- MInsane

Transcrição

- MInsane
UM PALCO CHEIO DE LUZ
QUEM ESSA GAROTA AINDA VAI SER?
UM CORPO QUE NÃO CAI
AS RECEITAS DA BOA FORMA DA RAINHA
SOLTA O BATIDÃO, DEEJAY!
OS PRÓXIMOS PASSOS
O SURREALISMO MUSICAL DE MADONNA
O QUE ELA E SALVADOR DALÍ TÊM EM COMUM?
WHAT IT FEELS LIKE FOR FERNANDA?
CONVERSAMOS COM A FÃ MAIS POLÊMICA DO BRASIL
Words
A palavra da redação__04
Impressive Instant
Madonna deveria perder um pouco de peso?__06
Super Pop
A diva não pára; e o MInsane também não!__10
Something to Remember
O surrealismo musical de Madonna__12
Express Yourself
What it feels like for Fernanda?__18
Nobody Knows Me
Um palco cheio de luz__22
Spotlight
Solta o batidão, Deejay!__32
More
Madonna ofusca seus personagens no
cinema__36
Vogue
She gave good face__40
Expediente
Editor e Jornalista Responsável:
Rodrigo Ferrari (MTB 42139/SP)
Projeto Gráfico, Direção de Arte, Editoração Eletrônica e Arte
Final:
Christian Sousa - The Red ((design&web))
Colaboração Gráfica
Átila Oliveira e Henrique Eder
Colaboradores:
Jack Morais, Átila Oliveira e Paty Prudente
Créditos das fotos (em ordem albabética):
Alberto Tolot, Alek Keshishian, Brian Aris, Bruce Webber, Craig
Mc Dean, Dah Len, Dave Hogan, David La Chapelle, Deborah
Feingold, Fabrizio Ferri, Gary Heery, Guilles Bensimon, Helmut
Newton, Herb Ritts, Jean Baptiste Mondino, Koto Bolofo, Lorenzo
Agius, Luis Sanchis, Mario Testino, Patrick Demarchelier, Peggy
Sirota, Peter Lindbergh, Pierre & Gilles, Rankin, Regan Cameron,
Solve Sundsbo, Steven Klein, Steven Meisel, Tim Walker e Wayne
Maser
A revista Madonna by MInsane é uma publicação idealizada pelo Madonna Insane
Fan Club - MInsane. Todo conteúdo publicado é de responsabilidade do Madonna
Insane Fan Club. Todos os direitos reservados, sendo proibida a reprodução de
qualquer matéria sem autorização prévia.
MInsane
Coordenadora-Geral: Paty Prudente
Coordenador de Design e Criação: Christian Sousa
Orkut: Rafael Hohenfeld
Colunista: Átila Oliveira
Redação: Ricardo Cazelato
Equipe de Criação: Natália Vieira
Blog: Juninho Barim
Madrinha: Marina Person - MTV
(03)
Madonna by MInsane - A Fanzine do Madonna Insane Fan Club
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edição da revista Madonna
By Minsane é mesmo especial. No
mesmo ano em que Madonna completa 25 anos de
carreira e 50 de vida, o Minsane completa 13 anos de
existência. Na cultura judaica, é com essa idade que se atinge
a maioridade.
E foram anos de muito trabalho, de muito amor à Madonna e de muitas
conquistas também. No ano passado, fomos reconhecidos como o fãclube oficial da loira no Brasil.
Mais do que uma honra, isso é reconhecimento de nosso
profissionalismo e dedicação. E olha que esse trabalho é mais
complicado do que se imagina, e feito sempre com muito carinho.
Produzir então um especial em comemoração a esta data demandou
um grande trabalho de neurônios (e dedos, pois hoje é tudo no
computador!).
Falar de Madonna para quem não é fã é fácil. Reunir no mesmo espaço
uma legião com mais de 23 mil associados (alguns até de fora do Brasil)
e emitir opiniões, comentários e críticas, é colocar a cara a tapa e a
cabeça a prêmio. E esse é mesmo o nosso intuito.
Madonna não suporta mediocridade, como ela mesma já disse. Seria
mediocridade acreditar que um grupo tão heterogêneo tivesse a mesma
opinião sobre aspectos diversos da carreira da diva.
Talvez a maioria das pessoas não concorde com algumas (ou várias, ou
todas) as opiniões expressas nas páginas seguintes. E, a cada um que
quiser comentar, argumentar, enfim, expor seu ponto de vista, o canal
de comunicação está constantemente aberto, seja através do mailing
list, pelo fórum, ou através do contato da coordenação.
Pois, acima de tudo, lembramos que o
Minsane é feito pelos seus associados
e que seu maior objetivo não é
organizar eventos, dar notícias
fresquinhas ou
se aproveitar da artista para auto-promoção; é
fomentar e promover um debate contínuo
sobre a obra de Madonna e suas idéias.
Aproveitem a leitura!
(04)
Madonna by MInsane - A Fanzine do Madonna Insane Fan Club
(05)
Madonna by MInsane - A Fanzine do Madonna Insane Fan Club
(06)
Madonna by MInsane - A Fanzine do Madonna Insane Fan Club
UM CORPO QUE NÃO CAI
M adonna,
em uma apresentação na
casa de shows Koko Club,
em Londres, após realizar várias coreografias de
forma sublime, faz uma pausa para beber água. Ela
está mostrando as músicas do então recém-lançado
Confessions On A Dance Floor. Poucos meses antes, a
cantora havia caído de um cavalo e fraturado diversos
ossos. Depois de cantar, ironicamente, Let It Will Be,
Madonna se vira para a platéia e diz, “Desculpem... Eu
me sinto um pouco fora de forma hoje, ok? É que não
gosto muito de cair de cavalos”. O animal que Madonna
não conseguiu controlar jamais poderia imaginar que a
fera ferida tem uma capacidade de recuperação quase
sobrenatural.
Desde que Madonna surgiu e espantou o mundo com
suas apresentações cheias de danças sensuais, também
despertou as mais diversas opiniões sobre sua aparência.
Quase sempre, negativas. A garota que acabava
de conquistar o sucesso queria aproveitá-lo e isso
significava comer bem - e muito. Madonna não esconde
que passou muita dificuldade antes da fama e fotos da
época mostram isso. Mas criticar Madonna é literalmente
cutucar a onça, ou a leonina, com vara curta. Madonna
aprendeu rápido que, para ser a número um, tinha
que ser impecável em tudo, tanto na forma quanto no
conteúdo.
(07)
Madonna by MInsane - A Fanzine do Madonna Insane Fan Club
E a partir daí, criou para si mesma uma aura
de novidade. A cada álbum novo, a cada turnê,
lá vinha ela, sempre diferente. Ora loira, ora
morena. Madonna queria confundir seus críticos,
ao mesmo tempo em que desdenhava deles. E
desde o clipe de Papa Don’t Preach, no qual usou
uma roupa extremamente colante ao corpo, ela
nunca mais deixou de se dedicar à boa forma
física.
Pessoas que seguem esse estilo de vida - de
atleta - correm o risco de se tornarem escravas
dos exercícios físicos, o chamado “over training”.
Durante certo tempo, Madonna foi assim.
Extremamente tonificada e adepta ferrenha
de uma dieta macrobiótica, ela era somente
músculos. De 1986 a 1995, Madonna não saía da
academia e corria quilômetros. Depois, percebeu
que um corpo arredondado, ainda que forte, seria
o mais apropriado para uma mulher chegando
próximo aos 40 anos e prestes a ser mãe. A ioga
entrou em sua vida e acompanhou a fase de sua
primeira gestação, que lhe trouxe também desejos
de comer coisas que ela se proibia, como doces,
por exemplo.
Mesmo assim, Madonna continuou escolhendo
bem o que colocava no prato, e como seguia uma
rotina de exercícios há bastante tempo, garantiu
manter a beleza e energia por muitos anos. Ela
já não é tão rigorosa em relação à dieta; come
um pouco de peixe e aves. Mas não abre mão de
litros de água e outro fator que a faz ter controle
quase total sobre sua forma: ela varia bastante
os exercícios. Depois da musculação, da corrida
e da ioga, vieram a bicicleta e o pilates. Hoje, a
cantora segue as regras do “cross training”, ou
seja, mantém sua rotina de malhação alternando
as modalidades que pratica: ioga, pilates,
natação, musculação, bicicleta, corrida,
caratê e equitação.
Mas o tempo passa e tratamentos estéticos, no
caso de uma estrela, são mais que necessários.
Madonna não toca no assunto, mas basta
mostrar algumas fotos para especialistas que
eles são unânimes em afirmar: a cantora já fez
várias pequenas cirurgias plásticas. Nenhuma
extremamente radical, mas, desde 2001, Madonna
(08)
Madonna by MInsane - A Fanzine do Madonna Insane Fan Club
Madonna freqüenta clínicas ou recebe a visita
de cirurgiões estéticos em sua casa ou hotéis.
Além de usar os mais diversos tratamentos para
manter a jovialidade da pele, como aplicações
de laser, oxigenoterapia e cremes caríssimos, ela
muito provavelmente faz aplicações de botox e
usa da bioplastia - uma técnica menos agressiva
de cirurgia plástica - para manter a jovialidade
Masrosto.
o tempo
passa
e tratamentos
no caso
do
Essas
aplicações
quase estéticos,
não necessitam
de
uma
estrela,
são
mais
que
necessários.
Madonna
que o paciente fique internado, coisa que
não toca no
algumas
Madonna
já assunto,
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quebasta
odeiamostrar
fazer -ficar
em um
fotos
para
especialistas
que
eles
são
unânimes
em
hospital - e deixam marcas escuras ou amareladas
afirmar:
a
cantora
já
fez
várias
pequenas
cirurgias
na pele (que somem em poucos dias). A única
plásticas. Nenhuma extremamente radical, mas,
recomendação, além de descanso, é que não se
desde 2001, Madonna freqüenta clínicas ou recebe a
use maquiagem por cima da aplicação. Daí as
visita de cirurgiões estéticos em sua casa ou hotéis.
fotos que aparecem na mídia mostrando Madonna
com
Além alguns
de usar“machucados”.
os mais diversos tratamentos para
manter a jovialidade da pele, como aplicações de
Além
do corpo, da pele
do rosto
e pescoço,
laser, oxigenoterapia
e cremes
caríssimos,
ela muito
existem
as...
mãos!
Os
musculosos
braços
provavelmente faz aplicações de botox
e usa de
da
Madonna,
principalmente
suas
mãos, de
sofrem
bioplastia -euma
técnica menos
agressiva
cirurgia
muitas
Bem, aMadonna
fazdoexercícios
plástica críticas.
- para manter
jovialidade
rosto. Essas
físicos
há
mais
de
20
anos,
ela
tem
e
aplicações quase não necessitam que veias
o paciente
fique
músculos
atleta.
Em relação
às mãos,que
a diva
internado, de
coisa
que Madonna
já declarou
odeia
ainda
reluta
técnicas
não muito
bem
fazer -ficar
emem
umusar
hospital
- e deixam
marcas
escuras
comprovadas
e se
mantém
ou amareladasde
na rejuvenescimento
pele (que somem em
poucos
dias).
A única recomendação,
descanso,
é que
adepta
apenas de laseralém
parade
tirar
manchas
de não
se use maquiagem
por cima
da aplicação.
Daíela
as não
fotos
idade.
Quanto às muitas
veias
que possui,
que aparecem
na mídia
pode
fazer nada,
e nemmostrando
vai fazer.Madonna
Ah, sim, com
ela
alguns
faz:
usa“machucados”.
luvas, em algumas ocasiões, mas só se
combinam
com o figurino.
Além do corpo, da pele do rosto e pescoço, existem
as... mãos!reclamou,
Os musculosos
braços
de Madonna,
e
Madonna
há algum
tempo,
do
principalmente
suas
mãos,
sofrem
muitas
críticas.
preconceito por causa da idade. “Nossa sociedade
Bem,sofre
Madonna
fazpor
exercícios
físicos
há mais
de 20
não
apenas
causa do
racismo
e sexismo,
anos,também
ela tem veias
e músculos
de atleta.
Em relação
mas
sofremos
por causa
do edaísmo.
A
às mãos, a diva ainda reluta em usar técnicas não
partir do momento em que você tem uma certa
muito bem comprovadas de rejuvenescimento e se
idade, não lhe permitem que você seja ousada,
mantém adepta apenas de laser para tirar manchas
não aprovam que você queira ser atraente. O
de idade. Quanto às muitas veias que possui, ela não
que
é isso? É uma regra? Então o que você tem
pode fazer nada, e nem vai fazer. Ah, sim, ela faz:
que
fazer,em
depois
de atingir
certa
idade,
usa luvas,
algumas
ocasiões,
mas
só se apenas
combinam
morrer?”
Ela
é
humana
e
claro,
tem
o
direito
a
com o figurino.
envelhecer. A questão é como envelhecer. E nisso,
há bem.
algum tempo, do preconceito
Madonna reclamou,
se sai muito
por causa da idade. “Nossa sociedade não sofre
apenas por causa do racismo e sexismo, mas também
sofremos por causa do edaísmo. A partir do momento
Sempre criticam a cantora porque ela se sobressai
em diversos pontos quando se trata de manter
a beleza. Desde fotos em que aparece magra
demais ou boatos de que estaria aplicando
injeções de vitaminas em si mesma. Quanto
às fotos, ninguém consegue ser glamuroso em
tempo integral. Quanto aos boatos, eles se
desmentem quando vemos Madonna cada vez
mais bela, seja em uma festa ou apresentação.
Ela não enveredou pelo caminho
da auto-deformação, como
Michael Jackson. Ela
não se transformou
numa montanha de
músculos. Madonna
hoje mantém
o mesmo corpinho de
quando tinha 27 anos, época
em que começou a malhar.
Já tarde, como viria a reclamar.
Deve ser por isso que a idade, para ela,
também vai chegar bem atrasada. Como a diva
nunca pára, feito cavalo indomável, deve ser
difícil alcançá-la.
(09)
Madonna by MInsane - A Fanzine do Madonna Insane Fan Club
A DIVA NÃO PÁRA; E O
MINSANE TAMBÉM NÃO!
O universo
Madonna
é imensurável. Que fã pode afirmar com toda a
certeza conhecer todas as fotos, os números de
vendagens de cada single, o número de figurinos
de cada turnê ou, mais complicado ainda, as
músicas não-lançadas e b-sides da carreira da
loira?
Felizmente estamos na era da informação e
todas essas informações estão a poucos cliques
de distância, embora esse conteúdo online seja
muito disperso e muitas vezes pouco confiável.
O MInsane mantém um trabalho de reunir e
organizar constantemente todo esse material
e torná-lo disponível a associados e todos
os internautas amantes da cantora. Com a
colaboração da coordenação e de todos os
associados, a galeria de imagens do MInsane já
atingiu a inigualável marca de 20.000 fotos, entre
ensaios oficiais, fotos artísticas e de bastidores,
catálogos e até os ora amados e ora odiados
flagras dos paparazzi.
A coordenação está sempre trabalhando
para trazer diferenciais cada vez
melhores e, por isso, já tratou de
desenvolver uma galeria de vídeos
que contará com todos os clipes
oficiais, remixes, entrevistas e
performances ao vivo,
entre outros itens.
(10)
Madonna by MInsane - A Fanzine do Madonna Insane Fan Club
Entre os outros preparativos para oferecer mais
ainda aos associados, foi desenvolvido o projeto
25 by MInsane, cujo ponto de partida foi o
hotsite temático em comemoração a todos os
anos de carreira da musa e uma série de suvenires
para celebrar a data. São itens que podem
ser baixados, como marcadores de página, ou
adquiridos pelo MInsane Shopping, como pôsteres
e camisetas. Todos os artigos foram criados com
design exclusivo para o MInsane.
Acesse:
-
25 by MInsane
25 by MInsane Collection
Manifesto MInsane
MInsane Videos Gallery
Blogs Gallery
MInsane Shop
Por falar em design, você, leitor, já reparou
que o logotipo do MInsane nestas páginas e
na homepage está diferente? Este é a nova
identidade visual do fã-clube.
E como toda comemoração tem sempre que ter
um presente, a coordenação criou uma promoção
cultural para entregar uma série de 11 CDs com
remixes de canções de todas as fases da Madonna.
Para participar, é só abusar da criatividade e
responder “O que você diria a Madonna por seus
25 anos de carreira?” no e-mail
[email protected], até até o dia 29
de abril.
Além disso, um novo hotsite foi desenvolvido
como um verdadeiro manifesto para trazer
Madonna ao Brasil na próxima turnê. E tem mais,
o MInsane acaba de lançar um espaço para os
‘blogueiros’ do mundo todo. Se você tem um blog
sobre Madonna, faça parte da nossa galeria.
Sugestões são sempre bem-vindas.
Fiquem atentos, pois ao longo do ano mais
novidades serão anunciadas!
(11)
Madonna by MInsane - A Fanzine do Madonna Insane Fan Club
O SURREALISMO MUSICAL
DE MADONNA
H á 10 anos,
em 1998,
Madonna
lançava o seu álbum mais surreal. Depois de
vários anos sem lançar um disco de músicas
totalmente inéditas, a diva nos traz uma
obra-prima musical. Na primeira vez em que
ouvi Ray of Light, senti como se estivesse
adentrando nas pinturas surrealistas do grande
mestre Dalí.
Cheio de sons, ritmos, detalhes, formas, tudo
reunido harmonicamente e interpretado por
uma voz mais doce, forte e afinada. Ouso
afirmar que cada música de Ray of Light é a
interpretação musical de pinturas de Salvador
Dalí, o representante máximo do surrealismo.
Ouso ainda mais pedir aos caros leitores
que peguem seu cd Ray of Light para ouvir
enquanto lêem este artigo e comprovar o que
escreverei a seguir.
(12)
Madonna by MInsane - A Fanzine do Madonna Insane Fan Club
(13)
Madonna by MInsane - A Fanzine do Madonna Insane Fan Club
A Metamorfose de Narcisoi abre a viagem musical de Madonna. Logo na
primeira canção (Drowned World/Substitute For Love), Madonna declara
que não é mais a mesma. Ela olhou-se nas águas límpidas
do lago e decidiu que era hora de se reinventar (mais uma
vez), de ‘metamorfosear-se’ – “and now I find I’ve changed
my mind”ii. E convida a todos os seus fãs e admiradores
a viajar com ela. Mas, para seguir nesta viagem, têm que
se transformar também, e ir ao fundo do oceano para lavar
sua alma – “gonna swim to the ocean floor. So that we can
begin again. Wash away all our sins”iii - e ir em busca dos seus
desejos. Como o Homem de Compleição Enferma Escutando
o Barulho do Mariv, desejando sair da sua forma petrificada e
alcançar o mar, o fundo do mar e, assim, a luz.
A luz que ilumina e nos faz deixar a loucura do dia-a-dia para
trás e, à nossa frente, apenas o horizonte iluminado, como o d’A
Mesa Solarv. Onde o universo inteiro se resume nesse horizonte
de paz, de tranqüilidade, que faz-nos sentir como se estivesse em
casa – “and I feel like I just got home”vi. Chegar em casa, longe
de todas as insanidades do mundo e lhe encontrar, ver seu corpo
nu e admirá-lo e te imaginar Nua Sobre um Chão de Rosasvii – “moist
warm desire. Fly to me”viii. Chegar em casa e poder admirar o seu
semblante forte, sua sensualidade, sentir o doce perfume que exala do
seu corpo, de suas costas nuas e, assim, poder viajar na sua pele, no
seu sexo.
E Madonna vai mais longe. A cada faixa, ela penetra cada vez mais
fundo no íntimo humano. Ela quer mais, quer tocar sua pele, beijála, tocá-la. Torná-lo O Grande Masturbadorix de seus sentimentos.
Ela quer que você queira mais, sempre mais – “why do you leave
me wanting more?”x – e se conheça tão profundamente que
possa chegar ao que realmente importa. E na busca pelas ruínas
antropomórficas, Gradivaxi/Madonna encontra muito mais.
Ela encontra o mais importante dos sentimentos, aquele capaz
de transformar o passado e acabar com a escuridão em nossos
corações: o amor. Na sua busca incessante,
finalmente, ela encontra o que de fato é
necessário: amor – “love is all we needxii”. E
ao encontrar o amor, ela encontra o paraíso,
pois foi o que o sábio disse e ela segue o
sábio e quer que também o sigamos,
quer que levantemos vôo, assim
como ela
(14)
Madonna by MInsane - A Fanzine do Madonna Insane Fan Club
levantou e, Um Segundo Antes de Despertarxiii,
deixou os julgamentos para trás e seguiu em
frente, observando e aprendendo – “watching the
signs as I go”xiv.
E ela foi longe para aprender, voltou anos e anos
até chegar às Reminiscências Arqueológicasxv das
línguas mais antigas. Ela descobriu o sânscrito
e sobre ele, meditou. “Vande”xvi. E Madonna
avisa aos ‘desantenados’: saia o mais rápido
possível deste Sonoxvii letárgico e deixe o amor lhe
encontrar também. Se você sustenta suas crenças
no que apenas você vê – “You´re so consumed
with how much you get. You waste your time with
hate and regret”xviii - está na hora de acordar,
de esquentar seu coração, deixar a dor morrer e
aprender a dizer adeus.
A viagem musical está quase no fim e é preciso
dar adeus às Memóriasxix que persistem em
enfraquecer e fechar seu coração. Então, diga
adeus ao passado e dê espaço ao que está por
vir – “freedom comes when you learn to let go”xx.
Às vezes, o que se procura está diante dos olhos,
mas a chance não é dada e o objeto de desejo
torna-se Invisívelxxi. Às vezes, o que precisamos é
muito simples. E Madonnaxxii a encontrou em uma
pequena estrela – “my life, my soul”xxiii, em uma
estrela dentro dela mesma. E nela, encontrou a si
mesma, encontrou a verdadeira Madonna.
E valeu a pena fazer toda esta viagem, ir ao céu
e ao fundo do oceano. Ir à floresta, ao cemitério,
fugir do trânsito e do silêncio e ainda assim,
continuar correndo, pois a viagem nunca termina.
É sempre um Jogoxxiv cheio de peças e obstáculos
a serem vencidos. Sempre temos mais a aprender
e Ray of Light é assim, um álbum que sempre tem
mais a entender.
Ray of Light é uma viagem sem fim. Surreal e sem
fim. “I tasted the rain, I tasted my tears. I cursed
the angels, I tasted my fears and the ground gave
way beneath my feet and the earth to me in her
arms”xxv.
Christian Sousa é coordenador de design e criação
do Minsane
Ray of Light é o sétimo álbum de Madonna e foi lançado no
começo de 1998. O principal produtor do disco foi William
Orbit, acompanhado por Patrick Leonard, antigo colaborador
de Madonna. O álbum revolucionário foi muito bem recebido
pela crítica mundial e tornou-se um dos sucessos comerciais
mais importantes de sua carreira. Ray of Light é uma
mensagem de Paz.
O álbum vendeu 16 milhões de cópias ao redor do mundo. E,
segundo a Billboard, foi o segundo álbum mais vendido em
1998.
Frozen foi o primeiro single lançado e tornou-se o oitavo de
Madonna a alcançar o número 1 na lista de singles do Reino
Unido e o segundo na Billboard.
Depois, veio Ray of Light. A música foi baseada no tema de
1971: Sepheryn, da dupla Curtis & Muldoon. Já na década
de 90, Orbit e Christine Leach conheceram a música e
a gravaram e foi assim que Madonna descobriu a letra e
adorou. Fez algumas alterações na letra e a gravou para
o álbum. E todos eles – Curtis, Muldoon, Orbit, Christine e
Madonna aparecem no encarte como autores da música.
Então, depois do estrondoso sucesso da faixa Ray of Light,
veio Drowned World/Substitute for Love. Seguido do single
de The Power of Goodbye. Alcançou o 11º lugar na lista da
Billboard.
Nothing Really Matters foi o último single lançado, mas que
não teve grande sucesso na lista da Billboard, apesar de ser
uma das melhores faixas do álbum.
O álbum foi extremamente bem recebido pela crítica e foi
um marco na carreira musical de Madonna. Recebeu vários
prêmios, incluindo o Grammy de 1999, no qual o álbum
recebeu seis indicações e ganhou em quatro categorias:
Melhor Álbum Pop, Melhor Vídeo Single (Ray of Light), Melhor
Single Dance Gravado (Ray Of Light) e Melhor Encarte. Ray
of Light ganhou ainda prêmios no MTV Video Music Awards,
levando seis estatuetas (Vídeo do Ano - Ray Of Light, Melhor
Vídeo Feminino - Ray Of Light, Melhor Direção - Ray Of Light,
Melhor Edição de Vídeo - Ray Of Light, Melhor Coreografia
- Ray Of Light e Melhor Efeito Especial – Frozen) e outros
prêmios internacionais na Dinamarca, Hungria, Polônia, no
MTV Europe Music Awards e no Canadá.
No Brasil, Ray of Light recebeu duas certificações. A
primeira, em 1999, Disco de Ouro com 100 mil cópias
vendidas e depois, em 2005, disco de Platina, com 125 mil
cópias vendidas. E nos EUA recebeu 4x platina.
A música Has To Be foi incluída na versão japonesa do álbum,
que tem 14 faixas. No resto do mundo, Madonna fez questão
de deixá-lo com 13 músicas - número de sorte.
(15)
Madonna by MInsane - A Fanzine do Madonna Insane Fan Club
i
ix
iv
xix
xv
vii
xvii
Obra de Salvador Dalí - A Metamorfose de Narciso.
1937, óleo sobre tela. Londres: Tate Gallery.
ii
‘e agora, eu encontrei, eu mudei minha mente’ –
Drowned World/Substitute for Love. Álbum Ray of
Light, 1998.
iii
‘vamos nadar até o fundo do oceano. Então,
poderemos começar de novo. Lavar todos os nossos
pecados’ – Swin. Álbum Ray of Light, 1998.
iv
Obra de Salvador Dalí - Homem de Compleição
Enferma Escutando o Barulho do Mar. 1929, óleo sobre
painel. Rio de Janeiro: Museu Castro Maya.
v
Obra de Salvador Dalí - A Mesa Solar. 1936, óleo sobre
painel. Roterdã: Museu Boymans-Van Beuningen.
vi
‘e eu me sinto como se estivesse em casa’ – Ray of
Light. Álbum Ray of Light, 1998.
vii
Obra de Salvador Dalí – Nua Sobre o Chão de Rosas.
1942, óleo sobre tela. Yokohama, Yokohama Museum of
Art.
viii
‘úmido e quente desejo. Voe até mim’ – Candy
Perfume Girl. Álbum Ray of Light, 1998.
ix
Obra de Salvador Dalí – O Grande Masturbador. 1929,
óleo sobre tela. Madri: Museu Nacional Reina Sofia.
x
‘por que você me deixou querendo mais?’ – Skin.
Álbum Ray of Light, 1998.
xi
Obra de Salvador Dalí – Gradiva Encontra as Ruínas
Antropomórficas. 1931, óleo sobre tela. Madri: Museu
Thyssen-Bornemisza.
xii
‘amor é tudo que precisamos’ – Nothing Really
Matters. Álbum Ray of Light, 1998.
xiii
Obra de Salvador Dalí – Sonho Causado pelo Vôo
de uma Abelha em Redor de uma Romã, um Segundo
Antes de Despertar. 1944, óleo sobre tela. Madri:
Museu Thyssen-Bornemisza.
xiv
‘observando os sinais enquanto sigo em frente’ – Sky
Fits Heaven. Álbum Ray of Light, 1998.
xv
Obra de Salvador Dalí – Reminiscência Arqueológica
d’O Ângelus de Millet. 1933, óleo sobre painel. São
Petersburgo (Flórida): Museu Salvador Dalí.
xvi
‘paz’ – Shanti/Ashtangi. Álbum Ray of Light, 1998.
xvii
Obra de Salvador Dalí – O Sono. 1937, óleo sobre
tela. Sussex: Coleção Edward James.
xviii
‘Você está consumido com o quanto você pode ter.
Você perde seu tempo com ódio e arrependimento’ –
Frozen. Álbum Ray of Light, 1998.
xix
Obra de Salvador Dalí – A Persistência da Memória
ou Relógios Moles. 1931, óleo sobre tela. Nova Iorque:
Museu de Arte Moderna.
xx
‘liberdade vem quando você aprende a deixar ir’ –
The Power of Good-Bye. Álbum Ray of Light, 1998.
xxi
Obra de Salvador Dalí – O Homem Invisível.
1929-1933, óleo sobre tela. Madri: Museu Nacional
Reina Sofia.
xxii
Obra de Salvador Dalí – Madonna de Port Lligat.
1949, óleo sobre tela. Milwaukee: Coleção Marquette.
xxiii
‘minha vida, minha alma’ – Little Star. Álbum Ray of
Light, 1998.
xiv
Obra de Salvador Dalí – O Jogo Lúgubre. 1929, óleo e
colagem sobre cartão. Coleção Particular.
xv
‘Eu provei a chuva, eu provei minhas lágrimas. Eu
amaldiçoei os anjos, eu provei meus medos E o solo
cedeu embaixo dos meus pés E a terra me carregou em
seus braços’ – Mer Girl. Álbum Ray of Light, 1998.
i
(16)
Madonna by MInsane - A Fanzine do Madonna Insane Fan Club
xxi
xx
xiv
xi
v
xiii
WWW.THERED.COM.BR
WHAT IT FEELS LIKE FOR
FERNANDA?
I nfluência
é palavra
chave
quando se fala em Madonna. Toda sua obra é
permeada por referências não só da música,
mas de todo o mundo da arte. Natural, então,
que ela própria seja uma verdadeira biblioteca
de alusões e, conseqüentemente, inspiração
para as mais diversas artistas.
Entre as famosas que já se declararam fãs de Madonna
estão cantoras de várias idades que seguem correndo atrás
dos calcanhares da musa. O exemplo mais óbvio é Britney
Spears, a fã/imitadora que conseguiu beijar a loura em rede
mundial e teve a carreira e vida pessoal totalmente bagunçadas
depois do feito
No Brasil, a lista é extensa. Daniela Mercury, Adriana Calcanhoto,
Claudia Leite, Ana Carolina, Wanessa Camargo, Renato Russo e Ivete
Sangalo foram alguns dos famosos que interpretaram canções da diva nos
palcos ou se inspiraram na identidade visual ‘madônnica’ para nortear
seus próprios álbuns. Nada mais natural que essas artistas se inspirem na
mulher mais bem sucedida do mundo da música.
Como buscamos sempre alternativas não convencionais e longe do lugar
comum, convidamos uma personalidade fora do meio musical para
nos brindar com suas opiniões sobre Madonna. E a escolha foi uma
celebridade que nem gosta muito de ser classificada assim para esta
edição.
Ela faz declarações controversas, tem uma dedicação à arte sem fim,
um espírito livre de preconceitos e um jeito de expor suas opiniões com
um certo deboche que demonstra personalidade forte e desapego ao
politicamente correto. Quem isso lembra? Ganha uma garrafa de água
da Cabala quem arriscar Madonna, mas estamos falando de Fernanda
Young.
Tão multimídia quando Madonna (Fernanda é escritora, apresentadora,
atriz, roteirista e fã assumida), ela faz questão de uma coisa: sempre citar
em seus livros a cantora, também homenageada no batismo de uma de
suas filhas, Cecília Madonna. Uma de suas muitas tatuagens é o refrão de
What it feels like for a girl.
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Madonna by MInsane - A Fanzine do Madonna Insane Fan Club
Fernanda carrega em seu âmago a essência de quem acompanha e
compreende as lições de Madonna. A obra da escritora segue a cartilha do
ídolo: boa parte de sua exposição na mídia é devido à sua personalidade
peculiar, sua obsessão com cultura pop, seu visual único e sua opinião
forte e afirmações inesperadas.
Mais conhecida pelo grande público pelo grande sucesso Os Normais, da
Rede Globo, e por apresentar programas como Saia Justa e, atualmente, o
talk-show Irritando Fernanda Young, Fernanda já escreveu oito livros entre
romances e poesia. Seu tempo é dividido entre família (é casada com o escritor
Alexandre Machado, tem duas filhas e dois gatos), trabalho, malhação,
jogging, balé clássico e tem como hobby a fotografia, especialmente
auto-retratos. O mais recente trabalho de Fernanda no cinema foi a
comédia de humor negro Muito Gelo e Dois Dedos D’Água, dirigida
por Daniel Filho. Em junho deste ano, estreará no teatro a
adaptação de seu primeiro romance, Vergonha dos Pés.
Como colunista da revista Claudia, Fernanda ‘endereçou’
uma de suas ‘cartas’ à Madonna. Além de declarar seu
fanatismo e listar as canções que mais mexeram com sua
vida, a escritora criticou, sarcasticamente, a suposta
‘britanização’ da artista. Em entrevista à Madonna By
MInsane, Fernanda fala sobre ser fã, as inspirações de
Madonna em sua vida e o assédio da mídia.
Madonna By MInsane - Quando e como foi que você se
tornou fã?
Fernanda Young - Quando a vi pela primeira vez, eu
tinha 13 para 14 anos. Fiquei muito impressionada. Like a
Virgem me deu uma estranha consciência de que ser virgem
era algo muito erótico. Cheguei a me vestir como ela, nessa
época, mas, como me identificava com o movimento punk, acabei me
distanciando. Com 19, 20 anos, assumi que era fã. Aos 23, assisti o show
dela, no Rio. E serei sua fiel observadora para sempre.
MBM - Você tem alguma fase ou álbum favorito? Qual?
FY - Gosto muito de Bedtime Stories. Mas acho que em Ray of
Light ela estava mais linda do que nunca.
A obra de Fernanda Young
Livros
1996 - Vergonha dos Pés - Ed. Ediouro - RJ
1997 - A Sombra das Vossas Asas - Ed. Objetiva
1998 - Cartas para Alguém Bem Perto - Ed. Objetiva
2000 - As Pessoas dos Livros - Ed. Objetiva
2001 - O Efeito Urano - Ed. Objetiva
2004 - Aritmética - Ed. Ediouro - RJ
2005 - Dores do Amor Romântico (poesias) - Ediouro - RJ
2007 - Tudo que Você Não Soube - Ediouro - RJ
Televisão
Como atriz e apresentadora
1989 - Yaya Garcia – mini-série
1991 - O dono do mundo - Jurema (atriz)
2002 a 2003 - Saia Justa (apresentadora)
2006 a 2008 (em abril entra no ar a quinta temporada)- Irritando Fernanda Young
(apresentadora)
Como roteirista
1995 - A comédia da vida privada
2001 a 2003 - Os normais (seriado)
2004 – Os Aspones (seriado)
2005 - Supersincero (quadro do Fantástico)
2006 - Minha nada mole vida (seriado)
2007 - O Sistema (seriado)
MBM - Que ensinamentos da Madonna você utiliza no
seu trabalho ou na vida?
FY - Liberdade. Ela me ensinou a ter coragem, a não
aceitar o “second best”. Também aprendi a ser
disciplinada. Comecei a fazer exercícios físicos
por causa dela.
MBM - Que face você mais admira - a cantora ou
a personalidade política da diva em relação a
qualquer tema?
FY - Acho Madonna a personalidade mais
genial do século passado e, por enquanto,
do atual. Ela tem uma força de comunicação
única, e a usa para instigar a liberdade. Tudo
nela me interessa.
Cinema
Como roteirista
2002 - Bossa Nova
2003 - Os Normais - O Filme
2004 - Muito Gelo e Dois Dedos D’Água
Teatro
2008 (estréia em junho) – Vergonha dos Pés (adaptação do seu primeiro romance)
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Madonna by MInsane - A Fanzine do Madonna Insane Fan Club
MBM - Como é ser fã de uma artista que canta
numa língua estrangeira?
FY – É indiferente. Somos um país acostumado ao
inglês. Isso não me constrange, nem me dificulta
em nada.
MBM - Você já passou por algum tipo de
preconceito por ser uma fã tão declarada?
FY - Muito preconceito. Pensam que sou uma fã
histérica, uma ignorante, uma sem noção. Não
ligo. Os cães ladram e a caravana da Madonna
continua passando.
MBM - Como foi batizar sua filha com o nome da
diva? Seu marido concordou ou houve discussão?
FY - Não houve discussão. Alexandre (Machado,
marido de Fernanda) compreende o valor de
Madonna e a minha filha adora.
MBM - Por que você cita Madonna em todos os seus
livros?
FY - Porque creio que me dá sorte.
MBM - Na sua opinião, porque alguns críticos
torcem o nariz para Madonna, sendo que ela é a
mulher mais bem-sucedida da história da música?
FY - Burrice e/ou inveja.
MBM - Madonna já teve alguma atitude que tenha
chocado você? Qual?
FY - Chocado não. Mas não aprecio o tal hábito
inglês da caça. E acho esse papo de Cabala meio
chato.
MBM - Existe algo que você não goste - ou não
concorde - no trabalho de Madonna? O que seria?
FY - Adoro tudo. Mas assumo que de fato ela não é
uma boa atriz. Entretanto, torço para que ela faça
muitos filmes.
MBM - O que você imagina que Madonna
responderia à sua carta endereçada a ela?
FY - Não imagino que ela responderia cartas de
desconhecidos, e compreendo isso. Foi um abuso
de minha parte dar palpites na vida dela.
MBM - O que você diria se estivesse cara a cara
com ela?
FY - Thank you.
MBM - Como você avalia a evolução da Material
Girl à pessoa espiritualizada que ela é hoje?
FY - Acho todo o percurso pertinente. O exercício
do espírito não prejudicou o seu trabalho, ao
contrário.
MBM - Como é para você ver que Madonna
escolheu para casar um homem que a trata como
uma mulher comum?
FY - Acho inteligente. É horrível conviver com
pessoas que nos vêem como um ídolo. Ser ídolo é
um saco.
MBM - Você acha que alguém conseguirá tomar o
posto da Madonna? Quem?
FY - Não.
MBM - A vida pessoal de Madonna, na sua opinião,
é marketing ou não? Como por exemplo adotar um
garoto órfão do Malauí - ela fez isso para aparecer
ou porquê queria mais um filho?
FY - Não acho que seja marketing. Ela é muito
inteligente, saberia escolher outra investida para
chamar atenção. Ela é uma boa mãe, e sabe que
educar não é uma coisa fácil.
MBM - O que você acha da mídia que invade
a privacidade das celebridades em busca de
notícias (tendo como base também a sua própria
experiência)?
FY - Uma grosseria alimentada pela natureza
perversa do ser humano.
MBM - Você arrisca alguma previsão sobre os
próximos passos de Madonna?
FY - Surpreender-nos.
MBM - Você gostaria de deixar algumas mensagem
para os fãs de Madonna? Qual?
FY - Sejam livres como a nossa musa.
(21)
Madonna by MInsane - A Fanzine do Madonna Insane Fan Club
UM PALCO CHEIO DE LUZ
C hegar aos
Paralelo a isso, a loira foi se especializando em
desenvolver uma linha de comunicação que se
aproveitava da mídia para catapultar sua imagem
e de quebra levar as vendas de discos e ingressos
de shows a recordes.
50 anos é
uma idade
significativa para qualquer mulher. Atingir a
maturidade conciliando as tarefas como mãe
e esposa, tempo para manter-se em forma e
ainda conduzir uma carreira bem-sucedida não
é fácil. Some-se a isso um desejo de evoluir
espiritualmente e fazer o mundo inteiro parar
para pensar além do próprio umbigo. Entendeu
por que ninguém supera Madonna?
Nesse ano, a loira completa 25 anos de carreira e
meio século de vida com uma trajetória sem igual
nos campos da arte. Foi no longínquo 1983 que a
então desconhecida Madonna lançou seu primeiro
hit Everybody, cujo single não apresentava foto
da cantora, pois a idéia era confundir o público e
fazer acreditar que se tratava de uma nova negra
na música.
Nos anos seguintes, ironicamente, foi o uso
preciso da imagem que levou Madonna ao topo
e a consagrou como a mulher mais poderosa da
música.
Numa época em que ainda não se sabia como
trabalhar a linguagem do videoclipe, os artistas
da época expandiam a técnica de simplesmente
gravar os cantores dublando as
canções e Madonna foi um dos
expoentes a criar uma nova
forma e dar o tratamento
de curta-metragem aos
clipes.
Dona de um QI muito acima da média e de um
tino para os negócios que já a tornaram exemplo
de empresária, Madonna sempre soube como
conduzir sua arte de forma a agradar um público
heterogêneo suficiente para não se apoiar num
único gênero. Se por um lado sua música sempre
teve o apelo do pop, suas canções mesclaram
influências de muitos outros movimentos. Ela
foi capaz de se antecipar às tendências e ter a
percepção para o que estaria na moda antes da
moda chegar. Ou melhor, foi capaz de se apropriar
das tendências para que todos ainda pensassem
que ela é quem as havia criado.
Quantas pessoas do grande público sabem que
os passinhos de Vogue foram ‘emprestados’ dos
clubes noturnos gays de Nova Iorque ou que Ray
Of Light é uma regravação da canção Sepheryn,
dos anos 70?
Seja na cena underground, na alternativa, na
intelectual, no mundo pop ou no fashion, Madonna
transita entre todos eles se fazendo presente
e parte de cada um. Assim, temos sua versão
cult, dançante, romântica, engajada, ambiciosa,
maternal e tantas outras que só o tempo dirá.
E essa percepção aguçada é um casamento
perfeito entre talento e outro elemento mais
importante: conhecimento. Não é à toa que ela
consegue identificar o que as pessoas vão
querer ouvir em seguida. O maior
investimento que Madonna fez
quando começou a ganhar dinheiro
foi justamente em cultura. E é
essa bagagem cultural que a
diferencia. Oras tomando como
inspiração pérolas do cinema
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Madonna by MInsane - A Fanzine do Madonna Insane Fan Club
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Madonna by MInsane - A Fanzine do Madonna Insane Fan Club
mudo alemão da década de 20, oras em trabalhos
de artistas pop e até mesmo em figuras históricas,
sempre há mais no trabalho dela do que se vê na
superfície. Para entender o trabalho de Madonna
em toda sua complexidade, é preciso ir mais além
e estudar.
Ou simplesmente curtir a música, pois ela sabia
que, se fizesse um trabalho 100% ‘cabeça’ não
atingiria o grande público. Nos seus shows mais
recentes, não foi a tecnologia que permitiu
mover os telões por todo o palco que criaram a
atmosfera certa e surpreenderam a todos; foram
as imagens mostradas neles.
No filme Party Monster, baseado na história real
do produtor de festas dos anos 80 Michael Alig,
há uma cena na qual o protagonista recebe as
dicas de como ser um bom DJ. Uma das regras
mais valiosas é: “Madonna sempre funciona”. O
original, em inglês, “Madonna always works”,
pode também ser entendido como “Madonna
sempre trabalha”. E a frase é enigmática, pois
se há uma coisa que pode ser dita da musa sem
medo de errar é que ela é workaholic ao extremo.
A diferença entre ela e as outras tantas cantoras
‘one hit singers’ (artistas que lançam uma única
música de sucesso e caem no esquecimento)
do período foi o tino comercial. Assim
que tomou as rédeas da carreira e
dispensou seu empresário, a loira
fez a diferença. Desde a fase True
Blue que se diz que ela não é a
mesma.
Ainda bem! Ela sabia que não
podia continuar cantando apenas
para adolescentes e se enchendo
de penduricalhos,
ou estaria fadada ao
esquecimento em breve.
E a partir dessa primeira
troca de personagens
é que houve a grande
diferença em sua
maneira de se relacionar
com os fãs, com a mídia e com o
mercado.
A atriz mais indicada ao Framboesa de Ouro
(sátira do Oscar, que escolhe os piores do mundo
do cinema) é também a maior especialista na
criação de personagens do mundo da música. E
foram esses tantos personagens, essa reinvenção
constante, que a mantiveram no topo. Em todos
esses anos houve muitas Madonnas, todas com a
essência da Diva, mas tão diferentes em forma
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Madonna by MInsane - A Fanzine do Madonna Insane Fan Club
que foram capazes de sempre surpreender mesmo
os fãs que a acompanham com maior assiduidade.
Cortes (e cores) de cabelo, figurino, piercings
falsos, tatuagens de henna, foram só embalagens
para as muitas mensagens que ela quis espalhar
pelo mundo. A grande sacada foi conseguir
imprimir o tom político à sua arte sem deixar
contanto que isso atrapalhasse o apelo comercial,
o que contribui justamente para que mais pessoas
possam ouvi-lo.
Ciente do poder dos fãs, Madonna conseguiu
arrebanhar pessoas das mais diferentes culturas
e seguir a máxima de dar ao público o que ele
quer, ainda que tivesse de mostrar a
ele o que é. O mais incrível foi ter
aprendido a fazer isso sem abrir mão
de seu próprio gosto. Pois se tem algo
que ela não faz é abaixar a cabeça e
fazer o que a gravadora manda.
Essa ousadia tem um preço e poderia
ter prejudicado a carreira da diva,
mas, de alguma forma, ela sempre
conseguiu sair de cada situação mais
fortalecida do que entrou.
A já proclamada ‘rainha dos
escândalos’ coordenou para que
cada uma dessas circunstâncias
fosse uma instalação de arte. O
fato é que, tirando a conturbada
fase do casamento com o ator Sean
Penn, todos os ditos escândalos de
Madonna foram dentro dos limites
da arte. A loira nunca foi presa por
dirigir embriagada, ou fazer sexo em
público, e não há um registro sequer
dos boatos de que recrutava garotos
de programa dos bairros latinos. Não. Cada
escândalo foi pensado para, de alguma forma,
contribuir com sua arte. Tanto que nenhum
deles foi escondido.
E o mais lembrado é, sem dúvida, a relação da
estrela com o sexo, desde o início da carreira.
Depois de videoclipes altamente sensuais para os
padrões dos anos 80, ela ainda teve a coragem
de expor tudo o que os norte-americanos fazem
e sonham em fazer em um livro de fotografias
eróticas e videoclipes com suas fantasias mais
secretas. Em 2003, o beijo a três, dado em Britney
Spears e Cristina Aguilera, foi transmitido para
que o mundo todo visse.
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Madonna by MInsane - A Fanzine do Madonna Insane Fan Club
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Madonna by MInsane - A Fanzine do Madonna Insane Fan Club
Curioso é saber que sua vida pessoal é uma das
mais reservadas. Mais intrigante ainda é saber
que a pessoa que herdou de Lady Di o título de
celebridade feminina mais fotografada no mundo
preza sua privacidade. E mais do que isso, a
mulher que enfiou o dedo na ferida e dividiu com
o mundo suas fantasias sexuais mais íntimas é, no
fundo, careta. Não come carne, não fuma, não usa
drogas e faz dietas especiais o tempo todo. Além
disso, é uma mãe nos moldes antigos que não quer
criar ‘pestinhas’ e, mesmo tendo dinheiro para
mimar sua cria como ninguém mais, impõe limites
na educação dos três.
Usar aspectos que teoricamente pertencem à
sua vida pessoal como marketing foi uma das
estratégias mais arriscadas e sem exemplos à
altura da estrela. As agruras íntimas de cada
celebridade em qualquer parte do mundo sempre
foram sua ruína. Os chamados ‘furos’ da imprensa
sensacionalista (seja cobrindo astros em ascensão
ou já na decadência) costumam muito mais
afundar as carreiras do que projetá-las para o
topo. Por isso Madonna procurou dosar o que seria
divulgado. Suas ‘pitadas de intimidade’ foram um
prato cheio para a mídia e os fãs.
Seria coincidência ou sorte apenas? Bem, se isso
não foi planejado, Madonna é uma das mulheres
de maior sorte no planeta. Para quem não
acredita no tino da loira para os negócios, fica o
questionamento: será que acasos são capazes de
manter uma pessoa no topo por tanto tempo?
É claro que este resultado foi fruto de um
planejamento oras minucioso, oras aparentemente
fora de foco, mas sempre mirando na criação do
mito em torno de sua pessoa.
O olhar da artista parece dizer constantemente,
com o perdão da expressão, “sim, eu sou fodona”.
Essa segurança nos gestos, seu aparente descaso
com o que pensam dela, podemos dizer que até
um certo deboche e ironia com o que a cerca, é
que inspira tantos fãs ao redor do mundo.
Se pensarmos bem, Madonna
não é parte de nenhuma
das chamadas minorias
(é branca, rica,
norte-americana e
atualmente vive
num dos bairros
mais elegantes
de Londres),
mas de alguma
forma serve
como modelo
para o movimento feminista,
negros, gays, adolescentes
com problemas e mesmo para
os menos afortunados. Todos
querem ser e vencer como
Madonna.
Não há estrela que tenha suas
performances mais lembradas
do que ela. Quem, mesmo que
não acompanhe a carreira
da diva, não se lembra do
sutiã em forma de cone
e da simulação de
masturbação na Blond
Ambition Tour? E qual
drag queen que nunca
dublou Vogue pelo menos
uma vez?
A famosa história da garota que
chegou com míseros trinta e cinco
dólares nos bolsos e uma mala de
viagem em Nova Iorque e, de lá
para cá, passou vinte e cinco anos
arrebanhando não apenas fama e
fortuna, mas uma legião de seguidores, já foi
desmentida por várias pessoas próximas da musa,
mas nunca por ela mesma. Alimentar essa fábula
cosmopolita, a idéia de que suas origens não
foram nobres e que ela tinha menos oportunidades
na vida do que uma pessoa de classe média-alta
(o mais próxima da realidade), é a forma de dizer
a todos “vocês podem, se eu consegui, vocês
também conseguem”.
Talvez seja por isso que ela é a mestra em criar
tendências, em criar moda. Seus cortes de
cabelo, suas roupas, tudo é imitado por dois
motivos: o óbvio bom-gosto que transborda de
sua personalidade e faz escolhas acertadas, mas,
acima disso, a convicção com que mostra cada
novidade em sua aparência e no seu trabalho. Ela
sempre sabe o que quer e os caminhos a trilhar
para atingir seus objetivos. Pode parecer falsidade
que uma pessoa assuma posturas distintas em
diferentes âmbitos, mas o mais impressionante é
sua capacidade de imprimir seu toque pessoal a
tudo, sem abandonar sua essência. Afinal, é tudo
fingimento ou jogo de marketing? Como Madonna
mesma disse, “I have a cage, it’s called the
stage(...). At least my cage is filled with light”
(“Tenho uma jaula, chamada de palco (…). Pelo
menos minha jaula é preenchida com luz”).
Precisa dizer mais?
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Madonna by MInsane - A Fanzine do Madonna Insane Fan Club
1991: Exibicionista. Lançar um
documentário que teoricamente
mostrava apenas os bastidores da
turnê, mas de fato invadia sua
intimidade, foi o melhor truque
para expor sua vida pessoal de
maneira controlada. Pois foi
a própria que aprovou tudo
e escolheu o que poderia ou
não ser mostrado, deixando
algumas passagens mais
polêmicas para dar aquele
gostinho de que estaria expondo
suas fragilidades.
A seguir, alguns dos personagens
mais importantes que
Madonna encarnou em sua
carreira nos últimos 25
anos:
1983-84: Adolescente. Apesar
de já ter 25 anos, sua estréia
foi cantando em grande
parte para atrair o público
adolescente. Por isso
surgiu vestindo o que
as teens usavam na
época.
1985: A garota pseudomaterialista. Talvez o único
personagem que Madonna
tentou encarnar ‘às
avessas’, fazendo uma
crítica justamente à
sociedade consumista,
mas acabou por carregar o título
até hoje.
1992: A Exibicionista 2. Nos anos
80, o então casal Pean processou
as revistas que mostraram fotos
de Madonna nua tiradas antes da
fama. Anos depois, a própria tirou
a roupa em banheiros de cinemas
pornô gay e até na praia para lançar
um livro sobre fantasias sexuais sadomasoquistas. Vai entender...
1986: Provavelmente a fase com
facetas mais variadas. Foi dançarina
de peep show, adolescente grávida,
latina erradicada nos EUA e até
mocinha apaixonada dos anos 50.
1993: A mega star. De cabelo Joãozinho, a
diva fez sua maior turnê (em número de
países visitados) e encarnou da Dominatrix
a Marlene Dietrich, passando
por negra falsa, com direito a
peruca black power.
1987: Mulher de malandro. Não foi
bem isso que ela tinha planejado
para a carreira, mas foi como a
imprensa tratou de expô-la, na
única fase em que o personagem não
condizia com o que a diva gostaria de ser
associada.
1988: Marilyn Monroe. Apesar dos vários ensaios
inspirados pela eterna diva do cinema e do clipe
Material Girl terem sido lançados em outros anos,
foi neste que Madonna mais se aproximou do tipo
de personagem que Marilyn mais interpretava:
garotas sensuais que deixam transparecer uma
falta de inteligência que na verdade não têm para
se aproveitar dos homens e conseguirem o que
querem.
1989: Phoenix. Foi sua ressurreição depois do
fim do primeiro casamento. Sua primeira grande
reaparição com um álbum que ainda é referência.
1990: Show Girl. Todo o conceito de show ao vivo
foi revisto com a Blond Ambition Tour. Para esta
turnê foi criada uma tecnologia que ainda nem
existia para poder tornar realidade o que Madonna
visualizava.
1994-95: Alternativa e elegante.
Essa fase foi o maior passo da
estrela em direção ao amadurecimento musical.
Antes disso, sua maior influência era o pop e, a
partir do lançamento de Bedtime Stories, passou a
ser a cena alternativa mesclada à cena cult.
1996: Mãe. Este foi um ano de amadurecimento
enquanto mulher, depois do anúncio da gravidez.
1997: A atriz. O sucesso de Evita finalmente a
elevou ao nível de estrela bem-sucedida também
no mundo do cinema, objetivo perseguido há
anos.
1998-99: Diva zen e gueixa. Explorou a imagem
do oriente (do Japão à Índia), inspirada pelo seu
envolvimento com a cabala e pelo livro ‘Memórias
de uma Gueixa’. Sua voz foi trabalhada para
atingir notas em canções com uma dose espiritual
muito maior.
2000: Cowgirl eletrônica. Quando todos os fãs
pensaram que nada superaria a fase Ray Of Light,
ela mostrou que tem gás para o século 21 com
Music.
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www.minsane.com.br
2001: Esposa. O desejo de ter um casamento
tradicional, na igreja, de véu e grinalda, com o
homem de sua vida, foi finalmente consumado.
Fotos da cerimônia são raríssimas, ao contrário do
primeiro casamento, literalmente invadido pela
imprensa em helicópteros.
2002: Bond Girl. A estratégia para despistar a
imprensa do mal resultado do Swept Away foi
focar nas entrevistas sua participação (ínfima e
irrelevante) no 20° filme do agente secreto 007 e
a interpretação da canção-título Die Another Day.
Nenhum jornalista caiu nessa.
2003: Che Guevara. Depois de se consagrar como
o maior ícone feminino do mercado fonográfico
norte-americano, Madonna revelou seu lado mais
político e criticou diretamente o American Way of
Life. O público não gostou e isso afetou as vendas
do disco American Life.
2004: Esther. Este foi o nome que adotou em
seus estudos na Cabala, num ano em que a sua
espiritualidade melhor mesclou e fez as pazes
com o passado na Re-Invention Tour. Surpresa para
quem acreditava que canções como Material Girl e
Burning Up não seriam mais performadas ao vivo.
Discografia
1983
1984
1986
1987
1987
1989
1990
1990
1992
1994
1995
1996
1998
2000
2000
2001
2003
2003
2005
2006
2007
2008
- Madonna - The First Album
- Like a Virgin
- True Blue
- You Can Dance
- Who’s That Girl
- Like a Prayer
- I’m Breathless
- Immaculate Collection
- Erotica
- Bedtime Stories
- Something to Remember
- Evita
- Ray of Light
- Sobrou Para Você
- Music
- GHV2
- American Life
- Remixed & Revisited
- Confessions on a Dancefloor
- I’m Going to Tell You a Secret
- Confessions Tour
- Hard Candy (lançamento dia 29.04)
2005: Matrona. De todas as faces da cantora, a
que as pessoas menos esperavam ver era dela
cuidando de galinhas no interior da Inglaterra,
como uma mulher comum.
Agnetha Faltskog (vocalista do ABBA). Não foi só
um sample do grupo sueco que foi utilizado em
Hung Up; foi todo um conceito de disco music
revitalizado e uma recuperação das vendas da
qual ninguém acreditava ser possível naquela
altura da carreira.
2006: Tony Manero (protagonista de Embalos de
Sábado à Noite). A promessa de fazer do mundo
uma enorme pista de dança no estilo da boate
Studio 54 foi cumprida.
2007: Angelina Jolie. Além de adotar uma criança
de um país sub-desenvolvido, Madonna focou seus
esforços em ações de caridade, e fez sua aparição
triunfal em um evento para salvar o planeta do
aquecimento global.
2008: ? Tudo o que foi divulgado até agora
garante que o apelo do próximo álbum (e,
conseqüentemente, turnê, clipes etc) será a
música negra. Segundo a própria, ela faz música
negra desde que começou sua carreira. Mas só ela
sabe qual Madonna vem por aí!
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Madonna by MInsane - A Fanzine do Madonna Insane Fan Club
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Madonna by MInsane - A Fanzine do Madonna Insane Fan Club
SOLTA O BATIDÃO,
DEEJAY!
E ssa não é
uma frase nova
na carreira de
Madonna. Simples e funcional, ela sabe que assim
é o Pop. A ordem foi dada em Everybody, Into
The Groove, Vogue, Music e em boa parte do seu
último álbum, Confessions On a Dancefloor (2005,
Warner Music). Pensando nisso, o que será que
vem por aí?
Há um ano, nossa intuição diria que seria algo
totalmente oposto ao trabalho anterior. Talvez
algo mais melódico, introspectivo. Nada festivo.
Esse seria o caminho natural, fazendo uma
análise de sua discografia. Porém... Num ano
de comemorações (25 anos de carreira e 50 de
idade), não seria nada coerente fugir para debaixo
das cobertas. A ordem continua sendo “solta o
som, DJ”. E bem alto, porque estamos no Mundo
Pop e ele adora números redondos.
A parceria de quase oito anos com o produtor
Stuart Price dava sinais de que estariam
trabalhando em novas canções já durante a
Confessions Tour (2006). O “casal” parecia estar
firme até então, mas Madonna sempre contraria
as leis do Pop e mexe no time, sem medo de
vaias. Sempre foi assim. A promiscuidade musical
da Rainha acompanha seus constantes desejos de
mudança. A(s) bola(s) da vez? Os produtores de
R&B, Hip-hop e Rap mais bombados do momento:
Timothy “Timbaland” Mosley (Timbo ou Tim, para
os íntimos), Pharrel Williams, Danja e Akon, entre
outros.
O namoro com o estilo voltou a acontecer
através do álbum FutureSex / LoveSounds
(2006, Jive / Zomba Records), que Timbo
produziu para Justin Timberlake. Madonna
ouvia incansavelmente o disco
no carro, em casa, na academia, enfim, era algo
contagiante e que ela não conseguiu explorar tão
bem em seu Bedtime Stories (1994, Maverick/
Warner Music), um dos álbuns preferidos dela.
O som de Timbaland parece ser a base do novo
álbum, explorando poucos e eficientes elementos
para fazer “a casa cair” em qualquer ocasião.
Apesar, ou por conta disso, a escolha específica
de Tim por Madonna venha causando um certo
mal estar entre os fãs. O que ele teria a oferecer
depois de ser sugado por Timberlake, Missy
Elliot, Jay-Z, Beyoncé, 50 Cents, Björk, Rihanna,
Pussycat Dolls, Nelly Furtado, entre outros?
Stuart, o “traído”, diz que não conseguiu oferecer
o que Madonna esperava: “algo diferente”. Os
produtores teriam a incumbência de ouvir o
primeiro disco dela e traduzir aquela “vibe” para
os dias de hoje. Stuart empacou na primeira
parte...
Em agosto de 2007, “vaza” The Beat Goes On,
parceria dela com Pharrel Williams. A faixa,
que seria um embrião da proposta, mistura
instrumentos acústicos e eletrônicos ao batidão e
traz a marca Madonna impregnada nos versos e na
pegada. A música deu caldo antes do acabamento
final, assim como Candy Shop, que vazou no mês
seguinte. Resultado: Pharrel continua.
E se Justin co-produziu o disco que ela amou
ouvir, então, está dentro também. E, assim, foi-se
armando o time. Madonna é craque em explorar o
melhor da equipe e sabe como ninguém alimentar
a competição - quem não quer trabalhar com A
Rainha?
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É através dessa orquestração
que ela consegue resultados
surpreendentes a cada projeto.
Pelas prévias, a competição pode trazer
muitos graves na batida, sons crus, quase
tribais, contrastando com referências orientais
e falsetes na voz. Nos versos, letras fáceis.
Na atitude, muita sensualidade. No visual,
o urbano-chique irá envolver figurinos,
cenários e toda a programação visual
projeto. Ah! E segue a Madonna
loira, porque a morena poderia ser
confundida com a Nelly Furtado...
Sim, voltando à música. A escolha
de parceiros já “famosos”, neste
momento, talvez seja o motivo do
estranhamento de alguns. Madonna
não descobriu Timbaland, ele já era um
nome no mercado. Estamos condicionados
a ver A Rainha conduzindo a corte, mas dessa
vez, ela está se deixando conduzir, apesar de dar
as cartas. Rendeu-se ao “grito da galera”, mesmo
que esse grito não ecoe por todos os cantos
do planeta. Quando desejou “algo diferente”,
isso presumia a hipótese da rejeição, é claro.
Porém, de quantas tormentas ela já saiu ilesa?
Enfim, aprovada ou não, sua arte sempre causa
curiosidade. É sempre cheia de referências,
e sempre serve como referência. Senão
hoje, amanhã.
o trio: Justin Timbarlake, Timbaland e Pharrel Williams
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MADONNA OFUSCA
SEUS PERSONAGENS NO
CINEMA
A s amarguras
que Madonna
passou em 25
anos de carreira tentando em vão se consagrar também
como atriz não foram suficientes para a loira desistir
da sétima arte. Sua mais recente inclusão nesse campo,
contudo, foi atrás das câmeras, na direção da comédia Filth
and Wisdon (ainda sem título em português). A crítica que já
assistiu ao filme na mostra paralela do Festival Internacional de Cinema de Berlim está dividida e ainda
não se sabe como o público reagirá.
Mas de duas coisas todos temos certeza: ele será recebido com a mesma frieza e com o nariz torcido,
como tudo que a artista fez nesta área, e levará mais um indicação ao Framboesa de Ouro, não importa
qual seja o resultado final.
Verdade seja dita: como atriz, Madonna é uma excelente cantora. Tanto que sua única atuação
respeitada até hoje foi encarnando a eterna primeira-dama da Argentina, Eva Perón, no musical Evita.
Foi quando ela ganhou seu primeiro (e único) prêmio relevante nesta área.
O ‘truque’ do diretor Alan Parker foi rodar o filme todo como um enorme videoclipe em longametragem. E de videoclipes Madonna entende como ninguém. Foi ela quem praticamente os inventou.
Dirigir a estrela em um musical, então, foi mel na chupeta.
Nenhum outro diretor conseguiu conduzi-la a uma atuação convincente. E muitos são os
fatores: falta de talento por parte dela, e a grande personagem Madonna,
impossível de ser abandonada quando a vemos numa tela.
Seus esforços para criar um mito em torno de sua personalidade
tiveram um sucesso tão grande que hoje é impossível
desvencilhar sua imagem e acreditar que quem
está ali é outra pessoa que não seja a própria.
Por isso suas únicas atuações memoráveis,
excluindo-se Evita, foram em papéis menores, mais
participações especiais do que protagonistas.
O diretor Wayne Wang, de Sem Fôlego (Blue In The
Face), por exemplo, acertou na mosca ao escalála para fazer uma mensageira de telegramas
cantados em 1994, numa das cenas mais
engraçada desta comédia. Outra de suas
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Elspeth, de Grande Hotel – Uma
Comédia Cinco Estrelas (Four Rooms),
que atrai todas as atenções sempre
que abre a boca.
Na comédia Uma Equipe Muito Especial (A
League Of Their Own), Madonna estava
determinada a interpretar a irmã caçula da protagonista,
um papel com ‘carga dramática’ mais pesada. Acabou (para
felicidade dos fãs!) com o papel de Mae Topa-Tudo, que basicamente era uma
versão mais debochada de si mesma e com participação menor na trama, mas
que brilhava por si só. Roubou a cena, mesmo estando ao lado de estrelas
como Geena Davis e Tom Hanks.
Se por um lado a loira carece de talento para interpretar, por outro,
compensa por ser ela mesma uma figura que o público adora ver na tela.
Sua última ponta ‘de destaque’ foi no filme de James Bond, Um Novo Dia Para Morrer (Die
Another Day), como Verity. Pode-se dizer tendo este filme como um dos melhores exemplos
que a relação de Madonna com o cinema é mesmo de amor e ódio, pois suas canções,
quando fazem parte da trilha dos filmes, são garantia de boas vendas de CDs. A cançãotítulo Die Another Day foi inclusive indicada ao Globo de Ouro. O filme, entretanto,
foi o motivo da aposentadoria de Pierce Brosnam do papel, por ser considerado o mais
avacalhado da história do personagem-título.
Ainda no campo da trilha, duas de suas das interpretações ganharam Oscar de melhor canção, Sooner
or Later e You Must Love Me, mas nenhuma delas era de sua autoria.
Temos ainda American Pie, I’ll Remember, This Used To Be My Playground, Into The Groove, Crazy For
You, Beautiful Stranger, Live to Tell e Who’s That Girl? a acrescentar a esta lista de sucessos que foram
temas de cinema.
Mas, por enquanto, suas performances em filmes não-musicais como protagonista foram sempre
um fiasco. Podemos atribuir em parte a culpa a ela mesma por ter escolhido roteiros errados, com
personagens fracas.
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As comédias dos anos 80, por exemplo, só ficaram
para a história por ter a participação da diva, ou
teriam sido esquecidas como tantas outras que se
juntaram ao acervo de lixo de Hollywood.
Não foi à toa que ela criticou a cidade no álbum
American Life. Nas entrelinhas, Madonna mandou
uma mensagem de que não se importava com a
indústria do cinema.
Ela havia acabado de lançar Destino Insólito
(Swept Away), dirigida pelo marido Guy
Ritchie. Verdade seja dita: a obra foi
criticada e condenada antes mesmo de ter
sido finalizada. Porém, não mudou a opinião de
ninguém depois que a viram concluída.
Ser casada com um diretor de sucesso e
protagonizar seu único filme mal recebido pelo
público e pela crítica é mesmo um paradoxo.
Ao que parece, fazer dupla com seus maridos
nunca funcionou para a loira no cinema.
Surpresa de Shangai (Shangai Surprise), no qual
contracenou com Sean Penn, também foi um dos
primeiros tropeços da Diva no cinema, ainda lá na
década de 80.
Ao mesmo tempo, quando aliou-se o talento de
Guy com a linguagem de videoclipe, em What It
Feels Like For A Girl, ou no comercial de cinco
minutos gravado para a BMW, o resultado não
podia ter sido melhor.
Vamos torcer para que esta influência tenha
sido muito positiva e para que os inúmeros
ataques que Madonna sofreu nesta área
tenham contribuído para que ela
aprimorasse sua visão artística nesta
arte. Afinal, ser diretora de cinema
é uma face da artista que poucos
viram até agora.
É só aguardar para ver!
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