#OS MAIS PODEROSOS 2016

Transcrição

#OS MAIS PODEROSOS 2016
#OS MAIS PODEROSOS 2016
#19
#20
A força perdida cá foi
compensada com mais
poder em casa.
Um industrial de vários
sectores que controla
um colosso mediático.
PRIMEIRA LINHA 4 a 11
Sexta-feira, 12 de Agosto de 2016 | Diário | Ano XV | N.º 3313 | € 1.90
Director Raul Vaz | Subdirectores André Veríssimo | Celso Filipe | Tiago Freire
Publicidade
SOS
TIMOR
Os portugueses
que o Japão mandou
para campos de
concentração
www.pro-office.pt
Exploração
de petróleo
adiada
ESCRITÓRIOS
PARA ARRENDAMENTO
A PROFISSIONAIS LIBERAIS
MARQUÊS DE POMBAL - LISBOA
Telem. 96 586 30 55
Obrigações
Dívida
portuguesa é a
pior do mundo
em 2016
Depois da Galp no
Alentejo, agora foi a
Repsol a desistir de
pesquisar no Algarve.
MERCADOS 22 e 23
Publicidade
A família de Zeca Afonso esteve entre as
vítimas, na Segunda Guerra Mundial.
2020
Trump, uma
campanha a
pisar a linha
Combustíveis
mascaram
contas externas
EMPRESAS 18 e 19, ECONOMIA 14 e 15
George Osodi/Bloomberg
Conheça os projetos
aprovados pelo
Alentejo 2020
Saiba ma
Saib
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portu
ugal2020.
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UNIÃO EUROPEIA
Fundo Europeu
de Desenvolvimento Regional
2 SEXTA-FEIRA 12 AGO 2016
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EDITORIAL
ACÇÃO DO DIA
Rumores nas redes sociais deram
ganhos de 7% a acções da TalkTalk
ANDRÉ VERÍSSIMO
Subdirector
[email protected]
ACÇÕES SUBIRAM MAIS DE 7%
Cotação das acções em pences
As contas
do país
stamos na época de apresentação dos resultados
doprimeirosemestredasempresas.EoGoverno,
que contas temparaapresentar?
Comecemos pelo emprego, que é o dado mais
recente e até estáacorrerde feição parao Executivo.OsdadosdoINErelativosaosegundotrimestre indicamque
ataxadedesempregocaiuparaos10,8%,ficandoabaixodameta
de António Costa para a totalidade do ano (11,4%). É um bom
trunfo paraaesquerdaparlamentaresgrimir.
Masnemtudosãorosas.Odesempregodelongaduraçãocontinuaaaumentarejárepresentaumterçodosqueprocuramemprego.Odesempregojovembaixa,masmantém-secomoumdos
maiselevadosdaUE.EomaisincómodoparaPS,BEePCP:muitodonovoempregoéprecário,osrecibosverdesestãoadisparar.
Vamos ao défice. Segundo as estimativas da UTAO e as projecçõesparaoPIB,osaldoorçamentalfoinegativoem3,1%.Longedos2,2%comqueoGovernosecomprometeunoOrçamento,
emesmodos2,5%queaComissãoEuropeiaexige.Seismesesvolvidos,aexecuçãonãoestáaserbrilhante.Ascativaçõesserãosuficientes para chegar à meta? Nos próximos meses saberemos.
Bruxelas não largaráo osso.
Adívida. Baixá-laé umadas grandes bandeiras deste Governo. Ameta é reduzir o que o Estado deve de 129% para 125% do
PIB até ao final do ano. Mais umavez está-se longe do objectivo.
CálculosdaunidadetécnicadoParlamentocolocamadívidapúblicanumintervaloentre131%a132%doPIBemJunho.Háfactores que apodem fazerdescer, como o reembolso de umalinha
deobrigaçõesde4,1milmilhõesouamortizaçõesaoFMI.Mashá
maisrazõesparaqueelasuba:umcrescimentomenordaeconomia, o risco de umdéfice mais elevado, arecapitalização daCGD
e aeventual impossibilidade de vendado Novo Banco.
Ocrescimento.Aevoluçãodaactividadeeconómica,chavede
tudooresto,temsidodesapontante.OINEdivulgaestasexta-feiraaestimativarápidaparao PIB do segundo trimestre. Aprevisãoédequeocrescimentoacelere,masnãoosuficienteparachegar aos 1,8% apontados pelo Governo. As estimativas mais optimistas chegama1,2%.
Asexportaçõescaíram1,8%noprimeirosemestre,emtermos
homólogos. É a primeira quebra desde 2009. O investimento é
quaseumdeserto.Oconsumointernodevedesacelerar.Nomeio
disto, percebemos que se não fosse aquedado preço do petróleo
jáestávamos novamente comcontas externas desequilibradas.
Usandoojargãodosanalistasfinanceirosquandoolhampara
as contas das empresas, pode dizer-se que os resultados do semestresãodesapontanteseestãoaquémdosmetastraçadaspela
gestão. JáAntónio Costatemoutros resultados aque se agarrar,
os das sondagens. I
E
Fonte: Bloomberg
As acções da operadora britânica
TalkTalk tiveram um final de sessão de
forte volatilidade, que levou mesmo à
suspensão temporária da negociação.
Os títulos chegaram a disparar 13,10%,
após três corretores terem citado rumores que corriam no Twitter de que
a Vodafone iria lançar uma oferta pela
empresa. No entanto, a gigante desmentiu a informação, o que fez abrandar os ganhos para 7,14%. I
7,14%
Variação este ano: 8,37%
Valor em bolsa: 2.251,4
milhões de libras
LINHAS CRUZADAS
A derrocada irreversível (?)
de Trump
“Desde a convenção de
Cleveland, Trump
praticamente não fez nada
certo segundo os padrões
tradicionais.”
“Os dados mostram que
a campanha de Trump
acelerou a transformação
em curso do Partido
Democrata.”
“O discurso de Trump provavelmente não tem carácter
criminal. Está protegido
porque não leva outros a um
crime de forma iminente.”
ALEX ALTMAN
THOMAS B. EDSALL
DANNY CEVALLOS
M
ais tarde ou mais cedo havia de acontecer. Donald Trump, esse “bulldozer” político, tanto levoutudoàfrentecomotinha,eventualmente,de
se atropelar asi próprio. Paramuitos comentadores, esse momento chegou.
ATimeMagazine,numacapatãocerteiraque
ameaçavirarhistórica,titulamesmoasuaúltima
ediçãocomumaexpressão:“Meltdown.”Será?
AlexAltman, umdos autores do artigo, analisaas últimas semanas e conclui: “Desde aconvenção de Cleveland, Trump praticamente não
feznadacertosegundoospadrõestradicionais.”
Criouinimigosdentrodopartido,recusando-se
a apoiar alguns dirigentes de topo; insultou os
paisdeumsoldadomorto;incomodouopuritanismorepublicanocomasfotosprovocantesda
suaesposa;expulsouumbebédeumcomício;incentivou o uso daviolênciacontraHillaryClinton.Ese,atéaqui, osdisparatesdeTrumppareciamfortalecê-lo,agorahádoisfactosnovos:boa
parte do seu partido está a revoltar-se publica-
mente; e as sondagens mostramumaqueda.
Thomas B. Edsall, no NewYork Times, vai
mais fundo nasuaanálise: “EstaráTrump adar
cabodedoispartidos?”Eexplica:osnúmerosde
Trumpsãoterríveisentreoscidadãoscommaior
rendimentoeescolaridade,campodisputadohabitualmentepelosrepublicanos.Mastambémos
democratas estão a mudar, porque não estão a
conseguircaptaros trabalhadores mais mal pagos, que aderemao campo Trump.
JáaCNNfocaumpontocurioso:seráque,juridicamente, os comentários de Trump sobre
Clinton são ilegais, no sentido em que incentivam directamente um ataque à candidata? Na
opiniãodoespecialistaDannyCevallosnão,porque a forma relativamente vaga da frase acaba
porprotegê-lo.“Nãoéumaboaideiaoscandidatos presidenciais falarem assim. Mas provavelmentenãoseráumdiscursocomcaráctercriminal”, conclui. Aliberdade de expressão, aqui, é
mais forte. I TIAGO FREIRE
SEXTA-FEIRA
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12 AGO 2016
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3
EDIÇÃO FIM-DE-SEMANA
ELEVADOR
A COR DO DINHEIRO
Tiago Freire
[email protected]
Vêm aí (mais) más notícias
CAMILO
LOURENÇO
Jornalista de Economia
J
á aqui dissemos que a execução orçamentaldoprimeirosemestrelevantavárias suspeitas (artigo de 25 de julho).
Umadelas é amaquilhagemdas contas.
Atítulodeexemplo,hápessoasqueaindanãoreceberamoreembolsodoIRS(e
estamos a12 de agosto...). Paranão falar
decadavezmaisfornecedores(nãoapenas na saúde) que se queixam de pagamentosematraso.Asegundasuspeitaé
que alguns números não batem certo.
Porexemplo,osvaloresreferentesàsnecessidades de financiamento do Estado
são muito superiores ao valor do défice
orçamental divulgado pelo Governo…
Mas as más notícias não terminam
aqui. OntemaUTAO (Unidade Técnica
de Apoio Orçamental) veio dizer que a
dívidapúblicajáestáacimado valororçamentado para o conjunto do ano de
2016 (124,8% do PIB). Como refere a
UTAO, são “240,1 milmilhões de euros,
umacréscimode2,4milmilhõesemter-
mosmensaisede8,7milmilhõesfaceao
final de 2015”. Valorque colocaadívida
públicanointervaloentre130,9e132,3%
do PIB.
A evolução da dívida do Estado no
primeiro semestre torna virtualmente
impossível chegar aos 124,8% do PIB
avançadospelogovernonoiníciodoano
(o FMI apontoupara128,3% e aComissãoEuropeiapara126%).Atéporque,se
seconfirmaroabrandamentodoPIBno
2.ºtrimestre,ocenárioficaráaindamais
complicadoparaascontaspúblicas:ontemaagênciaLusadivulgouum“inquérito”aanalistas,queapontaparaumvaloremtornode1%no2.ºtrimestre; hoje
o INE deverá divulgar uma estimativa
rápida para o mesmo indicador e não é
crívelqueseafastemuitodaquelevalor.
Se levarmos em consideração que o Orçamentode2016prevêumataxadecrescimento de 1,8%, é fácil perceber que o
peso dadívidanariquezavai aumentar.
De referir que o cenário pode ficar
aindamais comprometido porcausade
outros desafios: 1 – a quebra de receita
fiscal associada ao abrandamento da
economia:areceitacresceu2,7%contra
aprevisãode3,4%,sobretudodevidoao
maudesempenho do IVA(e o piorpode
estar para vir com o efeito da baixa do
IVAdarestauraçãoocorridoemJulho–
impacto superior a 100 milhões); 2 – a
situação problemática do setor bancário: por um lado a incógnita chamada
Novo Banco, que desde a resolução já
teve prejuízos de 1,8 mil milhões e precisa de cerca de 2 mil milhões de euros
de capital; por outro a capitalização da
Caixa Geral de Depósitos, cujo valor finalnãoéaindaconhecido,masnãodeve
ficarabaixode3,5milmilhõesdeeuros;
3 – o aumento inevitável dadespesaassociadaàtragédiados incêndios das últimas duas semanas (particularmente
naMadeira); 4 – efeito mecânico de aumento das necessidades de financiamento do Estado se a quebra de receita
não for compensada pelo congelamento de despesa (o mais provável), resultando num défice orçamental superior
ao previsto: mais défice, mais dívida.
Onde é que tudo isto vai dar? A um
aumento de impostos: adívidade hoje é
a fotografia dos impostos de amanhã.
Por mais que nos tentem atirar areia
paraos olhos. I
MÁRIO CENTENO
Ontem deu-se mais um passo,
este positivo, no calvário que
têm vivido os lesados do papel
comercial vendido aos balcões
doBES.OMinistériodasFinanças deu a necessária luz verde
paraque se comecem aimplementarosmecanismosquepermitam ressarcir pelo menos
partedovalorinvestido,atéum
máximode250mileuros.Saúda-se a decisão, mas não pode
deixardesequestionarademoraatrozemtudoisto.Começaa
serquase desumano pediraindapaciênciaaquem perdeu as
poupançasdeumavida.Asolução terá de ser rápida ou não
seráboa. I
Este artigo está em
conformidade com o novo acordo
ortográfico
SA LUÍS AFONSO
MARCO SCHROEDER
AOi,quetemcomomaioraccionista individual a portuguesa
Pharol,nãoencontraocaminho
paraasboasnotícias.Depoisdas
lutasentreaccionistasquetêm
sidopúblicasnasúltimassemanas, ontem foi hora de olhar
paraas contas do primeiro semestre.Maisprejuízos,maisdívidaeumagrandefénoprograma de recuperação judicial. O
CEOMarcoSchroedernãoestá
aconseguirdaravoltaàempresa,ecomissotambémaPharol
sofre. I
4 SEXTA-FEIRA 12 AGO 2016
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#OS MAIS PODEROSOS 2016
PORQUE MANTÉM
É dos principais empresários nacionais, ainda que consiga manter a
discrição. Tem interesses em várias indústrias, sendo a mais visível a
da pasta e papel, com a Altri a reforçar o seu papel de exportadora.
Mas é também um empresário da comunicação social, detendo no seu
portefólio o jornal líder de vendas, o Correio da Manhã, que também
tem tido o papel de mexer no mundo da televisão, ao disputar, ao fim
de três anos, a liderança na informação nas plataformas pagas.
#20
Paulo
Fernandes
É accionista de uma empresa de comunicação social. Tem empresas industriais. Discretamente vai amealhando
sucessos e lucros. Dá poucas entrevistas. Mas agora, nas funções de presidente da Cofina, tem de aparecer.
E da mesma forma que fala sobre a Fashion Night da Vogue, também fala sobre o acordo com a Nos ou com
a Federação Portuguesa de Futebol. Paulo Fernandes é um empresário com poder, perdendo, no entanto,
para muitos no que respeita à influência política. O empresário prefere chamar-lhe independência.
TABELA DE CRITÉRIOS
Poder da fortuna
Rede empresarial
Influência política
Influência mediática
Perenidade
BILHETE DE IDENTIDADE
Cargo: Presidente executivo da Cofina, co-CEO da Altri e
administrador da F. Ramada G Naturalidade: Nasceu em Águeda
em 1958 G Formação: Licenciatura em Engenharia Electrónica
pela Universidade do Porto; MBA na Universidade de Lisboa
G
ALEXANDRA MACHADO [email protected]
RAUL VAZ [email protected]
maalternativaséria,credível,independenteeque
não está refém de qualquer“lobby”.Assimdefiniu Paulo Fernandes a
CMTV, no diaem que anunciou aentrada do canal de televisão da Cofina
naplataformadaNos, o que mais que
duplicavaaaudiênciapotencial.
AentradanaNosaconteceuemJaneiro, atrês meses de aCMTVcomemorar o terceiro aniversário. E em
Maioatingiualiderançanoscanaisfechados, superando o Hollywood e a
concorrênciadeinformaçãonacional.
Paulo Fernandes, naquele diaemque
anunciavaaentradadaCMTVnaNos,
garantiaque o dianão erade chegada,
massimdepartida.A Cofina,dizia,“lidera a imprensa escrita, na internet,
pelo percurso daCMTVtambém nos
podemos afirmar no audiovisual”. Já
vaimudando.
Ser o “patrão” do jornal líder, que
agoratemumatelevisãoadesafiarseriamente os “shares” das outras esta-
U
ções, dá-lhe poder. Aindamais quandoéumórgãoquedesafia,elepróprio,
poderes, com as investigações ao ex-primeiro-ministro José Sócrates no
centro deste ano. Atal ponto que em
tribunal até houve uma providência
que impediu, durante algum tempo,
aos órgãos do grupo Cofina – que detém,entreoutros,oCorreiodaManhã,
aSábado,o RecordeoJornaldeNegócios–deescreveremsobreaOperação
Marquês. Uma sentença polémica e
que até garantiu ao grupo asolidariedade de alguns dos concorrentes.
FranciscoPintoBalsemãodefendeua
liberdade de informação, apropósito
dessadecisão,naSábado,queconcorredirectamentecoma“sua”revistaVisão.
Naaltura, o Correio daManhãgarantiaque“nãoiaparardeescrutinar”
o ex-primeiro-ministro. Como não
olhaacores partidárias nas notícias.
Mesmo sabendo que isso pode ter
consequências. Sempre teve de enfrentaropoderpolíticoenemsempre
saiuaganhar.PerdeuaPortucelháuns
anos,restando-lheaCeltejonasprivatizações.Masagorapoderáviraínovo
desafio. A Cofinanuncaescondeu interesseemterumcanalemsinalaberto na televisão digital terrestre. Não
tem conseguido que o poder político
lancenovoconcurso,masagoraonovo
ministrodatutelajágarantiuqueessa
aberturavaimesmo acontecer.
A Cofinajápartecomoutravantagem.ACMTVjámostrouquepodeser
líder.
Paulo Fernandes vê mais esta
aposta, na televisão, ser ganha, mantendo a empresa Cofina com lucros.
Esta, aliás, é asuamarca. Ter empresas rentáveis. A Cofina, em 2015, garantiulucrosdecincomilhões,depois
de garantirumamargem operacional
de 14,9%. No final de 2015, aImpresa,
o grupo mais comparável por ter imprensa, digital e televisão, tinha uma
margem EBITDA de 9,8%. A Media
Capital apurou uma margem de
23,0%.
Continua na página 6
SEXTA-FEIRA
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PRIMEIRA LINHA
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Fernando Ferreira
6 SEXTA-FEIRA 12 AGO 2016
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Miguel Baltazar
#OS MAIS PODEROSOS 2016
#20
Paulo
Fernandes
Continuação da página 4
O poder de Paulo Fernandes,
no entanto, não é apenas o da comunicação social. O empresário,
emconjuntocomosseussóciosdas
famílias Borges de Oliveira, Vieira
de Matos e Mendonça, tem conquistado o estatuto de grande exportadorcomaAltri.Aproduçãode
pastaéquasetodaparavenderpara
fora.Umreconhecimentoqueteve
com o anterior Governo. Mas que
aindanão obteve como actual.
Aliás, o Governo socialista, de
AntónioCosta,atécomeçoucomo
péesquerdoparaaindústriadapastae do papel, quando fez um acordo com os Verdes paratravaraexpansãodaáreadoseucaliptos,algo
que aindústriareclamaparadiminuir as importações nacionais de
matéria-prima.OquejátinhaconvencidooanteriorExecutivoeque,
porisso,maissurpresacriouquandooacordocomosVerdesfoifeito.
Neste ponto, a indústria está
unida,apesardaconcorrência.Paulo Fernandes e Pedro Queiroz Pereiraestão, neste caso, lado alado.
Paulo Fernandes é co-CEO da Altri. Partilhaapresidênciaexecutiva com o aliado de sempre, João
Borges de Oliveira. E juntos viram
aAltriatingir,em2015,umtotalde
receitasde664,8milhõesdeeuros,
paraobterlucrosde117milhõesde
euros. Números que farão sorrir
Paulo Fernandes,omesmosorriso
queterárasgadoquandoviuacapitalização da Altri superar a marca
dosmilmilhõesdeeurosnoúltimo
trimestre do ano passado (entretanto perdeu algum desse valor).
Antecipou dividendos, que continuouagarantirnos três principais
activosquedetém(Cofina,AltrieF.
Ramada). I
INIMIGOS
José Sócrates
Os litígios do ex-primeiro-ministro com o Correio da
Manhã e com a Sábado
são antigos. Mas em
Outubro último conseguiu
mesmo que uma juíza
impedisse que o grupo
Cofina publicasse notícias
da Operação Marquês.
Proença de Carvalho
Além de ser o presidente
de um dos principais concorrentes, a Global Media,
o advogado defendeu Sócrates em alguns casos
contra o Correio da Manhã.
Apesar de já ter sido advogado de Paulo Fernandes.
Pinto da Costa
Uma notícia do JN sobre a
Cofina ter beneficiado de
um plano de regularização
de dívida da Segurança
Social levou o jornal
online do Porto – Dragões
Digital – a atirar-se ao CM
e a Paulo Fernandes.
Eloísa Apolónia
Os Verdes conseguiram,
no acordo que permitiu a
formação do Governo de
Costa, que fosse decidido o
fim da expansão nacional
da área de eucalipto. A
indústria da pasta e papel
tem reclamado mais área.
Luís Filipe Castro Mendes
A intenção de garantir
a existência de mais canais
em sinal aberto na plataforma de televisão digital
terrestre leva o ministro da
Cultura a potencial aliado.
A CMTV já tinha feito saber,
em anos anteriores, ter
interesse no sinal aberto.
Laurentina Martins
É das poucas
administradoras da Altri
que não pertence
ao grupo ligado às famílias
controladoras.
Luís Santana
É um dos braços-direitos
de Paulo Fernandes
no sector dos media.
É administrador
da Cofina Media.
Luís Magalhães
A maior parte das
empresas detidas
por Paulo Fernandes
tem como auditor
de contas a Deloitte,
liderada em Portugal
por Luís Magalhães.
Ana Mendonça
A filha de Pedro
Mendonça (falecido
no ano passado) continua
o legado do pai,
mantendo-se no núcleo
accionista coeso da
Cofina, Altri e F. Ramada.
Jorge Armindo
A amizade é de muitos
anos. Apesar de terem,
a determinada altura,
estado em campos
diferentes nos negócios, a
amizade sobreviveu.
Enrique Isidro Rincón
É concorrente nas
celuloses. Isidro Rincón
é o líder da Europac.
Mas são amigos
e parceiros de algumas
actividades lúdicas,
como a caça.
Rodrigo Costa
É um dos amigos
com quem gosta
de jogar golfe
e com quem
gosta de partilhar
uma boa refeição.
ALIADOS
Miguel Almeida
No ano em que
comemorou o terceiro
aniversário, a CMTV
conseguiu entrar na
plataforma da Nos,
e com isso alargar
a sua audiência, lutando
pela liderança no cabo.
Fernando Gomes
A Federação de Futebol fez
um acordo com a CMTV
para a transmissão de 20
jogos da terceira divisão de
futebol. A Cofina, disse
Paulo Fernandes, tem especial “responsabilidade
na promoção e sustentabilidade do desporto”.
AMIGOS
João Borges de Oliveira
Foi há 30 anos que Borges
de Oliveira e Paulo Fernandes se tornaram sócios. Os
nós não se têm desatado e
estendem-se ao irmão Pedro Borges de Oliveira.
João e Paulo Fernandes
são co-CEO na Altri.
Domingos Matos
Outro elemento do
núcleo de accionistas
que garante a estabilidade
accionista na Cofina,
Altri e F. Ramada.
É cunhado
de Paulo Fernandes.
SEXTA-FEIRA
“ #
Vamos
continuar
a apostar
no digital
e na inovação.
A Cofina,
desde
a sua génese,
adoptou
a revolução
digital.
Foi bastante
difícil fazer
um acordo
[com a Nos],
uma vez
que ambas
as partes
tinham rácios
diferentes.
Temos
expectativa
de que o canal
vai continuar
a crescer
muito.
E foi difícil.
PAULO FERNANDES
Presidente da Cofina
O Negócios faz todos os anos, desde 2010,
o retrato do poder económico em Portugal.
Em 2016, será já a sétima edição.
A lista elaborada pelo Negócios obedece
a cinco critérios que são contabilizados
todos os anos.
CRITÉRIOS
São cinco os critérios usados para ir do menos
para o mais poderoso.
O “poder da fortuna” avalia a riqueza levando
em conta também as dívidas.
“O poder financeiro e empresarial” olha para a
força que tem nas empresas como accionista
ou como gestor.
“A influência política” mede o poder de
construir ou destruir negócios ou influenciar
políticas.
“A influência mediática” que olha para o poder
de condicionar a agenda mediática. Finalmente
o quinto critério, “perenidade” pondera a
estabilidade desse poder, se é conjuntural ou
não.
Para cada um dos critérios é atribuída uma
classificação de 1 a 5, apurando-se pela sua
soma ponderada o lugar no “ranking”.
CALENDÁRIO
Nas últimas semanas, o Negócios tem estado
a revelar a lista dos Poderosos 2016,
por ordem decrescente.
A contagem começou a 22 de Julho.
E vai revelando até ao “top 10” os nomes
dos poderosos da lista do Negócios.
Serão conhecidos dois poderosos por dia.
Quando chegarmos ao “top 10”,
os poderosos serão conhecidos um a um
até chegarmos ao mais poderoso que será
divulgado no início de Setembro.
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12 AGO 2016
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PRIMEIRA LINHA
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7
O ELEVADOR DO PODER
Há quem já tenha sido poderoso, pormais do que uma vez, mas a subida de outros poderes ditou a sua saída da lista. Fica, no entanto,
no elevador, com a possibilidade de voltar a entrar. Há outras promessas. Há também quem pareça ter poder, mas tem estado a perdê-lo nos últimos anos.
PRÓXIMO PODEROSO
ÂNGELO RAMALHO
Um desconhecido que está na galeria das promessas. É o novo presidente da
Efacec, escolhido pela própria empresária angolana Isabel dos Santos. Tem
nas mãos o poder de gerir uma empresa que é das mais internacionalizadas
de Portugal e com novos accionistas. Já garantiu que as exportações da empresa vão aproximar-se dos 100% e sem mais despedimentos.
EX-PODEROSO
MIGUEL ALMEIDA
O presidente executivo da Nos esteve, durante dois anos, presente na lista
dos Mais Poderosos do Negócios. Este ano saiu, porentradade novos poderes. Apesar de tal acontecer no ano em que fez um acordo milionário para
a transmissão dos direitos televisivos do Benfica e do Sporting. Mas falta-lhe, ainda, o poder da liderança global no sector das telecomunicações.
FALSO PODEROSO
JOAQUIM OLIVEIRA
Voltaaestarcomofalsopoderoso,pelofactodejátersidoum dosempresários mais poderosos de Portugal, porconta do futebol. Só que nos últimos tempos também o seu poder neste desporto caiu, muito por via da
novadistribuição de forçasnosdireitostelevisivos, que levou àperdapor
parte da Olivedesportos de alguns importantes contratos para o futuro.
“
8 SEXTA-FEIRA 12 AGO 2016
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#OS MAIS PODEROSOS 2016
PORQUE DESCE
Em Portugal, a desblindagem de estatutos do BPI proporcionada por
uma lei “à medida” feita por este Governo é um sinal da sua perda de
influência. A empresária é também apanhada pelo radar da desconfiança com que o BCE olha a presença de capital angolano nos bancos
portugueses. Em contrapartida, em Angola, o seu poder cresceu vertiginosamente com a nomeação para presidente do conselho de administração da Sonangol. Uma posição que pode ter impacto em Portugal, porque a petrolífera angolana é a maior accionista do BCP.
#19
Isabel
dos Santos
No dia em que a selecção portuguesa ganhou o título de campeã europeia, Isabel dos Santos publicou na sua
conta do Instagram um pormenor da taça com a inscrição Portugal acompanhada da legenda “Campeões...
Champions”. Este público contentamento com o feito futebolístico, contrasta com os dissabores que está a
experimentar no BPI, para os quais este Governo contribuiu com uma lei à medida. O ano, para já, fica marcado
pela sua nomeação para liderar a Sonangol, circunstância que abre a porta a especulações sobre o seu futuro.
TABELA DE CRITÉRIOS
Poder da fortuna
Rede empresarial
Influência política
Influência mediática
Perenidade
BILHETE DE IDENTIDADE
Cargo: Presidente do conselho de administração da Sonangol
e accionista da Nos, BPI, BIC e Efacec G Naturalidade: Nasceu
a 20 de Abril de 1973 em Baku, capital do Azerbaijão G Formação:
Licenciatura em Engenharia no King’s College, de Londres.
G
CELSO FILIPE [email protected]
RAUL VAZ [email protected]
I
sabel dos Santos atravessa um
ano contraditório. Ganhou poderemAngolae estáaperdê-lo
emPortugal.Umsinaldenovos
tempos ou uma circunstância
conjuntural?Apergunta,parajá,fica
sem resposta.
Em Junho deste ano, o PresidentedeAngolasurpreendeuaonomear
a filha, Isabel dos Santos, para presidente do conselho de administração
daSonangol. Várias fontes contactadaspeloNegóciosconvergemnamesmaanálise,adequeIsabeldosSantos
é a única pessoa em quem José
EduardodosSantos“confia”parameter ordem na petrolífera angolana,
onde são abundantes os casos de má
utilização do dinheiro público.
Comaquedadopreçodapetróleo,
o “esbanjamento” das receitas daSonangol tornou-se um fardo pesado
paraascontaspúblicasangolanasedaí
a urgência de José Eduardo dos Santosemcolocarumtravão.Nãoporacaso,nasuatomadadepossecomopre-
sidente da petrolífera, a 6 de Junho,
IsabeldosSantosprometeu“aumentararentabilidade,aeficáciaeatransparência” da empresa. Desde então
têm subido de tom as críticas de quadros angolanos daSonangol, os quais
se queixam da petrolífera estar a ser
invadidaporquadrosestrangeirosda
confiançadeIsabeldosSantos.Neste
particular, os portugueses são o alvo
prioritário das críticas.
Com as atenções focadas em Angola, Isabel dos Santos tem tido revezes em Portugal. O mais significativo aconteceu na disputa que mantém com o CaixaBankno BPI. Os catalães vão conseguir desblindar os
estatutos do banco e imporacriação
de uma“holding” paraconcentraros
activos africanos, sendo o mais importante de todos o Banco de Fomento Angola(BFA). Neste episódio
é relevante o facto do Governo de
António Costa ter criado uma lei à
medida do CaixaBank, desconsiderando os argumentos de Isabel dos
Santos e a sua influência política e
empresarial.
Esta separação de activos terá
obrigatoriamente de ser autorizada
peloBancoNacionaldeAngola,onde
os argumentos da empresária poderão encontrar o eco que não teve em
Portugal,mas,atélá,estáemdesvantagem.
Outro caso que gerou desconforto para Isabel dos Santos, foi o do
Banco de Portugal não ter dado idoneidade a dois dos nomes propostos
para a administração do BIC, Jaime
Pereirae Fernando Teles, sendo que
este é também accionista do banco.
Este chumbo fez com que o BIC tivesse de entregar uma nova lista ao
regulador, indicando como futuro
presidente executivo do banco o exministro das Finanças do PS, Teixeira dos Santos.
O Banco Central Europeu olha
comdesconfiançaparaapresençade
capital angolano nos bancos portugueses , querque se mitigue os riscos
Continua na página 10
SEXTA-FEIRA
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12 AGO 2016
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PRIMEIRA LINHA
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9
Paulo Duarte
10 SEXTA-FEIRA 12 AGO 2016
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Reuters
#OS MAIS PODEROSOS 2016
#19
Isabel
dos Santos
Continuação da página 8
desta exposição e Isabel dos Santos temsido apanhadaporestavisão de Frankfurt.
Mas enquanto líderdaSonangol terá em mãos dossiês que poderãoinfluenciaraeconomiaportuguesa, casos das participações
no BCP e naGalp.
No meio destes contratempos,
Isabel dos Santos publicou a10 de
Junho,nasuacontanoInstagram,
umafotodataçadoCampeonatoda
Europa, com a inscrição do nome
dePortugaleumsingelocomentário “Campeões... Champions”.
A presença de Isabel dos SantosnoInstagraméotraçodemundanidadequecontrastacomoseu
perfil discreto. Filha primogénita
deJoséEduardodosSantos,fruto
do seu casamento com a cidadã
azeri, Tatiana Kukanova, é tida
comoumaempresáriacompetentequesesaberodeardosmelhores
quadrosefaznegóciosnumaperspectivade longo prazo.
Em Março de 2013, numa entrevistaaoFinancialTimes,Isabel
dos Santos procurava distanciarse da sombra do pai: “faço negócios, não faço política”. Três anos
volvidos,IsabeldosSantosdeverá
entrarnocomitécentraldoMPLA
e há quem julgue que a colocação
na Sonangol poderá ser um estágio para substituir o pai na Presidênciado país.
Uma visão que está longe de
serunânime.SegundofontescontactadaspeloNegóciosopedidodo
paierairrecusávelepoderáatétraduzir-se num reforço da sua actividade empresarial em Angola,
mas a matéria bolchevista do
MPLA não casa bem com sucessões dinásticas como seriaesta. I
INIMIGOS
Ana Gomes
A eurodeputada tem
questionado de forma
veemente as fontes de
financiamento de Isabel
dos Santos. Pediu,
por exemplo, que
Bruxelas, investigasse
a compra da Efacec.
Rafael Marques
O activista e jornalista
angolano é um crítico
feroz de Isabel dos Santos
e do seu marido Sindika
Dokolo. Defende que a sua
ida para a Sonangol
é um trampolim para
ser Presidente.
William Tonet
O director do Folha 8
e membro do partido
CASA-CE diz que Isabel
dos Santos foi nomeada
para a Sonangol para
“apagar” os crimes de
corrupção com os quais
o seu pai foi conivente.
George Soros
O milionário
é financiador da Open
Society, uma organização
muito crítica do regime
angolano. Compete
com Isabel dos Santos
em África na área
das telecomunicações.
Artur Santos Silva
O presidente do conselho
de administração do BPI
tem sido um dos
promotores da eliminação
da desblindagem
de estatutos do BPI e
da redução do poder de
Isabel dos Santos no BPI.
David Mendes
O advogado angolano,
que pertence
à associação cívica
Mãos Livres, impugnou
em tribunal a nomeação
de Isabel dos Santos
como presidente
da Sonangol.
Isidro Fainé
O líder do CaixaBank tem
usado as dúvidas do BCE
sobre o dinheiro angolano
e a lei da desblindagem
feita pelo Governo português para vergar Isabel
dos Santos. O entendimento parece impossível.
Fawaz Gruosi
É o rosto da De Grisogono,
uma empresa
de alta joalharia, que foi
adquirida por Isabel
dos Santos, uma das suas
portas de entrada
na alta roda da
sociedade europeia.
Teixeira dos Santos
O ex-ministro das
Finanças aceitou
ser presidente executivo
do BIC, um importante
trunfo para Isabel
dos Santos, dado o seu
prestígio e reputação.
Rui Moreira
O presidente da Câmara
do Porto criou condições
para receber a Fundação
Sindika Dokolo na sua
cidade. Com esta atitude,
aproximou-se de Sindika
Dokolo e também de
Isabel dos Santos.
Hélder Vieira Dias
O general Kopelipa, desde
há muito um dos homens
em quem José Eduardo
dos Santos mais confia,
mantém também
por isso uma relação
de proximidade com
a filha do Presidente.
Miguel Osório
Isabel dos Santos
“roubou” o quadro
da Sonae para lançar
os hipermercados em
Angola. Conta com ele
para transformar esta
entrada na distribuição
num sucesso empresarial.
Sindika Dokolo
O marido de Isabel
dos Santos diz que a
empresária “devia ser
tratada com menos
preconceito”. Ela
é “a personificação
daquilo que será África no
futuro”, diz ele.
Desidério Costa
Isabel dos Santos
tem uma amizade antiga
com o ex-ministro
do Petróleo. É um amigo
da família e foi padrinho
do seu casamento com
Sindika Dokolo.
Catarina Serrão
Líder de produção da Zap,
uma empresa de Isabel
dos Santos. Em Abril
deste ano, num dia
considerado decisivo para
o BPI, Isabel publicou
no Instagram uma foto
com a amiga Catarina.
ALIADOS
Jorge Brito Pereira
O advogado é presidente
do conselho
de administração
da Nos e da assembleia-geral da Santoro. Todos
os negócios de Isabel
dos Santos passam
pelas suas mãos.
Paulo Azevedo
Romperam a aliança
que tinham para
os hipermercados
em Angola
mas mantêm-se parceiros
na Nos. Até agora,
os sinais têm sido
de normalidade.
AMIGOS
Fernando Teles
É parceiro
de Isabel dos Santos
no Banco BIC Português
e Angola. Têm mantido
uma relação
de confiança duradoura.
Mário Leite da Silva
O gestor que Isabel
dos Santos “roubou”
a Américo Amorim
acompanha Isabel
dos Santos praticamente
desde o início dos seus
negócios. Incluindo as
mudanças na Sonangol.
SEXTA-FEIRA
“
[O Governo
tomou]
uma medida
declaradamente
parcial com a
aprovação de
um decreto-lei
– identificado
como
o ‘diploma do
BPI’ – que
favorece uma
das partes.
ISABEL DOS SANTOS
Comunicado da Santoro,
a16 de Abril de 2016
Temos que nos
comprometer
com uma
cultura de
fazer mais com
menos e de nos
focarmos na
excelência e
em resultados.
Acredito que
esta cultura
de excelência
permitirá
enfrentar
com sucesso
os grandes
desafios que o
novo contexto
do sector
petrolífero
coloca
à Sonangol
e ao país.
“
ISABEL DOS SANTOS
A 2 de Junho de 2016,
depois de ter sido nomeada
presidente da Sonangol
CLASSIFICAÇÃO
2015
1.º
2.º Mário Draghi
2.º
3.º
4.º Alex. Soares dos Santos
5.º Pedro Queiroz Pereira
4.º
5.º
6.º Maria Luís Albuquerque
6.º
7.º José Eduardo dos Santos
7.º
8.º
8.º António Horta Osório
9.º Isabel dos Santos
10.º Patrick Drahi
9.º
10.º
11.º José Luís Arnaut
11.º
12.º António Vitorino
12.º
13º
13.º Carlos Alexandre
14.º Xi Jinping
15.º Américo Amorim
16.º Armando Pereira
14.º
15.º
16.º
17.º
18.º António Lobo Xavier
18.º
19.º Pinto Balsemão
19.º Isabel dos Santos
20.º Paulo Fernandes
21.º Luís Marques Mendes
DESCE 10 POSIÇÕES
MANTÉM
DESCE 2 POSIÇÕES
22.º Miguel Relvas
21.º Francisco Pinto Balsemão
22.º Artur Santos Silva
23.º Artur Santos Silva
23.º António Lobo Xavier
DESCE 5 POSIÇÕES
24.º Proença de Carvalho
24.º Daniel Proença de Carvalho
25.º José Eduardo dos Santos
25.º Carlos Costa
26.º Jorge Rosário Teixeira
27.º João Vieira de Almeida
28.º José Miguel Júdice
26.ºPaulo Portas
27.º Lu Chun
SOBE 1 POSIÇÃO
MANTÉM
DESCE 18 POSIÇÕES
DESCE 9 POSIÇÕES
NOVA ENTRADA
29.º Nuno Amado
28.º Diogo Lacerda Machado
29.º Carlos Costa
30.º Guo Guangchang
30.º Pedro Passos Coelho
31.º Manuel Vicente
31.º João Vieira de Almeida
32.º José Miguel Júdice
DESCE 4 POSIÇÕES
SOBE 14 POSIÇÕES
34.ºVasco de Mello
33.º Fernando Ulrich
34.º Nuno Amado
DESCE 5 POSIÇÕES
35.º António Costa
35.º Paulo Azevedo
SOBE 10 POSIÇÕES
36.º Carlos Silva
36.º Pedro Soares dos Santos
37.º António Vieira Monteiro
SOBE 10 POSIÇÕES
38.º Carlos Silva
39.º Catarina Martins
DESCE 2 POSIÇÕES
32.º António Mexia
33.º Cavaco Silva
37.º Álvaro Sobrinho
38.º Dionísio Pestana
39.º António Pires de Lima
40.º Humberto Pedrosa
NOVA ENTRADA
DESCE 4 POSIÇÕES
DESCE 27 POSIÇÕES
DESCE 4 POSIÇÕES
SOBE 7 POSIÇÕES
NOVA ENTRADA
40.º António Domingues
41.º Francisco Louçã
NOVA ENTRADA
41.º Sérgio Monteiro
42.º Belmiro de Azevedo
42.º Jerónimo de Sousa
NOVA ENTRADA
43.º Luís Filipe Vieira
43.º António Mota
44.º Vasco de Mello
44.º António Vieira Monteiro
45.º Paulo Azevedo
46.º Pedro Soares dos Santos
47.º Fernando Ulrich
48.º Isabel Vaz
45.º Dionísio Pestana
46.º Octávio Ribeiro
47.º
|
PRIMEIRA LINHA
|
11
VEJA
SEGUNDA-FEIRA
17.º Paulo Portas
20.º Paulo Fernandes
12 AGO 2016
#
CLASSIFICAÇÃO
2016
1.º Angela Merkel
3.º Pedro Passos Coelho
|
Jorge Mendes
49.º
António Melo Pires
48.º Ricardo Costa
49.º Luís Filipe Vieira
50.º
Miguel Almeida
50.º Joana Marques Vidal
REENTRADA
REENTRADA
DESCE 10 POSIÇÕES
DESCE 7 POSIÇÕES
NOVA ENTRADA
NOVA ENTRADA
NOVA ENTRADA
DESCE 6 POSIÇÕES
NOVA ENTRADA
A lista dos Poderosos
segue segunda-feira
com dois estrangeiros
que mexem
cordelinhos
em Portugal.
Um está mais
próximo, outro é de
um país mais
longínquo. Mas as suas
funções garantem
extensões a quase
todos os países, e em
particular a Portugal.
Um deles já não é
presença nova nesta
lista de poder. O outro
entra pela primeira
vez, mas os seus
interesses já estiveram
antes representados
noutras figuras.
A lista de Poderosos
fechou a semana com o
19.º e 20.º lugares e
agora inicia-se a
contagem decrescente
até aos 10 primeiros.
12 SEXTA-FEIRA 12 AGO 2016
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PRIMEIRA LINHA
FERNANDO SOBRAL
Grande repórter
MARCELO REBELO DE SOUSA
PORTA-AVIÕES
TELMA MONTEIRO
FRAGATA
Vindo do Brasil, o Presidente da República viajou para o Funchal. Ao
contrário daministradaAdministração Interna, desaparecidadurante
todo este tempo, mostrou o que é a acção política nos momentos das
grandescatástrofes.Evidenciouqueaclassepolíticatemdeestarnoterreno quando é necessário e não napacatez dos gabinetes com ar condicionado.Foiumexemplo,pedindomedidasrápidasparaofuturo.Espera-se que o Governo o oiça. I
AjudocaportuguesaganhouumamedalhanosJogosOlímpicos.Éexemplar. Mas mais do que amedalha, TelmaMonteiro representaaforçade
vontade e o querer de quem vem das periferias e consegue justamente,
devidoaoseuesforço,umlugarnotronodoreconhecimento.Contratodos os ventos que poderiam soprar a seu desfavor, ela tornou-se num
símbolododesportoportuguês(quenãoseesgotanofutebol).Mereceu
estamedalha. I
LINHA DE ÁGUA
DONALD TRUMP
SUBMARINO
O candidato republicano às eleições americanas começa a ser um
“idiotaútil”. Não é poracaso que os neocons de George W. Bushestão à volta de Hillary Clinton. Cada declaração sua é mais um tiro
nos pés. Quando quase insinuaque o lóbi das armas resolvao “problema Hillary” ou quando diz que Obama é “o criador do Daesh”,
Trump está a ultrapassar todas as lógicas do combate político. Os
verdadeiros republicanos tremem com isto. I
A política do fogo
P
ortugalpassa,comumagrandefacilidade, de umextremo ao outro. Falamuito
e,depois,comamesmafacilidade,esquece.Aconteceissotodososanosdepoisde
grandes fogos. Quando achuvacomeça
acair,jáninguémselembradoqueficou
calcinado.Mas,depoisdoqueaconteceu
este ano, parece não haver alternativa:
ou se deixaqueimar tudo o resto ou tomam-sedecisõescorajosasefirmes.Este
Governo tem nas mãos a possibilidade
de ficar nahistóriadatriste sinados fo-
Patrick T. Fallon/Reuters
gos.Legislandoeimpondoregras.Emdiferentes áreas que têm que ver com a
questão dos fogos: no ordenamento do
território, na delimitação do interesse
ecológico e do económico, naacção fiscalizadorae punitiva(até paraque suspeitosdefogossejamcolocados,pelojuiz
deserviço,comtermodeidentidadeeresidência,noconfortodolarparaveratelevisão cheiado vermelho das chamas).
Há um problema de raiz, que não é de
agora e para o qual Gonçalo Ribeiros
Telles jáalertavahádécadas. Em 2004,
afirmou:“Asegurançaémaiornumapaisagem polivalente, do que numa paisagem só com umavalência. Umapolivalência é uma paisagem que tem vinho,
seara, rega, pomares...” Como sempre,
em Portugal ninguém o escutou. Basta
pensarmos nalegislação que Assunção
Cristas (hoje líder do CDS) aprovou (o
célebreDecreto-lein.º96/2013de19de
Julho), e que alimentava o avanço de
umaverdadeira“campanhado eucalipto”emterrasportuguesas.Umdesastre,
igualaosanteriorespropiciadospeloPS
(extinção do Corpo de Guardas Flores-
tais)epeloPSD/CDS(extinçãodosServiçosFlorestais).Porqueseháquemanter um sector forte naeconomianacional,háquesaberdosearissocomomapa
florestal que garante a diversidade. Estas políticas, aliadas a outros factores
(como aapostaem espécies autóctones
deflorestaçãoquesãomenoscombustíveisdoqueopinheiroouoeucalipto,que
crescem muito mais rápido, mas são
mais combustíveis, adinamização agrícolaepecuáriadointerior,asensibilidade e obrigatoriedade de limpeza, avigilância, a fiscalização e a repressão) são
fulcrais.Etêmdeserrápidasaconcretizar, paraque o que restadanossadiversidade florestalnão desapareça.
Ésobretudoumaquestãocultural.E
não apenas económica, como tem sido
vistaporgovernantesemesmouniversidades. Aidentidade do país existe salvaguardando adiversidade, mas sabendo,
também,equilibrarasnecessidadeseconómicas de sobrevivênciade quem vive
no interior com interesses económicos
maisabrangentes.Masissoéapolíticado
bomsenso.ParaquePortugalnãoconti-
nue a ter mais fogos do que Espanha e
Françajuntas. O que é um escândalo. E
um crime. Como dizia uma das vozes
mais interessantes nestaárea, Eugénio
Sequeira(daLPN), um carvalho tem de
crescer80anosparaquedêrendimento
e essatem sido arazão porque Portugal
deixou de apostar na floresta, mas sim
matasprodutivas.Háquesaberconciliar
estes interesses aparentemente divergentes.Lembre-seumcaso:em1978tentouiniciar-seaeucaliptizaçãodaserrada
Malcata, que foi travadae bem. O lince
ibérico,renascido,agradece.Apreservação daculturaecológicade Portugal necessitadeumsaltoqualitativo.Eesteéo
momento.Porqueatragédianãovemde
agora.BastaleroqueescreviaopoetaSebastiãodaGamanosanos40sobreocortedevegetaçãonaArrábidaparacriarcarvão ou, mais tarde, Aquilino Ribeiro, no
conhecido “Quando os Lobos Uivam”,
que falava da plantação massiva de pinheirosparaaindústriaemterrenosbaldios.Jánessetemposecomeçavaaincendiaraidentidade cultural de umpovo. É
alturadedizer:“Basta!” I
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14 SEXTA-FEIRA 12 AGO 2016
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ECONOMIA
MERCADORIAS
Combustíveis
escondem
degradação da
contas externas
Um olhar rápido para a balança externa indicia
que as contas com o exterior estão estabilizadas.
Porém, a realidade pode ser bem diferente.
RUI PERES JORGE
[email protected]
evoluçãodascontas externas de
mercadorias no
primeiro semestretevenaestabilizaçãododéficecomercialasua
única boa notícia. Este é no entanto um desenvolvimento que
resultaem boaparte de um único tipodebens:oscombustíveis
elubrificantes,cujospreçosafundaramnos últimos anos.
Estasemana,oInstitutoNacional de Estatística (INE) deu
contade umaquedade 1,8% nas
exportações nacionais nos primeiros seis meses de 2016 e de
um recuo das importações de
1,4%,chamandoaatençãoparaa
importância do preço dos combustíveis: “Asexportaçõeseimportaçõesexcluindooscombustíveiselubrificantestêmregistado crescimentos superiores aos
da totalidade das exportações e
importações”, lê-se na nota do
instituto,queexplica:“Estediferencial de evolução reflecte em
largamedidaoimpactodareduçãodospreçosrelativosdoscombustíveis e lubrificantes”.
A
Excluindoestesbens,obtémseumaumentodasexportações
de 0,8% no semestre, e uma subida de 4,3% das importações,
dosquaisresultaumaconclusão
inquietante:semcombustíveise
lubrificantes, as importações
cresceram aum ritmo cinco vezes superiorao das exportações,
o que prejudica o equilíbrio das
contasexternas.Noanopassado
o efeito também se fez sentir: as
importações só cresceram menosqueasexportaçõesdevidoao
petróleo e afins.
Istosignificaqueaestabilizaçãododéficenabalançademercadoriasnos5milmilhõesdeeurosnoprimeirosemestredoano
traçaumretratodadinâmicaexternaqueescondeumaevolução
indesejada: sem combustíveis e
lubrificantes, o défice mais que
duplicouentre2014e2016,de1,8
milmilhõesdeeurospara3,7mil
milhões de euros.
Défice nos combustíveis
em mínimos
Aquedaabruptadopreçodo
petróleo nos últimos dois anos
(demaisde100dólaresemmeados de 2014 para menos de 50
dólares), e a maior capacidade
exportadora da refinaria de Sines ditaram um défice comercialnoslubrificantesecombustíveis de 1,3 mil milhões de eu-
ros. O valor representa uma
poupança face ao exterior de
doismilmilhõesdeeurosemrelação ao primeiro semestre de
2014, e é um mínimo no século.
Ter aestabilização do défice
externo de mercadorias refém
desta evolução gera apreensão,
dada a importância de manter
equilibradaascontasexternas,e
o facto da evolução do preço do
petróleo e combustíveis depender em largaescaladade desenvolvimentos geopolíticos e tecnológicos difíceis de prever.
Umainversão ou estabilizaçãonopreçodopetróleocolocariapressãosobreascontasexternasetornariaaindamaisimportante umaumento dapoupança
nacional e da competitividade
das exportações.
Um agravamento do défice
dabalançadecombustíveisnão
ditaria necessariamente um
agravamentodamesmadimensão da balança total: é que empresasefamíliasoptaramoutras
importações exactamente porque beneficiaram da margem
oferecidapelospreçosdoscombustíveis. Semela,teriamgasto
maisemcombustíveis,emenos
noutros bens importados. Ainda assim, estes são dados preocupantes para uma das economiasmaisendividadasdomundo. I
Portugal importa petróleo mas exporta combustíveis, sobretudo por intermédio das refin
Exportações caem pela
primeira vez desde 2009
Nos primeiros seis meses do ano as exportações nacionais caíram 1,8%
em termos homólogos, o que é o primeiro recuo desde 2009 – o ano da
crise internacional em que o comércio mundial congelou. É um resultado particularmente mau, tendo em conta que se trata de evoluções
nominais, isto é, que consideram o efeitos dos preços que, em tempos
normais, tendem a subir de forma generalizada entre anos. É por isso
que nos 24 anos para os quais o INE disponibiliza dados, uma contracção das exportações em termos nominais aconteceu apenas em dois
outros anos, em 2002 (-0,3%) e em 2009 (-25,3%). A evolução de 2016
é condicionada por preços, em particular o do petróleo – sem combustíveis e lubrificantes as vendas ao exterior aumentaram 0,8% – mas é
ainda mais o resultado da forte contracção das vendas para fora da UE
(-16%), lideradas por recuos para Angola (-44,5%), China (-36,4%), Argélia (-15,8%), Brasil (-22,1%) e, em menor dimensão para os EUA (6,7%). As exportações para dentro da UE cresceram 3,5%, puxadas por
Espanha (3,3%), França (6,8%) e Reino Unido (9,2%).
SEXTA-FEIRA
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12 AGO 2016
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ECONOMIA
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15
Bruno Simão
Crescimento do PIB
no segundo trimestre
é conhecido hoje
O INE divulga esta sexta-feira a sua primeira
estimativa para o crescimento da economia
entre Abril e Junho. Analistas esperam subida
de 0,5% face ao primeiro trimestre.
arias da Galp.
DÉFICE EXTERNO DE MERCADORIAS ESTÁVEL
NOS ÚLTIMOS ANOS. SEM COMBUSTÍVEIS SUBIU
MÍNIMO NO DÉFICE
DE COMBUSTÍVEIS
Milhões de euros para os primeiros semestres
Milhões de euros nos primeiros semestres
Nos dois últimos anos, o défice externo de mercadorias no primeiro semestre
permaneceu estável na casa dos cinco mil milhões de euros. A evolução está
influenciada pelos combustíveis e lubrificantes. Sem eles, e considerando todos os restantes bens que Portugal compra e vende ao exterior, o défice externo de bens agravou-se em 1,9 mil milhões de euros entre 2014 e 2016.
Com a ajuda da queda do preço do petróleo, o défice externo no primeiro
semestre de combustiveis e lubrificantes afundou quase dois mil milhões de euros entre 2014 e 2016.
Fonte: INE, Negócios
Fonte: INE, Negócios
Aeconomiaportuguesadeverá
tercrescido,nosegundotrimestre, 0,5% em cadeia e 1,1% em
termos homólogos, segundo os
analistas do Montepio, BPI e
ISEG,consultadospelaagência
Lusa. Estas três entidades têm
expectativas muito próximas
emrelaçãoàevoluçãodoPIB,ao
contráriodoNúcleodeConjunturadaEconomiaPortuguesa
(NECEP), daUniversidade Católica, que antecipaum crescimento económico muito inferior,de0,1%emcadeiaede0,7%
emtermoshomólogos.
O Instituto Nacionalde Estatística(INE)divulgahojeasua
primeiraestimativasobreaevolução do PIB entre Abril e Junho. Nos primeiros três meses
do ano, último período para o
qualexistemdados,aeconomia
abrandou, crescendo apenas
0,1% em cadeiae 0,8% em termoshomólogos.
No segundo trimestre, segundoasestimativasdamaioria
dos centros de estudos económicos e analistas ouvidos pela
Lusa,aeconomiateráaumentadooritmodecrescimento.Para
o Montepio e BPI, o PIB terá
crescido0,5%faceaotrimestre
anterior e 1,1% face ao período
homólogo.JáoISEG,quetema
previsãomaisoptimista,espera
um crescimento em cadeia de
0,6%ehomólogode1,2%.
Os analistas do Montepio
acreditam que o crescimento
serátransversalàsváriascomponentes, suportado tanto pela
“procurainterna,comopelasexportações líquidas”, como economista-chefedobanco,RuiBernardesSerra,aesperarumacorrecção emalgumas componentesfaceaotrimestreanterior.
O analistaesperaumamelhorianas exportações, que foram penalizadas pelos merca-
dosdeAngolaedaChina,como
pelas greves dos trabalhadores
darefinariade Sines realizadas
aolongodotrimestre,“cujoefeito negativo provocado deverá
tersidorevertidonodecursodo
segundotrimestre”.
Jáparao NECEP, que tem
uma previsão que destoa das
restantes,“aeconomiaestápraticamenteestagnadadesdeosegundo semestre de 2015”. “Os
riscosparaaeconomiasãoagorapredominantementedescendentes,destacando-seumafortepreocupaçãocomaevolução
do investimento, que voltou a
recuarnoiníciodoano,sugerindo que o processo de recuperaçãodaeconomiaportuguesasofreuumainterrupção”,afirma.
OGovernoestimaumcrescimentoeconómicode1,8%. I
NEGÓCIOS/COM LUSA
1,8%
GOVERNO
Esta é a previsão
de crescimento
do Governo para
o conjunto deste ano.
Poucos acreditam
nela.
1,1%
ANALISTAS
Os analistas do BPI,
Montepio e ISEG
prevêem que a
economia tenha
crescido 1,1% no
segundo trimestre.
16 SEXTA-FEIRA 12 AGO 2016
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ECONOMIA
INCÊNDIOS
Governo cria grupo de trabalho
para reformar a floresta
Seis mil
homens
combatiam
150 fogos
O Governo decidiu criar um grupo de trabalho para reformar a floresta. Vai
ser composto por elementos de sete ministérios diferentes e as decisões só
deverão ser tomadas depois de 30 de Setembro.
Ao final datarde destaquinta-feirahavia150incêndiosactivos em Portugal continental,
combatidos por perto de seis
milhomense52meiosaéreos,
informou o comandante nacional daProtecção Civil.
“Neste momento, estão
5.975 operacionais empenhadosnoscombateaosincêndios
florestais em Portugal”, afirmou José Manuel Moura, em
declarações aos jornalistas no
comando operacional da Protecção Civil, em Carnaxide,
concelho de Oeiras.
JoséManuelMouraadiantavaquenocombateàschamas
também estavam envolvidos
52 meios aéreos, dos quais 47
portugueses,aquesejuntaram
um avião Canadair italiano,
dois marroquinos e dois espanhóis.
Dos mais de 150 incêndios
activos, o comandante nacional referiu que 15 mereciam
um“empenhamentoespecial”,
sendo o distrito de Aveiro
aquelequeseapresentavacom
“uma maior actividade e empenho operacional”, em especial nos concelhos de Águeda,
Arouca,Albergaria,Castelode
PaivaeAnadia.“Sãocincoteatrosdeoperaçõescomumempenhamentooperacionalmuito significativo”, disse, sublinhando que em alguns locais
os meios aéreos sentiam dificuldades em operar devido ao
fumo dos próprios incêndios.
“Mesmo agorative de tirar
um[meio aéreo] do distrito de
Aveiro, onde está a fazer muitafalta,masquenestemomentonãopodeoperaraí”,referiu.
JoséManuelMouradestacou ainda os fogos que estão a
ocorrer no distrito de Braga,
nomeadamente em Vieira do
Minho e VilaNovade Famalicão, e no distrito do Porto, no
concelho de Paredes, bem
como no distrito de Viana do
Castelo, em Vila Nova de Cerveira, Arcos e Caminha. I LUSA
Mariline Alves/Correio da Manhã
“
Muitos destes fogos
são postos. Nascem às
três e quatro da
manhã e garanto-vos
que não é por obra do
acaso. [Agravar penas
para incendiários] é
uma questão que
seriamente tem que
ser decidida.
“
CONSTANÇA URBANO DE SOUSA
Ministra da Administração Interna
Depois dos inúmeros incêndios que têm deflagrado pelo país, o Governo quer avançar com medidas de fundo na área da floresta.
BRUNO SIMÕES
[email protected]
N
uma semana em que o
país tem estado em
guerra com o fogo, o
Conselho de Ministros decidiu
ontem criar um grupo de trabalho interministerial que vai preparar“umconjunto de medidas”
parareformarasflorestas.Asmedidas serão “discutidas e aprovadas” num “futuro Conselho de
Ministros dedicado às florestas”
quesósevaireunir“apósofimdo
período crítico” dos incêndios. O
que significa que as medidas só
serão aprovadas depois de 30 de
Setembro.
Deacordocomumcomunicado enviado à imprensa pelo Ministério daPresidência, este grupodetrabalhoserácompostopor
elementosdeseteministérios:Finanças, Defesa Nacional, Administração Interna, Justiça, Economia, Ambiente e Agricultura,
FlorestaseDesenvolvimentoRural.
Entre as medidas a adoptar
estão a aceleração da “conclusão
doregistocadastraldapropriedaderústica”,oreforçodo“ordenamento florestal”, a dinamização
das“zonasdeintervençãoflores-
O grupo de
trabalho será
composto por
sete ministérios,
revelou ontem
o Governo.
tal(ZIF’s)eoutrosmodelosdeexploração florestal”, bem como a
avaliação de “regimes de intervenção em património rústico
privado abandonado ou sem
dono”.
O Governo pretende ainda
“rever e aperfeiçoar o modelo de
sapadoresflorestais”eincentivar
“o uso de biomassa florestal, em
especial, aquela proveniente de
resíduosresultantesdelimpezas,
desbastes e desmatações”. De
acordocomocomunicadoenviado pelo Ministério da Presidência, todas estas medidas fazem
parte do Programado Governo.
Prevenção resolvida
“de uma vez por todas”
AministradaAdministração
Interna, Constança Urbano de
Sousa, afirmou em Arouca que
estegrupodetrabalhovai“tratar,
de umavez portodas, daprevenção estrutural e de fazer a reforma da nossa floresta”. Em decla-
raçõescitadaspelaLusa,aministra disse ainda que a prioridade
“actual é combater estes incêndios e depois pensarmos a sério
nareformadanossafloresta”.
A ministra assinalou que
“muitos destes fogos são postos”
e reconheceu que é preciso pensar “seriamente” em agravar as
penas paraincendiários.
O comunicado do Governo
assinalaaindaque,duranteareunião do Conselho de Ministros, a
secretáriadeEstadoAdjuntaeda
Administração Interna, Isabel
Oneto, fez o “ponto de situação”
dasoperaçõesdecombateaosincêndios em Portugal. Foi ainda
“garantida a continuação da disponibilização de todos os meios
de combate necessários a uma
reacção imediata e eficaz” e foi
“louvado o empenho, dedicação
e eficiência de todos os que actuam no terreno e a solidariedade e espírito de entre-ajuda das
populações afectadas”. I
SEXTA
12.08.16
Mo rre ra m c e rc a de
90 p o rtu g u e s e s . . .
. . . Un s fo ra m m o rto s
p e lo s ja p o n e s e s ,
o u tro s fo ra m v ítim a s
da fo m e e do e n ç a .
SOS Timor
CALENDÁRIO
OLÍMPICO
02
03
Sexta-feira | 12 de Agosto de 2016 | Negócios
12.08.16
12/08/16
11:30
11:30
23:30
15:10
17:00
17:00
17:00
17:00
17:00
18:03
18:30
18:30
19:42
00:30
02:20
02:40
“Sim, os portugueses de Liquiçá
passaram então meses sustentados
apenas, praticamente, pela sua ração
de arroz: duzentos gramas de arroz
infecto, cozido em água e sal, por dia e
por cabeça! Mariazinha descalçava as
suas socas de madeira, artesanais,
mais tarde feitas com a borracha dos
pneus velhos, subia às árvores para
recolher os rebentos. Comiam-se
pontas de abóbora, folhas de papaeira,
ervas que brotavam do campo quando
adregava chover e certa folha, a ‘couve
maluco’, um vegetal tóxico que fazia
adormecer…” Este é um excerto do
livro “O Último dos Colonos”, de João
Afonso dos Santos, irmão de Zeca
Afonso e de Maria Cerqueira Afonso
dos Santos. Mariazinha tinha sete
anos quando, em 1939, partiu com os
pais para a então colónia portuguesa.
E lá são apanhados pela invasão
japonesa e colocados num campo de
concentração. Eles e outros
portugueses, que viveram um período
negro da História que a
“neutralidade” portuguesa quase
apagou, como retrata Filipa Lino, no
artigo SOS Timor. A partir das
memórias de Maria e João Afonso dos
Santos, parte desse drama vai ser
contado no documentário “Rosas de
Ermera”, que está a ser realizado por
Luís Filipe Rocha.
Aceitará ele a derrota? “Donald
Trump parece estar a desafiar as
convenções históricas, com um
discurso que está a deixar muitos
americanos preocupados com o que
acontecerá na noite de 8 de
Novembro se os republicanos
perderem”, escreve o jornalista Nuno
Aguiar. “Trump não pisa a linha da
discussão política. Ele compra o
terreno da linha, subcontrata uma
empresa para a implodir, constrói um
casino gigante de vidros espelhados e
acabamentos em ouro, chama-lhe
Trump Line e passa a vender linhas
com a cara dele pintada.”
LÚCIA CRESPO, editora
Golfe - Masc.
Golfe - Masc.
Badminton - Individual Fem.
Atletismo - 10.000m Fem.
Vela - Laser
Vela - RS:X Masculino
Vela - 49er
Vela - 49er
Vela - Laser Radial
Ginástica - Trampolim Individual Fem.
Atletismo - 20km Marcha Masc.
Atletismo - 20km Marcha Masc.
Ginástica - Trampolim Individual Fem.
Atletismo - 1.500m Fem.
Natação - 800m Livres Fem.
Atletismo - 100m Fem.
16/08/16
Dia 2
Dia 2
Fase de Grupos - E
Final
Dia 4
Dia 4
Dia 1
Dia 1
Dia 4
Eliminatórias
Final
Final
Final
Eliminatórias
Final
Eliminatórias
Filipe Lima
Ricardo Melo Gouveia
Telma Santos
Salomé Rocha
Gustavo Lima
João Rodrigues
Jorge Lima
José Costa
Sara Carmo
Ana Rente
João Vieira
Sérgio Vieira
Ana Rente
Marta Pen
Tamila Holub
Lorene Bazolo
13/08/16
11:30
11:30
13:40
13:40
15:00
17:00
17:00
17:00
17:00
18:03
19:00
15:20
19:42
01:00
02:35
Golfe - Masculino
Golfe - Masculino
Atletismo - Triplo Salto Feminino
Atletismo - Triplo Salto Feminino
Atletismo - 400m Femininos
Vela - Laser
Vela - 49er
Vela - 49er
Vela - Laser Radial
Ginástica - Trampolim Individual Masc.
Ténis de Mesa - Equipas Masculinas
Badminton - Individual Masculino
Ginástica - Trampolim Individual Masc.
Atletismo - 100m Femininos
Atletismo - 100m Femininos
Golfe - Masculino
Golfe - Masculino
Ténis de Mesa - Equipas Masculinas
Equestre - Salto de Obstáculos
Badminton - Individual Feminina
Vela - RS:X Masculino
Ténis de Mesa - Equipas Masculinas
Badminton - Individual Masculino
Atletismo - Maratona Feminina
Atletismo - Maratona Feminina
Atletismo - Maratona Feminina
Atletismo - 400m Femininos
Atletismo - Triplo Salto Feminino
Atletismo - Triplo Salto Feminino
Atletismo - 1.500m Femininos
Dia 3
Dia 3
Qualificação
Qualificação
Eliminatórias
Dia 5
Dia 2
Dia 2
Dia 5
Eliminatórias
Primeira Ronda
Fase de Grupos - M
Final
Meia-Final
Final
Filipe Lima
Ricardo Melo
Gouveia
Patrícia Mamona
Susana Costa
Cátia Azevedo
Gustavo Lima
Jorge Lima
José Costa
Sara Carmo
Diogo Abreu
Equipa Nacional
Pedro Martins
Diogo Abreu
Lorene Bazolo
Dia 4 (último dia)
Dia 4 (último dia)
Quartos-de-Final
1ª Ronda Qualifi.
Fase de Grupos - E
Medal Race
Quartos-de-Final
Fase de Grupos - M
Final
Final
Final
Meia-Final
Final
Final
Meias-Finais
Filipe Lima
Ricardo Melo Gouveia
Equipa Nacional
Luciana Diniz
Telma Santos
João Rodrigues
Equipa Nacional
Pedro Martins
Dulce Felix
Jéssica Augusto
Sara Moreira
Cátia Azevedo
Patrícia Mamona
Susana Costa
Marta Pen
Final
Oitavos-de-Final
Qualificação
Eliminatórias
Eliminatórias
Meias-Finais
Meias-Finais
Medal Race
Dia 3
Dia 3
Medal Race
Meias-Finais
Oitavos-de-Final
Oitavos-de-Final
Meias-Finais
Eliminatórias
Eliminatórias
Final
Vânia Neves
Pedro Martins
Nelson Évora
Francisca Laia
Fernando Pimenta
Francisca Laia
Fernando Pimenta
Gustavo Lima
Jorge Lima
José Costa
Sara Carmo
Equipa Nacional
Pedro Martins
Telma Santos
Equipa Nacional
Lorene Bazolo
Vera Barbosa
Cátia Azevedo
15/08/16
13:00
12:30
13:30
13:38
14:06
15:00
15:14
17:00
17:00
17:00
17:00
19:00
21:30
22:30
23:30
13:35
01:30
02:45
Natação - Águas Abertas
Badminton - Individual Masculino
Atletismo - Triplo Salto Masculino
Canoagem - K1 200m Femininos
Canoagem - K1 1000m Masculinos
Canoagem - K1 200m Femininos
Canoagem - K1 1000m Masculinos
Vela - Laser
Vela - 49er
Vela - 49er
Vela - Laser Radial
Ténis de Mesa - Equipas Masculinas
Badminton - Individual Masculino
Badminton - Individual Feminina
Ténis de Mesa - Equipas Masculinas
Atletismo - 200m Femininos
Atletismo - 400m Barreiras Femininos
Atletismo - 400m Femininos
Canoagem - K1 200m Femininos
Atletismo - Salto com Vara Feminino
Atletismo - Salto com Vara Feminino
Canoagem - K1 200m Femininos
Atletismo - Triplo Salto Masculino
Equestre - Salto de Obstáculos
Canoagem - K1 1000m Masculinos
Canoagem - K1 1000m Masculinos
Vela - 49er
Vela - 49er
Badminton - Individual Feminina
Atletismo - 400m Barreiras Femininos
Atletismo - 200m Femininos
Atletismo - 1.500m Femininos
Final B
Qualificação
Qualificação
Final A
Final
2ª Ronda Qualif.
Final B
Final
Dia 4
Dia 4
Quartos-de-Final
Meia-Final
Meia-Final
Final
Francisca Laia
Maria Leonor Tavares
Marta Onofre
Francisca Laia
Nelson Évora
Luciana Diniz
Fernando Pimenta
Fernando Pimenta
Jorge Lima
José Costa
Telma Santos
Vera Barbosa
Lorene Bazolo
Marta Pen
Quartos-de-Final
Eliminatórias
Eliminatórias
Oitavos-de-Final
Eliminatórias
Eliminatórias
Meias-Finais
Meias-Finais
Meias-Finais
Meias-Finais
Jogo Med. Bronze
Quartos-de-Final
Meias-Finais
Final
Repescagens
Finais
Final
3ª Ronda Qualif.
Pedro Martins
Emanuel Silva
João Ribeiro
Rui Bragança
Hélder Silva
Teresa Portela
Emanuel Silva
João Ribeiro
Hélder Silva
Teresa Portela
Equipa Nacional
Rui Bragança
Rui Bragança
Equipa Nacional
Rui Bragança
Rui Bragança
Lorene Bazolo
Luciana Diniz
Meias-Finais
Final
Final
Final B
Final A
Qualificação
Final B
Final A
Final
Final
Final
Medal Race
Medal Race
Final
Final
Telma Santos
Emanuel Silva
João Ribeiro
Hélder Silva
Hélder Silva
Tsanko Arnaudov
Teresa Portela
Teresa Portela
João Pereira
João Silva
Miguel Arraiolos
Jorge Lima
José Costa
Tsanko Arnaudov
Vera Barbosa
17/08/16
14/08/16
11:00
11:00
14:00
14:00
23:55
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13:30
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01:30
13:40
13:45
13:45
13:47
13:50
14:00
14:04
14:12
17:00
17:00
21:30
01:10
02:00
02:30
12:30
13:00
13:00
13:00
13:16
13:51
14:12
14:12
14:20
14:48
15:00
19:00
21:00
23:30
00:00
01:00
02:30
14:00
Badminton - Individual Masculino
Canoagem - K2 1000m Masculino
Canoagem - K2 1000m Masculino
Taekwondo - – 58 kg
Canoagem - C1 200m Masculinos
Canoagem - K1 500m Femininos
Canoagem - K2 1000m Masculino
Canoagem - K2 1000m Masculino
Canoagem - C1 200m Masculinos
Canoagem - K1 500m Femininos
Ténis de Mesa - Equipas Masculinas
Taekwondo - – 58 kg
Taekwondo - – 58 kg
Ténis de Mesa - Equipas Masculinas
Taekwondo - – 58 kg
Taekwondo - – 58 kg
Atletismo - 200m Femininos
Equestre - Salto de Obstáculos
18/08/16
12:30
13:00
13:00
13:08
13:15
13:55
13:56
14:03
15:00
15:00
15:00
17:00
17:00
00:30
02:15
Badminton - Individual Feminina
Canoagem - K2 1000m Masculino
Canoagem - K2 1000m Masculino
Canoagem - C1 200m Masculinos
Canoagem - C1 200m Masculinos
Atletismo - Lançamento do Peso
Canoagem - K1 500m Femininos
Canoagem - K1 500m Femininos
Triatlo - Masculino
Triatlo - Masculino
Triatlo - Masculino
Vela - 49er
Vela - 49er
Atletismo - Lançamento do Peso
Atletismo - 400m Barreiras Femininos
Nota: Em algumas modalidades, para chegarem às finais, os atletas têm de passar por
qualificações. Optou-se, no entanto, por colocar as horas e os dias em que se realizam
as finais, não sendo certo a presença do atleta referido.
PHOTOMATON
CARTOON
OS CARTAZES CONTAM A
HISTÓRIA DOS JOGOS OLÍMPICOS
E, nalguns casos, com a sua
beleza fazem esquecer o que
faziam esquecer. Lembre-se dois
casos: o dos jogos de 1936, na
Alemanha, onde Hitler tentava
mostrar a supremacia da “raça
alemã”, por trás de uma
coreografia notável onde nem faltaram os trabalhos da genial Leni
Riefenstahl. Ou o cartaz das Olimpíadas de Londres de 1948,
que tentava sarar as feridas da guerra. FS
SUGESTÕES
UM TIRO NO
PORTA-AVIÕES
JOÃO QUADROS
Sempre que brilha o sol, naquela casa
F
oiameio das férias, que foramcurtas,
que dei pela polémica do IMI. Estavaaapanharsol napiscinade um hotel quando, graças ao Twitter, tomei
conhecimento de que Assunção Cristas teriadito: “O sol jápagaimposto!”
Como, por vezes, me esqueço de que
o PP jánão estáno poder, fui logo untar-me com ecrã total com receio de
que tivesse sido criado um imposto
para o bronze. Aposto que a troika
não desdenharia a ideia.
Lendo anotícia, àsombra, percebi que o CDS-PP classificava as alterações ao IMI como um “ataque directo à classe média” – fiquei ainda
mais confuso, estava convencido de
que aclasse médiatinhaacabado depois dos anos de governo PàF. Naverdade, o que Cristas destacava nas alterações do IMI eraumaleique tinha
sido criada pelo seu governo. Custa-me vero deputado Nuno Magalhães
chocado, adizer“o solvaisertaxado”,
como se estivesse preocupado que as
casas maçónicas sofressem um aumento simbólico do IMI.
Comonãotenhocasaprópria,olho
para o tema com a distância de quem
se estánas tintas. É umbocado como:
vemláumIVAdosiatesouvaiaumentarodescontoparaaSegurançaSocial
para quem lê Pedro Chagas Freitas.
Estandodeférias,apenasconsigopensarqueoscaracóistêmumacasaeque
põemospauzinhosaosolereceioque,
em vez de IVA, passem a cobrar IMI
nocaracolequeopiresváparaos800
euros.Nãoconsigoiralémdisto.Osol
não me deixapensar.
Considero o IMI o imposto com
o nome mais fofo de todos. Soa sempre apequenino. Nuncapercebi porque é que as igrejas, etc., se safam de
pagareste imposto. Se o IMI aumentaconsoante aluz, estamos afalarda
Casa de Deus...
O que me parece, dentro do meu
desconhecimento do tema, é que
umaboavistaé umanoção demasiado ambígua. Acasadaminhaavó tem
vista para o rio, mas ela tem cataratas. Uma casa no alto do Parque
Eduardo VII com vista do Tejo, mas
que ainda apanha parte da “pila” do
Cutileiro, deve pagaroureceberIMI?
Complicado.
Pelo que percebi, o IMI vai ser
mais baixo para casas com pouco sol
e ainda vai haver descontos se a casa
tivervistaparaumcemitério. Ouseja,
em termos de aquisição de imóveis,
isto está bom para os góticos. Portugal pode sero paraíso dareformados
vampiros, que aindapor cimacostuma ser longa.
Como lisboeta, não sei se vai haver grandes alterações. Realmente,
háalgumas casas em Lisboacom boa
vistade rio e sol, mas o que seriaverdadeiramente preocupante, porque
iria atingir a maioria dos habitantes
da cidade, e soaria a saque, era se o
Governo resolvesse aumentar o IMI
das casas com vista para uma Padaria Portuguesa. w
TOP PROTECTOR SOLAR 5
Concerto
Bombino apresenta “Azel”
1. Rússia excluída dos Jogos
Paraolímpicos – Eram todos
atletas olímpicos com
próteses falsas.
No Theatro Circo, em Braga, hoje às 22h
2. Horta Osório apanhado em
escândalo amoroso com
Wendy Piatt, antiga
conselheira de Tony Blair
– Não havia ele de ter um
esgotamento. Dormir com
conselheira de Blair deve
rebentar qualquer um.
3. 386 fogos activos em todo
o país – Volta a Portugal e
incêndios de Agosto são as
oportunidades que tenho
para ir ficando a conhecer
o país.
4. Paulo Portas: “Depois da
política, volto ao meu espaço
natural: o sector privado,
onde nasci e cresci e tive
iniciativa.” – Especialmente
quando estava no público.
Somos o Carlos Santos
Silva do Portas.
5. “Nadador americano
atinge o recorde de 25
medalhas nos JO” – Phelps
25 medalhas em 12 anos,
Marcelo 48 medalhas
em 3 meses.
Omara “Bombino” Moctarin é conhecido
como o “Hendrix do deserto”. O artista
nascido no Níger apresenta o seu mais
recente álbum.
Exposição
“Do Ocidente para o Oriente”
Natália Gromicho faz hoje uma visita comentada
às suas obras, no Museu do Oriente.
Música
Richard Galliano & Sylvain Luc
A guitarra e acordeão dão vida à música de Edith
Piaf, este sábado, no Auditório Fernando Lopes
Graça, em Cascais.
Teatro
Homenagem Interactiva a
Gil Vicente
O espectáculo, integrado no Festival Varandas,
está hoje em Miragaia, Porto.
Cinema
“George Harrison:
Living in the material world”
O filme de Martin Scorsese é exibido
segunda-feira nos claustros do Convento
do Carmo, em Tavira.
Visita
Universidade de Coimbra “by night”
No sábado à noite, há visita guiada aos lugares
emblemáticos da Universidade de Coimbra.
Sexta-feira | 12 de Agosto de 2016 | Negócios
04
05
HISTÓRIA
saviõesmilitaressobrevoaramoscéus
de Timor em tom de ameaça. Atrás de
si traziam um rasto de destruição. O
mundoestavaemconflitonaqueleano
de1942.MasSalazardeclarouaneutralidadedePortugallogoa1deSetembro
de 1939, quando aAlemanhainvadiu a
Polónia. Numa nota oficiosa com essa
mesmadata,enviadaàimprensa,ochefe do Governo escreve que, apesar da
aliançacomaInglaterra,“nãonosobrigam a abandonar nesta emergência a
situaçãodeneutralidade”.Eacrescentaque “o Governo considerarácomo o
mais alto serviço ou a maior graça da
Providênciapodermanterapazparao
povo português, e espera que nem os interesses do País, nem a sua
dignidade, nemas suas obrigações lhe imponhamcomprometê-la”.
Palavras que não serviram de escudo para todos os portugueses. A
paz estavamesmo ameaçada. Pelo menos, paraalguns.
Três anos depois desta declaração, Timor-Leste seria ocupada
pelos japoneses enraivecidos. O alvo aabatereramas forças aliadas,
compostasporaustralianoseholandeses(aoutrapartedeTimorfazia parte das colónias da Holanda), que invadiram a ilha a 17 de Dezembro de 1941, dias depois de o Império do Japão ter atacado aarmada dos Estados Unidos, em Pearl Harbor. Esta força militar dos
Aliados ficou conhecida como “Sparrow Force”. Desembarcaram
numapraia, aleste de Díli, 380 soldados australianos e 1.200 holandeses que tomaram de imediato o aeródromo e a estação de rádio,
avançando em simultâneo para a capital. Aguerra estava a alastrar
pelo Pacífico. Os Aliados queriam ocupar uma posição estratégica
para evitar o avanço nipónico para a Austrália. Timor era esse pontoestratégico.AinvasãofoifeitasoboprotestodogovernadordeTimor-Leste, Manuel Ferreirade Carvalho, que reafirmavaaneutralidade de Portugal no conflito. Mas pouco mais podia fazer porque
osrecursoshumanosemateriaiseramescassos.Acabouporignorar
asordensdeLisboapararesistir.As
tropas australianas, especializadas
em guerrilha, refugiaram-se nas
montanhas e construíram redutos
para metralhadoras antiaéreas. Os
Aliados garantiam que retiravam
quandochegassemreforçosmilitaresportuguesesquedefendessema
ilhados japoneses.
Doisdiasdepois,Salazarfalasobre a situação de Timor na Assembleia Nacional. O Presidente do
Conselho diz que a soberania portuguesaforaviolada.E,paraassegurar a defesa da ilha e exigir a saída
dasforçasaliadas,enviaumcontingente para Timor a partir de Moçambique. Os militares seguiriam
no paquete João Belo, que seriaescoltadopeloavisoGonçalvesZarco.
Mas era tarde demais. O reforço militar não chegou a tempo. Os japonesesreagiram cercadetrêsmesesdepoisdoataqueaPearlHarbor à ocupação da ilha pelos Aliados, e atacaram o território dizendo estar a actuar em legítima defesa. Mas tinham também interesses económicos naregião, nomeadamente naexploração agrícolae
dos recursos petrolíferos. Os bombardeamentos foram violentos
mas, perante as autoridades portuguesas, o Japão prometiaque iria
respeitaraneutralidadedePortugal.Averdadeéqueninguémficou
asalvo.OsportuguesesqueresidiamemTimoreostimorensessentiram na pele os horrores da guerra. Entre eles estavam os pais e a
irmãde ZecaAfonso, o autorde “GrândolaVilaMorena”.
O
SOS
Timor
Portugal declarou-se neutral na Segunda Guerra Mundial.
Mas não ficou fora do conflito. Os portugueses que viviam em
Timor quando o território foi invadido pelos japoneses foram
colocados em campos de concentração. Entre eles estavam os
pais e a irmã do cantautor Zeca Afonso. Um segredo de família
guardado durante décadas, que vai ser contado no documentário
“Rosas de Ermera”, do realizador Luís Filipe Rocha.
FILIPA LINO
[email protected]
DO PARAÍSO AO INFERNO
O pai do cantautor ZecaAfonso, José Nepomuceno Afonso dos
Santos, era juiz e escolheu ser colocado na comarca de Díli, depois
de uma carreira de vários anos nas colónias africanas. Apartida do
magistrado paraTimor dá-se em 1939. Nessaaltura, afamíliadividiu-se.Ocasaleafilha,Maria(Mariazinha),naalturacomseteanos,
seguiram paraailhaasiáticae os dois rapazes mais velhos, João (11
anos) e Zeca(9 anos), foram viverparacasados tios Avrilete e João
Filomeno, em Coimbra, para prosseguirem os seus estudos no li-
João, Zeca e Mariazinha, em Luanda, em 1936. A carreira de magistrado do pai levou o casal e a filha mais nova
para Timor. Os dois rapazes foram para Coimbra prosseguir os estudos. Em baixo: recepção na gare marítima de Alcântara
aos portugueses marcados pela guerra em Timor, que chegaram no vapor Angola, a 15 de Fevereiro de 1946.
ceu D. João III e, mais tarde, na universidade. Já instalado, o magistrado de 38 anos enviou uma carta ao irmão, que ficou a tomar
contados seus filhos, datadade 22 de Novembro de 1939, onde explicaporque escolheu irparaDíli. “Averdade é que o que atraiu foi
a viagem e a curiosidade de ver estes sítios depois das maravilhas
que me contavam os que por cá estiveram quando a pataca era 15
escudos.” Mas o sonho tornou-se um pesadelo. “A partir de uma
dada altura, as cartas cessaram”, conta ao Negócios João Afonso
dos Santos, hoje com88 anos. Os dois rapazes emCoimbraestavam
muito longe de imaginaro que estavaaacontecer. Dividiamo tempo entre os livros, os pontapés na bola de trapos e as rezas em casa
comatiaAvrilete. Só muito mais tarde perceberamo porquê do silêncio da família. Estava num campo de concentração e impedida
de comunicar com o mundo.
AtraumáticaexperiênciadestafamíliaduranteaIIGuerraMundial em Timor vai ser contada num documentário do realizador
Luís Filipe Rocha, chamado “Rosas de Ermera”, onde os dois irmãos aindavivos João e Mariazinha(que voltouaos locais onde viveu com os pais em Timor) contam as suas memórias. João Afonso dos Santos escreveu também estas e outras recordações da família no livro “O último dos colonos: entre um e outro mar”, onde
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HISTÓRIA
As memórias de Mariazinha
e João Afonso
Mariazinha tinha sete anos
quando, em 1939, partiu com os
pais para Timor. Registou as suas
memórias nuns caderninhos
que ofereceu aos filhos. Esses
registos serviram de inspiração
para o documentário de Luís
Filipe Rocha. (Imagens cedidas
pela Fado Filmes)
O cineasta Luís Filipe Rocha está a preparar um filme sobre
a saga da família Afonso dos Santos, com base nas memórias
dos irmãos de Zeca Afonso. O documentário chamar-se-á
“Rosas de Ermera” e deverá estrear no próximo ano.
o final dos anos 90, Maria Cerqueira Afonso dos Santos
ofereceu aos seus quatro filhos quatro caderninhos
manuscritos com memórias de Timor. Mariazinha tinha sete
anos quando, em 1939, partiu com os pais para a colónia
portuguesa. O pai, José Nepomuceno Afonso dos Santos, era juiz
e havia sido colocado na comarca de Díli. Os irmãos mais velhos,
João e Afonso, ficaram em Portugal, ao cuidado dos tios. “Em
Timor, a Mariazinha e os pais são apanhados pela invasão
japonesa e passam por uma série de peripécias até acabarem no
campo de concentração, que foi a localidade de Liquiçá, onde ela
até fez o seu exame de quarta classe”, conta o cineasta Luís
Filipe Rocha. Amigo da família Afonso dos Santos, o realizador leu
as memórias de Mariazinha e, desde então, idealizou um
documentário sobre esses registos de Timor. Vinte anos
passados, o cineasta recuperou a ideia, reformulou-a e está agora
a trabalhar num filme sobre a saga da família Afonso dos Santos
passada entre 1939 e 1946, com base no testemunho dos
irmãos de Zeca Afonso. “A dada altura, as comunicações são
interrompidas e a família que estava cá convence-se de que os
familiares em Timor tinham, eventualmente, morrido, e há ali um
buraco negro de dois anos e meio. Até que, de repente, quando
a guerra acaba, os irmãos vêem no jornal o nome dos pais
e da irmã. Reencontram-se todos em Fevereiro de 1946.”
O documentário chamar-se-á “Rosas de Ermera” e deverá estrear
no próximo ano. LC
N
Os japoneses
deixaram
tudo destruído.
Além das pilhagens,
violaram mulheres.
Houve timorenses que
se tornaram escravas
sexuais dos soldados
nipónicos, eram as
chamadas “mulheres
de conforto”.
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afirmaque“aocupaçãodailhapelosjaponeseseasconsequências que daí resultaramparaos habitantes (humilhações, violências, mortes, destruição) foram sujeitas a uma espécie de
apagamento propositado”. Certo é que este foi um dos momentos críticos da diplomacia do Estado Novo.
O INÍCIO DO PESADELO
A ocupação nipónica começou na noite de 19 para 20 de
Fevereiro de 1942. Cercade mil homens do exército imperial
desembarcaramemDíli. No relatório escrito pelo governador
ManuelFerreirade Carvalho, sobre os acontecimentos de Timor entre 1942-1945, pode ler-se que houve quem deixasse a
cidade de Dílilogo nessanoite e madrugada“comreceio de desacatos sérios porparte daverdadeirahordade selvagens que
eramos soldados desembarcados”. Amaioriadapopulação fugiu para o interior. Muitos refugiaram-se em Aileu, Ermera,
Liquiçá,Maubara.Nodocumento,
aquele responsável conta que os
militares nipónicos eram “tropas
de choque”, habituados à pilhagem, que entravam pelacasadentro das pessoas, “alguns jábastanteembriagados,quelevavamoque
lhes apetecia, embora muitas vezes comumcerto arde delicadeza
e afirmando que era... porempréstimo”.
AscasasdeDíliforamquasetodas ocupadas pelas tropas japonesas. E os edifícios públicos, onde
funcionavam as repartições, também. As excepções foram os correios e parte das instalações da alfândega. O Banco Nacional
Ultramarino (BNU), aúnicainstituição financeiraportuguesa na ilha, que concedia os poucos créditos solicitados na colónia e efectuava os pagamentos aos funcionários públicos,
tambémnão foiocupado, e acasa-forte manteve-se intactaaté
Setembro de 1944. Só nessaaltura, quando o edifício jáestava
praticamente desfeito pelos bombardeamentos, é que acasa-forte do BNU foi arrombada e roubada. Além das pilhagens,
os japoneses violaram mulheres. Algumas timorenses tornaram-se escravas sexuais dos soldados, eramas chamadas “mulheres de conforto”.
Por onde passavam, os nipónicos deixavam tudo destruído e, para circular na cidade de Díli, os portugueses precisavam de um salvo-conduto. No livro “Vida e Morte em Timor
durante aSegundaGuerraMundial”, do médico José dos Santos Carvalho, são descritos vários casos de portugueses que
preferiram o suicídio aserem torturados e verem as suas mulheres e filhas serem violadas pelos japoneses. O clínico, que
prestava serviço em Timor na II Guerra Mundial, descreve a
formacomo se mataram vários portugueses e contaque houve quem se escondesse no meio dos cadáveres fingindo-se de
morto para escapar à chacina.
As tropas australianas infiltradas nas montanhas, a cujas
fileirassejuntaramvárioscivisportugueses,sobretudodeportados,etimorenseslideradosporrégulos(entreelesDomAleixo Corte-Real e DomJeremias de Lucas, que acabariammortos pelos japoneses), lançaram emboscadas aos nipónicos
quando eles começaramasairde Díli, onde tinhamdesembarcado. Por seu lado, o exército japonês recrutou e armou milícias de timorenses. Ficaram conhecidas como “colunas negras” e espalharam o terrorpelailha. O contingente que jáestavaacaminho commilitares portugueses vindos de Moçambique (de onde saiu em Janeiro de 1942) recebe ordens para
regressar a Lourenço Marques. Dificilmente iria conseguir
Bruno Simão
João Afonso dos Santos, hoje com 88 anos, conta a história da família no livro “O último dos colonos: entre um
e outro mar”. Para ele, houve “uma espécie de apagamento propositado” do que aconteceu em Timor durante a II Guerra
Mundial. Em baixo, uma foto dos tempos ainda felizes na ilha, antes da invasão japonesa.
passar em segurança porque a guerra estava instalada na região. Os portugueses ficaramporsuacontae risco. O Governo
move-se nos meios diplomáticos para recuperar a soberania,
mas sem sucesso. Timor ficaria sob domínio do Japão até ao
final da guerra.
FOME, ISOLAMENTO E DOENÇA
Àmedidaque o tempo passava, apressão japonesasobre a
administração portuguesaeramaior. As condições de vidaforam-se deteriorando e, a 4 de Outubro de 1942, o governador
envia um pedido de ajuda para o Ministério do Ultramar, em
Lisboa. No telegrama, escreveu: “Impossibilidade absoluta
protecção defesavidas portugueses (…) peço V. Ex.ª encarecidamentepromovervindaimediataaquitransporteparatransferência provisória toda a população portuguesa para qualquer parte.” Mas Salazar não concordou com a retirada dos
portugueses dailha. No livro “ADiplomaciade Salazar(1932-1949)”, Bernardo FutscherPereira, actualmente embaixador
de PortugalemDublin, e mestre emCiências Políticas e Relações Internacionais, escreve que, nessa altura, a administração portuguesa estava reduzida a quase nada. “Dela apenas
restavaapresençaemDílide Ferreirade Carvalho, cativo dos
japoneses.” O governadorficouconfinado ao palácio de Lahane, semcapacidade de comunicarcomametrópole através de
Macau, umavezque os japoneses controlavamaestação de rápágina 8
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HISTÓRIA
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dio. A situação era “humilhante”, afirma o diplomata, mas “Salazarnão aqueriaagravarrompendo com Tóquio – pois, apesar
deste desastre, Macaupermaneciaasalvo”. Não restououtrahipótese ao governadorsenão aceitaraimposição de Tóquio de os
portugueses serem colocados em zonas de protecção em Liquiçá e Maubara para “sua segurança”. Quem não fosse para lá seria considerado e tratado como colaborador dos Aliados.
Cercade600portuguesesviram-seobrigadosaentrarnessas
prisões a céu aberto. A excepção foram alguns núcleos isolados
quesejuntaramaosaustralianos,quemaistardeoslevaramcom
eles para a Austrália, no início de 1943, quando retiraram. A famíliadojuizJoséNepomucenoteriacomodestinoLiquiçá,mais
propriamente um campo cercado com arame farpado e vigiado
24 horas por diapelos japoneses. Os aparelhos de rádio tinham-lhes sido retirados. Ficaram incontactáveis. A mãe, Maria das
Dores, escreveu num pequeno diário: “Estamos desligados do
mundo.” Avidacomeçaatornar-se mais duraacadadiaque passa. Desde logo era difícil o acesso aos alimentos. “Os ocupantes
japonesesabarbatamoquelhesinteressa,dobazarondeostimorenses expõem, ao sábado, os produtos da terra, em pequenas
bancas ou esteiras, deixando o resto paraos cativos que só estão
autorizadosaavançaraumtoquedebadalo”,descreveJoãoAfonso dos Santos, no seu livro. A pequena Mariazinha corria para
marcarlugare conseguirtrazeralgumacoisaparacomer.
A PRESSÃO SOBRE O GOVERNADOR
Em 25 de Junho de 1943, o juiz decide fazerumapetição endereçadaao governadorde Timor. Nestaaltura, os Aliados játinhamabandonado ailha. O magistrado pediaumamelhoriadas
condições de vidados portugueses que aliviviam. Perante aperdade valor dapataca, em virtude de apreferênciados vendedores,apartirdedeterminadaaltura,oscilarentreamoedaempratae o gulden(dinheiro do ocupante nipónico) e tambémdevido
àsubidadescontroladados preços, José Nepomuceno requeria
que os funcionários públicos da colónia recebessem um subsídio para sua manutenção, tendo em conta a sua residência forçadanadenominadaZonade Protecção. O documento, comvárias assinaturas, foi entregue em mão ao administrador interino do concelho de Díli, o engenheiro Artur do Canto Resende,
que também assinou a petição e escreveu uma nota onde dizia
que, apesarde ninguémlhe terpedido paraassinar, ele tinhadecidido fazê-lo porque “elarepresentao resumo das informações
que venho prestando a V. Ex.ª há muito tempo a esta data, de
cadavez que regresso das minhas costumadas visitas mensais à
zonade Liquiçáe Maubara(…) existemmuitos portugueses que
não podem continuar a viver sem que V. Ex.ª lhes alivie a misériaque hámuito lhes bateuàporta”. Umgesto que lhe saiucaro.
Acrítica indirecta à passividade do governador resultou na sua
exoneração a8 de Março de 1944. Quatro meses depois, foi preso pelos japoneses e acabou pormorreràfome durante um longo cativeiro na ilha de Alor.
EmMarço de 1944, Lisboaconseguiuenviarumdelegado especial do Governo aDíli. Tratava-se do capitão de artilhariaSilvae Costa, ajudante do governadorde Macau. Foi transportado
num bombardeiro japonês proveniente de Macau. O objectivo
era“fazeruminquérito sobre os acontecimentos e sobre asituação nacolónia”, escreveuo governadorno seurelatório. Mas, escreve João Afonso dos Santos, “o capitão Silvae Costamostrou-se mais interessado emapurarse os portugueses, famintos, humilhados e ofendidos, se portavambem, politicamente falando,
do que emconhecerasuadesgraçadasituação, menos aindaem
procurar remediá-la”. O oficial esteve uma semana em Timor.
Mas dedicou apenas um dia a visitar os portugueses nas zonas
de concentração, “limitando-se a recolher o que o governador
lhe transmitiu, no alto da sua residência em Lahane, com vista
sobre abaía”, afirmao autor. Estavisitado capitão Silvae Costa
A guerra na Europa
terminou a 8
de Maio de 1945,
mas os japoneses só
se renderam a 15 de
Agosto, seis dias após
o bombardeamento
de Nagasaki.
virou-se contrao juiz José Nepomuceno, quando este regressou
a Portugal. O relato que o enviado do Governo fez chegar a Lisboa sobre a sua breve estada em Timor não abonou a favor do
magistrado, como veremos mais à frente.
Depois da visita do capitão, o governador visitou, pela primeira vez em ano e meio, os portugueses reclusos dos japoneses. O tão desejado alívio das precárias condições de vida nem
nesta altura aconteceu. Pelo contrário. A situação agravou-se.
Entre Setembro e Outubro de 1944, os japoneses cortaramcompletamente os víveres aos portugueses. Quem estavaem Liquiçápassoumeses sustentado apenas aumaporção de 200 gramas
de arrozpordia, porcabeça, cozido emáguae sal. Mariazinharecorda-se que subiaàs árvores paracolherrebentos. As suas memórias daqueles tempos de fome estão escritas no livro do irmão. “Comiam-se pontas de abóbora, folhas de papaeira, ervas
que brotavam do campo quando adregava chover e certa folha,
a‘couvemaluca’,umvegetaltóxicoquefaziaadormecer.”Osportugueses eram obrigados a semear o seu sustento na terra seca
e pedregosa. Muitos adoeceram com beribéri, umadoençacausada pela falta de vitamina B1 no organismo.
EmCoimbra,durantetodoestetempo,nãohouvenotíciasda
família. Na cabeça dos rapazes já se adivinhava o pior cenário. A
prova de vida dos pais e da irmã chegou através da imprensa. O
Século, a 5 de Novembro de 1944, escreveu uma lista dos portugueses que viviam em Timor. Os rapazes respiraram de alívio.
O FIM DA GUERRA
No diaemque aguerraacabounaEuropa, 8 de Maio de 1945,
Salazar discursou ao país. Numa sessão extraordinária na Assembleia Nacional, o Presidente do Conselho disse: “A Providênciadispôs nos seus altos desígnios que pudéssemos atravessaro conflito semsermos directae activamente envolvidos nele
e sem nele sacrificarmos mais do que dinheiro, esforços, cuidados, algumas privações, o que, sendo muito em si, tudo se deve
ter por pouco, em face do que outros houveram de sofrer. Atravessámos incólumes aguerrae, podemos dizê-lo, semsacrificar
a dignidade da Nação nem os seus interesses e amizades.” Nem
uma palavra sobre Timor. E lá, na ilha, todos continuavam sem
saber o que se estava a passar no mundo.
Em Agosto, os prisioneiros portugueses foram levados para
aplantação de Lebo-Meo daSociedade AgrícolaPátriae Traba-
Bruno Simão
João foi com o irmão Zeca receber os pais e a irmã a Lisboa.
Recorda o que sentiu nesse momento, quando estava no meio
da multidão e conseguiu avistar a família. “Fui tomado de uma grande
tristeza, no meio das manifestações gerais de alegria.”
lho, com a garantia dos japoneses de que teriam melhores condições de vida. Esperava-os umaviagem de 40 quilómetros, subindo e descendo as montanhas. Uns foram a cavalo, a maioria
apé. Umtrajecto duro jáporsi, mas aindamais difícilparaquem
estava tão fraco. Nas memórias que mais tarde escreveu, já no
vaporde carreiraAngolade regresso aLisboa, o juiz José Nepomuceno descreve como viveram em Lebo-Meo. “Foi ali que viveram seiscentos infelizes, em palhotas indígenas, de bambu,
perdidas entre as árvores de cacaue de borracha, àrazão de oito
a dez pessoas por palhota.” Os japoneses tornaram-se nessa altura menos opressivos. E os portugueses começaram a comer
melhor. “Começaavir-nos de Fatu-Bessifartaração de excelente mandioca, batata-doce, bananas, alguns legumes…”, escreveu
o juiz nas suas notas. Os prisioneiros perceberam que alguma
coisase passava, mas não sabiamo quê. A1de Setembro de 1945,
o governador de Timor recebeu a visita do vice-cônsul japonês
e do comandante das forças ocupantes que o informaramdo fim
do conflito no Oriente.
Aguerra na Europa tinha terminado a 8 de Maio, mas os japoneses só se renderama15 de Agosto, seis dias após o bombardeamento de Nagasaki. Nesse dia, o imperador Hirohito anunciou ao país, através darádio nacional, que o Japão iriadeporas
armas. O acordo de paz foi assinado a 2 de Setembro a bordo do
navio de guerra USS Missouri ancorado ao largo da baía de Tóquio. Nessaaltura, jáestavaacaminho umaexpedição militar e
navalportuguesaenviadade Lourenço Marques paragarantira
reposição da soberania em Timor.
Quando o governadorfoicomunicaro fimdaguerraaos portugueses, três dias depois davisitados japoneses ao seu palácio,
deparou-se com um quadro de miséria que descreve no seu relatório. “Ao deparar, na entrada da povoação, com o aspecto de
todaaquelagente, envelhecida, alcachinada, todos comos ossos
adesenharem-se porbaixo dapele, amaiorparte mal se podendo mexer, agarrados a paus para arrastarem os pés inchadíssimos, confesso que tive um momento de profundo desânimo.”
Mas anotíciateve umefeito quase terapêutico. Todos quiseram
de imediato voltaraos seus postos. Emvirtude de acidade de Díli
estar quase toda destruída, nem todos o puderam fazer. Foi o
caso do juiz José Nepomuceno, que ficou acomodado em Fatu-Bessi com aesposae afilha. Erapreciso reconstruir o tribunal.
A 15 de Setembro, são restabelecidas as comunicações com
Lisboa. Jánofimdomês chegaaDíliocorpoexpedicionário português. Os avisos damarinhade guerraportuguesaBartolomeu
Dias e Gonçalves Zarco entraram nabaíade Díli a29 de Setembro. Desembarcaram2.500 militares portugueses. Apopulação
recebe-os emocionada. Mariazinhafoi de boleiaaté ao pontão e
ouve alguém dizerque vieram uns caixotes parao juiz. “Regressei a Fatu-Bessi com caixotes com roupa e comida e aí foi uma
excitação. Lembro-me do deslumbramento do sabão, dos lacinhos para o cabelo, mas – mais do que tudo – a emoção das cartascomfotografiasdoJoãoeZeca”,registouMariazinhanassuas
memórias. A família embarcou no vapor de carreira Angola a 8
de Dezembro de 1945, juntamente comoutros 160 portugueses,
incluindo o governador e a sua família. Para trás deixaram uma
ilha destruída e com cheiro a morte.
O relatório do governador Manuel Ferreira de Carvalho faz
um balanço do impacto que aguerrateve napopulação. Morreram cercade 90 portugueses, “nasuagrande maioriaeuropeus,
entre homens mulheres e crianças”. As causas de morte variam.
“Uns assassinados pelos próprios japoneses, violentamente ou
pormeio dafome e maus-tratos aque os sujeitaramnas suas prisões, outros trucidados oumortos porindígenas sublevados, outros aindaerrantes pelo mato, àmínguade alimentos e de tratamento, e ainda outros por doenças provocadas pela deficiência
de alimentação com que lutámos nos três últimos anos de ocupação da colónia”. Estima-se que 10% da população timorense
tenha morrido nesse período, o que corresponde a cerca de 40
mil pessoas.
O REGRESSO A PORTUGAL
O vaporAngolachegou aLisboaa15 de Fevereiro de 1946. À
suaesperaestavammilharesdepessoas.ZecaeJoãoforamàgare
marítima de Alcântara receber os pais e a irmã, acompanhados
pela tia Avrilete e a sua filha, a prima Belinha. Os dois rapazes
trajavam de capa e batina. Passados todos estes anos, João aindatem vivaaimagem que lhe ficou desse momento. “Três seres
desamparados, bemjuntos, ameio do cordão de passageiros, co-
A família já reunida em Coimbra, pouco depois do regresso a Portugal.
Os acontecimentos de Timor ficaram em segredo. O casal e a filha não contaram
os horrores que viveram. Já em Portugal, o juiz José Nepomuceno foi alvo de um
processo disciplinar por “abandono de posto” na comarca de Díli.
Morreram cerca
de 90 portugueses,
entre homens,
mulheres e crianças.
Uns foram mortos pelos
japoneses ou pelas
“colunas negras”,
outros foram vítimas
da fome e doença.
lados à amurada, encanecidos os pais, a irmã espigada, adolescente. Fuitomado de umagrande tristeza, no meio das manifestações gerais de alegria.”
Na família do juiz imperou o silêncio. Quando se falava em
Timor era “para celebrar as excelências”, diz João. “Para a minha mãe, tudo era grande em Timor. As aranhas eram assim…,
os ananases eram assim… [faz um arco no ar com as mãos], metia-se umacananaterrae aquilo florescia…, mas, propriamente
sobre as dificuldades que teriam sofrido em Timor, se eles não
contavam, eu não ia perguntar.” Quando chegou à metrópole, o
juiz teve um processo disciplinar por “abandono de posto”. O
processo foi desencadeado apartirdo inquérito do capitão Silva
e Costa, o tal enviado do Governo aTimor, e tambémteve o contributo do governadorManuelFerreirade Carvalho. José Nepomuceno apresentou a sua defesa. Garantia que ele e vários chefes de serviço da administração defenderam, desde o início da
ocupação dos Aliados, que apopulação e os serviços indispensáveis fossemtransferidos paraoutralocalidade, como, porexemplo, Aileu. “Ali, os portugueses estariam bem separados das tropas holandesas e australianas (que só ocupavam Díli e arredores),porconseguinteacobertodeequívocasconfusõese,domesmo passo, ao abrigo do ataque japonês que, atodo o momento, se
esperava contra a capital”, escreveu nas suas memórias. O libelo acusatório apontavao juiz como porta-voz do grupo que “impunha” ao Governador asaídados serviços de Díli. O texto refere aindaque o magistrado, não tendo obtido respostapositivado
governador, “abandonou acapital com afamília, com desculpas
várias e nunca mais trabalhou”.
O processo disciplinar fracassou. Mas o juiz ainda não estava livre de problemas. Foi obrigado a ir a uma junta médica em
virtude de, nos autos do processo disciplinar, se referir asurdez
do magistrado. Se fosse considerado fisicamente inapto, a sua
carreira terminaria. No dia em que foi avaliado pelos médicos,
levou um aparelho auditivo e passou no teste. Foi considerado
apto. O juiz foi nomeado para a comarca de Dalatando, em Angola, “um dos lugares mais insalubres e menos pretendidos da
colónia”, explicaJoão Afonso dos Santos no seulivro. Reclamou
econseguiusercolocadoemInhambane,Moçambique.Eratempo de partir outra vez. W
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ANÁLISE
Aceitará
ele a
derrota?
Acossado por sondagens negativas, Donald Trump começa
a contemplar a possibilidade de derrota nas eleições de 8 de
Novembro e acusa o sistema de estar “viciado”. Caso Hillary
Clinton vença, será que, pela primeira vez na História da
democracia dos EUA, o vencido não aceitará esse resultado?
NUNO AGUIAR
[email protected]
m 1860, os Estados Unidos não podiam ser uma
naçãomaisdividida.Dentrodeumano,opaíscairianumaguerracivilsangrentaondemorreriam
mais de 700 mil soldados, deixando cicatrizes
profundasentreNorteeSulqueresistematéhoje.
Como seria de esperar, as eleições desse ano foramummomento quente, que culminarianavitóriadeAbrahamLincoln.Aindaassim,nummomentoderetóricatãoinflamadaemesmoperanteaiminênciadepegaremarmas,umdosderrotados,osenador
Stephen A. Douglas, concedeu a derrota: “O sentimento partidário tem de resultar em patriotismo. Estou consigo, Sr. Presidente, e Deus o abençoe.”
A citação foi lembrada em 2000 por Al Gore (quem mais?),
quandoadmitiuaderrotafaceaGeorgeW.Bushnaseleiçõespresidenciais, depois de umapolémicadecisão do Supremo TribunaldosEUAtertravadoarecontagemdosvotosnaFlorida.“Que
não haja dúvidas, embora eu discorde profundamente da decisão do tribunal, eu aceito-a. Aceito a finalidade deste resultado
[…] e esta noite, em nome da nossa união como povo e da força
da nossa democracia, ofereço a minha concessão.” Embora os
derrotadosdaseleiçõessejammuitasvezesempurradosparaas
notasderodapédaHistória,oseucomportamentonanoiteeleitoral representa um dos principais pilares da democracia. Nos
Estados Unidos, nunca um derrotado questionou a legitimidadedaseleições.Atéaquelesquetiverammaiornúmerodevotos
do que os vencedores.
No entanto, como emmuitos outros momentos dasuacampanha,DonaldTrumppareceestaradesafiarasconvençõeshistóricas, com um discurso que está a deixar muitos americanos
preocupados com o que acontecerá na noite de 8 de Novembro
se os republicanos perderem. Aceitará ele a derrota? Nos últimos dias, o milionário tem colocado em causa o sistema eleitoralequeseránecessárioactuarcasoHillaryClintonvença,dando até aentenderque isso poderáserfeito comrecurso aarmas.
“Se elaconseguirnomearos juízes, não hánadaque possam
fazer, malta. Embora as pessoas [que defendem] a Segunda
Emendatalvez possam [fazeralgo]”, afirmouo candidato republicano. ASegundaEmendaàConstituição dos EUAconsagrao
direito de os americanos deterem armas. A sua interpretação
tem sido altamente disputada, com o Supremo Tribunal como
principalcampodebatalha.AdeclaraçãodeTrumpfoivistapor
vários órgãos de comunicação social como uma espécie de incentivoàutilizaçãodeviolênciacontraClintoncasoelasejaeleita(é aCasaBrancaque nomeiaos juízes do Supremo). Umainterpretação que Trump negou, acusando os “medialiberais” de
parcialidadeemrelaçãoàsuacandidatura.Averdadeéque,mesmo dentro do seu partido, essanão foi aleitura. Paul Ryan, porta-voz da Câmara dos Representantes, classificou a frase como
“umapiadaquecorreumal”eavisouquenãosedevebrincarcom
esse tipo de insinuações.
Independentementedainterpretaçãodesteepisódio,eleinsere-senumconjuntodedeclaraçõespraticamenteinéditaspor
parte de um candidato presidencial. Trump não pisa a linha da
discussão política. Ele compra o terreno da linha, subcontrata
umaempresaparaaimplodir, constróiumcasino gigante de vidrosespelhadoseacabamentosemouro,chama-lheTrumpLine
e passaavenderlinhas com acaradele pintada.
Omilionáriochamarepetidamenteàsuaadversária“Hillary
desonesta”(ousemprincípios),enquantoosseusapoiantesgritam“prendam-na! prendam-na!” E o seudesdémestende-se às
próprias instituições democráticas. Trump tem referido, por
mais do que umavez, que as eleições estão viciadas. “No dia8 de
Novembro, é bom termos cuidado, porque a eleição vai ser manipulada[“rigged”].Eesperoqueosrepublicanosestejamatentos ou elavai-nos sertirada”, alertou.
Ele jáo disse porvárias vezes e com diferentes formulações.
Masnãoésóarepetiçãoquedenunciaaintençãodefrisaramensagem. Outras pessoas próximas de Trump fizeram alusões semelhantesrecentemente.RogerStone,conselheirodelongadata
domilionário,avisouquehaveráum“banhodesangue”seClintonvencer,esclarecendoquenãoestáafalarde“violência”,mas
sim de “desobediência civil” e de não deixar o governo funcionar. Esta dificuldade em conviver com o resultado das eleições
nemsequerénovaemTrump.Em2012,nanoiteemqueBarack
Obamafoireeleito,oagoracandidatorepublicanonãoresistiua
escrever uma série de tweets, com frases como “Mais votos re-
E
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ANÁLISE
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sultamnumaderrota…revolução!”ou“Nãopodemosdeixarque
istoaconteça.DevemosmarcharsobreWashingtonetravaresta
vergonha”.
Ograndeproblemaéqueocandidatorepublicanoeasua“entourage”nãoagemnemfalamnumambientecontrolado.Narealidade, com a sociedade americana tão dividida, esta estratégia
desuspeiçãoéoequivalenteadeitargasolinanumafogueiraque
já está em risco de se descontrolar. Joseph Uscinski, professor
deCiênciaPolíticadaUniversidadedeMiami,estudaestefenómeno das teorias da conspiração e está preocupado com aquilo
quepoderáacontecernopós-eleições.“SeTrumpfizercomque
osseusapoiantesfiquemnervosos,elespodemirparaasruascometer actos de violência. É importante que os derrotados concedam graciosamente em vez de pedir para que haja acção nas
ruas”, afirmaao Negócios.
Alémdacisãopolítica,determinadaportrincheiraspartidárias, os americanos são também permeáveis ateorias de fraude
eleitoral. “Muitas pessoas sentem-se atraídas pela retórica de
Trump porque jáacreditamnela. Umgrande número de americanos acha que, de uma forma ou de outra, as eleições são fraudulentas”, acrescenta Uscinski. “Os democratas acham que os
seus eleitores serão intimidados ou impedidos de votar. Os republicanos acham que os democratas vão votarvárias vezes.”
Umasondagemnacionalrealizadapoucotempoantesdaeleição de 2012 concluía que 62% da população achava que, caso o
seucandidatopreferidoperdesse,seriaporquehouvefraudeeleitoral. Mais: 85% (!) achavam que o outro lado usou “jogo sujo”
paratentarganhar. Um inquérito mais recente mostraque isso
não mudou. Entre os apoiantes de Trump daCarolinado Norte
(umestadomuitorenhidonaseleições),69%achamqueseClinton for eleita é porque houve fraude. Apenas 16% admitem que
elapossaganharporrecolhermais votos.
O problema é que, embora muitos acreditem que a fraude
eleitoraléumfactordecisivo,elaémuitíssimoraranosEUA.Por
exemplo, segundo Justin Levitt, entre 2000 e 2014, houve 35
acusações credíveis de fraude no presencial. Nesse mesmo período, foram contabilizados mais 834 milhões de votos em eleiçõespresidenciais.NumartigoqueescreveuparaoWashington
Post,Uscinskinotaquealgumasanálisesatéconcluemqueonúmero de pessoas que se fazem passar por outras nas urnas é semelhante àquelas que dizem ter sido raptadas por extraterrestres.“Algumasuspeiçãoésemprelegítimae,naquantidadecerta, pode ser boa. Se ninguém estivesse preocupado com a integridadedaseleições,elasseriamfacilmentecorrompidasporum
mauactor”,explicaao Negócios.“Masosdadosmostramqueos
casos de fraude são muito raros e inconsequentes.”
Há,essencialmente,umproblemadedesinformação.Outras
sondagens concluíam que dois terços dos apoiantes de Trump
pensamqueObamaémuçulmanoe59%consideramqueelenão
nasceu em território americano (Trump jáfoi principal embaixador desta ideia). O próprio candidato republicano joga com
isso, acusando Obamade sero “fundadordo Estado Islâmico”.
PARA TRÁS NAS SONDAGENS
Muitos notam que estas declarações mais inflamadas coincidemcomo surgimento de sondagens negativas paraacampanhaTrump, pelo que ele estáapenas aarranjar desculpas antecipadasparaumapossívelderrota.Depoisdeomilionárioseter
aproximado e até ultrapassado Clinton em alguns inquéritos,
nasúltimasduassemanas,aex-primeira-damadisparounasintenções de voto.
Narealidade,Trumpestavaabeneficiardedoisacontecimentos: a conclusão da investigação do FBI sobre a utilização do e-mailpessoalporClintonenquantoerasecretáriadeEstado(críticaparaademocrata);eaquiloqueosanalistaschamamum“convention bump”. Isto é, a organização da convenção republicana
Trump não pisa a
linha da discussão
política. Ele compra
o terreno da linha,
subcontrata uma
empresa para a
implodir, constrói
um casino gigante
de vidros espelhados
e acabamentos em
ouro, chama-lhe
Trump Line e passa
a vender linhas com
a cara dele pintada.
“Muitas pessoas
sentem-se atraídas
pela retórica de
Trump porque já
acreditam nela.
Um grande número
de americanos acha
que as eleições são
fraudulentas.”
(queantecedeuademocrata)deuumempurrãoaTrumpnassondagens. Porquê? Porque entre 18 e 21 de Julho a cobertura mediáticaconcentrou-sequaseexclusivamentenoPartidoRepublicano,dandotempodeantenaànarrativaquepretendemvender.
Porém, o “bump” de Trump parece ser pálido em comparaçãocomaquiloqueacampanhadeClintonsentiu.Apesardasdificuldades em convencer os apoiantes de Sanders, a convenção
democrata terminou com a ascensão da democrata Hillarynas
sondagens. Não só o empurrão foi maior, como parece ser mais
perene do que o de Trump. O site FiveThirthyEight, do estatístico Nate Silver, calculaque se aeleição fosse hoje, HillaryClintontinha89% de hipóteses de vencer. O site disponibilizaainda
outra ferramenta – com base nas sondagens, mas descontadas
destes“conventionbumps”efiltradassegundoocomportamentopassado,andamentodaeconomia,entreoutrosfactores–que
concluiqueClintontem76%dehipótesesdevencer.Amatemática do NYT é ainda mais simpática para a democrata e dá-lhe
86% de hipóteses de ser eleita. Quão más estão as coisas? Bom,
estados que tipicamente são republicanos parecem estar agora
em risco de cair parao lado democrata, como é o caso do Arizona, Georgiaou Carolinado Norte.
Mas,talcomocomassondagensquemostravamTrumpaliderar a corrida se mostraram pouco resistentes, esta reviravolta a favor de Clinton, embora pareça mais sólida, também deve
serinterpretadacomcautela. Olhando paraas eleições anteriores,onormaléacorridairaproximandoosdoiscandidatosàmedidaqueficamosmaispertododiadaseleições.E,nestecaso,até
hámotivos paraisso. É verdade que DonaldTrump é o candidato presidencial mais impopular das últimas décadas, mas sabe
quem aparece aacenar em segundo lugar? Isso mesmo: Hillary
Clinton. Alémdisso, umaeleição numpaís cadavezmais dividido traz simpatizantes partidários mais fiéis, que muito dificilmentepermitirãoqueTrumptenhaumresultadopéssimo.Pelo
menos até agora, os republicanos parecem continuar com
Trump. Contudo, asualealdade foi colocadaàprova, num teste
que seria impensável no passado: escolher um lado entre o nomeado do Partido Republicano e os pais de um herói de guerra
morto em combate?
TRUMP VS. KHAN PELO CORAÇÃO (PÚRPURA) DA AMÉRICA
8 de Junho de 2004. Era de manhã na base de Baqubah, no
Nordeste de Bagdade, quando um táxi laranjae branco se aproximou lentamente da base. O capitão Humayun Khan mandou
os seus companheiros deitarem-se no chão e deu dez passos na
direcção do veículo. O condutorfez rebentaros 90 quilos de explosivos que transportava, matando Khan e dois iraquianos. O
facto de aexplosão ter ocorrido antes do portão, poupou não só
oscompanheirosdeKhan,comoosmaisde100soldadosqueestavam a tomar pequeno-almoço perto da entrada. Khan é muçulmano. Foi enterrado no Cemitério de Arlington e recebeu
postumamente a Estrela de Bronze e o Coração Púrpura, duas
honras militares das Forças Armadas dos Estados Unidos.
2 de Agosto de 2016. Durante umdiscurso emAshburn, Virgínia,umveteranodeguerraofereceuaDonaldTrumpasuamedalhade Coração Púrpura, atribuídaasoldados feridos oumortos em serviço militar. O candidato republicano, que escapou à
Guerrado Vietname porestaraestudare, depois, porum esporão no calcanhar, foi sincero ao receber aprenda: “Sempre quis
receberum Coração Púrpura. Assim foi muito mais fácil.”
Antesdemorrer,HumayunKhansaberiacertamentequem
eraDonaldTrump. Mas Trump muito provavelmente não fazia
ideiade quem eraKhan. No entanto, asuahistóriade vidasimbolizou um dos principais momentos de viragem das eleições
norte-americanas.Ocontrasteéóbvio:ummuçulmanoquedeu
avidapelos EUAe umcandidato aPresidente que pretende impediraentradade muçulmanos no país.
Eric Thayer/Reuters
Joshua Roberts/Reuters
DuranteaconvençãodoPartidoDemocrata,umdosdiscursos mais marcantes foi feito por Khizr Khan, pai de Humayun.
Comamulheraolado,KhizrencarouTrump.“Jáalgumavezfoi
atéaoCemitériodeArlington?Váeolheparaostúmulosdoscorajosos patriotas que morreram a defender os Estados Unidos
daAmérica”,sublinhou.“Você[Trump]nãosacrificounadanem
ninguém.”
Todos os manuais de política dizem que Trump não devia
responderou,nomínimo,deviamostraramaiorcompaixãopos-
Num cemitério repleto de cruzes e
estrelas de David, a campa de
Humayun Khan destaca-se das outras.
Outros 13 muçulmanos já morreram a
combater pelos Estados Unidos
desde o 11 de Setembro.
sível pela perda de dois pais, que ainda estão de luto pelo filho.
Mas Trump nunca se regeu pelos manuais da política e não era
agora que ia começar. O candidato republicano insinuou que a
mãedeHumayun,GhazalaKhan,estavaproibidadefalarnaconvenção democrata e defendeu que a sua vida também foi dura:
“Eufizimensossacrifícios.Trabalheimuito,muito.Crieimilhares e milhares de empregos.”
Desta vez, a coisa não lhe correu tão bem. O bate-boca com
os Khanfoimalvisto pelagrande maioriados americanos. Uma
sondagem da ABC concluía que 74% não gostaram da forma
como Trump lidou com a questão. Mesmo entre os republicanos, 61% desaprovaram o comportamento do candidato. O episódiofoiacompanhadodemuitasoutraspolémicas:expulsarum
bebé de um comício, não apoiar algumas das principais figuras
republicanas nas suas corridas estaduais, ser classificado como
umperigoparaasegurançanacionalporespecialistasdoseupartido em segurança externa ou enfrentar o lançamento de uma
candidatura independente de um republicano. Mas o embate
Trump vs. Khan foi especialmente simbólico.
O NYT escreveu que os assessores e conselheiros de Trump
lhe pediram repetidamente paradeixarde responderaos Khan
e concentrar-se em Hillary Clinton e nas suas propostas. Conselhos que Trump não seguiu. E, afinal, porque haveria de o fazer? No passado, não foi muito prejudicado quando, ao referir-seaoex-candidatopresidencialrepublicanoJohnMcCain(prisioneiro de guerra no Vietname), disse que preferia soldados
“que não foram capturados”.
Talvez prefira. Mas emboraaindahajamuito tempo paraas
coisasvoltaremaviraraseufavor,nestemomento,éTrumpque
parece estar capturado pelo próprio ego e pela perspectiva de
perder as eleições. Fica por responder a pergunta com que começámos:sereageassim,acossadoapenasporsondagens,como
reagiráaumaderrotareal nanoite de 8 de Novembro? W
Sexta-feira | 12 de Agosto de 2016 | Negócios
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ANÁLISE
A nova
Turquia
Erdogan tem um desafio histórico:
irá conseguir que esta unidade nacional
propiciada pelo golpe envolva todas
as correntes da sociedade turca?
Ou esta unidade é apenas simbólica?
FERNANDO SOBRAL
[email protected]
areceu-se comumaunanimidade nacional. Os milhões de turcos que, hádias, se
juntaram em Istambul para protestar
contraatentativadegolpede15deJulho
eparacelebrarademocraciademonstraram umaunião quase perfeita. Tal como
a que era visível no palco: líderes de três
partidospolíticosacederamaopedidode
Recep Tayyip Erdogan e deixaram, por
momentos,deladoassuasdiferençaspolíticas.Oprimeiro-ministro,BinaliYildirim,nãopoderiasermaisclaro:“Istambulégrande.”Efoirealmente nacidade que une aEuropae aÁsiaque o golpe foitravado. Nas ruas. O líder do CHP foi ainda mais claro: “O 15 de
Julho abriu aportaparaum novo consenso paraaTurquia.”
Esse é, realmente, o grande desafio: limpando-se a administração pública e o sector militar dos activistas do clérigo
FethullahGülen,queconsensoexistiráparaaTurquia?Eque
novas alianças poderão forjar-se, devido àdesconfiançacom
que Erdoganolhaagoraparao Ocidente (aAlemanhadiz que
osvistosparacidadãosturcosnãosãoparajá).Hápoucosdias,
Yildirimfoitaxativoaoafirmar,defrontedatumbadeMustafaKemalAtatürk,queopovotinhaganhoasuasegundaguerra de independência. Como se tudo indicasse que estamos a
assistirao nascimento de umanovaTurquia.
Hápontosdecontacto:aguerradaindependênciade1919,
lideradaporAtatürk,foiumalutacontraosocupantesestrangeirosdepoisdaassinaturadohumilhanteArmistíciodeMudros, que levouàpartilhado Império Otomano. Aguerraterminou com uma vitória três anos depois e nascia então uma
novaTurquia. E nelaos militares eram os defensores activos
danovaRepública.
Atatürk pretendia uma república nacionalista e centralizada em busca de conseguir o progresso e a justiça. As instituiçõesreligiosasforamafastadasdaadministraçãopúblicae
controladas. Essa tarefa, concluída nos anos de 1930 (ainda
antesdodesaparecimentodeAtatürk),revelouterpésdebarro,sobretudoquandosetornoudifícilpassardeumregimede
partidoúnicoparaumademocraciapluralista.AvitóriadeAdnanMenderes,em1950,comoPartidoDemocrático,parecia
P
O Ocidente está
mais longe da Turquia.
E a Rússia, e
mesmo o Irão, parece
mais próxima,
num redesenhar
de alianças
na zona que vai
ganhando peso.
abrirasportasparaestaTurquiapluralista.Masos10anosde
poderviriam aterminartragicamente: seriaenforcado pelos
militares, após mais um golpe.
As reformas feitas a partir de meados da década de 1980
pelo presidente Turgut Özal reflectiram-se decisivamente
na sociedade: uma nova classe média emergiu. Ficou pavimentado o caminho paraachegadaao poderde Erdogane do
AKP. Que, depois de barrado o sonho europeu e confrontado comumdeclínio do poderturco nas suas zonas de influênciahistórica(Ásiacentrale Médio Oriente), conheceualgum
isolamento.
O “QUERIDO AMIGO” PUTIN
A tentativa de golpe acaba por transformar este tempo
numaerade recentramento daestratégiadaTurquia. O Ocidente está mais longe (tal como os seus aliados árabes, especialmente a Arábia Saudita). E a Rússia, e mesmo o Irão, parece mais próxima, num redesenhar de alianças na zona que
vai ganhando peso. No encontro destasemanacom Vladimir
Putin, Erdogan referiu-se, várias vezes, ao Presidente russo
como “o meu querido amigo”, agradecendo o seu apoio após
a tentativa de golpe de 15 de Julho. Também a reunião em
Baku, de Putin com os Presidentes do Azerbaijão e do Irão,
mostraquenovascumplicidadesestarãoaforjar-se.SeaTurquiaseabstiver,Basharal-Assadpoderámaisfacilmentemanter-se na Síria. Afinal, a Europa incitou a Turquia a criar e financiara“oposição” do Exército Livre sírio ao regime de Damasco e alimentou as esperanças de Ancaraporque desejava
que estafosse o contraponto ao poderde Teerão. Restasaber
como Riade, Telavive e Washington assistirão atudo isto.
ATurquiaviveumdosseusmomentoscruciais.A“limpeza” das Forças Armadas e da administração pública e do sector educativo privado vai criar um novo pólo de poder, mais
centralizado.E,aí,Erdogantemumdesafiohistórico:iráconseguirqueestaunidadenacionalpropiciadapelogolpeenvolva todas as correntes da sociedade turca? Ou esta unidade é
agoraapenassimbólica?ATurquiabuscaredefinirasuaidentidadeeissotemquevercomaformacomoiráreformaroEstado, a educação, o sector judiciário e o militar. E precisa de
definir o seu lugar na zona e no mundo. É aí que poderá centrar-seoutroproblema:comoconciliarissocomaherançado
Estado legado por Atatürk? Seráumatarefatitânica, se o poderturcodesejarfazerisso.Mastambémterádeconvivercom
aimagem de desconfiançaque o Ocidente criou daTurquiae
de Erdogan depois datentativade golpe.
Emvezdeencorajarademocracia,Bruxelas(ouWashington)preferiupedirorespeitopelalei,deixandonoarqueficaram desconfortáveis com tudo o que se estava a passar. Não
admira que, junto dos cidadãos turcos, Erdogan tenha reforçadooseupoder.SóqueaEuropaprecisadaTurquiaparaconter as massas de migrantes que vêm do continente africano,
porque as suas políticas erradas desestabilizaram por completo os países-tampão (Síria, Líbia, Iraque). É no meio de todas estas dúvidas estratégicas que se está a assistir ao nascimento de uma outra Turquia, diferente daquela que era conhecida até agora. Resta saber qual será o rebento do que foi
semeado pelo golpe. W
Reuters
Reuters
Umit Bektas/Reuters
Sexta-feira | 12 de Agosto de 2016 | Negócios
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A MINHA ECONOMIA
SELMA
UAMUSSE
A partir de uma conversa com
SUSANA MOREIRA MARQUES
BRUNO SIMÃO
Não preciso de ter uma etiqueta
Cantou com Rodrigo Leão, Samuel Úria, WrayGunn, ou os congoleses Konono. Começou com
gospel, estudou jazz, colaborou com grupos de hip-hop e afrobeat. Cantou com músicos de
orquestra e fez peças de teatro. Balançando música com engenharia inicialmente, decidiu que iria
cantar a tempo inteiro quando teve a primeira filha. Depois do nascimento da segunda, decidiu
que estava na hora de mais um parto e fazer um disco dela, a solo. Sai no Outono. Depois de ter
interpretado tantos géneros e tantos autores, Selma Uamusse procurou a sua sonoridade entre as
raízes em Moçambique e a sua aprendizagem em Portugal. Tanto na sua vida do dia-a-dia como
na sua vida musical, descobriu que é mais feliz sem passaporte e que dispensa ser catalogada.
1.
Este álbumteve umagestação muito longa. Eusabiaque tinhaalguma coisa para dizer, mas tinha uma bagagem tão diversificada, tão
tresmalhada,àstantaspareciaquetinhamuitasvozesefoidifícilperceberporonde é que iria. Iriaparao que eramais evidente, poronde
tinha começado: o gospel? Ou pela soul? Tinha cantado com os
WrayGunntantotempo–experimentavafazerumacoisanaáreado
indie rock? Tinhacantado tanto NinaSimone, faziaumdisco de tributoàNinaSimoneeficava-mepelojazz?Aondeéqueeumeencontrava?
Atéqueumavez,oAlcidesNascimento,filhodoBana,quetrabalha no clube B.Leza e me tinha convidado a fazer lá uma programação, àmedidaque me foiobservando empalco – só pelo que via, porque ele perdeuaaudição –, disse-me que lhe pareciamuito evidente
que eu tinha um lado africano muito proeminente: “Já que estás à
procurade fazerumdisco teu, porque é que não tentas fazerumencontro entre aquilo que és tu, Selma, aqui em Portugal, e aquilo que
te vem de Moçambique?” E eu pensei que eramesmo isso.
Omeureceioemfazeralgomaisafricanoeranãopassaralgoque
fossefalso.EuvivoemPortugaldesde1988.Enãoqueriapassaruma
falsaSelma: olhaagora, de repente, eramuito africana...
Eunão me identificavacompletamente como lado do afrobeate
dos novos géneros musicais africanos; também não iriafazer músicatradicionalafricanaporquenãosabia,mastambémnãoqueriafazermúsicapop africana, kizombas oukuduros, que não tinhamque
ver comigo. Pensei que iater de, não inventar, porque acho que nós
nunca construímos nada de novo, mas reinventar. Comecei a estudarritmos e instrumentos tradicionais moçambicanos. E começou
asurgirumasonoridade que eraeu.
Nuncasonheiemserumaestreladamúsicaousequersercantora. Para mim, cantar era uma coisa natural, como dançar.
Eraumacoisaque euviapessoas nafamíliae amigos fazerem
e nem porisso eram músicos ou cantores profissionais.
Umdia,nafestadeanosdeumaprimaminha,conheçoummaestro de gospel. No final, ele decide dedicar uma espécie de oração à
minhaprimae começaacantar. E eu começo acantarcom ele. Senti-me envolvida por aquele momento um bocadinho mais especial
em que ele, no fundo, estavaaagradecer aDeus pelavidadela. E ele
disse-me: “Cantas tão bem, estou a fazer um grupo de gospel, não
gostavas de aparecer nos ensaios?” E eu disse: “Mas eu nem sequer
seicantar.”“Nãotepreocupes,éumgrupodeamadores,estouajuntarpessoasqueeusintoquetêmpotencialparasertrabalhado.”Não
2.
estavamuitoconvencida,masfuiaumensaio,fuiadois,eàs
tantas fazia parte do grupo. Isto foi em Setembro de 1999.
Foi umaalturaem que os grupos de gospel começaram aficarnamodae tínhamos muitos convites. Íamos muito àtelevisão.Aspessoasqueriamgospelemtodoolado:emcasamentos,emcampanhaspolíticas.DesdeacampanhadoAntónio Costa para presidente da Câmara [de Lisboa] à campanhadoCavacoSilva,atécantarnaFestadoAvante,fomos
atodos os partidos.
Eraum grupo grande com muitamaltadaminhaidade;
eu tinha 18 ou 19 anos. E acabo por ficar muito envolvida:
pelo lado espiritual, que eraum pouco mágico, pelo lado da
alegriade cantare dançare puxarpelas pessoas.
Amúsicaque estou afazernão tem ambição de mostrar virtuosismo ou de mostrar os registos musicais
emquesoucapazdecantar, ouquecanto muitobem.
Estou concentradanamensagem e no som.
Omelhorquepodemostirardamúsica,pelomenospara
mim, é como elanos emociona: pode serporcausadaletra,
podeserpelamaneiracomoétransmitida,podeserpelamu-
3.
sicalidade,podeserpelomovimento,peloslugaresporonde
nos faz viajar.
Este primeiro disco está muito preso a um som que me
levaaMoçambique, mas que me levatambématodos os lugares onde já estive, onde viajei. É um disco muito sobre a
minhaidentidade.Quemsoueu?Nãoenquantomulher,não
há aqui canções feministas nem canções sobre paixões ou
sobre o amor. É um disco que fala sobre quem sou eu no
mundo,quemsoueuenquantopessoa,quemsoueuenquanto cidadãdo mundo.
Eutenhoumamúsicanodiscoquesechama“Songof
Africa” e que tem uma pergunta que é: “Does Africa
knowa song ofme?” Digo isto muitas vezes nos concertos,quantoestouaexplicaràspessoasaimportânciadestacanção:durantemuitotempo,questionei-mese,vivendo
cáem Portugal hátanto tempo, as pessoas em África, especificamente em Moçambique, saberiam que uma grande
parte do meucoração estálá. E se amúsicaque eufaço chegaaelas.
Quando chegava a Moçambique, as pessoas diziam: ah,
4.
tem este sotaque, fala desta maneira, ouve determinadas
coisas,ah,nãoémuitomoçambicana...Eeutinhaessecomplexo. Não queria deixar de ser eu própria, mas ao mesmo
tempo queria ser aceite. Durante muito tempo, sobretudo
naadolescência, debati-me com isto: quão moçambicanaé
que eu sou? E quão portuguesa? Fiquei muito contente
quando, mais recentemente, percebique não preciso de ter
uma etiqueta, tal como não preciso de ter uma etiqueta de
género musical. Não preciso de um passaporte. O meu coração pertence tanto a Moçambique como a Portugal e, na
realidade,soumuitomaisricaporpoderterosdoismundos
presentes em mim e de os poderarticular.
Asminhasfilhasfalamfluentementeportuguês,francês
eflamengo,porquetêmumpaibelga.Elasviajammuito,conhecem melhoros aviões do que o metro. Elas, estando tripartidas, aindaserão mais ricas. Têmumaavó, directorade
um museu [em Moçambique] de um lado do mundo, tem
outros avós, também interessantíssimos, do outro lado do
mundo [naBélgica], e no meio desse triângulo – gosto muitodetriângulos–aindatêmPortugal,ondevivemetêmmuitos amigos. Este é o lado mais bonito damestiçagem. W
A ESQUINA
DO RIO
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Sexta-feira | 12 de Agosto de 2016 | Negócios
MANUEL FALCÃO
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SEMANADA
BACKTO BASICS
Não fazes ideia o trabalho
que me deu chegar pobre
até ao fim da vida.
Paiva Couceiro
Fogo!
Em dez anos, foram passadas 57 multas a quem levou cães para a
praia G o FMI considerou o Deutsche Bank, um ícone da Alemanha no
pós-guerra, o maior risco a nível mundial para a estabilidade financeira
G dos 230 deputados em funções no fim da sessão legislativa, só o duo
de “Os Verdes” e outros 38 parlamentares têm um registo “limpo” de
faltas nos plenários da Assembleia G segundo os serviços do Parlamento,
o total de faltas neste ano parlamentar ascende a 934 em todas as
bancadas, uma média de 11 deputados ausentes por sessão G o Porto
é a cidade onde se registam mais atropelamentos e Aveiro é a cidade
onde se verifica maior número de mortes por atropelamento G Rui Rio,
velho amigo e aliado autárquico de António Costa, afirmou não excluir
“a possibilidade de legislativas ainda antes das autárquicas” G os
medicamentos genéricos já são metade do total dos medicamentos
vendidos G em Portugal, há mais casais a terem o terceiro filho e
continua a tendência para o aumento da natalidade G as exportações
portuguesas tiveram o seu pior semestre desde 2009 G as queixas
de deficientes por discriminação subiram 42% num ano.
G
Apiorcoisaque pode aconteceré transformar a desgraça dos incêndios numa
guerrilhapolitiqueira, mas isto não deve
levarao aliviardas responsabilidades. O
que se passou nos últimos dias é um grave problema de prioridades políticas
desajustadas e não de divergências partidárias. Narealidade, todos os partidos
que estiveram no poder nos últimos 30
anos tiveram responsabilidades nos erros de políticas de ordenamento de território e florestais que agora se revelaram com uma intensidade terrível.
Diriaqueexistemtrêsáreascríticas:a
da prevenção, que foi a mais desprezada;
a do combate aos incêndios, que vai funcionandoemalternativaàprevençãoeque
recebe maior atenção (e financiamento)
porque serve de veículo de propaganda; e
adajustiça, com um enquadramento penalanedóticofaceàgravidadedoscrimes
cometidos – que este ano, como se sabe,
provocarammortes, mais umavez.
Temos 3,5 vezes mais incêndios do
que amédiados países mediterrânicos e
2,5 vezes mais áreaardida. Só entre 1 e 8
de Agosto, registaram-se em Portugal
1.775 incêndios. No Público, Fernando
Santos Pessoa, da Universidade do Algarve, pôs o dedo na ferida: “Devemos
sero único país do mundo com florestas
que não têm um corpo específico de
Guardas Florestais”, escreveu, sublinhando não terdúvidas de “que essaera
amais eficaz e mais barataformade prevenção dos fogos florestais”. E recorda
que os extintos Serviços Florestais
“eram um organismo que vinha desde o
séc. XIX, e não hápaís nenhum no mundo, com uma grande área florestal, que
não possua o seu Serviço Florestal”. No
Observador, Paulo Fernandes, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto
Douro, recordou que “em 2013, a Auto-
ridade Nacional da Protecção Civil
(ANPC) dava conta de que o dispositivo
de combate a incêndios tinha um custo
previsto de 74milhões de euros, enquanto aprevenção mereceriaapenas um investimento de cerca de 20 milhões. Daí
paracá, o desequilíbrio agravou-se. O sistemade combate aincêndios estádivorciado do sistema de prevenção”. Também no Observador, José Cardoso Pereira, do Instituto Superior de Agronomia, aponta: “Vemos todos os dias os noticiários das oito a serem abertos com
helicópteros Kamovno terreno. Mas não
vemos noticiários a serem abertos com
a limpeza das matas.”
Apropagandaé inimigadarealidade
e isto aplica-se a todos os partidos que
estiveram no Governo. Henrique Pereirados Santos, um arquitecto paisagista,
tem sido uma presença constante a denunciaro que se passa: o custo do dispositivo de combate aos fogos passoude 30
milhões anuais para100 milhões anuais,
enquanto o Plano Nacional de Defesa
das Florestas contraIncêndios e o Fundo FlorestalPermanente, concebido por
técnicos do sector há uma dezena de
anos atrás, nuncafoi aplicado e antes foi
esvaziado em verbas e acções – e Pereira dos Santos defende que se as recomendações tivessem sido seguidas, asituação seria bem diferente.
E chegamos à questão da Justiça – a
penapenal máximaparaos incendiários
é de oito anos. Quase nenhum dos condenados cumpre a pena por inteiro, a
maioria sai em liberdade a seguir à detenção, muitos compenasuspensareincidem. O que hádécadas se passacom os
brandos costumes sobre estes crimes,
merece reflexão. E a atitude dos Governos em relação à prevenção também
tem, ela própria, uma faceta criminosa.
GOSTO
NÃO GOSTO
ARCO DAVELHA
Da série de textos “A América através dos livros”, de
Isabel Lucas, um grande exemplo de bom jornalismo.
De comentários bacocos como os que ouvi na
transmissão da cerimónia de abertura dos Jogos
Olímpicos.
Mais de metade dos suspeitos de fogo posto que
a PJ detém são logo libertados pelo juiz de instrução,
muitos recebem penas suspensas e, destes, vários
são reincidentes no mesmo crime e continuam depois
em liberdade.
Folhear
Ouvir
Não me canso de ficar surpreendido com o dinamismo dos editores de revistas independentes, que continuama apostarno papele apresentamedições fantásticas. Uma das mais deliciosas publicações que vi
nestes últimos meses foi apeeps, que vai agorano segundo número. De origem canadiana, e feitagraças a
contribuições de apoiantes numesquemasemelhante ao “crowdfunding”, o seu objectivo é seguiras mudanças sociológicas que acontecempelo mundo fora.
Um dos artigos mais interessantes desta edição chama-se “Welcome to the cyber village” e aborda casos
de adaptação de sociedades rurais ou de vilas longe
dosgrandescentrosurbanosàsnovastecnologias.Outro temo curioso título “Freshideas onthe deathand
rebirth ofmarketing” – é uma entrevista com John
McGarr, fundador de uma empresa de consultoria,
Fresh Squeezed Ideas, que juntou umaequipade antropólogos que estudam as alterações de hábitos de
consumo e de comportamento e que temporlema“o
que antes resultoupode não funcionaragora, dámais
resultado ser diferente que ser o melhor”. A revista
tem também “short stories” reais que contam episódios da vida de profissionais de diversas áreas. Aedição fotográfica é muito cuidada ao longo de todos os
artigos e o grafismo é simples e eficaz. Ao folhear
peeps, não resistiapensarcomo emPortugalexistem
tantos casos que podiam caber numa linha editorial
semelhanteecomopodiafazersentidofazeraquiuma
publicação destas, que saiduas vezes porano. Podem
sabermais no Twitterempeepsforum, no Instagram
em peepsmagazine ou no Facebook em peepsforum
– e peepsforum.com é o nome do seu site.
William Tyler foi guitarristados Lambchop e,
antes deles, dos Silver Jews. A sua carreira a
solo vai em quatro álbuns, todos eles instrumentais, onde faz jus àsuatécnicae aumaformamuitoprópriadetocarguitarra.Onovodisco chama-se Modern Country e é uma espécie
de manifesto musical de umaAméricadas pequenas cidades, das estradas percorridas por
camiões e dos bares onde os seus condutores
se encontram. Cadaum dos temas podiafazer
parte dabandasonorade um filme sobre o Sul
dos Estados Unidos, desde Albion Moonlight
a The Great Unwind, passando por Highway
Anxiety. Destaque paraaparticipação do baterista dos Wilco, Glenn Kotche, entende-se às
mil maravilhas com o baixista Darin Gray.
Quando apresentou o álbum, William Tyler
disse que o disco eraumacartade amorao que
se estavaaperdernaAmérica. E, ao ouviro disco não é saudosismo, o que se sente, é esperança. WilliamTyler: ModernCountryMerge Records, disponível no Spotify.
Ver
Ora aqui vão sugestões avulsas. Até 15 de Outubro,
na Galeria Municipal de Matosinhos, Julião
Sarmento apresenta “No Fio da Respiração”, 26
obras de pintura, desenho e escultura, produzidas
entre 1966 e 2011, com duas peças inéditas –
exposição comissariada por Miguel von Hafe Pérez.
Em Lisboa, sugiro, no Museu de Etnologia, um
belíssimo e pouco conhecido edifício na Rua
da madeira, no Restelo, uma exposição
particularmente adequada a estes dias em que
a destruição do fogo varreu o país: “Inquéritos
ao Território: Paisagem e Povoamento”. No Museu
Nacional de História Natural e da Ciência, está
a exposição “Dinossauros Que Viveram Na Nossa
Terra”, que reconstitui como seria a paisagem
da região Oeste no período jurássico. Em Loulé,
no Convento de Santo António dos Capuchos,
Teresa Segurado Pavão apresenta trabalhos de
escultura sob o título “Terras Brancas”. Finalmente
em Sines, no Centro Cultural Emmerico Nunes, está
a belíssima exposição “4 fotógrafos de Moçambique”,
que apresenta trabalhos de Moira Forjaz, José
Cabral, Luís Basto e Filipe Branquinho (na imagem).
Provar
DIXIT
Espero não ser como os políticos e
saber parar de escrever no tempo certo.
Ian McEwan
Umhambúrguerdecente comserviço simpático paraportugueses ao pé do largo de Camões? Podem deixarde pensarque é realidade virtualouo fruto de umapancadanacabeça. A coisa existe, é o Italian Burguer & Lobster House e
tudo correu acima das minhas expectativas. Num destes
dias, a caminho do cinema Ideal, e querendo jantar antes
do filme, entrei com alguma desconfiança no referido local, na Rua do Loreto. Pois reconheço que estava com um
preconceito estúpido. O atendimento foi excelente, o serviço, rápido, aconfecção e qualidade dacomidaforamirrepreensíveis e a imperial era bem tirada e fresca, apesar do
calorlisboetadestes dias. Paraamesaveio umhambúrguer
Tuscanny, à base de frango com manga e tomate laminado, manjericão e coentros frescos, e um hambúrguer Par-
ma, com cogumelos, cebolacaramelizada, parmesão e salsa. Cada hambúrguer pode vir com dois acompanhamentos, entre salada, risotto de cogumelos, batata frita ou arroz thai. Os hambúrgueres estavamno ponto e os acompanhamentosescolhidostambém.Háopçõesdehambúrguer
de atume vegetariano. E depois, claro, háo lavagante – que
pode vircozido ougrelhado, emtártaro, emrisotto oucom
linguine. Há-de serexperimentado numapróximaocasião.
Nas entradas, destaque paraamanteigade corais e apasta
de tomate assado, com grissinis. Além do Chiado, o Italian
Burguer& LobsterHouse existe no Centro Colombo, Centro Vasco daGamae naAvenidade Roma, junto àPraçade
Londres. No caso do Chiado, fica na Rua do Loreto 12,
telefone 961 092 652.
20
21
REVELAÇÕES DO MERCADO
DAS PAIXÕES
Sexta-feira / 12 de Agosto de 2016 / Negócios
JOSÉ VEGAR
Ajustamentos
para o
curto prazo
Como se escreveu no texto
principal, o novo MNAA é
todo um outro MNAA. No
entanto, há ainda alguma
edição de espaço a fazer.
As secções de cerâmica e de
“prataria”, por exemplo, têm
material a mais e informação
a menos. O mesmo excesso
está na loja, muito pesada
nos artigos, com muitos que
não deviam estar ali, e com
falta de espaço. Já agora,
com aquele jardim, não se
compreende como é que a
cafetaria continua a ser tão
má, e como é que um grupo
grande de funcionários
continua a insistir em entrar
na figuração do próximo
“Família Adams”.
A nossa
História
no MNAA
A nossa arte e a nossa História têm, finalmente,
um espaço coerente e atraente, o piso 3
do Museu Nacional de Arte Antiga. Há algumas
leituras curiosas provocadas pelo percurso.
princípio de que as
nações devem possuir
locais internos onde
possam conhecer a
sua História e experimentarabelezaé quase universalmente aceite, como é um outro princípio, o de que o primeiro acto de umditadoré o de des-
O
truiraHistóriaantes de si, e eliminaros ícones concorrenciais.
EmPortugal, não porrazões
de limitação de História, mas
mais por argumentos de austeridade de fundos ao longo de
toda a nossa existência, o local
mais indicado, mas não o único,
paracumpriro primeiro princí-
pio foi, e é, o MuseuNacionalde
Arte Antiga (MNAA), naquela
zona demograficamente complexa de Lisboa a que se costuma chamar as “janelas verdes”.
Até há muito pouco tempo,
o MNAA tinha o espólio, mas
razões imateriais impediram-no de cumprirasuamissão. De
facto, até háuns tempos, apesar
das boas exposições que se sucederam, entrar naquele palácio que conserva qualquer coisa de renascentista no seu ambiente eraumaexperiênciaque
fazia lembrar, por várias impressões poéticas, algumas atmosferas de Tarkovsky editadas, com alguma maldade, pela
mente corrompida de Lynch.
Como escrevi, o cenário começouaseralterado,enadailustramelhorestamudançadoque
o piso 3 do museu, que alberga,
através de percursos cronológicos, que vão do século XIII ao
XIX, e de núcleos artísticos, o
melhordaarte portuguesa.
Uma mostra extensa e coerente como esta, que tanto faltava, salve curadores do MNAA,
permite leituras muito curiosas.
Não vou aqui replicar as mais
importantes, que os historiadores se têm encarregado, mas al-
gumas mais subtis. A primeira
é aincrívele permanente omnipresençadaIgrejacomo mecenas e cliente, e a quantidade
enorme de peças, de património, que foi doado por conventos e outros centros de poderreligiosos. Uma outra é uma certa falta de imaginação e de cosmopolitismo da nossa Coroa,
que se limitou a encomendar
aos mestres o mesmo que os
seus pares encomendaram, da
SaxóniaaEspanha. Umaterceira, porventuraamais importante, é a quase total ausência de
mecenas, o que levou, provavelmente, aque não tenhamos tido
o mesmo número de génios que
produziramnos Países Baixos e
nas cidades-estado italianas.
Apesar de tudo, e a mostra
permite detectar alguns casos,
há comunicações fascinantes,
como a do monge irlandês que
se fixou no Convento do Espinheiro, em Évora, apintar. Não
temos assimmuitas peças notáveis, mas temos sempre os “Painéis de São Vicente de Fora” e
mais algumas outras. Mas temos, finalmente, umespaço que
nos ensina muito do que sempre fomos e ainda mais do que
somos. W
*Nota ao leitor: Os bens culturais, também classificados como bens de paixão, deixaram de ser um investimento de elite, e a designação inclui hoje uma panóplia gigantesca de temas, que vão dos mais tradicionais, como a arte
ou os automóveis clássicos, a outros totalmente contemporâneos, como são os têxteis, o mobiliário de design ou a moda. Ao mesmo tempo, os bens culturais são activos acessíveis e disputados em mercados globais extremamente
competitivos. Semanalmente, o Negócios irá revelar algumas das histórias fascinantes relacionadas com estes mercados, partilhando assim, de forma independente, a informação mais preciosa.
LIVROS
Destaques
Em busca do verdadeiro
sentido da vida
Uma bela história
de amor
Editado originalmente em 1990,
este “Balada do Amor ao Vento”
impôs definitivamente Paulina Chiziane
como uma grande voz da literatura de
Moçambique. Esta é uma bela história
de amor entre Sarnau e Mwando que
vai evoluindo ao longo do tempo,
porque todas as paixões deixam traços
de alegrias e rugas de tristeza. À volta,
a natureza ilustra a vitalidade da vida.
E isso Paulina Chiziane descreve de
forma elegante: “O insólito acontece na
floresta. Todos os seres escutaram os
segredos da natureza e estão a operar
maravilhas.” Muito bonito. FS
Henry David Thoreau, há quase dois séculos, observou a vida nivelada pela
revolução industrial e procurou uma alternativa para todos nós. Que passava
pela natureza. As suas reflexões continuam muito actuais.
FERNANDO SOBRAL
[email protected]
PAULINA CHIZIANE
“Balada de Amor ao Vento”
Caminho,
172 páginas, 2016
No mundo actual
da espionagem
Jason Mattews sabe contar uma história
de espiões. Não espanta: foi, durante
três décadas, agente da CIA. Talvez por
isso “O Palácio da Traição” tenha que
ver com a duplicidade e com a política
internacional, nesse jogo de xadrez
que nunca deixa de ser jogado pelas
grandes potências mundiais. A tentativa
de saber o que os iranianos estão
a fazer com o seu projecto nuclear
faz com que uma agente, Dominika
Egorova, se aproxime demasiado de um
cientista do Irão. Agente russa, também
trabalha para a CIA. Mas ela não
é a única a fazer jogo duplo. FS
JASON MATTHEWS
“O Palácio da Traição”
Lua de Papel,
590 páginas, 2016
Os portugueses
no meio do Oriente
Este romance histórico, passado entre
os finais do século XV e o início do XVI,
é bem mais do que uma história de
amor entre Bin Rahhal, um dos homens
mais influentes junto do vizir do Bahrein,
e a jovem Halima, uma beleza única de
Ormuz. Nesses dias, os portugueses
aproximam-se das riquezas do Oriente
e o destino de todos os que se cruzam
nas águas e terras por onde as
caravelas passam vão mudar para
sempre. É esse encontro de sonhos e
pesadelos que Abdulaziz Al-Mahmoud
consegue descrever de forma muito
atraente. FS
ABDULAZIZ AL-MAHMOUD
“A Vela Sagrada”
Casa das Letras,
421 páginas, 2016
enry David Thoreau tinha uma visão radical sobre a
nossa vida. E as
suas reflexões são
transparentes neste livro,
publicado já depois da sua
morte em meados do século
XIX.Claraseactuais.“AVida
sem Princípios” é um tratado perturbadorque nos leva
areflectirsobre o sentido da
vida, especialmente nestes
tempos emque avelocidade
e as comunicações nos exigem quase 24 horas por dia
de trabalho, sem intervalos
para relaxar e ganhar energiacom algum ócio.
Aqui,Thoreaufaladanecessidadedenossepararmos
da sociedade como um todo
edevivermosavidadeacordo comas nossas necessidades e não com as daquela.
Thoreau é taxativo: “Seria
magnífico ver a humanidade,porumavez,desfrutardo
lazer. Já só há trabalho, trabalhoemaistrabalho.Jánão
é fácil comprar um caderno
liso paraescreveras minhas
reflexões; agora são todos
pautados para inscrever os
dólares e os cêntimos.”
O autordefende que não
devemos ser apanhados na
armadilhado dinheiro. Pelo
contrário,devemosusufruir
da vida e saber aproveitá-la,
em vez de sermos escravos
do vil metal. E escreve: “Se
umhomempassearnosbosquesporamoraestesdurante metade do dia, arrisca-se
aqueovejamcomoummandrião; mas se passar todo o
diaemactividadesespeculativas, arrasando as florestas
paratornaraterranuaantes
H
de tempo, será considerado
um cidadão diligente e empreendedor. Como se o único interesse que umacidade
tivessenosseusbosquesfosse cortá-los!”.
Thoreaupropõequeprocuremosumanovarotapara
a nossa vida, em vez de nos
comportarmos como seguidores de valores que nada
têm que ver com os princípioselementaresdavidaeda
natureza. Ele, claro, liga a
vida humana à natureza,
dentrodeumalógicadeconvívio perfeito com o planeta
em que nascemos e morremos. Ele é avoz do bomsenso numa sociedade baseada
em falsos encantos.
Mesmo tantos anos depoisdeistoserescrito,reparamos que nada parece ter
mudado no essencial. Refere o autor: “Diz-se que a
Américaéaarenaondeabatalha da liberdade deve ser
travada. Mas, seguramente,
quenãosetrataaquidaliber-
HENRY DAVID THOREAU
“A Vida sem Princípios”
Antígona,
73 páginas, 2016
dade num sentido meramentepolítico.Mesmoconsiderando que o Americano
se libertou de um tirano político, ele continua a ser escravodeumtiranoeconómico e moral.”
Thoreau recusava-se a
alimentar as “expectativas
sociais” que tornam amaior
partedaspessoasescravasde
lógicas que são totalmente
alheias aos princípios elementares da vida. A “vida
moderna”,jánaqueletempo,
destruíaarelaçãoéticadarelaçãodohomemcomanatureza. Não esquece esse conflito: “Este mundo é um lugar de labuta. Que azáfama!
Souacordadoquasetodasas
noitespeloarquejardalocomotiva. Isso interrompe os
meus sonhos.”
Tudo se reconduz, de
resto,enasuavisão,ànecessidade de amar. E isso tem
quevercomacontemplação,
com a possibilidade de usufruir do tempo sem os constrangimentosdacorreriaem
busca de pretensas necessidades que não são mais do
que meras ilusões. A busca
da felicidade é, para ele, o
guia da nossa existência. E
eleparecetersidocompletamente desvirtuado com as
lógicas de trabalho e de “sucesso” que se foram entranhando no nosso ADN,
como se isso fosse o fulcral
para termos alguma paz. E
para sermos reconhecidos
pelosoutros,ouseja,pelasociedade.
Este livrinho é um prazer. E uma forma de nos interrogarmossobreosentido
davida. W
22
23
AUTOMÓVEIS
Sexta-feira / 12 de Agosto de 2016 / Negócios
Destaques
O Opel Astra foi o vencedor da
edição 2016 do Essilor Carro do
Ano/Troféu volante de Cristal.
Kia Niro
Primeiro híbrido, depois eléctrico
O Kia Niro é o primeiro “crossover” híbrido do construtor sul-coreano. Mais pequeno do
que o Sportage, vai chegar em Outubro a Portugal, com preços a partir de 28.000€.
ADRIANO OLIVEIRA
Carro do Ano em Portugal
A 34.ª edição do Essilor Carro do Ano/Troféu Volante de
Cristal, iniciativa organizada pelo Expresso e pela SIC
Notícias, e na qual o Jornal de Negócios participa na
qualidade de jurado permanente, já está em marcha.
Os vencedores serão anunciados em Fevereiro de 2017.
Audi Offroad: experiências na terra
A Audi abriu as inscrições para dois eventos fora de
estrada dedicados aos proprietários de veículos da marca.
Entre os dias 23 e 25 de Setembro, o passeio visita a
região alentejana. Depois, entre 7 e 9 de Outubro, será
a vez da serra da Estrela. Mais informações em audi.pt
novo Kia Niro é um
pequeno “crossover”
híbrido, de linhas semelhantes ao seu “irmão” mais velho
Sportage, que chegaráao mercado nacional em meados de
Outubro próximo. No próximo ano, a marca conta acrescentar à gama uma proposta
do Niro totalmente eléctrica.
Com um comprimento de
4,36 metros, ouseja, menos 12
centímetros do que o Sportage, o Niro apresenta uma largurade 1,81 m e umaalturade
1,54 m. Utiliza uma nova plataforma do grupo Hyundai,
desenvolvidaexclusivamente
para dar resposta às necessidades damobilidade eléctrica
e que vai dar origem até 2020
a 22 novos modelos, um dos
quais o Hyundai Ioniq, de que
falaremos empróximaedição.
Emboraestejainserido no
segmento dos “crossovers”, o
Niro não propõe a transmissão às quatro rodas, como a
maioria dos muitos concorrentes na sua categoria. Menos apelativo do que outros
modelos da marca em termos
estéticos, o Niro oferece,
contudo, uma elegância clássica que agradará certamente
a muitos e menos a outros.
Mecanicamente, o Niro é
propulsionado por um bloco
dequatrocilindrosde1.6litros
quedesenvolve105cv.Temassociadoummotoreléctricode
43cv,oquecorrespondeauma
O
potência conjunta de 141 cv,
paraum binário de 265 Nm. A
média das acelerações e recuperações é de 11,5 s para ir dos
0 aos 100 km/h. A velocidade
máximaé de 162 km/h.
OnovoKiacontacomuma
bateria de iões de lítio com
1,56 kWh de capacidade, para
armazenaraenergiadas desacelerações e travagens. Com a
bateria carregada, é possível
percorrer alguns quilómetros
emmodototalmenteeléctrico
desde que não se ultrapassem
os 50/60 km/h.
Acaixaautomáticade seis
velocidades e dupla embraiageméumaestreianouniverso
dos híbridos e faz toda a diferença face às caixas de variação contínua propostas pelos
híbridos da Toyota.
Oprimeirocontactocomo
Niro revelou-se uma boa surpresa. Desde as novas tecnologias àhabitabilidade. Muito
espaçoso e confortável, tanto
àfrentecomoatrás,oNirooferece ainda bagageira com capacidade dos 427 aos 1.425 litros com os bancos rebatidos.
No equipamento, o Niro apostanaconectividadeenasegurança,comdispositivosmodernos, de série ou opcionais.
Emtermosdeconforto,oNiro
propõe também equipamentostopodegamacomoosbancos eléctricos, aquecidos ou
ventilados e carregador de telemóvel por indução. W
Negócios em Barcelona, a convite da Kia
Características
28.000€*
Kia Niro híbrido
Sistema de propulsão
(combustão/eléctrico):
140 cv às 5.700 rpm
Motor a combustão: dianteiro
transversal, gasolina, alumínio,
4 cilindros em linha, 16 válvulas,
injecção directa, start/stop
Cilindrada: 1.580 cc
Potência: 105 cv às 5.700 rpm
Binário: 147 Nm às 4.000 rpm
Motor eléctrico: dianteiro
transversal, 44 cv às 2.500 rpm,
170 Nm às 1.798 rpm
Velocidade máxima: 162 km/h
Aceleração: 11,5 s 0-100 km/h
Tracção: dianteira
Transmissão: auto 6 velocidades
Consumo misto: 3,8/100 km
Consumo urbano: 3,8l/100 km
Cons. extra-urbano: 3,9/100 km
Emissões CO2: 88 g/km (E. VI)
*Preço indicativo
Galeria de fotos em negocios.pt
CINCO SENTIDOS
HORAS
CERTAS
A estrela desconhecida
Lua cheia
David Martins
Se está pelo Algarve e quer fazer uma experiência
gastronómica memorável, o Bon Bon é o espaço certo.
FERNANDO SOBRAL
A
EDGARDO PACHECO
ui Silvestre bateu
um recorde nacionalporseromaisjovemchefportuguês
aganharumaestrela Michelin. A 25 de Novembro de 2015, tinha 29 anos,
mas quando os misteriosos
inspectores visitaram o Bon
Bon, no Algarve, Silvestre tinha 28 anos. Em países com
cultura de exigência na alta
restauração, essas coisas
acontecem(o italiano Massimiliano Alajmo, descendente da4.ª geração de cozinheiros na família, conseguiu as
três estrelas aos 28 anos),
mas, por cá, Rui Silvestre foi
um caso. Tão grande que os
críticos foram apanhados a
gaguejar no dia da festa em
Vigo. “BomBomouBonBon,
como é que é?!” “Onde?!”
“Quem!?” “Rui quê?!” Ninguém sabia nada. Coisa que,
louve-senestamatériao“guia
vermelho dos pneus” (José
Quitério“dixit”),sóabonaem
favor do chefe de Nuno Diogo, o dono do restaurante.
Ocertoéqueaduplaestava,desdeMarçode2014,focada neste objectivo da estrela.
Porquê? Porque, responde o
chef, “era possível. Temos
produtosdeexcelência,temos
técnicae temos serviço de nível. Portanto, erasó esperar.”
Já Nuno Diogo conta outra história. Algarvio com investimentos na área da res-
R
tauração, certo dia estava a
passaremfrente ao VilaJoya
quando o pai comentou que
ali se comia como em nenhum outro lado no Algarve.
Nuno ouviu e prometeu ao
pai que um dia haveria de erguer uma casa com o mesmo
nível. Está dado o primeiro
passo.
Quandoprovamosospratos do menu em vigor(Fauna
e Flora), o que sobressai é domínio técnico de confecção e
–coisaquenemsempreacontece na alta gastronomia – a
preocupaçãopornãoespalhar
muitos sabores em cada prato. Não há confusões, não há
distracções nem háfloreados
barrocos. Se umdos pratos se
chama moleja (uma pequena
obra-prima), é a moleja que
sabe, apesar de, misteriosamente,ligarnaperfeiçãocom
lagostim, tangerinae nabo.
A passagem do jovem cozinheiro por outros restaurantes com estrela Michelin
na Europa justificará muito
do que faz no Algarve, mas é
nossa ideia que parte do seu
sucesso se deve ao trabalho
que desenvolve com os seus
fornecedores. Se os cozinheiros gostamde falarnaimportância do produto (um cliché),RuiSilvestregostadefalarnopapeldosprodutores(é
diferente), gente que visita e
recebe com tempo.
Há dias, vimo-lo em con-
Salmonete, lulas
e molho de fígados.
Lua continua a exercer um forte fascínio sobre a indústria relojoeira.
Não só por causa da sua influência na
Terra, ou pelo sonho que sempre tivemos
em conquistá-la. Mas, sobretudo, pelo
simbolismo que ela representa na nossa
relação com o tempo. AA. Lange & Söhne
apresentou, no Salon International de la
Haute Horlogerie, de Janeiro, em Genebra, o novo Saxonia Moon Phase. Ele está
agora, finalmente, disponível no mercado
e é mais um exemplo do requinte elegante
e da sobriedade das propostas da marca.
Ele combina uma precisa representação
das fases da Lua com a impressionante
data sobredimensionada que é tão característica da Lange. Uma sessão fotográfica
perante uma paisagem saxónica ao luar
Rui Silvestre chegou à primeira estrela com 28 anos.
Mariscos, berbigão, percebes, mexilhões, cumbawa e ervas marinhas.
BON BON
URBANIZAÇÃO
CABEÇO DE PIAS, CARVOEIRO.
TEL. 282 341 496.
SÓ JANTARES.
FECHA À 4ª.
versacomPedro Bastos, líder
da Nutrifresco, empresa que
trata o peixe nacional de forma superior para chefes estrelados do país e do estrangeiro. Aliás, quando o jovem
bioquímico peganumsalmonete–perdão,noMullusSurmuletus ouno Mullus Barbatus –, explicaaorigem do seu
sabor amariscado a partir da
suadietaalimentaroudo seu
sistemadigestivo. Escutando
Pedro Bastos, Rui Silvestre
tira notas para explorar ao
máximo o sabor e as texturas
de peixes e mariscos – a sua
grande paixão na cozinha.
EnãosepensequenoBon
Bonsóhácamarãodomelhor
e peixes nobres. Aboadapescadaouapopularraiaentram
com estilo no menu. O que
nuncacomemos foi um carapauouumaferreiraporaqui,
mas se calhar é uma questão
de tempo.
Donde, quem estiver no
Algarve e quiser ter umanoite memorável, o Bon Bon é
umasolução. Sim, barato não
será, mas se contabilizarmos
os barretes que enfiamos por
esse país a pagar contas de
€40ouàvoltadisso,compensa poupar para viver uma experiência inesquecível. E
quem gostadestas lides pode
depois tentar reproduzir um
ou outro prato em casa. Eu,
por exemplo, ando às voltas
com a tal moleja. Ainda não
cheguei ao nível do chef, mas
isso é só porque ele tem acesso amolejas de altíssimaqualidade. Não é por ausênciade
jeitodaminhapessoa…Erasó
o que faltava. W
transmite da melhor maneira a combinação perfeita entre estética e precisão.
Com a apresentação das fases da Lua no
Saxonia Moon Phase, a A. Lange & Söhne
conseguiu juntar a precisão com a estética
num muito elaborado conjunto relojoeiro. Asua transmissão em sete etapas foi
elaborada com tal precisão que o sistema
só precisa de ser corrigido uma vez a cada
122,6 anos. O tom azul escuro do disco lunar em prata maciça resulta de um revestimento patenteado. As 852 estrelas representadas são recortadas com o recurso
a um raio laser. E a data sobredimensionada na janela dupla com caixilho em
ouro faz o contraponto visual com o submostrador dos segundos, que também incorpora a exposição das fases da Lua. Trata-se de uma proposta que segue a linha
tradicional dos relógios da marca, que
apela a valores intemporais, mas que nunca deixa de apostar na modernidade. W
NA EDIÇÃO DESTE ANO
DA PROVA 24 HOURS OF LE MANS,
A CHOPARD, PARCEIRA OFICIAL
DA PORSCHE MOTORSPORT, APRESENTOU
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SEXTA
12.08.16
Embaraços na chamada União Europeia
Nada disto é vital,
nada disto é normal
e escapa ao equilíbrio
estabelecido pelos
ideais fundadores da
UE, que desejavam um
equilíbrio de forças
impeditivo de qualquer
hegemonia.
stabelece-se esmerada confusão entre o propósito e o realmente tido como tal. O recente imbróglio, estabelecido na
“União” Europeia, durante
meses, a fim de apavorar Portugal e Espanha, resultou
numacoisapífia, afinal conducente a um resultado nulo. Mas preocupou
populações durante meses. O próprio presidente da UE alimentou esse equívoco, especialmente provocado pela Alemanha. O mal-estardesenvolveu-se durante meses. E criou
embaraços insistentes em países como Portugal. Entendeu-se que esta Alemanha deseja, antes de tudo, criar um nivelamento com
duas nações a dirigir e o resto a ser dirigido.
Nada disto é vital, nada disto é normal e
escapaao equilíbrio estabelecido pelos ideais
fundadores da União Europeia, que desejavam um equilíbrio de forças impeditivo de
E
AFOTOGRAFIA
DA SEMANA
LUCY NICHOLSON /
/ REUTERS
O jogo das equipas
femininas de voleibol
de praia, do Egipto contra
a Alemanha, chamou
a atenção do mundo.
Não pela prestação das
atletas olímpicas, mas
sim pelas diferenças
culturais evidenciadas
pelo equipamento.
qualquer hegemonia. Aideia, generosa, é antiga, e nunca deu resultado, acicatando, pelo
contrário, as históricas tendências dominantes germânicas.
Quem manda e quem dirige a Europa actual? O duo Alemanha-França é falacioso. A
importânciados alemães advém do seu poder
económico, da sua necessidade de desenvolvimento territorial que explica e justifica o
seu poder. França obedece a uma estratégia
antiga, que determinou asuaminimização. A
história da invasão alemã é suficientemente
elucidativa. E os livros e os filmes dessa miséria moral são elucidativos das componentes vitais de um tempo e de umaépocadesastrosos.
AUnião Europeiaé tudo menos aquilo que
a expressão pretende enunciar. Constituiu
paranós, portugueses, umaignomínia. As comissões dirigidas porSócrates ouPassos Coelho, cuja subserviência em relação a Angela
Merkel assumiram, tiveram sempre as características de total sujeição. E as coisas não vão
melhorar. Alguns países não escondem a incomodidade em submeterem-se às injunções
alemãs, ameaçando abandonaraUnião. Esta,
devido acircunstâncias especiais, temsido dirigida pela gestão de Direita, com os resultados conhecidos e umacrescente incomodidade da parte de alguns recalcitrantes.
Isto, para assinalar que as coisas não correm no melhordos mundos. As grandes questões são constantemente ocultadas ou dissimuladas, e arecente saídado Reino Unido assinalou os abalos que a União atravessa. As
coisas estão seriamente ameaçadas, e não se
trata, apenas, da supremacia alemã, mas sim
das próprias debilidades da construção do
projecto. As coisas estão àvista, e nem os discursos apaziguadores dos dirigentes europeus conseguem neutralizar o mal-estar que
se vive na Europa. W
SEXTA-FEIRA
|
12 AGO 2016
|
ECONOMIA
|
17
“
[Portugal]
tem o Governo
mais à esquerda
desde
a revolução.
MARCELO REBELO
DE SOUSA
Presidente da República
Em declarações ao canal
de notícias da Globo,
durante as quais tentou
falar com sotaque
brasileiro.
Para Donald Trump
o fundador do ISIS
é... Barack Obama
Mexicanos, muçulmanos, um jornalista portador de deficiência, os pais de um
soldadomortonoIraque,HillaryClinton.Oqueéquetêm em comum?Játodos
foramalvo,emdeterminadomomento,dedeclaraçõesjocosasouofensivaspor
parte de Donald Trump, o candidato republicano àpresidênciados EUA. Agora
foi a vez de Barack Obama ser acusado de ser o “fundador do ISIS”, acrónimo
que significaEstado Islâmico do Iraque e do Levante. “Ele é o fundadordo ISIS.
Ele fundou o ISIS. E, diria ainda que a desonesta Hillary Clinton terá sido a cofundadora”, garantiu Trump em Sunrise, no Estado daFlórida.
Fotografia: Eric Thayer/Reuters
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Como são actualizadas
anualmente as rendas
de habitação?
Veja o video
BREVES
ENSINO SUPERIOR
CONJUNTURA
CRISE
QUASE 50 MIL QUEREM IR
PARA A UNIVERSIDADE
VOLUME DE NEGÓCIOS
NOS SERVIÇOS CONTRAI
ECONOMIA RUSSA MELHOR
QUE O ESPERADO
Quase50milestudantescandidataram-seaoacessoaoensinosuperior
público parao próximo ano lectivo,
naprimeirafasedoconcurso,segundodadosdaDirecção-GeraldoEnsinoSuperior(DGES).Aapresentação
de candidaturas àprimeirafase do
concurso nacionalcomeçoua21de
Julhoeterminounaquarta-feira,estando marcadaasegundafase para
Setembro,de12a23.Aotodocandidataram-senaprimeirafase49.655
estudantes,mais1.349jovensdoque
noanopassadoe,segundoaDGEShá
50.688vagasdisponíveisnasuniversidades e politécnicos públicos, um
ligeiro aumento face a2015 e o primeiroemquatroanos.São,aotodo,
mais133vagasemrelaçãoaoanopassado,segundoaLusa. I
O índice de volume de negócios
nos serviços recuou 0,7% em Junho comparativamente com o
mesmo período do ano passado,
o que configura uma melhoria
face à quebra homóloga de 2,6%
verificada em Maio. A evolução
registada em Junho representa
mesmo amenorquedadesde que
iniciou aqueda. O último mês em
que subiu foi em Fevereiro. Já a
variação deste índice em cadeia
mostraque o volume de negócios
nos serviços aumentou 5,1% em
Junho face ao mês anterior. Depois dos ligeiros crescimentos de
Abril (0,1%) e Maio (0,2%), este
índice acelerou de forma significativano último mês do segundo
trimestre. I
AeconomiadaRússiaregistouamenorcontracçãodesdeoiníciodarecessão,noarranquedoanopassado.
Segundo os dados divulgados esta
quinta-feira, o PIB daRússiacontraiu 0,6% no segundo trimestre,
faceaomesmoperíododoanoanterior.Estaevoluçãoacontecedepois
daquebrade1,2%registadanosprimeiros três meses do ano. O resultadosuperouasestimativasdoseconomistas consultados pelaBloomberg,queapontavamparaumaquebrade0,8%.Deacordocomoministério daEconomia, aagricultura, a
indústriae os transportes foramos
sectores que mais impulsionaram,
numaalturaemqueoconsumointerno – que alimentou arecuperação daeconomiadepois dacrise fi-
nanceirade2008/2009–continua
anãodarsinaisderecuperação. I
DIPLOMACIA
ASSISTÊNCIA FINANCEIRA
O Governo aprovou a criação de
um consulado-geral de Portugal
em Cantão, na República Popular da China, que terá como área
de jurisdição as províncias de
Guangdong, Hainan, Hunan, Fujian e a Região Autónoma de
Guangxi Zhuang. Em troca, aRepública Popular da China terá o
direito de estabelecer um posto
consular em Portugal, em zona a
definir. I
EGIPTO RECEBE
12 MIL MILHÕES DO FMI
As autoridades egípcias fecharam
umacordocomoFundoMonetário
Internacional (FMI) parareceber
um empréstimo de 12 mil milhões
dedólares(cercade10,7milmilhões
deeuros)nospróximostrêsanos.O
acordo estáaindasujeito àaprovaçãodoConselhoExecutivodoFMI,
que deveráconsideraro pedido do
Egipto nas próximas semanas. O
programade assistênciado Fundo
seráacompanhadopelaimplementação de um conjunto de reformas
no país, jáaprovadas no Parlamento, como objectivo de reduziro déficeeadívida,eimpulsionarocrescimentoeoemprego. I
PORTUGAL TERÁ
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18 SEXTA-FEIRA 12 AGO 2016
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EMPRESAS
ENERGIA
Depois da Galp, Repsol
adia furo em Portugal
Tudo indicava que 2016 podia ser o ano do petróleo e do gás em Portugal, mas os dois
furos de pesquisa previstos para o Algarve e no Alentejo não vão avançar. As duas
petrolíferas arriscam-se a ficar sem 10 milhões de euros em cauções pagas ao Estado.
ANDRÉ CABRITA-MENDES
[email protected]
Repsol não vai
avançarparao furo
degásnaturalnoAlgarve. Apetrolífera
espanhola tinha
planeado procurar por gás no mar
algarvio em Outubro, mas decidiu
adiarofurosemnovadata.
“Oprojectodepesquisaestáem
processo de revisão, não havendo
nestaalturadatafixadaparaaperfuração”, disse ao Negócios fonte
oficialdaRepsolPortugal.
OconsórcioformadopelaRepsole aportuguesaPartexpreviafazerumfuro aumadistânciade 4050quilómetrosdacostadosotavento algarvio, em frente aFaro. Este
consórcio detémquatro áreas para
procurar hidrocarbonetos (petróleo e gás natural) no mar frente ao
Algarve.Existiambonsindíciosque
pode havergás natural no Algarve.
Afinal, a Repsol já explora gás no
mar no Golfo de Cádis, a50 quilómetrosdePortugal.
ARepsol junta-se assim àGalp
que anunciou recentemente que
nãovaiavançaresteanoparaapesquisade petróleo no Alentejo. “Tínhamostudopreparadoparacomeçaraoperação e tivemos que asuspender”,disseopresidentedaGalp
no final de Julho. Num mundo de
preços de petróleo baixos, as companhiasnãoestãodispostasainvestiranosedinheiroemprojectosque
podemnãogerarlucro.
Carlos Gomes daSilvareferiase àdecisão daDirecção-Geral dos
RecursosNaturais,SegurançaeServiçosMarinhos(DGRM)deprolongaraté3deAgostoaconsultapúblicasobre o pedido parao consórcio
Eni/Galp efectuar umasondagem
A
depesquisadepetróleo.
Aconcessãoparaesteconsórcio
procurar por petróleo nabaciado
Alentejo termina no “final deste
ano”evaiterdeser“revista”,sublinhou o líderdaGalp. Mas olhando
parao futuro, Carlos Gomes daSilvaconsiderou que aprobabilidade
daGalp regressar àprocurade petróleoem“áreasdealtorisco”como
Portugal“émuitobaixa”.
Aconsultapúblicaterminouno
dia3deAgostoeaDGRMtemagora30diasparapublicarumparecer
aditarseaGalppodeavançarounão
parao furo nabaciado Alentejo. A
petrolíferaitalianaEniestá,porseu
turno, focada no Mediterrâneo
Oriental, como apesquisano Chipre,ouoEgipto,ondefoidescobertorecentementeumgrandecampo
degásnatural.
Portugal é considerado uma
áreadenovafronteira,ondeestãoa
serdadososprimeirospassosnaexploração de petróleo e gás natural.
Os peritos, contudo, estimam que
existe umaprobabilidade de 10% a
15% de Portugal ter petróleo. Em
terra, jáforam encontrados hidrocarbonetos, mas no maraindanão.
Mesmoquehajapetróleoegás resta saber se existe em quantidades
suficientes paraser explorado comercialmente,istoé,seoretornoé
suficiente paracompensaro elevadoinvestimento.
Équenãoexistemcoincidências
no mundo do petróleo e os peritos
acreditam que Portugal pode estar
sentado em cimade muitos barris,
poispartilhaomodelogeológicodo
Canadá,ondeexistepetróleo,jáque
em tempos remotos as duas margensdoAtlânticoestiveramunidas.
OquetambémacontececomBrasil
e Angola,ambospaísesprodutores.
Masoadiamentodosfurossem
uma nova data pode vir a ter mais
custosparaaspetrolíferas.Éque,segundo o plano de trabalhos definido nas duas concessões, ambos os
A Galp adiou o furo sem nova data e sublinhou que a probabilidade de vir a furar em Portugal “é muito baixa”.
consórciostêmdeefectuaresteano
umfuro, o que pode não viraacontecer.Oscontratosestipulamqueo
não cumprimento do plano de trabalhos pode provocar umaexecução dacaução porparte daEntidade Nacional para o Mercado dos
Combustíveis (ENMC). O reguladorpodevirassimaexecutarumvalorarondaros10milhõesdeeuros:
cincomilhõesnocasodoconsórcio
Eni/Galpeoutroscincomilhõesno
casodoconsórcioRepsol/Partex. I
Efeito Sousa Cintra minou
projectos da Galp e Repsol
Foi o efeito Sousa Cintra. A polémica com as concessões do empresário no Algarve arrastou-se para os projectos da Galp e da Repsol. Na
consulta pública sobre o furo da Galp mais de dez mil pessoas subscreveram pareceres de associações a contestar a concessão. Já 16 municípios algarvios avançaram com providências cautelares para travar Sousa Cintra, projecto que tem sido contestado pelo Movimento
Algarve Livre de Petróleo (MALP), Plataforma do Algarve Livre de Petróleo (PALP), Zero ou Associação de Surf e Actividades Marítimas.
SEXTA-FEIRA
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12 AGO 2016
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EMPRESAS
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19
BANCA
Lesados do BES ainda
têm de ter “paciência”
40
10
QUILÓMETROS
A Repsol e a Partex
tinham previsto fazer
um furo a 40-50
quilómetros ao largo
da costa algarvia em
frente a Faro.
MILHÕES
O Estado pode ficar
com 10 milhões de
cauções dos
consórcios Eni/Galp e
Repsol/Partex por
não furarem este ano.
Esta quinta-feira, houve uma reunião entre lesados e representantes
do Governo. Há mais encontros pela frente. Até porque ainda é
preciso decidir como é que a solução não terá impacto no défice.
Sara Matos
OsclientesdoantigoBancoEspírito Santoquetêmpapelcomercial de sociedades do GES nas
suas mãos aindavão precisarde
“paciência”.O MinistériodasFinançasconfirmaoandamentodo
processoquepoderáreembolsar
partedoinvestimentofeito.Mas
aindahámuitopelafrente.
A solução jáestádesenhada,
mas o Ministério das Finanças
precisavadedarautorização.Esta
quinta-feira, houve a“luz verde”
do gabinete de Mário Centeno
para que se comecem os trabalhosparaconcretizaromecanismo que vai devolver até 250 mil
euros acadainvestidornão qualificado, conforme anunciou RicardoÂngelo,quepresideàassociação que reúne aqueles “lesados”.Masaindanãoestátudodecidido.
“Estamos atrabalhar numa
solução que não tenha impacto
no défice”, indicaaassessoriade
imprensadasFinanças.O Fundo
de Resolução vai entrarcom um
empréstimodoFundode Garan-
tiade Depósitos mas de que formatalpoderánãoterimpactonas
contas públicas não é aindacerto.
Assim, ainda há encontros
marcados entre as Finanças e os
lesados juntamente com o Banco de Portugal, CMVM e BES.
“Houve progressos e terão lugar
novasreuniõesembreve”,admitiuasFinançasdepoisdoencontrodeontem.RicardoÂngelodiz
que se vão tratarde “reuniões de
“
Estamos a
trabalhar numa
solução que não
tenha impacto
no défice.
MINISTÉRIO DAS FINANÇAS
Assessoria de imprensa
acompanhamento”doarranque
doprocesso.
Segundoolíderdaassociação
AIEPC–AssociaçãodeIndignados e Enganados do Papel Comercial vai agora iniciar-se a
montagemdoveículoeanomeação da sua administração, por
exemplo. “Há muito trabalho
pelafrente”, disse. Depois, o veículo tem de participarnas insolvências do BES “mau” e das sociedadesdoGESemitentes,aESI
eaRioforte.
Passaram-sedoisanosdesde
aresoluçãodoBESemaistempo
aindadesde que o Banco de Portugalobrigouainstituiçãofinanceira a constituir uma provisão
paraassegurar o reembolso dos
cercade 500 milhões de euros a
mais de 2.000 clientes. Aprovisão, que se encontra no BES
“mau”,nuncafoiexecutada.Neste momento, aperspectiva, caso
a solução se efective, é a de os
clientes receberem um máximo
de250mileurosportitular. I
DIOGO CAVALEIRO
PLANO
Como funciona a solução?
“
“
O projecto de pesquisa
está em processo de
revisão, não havendo
nesta altura data
fixada para a
perfuração
Com os preços de
petróleo baixos, a
probabilidade de
retomarmos áreas de
alto risco é muito
baixa
REPSOL PORTUGAL
CARLOS GOMES DA SILVA
Presidente executivo da Galp
CONSTITUIÇÃO
DE UM VEÍCULO
INSOLVÊNCIAS E
PROCESSOS JUDICIAIS
O QUE VAI
SER RECUPERADO
É montado o veículo que vai gerir o
dinheiro que será usado para reembolsar os investidores não qualificadosquedetêmpapelcomercialdaESI
edaRioforte. Numafaseinicial, o financiamento será obtido através do
Fundo de Resolução, suportado pelos bancos. Contudo, como este não
tem dinheiro disponível, será o Fundo de Garantia de Depósitos a emprestar a fatia.
O veículo vai comprar, aos clientes
do ex-BES, os direitos para participar na liquidação do BES mas também nos processos que envolvem
as duas sociedades do GES. Também será o veículo a actuar judicialmente contra várias entidades,
como ex-administradores. Outra
das fontes de rendimento esperadas é o de bens arrestados nos processos judiciais do GES.
O memorando de entendimento
assinado entre Governo, BdP,
CMVM, BES e AIEPC falava em “minorar” as perdas dos investidores.
E é certo que vão tê-las. Os clientes
com aplicações até 300 mil euros
receberão até 75% do valor investido, ou seja, admitem um perdão
de 25% do dinheiro que colocaram.
Quem investiu mais só irá receber,
no máximo, 250 mil euros.
20 SEXTA-FEIRA 12 AGO 2016
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EMPRESAS
Miguel Baltazar
TELECOMUNICAÇÕES
Perdas da Oi triplicam
para 655 milhões de euros
no primeiro semestre
António Ramalho saiu em Julho da IP, tendo sido substituído por António Laranjo.
INFRAESTRUTURAS
IP passa de prejuízos
a lucros de 5,1 milhões
Até Junho as receitas de portagem da Infraestruturas de Portugal
subiram 8% e as dos serviços ferroviários 11%. Já o défice de
financiamento no semestre situou-se nos 487 milhões de euros.
MARIA JOÃO BABO
[email protected]
A
Infraestruturas de
Portugal (IP) registou
no primeiro semestre
deste ano lucros de 5,1 milhões
deeuros,oquecomparacomos
prejuízosde12,2milhõesdeeurosdaprimeirametadede2015.
O resultado líquido da empresa que resultou da fusão entreaEstradasdePortugaleaReferaumentouassimem17,3 milhões de euros no primeiro semestre.JáoEBITDAatingiu307
milhões de euros, menos 3% do
que háum ano, o que aIP explica com a reversão das reduções
remuneratóriasquevieramagravaros gastos compessoal.
As receitas de portagens registaram um crescimento de
8%, em termos homólogos, totalizando no final de Junho
155,7 milhões de euros (com
IVA).
Jáasreceitasdeserviçosferroviários somaram 50 milhões
de euros, o que representa um
crescimento de 11% em relação
ao verificado no mesmo períodode2015, apesardamanutenção do nível de utilização dainfra-estruturaferroviáriaedaestabilidade das tarifas.
Já os gastos decorrentes
com conservação, refere a IP
semavançarnúmeros, “mantiveram-se estáveis assegurando
um nível adequado de performance dainfra-estrutura”.
Os resultados financeiros
apresentaramumarecuperação
naordemdos29milhõesdeeuros, refere aindao grupo.
Para a empresa, que a 1 de
Agosto passou a ser presidida
por António Laranjo, “o maior
desafio continua a ser o financiamento da sua actividade de
investimento quer na rodovia
quernaferrovia”.
O défice de financiamento
noprimeironestesemestre,excluindo reembolsos de dívida,
situou-se nos 487 milhões de
euros, o que representa37% da
totalidadedovalorprevistopara
2016.
A IP termina o semestre
com 3.495 milhões de euros de
capitalsocial,frutodoaumento
decapitalde400milhõesdeeuros integralmente subscrito e
realizadoeumadívidafinanceira, em termos nominais, de
8.215 milhões de euros.
No relatório e contas de
2015, a empresa estimava em
maisde880milhõesasnecessidades de financiamento para
este ano. I
O financiamento
da actividade
A Infraestruturas de Portugal
assume que o maior desafio
que tem pela frente continua a
ser o financiamento da sua actividade de investimento quer
na rodovia quer na ferrovia.
Além dos projectos previstos
no Plano Estratégico de Transportes e Infraestruturas (PETI),
a empresa assumiu diversas intervenções a realizar nos anos
mais próximos nos planos de
proximidade que desenvolveu
para a ferrovia e para a rodovia.
A administração da Oi, que tem a
Pharolcomomaioraccionista,está
neste momento a desenhar o planoderecuperaçãojudicial,omaior
de sempre da história brasileira.
Pelomeio,estáaenfrentaralguma
tensão entre accionistas, nomeadamente entre aSociete Mondialeeaex-PTSGPS,eacontinuação
do agravamento das suas contas.
No primeiro semestre do ano
osprejuízosdaOitriplicarampara
2,3milmilhõesreais(655milhões
de euros). A operadora brasileira
explicaesteresultadocomadiminuição dos resultados operacionais,oaumentodasdespesascom
impostosecontribuiçãosocial,ea
desvalorização do dólare do euro.
As contas foram ainda impactadas pela descontinuação das
operaçõesdaPTPortugal,quepassou para as mãos da Altice a 2 de
Junho de 2015.
Já a dívida líquida, a principal
dordecabeçadaOi,nofinaldeJunhosituou-seem41,3milmilhões
de reais (11,7 mil milhões euros),
umaumentode19,5%faceaomesmo período do ano anterior.
O CEO da Oi, Marco Schroeder, mostrou-se confiante que no
próximotrimestreascontasdaOi
vãomelhorar.Eapesardeadmitir
um “cenário adverso”, confessa
queaempresaestá“satisfeitacom
a evolução que registou e com as
19,5%
DÍVIDA LÍQUIDA
No final de Junho
a dívida líquida da Oi
situava-se em 41,3 mil
milhões de reais (cerca
de 11,7 mil milhões de
euros). Um valor que
representa uma subida
de 19,5% face a 2015.
metas que definimos”, disse duranteaconferênciatelefónicacom
investidores e analistas.
MarcoSchroedergarantiuainda que o processo de recuperação
judicial, entregue no dia20 de Junho, não está a influenciar a actividade daoperadora.
Até ao momento ajustiçabrasileira ainda não emitiu parecer
sobreopedidodaSocieteMondialepararealizarumaAGnodia8de
Setembro para substituir alguns
administradores portugueses,
bem como para avançar com acçõesjudiciaiscontraaPharol. I SR
Sergio Moraes/Reuters
A Oi avançou com um pedido de recuperação judicial a 20 de Junho.
SEXTA-FEIRA
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12 AGO 2016
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EMPRESAS
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21
“
O clima de negócios
tem melhorado
bastante [em São Tomé
e Príncipe] e estamos
em vias de reduzir
ainda mais a carga
fiscal. (...) Há um
paradoxo nos outros
países africanos que,
devido à baixa de
receita têm aumentado
a carga fiscal.
PATRICE TROVOADA
Primeiro-ministro
de São Tomé e Príncipe
Novo hotel Pestana
CR7 Lisboa
com investimento
de 15 milhões de euros
O investimento no hotel Pestana CR7 Lisboa, o segundo de uma parceria com o futebolista Cristiano Ronaldo, rondou os 15 milhões de euros e criou 60 novos postos de
trabalho, disse à agência Lusa José Roquette, administrador do grupo Pestana com o
pelouro do desenvolvimento estratégico. Com abertura prevista para 16 de Agosto,
o segundo hotel que resulta da parceria do grupo Pestana e do jogador de futebol
Cristiano Ronaldo terá 82 quartos. Já presente no Funchal, a marca ‘Pestana CR7 Lifestyle Hotels’ prevê abrir hotéis em Madrid e em Nova Iorque em 2017.
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A destruição
provocada pelos
incêndios no Funchal
Veja as imagens.
Fotografia: Hélder Santos/Correio da Manhã
BREVES
VINHOS
EMPREENDEDORISMO
ENERGIA
SYMINGTON COM 160 MIL
EUROS DE FUNDOS DAUE
PARAMONITORIZAR VINHAS
MIRA AMARAL VAI
LIDERAR BUSY ANGELS
AUSTRÁLIA TRAVA VENDA
A ACCIONISTA DA REN
O antigo ministro da Indústria
Luís Mira Amaral irá assumir o
cargodepresidentedaadministração da sociedade de investimento
emstartupstecnológicasBusyAngels, adiantou este organismo em
comunicado. “É com grande prazerque aceito o convite endereçado pela actual administração para
assumir o cargo de presidente da
Busy Angels. Nos últimos anos, a
Busy Angels tem-se revelado um
actorpreponderantenadinamização e estímulo do empreendedorismo em Portugal com vários investimentosemempresascompotencial para mudar paradigmas a
nível nacional e internacional”,
afirmou Mira Amaral, citado no
mesmocomunicado.Oantigolíder
doBICeex-ministrojáestavaligado à sociedade, da qual foi sócio
fundadore tambémpresidente do
comité consultivo de investimento. I
A Austrália bloqueou a venda de
participações de controlo da rede
eléctricanacionalainvestidoresda
China e de Hong Kong, entre os
quais o maior accionista da REN,
alegando preocupações com a segurançanacional, de acordo coma
imprensa internacional. O ministro do Tesouro, Scott Morrison,
afirmou em comunicado que as
propostas de investimentos estrangeirodaChinaedeHongKong
“são contrárias ao interesse nacional.” AchinesaState Grid, que tem
25% daREN, e aCheungKong, de
Hong Kong, estavam a negociar a
compra de 50,4% da Ausgrid,
maiorrede de distribuição de electricidade australiana. I
Aempresade vinhos Symington é
umadas 15 beneficiárias de umtotalde32milhõesdeeurosdaUnião
Europeia (UE) para projectos que
introduzem ideias inovadoras. O
grupo dono da Graham’s,
Cockburn’s e Dow’s, entre outras
marcas de vinho do Porto, ganhou
um financiamento de 160 mil euros do Horizonte 2020, no âmbito
do projecto-piloto “Processo acelerado para a inovação”, segundo
um comunicado da Comissão Europeia.Aempresa,sediadaemVila
NovadeGaia,está“envolvidanum
projectoconjuntocomoutrasquatro empresas dedicadas ao sector
vinícola”, que “consiste na introduçãodeummecanismorobotizadocomosistemademonitorização
das vinhas, de dimensão reduzida
e eficaz em termos de custos”, refere o documento divulgado esta
quinta-feira. I
ENGENHARIA
CREDORES FICAM COM
90% DA ABENGOA
OscredoresdaespanholaAbengoa
controlarão em 90% o capital da
empresadepois de implementado
oplanodereestruturaçãofinanceiraanunciado estamadrugada, que
prevê uma injecção de 1.170 milhões de euros de “dinheiro fresco”, segundo o comunicado divulgado esta quinta-feira. A empresa
de engenharia e energias renováveis chegou a acordo com fundos,
bancosedetentoresdetítulospara
reestruturar o grupo, que em No-
vembro solicitou protecção dos
credores. O acordo, que exige o
apoio de detentores de 75% da dívida,prevêainjecçãode1.169,6milhões de euros de “dinheiro fresco”, incluindo o refinanciamento
de empréstimos recebidos nos últimos meses por parte de uma série de fundos que, emtroca, passarão a controlar 50% do capital de
Abengoa. I
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AMUNDI FUNDS
(a "Sociedade")
Société d’investissement à capital variable
Sede social: 5, Allée Scheffer, L-2520 Luxembourg
R.C.S. de Luxembourg B-68.806
Estimados acionistas:
Devido ao encerramento da Bolsa de Hong Kong, em 2 de agosto de 2016, por decisão das autoridades locais no
quadro da ativação do Sinal de Tufão n.º 8, o Conselho de Administração deliberou suspender o cálculo do Valor
Patrimonial Líquido assim como qualquer emissão, conversão, subscrição e resgate de ações dos Subfundos
Amundi Funds Equity Asia ex Japan e Amundi Funds Equity Greater China (os "Subfundos") ao abrigo do
disposto no Artigo 21.º, alínea a) dos estatutos e tendo em conta o facto de a Bolsa de Hong Kong ser um
mercado mobiliário em que se encontra cotada parte substancial dos investimentos dos Subfundos.
Na sequência da reabertura da Bolsa de Hong Kong, a suspensão do VPL dos Subfundos foi levantada a partir do
VPL datado de 3 de agosto de 2016.
De V. Exas.
Atentamente
O Conselho de Administração
22 SEXTA-FEIRA 12 AGO 2016
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MERCADOS
SESSÃO
DE ABERTURA
Juros baixos
tiram negócio
aos “hedge
funds”
O cenário de retornos nulos
ou negativos criado pelas
medidas de estímulos dos
maiores bancos centrais
está a criar dores de cabeça
aos fundos de pensões . E
os “hedge funds” sofrem
danos colaterais com estes
problema. Com dezenas e,
por vezes, centenas de
milhares de milhões por
gerir, os fundos de pensões
subcontrataram gestoras de
menor dimensão, mas com
um conhecimento específico
de um determinado
segmento do mercado, em
troca do pagamento de
comissões. Ou, então,
investem através de fundos
de investimento para ganhar
exposição a determinada
estratégia. O problema é
que a ausência de retornos
em muitas classes de activos
está a estagnar a
valorização do dinheiro que
servirá para pagar as
pensões. E, segundo a
Bloomberg, já há grandes
fundos de pensões a
dispensar os serviços do
“hedge funds” que tinham
contratado. É o caso do
dinamarquês PFA. Christian
Lage, um dos responsáveis
de investimento deste fundo
de pensões que tem 83 mil
milhões de dólares sob
gestão, disse à Bloomberg
que há uma nova estratégia:
“Fazer mais investimentos
de forma directa em vez de
o fazer através de fundos
especializados.” E justifica
que “as estruturas dos
fundos são muito caras e
como as taxas de
rentabilidade desceram, o
foco nos custos aumentou
de forma substancial”. É
que, num mundo de
retornos nulos, a guerra
para obter nem que seja
mais um ponto base de
rentabilidade aparenta ser
intensa. I
RUI BARROSO
OBRIGAÇÕES
Dívida portuguesa é a
pior do mundo em 2016
Num ano de acentuados ganhos na dívida soberana, as obrigações portuguesas
sobem menos de 1%. O carrossel de riscos em 2016 não tem ajudado. Mas os riscos
continuam a ser elevados, com a economia, a banca e o BCE no foco dos investidores.
ANDRÉ TANQUE JESUS
[email protected]
pós quatro anos
de quedas consecutivas, os juros
da dívida voltaramaserumador
de cabeçaem Portugal. Primeiro
a turbulência criada pela China,
depois o diferendo comBruxelas
sobre o Orçamento, o risco de a
DBRS cortar o “rating” e, recentemente, apossível multaporincumprimentododéfice.Factores
que levam a dívida portuguesa a
serapiordomundoem2016.Isto
apesardaconstanteactuaçãomonetária, que agora tem ajudado a
aliviarapressão.
No auge da crise das dívidas
soberanas, na qual Portugal desempenhou um dos papéis principais, os juros da dívida atingiram máximos históricos. Em Janeirode2012,ataxaadezanosfoi
aos 18,289%, mas a promessa de
Mario Draghi, de tudo fazer para
salvar a Zona Euro, fez com que
fechasseessemesmoanoemqueda. E três anos depois dos máximos chegaram os mínimos. Foi
emMarço de 2015 que a“yield” a
dezanoscaiupara1,509%.Apartirdeentão,osjurossubiram,mas
estabilizaram abaixo de 3%. Até
ao arranque do novo ano.
A turbulência voltou a ser a
palavra de ordem na dívida portuguesa,comconsecutivossobee
desce. O diferendo comBruxelas
sobre o Orçamento espoletou a
desconfiançadosinvestidores,levando os juros a superar os 4%
pelaprimeiravezdesde2014.Depois a pressão até aliviou, mas os
estragos ficaram feitos. A dívida
portuguesa pode, actualmente,
A
Apesar do alívio registado nas últimas semanas, os juros da dívida portuguesa continuam muito aquém dos congéneres em 2016.
reclamarotítulodepiordomundo em 2016, entre os 26 índices
nacionaiscalculadospelaBloomberg.Numanodevalorizaçõessignificativas,adívidanacionalcom
maturidadesuperioraumanovaloriza apenas 0,96%. O campeão
da dívida é o Reino Unido, ao somar 17,78%. Mas ajustadas as
obrigações para euros, o Reino
UnidoatésuperaPortugaleposiciona-se como apiordo mundo.
Melhor, mas pouco
Seécertoque2016ficaaquém
dos bons desempenhos dos últimos quatro anos, averdade é que
os juros da dívida nacional man-
têm-se muito baixos. E até o último mês tem sido positivo, com a
“yield” a dez anos a recuar 39,3
pontos base para2,741%. “Ataxa
das obrigações adez anos estáno
nívelmaisbaixodesdeasuaintrodução [da nova linha, em Janeiro]. Isso são óptimas notícias”,
atiraCiaran O’Hagan. O director
deestratégiadedívidadoSociété
Générale explica que, tal como
Espanha e Itália, Portugal beneficiou das “novas medidas anunciadaspeloBancodeInglaterra”.
Além da “expectativa de que o
BCE iráreforçaros estímulos”.
“Setudocorrerdeacordocom
as expectativas do mercado, ha-
veráfortesprobabilidadesdevermos os 10 anos de Portugal na
casa dos 2% até ao final do ano”,
dizMiguelGomesdaSilva.Noentanto, o director da sala de mercados do Montepio diz que “subsistemalguns riscos associados à
execução orçamental, à capitalização da CGD e à venda do Novo
Banco”.TambémDavidSchnautz
reconhecequehá“muitaincertezadoméstica”.Eoestrategodedívida do Commerzbank salienta
aindaqueopreçodas“obrigações
portuguesaspoderáafundarapenascomaperspectivadeperdada
elegibilidade para as compras de
activos do BCE”.
SEXTA-FEIRA
PORTUGAL: A
DÍVIDA EM 2016
PORTUGAL NO
FUNDO DA TABELA
Valorização das obrigações no ano
A dívida portuguesa está num ano
turbulento,comorevelaoúltimolugarnasvalorizaçõescom0,96%.No
topo está a dívida do Reino Unido,
que sobe 17,78%.
Bancos centrais dão
tréguas às bolsas.
Mas há riscos
As bolsas mundiais estão a beneficiar
das políticas expansionistas. Mas os
analistas alertam para vários riscos.
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12 AGO 2016
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MERCADOS
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23
PERGUNTAS
A MIGUEL
GOMES SILVA
Director da sala de mercados
do Montepio
“Há uma bolha
alimentada
pelos bancos
centrais”
Bruno Simão
JUROS RECUAM
PARA MÍNIMOS
Evolução da taxa de juro a dez anos
Com oaliviardatensãonosmercados, os juros têm recuado. Ataxaa
dezanosestáem 2,741%, um mínimo de Janeiro.
PRÉMIO DE RISCO
AINDA ELEVADO
Evolução do prémio de risco
Istoporquehá“oriscoderevisão em baixa do ‘rating’ pela
DBRS”, diz o especialista. Além
disso, David Schnautz relembra
“os receios de que o BCE esteja
próximodolimiterelativoàscompras, o que seria muito mau para
as obrigações portuguesas”. No
contextoglobal,StefanHofrichter
salienta “o risco de a Fed subir os
juros,queatéagoraaindanãoestá
descontadopelomercado”.Eodirector de estratégia global na
Allianz Global Investors aponta
aindapara“aexpansãodepartidos
antieuropeus, que tornaria o investimento emdívidadaperiferia
mais arriscado”. I
Apesar da queda dos juros, o prémio de risco mantém-se elevado.
Estános283,4pontos,umavezque
também osjurosdaAlemanhatêm
recuado.
Fonte: Bloomberg
Quedas,quedasemaisquedas. O arranque de ano das
bolsasmundiaisficoumanchadopelaturbulênciachinesae, naEuropa, afragilidadeconseguiumesmoreinar durante vários meses.
É que agrande maioriabateunofundoemFevereiro,
massóagoraestáarecuperar sustentadamente. Um
movimentoque,justificam
os analistas, se deve às várias medidas de estímulos
dos bancos centrais. Mas
alertam que os inúmeros
riscos fazem antever um
futuro sombrio.
Avitória do Brexit surpreendeuosinvestidorese,
porisso,causouumaderrocada nos mercados. Todos
osactivosforamafectados,
mas a ferida nas bolsas levou mais tempo a sarar. O
Stoxx 600, índice europeu
de referência, superou na
quinta-feira , 11 de Agosto,
o valor pré-Brexit, ao fechar nos 346,66 pontos.
Mas é de Fevereiro que remonta o mínimo do ano
(303,58pontos),apósaturbulência nas bolsas chinesas. Sobe 14% desde então.
Melhor está o alemão
DAX,queacumulaumavalorizaçãode22,7%.Entrou,
porisso,em“mercadotouro”,emgrandepartenoperíodopós-Brexit.“Aprincipal razão é a acção expansionista dos bancos centrais”, atira Miguel Gomes
Silva. O director da sala de
mercadosdoMontepiodiz
que “BCE, Fed, Banco de
Inglaterra e Banco do Japão têm reduzido os juros
e entrado no mercado de
activos, com a consequente subidadesses preços”.
PedroOliveira,analista
da GoBulling, relembra
mesmo “a decisão do BancodeInglaterradecortar a
taxa de referência para
0,25%”. Steven Santos
aponta também para os
EUA, onde as bolsas têm
“beneficiadodoadiamento
das expectativas de subida
dos juros”. Além disso, diz
o gestor do BIG, há a “época de resultados, na qual
maisdemetadedascotadas
doS&P500superouasprevisões de receitas”. Só no
último mês, o S&P 500 bateumáximoshistóricospor
12 vezes.
Tantos quantos os ganhos são os alertas. “O sector da banca continua sobre forte pressão, principalmente na Europa”, atiraPedroOliveira.JáStefan
Hofrichter nota a “subida
dos juros pela Fed”, mas
também “os riscos políticos” e de “abrandamento
no crescimento global”.
Porisso, conclui o director
de estratégia global da
Allianz Global Investors,
“com os vários riscos, apenas vemos um potencial
positivo moderado até ao
final do ano”. I ATJ
12
MÁXIMOS
O S&P 500 tem
registado várias
valorizações
consecutivas. Só no
último mês, atingiu
máximos históricos
por 12 vezes.
As políticas expansionistas
estão a esticar o preço dos activos, diz Miguel Gomes Silva.
E assim continuará, desde que
os bancos centrais o queiram.
As bolsas europeias e as norte-americanas têm recuperado nas últimas semanas. O
que está a impulsionar?
A principal razão é a acção expansionista dos bancos centrais.
BCE, Fed, Banco de Inglaterra e
Banco do Japão têm reduzido os
juros e entrado no mercado de
activos, com a consequente subida desses preços. A subida
dos mercados é, assim, influenciada pelo aumento da procura
e pela falta de alternativas. Podemos estar perante uma bolha
no preço dos activos, alimentada pelos bancos centrais e que
se poderá manter enquanto estes entenderem pertinente.
Quais são os principais riscos
até ao final do ano?
Os mercados accionistas estão reféns da política monetária
dos bancos centrais, que por sua
vez estão reféns do crescimento económico e da ausência de
inflação. A conjugação destes
dois pontos traduz-se numa subida das bolsas. Caso uma das
partes ceda, os resultados poderão ser drásticos.
Também positiva é a evolução da dívida no último mês.
Há a expectativa de que o
BCE reforçará os estímulos?
A política monetária expansionista leva à redução dos juros da dívida, tanto pelo corte
nas taxas como pelas compras
de obrigações realizadas pelo
Eurossistema. A falta de inflação
na Zona Euro, além dos efeitos
do Brexit, poderá forçar o BCE a
adoptar novas medidas. I
24 SEXTA-FEIRA 12 AGO 2016
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MERCADOS
MATÉRIAS-PRIMAS
INVESTIMENTO
Todos os caminhos
vão dar ao ouro
Procura por
dívida dos
emergentes
bate recorde
BREVES
TAXAS DE JURO
BANCO ALEMÃO
JÁ COBRA PELOS
DEPÓSITOS
A procura por ouro na perspectiva de investimento atingiu um novo
máximo na primeira metade do ano. O metal destaca-se nas matérias-primas preferidas pelos investidores.
Akos Stiller/Bloomberg
A procura por ouro como investimento atingiu o valor mais alto de sempre.
RUI BARROSO
[email protected]
É
a grande corrida ao
ouro. Nos primeiros
seis meses do ano, a
procura pelo metal precioso na
perspectiva de investimento
atingiu o valor mais elevado de
sempre.Aspolíticasultraexpansionistasdosbancoscentraisforam um dos motivos que ajudaram a que muitos investidores
entrassem nestacorrida.
Aprocurade ouro porinvestimento foi de mais de 1.060 toneladas, o valor mais elevado de
sempre, segundo dados do
WorldGoldCouncil(WGC), entidadequerepresentaaindústria
do sector. O anterior recorde tinhasidoatingidoem2009,alturaemque os bancos centrais começaram a anunciar medidas
agressivas paraconteros efeitos
dagrandecrisefinanceiranaeconomia.
Seteanosdepois,comentida-
des como o BCE, o Banco do Japão e o Banco de Inglaterraaterem de colocar o pé no acelerador de estímulos, a procura foi
ainda 16% superior ao anterior
recorde.
“Astaxasdejuronegativasno
Japão e na Europa, combinadas
comasexpectativasdeabrandamento no ciclo de subidados juros nos EUA, impulsionaram o
sentimentodosinvestidoresem
relação ao ouro”, refere o WGC.
Outro dos factores foi a incerteza que os mercados viveram na
primeirametadedoano,marcada pelas preocupações sobre a
bancaeuropeiae o Brexit.
Os dados do WGC incluem a
procuraporouro sob aformade
moedas,barraseprodutosnegociados em bolsa que replicam a
cotação do metal amarelo (ETP
na sigla em inglês). Mas não é
apenasoouroabrilharaosolhos
dosinvestidores. Segundodados
da BlackRock, os ETP de outras
matérias-primas,comopetróleo,
prataemercadoriasagrícolas,tiveram em Julho a maior procura mensal desde 2011. Atraíram
1,3 mil milhões de dólares. I
PRATA TEM OS
MAIORES GANHOS
Desempenho desde o início do ano
Apesarde a procura porouro terbatido recordes, a prata é, entre as
principais matérias-primas, aquela
que mais valoriza em 2016. Aprecia
44,77%. O ouro avança mais de
26%. A platina, o açúcar e o Brent
também ganham mais de 20%.
Os esforços dos bancos centrais
dospaísesdesenvolvidoparaestimularemaeconomiatêmlevado cada vez mais obrigações a
negociar em terreno negativo,
colocando os investidores com
um dilema sobre onde aplicar o
seudinheiro.Umadasclassesde
activosqueestáabeneficiarcom
a nova era de juros abaixo de
zero é adívidade emergentes.
O investimento em fundos
negociadosembolsa(ETF,nasigla em inglês) que oferecem exposição a dívida de emergentes
atingiuovalormaisaltodesempre desde o início do ano até final de Julho, segundo dados da
BlackRock. No mês passado, as
entradas neste tipo de produtos
foram de 3,9 mil milhões de dólares, aumentando o valor, em
2016, para10,7 mil milhões.
A gestora de activos explica
que as obrigações de países
emergentes“beneficiamdacontinuação da procura por rendimento dos investidores”. E
acrescentaqueaspreocupações
que travavam o investimento
nestaclassedeactivosestãoadiminuir. Em relação ao receios
sobreasubidadodólar,quetende a ser negativa para os emergentes,aBlackRockobservaque
estesacalmaramdevidoàmenor
probabilidade da subida dos juros nos EUA. Também o preço
dasmatérias-primasestabilizou,
o que ajuda alguns emergentes.
E as próprias perspectivas para
estas economias melhoraram,
segundo agestora. I RB
10,7
Fonte: Bloomberg
EMERGENTES
O investimento em ETF
de obrigações de
emergentes atingiu
10,7 mil milhões de
dólares em 2016.
Na Alemanha, um pequeno banco começou a aplicar taxas de juro negativas
aos depósitos mais elevados,deformaapassarpara
osclientesoscustoscomas
taxas negativas do BCE. O
banco cooperativo da pequena cidade de Gmund
am Tegernsee começou a
aplicar uma taxa de -0,4%
aosdepósitosacimadecem
mil euros, segundo a
Bloomberg. O BCE aplica
uma taxa de juro negativa
aos depósitos que os bancos fazem junto do banco
central desde Junho de
2014. Actualmente essa
taxaé de -0,40%. I
MATÉRIAS-PRIMAS
MINÉRIO DE
FERRO VISTO
A VALORIZAR
O minério de ferro provavelmenteestenderáaescalada,coma adopçãodenovas medidas de estímulo
pela China e da desvalorizaçãododólar,segundoJason Schenker, da Prestige
Economics, cujararaposiçãooptimistanoúltimotrimestre de 2015 está a provar ser correcta. Embora a
sequênciapossaserirregular, esta matéria-prima
seránegociadaemtornode
60dólaresportoneladano
actual semestre e no conjuntode2016atingiráuma
médiade55dólares,acima
da média de 53 dólares registada desde o início do
ano. I
SEXTA-FEIRA
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12 AGO 2016
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MERCADOS
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25
MERCADOS
ACÇÕES
PREÇO-ALVO
PSI-20
Portugal
0,64%
Este ano:
-9,32%
PSI-20 SOBE
PELO SEXTO DIA
Ibex-35
Espanha
0,70%
Este ano:
-8,64%
Dax
Alemanha
0,86%
Este ano:
0,00%
FTSE
R. Unido
0,70%
Este ano:
10,77%
S&P500
EUA
0,50%
Este ano:
6,97%
COTAÇÃO DO ÍNDICE PSI-20 EM PONTOS
As bolsas europeias voltaram aos ganhos, esta quinta-feira, apoiadas
na expectativa de que os bancos centrais reforcem a dose de estímulos e por dados positivos vindos da economia americana. O PSI-20 também acompanhou os ganhos na Europa. Valorizou 0,64% para 4.818,07
pontos, naquela que foi a sexta sessão consecutiva de subidas. As maiores subidas pertenceram à Pharol e à Semapa. Avançaram 4,07% e
2,25%. EDP Renováveis, Altri e BCP ganharam mais de 1%. Apenas duas
cotadas perderam valor: a Mota-Engil e a Sonae Capital. I
Fonte: Bloomberg
DIVISAS
MERCADORIAS
Real
Spot
-0,47%
Este ano:
26,02%
REAL CAI COM MEDIDAS
DO BANCO CENTRAL
COTAÇÃO DA DIVISA EM DÓLARES
Brent
Londres
4,79%
Este ano:
23,82%
BRENT VOLTA AOS
46 DÓLARES
COTAÇÃO EM DÓLARES POR BARRIL
Fonte: Bloomberg
O real caiu 0,47% para 0,3182 dólares. Isto depois de o banco central
brasileiro ter intensificado as operações de mercado para controlar a
apreciação da sua moeda. “O banco central sinalizou preocupação sobre o real subir acima de 3,10 dólares e da volatilidade que isso pode
causar”, explicou João Paulo de Gracia Correa, da corretora SLW. I
O petróleo negociou em forte alta esta quinta-feira, impulsionado pelas previsões da AIE e pelas declarações do ministro da Energia da Arábia Saudita. Khalid al-Falih sinalizou que na próxima reunião da OPEP,
a organização poderia tomar medidas para estabilizar o mercado. Em
Londres, o Brent subiu 4,79% para 46,16 dólares por barril. I
TAXAS DE JURO DE CURTO PRAZO
TAXAS DE JURO DE LONGO PRAZO
EURIBOR VOLTA A
MÍNIMO HISTÓRICO
EURIBOR A TRÊS MESES EM PERCENTAGEM
JUROS EM QUEDA
PELO QUARTO DIA
1,88€
POPULAR
Entidade Haitong
Analista Carlos Cobo
Última cotação 1,233€
Neutral. O Cinco Días avança que
o Popular pode estar a estudar
vender a subsidiária nos EUA. Uma
notícia “neutral por agora”, diz o
Haitong que acredita que o banco
está a rever a sua carteira de activos para “gerar novos ganhos de
capital e compensar o impacto dos
custos de reestruturação”.
6,00€
OHL
Entidade Haitong
Analista Juan Carlos Calvo
Última cotação 2,275€
Neutral. O El Economista avança
que o grupo Villar Mir reduziu a
posição na OHL para abaixo de
30%. Uma notícia que o Haitong vê
como “neutral”, pois apesar da redução o grupo continua a “manter
o controlo da empresa através de
uma participação indirecta e não
vai implicar mudanças na gestão”.
Fonte: Bloomberg
Euribor
Z. Euro
-0,299%
Este ano:
-128,24%
Esta agenda não dispensa a consulta na íntegra
das recomendações e opiniões dos analistas.
Ver mais em www.negocios.pt
10 Anos
Portugal
2,741%
Este ano:
22,5 p.b.
“YIELDS” A DEZ ANOS EM PERCENTAGEM
10,50€
BBVA
Entidade Haitong
Analistas Equipa de “research”
Última cotação 5,303€
Comprar. O presidente turco disse que o governo vai “apertar os
parafusos” ao sector financeiro.
Para já, as palavras são “neutrais”
para o BBVA, pois Erdogan “não
definiu nenhum conjunto específico de medidas”. Mas “a maior intervenção do governo pode representar más notícias para a banca”.
7,00€
FCC
Entidade Haitong
Analista Juan Carlos Calvo
Última cotação 8,347€
Fonte: Bloomberg
Fonte: Bloomberg
As taxas Euribor desceram esta quinta-feira. O indexante a três meses
baixou 0,2 pontos base para -0,299%, repetindo o mínimo histórico
atingido a 3 de Agosto. A taxa a seis meses também baixou. Caiu 0,1
pontos base para -0,189%, muito perto do mínimo histórico de -0,191%.
A Euribor a 12 meses recuou para -0,049%. I
As taxas das obrigações da periferia mantiveram a tendência descendente e a dívida portuguesa não foi excepção. A “yield” a dez anos baixou 0,7 pontos base para 2,741%, a quarta sessão consecutiva de descidas. O prémio de risco face à dívida alemã também voltou a cair. Baixou 2,3 pontos base para 283,4 pontos base. I
Neutral. A CNMV aprovou a oferta da FCC para a retirada de bolsa
dos 20,57% que não detém na Cementos Portland. É “neutral pois
apenas representa uma aceitação
formal do regulador e falta ainda
a aceitação dos accionistas minoritários”, diz o Haitong.
26 SEXTA-FEIRA 12 AGO 2016
|
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ACÇÕES NACIONAIS MERCADOS
ACÇÕES INTERNACIONAIS MERCADOS
PSI-20
EURO STOXX 50
Empresa
Altri
BPI
BCP
Montepio
Corticeira Amorim
CTT
EDP
EDP Renováveis
Galp Energia
Jerónimo Martins
Mota-Engil
Nos
Pharol
Navigator
REN
Semapa
Sonae Capital
Sonae
Data cot.
Última cot.
Var.%
11-08-2016
11-08-2016
11-08-2016
11-08-2016
11-08-2016
11-08-2016
11-08-2016
11-08-2016
11-08-2016
11-08-2016
11-08-2016
11-08-2016
11-08-2016
11-08-2016
11-08-2016
11-08-2016
11-08-2016
11-08-2016
3,570
1,126
0,019
0,475
8,243
7,093
3,114
7,200
13,135
15,280
1,795
6,000
0,179
2,974
2,703
12,025
0,629
0,696
1,31
0,54
1,05
0,21
0,04
0,47
0,29
1,41
0,88
0,53
-0,28
0,02
4,07
0,41
0,33
2,25
-0,16
0,14
MELHORES DESEMPENHOS
Valor neg. Var.% a 12M
1.387.843
258.606
1.747.921
43.477
242.443
3.436.798
16.650.680
2.838.379
14.210.430
9.739.750
961.033
2.398.336
637.178
1.786.053
983.637
849.338
70.776
1.677.159
0,84
17,17
-69,03
-39,41
85,53
-22,93
-6,57
12,15
29,86
16,77
-20,36
-20,02
-18,66
-12,56
-2,07
-7,43
65,53
-43,41
PIORES DESEMPENHOS
Variação %
Pharol
Semapa
EDP Renováveis
Altri
BCP
Variação %
Mota-Engil
Sonae Capital
Nos
Corticeira Amorim
Sonae
4,07
2,25
1,41
1,31
1,05
Pharol dispara 4%
e lidera subidas
A cotada avançou mais de
4% e protagonizou a maior
subida da sessão, a recuperar das fortes quedas das
últimas sessões.
MAIS NEGOCIADAS
-0,28
-0,16
0,02
0,04
0,14
Só duas cotadas
fecham em queda
A Mota-Engil e a Sonae Capital foram as únicas cotadas a terminar em queda
numa nova sessão de ganhos na bolsa.
RESUMO DA SESSÃO
Variação
EDP
Galp Energia
Jerónimo Martins
CTT
EDP Renováveis
Cotação de fecho
Máximo diário
Mínimo diário
Acções negociadas
Valor negociado
Últ Cot.
Var.% Var.%12M
93,49
50,34
130,25
110,9
98,82
11,96
18,115
5,123
3,769
70,26
96
77,63
44,39
21,935
38,34
61,17
68,15
12,16
27,73
15,51
9,305
4,074
14,635
13,57
114
66,8
6,024
31,625
10,45
1,924
24,235
171,1
152
152,6
4,94
13,75
60,92
72,25
77,43
59,3
103,8
31,31
8,857
42,995
245,05
2,012
40,805
67,27
17,66
123,15
1,12
1,25
-0,22
1,04
1,15
0,58
0,65
0,53
0,73
0,47
0,93
0,22
0,83
0,96
1,43
0,64
1,60
0,08
0,53
0,64
1,22
1,38
1,00
1,41
0,35
0,58
1,20
0,58
1,10
1,03
1,00
1,50
2,06
0,50
0,39
2,17
1,25
1,08
0,34
1,67
1,90
0,99
0,89
1,09
0,30
2,15
2,06
2,91
0,00
0,55
-17,95
-19,35
-12,15
2,29
9,90
-32,18
-24,80
-42,79
-37,81
-8,57
-25,14
-10,12
-24,55
-28,05
-9,62
-21,08
12,88
-57,79
5,63
-7,54
-24,79
-5,69
-16,80
-14,00
0,09
9,10
-4,63
1,64
-28,24
-43,16
-0,53
1,12
-5,25
-6,69
-14,05
-6,77
-10,20
-26,86
21,62
-2,70
9,70
-32,80
-35,14
-4,36
0,33
-66,87
0,62
16,62
-24,60
-30,85
MELHORES DESEMPENHOS
4.818,07
4.818,07
4.783,55
108,2 milhões
46,31 milhões
Bolsa completa seis
dias de ganhos
O PSI-20 acompanhou a
tendência dos pares europeus e somou 0,64%. Completou seis dias consecutivos de subidas.
OUTRAS EMPRESAS DO PSI GERAL
Cofina
Compta
Cimpor
Estoril Sol
F. C. Porto
Glintt
Grão-Pará
Ibersol
Inapa
Impresa
Lisgráfica
Luz Saúde
Martifer
Media Capital
Novabase
Orey Antunes
F. Ramada
Reditus
Sporting C. P.
Toyota Caetano
SDC Investimentos
S. L. Benfica
Sonaecom
Sonae Indústria
Sumol+Compal
SAG
Teixeira Duarte
Vista Alegre
Air Liquide Sa
Airbus Group Se
Allianz Se-Vink
Anheuser-Busch I
Asml Holding Nv
Generali Assic
Axa
Bbva
Banco Santander
Basf Se
Bayer Ag-Reg
Bayer Motoren Wk
Bnp Paribas
Carrefour Sa
Saint Gobain
Daimler Ag
Danone
Deutsche Bank-Rg
Deutsche Post-Rg
Deutsche Telekom
E.On Se
Enel Spa
Engie
Eni Spa
Essilor Intl
Fresenius Se & C
Iberdrola Sa
Inditex
Ing Groep Nv
Intesa Sanpaolo
Koninklijke Phil
L’Oreal
Lvmh Moet Henne
Muenchener Rue-R
Nokia Oyj
Orange
Safran Sa
Sanofi
Sap Se
Schneider Electr
Siemens Ag-Reg
Soc Generale Sa
Telefonica
Total Sa
Unibail-Rodamco
Unicredit Spa
Unilever Nv-Cva
Vinci Sa
Vivendi
Volkswagen-Pref
Variação
16.650.680
14.210.430
9.739.750
3.436.798
2.838.379
Valor negociado
volta a diminuir
Foram negociados 46 milhões de euros, o que ficou
aquém dos 50 milhões
transaccionados na sessão
anterior.
Empresa
Empresa
FUNDOS
Variação %
Vinci
Orange
Unicredit
Unilever
2,91
2,17
2,15
2,06
LVMH
2,06
Vinci dispara 3% e
fixa máximo histórico
A empresa liderou os ganhos no Stoxx50 animada
pela notícia de que comprou a concessionária
Lamsac no Peru.
PIORES DESEMPENHOS
Data cot.
Última cot.
Var.%
11-08-2016
14-07-2016
11-08-2016
09-08-2016
10-08-2016
09-08-2016
10-08-2016
11-08-2016
11-08-2016
11-08-2016
08-08-2016
11-08-2016
11-08-2016
02-05-2016
11-08-2016
10-08-2016
11-08-2016
01-08-2016
11-08-2016
11-08-2016
11-08-2016
11-08-2016
11-08-2016
11-08-2016
09-08-2016
11-08-2016
11-08-2016
10-08-2016
0,273
0,110
0,324
2,250
0,610
0,227
0,100
11,570
0,124
0,210
0,020
2,160
0,211
2,038
1,180
5,150
0,260
0,660
1,280
0,025
0,953
2,630
0,005
1,500
0,091
0,203
0,080
-0,73
0,00
-0,31
0,00
0,00
0,00
0,00
-3,58
-4,62
0,00
0,00
0,00
-3,65
-0,10
0,00
-1,90
0,00
0,00
1,59
0,00
-0,73
-0,75
-2,04
0,00
12,35
1,00
0,00
Valor neg. Var.% a 12M
11.510
165
4.416
3.920
6
1.079
2
67.478
29.429
61.746
20
10.690
6.199
1.089
590
386
676
66
2.560
2.708
48
49.530
57.998
1.824
20.978
2.696
48
-47,50
-26,67
-65,61
136,84
15,09
7,08
-74,36
34,53
-12,68
-73,08
-33,33
-43,90
-29,90
-17,19
-41,00
47,14
-49,02
-37,74
13,27
-61,54
5,77
15,45
-28,22
-18,96
-54,50
-60,96
-11,11
Allianz
Vivendi
Deutsche Bank
BMW
Unibal-Rodamco
Variação %
-0,22
0,00
0,08
0,22
0,30
Só a Allianz fecha
em queda
A cotada alemã foi a única
a fechar em terreno negativo entre as 50 empresas
que compõem o Stoxx50.
Desceu 0,22%.
Euro Stoxx 50 Cinco sessões
FUNDOS
Tel. +34 91 538 25 00 www.pictetfunds.pt
Fundo
Últ. valor
Ethna-AKTIV A
Ethna-AKTIV T
Ethna-DEFENSIV A
Ethna-DEFENSIV T
Ethna-DYNAMISCH A
Ethna-DYNAMISCH T
126,93
131,69
140,14
162,54
75,55
77,09
Moeda
EUR
EUR
EUR
EUR
EUR
EUR
S&P 100
Empresa
3M Co
Abbott Labs
Abbvie Inc
Accenture Plc-A
Allergan Plc
Allstate Corp
Alphabet Inc-C
Alphabet Inc-A
Altria Group Inc
Amazon.Com Inc
American Express
American Interna
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At&T Inc
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Bank Ny Mellon
Berkshire Hath-B
Biogen Inc
Blackrock Inc
Boeing Co/The
Bristol-Myer Sqb
Capital One Fina
Caterpillar Inc
Celgene Corp
Chevron Corp
Cisco Systems
Citigroup Inc
Coca-Cola Co/The
Colgate-Palmoliv
Comcast Corp-A
Conocophillips
Costco Wholesale
Cvs Health Corp
Danaher Corp
Dow Chemical Co
Duke Energy Corp
Du Pont (Ei)
Eli Lilly & Co
Emc Corp/Ma
Emerson Elec Co
Exelon Corp
Exxon Mobil Corp
Facebook Inc-A
Fedex Corp
Ford Motor Co
General Dynamics
General Electric
General Motors C
Gilead Sciences
Goldman Sachs Gp
Halliburton Co
Home Depot Inc
Honeywell Intl
Intel Corp
Ibm
Johnson&Johnson
Jpmorgan Chase
Kinder Morgan In
Lockheed Martin
Lowe’S Cos Inc
Mastercard Inc-A
Mcdonalds Corp
Medtronic Plc
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Metlife Inc
Microsoft Corp
Mondelez Inter-A
Monsanto Co
Morgan Stanley
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Occidental Pete
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Philip Morris In
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Raytheon Co
Schlumberger Ltd
Simon Property
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Starbucks Corp
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Twenty-First - B
Twenty-First C-A
Union Pac Corp
United Parcel-B
United Tech Corp
Unitedhealth Grp
Us Bancorp
Verizon Communic
Visa Inc-Class A
Wal-Mart Stores
Walgreens Boots
Walt Disney Co
Wells Fargo & Co
Últ Cot.
Var.% Var.%12M
180,91
45,02
67,03
113,65
254,02
69,28
786,4
809,62
66,85
772,07
65,56
59,345
172,61
108,48
43,385
14,88
40,16
147,59
314,87
368,03
133,42
60,95
67,7
83,39
113,77
101,56
30,965
45,75
43,775
74,91
67,48
41,58
167,97
97,24
81,65
53,56
83,55
69,14
80,47
28,45
53,99
34,67
86,77
125,18
165,81
12,33
151,36
31,245
31,62
79,82
164,07
44,21
136,91
116,49
34,63
163,72
123,69
65,48
20,83
262,33
81,43
96,8
119,37
87,58
63,44
40,26
58,235
43,19
105,92
29,34
126,44
56,43
74,36
41,34
38,36
108,76
35,205
99,13
1410,76
86,74
61,85
141,75
81,74
213,795
52,12
55,65
73,93
70,135
80,25
26,49
26,005
93,4
110,85
109,08
142,77
42,82
53,855
80,2
73,755
82,75
98,06
48,34
1,17
0,47
0,90
0,38
0,73
-0,20
0,22
0,14
0,01
0,46
1,27
0,58
0,81
0,44
0,43
0,47
0,80
0,61
1,94
0,43
0,86
0,61
1,27
0,90
1,10
1,42
0,37
0,66
0,38
0,09
0,39
2,41
-0,19
0,13
0,53
0,21
-0,29
0,09
-0,10
0,32
1,03
-2,42
0,42
0,24
0,70
0,65
-0,07
-0,08
1,18
1,17
1,16
1,03
0,97
0,40
0,29
1,01
0,27
0,31
1,81
0,39
0,56
0,53
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1,28
0,27
0,37
-0,64
-0,02
0,79
0,06
2,36
1,49
0,61
0,76
-0,06
0,21
-0,04
0,32
0,50
0,23
0,68
1,10
-2,37
-1,44
0,05
1,20
0,35
0,49
1,18
1,66
1,04
0,88
0,89
0,41
0,75
0,08
0,65
-0,26
0,30
0,20
0,33
21,84
-10,66
-1,79
9,72
-19,99
9,15
19,01
17,29
19,95
46,38
-19,40
-6,26
2,40
-4,41
25,21
-16,36
-10,10
3,35
0,01
11,52
-7,38
-2,73
-16,29
6,86
-12,93
18,40
10,51
-20,63
5,53
9,74
14,78
-17,50
15,13
-10,03
18,31
18,26
10,97
29,50
-3,67
7,40
10,34
8,04
11,98
33,71
-1,56
-14,35
0,50
21,53
2,56
-30,96
-18,66
5,39
16,33
10,55
19,54
5,28
24,93
-4,03
-36,67
25,60
17,30
-0,41
20,81
13,17
9,83
-26,77
25,48
-6,31
3,31
-22,63
18,58
-1,40
4,07
5,54
-1,26
10,28
0,24
15,98
7,87
13,80
-1,12
30,67
-3,11
11,61
13,53
-1,24
-6,26
38,50
0,60
-10,90
-13,46
1,18
7,63
10,62
16,78
-5,68
13,14
9,32
2,54
-10,97
-9,20
-15,50
Fundo
Últ. valor
Pictet-EUR Sovereign ShT Liq-R
Pictet-AbsRtn Fixed Inc-HR EUR
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Pictet-AsnEq xJpn-HR EUR
Pictet-AsnEq xJpn-R USD
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Pictet-Biotech-R USD
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Pictet-Eu Sust Eq-R EUR
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Pictet-Glo Em Ccy-HR EUR
Pictet-Glo Em Ccy-R USD
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Pictet-Glo Em Dbt-R USD
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Pictet-Glo Megat Sel-R USD
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Pictet-Health-R USD
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Pictet-Jpn Eq Sel-HR EUR
Pictet-Jpn Eq Opp-R JPY
Pictet-Jpn Eq Sel-R JPY
Pictet-JpnEq Opp-R EUR
Pictet-Japan Index-R JPY
Pictet-LATAMLclCcyDt-R USD
Pictet-Mul.Ass. Glo Opp-R EUR
Pictet-Pac xJpn Idx-R USD
Pictet-Premium Brds-R EUR
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Pictet-ST Mon.MktCHF-R
Pictet-ST Mon.MktEUR-R
Pictet-ST Mon.MktUSD-R
Pictet-Timber-R USD
Pictet-Timber-R EUR
Pictet-US Eq Sel-HR EUR
Pictet-US Eq Sel-R USD
Pictet-USA Index-R USD
Pictet-USD Gvt Bds-R
Pictet-USD SMT Bds-R
Pictet-Water-R EUR
100,8231
101,56
169,13
134,05
181,28
148
413,97
563,95
474,81
69,07
232,15
253,92
155,63
99,72
223,18
302,32
455,05
528,04
155,52
217,12
538,07
190,19
161,41
219,75
131,51
122,58
166,92
58,08
94,65
258,07
345,9
181,24
202,32
385,85
174,63
226,39
399,35
69,52
7289,11
10600,66
64,4
13378,78
117,08
114,81
350,1
114,54
47,9
181,17
903,34
101,7706
121,6895
133,0676
129,5968
133,47
119,56
126,11
173,17
184,4
617,66
126
240,55
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EUR
EUR
EUR
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USD
USD
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EUR
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EUR
USD
EUR
USD
USD
EUR
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JPY
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28 SEXTA-FEIRA 12 AGO 2016
|
|
OPINIÃO
O cromo mais desejado
CRISTINA CASALINHO
Economista
R
ecentemente, o Financial Times dedicou vários artigos à problemática do
crescimentoeconómiconaseconomias
desenvolvidas: crescimento modesto e
perspetivasfuturaspessimistas.Destaco o artigo de Martin Wolf. O autor alinhaváriosargumentosparaoreduzido
crescimentoeconómiconosEUA(contudo, superior ao registado na área do
euro).Aprodutividadetotaldosfatores
tem abrandado a par da desaceleração
da inovação. O progresso tecnológico
temsido apropriado pormenornúmerodeagentes,implicandoacréscimoda
concentraçãoderiqueza.Nãosedescreve umavisão róseadaexpansão económica, emborase reconheçaacapacidade de criação de emprego – sobretudo,
em serviços. Esta criação de emprego
em setores caracterizados por menos
produtividade favorecem um congelamento das assimetrias de rendimento,
podendo criar tensões sociais com implicaçõespolíticas.Acampanhaeleitoral nos EUA ou o referendo no Reino
Unido são oferecidos como manifestações dessarealidade.
E porque é que se cresce pouco? Na
maioriados momentos de transição de
modelo económico, assiste-se aalterações na geração e repartição de rendimento,podendoemergirfalhasdemercado.ComonaRevoluçãoIndustrialou
Os jovens
não têm
nem parecem
ansiar por
um emprego
para a vida.
no processo de terceirização/liberalização do Reino Unido da década de
1980, os ganhos das novas tecnologias
têm feito bastantes bilionários, mas o
andamentodosrendimentosdarestantepopulaçãonãoconfiguraapropriação
dosacréscimosprodutivosgerados.Por
outrolado,aglobalizaçãoproporcionou
importantesganhos(quedadecustose
reduçãodepobrezanaseconomiasdesenvolvidas e emergentes, respetivamente) disseminados por muitos, emboramalidentificados,eperdasderendimentoacentuadaseconcentradasem
poucos.Estasalteraçõesrefletem-seno
mercado laboral e na perceção dos
agentes sobre o futuro. Os jovens não
têm nem parecem ansiar por um em-
prego para a vida, enquanto profissionaisqualificadoscomidadescompreendidas entre 40 e 50 anos enfrentamdesemprego e inadequação de qualificações. O grande crescimento do empregoconcentra-senosserviçose/ousetores tecnologicamente intensivos, onde
aprodutividadetendeaserreduzidaou
muito elevada, respetivamente, em linhacomossaláriospraticados.Porém,
mesmo nestes setores anunciam-se
ventos de mudança. No setor financeiro, a palavra de ordem é: empresas financeiras tecnológicas. Progressivamente,serviçospadronizadoserotineirossãodominadospelaautomação.Nos
cuidados médicos, o peso datecnologia
e informação é crescente, prometendo
ganhos de individualização total do tratamentoeacompanhamento.Nasindústrias de informação e comunicação, alguns serviços são “comoditizados” porquanto outros aportamelevado valor.
Como a História Económica documenta, momentos de transição de modelo coincidemcomperíodos de elevadaincertezaeperturbaçãosocial.Asdecisões políticas ganham maior acuidade, sendo cruciais paraassegurarque a
transformação se processa suavementedemoldeagarantiromáximocrescimentopotencial.Umexemplotradicional dacentralidade das decisões políti-
cas em períodos de salto de paradigma
é o estudo comparado entre Argentina
eAustrália.Noiníciodoséc.XX,osdois
países observavam estruturas económicasederendimentoidênticas;noentanto, devido, em grande parte, à diferença de opções políticas, a Argentina
enredou-senummodelodebaixocrescimento ao passo que aAustráliase encontranogrupodaseconomiasmaisdinâmicas. Hoje, como naRevolução Industrial, importa não ceder à tentação
do regresso ao paraíso económico perdido ou ao imobilismo, justificando-se
avanços numa apropriação mais equilibrada de ganhos gerados. Pode-se estar defronte de uma nova economia
com promessa de crescimento mais
acelerado, como se rotulou precocemente o início dadécadade 2000, com
a proliferação de novas tecnologias informáticas e de comunicação. A libertaçãodestepotencialdependedodesenho de novos modelos de organização
daprodução e contratualização do trabalho, formas inovadoras de distribuição de rendimento e geração de novas
ideias produtivas e não só. I
Coluna mensal à sexta-feira
Este artigo está em conformidade
com o novo Acordo Ortográfico
Director Raul Vaz; Subdirectores André Veríssimo, Celso Filipe, Tiago Freire; Editores executivos Alexandra Machado (Multiplataforma), Nuno Carregueiro (online); Editores Pedro Esteves (Empresas), Manuel Esteves (Economia), Paulo Moutinho (Mercados Financeiros), Miguel Baltazar (Fotografia), Sara Antunes (Online), Lúcia Crespo (Weekend); Grande Repórter Fernando Sobral; Redactoras Principais Filomena Lança, Elisabete Miranda, Eva Gaspar, Maria João Gago, Maria João
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Baixo; Distribuição Vasp - Distribuição de Publicações SA - Telef.: 21 4398500 - Fax 21 4302499; Propriedade/Editora Cofina Media, S.A.; Rua Luciana Stegagno Picchio nº 3 - 1549-023 Lisboa
SEXTA-FEIRA
Mais rápido, mais
alto e mais forte?
A economia dos
Jogos Olímpicos
C
om a medalha de bronze obtida por
TelmaMonteiro,Portugalchegouao
totalde24medalhasnoseuhistorial
departicipaçãonosJogosOlímpicos.
Em 2012, Portugal conquistou uma
medalha de prata; em 2008, obteve
uma de ouro e uma de prata; em
2004,duasdeprataeumadebronze;
e em 2000, duas de bronze. Como
deve ser avaliado este registo, que é
frequentemente classificado como
uma desilusão? E como devem ser
encaradasasexpectativasdequePortugal poderiaobtercinco a10 medalhas nos Jogos do Rio? O sucesso individualdeumatletadependedoseu
talento,trabalho,sacrifícioealguma
dose de obsessão em ser o melhor.
Mas,olhandoparaodesempenhopor
país, tem sido possível estimar, com
um grau elevado de aproximação, o
númerodemedalhasobtidasemfunçãodefactoreseconómicosesociais.
Logo à partida, a dimensão de um
país, medida pela sua população.
Quanto maior a população, maior a
escala da prática desportiva e maior
o número de talentos. Acapacidade
económica – medida, por exemplo,
pelo PIB per capita – é também um
factordiferenciador,reflectindouma
maior capacidade de investimento
eminstalações desportivas, maiores
apoios financeiros aos atletas e melhores condições ao nível da saúde e
alimentação(umfortefinanciamentopúblicododesportoolímpicopode
também resultar de estratégias de
afirmação política em regimes centralizados). Outros factores incluem
o desempenho em Jogos passados e
a vantagem de ser o país anfitrião.
Paísescommaiorparticipaçãofemininanodesportotendem,também,a
exibirmelhores desempenhos.
Diversosmodelosincorporando
estas variáveis têmconseguido estimarresultados muito próximos dos
observados.Porexemplo,umdestes
modelos (“Olyimpic medals: Does
the past predicts the future?”, Julia
Bredtmann, Carsten J. Crede e Se-
CARLOS ALMEIDA ANDRADE
Economista
bastian Otten, Significance, Royal
Statistical Society, June 2016) estimou que os EUA deveriam ter conquistado105medalhasnosJogosde
2012, em Londres, o que compara
com o resultado obtido de 103. No
casodoReinoUnido,aestimativade
60 medalhas compara com o resultado de 65. No caso de França, 39 vs.
34. No caso de Itália, 26 vs. 28. E, no
caso de Espanha, 18 vs. 17. Porregra,
não surgem referências explícitas a
Portugalmas,aplicandoalgunsdestes modelos àrealidade social e económica portuguesa, estima-se a obtenção de umaaduas medalhas nos
Jogos do Rio, abaixo da sugestão de
quePortugaldeveriaobtercincoa10
medalhas. Mesmo admitindo uma
melhoria no futuro, os factores explicativos do desempenho olímpico
não se alteram significativamente
empoucosanos.Nocasoportuguês,
os resultados podem também ser
restringidospelaclaraconcentração
dos recursos no futebol (é também
neste desporto que os jovens vêem,
predominantemente, modelos de
sucessoareplicar).Note-sequenada
disto impede que Portugal obtenha,
nos Jogos do Rio, um desempenho
melhordoqueoestimado.Estesmodelos explicam tendências. O que se
pretendeafirmaréqueaobtençãode
uma, duas ou três medalhas não deveria ser vista como uma desilusão.
E qualquer resultado acima disto
deveserentendidocomosuperando
as expectativas. O que é um erro é
exigir resultados em função de uma
percepção erradadarealidade. Algo
que é extensível aoutras dimensões
davidadopaís,comoaeconómica.E
que nos leva, muitas vezes, a exigir
coisasqueachamosquedevemoster
sem,antesdisso,nospreocuparmos
emcriarascondiçõesparaaspodermos ter. I
Coluna mensal à sexta-feira
Os portugueses
são estúpidos?
T
odososanostemosamesmalengalenga.Opaíscobre-sedeincêndiosdenorte asul passando pelas ilhas. Às televisões, invadidas pelas labaredas e por
umahisteriamaior do que ahabitual,
acorrem especialistas enumerando as
causasdossinistros,propondoasmesmas soluções de sempre, misturados
comonaturaldesesperodospopulares
que tentam apagarfogos com baldes e
mangueirasprecárias.Jáosjornalistas
nuncaresistemafalardoscenáriosdantescos revelando que nuncaleram “A
DivinaComédia”deDante.Deresto,os
políticosexpressamsolidariedadecom
aspopulações,oqueéàborlaeficasempre bem, enquanto o Governo prometemaismeios,coisaquediga-seemabonodaverdade,têmcumpridoaolongo
dos anos. Nuncahouve tanto bombeiro, tanto carro, avião e helicóptero. E,
noentanto,opaíscontinuaaarder.
Ossimplóriosculpamoscriminosos.Ospolíticosculpamosoutros.Jaime Marta Soares, eterno presidente
daLigadosBombeiros,presidenteda
Câmara durante 40 anos, deputado
do PSD em várias legislaturas desde
1979eatémembrodaassembleia-geraldoSporting,falaquesefarta,sempre exaltado, culpando tudo e todos.
Masnãorevelaoquefezemtantocargopararesolveroproblema.Anãoser
exigirmais dinheiro paraos bombeiros.
O problema dos fogos é também
esse.Instalou-seemPortugalumpoderoso lóbi, que há quem, menos comedido, chame uma verdadeira máfia, que canaliza todas as verbas disponíveis para o combate ao fogo. A
gestãodaflorestaeaprevençãoficam
com as migalhas.
Portugalnãoprecisademaisbombeiros. Precisa de mais engenheiros
florestais.
É claro que existemincendiários,
idiotas e descuidados. Mas isto não
explica tanto e tão descontrolado
fogo. Sobretudo não explica como se
propagam com tantaintensidade.
Os estudos estão feitos, passados
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12 AGO 2016
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OPINIÃO
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29
LEONEL MOURA
Artista Plástico
a extensos relatórios cheios de gráficos.Aquantidadedetesesuniversitárias sobre a matéria já consumiu várias florestas só em pasta de papel.
Portugal arde com tanta facilidade
porque a sua floresta, retalhada em
minifúndios,estámalarrumadaenão
é limpa. Há quem diga que a culpa é
doprogresso.Quandoopovo,notempodofascismo,vivianamisériaabsolutaenãotinhaeletricidade,recolhia
todo o pauque encontravaparaas lareirascomque,talcomonoquadrode
Van Gogh, cozia as batatas. Hoje são
“ricos”. Têm energia elétrica, micro-ondasefazemassuascomprasnosupermercado. A lenha fica na floresta
àesperade umafaísca.
Infelizmente, aquilo que se ganhou em ligeiro progresso económiconãoseconquistoueminteligência.
Terhabitaçõesnomeiodematosressequidos não é uma boa ideia. Apreguiçaemprevenirofogo,limpandoas
matas, faz com que este consuma as
casas, outro património e vidas. É assim tão difícil de perceber?
Adificuldadeemencontrarosproprietários, em obrigá-los afazeralimpezaouainérciadasentidadesresponsáveistambémnãoservemdejustificação. O Estado, como todos sabemos, é
eficiente sempre que quer. Há quem
digaque isto não vai lácom multas. A
realidade diz o contrário: vai, vai. Não
háoutramaneira.Infelizmenteamaioriadas pessoas só mudaàforça. Não o
fazporinformação, persuasão e raciocínio.
Arrume-seafloresta,modernize-seasuagestão,aplique-sealeiemulte-sepesadamentequemnãoalimpa.
Quem não tem capacidade para o fazer venda. A propriedade não é um
bem absoluto. Inútil, abandonada, é
um risco paratodos.
Em suma: passe-se da estupidez
paraainteligência. I
Coluna semanal à sexta-feira
Este artigo está em conformidade
com o novo Acordo Ortográfico
30 SEXTA-FEIRA 12 AGO 2016
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OPINIÃO
CONVIDADO
Invest IMInto
É
muitodifíciltomaradecisãodefazer
um investimento pois implica sempreumgrauderisco.Comefeito,soubemos este ano que quem fez um investimento imobiliário deveria ter
tido em conta que o custo que esse
imóvel iria representar depende
(agora) significativamente do seu
grau de exposição solar, ou se tem
umaboavista.
Ograndeproblemanãoestánatributação dos imóveis, nem nas variáveis–solevista–paraocálculodovalor patrimonial tributário. O problemaestánavolubilidade legislativa.Da
mesmaforma,osaumentos–aumentos porque a volubilidade traduz-se
sempreemaumentos,nunca(ouquase nunca) em alívios – devem ser razoáveis. Não apenas porque aumentosirrazoáveisencorajamafugafiscal
lafferiana,masporquepodemdesviar
ointeressedeinvestidores,incluindo
de investimento direto estrangeiro.
Esta mensagem parece não chegar ao Governo, pois, no momento
em que o Executivo tem como uma
das suas grandes prioridades (e bandeiras)atrairinvestimentodiretoestrangeiro, vai simultaneamente subir a tributação no setor que mais
conseguiu atrair estrangeiros – em
2015, dos cerca de 15 mil milhões de
euros que foram transacionados no
setorimobiliário emPortugal(cerca
de 8%), mais de 3 mil milhões deveram-se ainvestidores estrangeiros.
Com efeito, o coeficiente de majoraçãobaseadonavariável“sol”ena
variável “vista” subiu consideravelmente,passandodeaté5%para20%.
Um aumento de 300% no peso destas duas variáveis. Penso que qualqueraumento que tenhatrês dígitos
será sempre um excesso, se não for
realizado ao longo de muitos anos.
Aqui surge outro problema, ao
lado daimprevisibilidade legislativa;
a ganância fiscal. Infelizmente, não
existem noções oficiais de razoabilidade que norteiem os aumentos de
impostos, apenas de classe sociale da
SELECÇÃO NATURAL
CARLOS PENALVA
Partner e Co Fundador
Quintela e Penalva – Real Estate
cargafiscal que cadaterácapacidade
para onerar. É por esse motivo que
existemaumentosde300%.Osedifíciosdevolutosqueaindaexistemeque
antesabundavam,devidoarendasantigasnãoatualizadas,sãoumexemplo
queilustraoefeitodepolíticasquedistorceramomercadoimobiliárioeque
sefundamentaramemnoçõeseconómicas maniqueisticamente simplistas.Hoje,mesmocomvontade,édifícilaplicartaldivisãodeclassenosmercados emLisboae/ouno Porto.
Ou seja, ou se é rico (tendo em
conta o salário médio nacional) e se
consegue alugar uma casa no centro
deLisboa,ouseériquíssimoeconsegue-seserproprietário.Osmaisricos
detodossãoosproprietários.Durante anos, houve um incentivo à compra de casa, quer por falta de mercado de aluguer (com tanta incerteza
dos tribunais que levam anos a despejar inquilinos não cumpridores),
querpelascondiçõesdecréditomuito atraentes e até mesmo invasivas –
sim, os bancos telefonavam para a
casa das pessoas a perguntar se não
queriam crédito, não era necessário
sequerumadeslocaçãoatéumaagência. No entanto, hoje, com a armadilhajáfeita, comos proprietários atadosàssuascasas,éfáciltributarmais,
e mais. Qual a alternativa? Vender.
Masatéaquioinvestidorestáentrea
espada (leia-se, imposto desproporcionalmente elevado) e a parede (de
sua casa), pois com o imposto sobre
as mais-valias a atingir os 50% será
que hoje essahipótese é viável?
Quero Estado que se deixe de investir em imobiliário? Ou, por outro
lado, quer aproveitar-se de um dos
poucos setores da nossa economia
que está a apresentar bons resultados? Será por ser um dos poucos setores com bom desempenho que é
dosqueémaistributado?Éagalinha
dos ovos de ouro. I
Este artigo está em conformidade
com o novo Acordo Ortográfico
A curiosidade
salvou o gato
S
ercurioso é vital paraaprender, para
ser criativo, inovar e gerar riqueza.
Acuriosidade é vital paraprogredir,
paraintervirno mundo, paramelhorar a sociedade. Sem curiosidade
tudo perde interesse, perde energia
e desaparece.
No entanto, o ditado popular “a
curiosidade matou o gato” parece
sugerir o contrário; não queiras saber demais, não te metas onde não
és chamado, vê o que aconteceu ao
É a participação
no mundo,
é a curiosidade,
que cria
a realidade
e que a muda.
curioso do gato… Mas a expressão
de facto não diz isso; bem pelo contrário.
Foi o Nobel da Física, o austríaco Erwin Schroedinger que cunhou
a expressão “a curiosidade matou o
gato”. Na primeira metade do século XX, Schroedinger foi uma figura
eminente na mecânica quântica,
ramo da física que estuda a matéria
nas suas mais diminutas dimensões,
e que é a base científica em que assenta o mundo digital.
Ora no mundo quântico nada é
real até serobservado. Aobservação
cria a realidade; literalmente. Para
descrever este estranho mundo,
Schroedingerpropôs umaexperiênciapensada. Em traços gerais, tratava-se do seguinte: um gato vivo é colocado numa caixa totalmente opaca; assim que a caixa é fechada um
FERNANDO ILHARCO
Professor na Universidade
Católica Portuguesa
mecanismo dentro da caixa entra
em funcionamento; ele vai libertar
comida ou veneno mortal e há 50
por cento de probabilidades para
cadapossibilidade. Acaixafecha-se
e o mecanismo funciona. O tempo
passae aperguntaé esta: o gato está
vivo ou morto? Não sabemos. O gato
estádentro dacaixanum estado que,
disse Schroedinger para ilustrar o
mundo quântico, é o de “vivo e morto”. Acuriosidade – abrimos a caixa
– mata o gato. Ou salva o gato. É a
nossa participação no mundo, é a
nossa curiosidade, que cria o mundo, que o muda. A realidade é o que
criamos com o nosso comportamento no mundo. Fazer é chave. Quem
pensa muito, diz um ditado chinês,
fica com um pé no ar.
A realidade manifesta-se intervindo, sugere a mecânica quântica.
O mundo revela-se quando agimos,
comentou o filósofo francês Jean-Paul Sartre. É amaneiracomo participamos no mundo que cria a realidade. Numa era de grandes mudanças e de inovação, nos planos social e individual, nacional e global,
nunca é demais frisar que a realidade cria-se intervindo, mexendo-nos,
participando. Por isso, as pessoas
apoiam o que criam, talvez não tanto por umaquestão de orgulho, mas
porque o que criam é o que paraelas
é real, é o gato que salvaram. I
Coluna semanal à sexta-feira
SEXTA-FEIRA
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12 AGO 2016
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31
MARKETING, MEDIA E PUBLICIDADE
Portugal-Argélia visto
por 1,4 milhões
de portugueses
O último jogo da fase de
grupos da selecção portuguesa de futebol nos Jogos
Olímpicos, que decorreu
na quarta-feira, registou
uma audiência total próxima de 1,4 milhões de telespectadores na RTP, a que
correspondeu uma audiência média de 568 mil portugueses e um share de
29,9% para o canal público, segundo os dados da
Initiative/Mediabrands. O
jogo contra a Argélia foi
transmitido em simultâneo na Sport TV, com uma
média de 22,5 mil telespectadores a preferirem
acompanhar o encontro
pelo canal desportivo, ou
seja 1,2% dos portugueses.
Fotografia: Paulo Calado
INTERNACIONAL
Fundadora do Huffington
Post troca site por start-up
Arianna Huffington anunciou que vai renunciar aos cargos de presidente e editora executiva
do Huffington Post, site que fundou há 11 anos. A empresária vai dedicar a sua atenção ao
lançamento de uma nova start-up para as áreas de saúde e bem-estar.
SARA RIBEIRO
[email protected]
ensei que o
Huffington
Post seria o
meu último
projecto. Mas
decidirenunciarcomoeditoraexecutivadoHuffingtonPostparalançar aminhanovaempresa, Thrive
Global”. Esta foi a mensagem que
“P
AriannaHuffington,co-fundadora
do site norte-americano noticioso
deixounasuacontadoTwitter,depois de o Wall Street Journal ter
avançado a saída da jornalista do
meio.
Ementrevistaao jornal, AriannaHuffingtonexplicouqueiaabandonar o projecto que criou há 11
anosparasefocarnolançamentode
umastart-upligadaàsáreasdesaúdeebem-estar.
Ajornalista,de66anos,tinharenovado em Junho o contrato para
presidente e editora executiva do
Huffington Post até 2019. Mas o
acordo permitia que lançasse a
Thrive Global, ao mesmo tempo
que assegurava o site, contou ao
WallStreetJournal.
“Eu pensava que conseguiria
conciliar as duas coisas, mas àmedidaquecomeçámosacrescer,percebique[astart-up]iriaprecisarda
minhaatenção total”, explicou na
entrevistaaojornalnorte-americano. “É importante saber reconhecer quando é que umaportaestáa
fechar e outraaabrir, e penso que
esse momento chegou”, acrescentouaempresária.
AriannaHuffington, autorade
vários livros de saúde e bem-estar,
nãodetalhouadatadasuasaídado
site, comentando apenas que será
naspróximassemanas.
O novo projecto, Thrive Global,vainascerantesdofinaldoano
e pode viracontarcom o apoio da
AOL, dona do Huffington Post
desde 2011. Segundo o CEO da
AOL, Tim Armstrong, a “Arianna
é uma visionária que construiu o
HuffingtonPost, umaplataforma
de notícias verdadeiramente
transformadora”.Porisso,segundo a imprensa internacional, poderá vir a estabelecer uma parce-
riacom astart-up no futuro.
De acordo com o comunicado
publicadopelaempresárianoTwitter,aThriveGlobalvaidesenvolver
seminários, sessões de “coaching“
eoutrosmétodosparaajudaraspessoasadiminuirostresseaexaustão.
Ajornalista,nascidanaGrécia,
começou a dar cartas no mundo
dos media em 1990 como comentadora política. Em 2005, juntouseaKennethLerereJonahPeretti
paralançaroHuffingtonPost,que
hoje está presente em 14 países
com versões adaptadas para cada
mercado. I
Conselho de Administração Paulo Fernandes (Presidente), João Borges de Oliveira, Luís Santana, Alda Delgado e António Simões Silva • Accionista
Cofina, SGPS, S.A. (100%) • Sede: Redacção, Administração e Publicidade Rua Luciana Stegagno Picchio n.0 3 – 1549-023 Lisboa • Redacção:
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SEXTA-FEIRA
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12 AGO 2016
CRIMEIA
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Tiragem média de Abril: 14.968 exemplares
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Ucrânia
coloca tropas
em alerta
de combate
O Presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko,
ordenou estaquinta-feira“alertamáximo de
combate”atodasastropasucranianasnafronteiracomaCrimeiaenalinhadeseparaçãode
forças com os rebeldes pró-russos a leste do
país.
“Ordenei pôr em alerta máximo de combate todas as unidades da fronteira administrativa com a Crimeia e ao longo de toda a linha de separação de forças em Donbas (leste
daUcrânia)“,escreveunaredesocialTwitter
o chefe de Estado ucraniano.
Poroshenko explicou que tomou esta decisão depois de reunir-se com responsáveis
das forças de segurança e dos ministérios da
Defesae dos Negócios Estrangeiros.
A nova tensão entre a Ucrânia e a Rússia
aconteceu depois de Moscovo denunciar
quarta-feira que grupos de inteligência militarucranianatentaraminfiltrar-senaCrimeia
em duas operações de sabotagem - uma na
madrugada de 7 de Agosto e outra no dia 8 com o objectivo de atentar contra “infra-estruturas vitais dapenínsula”.
O Presidente russo, Vladimir Putin, acusouoGovernoucranianodeterrorismoealertou que a Rússia não vai deixar “passar estas
coisas”.Poroshenkorespondeu,qualificando
as acusações russas de cínicas e garantiu que
se trata de “fantasias que (os russos) usam
comopretextoparalançarnovasameaçasmilitares àUcrânia”.
Putin reuniu-se esta quinta-feira de manhã com membros do Conselho de SegurançadaRússiaparadebatermedidas adicionais
parareforçaradefesadaCrimeia. I LUSA
“
Ordenei pôr em alerta
máximo de combate
todas as unidades
da fronteira administrativa
com a Crimeia.
PETRO POROSHENKO
Presidente da Ucrânica
NEGÓCIOS NUM MINUTO
INFOGRAFIA
COMO SÃO ACTUALIZADAS
AS RENDAS?
AS FREGUESIAS DE ONDE
DESAPARECERAM CASAS
PARA ARRENDAR
1. Sporting tem o plantel
mais valioso da liga
2. Novo duque de Westminster
é o mais novo entre os 400...
3. Catarina Martins: trabalho
voluntário “é uma treta”
4. O que está a correr mal no
mercado de trabalho...
5. Choupana Hills ficou
“parcialmente queimado”
BANCA
Oitante vende banco de
investimento do Banif
Vítor Mota/Correio da Manhã
PRÉMIO
PONTO VERDE
OPEN INNOVATION
RECEBEU 45
CANDIDATURAS
O Ponto Verde Open Innovation recebeu 45 candidaturas de projetos de inovação, empreendedorismo, investigação e desenvolvimento, impulsionadores da economia circular. Destes 45 projetos candidatos 39 foram considerados elegíveis e estão em avaliação, sendo 29 projetos de
inovação e 10 de I&D.
A Oitante tem por missão vender activos do ex-Banif, após a medida de resolução.
O banco de investimento do Banif
(BBI) foi comprado por um grupo
chinês. O anúncio, feito pela vendedora Oitante, não indica o preço. Haveráumainjecção de 10 milhões de euros. Para concretizar a
operação, falta a autorização dos
reguladores.
“A Oitante seleccionou a proposta apresentada pela Bison Capital Financial Holdings (Hong
Kong) Limited, porseraquelaque
apresentavaas condições mais favoráveis à maximização da venda
do BBI, incluindo a oferta de um
valor de compra superior ao valor
contabilísticodoscapitaispróprios
do BBI”, indica um comunicado
emitido pelo veículo, liderado por
Miguel ArtiagaBarbosa.
Não se conhece a proposta de
comprados chineses daBison Capital, com sede em Hong Kong,
massabe-sequehaveráumainjecção no futuro: “Na proposta apre-
sentada, a Bison Capital comprometeu-se aaumentar o capital social do BBI no valor de
€10.000.000 no prazo de um ano
a contar da efectiva transmissão
dasacções,prestaçõesacessóriase
obrigações subordinadas”.
O contrato de compra e venda
do banco de investimento foi assinado a 3 de Agosto, entrando em
vigor a 9 de Agosto. Agora falta a
posiçãodosreguladores:“Aefectivatransmissãodasacções,prestaçõesacessóriaseobrigaçõessubordinadasdependentesdaobtenção
dasautorizaçõesregulatóriasaplicáveis”, indicao comunicado.
“ParaaOitanteéaindarelevante o facto de o projecto que aBison
Capital tem parao BBI preverque
omesmovenhaaserdesenvolvido
comoapoiodeactuaiscolaboradores, permitindo assim uma eficaz
transiçãodobancoparaonovoaccionista”, diz o comunicado. I DC
EstainiciativadaSociedade Ponto Verde propõeseapoiarprojetosdediversasentidadesrepresentativas da nossa sociedade: Startups com até um
máximo de três anos de existência (7), Empreendedores individuais (10), Equipas ou consórcios
(4), Empresascom maisde trêsanosde existência
(4), Associações ou Organizações Não Governamentais(5),Universidades(6) eInstituiçõesdoSistema Científico e Tecnológico Nacional (3).
Com o apoio ao desenvolvimento de ideias de negócio, um máximo de 20 projetos serão convidadosaparticiparnum Bootcamp naNovaSchool of
Business and Economics e terão oportunidade de
fazer um pitch à Comissão Executiva da Sociedade Ponto Verde e aos Parceiros do Ponto Verde
Open Innovation. O Ponto Verde Open Innovation
contacom apoioinstitucional doMinistériodoAmbiente e está a ser operacionalizado com o apoio
de um conjunto de parceiros de relevo.