Adubação no Plantio de Eucalyptus Grandis Utilizando Cama de Peru

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Adubação no Plantio de Eucalyptus Grandis Utilizando Cama de Peru
Adubação no plantio de Eucalyptus grandis utilizando cama de peru
A. C. C. VILELA, A. F. PORTUGAL, D. R. LEITE, R. VILELA
Resumo
Com o objetivo de avaliar o desenvolvimento da espécie Eucalyptus grandis foi instalado um
experimento no município de Alto Garças-MT, conduzido sob diferentes tratamentos utilizando
adubação orgânica e química, para avaliação do desenvolvimento das plantas em diâmetro de
colo e altura utilizando 4 Mg ha-1; 8 Mg ha-1 e 12 Mg ha-1de cama de peru comparando com
250 Kg ha-1 (20-10-20) de adubação química, ambas comparadas com a testemunha (zero
cama de peru e adubação química). O experimento foi conduzido em blocos casualizados
(DBC) com 5 tratamentos e 4 repetições, totalizando 20 parcelas. Os dados de diâmetro de
colo e altura de plantas foram coletados três vezes, sendo a última coleta realizada a 240 dias
do plantio. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo
teste de Tukey a 5%. Os resultados apontaram que após 240 dias do plantio o tratamento com
12 Mg ha-1 de cama de peru obteve os melhores resultados em diâmetro de colo e altura de
plantas.
Palavras-chave: Adubação orgânica; adubação química; altura; diâmetro do colo.
Introdução
Diante da escassez de madeira no mercado e restrição ao uso de nativas, a alternativa
é o aumento dos plantios de eucalipto.
Na região de Mineiros, com a instalação da Brasil Foods e de vários galpões aviários
houve a geração de grande volume de cama de peru - parte indesejável do processo produtivo.
Se bem manejados, estes dejetos podem suprir, parcial ou totalmente, o fertilizante
químico na agropecuária (MENEZES et. al. Melhora os atributos físicos do solo pela adição de
matéria orgânica e cria um ambiente mais adequado para o desenvolvimento da flora
microbiana do solo.
Para solos tropicais são raros os trabalhos que avaliam os efeitos da cama de peru na
agricultura, em especial na microrregião de Mineiros.
Este estudo teve por objetivo avaliar no campo o comportamento da espécie E. grandis
submetida a diferentes dosagens de adubação com cama de peru comparada com a adubação
química, visando o aproveitamento desse subproduto na implantação florestal como fonte
alternativa de adubação.
Material e métodos
O experimento foi conduzido no município de Alto Garças-MT. O solo foi classificado
como Neossolo Quartzarenico de acordo com a classificação brasileira de solos.
O clima de acordo com a classificação de KÖPPEN é do tipo Aw, tropical úmido com
estação seca e chuvosa bem definida.
1 – Eng. Florestal, e-mail para: [ ]
2 – Eng. Agrônomo, EMBRAPA _____.
3 – Graduandas do curso de Eng. Florestal pelas Faculdades Integradas de Mineiros
Utilizou-se para instalação do experimento um DBC com 5 tratamentos e 4 repetições,
totalizando 20 parcelas cada uma com por 8 árvores no espaçamento 3x2. As mudas foram
submetidas aos seguintes tratamentos:
 Testemunha – sem adubação;
 N-P-K – 150g cova-1 (20-10-20);
 4, 8 e 12 Mg ha-1 de Cama de Peru.
A espécie utilizada foi o Eucalyptus grandis e durante os 9 meses do experimento, os
dados foram coletados 60, 150 e 240 dias após o plantio e avaliados a altura e o diâmetro de
colo de todas as plantas.
Realizou-se a Análise de Variância e o teste Tukey a 5% de probabilidade para avaliar
o efeito das doses crescentes de cama de peru em comparação com a adubação química
sobre os parâmetros avaliados.
Resultados e discussão
Pela Análise de Variância observou-se que não houve significância nos tratamentos
entre os blocos, embora tenha tido ganho significativo em diâmetro de colo e altura das mudas
de E. grandis dentro dos diferentes tratamentos e durante as três coletas de dados.
Tabela 1. Valores médios do diâmetro de colo de mudas de E. grandis aos 60, 150 e 240 dias
após adubação.
Tratamentos
60 dias
150 dias
240 dias
--------------------------------------------mm--------------------------------------------Testemunha (T1)
5,16 a
9,97 b
28,10 d
Química (N-P-K)
6,21 a
13,00 ab
36,19 c
4 Mg ha-1 (T3)
4,27 a
14,47 ab
48,00 b
8 Mg ha-1 (T4)
4,25 a
13,42 ab
44,51 b
12 Mg ha-1 (T5)
4,60 a
16,27 a
52,11
a
Letras iguais dentro da mesma coluna não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de
probabilidade.
Tabela 2. Valores médios de altura de mudas de E. grandis aos 60, 150 e 240 dias após
adubação.
Tratamentos
60 dias
150 dias
240 dias
--------------------------------------------mm--------------------------------------------Testemunha (T1)
0,51 a
0,65 a
1,62 d
Química (N-P-K)
0,57 a
0,82 a
2,21 c
4 Mg ha-1 (T3)
0,44 a
0,86 a
2,89 b
8 Mg ha-1 (T4)
0,48 a
0,86 a
2,81 b
12 Mg ha-1 (T5)
0,45 a
0,92 a
3,22
a
Letras iguais dentro da mesma coluna não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de
probabilidade.
Observa-se que 60 dias após o plantio e adubação, não houve diferença estatística no
diâmetro de colo e altura das plantas em nenhum dos tratamentos avaliados (tabela 1 e 2).
Após 150 dias estes diferiram quanto ao diâmetro de colo, apresentando com o uso de 12 Mg
1 – Eng. Florestal, e-mail para: [ ]
2 – Eng. Agrônomo, EMBRAPA _____.
3 – Graduandas do curso de Eng. Florestal pelas Faculdades Integradas de Mineiros
ha-1 um aumento em diâmetro de 39% em relação à testemunha e de 20% em relação à
adubação química (tabela 1).
Passados 240 dias, os tratamentos que receberam adubação orgânica evidenciaram
melhora no desenvolvimento das plantas em ambos os parâmetros, diante da testemunha e da
adubação química (Tabela 1 e 2).
Ferreira (2001) e Campos et al., (2008) encontraram os mesmos resultados,
trabalhando com resíduos orgânicos na produção de espécies arbóreas e áreas degradadas
reflorestadas com eucalipto, em relação a testemunha e adubação química.
Confirmando estes resultados, o tratamento com 12 Mg ha-1 foi o que levou ao melhor
desenvolvimento das plantas nas condições experimentais, com um incremento de diâmetro de
colo de 46% em relação à testemunha, e de 30% em relação à adubação química. Quanto à
altura, o incremento foi de 50% (1,6m a mais) em relação à testemunha, e de 32% (1m a mais)
em relação à adubação química. A testemunha apresentou os menores valores de diâmetro de
colo e altura.
Estes resultados devem-se à riqueza de nutrientes desse resíduo e sua rápida
mineralização. Seu uso aumenta a eficiência do fósforo e reduz as perdas de nitrogênio
(VIEIRA, 2009; NASCIMENTO et al., 2004).
Os tratamentos com uso de cama apresentam teores de nutrientes superiores aos
disponibilizados pela adubação química, liberando no primeiro ano, aproximadamente 50% do
N, 60% de P e 100% do K (MENEZES et al., 2003).
Com base nos resultados obtidos pode-se afirmar que a cama tem potencial para ser
usada na adubação de Eucalyptus Sp., especialmente em Neossolo Quartzarênico.
Conclusão
Os resultados do teste de médias mostram que a adubação orgânica na dosagem de
12 Mg ha-1, 240 dias após a adubação foi o tratamento que levou ao melhor desenvolvimento
das plantas nas condições experimentais para os parâmetros analisados.
Isso devido ao fato de os resíduos orgânicos terem reservas nutricionais que vão
sendo mineralizadas lentamente, o que reduz as perdas e favorece a planta.
Bibliografia
CAMPOS, F.S. & ALVES, M.C. Uso de lodo de esgoto na reestruturação de solo degradado.
Revista Brasileira de Ciência do Solo, V. 32, p. 1389-1397, 2008.
CHAUL, T. N. Viabilidade econômica de florestas de eucalipto no estado de Goiás.
Goiânia:UFG, 2006.
FERREIRA, C. A. Deposição de Material Orgânico e Nutrientes em Plantios de Eucalyptus
grandis em Diferentes Regimes de Adubação. Bol. Pesq. Fl., Colombo, n.43, p. 75-86, jul./dez.
2001.
1 – Eng. Florestal, e-mail para: [ ]
2 – Eng. Agrônomo, EMBRAPA _____.
3 – Graduandas do curso de Eng. Florestal pelas Faculdades Integradas de Mineiros
MENEZES, J. F. S. et al. Cama-de-frango na agricultura: perspectivas e viabilidade técnica e
econômica. Rio Verde: FESURV, 2003.
NASCIMENTO, C. W. A. et al. Alterações químicas em solos e crescimento de milho e feijoeiro
após aplicação de lodo de esgoto. Revista Brasileira de Ciência do Solo, V. 28, p. 385-392,
2004.
VIEIRA, M. C. Doses de nitrogênio e de cama de frango na produção da camomila
‘Mandirituba’. Acta Scientiarum. Agronomy, Maringá, v. 31, n. 1, p. 79-85, 2009.
1 – Eng. Florestal, e-mail para: [ ]
2 – Eng. Agrônomo, EMBRAPA _____.
3 – Graduandas do curso de Eng. Florestal pelas Faculdades Integradas de Mineiros