FUNDAÇÃO DE ENSINO “EURÍPIDES SOARES DA ROCHA”

Transcrição

FUNDAÇÃO DE ENSINO “EURÍPIDES SOARES DA ROCHA”
FUNDAÇÃO DE ENSINO “EURÍPIDES SOARES DA ROCHA”
CENTRO UNIVERSITÁRIO EURÍPIDES DE MARÍLIA – UNIVEM
CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS
DIEGO BEZERRA DA SILVA
A REFORMA ORTOGRÁFICA: UM ESTUDO DAS PRINCIPAIS
DIFERENÇAS ENTRE AS VARIEDADES DO PORTUGUÊS NO
MUNDO
MARÍLIA
2009
DIEGO BEZERRA DA SILVA
A REFORMA ORTOGRÁFICA: UM ESTUDO DAS PRINCIPAIS
DIFERENÇAS ENTRE AS VARIEDADES DO PORTUGUÊS NO MUNDO
Trabalho de curso apresentado ao Curso
de Licenciatura em Letras da Fundação
de Ensino “Eurípides Soares da Rocha”,
mantenedora do Centro Universitário
Eurípides de Marília – UNIVEM, como
requisito parcial para obtenção do grau
de Licenciado em Letras.
Orientador:
Profª. Drª. RITA DE
BORGUETTI PELOZO
MARÍLIA
2009
CÁSSIA
AGRADECIMENTOS
Agradeço a toda minha família, pelas manifestações de carinho e apreço durante
todo meu percurso, aos meus amigos que me deram força e aos companheiros de
curso da Fundação “Eurípides Soares da Rocha”
Agradeço de modo particular:
Ao Prof. Dr. José Perozim, que pelo estímulo e incentivo, aliado à experiência
intelectual, me ajudou a alcançar alguns dos tantos objetivos que tive dentro do
curso.
A Profª. Drª. Rita de Cássia Borguetti Pelozo, pelo auxílio na orientação, que foi
de fundamental importância para a conclusão deste trabalho.
EPÍGRAFE
"A linguagem é tão velha como a consciência: a linguagem é a
consciência prática, a consciência real, que existe também para os
outros homens e que, portanto, começa a existir também para mim; e
a linguagem nasce, como a consciência, da necessidade de promover
intercâmbios com os demais homens" (Karl Marx)
SILVA, Diego Bezerra da. A Reforma Ortográfica: um estudo das principais diferenças
entre as variedades do português no mundo. 2009. 39 f. Trabalho de Curso (Licenciatura
em Letras) – Centro Universitário Eurípides de Marília, Fundação de Ensino “Eurípides
Soares da Rocha”, Marília, 2009.
Resumo
A presente monografia tem como objeto de estudo “A Reforma Ortográfica: um estudo das
principais diferenças entre as variedades do português no mundo”. Foi realizada no ano de
2009, período ao qual a Reforma Ortográfica foi ratificada. A reforma ortográfica
consubstancia-se em vinte e uma bases que tem como princípio a unificação das variantes da
língua portuguesa, considerando que existem duas grafias oficiais para tal língua - a grafia de
Portugal, que também é seguida por países da África, e a grafia do Brasil. Foram estudados
todos os fatores que incidiram na ramificação do português pelo mundo desde o seu
nascimento até seu estado atual. A monografia tem como missão justificar a necessidade da
reforma de modo a permitir uma amplitude sobre o assunto. Tal justificativa se fez através de
pesquisas bibliográficas e recolhimento de dados, feitos através de análises de campo que
serviram para a fundamentação da pesquisa e que auxiliarão em estudos futuros e ampliarão o
conhecimento acerca do tema.
Palavras-chave: Língua Portuguesa. Reforma Ortográfica. Linguagem. Falantes.
SILVA, Diego Bezerra da. A Reforma Ortográfica: um estudo das principais diferenças
entre as variedades do português no mundo. 2009. 39 f. Trabalho de Curso ( Licenciatura
em Letras) – Centro Universitário Eurípides de Marília, Fundação de Ensino “Eurípides
Soares da Rocha”, Marília, 2009.
Abstract
This current paper discusses “The Spelling Reform: a study of main differences among the
several types of Portuguese Language around the world”. This research was made in 2009, the
same period the Spelling Reform occurred. The Spelling Reform is summarized in twenty-one
bases whose principle is the unification of variants in the Portuguese language, considering
the existence of two official spellings for the language – the spelling from Portugal which is
also used by African countries and the spelling from Brazil. All the factors which contributed
to the spreading of Portuguese around the world were studied, from its origin to its current
form. This study focuses the need of a reform, therefore enabling a greater amplitude on this
subject. The justification was made through bibliographical researches and collection of data,
accomplished by means of field analyses which worked as the base for the study and which
will support future studies and increase the knowledge on this subject.
Key-words: Portuguese Language. Spelling Reform. Language. Speakers.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1- Mapa representativo da região da antiga Portugal e seus dialetos............................14
Figura 2- Regiões onde o Português é tido como língua oficial...............................................18
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Dados referentes à opinião quanto ao Acordo Ortográfico que faz algumas
alterações no vocabulário da Língua Portuguesa......................................................................33
Tabela 2 - Dados referentes à opinião quanto à melhora do intercâmbio cultural e científico
entre os países da CPLP............................................................................................................33
Tabela 3 - Dados referentes à opinião quanto à necessidade de se fazer uma reforma
unificadora, visto as disparidades entre as duas grafias oficiais do português.........................34
Tabela 4 - Dados referentes à opinião quanto à “destruição” da identificação cultural, as
diferentes grafias, por parte da unificação................................................................................34
Tabela 5 - Dados referentes à opinião quanto ao aumento do alfabeto para 26 letras e a
retirada do trema.......................................................................................................................35
Tabela 6 - Dados referentes à opinião em relação à mudança que visa aproximar a forma
escrita com a forma falada........................................................................................................35
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.........................................................................................................................................9
CAPÍTULO 1- A LÍNGUA PORTUGUESA..................................................................................................11
1.1 Linguagem e Língua..................................................................................................................11
1.2 Origem da Língua Portuguesa..................................................................................................12
CAPÍTULO 2- REFORMA ORTOGRÁFICA................................................................................................17
CAPÍTULO 3- ANÁLISE...........................................................................................................................32
3.1 Professores.................................................................................................................................32
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................................................36
REFERÊNCIAS........................................................................................................................................37
ANEXOS................................................................................................................................................39
9
INTRODUÇÃO
Devido ao modo como a língua portuguesa evoluiu, suas ramificações acabaram por
se afastar em espaço físico. Com isso tais ramificações acabaram por evoluir de modo que a
língua não se mantivesse da mesma forma em regiões diferentes, adquirindo diferentes
peculiaridades. Isso segue até os dias de hoje, onde o português possui diferentes falares e
diferentes conceitos.
Desse modo surge a Reforma ortográfica, que desde o início do século XIX vem
tentando resolver tal problemática, sem muito êxito. Tal reforma visa, dentre outros objetivos,
melhorar o intercâmbio cultural entre os países lusófonos, facilitar a difusão bibliográfica
entre esses países e reduzir o custo econômico na produção e tradução de livros. No entanto, a
reforma não se restringe somente a modificações ortográficas; mas, sobretudo, a todo o
contexto que se utiliza da língua como objeto de trabalho e também de comunicação. Seria
inevitável a atualização de professores, de todo o corpo literário existente e a readaptação de
todas as pessoas que já estão alfabetizadas.
O objeto de trabalho desta pesquisa é verificar se a Reforma Ortográfica é, ou não, de
fato, necessária e quais seriam suas contribuições. A mudança pode ser fator de interesses
econômicos e de classes dominantes, visto que um dos objetivos da reforma também é a
difusão de novas tecnologias, constituindo assim não só um bloco com uma linguagem
unificada, mas sim, um bloco que possui interesses econômicos concomitantes.
Além de verificar a necessidade da reforma, tal pesquisa visa aprofundar os
conhecimentos acerca das questões histórico-politico-sociais e culturais da língua portuguesa
mostrando-a e discutindo-a, tanto no campo fonético, quanto no campo semântico, auxiliando
trabalhos já existentes e futuros trabalhos dentro desse campo, abrangendo o conhecimento
sobre o tema em seus múltiplos aspectos.
Através de pesquisas bibliográficas, consultando e comparando as mudanças
existentes, e pesquisas de campo, analisando a dificuldade ou a praticidade que tal reforma
trás para as pessoas, a pesquisa visa apresentar àqueles que não têm conhecimento sobre o
assunto a importância que as alterações terão no cotidiano dessas.
O trabalho se inicia com um breve histórico da língua portuguesa, mostrando como
foi a sua evolução, desde seu nascimento até os dias de hoje, enfatizando as propostas de
unificação que ocorreram durante toda a história. Segue com uma explicação mais detalhada
10
acerca das tentativas de reforma ortográfica e sobre a reforma que está sendo implantada,
mostrando as principais alterações através de comentários sobre as bases do acordo.
Por meio de uma entrevista, foram recolhidos dados para melhor compreensão do
impacto que tal reforma ocasionará no cotidiano das pessoas, podendo assim, mostrar a
opinião das mesmas quanto as mudanças.
11
CAPÍTULO 1- A LÍNGUA PORTUGUESA
A língua portuguesa, por mais afastada que se encontre as suas variantes, conseguiu
manter até hoje apreciável coesão. Porém, existem diferenças entre as variedades do
português, mesmo que ínfimas. Segundo Cunha (1986) temos o português-padrão europeu os que seguem a norma das classes cultas da região de Lisboa-Coimbra (considerando
também as diferenças entre seus dialetos) -, o Português do Brasil (com suas múltiplas
variações), e o português da África, da Ásia e da Oceania. Dentro desse contexto podemos
explicitar que as diferenças entre as línguas devem ser sanadas para uma unificação da mesma
a fim de torna - lá mais significativa.
1.1
Linguagem e Língua
Segundo o dicionário Michaelis da Língua Portuguesa linguagem é definida:
[...] lin.gua.gem : sf (provençal lenguatge) 1 Faculdade de expressão audível
e articulada do homem, produzida pela ação da língua e dos órgãos vocais
adjacentes; fala. 2 Conjunto de sinais falados (glótica), escritos (gráfica) ou
gesticulados (mímica), de que se serve o homem para exprimir suas idéias e
sentimentos. 3 Qualquer meio que sirva para exprimir sensações ou idéias. 4
Agregado de palavras e métodos de os combinar usados por uma nação,
povo ou raça; idioma, língua, dialeto. 5 Fraseologia particular de uma classe
de pessoas, profissão, arte, ciência etc.: Linguagem jurídica. 6 Fala ou
expressão de caráter particular: Linguagem culta; linguagem obscena. 7
Estilo, dicção. 8 Palavreado, lamúria. (
Dentro dos itens destacados, a definição mais cabível em nosso estudo é a que diz
que a linguagem é um conjunto de sinais falados, escritos ou gesticulados, que servem para o
homem exprimir suas idéias e sentimentos, de acordo com a definição de Coutinho em seu
livro “Gramática Histórica” (1976), que diz ser um conjunto de sinais de que a humanidade
intencionalmente se serve para comunicar as suas idéias e pensamentos. A linguagem é um
atributo pertencente à espécie humana, sendo expressa por palavras. Nos animais a expressão
dos sentimentos acontece através de outros sinais.
A linguagem, constituída por sinais, pode ser dissipada em dois principais eixos:
natural e artificial. A linguagem natural cabe aos instintos e gestos espontâneos do corpo,
como gritos. Já a linguagem artificial compreende a falas e escritas ordenadas e com
seqüência lógica, exprimindo idéias e pensamentos de um povo.
Entendido o conceito de linguagem podemos compreender o real significado do
termo língua. Para muitos língua é um instrumento de comunicação de um povo, variando de
12
acordo com a região. Porém, língua pode ser considerada um patrimônio construído durante a
história da sociedade que a fala e que a escreve. Pode ser estudada em um dado momento do
tempo (estudo sincrônico), ou pesquisar toda sua formação e evolução (estudo diacrônico).
Cabe a essa pesquisa destacar a língua portuguesa, originária do latim, chamada de língua
neolatina ou românica, juntamente com outras línguas como o francês, espanhol, romeno,
sardo etc.
1.2
Origem da Língua Portuguesa
A língua portuguesa como nós a conhecemos hoje, já sofreu grandes alterações até
chegar ao status atual. Passou por profundas modificações devido a sua difusão em diferentes
continentes e por estar em contato com diferentes povos e culturas.
O português tem sua origem no latim, mas não o latim clássico como apontam alguns
autores, mais sim no latim popular, mais conhecido como latim “vulgar”, empregado pelos
Romanos. Essas modalidades do latim receberam as denominações de sermo urbanus e sermo
vulgaris. Não é preciso dizer que o latim vulgar era utilizado pelas classes mais baixas,
trazendo
consigo
características
mais
peculiares,
como
uma
pronúncia
menos
elitizada/quadrada, e numerosas expressões, não muito utilizadas por escritores da época. Por
ter esse traço mais popular, essa língua era mais flexível, alterando-se com mais facilidade, de
acordo com o tempo.
Na conceituação desse chamado latim “vulgar” temos que ele se restringe ao uso
entre as classes menos dotadas, àqueles cuja roda não fervilhavam os bem falantes e que ao
contrário, convivem nos meios mais sórdidos e pobres.1 Tal definição mostra que o latim que
deu origem ao português era o falado entre a camada mais baixa, que por conseqüência não
trabalhava a parte escrita da língua, a utilizavam apenas como modo de comunicação o que
permitia maior variabilidade.
A língua falada traz consigo características menos presentes na língua escrita como
entonações, gestos, repetições, pleonasmos e exclamações. Ainda se constitui por frases soltas
que dão seqüência ao contexto em que se fala, a coordenação. Por ser tratada por pessoas cujo
saber era adquirido pela experiência, é rica em provérbios e dizeres, traços que permanecem
até hoje em nossa língua.
Com a invasão germânica, toda a classe alta foi destruída, destruindo consigo o latim
fino, permanecendo somente o latim do povo, antes contido por um longo tempo pelas ações
1
Serafim da Silva Neto, História da língua portuguesa, 1986, p.109.
13
da gramática, da literatura e da classe culta, que prosseguiu, evoluindo e se afastando
enormemente de sua origem.
Para melhor conhecimento do latim vulgar e a título de interesse, vejamos um texto
denominado A Peregrinato, que conta sobre a monja Egéria, natural da Península Ibérica, e
sua história na visitação à Terra Santa. Perceba com a tradução o quanto a língua variou e
como algumas palavras ainda se mantêm semelhantes.
In eo ergo loco est nunc ecclesia non grandis, quoniam et ipse lócus, id est
summitas montis, non satis grandis est; quae tamen ecclesia habet de se
gratiam grandem. Cum ergo, iubente Deo, persubissemus in ipsa summitate,
et peruenissemus ad hostium ipsius ecclesiae, ecce et occurrit presbyter
ueniens de monastério suo, qui ipsi ecclesiae deputabatur, senex integer et
monachus a prima uita, et ut hic dicunt ascitis, et quid plura? qualis dignus
est esse in eo loco.2
Traduzindo, temos o seguinte texto:
Nesse lugar há, pois, agora uma igreja não grande, porque também o mesmo lugar,
isto é, o cimo do monte não é muito grande; contudo, a qual igreja tem por si grande renome.
Como, pois, ordenando Deus, subíssemos a esse cimo e chegássemos à porta de igreja, eis que
corre ao nosso encontro um presbítero vindo do seu mosteiro, que estava à testa da mesma
igreja, velho virtuoso e monge desde cedo, como aqui dizem Ascilis, e que mais? O qual é
digno de estar nesse lugar.
No período de romanização toda a península foi invadida e consigo seus costumes e
cultura, e é claro a língua. No entanto, com a invasão dos povos bárbaros germanos, o Latim
vulgar, que era conservado até o momento, começa ser dialetado, isto é, começa a tomar
características mais peculiares, de acordo coma região onde se encontrava.
Após um período entre guerras, D. Afonso Henriques foi aclamado como rei da
monarquia que ali surgia, a portuguesa. Na região onde a mesma foi fundada, falava-se uma
língua denominada galaico-português, falada pelos povos de Portugal e da Galiza. E conforme
o império português ia se expandindo, juntamente ia à língua portuguesa, consumindo a
unidade castelhana e o galego.
Na faixa ocidental da Península Ibérica, onde o galego-português era falado,
atualmente utiliza-se o galego e o português. Esta região apresenta um conjunto de falares
que, de acordo com certas características fonéticas (principalmente a pronúncia das sibilantes:
utilização ou não do mesmo fonema em roSa e em paSSo, diferenciação fonética ou não entre
Cinco e Seis, etc.), podem ser classificados em três grandes grupos:
2
Apêndice de Francisco de B. Moll à Introd. AL Lat. Vulg., de Grandegent, p.299.
14
1. Dialetos galegos;
G - Galego ocidental
F - Galego oriental
2. Dialetos portugueses setentrionais; e
E - Dialetos transmontanos e alto-minhotos
C - Dialetos baixo-minhotos, durienses e beirões
3. Dialetos portugueses centro-meridionais.
D - Dialetos do centro-litoral
B - Dialetos do centro-interior e do sul
4. A - Limite de região subdialectal com características peculiares bem diferenciadas
Figura 1: mapa representativo da região da antiga Portugal e seus dialetos.
Pelo longo período pelo qual Portugal se manteve como potência, sua estrutura
cultural e lingüística também não foi abalada. Dentro desse contexto, Portugal inicia suas
expedições ultramarinas com intuito de acumular mais riquezas e se tornar um ícone de
império dentro da Europa. Conforme Cortesão (1967), era o povo português que, sem o saber,
estava fazendo mais do que sua história, estava escrevendo a própria história da humanidade.
E tudo isso, sessenta anos antes de qualquer outra nação pensar em abalar-se para o mar. Com
15
isso, sua cultura também foi levada a tais territórios, como modo de impor sua soberania
perante os nativos das regiões conquistadas.
Dessa forma, o século XVI foi o “século de ouro” para Portugal, muito bem retratado
por Luiz Vaz de Camões (1972, p. 9) na epopéia Os Lusíadas, dando a dimensão da
afirmação nacionalista presente no feito expansionista, como expresso no fragmento abaixo:
“As armas e os Barões assinalados Que, da Ocidental praia Lusitana, Por
mares nunca de antes navegados Passaram ainda além da Taprobana, Em
perigos e guerras esforçados, Mais do que prometia a força humana, E
entre remota gente edificaram Novo reino, que tanto sublimaram.”
Assim, mais pessoas passam a ter contato com a língua portuguesa, isto é, os
habitantes das regiões conquistadas por Portugal passam a utilizar o português como língua
oficial. Assim nascem as chamadas Lusitânia Nova (Brasil), Lusitânia Novíssima (Angola,
Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe) e Lusitânia Perdida (Índia,
Macau e Timor Leste). Por esse fato a língua, levada a lugares de diferentes costumes, crenças
e hábitos lingüísticos, passa a se diversificar, não se mantendo rígida e inabalável,
francionando-se em vários dialetos.
Constituído um breve histórico da língua portuguesa, não podemos deixar de citar as
fases ou divisões pela qual tal língua passou. Tal idioma pode ser dividido em duas
importantes fases: a arcaica e a moderna.
A Língua Portuguesa arcaica passou pelas seguintes fases, até o momento atual
(Disponível em http:// www.mundolusiada.com.br, Acessado em: 20 abr. 2009)
● Fase inicial: Século III Antes de Cristo. Com a invasão dos romanos, onde se
falava o latim clássico pelos magistrados e latim vulgar pela soldadesca romana, a
população lusitana que, já tinha uma língua antiga gerada dos celtas e iberos, começou a
misturar e aderir à língua latina, isso foi até o século VII da nossa era, ou seja, até o fim do
domínio romano, com a invasão moura.
● Fase Média: Século VII – Invasão dos mouros. Nessa altura começou a acontecer
a mistura da língua gerada pelos romanos, com a língua dos mouros, novos termos foram
introduzidos e surgiu a língua portuguesa, já mais próxima ao português arcaico.
● Fase Arcaica: Século XII – Início 1189, ano da fundação de Portugal. Com a
fundação de Portugal como nação, surgiu a língua portuguesa arcaica que perdurou até a
sistematização feita nas primeiras gramáticas, por Fernão de Oliveira em 1536 e João de
Barros em 1540.
16
● Fase Moderna: Século XVI, após surgirem as duas gramáticas mencionadas. A
afirmação definitiva da nossa língua deveu-se a Luiz de Camões, Sá Miranda e Antonio
Ferreira.
De modo a exemplificar a evolução das palavras em suas diferentes fases, seguem
alguns termos na sua fase inicial e na final, a que utilizamos agora, e um trecho extraído de
Carta a El Rei D. Manuel, Dominus, São Paulo, 1963, da carta de Pero Vaz de Caminha ao
rei de Portugal D. Manuel relatando o descobrimento do Brasil:
amaron - amaram; quiseron - quiseram; nom - não; lõa - lua; sobrevoso - soberbo;
fame - fome; rauco - ronco; vergonça - vergonha; esso - isso; migo - comigo; luxar - turvar;
nulha - nenhuma; offeyro - ofereço; mays - mães; bofee - boa fé; retraya - esqueça.
Carta de Pero Vaz de Caminha:
“Snõr
posto que o capitam moor desta vossa frota e asy os outros capitaães screpuam a
vossa alteza a noua do acha mento desta vossa terra noua que se ora neesta naue gaçom
achou, nom leixarey tambem de dar disso minha comta a vossa alteza asy como eu milhor
poder ajmda que pera o bem contar e falar o saiba pior que todos fazer, pero tome vossa alteza
minha jnoramçia por boa comtade, a qual bem çerto crea que por afremosentar nem afear aja
aquy de poer ma is ca aquilo que vy e me pareçeo. / da marinha jem e simgraduras do
caminho nõ darey aquy cõ ta a vossa alteza porque o nom saberey fazer e os pilotos deuem
teer ese cuidado e por tamto Snõr do que ey de falar começo e diguo.”
Traduzindo, temos o seguinte texto:
“Senhor,
posto que o Capitão-mor desta Vossa frota, e assim os outros capitães escrevam a
Vossa Alteza a notícia do achamento desta Vossa terra nova, que se agora nesta navegação
achou, não deixarei de também dar disso minha conta a Vossa Alteza, assim como eu melhor
puder, ainda que — para o bem contar e falar — o saiba pior que todos fazer! Todavia tome
Vossa Alteza minha ignorância por boa vontade, a qual bem certo creia que, para
aformosentar nem afear, aqui não há de pôr mais do que aquilo que vi e me pareceu.
Da marinhagem e das singraduras do caminho não darei aqui conta a Vossa Alteza — porque
o não saberei fazer — e os pilotos devem ter este cuidado. E portanto, Senhor, do que hei de
falar começo: E digo.”
17
Como podemos perceber, tratamos de uma mesma língua com uma diferença de
aproximadamente 508 anos. As diferenças ocorridas são enormes, dentro dos campos da
morfologia e da fonética. Tais diferenças podem ser explicadas pela evolução que toda língua
passa, adquirindo elementos de seus falantes e de sua própria evolução.
Com relação à ortográfica, o período histórico da língua portuguesa abrange três
grandes ciclos: o da ortografia fonética (do século XIII ao XVI), o ciclo pseudoetimológico
(do século XVI até 1904) e a fase simplificada (de 1904 até hoje).
Com relação ao primeiro ciclo, este se passou no período arcaico da língua (visto
acima), quando a escrita se baseava na pronúncia. Ao chegar o fim desse ciclo, a língua
latina se fez sentir e a escrita começou a se distanciar da pronúncia.
Já no período pseudoetimológico, a influência greco-latina foi predominante,
principalmente pelo fato da grande revolução causada pelo período da Renascença. Tal
grafia que começou a vigorar nesse momento passou a ser o modelo de escrita do português
pela absorção de termos e usanças ortográficas clássicas. No entanto esse desenvolvimento
pelo qual a língua passou, começou a dificultar na hora da escrita, fazendo desde este
momento, a tentativa de simplificar o sistema ortográfico (vide quadro cronológico das
reformas no capítulo 2).
O terceiro ciclo surge a partir do trabalho de Gonçalves Viana, que com sua obra
Ortografia Nacional, desenvolve uma pesquisa sobre a história interna da língua e acaba por
estudar suas tendências fonéticas. Tal obra serve de base para a reforma estudada visto que
desde o século XVI não existia uniformização, pois a etimologia se baseava nos devaneios
dos escritores.
Podemos perceber que a língua portuguesa passou por grandes fases para chegar até
o status atual. No entanto alguns pesquisadores vêem a necessidade de executar uma
reforma que uniformize as diferenças existentes entre os portugueses devido à evolução. A
padronização gráfica das palavras acaba por refletir uma imagem de unidade e de
uniformidade em si mesma artificial, visto que tal unidade nunca se realizou não se realiza e
jamais se realizará na fala corrente.
CAPÍTULO 2- REFORMA ORTOGRÁFICA
18
Como já foi dito anteriormente, o português possui hoje duas ortografias, a brasileira
e a portuguesa, sendo disforme e, cada uma seguindo suas próprias normas, tendo assim duas
ortografias oficiais para uma mesma língua. Esse fato acaba por atrapalhar, por exemplo, na
redação de documentos internacionais, na publicação de livros e revistas. Esse problema não
envolve somente Portugal e Brasil, mais sim todos os países que tem a língua portuguesa
como oficial (São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, Moçambique, Timor-Leste, Cabo Verde e
Angola).
O mapa abaixo ilustra os países que tem a língua portuguesa como oficial no cenário
contemporâneo:
Europa
Ásia
América do Sul
África
Figura 2: regiões onde o Português é tido como língua oficial.
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Como visto no mapa, o português está presente em quatro continentes e possui oito
países que o utilizam como língua oficial, a chamada Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP). Essa comunidade foi criada com o intuito de aumentar a cooperação e o
intercâmbio cultural entre os países membros. Estima-se que existam cerca de 217 milhões de
falantes, distribuídos da seguinte forma (Disponível em http://www.linguaportuguesa.ufrn.br.
Acessado em: 23 jun. 2009):
•
Angola (10,9 milhões de habitantes)
•
Brasil (185 milhões)
•
Cabo Verde (415 mil)
•
Guiné Bissau (1,4 milhão)
•
Moçambique (18,8 milhões)
•
Portugal (10,5 milhões)
•
São Tomé e Príncipe (182 mil)
•
Timor Leste (800 mil).
Toda a língua transforma-se com o tempo e não seria diferente com a língua
portuguesa, ainda mais considerando que os países que fazem uso dela estejam amplamente
dispersos nos quatros continentes. Somente o Brasil possui características mais peculiares,
considerando que os demais países seguem a ortografia de Portugal.
Dentro desse quadro, a reforma ortográfica vem com o intuito de unificar os pontos
distintos entre essas duas ortografias para facilitar o intercâmbio cultural e político. Mas não
é de agora a tentativa de unificação. Vejamos uma breve cronologia das reformas efetuadas na
língua portuguesa (Disponível em http://www.portaldalinguaportuguesa.com.br Acessado em
23 jun. 2009).
●Séc XVI até ao séc. XX - em Portugal e no Brasil a escrita praticada era de cariz
etimológico (procurava-se a raiz latina ou grega para escrever as palavras).
●1907 – A Academia Brasileira de Letras começa a simplificar a escrita nas suas
publicações.
●1910 – Implantação da República em Portugal – foi nomeada uma Comissão para
estabelecer uma ortografia simplificada e uniforme para ser usada nas publicações oficiais e
no ensino.
●1911 – Primeira Reforma Ortográfica – tentativa de uniformizar e simplificar a
escrita de algumas formas gráficas, mas que não foi extensiva ao Brasil.
20
●1915 – A Academia Brasileira de Letras resolve harmonizar a ortografia com a
portuguesa.
●1919 – A Academia Brasileira de Letras revoga a sua resolução de 1915.
●1924 – A Academia de Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras
começaram a procurar uma grafia comum.
●1929 – A Academia Brasileira de Letras lança um novo sistema gráfico.
●1931 – Foi aprovado o primeiro Acordo Ortográfico entre o Brasil e Portugal, que
visava suprimir as diferenças, unificar e simplificar a língua portuguesa, contudo não foi
posto em prática.
●1938 - Foram sanadas as dúvidas quanto à acentuação de palavras.
●1943 – Foi redigido na primeira Convenção ortográfica entre Brasil e Portugal o
Formulário Ortográfico de 1943
●1945 – Acordo Ortográfico – tornou-se lei em Portugal, mas no Brasil não foi
ratificado pelo Governo, os brasileiros continuaram a regular-se pela ortografia anterior do
Vocabulário de 1943.
●1971 – Foram promulgadas alterações no Brasil, reduzindo as divergências
ortográficas com Portugal.
●1973 - Foram promulgadas alterações em Portugal, reduzindo as divergências
ortográficas com o Brasil.
●1975 - A Academia das Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras
elaboraram novo projeto de acordo que não foi aprovado oficialmente.
●1986 - O presidente José Sarney promoveu um encontro dos sete países de língua
portuguesa - Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e
Príncipe, no Rio de Janeiro. Foi apresentado o Memorando Sobre o Acordo Ortográfico da
Língua Portuguesa.
●1990 - a Academia das Ciências de Lisboa convocou novo encontro juntando uma
Nota Explicativa do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa – as duas academias elaboram
a base do “Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa”. O documento entraria em vigor (de
acordo com o 3º artigo do mesmo) no dia 1º de Janeiro de 1994, após depositados todos os
instrumentos de ratificação de todos os Estados junto do Governo português.
●1996 – o último acordo foi apenas ratificado por Portugal, Brasil, e Cabo Verde.
●2004 - os ministros da Educação da CPLP reuniram-se em Fortaleza, no Brasil para
propor a entrada em vigor do Acordo Ortográfico, mesmo sem a ratificação de todos os
membros.
21
●2008 – Entram em vigor as regras do acordo ortográfico com prazo de até 2013
para total adaptação dos materiais.
Como visto, em 1931 foi aprovado o primeiro acordo ortográfico entre Portugal e o
Brasil. No entanto este acordo não produziu nenhum efeito da tão desejada unificação, motivo
este que levou mais tarde à Convenção Ortográfica de 1943. Da mesma forma, perante as
grandes divergências encontradas entre os vocabulários publicados pelas Academias de
Portugal e Brasil, fez-se necessário a realização da Convenção Ortográfica Luso-Brasileira de
1945, que também não trouxe efeitos significativos, já que só foi adotada por Portugal e não
pelo Brasil.
O texto do novo acordo é menos radical que o proposto anteriormente, em 1986, no
sentido de sanar de maneira mais satisfatória as preocupações e necessidades dos países que
se utilizam do português para comunicação, levando como critério a fonética, aproximar a
ortografia das palavras à forma falada.
O acordo esta organizado em 21 (vinte e uma) bases. Segue abaixo a lista das bases
do novo acordo (Instituto Antônio Houaiss, 2008, p. 25):
•
Base I – Alfabeto e grafia de nomes próprios estrangeiros
•
Base II – Uso do h
•
Base III – Grafemas consonânticos
•
Base IV – Seqüência consonânticas
•
Base V – Vogais átonas
•
Base VI – Vogais nasais
•
Base VII – Ditongos
•
Bases VII, IX, X, XI, XII, XIII – Acentuação gráfica
•
Base XIV – Uso do trema
•
Bases XV, XVI, XVII – Uso do hífen
•
Base XVIII – Uso do apóstrofo
•
Base XIX – Uso de letras maiúsculas
•
Base XX – Divisão silábica
•
Base XXI – Grafia de assinaturas e firmas
Dentre todas as bases do novo acordo, interessa ao nosso estudo algumas delas, as
que interferem diretamente na parte escrita e que será de grande uso por parte dos falantes.
Abaixo algumas das bases do acordo seguida de explicações paralelas, a fim de tornar o
entendimento da mudança mais didáticas.
22
BASE I: DO ALFABETO E DOS NOMES PRÓPRIOS ESTRANGEIROS E
SEUS DERIVADOS
1
O alfabeto da língua portuguesa é formado por vinte e seis letras, cada uma delas
com uma forma minúscula e outra maiúscula:
a A; b B; c C; d D; e E; f F; g G; h H; i I; j J; k K; l L; m M; n N; o O; p P; q Q; r
R; s S; t T; u U; v V; w W; x X; y Y; z Z.
Obs.:
1. Além destas letras, usam-se o ç (cê cedilhado) e os seguintes dígrafos: rr (erre
duplo), ss (esse duplo), ch (cê-agá), lh (ele-agá), nh (ene-agá), gu (guê-u) e qu (quê-u).
2. Os nomes das letras acima sugeridos não excluem outras formas de as designar.
As letras k, w e y usam-se nos seguintes casos especiais:
2
a) Em antropónimos/antropônimos originários de outras línguas e seus derivados:
Franklin, frankliniano; Kant, kantismo; Darwin, darwinismo; Wagner, wagneriano; Byron,
byroniano; Taylor, taylorista;
b) Em topónimos/topônimos originários de outras línguas e seus derivados:
Kwanza, Kuwait, kuwaitiano; Malawi, malawiano;
c) Em siglas, símbolos e mesmo em palavras adotadas como unidades de medida
de curso internacional: TWA, KLM; K-potássio (de kalium), W-oeste (West); kgquilograma, km-quilómetro, kW-kilowatt, yd-jarda (yard); Watt.
•
Nesta base, o alfabeto é alterado, passando de 23 (vinte e três) letras para 26
(vinte e seis) letras, incluindo as letras K, W,e Y e suas especificações para seus empregos.
BASE VII: DOS DITONGOS
1
Os ditongos orais, que tanto podem ser tónicos/tônicos como átonos, distribuem-
se por dois grupos gráficos principais, conforme o segundo elemento do ditongo é
representado por i ou u: ai, ei, éi, ui; au, eu, éu, iu, ou: braçais, caixote, deveis, eirado,
farnéis (mas farneizinhos), goivo, goivan, lençóis (mas lençoizinhos), tafuis, uivar,
cacau, cacaueiro, deu, endeusar, ilhéu (mas ilheuzito), mediu, passou, regougar.
Obs.: Admitem-se, todavia, excecionalmente, à parte destes dois grupos, os
ditongos grafados ae (= âi ou ai) e ao (âu ou au): o primeiro, representado nos
antropónimos/antropônimos Caetano e Caetana, assim como nos respetivos derivados e
compostos (caetaninha, são-caetano, etc.); o segundo, representado nas combinações da
preposição a com as formas masculinas do artigo ou pronome demonstrativo o, ou seja,
23
ao e aos.
2
Cumpre fixar, a propósito dos ditongos orais, os seguintes preceitos particulares:
a) É o ditongo grafado ui, e não a sequência vocálica grafada ue, que se emprega
nas formas de 2ª e 3ª pessoas do singular do presente do indicativo e igualmente na da 2ª
pessoa do singular do imperativo dos verbos em -uir: constituis, influi, retribui.
Harmonizam-se, portanto, essas formas com todos os casos de ditongo grafado ui de
sílaba final ou fim de palavra (azuis, fui, Guardafui, Rui, etc.); e ficam assim em paralelo
gráfico-fonético com as formas de 2ª e 3ª pessoas do singular do presente do indicativo e
de 2ª pessoa do singular do imperativo dos verbos em -air e em -oer: atrais, cai, sai;
móis, remói, sói;
b) É o ditongo grafado ui que representa sempre, em palavras de origem latina, a
união de um u a um i átono seguinte. Não divergem, portanto, formas como fluido de
formas como gratuito. E isso não impede que nos derivados de formas daquele tipo as
vogais grafadas u e i se separem: fluídico,fluidez (u-i);
c) Além dos ditongos orais propriamente ditos, os quais são todos decrescentes,
admite-se, como é sabido, a existência de ditongos crescentes. Podem considerar-se no
número deles as sequências vocálicas pós-tónicas/pós-tônicas, tais as que se representam
graficamente por ea, eo, ia, ie, io, oa, ua, ue, uo: áurea, áureo, calúnia, espécie, exímio,
mágoa, míngua, ténue/tênue, tríduo.
3
Os ditongos nasais, que na sua maioria tanto podem ser tónicos/tônicos como
átonos, pertencem graficamente a dois tipos fundamentais: ditongos representados por
vogal com til e semivogal; ditongos representados por uma vogal seguida da consoante
nasal m. Eis a indicação de uns e outros:
a) Os ditongos representados por vogal com til e semivogal são quatro,
considerando-se apenas a língua padrão contemporânea: ãe (usado em vocábulos oxítonos
e derivados), ãi (usado em vocábulos anoxítonos e derivados), ão e õe. Exemplos: cães,
Guimarães, mãe, mãezinha; cãibas, cãibeiro, cãibra, zãibo; mão, mãozinha, não, quão,
sótão, sotãozinho, tão; Camões, orações, oraçõezinhas, põe, repões. Ao lado de tais
ditongos pode, por exemplo, colocar-se o ditongo ui; mas este, embora se exemplifique
numa forma popular como rui = ruim, representa-se sem o til nas formas muito e mui, por
obediência à tradição;
b) Os ditongos representados por uma vogal seguida da consoante nasal m são
dois: am e em. Divergem, porém, nos seus empregos:
i) am (sempre átono) só se emprega em flexões verbais: amam, deviam,
24
escreveram, puseram;
ii) em (tónico/tônico ou átono) emprega-se em palavras de categorias
morfológicas diversas, incluindo flexões verbais, e pode apresentar variantes gráficas
determinadas pela posição, pela acentuação ou, simultaneamente, pela posição e pela
acentuação: bem, Bembom, Bemposta, cem, devem, nem, quem, sem, tem, virgem;
Bencanta, Benfeito, Benfica, benquisto, bens, enfim, enquanto, homenzarrão,
homenzinho, nuvenzinha, tens, virgens, amém (variação do ámen), armazém, convém,
mantém, ninguém, porém, Santarém, também; convêm, mantêm, têm (3ªs pessoas do
plural); armazéns, desdéns, convéns, reténs; Belenzada, vintenzinho.
•
Anteriormente, com relação aos ditongos, usava-se ae (=âi ou ai) nos
antropônimos Caetano, Caetana e seus derivados compostos, assim como ao (=âu ou au) nas
junções entre a preposição a com formas masculinas. Com relação a acentuação, os ditongos
abetos éi, éu e ói eram acentuados em todas as circunstâncias. Agora apenas quando se
encontram em sílaba final e quando em palavras paroxítonas.
BASE IX: DA ACENTUAÇÃO GRÁFICA DAS PALAVRAS
PAROXÍTONAS
1
As palavras paroxítonas não são em geral acentuadas graficamente: enjoo,
grave, homem, mesa, Tejo, vejo, velho, voo; avanço, floresta; abençoo, angolano,
brasileiro; descobrimento, graficamente, moçambicano.
2
Recebem, no entanto, acento agudo:
a) As palavras paroxítonas que apresentam, na sílaba tónica/tônica, as vogais
abertas grafadas a, e, o e ainda i ou u e que terminam em -l, -n, -r, -x e -ps, assim como,
salvo raras exceções, as respectivas formas do plural, algumas das quais passam a
proparoxítonas: amável (pl. amáveis), Aníbal, dócil (pl. dóceis), dúctil (pl. dúcteis), fóssil
(pl. fósseis), réptil (pl. répteis; var. reptil, pl. reptis); cármen (pl. cármenes ou carmens;
var. carme, pl. carmes); dólmen (pl. dólmenes ou dolmens), éden (pl. édenes ou edens),
líquen (pl. líquenes), lúmen (pl. lúmenes ou lúmens); açúcar (pl. açúcares), almíscar (pl.
almíscares), cadáver (pl. cadáveres), caráter ou carácter (mas pl. carateres ou
caracteres), ímpar (pl. ímpares); Ájax, córtex (pl. córtex; var. córtice, pl. córtices, índex
(pl. índex; var. índice, pl. índices), tórax (pl. tórax ou tóraxes; var. torace, pl. toraces);
bíceps (pl. bíceps; var. bicípite, pl. bicípites), fórceps (pl. fórceps; var. fórcipe, pl.
fórcipes).
Obs.: Muito poucas palavras deste tipo, com a vogais tónicas/tônicas grafadas e e
25
o em fim de sílaba, seguidas das consoantes nasais grafadas m e n, apresentam oscilação
de timbre nas pronúncias cultas da língua e, por conseguinte, também de acento gráfico
(agudo ou circunflexo): sémen e sêmen, xénon e xênon; fêmur e fémur, vómer e vômer;
Fénix e Fênix, ónix e ônix;
b) As palavras paroxítonas que apresentam, na sílaba tónica/tônica, as vogais
abertas grafadas a, e, o e ainda i ou u e que terminam em -ã(s), -ão(s), -ei(s), -i(s), -um,
-uns ou -us: órfã (pl. órfãs), acórdão (pl. acórdãos), órfão (pl. órfãos), órgão (pl.
órgãos), sótão (pl. sótãos); hóquei, jóquei (pl. jóqueis), amáveis (pl. de amável), fáceis
(pl. de fácil), fósseis (pl. de fóssil), amáreis (de amar), amáveis (id.), cantaríeis (de
cantar), fizéreis (de fazer), fizésseis (id.); beribéri (pl. beribéris), bílis (sg. e pl.), íris (sg.
e pl.), júri (pl. júris), oásis (sg. e pl.); álbum (pl. álbuns), fórum (pl. fóruns); húmus (sg. e
pl.), vírus (sg. e pl.).
Obs.: Muito poucas paroxítonas deste tipo, com as vogais tónicas/tônicas
grafadas e e o em fim de sílaba, seguidas das consoantes nasais grafadas m e n,
apresentam oscilação de timbre nas pronúncias cultas da língua, o qual é assinalado com
acento agudo, se aberto, ou circunflexo, se fechado: pónei e pônei; gónis e gônis, pénis e
pênis, ténis e tênis; bónus e bônus, ónus e ônus, tónus e tônus, Vénus e Vênus.
3
Não se acentuam graficamente os ditongos representados por ei e oi da sílaba
tónica/tônica das palavras paroxítonas, dado que existe oscilação em muitos casos entre o
fechamento e a abertura na sua articulação: assembleia, boleia, ideia, tal como aldeia,
baleia, cadeia, cheia, meia; coreico, epopeico, onomatopeico, proteico; alcaloide, apoio
(do verbo apoiar), tal como apoio (subst.), Azoia, boia, boina, comboio (subst.), tal como
comboio, comboias, etc. (do verbo comboiar), dezoito, estroina, heroico, introito, jiboia,
moina, paranoico, zoina.
4
É facultativo assinalar com acento agudo as formas verbais de pretérito perfeito
do indicativo, do tipo amámos, louvámos, para as distinguir das correspondentes formas
do presente do indicativo (amamos, louvamos), já que o timbre da vogal tónica/tônica é
aberto naquele caso em certas variantes do português.
5
Recebem acento circunflexo:
a) As palavras paroxítonas que contêm, na sílaba tónica/tônica, as vogais
fechadas com a grafia a, e, o e que terminam em -l, -n, -r, ou -x, assim como as respetivas
formas do plural, algumas das quais se tornam proparoxítonas: cônsul (pl. cônsules),
pênsil (pl. pênseis), têxtil (pl. têxteis); cânon, var. cânone (pl. cânones), plâncton (pl.
plânctons); Almodôvar, aljôfar (pl. aljôfares), âmbar (pl. âmbares), Câncer, Tânger;
26
bômbax (sg. e pl.), bômbix, var. bômbice (pl. bômbices);
b) As palavras paroxítonas que contêm, na sílaba tónica/tônica, as vogais fechadas com a grafia a, e, o e que terminam em -ão(s), -eis, -i(s) ou -us: bênção(s), côvão(s),
Estêvão, zângão(s); devêreis (de dever), escrevêsseis (de escrever), fôreis (de ser e ir),
fôsseis (id.), pênseis (pl. de pênsil), têxteis (pl. de têxtil); dândi(s), Mênfis; ânus;
c) As formas verbais têm e vêm, 3.ªs pessoas do plural do presente do indicativo
de ter e vir, que são foneticamente paroxítonas (respetivamente /tãjãj/, /vãjãj/ ou /têêj/,
/vêêj/ ou ainda /têjêj/, /vêjêj/); cf. as antigas grafias preteridas, têem, vêem, a fim de se
distinguirem de tem e vem, 3ªs pessoas do singular do presente do indicativo ou 2ªs
pessoas do singular do imperativo; e também as correspondentes formas compostas, tais
como: abstêm (cf. abstém), advêm (cf. advém), contêm (cf. contém), convêm (cf. convém),
desconvêm (cf. desconvém), detêm (cf. detem), entretem (cf. entretém), intervêm (cf.
intervém), mantêm (cf. mantém), obtêm (cf. obtém), provêm (cf. provém), sobrevêm (cf.
sobrevém).
Obs.: Também neste caso são preteridas as antigas grafias detêem, intervêem,
mantêem, provêem, etc.
6
Assinalam-se com acento circunflexo:
a) Obrigatoriamente, pôde (3ª pessoa do singular do pretérito perfeito do
indicativo), que se distingue da correspondente forma do presente do indicativo (pode);
b) Facultativamente, dêmos (1ª pessoa do plural do presente do conjuntivo), para
se distinguir da correspondente forma do pretérito perfeito do indicativo (demos); fôrma
(substantivo), distinta de forma (substantivo; 3ª pessoa do singular do presente do
indicativo ou 2ª pessoa do singular do imperativo do verbo formar).
7
Prescinde-se de acento circunflexo nas formas verbais paroxítonas que contêm
um e tónico/tônico oral fechado em hiato com a terminação -em da 3ª pessoa do plural do
presente do indicativo ou do conjuntivo, conforme os casos: creem, deem (conj.),
descreem, desdeem (conj.), leem, preveem, redeem (conj.), releem, reveem, tresleem,
veem.
8
Prescinde-se igualmente do acento circunflexo para assinalar a vogal
tónica/tonica fechada com a grafia o em palavras paroxítonas como enjoo, substantivo e
flexão de enjoar, povoo, flexão de povoar, voo, substantivo e flexão de voar, etc.
9
Prescinde-se, quer do acento agudo, quer do circunflexo, para distinguir palavras
paroxítonas que, tendo respectivamente vogal tónica/tônica aberta ou fechada, são
homógrafas de palavras proclíticas. Assim, deixam de se distinguir pelo acento gráfico:
para (á), flexão de parar, e para, preposição; pela(s) (é), substantivo e flexão de pelar, e
27
pela(s), combinação de per e la(s); pelo (é), flexão de pelar, pelo(s) (é), substantivo ou
combinação de per e lo(s); polo(s) (ó), substantivo, e polo(s), combinação antiga e
popular de por e lo(s); etc.
1
Prescinde-se igualmente de acento gráfico para distinguir paroxítonas
homógrafas heterofónicas/heterofônicas do tipo de acerto (ê), substantivo, e acerto (é),
flexão de acertar; acordo (ô), substantivo, e acordo (ó), flexão de acordar; cerca (ê),
substantivo, advérbio e elemento da locução prepositiva cerca de, e cerca (é), flexão de
cercar; coro (ó), substantivo, e flexão de corar; deste (ê), contração da preposição de com
o demonstrativo este, e deste (é), flexão de dar; fora (ô), flexão de ser e ir, e fora (ó),
advérbio, interjeição e substantivo; piloto (ô), substantivo, e piloto (ó), flexão de pilotar,
etc.
•
Como visto, os ditongos ei e oi abertos que se encontram em uma palavra
paroxítona não são mais acentuadas como eram anteriormente.
•
Com relação ao acento circunflexo, não são mais empregados em
paroxítonas terminadas em oo e em palavras homógrafas (citadas acima). Ainda com
relação ao acento circunflexo, não são mais empregados também em terceiras pessoas do
pluras dos tempos verbais do presente do indicativo ou do subjuntivo, especificamente
dos verbos crer, dar, ler, ver e seus derivados.
BASE X: DA ACENTUAÇÃO DAS VOGAIS TÓNICAS/TÔNICAS GRAFADAS I
E U DAS PALAVRAS OXÍTONAS E PAROXÍTONAS
1
As vogais tónicas/tônicas grafadas i e u das palavras oxítonas e paroxítonas
levam acento agudo quando antecedidas de uma vogal com que não formam ditongo e
desde de que não constituam sílaba com a eventual consoante seguinte, excetuando o
caso de s: adaís (pl. de adail), aí, atraí (de atrair), baú, caís (de cair), Esaú, jacuí,
Luís, país, etc.; alaúde, amiúde, Araújo, Ataíde, atraiam (de atrair), atraísse (id.),
baía, balaústre, cafeína, ciúme, egoísmo, faísca, faúlha, graúdo, influíste (de influir),
juízes, Luísa, miúdo, paraíso, raízes, recaída, ruína, saída, sanduíche, etc.
2
As vogais tónicas/tônicas grafadas i e u das palavras oxítonas e paroxítonas
não levam acento agudo quando, antecedidas de vogal com que não formam ditongo,
constituem sílaba com a consoante seguinte, como é o caso de nh, l, m, n, r e z: bainha,
moinho, rainha; adail, paul, Raul; Aboim, Coimbra, ruim; ainda, constituinte,
oriundo, ruins, triunfo; atrair, demiurgo, influir, influirmos; juiz, raiz, etc.
3
Em conformidade com as regras anteriores leva acento agudo a vogal
28
tónica/tônica grafada i das formas oxítonas terminadas em r dos verbos em -air e -uir,
quando estas se combinam com as formas pronominais clíticas -lo(s), -la(s), que levam
à assimilação e perda daquele -r: atraí-lo(s), [de atrair-lo(s)]; atraí-lo(s)-ia [de atrairlo(s)-ia]; possuí-la(s) [de possuir-la(s)]; possuí-la(s)-ia [de possuir-la(s)-ia].
4
Prescinde-se do acento agudo nas vogais tónicas/tônicas grafadas i e u das
palavras paroxítonas, quando elas estão precedidas de ditongo: baiuca, boiuno, cauila
(var. cauira), cheiinho (de cheio), saiinha (de saia).
5
Levam, porém, acento agudo as vogais tónicas/tônicas grafadas i e u quando,
precedidas de ditongo, pertencem a palavras oxítonas e estão em posição final ou
seguidas de s: Piauí, teiú, teiús, tuiuiú, tuiuiús.
Obs.: Se, neste caso, a consoante final for diferente de s, tais vogais
dispensam o acento agudo: cauim.
6
Prescinde-se do acento agudo nos ditongos tónicos/tônicos grafados iu e ui,
quando precedidos de vogal: distraiu, instruiu, pauis (pl. de paul).
7
Os verbos arguir e redarguir prescindem do acento agudo na vogal
tónica/tônica grafada u nas formas rizotónicas/rizotônicas: arguo, arguis, argui,
arguem; argua, arguas, argua, arguam. Os verbos do tipo de aguar, apaniguar,
apaziguar, apropinquar, averiguar, desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir e afins,
por oferecerem dois paradigmas, ou têm as formas rizotónicas/rizotônicas igualmente
acentuadas no u mas sem marca gráfica (a exemplo de averiguo, averiguas, averigua,
averiguam; averigue, averigues, averigue, averiguem; enxaguo, enxaguas, enxagua,
enxaguam; enxague, enxagues, enxague, enxaguem, etc.; delinquo, delinquis, delinqui,
delinquem; mas delinquimos, delinquís) ou têm as formas rizotónicas/rizotônicas
acentuadas fónica/fônica e graficamente nas vogais a ou i radicais (a exemplo de
averíguo, averíguas, averígua, averíguam; averígue, averígues, averígue, averíguem;
enxáguo, enxáguas, enxágua, enxáguam; enxágue, enxágues, enxágue, enxáguem;
delínquo, delínques, delínque, delínquem; delínqua, delínquas, delínqua, delínquam).
Obs.: Em conexão com os casos acima referidos, registe-se que os verbos em
-ingir (atingir, cingir, constringir, infringir, tingir, etc.) e os verbos em -inguir sem
prolação do u (distinguir, extinguir, etc.) têm grafias absolutamente regulares (atinjo,
atinja, atinge, atingimos, etc.; distingo, distinga, distingue, distinguimos, etc.).
•
Nesta base, a principal alteração é com relação às palavras paroxítonas que
não recebem mais acento agudo nas vogais tônicas i e u quando são precedidas de um
ditongo decrescente, como é o caso da palavra feiura.
29
BASE XIV: DO TREMA
1
O trema, sinal de diérese, é inteiramente suprimido em palavras portuguesas ou
aportuguesadas. Nem sequer se emprega na poesia, mesmo que haja separação de duas
vogais que normalmente formam ditongo: saudade, e não saüdade, ainda que tetrassílabo;
saudar, e não saüdar, ainda que trissílabo; etc.
Em virtude desta supressão, abstrai-se de sinal especial, quer para distinguir, em
sílaba átona, um i ou um u de uma vogal da sílaba anterior, quer para distinguir, também
em sílaba átona, um i ou um u de um ditongo precedente, quer para distinguir, em sílaba
tónica/tônica ou átona, o u de gu ou de qu de um e ou i seguintes: arruinar, constituiria,
depoimento, esmiuçar, faiscar, faulhar, oleicultura, paraibano, reunião; abaiucado,
auiqui, caiuá, cauixi, piauiense; aguentar, anguiforme, arguir, bilíngue (ou bilingue),
lingueta, linguista, linguístico; cinquenta, equestre, frequentar, tranquilo, ubiquidade.
Obs.: Conserva-se, no entanto, o trema, de acordo com a Base I, 3º, em palavras
derivadas de nomes próprios estrangeiros: hübneriano, de Hübner, mülleriano, de Müller,
etc.
•
Uma das mudanças mais radicais da reforma, e que causam maior espanto
para os falantes é com relação a supressão do trema em todas as palavras portuguesas ou
aportuguesadas, só se conservando em palavras que derivam de nomes estrangeiros. Tal
mudança acaba por dificultar, para algumas pessoas, a pronúncia de certas palavras.
BASE XV: DO HÍFEN EM COMPOSTOS, LOCUÇÕES E
ENCADEAMENTOS VOCABULARES
1
Emprega-se o hífen nas palavras compostas por justaposição que não contêm
formas de ligação e cujos elementos, de natureza nominal, adjetival, numeral ou verbal,
constituem uma unidade sintagmática e semântica e mantêm acento próprio, podendo darse o caso de o primeiro elemento estar reduzido: ano-luz, arce-bispo, arco-íris, decretolei, és-sueste, médico-cirurgião, rainha-cláudia, tenente-coronel, tio-avô, turma-piloto;
alcaide-mor, amor-perfeito, guarda-noturno, mato-grossense, norte-americano, portoalegrense, sul-africano; afro-asiático, afro-luso-brasileiro, azul-escuro, luso-brasileiro,
primeiro-ministro, primeiro-sargento, primo-infeção, segunda-feira; conta-gotas, fincapé, guarda-chuva.
Obs.: Certos compostos, em relação aos quais se perdeu, em certa medida, a
noção de composição, grafam-se aglutinadamente: girassol, madressilva, mandachuva,
30
pontapé, paraquedas, paraquedista, etc.
2
Emprega-se o hífen nos topónimos/topônimos compostos, iniciados pelos
adjetivos grã, grão ou por forma verbal ou cujos elementos estejam ligados por artigo:
Grã-Bretanha, Grão-Pará; Abre-Campo; Passa-Quatro, Quebra-Costas, QuebraDentes, Traga-Mouros, Trinca-Fortes; Albergaria-a-Velha, Baía de Todos-os-Santos,
Entre-os-Rios, Montemor-o-Novo, Trás-os-Montes.
Obs.: Os outros topónimos/topônimos compostos escrevem-se com os elementos
separados, sem hífen: América do Sul, Belo Horizonte, Cabo Verde, Castelo Branco,
Freixo de Espada à Cinta, etc. O topónimo/topônimo Guiné-Bissau é, contudo, uma
exceção consagrada pelo uso.
3
Emprega-se o hífen nas palavras compostas que designam espécies botânicas e
zoológicas, estejam ou não ligadas por preposição ou qualquer outro elemento: abóboramenina, couve-flor, erva-doce, feijão-verde; benção-de-deus, erva-do-chá, ervilha-decheiro, fava-de-santo-inácio, bem-me-quer (nome de planta que também se dá à
margarida e ao malmequer); andorinha-grande, cobra-capelo, formiga-branca;
andorinha-do-mar, cobra-d'água, lesma-de-conchinha; bem-te-vi (nome de um pássaro).
4
Emprega-se o hífen nos compostos com os advérbios bem e mal, quando estes
formam com o elemento que se lhes segue uma unidade sintagmática e semântica e tal
elemento começa por vogal ou h. No entanto, o advérbio bem, ao contrário de mal, pode
não se aglutinar com palavras começadas por consoante. Eis alguns exemplos das várias
situações: bem-aventurado, bem-estar, bem-humorado; mal-afortunado, mal-estar, malhumorado; bem-criado (cf. malcriado), bem-ditoso (cf. malditoso), bem-falante (cf.
malfalante), bem-mandado (cf. malmandado), bem-nascido (cf. malnascido), bem-soante
(cf. malsoante), bem-visto (cf. malvisto).
Obs.: Em muitos compostos, o advérbio bem aparece aglutinado com o segundo
elemento, quer este tenha ou não vida à parte: benfazejo, benfeito, benfeitor,
benquerença, etc.
5
Emprega-se o hífen nos compostos com os elementos além, aquém, recém e sem:
além-Atlântico, além-mar, além-fronteiras; aquém-mar, aquém-Pirenéus; recém-casado,
recém-nascido; sem-cerimónia, sem-número, sem-vergonha.
6
Nas locuções de qualquer tipo, sejam elas substantivas, adjetivas, pronominais,
adverbiais, prepositivas ou conjuncionais, não se emprega em geral o hífen, salvo
algumas exceções já consagradas pelo uso (como é o caso de água-de-colónia, arco-davelha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa).
Sirvam, pois, de exemplo de emprego sem hífen as seguintes locuções:
31
a) Substantivas: cão de guarda, fim de semana, sala de jantar;
b) Adjetivas: cor de açafrão, cor de café com leite, cor de vinho;
c) Pronominais: cada um, ele próprio, nós mesmos, quem quer que seja;
d) Adverbiais: à parte (note-se o substantivo aparte), à vontade, de mais
(locução que se contrapõe a de menos; note-se demais, advérbio, conjunção, etc.), depois
de amanhã, em cima, por isso;
e) Prepositivas: abaixo de, acerca de, acima de, a fim de, a par de, à parte de,
apesar de, aquando de, debaixo de, enquanto a, por baixo de, por cima de, quanto a;
f) Conjuncionais: afim de que, ao passo que, contanto que, logo que, por
conseguinte, visto que.
7
Emprega-se o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se
combinam, formando, não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares
(tipo: a divisa Liberdade-Igualdade-Fraternidade, a ponte Rio-Niterói, o percurso
Lisboa-Coimbra-Porto, a ligação Angola-Moçambique, e bem assim nas combinações
históricas ou ocasionais de topónimos/topônimos (tipo: Austria-Hungria, Alsácia-Lorena,
Angola-Brasil, Tóquio-Rio de Janeiro, etc.).
•
As alterações propostas para o uso do hífen são, de todas as alterações, as que
mas afetam na escrita. Alguns compostos são grafados sem hífen, pelo fato de ter se perdido
a noção de sua composição. O hífen é empregado quando a primeira palavra da composição
forem as palavras bem ou mal e o segundo elemento for iniciado por uma vogal ou por h;
quando a primeira palavra for além, aquém, recém e sem.
Segue em anexo um quadro que está apoiado na obra do Instituto Antônio Houaiss.
“Escrevendo pela Nova Ortografia” publicado pela Publifolha, 2008. Tal quadro visa o
melhor entendimento do uso do hífen, considerando que tal modificação é a mais complexa
e controversa do acordo.
Segundo dados disponibilizados pela Academia de Ciências de Lisboa, o número de
palavras que seriam alteradas não ultrapassaria duas mil, considerando um total aproximado
de 110.000, um pouco mais que um por cento (Disponível em http://www.acad.ciencias.pt
Acessado em 12 ago. 2009).
Tal número é alvo de crítica para alguns escritores e estudiosos da língua pois tal
modificação altera em muito pouco as palavras e aproxima quase que da mesma porcentagem
as línguas.
32
CAPÍTULO 3- ANÁLISE
A entrevista foi realizada com 4 (quatro) professores na área de língua portuguesa da
“E.E. José Alfredo de Almeida” entre o período de 17 a 21 de agosto de 2009. Tal entrevista
tem como objetivo colher dados a respeito da opinião desses professores quanto a Reforma
Ortográfica da Língua Portuguesa para embasamento da pesquisa.
3.1 Professores
Tabela 1. Dados referentes à opinião quanto ao Acordo Ortográfico que faz algumas alterações
no vocabulário da Língua Portuguesa.
Número de
Opções
%
respostas
Importante, pois unifica os países lusófonos
0
0,0
Não se faz necessário, pois modifica em pouco o vocabulário
1
25.0
Não terá efeito na prática
3
75,0
Atrapalha quem já está alfabetizado ou em fase de alfabetização
0
0,0
Total
4
100,0
Uma das maiores discussões da atualidade entre os críticos de língua e lingüistas é a
necessidade da Reforma Ortográfica. Dentre os professores entrevistados, 75% (setenta e
33
cinco por cento) acreditam que a reforma não terá nenhum efeito na prática. Segundo coluna
do site www.folhadomate.com.br, a reforma ainda não supre as principais diferenças.
“(...)as transformações agora introduzidas, ainda não eliminam todas as
diferenças de grafia existentes entre os países que, a partir de Portugal,
utilizam este como a sua língua oficial. Restando ainda, o fato inegável de
que muitas palavras que são utilizados nos mesmos, possuem sentidos
diversos do que nos demais, e pronúncias de muitas também apresentam
diferenças entre os nativos destes países, fatos derivados da formação
cultural e histórica destes povos.”
Tabela 2. Dados referentes à opinião quanto à melhora do intercâmbio cultural e científico entre
os países da CPLP.
Número de
Opções
%
respostas
A mudança em muito pouco facilita no entendimento das palavras.
0
0,0
O entendimento fica mais claro com a mudança
1
25,0
Não mudará nada, visto que a reforma não ajuda nem atrapalha.
1
25,0
Complicará para as pessoas que já estão alfabetizadas
2
50,0
Total
4
100,0
Quanto ao intercâmbio que a reforma proporcionará, os entrevistados se dividem,
alguns consideram que o entendimento de livros exportados ficarão mais fáceis, outros acham
que nada mudará conquanto outros acreditam que as mudanças atrapalharão quem já está
alfabetizado. Mas segundo Evanildo Bechara, em entrevista dada a jornalista Içara Bahia em
13 de março de 2009, o índice de alfabetização não é um problema de língua, e sim político:
“(...)não é um problema de língua, é um problema de política educacional. É
um problema que não é da Academia, mas do Ministério da Educação e do
Ministério da Cultura. A ortografia não melhora a alfabetização de ninguém.
Você não faz uma reforma ortográfica para melhorar o índice de
alfabetismo. Ajuda, mas não é. O problema de um país ter 50% de
analfabetos não é um problema de língua, é um problema de política
educacional. Alguma coisa está errada na educação do país. Não é a
Academia que vai solucionar, é o Ministério da Educação, o Ministério da
Cultura.”
Tabela 3. Dados referentes à opinião quanto à necessidade de se fazer uma reforma unificadora,
visto as disparidades entre as duas grafias oficiais do português.
Número de
Opções
%
respostas
As diferenças são ínfimas e sem necessidade de reforma
2
50,0
Devido a uma grande diferença se fez necessária a reforma.
0
0,0
As diferenças são grandes, mas não ao ponto de realizar uma reforma.
0
0,0
A unificação não é necessária, mas iguala as diferenças.
2
50,0
34
4
Total
100,0
Os dados se dividem 50% (cinqüenta por cento), mas se assimilam quanto a não
necessidade de fazer uma reforma unificadora. Alguns consideram as diferenças ínfimas,
enquanto outros acham que todas as diferenças serão supridas. Segundo dados
disponibilizados pela Academia de Lisboa, apenas 1% do vocabulário será alterado.
Tabela 4. Dados referentes à opinião quanto à “destruição” da identificação cultural, as
diferentes grafias, por parte da unificação.
Número de
Opções
%
respostas
A unificação destruirá o caráter peculiar de cada língua, visto que cada uma
se desenvolveu de acordo com as necessidades de seus falantes.
As diferenças são desvios dos falantes, pois a língua se desenvolve
igualmente independente do local.
As grafias são identificação cultural, mas a unificação não destruirá isso.
A fonética não será alterada, não alterando assim a identificação cultural.
Total
3
75,0
0
0,0
1
0
4
25,0
0,0
100,0
Segundo a maioria dos entrevistados, as mudanças destruirão o caráter peculiar da
língua, que é a identificação de um povo, considerando que a língua se desenvolveu de acordo
com a necessidade e com o ambiente em que é falada. No entanto, podemos considerar que as
mudanças são superficiais, isto é, mudam-se os acentos, a maneira de se escrever certas
palavras. O caráter de uma língua está na maneira de como ela é tratada, falada pelos seus
usuários. O significado das palavras não serão alterados, isto é, o que uma palavra transmite
como significado em um país pode não significar o mesmo em outro, mantendo sua
característica de origem, porém, possuindo a mesma grafia.
Tabela 5. Dados referentes à opinião quanto ao aumento do alfabeto para 26 letras e a retirada
do trema.
Número de
Opções
%
respostas
As letras introduzidas não influenciam em nada, pois já eram utilizadas.
1
25,0
A retirada do trema dificultará a pronúncia de certas palavras.
2
50,0
As letras acrescentadas influenciam no campo da escrita, visto que com mais
letras variar-se-á o vocabulário.
A supressão do trema foi útil, pois só dificultava na hora da leitura e da
pronúncia.
Total
0
0,0
1
25,0
4
100,0
A maioria considera que a retirada do trema ocasionará problemas quanto à
pronúncia das palavras afetadas. Considerando que o trema é um diacrítico usado para alterar
o som de uma vogal ou para mostrar a independência dessa vogal com relação as outras,
35
podemos concluir parcialmente que o seu desaparecimento pode ocasionar problemas.
Entretanto, temos que avaliar que existem os já alfabetizados e os que estão em fase de
alfabetização. Para Evanildo Bechara “(...) aqueles que estão começando a escrever vão ser
beneficiados porque o acordo simplifica muito. O acordo torna a ortografia portuguesa mais
simples nos seus grandes problemas(...)”
Tabela 6. Dados referentes à opinião em relação à mudança que visa aproximar a forma escrita
com a forma falada.
Número de
Opções
%
respostas
A reforma não é necessária, pois não altera a forma falada.
0
0,0
A reforma é importante, pois unifica as grafias, mesmo não alterando a fala.
3
75,0
Alterando a escrita, altera-se também a forma de falar.
0
0,0
As mudanças deveriam ser outras já que o objetivo era aproximas a escrita
da fala.
Total
1
25,0
4
100,0
A reforma é considerada importante por 75%(setenta e cinco por cento) pois
consideram que a unificação da grafia é importante, mesmo a reforma não alterando a fala.
Podemos analisar tal contexto levando em consideração que dentro do território brasileiro,
onde todos os falantes se usam de uma única grafia oficial existem diferentes modos de falar.
36
CONSIDERAÇÕES FINAIS
37
REFERÊNCIAS
CAMÕES, Luiz Vaz de. Os lusíadas. Lisboa: Verbo. 1972
CORTESÃO, Jaime. A expedição de Pedro Álvares Cabral e o descobrimento do Brasil.
Lisboa: Portugália, 1967.
CUNHA, Celso. CINTRA, Lindley. Nova Gramática do português contemporâneo. – 3ª.
ed. - Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
CUNHA, Celso Ferreira da. Gramática da Língua Portuguesa. –11ª. ed. - Rio de Janeiro:
FAE 1986.
SACCONI, Luiz Antonio. Nossa gramática. – 11ª. ed. - São Paulo: Atual 1990.
SAVIOLI, Francisco Platão. Gramática em 44 lições. – 32ª. ed. - São Paulo: Ática, 2004.
SPINA, Segismundo, História da Língua Portuguesa III-segunda metade do século XVI e
século XVII 1ª. ed. – São Paulo: Ática.
TÓFOLLI, Daneila. Folha de S.Paulo, cotidiano, segunda-feira, 20 de agosto de 2007.
38
VIANA, Moacir da Cunha. Novo dicionário da língua portuguesa. – 1ª. ed. - São Paulo:
Didática Paulista.
INSTITUTO ANTÔNIO HOUAISS, Escrevendo pela nova ortografia. 2ª. ed. – São Paulo :
Publifolha, 2008.
ELIA, Sìlvio. A língua Portuguesa no Mundo. 2ª. ed. – São Paulo : Ática, 1998.
NETO, Serafim da Silva. História da Língua Portuguesa. 4ª. ed. – Rio de Janeiro :
Presença/INL, 1986.
TEYSSIER, Paul. História da Língua Portuguesa. 1ª. ed. – São Paulo : Martins Fontes,
1997.
COUTINHO, Ismael de Lima. Pontos de gramática histórica. 1ª. ed. – Rio de Janeiro : Ao
livro técnico, 1976.
39
ANEXOS
PALAVAS COMPOSTAS
ELEMENTOS
OU
PALAVRAS
Compostas
comuns
REGRAS
1. Usa-se hífen
nas palavras
compostas
comuns, sem
preposições,
quando o
primeiro
elemento for
substantivo,
adjetivo,
verbo ou
numeral.
EXEMPLOS
Amor-perfeito,
boa-fé,
guarda-noturno,
guarda-chuva,
criado-mudo,
decreto-lei.
OBSERVAÇÕES;
SAIBA MAIS
A) Formas adjetivas
como afro, luso,
anglo, latino não se
ligam por hífen:
afrodescendente,
eurocêntrico,
lusofobia,
eurocomunista.
B) Mas com
adjetivos pátrios (de
identidade), usa-se o
hífen:
afro-americano,
latino-americano,
indo-europeu,
ítalo-brasileira,
anglo-saxão.
C) Se a noção de
composição
desapareceu com o
tempo, deve-se unir
o composto sem
hífen:
pontapé,
madressilva,
girassol,
40
paraquedas,
paraquedismo
(perdida a noção do
verbo parar);
mandachuva
(perdida a noção do
verbo mandar).
D) Demais casos
com para e manda
usam hífen:
para-brisa,
para-choque (sem
acento no para);
manda-tudo,
manda-lua.
E) Compostos com
elementos repetidos
também levam
hífen:
tico-tico,
tique-taque,
pingue-pongue,
blá-blá-blá.
F) Compostos com
apóstrofo também
levam hífen:
cobra-d'água,
mãe-d'água,
mestre-d'armas.
Nomes
geográficos
antecedidos de
grão, grã ou
verbos
2. Usa-se o
Grã-Bretanha,
hífen em
Grão-Pará,
nomes
Passa-Quatro.
geográficos
compostos com
grã e grão ou
verbos de
qualquer tipo.
Demais nomes
geográficos
compostos não usam
hífen:
América do Norte,
Belo Horizonte,
Cabo Verde.
(O nome
Guiné-Bissau
é uma exceção).
Espécies
vegetais/
animais
3. Usa-se o
hífen nos
compostos que
designam
espécies
vegetais e
animais.
bem-te-vi,
bem-me-quer,
erva-de-cheiro,
couve-flor,
erva-doce,
feijão-verde,
coco-da-baía,
joão-de-barro,
não-me-toques
(planta).
Se a palavra for
usada em sentido
figurado, não leva
hífen: Ela está cheia
de não me toques
(melindres).
Mal
4. Usa-se hífen
com mal antes
de vogais ou h
ou l.
mal-afamado,
mal-estar,
mal-acabado,
mal-humorada,
mal-limpo.
A) Escreva, porém:
malcriado,
malnascido,
malvisto,
malquerer,
malpassado.
41
B) Escreva com
hífen no feminino:
má-língua,
más-línguas.
Além, aquém,
recém, bem,
sem
5. Usa-se hífen
com além,
aquém, recém,
bem e sem.
além-mar,
aquém-oceano,
recém-casado,
recém-nascido,
bem-estar,
bem-vindo,
sem-vergonha.
Quando o bem se
aglutina com o
segundo elemento,
não se usa hífen:
benfeitor,
benfeitoria,
benquerer,
benquisto.
Locuções
6. Não se usa
hífen nas
locuções dos
vários tipos
(substantivas,
adjetivas etc).
à vontade,
cão de guarda,
café com leite,
cor de vinho,
fim de semana,
fim de século,
quem quer que seja,
um disse me disse.
A) Certas grafias
consagradas agora
são exceções à
regra. Escreva:
água-de-colônia,
arco-da-velha,
pé-de-meia,
mais-que-perfeito,
cor-de-rosa,
à queima-roupa,
ao deus-dará.
B) Outras
expressões/locuções
que não usarão
hífen:
bumba meu boi,
tomara que caia,
arco e flecha,
tão somente,
ponto e vírgula.
C) Escreva também
sem hífen as
locuções à toa
(adjetivo ou
advérbio), dia a dia
(substantivo e
advérbio) e arco e
flecha.
Encadeamentos 7. Os
de palavras
encadeamentos
vocabulares
levam hífen (e
não mais
traço).
Hífen no fim da 8. Quando cai
linha
no fim da
linha, o hífen
deve ser
A relação
professor-aluno.
O trajeto
Tóquio-São Paulo.
A ponte
Rio-Niterói.
Um acordo
Angola-Brasil.
Áustria-Hungria.
Alsácia-Lorena.
Atravesso a ponte Rio-Niterói.
Couve-
42
repetido, por
clareza, na
linha abaixo.
-flor.
Este quadro está apoiado nas obras:
BECHARA, Evanildo. O que muda com o Novo Acordo Ortográfico. Rio de Janeiro,
Nova Fronteira, 2008.
INSTITUTO ANTÔNIO HOUAISS. Escrevendo pela Nova Ortografia. Rio de
Janeiro/São Paulo, Houaiss/Publifolha, 2008.
GOMES, Francisco Álvaro. O acordo ortográfico. Porto, Porto Editora, 2008.

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