Dicas de Literarura – Adino

Transcrição

Dicas de Literarura – Adino
 Dicas de Literarura – Adino “Num momento em que a discussão em torno da corrupção dos valores morais
pela escravidão estava sendo travada em várias instâncias da sociedade e pautava
o estabelecimento de regras de convivência e controle social, Alencar escreveu o
Demônio familiar, uma comédia que tem como tema centras a escravidão e como
protagonista um escravo”.
01 Se considerarmos que José de Alencar se valeu dessa obra como um instrumento de
ação política para retratar um meio social particular no qual viviam homens e mulheres
em plena convivência com seus escravos, qual teria sido a tese social defendida por esse
autor?
“A obra é todo um conjunto de particularidades do autor, que desenvolve a história
sob a ótica de um estilo literário diferente àquele vigente. Memórias de um sargento
de Milícias se configura como um desvio na história do romance brasileiro, pois se
lança com um estilo diferente, renovado, rompendo com a tradição romântica.”
02.Escolha para argumentar um elemento estrutural e um temático que provaria que a
obra de Manuel Antonio de Almeida rompe com a tradição romântica.
Ser tão
um relógio que desanda
o Cerrado a reduzir-se
os minutos de tantos
répteis
ninguém das andorinhas
nem algumas certas
corujas
conhecem o porvir
dos porcos-espinhos
entre os cantos das siriemas
ouvir-se-á de um matuto:
“Bas-tardi, mia sinhora!”
03. Explique estruturalmente a dubiedade presente no título do poema de Luis Araujo
Pereira, autor de Minigrafias.
04. Levando-se em consideração a temática, como entenderíamos o jogo visual
presente nesse título? Justifique a partir do que é expresso no contexto do poema.
No meio das tabas de amenos verdores,
Cercados de troncos — cobertos de flores,
Alteiam-se os tetos d’altiva nação;
São muitos seus filhos, nos ânimos fortes,
Temíveis na guerra, que em densas coortes
Assombram das matas a imensa extensão.
São rudos, severos, sedentos de glória,
Já prélios incitam, já cantam vitória,
Já meigos atendem à voz do cantor:
São todos Timbiras, guerreiros valentes!
Seu nome lá voa na boca das gentes,
Condão de prodígios, de glória e terror!
[...]
No centro da taba se estende um terreiro,
Onde ora se aduna o concílio guerreiro
Da tribo senhora, das tribos servis:
Os velhos sentados praticam d’outrora,
E os moços inquietos, que a festa enamora,
Derramam-se em torno dum índio infeliz. DIAS, Gonçalves. Poesia e prosa completas.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1998. p. 379. (Fragmento).
05 O texto de Gonçalves dias trabalha com uma estrutura tradicional na elaboração da
poema. Argumente
“Segurando com firmeza o volante do automóvel que está prestes a dirigir ao longo
de quatro dias e três noites até a região mais elevada do Altiplano Boliviano, sente a
náusea típica daquele último instante em que ainda parece viável voltar atrás com
relação a algo que, no fundo, sabemos não ter volta, porque já foi decidido e
planejado há muito tempo. Essa hesitação inútil é ainda mais incômoda por causa do
silêncio duradouro das seis horas da manhã de um sábado. Em vez de girar a chave
na ignição, fica à espera de algum ruído, como se isso pudesse dar o peteleco que
faltava pra ele ser jogado pra frente, forçado a ligar o carro, buscar Renan em casa
no horário combinado e ir ao encontro do que prometia ser a maior aventura de sua
vida.” Trecho de Mãos de cavalo de Daniel Galera
06. Se levarmos em consideração a parte inicial, o primeiro capítulo, da narrativa do
livro Mãos de cavalo de Daniel Galera e esse fragmento acima de um capítulo posterior
podemos dizer que haveria nessas duas passagens uma intenção de completar a
trajetória de vida do protagonista do livro. Justifique .
Ainda hoje existe no saguão do paço imperial, que no tempo em que se passou esta
nossa história se chamava palácio-del-rei, uma saleta ou quarto que os gaiatos e o
povo com ele denominavam o pátio dos bichos... passavam ali todos os dias do ano
três ou quatro oficiais superiores, velhos, incapazes para a guerra e inúteis para a
paz, que o rei tinha a seu serviço não sabemos se com mais alguma vantagem de
soldo, ou se só com mais a honra de serem empregados no real serviço... e todo o
tempo passavam em santo ócio ... (p.27128).
07. Como o narrador de Memórias de um sargento de milícias apresenta o emprego
público no tempo do rei? Qual a real intenção do narrador em apresentar esse problema
do tempo do rei?
Trecho 01
“...Se alguém invadisse o banheiro naquele momento, pensaria que ele tinha um
corte real no lábio superior. A tinta diluída se acumulou em uma gota que escorreu
pelo lábio inferior e machou os dentes incisivos. O efeito, ao mesmo tempo em que
era extremamente realista, trazia à mente um clipe frenético de imagens de filmes e
histórias em quadrinhos, uma montagem feita de heróis feridos- Elektra golpeada por
ciborgues sádicos, o jovem Veto Skreemer com o rosto talhado a navalha, Robert de
Niro com um tiro no pescoço, Mad Max ensanguentado se arrastando para fora do
Ford Falcon GT Coupé preto após uma capotagem espetacular, samurais, gângsters e
vingadores das telas de televisão e páginas de graphic novels que não apenas
sangravam, mas deixavam o sangue vesti-los como uma pintura de guerra,
imprimimindo uma dimensão sagrada a seu estoicismo. O herói sangrento era agora
ele mesmo, estampado na superfície salpicada de pasta de dente do espelho. Tinha
acabado de levar um soco do Bonobo no rosto e se estatelado no chão áspero do
campinho.” Fragmento de Mãos de cavalo de Daniel Galera pags. 44-45
Texto 02
mini hq
ali fazia frio e sua noite era descomunal
mente inútil. Diante daquela circunstân
cia incomum, para a qual não havia um
só comprimido, ele não pensou duas vê
zes : pegou o revólver na gaveta e atiro
u naquela que era a última foto da famil
ia : pam! a imagem amarela do avô, nu
m átimo, desapareceu entre o cheiro de
pólvora. Para ter certeza deu outro tiro:
pam! — e pôde enfim dormir sossegado
08. O fragmento do livro “Mãos de cavalo” de Daniel Galera estabelece relação
temática com o texto de “mini grafias” de Luis Araujo Pereira. Argumente
09. José Gonzaga dos Passos, O Cravinho, da narrativa de mesmo nome, no Livro dos
Homens de Ronaldo Correia de Brito pode ser associado ao protagonista de Mãos de
cavalo a partir do fragmento acima. Argumente
TEXTO 1
"Como sempre acontece a quem tem muito onde escolher, o pequeno, a quem o
padrinho queria fazer clérigo mandando-o a Coimbra, a quem a madrinha queria fazer
artista metendo-o na Conceição, a quem Dona Maria queria fazer rábula, arranjando-o
em algum cartório, e a quem enfim cada conhecido ou amigo queria dar um destino que
julgava mais conveniente às inclinações que nele descobria, o pequeno, dizemos, tendo
tantas coisas boas, escolheu a pior possível: nem foi para Coimbra, nem para a
Conceição, nem para cartório algum; não fez nenhumas destas coisas, nem também
outra qualquer: constituiu-se um completo vadio, vadio-mestre, vadio-tipo."
TEXTO 2
"Era a sobrinha de Dona Maria já muito desenvolvida, porém que, tendo perdido as
graças de menina, ainda não tinha adquirido a beleza de moça: era alta, 'magra,
pálida; andava com o queixo enterrado no peito, trazia as pálpebras sempre baixas e
olhava a furto; tinha os braços finos e compridos; o cabelo, cortado, dava-lhe apenas
até o pescoço, e como andava mal penteada e trazia a cabeça sempre baixa, uma
grande porção lhe cala sobre a 'testa e olhos, como uma viseira." Manoel Antônio de
Almeida
10. Tomando como ponto de partida a descrição dos personagens presente nos trechos
acima, e considerando o romance como um todo, justifique a afirmação do crítico
Antonio Cândido de que "Memórias de um Sargento de Milícias", obra escrita no
Romantismo, estava meio em descompasso com os padrões e o tom daquele momento.
Gabarito
Gabarito da questão 01 A tese social defendida por Jose de Alencar seria a de que a
única forma de extirpar o mal seria eliminando a escravidão do interior da família
brasileira, em particular, e da sociedade em geral. É o que ocorre no interior da peça,
pois o escravo tem como “punição” a alforria.
Gabarito questão 02
Podemos levar em consideração os seguintes elementos:
a) a ausência do sentimentalismo exagerado.
b) fatos caracterizados pela ironia, tendendo para a gozação. Essa, por sinal, é uma
tendência do livro, que segue uma linha cômica. O autor chega, num marco de sua
ousadia, a satirizar o início do romance dos pais do personagem principal.
c) Outro ponto a ser comentado é a questão da mulher na obra. Aqui extermina-se a
mulher idealizada. Isto se reforça com a própria descrição de Vidinha, que veio a se
tornar namorada de Leonardo.
d) O personagem está mais para um anti-herói. Por diversas vezes sua figura é ofuscada
pela de outros personagens da trama. Há uma ruptura com a idéia do herói idealizado no
Romantismo. Leonardo seria o primeiro malandro brasileiro.
e) É importante ressaltar a presença das camadas populares na obra, que é uma
caricatura, um reflexo da sociedade da época. Isso se comprova quando percebemos que
boa parte dos personagens não possuem nomes próprios, são identificados pela
profissão.
f) Além da sátira, é notável a presença de uma linguagem desleixada. Não lhe escapava
pobres, nobres ou religiosos. A antiga linguagem rebuscada é substituída pela
linguagem simples, coloquial, uma mera reprodução da fala dos personagens, sem o
excessivo cuidado do autor em torná-la rebuscada, conferindo à narrativa um tom
despretensioso e espontâneo. Pela primeira vez na literatura brasileira a língua falada é
reproduzida naturalmente.
g) Quanto à linguagem, percebe-se ainda a interação entre leitor e narrador. Este, por
sinal, apesar de tecer comentários quanto às situações, não interfere na história do
romance.
h) a obra é estruturada com a relação/oposição entre Ordem e Desordem, apresentando
uma análise crítica e irônica dos costumes morais.
Gabarito questão 03. A dubiedade estrutural do texto esta na seleção da palavra. Sertão
como substantivo representaria o cenário e se considerarmos a palavra como duas ser e
tão teríamos a idéia do verbo exigindo complemento
Gabarito questão 04. O Sertão seria o sertão goiano representado no corpo do poema
pela imagem do cerrado. E quanto ao ser tão o complemento poderia ser “ser tão
goiano” expresso pela imagem do matuto e a linguagem representativa desse tipo
goiano.
Gabarito questão 05. O trabalho sonoro e criado a partir das rimas e do ritmo distribuido
pela alternãncia entre sílabas tônicas e átonas. O tamanho do verso vem medido pela
metrificação, no caso do fragmento, o hendecassílabo. A estrofe também tradicional
pode ser classificada como sextilha.
Gabarito questão 06. A imagem inicial do livro coloca o protagonista pedalando uma
bicicleta e consequentemente referindo-se a um tempo específico na vida da
personagem protagonista, a infância e o trecho acima substitui a bicicleta pelo
autómovel em outra perspectiva de aventura, agora apresentando um homem adulto.
Gabarito questão 07. O narrador dá uma idéia do palácio imperial, Deixando entrever
que já naquele tempo, no Brasil, o emprego público era um cabide de emprego, além de
desmoralizado. O narrador quer mostrar que esse problema não se limitava apenas ao
tempo do rei,mas que no tempo vivenciado pelo próprio autor essa situação ainda
permanecia atual.
Gabarito questão 08. Os textos revelam uma ligação temática apresentando as
personalidades dos protagonistas ligadas a uma questão de violência. A base da
violência no primeiro texto seria filmes de ação e histórias em quadrinhos, despertando
em Hermano esse desejo por sangue. No segundo texto a dubiedade da violência, atirar
na foto do avô ou em si mesmo, tem relação com o título, história em quadrinhos.
Gabarito questão 09. Tanto José Gonzaga dos Passos quanto Hermano não enfrentam
diretamente a realidade preferindo vivenciar um universo de fantasias. O protagonista
do conto mostra que prefere vivenciar personagens, Catrina na adolescência e Cravinho
na velhice, do que a realidade. Hermano, por sua vez, se ve em um mundo marcado
por heróis imaginários.
Gabarito questão 10. Os perfis apresentados para as personagens românticas eram
associados a um processo intenso de idealização. As personagens criadas em Memórias
de um sargento de milícias quebram com essa idealização.