- Mestrado em Horticultura Irrigada
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA (UNEB) Pró-reitoria de Pesquisa e Ensino de Pós-graduação (PPG) Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais (DTCS) Programa de Pós-Graduação em Horticultura Irrigada – Mestrado (PPHI) RODRIGO EDUARDO VIANA Dinâmica Populacional de Moscas-das-Frutas (Diptera-Tephritidae) em Três Pólos de Fruticultura do Nordeste Brasileiro JUAZEIRO - BA 2009 i UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA (UNEB) Pró-reitoria de Pesquisa e Ensino de Pós-graduação (PPG) Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais (DTCS) Programa de Pós-Graduação em Horticultura Irrigada - Mestrado (PPHI) RODRIGO EDUARDO VIANA Dinâmica Populacional de Moscas-das-Frutas (Diptera-Tephritidae) em Três Pólos de Fruticultura do Nordeste Brasileiro Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Horticultura Irrigada da Universidade do Estado da Bahia (PPHI/UNEB/DTCS), como parte do requisito para a obtenção do título de Mestre em Agronomia. Área de Concentração: Proteção de Plantas. Orientador: Dr. JOSÉ OSMÃ TELES MOREIRA JUAZEIRO - BA 2009 ii RODRIGO EDUARDO VIANA Dinâmica Populacional de Moscas-das-Frutas (Diptera-Tephritidae) em Três Pólos de Fruticultura do Nordeste Brasileiro Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Horticultura Irrigada da Universidade do Estado da Bahia (PPHI/UNEB/DTCS), como parte do requisito para a obtenção do título de Mestre em Agronomia. Área de Concentração: Proteção de Plantas. Aprovada em: __/ __/______ Comissão Examinadora __________________________________________ Dr. José Osmã Teles Moreira Universidade do Estado da Bahia (DTCS / UNEB) ___________________________________________ Dra Beatriz Jordão Paranhos Embrapa- Semi-Árido __________________________________________ Dr. José Eudes de Morais Oliveira Embrapa- Semi-Árido iii DEDICATÓRIA Dedico esse trabalho a todos que confiaram nesse sonho que foi transformado em realidade. As famílias de todos os envolvidos e também a minha que, em função da realização de um sonho, tiveram que abrir mão dos seus sonhos. A Fabíola pelo carinho, compreensão e companheirismo nesta nova empreitada. iv AGRADECIMENTOS Ao prof. Dr. Aldo Malavasi Filho por permitir e me auxiliar na realização desse sonho, pela orientação, paciência, companheirismo em todas as etapas do trabalho; Ao Dr. Antônio Souza Nascimento pela orientação e principalmente pela disponibilidade de ouvir, aconselhar, discutir, implantar e participar muito próximo dos experimentos; Meu grande amigo tio e colega de profissão Raimundo Sampaio de Carvalho pelas orientações nos momentos mais complicados e pelas orientações na condução dos trabalhos; À Dra Beatriz Jordão por muitas vezes ter me recebido e me auxiliado em minhas dezenas de dúvidas e inquietações na busca do melhor caminho a seguir. Aos técnicos de campo da MOSCAMED BRASIL Erivaldo, Gabriel, Jonas e Sonaldo pela dedicação e pioneirismo na implantação deste projeto. Ao professor Osmã Moreira Teles pela orientação neste trabalho de tese. Aos colegas da sede da Moscamed Brasil Carla, Lara, Nilmara, Ítala, José Carlos e Jacira pelo apoio de cada um dentro de suas competências para a realização dês trabalho v SUMÁRIO Resumo Pag. 1 Abstract Pag. 3 1.0INTRODUÇÃO Pag. 5 2.0. REVISÃO DE LITERATURA Pag. 12 2.1 O Vale do São Francisco e Livramento de Brumado Pag. 12 2.2. Moscas-das-frutas de Importância Econômica e Quarentenária Pag. 13 2.3 Estruturas de comunidades de tefritídeos Pag. 14 2.4 Mosca do mediterrâneo (Ceratitis capitata) Pag. 15 2.5. Espécies de moscas-das-frutas no estado da Bahia Pag. 16 2.6. Espécies de moscas-das-frutas em Pernambuco Pag. 18 2.7. Flutuação populacional de moscas-das-frutas Pag. 18 2.8. Monitoramento em área ampla Pag. 21 3.0. MATERIAL E MÉTODOS Pag. 22 3.1. Caracterização das regiões Pag. 22 3.1.1. Livramento de Nossa Senhora (LNS) Pag. 23 3.1.2. Projeto Curaçá Pag. 25 3.1.3. Projeto Nilo Coelho Pag. 27 3.2. Etapas de implantação dos projetos Pag. 29 3.2.1. Estruturação de Equipes de Campo e Ponto de Apoio Pag. 29 vi 3.2.2. Reuniões com Setor Produtivo Pag. 29 3.2.3. Adequações e/ou implantação de estrutura física de Pag. 30 3.3. Metodologia utilizada nos experimentos Pag. 30 3.3.1. Monitoramento de Adultos Pag. 30 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Pag. 37 5. CONCLUSÕES Pag. 57 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Pag. 59 laboratórios e instalação de equipamentos vii LISTA DE FIGURAS Figura 1: Localização das áreas de estudo. 22 Figura 2: Mapa de Livramento de nossa Senhora 24 Figura 3: Mapa do Perímetro Irrigado Curaçá 26 Figura 4: Mapa do Projeto Senador Nilo Coelho (NC) núcleos 10 e 11. 28 Figura 5: Criação da base georeferenciada das áreas de estudo. 31 Figura 6: Relação Ceratitis capitata /anastrepha spp. no programa de 32 monitoramento de moscas das frutas no Submédio São Francisco. Figura 7: Foto armadilha Jackson. 33 Figura 8: Foto armadilha McPhail. 34 Figura 9: Alimentação do banco de dados para disponibilização via WEB. 36 Figura 10: Mapa gerado pelo banco de dados a partir das planilhas eletrônicas para alimentação do sistema. 36 Figura 11: Croqui das fruteiras comerciais em LNS. 38 Figura 12: Croqui das fruteiras não comerciais em LNS encontradas em 39 fundo de quintal na zona Urbana e Rural de LNS. viii Figura 13: Croqui das fruteiras comerciais em CUR. 40 Figura 14: Croqui das fruteiras comerciais em NC. 41 Figura 15: Fenologia dos hospedeiros comerciais nas áreas estudadas 43 (ciclo produtivo). Figura 16: Temperatura Média Mensal (°C) Nas Áreas de Estudo. 45 Figura 17: Umidade Relativa Média Mensal (%) Nas Áreas de Estudo. 46 Figura 18: Precipitação Média Mensal (mm) Nas Áreas Estudadas 46 Figura 19: Flutuação populacional de Anastrepha spp. em LNS 47 comparada com a precipitação durante o período de estudo. Figura 20: Flutuação populacional de C.capitata em LNS comparada com 47 a precipitação durante o período de estudo. Figura 21: Flutuação populacional de Anastrepha spp.em Cur comparada 48 com a precipitação durante o período de estudo. Figura 22: Flutuação populacional de C.capitata em Cur comparada com 48 a precipitação durante o período de estudo. Figura 23: Flutuação populacional de Anastrepha spp.em NC comparada 49 com a precipitação durante o período de estudo. Figura 24: Flutuação populacional de C.capitata em NC comparada com 49 a precipitação durante o período de estudo. Figura 25: MAD (Mosca por armadilha por dia) médio mensal das 52 capturas em armadilha Jackson nas áreas de estudo. Figura 26: MAD (Mosca por armadilha por dia) médio mensal das 53 capturas em armadilha McPhail nas áreas de estudo. ix Figura 27:- MAD (Mosca por armadilha por dia) médio mensal das 55 capturas de C.capitata e Anastrepha spp. em armadilha McPhail em LNS. Figura 28: MAD (Mosca por armadilha por dia) médio mensal das 56 capturas de C.capitata e Anastrepha spp. em armadilha McPhail em Cur. Figura 29: MAD (Mosca por armadilha por dia) médio mensal das 56 capturas de C.capitata e Anastrepha spp. em armadilha McPhail em NC. x LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Localização Geográfica das áreas estudadas. 22 Quadro 2- Número de armadilhas instaladas e período de estudo. 23 Quadro 3 - Área comercial em hectares com fruteiras hospedeiras de 37 moscas-das-frutas nas regiões estudadas. Quadro 4 – Relação dos hospedeiros não comerciais encontrados em 39 pomares domésticos na Zona Urbana e Rural de Livramento Nossa Senhora Quadro 5 – Relação dos hospedeiros comerciais encontrados nas áreas 41 de produção de Curaçá. Quadro 6 – Relação dos hospedeiros comerciais encontrados nas áreas 42 de produção de Nilo Coelho. Quadro 7- Dados consolidados de captura nas armadilhas e frequência 51 comparada de captura de C. capitata e espécies de Anastrepha spp., no total do período de estudo. 1 RESUMO As moscas-das-frutas são consideradas as principais pragas da fruticultura quando o assunto é mercado externo, sendo a principal barreira as exportações de frutas frescas. O presente trabalho propõe o estudo da dinâmica populacional de moscas-das-frutas em três pólos de fruticultura que são: Livramento de Nossa Senhora, BA (LNS), Perímetro Curaçá, município de Juazeiro, BA (CUR) e Perímetro Nilo Coelho, Núcleos 10 e 11 município de Petrolina, PE (NC). Como hospedeiros da praga, LNS cultiva apenas manga, CUR cultiva manga e uva e NC cultiva manga, uva, goiaba e acerola. Com o estudo, demonstramos o quanto a diversidade de hospedeiros contribui para o incremento populacional de moscas - das- frutas, informar qual a espécie mais prevalente nestas regiões e implantar um amplo programa de monitoramento a fim de quantificar o nível de infestação de moscas-das-frutas nessas regiões para que seja implementadas ações de controle sendo eles o químico, o mecânico ou o autocida através da utilização da técnica do inseto estéril. Os projetos foram executados pela Organização Social Biofábrica Moscamed Brasil, em parceria com EMBRAPAS Centro Nacional Mandioca e Fruticultura em Cruz das Almas - BA e Centro Pesquisa Trópico Semi-Árido em PetrolinaPE, ADAB – BA e ADAGRO-PE e Universidade do Estado da Bahia – UNEB. Os dados apresentados referentes a frequência C. capitata/Anastrepha spp. deixam claro a prevalência de C. capitata com frequência de captura acima de 90% em todas as regiões estudadas. A Biofábrica Moscamed Brasil está 2 produzindo machos estéreis de C. capitata o que irá colaborar para o controle eficiente desta espécie prevalente. Estes dados podem contribuir para uma revisão na densidade de armadilhas utilizadas hoje para manga. Valendo ressaltar a baixa densidade populacional de LNS ao longo do ano. Em CUR a flutuação oscila entre dois hospedeiros, manga e uva. A diversidade de hospedeiros é um fator bastante preocupante em NC, uma vez que, as culturas da goiaba e acerola contribuem para o incremento populacional e não é realizado nenhum tipo de controle para moscas-das-frutas. Através dos resultados pode-se concluir que, o programa de monitoramento e controle implantado nas regiões estudadas permite a detecção rápida dos focos de moscas-das-frutas para um controle imediato destes. Nessas regiões devem ser implantados programas de controle em áreas amplas com um levantamento real da população da praga. 3 ABSTRACT The fruit flies are considered the main pest of fruit when it comes to foreign markets, being the main barrier to exports of fresh fruits. This paper proposes the study of population dynamics of flies fruit in three different fruit trees which are: Livramento de Nossa Senhora, BA (LNS), Perimeter Curaçá, Juazeiro, BA (CUR) and Perimeter Nilo Coelho, Cores 10 and 11 municipalities of Petrolina, PE (NC). As hosts of the pest, LNS only grows mango CUR grown mango and grapes and NC grown mango, grapes, guava and barbados cherry. In the study, we demonstrate how the diversity of the host contributes to the increase in population of flies - fruit, say what the most prevalent species in these areas and implement a comprehensive monitoring program to quantify the level of infestation of flies fruit in these regions to be implemented actions to control them with chemical, mechanical or autocida by using the sterile insect technique. The projects were conducted by the Social Biofábrica Moscamed Brazil, in partnership with the National EMBRAPA Cassava and Fruit Crops, Cruz das Almas - BA and Research Center Semi-Arid Tropics in Petrolina, ADAB - BA and ADAGRO-PE and State University Bahia - UNEB. The data presented on the frequency C. capitata / Anastrepha spp. make clear the prevalence of C. capitata often catch over 90% in all regions studied. Biofábrica Moscamed Brazil is producing sterile males of C. capitata which will contribute to the efficient control of this prevalent species. These data can contribute to a revision in the density of traps used today for mango. Is worth highlighting the low population density of LNS over the years. In CUR fluctuation oscillates 4 between two hosts, mango and grapes. The diversity of hosts is a worrying factor in NC, since the cultures of guava and Barbados cherry contribute to the increase in population and is not carried out any kind of control to fly fruit. Through the results we can conclude that the program of monitoring and control deployed in the regions studied allow rapid detection of outbreaks of fruit flies for immediate control of these. In these regions should be implemented control programs in area wide with a broad survey of the real population of the pest. 5 1. INTRODUÇÃO As espécies de moscas-das-frutas de importância econômica pertencem aos gêneros Anastrepha, Bactrocera, Ceratitis, Rhagoletis e Toxotrypana. Há três gêneros de moscas-das-frutas da família Tephritidae com importância econômica no Brasil: Ceratitis, representado por uma única espécie, Ceratitis capitata, Anastrepha representado por 95 espécies (URAMOTO, et al., 2004) e Bactrocera carambolae Drew & Hancock, que apresenta ocorrência apenas no estado do Amapá. Possuem grande capacidade de explorar o alimento disponível, alto potencial reprodutivo, curto ciclo de vida e alta capacidade de dispersão (ROSETTO et al., 1989). Numerosas espécies estão envolvidas em infestações de uma grande variedade de frutas e hortaliças de considerável valor econômico. C. capitata ou mosca-do-mediterrâneo ou moscamed é a espécie mais cosmopolita e invasora dentre todos os tefritídeos, sendo considerada a mais prejudicial, causando mais dano à agricultura do que qualquer outra. Malavasi (1980) relatou que C. capitata ocorria em baixa freqüência no Nordeste brasileiro, região onde até então os hospedeiros estavam dispersos, sem a formação de pomares. Corroborando com o prognostico de Malavasi quando se passasse a fazer plantações extensas de hospedeiros nessa região haveria um crescimento na população de c.capitata, Nascimento e Carvalho (2000) destacaram o predomínio absoluto (99,39%) de C. capitata no município de Livramento de Brumado-BA, região onde a fruticultura está em expansão. O mesmo foi constatado por Haji et al., (2005) nos pólos de Petrolina-Pe e Juazeiro-BA e por Araújo et al. (2005) em levantamentos realizados em Mossoró e Assú-RN. Segundo Malavasi et al. (2000), Anastrepha fraterculus (Wiedemann, 1830) é uma praga primária da maior importância na Argentina, Uruguai, e nos 6 Estados do Sul e Sudeste do Brasil, sendo que, nestes locais, se concentram as maiores perdas. No sul e sudeste do Brasil, Anastrepha fraterculus é a espécie de maior distribuição e abundância nas regiões frutíferas. Trata-se de uma espécie multivoltina, apresentando, no mínimo, seis gerações anuais o que possibilita sua presença durante todos os meses do ano. Além disso, é polífaga, sendo conhecidos 67 hospedeiros de 18 famílias (ZUCCHI 2000b). As espécies de moscas-das-frutas de importância econômica representam uma grande preocupação para a maioria dos países e são particularmente importantes para os países em desenvolvimento, pois afetam a produção, comercialização no mercado interno e exportação de frutas e vegetais (MALAVASI, 2000). A tolerância de infestação é muito baixa. Para produtos de exportação, essa tolerância é zero e, em muitos casos, por ser considerada praga quarentenária, a exportação é embargada pela simples presença da mosca na região de produção ou até mesmo no país exportador. No Brasil, as principais frutas de exportação estão vinculadas a: Área livre de moscas-das-frutas (Anastrepha grandis) no Vale do Assú, Rio grande do Norte e Vale do Jaguaribe, Ceará com curcubitáceas; Sistema de Mitigação de Risco (Systems Approach) no Espírito Santo, região extremo Sul da Bahia e Rio Grande do Norte com a cultura do mamão; Tratamento térmico no Submédio do Vale do São Francisco (manga e uva), Rio Grande do Norte (manga) e Rio Grande do Sul (maçã); Frutos não hospedeiros de moscas-das-frutas (banana, abacaxi, limão, etc.). 7 Embora a manga esteja entre os hospedeiros que apresentam menor índice de infestação de moscas-das-frutas, dentre um grupo de hospedeiros suscetíveis como goiaba, pitanga, cajá, cereja, nêspera e outros (HICKEL; UCROQUET, 1993; ARAÚJO et al, 1996; MARTINS et al, 1993), a ocorrência destas pragas é sempre motivo de preocupação, principalmente em plantios cuja produção se destina à exportação (MALAVASI; MORGANTE, 1980). Para o manejo das populações de moscas-das-frutas, assim como para várias outras espécies de praga agrícola, é fundamental que se conheça a diversidade de espécies-praga presente na área e que se estime sua flutuação populacional, além de outras medidas. Alguns trabalhos realizados no Brasil, como por exemplo, ZAHLER (1991), com auxílio de armadilhas McPhail, apontam para uma diversidade considerável de moscas-das-frutas encontradas em pomares de mangueira. ZUCCHI (2000), após um trabalho de revisão bibliográfica, verificou que apenas as espécies Anastrepha fraterculus (Wied.), Anastrepha obliqua (Macquart), Anastrepha pseudoparallela (Loew) e Anastrepha turpiniae (Stone), além de C. capitata, foram obtidas diretamente de frutos de manga, no Brasil. FERREIRA et al. (2003) relataram a ocorrência de A. fraterculus e A.obliqua infestando frutos de manga da variedade Tomy Atkins, no Estado de Goiás. Dessa forma, para alcançar determinados mercados, como o americano, Chileno. Argentino e Japonês os produtores de manga têm que manejar as populações de moscas-das-frutas fazendo com que estas não ultrapassem o índice de uma mosca por armadilha por dia, nos pomares. Além disso, os frutos têm que ser submetidos ao tratamento hidrotérmico antes de serem exportados. Botton et al. (2003) relataram uma baixa infestação da uva Vitis vinifera no VSF por C. capitata (0,05 pupas / uva). Porém, Habibe et al. (2006) verificou que as uvas cultivadas no Submédio do Vale do São Francisco são 8 hospedeiros de Ceratitis capitata e, ocasionalmente essa espécie pode causar significativos danos à produção. Gomez, et al. (2008), estudando a bioecologia de C. capitata em diferentes estágios fenológicos da cultivar Itália, concluiu que a mesma representa um hospedeiro alternativo para o desenvolvimento de C. capitata, apesar das larvas não apresentarem um bom desenvolvimento nesta fruta, principalmente quando ainda estão verdes e muito ácidas (60 a 80 dias após a poda). Para ser exportada para o mercado americano a uva deve ser submetida a um tratamento a frio. Este tratamento é exigido pelos importadores de uva dos Estados Unidos para eliminar ovos ou larvas de moscas-das-frutas que porventura estejam nas bagas. Pode ser feito antes, durante ou após o transporte das uvas. Normalmente se inicia antes do embarque e é continuado durante o transporte marítimo. A temperatura exigida para C. capitata e espécies de Anastrepha é 1,1ºC por 15 dias ou 1,67ºC por 17 dias, sendo que a temperatura nos frutos não deve sofrer uma variação maior que 0,39ºC. A temperatura deve ser checada a cada hora, no ambiente e nos pallets. O monitoramento populacional é o principal pré-requisito para o controle racional e eficiente das moscas-das-frutas, possibilitando caracterizar a população do ponto de vista qualitativo e quantitativo. O monitoramento permite conhecer as espécies de moscas mais freqüentes, as densidades e flutuações populacionais e níveis de controle, aspectos que servem de subsídios aos fruticultores para definir o momento adequado para a adoção de medidas de controle. O monitoramento tem fornecido conhecimentos consideráveis sobre índices populacionais de tefritídeos, expressos em mosca/armadilha/dia (MAD). Informações a respeito das suas populações e hospedeiros, bem como sobre índices de infestação, diversidade de parasitóides e índices de parasitismo natural são bastante importantes quando se trabalha num programa de monitoramento em “Área Ampla” onde se procura monitorar não apenas 9 pomares de exportação, que necessitam obrigatoriamente do monitoramento, mas também os demais pomares que são hospedeiros de moscas-das-frutas. O conceito de controle em amplas áreas é aplicado sobre espaços relativamente grandes e envolve muitos produtores que apresentam o mesmo problema e estão envolvidos em uma campanha organizada e planejada, com ações de longo prazo. Nesse conceito de controle, o objetivo é reduzir a população da praga alvo a níveis abaixo do dano econômico (NDE), em uma grande área e envolvendo muitos produtores individuais, onde as ações de controle são conduzidas de forma organizada e mediante um planejamento proativo de longo prazo, numa abordagem defensiva para o controle do inseto alvo. Nessa abordagem são utilizados sistemas de alta tecnologia, que reduzem custos e problemas ambientais e aumentam a eficácia do controle, tais como a técnica do inseto estéril (TIE), a técnica de aniquilamento de machos, uso de parasitóides, inseticidas químicos seletivos e biológicos (CARVALHO, 2006). Para implantação de programas de monitoramento em áreas amplas é necessário um conhecimento do universo frutícola em que se encontram as culturas de exportação. Para isso é incorporada ao monitoramento a ferramenta do geoprocessamento que através da elaboração de mapas, permite uma melhor visualização das áreas favorecendo a adoção de estratégias de manejo baseadas na visão completa do ambiente a ser trabalhado. Para processamento das informações elabora-se um banco de dados, que disponibilizam as inoformações em ambiente WEB para acesso remoto em qualquer lugar do mundo por produtores, instituições públicas e privadas de pesquisa, defesa agropecuária entre outros, ligados ao programa de monitoramento. O sistema de informações fornece aos interessados o panorama geral do monitoramento para ações de fiscalização, inspeções de pomares e, caso seja necessário, o produtor entre imediatamente com medidas de controle populacional. 10 Em abril de 2005, a Organização Social Biofábrica Moscamed Brasil, iniciou as atividades nas regiões de Livramento de Nossa Senhora - BA e Perímetro Irrigado Curaçá, município de Juazeiro – BA e, posteriormente em dezembro do corrente ano, o trabalho foi ampliado para o Perímetro Irrigado Senador Nilo Coelho, no município de Petrolina estado de Pernambuco. Os projetos foram executados pela Organização Social Biofábrica Moscamed Brasil, em parceria com EMBRAPAS Centro Nacional Mandioca e Fruticultura em Cruz das Almas - BA e Centro Pesquisa Trópico Semi-Árido em PetrolinaPE, ADAB – BA e ADAGRO-PE e Universidade do Estado da Bahia – UNEB. Implantou-se um amplo programa de monitoramento a fim de quantificar o nível de infestação de moscas-das-frutas nessas regiões para que seja um amplo programa de monitoramento e controle, sendo eles o químico, o mecânico ou o autocida. Ações integradas de controle populacional com a técnica do inseto estéril e outros processos associados serão utilizados como ferramenta de manutenção dos baixos índices populacionais. Os projetos estão sendo implantados nos principais pólos de fruticultura do Nordeste brasileiro mais especificamente nas zonas de semi-árido do Vale do Submédio São Francisco (BA e PE) e Livramento de Nossa Senhora (BA). Baseado no exposto, o presente trabalho teve os seguintes objetivos: 1. Fornecer subsídios para um programa de manejo que permita a detecção do problema a tempo, via monitoramento quantitativo e qualitativo, que possibilite a adoção de medidas fitossanitárias baseadas na realidade identificada em campo (população residente, infestação, clima, etc.) e manter a população da praga alvo em níveis aceitáveis. 2. Estudar a freqüência de Ceratitis capitata/Anastrepha spp. nas regiões estudadas a fim de sugerir mudanças na proporção atualmente usada de armadilhas do tipo Jackson e McPhail, que foi preconizada pela legislação brasileira e americana em acordo denominado plano de trabalho que 11 estabeleceu as diretrizes básicas para exportações de mangas para os Estados Unidos. 3. Discutir como a diversidade de hospedeiros pode interferir na flutuação populacional de moscas das frutas. 12 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 O Vale do São Francisco e Livramento de Nossa Senhora O Vale do São Francisco se desenvolveu e se tornou um importante centro produtor de frutas para o mercado interno e externo. A CODEVASF estima que, apenas no Vale do São Francisco, a fruticultura empregue mais de cinqüenta mil pessoas, comportando investimentos da ordem de setecentos milhões de dólares, de pelo menos quarenta e cinco empresas estrangeiras e nacionais (LIMA e MIRANDA, 2000). Segundo a VALEXPORT (2007), a região responde por cerca de 92 % das exportações nacionais de manga e 99% de uva. Em 2005, o Brasil embarcou 113.758.342 toneladas, proporcionando receita de US$ 72, 526 milhões. A uva constituiu-se no grande destaque das exportações brasileiras de frutas em 2005. A cultura registrou crescimento de 103,35% em valor no comparativo com o ano anterior, alcançando US$ 107, 276 milhões, e de 77,73% em volume, atingindo 51, 212 mil toneladas. Em 2004, as vendas foram de 28, 815 mil toneladas, correspondendo à receita de US$ 52, 755 milhões (IBRAF, 2008). Localizada no sopé da Chapada Diamantina, o pólo de Livramento de Nossa Senhora no sudoeste do estado da Bahia se beneficia de condições edafoclimáticas especiais para o cultivo da manga. Livramento de Nossa Senhora, ao longo dos anos, conseguiu rápidos e sistemáticos progressos tecnológicos, estruturais, comerciais e na organização dos produtores. A região é a segunda maior área de produção de manga do estado, ocupando cada vez mais espaço nos mercados interno e externo. Consolida-se como fornecedor de frutos de qualidade, colhidos em épocas específicas, através do uso das técnicas de indução floral em mangueira. 13 2.2. Moscas-das-frutas de Importância Econômica e Quarentenária As moscas-das-frutas pertencem à ordem Diptera, cujo nome comum é exclusivo da família Tephritidae (ZUCCHI, 2000), reúne cerca de 4.352 espécies agrupadas em 481 gêneros, das quais aproximadamente 861 ocorrem ao longo do continente americano. O gênero Ceratitis ocorre em toda a África, sul da Europa (zona do mediterrâneo), oriente médio, todo o continente americano (inclusive o Caribe), Austrália e ilhas do Pacífico (MALAVASI et al., 2000). De acordo Veloso (1994), as moscas-das-frutas são responsáveis por grandes perdas na produção agrícola devido ao seu alto potencial biótico, ampla distribuição geográfica e a utilização de um grande número de plantas hospedeiras. A mosca do mediterrâneo é a principal praga dentro do complexo de espécies de moscas-das-frutas, em função da sua ampla distribuição e grande número de hospedeiros. Muitos países têm realizado programas de detecção e erradicação desta espécie. De acordo com Canal (1997) na Califórnia a introdução de moscas-das-frutas pode custar 910 milhões em perdas, além de 290 milhões para o seu controle. C. capitata é a espécie mundialmente mais prejudicial, mas no continente americano tem um status de praga que varia enormemente de região para região. É bastante comum e importante nas áreas citrícolas no norte da Argentina, mas negligenciável no sul do Brasil, onde está confinada às áreas urbanas. Em São Paulo, sua importância é acentuada nos cultivos de fruteiras temperadas, mas em todo nordeste e norte, sua ocorrência restringese praticamente às áreas urbanas (MALAVASI, 2000). 14 2.3 Estruturas de comunidades de tefritídeos Conhecimentos sobre a estrutura das comunidades são de grande importância para estudos bioecológicos de insetos praga. Apesar da importância desses estudos, há escassez de informações sobre análise faunística de moscas-das-frutas no Brasil (CANAL et al 1998). Existem vários índices que expressam a diversidade de espécies. O conceito de diversidade de espécies de uma comunidade possui dois componentes: riqueza ou densidade de espécies, estimada em função do número total de espécies presentes no sistema e uniformidade ou equitabilidade, baseada na repartição dos indivíduos entre as espécies. Uchoa et al (2003), estudando a biodiversidade de moscas-das-frutas capturadas em citros no Mato Grosso do Sul, verificaram que C. capitata foi a espécie mais abundante e freqüente, sendo dominante nos pomares de dois municípios. Uramoto et al (2005), analisando a distribuição de populações de espécies de Anastrepha no Campus Luiz de Queiroz em Piracicaba - SP verificaram que A. fraterculus e A. obliqua foram dominantes, com maior freqüência e constância de A. fraterculus, 82,2% e 98%, respectivamente. Dentre o complexo de espécies do gênero Anastrepha, quatro utilizam a manga como hospedeiro, A. obliqua, A. fraterculus, A. sororcula e A. pseudoparalela. A primeira espécie é responsável por praticamente 100% dos danos ocasionados à manga, dada a sua preferência por esta fruta, bem como por frutas da família Anacardiaceae (seriguela, cajá, cajá-mirim etc.) (MALAVASI et al, 1980). A freqüência de cada espécie para cada localidade é função dos hospedeiros presentes (NASCIMENTO; CARVALHO, 1998). São considerados hospedeiros alternativos de moscas-das-frutas no Submédio do São Francisco a amendoeira (Terminalia catappa), a maniçoba (Manihot sp.), o umbu (Spondia sp.) e o umbu-cajá (Spondia sp.) (NASCIMENTO et al, 1994). 15 Em estudos realizados em pomares frutícolas, localizados na região do Submédio São Francisco, Nascimento et al (1994) verificaram predominância das espécies A. fraterculus e A. sororcula. A espécie A. obliqua apresentou freqüência relativamente baixa (4,55%). Com relação à C. capitata, em termos de Nordeste brasileiro, a constatação de sua ocorrência era recente, havendo registros em Petrolina - PE, Juazeiro - BA e Fortaleza - CE (NASCIMENTO; CARVALHO, 1998). A expansão das áreas de produção de frutas no Submédio São Francisco (VSF) aumentou a população de Ceratitis capitata (Nascimento et al., 2000). De acordo com Haji et al. (2000), C. capitata limitou-se a áreas urbanas no Submédio São Francisco-VSF até 1990. Com a expansão da fruticultura essa espécie hoje predomina tanto na zona urbana quanto na zona rural. 2.4 Mosca do mediterrâneo (Ceratitis capitata) Ceratitis capitata WIED, 1824 a mosca do mediterrâneo, é a única espécie do gênero encontrada no hemisfério ocidental. Sua primeira detecção data do início do século XX, desde então esta espécie se estabeleceu e dispersou pelo território nacional, sendo registrada em 17 estados brasileiros (MALAVASI, 2000), ocorrendo desde o sul até a região norte, cujo limite é o estado do Pará. Dentre os tefritídeos, ela se destaca por ser a principal geradora de perdas, em nível de produto e assim como do ponto de vista comercial, na fruticultura mundial, em virtude de estar distribuída em praticamente todo o mundo, atacando o maior número de hospedeiros comerciais e utilizando uma vasta gama de hospedeiros alternativos. C. capitata ataca muitas espécies de plantas, de diferentes famílias e possui mais de uma geração anual, portanto, é qualificada como polífaga e 16 multivoltina. Dessa forma possui uma grande capacidade de expansão, tanto em termo de tamanho populacional como de exploração de novos habitats. Sua ocorrência no Brasil relaciona-se principalmente com hospedeiros exóticos, mas infesta também frutos tropicais. Segundo Zucchi (2000), C. capitata ataca mais de 58 espécies de hospedeiros, das quais vinte são nativas (frutas e hortaliças), o que demonstra a capacidade de adaptação desta espécie. A sua adaptação a novos ambientes deve fundamentalmente depender de dois fatores importantes: plasticidade fenotípica e plasticidade genética. Quanto ao primeiro, plasticidade fenotípica, deve possibilitar respostas imediatas às novas condições, representadas que por ambientes que passem a ser explorados pela espécie, que por modificações ambientais causadas, muitas vezes, pelo próprio homem. Quanto ao segundo, houve oportunidade de constatar que populações naturais possuem variabilidade e, portanto, plasticidade genética (SOUZA & MARIOLI, 1988). 2.5. Espécies de moscas-das-frutas no estado da Bahia Nascimento e Carvalho (2000) caracterizaram quatro regiões fisiográficas do Estado da Bahia: Recôncavo Sul, Região Nordeste, Serra Geral e Submédio São Francisco, cada uma com suas especificidades bióticas e abióticas. De forma geral, no Recôncavo Sul foi constatada a presença das espécies Anastrepha fraterculus (Wiedemann, 1830) A. obliqua (Macquart, 1835), A. sororcula (Zucchi, 1979), A. pickeli (Lima, 1934), A. distincta (Greene, 1934), A. manihoti (Lima, 1934) e A. daciformis (Bezzi, 1909). Já na Serra Geral, o predomínio absoluto era de C. capitata. Na região Nordeste foi constatada a presença de A. sororcula, A. fraterculus, A. serpentina (Wiedemann, 1830) e A. obliqua e no Submédio São Francisco, com baixa densidade populacional, a maior presença era de C. capitata em zonas 17 urbanas e de A. distincta, A. obliqua, A. manihoti, A. pickeli, A. serpentina, A. sororcula, A. daciformis, A. dissimilis e A. fraterculus. Em pomares de manga localizados na região Sudoeste da Bahia, Santos e outros (2003b) constataram a presença de C. capitata, A. obliqua, A. fraterculus, A. pickeli e A. zenildae. A ocorrência de C. capitata na região tem relação com frutos de café que são secados em terreiros nas imediações da cidade de Anagé (SANTOS e outros, 2003a), pelo menos quando pomares e terreiros são muito próximos entre si (10 a 15m). Segundo Torres (2004), na Bahia já foram registradas 31 espécies de moscas-das-frutas, a saber: A. fraterculus, A. obliqua, A. sororcula, A. distincta, A. serpentina, A. bahiensis, A. pseudoparalela, A. manihoti, A. pickeli, A. zenildae, A. montei (Lima, 1934), A. furcata (Lima, 1934), A. leptozona (Hendel, 1914), A. dissimilis (Stone, 1942), A. nascimentoi (Zucchi, 1979), A. amita, A. benjamini (Lima, 1938), A. daciformis, A. martertela (Zucchi, 1979), A. tenella (Zucchi, 1979), C. capitata (Nascimento e Zucchi, 1981); A. bondari (Lima, 1934), A. greenei (Lima, 1937), A. phaeoptera (Lima, 1937), A. quararibeae (Lima, 1937), A. quiinae (Lima, 1937), A. subnunda (Lima, 1937), A. antunesi (Lima, 1938), A. macrura (Hendel, 1941), A. grandis (Macquart, 1846) e A. parallela (Weid, 1830) (NASCIMENTO; CARVALHO, 2000). O levantamento populacional realizado na Serra Geral mostrou predomínio absoluto (99,39%) de C. capitata. Esses dados são originários do município de Livramento de Brumado, região onde a fruticultura esta em expansão, especialmente a cultura da manga (Mangifera indica). No Submédio São Francisco, dentre as espécies de Anastrepha, as de maior frequência foram A. obliqua, A. pickeli, A. dissimilis e A. sororcula. O predomínio de C. capitata em relação às espécies de Anastrepha na zona Urbana deveu-se a ocorrência do hospedeiro chapéu-de-sol, Terminalia catappa, muito comum como arvore de sombra naquelas duas cidades. O pico populacional das moscas-das-frutas nessa região coincide com a época das chuvas (fevereiro a maio) (HAJI et al. 1991). 18 Considerando-se que nesta região esta instalada o maior pólo de fruticultura irrigada do nordeste do país, onde a área cultivada e a diversidade de fruteiras aumentam a cada ano, acredita-se que a densidade populacional das espécies de importância econômica tende a aumentar. 2.6. Espécies de moscas-das-frutas em Pernambuco Em Pernambuco os levantamentos foram realizados na região do Submédio São Francisco nos perímetros públicos de irrigação. Os trabalhos foram realizados entre julho de 1989 e março de 1997 em pomares de manga localizados na Bahia e Pernambuco. No total foram capturadas 58.860 espécimes de tefritideos. Desse total cerca de 74,35% pertenciam ao gênero Anastrepha e 25,65% de C. capitata. (HAJI e MIRANDA, 2000). Porém os dados apresentados não distinguem Bahia e Pernambuco. 2.7. Flutuação populacional de moscas-das-frutas As flutuações populacionais de moscas-das-frutas em pomares comerciais estão relacionadas a duas variáveis: disponibilidade de frutos hospedeiros e condições climáticas (ALUJA, 1994). Em alguns casos a abundância de moscas-das-frutas, além da disponibilidade de frutos hospedeiros, é influenciada pelas variáveis climáticas como precipitação pluviométrica, umidade relativa, temperatura máxima e velocidade do vento (NASCIMENTO et al. 1982; PARRA et al., 1982; ARRIGONI, 1984; ZAHLER, 1990; RAGA et al., 1996). Com relação à flutuação populacional, sabe-se que vários fatores bióticos e abióticos, interferem na dinâmica populacional de um inseto. Segundo BATEMAN (1972), fatores como temperatura, umidade, inimigos 19 naturais, luminosidade, disponibilidade de hospedeiros, e organismos simbiontes podem influenciar o sistema de vida das moscas-das-frutas. ALUJA (1994) e SALLES (1995) relataram que o clima exerce grande interferência nas populações das moscas-das-frutas, podendo favorecer o estabelecimento de épocas com maior ou menor probabilidade de infestação. Feitosa et al. (2008) verificaram, no Estado do Piauí, que os maiores índices de captura de moscas-das-frutas foram registrados na época de baixa precipitação pluvial. Por outro lado, Zahler (1990) observou, em pomares do Distrito Federal, que os maiores índices de captura ocorreram na época chuvosa. O conhecimento da flutuação populacional e a época de maior ocorrência de uma determinada espécie de inseto de importância econômica é um requisito indispensável para o estabelecimento de um controle eficiente e racional, pois permite viabilizar o planejamento de estratégias de manejo mais eficazes. A flutuação populacional das moscas-das-frutas varia, dependendo da época do ano, do local e da disponibilidade de frutos hospedeiros não obedecendo, portanto, a um padrão pré-estabelecido. Dois fatores são básicos para tais variações: a presença de hospedeiro alternativo e condições climáticas, principalmente temperatura e pluviosidade (Aluja 1994, Salles 1995). A ausência de picos populacionais nos mesmos meses em anos diferentes demonstra que além do relacionamento das flutuações populacionais com a época de frutificação outros fatores ambientais também devem ser levados em consideração (Araújo et al. 1996). Normalmente os picos populacionais ocorrem logo após o período de maior disponibilidade de frutos hospedeiros. Vários autores constataram esse importante parâmetro como determinante da flutuação populacional (Fehn 1982, Rossi et al. 1988). Boscán & Godoy (1987), na Venezuela, analisaram a flutuação populacional de A. serpentina em Achras zapota L., e constataram que, dos fatores climáticos analisados, apenas a temperatura influenciou a captura de A. 20 serpentina. Mas não levaram em conta a disponibilidade de hospedeiro, que tem papel importante na flutuação populacional. Outro fator que pode influenciar a flutuação populacional é a ocorrência de hospedeiros alternativos. O que provavelmente ocorreu durante os meses em que não havia frutos no pomar e as moscas estavam presentes. Segundo ALUJA, (1996) vários aspectos devem ser considerados: (1) que as informações sobre flutuações populacionais realizadas ano a ano mostram grandes variações e não têm padrões específicos; (2) que ao contrário da crença geral de que o clima determina o tamanho da população. Os autores afirmam que os principais fatores que influenciam a presença de moscas em um pomar e determinam o tamanho da população, são a fenologia dos frutos e a disponibilidade hospedeira e (3), que as espécies predominantes no local amostrado são aquelas que utilizam os frutos em crescimento. Maior quantidade de moscas foi coletada nos fracos caça- moscas nos meses de maior precipitação, obtendo-se baixa correlação (r = 0.074, P > 0,05) entre o número de moscas/ armadilha. dia (MAD) e a precipitação. A época de maior precipitação coincide com o período de maior disponibilidade de frutos maduros. Provavelmente, fatores não medidos, como disponibilidade de hospedeiros alternativos, inimigos naturais e sucessão hospedeira, exerceram influência na população de moscas nesses locais. Entretanto, a importância específica das variáveis climáticas nas populações das espécies de moscas-das-frutas é difícil de ser determinada, considerando-se que, além de correlacionarem-se entre si, podem influir indiretamente na disponibilidade de hospedeiros. Por exemplo, na Malásia, picos populacionais de Bactrocera dorsalis (Hendel) ocorreram na estação úmida, pois influenciou a produção e a disponibilidade de frutos hospedeiros, aumentando o número de adultos (TAN & SERIT, 1994). 21 2.8. Monitoramento em área ampla As expressões “Area-Wide Control” e Areawide IPM Systems foram usadas por Kogan (1995) e por Lindquist (2000), respectivamente. O conceito de supressão de populações de insetos em grandes áreas, ao invés do controle de pragas lavoura por lavoura, foi proposto primeiramente por Knipling (1979). A aplicação do MIP, no modelo lavoura por lavoura, implica em algumas limitações, tais como uso intensivo das medidas alternativas de controle com ação regional a exemplo, do biológico (quando demanda investimentos periódicos para manutenção da população de inimigos naturais ou nas liberações inundativas - os inimigos naturais não identificam os limites das propriedades), na produção e liberação de macho estéril, no uso de armadilhas, no uso de feromônios sexuais para o confundimento de acasalamento, no maior custo para os monitoramentos, nos casos quando há necessidade de controlar o inseto fora da área de cultivo (ex. formigas cortadeiras, moscas-das-frutas) ou, simplesmente, existe a demanda para a supressão da população no ambiente pela dificuldade de se controlar a praga no seu sítio de alimentação (ex. broca-da-cana, lagarta-da-espiga. etc.). A aplicação do conceito “Area ampla” foi aplicado inicialmente contra determinadas pragas-chave em grandes programas de erradicação como das moscas-das-frutas e da mosca- da - bicheira nos EUA, e adota os seguintes pré-requisitos: 1. Deve ser conduzido em grandes áreas geográficas; 2. Deve ser coordenado por organizações e não por produtores rurais; 3. Deve focalizar na redução e manutenção da população de pragas-chave em baixas densidades aceitáveis, embora erradicação possa ser obtida se desejável e vantajosa; 4. A obrigatoriedade de participação no programa pode ser exigida por lei para garantir a participação de todos os produtores e o sucesso do mesmo. 22 3.. MATERIAL E MÉTODOS 3.1. CARACTERIZAÇÃO DAS REGIÕES Quadro 1 - Localização geográfica das áreas estudadas. ÁREA REGIÃO LIVRAMENTO DE NOSSA SENHORA (LNS) SUDOESTE DA BAHIA 13°38`35`` 41°50`34`` 50` 497 SUBMÉDIO SÃO FRANCISCO, JUAZEIRO BA 9°06`03`` 40°03`08`` 385 SUBMÉDIO SÃO FRANCISCO, PETROLINA PE 9°17`28`` 40°26`04`` 380 CURAÇÁ (CUR) NILO COELHO (NC) LATITUDE LONGITUDE ALTITUDE CUR NC LNS Figura 01:: Localização das áreas de estudo. 23 Quadro 2- Número de armadilhas instaladas e período de estudo. Número de armadilhas Período LNS CUR NC JACKSON 358 398 215 McPHAIL 38 27 21 Início Término mai/05 mai/07 mai/05 mai/07 dez/05 mai/07 24 24 17 Número de Meses O quadro 02 apresenta o resumo das áreas de estudo no que se refere ao número de armadilhas e período de estudo. 3.1.1. Livramento de Nossa Senhora (LNS) O Pólo de fruticultura de Livramento de Nossa Senhora, localizado na região Sudoeste da Bahia, situa-se entre 13o 17' a 15o 20' de Latitude Sul e entre 41o 05' a 43o 36' de Longitude Oeste. A região apresenta duas classificações climáticas segundo a SEI, 2008 que são: Semi-árido e Subúmido a seco. No pólo de Livramento de Nossa Senhora (LNS), a área é de 11.000 ha, com predomínio da cultura da manga, dos quais 2.100 ha são monitorados. O monitoramento visa garantir as exportações de mangas para os mercados norte-americano, japonês e argentino. Para o monitoramento foram instaladas 396 armadilhas, sendo: 38 do tipo McPhail e 358 do tipo Jackson, numa densidade de 0,19 armadilhas por hectare no período de maio de 2005 até maio de 2007. A figura abaixo mostra a área do projeto piloto com as armadilhas instaladas. 24 Figura 2: Área de estudo em Livramento de Nossa Senhora. 25 Projeto Curaçá (CUR) O Perímetro Irrigado Curaçá (CUR), localizado no município de JuazeiroBA, na região do Submédio São Francisco. Este perímetro, juntamente com mais cinco, foram construídos pela COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO DOS VALES DO SÃO FRANCISCO E PARNAÍBA (CODEVASF) em 1965. Com uma área cultivada com 2.451,5 ha de fruteiras, exploradas por grandes, pequenos e médios produtores. São cultivadas manga (1.748 ha), uva (637 ha), Acerola (01 ha) e Carambola (0,5 ha). Nesta área foram utilizadas 427armadilhas: 29 McPhail e 398 Jackson, numa densidade de 0,11 armadilhas por hectare numa área aproximada de 2.400 ha, sendo o período de avaliação compreendido entre abril de 2005 a abril de 2007. 26 Figura 3: Mapa do Perímetro Irrigado Curaçá. 27 3.1.3 Projeto Nilo Coelho (NC) O Perímetro Irrigado Senador Nilo Coelho, está localizado nos municípios de Petrolina, em Pernambuco, e Casa Nova, na Bahia, com 15.712 ha implantados, onde 9.258 ha são ocupados por 1.444 lotes de 04 a 06 ha e o restante divididos em áreas empresariais. O projeto é dividido em 11 regiões geográficas. Entre as mais de 40 culturas exploradas, destacam-se a manga, banana, uva, acerola, feijão, tomate, melancia, melão, acerola, coco e goiaba. Para implantação do projeto elegeu-se dois núcleos habitacionais, núcleos 10 e 11 que juntos possuem uma área cultivada de 943,81 ha de manga, 399,83 ha de goiaba, 273,03 ha de uva, 244,15 ha de acerola e 5,0 ha de sapoti cultivados por pequenos e médios produtores. A área em produção que foi monitorada é de 2.663 ha. Utilizou-se 236 armadilhas: 21 McPhail e 215 Jackson, numa densidade de 0,11 armadilhas e o período de estudo foi de dezembro de 2005 a Maio de 2007. A figura abaixo mostra as regiões trabalhadas e a disposições das armadilhas. 28 Figura 4: Mapa núcleos 10 e 11 do Projeto Senador Nilo Coelho (NC). 29 3.2 ETAPAS DE IMPLANTAÇÃO DOS PROJETOS 3.2.1 Estruturação de Equipes de Campo e Ponto de Apoio (PA) Nos projetos pilotos Curaçá e Nilo Coelho foram contratados dois técnicos agrícolas para execução das atividades de monitoramento, uma equipe de supressão populacional constituída por um operador do equipamento de pulverização e um aplicador. Para supervisão das atividades inerentes ao campo foram contratados engenheiros agrônomos como supervisores de campo. No projeto piloto LNS, a execução das atividades de monitoramento foi realizada por dois técnicos contratados pela Associação dos Produtores de Manga de Livramento e Região (APROMOL) para controle de moscas-dasfrutas. A supervisão das atividades em LNS ficou a cargo da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB) do escritório local de Livramento. 3.2.2. Reuniões com Setor Produtivo Para implantação do projeto foram realizadas reuniões com o setor produtivo para explanação das atividades que seriam desenvolvidas nos projetos, onde se procurou esclarecer todos os questionamentos levantados sobre moscas-das-frutas e as mudanças realizadas no programa de monitoramento e controle de moscas-das-frutas, utilizadas pela Biofábrica Moscamed Brasil (BMB). 30 3.2.3 Adequações e implantação de estrutura física de laboratórios e instalação de equipamentos Foram implantados dois laboratórios, um na Biofábrica Moscamed Brasil (BMB) para atender aos Projetos Pilotos Curaçá e Nilo Coelho e outro em Livramento de Nossa Senhora. Adequações nas estruturas físicas dos laboratórios foram feitas tais como, construção de bancadas e divisórias e instalação de aparelhos de ar condicionado, compra de microscópios estereoscópicos e salas climatizadas, além de adquirir termo higrômetros, B.O.D. e balança de precisão. Na BMB o laboratório teve a coordenação de uma Enga. Agrônoma com uma equipe de quatro estagiários do curso de Agronomia da Universidade Estadual da Bahia UNEB. No projeto piloto Livramento, o laboratório localiza-se na sede da ADAB em Livramento de Nossa Senhora sob a supervisão de um Eng. Agrônomo e seis estudantes de 2º Grau do Colégio Estadual Humberto de Souza Leal, admitidos pela ADAB/ Livramento de Nossa Senhora. 3.3. METODOLOGIA UTILIZADA NOS EXPERIMENTOS 3.3.1. Monitoramento de Adultos A estratégia utilizada tem por base o conceito de controle de praga em área-ampla. As seguintes ações foram desenvolvidas: 31 -Criação da Base Georeferenciada O georeferenciamento das áreas foi executado antes do início do monitoramento populacional das moscas-das-frutas. Os mapas de ambas as áreas foram gerados com o emprego do programa ARCGIS®, onde são apresentados os pomares, as rodovias, estradas, rios, núcleos habitacionais, etc. Após a confecção desses mapas, foi possível planejar a divisão das zonas a serem monitoradas, definindo-se as rotas de armadilhas. Com a obtenção precisa das áreas a serem trabalhadas, foi definida a densidade de armadilhas a serem usada (Figura 5). Figura 5: Base georeferenciada para visualização espacial. 32 Densidade de Armadilhas -Densidade Tipos de Armadilhas – Em função da frequência de C. capitata e de Anastrepha spp. (Fig. 6) nos pomares, foi dada ênfase à detecção de C. capitata com emprego de armadilhas Jackson com plugs de trimedlure (TML). Desta forma foram instaladas armadilhas na seguinte proporção: 90% Jackson com TML e 10% McPhail com atrativo alimentar de proteína hidrolisada. Para armadilha ilha Jackson reduziu-se reduziu se a freqüência de inspeções de 14 para 07 dias objetivando uma quantificação mais rápida para caso seja necessário a implementação de medidas de controle populacional para não impedimento das exportações. A armadilha McPhail foi inspecionada inspecionada a cada 07 dias. 33 Figura 6: Relação Ceratitis capitata /Anastrepha spp. no programa de monitoramento de moscas-das-frutas no Submédio do Vale do São Francisco. (FONTE: Haji et al., 2005) Descrição das armadilhas: Jackson: A armadilha Jackson em forma de delta é feito de papel cartão plastificado ou plástico. O atrativo é depositado em um chumaço de algodão ou plug ou ainda sachê preso no interior da armadilha através de um arame. As moscas que são atraídas ficam retidas em um piso adesivo (Figura 07). Figura 7: Armadilha Jackson. McPhail: As armadilhas McPhail são confeccionadas de vidro ou plástico, com uma abertura única na base. Esta armadilha é usada para várias espécies de moscas-das-frutas — machos ou fêmeas — e utiliza um atrativo alimentar. As moscas entram na armadilha através da abertura na base e se alimentam do atrativo líquido. Quando elas tentam voar em direção à luz no topo da armadilha, caem no líquido e morrem. Em geral, os atrativos alimentares usados são fontes de proteínas, como proteína hidrolisada (Figura 8). 34 Figura 8: Armadilha McPhail. Densidade de armadilhas - Foram instaladas 10 armadilhas por km2 (ou 0,1 armadilha/ha) nas áreas de produção e 1 armadilha por km2 na zona tampão (explicar o que é zona tampão) em torno das áreas produtoras das áreas de estudo. Esta distribuição contempla pelo menos 1 armadilha para cada propriedade frutícola. A localização geográfica de cada uma das armadilhas foi feita com o uso de GPS onde foram elaborados croquis das áreas de estudo. Freqüência de inspeção e substituição do atrativo - Todas as armadilhas (Jackson e McPhail) foram verificadas semanalmente. Os plugs de TML das armadilhas Jackson foram substituídos a cada 6 semanas e a solução de proteína hidrolisada das armadilhas McPhail trocadas semanalmente. Identificação dos insetos coletados - Os insetos coletados em ambas as armadilhas foram levados aos laboratórios da BMB para identificação em Juazeiro-BA e da ADAB em Livramento de Nossa Senhora - BA, onde foram contados, identificados e registrados por técnicos devidamente capacitados. 35 Fluxo da informação - Os resultados das capturas foram registrados manual e eletronicamente nos referidos laboratórios, enviados via internet para a sede da BMB, sendo então processados e arquivados. Os dados consolidados foram então disponibilizados via internet prioritariamente para o DSV/MAPA em Brasília, Agências Estaduais de Defesa Agropecuária e demais parceiros dos projetos (Embrapa, UESB, CENA, Valexport). Análise dos dados coletados e disponibilização - A Moscamed Brasil implantou um sistema de banco de dados onde as informações recebidas das regiões trabalhadas foram armazenadas, processadas e disponibilizadas via web para ser acessada em qualquer parte do mundo por usuário cadastrado, através de login e senha. Essa informação teve dois objetivos principais: a) disponibilizar rapidamente os dados de monitoramento para produtores, MAPA e Agências de Defesa Agropecuária e para as organizações fitossanitárias dos países importadores. Os dados são tomados ao longo da semana de trabalho e na semana seguinte pode ser acessado através de web site (figuras 9 e 10). Entre a coleta no campo e a colocação no site o tempo máximo foi de 8 dias e; b) permitir a adoção imediata das medidas de manejo integrado utilizadas pela BMB através do controle cultural, químico e autocida através da TIE. 36 Figura 9: Alimentação do banco de dados para disponibilização via WEB. Figura 10: Mapa gerado pelo banco de dados a partir das planilhas eletrônicas. 37 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Áreas de estudo Após o levantamento frutícola das áreas de estudo pode levantar os modelos de ocupação do ponto de vista de hospedeiros de moscas-das-frutas nessas áreas. O quadro 03 mostra numericamente a distribuição de hospedeiros seguida das figuras 12,13 e 14 que demonstram geograficamente essa distribuição. Quadro 3 - Área comercial em hectares com fruteiras hospedeiras de moscasdas-frutas nas regiões estudadas. CULTURA LNS CUR NC MANGA 1.970,00 1.748,00 943,81 UVA ************** 637,00 273,03 GOIABA ************** ************** 943,81 ACEROLA ************** 1,00 244,15 SAPOTI ************** ************** 5,00 38 Figura 11: Croqui das fruteiras comerciais em LNS. Em LNS, somente temos como hospedeiro cultivado a cultura da manga conforme figura 11. FALCÃO et al identificou e relatou outros hospedeiros não cultivados comercialmente e sim localizados em pequenos pomares domésticos nas zonas urbana e rural. O mapa com os pontos de localização destes demais hospedeiro são demonstrados na figura 12 e no quadro 04. 39 Figura 12: Croqui das fruteiras não comerciais em LNS encontradas pomares domésticos nas zonas Urbana e Rural de LNS (Fonte: FALCÃO et al., 2008). Quadro 4 – Relação dos hospedeiros não comerciais encontrados em pomares domésticos nas zonas Urbana e Rural de LNS (Fonte: FALCÃO et al., 2008). NOME COMUM NOME CIENTÍFICO CAJAZEIRA Spondias lutea L. PITANGUEIRA Eugenia uniflora L. SERIGUELA S. purpurea L. UMBUZEIRO S. tuberosa L. LARANJEIRA Citrus sinensis L. 40 Figura 13: Croqui das fruteiras comerciais em CUR. Em Curaçá pode-se observar na figura 13 e quadro 5 que esse projeto cultiva comercialmente a hospedeira manga e Uva bastante representativos e acerola (01 ha). 41 Quadro 5 – Relação dos hospedeiros comerciais encontrados nas áreas de produção de CUR. NOME COMUM NOME CIENTÍFICO MANGA Mangifera indica UVA Vitis vinifera ACEROLA Malpighia glabra No Nilo Coelho, o modelo de ocupação de cultivos dos lotes agrícolas é bastante diversificado. A figura 14 representa a área de estudo NC e a distribuição por conjuntos de hospedeiros e o quadro 6 apresenta esses hospedeiros. Figura 14: Croqui das fruteiras comerciais em NC. 42 Quadro 6 – Relação dos hospedeiros comerciais encontrados nas áreas de produção de NC. NOME COMUM NOME CIENTÍFICO MANGA Mangifera indica UVA Vitis vinifera GOIABA Psidium guayava ACEROLA Malpighia glabra SAPOTI Matissia cordata Os hospedeiros localizados nas áreas de estudo quando cultivados em conjunto numa mesma região, colaboram para o ciclo das moscas-das-frutas e estabelecimento desta, já que em nenhum momento ficam sem substrato de oviposição ou alimento. Por serem polífagas, as moscas-das-frutas, ao término da disponibilidade do hospedeiro preferencial voam em busca de novos hospedeiros e reinicia as atividades de alimentação, cópula e oviposição. Um fator que contribui muito para a sobrevivência das espécies refere-se a fenologia de hospedeiros. Uma vez que a praga encontra um ambiente com diferentes hospedeiros preferenciais produzindo em diferentes épocas do ano sempre produzindo sítios de oviposição para as moscas-das-frutas. A figura 15 demonstra todos os hospedeiros comerciais nas áreas de estudo com seus respectivos estágios fenológicos que subdividimos temporalmente e limitamos por ciclos de cultivo durante o ano. Cada ciclo é determinado pela linha vermelha vertical. 43 MANGA UVA Fases Fenológicas da cultura da acerola 44 Figura 15: Fenologia dos hospedeiros comerciais nas áreas estudadas (ciclo produtivo). Culturas como acerola com aproximadamente oito safras ao ano constitui em um excelente hospedeiro para as moscas-das-frutas. Outro fator que contribui para a prevalência das moscas-das-frutas é o manejo dos pomares com sistemas de podas e induções de floração para escalonamento da produção, onde alguns produtores não fazem um planejamento da produção procurando janelas de mercado interno ou externo, entressafras, para tentar agregar um maior valor à fruta produzida. Na maioria das vezes realiza colheitas em épocas de maiores ofertas das frutas com baixo preço de mercado muitas vezes inviabilizando até mesmo a colheita. Esta fruta abandonada no pomar é o principal repositório natural. Nos perímetros irrigados do Nordeste brasileiro a diversidade de hospedeiros no lotes agrícolas é bastante frequente, pois não há preocupação para qual tipo e cultura a ser implantada. Isso tem levado dentre outros fatores ao fenômeno que é a cosmopolitização de pragas e doenças. Esse fator é muito preocupante uma vez que em termos de moscas-das-frutas somente os pomares que exportam realizam o monitoramento como pré-requisito quarentenário para exportação. Os demais pomares não realizam monitoramento e não possuem nenhum tipo de controle. Devido a isso ocorre uma migração das moscas destes pomares não monitorados para os pomares monitorados atraídos pelas substâncias atraentes que são utilizadas nas armadilhas e por frutificação em períodos de pré-colheita e colheita. No perímetro irrigado Senador Nilo Coelho, quando o ano de 2005 foi analisado constatou-se que, nas áreas de colonos a implantação da fruticultura perene, com seis culturas mais importantes banana, coco, goiaba, acerola, manga e uva, tinham as quatro últimas como hospedeiras de moscas-das-frutas. Muitas vezes encontram-se cultivadas juntas em pequenas áreas de plantio (04 a 06 ha) um conjunto dessas culturas. 45 4.2 Dados climatológicos x Números de capturas. Com relação aos dados metereológicos (figuras 16,17 e 18), as áreas de estudo apresentam-se bastante parecidas com LNS apresentando uma maior precipitação média, temperatura e umidade relativa em alguns períodos analisados do que as demais áreas. 35,0 LNS CUR NC 30,0 25,0 20,0 15,0 Figura 16: Temperatura Média Mensal (°C) Nas Áreas de Estudo. 46 35,0 LNS CUR NC 30,0 25,0 20,0 15,0 Figura 17: Umidade Relativa Média Mensal (%) Nas Áreas de Estudo. 250,0 LNS CUR NC 200,0 150,0 100,0 50,0 ABR FEV DEZ OUT AGO JUN ABR FEV DEZ OUT AGO JUN ABR 0,0 Figura 18: Precipitação média mensal (mm) nas áreas estudadas. No caso de LNS a figura 19 apresenta uma relação para o gênero Anastrepha que apresenta um aumento populacional no mês de maio 2005, 2006 e 2007. 47 250,0 600 Pluviosidade Anastrepha n 500 200,0 c 400 a p 300 t u 200 r a 100 s 150,0 m m 100,0 50,0 0,0 0 Figura 19: Flutuação populacional de Anastrepha spp. em LNS de acordo com a precipitação durante o período de estudo. O gênero Ceratitis capitata para LNS, demonstrado na figura 20, há uma relação entre a pluviosidade e o incremento populacional. Quando há um acréscimo na pluviosidade, há um acréscimo populacional. 250,0 450 Pluviosidade Ceratitis 200,0 n 400 350 c 300 a 250 p 200t u 150 r 100 a 50 s 0 150,0 m m 100,0 50,0 0,0 Figura 20: Flutuação populacional de C. capitata em LNS de acordo com a precipitação durante o período de estudo. Na figura 21, em CUR a baixa pluviosidade favorece uma maior captura do gênero Anastrepha spp. 48 250 Pluviosidade Anastrepha 14 n 12 200 10c a 8 p 6t u 4r 2a s 0 150 m m 100 50 0 Figura 21: Flutuação populacional de Anastrepha spp. em CUR de acordo com a precipitação durante o período de estudo. Diferentemente do que ocorre em LNS, em CUR e NC (figuras 22 e 24) o número de capturas do gênero Ceratitis capitata aumenta com baixa pluviosidade. 250 Pluviosidade Ceratitis 200 150 m m 100 50 0 Figura 22: Flutuação populacional de C.capitata em CUR de acordo com a precipitação durante o período de estudo. 500 n 450 400 350c 300a p 250 200t u 150 100r 50a 0 s 49 160,0 140,0 160 Pluviosidade Anastrepha 120,0 100,0 m 80,0 m 60,0 40,0 20,0 0,0 140c 120a p 100 t n80 u 60 r 40 a 20 s 0 Figura 23: Flutuação populacional de Anastrepha spp. em NC de acordo com a precipitação durante o período de estudo. Para NC, no comparativo Pluviosidade/Anstrepha spp.a figura 23 mostra no início um incremento nas capturas seguindo o aumento da pluviosidade e, posteriormente segue a mesma tendência do gênero Ceratitis capitata em CUR e NC ou seja baixa pluviosidade incremento populacional. 160,0 140,0 Pluviosidade C.C. 120,0 100,0 m 80,0 m 60,0 40,0 20,0 0,0 2000 1800c 1600a 1400 p 1200 t 1000 n u 800 600 r 400a 200 s 0 Figura 24: Flutuação populacional de C. capitata em NC de acordo com a precipitação durante o período de estudo. A importância específica das variáveis climáticas nas populações das espécies de moscas-das-frutas é difícil de ser determinada, considerando-se que, além de correlacionarem-se entre si, podem influir indiretamente na disponibilidade de hospedeiros. Por exemplo, na Malásia, picos populacionais de Bactrocera dorsalis (Hendel) ocorreram na estação úmida, pois influenciou a 50 produção e a disponibilidade de frutos hospedeiros, aumentando o número de adultos (TAN & SERIT, 1994). Em áreas tropicais tem-se observado que a flutuação temporal da população de adultos está relacionada principalmente à disponibilidade de plantas hospedeiras e não às variáveis climáticas (SOTO-MANITIU & JIRÓN, 1989; TAN & SERIT, 1994; CELEDONIO-HURTADO et al., 1995; ALUJA et al., 1996). Resultados obtidos em estudos similares conduzidos no Brasil também corroboraram esta observação (PUZZI & ORLANDO, 1965; MALAVASI & MORGANTE, 1981; FEHN, 1982; ZAHLER, 1991; AGUIAR-MENEZES & MENEZES, 1996; CANAL, 1997).Mas estão em desacordo com (NASCIMENTO et al., 1982; PARRA et al., 1982; ARRIGONI, 1984; ZAHLER, 1990; RAGA et al., 1996 que encontraram que em alguns casos a abundância de moscas-das-frutas, além da disponibilidade de frutos hospedeiros, é influenciada pelas variáveis climáticas como precipitação pluviométrica, umidade relativa, temperatura máxima e velocidade do vento. A população de adultos de Anastrepha exibe grandes flutuações de ano para ano e não obedece a um padrão determinado (ALUJA, 1994). O tamanho das populações e a época do aumento populacional variaram de ano para ano nos pomares de maçãs em Vacaria, RS (KOVALESKI, 1997). 51 4.3 Dados Monitoramento. Os dados que seguem abaixo na tabela 7 e figuras 25 a 29 mostram os resultados consolidados dos dados de capturas. Tabela 7- Dados consolidados de captura nas armadilhas e frequência comparada de captura de C. capitata e espécies de Anastrepha spp., no período total de estudo. No de Indivíduos Armadilha JACKSON McPhail Espécie LNS CUR NC 35.854 291.541 425.163 1.830 54 517 ♂♂ + 1.318 1.151 11.064 96,62 99,98 99,88 3,38 0,02 0,12 28,6: 1 4.999,0:1 832,35: 1 C.capitata ♂♂ C. capitata ♂♂ + ♀♀ Anastrepha McPhail spp. ♀♀ C. capitata Frequência Total Anastrepha spp. RELAÇÃO C. capitata C. CAPITATA: anastrepha ANASTREPHA spp. x 52 Com relação aos dados obtidos consolidados na tabela 07 vale ressaltar a alta freqüência de C. capitata (96,62% em LNS; 99,98% em CUR e 99.88% em NC) com relação a espécie Anastrepha spp.(3,38% em LNS; 0,02% em CUR e 0,12% em NC). Esses resultados corroboram com Haji et al. (2005), que nos últimos acompanhamentos no Submédio do Vale do São Francisco demonstraram a expansão da espécie C. capitata nas zonas de produção com 95% das espécimes capturados entre 1989 e 2005 e com Nascimento e Carvalho (2000) que destacaram o predomínio absoluto (99,39%) de C. capitata no município de Livramento de Brumado-BA, região onde a fruticultura está em expansão. LNS 9,0 CUR NC 8,0 7,0 6,0 M A D 5,0 4,0 3,0 2,0 1,0 0,0 mai jul set nov jan mar mai jul set nov jan mar mai Figura 25: MAD (Mosca por armadilha por dia) médio mensal das capturas em armadilhas Jackson nas áreas de estudo 53 3,0 LNS CUR NC 2,5 2,0 M A D 1,5 1,0 0,5 mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai 0,0 Figura 26: MAD (Mosca por armadilha por dia) médio mensal das capturas em armadilhas McPhail nas áreas de estudo. As populações de moscas das frutas apresentam flutuações bastante distintas nas regiões estudadas em capturas nos dois tipos de armadilhas utilizadas (figuras 25 e 26). NC apresenta um alto índice de capturas seguido por CUR e por último LNS Isto se deve ao modelo de ocupação de cada região estudada. LNS apresenta somente o hospedeiro manga e alguns hospedeiros localizados em pomares domésticos. Do ponto de vista de sucessão as moscas em determinadas épocas do ano possuem poucos substratos de oviposição o que contribui para a limitação do crescimento populacional. Associado a isso existe uma grande conscientização por parte dos produtores de manga em realizar o controle mecânico eliminando os frutos caídos ao solo. Por ser uma região isolada, com poucos hospedeiros e constituir um setor produtivo consciente e participativo das ações integradas de controle de moscas-das-frutas, a região vem apresentando sempre uma população baixa. Com relação à CUR esta região possui além do hospedeiro manga também o hospedeiro uva que, segundo alguns trabalhos realizados na região 54 (Habibe et al, 2006 e Gomez et al., 2008) têm apresentado infestação de moscas-das-frutas. A Falta de um manejo adequado em algumas regiões do projeto, tem contribuído para o incremento populacional. Os produtores praticamente não utilizam o controle mecânico e raramente efetuam pulverizações específicas para controle de moscas-das-frutas. Estudos comparativos de flutuação populacional nestes dois hospedeiros em CUR demonstraram que as populações de C. capitata na uva elevaram a partir do momento em que a safra de manga estava em fase de colheita e pós-colheita momento em que a população de moscas-das-frutas é muito alta. Quando então reinicia a disponibilidade de mangas os níveis populacionais em uva tendem a reduzir. Em NC independentemente da época do ano ou da disponibilidade de hospedeiros, as moscas-das-frutas sempre terão frutas hospedeiras para oviposição e alimento, devido a grande diversidade de hospedeiros lá existente. Muitas vezes numa mesma propriedade encontra-se dois ou mais hospedeiros. A acerola com suas oito safras anuais tem se mostrado um excelente hospedeiro. Do ponto de vista mercadológico é realizado um tipo de manejo que contribui muito para o incremento populacional desta praga, que é a não comercialização dos frutos caídos ao solo, exigido pela principal empresa que comercializa a fruta na região. Com relação à goiaba, o produtor que possui um manejo adequado do pomar consegue comercializar toda a fruta produzida não deixando frutas maduras no pomar. Na região, a goiaba possui três destinos: fruta in natura para mesa que são colhidas antes do ponto de maturação e fruta madura para processamento da polpa ou fabricação de doce. Puzzi & Orlando, 1965 relatam que, a grande diversidade de hospedeiros, com frutos amadurecendo em diferentes épocas do ano, é um fenômeno conhecido como sucessão hospedeira, constituindo-se como principal meio de desenvolvimento e sobrevivência das populações de moscasdas-frutas (Diptera: Tephritidae) no Estado de São Paulo. As flutuações 55 populacionais de moscas-das-frutas em pomares comerciais estão relacionadas a duas variáveis: disponibilidade de frutos hospedeiros e condições climáticas (ALUJA, 1994). Outro tipo de análise realizada foi com relação às capturas em armadilhas McPhail das duas espécies C.capitata e Anastrepha spp. (figuras 27,28 e 29) que demonstraram maior prevalência foi de C. capitata com exceção de LNS no início do período de estudo. Ceratitis Anastrepha 2,5 2,0 1,5 M A D 1,0 0,5 0,0 mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr Mês mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai Figura 27: MAD (Mosca por armadilha por dia) médio mensal das capturas de C. capitata e Anastrepha spp. em armadilha McPhail em LNS. 56 Ceratitis Anastrepha 2,5 2,0 M A D 1,5 1,0 0,5 0,0 mai jul set nov jan mar mai jul set nov jan mar mai Mês Figura 28: MAD (Mosca por armadilha por dia) médio mensal das capturas de C.capitata e Anastrepha spp. em armadilha McPhail em Cur. Ceratitis Anastrepha 14,0 12,0 10,0 M 8,0 A 6,0 D 4,0 2,0 0,0 jan fev mar abr mai jun jul ago Mês set out nov dez jan fev mar abr mai Figura 29: MAD (Mosca por armadilha por dia) médio mensal das capturas de C.capitata e Anastrepha spp. em armadilha McPhail em NC. 57 Os dados demonstram que a densidade de armadilhas utilizadas nas áreas de estudo, foi possível levantar a realidade das populações existentes dos dois gêneros de moscas-das-frutas estudados. Do ponto de vista quarentenário a espécie prevalente, C. capitata, está sendo bem quantificada, mas também estamos quantificando outras espécies do gênero Anastrepha que porventura apareçam conferindo a segurança quarentenária exigida para o processo de exportação de frutas. Essa modificação de densidade contribui para a redução no custo de monitoramento uma vez que as armadilhas McPhail são mais trabalhosas para se fazer a triagem e apresentam um custo mais elevado. Com a redução de seu número haveria uma redução do valor a ser pago ao monitoramento que provavelmente seria um atrativo a mais para a adesão de maior número de produtores ao programa e consequentemente um aumento de propriedades monitoradas. 6. CONCLUSÕES O programa de monitoramento implantado nas regiões estudadas permite a detecção rápida dos focos de moscas-das-frutas para um controle imediato viabilizando o processo de exportação de frutas produzidas no Submédio do Vale do São Francisco. A disponibilização dos dados em ambiente WEB permite uma transparência nas informações que ficam disponíveis a todos os participantes do programa. As instituições responsáveis pela fiscalização (ADAB, ADAGRO, MAPA) e inspeções de embarque de frutas (MAPA), atualmente utilizam o sistema de monitoramento criado para execução de seus trabalhos. A redução da freqüência de inspeção de armadilhas Jackson de 15 dias no programa atual e 07 dias no projeto contribuiu para uma maior agilidade nas ações de controle pelos produtores caso seja necessário. 58 Há prevalência de C. capitata com frequência de captura acima de 90% em todas as regiões estudas. Estes dados podem contribuir para uma revisão na densidade de armadilhas que é utilizada hoje em pomares de manga, que é de uma a cada cinco ha, sendo metade Jackson e metade McPhail. A densidade adotada no presente estudo com 90% do tipo Jackson e apenas 10% do tipo McPhail, em uma proporção de uma armadilha a cada dez ha, foi totalmente satisfatório. Mesmo em condições adversas, tais como: baixo preço de mercado e falta de acesso ao mercado externo, a densidade populacional de moscas-dasfrutas em Livramento de Nossa Senhora se manteve baixa, graças aos métodos de manejo integrado adotado pelos produtores, tais como: colheita, catação e enterrio dos frutos remanescentes nos pomares e controle químico quando necessário. A diversidade de hospedeiros é um fator bastante preocupante em NC uma vez que as culturas da goiaba e acerola contribuem para o incremento populacional. Além disso, não é realizado nenhum tipo de controle para moscas-das-frutas nestas culturas. O fator que mais agrava a situação é que estas culturas normalmente estão circunvizinhas aos pomares de mangas e uvas para exportação que são constantemente infestadas por moscas provenientes da goiaba e acerola. Desta forma, recomenda-se uma extensão da rede de monitoramento que é realizada em NC, inclusive para os pomares de goiaba e acerola, para que seja possível realizar o controle cultural e técnicas de redução populacional para uma supressão mais efetiva desta praga. 59 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALUJA, M..Bionomics and Management of Anastrepha.Annual Review of Entomology, January 1994, Vol. 39, Pages 155-178 ALUJA, M.; CELEDONIO-HURTADO, H.; LIEDO, P.; CABRERA, M.; CASTILLO, f.; GUILLÉM, J.; RIOS, E. Seasonal population fluctuations and ecological implicatons for namagement of Anastrepha fruit flies (Diptera: Tephritidae) in commercial mango orchards in Southern Mexico. Jornal of Economic Entomology, v. 89, p.654-667, 1996. ARAÚJO, E. L.; ZUCCHI, R. 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