A IMAGEM E A IDENTIDADE SUBURBANA CARIOCA NA
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A IMAGEM E A IDENTIDADE SUBURBANA CARIOCA NA
A IMAGEM E A IDENTIDADE SUBURBANA CARIOCA NA CONSTRUÇÃO DA CIDADE OLÍMPICA – O CASO CAMPINHO Josielle Cíntia de Souza Rocha Curso de Arquitetura e Urbanismo das Faculdades Integradas Pitágoras, FipMoc Ricardo Ferreira Lopes Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Gama Filho, UGF RESUMO Os bairros suburbanos da cidade do Rio de Janeiro vêm sofrendo profundas transformações decorrentes das obras de construção de eixos viários para o espetáculo dos Jogos Olímpicos de 2016. O objetivo desse artigo é analisar o contexto em que se deram as recentes intervenções urbanas, promovendo uma reflexão sobre os aspectos associados à perda ou desvalorização de uma identidade definida como “suburbana” e a possibilidade de construção de identidades outras. Colocou-se em questão como estas interferências na paisagem podem gerar mudanças na “identidade suburbana”, historicamente presente na cidade do Rio de Janeiro. Adotou-se como recorte espacial, o bairro do Campinho, localizado na Zona Norte da cidade, visto que ali, as obras da Transcarioca geraram certa polêmica com a demolição de casarios outrora tombados pela municipalidade. Com base no levantamento de dados historiográficos e notícias de jornal, pretende-se nortear a reflexão do contexto de como a área suburbana da cidade está se transformando e os reflexos dessa transformação no cotidiano de sua população. Palavras-chave: Olimpíadas 2016. Intervenções urbanas. Subúrbio. Identidade. ABSTRACT The suburban city of Rio de Janeiro has been suffering considerable changes arising from works of construction of highways to the Olympics in 2016. This paper aims to analyze the context in which they gave the recent urban operations, promoting reflection on aspects of the loss or devaluation of a defined identity as "suburban" and the possible construction of other identities. Was discussed as these can cause interference in the urban landscape changes in the "suburban identity," historically present in the city of Rio de Janeiro. Adopted as spatial area, the neighborhood of Campinho, located in the Northern area of the city, whereas there, the works of Transcarioca generated some controversy with the demolition of houses, before protected by the municipality. Based on research historiographical and newspapers data, aims to guide the discussion of the context of how the suburban area of the city is changing and the consequences of this transformation in the daily life of its population. Keywords: Olympics 2016. Urban Operations. Suburb. Identity. 1 INTRODUÇÃO O processo de transformação da cidade do Rio de Janeiro em decorrência do espetáculo dos Jogos Olímpicos de 2016 está evidenciado pelas operações de marketing e reestruturação urbana, o que acarretaram profundos impactos associados às grandes intervenções, através das quais levam a cidade a um cenário de “grande canteiro de obras”. Na construção da imagem da cidade enquanto espetáculo nota-se a crescente desconsideração com a identidade do lugar em detrimento das ações do Poder Público. Áreas que, por tradição, são arraigadas de significados para a coletividade, tais como ocorrem no subúrbio da cidade do Rio de Janeiro, estão sofrendo mudanças significativas em seu conteúdo socioespacial. É bem verdade que, para análise das mudanças ocorridas nos espaços da cidade é necessário utilizar a identidade do lugar como categoria de análise e interpretação das transformações urbanas, o que nos leva a um terreno instável para o debate crítico. O objetivo central do presente artigo é analisar o contexto socioespacial da área suburbana da cidade do Rio de Janeiro onde as recentes intervenções urbanas, que fazem parte do conjunto de obras para a construção da Cidade Olímpica estão promovendo grandes mudanças físicas na imagem de sua paisagem. Deste modo, adotou-se como recorte espacial o bairro do Campinho, localizado na Zona Norte da cidade, visto que ali, as obras do corredor expresso Transcarioca geraram certa polêmica com a demolição de casarios outrora tombados pela municipalidade. Pretende-se, ainda, promover uma reflexão sobre os aspectos associados à perda ou desvalorização de uma identidade definida como “suburbana” e a possibilidade da construção de outras identidades em função das transformações observadas na estrutura morfológica, por sua vez, decorrentes da dinâmica de produção de um novo espaço urbano. A metodologia empregada na coleta de dados e análise aborda o levantamento historiográfico, a fim de embasar a reflexão sobre a evolução da área suburbana da cidade, bem como a pesquisa de fontes primárias como base de investigação das transformações que estão ocorrendo no espaço urbano, todas obtidas em notícias de jornais. Algumas reflexões sobre as relações entre o processo de transformação da cidade em espetáculo olímpico e a identidade existente, bem como as possíveis identidades construídas a partir deste novo espaço construído, serão foco de reflexão, inclusive a apropriação afetiva dos novos espaços pela população, e a sua consequente fruição, de forma a promover sua existência de forma vital. Por fim, pretende-se, ainda, apontar os resultados das transformações decorrentes do processo de construção da Cidade Olímpica no recorte espacial proposto, não apenas tangentes às mudanças físicas do espaço, mas, para além destas, as modificações na “identidade suburbana”, que é fortemente presente na cidade do Rio de Janeiro. Há que se preocupar, também, com as mudanças imediatas, ou seja, o reflexo da transformação de bairros tradicionais da cidade em grandes canteiros de obras e os impactos no cotidiano da população suburbana. Deste modo, esperamos com este estudo, contribuir com uma análise e interpretação da produção de espaços urbanos determinados por uma nova demanda mundial: as celebrações mundiais, as quais em muitas vezes, desconsideram a identidade local e a imagem existente, bem como o consequente desdobramento dessas mudanças, em longo prazo, na vida cotidiana da população. 2 JOGOS OLÍMPICOS NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO E SUAS OBRAS VIÁRIAS: O CORREDOR TRANSCARIOCA O Brasil, atualmente, representa um forte competidor na guerra para sediar megaeventos esportivos de repercussão mundial. Neste contexto, há grande destaque para a cidade do Rio de Janeiro, por ter posição privilegiada dentre as demais cidades brasileiras. Não há dúvida sobre a representação ideológica da cidade na construção de sua imagem como cidade-símbolo do país. A cidade do Rio de Janeiro foi candidata para sediar as Olimpíadas de 2004, 2012 e 2016, tendo êxito nessa última candidatura. Aliada a esta conquista, a cidade também foi palco dos Jogos Pan-Americanos de 2007 e os Jogos Militares de 2011, além de ganhar a disputa para sediar a Copa do Mundo de 2014. Tais conquistas foram resultado de forte investimento de todas as esferas de governo – municipal, estadual e federal, e que, para Bienenstein (in MASCARENHAS; BIENENSTEIN; SÁNCHEZ, 2011, p.139), as candidaturas da cidade do Rio de Janeiro para sediar megaeventos esportivos foram calcadas em ações estratégicas e agressivas de marketing: Suas peculiaridades físicas e sociais – uma cidade geograficamente deslumbrante e acolhedora, na qual, supostamente, pessoas de diferentes classes sociais podem conviver de forma pacífica – foram apresentadas como as principais características para justificar sua inserção no rol das metrópoles capazes de abrigar megaeventos. A cidade-sede dos Jogos Olímpicos de 2016 foi escolhida em outubro de 2009 na cidade de Copenhague, em votação durante a 121ª Sessão do COI - Comitê Olímpico Internacional, após um processo de quaro anos de duração. Das oito cidades concorrentes que iniciaram o pleito, Chicago, Tóquio, Madri e Rio de Janeiro foram para a fase final de escolha da sede, sendo as duas primeiras desclassificadas. Na disputa final, foram escolhidas as cidades de Madri e Rio de Janeiro, sendo esta última vencedora por maioria de votos. Pela primeira vez na história dos Jogos Olímpicos, o COI escolheu uma cidade da América do Sul para sediar o maior evento esportivo do mundo. A escolha da cidade do Rio de Janeiro como a sede dos Jogos Olímpicos implicou no compromisso do Poder Público em aplicar mais investimentos para poder realizá-los com sucesso, uma vez que a cidade era a que mais carecia de estrutura para o evento. Apesar dos diversos problemas e muitos desafios a serem enfrentados, principalmente nas áreas de segurança, transporte e saúde, a cidade do Rio de Janeiro passou a firmar a posição do país definitivamente na era dos grandes eventos esportivos internacionais. Segundo o site oficial da Cidade Olímpica (www.cidadeolimpica.com), as principais intervenções que estão sendo executadas na cidade do Rio de Janeiro para o evento são as seguintes: as instalações olímpicas (ver Figura 1a) e o Porto Maravilha (ver Figura 1b), bem como os corredores expressos (ver Figura 2). (a) (b) Figura 1 – Principais intervenções para as Olimpíadas de 2016: (a) as Instalações Olímpicas; (b) o Porto Maravilha. Fonte: <http://www.cidadeolimpica.com>. Acesso em: 25 jul. 2012 As instalações previstas para as Olimpíadas são, dentre as arenas e os ginásios, as Vilas Olímpicas, o Centro de Imprensa e o Parque Olímpico Cidade do Rock que instalará a Vila Olímpica e Paraolímpica, composta com alojamentos para abrigar os atletas, bem como áreas de recreação. O Projeto Porto Maravilha trata da remodelação urbana do histórico portal de entrada da cidade, a Zona Portuária, reafirmando, assim, a área central como protagonista cultural da cidade do Rio de Janeiro. O mesmo atua na área intervenções urbanísticas de ruas e praças, a demolição do viaduto da Perimetral, a construção de novas vias (a exemplo da via Binário do Porto), infraestrutura urbana (pavimentação de ruas, drenagem, sinalização, iluminação e paisagismo, recuperação do sistema de água e esgoto), restauração de bens tombados, construção de museus e a construção de novas moradias, por meio de programas sociais. E, por fim, os três principais ramais de transporte viário previstos no pacote de obras (www.cidadeolimpica.com): i. o corredor Transoeste, que é uma via expressa que une os bairros da Barra da Tijuca até Santa Cruz, todos situados na Zona Oeste da cidade. Com 32 quilômetros de extensão e 30 estações de ônibus BRT (Bus Rapid Transit), o projeto da via teve por princípio reduzir pela metade o tempo médio estimado entre os seus extremos. A obra contemplou a abertura do Túnel da Grota Funda, dentre os melhoramentos de infraestrutura urbana (ver Figura 2a); ii. o eixo viário da Transolímpica perfaz a ligação entre os principais centros de competição dos Jogos Olímpicos: a Barra e Deodoro. O corredor conta com 23 quilômetros de extensão, sendo composto por viadutos, pontes e passagens subterrâneas (conhecidas na cidade como “mergulhões”). Dotado por quatro faixas de rolamento em ambas as direções, sendo três para veículos e outra para o já descrito BRT, o mesmo permitirá integração com a rede de transporte público da cidade. No trajeto do BRT estão previstas 18 estações e dois terminais para suas linhas (ver Figura 2b); iii. o Transcarioca é um corredor expresso exclusivo para ônibus articulados, que permitirá a ligação do bairro da Barra da Tijuca ao Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão), situado na Ilha do Governador (ver Figura 3). O eixo cortará bairros do subúrbio carioca, tais como Penha e Madureira e a estimativa dos técnicos é de que a via deverá reduzir em 60% o tempo de trajeto entre os seus extremos (aproximadamente 47 minutos). No total, o Transcarioca terá 39 quilômetros de extensão, e seus ônibus articulados, com capacidade para 160 passageiros, transportarão cerca de 400 mil passageiros por dia. Composto de 45 estações e quatro terminais para o embarque e desembarque, o corredor será integrado aos ramais de trem de Deodoro, Belford Roxo e Saracuruna e à Linha 2 do metrô. As obras englobam quatro passagens subterrâneas, dez viadutos, nove pontes, assim como projetos de urbanização de áreas circunvizinhas ao corredor e duplicação de ruas preexistentes (ver Figura 2c). (a) (b) (c) Figura 2 – Projeto dos corredores expressos: (a) Transoeste; (b) Transolímpica e; (c) Transcarioca. Fonte: <http://www.cidadeolimpica.com> Acesso em: 25 jul. 2012 Figura 3 – Mapa do trajeto da Transcarioca e suas estações de BRT. Fonte: <http://www.oglobo.com> Acesso em: 25 jul. 2012 Com previsão de término na Copa de 2014, a obra do corredor Transcarioca será dividida em quatro trechos. O primeiro inclui o Terminal Alvorada, as avenidas Ayrton Senna e Embaixador Abelardo Bueno, ligando a Barra a Jacarepaguá. O segundo irá da Estrada Coronel Pedro Corrêa à Estrada dos Bandeirantes, na Taquara. A terceira perna inclui a Avenida Nelson Cardoso e as ruas Cândido Benício, Domingos Lopes e Quaxima e a duplicação do Viaduto Negrão de Lima, em Madureira. Por fim, o quarto trecho será composto pelas avenidas Ministro Edgard Romero, Vicente de Carvalho e Brás de Pina. Contudo, apesar deste projeto de grande porte, com vocação de agente de transformação social que resultará em um inquestionável legado de desenvolvimento social, esportivo, urbano e econômico para a cidade e para o país, as obras de infraestrutura viária contidas no plano de ação da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro são controversas, uma vez que o traçado do corredor Transcarioca desconsiderou, em boa parte, os registros da memória de alguns bairros suburbanos por ele cortado, afetando diretamente a imagem e a identidade dos mesmos, a exemplo do ocorrido no Largo do Campinho, conforme será explicitado nas próximas seções. 3 A IMAGEM E A IDENTIDADE DO SUBÚRBIO CARIOCA A identidade suburbana, assim como sua imagem ambiental é o objeto teórico central deste artigo, razão pela qual se buscou nesta seção, explorar melhor alguns conceitos destes termos, bem como as suas respectivas fontes. Imagem, do latim imagine, significa a representação visual de um objeto (FERREIRA, 2004). Para Lynch, no que tange à urbe e seus ambientes físicos, “as imagens ambientais são o resultado de um processo bilateral entre o observador e o seu ambiente” (2006, p. 7). O ambiente pode ser dotado de especificidades e relações com os seus observadores que, por sua vez, selecionam, organizam e conferem significados àquilo que veem. Ainda de acordo com o autor, a imagem de uma determinada realidade pode variar entre observadores diferentes. A coerência relativa a estes objetos, parte do pressuposto que o objeto real adquire identidade, de acordo com a familiaridade que os indivíduos podem conferir aos mesmos. Identidade, proveniente do latim tardio identitate, é o conjunto das características e dos traços próprios de um indivíduo ou de uma comunidade (FERREIRA, 2004). Esses traços caracterizam o sujeito ou a coletividade perante os demais. No entanto, a identidade não se refere somente às características próprias e exclusivas dos indivíduos, mas os lugares também podem assumir suas particularidades e propriedades, criando, deste modo, uma identidade própria. Segundo Lynch (2006), em se tratando de imagem ambiental, a identidade é apenas um de seus componentes, uma qualidade atribuída ao poder de se distinguir um objeto dos demais. Várias ciências, humanas e sociais, exploraram o tema identidade. No campo da Geografia, o foco de análise é a identidade dos lugares e sua influência na formação de consciências individuais e coletivas (ROCHA, 2009). Para Bossé (in CORRÊA e ROSENDHAL, 2004, p. 158) estes pesquisadores “observam como as pessoas, sujeitos e agentes geográficos recebem e percebem, constroem e reivindicam identidades cristalizadas em suas representações e em suas interpretações dos lugares e das relações espaciais”. Com o desenvolvimento das correntes humanistas dentro da Geografia, a partir de 1970, o tema ganha uma nova dimensão conceitual – o “sentido de lugar”. O lugar é considerado, pois, como o suporte essencial da identidade, ele influencia de forma subjetiva e/ou objetiva em sua construção. Para a análise das mudanças ocorridas nos espaços da cidade é necessário utilizar a identidade do lugar como categoria de análise e interpretação das transformações urbanas. Para tanto, não basta buscarmos abordagens apenas no campo da Geografia, faz-se mister ampliar essa abordagem em outras ciências humanas e sociais. Lévi-Strauss (1957, p. 231) expõe a influência do espaço na afirmação da identidade, assim como, a necessidade da interação entre memória e espaço para possibilitar tal afirmação. Os objetos e o espaço funcionam como elementos ativadores deste processo de construção e reafirmação de identidades. Assim, os objetos, aqui, entendidos como edificações, participam na constituição da identidade no momento em que a memória dos indivíduos é acionada, isto acontece seja como forma de orientação no espaço, ou para relembrar fatos que ocorreram naquele espaço, o que lhes confere uma sensação de pertencimento. Nesse sentido, Halbwachs (2004, p. 139) aponta que um grupo permanece unido através do espaço por pensarem e permanecerem submetidos à influência de seu ambiente. Entretanto, a construção de identidades não deve ser associada à simples manutenção da memória, pois, quando os conhecimentos e valores culturais são lembrados no presente para uma reelaboração, se deparam com transformações que contribuem ou não para a afirmação da identidade dos indivíduos. Para o sociólogo Bauman (2005, p.35) as identidades estão livres e cabe a cada um capturar aquela que lhe convém, conferindo-lhe segurança e pertencimento. Portanto, as experiências urbanas decorrentes da dinâmica da sociedade sobre o espaço concede também aos indivíduos a possibilidade de escolhas, ou seja, o surgimento de “novas identidades”. Assim, a identidade depende do contexto social, pois fornece condições para variadas alternativas de identidade. E mais, a construção da identidade se dá através das relações entre os indivíduos num determinado tempo e espaço. Nota-se que os indivíduos, enquanto sujeitos, percebem, constroem e reivindicam identidades em suas interpretações dos lugares durante as relações sociais. Neste sentido, estas relações acontecem em lugares onde se processam a vida cotidiana, que se tornam local de coesão para determinado grupo social. Consideramos o espaço citadino como sendo aquele que é suporte da vida cotidiana, aquele que é produto das relações sociais. O fato é que existem diversos debates teóricos sobre o termo identidade no campo das ciências humanas e sociais, que corresponde a diferentes maneiras de entender este conceito. Aqui, trataremos a identidade como expressão do sentimento de pertencimento do grupo social, como meio de promover a segurança ao indivíduo, ao estar entre indivíduos que se reconhecem como semelhantes num espaço considerado familiar. Esta sensação favorece o estabelecimento de vínculos, de trocas e de coesão, que pode ser muito bem exemplificada com o termo identidade suburbana carioca. A identidade suburbana carioca está estreitamente relacionada ao particular conceito de subúrbio assumido na cidade do Rio de Janeiro. Ao tratar do tema subúrbio, na referida cidade, observa-se que há uma diferenciação conceitual, que se deve a professora Maria Therezinha Segadas Soares, que, em seus estudos sobre a cidade do Rio de Janeiro, justificou a existência de um "conceito carioca de subúrbio" (SOARES, 1966, p. 197). A professora Soares, ao lado de outros autores como Leeds & Leeds (1978), chamaram de subúrbio os bairros populares e ferroviários situados dentro do território da cidade. Segundo Soares (1966, p. 197), a identidade do subúrbio está calcada na existência do transporte ferroviário, uma vez que, só se denomina subúrbio àquelas áreas onde o acesso é primordialmente realizado por trens. Mesmo as áreas que sejam periféricas, com baixas densidades e outras características próprias dos subúrbios em geral, em que não houvesse a característica citada anteriormente, não poderia ser denominada de subúrbio. Para Soares (1966, p. 197), a palavra subúrbio só assumiu o significado carioca quando passou a ser definida por três fatores: o transporte ferroviário como meio de acesso, predomínio de uma população menos favorecida, no que diz respeito à renda, e, por último, dependência e frequência das relações com o centro da cidade. A partir do século XX, estes fatores se fixaram à palavra subúrbio, que no caso da cidade do Rio de Janeiro se tornaria o conceito carioca de subúrbio, que foi amplamente discutido e representado para além do campo acadêmico. Este conceito, particular, foi retratado também no campo das artes visuais, teatrais, e ainda, musicais, como na música Gente Humilde: [...] quando eu passo/ Num subúrbio/ Eu muito bem, vindo de trem/ De algum lugar/ São casas simples/ Com cadeiras na calçada/ E na fachada, escrito em cima/ Que é um lar/ Pela varanda, flores tristes/ E baldias/ Como a alegria que não tem/ Onde encostar [...] (Chico Buarque, Garoto e Vinícius de Moraes, 1969). O trecho da canção supracitada revela a imagem, ainda que poética, do subúrbio carioca, que ilustra muito bem esta identidade como sendo uma união entre lugar, identidade e modo de vida, que para Fernandes (2011, p. 162) “há, por assim dizer, permanentemente, cotidianamente, muito investimento simbólico nisto tudo”. Desta forma, ao lado de outros signos, tais como Zona Sul, Zona Norte, Central, o subúrbio passa a compor a imagem da cidade, integrando um mapa social, no qual os citadinos se definem pelo lugar onde moram, ou seja, uma representação ideológica da divisão de classes. Por se tratar de um signo ideológico fortemente presente na cidade do Rio de Janeiro, não é possível tratar da área objeto deste estudo sem referi-la à sua identidade local – a identidade suburbana carioca, que é representada em seu modo de vida, suas relações de vizinhança e suas moradias, cujo resultado é a construção de sua paisagem (ver Figura 4). Figura 4 – A paisagem do Largo do Campinho em 1970: a vitalidade dos casarios como elemento de identidade suburbana. Fonte: <http://fotolog.terra.com.br/riodehistorias:163> Acesso em 28 jul. 2012 3.1 Localização e breve histórico do bairro do Campinho O bairro do Campinho está situado na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro (ver Figura 5a). O mesmo confronta com os bairros de Madureira, Oswaldo Cruz, Praça Seca, Cascadura e Vila Valqueire (ver Figura 5b). Sua configuração urbana atual é caracterizada pela interseção dos principais eixos viários de escoamento dos fluxos daquela região, que são os seguintes: no sentido Jacarepaguá, rua Cândido Benício; proveniente do bairro de Madureira, rua Domingos Lopes; em direção ao bairro de Cascadura, Avenida Ernani Cardoso e; em direção ao bairro de Vila Valqueire, rua Intendente Magalhães (ver Figura 5c). Estas vias foram formadas no distante passado colonial, quando as mesmas eram chamadas, respectivamente, Estrada de Jacarepaguá, Estrada de Irajá e, as duas últimas mencionadas formavam a Estrada Real de Santa Cruz. Em 1589, os padres jesuítas da Companhia de Jesus adquiriram a fazenda de Santa Cruz e para atingir esta propriedade, fez-se necessário abrir o caminho que deu origem à Estrada Real de Santa Cruz. No cruzamento destas estradas havia um local de parada, onde os viajantes tinham por costume descansar, antes de dobrar as demais estradas rumo às suas terras, deixando seus animais pastarem em um pequeno campo existente no encontro desses caminhos – eis daí o nome atribuído ao largo: “Campinho” (COSTA, 2000). (a) (b) (c) Figura 5 – (a) Localização do bairro do Campinho na cidade do Rio de Janeiro (em laranja). Fonte: PCRJ, Portal GeoRio; (b) o Campinho e seus bairros limites. Fonte: PCRJ, Portal GeoRio; (c) Detalhe dos eixos viários principais (em amarelo), junto ao centro do bairro. Fonte: Google Earth. Acesso em 28 jul. 2012 O lugar se tornou passagem obrigatória não somente para se chegar à Fazenda de Santa Cruz, mas para atingir outras localidades, o viajante tinha que passar pela Estrada Real de Santa Cruz e, por conseguinte, pelo Largo do Campinho. Muitos vinham das províncias, como São Paulo e Minas Gerais e, muitas vezes optavam em fazer uma pausa no largo, antes de enfrentar o trajeto final para a cidade do Rio de Janeiro. Ali, no século XVIII, foi aberta uma estalagem, servindo por mais um século aos viajantes, inclusive Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes), o qual pernoitou por diversas vezes na hospedaria, em seus deslocamentos da Vila Rica (Ouro Preto) para o Rio de Janeiro. Ao lado da estalagem havia o oratório da Fazenda do Campinho onde atualmente, no mesmo local, existe a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, construída a partir de 1862 (ver Figura 6a). No século XIX, bem no início do Primeiro Reinado (1822), foi construído no bairro o Forte de Nossa Senhora da Glória do Campinho, erguido com o intuito de proteger o Caminho Real de possíveis ataques de invasores estrangeiros (ver Figura 6b). (a) (b) (c) Figura 6 – (a) Igreja de Nossa Senhora da Conceição. Fonte: <http://flickr.com.> Acesso em 28 jul. 2012; (b) Desenho do Forte de Nossa Senhora da Glória do Campinho, segundo a viajante Maria Graham (1823). Fonte: <www0.rio.gov.br> Acesso em 28 jul. 2012; (c) Fotografia da Fortaleza do Campinho no início do século XX. Fonte: <www.fortalezasmultimidia.com.br> Acesso em 28 jul. 2012 A ambiência urbana do entorno do Forte do Campinho (ver Figura 6c) passou a contar, nas primeiras décadas do século XX, com casarios suntuosos, em estilo eclético, evidenciado pelo poder do comércio local. Vale frisar que, naquela época, o Mercado do Campinho era um importante entreposto de distribuição e venda da maioria dos produtos agropecuários da cidade (COSTA, 2000). Estas edificações representavam simbolicamente, uma época de grande prosperidade. Apesar do recente estado de abandono, estes casarios, todos componentes do conjunto arquitetônico localizado no Largo do Campinho, foram tombados pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, a pedido dos moradores em 2004 [1] (MAGALHÃES, 2010) (ver Figura 7). Isto significa que, em tese, nenhum dos imóveis tombados poderia sofrer qualquer tipo de alteração sem análise prévia da Secretaria de Patrimônio Cultural. No entanto, apesar da tamanha relevância histórica, lamentavelmente parte desta memória foi destruída para dar lugar ao corredor Transcarioca. As intervenções promovidas pela necessidade de adequação à Cidade Olímpica, cujos efeitos ainda estão em curso, configuram novos significados e incertezas, tanto na paisagem urbana como nas práticas sociais de seus citadinos. A seguir, procura-se avançar sobre tais desdobramentos na área objeto do presente estudo. (a) (b) Figura 7 – Conjunto arquitetônico tombado do início do século XX no Largo do Campinho, em dois momentos distintos (a) 1988; (b) 2010: nítido estado de degradação. Fonte: <http://oglobo.globo.com/rio/bairros/marcelo/posts/2010/08/05/largo-do-campinho-esta-degradado313898.asp> Acesso em 28 jul. 2012 4 OS IMPACTOS DO CORREDOR TRANSCARIOCA NO BAIRRO DO CAMPINHO Os megaeventos esportivos têm significados, que vão além de grande promotor de negócios do tipo merchandising e direito exclusivo de transmissão, a possibilidade de construção da imagem urbana enquanto força motriz na promoção da cidade no cenário mundial. Essa promoção representa grande instrumento de atração de investimentos, bem como desenvolvimento do turismo esportivo de âmbito nacional e internacional, o que Sánchez (2003, p. 526) descreve como “operações de marketing urbano”. Para autora a “realização de mega-eventos internacionais, as operações de marketing urbano encontram oportunidades excepcionais de promoção das cidades e de aproveitamento estratégico do contexto para operações de reestruturação econômica” (SÁNCHEZ, 2003, p. 526-527). Mesmo durante a preparação da cidade para sediar um megaevento como as Olimpíadas, há uma troca intensa no campo simbólico, uma vez que, coloca em exibição ao mundo a cidade em preparação e, por outro lado, exibe o mundo aos seus citadinos. Nesse movimento, identidades que compõem a imagem urbana, e que servem como promotoras da cidade no cenário mundial são consideradas características positivas dos citadinos. Por outro lado, esse movimento convida os cidadãos da cidade-olímpica a se moldarem de forma a assumir novas identidades para se tornarem cidadãos do mundo (BIENENSTEIN, 2011, p. 133). Como exemplo das consequências da mencionada preparação para os Jogos Olímpicos, constatou-se no bairro do Campinho, um dos trechos de maior complexidade na implantação do traçado do corredor Transcarioca, profundos impactos decorrentes das suas obras. Por meses, condutores que transitavam pelas artérias viárias principais, as quais se entrecruzam bem no Largo do Campinho, sofreram com constantes e intermináveis congestionamentos, sendo refletidos também nos bairros adjacentes (ver Figura 8b). O cenário de grande “canteiro de obras”, ampliado por sérios transtornos no cotidiano dos citadinos são típicos em obras desta envergadura (ver Figura 8). (a) (b) Figura 8 – Impactos das obras de construção do corredor Transcarioca no bairro do Campinho: (a) transtornos com as demolições e a poeira constante; (b) longos congestionamentos. Fonte: <http://www.cidadeolimpica.com/> Acesso em: 25 jul. 2012 Durante a fase inicial da obra, ocorrida em março de 2011 (NASCIMENTO, 2011), divulgavam-se nas notícias de jornal promessas da construção de um novo subúrbio, visto que estas intervenções gerariam um “novo visual” aos bairros cortados pela via. Contudo, o preço dessa transformação imagética implicou em uma série de desapropriações de imóveis no caminho do Transcarioca (CÂNDIDA, 2011). De acordo com Magalhães (2010), cerca de dez prédios, incluindo uma antiga estalagem no Largo do Campinho, todos construídos no início do século XX, foram destombados para, a posteriori, serem demolidos. A alegação da Secretaria Municipal de Obras foi a de que o desvio da via em função das edificações “exigiria desapropriação em escala maior, elevando os custos do projeto” (ibid). A remoção dos casarios também implicou no despejo de cerca de cem famílias residentes na comunidade situada ao redor dos mesmos. Diante da situação os moradores se organizaram em manifestações realizadas nas vias principais do bairro (GRANJA, 2011) (ver Figura 9). Figura 9 – Moradores se manifestaram contra despejo e reassentamento. Fonte: GRANJA, 2011. Moradores do bairro do Campinho inscritos na lista de casas desapropriadas, muito preocupados com a incerteza de seus destinos e decepcionados pela ação do Poder Público quanto o retorno financeiro das suas indenizações, lamentaram pelas perdas e prejuízos, conforme notícia publicada na época, intitulada “Progresso atravessa o caminho de moradores”: No caminho do progresso estava a igreja do bispo Antonio Ferreira, 77 anos. O imóvel, agora vazio e parcialmente demolido, fica na Rua Domingos Lopes, em Campinho, onde outras dezenas de casas foram desapropriadas pela prefeitura por causa do Transcarioca. [...] ‘Foi um valor baixo. Teremos que orar muito se quisermos outra igreja como essa. Aqui no bairro, por causa desse corredor de ônibus, os imóveis estão muito mais caros’, disse, desanimado, o bispo enquanto acompanhava a retirada de janelas, portas e esquadrias do templo (NASCIMENTO, 2011). Os moradores mais velhos entrevistados (MAGALHÃES, 2010), se mostraram sensíveis e muitas vezes saudosistas em relação à aparência da antiga forma urbana do centro do bairro e temem pelos efeitos da Transcarioca. Por outro lado, muitos se mostraram otimistas às possibilidades de valorização dos imóveis depois das obras (NASCIMENTO, 2011), uma vez que as intervenções urbanísticas nas imediações do eixo requalificarão a aparência ambiental das ruas e do mobiliário urbano. A mudança da imagem do bairro decorrente das transformações promovidas pela obra viária do corredor Transcarioca representa uma ruptura na história e memória coletiva, o que lhe impõe a reconstrução de sua história a partir desse novo momento, quando dezenas de casarios, repletos de lembranças de seu povo simplesmente são apagados para dar lugar a uma passagem de nível subterrâneo. Nesta perspectiva, o bairro que outrora era conhecido como um bairro residencial suburbano ou centro de comércio e serviços de apoio passaria, então, a ser conhecido como um bairro de transição – um possível “bairro do Mergulhão” [2], uma alusão à outra passagem subterrânea construída na cidade, popularmente conhecida como “Mergulhão da Praça XV”. Percebe-se que é comum a apropriação simbólica de termos, que não são próprios e/ou exclusivos do lugar, mas, trata-se de uma repetição de intervenções pela cidade. Apesar dessa condição, a comunidade do bairro poderá se apropriar do termo, que possivelmente passará a fazer parte da nova identidade do lugar (ver Figura 10). (b) (a) Figura 10 – “Mergulhão do Campinho”: (a) em construção; (b) recém-inaugurado. Fonte: <http://www.jb.com.br/> Acesso em: 28 jul. 2012 5 CONCLUSÕES Ainda é cedo para mensurar na íntegra os impactos do corredor Transcarioca no “subúrbio olímpico”. No entanto, é correto afirmar que a imagem suburbana está em processo de transformação, mudando completamente a lógica de comportamento dos citadinos com a abertura de novas vias, com a promessa de melhoria do fluxo de veículos e a retirada do excedente de ônibus das ruas. O progresso dá passagem a devastadoras intervenções urbanas, acarretando um grande volume de demolições e, com isso, o desmanche dos elementos da memória dos bairros. Construções seculares carregadas de significados estão cada vez mais rarefeitas nos bairros suburbanos e, assim, fadadas ao desaparecimento. A falta de conservação e/ ou de incentivos para a preservação do patrimônio dos bairros suburbanos permite a leitura de que a degradação justifica a obsolescência e o posterior desaparecimento destes imóveis [3]. O momento atual, contexto de construção da Cidade Olímpica, diz respeito às exigências viárias de transporte, tão necessárias ao sucesso da mobilidade urbana durante os eventos. Isto implica na reestruturação urbana e na resignificação dos valores atribuídos às suas formas. Segundo Jacobs (2000, p. 377) “a feição urbana é desfigurada a ponto de todos os lugares se parecerem com qualquer outro, resultando em Lugar Algum” em decorrência da necessidade de adequar a cidade ao emergente aumento dos congestionamentos. Jacobs ainda salienta sobre o efeito cumulativo provocado pela tentativa de solucionar o problema de fluxo de veículos, denominado de “retroalimentação positiva”. Trata-se, portanto, de uma reação a uma determinada ação que intensifica a situação que originou a primeira ação, resultando na necessidade de repetir a ação inicial e assim por diante. Não há dúvida que à medida que o novo corredor viário conseguir escoar o fluxo de veículos mensurado em projeto, condutores, que usavam outras vias, farão deslocamento para este com o intuito de diminuir seu tempo de viagem. Aumentará, assim, o número de veículos atraídos pelo “milagre do trânsito rápido”, de forma a superar, brevemente, o dimensionamento do corredor viário. Neste cenário, far-se-á necessário uma nova intervenção urbana de alargamento da via, sinalizando mais uma destruição de edificações que fazem parte da tipologia do bairro e, consequentemente, uma nova reconstrução da imagem e da identidade associadas à memória coletiva da população. Embora controverso e irreversível, o desenvolvimento urbano é uma realidade e possui custo alto. Contudo, não devem ser admitidas certas formas de realização. Ainda que exista a prática da consulta popular, os valores impostos pelo capital, sempre autoritário, privilegiam os interesses das classes mais favorecidas economicamente, bem como da política vigente, desprezando, desta forma, os anseios da população suburbana da qual, por excelência, usufrui e se identificam nestes lugares da cidade repletos de significados e simbolismos. REFERÊNCIAS BAUMAN, Zygmunt. Identidade: entrevista a Benedetto Vecchi/ Zygmunt Bauman; tradução Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005. CANDIDA, Simone. Transcarioca prevê outra ponte estaiada na Barra, além de mergulhões e viadutos rumo à Zona Norte. Extra. Rio de Janeiro, 18 mar. 2011. CORRÊA, Roberto Lobato; ROSENDAHL, Zeny (organizadores). Paisagens, Textos e Identidade. 2ª edição. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2004. 180p. COSTA, Waldemar S. Resumo Histórico de Jacarepaguá. Roteiro Histórico dos bairros. Publicado em: jul. 2000. 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Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Programa de Pós-graduação da Escola de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2009. Notas [1] Tombado pelo Poder Público Municipal na gestão do Prefeito Cesar Maia, através do Decreto Nº 24.560 de 25 ago. 2004. [2] Mergulhão Clara Nunes, inaugurado em 25 mai. 2012. Disponível em <www.jb.com.br>. Acesso em 28 jul. 2012. [3] Conforme o subsecretário municipal de Patrimônio Cultural, Washington Fajardo, a degradação dos imóveis no Campinho reflete o esvaziamento econômico da Zona Norte, a partir da década de 1980 (MAGALHÃES, 2010).