Na escola de hoje, por que inserir as brincadeiras de ontem?

Transcrição

Na escola de hoje, por que inserir as brincadeiras de ontem?
Na escola de hoje, por que inserir as brincadeiras de ontem?
Rodrigo Fornalski Pedro (UTP, Curitiba/PR), [email protected]
Melissa R. da Silva (UTP, Curitiba/ PR , UNICENTRO – Guarapuava/PR), [email protected]
Resumo:
Apresenta-se neste artigo um estudo sobre o lúdico, sua importância para o desenvolvimento
das crianças da Educação Infantil, assim como propostas para o repensar pedagógico no que
diz respeito à inserção das brincadeiras “antigas” no cotidiano dos alunos. A preocupação é
descobrir como as crianças podem gostar das brincadeiras de ontem, sem que estas sejam
impostas aos alunos, mas que garantam a vontade e motivação em realizá-las. Assim, é
possível analisar o quão importante são as brincadeiras no desenvolvimento físico, cognitivo
e social das crianças em idade de escolarização da Educação Infantil. Ancorado no jogo,
estão questões de valor histórico e cultural o que podem promover nas crianças a simpatia e
participação das atividades. Uma vez que a escola é o espaço em que as crianças terão a
possibilidade de aprender e transformar suas primeiras impressões, cabe a ela participar na
formação do aluno, garantindo momentos de conhecer aos outros e a si mesmo. O objetivo se
encontra, neste estudo, em destacar como os jogos populares possibilitam o desenvolver da
criança em seus diferentes aspectos, contribuindo, assim, para a continuidade mais prazerosa
em aprender antigos conceitos de forma divertida e significante aos alunos.
Palaras-chave: Educação Infantil, Lúdico, Brincadeiras Populares.
1
Professor Universitário da Universidade do Contestado (UnC) / Mafra-SC e mestrando em Educação
pelo Programa de Mestrado em Educação da Universidade Tuiuti do Paraná, (UTP) Curitiba-PR.
2
Professora Universitária da Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO) Guarapuava-PR;
e mestranda em Educação pelo Programa de Mestrado em Educação da Universidade Tuiuti do
Paraná, (UTP) - Curitiba-PR.
2
In today's school, why be added old games?
Abstract:
This paper presents a study about the “lúdico” and its importance for the development of
child in school age. As well as proposals to think about Education and the introducing “old”
players in the daily life of students. The concern is discover how the child can enjoy the
games of yesterday, without their being imposed on students but to ensure that the will and
motivation to them. So, it´s possible explore how big the importance is the cognitive and
social child development. With the game, it´s the sound of your cultural and historical values.
They can promote the child the sympathy for the activities. The school is the space in which
the child has a chance to learn and transform their first impressions and the opportunity to
participate in it. So the student is able to providing moments of knowing others and himself.
The goal is: how the popular games allow the child to develop different ways, contributing to
the continuity in learning more enjoyable old concepts in a fun and meaningful to students.
Key-words: Kindergarten, Lúdico, Popular Games.
1 Observações Preliminares
O campo de estudos sobre o Lúdico e Educação Infantil por tempos foi alvo de
constantes debates e manifestações, inclusive no que norteia os Referenciais Curriculares para
a Educação Infantil (RCNEI, 1998) que contempla a importância do brincar como
fundamental para promover o desenvolvimento físico, cognitivo e social das crianças.
Aqui, neste artigo, buscamos trazer à tona não só os parâmetros que contemplam a
importância do lúdico na Educação Infantil, mas também a possibilidade de introduzir no
planejamento do professor a inserção de brincadeiras populares, mais antigas, como
momentos de prazer e motivação dos alunos ao aprender.
Na atual sociedade brasileira, assim como em grande parte dos outros países, a
inclusão digital e midiática tomaram conta do cotidiano dos alunos, assim como na Educação
Infantil acaba por ser uma prática precisa ao uso das novas tecnologias e linguagens:
televisão, computadores, internet, softwares educativos, vídeo-games, cinema e música. O ato
de brincar, a cada dia, observa-se que acaba sendo deixado de lado ou substituído pelas
inovações midiáticas e também pela preocupação com a segurança das crianças.
Aqui não cabe afirmar a não importância das crianças em conhecer e interagir com
diferentes linguagens que são comuns na sociedade, pelo contrário, vem subsidiar a
importância do brincar na Educação Infantil, promovendo momentos de conhecimento da
própria cultura, limitações e afinidades.
3
Uma vez que a escola é o espaço em que as crianças terão a possibilidade de aprender
e transformar suas primeiras impressões, cabe à ela participar na formação do aluno,
garantindo momentos de conhecer aos outros e a si mesmo.
Através das “antigas” brincadeiras, ou das brincadeiras populares, estes momentos de
socialização, respeito às regras, movimento, raciocínio e leitura de diferentes linguagens
podem ser trabalhadas pelo professor.
Desta forma, o ponto norteador deste estudo é reconhecer a importância do lúdico na
formação do aluno da Educação Infantil, para assim apresentar diferentes bricadeiras
populares que são capazes de contribuir de forma significativa em seu aprendizado. Propostas
reais de aplicação das brincadeiras de ontem na escola de hoje.
2 Afinal de contas: jogo, brincadeira ou lúdico?
Natural que o termo “lúdico” remeta ao termo “jogo”, que se configura pelo prazer e
motivação do brincar, interagir, respeitar regras, socializar-se.
Assim apresenta Huizinga (2000), que considera o jogo como patrimônio da cultura de
um povo, momentos em que o homem é capaz de dar sentido a ação. Através do jogo, é
possível estar num momento onde o prazer e a criação de soluções aos problemas
apresentados se faz presente.
O que se põe em pauta, ao falar de jogo é o fato de podermos aplicar nossas
experiências através da cultura que nos forma. Para Kishimoto (1999, p.16):
A concepção de jogo não pode ser vista de modo simplista, mas pelo
significado da aplicação de uma experiência, instrumentalizada pela cultura
da sociedade. Isso significa que quando alguém joga, está ao mesmo tempo
desenvolvendo uma atividade lúdica. Neste contexto podemos observar uma
relação íntima entre a atividade (jogo) e o prazer.
Os afetos são trabalhados de forma intensa através do jogo, pois através das atividades
propostas aos alunos, neste caso particular as crianças, além das habilidades que poderão ser
contempladas, é possível observar como se transformam em competências (ação) e criam suas
estratégias.
O fato de apontarmos a presença de um elemento lúdico na cultura não quer
dizer que atribuíamos ao jogo um lugar de primeiro plano, entre as diversas
atividades da vida civilizada, nem que pretendamos afirmar que a civilização
teve origem no jogo através de qualquer processo evolutivo. (KISHIMOTO,
1999, p.30)
4
Isto posto, vale ressaltar que a ludicidade pode ser parte na complexa rede de diretrizes
para se garantir uma educação de qualidade, por ser ela um instrumento de valorização da
cultura. Às “antigas” brincadeiras carregam consigo um número expressível de possibilidades
de se trabalhar a ludicidade a partir de seu contexto (histórico e cultural), estando por vezes
caracterizadas por sua linguagem e expressão.
Kishimoto (1999) aponta a importância de se ter bem claro as definições de jogo,
brincadeira e brinquedo, para que não se tenha a impressão que fazem parte do mesmo
instrumento, tampouco que garantem a ludicidade.
Resumidamente, o brinquedo passa a ser o objeto/suporte da brincadeira que se
programados adequadamente garantem a ação transformando este processo na ação lúdica.
Por outro lado, tempos as definições de Lorenzoni (2002), que apresenta a regra como
diferencial entre o jogo e a brincadeira. Para isto, quando se há uma regra para a ação tem-se
o jogo; caso contrário, na exclusão da regra, a brincadeira entra em questão.
Kishimoto acredita que as origens dos jogos infantis se fundamentam na cultura e
história de um povo, incluindo os contos, histórias e as lendas transmitidas entre gerações.
Desta forma, os jogos tradicionais brasileiros – amarelinha, pião, búlica ou pula-corda –
foram trazidos por nossos colonizadores, incorporando seus conceitos e transformados pela
cultura indígena ou afro-brasileira.
“Veio com os primeiros colonizadores o folclore lusitano, incluindo os contos,
histórias, lendas e superstições que se perpetuaram pelas vozes adocicadas das negras, e
também os jogos, festas, técnicas e valores” (KISHIMOTO, 1999, p. 18).
Desta forma, constata-se que os jogos tradicionais, ou “velhas” brincadeiras, são fortes
instrumentos para poder de expressão de um povo, cuja cultura e história são importantes
informações para construção individual.
Utilizar-se, pois, destes instrumentos para poder propor aos alunos momentos lúdicos
de aprendizagem colabora para a efetivação do princípio número 7, da Declaração dos
Direitos da Criança:
A criança tem direito à educação, para desenvolver as suas aptidões, sua
capacidade para emitir juízo, seus sentimentos, e seu senso de
responsabilidade moral e social. Os melhores interesses da criança serão a
diretriz a nortear os responsáveis pela sua educação e orientação; esta
responsabilidade cabe, em primeiro lugar, aos pais. A criança terá ampla
oportunidade para brincar e divertir-se, visando os propósitos mesmos da
sua educação; a sociedade e as autoridades públicas empenhar-se-ão em
promover o gozo deste direito. (ONU, 1959).
5
3 O lúdico para a formação da criança
Conhecemos o fato de que antigamente as brincadeiras eram motivos para reuniões de
família, amigos ou apenas conhecidos; que aconteciam nas ruas na maioria das vezes
envolvendo um encontro entre adultos e crianças.
Porém, com as revoluções sociais e transformações das tecnologias, na sociedade atual
os espaços se fizeram menores e as oportunidades deste encontro também diminuiram.
No espaço escolar, o jogo se torna um importante aliado da criança para poder
realizar-se: se expressar, sentir, modificar, transformar, aprender. E as transformações que
podem ser realizadas de acordo com o grupo de agentes necessitam ser orientadas para um
crescer. O resgate de “velhas” brincadeiras há tempos não presentes nos espaços da sala de
aula, proporcionam à criança o poder socializar e extravasar os seus desejos, sentimentos e
emoções.
O jogo como ferramenta para a ação lúdica, como ferramenta pedagógica, revela nas
crianças diferentes dimensões importantes em sua formação: a afetividade, a cognição, os
valores morais e culturais, a linguagem do cormportamento infantil – o que subsidia um
melhor diagnóstico das necessidades e interesses da criança.
A ludicidade, tão importante para a saúde mental do ser humano é um
espaço que merece atenção dos pais e educadores, pois é o espaço para
expressão mais genuína do ser, é o espaço e o direito de toda a criança para o
exercício da relação afetiva com o mundo, com as pessoas e com os objetos.
(MAURÍCIO, 2009).
O lúdico tem a sua origem do latim ludus, que significa “jogo”. Porém, a definição
pura deixa de ser utilizada quando passamos a entender o fato do lúdico ultrapassar o simples
jogo, apresentando valores específicos para cada fase da criança.
Para Piaget (1998) a ludicidade é a forma pela qual a criança aprende. É necessário à
ela o ato do brincar, possuindo em suas mãos o jogo para compreender o mundo o rodeia.
O jogo não é simplesmente um “passatempo” para distrair os alunos, ao
contrário, corresponde a uma profunda exigência do organismo e ocupa
lugar de extraordinária importância na educação escolar. Estimula o
crescimento e o desenvolvimento, a coordenação muscular, as faculdades
intelectuais, a iniciativa individual, favorecendo o advento e o progresso da
palavra. Estimula a observar e conhecer as pessoas e as coisas do ambiente
em que se vive. Através do jogo o indivíduo pode brincar naturalmente,
testar hipóteses, explorar toda a sua espontaneidade criativa. O jogo é
essencial para que a criança manifeste sua criatividade, utilizando suas
potencialidades de maneira integral. É somente sendo criativo que a criança
descobre seu próprio eu. (TEZANI, 2004, p.1).
6
O jogo possibilita à criança a formação de novos conceitos, através do surgimento de
novas idéias para encontrar respostas aos seus desafios. Utiliza-se da lógica e raciocínio para
poder adequar suas idéias aos propósitos primeiros envolvendo-se com seus colegas.
Desenvolve os seus aspectos físicos, cognitivos e principalmente, sociais.
4 Brincadeiras Populares: história e cultura na ação lúdica
“Quem faz é o próprio corpo, quem pensa é também o corpo. As produções
físicas ou intelectuais são, portanto, produções corporais. Produções essas
que se dão nas interações do indivíduo com o mundo” (FREIRE 1997,
p.134).
O encontro social, promovido pela ação do brincar, faz com que abra a possibildade de
dissiminação da cultura de um povo e no resgate/perpetuação de sua história.
Através das rodas e brincadeiras cantadas, para Cavalleri (1994), estas são atividades
que proporcionam a união entre pessoas, compostas por letras específicas que todos cantam
instigando assim o desenvolvimento da socialização e aprendizagem. Tal aprendizagem se dá
pelo ritmo, coordenação, percepção, observação e atenção, requisitos necessários para o
desenvolvimento da atividade em questão.
Outro exemplo, presente na maioria das escolas de Educação Infantil, é a
“amarelinha”, que além dos requisitos citados no exemplo anterior, contempla o
desenvolvimento da sua coordenação espacial.
Freire (2003) expõe suas considerações quando apresenta que “a noção espacial que se
forma a partir desta relação da criança com o espaço, esta entre outras na base da formação de
noções lógicas como a classificação e a seriação”.
Para a criança, a curiosidade é o pontapé inicial para o descobrir. Quando a criança
tem em si despertada essa curiosidade, as brincadeiras populares são possibilidades de ação
do professor da Educação Infantil cuja finalidade principal é a formação.
A escola, como espaço de interação social, possibilita nestes termos apresentar os
valores culturais e históricos, produzidos pela humanidade através de sua constante interação
e intervenção no processo de construção do ser.
O resgate das brincadeiras populares pode também trabalhar com o resgate de valores,
habilidades e competências dos alunos a fim de proprocionar o desenvolvimento integral da
criança.
7
A seguir, apresentamos algumas das tradicionais brincadeiras que podem ser utilizadas
no contexto da Educação Infantil, como momentos importantes em seu desenvolvimento.
(GASPAR; BARBOSA, 2009).
a) Queimado
Os participantes são divididos em dois grupos de crianças. Delimita-se o campo da
batalha com a mesma distância para cada lado, traçando-se uma linha no centro chamada de
fronteira. O jogo consiste em que cada criança de uma equipe atinja com a bola, jogada com
as mãos da linha de fronteira, outra criança da equipe adversária. Quem não conseguir segurar
a bola e for atingido por ela será “queimado”. A criança que conseguir segurar a bola a atira,
imediatamente, tentando atingir alguém do outro grupo. Vence o jogo o grupo que conseguir
“queimar” ou matar todos os adversários ou o que tiver o menor número de crianças
“queimadas”.
b) Cabo-de-guerra
Os participantes são divididos em dois grupos, com o mesmo número de crianças.
Cada grupo segura um lado de uma corda, estabelecendo-se uma divisão na sua metade, de
forma a permitir que cada grupo fique com o mesmo tamanho de corda. É dado o sinal do
início do jogo e cada grupo começa a puxar a corda para o seu lado. O vencedor é aquele que
durante o tempo estipulado (um ou dois minutos) conseguir puxar mais a corda para o seu
lado.
c) Esconde-esconde manja
Também conhecida em Pernambuco como “31”. Uma criança é escolhida para contar
até 31 com os olhos fechados em um determinado local chamado de “manja”, enquanto as
outras se escondem. Após a contagem, ela tenta encontrar cada criança escondida e ao avistála tem que dizer “batida fulano ou fulana”, tocando na “manja”. Se alguma das crianças que
se esconderam conseguir chegar na “manja” sem ser vista por aquela que está procurando,
fala alto “batida, salve todos” e quem está procurando começa novamente a contar.
Entretanto, se todos forem pegos, escolhe-se outra criança para contar e começa-se todo o
processo outra vez.
d) Barra-bandeira ou rouba-bandeira
8
Os participantes são divididos em dois grupos com o mesmo número de crianças.
Delimita-se o campo e, em cada lado, nas duas extremidades, é colocada uma bandeira (ou
um galho de árvore). O jogo consiste em cada grupo tentar roubar a bandeira do outro grupo,
sem ser tocado por qualquer jogador adversário. Quem não consegue, fica preso no local onde
foi pego e parado como uma estátua, até conseguir que um companheiro de equipe o salve
tocando-o. Vence o grupo que tiver menos participantes presos ou quem pegar primeiro a
bandeira, independente do número de crianças “presas”.
e) Boca-de-forno
Escolhe-se uma criança para ser o comandante ou o Mestre, que solicita ao resto dos
participantes o cumprimento de uma missão. A brincadeira começa com o Mestre gritando: Boca-de-forno! Todos respondem: Forno! - Tirando bolo! Todos respondem: Bolo! - O
Senhor Rei mandou dizer que... E indica uma porção de idas e vindas a diversos locais, na
busca de galhos de plantas, flores, vários objetos ou qualquer tipo de tarefa a ser cumprida. As
crianças disparam todas e se movimentam para cumprir a missão. A brincadeira é parecida
com uma gincana, mas sem um ganhador.
f) Tá pronto seu lobo?
Uma criança é escolhida para ser o lobo e se esconde. As demais dão as mãos e vão
caminhando e cantando: - Vamos passear na floresta, enquanto o seu lobo não vem! Está
pronto seu lobo? E o lobo responde durante muito tempo que está ocupado, fazendo uma
tarefa de cada vez: tomando banho, vestindo a roupa, calçando os sapatos, penteando o cabelo
e o que mais resolver inventar. A brincadeira continua até que o lobo fica pronto e, sem
qualquer aviso, sai do esconderijo e corre atrás das outras crianças, tentando pegar os
participantes desprevenidos. A primeira criança que for pega será o lobo na próxima vez.
g) Esconde a peia
Uma das crianças esconde qualquer objeto, enquanto as outras fecham os olhos para
não ver onde foi colocado. Depois, todas passam a procurar o objeto. Para conseguir pistas,
vão perguntando a quem escondeu: Tô quente ou tô frio? Se estiver próximo ao esconderijo a
resposta será, Tá quente!. Se estiver distante, Tá frio! Quem escondeu também segue dando
dicas tipo, Tá esquentando ou Tá esfriando de acordo com a proximidade ou distância do
objeto escondido. Quando alguém chega muito perto do objeto escondido, quem escondeu
9
grita Tá pegando fogo! E se estiver muito longe – Tá gelado! A criança que achar o objeto
escondido será a próxima e escondê-lo.
h) Cabra-cega
Escolhe-se uma das crianças para ser a cabra-cega. Coloca-se um venda nos seus
olhos, alguém faz com que ela dê vários giros e pede-se que ela tente tocar ou segurar alguma
das outras crianças participantes. Quem ela conseguir tocar ou segurar primeiro, será a
próxima cabra-cega. A norma tem que ser combinada antes, se é só tocar ou tem que agarrar.
A brincadeira deve ser realizada em um espaço pequeno e livre, com poucos obstáculos para
que não haja acidentes e machucados.
i) Bola de gude
É um jogo muito antigo, conhecido desde as civilizações grega e romana. O nome
"gude" tem origem na palavra "gode", do provençal, que significa "pedrinha redonda e lisa".
Atualmente, a bola de gude é feita de vidro colorido. Há várias modalidades do jogo, porém a
mais conhecida é o chamado triângulo. Risca-se um triângulo na terra e coloca-se uma bola de
gude em cada vértice. Se houver mais de três participantes, as bolas são colocadas dentro ou
nas linhas do triângulo. Para saber quem vai iniciar o jogo marca-se um risco no chão, a certa
distância do triângulo. Posicionando-se perto do triângulo, cada participante joga uma bola
procurando fazer com que ela pare o mais próximo da linha riscada no chão. O nível de
proximidade da bola define a ordem dos jogadores. O jogo começa com o primeiro
participante jogando a bola para tentar acertar alguma das bolinhas posicionadas no triângulo.
Se conseguir, fica com a bola atingida e continua jogando, até errar quando dará a vez ao
segundo e assim por diante. Se a bola parar dentro do triângulo o jogador fica “preso” e só
poderá participar da próxima rodada. Os participantes vão se revezando e tentando “matar” as
bolinhas dos adversários, utilizando os dedos polegar e indicador para empurrar a bola de
gude na areia, com o objetivo de atingir o maior número de bolas dos outros participantes.
Ganha o jogo quem conseguir ficar com mais bolas.
Logo, as brincadeiras não promovem apenas a motivação e prazer nas crianças, são
manifestações culturais e lúdicas que podem ser utilizadas pedagogicamente estando a
Educação Infantil o protagonista deste processo.
10
Considerações finais
Através deste estudo pretendeu-se definir os principais conceitos ao se referir ao
lúdico, brincadeira e jogo na Educação Infantil, apresentando possibilidades de intervenção
com as crianças através da aplicação das brincadeiras populares tradicionais.
O brincar para a criança está contribuindo com a sua socialização, e para que isso
aconteça de forma natural através das ações lúdicas, deve a escola participar desse contexto,
precisa [re]definir o seu papel como instituição responsável em garantir a qualidade no
processo de ensino-aprendizagem.
Considerando que a criança já traz consigo as suas percepções, idéias e conceitos, no
entanto, isso colabora para a aplicação de tais propostas com as brincadeiras populares e as
ações do lúdico tomem frente no processo de desenvolvimento da criança.
Verifica-se, ao analisar o desenvolvimento das atividades apresentadas, assim como
outras que não foram selecionadas para essa redação, características importantes a se destacar,
no que diz respeito ao possibilitar o desenvolvimento integral da criança. Dentre elas estão a
atenção, coordenação motora, raciocínio lógico, uso de diferentes linguagens, reflexão, enfim,
multiplas inteligências contempladas neste contexto do brincar.
As “antigas” brincadeiras além de seu aparato cultural e histórico possibilitam sim,
momentos de socialização e de desenvolvimento físico e cognitivo da criança, suscitando
momentos em que as habilidades e competências são trabalhadas de maneira divertida e
prazerosa.
Referências
CAVALLARI, Vini; ZACHARIAS, Vani. Trabalhando com Recreação. São Paulo: Ícone,
1994.
FREIRE, João Batista. Educação de Corpo Inteiro: Teoria e Prática da Educação Física.
Campinas, Scipione, 2003.
FREIRE, João Batista. Consciência e história: a práxis educativa de Paulo Freire (antologia).
São Paulo: Loyola.1979.
GASPAR, Lúcia; BARBOSA, Virgínia. Jogos e brincadeiras infantis populares. Pesquisa
Escolar
On-Line,
Fundação
Joaquim
Nabuco,
Recife.
Disponível
em
[http://www.fundaj.gov.br]. Acesso em: janeiro de 2010.
HUIZINGA, Johan. Homo Lúdens, 4ª edição, São Paulo, SP, Editora Perspectiva, 2000.
11
KHISHIMOTO, Tizuko Morchida. Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a Educação. 3ª edição.
São Paulo, Cortez, 1999.
LORENZONI, Marlene V. Brincando brincadeira com a criança deficiente. São Paulo,
Menole, 2002.
MAURÍCIO, Juliana Tavares. Aprender brincando: o lúdico na aprendizagem. Disponível
on-line em [http://www.profala.com/arteducesp140.htm]. Acesso em novembro de 2009.
Ministério da Educação e Cultura – MEC - Referencial Curricular Nacional para a
Educação Infantil, Brasília, v. 1, 2, 3, 1998.
ONU, Organização das Nações Unidas. Declaração dos direitos da criança. Portal Cultura
Brasil. Disponível em [http://www.culturabrasil.org/direitosdacrianca.htm]. Acesso em
janeiro de 2010.
PIAGET, J. A psicologia da criança. Ed Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.
TEZANI, Thaís Cristina Rodrigues. O jogo e os processos de aprendizagem e
desenvolvimento: aspectos cognitivos e afetivos.
2004. Disponível em:
[http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=621]. Acesso em novembro de
2009.

Documentos relacionados

Baixar este arquivo PDF

Baixar este arquivo PDF separação momentânea no cotidiano, do contexto familiar e, mais especialmente, da mãe. Portanto, o tempo de permanência na escola deve ser agradável e prazeroso e nada melhor que um brinquedo para ...

Leia mais

10 CAPITULO 1 INTRODUÇÃO Escolhemos este tema por

10 CAPITULO 1 INTRODUÇÃO Escolhemos este tema por Artigo 3º - A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentai inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata a Lei, assegurando-lhes, por lei ou por outros...

Leia mais