Em Buenos Aires, dispense o vinho e faça como os locais

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Em Buenos Aires, dispense o vinho e faça como os locais
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Quinta-Feira, 27 De Setembro De 2012
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Em Buenos Aires,
dispense o vinho e
faça como os locais
Bebida foi inventada em 1845 e chegou à Argentina nas
malas de imigrantes italianos como remédio para enjoo
argentina With Love
Portenhos mais velhos
conservam a garrafa no
banheiro; nas gerações
seguintes, elas foram às
prateleiras da despensa
do enviado a buenos aires
O estrangeiro que se senta
em um bar em Puerto Madero ou na Recoleta provavelmente vai pedir um vinho ou
uma cerveja argentina e se levantar da mesa se sentindo
muito portenho.
Mas o drinque nacional da
Argentina, uma espécie de
caipirinha dos “hermanos”,
é outro: o “fernet con coca”,
ou com “cola” —mas os mais
íntimos também o chamam
de “fernando”, “fernucho”
ou “cabezón” (este último,
para uma dose mais forte).
Vendida por até 40 pesos
(R$ 18) na vida noturna da capital, a bebida tem como ingrediente-base, como o próprio nome diz, o fernet.
Criado em 1845 pelo boticário Bernardino Branca, em
Milão, o “amaro” chegou à
Argentina nas malas dos imigrantes italianos, como remédio —recomendado para
curar os eventuais enjoos que
poderiam acometer aqueles
que cruzavam o Atlântico.
Embora os mais velhos ainda guardem suas garrafas no
banheiro, nas gerações seguintes elas passaram às prateleiras da despensa.
A bebida de sabor amargo,
frequentemente comparada
ao Campari ou à Jägermeister
(embora com menos açúcar
—e sim, o primeiro gole pode
não ser dos mais agradáveis),
caiu no gosto local e hoje só
fica atrás do vinho e da cerveja em vendas —com cerca
de 20 milhões de litros consumidos por ano no país.
Diversas marcas vendem a
bebida, mas a mais comum
em bares chiques, e também
a mais cara, é a da destilaria
criadora do produto, a Fra-
‘Fernet con coca’ é o drinque tradicional dos argentinos
telli Branca. Sua receita, secreta, inclui mais de 40 ervas
na composição, entre elas o
caríssimo açafrão —a empresa responde por 75% do consumo mundial do produto.
Já em 1925, a companhia
instalou uma fábrica próxima a Buenos Aires. Hoje em
dia, sua planta argentina é a
única em atividade fora de
Milão. O processo de fabricação envolve o descanso do líquido por até um ano em barris de carvalho.
Se Buenos Aires responde
pelo maior consumo geral da
bebida, com 35% do total na
Argentina, Córdoba detém a
liderança do consumo “per
capita”. É desta que vem a receita mais famosa de “fernet
con coca”, o “90210”: 90% de
fernet, duas pedras de gelo e
10% de Coca-Cola.
O mais comum na capital
argentina, porém, é que a dosagem seja mais fraca, com
mais gelo e menos álcool. Em
muitos lugares, o copo vem
somente com fernet e gelo,
e o cliente, com a garrafa de
Coca (ou Pepsi, dependendo
do bar, embora os puristas
não a recomendem), ministra a dosagem.
Integrado ao imaginário do
país, “fernet con coca” também se tornou um hit da banda de rock Vilma Palma e
Vampiros em 1993. E, ao contrário do que pensa Alfred
Pennyworth (Michael Caine),
o mordomo de Bruce Wayne,
em “Batman: o Cavaleiro das
Trevas Ressurge”, é muito
mais fácil encontrar um trago de fernet numa esquina de
Palermo Soho do que na Itália. (daniel médici)