ANUAL DE ERGULHO Curso Básico 1 Estrela

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ANUAL DE ERGULHO Curso Básico 1 Estrela
CONFÉDÉRATION MONDIALE
DÉS ACTIVITÉS SUBAQUATIQUES
MANUAL DE MERGULHO
WORLD UNDERWATER FEDERATION
Curso Básico
1 Estrela
MANUAL DE MERGULHO
PREFÁCIO
HOBBY OU ESPORTE?
AFINAL, O QUE SIGNIFICA MERGULHAR?
LAZER, PASSATEMPO, TRABALHO OU HOBBY?
Todas as alternativas são válidas, no entanto diríamos que há "um
algo mais", que nos aguarda nessa aventura.
Mais que um esporte ou um hobby; o mergulhador procura uma
interação com um novo meio, o meio subaquático, esse universo
paralelo e silencioso, num maravilhoso contraste de cores e formas
de vida que pertencem a um ecosistema racional e justo, ao qual
nos interrelacionaremos por meros instantes, mas que nos fascinará
por muito tempo.
Diante de tal universo, sentiremos uma sensação única e
indescritível, estreitos laços de sobrevivência nos envolverão,
sentiremos então um incontrolável desejo de voar (que não nos foi
concedido em terra), porém não mais necessitaremos de asas para
realizá-lo.
APENAS NADADEIRAS...
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MANUAL DE MERGULHO
ÍNDICE
Histórico do Mergulho .............................................................................. 05
Equipamentos de Mergulho ..................................................................... 08
FÍSICA APLICADA AO MERGULHO
Conceito de Pressão................................................................................ 19
Pressão Hidrostática e Pressão Relativa ................................................. 19
Pressão Absoluta..................................................................................... 20
Lei de Boyle & Mariotte ............................................................................ 20
Lei de Henry ............................................................................................ 21
Curva de Segurança ................................................................................ 22
Princípio de Arquimedes .......................................................................... 23
Aquacidade.............................................................................................. 24
A Visão Subaquática e Visibilidade .......................................................... 25
Absorção das Cores na Água .................................................................. 26
FISIOLOGIA DO MERGULHO LIVRE
Hiperventilação ........................................................................................ 27
Técnicas de Hiperventilação .................................................................... 28
Riscos da Hiperventilação ....................................................................... 29
Hidrocução .............................................................................................. 30
Hipotermia ............................................................................................... 30
Barotrauma Pulmonar Total ..................................................................... 31
Sistema de Imersão dos Mamíferos......................................................... 31
FISIOLOGIA DO MERGULHO AUTÔNOMO
Barotraumas ............................................................................................ 33
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MANUAL DE MERGULHO
E. T. A. – Embulia Traumática Pelo Ar ..................................................... 39
Intoxicação Pelo Oxigênio ....................................................................... 40
Intoxicação Pelo Gás Carbônico .............................................................. 41
Intoxicação Pelo Gás Sulfídrico e Monóxido de Carbono......................... 42
Intoxicação Pelo Nitrogênio ..................................................................... 43
Síndrome Neurológica das Altas Pressões e D.D. ................................... 45
Consumo de Ar ........................................................................................ 49
TABELAS DE MERGULHO
Introdução................................................................................................ 51
Definição dos Termos .............................................................................. 52
Tabela de Mergulho Repetitivo ................................................................ 53
Sinais ....................................................................................................... 61
ECOLOGIA
Salinidade e Temperatura ........................................................................ 62
Pressão e Densidade............................................................................... 63
Composição Química da Água do Mar .................................................... 63
Características do Sedimento Marinho .................................................... 63
DISTRIBUIÇÃO DOS SERES MARINHOS
Peixes ...................................................................................................... 65
Esponjas .................................................................................................. 66
Classes Scyphozoa e Anthozoa .............................................................. 67
Artrópodes ............................................................................................... 69
Moluscos ................................................................................................. 70
Equinodermos.......................................................................................... 72
Cartilaginosos .......................................................................................... 74
Ósseos .................................................................................................... 75
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MANUAL DE MERGULHO
HISTÓRICO
As primeiras descobertas de alguma atividade subaquática foram
encontradas nas cavernas de HEINDRICH, (Alemanha) no ano de 1967,
onde se via homens armados com arpões e na boca algo parecido a um
tubo respirador, na atitude de perseguir alguns peixes.
Outro dado interessante é que, nas ruínas do palácio do rei persa
Assurbanipal II, uma figura em baixo relevo mostra um guerreiro provisto
de um odre (saco) de carneiro, este embaixo de seu peito, tal como um
saco respirador em natação.
Em Creta houve manifestações de atividades subaquáticas, mas foi na
Grécia que atingiu o auge. Na Grécia utilizava-se um aparelho chamado
Labeta, um primitivo sino de mergulho. O ar contido em seu interior se
comprimia com a água, pôr isto sempre estava à pressão ambiente. No
entanto, o maior problema dos sinos primitivo era o acumulado de CO2 em
seu interior, devido uma não renovação de ar.
Escritos sobre a conquista de Tiro pelas tropas de Alexandre Magno,
diziam que os gregos levavam mergulhadores a bordo de suas
embarcações, na qual logravam destruir as defesas submarinas dos
fenícios.
Os mergulhadores gregos se distinguiam dos demais devido as incisões
que faziam no nariz e na orelha. Nunca foi encontrada uma razão lógica
para isto, mas representava uma espécie de distintivo entre os demais
homens, ao qual os gregos rendiam tributos de admiração. Introduziam
também na boca e nos ouvidos esponjas embebidas em óleo e quando
mergulhavam, mordiam a esponja fazendo sair gotas de óleo,
conseqüentemente, estas permaneciam nas cavidades dos olhos por certo
tempo; reduzindo assim os erros da refração da água. Aristóteles
apresentou alguns estudos sobre os problemas do mergulho, tais como
sangramento pelo nariz e ruptura do tímpano.
Os romanos, apesar de nenhuma tradição marítima, foram os primeiros a
apresentarem uma unidade organizada de mergulhadores de combate: Os
URINATORES. Eram jovens atletas que dominavam a perfeita técnica de
natação e de mergulho e suas missões mais importantes eram atacar
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MANUAL DE MERGULHO
defesas inimigas, afundar barcos ancorados e levar mensagens por
debaixo d'água.
Estas unidades chegaram a tal grau de operacionalidade, que foram
desenvolvidos engenhos diabólicos, nos quais mutilavam os
mergulhadores. Os Urinatores obtiveram a sua primeira atuação nas
guerras de Cezar contra Pompeu, no porto de Orique, no Mar Adriático em
49 a.C.
Depois da obscura idade medieval, o mergulho teve novo destaque com o
renascimento, do qual Leonardo Da Vinci, foi o principal protagonista:
Criou a primeira nadadeira, um capuz de couro com um tubo acoplado a
buco, cuja altura do respirador era praticamente igual ao que utilizamos
atualmente, e outros desenhos muito avançados para a época.
Em 1648, o famoso físico francês Blas Pascal, realizou um experimento
denominando-o equilíbrio de líquidos, o que originou, mais tarde, o
princípio da hidrostática.
Em 1652, o físico italiano Afonso Borelli, inventou o primeiro, suposto,
equipamento autônomo. Este era composto por um cilindro comprimido
carregado manualmente, um projeto muito rudimentar, que não pode
demonstrar sua eficácia.
O primeiro passo definitivo seria dado em 1819, pelo engenheiro alemão
August Siebe, inventor do primeiro equipamento clássico, batizado de
escafandro. Entretanto este equipamento só permitia ao mergulhador
manter uma posição reta, pois se curvasse permitia que o ar saísse pela
parte interna do capacete, tendo como consequência a entrada da água.
Poucos anos depois, o engenheiro inglês Willian Henry James, inventou o
primeiro equipamento de circuito fechado, onde o ar respirado O2 era
reciclado por um filtro de Soda Causodada.
Em 1837, Siebe concluiu o seu segundo escafandro, desta vez mais
completo, incorporado a um traje de goma ligado por sua vez a um
capacete. O êxito foi total, levando muitas marinhas militares e
profissionais a adotarem-no.
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MANUAL DE MERGULHO
Anos mais tarde, Augusto Denayroouse, oficial da marinha francesa e
Denoit Rouquayrol, engenheiro, inventam um aparato denominado
AEROFARO,
onde
pela
primeira
vez
se
REGULAVA
AUTOMATICAMENTE a entrada de ar, liberando o mergulhador da
dependência da superfície. Foi um aparato muito avançado para a época,
entretanto sua autonomia era muito reduzida e a visão do mergulhador
restrita, ficando praticamente cego.
Em 1925, Le Prieur (francês) baseado no aparato de Denayroouse e
Rouquayrol, inventou novo traje. Este era cheio a 150ATM e tinha uma
capacidade para 6,5 L., com um mergulhador dotado de duas câmaras.
Também de pouca autonomia, este aparato chegou a atingir a
profundidade de 50m, embora sua segurança estivesse aquém dos 12m.
Apesar de tudo, foi considerado um passo muito importante para o mundo
submerso, pois libertou, definitivamente, o mergulhador do cordão
umbilical da superfície.
1943 foi o ano histórico para a evolução do mergulho autônomo: Um
engenheiro chamado Emile Gagnam, e o então marinheiro Jacques Yves
Cousteau, e o jovem esportista que provaria o equipamento Frederic
Dumas, entrariam definitivamente para a história do mundo submerso.
Tudo aconteceu numa manhã de julho na Costa Azul, Dumas atingiu a
profundidade de 63m, com um aparato denominado AQUALUNG.
Curiosamente os alemães desenvolviam o aparato DAVIS (circuito
fechado) na mesma época. Daí em diante o mergulho autônomo
desenvolveu-se de maneira espantosa.
Cousteau, juntamente com Dumas e Philippe Tcillez criaram o G.E.R.S.
(Grupo de Estudos Recherches Soubmarines). Abordo de um caça-minas
da segunda guerra mundial, pesando 360 toneladas, e medindo 42m,
batizado de CALYPSO. Percorreram todos os sete marés, realizando
inumeráveis estudos e descobrimentos científicos, no qual, recuperaram
grande quantidade, de peças e tesouros submarinos de incalculável valor
histórico.
Chegará o dia que a ficção deixaria de ser um sonho distante, onde
cidades inteiras habitaram o mundo marinho.Talvez o homem possa até
respirar no meio líquido. A ciência caminha em largos passos, onde o
homem estará sempre obrigado a se reciclar e a fantasia se tornará
realidade.
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MANUAL DE MERGULHO
EQUIPAMENTOS DE MERGULHO
MÁSCARA
Existem basicamente, 4 (quatro) tipos de máscaras no mercado. Cada
uma apresenta características técnicas, mais adequadas ao estilo de cada
mergulhador. A MONOCULAR, BIOCULAR, TRIOCULAR OU
QUATROCULAR . O mergulhador ao escolher, deve ter em consideração:
A sua anatomia adaptada ao objeto, a finalidade e o bom padrão de
qualidade. Enumeramos estes padrões em ordem de importância:
A: O vidro deve ser temperado, observar a inscrição TEMPERED GLASS,
nunca de plástico ou qualquer outro material. Este deve ficar
completamente fixo a moldura, seja ela metálica ou plástica, rígida,
montada de tal forma que uma vez colocada conserve um plano paralelo
aos olhos do mergulhador.
B: Deve ser de metalflex ou silicone. O metalflex, material mais recente ,
com sua cor escura, ajuda na conservação do efeito "túnel" na visão. O
silicone, material mais antigo, tem grandes propriedades fisiológicas é
muito utilizado na medicina e cirurgia, é antialérgico e translúcido, evita a
clássica visão "túnel", própria com as de metalflex; é suave e flexível, se
adaptando muito bem ao rosto sem prejudicar a firmeza e a resistência;
suporta melhor os agentes químicos e físicos: salitre, raios solares e
variações bruscas na temperatura.
C: Boa vedação. Deve assentar-se por completo à pele, acompanhando
todas as formas anatômicas da pessoa. O nariz deve estar sempre coberto
e de fácil acesso permitindo rapidez e eficiência na compensação.
(MANOBRA DE VALSALVA).
D: Quanto ao volume interno, deve-se considerar o tipo de mergulho, livre
ou autônomo.Se livre, a economia de ar deve ser levada em conta. Se não,
a preocupação é desnecessária.
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MANUAL DE MERGULHO
NADADEIRA
A nadadeira, fator preponderante para o desempenho natural do mergulho,
tem como objetivo principal, melhor deslocamento com menor gasto
energético. As nadadeiras devem possuir um traçado oblíquo, com
exceção das nadadeiras de competição, onde quanto mais oblíqua, menor
será sua área negativa. Devido ao seu traçado, o pé fica em relação a
pala, com uma posição muito parecida com a normal e também sua
angulação em relação a perna, permite uma maior extensão do tornozelo
com esforço menor, comparado a de pala reta.
Toda nadadeira deve apresentar "hidrofólios" ou canaletas, responsáveis
diretas pela estabilidade do movimento. Uma nadadeira lisa é como um
pneu careca. Deve-se, ainda, utilizar nadadeiras que fiquem sempre
folgadas, pois uma nadadeira apertada é convite para a caimbra. Deve-se
usar também, uma meia, evitando o contato direto com a pele, e
conseqüentemente o desgaste precoce desta, pelo atrito (fricção entre dois
corpos).
Existem atualmente 2 (dois) tipos de nadadeiras no mercado:
A: As CONVENCIONAIS: Estas mais antigas possuem um passado muito
importante, passado este desbravado por Da Vinci. Assim, estas
basearam-se na terceira Lei de Newton. Toda ação tem uma
correspondente reação. As convencionais devem seguir critério minucioso
na escolha, conforme a necessidade do mergulhador. Podem ser
encontrada com a sapata fechada ou aberta, esta segunda necessita o uso
de bota ou meia de neoprene ,
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MANUAL DE MERGULHO
B: AS JUMBO :Estas são especifica para caçadores, tendo uma pala
comprida e delgada, pois sua intenção é mais velocidade com menor
consumo. No entanto, esta pala, não deverá ser demasiadamente rígida,
pois a sobrecarga para a musculatura posterior da perna seria grande. A
flexibilidade deve ser moderada.
O mergulhador trabalhador, deve usar uma de pala curta e larga, pois sua
necessidade é tração e força. Para quem pratica mergulho livre, pode optar
pela pala média (meio termo entre a longa e a curta). O importante é ter
consciência da escolha em função da modalidade de mergulho. As
nadadeiras de borracha escura são muito boas, tradicionalmente mais
antigas, possuem ainda muitos adeptos. As de materiais mais recente
como: Polietileno,Silicone, foram elaboradas com a mais alta tecnologia de
pesquisa, atingindo resultados de durabilidade e eficiência excepcionais.
SNORKEL
O snorkel, magnífica invenção, havia sido idealizado por Leonardo Da
Vinci, em 1430. Palavra alemã, originária de SCHNORKEL (tubo que
fornecia ar da superfície, para submarino alemão), o primeiro snorkel,
exibido ao público, foi elaborado por Maxime Forjot (1938). Em 1939
Kramarenko, requereu os direitos do snorkel com válvula que evita a
entrada d'água.
Sua principal função é permitir que o mergulhador respire, sem precisar
sacar a cabeça para fora da água, mantendo sempre um bom ângulo de
visão do fundo marinho. Quanto ao seu tamanho e espessura, um bom
snorkel não deve ultrapassar o diâmetro de 25mm (1 polegada). Quanto ao
seu tamanho, entre 30 e 40cm. Sua curvatura também influi no
rendimento. Esta deve ser suavemente acentuada, lembrando a letra "J".
O bocal, peça fundamental para um mergulho longo, deve ser de material
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macio, pois permanecerá durante horas na boca do mergulhador.
Recomenda-se o de silicone.
Existem dois tipos de snorkel:
A: Snorkel comum: Já relatado acima, é o mais simples e o mais usado.
Não existe problema de reposição de peças e é de fácil manutenção.
B: Snorkel com válvula expurgadora: Mais modernos, mais práticos e mais
frágeis. Seu sistema de diafragma sofre um desgaste natural com o tempo,
e portanto, a manutenção constante de tais peças não lhe fará bem ao
bolso. Levando isto em consideração, a opção permanece pelo sistema
mais simples, que além de ser mais barato, dura mais.
CINTO DE LASTRO
Entende-se por lastro, aumento de peso. Todo corpo que se encontre
submerso, se submete a uma força de sentido ascencional, denominada
empuxo (Princípio de Arquimedes). Baseado nisto, o mergulhador
necessitará de alguns quilos a mais, para obter neutralidade.
O bom cinto de lastro, deve ser confeccionado em material tipo nylon, bem
resistente. Seu diâmetro não deve ultrapassar 30cm após sua fixação na
cintura.
Quanto a fivela, aliás, a peça mais importante do cinto, merece cuidados
especiais na escolha. Deve ser de soltura rápida e antioxidante, pois numa
emergência sua soltura imediata é fundamental. O mergulhador precavido,
memoriza sempre o lado da soltura, facilitando assim o escape.
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MANUAL DE MERGULHO
Em relação a quantidade de chumbo a ser
colocado, é de suma importância que o
mergulhador leve em consideração todas as
características que irão acompanha-lo neste
passeio submarino, tais como: salinidade,
constituição física, se usará roupa ou não, etc.
Entretanto, existe um cálculo aproximado,
baseado na reação peso corporal/quilos de lastro,
para cada 40 quilos de massa, 1 quilo de chumbo.
Esta relação está muito aquém da precisão, além de não valer para água
doce, porém pode-se fazer um mergulho satisfatório, baseado neste
conceito.
FACA
A faca, considerada equipamento básico, é de vital segurança para o
mergulhador, devendo, por isso, ser de acabamento impecável: o metal,
impreterivelmente inoxidável e de bom calibre e o punho anatômico de boa
pegada. É muito importante, também, que ela seja sempre muito bem
amolada, em caso de se precisar dela numa ação imediata. Quanto ao
uso, não pense que usará contra um tubarão faminto ou numa luta
sangrenta contra uma moréia, mas será de grande valia, ao se ver preso
em uma rede ou engodo de cabos no fundo do mar.
A melhor posição a ser colocada, é a que possibilite o acesso
instantaneamente, geralmente, é colocada na face lateral externa da
perna. E importante pensar que sua faca deve ter uma flutuação negativa e
não ultrapasse 20cm de comprimento.
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MANUAL DE MERGULHO
ROUPAS ISOTÉRMICAS
A roupa isotérmica, como é conhecida, tem como principal função evitar a
perda de calor do mergulhador para o meio líquido, evitando assim
problemas isotérmicos. Além disso, serve de proteção para a pele.
Classificamos como dois, os tipos de roupas existentes:
A: Roupa seca ou de "volume constante". Completamente hermética, o ar
em seu interior permanece em equilíbrio com a pressão externa, através
de válvulas de entrada de ar. O ar mantido em contato com a pele do
mergulhador adquire a função de isolante térmico. Além disso, o
mergulhador poder usar roupas comuns por debaixo, e adquire uma
mobilidade muito grande. Todas estas características, descritas do trajeseco, o tornam ideal para mergulhos profissionais, mergulhos de larga
duração ou em locais de águas contaminadas. Este traje é composto por
botas e capuz incorporados numa única peça, fechada por meio de um
zíper de aço inoxidável de grande resistência. Certas roupas são dotadas
de válvulas anti- retrocesso na altura do joelho, que regulam o possível
acumulo de ar na parte inferior do traje. Na parte superior, existe o mesmo
dispositivo. Nos modelos mais sofisticados, levam dentro do capuz, um
sistema de comunicação com a superfície. Os trajes mais atuais são
confeccionados com neoprene de 6,5 a 7,0mm e forrados com nylon. O ar
em seu interior, vem através de um tubo de média pressão, que segundo
alguns modelos estão colocados na altura do peito do lado esquerdo, se
conectando diretamente com o primeiro estágio do regulador. A válvula de
segurança vem colocada na parte superior do capuz. Quanto ao volume de
ar interior, este se regula perfeitamente por meio de válvulas de admissão:
quando o mergulhador quer eliminar o excesso de ar na roupa, basta
apenas, acionar as válvulas de escape.
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B: Roupa Molhada: pode ser fabricada em borracha sintética microcelular
(neoprene) ou borracha sintética comum. Com o aparecimento do
neoprene, a borracha tornou-se um pouco obsoleto. O neoprene é
fabricado em vários tamanhos, que variam de 2 a 9 mm. Pela sua
elasticidade, o neoprene funciona como uma segunda pele, tornado-se
assim muito confortável. No Brasil, usa-se geralmente neoprene de 5mm,
pois nossas águas variam de 12 a 24 graus, sendo esta espessura a mais
adaptável a esta amplitude térmica. Devido a confecção do material, o
neoprene possui grau de flutuação. Quanto a manutenção, o carinho deve
ser especial: a roupa deve ser lavada com água doce e secada à sombra,
e em hipótese alguma deve ser guardada molhada: recomenda-se
também, não guardá-la por muito tempo dobrada, mas sim pendurada num
cabide de pala grossa.
CILINDROS
O cilindro, considerado equipamento pesado, é o responsável direto pelo
desenvolvimento do mergulho. Sua capacidade varia de 3 a 15 litros para
garrafa de alumínio e para garrafa de aço de 4 a 18 litros, sendo possível
fazer uma dupla do mesmo material. Todas as garrafas levam em seu
interior uma proteção anticorrosiva a base de resinas, e no seu exterior,
além de ser zincada, aplica-se uma laca nitrosintética garantindo uma
duração prolongada (este acabamento varia conforme o critério técnico de
cada fabricante). A garrafa deve ser revisada a cada 5 anos, e quando
vencida não deverá ser recarregada, Esta revisão compreende também
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MANUAL DE MERGULHO
um teste hidrostático onde a garrafa é submetida a uma pressão de prova
a 300Kg/c2. Acoplado ao cilindro existe uma torneira onde se liga o
regulador. A torneira pode ser com ou sem reserva e precisa de um
cuidado especial; ficando muito tempo sem uso, deve-se aplicar uma
camada de silicone ou vaselina anti- umidade. Depois de utilizar no mar, o
cilindro deverá ser lavado com bastante água doce e secado. Existem hoje
em dia garrafas mais modernas apresentando uma carenagem
hidrodinâmica de material plástico.
AÇO
ALUMÍNIO
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MANUAL DE MERGULHO
REGULADOR
O regulador, peça mais delicada do equipamento de mergulho, necessita
de um estudo mais detalhado, que aprofundaremos no próximo guia
pedagógico. O regulador tem como função principal, levar o ar a boca do
mergulhador numa pressão mais reduzida, composto por mecanismo de
precisão a pressão é reduzida duas vezes. A primeira redução, se dá no
primeiro estágio reduzindo a 30 ATM, já no segundo estágio a pressão cai
para 8 ATM. Existe dois tipos de regulador, o monotraquéia e o bitraquéia
ou de uma etapa e duas etapas.
COLETE EQUILIBRADOR
O colete equilibrador e um equipamento de suma importancia, sua
utilização requer um aprendizado prévio. Seu uso foi declarado obrigatório
pela CMAS. Suas utilidades:
1- mantém o equilíbrio hidrostático durante a imersão em qualquer
profundidade.
2- uma vez na superfície equivale a um salva vidas, assegurando a
flutuação.
NUNCA UTILIZAR O COLETE EQUILIBRADOR PARA
RETORNO A SUPERFÍCIE.
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MANUAL DE MERGULHO
MANÔMETRO
O manômetro é uma peça importante no mergulho pelo fato
dele ser responsável pela marcação da quantidade de ar
existente em seu cilindro. Todo cuidado é pouco com este
equipamento porque qualquer variação em sua marcação
pode trazer complicações.
As marcações do manômetro podem ser lidas de varias
maneiras , ATM , BAR ou LIBRAS.
PROFUNDÍMETRO
Este equipamento tem uma importância fundamental durante e após o
mergulho. Durante passa para o mergulhador a profundidade que ele está ,
fazendo com que ele se baseie e não ultrapassando os limites de
descompressão ditados pela curva de segurança.
Após o mergulho através da agulha de arrastro lhe
dará a sua maior profundidade atingida , podendo
assim o mergulhador programar o seu próximo
mergulho com segurança.
Existem três tipos de profundímetros: o primeiro, o
mais comum, é o de coluna d'água e consiste num
tubo aberto em um dos extremos é fechado no
outro, o ar em seu interior se comprime conforme a
profundidade, lateralmente existe uma escala graduada. O outro consiste
numa caixa de aço inoxidável, no qual o sistema é feito por membrana,
baseado no mesmo princípio dos reguladores de pressão. Esta caixa está
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MANUAL DE MERGULHO
dividida em dois compartimentos: um fica indicando com a água exterior, e
outro fica a membrana, que recebe a pressão da água, que por sua vez,
exerce pressão sobre uma agulha marcadora. Quanto ao terceiro tipo,
trata-se de um sistema à mola, na qual sofre uma determinada pressão,
onde registra-se em uma agulha.
RELÓGIO
Quanto ao relógio, existem duas características
fundamentais que este deve apresentar: a primeira,
deve ser de construção bastante robusta e 100%
impermeável, e ser também anti-choque, antimagnético e inoxidável, precisa existir cronômetro,
pois ele e o profundímetro são os responsáveis
diretos pelo controle de tempo e profundidade, em
outras palavras, a segurança do mergulho. Sua conservação depende de
uma revisão periódica e de uma boa lavada de água doce ao término de
cada mergulho.
COMPUTADOR
Este equipamento veio para facilitar a vida dos mergulhadores. Fazendo
com que eles não se preocupem mais com tantos cálculos na hora de
programar seu mergulho.
O computador vem substituir o profundímetro , relógio e até mesmo o
manômetro, eliminando assim um equipamento que ficava pendurado e
atrapalhando a todos que era o console.
Ele trás a vantagem de fornecer e armazenar várias funções ao mesmo
tempo , como profundidade , tempo de fundo ,
temperatura da água , tempo de não
descompressão e paradas descompressivas se
necessário e após o mergulho planeja seu
mergulho repetitivo e memoriza os últimos
mergulhos em seu loog book e muito mais
funções que você irá descobrir.
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MANUAL DE MERGULHO
FÍSICA APLICADA AO MERGULHO
CONCEITO DE PRESSÃO
Todos os conjuntos de força que atuam perpendicularmente sobre uma
superfície, de forma que seu esforço se encontre dividido, exercendo sobre
esta área uma determinada pressão, ou força que atua sobre uma unidade
de superfície.
PRESSÃO HIDROSTÁTICA
A PRESSÃO HIDROSTÁTICA, difere da pressão atmosférica pelo fato de
que a água é um corpo cerca de 800 vezes mais denso que o ar, sendo
que seu peso será sempre proporcional a sua massa. Em vista disso, a
cada 10 metros, a pressão hidrostática aumenta em uma atmosfera.
PRESSÃO RELATIVA
A PRESSÃO RELATIVA, é aquela que a massa líquida exerce sobre si
mesma, isto é:
PROFUNDIDADE
10M
20M
30M
40M
50M
60M
70M
80M
90M
100M
PRESSÃO
1 ATM
2 ATM
3 ATM
4 ATM
5 ATM
6 ATM
7 ATM
8 ATM
9 ATM
10 ATM
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MANUAL DE MERGULHO
PRESSÃO ABSOLUTA
A PRESSÃO ABSOLUTA, é a soma da pressão relativa com a pressão
atmosférica. A pressão atmosférica, como sabemos, é de 1ATM
(1Kg/cm2). Efetivamente somando-se as duas pressões, RELATIVA +
ATMOSFÉRICA teremos o valor da absoluta.
PROFUNDIDADE
10M
20M
30M
40M
50M
PRESSÃO
RELATIVA
1 ATM
2 ATM
3 ATM
4 ATM
5 ATM
PRESSÃO
ATMOSFÉRICA
1 ATM
1 ATM
1 ATM
1 ATM
1 ATM
PRESSÃO
ABSOLUTA
2 ATM
3 ATM
4 ATM
5 ATM
6 ATM
LEI DE BOYLE E MARIOTTE
Quanto maior for a PRESSÃO exercida sobre o gás no recipiente; menor
VOLUME haverá. Pois as moléculas deste gás se aproximam uma das
outras; e de forma inversa quando menor a pressão exercida maior o
volume.
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MANUAL DE MERGULHO
PROFUNDIDADE
0 Metros
10 Metros
20 Metros
30 Metros
40 Metros
PRESSÃO
1 ATM
2 ATM
3 ATM
4 ATM
5 ATM
VOLUME
5,0 Litros
2,5 Litros
1,6 Litros
1,2 Litros
1,0 Litro
Capacidade Pulmonar = ± 6 Litros
LEI DE HENRY
Está postulado que a quantidade de um gás que pode se dissolver num
líquido, depende de dois fatores: a pressão total a qual o gás está
submetido e o tempo em que fica exposto a esta pressão.
MAIOR A PRESSÃO, MAIOR
A DISSOLUÇÃO DOS GASES
Gás e Líquido
Aumento da Pressão
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Aumento da Pressão e
Dissolução
MANUAL DE MERGULHO
CURVA DE SEGURANÇA
Existem certos limites de profundidade e de tempo de duração de
mergulho, nos quais o mergulhador pode realizar a subida sem se
preocupar com paradas descompressivas. Esta zona denomina-se
"CURVA DE SEGURANÇA", e se encontra na faixa de 0 a 16 metros.
Dentro desses limites, o mergulhador poderá realizar prolongadas
imersões sem nenhum perigo de embolia.
A partir dos 15 metros (2.5ATM) até chegar aos 60 metros (7ATM) pode-se
permanecer certo tempo dentro da curva de SEGURANÇA. Todos esses
cálculos são resultados da tabela descompressiva e como veremos podese ficar a 57 metros, 5 minutos sem ter que descomprimir, contudo estas
cotas são muito arriscadas, até mesmo para mergulhadores experientes.
A subida deve ser sempre respeitada a velocidade de 18 metros por
minuto, e é aconselhável fazer uma parada de 3 minutos aos 3 metros,
podendo parecer exagero ou perda de tempo, entretanto esta medida de
precaução eliminará qualquer quantidade de nitrogênio que por ventura
não tenha eliminado. Esta medida é sempre aconselhável.
LIMITES DE NÃO DESCOMPRESSÃO
PROFUND.
LIMITE
PROFUND.
LIMITE
METROS
3.0
4,5
6,0
7,5
9,0
10,5
12,0
15,0
18,0
21,0
24,0
MINUTOS
310
200
100
60
50
40
METROS
27,0
30,0
33,0
36,0
39,0
42,0
45,0
48,0
51,0
54,0
57,0
MINUTOS
30
25
20
15
10
10
5
5
5
5
5
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MANUAL DE MERGULHO
PRINCÍPIO DE ARCHIMEDES
"Todo corpo submerso em um líquido sofre um empuxo, cujo valor é
igual ao peso do volume do líquido deslocado por este corpo."
Segundo o postulado, todo corpo submerso se encontra submetido a duas
forças verticais e de sentidos opostos: uma, a do próprio peso do corpo, na
qual atua de cima para baixo (forca da gravidade G; a outra imposta pelo
líquido, de baixo para cima (empuxo ascencional EA). Quando ambas as
forças alcançam o mesmo valor, dizemos que atingiram o equilíbrio
hidrostático. Portanto, um corpo submerso pode se encontrar em três
diferentes situações: Flutuação Negativa, Flutuação Positiva, Equilíbrio
Hidrostático.
1 - FLUTUAÇÃO NEGATIVA: P
>E
Quando o peso (P) do corpo é maior que o empuxo, o corpo afunda
2 - FLUTUAÇÃO POSITIVA: P
<E
Quando o peso (P) do corpo é menor que o empuxo, o corpo flutua
3 - EQUILÍBRIO HIDROSTÁTICO: P
=E
Quando o peso (P) do corpo é igual ao empuxo, o corpo neutraliza.
Densidade do corpo
menor do que a da
água deslocada
Densidade do corpo
igual a da água
deslocada
Densidade do corpo
maior do que a água
deslocada
O Corpo Bóia
FLUTUABILIDADE
POSITIVA
O Corpo Fica em
Equilíbrio
FLUTUABILIDADE
NEUTRA
O Corpo Afunda
FLUTUABILIDADE
NEGATIVA
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MANUAL DE MERGULHO
APLICAÇÕES NO MERGULHO LIVRE
Estamos considerando o mergulhador com o lastro suficiente para
compensar a flutuabilidade de peças do equipamento tais como a do
neoprene.
Desta forma, estamos considerando o mergulho como se o corpo estivesse
totalmente livre de qualquer acréscimo de lastro que não fosse o seu
próprio peso.
Ao iniciar a descida, o mergulhador recebe o empuxo no sentido contrário
do seu movimento. A tendência é leva-lo para cima; portanto tem o
movimento de descida dificultado. Tudo isso porque o volume de água que
ele desloca pesa mais do que o peso do corpo.
Na medida que vai aprofundado, devido a compressão e redução do
volume deslocado(o neoprene torna-se mais fino, o pulmão e o abdômen
se retraem, etc.) , o empuxo vai diminuindo mas o peso continua o mesmo
. cada vez há menos resistência a descida. Nas imediações dos 9 a 10
metros o empuxo torna-se igual ao peso real. Então, toda resistência cessa
e o corpo fica em equilíbrio. A partir dai , a tendência será , cada vez mais ,
a facilidade de afundar , como se fosse uma queda. Ao voltar de um
mergulho mais profundo , o mergulhador tem que se esforçar para até
atingir a profundidade de sua “cota de equilíbrio (9 a 10 metros). Depois
dela o empuxo facilitará a subida.
AQUACIDADE
A facilidade com que o mergulhador domina o seu centro de gravidade e
nos diversos movimentos , sob e sobre a água , é denominado
aquacidade.
A caça subaquática e a pratica de apnéia foram sempre a grande escola
deste atributo básico de um mergulhador confiável.
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MANUAL DE MERGULHO
A VISÃO SUBAQUÁTICA
Quando olhamos para alguma coisa , fora da água , a luz passa pelo ar e
penetra no nosso olho. Na vista , temos um liquido de densidade muito
semelhante a da água do mar . A diferença de densidade entre o ar e o
líquido que mencionamos, faz com que a luz seja refratada ao entrar no
olho. E essa luz refratada cai então na retina e nós enxergamos o objeto
com perfeição.
De olhos abertos , debaixo da água , esta diferencia de densidade deixa de
existir. A refração torna-se mínima e , em consequência , tudo parece
desfocado. ora , então precisamos de ar para podermos focalizar. E
inventamos um “colchão de ar, que vem a ser a máscara de mergulho,
ocorre que , ao invertermos a máscara de mergulho , para mantermos o ar
na frente dos olhos , fomos obrigados a separar as duas densidades (da
água e do ar) com um pedaço de vidro. Logicamente , a separação de
densidade não ficou perfeita como aquela existente entre o ar e o líquido
que possuímos na vista. O “corpo estranho” adicionado entre as duas
superfícies provoca , pela separação ar / água , uma reflação de luz. Esta
ao atravessar ambientes fisicamente diferentes, passa a ampliar tudo, em
torno de 30%.
VISIBILIDADE
A luz que penetra no mar possui todas as cores conhecidas, reunidas sob
a forma que costumamos chamar de espectro luminoso. Quando essa luz ,
como um todo , penetra na superfície , encontra , como campo de
propagação , um meio oitocentas vezes mais denso. Isto é , a água do
mar. Nesse momento , além de diminuir sua velocidade (de 300.000 para
250.000 Km/seg) os raios de luz são absorvidos e refratados pelas
moléculas da água , bem como pelas partículas de areia, sal e outras
suspensões . Ricocheteando em cada uma desses “empecilhos” a luz
prossegue em sua penetração até que toda sua energia seja absorvida.
Esse processo de absorção e dispersão é que determina o alcance e a
intensidade da visibilidade. Obviamente , no mar aberto , desde que a
água possua menos suspensões , a luz só será absorvida em maiores
profundidades. Daí as excelentes visibilidades que se pode obter.
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MANUAL DE MERGULHO
ABSORÇÃO DAS CORES NA ÁGUA
CORES / PROFUND.
1
5
15
45
60
300
ESCURIDÃO
INFRA VERMELHO
VERMELHO
LARANJA
AMARELO
VERDE
AZUL
VIOLETA
ULTRA VIOLETA
30
POR QUE O AZUL PERMANECE
Cada cor do espectro luminoso possui um comprimento de onda diferente.
Quando menor o comprimento de onda de uma cor , mais rápido ela será
absorvida pelos componentes da massa da água. O azul é a cor de maior
comprimento de onda , por tanto é a que mais se demora para ser
absorvida. Aos 8 metros de profundidade quase toda a luz vermelha já foi
absorvida. Então alguma coisa que conhecíamos como vermelho passa a
ter , para nossa percepção , outra coloração.
Entre as cores que se destacam no mar , o amarelo seria a última a
permanecer chamando a nossa atenção. Até os 20 metros, ainda é
“amarelo “. Depois e absorvido. Em tese e no mar aberto, abaixo dos 30
metros a coloração geral serra o azul, uma vez que as demais cores, por
possuírem menor comprimento de onda, já terão sido absorvidas.
Quando isso não ocorre no mar largo ou quando nos referimos a águas
mais próximas do litoral , a causa da presença de uma outra tonalidade
dominante(verde , azul esverdeada, cinza, etc.) e a presença de
determinadas partículas,água doce (barrenta) ,proliferação e morte de
diatomáceas (componentes do plancton) ou mesmo a poluição.
- 26 -
MANUAL DE MERGULHO
FISIOLOGIA DO MERGULHO LIVRE
HIPERVENTILAÇÃO
Hiperventilar quer dizer, aumentar o ritmo respiratório acima do normal.
Um homem em boas condições físicas, ventila em média de 14 a 16 atos
respiratórios por minuto, movimentando um volume de 6 a 8 litros.
O ponto de interrupção da apnéia costuma corresponder a um aumento na
pressão parcial do CO2 arterial para aproximadamente 50mm Hg.
Entretanto, para algumas é possível "ignorar" o estímulo e continuar
prendendo a respiração até que o dióxido de carbono alcance níveis que
causam intensa desorientação e até mesmo o desmaio. Com a
hiperventilação antes da apnéia, a PCO2 pode cair de seu valor normal de
40 mmlg para 20 ou 15 mmHg. Essa eliminação do dióxido de carbono
prolonga muito a duração da apnéia até que a PCO2 arterial alcance um
nível capaz de estimular a ventilação.
No entanto, a tentativa de prolongar o tempo de apnéia no mergulho não é
isenta de sérios riscos.
Se um mergulhador livre hiperventila na superfície antes de um mergulho,
a PCO2 arterial cai e a duração potencial da apnéia aumenta. A seguir o
mergulhador inspira profundamente e emerge na água. O O2 alveolar
penetra continuamente no sangue para ser fornecido aos músculos ativos.
Por causa da hiperventilação prévia,
os níveis de CO2 continuam baixos e o mergulhador essencialmente está
"livre" da necessidade de respirar. A medida que o mergulhador se
aprofunda, a pressão externa da água, comprime o tórax. Essa maior
pressão mantém uma PO2 relativamente alta dentro dos alvéolos. Assim
sendo, apesar da quantidade absoluta de oxigênio nos pulmões estar
diminuindo a medida que o oxigênio penetra no sangue durante o
mergulho é mantida uma boa pressão para saturar a hemoglobina
enquanto o mergulho progride.
- 27 -
MANUAL DE MERGULHO
Quando o mergulhador sente a necessidade de respirar e começa a subir,
ocorre uma inversão significativa na pressão. A medida que a pressão da
água sobre o tórax diminui e o volume pulmonar se expande, a pressão
parcial do O2 alveolar sofre uma redução proporcional. De fato, a medida
que o mergulhador se aproxima da superfície a PO2 alveolar, pode ser tão
baixa que o oxigênio dissolvido, em verdade abandona o sangue e penetra
nos alvéolos, podendo fazer com que o mergulhador perca bruscamente a
consciência antes de alcançar a superfície.
TÉCNICA DE HIPERVENTILAÇÃO
I.
II.
III.
Quanto a Posição
Quanto a Velocidade
Quanto a Quantidade
I. QUANTO A POSIÇÃO
Decúbito frontal, braços afastados, antebraço flexionado, palmas viradas
para baixo, pernas semi-afastadas.
OBS: se estivesse na POSIÇÃO vertical sofreria influência da pressão
hidrostática.
II. QUANTO A VELOCIDADE
(Respiração pela boca) 20 atos respiratórios por minuto, sendo cada ato 3
segundos.
III. QUANTO A QUANTIDADE
Para iniciantes, apenas um minuto, para experientes 2 minutos. Durante o
processo de hiperventilação pode ser que o mergulhador venha a sentir
um formigamento na ponta dos dedos e nos lábios acompanhado de uma
sensação de vertigem. Isto se dá devido a um aumento da taxa de O2
seguido de uma redução violenta de CO2. Este desequilíbrio no qual o
corpo não está acostumado é o agente causador destes sintomas. No
caso, a melhor coisa a fazer é a redução imediata do ritmo respiratório afim
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MANUAL DE MERGULHO
de minimizar a situação. Findado os sintomas, o mergulhador retorna ao
processo normal.
IMPORTANTE: NUNCA INICIE O MERGULHO APÓS ESTES
SINTOMAS
RISCOS DA HIPERVENTILAÇÃO
APAGAMENTO
Ao se realizar uma hiperventilação, o nível de oxigenação aumenta muito,
conseqüentemente a redução de CO2 também é alta. Este resultado, que
a princípio possa parecer excelente, possui seus riscos. (ver fisiologia)
Esta nova situação fisiológica em que o corpo se encontra aparentemente,
alivia o mergulhador dando uma sensação de bem estar. Ao iniciar o
mergulho a pressão parcial do O2 começa a reduzir-se gradativamente em
consequência a do PCO2 começa a aumentar. Entretanto, ao diminuir
muito a PCO2 no começo do mergulho, esta poderá atingir a cota que
alerta o organismo tardiamente, onde para o mergulhador passa
desapercebido, que suas suas reservas de O2 estão praticamente nulas.
Na tabela abaixo, demonstramos os níveis parciais da pressão do O2 e do
CO2 respectivamente durante três situações.
O APAGAMENTO ACIMA DA COTA DE EQUILÍBRIO
Neste caso a glote se fecha e o mergulhador não bebe água. A
flutuabilidade positiva leva o corpo , com velocidade crescente , para a
superfície. Ao receber a primeira ventilada de ar fresco , são grandes as
probabilidades do mergulhador acordar, tossindo , engasgando, porém
vivo e tendo adquirido um ensinamento do qual jamais se esquecera.
O APAGAMENTO ABAIXO DA COTA DE EQUILÍBRIO.
Neste caso a glote também fecha e o mergulhador não bebe água. A
flutuabilidade agora é negativa , levar o corpo para o fundo. Embora
inconsciente , a taxa de CO2 continua subindo no sangue. Em dado
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MANUAL DE MERGULHO
momento desta descida ou mesmo já tendo chegado ao fundo , o estimulo
para respirar torna-se compulsivo , devido as altas taxas de CO2
existentes no organismo(apesar de estar inconsciente, o mergulhador
continua em apnéia). Então , movimentos espasmódicos e característicos
da ânsia de respirar forçam a abertura da glote e o corpo começa a
“respirar água”. E o início do afogamento.
Por estar abaixo da cota de equilíbrio , a tendência ser cada vez ir mais
para o fundo. A menos que seja resgatado por um companheiro.
HIDROCUSSÃO
Conhecida também como síndrome termodiferencial ou “water shock”, é
um caso especial de afogamento secundário.
Um mecanismo reflexo seria a causa da parada cardíaca. A diferença de
temperatura entre a água e a superfície cutânea do mergulhador , a dor
provocada por certos mergulhos desajeitados (atingindo o epigástrio ou a
genitália do homem) e a entrada de água na região retrofaríngéia , são
algumas das possíveis causas.
Indivíduos tresnoitados, embriagados ou em tratamento com certos
medicamentos, estariam mais propensos a esse acidente.
O mergulho desprotegido, em águas com temperatura inferior a 15 graus
centígrados e também desaconselhável.
HIPOTERMIA
EXCITAÇÃO: Calafrios e vasoconstrição periférica. A temperatura do
corpo já é próxima dos 34 graus C.
ADINAMIA: Respiração acelerada(taquipnéia) e aumento do débito
cardíaco até 5 vezes os valores em repouso. A temperatura do corpo ,
nesses casos , está entre 34 e 30 graus C.
FASE DE PARALISIA: Situação já bastante grave , com tendências a
evoluir para o coma. Os músculos e as articulações ficam rígidos e a pele
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MANUAL DE MERGULHO
apresenta-se muito fria, em tudo aparentando uma rigidez cadavérica. A
respiração é quase imperceptível e não se sente o pulso.
O reaquecimento lento é o melhor remédio. Alguma bebida doce e
quente (café) pode ser de utilidade. O aquecimento ao sol, em local seco
da embarcação (de preferência abrigado do vento) , agasalhado em
qualquer coisa seca , é a providência mais imediata. Quanto ao neoprene,
se por vezes, antes do mergulho, pode provocar excesso de calor, após o
esfriamento conserva umidade. E melhor tira-lo por diversos motivos.
Não se deve ingerir ou fornecer bebida alcoólica para “aquecer”.
Até algum tempo atrás acreditava-se que a bebida fosse importante auxílio
no processo de aquecimento.
BAROTRAUMA PULMONAR TOTAL
Tudo que falamos até agora, diz respeito a apnéia inspiratória, isto é,
aquela onde o mergulhador inicia com os pulmões cheios. Nesse caso o
volume mínimo só seria atingido por volta de 40 metros de profundidade.
Entretanto, caso já se iniciasse o mergulho com os pulmões em volume
reduzido (apnéia expiratória = exalou o ar e mergulhou), o volume mínimo
(1 litro) seria atingido bem antes dos 40 metros. Num mergulho a partir do
pulmão vazio, podem ocorrer graves problemas já aos 5 metros de
profundidade (barotrauma pulmonar total, de acordo com a lei de Boyle).
Soltar o ar durante o mergulho em apnéia, dependendo da profundidade
onde se está, pode criar um quadro semelhante ao que ocorreria numa
profundidade de 40 metros. Portanto, não é recomendado soltar-se o ar
num mergulho em apnéia. O correto é tomar o ar normalmente, mergulhar,
permanecer e voltar sem soltar o ar.
SISTEMA DE IMERSÃO DOS MAMÍFEROS
Você já deve ter ouvido falar ou lido sobre o fato do homem ter atingido,
em apnéia, profundidades maiores que os 40 metros . Realmente, o
recorde , hoje já passa a profundidade de 130 metros. Ocorre que estes
mergulhadores possuem funcionando em seus organismos um processo
que se encontra latente, hibernando, nas demais pessoas. O chamado
sistema de imersão dos mamíferos.
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MANUAL DE MERGULHO
Para simplificar, diríamos que esse processo funciona da seguinte
maneira: ao ser atingida a profundidade de 40 metros(portanto na faixa
onde se daria o barotrauma pulmonar total) , por algumas razões de
diferença de pressão entre o interior do pulmão e a pleura começa a haver
um fluxo de sangue para o interior dos alvéolos. O sangue é um líquido, e
os líquidos são incompresíveis. Esta imcompressibilidade sustenta o
esmagamento que se daria na caixa pulmonar e o mergulhador, então,
ultrapassa a profundidade crítica e vai em busca do recorde.
Muitas pessoas que jamais mergulharam podem ter, ativos em seus
organismos , este processo; muitas que mergulham a vida toda não o tem.
Mas todos nós temos, pelo menos em estado latente.
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MANUAL DE MERGULHO
FISIOLOGIA DO MERGULHO AUTÔNOMO
ACIDENTES MECÂNICOS
BAROTRAUMAS
Barotrauma é doença típica de compressão, que ocorre todas as vezes em
que há dificuldade de equalização de pressões entre qualquer cavidade
aérea do corpo humano e o meio ambiente. São eles:







Barotrauma do Ouvido Médio
Barotrauma do Ouvido Externo
Barotrauma Sinusal
Barotrauma Facial
Barotrauma de Roupa
Barotrauma Dental
Barotrauma Abdominal
BAROTRAUMA DO OUVIDO MÉDIO
Ocorre devido a obstrução da tuba auditiva durante o período da
compressão, surgindo uma hipotensão relativa do O.M., com lesões da
caixa timpânica e da membrana do tímpano. E a mais freqüente das
doenças de mergulho, na maioria das vezes menos grave.A tuba auditiva
permanece, quase sempre, ligeiramente fechada e se abre normalmente
no ato de deglutir, bocejar, em movimentos de laterodidução da mandíbula
e principalmente na manobra de Valsalva.
No período da compressão, um aumento de pressão é aplicado a
superfície externa da membrana timpânica. Para que se atinja o equilíbrio,
o ar comprimido deve alcançar a superfície interna da membrana, através
da tuba auditiva. Se o ósteo tubário (músculo que se localiza na junção da
tuba auditiva com a face lateral interna da garganta), sofrer um espasmo
ou estiver obstruído por muco, hipertrofia de tecidos adjacentes ou mesmo
por má formação, surgirá um gradiente de pressão entre as faces interna e
externa da membrana timpânica, que se abalará para dentro da caixa do
tímpano.
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MANUAL DE MERGULHO
ACIDENTES
Dissemos anteriormente, que o barotrauma de O.M., é geralmente o
menos grave dos acidentes hiperbáricos. Porém, quando ele ocorre
durante o mergulho, produzindo a ruptura da membrana timpânica, é
acompanhado de invasão do O.M., pela água fria, que provoca, por
irritação vestibular, um quadro de vertigens e desorientação espacial que
pode colocar em risco a vida do mergulhador.
O barotrauma do O.M., pode ser classificado em diversos graus, de acordo
com seu quadro clínico e manifestações otoscópicas.
Grau
0
I
II
III
IV
Aspecto da Membrana
Timpânica
Normal
Retenção e hiperemia da
membrana de Schrapnell ao
longo do manúbrio
Retração e hiperemia de toda a
membrana timpânica
Retração e hiperemia timpânica
com presença de fluído e bolhas
no O.M. e membrana timpânica
Presença de sangue no ouvido
ou perfuração timpânica
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Duração da Restrição
do Mergulho
-----------5 a 6 dias
10 a 14 dias
10 a 14 dias até ficar
assintomático
Até que a membrana
timpânica fique curada
ou o sangue
desapareça
MANUAL DE MERGULHO
BAROTRAUMA DO OUVIDO EXTERNO
Ocorre quando a abertura do O.E., encontra-se obstruída pela presença de
rolhas de cerumem ou tampões auriculares, inadvertidamente utilizados
pelo mergulhador para impedir o contato do ouvido diretamente com a
água, criando-se no interior do conduto auditivo um compartimento
estanque, cuja pressão torna-se menor que a do ambiente e a do O.M.
equilibrado com a faringe através da tuba auditiva.
Neste caso ocorre o mesmo fenômeno descrito para o barotrauma do
O.M., com a diferença que o abalo da membrana timpânica, se dá no
sentido inverso, ou seja, do interior para o exterior da caixa do tímpano.
Quanto ao tratamento, basicamente é o mesmo adotado no barotrauma do
O.M., podendo nestes casos, incluir o uso tópico de soluções antibióticas
ou corticosteróides.
 Jamais use tampões
de
ouvido
ao
mergulhar
 Gorro apertado
 Cerúmen
 Realize a Manobra de
Valsalva (Equalizar)
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MANUAL DE MERGULHO
BAROTRAUMA SINUSAL
Os seios da face constituem cavidades aéreas, e estão normalmente
conectadas com a nasofaringe através dos óstilos e canais sinusais,
permitindo o estabelecimento de equilíbrio de pressões entre estas
cavidades, e o resto do aparelho respirador durante a compressão. Porém,
se ocorrer a obstrução de um desses óstios ou canais, o seio facial
correspondente, transforma-se numa cavidade fechada, que não mais se
equilibrará com o meio ambiente e com os tecidos circunvizinhos
.Estabelece-se no seu interior uma pressão relativamente negativa, dando
origem a um processo de edema e congestão da mucosa sinusal, com
formação de transudato e hemorragia. Os sintomas consistem de dor
contínua e de intensidade crescente na região frontal, que cessa com a
interrupção da compressão. Pode ocorrer hemorragia nasal. O tratamento
compreende o uso de medicação analgésica e antiinflamatória, além de
interrupção temporária de exposição as variações de pressão, até o total
desaparecimento dos sintomas.
FRONTAL
ETENOIDAL
MAXILAR
ETENOIDAL
ESFENOIDAL
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MANUAL DE MERGULHO
BAROTRAUMA FACIAL
Também conhecido como barotrauma de máscara, pode ocorrer durante a
descida, se o mergulhador não equilibrar a pressão do ar existente no
interior de sua máscara facial com a pressão ambiente,soprando pelas
narinas. A redução da pressão neste espaço aéreo faz com que se instale
um fenômeno de ventosa no interior da máscara, provocando nos tecidos
circunjacentes lesões como equimosee edemas faciais e principalmente
derrames oculares hemorrágicos com lesão da conjuntiva.
BAROTRAUMA DENTAL
Ocorre em torno das raízes dentárias. Podemos encontrar, em alguns
casos, pequenas bolsas de gás resultantes da fermentação de alimentos
que estando isoladas e encapsuladas, podem, durante a compressão,
reduzir de volume e o seu espaço ser ocupado por fluídos ou sangue.
Durante a descompressão, a bolha estabelecerá um aumento de pressão
sobre as raízes nervosas, provocando intensa sintomatologia dolorosa.
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MANUAL DE MERGULHO
BAROTRAUMA DE ROUPA
Caso extremamente peculiar, entretanto não é impossível. Ocorre devido a
uma má colocação da roupa, onde porventura permanece uma pequena
bolsa de ar enclausurada entre a roupa e a pele do mergulhador. Esta
bolha como qualquer cavidade aérea, sofre os efeitos da pressão, ao
reduzir de volume, poderá provocar pequenas hiperemias e leve
compressão do local.
BAROTRAUMA ABDOMINAL
Este barotrauma não chega a ter um grau muito alto de perigo , pois está
ligado ao consumo de alimentos antes do mergulho que produzem grande
fermentação e líquidos com grande quantidade de gás , fazendo com que
estes gazes sejam liberados durante e após o mergulho.
CAUSAS: Retenção de gases nas vísceras ocas, durante a subida.
CONSEQUÊNCIAS: Distensão abdominal, Dores e cólicas
COMO EVITAR: Alimentação adequada, Evitar deglutir saliva, Não ingerir
bebidas com gás, Manobras de Compensação.
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MANUAL DE MERGULHO
EMBOLIA TRAUMÁTICA PELO AR
A E.T.A. é o resultado de uma hiperdistensão alveolar, conseqüentemente
de um aumento de pressão intrapulmonar, sendo um acidente típico de
subida. Essencialmente, é quando o mergulhador retorna a superfície
prendendo a respiração (ou com a glote fechada).
Durante a subida, a diminuição da pressão circunjacente (LEI DE BOYLE)
faz com que o volume de ar contido nos pulmões, se expanda a tal ponto,
que a pressão intrapulmonar exceda aquela do resto do corpo. Esta
hiperdistensão pode- se dar a tal ponto que provoque uma ruptura alveolar,
havendo passagem de ar em grande quantidade e sob a forma de bolhas
para a circulação sanguínea.
Quando nos referimos aos barotraumas, dissemos ser aquela condição
mais freqüente e menos grave dos acidentes hiperbáricos.
Comparativamente a E.T.A. constitui o mais grave e um dos menos
freqüente dos acidentes. Apesar de ser um acidente típico de mergulho,
como assinalamos acima, o quadro clínico da embolia depende da
localização final das bolhas e freqüentemente se apresenta sob forma de
embolia cerebral, provocando sinais e sintomas neurológicos comumente
encontrados nesta afecção.
SUBPRESSÃO PULMONAR
Limite máximo de elasticidade: passagem de ar para a corrente sanguínea
por mecanismo de aresão.
SINTOMAS CARACTERÍSTICOS: O pulmão para de ter os movimentos
normais por algum tempo.Consequências: Dor toráxica, sangramento,
náuseas, tosse.
ROMPIMENTO ALVEOLAR
O ar pode romper a pleura ocasionando pneumotórax. O ar penetra na
corrente sanguínea.
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MANUAL DE MERGULHO
Sintomas de manifestação com a localização das bolhas:
SINTOMAS: Inconsciência , estado de choque , falta de ar acentuada,
cianose, contrações , midriase(pupilas dilatadas) , estrabismo , ausência
de reflexos , paralisia , convulsão (contração dos músculos do sistema
motor).
Ainda pode ocorrer pneumotórax, pneumomediastico,
subcutâneo, sem que ocorram bolhas na articulação.
enfisema
Tendo acontecido um acidente desta natureza, enquanto se transporta o
embolizado pode se aplicar oxigênio puro e ressuscitação, se necessário.
Estimulantes cardio-respiratório podem ser utilizados e deverão ser
tomadas providencias para evitar o estado de choque.
ACIDENTES DE PERMANÊNCIA NA PRESSÃO
INTOXICAÇÃO PELO OXIGÊNIO
O risco de INTOXICAÇÃO pelo O2 em nosso meio ainda é bastante
reduzido, uma vez que, apenas pequenos grupos de indivíduos estão
sujeitos atualmente a exposição do oxigênio hiperbárico em nosso país.
São eles representados basicamente por alguns mergulhadores que por
ventura, ainda façam uso de equipamentos de circuito fechado, atividade
esta que antigamente era estritamente reservada para uso militar e
pessoas que se submetam a tratamento com oxigenoterapia hiperbárica,
modalidade terapêutica pouco empregada entre nós, porem, já bastante
difundida em países da Europa e América do Norte. Felizmente, os
sintomas da intoxicação de O2 podem ser precocemente reconhecidos e
desaparecem rapidamente com a simples exposição do indivíduo ao ar
atmosférico, não tendo sido observados efeitos nocivos residuais ao
organismo. O oxigênio torna-se tóxico, se respirado a mais de 2
atmosferas, quando respirado pelo cilindro de ar comprimido aos 90
metros. A intoxicação depende principalmente pela quantidade de pressão
parcial de O2 da mistura respirada.
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MANUAL DE MERGULHO
INTOXICAÇÃO PELO GÁS CARBÔNICO
Inúmeros casos de perda de consciência em mergulho tem sido relatados
sem uma causa aparente. Algumas vezes podemos incriminar a
intoxicação pelo CO2 como causador deste fenômeno, principalmente
quando se utilizam equipamentos de circuito fechado.
O gás CARBÔNICO, não é utilizado em nenhuma atividade hiperbárica,
sendo encontrado em altas concentrações sempre como consequência de
algum defeito no equipamento ou por retenção pelo organismo.
Os sintomas da intoxicação dependem fundamentalmente da concentração
de CO2 atingida. A pressão normal do ar atmosférico, do qual se
adicionam 3% de CO2, pode ocorrer após vários dias de inalação, uma
discreta diminuição de reflexos, ou perda de eficiência. A 6% a mistura
produzirá um significativo aumento na frequência respiratória em
aproximadamente 15 minutos de inalação, e posteriormente causará
confusão mental, distúrbios na coordenação motora, aceleração da
frequência cardíaca e aumento da P.A., tornando impossível a realização
de trabalho que exijam maior esforço físico. Acima de 10% pode levar
rapidamente a morte. O tratamento consiste em retirar rapidamente o
mergulhador para a superfície. Na maioria das vezes, o quadro regride
imediatamente, sem necessidade de outras providências.
CAUSAS DA INTOXICAÇÃO PELO CO2
EXCESSO DE EXERCÍCIO FÍSICO
Considerações: Um mergulho agitado, onde se faz muita força , seja
nadando contra forte correnteza ou puxando alguém, pode criar um
acumulo deste gás.
EXPRESSIVA RESISTÊNCIA RESPIRATÓRIA
Considerações: Uma válvula mal balanceada, contra qual o mergulhador
tem que se esforçar para respirar, ou mesmo o fato de permanecer
respirando um ar muito pesado, podem criar a situação de acúmulo de gás
carbônico por má ventilação pulmonar.
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MANUAL DE MERGULHO
APNÉIA EM MERGULHO DE AR COMPRIMIDO
Considerações: Com a finalidade de poupar ar do cilindro , para poder
permanecer mais tempo mergulhando , o mergulhador desavisado pode
incorrer na prática de apnéia , respirando somente quando sente “falta de
ar”. Isso cria rapidamente uma deficiência de ventilação que evolui para
uma intoxicação por gás carbônico.
INTOXICAÇÃO PELO GÁS SULFÍDRICO
Este gás , quando em baixa concentração é logo percebido devido ao seu
odor característico. E alta concentração , entretanto , não tem cheiro e
pode provocar , em tempo extremamente curto , a inconsciência e a morte.
Quando não mata deixa sequelas definitivas , uma vez que provoca a
morte de neurônios.
Sua forma de ação e reagir com a hemoglobina, impedindo que ela cumpra
sua função normal de carregar oxigênio para os tecidos.
Para simplificar e generalizar , diríamos que pode haver gás sulfídrico em
bolsões de ar contidos em cavernas , naufrágios, etc.
A morte e fermentação de organismos marinhos pode vir a encher de gás
sulfídrico um local no qual , em outro momento , encontramos ar
submerso.
Caso o mergulhador venha encontrar ar em algum lugar , antes de
precipitar-se e tentar respira-lo , deverá verificar se existe animais vivos
por ali , isso já seria um bom sinal. O procedimento correto é continuar
respirando o ar do seu cilindro.
INTOXICAÇÃO POR MONÓXIDO DE CARBONO (CO)
O CO não faz parte da composição atmosférica, porque é reduzido pelo
combustão de matérias ricas em carbono, como os motores a explosão. A
intoxicação do mergulhador se dará sempre por fatores externos. As
principais causas que podem provocar este acidente são: mal
funcionamento do compressor, óleo vencido, má filtragem, enchimento em
local desapropriado (perto de fábricas, chaminés, etc.). O processo de
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MANUAL DE MERGULHO
intoxicação se dá da seguinte maneira: A capacidade de absorção do CO
pelos glóbulos vermelhos, é de 20 vezes superior a de O2, produzindo um
déficit muito perigoso para o organismo. Quanto maior a profundidade e
maior a permanência, mais perigoso será a influência do CO.
INTOXICAÇÃO PELO NITROGÊNIO
EMBRIAGUEZ DAS PROFUNDIDADES
Também chamada de intoxicação ou narcose de nitrogênio. A causa da
embriaguez é bastante complexa, não podendo ser relacionada a um único
fator. Os sintomas variam amplamente de um indivíduo para o outro e até
na mesma pessoa em situações diferentes.
Como vimos, as manifestações da embriaguez são psíquicas, sensoriais e
motoras, assemelhando-se a embriaguez alcoólica. Alguns indivíduos
tornam-se agressivos, irritados, insolentes ou espalhafatosos, em alguns
casos, o indivíduo pode apresentar um quadro de autismo, parecendo
desligar-se completamente do ambiente, não respondendo mais a
qualquer ordem mesmo quando energicamente solicitado.
Não há necessidade de qualquer tratamento especifico para a intoxicação,
basta que o indivíduo seja retirado da atmosfera pressurizada para que
haja o completo retorno as suas condições normais. Nos casos mais
graves da embriaguez, a amnésia temporária e a sensação de extremo
cansaço podem necessitar de cuidados médicos temporários.
NARCOSE
O nitrogênio se instala na bainha de Mielina, uma camada gordurosa que
envolve as células nervosas, e atrapalha a transferência de cargas
elétricas e o caminho dos estímulos nervosos.
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MANUAL DE MERGULHO
PRINCÍPIO DE DALTON
A soma das pressões parciais dos componentes de uma mistura
gasosa é igual a pressão total do sistema.
N2 = 80% / 100 = 0,8 x 5 ATM = 4 ATM (NARCOSE)
02 = 20% / 100 = 0,2 x 5 ATM = 1 ATM
----------------5 ATM
COMPOSIÇÃO DO AR ATMOSFÉRICO
N2 -> 77,14%
O2 -> 20,62%
CO2 -> 0,03%
GASES RAROS -> 0,93%
VAPOR D'AGUA -> 1,28%
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MANUAL DE MERGULHO
SÍNDROME NEUROLÓGICA DAS ALTAS PRESSÕES
É de importância bastante negligenciável em nosso meio, uma vez que se
trata de um quadro de intoxicação provocado pela utilização de misturas
respiratórias, especiais, principalmente hélio-oxigênio, em mergulhos a
profundidade superior a 100 metros. Este tipo de mergulho é bastante
desenvolvido em outros países, e ainda, pouco empregado no Brasil,
restringindo-se atualmente a pequenos grupos de mergulhadores
profissionais altamente especializados.
Caracteriza-se esta SÍNDROME pelo aparecimento de tremores, agitação,
náuseas, vômitos e tonturas, geralmente em profundidades maiores que
100 metros. Sua etiologia é ainda desconhecida, porem supõe-se que o
gás hélio, a semelhança do nitrogênio na embriaguez das profundidades,
atua como agente causal.
ACIDENTES DA FASE DE DESCOMPRESSÃO
DOENÇA DESCOMPRESSIVA (DD)
Pode ser definida como um conjunto de sinais e sintomas que acomete o
indivíduo, quando submetido a condições de hiperpressão, como resultado
de DESCOMPRESSÃO insuficiente. Esta definição não se aplica a todos
os casos, como nos aeronautas, que pode apresentar o "mal dos
aviadores" ou disbarismo durante vôos a grande altitude, por
DESCOMPRESSÃO á partir da pressão atmosférica. Assim sendo, um
piloto em vôo, a altitude de 9000 a 16000 metros, por uma hora ou mais,
estará sujeito a apresentar DOENÇA DESCOMPRESSIVA, se a
pressurização da cabina não for correta.
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MANUAL DE MERGULHO
O N2, por ser um gás metabolicamente inerte ao organismo, quando
submetido a uma grande pressão, ele se dissolve ao sangue para
equilíbrio de saturação. A D.D. ocorre, quando o N2 dissolvido sai da
solução e forma bolhas nos tecidos e líquidos orgânicos, é causado pelo
retorno excessivamente rápido de um mergulhador a superfície depois de
um mergulho profundo e prolongado, já que o N2 alcança seu equilíbrio
lentamente em vários tecidos, principalmente nos adiposos.
Contudo, se o mergulhador emerge numa velocidade prescrita
relativamente lenta, todo o excesso corporal de N2 dissolvido dispõe de
tempo suficiente para difundir-se dos tecidos para o sangue e ser
eliminado através dos pulmões.
Se a subida for excessivamente rápida e a pressão externa exercida contra
o corpo do mergulhador sofre uma redução dramática, o excesso de N2
começa a sair do estado dissolvido, e acaba formando bolhas nos tecidos.
Este efeito não é diferente do dióxido de carbono nos refrigerantes, ao
remover a tampa, enquanto a tampa está no local, o gás encontra-se sob
pressão e permanece no estado dissolvido, quando a tampa é removida, a
pressão diminui bruscamente e formam- se bolhas.
Os sintomas começam a aparecer dentro de 4 a 5 horas após o mergulho.
Se, contudo, as técnicas de descompressão forem profundamente
violadas, como por exemplo, o mergulhador abandonar o equipamento e
subir rapidamente, os sintomas podem aparecer rapidamente e progredir
para paralisia em minutos. O tratamento consiste em recompressão
hiperbárica, para forçar o N2 a entrar novamente em solução. Esta
manobra é seguida por descompressão lenta, para que o gás em
expansão disponha de tempo suficiente para deixar o corpo a medida que
o mergulhador é trazido a superfície.
LOCALIZAÇÃO DAS BOLHAS DE NITROGÊNIO
INTRAVASCULAR
Localização dentro dos vasos do sistema circulatório. São bolhas
resistentes ao seu crescimento provoca a obstrução da circulação
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MANUAL DE MERGULHO
sanguínea , causando êxtase , edemas , hemorragias e até necrose nas
áreas atingidas. podem unir-se tomando a forma de “mangueiras gasosas”.
EXTRAVASCULAR
Localizadas fora dos vasos e fora das células , podem , eventualmente ,
comprimir vasos sanguíneos , ocasionando os mesmos sintomas da
localização anterior.
INTRACELULAR
São as de mais difícil constatação, localizam-se , de preferência , nas
células do fígado e da medula espinhal. Provocam o rompimento da célula
e se liberam, podendo alcançar a corrente sanguínea e agravando o
fenômeno de localização intravascular.
FORMAS DE MANIFESTAÇÃO
DOR OSTEOMUSCULOARTICULAR: É a mais freqüente das
manifestações dolorosas , nos casos de DD. É uma dor que se instala
lentamente e ,gradativamente , aumenta até se tornar insuportável. As
articulações de ombro , do cotovelo , do joelho e do quadril registram a
maior incidência , nos casos dessa manifestação
MANIFESTAÇÕES CUTÂNEAS: Sensação de comichão, picadas , que
podem evoluir para queimação. Podem aparecer também manchas
castanhas ou avermelhadas, mais frequentemente na região peitoral,
ombros e parte superior do abdome.
MANIFESTAÇÃO NEUROLÓGICA (ALTA): Distúrbios da consciência,
vômitos , dores de cabeça e vertigens.
MANIFESTAÇÃO NEUROLÓGICA ( BAIXA OU MEDULAR): Dormência ,
paralisias , distúrbios do esfíncter , etc.
MANIFESTAÇÃO PULMONAR: Mal estar e sensação de queimação no
peito , agravadas quando o mergulhador inspira profundamente ou quando
fuma . Pode produzir acessos incontroláveis de tosse e agitação, evoluindo
para o estado de choque.
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MANUAL DE MERGULHO
MEDIDAS TERAPÊUTICAS DE URGÊNCIA
Uma vez identificado que o caso de DD , o único caminho e conduzir o
embulizado para a câmara de descompressão , onde pessoal
especializado deverá assumir o tratamento.
Durante este deslocamento a aplicação de oxigênio ajudará a obtenção de
uma melhor oxigenação dos tecidos, bem como eliminará algum nitrogênio
alveolar, baixando a pressão parcial desse gás.
A utilização de aspirina ,na dose inicial de 1 grama de 8 em 8 horas , reduz
a formação de grumos e empilhamento de hemáceas.
A outras medidas existentes , mas devido a sua maior complexidade
(plasma , corticóides , etc) são da alçada de um médico ou pessoal
bastante capacitado para esta aplicação.
FATORES FAVORÁVEIS AO APARECIMENTO DA DD
OBESIDADE
Os tecidos adiposos tem facilidade em reter o nitrogênio.
DESIDRATAÇÃO
Na gênese desse acidente um mergulhador mal hidratado é um forte
candidato.
TRAUMATISMO
Num mergulho em que se esteve perto do limite sem descompressão , o
fato de chocar-se contra alguma coisa(a bordo) , tipo uma pancada , pode
ter o mesmo efeito de um catalisador que ative o processo da DD.
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MANUAL DE MERGULHO
MERGULHO DE EMERGÊNCIA
1- O Dive Master recalculará as paradas descompressivas.
2- O mergulhador mais experiente leva o acidentado até a maior
profundidade atingida.
3 - Montagem de cilindro aos 3 mts com OCTOPUS para descompressão.
4 - Mergulhadores equipados em prontidão
5 - Programar as paradas : Para aos 12 mts 1/4X
Para aos 9 mts 1/3X
Para aos 6 mts 1/2X
Para aos 3 mts 1 1/2X
Onde X é igual ao valor da parada que deveria ser feita aos 3 Mts.
CONSUMO DE AR
A autonomia dos equipamentos está intimamente ligada as condições
físicas do usuário, a atividade que efetuará durante o mergulho e a
profundidade que atingirá. Tomando como base estas condições,
exibiremos a seguinte tabela:
Cap. (L)
Cap.
(ATM)
Cap.
(L)
Prof.
(Mts/ATM)
Cons.
(Lts/Min.)
Dur.
(Min)
12
200
2400
10M – 2ATM
40
60
12
200
2400
20M – 3ATM
60
40
12
200
2400
30M – 4ATM
80
30
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MANUAL DE MERGULHO
Para calcular a quantidade de litros de uma garrafa, pega-se sua
capacidade em litros e multiplica-se pela pressão de trabalho, exemplo:
GARRAFA DE 12L x 200 ATM - 500L = 1900 LITROS
Vamos supor que um indivíduo vá fazer um mergulho a 30 metros (4ATM):
multiplica-se o consumo do indivíduo na superfície pelas atmosferas
correspondentes ao novo mergulho, exemplo:
20L/MIN x 4 ATM = 80L/MIN
Agora divide a quantidade total pelo novo consumo:
1900 LITROS dividido pôr 80L/MIN = 24 MINUTOS
FORMULÁRIO:
AD = Ptrab x VI - R
CF = Pabs x CS
TF = AD/CF
CS = 20L/min
Pabs = PROF. + 1 ATM
R = 500L 10
P.Tes = 1,5 x Ptrab
ONDE:
AD = Ar disponível
Ptrab = Pressão Trabalho
VI = Volume Interno
R = Reserva
CF = Consumo no Fundo
CS = Consumo na Superfície
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MANUAL DE MERGULHO
TF = Tempo de fundo
PTes = Pressão de teste
TA = Tempo de acesso
P = Profundidade
TABELA DE GARRAFAS:
VOL (L)
PTRA (ATM)
10
150 – 200
12
200 – 210 – 220 – 250
15
230 – 250
18
230
TABELAS DE MERGULHO
INTRODUÇÃO
O corpo absorve nitrogênio durante cada mergulho. A quantidade
absorvida depende da profundidade e da duração do mergulho. Se a
quantidade de nitrogênio no corpo exceder um certo número crítico,
ocorrerá uma doença descompressiva após o mergulhador emergir, a não
ser que um complexo procedimento de paradas durante a subida,
chamado descompressão, seja seguido, para permitir a eliminação do
excesso de nitrogênio. Todos os mergulhos devem ser feitos dentro dos
limites de tempo estabelecidos. Os mergulhos que excederem estes limites
requerem descompressão, e não competem ao mergulhador de nível
basíco. Os mergulhos feitos dentro dos limites de tempo destas tabelas
são chamados mergulhos não-descompressivos. Mergulhos a
profundidades menores que 9 metros não tem limite de tempo. À medida
que a profundidade aumenta, porém, o tempo de mergulho permitido para
os mergulhos não-descompressivos diminui.
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MANUAL DE MERGULHO
Depois de um mergulho, o nível de nitrogênio do corpo retorna
gradualmente ao normal em 12 horas. Se um mergulho for feito dentro de
12 horas após o mergulho anterior, deve-se considerar o nitrogênio
residual no corpo. Quanto maior o tempo entre os mergulhos, menos
nitrogênio haverá no sistema.
Para manter os níveis de nitrogênio no corpo dentro dos limites de
segurança, as tabelas desenvolvidas pela Marinha Americana fornecem as
seguintes informações:
1 - Tempo máximo que se pode ficar a uma profundidade que permitirá ao
mergulhador subir diretamente para a superfície sem fazer
descompressão.
2 - Classificação da quantidade de nitrogênio residual no corpo após o
mergulho, para ser considerada nos mergulhos subseqüentes.
3 - Descompressão necessária no caso do mergulhador acidentalmente
exceder os limites de não-descompressão.
Não use os limites máximos de tempo fornecidos pela tabela. Mergulhe
conservadoramente e dentro dos limites de não-descompressão.
DEFINIÇÃO DOS TERMOS
1 - TEMPO REAL DE FUNDO: o tempo total em minutos desde o início da
descida até o início da subida.
2 - NITROGÊNIO RESIDUAL: nitrogênio remanescente no corpo depois
de um mergulho. São necessárias 12 horas para eliminar todo o excesso
de nitrogênio no corpo.
3 - GRUPO REPETITIVO: uma letra do alfabeto e usada nas tabelas de
mergulho para designar a quantidade de nitrogênio residual no corpo do
mergulhador após um mergulho.
4 - MERGULHO REPETITIVO: mergulho feito entre 10 minutos e 12 horas
após outro mergulho. Os mergulhos feitos antes de um intervalo de 10
minutos são considerados um único mergulho.
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MANUAL DE MERGULHO
5 - TEMPO DE NITROGÊNIO RESIDUAL: certa quantidade de tempo, em
minutos, somada ao tempo de fundo de um mergulho repetitivo representa
o nitrogênio residual do mergulho anterior. A quantidade é obtida de uma
tabela usando-se a letra do grupo repetitivo.
6 - TEMPO DE FUNDO TOTAL: a soma do tempo de nitrogênio residual e
do tempo real de fundo de um mergulho, usada para determinar um grupo
repetitivo depois do mergulho repetitivo.
7 - LIMITES DE NÃO-DESCOMPRESSÃO: o tempo total de fundo
máximo que se pode ficar numa profundidade sem necessidade de
descompressão.
8 - LIMITES AJUSTADOS DE NÃO-DESCOMPRESSÃO: o tempo de
limite de não- descompressão menos o tempo de nitrogênio residual para
um mergulho repetitivo especifico. É usado para o planejamento dos
mergulhos não-descompressivos. O tempo real de fundo não deve exceder
os ajustes dos limites não-descompressivos.
9 - PARADA DESCOMPRESSIVA: ficar numa profundidade específica
para um período de tempo específico durante a subida.
10 - ESQUEMA DE MERGULHO: a profundidade e o tempo total de fundo
de um mergulho expressos em profundidade e tempo, por exemplo: 27/30
= 27 metros por 30 minutos.
TABELA DE MERGULHO REPETITIVO
As tabelas são feitas para serem usadas em sequência para mergulhos
repetitivos não-descompressivos. Existem três tabelas (uma é continuação
da outra), sendo:
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MANUAL DE MERGULHO
TABELA 1
A tabela 1 é dos limites não-descompressivos e grupos repetitivos. Ela
fornece os limites máximos para o tempo de fundo, e uma letra para indicar
a quantidade de nitrogênio acumulado para vários tempos numa
profundidade determinada. A tabela também indica o tempo necessário de
descompressão na subida no caso do mergulhador exceder por engano os
limites não-descompressivos de um mergulho. Esta parte da tabela só
deve ser usada numa emergência, e não deve ser usada para mergulhos
normais.
TABELA 2
A tabela 2 é de crédito para intervalo de superfície. Ela fornece ao
mergulhador a perda gradual de nitrogênio que ocorre na superfície para
as 12 horas seguintes a um mergulho, até que o nível de nitrogênio no
corpo volte ao normal. As tabelas 2 e 3 só são necessárias para mergulhos
repetitivos. O grupo repetitivo mudará, passando para o início do alfabeto a
medida que o tempo passa, e desta maneira indicando um nível de
nitrogênio menor no sistema.
TABELA 3
A tabela 3 é de tempo do mergulho repetitivo, e fornece dois grupos de
números: os tempos de nitrogênio residual e os limites ajustados para nãodescompressão para mergulhos repetitivos. O tempo de nitrogênio residual
desta tabela é somado ao tempo real de fundo para se obter o tempo total
de fundo, que é usado para obter outro grupo repetitivo na tabela 1,
completando o ciclo.
REGRAS GERAIS
Ao usar tabelas de mergulho, as seguintes regras devem ser observadas:
1 - Use o número exato ou maior (o próximo) nos tempos e profundidades
de todos os mergulhos. As profundidades são dadas em metros, e todos
os tempos em minutos, ou horas e minutos separados por dois pontos, por
exemplo: 2:10 significa duas horas e dez minutos.
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MANUAL DE MERGULHO
2 - Suba em todos os mergulhos na velocidade máxima de 18
metros/minutos; você aprenderá a estimar a velocidade correta de subida
durante o treinamento.
3 - Use o esquema para a próxima profundidade maior e o tempo maior
quando um mergulho for frio ou cansativo.
4 - Planeje os mergulhos repetitivos de forma que cada mergulho
sucessivo seja mais raso. Isto auxilia a eliminação do nitrogênio e diminui a
necessidade de descompressão.
5 - Os mergulhos não devem exceder 40 metros de profundidade, sendo
de 30 metros o limite recomendado para o mergulho amador.
USANDO AS TABELAS
TABELA 1
Comece na tabela 1 verticalmente do alto na profundidade exata ou maior
mais próxima alcançada no mergulho. Selecione o tempo de fundo do
mergulho exatamente igual ou maior mais próximo. Siga a coluna
horizontalmente para a direita para obter o grupo repetitivo de exposição.
Por exemplo, um mergulho de 18/30 colocaria o mergulhador no grupo F.
Um mergulho de 19/33 colocaria o mergulhador no grupo G; já que os
números exatos não se encontram nas tabelas, e os maiores mais
próximos são 21/35.
TABELA 2
Comece horizontalmente pelo tempo de intervalo de superfície. Vá para a
direita e selecione o tempo de intervalo de superfície. Siga a coluna
escolhida para baixo para obter o novo grupo repetitivo para o final do
intervalo de superfície. Por exemplo: um esquema de mergulho de 24/30
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MANUAL DE MERGULHO
coloca um mergulhador no grupo G (veja tabela 1). Depois de ficar na
superfície por 1h30min, o mergulhador quer descobrir o novo grupo
repetitivo. Comece pela linha horizontal com a letra G. Um intervalo de
superfície de 1:30h fica entre os tempos 1:12 e 1:59. Descendo nesta
coluna, encontraremos o novo grupo repetitivo do mergulhador, a letra E.
Note que o intervalo de superfície for menor que 10 minutos, trate os
mergulhos como um único mergulho, somando os tempos de fundo e
usando a maior profundidade alcançada nos dois mergulhos para
determinar o grupo repetitivo. Porém, não é recomendado fazer pequenos
intervalos de superfície (veja tabela 2).
TABELA 3
A tabela 3 dá dois ítens de informações para o mergulho repetitivo. O
número de cima em cada coluna horizontal é o tempo de nitrogênio
residual em minutos para um grupo repetitivo específico, e deve ser
somado ao tempo real de fundo de um mergulho. A soma do tempo de
nitrogênio residual com o tempo real de fundo é o tempo total de fundo,
que é usada na tabela 1 para determinar o grupo repetitivo para um
mergulho repetitivo. O número de baixo em cada linha horizontal é o limite
ajustado para não-descompressão em minutos para a combinação de
profundidade com o grupo repetitivo. O tempo real de fundo não deve
exceder este período de tempo. Em vários casos, no canto esquerdo de
baixo da tabela, não há limite ajustado para não-descompressão. Isto
porque o tempo de nitrogênio residual é tão grande nestas circunstancias
que é necessário descompressão. Nestes casos, suba um pouco, ou
estenda o intervalo de superfície para atingir um grupo repetitivo e um
tempo de nitrogênio residual menores. Um exemplo do uso da tabela 3 é o
que se segue: o mergulhador com grupo F no final do intervalo de
superfície planeja um mergulho a 18 metros. Nas coordenadas F e 18 na
tabela 3, encontramos 36 sobre 24. Isto significa que o tempo de nitrogênio
residual é de 36 minutos e o limite ajustado de não-descompressão é de
24. O mergulhador deve somar 36 minutos do tempo de nitrogênio residual
ao tempo real de fundo do mergulho, e o tempo real de fundo não deve
exceder 24 minutos (veja tabela 3).
VOLTANDO A TABELA 1
Para completar o ciclo do uso da tabela para mergulhos repetitivos, o
número do tempo total de fundo para a profundidade do mergulho
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MANUAL DE MERGULHO
repetitivo é usada para recomeçar na tabela 1 e obter o grupo repetitivo
para aquele esquema. Se, devido a algum erro, os limites de nãodescompressão forem excedidos num mergulho, a seção de
descompressão (quadrinhos pretos e brancos) da tabela 1 terão que ser
usados. Os números de cima indicam o tempo total de fundo, e o de baixo,
o numero de minutos que se deve ficar a 3 metros de profundidade durante
a subida.
PLANEJAMENTO DE MERGULHOS REPETITIVOS
As tabelas no mergulho amador são destinadas para mergulhos nãodescompressivos. Para mergulhos repetitivos, um planejamento adequado
assegura que os mergulhos serão feitos dentro dos limites de nãodescompressão.
Pode-se controlar isso limitando-se a duração e a profundidade do
mergulho, e planejando- se a duração do intervalo de superfície. O
equipamento necessário inclui profundímetro, placa, lápis, tabelas de
mergulho, e meios de acompanhar o tempo passado embaixo d'água.
Você precisa planejar os mergulhos não-descompressivos usando
as tabelas e os fatores limitantes para determinar os esquemas de
mergulho não-descompressivo. Para um mergulho repetitivo, é preciso
saber a profundidade do mergulho planejado, ou o mergulhador deve
limitar-se a uma profundidade máxima no mergulho.
Também é preciso saber aproximadamente quanto tempo ficará naquela
profundidade. Com a experiência, pode-se estimar esse tempo facilmente.
Vamos planejar um mergulho repetitivo de 18 metros para um mergulhador
no grupo E. Na tabela 3, encontramos o limite ajustado para nãodescompressão de 30 minutos. Isto significa que nosso tempo real de
fundo não pode exceder 30 minutos. Este mergulho pode ser feito dentro
dos limites de não-descompressão, portanto, você estará seguro, mas e se
você estivesse no grupo G ?. O tempo real de fundo de 18 metros não
deve exceder 16 minutos e poderemos ficar 25 minutos. Devemos limitar o
tempo real de fundo a menos que 16 minutos. Mergulhar mais raso, ou
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MANUAL DE MERGULHO
aumentar o intervalo de superfície a fim de fazer este mergulho com
segurança. suponha que nesta situação quiséssemos ficar a 18 metros por
25 minutos.
Como conseguir isto sem exceder os limites de não-descompressão ?. Só
é necessário encontrar um limite ajustado para não-descompressão a 18
metros maior que os 25 minutos que queremos ficar la, encontrar o grupo
repetitivo relativo aquele limite de não-descompressão e, então, determinar
o intervalo de superfície mínimo necessário para atingir aquele grupo
repetitivo.
Neste exemplo, o primeiro limite ajustado para não-descompressão maior
que 25 minutos a 18 metros é 30 minutos, encontrado sob a coluna E.
Basta determinar o intervalo de superfície mínimo do grupo G para
alcançar o grupo E. Veja tabela 2, nas coordenadas horizontal G e vertical
E.
O tempo mínimo para alcançar o grupo E é de 1:16h, portanto, para fazer
um mergulho de 25 minutos a 18 metros sem descompressão, um
mergulhador no grupo G precisa esperar na superfície no mínimo durante
uma hora e 16 minutos antes de mergulhar. Outra alternativa para o
mergulhador do grupo G é mergulhar mais raso do que 18 metros.
Mergulhando a 15 metros, o mergulhador poderia ficar 44 minutos acima
da duração de suprimento de ar.
Portanto, mergulhar mais raso é uma solução simples para situações onde
o tempo real de fundo for limitado devido ao nitrogênio residual.
As tabelas devem ser consultadas antes de cada mergulho
repetitivo para determinar os limites de não-descompressão do mergulho.
Os mergulhadores devem anotar isto nas placas, não esquecendo de
anotar
também,oslimitesdenão-descompressão
para
a
próxima
profundidade maior, no caso da profundidade planejada ser excedida.
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MANUAL DE MERGULHO
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MANUAL DE MERGULHO
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Tabela 1
1 – Se você faz um mergulho a 18m (60 pés) durante 40 minutos, seu
grupo de letra será de ________.
2 – Se você faz um mergulho a 12m (40 pés) durante 80 minutos, seu
grupo de letra será de ________.
3 – Se você faz um mergulho a 36m (120 pés) durante 09 minutos, seu
grupo de letra será de ________.
Tabela 2
4 – Se você tem um grupo de letra D e seu intervalo de superfície é de 2
horas e 36 minutos, seu novo grupo de letra será _______.
5 – Se você tem um grupo de letra C e seu intervalo de superfície é de 3
horas, seu novo grupo de letra será _________.
6 – Se você tem um grupo de letra G e seu intervalo de superfície é de 42
minutos, seu novo grupo de letra será _________.
Respostas: 1-F, 2-H, 3-D, 4-C, 5-A, 6-F
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MANUAL DE MERGULHO
SINAIS INTERNACIONAIS
OK
DESCER
SUBIR
CALMA
ESTOU AQUI
ESTOU BEM
VERTIGENS
ACELERAR
PRESSÃO
DEVAGAR
BARCO
50 BAR
TODOS AQUI
SEM AR
ME DÊ AR
100 BAR
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MANUAL DE MERGULHO
ECOLOGIA
SALINIDADE
A quantidade total de substâncias dissolvidas na água do mar denominase salinidade, cujas unidades são grama por quilograma (g/kg) ou partes
por mil (%o).
A salinidade dos oceanos varia, normalmente, entre 33 a 37%o.
Salinidades mais baixas (28 a 29%o) são encontradas em águas costeiras.
Alguns pequenos mares têm salinidade muito pequena (Báltico, 20%o) e
outros muito grandes (Mediterrâneo 38%o e Vermelho, 40%o).
A salinidade de superfície é muito influenciada por dois fatores: a
evaporação, que a aumenta e a precipitação, que a reduz.
TEMPERATURA
Segunda a característica física da água do mar é a temperatura. O
pesquisador tem interesse especial na temperatura e na salinidade porque
tais características o ajudam a identificar tipos de água.
A temperatura em mar aberto varia entre os limites de –2°C a +30°C,
aproximadamente. O limite inferior é regulado pelo ponto de congelamento
da água do mar, o qual é sempre maior que –2°C, de modo que há
formação de gelo antes que a temperatura da água caia abaixo deste
nível. Efetivamente, uma água do mar tendo uma salinidade de 37%o
congela a –2,023°C, mas águas com essa salinidade relativamente alta
não são encontradas nas altas latitudes, onde o congelamento
normalmente ocorre. Com ao limite superior da temperatura, qualquer calor
absorvido na camada de superfície tem a tendência de se espalhar através
da hidrosfera, devido à alta capacidade do calor específico, condutividade
térmica e mistura presentes no mar. E outra razão importante para a
manutenção da temperatura no oceano abaixo de 30°C é o fato que mais
que a metade da energia recebida nas camadas superiores é utilizada para
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MANUAL DE MERGULHO
a evaporação, e o restante para variações de temperatura. Obviamente,
isto não significa que a temperatura do oceano seja constante, mas sua
variação é bem menor que a da atmosfera.
PRESSÃO
A pressão atmosférica normal é 1 atmosfera ou 1013 milhares. Um decibar
corresponde aproximadamente à variação da pressão de cerca de 1
atmosfera.
DENSIDADE
A densidade é expressa em gramas por centímetro cúbico e no oceano
aberto varia de 1.02000 a 1.03000 g/cm3, aproximadamente. Valores mais
baixos são encontrados junto à costa, próximos a rios.
COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA ÁGUA DO MAR
Princípio das proporções constantes (Lei de Dittmar)
A partir das análises realizadas sobre a composição química da água do
mar nas amostras provenientes da Expedição do Navio HMS Challenger
foi observado por Dittmar que os constituintes maiores da água do mar
apresentam sempre as mesmas proporções entre si, ou seja,
independentemente da salinidade total da água do mar (total de sólidos
dissolvidos) seus elementos maiores (Na, Cl, K, Ca, Mg, HCO3 eSO4)
apresentam proporções constantes entre si. Também temos outros
constituintes menores como nutrientes, gases, compostos orgânicos e
elementos traços.
CARACTERÍSTICAS DOS SEDIMENTOS MARINHOS
COMPOSIÇÃO: os sedimentos que compõem os fundos marinhos são,
principalmente, detritos, provenientes de erosão das rochas continentais
ou resultantes de combinações dos elementos dissolvidos na água do mar,
ou restos orgânicos (animais ou vegetais).
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MANUAL DE MERGULHO
QUANTO À ORIGEM DO SEDIMENTO:
Terrígenos: resultantes da erosão das rochas emersas.
Biológicos: são sedimentos de origem orgânica.
Vulcanismo submarino: vidros vulcânicos.
Químicos: são materiais dissolvidos na água do mar, ex-nódulos de
manganês.
AÇÕES HIDRODINÁMICAS
Ondas: são movimentos de vai e vem da água do mar, que ocorre na
superfície dos oceanos. Para haver ondas é preciso haver energia. Quem
fornece a energia? O vento, os maremotos e a tração gravitacional. Para
haver ondas é necessário alem de energia, ter uma interação com o fundo,
portanto nas grandes profundidades não há ondas porque não há atrito
com o fundo. Tsunami são ondas catastróficas de origem sísmica
(maremotos), com velocidades de até 700 km/hora.
Marés: são levantamento e abaixamento periódicos da superfície do mar,
resultantes da atração gravitacional do sol e da lua.
Correntes: são deslocamentos longos e contínuos das massas d´água,
geradas por diferenças de temperatura, de densidade ou pressão das
águas oceânicas.
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MANUAL DE MERGULHO
DISTRIBUIÇÃO DOS SERES MARINHOS
PEIXES
I - PELÁGICOS
Que vivem continuamente na superfície ou meia-água nas áreas abertas
dos oceanos.
A maioria vive em cardumes e tem escamas.
BARRACUDA
ANCHOVA
XAREU
II - NECTÔNICOS
São seres que vivem ativamente na massa d´agua, mantem uma relação
com o abstrato marinho e onde fazem sua moradia(toca)
MERO
BORBOLETA
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GAROUPA
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BAIACU ARARA
MORÉIA VERDE
PEIXE PEDRA
III - BENTÔNICOS
São que habitam e dependem do fundo do mar.
ESPONJAS (FILO PORIFERA)
As esponjas são animais multicelulares inferiores, incapazes de
movimentos, de aspecto semelhantes a de várias plantas. Espécies
diferentes apresentam-se como crostas finas e
chatas, em forma de vaso, ramificada, globular ou
de forma variada e de 1mm até 2mts de diâmetro.
Muitas são coloridas de cinzento ou pardo e
outras são brilhantes vermelhas, alaranjadas,
azuis, violáceas ou pretas. A maioria das
esponjas é marinha, dos mares árticos até os tropicais, vivendo da linha da
maré baixa até a profundidade de 5500 mts. Todas são fixas a rochas,
conchas e outros objetos sólidos. O nome Porífero (lat. Porus, poro + ferre,
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MANUAL DE MERGULHO
possuir) refere-se a estrutura porosa do corpo,
com muitas aberturas superficiais.
CLASSE SCYPHOZOA - (ÁGUA-VIVA, CARAVELA)
No scyphozoa (gr. skyphos, taça + zoom, animal) o estágio de medusa
mede de 2,5 cm até 2,1 metros de diâmetro e consiste em grande parte de
mesogleia gelatinosa, o pólipo sendo diminuto ou ausente. Aurélia Aurita é
uma cifomedusa comum nas águas costeiras, freqüentemente vista
isoladamente ou em pequenos grupos.
Estrutura: o corpo parece um guarda-chuva, este franjado por uma série de
tentáculos marginais delicados e densamente distribuído. Possui gônodas,
uma rede nervosa primitiva, bolsa gástrica, boca e um braço oral
pontiagudo.
CLASSE ANTHOZOA (ANÊMONAS DO MAR E CORAIS)
Os anthozoa são pólipos marinhos em forma de flor
(gr. anthos, flor + zoon, animal), de tamanho
pequeno a grande e textura relativamente firme, com
uma tendência para a simetria biradial. Além das
anêmonas do mar e corais pétreos, esta classe inclui
os corais negros, os moles e os córneos, as
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penátulas e renílias coloniais e outros. Os corais são os principais
construtores de recifes, crescendo como massas rígidas capazes de
resistir ao constante embate das ondas. Outros invertebrados e algas
marinhas também contribuem para a formação dos recifes. Muitos tipos de
animais vivem entre ou dentro dos corais; alguns
caranguejos tornam-se prisioneiros em galhas de
corais. O organismo do coral é um pequeno polipo
em forma de anêmona, com tentáculos curtos,
musculatura escassa e sem disco pedal (pé), que
vive em uma taça pétrea com elevações radicais no
fundi, fabricada pela própria epiderme. Gerações de
tais polipos produzem os esqueletos calcários de
corais e os recifes coralinos. Os corais construtores de recifes requerem
água de 8 graus centígrados ou mais durante todo o ano para
crescerem bem. Além disso, não conseguem viver em profundidades
maiores que 36 metros, porque precisam de luz suficiente para suas algas
simbiontes, portanto nós mergulhadores os encontraremos com
regularidade.
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ARTROPODES - (FILO ARTHROPODA)
É o grupo que possui a maior parte dos animais conhecidos e nele estão
englobados os crustáceos.
SUBFILO CRUSTACEA (CRUSTÁCEO)
Caranguejos, lagostas, camarões, cracas, siris. Os crustáceos marinhos
podem ser essencialmente caracterizados do seguinte modo: cabeça
formada pela fusão de cinco segmentos, com dois pares de antenas, um
par de mandíbulas e dois maxilares. Tórax constituído de dois a sessenta
segmentos. Segmentos abdominais normalmente distintos,com um telson
na extremidade do corpo. Freqüentemente com uma carapaça que cobre a
cabeça e parte do tórax. Apêndices modificados, respiração porbrânquias,
sexo separados ou por vezes hermafroditas.
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CLASSE PYCNOGONIDA (ARANHA DO MAR)
Aranha do mar: corpo pequeno, estreito, com
segmento cefálico de três a quatro segmentos
correspondentes ao tronco. Abdômen vestigial.
Quatro olhos, boca sugatória na extremidade de
probócides. Em regra, quatro pares de patas,
sexos separados, ovos transportados pelo
macho, vivem sobre briosoários, corais ou anêmonas. Alimentam-se de
fluídos e partes móveis destes.
MOLUSCOS (FILO MOLLUSCA)
Búzios, mexilhões, polvos, lulas, ostras.
BIVALVIA - (MEXILHÕES, OSTRAS, BUZIOS, ETC...)
Os membros desta classe são bilateralmente simétricos e compridos
lateralmente com corpo mole incluindo uma concha rígida de duas partes
(bi, 2- valva, concha). Não há cabeça. O pé geralmente tem forma de
machado.
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CEPHALOPODA - (NÁUTILUS, LULAS E POLVOS)
Os cephalopoda (gr. kephale, cabeça + podos, pé) são os moluscos mais
desenvolvidos e de estrutura diferenciada dos moluscos. Em muitos
aspectos podemos até considerar um grupo evoluído dentre os
invertebrados. A classe é representada por apenas 650 espécies. Incluem
os maiores invertebrados viventes, a lula gigante Architeuthis, que alcança
um comprimento de 16 mts. Possui uma cabeça grande, tem dois olhos
conspícuos e uma boca central, a qual é circundada por 10 braços
canosos contendo ventosas em forma de taça; o quarto par de braços são
tentáculos retráteis e longos. O corpo delgado; cônico, têm uma nadadeira
triangular ao longo de cada lado da extremidade afiliada. Abaixo do
pescoço há um funil muscular ou sifão. A pele contém muitos
cromatóphoros (células capazes de mudanças de cor), pigmentos amarelo
ou pardo, em uma cápsula lástica circundada por células circulares. Estes
expandem-se e contraem-se ritmicamente, tomando o animal
alternadamente claro e escuro. A lula é mais longa dorsoventralmente, a
cabeça é morfologicamente ventral e os braços e o sifão representam o pé
dos outros moluscos. Na parte superior da parede do corpo há uma pena
córnea, a concha, enrijecendo o corpo. O aparelho digestivo inclui boca,
faringe, mandíbula, rádula, esôfago, intestino, ânus. Acima do reto há uma
bolsa de tinta glandular com um duto que se abre próximo ao ânus. Em
cada lado da cavidade do manto há uma brânquia alongada. Os sexos são
separados, cada um com uma gônoda próxima a extremidade da cavidade
do manto. Esta classe tem povoado os mares desde milênios. Também
conhecemos os náutilus e argonautas como parte desta classe.
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EQUINODERMOS – FILO ECHINODERMATA
Estrelas, ouriços do mar, pepino do mar, ophiurus.
ASTEROIDEA - (ESTRELA DO MAR)
As estrelas do mar abundam em quase todas as costas marinhas,
especialmente em praias rochosas e ao redor de pilares nos portos. Várias
espécies vivem desde a linha das marés até profundidades consideráveis
na areia e no lodo.
Estrutura: o corpo consiste de um
disco central e cinco raios ou braços
afiliados. Na superfície aboral ou superior há
muitos espinhos obtusos calcários, os quais
são
partes
do
esqueleto. Brânquias
pequenas e moles projetam-se na cavidade do
corpo. O ânus é uma abertura diminuta próxima ao
centro da superfície aboral. Possui pés
ambulacrários (tubos afiliados com um disco na
porta).
OPHIUROIDEA (OPHIURIUS OU SERPENTE MARINHA)
Os ophiurius têm um disco pequeno,
arredondado, com cinco braços distintos,
longos, delgados, articulados e frágeis. Um
braço
consiste
de
muitos
segmentos
semelhantes. As laterais com espinhos
pequenos. O phiurius vive desde as águas
rasas ás profundas, algumas vezes em grande
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MANUAL DE MERGULHO
número escondendo-se debaixo de pedras ou plantas marinhas ou até
mesmo se enterrando na areia ou no lodo. Movem-se por movimentos
serpenteados rápidos.
ECHINOIDEA - (OURIÇO DO MAR E BOLACHA)
Os membros desta classe têm corpo arredondado, sem braços, mas
possuem espinhos delgados e móveis. Os ouriços do
mar são de forma esférica, pé ambulcral como das
estrelas do mar, um esqueleto
calcário, cinco pares de
brânquias, cinco dentes fortes
(estes são suportados por
uma estrutura complexa de
cinco lados dentro de uma carapaça calcária, que é
conhecida como lanterna de Aristóteles).
HOLOTHUROIDEA - (PEPINO DO MAR)
Em oposição aos outros equinodermas, as holothureas têm corpo delgado
alongado e eixo oral laboral. A boca é circundada por dez a trinta
tentáculos retráteis que são modificados de pé ambulacrais. As
holothureas movem-se como lesmas no
fundo do mar ou cavam no lodo ou na
areia
deixando
somente
uma
extremidade do corpo exposta, e
quando
pertubados
contraem-se
lentamente. Alimentam-se de matéria
orgânica e de detritos do fundo.
CRINOIDEA - (LÍRIO DO MAR)
Estes equinodermos, semelham-se a flores, vivem
abaixo da linha das marés até ás profundidades
abissais. O corpo é um pequeno cálice e forma de
taça, de placas calcárias a qual estão presos cinco
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MANUAL DE MERGULHO
braços flexíveis que se bifurcam formando dez ou mais extremidades
estreitas, cada uma contendo muita pínulas delicadas e laterais, dispostas
como barbas em uma perna.
CARTILAGINOSOS - CLASSE CHONDRICHTHYES
Os tubarões, raias e quimeras da classe Chondrichthyes (gr. chondros,
cartilagem + ichthys, peixes) são os vertebrados viventes mais inferiores
que têm vértebras completas e separadas, mandíbulas móveis e
extremidades pares. Todos são predadores e praticamente todos são
habitantes dos oceanos. O grupo é antigo e representado por muitos
restos fósseis, especialmente dentes, espinhos das nadadeiras e escamas.
Os tubarões são de grande interesse biológico, porque algumas de suas
características anatômicas básicas aparecem em embriões jovens dos
vertebrados superiores.
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MANUAL DE MERGULHO
ÓSSEOS - CLASSE OSTEICHTHYES
Várias espécies de animais que vivem na água, são chamados peixes,
desde os peixes-boi até as estrelas-do- mar, mas o termo se explica
propriamente a vertebrados aquáticos inferiores. Os gregos conheciam os
peixes como ichthyes, sendo ictiologia o estudo científico dos peixes; o
nome comum peixes deriva do latim, pisces. Os peixes mais típicos ou
peixes ósseos têm esqueleto ósseo, são cobertos com escamas dérmicas,
geralmente têm corpo fusiforme, nadam por meio das nadadeiras e
respiram por brânquias. Várias espécies habitam todos os tipos de água:
doce, salobra, salada, quente ou fria. Os peixes têm sido um armazém de
alimento protéico para a humanidade desde a antigüidade e muitas
espécies fornecem recreação agradável para pescadores amadores.
RÉPTEIS
Nos répteis encontramos a família das tartarugas e um tipo de lagarto, o
higuanas das Galápagos. Podemos encontrar com
freqüência tartarugas tanto de carapaça mole
como
rígidas.
As
de
carapaça
mole
(Dermchelyscoriacea) podem atingir 2,25mts de
comprimentos com um peso médio entre 300 a
400kg. Alimentam-se de peixes, moluscos e
crustáceos. Deposita seus ovos na areia da praia. As de carapaça rígida
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MANUAL DE MERGULHO
(Eretmochelysimbricata) chegam a medir 60 cm
de comprimento, alimenta-se fundamentalmente
de peixes e efetua sua postura de ovos na areia.
Podendo
eventualmente
encontrar
outras
espécies de tartarugas, algumas chegando a
medir 1,5mts de comprimento e atingindo um
peso de 450kg (Carettacaretta).
MAMÍFEROS
Nos Mamíferos é que encontramos o maior animal da face da terra: as
BALEIAS. Os mamíferos marinhos são da ordem cetácea compreendendo
baleias cachalotes e golfinhos. Animais de forma
hidrodinâmica com os nervos inferiores formados
em barbatanas, sem membros superiores, cauda
terminal em fora de barbatana horizontal.
Existem duas sub-ordens de mamíferos:
os com dentes (Odontoceti) e os sem dentes
(Mysticeti).
ODONTOCETI: Golfinhos, botos e orcas.
MYSTICETI: Baleias com barbatanas no lugar de dentes.
A família Delphinidae compreende os golfinhos e toninhas. Animais
de extrema inteligência, excelente senso de direção e vida em
comunidade. Facilmente avistados em nosso litoral, geralmente chegando
ou acompanhando embarcações. Quando nós avistarmos golfinhos ou
toninhas, para atraí-los, é necessário gritar ou bater no casco da
embarcação. Isto prova a tremenda curiosidade
deste animal, além de ser muito amável e
perspicaz. As baleias em nosso litoral se tornam
difíceis de serem avistadas devido a temperatura
da água não ser adequada a elas, embora muitas
espécies já foram avistadas em nossas costas.
Isto não é uma regra geral, exemplo do
Arquipélago de Abrolhos.
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MANUAL DE MERGULHO
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
1) Quais são os dois tipos de nadadeiras encontradas no mercado
atualmente?
____________________________________________________________
2) Permite que o mergulhador respire, sem precisar sacar a cabeça para
fora da água, mantendo sempre um bom ângulo de visão do fundo
marinho:
a)
b)
c)
d)
Máscara
Snorkel
Cinto de Lastro
Cilindro
3) Qual a função das roupas isotérmicas?
____________________________________________________________
____________________________________________________________
4) Qual a capacidade dos cilindros de alumínio?
____________________________________________________________
5) Peça importante no mergulho pelo fato de ser o responsável pela
marcação da quantidade de ar existente no cilindro:
a)
b)
c)
d)
Manômetro
Profundímetro
Regulador
Relógio
6) Quando a pressão de uma determinada quantidade de gás aumenta
para o dobro, o seu volume será reduzido à metade. Estamos falando de:
a) Princípio de Archimedes
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MANUAL DE MERGULHO
b) Lei de Henry
c) Lei de Boyle e Mariotte
d) Pressão hidrostática
7) Diferencie:
Flutuação Negativa: ___________________________________________
____________________________________________________________
Flutuação Positiva: ____________________________________________
____________________________________________________________
Equilíbrio Hidrostático: ________________________________________
___________________________________________________________
8) Defina Hidrocução.
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
9) Quais são os principais sintomas da Hipotermia?
____________________________________________________________
10) O que são Barotraumas?
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
11) Cite três tipos de Barotraumas.
____________________________________________________________
____________________________________________________________
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MANUAL DE MERGULHO
12) Por que o mergulhador não pode mergulhar usando tampões
auriculares?
____________________________________________________________
____________________________________________________________
13) Que equipamento de mergulho pode causar o Barotrauma Facial?
a)
b)
c)
d)
Snorkel
Regulador
Colete
Máscara
14) O que pode acontecer ao mergulhador que retorna à superfície
prendendo a respiração (ou com a glote fechada)?
a)
b)
c)
d)
Embolia Traumática pelo Ar
Barotrauma Facial
Hiperventilação
Barotrauma Sinusal
15) Quais são as causas da intoxicação pelo Gás Carbônico?
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
16) O que é Narcose?
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
17) Defina Doença Descompressiva.
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
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MANUAL DE MERGULHO
18) Quais são os fatores favoráveis ao aparecimento da D. D.?
____________________________________________________________
19) Qual o objetivo das Tabelas de Mergulho?
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
20) Qual o objetivo da Parada Descompressiva?
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
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MANUAL DE MERGULHO
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