Edição 54 - Superpedido Tecmedd

Transcrição

Edição 54 - Superpedido Tecmedd
LETRA E MÚSICA
Uma entrevista exclusiva com Michel Teló, o cantor que, depois de conquistar as paradas
mundiais, avança agora também sobre o mundo dos livros
Editorial
Editorial
Editorial
pág. 4
O valor das livrarias
Cartas
Em meio à montanha de números da pesquisa
“Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro”,
divulgada em junho, o que mais se destaca são
os dados do encolhimento da participação do
governo no bolo – algo que, claro, já vinha sendo
sentido pelas editoras. Em relação a 2013, houve
uma diminuição de 20% no total de exemplares
vendidos, e 15% no faturamento.
Gostaria de parabenizar a revista pela reportagem com
a Paula Pimenta (edição 53). E também dar parabéns à
escritora não apenas pelo excelente trabalho mas pela
humildade e dedicação aos leitores. Já pude presenciar
lançamentos e elas sempre atende a todos, com um
sorriso verdadeiro. Seria bom se todas fossem assim.
Alice Santiago Oliveira
São Paulo-SP
Já o faturamento com mercado o subiu 7,33% em
2014. E as livrarias seguem sendo seu principal
canal de comercialização – de acordo com dados da
mesma pesquisa (realizada pela Fipe em parceria
com a CBL e o Snel), representando praticamente
50% no volume de exemplares vendidos e 60% do
faturamento.
Ótimo o texto do Carlos Maltz para a revista (Ficções
Livrescas, edição 53). Já era fã dos Engenheiros do
Hawaii, fiquei mais agora, vou procurar o livro.
Abraços a todos.
Ricardo Ramos
São Paulo-SP
E por que destacamos essas informações?
Durante muito tempo, as vendas para o governo
eram garantia fácil de receita para muitas editoras,
que, por isso, andaram descuidando das vendas
ao mercado. Agora, o mercado volta a mostrar
sua força. “Com o tripé economia estável, projeto
educacional e distribuição de renda o mercado
editorial cresce”, afirmou Marcus da Silva Pereira,
presidente do Snel, em entrevista à Veja. “Se o
Governo vai ter papel menor no mercado, vamos
ver o que fazemos.”
Que tal se todos começássemos a dar as livrarias o
valor que elas sempre tiveram – e ainda precisam
ter – na cadeia editorial?
Celso de Campos Jr.
Editor
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Superpedido
São Paulo
11 3505-9788
A equipe da revista quer ouvi-lo, leitor-livreiro!
Sugestões, críticas e idéias podem ser enviadas ao
e-mail [email protected], ou remetidas
para o endereço da redação. Mãos à obra!
Índice
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10
16
18
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24
26
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38
40
42
44
46
47
Editorial e Cartas
Brasil
Internacional
Capa
Mercado
Literatura
Entrevista
Quadrinhos
Em alto e bom tom
Perfil
Fotografia
Artigo
Ficções livrescas
Papo de escritor
Arte
Música
Top 100 Editoras
Top 20 Livros
Revista Superpedido
Edição de Ago/Set. de 2015
Ano XI - Nº54
Essa revista é uma publicação da
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Superpedido Comercial S/A.
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Edição Celso de Campos Jr.
Produção e projeto gráfico Nathália Furlan
Nesta edição colaboraram Fernando Moreira, Lucas Alves, Reinaldo Polito e Ruy Leal
Ilustrações Estúdio Canarinho
Brasil
Brasil
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pág. 6
em áreas como meio ambiente, demografia, educação,
economia, política, saúde, energia, agricultura e tecnologia – e adianta que o futuro será implacável para os
países que não se prepararem para ele. Confira a entrevista a seguir.
História do futuro, seu terceiro livro de não-ficção, mapeia tendências e decisões que indicam o que está por vir.
O que você chama de futuro? Qual foi o recorte temporal
adotado para o livro?
O futuro começa no presente, por isso há capítulos em
que tenho que partir da situação atual para então olhar
a evolução provável dos fatos. Como sou jornalista, o
que fiz foi entrevistar especialistas, analisar dados, encontrar pessoas que representem as tendências e assim
explicar. Mas cada área permite um tempo diferente
quando se fala de futuro. Os demógrafos conseguem
falar sobre o que acontecerá daqui a várias décadas. Os
economistas enfrentam um grau de incerteza muito
maior. Os climatologistas trabalham com um tempo
enorme. Os educadores sabem que a geração que está
agora estudando é o futuro. Por isso o livro não estabelece um ano exato. Ele mostra riscos, chances e tendências, mas a narrativa é a de uma jornalista. E o que nós
gostamos é de contar histórias.
Previsões em
VERDE-AMARELO
A jornalista Míriam Leitão discute
o futuro do Brasil em novo livro
Há mais de quarenta anos no mundo do jornalismo,
Míriam Leitão é um rosto muito familiar aos telespectadores brasileiros. E, embora pouca gente saiba, também um nome presente no mercado editorial, autora
do romance Tempos extremos e de três obras infantis. A
jornalista lança agora História do futuro – O horizonte do
Brasil no século XXI (Intrínseca), um livro-reportagem
em que Miriam mapeia o que está por vir com base em
entrevistas, viagens, análises de dados e depoimentos
de especialistas, fruto de quatro anos de pesquisas.
Ela aponta tendências que não podem ser ignoradas
Em meio a um cenário de crise, qual é a importância de
avaliarmos agora as conquistas e os desafios do Brasil?
Não há melhor momento que este. O país está mergulhado numa crise complicada e com uma sensação de
derrota. A gente pode se afundar no pessimismo ou
fazer um balanço racional dos muitos acertos e dos vários erros para, assim, organizar o futuro. Temos um
monte de problemas de curto prazo e, ao mesmo tempo, muita chance de ter sucesso no nosso projeto.
Ao longo de sua pesquisa, desenvolvida por quatro anos,
você teve muitas surpresas? Deparou-se com descobertas
que contrariam o senso comum?
Aprendi muito. Há várias informações no livro que
contrariam o senso comum. Há outras que confirmam
mas tornam mais exatas. Todos sabem que o país está
vivendo mais e a população está ficando mais madura.
Mas, olhando os dados, me dei conta de que em 2050
haverá dez milhões de crianças de zero a quatro anos
a menos do que havia em 2010. Isso é equivalente à
população inteira de Portugal. Naquele ano, haverá um
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Uruguai a mais na cidade de São Paulo. Isso cria uma
série de tarefas em várias áreas. Eu sabia que o Brasil
era um gigante na área ambiental, mas a conversa com
os especialistas me surpreendeu.
“
É possível pensar o futuro.
E mais: é fundamental fazer
esse esforço exatamente
neste momento em que
o país está
”
Que desafios você encontrou durante o processo de pesquisa e de escrita do livro? Como conseguiu conciliar com sua
atribulada agenda como jornalista?
Foi difícil, muito difícil. Até porque a agenda do Brasil
é lotada de emergências. Eu me programava para ficar
uma parte do dia só dedicada ao livro e, de repente,
meus planos tiveram que ser alterados. Trabalhei muito em fins de semana e nas férias. Mas para realizar so-
nhos — os livros para mim são sonhos que realizo — a
gente sempre encontra tempo.
Quais foram os aprendizados mais importantes decorrentes da criação de História do futuro? Quais são suas expectativas para a recepção do livro?
Que é possível pensar o futuro. E mais: que é fundamental fazer esse esforço exatamente neste momento
em que o país está. Por ter
me ocupado da investigação do que está por vir,
junto com as pessoas que
entrevistei, estou passando por esta crise atual mais
calma. A conclusão a que
cheguei é que há muito trabalho a fazer, nada vai ser
de graça, mas o Brasil tem
muita chance. Espero que
seja tão bom para o leitor
quanto foi para mim.
Internacional
Internacional
Internacional
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A decisão de publicar um quarto livro na série Millennium foi recebida com críticas por algumas pessoas.
Uma das objeções é que seria antiético permitir que outro autor escreva uma sequência baseada nos personagens de um autor falecido. Também foi sugerido que o
principal objetivo desta publicação fosse o lucro. Stieg
teria se oposto se estivesse vivo, alguns afirmaram.
Nós respeitamos o fato de que outras pessoas têm suas
opiniões sobre como escolhemos administrar o legado
de Stieg. Mas em um ponto, porém, os críticos estão indiscutivelmente errados: no de que isto foi feito para ganhar um dinheiro rápido. Desde o princípio, deixamos
claro que qualquer lucro que obtivermos com A garota
na teia de aranha irá diretamente para a revista antirracista Expo, da qual Stieg foi cofundador.
POR QUE
MILLENNIUM
CONTINUA
Desde a morte de Stieg, a Expo recebeu 18 milhões de
coroas suecas (cerca de 7 milhões de reais) da renda
gerada pelas vendas da trilogia Millennium. Ao longo
dos últimos anos, o nível de apoio financeiro recebido
tem ficado, em média, em torno de 2 milhões de coroas
anuais. Graças à receita gerada por A garota na teia de
aranha, a Expo vai se beneficiar com um capital adicional no valor de vários milhões de coroas suecas. Numa
sociedade em que o racismo e a xenofobia estão em ascensão, sua causa parece mais urgente do que nunca.
Por JOAKIM E ERLAND LARSSON
Em carta especial aos fãs da série, o pai e o
irmão de Stieg Larsson explicam os motivos
de a família decidir continuar publicando,
após a morte do autor, novas histórias
de Lisbeth Salander – o novo volume de
Millennium, A garota na teia de aranha,
será lançado em agosto
Agosto marca o aniversário de dez anos da publicação
de Os homens que não amavam as mulheres na Suécia.
Foi o começo de uma das maiores histórias de sucesso
literário sueco de todos os tempos. Até hoje, os três romances da série Millennium venderam em torno de 80
milhões de cópias em 48 idiomas ao redor do mundo.
Todos os anos turistas de diversos países viajam a Estocolmo para seguir os passos de Lisbeth Salander e Mikael Blomkvist.
Maior do que isso é a nossa tristeza por nosso filho e irmão Stieg Larsson não ter tido a chance de testemunhar
este sucesso fenomenal. Menos de um ano antes da publicação do primeiro livro ele faleceu, rápida e inesperadamente. Foi, é claro, uma dor insuperável perder alguém querido tão de repente. Além disso, o fato de não
termos conseguido chegar a um acordo amigável com
a parceira de Stieg, Eva Gabrielsson, permanece como
uma ferida aberta para todos os envolvidos.
Após a morte de Stieg, nós, seu pai e irmão, herdamos
os direitos de seu espólio literário. Uma vez que Eva Gabrielsson se recusou a cooperar conosco em relação ao
legado de Stieg, nós somos os únicos responsáveis por
decidir como as obras dele podem ser usadas.
Concordamos que David Lagercrantz escrevesse sua
própria sequência independente para a série Millennium. Em agosto, bem a tempo do décimo aniversário
do primeiro romance, A garota na teia de aranha chegará
às livrarias. O livro será traduzido e lançado simultaneamente em pelo menos 35 países. Leitores de todo o
mundo poderão viver novas aventuras com os protagonistas Lisbeth Salander e Mikael Blomkvist. Nós sabemos que muitos estão ansiosos por isso.
Apesar disso, é verdade que as editoras poderão, naturalmente, ganhar dinheiro com A garota na teia de aranha. O que nos parece um bom negócio, já que a renda e
a lucratividade geradas por publicações bem-sucedidas
são essenciais para manter uma indústria editorial forte
e dinâmica. Consideramos ainda que a editora Norstedts e as editoras internacionais de Stieg trataram suas
obras e seu falecimento prematuro com grande dignidade. Caso contrário, nós jamais teríamos aprovado uma
sequência independente para a série Millennium.
Nós nos orgulhamos do que Stieg criou com seus romances. Enxergamos uma oportunidade de permitir
que seus personagens e histórias continuem vivos na
sequência de David Lagercrantz. Sua maestria literária
é célebre, e ele demonstrou perspicácia e empatia ao dar
voz a pessoas como Göran Kropp, Alan Turing e Zlatan
Ibrahimovic. Não conseguimos pensar em um autor melhor para esse projeto.
David Lagercrantz assinou o romance com seu nome,
como ficará perfeitamente claro em todos os materiais
Na versão cinematográfica sueca, Lisbeth Salander
foi interpretada pela atriz Noomi Rapace
de venda, incluindo a capa do livro. Afirmar que estamos tentando vender A garota na teia de aranha como se
fosse uma obra de Stieg não faz o menor sentido.
Vale lembrar que a história da literatura está repleta de
exemplos de sequências escritas após a morte do criador original dos personagens, do James Bond de Ian
Fleming à Agatha Christie de Sophie Hannah.
Nós esperamos e acreditamos, ainda, que a publicação
de A garota na teia de aranha contribuirá para despertar
um interesse renovado nos títulos da série Millennium
escritos pelo próprio Stieg.
Como herdeiros, não podemos nos esquivar da responsabilidade associada à administração de seu legado. Nós
sabemos que Stieg esperava — e sentia — que a trilogia
Millennium estivesse destinada a um grande sucesso
comercial, e agora tomamos a decisão de permitir que
David Lagercrantz continue a esta missão.
A carta da família foi publicada originalmente no Expressen no
dia 21 de junho de 2015 e republicada no site da Companhia das
Letras, a editora dos livros de Stieg Larsson no Brasil.
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Capa
Capa
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VOLTA ÀS ORIGENS
No livro Bem Sertanejo, Michel Teló faz tributo ao ritmo do interior
que conquistou o Brasil – e o ajudou a ganhar o mundo
Como, quando e por que surgiu a ideia do projeto Bem
Sertanejo?
Esse é um projeto que eu tinha em mente há alguns
anos, desde 2011. Eu queria fazer há muito tempo.
Eu nasci e fui criado pelos meus pais ouvindo música
sertaneja e queria contar a história da música. A ideia
era resgatar um pouco da história da nossa música, de
uma maneira bem simples, mas com muita qualidade.
Tocando uma viola, uma sanfona, sem muita edição,
de uma maneira verdadeira.
A primeira ideia era só ser um DVD mesmo. No
decorrer das reuniões, do desenvolvimento das ideias
e das conversas as coisas foram crescendo, e achamos
que seria legal oferecer e levar para um programa de TV.
Quando levamos a ideia pro Fantástico, eles abraçaram
a ideia na hora. Foi uma honra poder fazer esse quadro.
E foi muito especial que um programa do tamanho do
Fantástico, no horário nobre da TV brasileira, abriu
espaço para esse trabalho.
O Bem Sertanejo é composto pela série, CD, DVD e livro.
Qual a importância do livro nesse combinado, e quais
as novidades que a edição impressa traz ao público?
Eu queria fechar o ciclo com todos os meios possíveis
para divulgar o trabalho. Cada capítulo da série tinha
que ser curto, misturando bate papo e música, e não
tinha como colocar tudo no ar. O livro traz fotos
de bastidores, histórias que não foram contadas e
curiosidades sobre cada gravação.
Como foi o processo de produção do texto, realizado em
parceria com o jornalista André Piunti?
Fomos colocando cronologicamente tudo o que
conversamos com cada artista, contando detalhes de
cada viagem e cada gravação. Tínhamos todo o material
pronto, por conta da edição da série e do DVD.
De todas as histórias e causos de artistas que você
retratou no Bem Sertanejo e que estão no livro, qual
a que mais impressionou você, ou que ficou como uma
grande lição?
Todos foram muito especiais. Gravar com Christian
e Ralf foi emocionante, porque sempre fui muito fã e
não os conhecia. Eles cantaram todas as modas que eu
tinha vontade de ouvir, eu toquei sanfona. Milionário
e José Rico pela história deles com a música. Almir
Sater que eu não conhecia pessoalmente também e
realizei esse sonho. Cantar com ele no Pantanal foi
muito especial pra mim. Difícil falar um nome só,
todos são muito importantes pra mim, todos são
ícones da música. Eu fiquei feliz em poder mostrar
cada fase da música sertaneja, as influências que
recebeu, as barreiras que quebrou, a forma como a
música sertaneja soube se reinventar.
Seu cotidiano envolve meses e meses na estrada. Nesses
dias longe de casa, você costuma ter livros na bagagem?
Quais são os gêneros preferidos do leitor Michel Teló? E
seus autores favoritos?
Gosto muito de ler biografias e conhecer a história dos
meus ídolos e pessoas que marcaram a história de um
modo geral. Um dos que mais gostei nos últimos tempos
foi o do Pablo Escobar, escrito pelo próprio filho.
Fotos: Fernando Hiro
Queira ou não o distinto leitor, Michel Teló já te pegou.
Seu inconfundível hit alastrou-se por setores alheios
ao gênero e ganhou o mundo inteiro – e não é figura
de linguagem, não. Chegou a liderar as paradas em
23 países na Europa e na América Latina, em 2012.
Depois desse meteórico e internacional trajeto,
Michel Teló resolveu voltar às origens. O cantor, que
participou por mais de uma década do grupo Tradição,
assumiu um projeto multimídia de resgate da música
sertaneja, focando em sua história e em alguns de
seus principais protagonistas – que agora chega à fase
do livro, lançado pela Planeta. Bem, o melhor é ouvir
a explicação do próprio Michel Teló, que concedeu a
seguinte entrevista exclusiva à revista Superpedido.
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Com Almir Sater, a realização de um sonho
Você tem uma longa carreira na música, e já fazia
sucesso com o Tradição mas se tornou conhecido
mundialmente depois do hit “Ai se eu te pego”. Pode nos
contar como isso alterou sua vida e sua carreira?
O que aconteceu com essa música foi surreal,
historicamente nunca aconteceu isso com nenhuma
música brasileira. Foi a música mais vista na história
do YouTube aqui no Brasil, foram mais de 600 milhões
de views em um único vídeo. Se juntar todos, dá mais
de 1 bilhão de visualizações. Uma música cantada em
português no mundo inteiro é inacreditável. Então, foi
uma coisa absurda tudo o que eu vivi e foi uma benção
poder viajar o mundo, foi incrível.
é sertanejo. Lógico que é rico de culturas diferentes,
você vai pro Nordeste, o forró é muito forte, você vai
pro Sul a música gaúcha também é muito forte. Mas o
sertanejo entrou com muito poder em todas as regiões.
“
Acho que hoje, mais do que
nunca, com todas as quebras de
preconceitos que existiam na música
sertaneja, o Brasil é sertanejo
”
Ainda sobre isso: você arriscaria uma explicação para o
estrondoso sucesso popular que não apenas você, mas a
música sertaneja em geral tem alcançado nos últimos anos?
Diversos cantores afirmam que a música sertaneja sofre
preconceito por parte da crítica e da mídia infelizmente,
a trágica morte de Cristiano Araújo colocou alguns
desses pontos em evidência. Você chegou a sentir esse
preconceito, seja na época do Tradição, seja durante
sua carreira solo?
Há algumas décadas que o Brasil deixou de ser
rural pra ser urbano, e a música sertaneja, que era
extremamente rural, soube acompanhar as mudanças.
Todo mundo tem um avô que ouvia, um pai que curtia
música sertaneja. Isso fica na raiz, fica no sangue. Acho
que hoje, mais do que nunca, com todas as quebras de
preconceitos que existia na música sertaneja, o Brasil
A música sertaneja é realmente mais simples.
Culturalmente, ela vem do campo, falava de coisas do
campo. É uma música simples, sim, mas que sabe tocar
o coração das pessoas. Não é qualquer um que, mesmo
fazendo algo mais simples, consegue emocionar as
pessoas e levar alegria pro público. O sertanejo tem
esse dom. Cada estilo de música tem sua veia, tem seu
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Encontro com os lendários Chitãozinho e Xororó
sangue, tem sua verdade, e temos que respeitar cada
um deles.
“
O Brasil deixando de ser rural
e virando urbano exigiu que a
música sertaneja ficasse urbana
também. Sei que tem muita gente
que não gosta, mas há espaço
para todos os estilos sempre
”
O chamado “novo sertanejo”, do qual você é um dos
precursores, introduziu um ritmo mais moderno
e dançante à música sertaneja. Para alguns, isso
representou um rompimento com o gênero; para outros,
uma modernização. Como você vê a questão? Qual o fio
condutor que une as raízes do gênero até os dias de hoje?
Temos estilos diferentes dentro da música sertaneja.
Cada década que você pega, desde que a música
sertaneja começou a ser gravada, na década de 10 e
de 20 até hoje, houve uma evolução e muita mudança.
E acho que precisava evoluir. No começo era uma
violinha e uma sanfona. Depois Leo Canhoto e
Robertinho trouxeram a bateria, o baixo, a guitarra
com a influência da Jovem Guarda. O Chitão e Xororó
trouxeram influências da música country, as guarânias.
O Brasil deixando de ser rural e virando urbano exigiu
que a música sertaneja ficasse urbana também. Sei que
tem muita gente que não gosta do sertanejo mais pop,
mais moderno de hoje, mas há espaço para todos os
estilos sempre. O sertanejo soube se popularizar e se
modernizar.
Para finalizar, quais são os próximos passos de Michel Teló?
Depois dessa experiência com o livro, os fãs e leitores podem
esperar uma autobiografia de Michel Teló?
Autobiografia eu não penso
agora. Mas para este ano, já
estamos programando a gravação
de um DVD. Será em São Paulo,
no dia 02 de setembro, com
algumas participações, músicas
inéditas e alguns sucessos. Estou
ansioso para começar um novo
trabalho. Além disso, tenho
um desafio enorme porque fui
convidado para ser técnico do
The Voice Brasil.
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Mercado
Mercado
Mercado
Esta moda vai passar?
Um bate-papo sobre os livros de colorir com Rafaella Machado,
editora da Galera Record e autora de Ateliê Fashion
as ilustrações para o Ateliê Fashion? É verdade que você as realizou em prazo recorde? E, em sua opinião, no que o Ateliê se o
diferencia das outras obras para colorir?
Quando decidi fazer um livro de colorir com minhas estampas, sabia que tinha que correr para não perder o timing do hype, então preparei 40 ilustrações em apenas
uma semana. Nunca antes produzi tanto em tão pouco
tempo, mas a experiência certamente valeu a pena. Eu
acho que o maior diferencial do Ateliê Fashion em relação a
outros títulos para colorir é que, além de ser voltado para
a moda e a estamparia, agregando um público mais adepto
ao design, 50% dos lucros obtidos com a venda do livro
irão para instituições de resgate de animais abandonados.
Meu livro é o único que além de propor uma atividade lúdica – no caso colorir – também traz uma proposta social.
Como editora, qual sua visão sobre o fenômeno dos livros de colorir? Quais os prós e os contras de tê-los em uma livraria – se é que
há contras em um produto que atrai leitores para as lojas...
Uma coisa que observei enquanto editora é que muita gente
do mercado editorial, autores e editores, sentiram-se ameaçados ao verem livros de colorir entre as listas de mais vendidos. Isso gerou uma discussão saudável sobre o que é livro, o
que é narrativa etc e penso que esse tipo de questionamento é
extremamente benéfico para toda forma de arte. Afinal, nem
todo livro é narrativa e nem toda narrativa requer palavras.
A ascensão desse tipo de livro interativo trouxe esse debate à
tona. Como editora, não acho que os livros de colorir competem com a literatura de forma alguma. Quem consome literatura continuará comprando Graciliano, Clarice etc. E muita
gente que nem tinha o hábito de frequentar livrarias passou
a fazê-lo por causa dos livros de colorir, o que é positivo para
o mercado editorial especialmente em um ano de crise.
Meses depois de dar início a um inacreditável turbilhão de vendas em todo o Brasil, os livros de colorir
continuam invadindo as prateleiras das livrarias – e
criando polêmica por onde passam. São ou não são livros? Devem ou não entrar na lista dos mais vendidos?
Nesta edição, conversamos com alguém que pode falar
com extrema propriedade sobre o fenômeno: Rafaella
Machado, editora da Galera Record, autora de Ateliê
Fashion – estampas para colorir e fã assumida de carteirinha do gênero desde os tempos de menina. Ninguém
melhor do que ela para dizer, bem, se os livros de colorir vão ou não sair de moda...
Como leitora (e ilustradora amadora), de que forma os livros de colorir influenciaram em seu gosto por estampas e
pela moda em geral?
Os livros de colorir fizeram parte da minha infância e
com certeza influenciaram minha paixão por ilustrações
e arte. Desde pequena eu amo desenhar e colorir, e lembro que colecionava os álbuns de colorir da Disney. Inclusive pintava os “101 Dálmatas” com cores vibrantes,
nunca os deixava brancos. Os vestidos das
princesas eram outra
fonte de inspiração na
época, e acredito que
tiveram um papel na
minha formação como
fashionista!
Como autora, pode nos
dizer como foi preparar
Por fim, um exercício como
futuróloga: o que acha que vai
acontecer com a onda de livros
de colorir? Deve arrefecer ou é
algo que veio para ficar?
Eu acho que o livro de colorir, enquanto desdobramento da tendência de livros
interativos, continuará existindo, mas deve sofrer uma
diminuição nos números
atuais de vendas. Imagino
que outros livros com uma
proposta interativa surgirão
para esse público.
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Literatura
Literatura
Literatura
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imensos. Quando as peças ficaram em seus devidos lugares e a “figura” mostrou-se, no momento da defesa da tese, a própria banca examinadora já recomendou que esse trabalho chegasse ao grande público. A tese trazia elementos mais técnicos e precisou passar por um
outro trabalho que consistiu no recorte do que caberia publicar. No
livro, apresento as parcelas propriamente concluídas pelo romancista que, como todos sabem, morreu prematuramente aos 51 anos. A
edição abre-se com o ensaio que busca traçar o percurso da criação
deste romance, mostrando momentos da redação: interrupções e retomadas; e fecha-se no posfácio à guisa de conclusão, trazendo ao
leitor um possível desfecho.
Como foi o trabalho para revisar os manuscritos de Mário de Andrade
até chegar nesta edição de Café e ao que se considerou o texto final, já que
registros mostram que este livro foi escrito ao longo de vários anos e levando em conta que Mário de Andrade costumava escrever várias versões
de um texto?
Colheita tardia
Livrarias recebem Café, romance inédito de Mário de Andrade
Sem meias palavras, vamos direto à pergunta: um inédito de Mário de Andrade, 70 anos depois de sua morte?
A professora Tatiana Longo Figueiredo, organizadora do
recém-publicado Café (Nova Fronteira), explica melhor
essa história na entrevista a seguir.
Por que Café nunca tinha sido publicado até agora?
Café é um romance inacabado, portanto, para que chegasse à publicação precisava passar necessariamente por
um trabalho de decifração e ordenação de um emaranhado de documentos. Sendo assim, tive a honra de cumprir essa tarefa, sob orientação da Profa. Telê Ancona
Lopez, com minha tese de doutoramento defendida na
FFLCH-USP, em 2009. Neste trabalho debrucei-me sobre o dossiê Café, ou seja, os manuscritos pertencentes à
redação do romance, que estão no Instituto de Estudos
Brasileiros da USP; identifiquei
e datei 11 fases da criação de
Mário de Andrade relacionadas
ao Café e busquei, na biblioteca
do escritor, obras lidas por ele
que lhe valeram como matrizes
de sua criação.
Foi um processo que se poderia
comparar ao da montagem de
um quebra-cabeças, daqueles
Por se tratar de um texto que ocupou a preocupação de Mário de
Andrade durante praticamente duas décadas e, ainda por cima, por
ser um texto inacabado, o caso de Café é muito especial dentre os
manuscritos do escritor. Para estabelecer o texto que chegou a esta
edição precisei, antes de mais nada, identificar qual era de fato a última versão da parte inicial do romance. Isso porque das três versões
dessa parte, duas delas estavam identificadas por Mário como “1ª
versão”. Através da análise das rasuras, o confronto das versões determinou o percurso da criação, isto é, o trajeto percorrido de uma
versão para outra, visto que essas alterações no texto – interferências geralmente a tinta (trocando uma palavra por outra, por exemplo) – eram assimiladas na datilografia da versão seguinte. Já o texto
da segunda parte do romance trouxe outros desafios, tais como a
correção de pequenos deslizes de quem anda no terreno escorregadio da criação. Após a interrupção da escrita por 7 anos, a retomada
fez com que o escritor não atentasse para detalhes menores, como o
apelido de um personagem, que acabou por ficar não padronizado ao
longo do texto. Também foi preciso levar em conta que o processo
criativo continha, além das versões de texto, planos, esquema, notas
de trabalho, esboços e até lembretes do escritor para ele mesmo.
O primeiro retrato: São Paulo, 1893
O escritor na adolescência
Que comentários você achou dentre os manuscritos de Mário que indicam
o que ele próprio achava deste livro e o que pretendia com essa obra?
Em carta a Manuel Bandeira, datada de 13 de julho de 1929, um
mês após o início da redação do romance, Mário de Andrade afirma
“iniciei e gosto muito dum romance Café”. Em abril de 1930, publica
fragmentos desse romance em duas revistas diferentes. No mesmo
ano, ao lançar os poemas de Remate de Males, o primeiro livro que
publica a partir de então, coloca o título Café na lista de obras em
preparo. Em uma carta-testamento escrita para seu irmão Carlos
(sem data, mas, certamente, de alguns anos antes de sua morte),
Mário aponta Café como uma das obras que, se ele morresse, levaria
consigo a tristeza de não ter terminado. Sem dúvida, foi um livro que
suscitou muito interesse e atenção do escritor.
A casa na rua Lopes Chaves,
clicada pelo escritor em 1927
pág. 20
De que maneira aparecem neste livro traços do estilo do escritor como a
crítica social e o experimentalismo linguístico? Você poderia citar algum
exemplo?
É claro que o texto de Café está recheado de idiossincrasias linguísticas
e neologismos, que Mário de Andrade chama de “cacoetes”, em carta a
Moacir Werneck de Castro, datada do início de 1942, quando da retomava a escritura do texto. Entretanto, o experimentalismo linguístico
não era o foco do romance, conforme Mário de Andrade elucida na
mesma carta. A linguagem deveria ser menos intencional e mais direta porque a intenção estaria no assunto; assim sendo, a crítica social
está presente de forma aguda, explorando as contradições da sociedade paulista moderna na qual migrantes e imigrantes viviam.
O quanto você acha que as viagens que Mário de Andrade fez pelo Brasil
no final da década de 1920 influenciaram a escritura deste livro?
Na praia do chapéu virado,
em Belém, maio de 1927
A 2ª viagem de Mário de Andrade ao Nordeste do Brasil foi fundamental para a redação de Café porque foi justamente nela em que
o escritor conheceu Chico Antônio, o cantador de cocos norte-rio-grandense. Ainda durante a viagem, enquanto escrevia crônicas
para o Diário Nacional, intituladas “O Turista Aprendiz”, ao tratar do
coqueiro, cuja manifestação artística tanto o encantara, Mário percebe que precisa celebrá-lo melhor, em livro. Sem dúvida, esse encontro
traz ao universo ficcional esse personagem em torno de quem toda a
trama do romance Café será estruturada.
Qual a importância de destacar nesta edição fac-símiles de anotações de
Mário? De que maneira isso é interessante para que o leitor entenda o
processo de criação de um escritor como ele?
Esta edição de Café desvela-se em fac-símiles de manuscritos não
só por fazer parte de um conjunto de títulos de Mário de Andrade,
lançados pela editora Nova Fronteira, que se complementam em um
dossiê de documentos, mas também porque acredito que essa visualização é fundamental para que o leitor perceba que nenhum livro
nasce pronto. Aliás, todo livro é fruto de um trabalho de escrita e
reescrita, no qual planos são modificados e, ao longo do tempo, um
determinado projeto pode ser transformado em outro ou outros. No
meu entender, a edição tem o mérito de exibir ótimas reproduções,
que permitem a leitura até do lápis mais esmaecido.
Em seu estúdio domiciliar,
em São Paulo, em 1934
Em poucas palavras, qual a importância dele para a literatura brasileira?
Mário de Andrade foi um dos pilares do movimento modernista
de 1922. O direito permanente à pesquisa, marca principal que ele
destaca, em 1942, em seu severo balanço “Movimento modernista”,
pode-se dizer que se refere especialmente à obra dele, sempre aberta
a novas perspectivas. Sendo assim, Mário dialogou com escritores de
sua geração e com os moços, aliás, foi mentor de escritores jovens,
incentivando e orientando os novos rumos da nossa literatura, para
além do modernismo de programa.
Em 15 de fevereiro de 1945,
dez dias antes de sua morte
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Entrevista
Entrevista
Entrevista
Superando
barreiras
A história de FML Pepper, da autopublicação a
um pioneiro contrato no mercado editorial
Sucesso no mundo dos ebooks na Amazon, a escritora
FML Pepper, autora da trilogia Não Pare!, passou a ter
seus livros editados pela Valentina, sem abrir mão dos
direitos para a venda na Amazon – um contrato híbrido
pioneiro no Brasil. Nesta entrevista, Pepper explica o
acordo e conta um pouco mais sobre sua atividade – ou
atividades, já que ela é dentista...
Pode narrar como foi seu começo como escritora? A autopublicação na Amazon foi uma opção ou a única alternativa
diante de um mercado fechado?
Não me considero uma “escritora”, mas apenas alguém
que ama escrever e que o faz com paixão. Comecei a
escrever quando descobri que estava grávida e meu
médico informou que se tratava de uma gravidez de
risco. Ele disse que eu teria que ficar os nove meses de
cama caso quisesse segurar o bebê em meus braços.
Workaholic assumida, de início quase entrei em depressão e, para “matar” o tempo, comecei a ler livros de
ficção. Mas ler muuuuuito mesmo. Foram quase cem
livros em um único ano!!! Só que depois que as leituras
acabaram, algumas histórias continuaram martelando
em minha cabeça, então, para não me afastar dos meus
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personagens queridos, resolvi escrever e fazer finais alternativos. E assim foi indo até chegar aqui... Costumo
dizer que ao término da gestação eu tive dois filhos: o
meu lindo menininho e o amor pela literatura!
Por incrível que pareça a autopublicação na Amazon foi
os dois: uma opção e única alternativa! Não me iludi com
um caminho encantado no processo e jamais esperei
o pote de ouro no final do arco-íris. Sempre fui muito
“pé no chão” e ciente das mínimas oportunidades para
um autor iniciante (e cujo gênero era fantasia!) no nosso mercado literário, principalmente em um país onde
pouquíssimo valor se dá à leitura, como é o caso do Brasil. Até o “boom” dos autores autopublicados, as grandes
editoras estavam interessadas apenas em autores nacionais reconhecidos ou best-sellers internacionais. Tentei
os meios tradicionais por apenas uns três meses e, conforme eu imaginava, não obtive qualquer resposta. Dei
de ombros e tomei a melhor de todas as decisões: passei
para o passo seguinte, a autopublicação!
O mais interessante disso tudo foi que meu sucesso na
autopublicação me permitiu não apenas furar a barreira quase intransponível do mercado editorial nacional
como se transformou em uma vitrine. Foi graças à autopublicação que as minhas histórias ganharam força
e se tornaram atraentes aos olhos das grandes editoras. Mais do que isso, ela selou meu nome como uma
aposta promissora e me deu a chancela para fechar um
contrato híbrido com a Editora Valentina.
A que credita a escalada de vendas em seus livros na Amazon? Imaginava essa projeção apenas com o resultado das
vendas virtuais?
Credito o sucesso de vendas e projeção do meu nome
nas mídias graças à originalidade da obra, ao boca a boca
dos leitores na internet e por ter dado ouvido às sábias
palavras de Malcolm Gladwell: “A sorte acompanha os
preparados”. A escrita é uma profissão, um ofício, e que,
portanto, precisa de empenho, estudo e muitas horas de
dedicação para evoluir e se tornar forte e interessante
por muito além de um único livro ou modismo.
Seu contrato híbrido para a publicação no impresso é o primeiro do Brasil do gênero. Como foi essa negociação? E porque foi importante para você, como escritora, permanecer
com os direitos para os livros eletrônicos?
A negociação foi muito tranquila porque tive a sorte de
encontrar não apenas um editor sensacional como toda
uma equipe gentil, em sintonia. Meu sucesso na autopublicação é o ponto forte da minha plataforma e, por-
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tanto, abrir mão do controle sobre os livros digitais seria abrir mão não apenas de um produto, mas da minha
marca como autora. Sem contar que, ao assinar um contrato de publicação híbrido, posso estar pavimentando
o caminho para o sucesso de novos talentos brasileiros
que só esperam uma oportunidade para brilhar.
Em sua opinião, como será a configuração do mercado editorial em um futuro próximo, com livros e e-books disponibilizados aos leitores? Como será essa convivência?
Nunca o leitor teve tanto poder nas mãos e isso é sensacional! Acredito que a convivência entre os livros
físicos e os digitais será harmônica, paralela e de retroalimentação. Isso mesmo! Acredito que será uma
simbiose altamente positiva, onde o sucesso de um
repercutirá no do outro. Ao contrário do que muitos
imaginavam e das intermináveis discussões de qual deles ia sobressair e etc., hoje está claro aos meus olhos
que os livros impressos e os e-books coexistirão e que o
mercado literário vai se autorregular.
“
Meu sucesso na autopublicação é
o ponto forte da minha plataforma
e, portanto, abrir mão do controle
sobre os livros digitais seria abrir
mão não apenas de um produto,
mas da minha marca como autora
”
A política agressiva da Amazon faz com que ela seja vista como vilã por muitos setores do mercado editorial. Para
você, porém, a gigante foi uma aliada. Como vê a chegada
da Amazon no mercado brasileiro?
Vejo com bons olhos, pois trata-se de uma ferramenta
para os autores autopublicados bem como uma nova
plataforma para fornecimento de conteúdo digital.
Quais os conselhos que daria para um escritor que queira
se iniciar no mundo da autopublicação?
O mundo da autopublicação não é diferente de nenhuma área da literatura ou da própria existência humana. Sobressaem os que acreditam e que não paralisam
diante das derrotas. Meu humilde conselho aos que
estão iniciando é sempre o mesmo: que não desistam
do sonho. Escrevam. Por duas horas ou cinco minutos
diários, não importa. O importante é que façam da
escrita um ofício. Que tenham fé, que acreditem no
seu talento e força. Tenho certeza de que o sucesso é
certo se houver disciplina, perseverança e, principal-
mente, muita paixão pelo que faz.
Imagino que FML Pepper seja um pseudônimo. Se a suposição estiver correta, como foi essa escolha? E por que?
Eu sabia que essa pergunta não ia faltar! Sim! FML
Pepper é o meu pseudônimo da sorte! Além de escritora
eu também sou dentista e tenho muitos trabalhos
publicados na área odontológica, então percebi que isso
poderia causar confusão e resolvi que deveria ter um
pseudônimo para separar a literatura da odontologia e
não tive dúvidas qual seria: “Pepper”!
Como meu sobrenome é Pimentel, “Pepper” (pimenta
em inglês) foi o apelido carinhoso que meus alunos me
deram durante os anos em que eu era professora de inglês para crianças. O que fiz foi apenas acrescentar as
minhas iniciais (vou deixar um misteriozinho aqui)...
Como concilia a vida de escritora com a de dentista? Escrever segue ainda como hobby, ou tornou-se uma nova
profissão?
Com bom-humor, disciplina e me desdobrando em mil
mulheres! Atuo no meu consultório dentário (agenda cheia!) e, apesar da escrita ter se transformado em
mais que um hobby, ela ainda não assumiu o papel de
uma nova profissão em minha vida para lá de agitada!
Separei alguns horários específicos durante a semana
para escrever. Sei que é pouco, mas é o que é possível
em meio à loucura de administrar consultório, pacientes, casa, marido, um filhinho lindo, cachorrinhas e
ainda ter que arrumar tempo para estar nas mídias (facebook/twitter) e atender com carinho a todos meus
leitores! Ufa! Cansei só de ouvir.
E, para finalizar, quais são seus próximos planos literários?
Além de tentar fazer da trilogia Não pare! um grande
sucesso de vendas nacional, meu grande desejo é vê-la
traduzida em diversos idiomas e adaptada às telonas dos
cinemas (não custa nada sonhar, né?). Planejo continuar
a escrever não pelo retorno
econômico ou pela obrigação
de ter de produzir, mas sim
pelo prazer de criar algo realmente novo, histórias que
possam manter a chama da
paixão literária acesa dentro
de mim e encantar o meu público alvo: os jovens (de todas
as idades!).
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Quadrinhos
Quadrinhos
Quadrinhos
Liberdade e o futuro
Em O árabe do futuro, ex-colaborador do Charlie Hebdo relembra sua juventude
nos tempos das ditaduras de Assad e Kadafi
Reconhecido quadrinista da nova geração francesa,
Riaf Sattouf faz uma recordação de sua passagem pelo
Oriente Médio no premiado O árabe do futuro – Uma
juventude no Oriente Médio (1978-1984). Filho de mãe
francesa, nascida na Bretanha, e de pai sírio, de uma aldeia próxima a Homs, o autor traduz em quadrinhos o
choque cultural experimentado por uma criança criada
na França ao vivenciar as ditaduras da Síria de Hafez
Al-Assad e da Líbia de Muammar Kadafi.
Em menos de um ano, a obra teve mais de 90 mil
exemplares vendidos na França. No Brasil, chega pela
Intrínseca. Recebeu também o prêmio principal da
42ª edição do Festival Internacional de Quadrinhos
de Angoulême.
Além disso, Riaf também foi colaborador da revista
Charlie Hebdo – ele publicava a série sarcástica A Vida
Secreta dos Jovens no Charlie e rompeu o contrato
com o jornal seis meses antes do atentado que deixou
12 mortos, em janeiro deste ano.
Em visita à Flip, o quadrinista afirmou que os cartunistas satíricos são “paladinos” da liberdade de expressão,
dizendo que, na verdade, “eles não passam de pessoas
frustradas que usam o desenho como válvula de escape”. E completou: “Eu compreendo perfeitamente que
algumas pessoas possam ter se sentido ofendidas com
aqueles desenhos, mas nunca existe um bom motivo
para alguém matar alguém, qualquer que seja a razão,
nada pode justifica.
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EmEmalto
bom
tom
alto e
e bom
tom
Em alto e bom tom
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Cinco detalhes de
COMUNICAÇÃO
que nem sempre
LEVAMOS EM CONTA
Por REINALDO POLITO
1 – Conquiste a atenção dos ouvintes logo no início.
Se não conseguirmos conquistar a atenção dos
ouvintes logo no início, dificilmente será possível
reverter a situação ao longo da fala. Devemos planejar bem o que pretendemos dizer no início para
conquistar rápido a atenção. Alguns recursos excelentes para conquistar a atenção: mostrar o benefício que os ouvintes terão com a mensagem. Contar
uma pequena história interessante. Lançar mão de
uma frase de impacto. Fazer uso da presença de
espírito, exagerando uma informação para transformá-la em um fato bem-humorado. Instigar com
uma reflexão relevante.
2 – Comece a falar sabendo o que vai dizer no final.
Um dos maiores problemas na comunicação é a pessoa
começar a contar uma história, por exemplo, e não saber o que irá dizer no final. É muito comum, depois de
até termos iniciado bem, no meio da história ficarmos
inseguros porque não temos ideia de como concluir. O
receio de nos mostrarmos perdidos por falta da conclusão pode provocar uma descarga de adrenalina que
nos deixa nervosos e sem ação diante das pessoas. Por
isso, ao iniciar devemos saber bem o que pretendemos
dizer no final.
3 - Evite fugir com os olhos. Também não encare fixamente
o interlocutor.
Se fugirmos com os olhos enquanto conversamos, corremos o risco de passar imagem de sermos inibidos, desinteressados, inseguros. De maneira geral, a consequência é quase sempre negativa. Por outro lado, se falarmos
encarando o interlocutor, podemos parecer invasivos e
inconvenientes. Portanto, ao conversar, não devemos
fugir com os olhos, nem encarar o interlocutor.
4 - Sua comunicação e comportamento devem estar de
acordo com sua atividade profissional.
Afinal, como devemos nos comportar? De maneira formal ou informal? Ser informal não significa se comportar com erros e negligências. Da mesma forma que ser
formal não pressupõe comportamento rígido e inflexível. O importante é que sendo formal ou informal nos
comportemos sempre com naturalidade. Tudo dependerá da circunstância e da nossa atividade profissional.
5 - Observe se há coerência entre o que comunica com as
palavras e com o semblante.
Não é tão raro uma pessoa dizer que está triste mantendo o semblante arejado e até sorridente. Tentando
ser simpáticos, não percebemos que a mensagem exige
nessas circunstâncias senão um semblante entristecido, pelo menos quase impassível. Da mesma forma,
às vezes, não nos damos conta de que não poderíamos
nos apresentar com o semblante pesado e até triste
quando falamos em alegria, vitórias e conquistas.
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Perfil
Perfil
Perfil
Bob Cuspe contra a hipocrisia
Icônico Lendário personagem de Angeli ganha coletânea
Ele também tem uma resposta para tudo. A mesma, em todas as ocasiões. E não se conhece ninguém que tenha
resistido a ela. Políticos, artistas, socialites, modernetes, publicitários, colunistas de jornal e mauricinhos, todos eles tentaram, todos eles falharam. A resposta vinha de um buraco de esgoto: CUSP.
Uma das criações máximas de Angeli, Bob Cuspe foi a grande resposta do cartunista aos excessos dos anos
1980, à hipocrisia reinante da elite cultural e financeira, à vida espalhafatosa e deslumbrada dos yuppies que vicejaram no Brasil após o fim da ditadura. Seu brinco era um grampo, suas roupas não
passavam de trapos, a porta de sua casa era um bueiro e suas bandas eram os Ramones, os
Ratos de Porão, os Sex Pistols e o The Clash. Seus inimigos estavam por toda parte.
Agora, em Todo Bob Cuspe, lançamento da Companhia das Letras, o leitor
conhecerá mais deste que serviu para encapsular a frustração, a raiva,
os anseios e a revolta dos desfavorecidos na era da redemocratização. Mas não adianta procurar em Bob militância e
proselitismo. A resposta de Angeli está à altura da
pergunta: ácida, cruel, sem concessões.
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Fotografia
Fotografia
Fotografia
Gracinhas submersas
Depois de cachorros, fotógrafo clica bebês no fundo das piscinas
Seth Casteel provocou alvoroço na internet e nas livrarias do mundo inteiro ao apresentar suas fotos
divertidas e inusitadas de cães adultos e filhotes mergulhando na água para abocanhar bolinhas e outros
brinquedos. Agora, ele se supera novamente: desta
vez, quem toma conta das piscinas são os bebês. Em
Bebês submarinos (Intrínseca), o fotógrafo que arrebatou o Instagram clica mais de sessenta crianças
em seus primeiros meses de vida, o período mágico
em que tudo é uma grande novidade. E, para realizar
esse projeto, conta com a participação de escolinhas
de natação infantil dedicadas a ajudar os pequenos a
se tornarem mais confiantes ao descobrir o mundo.
Bochechas rechonchudas, dobrinhas apaixonantes e
expressões da mais pura e inocente alegria.
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Artigo
Artigo
Artigo
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Cientistas malucos e guerras espaciais
Podemos dizer que a ficção científica teve início na Europa, por volta do século 19. As primeiras obras consideradas marcos são os romances científicos da autora
britânica Mary Shelley, conhecida como a mãe da ficção
científica. The Last Man e Frankenstein, ambos escritos
por Shelley, representam a Era Clássica – importante
etapa que serviu de base para a construção da ficção
científica como gênero.
Esses romances possuem características bem próximas
às grandes aventuras e flertam com a literatura de horror, por isso a figura do “cientista maluco”, como em O
Médico e o Monstro e Frankenstein, é comum. A crítica
social também está presente e aborda as mazelas da
sociedade de forma crítica e sarcástica.
Ainda nessa primeira fase, é fundamental citar a importância de dois escritores: Júlio Verne – com suas
obras sobre viagens à Lua e ao centro da Terra – e H.G.
Wells – com o clássico A Guerra dos Mundos, no qual
seres intergalácticos invadem o planeta e tentam eliminar a humanidade.
O FUTURO FAZENDO HISTÓRIA
çamento da revista Amazing Stories, em 1926 nos Estados Unidos: a primeira a se especializar em publicar
contos do gênero.
O principal expoente dos pulps foi o autor, inventor
e editor desta publicação: Hugo Gernsback. Seu nome
foi tão importante para a área que cerca de vinte anos
depois do primeiro exemplar de Amazing Stories nasceu o prêmio Hugo, que prestigiava os melhores romances da categoria.
As obras do Pulp, em sua maioria, têm como objetivo o
entretenimento, optando por um estilo que torna a leitura rápida e fluida. Muitos dos estereótipos da ficção
científica – robôs, monstros, alienígenas assassinos,
viagens no tempo e no espaço sideral – foram criados
nessa época. O jeito despretensioso e ingênuo dos contos estigmatizou a ficção científica por muito tempo.
Foi, inclusive, nessa época que a ficção científica passou a ser conhecida pelo nome que utiliza atualmente.
Uma curiosidade: o diretor Steven Spielberg, grande fã
da revista, produziu nos anos 1980 uma série homônima à publicação que fez grande sucesso.
Robôs, ET’s e viagens para o espaço
A ciência como protagonista
A segunda fase – e uma das mais notáveis da produção de literatura de ficção científica – é conhecida como
Pulp ou Era Gernsback. Ela foi impulsionada pelo lan-
Os anos 1940 foram repletos de descobertas científicas, como tratamentos para tuberculose, a utilização
de micro-ondas e a criação de computadores, dando
Do pulp ao cyberpunk: uma linha do tempo da ficção científica mundial
Por LUCAS ALVES
Como definir a ficção científica?
Descrever esse gênero literário não é tarefa fácil, ainda
mais quando temos obras tão diferenciadas e o futuro
como premissa.
De forma geral, nas obras de ficção científica, o incrível é explicado pela ciência, seja ela existente ou
imaginária; na fantasia, o fantástico é explicado pela
magia ou pelo sobrenatural. A ciência descrita na
obra pode ser bem concreta – como uma mutação
genética ou uma catástrofe nuclear – ou completamente abstrata – como a viagem no tempo –, mas ela
sempre estará presente, exercendo um importante
papel na obra.
Atualmente, muitas vezes adaptada para o cinema,
séries e games, a ficção científica invadiu as casas de
quem antes ficava preso a conceitos primários sobre o
tema. “Não é bom, é só robozinho, navezinha e ETs” é
uma das frases que você já deve ter ouvido por aí quando alguém vai discorrer sobre uma produção do gênero.
Romances e contos bem desenvolvidos criados por
autores com estilo próprio mostram que tais preconceitos não passam de visões ultrapassadas. A ficção
científica, finalmente, conquistou o seu tão merecido
lugar de honra.
Neste artigo, traçaremos uma breve linha do tempo
com as principais fases do gênero. Dessa forma, o leitor
poderá conhecer as obras mais relevantes e nuanças de
um dos gêneros mais lidos em todo o mundo e que está
conquistando cada vez mais o público brasileiro.
Criador e criatura: a autora britânica Mary Shelley, a mãe de Frankenstein
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Artigo
Artigo
Artigo
Artigo
Artigo
Artigo
Na Era de Ouro, os autores buscavam infinitamente a
explicação científica para seus fatos, tornando, muitas vezes, a ciência protagonista da história. Nos anos
1960, a New Wave, bastante influenciada pelos Beats,
movimento sócio-cultural dos anos 1950-1960, aparece com uma literatura mais experimental e próxima
das ciências humanas.
Enquanto em Asimov e Clarke a ciência era o herói,
atualmente existe uma tendência a torná-la a condutora do apocalipse – o que não desvaloriza a qualidade
da obra, apenas reflete o momento histórico em que
vivemos.
Compreender a importância da ficção científica é entender que o gênero traz mais do que livros com a temática do futuro. Para a ficção científica, a vida imita
a arte. Suas criações serviram de fonte de inspiração
para empreitadas no mundo real; bons exemplos disso
são os tablets – fielmente descritos como são hoje no
livro e no filme 2001: Uma Odisseia no Espaço, ambos
lançados em meados dos 1960 –, nomenclaturas que
surgiram nessas obras – como é o caso de “ciberespaço”, palavra conhecida posteriormente como sinônimo
de internet – e até a plataforma virtual Second Life –
inspirada no livro Snow Crash.
Os ícones do período são Philip K. Dick, autor de diversos romances e contos, como Androides Sonham
com Ovelhas Elétricas?; Ursula K. Le Guin, com a obra
A Mão Esquerda da Escuridão; e Ray Bradbury, com
Fahrenheit 451.
O bioquímico Isaac Asimov, ícone da Era de Ouro da
literatura de ficção científica
início à considerada Era de Ouro da ficção científica.
Os expoentes dessa era pertenciam ao meio acadêmico e científico, como a tríade mais famosa da época:
Isaac Asimov, o bioquímico russo, naturalizado norte-americano, autor dos clássicos Eu, Robô e da Trilogia
da Fundação; Arthur C. Clarke, o idealizador do satélite geoestacionário e autor de 2001: Uma Odisseia no
Espaço e Encontro com Rama; e Robert Heinlein, ex-militar norte-americano bastante influenciado pela
Segunda Guerra Mundial, autor dos clássicos Tropas
Estelares e Um Estranho em uma Terra Estranha.
As tramas desenvolvidas por esses três escritores são
mais profundas, complexas e realistas que as obras
Pulps. Em sua maioria, são consideradas hard sci-fi, ou
ficção científica hard, por serem sempre pautadas na
ciência conhecida da época em que foram escritas.
Devido à capacidade de abertura, essa é a geração mais
adaptada para outras mídias, sendo Dick considerado o
autor de ficção científica mais adaptado por Hollywood.
As obras dele foram inspiração para grandes sucessos do
cinema, como Blade Runner, Agentes do Destino, O Vingador do Futuro, Minority Report, entre muitos outros.
A trilogia Matrix foi inspirada por Neuromancer,
livro de William Gibson
Cultura pop, internet e ação
Os movimentos de contracultura que aconteceram
entre os anos 1960-1980, como o hippie e o punk, influenciaram muito a literatura da época e o reflexo disso na ficção científica pode ser visto na produção de
obras do estilo Cyberpunk.
O subgênero apresenta um novo olhar sobre a sociedade, levando o leitor a um cenário urbano, cibernético,
anarcocapitalista e caótico. Conceitos da cultura pop
foram assimilados e apresentados em um ambiente
propício à sua difusão, porém extremamente agressivo.
Seu maior expoente é William Gibson, autor de Neuromancer, que inspirou a trilogia Matrix e influencia até
hoje a produção de ficção científica.
Essas obras tornaram-se mais comerciais, conquistaram o mercado literário e são as mais conhecidas e lidas até hoje.
Evoluindo a partir da obra de Gibson, Neal Stephenson
escreveu Snow Crash, obra situada no metaverso, um
ambiente virtual no qual qualquer pessoa com acesso a
computadores poderia criar um avatar e ser o que desejasse. Esse conceito influenciou fortemente a produção
de games como os MMORPGs, The Sims e Second Life.
Um novo olhar sobre a sociedade
O fim está próximo
Como todo gênero literário, a ficção científica também
evolui a partir das respostas de uma nova geração sobre as anteriores.
O reflexo da sociedade pós-moderna, a internet e o
consumo de cultura pop levaram a uma nova onda de
distopias na produção contemporânea. Entre diversas
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influências, as questões sociais, econômicas e ambientais (que afetam a sociedade de diferentes formas)
também são encontradas nas obras. Novos autores tratam de temáticas que atingem um novo público, como
o feminismo, a sustentabilidade, o futuro anarcocapitalista ou militarista. Antigos conceitos são revisitados, trazidos à luz da contemporaneidade e atualizados
para a nova visão do futuro.
Isso só para citar alguns. São vários os exemplos em
que a vida inspirou-se em obras de ficção científica e,
aos poucos, o gênero prova que, para o bem ou para o
mal, o futuro já chegou.
Lucas Alves é jornalista e produtor de conteúdo na editora Aleph.
Seu primeiro contato com a ficção científica foi quando trabalhava no depósito de reciclagem da família. Um dia subiu em uma
caçamba de papel e encontrou um exemplar do clássico 2001:
uma odisseia no espaço. E nunca mais parou de viajar.
Enquanto as outras eras possuíam características mais
distintas, a produção atual leva aos leitores uma mistura de todos os movimentos em um modelo antropofágico de evolução.
É bastante comum ver obras híbridas, mesclando conceitos do cyberpunk associados à ficção científica hard
e, até mesmo, a volta do horror associado ao fim da sociedade como conhecemos; esses conceitos estão presentes em livros como Sombra do Paraíso, de Michael
Cassutt e David S. Goyer, uma obra que se aproxima
muito dos romances da Era de Ouro, e no filme Interestelar, de Christopher Nolan.
Na Era de Ouro, a ciência conduzia a sociedade à harmonia; a tecnologia levava os leitores a um universo
incrível, quase mágico. As obras contemporâneas, no
entanto, situam-se próximas ao fim da humanidade,
ou mesmo durante sua decadência, sendo aqui a grande vilã a tecnologia ou o uso abusivo dela.
Phillip K. Dick, o autor de ficção científica
mais adaptado por Hollywood
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Ficções
Ficções livrescas
livrescas
Ficções livrescas
da de Cabul a Meca.
– Então o meu amigo tinha razão ao me condenar!
– Por Alá! Não! Não se trata de condenação. Sei que
você bateu na sua mulher com a melhor das intenções.
O que você tem que fazer de agora em diante é seguir o
caminho da retidão e aposentar o seu taco de críquete.
– Na verdade, ele não é meu. Eu tomei o taco de um
apóstata que ousou se casar com um demônio hindu
de vestido colorido.
O leitor se aproximou de Ali e cochichou:
– O desgraçado está agora ardendo no inferno.
– Bem, mais um motivo para deixar esse taco de lado.
Confie em suas mãos calejadas e, se preciso, em uma
vara. Elas bastam para esse nobre propósito.
O paraíso de Borges e o genérico
Por FERNANDO MOREIRA
A fila na livraria do Centro de Srinagar serpenteava
corredores entre pilhas de livros e avançava por dezenas de metros na calçada suja onde ambulantes barulhentos disputavam a venda de pão e chá. Apesar do
frio, a resistência da multidão era inabalável. Ao fundo
da loja de livros, Ali Shafia dava o seu milésimo autógrafo naquele fim de tarde cinzento, de acordo com a
contagem do seu assessor.
– Senhor Ali, é uma bênção tê-lo aqui conosco na Caxemira. Que Alá o ilumine todos os dias, todos os dias!
– disse o leitor, com um sorriso largo e dentes encavalados.
– Alá seja louvado! – replicou o escritor, tentando disfarçar o cansaço. – Qual é o seu nome?
– Senhor Ali, um amigo meu que mora no Canadá e
já leu o seu livro me deixou um pouco perturbado. E
bastante ansioso, confesso. Espero que a edição para a
Caxemira possa estar diferente.
– Diferente?!
– Sim, eu espero poder telefonar para ele e dizer que
aqui na Caxemira podemos bater em nossas mulheres
com taco de críquete. Ou não podemos?
Com uma expressão apaziguadora, o escritor concluiu
o autógrafo e comentou:
– Belo nome. Mil vezes belo.
– Meu caro, taco de críquete não é a ferramenta adequada para educarmos as nossas mulheres de acordo
com os preciosos fundamentos do Islã. No meu livro
deixo isso bem claro. Há um capítulo dedicado à aplicação da força no matrimônio. Nele, eu explico que o fiel
deve usar apenas a mão ou uma vara.
Quando Ali começava a rabiscar o autógrafo, foi interrompido pelo impaciente leitor.
Halim se irritou, mas conteve a fúria, afinal estava
diante de uma autoridade religiosa e literária respeita-
– Halim.
Resignado, Halim agradeceu o conselho, pegou o seu
livro devidamente autografado e, quando dava as costas, sentiu o peso da mão de Ali no seu ombro direito.
Virou-se imediatamente. No seu íntimo, acreditava
que pudesse receber uma concessão de última hora
para que continuasse surrando a esposa com o taco do
esporte bretão criado em 1566.
Ali o desapontou, novamente:
– Não exagere na violência. Provoque a dor exata a que
a sua mulher deve ser submetida. Qualquer sofrimento
a mais deve ser condenado. Está escrito aqui. O meu
livro é um livro de amor. O amor que Maomé, sob a
inspiração do arcanjo Gabriel, tão bem sublinhou no
Corão. O marido deve tratar a esposa com bondade e
amor, mesmo que às vezes ela tenda a ser estúpida e
lenta para compreender as coisas mais óbvias. Neste
caso, puxar pelas orelhas é até aceitável.
***
Halim pegou um ônibus velho num quarteirão próximo ao da livraria. No trajeto até sua residência, na
periferia de Srinagar, folheou a obra de Ali. Ao ler
um trecho em que o escritor ressalta que a esposa
não pode sair de casa sem a permissão do marido,
lembrou-se de uma das surras aplicadas com o taco.
Naquela oportunidade, Amani havia saído com o filho pequeno para comprar legumes em uma feira. Halim, que estava trabalhando na sapataria herdada do
pai, recebeu um telefonema anônimo, denunciando a
ousadia pecaminosa de Amani. Fechou bruscamente
a loja no meio da tarde e não tardou em chegar em
casa. A mulher estava na cozinha preparando uma
sopa para o marido. Ali mesmo, ela foi golpeada violentamente pelas costas. O bastão de críquete zuniu
na lombar de Amani, que caiu no chão em dores lancinantes. A esposa foi deixada em uma cama, sem
comida e água, por três dias. Até que um médico foi
chamado à residência.
– Ela mereceu. Uma bofetada teria bastado? Duvido...
– balbuciou Halim, ao se levantar para descer no seu
ponto, localizado em uma área em que grupos extremistas floresciam mesmo no inverno rigoroso.
Amani costurava uma colcha quando o marido entrou no quarto do casal. Halim beijou a testa do filho,
que brincava com um carrinho de plástico no chão e,
sem cumprimentar a esposa, abriu o armário de três
portas. Retirou umas caixas de sapato e algumas roupas e, enfim, teve acesso ao que procurava. O taco de
críquete repousava no fundo do compartimento de
madeira envelhecida. Com os olhos marejados, Halim
pegou a chibata condenada por Ali e saiu do aposento
sem dizer nada.
Pouco mais de meia hora depois, Amani serviu o jantar ao marido, sentado à cabeceira da mesa. Ao lado
do prato, Halim fez repousar o taco de críquete bem
lustrado. Tinha mais saudade do que fome. Não se
conformava com o fato de abrir mão do porrete moral. Relutava. Debatia-se contra a tentação de voltar a
abrigá-lo no fundo do armário e recorrer a ele em situações extremas. Ao mesmo tempo, sentia-se envergonhado. Vergonha pelo amigo no Canadá, vergonha
pelo escritor. Em um gesto sofrido, Halim ergueu o
taco e o entregou à esposa, postada atrás dele.
Amani não teve dúvida: golpeou o marido na cabeça e
voltou ao quarto. Ainda não havia acabado de costurar
a colcha. Caída sem vida no prato, a cabeça de Halim
ensopava a louça com um vermelho aterrorizante.
Fernando Moreira é autor do livro
“Baseado em fatos reais” (Editora
Agir), inspirado em histórias do
blog “Page not found”, do jornal O
Globo. O blog foi criado por ele em
2006 e é conhecido por noticiar
histórias inusitadas, curiosas,
polêmicas e bizarras.
Papo Papo
de escritor
de escritor
Papo de escritor
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volvimento humano, essa garotada avançará até onde
precisamos que avancem.
Os jovens que chegaram ou que chegarão ao meio empresarial neste século trazem consigo um modo novo de
enxergar o mundo, sendo educados e preparados com
o uso de diferenciada parafernália tecnológica e, possivelmente, por isso, capazes de encontrar soluções novas
para as mais variadas necessidades.
Se são portadores de propostas que levarão a inéditos
processos produtivos, serão hábeis o suficiente para
desenvolver inovadores e sustentáveis modelos de produção? Terão a sensibilidade para estabelecer outras
formas, bem menos poluidoras e extrativistas, de promover o bem-estar da humanidade nesta única moradia
que ainda se tem para viver?
Essa é a grande aposta que eu faço e a ideia que defendo
nas páginas do Jovens Digitais, somando-se à corrente
que prega profundas transformações no centenário jeito de produzir, comprovadamente poluidor e responsável direto pelas dramáticas mudanças climáticas e ambientais que vivenciamos.
O maior desafio
dos jovens digitais
Por RUY LEAL
Sinceramente, acredito que os jovens são o único capital
que a humanidade tem para o futuro. Jovens representam, por sua natureza e definição, a continuidade das
coisas, a evolução e a existência neste planeta. Qualquer
horizonte só pode ser alcançado se houver outro horizonte à frente e, nesta metáfora, o jovem é o próprio
instrumento de construção do futuro e da permanência
humana neste pequeno planeta Terra.
Quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha? Na relação
entre jovens e gestores de empresas neste século, quem
deve se adequar a quem? Tanto na primeira situação
como na segunda há quem valorize muito a busca da
resposta, como há quem não valorize isso. No meu ponto de vista, o que importa é que um precisa do outro, só
fazendo sentido se um contar com o outro.
Em meu livro Jovens Digitais, abordo os onze combates
que o jovem do século XXI precisará enfrentar em sua
inadiável caminhada ao mundo produtivo, destacando
as questões relevantes dessa empreitada profissional e
considerando o que é valor para o contratante e o que é
valor para o contratado.
A ideia é transgredir e transpassar a maneira recorrente utilizada na abordagem da relação dos jovens deste
século com as empresas. Assumir a necessidade que um
tem do outro, insistindo que o campo de atuação de ambos não se dará somente dentro das fronteiras da empresa, mas, obrigatoriamente, olhando os impactos do
que for realizado diante das necessidades deste planeta,
que grita por urgentes mudanças nos sistemas produtivos vigentes.
Também é preciso analisar o mundo que deixamos aos
jovens. A situação do nosso planeta é dramática: o aquecimento global é somente a ponta do iceberg. Há incontáveis ambientes bastante deteriorados que apresentam
enorme perigo à existência humana, cujos estoques estão se exaurindo. No contraponto, aos nossos jovens,
estamos deixando vigorosos instrumentos como o desenvolvimento tecnológico forte e disponível, num patamar suficientemente poderoso para se alcançar metas
impossíveis. E a biotecnologia, com força suficiente para
ressemear a vida no planeta. Se conseguirmos passar
valores suficientes para alcançarem o necessário desen-
Você, leitor, poderá verificar ainda no livro a apresentação das melhores práticas existentes no mercado de
trabalho para a introdução e desenvolvimento de jovens
em programas bastante utilizados para a formação de
novas equipes nas empresas. São dedicados sete dos
onze combates para uma conversa sobre os programas
de estágio, aprendiz e trainee. Minha proposição, por
diversas vezes reiterada, é a de que os jovens representam a única estrada para a formação de futuras lideranças e, por conseguinte, a sempre almejada revitalização
dos negócios.
Há dezenas de anos, notadamente nos últimos sete ou
oito, observo que tem havido acentuada preocupação,
quase obsessão, de escolados gestores em descobrir a
fórmula mágica que possa encantar os talentosos jovens
deste século a abraçar profissionalmente suas organizações. E os jovens, de seu lado, procuram organizações
dos sonhos, que possam ser o oásis nesse monumental emaranhado de realidade empresarial, disponibilizando, a um só tempo, rápida ascensão profissional e
proporcionando consistente qualidade de vida aos seus
colaboradores.
Se não existe fórmula mágica de encantamento, como
também não há empresa dos sonhos, de que modo se
promoverá o casamento ideal de empresas reais com os
talentosos jovens, que não estão prontos, mas que enxergam o mundo por um prisma único e só seu?
“
De que modo se promoverá o
casamento ideal de empresas reais
com os talentosos jovens, que não
estão prontos, mas que enxergam o
mundo por um prisma único e só seu?
”
Como no casamento, em que um lado não pode subjugar o outro, indico, no décimo primeiro combate de
meu trabalho, o amálgama – propondo aos dois lados,
empresas e jovens, a fusão das gerações, com o entendimento de que, qualquer que seja o caminho a trilhar,
que ele possa nos levar a soluções que transcendam os
muros empresariais e nos leve ao futuro sustentável.
Tenho a sensação e a expectativa de que você, leitor, viaje bem por essas páginas, rumando ao seu melhor amanhã. Que assim seja!
Ruy Leal atua há mais de 30 anos
no trabalho de capacitação de
jovens para o ingresso no mercado de trabalho e na orientação
de profissionais de Recursos
Humanos e educadores sobre
programas de estágios, coaching
e mentoring. Atualmente é superintendente geral do Instituto
Via de Acesso. Seu mais recente
livro é Jovens digitais, lançamento da Integrare Editora.
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Arte
Arte
Arte
Um gênio...
...por outro gênio
O pintor Caravaggio tem sua história contada em quadrinhos no
traço do desenhista Milo Manara
Milo Manara, o ícone máximo dos quadrinhos eróticos, retorna às livrarias com aquela que talvez seja a
obra mais ambiciosa de toda sua carreira: uma biografia em quadrinhos de ninguém menos que Michelangelo Merisi de Caravaggio, o enigmático e escandaloso pintor italiano.
Manara nos revela em Caravaggio - A morte da virgem,
aclamado por sua arte mas atormentado por seus demônios interiores, dividindo seu tempo entre a vida
nos palácios do Vaticano, bebedeiras em bordéis e
temporadas na prisão. Usava prostitutas como mode-
los para suas pinturas sacras – ponto em que Manara
aproveita para criar, como é sua especialidade, mulheres lindas e sensuais.
O livro foi lançado simultaneamente na Europa, nos
Estados Unidos, no Japão e no Brasil, pela Veneta. Nas
entrevistas de lançamento, quando jornalistas compararam seus talentos ao do pintor, Manara foi modesto.
“Sei que entre mim e Caravaggio há uma distância sideral. Apenas quis narrar sua história como um admirador devoto. Sua presença me pareceu compreensiva,
jamais ameaçadora.”
pág. 43
pág. 44
Música
Música
Música
Lacuna preenchida
Livro desvenda vida de John Lennon em Nova York
Obsessivamente investigada ao longo dos anos, a história dos Beatles e de seus integrantes tem poucos
buracos para serem preenchidos. No tocante a John
Lennon, um de seus períodos menos conhecidos foi
final e devidamente esclarecido com o livro John Lennon em Nova York – Os anos
de revolução (Valentina). O
ativismo político, a evolução musical, a relação com
a esposa Yoko Ono e com
os antigos companheiros
de banda foram alguns
dos temas abordados pelo
autor, o jornalista norte-americano James A. Mitchell. A obra, ilustrada por
uma série de algumas fotos
históricas – algumas aqui
reproduzidas – revela os processos de criação dos discos solo de Lennon, as perseguições do FBI e do presidente Nixon para deportá-lo pela oposição à Guerra
do Vietnã, e como Lennon e Yoko se integraram ao
cotidiano da cidade.
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TOP 100 EDITORAS DISTRIBUÍDAS
TOP 20 LIVROS MAIS VENDIDOS
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Nesta página, listamos, por ordem alfabética, as 100 editoras que registraram, nos meses de maio e junho de 2015, o
maior volume de vendas e negócios com a Superpedido. Agradecemos a parceria de todos.
ALAUDE
ALEPH
ARQUEIRO
ARTMED
ATHENEU
ATICA
AUTENTICA
BAKER & TAYLOR
BELALETRA
BELAS LETRAS
BICHO ESPERTO
BLACKBOOK
BLU EDITORA
BRINQUE BOOK
CASA DOS LIVROS
CASA LYGIA BOJUNGA
CENGAGE LEARNING
COMPANHIA DAS LETRAS
CONTEXTO
CORTEZ EDITORA
DARKSIDE
DCL
DISCOVERY
DSOP
EDGARD BLUCHER
EDIOURO
EDIPRO
EDITORA FTD
ELSEVIER
FEB
FUNDAMENTO
GEN
GENTE
GERACAO EDITORIAL
GIRASSOL
GLOBAL
GLOBO
GMT SEXTANTE
GRYPHUS
HAGNOS
HQM
INTRINSECA
IRMAOS VITALE
ITATIAIA
J.C TEXTOS
JOHN WILEY & SONS
JORGE ZAHAR
L&PM
LAFONTE
LASELVA VIAGENS
LEYA
MADRAS
MANDACARU
MANOLE
MARTIN CLARET
MARTINS
MASTER BOOKS
MATRIX
MEDIACAO
MELHORAMENTOS
MODERNA
MUNDO CRISTAO
NACIONAL
NOBEL
NOSSA CULTURA
NOVA FRONTEIRA
NOVO CONCEITO
NOVO SECULO
OBJETIVA
ORIGINAL
OXFORD UNIVERSITY
PANDORGA
PANINI
PAPALEGUAS
PAPALEGUAS
PAPIRUS
PARABOLA
PEARSON EDUCATION
PENSAMENTO
PETIT
PLANETA DO BRASIL
POSITIVO
PUBLIFOLHA
RECORD
ROCCO
SAIDA DE EMERGENCIA
SARAIVA
SCIPIONE
SENAC EDITORA
SPRINGER VERLAG
SUMMUS
THIAGO MOURA
THOMAS NELSON
TODOLIVRO
UNIVERSO DOS LIVROS
VALE DAS LETRAS
VERGARA & RIBA
VIDA E CONSCIENCIA
VOZES
WMF
Confira na lista a seguir os livros mais vendidos na Superpedido nos meses de maio e junho de 2015. Para não
perder oportunidades, mantenha o estoque de sua livraria sempre abastecido com estas obras.
1
2
JARDIM SECRETO
ISBN: 9788543101637
R$ 29,90
3
FLORESTA ENCANTADA ISBN: 9788543101958
R$ 29,90
6
11
LIVRO DE COLORIR
MANDALAS
ISBN: 9788584170708
R$ 29,90
DIÁRIO DE UM BANANA
VOL. 9
ISBN: 9788576838234
R$ 36,90
LIVRO DE COLORIR
ANIMAIS SILVESTRES
ISBN: 9788584170760
R$ 24,90
12
HERDEIRA, A
VOL. 4 ISBN: 9788565765657
R$ 29,90
LIVRO DE COLORIR
NATUREZA E PAISAGENS
ISBN: 9788584170791
R$ 24,90
LIVRO DE COLORIR
TATUAGENS
ISBN: 9788584170753
R$ 29,90
14
18
SURUBA PARA COLORIR
VOL. 2
ISBN: 9788568477069
R$ 30,00
15
UM JARDIM DE CORES ISBN: 9788582350102
R$ 29,90
19
PEQUENO PRINCIPE, O
48 ED.
ISBN: 9788522005239
R$ 19,90
PHILIA ISBN: 9788525060044
R$ 19,90
10
SURUBA PARA COLORIR
VOL. 1
ISBN: 9788568477052
R$ 30,00
BORBOLETAS
ENCANTADAS
ISBN: 9788599644362
R$ 24,90
MUNDO DAS CORUJAS, O
ISBN: 9788599644355
R$ 24,90
DIARIO DE UM BANANA
VOL. 1
ISBN: 9788576831303
R$ 36,90
5
9
13
17
ANSIEDADE COMO
ENFRETAR O MAL DO
SECULO ISBN: 9788502218482
R$ 14,90
4
8
7
16
Para conhecer a lista completa de editoras distribuídas,
ligue para a central de vendas ou acesse o portal.
pág. 47
FLORESTA MAGICA
ISBN: 9788577486892
R$ 29,90
20
LIVRO DE COLORIR
ANTIESTRESSE PAISAGENS,
CIDADES E FLORES
ISBN: 9788584170678
R$ 24,90
AMANHA A DEUS
PERTENCE, O ISBN: 8577220087
R$ 32,50
Anúncio Revista Vitrolla - NC.pdf 1 21/07/2015 18:26:35

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