1 ano 1 bimestre - 2016 -uma abordagem critica

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1 ano 1 bimestre - 2016 -uma abordagem critica
EEEP Paulo Petrola
Prof.ª Vânia Schaffer – Geografia – 1º ano - 1º Conteúdo - 1º Bimestre
Uma Abordagem Crítica da Geodinâmica do Espaço Habitado..
Blog: http://geoschaffer.blogspot.com
1- Introdução: Qual a finalidade do estudo
geográfico no contexto atual da sociedade?
ESTUDAR GEOGRAFIA é a forma de compreendermos
o mundo em que vivemos. Por meio desse estudo,
podemos entender melhor tanto o local em que
moramos - seja uma cidade, seja uma área rural quanto o nosso país, assim como os demais países da
superfície terrestre. O campo de preocupação da
geografia é o espaço da sociedade humana, onde os
homens e as mulheres vivem e, ao mesmo tempo
produzem modificações que o (re) constroem
permanentemente. Indústria, cidades, agricultura, rios,
solos; climas, populações: todos esses elementos além de outros constituem o espaço geográfico, isto é, o
meio ou a realidade material onde a humanidade vive e
do qual ela própria é parte integrante.
Tudo nesse espaço depende do ser humano e da
natureza. Esta última é a fonte primeira de todo o
mundo real. A água, a madeira, o petróleo, o ferro, o
cimento e todas as outras coisas que existem nada mais
são que aspectos da natureza. Mas o ser humano
reelabora esses elementos naturais ao fabricar os
plásticos a partir do petróleo, ao represar rios e construir
usinas hidrelétricas, ao aterrar pântanos e edificar
cidades, ao inventar velozes aviões para encurtar as
distâncias. Assim, o espaço geográfico não é apenas o
local de moradia da sociedade humana. mas
principalmente uma realidade que é a cada momento
(re) construída pela atividade do ser humano.
As modificações que a sociedade humana produz em
seu espaço são hoje mais intensas que no passado.
Tudo o que nos rodeia se transforma rapidamente. Com
a interligação entre todas as partes do globo, com o
desenvolvimento dos transportes e das comunicações,
passa a existir um mundo cada vez mais unitário. Podese dizer que, em nosso planeta, há uma única
sociedade humana, embora seja, uma sociedade plena
de desigualdades e diversidades. Os "mundos" ou
sociedades isoladas, que viviam sem manter relações
como restante da humanidade cedeu lugar ao espaço
global da sociedade moderna.
Na atualidade, não existe nenhum país que não
dependa dos demais, seja para o suprimento de parte
das suas necessidades materiais, seja, pela
internacionalização da tecnologia, da arte, dos valores,
da cultura afinal. Uma guerra civil, forte geadas com
perdas agrícolas, a construção de um novo tipo de
computador, a descoberta de enormes jazidas
petrolíferas, enfim, um acontecimento importante que
ocorra numa parte qualquer da superfície terrestre
provoca repercussões em todo o conjunto do globo.
Muito do que acontece em áreas distantes acaba nos
afetando de uma forma ou de outra, mesmo que não
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tenhamos consciência disso. Não vivemos mais em
aldeias relativamente independentes, como nossos
antepassados
longínquos,
mas
num
mundo
interdependente e no qual as transformações se
sucedem numa velocidade acelerada.
Para nos posicionarmos inteligentemente em relação a
este mundo temos de conhecê-lo bem. Para nele
vivemos de forma consciente e crítica, devemos estudar
os seus fundamentos, desvendar os seus mecanismos.
Ser cidadão pleno em nossa época significa antes de
tudo estar integrado criticamente na sociedade
participando ativamente de suas transformações. Para
isso, devemos refletir sobre o nosso mundo,
compreendendo-o do âmbito local até os âmbitos
nacional e planetário. E A GEOGRAFIA É UM
INSTRUMENTO
INDISPENSÁVEL
PARA
EMPREENDERMOS ESSA REFLEXÃO, REFLEXÃO
QUE DEVE SER A BASE DE NOSSA ATUAÇÃO NO
MUNDO. (VESENTINI, J. Willian)
2- Origem da Geografia
Considerada por alguns como uma das mais antigas
disciplinas acadêmicas, a geografia surgiu na Antiga
Grécia, sendo no começo chamada de história natural
ou filosofia natural.
A tendência de separar ciências dos homens e da
natureza, de certa forma atrapalhava as pretensões da
geografia de se afirmar como um saber científico. A
alternativa para garanti-la como o status científico,
estava na síntese dos fenômenos naturais e humanos
dados em uma determinada região (ou área, como
alguns apontavam). Este impasse metodológico seria
então resolvido a partir do momento em que a Geografia
assumisse como seu objetivo o estudo de fenômenos
diversos em uma determinada unidade espacial, que se
configurava como ideal para se compreender a
totalidade dos fenômenos, ou ainda, a pluralidade das
coisas. Desta forma, a geografia garantia seu status de
“ciência do singular”, e a perspectiva cronológica
tornava-se o método ideal para tal finalidade, pois dava
unidade à diversidade dos fenômenos estudados pela
geografia. Assim, a esta ciência caberia o papel de
localizar, definir, descrever e comparar lugares,
abarcando fenômenos de origens distintas. Podemos
perceber
que
a
geografia
tentou
responder
especialmente sobre onde estavam os fenômenos que
lhes interessava. Feita esta primeira constatação, partiase para o método da observação e descrição, e mais
tarde para a comparação. O fundamento que ordenava
esse pensamento foi chamado, num primeiro momento
de corografia.
O termo corografia, que pode ser entendido como a
descrição de regiões ou ainda escrita das regiões, foi
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amplamente utilizado entre os séculos XVII e XVIII,
tendo em Varenius um dos principais responsáveis por
sua divulgação. Ao usar este termo, Varenius pretendia
reforçar, sobretudo, a característica de delimitar e
descrever regiões individuais da Terra. Claramente não
há também uma distinção entre o uso da palavra região
ou área. O termo chòros, de origem grega, é usado por
estes geógrafos como sinônimo de área, lugar, região,
ou seja, uma unidade espacial qualquer. Assim,
podemos notar que aquilo que interessava para eles era
a descrição, o estudo, a análise de partes da superfície
terrestre, que eles denominavam de diferentes formas.
O positivismo é uma linha teórica da sociologia, criada
pelo francês Auguste Comte (1798-1857), que começou
a atribuir fatores humanos nas explicações dos diversos
assuntos, contrariando o primado da razão, da teologia
e da metafísica. Para Comte, o método positivista
consiste na observação dos fenômenos, subordinando a
imaginação à observação.
Geografia é o estudo da superfície da Terra. Sua
denominação procede dos vocábulos gregos geo
("Terra") e graphein ("escrever"). A superfície terrestre,
que compreende a atmosfera, a litosfera, a hidrosfera e
a biosfera, é o habitat, ou meio ambiente, em que
podem viver os seres humanos.
A área habitável da superfície terrestre apresenta várias
características, das quais uma das mais importantes é a
complexa interação dos elementos físicos, biológicos e
humanos, como relevo, clima, água, solo, vegetação,
agricultura e urbanização. Outra característica é a
grande variabilidade do ambiente de um lugar para
outro, dos trópicos às frias regiões polares, de áridos
desertos a úmidas florestas equatoriais, de vastas
planícies a montanhas escarpadas, de superfícies
geladas e desabitadas a metrópoles densamente
povoadas. Outra característica ainda é a regularidade
com que se registram determinados fenômenos, como
os climáticos, o que permite generalizações sobre sua
distribuição espacial. Os exemplos mais óbvios são as
medidas de temperatura e precipitação, principais
elementos climáticos para a agropecuária e outras
atividades humanas. A geografia se preocupa
particularmente
com
a
localização
espacial
(especialmente a relação entre a sociedade e a terra, da
mesma forma que a ecologia e afinidades), com a
regionalização e com a distribuição das áreas. Pesquisa
a respeito dos lugares onde as pessoas vivem, sobre a
superfície da Terra e os fatores (ambientais, culturais,
econômicos recursos naturais) que influem nessa
distribuição. Tenta responder a questão e a
possibilidade de reconhecer uma região sobre a qual
vive uma população, meio de vida, cultura e relações
que ocorrem entre os diferentes lugares.
3- Principais Geógrafos
3.1- Bernhardus Varenius: Uma importante figura da
retomada dos estudos de geografia, cuja Geographia
generalis (1650; Geografia geral) foi várias vezes
revisada e permaneceu como principal obra de
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referência durante um século ou mais. Também era de
Flandres o cartógrafo mais importante do século XVI,
Gerardus Mercator (Gerard de Cremer), que criou um
novo sistema de projeções, aprimorando os que usavam
longitudes e latitudes.
3.2- James Cook: James Cook fixou novos padrões de
precisão e técnica em navegação. Realizou viagens
com fins científicos e, na segunda delas, a mais famosa,
de 1772 a 1775, circunavegou o globo. Na França
surgiu a primeira pesquisa topográfica detalhada de um
grande país, levada a cabo entre os séculos XVII e XVIII
por quatro gerações de astrônomos e pesquisadores da
família Cassini. Em seu trabalho se baseou o Atlas
nacional da França, publicado em 1791.
3.3- Alexander Von Humboldt: Como muitos que o
antecederam, se propôs conhecer outras partes do
mundo, mas acabou se distinguindo pela cuidadosa
preparação que antecedia suas viagens, pelo alcance e
precisão de suas observações. São de especial
interesse seus estudos sobre os Andes (feitos durante
uma viagem às Américas Central e do Sul, entre 1799 e
1804), em que pela primeira vez se fez uma descrição
sistemática e inter-relacionada da altitude, temperatura,
vegetação e agricultura em montanhas situadas em
regiões de baixa latitude. Surgimento da geografia
moderna. Humboldt lançou as bases da geografia
moderna, com ênfase na observação direta e nas
medições acuradas como base para leis gerais.
3.4- Immanuel Kant: Definiu satisfatoriamente o lugar
da geografia entre as diferentes disciplinas: afirmou que
a geografia lida com os fenômenos associados no
espaço da mesma forma que a história lida com os fatos
que ocorrem durante uma mesma época. Foi Kant que
primeiro utilizou o termo "Geografia Física" e que
relacionou a Geografia ao espaço e a Historia ao tempo.
Tanto Kant quanto Humboldt lecionou geografia física e
foram contemporâneos de Carl Ritter, que ocupou a
primeira cadeira de geografia criada numa universidade
moderna.
3.5- Ferdinand Paul Wilhelm, Barão de Richthofen,
escreveu um monumental estudo de cinco volumes
sobre a geografia chinesa e influenciou o
desenvolvimento da metodologia geográfica na
Alemanha e em outros países.
3.6- Friedrich Ratzel: Escreveu trabalhos pioneiros em
geografia
humana
e
política.
Criador
da
antropogeografia, o geógrafo e etnógrafo alemão é
autor do ensaio tido como ponto de partida da
geopolítica, no qual introduziu o conceito de espaço
vital. Posteriormente, essa noção foi distorcida pelo
nazismo para justificar suas pretensões expansionistas.
Apesar de admirar as concepções evolucionistas de
Darwin e Haeckel, Ratzel criticou-as pelo mecanicismo.
Expôs, em suas obras Anthropogeographie (1882-1891;
Antropogeografia) e Politische Geographie (1897;
Geografia política), os princípios de seu pensamento.
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Na primeira, desenvolveu a tese de uma relação causal
entre as características do meio-ambiente natural e as
realizações humanas. Na segunda, estabeleceu uma
analogia biológica entre os mecanismos de contração e
expansão dos países, ou seja, a tendência dos povos a
limitarem ou ampliarem fronteiras segundo as
necessidades de espaço vital (Lebensraum). Esse
conceito, na interpretação do cientista político sueco
Rudolf Kiellén, foi usado como justificativa para o
expansionismo nazista do III Reich.
3.7- Paul Vidal de La Blache: Foi um dos principais
responsáveis pelo surgimento da geografia moderna na
França. Deve-se a ele a definição do campo da
geografia regional, com ênfase no estudo de áreas
pequenas e relativamente homogêneas. Foi o primeiro
professor de geografia da Sorbonne e planejou uma
obra monumental, que cobria a geografia regional em
todo o mundo, mas não viveu o bastante para concluíla. Géographie universelle (1927-1948) foi completada
por seu aluno Lucien Gallois e é uma das mais bemsucedidas publicações sobre o tema.
4- Desmistificando os paradigmas da Geografia
“A geografia é um saber, um saber difícil porque
integrador do vertical e do horizontal, do natural e do
social, do aleatório e do voluntário, do atual e do
histórico e sobre a única interface da qual dispõe a
humanidade” .
5- Divisão da Geografia (Para efeito didático)
Costuma-se dividir a Geografia, pelo menos para efeito
didático, em dois grandes ramos, a Geografia Geral e a
Geografia Regional. Muitos admitem que esta divisão é
o resultado apenas da escala adotada, de vez que o
geral se refere a grandes áreas - os continentes ou
países de grande extensão - e o regional a pequenas
áreas - as regiões. A Geografia Geral costuma ser
dividida em dois grandes ramos, a Física e a Humana.
A primeira estuda e analisa a ação dos fatores físicos e
a segunda analisa e interpreta a ação dos fatores
humanos.
5.1- Divisão da Geografia
A geografia pode ser dividida em dois ramos
fundamentais:
A Geografia geral, que estuda os elementos humanos e
físicos da Terra de maneira individual e a Geografia
Regional, que estuda as regiões da Terra com o objetivo
de entender ou definir suas particularidades.
No campo de estudo da Geografia Geral inclui-se a
Geografia Física e a Geografia Humana.
5.1.1- A Geografia Física estuda as características
naturais existentes na superfície terrestre. Suas
principais categorias são:
Geomorfologia – estuda as formas da superfície da
Terra.
Hidrografia – estuda as águas do Planeta.
Climatologia – estuda os climas.
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Glaciologia – estuda as geleiras.
Biogeografia – estuda a distribuição dos seres vivos no
espaço.
Geografia astronômica – estuda a superfície dos
planetas.
5.1.2- A Geografia Humana estuda e descreve a
interação entre a sociedade e o espaço. Suas principais
categorias são:
Geografia econômica – estuda as atividades
econômicas.
Geografia Social – estuda os fatos sociais e sua
manifestação espacial.
Demografia – estuda a dinâmica populacional humana.
Geografia Política – estuda a interação política e
territorial.
Geografia Cultural – estuda a distribuição das
manifestações culturais.
5.2- Áreas Suportes da Geografia:
Cartografia
Geologia
Pedologia
Oceanografia
Meteorologia
Antropologia
Sociologia
Filosofia
Estatística
6- A Ciência Geográfica e seus princípios
Durante muito tempo dominou a ideia de que a
Geografia era uma ciência que visava apenas dar aos
estudantes um pouco de cultura geral, sem interesses
pragmáticos. Quando se começou a utilizar o
conhecimento geográfico de forma sistemática no
planejamento e a se falar em geografia aplicada, houve
cientistas que reagiram, achando que esta não era a
função da Geografia. Esta ideia, porém, é falsa, de vez
que a Geografia vem sendo utilizada, desde os
primeiros tempos, com fins pragmáticos. Assim, ela foi
utilizada pelos países europeus em sua expansão
colonial, quando procuravam conhecer as várias regiões
que desejavam conquistar para avaliar a rentabilidade
das mesmas. E esta função, entregue no início do
desenvolvimento da expansão capitalista (Séculos XVI,
XVII e XVIII) a cronistas isolados (leia as obras dos
cronistas do período colonial a respeito do Brasil e de
suas possibilidades econômicas), foi transferida, no
Século XIX, para as sociedades de geografia que
financiavam e promoviam expedições de exploradores
às regiões pouco conhecidas. Hoje ela é controlada pelo
Estado, através dos serviços de informação. A
Geografia tem sido utilizada ainda para organizar a
exploração do espaço e contribuir para obras de
transformação do meio natural, tornando-o mais
acessível à exploração agrícola ou mineral, bem
como para orientar os problemas estratégicos e as
formas de conduzir a guerra. Vários problemas
espaciais, como o de fronteiras políticas, de delimitação
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de áreas de influência econômica dos centros
polarizadores ou de distribuição pelo espaço geográfico,
de povos e nações, têm sido objeto de estudo e de
participação de geógrafos. Mais modernamente, eles
têm dado a sua colaboração também nos estudos e
planejamentos dos órgãos estatais e das grandes
empresas transnacionais. As Forças Armadas dos mais
diversos países têm sempre um serviço geográfico, com
preocupações ligadas, sobretudo à Cartografia, a
informações, à geopolítica é à geoestratégia.
8- Termos que permitem uma concepção de mundo
que engloba as transformações e a dinâmica da
sociedade
7- Princípios
Desde a segunda metade do século passado até os
primeiros anos do Século XX, consolidou-se a ideia de
que o método geográfico e baseava nos cinco princípios
enunciados por eminentes mestres alemães, como
Alexandre Humboldt, Karl Ritter, Frederico Ratzel - os
fundadores da geografia científica - e pelo não menos
ilustre geógrafo Jean Brunhes. Assim, em um trabalho
de pesquisa geográfica devia o estudioso aplicar,
sucessivamente, os seguintes princípios:
8.2- Segunda Natureza: A segunda natureza é essa
natureza que conhecemos hoje, é a natureza que se
transformou com as mãos do homem.
7.1- Princípio da Extensão: enunciado por Frederico
Ratzel, segundo o qual o geógrafo, ao estudar um dos
fatores geográficos ou uma área, deveria, inicialmente,
procurar localiza-la e estabelecer os seus limites,
usando os mapas disponíveis e o conhecimento direto
da área;
7.2- Princípio da Analogia ou da Geografia Geral:
enunciado por Karl Ritter, segundo o qual, delimitado e
observado uma área em estudo, deveria ser a mesma
comparada com o que se observa em outras áreas,
estabelecendo as semelhanças e as diferenças
existentes;
7.3- Princípio da Causalidade: enunciado por
Alexandre Humboldt, segundo o qual, observado os
fatos, se deverão procurar as causas que o
determinaram, estabelecendo relações de causa e
efeito;
7.4- Princípio da Conexidade ou Interação: enunciado
por Jean Brunhes, onde ele chamava a atenção para o
fato de que os fatores físicos e humanos, ao elaborarem
as
paisagens,
não
agiram
separados
e
independentemente, havendo uma interpenetração na
ação dos vários fatores físicos entre si, e ainda dos dois
grandes grupos de fatores. Na elaboração das
paisagens, nenhum dos fatores físicos ou humanos age
isoladamente; a ação é sempre feita de forma integrada
com outros fatores;
7.5- Princípio da Atividade: também enunciado por
Jean Brunhes, no qual o mestre francês assinala o
caráter dinâmico do fato geográfico, de vez que o
espaço está em perpétua reorganização, em constante
transformação, graças à ação ininterrupta dos vários
fatores.
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8.1- Primeira Natureza: A primeira natureza é a
natureza que não passou pela transformação do
homem. Atualmente já não temos mais a primeira
natureza, na verdade não há lugar algum no mundo,
hoje, que não tenha passado pelas transformações das
mãos do homem.
8.3- Espaço Geográfico: O Espaço geográfico é o
palco das realizações humanas, no entanto, abriga
todas as partes do planeta possíveis de serem
analisadas, catalogadas e classificadas pelas inúmeras
especialidades da ciência geográfica. Que se refere a
muitos espaços, como por exemplo, todo o espaço
físico, ruas, casas, etc. O espaço geográfico foi criado
para calcular longitudes e latitudes da terra. Em geral, o
espaço geográfico é o espaço ocupado e organizado
pelas sociedades humanas. Ele é poligênico - sendo
que para seu entendimento é necessário o estudo de
todo o processo histórico de sua formação. Espaço
geográfico é o espaço concreto ou físico inserido na
interface "litosfera-hidrosfera-atmosfera". É o espaço de
todos os seres vivos, não só o espaço do homem. O
espaço geográfico foi formado a 4,5 bilhões de anos
quando a Terra foi formada. De lá para cá houve
mudanças profundas na sua estrutura, composição
química e na paisagem geográfica. Oceanos
apareceram, oxigênio ficou abundante, devido o papel
das algas e plantas superiores. Quando o homem surgiu
na Terra ele já estava formado. Com o tempo a
humanidade começou a modifica-lo através da
tecnologia.
8.4- Paisagem: A paisagem é considerada, pela maioria
das correntes do pensamento geográfico, um conceitochave da Geografia. O termo paisagem é polissêmico,
ou seja, pode ser utilizado de diferentes maneiras e por
várias ciências. Essa categoria geográfica consiste em
tudo aquilo que é perceptível através de nossos
sentidos (visão, olfato, tato e audição), no entanto, a
análise da paisagem é mais eficaz através da visão.
Nesse sentido, a Geografia moderna, que priorizava os
estudos dos lugares e das regiões, utilizou-se da
fisionomia dos lugares para atingir êxito em suas
abordagens geográficas, observando as transformações
no espaço geográfico em decorrência das atividades
humanas na natureza. A paisagem é formada por
diferentes elementos que podem ser de domínio natural,
humano, social, cultural ou econômico e que se
articulam uns com os outros. A paisagem está em
constante processo de modificação, sendo adaptada
conforme as atividades humanas. Para Oliver Dolfuss,
geógrafo francês, as paisagens são fruto da ação
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humana no espaço e as classifica em três grandes
famílias, em função das modalidades da intervenção
humana:
- Paisagem natural: não foi submetida à ação do
homem.
- Paisagem modificada: é fruto da ação das
coletividades de caçadores e de coletores que, mesmo
não exercendo atividades pastoris ou agrícolas, em
seus constantes deslocamentos, pode modificar a
paisagem de modo irreversível, através do fogo,
derrubadas de árvores etc.
- Paisagens organizadas: são aquelas que
representam o resultado de uma ação consciente,
combinada e contínua sobre o meio natural, como, por
exemplo, as cidades, praças etc.
A paisagem é um dos objetos de análise da Geografia,
sendo constituída através das relações do homem com
o espaço natural. Sua observação é muito importante,
pois retrata as relações sociais estabelecidas em um
determinado local, onde cada observador seleciona as
imagens que achar mais relevante, portanto, diferentes
pessoas enxergam diferentes paisagens.
8.5- Lugar: Lugar é uma parte do espaço geográfico
onde vivemos e interagimos com uma paisagem. Mas o
conceito de lugar recebe várias definições na geografia,
a depender da tendência de pensamento geográfico
considerada. A geografia humanista foi a primeira
vertente da geografia a fazer uso da palavra lugar como
um conceito científico. De fato, esse foi um dos
conceitos fundamentais para os propósitos dessa
corrente, interessada em pesquisar as relações
subjetivas do homem com o espaço e o ambiente. Os
geógrafos humanistas destacam a importância de
estudar o cotidiano como forma de compreender os
valores e atitudes que as pessoas comuns elaboram a
respeito do espaço e do ambiente em que vivem. O
conceito de lugar é apropriado para esse tipo de
pesquisa por dizer respeito aos espaços vivenciados
pelas pessoas em suas atividades cotidianas de
trabalho, lazer, estudo, convivência familiar, etc. Por
esse motivo, a geografia existe. Ele tem, portanto, o
mesmo conteúdo que os fenomenologistas atribuem ao
conceito de mundo, isto é, o conjunto das vivências
individuais e subjetivas dos sujeitos; “aquilo que em
primeiro lugar aparece à consciência”.
8.6- Território: O território é considerado pela maioria
das correntes do pensamento geográfico, um conceitochave da Geografia. Contudo, sua análise não é
exclusiva da Geografia, sendo, portanto, abordado por
outras ciências, o que o torna um termo polissêmico. Na
análise do território, os aspectos geológicos,
geomorfológicos, hidrográficos e recursos naturais, por
exemplo, ficam em segundo plano, visto que sua
abordagem
privilegia
as
relações
de
poder
estabelecidas no espaço. A concepção mais comum de
território (na ciência geográfica) é a de uma divisão
administrativa. Através de relações de poder, são
criadas fronteiras entre países, regiões, estados,
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municípios, bairros e até mesmo áreas de influência de
um determinado grupo. Para Friedrich Ratzel, o território
representa uma porção do espaço terrestre identificada
pela posse, sendo uma área de domínio de uma
comunidade ou Estado. Nesse sentido, o conceito de
território abrange mais que o Estado-Nação. Qualquer
espaço definido e delimitado por e a partir de relações
de poder se caracteriza como território. O território não
se restringe somente às fronteiras entre diferentes
países, sendo caracterizado pela ideia de posse,
domínio e poder, correspondendo ao espaço geográfico
socializado, apropriado para os seus habitantes,
independentemente da extensão territorial.
8.7- Tempo histórico e Tempo geológico: Considerase tempo geológico aquele transcorrido através de
fenômenos naturais desde a formação da Terra até os
dias de hoje, o tempo histórico se inicia com o
surgimento dos primeiros ancestrais do ser humano e é
muito curto em comparação com o tempo geológico.
O tempo geológico tem início com a formação da
Terra, há cerca de 4,5 bilhões de anos. Durante esse
tempo muitas mudanças ocorreram no nosso planeta,
continentes se formaram, surgiram e desapareceram
oceanos, o clima se modificou, surgiram e
desapareceram várias espécies de animais, etc. As
mudanças no decorrer do tempo geológico normalmente
não são perceptíveis para algumas gerações de seres
humanos, sabemos delas através de evidências
científicas. Dentro desse tempo, também temos
ocorrências relativamente recentes como o surgimento
das grandes montanhas (Andes, Himalaia, Alpes, etc.) e
a extinção dos dinossauros. Outros eventos são antigos,
como a formação das primeiras rochas e o surgimento
dos oceanos.
O tempo histórico se inicia por volta de dois milhões
de anos quando apareceram os primeiros ancestrais do
ser humano. É o tempo no qual os seres humanos,
podemos dizer assim, deixou marcas. Ele é muito
recente se comparado ao tempo geológico, o ser
humano não assistiu grandes alterações no planeta
Terra, do ponto de vista geológico. Pois quando ele
surgiu à configuração geológica do planeta era
praticamente a mesma.
8.8- Estado: refere-se ao conjunto de instituições que
regulam e de apoio que têm soberania ao longo de um
território definido e população. É um país politicamente
organizado, sendo composto pelo território, governo e
povo.
8.9- Nação: denota um povo que acredita-se que a
partilha ou considerados aduaneira comum, origens e
história. No entanto, os adjetivos nacional e
internacional também se referem a questões
relacionadas ao que é estritamente Estado, como na
capital nacional, o direito internacional.
8.10- Povo: Do ponto de vista do Direito Constitucional
moderno (a partir do século XVIII), o povo é o conjunto
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dos cidadãos de um país, ou seja, as pessoas que
estão vinculadas a um determinado regime jurídico, a
um estado. Um povo está normalmente associado a
uma nação e pode ser constituído por diferentes etnias.
Na linguagem vulgar, a palavra povo pode referir-se à
população de uma cidade ou região, a uma comunidade
ou a uma família; também é utilizada para designar uma
povoação, geralmente pequena.
8.11- Pátria: é o país ou estado em que a pessoa
nasceu (terra natal) e que faz parte como cidadão.
8.12- Soberania: Relaciona-se à autoridade suprema,
geralmente no âmbito do país. É o direito exclusivo de
uma autoridade suprema sobre um grupo de pessoas —
geralmente uma nação.
8.13- Fronteiras: é o limite entre duas partes distintas,
por exemplo, dois países, dois estados, dois municípios.
As fronteiras representam muito mais do que uma mera
divisão e unificação dos pontos diversos. Elas
determinam também a área territorial precisa de um
Estado, a sua base física.
As fronteiras podem ser naturais a, geométricas ou
arbitrárias; sendo delimitações territoriais e políticas
que, através da proteção que garante aos seus estados,
representa a autonomia e a soberania desses perante
os outros.
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