Importância do Cobre como fungicida e a Bacterioso (Saulo Roque

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Importância do Cobre como fungicida e a Bacterioso (Saulo Roque
FUNÇÕES DO COBRE
NA CAFEICULTURA
E CONTROLE DE
PSEUDOMONAS
Engºs. Agrºs S. R. Almeida e J. B. Matiello
MAPA/FUNDAÇÂO PROCAFÉ
Funções do cobre no cafeeiro
O cobre tem 3 funções principais, beneficiando as
lavouras, pelo do seu efeito:
• Como micronutriente, exigido para os processos
de crescimento e produção do cafeeiro;
• Como fungicida e bactericida, protegendo as
plantas contra as suas duas principais doenças,
a ferrugem e a cercosporiose, e, também,
contra eventuais ataques de Pseudomonas,
Colletotrichum e outros fungos;
Funções do cobre no cafeeiro
• Como efeito tônico, na redução do efeito do
etileno, oriundo nos processos de necrose da
folhagem ou pela morte de fungos epífitas.
Com isso, o cobre evita queda das folhas,
promovendo maior retenção foliar.
Conjunto de efeitos, o cobre melhora o
desenvolvimento e a produtividade nos cafezais
e beneficia, ainda, a qualidade dos frutos do
café.
1- O cobre nutricional
• É um micronutriente importante, atuando em vários
processos fisiológicos das plantas, como a fotossíntese,
a respiração, no metabolismo de proteínas e entra em
processos de ativação de resistências das plantas
(fitoalexinas).
• a) No crescimento: Até o 1,5 ano de campo um cafeeiro
utiliza cerca de 80 mg de cobre/planta. Na 1ª safra (2,5
anos) a exigência de cobre corresponde a 120-150 g de
cobre/hectare.
• b) Na fase adulta: Para uma produção de 30 sacas/ha
há uma necessidade de cerca de 250 g de
cobre/ha/ano.
1- O cobre nutricional
• Com deficiência as folhas novas apresentam
uma
ondulação,
ficam
voltadas
para
baixo,deixando as nervuras salientes na página
inferior.
• Com maior deficiência as folhas mais velhas
ficam cloróticas e aparece uma área amarelada
a partir do pecíolo, se alongando ao longo e ao
lado da nervura principal, chegando a se tornar
esbranquiçada.
• As folhas deficientes são muito sensíveis à
escaldadura pelo sol.
1- O cobre nutricional
Condições onde ocorre maior deficiência -e são as
seguintes; a) Em solos húmicos - a matéria
orgânica imobiliza o cobre. b) Em solos muito
corrigidos; com V% e pH altos - nessa condição
o cobre fica menos disponível; c) Em regiões
quentes.
A suficiência do cobre, no solo ou nas folhas, é
avaliada por análises químicas e os padrões
são - No solo adequados os níveis de 1,5 a 10
ppm e nas folhas de 10 a 50 ppm de cobre.
Efeito da correção da deficiência de cobre sobre a produtividade
em cafeeiros em solo húmico – Martins Soares-MG – 1999.
1. Sulf. cobre foliar, a 0,8%
Teor de cobre foliar
médio 5 anos
(ppm)
24,4
Produção média, 5
safras
(scs/ha)
56,5
2. Oxicl. cobre foliar, a 0,8%
29,0
58,6
3. Hidr. cobre foliar, a 0,8%
43,8
63,0
4. Sulf. cobre – 5 g/pl – solo
6
45,4
5. Oxicl. cobre – 5 g/pl – solo
4,5
40,7
6. Hidr. cobre – 5 g/pl – solo
4,6
45,1
7. Testemunha
3,4
39,0
Tratamentos
Fonte: Matiello, Barros e Barbosa – Anais 25º CBPC, Mapa/Procafé, 1999, p. 186-7.
Correções da deficiência
• O suprimento de cobre nutricional deve ser feito, via
foliar, através de pulverizações.
• Usar no solo somente no sulco ou na cova de plantio,
em mistura com a terra, pois, quando em cobertura, o
cobre não se aprofunda no solo.
• As fontes de cobre de liberação gradual são mais
eficientes, mantendo suprimento constante do nutriente,
assim, mais absorvido no tecido foliar.
• Fontes adequadas - formulações de fungicidas cúpricos,
como o hidróxido, o óxido, o oxicloreto e caldas
bordalezas.
2- O cobre fungicida e bactericida
• Os fungicidas à base de cobre são os mais antigos, na
época como calda bordaleza, e, até hoje, não se tem
casos de resistência a eles pelos fungos.
• No cafeeiro o cobre fungicida, em suas várias formas
nos produtos comerciais, deve ter a característica de
lenta liberação dos ions de cobre o que garante seu bom
efeito residual e sua re-distribuição nas várias camadas
de folhas da planta.
• Os fungicidas cúpricos, na cultura do café, são eficientes
para a ferrugem, a cercosporiose e quando necessário,
também contra mancha aureolada e antracnose.
Principais fungicidas cúpricos
no mercado
Óxido Cuproso (RedShield).
Oxicloreto de Cobre (Difere,Recop,Cobox).
Hidróxido de Cobre (Garant,Supera,Kocide)
Sulfato de Cobre (Calda Bordal., Viça café)
Outras fontes – gluconato, sulf. básico, fosfito
Fungicidas Cúpricos na
Cafeicultura
1º Mecanismo de Ação: Processo Físico
- Desidratação
• Os esporos tem grande capacidade de
absorverem íons de Cobre (Cu + e Cu + +)
• A penetração dos íons de cobre provocará
micro lesões/ferimentos na parede celular do
esporo, provocando perda de sais vitais.
• Perda de sais = morte do esporo
Fungicidas Cúpricos na
Cafeicultura
2º Mecanismo de Ação: Processo
Químico - Mitocôndria
“Os íons Cu+ e Cu++ são levados para o
mitocôndria, onde vão bloquear a
respiração celular causando a morte do
esporo”.
Sistemas atuais de controle
químico da ferrugem
•
•
•
•
1- Protetivo
2- Protetivo-curativo via foliar
3- Protetivo curativo via solo
4- Combinação de sistemas
Avaliação comparativa de diferentes fungicidas no controle da ferrugem do cafeeiro
e seus efeitos sobre a produção de café – Santa Teresa – ES, 1974.
Produção em kg de café beneficiado por 1000 covas e
Média
infecção em % de folhas infectadas
TRATAMENTOS
1970/71
1971/72
1972/73
1973/74
1971/72/73/74
Infecção
Infec.
Prod.
Infec.
Prod.
Infec.
Prod.
Infec.
Prod.
Plantvax
19,30
39,10
1.495
56,90
2.107
39,80
1.238
38,50
1.613,3
Dithane M – 45
1,60
13,50
1.841
50,90
2.244
62,00
1.580
27,50
1.888,3
Cuprosan(oxicl.cobre)
2,00
11,40
1.697
7,10
2.329
12,50
1.661
7,60
1.895,6
Calda Bordaleza 1%
4,20
22,30
1.767
23,40
2.169
22,70
1.691
17,00
1.875,6
Cobre Nordox (Óx. Cupr.)
13,00
5,20
1.534
6,90
2.538
15,40
1.348
9,90
1.806,6
Testemunha
36,60
57,80
1.100
95,60
2.245
71,5
869
68,10
1.404,6
Diferencial produtivo (%)
48
Fonte: Mansk, Matiello, Andrade e Chaves, Anais 2º CBPC, pg.161-3, 1974.
4
75
33
Eficiência no controle à ferrugem com formulações de triazóis e estrubilurinas
em associação com fungicidas cúpricos. Martins Soares – MG, 2004.
Tratamentos
% de fls infectadas
por ferrugem
(junho)
2 apl Sphere a 0,9 l-ha
2 apl. de Sphere 0,6 l/ha+ oxicl.cobre 3 kg/ha
2 apl. de Ópera ( 1,5 l e 1,0 l/ha)
2 apl. de Ópera (1,0 l e 0,66 l/ha ) + oxicl. cobre 3 kg/ha
2 apl. de Impact a 1,5 l/ha
2 apl. de Impact a 1 l + oxicl. cobre 3 kg/ha
2 apl. de oxicl. cobre 3 kg/ha
Testemunha
Fonte: Matiello, Mendonça, Louback e Leite Filho, Anais 30º CBPC,2004.
11,9 a
9,2 a
4,7 a
7,6 a
6,4 a
5,6 a
38,5 b
72,5 c
Efeito da complementação de fungicida/inseticida via solo, com redução
de dose e uso de 2 apl. foliares. C.R.Claro, MG, 2005.
% infeção média 2
Tratamentos
ciclos (junho)
Baysiston – 50 k g/ha
23,0 b
Baysiston – 40 kg/ha e 2 apl. foliares de Oxicl.cobre
( jan) e Oxicl.cobre + Sphere (março)
3,0 a
Testemunha
Fonte : Adaptado de Almeida, Anais 31º CBPC, p 304, 2005
44,0 b
Controle quimico da Cercosporiose
 Fungicidas, para proteger, na época crítica, coincidente
com na granação dos frutos (80-100 dias pós-florada).
 Entre dezembro e fevereiro, 2-3 pulverizações, período
em que as plantas ficam mais susceptíveis e o ataque passa
das folhas para os frutos.
 Mesma época de maior infecção pela ferrugem - uso de
fungicidas protetivos adequados pode resultar no controle
simultâneo das duas doenças.
 Controle
deve
ser
preventivo,
não
existindo,
principalmente para a cercospora em frutos, fungicidas de
efeito sistêmico para a doença.
,
Controle quimico da Cercosporiose

Três grupos fungicidas são mais eficientes : os
cúpricos, as estrobilurinas e os tiofanatos.
 Os fungicidas triazóis tem pouca ação contra a
cercosporiose, existindo, por isso, formulações
prontas de triazóis + estrobirulinas .
 Pode-se usar mistura de tanque, com fungicidas
cúpricos ou com as estrobilurinas, para associar o
controle da cercosporiose com o da ferrugem.
Lesões de Cercosporiose em folhas de cafeeiro, com detalhe da lesão típica (em cima à
esq.) conhecida como olho de pomba, e a lesão (em cima à dir.) de Cercospora negra.
Percentagem de infecção por cercosporiose em frutos de cafeeiros, por efeito
de combinação de nutrientes e fungicida cuprico, Caratinga-MG, 1976
Nutrientes
Presença de
Fungicida
Ausência de
Fungicida
Média
Nutrientes
N
4,9
21,6
13,2 a
P
16,1
37,1
26,6 b
K
10,7
37,3
23,9 b
NP
6,4
23,3
14,9 a
NK
4,6
21,6
12,8 a
PK
13,1
24,7
18,9 ab
NPK
4,6
30,6
19,7 ab
Testemunha
14,5
37,3
25,9 b
Média Fungicida
9,8 a
29,2 b
Fonte -Miguel, Matiello, Mansk, Almeida e Pereira- Anais do 4º CBPC, IBC-1976
Percentagem de infecção de cercosporiose em frutos de
cafeeiros, por efeito da época de aplicação de fungicida
cúprico, Vit. Conquista, Bahia, 1980
Épocas de pulverização
% de frutos infectados
em Abril
Nov, Dez, Jan, Fev e Mar
5,7 a
Dez, Jan e Fev
7,5 a
Jan e Fev
30,5 ab
Jan e Mar
21,2 ab
Fev e Mar
44,2 c
Abr e Maio
55,6 c
Testemunha
60,5 c
Fonte - Reis, Miguel e Matiello, Anais do 8º CBPC, IBC, 1980
Efeito do cobre anti-etileno
Controle de cercosporiose e retenção foliar em mudas de café
sob efeito de 2 grupos fungicidas – Caratinga-MG, 1989
Tratamentos
Infecção por
Cercospora
Desfolha (%)
Tebuconazle (0,02%)
17,6
23,4
Tebuconazole (0,04%)
7,8
15,4
Fung Cuprico (0,3%)
31,1
10,4
Testemunha
50,0
49,4
Fonte – Miguel e matiello, Anais do 15º CBPC, IBC – Gerca, 1989
Controle de Mancha aureolada
Condições associadas à gravidade de
Mancha aureolada
 Nas
regiões mais frias (PR, SP, MG (Sul, Triâng. e Alto
Paran. E agora ZM Minas) e MS, sem problemas nas demais
regiões cafeeiras..
 Clima úmido, baixas temperaturas, regiões batidas por
vento, de altitude elevadas, com exposição sul – sudeste,
com chuvas finas de inverno e primavera.
 Plantas esqueletadas, com carga baixa. Afetadas por
granizo, lesões de lagartas e outros ferimentos.
 Variedades muito susceptíveis – BA, Rubi, Topázio, Ouro
verde.
 Nutrição com excesso de N em relação ao K.
Mancha aureolada- Controle
No campo
 O controle deve ser preventivo, com instalação de quebraventos, sobretudo na fase de formação do cafezal.
 Fazer pulverizações adicionais de fungicidas cúpricos,
quando houver aparecido a bacteriose. ( cobre metálico é
tóxico para as bactérias e controla fungos associados
cercosporiose, antracnose).
 Plantas novas, fazer poda sanitaria e adicionar superfosfato
à calda fungicida
 Usar variedades tolerantes (Catucai 20-15, Icatu 3282).
Mancha aureolada- Controle
No viveiro
Escolher o local do viveiro - em área mais ensolarada, menos
úmida e menos batida por ventos.
Instalar proteção lateral no viveiro.
 Fazer tratamentos preventivos, com cobre, desde o estágio
orelha de onça.
Tirar para fora e isolar mudas de focos.
Não levar para o campo mudas infectadas.
Controle de Mancha Aureolada (Pseudomonas syringae pv garcae),
E.S. Pinhal-SP, 2000. Incidência= número de fls. atacadas em 64 pares de fls.
Tratamentos
Incidência de
M.A.(abril)
Agrimicina – 2 kg/ha
15,3 b
Kasugamicina – 2 l/ha
7,3 ab
Fung. Cuprico 50% - 2,5 kg por ha
6,0 a
Testemunha.
35,0 d
Fonte – Silva e Santinato- Anais do 26º CBPC, Mapa-Procafé, 2000, p. 340
Qual é a grande oportunidade de
mercado para os fungicidas
cúpricos na cafeicultura atual ?
Combinar com outros grupos fungicidas para  Auxiliar no controle da cercosporiose,
 Reduzir a possibilidade de resistência dos
fungos a outros grupos fungicidas,
 Manter controle de Pseudomonas
CONTATO
35 – 3214-1411 (Fundação Procafé)

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