#OS MAIS PODEROSOS 2016
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#OS MAIS PODEROSOS 2016
#OS MAIS PODEROSOS 2016 #19 #20 A força perdida cá foi compensada com mais poder em casa. Um industrial de vários sectores que controla um colosso mediático. PRIMEIRA LINHA 4 a 11 Sexta-feira, 12 de Agosto de 2016 | Diário | Ano XV | N.º 3313 | € 1.90 Director Raul Vaz | Subdirectores André Veríssimo | Celso Filipe | Tiago Freire Publicidade SOS TIMOR Os portugueses que o Japão mandou para campos de concentração www.pro-office.pt Exploração de petróleo adiada ESCRITÓRIOS PARA ARRENDAMENTO A PROFISSIONAIS LIBERAIS MARQUÊS DE POMBAL - LISBOA Telem. 96 586 30 55 Obrigações Dívida portuguesa é a pior do mundo em 2016 Depois da Galp no Alentejo, agora foi a Repsol a desistir de pesquisar no Algarve. MERCADOS 22 e 23 Publicidade A família de Zeca Afonso esteve entre as vítimas, na Segunda Guerra Mundial. 2020 Trump, uma campanha a pisar a linha Combustíveis mascaram contas externas EMPRESAS 18 e 19, ECONOMIA 14 e 15 George Osodi/Bloomberg Conheça os projetos aprovados pelo Alentejo 2020 Saiba ma Saib maiss em | www.ale www.alentejo.portugal2020.pt lentejo.p .portu portu ugal2020. 0. t 0.pt UNIÃO EUROPEIA Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional 2 SEXTA-FEIRA 12 AGO 2016 | | HOME PAGE EDITORIAL ACÇÃO DO DIA Rumores nas redes sociais deram ganhos de 7% a acções da TalkTalk ANDRÉ VERÍSSIMO Subdirector [email protected] ACÇÕES SUBIRAM MAIS DE 7% Cotação das acções em pences As contas do país stamos na época de apresentação dos resultados doprimeirosemestredasempresas.EoGoverno, que contas temparaapresentar? Comecemos pelo emprego, que é o dado mais recente e até estáacorrerde feição parao Executivo.OsdadosdoINErelativosaosegundotrimestre indicamque ataxadedesempregocaiuparaos10,8%,ficandoabaixodameta de António Costa para a totalidade do ano (11,4%). É um bom trunfo paraaesquerdaparlamentaresgrimir. Masnemtudosãorosas.Odesempregodelongaduraçãocontinuaaaumentarejárepresentaumterçodosqueprocuramemprego.Odesempregojovembaixa,masmantém-secomoumdos maiselevadosdaUE.EomaisincómodoparaPS,BEePCP:muitodonovoempregoéprecário,osrecibosverdesestãoadisparar. Vamos ao défice. Segundo as estimativas da UTAO e as projecçõesparaoPIB,osaldoorçamentalfoinegativoem3,1%.Longedos2,2%comqueoGovernosecomprometeunoOrçamento, emesmodos2,5%queaComissãoEuropeiaexige.Seismesesvolvidos,aexecuçãonãoestáaserbrilhante.Ascativaçõesserãosuficientes para chegar à meta? Nos próximos meses saberemos. Bruxelas não largaráo osso. Adívida. Baixá-laé umadas grandes bandeiras deste Governo. Ameta é reduzir o que o Estado deve de 129% para 125% do PIB até ao final do ano. Mais umavez está-se longe do objectivo. CálculosdaunidadetécnicadoParlamentocolocamadívidapúblicanumintervaloentre131%a132%doPIBemJunho.Háfactores que apodem fazerdescer, como o reembolso de umalinha deobrigaçõesde4,1milmilhõesouamortizaçõesaoFMI.Mashá maisrazõesparaqueelasuba:umcrescimentomenordaeconomia, o risco de umdéfice mais elevado, arecapitalização daCGD e aeventual impossibilidade de vendado Novo Banco. Ocrescimento.Aevoluçãodaactividadeeconómica,chavede tudooresto,temsidodesapontante.OINEdivulgaestasexta-feiraaestimativarápidaparao PIB do segundo trimestre. Aprevisãoédequeocrescimentoacelere,masnãoosuficienteparachegar aos 1,8% apontados pelo Governo. As estimativas mais optimistas chegama1,2%. Asexportaçõescaíram1,8%noprimeirosemestre,emtermos homólogos. É a primeira quebra desde 2009. O investimento é quaseumdeserto.Oconsumointernodevedesacelerar.Nomeio disto, percebemos que se não fosse aquedado preço do petróleo jáestávamos novamente comcontas externas desequilibradas. Usandoojargãodosanalistasfinanceirosquandoolhampara as contas das empresas, pode dizer-se que os resultados do semestresãodesapontanteseestãoaquémdosmetastraçadaspela gestão. JáAntónio Costatemoutros resultados aque se agarrar, os das sondagens. I E Fonte: Bloomberg As acções da operadora britânica TalkTalk tiveram um final de sessão de forte volatilidade, que levou mesmo à suspensão temporária da negociação. Os títulos chegaram a disparar 13,10%, após três corretores terem citado rumores que corriam no Twitter de que a Vodafone iria lançar uma oferta pela empresa. No entanto, a gigante desmentiu a informação, o que fez abrandar os ganhos para 7,14%. I 7,14% Variação este ano: 8,37% Valor em bolsa: 2.251,4 milhões de libras LINHAS CRUZADAS A derrocada irreversível (?) de Trump “Desde a convenção de Cleveland, Trump praticamente não fez nada certo segundo os padrões tradicionais.” “Os dados mostram que a campanha de Trump acelerou a transformação em curso do Partido Democrata.” “O discurso de Trump provavelmente não tem carácter criminal. Está protegido porque não leva outros a um crime de forma iminente.” ALEX ALTMAN THOMAS B. EDSALL DANNY CEVALLOS M ais tarde ou mais cedo havia de acontecer. Donald Trump, esse “bulldozer” político, tanto levoutudoàfrentecomotinha,eventualmente,de se atropelar asi próprio. Paramuitos comentadores, esse momento chegou. ATimeMagazine,numacapatãocerteiraque ameaçavirarhistórica,titulamesmoasuaúltima ediçãocomumaexpressão:“Meltdown.”Será? AlexAltman, umdos autores do artigo, analisaas últimas semanas e conclui: “Desde aconvenção de Cleveland, Trump praticamente não feznadacertosegundoospadrõestradicionais.” Criouinimigosdentrodopartido,recusando-se a apoiar alguns dirigentes de topo; insultou os paisdeumsoldadomorto;incomodouopuritanismorepublicanocomasfotosprovocantesda suaesposa;expulsouumbebédeumcomício;incentivou o uso daviolênciacontraHillaryClinton.Ese,atéaqui, osdisparatesdeTrumppareciamfortalecê-lo,agorahádoisfactosnovos:boa parte do seu partido está a revoltar-se publica- mente; e as sondagens mostramumaqueda. Thomas B. Edsall, no NewYork Times, vai mais fundo nasuaanálise: “EstaráTrump adar cabodedoispartidos?”Eexplica:osnúmerosde Trumpsãoterríveisentreoscidadãoscommaior rendimentoeescolaridade,campodisputadohabitualmentepelosrepublicanos.Mastambémos democratas estão a mudar, porque não estão a conseguircaptaros trabalhadores mais mal pagos, que aderemao campo Trump. JáaCNNfocaumpontocurioso:seráque,juridicamente, os comentários de Trump sobre Clinton são ilegais, no sentido em que incentivam directamente um ataque à candidata? Na opiniãodoespecialistaDannyCevallosnão,porque a forma relativamente vaga da frase acaba porprotegê-lo.“Nãoéumaboaideiaoscandidatos presidenciais falarem assim. Mas provavelmentenãoseráumdiscursocomcaráctercriminal”, conclui. Aliberdade de expressão, aqui, é mais forte. I TIAGO FREIRE SEXTA-FEIRA | 12 AGO 2016 | HOME PAGE | 3 EDIÇÃO FIM-DE-SEMANA ELEVADOR A COR DO DINHEIRO Tiago Freire [email protected] Vêm aí (mais) más notícias CAMILO LOURENÇO Jornalista de Economia J á aqui dissemos que a execução orçamentaldoprimeirosemestrelevantavárias suspeitas (artigo de 25 de julho). Umadelas é amaquilhagemdas contas. Atítulodeexemplo,hápessoasqueaindanãoreceberamoreembolsodoIRS(e estamos a12 de agosto...). Paranão falar decadavezmaisfornecedores(nãoapenas na saúde) que se queixam de pagamentosematraso.Asegundasuspeitaé que alguns números não batem certo. Porexemplo,osvaloresreferentesàsnecessidades de financiamento do Estado são muito superiores ao valor do défice orçamental divulgado pelo Governo… Mas as más notícias não terminam aqui. OntemaUTAO (Unidade Técnica de Apoio Orçamental) veio dizer que a dívidapúblicajáestáacimado valororçamentado para o conjunto do ano de 2016 (124,8% do PIB). Como refere a UTAO, são “240,1 milmilhões de euros, umacréscimode2,4milmilhõesemter- mosmensaisede8,7milmilhõesfaceao final de 2015”. Valorque colocaadívida públicanointervaloentre130,9e132,3% do PIB. A evolução da dívida do Estado no primeiro semestre torna virtualmente impossível chegar aos 124,8% do PIB avançadospelogovernonoiníciodoano (o FMI apontoupara128,3% e aComissãoEuropeiapara126%).Atéporque,se seconfirmaroabrandamentodoPIBno 2.ºtrimestre,ocenárioficaráaindamais complicadoparaascontaspúblicas:ontemaagênciaLusadivulgouum“inquérito”aanalistas,queapontaparaumvaloremtornode1%no2.ºtrimestre; hoje o INE deverá divulgar uma estimativa rápida para o mesmo indicador e não é crívelqueseafastemuitodaquelevalor. Se levarmos em consideração que o Orçamentode2016prevêumataxadecrescimento de 1,8%, é fácil perceber que o peso dadívidanariquezavai aumentar. De referir que o cenário pode ficar aindamais comprometido porcausade outros desafios: 1 – a quebra de receita fiscal associada ao abrandamento da economia:areceitacresceu2,7%contra aprevisãode3,4%,sobretudodevidoao maudesempenho do IVA(e o piorpode estar para vir com o efeito da baixa do IVAdarestauraçãoocorridoemJulho– impacto superior a 100 milhões); 2 – a situação problemática do setor bancário: por um lado a incógnita chamada Novo Banco, que desde a resolução já teve prejuízos de 1,8 mil milhões e precisa de cerca de 2 mil milhões de euros de capital; por outro a capitalização da Caixa Geral de Depósitos, cujo valor finalnãoéaindaconhecido,masnãodeve ficarabaixode3,5milmilhõesdeeuros; 3 – o aumento inevitável dadespesaassociadaàtragédiados incêndios das últimas duas semanas (particularmente naMadeira); 4 – efeito mecânico de aumento das necessidades de financiamento do Estado se a quebra de receita não for compensada pelo congelamento de despesa (o mais provável), resultando num défice orçamental superior ao previsto: mais défice, mais dívida. Onde é que tudo isto vai dar? A um aumento de impostos: adívidade hoje é a fotografia dos impostos de amanhã. Por mais que nos tentem atirar areia paraos olhos. I MÁRIO CENTENO Ontem deu-se mais um passo, este positivo, no calvário que têm vivido os lesados do papel comercial vendido aos balcões doBES.OMinistériodasFinanças deu a necessária luz verde paraque se comecem aimplementarosmecanismosquepermitam ressarcir pelo menos partedovalorinvestido,atéum máximode250mileuros.Saúda-se a decisão, mas não pode deixardesequestionarademoraatrozemtudoisto.Começaa serquase desumano pediraindapaciênciaaquem perdeu as poupançasdeumavida.Asolução terá de ser rápida ou não seráboa. I Este artigo está em conformidade com o novo acordo ortográfico SA LUÍS AFONSO MARCO SCHROEDER AOi,quetemcomomaioraccionista individual a portuguesa Pharol,nãoencontraocaminho paraasboasnotícias.Depoisdas lutasentreaccionistasquetêm sidopúblicasnasúltimassemanas, ontem foi hora de olhar paraas contas do primeiro semestre.Maisprejuízos,maisdívidaeumagrandefénoprograma de recuperação judicial. O CEOMarcoSchroedernãoestá aconseguirdaravoltaàempresa,ecomissotambémaPharol sofre. I 4 SEXTA-FEIRA 12 AGO 2016 | | #OS MAIS PODEROSOS 2016 PORQUE MANTÉM É dos principais empresários nacionais, ainda que consiga manter a discrição. Tem interesses em várias indústrias, sendo a mais visível a da pasta e papel, com a Altri a reforçar o seu papel de exportadora. Mas é também um empresário da comunicação social, detendo no seu portefólio o jornal líder de vendas, o Correio da Manhã, que também tem tido o papel de mexer no mundo da televisão, ao disputar, ao fim de três anos, a liderança na informação nas plataformas pagas. #20 Paulo Fernandes É accionista de uma empresa de comunicação social. Tem empresas industriais. Discretamente vai amealhando sucessos e lucros. Dá poucas entrevistas. Mas agora, nas funções de presidente da Cofina, tem de aparecer. E da mesma forma que fala sobre a Fashion Night da Vogue, também fala sobre o acordo com a Nos ou com a Federação Portuguesa de Futebol. Paulo Fernandes é um empresário com poder, perdendo, no entanto, para muitos no que respeita à influência política. O empresário prefere chamar-lhe independência. TABELA DE CRITÉRIOS Poder da fortuna Rede empresarial Influência política Influência mediática Perenidade BILHETE DE IDENTIDADE Cargo: Presidente executivo da Cofina, co-CEO da Altri e administrador da F. Ramada G Naturalidade: Nasceu em Águeda em 1958 G Formação: Licenciatura em Engenharia Electrónica pela Universidade do Porto; MBA na Universidade de Lisboa G ALEXANDRA MACHADO [email protected] RAUL VAZ [email protected] maalternativaséria,credível,independenteeque não está refém de qualquer“lobby”.Assimdefiniu Paulo Fernandes a CMTV, no diaem que anunciou aentrada do canal de televisão da Cofina naplataformadaNos, o que mais que duplicavaaaudiênciapotencial. AentradanaNosaconteceuemJaneiro, atrês meses de aCMTVcomemorar o terceiro aniversário. E em Maioatingiualiderançanoscanaisfechados, superando o Hollywood e a concorrênciadeinformaçãonacional. Paulo Fernandes, naquele diaemque anunciavaaentradadaCMTVnaNos, garantiaque o dianão erade chegada, massimdepartida.A Cofina,dizia,“lidera a imprensa escrita, na internet, pelo percurso daCMTVtambém nos podemos afirmar no audiovisual”. Já vaimudando. Ser o “patrão” do jornal líder, que agoratemumatelevisãoadesafiarseriamente os “shares” das outras esta- U ções, dá-lhe poder. Aindamais quandoéumórgãoquedesafia,elepróprio, poderes, com as investigações ao ex-primeiro-ministro José Sócrates no centro deste ano. Atal ponto que em tribunal até houve uma providência que impediu, durante algum tempo, aos órgãos do grupo Cofina – que detém,entreoutros,oCorreiodaManhã, aSábado,o RecordeoJornaldeNegócios–deescreveremsobreaOperação Marquês. Uma sentença polémica e que até garantiu ao grupo asolidariedade de alguns dos concorrentes. FranciscoPintoBalsemãodefendeua liberdade de informação, apropósito dessadecisão,naSábado,queconcorredirectamentecoma“sua”revistaVisão. Naaltura, o Correio daManhãgarantiaque“nãoiaparardeescrutinar” o ex-primeiro-ministro. Como não olhaacores partidárias nas notícias. Mesmo sabendo que isso pode ter consequências. Sempre teve de enfrentaropoderpolíticoenemsempre saiuaganhar.PerdeuaPortucelháuns anos,restando-lheaCeltejonasprivatizações.Masagorapoderáviraínovo desafio. A Cofinanuncaescondeu interesseemterumcanalemsinalaberto na televisão digital terrestre. Não tem conseguido que o poder político lancenovoconcurso,masagoraonovo ministrodatutelajágarantiuqueessa aberturavaimesmo acontecer. A Cofinajápartecomoutravantagem.ACMTVjámostrouquepodeser líder. Paulo Fernandes vê mais esta aposta, na televisão, ser ganha, mantendo a empresa Cofina com lucros. Esta, aliás, é asuamarca. Ter empresas rentáveis. A Cofina, em 2015, garantiulucrosdecincomilhões,depois de garantirumamargem operacional de 14,9%. No final de 2015, aImpresa, o grupo mais comparável por ter imprensa, digital e televisão, tinha uma margem EBITDA de 9,8%. A Media Capital apurou uma margem de 23,0%. Continua na página 6 SEXTA-FEIRA | 12 AGO 2016 | PRIMEIRA LINHA | 5 Fernando Ferreira 6 SEXTA-FEIRA 12 AGO 2016 | | Miguel Baltazar #OS MAIS PODEROSOS 2016 #20 Paulo Fernandes Continuação da página 4 O poder de Paulo Fernandes, no entanto, não é apenas o da comunicação social. O empresário, emconjuntocomosseussóciosdas famílias Borges de Oliveira, Vieira de Matos e Mendonça, tem conquistado o estatuto de grande exportadorcomaAltri.Aproduçãode pastaéquasetodaparavenderpara fora.Umreconhecimentoqueteve com o anterior Governo. Mas que aindanão obteve como actual. Aliás, o Governo socialista, de AntónioCosta,atécomeçoucomo péesquerdoparaaindústriadapastae do papel, quando fez um acordo com os Verdes paratravaraexpansãodaáreadoseucaliptos,algo que aindústriareclamaparadiminuir as importações nacionais de matéria-prima.OquejátinhaconvencidooanteriorExecutivoeque, porisso,maissurpresacriouquandooacordocomosVerdesfoifeito. Neste ponto, a indústria está unida,apesardaconcorrência.Paulo Fernandes e Pedro Queiroz Pereiraestão, neste caso, lado alado. Paulo Fernandes é co-CEO da Altri. Partilhaapresidênciaexecutiva com o aliado de sempre, João Borges de Oliveira. E juntos viram aAltriatingir,em2015,umtotalde receitasde664,8milhõesdeeuros, paraobterlucrosde117milhõesde euros. Números que farão sorrir Paulo Fernandes,omesmosorriso queterárasgadoquandoviuacapitalização da Altri superar a marca dosmilmilhõesdeeurosnoúltimo trimestre do ano passado (entretanto perdeu algum desse valor). Antecipou dividendos, que continuouagarantirnos três principais activosquedetém(Cofina,AltrieF. Ramada). I INIMIGOS José Sócrates Os litígios do ex-primeiro-ministro com o Correio da Manhã e com a Sábado são antigos. Mas em Outubro último conseguiu mesmo que uma juíza impedisse que o grupo Cofina publicasse notícias da Operação Marquês. Proença de Carvalho Além de ser o presidente de um dos principais concorrentes, a Global Media, o advogado defendeu Sócrates em alguns casos contra o Correio da Manhã. Apesar de já ter sido advogado de Paulo Fernandes. Pinto da Costa Uma notícia do JN sobre a Cofina ter beneficiado de um plano de regularização de dívida da Segurança Social levou o jornal online do Porto – Dragões Digital – a atirar-se ao CM e a Paulo Fernandes. Eloísa Apolónia Os Verdes conseguiram, no acordo que permitiu a formação do Governo de Costa, que fosse decidido o fim da expansão nacional da área de eucalipto. A indústria da pasta e papel tem reclamado mais área. Luís Filipe Castro Mendes A intenção de garantir a existência de mais canais em sinal aberto na plataforma de televisão digital terrestre leva o ministro da Cultura a potencial aliado. A CMTV já tinha feito saber, em anos anteriores, ter interesse no sinal aberto. Laurentina Martins É das poucas administradoras da Altri que não pertence ao grupo ligado às famílias controladoras. Luís Santana É um dos braços-direitos de Paulo Fernandes no sector dos media. É administrador da Cofina Media. Luís Magalhães A maior parte das empresas detidas por Paulo Fernandes tem como auditor de contas a Deloitte, liderada em Portugal por Luís Magalhães. Ana Mendonça A filha de Pedro Mendonça (falecido no ano passado) continua o legado do pai, mantendo-se no núcleo accionista coeso da Cofina, Altri e F. Ramada. Jorge Armindo A amizade é de muitos anos. Apesar de terem, a determinada altura, estado em campos diferentes nos negócios, a amizade sobreviveu. Enrique Isidro Rincón É concorrente nas celuloses. Isidro Rincón é o líder da Europac. Mas são amigos e parceiros de algumas actividades lúdicas, como a caça. Rodrigo Costa É um dos amigos com quem gosta de jogar golfe e com quem gosta de partilhar uma boa refeição. ALIADOS Miguel Almeida No ano em que comemorou o terceiro aniversário, a CMTV conseguiu entrar na plataforma da Nos, e com isso alargar a sua audiência, lutando pela liderança no cabo. Fernando Gomes A Federação de Futebol fez um acordo com a CMTV para a transmissão de 20 jogos da terceira divisão de futebol. A Cofina, disse Paulo Fernandes, tem especial “responsabilidade na promoção e sustentabilidade do desporto”. AMIGOS João Borges de Oliveira Foi há 30 anos que Borges de Oliveira e Paulo Fernandes se tornaram sócios. Os nós não se têm desatado e estendem-se ao irmão Pedro Borges de Oliveira. João e Paulo Fernandes são co-CEO na Altri. Domingos Matos Outro elemento do núcleo de accionistas que garante a estabilidade accionista na Cofina, Altri e F. Ramada. É cunhado de Paulo Fernandes. SEXTA-FEIRA “ # Vamos continuar a apostar no digital e na inovação. A Cofina, desde a sua génese, adoptou a revolução digital. Foi bastante difícil fazer um acordo [com a Nos], uma vez que ambas as partes tinham rácios diferentes. Temos expectativa de que o canal vai continuar a crescer muito. E foi difícil. PAULO FERNANDES Presidente da Cofina O Negócios faz todos os anos, desde 2010, o retrato do poder económico em Portugal. Em 2016, será já a sétima edição. A lista elaborada pelo Negócios obedece a cinco critérios que são contabilizados todos os anos. CRITÉRIOS São cinco os critérios usados para ir do menos para o mais poderoso. O “poder da fortuna” avalia a riqueza levando em conta também as dívidas. “O poder financeiro e empresarial” olha para a força que tem nas empresas como accionista ou como gestor. “A influência política” mede o poder de construir ou destruir negócios ou influenciar políticas. “A influência mediática” que olha para o poder de condicionar a agenda mediática. Finalmente o quinto critério, “perenidade” pondera a estabilidade desse poder, se é conjuntural ou não. Para cada um dos critérios é atribuída uma classificação de 1 a 5, apurando-se pela sua soma ponderada o lugar no “ranking”. CALENDÁRIO Nas últimas semanas, o Negócios tem estado a revelar a lista dos Poderosos 2016, por ordem decrescente. A contagem começou a 22 de Julho. E vai revelando até ao “top 10” os nomes dos poderosos da lista do Negócios. Serão conhecidos dois poderosos por dia. Quando chegarmos ao “top 10”, os poderosos serão conhecidos um a um até chegarmos ao mais poderoso que será divulgado no início de Setembro. | 12 AGO 2016 | PRIMEIRA LINHA | 7 O ELEVADOR DO PODER Há quem já tenha sido poderoso, pormais do que uma vez, mas a subida de outros poderes ditou a sua saída da lista. Fica, no entanto, no elevador, com a possibilidade de voltar a entrar. Há outras promessas. Há também quem pareça ter poder, mas tem estado a perdê-lo nos últimos anos. PRÓXIMO PODEROSO ÂNGELO RAMALHO Um desconhecido que está na galeria das promessas. É o novo presidente da Efacec, escolhido pela própria empresária angolana Isabel dos Santos. Tem nas mãos o poder de gerir uma empresa que é das mais internacionalizadas de Portugal e com novos accionistas. Já garantiu que as exportações da empresa vão aproximar-se dos 100% e sem mais despedimentos. EX-PODEROSO MIGUEL ALMEIDA O presidente executivo da Nos esteve, durante dois anos, presente na lista dos Mais Poderosos do Negócios. Este ano saiu, porentradade novos poderes. Apesar de tal acontecer no ano em que fez um acordo milionário para a transmissão dos direitos televisivos do Benfica e do Sporting. Mas falta-lhe, ainda, o poder da liderança global no sector das telecomunicações. FALSO PODEROSO JOAQUIM OLIVEIRA Voltaaestarcomofalsopoderoso,pelofactodejátersidoum dosempresários mais poderosos de Portugal, porconta do futebol. Só que nos últimos tempos também o seu poder neste desporto caiu, muito por via da novadistribuição de forçasnosdireitostelevisivos, que levou àperdapor parte da Olivedesportos de alguns importantes contratos para o futuro. “ 8 SEXTA-FEIRA 12 AGO 2016 | | #OS MAIS PODEROSOS 2016 PORQUE DESCE Em Portugal, a desblindagem de estatutos do BPI proporcionada por uma lei “à medida” feita por este Governo é um sinal da sua perda de influência. A empresária é também apanhada pelo radar da desconfiança com que o BCE olha a presença de capital angolano nos bancos portugueses. Em contrapartida, em Angola, o seu poder cresceu vertiginosamente com a nomeação para presidente do conselho de administração da Sonangol. Uma posição que pode ter impacto em Portugal, porque a petrolífera angolana é a maior accionista do BCP. #19 Isabel dos Santos No dia em que a selecção portuguesa ganhou o título de campeã europeia, Isabel dos Santos publicou na sua conta do Instagram um pormenor da taça com a inscrição Portugal acompanhada da legenda “Campeões... Champions”. Este público contentamento com o feito futebolístico, contrasta com os dissabores que está a experimentar no BPI, para os quais este Governo contribuiu com uma lei à medida. O ano, para já, fica marcado pela sua nomeação para liderar a Sonangol, circunstância que abre a porta a especulações sobre o seu futuro. TABELA DE CRITÉRIOS Poder da fortuna Rede empresarial Influência política Influência mediática Perenidade BILHETE DE IDENTIDADE Cargo: Presidente do conselho de administração da Sonangol e accionista da Nos, BPI, BIC e Efacec G Naturalidade: Nasceu a 20 de Abril de 1973 em Baku, capital do Azerbaijão G Formação: Licenciatura em Engenharia no King’s College, de Londres. G CELSO FILIPE [email protected] RAUL VAZ [email protected] I sabel dos Santos atravessa um ano contraditório. Ganhou poderemAngolae estáaperdê-lo emPortugal.Umsinaldenovos tempos ou uma circunstância conjuntural?Apergunta,parajá,fica sem resposta. Em Junho deste ano, o PresidentedeAngolasurpreendeuaonomear a filha, Isabel dos Santos, para presidente do conselho de administração daSonangol. Várias fontes contactadaspeloNegóciosconvergemnamesmaanálise,adequeIsabeldosSantos é a única pessoa em quem José EduardodosSantos“confia”parameter ordem na petrolífera angolana, onde são abundantes os casos de má utilização do dinheiro público. Comaquedadopreçodapetróleo, o “esbanjamento” das receitas daSonangol tornou-se um fardo pesado paraascontaspúblicasangolanasedaí a urgência de José Eduardo dos Santosemcolocarumtravão.Nãoporacaso,nasuatomadadepossecomopre- sidente da petrolífera, a 6 de Junho, IsabeldosSantosprometeu“aumentararentabilidade,aeficáciaeatransparência” da empresa. Desde então têm subido de tom as críticas de quadros angolanos daSonangol, os quais se queixam da petrolífera estar a ser invadidaporquadrosestrangeirosda confiançadeIsabeldosSantos.Neste particular, os portugueses são o alvo prioritário das críticas. Com as atenções focadas em Angola, Isabel dos Santos tem tido revezes em Portugal. O mais significativo aconteceu na disputa que mantém com o CaixaBankno BPI. Os catalães vão conseguir desblindar os estatutos do banco e imporacriação de uma“holding” paraconcentraros activos africanos, sendo o mais importante de todos o Banco de Fomento Angola(BFA). Neste episódio é relevante o facto do Governo de António Costa ter criado uma lei à medida do CaixaBank, desconsiderando os argumentos de Isabel dos Santos e a sua influência política e empresarial. Esta separação de activos terá obrigatoriamente de ser autorizada peloBancoNacionaldeAngola,onde os argumentos da empresária poderão encontrar o eco que não teve em Portugal,mas,atélá,estáemdesvantagem. Outro caso que gerou desconforto para Isabel dos Santos, foi o do Banco de Portugal não ter dado idoneidade a dois dos nomes propostos para a administração do BIC, Jaime Pereirae Fernando Teles, sendo que este é também accionista do banco. Este chumbo fez com que o BIC tivesse de entregar uma nova lista ao regulador, indicando como futuro presidente executivo do banco o exministro das Finanças do PS, Teixeira dos Santos. O Banco Central Europeu olha comdesconfiançaparaapresençade capital angolano nos bancos portugueses , querque se mitigue os riscos Continua na página 10 SEXTA-FEIRA | 12 AGO 2016 | PRIMEIRA LINHA | 9 Paulo Duarte 10 SEXTA-FEIRA 12 AGO 2016 | | Reuters #OS MAIS PODEROSOS 2016 #19 Isabel dos Santos Continuação da página 8 desta exposição e Isabel dos Santos temsido apanhadaporestavisão de Frankfurt. Mas enquanto líderdaSonangol terá em mãos dossiês que poderãoinfluenciaraeconomiaportuguesa, casos das participações no BCP e naGalp. No meio destes contratempos, Isabel dos Santos publicou a10 de Junho,nasuacontanoInstagram, umafotodataçadoCampeonatoda Europa, com a inscrição do nome dePortugaleumsingelocomentário “Campeões... Champions”. A presença de Isabel dos SantosnoInstagraméotraçodemundanidadequecontrastacomoseu perfil discreto. Filha primogénita deJoséEduardodosSantos,fruto do seu casamento com a cidadã azeri, Tatiana Kukanova, é tida comoumaempresáriacompetentequesesaberodeardosmelhores quadrosefaznegóciosnumaperspectivade longo prazo. Em Março de 2013, numa entrevistaaoFinancialTimes,Isabel dos Santos procurava distanciarse da sombra do pai: “faço negócios, não faço política”. Três anos volvidos,IsabeldosSantosdeverá entrarnocomitécentraldoMPLA e há quem julgue que a colocação na Sonangol poderá ser um estágio para substituir o pai na Presidênciado país. Uma visão que está longe de serunânime.SegundofontescontactadaspeloNegóciosopedidodo paierairrecusávelepoderáatétraduzir-se num reforço da sua actividade empresarial em Angola, mas a matéria bolchevista do MPLA não casa bem com sucessões dinásticas como seriaesta. I INIMIGOS Ana Gomes A eurodeputada tem questionado de forma veemente as fontes de financiamento de Isabel dos Santos. Pediu, por exemplo, que Bruxelas, investigasse a compra da Efacec. Rafael Marques O activista e jornalista angolano é um crítico feroz de Isabel dos Santos e do seu marido Sindika Dokolo. Defende que a sua ida para a Sonangol é um trampolim para ser Presidente. William Tonet O director do Folha 8 e membro do partido CASA-CE diz que Isabel dos Santos foi nomeada para a Sonangol para “apagar” os crimes de corrupção com os quais o seu pai foi conivente. George Soros O milionário é financiador da Open Society, uma organização muito crítica do regime angolano. Compete com Isabel dos Santos em África na área das telecomunicações. Artur Santos Silva O presidente do conselho de administração do BPI tem sido um dos promotores da eliminação da desblindagem de estatutos do BPI e da redução do poder de Isabel dos Santos no BPI. David Mendes O advogado angolano, que pertence à associação cívica Mãos Livres, impugnou em tribunal a nomeação de Isabel dos Santos como presidente da Sonangol. Isidro Fainé O líder do CaixaBank tem usado as dúvidas do BCE sobre o dinheiro angolano e a lei da desblindagem feita pelo Governo português para vergar Isabel dos Santos. O entendimento parece impossível. Fawaz Gruosi É o rosto da De Grisogono, uma empresa de alta joalharia, que foi adquirida por Isabel dos Santos, uma das suas portas de entrada na alta roda da sociedade europeia. Teixeira dos Santos O ex-ministro das Finanças aceitou ser presidente executivo do BIC, um importante trunfo para Isabel dos Santos, dado o seu prestígio e reputação. Rui Moreira O presidente da Câmara do Porto criou condições para receber a Fundação Sindika Dokolo na sua cidade. Com esta atitude, aproximou-se de Sindika Dokolo e também de Isabel dos Santos. Hélder Vieira Dias O general Kopelipa, desde há muito um dos homens em quem José Eduardo dos Santos mais confia, mantém também por isso uma relação de proximidade com a filha do Presidente. Miguel Osório Isabel dos Santos “roubou” o quadro da Sonae para lançar os hipermercados em Angola. Conta com ele para transformar esta entrada na distribuição num sucesso empresarial. Sindika Dokolo O marido de Isabel dos Santos diz que a empresária “devia ser tratada com menos preconceito”. Ela é “a personificação daquilo que será África no futuro”, diz ele. Desidério Costa Isabel dos Santos tem uma amizade antiga com o ex-ministro do Petróleo. É um amigo da família e foi padrinho do seu casamento com Sindika Dokolo. Catarina Serrão Líder de produção da Zap, uma empresa de Isabel dos Santos. Em Abril deste ano, num dia considerado decisivo para o BPI, Isabel publicou no Instagram uma foto com a amiga Catarina. ALIADOS Jorge Brito Pereira O advogado é presidente do conselho de administração da Nos e da assembleia-geral da Santoro. Todos os negócios de Isabel dos Santos passam pelas suas mãos. Paulo Azevedo Romperam a aliança que tinham para os hipermercados em Angola mas mantêm-se parceiros na Nos. Até agora, os sinais têm sido de normalidade. AMIGOS Fernando Teles É parceiro de Isabel dos Santos no Banco BIC Português e Angola. Têm mantido uma relação de confiança duradoura. Mário Leite da Silva O gestor que Isabel dos Santos “roubou” a Américo Amorim acompanha Isabel dos Santos praticamente desde o início dos seus negócios. Incluindo as mudanças na Sonangol. SEXTA-FEIRA “ [O Governo tomou] uma medida declaradamente parcial com a aprovação de um decreto-lei – identificado como o ‘diploma do BPI’ – que favorece uma das partes. ISABEL DOS SANTOS Comunicado da Santoro, a16 de Abril de 2016 Temos que nos comprometer com uma cultura de fazer mais com menos e de nos focarmos na excelência e em resultados. Acredito que esta cultura de excelência permitirá enfrentar com sucesso os grandes desafios que o novo contexto do sector petrolífero coloca à Sonangol e ao país. “ ISABEL DOS SANTOS A 2 de Junho de 2016, depois de ter sido nomeada presidente da Sonangol CLASSIFICAÇÃO 2015 1.º 2.º Mário Draghi 2.º 3.º 4.º Alex. Soares dos Santos 5.º Pedro Queiroz Pereira 4.º 5.º 6.º Maria Luís Albuquerque 6.º 7.º José Eduardo dos Santos 7.º 8.º 8.º António Horta Osório 9.º Isabel dos Santos 10.º Patrick Drahi 9.º 10.º 11.º José Luís Arnaut 11.º 12.º António Vitorino 12.º 13º 13.º Carlos Alexandre 14.º Xi Jinping 15.º Américo Amorim 16.º Armando Pereira 14.º 15.º 16.º 17.º 18.º António Lobo Xavier 18.º 19.º Pinto Balsemão 19.º Isabel dos Santos 20.º Paulo Fernandes 21.º Luís Marques Mendes DESCE 10 POSIÇÕES MANTÉM DESCE 2 POSIÇÕES 22.º Miguel Relvas 21.º Francisco Pinto Balsemão 22.º Artur Santos Silva 23.º Artur Santos Silva 23.º António Lobo Xavier DESCE 5 POSIÇÕES 24.º Proença de Carvalho 24.º Daniel Proença de Carvalho 25.º José Eduardo dos Santos 25.º Carlos Costa 26.º Jorge Rosário Teixeira 27.º João Vieira de Almeida 28.º José Miguel Júdice 26.ºPaulo Portas 27.º Lu Chun SOBE 1 POSIÇÃO MANTÉM DESCE 18 POSIÇÕES DESCE 9 POSIÇÕES NOVA ENTRADA 29.º Nuno Amado 28.º Diogo Lacerda Machado 29.º Carlos Costa 30.º Guo Guangchang 30.º Pedro Passos Coelho 31.º Manuel Vicente 31.º João Vieira de Almeida 32.º José Miguel Júdice DESCE 4 POSIÇÕES SOBE 14 POSIÇÕES 34.ºVasco de Mello 33.º Fernando Ulrich 34.º Nuno Amado DESCE 5 POSIÇÕES 35.º António Costa 35.º Paulo Azevedo SOBE 10 POSIÇÕES 36.º Carlos Silva 36.º Pedro Soares dos Santos 37.º António Vieira Monteiro SOBE 10 POSIÇÕES 38.º Carlos Silva 39.º Catarina Martins DESCE 2 POSIÇÕES 32.º António Mexia 33.º Cavaco Silva 37.º Álvaro Sobrinho 38.º Dionísio Pestana 39.º António Pires de Lima 40.º Humberto Pedrosa NOVA ENTRADA DESCE 4 POSIÇÕES DESCE 27 POSIÇÕES DESCE 4 POSIÇÕES SOBE 7 POSIÇÕES NOVA ENTRADA 40.º António Domingues 41.º Francisco Louçã NOVA ENTRADA 41.º Sérgio Monteiro 42.º Belmiro de Azevedo 42.º Jerónimo de Sousa NOVA ENTRADA 43.º Luís Filipe Vieira 43.º António Mota 44.º Vasco de Mello 44.º António Vieira Monteiro 45.º Paulo Azevedo 46.º Pedro Soares dos Santos 47.º Fernando Ulrich 48.º Isabel Vaz 45.º Dionísio Pestana 46.º Octávio Ribeiro 47.º | PRIMEIRA LINHA | 11 VEJA SEGUNDA-FEIRA 17.º Paulo Portas 20.º Paulo Fernandes 12 AGO 2016 # CLASSIFICAÇÃO 2016 1.º Angela Merkel 3.º Pedro Passos Coelho | Jorge Mendes 49.º António Melo Pires 48.º Ricardo Costa 49.º Luís Filipe Vieira 50.º Miguel Almeida 50.º Joana Marques Vidal REENTRADA REENTRADA DESCE 10 POSIÇÕES DESCE 7 POSIÇÕES NOVA ENTRADA NOVA ENTRADA NOVA ENTRADA DESCE 6 POSIÇÕES NOVA ENTRADA A lista dos Poderosos segue segunda-feira com dois estrangeiros que mexem cordelinhos em Portugal. Um está mais próximo, outro é de um país mais longínquo. Mas as suas funções garantem extensões a quase todos os países, e em particular a Portugal. Um deles já não é presença nova nesta lista de poder. O outro entra pela primeira vez, mas os seus interesses já estiveram antes representados noutras figuras. A lista de Poderosos fechou a semana com o 19.º e 20.º lugares e agora inicia-se a contagem decrescente até aos 10 primeiros. 12 SEXTA-FEIRA 12 AGO 2016 | | PRIMEIRA LINHA FERNANDO SOBRAL Grande repórter MARCELO REBELO DE SOUSA PORTA-AVIÕES TELMA MONTEIRO FRAGATA Vindo do Brasil, o Presidente da República viajou para o Funchal. Ao contrário daministradaAdministração Interna, desaparecidadurante todo este tempo, mostrou o que é a acção política nos momentos das grandescatástrofes.Evidenciouqueaclassepolíticatemdeestarnoterreno quando é necessário e não napacatez dos gabinetes com ar condicionado.Foiumexemplo,pedindomedidasrápidasparaofuturo.Espera-se que o Governo o oiça. I AjudocaportuguesaganhouumamedalhanosJogosOlímpicos.Éexemplar. Mas mais do que amedalha, TelmaMonteiro representaaforçade vontade e o querer de quem vem das periferias e consegue justamente, devidoaoseuesforço,umlugarnotronodoreconhecimento.Contratodos os ventos que poderiam soprar a seu desfavor, ela tornou-se num símbolododesportoportuguês(quenãoseesgotanofutebol).Mereceu estamedalha. I LINHA DE ÁGUA DONALD TRUMP SUBMARINO O candidato republicano às eleições americanas começa a ser um “idiotaútil”. Não é poracaso que os neocons de George W. Bushestão à volta de Hillary Clinton. Cada declaração sua é mais um tiro nos pés. Quando quase insinuaque o lóbi das armas resolvao “problema Hillary” ou quando diz que Obama é “o criador do Daesh”, Trump está a ultrapassar todas as lógicas do combate político. Os verdadeiros republicanos tremem com isto. I A política do fogo P ortugalpassa,comumagrandefacilidade, de umextremo ao outro. Falamuito e,depois,comamesmafacilidade,esquece.Aconteceissotodososanosdepoisde grandes fogos. Quando achuvacomeça acair,jáninguémselembradoqueficou calcinado.Mas,depoisdoqueaconteceu este ano, parece não haver alternativa: ou se deixaqueimar tudo o resto ou tomam-sedecisõescorajosasefirmes.Este Governo tem nas mãos a possibilidade de ficar nahistóriadatriste sinados fo- Patrick T. Fallon/Reuters gos.Legislandoeimpondoregras.Emdiferentes áreas que têm que ver com a questão dos fogos: no ordenamento do território, na delimitação do interesse ecológico e do económico, naacção fiscalizadorae punitiva(até paraque suspeitosdefogossejamcolocados,pelojuiz deserviço,comtermodeidentidadeeresidência,noconfortodolarparaveratelevisão cheiado vermelho das chamas). Há um problema de raiz, que não é de agora e para o qual Gonçalo Ribeiros Telles jáalertavahádécadas. Em 2004, afirmou:“Asegurançaémaiornumapaisagem polivalente, do que numa paisagem só com umavalência. Umapolivalência é uma paisagem que tem vinho, seara, rega, pomares...” Como sempre, em Portugal ninguém o escutou. Basta pensarmos nalegislação que Assunção Cristas (hoje líder do CDS) aprovou (o célebreDecreto-lein.º96/2013de19de Julho), e que alimentava o avanço de umaverdadeira“campanhado eucalipto”emterrasportuguesas.Umdesastre, igualaosanteriorespropiciadospeloPS (extinção do Corpo de Guardas Flores- tais)epeloPSD/CDS(extinçãodosServiçosFlorestais).Porqueseháquemanter um sector forte naeconomianacional,háquesaberdosearissocomomapa florestal que garante a diversidade. Estas políticas, aliadas a outros factores (como aapostaem espécies autóctones deflorestaçãoquesãomenoscombustíveisdoqueopinheiroouoeucalipto,que crescem muito mais rápido, mas são mais combustíveis, adinamização agrícolaepecuáriadointerior,asensibilidade e obrigatoriedade de limpeza, avigilância, a fiscalização e a repressão) são fulcrais.Etêmdeserrápidasaconcretizar, paraque o que restadanossadiversidade florestalnão desapareça. Ésobretudoumaquestãocultural.E não apenas económica, como tem sido vistaporgovernantesemesmouniversidades. Aidentidade do país existe salvaguardando adiversidade, mas sabendo, também,equilibrarasnecessidadeseconómicas de sobrevivênciade quem vive no interior com interesses económicos maisabrangentes.Masissoéapolíticado bomsenso.ParaquePortugalnãoconti- nue a ter mais fogos do que Espanha e Françajuntas. O que é um escândalo. E um crime. Como dizia uma das vozes mais interessantes nestaárea, Eugénio Sequeira(daLPN), um carvalho tem de crescer80anosparaquedêrendimento e essatem sido arazão porque Portugal deixou de apostar na floresta, mas sim matasprodutivas.Háquesaberconciliar estes interesses aparentemente divergentes.Lembre-seumcaso:em1978tentouiniciar-seaeucaliptizaçãodaserrada Malcata, que foi travadae bem. O lince ibérico,renascido,agradece.Apreservação daculturaecológicade Portugal necessitadeumsaltoqualitativo.Eesteéo momento.Porqueatragédianãovemde agora.BastaleroqueescreviaopoetaSebastiãodaGamanosanos40sobreocortedevegetaçãonaArrábidaparacriarcarvão ou, mais tarde, Aquilino Ribeiro, no conhecido “Quando os Lobos Uivam”, que falava da plantação massiva de pinheirosparaaindústriaemterrenosbaldios.Jánessetemposecomeçavaaincendiaraidentidade cultural de umpovo. É alturadedizer:“Basta!” I Publicidade Inscreve-te já! Para mais informações, liga 21 318 58 58 (dias úteis das 10h às 18h) / facebbok.com/ligarecord A nova temporada está a chegar. NOVO SITE PRÉMIO FINAL: 1 AUTOMÓVEL PRÉMIOS SEMANAIS www.record.xl.pt Na tua luta pela glória e pelo título de melhor treinador é na batalha da Liga Record que tudo se vai decidir. Escolhe já o plantel e a estratégia que te vão levar ao trono. Inscreve-te em liga.record.xl.pt e enfrenta a temporada que aí vem e todos os adversários rumo às vitórias semanais e ao grande prémio final. 14 SEXTA-FEIRA 12 AGO 2016 | | ECONOMIA MERCADORIAS Combustíveis escondem degradação da contas externas Um olhar rápido para a balança externa indicia que as contas com o exterior estão estabilizadas. Porém, a realidade pode ser bem diferente. RUI PERES JORGE [email protected] evoluçãodascontas externas de mercadorias no primeiro semestretevenaestabilizaçãododéficecomercialasua única boa notícia. Este é no entanto um desenvolvimento que resultaem boaparte de um único tipodebens:oscombustíveis elubrificantes,cujospreçosafundaramnos últimos anos. Estasemana,oInstitutoNacional de Estatística (INE) deu contade umaquedade 1,8% nas exportações nacionais nos primeiros seis meses de 2016 e de um recuo das importações de 1,4%,chamandoaatençãoparaa importância do preço dos combustíveis: “Asexportaçõeseimportaçõesexcluindooscombustíveiselubrificantestêmregistado crescimentos superiores aos da totalidade das exportações e importações”, lê-se na nota do instituto,queexplica:“Estediferencial de evolução reflecte em largamedidaoimpactodareduçãodospreçosrelativosdoscombustíveis e lubrificantes”. A Excluindoestesbens,obtémseumaumentodasexportações de 0,8% no semestre, e uma subida de 4,3% das importações, dosquaisresultaumaconclusão inquietante:semcombustíveise lubrificantes, as importações cresceram aum ritmo cinco vezes superiorao das exportações, o que prejudica o equilíbrio das contasexternas.Noanopassado o efeito também se fez sentir: as importações só cresceram menosqueasexportaçõesdevidoao petróleo e afins. Istosignificaqueaestabilizaçãododéficenabalançademercadoriasnos5milmilhõesdeeurosnoprimeirosemestredoano traçaumretratodadinâmicaexternaqueescondeumaevolução indesejada: sem combustíveis e lubrificantes, o défice mais que duplicouentre2014e2016,de1,8 milmilhõesdeeurospara3,7mil milhões de euros. Défice nos combustíveis em mínimos Aquedaabruptadopreçodo petróleo nos últimos dois anos (demaisde100dólaresemmeados de 2014 para menos de 50 dólares), e a maior capacidade exportadora da refinaria de Sines ditaram um défice comercialnoslubrificantesecombustíveis de 1,3 mil milhões de eu- ros. O valor representa uma poupança face ao exterior de doismilmilhõesdeeurosemrelação ao primeiro semestre de 2014, e é um mínimo no século. Ter aestabilização do défice externo de mercadorias refém desta evolução gera apreensão, dada a importância de manter equilibradaascontasexternas,e o facto da evolução do preço do petróleo e combustíveis depender em largaescaladade desenvolvimentos geopolíticos e tecnológicos difíceis de prever. Umainversão ou estabilizaçãonopreçodopetróleocolocariapressãosobreascontasexternasetornariaaindamaisimportante umaumento dapoupança nacional e da competitividade das exportações. Um agravamento do défice dabalançadecombustíveisnão ditaria necessariamente um agravamentodamesmadimensão da balança total: é que empresasefamíliasoptaramoutras importações exactamente porque beneficiaram da margem oferecidapelospreçosdoscombustíveis. Semela,teriamgasto maisemcombustíveis,emenos noutros bens importados. Ainda assim, estes são dados preocupantes para uma das economiasmaisendividadasdomundo. I Portugal importa petróleo mas exporta combustíveis, sobretudo por intermédio das refin Exportações caem pela primeira vez desde 2009 Nos primeiros seis meses do ano as exportações nacionais caíram 1,8% em termos homólogos, o que é o primeiro recuo desde 2009 – o ano da crise internacional em que o comércio mundial congelou. É um resultado particularmente mau, tendo em conta que se trata de evoluções nominais, isto é, que consideram o efeitos dos preços que, em tempos normais, tendem a subir de forma generalizada entre anos. É por isso que nos 24 anos para os quais o INE disponibiliza dados, uma contracção das exportações em termos nominais aconteceu apenas em dois outros anos, em 2002 (-0,3%) e em 2009 (-25,3%). A evolução de 2016 é condicionada por preços, em particular o do petróleo – sem combustíveis e lubrificantes as vendas ao exterior aumentaram 0,8% – mas é ainda mais o resultado da forte contracção das vendas para fora da UE (-16%), lideradas por recuos para Angola (-44,5%), China (-36,4%), Argélia (-15,8%), Brasil (-22,1%) e, em menor dimensão para os EUA (6,7%). As exportações para dentro da UE cresceram 3,5%, puxadas por Espanha (3,3%), França (6,8%) e Reino Unido (9,2%). SEXTA-FEIRA | 12 AGO 2016 | ECONOMIA | 15 Bruno Simão Crescimento do PIB no segundo trimestre é conhecido hoje O INE divulga esta sexta-feira a sua primeira estimativa para o crescimento da economia entre Abril e Junho. Analistas esperam subida de 0,5% face ao primeiro trimestre. arias da Galp. DÉFICE EXTERNO DE MERCADORIAS ESTÁVEL NOS ÚLTIMOS ANOS. SEM COMBUSTÍVEIS SUBIU MÍNIMO NO DÉFICE DE COMBUSTÍVEIS Milhões de euros para os primeiros semestres Milhões de euros nos primeiros semestres Nos dois últimos anos, o défice externo de mercadorias no primeiro semestre permaneceu estável na casa dos cinco mil milhões de euros. A evolução está influenciada pelos combustíveis e lubrificantes. Sem eles, e considerando todos os restantes bens que Portugal compra e vende ao exterior, o défice externo de bens agravou-se em 1,9 mil milhões de euros entre 2014 e 2016. Com a ajuda da queda do preço do petróleo, o défice externo no primeiro semestre de combustiveis e lubrificantes afundou quase dois mil milhões de euros entre 2014 e 2016. Fonte: INE, Negócios Fonte: INE, Negócios Aeconomiaportuguesadeverá tercrescido,nosegundotrimestre, 0,5% em cadeia e 1,1% em termos homólogos, segundo os analistas do Montepio, BPI e ISEG,consultadospelaagência Lusa. Estas três entidades têm expectativas muito próximas emrelaçãoàevoluçãodoPIB,ao contráriodoNúcleodeConjunturadaEconomiaPortuguesa (NECEP), daUniversidade Católica, que antecipaum crescimento económico muito inferior,de0,1%emcadeiaede0,7% emtermoshomólogos. O Instituto Nacionalde Estatística(INE)divulgahojeasua primeiraestimativasobreaevolução do PIB entre Abril e Junho. Nos primeiros três meses do ano, último período para o qualexistemdados,aeconomia abrandou, crescendo apenas 0,1% em cadeiae 0,8% em termoshomólogos. No segundo trimestre, segundoasestimativasdamaioria dos centros de estudos económicos e analistas ouvidos pela Lusa,aeconomiateráaumentadooritmodecrescimento.Para o Montepio e BPI, o PIB terá crescido0,5%faceaotrimestre anterior e 1,1% face ao período homólogo.JáoISEG,quetema previsãomaisoptimista,espera um crescimento em cadeia de 0,6%ehomólogode1,2%. Os analistas do Montepio acreditam que o crescimento serátransversalàsváriascomponentes, suportado tanto pela “procurainterna,comopelasexportações líquidas”, como economista-chefedobanco,RuiBernardesSerra,aesperarumacorrecção emalgumas componentesfaceaotrimestreanterior. O analistaesperaumamelhorianas exportações, que foram penalizadas pelos merca- dosdeAngolaedaChina,como pelas greves dos trabalhadores darefinariade Sines realizadas aolongodotrimestre,“cujoefeito negativo provocado deverá tersidorevertidonodecursodo segundotrimestre”. Jáparao NECEP, que tem uma previsão que destoa das restantes,“aeconomiaestápraticamenteestagnadadesdeosegundo semestre de 2015”. “Os riscosparaaeconomiasãoagorapredominantementedescendentes,destacando-seumafortepreocupaçãocomaevolução do investimento, que voltou a recuarnoiníciodoano,sugerindo que o processo de recuperaçãodaeconomiaportuguesasofreuumainterrupção”,afirma. OGovernoestimaumcrescimentoeconómicode1,8%. I NEGÓCIOS/COM LUSA 1,8% GOVERNO Esta é a previsão de crescimento do Governo para o conjunto deste ano. Poucos acreditam nela. 1,1% ANALISTAS Os analistas do BPI, Montepio e ISEG prevêem que a economia tenha crescido 1,1% no segundo trimestre. 16 SEXTA-FEIRA 12 AGO 2016 | | ECONOMIA INCÊNDIOS Governo cria grupo de trabalho para reformar a floresta Seis mil homens combatiam 150 fogos O Governo decidiu criar um grupo de trabalho para reformar a floresta. Vai ser composto por elementos de sete ministérios diferentes e as decisões só deverão ser tomadas depois de 30 de Setembro. Ao final datarde destaquinta-feirahavia150incêndiosactivos em Portugal continental, combatidos por perto de seis milhomense52meiosaéreos, informou o comandante nacional daProtecção Civil. “Neste momento, estão 5.975 operacionais empenhadosnoscombateaosincêndios florestais em Portugal”, afirmou José Manuel Moura, em declarações aos jornalistas no comando operacional da Protecção Civil, em Carnaxide, concelho de Oeiras. JoséManuelMouraadiantavaquenocombateàschamas também estavam envolvidos 52 meios aéreos, dos quais 47 portugueses,aquesejuntaram um avião Canadair italiano, dois marroquinos e dois espanhóis. Dos mais de 150 incêndios activos, o comandante nacional referiu que 15 mereciam um“empenhamentoespecial”, sendo o distrito de Aveiro aquelequeseapresentavacom “uma maior actividade e empenho operacional”, em especial nos concelhos de Águeda, Arouca,Albergaria,Castelode PaivaeAnadia.“Sãocincoteatrosdeoperaçõescomumempenhamentooperacionalmuito significativo”, disse, sublinhando que em alguns locais os meios aéreos sentiam dificuldades em operar devido ao fumo dos próprios incêndios. “Mesmo agorative de tirar um[meio aéreo] do distrito de Aveiro, onde está a fazer muitafalta,masquenestemomentonãopodeoperaraí”,referiu. JoséManuelMouradestacou ainda os fogos que estão a ocorrer no distrito de Braga, nomeadamente em Vieira do Minho e VilaNovade Famalicão, e no distrito do Porto, no concelho de Paredes, bem como no distrito de Viana do Castelo, em Vila Nova de Cerveira, Arcos e Caminha. I LUSA Mariline Alves/Correio da Manhã “ Muitos destes fogos são postos. Nascem às três e quatro da manhã e garanto-vos que não é por obra do acaso. [Agravar penas para incendiários] é uma questão que seriamente tem que ser decidida. “ CONSTANÇA URBANO DE SOUSA Ministra da Administração Interna Depois dos inúmeros incêndios que têm deflagrado pelo país, o Governo quer avançar com medidas de fundo na área da floresta. BRUNO SIMÕES [email protected] N uma semana em que o país tem estado em guerra com o fogo, o Conselho de Ministros decidiu ontem criar um grupo de trabalho interministerial que vai preparar“umconjunto de medidas” parareformarasflorestas.Asmedidas serão “discutidas e aprovadas” num “futuro Conselho de Ministros dedicado às florestas” quesósevaireunir“apósofimdo período crítico” dos incêndios. O que significa que as medidas só serão aprovadas depois de 30 de Setembro. Deacordocomumcomunicado enviado à imprensa pelo Ministério daPresidência, este grupodetrabalhoserácompostopor elementosdeseteministérios:Finanças, Defesa Nacional, Administração Interna, Justiça, Economia, Ambiente e Agricultura, FlorestaseDesenvolvimentoRural. Entre as medidas a adoptar estão a aceleração da “conclusão doregistocadastraldapropriedaderústica”,oreforçodo“ordenamento florestal”, a dinamização das“zonasdeintervençãoflores- O grupo de trabalho será composto por sete ministérios, revelou ontem o Governo. tal(ZIF’s)eoutrosmodelosdeexploração florestal”, bem como a avaliação de “regimes de intervenção em património rústico privado abandonado ou sem dono”. O Governo pretende ainda “rever e aperfeiçoar o modelo de sapadoresflorestais”eincentivar “o uso de biomassa florestal, em especial, aquela proveniente de resíduosresultantesdelimpezas, desbastes e desmatações”. De acordocomocomunicadoenviado pelo Ministério da Presidência, todas estas medidas fazem parte do Programado Governo. Prevenção resolvida “de uma vez por todas” AministradaAdministração Interna, Constança Urbano de Sousa, afirmou em Arouca que estegrupodetrabalhovai“tratar, de umavez portodas, daprevenção estrutural e de fazer a reforma da nossa floresta”. Em decla- raçõescitadaspelaLusa,aministra disse ainda que a prioridade “actual é combater estes incêndios e depois pensarmos a sério nareformadanossafloresta”. A ministra assinalou que “muitos destes fogos são postos” e reconheceu que é preciso pensar “seriamente” em agravar as penas paraincendiários. O comunicado do Governo assinalaaindaque,duranteareunião do Conselho de Ministros, a secretáriadeEstadoAdjuntaeda Administração Interna, Isabel Oneto, fez o “ponto de situação” dasoperaçõesdecombateaosincêndios em Portugal. Foi ainda “garantida a continuação da disponibilização de todos os meios de combate necessários a uma reacção imediata e eficaz” e foi “louvado o empenho, dedicação e eficiência de todos os que actuam no terreno e a solidariedade e espírito de entre-ajuda das populações afectadas”. I SEXTA 12.08.16 Mo rre ra m c e rc a de 90 p o rtu g u e s e s . . . . . . Un s fo ra m m o rto s p e lo s ja p o n e s e s , o u tro s fo ra m v ítim a s da fo m e e do e n ç a . SOS Timor CALENDÁRIO OLÍMPICO 02 03 Sexta-feira | 12 de Agosto de 2016 | Negócios 12.08.16 12/08/16 11:30 11:30 23:30 15:10 17:00 17:00 17:00 17:00 17:00 18:03 18:30 18:30 19:42 00:30 02:20 02:40 “Sim, os portugueses de Liquiçá passaram então meses sustentados apenas, praticamente, pela sua ração de arroz: duzentos gramas de arroz infecto, cozido em água e sal, por dia e por cabeça! Mariazinha descalçava as suas socas de madeira, artesanais, mais tarde feitas com a borracha dos pneus velhos, subia às árvores para recolher os rebentos. Comiam-se pontas de abóbora, folhas de papaeira, ervas que brotavam do campo quando adregava chover e certa folha, a ‘couve maluco’, um vegetal tóxico que fazia adormecer…” Este é um excerto do livro “O Último dos Colonos”, de João Afonso dos Santos, irmão de Zeca Afonso e de Maria Cerqueira Afonso dos Santos. Mariazinha tinha sete anos quando, em 1939, partiu com os pais para a então colónia portuguesa. E lá são apanhados pela invasão japonesa e colocados num campo de concentração. Eles e outros portugueses, que viveram um período negro da História que a “neutralidade” portuguesa quase apagou, como retrata Filipa Lino, no artigo SOS Timor. A partir das memórias de Maria e João Afonso dos Santos, parte desse drama vai ser contado no documentário “Rosas de Ermera”, que está a ser realizado por Luís Filipe Rocha. Aceitará ele a derrota? “Donald Trump parece estar a desafiar as convenções históricas, com um discurso que está a deixar muitos americanos preocupados com o que acontecerá na noite de 8 de Novembro se os republicanos perderem”, escreve o jornalista Nuno Aguiar. “Trump não pisa a linha da discussão política. Ele compra o terreno da linha, subcontrata uma empresa para a implodir, constrói um casino gigante de vidros espelhados e acabamentos em ouro, chama-lhe Trump Line e passa a vender linhas com a cara dele pintada.” LÚCIA CRESPO, editora Golfe - Masc. Golfe - Masc. Badminton - Individual Fem. Atletismo - 10.000m Fem. Vela - Laser Vela - RS:X Masculino Vela - 49er Vela - 49er Vela - Laser Radial Ginástica - Trampolim Individual Fem. Atletismo - 20km Marcha Masc. Atletismo - 20km Marcha Masc. Ginástica - Trampolim Individual Fem. Atletismo - 1.500m Fem. Natação - 800m Livres Fem. Atletismo - 100m Fem. 16/08/16 Dia 2 Dia 2 Fase de Grupos - E Final Dia 4 Dia 4 Dia 1 Dia 1 Dia 4 Eliminatórias Final Final Final Eliminatórias Final Eliminatórias Filipe Lima Ricardo Melo Gouveia Telma Santos Salomé Rocha Gustavo Lima João Rodrigues Jorge Lima José Costa Sara Carmo Ana Rente João Vieira Sérgio Vieira Ana Rente Marta Pen Tamila Holub Lorene Bazolo 13/08/16 11:30 11:30 13:40 13:40 15:00 17:00 17:00 17:00 17:00 18:03 19:00 15:20 19:42 01:00 02:35 Golfe - Masculino Golfe - Masculino Atletismo - Triplo Salto Feminino Atletismo - Triplo Salto Feminino Atletismo - 400m Femininos Vela - Laser Vela - 49er Vela - 49er Vela - Laser Radial Ginástica - Trampolim Individual Masc. Ténis de Mesa - Equipas Masculinas Badminton - Individual Masculino Ginástica - Trampolim Individual Masc. Atletismo - 100m Femininos Atletismo - 100m Femininos Golfe - Masculino Golfe - Masculino Ténis de Mesa - Equipas Masculinas Equestre - Salto de Obstáculos Badminton - Individual Feminina Vela - RS:X Masculino Ténis de Mesa - Equipas Masculinas Badminton - Individual Masculino Atletismo - Maratona Feminina Atletismo - Maratona Feminina Atletismo - Maratona Feminina Atletismo - 400m Femininos Atletismo - Triplo Salto Feminino Atletismo - Triplo Salto Feminino Atletismo - 1.500m Femininos Dia 3 Dia 3 Qualificação Qualificação Eliminatórias Dia 5 Dia 2 Dia 2 Dia 5 Eliminatórias Primeira Ronda Fase de Grupos - M Final Meia-Final Final Filipe Lima Ricardo Melo Gouveia Patrícia Mamona Susana Costa Cátia Azevedo Gustavo Lima Jorge Lima José Costa Sara Carmo Diogo Abreu Equipa Nacional Pedro Martins Diogo Abreu Lorene Bazolo Dia 4 (último dia) Dia 4 (último dia) Quartos-de-Final 1ª Ronda Qualifi. Fase de Grupos - E Medal Race Quartos-de-Final Fase de Grupos - M Final Final Final Meia-Final Final Final Meias-Finais Filipe Lima Ricardo Melo Gouveia Equipa Nacional Luciana Diniz Telma Santos João Rodrigues Equipa Nacional Pedro Martins Dulce Felix Jéssica Augusto Sara Moreira Cátia Azevedo Patrícia Mamona Susana Costa Marta Pen Final Oitavos-de-Final Qualificação Eliminatórias Eliminatórias Meias-Finais Meias-Finais Medal Race Dia 3 Dia 3 Medal Race Meias-Finais Oitavos-de-Final Oitavos-de-Final Meias-Finais Eliminatórias Eliminatórias Final Vânia Neves Pedro Martins Nelson Évora Francisca Laia Fernando Pimenta Francisca Laia Fernando Pimenta Gustavo Lima Jorge Lima José Costa Sara Carmo Equipa Nacional Pedro Martins Telma Santos Equipa Nacional Lorene Bazolo Vera Barbosa Cátia Azevedo 15/08/16 13:00 12:30 13:30 13:38 14:06 15:00 15:14 17:00 17:00 17:00 17:00 19:00 21:30 22:30 23:30 13:35 01:30 02:45 Natação - Águas Abertas Badminton - Individual Masculino Atletismo - Triplo Salto Masculino Canoagem - K1 200m Femininos Canoagem - K1 1000m Masculinos Canoagem - K1 200m Femininos Canoagem - K1 1000m Masculinos Vela - Laser Vela - 49er Vela - 49er Vela - Laser Radial Ténis de Mesa - Equipas Masculinas Badminton - Individual Masculino Badminton - Individual Feminina Ténis de Mesa - Equipas Masculinas Atletismo - 200m Femininos Atletismo - 400m Barreiras Femininos Atletismo - 400m Femininos Canoagem - K1 200m Femininos Atletismo - Salto com Vara Feminino Atletismo - Salto com Vara Feminino Canoagem - K1 200m Femininos Atletismo - Triplo Salto Masculino Equestre - Salto de Obstáculos Canoagem - K1 1000m Masculinos Canoagem - K1 1000m Masculinos Vela - 49er Vela - 49er Badminton - Individual Feminina Atletismo - 400m Barreiras Femininos Atletismo - 200m Femininos Atletismo - 1.500m Femininos Final B Qualificação Qualificação Final A Final 2ª Ronda Qualif. Final B Final Dia 4 Dia 4 Quartos-de-Final Meia-Final Meia-Final Final Francisca Laia Maria Leonor Tavares Marta Onofre Francisca Laia Nelson Évora Luciana Diniz Fernando Pimenta Fernando Pimenta Jorge Lima José Costa Telma Santos Vera Barbosa Lorene Bazolo Marta Pen Quartos-de-Final Eliminatórias Eliminatórias Oitavos-de-Final Eliminatórias Eliminatórias Meias-Finais Meias-Finais Meias-Finais Meias-Finais Jogo Med. Bronze Quartos-de-Final Meias-Finais Final Repescagens Finais Final 3ª Ronda Qualif. Pedro Martins Emanuel Silva João Ribeiro Rui Bragança Hélder Silva Teresa Portela Emanuel Silva João Ribeiro Hélder Silva Teresa Portela Equipa Nacional Rui Bragança Rui Bragança Equipa Nacional Rui Bragança Rui Bragança Lorene Bazolo Luciana Diniz Meias-Finais Final Final Final B Final A Qualificação Final B Final A Final Final Final Medal Race Medal Race Final Final Telma Santos Emanuel Silva João Ribeiro Hélder Silva Hélder Silva Tsanko Arnaudov Teresa Portela Teresa Portela João Pereira João Silva Miguel Arraiolos Jorge Lima José Costa Tsanko Arnaudov Vera Barbosa 17/08/16 14/08/16 11:00 11:00 14:00 14:00 23:55 17:00 19:00 13:40 13:30 13:30 13:30 00:35 00:55 00:55 01:30 13:40 13:45 13:45 13:47 13:50 14:00 14:04 14:12 17:00 17:00 21:30 01:10 02:00 02:30 12:30 13:00 13:00 13:00 13:16 13:51 14:12 14:12 14:20 14:48 15:00 19:00 21:00 23:30 00:00 01:00 02:30 14:00 Badminton - Individual Masculino Canoagem - K2 1000m Masculino Canoagem - K2 1000m Masculino Taekwondo - – 58 kg Canoagem - C1 200m Masculinos Canoagem - K1 500m Femininos Canoagem - K2 1000m Masculino Canoagem - K2 1000m Masculino Canoagem - C1 200m Masculinos Canoagem - K1 500m Femininos Ténis de Mesa - Equipas Masculinas Taekwondo - – 58 kg Taekwondo - – 58 kg Ténis de Mesa - Equipas Masculinas Taekwondo - – 58 kg Taekwondo - – 58 kg Atletismo - 200m Femininos Equestre - Salto de Obstáculos 18/08/16 12:30 13:00 13:00 13:08 13:15 13:55 13:56 14:03 15:00 15:00 15:00 17:00 17:00 00:30 02:15 Badminton - Individual Feminina Canoagem - K2 1000m Masculino Canoagem - K2 1000m Masculino Canoagem - C1 200m Masculinos Canoagem - C1 200m Masculinos Atletismo - Lançamento do Peso Canoagem - K1 500m Femininos Canoagem - K1 500m Femininos Triatlo - Masculino Triatlo - Masculino Triatlo - Masculino Vela - 49er Vela - 49er Atletismo - Lançamento do Peso Atletismo - 400m Barreiras Femininos Nota: Em algumas modalidades, para chegarem às finais, os atletas têm de passar por qualificações. Optou-se, no entanto, por colocar as horas e os dias em que se realizam as finais, não sendo certo a presença do atleta referido. PHOTOMATON CARTOON OS CARTAZES CONTAM A HISTÓRIA DOS JOGOS OLÍMPICOS E, nalguns casos, com a sua beleza fazem esquecer o que faziam esquecer. Lembre-se dois casos: o dos jogos de 1936, na Alemanha, onde Hitler tentava mostrar a supremacia da “raça alemã”, por trás de uma coreografia notável onde nem faltaram os trabalhos da genial Leni Riefenstahl. Ou o cartaz das Olimpíadas de Londres de 1948, que tentava sarar as feridas da guerra. FS SUGESTÕES UM TIRO NO PORTA-AVIÕES JOÃO QUADROS Sempre que brilha o sol, naquela casa F oiameio das férias, que foramcurtas, que dei pela polémica do IMI. Estavaaapanharsol napiscinade um hotel quando, graças ao Twitter, tomei conhecimento de que Assunção Cristas teriadito: “O sol jápagaimposto!” Como, por vezes, me esqueço de que o PP jánão estáno poder, fui logo untar-me com ecrã total com receio de que tivesse sido criado um imposto para o bronze. Aposto que a troika não desdenharia a ideia. Lendo anotícia, àsombra, percebi que o CDS-PP classificava as alterações ao IMI como um “ataque directo à classe média” – fiquei ainda mais confuso, estava convencido de que aclasse médiatinhaacabado depois dos anos de governo PàF. Naverdade, o que Cristas destacava nas alterações do IMI eraumaleique tinha sido criada pelo seu governo. Custa-me vero deputado Nuno Magalhães chocado, adizer“o solvaisertaxado”, como se estivesse preocupado que as casas maçónicas sofressem um aumento simbólico do IMI. Comonãotenhocasaprópria,olho para o tema com a distância de quem se estánas tintas. É umbocado como: vemláumIVAdosiatesouvaiaumentarodescontoparaaSegurançaSocial para quem lê Pedro Chagas Freitas. Estandodeférias,apenasconsigopensarqueoscaracóistêmumacasaeque põemospauzinhosaosolereceioque, em vez de IVA, passem a cobrar IMI nocaracolequeopiresváparaos800 euros.Nãoconsigoiralémdisto.Osol não me deixapensar. Considero o IMI o imposto com o nome mais fofo de todos. Soa sempre apequenino. Nuncapercebi porque é que as igrejas, etc., se safam de pagareste imposto. Se o IMI aumentaconsoante aluz, estamos afalarda Casa de Deus... O que me parece, dentro do meu desconhecimento do tema, é que umaboavistaé umanoção demasiado ambígua. Acasadaminhaavó tem vista para o rio, mas ela tem cataratas. Uma casa no alto do Parque Eduardo VII com vista do Tejo, mas que ainda apanha parte da “pila” do Cutileiro, deve pagaroureceberIMI? Complicado. Pelo que percebi, o IMI vai ser mais baixo para casas com pouco sol e ainda vai haver descontos se a casa tivervistaparaumcemitério. Ouseja, em termos de aquisição de imóveis, isto está bom para os góticos. Portugal pode sero paraíso dareformados vampiros, que aindapor cimacostuma ser longa. Como lisboeta, não sei se vai haver grandes alterações. Realmente, háalgumas casas em Lisboacom boa vistade rio e sol, mas o que seriaverdadeiramente preocupante, porque iria atingir a maioria dos habitantes da cidade, e soaria a saque, era se o Governo resolvesse aumentar o IMI das casas com vista para uma Padaria Portuguesa. w TOP PROTECTOR SOLAR 5 Concerto Bombino apresenta “Azel” 1. Rússia excluída dos Jogos Paraolímpicos – Eram todos atletas olímpicos com próteses falsas. No Theatro Circo, em Braga, hoje às 22h 2. Horta Osório apanhado em escândalo amoroso com Wendy Piatt, antiga conselheira de Tony Blair – Não havia ele de ter um esgotamento. Dormir com conselheira de Blair deve rebentar qualquer um. 3. 386 fogos activos em todo o país – Volta a Portugal e incêndios de Agosto são as oportunidades que tenho para ir ficando a conhecer o país. 4. Paulo Portas: “Depois da política, volto ao meu espaço natural: o sector privado, onde nasci e cresci e tive iniciativa.” – Especialmente quando estava no público. Somos o Carlos Santos Silva do Portas. 5. “Nadador americano atinge o recorde de 25 medalhas nos JO” – Phelps 25 medalhas em 12 anos, Marcelo 48 medalhas em 3 meses. Omara “Bombino” Moctarin é conhecido como o “Hendrix do deserto”. O artista nascido no Níger apresenta o seu mais recente álbum. Exposição “Do Ocidente para o Oriente” Natália Gromicho faz hoje uma visita comentada às suas obras, no Museu do Oriente. Música Richard Galliano & Sylvain Luc A guitarra e acordeão dão vida à música de Edith Piaf, este sábado, no Auditório Fernando Lopes Graça, em Cascais. Teatro Homenagem Interactiva a Gil Vicente O espectáculo, integrado no Festival Varandas, está hoje em Miragaia, Porto. Cinema “George Harrison: Living in the material world” O filme de Martin Scorsese é exibido segunda-feira nos claustros do Convento do Carmo, em Tavira. Visita Universidade de Coimbra “by night” No sábado à noite, há visita guiada aos lugares emblemáticos da Universidade de Coimbra. Sexta-feira | 12 de Agosto de 2016 | Negócios 04 05 HISTÓRIA saviõesmilitaressobrevoaramoscéus de Timor em tom de ameaça. Atrás de si traziam um rasto de destruição. O mundoestavaemconflitonaqueleano de1942.MasSalazardeclarouaneutralidadedePortugallogoa1deSetembro de 1939, quando aAlemanhainvadiu a Polónia. Numa nota oficiosa com essa mesmadata,enviadaàimprensa,ochefe do Governo escreve que, apesar da aliançacomaInglaterra,“nãonosobrigam a abandonar nesta emergência a situaçãodeneutralidade”.Eacrescentaque “o Governo considerarácomo o mais alto serviço ou a maior graça da Providênciapodermanterapazparao povo português, e espera que nem os interesses do País, nem a sua dignidade, nemas suas obrigações lhe imponhamcomprometê-la”. Palavras que não serviram de escudo para todos os portugueses. A paz estavamesmo ameaçada. Pelo menos, paraalguns. Três anos depois desta declaração, Timor-Leste seria ocupada pelos japoneses enraivecidos. O alvo aabatereramas forças aliadas, compostasporaustralianoseholandeses(aoutrapartedeTimorfazia parte das colónias da Holanda), que invadiram a ilha a 17 de Dezembro de 1941, dias depois de o Império do Japão ter atacado aarmada dos Estados Unidos, em Pearl Harbor. Esta força militar dos Aliados ficou conhecida como “Sparrow Force”. Desembarcaram numapraia, aleste de Díli, 380 soldados australianos e 1.200 holandeses que tomaram de imediato o aeródromo e a estação de rádio, avançando em simultâneo para a capital. Aguerra estava a alastrar pelo Pacífico. Os Aliados queriam ocupar uma posição estratégica para evitar o avanço nipónico para a Austrália. Timor era esse pontoestratégico.AinvasãofoifeitasoboprotestodogovernadordeTimor-Leste, Manuel Ferreirade Carvalho, que reafirmavaaneutralidade de Portugal no conflito. Mas pouco mais podia fazer porque osrecursoshumanosemateriaiseramescassos.Acabouporignorar asordensdeLisboapararesistir.As tropas australianas, especializadas em guerrilha, refugiaram-se nas montanhas e construíram redutos para metralhadoras antiaéreas. Os Aliados garantiam que retiravam quandochegassemreforçosmilitaresportuguesesquedefendessema ilhados japoneses. Doisdiasdepois,Salazarfalasobre a situação de Timor na Assembleia Nacional. O Presidente do Conselho diz que a soberania portuguesaforaviolada.E,paraassegurar a defesa da ilha e exigir a saída dasforçasaliadas,enviaumcontingente para Timor a partir de Moçambique. Os militares seguiriam no paquete João Belo, que seriaescoltadopeloavisoGonçalvesZarco. Mas era tarde demais. O reforço militar não chegou a tempo. Os japonesesreagiram cercadetrêsmesesdepoisdoataqueaPearlHarbor à ocupação da ilha pelos Aliados, e atacaram o território dizendo estar a actuar em legítima defesa. Mas tinham também interesses económicos naregião, nomeadamente naexploração agrícolae dos recursos petrolíferos. Os bombardeamentos foram violentos mas, perante as autoridades portuguesas, o Japão prometiaque iria respeitaraneutralidadedePortugal.Averdadeéqueninguémficou asalvo.OsportuguesesqueresidiamemTimoreostimorensessentiram na pele os horrores da guerra. Entre eles estavam os pais e a irmãde ZecaAfonso, o autorde “GrândolaVilaMorena”. O SOS Timor Portugal declarou-se neutral na Segunda Guerra Mundial. Mas não ficou fora do conflito. Os portugueses que viviam em Timor quando o território foi invadido pelos japoneses foram colocados em campos de concentração. Entre eles estavam os pais e a irmã do cantautor Zeca Afonso. Um segredo de família guardado durante décadas, que vai ser contado no documentário “Rosas de Ermera”, do realizador Luís Filipe Rocha. FILIPA LINO [email protected] DO PARAÍSO AO INFERNO O pai do cantautor ZecaAfonso, José Nepomuceno Afonso dos Santos, era juiz e escolheu ser colocado na comarca de Díli, depois de uma carreira de vários anos nas colónias africanas. Apartida do magistrado paraTimor dá-se em 1939. Nessaaltura, afamíliadividiu-se.Ocasaleafilha,Maria(Mariazinha),naalturacomseteanos, seguiram paraailhaasiáticae os dois rapazes mais velhos, João (11 anos) e Zeca(9 anos), foram viverparacasados tios Avrilete e João Filomeno, em Coimbra, para prosseguirem os seus estudos no li- João, Zeca e Mariazinha, em Luanda, em 1936. A carreira de magistrado do pai levou o casal e a filha mais nova para Timor. Os dois rapazes foram para Coimbra prosseguir os estudos. Em baixo: recepção na gare marítima de Alcântara aos portugueses marcados pela guerra em Timor, que chegaram no vapor Angola, a 15 de Fevereiro de 1946. ceu D. João III e, mais tarde, na universidade. Já instalado, o magistrado de 38 anos enviou uma carta ao irmão, que ficou a tomar contados seus filhos, datadade 22 de Novembro de 1939, onde explicaporque escolheu irparaDíli. “Averdade é que o que atraiu foi a viagem e a curiosidade de ver estes sítios depois das maravilhas que me contavam os que por cá estiveram quando a pataca era 15 escudos.” Mas o sonho tornou-se um pesadelo. “A partir de uma dada altura, as cartas cessaram”, conta ao Negócios João Afonso dos Santos, hoje com88 anos. Os dois rapazes emCoimbraestavam muito longe de imaginaro que estavaaacontecer. Dividiamo tempo entre os livros, os pontapés na bola de trapos e as rezas em casa comatiaAvrilete. Só muito mais tarde perceberamo porquê do silêncio da família. Estava num campo de concentração e impedida de comunicar com o mundo. AtraumáticaexperiênciadestafamíliaduranteaIIGuerraMundial em Timor vai ser contada num documentário do realizador Luís Filipe Rocha, chamado “Rosas de Ermera”, onde os dois irmãos aindavivos João e Mariazinha(que voltouaos locais onde viveu com os pais em Timor) contam as suas memórias. João Afonso dos Santos escreveu também estas e outras recordações da família no livro “O último dos colonos: entre um e outro mar”, onde página 6 Sexta-feira | 12 de Agosto de 2016 | Negócios 06 07 HISTÓRIA As memórias de Mariazinha e João Afonso Mariazinha tinha sete anos quando, em 1939, partiu com os pais para Timor. Registou as suas memórias nuns caderninhos que ofereceu aos filhos. Esses registos serviram de inspiração para o documentário de Luís Filipe Rocha. (Imagens cedidas pela Fado Filmes) O cineasta Luís Filipe Rocha está a preparar um filme sobre a saga da família Afonso dos Santos, com base nas memórias dos irmãos de Zeca Afonso. O documentário chamar-se-á “Rosas de Ermera” e deverá estrear no próximo ano. o final dos anos 90, Maria Cerqueira Afonso dos Santos ofereceu aos seus quatro filhos quatro caderninhos manuscritos com memórias de Timor. Mariazinha tinha sete anos quando, em 1939, partiu com os pais para a colónia portuguesa. O pai, José Nepomuceno Afonso dos Santos, era juiz e havia sido colocado na comarca de Díli. Os irmãos mais velhos, João e Afonso, ficaram em Portugal, ao cuidado dos tios. “Em Timor, a Mariazinha e os pais são apanhados pela invasão japonesa e passam por uma série de peripécias até acabarem no campo de concentração, que foi a localidade de Liquiçá, onde ela até fez o seu exame de quarta classe”, conta o cineasta Luís Filipe Rocha. Amigo da família Afonso dos Santos, o realizador leu as memórias de Mariazinha e, desde então, idealizou um documentário sobre esses registos de Timor. Vinte anos passados, o cineasta recuperou a ideia, reformulou-a e está agora a trabalhar num filme sobre a saga da família Afonso dos Santos passada entre 1939 e 1946, com base no testemunho dos irmãos de Zeca Afonso. “A dada altura, as comunicações são interrompidas e a família que estava cá convence-se de que os familiares em Timor tinham, eventualmente, morrido, e há ali um buraco negro de dois anos e meio. Até que, de repente, quando a guerra acaba, os irmãos vêem no jornal o nome dos pais e da irmã. Reencontram-se todos em Fevereiro de 1946.” O documentário chamar-se-á “Rosas de Ermera” e deverá estrear no próximo ano. LC N Os japoneses deixaram tudo destruído. Além das pilhagens, violaram mulheres. Houve timorenses que se tornaram escravas sexuais dos soldados nipónicos, eram as chamadas “mulheres de conforto”. página 5 afirmaque“aocupaçãodailhapelosjaponeseseasconsequências que daí resultaramparaos habitantes (humilhações, violências, mortes, destruição) foram sujeitas a uma espécie de apagamento propositado”. Certo é que este foi um dos momentos críticos da diplomacia do Estado Novo. O INÍCIO DO PESADELO A ocupação nipónica começou na noite de 19 para 20 de Fevereiro de 1942. Cercade mil homens do exército imperial desembarcaramemDíli. No relatório escrito pelo governador ManuelFerreirade Carvalho, sobre os acontecimentos de Timor entre 1942-1945, pode ler-se que houve quem deixasse a cidade de Dílilogo nessanoite e madrugada“comreceio de desacatos sérios porparte daverdadeirahordade selvagens que eramos soldados desembarcados”. Amaioriadapopulação fugiu para o interior. Muitos refugiaram-se em Aileu, Ermera, Liquiçá,Maubara.Nodocumento, aquele responsável conta que os militares nipónicos eram “tropas de choque”, habituados à pilhagem, que entravam pelacasadentro das pessoas, “alguns jábastanteembriagados,quelevavamoque lhes apetecia, embora muitas vezes comumcerto arde delicadeza e afirmando que era... porempréstimo”. AscasasdeDíliforamquasetodas ocupadas pelas tropas japonesas. E os edifícios públicos, onde funcionavam as repartições, também. As excepções foram os correios e parte das instalações da alfândega. O Banco Nacional Ultramarino (BNU), aúnicainstituição financeiraportuguesa na ilha, que concedia os poucos créditos solicitados na colónia e efectuava os pagamentos aos funcionários públicos, tambémnão foiocupado, e acasa-forte manteve-se intactaaté Setembro de 1944. Só nessaaltura, quando o edifício jáestava praticamente desfeito pelos bombardeamentos, é que acasa-forte do BNU foi arrombada e roubada. Além das pilhagens, os japoneses violaram mulheres. Algumas timorenses tornaram-se escravas sexuais dos soldados, eramas chamadas “mulheres de conforto”. Por onde passavam, os nipónicos deixavam tudo destruído e, para circular na cidade de Díli, os portugueses precisavam de um salvo-conduto. No livro “Vida e Morte em Timor durante aSegundaGuerraMundial”, do médico José dos Santos Carvalho, são descritos vários casos de portugueses que preferiram o suicídio aserem torturados e verem as suas mulheres e filhas serem violadas pelos japoneses. O clínico, que prestava serviço em Timor na II Guerra Mundial, descreve a formacomo se mataram vários portugueses e contaque houve quem se escondesse no meio dos cadáveres fingindo-se de morto para escapar à chacina. As tropas australianas infiltradas nas montanhas, a cujas fileirassejuntaramvárioscivisportugueses,sobretudodeportados,etimorenseslideradosporrégulos(entreelesDomAleixo Corte-Real e DomJeremias de Lucas, que acabariammortos pelos japoneses), lançaram emboscadas aos nipónicos quando eles começaramasairde Díli, onde tinhamdesembarcado. Por seu lado, o exército japonês recrutou e armou milícias de timorenses. Ficaram conhecidas como “colunas negras” e espalharam o terrorpelailha. O contingente que jáestavaacaminho commilitares portugueses vindos de Moçambique (de onde saiu em Janeiro de 1942) recebe ordens para regressar a Lourenço Marques. Dificilmente iria conseguir Bruno Simão João Afonso dos Santos, hoje com 88 anos, conta a história da família no livro “O último dos colonos: entre um e outro mar”. Para ele, houve “uma espécie de apagamento propositado” do que aconteceu em Timor durante a II Guerra Mundial. Em baixo, uma foto dos tempos ainda felizes na ilha, antes da invasão japonesa. passar em segurança porque a guerra estava instalada na região. Os portugueses ficaramporsuacontae risco. O Governo move-se nos meios diplomáticos para recuperar a soberania, mas sem sucesso. Timor ficaria sob domínio do Japão até ao final da guerra. FOME, ISOLAMENTO E DOENÇA Àmedidaque o tempo passava, apressão japonesasobre a administração portuguesaeramaior. As condições de vidaforam-se deteriorando e, a 4 de Outubro de 1942, o governador envia um pedido de ajuda para o Ministério do Ultramar, em Lisboa. No telegrama, escreveu: “Impossibilidade absoluta protecção defesavidas portugueses (…) peço V. Ex.ª encarecidamentepromovervindaimediataaquitransporteparatransferência provisória toda a população portuguesa para qualquer parte.” Mas Salazar não concordou com a retirada dos portugueses dailha. No livro “ADiplomaciade Salazar(1932-1949)”, Bernardo FutscherPereira, actualmente embaixador de PortugalemDublin, e mestre emCiências Políticas e Relações Internacionais, escreve que, nessa altura, a administração portuguesa estava reduzida a quase nada. “Dela apenas restavaapresençaemDílide Ferreirade Carvalho, cativo dos japoneses.” O governadorficouconfinado ao palácio de Lahane, semcapacidade de comunicarcomametrópole através de Macau, umavezque os japoneses controlavamaestação de rápágina 8 Sexta-feira | 12 de Agosto de 2016 | Negócios 08 09 HISTÓRIA página 7 dio. A situação era “humilhante”, afirma o diplomata, mas “Salazarnão aqueriaagravarrompendo com Tóquio – pois, apesar deste desastre, Macaupermaneciaasalvo”. Não restououtrahipótese ao governadorsenão aceitaraimposição de Tóquio de os portugueses serem colocados em zonas de protecção em Liquiçá e Maubara para “sua segurança”. Quem não fosse para lá seria considerado e tratado como colaborador dos Aliados. Cercade600portuguesesviram-seobrigadosaentrarnessas prisões a céu aberto. A excepção foram alguns núcleos isolados quesejuntaramaosaustralianos,quemaistardeoslevaramcom eles para a Austrália, no início de 1943, quando retiraram. A famíliadojuizJoséNepomucenoteriacomodestinoLiquiçá,mais propriamente um campo cercado com arame farpado e vigiado 24 horas por diapelos japoneses. Os aparelhos de rádio tinham-lhes sido retirados. Ficaram incontactáveis. A mãe, Maria das Dores, escreveu num pequeno diário: “Estamos desligados do mundo.” Avidacomeçaatornar-se mais duraacadadiaque passa. Desde logo era difícil o acesso aos alimentos. “Os ocupantes japonesesabarbatamoquelhesinteressa,dobazarondeostimorenses expõem, ao sábado, os produtos da terra, em pequenas bancas ou esteiras, deixando o resto paraos cativos que só estão autorizadosaavançaraumtoquedebadalo”,descreveJoãoAfonso dos Santos, no seu livro. A pequena Mariazinha corria para marcarlugare conseguirtrazeralgumacoisaparacomer. A PRESSÃO SOBRE O GOVERNADOR Em 25 de Junho de 1943, o juiz decide fazerumapetição endereçadaao governadorde Timor. Nestaaltura, os Aliados játinhamabandonado ailha. O magistrado pediaumamelhoriadas condições de vidados portugueses que aliviviam. Perante aperdade valor dapataca, em virtude de apreferênciados vendedores,apartirdedeterminadaaltura,oscilarentreamoedaempratae o gulden(dinheiro do ocupante nipónico) e tambémdevido àsubidadescontroladados preços, José Nepomuceno requeria que os funcionários públicos da colónia recebessem um subsídio para sua manutenção, tendo em conta a sua residência forçadanadenominadaZonade Protecção. O documento, comvárias assinaturas, foi entregue em mão ao administrador interino do concelho de Díli, o engenheiro Artur do Canto Resende, que também assinou a petição e escreveu uma nota onde dizia que, apesarde ninguémlhe terpedido paraassinar, ele tinhadecidido fazê-lo porque “elarepresentao resumo das informações que venho prestando a V. Ex.ª há muito tempo a esta data, de cadavez que regresso das minhas costumadas visitas mensais à zonade Liquiçáe Maubara(…) existemmuitos portugueses que não podem continuar a viver sem que V. Ex.ª lhes alivie a misériaque hámuito lhes bateuàporta”. Umgesto que lhe saiucaro. Acrítica indirecta à passividade do governador resultou na sua exoneração a8 de Março de 1944. Quatro meses depois, foi preso pelos japoneses e acabou pormorreràfome durante um longo cativeiro na ilha de Alor. EmMarço de 1944, Lisboaconseguiuenviarumdelegado especial do Governo aDíli. Tratava-se do capitão de artilhariaSilvae Costa, ajudante do governadorde Macau. Foi transportado num bombardeiro japonês proveniente de Macau. O objectivo era“fazeruminquérito sobre os acontecimentos e sobre asituação nacolónia”, escreveuo governadorno seurelatório. Mas, escreve João Afonso dos Santos, “o capitão Silvae Costamostrou-se mais interessado emapurarse os portugueses, famintos, humilhados e ofendidos, se portavambem, politicamente falando, do que emconhecerasuadesgraçadasituação, menos aindaem procurar remediá-la”. O oficial esteve uma semana em Timor. Mas dedicou apenas um dia a visitar os portugueses nas zonas de concentração, “limitando-se a recolher o que o governador lhe transmitiu, no alto da sua residência em Lahane, com vista sobre abaía”, afirmao autor. Estavisitado capitão Silvae Costa A guerra na Europa terminou a 8 de Maio de 1945, mas os japoneses só se renderam a 15 de Agosto, seis dias após o bombardeamento de Nagasaki. virou-se contrao juiz José Nepomuceno, quando este regressou a Portugal. O relato que o enviado do Governo fez chegar a Lisboa sobre a sua breve estada em Timor não abonou a favor do magistrado, como veremos mais à frente. Depois da visita do capitão, o governador visitou, pela primeira vez em ano e meio, os portugueses reclusos dos japoneses. O tão desejado alívio das precárias condições de vida nem nesta altura aconteceu. Pelo contrário. A situação agravou-se. Entre Setembro e Outubro de 1944, os japoneses cortaramcompletamente os víveres aos portugueses. Quem estavaem Liquiçápassoumeses sustentado apenas aumaporção de 200 gramas de arrozpordia, porcabeça, cozido emáguae sal. Mariazinharecorda-se que subiaàs árvores paracolherrebentos. As suas memórias daqueles tempos de fome estão escritas no livro do irmão. “Comiam-se pontas de abóbora, folhas de papaeira, ervas que brotavam do campo quando adregava chover e certa folha, a‘couvemaluca’,umvegetaltóxicoquefaziaadormecer.”Osportugueses eram obrigados a semear o seu sustento na terra seca e pedregosa. Muitos adoeceram com beribéri, umadoençacausada pela falta de vitamina B1 no organismo. EmCoimbra,durantetodoestetempo,nãohouvenotíciasda família. Na cabeça dos rapazes já se adivinhava o pior cenário. A prova de vida dos pais e da irmã chegou através da imprensa. O Século, a 5 de Novembro de 1944, escreveu uma lista dos portugueses que viviam em Timor. Os rapazes respiraram de alívio. O FIM DA GUERRA No diaemque aguerraacabounaEuropa, 8 de Maio de 1945, Salazar discursou ao país. Numa sessão extraordinária na Assembleia Nacional, o Presidente do Conselho disse: “A Providênciadispôs nos seus altos desígnios que pudéssemos atravessaro conflito semsermos directae activamente envolvidos nele e sem nele sacrificarmos mais do que dinheiro, esforços, cuidados, algumas privações, o que, sendo muito em si, tudo se deve ter por pouco, em face do que outros houveram de sofrer. Atravessámos incólumes aguerrae, podemos dizê-lo, semsacrificar a dignidade da Nação nem os seus interesses e amizades.” Nem uma palavra sobre Timor. E lá, na ilha, todos continuavam sem saber o que se estava a passar no mundo. Em Agosto, os prisioneiros portugueses foram levados para aplantação de Lebo-Meo daSociedade AgrícolaPátriae Traba- Bruno Simão João foi com o irmão Zeca receber os pais e a irmã a Lisboa. Recorda o que sentiu nesse momento, quando estava no meio da multidão e conseguiu avistar a família. “Fui tomado de uma grande tristeza, no meio das manifestações gerais de alegria.” lho, com a garantia dos japoneses de que teriam melhores condições de vida. Esperava-os umaviagem de 40 quilómetros, subindo e descendo as montanhas. Uns foram a cavalo, a maioria apé. Umtrajecto duro jáporsi, mas aindamais difícilparaquem estava tão fraco. Nas memórias que mais tarde escreveu, já no vaporde carreiraAngolade regresso aLisboa, o juiz José Nepomuceno descreve como viveram em Lebo-Meo. “Foi ali que viveram seiscentos infelizes, em palhotas indígenas, de bambu, perdidas entre as árvores de cacaue de borracha, àrazão de oito a dez pessoas por palhota.” Os japoneses tornaram-se nessa altura menos opressivos. E os portugueses começaram a comer melhor. “Começaavir-nos de Fatu-Bessifartaração de excelente mandioca, batata-doce, bananas, alguns legumes…”, escreveu o juiz nas suas notas. Os prisioneiros perceberam que alguma coisase passava, mas não sabiamo quê. A1de Setembro de 1945, o governador de Timor recebeu a visita do vice-cônsul japonês e do comandante das forças ocupantes que o informaramdo fim do conflito no Oriente. Aguerra na Europa tinha terminado a 8 de Maio, mas os japoneses só se renderama15 de Agosto, seis dias após o bombardeamento de Nagasaki. Nesse dia, o imperador Hirohito anunciou ao país, através darádio nacional, que o Japão iriadeporas armas. O acordo de paz foi assinado a 2 de Setembro a bordo do navio de guerra USS Missouri ancorado ao largo da baía de Tóquio. Nessaaltura, jáestavaacaminho umaexpedição militar e navalportuguesaenviadade Lourenço Marques paragarantira reposição da soberania em Timor. Quando o governadorfoicomunicaro fimdaguerraaos portugueses, três dias depois davisitados japoneses ao seu palácio, deparou-se com um quadro de miséria que descreve no seu relatório. “Ao deparar, na entrada da povoação, com o aspecto de todaaquelagente, envelhecida, alcachinada, todos comos ossos adesenharem-se porbaixo dapele, amaiorparte mal se podendo mexer, agarrados a paus para arrastarem os pés inchadíssimos, confesso que tive um momento de profundo desânimo.” Mas anotíciateve umefeito quase terapêutico. Todos quiseram de imediato voltaraos seus postos. Emvirtude de acidade de Díli estar quase toda destruída, nem todos o puderam fazer. Foi o caso do juiz José Nepomuceno, que ficou acomodado em Fatu-Bessi com aesposae afilha. Erapreciso reconstruir o tribunal. A 15 de Setembro, são restabelecidas as comunicações com Lisboa. Jánofimdomês chegaaDíliocorpoexpedicionário português. Os avisos damarinhade guerraportuguesaBartolomeu Dias e Gonçalves Zarco entraram nabaíade Díli a29 de Setembro. Desembarcaram2.500 militares portugueses. Apopulação recebe-os emocionada. Mariazinhafoi de boleiaaté ao pontão e ouve alguém dizerque vieram uns caixotes parao juiz. “Regressei a Fatu-Bessi com caixotes com roupa e comida e aí foi uma excitação. Lembro-me do deslumbramento do sabão, dos lacinhos para o cabelo, mas – mais do que tudo – a emoção das cartascomfotografiasdoJoãoeZeca”,registouMariazinhanassuas memórias. A família embarcou no vapor de carreira Angola a 8 de Dezembro de 1945, juntamente comoutros 160 portugueses, incluindo o governador e a sua família. Para trás deixaram uma ilha destruída e com cheiro a morte. O relatório do governador Manuel Ferreira de Carvalho faz um balanço do impacto que aguerrateve napopulação. Morreram cercade 90 portugueses, “nasuagrande maioriaeuropeus, entre homens mulheres e crianças”. As causas de morte variam. “Uns assassinados pelos próprios japoneses, violentamente ou pormeio dafome e maus-tratos aque os sujeitaramnas suas prisões, outros trucidados oumortos porindígenas sublevados, outros aindaerrantes pelo mato, àmínguade alimentos e de tratamento, e ainda outros por doenças provocadas pela deficiência de alimentação com que lutámos nos três últimos anos de ocupação da colónia”. Estima-se que 10% da população timorense tenha morrido nesse período, o que corresponde a cerca de 40 mil pessoas. O REGRESSO A PORTUGAL O vaporAngolachegou aLisboaa15 de Fevereiro de 1946. À suaesperaestavammilharesdepessoas.ZecaeJoãoforamàgare marítima de Alcântara receber os pais e a irmã, acompanhados pela tia Avrilete e a sua filha, a prima Belinha. Os dois rapazes trajavam de capa e batina. Passados todos estes anos, João aindatem vivaaimagem que lhe ficou desse momento. “Três seres desamparados, bemjuntos, ameio do cordão de passageiros, co- A família já reunida em Coimbra, pouco depois do regresso a Portugal. Os acontecimentos de Timor ficaram em segredo. O casal e a filha não contaram os horrores que viveram. Já em Portugal, o juiz José Nepomuceno foi alvo de um processo disciplinar por “abandono de posto” na comarca de Díli. Morreram cerca de 90 portugueses, entre homens, mulheres e crianças. Uns foram mortos pelos japoneses ou pelas “colunas negras”, outros foram vítimas da fome e doença. lados à amurada, encanecidos os pais, a irmã espigada, adolescente. Fuitomado de umagrande tristeza, no meio das manifestações gerais de alegria.” Na família do juiz imperou o silêncio. Quando se falava em Timor era “para celebrar as excelências”, diz João. “Para a minha mãe, tudo era grande em Timor. As aranhas eram assim…, os ananases eram assim… [faz um arco no ar com as mãos], metia-se umacananaterrae aquilo florescia…, mas, propriamente sobre as dificuldades que teriam sofrido em Timor, se eles não contavam, eu não ia perguntar.” Quando chegou à metrópole, o juiz teve um processo disciplinar por “abandono de posto”. O processo foi desencadeado apartirdo inquérito do capitão Silva e Costa, o tal enviado do Governo aTimor, e tambémteve o contributo do governadorManuelFerreirade Carvalho. José Nepomuceno apresentou a sua defesa. Garantia que ele e vários chefes de serviço da administração defenderam, desde o início da ocupação dos Aliados, que apopulação e os serviços indispensáveis fossemtransferidos paraoutralocalidade, como, porexemplo, Aileu. “Ali, os portugueses estariam bem separados das tropas holandesas e australianas (que só ocupavam Díli e arredores),porconseguinteacobertodeequívocasconfusõese,domesmo passo, ao abrigo do ataque japonês que, atodo o momento, se esperava contra a capital”, escreveu nas suas memórias. O libelo acusatório apontavao juiz como porta-voz do grupo que “impunha” ao Governador asaídados serviços de Díli. O texto refere aindaque o magistrado, não tendo obtido respostapositivado governador, “abandonou acapital com afamília, com desculpas várias e nunca mais trabalhou”. O processo disciplinar fracassou. Mas o juiz ainda não estava livre de problemas. Foi obrigado a ir a uma junta médica em virtude de, nos autos do processo disciplinar, se referir asurdez do magistrado. Se fosse considerado fisicamente inapto, a sua carreira terminaria. No dia em que foi avaliado pelos médicos, levou um aparelho auditivo e passou no teste. Foi considerado apto. O juiz foi nomeado para a comarca de Dalatando, em Angola, “um dos lugares mais insalubres e menos pretendidos da colónia”, explicaJoão Afonso dos Santos no seulivro. Reclamou econseguiusercolocadoemInhambane,Moçambique.Eratempo de partir outra vez. W Sexta-feira | 12 de Agosto de 2016 | Negócios 10 11 ANÁLISE Aceitará ele a derrota? Acossado por sondagens negativas, Donald Trump começa a contemplar a possibilidade de derrota nas eleições de 8 de Novembro e acusa o sistema de estar “viciado”. Caso Hillary Clinton vença, será que, pela primeira vez na História da democracia dos EUA, o vencido não aceitará esse resultado? NUNO AGUIAR [email protected] m 1860, os Estados Unidos não podiam ser uma naçãomaisdividida.Dentrodeumano,opaíscairianumaguerracivilsangrentaondemorreriam mais de 700 mil soldados, deixando cicatrizes profundasentreNorteeSulqueresistematéhoje. Como seria de esperar, as eleições desse ano foramummomento quente, que culminarianavitóriadeAbrahamLincoln.Aindaassim,nummomentoderetóricatãoinflamadaemesmoperanteaiminênciadepegaremarmas,umdosderrotados,osenador Stephen A. Douglas, concedeu a derrota: “O sentimento partidário tem de resultar em patriotismo. Estou consigo, Sr. Presidente, e Deus o abençoe.” A citação foi lembrada em 2000 por Al Gore (quem mais?), quandoadmitiuaderrotafaceaGeorgeW.Bushnaseleiçõespresidenciais, depois de umapolémicadecisão do Supremo TribunaldosEUAtertravadoarecontagemdosvotosnaFlorida.“Que não haja dúvidas, embora eu discorde profundamente da decisão do tribunal, eu aceito-a. Aceito a finalidade deste resultado […] e esta noite, em nome da nossa união como povo e da força da nossa democracia, ofereço a minha concessão.” Embora os derrotadosdaseleiçõessejammuitasvezesempurradosparaas notasderodapédaHistória,oseucomportamentonanoiteeleitoral representa um dos principais pilares da democracia. Nos Estados Unidos, nunca um derrotado questionou a legitimidadedaseleições.Atéaquelesquetiverammaiornúmerodevotos do que os vencedores. No entanto, como emmuitos outros momentos dasuacampanha,DonaldTrumppareceestaradesafiarasconvençõeshistóricas, com um discurso que está a deixar muitos americanos preocupados com o que acontecerá na noite de 8 de Novembro se os republicanos perderem. Aceitará ele a derrota? Nos últimos dias, o milionário tem colocado em causa o sistema eleitoralequeseránecessárioactuarcasoHillaryClintonvença,dando até aentenderque isso poderáserfeito comrecurso aarmas. “Se elaconseguirnomearos juízes, não hánadaque possam fazer, malta. Embora as pessoas [que defendem] a Segunda Emendatalvez possam [fazeralgo]”, afirmouo candidato republicano. ASegundaEmendaàConstituição dos EUAconsagrao direito de os americanos deterem armas. A sua interpretação tem sido altamente disputada, com o Supremo Tribunal como principalcampodebatalha.AdeclaraçãodeTrumpfoivistapor vários órgãos de comunicação social como uma espécie de incentivoàutilizaçãodeviolênciacontraClintoncasoelasejaeleita(é aCasaBrancaque nomeiaos juízes do Supremo). Umainterpretação que Trump negou, acusando os “medialiberais” de parcialidadeemrelaçãoàsuacandidatura.Averdadeéque,mesmo dentro do seu partido, essanão foi aleitura. Paul Ryan, porta-voz da Câmara dos Representantes, classificou a frase como “umapiadaquecorreumal”eavisouquenãosedevebrincarcom esse tipo de insinuações. Independentementedainterpretaçãodesteepisódio,eleinsere-senumconjuntodedeclaraçõespraticamenteinéditaspor parte de um candidato presidencial. Trump não pisa a linha da discussão política. Ele compra o terreno da linha, subcontrata umaempresaparaaimplodir, constróiumcasino gigante de vidrosespelhadoseacabamentosemouro,chama-lheTrumpLine e passaavenderlinhas com acaradele pintada. Omilionáriochamarepetidamenteàsuaadversária“Hillary desonesta”(ousemprincípios),enquantoosseusapoiantesgritam“prendam-na! prendam-na!” E o seudesdémestende-se às próprias instituições democráticas. Trump tem referido, por mais do que umavez, que as eleições estão viciadas. “No dia8 de Novembro, é bom termos cuidado, porque a eleição vai ser manipulada[“rigged”].Eesperoqueosrepublicanosestejamatentos ou elavai-nos sertirada”, alertou. Ele jáo disse porvárias vezes e com diferentes formulações. Masnãoésóarepetiçãoquedenunciaaintençãodefrisaramensagem. Outras pessoas próximas de Trump fizeram alusões semelhantesrecentemente.RogerStone,conselheirodelongadata domilionário,avisouquehaveráum“banhodesangue”seClintonvencer,esclarecendoquenãoestáafalarde“violência”,mas sim de “desobediência civil” e de não deixar o governo funcionar. Esta dificuldade em conviver com o resultado das eleições nemsequerénovaemTrump.Em2012,nanoiteemqueBarack Obamafoireeleito,oagoracandidatorepublicanonãoresistiua escrever uma série de tweets, com frases como “Mais votos re- E página 12 Sexta-feira | 12 de Agosto de 2016 | Negócios 12 13 ANÁLISE página 11 sultamnumaderrota…revolução!”ou“Nãopodemosdeixarque istoaconteça.DevemosmarcharsobreWashingtonetravaresta vergonha”. Ograndeproblemaéqueocandidatorepublicanoeasua“entourage”nãoagemnemfalamnumambientecontrolado.Narealidade, com a sociedade americana tão dividida, esta estratégia desuspeiçãoéoequivalenteadeitargasolinanumafogueiraque já está em risco de se descontrolar. Joseph Uscinski, professor deCiênciaPolíticadaUniversidadedeMiami,estudaestefenómeno das teorias da conspiração e está preocupado com aquilo quepoderáacontecernopós-eleições.“SeTrumpfizercomque osseusapoiantesfiquemnervosos,elespodemirparaasruascometer actos de violência. É importante que os derrotados concedam graciosamente em vez de pedir para que haja acção nas ruas”, afirmaao Negócios. Alémdacisãopolítica,determinadaportrincheiraspartidárias, os americanos são também permeáveis ateorias de fraude eleitoral. “Muitas pessoas sentem-se atraídas pela retórica de Trump porque jáacreditamnela. Umgrande número de americanos acha que, de uma forma ou de outra, as eleições são fraudulentas”, acrescenta Uscinski. “Os democratas acham que os seus eleitores serão intimidados ou impedidos de votar. Os republicanos acham que os democratas vão votarvárias vezes.” Umasondagemnacionalrealizadapoucotempoantesdaeleição de 2012 concluía que 62% da população achava que, caso o seucandidatopreferidoperdesse,seriaporquehouvefraudeeleitoral. Mais: 85% (!) achavam que o outro lado usou “jogo sujo” paratentarganhar. Um inquérito mais recente mostraque isso não mudou. Entre os apoiantes de Trump daCarolinado Norte (umestadomuitorenhidonaseleições),69%achamqueseClinton for eleita é porque houve fraude. Apenas 16% admitem que elapossaganharporrecolhermais votos. O problema é que, embora muitos acreditem que a fraude eleitoraléumfactordecisivo,elaémuitíssimoraranosEUA.Por exemplo, segundo Justin Levitt, entre 2000 e 2014, houve 35 acusações credíveis de fraude no presencial. Nesse mesmo período, foram contabilizados mais 834 milhões de votos em eleiçõespresidenciais.NumartigoqueescreveuparaoWashington Post,Uscinskinotaquealgumasanálisesatéconcluemqueonúmero de pessoas que se fazem passar por outras nas urnas é semelhante àquelas que dizem ter sido raptadas por extraterrestres.“Algumasuspeiçãoésemprelegítimae,naquantidadecerta, pode ser boa. Se ninguém estivesse preocupado com a integridadedaseleições,elasseriamfacilmentecorrompidasporum mauactor”,explicaao Negócios.“Masosdadosmostramqueos casos de fraude são muito raros e inconsequentes.” Há,essencialmente,umproblemadedesinformação.Outras sondagens concluíam que dois terços dos apoiantes de Trump pensamqueObamaémuçulmanoe59%consideramqueelenão nasceu em território americano (Trump jáfoi principal embaixador desta ideia). O próprio candidato republicano joga com isso, acusando Obamade sero “fundadordo Estado Islâmico”. PARA TRÁS NAS SONDAGENS Muitos notam que estas declarações mais inflamadas coincidemcomo surgimento de sondagens negativas paraacampanhaTrump, pelo que ele estáapenas aarranjar desculpas antecipadasparaumapossívelderrota.Depoisdeomilionárioseter aproximado e até ultrapassado Clinton em alguns inquéritos, nasúltimasduassemanas,aex-primeira-damadisparounasintenções de voto. Narealidade,Trumpestavaabeneficiardedoisacontecimentos: a conclusão da investigação do FBI sobre a utilização do e-mailpessoalporClintonenquantoerasecretáriadeEstado(críticaparaademocrata);eaquiloqueosanalistaschamamum“convention bump”. Isto é, a organização da convenção republicana Trump não pisa a linha da discussão política. Ele compra o terreno da linha, subcontrata uma empresa para a implodir, constrói um casino gigante de vidros espelhados e acabamentos em ouro, chama-lhe Trump Line e passa a vender linhas com a cara dele pintada. “Muitas pessoas sentem-se atraídas pela retórica de Trump porque já acreditam nela. Um grande número de americanos acha que as eleições são fraudulentas.” (queantecedeuademocrata)deuumempurrãoaTrumpnassondagens. Porquê? Porque entre 18 e 21 de Julho a cobertura mediáticaconcentrou-sequaseexclusivamentenoPartidoRepublicano,dandotempodeantenaànarrativaquepretendemvender. Porém, o “bump” de Trump parece ser pálido em comparaçãocomaquiloqueacampanhadeClintonsentiu.Apesardasdificuldades em convencer os apoiantes de Sanders, a convenção democrata terminou com a ascensão da democrata Hillarynas sondagens. Não só o empurrão foi maior, como parece ser mais perene do que o de Trump. O site FiveThirthyEight, do estatístico Nate Silver, calculaque se aeleição fosse hoje, HillaryClintontinha89% de hipóteses de vencer. O site disponibilizaainda outra ferramenta – com base nas sondagens, mas descontadas destes“conventionbumps”efiltradassegundoocomportamentopassado,andamentodaeconomia,entreoutrosfactores–que concluiqueClintontem76%dehipótesesdevencer.Amatemática do NYT é ainda mais simpática para a democrata e dá-lhe 86% de hipóteses de ser eleita. Quão más estão as coisas? Bom, estados que tipicamente são republicanos parecem estar agora em risco de cair parao lado democrata, como é o caso do Arizona, Georgiaou Carolinado Norte. Mas,talcomocomassondagensquemostravamTrumpaliderar a corrida se mostraram pouco resistentes, esta reviravolta a favor de Clinton, embora pareça mais sólida, também deve serinterpretadacomcautela. Olhando paraas eleições anteriores,onormaléacorridairaproximandoosdoiscandidatosàmedidaqueficamosmaispertododiadaseleições.E,nestecaso,até hámotivos paraisso. É verdade que DonaldTrump é o candidato presidencial mais impopular das últimas décadas, mas sabe quem aparece aacenar em segundo lugar? Isso mesmo: Hillary Clinton. Alémdisso, umaeleição numpaís cadavezmais dividido traz simpatizantes partidários mais fiéis, que muito dificilmentepermitirãoqueTrumptenhaumresultadopéssimo.Pelo menos até agora, os republicanos parecem continuar com Trump. Contudo, asualealdade foi colocadaàprova, num teste que seria impensável no passado: escolher um lado entre o nomeado do Partido Republicano e os pais de um herói de guerra morto em combate? TRUMP VS. KHAN PELO CORAÇÃO (PÚRPURA) DA AMÉRICA 8 de Junho de 2004. Era de manhã na base de Baqubah, no Nordeste de Bagdade, quando um táxi laranjae branco se aproximou lentamente da base. O capitão Humayun Khan mandou os seus companheiros deitarem-se no chão e deu dez passos na direcção do veículo. O condutorfez rebentaros 90 quilos de explosivos que transportava, matando Khan e dois iraquianos. O facto de aexplosão ter ocorrido antes do portão, poupou não só oscompanheirosdeKhan,comoosmaisde100soldadosqueestavam a tomar pequeno-almoço perto da entrada. Khan é muçulmano. Foi enterrado no Cemitério de Arlington e recebeu postumamente a Estrela de Bronze e o Coração Púrpura, duas honras militares das Forças Armadas dos Estados Unidos. 2 de Agosto de 2016. Durante umdiscurso emAshburn, Virgínia,umveteranodeguerraofereceuaDonaldTrumpasuamedalhade Coração Púrpura, atribuídaasoldados feridos oumortos em serviço militar. O candidato republicano, que escapou à Guerrado Vietname porestaraestudare, depois, porum esporão no calcanhar, foi sincero ao receber aprenda: “Sempre quis receberum Coração Púrpura. Assim foi muito mais fácil.” Antesdemorrer,HumayunKhansaberiacertamentequem eraDonaldTrump. Mas Trump muito provavelmente não fazia ideiade quem eraKhan. No entanto, asuahistóriade vidasimbolizou um dos principais momentos de viragem das eleições norte-americanas.Ocontrasteéóbvio:ummuçulmanoquedeu avidapelos EUAe umcandidato aPresidente que pretende impediraentradade muçulmanos no país. Eric Thayer/Reuters Joshua Roberts/Reuters DuranteaconvençãodoPartidoDemocrata,umdosdiscursos mais marcantes foi feito por Khizr Khan, pai de Humayun. Comamulheraolado,KhizrencarouTrump.“Jáalgumavezfoi atéaoCemitériodeArlington?Váeolheparaostúmulosdoscorajosos patriotas que morreram a defender os Estados Unidos daAmérica”,sublinhou.“Você[Trump]nãosacrificounadanem ninguém.” Todos os manuais de política dizem que Trump não devia responderou,nomínimo,deviamostraramaiorcompaixãopos- Num cemitério repleto de cruzes e estrelas de David, a campa de Humayun Khan destaca-se das outras. Outros 13 muçulmanos já morreram a combater pelos Estados Unidos desde o 11 de Setembro. sível pela perda de dois pais, que ainda estão de luto pelo filho. Mas Trump nunca se regeu pelos manuais da política e não era agora que ia começar. O candidato republicano insinuou que a mãedeHumayun,GhazalaKhan,estavaproibidadefalarnaconvenção democrata e defendeu que a sua vida também foi dura: “Eufizimensossacrifícios.Trabalheimuito,muito.Crieimilhares e milhares de empregos.” Desta vez, a coisa não lhe correu tão bem. O bate-boca com os Khanfoimalvisto pelagrande maioriados americanos. Uma sondagem da ABC concluía que 74% não gostaram da forma como Trump lidou com a questão. Mesmo entre os republicanos, 61% desaprovaram o comportamento do candidato. O episódiofoiacompanhadodemuitasoutraspolémicas:expulsarum bebé de um comício, não apoiar algumas das principais figuras republicanas nas suas corridas estaduais, ser classificado como umperigoparaasegurançanacionalporespecialistasdoseupartido em segurança externa ou enfrentar o lançamento de uma candidatura independente de um republicano. Mas o embate Trump vs. Khan foi especialmente simbólico. O NYT escreveu que os assessores e conselheiros de Trump lhe pediram repetidamente paradeixarde responderaos Khan e concentrar-se em Hillary Clinton e nas suas propostas. Conselhos que Trump não seguiu. E, afinal, porque haveria de o fazer? No passado, não foi muito prejudicado quando, ao referir-seaoex-candidatopresidencialrepublicanoJohnMcCain(prisioneiro de guerra no Vietname), disse que preferia soldados “que não foram capturados”. Talvez prefira. Mas emboraaindahajamuito tempo paraas coisasvoltaremaviraraseufavor,nestemomento,éTrumpque parece estar capturado pelo próprio ego e pela perspectiva de perder as eleições. Fica por responder a pergunta com que começámos:sereageassim,acossadoapenasporsondagens,como reagiráaumaderrotareal nanoite de 8 de Novembro? W Sexta-feira | 12 de Agosto de 2016 | Negócios 14 15 ANÁLISE A nova Turquia Erdogan tem um desafio histórico: irá conseguir que esta unidade nacional propiciada pelo golpe envolva todas as correntes da sociedade turca? Ou esta unidade é apenas simbólica? FERNANDO SOBRAL [email protected] areceu-se comumaunanimidade nacional. Os milhões de turcos que, hádias, se juntaram em Istambul para protestar contraatentativadegolpede15deJulho eparacelebrarademocraciademonstraram umaunião quase perfeita. Tal como a que era visível no palco: líderes de três partidospolíticosacederamaopedidode Recep Tayyip Erdogan e deixaram, por momentos,deladoassuasdiferençaspolíticas.Oprimeiro-ministro,BinaliYildirim,nãopoderiasermaisclaro:“Istambulégrande.”Efoirealmente nacidade que une aEuropae aÁsiaque o golpe foitravado. Nas ruas. O líder do CHP foi ainda mais claro: “O 15 de Julho abriu aportaparaum novo consenso paraaTurquia.” Esse é, realmente, o grande desafio: limpando-se a administração pública e o sector militar dos activistas do clérigo FethullahGülen,queconsensoexistiráparaaTurquia?Eque novas alianças poderão forjar-se, devido àdesconfiançacom que Erdoganolhaagoraparao Ocidente (aAlemanhadiz que osvistosparacidadãosturcosnãosãoparajá).Hápoucosdias, Yildirimfoitaxativoaoafirmar,defrontedatumbadeMustafaKemalAtatürk,queopovotinhaganhoasuasegundaguerra de independência. Como se tudo indicasse que estamos a assistirao nascimento de umanovaTurquia. Hápontosdecontacto:aguerradaindependênciade1919, lideradaporAtatürk,foiumalutacontraosocupantesestrangeirosdepoisdaassinaturadohumilhanteArmistíciodeMudros, que levouàpartilhado Império Otomano. Aguerraterminou com uma vitória três anos depois e nascia então uma novaTurquia. E nelaos militares eram os defensores activos danovaRepública. Atatürk pretendia uma república nacionalista e centralizada em busca de conseguir o progresso e a justiça. As instituiçõesreligiosasforamafastadasdaadministraçãopúblicae controladas. Essa tarefa, concluída nos anos de 1930 (ainda antesdodesaparecimentodeAtatürk),revelouterpésdebarro,sobretudoquandosetornoudifícilpassardeumregimede partidoúnicoparaumademocraciapluralista.AvitóriadeAdnanMenderes,em1950,comoPartidoDemocrático,parecia P O Ocidente está mais longe da Turquia. E a Rússia, e mesmo o Irão, parece mais próxima, num redesenhar de alianças na zona que vai ganhando peso. abrirasportasparaestaTurquiapluralista.Masos10anosde poderviriam aterminartragicamente: seriaenforcado pelos militares, após mais um golpe. As reformas feitas a partir de meados da década de 1980 pelo presidente Turgut Özal reflectiram-se decisivamente na sociedade: uma nova classe média emergiu. Ficou pavimentado o caminho paraachegadaao poderde Erdogane do AKP. Que, depois de barrado o sonho europeu e confrontado comumdeclínio do poderturco nas suas zonas de influênciahistórica(Ásiacentrale Médio Oriente), conheceualgum isolamento. O “QUERIDO AMIGO” PUTIN A tentativa de golpe acaba por transformar este tempo numaerade recentramento daestratégiadaTurquia. O Ocidente está mais longe (tal como os seus aliados árabes, especialmente a Arábia Saudita). E a Rússia, e mesmo o Irão, parece mais próxima, num redesenhar de alianças na zona que vai ganhando peso. No encontro destasemanacom Vladimir Putin, Erdogan referiu-se, várias vezes, ao Presidente russo como “o meu querido amigo”, agradecendo o seu apoio após a tentativa de golpe de 15 de Julho. Também a reunião em Baku, de Putin com os Presidentes do Azerbaijão e do Irão, mostraquenovascumplicidadesestarãoaforjar-se.SeaTurquiaseabstiver,Basharal-Assadpoderámaisfacilmentemanter-se na Síria. Afinal, a Europa incitou a Turquia a criar e financiara“oposição” do Exército Livre sírio ao regime de Damasco e alimentou as esperanças de Ancaraporque desejava que estafosse o contraponto ao poderde Teerão. Restasaber como Riade, Telavive e Washington assistirão atudo isto. ATurquiaviveumdosseusmomentoscruciais.A“limpeza” das Forças Armadas e da administração pública e do sector educativo privado vai criar um novo pólo de poder, mais centralizado.E,aí,Erdogantemumdesafiohistórico:iráconseguirqueestaunidadenacionalpropiciadapelogolpeenvolva todas as correntes da sociedade turca? Ou esta unidade é agoraapenassimbólica?ATurquiabuscaredefinirasuaidentidadeeissotemquevercomaformacomoiráreformaroEstado, a educação, o sector judiciário e o militar. E precisa de definir o seu lugar na zona e no mundo. É aí que poderá centrar-seoutroproblema:comoconciliarissocomaherançado Estado legado por Atatürk? Seráumatarefatitânica, se o poderturcodesejarfazerisso.Mastambémterádeconvivercom aimagem de desconfiançaque o Ocidente criou daTurquiae de Erdogan depois datentativade golpe. Emvezdeencorajarademocracia,Bruxelas(ouWashington)preferiupedirorespeitopelalei,deixandonoarqueficaram desconfortáveis com tudo o que se estava a passar. Não admira que, junto dos cidadãos turcos, Erdogan tenha reforçadooseupoder.SóqueaEuropaprecisadaTurquiaparaconter as massas de migrantes que vêm do continente africano, porque as suas políticas erradas desestabilizaram por completo os países-tampão (Síria, Líbia, Iraque). É no meio de todas estas dúvidas estratégicas que se está a assistir ao nascimento de uma outra Turquia, diferente daquela que era conhecida até agora. Resta saber qual será o rebento do que foi semeado pelo golpe. W Reuters Reuters Umit Bektas/Reuters Sexta-feira | 12 de Agosto de 2016 | Negócios 16 17 A MINHA ECONOMIA SELMA UAMUSSE A partir de uma conversa com SUSANA MOREIRA MARQUES BRUNO SIMÃO Não preciso de ter uma etiqueta Cantou com Rodrigo Leão, Samuel Úria, WrayGunn, ou os congoleses Konono. Começou com gospel, estudou jazz, colaborou com grupos de hip-hop e afrobeat. Cantou com músicos de orquestra e fez peças de teatro. Balançando música com engenharia inicialmente, decidiu que iria cantar a tempo inteiro quando teve a primeira filha. Depois do nascimento da segunda, decidiu que estava na hora de mais um parto e fazer um disco dela, a solo. Sai no Outono. Depois de ter interpretado tantos géneros e tantos autores, Selma Uamusse procurou a sua sonoridade entre as raízes em Moçambique e a sua aprendizagem em Portugal. Tanto na sua vida do dia-a-dia como na sua vida musical, descobriu que é mais feliz sem passaporte e que dispensa ser catalogada. 1. Este álbumteve umagestação muito longa. Eusabiaque tinhaalguma coisa para dizer, mas tinha uma bagagem tão diversificada, tão tresmalhada,àstantaspareciaquetinhamuitasvozesefoidifícilperceberporonde é que iria. Iriaparao que eramais evidente, poronde tinha começado: o gospel? Ou pela soul? Tinha cantado com os WrayGunntantotempo–experimentavafazerumacoisanaáreado indie rock? Tinhacantado tanto NinaSimone, faziaumdisco de tributoàNinaSimoneeficava-mepelojazz?Aondeéqueeumeencontrava? Atéqueumavez,oAlcidesNascimento,filhodoBana,quetrabalha no clube B.Leza e me tinha convidado a fazer lá uma programação, àmedidaque me foiobservando empalco – só pelo que via, porque ele perdeuaaudição –, disse-me que lhe pareciamuito evidente que eu tinha um lado africano muito proeminente: “Já que estás à procurade fazerumdisco teu, porque é que não tentas fazerumencontro entre aquilo que és tu, Selma, aqui em Portugal, e aquilo que te vem de Moçambique?” E eu pensei que eramesmo isso. Omeureceioemfazeralgomaisafricanoeranãopassaralgoque fossefalso.EuvivoemPortugaldesde1988.Enãoqueriapassaruma falsaSelma: olhaagora, de repente, eramuito africana... Eunão me identificavacompletamente como lado do afrobeate dos novos géneros musicais africanos; também não iriafazer músicatradicionalafricanaporquenãosabia,mastambémnãoqueriafazermúsicapop africana, kizombas oukuduros, que não tinhamque ver comigo. Pensei que iater de, não inventar, porque acho que nós nunca construímos nada de novo, mas reinventar. Comecei a estudarritmos e instrumentos tradicionais moçambicanos. E começou asurgirumasonoridade que eraeu. Nuncasonheiemserumaestreladamúsicaousequersercantora. Para mim, cantar era uma coisa natural, como dançar. Eraumacoisaque euviapessoas nafamíliae amigos fazerem e nem porisso eram músicos ou cantores profissionais. Umdia,nafestadeanosdeumaprimaminha,conheçoummaestro de gospel. No final, ele decide dedicar uma espécie de oração à minhaprimae começaacantar. E eu começo acantarcom ele. Senti-me envolvida por aquele momento um bocadinho mais especial em que ele, no fundo, estavaaagradecer aDeus pelavidadela. E ele disse-me: “Cantas tão bem, estou a fazer um grupo de gospel, não gostavas de aparecer nos ensaios?” E eu disse: “Mas eu nem sequer seicantar.”“Nãotepreocupes,éumgrupodeamadores,estouajuntarpessoasqueeusintoquetêmpotencialparasertrabalhado.”Não 2. estavamuitoconvencida,masfuiaumensaio,fuiadois,eàs tantas fazia parte do grupo. Isto foi em Setembro de 1999. Foi umaalturaem que os grupos de gospel começaram aficarnamodae tínhamos muitos convites. Íamos muito àtelevisão.Aspessoasqueriamgospelemtodoolado:emcasamentos,emcampanhaspolíticas.DesdeacampanhadoAntónio Costa para presidente da Câmara [de Lisboa] à campanhadoCavacoSilva,atécantarnaFestadoAvante,fomos atodos os partidos. Eraum grupo grande com muitamaltadaminhaidade; eu tinha 18 ou 19 anos. E acabo por ficar muito envolvida: pelo lado espiritual, que eraum pouco mágico, pelo lado da alegriade cantare dançare puxarpelas pessoas. Amúsicaque estou afazernão tem ambição de mostrar virtuosismo ou de mostrar os registos musicais emquesoucapazdecantar, ouquecanto muitobem. Estou concentradanamensagem e no som. Omelhorquepodemostirardamúsica,pelomenospara mim, é como elanos emociona: pode serporcausadaletra, podeserpelamaneiracomoétransmitida,podeserpelamu- 3. sicalidade,podeserpelomovimento,peloslugaresporonde nos faz viajar. Este primeiro disco está muito preso a um som que me levaaMoçambique, mas que me levatambématodos os lugares onde já estive, onde viajei. É um disco muito sobre a minhaidentidade.Quemsoueu?Nãoenquantomulher,não há aqui canções feministas nem canções sobre paixões ou sobre o amor. É um disco que fala sobre quem sou eu no mundo,quemsoueuenquantopessoa,quemsoueuenquanto cidadãdo mundo. Eutenhoumamúsicanodiscoquesechama“Songof Africa” e que tem uma pergunta que é: “Does Africa knowa song ofme?” Digo isto muitas vezes nos concertos,quantoestouaexplicaràspessoasaimportânciadestacanção:durantemuitotempo,questionei-mese,vivendo cáem Portugal hátanto tempo, as pessoas em África, especificamente em Moçambique, saberiam que uma grande parte do meucoração estálá. E se amúsicaque eufaço chegaaelas. Quando chegava a Moçambique, as pessoas diziam: ah, 4. tem este sotaque, fala desta maneira, ouve determinadas coisas,ah,nãoémuitomoçambicana...Eeutinhaessecomplexo. Não queria deixar de ser eu própria, mas ao mesmo tempo queria ser aceite. Durante muito tempo, sobretudo naadolescência, debati-me com isto: quão moçambicanaé que eu sou? E quão portuguesa? Fiquei muito contente quando, mais recentemente, percebique não preciso de ter uma etiqueta, tal como não preciso de ter uma etiqueta de género musical. Não preciso de um passaporte. O meu coração pertence tanto a Moçambique como a Portugal e, na realidade,soumuitomaisricaporpoderterosdoismundos presentes em mim e de os poderarticular. Asminhasfilhasfalamfluentementeportuguês,francês eflamengo,porquetêmumpaibelga.Elasviajammuito,conhecem melhoros aviões do que o metro. Elas, estando tripartidas, aindaserão mais ricas. Têmumaavó, directorade um museu [em Moçambique] de um lado do mundo, tem outros avós, também interessantíssimos, do outro lado do mundo [naBélgica], e no meio desse triângulo – gosto muitodetriângulos–aindatêmPortugal,ondevivemetêmmuitos amigos. Este é o lado mais bonito damestiçagem. W A ESQUINA DO RIO 18 19 Sexta-feira | 12 de Agosto de 2016 | Negócios MANUEL FALCÃO WWW.FACEBOOK.COM/MFALCAO TWITTER: @MFALCAO INSTAGRAM: MFALCAO SEMANADA BACKTO BASICS Não fazes ideia o trabalho que me deu chegar pobre até ao fim da vida. Paiva Couceiro Fogo! Em dez anos, foram passadas 57 multas a quem levou cães para a praia G o FMI considerou o Deutsche Bank, um ícone da Alemanha no pós-guerra, o maior risco a nível mundial para a estabilidade financeira G dos 230 deputados em funções no fim da sessão legislativa, só o duo de “Os Verdes” e outros 38 parlamentares têm um registo “limpo” de faltas nos plenários da Assembleia G segundo os serviços do Parlamento, o total de faltas neste ano parlamentar ascende a 934 em todas as bancadas, uma média de 11 deputados ausentes por sessão G o Porto é a cidade onde se registam mais atropelamentos e Aveiro é a cidade onde se verifica maior número de mortes por atropelamento G Rui Rio, velho amigo e aliado autárquico de António Costa, afirmou não excluir “a possibilidade de legislativas ainda antes das autárquicas” G os medicamentos genéricos já são metade do total dos medicamentos vendidos G em Portugal, há mais casais a terem o terceiro filho e continua a tendência para o aumento da natalidade G as exportações portuguesas tiveram o seu pior semestre desde 2009 G as queixas de deficientes por discriminação subiram 42% num ano. G Apiorcoisaque pode aconteceré transformar a desgraça dos incêndios numa guerrilhapolitiqueira, mas isto não deve levarao aliviardas responsabilidades. O que se passou nos últimos dias é um grave problema de prioridades políticas desajustadas e não de divergências partidárias. Narealidade, todos os partidos que estiveram no poder nos últimos 30 anos tiveram responsabilidades nos erros de políticas de ordenamento de território e florestais que agora se revelaram com uma intensidade terrível. Diriaqueexistemtrêsáreascríticas:a da prevenção, que foi a mais desprezada; a do combate aos incêndios, que vai funcionandoemalternativaàprevençãoeque recebe maior atenção (e financiamento) porque serve de veículo de propaganda; e adajustiça, com um enquadramento penalanedóticofaceàgravidadedoscrimes cometidos – que este ano, como se sabe, provocarammortes, mais umavez. Temos 3,5 vezes mais incêndios do que amédiados países mediterrânicos e 2,5 vezes mais áreaardida. Só entre 1 e 8 de Agosto, registaram-se em Portugal 1.775 incêndios. No Público, Fernando Santos Pessoa, da Universidade do Algarve, pôs o dedo na ferida: “Devemos sero único país do mundo com florestas que não têm um corpo específico de Guardas Florestais”, escreveu, sublinhando não terdúvidas de “que essaera amais eficaz e mais barataformade prevenção dos fogos florestais”. E recorda que os extintos Serviços Florestais “eram um organismo que vinha desde o séc. XIX, e não hápaís nenhum no mundo, com uma grande área florestal, que não possua o seu Serviço Florestal”. No Observador, Paulo Fernandes, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, recordou que “em 2013, a Auto- ridade Nacional da Protecção Civil (ANPC) dava conta de que o dispositivo de combate a incêndios tinha um custo previsto de 74milhões de euros, enquanto aprevenção mereceriaapenas um investimento de cerca de 20 milhões. Daí paracá, o desequilíbrio agravou-se. O sistemade combate aincêndios estádivorciado do sistema de prevenção”. Também no Observador, José Cardoso Pereira, do Instituto Superior de Agronomia, aponta: “Vemos todos os dias os noticiários das oito a serem abertos com helicópteros Kamovno terreno. Mas não vemos noticiários a serem abertos com a limpeza das matas.” Apropagandaé inimigadarealidade e isto aplica-se a todos os partidos que estiveram no Governo. Henrique Pereirados Santos, um arquitecto paisagista, tem sido uma presença constante a denunciaro que se passa: o custo do dispositivo de combate aos fogos passoude 30 milhões anuais para100 milhões anuais, enquanto o Plano Nacional de Defesa das Florestas contraIncêndios e o Fundo FlorestalPermanente, concebido por técnicos do sector há uma dezena de anos atrás, nuncafoi aplicado e antes foi esvaziado em verbas e acções – e Pereira dos Santos defende que se as recomendações tivessem sido seguidas, asituação seria bem diferente. E chegamos à questão da Justiça – a penapenal máximaparaos incendiários é de oito anos. Quase nenhum dos condenados cumpre a pena por inteiro, a maioria sai em liberdade a seguir à detenção, muitos compenasuspensareincidem. O que hádécadas se passacom os brandos costumes sobre estes crimes, merece reflexão. E a atitude dos Governos em relação à prevenção também tem, ela própria, uma faceta criminosa. GOSTO NÃO GOSTO ARCO DAVELHA Da série de textos “A América através dos livros”, de Isabel Lucas, um grande exemplo de bom jornalismo. De comentários bacocos como os que ouvi na transmissão da cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos. Mais de metade dos suspeitos de fogo posto que a PJ detém são logo libertados pelo juiz de instrução, muitos recebem penas suspensas e, destes, vários são reincidentes no mesmo crime e continuam depois em liberdade. Folhear Ouvir Não me canso de ficar surpreendido com o dinamismo dos editores de revistas independentes, que continuama apostarno papele apresentamedições fantásticas. Uma das mais deliciosas publicações que vi nestes últimos meses foi apeeps, que vai agorano segundo número. De origem canadiana, e feitagraças a contribuições de apoiantes numesquemasemelhante ao “crowdfunding”, o seu objectivo é seguiras mudanças sociológicas que acontecempelo mundo fora. Um dos artigos mais interessantes desta edição chama-se “Welcome to the cyber village” e aborda casos de adaptação de sociedades rurais ou de vilas longe dosgrandescentrosurbanosàsnovastecnologias.Outro temo curioso título “Freshideas onthe deathand rebirth ofmarketing” – é uma entrevista com John McGarr, fundador de uma empresa de consultoria, Fresh Squeezed Ideas, que juntou umaequipade antropólogos que estudam as alterações de hábitos de consumo e de comportamento e que temporlema“o que antes resultoupode não funcionaragora, dámais resultado ser diferente que ser o melhor”. A revista tem também “short stories” reais que contam episódios da vida de profissionais de diversas áreas. Aedição fotográfica é muito cuidada ao longo de todos os artigos e o grafismo é simples e eficaz. Ao folhear peeps, não resistiapensarcomo emPortugalexistem tantos casos que podiam caber numa linha editorial semelhanteecomopodiafazersentidofazeraquiuma publicação destas, que saiduas vezes porano. Podem sabermais no Twitterempeepsforum, no Instagram em peepsmagazine ou no Facebook em peepsforum – e peepsforum.com é o nome do seu site. William Tyler foi guitarristados Lambchop e, antes deles, dos Silver Jews. A sua carreira a solo vai em quatro álbuns, todos eles instrumentais, onde faz jus àsuatécnicae aumaformamuitoprópriadetocarguitarra.Onovodisco chama-se Modern Country e é uma espécie de manifesto musical de umaAméricadas pequenas cidades, das estradas percorridas por camiões e dos bares onde os seus condutores se encontram. Cadaum dos temas podiafazer parte dabandasonorade um filme sobre o Sul dos Estados Unidos, desde Albion Moonlight a The Great Unwind, passando por Highway Anxiety. Destaque paraaparticipação do baterista dos Wilco, Glenn Kotche, entende-se às mil maravilhas com o baixista Darin Gray. Quando apresentou o álbum, William Tyler disse que o disco eraumacartade amorao que se estavaaperdernaAmérica. E, ao ouviro disco não é saudosismo, o que se sente, é esperança. WilliamTyler: ModernCountryMerge Records, disponível no Spotify. Ver Ora aqui vão sugestões avulsas. Até 15 de Outubro, na Galeria Municipal de Matosinhos, Julião Sarmento apresenta “No Fio da Respiração”, 26 obras de pintura, desenho e escultura, produzidas entre 1966 e 2011, com duas peças inéditas – exposição comissariada por Miguel von Hafe Pérez. Em Lisboa, sugiro, no Museu de Etnologia, um belíssimo e pouco conhecido edifício na Rua da madeira, no Restelo, uma exposição particularmente adequada a estes dias em que a destruição do fogo varreu o país: “Inquéritos ao Território: Paisagem e Povoamento”. No Museu Nacional de História Natural e da Ciência, está a exposição “Dinossauros Que Viveram Na Nossa Terra”, que reconstitui como seria a paisagem da região Oeste no período jurássico. Em Loulé, no Convento de Santo António dos Capuchos, Teresa Segurado Pavão apresenta trabalhos de escultura sob o título “Terras Brancas”. Finalmente em Sines, no Centro Cultural Emmerico Nunes, está a belíssima exposição “4 fotógrafos de Moçambique”, que apresenta trabalhos de Moira Forjaz, José Cabral, Luís Basto e Filipe Branquinho (na imagem). Provar DIXIT Espero não ser como os políticos e saber parar de escrever no tempo certo. Ian McEwan Umhambúrguerdecente comserviço simpático paraportugueses ao pé do largo de Camões? Podem deixarde pensarque é realidade virtualouo fruto de umapancadanacabeça. A coisa existe, é o Italian Burguer & Lobster House e tudo correu acima das minhas expectativas. Num destes dias, a caminho do cinema Ideal, e querendo jantar antes do filme, entrei com alguma desconfiança no referido local, na Rua do Loreto. Pois reconheço que estava com um preconceito estúpido. O atendimento foi excelente, o serviço, rápido, aconfecção e qualidade dacomidaforamirrepreensíveis e a imperial era bem tirada e fresca, apesar do calorlisboetadestes dias. Paraamesaveio umhambúrguer Tuscanny, à base de frango com manga e tomate laminado, manjericão e coentros frescos, e um hambúrguer Par- ma, com cogumelos, cebolacaramelizada, parmesão e salsa. Cada hambúrguer pode vir com dois acompanhamentos, entre salada, risotto de cogumelos, batata frita ou arroz thai. Os hambúrgueres estavamno ponto e os acompanhamentosescolhidostambém.Háopçõesdehambúrguer de atume vegetariano. E depois, claro, háo lavagante – que pode vircozido ougrelhado, emtártaro, emrisotto oucom linguine. Há-de serexperimentado numapróximaocasião. Nas entradas, destaque paraamanteigade corais e apasta de tomate assado, com grissinis. Além do Chiado, o Italian Burguer& LobsterHouse existe no Centro Colombo, Centro Vasco daGamae naAvenidade Roma, junto àPraçade Londres. No caso do Chiado, fica na Rua do Loreto 12, telefone 961 092 652. 20 21 REVELAÇÕES DO MERCADO DAS PAIXÕES Sexta-feira / 12 de Agosto de 2016 / Negócios JOSÉ VEGAR Ajustamentos para o curto prazo Como se escreveu no texto principal, o novo MNAA é todo um outro MNAA. No entanto, há ainda alguma edição de espaço a fazer. As secções de cerâmica e de “prataria”, por exemplo, têm material a mais e informação a menos. O mesmo excesso está na loja, muito pesada nos artigos, com muitos que não deviam estar ali, e com falta de espaço. Já agora, com aquele jardim, não se compreende como é que a cafetaria continua a ser tão má, e como é que um grupo grande de funcionários continua a insistir em entrar na figuração do próximo “Família Adams”. A nossa História no MNAA A nossa arte e a nossa História têm, finalmente, um espaço coerente e atraente, o piso 3 do Museu Nacional de Arte Antiga. Há algumas leituras curiosas provocadas pelo percurso. princípio de que as nações devem possuir locais internos onde possam conhecer a sua História e experimentarabelezaé quase universalmente aceite, como é um outro princípio, o de que o primeiro acto de umditadoré o de des- O truiraHistóriaantes de si, e eliminaros ícones concorrenciais. EmPortugal, não porrazões de limitação de História, mas mais por argumentos de austeridade de fundos ao longo de toda a nossa existência, o local mais indicado, mas não o único, paracumpriro primeiro princí- pio foi, e é, o MuseuNacionalde Arte Antiga (MNAA), naquela zona demograficamente complexa de Lisboa a que se costuma chamar as “janelas verdes”. Até há muito pouco tempo, o MNAA tinha o espólio, mas razões imateriais impediram-no de cumprirasuamissão. De facto, até háuns tempos, apesar das boas exposições que se sucederam, entrar naquele palácio que conserva qualquer coisa de renascentista no seu ambiente eraumaexperiênciaque fazia lembrar, por várias impressões poéticas, algumas atmosferas de Tarkovsky editadas, com alguma maldade, pela mente corrompida de Lynch. Como escrevi, o cenário começouaseralterado,enadailustramelhorestamudançadoque o piso 3 do museu, que alberga, através de percursos cronológicos, que vão do século XIII ao XIX, e de núcleos artísticos, o melhordaarte portuguesa. Uma mostra extensa e coerente como esta, que tanto faltava, salve curadores do MNAA, permite leituras muito curiosas. Não vou aqui replicar as mais importantes, que os historiadores se têm encarregado, mas al- gumas mais subtis. A primeira é aincrívele permanente omnipresençadaIgrejacomo mecenas e cliente, e a quantidade enorme de peças, de património, que foi doado por conventos e outros centros de poderreligiosos. Uma outra é uma certa falta de imaginação e de cosmopolitismo da nossa Coroa, que se limitou a encomendar aos mestres o mesmo que os seus pares encomendaram, da SaxóniaaEspanha. Umaterceira, porventuraamais importante, é a quase total ausência de mecenas, o que levou, provavelmente, aque não tenhamos tido o mesmo número de génios que produziramnos Países Baixos e nas cidades-estado italianas. Apesar de tudo, e a mostra permite detectar alguns casos, há comunicações fascinantes, como a do monge irlandês que se fixou no Convento do Espinheiro, em Évora, apintar. Não temos assimmuitas peças notáveis, mas temos sempre os “Painéis de São Vicente de Fora” e mais algumas outras. Mas temos, finalmente, umespaço que nos ensina muito do que sempre fomos e ainda mais do que somos. W *Nota ao leitor: Os bens culturais, também classificados como bens de paixão, deixaram de ser um investimento de elite, e a designação inclui hoje uma panóplia gigantesca de temas, que vão dos mais tradicionais, como a arte ou os automóveis clássicos, a outros totalmente contemporâneos, como são os têxteis, o mobiliário de design ou a moda. Ao mesmo tempo, os bens culturais são activos acessíveis e disputados em mercados globais extremamente competitivos. Semanalmente, o Negócios irá revelar algumas das histórias fascinantes relacionadas com estes mercados, partilhando assim, de forma independente, a informação mais preciosa. LIVROS Destaques Em busca do verdadeiro sentido da vida Uma bela história de amor Editado originalmente em 1990, este “Balada do Amor ao Vento” impôs definitivamente Paulina Chiziane como uma grande voz da literatura de Moçambique. Esta é uma bela história de amor entre Sarnau e Mwando que vai evoluindo ao longo do tempo, porque todas as paixões deixam traços de alegrias e rugas de tristeza. À volta, a natureza ilustra a vitalidade da vida. E isso Paulina Chiziane descreve de forma elegante: “O insólito acontece na floresta. Todos os seres escutaram os segredos da natureza e estão a operar maravilhas.” Muito bonito. FS Henry David Thoreau, há quase dois séculos, observou a vida nivelada pela revolução industrial e procurou uma alternativa para todos nós. Que passava pela natureza. As suas reflexões continuam muito actuais. FERNANDO SOBRAL [email protected] PAULINA CHIZIANE “Balada de Amor ao Vento” Caminho, 172 páginas, 2016 No mundo actual da espionagem Jason Mattews sabe contar uma história de espiões. Não espanta: foi, durante três décadas, agente da CIA. Talvez por isso “O Palácio da Traição” tenha que ver com a duplicidade e com a política internacional, nesse jogo de xadrez que nunca deixa de ser jogado pelas grandes potências mundiais. A tentativa de saber o que os iranianos estão a fazer com o seu projecto nuclear faz com que uma agente, Dominika Egorova, se aproxime demasiado de um cientista do Irão. Agente russa, também trabalha para a CIA. Mas ela não é a única a fazer jogo duplo. FS JASON MATTHEWS “O Palácio da Traição” Lua de Papel, 590 páginas, 2016 Os portugueses no meio do Oriente Este romance histórico, passado entre os finais do século XV e o início do XVI, é bem mais do que uma história de amor entre Bin Rahhal, um dos homens mais influentes junto do vizir do Bahrein, e a jovem Halima, uma beleza única de Ormuz. Nesses dias, os portugueses aproximam-se das riquezas do Oriente e o destino de todos os que se cruzam nas águas e terras por onde as caravelas passam vão mudar para sempre. É esse encontro de sonhos e pesadelos que Abdulaziz Al-Mahmoud consegue descrever de forma muito atraente. FS ABDULAZIZ AL-MAHMOUD “A Vela Sagrada” Casa das Letras, 421 páginas, 2016 enry David Thoreau tinha uma visão radical sobre a nossa vida. E as suas reflexões são transparentes neste livro, publicado já depois da sua morte em meados do século XIX.Claraseactuais.“AVida sem Princípios” é um tratado perturbadorque nos leva areflectirsobre o sentido da vida, especialmente nestes tempos emque avelocidade e as comunicações nos exigem quase 24 horas por dia de trabalho, sem intervalos para relaxar e ganhar energiacom algum ócio. Aqui,Thoreaufaladanecessidadedenossepararmos da sociedade como um todo edevivermosavidadeacordo comas nossas necessidades e não com as daquela. Thoreau é taxativo: “Seria magnífico ver a humanidade,porumavez,desfrutardo lazer. Já só há trabalho, trabalhoemaistrabalho.Jánão é fácil comprar um caderno liso paraescreveras minhas reflexões; agora são todos pautados para inscrever os dólares e os cêntimos.” O autordefende que não devemos ser apanhados na armadilhado dinheiro. Pelo contrário,devemosusufruir da vida e saber aproveitá-la, em vez de sermos escravos do vil metal. E escreve: “Se umhomempassearnosbosquesporamoraestesdurante metade do dia, arrisca-se aqueovejamcomoummandrião; mas se passar todo o diaemactividadesespeculativas, arrasando as florestas paratornaraterranuaantes H de tempo, será considerado um cidadão diligente e empreendedor. Como se o único interesse que umacidade tivessenosseusbosquesfosse cortá-los!”. Thoreaupropõequeprocuremosumanovarotapara a nossa vida, em vez de nos comportarmos como seguidores de valores que nada têm que ver com os princípioselementaresdavidaeda natureza. Ele, claro, liga a vida humana à natureza, dentrodeumalógicadeconvívio perfeito com o planeta em que nascemos e morremos. Ele é avoz do bomsenso numa sociedade baseada em falsos encantos. Mesmo tantos anos depoisdeistoserescrito,reparamos que nada parece ter mudado no essencial. Refere o autor: “Diz-se que a Américaéaarenaondeabatalha da liberdade deve ser travada. Mas, seguramente, quenãosetrataaquidaliber- HENRY DAVID THOREAU “A Vida sem Princípios” Antígona, 73 páginas, 2016 dade num sentido meramentepolítico.Mesmoconsiderando que o Americano se libertou de um tirano político, ele continua a ser escravodeumtiranoeconómico e moral.” Thoreau recusava-se a alimentar as “expectativas sociais” que tornam amaior partedaspessoasescravasde lógicas que são totalmente alheias aos princípios elementares da vida. A “vida moderna”,jánaqueletempo, destruíaarelaçãoéticadarelaçãodohomemcomanatureza. Não esquece esse conflito: “Este mundo é um lugar de labuta. Que azáfama! Souacordadoquasetodasas noitespeloarquejardalocomotiva. Isso interrompe os meus sonhos.” Tudo se reconduz, de resto,enasuavisão,ànecessidade de amar. E isso tem quevercomacontemplação, com a possibilidade de usufruir do tempo sem os constrangimentosdacorreriaem busca de pretensas necessidades que não são mais do que meras ilusões. A busca da felicidade é, para ele, o guia da nossa existência. E eleparecetersidocompletamente desvirtuado com as lógicas de trabalho e de “sucesso” que se foram entranhando no nosso ADN, como se isso fosse o fulcral para termos alguma paz. E para sermos reconhecidos pelosoutros,ouseja,pelasociedade. Este livrinho é um prazer. E uma forma de nos interrogarmossobreosentido davida. W 22 23 AUTOMÓVEIS Sexta-feira / 12 de Agosto de 2016 / Negócios Destaques O Opel Astra foi o vencedor da edição 2016 do Essilor Carro do Ano/Troféu volante de Cristal. Kia Niro Primeiro híbrido, depois eléctrico O Kia Niro é o primeiro “crossover” híbrido do construtor sul-coreano. Mais pequeno do que o Sportage, vai chegar em Outubro a Portugal, com preços a partir de 28.000€. ADRIANO OLIVEIRA Carro do Ano em Portugal A 34.ª edição do Essilor Carro do Ano/Troféu Volante de Cristal, iniciativa organizada pelo Expresso e pela SIC Notícias, e na qual o Jornal de Negócios participa na qualidade de jurado permanente, já está em marcha. Os vencedores serão anunciados em Fevereiro de 2017. Audi Offroad: experiências na terra A Audi abriu as inscrições para dois eventos fora de estrada dedicados aos proprietários de veículos da marca. Entre os dias 23 e 25 de Setembro, o passeio visita a região alentejana. Depois, entre 7 e 9 de Outubro, será a vez da serra da Estrela. Mais informações em audi.pt novo Kia Niro é um pequeno “crossover” híbrido, de linhas semelhantes ao seu “irmão” mais velho Sportage, que chegaráao mercado nacional em meados de Outubro próximo. No próximo ano, a marca conta acrescentar à gama uma proposta do Niro totalmente eléctrica. Com um comprimento de 4,36 metros, ouseja, menos 12 centímetros do que o Sportage, o Niro apresenta uma largurade 1,81 m e umaalturade 1,54 m. Utiliza uma nova plataforma do grupo Hyundai, desenvolvidaexclusivamente para dar resposta às necessidades damobilidade eléctrica e que vai dar origem até 2020 a 22 novos modelos, um dos quais o Hyundai Ioniq, de que falaremos empróximaedição. Emboraestejainserido no segmento dos “crossovers”, o Niro não propõe a transmissão às quatro rodas, como a maioria dos muitos concorrentes na sua categoria. Menos apelativo do que outros modelos da marca em termos estéticos, o Niro oferece, contudo, uma elegância clássica que agradará certamente a muitos e menos a outros. Mecanicamente, o Niro é propulsionado por um bloco dequatrocilindrosde1.6litros quedesenvolve105cv.Temassociadoummotoreléctricode 43cv,oquecorrespondeauma O potência conjunta de 141 cv, paraum binário de 265 Nm. A média das acelerações e recuperações é de 11,5 s para ir dos 0 aos 100 km/h. A velocidade máximaé de 162 km/h. OnovoKiacontacomuma bateria de iões de lítio com 1,56 kWh de capacidade, para armazenaraenergiadas desacelerações e travagens. Com a bateria carregada, é possível percorrer alguns quilómetros emmodototalmenteeléctrico desde que não se ultrapassem os 50/60 km/h. Acaixaautomáticade seis velocidades e dupla embraiageméumaestreianouniverso dos híbridos e faz toda a diferença face às caixas de variação contínua propostas pelos híbridos da Toyota. Oprimeirocontactocomo Niro revelou-se uma boa surpresa. Desde as novas tecnologias àhabitabilidade. Muito espaçoso e confortável, tanto àfrentecomoatrás,oNirooferece ainda bagageira com capacidade dos 427 aos 1.425 litros com os bancos rebatidos. No equipamento, o Niro apostanaconectividadeenasegurança,comdispositivosmodernos, de série ou opcionais. Emtermosdeconforto,oNiro propõe também equipamentostopodegamacomoosbancos eléctricos, aquecidos ou ventilados e carregador de telemóvel por indução. W Negócios em Barcelona, a convite da Kia Características 28.000€* Kia Niro híbrido Sistema de propulsão (combustão/eléctrico): 140 cv às 5.700 rpm Motor a combustão: dianteiro transversal, gasolina, alumínio, 4 cilindros em linha, 16 válvulas, injecção directa, start/stop Cilindrada: 1.580 cc Potência: 105 cv às 5.700 rpm Binário: 147 Nm às 4.000 rpm Motor eléctrico: dianteiro transversal, 44 cv às 2.500 rpm, 170 Nm às 1.798 rpm Velocidade máxima: 162 km/h Aceleração: 11,5 s 0-100 km/h Tracção: dianteira Transmissão: auto 6 velocidades Consumo misto: 3,8/100 km Consumo urbano: 3,8l/100 km Cons. extra-urbano: 3,9/100 km Emissões CO2: 88 g/km (E. VI) *Preço indicativo Galeria de fotos em negocios.pt CINCO SENTIDOS HORAS CERTAS A estrela desconhecida Lua cheia David Martins Se está pelo Algarve e quer fazer uma experiência gastronómica memorável, o Bon Bon é o espaço certo. FERNANDO SOBRAL A EDGARDO PACHECO ui Silvestre bateu um recorde nacionalporseromaisjovemchefportuguês aganharumaestrela Michelin. A 25 de Novembro de 2015, tinha 29 anos, mas quando os misteriosos inspectores visitaram o Bon Bon, no Algarve, Silvestre tinha 28 anos. Em países com cultura de exigência na alta restauração, essas coisas acontecem(o italiano Massimiliano Alajmo, descendente da4.ª geração de cozinheiros na família, conseguiu as três estrelas aos 28 anos), mas, por cá, Rui Silvestre foi um caso. Tão grande que os críticos foram apanhados a gaguejar no dia da festa em Vigo. “BomBomouBonBon, como é que é?!” “Onde?!” “Quem!?” “Rui quê?!” Ninguém sabia nada. Coisa que, louve-senestamatériao“guia vermelho dos pneus” (José Quitério“dixit”),sóabonaem favor do chefe de Nuno Diogo, o dono do restaurante. Ocertoéqueaduplaestava,desdeMarçode2014,focada neste objectivo da estrela. Porquê? Porque, responde o chef, “era possível. Temos produtosdeexcelência,temos técnicae temos serviço de nível. Portanto, erasó esperar.” Já Nuno Diogo conta outra história. Algarvio com investimentos na área da res- R tauração, certo dia estava a passaremfrente ao VilaJoya quando o pai comentou que ali se comia como em nenhum outro lado no Algarve. Nuno ouviu e prometeu ao pai que um dia haveria de erguer uma casa com o mesmo nível. Está dado o primeiro passo. Quandoprovamosospratos do menu em vigor(Fauna e Flora), o que sobressai é domínio técnico de confecção e –coisaquenemsempreacontece na alta gastronomia – a preocupaçãopornãoespalhar muitos sabores em cada prato. Não há confusões, não há distracções nem háfloreados barrocos. Se umdos pratos se chama moleja (uma pequena obra-prima), é a moleja que sabe, apesar de, misteriosamente,ligarnaperfeiçãocom lagostim, tangerinae nabo. A passagem do jovem cozinheiro por outros restaurantes com estrela Michelin na Europa justificará muito do que faz no Algarve, mas é nossa ideia que parte do seu sucesso se deve ao trabalho que desenvolve com os seus fornecedores. Se os cozinheiros gostamde falarnaimportância do produto (um cliché),RuiSilvestregostadefalarnopapeldosprodutores(é diferente), gente que visita e recebe com tempo. Há dias, vimo-lo em con- Salmonete, lulas e molho de fígados. Lua continua a exercer um forte fascínio sobre a indústria relojoeira. Não só por causa da sua influência na Terra, ou pelo sonho que sempre tivemos em conquistá-la. Mas, sobretudo, pelo simbolismo que ela representa na nossa relação com o tempo. AA. Lange & Söhne apresentou, no Salon International de la Haute Horlogerie, de Janeiro, em Genebra, o novo Saxonia Moon Phase. Ele está agora, finalmente, disponível no mercado e é mais um exemplo do requinte elegante e da sobriedade das propostas da marca. Ele combina uma precisa representação das fases da Lua com a impressionante data sobredimensionada que é tão característica da Lange. Uma sessão fotográfica perante uma paisagem saxónica ao luar Rui Silvestre chegou à primeira estrela com 28 anos. Mariscos, berbigão, percebes, mexilhões, cumbawa e ervas marinhas. BON BON URBANIZAÇÃO CABEÇO DE PIAS, CARVOEIRO. TEL. 282 341 496. SÓ JANTARES. FECHA À 4ª. versacomPedro Bastos, líder da Nutrifresco, empresa que trata o peixe nacional de forma superior para chefes estrelados do país e do estrangeiro. Aliás, quando o jovem bioquímico peganumsalmonete–perdão,noMullusSurmuletus ouno Mullus Barbatus –, explicaaorigem do seu sabor amariscado a partir da suadietaalimentaroudo seu sistemadigestivo. Escutando Pedro Bastos, Rui Silvestre tira notas para explorar ao máximo o sabor e as texturas de peixes e mariscos – a sua grande paixão na cozinha. EnãosepensequenoBon Bonsóhácamarãodomelhor e peixes nobres. Aboadapescadaouapopularraiaentram com estilo no menu. O que nuncacomemos foi um carapauouumaferreiraporaqui, mas se calhar é uma questão de tempo. Donde, quem estiver no Algarve e quiser ter umanoite memorável, o Bon Bon é umasolução. Sim, barato não será, mas se contabilizarmos os barretes que enfiamos por esse país a pagar contas de €40ouàvoltadisso,compensa poupar para viver uma experiência inesquecível. E quem gostadestas lides pode depois tentar reproduzir um ou outro prato em casa. Eu, por exemplo, ando às voltas com a tal moleja. Ainda não cheguei ao nível do chef, mas isso é só porque ele tem acesso amolejas de altíssimaqualidade. Não é por ausênciade jeitodaminhapessoa…Erasó o que faltava. W transmite da melhor maneira a combinação perfeita entre estética e precisão. Com a apresentação das fases da Lua no Saxonia Moon Phase, a A. Lange & Söhne conseguiu juntar a precisão com a estética num muito elaborado conjunto relojoeiro. Asua transmissão em sete etapas foi elaborada com tal precisão que o sistema só precisa de ser corrigido uma vez a cada 122,6 anos. O tom azul escuro do disco lunar em prata maciça resulta de um revestimento patenteado. As 852 estrelas representadas são recortadas com o recurso a um raio laser. E a data sobredimensionada na janela dupla com caixilho em ouro faz o contraponto visual com o submostrador dos segundos, que também incorpora a exposição das fases da Lua. Trata-se de uma proposta que segue a linha tradicional dos relógios da marca, que apela a valores intemporais, mas que nunca deixa de apostar na modernidade. W NA EDIÇÃO DESTE ANO DA PROVA 24 HOURS OF LE MANS, A CHOPARD, PARCEIRA OFICIAL DA PORSCHE MOTORSPORT, APRESENTOU O SUPERFAST CHRONO PORSCHE 919 BLACK EDITION. ESTÁ DISPONÍVEL EM 100 EDIÇÕES LIMITADAS EM TITÂNIO. ACANETADAS SETE LÉGUAS BAPTISTA-BASTOS [email protected] SEXTA 12.08.16 Embaraços na chamada União Europeia Nada disto é vital, nada disto é normal e escapa ao equilíbrio estabelecido pelos ideais fundadores da UE, que desejavam um equilíbrio de forças impeditivo de qualquer hegemonia. stabelece-se esmerada confusão entre o propósito e o realmente tido como tal. O recente imbróglio, estabelecido na “União” Europeia, durante meses, a fim de apavorar Portugal e Espanha, resultou numacoisapífia, afinal conducente a um resultado nulo. Mas preocupou populações durante meses. O próprio presidente da UE alimentou esse equívoco, especialmente provocado pela Alemanha. O mal-estardesenvolveu-se durante meses. E criou embaraços insistentes em países como Portugal. Entendeu-se que esta Alemanha deseja, antes de tudo, criar um nivelamento com duas nações a dirigir e o resto a ser dirigido. Nada disto é vital, nada disto é normal e escapaao equilíbrio estabelecido pelos ideais fundadores da União Europeia, que desejavam um equilíbrio de forças impeditivo de E AFOTOGRAFIA DA SEMANA LUCY NICHOLSON / / REUTERS O jogo das equipas femininas de voleibol de praia, do Egipto contra a Alemanha, chamou a atenção do mundo. Não pela prestação das atletas olímpicas, mas sim pelas diferenças culturais evidenciadas pelo equipamento. qualquer hegemonia. Aideia, generosa, é antiga, e nunca deu resultado, acicatando, pelo contrário, as históricas tendências dominantes germânicas. Quem manda e quem dirige a Europa actual? O duo Alemanha-França é falacioso. A importânciados alemães advém do seu poder económico, da sua necessidade de desenvolvimento territorial que explica e justifica o seu poder. França obedece a uma estratégia antiga, que determinou asuaminimização. A história da invasão alemã é suficientemente elucidativa. E os livros e os filmes dessa miséria moral são elucidativos das componentes vitais de um tempo e de umaépocadesastrosos. AUnião Europeiaé tudo menos aquilo que a expressão pretende enunciar. Constituiu paranós, portugueses, umaignomínia. As comissões dirigidas porSócrates ouPassos Coelho, cuja subserviência em relação a Angela Merkel assumiram, tiveram sempre as características de total sujeição. E as coisas não vão melhorar. Alguns países não escondem a incomodidade em submeterem-se às injunções alemãs, ameaçando abandonaraUnião. Esta, devido acircunstâncias especiais, temsido dirigida pela gestão de Direita, com os resultados conhecidos e umacrescente incomodidade da parte de alguns recalcitrantes. Isto, para assinalar que as coisas não correm no melhordos mundos. As grandes questões são constantemente ocultadas ou dissimuladas, e arecente saídado Reino Unido assinalou os abalos que a União atravessa. As coisas estão seriamente ameaçadas, e não se trata, apenas, da supremacia alemã, mas sim das próprias debilidades da construção do projecto. As coisas estão àvista, e nem os discursos apaziguadores dos dirigentes europeus conseguem neutralizar o mal-estar que se vive na Europa. W SEXTA-FEIRA | 12 AGO 2016 | ECONOMIA | 17 “ [Portugal] tem o Governo mais à esquerda desde a revolução. MARCELO REBELO DE SOUSA Presidente da República Em declarações ao canal de notícias da Globo, durante as quais tentou falar com sotaque brasileiro. Para Donald Trump o fundador do ISIS é... Barack Obama Mexicanos, muçulmanos, um jornalista portador de deficiência, os pais de um soldadomortonoIraque,HillaryClinton.Oqueéquetêm em comum?Játodos foramalvo,emdeterminadomomento,dedeclaraçõesjocosasouofensivaspor parte de Donald Trump, o candidato republicano àpresidênciados EUA. Agora foi a vez de Barack Obama ser acusado de ser o “fundador do ISIS”, acrónimo que significaEstado Islâmico do Iraque e do Levante. “Ele é o fundadordo ISIS. Ele fundou o ISIS. E, diria ainda que a desonesta Hillary Clinton terá sido a cofundadora”, garantiu Trump em Sunrise, no Estado daFlórida. Fotografia: Eric Thayer/Reuters negócios digital negocios.pt e apps VIDEO Como são actualizadas anualmente as rendas de habitação? Veja o video BREVES ENSINO SUPERIOR CONJUNTURA CRISE QUASE 50 MIL QUEREM IR PARA A UNIVERSIDADE VOLUME DE NEGÓCIOS NOS SERVIÇOS CONTRAI ECONOMIA RUSSA MELHOR QUE O ESPERADO Quase50milestudantescandidataram-seaoacessoaoensinosuperior público parao próximo ano lectivo, naprimeirafasedoconcurso,segundodadosdaDirecção-GeraldoEnsinoSuperior(DGES).Aapresentação de candidaturas àprimeirafase do concurso nacionalcomeçoua21de Julhoeterminounaquarta-feira,estando marcadaasegundafase para Setembro,de12a23.Aotodocandidataram-senaprimeirafase49.655 estudantes,mais1.349jovensdoque noanopassadoe,segundoaDGEShá 50.688vagasdisponíveisnasuniversidades e politécnicos públicos, um ligeiro aumento face a2015 e o primeiroemquatroanos.São,aotodo, mais133vagasemrelaçãoaoanopassado,segundoaLusa. I O índice de volume de negócios nos serviços recuou 0,7% em Junho comparativamente com o mesmo período do ano passado, o que configura uma melhoria face à quebra homóloga de 2,6% verificada em Maio. A evolução registada em Junho representa mesmo amenorquedadesde que iniciou aqueda. O último mês em que subiu foi em Fevereiro. Já a variação deste índice em cadeia mostraque o volume de negócios nos serviços aumentou 5,1% em Junho face ao mês anterior. Depois dos ligeiros crescimentos de Abril (0,1%) e Maio (0,2%), este índice acelerou de forma significativano último mês do segundo trimestre. I AeconomiadaRússiaregistouamenorcontracçãodesdeoiníciodarecessão,noarranquedoanopassado. Segundo os dados divulgados esta quinta-feira, o PIB daRússiacontraiu 0,6% no segundo trimestre, faceaomesmoperíododoanoanterior.Estaevoluçãoacontecedepois daquebrade1,2%registadanosprimeiros três meses do ano. O resultadosuperouasestimativasdoseconomistas consultados pelaBloomberg,queapontavamparaumaquebrade0,8%.Deacordocomoministério daEconomia, aagricultura, a indústriae os transportes foramos sectores que mais impulsionaram, numaalturaemqueoconsumointerno – que alimentou arecuperação daeconomiadepois dacrise fi- nanceirade2008/2009–continua anãodarsinaisderecuperação. I DIPLOMACIA ASSISTÊNCIA FINANCEIRA O Governo aprovou a criação de um consulado-geral de Portugal em Cantão, na República Popular da China, que terá como área de jurisdição as províncias de Guangdong, Hainan, Hunan, Fujian e a Região Autónoma de Guangxi Zhuang. Em troca, aRepública Popular da China terá o direito de estabelecer um posto consular em Portugal, em zona a definir. I EGIPTO RECEBE 12 MIL MILHÕES DO FMI As autoridades egípcias fecharam umacordocomoFundoMonetário Internacional (FMI) parareceber um empréstimo de 12 mil milhões dedólares(cercade10,7milmilhões deeuros)nospróximostrêsanos.O acordo estáaindasujeito àaprovaçãodoConselhoExecutivodoFMI, que deveráconsideraro pedido do Egipto nas próximas semanas. O programade assistênciado Fundo seráacompanhadopelaimplementação de um conjunto de reformas no país, jáaprovadas no Parlamento, como objectivo de reduziro déficeeadívida,eimpulsionarocrescimentoeoemprego. I PORTUGAL TERÁ CONSULADO EM CANTÃO Publicidade MOTEL - CASCAIS Terreno c/projecto aprovado, licença pagamento 8800 m2. Acessos A5, 38 quartos + 3 suites master. Tel.: 939 400 100 [email protected] 18 SEXTA-FEIRA 12 AGO 2016 | | EMPRESAS ENERGIA Depois da Galp, Repsol adia furo em Portugal Tudo indicava que 2016 podia ser o ano do petróleo e do gás em Portugal, mas os dois furos de pesquisa previstos para o Algarve e no Alentejo não vão avançar. As duas petrolíferas arriscam-se a ficar sem 10 milhões de euros em cauções pagas ao Estado. ANDRÉ CABRITA-MENDES [email protected] Repsol não vai avançarparao furo degásnaturalnoAlgarve. Apetrolífera espanhola tinha planeado procurar por gás no mar algarvio em Outubro, mas decidiu adiarofurosemnovadata. “Oprojectodepesquisaestáem processo de revisão, não havendo nestaalturadatafixadaparaaperfuração”, disse ao Negócios fonte oficialdaRepsolPortugal. OconsórcioformadopelaRepsole aportuguesaPartexpreviafazerumfuro aumadistânciade 4050quilómetrosdacostadosotavento algarvio, em frente aFaro. Este consórcio detémquatro áreas para procurar hidrocarbonetos (petróleo e gás natural) no mar frente ao Algarve.Existiambonsindíciosque pode havergás natural no Algarve. Afinal, a Repsol já explora gás no mar no Golfo de Cádis, a50 quilómetrosdePortugal. ARepsol junta-se assim àGalp que anunciou recentemente que nãovaiavançaresteanoparaapesquisade petróleo no Alentejo. “Tínhamostudopreparadoparacomeçaraoperação e tivemos que asuspender”,disseopresidentedaGalp no final de Julho. Num mundo de preços de petróleo baixos, as companhiasnãoestãodispostasainvestiranosedinheiroemprojectosque podemnãogerarlucro. Carlos Gomes daSilvareferiase àdecisão daDirecção-Geral dos RecursosNaturais,SegurançaeServiçosMarinhos(DGRM)deprolongaraté3deAgostoaconsultapúblicasobre o pedido parao consórcio Eni/Galp efectuar umasondagem A depesquisadepetróleo. Aconcessãoparaesteconsórcio procurar por petróleo nabaciado Alentejo termina no “final deste ano”evaiterdeser“revista”,sublinhou o líderdaGalp. Mas olhando parao futuro, Carlos Gomes daSilvaconsiderou que aprobabilidade daGalp regressar àprocurade petróleoem“áreasdealtorisco”como Portugal“émuitobaixa”. Aconsultapúblicaterminouno dia3deAgostoeaDGRMtemagora30diasparapublicarumparecer aditarseaGalppodeavançarounão parao furo nabaciado Alentejo. A petrolíferaitalianaEniestá,porseu turno, focada no Mediterrâneo Oriental, como apesquisano Chipre,ouoEgipto,ondefoidescobertorecentementeumgrandecampo degásnatural. Portugal é considerado uma áreadenovafronteira,ondeestãoa serdadososprimeirospassosnaexploração de petróleo e gás natural. Os peritos, contudo, estimam que existe umaprobabilidade de 10% a 15% de Portugal ter petróleo. Em terra, jáforam encontrados hidrocarbonetos, mas no maraindanão. Mesmoquehajapetróleoegás resta saber se existe em quantidades suficientes paraser explorado comercialmente,istoé,seoretornoé suficiente paracompensaro elevadoinvestimento. Équenãoexistemcoincidências no mundo do petróleo e os peritos acreditam que Portugal pode estar sentado em cimade muitos barris, poispartilhaomodelogeológicodo Canadá,ondeexistepetróleo,jáque em tempos remotos as duas margensdoAtlânticoestiveramunidas. OquetambémacontececomBrasil e Angola,ambospaísesprodutores. Masoadiamentodosfurossem uma nova data pode vir a ter mais custosparaaspetrolíferas.Éque,segundo o plano de trabalhos definido nas duas concessões, ambos os A Galp adiou o furo sem nova data e sublinhou que a probabilidade de vir a furar em Portugal “é muito baixa”. consórciostêmdeefectuaresteano umfuro, o que pode não viraacontecer.Oscontratosestipulamqueo não cumprimento do plano de trabalhos pode provocar umaexecução dacaução porparte daEntidade Nacional para o Mercado dos Combustíveis (ENMC). O reguladorpodevirassimaexecutarumvalorarondaros10milhõesdeeuros: cincomilhõesnocasodoconsórcio Eni/Galpeoutroscincomilhõesno casodoconsórcioRepsol/Partex. I Efeito Sousa Cintra minou projectos da Galp e Repsol Foi o efeito Sousa Cintra. A polémica com as concessões do empresário no Algarve arrastou-se para os projectos da Galp e da Repsol. Na consulta pública sobre o furo da Galp mais de dez mil pessoas subscreveram pareceres de associações a contestar a concessão. Já 16 municípios algarvios avançaram com providências cautelares para travar Sousa Cintra, projecto que tem sido contestado pelo Movimento Algarve Livre de Petróleo (MALP), Plataforma do Algarve Livre de Petróleo (PALP), Zero ou Associação de Surf e Actividades Marítimas. SEXTA-FEIRA | 12 AGO 2016 | EMPRESAS | 19 BANCA Lesados do BES ainda têm de ter “paciência” 40 10 QUILÓMETROS A Repsol e a Partex tinham previsto fazer um furo a 40-50 quilómetros ao largo da costa algarvia em frente a Faro. MILHÕES O Estado pode ficar com 10 milhões de cauções dos consórcios Eni/Galp e Repsol/Partex por não furarem este ano. Esta quinta-feira, houve uma reunião entre lesados e representantes do Governo. Há mais encontros pela frente. Até porque ainda é preciso decidir como é que a solução não terá impacto no défice. Sara Matos OsclientesdoantigoBancoEspírito Santoquetêmpapelcomercial de sociedades do GES nas suas mãos aindavão precisarde “paciência”.O MinistériodasFinançasconfirmaoandamentodo processoquepoderáreembolsar partedoinvestimentofeito.Mas aindahámuitopelafrente. A solução jáestádesenhada, mas o Ministério das Finanças precisavadedarautorização.Esta quinta-feira, houve a“luz verde” do gabinete de Mário Centeno para que se comecem os trabalhosparaconcretizaromecanismo que vai devolver até 250 mil euros acadainvestidornão qualificado, conforme anunciou RicardoÂngelo,quepresideàassociação que reúne aqueles “lesados”.Masaindanãoestátudodecidido. “Estamos atrabalhar numa solução que não tenha impacto no défice”, indicaaassessoriade imprensadasFinanças.O Fundo de Resolução vai entrarcom um empréstimodoFundode Garan- tiade Depósitos mas de que formatalpoderánãoterimpactonas contas públicas não é aindacerto. Assim, ainda há encontros marcados entre as Finanças e os lesados juntamente com o Banco de Portugal, CMVM e BES. “Houve progressos e terão lugar novasreuniõesembreve”,admitiuasFinançasdepoisdoencontrodeontem.RicardoÂngelodiz que se vão tratarde “reuniões de “ Estamos a trabalhar numa solução que não tenha impacto no défice. MINISTÉRIO DAS FINANÇAS Assessoria de imprensa acompanhamento”doarranque doprocesso. Segundoolíderdaassociação AIEPC–AssociaçãodeIndignados e Enganados do Papel Comercial vai agora iniciar-se a montagemdoveículoeanomeação da sua administração, por exemplo. “Há muito trabalho pelafrente”, disse. Depois, o veículo tem de participarnas insolvências do BES “mau” e das sociedadesdoGESemitentes,aESI eaRioforte. Passaram-sedoisanosdesde aresoluçãodoBESemaistempo aindadesde que o Banco de Portugalobrigouainstituiçãofinanceira a constituir uma provisão paraassegurar o reembolso dos cercade 500 milhões de euros a mais de 2.000 clientes. Aprovisão, que se encontra no BES “mau”,nuncafoiexecutada.Neste momento, aperspectiva, caso a solução se efective, é a de os clientes receberem um máximo de250mileurosportitular. I DIOGO CAVALEIRO PLANO Como funciona a solução? “ “ O projecto de pesquisa está em processo de revisão, não havendo nesta altura data fixada para a perfuração Com os preços de petróleo baixos, a probabilidade de retomarmos áreas de alto risco é muito baixa REPSOL PORTUGAL CARLOS GOMES DA SILVA Presidente executivo da Galp CONSTITUIÇÃO DE UM VEÍCULO INSOLVÊNCIAS E PROCESSOS JUDICIAIS O QUE VAI SER RECUPERADO É montado o veículo que vai gerir o dinheiro que será usado para reembolsar os investidores não qualificadosquedetêmpapelcomercialdaESI edaRioforte. Numafaseinicial, o financiamento será obtido através do Fundo de Resolução, suportado pelos bancos. Contudo, como este não tem dinheiro disponível, será o Fundo de Garantia de Depósitos a emprestar a fatia. O veículo vai comprar, aos clientes do ex-BES, os direitos para participar na liquidação do BES mas também nos processos que envolvem as duas sociedades do GES. Também será o veículo a actuar judicialmente contra várias entidades, como ex-administradores. Outra das fontes de rendimento esperadas é o de bens arrestados nos processos judiciais do GES. O memorando de entendimento assinado entre Governo, BdP, CMVM, BES e AIEPC falava em “minorar” as perdas dos investidores. E é certo que vão tê-las. Os clientes com aplicações até 300 mil euros receberão até 75% do valor investido, ou seja, admitem um perdão de 25% do dinheiro que colocaram. Quem investiu mais só irá receber, no máximo, 250 mil euros. 20 SEXTA-FEIRA 12 AGO 2016 | | EMPRESAS Miguel Baltazar TELECOMUNICAÇÕES Perdas da Oi triplicam para 655 milhões de euros no primeiro semestre António Ramalho saiu em Julho da IP, tendo sido substituído por António Laranjo. INFRAESTRUTURAS IP passa de prejuízos a lucros de 5,1 milhões Até Junho as receitas de portagem da Infraestruturas de Portugal subiram 8% e as dos serviços ferroviários 11%. Já o défice de financiamento no semestre situou-se nos 487 milhões de euros. MARIA JOÃO BABO [email protected] A Infraestruturas de Portugal (IP) registou no primeiro semestre deste ano lucros de 5,1 milhões deeuros,oquecomparacomos prejuízosde12,2milhõesdeeurosdaprimeirametadede2015. O resultado líquido da empresa que resultou da fusão entreaEstradasdePortugaleaReferaumentouassimem17,3 milhões de euros no primeiro semestre.JáoEBITDAatingiu307 milhões de euros, menos 3% do que háum ano, o que aIP explica com a reversão das reduções remuneratóriasquevieramagravaros gastos compessoal. As receitas de portagens registaram um crescimento de 8%, em termos homólogos, totalizando no final de Junho 155,7 milhões de euros (com IVA). Jáasreceitasdeserviçosferroviários somaram 50 milhões de euros, o que representa um crescimento de 11% em relação ao verificado no mesmo períodode2015, apesardamanutenção do nível de utilização dainfra-estruturaferroviáriaedaestabilidade das tarifas. Já os gastos decorrentes com conservação, refere a IP semavançarnúmeros, “mantiveram-se estáveis assegurando um nível adequado de performance dainfra-estrutura”. Os resultados financeiros apresentaramumarecuperação naordemdos29milhõesdeeuros, refere aindao grupo. Para a empresa, que a 1 de Agosto passou a ser presidida por António Laranjo, “o maior desafio continua a ser o financiamento da sua actividade de investimento quer na rodovia quernaferrovia”. O défice de financiamento noprimeironestesemestre,excluindo reembolsos de dívida, situou-se nos 487 milhões de euros, o que representa37% da totalidadedovalorprevistopara 2016. A IP termina o semestre com 3.495 milhões de euros de capitalsocial,frutodoaumento decapitalde400milhõesdeeuros integralmente subscrito e realizadoeumadívidafinanceira, em termos nominais, de 8.215 milhões de euros. No relatório e contas de 2015, a empresa estimava em maisde880milhõesasnecessidades de financiamento para este ano. I O financiamento da actividade A Infraestruturas de Portugal assume que o maior desafio que tem pela frente continua a ser o financiamento da sua actividade de investimento quer na rodovia quer na ferrovia. Além dos projectos previstos no Plano Estratégico de Transportes e Infraestruturas (PETI), a empresa assumiu diversas intervenções a realizar nos anos mais próximos nos planos de proximidade que desenvolveu para a ferrovia e para a rodovia. A administração da Oi, que tem a Pharolcomomaioraccionista,está neste momento a desenhar o planoderecuperaçãojudicial,omaior de sempre da história brasileira. Pelomeio,estáaenfrentaralguma tensão entre accionistas, nomeadamente entre aSociete Mondialeeaex-PTSGPS,eacontinuação do agravamento das suas contas. No primeiro semestre do ano osprejuízosdaOitriplicarampara 2,3milmilhõesreais(655milhões de euros). A operadora brasileira explicaesteresultadocomadiminuição dos resultados operacionais,oaumentodasdespesascom impostosecontribuiçãosocial,ea desvalorização do dólare do euro. As contas foram ainda impactadas pela descontinuação das operaçõesdaPTPortugal,quepassou para as mãos da Altice a 2 de Junho de 2015. Já a dívida líquida, a principal dordecabeçadaOi,nofinaldeJunhosituou-seem41,3milmilhões de reais (11,7 mil milhões euros), umaumentode19,5%faceaomesmo período do ano anterior. O CEO da Oi, Marco Schroeder, mostrou-se confiante que no próximotrimestreascontasdaOi vãomelhorar.Eapesardeadmitir um “cenário adverso”, confessa queaempresaestá“satisfeitacom a evolução que registou e com as 19,5% DÍVIDA LÍQUIDA No final de Junho a dívida líquida da Oi situava-se em 41,3 mil milhões de reais (cerca de 11,7 mil milhões de euros). Um valor que representa uma subida de 19,5% face a 2015. metas que definimos”, disse duranteaconferênciatelefónicacom investidores e analistas. MarcoSchroedergarantiuainda que o processo de recuperação judicial, entregue no dia20 de Junho, não está a influenciar a actividade daoperadora. Até ao momento ajustiçabrasileira ainda não emitiu parecer sobreopedidodaSocieteMondialepararealizarumaAGnodia8de Setembro para substituir alguns administradores portugueses, bem como para avançar com acçõesjudiciaiscontraaPharol. I SR Sergio Moraes/Reuters A Oi avançou com um pedido de recuperação judicial a 20 de Junho. SEXTA-FEIRA | 12 AGO 2016 | EMPRESAS | 21 “ O clima de negócios tem melhorado bastante [em São Tomé e Príncipe] e estamos em vias de reduzir ainda mais a carga fiscal. (...) Há um paradoxo nos outros países africanos que, devido à baixa de receita têm aumentado a carga fiscal. PATRICE TROVOADA Primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe Novo hotel Pestana CR7 Lisboa com investimento de 15 milhões de euros O investimento no hotel Pestana CR7 Lisboa, o segundo de uma parceria com o futebolista Cristiano Ronaldo, rondou os 15 milhões de euros e criou 60 novos postos de trabalho, disse à agência Lusa José Roquette, administrador do grupo Pestana com o pelouro do desenvolvimento estratégico. Com abertura prevista para 16 de Agosto, o segundo hotel que resulta da parceria do grupo Pestana e do jogador de futebol Cristiano Ronaldo terá 82 quartos. Já presente no Funchal, a marca ‘Pestana CR7 Lifestyle Hotels’ prevê abrir hotéis em Madrid e em Nova Iorque em 2017. negócios digital negocios.pt e apps VIDEO A destruição provocada pelos incêndios no Funchal Veja as imagens. Fotografia: Hélder Santos/Correio da Manhã BREVES VINHOS EMPREENDEDORISMO ENERGIA SYMINGTON COM 160 MIL EUROS DE FUNDOS DAUE PARAMONITORIZAR VINHAS MIRA AMARAL VAI LIDERAR BUSY ANGELS AUSTRÁLIA TRAVA VENDA A ACCIONISTA DA REN O antigo ministro da Indústria Luís Mira Amaral irá assumir o cargodepresidentedaadministração da sociedade de investimento emstartupstecnológicasBusyAngels, adiantou este organismo em comunicado. “É com grande prazerque aceito o convite endereçado pela actual administração para assumir o cargo de presidente da Busy Angels. Nos últimos anos, a Busy Angels tem-se revelado um actorpreponderantenadinamização e estímulo do empreendedorismo em Portugal com vários investimentosemempresascompotencial para mudar paradigmas a nível nacional e internacional”, afirmou Mira Amaral, citado no mesmocomunicado.Oantigolíder doBICeex-ministrojáestavaligado à sociedade, da qual foi sócio fundadore tambémpresidente do comité consultivo de investimento. I A Austrália bloqueou a venda de participações de controlo da rede eléctricanacionalainvestidoresda China e de Hong Kong, entre os quais o maior accionista da REN, alegando preocupações com a segurançanacional, de acordo coma imprensa internacional. O ministro do Tesouro, Scott Morrison, afirmou em comunicado que as propostas de investimentos estrangeirodaChinaedeHongKong “são contrárias ao interesse nacional.” AchinesaState Grid, que tem 25% daREN, e aCheungKong, de Hong Kong, estavam a negociar a compra de 50,4% da Ausgrid, maiorrede de distribuição de electricidade australiana. I Aempresade vinhos Symington é umadas 15 beneficiárias de umtotalde32milhõesdeeurosdaUnião Europeia (UE) para projectos que introduzem ideias inovadoras. O grupo dono da Graham’s, Cockburn’s e Dow’s, entre outras marcas de vinho do Porto, ganhou um financiamento de 160 mil euros do Horizonte 2020, no âmbito do projecto-piloto “Processo acelerado para a inovação”, segundo um comunicado da Comissão Europeia.Aempresa,sediadaemVila NovadeGaia,está“envolvidanum projectoconjuntocomoutrasquatro empresas dedicadas ao sector vinícola”, que “consiste na introduçãodeummecanismorobotizadocomosistemademonitorização das vinhas, de dimensão reduzida e eficaz em termos de custos”, refere o documento divulgado esta quinta-feira. I ENGENHARIA CREDORES FICAM COM 90% DA ABENGOA OscredoresdaespanholaAbengoa controlarão em 90% o capital da empresadepois de implementado oplanodereestruturaçãofinanceiraanunciado estamadrugada, que prevê uma injecção de 1.170 milhões de euros de “dinheiro fresco”, segundo o comunicado divulgado esta quinta-feira. A empresa de engenharia e energias renováveis chegou a acordo com fundos, bancosedetentoresdetítulospara reestruturar o grupo, que em No- vembro solicitou protecção dos credores. O acordo, que exige o apoio de detentores de 75% da dívida,prevêainjecçãode1.169,6milhões de euros de “dinheiro fresco”, incluindo o refinanciamento de empréstimos recebidos nos últimos meses por parte de uma série de fundos que, emtroca, passarão a controlar 50% do capital de Abengoa. I Publicidade AMUNDI FUNDS (a "Sociedade") Société d’investissement à capital variable Sede social: 5, Allée Scheffer, L-2520 Luxembourg R.C.S. de Luxembourg B-68.806 Estimados acionistas: Devido ao encerramento da Bolsa de Hong Kong, em 2 de agosto de 2016, por decisão das autoridades locais no quadro da ativação do Sinal de Tufão n.º 8, o Conselho de Administração deliberou suspender o cálculo do Valor Patrimonial Líquido assim como qualquer emissão, conversão, subscrição e resgate de ações dos Subfundos Amundi Funds Equity Asia ex Japan e Amundi Funds Equity Greater China (os "Subfundos") ao abrigo do disposto no Artigo 21.º, alínea a) dos estatutos e tendo em conta o facto de a Bolsa de Hong Kong ser um mercado mobiliário em que se encontra cotada parte substancial dos investimentos dos Subfundos. Na sequência da reabertura da Bolsa de Hong Kong, a suspensão do VPL dos Subfundos foi levantada a partir do VPL datado de 3 de agosto de 2016. De V. Exas. Atentamente O Conselho de Administração 22 SEXTA-FEIRA 12 AGO 2016 | | MERCADOS SESSÃO DE ABERTURA Juros baixos tiram negócio aos “hedge funds” O cenário de retornos nulos ou negativos criado pelas medidas de estímulos dos maiores bancos centrais está a criar dores de cabeça aos fundos de pensões . E os “hedge funds” sofrem danos colaterais com estes problema. Com dezenas e, por vezes, centenas de milhares de milhões por gerir, os fundos de pensões subcontrataram gestoras de menor dimensão, mas com um conhecimento específico de um determinado segmento do mercado, em troca do pagamento de comissões. Ou, então, investem através de fundos de investimento para ganhar exposição a determinada estratégia. O problema é que a ausência de retornos em muitas classes de activos está a estagnar a valorização do dinheiro que servirá para pagar as pensões. E, segundo a Bloomberg, já há grandes fundos de pensões a dispensar os serviços do “hedge funds” que tinham contratado. É o caso do dinamarquês PFA. Christian Lage, um dos responsáveis de investimento deste fundo de pensões que tem 83 mil milhões de dólares sob gestão, disse à Bloomberg que há uma nova estratégia: “Fazer mais investimentos de forma directa em vez de o fazer através de fundos especializados.” E justifica que “as estruturas dos fundos são muito caras e como as taxas de rentabilidade desceram, o foco nos custos aumentou de forma substancial”. É que, num mundo de retornos nulos, a guerra para obter nem que seja mais um ponto base de rentabilidade aparenta ser intensa. I RUI BARROSO OBRIGAÇÕES Dívida portuguesa é a pior do mundo em 2016 Num ano de acentuados ganhos na dívida soberana, as obrigações portuguesas sobem menos de 1%. O carrossel de riscos em 2016 não tem ajudado. Mas os riscos continuam a ser elevados, com a economia, a banca e o BCE no foco dos investidores. ANDRÉ TANQUE JESUS [email protected] pós quatro anos de quedas consecutivas, os juros da dívida voltaramaserumador de cabeçaem Portugal. Primeiro a turbulência criada pela China, depois o diferendo comBruxelas sobre o Orçamento, o risco de a DBRS cortar o “rating” e, recentemente, apossível multaporincumprimentododéfice.Factores que levam a dívida portuguesa a serapiordomundoem2016.Isto apesardaconstanteactuaçãomonetária, que agora tem ajudado a aliviarapressão. No auge da crise das dívidas soberanas, na qual Portugal desempenhou um dos papéis principais, os juros da dívida atingiram máximos históricos. Em Janeirode2012,ataxaadezanosfoi aos 18,289%, mas a promessa de Mario Draghi, de tudo fazer para salvar a Zona Euro, fez com que fechasseessemesmoanoemqueda. E três anos depois dos máximos chegaram os mínimos. Foi emMarço de 2015 que a“yield” a dezanoscaiupara1,509%.Apartirdeentão,osjurossubiram,mas estabilizaram abaixo de 3%. Até ao arranque do novo ano. A turbulência voltou a ser a palavra de ordem na dívida portuguesa,comconsecutivossobee desce. O diferendo comBruxelas sobre o Orçamento espoletou a desconfiançadosinvestidores,levando os juros a superar os 4% pelaprimeiravezdesde2014.Depois a pressão até aliviou, mas os estragos ficaram feitos. A dívida portuguesa pode, actualmente, A Apesar do alívio registado nas últimas semanas, os juros da dívida portuguesa continuam muito aquém dos congéneres em 2016. reclamarotítulodepiordomundo em 2016, entre os 26 índices nacionaiscalculadospelaBloomberg.Numanodevalorizaçõessignificativas,adívidanacionalcom maturidadesuperioraumanovaloriza apenas 0,96%. O campeão da dívida é o Reino Unido, ao somar 17,78%. Mas ajustadas as obrigações para euros, o Reino UnidoatésuperaPortugaleposiciona-se como apiordo mundo. Melhor, mas pouco Seécertoque2016ficaaquém dos bons desempenhos dos últimos quatro anos, averdade é que os juros da dívida nacional man- têm-se muito baixos. E até o último mês tem sido positivo, com a “yield” a dez anos a recuar 39,3 pontos base para2,741%. “Ataxa das obrigações adez anos estáno nívelmaisbaixodesdeasuaintrodução [da nova linha, em Janeiro]. Isso são óptimas notícias”, atiraCiaran O’Hagan. O director deestratégiadedívidadoSociété Générale explica que, tal como Espanha e Itália, Portugal beneficiou das “novas medidas anunciadaspeloBancodeInglaterra”. Além da “expectativa de que o BCE iráreforçaros estímulos”. “Setudocorrerdeacordocom as expectativas do mercado, ha- veráfortesprobabilidadesdevermos os 10 anos de Portugal na casa dos 2% até ao final do ano”, dizMiguelGomesdaSilva.Noentanto, o director da sala de mercados do Montepio diz que “subsistemalguns riscos associados à execução orçamental, à capitalização da CGD e à venda do Novo Banco”.TambémDavidSchnautz reconhecequehá“muitaincertezadoméstica”.Eoestrategodedívida do Commerzbank salienta aindaqueopreçodas“obrigações portuguesaspoderáafundarapenascomaperspectivadeperdada elegibilidade para as compras de activos do BCE”. SEXTA-FEIRA PORTUGAL: A DÍVIDA EM 2016 PORTUGAL NO FUNDO DA TABELA Valorização das obrigações no ano A dívida portuguesa está num ano turbulento,comorevelaoúltimolugarnasvalorizaçõescom0,96%.No topo está a dívida do Reino Unido, que sobe 17,78%. Bancos centrais dão tréguas às bolsas. Mas há riscos As bolsas mundiais estão a beneficiar das políticas expansionistas. Mas os analistas alertam para vários riscos. | 12 AGO 2016 | MERCADOS | 23 PERGUNTAS A MIGUEL GOMES SILVA Director da sala de mercados do Montepio “Há uma bolha alimentada pelos bancos centrais” Bruno Simão JUROS RECUAM PARA MÍNIMOS Evolução da taxa de juro a dez anos Com oaliviardatensãonosmercados, os juros têm recuado. Ataxaa dezanosestáem 2,741%, um mínimo de Janeiro. PRÉMIO DE RISCO AINDA ELEVADO Evolução do prémio de risco Istoporquehá“oriscoderevisão em baixa do ‘rating’ pela DBRS”, diz o especialista. Além disso, David Schnautz relembra “os receios de que o BCE esteja próximodolimiterelativoàscompras, o que seria muito mau para as obrigações portuguesas”. No contextoglobal,StefanHofrichter salienta “o risco de a Fed subir os juros,queatéagoraaindanãoestá descontadopelomercado”.Eodirector de estratégia global na Allianz Global Investors aponta aindapara“aexpansãodepartidos antieuropeus, que tornaria o investimento emdívidadaperiferia mais arriscado”. I Apesar da queda dos juros, o prémio de risco mantém-se elevado. Estános283,4pontos,umavezque também osjurosdaAlemanhatêm recuado. Fonte: Bloomberg Quedas,quedasemaisquedas. O arranque de ano das bolsasmundiaisficoumanchadopelaturbulênciachinesae, naEuropa, afragilidadeconseguiumesmoreinar durante vários meses. É que agrande maioriabateunofundoemFevereiro, massóagoraestáarecuperar sustentadamente. Um movimentoque,justificam os analistas, se deve às várias medidas de estímulos dos bancos centrais. Mas alertam que os inúmeros riscos fazem antever um futuro sombrio. Avitória do Brexit surpreendeuosinvestidorese, porisso,causouumaderrocada nos mercados. Todos osactivosforamafectados, mas a ferida nas bolsas levou mais tempo a sarar. O Stoxx 600, índice europeu de referência, superou na quinta-feira , 11 de Agosto, o valor pré-Brexit, ao fechar nos 346,66 pontos. Mas é de Fevereiro que remonta o mínimo do ano (303,58pontos),apósaturbulência nas bolsas chinesas. Sobe 14% desde então. Melhor está o alemão DAX,queacumulaumavalorizaçãode22,7%.Entrou, porisso,em“mercadotouro”,emgrandepartenoperíodopós-Brexit.“Aprincipal razão é a acção expansionista dos bancos centrais”, atira Miguel Gomes Silva. O director da sala de mercadosdoMontepiodiz que “BCE, Fed, Banco de Inglaterra e Banco do Japão têm reduzido os juros e entrado no mercado de activos, com a consequente subidadesses preços”. PedroOliveira,analista da GoBulling, relembra mesmo “a decisão do BancodeInglaterradecortar a taxa de referência para 0,25%”. Steven Santos aponta também para os EUA, onde as bolsas têm “beneficiadodoadiamento das expectativas de subida dos juros”. Além disso, diz o gestor do BIG, há a “época de resultados, na qual maisdemetadedascotadas doS&P500superouasprevisões de receitas”. Só no último mês, o S&P 500 bateumáximoshistóricospor 12 vezes. Tantos quantos os ganhos são os alertas. “O sector da banca continua sobre forte pressão, principalmente na Europa”, atiraPedroOliveira.JáStefan Hofrichter nota a “subida dos juros pela Fed”, mas também “os riscos políticos” e de “abrandamento no crescimento global”. Porisso, conclui o director de estratégia global da Allianz Global Investors, “com os vários riscos, apenas vemos um potencial positivo moderado até ao final do ano”. I ATJ 12 MÁXIMOS O S&P 500 tem registado várias valorizações consecutivas. Só no último mês, atingiu máximos históricos por 12 vezes. As políticas expansionistas estão a esticar o preço dos activos, diz Miguel Gomes Silva. E assim continuará, desde que os bancos centrais o queiram. As bolsas europeias e as norte-americanas têm recuperado nas últimas semanas. O que está a impulsionar? A principal razão é a acção expansionista dos bancos centrais. BCE, Fed, Banco de Inglaterra e Banco do Japão têm reduzido os juros e entrado no mercado de activos, com a consequente subida desses preços. A subida dos mercados é, assim, influenciada pelo aumento da procura e pela falta de alternativas. Podemos estar perante uma bolha no preço dos activos, alimentada pelos bancos centrais e que se poderá manter enquanto estes entenderem pertinente. Quais são os principais riscos até ao final do ano? Os mercados accionistas estão reféns da política monetária dos bancos centrais, que por sua vez estão reféns do crescimento económico e da ausência de inflação. A conjugação destes dois pontos traduz-se numa subida das bolsas. Caso uma das partes ceda, os resultados poderão ser drásticos. Também positiva é a evolução da dívida no último mês. Há a expectativa de que o BCE reforçará os estímulos? A política monetária expansionista leva à redução dos juros da dívida, tanto pelo corte nas taxas como pelas compras de obrigações realizadas pelo Eurossistema. A falta de inflação na Zona Euro, além dos efeitos do Brexit, poderá forçar o BCE a adoptar novas medidas. I 24 SEXTA-FEIRA 12 AGO 2016 | | MERCADOS MATÉRIAS-PRIMAS INVESTIMENTO Todos os caminhos vão dar ao ouro Procura por dívida dos emergentes bate recorde BREVES TAXAS DE JURO BANCO ALEMÃO JÁ COBRA PELOS DEPÓSITOS A procura por ouro na perspectiva de investimento atingiu um novo máximo na primeira metade do ano. O metal destaca-se nas matérias-primas preferidas pelos investidores. Akos Stiller/Bloomberg A procura por ouro como investimento atingiu o valor mais alto de sempre. RUI BARROSO [email protected] É a grande corrida ao ouro. Nos primeiros seis meses do ano, a procura pelo metal precioso na perspectiva de investimento atingiu o valor mais elevado de sempre.Aspolíticasultraexpansionistasdosbancoscentraisforam um dos motivos que ajudaram a que muitos investidores entrassem nestacorrida. Aprocurade ouro porinvestimento foi de mais de 1.060 toneladas, o valor mais elevado de sempre, segundo dados do WorldGoldCouncil(WGC), entidadequerepresentaaindústria do sector. O anterior recorde tinhasidoatingidoem2009,alturaemque os bancos centrais começaram a anunciar medidas agressivas paraconteros efeitos dagrandecrisefinanceiranaeconomia. Seteanosdepois,comentida- des como o BCE, o Banco do Japão e o Banco de Inglaterraaterem de colocar o pé no acelerador de estímulos, a procura foi ainda 16% superior ao anterior recorde. “Astaxasdejuronegativasno Japão e na Europa, combinadas comasexpectativasdeabrandamento no ciclo de subidados juros nos EUA, impulsionaram o sentimentodosinvestidoresem relação ao ouro”, refere o WGC. Outro dos factores foi a incerteza que os mercados viveram na primeirametadedoano,marcada pelas preocupações sobre a bancaeuropeiae o Brexit. Os dados do WGC incluem a procuraporouro sob aformade moedas,barraseprodutosnegociados em bolsa que replicam a cotação do metal amarelo (ETP na sigla em inglês). Mas não é apenasoouroabrilharaosolhos dosinvestidores. Segundodados da BlackRock, os ETP de outras matérias-primas,comopetróleo, prataemercadoriasagrícolas,tiveram em Julho a maior procura mensal desde 2011. Atraíram 1,3 mil milhões de dólares. I PRATA TEM OS MAIORES GANHOS Desempenho desde o início do ano Apesarde a procura porouro terbatido recordes, a prata é, entre as principais matérias-primas, aquela que mais valoriza em 2016. Aprecia 44,77%. O ouro avança mais de 26%. A platina, o açúcar e o Brent também ganham mais de 20%. Os esforços dos bancos centrais dospaísesdesenvolvidoparaestimularemaeconomiatêmlevado cada vez mais obrigações a negociar em terreno negativo, colocando os investidores com um dilema sobre onde aplicar o seudinheiro.Umadasclassesde activosqueestáabeneficiarcom a nova era de juros abaixo de zero é adívidade emergentes. O investimento em fundos negociadosembolsa(ETF,nasigla em inglês) que oferecem exposição a dívida de emergentes atingiuovalormaisaltodesempre desde o início do ano até final de Julho, segundo dados da BlackRock. No mês passado, as entradas neste tipo de produtos foram de 3,9 mil milhões de dólares, aumentando o valor, em 2016, para10,7 mil milhões. A gestora de activos explica que as obrigações de países emergentes“beneficiamdacontinuação da procura por rendimento dos investidores”. E acrescentaqueaspreocupações que travavam o investimento nestaclassedeactivosestãoadiminuir. Em relação ao receios sobreasubidadodólar,quetende a ser negativa para os emergentes,aBlackRockobservaque estesacalmaramdevidoàmenor probabilidade da subida dos juros nos EUA. Também o preço dasmatérias-primasestabilizou, o que ajuda alguns emergentes. E as próprias perspectivas para estas economias melhoraram, segundo agestora. I RB 10,7 Fonte: Bloomberg EMERGENTES O investimento em ETF de obrigações de emergentes atingiu 10,7 mil milhões de dólares em 2016. Na Alemanha, um pequeno banco começou a aplicar taxas de juro negativas aos depósitos mais elevados,deformaapassarpara osclientesoscustoscomas taxas negativas do BCE. O banco cooperativo da pequena cidade de Gmund am Tegernsee começou a aplicar uma taxa de -0,4% aosdepósitosacimadecem mil euros, segundo a Bloomberg. O BCE aplica uma taxa de juro negativa aos depósitos que os bancos fazem junto do banco central desde Junho de 2014. Actualmente essa taxaé de -0,40%. I MATÉRIAS-PRIMAS MINÉRIO DE FERRO VISTO A VALORIZAR O minério de ferro provavelmenteestenderáaescalada,coma adopçãodenovas medidas de estímulo pela China e da desvalorizaçãododólar,segundoJason Schenker, da Prestige Economics, cujararaposiçãooptimistanoúltimotrimestre de 2015 está a provar ser correcta. Embora a sequênciapossaserirregular, esta matéria-prima seránegociadaemtornode 60dólaresportoneladano actual semestre e no conjuntode2016atingiráuma médiade55dólares,acima da média de 53 dólares registada desde o início do ano. I SEXTA-FEIRA | 12 AGO 2016 | MERCADOS | 25 MERCADOS ACÇÕES PREÇO-ALVO PSI-20 Portugal 0,64% Este ano: -9,32% PSI-20 SOBE PELO SEXTO DIA Ibex-35 Espanha 0,70% Este ano: -8,64% Dax Alemanha 0,86% Este ano: 0,00% FTSE R. Unido 0,70% Este ano: 10,77% S&P500 EUA 0,50% Este ano: 6,97% COTAÇÃO DO ÍNDICE PSI-20 EM PONTOS As bolsas europeias voltaram aos ganhos, esta quinta-feira, apoiadas na expectativa de que os bancos centrais reforcem a dose de estímulos e por dados positivos vindos da economia americana. O PSI-20 também acompanhou os ganhos na Europa. Valorizou 0,64% para 4.818,07 pontos, naquela que foi a sexta sessão consecutiva de subidas. As maiores subidas pertenceram à Pharol e à Semapa. Avançaram 4,07% e 2,25%. EDP Renováveis, Altri e BCP ganharam mais de 1%. Apenas duas cotadas perderam valor: a Mota-Engil e a Sonae Capital. I Fonte: Bloomberg DIVISAS MERCADORIAS Real Spot -0,47% Este ano: 26,02% REAL CAI COM MEDIDAS DO BANCO CENTRAL COTAÇÃO DA DIVISA EM DÓLARES Brent Londres 4,79% Este ano: 23,82% BRENT VOLTA AOS 46 DÓLARES COTAÇÃO EM DÓLARES POR BARRIL Fonte: Bloomberg O real caiu 0,47% para 0,3182 dólares. Isto depois de o banco central brasileiro ter intensificado as operações de mercado para controlar a apreciação da sua moeda. “O banco central sinalizou preocupação sobre o real subir acima de 3,10 dólares e da volatilidade que isso pode causar”, explicou João Paulo de Gracia Correa, da corretora SLW. I O petróleo negociou em forte alta esta quinta-feira, impulsionado pelas previsões da AIE e pelas declarações do ministro da Energia da Arábia Saudita. Khalid al-Falih sinalizou que na próxima reunião da OPEP, a organização poderia tomar medidas para estabilizar o mercado. Em Londres, o Brent subiu 4,79% para 46,16 dólares por barril. I TAXAS DE JURO DE CURTO PRAZO TAXAS DE JURO DE LONGO PRAZO EURIBOR VOLTA A MÍNIMO HISTÓRICO EURIBOR A TRÊS MESES EM PERCENTAGEM JUROS EM QUEDA PELO QUARTO DIA 1,88€ POPULAR Entidade Haitong Analista Carlos Cobo Última cotação 1,233€ Neutral. O Cinco Días avança que o Popular pode estar a estudar vender a subsidiária nos EUA. Uma notícia “neutral por agora”, diz o Haitong que acredita que o banco está a rever a sua carteira de activos para “gerar novos ganhos de capital e compensar o impacto dos custos de reestruturação”. 6,00€ OHL Entidade Haitong Analista Juan Carlos Calvo Última cotação 2,275€ Neutral. O El Economista avança que o grupo Villar Mir reduziu a posição na OHL para abaixo de 30%. Uma notícia que o Haitong vê como “neutral”, pois apesar da redução o grupo continua a “manter o controlo da empresa através de uma participação indirecta e não vai implicar mudanças na gestão”. Fonte: Bloomberg Euribor Z. Euro -0,299% Este ano: -128,24% Esta agenda não dispensa a consulta na íntegra das recomendações e opiniões dos analistas. Ver mais em www.negocios.pt 10 Anos Portugal 2,741% Este ano: 22,5 p.b. “YIELDS” A DEZ ANOS EM PERCENTAGEM 10,50€ BBVA Entidade Haitong Analistas Equipa de “research” Última cotação 5,303€ Comprar. O presidente turco disse que o governo vai “apertar os parafusos” ao sector financeiro. Para já, as palavras são “neutrais” para o BBVA, pois Erdogan “não definiu nenhum conjunto específico de medidas”. Mas “a maior intervenção do governo pode representar más notícias para a banca”. 7,00€ FCC Entidade Haitong Analista Juan Carlos Calvo Última cotação 8,347€ Fonte: Bloomberg Fonte: Bloomberg As taxas Euribor desceram esta quinta-feira. O indexante a três meses baixou 0,2 pontos base para -0,299%, repetindo o mínimo histórico atingido a 3 de Agosto. A taxa a seis meses também baixou. Caiu 0,1 pontos base para -0,189%, muito perto do mínimo histórico de -0,191%. A Euribor a 12 meses recuou para -0,049%. I As taxas das obrigações da periferia mantiveram a tendência descendente e a dívida portuguesa não foi excepção. A “yield” a dez anos baixou 0,7 pontos base para 2,741%, a quarta sessão consecutiva de descidas. O prémio de risco face à dívida alemã também voltou a cair. Baixou 2,3 pontos base para 283,4 pontos base. I Neutral. A CNMV aprovou a oferta da FCC para a retirada de bolsa dos 20,57% que não detém na Cementos Portland. É “neutral pois apenas representa uma aceitação formal do regulador e falta ainda a aceitação dos accionistas minoritários”, diz o Haitong. 26 SEXTA-FEIRA 12 AGO 2016 | | ACÇÕES NACIONAIS MERCADOS ACÇÕES INTERNACIONAIS MERCADOS PSI-20 EURO STOXX 50 Empresa Altri BPI BCP Montepio Corticeira Amorim CTT EDP EDP Renováveis Galp Energia Jerónimo Martins Mota-Engil Nos Pharol Navigator REN Semapa Sonae Capital Sonae Data cot. Última cot. Var.% 11-08-2016 11-08-2016 11-08-2016 11-08-2016 11-08-2016 11-08-2016 11-08-2016 11-08-2016 11-08-2016 11-08-2016 11-08-2016 11-08-2016 11-08-2016 11-08-2016 11-08-2016 11-08-2016 11-08-2016 11-08-2016 3,570 1,126 0,019 0,475 8,243 7,093 3,114 7,200 13,135 15,280 1,795 6,000 0,179 2,974 2,703 12,025 0,629 0,696 1,31 0,54 1,05 0,21 0,04 0,47 0,29 1,41 0,88 0,53 -0,28 0,02 4,07 0,41 0,33 2,25 -0,16 0,14 MELHORES DESEMPENHOS Valor neg. Var.% a 12M 1.387.843 258.606 1.747.921 43.477 242.443 3.436.798 16.650.680 2.838.379 14.210.430 9.739.750 961.033 2.398.336 637.178 1.786.053 983.637 849.338 70.776 1.677.159 0,84 17,17 -69,03 -39,41 85,53 -22,93 -6,57 12,15 29,86 16,77 -20,36 -20,02 -18,66 -12,56 -2,07 -7,43 65,53 -43,41 PIORES DESEMPENHOS Variação % Pharol Semapa EDP Renováveis Altri BCP Variação % Mota-Engil Sonae Capital Nos Corticeira Amorim Sonae 4,07 2,25 1,41 1,31 1,05 Pharol dispara 4% e lidera subidas A cotada avançou mais de 4% e protagonizou a maior subida da sessão, a recuperar das fortes quedas das últimas sessões. MAIS NEGOCIADAS -0,28 -0,16 0,02 0,04 0,14 Só duas cotadas fecham em queda A Mota-Engil e a Sonae Capital foram as únicas cotadas a terminar em queda numa nova sessão de ganhos na bolsa. RESUMO DA SESSÃO Variação EDP Galp Energia Jerónimo Martins CTT EDP Renováveis Cotação de fecho Máximo diário Mínimo diário Acções negociadas Valor negociado Últ Cot. Var.% Var.%12M 93,49 50,34 130,25 110,9 98,82 11,96 18,115 5,123 3,769 70,26 96 77,63 44,39 21,935 38,34 61,17 68,15 12,16 27,73 15,51 9,305 4,074 14,635 13,57 114 66,8 6,024 31,625 10,45 1,924 24,235 171,1 152 152,6 4,94 13,75 60,92 72,25 77,43 59,3 103,8 31,31 8,857 42,995 245,05 2,012 40,805 67,27 17,66 123,15 1,12 1,25 -0,22 1,04 1,15 0,58 0,65 0,53 0,73 0,47 0,93 0,22 0,83 0,96 1,43 0,64 1,60 0,08 0,53 0,64 1,22 1,38 1,00 1,41 0,35 0,58 1,20 0,58 1,10 1,03 1,00 1,50 2,06 0,50 0,39 2,17 1,25 1,08 0,34 1,67 1,90 0,99 0,89 1,09 0,30 2,15 2,06 2,91 0,00 0,55 -17,95 -19,35 -12,15 2,29 9,90 -32,18 -24,80 -42,79 -37,81 -8,57 -25,14 -10,12 -24,55 -28,05 -9,62 -21,08 12,88 -57,79 5,63 -7,54 -24,79 -5,69 -16,80 -14,00 0,09 9,10 -4,63 1,64 -28,24 -43,16 -0,53 1,12 -5,25 -6,69 -14,05 -6,77 -10,20 -26,86 21,62 -2,70 9,70 -32,80 -35,14 -4,36 0,33 -66,87 0,62 16,62 -24,60 -30,85 MELHORES DESEMPENHOS 4.818,07 4.818,07 4.783,55 108,2 milhões 46,31 milhões Bolsa completa seis dias de ganhos O PSI-20 acompanhou a tendência dos pares europeus e somou 0,64%. Completou seis dias consecutivos de subidas. OUTRAS EMPRESAS DO PSI GERAL Cofina Compta Cimpor Estoril Sol F. C. Porto Glintt Grão-Pará Ibersol Inapa Impresa Lisgráfica Luz Saúde Martifer Media Capital Novabase Orey Antunes F. Ramada Reditus Sporting C. P. Toyota Caetano SDC Investimentos S. L. Benfica Sonaecom Sonae Indústria Sumol+Compal SAG Teixeira Duarte Vista Alegre Air Liquide Sa Airbus Group Se Allianz Se-Vink Anheuser-Busch I Asml Holding Nv Generali Assic Axa Bbva Banco Santander Basf Se Bayer Ag-Reg Bayer Motoren Wk Bnp Paribas Carrefour Sa Saint Gobain Daimler Ag Danone Deutsche Bank-Rg Deutsche Post-Rg Deutsche Telekom E.On Se Enel Spa Engie Eni Spa Essilor Intl Fresenius Se & C Iberdrola Sa Inditex Ing Groep Nv Intesa Sanpaolo Koninklijke Phil L’Oreal Lvmh Moet Henne Muenchener Rue-R Nokia Oyj Orange Safran Sa Sanofi Sap Se Schneider Electr Siemens Ag-Reg Soc Generale Sa Telefonica Total Sa Unibail-Rodamco Unicredit Spa Unilever Nv-Cva Vinci Sa Vivendi Volkswagen-Pref Variação 16.650.680 14.210.430 9.739.750 3.436.798 2.838.379 Valor negociado volta a diminuir Foram negociados 46 milhões de euros, o que ficou aquém dos 50 milhões transaccionados na sessão anterior. Empresa Empresa FUNDOS Variação % Vinci Orange Unicredit Unilever 2,91 2,17 2,15 2,06 LVMH 2,06 Vinci dispara 3% e fixa máximo histórico A empresa liderou os ganhos no Stoxx50 animada pela notícia de que comprou a concessionária Lamsac no Peru. PIORES DESEMPENHOS Data cot. Última cot. Var.% 11-08-2016 14-07-2016 11-08-2016 09-08-2016 10-08-2016 09-08-2016 10-08-2016 11-08-2016 11-08-2016 11-08-2016 08-08-2016 11-08-2016 11-08-2016 02-05-2016 11-08-2016 10-08-2016 11-08-2016 01-08-2016 11-08-2016 11-08-2016 11-08-2016 11-08-2016 11-08-2016 11-08-2016 09-08-2016 11-08-2016 11-08-2016 10-08-2016 0,273 0,110 0,324 2,250 0,610 0,227 0,100 11,570 0,124 0,210 0,020 2,160 0,211 2,038 1,180 5,150 0,260 0,660 1,280 0,025 0,953 2,630 0,005 1,500 0,091 0,203 0,080 -0,73 0,00 -0,31 0,00 0,00 0,00 0,00 -3,58 -4,62 0,00 0,00 0,00 -3,65 -0,10 0,00 -1,90 0,00 0,00 1,59 0,00 -0,73 -0,75 -2,04 0,00 12,35 1,00 0,00 Valor neg. Var.% a 12M 11.510 165 4.416 3.920 6 1.079 2 67.478 29.429 61.746 20 10.690 6.199 1.089 590 386 676 66 2.560 2.708 48 49.530 57.998 1.824 20.978 2.696 48 -47,50 -26,67 -65,61 136,84 15,09 7,08 -74,36 34,53 -12,68 -73,08 -33,33 -43,90 -29,90 -17,19 -41,00 47,14 -49,02 -37,74 13,27 -61,54 5,77 15,45 -28,22 -18,96 -54,50 -60,96 -11,11 Allianz Vivendi Deutsche Bank BMW Unibal-Rodamco Variação % -0,22 0,00 0,08 0,22 0,30 Só a Allianz fecha em queda A cotada alemã foi a única a fechar em terreno negativo entre as 50 empresas que compõem o Stoxx50. Desceu 0,22%. Euro Stoxx 50 Cinco sessões FUNDOS Tel. +34 91 538 25 00 www.pictetfunds.pt Fundo Últ. valor Ethna-AKTIV A Ethna-AKTIV T Ethna-DEFENSIV A Ethna-DEFENSIV T Ethna-DYNAMISCH A Ethna-DYNAMISCH T 126,93 131,69 140,14 162,54 75,55 77,09 Moeda EUR EUR EUR EUR EUR EUR S&P 100 Empresa 3M Co Abbott Labs Abbvie Inc Accenture Plc-A Allergan Plc Allstate Corp Alphabet Inc-C Alphabet Inc-A Altria Group Inc Amazon.Com Inc American Express American Interna Amgen Inc Apple Inc At&T Inc Bank Of America Bank Ny Mellon Berkshire Hath-B Biogen Inc Blackrock Inc Boeing Co/The Bristol-Myer Sqb Capital One Fina Caterpillar Inc Celgene Corp Chevron Corp Cisco Systems Citigroup Inc Coca-Cola Co/The Colgate-Palmoliv Comcast Corp-A Conocophillips Costco Wholesale Cvs Health Corp Danaher Corp Dow Chemical Co Duke Energy Corp Du Pont (Ei) Eli Lilly & Co Emc Corp/Ma Emerson Elec Co Exelon Corp Exxon Mobil Corp Facebook Inc-A Fedex Corp Ford Motor Co General Dynamics General Electric General Motors C Gilead Sciences Goldman Sachs Gp Halliburton Co Home Depot Inc Honeywell Intl Intel Corp Ibm Johnson&Johnson Jpmorgan Chase Kinder Morgan In Lockheed Martin Lowe’S Cos Inc Mastercard Inc-A Mcdonalds Corp Medtronic Plc Merck & Co Metlife Inc Microsoft Corp Mondelez Inter-A Monsanto Co Morgan Stanley Nextera Energy Nike Inc -Cl B Occidental Pete Oracle Corp Paypal Holdings Pepsico Inc Pfizer Inc Philip Morris In Priceline Group Procter & Gamble Qualcomm Inc Raytheon Co Schlumberger Ltd Simon Property Southern Co Starbucks Corp Target Corp Texas Instrument Time Warner Inc Twenty-First - B Twenty-First C-A Union Pac Corp United Parcel-B United Tech Corp Unitedhealth Grp Us Bancorp Verizon Communic Visa Inc-Class A Wal-Mart Stores Walgreens Boots Walt Disney Co Wells Fargo & Co Últ Cot. Var.% Var.%12M 180,91 45,02 67,03 113,65 254,02 69,28 786,4 809,62 66,85 772,07 65,56 59,345 172,61 108,48 43,385 14,88 40,16 147,59 314,87 368,03 133,42 60,95 67,7 83,39 113,77 101,56 30,965 45,75 43,775 74,91 67,48 41,58 167,97 97,24 81,65 53,56 83,55 69,14 80,47 28,45 53,99 34,67 86,77 125,18 165,81 12,33 151,36 31,245 31,62 79,82 164,07 44,21 136,91 116,49 34,63 163,72 123,69 65,48 20,83 262,33 81,43 96,8 119,37 87,58 63,44 40,26 58,235 43,19 105,92 29,34 126,44 56,43 74,36 41,34 38,36 108,76 35,205 99,13 1410,76 86,74 61,85 141,75 81,74 213,795 52,12 55,65 73,93 70,135 80,25 26,49 26,005 93,4 110,85 109,08 142,77 42,82 53,855 80,2 73,755 82,75 98,06 48,34 1,17 0,47 0,90 0,38 0,73 -0,20 0,22 0,14 0,01 0,46 1,27 0,58 0,81 0,44 0,43 0,47 0,80 0,61 1,94 0,43 0,86 0,61 1,27 0,90 1,10 1,42 0,37 0,66 0,38 0,09 0,39 2,41 -0,19 0,13 0,53 0,21 -0,29 0,09 -0,10 0,32 1,03 -2,42 0,42 0,24 0,70 0,65 -0,07 -0,08 1,18 1,17 1,16 1,03 0,97 0,40 0,29 1,01 0,27 0,31 1,81 0,39 0,56 0,53 0,48 0,33 1,28 0,27 0,37 -0,64 -0,02 0,79 0,06 2,36 1,49 0,61 0,76 -0,06 0,21 -0,04 0,32 0,50 0,23 0,68 1,10 -2,37 -1,44 0,05 1,20 0,35 0,49 1,18 1,66 1,04 0,88 0,89 0,41 0,75 0,08 0,65 -0,26 0,30 0,20 0,33 21,84 -10,66 -1,79 9,72 -19,99 9,15 19,01 17,29 19,95 46,38 -19,40 -6,26 2,40 -4,41 25,21 -16,36 -10,10 3,35 0,01 11,52 -7,38 -2,73 -16,29 6,86 -12,93 18,40 10,51 -20,63 5,53 9,74 14,78 -17,50 15,13 -10,03 18,31 18,26 10,97 29,50 -3,67 7,40 10,34 8,04 11,98 33,71 -1,56 -14,35 0,50 21,53 2,56 -30,96 -18,66 5,39 16,33 10,55 19,54 5,28 24,93 -4,03 -36,67 25,60 17,30 -0,41 20,81 13,17 9,83 -26,77 25,48 -6,31 3,31 -22,63 18,58 -1,40 4,07 5,54 -1,26 10,28 0,24 15,98 7,87 13,80 -1,12 30,67 -3,11 11,61 13,53 -1,24 -6,26 38,50 0,60 -10,90 -13,46 1,18 7,63 10,62 16,78 -5,68 13,14 9,32 2,54 -10,97 -9,20 -15,50 Fundo Últ. valor Pictet-EUR Sovereign ShT Liq-R Pictet-AbsRtn Fixed Inc-HR EUR Pictet-Agriculture-R EUR Pictet-AsnEq xJpn-HR EUR Pictet-AsnEq xJpn-R USD Pictet-Asn LclCcyDbt-R USD Pictet-Biotech-HR EUR Pictet-Biotech-R USD Pictet-CHF Bonds-R Pictet-Clean Energy-R USD Pictet-Digital Comm-R USD Pictet-EmEurope-R EUR Pictet-EmLclCcyDbt-R USD Pictet-EmLclCurrDbt HR EUR Pictet-Em Mkts Idx-R USD Pictet-Em Mkts-HR EUR Pictet-Em Mkts-R USD Pictet-Eu Equities Sel-R Pictet-Europe Index-R EUR Pictet-Eu Sust Eq-R EUR Pictet-EUR Bonds-R Pictet-EUR Corp Bds-R Pictet-EUR Gvt Bds-R Pictet-EUR High Yield-R Pictet-EUR SMT Bonds-R Pictet-Euroland Idx-R EUR Pictet-Glo Bonds-R EUR Pictet-Glo Em Ccy-HR EUR Pictet-Glo Em Ccy-R USD Pictet-Glo Em Dbt-HR EUR Pictet-Glo Em Dbt-R USD Pictet-Glo Megat Sel-R EUR Pictet-Glo Megat Sel-R USD Pictet-Greater China-R USD Pictet-Health-HR EUR Pictet-Health-R USD Pictet-Indian Eq-R USD Pictet-Jpn Eq Sel-HR EUR Pictet-Jpn Eq Opp-R JPY Pictet-Jpn Eq Sel-R JPY Pictet-JpnEq Opp-R EUR Pictet-Japan Index-R JPY Pictet-LATAMLclCcyDt-R USD Pictet-Mul.Ass. Glo Opp-R EUR Pictet-Pac xJpn Idx-R USD Pictet-Premium Brds-R EUR Pictet-Russian Eq-R USD Pictet-Security-R USD Pictet-Small Cap Eu-R EUR Pictet-Sov.-ST Mon.MktUSD-R Pictet-ST Mon.MktCHF-R Pictet-ST Mon.MktEUR-R Pictet-ST Mon.MktUSD-R Pictet-Timber-R USD Pictet-Timber-R EUR Pictet-US Eq Sel-HR EUR Pictet-US Eq Sel-R USD Pictet-USA Index-R USD Pictet-USD Gvt Bds-R Pictet-USD SMT Bds-R Pictet-Water-R EUR 100,8231 101,56 169,13 134,05 181,28 148 413,97 563,95 474,81 69,07 232,15 253,92 155,63 99,72 223,18 302,32 455,05 528,04 155,52 217,12 538,07 190,19 161,41 219,75 131,51 122,58 166,92 58,08 94,65 258,07 345,9 181,24 202,32 385,85 174,63 226,39 399,35 69,52 7289,11 10600,66 64,4 13378,78 117,08 114,81 350,1 114,54 47,9 181,17 903,34 101,7706 121,6895 133,0676 129,5968 133,47 119,56 126,11 173,17 184,4 617,66 126 240,55 Moeda EUR EUR EUR EUR USD USD EUR USD CHF USD USD EUR USD EUR USD EUR USD EUR EUR EUR EUR EUR EUR EUR EUR EUR EUR EUR USD EUR USD EUR USD USD EUR USD USD EUR JPY JPY EUR JPY USD EUR USD EUR USD USD EUR USD CHF EUR USD USD EUR EUR USD USD USD USD EUR VEJA AS COTAÇÕES EM WWW.NEGOCIOS.PT Utilize o seu leitor de códigos QR para aceder directamente à página de cotações do Negócios. Publicidade Pedro Paiva na CMTV para ajudar a treinar o seu amigo de 4 patas. E VOCÊ AINDA NÃO ESTÁ AQUI? SOS DONOS EM APUROS, TODOS OS SÁBADOS ÀS 10H20 Um novo programa dedicado aos nossos amigos de 4 patas na CMTV. Ana Pedro Arriscado junta-se a Pedro Paiva, o encantador de cães português, para o ajudar a treinar o seu companheiro de 4 patas. A partir de casos reais vai poder aprender todos os passos da transformação da relação de cada cão com o seu dono de forma a atingirem o comportamento ideal. À S 10 H 2 AOS SÁBADOS No CANAL 8 da sua televisão 0 28 SEXTA-FEIRA 12 AGO 2016 | | OPINIÃO O cromo mais desejado CRISTINA CASALINHO Economista R ecentemente, o Financial Times dedicou vários artigos à problemática do crescimentoeconómiconaseconomias desenvolvidas: crescimento modesto e perspetivasfuturaspessimistas.Destaco o artigo de Martin Wolf. O autor alinhaváriosargumentosparaoreduzido crescimentoeconómiconosEUA(contudo, superior ao registado na área do euro).Aprodutividadetotaldosfatores tem abrandado a par da desaceleração da inovação. O progresso tecnológico temsido apropriado pormenornúmerodeagentes,implicandoacréscimoda concentraçãoderiqueza.Nãosedescreve umavisão róseadaexpansão económica, emborase reconheçaacapacidade de criação de emprego – sobretudo, em serviços. Esta criação de emprego em setores caracterizados por menos produtividade favorecem um congelamento das assimetrias de rendimento, podendo criar tensões sociais com implicaçõespolíticas.Acampanhaeleitoral nos EUA ou o referendo no Reino Unido são oferecidos como manifestações dessarealidade. E porque é que se cresce pouco? Na maioriados momentos de transição de modelo económico, assiste-se aalterações na geração e repartição de rendimento,podendoemergirfalhasdemercado.ComonaRevoluçãoIndustrialou Os jovens não têm nem parecem ansiar por um emprego para a vida. no processo de terceirização/liberalização do Reino Unido da década de 1980, os ganhos das novas tecnologias têm feito bastantes bilionários, mas o andamentodosrendimentosdarestantepopulaçãonãoconfiguraapropriação dosacréscimosprodutivosgerados.Por outrolado,aglobalizaçãoproporcionou importantesganhos(quedadecustose reduçãodepobrezanaseconomiasdesenvolvidas e emergentes, respetivamente) disseminados por muitos, emboramalidentificados,eperdasderendimentoacentuadaseconcentradasem poucos.Estasalteraçõesrefletem-seno mercado laboral e na perceção dos agentes sobre o futuro. Os jovens não têm nem parecem ansiar por um em- prego para a vida, enquanto profissionaisqualificadoscomidadescompreendidas entre 40 e 50 anos enfrentamdesemprego e inadequação de qualificações. O grande crescimento do empregoconcentra-senosserviçose/ousetores tecnologicamente intensivos, onde aprodutividadetendeaserreduzidaou muito elevada, respetivamente, em linhacomossaláriospraticados.Porém, mesmo nestes setores anunciam-se ventos de mudança. No setor financeiro, a palavra de ordem é: empresas financeiras tecnológicas. Progressivamente,serviçospadronizadoserotineirossãodominadospelaautomação.Nos cuidados médicos, o peso datecnologia e informação é crescente, prometendo ganhos de individualização total do tratamentoeacompanhamento.Nasindústrias de informação e comunicação, alguns serviços são “comoditizados” porquanto outros aportamelevado valor. Como a História Económica documenta, momentos de transição de modelo coincidemcomperíodos de elevadaincertezaeperturbaçãosocial.Asdecisões políticas ganham maior acuidade, sendo cruciais paraassegurarque a transformação se processa suavementedemoldeagarantiromáximocrescimentopotencial.Umexemplotradicional dacentralidade das decisões políti- cas em períodos de salto de paradigma é o estudo comparado entre Argentina eAustrália.Noiníciodoséc.XX,osdois países observavam estruturas económicasederendimentoidênticas;noentanto, devido, em grande parte, à diferença de opções políticas, a Argentina enredou-senummodelodebaixocrescimento ao passo que aAustráliase encontranogrupodaseconomiasmaisdinâmicas. Hoje, como naRevolução Industrial, importa não ceder à tentação do regresso ao paraíso económico perdido ou ao imobilismo, justificando-se avanços numa apropriação mais equilibrada de ganhos gerados. Pode-se estar defronte de uma nova economia com promessa de crescimento mais acelerado, como se rotulou precocemente o início dadécadade 2000, com a proliferação de novas tecnologias informáticas e de comunicação. A libertaçãodestepotencialdependedodesenho de novos modelos de organização daprodução e contratualização do trabalho, formas inovadoras de distribuição de rendimento e geração de novas ideias produtivas e não só. I Coluna mensal à sexta-feira Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico Director Raul Vaz; Subdirectores André Veríssimo, Celso Filipe, Tiago Freire; Editores executivos Alexandra Machado (Multiplataforma), Nuno Carregueiro (online); Editores Pedro Esteves (Empresas), Manuel Esteves (Economia), Paulo Moutinho (Mercados Financeiros), Miguel Baltazar (Fotografia), Sara Antunes (Online), Lúcia Crespo (Weekend); Grande Repórter Fernando Sobral; Redactoras Principais Filomena Lança, Elisabete Miranda, Eva Gaspar, Maria João Gago, Maria João Babo; Lisboa Ana Laranjeiro, Ana Luísa Marques (Coordenadora online), André Cabrita Mendes, André Tanque Jesus, Bruno Simões, Carla Pedro (Coordenadora Online), Catarina Pereira, David Santiago, Diogo Cavaleiro, Filipa Lino, Isabel Aveiro (Coordenadora Empresas), João Maltez, Marta Moitinho Oliveira (Coordenadores Economia), Nuno Aguiar, Paulo Zacarias Gomes (Coordenador online), Raquel Godinho (Coordenadora de Mercados), Rita Faria, Rui Barroso, Rui Peres Jorge, Sara Ribeiro, Wilson Ledo; Porto Rui Neves (Coordenador), António Larguesa, Alexandra Noronha; Departamento de Arte Rui Fidalgo (coordenador), Cátia Santos, Mateus Granado, Mónica Santos, Nuno Teixeira, Rosa Castelo, Rui Santos (Online); Departamento de Fotografia Bruno Simão, Sofia Henriques; Gestora de Redes Sociais Hemali Kakoo; Revisão Joana Ambulate; Secretariado Elisabete Monteiro, Teresa Nunes; Colunistas Alexandre Real, Armando Esteves Pereira, Avelino de Jesus, Baptista-Bastos, Bruno Faria Lopes, Camilo Lourenço, Carlos Almeida Andrade, Cristina Casalinho, David Bernardo, Eduardo Cintra Torres, Eurico Brilhante Dias, Fernando Ilharco, Francisco Mendes da Silva, Francisco Seixas da Costa, Francisco Veloso, Isabel Stilwell, João Borges de Assunção, João Carlos Barradas, João Costa Pinto, Joaquim Aguiar, Jorge Fonseca de Almeida, Jorge Marrão, José Maria Brandão de Brito, José M. Brandão de Brito, Leonel Moura, Luís Marques Mendes, Luís Afonso (cartoonista), Luís Bettencourt Moniz, Luís Nazaré, Luís Pais Antunes, Luís Todo Bom, Manuel Falcão, Manuela Arcanjo, Miguel Pina e Cunha, Pedro Santana Lopes, Rui Patrício; Director Técnico Online Nuno Alves Conselho de Administração Paulo Fernandes (Presidente), João Borges de Oliveira, Luís Santana, Alda Delgado, António Simões Silva Directora Geral de Marketing Isabel Rodrigues Director Geral Comercial Hernani Gomes Directora Administrativa Financeira Alda Delgado Director de Circulação João Ferreira de Almeida Director de Informática Rui Taveira Director de Produção António Simões Silva Director de Recursos Humanos Nuno Jerónimo Directora de Research Ondina Lourenço Redacção Rua Luciana Stegagno Picchio nº 3 - 2º Piso - 1549-023 Lisboa, TEL. +351 210 494 000 FAX +351 213 309 411 Principal accionista Cofina SGPS, 100%; Contribuinte 502801034; CRC de Lisboa 502801034; Registo Edição Papel ERC 121571; Depósito Legal 120966/98; ISSN 0874-1360; Periodicidade Diário; Registo Edição Online nº 123 490 / ICS Assinaturas Margarida Matos (coordenadora) Sandra Sousa, Ana Pereira, Sónia Graça ( serviço de atendimento); Telefone: 210 494 999; Fax: 210 493 140; e-mail: [email protected]; Correio: Remessa Livre 11258 - Loja da 5 de Outubro - 1059-962 LISBOA (não precisa de selo) ou escreva para: Cofina-Serviço de Assinantes - Rua Luciana Stegagno Picchio nº 3 - 2º Piso - 1549-023 Lisboa Publicidade José Manuel Gomes (director comercial online); Paulo Barata (director comercial jornal); Impressão: Grafedisport- Impressão e Artes Gráficas, SA - Casal de Santa Leopoldina - 2745 Queluz de Baixo; Distribuição Vasp - Distribuição de Publicações SA - Telef.: 21 4398500 - Fax 21 4302499; Propriedade/Editora Cofina Media, S.A.; Rua Luciana Stegagno Picchio nº 3 - 1549-023 Lisboa SEXTA-FEIRA Mais rápido, mais alto e mais forte? A economia dos Jogos Olímpicos C om a medalha de bronze obtida por TelmaMonteiro,Portugalchegouao totalde24medalhasnoseuhistorial departicipaçãonosJogosOlímpicos. Em 2012, Portugal conquistou uma medalha de prata; em 2008, obteve uma de ouro e uma de prata; em 2004,duasdeprataeumadebronze; e em 2000, duas de bronze. Como deve ser avaliado este registo, que é frequentemente classificado como uma desilusão? E como devem ser encaradasasexpectativasdequePortugal poderiaobtercinco a10 medalhas nos Jogos do Rio? O sucesso individualdeumatletadependedoseu talento,trabalho,sacrifícioealguma dose de obsessão em ser o melhor. Mas,olhandoparaodesempenhopor país, tem sido possível estimar, com um grau elevado de aproximação, o númerodemedalhasobtidasemfunçãodefactoreseconómicosesociais. Logo à partida, a dimensão de um país, medida pela sua população. Quanto maior a população, maior a escala da prática desportiva e maior o número de talentos. Acapacidade económica – medida, por exemplo, pelo PIB per capita – é também um factordiferenciador,reflectindouma maior capacidade de investimento eminstalações desportivas, maiores apoios financeiros aos atletas e melhores condições ao nível da saúde e alimentação(umfortefinanciamentopúblicododesportoolímpicopode também resultar de estratégias de afirmação política em regimes centralizados). Outros factores incluem o desempenho em Jogos passados e a vantagem de ser o país anfitrião. Paísescommaiorparticipaçãofemininanodesportotendem,também,a exibirmelhores desempenhos. Diversosmodelosincorporando estas variáveis têmconseguido estimarresultados muito próximos dos observados.Porexemplo,umdestes modelos (“Olyimpic medals: Does the past predicts the future?”, Julia Bredtmann, Carsten J. Crede e Se- CARLOS ALMEIDA ANDRADE Economista bastian Otten, Significance, Royal Statistical Society, June 2016) estimou que os EUA deveriam ter conquistado105medalhasnosJogosde 2012, em Londres, o que compara com o resultado obtido de 103. No casodoReinoUnido,aestimativade 60 medalhas compara com o resultado de 65. No caso de França, 39 vs. 34. No caso de Itália, 26 vs. 28. E, no caso de Espanha, 18 vs. 17. Porregra, não surgem referências explícitas a Portugalmas,aplicandoalgunsdestes modelos àrealidade social e económica portuguesa, estima-se a obtenção de umaaduas medalhas nos Jogos do Rio, abaixo da sugestão de quePortugaldeveriaobtercincoa10 medalhas. Mesmo admitindo uma melhoria no futuro, os factores explicativos do desempenho olímpico não se alteram significativamente empoucosanos.Nocasoportuguês, os resultados podem também ser restringidospelaclaraconcentração dos recursos no futebol (é também neste desporto que os jovens vêem, predominantemente, modelos de sucessoareplicar).Note-sequenada disto impede que Portugal obtenha, nos Jogos do Rio, um desempenho melhordoqueoestimado.Estesmodelos explicam tendências. O que se pretendeafirmaréqueaobtençãode uma, duas ou três medalhas não deveria ser vista como uma desilusão. E qualquer resultado acima disto deveserentendidocomosuperando as expectativas. O que é um erro é exigir resultados em função de uma percepção erradadarealidade. Algo que é extensível aoutras dimensões davidadopaís,comoaeconómica.E que nos leva, muitas vezes, a exigir coisasqueachamosquedevemoster sem,antesdisso,nospreocuparmos emcriarascondiçõesparaaspodermos ter. I Coluna mensal à sexta-feira Os portugueses são estúpidos? T odososanostemosamesmalengalenga.Opaíscobre-sedeincêndiosdenorte asul passando pelas ilhas. Às televisões, invadidas pelas labaredas e por umahisteriamaior do que ahabitual, acorrem especialistas enumerando as causasdossinistros,propondoasmesmas soluções de sempre, misturados comonaturaldesesperodospopulares que tentam apagarfogos com baldes e mangueirasprecárias.Jáosjornalistas nuncaresistemafalardoscenáriosdantescos revelando que nuncaleram “A DivinaComédia”deDante.Deresto,os políticosexpressamsolidariedadecom aspopulações,oqueéàborlaeficasempre bem, enquanto o Governo prometemaismeios,coisaquediga-seemabonodaverdade,têmcumpridoaolongo dos anos. Nuncahouve tanto bombeiro, tanto carro, avião e helicóptero. E, noentanto,opaíscontinuaaarder. Ossimplóriosculpamoscriminosos.Ospolíticosculpamosoutros.Jaime Marta Soares, eterno presidente daLigadosBombeiros,presidenteda Câmara durante 40 anos, deputado do PSD em várias legislaturas desde 1979eatémembrodaassembleia-geraldoSporting,falaquesefarta,sempre exaltado, culpando tudo e todos. Masnãorevelaoquefezemtantocargopararesolveroproblema.Anãoser exigirmais dinheiro paraos bombeiros. O problema dos fogos é também esse.Instalou-seemPortugalumpoderoso lóbi, que há quem, menos comedido, chame uma verdadeira máfia, que canaliza todas as verbas disponíveis para o combate ao fogo. A gestãodaflorestaeaprevençãoficam com as migalhas. Portugalnãoprecisademaisbombeiros. Precisa de mais engenheiros florestais. É claro que existemincendiários, idiotas e descuidados. Mas isto não explica tanto e tão descontrolado fogo. Sobretudo não explica como se propagam com tantaintensidade. Os estudos estão feitos, passados | 12 AGO 2016 | OPINIÃO | 29 LEONEL MOURA Artista Plástico a extensos relatórios cheios de gráficos.Aquantidadedetesesuniversitárias sobre a matéria já consumiu várias florestas só em pasta de papel. Portugal arde com tanta facilidade porque a sua floresta, retalhada em minifúndios,estámalarrumadaenão é limpa. Há quem diga que a culpa é doprogresso.Quandoopovo,notempodofascismo,vivianamisériaabsolutaenãotinhaeletricidade,recolhia todo o pauque encontravaparaas lareirascomque,talcomonoquadrode Van Gogh, cozia as batatas. Hoje são “ricos”. Têm energia elétrica, micro-ondasefazemassuascomprasnosupermercado. A lenha fica na floresta àesperade umafaísca. Infelizmente, aquilo que se ganhou em ligeiro progresso económiconãoseconquistoueminteligência. Terhabitaçõesnomeiodematosressequidos não é uma boa ideia. Apreguiçaemprevenirofogo,limpandoas matas, faz com que este consuma as casas, outro património e vidas. É assim tão difícil de perceber? Adificuldadeemencontrarosproprietários, em obrigá-los afazeralimpezaouainérciadasentidadesresponsáveistambémnãoservemdejustificação. O Estado, como todos sabemos, é eficiente sempre que quer. Há quem digaque isto não vai lácom multas. A realidade diz o contrário: vai, vai. Não háoutramaneira.Infelizmenteamaioriadas pessoas só mudaàforça. Não o fazporinformação, persuasão e raciocínio. Arrume-seafloresta,modernize-seasuagestão,aplique-sealeiemulte-sepesadamentequemnãoalimpa. Quem não tem capacidade para o fazer venda. A propriedade não é um bem absoluto. Inútil, abandonada, é um risco paratodos. Em suma: passe-se da estupidez paraainteligência. I Coluna semanal à sexta-feira Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico 30 SEXTA-FEIRA 12 AGO 2016 | | OPINIÃO CONVIDADO Invest IMInto É muitodifíciltomaradecisãodefazer um investimento pois implica sempreumgrauderisco.Comefeito,soubemos este ano que quem fez um investimento imobiliário deveria ter tido em conta que o custo que esse imóvel iria representar depende (agora) significativamente do seu grau de exposição solar, ou se tem umaboavista. Ograndeproblemanãoestánatributação dos imóveis, nem nas variáveis–solevista–paraocálculodovalor patrimonial tributário. O problemaestánavolubilidade legislativa.Da mesmaforma,osaumentos–aumentos porque a volubilidade traduz-se sempreemaumentos,nunca(ouquase nunca) em alívios – devem ser razoáveis. Não apenas porque aumentosirrazoáveisencorajamafugafiscal lafferiana,masporquepodemdesviar ointeressedeinvestidores,incluindo de investimento direto estrangeiro. Esta mensagem parece não chegar ao Governo, pois, no momento em que o Executivo tem como uma das suas grandes prioridades (e bandeiras)atrairinvestimentodiretoestrangeiro, vai simultaneamente subir a tributação no setor que mais conseguiu atrair estrangeiros – em 2015, dos cerca de 15 mil milhões de euros que foram transacionados no setorimobiliário emPortugal(cerca de 8%), mais de 3 mil milhões deveram-se ainvestidores estrangeiros. Com efeito, o coeficiente de majoraçãobaseadonavariável“sol”ena variável “vista” subiu consideravelmente,passandodeaté5%para20%. Um aumento de 300% no peso destas duas variáveis. Penso que qualqueraumento que tenhatrês dígitos será sempre um excesso, se não for realizado ao longo de muitos anos. Aqui surge outro problema, ao lado daimprevisibilidade legislativa; a ganância fiscal. Infelizmente, não existem noções oficiais de razoabilidade que norteiem os aumentos de impostos, apenas de classe sociale da SELECÇÃO NATURAL CARLOS PENALVA Partner e Co Fundador Quintela e Penalva – Real Estate cargafiscal que cadaterácapacidade para onerar. É por esse motivo que existemaumentosde300%.Osedifíciosdevolutosqueaindaexistemeque antesabundavam,devidoarendasantigasnãoatualizadas,sãoumexemplo queilustraoefeitodepolíticasquedistorceramomercadoimobiliárioeque sefundamentaramemnoçõeseconómicas maniqueisticamente simplistas.Hoje,mesmocomvontade,édifícilaplicartaldivisãodeclassenosmercados emLisboae/ouno Porto. Ou seja, ou se é rico (tendo em conta o salário médio nacional) e se consegue alugar uma casa no centro deLisboa,ouseériquíssimoeconsegue-seserproprietário.Osmaisricos detodossãoosproprietários.Durante anos, houve um incentivo à compra de casa, quer por falta de mercado de aluguer (com tanta incerteza dos tribunais que levam anos a despejar inquilinos não cumpridores), querpelascondiçõesdecréditomuito atraentes e até mesmo invasivas – sim, os bancos telefonavam para a casa das pessoas a perguntar se não queriam crédito, não era necessário sequerumadeslocaçãoatéumaagência. No entanto, hoje, com a armadilhajáfeita, comos proprietários atadosàssuascasas,éfáciltributarmais, e mais. Qual a alternativa? Vender. Masatéaquioinvestidorestáentrea espada (leia-se, imposto desproporcionalmente elevado) e a parede (de sua casa), pois com o imposto sobre as mais-valias a atingir os 50% será que hoje essahipótese é viável? Quero Estado que se deixe de investir em imobiliário? Ou, por outro lado, quer aproveitar-se de um dos poucos setores da nossa economia que está a apresentar bons resultados? Será por ser um dos poucos setores com bom desempenho que é dosqueémaistributado?Éagalinha dos ovos de ouro. I Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico A curiosidade salvou o gato S ercurioso é vital paraaprender, para ser criativo, inovar e gerar riqueza. Acuriosidade é vital paraprogredir, paraintervirno mundo, paramelhorar a sociedade. Sem curiosidade tudo perde interesse, perde energia e desaparece. No entanto, o ditado popular “a curiosidade matou o gato” parece sugerir o contrário; não queiras saber demais, não te metas onde não és chamado, vê o que aconteceu ao É a participação no mundo, é a curiosidade, que cria a realidade e que a muda. curioso do gato… Mas a expressão de facto não diz isso; bem pelo contrário. Foi o Nobel da Física, o austríaco Erwin Schroedinger que cunhou a expressão “a curiosidade matou o gato”. Na primeira metade do século XX, Schroedinger foi uma figura eminente na mecânica quântica, ramo da física que estuda a matéria nas suas mais diminutas dimensões, e que é a base científica em que assenta o mundo digital. Ora no mundo quântico nada é real até serobservado. Aobservação cria a realidade; literalmente. Para descrever este estranho mundo, Schroedingerpropôs umaexperiênciapensada. Em traços gerais, tratava-se do seguinte: um gato vivo é colocado numa caixa totalmente opaca; assim que a caixa é fechada um FERNANDO ILHARCO Professor na Universidade Católica Portuguesa mecanismo dentro da caixa entra em funcionamento; ele vai libertar comida ou veneno mortal e há 50 por cento de probabilidades para cadapossibilidade. Acaixafecha-se e o mecanismo funciona. O tempo passae aperguntaé esta: o gato está vivo ou morto? Não sabemos. O gato estádentro dacaixanum estado que, disse Schroedinger para ilustrar o mundo quântico, é o de “vivo e morto”. Acuriosidade – abrimos a caixa – mata o gato. Ou salva o gato. É a nossa participação no mundo, é a nossa curiosidade, que cria o mundo, que o muda. A realidade é o que criamos com o nosso comportamento no mundo. Fazer é chave. Quem pensa muito, diz um ditado chinês, fica com um pé no ar. A realidade manifesta-se intervindo, sugere a mecânica quântica. O mundo revela-se quando agimos, comentou o filósofo francês Jean-Paul Sartre. É amaneiracomo participamos no mundo que cria a realidade. Numa era de grandes mudanças e de inovação, nos planos social e individual, nacional e global, nunca é demais frisar que a realidade cria-se intervindo, mexendo-nos, participando. Por isso, as pessoas apoiam o que criam, talvez não tanto por umaquestão de orgulho, mas porque o que criam é o que paraelas é real, é o gato que salvaram. I Coluna semanal à sexta-feira SEXTA-FEIRA | 12 AGO 2016 | 31 MARKETING, MEDIA E PUBLICIDADE Portugal-Argélia visto por 1,4 milhões de portugueses O último jogo da fase de grupos da selecção portuguesa de futebol nos Jogos Olímpicos, que decorreu na quarta-feira, registou uma audiência total próxima de 1,4 milhões de telespectadores na RTP, a que correspondeu uma audiência média de 568 mil portugueses e um share de 29,9% para o canal público, segundo os dados da Initiative/Mediabrands. O jogo contra a Argélia foi transmitido em simultâneo na Sport TV, com uma média de 22,5 mil telespectadores a preferirem acompanhar o encontro pelo canal desportivo, ou seja 1,2% dos portugueses. Fotografia: Paulo Calado INTERNACIONAL Fundadora do Huffington Post troca site por start-up Arianna Huffington anunciou que vai renunciar aos cargos de presidente e editora executiva do Huffington Post, site que fundou há 11 anos. A empresária vai dedicar a sua atenção ao lançamento de uma nova start-up para as áreas de saúde e bem-estar. SARA RIBEIRO [email protected] ensei que o Huffington Post seria o meu último projecto. Mas decidirenunciarcomoeditoraexecutivadoHuffingtonPostparalançar aminhanovaempresa, Thrive Global”. Esta foi a mensagem que “P AriannaHuffington,co-fundadora do site norte-americano noticioso deixounasuacontadoTwitter,depois de o Wall Street Journal ter avançado a saída da jornalista do meio. Ementrevistaao jornal, AriannaHuffingtonexplicouqueiaabandonar o projecto que criou há 11 anosparasefocarnolançamentode umastart-upligadaàsáreasdesaúdeebem-estar. Ajornalista,de66anos,tinharenovado em Junho o contrato para presidente e editora executiva do Huffington Post até 2019. Mas o acordo permitia que lançasse a Thrive Global, ao mesmo tempo que assegurava o site, contou ao WallStreetJournal. “Eu pensava que conseguiria conciliar as duas coisas, mas àmedidaquecomeçámosacrescer,percebique[astart-up]iriaprecisarda minhaatenção total”, explicou na entrevistaaojornalnorte-americano. “É importante saber reconhecer quando é que umaportaestáa fechar e outraaabrir, e penso que esse momento chegou”, acrescentouaempresária. AriannaHuffington, autorade vários livros de saúde e bem-estar, nãodetalhouadatadasuasaídado site, comentando apenas que será naspróximassemanas. O novo projecto, Thrive Global,vainascerantesdofinaldoano e pode viracontarcom o apoio da AOL, dona do Huffington Post desde 2011. Segundo o CEO da AOL, Tim Armstrong, a “Arianna é uma visionária que construiu o HuffingtonPost, umaplataforma de notícias verdadeiramente transformadora”.Porisso,segundo a imprensa internacional, poderá vir a estabelecer uma parce- riacom astart-up no futuro. De acordo com o comunicado publicadopelaempresárianoTwitter,aThriveGlobalvaidesenvolver seminários, sessões de “coaching“ eoutrosmétodosparaajudaraspessoasadiminuirostresseaexaustão. Ajornalista,nascidanaGrécia, começou a dar cartas no mundo dos media em 1990 como comentadora política. Em 2005, juntouseaKennethLerereJonahPeretti paralançaroHuffingtonPost,que hoje está presente em 14 países com versões adaptadas para cada mercado. I Conselho de Administração Paulo Fernandes (Presidente), João Borges de Oliveira, Luís Santana, Alda Delgado e António Simões Silva • Accionista Cofina, SGPS, S.A. (100%) • Sede: Redacção, Administração e Publicidade Rua Luciana Stegagno Picchio n.0 3 – 1549-023 Lisboa • Redacção: tel. 21 318 52 00 fax 210493145 e-mail [email protected] Publicidade: tel. 21 049 41 04 e-mail [email protected]• Assinaturas: tel. 21 049 49 99 (das 9h às 18h) ou através do e-mail [email protected] •DelegaçãoPortoRuaManuelPintodeAzevedo,80,1.o –4100-320Portotel.225322342fax225322397 •[email protected]•Internet www.negocios.pt•Propriedade/Editora Cofina Media, S.A. Capital Social 22 523 420,40€ • Contribuinte 502 801 034 •C.R.C de Lisboa 502 801 034 • Impressão Grafedisport SA – Casal de S.ta Leopoldina – 2745 Queluz de Baixo. ISSN: 0874-1360 • Estatuto editorial está disponível no site em www.negocios.pt SEXTA-FEIRA | 12 AGO 2016 CRIMEIA Nº ERC: 121571 • Depósito Legal: 120966/98 Tiragem média de Abril: 14.968 exemplares COFINA MEDIA, S.A. negocios.pt twitter.com/jnegocios www.facebook.com/jornalnegocios Ucrânia coloca tropas em alerta de combate O Presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, ordenou estaquinta-feira“alertamáximo de combate”atodasastropasucranianasnafronteiracomaCrimeiaenalinhadeseparaçãode forças com os rebeldes pró-russos a leste do país. “Ordenei pôr em alerta máximo de combate todas as unidades da fronteira administrativa com a Crimeia e ao longo de toda a linha de separação de forças em Donbas (leste daUcrânia)“,escreveunaredesocialTwitter o chefe de Estado ucraniano. Poroshenko explicou que tomou esta decisão depois de reunir-se com responsáveis das forças de segurança e dos ministérios da Defesae dos Negócios Estrangeiros. A nova tensão entre a Ucrânia e a Rússia aconteceu depois de Moscovo denunciar quarta-feira que grupos de inteligência militarucranianatentaraminfiltrar-senaCrimeia em duas operações de sabotagem - uma na madrugada de 7 de Agosto e outra no dia 8 com o objectivo de atentar contra “infra-estruturas vitais dapenínsula”. O Presidente russo, Vladimir Putin, acusouoGovernoucranianodeterrorismoealertou que a Rússia não vai deixar “passar estas coisas”.Poroshenkorespondeu,qualificando as acusações russas de cínicas e garantiu que se trata de “fantasias que (os russos) usam comopretextoparalançarnovasameaçasmilitares àUcrânia”. Putin reuniu-se esta quinta-feira de manhã com membros do Conselho de SegurançadaRússiaparadebatermedidas adicionais parareforçaradefesadaCrimeia. I LUSA “ Ordenei pôr em alerta máximo de combate todas as unidades da fronteira administrativa com a Crimeia. PETRO POROSHENKO Presidente da Ucrânica NEGÓCIOS NUM MINUTO INFOGRAFIA COMO SÃO ACTUALIZADAS AS RENDAS? AS FREGUESIAS DE ONDE DESAPARECERAM CASAS PARA ARRENDAR 1. Sporting tem o plantel mais valioso da liga 2. Novo duque de Westminster é o mais novo entre os 400... 3. Catarina Martins: trabalho voluntário “é uma treta” 4. O que está a correr mal no mercado de trabalho... 5. Choupana Hills ficou “parcialmente queimado” BANCA Oitante vende banco de investimento do Banif Vítor Mota/Correio da Manhã PRÉMIO PONTO VERDE OPEN INNOVATION RECEBEU 45 CANDIDATURAS O Ponto Verde Open Innovation recebeu 45 candidaturas de projetos de inovação, empreendedorismo, investigação e desenvolvimento, impulsionadores da economia circular. Destes 45 projetos candidatos 39 foram considerados elegíveis e estão em avaliação, sendo 29 projetos de inovação e 10 de I&D. A Oitante tem por missão vender activos do ex-Banif, após a medida de resolução. O banco de investimento do Banif (BBI) foi comprado por um grupo chinês. O anúncio, feito pela vendedora Oitante, não indica o preço. Haveráumainjecção de 10 milhões de euros. Para concretizar a operação, falta a autorização dos reguladores. “A Oitante seleccionou a proposta apresentada pela Bison Capital Financial Holdings (Hong Kong) Limited, porseraquelaque apresentavaas condições mais favoráveis à maximização da venda do BBI, incluindo a oferta de um valor de compra superior ao valor contabilísticodoscapitaispróprios do BBI”, indica um comunicado emitido pelo veículo, liderado por Miguel ArtiagaBarbosa. Não se conhece a proposta de comprados chineses daBison Capital, com sede em Hong Kong, massabe-sequehaveráumainjecção no futuro: “Na proposta apre- sentada, a Bison Capital comprometeu-se aaumentar o capital social do BBI no valor de €10.000.000 no prazo de um ano a contar da efectiva transmissão dasacções,prestaçõesacessóriase obrigações subordinadas”. O contrato de compra e venda do banco de investimento foi assinado a 3 de Agosto, entrando em vigor a 9 de Agosto. Agora falta a posiçãodosreguladores:“Aefectivatransmissãodasacções,prestaçõesacessóriaseobrigaçõessubordinadasdependentesdaobtenção dasautorizaçõesregulatóriasaplicáveis”, indicao comunicado. “ParaaOitanteéaindarelevante o facto de o projecto que aBison Capital tem parao BBI preverque omesmovenhaaserdesenvolvido comoapoiodeactuaiscolaboradores, permitindo assim uma eficaz transiçãodobancoparaonovoaccionista”, diz o comunicado. I DC EstainiciativadaSociedade Ponto Verde propõeseapoiarprojetosdediversasentidadesrepresentativas da nossa sociedade: Startups com até um máximo de três anos de existência (7), Empreendedores individuais (10), Equipas ou consórcios (4), Empresascom maisde trêsanosde existência (4), Associações ou Organizações Não Governamentais(5),Universidades(6) eInstituiçõesdoSistema Científico e Tecnológico Nacional (3). Com o apoio ao desenvolvimento de ideias de negócio, um máximo de 20 projetos serão convidadosaparticiparnum Bootcamp naNovaSchool of Business and Economics e terão oportunidade de fazer um pitch à Comissão Executiva da Sociedade Ponto Verde e aos Parceiros do Ponto Verde Open Innovation. O Ponto Verde Open Innovation contacom apoioinstitucional doMinistériodoAmbiente e está a ser operacionalizado com o apoio de um conjunto de parceiros de relevo.