JORNAL BOLA AO CESTO

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JORNAL BOLA AO CESTO
JORNAL BOLA AO CESTO - ANO 9, EDIÇÃO 52
ABRIL DE 2012
TRABALHO DE DESMARCAÇÃO
POR LUÍS LAUREANO
Quando observamos equipas no ataque é comum concluirmos que, numas os jogadores possuem
argumentos técnicos que lhes permitem facilmente libertarem-se dos adversários directos e
receberem a bola onde pretendem, quer seja em zonas próximas do cesto, quer fora da área,
enquanto que outros não se movimentam (por falta de argumentos ou leitura defeituosa do jogo),
tornando-se presas fáceis para os defensores e criando problemas acrescidos ao portador da bola.
Ouvimos os treinadores dizerem aos seus jogadores “trabalha”. Se estamos em presença de
jogadores muito jovens só esta indicação é claramente insuficiente. Para que um jogador
“trabalhe” (entenda-se, faça trabalho de desmarcação) é fundamental perceber várias coisas que
reputamos de importantes, como sejam:
. Onde está a bola?
. A sua posição e do seu defensor;
. Onde pretende receber para ser mais ofensivo?
. O que fazer?
. E como fazer?
Torna-se algo caricato que um jogador desmarcado esteja a trabalhar ou um jogador claramente
marcado fique parado. Com o trabalho de demarcação pretende-se que o jogador sem bola fique
liberto de oposição e em condições de receber a bola.
Se partirmos de um qualquer dispositivo ofensivo utilizado nos escalões mais jovens (Sub 14), por
exemplo, o “5 aberto”, podemos observar que os 4 jogadores sem bola devem trabalhar, podendo
qualquer deles receber, especialmente aqueles que se encontram mais próximos do jogador com
bola.
Aquilo que os jogadores sem bola devem fazer, se estão marcados e, neste caso, como todos estão
no lado da bola e portanto podendo ser sobremarcados, nomeadamente 02 e 03, pois 04 e 05
podiam ter os seus defensores um pouco mais afastados, dada a distância da bola, seria fintarem o
defensor, simulando ir para o lado contrário daquele para onde pretendem ir e, de seguida,
mudando de velocidade, cortarem nas costas do defensor, utilizando a “mão alvo” para
sinalizarem onde pretendem receber. Se o defensor apesar da finta acompanhar o atacante este
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deve interromper o movimento, baixar o centro de gravidade, rodar, mudar de velocidade, utilizar
a mão contrária como “alvo” e procurar receber fora, ligeiramente mais perto do jogador com
bola.
O atacante deve perceber que, quando trabalha para se desmarcar, deve estar atento às reacções
do defensor, de forma a aproveitar os erros que este cometa, por si próprio ou aqueles que
resultam da acção do atacante.
O trabalho de desmarcação do atacante não deve ser feito de forma mecânica mas sim explorando
todos os erros do defensor.
Se 02 fintar no sentido da linha final e o defensor se adiantar, isto pode permitir um corte pela
frente para receber dentro.
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02 dentro da área continua a ser sobremarcado, pelo que, pode “cravar” a perna mais adiantada
no meio das pernas do defensor, apoiar o antebraço (sem empurrar) no peito do defensor e
rapidamente sair recebendo fora, preferencialmente enquadrado com o cesto.
Se dentro da área o defensor se adianta, permite que o atacante 02 use o seu corpo para bloquear
o defensor e enquadrar-se com a bola, (de costas para o cesto), e avançando ambos os braços na
direcção da bola receber.
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Aqui 02, roda sobre o defensor, interpondo o seu corpo e recebe fora.
A simples troca de lado dos atacantes (com ou sem bloqueios de passagem) permite que se
desmarquem.
É vulgar a utilização de bloqueios directos ou indirectos para se conseguir desmarcações.
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Neste bloqueio directo, 02 após bloquear o defensor de 01 e permitir que 01 saia em drible, desfaz
o bloqueio e cria uma linha de passe, para o lado contrário para receber, se o seu defensor directo
for dar um tempo de ajuda.
02 após bloqueio indirecto ao defensor de 04, desfaz para dentro, enquanto que 04 corta para
fora, criando duas linhas de passe.
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Neste aclaramento 02, pode seguir para o lado contrário ou mudando de direcção, ocupa o espaço
livre deixado pela saída em drible de 01.
Vamos ver seguidamente alguns movimentos de desmarcação muito comuns actualmente e que se
baseiam no aproveitamento de bloqueios.
02 aproveita o bloqueio de 04 para deixar ou atrasar o seu defensor e regressar e receber.
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02 aproveita os bloqueios de 04 e 05 podendo fazer o corte por baixo ou por cima.
Neste caso 02 aproveita o bloqueio ou a simples presença de 04 e 05 para deixar ou atrasar o seu
defensor e regressar à posição anterior para receber desmarcado.
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02 aproveita um duplo bloqueio para se desmarcar e receber de 03.
Em todos os movimentos efectuados para se desmarcar, o jogador que recebe em vantagem, deve
aproveitá-la para consoante o caso lançar, sair em drible ou passar a um colega melhor colocado.
Sem sermos exaustivos sobre os movimentos que o atacante pode fazer para se libertar, quase
como se de um jogo do “gato e do rato” se tratasse, deixamos contudo algumas sugestões duma
infinidade de situações possíveis no trabalho de desmarcação.
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