avaliação do grau da doença periodontal em cães, cultura e
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avaliação do grau da doença periodontal em cães, cultura e
AVALIAÇÃO DO GRAU DA DOENÇA PERIODONTAL EM CÃES, CULTURA E IDENTIFICAÇÃO DA MICROBIOTA BACTERIANA DA CAVIDADE ORAL E TESTE DE RESISTÊNCIA À ANTIBIÓTICOS FIANCO, A.1, KARPINSK, A1, ROCHA, A. A ², BONATTO, B. C.1, MAHL, D. L. ², OLIVEIRA, D. S. ², RITTER, F. ², OLIVEIRA, F. ², GOTTLIEB, J. ², SOUZA, R. V.1, BORSA, T. C.1, ROSES, T. S. ², ALMEIDA, M. A. ² RESUMO: O trabalho objetiva analisar e identificar o grau da doença periodontal, bem como indicar para o proprietário, o tratamento correto para a doença. Também foi realizado o isolamento e identificação de bactérias presentes na microbiota periodontal e o teste de resistência de alguns antibióticos. Foram utilizados 20 cães de diversas raças para avaliação do grau da enfermidade, fez-se a coleta de secreção da mucosa bucal com auxílio de swabs, de cinco animais e em seguida semeadura em placa de Petri para identificação de bactérias, após realizou-se o teste de resistência para dois antibióticos, enrofloxacina e amoxicilina. Fez-se o processo de limpeza dentária em um cão que se encontrava com grau IV de periodontite, e a extração de um dente pré-molar superior, pois o mesmo não tinha mais condições de tratamento. Dos 20 cães analisados, 15 apresentaram periodontite e 5 encontraram-se sem a enfermidade, sendo que dois animais apresentavam grau I de periodontite, sete animais apresentavam grau II, três animais apresentavam grau III, dois animais apesentavam grau IV e um animal apresentou grau V da enfermidade. Nas cultura bacteriana encontrou-se Streptococcus spp. O teste de antibiótico se mostrou eficaz para ambos os fármacos. Palavras-chaves: periodontite, cães. ABSTRACT: The paper aims to analyze and identify the degree of periodontal disease, as well as indicate to the owner, the right treatment for the disease. It was also performed the isolation and identification of bacteria present in periodontal microbiota and the endurance test of some antibiotics. We used 20 dogs of various breeds to evaluate the degree of the disease, there was a collection of oral mucous secretion with the aid of swabs, five animals and then seeding in Petri dish for identification of bacteria, was held after the Resistance test to two antibiotics, enrofloxacin and amoxicillin. There was the tooth cleaning process in a dog that was with grade IV periodontitis, and the extraction of a premolar tooth, because it had no more treatment conditions. Of the 20 dogs examined, 15 had periodontitis and 5 met without the disease, and two animals had grade I periodontitis, seven animals had grade II, three animals had grade III, two animals apesentavam grade IV and one animal had level V of the disease. The bacterial culture met Streptococcus spp. Antibiotic test has proven effective in both drugs. Keys-words: periodontitis, dogs. 1 Acadêmicos do curso de Medicina Veterinária do Instituto de Desenvolvimento Educacional do Alto Uruguai, Getúlio Vargas-RS, Brasil. ² Docentes do curso de Medicina Veterinária do Instituto de Desenvolvimento Educacional do Alto Uruguai, Getúlio Vargas-RS, Brasil. INTRODUÇÃO Vários são os problemas que podem acometer a cavidade oral do cão ou do gato. O mais comum é a doença periodontal, que pode afetar até 80% dos animais com cinco anos de idade (HARVEY & EMILY, 1993). As afecções periodontais são moléstias que afetam o periodonto, ou seja, estruturas que suportam e protegem o dente: gengiva, osso alveolar, cemento e ligamento periodontal. A etiologia é multifatorial, mas o fator determinante é o acúmulo de placa bacteriana sobre os dentes e tecidos adjacentes, com posterior calcificação, formando assim, o odontólito dentário (LIMA et al., 2004; GIOSO, 2007). O acúmulo de placa e odontólito dentário levam ao quadro de gengivite (inflamação da gengiva) e, posteriormente, ao quadro de periodontite (PINTO, 2007). A presença de bactérias na placa dentária desencadeia uma resposta inflamatória no tecido envolvente (tecido periodontal). Além da resposta local, as bactérias da placa dentária podem afetar todo organismo. Essas bactérias e seus subprodutos podem difundir-se a partir do local da infecção inicial, provocando reações inflamatórias distantes (GORREL et al., 2007). Os problemas médicos que acometem a cavidade oral devem ser identificados em seus estágios iniciais, para que os animais possam ser tratados antes de apresentarem graves transtornos sistêmicos secundários relacionados à desnutrição e/ou infecções (PACHALY, 2006). O objetivo deste trabalho consiste em analisar e identificar o grau da doença periodontal, bem como indicar para o proprietário o tratamento apropriado para a doença que consiste na raspagem e polimento dos dentes, já que a simples escovação não é suficiente para remover a placa dentária que mineralizou formando o tártaro (cálculo dentário). Concomitantemente realizou-se o isolamento e identificação de bactérias presente na microbiota periodontal e o teste de resistência de alguns antibióticos. MATERIAL E MÉTODOS - Identificação dos graus de periodontite Para a realização do trabalho, utilizou-se 20 cães de clínicas veterinárias da região do Alto Uruguai, de diversas raças e idades, buscando encontrar doença periodontal com variados graus. A coleta de dados deu-se através de um questionário de análise. No mesmo, foram coletadas informações como raça, alimentação, idade, escovação dentária, disposição e frequência de ossos e petiscos e se o animal já havia passado por processo cirúrgico de limpeza dentária. Modelo de questionário utilizado para coleta dos dados. A fim de identificar e isolar a microbiota bacteriana da arcada dentária utilizaram-se cinco cães onde foi realizada a cultura em placa de Petri, com o auxilio de swabs estéreis para coleta de secreções da mucosa bucal, semeando na placa com meio de cultura Agar Nutriente e acondicionado em uma estufa à 37 ºC, por sete dias. Três placas de Petri foram produzidas para cada animal, onde em uma foi realizado o isolamento e identificação da bactéria, e nas outras duas, o teste de eficácia aos antibióticos; enrofloxacina e amoxicilina. Foi efetuada a leitura do material após sete dias de incubação, notando aspectos morfológicos das colônias. Após verificar o crescimento das colônias bacterianas, foram confeccionadas lâminas histológicas com auxílio de alça de platina, dando sequência, a técnica de coloração de Gram. Esta técnica consiste em corar o material coletado com violeta genciana por 60 segundos e lavar com água destilada com intuito de retirar o excesso; mergulhar no lugol por 60 segundos e novamente lavar; descolorir com álcool 95% por 10 a 20 segundos, lavar com água destilada e por fim utilizar com fucsina por 20 segundos, secar e observar no microscópio óptico. Os antibióticos testados foram enrofloxacina e amoxicilina, que tem função bactericida, eliminam as colônias de bactérias. Para o teste de resistência, utilizou-se uma seringa de insulina, espalhando o antibiótico nas colônias de bactérias. Após 12 horas verificou-se a funcionalidade dos fármacos em cada placa. - Limpeza dentária Em um canino, fêmea, SRD, com aproximadamente nove quilogramas e nove anos de idade efetuou-se o processo cirúrgico de limpeza dentária. Durante a anamnese e exame clínico, identificou-se que o animal estava com grau IV de periodontite e um dente teria que ser extraído, por já estar sem suporte ósseo e apresentando mobilidade. RESULTADOS E DISCUSSÕES Dos 20 cães avaliados, 15 (75%) foram identificados com problema periodontal e 5 (25%) apresentavam-se sadios. Destes 15, dois animais apresentavam grau I de periodontite, sete animais apresentavam grau II, três animais apresentavam grau III, dois animais apresentavam grau IV e um animal apresentou grau V. A classificação do grau de doença periodontal foi baseada na literatura citada por Harvey & Emily (1993). Na figura 1 está representada a porcentagem encontrada nos animais avaliados. 5% 10% 25% Sadios Grau I Grau II 15% Grau III 10% Grau IV Grau V 35% Figura 1 – Representação quantitativa do grau da doença periodontal dos animais avaliados. Dos animais avaliados, cinco não apresentaram a enfermidade, sendo classificados como sadios. Conforme Dillon (1984), nesse estágio, a gengiva é rosada (ou pigmentada de acordo com a raça), não há alterações de topografia e não há formação de bolsas periodontais. A figura 2 representa um dos animais sem problema periodontal. Figura 2 – Animal saudável, sem doença periodontal. Fonte: Autores. A gengivite é classificada também como Grau I de periodontite, sendo que dois animais foram encontrados nesta pesquisa. De acordo com HARVEY & EMILY, 1993, gengivite é quando há inflamação da gengiva, edema e sangramento nos casos mais avançados, mas não há deterioração de tecidos e as estruturas ósseas do dente estão intactas (HARVEY & EMILY, 1993). Na figura 3, encontram-se os animais com grau I de periodontite. Figura 3 – Animal com grau I de periodontite. Fonte: Autores. Já no grau II de periodontite, foram encontrados sete animais. Segundo McPhee & Cowley (1981), na periodontite leve a topografia gengival é normal ou hiperplásica, há inflamação do ligamento periodontal. A perda óssea é mínima e não se verifica mobilidade dentária. As figuras 4a e 4b demonstram alguns animais encontrados com periodontite II. Fig. 4a Fig. 4b Figura 4a- à esquerda; figura 4b- à direita – Grau II de periodontite. Fonte: Autores. Para Andrade et al (1998) a periodontite do grau III ou moderada é onde há moderada perda da inserção do dente, com formação de bolsa periodontal de profundidade moderada. Nesse estágio a hiperplasia gengival pode mascarar a profundidade da bolsa, ou a retração gengival pode reduzir o tamanho da bolsa formada. Há perda de aproximadamente 30 a 50% do osso alveolar, mas a topografia da gengiva ainda está conservada. A mobilidade dentária é quase imperceptível na maioria dos dentes, mas nos incisivos é moderada. Neste grau foram encontrados três animais, onde estão representados nas figuras 5a, 5b, 5c. Fig. 5a Fig. 5b Fig. 5c Figura 5a; 5b; 5c – Animais com grau III de Periodontite. Fonte: Autores. Na Periodontite avançada, também chamada de Grau IV, ocorre perda acentuada dos tecidos periodontais, formação de bolsas periodontais acentuadas ou retração gengival significativa, e perda de mais de 50% do osso alveolar. Nesse estágio há forte mobilidade dos dentes, diz Harvey (1993). Foram encontrados dois animais com essas características. As figuras 6a e 6b representam animais acometidos com esta enfermidade. Fig. 6a Fig. 6b Figura 6a; 6b – Cães com grau IV de periodontite. Fonte: Autores. Fecchio et al (2006) cita que esfoliação dentária é o último estágio da doença periodontal, a perda do osso alveolar é muito grave e o dente perde toda a inserção, caindo espontaneamente. Quando ocorre a perda do dente, toda a contaminação que ocorria naquele alvéolo dentário acaba. No alvéolo vazio, a inflamação retrocede, a saliência do dente atrofia, e o epitélio gengival cicatriza, cobrindo a superfície mandibular presente. Essas características consistem o grau V de doença periodontal, sendo que foi e encontrado um animal neste estágio, conforme figura 7. Figura 7 – Doença periodontal Grau V. Fonte – Autores. O resultado das placas dos cães caracterizou-se pela presença de Streptococccus, estas bactérias produzem endotoxinas que por sua vez induzem uma resposta inflamatória. O mau hálito de um cão é mais do que apenas desagradável, também pode ser um sinal de problemas sérios de saúde. Bactérias localizadas na boca de um animal podem afetar seu corpo inteiro. Segundo Gomes (2013), Streptococcus é sensível aos βlactâmicos, especialmente a penicilina G. Segundo Lindhe (1999) as bactérias Streptococcus spp com propriedades adesivas colonizam a película adquirida e formam a placa bacteriana e com a maturação da placa, a sua composição altera-se, responsável pelo desenvolvimento da doença periodontal. O teste do antibiótico foi realizado com o auxilio de uma seringa de insulina, onde se colocou o antibiótico dentro da placa de Petri. Na placa em que se aplicou enrofloxacina observou-se que as colônias de bactérias não cresceram mais, já na placa em que foi aplicado amoxicilina, notou-se que houve morte bacteriana no local da aplicação. Conforme a literatura da área a enrofloxacina é um agente antibacteriano sintético da classe das fluorquinolonas. As fluorquinolonas agem principalmente na inibição do DNA-girase, enzima bacteriana essencial à sua replicação, que é necessária para o arranjo espacial do DNA no interior das células bacterianas. São ativas contra um grande número de bactérias gram-negativas, diversas bactérias gram-positivas e micoplasmas. A enrofloxacina possui eficiente penetração em todos os órgãos e tecidos, e ampla distribuição em todas as espécies, é relativamente estável, biotransformada primeiramente no fígado. Já a amoxicilina tem um amplo espectro de atividade antibacteriana contra muitos microrganismos Gram-positivos e Gram-negativos, agindo através da inibição da biossíntese do mucopeptídeo das paredes das células das bactérias. Tem rápida ação bactericida e o mesmo perfil de segurança do grupo das penicilinas. Os antibióticos devem ser utilizados com precaução e não devem ser empregados para tratar a doença periodontal (GORRELET al., 2004). Colmery (1983) relata que em um exame histopatológico da gengiva inflamada, ficou provado que há poucas, ou nenhuma, bactérias invasivas, e os antibióticos são incapazes de controlar qualquer organismo causador da placa dentária. Isso revela por que o uso isolado de antibióticos não cura e nem controla a periodontite. O uso inadequado desses fármacos promove o aumento da resistência bacteriana, constituindo um problema para a medicina humana e veterinária. Durante o tratamento periodontal, a bacteremia é inevitável e perdura por até 20 minutos após o ato operatório, principalmente quando é realizado debridamento subgengival e extrações de dentes. A profilaxia antibiótica objetiva a reduzir o risco de bacteremia e a eventual contaminação direta de feridas que podem surgir durante o tratamento dentário (HEDLUND, 2002). A raspagem dos odontólitos, antigamente chamada de tartarectomia, é um processo que visa eliminar os depósitos dentários da superfície dos dentes (GORRELET al., 2004). A remoção dos odontólitos que se encontram acima da linha da gengiva é realizada com instrumentais manuais, como os extratores de odontólitos ou com aparelho de ultra-som dentário (GIOSO, 2007). Todo odontólito visível, localizado sobre a superfície dental e eventualmente sobre a gengiva, deve ser removido (PACHALY, 2006). Silva, 1997, considera imperícia ou imprudência fazer a raspagem periodontal sem anestesia ou apenas com sedativos. Para realizar o procedimento de limpeza dentária, fez-se a medicação pré-anestésica utilizando-se atropina (0,02 mg/kg) e em seguida induziu-se o animal ao plano anestésico com cetamina (22 mg/kg) e xilazina (1,1 mg/kg). Após a anestesia, iniciou-se o processo de limpeza dentária com auxilio de brocas e curetas, destartarização para remoção do tártaro e placa bacteriana, polimento de manchas de pigmentação externa, jato de bicarbonato para remoção do pigmento mais insistente, instrução de técnicas de escovação para melhoria da sua higiene oral e enxaguante bucal. Para Harvey & Emily, 1993, a raspagem do odontólito, mesmo quando realizada adequadamente, pode tornar a superfície do dente irregular, facilitando a deposição e retenção da placa bacteriana. Por isso, após a raspagem, o dente deve ser polido de modo a tornar a sua superfície lisa e remover quaisquer manchas ou resíduos de placa. Omitindo essa etapa do tratamento, a re-adesão da placa bacteriana é muito rápida, dando continuidade ao processo de periodontite diz Penman (1994). As figuras 8a, 8b, 8c e 8d mostram o antes, durante e depois do procedimento. Figura 8a; Fig. 8a Fig. 8b Fig. 8c Fig. 8d 8b; 8c e 8d – Antes, durante e depois do procedimento. Fonte: Autores. Os dentes afetados por doença periodontal grave geralmente são extraídos (HARVEY, 1992). Segundo Colmery (1983), o critério para determinar se um dente afetado é preservável é que pelo menos um terço do periodonto de cada raiz esteja saudável. O segundo dente pré-molar superior foi extraído do animal em que se fez o procedimento de limpeza dentária, por já estar sem suporte ósseo e apresentando mobilidade. Depois do procedimento, o canino recebeu antibiótico enrofloxacina (2,5 mg/kg 12-12horas) e anti-inflamatório meloxican (0,2 mg/kg 24-24horas), por cinco dias. Foi repassado instruções ao proprietário sobre as técnicas de escovação para melhoria da higiene oral e importância do enxaguante bucal. Gorrel et al. (2004), afirma que a escovação dos dentes é reconhecida como o meio mais eficaz para remover a placa bacteriana. Devem ser feitos todos os esforços para que os proprietários se comprometam a escovar diariamente os dentes dos seus animais de companhia. O sucesso da escovação depende da cooperação do animal e da motivação do proprietário, bem como da sua habilidade técnica. A escovação dentária deve começar já nos primeiros meses de vida do animal. Assim pode se fazer um condicionamento progressivo do animal, até que ele se acostume com a prática (GIOSO, 2007). CONCLUSÃO Com a realização deste trabalho, compreende-se que a doença periodontal é comum em cães e gatos, atingindo cerca de 80% destes animais, causando mau-hálito, tártaro e no casos avançados, perda dos dentes. Se não tratada, as bactérias presentes da microbiota da cavidade oral migram para outros órgãos pela corrente sanguínea (coração, fígado, rins); assim, responsável por diminuir a expectativa de vida dos animais. Os antibióticos testados enrofloxacina e amoxicilina, se mostraram eficazes contra bactérias, no caso desta pesquisa, Streptococcus spp. Para que os pets tenham uma vida saudável e longa, os proprietários devem procurar um Médico Veterinário que possa realizar a avaliação, planejar e executar o tratamento apropriado e iniciar a prevenção. REFERÊNCIAS ANDRADE JUNIOR, A.C.C.; ANDRADE, M.R.T.C.; MACHADO, W.A.S.; FISCHER, R. G. 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