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M O S. T R A DANCA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA M O S. T R A DANCA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN SERVIÇO DE ANIMAÇÃO, CRIAÇÃO ARTÍSTICA E EDUCAÇÃO PELA ARTE ACARTE Lisboa, 1988 Mostra de Dança Brasileira Contemporânea pre tende complementar o conhecimento, por parte do público português, das actuais correntes da arte e da cultura brasileiras. Têm vindo até nós e com alguma frequência, artistas brasileiros do âmbito da chamada música ligeira e popular, somos diariamente abrangidos pelas telenovelas brasileiras na televisão portuguesa, as escolas de samba foram já apre sentadas entre nós, embora não certamente no seu máximo esplendor. Falta mostrar, parece-nos, a outra face do Brasil: a música e a dança eruditas, o seu melhor teatro. A presente Mostra não tem outra ambição que não seja contribuir para um melhor conhecimento desses aspectos da arte brasileira no domínio da dança/teatro. Entende-se a si própria como um primeiro passo para alcançar tal objective, esperando que possa ser seguida por outras manifestações, eventualmente da iniciativa de outras instituições. A dança brasileira que vamos apreciar tem raízes e motivos tradicionais e é perpassada por experiências euro péias que os seus criadores/intérpretes tiveram a oportuni dade de viver. Do encontro dessas diferentes vertentes resultam expres sões artísticas originais que importa conhecer. Assim se contribuirá para o estreitamente das relações culturais entre os nossos países, tornando mais fortes os laços afectivos que unem os dois povos irmãos. A Janeiro 1988 M.M.A.P. F evereiro 26 S e x t a , 27 S á b a d o 21.30 horas 28 D o m in g o I6.00 horas U n d e r S k in Cenografia: Marie Christine Brandy Gerald A. Mayerhofer por Máscara: Rossento Martins ISMAEL IVO Uma produção de PEGASOS GmbH — Berlim Performance a solo em três partes, inspirada em: Federico Garcia Lorca, poeta espanhol, assassinado em Granada no início da Guerra Civil de Espanha. Antonin Artaud, o visionário francês, um dos progenitores do surrealismo. e nos relatórios compilados por Anne Benjamin. PROGRAMA T he K in g o f Cry to Rome H arlem (O R ei d e H a r le m ) (Grito por Roma) Ode to the King of Harlem (Ode ao Rei de Harlem) U N D E R SK IN ( D e b a i x o d a P e l e ) To have done with the judgement of God (Terminar com o julgamento de Deus) Theater of Cruelty (Teatro da Crueldade) B a b y lo n (B a b il ô n i a ) Acompanhamento vocal: Vozes da África do Sul Coreografia e apresentação: Ismael Ivo Música: Egberto Gismonti & Nana Vasconcelos do LP "Duas Vozes” Desenho de luzes: Maria Christine Brandy Som e Organização Técnica: Michael Zengerling Fritz Veenstra om Under Skin (Debaixo da Pele), espectáculo criado em 1979, Ismael Ivo conquistou o primeiro prêmio como melhor bailarino a solo no Festival Nacional de Dança Brasileira. Quando foi convidado pela Sociedade Brasileira para a Ciência e Pesquisa e pelo Con gresso de Psicólogos, para proferir uma conferência sobre o tema "A Dança Afro-Brasileira como forma de resistência cultural”, apresentou a primeira versão de “Under Skin” como prova real da sua tese. Também o apresentou nos subúrbios de São Paulo e em pequenas cidades nordestinas, como forma de tentar consciencializar a população negra com este espectáculo. O seu objectivo é uma forma teatral que reflicta e analise os diversos aspectos da vida na nossa sociedade e a busca de novas formas de expressão. Este bailado apresenta poemas ditos através da dança e exulta a poesia através do movimento; transforma o corpo num instrumento, criando uma melodia através do ritmo desse movimento. O bailarino/actor utiliza os poemas como fonte de inspiração e o bailado segue as palavras, tentando corporizá-las simbolicamente. A poesia mete-se debaixo da pele\ a dança expressa o desejo de atingir a sua essência. Simultaneamente é uma espécie de ritual que tem as suas raízes no teatro Pan-Africano, onde o enredo assenta na experiência de uma comunidade viva, onde a dança não é apenas arte, mas a própria vida. Todos os aspectos significativos da vivência humana têm sido representados pela dança. A dança está intimamente ligada à religião, ao trabalho, ao amor e à morte. A dança pode expressar a intensidade do relacionamento do indiví duo com a sociedade, com a natureza, com o futuro e com a divindade. Como afirma Roger Garaudy; "a dança torna a Divindade presente e fortifica o homem; ela expressa a C coesão e a força da comunidade.” Respirando ritmadamente, deixando fluir o movimento do interior do corpo, e expressando os nossos ideais e desejos mais íntimos, até à nossa alma, abrimos a via para a transformação e criamos um pólo gerador que liberta energia ilimitada. Diz Antonin Artaud: O corpo humano é um gerador... e Federico Garcia Lorca: Deixai-os gritar, enlouquecidos pelo fogo, enlouquecidos pela neve... Encontrar forma de dar voz ao corpo e libertar o movi mento é o mais importante. A dança é um acto de libertação. ISMAEL I v o oriundo de São Paulo, onde estudou arte dramática e dança. Em 1981 e 82 recebeu o Troféu Piran dello, prêmio destinado ao melhor bailarino a solo, na sua cidade natal. Em 1983 Alvin Ailey levou-o para Nova Ior que, onde actuou em inúmeros teatros, entre os quais o New York City Center. Com a sua performance a solo Ritual of a Body in Moon (Ritual de um Corpo na Lua), uma parábola da existência humana, baseada na história e cultura do povo Afro-Brasileiro, tornou-se internacional mente conhecido. Em Outubro de 1985 criou Phoenix (Fénix), a história da ave lendária que renasce das cinzas, símbolo da morte e ressurreição. Esta obra estreou-se no Schaubuhne em Lehniner-Platz (Berlim) e foi depois repetida com grande sucesso em Viena (Stadthalle), Hamburgo (Deutsches Schauspielhaus/Kampnagelfabrik), Francforte (Alte Oper) e ainda na Grécia e no Japão. Ismael Ivo afirma: Tento transpor as minhas raízes his tóricas para o mundo actual. Sobretudo pretendo ligar a civilização primitiva à moderna, incluindo-a nas formas de arte contemporâneas. D A N ÇA N O TR IÂNG ULO MÁGICO ■ ^ ■ ^ ■ 1 U m a sala que se assemelha a uma igreja. Inúmeras velas dispostas como um triângulo mágico. Um homem jaz sobre um estrado, como em meditação profunda, de olhar vago no espaço, as pernas afastadas sobre o chão. Ao som de Duas Vozes de Egberto Gismonti e Nana Vasconcelos, em dada altura, este corpo esguio, musculoso e belo, começa a agitar-se a custo. Como se o seu corpo fosse tomando gra dualmente vida através de choques eléctricos. Ismael Ivo começa por se recompor. Ganha forças. Depois, repenti namente, este gerador humano (referido por Antonin Artaud num dos textos citados), inicia um movimento inin terrupto, batendo os pés furiosamente, agredindo verbal mente, num grito silencioso que perpassa todo o corpo. De súbito, Ivo é outro. O seu corpo altera-se. Repetidamente percorre o espaço do seu domínio de possibilidades muito restritas, marcando as fronteiras com passadas intencionais. Sente-se aprisionado, as suas mãos tomando a forma da coroa do Rei de Harlem sobre a sua cabeça calva: é um prisioneiro, aceitando de princípio a civilização como um colete de forças; é um homem perseguido, a sua linguagem reduzida a um uivo de animal; está nervoso e atemorizado, protegendo-se com movimentos de karaté. Ismael Ivo atinge o climax. No final da primeira parte ultrapassa as barreiras bruxeleantes da luz, e puxando por uma corda invisível, alcança a sua libertação, dançando como em transe — liberdade que só vem a perder de novo no segundo acto de Under Skin, que é representado fora do palco. Ismael Ivo, bailarino e actor de São Paulo e residindo actualmente em Viena de Áustria não interpreta apenas PÓLO DA VANGUARDA I A dança de vanguarda actual tem dois pólos muito importantes: um deles é a dança-teatro alemã, centrada no centenário da morte de Mary Wigman e tendo como repre sentantes principais as coreógrafas Pina Bausch e Suzanne Linke, em que o expressionismo parte de toda a estrutura, vivência e factores histórico-sociais germânicos, apresen tando uma série de críticas à sua forma de ser, enquanto povo, raça, e ao ser humano em si; o outro pólo é a Butho Dance, criada pelo bailarino japonês Kazuo Ohno (hoje com 83 anos) — que esteve no ano passado no Brasil — que se originou no período após guerra, no Japão, manifes tando o ser e o sentir do único povo, na história, que sofreu dois ataques de bombas atômicas. Hoje, na Europa, já se fala num terceiro pólo da van guarda e Ismael Ivo está sendo apontado como a expressão desse pólo. E explica: 0 facto de eu estar sendo respeitado lá fora é porque, sem regionalismos, sem provincianismos, sem modismos e sem folclorismo, eu respeito minhas raí zes e as traduzo a uma linguagem universal.” A reacção que tem produzido nos Estados Unidos, na Europa, no Japão é de quem representa uma popularidade nova na vanguarda da dança (...) (...) Alguns sectores da crítica européia têm se referido a Ismael Ivo como um afro-Niginski (Niginski foi um dos mais importantes bailarinos russos de todos os tempos) (...) Oswaldo Faustino esta matéria contou com a colaboração da pedagoga Suely Chen Ferreira poemas, textos e gravações de Garcia Lorca, Artaud nesta peça — a sua última criação. Ele consegue torná-las partes integrantes de si próprio, ao incorporar estes mesmos modelos que inspiraram os seus movimentos. Sente-os no corpo. Não apreende esta outra cultura de um modo físico, mas, como o título da performance sugere, ela penetra-o até debaixo da pele, descobre todas estas emoções dentro de si numa vivissecação coreográfica. Ele passou por todas estas experiências, enquanto brasileiro, negro, bailarino. O facto de Ivo não fazer valer a sua pele negra e de orientar as suas intenções para o espectáculo, torna esta performance uma verdadeira obra de arte. Não adiciona retoques fantasiosos, aproveitando o seu tempo — dema siadamente por vezes — a dar forma aos seus sentimentos. Com uma máscara de pássaro na cabeça cria o seu própio mundo, passo a passo: uma glorificação da África Perdida. No final, fecha-se o círculo. A audiência — de regresso à primeira sala para ver Ismael Ivo de novo rodeado de velas — gela com o seu grito reprimido: um tributo vivo a Guernica. Hartmut Regitz in "Stuttgarter Nachrichterí', 20 de Março de 1987 "M uito obrigado, Sr. Ismael Ivo, por não nos ter tratado, através de sua arte, como estúpidos turistas europeus...” esta frase da crítica de arte de um jornal alemão, após uma das dezenas de apresentações desse bailarino brasileiro naquele país, é um dos exemplos do respeito e reconheci mento que o seu trabalho artístico tem conquistado em toda a Europa, em especial na Alemanha e na Grécia, nos Estados Unidos e no Japão, durante os últimos 5 anos, desde que saiu do Brasil. Seu equilíbrio — demonstrado em seus espectáculos e nas centenas de entrevistas concedidas aos principais órgãos de comunicação dos países em que tem se apresentado — mais que admiração e orgulho, deve levar-nos a um ques tionamento sobre nós mesmos — seres humanos contem porâneos — e a total falta de equilíbrio em que vivemos. (...) A dança para mim vai além de uma opção dentro do cenário artístico. Ela é um veículo que me possibilita expressar, através do meu corpo, todas as idéias que passam por minha mente, que estão em meu interior. Danço pela necessidade de interferir no louco processo que a humani dade está vivendo. Ismael busca fazer da sua arte um espelho para que as pessoas possam se olhar e reflectir. Para ele, a arte é a expressão viva do ser humano e a dança um dos seus prin cipais focos de expressividade. Somos muito teimosos. Só aprendemos algo depois das grandes catástrofes... mas quando você dá as suas ideias o carácter de eritage e trans cendência, consegue entrar numa verdadeira comunhão, consigo mesmo e com o mundo”. O tipo de dança a qual este artista se dedicou, segundo ele, resulta numa verdadeira ponte que é necessária para o encontro desse equilíbrio, na vida: a relação entre o mús culo e a sensibilidade, o intelecto e o coração. Seu desempenho como bailarino solista e coreógrafo valeu-lhe um convite do bailarino norte-americano Alvin Ailey para realizar na sua academia, em Nova Iorque, um trabalho de amadurecimento. Durante 3 anos, estudou e dançou na companhia de Alvin, uma das mais famosas e respeitadas hoje, nos Estados Unidos. (...) (...) Imunizado contra o que ele chama de "uma das prin cipais falhas da Educação no Brasil”, que é a de as pessoas apenas reproduzirem fórmulas alheias, a maioria das vezes importadas, sem digerir o que estão fazendo, sem entender, sem sentir — estava pronto para seguir o seu caminho e aceitou um novo convite, desta vez para dar aulas de dança moderna, em Viena, na Áustria. Fixou residência em Berlim e passou a dividir seu tempo entre as aulas, os espectáculos por toda a Europa (a sua agenda já está repleta até o início de 1988) e o posto de director artístico de um dos festivais de dança mais impor tantes da Europa, que acontece 2 vezes por ano —no Inverno e no Verão — na Univerdade de Viena. M arço Q u in t a 21.30 horas. 4 S e x t a 18.30 horas. S á b a d o 16.00 e 21.30 horas. 6 D o m in g o 16.00 horas. F uga, Q u asi L ib era de SONIA MOTA E ZECA NUNES A S DEZ MIL COISAS Coreografia: Zeca Nunes Música: G. Puccini, D. Byrne, P. Floyd Batucada Brasileira ou PROGRAMA V T arantula Música: Eric Satie alsas abertura — coreografia: Sonia Mota intermezzo — coreografia: Vai Folly finale — coreografia: Zeca Nunes V a z i o s i , i i , i i i . iv Coreografia: Sonia Mota Concepção: Marco Antônio de Carvalho Direcção: conjunta BUSCA OPUS 39 — coreografia: Sonia Mota tormentoso, con fuoco expressivo ma non troppo fuga, quasi liberra Concepção: Marco Antônio de Carvalho Direcção: conjunta Música: C. Saint-Saëns V is ã o Bailarinos: Sonia MOTA, Zeca NUNES Preparação de actor: Gecila Sampaio Cenografia / figurinos: Marcos Botassi Projecto de iluminação: Guilherme Bonfanti Fotografia: Gal Oppido Produção executiva: Grace Antinori Divulgação: Marco Antônio de Carvalho Costureira: Cristina Coreografia/Texto: Zeca Nunes Preparação teatral: Roseli Silva Axis Coreografia: Zeca Nunes Assistência: Rose Akras Música: JS Bach, J. Gilberto, E. Presley, F. Zappa FUGA: gênero de composição musical em que um mesmo tema enunciado sucessivamente por cada uma das partes vocais ou instrumentais, sofre transformações e dá lugar a múltiplos desenvolvimentos. (conforme Iniciação à Música, vários autores) uma vez a cada 500 anos os portões do cêu serão abertos apenas um pouco apenas para deixar passar um pouquinho de luz apenas um pouquinho e logo eles se fecharão de novo e, quem veio tarde, terâ de esperar mais 500 anos. mmmtiga, quasi libera é fruto do encontro de dois intérL m pretes/criadores que se descobrem num momento Ê semelhante de vida, de trabalho. E, mais surpreen dente, compartilham de uma situação a que chegaram por caminhos distintos, quase que opostos. Mas, talvez nem seja tão grande a coincidência: se há algo que pudemos constatar fazendo este espectáculo é que, no fundo, a toda problemática humana se resume a duas ou três questões-chave e o resto... bem, são variações do mesmo tema. Por isso, essa Fuga. SONIA M o ta teve como formação o ballet clássico, que praticou durante quinze anos trabalhando em compa nhias profissionais em São Paulo e no Royal Ballet de ¥ landers, Bélgica. Em 1973 teve o seu primeiro contacto com a dança moderna através de Louis Falco e desde então veio desenvolvendo o seu próprio estilo. A sua carreira como intérprete, professora e coreógrafa chega já aos vinte anos de trabalho contínuo. Recebeu diversos prêmios como intérprete e coreógrafa. Recentemente foi convidada pelo Ballet Gulbenkian de Lisboa para ministrar aulas de dança moderna e também para o festival de Dança de Viena. Tais convites repetem-se já por dois anos e em Janeiro próximo deverá retornar a Viena para remontar a sua coreografia no Ar para a estreia da Viena Workshop Dance Company. ZECA N U N E S , iniciando o percurso nas artes cênicas como actor, é a partir de Clara Crocodilo (1981) que passa a actuar também como bailarino. Após integrar o Ballet da Cidade de São Paulo e participar de diversos espectáculos de dança-contemporânea, dedica-se cada vez mais à dança-teatro, linguagem que actualmente pesquisa e exercita. Em 1985 estreia o seu primeiro trabalho como coreógrafo, Salão Grená, e no ano seguinte parte para a Europa, actuando em Contes a La Carte (Paris) e The Last Kiss (Amsterdam), e aprofundando estudos em dança-contempo rânea e dança-teatro. De volta ao Brasil prossegue junto ao Grupo Marzipan como intérprete, coreógrafo e estreando como director no espectáculo Palimpsesto. Passa também a trabalhar com gesto/ movimento para espectáculos teatrais e a desenvolver intensa actividade pedagógica ministrando estágios de Improvisação e Composição em São Paulo e outras capitais. 8 T e r ç a 9 Q u a r t a 10 Q u in t a 21.30 horas 11 S e x t a 18.30 horas C er ta s M u l h e r e s por PATRÍCIA GALVÃO, SORAYA SABINO MARA BORBA, KICO (participação) PROGRAMA Cena I — Rito da Memória — Dança do Baú Cena II — Das velhas Cena III — Gerando a Geração — Dança do Conflito Cena IV — Aparição da Essência — Dança do Guarda-chuva Cena V — Desejo — Dança do Pegnoir Cena VI — Revelação — Tango Cena VII — Do Baú — Aparições Inesperadas Cena VIII — Com-Sumindo ... Orgias — Serpentes/Supermercado Cena IX — Cortejo Perverso — Dança das Madrinhas Direcção e Coreografia: Mara Borba Assistente de Coreografia: Yára Ludovico Iluminação: Iacov Hillel Cenografia e Figurinos: Mara Borba Sonoplastia: Wilson Sukorsky Coordenação Geral: Aríete Borba Música: Nino Rota Wilson Sukorsky Jean Lucky Ponty Kurt Weill Mara Borba: efeitos vocais ertas Mulheres é um espectáculo essencialmente feminino. Penetra neste universo mágico e subtil através das emoções e sensações que envolvem a mulher. Aprofunda-se neste bastidor de uma maneira dra mática e poética, com a proposta e linguagem puramente contemporânea. C Quando trabalho com alguém, deixo que essa pessoa se torne presente em mim. Fica tão fácil lidar com ela, ampliar cada pequena coisa esboçada, às vezes escondida. Esse é o meu lado predilecto. O bastidor de cada um. Esse trabalho é isso. O atrevimento de invadir e experimentar a mim mesma. Quero alma e músculos numa só dimensão. Nada de máquinas de precisão. Seiva e Cheiro. Eu acredito nisso. No que cada um tem dentro de si, na piração, na perversidade, muito prazer, na essência seja ela qual for... de São Paulo, onde além de intérprete, dirigiu e coreografou para a Companhia. Em teatro, coreografou vários musicais, e orientou actores na criação de tipos e personagens. Obteve grande repercussão pelo trabalho de expressão corporal do actor William Hurt, premiado com o Óscar, pela interpretação do personagem Molina, no filme O Beijo da Mulher Aranha. Após dirigir e co-coreografar em Berlim Phoenix, para o bailarino Ismael Ivo, apresentado e consagrado na Europa e Japão, participou em 1985, 1986 e 1987, do Festival de Dança de Viena. Entre outras actividades, trabalha como actriz e coreó grafa de filmes publicitários para TV, e locução em rádio. Em Abril de 1987, estreou em São Paulo, o seu mais recente trabalho, intitulado A Rainha do Frango Assado. Mara Borba M A R A B o r b a , nascida em Leme, São Paulo, formada em Artes Plásticas, iniciou a sua carreira artística em 1974. Foi premiada em dança, por trabalhos como Certas Mulheres (S.P.) e a Casa da Infância (B.H.). Em Salvador, Bahia, recebeu o prêmio de Melhor Dançarina, no Festival de Dança Contemporânea. De 1982 a 1985, esteve contratada pelo Ballet da Cidade PATRÍCIA GALVÃO, nasceu em Belo Horizonte, M.G., Brasil, estuda dança desde os cinco anos de idade. Formada em técnica de dança clássica pela Escola Municipal de Bai lados de São Paulo, iniciou a sua carreira profissional no Corpo de Baile da Fundação Palácio das Artes de Belo Horizonte. Em São Paulo, no Ballet da Cidade de São Paulo, trabalhou sob a direcção de Luis Arriéra, Klaus Vianna, Julia Ziviani, Antonio Carlos Cardoso, dançando coreografias de Victor Navarro, Oscar Arais, Susana Yamauchi, Mara Borba, Sonia Mota, e José Possi Neto. No ano de 1987, esteve em cartaz com a peça Rito de Amor e Morte na casa de Lilith, a Lua Negra, de José Possi Neto. SORAYA SABINO participou dos seguintes grupos e espectáculos: 1978 Ballet Stagium Juvenil (Espect. O Lago do Cisne) 1979 Grupo de Dança Cisne Negro (Espect. Gente) 1980 Ingressou na Faculdade de Dança da Universidade Federal da Bahia (UFBA) 1981 Teatro de Dança de São Paulo (Espect. De Pernas para o Ar) 1982 Fundou com outras Bailarinas o grupo de Dança Marzipan (Espect. Nunca Pare é Sempre Tarde para Começar) 1983 Grupo Marzipan (Espect. Seis Histórias de Amor) 1984 (Espect. Sur Urbano (Dir. Ivaldo Bertazzo) Grupo Marzipan (Espect. Vampires) 1985 Teatro de Dança de São Paulo (Espect. Assim Seja?) 1986 Espect. Pas de Deuses (Dir. Ivaldo Bertazzo) 1987 Espect. A Fuga de Dijanira Metralha (com os músicos Duo FEL e o Coral Canto Livre). Espect. O Cavaleiro da Rosa (Dir. Ivaldo Bertazzo) Espect. Serra da Boa Esperança (Dir. Ivaldo Bertazzo) Para a bailarina e actriz Clarisse Abujamra, Certas Mulhe res é um espectáculo que não pode deixar de ser visto. Já o coreógrafo Ismael Guizer o define como deslumbrante pelo conteúdo, que mantém quem o assiste na expectativa do inesperado, Ruth Rachou afirma: É um universo mágico, feminino e sensível onde as emoções são uma constante. Um espectáculo como este é para ser visto mais de uma vez, pela riqueza de detalhes subtis e envolventes. A TRIBUNA 12 S á b a d o 21.30 horas 13 D o m in g o 16.00 horas 14 S e g u n d a 21.30 horas ÎERÇA 18.30 horas 1 5 A ssim S e ja ? TEATRO DE DANÇA DE SÃO PAULO C é lia G o u v ê a K y r ie G l ó r ia R e g i n a l d o D u t r a j r . e Eienœ C r e d o P a u l o B o r g e s , M ô n i c a M o n t e i r o e Elenco S a n c t u s B r a z íl ia B o t e l h o e Elenco A gnus DEI Todo o Elenco C O M U N H à O Todo o Elenco Concepção e Coreografia: Célia Gouvêa Música: Pierre Henry, (Messe de Liverpool), mixada a temas e ritmos brasileiros Direcção e Programação Visual: Maurice Vaneau Assistente de Coreografia: Zina Filler Camanovici Elenco: Célia Gouvêa Gabriela Rodela João Senna Márcia Mendes Mônica M onteiro Paulo Borges Rose Akras Suzy Schonberger Zé índio Passarão pela terra duramente oprimidos e famintos e sera que, quando tiveram fome, enfurecendo-se, amaldiçoa rão ao seu rei e ao seu Deus, olhando para cima. Olharão para a terra, eis aí angústia, escuridão e sombras de ansie dade, e serão lançados para densas trevas. Isaías cap 8 — vers. 20 e 21 ssim seja? mostra um ritual vivido por um povo oprimido: Kyrie é o lançamento desse povo num universo de aflição; Glória, seu estranho contenta mento; Credo é a memória de uma vida; Sanctus ou 'quando os céus se abrem” alguns paralelos entre céu e terra, ou graça e miséria. Ajustes de Contas. O que dizer daqueles que esperam o Paraíso, a Vida Eterna, conside rando a vida terrena como mera transitoriedade? Preocu par-se quanto a que ocorrerá no fim dos tempos não eqüi valerá a "correr atrás do vento” ou perseguir bolinhas de sabão?, Agnus Dei — o conteúdo desse cálice saciará a nossa sede? e Comunhão — o ciclo continua, em círculos. A forma perfeita, segundo os gregos A Assim seja? trata da dualidade entre Resignação e Revolta vivenciadas por um povo oprimido. Possui uma estrutura ritualística, unindo elementos medievais e contemporâneos, na busca de uma linguagem corporal que incorpore os impulsos do movimento natural ao código técnico especí fico da linguagem da dança. O clima ritualístico e aflito da missa criada por Pierre Henry encontra imagens de movi mento correspondentes a uma espécie de viagem ao inferno. Célia Gouvêa CÉLIA G o u v ê a seguiu o ciclo completo do centro MUDRA de Maurice Béjart, em Bruxelas-Bélgica, entre 1970 e 1973, período em que foi bolseira da Fundação Gulbenkian. Célia foi também bolseira de Alwin Nikolais, em Nova Iorque. Em fins de 1974 regressa ao Brasil e junta mente com o homem de teatro Maurice Vaneau (Vaneau é director, actor, mímico, figurinista, cenógrafo, iluminador), monta o espectáculo Caminhada, com o propósito de ini ciar no Brasil espectáculos com linguagem cênica multidisciplinar. Desde então sucederam-se várias montagens, e vários prêmios atribuídos. Célia também tem actuado como coreógrafa para espectáculos teatrais e outras companhias de dança, sendo os seus últimos trabalhos: a coreografia do espectáculo teatral Nijinsky de Naum Alves de Souza e Olga e o Cavaleiro da Esperança, para o Dança Câmera Rio, no Rio de Janeiro, ambos em 1986. O Teatro de Dança de São Paulo, dirigido por Maurice Vaneau e Célia Gouvêa, teve início em fins de 1974, quando Maurice Vaneau, ex-director do Teatro Brasileiro de Comédia e do Teatro Municipal de São Paulo, e Célia Gouvêa, ex-integrante do Centro MUDRA de Maurice Béjart e do grupo CHANDRA (Bruxelas, Bélgica) regres saram da Europa e iniciaram o movimento do Teatro de Dança de São Paulo no Teatro Galpão, com o espectáculo Caminhada. Seguiram-se várias outras montagens, e vários prêmios foram atribuídos ao grupo pela crítica especializada. A proposta básica do grupo, enquanto temática, é a de re-interpretar a realidade humana, assim como elaborar uma linguagem corporal que una o movimento natural ao código técnico específico da dança. Isso implica tanto em procurar captar o contexto, a realidade social, quanto as sensações e comportamentos, o gestual quotidiano, aliados à pesquisa das leis do movimento (dinâmicas, energia, espaço), baseando a sua técnica na observação do princípio da respiração: assim como o fluxo respiratório não se inter rompe, o movimento procede de maneira idêntica. Alguns trabalhos procuram desenvolver uma linguagem multi-disciplinar, aliando a Dança à Mímica, sons e ruídos. Outros são musicais, quando a coreografia segue a partitura escolhida, projectando o seu clima. Prêmios Melhor Coreografia em Espectáculo Teatral — Associação Paulista de Críticos de Arte (A.P.C.A.), 1974 Menção Especial — A.P.C.A., 1974 Melhor Espectáculo de Dança — A.P.C.A., 1975 Prêmio Governador do Estado (Melhor Conjunto), 1975 Prêmio Revelação de Bailarina para Mazé Crescenti — A.P.C.A., 1979 Melhor Coreógrafo para Célia Gouvêa — A.P.C.A., 1979 Melhor Director de Espectáculo de Dança para Maurice Vaneau — A.P.C.A., 1980 Melhor Bailarina para Célia Gouvêa — A.P.C.A., 1980 audaz, como também um conjunto de intérpretes muito afinados com uma perspectiva artística a partir da qual todo um universo é redefinido. Estes dois requisitos são justamente o que sustenta "Assim Seja?” Neste seu actual espectáculo, Célia Gouvêa transmudou em terra e sangue um grupo de oito bailarinos, para daí moldar o sofrimento e a busca de seres prensados entre forças internas que desconhecem e pressões externas que os manipulam. Uma movimentação eloqüente, com formas de teatro/dança, ressalta as perplexidades individuais. Uma coreografia ritualística, estruturada em cânones, expõe as pressões sociais. Manoel Vidai Q u e o bailarino ao estar no palco nada tenha de etéreo, desvinculado do real. Que ele viva, como um ser humano, as situações através do movimento, com andar, olhar, ges tos humanos. Que ele domine a linguagem coreográfica e técnica. Assim seja. Regina Passos C ertam ente uma invenção assim radical não se encontra com frequência. Ela requer não só um criador profundo e P ara quem anda pensativo a respeito dos rumos desta arte híbrida que é a dança-teatro ou teatro de dança, "Assim Seja” fornece bom alimento para futuras teorizações. Para quem tem outras preocupações, o espectáculo vale mesmo pela qualidade. Helena Katz Crítico da Folha 16 Q u a r t a 18 S e x t a 19 S á b a d o 21.30 horas 17 Q u in t a 18.30 horas 1 9 S á b a d o 16.00 horas V id r o s M o í d o s (CORAÇÃO DE NELSON) pelo GRUPO TRANS-FORMA TRANS...: prefixo latino que significa além de, para além de. FORMA: modelo, exemplar, norma. Idealização: Eid Ribeiro Roteiro e Direcção Geral: Arnaldo Alvarenga Direcção Artística e Assistente de Coreografia: Sérgio Funari Coreografia: Sonia Mota Orientação Teatral: Paulo César Bicalho Trilha Sonora/Criação: Félix Wagner Trilha Sonora / Execução : Orquestra Estranho Hábito Iluminação/Criação: Jorge Monclair Iluminação/ Execução : Leonardo Pavanello Figurinos: Denise Paixão Assistente: Gustavo Coelho Boneco/Criação: Rodrigo Campos Boneco/Manipulação: Luiz Hermidas, Waldir Lau Adereços: Mário Valle, Marcello Xavier Voz: Antônio Naddeo Música da cena II: Kraftwerk Bailarinos: Ana Amélia Cabral Arnaldo Alvarenga Fábio Ferreira Pinto Juliana Braga Lúcia Ferreira Malu Rabelo Márcia Fernandes Tarcísio Ramos Tina Peixoto Sonoplasta: Elizabeth Alvarenga Produção: Via Metrópole de Comunicação O que pode ir além da forma, do modelo? O criativo. É preciso fazer dança com poesia. O diferente: assegurar um espaço para criar novos movi mentos, ir além do movimento. Transceder; transformar. Grupo de Dança TRANS-FORMA iniciou em Belo Horizonte um movimento renovador. Desde a sua criação, em 1971, o Grupo tem como objectivo buscar o novo, o não convencional. Arriscar é palavra importante no seu vocabulário. A sua proposta: colocar na dança a expressão do fenô meno que é a vida. E buscar, um auto conhecimento, uma compreensão do homem como identidade consigo e com o seu povo. A realização dessa proposta dá-se na experiência da cria ção de vários espectáculos e na pesquisa intensa em temas voltados para a cultura brasileira. Por isso, a linguagem dos trbalhos apresentados pelo TRANS-FORM A, de aspecto vivo e dinâmico, revela manifestações tipicamente brasileiras. N E L S O N RODRIGU ES, o renovador do moderno tea tro brasileiro, o pesquisador aguçado do comportamento humano em sociedade. Desde adolescente trabalhou em redacção de jornal onde escrevia crônicas diversas e fazia comentários sobre futebol, outra sua paixão. No teatro revelou-se com Vestido de Noiva, que na década de 40, consagrou-o instantaneamente, porém, segundo ele mesmo, a sua vocação real era para o romance, gênero que devorava desde menino. Vidros Moi dos trata desse homem e dos seus personagens, mesclando factos da sua vida real com o mundo por ele criado nas suas crônicas e peças. Com roteiro inspirado na peça Valsa n.° 6, um monólogo, onde um personagem relembra fragmentariamente factos da sua vida, o espectáculo busca o mundo poético insuspeitado da obra Rodriguiana, ao contrário das impressões ime diatas e das interpretações simplistas que vulgarmente se fazem dos seus trabalhos, tidos como amargos e pesados. N ã o queria fazer. Cansou-me e doeu-me fazê-lo. De repente, sem pedir licença, sem que eu sequer imagi nasse, por entre cacos moídos, ossos doídos e muito cansaço ele me invade e deixa meu coração quente. Por isso, por esse calor, por essa intromissão sou grata a Nelson e suas verdades tão absolutas. Sonia Mota Divididos em 6 cenas, pode-se seguir assim o espectáculo: CENA I — Infância — Minha filha que nasceu cega — Doroteia e suas tias — Meus pais CENA II — O assassinato de Roberto Rodrigues (irmão de Nelson Rodrigues) CENA III — 3 peças — Álbum de Família —- Vestido de Noiva — O Beijo no Asfalto CENA IV — O Sarau CENA V — Carolina (Paixão de adolescente) CENA VI — Final. V idros Moídos (Coração de Nelson) é mais uma etapa de um longo processo de trabalho do Grupo Trans-forma, que se propõe a ter uma participação activa na criação e constru ção das suas montagens. Um trabalho dessa natureza, onde nos envolvemos intensamente, provoca oscilações emocio nais, situações de loucura, vivenciadas tanto de forma deses perada quanto harmônica. Nos permitimos neste trabalho, fazer uma leitura livre de Nelson Rodrigues: Homem-Obra. Procuramos fazer uma distinta separação de flor e fruto, que amargo ou não, foi digerido com doce saber. Nos demos essa oportunidade enquanto grupo que se dispõe a ver a arte-criação em toda a sua amplitude como vida. Isso faz com que a pessoa Nelson Rodrigues exista como qualquer outra que poderá ser a paixão das nossas aspirações, nos trazendo a lucidez de não mitificar e sim, traduzi-las como clara essência que tem o ritmo, o movimento, a palavra: elementos comuns a qualquer ser. O Grupo Vidros Moídos amplia a linguagem da dança pura, apro ximando-a do teatro falado, da pantomina e do teatro de bonecos. Dentro da sua proposta Vidros Moídos é um ponto culmi nante do trabalho do Grupo Trans-forma, ganhador de 4 prêmios, dados pelo Ministério da Cultura do seu país para: melhor bailarino e bailarina, melhor roteiro e melhor espec táculo de dança e ainda o prêmio especial da crítica teatral de Belo Horizonte, como melhor espectáculo de dança em 1986. Segundo Stela Rodrigues, irmã do dramaturgo: um espectá culo organizado com o objectivo fiel à força poética do clima Rodriguiano. Arnaldo Alvarenga Vidros Moídos (Coração de Nelson) é uma colagem dança/ / teatro sem intenção biográfica ou cronológica. Apoiada na ideia central da peça Valsa n.° 6 de Nelson Rodrigues na qual um personagem relembra fragmentaria mente factos da sua vida ao som da Valsa N.° 6 de Frederic Chopin, o escritor tem a sua presença dividida entre dois mundos o do boneco, que trabalhando no seu escritório como quem escreve o espectáculo e o do pianista, a sua projecção no mundo das suas lembranças. Nas suas seis cenas o espectáculo mescla factos da vida real do escritor com o mundo das suas personagens, recolhidos das suas crônicas e peças que quase sempre saíram da sua incansável observação do dia a dia. Espectáculos a realizar no Porto, no Teatro Carlos Alberto Colaboração da Secretaria de Estado da Cultura 15 e 16 de Março, às 21.30 horas Grupo Mara Borba 17 e 18 de Março, às 21.30 horas Teatro Dança de S. Paulo 21 e 22 de Março, às 21.30 horas Trans-Forma Apoios: Embaixada do Brasil em Lisboa Ministério da Cultura do Brasil Fundação Nacional de Artes Cênicas Serviço Brasileiro de Dança Varig — Linhas Aéreas Brasileiras Radiotelevisão Portuguesa, E.P. Coordenação-Geral: Gilda Almeida Tradutora: Maria Fernanda Portela Fotos de: FRITZ BERAN THOMAZ DE PAZ RICARDO TUPPER GAL OPIDO OTHMAR SEEHAUSER EMIDIO LUIS LUZI BLANDY FIGUEIREDO CATÁLOGO EDITADO PELA FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN ACARTE GABINETE DE DESIGN DO CAM 1000 exemplares G imposto c impresso LlT(Xi. TEJO Lisboa. 1988