A IMAGEM E A IDENTIDADE SUBURBANA CARIOCA NA

Transcrição

A IMAGEM E A IDENTIDADE SUBURBANA CARIOCA NA
A IMAGEM E A IDENTIDADE SUBURBANA CARIOCA NA
CONSTRUÇÃO DA CIDADE OLÍMPICA – O CASO CAMPINHO
Josielle Cíntia de Souza Rocha
Curso de Arquitetura e Urbanismo das Faculdades Integradas Pitágoras, FipMoc
Ricardo Ferreira Lopes
Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Gama Filho, UGF
RESUMO
Os bairros suburbanos da cidade do Rio de Janeiro vêm sofrendo profundas transformações decorrentes das
obras de construção de eixos viários para o espetáculo dos Jogos Olímpicos de 2016. O objetivo desse artigo é
analisar o contexto em que se deram as recentes intervenções urbanas, promovendo uma reflexão sobre os
aspectos associados à perda ou desvalorização de uma identidade definida como “suburbana” e a possibilidade
de construção de identidades outras. Colocou-se em questão como estas interferências na paisagem podem
gerar mudanças na “identidade suburbana”, historicamente presente na cidade do Rio de Janeiro. Adotou-se
como recorte espacial, o bairro do Campinho, localizado na Zona Norte da cidade, visto que ali, as obras da
Transcarioca geraram certa polêmica com a demolição de casarios outrora tombados pela municipalidade. Com
base no levantamento de dados historiográficos e notícias de jornal, pretende-se nortear a reflexão do contexto
de como a área suburbana da cidade está se transformando e os reflexos dessa transformação no cotidiano de
sua população.
Palavras-chave: Olimpíadas 2016. Intervenções urbanas. Subúrbio. Identidade.
ABSTRACT
The suburban city of Rio de Janeiro has been suffering considerable changes arising from works of construction
of highways to the Olympics in 2016. This paper aims to analyze the context in which they gave the recent urban
operations, promoting reflection on aspects of the loss or devaluation of a defined identity as "suburban" and the
possible construction of other identities. Was discussed as these can cause interference in the urban landscape
changes in the "suburban identity," historically present in the city of Rio de Janeiro. Adopted as spatial area, the
neighborhood of Campinho, located in the Northern area of the city, whereas there, the works of Transcarioca
generated some controversy with the demolition of houses, before protected by the municipality. Based on
research historiographical and newspapers data, aims to guide the discussion of the context of how the suburban
area of the city is changing and the consequences of this transformation in the daily life of its population.
Keywords: Olympics 2016. Urban Operations. Suburb. Identity.
1 INTRODUÇÃO
O processo de transformação da cidade do Rio de Janeiro em decorrência do espetáculo
dos Jogos Olímpicos de 2016 está evidenciado pelas operações de marketing e
reestruturação urbana, o que acarretaram profundos impactos associados às grandes
intervenções, através das quais levam a cidade a um cenário de “grande canteiro de obras”.
Na construção da imagem da cidade enquanto espetáculo nota-se a crescente
desconsideração com a identidade do lugar em detrimento das ações do Poder Público.
Áreas que, por tradição, são arraigadas de significados para a coletividade, tais como
ocorrem no subúrbio da cidade do Rio de Janeiro, estão sofrendo mudanças significativas
em seu conteúdo socioespacial.
É bem verdade que, para análise das mudanças ocorridas nos espaços da cidade é
necessário utilizar a identidade do lugar como categoria de análise e interpretação das
transformações urbanas, o que nos leva a um terreno instável para o debate crítico.
O objetivo central do presente artigo é analisar o contexto socioespacial da área suburbana
da cidade do Rio de Janeiro onde as recentes intervenções urbanas, que fazem parte do
conjunto de obras para a construção da Cidade Olímpica estão promovendo grandes
mudanças físicas na imagem de sua paisagem. Deste modo, adotou-se como recorte
espacial o bairro do Campinho, localizado na Zona Norte da cidade, visto que ali, as obras
do corredor expresso Transcarioca geraram certa polêmica com a demolição de casarios
outrora tombados pela municipalidade. Pretende-se, ainda, promover uma reflexão sobre os
aspectos associados à perda ou desvalorização de uma identidade definida como
“suburbana” e a possibilidade da construção de outras identidades em função das
transformações observadas na estrutura morfológica, por sua vez, decorrentes da dinâmica
de produção de um novo espaço urbano.
A metodologia empregada na coleta de dados e análise aborda o levantamento
historiográfico, a fim de embasar a reflexão sobre a evolução da área suburbana da cidade,
bem como a pesquisa de fontes primárias como base de investigação das transformações
que estão ocorrendo no espaço urbano, todas obtidas em notícias de jornais.
Algumas reflexões sobre as relações entre o processo de transformação da cidade em
espetáculo olímpico e a identidade existente, bem como as possíveis identidades
construídas a partir deste novo espaço construído, serão foco de reflexão, inclusive a
apropriação afetiva dos novos espaços pela população, e a sua consequente fruição, de
forma a promover sua existência de forma vital.
Por fim, pretende-se, ainda, apontar os resultados das transformações decorrentes do
processo de construção da Cidade Olímpica no recorte espacial proposto, não apenas
tangentes às mudanças físicas do espaço, mas, para além destas, as modificações na
“identidade suburbana”, que é fortemente presente na cidade do Rio de Janeiro. Há que se
preocupar, também, com as mudanças imediatas, ou seja, o reflexo da transformação de
bairros tradicionais da cidade em grandes canteiros de obras e os impactos no cotidiano da
população suburbana.
Deste modo, esperamos com este estudo, contribuir com uma análise e interpretação da
produção de espaços urbanos determinados por uma nova demanda mundial: as
celebrações mundiais, as quais em muitas vezes, desconsideram a identidade local e a
imagem existente, bem como o consequente desdobramento dessas mudanças, em longo
prazo, na vida cotidiana da população.
2 JOGOS OLÍMPICOS NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO E SUAS OBRAS
VIÁRIAS: O CORREDOR TRANSCARIOCA
O Brasil, atualmente, representa um forte competidor na guerra para sediar megaeventos
esportivos de repercussão mundial. Neste contexto, há grande destaque para a cidade do
Rio de Janeiro, por ter posição privilegiada dentre as demais cidades brasileiras. Não há
dúvida sobre a representação ideológica da cidade na construção de sua imagem como
cidade-símbolo do país.
A cidade do Rio de Janeiro foi candidata para sediar as Olimpíadas de 2004, 2012 e 2016,
tendo êxito nessa última candidatura. Aliada a esta conquista, a cidade também foi palco dos
Jogos Pan-Americanos de 2007 e os Jogos Militares de 2011, além de ganhar a disputa
para sediar a Copa do Mundo de 2014. Tais conquistas foram resultado de forte investimento
de todas as esferas de governo – municipal, estadual e federal, e que, para Bienenstein (in
MASCARENHAS; BIENENSTEIN; SÁNCHEZ, 2011, p.139), as candidaturas da cidade do
Rio de Janeiro para sediar megaeventos esportivos foram calcadas em ações estratégicas e
agressivas de marketing:
Suas peculiaridades físicas e sociais – uma cidade geograficamente deslumbrante e
acolhedora, na qual, supostamente, pessoas de diferentes classes sociais podem
conviver de forma pacífica – foram apresentadas como as principais características
para justificar sua inserção no rol das metrópoles capazes de abrigar megaeventos.
A cidade-sede dos Jogos Olímpicos de 2016 foi escolhida em outubro de 2009 na cidade de
Copenhague, em votação durante a 121ª Sessão do COI - Comitê Olímpico Internacional,
após um processo de quaro anos de duração. Das oito cidades concorrentes que iniciaram o
pleito, Chicago, Tóquio, Madri e Rio de Janeiro foram para a fase final de escolha da sede,
sendo as duas primeiras desclassificadas. Na disputa final, foram escolhidas as cidades de
Madri e Rio de Janeiro, sendo esta última vencedora por maioria de votos. Pela primeira vez
na história dos Jogos Olímpicos, o COI escolheu uma cidade da América do Sul para sediar
o maior evento esportivo do mundo.
A escolha da cidade do Rio de Janeiro como a sede dos Jogos Olímpicos implicou no
compromisso do Poder Público em aplicar mais investimentos para poder realizá-los com
sucesso, uma vez que a cidade era a que mais carecia de estrutura para o evento. Apesar
dos diversos problemas e muitos desafios a serem enfrentados, principalmente nas áreas de
segurança, transporte e saúde, a cidade do Rio de Janeiro passou a firmar a posição do
país definitivamente na era dos grandes eventos esportivos internacionais.
Segundo o site oficial da Cidade Olímpica (www.cidadeolimpica.com), as principais
intervenções que estão sendo executadas na cidade do Rio de Janeiro para o evento são as
seguintes: as instalações olímpicas (ver Figura 1a) e o Porto Maravilha (ver Figura 1b), bem
como os corredores expressos (ver Figura 2).
(a)
(b)
Figura 1 – Principais intervenções para as Olimpíadas de 2016: (a) as Instalações Olímpicas; (b)
o Porto Maravilha. Fonte: <http://www.cidadeolimpica.com>. Acesso em: 25 jul. 2012
As instalações previstas para as Olimpíadas são, dentre as arenas e os ginásios, as Vilas
Olímpicas, o Centro de Imprensa e o Parque Olímpico Cidade do Rock que instalará a Vila
Olímpica e Paraolímpica, composta com alojamentos para abrigar os atletas, bem como
áreas de recreação.
O Projeto Porto Maravilha trata da remodelação urbana do histórico portal de entrada da
cidade, a Zona Portuária, reafirmando, assim, a área central como protagonista cultural da
cidade do Rio de Janeiro. O mesmo atua na área intervenções urbanísticas de ruas e
praças, a demolição do viaduto da Perimetral, a construção de novas vias (a exemplo da via
Binário do Porto), infraestrutura urbana (pavimentação de ruas, drenagem, sinalização,
iluminação e paisagismo, recuperação do sistema de água e esgoto), restauração de bens
tombados, construção de museus e a construção de novas moradias, por meio de
programas sociais.
E, por fim, os três principais ramais de transporte viário previstos no pacote de obras
(www.cidadeolimpica.com):
i.
o corredor Transoeste, que é uma via expressa que une os bairros da Barra da Tijuca
até Santa Cruz, todos situados na Zona Oeste da cidade. Com 32 quilômetros de
extensão e 30 estações de ônibus BRT (Bus Rapid Transit), o projeto da via teve por
princípio reduzir pela metade o tempo médio estimado entre os seus extremos. A
obra contemplou a abertura do Túnel da Grota Funda, dentre os melhoramentos de
infraestrutura urbana (ver Figura 2a);
ii.
o eixo viário da Transolímpica perfaz a ligação entre os principais centros de
competição dos Jogos Olímpicos: a Barra e Deodoro. O corredor conta com 23
quilômetros de extensão, sendo composto por viadutos, pontes e passagens
subterrâneas (conhecidas na cidade como “mergulhões”). Dotado por quatro faixas
de rolamento em ambas as direções, sendo três para veículos e outra para o já
descrito BRT, o mesmo permitirá integração com a rede de transporte público da
cidade. No trajeto do BRT estão previstas 18 estações e dois terminais para suas
linhas (ver Figura 2b);
iii.
o Transcarioca é um corredor expresso exclusivo para ônibus articulados, que
permitirá a ligação do bairro da Barra da Tijuca ao Aeroporto Internacional Tom Jobim
(Galeão), situado na Ilha do Governador (ver Figura 3). O eixo cortará bairros do
subúrbio carioca, tais como Penha e Madureira e a estimativa dos técnicos é de que
a via deverá reduzir em 60% o tempo de trajeto entre os seus extremos
(aproximadamente 47 minutos). No total, o Transcarioca terá 39 quilômetros de
extensão, e seus ônibus articulados, com capacidade para 160 passageiros,
transportarão cerca de 400 mil passageiros por dia. Composto de 45 estações e
quatro terminais para o embarque e desembarque, o corredor será integrado aos
ramais de trem de Deodoro, Belford Roxo e Saracuruna e à Linha 2 do metrô. As
obras englobam quatro passagens subterrâneas, dez viadutos, nove pontes, assim
como projetos de urbanização de áreas circunvizinhas ao corredor e duplicação de
ruas preexistentes (ver Figura 2c).
(a)
(b)
(c)
Figura 2 – Projeto dos corredores expressos: (a) Transoeste; (b) Transolímpica e; (c)
Transcarioca. Fonte: <http://www.cidadeolimpica.com> Acesso em: 25 jul. 2012
Figura 3 – Mapa do trajeto da Transcarioca e suas estações de BRT. Fonte:
<http://www.oglobo.com> Acesso em: 25 jul. 2012
Com previsão de término na Copa de 2014, a obra do corredor Transcarioca será dividida
em quatro trechos. O primeiro inclui o Terminal Alvorada, as avenidas Ayrton Senna e
Embaixador Abelardo Bueno, ligando a Barra a Jacarepaguá. O segundo irá da Estrada
Coronel Pedro Corrêa à Estrada dos Bandeirantes, na Taquara. A terceira perna inclui a
Avenida Nelson Cardoso e as ruas Cândido Benício, Domingos Lopes e Quaxima e a
duplicação do Viaduto Negrão de Lima, em Madureira. Por fim, o quarto trecho será
composto pelas avenidas Ministro Edgard Romero, Vicente de Carvalho e Brás de Pina.
Contudo, apesar deste projeto de grande porte, com vocação de agente de transformação
social que resultará em um inquestionável legado de desenvolvimento social, esportivo,
urbano e econômico para a cidade e para o país, as obras de infraestrutura viária contidas
no plano de ação da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro são controversas, uma vez que
o traçado do corredor Transcarioca desconsiderou, em boa parte, os registros da memória
de alguns bairros suburbanos por ele cortado, afetando diretamente a imagem e a
identidade dos mesmos, a exemplo do ocorrido no Largo do Campinho, conforme será
explicitado nas próximas seções.
3 A IMAGEM E A IDENTIDADE DO SUBÚRBIO CARIOCA
A identidade suburbana, assim como sua imagem ambiental é o objeto teórico central deste
artigo, razão pela qual se buscou nesta seção, explorar melhor alguns conceitos destes
termos, bem como as suas respectivas fontes.
Imagem, do latim imagine, significa a representação visual de um objeto (FERREIRA, 2004).
Para Lynch, no que tange à urbe e seus ambientes físicos, “as imagens ambientais são o
resultado de um processo bilateral entre o observador e o seu ambiente” (2006, p. 7). O
ambiente pode ser dotado de especificidades e relações com os seus observadores que, por
sua vez, selecionam, organizam e conferem significados àquilo que veem. Ainda de acordo
com o autor, a imagem de uma determinada realidade pode variar entre observadores
diferentes. A coerência relativa a estes objetos, parte do pressuposto que o objeto real
adquire identidade, de acordo com a familiaridade que os indivíduos podem conferir aos
mesmos.
Identidade, proveniente do latim tardio identitate, é o conjunto das características e dos
traços próprios de um indivíduo ou de uma comunidade (FERREIRA, 2004). Esses traços
caracterizam o sujeito ou a coletividade perante os demais. No entanto, a identidade não se
refere somente às características próprias e exclusivas dos indivíduos, mas os lugares
também podem assumir suas particularidades e propriedades, criando, deste modo, uma
identidade própria. Segundo Lynch (2006), em se tratando de imagem ambiental, a
identidade é apenas um de seus componentes, uma qualidade atribuída ao poder de se
distinguir um objeto dos demais.
Várias ciências, humanas e sociais, exploraram o tema identidade. No campo da Geografia,
o foco de análise é a identidade dos lugares e sua influência na formação de consciências
individuais e coletivas (ROCHA, 2009). Para Bossé (in CORRÊA e ROSENDHAL, 2004, p.
158) estes pesquisadores “observam como as pessoas, sujeitos e agentes geográficos
recebem e percebem, constroem e reivindicam identidades cristalizadas em suas
representações e em suas interpretações dos lugares e das relações espaciais”. Com o
desenvolvimento das correntes humanistas dentro da Geografia, a partir de 1970, o tema
ganha uma nova dimensão conceitual – o “sentido de lugar”. O lugar é considerado, pois,
como o suporte essencial da identidade, ele influencia de forma subjetiva e/ou objetiva em
sua construção.
Para a análise das mudanças ocorridas nos espaços da cidade é necessário utilizar a
identidade do lugar como categoria de análise e interpretação das transformações urbanas.
Para tanto, não basta buscarmos abordagens apenas no campo da Geografia, faz-se mister
ampliar essa abordagem em outras ciências humanas e sociais. Lévi-Strauss (1957, p. 231)
expõe a influência do espaço na afirmação da identidade, assim como, a necessidade da
interação entre memória e espaço para possibilitar tal afirmação. Os objetos e o espaço
funcionam como elementos ativadores deste processo de construção e reafirmação de
identidades. Assim, os objetos, aqui, entendidos como edificações, participam na
constituição da identidade no momento em que a memória dos indivíduos é acionada, isto
acontece seja como forma de orientação no espaço, ou para relembrar fatos que ocorreram
naquele espaço, o que lhes confere uma sensação de pertencimento. Nesse sentido,
Halbwachs (2004, p. 139) aponta que um grupo permanece unido através do espaço por
pensarem e permanecerem submetidos à influência de seu ambiente.
Entretanto, a construção de identidades não deve ser associada à simples manutenção da
memória, pois, quando os conhecimentos e valores culturais são lembrados no presente
para uma reelaboração, se deparam com transformações que contribuem ou não para a
afirmação da identidade dos indivíduos. Para o sociólogo Bauman (2005, p.35) as
identidades estão livres e cabe a cada um capturar aquela que lhe convém, conferindo-lhe
segurança e pertencimento. Portanto, as experiências urbanas decorrentes da dinâmica da
sociedade sobre o espaço concede também aos indivíduos a possibilidade de escolhas, ou
seja, o surgimento de “novas identidades”. Assim, a identidade depende do contexto social,
pois fornece condições para variadas alternativas de identidade. E mais, a construção da
identidade se dá através das relações entre os indivíduos num determinado tempo e
espaço. Nota-se que os indivíduos, enquanto sujeitos, percebem, constroem e reivindicam
identidades em suas interpretações dos lugares durante as relações sociais. Neste sentido,
estas relações acontecem em lugares onde se processam a vida cotidiana, que se tornam
local de coesão para determinado grupo social. Consideramos o espaço citadino como
sendo aquele que é suporte da vida cotidiana, aquele que é produto das relações sociais.
O fato é que existem diversos debates teóricos sobre o termo identidade no campo das
ciências humanas e sociais, que corresponde a diferentes maneiras de entender este
conceito. Aqui, trataremos a identidade como expressão do sentimento de pertencimento do
grupo social, como meio de promover a segurança ao indivíduo, ao estar entre indivíduos
que se reconhecem como semelhantes num espaço considerado familiar. Esta sensação
favorece o estabelecimento de vínculos, de trocas e de coesão, que pode ser muito bem
exemplificada com o termo identidade suburbana carioca.
A identidade suburbana carioca está estreitamente relacionada ao particular conceito de
subúrbio assumido na cidade do Rio de Janeiro. Ao tratar do tema subúrbio, na referida
cidade, observa-se que há uma diferenciação conceitual, que se deve a professora Maria
Therezinha Segadas Soares, que, em seus estudos sobre a cidade do Rio de Janeiro,
justificou a existência de um "conceito carioca de subúrbio" (SOARES, 1966, p. 197). A
professora Soares, ao lado de outros autores como Leeds & Leeds (1978), chamaram de
subúrbio os bairros populares e ferroviários situados dentro do território da cidade. Segundo
Soares (1966, p. 197), a identidade do subúrbio está calcada na existência do transporte
ferroviário, uma vez que, só se denomina subúrbio àquelas áreas onde o acesso é
primordialmente realizado por trens. Mesmo as áreas que sejam periféricas, com baixas
densidades e outras características próprias dos subúrbios em geral, em que não houvesse
a característica citada anteriormente, não poderia ser denominada de subúrbio.
Para Soares (1966, p. 197), a palavra subúrbio só assumiu o significado carioca quando
passou a ser definida por três fatores: o transporte ferroviário como meio de acesso,
predomínio de uma população menos favorecida, no que diz respeito à renda, e, por último,
dependência e frequência das relações com o centro da cidade. A partir do século XX, estes
fatores se fixaram à palavra subúrbio, que no caso da cidade do Rio de Janeiro se tornaria o
conceito carioca de subúrbio, que foi amplamente discutido e representado para além do
campo acadêmico. Este conceito, particular, foi retratado também no campo das artes
visuais, teatrais, e ainda, musicais, como na música Gente Humilde:
[...] quando eu passo/ Num subúrbio/ Eu muito bem, vindo de trem/ De algum lugar/
São casas simples/ Com cadeiras na calçada/ E na fachada, escrito em cima/ Que é
um lar/ Pela varanda, flores tristes/ E baldias/ Como a alegria que não tem/ Onde
encostar [...] (Chico Buarque, Garoto e Vinícius de Moraes, 1969).
O trecho da canção supracitada revela a imagem, ainda que poética, do subúrbio carioca,
que ilustra muito bem esta identidade como sendo uma união entre lugar, identidade e modo
de vida, que para Fernandes (2011, p. 162) “há, por assim dizer, permanentemente,
cotidianamente, muito investimento simbólico nisto tudo”.
Desta forma, ao lado de outros signos, tais como Zona Sul, Zona Norte, Central, o subúrbio
passa a compor a imagem da cidade, integrando um mapa social, no qual os citadinos se
definem pelo lugar onde moram, ou seja, uma representação ideológica da divisão de
classes. Por se tratar de um signo ideológico fortemente presente na cidade do Rio de
Janeiro, não é possível tratar da área objeto deste estudo sem referi-la à sua identidade
local – a identidade suburbana carioca, que é representada em seu modo de vida, suas
relações de vizinhança e suas moradias, cujo resultado é a construção de sua paisagem
(ver Figura 4).
Figura 4 – A paisagem do Largo do Campinho em 1970: a vitalidade dos casarios como elemento de
identidade suburbana. Fonte: <http://fotolog.terra.com.br/riodehistorias:163> Acesso em 28 jul. 2012
3.1 Localização e breve histórico do bairro do Campinho
O bairro do Campinho está situado na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro (ver Figura
5a). O mesmo confronta com os bairros de Madureira, Oswaldo Cruz, Praça Seca,
Cascadura e Vila Valqueire (ver Figura 5b). Sua configuração urbana atual é caracterizada
pela interseção dos principais eixos viários de escoamento dos fluxos daquela região, que
são os seguintes: no sentido Jacarepaguá, rua Cândido Benício; proveniente do bairro de
Madureira, rua Domingos Lopes; em direção ao bairro de Cascadura, Avenida Ernani
Cardoso e; em direção ao bairro de Vila Valqueire, rua Intendente Magalhães (ver Figura
5c).
Estas vias foram formadas no distante passado colonial, quando as mesmas eram
chamadas, respectivamente, Estrada de Jacarepaguá, Estrada de Irajá e, as duas últimas
mencionadas formavam a Estrada Real de Santa Cruz. Em 1589, os padres jesuítas da
Companhia de Jesus adquiriram a fazenda de Santa Cruz e para atingir esta propriedade,
fez-se necessário abrir o caminho que deu origem à Estrada Real de Santa Cruz.
No cruzamento destas estradas havia um local de parada, onde os viajantes tinham por
costume descansar, antes de dobrar as demais estradas rumo às suas terras, deixando
seus animais pastarem em um pequeno campo existente no encontro desses caminhos –
eis daí o nome atribuído ao largo: “Campinho” (COSTA, 2000).
(a)
(b)
(c)
Figura 5 – (a) Localização do bairro do Campinho na cidade do Rio de Janeiro (em laranja). Fonte:
PCRJ, Portal GeoRio; (b) o Campinho e seus bairros limites. Fonte: PCRJ, Portal GeoRio; (c) Detalhe
dos eixos viários principais (em amarelo), junto ao centro do bairro. Fonte: Google Earth. Acesso em
28 jul. 2012
O lugar se tornou passagem obrigatória não somente para se chegar à Fazenda de Santa
Cruz, mas para atingir outras localidades, o viajante tinha que passar pela Estrada Real de
Santa Cruz e, por conseguinte, pelo Largo do Campinho. Muitos vinham das províncias,
como São Paulo e Minas Gerais e, muitas vezes optavam em fazer uma pausa no largo,
antes de enfrentar o trajeto final para a cidade do Rio de Janeiro. Ali, no século XVIII, foi
aberta uma estalagem, servindo por mais um século aos viajantes, inclusive Joaquim José
da Silva Xavier (Tiradentes), o qual pernoitou por diversas vezes na hospedaria, em seus
deslocamentos da Vila Rica (Ouro Preto) para o Rio de Janeiro. Ao lado da estalagem havia
o oratório da Fazenda do Campinho onde atualmente, no mesmo local, existe a Igreja de
Nossa Senhora da Conceição, construída a partir de 1862 (ver Figura 6a).
No século XIX, bem no início do Primeiro Reinado (1822), foi construído no bairro o Forte de
Nossa Senhora da Glória do Campinho, erguido com o intuito de proteger o Caminho Real
de possíveis ataques de invasores estrangeiros (ver Figura 6b).
(a)
(b)
(c)
Figura 6 – (a) Igreja de Nossa Senhora da Conceição. Fonte: <http://flickr.com.> Acesso em 28 jul.
2012; (b) Desenho do Forte de Nossa Senhora da Glória do Campinho, segundo a viajante Maria
Graham (1823). Fonte: <www0.rio.gov.br> Acesso em 28 jul. 2012; (c) Fotografia da Fortaleza do
Campinho no início do século XX. Fonte: <www.fortalezasmultimidia.com.br> Acesso em 28 jul. 2012
A ambiência urbana do entorno do Forte do Campinho (ver Figura 6c) passou a contar, nas
primeiras décadas do século XX, com casarios suntuosos, em estilo eclético, evidenciado
pelo poder do comércio local. Vale frisar que, naquela época, o Mercado do Campinho era
um importante entreposto de distribuição e venda da maioria dos produtos agropecuários da
cidade (COSTA, 2000). Estas edificações representavam simbolicamente, uma época de
grande prosperidade.
Apesar do recente estado de abandono, estes casarios, todos componentes do conjunto
arquitetônico localizado no Largo do Campinho, foram tombados pela Prefeitura da Cidade
do Rio de Janeiro, a pedido dos moradores em 2004 [1] (MAGALHÃES, 2010) (ver Figura
7). Isto significa que, em tese, nenhum dos imóveis tombados poderia sofrer qualquer tipo
de alteração sem análise prévia da Secretaria de Patrimônio Cultural. No entanto, apesar da
tamanha relevância histórica, lamentavelmente parte desta memória foi destruída para dar
lugar ao corredor Transcarioca.
As intervenções promovidas pela necessidade de adequação à Cidade Olímpica, cujos
efeitos ainda estão em curso, configuram novos significados e incertezas, tanto na paisagem
urbana como nas práticas sociais de seus citadinos. A seguir, procura-se avançar sobre tais
desdobramentos na área objeto do presente estudo.
(a)
(b)
Figura 7 – Conjunto arquitetônico tombado do início do século XX no Largo do Campinho, em dois
momentos distintos (a) 1988; (b) 2010: nítido estado de degradação. Fonte:
<http://oglobo.globo.com/rio/bairros/marcelo/posts/2010/08/05/largo-do-campinho-esta-degradado313898.asp> Acesso em 28 jul. 2012
4 OS IMPACTOS DO CORREDOR TRANSCARIOCA NO BAIRRO DO CAMPINHO
Os megaeventos esportivos têm significados, que vão além de grande promotor de negócios
do tipo merchandising e direito exclusivo de transmissão, a possibilidade de construção da
imagem urbana enquanto força motriz na promoção da cidade no cenário mundial. Essa
promoção representa grande instrumento de atração de investimentos, bem como
desenvolvimento do turismo esportivo de âmbito nacional e internacional, o que Sánchez
(2003, p. 526) descreve como “operações de marketing urbano”. Para autora a “realização
de
mega-eventos
internacionais,
as
operações
de
marketing
urbano
encontram
oportunidades excepcionais de promoção das cidades e de aproveitamento estratégico do
contexto para operações de reestruturação econômica” (SÁNCHEZ, 2003, p. 526-527).
Mesmo durante a preparação da cidade para sediar um megaevento como as Olimpíadas,
há uma troca intensa no campo simbólico, uma vez que, coloca em exibição ao mundo a
cidade em preparação e, por outro lado, exibe o mundo aos seus citadinos. Nesse
movimento, identidades que compõem a imagem urbana, e que servem como promotoras
da cidade no cenário mundial são consideradas características positivas dos citadinos. Por
outro lado, esse movimento convida os cidadãos da cidade-olímpica a se moldarem de
forma a assumir novas identidades para se tornarem cidadãos do mundo (BIENENSTEIN,
2011, p. 133).
Como exemplo das consequências da mencionada preparação para os Jogos Olímpicos,
constatou-se no bairro do Campinho, um dos trechos de maior complexidade na implantação
do traçado do corredor Transcarioca, profundos impactos decorrentes das suas obras. Por
meses, condutores que transitavam pelas artérias viárias principais, as quais se entrecruzam
bem no Largo do Campinho, sofreram com constantes e intermináveis congestionamentos,
sendo refletidos também nos bairros adjacentes (ver Figura 8b). O cenário de grande
“canteiro de obras”, ampliado por sérios transtornos no cotidiano dos citadinos são típicos
em obras desta envergadura (ver Figura 8).
(a)
(b)
Figura 8 – Impactos das obras de construção do corredor Transcarioca no bairro do Campinho: (a)
transtornos com as demolições e a poeira constante; (b) longos congestionamentos. Fonte:
<http://www.cidadeolimpica.com/> Acesso em: 25 jul. 2012
Durante a fase inicial da obra, ocorrida em março de 2011 (NASCIMENTO, 2011),
divulgavam-se nas notícias de jornal promessas da construção de um novo subúrbio, visto
que estas intervenções gerariam um “novo visual” aos bairros cortados pela via. Contudo, o
preço dessa transformação imagética implicou em uma série de desapropriações de imóveis
no caminho do Transcarioca (CÂNDIDA, 2011).
De acordo com Magalhães (2010), cerca de dez prédios, incluindo uma antiga estalagem no
Largo do Campinho, todos construídos no início do século XX, foram destombados para, a
posteriori, serem demolidos. A alegação da Secretaria Municipal de Obras foi a de que o
desvio da via em função das edificações “exigiria desapropriação em escala maior, elevando
os custos do projeto” (ibid). A remoção dos casarios também implicou no despejo de cerca
de cem famílias residentes na comunidade situada ao redor dos mesmos. Diante da
situação os moradores se organizaram em manifestações realizadas nas vias principais do
bairro (GRANJA, 2011) (ver Figura 9).
Figura 9 – Moradores se manifestaram contra despejo e reassentamento. Fonte: GRANJA, 2011.
Moradores do bairro do Campinho inscritos na lista de casas desapropriadas, muito
preocupados com a incerteza de seus destinos e decepcionados pela ação do Poder
Público quanto o retorno financeiro das suas indenizações, lamentaram pelas perdas e
prejuízos, conforme notícia publicada na época, intitulada “Progresso atravessa o caminho
de moradores”:
No caminho do progresso estava a igreja do bispo Antonio Ferreira, 77 anos. O
imóvel, agora vazio e parcialmente demolido, fica na Rua Domingos Lopes, em
Campinho, onde outras dezenas de casas foram desapropriadas pela prefeitura por
causa do Transcarioca. [...] ‘Foi um valor baixo. Teremos que orar muito se
quisermos outra igreja como essa. Aqui no bairro, por causa desse corredor de
ônibus, os imóveis estão muito mais caros’, disse, desanimado, o bispo enquanto
acompanhava a retirada de janelas, portas e esquadrias do templo (NASCIMENTO,
2011).
Os moradores mais velhos entrevistados (MAGALHÃES, 2010), se mostraram sensíveis e
muitas vezes saudosistas em relação à aparência da antiga forma urbana do centro do
bairro e temem pelos efeitos da Transcarioca. Por outro lado, muitos se mostraram otimistas
às possibilidades de valorização dos imóveis depois das obras (NASCIMENTO, 2011), uma
vez que as intervenções urbanísticas nas imediações do eixo requalificarão a aparência
ambiental das ruas e do mobiliário urbano.
A mudança da imagem do bairro decorrente das transformações promovidas pela obra viária
do corredor Transcarioca representa uma ruptura na história e memória coletiva, o que lhe
impõe a reconstrução de sua história a partir desse novo momento, quando dezenas de
casarios, repletos de lembranças de seu povo simplesmente são apagados para dar lugar a
uma passagem de nível subterrâneo. Nesta perspectiva, o bairro que outrora era conhecido
como um bairro residencial suburbano ou centro de comércio e serviços de apoio passaria,
então, a ser conhecido como um bairro de transição – um possível “bairro do Mergulhão” [2],
uma alusão à outra passagem subterrânea construída na cidade, popularmente conhecida
como “Mergulhão da Praça XV”. Percebe-se que é comum a apropriação simbólica de
termos, que não são próprios e/ou exclusivos do lugar, mas, trata-se de uma repetição de
intervenções pela cidade. Apesar dessa condição, a comunidade do bairro poderá se
apropriar do termo, que possivelmente passará a fazer parte da nova identidade do lugar
(ver Figura 10).
(b)
(a)
Figura 10 – “Mergulhão do Campinho”: (a) em construção; (b) recém-inaugurado. Fonte:
<http://www.jb.com.br/> Acesso em: 28 jul. 2012
5 CONCLUSÕES
Ainda é cedo para mensurar na íntegra os impactos do corredor Transcarioca no “subúrbio
olímpico”. No entanto, é correto afirmar que a imagem suburbana está em processo de
transformação, mudando completamente a lógica de comportamento dos citadinos com a
abertura de novas vias, com a promessa de melhoria do fluxo de veículos e a retirada do
excedente de ônibus das ruas.
O progresso dá passagem a devastadoras intervenções urbanas, acarretando um grande
volume de demolições e, com isso, o desmanche dos elementos da memória dos bairros.
Construções seculares carregadas de significados estão cada vez mais rarefeitas nos
bairros suburbanos e, assim, fadadas ao desaparecimento. A falta de conservação e/ ou de
incentivos para a preservação do patrimônio dos bairros suburbanos permite a leitura de que
a degradação justifica a obsolescência e o posterior desaparecimento destes imóveis [3].
O momento atual, contexto de construção da Cidade Olímpica, diz respeito às exigências
viárias de transporte, tão necessárias ao sucesso da mobilidade urbana durante os eventos.
Isto implica na reestruturação urbana e na resignificação dos valores atribuídos às suas
formas. Segundo Jacobs (2000, p. 377) “a feição urbana é desfigurada a ponto de todos os
lugares se parecerem com qualquer outro, resultando em Lugar Algum” em decorrência da
necessidade de adequar a cidade ao emergente aumento dos congestionamentos.
Jacobs ainda salienta sobre o efeito cumulativo provocado pela tentativa de solucionar o
problema de fluxo de veículos, denominado de “retroalimentação positiva”. Trata-se,
portanto, de uma reação a uma determinada ação que intensifica a situação que originou a
primeira ação, resultando na necessidade de repetir a ação inicial e assim por diante. Não
há dúvida que à medida que o novo corredor viário conseguir escoar o fluxo de veículos
mensurado em projeto, condutores, que usavam outras vias, farão deslocamento para este
com o intuito de diminuir seu tempo de viagem. Aumentará, assim, o número de veículos
atraídos pelo “milagre do trânsito rápido”, de forma a superar, brevemente, o
dimensionamento do corredor viário. Neste cenário, far-se-á necessário uma nova
intervenção urbana de alargamento da via, sinalizando mais uma destruição de edificações
que fazem parte da tipologia do bairro e, consequentemente, uma nova reconstrução da
imagem e da identidade associadas à memória coletiva da população.
Embora controverso e irreversível, o desenvolvimento urbano é uma realidade e possui
custo alto. Contudo, não devem ser admitidas certas formas de realização. Ainda que exista
a prática da consulta popular, os valores impostos pelo capital, sempre autoritário,
privilegiam os interesses das classes mais favorecidas economicamente, bem como da
política vigente, desprezando, desta forma, os anseios da população suburbana da qual, por
excelência, usufrui e se identificam nestes lugares da cidade repletos de significados e
simbolismos.
REFERÊNCIAS
BAUMAN, Zygmunt. Identidade: entrevista a Benedetto Vecchi/ Zygmunt Bauman; tradução
Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005.
CANDIDA, Simone. Transcarioca prevê outra ponte estaiada na Barra, além de mergulhões
e viadutos rumo à Zona Norte. Extra. Rio de Janeiro, 18 mar. 2011.
CORRÊA, Roberto Lobato; ROSENDAHL, Zeny (organizadores). Paisagens, Textos e
Identidade. 2ª edição. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2004. 180p.
COSTA, Waldemar S. Resumo Histórico de Jacarepaguá. Roteiro Histórico dos bairros.
Publicado em: jul. 2000. Disponível em: <http://www.wsc.jor.br> Acesso em: 25 jul. 2012.
FERNANDES, Nelson da Nóbrega. O rapto ideológico da categoria subúrbio: Rio de
Janeiro 1858/1945. Rio de Janeiro: Apicuri, 2011. 176p.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio. 3ª edição. São Paulo:
Positivo, 2004.
GRANJA, Patrick. Largo do Campinho resiste às ofensivas da Prefeitura. A Nova
Democracia. no 75. Rio de Janeiro, mar. 2011.
HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. Tradução Laís Teles Benoir. São Paulo:
Centauro, 2004.
JACOBS, Jane. Morte e Vida de Grandes Cidades. 1ª edição. São Paulo: Martins Fontes,
2000. 516 p. (Coleção “a”).
LEEDS, Anthony e LEEDS, Elizabeth. De lo rural a lo urbano. Barcelona: Ediciones
Península, 1978.
LÉVI-STRAUSS, Claude. Tristes Trópicos. São Paulo: Anhembi, 1957.
LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. Tradução Jefferson Luiz Camargo. 1ª edição.
SãoPaulo: Martins Fontes, 2006. 232 p. (Coleção “a”).
MAGALHÃES, Luis Ernesto. “Transcarioca atropela memória”. O Globo. Rio de Janeiro, 03
ago. 2010.
MASCARENHAS, Gilmar; BIENENSTEIN, Glauco; SÁNCHEZ, Fernanda (organizadores). O
jogo continua: megaeventos esportivos e cidades. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2011. 302 p.
NASCIMENTO, Christiana. Transcarioca dá origem a novo subúrbio para o Rio. O Dia. Rio
de Janeiro, 27 mar. 2011. p.12 e 13.
SÁNCHEZ, Fernanda. A reinvenção das cidades para um mercado mundial. Santa
Catarina: Argos, 2003.
SOARES, Maria Therezinha Segadas. Fisionomia e estrutura do Rio de Janeiro. Rio de
Janeiro: IBGE, CNG, 1966.
PREFEITURA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO. Secretaria Municipal de Obras. Cidade
Olímpica. Disponível em: <http://www.cidadeolimpica.com/> Acesso em: 25 jul. 2012.
ROCHA, Josielle Cíntia de Souza. (Re)Conhecer o subúrbio carioca: uma análise das
transformações e permanências na morfologia dos bairros do Méier e Engenho Novo.
Niterói, 2009, 140 f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Programa de
Pós-graduação da Escola de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal Fluminense,
Niterói, 2009.
Notas
[1] Tombado pelo Poder Público Municipal na gestão do Prefeito Cesar Maia, através do Decreto Nº
24.560 de 25 ago. 2004.
[2] Mergulhão Clara Nunes, inaugurado em 25 mai. 2012. Disponível em <www.jb.com.br>. Acesso em 28
jul. 2012.
[3] Conforme o subsecretário municipal de Patrimônio Cultural, Washington Fajardo, a degradação dos
imóveis no Campinho reflete o esvaziamento econômico da Zona Norte, a partir da década de 1980
(MAGALHÃES, 2010).