Escravidão por todos os lados - Entrevista com Paul Lovejoy

Transcrição

Escravidão por todos os lados - Entrevista com Paul Lovejoy
Disciplina - História -
Escravidão por todos os lados - Entrevista com Paul Lovejoy
História
Enviado por:
Postado em:03/04/2012
Ele não exime ninguém. Quando o assunto é escravidão, o mundo inteiro entra em pauta. Professor
da Universidade de York, em Ontário, no Canadá, e referência certa nas pesquisas sobre a
escravidão no próprio continente africano, antes da chegada dos europeus no século XV.
Bruno Garcia e Rodrigo Elias - Revista de História da Biblioteca Nacional Ele não exime ninguém.
Quando o assunto é escravidão, o mundo inteiro entra em pauta. Professor da Universidade de
York, em Ontário, no Canadá, e referência certa nas pesquisas sobre a escravidão no próprio
continente africano, antes da chegada dos europeus no século XV, Lovejoy vai direto ao ponto: "A
história dos descendentes africanos não é somente deles. É a de todo mundo". Naturalizado
canadense, Lovejoy nasceu nos Estados Unidos. E foi ainda jovem que ele se envolveu com a
História. Com o tempo, chegou à América Latina, mas se apaixonou mesmo foi pela África. "Quando
percebi o quanto o continente era fascinante e o quanto as pessoas eram incríveis... isso
simplesmente dominou minha vida", diz ele, feliz por estar hoje celebrando o surgimento de uma
geração de historiadores capacitados para tratar a África "de um modo científico". Em recente visita
ao Brasil, Lovejoy conversou com a equipe da Revista de História na residência de Alberto da Costa
e Silva, especialista na História da África, e falou sobre a escravidão do passado e suas implicações
no presente. O Canadá vem à tona vez ou outra, seja como liderança no cenário multicultural atual
ou como porto seguro para escravos fugidos dos EUA em meados do século XIX. Lovejoy tratou das
diferentes etnias africanas que atravessaram os mares e do quanto os senhores estavam
conscientes das características, origens e habilidades de seus escravos. E terminou nossa conversa
com um alerta: "Um escravo é antes um indivíduo com uma personalidade, desejos e heranças".
REVISTA DE HISTÓRIA Como um canadense acabou virando especialista em História da África?
PAUL LOVEJOY Eu me envolvi com a História quando ainda era jovem e lutava contra o
imperialismo norte-americano. A tentativa de entender as forças políticas e sociais em jogo no final
dos anos 50 e 60 me levou, inevitavelmente, a uma forte crítica aos Estados Unidos. E isso me
trouxe para a História porque eu queria entender como os Estados Unidos se tornaram um país tão
racista e imperialista, mas poderoso. Depois de um bom tempo, comecei a ficar muito mais
interessado em outras partes do mundo. Primeiro a América Latina e depois a África. Eu me
apaixonei pela África. Quando percebi o quanto o continente era fascinante e o quanto as pessoas
eram incríveis... isso simplesmente dominou minha vida. RH Como vê os últimos 20 anos de
pesquisa sobre a História do continente africano? PL Houve uma verdadeira revolução nesse
período. E o que vemos hoje é a consolidação de uma geração inteira de pesquisadores que foram
profissionalmente treinados para tratar a África de um modo científico. E esse treinamento, do qual
eu penso que fiz parte, nos levaria a um sistema de investigação de qualidade que trataria todas as
partes do mundo igualmente. Acho que nessas duas décadas vimos os resultados desse
investimento. É um verdadeiro fenômeno tudo o que foi produzido nessas décadas, seja em termos
quantitativos ou qualitativos. Não é mais possível para uma única pessoa estudar todos os ramos de
pesquisa sobre a África. Era o que acontecia nos final dos anos 60, quando comecei a me interessar
pelo continente. Não é mais possível fazer isso. É demais. Hoje nós temos 80 universidades e
muitos pesquisadores. E olhe que ainda existe muito material a ser investigado. Esta, aliás, foi uma
http://www.historia.seed.pr.gov.br
30/9/2016 18:33:46 - 1
das surpresas que tive quando me interessei pela África. RH Você achava que o material era
escasso? PL Sim. Eu acreditava que era precisotrabalhar a História da África justamente porque as
informações eram muito limitadas. Estava redondamente enganado. A quantidade de fontes
existentes na Europa é enorme. E eram documentos que demandavam todos os tipos de técnica.
Todo arquivo no Brasil tem alguma relação com a História da África. Todos. E você sabe de uma
coisa? Dá-se o mesmo nos Estados Unidos. Cada condado, cidade ou biblioteca local tem material
relacionado às pessoas que descendem de africanos. Eles estão no centro do desenvolvimento da
América. De todas as partes da América, incluindo o Canadá! O primeiro africano chegou ao
Canadá em 1604. RH Os estudos sobre a escravidão também estimularam uma maior aproximação
com a África? PL Com certeza. A escravidão é um problema para todo mundo. Às vezes ela é
percebida como um problema para os povos da África ou para os que são percebidos como
descendentes africanos, mas, na verdade, a escravidão está por todos os lados. Um pequeno
fazendeiro canadense do século XVIII produzia coisas que eram automaticamente vendidas no
Caribe para sustentar o sistema escravista. Então, todo mundo tem sua parte. Essa é a verdade. A
história dos descendentes africanos não é somente deles. É a história de todo mundo. RH Qual foi
o impacto da escravidão sobre a economia e a política interna da África? PL A escravidão cobra um
preço terrível em qualquer lugar. Havia muita violência e destruição. Tanto foi construído e
destruído... E esse tipo de coisa é muito dura para a população. Uma das consequências da
escravidão nas sociedades africanas modernas foi o estabelecimento de regimes de força. A
escravidão foi substituída pelo colonialismo, que era uma forma de ditadura. E como foram os
colonizadores que criaram as bases dos exércitos africanos, após a independência instalaram-se
novas ditaduras. Isso é algo complexo, mas que começou com a escravidão. Não é que a África
tenha se tornado mais corrupta do que qualquer outro lugar. Mas os recursos eram mais escassos;
portanto, o impacto foi mais severo. RH Como pode ser explicada a continuidade da escravidão na
África mesmo depois que a demanda externa se extinguiu? PL Nós podemos usar o modelo
econômico de oferta e demanda. Se o fator demanda desaparece na América, o que acontece com
a oferta? Ela não desaparece simplesmente. O que acontece com o preço? Ele cai. O preço caindo,
qual é a alternativa? Você usa o mais barato possível. O escravo fica muito barato. Esse é um
modelo econômico simples. A escravidão, na verdade, se expandiu na África no século XIX. Para
você ter uma ideia, no norte da Nigéria ainda havia escravos no final dos anos 1930. O que é
surpreendente é como isso pode ter continuado se passou a ser ilegal. No passado, os países
fizeram isso legalmente. Cometeram toda sorte de crimes contra a humanidade sem descumprir
nenhuma lei. Mas agora há uma lei. Em qualquer lugar que se descubra que isso é feito, você vai
para a cadeia. E as pessoas continuam fazendo. Isso é muito impressionante. RH Como o Canadá
se posiciona na história dos descendentes africanos? PL Eu acho que o Canadá é uma liderança
nas questões históricas relacionadas ao multiculturalismo e à manutenção da paz internacional. Pra
mim, um exemplo forte disso é o fato de alunos da escola secundária terem muitas opções para o
futuro. Eles vão além-mar, trabalham fora do Canadá, em ONGs ou nos mais variados projetos. Isso
faz parte da experiência de crescer no Canadá. O que é bem diferente do que acontece nos Estados
Unidos. E isto se relaciona ao fato de que há muitos imigrantes no Canadá. Na minha universidade,
é possível ouvir oito línguas no campus. Quer dizer, nós temos asiáticos, africanos, caribenhos,
latino-americanos... E isso é maravilhoso. É o lado bom do multiculturalismo. O lado ruim,
basicamente no Canadá, é que não falamos uns com os outros. Todos os coreanos falam com
outros coreanos, todos os chineses falam com os outros chineses, os jamaicanos falam com os
jamaicanos. RH E as comunidades negras que se instalaram no Canadá no século XIX? PL O
Canadá, principalmente quando avançou para o oeste, tornou-se uma área segura para africanos
americanos. Isso se intensificou por volta de 1850, quando os Estados Unidos passaram pelo que
chamamos de guerra escravista. E, na verdade, desde 1844, quando o Canadá passou a fazer parte
do Império Britânico, a escravidão estava abolida. Em Ontário, já no começo dos anos 1790, não era
http://www.historia.seed.pr.gov.br
30/9/2016 18:33:46 - 2
mais permitido ter escravos. Ir para o Canadá se tornou uma das formas de escapar da escravidão.
As pessoas que escapavam eram chamadas de "passageiros". E eles vinham de olho na Estrela do
Norte. Porque, geograficamente, é muito fácil localizar o Canadá na América do Norte. Você só
precisa saber onde está a Estrela do Norte e seguir em frente. É uma estrela muito proeminente no
céu que permanece estática e conectada com o BigDipper. RH E foram muitos os fugitivos? PL
Veja só: há uma informação de que 20.000 escravos americanos estavam vivendo em Ontário por
volta de 1850. Havia comunidades inteiras de negros como as dos maroons, os palenques… Eu
trabalhei com uma comunidade em Ontário que foi fundada no final dos anos 1840. E os
descendentes dessa comunidade criaram um museu que tem um espaço histórico nacional. É um
exemplo maravilhoso. Afinal, essa história, que produziu tantos impactos negativos ao longo dos
séculos, teve certa continuidade. O mesmo não ocorre em outras partes, como nos países
islâmicos. RH Como os países islâmicos lidam com a memória da escravidão? PL Eles têm muita
dificuldade. Nós só precisamos olhar para o time de futebol da Arábia Saudita. Não é todo mundo
nesse time que se considera africano ou negro, ainda que eles pareçam mais negros ou africanos
do que eu. Porque eles são sauditas, árabes. Há, então, uma manipulação dessas características
físicas e da memória da escravidão. Contudo, há um clima de debate que não existia há dez anos. E
há muita pesquisa. Eu estive envolvido em vários congressos. Organizei um evento que aconteceu
no Marrocos e tratava do assunto. Havia um grande movimento na Líbia neste sentido. O governo
líbio sob Kadhafi investiu em temas relacionados à diáspora africana e à escravidão africana. Agora,
a escravidão permanece sendo uma importante instituição no Islã. RH Por quê? PL A escravidão se
deu de maneira diferente por lá. Em todas as sociedades europeias, o status da criança segue o da
mãe. Então, se a mãe é escrava, a criança também é. No Islã, não. O status a ser seguido é o do
pai. Se o pai é livre, a criança também é. Estamos falando de uma atitude completamente diferente.
E eu digo que esta instituição permanece porque ela faz parte de uma certa ideologia. É como se a
escravidão pudesse ser explicada em determinados termos, especialmente religiosos. É um
componente de uma sociedade hierárquica. RH E a escravidão para além do mundo atlântico e
islâmico? PL Bem, toda sociedade, em algum ponto, teve escravidão. Ela não é um fenômeno
específico e unicamente africano. Já se argumentou que a escravidão foi o primeiro fenômeno de
propriedade privada. Até mesmo anterior à propriedade privada de animais. E, na verdade, a
habilidade de controlar um outro indivíduo, mesmo que não possamos provar isso, mesmo que não
seja verdade, é uma relação de poder. RH O que acha do termo african-american usado nos
Estados Unidos? PL African-american é um conceito usado pelos racistas norte-americanos. Eles
costumam conceber a História como a fenomenologia da mudança dos povos, e eles tentaram
justificar o que emerge como um sistema de duas castas. Todo mundo que é percebido de algum
modo como descendente de africanos pertence a uma dessas castas. E todo o resto é branco. Uma
só gota de sangue africano, e você é negro. Passar a ser branco se torna um conceito. Isto jamais
faria sentido em um país com a história do Brasil. RH Por quê? PL Eu vou pegar um ano arbitrário:
1800. Nesse ano, havia no Brasil mais descendentes do Congo do que de Portugal. Nesse tempo,
as pessoas eram seguramente mais semelhantes às mulheres do Congo do que às europeias. Muito
mais. E, mais tarde, quando começamos a olhar através das gerações que nasceram aqui, quem
são as mães? Do Congo ou da Europa? RH Essas identidades permaneceram? PL Até certo ponto.
É o modo como os grupos imigrantes operavam. Você sabe, há uma grande imigração de italianos e
alemães para o Brasil. E isso levou quantas gerações até que esses tipos fizessem diferença? Os
chineses levaram muito tempo para se integrarem totalmente. Mas acontece. E não é verdade que
os brancos não foram para a África. Na África Ocidental há muitos brancos. Depois de gerações,
eles parecem negros como todo mundo. Surpresa! Como aconteceu aqui no Brasil, estamos falando
de uma situação colonial. Os europeus tinham o poder, controlavam todos os recursos e a própria
língua. Veja bem: quantas gerações foram necessárias até que várias das línguas
desaparecessem? Quanto de reforço foi preciso? Esse era o jogo que estava sendo jogado: o
http://www.historia.seed.pr.gov.br
30/9/2016 18:33:46 - 3
deslocamento da população por meio da escravidão. E eles eram de diferentes tribos e culturas. RH
Os donos de escravos estavam conscientes dessas diferenças? PL Eles estavam conscientes e
tentavam manipulá-las. Em muitas partes do Caribe, os senhores estavam bem mais conscientes
dessas distinções étnicas do que muitas das gerações posteriores. De algum modo, os senhores
entendiam as diferenças étnicas, sem saber nada de história africana. Eles sabiam que algumas
pessoas vinham de áreas prósperas e tinham habilidade para a administração de estoques, por
exemplo. Os senhores discutiam as habilidades e características dos escravos e chegavam até a
construir certos estereótipos. Havia escravos que cometiam suicídio. Outros eram mais resistentes.
Estes estereótipos, como todo estereótipo, tinha uma pouco de verdade e muito nonsense. O
historiador precisa ter cuidado quando depara com essas descrições feitas pelos senhores. RH
Como fazê-lo? PL Bem, infelizmente, esse é o trabalho dos historiadores (risos). Nós temos que ter
treinamento para fazê-lo. Lidamos com a informação disponível e tentamos interpretá-la, preencher
as lacunas. Os historiadores são muito espertos ao usar os registros criminais onde há,
frequentemente, os testemunhos. É claro que nem todos os testemunhos e registros criminais
podem ser confiáveis. Se você matou alguém, não vai admitir. Nos registros criminais você encontra
pessoas que foram acusadas por crimes que não cometeram, e as pessoas mentem. Nosso papel é
tentar descobrir o que estava acontecendo, identificar o nível de verdade que você pode depositar
num documento. Em geral, nesses materiais produzidos por escravos há uma voz forte. Então, é
possível capturar, de algum modo, esses níveis de verdade e mentira. RH Como as histórias
individuais podem ajudar os estudos da diáspora africana? PL Meu trabalho é justamente sobre
histórias individuais. Eu fiquei cada vez mais interessado em biografias. A biografia é realmente
maravilhosa. Ela nos faz perceber que estamos lidando com um indivíduo. Nós não podemos usar a
palavra escravo no sentido nuclear de escravidão. Um escravo é antes um indivíduo com uma
personalidade, desejos e heranças. Ele tinha uma personalidade, veio de algum lugar, buscava
objetivos. O indivíduo começou vivendo uma vida livre. A escravidão é apenas uma parte de sua
vida. Então, o que nós realmente vemos e reconhecemos é que, quando um indivíduo está em uma
condição de escravidão, ele não perde a sua individualidade. Dentro de uma situação de vitimização
econômica, política e legal, eles vão tentar maximizar e descobrir como sobreviver, como levar as
relações, como ter religião... É por isso que eu acho que o indivíduo é importante. Talvez esta
preocupação com a dimensão individual seja até mais interessante quando pensamos nos
descendentes dos escravos. RH Por quê? PL Qualquer descendente de africanos no Brasil tem um
passado na escravidão. Esse conhecimento, essa informação e o modo como ela é interpretada são
realmente cruciais na base individual. O que acontece quando uma criança aprende que um ou mais
dos seus ascendentes eram chamados de escravos? E para as outras crianças na classe, que não
têm essa ascendência? Isso se dá hoje em dia nas idades de seis, dez e 12. Qual a diferença que
isso faz? Nós precisamos saber isso. É curioso como percebemos que ninguém quer falar sobre o
assunto. Ninguém se diz descendente de criminosos, prostitutas ou escravos. Você sabe, toda
família limpa sua história. E um resultado possível é um grave e profundo problema social. RH
Quais são os documentos usados para a construção dessas histórias individuais? PL São muitos.
Nós trabalhamos, por exemplo, com algumas autobiografias. Posso citar uma, de um homem que
estava aqui mesmo no Rio de Janeiro. O nome dele era Mahommah Baquaqua. Ele veio do interior
do que agora é a República do Benim, na África Ocidental. Era um escravo em 1845 e sua cidade
natal era Djubo, no norte de Benim. Ele foi vendido em Pernambuco, comprado por um padeiro que
vivia em Olinda. Ele não foi usado na produção de pão, mas na construção, especialmente no corte
e no carregamento de pedras. Mahommah tentou matar seu senhor algumas vezes. Também tentou
o suicídio duas vezes, fugiu e foi pego. Conclusão? O senhor o vendeu (risos). Mahommah acabou
sendo comprado pelo capitão de um navio aqui, em 1847. O capitão do navio mostrou que não era
muito esperto. Ele o levou em uma viagem para a cidade de Nova York. RH Mas em Nova York a
escravidão já havia sido abolida em 1845, não é? PL Pois é. Então o nosso homem foi, felizmente,
http://www.historia.seed.pr.gov.br
30/9/2016 18:33:46 - 4
colocado para fora do navio e acabou numa prisão. Alguns amigos o tiraram de lá e o levaram para
Boston, onde permaneceu escondido por dois anos. Depois foi cursar o ensino secundário.
Mahommah foi um dos primeiros africanos a se formar e ir para o que chamamos de college nos
EUA. E ele escreveu toda a sua biografia no Canadá em 1854. O que é bom para mim que seja
alguém do Canadá. Três anos depois, foi para a Inglaterra. Não sabemos mais nada. O fio se
perdeu. Sabemos somente que Mahommah queria voltar para a África, como muçulmano. Ele
sempre quis retornar à África. É uma história maravilhosa... Uma história atlântica. Ele veio da África
Ocidental, chegou ao Brasil, foi para os Estados Unidos, Canadá, Inglaterra. Como um canadense
(risos). Esta notí-cia foi publicada em 01/03/2012 no site revistadehistoria.com.br. Todas as
informações nela contida são de responsabilidade do autor.
http://www.historia.seed.pr.gov.br
30/9/2016 18:33:46 - 5