Rejeitos Radioativos

Transcrição

Rejeitos Radioativos
AIRTON TAVARES DE ALMEIDA JUNIOR
PAULO ROBERTO MARTINS
WAGNER JACINTHO DE SOUZA
ATUAÇÃO DA HIGIENE OCUPACIONAL
NA GERÊNCIA DE REJEITOS RADIOATIVOS
EM SERVIÇOS DE SAÚDE
BELO HORIZONTE – MG
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL LUCAS MACHADO – FELUMA
FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DE MINAS GERAIS – FCMMG
CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO – CPG
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
2007
Airton Tavares de Almeida Junior
Paulo Roberto Martins
Wagner Jacintho de Souza
ATUAÇÃO DA HIGIENE OCUPACIONAL
NA GERÊNCIA DE REJEITOS RADIOATIVOS
EM SERVIÇOS DE SAÚDE
Monografia apresentada à Faculdade de Ciências
Médicas de Minas Gerais para obtenção de título de
Especialista em Higiene Ocupacional.
Orientadora: Profª. Drª. Maria do Socorro Nogueira
BELO HORIZONTE – MG
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL LUCAS MACHADO – FELUMA
FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DE MINAS GERAIS – FCMMG
CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO – CPG
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
2007
A447a
Almeida Junior, Airton Tavares
Atuação da higiene ocupacional na gerência de rejeitos radioativos em
serviços de saúde. / Airton Tavares de Almeida Junior, Paulo Roberto Martins e
Wagner Jacintho de Souza. – 2007.
71 f.
Monografia (Pós-graduação Lato-Sensu) – Faculdade de Ciências Médicas de
Minas Gerais.
Orientadora: Maria do Socorro Nogueira, DSc.
1. Saúde do trabalhador. 2. Resíduos radioativos – efeitos adversos.
3. Resíduos radioativos – legislação & jurisprudência . 4. Proteção radiológica. 5. Gerenciamento de resíduos. I. Nogueira, Maria do Socorro. II.
Martins, Paulo Roberto. III. Souza, Wagner Jacintho. IV. Título.
NLM: WA 788
CDU: 621.039.7
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL LUCAS MACHADO – FELUMA
FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DE MINAS GERAIS – FCMMG
CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO – CPG
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
FOLHA DE APROVAÇÃO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DO I CURSO A DISTÂNCIA DE
ESPECIALIZAÇÃO EM HIGIENE OCUPACIONAL
Autores:
Airton Tavares de Almeida Junior
Paulo Roberto Martins
Wagner Jacintho de Souza
Título:
Atuação da higiene ocupacional na gerência de rejeitos radioativos em serviços de saúde
Período:
Março de 2006 a Março 2007
(X)
( )
( )
Aprovado
Aprovado com restrição
Reprovado
Comissão de Avaliação:
Instituição:
Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais
Professores:
Álvaro Boechat, MSc.
Augusto Amorim, Esp.
Eugênio Paceli Hatem Diniz, MSc.
Data da avaliação: 30 de Março de 2007
DEDICATÓRIA
Este trabalho é dedicado aos familiares e amigos pelo apoio, compreensão, confiança,
incentivo e por estarem sempre tão presentes compartilhando o amor, o respeito, a amizade.
AGRADECIMENTOS
A Deus, Amigo de todas as horas, presença constante em toda e qualquer
circunstância.
À Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, pela formação profissional e
oportunidade de conclusão deste curso de pós-graduação.
À Professora Drª. Maria do Socorro Nogueira, pela orientação segura durante todo o
processo de desenvolvimento deste trabalho e por expor as diretrizes a serem seguidas sem
abrir mão da fraternidade inerente às relações humanas duradouras.
A FUNDACENTRO / Centro Regional de Minas Gerais, pela colaboração e
oportunidade de realização deste curso de especialização. Especialmente aos colegas Eugênio
Paceli Hatem Diniz, Pedro Sérgio Zuchi e Marta de Freitas.
À colega Maura Gelais Filogônio, bibliotecária da FUNDACENTRO / CRMG, pela
assistência incondicional na elaboração da revisão de literatura desta monografia.
Ao colega Luiz Cláudio de Souza Pinheiro, profissional de informática, pela ajuda na
formatação do texto do presente trabalho.
A PROCTER & GAMBLE, pelo apoio e incentivo para realização deste curso.
Ao serviço de medicina nuclear do hospital universitário de Campinas – SP, por
possibilitar uma visita técnica nas suas instalações para conhecimento do respectivo processo
de gerenciamento de rejeitos.
Aos colegas e professores deste I curso a distância de especialização em Higiene
Ocupacional, pela atenção, ajuda, amizade e excelente convívio ao longo do curso,
especialmente nos fóruns temáticos e encontros presenciais.
E àqueles que, aparentemente ausentes, sempre estiveram presentes inspirando
coragem e perseverança em todos os momentos.
RESUMO
ALMEIDA JR, AIRTON T.; MARTINS, PAULO R.; SOUZA, WAGNER J. Atuação da
Higiene Ocupacional na gerência de rejeitos radioativos em serviços de saúde. 2007. 71 f.
Monografia (Especialização em Higiene Ocupacional) – Faculdade de Ciências Médicas de
Minas Gerais, Belo Horizonte – MG, 2007.
Os rejeitos radioativos precisam ser cuidados de forma adequada da mesma forma que
qualquer resíduo convencional para não causarem danos ao homem e ao meio ambiente. A
atuação da Higiene Ocupacional na gerência dos rejeitos radioativos significa realizar uma
série de ações e procedimentos que inclui a coleta, a segregação, o transporte, a
caracterização, o tratamento, o armazenamento e a deposição final do material radioativo,
obedecendo-se aos requisitos de proteção aos trabalhadores, aos indivíduos do público e ao
meio ambiente. As atividades inerentes à gerência de rejeitos radioativos devem ser
consideradas e planejadas desde os estágios iniciais de qualquer projeto que envolva o uso de
materiais radioativos. Nos estabelecimentos prestadores de serviços de saúde; tais como,
hospitais, instituições de pesquisa, laboratórios e universidades, que desenvolvem atividades
relacionadas à aplicação de técnicas nucleares, são gerados resíduos com aproveitamento
ulterior não previsto. Os materiais mais comuns que constituem esses resíduos são compostos
de luvas, papéis, algodão, seringas, vidros e mais tantos outros utilizados que, pelo contato
com substâncias radioativas ficam contaminados; e, quando apresentam concentrações de
atividade acima dos limites de isenção expressos em normas da Comissão Nacional de
Energia Nuclear – CNEN e nas recomendações da Agência Internacional de Energia Atômica
– IAEA, recebem o nome de rejeitos radioativos. Este estudo permitiu compreender que a
geração de rejeitos radioativos deve ser mantida a níveis mínimos praticáveis em termos de
atividade e volume, como também, observar que as características químicas e biológicas
desses rejeitos devem ser consideradas em todas as fases de sua gerência, porque além de
minimizar os efeitos danosos da radiação, reduz os custos que possam advir de sua geração.
Palavras-chave: 1. Saúde do trabalhador. 2. Resíduos radioativos – efeitos adversos. 3.
Resíduos radioativos – legislação & jurisprudência. 4. Proteção radiológica. 5. Gerenciamento
de resíduos.
ABSTRACT
ALMEIDA JR, AIRTON T.; MARTINS, PAULO R.; SOUZA, WAGNER J. Performance
of the Occupational Hygiene in the management of radioactive rejects in health services.
2007. 71 f. Monografia (Especialização em Higiene Ocupacional) – Faculdade de Ciências
Médicas de Minas Gerais, Belo Horizonte – MG, 2007.
Radioactive rejects need adequate cares likewise any conventional residue in order to avoid
causing damages to the human being and the environment. The performance of the
Occupational Hygiene on radioactive rejects management is composed by a series of actions
and procedures that include collection, segregation, transport, characterization, treatment,
storage and final deposition of the radioactive material, obeying the protection requirements
for workers, the public and the environment. The inherent activities on radioactive rejects
management must be considered and planned from the beginning of any project involving
radioactive materials. On health establishment, research institutions, laboratories and
universities, that develop activities related to the application of nuclear techniques, are
generated residues which further recycling was not foreseen. The most common constituents
of these materials are chirurgical gloves, paper, cotton, syringes, glass and others materials
contaminated by contact with radioactive substances. When these materials present activity
above of the limits recommended by norms of the National Commission of Nuclear Energy CNEN and recommendations of the International Agency of Atomic Energy - IAEA, they are
named radioactive rejects. The present study allowed us to understand that radioactive rejects
production should be kept under practicable minimum levels in terms of activity and volume,
as well as, to observe that the chemical and biological characteristics of these rejects should
be considered in all the phases of their management. These procedures minimize the harmful
effect of the radiation and reduce the involved costs.
Keywords: 1. Workers Health. 2. Radioactive residues – adverse effects. 3. Radioactive
residues – legislation & jurisprudence. 4. Radiological Protection. 5. Residues Management.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 10
2. REVISÃO DE LITERATURA.......................................................................................... 11
2.1 HIGIENE OCUPACIONAL – DEFINIÇÕES ............................................................... 11
2.2 RADIAÇÕES IONIZANTES: CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS .............. 15
2.3 PROTEÇÃO RADIOLÓGICA ...................................................................................... 18
3. FUNDAMENTOS TÉCNICOS E LEGAIS ..................................................................... 20
3.1 EFEITOS BIOLÓGICOS DA RADIAÇÃO .................................................................. 20
3.2 HIGIENE OCUPACIONAL E PROTEÇÃO RADIOLÓGICA .................................... 21
3.3 CONTENÇÃO E DESCARTE DE MATERIAL RADIOATIVO ................................ 24
3.3.1 Procedimentos básicos para utilização de material radioativo.............................. 26
3.3.2 Infra-estrutura do serviço de saúde......................................................................... 26
3.3.3 Proteção individual ................................................................................................. 26
3.3.4 Rejeitos radioativos ................................................................................................. 27
3.3.4.1 Cálculo do decaimento ..................................................................................... 27
3.3.4.2 Limites de eliminação dos rejeitos radioativos................................................. 28
3.4 NORMA REGULAMENTADORA 32 ......................................................................... 29
3.5 GERÊNCIA DE REJEITOS RADIOATIVOS EM SERVIÇOS DE SAÚDE .............. 31
3.5.1 Considerações gerais .............................................................................................. 34
3.5.2 Minimização da geração de rejeitos radioativos .................................................... 35
3.5.3 Classificação dos rejeitos radioativos..................................................................... 37
3.5.3.1 Rejeitos com emissores beta / gama ................................................................. 37
3.5.3.2 Rejeitos com emissores alfa ............................................................................. 38
3.6 PROCEDIMENTOS DE EMERGÊNCIA ..................................................................... 39
3.6.1 Derramamento significativo .................................................................................... 40
3.6.2 Derramamento de menor importância .................................................................... 41
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................................................... 42
4.1 ETAPAS DA GERÊNCIA DE REJEITOS RADIOATIVOS ....................................... 42
4.1.1 Segregação na origem ............................................................................................. 46
4.1.2 Acondicionamento ................................................................................................... 49
4.1.3 Pré-tratamento de rejeitos radioativos ................................................................... 52
4.1.4 Caracterização primária e identificação ................................................................ 53
4.1.5 Eliminação de rejeitos radioativos por via convencional ....................................... 54
4.1.6 Coleta e transporte interno ..................................................................................... 57
4.1.7 Armazenamento ....................................................................................................... 58
4.1.8 Registro e manutenção de inventário atualizado .................................................... 61
4.1.9 Transporte externo .................................................................................................. 62
4.1.10 Procedimento de entrega de rejeitos radioativos à CNEN ................................... 63
4.2 SERVIÇO DE SAÚDE - AVALIAÇÃO DA GERÊNCIA DOS REJEITOS ............... 64
5. CONCLUSÃO..................................................................................................................... 67
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 68
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Fluxograma Básico de Gerência de Rejeitos Radioativos ....................................... 14
Figura 2 - Fluxograma Simplificado da Gerência de Rejeitos Radioativos ............................. 42
Figura 3 - Fluxograma de Gerência de Rejeitos Radioativos em Serviços de Saúde............... 43
Figura 4 - Estratégia para a Gerência de Rejeitos Radioativos ................................................ 45
Figura 5 – Gerenciamento dos Resíduos Radioativos do SMN ............................................... 65
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Limites de dose recomendados pela ICRP 60 (ICRP, 1991) .................................. 19
Tabela 2 – Principais fontes de radiação ionizante utilizadas em laboratório.......................... 25
Tabela 3 – Classificação dos rejeitos líquidos com emissores beta/gama................................ 37
Tabela 4 – Classificação dos rejeitos sólidos com emissores beta/gama ................................. 38
Tabela 5 – Classificação dos rejeitos gasosos com emissores beta/gama ................................ 38
Tabela 6 – Classificação dos rejeitos líquidos com emissores alfa .......................................... 39
Tabela 7 – Classificação dos rejeitos sólidos com emissores alfa............................................ 39
Tabela 8 – Atividades máximas de radionuclídeos para disposição de cadáveres, sem
precauções especiais, em MBq .......................................................................... 50
Tabela 9 – Níveis máximos de contaminação radioativa permitidos em recipientes............... 51
10
1. INTRODUÇÃO
Nos estabelecimentos prestadores de serviços de saúde, em atividades envolvendo a
aplicação de técnicas nucleares, são gerados resíduos com aproveitamento ulterior não
previsto. Esses resíduos, quando apresentam concentrações de atividade acima dos limites de
isenção da Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN, estabelecidos na norma CNENNE-6.05 “Gerência de Rejeitos Radioativos em Instalações Radiativas”, recebem o nome de
rejeitos radioativos.
As características perigosas inerentes aos rejeitos radioativos exigem a adoção de uma
série de medidas, que visam assegurar a proteção da saúde humana e do meio ambiente, tanto
no presente como no futuro, contra os possíveis efeitos indevidos que esses materiais possam
causar.
O conjunto de atividades técnicas e administrativas aplicáveis à coleta e segregação, ao
manuseio, tratamento, acondicionamento, transporte, armazenamento e controle, bem como à
eliminação ou deposição de rejeitos radioativos constitui a gerência de rejeitos radioativos.
Essas atividades devem ser consideradas e planejadas nos estágios iniciais de qualquer projeto
que envolva o uso de materiais radioativos. A geração de rejeitos radioativos deve ser mantida
a níveis mínimos praticáveis em termos de atividade e volume, pois além de minimizar os
efeitos danosos da radiação, reduz os custos que possam advir de sua geração.
Desse modo, este trabalho tem por objetivo proporcionar os fundamentos da Higiene
Ocupacional à implementação de uma gerência segura de rejeitos radioativos em
estabelecimentos prestadores de serviços de saúde, baseando-se nas normas da Comissão
Nacional de Energia Nuclear – CNEN e nas recomendações da Agência Internacional de
Energia Atômica – IAEA. As práticas e os procedimentos para o gerenciamento dos rejeitos
radioativos em serviços de saúde são apresentados com a perspectiva clara de que as
características químicas e biológicas desses rejeitos também devem ser consideradas em todas
as fases de sua gerência.
11
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 HIGIENE OCUPACIONAL – DEFINIÇÕES
No Brasil, os principais termos utilizados para definir a ciência que se dedica ao estudo
dos ambientes de trabalho e à prevenção das doenças causadas por eles são: Higiene
Ocupacional, Higiene Industrial e Higiene do Trabalho.
O termo Higiene Ocupacional foi preferido internacionalmente para definir o campo de
atuação desta ciência, após as conclusões extraídas durante a Conferência Internacional de
Luxemburgo, ocorrida de 16 a 21 de junho de 1986, que contou com a participação de
representantes da Comunidade Econômica Européia – CEC, da Organização Mundial da
Saúde – OMS, da Comissão Internacional de Saúde Ocupacional – ICOH e da American
Conference of Governamental Industrial Hygienists – ACGIH (ACGIH, 1988).
A definição dos termos Higiene Industrial e Higiene do Trabalho estão contempladas
na definição de Higiene Ocupacional, que é considerada mais ampla, visto que não se refere
apenas ao ambiente do trabalho ou àquele dito industrial. O seu campo de abrangência e
atuação cresce a cada dia, tornando-se necessário estudar as interfaces com outras ciências
como a medicina, a segurança, a ergonomia e a sociologia, para de forma interdisciplinar
melhorar as condições do ambiente de trabalho e a saúde do trabalhador.
A Higiene Ocupacional é uma ciência, porque está baseada em fatos comprováveis,
empíricos e analisáveis por método científico por meio da física, química, bioquímica,
toxicologia, medicina, engenharia e saúde pública. Por outro lado, também são consideradas a
individualidade de cada trabalhador e as características da atividade e do local de trabalho
(BIOOMFIELD, 1999).
Por possuir caráter essencialmente preventivo, as ações da Higiene Ocupacional devem
se fundamentar primordialmente na prevenção da exposição e em estudos epidemiológicos
prospectivos. Registram-se as exposições ao longo do tempo para que se conheça alguma
relação entre a exposição ocupacional e o efeito à saúde (MTE, 1995).
Entre as definições conhecidas e mais amplamente difundidas pode-se citar:
A definição da American Industrial Hygiene Association – AIHA para a
Higiene Industrial, “ciência que trata da antecipação, reconhecimento, avaliação e controle
dos riscos originados nos locais de trabalho e que podem prejudicar a saúde e o bem-estar dos
trabalhadores, tendo em vista também o possível impacto nas comunidades vizinhas e no
meio ambiente”.
12
A definição da American Conference of Governamental Industrial Hygienists –
ACGIH: “ciência e arte do reconhecimento, avaliação e controle de fatores ou tensões
ambientais originados do, ou no, local de trabalho e que podem causar doenças, prejuízos para
a saúde e bem-estar, desconforto e ineficiência significativos entre os trabalhadores ou entre
os cidadãos da comunidade”.
Pode-se perceber que o conceito de Higiene, qualquer que seja ele, está diretamente
associado à prevenção da saúde; e que esta pode ser vista como um estado de completo bemestar físico, mental e social, e não meramente a ausência de doença ou defeito, de acordo com
a OMS, que adota este conceito amplo desde 1957. Para atingir esta meta, o ser humano
estabelece uma batalha contínua, com o intuito de manter um balanço positivo contra as
forças biológicas, físicas e químicas, mentais e sociais que tendem a romper o equilíbrio
(MENDES, et al., 1991).
A legislação brasileira, Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, denominada Lei
Orgânica da Saúde, no Título II, Capítulo I, art. 6º, postula que: “entende-se por saúde do
trabalhador, um conjunto de atividades que se destina, através das ações de vigilância
epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores,
assim como visa a recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos
riscos advindos das condições de trabalho” (BRASIL, 1990).
Neste contexto, as ações da Higiene Ocupacional encontram-se associadas à saúde e à
prevenção de doenças, mediante a antecipação e o reconhecimento dos fatores de risco, dos
estudos epidemiológicos prospectivos e da educação (BS 8800, 1996).
Com relação às práticas envolvendo radiações ionizantes nos serviços de saúde, tem-se
observado o uso crescente dessas radiações em atividades dos setores da medicina e de
pesquisa biomédica, tais como (CNEN-3.05, 1996):
Medicina (incluindo medicina veterinária)
–
Medicina nuclear para fins terapêuticos e de diagnósticos;
–
Radioterapia.
Pesquisa
–
Desenvolvimento e marcação de compostos radio-marcados;
13
–
Estudo de caminhos metabólicos e/ou toxicológicos associados a diversos
compostos, como drogas. O uso de animais pode estar envolvido, resultando
em resíduos consistindo de excretas, carcaças e materiais de forração;
–
Desenvolvimento de processos clínicos e aplicações de compostos preparados
(por exemplo, radiofármacos);
–
Pesquisa básica no campo da biologia em universidades e laboratórios.
O uso de radiação ionizante só se justifica em relação a outras técnicas, quando produz
um benefício líquido positivo para a sociedade. A utilização de radioisótopos nos serviços de
saúde tem possibilitado a realização de diagnósticos mais exatos, terapias mais eficazes, assim
como, tem aberto novos horizontes na área de pesquisa biomédica e veterinária (CNEN-3.01,
2005). A aceitação das aplicações de técnicas nucleares pelo público em geral está associada à
operação segura das instalações radiativas (sem acidentes), bem como à convicção da
existência de solução apropriada para os rejeitos radioativos gerados (CNEN-3.02, 1988).
Para uma instalação obter licença de operação com material radioativo, é exigida a
apresentação de um Plano de Radioproteção – PR, aprovado pela CNEN, que é o órgão
responsável no Brasil pela normalização e controle do uso de fontes de radiação ionizante.
Esse plano deverá conter, entre outros, um Programa de Gerência de Rejeitos Radioativos –
PGRR, onde são descritos a metodologia e os controles administrativos e técnicos que
deverão ser implementados para atender os objetivos da gerência dos rejeitos radioativos
produzidos naquela instalação (CNEN-6.02, 1984).
O PGRR deve ser elaborado pelo prestador dos serviços, em conformidade com os
requisitos do órgão regulamentador, atendendo às necessidades e circunstâncias locais. Os
critérios e requisitos básicos relativos à gerência de rejeitos radioativos provenientes de
instalações radiativas estão estabelecidos na norma CNEN-NE-6.05 “Gerência de Rejeitos
Radioativos em Instalações Radiativas” (CNEN-6.05, 1985). O PGRR de serviços de saúde
deverá conter informações sobre a segregação dos rejeitos na origem, eliminação dos rejeitos,
descrição de tanques de decaimento ou de sistemas de contenção dos rejeitos até o decaimento
e os registros necessários, entre outras (CNEN, 1998).
A gerência de rejeitos pode ser implementada apenas na instalação onde o rejeito foi
produzido. No entanto, em certas circunstâncias, algumas etapas da gerência podem ser
realizadas em instalações centralizadas, como nos institutos da CNEN. No mínimo as etapas
de segregação na origem, caracterização básica e de armazenamento devem ser realizadas na
própria instalação geradora do rejeito.
14
Os estabelecimentos prestadores de serviços de saúde são considerados pequenos
geradores de rejeitos radioativos, quando comparados a outros setores da sociedade que
utilizam a tecnologia nuclear. Por apresentarem em sua maioria radionuclídeos de meia-vida
curta, esses rejeitos devem ser armazenados em local adequado e com segurança até que a
atividade decaia ao nível dos limites de eliminação autorizados ou estabelecidos em norma,
para que possam ser gerenciados como os outros resíduos não-radioativos de serviços de
saúde. Com base nessas particularidades e na legislação atual (CNEN-6.05, 1985), a Figura 1
expressa um fluxograma básico para a gerência de rejeitos radioativos, onde são indicadas as
possíveis rotas para os rejeitos de serviços de saúde. Quais sejam (CNEN-3.03, 1988):
Armazenamento dos rejeitos radioativos de meia-vida curta (inferior a 60 dias,
por exemplo), para decaimento pelas vias convencionais (sistema de coleta de lixo urbano,
esgotos sanitários ou atmosfera), caso sejam classificados como resíduos comuns.
Entrega de rejeitos radioativos de meia-vida longa (superior a 60 dias, por
exemplo) aos institutos da CNEN ou empresas autorizadas, para tratamento e futura
deposição.
Figura 1 - Fluxograma Básico de Gerência de Rejeitos Radioativos
15
Os rejeitos que não podem ser eliminados pelas vias convencionais devem ser
acondicionados em embalagens que estejam de acordo com os requisitos de integridade para
transporte e armazenamento por período longo. A forma de tratamento e destinação final,
qualquer que seja, deve estar explícita no Plano de Radioproteção, para efeito de
licenciamento, salvo as instalações isentas.
Em se tratando de fontes seladas, como aquelas utilizadas em teleterapia, ressalta-se a
necessidade de haver uma cláusula contratual entre o importador e o fornecedor da fonte, para
que fique explícita a responsabilidade do fornecedor em receber a fonte de volta após o
período de uso (IAEA, 1995).
2.2 RADIAÇÕES IONIZANTES: CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS
Radiação é uma forma de energia que se propaga através do espaço como partículas ou
como ondas eletromagnéticas, variáveis, em tempo e espaço, que viajam no ar à mesma
velocidade da luz. Enquanto que, Radioatividade é a propriedade que certos elementos
químicos de elevado peso atômico (tório, rádio, urânio, etc.) têm de emitir espontaneamente
energia e partículas subatômicas (partículas alfa, beta, neutrinos, raios gama) (HELLER,
1996).
Radiações eletromagnéticas ionizantes: são ondas eletromagnéticas de altíssima
freqüência, que possuem grande poder de ionização. Possuem energia suficiente para arrancar
elétrons dos átomos constituintes da matéria, podendo gerar rupturas de ligações moleculares
e conseqüentemente alteração em nível celular (DNA) – ação mutagênica. Entre esse tipo de
radiação estão: α, β, Χ, γ e radiação de nêutrons; que produzem enquanto fenômeno físico, a
ionização da matéria (RING et al., 1993).
As radiações eletromagnéticas ionizantes podem ser classificadas como:
Radiação alfa: esse tipo de radiação está associada à emissão de átomos de hélio em
função de sua massa atômica, pequeno poder de penetração e grande poder de
ionização, ou seja, perda de sua energia. Na exposição humana seus efeitos seriam
observados ao nível do tecido cutâneo (no caso de exposição externa), em casos de
exposição acidental, de maneira a ser introduzido no organismo humano, seja por via
cutânea, ingestão ou inalação. Esse tipo de radiação é mais nociva que as demais
abordadas (METHÉ, 1993).
16
•
Características físicas: a partícula alfa é semelhante ao núcleo de hélio,
emitidas em alta velocidade. É constituída de dois prótons e dois nêutrons,
tendo carga positiva (+2).
•
Alcance: apresentam uma grande quantidade de energia em curtas distâncias e
limitado poder de penetração. Para partículas alfa originadas em decaimento
radioativo, o alcance no ar é cerca de 2cm a 5cm.
•
Blindagem: a maior parte dessas partículas não consegue atravessar mais do
que alguns poucos centímetros de ar, uma folha de papel ou a camada externa
da pele.
•
Danos biológicos: não é considerada capaz de causar dano por irradiação
externa, porque é facilmente atenuada pela camada superficial da pele. Caso
um emissor alfa seja inalado ou ingerido, torna-se uma fonte importante de
exposição interna nos órgãos e tecidos expostos em função de sua alta
toxicidade.
Radiação beta: relaciona-se com elétrons procedentes do núcleo atômico.
•
Características físicas: possui pequena massa e tem carga negativa. A partícula
beta de carga negativa (carga –1) é fisicamente igual a um elétron; a partícula
beta de carga positiva (carga +1) é chamada pósitron.
•
Alcance: depende da energia das partículas beta geradas em decaimentos
radioativos; seu alcance no ar é de até 3m, por apresentar massa da ordem de
1.840 vezes menor que a do próton. O elétron penetra mais facilmente na
matéria em comparação à radiação alfa.
•
Blindagem: a maior parte das partículas beta são blindadas por camadas finas
de plástico, vidro ou alumínio.
•
Danos biológicos: externamente, as partículas beta podem causar danos ao
olho (células do globo ocular) e à pele (células epiteliais) em função de sua
maior penetração no tecido exposto; caso o emissor beta seja inalado ou
ingerido, torna-se uma importante fonte de exposição interna (SZTANYIK,
1993).
17
Radiação gama (γγ) e raios X: são fótons de altíssima energia, e, portanto, de
freqüência elevada. As emissões gama são oriundas do núcleo instável, apresentando
energias maiores que as dos raios X.
•
Características físicas: são ondas eletromagnéticas, ou fótons, e não possuem
massa nem carga. A diferença entre os raios X e os raios gama está na sua
origem: enquanto os raios X são originados por movimento de elétrons entre
orbitais, os raios gama têm origem no núcleo do átomo.
•
Raios X e raios gama podem ionizar diretamente, por interação com elétrons
orbitais, ou indiretamente, por interação com o núcleo, que irá então emitir
radiação capaz de provocar ionização. A radiação por raios X representa a
emissão de fótons de energia, conhecidos como raios X liberados no processo
de desexcitação da eletrosfera. Possuem características semelhantes às dos
raios gama, porém com energias expressas na ordem de keV, enquanto as
radiações do tipo gama são da ordem de MeV.
•
Alcance: como não têm carga ou massa, o poder de penetração é alto e a
atenuação depende da energia. Raios X ou gama, iniciados por decaimento
radioativo, podem avançar por dezenas de metros no ar.
•
Blindagem: os raios X ou gama são, principalmente, fontes da exposição
externa; pode-se observar que causam danos mais profundos no organismo
humano em função do seu poder de penetração. Em relação à quantidade de
radiação emitida, observa-se que a origem da radiação gama é cerca de mil
vezes maior que a radiação X, em função do nível de energia envolvido (PITT;
PITT, 1987).
Radiação de nêutrons (N): essas partículas são um subproduto de muitas reações
nucleares, como, por exemplo, a fissão do urânio 235 (quebra do núcleo do átomo de
urânio). Se forem lentos, com energias cinéticas da ordem de eV, são denominados
térmicos e podem ser capturados pelos núcleos, pois os nêutrons não são repelidos por
esses. Iniciam-se dessa maneira reações nucleares em cadeia. Também são gerados
quando núcleos são bombardeados com partículas energéticas.
•
Os nêutrons rápidos possuem energias cinéticas da ordem de 1 MeV. São
capazes de colidir com vários núcleos e produzir bastante ionização antes de
perder sua energia cinética.
18
•
Características físicas: são ejetados do núcleo dos átomos; têm massa
semelhante à do próton; e são cerca de 1.800 vezes mais pesados que uma
partícula beta. Por causa de sua massa e por terem carga neutra, os nêutrons
geralmente não são capazes de ionizar diretamente ou de interagir com elétrons
orbitais. O que ocorre, usualmente, é a colisão do nêutron com um núcleo.
Uma partícula carregada ou outra radiação pode ser emitida após a colisão,
ionizando átomos vizinhos (SEPR, 1996).
•
Alcance (comprimento de atenuação): por sua massa e ausência de carga, os
nêutrons têm uma habilidade de penetração relativamente alta (podem
atravessar dezenas de metros no ar) e por isso são difíceis de serem blindados
ou detectados. Assim, como a radiação gama, a atenuação de nêutrons depende
da energia que ela possui.
•
Blindagem: os melhores materiais para a blindagem de nêutrons são os que têm
grande quantidade de hidrogênio ou número atômico baixo, como concreto,
terra, água, plástico ou parafina.
•
Danos biológicos: são, principalmente, fontes de exposição externa, devido à
sua capacidade de penetração; nesse caso, apresentam maior dose de radiação
na exposição se comparados com as outras radiações descritas. Das radiações
apresentadas são as que causam maior dano biológico aos órgãos e tecidos dos
seres humanos, podendo ocasionar a morte de células em face de seu poder de
penetração e grande liberação de energia na matéria.
2.3 PROTEÇÃO RADIOLÓGICA
O principal objetivo da Proteção Radiológica é proporcionar um padrão de proteção ao
ser humano sem limitar os benefícios decorrentes da utilização das radiações ionizantes. As
recomendações publicadas pela Comissão Internacional de Proteção Radiológica – ICRP
(ICRP, 1991) servem de subsídio para elaboração das normas e regulamentos emitidos pelos
órgãos nacionais de regulamentação de diversos países. Em relação às instalações radiativas e
nucleares brasileiras, cabe à Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN, emitir normas e
regulamentações pertinentes ao uso de material radioativo e de fontes de radiação ionizante,
assim como, estabelecer as normas de Proteção Radiológica (CNEN-3.01, 2005).
19
Na área médica de radiodiagnóstico, o órgão regulador é o Ministério da Saúde, por
meio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, que estabeleceu as diretrizes básicas de
proteção radiológica em radiodiagnóstico médico e odontológico (MS, 1998).
Os limites de dose, recomendados pela ICRP publicação 60 (ICRP, 1991), são
apresentados na Tabela 1. Estes são os limites internacionalmente aceitos. No Brasil, os
limites anuais de dose individual de trabalhadores e indivíduos do público são estabelecidos
pelas normas atuais, CNEN-NE-3.01 (CNEN-3.01, 2005) e Portaria nº 453 (MS, 1998), que
seguem a ICRP 60.
Tabela 1 - Limites de dose recomendados pela ICRP 60 (ICRP, 1991)
Grandeza
Dose Efetiva
Dose Equivalente no
cristalino
Dose Equivalente nas
Extremidades
Limite de dose ocupacional
20 mSv/ano*
Limite de dose do público
1 mSv/ano
150 mSv/ano
15 mSv/ano
500 mSv/ano
50 mSv/ano
* Valor médio de cinco anos, não podendo ultrapassar 50mSv em um único ano.
O sistema de proteção radiológica está fundamentado nos seguintes princípios básicos:
Princípio da Justificação: nenhuma prática envolvendo exposição à radiação deve
ser adotada, a menos que produza benefício suficiente aos indivíduos expostos ou à
sociedade, de forma a compensar os detrimentos causados pela radiação.
Princípio da Otimização: com relação a qualquer fonte específica dentro de uma
atividade, a magnitude das doses individuais, o número de pessoas expostas e a
probabilidade de ocorrência de exposições, onde não há certeza de que elas ocorram,
devem ser mantidas tão baixas quanto razoavelmente exeqüível (Princípio ALARA),
considerando os fatores econômicos e sociais.
Princípio da Limitação da Dose Individual: a exposição de indivíduos resultante da
combinação de todas as atividades importantes deve estar submetida a limites de doses
ou a algum controle de risco no caso de exposições potenciais.
20
3. FUNDAMENTOS TÉCNICOS E LEGAIS
3.1 EFEITOS BIOLÓGICOS DA RADIAÇÃO
A Comissão Internacional de Proteção Radiológica (ICRP) expressa que os efeitos
biológicos da radiação podem ser agrupados em dois tipos (IAEA, 1994):
Determinísticos
Estocásticos
Os efeitos determinísticos ocorrem quando muitas células em um órgão ou tecido são
inativadas; o efeito será clinicamente observado apenas se a dose de radiação for maior que
um certo limiar. A magnitude desse limiar depende da taxa de dose, isto é, dose por unidade
de tempo cedida ao órgão e do efeito clínico. Com o aumento da dose acima do limiar, a
probabilidade de ocorrência subirá abruptamente para a unidade (100%), ou seja, toda pessoa
exposta apresentará o efeito e a gravidade do mesmo aumentará com a dose.
Já para os efeitos estocásticos, existem boas evidências da biologia celular e molecular
de que o dano da radiação no DNA em uma única célula pode resultar em uma célula
transformada que ainda é capaz de reprodução. Apesar das defesas do corpo, que são
geralmente muito eficazes, existe uma pequena probabilidade de que esse tipo de dano,
promovido pela influência de outros agentes, não necessariamente associados com a radiação,
possa levar a uma condição de malignidade. Como a probabilidade é pequena, isso ocorrerá
apenas em algumas das pessoas expostas. Se o dano inicial for produzido em células
germinativas das gônadas, poderão ocorrer efeitos hereditários. Esses efeitos, somáticos e
hereditários, são chamados de estocásticos (NOGUEIRA, 1984).
Para a ICRP-73 existe evidência suficiente para concluir que os efeitos estocásticos da
radiação podem ocorrer, apesar da probabilidade ser muito pequena com doses muito baixas,
isto é, não existe limiar de dose abaixo do qual não haverá risco (ICRP, 1996). A
probabilidade de efeito estocástico atribuído à radiação aumenta com a dose e é proporcional
à quantidade para baixas doses. Para altas taxas de dose, a probabilidade geralmente aumenta
com a dose mais notadamente do que em uma proporção simples. Em doses ainda mais altas,
perto do limiar do efeito determinístico, a probabilidade aumenta mais lentamente e pode
iniciar ou diminuir por causa do efeito competitivo da morte celular.
21
3.2 HIGIENE OCUPACIONAL E PROTEÇÃO RADIOLÓGICA
Todos os procedimentos de radioproteção devem ser de acordo com o disposto na
norma CNEN-NE-3.01 “Diretrizes Básicas de Radioproteção”. De uma maneira geral, as
doses devidas às radiações ionizantes podem ser reduzidas através de três fatores (CNEN3.01, 2005):
Tempo de Exposição: as doses devidas às radiações ionizantes são
diretamente proporcionais ao tempo que um indivíduo fica exposto a uma fonte de radiação.
Desta forma, toda atividade envolvendo fontes de radiação, deve ser cuidadosamente
planejada de forma a minimizar o tempo gasto na sua execução.
Distância: a dose recebida por exposição a fontes de radiação é inversamente
proporcional ao quadrado da distância entre a fonte e o indivíduo exposto. Isto significa que,
se a distância entre a fonte e a pessoa exposta for duplicada, a dose recebida será quatro vezes
menor, e se a distância for triplicada, a dose será nove vezes menor. É conveniente se
manipular fontes de radiação à distância, através de mecanismos como pinças.
Blindagem: a blindagem deve, obrigatoriamente, fazer parte do projeto de
qualquer instalação onde se pretenda manusear, processar ou armazenar material radioativo.
Em situações que exijam a exposição de pessoas à radiação e não se possa contar com uma
blindagem, devem-se utilizar, da melhor forma possível, os fatores tempo de exposição e
distância.
Quando se manipula ou se está exposto a fontes de radiação não seladas,
principalmente nos estados líquido, gasoso, em forma de pó ou vapores, além do risco de
irradiação de pessoas, existe a possibilidade de contaminação. Esta contaminação pode ser
externa (pele e cabelos) ou interna (através da inalação, ingestão ou absorção pela pele ferida
ou sadia). Para evitar a contaminação, deve-se fazer uso de equipamentos de proteção
individual como aventais, sapatilhas, luvas, máscaras, etc (CNEN-3.05, 1996).
Em instalações radiativas, o Plano de Radioproteção deve conter as seguintes
instruções para o manuseio de radioisótopos (CNEN-3.02, 1988):
Manter os locais onde são manuseados e/ou armazenados materiais radioativos
em perfeitas condições de ordem e higiene.
Manusear somente material radioativo que tenha as menores atividades
possíveis (toxicidade, meia-vida, etc).
22
Não fumar, comer, beber ou aplicar cosméticos nos locais onde forem
manipulados e/ou armazenados radioisótopos ou rejeitos radioativos.
Usar sempre um avental de algodão e de manga comprida. Em casos de haver a
possibilidade de respingos, como durante a limpeza de materiais, deve-se sobrepor um avental
plástico.
Usar sempre o filme dosimétrico, que é pessoal e intransferível. Usar dosímetro
individual de extremidade, durante a operação de diluição em geradores de Tecnécio e
durante o preparo, ensaio e administração de radioisótopos a pacientes.
Forrar todas as superfícies de trabalho com plástico e papel absorvente. Como
também, preparar bandejas metálicas forradas com papel impermeável e absorvente para
todas as manipulações com radioisótopos.
Antes de iniciar o procedimento, selecionar o material a ser utilizado,
dispondo-o de maneira mais conveniente. Tratando-se de um trabalho novo, executá-lo uma
vez sem o material radioativo.
Preparar tantos recipientes para rejeitos, devidamente rotulados e identificados,
quantos forem necessários, de acordo com a segregação definida para a instalação.
Utilizar capelas para manipular materiais voláteis ou pulverizados.
Utilizar meios seguros para o deslocamento de radioisótopos e rejeitos
radioativos.
Reduzir ao máximo o tempo de exposição ao material radioativo.
Usar luvas de borracha ao manusear radioisótopos. Verificar, com freqüência,
se as luvas estão contaminadas. Não tocar com as luvas contaminadas os puxadores de
armários, bancos, aparelhos, monitores, etc. Abrir torneiras com o antebraço ou o dorso da
mão, caso sejam manuais.
Não tocar o rosto ou qualquer parte do corpo, com a luva contaminada. Em
caso de resfriado, usar lenços descartáveis.
Ao terminar os trabalhos, lavar bem as luvas em solução com detergente. E
verificar, com auxílio do monitor de contaminação, se estão devidamente descontaminadas;
caso contrário, segregá-las como rejeito radioativo.
É terminantemente proibido pipetar com a boca ou usar a pipeta para qualquer
outra manobra de transferência.
Para ajustar seringas ou pipetas, usar gaze esterilizada ou pedaços de papel de
filtro forrados com material impermeável.
23
Colocar todo material contaminado nas bandejas previamente preparadas e
devidamente marcadas com os rótulos de material radioativo.
Absorver as soluções radioativas respingadas ou derramadas imediatamente
com algodão ou papel absorvente e verificar o nível de contaminação local.
Armazenar os radioisótopos considerando também os aspectos químicos,
biológicos e farmacêuticos.
Rotular os frascos com soluções de várias doses de radiofármacos e os frascos
com soluções terapêuticas, com nome, atividade e data de recebimento ou de preparo de
radioisótopo.
Manter os radioisótopos e rejeitos radioativos em locais contendo blindagens e
devidamente sinalizados.
Manter atualizado o registro de recebimento de radiofármacos.
Registrar diariamente a atividade das doses utilizadas e a atividade restante no
fim do expediente.
Monitorar, com monitor de contaminação, mãos e roupas, sempre que houver
suspeita de contaminação e ao término da jornada de trabalho.
Monitorar diariamente, com monitor de contaminação, as áreas de preparo e
administração de doses e, quando necessário, descontaminar ou isolar a área.
Monitorar semanalmente as áreas de armazenamento de radioisótopos e de
rejeitos radioativos e, quando necessário, descontaminar ou isolar a área.
As radiações ionizantes são utilizadas, na área de saúde, para fins diagnósticos e
terapêuticos. No ambiente hospitalar, os riscos da radiação ionizante se localizam nas áreas de
radiodiagnóstico e radioterapia, incluindo os centros cirúrgicos e unidades de terapia
intensiva. Vários cuidados e precauções devem ser tomados para evitar a exposição
desnecessária às radiações ionizantes (XAVIER et al., 1998). Sistemas de contenção,
sinalização, orientação e uso de equipamentos de proteção individual específicos de
radioproteção devem ser disponibilizados nos serviços de saúde. No ambiente laboratorial,
também devem ser seguidas as normas de segurança para a manipulação e descarte de
materiais radioativos, sinalização da área de risco, uso de equipamentos de radioproteção e
dosímetros para avaliação periódica (MTE, 2005).
As pessoas envolvidas na administração de doses terapêuticas e/ou na supervisão de
pacientes com doses terapêuticas deverão observar os seguintes preceitos (XAVIER et al.,
1998):
24
Instruir os pacientes internados quanto a procedimentos de radioproteção
necessários, relativos aos rejeitos e ao uso das instalações sanitárias.
Manter papel absorvente e recipiente para rejeitos no quarto com paciente
internado, durante a sua permanência.
Instruir por escrito os eventuais visitantes autorizados quanto aos riscos
envolvidos e quanto a procedimentos de radioproteção.
Instruir por escrito os pacientes a serem liberados quanto a procedimentos de
radioproteção a serem seguidos em sua residência.
Monitorar vestimentas pessoais, roupas de cama e de banho de pacientes
internados que foram submetidos a doses terapêuticas, antes de encaminhá-las à lavanderia.
No caso de presença de contaminação, acondicionar as roupas em sacos plásticos, armazenálas em local com blindagem até que decaiam a níveis aceitáveis e possam ser lavadas.
Após a desocupação do quarto onde for feita a aplicação terapêutica, todos os
materiais que serviram de cobertura para objetos deverão ser removidos e colocados em
recipientes apropriados, forrados com sacos plásticos, segregando-se o material contaminado.
Os recipientes com material contaminado deverão ser transferidos para área de
descontaminação ou de armazenamento de rejeitos.
Em caso de óbito após dose terapêutica, o cadáver deverá ser envolto em
plástico e colocado em caixão que será seguramente lacrado. Caso a taxa de dose a 1 metro do
caixão seja superior a 50µSv/h, não deve haver velório e nem cremação.
3.3 CONTENÇÃO E DESCARTE DE MATERIAL RADIOATIVO
O termo popular empregado para designar o “lixo” radioativo gerado nos reatores
nucleares e nas usinas de reprocessamento de elementos combustíveis queimados é “lixo
atômico”. Contudo, o termo mais adequado e utilizado pela comunidade científica é “rejeito
radioativo”, que abrange todos aqueles materiais que não podem ser reaproveitados e que
contém substâncias radioativas em quantidades tais que não podem ser tratados como lixo
comum (ABNT, 1987).
Genericamente os termos “radioatividade” e “rejeito radioativo” estão associados aos
perigos advindos de usinas nucleares. Entretanto, a radioatividade não é um fenômeno
produzido exclusivamente pela atividade humana. Ela sempre existiu na terra, desde os
primórdios de sua formação, há bilhões de anos.
25
São exemplos de radiações ionizantes as partículas alfa, beta, nêutrons, os raios X e
radiações gama. A Tabela 2 apresenta algumas fontes de radiação ionizante utilizadas em
laboratórios de pesquisa (XAVIER et al., 1998).
Tabela 2 – Principais fontes de radiação ionizante utilizadas em laboratório
Fonte
Radiação
Meia-Vida
Física
Biológica
Radiotoxicidade
Fósforo 32 (32P)
beta
14,29 dias
variável
relativa
Enxofre 35 (35S)
beta
87,9 dias
7 dias
baixa
Trítio 3 (3H)
beta
12,28 anos
10 dias
baixa
Iodo 125 (125I)
gama
60,2 dias
138 dias
alta
Carbono 14 (14C)
beta
5730 anos
0,4 dia
relativa
A dose proveniente de fontes artificiais de radiação representa, em média, 33% do
total de radiação que o ser humano recebe, sendo 30% devido às radiografias e outros exames
médicos e 3% devido aos reatores e outras fontes artificiais de uso industrial. As usinas
nucleares não são as únicas fontes artificiais de radioatividade. Existem diversas aplicações
das radiações que são muito próximas ao cotidiano do homem; por exemplo, a irradiação para
conservação de alimentos, o uso de fontes radioativas para controle de espessura do papel
alumínio de uso doméstico, para a inspeção das soldas nas tubulações de gás encanado, para a
esterilização de material cirúrgico, para exames clínicos no diagnóstico de doenças, para o
tratamento de câncer e muitas outras. Em cada um desses usos das substâncias radioativas,
que tem proporcionado tantos benefícios à humanidade, são gerados rejeitos radioativos
(ABNT, 1993).
A meia-vida física consiste no intervalo de tempo em que metade dos núcleos de uma
amostra radioativa se desintegra, enquanto que a meia-vida biológica é o tempo necessário
para que a metade dos átomos inalados ou ingeridos seja eliminada biologicamente (CNEN3.01, 2005).
O emprego das radiações é regulamentado por normas, que têm como base as
recomendações da Comissão Internacional de Proteção Radiológica (ICRP), que atua desde
1928 (ICRP, 1996).
No Brasil, o órgão com a responsabilidade de controlar a utilização de materiais
nucleares e fontes de radiação é a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Desta
26
forma, todas as instituições que utilizam as radiações ionizantes para quaisquer fins, devem
cumprir as normas expedidas pela CNEN.
3.3.1 Procedimentos básicos para utilização de material radioativo
O serviço de saúde deve possuir autorização para a utilização de fontes radioativas
fornecidas pela CNEN.
O serviço deve possuir certificado de qualificação dos supervisores de
radioproteção, expedido pela CNEN.
O serviço também deve contar com a assessoria de profissionais qualificados que
participem da prevenção de acidentes.
3.3.2 Infra-estrutura do serviço de saúde
Deve possuir assoalho plano e liso, sendo este constituído por materiais que sejam
facilmente descontaminados.
As paredes devem ser lisas e pintadas com tinta de fácil lavagem.
3.3.3 Proteção individual
Utilizar sempre avental fechado e luvas descartáveis.
Empregar blindagens, isto é, manipular as fontes radioativas em câmaras ou
capelas e utilizar telas apropriadas.
O tempo de exposição às radiações deve ser o menor possível.
Trabalhar o mais distante possível da fonte de radiação.
Delimitar as superfícies de trabalho e os locais de armazenamento das fontes com
marcação específica.
Identificar os materiais com etiquetas.
Confinar os materiais dentro de bandejas cobertas com papel absorvente, durante a
manipulação.
Não manipular material radioativo sobre papel alumínio, que é gerador de
aerossóis.
Utilizar dosímetros individuais a fim de controlar a exposição.
27
3.3.4 Rejeitos radioativos
O rejeito radioativo constitui uma fonte de radiação ionizante, tendo em vista que, é
qualquer material resultante de atividades humanas que emite radiação e cuja reutilização é
imprópria ou não prevista.
Os rejeitos devem ser separados fisicamente de quaisquer outros materiais. A
separação dos mesmos deve ser realizada no mesmo local em que foram produzidos, devendo
ainda estes serem acondicionados em recipientes adequados. Os recipientes para
armazenamento dos rejeitos devem possuir vedação adequada e ter seus conteúdos
identificados (CNEN-6.05, 1985).
Os rejeitos não devem ser armazenados no laboratório, mas sim em um local
previamente adaptado para tanto e que possua um sistema de vedação que não permita a
liberação do material radioativo para o meio ambiente, disponha de monitoração de área e que
se localize distante de áreas normais de trabalho. Deve também possuir sistemas de
ventilação, exaustão e filtragem.
Qualquer tratamento de rejeitos radioativos está sujeito à aprovação da CNEN. Após o
tempo de decaimento dos radioisótopos, os rejeitos podem ser eliminados como lixo
ordinário, com a condição de não apresentar qualquer indício de radioatividade.
Em casos de acidentes envolvendo material radioativo, os seguintes procedimentos
devem ser seguidos:
Notificar imediatamente o responsável pelo serviço de saúde, que deverá ser capaz de
avaliar se outros órgãos competentes deverão ser acionados.
Contusões, como cortes e queimaduras, devem ser tratadas primeiro que as
descontaminações, com a intenção de reduzir as vias de acesso do material radioativo
para o interior do corpo.
O local do acidente deve ser isolado.
Efetuar a descontaminação sempre acompanhado de outras pessoas.
3.3.4.1 Cálculo do decaimento
Para que determinado rejeito possa ser descartado pelas vias convencionais é
necessário que sua atividade não supere os limites de eliminação. Para os rejeitos contendo
emissores de meia-vida curta, os limites de eliminação podem ser alcançados após períodos
de armazenamento relativamente curtos. Nesses casos, deve-se realizar um estudo simples de
28
decaimento para cada um dos radioisótopos de forma que, partindo da atividade inicial e do
período de semidesintegração, seja obtido o tempo necessário para não superar os limites de
eliminação (IAEA, 1998).
Três metodologias podem ser utilizadas para verificar se a concentração da atividade
ou a atividade específica do rejeito está em conformidade com os respectivos níveis de
referência estabelecidos em norma (CNEN-6.05, 1985):
Por meio de hipóteses conservativas, isto é, supondo a atividade remanescente
(adsorvida) em frascos, seringas, vidros e outros recipientes, igual a 2% da atividade
inicial contida nos mesmos.
Por meio da taxa de exposição na superfície de determinados volumes conhecidos, em
função da densidade do rejeito e da atividade existente.
Por meio da medida da contaminação de superfície.
3.3.4.2 Limites de eliminação dos rejeitos radioativos
Os limites para eliminação de rejeitos radioativos sólidos, líquidos e gasosos estão
estabelecidos na norma CNEN-NE-6.05, conforme descrição a seguir:
Rejeitos Sólidos
•
O limite de eliminação para rejeitos sólidos é de 75 Bq/g (2nCi/g), para
qualquer radionuclídeo.
•
Outra opção para eliminação de rejeitos sólidos através do sistema de coleta de
lixo urbano é pautar-se nos limites máximos de contaminação de superfícies
em áreas livres, estabelecidos na norma CNEN-NE-3.01.
Rejeitos Líquidos
A eliminação de rejeitos líquidos na rede de esgotos sanitários está sujeita aos
seguintes requisitos:
•
O rejeito deve ser prontamente solúvel ou de fácil dispersão em água;
•
A quantidade de cada radionuclídeo liberada diariamente pela instalação, na
rede de esgotos sanitários, não deve exceder o maior dos valores especificados
pela legislação específica (CNEN-6.05, 1985);
29
• A quantidade de cada radionuclídeo liberada mensalmente, quando diluída pelo
volume médio mensal de esgoto expelido pela instalação, deve ter
concentração inferior aos limites especificados na norma CNEN-NE-6.05;
• A quantidade anual total de radionuclídeos, excluindo o 3H e o 14C, liberada na
rede de esgoto sanitário, não deve exceder 3,7x1010 Bq (1Ci);
• A quantidade anual de 3H e 14C, liberada na rede de esgoto sanitário, não deve
exceder 18,5x1010 Bq (5Ci) e 3,7x1010 Bq (1Ci), respectivamente;
• Para uma mistura conhecida de radionuclídeos, a concentração média,
considerando a diluição no volume médio diário de esgoto liberado pela
instalação, não deve exceder a 15 Bq/l;
• Se a identidade e a concentração de cada radionuclídeo na mistura forem
conhecidas, os valores limites devem ser deduzidos do seguinte modo:
determinar, para cada radionuclídeo na mistura, a razão entre a quantidade
presente na mistura e o limite estabelecido na norma CNEN-NE-6.05, para o
mesmo radionuclídeo. A soma de tais razões, para todos os radionuclídeos na
mistura, não deve ser superior a 1 (uma unidade).
Rejeitos Gasosos
•
A eliminação de rejeitos gasosos na atmosfera deve ser realizada em
concentrações inferiores às especificadas na norma CNEN-NE-6.05, mediante
prévia autorização da CNEN.
Excretas
A eliminação de excretas de pacientes submetidos à terapia radioisotópica deve ser
feita de acordo com instruções específicas estabelecidas pela CNEN (CNEN-3.05, 1996).
3.4 NORMA REGULAMENTADORA 32
Em constante exposição aos mais variados riscos e situações, o serviço de saúde
brasileiro ganhou um aliado, a Norma Regulamentadora 32 (Segurança e Saúde no Trabalho
em Estabelecimentos de Saúde). Com essa norma, acidentes com perfurocortantes, contatos
com os quimioterápicos antineoplásicos (medicamentos que auxiliam principalmente no
tratamento do câncer), exposição à radiação ionizante, mau gerenciamento dos resíduos
produzidos pelos serviços de saúde, assim como, falta de treinamento e capacitação
30
continuada, terão que passar por uma reestruturação. A NR-32 não abrange apenas os
hospitais, mas todos os estabelecimentos destinados à promoção e assistência à saúde em
geral (MTE, 2005).
Os profissionais que atuam nos ambientes de risco expostos à radiação ionizante
pertencem aos setores de radiologia, medicina nuclear, radioterapia, bloco cirúrgico. A NR-32
trata das responsabilidades do titular de uma instalação e do supervisor de proteção
radiológica ou mesmo do trabalhador, de forma equilibrada. Também define os organismos de
representação do trabalhador na instalação, por exemplo, a Comissão Interna de Prevenção de
Acidentes (CIPA) como elemento essencial na concepção e operacionalização do Plano de
Radioproteção. A respectiva norma chama a atenção para os resíduos radioativos gerados nas
instalações, exigindo sua segregação em função do estado físico, tipo de radiação, taxa de
exposição e meia-vida física, devendo ser tratados conforme disposto na Resolução CNENNE-6.05 “Gerência de Rejeitos Radioativos em Instalações Radiativas”.
Outro aspecto importante da NR-32 é a incorporação definitiva no PPR (Plano de
Proteção Radiológica) de uma instalação, da categoria de “trabalhadores” para
“ocupacionalmente expostos” como aqueles ligados às atividades de limpeza e manutenção
que, muitas vezes, por exigência do trabalho são impelidos a atuar junto às fontes de radiação,
porém nunca tinham sido considerados por normas de segurança e de radioproteção.
Num contexto geral, a norma enfoca a necessidade de serem mantidos, por um período
definido, os registros de dose, treinamento e capacitação recebida, mesmo após o trabalhador
ter encerrado sua atividade com radiação ionizante. Também reforça sobre a importância de
dar ciência ao profissional sobre os resultados de dose e exames relativos às exposições
rotineiras ou às situações de emergência. Dentre os geradores de radiação podem ser citados
os tubos de raios X, os aceleradores de partículas, os irradiadores com radioisótopos. Muito
utilizados na área da saúde, os mais conhecidos são a bomba de Cobalto-60, empregada em
teleterapia, as fontes gama para braquiterapia e aplicadores dermatológicos e oftalmológicos
com emissores de radiação beta (XAVIER et al., 1998).
Em referência aos equipamentos de proteção individual, além dos clássicos como
luvas, aventais, óculos e máscaras especiais, a norma prevê o uso de equipamentos de
monitoração de área e de contaminação superficial, canetas dosimétricas, filmes ou TLD,
desde que tenham sua calibração rastreada (MTE, 2005).
Quanto aos acidentes radiológicos são caracterizados por campo de radiação onde
ocorreu uma liberação não intencional e não controlada de material radioativo, envolvendo
exposição ou contaminação de seres humanos e do meio ambiente, que podem causar graves
31
danos à saúde e mesmo mortes. A literatura e agências oficiais registram diferentes tipos de
acidentes radiológicos envolvendo trabalhadores e a população. Eles têm origem em
irradiações externas, de corpo inteiro ou localizada, e em contaminações externas e internas
devido à inalação, injeção, ingestão e absorção pela pele ou por ferimentos. Qualquer uma
dessas vias de exposição ou contaminação pode se dar com radiações alfa, beta ou gama
podendo ocorrer em hospitais, em serviços de medicina nuclear ou em salas de radioterapia. A
maioria dos acidentes relatados atinge mais o público que propriamente trabalhadores, numa
proporção de três para um em termos de fatalidade. A exposição humana à radiação pode
ocorrer de maneira periódica ou rotineira para trabalhadores em presença ou que fazem uso de
fontes radioativas em determinada instalação. Pode também ocorrer em exposições únicas
para o caso de pacientes submetidos a exames radiológicos (ex. tomografia) ou exposição
fracionada, para tratamento radioterápico (CNEN-3.05, 1996).
O trabalhador sujeito às radiações ionizantes deve dispor de procedimentos técnicos
adequados de forma a exercer suas tarefas, garantindo sua segurança contra exposições
desnecessárias ou acidentais. Assim, além de usar rotineiramente artefatos como colimadores
(dispositivos que permitem controlar o feixe de radiação), aventais, labirintos (paredes
interpostas para dificultar o acesso à fonte de radiação), é importante contar com um outro
fator de otimização da segurança: a blindagem das fontes de radiação (CNEN-3.01, 2005).
Em se tratando de doença do organismo que sofre exposição ou contaminação pode ser
definida pela relação entre o efeito biológico produzido no organismo e a capacidade de
reparação do mesmo, de acordo com a sua potencialidade de defesa. Quando a quantidade ou
intensidade de um efeito produzido no organismo ou o funcionamento de um órgão começa a
se desequilibrar, aparecem os sintomas clínicos. Como conseqüência, é fato que o surgimento
de um tumor cancerígeno radioinduzido pode aparecer após alguns anos decorridos da
irradiação (efeito tardio). Ao passo que queimaduras na pele, originárias de manipulação de
fontes em situação de acidentes, surgem após algumas horas (efeitos imediatos). Como
também, podem ser citados alguns efeitos orgânicos na forma de doenças, tais como, a
presença de radiodermites, catarata, leucemia e câncer. Além disso, os possíveis efeitos
genéticos devem ser considerados (NOGUEIRA, 1984).
3.5 GERÊNCIA DE REJEITOS RADIOATIVOS EM SERVIÇOS DE SAÚDE
Nos estabelecimentos prestadores de serviços de saúde são produzidos rejeitos
radioativos resultantes do uso de substâncias radioativas não-seladas para fins terapêuticos, de
32
diagnóstico e pesquisa. Sua geração deve-se tanto à realização de trabalhos de laboratórios e
às tarefas de limpeza de materiais e de áreas de trabalho, como a situações de incidentes, tais
como, derramamento de vômitos de pacientes tratados com radioisótopos. Os radionuclídeos
utilizados são, em geral, emissores beta-puro ou beta/gama de meia-vida curta e representam
baixo risco quando manuseados adequadamente. Ocasionalmente, esses estabelecimentos
descartam fontes seladas como rejeito radioativo.
Os rejeitos radioativos de serviços de saúde podem apresentar características que
possibilitam a sua liberação do controle regulatório, imediatamente após um período de
decaimento, que poderá variar de alguns dias a alguns anos. A liberação do controle
regulatório com posterior eliminação pelas vias convencionais é permitida dentro de
condições e limites estabelecidos pela CNEN (CNEN-3.01, 2005).
Sempre que a liberação do controle regulatório não for possível, deve-se considerar a
possibilidade de retornar o rejeito ao fabricante/fornecedor da fonte. Isto é de particular
importância para o caso de fontes seladas potentes e daquelas contendo radionuclídeos de
meia-vida superior a 30 anos. Geradores de Tecnécio também devem retornar aos seus
fornecedores.
Os rejeitos que não são passíveis de liberação do controle regulatório e que não podem
retornar aos seus fabricantes/fornecedores deverão ser entregues aos institutos da CNEN ou a
empresas autorizadas pela CNEN, para tratamento, armazenamento e deposição.
Os rejeitos radioativos segregados na origem de acordo com a sua natureza física,
química, biológica e radiológica devem ser colocados em recipientes apropriados, etiquetados,
datados e armazenados para futura eliminação ou encaminhamento para a CNEN (CNEN6.05, 1985).
Como forma de garantir o gerenciamento seguro e eficaz dos rejeitos radioativos é
necessário implementar uma estratégia cuidadosamente planejada, particularmente antes da
geração dos rejeitos, levando-se em consideração os seus riscos potenciais radiológicos,
químicos e biológicos.
Cada estabelecimento gerador de rejeitos radioativos deve possuir capacidade técnica
para coletar, caracterizar e segregar os rejeitos, bem como armazená-los para decaimento.
Além disso, deve ser capaz de realizar verificações que garantam que os rejeitos a serem
liberados do controle regulatório e eliminados estejam em conformidade com os limites de
eliminação estabelecidos em normas vigentes (CNEN-3.02, 1988).
Os estabelecimentos deverão possuir um profissional de radioproteção devidamente
qualificado para o exercício de suas funções, que será responsável pelo uso seguro das
33
substâncias radioativas, pela gerência dos rejeitos radioativos produzidos e por manter os
registros. Instrumentação adequadamente calibrada para a monitoração das taxas de dose e de
contaminação deverá estar disponível. Um sistema de registro apropriado para assegurar o
rastreamento dos rejeitos radioativos transferidos ou eliminados localmente deve ser
estabelecido e mantido atualizado (CNEN-3.03, 1988).
Institutos da CNEN que recebem Rejeitos Radioativos
• Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN/CNEN–MG);
• Instituto de Engenharia Nuclear (IEN/CNEN–RJ);
• Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN/CNEN–SP).
Procedimentos de Gerência de Rejeitos Radioativos (CNEN-6.05, 1985)
a. selecionar os recipientes/embalagens de coleta apropriados para cada tipo de
rejeito caracterizado;
b. identificar cada um dos recipientes/embalagens, indicando o radioisótopo que
irá conter;
c. sinalizar os recipientes/embalagens com o símbolo internacional de presença
de radiação;
d. fechar, selar e etiquetar as embalagens quando as mesmas atingirem 2/3 de sua
capacidade. A etiqueta deverá conter informações sobre os radioisótopos
presentes e as atividades dos mesmos.
e. transferir as embalagens para o local de armazenamento, destinado ao
decaimento radioativo. Tal local deverá ter a blindagem necessária para
garantir que os limites de doses não sejam superados nas áreas adjacentes;
f. medir a taxa de dose e contaminação no local de armazenamento e áreas
adjacentes;
g. manter os rejeitos no local de armazenamento durante o tempo necessário para
que a atividade decaia a níveis de eliminação. Na prática, calcular o tempo que
levará para decair 10 meias-vidas do radioisótopo;
h. decorrido o tempo de decaimento, medir a atividade do rejeito para certificar-se
se o mesmo encontra-se abaixo do limite de eliminação;
34
i. alcançado o limite de eliminação, remover qualquer etiqueta e o símbolo ou
indicativo de material radioativo;
j. os rejeitos que estiverem abaixo do limite de eliminação, e não apresentarem
outro tipo de risco associado, dar o mesmo destino que os resíduos comuns do
estabelecimento;
k. o descarte dos rejeitos que estão abaixo do limite de eliminação, mas
apresentam outros riscos associados, deverá ser feito procedimento segundo
metodologia específica para cada tipo de resíduo (biológicos, químicos, etc),
obedecendo sempre os princípios de segurança ocupacional, de saúde pública e
do meio ambiente;
l. materiais ou equipamentos ainda úteis, devem ser descontaminados para
reutilização ou reciclagem, tendo-se sempre o cuidado de procurar reduzir ao
máximo o volume de rejeitos radioativos gerados.
3.5.1 Considerações gerais
As responsabilidades de todos os envolvidos (setores, trabalhadores, etc) na gerência
de rejeitos radioativos de uma instalação devem estar claramente definidas e documentadas
(CNEN-6.05, 1985).
É de responsabilidade da Direção do estabelecimento prestador de serviços de saúde:
Estabelecer e submeter à autoridade competente um Programa de Gerência de Rejeitos
(PGRR) para sua instalação.
Manter um supervisor de radioproteção, devidamente qualificado e capacitado nas
atividades próximas à gerência.
Estimular e viabilizar a capacitação e a reciclagem dos profissionais do
estabelecimento envolvidos na gerência.
Manter à disposição das autoridades competentes todos os registros sobre os rejeitos e
as instruções e procedimentos técnico-administrativos próximas à gerência.
Prover recursos financeiros e humanos necessários à gerência.
Constituem obrigações básicas do responsável técnico pela gerência de rejeitos
radioativos da instalação:
35
Elaborar o PGRR, que é parte integrante do plano de radioproteção da instalação.
Implementar e fazer cumprir o PGRR aprovado para a instalação.
Assessorar e informar à direção do estabelecimento sobre todos os assuntos relativos à
gerência.
Capacitar, reciclar e orientar os profissionais envolvidos na gerência.
Para o desenvolvimento das atividades de gerência de rejeitos radioativos de uma
instalação, deve-se dispor, além do supervisor de radioproteção, de um número apropriado de
técnicos de nível superior e/ou médio e por auxiliares devidamente qualificados e capacitados
para o exercício de suas funções (CNEN-6.02, 1984).
Em função das necessidades previstas no PGRR, o estabelecimento deve ser provido
ainda de todas as instalações e equipamentos para que as atividades de gerência de rejeitos
radioativos sejam realizadas de forma segura e eficaz.
O PGRR deve conter, no mínimo, as seguintes informações:
Identificação da instalação e de sua direção.
Descrição da equipe, instalação, processos e equipamentos especializados.
Descrição das atividades geradoras de rejeitos radioativos.
Descrição e localização dos pontos de geração de rejeitos radioativos na instalação.
Descrição das características dos rejeitos radioativos e de seus correspondentes
sistemas de controle na origem.
Descrição dos procedimentos operacionais e administrativos relativos à gerência.
Identificação da destinação final dos rejeitos.
Programa de capacitação dos trabalhadores.
Descrição do sistema de registros para controle e manutenção do inventário de rejeitos
radioativos atualizado.
3.5.2 Minimização da geração de rejeitos radioativos
Um dos princípios fundamentais da gerência de rejeitos é que sua geração deve ser
mantida a níveis mínimos praticáveis em termos de atividade e volume, pois além de
minimizar os efeitos danosos da radiação, há redução dos custos para o seu gerenciamento.
36
A minimização da geração de rejeitos radioativos em serviços de saúde pode ser
alcançada através de projetos e de práticas adequadas, incluindo a seleção e controle de
materiais, a reciclagem/reutilização e a implementação de procedimentos operacionais
apropriados. Ênfase deve ser dada na segregação dos diferentes tipos de rejeitos e materiais
para reduzir o volume e facilitar a gerência (CNEN-6.05, 1985).
Instruções para a minimização da geração de rejeitos:
a. planejar os trabalhos com material radioativo, o que envolve a elaboração de
procedimentos. Para isso, devem-se conhecer exatamente os trabalhos a serem
executados, os possíveis incidentes no curso dos mesmos (derramamentos, por
exemplo), as medidas para descontaminação e as formas de atuação para minimizar a
geração de rejeito;
b. informar e capacitar o trabalhador para os trabalhos que irá realizar;
c. controlar efetivamente o material radioativo existente, em todas as etapas pelas quais
passa: aquisição, recepção, distribuição, uso e eliminação;
d. manusear com cuidado o material radioativo, para evitar a ocorrência de incidentes
como derramamentos, minimizando a dispersão da contaminação e a quantidade de
rejeitos gerados como conseqüência das tarefas de descontaminação e de limpeza;
e. segregar os rejeitos na origem. A separação dos materiais com conteúdo radioativo
daqueles sabidamente inativos é de fundamental importância para reduzir a geração de
rejeitos radioativos;
f. racionalizar o consumo de papéis utilizados na limpeza e na forração de bancadas e
monitorar os materiais de forração, descartando como rejeito radioativo apenas as
partes efetivamente contaminadas;
g. minimizar o volume de soluções utilizadas na limpeza de materiais e áreas
contaminadas;
h. substituir os solventes perigosos por outros de menor periculosidade, onde for
tecnicamente praticável;
i. usar, sempre que possível, líquidos de cintilação biodegradáveis em substituição aos
coquetéis de cintilação à base de solventes orgânicos tóxicos (tolueno, xileno);
j. para os rejeitos biológicos, otimizar a atividade administrativa e considerar a
substituição de radionuclídeos;
k. evitar, sempre que possível, o uso de isótopos de meia-vida longa;
37
l. evitar a geração de rejeitos mistos (mistura de rejeitos químicos, radioativos e
biológicos/infectantes).
3.5.3 Classificação dos rejeitos radioativos
A classificação consiste no agrupamento dos rejeitos em classes, em função dos riscos
potenciais ao meio ambiente e à saúde pública.
A classificação tem como objetivos principais: conhecer as especificidades dos
rejeitos; possibilitar a implementação da segregação dos rejeitos na origem visando os
processos/instalações disponíveis para tratamento e as possíveis vias de eliminação e de
disposição final; facilitar a comunicação entre os diversos setores envolvidos na gerência dos
rejeitos (CNEN-6.05, 1985).
Não existe uma classificação universal para os rejeitos radioativos. De acordo com a
norma CNEN-NE-6.05, os rejeitos radioativos são classificados em categorias segundo o
estado físico (sólidos, líquidos, gasosos); a natureza da radiação que emite (rejeitos contendo
emissores beta e/ou gama e rejeitos contendo emissores alfa); a concentração de atividade e
taxa de exposição na superfície dos rejeitos (rejeitos de baixo, médio ou alto nível de
radiação), conforme especificado nos itens 3.5.3.1 e 3.5.3.2.
3.5.3.1 Rejeitos com emissores beta / gama
a.
Rejeitos Líquidos
Os rejeitos líquidos contendo emissores beta e/ou gama, e nos quais os eventuais
emissores alfa tenham concentração total inferior a 3,7×108 Bq/m3 (10-2Ci/m3), são
classificados nas seguintes categorias, de acordo com os níveis de concentração (Tabela 3).
Tabela 3 – Classificação dos rejeitos líquidos com emissores beta/gama
Categoria
baixo nível de radiação (LBN)
médio nível de radiação (LMN)
alto nível de radiação (LAN)
Concentração (C)
(Bq/m )
(Ci/m3)
C ≤ 3,7×1010
C≤1
10
13
3,7×10 < C ≤ 3,7×10
1 < C ≤ 103
C > 103
C > 3,7×1013
3
38
b.
Rejeitos Sólidos
Os rejeitos sólidos contendo emissores beta e/ou gama, e nos quais os eventuais
emissores alfa tenham concentração total inferior a 3,7×108 Bq/m3 (10-2Ci/m3), são
classificados nas seguintes categorias, de acordo com a taxa de exposição na superfície do
rejeito (Tabela 4).
Tabela 4 – Classificação dos rejeitos sólidos com emissores beta/gama
Categoria
baixo nível de radiação (SBN)
médio nível de radiação(SMN)
alto nível de radiação (SAN)
c.
Taxa de Exposição (Χ
Χ) na Superfície
(R/h)
(µ
µC/Kg.h)
Χ ≤ 50
Χ ≤ 0,2
0,2 < Χ ≤ 2
50 < Χ ≤ 500
Χ > 500
Χ>2
Rejeitos Gasosos
Os rejeitos gasosos são classificados nas seguintes categorias, de acordo com os níveis
de concentração (Tabela 5).
Tabela 5 – Classificação dos rejeitos gasosos com emissores beta/gama
Categoria
baixo nível de radiação (GBN)
médio nível de radiação (GMN)
alto nível de radiação (GAN)
Concentração (C)
(Bq/m )
(Ci/m3)
C ≤ 3,7
C ≤ 10-10
4
-10
3,7 < C ≤ 3,7×10
10 < C ≤ 10-6
C > 3,7×104
C > 10-6
3
3.5.3.2 Rejeitos com emissores alfa
a.
Rejeitos Líquidos
Os rejeitos líquidos contendo emissores alfa, em concentrações superiores a 3,7×108
Bq/m3 (10-2Ci/m3), são classificados nas seguintes categorias, de acordo com os níveis de
concentração (Tabela 6).
39
Tabela 6 – Classificação dos rejeitos líquidos com emissores alfa
Categoria
alfa de baixo nível de radiação (LαBN)
alfa de médio nível de radiação (LαMN)
alfa de alto nível de radiação (LαNA)
b.
Concentração (C)
(Bq/m3)
(Ci/m3)
3,7×108 < C ≤ 3,7×1010
10-2 < C ≤ 1
3,7×1010 < C ≤ 3,7×1013
1 < C ≤ 103
13
C > 3,7×10
C > 103
Rejeitos Sólidos
Os rejeitos sólidos contendo emissores alfa, em concentrações superiores a 3,7×108
Bq/m3 (10-2 Ci/m3), são classificados nas seguintes categorias, de acordo com os níveis de
concentração (Tabela 7).
Tabela 7 – Classificação dos rejeitos sólidos com emissores alfa
Categoria
alfa de baixo nível de radiação (SαBN)
alfa de médio nível de radiação (SαMN)
alfa de alto nível de radiação (SαNA)
Concentração (C)
(Bq/m3)
(Ci/m3)
3,7×108 < C ≤ 3,7×1011
10-2 < C ≤ 10
3,7×1011 < C ≤ 3,7×1013
10 < C ≤ 103
C > 3,7×1013
C > 103
3.6 PROCEDIMENTOS DE EMERGÊNCIA
O plano de radioproteção deverá conter procedimentos para atuação em situações de
emergência radiológica, onde estarão identificadas as situações potenciais de acidente e a
avaliação das mesmas. Instruções e procedimentos visando minimizar ou eliminar as
conseqüências destas situações deverão estar afixados próximos a todos os locais de trabalho
com fontes radioativas.
Na execução de operações de rotina, pode haver dispersão de material radioativo,
resultando em contaminação de pessoas ou de equipamentos e áreas. A ação correta tomada
durante tais incidentes pode impedir tanto a exposição desnecessária do pessoal, como a
dispersão da contaminação (CNEN-3.02, 1988).
Em geral as seguintes precauções devem ser tomadas para limitar a dispersão da
contaminação radioativa:
Limitar acesso à área contaminada.
40
Desligar o sistema de ventilação, se possível.
Impedir a dispersão de contaminantes líquidos e na forma de pós.
Nos casos de lesões sérias, a atenção médica é prioritária, em relação aos aspectos
radiológicos. Nesses casos deve-se:
Solicitar a presença de paramédicos e comunicar, imediatamente, ao responsável pelo
setor ou serviço de radioproteção, ou sua alternativa, de que se trata de uma
emergência envolvendo também radiação ionizante. Informar aos paramédicos da
possibilidade de contaminação radioativa.
Determinar e registrar o radionuclídeo, a atividade envolvida e a forma química.
Seguir as etapas descritas nos itens 3.6.1 e 3.6.2, para derramamento significativo ou
de menor importância respectivamente, conforme apropriado.
3.6.1 Derramamento significativo
Um derramamento é considerado significativo se ele resulta em qualquer dos
seguintes aspectos (CNEN-6.05, 1985):
Exposição à radiação interna de pessoal (inalação/ingestão de material radioativo).
Excessiva exposição à radiação externa ou contaminação de pessoal.
Contaminação de grandes áreas.
Considerável atraso no trabalho.
Instruções de emergência no caso de derramamento significativo
a. notificar o pessoal não envolvido no derramamento para evacuar o local. Impedir
que outras pessoas entrem na área contaminada;
b. monitorar o pessoal quanto à contaminação;
c. remover roupas contaminadas. Se a pele estiver contaminada, lavar com água e com
sabão neutro;
d. controlar o movimento de todo o pessoal potencialmente contaminado para evitar
posterior dispersão de contaminação;
e. cobrir o líquido derramado com papel absorvente. Umedecer pós-secos, tendo o
cuidado para não espalhar a contaminação. Usar óleo se o material for reativo com
água. Não tentar limpar o derramamento;
41
f. notificar o serviço de radioproteção ou similar. Notificar também o responsável pela
área ou o pesquisador principal;
g. desligar ventiladores ou sistema de ventilação que possam espalhar vapores e pós,
sempre que possível;
h. determinar e registrar o radionuclídeo e respectiva atividade, a forma química e os
nomes das pessoas envolvidas;
i. apoiar o serviço de radioproteção nas atividades de avaliação e descontaminação.
3.6.2 Derramamento de menor importância
Geralmente, o derramamento pode ser considerado de menor importância se ele
contamina pequenas áreas ou equipamentos, e resulta em (CNEN-6.05,1985):
Nenhuma contaminação externa ou interna de pessoas.
Nenhuma excessiva exposição à radiação externa de pessoas.
Nenhum atraso sério no trabalho.
Instruções de emergência no caso de derramamento de menor importância
a. notificar o pessoal da área sobre a ocorrência do derramamento;
b. monitorar o pessoal que deixar a área e remover qualquer roupa contaminada;
c. cobrir os líquidos derramados com papel absorvente. Umedecer pós-secos, tendo o
cuidado para não espalhar a contaminação. Usar óleo se o material for reativo com
água;
d. chamar o serviço de radioproteção caso necessite;
e. planejar o procedimento de descontaminação antes de sua utilização. Após a
descontaminação, efetuar a monitorização de todas as áreas ao redor do
derramamento e de todo o pessoal, inclusive pés e mãos, com relação à
contaminação superficial.
42
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 ETAPAS DA GERÊNCIA DE REJEITOS RADIOATIVOS
Visando assegurar a proteção da saúde humana e do meio ambiente contra os possíveis
danos associados à radiação ionizante inerentes aos rejeitos radioativos e reduzir os custos que
possam advir de sua geração, faz-se necessário implementar o gerenciamento integrado desses
rejeitos. A gerência de rejeitos radioativos é composta por etapas sucessivas, abrangendo
desde a geração até a deposição (disposição final) dos rejeitos, conforme fluxograma
apresentado na Figura 2 (XAVIER et al., 1998).
Figura 2 - Fluxograma Simplificado da Gerência de Rejeitos Radioativos
43
As etapas da gerência dos rejeitos gerados nos estabelecimentos prestadores de
serviços de saúde são apresentadas na Figura 3 (XAVIER et al., 1998).
Figura 3 - Fluxograma de Gerência de Rejeitos Radioativos em Serviços de Saúde
44
Considerando as peculiaridades dos rejeitos. Ressalta-se que, após o ato de entrega dos
mesmos à CNEN, toda a responsabilidade pelas etapas subseqüentes da gerência fica
transferida a esta entidade (XAVIER et al., 1998).
Algumas atividades de gerência dos rejeitos podem ser delegadas a outras instalações
ou empresas autorizadas pela CNEN, para execução desses serviços. Em qualquer caso, a
responsabilidade final pelo rejeito cabe à direção da instalação geradora do rejeito. A
responsabilidade pela deposição dos rejeitos radioativos está estabelecida em legislação
vigente (CNEN-6.05, 1985).
São etapas da gerência a serem realizadas pelos estabelecimentos prestadores de
serviços de saúde (MTE, 2005):
Segregação na origem.
Acondicionamento.
Pré-tratamento.
Caracterização primária e identificação.
Eliminação.
Coleta e transporte interno.
Armazenamento.
Registros e manutenção de inventário.
Transporte externo.
Entrega a um dos institutos da CNEN ou a empresas autorizadas.
Para a gerência segura de fontes seladas as seguintes atividades devem ser realizadas:
Identificação.
Coleta e transporte interno.
Armazenamento.
Registros e inventário.
Transporte externo.
Retorno ao fabricante, transferência a outro usuário, caso seja autorizada pela
autoridade competente, ou entrega a um dos institutos da CNEN.
45
A Figura 4 apresenta uma síntese das etapas a serem seguidas para o gerenciamento
seguro dos rejeitos radioativos (XAVIER et al., 1998).
Figura 4 - Estratégia para a Gerência de Rejeitos Radioativos
A prática preferível é retornar a fonte ao fabricante ou enviá-la a outra organização
para uso posterior. Os novos contratos para aquisição de fontes seladas devem conter uma
cláusula de retorno das fontes aos respectivos fabricantes, caso as mesmas estejam gastas. No
46
caso de fontes antigas fora de uso, restrições econômicas dificultam o retorno dessas fontes
aos fabricantes, pois os custos de transporte são muitas vezes consideráveis e proibitivos.
Todas as operações envolvidas na gerência de rejeitos radioativos devem ser
minuciosamente planejadas, resultando numa campanha educativa dos profissionais
envolvidos, devendo ainda ser adotado um rígido controle de sua execução.
4.1.1 Segregação na origem
A segregação consiste na separação dos rejeitos de acordo com suas características
físicas, químicas, biológicas e radiológicas, de modo a facilitar a gerência (CNEN-6.05,1985).
A segregação dos rejeitos na origem tem como objetivos principais:
Impedir que os rejeitos radioativos venham a contaminar os resíduos não-radioativos.
Reduzir custos com o gerenciamento dos rejeitos radioativos, uma vez que contribui
para minimizar a geração.
Evitar exposições desnecessárias do trabalhador.
Possibilitar a reciclagem dos resíduos comuns.
Facilitar a caracterização dos rejeitos, pois rejeitos de origem e composição
desconhecidas necessitarão de caracterização mais detalhada, conseqüentemente mais
complexa e cara.
Facilitar o manuseio, o tratamento e a deposição dos rejeitos.
Instruções para a segregação dos rejeitos
a. segregar os rejeitos radioativos no momento de sua geração, conforme classificação
constante no plano de radioproteção do estabelecimento, acondicionando-o
adequadamente;
b. segregar os rejeitos radioativos e os resíduos suspeitos de apresentarem contaminação
radioativa daqueles resíduos seguramente não-radioativos;
c. segregar, na extensão do possível, os rejeitos em função da meia-vida do
radionuclídeo presente, coletando separadamente rejeitos de meia-vida curta (contendo
elementos de meia-vida inferior a 60 dias, por exemplo) daqueles de meia-vida longa;
47
d. para os rejeitos de meia-vida curta, coletá-los separadamente em função do
radionuclídeo presente e da data de geração, anotando sempre a concentração de
atividade no momento da geração;
e. segregar os rejeitos em função do seu estado físico, coletando separadamente os
rejeitos sólidos dos rejeitos líquidos;
f. segregar os rejeitos em função da sua forma química, coletando separadamente os
rejeitos líquidos aquosos das soluções orgânicas;
g. não misturar químicos reativos, tais como, oxidantes fortes com compostos orgânicos.
Deve-se certificar que os rejeitos coletados em um mesmo recipiente não causem
reações exotérmicas ou geração de gases;
h. coletar separadamente os rejeitos putrescíveis (cobaias, sangue, etc);
i. coletar separadamente os rejeitos compactáveis daqueles não-compactáveis ou os
rejeitos combustíveis daqueles não-combustíveis, em função do processo de
tratamento disponível;
j. coletar separadamente as soluções de cintilação contendo C-14 (carbono 14) e H-3
(trício). Normalmente essas soluções não são um problema radiológico, mas os
solventes orgânicos são carcinogênicos;
k. observar, no ato da segregação, as outras características perigosas dos rejeitos, tais
como, explosividade, inflamabilidade, piroforicidade, corrosividade e toxicidade
química;
l. não confinar rejeitos de pacientes de diagnóstico. No entanto, os banheiros /toaletes
utilizados por esses pacientes devem ser monitorados regularmente quanto à presença
de contaminação radioativa;
m. monitorar, quanto à presença de contaminação, o banheiro/toalete do hospital após
cada uso por paciente em terapia com radiofármacos, a menos que cada paciente tenha
um toalete individual. O ideal é a utilização de banheiros separados, com liberação
controlada do efluente, através de tanques de decaimento;
n. confinar rejeitos de radioimunoensaios somente quando o número de testes for muito
grande (mais de 1.000 por mês) ou quando o sistema de coleta de esgotos estiver em
más condições. Caso a atividade usada em cada radioimunoensaio seja baixa o
suficiente, o rejeito pode ser liberado no esgoto como isento, imediatamente após a sua
geração. As ampolas devem ser lavadas numa pia especial do laboratório, com
controle de efluente, e liberadas como resíduo comum. Observar sempre que o iodo é
48
volátil e deve estar permanentemente guardado em local ventilado para evitar
exposição desnecessária de pessoal.
o. confinar em recipientes apropriados os rejeitos radioativos resultantes de operações de
limpeza/descontaminação após derramamentos ou vazamentos acidentais, sempre que
a concentração de atividade estiver acima dos limites de eliminação estabelecidos.
Com relação aos aspectos radiológicos, as seguintes diretrizes deverão ser
seguidas no ato de segregação:
a. acondicionar separadamente os rejeitos contaminados com Tecnécio (Tc-99m), que
apresenta baixa toxicidade e meia-vida curta. Após 1 mês de armazenamento, os
rejeitos podem ser descartados com segurança através do sistema de coleta de lixo
urbano (sólido) ou pela rede de esgoto sanitário (líquidos);
b. considerar rejeito isento, os animais contaminados com H-3 e C-14 em concentrações
inferiores a 0,05 µCi/g, atividade esta medida sobre a massa total do rejeito animal;
c. acondicionar separadamente e enviar à CNEN os rejeitos contaminados com C-14
(apresenta toxicidade relativa e meia-vida longa) que estejam acima dos limites de
eliminação estabelecidos na norma CNEN-NE-6.05;
d. acondicionar separadamente e encaminhar à CNEN rejeitos contaminados com H-3
(apresenta baixa toxicidade e meia-vida longa) acima dos limites de eliminação
estabelecidos na norma CNEN-NE-6.05;
e. acondicionar separadamente e armazenar em local destinado ao decaimento
radioativo, rejeitos contaminados com Na-24 (apresenta toxicidade relativa e meiavida curta). Apresentam elevados riscos de dose externa. Após 2 meses de
armazenamento, ao alcançarem os níveis radiológicos de eliminação, descartá-los
através do sistema de coleta municipal de lixo urbano (sólidos) ou de esgotamento
sanitário (líquidos);
f. acondicionar separadamente e encaminhar à CNEN rejeitos contaminados com Ca-45
(apresenta alta toxicidade e meia-vida relativamente longa);
g. segregar as fontes de braquiterapia desativadas e/ou danificadas, acondicioná-las
hermeticamente em recipientes blindados, concomitantemente com a monitoração de
eventual contaminação, e armazená-las em local apropriado para posterior
encaminhamento aos institutos da CNEN;
49
h. armazenar para decaimento e posteriormente eliminar através do sistema de coleta
municipal de lixo urbano (sólidos) ou de esgotamento sanitário (líquido) rejeitos
contaminados com I-131, I-125, Cr-51 e P-32;
i. após o uso, identificar com a data e atividade remanescente os geradores de Tecnécio e
enviar para o IPEN/CNEN-SP, de acordo com procedimentos específicos (o nuclídeopai do gerador de Tecnécio é o Mo-99, que tem meia-vida de 67 horas).
4.1.2 Acondicionamento
O acondicionamento consiste na preparação do rejeito radioativo para o manuseio,
transporte, armazenamento e deposição seguros por meio de sua colocação em embalagens
adequadas (CNEN-6.05,1985).
O acondicionamento tem como objetivos principais:
Controlar os riscos para a saúde, minimizando a possibilidade de contaminação
radioativa e de exposição dos trabalhadores, durante o manuseio dos rejeitos.
Possibilitar a segregação por tipo de rejeito, para atender ao processo de tratamento ou
de deposição exigidos.
Facilitar o manuseio, transporte, armazenamento e deposição seguros.
Possibilitar a identificação dos rejeitos.
Instruções para o acondicionamento de rejeitos radioativos:
a. acondicionar os rejeitos, previamente segregados na origem, nas embalagens originais
ou em sacos plásticos, recipientes ou embalagens com características apropriadas a
cada tipo de rejeito, conforme estabelecido no plano de radioproteção – PR, aprovado
para o estabelecimento;
b. acondicionar os rejeitos radioativos em embalagens devidamente sinalizadas com o
símbolo internacional de presença de radiação ionizante, rotuladas como “REJEITO
RADIOATIVO” e com indicação da categoria do rejeito para as quais foram
preparadas;
c. manter em cada unidade geradora o número suficiente de embalagens/recipientes para
cada tipo de rejeito, devendo existir recipientes específicos para o resíduo comum;
50
d. acondicionar os rejeitos sólidos compactáveis e combustíveis em sacos plásticos
reforçados, com espessura entre 0,08 e 0,20 mm, conforme a capacidade, inseridos em
lixeira de acrílico, preferencialmente provida de tampa com pedal, ou recipientes
revestidos com chumbo, dependendo da atividade e do radionuclídeo manipulado;
e. acondicionar agulhas e objetos cortantes em recipientes rígidos, reforçados e
estanques. Não misturar as seringas contaminadas com material radioativo e aquelas
contaminadas com material não-radioativo;
f. acondicionar os rejeitos não-compactáveis e não-combustíveis, tais como, vidraria
quebrada e peças metálicas, por exemplo, em recipientes mais resistentes, como os
metálicos. Esses recipientes devem ser revestidos internamente com sacos plásticos
reforçados para evitar sua contaminação;
g. embrulhar em papel absorvente, um a um, os rejeitos biológicos, tais como, carcaças
de animais e peças anatômicas, acondicioná-los em sacos plásticos, dentro de caixas
de papelão e conservá-los em freezer. Os rejeitos devem estar firmemente enrolados
em plástico e presos com fita forte e resistente à umidade;
h. envolver em plástico e colocar em caixão adequadamente lacrado os cadáveres de
pacientes de iodoterapia. Caso a taxa de dose a 1 metro do caixão seja superior a 50
µSv/h, não deve haver velório e nem cremação. Na Tabela 8 são apresentadas as
atividades máximas de radionuclídeos no corpo, abaixo das quais precauções especiais
não são necessárias para autópsia, cremação, embalsamamento ou enterro (MENDES
et al., 1991).
Tabela 8 – Atividades máximas de radionuclídeos para disposição de cadáveres, sem
precauções especiais, em MBq
Radionuclídeo
I-131
Au-198 (grãos)
I-125 (sementes)
Y-90 (coloidal)
Au-198 (coloidal)
P-32
Sr-89
Autópsia/Embalsamamento
Enterro
Cremação
10(1)
10(2)
40(2)
200(1)
400(3)
100(1)
50(1)
400(3)
400(3)
4000(3)
2000(4)
400(3)
2000(4)
2000(4)
400(3)
100(5)
4000(3)
70(5)
100(5)
30(5)
20(5)
Fonte: ICRP nº 57, 1989.
Critério: (1) Perigo de Contaminação; (2) Limite de Dose nas Extremidades; (3) Taxa de Dose Externa no Corpo
Inteiro; (4) Dose de Bremsstrahlung a 0,5 m; (5) Perigo de Contaminação pela Cinza.
51
i. solicitar aconselhamento a respeito das precauções de segurança radiológica que
necessitam ser tomadas, quando realizando autópsia em pacientes que tenham morrido
logo após terem sido submetidos a tratamento com quantidades terapêuticas de um
radionuclídeo;
j. acondicionar as vestimentas pessoais contaminadas de pacientes de iodoterapia e
armazená-las para decaimento, até atingir níveis aceitáveis;
k. acondicionar os rejeito líquidos em recipientes plásticos ou de vidro, de acordo com as
características químicas dos rejeitos; entretanto, sempre que possível, utilizar
recipientes plásticos. Esses recipientes podem ter capacidade de até 2 litros,
dependendo do volume gerado, e devem ser colocados sobre bandejas de material
inquebrável, profundas o suficiente para conter o volume total de rejeito, caso haja um
vazamento;
l. usar blindagens adicionais, definidas nos procedimentos de operação descritos no
PR/PGRR aprovado para o estabelecimento, em função das características
radiológicas do rejeito (atividade, tipo e energia da radiação emitida);
m. manter todos os recipientes de coleta de rejeito fechados quando fora de uso;
n. preencher as embalagens somente até o limite máximo de 2/3 (dois terços) de sua
capacidade;
o. manter os níveis de contaminação superficial dos recipientes, abaixo dos níveis
estabelecidos na Tabela 9. Os níveis de contaminação são obtidos pela média de
medidas realizadas em uma área de 300 cm2, em todas as faces da superfície externa
do recipiente.
Tabela 9 – Níveis máximos de contaminação radioativa permitidos em recipientes
Tipo de Radiação
Emissores β/γ e emissores α de baixa toxicidade
Todos os outros emissores α
Nível Máximo Permissível
Bq/cm2
µCi/cm2
4
10-4
0,4
10-5
Fonte: CNEN-NE-6.05
Nota: Os emissores alfa de baixa toxicidade, para fins de contaminação superficial de recipientes são: urânio
natural; urânio empobrecido; tório natural; U-235 ou U-238; Th-232; Th-228 e Th-230, quando contidos em
minérios e concentrados químicos e físicos; radionuclídeos com meia-vida inferior a 10 dias.
52
4.1.3 Pré-tratamento de rejeitos radioativos
Os rejeitos radioativos biológicos devem ser previamente tratados antes de seguirem
para o armazenamento intermediário ou para decaimento radioativo.
O pré-tratamento tem como objetivos principais:
Prevenir a putrefação dos rejeitos biológicos.
Proteger a saúde dos trabalhadores.
No pré-tratamento dos rejeitos radioativos, deve-se tomar cuidado com a adição de
produtos químicos que possam formar compostos voláteis.
Instruções para o pré-tratamento de rejeitos radioativos
a. tratar previamente os rejeitos biológicos, no mesmo dia da geração, de modo a
prevenir a putrefação. Os seguintes métodos podem ser usados:
• Congelamento: envolver o rejeito em plástico, identificar o mantê-lo congelado
em freezer para decaimento da radiação;
• Método químico: cobrir totalmente o rejeito com soluções químicas que
retardam a putrefação, tais como, formol e hipoclorito de sódio. Se for usado o
formol concentrado, o rejeito ficará mumificado em 1 ano e poderá ser tratado
como rejeito sólido ou liberado como resíduo comum, após o período de
decaimento;
• Incineração: consultar previamente a CNEN antes da incineração de qualquer
material radioativo.
b. desativar os agentes infectantes conforme as recomendações do protocolo do
experimento. Se o protocolo não indicar como efetuar a desativação, desinfetar os
rejeitos infectados com produtos químicos como o permanganato de potássio ou
hipoclorito de sódio. Os rejeitos devem ser mantidos submersos na solução por, pelo
menos, 12 horas. A atividade remanescente na solução deverá ser determinada, antes
53
do descarte. Estando as soluções dentro dos limites radiológicos de eliminação,
verificar os aspectos químicos para o descarte seguro;
c. abolir o uso de agente desinfetante que aumente a toxicidade do rejeito, no caso de
desinfecção de rejeitos mistos radioativos, contendo agente infectante e material
altamente tóxico;
d. não autoclavar material radioativo. Isto poderá contaminar a autoclave.
4.1.4 Caracterização primária e identificação
A caracterização primária consiste na determinação qualitativa e quantitativa das
propriedades físicas, químicas, biológicas e radiológicas dos rejeitos gerados e a sua
quantificação (volume e peso) (CNEN-3.05,1996).
A caracterização primária tem como objetivos principais:
Identificar os rejeitos em cada setor do estabelecimento.
Levantar as quantidades geradas de rejeito.
Adotar a quantidade gerada de rejeito como parâmetro para o dimensionamento das
embalagens de acondicionamento e do local para o armazenamento.
Definir o destino dos rejeitos.
Definir os requisitos de segurança para as etapas subseqüentes da gerência.
Definir os processos e metodologias a serem adotados no tratamento dos rejeitos.
Os parâmetros mais importantes para a caracterização primária são:
Descrição do rejeito e lugar de origem (identificação da instalação e operação
geradora, forma física do rejeito, volume e massa de rejeito gerado, data, responsável).
Características radiológicas (radionuclídeos, meia-vida, atividade, taxa de exposição,
tempo necessário para o decaimento).
Características físicas e químicas (sólidos compactáveis/não-compactáveis, solução
líquida orgânica/aquosa, composição química e concentração das soluções, objetos
perfurocortantes, combustibilidade, reatividade, inflamabilidade).
Características biológicas (putrescibilidade, patogenicidade).
54
Instruções para a caracterização primária e identificação dos rejeitos:
a. efetuar a caracterização primária de todos os recipientes contendo rejeitos radioativos;
b. identificar, para cada recipiente/embalagem, todos os constituintes do rejeito, inclusive
os radionuclídeos presentes;
c. determinar, por estimativa ou através de análises, as concentrações de atividade (Bq/l)
dos radionuclídeos presentes nos rejeitos líquidos;
d. determinar a atividade específica (Bq/g) dos rejeitos sólidos. Na impossibilidade de
sua determinação analítica, efetuar o balanço da atividade durante o manuseio de
substâncias radioativas;
e. estimar a atividade específica (Bq/g) dos rejeitos biológicos tipo cobaias, dividindo a
atividade administrada pelo peso inicial do animal disposto;
f. monitorar os resíduos sólidos compactáveis, quanto ao nível de radiação gama na
superfície de suas embalagens. As embalagens com taxa de exposição três vezes acima
do “background” serão consideradas como rejeito radioativo. As embalagens com taxa
de exposição abaixo de três vezes o “background” deverão ser avaliadas, através da
monitoração da radiação alfa e beta com monitor de contaminação superficial;
g. determinar ou estimar os períodos de armazenamento visando o decaimento dos
radionuclídeos presentes nos rejeitos, até que sejam alcançados os limites de
eliminação prescritos em norma vigente.
h. identificar devidamente os rejeitos por meio de etiqueta. A etiqueta deve conter o
símbolo internacional de presença de radiação e outras informações relevantes.
i. preencher o formulário “Controle de Rejeitos Radioativos”, próprio e individual para
cada recipiente/embalagem de rejeito, com todas as informações disponíveis sobre o
rejeito, logo após a caracterização do mesmo e antes da sua transferência para o local
de armazenamento.
4.1.5 Eliminação de rejeitos radioativos por via convencional
A eliminação consiste na liberação planejada e controlada de rejeito radioativo para o
ambiente (atmosfera, esgotos sanitários e sistema de coleta de lixo urbano) e baseia-se,
principalmente, na toxicidade e meia-vida dos radionuclídeos e na concentração de atividade
dos rejeitos. Tal liberação deve atender às restrições impostas pelos órgãos regulamentadores,
radiológico e ambiental (CNEN-3.01, 2005).
55
Na norma CNEN-NE-6.05 “Gerência de Rejeitos Radioativos em Instalações
Radiativas” estão estabelecidos os critérios gerais e os requisitos básicos para a eliminação de
rejeitos líquidos, sólidos e/ou gasosos por uma instalação radiativa. Os limites de eliminação
estabelecidos na citada norma e expressos em termos de concentração de atividade e/ou
atividade total, são valores abaixo dos quais uma determinada corrente de rejeito pode ser
liberada pelas vias convencionais, sob os aspectos de segurança radiológica. Os
estabelecimentos poderão requerer, junto à CNEN, autorização para eliminação de rejeito
abaixo dos limites da norma (limites autorizados).
A eliminação de rejeitos tem como objetivos principais:
Gerenciar, de forma convencional, volumes apreciáveis de rejeito com um conteúdo
de atividade muito baixo. A viabilidade e conveniência de gerenciar esses materiais de
forma convencional são reconhecidas e aceitas pelos Organismos Internacionais.
Controlar a eliminação dos rejeitos radioativos que estejam em conformidade com a
legislação vigente e inserida no plano de radioproteção da instalação, aprovado pela
CNEN.
Instruções para eliminação de rejeitos radioativos:
a. efetuar a eliminação de rejeitos radioativos, com segregação prévia na origem, pelas
vias convencionais somente após a caracterização primária dos mesmos;
b. manter as eliminações de material radioativo abaixo dos limites permissíveis e em
quantidades mínimas possíveis;
c. monitorar e supervisionar as eliminações de radioisótopos com detalhamento e
exatidão suficientes, para demonstrar conformidade com os limites de eliminação
estabelecidos na norma CNEN-NE-6.05 ou limites autorizados, e para permitir estimar
a exposição dos grupos críticos;
d. emitir relatório para o órgão regulatório, sobre as eliminações efetuadas em intervalos
estipulados no Plano de Radioproteção da instalação, aprovado pela CNEN;
e. comunicar imediatamente por escrito à autoridade competente qualquer eliminação
excedendo os limites autorizados;
f. descartar no sistema de coleta de lixo urbano ou hospitalar os rejeitos sólidos com
atividade específica inferior ou igual a 75Bq/g (2nCi/g). Caso a atividade específica
seja superior a este limite, os rejeitos devem ser armazenados na instalação por um
56
período que permita o decaimento de sua atividade até valores inferiores a este limite
de eliminação;
g. descartar na rede de esgotos sanitários os rejeitos líquidos radioativos, que contenham
radioisótopos em quantidades inferiores aos limites de eliminação especificados na
norma CNEN-NE-6.05;
h. considerar as atividades iniciais remanescentes e as meias-vidas físicas dos
radionuclídeos presentes nos rejeitos para estabelecer o tempo necessário de
armazenamento para decaimento;
i. antes da liberação do material como resíduo comum, remover rótulos, etiquetas e
símbolos que indiquem a presença de radiação nos mesmos;
j. eliminar excretas de pacientes submetidos a terapia radioisotópica de acordo com
instruções específicas estabelecidas pela CNEN. As excretas poderão ser lançadas na
rede de esgoto sanitário, desde que obedecidos os princípios básicos de radioproteção
estabelecidos na norma CNEN-NE-3.01 “Diretrizes Básicas de Radioproteção”. As
instalações que não estejam conectadas à rede de esgoto sanitário deverão submeter à
avaliação da CNEN o sistema de eliminação de excretas a ser empregado;
k. prover banheiros privativos destinados ao uso de pacientes internados com doses
terapêuticas, com pisos e paredes de fácil descontaminação e com encanamentos para
efluentes, com saída diretamente ligada a ramal de grande porte da rede de esgotos
sanitários da cidade. Hospitais de grande porte poderão possuir tanques de retenção
para armazenamento de excretas aguardando decaimento, desde que devidamente
gerenciado, com registros em livro próprio;
l. não eliminar na rede de esgotos os rejeitos líquidos orgânicos, soluções cintiladoras
contendo solventes orgânicos, tais como, tolueno, xileno, benzeno e outros produtos
orgânicos, mesmo apresentando concentrações de atividade inferiores aos limites de
eliminação. Neste caso, o estabelecimento deverá providenciar o tratamento do rejeito
devido às suas características químicas perigosas, por exemplo, através de uma firma
que disponha de incinerador;
m. contatar previamente um dos institutos da CNEN, sempre que o rejeito radioativo a ser
gerado não puder ser liberado para o ambiente em um prazo razoável. Este
procedimento visa assegurar que os critérios de aceitação de rejeitos estabelecidos por
esta instituição estejam sendo atingidos.
57
4.1.6 Coleta e transporte interno
Consiste no recolhimento dos rejeitos nos pontos e a sua transferência até o local de
armazenamento.
O recolhimento tem como objetivos principais (CNEN, 1998):
Evitar acúmulo de material radioativo nos locais de trabalho.
Prevenir acidentes/incidentes.
Minimizar a exposição de trabalhadores.
Instruções para a coleta e transporte interno dos rejeitos radioativos:
a. planejar o recolhimento dos rejeitos radioativos com o menor percurso, evitando
coincidência de horário com fluxo de pessoas do público e de outros materiais, tais
como, distribuição de roupa limpa, de alimentos e de medicamentos;
b. o recolhimento dos rejeitos radioativos deve ser efetuado por trabalhadores
capacitados e devidamente habilitados;
c. efetuar o recolhimento dos rejeitos radioativos da fonte geradora até o local de
armazenamento, em intervalos regulares, sendo terminantemente vedado que
recipientes e sacos plásticos contendo rejeito sejam deixados nos corredores,
transportados abertos ou arrastados pelo piso;
d. não utilizar, em nenhuma hipótese, tubos de queda (shootes) para as transferências
internas;
e. efetuar o recolhimento dos rejeitos radioativos de modo exclusivo, até o local de
armazenamento;
f. efetuar o recolhimento dos rejeitos com a devida freqüência, de acordo com as
necessidades da unidade geradora, evitando o acúmulo de rejeito radioativo nas áreas
de trabalho;
g. verificar se o recipiente contendo rejeito está devidamente sinalizado, identificado e
bem fechado, antes do recolhimento, de modo a evitar vazamento dos mesmos;
h. efetuar o recolhimento apenas dos rejeitos com o formulário “Controle de Rejeito
Radioativo” devidamente preenchido e assinado;
i. efetuar o recolhimento em embalagens blindadas, sempre que necessário, de modo a
minimizar a exposição dos trabalhadores;
58
j. efetuar o recolhimento com segurança, de forma a não permitir o rompimento dos
recipientes;
k. monitorar o meio de transporte utilizado para recolhimento do rejeito imediatamente
após a coleta e, caso seja necessário, efetuar a sua descontaminação.
4.1.7 Armazenamento
O armazenamento consiste na colocação do rejeito radioativo, devidamente
acondicionado e identificado, em área específica do estabelecimento. O armazenamento pode
ser realizado visando o decaimento ou aguardar a sua remoção para os institutos da CNEN ou
empresa autorizada (CNEN-6.05, 1985).
O armazenamento tem como objetivos principais:
Manter sob controle os rejeitos radioativos de meia-vida curta até que os
radionuclídeos presentes decaiam a níveis que permitam a liberação como resíduos de
serviços de saúde não-radioativos ou uma liberação controlada para o meio ambiente.
Permitir a eliminação dos rejeitos radioativos contendo elementos radioativos de meiavida curta, pelas vias convencionais, após o seu decaimento.
Proteger operadores e o público em geral de qualquer risco biológico associado aos
rejeitos radioativos.
Manter a integridade dos recipientes contendo rejeito até a sua remoção para os
institutos da CNEN ou a sua eliminação.
O armazenamento para decaimento de rejeitos de baixo nível de radiação, contendo
elementos de meia-vida curta, provenientes de hospitais e de laboratórios de serviços de saúde
requer uma política de segregação na origem, acompanhamento das características das
correntes de rejeito e cuidadosas monitorações de controle.
A aceitação pelas autoridades competentes desses rejeitos como resíduo nãoradioativo, após o decaimento, depende da capacidade da instalação de detectar quantidades
com significação estatística de radioatividade residual comparadas às radiações de fundo
(background) e, particularmente, emissores beta puros ou emissores beta de baixa energia.
O sistema de caracterização, monitoração e de gerência de dados permite direcionar as
embalagens de rejeito para os locais de armazenamento de decaimento por um período
59
mínimo de 10 meias-vidas. Em seguida, realizar monitorações de eliminação para permitir
tratamento como resíduo químico perigoso, biológico/infectante ou comum.
Instruções para o armazenamento:
a. armazenar separadamente os rejeitos radioativos dos outros materiais radioativos em
uso;
b. armazenar os rejeitos radioativos longe de materiais não-radioativos, especialmente
materiais explosivos, inflamáveis ou tóxicos;
c. situar o depósito para armazenamento para decaimento longe das áreas de trabalho, ou
das outras áreas regularmente ocupadas pelas equipes de trabalho ou pacientes, mas
em local de acesso fácil para a transferência dos rejeitos;
d. dimensionar
o
depósito
para
armazenamento
de
modo
a
permitir
a
verificação/inspeção periódica da integridade dos recipientes, a monitorização e a
visualização das etiquetas, identificando facilmente a época da isenção/eliminação dos
rejeitos armazenados;
e. providenciar, caso necessário, blindagem para assegurar que a taxa de exposição em
qualquer ponto acessível fora do depósito não exceda os limites de dose para
indivíduos do público estabelecidos na norma CNEN-NE-3.01;
f. sinalizar o depósito para armazenamento com o símbolo internacional da presença de
radiação e com a classificação de área, de acordo com a norma CNEN-NE-3.01;
g. verificar, antes do recebimento, se o rejeito está devidamente acondicionado, para
garantir a sua integridade durante o transporte interno e o período de armazenamento,
e devidamente identificado quanto ao radionuclídeo, atividade, taxa de exposição, data
da monitoração e, caso seja armazenado para decaimento, a data em que ocorrerá a
isenção ou eliminação controlada;
h. armazenar os rejeitos não tratados, quando fonte aberta, de tal forma que limite os
riscos de dispersão;
i. manusear os recipientes contendo rejeito com segurança;
j. identificar claramente os recipientes contendo rejeitos armazenados e manter registros;
k. verificar rotineiramente a integridade dos recipientes contendo rejeito;
l. manter o material putrescível em refrigeração durante o período de armazenamento;
m. providenciar sistema de proteção contra fogo onde o rejeito combustível estiver
presente;
60
n. providenciar sistema de dissipação de gases se a sua geração for prevista;
o. prevenir acesso de pessoas não autorizadas;
p. manter dispositivo para recuperação do rejeito no evento de um acidente;
q. agrupar e organizar os rejeitos no local de armazenamento, de modo a minimizar a
dose de radiação dos trabalhadores envolvidos na gerência dos rejeitos;
r. manter no local de armazenamento o nome, endereço e telefone do responsável pela
radioproteção.
O local da instalação destinado ao armazenamento dos rejeitos deve, conforme
aplicável:
a. conter com segurança os rejeitos, do ponto de vista físico e radiológico, até que
possam decair a níveis abaixo dos limites de eliminação;
b. possuir sistema que permita o controle da liberação de material radioativo para o meio
ambiente. Possuir sistemas de tanques e drenos de piso para coleta de líquidos
provenientes de vazamentos, descontaminações, entre outros;
c. dispor de monitoração de área;
d. situar-se distante das áreas normais de trabalho, em área de acesso controlado, sendo
cercado e sinalizado com o símbolo internacional de presença de radiação ionizante e
de área restrita, com acesso restrito a pessoal autorizado;
e. dispor de compartimentos que possibilitem a segregação dos rejeitos em grupos de
radionuclídeos com meias-vidas físicas próximas e por estado físico;
f. ter pisos e paredes lisas com cantos arredondados, impermeáveis para facilitar a
descontaminação e com iluminação artificial;
g. possuir blindagem para o exterior de modo que as áreas externas sejam classificadas
como livres;
h. possuir sistemas de ventilação, exaustão e filtragem, no caso de serem estocadas
quantidades significativas de H-3, C-14, I-125, ou Ra-226 e outros materiais que
possam produzir gases, para que o ar seja renovado e não haja concentração de gases
radioativos;
i. apresentar delimitação clara das áreas restritas e, se necessário, locais reservados à
monitoração e descontaminação individuais;
j. dispor de meios para evitar a decomposição de matéria orgânica;
k. prover segurança contra ação de eventos induzidos por fenômenos naturais;
61
l. possuir barreiras físicas que visem minimizar a dispersão e migração de material
radioativo para o meio ambiente, incluindo meios que evitem a dispersão do material
por animais;
m. dispor de procedimentos apropriados sempre afixados em paredes, quadros ou outros
lugares visíveis, para facilitar o manuseio dos materiais e minimizar a exposição de
trabalhadores;
n. dispor de planos preliminares de proteção física e radioproteção, bem como
procedimentos para situações de emergência;
o. dispor de inventário atualizado dos rejeitos armazenados.
Dependendo da quantidade de rejeito a ser armazenado, pode-se usar um cofre
blindado no próprio laboratório ou até mesmo uma sala preparada e exclusiva ao
armazenamento dos rejeitos.
4.1.8 Registro e manutenção de inventário atualizado
É essencial que, em todas as etapas da gerência, documentação plena seja produzida e
retida, contendo informações sobre as características e origem dos rejeitos, liberações
realizadas, entre outras, e que sejam aplicadas as medidas de segurança cabíveis. O sistema de
rejeitos deve assegurar o rastreamento dos rejeitos radioativos transferidos ou eliminados
localmente e deve garantir a manutenção do inventário de rejeitos atualizado (SZTANYIK,
1993).
Em qualquer instalação devem ser mantidos registros atualizados de todos os
rejeitos, descrevendo:
a. identificação do material e localização do recipiente que o contém;
b. procedência e destino;
c. transferências internas e externas;
d. eliminações realizadas, particularizando as atividades diárias liberadas;
e. outras informações pertinentes à segurança.
62
Informações sobre a aquisição/utilização de radionuclídeos e geração de rejeitos
radioativos devem ser registradas em formulário próprio. Os rejeitos armazenados e a sua
destinação, incluindo eliminações, também devem ser registrados em formulário apropriado.
Qualquer modificação ou correção feita nos dados constantes dos registros deve ser
claramente justificada e documentada.
Os registros, bem como os documentos relativos a correções, devem ser mantidos na
instalação.
Periodicamente, de acordo com as determinações contidas na autorização para
operação, deve ser enviado à CNEN o controle de variações de inventário de todo o material
radioativo, inclusive dos rejeitos radioativos (CNEN-3.05, 1996).
4.1.9 Transporte externo
O transporte externo é o transporte de material radioativo realizado em áreas externas à
instalação licenciada (CNEN, 1998).
O transporte externo de rejeitos radioativos, do estabelecimento prestador de serviços
de saúde até um dos institutos da CNEN ou empresas autorizadas, deve ser realizado em
conformidade com a regulamentação de transporte vigente.
O objetivo fundamental da regulamentação de transporte é estabelecer os requisitos de
segurança e de radioproteção, que garantam um nível adequado de controle da eventual
exposição de pessoas, bens e meio ambiente à radiação ionizante (CNEN-5.01, 1988).
No Brasil, dois órgãos lidam com a área de transporte de materiais radioativos, sendo
eles a CNEN, com função apenas normativa, e o Ministério dos Transportes.
Além da própria CNEN, algumas poucas entidades têm permissão para realizar
transportes, em geral, de materiais radioativos não físseis. Para tanto, planos específicos de
transporte de materiais radioativos são submetidos à CNEN, para aprovação. A qualificação
dos supervisores de radioproteção dessas empresas é comprovada pela CNEN, através de
exame específico.
As seguintes premissas foram usadas no estabelecimento da norma de transporte:
Os embalados contendo material radioativo devem ser tratados com os mesmos
cuidados adotados para outros produtos perigosos.
A segurança depende basicamente do projeto do embalado e não dos procedimentos
operacionais.
63
O expedidor é responsável pela segurança do transporte.
A norma CNEN-NE-5.01 especifica os requisitos para o acondicionamento e
rotulagem, define categorias de transporte de materiais radioativos de acordo com seus
conteúdos de radioatividade, determina os limites de doses aceitáveis e proíbe o transporte de
materiais radioativos por via postal no país.
Os geradores de rejeitos devem preparar os embalados contendo os mesmos, de acordo
com as especificações exigidas pelo transportador e com os critérios de aceitação
estabelecidos pela instalação centralizada que receberá o material.
Os rejeitos radioativos, que apresentam radionuclídeos de meia-vida longa (superior a
60 dias, por exemplo) e que estão acima dos limites de eliminação, devem ser acondicionados
em embalagens qualificadas, que se mantêm íntegras durante o transporte e armazenamento, e
encaminhados aos institutos da CNEN. Em referência ao transporte, devem-se observar as
especificações da norma CNEN-NE-5.01 e as diretrizes do Ministério dos Transportes.
Os critérios para a escolha da embalagem para o transporte externo tais como os
requisitos de projeto, os limites de atividade do material a ser acondicionado e a sua forma
física e química, entre outros parâmetros, estão definidos na norma CNEN-NE-5.01, que se
baseia nas recomendações de transporte da Agência Internacional de Energia Atômica
(CNEN, 1988).
4.1.10 Procedimento de entrega de rejeitos radioativos à CNEN
Os estabelecimentos prestadores de serviços de saúde deverão entrar em contato com a
CNEN, através de seus institutos, sempre que houver possibilidade de geração de rejeitos
radioativos passíveis de serem transferidos para essa entidade. No caso de geração de rejeitos
na forma de fontes abertas, o contato deverá ser anterior à geração do mesmo, o que garantirá
o cumprimento de critérios de aceitação no que se refere, principalmente, aos requisitos de
segregação, acondicionamento, caracterização, entre outros.
Os institutos da CNEN que estão autorizados a receber rejeitos radioativos
provenientes de estabelecimentos prestadores de serviços de saúde e de atividades de pesquisa
possuem infra-estrutura adequada para o tratamento de rejeitos radioativos.
64
4.2 SERVIÇO DE SAÚDE - AVALIAÇÃO DA GERÊNCIA DOS REJEITOS
No desenvolvimento deste estudo foi visitado e analisado o procedimento operacional
para o gerenciamento dos rejeitos radioativos em um serviço de medicina nuclear – SMN
vinculado a uma universidade na cidade de Campinas em São Paulo; o qual vem
desenvolvendo um trabalho de grande importância regional e nacional na área de saúde, assim
como, constituindo-se em uma grande vitrine que demonstra, de maneira inconteste, a grande
inserção da universidade na vida da comunidade.
No respectivo SMN visitado foi possível verificar que a gerência dos rejeitos é de
responsabilidade de uma equipe de especialistas (Físicos e Técnicos) do departamento de
engenharia biomédica da universidade, que desenvolve as atividades relacionadas à Higiene
Ocupacional, ou seja, avaliação de riscos, monitoramento, ações corretivas, treinamento, etc;
porque não há a presença do Higienista Ocupacional. E a ausência desse profissional vem
deixando em seu caminho uma questão que tem sido tratada de maneira pouco apropriada e
não condizente com a marca de excelência que a citada universidade vem construindo ao
longo dos seus pouco mais de trinta anos de existência: o controle de riscos.
Além disso, observou-se que são manuseadas fontes não seladas – materiais radioativos
líquidos – utilizados para diagnóstico (exames de cintilografia, mapeamento de tireóide) e
tratamento de pacientes. A geração de rejeitos radioativos líquidos e sólidos, que são
segredados na sala quente é posteriormente destinada para o local apropriado de descarte.
Também se avaliou que as pesquisas realizadas em várias linhas de atuação, assim como, os
diversos trabalhos de extensão universitária desenvolvidos no hospital e em unidades de
ensino relacionadas geram uma grande quantidade de resíduos, cuja disposição final precisa
ser equacionada de maneira adequada conforme expressa a legislação específica. Atualmente
uma parte desses resíduos, principalmente o lixo doméstico, é escoada através de mecanismos
disponibilizados pela prefeitura municipal. Entretanto, procedimento apropriado não é
aplicado aos resíduos considerados perigosos, especialmente os radioativos. Infelizmente,
continua sendo prática comum o descarte inadequado da maioria desses resíduos nas pias dos
laboratórios. Essa prática deplorável e incorreta não é condizente com os critérios de
excelência universitária, pois impacta negativamente os mananciais aqüíferos da região e, ao
longo dos anos, pode trazer problemas de difícil solução, com um grande componente
negativo para a imagem institucional da universidade.
Ficando claro, portanto, que os resíduos perigosos gerados na universidade necessitam
de mecanismos seguros para o seu tratamento e disposição final, já que eles requerem um
65
procedimento de descarte muito distinto daquele dado ao lixo doméstico. Nesse aspecto
específico, a universidade não pode se furtar de exercer a máxima da excelência que permeia
todas as suas atividades. Sendo imprescindível buscar mecanismos claros, com financiamento
constante, que permitam equacionar de maneira definitiva essa questão. Por se tratar de
resíduos oriundos das atividades fins é importante que a comunidade universitária se
conscientize da importância dessa questão e incorpore não só do ponto de vista da filosofia,
mas também sinalizando claramente para toda a comunidade, que a disposição final dos
resíduos perigosos é uma questão de grande relevância. Ela pode contribuir para diminuir
riscos e eliminar a insalubridade de vários locais, além de proporcionar a diminuição da
incidência de doenças profissionais e despertar a consciência de que é possível gerar
conhecimento científico e descartar adequadamente os rejeitos, tendo em vista, que podem
representar risco grave à saúde.
A Figura 5 expressa o gerenciamento dos resíduos radioativos do respectivo serviço de
medicina nuclear.
Figura 5 – Gerenciamento dos Resíduos Radioativos do SMN
Filosofia do Gerenciamento dos Rejeitos
Alguns parâmetros deveriam balizar o sistema de gerenciamento de resíduos no SMN. O
primeiro deles seria a co-responsabilidade, isto é, o gerador do resíduo é co-responsável em
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todo o processo de tratamento e disposição do material gerado. Alguns pontos mais relevantes
são apresentados a seguir:
Não se deve ter um sistema de gerenciamento de resíduos que tenha qualquer
semelhança com o descarte do lixo doméstico, ou seja, é necessário que todas as
unidades envolvidas no processo saibam perfeitamente para onde o respectivo resíduo
radioativo está sendo enviado e como ele é tratado e armazenado.
O sistema de gerenciamento de resíduos não é gratuito. Ele tem um custo elevado e
esse custo deve ser rateado entre as unidades usuárias. Os maiores usuários (levando
em consideração não apenas o volume, mas também a dificuldade do tratamento e
disposição final) pagam a maior parte do rateio.
As ações que visem minimizar a geração de resíduos devem ser implementadas
compartilhadas com o sistema de gerenciamento.
67
5. CONCLUSÃO
A Higiene Ocupacional tem direcionado esforços no sentido de prevenir riscos à saúde
e o bem-estar dos trabalhadores, tendo em vista também o possível impacto nas comunidades
vizinhas e no meio ambiente. Esta visão ampliada do risco surgiu após a ocorrência de
desastres industriais que levaram à degradação do meio ambiente e à descoberta de inúmeros
problemas de saúde em decorrência da exposição aos fatores de risco existentes nesses locais,
também encontra-se expressa na legislação brasileira no Programa de Prevenção de Riscos
Ambientais – PPRA (MTE, 1995). A atuação da higiene ocupacional na gerência dos rejeitos
radioativos deve ser conduzida obedecendo-se aos requisitos de proteção dos trabalhadores,
aos indivíduos do público e ao meio ambiente. Em serviços de saúde, as fontes radioativas dos
equipamentos de radioterapia, após o fim de sua vida útil, devem ser substituídas e
armazenadas em depósitos apropriados. Luvas, seringas, frascos, rejeitos biológicos
compostos de matéria orgânica misturada a materiais radioativos e demais utensílios
contaminados, para que possam ser descartados no meio ambiente deve haver um estudo
prévio para avaliar as atividades dos radionuclídeos, as rotas destes no ambiente, os usos que
a população faz dos recursos naturais nessas rotas, seus hábitos alimentares e de recreação, os
tempos decorridos entre o lançamento e as exposições, assim como, as doses resultantes.
Somente quando essas doses forem suficientemente baixas, não apresentando riscos, é que as
liberações poderão ser autorizadas. No entanto, se a atividade dos rejeitos radioativos e as
doses resultantes estiverem acima dos limites recomendados pela legislação, esses rejeitos
devem ser armazenados apropriadamente. Com objetivo de minimizar o volume de rejeitos no
país, a CNEN orienta aos usuários que incluam, nos contratos de aquisição de fontes,
cláusulas que garantam a devolução das mesmas à instituição de origem. O armazenamento
do rejeito radioativo implica no isolamento deste e na restrição de sua liberação para o
ambiente. O tempo de armazenamento está diretamente relacionado com o tempo de
decaimento dos radionuclídeos presentes no material contaminado.
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