), Marcos Frederico (bandolim), Marcelo Jiran (cavaquinho), Oszenclever Camargo, Luciana Dietze (pandeiro) e Marcos Flávio (trombone) em espaços culturais da região metropolitana de Belo Horizonte. Os matizes da proposta pedagógica perquirida ao longa dessa publicação foram testabilizados no âmbito do projeto acima com resultados satisfatórios. Para difundi-los ainda mais, juntamos aos anexos a ementa e o conteúdo programático elaborados pelo autor. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 119 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × L ICENÇA POÉTICA II Por fim, outros versos dedicados ao festejado instrumento... A LA GUITARRA ESPAÑOLA 101 (Jerónimo Peña Fernandez) “Sonora Caja, que vibras cuando eres acariciada, manantial infinito de sonidos mágicos y misteriosos, Alma profunda, sincera, extensa como tus horizontes. Cultura milenaria de una raza que te ha idolatrado por los siglos de los siglos. Son tus cuerdas trinos de ruiseñor que al alba musitan poesia ardientes pétalas de azucenas que al aire perfumas con tu presencia. Eres siempre fiel con aquél que ha sentido la vocación de tu llamada para expresar en ti lo que Dios ha puesto em sua corazón. Maderas nobles y bellas de la creación, que obedecen a las sensibles manos que te dan forma de mujer. Herencia viva, en un pasado glorioso, de aquellos peregrinos que tanto te amaron y dedicaron sus vidas, y murieron, recibiendo a cambio solamente el aliento dela grandeza de tus ecos divinos.” 101 Cfr. FERNÁNDEZ, Jerónimo Pena. El arte de un guitarrero español. Jaén, España: Soproarga, 1993. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 120 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × C ORDAS DE A ÇO 102 (Cartola) “Ah, essas cordas de aço este minúsculo braço do violão que os dedos meus acariciam. Ah, este bojo perfeito que trago junto ao meu peito só você violão compreende porque perdi toda alegria. E, no entanto, meu pinho pode crer, eu adivinho. Aquela mulher até hoje está nos esperando. Solte o teu som da madeira eu, você e a companheira na madrugada iremos pra casa cantando...” V IOLÕES QUE C HORAM 103 (Cruz e Sousa) “Vozes veladas, veludosas vozes, Volúpias dos violões, vozes veladas, Vagam nos velhos vórtices velozes Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas. Tudo nas cordas dos violões ecoa E vibra e se contorce no ar, convulso...” 102 Cfr. OLIVEIRA, Angenor de. Cordas de aço. In: Idem. Cartola. Rio de Janeiro: Marcus Pereira, 1976 (LP). 103 Cfr. trecho de CRUZ e SOUSA. Violões que choram. In: Faróis. São Paulo: Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro | USP, p. 29. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 121 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × S ETE C ORDAS 104 (Raphael Rabello/Paulo César Pinheiro) “Nada me fará sofrer, pois trago junto ao coração o bojo do meu violão cantando. Nada me dá mais prazer, nem mesmo uma grande paixão, que o som das sete cordas do meu violão tocando. E eu me vejo a obedecer. Eu nem sei bem o porquê. E sinto uma transformação e os acordes nascem sem querer. Sem querer desponta uma canção e eu sinto o coração nos dedos passeando em calma, afugentando os medos que residem n'alma. E deixo-me envolver pelo braço do meu violão. E o peito meu, fibra por fibra, apaixonado vibra com prima e bordão. E é aí que eu sinto a mão de Deus na minha mão. Eu me ponho a dedilhar com emoção e fervor as velhas melodias, cheias de harmonias novas. E nesse instante então eu sou um sonhador, acompanhante das canções de amor. Chego a cantar sem perceber alguns versos e trovas. E aí começo a ver que eu nunca fui sozinho. Meu violão me acompanhou por todo o meu caminho. E isso eu quero agradecer, fazendo uma canção falando de você, Amigo Violão que comigo estará até eu morrer.” 104 Cfr. RABELLO, Raphael; PINHEIRO, Paulo César. Sete cordas. In: RABELLO, Raphael; RABELLO, Amélia. Todas as canções. Rio de Janeiro: Acari, 2001 (CD). © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 122 CONSIDERAÇÕES FINAIS 123 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × C ONSIDERAÇÕES FINAIS Essa proposta de capacitação violonística não é auto- suficiente. Respalda-se numa base consistente de referências e requer a experimentação contextual de seus significados (conteúdos). O violão é inerte. Não toca sozinho. Exige cumplicidade do tocador! Uma publicação só traz resultados significativos se o(a) leitor(a) desveste-se da condição de paciente (posta restante de preceitos ou depositário irrefletido de informações). Isto é, se converte dados isolados (saberes desconexos) em conhecimentos úteis ao seu cotidiano musical. Por isso, mãos à obra! Ou melhor, mãos nas cordas... O autor. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 124 REFERÊNCIAS 125 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × R EFERÊNCIAS T EXTOS CIENTÍFICOS : TESES E DISSERTAÇÕES ALFONSO, Sandra Mara. Jodacil Damasceno: uma referência da trajetória do violão no Brasil. Uberlândia: UFU, 2005 (Dissertação de mestrado). ANTUNES, Gilson Uehara. Américo Jacomino “Canhoto” e o desenvolvimento da arte solística do violão em São Paulo. São Paulo: ECA – USP, 2002 (Dissertação de mestrado). ARAGÃO, Paulo. Pixinguinha e a gênese do arranjo musical brasileiro. Rio de Janeiro: UNIRIO, 2001 (Dissertação de mestrado). BARRETO, Almir Côrtes. O estilo interpretativo de Jacob do Bandolim. Campinas: UNICAMP, 2006 (Dissertação de mestrado). BECKER, José Paulo. O acompanhamento do violão de seis cordas a partir de sua visão no conjunto Época de Ouro. Rio de Janeiro: UFRJ, 1996 (Dissertação de mestrado). BORGES, Luís Fabiano Farias. Trajetória Estilística do Choro: o idiomatismo do violão de sete cordas, da consolidação a Raphael Rabello. Brasília: UNB, 2008 (Dissertação de mestrado). BORGES, Pedro Gervason Marco. O violão de Raphael Rabello. Belo Horizonte: UFMG, 2010 (Monografia do bacharelado). CAMPOS, Lúcia Pompeu de Freitas. Tudo isso de uma vez só: o choro, o forró e as bandas de pífanos na música de Hermeto Pascoal. Belo Horizonte: UFMG, 2006 (Dissertação de mestrado). CARDOSO, Thomas Fontes Saboga. Um violonista-compositor brasileiro: Guinga – a presença do idiomatismo em sua obra. Rio de Janeiro: UNIRIO, 2006 (Dissertação de mestrado). _______. Os violonistas-compositores na música urbana brasileira. Rio de Janeiro: UNIRIO, 2003 (Monografia de licenciatura em educação artística, habilitação em Música). CAZES, Henrique. Os chorões e a roda: ambiência, práticas musicais e repertório nas rodas de choro. Rio de Janeiro: UFRJ, 2011 (Dissertação de mestrado). COSTA, Marvile Palis. O Grupo Chorocultura e a I Semana Nacional do Choro em Uberaba. Uberlândia, MG: UFU, 2007. DELNERI, Celso Tenório. O violão de Garoto: a escrita e o estilo violonístico de Annibal Augusto Sardinha. São Paulo: USP, 2009 (Dissertação de mestrado). © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 126 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × FERRAZ, Daniela Silva de Rezende. A voz e o choro: aspectos técnicos vocais e o repertório de choro cantado como ferramenta de estudo no canto popular. Rio de Janeiro: UNIRIO, 2010 (Dissertação de mestrado). FREITAS, Marcos Flávio de Aguiar. O Choro em Belo Horizonte: aspectos históricos, compositores e obras. Belo Horizonte: UFMG, 2005 (Dissertação de mestrado). 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Campinas: UNICAMP, 2002 (Dissertação de mestrado). 105 O autor investiga a corporalidade musical de Baden Powell, Egberto Gismonti, Ulisses Rocha, André Geraissati, Michael Hedges e Codeta. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 128 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × A RTIGOS | ENSAIOS CARRILHO, Maurício. O violão de sete cordas. Rio de Janeiro: Músicos do Brasil/Petrobrás, s.d. Disponível em http://ensaios.musicodobrasil.com.br/mauriciocarrilhoviolao7cordas.htm FERNEDA, Edmilson et al. Rumo à formalização da teoria das árvores harmônicas. Disponível em www.cefala.org/sbcm2005/papers/13850.pdf FREITAS, Marcos Flávio de Aguiar. Como lidar com a ansiedade antes da performance. In: Revista Weril. São Paulo: Weril, 2007. MELLO, Jorge. Brasilliance volume 1: uma experiência inovadora. Rio de Janeiro: Músicos do Brasil/Petrobrás, s.d. Disponível em http://ensaios.musicodobrasil.com.br/jorgemellolaurindoalmeidabrazilliance.htm MOREIRA, Juarez. Toninho Horta. 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R ESUMO DOS CONTEÚDOS QUE SERÃO MINISTRADOS : O professor abordará os seguintes conteúdos: 9 Breve histórico sobre o violão: constituição (luteraria), escolas, posturas (ergonomia) e técnicas (aquecimento, tocabilidade e digitação). 9 As linguagens do choro: estruturas (formas) e variações rítmicas. 9O repertório para o instrumento: análise de intérpretes, compositores e composições. 9 Funções no choro: rítmica, solo e harmonização. 9 Prática de conjunto e sonorização: roda presencial de choro e amplificação eletroacústica. 9 Perspectivas profissionais, referências de ensino-aprendizagem e centros de formação. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 144 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × 02. R ESPONSÁVEL PELA OFICINA : O professor da oficina se chama Carlos H. Walter. 03. O BJETIVOS GERAIS : Os objetivos gerais da oficina estão indicados a seguir: 9 Fortalecer a identidade cultural da música brasileira. 9 Preservar e difundir o choro com práticas educacionais. 9 Humanizar cidadãos com estratégias transdisciplinares de musicalização. 04. O BJETIVOS ESPECÍFICOS: Os objetivos específicos da oficina estão assinalados abaixo: 9 Popularizar (socializar) as linguagens do violão desenvolvidas no choro. 9 Ampliar o vocabulário violonístico do público-alvo. 9 Favorecer os processos musicais de percepção, apreciação e performance violonística no Choro. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 145 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × 9 Capacitar o público-alvo à difusão cultural do saber transdisciplinar ministrado. 05. J USTIFICATIVA : Projetos de oficinas dirigidas aos instrumentos musicais típicos das formações interpretativas do Choro são indispensáveis à vida cultural de uma sociedade. Socializar práticas de evidenciação do papel do violão na história do choro com medidas pedagógicas de escopo sócioeducacional fomentará ainda mais as políticas culturais de cidadanização. Ademais, o empreendedor do projeto tem como missão precípua divulgar as manifestações artísticas que, desde a 2ª metade do século XIX, compõem o itinerário evolutivo do Choro. 06. C ARGA HORÁRIA COMPLETA : A carga horária integral da oficina corresponde a 8 (oito) horas igualmente distribuídas em 2 (dois) encontros realizados em escolas e/ou espaços culturais. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 146 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × 07. P ÚBLICO - ALVO ( CARACTERÍSTICAS E IDADE): O perfil do público-alvo é abrangente. Contempla jovens, adultos, estudantes de música, músicos amadores e profissionais. Já o número de inscrições está limitado a 30 (trinta) vagas. 08. M ETODOLOGIA QUE SERÁ APLICADA : A epistemologia do conhecimento que sustenta o marco metodológico está centrada na relação educando-educador e compõe-se de estratégias de ensino-aprendizagem desenvolvidas a partir de investigações transdisciplinares sobre Violão e Choro que serão operacionalizadas pelos partícipes com a utilização de instrumentos musicais (violões). 09. M ATERIAL DIDÁTICO UTILIZADO : As oficinas serão ministradas com recursos didáticos interativos: 9 Interpretação ilustrativa de choros com análises verbais dos executantes (professor e público-alvo) do instrumento musical investigado (violão). © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 147 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × 9 Projeção áudio-visual e fonográfica (data-show, players de CD e DVD) de documentários e performances. 9 Amplificação sonora condizente com as necessidades ministrante: utilização de microfone e amplificador. | Design | Tibé | © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br do 148 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × C ONTEÚDO PROGRAMÁTICO “O V IOLÃO DE 6 C ORDAS NO C HORO ” Carlos Walter N ÚCLEO DE F ORMAÇÃO E C RIAÇÃO A RTÍSTICA – Belo Horizonte, MG, 18h30 às 22h30 dos dias 14 e 15/09/2010 – I 1. O Violão no Choro: breve histórico. 2. Luteraria, Anatomia e Modelos. 3. Extensão, Encordoamento e Afinação. 4. Exercícios Isométricos e Acessórios Ergonômicos. 5. Unhas: formas, lixas e artefatos sintéticos. 6. Mecanismos Técnicos de Tocabilidade: exercícios de calibragem, resistência, sonoridade, abertura, independência e velocidade para as mãos. 7. Sistemas de Notação: partitura, tablatura, cifragem e musibraille. 8. Estrutura do Choro: formas, cadências, anacruses e finalizações. 9. Rodas de Choro: fenômeno orgânico de experimentação reconstrutiva das linguagens do Choro. II 10. O Violão Harmonizador: harmonia funcional (funções, acordes e inversões), baixaria e centro. 11. Variações Rítmicas: maxixe, tango brasileiro, choro, choro-canção, chorinho (choro sapeca), samba-choro e valsa-choro. 12. O Violão Solista: interpretação, arranjo, improviso e composição. 13. Performance espaço-temporal: rodas de choro, auditórios e estúdios de gravação. 14. Amplificação (captação, no feed back, mapa, rider e input list) e Gravação (preparativos, afinação, tipos de microfone, técnica XY e regra 3:1). 15. Ferramentas Tecnológicas: setup, sites e softwares. 16. Festivais, Clubes, Institutos, Programas de Difusão, Redes Sociais, Editoras e Gravadoras Especializadas, Projetos e Centros de Formação. 17. Registro Autoral e Tabelas de Cachês. 18. Referências de Ensino-aprendizagem: material didático complementar. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 149 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × F LYERS DEMONSTRATIVOS © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 150 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × O 13 CORDAS é integrado pelos violonistas mineiros Carlos Walter (violão de 6 cordas) e Sílvio Carlos (violão de 7 cordas) e foi criado em 2006 para difundir o Choro e variações rítmicas afins. Entre 26 e 27 de março de 2010 – mediante apoio do Programa de Intercâmbio e Difusão Cultural do Ministério da Cultura – representará o Brasil no concerto de encerramento do “VI Festival du Choro de Paris”, evento anual realizado pelo “Club du Choro de Paris” com apoio do Cebramusik (Centro Eurobrasileiro de Música), entidades sem fins lucrativos que promovem a divulgação da música brasileira na Europa através de ações culturais e pedagógicas. O concerto contará com a participação da pianista, compositora e presidente do Clube do Choro de Paris, a uberabense Maria Inês Guimarães e de outros convidados (a percussionista Lúcia Campos e o flautista Marcelo Chiaretti...). O duo também ofertará uma oficina sobre as linguagens violonísticas do Choro. Em seguida, entre 13:00 e 15:00 h de 10 de abril de 2010, o 13 CORDAS marcará presença no palco da Feira do Choro do Instituto Cultural Aletria – evento semanal que abriga as tendências e desdobramentos do Choro em espaço gratuito de Belo Horizonte (Praça Tom Jobim) – para demonstrar o repertório tocado na França. Depois se apresentará às 20:00 h de 17 de maio de 2010 no auditório do Conservatório da UFMG pelo Projeto Pizindin. Enfim, apresentações que contarão com o talento percussivo do pandeirista Camargo. Maiores informações: http://clubduchorodeparis.free.fr/ e http://www.myspace.com/13cordas [email protected] e [email protected] P.s.: Carlos Walter e Sílvio Carlos respondem, atual e respectivamente, pela assessoria e diretoria cultural do Clube do Choro de Belo Horizonte. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 151 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × 13 CORDAS began in 2006 at the State of Minas Gerais with brazilian guitarists Carlos Walter (classical guitar) and Sílvio Carlos (seven-string classical guitar) inspired by Choro’s language. The group will play – through support of the Culture Ministry of Brazil – in the Paris Choro Festival (20:00h, march 26-27, 2010), an annual event organized by the “Club du Choro de Paris” with the support of Cebramusik (Eurobrazilian Center of Music), unprofitable organizations that publicize of brazilian music in Europe through cultural and educational activities. The group will invite Maria Inês Guimarães (pianist, composer and president of the “Club du Choro de Paris”) and others guests (the percussionist Lúcia Campos and flutist Marcelo Chiaretti...). The duo will also offer a workshop. Finally, it will do a recitals at Belo Horizonte city with a repertoire of songs played in France: - Choro’s Fair of Aletria Cultural Institute (Tom Jobim Square, 13:00 h, april 10, 2010) and Pizindin Project (Conservatory of UFMG, 20:00 h, may 17, 2010) with ex’perienced percussionist Camargo. More information: http://clubduchorodeparis.free.fr/ e http://www.myspace.com/13cordas [email protected] e [email protected] P.s.: Carlos Walter and Silvio Carlos are cultural adviser and director of Belo Horizonte Choro Club, respectively. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 152 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × 13 CORDAS es un duo brasileño de guitarras compuesto por Carlos Walter (guitarra clásica) y Silvio Carlos (guitarra de siete cuerdas), creado em 2006 para difundir el lenguaje del Choro. Del 26 al 27 de Marzo (20:00 h)– con ayuda institucional del Ministerio brasileño de la Cultura, tocará en VI Festival del Choro de Paris, encuentro anual del “Club du Choro de Paris” apoyado por Cebramusik (Cientro Eurobrasileño de Música), organizaciones sin finalidad lucrativa que divulgan la música brasileña en Europa a traés de actividades educativas y culturales. Habrá participación especial de Maria Inês Guimaraes (pianista, compositora y presidente del Clube francés) y de otros invitados (la percusionista Lucia Campos y el flautista Marcelo Chiaretti...). Aún se producirá un taller sobre guitarra brasileña. Después presentará en la ciudad de Belo Horizonte conciertos con repertorio interpretado en Francia: - Feria del Choro de la Aletria en la Plaza Tom Jobim (10 de abril, 13:00 h) y Projecto Pizindin en Teatro del Conservatorio de la UFMG (17 de mayo, 20:00 h) con el calificado percusionista Camargo. Otros datos: http://clubduchorodeparis.free.fr/ e http://www.myspace.com/13cordas [email protected] e [email protected] P.s.: Carlos Walter y Silvio Carlos son, respectivamente, asesor y director de cultura del Clube del Choro de Belo Horizonte. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 153 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 154 ÍNDICE REMISSIVO 155 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × Í NDICE REMISSIVO A C Abertura ................................................. 92 Acabamento Unhas ................................................... 42 Acessórios ergonômicos........................ 41 Acidentes ................................................ 50 Acordes com notas de tensão ............ 64 Acordes com sexta ............................... 63 Acordes diminutos ................................ 69 Acordes híbridos ................................... 64 Acordes quartais ................................... 65 Acordes suspensos ................................ 64 Afinação padrão..................................... 37 Afinações alternativas ......................... 37 Afinador .................................................. 43 Alaúde ....................................................... 19 Alzapúa ..................................................... 91 Amplificação ..........................................106 Anacruses................................................ 58 Anti feed back ......................................108 Arranjo .................................................... 77 Arraste .................................................... 80 Artigos e ensaios ..................................128 Associações violonísticas .................... 112 Atipicidades rítmicas ........................... 88 Auto-audição .......................................... 38 Cadência autêntica imperfeita ........... 68 Cadência autêntica perfeita ............... 67 Cadência deceptiva diatônica ............. 68 Cadência deceptiva modulante ........... 69 Cadência plagal ....................................... 68 Cadências ................................................ 67 Campanela ............................................... 85 Campo harmônico maior natural ......... 73 Campo harmônico menor bachiano ou híbrido ................................................. 75 Campo harmônico menor harmônico .. 74 Campo harmônico menor melódico ..... 74 Campo harmônico menor natural ........ 74 Captação ................................................. 107 Captação ativa ....................................... 107 Captação de contato ............................ 107 Captação de rastilho............................ 107 Captação passiva................................... 107 Células rítmicas ..................................... 56 Centros de formação ........................... 114 Chart reading .......................................... 51 Chord melody ......................................... 77 Choro ........................................................ 57 Choro barroco ........................................ 57 Choro cantado ........................................ 57 Choro sambado ....................................... 57 Choro sapeca .......................................... 57 Choro-canção .......................................... 57 Cifra ......................................................... 49 Círculo das quintas ................................ 50 Clubes de choro ............................ 111, 140 Coma ......................................................... 36 Comunidades virtuais ........................... 108 Concentração .......................................... 38 Conteúdo programático ....................... 148 Contraponto ............................................ 97 Controle auditivo da extensão............ 38 B Baixaria Tipos .................................................... 78 Baixo pedal.............................................. 79 Bemolização ............................................ 93 Bend.......................................................... 93 Blindagem eletromagnética ................108 Blogs ........................................................108 © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 156 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × Corta-jaca ............................................... 57 Crescente X ............................................ 33 Cromatismo ............................................. 82 Cuidados especiais ................................ 30 D Dedo em alça .......................................... 95 Desdobramentos estéticos ................. 57 Digitação transponível .......................... 96 Digitações alternativas ........................ 95 Diminutos auxiliares ............................. 69 Diminutos de aproximação................... 69 Diminutos de passagem ........................ 69 Diminutos não preparatórios .............. 69 Dinâmica .................................................. 38 Direct box ..............................................106 Discografia ............................................109 Discos do Brasil ....................................109 Documentários ......................................134 Dominantes estendidos ........................ 99 Double stops ........................................... 95 E Editoras e gravadoras especializadas ............................................................. 113 Efeito redemoinho ................................ 88 Ementa ....................................................143 Empréstimo modal ................................. 84 Encordoamentos .................................... 36 Equilíbrio mental .................................... 39 Era da convergência .............................108 Escala alterada (menor e maior) ........ 76 Escala cromática.................................... 75 Escala de blues maior ........................... 76 Escala de tons inteiros......................... 75 Escala diminuta ...................................... 75 Escala diminuta dominante .................. 75 Escala maior natural ............................. 73 Escala menor bachiana ou híbrida...... 74 Escala menor harmônica....................... 74 Escala menor melódica ......................... 74 Escala menor natural ............................ 73 Escala pentatônica ................................ 76 Escala suspensa ..................................... 33 Escolas de choro................................... 141 Estrutura ................................................ 30 Estrutura do choro ............................... 53 Estudo por reflexão ............................. 38 Exercício profissional ......................... 116 Exercícios isométricos ......................... 39 Extensão.................................................. 35 F Fade out .................................................. 60 Feira do choro....................................... 114 Festivais ................................................. 110 Finalizações ............................................ 59 Finger style ............................................ 47 Flyer ........................................................ 104 Forma rondó ........................................... 54 Forma típica............................................ 54 Formas atípicas...................................... 55 Fórmulas de arpejos ............................. 44 Fórmulas de digitação .......................... 47 Fóruns ..................................................... 108 G Guitarra .................................................... 19 Guiterna.................................................... 19 H Harmonia funcional ............................... 65 Harmonia modal ...................................... 71 Harmônicos Naturais e artificiais ....................... 86 Harmonização em blocos...................... 89 História do choro .................................. 26 História do violão ................................... 19 I Improvisação .......................................... 72 Input list ................................................ 106 Instituto Moreira Salles .................... 138 © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 157 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × Institutos............................................... 113 Instrumento transpositor ................... 35 Intervalos ............................................... 62 Inversões ................................................ 64 Isometria ................................................ 39 O Oficinas de choro ................................. 118 Ouvido ...................................................... 38 P L Leis tonais ............................................... 66 Liberdade muscular............................... 39 Ligados ..................................................... 94 Linguagem ................................................ 48 Livros ......................................................130 Lixamento ................................................ 42 Lundu ........................................................ 57 Luteraria ................................................. 30 M Mapa de palco........................................106 Marcha harmônica modulante ............. 69 Maxixe ..................................................... 57 Mazurka ................................................... 57 Mecanismos técnicos de tocabilidade .............................................................. 44 Meia cadência ......................................... 68 Memória ................................................... 38 Mesa de som ..........................................106 Metodologia ...........................................146 Metrônomo .............................................. 43 Microfonação.........................................107 Microfone multifuncional ...................107 Modelos ................................................... 35 Monitor ...................................................106 Movimento contrário ............................ 82 Movimento direto ................................... 81 Movimento oblíquo................................. 82 Movimento paralelo ................................ 81 Movimento Violão ................................. 110 Música de Minas ...................................138 Música incidental ................................... 98 Música Minas ......................................... 113 Músicos do Brasil..................................138 Partitura .................................................. 49 Pedal tones ............................................. 83 Performance .......................................... 104 Pestana .................................................... 95 Pizzicato .................................................. 80 Pod casts ................................................ 135 Poemas .................................................... 135 Polca brasileira ...................................... 57 Polegar esquerdo ................................... 95 Poliacordes .............................................. 65 Polimento Unhas ................................................... 42 Postura..................................................... 39 Prêmios ................................................... 110 Preparação diminuta ............................. 69 Programa de intercâmbio e difusão cultural ............................................... 113 Programas radiofônicos ...................... 129 Projetos .................................................. 114 Proposta pedagógica ............................ 118 Propriedade intelectual ...................... 115 R Rasgueo ..................................................... 91 Redes sociais ......................................... 108 Reflexo condicionado ........................... 39 Regra 3:1 ................................................ 107 Relaxamento ........................................... 39 Release ................................................... 104 Repertório.............................................. 104 Revistas especializadas....................... 134 Rider........................................................ 106 Rodas de choro ..................................... 117 © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 158 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × S Salto ......................................................... 93 Samba-Choro .........................................138 Schottisch .............................................. 57 Setup .......................................................105 Sistema cromático temperado ........... 35 Sistema de P.A. .....................................106 Sistema diatônico de escalas ............. 73 Sistema natural (não temperado) ...... 36 Sistema simétrico de escalas ............. 75 Sites ........................................................ 110 Sites especializados ............................137 Sobreposição de oitavas ...................... 96 Softwares ..............................................108 Sonoridade dinâmica ............................. 43 Sovaco de cobra ...................................139 T Tabelas de cachês ................................ 116 Tablatura................................................. 49 Tango brasileiro ..................................... 57 Tapping .................................................... 94 Técnica híbrida ...................................... 47 Técnica XY .............................................107 Temperatura........................................... 34 Teoria das árvores harmônicas .......... 70 Teoria geral do choro ........................... 54 Tétrades ................................................. 63 Textos científicos Teses e dissertações .................. 125 Tom ............................................................ 61 Tonalidade ................................................ 61 Tons vizinhos .......................................... 66 Toque com apoio .................................... 43 Toque frontal ......................................... 43 Toque lateral .......................................... 43 Toque sem apoio .................................... 43 Treino do ouvido .................................... 38 Trêmulo ................................................... 90 Tríades .................................................... 63 Trinado .................................................... 87 U Umidade................................................... 34 Umidificador .......................................... 34 Unhas ........................................................ 41 V Valsa-choro ............................................. 57 Variações rítmicas ................................ 57 Velocidade............................................... 45 Vibratos ................................................... 38 Vicente Espinel ....................................... 19 Vihuela ...................................................... 19 Viola caipira ............................................ 20 Violão......................................................... 19 Violões de Minas .................................. 138 Violonistas-compositores .................... 53 X Xôlos/chôlos ........................................... 20 Z Zona morta ............................................. 33 © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br 159 ×O VIOLÃO E AS LINGUAGENS VIOLONÍSTICAS DO CHORO × Obra composta em fonte Comic Sans MS com capa em papelão 250g/m 2 , 4x0, laminação fosca, miolo impresso em papel Offset 75g/m 2 , 1x1, cadernos fresados e colados, A5, preto e branco. © CARLOS WALTER www.carloswalter.com.br
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