Taxa de Prenhez em Cabras após a Inseminação - CRMV-RN
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Taxa de Prenhez em Cabras após a Inseminação - CRMV-RN
Revista Eletrônica Científica Centauro v.1, n.1, p-10-18, 2010 ISSN 2178-7573 ______________________________________________________________________ TAXA DE PRENHEZ EM CABRAS APÓS A INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL COM SÊMEN FRESCO Marciane da Silva MAIA1; Leonardo Pereira dos SANTOS2 RESUMO: O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito dos fatores: profundidade de deposição do sêmen, habilidade do inseminador, fazenda, tipo de exploração, escore de condição corporal (ECC) da matriz e duas doses de progestágeno intravaginal, sobre a taxa de prenhez de cabras sem raça definida (SRD) e mestiças leiteiras, após a inseminação artificial. Utilizou-se o sêmen fresco acrescido de um diluente a base de água de coco e coletado de três reprodutores das raças Parda Alpina e Saanen, na inseminação de 126 cabras em 10 fazendas, localizadas nas mesorregiões Central e Oeste potiguar. A taxa de prenhez média foi de 56,8%. O local de deposição do sêmen, ECC e fazenda influenciaram a taxa de prenhez, enquanto que o tipo de exploração, inseminador e a dose de progestágeno não tiveram nenhum efeito sobre a fertilidade. A taxa de prenhez foi significativamente (P < 0,05) mais alta quando o sêmen foi depositado no canal cervical (intracervical superficial 67,8% e profunda 62,8%) do que no útero (42,4%). A taxa de prenhez foi mais baixa nas cabras com baixo escore de condição corporal (ECC = 2) que nas cabras com ECC 2,5; 3 e 4 (36,7% < 65,2%; 70,6% e 54,7%, respectivamente). Os resultados demonstram que a inseminação artificial cervical com sêmen fresco diluído é uma técnica que pode ser executada em cabras da região semi-árida potiguar com bons resultados de fertilidade. Unitermos: inseminação artificial, progestágeno, fertilidade, escore de condição corporal, caprino. PREGNANCY RATE IN GOATS FOLLOWING ARTIFICIAL INSEMINATION WITH FRESH SEMEN ABSTRACT: The aim of this study was to evaluate the effect of factors such as depth of semen deposition, inseminator’s skill, farm, production system, body condition score (BCS), and two dose of intravaginal progestagen on pregnancy rate in native and crossbreed goats after cervical insemination and using fresh semen. The semen of three bucks, Alpine and Saanen, was diluted in coconut water and used to inseminate 126 goats in 10 farms distributed throughout the Central and West Potiguar region. Overall average pregnancy rate was 56.8%. The site of semen deposition, body condition score and farm affected pregnancy rate, whereas the production system, inseminator and progestagen dose did not have any effect on fertility. The pregnancy rate was significantly higher when the semen was deposited into the cervix (cervical superficial 67.8% and deep cervical 62.8%) that in uterus (42.4%). Pregnancy rates were lower for the low body condition score (BCS = 2) than for the BCS 2.5, 3.0 and 4.0 (36.7% < 1 Méd. Veterinária, Dra, Pesquisadora - EMBRAPA /EMPARN, Rua Jagurari 2192, Lagoa Nova, CEP: 59062-500, Natal-RN. Fone: 084-3232 5852, E-mail: [email protected], autor para correspondência. 2 Méd. Veterinário, MSc, SAPE/RN, Centro Administrativo, Lagoa Nova, Natal–RN. CEP: 59064-901. [email protected] 10 Revista Eletrônica Científica Centauro v.1, n.1, p-10-18, 2010 ISSN 2178-7573 ______________________________________________________________________ 65.2%, 70.6% and 54.7%). The data showed that the cervical artificial insemination with diluted fresh semen is a technique that can be performed in goats from semiarid region, Northeast, Brazil, with good results of pregnancy. Key words: artificial insemination, progestagen, fertility, body condition score, goat, INTRODUÇÃO A exploração de caprinos leiteiros no Rio Grande do Norte, de forma comercial, teve inicio em 1997 e uma grande expansão ocorreu nos anos seguintes, culminando com a aquisição de um grande número de animais puros de raças leiteiras, com o propósito de melhorar o padrão genético do rebanho local, predominante composto por animais de raças nativas ou sem raça definida (SRD). No entanto, a produtividade média de leite ainda é muito baixa, indicando que a grande maioria dos produtores continua explorando raças de baixa aptidão leiteira (Nobre e Andrade, 2006). Para ampliar a abrangência do efeito benéfico do ganho genético sobre a produtividade do rebanho leiteiro é necessário disponibilizar o material genético desses reprodutores a um grande número de criadores e a forma mais eficaz de se atingir essa meta é com a inseminação artificial (IA). Porém, os sistemas de exploração caprina no Rio Grande do Norte são pouco tecnificados e o método de acasalamento usado tradicionalmente é a monta natural (Nobre e Andrade, 2006). Por essa razão, é necessário escolher uma técnica de inseminação que seja eficaz e de fácil execução. A alternativa mais viável de tornar isso possível é o uso da IA cervical com sêmen fresco, produzido no local. Vários fatores afetam a fertilidade das cabras após a IA. Entre eles destaca-se: o estresse, gerado com a manipulação dos animais, o sistema de criação da fazenda, o reprodutor, o tipo de estado sêmen, o nutricional da fêmea, produção de leite, número de parições prévias, o local de deposição do sêmen, dose inseminante, tipo de estro (natural ou sincronizado), método de sincronização do estro e fatores ambientais como a estação do ano (Azevedo Neto et al., 2002; Leboeuf et al., 2003; Paulenz et al., 2005; Salvador et al., 2005). O objetivo desse estudo foi avaliar o efeito dos fatores: local de deposição do sêmen, habilidade do inseminador, fazenda, tipo de exploração, reprodutor, escore de condição corporal (ECC) da matriz e dose de progestágeno vaginal utilizada na sincronização do estro, sobre a taxa de prenhez de cabras SRD e mestiças leiteiras, após a inseminação artificial cervical com sêmen fresco. MATERIAL E MÉTODOS Animais O estudo foi conduzido nos municípios de Lages e Apodí, no Rio Grande do Norte. Foram inseminadas 126 cabras sem raça definida (SRD) ou mestiças das raças Saanen e Alpina, oriundas de 10 fazendas, sendo seis de exploração leiteira e quatro de corte. Todas as fêmeas inseminadas eram pluríparas ou com pelo menos uma parição. As inseminações foram realizadas durante a estação seca, nos meses de junho e outubro de 2001. Antes das inseminações, as fêmeas foram avaliadas quanto ao escore de condição corporal (1 a 5) e tiveram seus estros sincronizados hormonalmente. Antes da realização das inseminações, as fêmeas das diferentes fazendas de cada região foram transportadas, no oitavo dia do tratamento de sincronização, para um mesmo local onde permaneceram até o segundo dia após as inseminações. As cabras dos municípios de Lages foram mantidas nas instalações da Associação de Criadores de Caprinos e Ovinos do Sertão Central (ACOSC, Lages-RN) e as de Apodí, na Estação Experimental da 11 Revista Eletrônica Científica Centauro v.1, n.1, p-10-18, 2010 ISSN 2178-7573 ______________________________________________________________________ EMPARN. Durante esse período as fêmeas foram mantidas estabuladas e tiveram à disposição, feno de Tifton (Lages) ou feno do estrato herbáceo da caatinga (Apodi), sal mineral e água. As cabras em lactação continuaram a ser ordenhadas e a receber o concentrado utilizado na fazenda de origem. Como doadores de sêmen, foram utilizados três reprodutores, sendo dois da raça Alpina e um da raça Saanen. Em cada uma das fazendas, foi utilizado na inseminação, o sêmen de apenas um dos reprodutores. Processamento do sêmen O sêmen foi coletado com vagina artificial preenchida com água aquecida a 42°C e avaliado de acordo com a metodologia proposta por Evans e Maxwell (1987). Imediatamente após a colheita, o ejaculado foi avaliado diretamente no tubo coletor, quanto ao volume e consistência. Após essa avaliação, o sêmen foi mantido em banhomaria a 37°C e procedeu-se à avaliação da motilidade massal sob microscópio óptico (100x), onde o resultado foi expresso em notas numa escala de 0 a 5, sendo zero a ausência de turbilhonamento e cinco o turbilhonamento máximo. Para isso, uma gota de sêmen foi colocada sobre lâmina previamente aquecida a 37°C e avaliada. Para a avaliação da motilidade progressiva, uma pequena gota de sêmen foi colocada em uma extremidade da lâmina e uma gota de diluidor (37°C) na outra extremidade. Usando o canto de uma lamínula, uma pequena quantidade de sêmen foi transferida para a gota de diluidor, misturada, coberta com lamínula e em seguida avaliada sob microscopia óptica (200x). O resultado foi expresso em percentagem. Foram utilizados como doadores os reprodutores, que produziram um ejaculado com volume ≥ 0,5mL, motilidade progressiva ≥ 70%, movimento de massa ≥ 3 e consistência cremosa ou leitosa. Após as avaliações o sêmen foi diluído com diluidor a base de água de coco, preparado com 50 mL de água de coco filtrada, 25mL de citrato de sódio a 5% e, 25mL de água bi-destilada (Nunes, 1997), de acordo com a sua consistência. Para o sêmen cremoso, adotou-se uma taxa de diluição de 1:10 (sêmen: diluidor) e para sêmen leitoso, 1:8 (Machado e Simplício, 1992). Essa diluição fornece uma concentração de aproximadamente 200x106 espermatozóides/dose (Evans e Maxwell, 1987). Em seguida, palhetas de 0,5mL (IMV, França) foram preenchidas e imediatamente utilizadas na IA. Sincronização do Estro Os estros foram sincronizados de acordo com o protocolo desenvolvido por Cortel et al. (1988). Foram utilizadas esponjas intravaginais impregnadas com acetato de medroxiprogesterona (MAP) nas doses de 60mg (Progespon®, Syntex, Argentina) ou 50mg (esponja impregnada com Promone-E®, Pfizer, EUA), que permaneceram no fundo da vagina por 11 dias. Dois dias antes da remoção da esponja (48 ± 1h) foi administrado por via intramuscular em cada cabra, 75µg de cloprostenol (Sincrocio®, Ourofino, Brasil) e 250UI de gonadotrofina coriônica eqüina (eCG - Novormon®, Syntex, Argentina) Procedimento da Inseminação As inseminações foram realizadas entre, 38 e 42 horas após a remoção da esponja. Utilizou-se um espéculo vaginal bico de pato, com fonte de luz e um aplicador médio para inseminação de caprino e ovino (IMV, França). Após a localização do orifício cervical, o aplicador foi introduzido no sistema genital da fêmea e o sêmen depositado o mais profundo possível, buscando-se não traumatizar o epitélio da cérvice. 12 Revista Eletrônica Científica Centauro v.1, n.1, p-10-18, 2010 ISSN 2178-7573 ______________________________________________________________________ Diagnóstico de Prenhez A taxa de prenhez foi determinada por ultra-sonografia trans-retal, 7,5MHz (Honda, modelo HS 1201, Japão), 38 –42 dias após a inseminação. Análise Estatística Foram coletados os seguintes dados: fazenda, tipo de exploração (corte ou leite), n° ou nome da cabra, escore de condição corporal no momento da colocação da esponja, dose de progestágeno utilizada, reprodutor utilizado como doador do sêmen, técnico que realizou a IA e local de deposição do sêmen. Uma vez que a fertilidade segue uma distribuição binominal, foi efetuada a análise de variância dos dados pelo método dos mínimos quadrados, usando o seguinte modelo: Fijklmn = µ + TEi + Ij + LDk + ECCl + Em + Fn + εijklmn Onde: Fijklmn é a fertilidade obtida na IA (sim ou não); µ é a média geral de fertilidade; TEi é o tipo de exploração, i= corte ou leite; Ij é o inseminador que realizou a IA, j = 1 ou 2; LDlk é o local de deposição do sêmen, k = 0 (OC), 1 (ICS), 2 (ICP) ou 3 (IU); ECCl é o escore de condição corporal, l = 1 a 5; Em é o dose de progestágeno vaginal utilizada na sincronização do estro, m = 1 ou 2; Fo é a fazenda, o= 1 a 10 e εijklmn é o erro residual. Para comparação de médias entre os fatores que tiveram um efeito significativo, foi utilizado o teste de Tukey a 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO A análise de variância dos diferentes fatores utilizados no modelo estatístico, para explicar a variação na taxa de prenhez é mostrada na Tabela 1. O local de deposição do sêmen no momento da IA, o ECC da cabra e a fazenda exerceram um efeito significativo (P < 0,05) sobre a taxa de prenhez, enquanto que o tipo de exploração, inseminador e a dose de progestágeno não tiveram efeito significativo (Tabela 1). Tabela 1: Fatores que afetam a taxa de prenhez na IA com sêmen fresco em cabras criadas no Semi-árido do Rio Grande do Norte. Fonte de Variação Tipo de Exploração Inseminador Dose de progestágeno Local deposição sêmen Escore de condição corporal (ECC) Fazenda Nível de significância NS (P = 0,8124) NS (P = 0,9937) NS (P = 0,3126) * (P < 0,0184) * (P < 0,0029) * (P < 0,0000) NS - não afetou a taxa de prenhez (P>0.05), * - afetou significativamente a taxa de prenhez. A média geral de prenhez foi de 56,8%, variando de 28,5% a 87,5% entre fazendas. Em metade das fazendas, a taxa de prenhez foi maior que a média (Figura 1). A variação na fertilidade entre as fazendas indica que o manejo adotado em cada fazenda afetou a taxa de concepção das fêmeas. Este efeito também foi reportado por outros autores, tanto em caprinos (Paulenz et al., 2005; Salvador et al., 2005) como em ovinos (Anel et al., 2005). As discrepâncias no manejo alimentar e sanitário dos animais entre as fazendas podem ter sido o fator determinante da variação nos resultados de fertilidade. As principais diferenças de manejo observadas foram a utilização ou não de 13 Revista Eletrônica Científica Centauro v.1, n.1, p-10-18, 2010 ISSN 2178-7573 ______________________________________________________________________ Figura 1: Taxa de prenhez após inseminação artificial cervical por fazenda (fazendas 1 a 6 exploração leite e fazendas 7 a 10 corte). a,b,c letras diferentes entre colunas indicam diferença significativa a P<0,05, pelo teste de Tukey. suplementação alimentar, energética ou protéica, sal mineral e vermifugação dos animais. Não houve diferença (P > 0,05) na taxa de prenhez entre as cabras que eram ordenhadas ou não, ou seja, entre as explorações de leite e de corte. Nas propriedades que exploravam leite a taxa de prenhez foi de 55,4% enquanto que nas de corte foi de 58,2%. No entanto, observou-se que em ambos os sistemas de exploração, as fazendas que apresentaram as maiores taxas de prenhez foram aquelas que forneciam concentrado adequado à produção de leite do animal (fazendas 1,2 e 6) ou que faziam complementação com feno e silagem na época seca (fazendas 8 e 10), forneciam sal mineral, mantinham as instalações limpas e faziam controle de verminose. O estado nutricional da fêmea no momento da IA, avaliado pelo ECC, influenciou significativamente (P < 0,05) a taxa de prenhez. As cabras com ECC > 2 apresentaram taxas de prenhez maiores que aquelas com ECC = 2, sendo que as melhores taxas foram obtidas nas cabras com ECC = 3 (70,6%) e ECC = 2,5 (65,3%). O estado de reservas corporais, muito relacionado com a alimentação, tem uma influência determinante na reprodução. O déficit de reservas corporais, decorrente da subnutrição, tem efeito prejudicial na reprodução, atuando sobre hipotálamo, hipófise e ovários reduzindo a secreção e freqüência dos pulsos de LH, a sensibilidade do hipotálamo ao estradiol e a taxa de ovulação (Tanaka et al., 2002; Tanaka et al., 2004; Rhind et al., 1991). Em ovelhas da raça Manech, Angulo et al. (2004) observaram aumento na taxa de prenhez após IA correlacionado com o aumento na condição corporal da fêmea. Tanaka et al. (2004) observaram que em cabras cíclicas, submetidas à restrição alimentar (30% dos requerimentos) e tratadas com PGF2α e CIDR por 10 dias para sincronização do estro, ocorreu ausência na manifestação de cio e ovulação, até 12 dias após a remoção do CIDR e redução na freqüência de pulsos de LH de 32 a 40h após o final do tratamento hormonal, comparado aos animais que não sofreram restrição alimentar. Paula et al. (2005) observaram efeito negativo da subnutrição na resposta à sincronização do estro em cabras mestiças de Saanen. Esse efeito foi atribuído a deficiência na secreção de estradiol, inibindo a onda pré-ovulatória de LH. No entanto, a melhoria na alimentação por um curto período de tempo (seis semanas) foi suficiente para restabelecer a capacidade das fêmeas de responder ao tratamento de sincronização. 14 Revista Eletrônica Científica Centauro v.1, n.1, p-10-18, 2010 ISSN 2178-7573 ______________________________________________________________________ Possivelmente, esse efeito negativo da subnutrição sobre o eixo hipotalâmicohipofisário-ovariano, tenha sido o fator responsável pela baixa taxa de prenhez observada nas cabras com baixo escore corporal. Assim, para melhorar os resultados de prenhez na IA, as condições de manejo nas fazendas e a nutrição das fêmeas devem ser melhoradas. A profundidade de deposição do sêmen no trato genital da fêmea, no momento da inseminação, afetou significativamente (P < 0,05) a taxa de prenhez. Houve um aumento significativo na taxa de prenhez quando o sêmen foi depositado dentro da cérvice, comparada a deposição no orifício cervical (OC) ou no útero (IU). Na IA intracervical superficial (ICS) a taxa de prenhez foi 67,8%, na intracervical profunda (ICP) foi de 62,8%, enquanto que na deposição no OC ou IU foi 54,2% e 42,4%, respectivamente (Tabela 2). Em 28% das fêmeas, a inseminação foi realizada no orifício cervical enquanto que em 50% delas o sêmen foi depositado dentro da cérvice e somente em 22% o sêmen foi depositado dentro do útero. Na IA cervical, o local onde o sêmen é depositado parece ser um dos fatores mais importantes na determinação da taxa de prenhez. No presente estudo, a taxa de prenhez foi maior quando o sêmen foi depositado dentro da cérvice que intra-uterinamente. Esses resultados diferem dos obtidos por Salvador et al. (2005) em cabras Murciano-Granadina, os quais observaram um aumento crescente na taxa de prenhez à medida que aumentava a profundidade de deposição do sêmen (vaginal à uterina), sendo maior quando o sêmen foi depositado no útero. Somente 22% das inseminações realizadas nesse estudo, foram dentro do útero o que contrasta com dados da literatura, cujos percentuais de IA uterina via cérvice, na cabra, chegam à cerca de 50% (Ferrari et al., 1998). A redução na taxa de prenhez na IA uterina, aqui observada, pode ser atribuída a traumas ou lesões provocados na cérvice na tentativa de atingir o útero, uma vez que houve diferença significativa na taxa de prenhez entre a deposição cervical e uterina. Tabela 2: Taxa de prenhez de acordo com: o tipo de exploração, inseminador, local de deposição do sêmen, dose de progestágeno e escore de condição corporal (ECC), em cabras SRD no Semi-árido do Rio Grande do Norte. FATOR Tipo de Exploração Leite Corte Inseminador A B ECC 2 2,5 3 4 Local deposição sêmen Orifício Cervical Intra cervical superficial Intra cervical profunda Intra uterina Dose de Progestágeno 60mg MAP 50mg MAP Média Geral N Fertidade (%) 84 42 55,42 58,26 74 52 56,87 56,80 47 41 32 06 36,76b 65,28a 70,63a 54,68ab 35 46 17 28 54,25ab 67,85a 62,87a 42,39b 67 59 126 58,2 49,1 56,84 a, b, Media seguidas de letras diferentes na mesma coluna, para cada fator, são estatisticamente diferentes (P<0,05) pelo teste de Tukey. 15 Revista Eletrônica Científica Centauro v.1, n.1, p-10-18, 2010 ISSN 2178-7573 ______________________________________________________________________ Um dos fatores que levam a redução da fertilidade do estro sincronizado hormonalmente é a dose de progestágeno usada. Alguns estudos demonstram que baixas doses de progestágeno resultam em pobre sincronização do estro (Allison e Robinson, 1970). No presente estudo a dose de acetato de medroxiprogesterona (50 ou 60mg de MAP) presente nas esponjas intravaginais utilizadas na sincronização do estro, não interferiu (P > 0,05) na taxa de prenhez pós-inseminação (Tabela 2). Indicando que ambas as doses foram eficazes em promover o bloqueio do eixo hipotalâmicohipofisário-ovariano, necessário para que ocorra o estro e ovulação após a retirada da esponja (Grevling e Van der Nest, 2000). Em cabras Alpinas e Saanen, Leboeuf et al. (2003) avaliaram as características do estro e a fertilidade seguida ao estro sincronizado com esponjas vaginais impregnadas com 20mg ou 45mg de cronolone e não observaram diferença significativa entre os tratamentos, no intervalo entre a remoção da esponja e o inicio do estro ou do pico de LH, bem como, na taxa de prenhez após IA. Greyling e Van der Nest (2000) também, não observaram diferenças na manifestação de estro ou na fertilidade de cabras Boer e nativas, tratadas com dose de progestágeno padrão (60mg de MAP) ou baixa (± 30mg MAP) na esponja intravaginal. No entanto, Machado e Simplício (2001) observaram um declínio na fertilidade de cabras leiteiras, inseminadas com sêmen congelado, quando utilizaram na sincronização do estro esponjas com 50mg MAP comparada aos animais tratados com 60mg de MAP (10 e 34,1% de parição para 50 e 60mg de MAP, respectivamente). Por outro lado, Azevedo Neto et al. (2002) obtiveram alta fertilidade ao parto em cabras da raça Murciana, inseminadas com sêmen fresco, diluído em água de coco, cujos estros foram sincronizados com esponjas intravaginais com 50mg de MAP (90 e 78% parição). Assim, a partir dos dados obtidos no presente estudo, admite-se que a esponja manufaturada, impregnada com 50mg MAP (Promone –E) é tão eficaz, na sincronização do estro e ovulação, quanto à com 60mg MAP (Progespon, Intervet) podendo, portanto, ser utilizada na sincronização do estro de cabras visando inseminação artificial. CONCLUSÕES A inseminação artificial cervical com sêmen fresco diluído em água de coco é uma técnica que pode ser executada em cabras nas condições do semi-árido potiguar com bons resultados de fertilidade. A fazenda, o escore de condição corporal e o local de deposição do sêmen no momento da inseminação afetam, nessa ordem, a taxa de prenhez de cabras inseminadas com sêmen fresco. Assim, para se obter taxa de prenhez satisfatória, as condições de manejo nas fazendas e a nutrição das fêmeas devem ser melhoradas, antes de se iniciar um programa de inseminação artificial. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao Programa Nacional de Agricultura Familiar (PRONAF) pelo financiamento da pesquisa e aos criadores por aceitarem a realização do experimento em suas fazendas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALLISON, A.J., ROBINSON, T.J. The effect of dose level of intravaginal progestagen on sperm transport, fertilization and lambing in the cyclic Merino ewe. Journal of Reproduction and Fertility, v. 22, p. 515-531, 1970. 16 Revista Eletrônica Científica Centauro v.1, n.1, p-10-18, 2010 ISSN 2178-7573 ______________________________________________________________________ ANEL, L., KAABI, M., ABROUG, B., ALVAREZ, M., ANEL, E., BOIXO, J.C., FUENTE, L.F., PAZ, P. Factors influencing the success of vaginal and laparoscopic artificial insemination in churra ewes: a field assay. Theriogenology, v. 63, n. 4, p. 1235-1247, 2005. ANGULO, V.M., GALLEGO, R., PALOMARES, M.D.P-G. Factores que influyen en la fertilidad tras la inseminación artificial. In: AISEN, E.G. 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