Previsão Climática

Transcrição

Previsão Climática
PREVISÃO CLIMÁTICA
TRIMESTRAL
JANEIRO/FEVEREIRO/MARÇO - 2016
Cooperativa de Energia Elétrica e Desenvolvimento Rural
DEZEMBRO/2015
El Niño e perspectivas para 2016
Observações da temperatura das águas superficiais na região do Oceano Pacífico
Equatorial mostram que o fenômeno El Niño atualmente em curso atingiu seu pico no
período entre final de novembro e início de dezembro de 2015. Apesar de as temperaturas
da superfície do mar na região tenderem a diminuir gradativamente nos próximos meses,
ressalta-se que se trata de um evento de intensidade entre forte e muito forte, equivalente
aos dois mais intensos já observados (1982-83 e 1997-98) e, portanto, seus efeitos sobre a
Região Sul do Brasil devem continuar ainda no primeiro semestre de 2016. Os modelos de
previsão climática apontam que o fenômeno permanecerá ativo até o início do inverno de
2016, portanto, até meados de julho.
Alguns meios de comunicação e até instituições de meteorologia se arriscaram a fazer
previsões do clima para além dos 3 meses e essas previsões ganharam repercussão na
mídia ao apontar para uma possível ocorrência do fenômeno La Niña na segunda metade
de 2016, ao término deste intenso evento de El Niño. A AQUAERIS METEOROLOGIA
conhece as limitações das Ciências Atmosféricas em prever o clima. Devido ao
conhecimento científico atual, são poucas as regiões do planeta, e mesmo do Brasil, em que
é possível prever com alguma confiabilidade o clima no alcance de 3 meses, sendo a
Região Sul do Brasil uma dessas regiões; previsões climáticas além de 3 meses são
meramente especulativas devido ao comportamento caótico da atmosfera em conjunto com
os efeitos das mudanças climáticas, que vêm alterando o clima de forma global e que
diminuem ainda mais a previsibilidade da atmosfera.
A fim de trazer uma visão mais estendida para a COPREL de um possível cenário para
2016 e também de se verificar a possibilidade de ocorrência de algum fenômeno global de
forma subsequente ao fenômeno El Niño em curso, a seguir é apresentado um
levantamento histórico do comportamento das águas do Oceano Pacífico Equatorial no ano
seguinte a anos de ocorrência de El Niño (Tabela 1), sendo considerado somente anos em
que ocorreram El Niños moderados, fortes e muito fortes (ou seja, foram descartados anos
de ocorrência de El Niño de fraca intensidade).
Intensidade
deElNiños
Moderado
Forte
Muitoforte
Total
Nºdeocorrênciasemanopós-ElNiño
LaNiña
Neutro
ElNiño
OcorrênciadeElNiños
Fraca Moderada Forte
desde1950
1963-64/1986-87/1987-88/
2
1
1
1
1
1991-92/2002-03/2009-10
1957-58/1965-66/1972-73
0
1
1
0
1
1982-83/1997-98
0
0
1
1
0
11eventos
2
2
3
2
2
Tabela 1: Número de ocorrência de anos de neutralidade, fenômenos El Niño e La Niña (fraca,
moderada e forte) após anos de ocorrência de El Niños moderado, forte ou muito forte,
totalizando 11 eventos observados desde 1950. Fonte: Dados da Agência Nacional de
Administração dos Oceanos e da Atmosfera dos EUA (NOAA).
No total ocorreram 11 eventos de El Niños entre moderado e muito forte desde 1950,
conforme mostra a Tabela 1: 6 eventos moderados e 5 eventos de intensidade forte, desses,
dois foram considerados muito forte e entraram para a história devido aos seus impactos no
clima ao redor do globo. Analisando a Tabela 1, verifica-se que eventos moderados de El
Niño apresentaram maior variação do tipo de evento que ocorreu no ano seguinte, incluindo
a ocorrência de neutralidade; eventos forte e muito forte historicamente deram sequência a
outros eventos de resfriamento ou aquecimento das águas do Pacífico Equatorial, sendo
que 64% desses resultaram em eventos de La Niña no ano seguinte e 36% em eventos de
El Niño. Quando ocorreram eventos de La Niña, 43% foram de intensidade fraca e 29%
foram de intensidade moderada ou forte.
O fenômeno La Niña tem efeito contrário ao do El Niño em relação às chuvas no sul do
Brasil, ou seja, tende a promover períodos de estiagem e chuvas abaixo da média
climatológica. No entanto, o registro histórico de El Niños ainda é pequeno (apenas 60 anos)
e a análise mostrada acima não garante que no futuro ocorra fenômenos de acordo com
este curto histórico ao se considerar o próprio comportamento caótico da atmosfera e
também os efeitos das mudanças climáticas.
Previsão trimestral
Estudos baseados em observações mostram que nos meses de janeiro de ano de El
Niño as chuvas tendem a manter um padrão climatológico, isto é, as chuvas mostram uma
tendência a permanecerem próximas à média climatológica (Tabela 2). Porém, em fevereiro
e março o fenômeno volta a trazer aumento das chuvas para o sul do Brasil.
Mês
Precipitação (mm)
Janeiro
140 a 150
Fevereiro
150 a 160
Março
130 a 140
Tabela 2: Normais climatológicas para área de atuação da COPREL no
trimestre janeiro, fevereiro e março
Portanto, a previsão para o primeiro trimestre de 2015 é de chuvas acima da
média climatológica, com janeiro tendendo a ficar com chuvas próximas à média e
fevereiro e março com chuvas acima da média.
Em janeiro deve predominar eventos de chuva convectiva, caracterizadas por
ocorrência de pancadas rápidas que ocorrem entre a tarde e início da noite, devido ao
intenso aquecimento da superfície durante o dia, típico de verão. Para fevereiro, espera-se o
aumento das chuvas e das instabilidades na região, devido a maior frequência de
fenômenos atmosféricos como sistemas de baixa pressão e cavados, os quais se formam
sobre o continente no sudeste e centro-sul da América do Sul. Em março há o aumento da
frequência de passagem de frente fria na região e também sua intensidade aumenta
gradativamente com a aproximação do outono. Principalmente nos meses de fevereiro e
março deverá ser esperado maior ocorrência de tempo severo, como chuvas fortes, maior
quantidade de descargas elétricas, rajadas de vento intensas e episódios de queda de
granizo.
Mês
Temperatura mínima (°C) Temperatura máxima (°C)
Janeiro
17 a 20
28 a 31
Fevereiro
17 a 20
28 a 31
Março
16 a 19
26 a 29
Tabela 3: Normais Climatológicas para área de atuação da COPREL, no trimestre janeiro,
fevereiro e março.
Em janeiro, as temperaturas deverão ficar acima da média climatológica (Tabela 3), com
tardes de calor escaldante no oeste do RS. Em fevereiro e março, como é esperado o
aumento das chuvas e, consequentemente, da nebulosidade, as tardes não serão tão
quentes e deverão ficar ligeiramente abaixo da média climatológica. As temperaturas
mínimas no início da manhã deverão variar na casa dos 20ºC em janeiro, com ligeiro
aumento em fevereiro e março devido a maior umidade e nebulosidade.
Comportamento climático em 2015
COMPORTAMENTO MENSAL DAS CHUVAS EM 2015 – CRUZ ALTA
Valores em milímetro
MESES
CLIMATOLOGIA (19611990)
2015
ANOMALIA (DESVIO)
JANEIRO
119,7
172,2
+52,5
FEVEREIRO
136,3
154,6
+18,3
MARÇO
126,5
105,4
-21,1
ABRIL
119,5
204,8
+85,3
MAIO
108,1
194,4
+86,3
JUNHO
116,3
284,6
+168,3
JULHO
139,7
272,9
+133,2
AGOSTO
171,0
94,6
-76,4
SETEMBRO
168,6
169,8
+0,2
OUTUBRO
144,5
217,1
+72,6
NOVEMBRO
124,6
208,5
+83,9
DEZEMBRO
154,8
347,0
+192,2
TOTAL ANUAL
1630,7
2425,9
+795,2
COMPORTAMENTO MENSAL DAS CHUVAS EM 2015 – PASSO FUNDO
Valores em milímetro
MESES
CLIMATOLOGIA (19611990)
2015
ANOMALIA (DESVIO)
JANEIRO
149,7
282,6
+132,9
FEVEREIRO
165,8
110,0
-55,8
MARÇO
139,9
44,0
-90,9
ABRIL
99,7
148,6
+48,9
MAIO
114,3
168,8
+54,5
JUNHO
133,6
172,8
+6,2
JULHO
161,8
322,5
+160,7
AGOSTO
187,8
55,0
-132,8
SETEMBRO
197,7
200,4
+2,7
OUTUBRO
152,9
264,0
+111,1
NOVEMBRO
131,7
208.7
+77,0
DEZEMBRO
173,2
307,4
+134,2
TOTAL 2015
1803,1
2284,8
+481,7
COMPORTAMENTO MENSAL DA TEMPERATURA EM 2015 – CRUZ ALTA
Valores em grau célsius
MESES
CLIMATOLOGIA (19611990)
2015
ANOMALIA (DESVIO)
JANEIRO
23,3
22,6
-0,7
FEVEREIRO
23,0
23,0
-0,7
MARÇO
21,4
21,8
+0,4
ABRIL
18,5
19,3
+0,8
MAIO
16,0
17,4
+1,4
JUNHO
13,5
15,6
+2,1
JULHO
13,6
15,8
+2,2
AGOSTO
14,7
19,5
+4,8
SETEMBRO
16,3
18,2
+1,9
OUTUBRO
18,4
18,2
-0,2
NOVEMBRO
20,8
20,0
-0,8
DEZEMBRO
22,6
22,0
-0,6
MÉDIA ANUAL
18,5
19,3
+0,8
COMPORTAMENTO MENSAL DA TEMPERATURA EM 2015 – PASSO FUNDO
Valores em grau célsius
MESES
CLIMATOLOGIA (19611990)
2015
ANOMALIA (DESVIO)
JANEIRO
22,1
21,7
-0,4
FEVEREIRO
22,0
21,6
-0,4
MARÇO
20,5
21,3
+0,8
ABRIL
17,6
18,7
+1,1
MAIO
15,2
16,5
+1,3
JUNHO
12,9
14,4
+1,5
JULHO
13,3
13,4
+0,1
AGOSTO
13,9
18,9
+5,0
SETEMBRO
15,7
17,6
+1,9
OUTUBRO
17,6
18,6
+1,0
NOVEMBRO
19,6
20,6
+1,0
DEZEMBRO
21,4
22,6
+1,2
MÉDIA ANUAL
17,7
18,9
+1,2
AQUAERIS
SETOR DE METEOROLOGIA

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