Raízes no.006

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Raízes no.006
12 ‫ מתוך‬1 ‫עמוד‬
Shavei Israel
‫נשלח‬:
‫נושא‬:
11:18 2009 ‫ ינואר‬07 ‫יום רביעי‬
Raizes 006
Raízes
Edição n°. 6
Junho - 2008
Sivan- 5768
Testemunho
Ocular: "e
Voltarão Juntos
Formando uma
Grande
Multidão"
O Nazir - A
Obtenção do
Equilíbrio
Psicológico Parashat Nassó
Por: Rabino Eliahu
Birnbaum
Por: Michael Freund
Shavei Israel
Apóia
Lançamento
Sol haTzadikáh A Heroína
Por: Yehudá Benguigui
Por: David Salgado
Jerusalém - Três
Mil Anos de
História
O que
Realmente
Incomodava os
Saduceus
Por: Jane Bichmacher
de Glasman
Por: Rav Moshé
Bergman
Testemunho Ocular: "e Voltarão Juntos Formando uma
Grande Multidão"
Por: Michael Freund - Tradução: David Salgado
Addis Ababa – Etiopia
São cerca da 11 horas da noite, em uma noite
de maio em Addis Ababa e grandes partes da
capital da Etiópia se encontra completamente
escura, resultado dos cortes de luz que vem
aumentando nos últimos meses.
Soldados e policiais patrulham as ruas em
frente à Embaixada Israelense com
metralhadoras kalatchnikov penduradas no
pescoço. Enquanto controlam o tráfego que vem de ambas direções, um grande
ônibus pára antes de estacionar na empoeirada via pública.
Quando seu ruidoso motor parecer descansar, oficiais israelenses revisam uma
enorme quantidade de papeis, enquanto preparam os eventuais passageiros com
destino ao aeroporto. De lá tomarão um vôo da Ethiopian Airlines com o objetivo de
realizar a viagem milenar de regresso à terra de seus ancestrais à Terra de Israel.
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Enquanto isso, dentro de um complexo vizinho, 42 Falash Mura (descendentes de
judeus etíopes que se converteram ao cristianismo no início do século XIX), se
sentam pacientemente e tranqüilamente em bancos de madeira, esperando para
subir ao ônibus. Suas feições delatam uma silenciosa dignidade, mas não muito mais
do que isso. Não existem suspiros emocionados ou qualquer reação do tipo
emocional.
Apenas Yossi, uma criança encantadora de três anos com um contagioso sorriso,
desafia todo esse ambiente, e parece perceber a importância do passo que está
prestes a dar.
Há dez dias, Yossi e os outros chegaram a Addis Ababa após dois dias de viagem,
desde Gondar, ao norte da Etiópia. Após recuperarem-se da longa viagem, passaram
por um intensivo mini seminário organizado pelos funcionários israelenses, com o
objetivo de familiarizá-los dos distintos aspectos da aliah.
Este grupo, que conta com 38 adultos, duas crianças e dois bebes, é o penúltimo
grupo de Falash Mura que o governo de Israel planeja trazer ao Estado Judeu.
Conforme informações dos funcionários do governo, outros 300 Falash Mura,
aproximadamente, serão trazidos a Israel no fim de junho, e depois a operação
estará encerrada.
Os funcionários da embaixada, já começaram a procurar emprego em outros lugares,
pois existem os rumores da redução do quadro de empregados. É o fim de uma era,
disse um oficial, acrescentando orgulhosamente que a antiga comunidade judaica da
Etiópia encontrou finalmente o caminho de volta a sua casa.
Ativistas israelenses e norte americanos não concordam e dizem que ainda existem
8700 Falash Mura na região de Gondar. Eles acusam o governo israelense de querer
encerrar o processo rapidamente sem avaliar devidamente essas pessoas. Eles
ameaçam seguir pressionando até que o último membro dos Falash Mura que queira
retornar ao judaísmo e ao povo judeu, tenha êxito e lhe seja permitido a aliah.
Porém estas disputas, parecem estar longe da mente daqueles presentes hoje em
Addis Ababa, pois estes potenciais imigrantes caminham ao ônibus após terem
recebido o visto de entrada dos funcionários israelenses.
Mesmo os mais cínicos observadores não podem deixar de ser influenciados por sua
paciência e passividade, ao mesmo tempo em que deixam para trás tudo o que
conhecem para enfrentar, no melhor estilo Abraham Avinu, o incerto futuro que os
espera.
Quando chegam ao aeroporto, descem do ônibus, ajudando uns aos outros
calmamente. Uma mãe carrega seu bebe, e o balança suavemente de um lado para o
outro até que ele pega num sono profundo.
Uma senhora de idade, com muita dificuldade para ver e caminhar, é ajudada por
dois jovens até o terminal de embarque.
Atrás dela, um homem com muletas tenta seguir o grupo, cada passo que dá com
dificuldade, o aproxima mais a Jerusalém.
Vendo esta cena diante de meus olhos, o versículo de Jeremias (Cap. 31) me vem
rapidamente à mente: “e os reunirei dos mais distantes confins da terra, e com eles
trarei o cego e o coxo, a mãe e seu filho; e voltarão juntos formando uma grande
multidão”.
De fato, é fácil imaginar que assim talvez tenha sido o êxodo do Egito, ao mesmo
tempo em que estes remanescentes do judaísmo etíope retornam à terra prometida,
escrevendo um novo capítulo na história.
Existem aqueles que vêem os Falash Mura como emigrantes com dificuldades
econômicas, ou como, inclusive, gente que se aproveita do sonho sionista. E assim,
dizem os críticos, sua motivação é simplesmente para elevar o nível de vida e
escapar-se para o Ocidente. Porém, todo o cinismo do mundo não pode negar o fato
dessas preciosas almas, estes “judeus perdidos” estarem, finalmente, regressando a
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sua gente e a sua terra.
É notório dizer, porém, que outro país faria semelhante esforço? No momento em
que os Estados Unidos estão apertando o cerco por causa da imigração mexicana,
França e Espanha combatem as ondas de imigração do Norte da África, o pequeno
Estado de Israel cruza desertos para trazer de volta milhares de africanos como
cidadãos com todos os direitos.
À medida que avançam e cruzam pelos guardas do aeroporto etíope, com seus
poucos pertences à mão, não podemos deixar de ver na realização de seu sonho, a
concretização do nosso também.
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O Nazir - A Obtenção do Equilíbrio Psicológico
Por: Rabino Eliahu Birnbaum - Tradução: David Salgado
Parashat - Nassó
“E falou o Eterno a Moises dizendo: Fala aos filhos
de Israel, e dize-lhes: quando um homem ou
mulher se tiver isolado, fazendo voto de nazireu
para se consagrar para o Eterno, de vinho novo e
velho se absterá; vinagre de vinho novo e vinagre
de vinho velho não beberá, e todo caldo de uvas
não beberá, e uvas frescas ou secas não comerá.
Todos os dias do seu nazirato, de tudo o que sai da
videira, desde as sementes até a casca das uvas,
não comerá. Todos os dias do seu voto de nazirato,
navalha não passará pela sua cabeça, até que se
cumpram os dias nos quais se consagrou para o
Eterno; sagrado será o seu cabelo; deixará crescer
o cabelo da cabeça. Todos os dias de sua consagração ao Eterno, não se aproximará
de um morto. Por seu pai, por sua mãe, por seu irmão e por sua irmã, não se
impurificará por eles quando morrerem, porque o nazirato do seu D-us está sobre a
sua cabeça. Em todos os dias de seu nazirato ele será santo para o Eterno”.
(Bamidbar 6, 1- 8)
Entre os variados temas da parashat Nasó, chama demasiadamente a atenção o
assunto referente ao Nazir (o nazareno, o consagrado). Esta parashá destaca-se não
apenas porque nos apresenta temas que lhes são próprios, mas porque nos ensina
também certos elementos que são essenciais para o judaísmo.
Enfrentamos no texto com o Nazir, um homem que se afasta dos prazeres do mundo
e se caracteriza pela abstinência total da bebida. Existem três proibições com
respeito ao Nazir: beber vinho ou ingerir qualquer alimento derivado da vinha; fazer
a barba ou cortar o cabelo (por isso o Nazir tem barba por fazer e cabelos
compridos); e adquirir impureza ao entrar em contato com cadáveres.
O aspecto interessante e novo que nos apresenta a Torá mediante a imagem do
Nazir, é que, apesar de nos impor um conjunto de regras haláchicas sumamente
restritas, existe também a consciência de que, com respeito a certas esferas da vida
é impossível exigir uma conduta única, tanto no presente como nas gerações futuras.
A Torá outorga, então, autoridade ao homem para que escolha e imponha a si
mesmo uma certa forma de vida, que o aproxime dos preceitos e das leis da Torá.
Esta atitude é relativamente moderna, já que contém elementos próprios de uma
filosofia existencialista com respeito ao homem. Sem dúvida, apesar de não estar
familiarizada com esta corrente filosófica, é evidente que a Torá era possuidora da
sabedoria necessária referente a alma humana e suas necessidades existenciais.
A Torá refere-se a generalidade do povo, e provém os preceitos que têm por objetivo
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conduzir a cada um dos indivíduos do povo ao estado espiritual de santidade.
No entanto, a Torá não exige o preceito de Nezirut, já que nem todo o povo pode
alcançar este estado espiritual. Por outro lado, lhe permite a certos indivíduos cujas
necessidades religiosas ou psicológicas exigem o estado de Nezirut, eleger
voluntariamente o cumprimento deste preceito.
Podemos considerar o Nazir como um ser particular, distinto dos demais. A Torá
permite também a existência de indivíduos especiais. Esta pessoa elege para si
certas condutas singulares: deixa crescer o cabelo, evita certos alimentos, etc. A
Torá, evidentemente, só permite essas condutas especiais, se através delas o
indivíduo chegar a subir e alcançar um nível social e religioso compatível com as
normas básicas do judaísmo.
O indivíduo se converte em Nazir basicamente por sua livre escolha. A Torá
determina o marco da Nezirut, porém permite ao homem determinar livremente seu
conteúdo. A Nazirut pode constituir um meio psicológico que possibilitará ao indivíduo
dominar seus instintos, por exemplo, no caso de um alcoólatra que está dominado
pela dependência da bebida e precisa livrar-se dela. A dependência do álcool é um
pecado e, sendo assim, a força de libertar-se dessa dependência consiste, em certo
modo, num elemento de santidade. Na sociedade atual existem marcos destinados a
conseguir a desintoxicação de drogas e álcool.
Habitualmente, este processo acontece mediante o afastamento da pessoa de seu
meio habitual para evitar, assim, que entre em contato com as substâncias que lhe
são tão nocivas. De formar similar, mediante a Nezirut o indivíduo pode recuperar o
equilíbrio psicológico.
O desejo do Criador não é que o homem viva em um estado de Nezirut, mas coloca a
sua disposição variadas satisfações. A Torá considera que o homem é uma criatura
natural e espiritual, e por isso necessita certos prazeres. Sem dúvida, D-us não está
disposto a aceitar que o homem seja regido apenas pelo hedonismo e sua
necessidade de prazer pessoal.
Rabi Yehuda Halevi em sua importante obra filosófica O Cuzari, explica a relação do
homem judeu com o mundo material que o rodeia: “O religioso ou servo de D-us não
acostuma, entre nós, afastar-se e separar-se do mundo como se fosse uma carga,
nem despreza a vida, que é um dos principais dons do Criador. Com ela lembra as
obrigações que lhe deve pelos benefícios que repetidamente recebe de Sua mão
generosa... Ama o mundo e a vida repleta de dias porque com eles conquista a vida
eterna no mundo vindouro e estima que quanto mais bondade faça nesta vida, subirá
no patamar mais alto no mundo que há de vir”.
Em toda religião na qual a idéia da redenção da alma humana constitui um de seus
elementos centrais, a Nezirut ocupa um lugar importante e está relacionada com a
santidade. Consideremos por um instante a atitude de outra filosofia religiosa, o
budismo, com respeito a Nezirut, e descobriremos um estilo totalmente adverso ao
do judaísmo com respeito ao mundo e a conduta humana.
De acordo com os princípios do budismo, cujo fundador viveu no século VI antes da
era comum, a “pena” é o elemento central que rege este mundo. Todo o bem do
mundo é passageiro e todo aquele que está ligado a este bem passageiro, terminará
na tristeza. A tristeza é eterna, e baseia-se na paixão. A paixão humana dá origem a
tristeza, da qual é impossível livrar-se. Qual é então a solução? O suicídio não
soluciona o problema, porque depois de sua morte o homem regressará a vida e
padecerá novamente. Somente se o homem eliminar dentro de si todo desejo, toda
paixão, poderá se redimir. A redenção consiste, então, na liberação de todo desejo e
paixão vital. O objetivo do homem é superar suas próprias paixões. Para conseguir
eliminar as paixões interiores, o budismo propõe a Nezirut, que permitirá alcançar o
estado de “nirvana”. Segundo o budismo, o homem se redime a si mesmo. Não
existe mundo superior ou força superior que venha a redimi-lo. O objetivo que o
budismo apresenta ao homem é pessimista e negativo.
Existe uma diferença fundamental entre o conceito judaico de Nezirut e o de outras
religiões. A Nezirut judaica inclui três elementos: afastamento de certos elementos
desnecessários, principalmente aqueles que causam mal ao corpo, como o vinho. O
segundo elemento é um aspecto especial de santidade que se alcança mediante
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certas características exteriores, como o evitar fazer a barba. O objetivo destas
proibições é conseguir a concentração do pensamento do Nazir em esferas
espirituais, eliminando a preocupação com o aspecto exterior e o cuidado com a
aparência física e a beleza.
Ao contrário da Nezirut de outras religiões, o judaísmo não exige a redenção da força
instintiva à natureza humana. O Nazir judeu não está obrigado a abandonar sua vida
familiar nem seu matrimônio. Ao contrário, exigi-lhe que estabeleça sua família como
todo homem do povo.
O judaísmo rechaça o ascetismo como forma de vida, e não acredita que este
constitua o caminho para a santidade, diferente de outras religiões; desde o
cristianismo até certas seitas orientais, que decretaram o afastamento do mundo e
de todos os prazeres, para trancafiar-se em mosteiros ou refugiar-se em lugares
elevados e afastados.
O Talmud diz: “O destino do homem é prestar conta por tudo o que contemplou com
seus olhos e não comeu”. D-us criou o mundo e o entregou a disposição do homem
para que este o use e o desfrute. O desprezo pelos prazeres do mundo que Ele o
criou, é equivalente ao desprezo a D-us que nos oferece tais prazeres. Portanto, é
nosso dever desfrutar do mundo no marco das leis que a Torá nos impõe.
A Torá não considera que a natureza seja um elemento corrupto contra o qual é
necessário lutar. Entretanto, o homem deve viver nos padrões de suas tendências e
necessidades sadias. O judaísmo diz: “sim” a vida.
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Shavei Israel Apóia Lançamento?
Por: David Salgado
Está pronto o Machzor "Ner Rosh Hashaná"
Em quase 20 anos de trabalho comunitário nas
comunidades marroquinas do Norte do Brasil
como Chazan, constatamos que o Kahal das
Esnogas (Sinagogas) estava diminuindo
sensivelmente. Verificamos que a assimilação
era a principal causa deste fenômeno, mas não
a única.
Grande parte do Kahal não conseguia
acompanhar as orações (tefilot), ora porque
não sabiam ler o hebraico ora por que não
entendiam o que estavam lendo. Outra
situação constatada foi o desaparecimento dos
"velhos", os maiores conhecedores dos nossos
costumes e que foram os pioneiros da
imigração, eles conheciam o nussach (ritual)
Sefaradi do Norte da Africa, principalmente de
cidades do Marrocos como: Tanger, Tetuan,
Rabat, Salé, Fez, Marraquês, Casablanca e outras, e sabiam meldar (rezar)
perfeitamente.
Por esses motivos, reunimos, eu e o Rabino Moisés Elmescany de Belém,
esforços na busca por uma solução que resolvesse todos esses problemas.
Surgiu então, a idéia de elaborar um livro de orações (Sidur) que pudesse
suprir essas dificuldades. Para o público que não lê hebraico o Sidur deveria
ter transliteração, e para o freqüentador que sabe ler, mas não compreende,
a tradução para o português aumentaria ainda mais o número de pessoas a
serem alcançadas pelo projeto.
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Faltava entretanto, solucionar o problema do Nussach que através de nossa
própria experiência, eu como Chazan e do Moisés como Rabino, e nossa
convivência com os antigos marroquinos em Manaus e Belém
principalmente, poderíamos elaborar um Sidur que abrangesse todo esse
ritual específico, sem precisar ir e voltar, como ocasionalmente acontecia
com outros sidurim até mesmo aqueles com nussach sefaradi.
Foi então, que em meados de 2006 em Jerusalém, já trabalhando na Shavei
Israel, lançamos a primeira edição do referido Sidur que se chamou “Sidur
Ner Shabat”, elaborado unicamente para os Sábados. O mesmo
correspondeu todas as nossas expectativas e alcançou grande parte de seu
objetivo.
Sentimos que o trabalho precisava continuar e novas obras precisavam
surgir. Era necessário oferecer ao Kahal frequentador das Esnogas essa
mesma estrutura para diferentes ocasiões do calendário hebraico e não
apenas para os Sábados, e é por isso que resolvemos seguir e elaborar o
Machzor Ner Rosh Hashaná.
O Machzor Ner Rosh Hashaná faz parte da coleção de livros litúrgicos que
junto com o Sidur Ner Shabat publicado em 2006, e os Machzorim Ner Iom
Kipur e Shalosh Ragalim, que hão de vir no futuro próximo, ajudarão o
freqüentador da Sinagoga a acompanhar com mais facilidade as Tefilot.
Quando desconhecer o idioma hebraico, poderá fazê-lo através da
transliteração ou mesmo da tradução para o português, de modo que
possamos cumprir o que disse o homem mais sábio do mundo – Rei
Salomão: “Quanto maior o povo, maior a glória do Rei” (Mishlei 14,28).
Portanto, o nosso maior objetivo é atingir todo o Kahal Kadosh, tanto
homens como mulheres, jovens como idosos ou crianças, com o teor mais
profundo de nossas Tefilot.
Aproveito este informativo que faço para agradecer o Shavei Israel através
de seu presidente e fundador, Michael Freund, pelo incansável apoio. Este
Machzor, como ele mesmo diz em sua introdução, é para os nossos
irmãos Bnei Anussim também, e acrescenta: "Esperamos que este Machzor
inspire a todos os leitores, e rezamos para que o mérito de servir a D-us
com alegria e cânticos nos permita, brevemente, sermos testemunhas da
reunião dos judeus da Diáspora em sua Terra, como um povo único em
Tsion".
Amén!
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Sol haTzadikáh: A Heroína - I Parte
Por: Yehuda Benguigui
“…corria o ano de 1834, quando uma virtuosa
jovem
adolescente, de radiante beleza, chamada Sol,
da distinguida família Hatchwel de Tânger, foi
vítima de uma odiosa calunia... Este dramático
episódio que tem início em uma das ruas da Fonte
Nova, onde ela vivia, tem seu epílogo de forma
sangrenta, em Fez, a capital do reino...falsamente
acusada de heresia..., ao negar-se a renunciar sua fé..., foi
decapitada... Com seu ato de coragem sublime, seu nome
passou a ser venerado como Sol, a Santa - Sulika la Tzadikáh...
sua epopéia gravada na memória de todos os judeus
marroquinos e seu mausoléo em Fez, objeto de peregrinação e
reverenciamento pelas próximas gerações...”
I. J. Assayag (a).
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Há exatamente 174 anos, em 1834, ocorreu em Tânger a tragédia da qual
emergiu para a posteridade a heroica figura de Sol Hatzadikah.
Tânger nessa época era constituída por uma população de cerca de 7.000
habitantes, com 150 funcionários consulares de diversas nacionalidades
européias e soldados da Legião de Honra da França alí estacionados. A
população judaica era de cerca de 800 membros, quase todos descendentes
dos “Megorashim de Castilla”- dos expulsados de Espanha de 1492.
Sol, era a filha menor de Haim e Simcha Hatchwel e era conhecida por ser
possuidora de rara beleza. Desde os quatorze anos de idade, a beleza de Sol
era tão extraordinária, que chamava poderosamente a atenção tanto das
pessoas próximas como de estanhos. Consta que inclusive pretendentes
entre seus parentes, tiveram acaloradas disputas já que cada um se
candidatava a ser o afortunado futuro esposo de Sol, ademais dos jovens
mais destacados da cidade.
Os Hatchwel, que residiam no aristocrático bairro tangerino de la “Fuente
Nova”, proporcionavam a tradicional educação judaica e se dedicavam
sobremaneira em cuidar de seus filhos e em particular de Sol, que por sua
simpatia e beleza era também frequentemente assediada pelos vizinhos
árabes sempre que tinha de ausentar-se de sua residência. Por esse motivo,
estava sempre sendo cuidadosamente vigiada por sua mãe e instruída a
permanecer em sua casa, sempre que possível. Ressentida por esta
situação, um dia confidenciou sua disconformidade ao que caracterizava
como isolamento e semi-reclusão a uma vizinha Moura, que considerava
amiga e confidente. A vizinha Moura, chamada Tahra Ueld Ladina,
aproveitando-se desta confidência, ardilou um plano, que logo o colocou em
ação.
Dentro da seita moura malekita, da qual fazia
parte Tahra e sua família, era considerado
como um grande princípio Korânico a
conversão de “infiéis”- não pertencentes à fé
muçulmana.
Desta forma, Tahra e sua família a
aconselhavam insistentemente, dizendo-lhe
que sua beleza era tão grande, que deveria
mudar de religião e entrar inclusive para a
corte real.
A jovem nestes momentos reagia que não
queria nem escutar o que a estavam
propondo, usando a célebre frase pela qual
sua epopéia é frequentemente lembrada e
que é parte de seu epitáfio: “...nascí hebréia e hebréia morrerei...”. Mas o
fanatismo da família Ladina era tão forte que não exitaram tramar uma
intriga que acarretaria a irreparável desdita daquela que lhes dedicava
desinteressada amizade.
Os fatos a seguir narrados,se baseiam no relato do Sr. Moyses H. Levy, de
Fez, citado por Isaac Laredo, em sua obra “Memórias de un Viejo
Tangerino” (c), produto de informes que o mesmo colheu junto a vários
Rabinos que escutaram relatos de pessoas que foram por sua vez,
contemporâneos de testemunhas os quais vivenciaram estes tristes
acontecimentos.
Tahra e outros membros da família Ladina delataram a jovem ante ao Kadi Juiz, por haver Sol proferido as “sacrossantas palavras de aceitação da fé
muçulmana que precedem à conversão a essa religião”.
Sol então foi convocada a comparecer ante ao Kadi, quem se convenceu
depois de um detalhado interrogatório, que Sol Hatchuel não queria abjurar
de sua fé, apesar de já haver feito o voto, segundo Tahra.
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Assim, o Kadi enviou Sol a presença do Bashá - Governador Civil e Militar de
Tanger - quem também insistiu com ela para que abandonasse a religião de
seus ancestrais, conquanto “já havia pronunciado os sagrados votos de
abjurar sua fé e abraçar a fé muçulmana”, o que Sol negava com todo o seu
ser que tal houvesse ocorrido...
O Bashá Sid Elarbí Essaidí, baseado unicamente no testemunho de Tahra,
condenou Sol. Nessa época, o tribunal presidido pelo Bashá, funcionava
assim: a corte se reunia na porta do palácio, sendo o Bashá sentado no
centro, acompanhado de secretários e o pessoal militar encarregado de
funções policiais. O condenado tinha que permanecer ajoelhado diante do
Bashá. Sol iniciou defendendo-se, dizendo que nunca desejou a conversão“... os han engañado Señor, contesto la joven Hebrea, yo jamás pronucié
semejantes palavras...”.
Nada pode conseguir a autoridade principal de Tânger. Diante da situação
criada, com grande comoção por parte da família e da comunidade judaica,
bem como da população muçulmana que clamava por “justiça”, pois a jovem
de fé judaica já havia, segundo estes, abjurado a fé mosaica e feito o voto
de aceitar o Alcorão, o que se constituiria no primeiro e irreversível passo,
pelo que o processo tinha que seguir seu curso.
Assim, o Bashá ordenou que Sol fosse recolhida ao cárcere de mulheres até
que o mesmo pudesse notificar o Imperador do que estava ocorrendo, e
receber as instruções necessárias de Fez, a capital do império.
Foi detida e mantida incomunicável em um catre sem luz e com um colar de
ferro em volta de seu pescoço.
Os destroçados pais de Sol, buscando por alguma forma de tentar a
liberação de sua querida filha, apelaram aos diplomastas Europeus sediados
em Tânger. O vice-consul da Espanha, Don Jose Rico, teve um ativo rol na
tentativa de obter a liberação de Sol, mas seus esforços foram infrutíferos.
Algumas semanas depois, o Bashá recebeu ordem imperial de enviar a
condenada à Côrte Suprema de Fez. Com forte escolta, saiu de Tânger a
jovem, que pode nessa oportunidade, ser acompanhada por seus familiares
mais próximos. O Bashá exigiu que os Hatchwel pagassem pelas passagens
de Sol.
Ao chegar no palácio em Fez, o Sultão Muley Abdelrrahman a confiou a uma
aia do palácio, Harifa Lala Bani, e depois de consultar a seu “f’kih”- escriba,
secretário particular e conselheiro, chamado Ben El Yamani, encarregou a
um distinguido clérigo muçulmano de Fez, Ueld Menana, a delicada missão
de catequizar a jovem judia.
Sol recusou várias ofertas de converter-se, casar-se com um notável e até
mesmo um membro da corte e viver no palácio imperial. Recusava-se a
consumir os alimentos que lhe ofereciam. Apelou e conseguiu que seus
alimentos fossem proporcionados pelo Grão Rabinato de Fez, através do
Shech - Chefe da Hebrá da cidade.
Era parte do processo de catequese e convencimento, a participação de Sol
em debates e discussões teológicas. Uma delas, teve lugar no palácio do
Sultão. Sol teve que debater com a princesa, nora do Sultão.
Inicialmente, Sol tentou argumentar filosoficamente, rejeitando o debate,
argumentando que é natural que as pessoas se apeguem às suas crenças e
que seria anti-natural despojá-las desses íntimos sentimentos. A princesa
retorquiu que nada é anti-natural, inclusive o uso de força. Sol contestou
que um leão domesticado continua sendo um leão. As raízes da árvore
determinam a natureza da árvore. Os conceitos religiosos são conectados a
própria alma do indivíduo...A princesa então respondeu que Sol estava
afirmando que todas as religiões são iguais. Não, não, Sol disse que
simplesmente afirmara que cada pessoa era educada em sua própria fé, e
que isso não era culpa de ninguém. Ao final, afirmou Sol, que ambos, Judeus
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e Muçulmanos buscam a D-us, mas de diferentes maneiras, tentando assim
não fazer uma blasfêmia. A princesa e seu séquito rejeitaram todos os
argumentos de Sol.
Consta que o Sultão Muley Abdelrrahman tinha bons sentimentos e na
verdade queria encerrar essa questão o mais breve possível, sem maiores
conseqüências, entregando Sol ao Chacham e Rosh Beith Din - Sábio e
Presidente do Tribunal Rabínico, Grand-Rabbin, Rebí Rephael Hassefarty z’l,
que era filho do erudito e tzadik - justo Rebí Eliahu Hassefarty z’l. Ocorre
que o assunto era objeto de toda classe de comentários nas rodas e reuniões
religiosas muçulmanas públicas e privadas não só na capital do reino, em
Fez, mas em Tânger e várias outras cidades do império. Dessa forma, o
Sultão se sentiu pressionado a tomar uma decisão, considerando a
repercussão do caso como de um sério caráter religioso.
O Sultão então decidiu que o Kadi - Koda – “Juiz dos Juízes” da Corte, Sid
Ben Abdel-Hadi, deveria prosseguir com o caso, transformando-o em uma
matéria de questão religiosa pessoal. Os líderes comunitários e chachamimsábios de Fez foram intimados pelo Kadi - Koda. Este lhes comunicou que já
havia sido decidido que caso Sol não se convertesse, seria degolada em
praça pública e a comunidade judaica poderia estar em perigo, pela comoção
que o fato resultaria: a “blasfêmia” de Sol junto as hordas e a população em
geral.
continua no próximo Raízes.
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Jerusalém - Três Mil Anos de História
Por: Jane Bichmacher de Glasman *
"Se eu me esquecer de ti , ó Jerusalém,
que a minha mão direita esqueça a sua destreza.
Apegue-se a minha língua ao céu da boca, se me não lembrar de ti,
se não colocar Jerusalém acima da minha maior alegria."
(Salmos 137: 5-6)
O Rei Davi fez de Jerusalém a capital do seu reino e o centro religioso do povo
judeu em 1003 a.EC. Cerca de 40 anos mais tarde, seu filho Salomão
construiu o Templo (centro religioso e nacional do povo de Israel) e
transformou a cidade em próspera capital de um Império que se estendia do
Eufrates até o Egito.
Nabucodonosor, rei da Babilônia, conquistou Jerusalém em 586 a.EC., destruiu
o Templo e exilou o povo. Cinqüenta anos depois, com a conquista da
Babilônia pelos persas, o rei Ciro permitiu que os judeus retornassem à sua
pátria e lhes concedeu autonomia. Eles construíram o segundo Templo, no
local do primeiro, e reconstruíram a cidade e suas muralhas.
Alexandre, o Grande, conquistou Jerusalém em 322 a.EC.. Após a sua morte,
a cidade foi governada pelos ptolomeus do Egito e mais tarde pelos selêucidas
da Síria. A helenização da cidade atingiu o auge sob o rei selêucida Antíoco IV;
a profanação do Templo e a tentativa de anular a identidade judaica deram
origem a uma revolta.
Liderados por Judas, o Macabeu, os judeus derrotaram os selêucidas,
reconsagraram o Templo (em 164 a.EC.) e restabeleceram a dinastia judaica
sob os Hasmoneus, que se conservou no poder por mais de 100 anos, até
Pompeu impor a lei romana sobre Jerusalém. Herodes, o rei idumeu, governou
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a Judéia de 37 a.EC. até 4 e.C. Ele estabeleceu instituições culturais, erigiu
magníficas construções e reformou o Templo, transformando-o num
esplendoroso edifício.
Após a morte de Herodes, o governo romano
tornou-se cada vez mais opressivo. Em 66 E.C.,
irrompeu a revolta dos judeus contra Roma.
Durante poucos anos, Jerusalém viu-se livre da
opressão estrangeira, até que em 70 E.C., as legiões
romanas comandadas por Tito, conquistaram a
cidade e destruíram o Templo.
A independência judaica foi restaurada por breve
período, durante a revolta de Bar Kochba (132-135),
mas os romanos triunfaram mais uma vez, e os judeus foram proibidos de
entrar em Jerusalém. A cidade foi reconstruída, com o nome "Aelia Capitolina"
e com feições de metrópole romana.Duas grandes avenidas foram abertas nos sentidos norte-sul e leste-oeste - , dividindo a Cidade em 4 quarteirões
(judaico, cristão, muçulmano e armênio).
Por um século e meio, Jerusalém foi uma pequena cidade provinciana. Esse
quadro modificou-se radicalmente quando o imperador bizantino Constantino
transformou Jerusalém em um centro cristão. A Basílica do Santo Sepulcro
(335) foi a primeira de um grande número de majestosas construções que se
ergueram na cidade.
Em 634, com o enfraquecimento do Império Romano, exércitos mulçumanos
invadiram o país. Em 638, Jerusalém foi conquistada pelo Califa Omar. Apenas
sob o reinado de Abdul Malik, que construiu a mesquita do Domo da Rocha
(ou Mesquita de Omar, em 691), um califa lá se assentou. Após um século da
dinastia omíada de Damasco, Jerusalém passou a ser governada pela dinastia
dos abássidas de Bagdá (em 750), época na qual começou o declínio da
cidade.
Os cruzados conquistaram Jerusalém em 1099,
massacraram seus habitantes judeus e muçulmanos e
fizeram de Jerusalém a capital do reino. Sob o domínio
dos cruzados, sinagogas foram destruídas, velhas
igrejas foram reconstruídas e muitas mesquitas
transformadas em templos cristãos. Os cruzados
dominaram Jerusalém até 1187, quando a Cidade foi
conquistada por Saladino, o Curdo.
Os mamelucos - aristocracia militar feudal do Egito - governaram Jerusalém a
partir de 1250. Eles reconstruíram numerosos edifícios, mas viam a cidade
somente como um centro teológico muçulmano e, com negligência e impostos
exorbitantes levaram-na à ruína econômica.
Os turcos Otomanos, cujo domínio prolongou-se por 4 séculos, conquistaram a
cidade em 1517. Suleiman, o magnífico, reconstruiu as muralhas (1537),
construiu o reservatório do Sultão e instalou fontes públicas por toda a
Cidade. Após sua morte, as autoridades centrais em Constantinopla
demonstraram pouco interesse por Jerusalém. Durante os séculos XVII e
XVIII, ela viveu um de seus piores períodos de decadência.
Jerusalém tornou a prosperar a partir da segunda metade do século XIX. Um
crescente número de judeus que retornavam à sua pátria ancestral, o declínio
do Império Otomano e o interesse renovado da Europa pela Terra Santa
geraram o reflorescimento da cidade.
O exército britânico, comandado pelo general Allenby, conquistou Jerusalém
em 1917. Entre 1922 e 1948 ela foi a sede administrativa das autoridades
britânicas na Terra de Israel (Palestina), que fora entregue à Grã-Bretanha
pela Liga das Nações após o desmantelamento do Império Otomano, no fim da
Primeira Guerra Mundial. A cidade se desenvolveu rapidamente, crescendo
rumo ao oeste, o que ficou conhecido como a "Cidade Nova".
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Com o término do mandato Britânico em 14 de maio e com a resolução da
ONU de 29 de novembro de 1947, Israel proclamou sua independência e
Jerusalém tornou-se a capital do país.
Opondo-se ao estabelecimento do novo Estado, os países árabes lançaram-se
num ataque de várias frentes, que resultou na Guerra da Independência, de
1948 a 1949. As linhas de armistício, traçadas ao final da guerra, dividiram
Jerusalém em duas partes: a cidade Velha e áreas ao norte e ao sul sob
domínio da Jordânia, e Israel com o controle das partes ocidental e sudoeste
da cidade.
Jerusalém foi reunificada em junho de 1967, como
resultado de uma guerra na qual a Jordânia tentou se
apoderar da parte ocidental da cidade. O quarteirão judeu
da Cidade Velha, destruído sob o domínio jordaniano, foi
restaurado e os israelenses puderam de novo visitar seus
lugares santos, o que lhes tinha sido negado desde 1948.
Desde que a cidade velha está sob o domínio israelense,
nenhum esforço foi poupado no sentido de manter viva
sua herança física e espiritual, e de serem preservados as
marcas tangíveis do seu passado. O quarteirão judaico,
que fora quase inteiramente destruído durante a ocupação
jordaniana (1948-1967), vem sendo reconstruído. A sinagoga Hurva,
construída há cerca de 400 anos, dominava todo o horizonte desta área antes
de 1948; hoje em dia, apenas um arco comemorativo marca o local onde se
encontrava.
Na zona do mercado (quarteirão mulçumano), cuja arquitetura apresenta
beleza singular, as fachadas foram limpas e consertadas; recolocaram-se
venezianas, vidraças e outros acessórios; os telhados da rua principal foram
substituídos, os becos repavimentados, e instalada moderna infra-estrutura.
Traduzido e adaptado por Jane B. de Glasman do site do Ministério de
Relações Exteriores de Israel Ministry of Foreign Affairs www.israel-mfa.gov.il
* Doutora em Língua Hebraica, Literaturas e Cultura Judaica -USP, Professora
Adjunta, Fundadora e ex-Diretora do Programa de Estudos Judaicos –UERJ,
escritora.
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O Que Realmente Incomodava os Saduceus?
Por: Rv Moshé Bergman
No Talmud relata-se (Avot de Rabi
Natan, cap. 5) que, na época do
Segundo Templo, o povo judeu estava
dividido em dois grupos. A maior
parte do povo pertencia ao grupo dos
Prushim (Fariseus), cujos líderes
eram os rabinos e os grandes
versados na Torá. Ester rabinos eram
os sábios da Mishná e do Talmud,
cujos ensinamentos e interpretações
estudamos e aceitamos até os diad de
hoje. Segundo sua teoria, ale´m da
Torá escrita que recebemos no Monte
Sinai, nos foi entregue também a
Torá Oral. Moshé Rabeinu recebeu de
Hashem explicações claras como cada mitsvá deveria ser cumprida, bem
como o significado correto e preciso de cada um dos preceitos bíblicos. Tais
interpretações foram transmitidas dos mestres para seus alunos ao longo
das gerações, sendo zelosamente preservadas.
Os judeus ricos e gananciosos pertenciam ao grupo dos Tsdukim
(Saduceus). Eles tentaram modificar a Torá e estudá-la isoladamente, sem
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as interpretações que nos foram transmitidas por Moshé Rabeinu. Na sua
opinião, cada um podia estudar a Torá de acordo com sua própria
compreensão, e cumprir seus preceitos de acordo com sua interpretação
particular. Todo judeu tinha liberdade de decidir qual era, a seu ver, a
explicação correta.
Uma das maiores discussões entre os dois grupos dizia respeito aos
preceitos da “Contagem do Omer”. A Torá nos ordena a contar 49 dias, da
festa de Pessach até Shavuot: “E contareis para vós desde o dia seguinte ao
primeiro dia festivo” (Levítico 23:15). Na Torá em hebraico, a expressão “dia
festivo” é “Shabat”. A palavra “Shabat” possui duas conotações. Podemos
compreender que a contagem deveria começar após o Shabat de chol
Hamoed Pessach, como opinavam os saduceus. Entretanto, encontramos na
Torá que os dias da festa são também denominados “shabat” por causa da
mitsvá de interrupção do trabalho e do decorrente descanso que neles deve
ser observada (ver, por ex., Levítico 23:24). Os sábios feriseus
interpretaram, como faz a Halachá até hoje, que a contagem deveria ter
início no dia seguinte ao primeiro dia festivo de Pessach. A controvérsia
entre as duas abordagens era grande demais, e acabou dividindo o povo
judeu.
Na Guemará (Menahot 65 e nos escritos de Nosso Mestre Rabi Shmuel
Eidels) conta-se que, certo dia, houve uma grande discussão pública entre
Raban Yochanan bem Zacai e os sábios saduceus. Estes argumentavam que
a interpretação mais simples da Torá deveria ser feita de acordo com sua
compreensão. Raban Yochanan respondeu-lhes que, indubitavelmente, a
interpretação segundo a lei Oral era a correta, uma vez que assim havia
interpretado o próprio Hakadosh Baruch Hu, que ordenara a mitsvá a Moshé
Rabeinu. A explicação fora transmitida, numa tradição clara, dos mestres
para os seus alunos, até os rabinos daquela geração.
Raban Yochanan perguntou aos saduceus qual o critério que haviam utilizado
para decidir que a intenção da Torá era o dia de Shabat em si. Se eles, os
saduceus, afirmavam que cada um podia interpretar a Torá como quisesse,
certamente seria possível entender também que a referência significava o
dia seguinte ao primeiro dia da festa. Na realidade, se não há uma única
interpretação explícita para a Torá, não é possível cumprir adequadamente
nenhuma das mitsvot. Sempre poderemos acrescentar explicações
adicionais, e jamais saberemos o que realmente Hakadosh Baruch Hu
desejou que fizéssemos.
Os sábios saduceus ficaram constrangidos, não conseguindo encontrar uma
resposta apropriada para a indagação de Raban Yochanan. Somente um
velho sábio aventurou-se a dizer: “A festa de Shavuot é celebrada durante
um dia, e é difícil conseguir descansar bastante num só dia. Moshé Rabeinu,
que amava o Povo de Israel, queria que a festa de Shavuot sempre caísse
um dia após o Shabat, para que seu povo pudesse descansar dois dias
seguidos”. Todos aqueles que presenciavam o debate explodiram em
gargalhadas, pois tal explicação era um ótimo exemplo para os argumentos
de Rabi Yochanan. Se cada indivíduo pode oferecer um explicação particular,
acaba alterando a própria mitsvá. É evidente que deve haver uma
interpretação explícita única, que Moshé recebeu de Hashem e nos
transmitiu. Após ouvir a discussão de Rabi Yochanan, milhares de judeus
abandonaram o grupo dos saduceus, retornando ao modo do judaísmo fiel.
Os poucos obstinados que ali permaneceram, com o passar do tempo
abandonaram totalmente o judaísmo, assimilando-se às outras nações.
Ao analisarmos minuciosamente a controvérsia entre os dois grupos,
poderemos entender melhor o que realmente incomodava os saduceus. Por
que para eles era tão fundamental que a C
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