Inteligência de Riscos

Transcrição

Inteligência de Riscos
Atingindo resultados com a Inteligência
de Riscos!
Caso Bauducco
A Pandurata Alimentos Ltda., mais conhecida pela
deliciosa linha de Panettones Bauducco, insatisfeita
com o modelo de gerenciamento de riscos que estava
executando, foi buscar ajuda especializada para
aprimorar seus processos operacionais, melhorar níveis
de serviços aos seus clientes e reduzir custos de seguros
e gerenciamento de riscos.
Nas palavras do seu diretor de Logística e Distribuição,
Homero de Carvalho Bastos – “Muitas exigências
securitárias estavam onerando o processo, com pouca
efetividade”.
Também foi detectado pouco foco
investigativo e falta de ação na raiz do problema de
Gerenciamento de Risco”.
A Bauducco buscava novos modelos que proporcionassem
melhorias operacionais em seu Supply Chain, pois na
mesma proporção que vinha apresentando crescimentos
constantes em suas vendas e no seu Market Share, os
riscos e sinistros também estavam aumentando.
A preocupação com roubos, furtos e avarias era
crescente, pois afetava não somente o seu nível
de serviço e imagem perante seus clientes, como
também impactava diretamente no custo do seguro
e gerenciamento de riscos e da operação como um
todo. Como a corretagem do seguro e o serviço de
gerenciamento de riscos eram executados por uma
mesma corretora, a Bauducco ficava desconfortável e
impotente para equacionar esta situação.
A busca de quebra de paradigmas e de um novo modelo,
fez com que a Bauducco, através de sua diretoria de
Logística e Operações, mudasse a forma de conduzir
o dia a dia do gerenciamento de Riscos e Seguros,
que culminou na contratação de uma empresa para
implantar a Inteligência de Riscos.
Seguindo a metodologia proposta por esta empresa
especializada, a Bauducco começou o projeto de
Inteligência de Risco sob a liderança de Homero, que
era o executivo responsável por “entregar o nível de
serviço” definido pela empresa. Nas suas palavras, os
benefícios esperados e o racional do projeto eram:
“Redução no número de ocorrências de sinistro com
acompanhamento e foco investigativo no GR. Por
consequência, revisão das taxas de GR e Seguro, pela
redução do agravamento da apólice”.
“Como estes serviços eram administrados pela mesma
empresa, uma corretora de seguros, não havia ações
efetivas na causa raiz dos sinistros para redução das
taxas”.
Esta situação vivida pela Bauducco é semelhante a
muitos outros casos que conheci ao longo da minha
carreira, ou seja, a Bauducco padecia do mesmo
problema que a maioria das empresas – a falta de
uma gestão isenta nos processos de gerenciamento de
riscos de forma a garantir o correto balanceamento das
ferramentas de gestão destes riscos, que garantisse a
redução dos sinistros ao menor investimento possível.
Ainda segundo Homero – “Na implantação do projeto
fizemos um cronograma em conjunto com a empresa
especializada em Inteligência de Riscos, que estabeleceu
uma base dentro de nosso CD, acompanhando todos os
processos e as oportunidades de melhoria. Após esse
período foram mapeados a situação atual e os principais
causadores de sinistro”.
A cadeia da Bauducco é ampla e das mais complexas:
As ações efetivadas durante as Fases 1 e 2 do projeto,
respectivamente, mapeamento do Supply Chain e
Análise de Aderência, estão entre as mais importantes
em todo processo, pois através de uma análise
profissional e atenta a cada detalhe da operação,
sabendo “pinçar” os processos e procedimentos que são
ou poderão ser as causas raízes dos sinistros, definese o foco no qual a nova definição da gestão de riscos
será alicerçada. Dessa forma, com poucos e eficazes
processos foi possível mitigar e praticamente “blindar”
a operação. Essa fase é conhecida como “Redesenho do
PGR – Plano de Gerenciamento de Riscos”.
Baseado nos mapeamentos realizados, um novo PGR foi
redesenhado, sob medida à operação Bauducco. Após
a aprovação da empresa, a empresa especializada em
Inteligência de Riscos conduziu todos os processos de
RFP e RFQs necessários para encontrar a melhor empresa
Gerenciadora de Riscos e Seguradora, que atendesse de
forma perfeita às necessidades da Bauducco. Esta fase
do processo de Inteligência de Riscos é conhecida como
Road Show.
Segundo Homero, foi fator decisivo na escolha de um
parceiro para este projeto a expertise e o approach
diferenciado em de Inteligência de Riscos, ou seja,
Gestão Integrada de Seguros e Gerenciamento de
Riscos, sem perder nunca o foco do nível de serviço.
Essa expertise foi colocada à prova ao extremo, na
modalidade de projeto empregada pelo prestador de
serviço para a Bauducco – totalmente baseado em
“Success Fee” – Taxa de Sucesso – um modelo que deu
segurança e motivação à Bauducco para embarcar neste
projeto.
E os resultados? Não podiam ser melhores: o nível de
serviço melhorou substancialmente como consequência
direta na redução dos Roubos, Acidentes, Furtos e
Avarias. Em 11 meses de operação, após a implantação
da Inteligência de Riscos, atingiram os fantásticos
resultados de redução em 42% no número de sinistros, e
redução de 39% dos prejuízos em R$.
Este resultado tem participação direta da Diretoria
de Logística e Distribuição da Bauducco e de todo seu
time de funcionários envolvidos na operação. Mas uma
pergunta fica no ar – Os custos com a gestão cresceram?
A resposta tem sido um estrondoso “Não”. O racional
de um projeto de gerenciamento de riscos é a máxima
eficiência total. O nível de serviço apresentou resultados
significativos e as perdas com prejuízos reduções
relevantes. E não parou por aí. Comparando-se com a
situação
pré-projeto, 11 meses após sua implantação, a Bauducco
conseguiu que o custo com Gerenciamento de Riscos
por milhão movimentado caísse 38% enquanto o custo
com Seguros reduziu-se em 43%. Tamanhos resultados
podem até levar alguém a pensar que a Bauducco não
estava atenta ao seu negócio. Ao contrário, esforçava
e muito, porém com apostas em um modelo que não
podia entregar mais nada, tanto que o Homero já não
tinha mais espaço para melhorias dentro do “status
quo” daquela realidade, por isso sua busca pelo apoio
de uma empresa especializada em Inteligência de
Riscos.
Considerações finais do diretor de Logística e Distribuição
da Bauducco, Homero de Carvalho Bastos: “O projeto
de inteligência de riscos nos mostrou que existe
uma via alternativa de negociação, onde corretoras,
seguradoras, gerenciadoras de risco podem garantir
a sua rentabilidade, sem onerar o embarcador com
exigências securitárias que aumentam o custo e tem
pouco efeito no resultado” e mais “Minha opinião é de
que uma consultoria independente tem mais idoneidade
e isenção para buscar a melhor solução, ao melhor
custo–benefício para o embarcador. É muito importante
a expertise desses profissionais e sua predisposição
para entender efetivamente cada operação antes de
qualquer definição.
Essas etapas são primordiais para que os primeiros
passos sejam dados, o projeto atinja resultados e
entremos em um processo de melhoria contínua”.
HOMERO DE CARVALHO BASTOS
DIRETOR DE LOGÍSTICA E DISTRIBUIÇÃO DA BAUDUCCO
Palavra da Seguradora
Diferente do que eu pensava, e até do que muitos
colegas acreditam, a gestão do seguro de transportes
não se pauta em infinitas análises estatísticas de
eventos e na busca contínua pela melhor equação que
englobe todas as variáveis envolvidas, como acontece,
por exemplo, na definição do seguro de automóveis,
classificado como seguro de varejo.
Dessa forma, a eficiência na gestão da Inteligência de
Riscos ganha contornos quase dramáticos, pois uma
adequada análise do risco e a competência da corretora
em demonstrar, com critérios técnicos, precisos e
confiáveis que a seguradora pode “comprar” um
determinado risco, de modo que este se enquadre nos
seus padrões estipulados de desempenho operacional,
é o que garante o sucesso de negócio e a satisfação de
todas as partes envolvidas.
Citando um conhecido gestor dá área de seguros atuando
no mercado nacional: “Há alguns anos o mercado
brasileiro de Seguros de Transporte estava restrito a
poucas seguradoras, pela iminência do risco de roubo e
desvio de carga ser tão grande, que se configurava, no
jargão de seguros, o conhecido “risco certo de sinistro”.
Com o advento do gerenciamento de risco, que através
de ferramentas de tecnologia passaram a possibilitar
o rastreamento e monitoramento dos veículos
transportadores, bem como outras medidas de prevenção,
como escolta ostensiva, velada etc., houve mitigação
nessa natureza de risco a ponto de despertar interesse
por parte do mercado segurador, nessa linha de negócio. A
subscrição de risco de transporte no modelo embarcador
(seguro de dano) ou no modelo responsabilidade (seguro
do transportador) implica imprescindivelmente que
o analista subscritor tenha conhecimento de todo o
conjunto de medidas preventivas, que visam eliminar as
possibilidades, efeitos de perdas ou danos que possam
ocorrer no transporte das mercadorias, sendo para
essas medidas que se convencionou chamarmos de
“gerenciamento de risco”.
A gestão de seguros de transportes opera baseada quase
que fundamentalmente nos binômios
“frequência
x severidade” e “embarcador x transportador” e na
relação matricial entre estes elementos. E o que isso
significa? Na perspectiva da seguradora, normalmente
um embarcador (o dono efetivo da mercadoria, que
tem interesse em garantir sua qualidade, integridade
e entrega para um cliente no prazo acordado – faz uso
de um seguro conhecido como seguro de dano, garantia
“all-risks” cobrindo normalmente sinistros envolvendo
a carga),
tem um perfil de baixa frequência (número de sinistros
verificados em um determinado eríodo de tempo), mas
com alta severidade (valor nominal do bem é alto, logo o
valor a reembolsar é maior). Já um transportador (aquele
encarregado de fazer o transporte rotineiro de cargas,
fracionado ou não, seja ele próprio ou terceirizado,
coberto por um seguro obrigatório de acidentes e
facultativo de roubos e desvios de cargas) tem o perfil
de alta frequência (o que exige um gerenciamento de
risco eficiente para atuar na redução da mesma) e baixa
severidade (obtida com, por exemplo, a limitação da
carga transportada por caminhão).
Naturalmente, cada seguradora tem seus meios de
calcular o risco para cada situação. Embora sem tantos
recursos estatísticos e atuariais como no ramo de
automóveis, o seguro de transporte tem também uma
grande dose de inteligência e estrutura que, apoiados
por uma eficiente inteligência de riscos, possibilitam
estimar, como razoabilidade, o custo do risco e o
prêmio a ser pago pelo cliente. Mas essa inteligência é
considerada “segredo de estado” para cada seguradora,
e parte fundamental da sua diferenciação, enquanto
negócio, na busca por melhores resultados.
O gráfico mostra um exemplo de evolução positiva
de resultados decorrentes de um bom modelo de
gerenciamento de riscos obtido por uma gerenciadora
– é o que uma seguradora espera para poder reduzir
seus valores de apólices.
O gráfico que informa o “% Sinistrado” indica a relação
entre o volume movimentado de materiais e produtos
e o quanto deste volume foi “perdido” por conta de
sinistros diversos. Já o quadro que informa o “% de
carga recuperada” reflete a efetividade crescente
que a gestão de risco proporciona para buscar a
recuperação de cargas após os sinistros envolvendo
roubo.
Naturalmente, dados referentes a valores foram
suprimidos, pois são informações confidenciais da
fonte. O que é relevante para nossa perspectiva é que
os resultados veem melhorando ano após ano.
O conceito e a introdução do gerenciamento de riscos
no Brasil têm aproximadamente 15 anos. Esta evolução
tem contribuído decisivamente para a redução dos
sinistros em geral.
Em resumo, o profissional de Logística que tiver visão
geral do conceito de Inteligência de Risco, agora
pode entender como esse modelo pode contribuir,
decisivamente, na redução do prêmio de seguro pago
por sua empresa. A escolha de uma boa corretora,
um eficiente sistema de Inteligência de Risco, e
uma apólice negociada por um preço justo, resultam
finalmente na redução de sinistros e um melhor nível
de serviço oferecido para seus clientes.
Fonte: Revista Mundo Logística – Edição 30 – setembro / outubro 2012 – Páginas 46 a 58.