Dissertação - PRPG - Universidade Federal da Paraíba

Transcrição

Dissertação - PRPG - Universidade Federal da Paraíba
UFPB UEPB UERN UESC UFAL UFS
UFRN UFS
UFPI
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA / UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA
PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE
JULIANA FURTADO SOARES MADRUGA
IMPACTO SONORO DAS ATIVIDADES MADEIREIRAS NA QUALIDADE DE VIDA
DA POPULAÇÃO DO BAIRRO DA TORRE – JOÃO PESSOA - PB
JULIANA FURTADO SOARES MADRUGA
João Pessoa-PB
2008
JULIANA FURTADO SOARES MADRUGA
IMPACTO SONORO DAS ATIVIDADES MADEIREIRAS NA
QUALIDADE DE VIDA DA POPULAÇÃO DO BAIRRO DA TORRE –
JOÃO PESSOA - PB
Dissertação apresentada ao Programa Regional de PósGraduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente –
PRODEMA,
Universidade
Federal
da
Paraíba,
Universidade Estadual da Paraíba em cumprimento às
exigências para obtenção de grau de
Mestre em
Desenvolvimento e Meio Ambiente.
Orientadores: Prof. Dr. Edson Leite Ribeiro
Profª. Drª. Maristela de Oliveira Andrade
João Pessoa – PB
2008
B238z
FURTADO, Juliana
Impacto sonoro das atividades madeireiras na qualidade
de vida da população do bairro da Torre - João Pessoa - PB/
Juliana Furtado Soares Madruga – João Pessoa, 2008.
156 p.
Orientadores: Edson Leite Ribeiro
Maristela de Oliveira Andrade
Dissertação - (mestrado) - UFPB/ CCEN
1. Poluição Sonora. 2. Saúde. 3. Meio Ambiente. 4. Qualidade de vida.
UFPB/BC
CDU: 504:37
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Parágrafo
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Onde se lê
Leia-se
JULIANA FURTADO SOARES MADRUGA
IMPACTO SONORO DAS ATIVIDADES MADEIREIRAS NA
QUALIDADE DE VIDA DA POPULAÇÃO DO BAIRRO DA TORRE –
JOÃO PESSOA - PB
Dissertação
apresentada
ao
Programa Regional de PósGraduação em Desenvolvimento e
Meio Ambiente – PRODEMA,
Universidade Federal da Paraíba,
Universidade Estadual da Paraíba
em cumprimento às exigências para
obtenção de grau de Mestre em
Desenvolvimento
e
Meio
Ambiente.
Aprovada em: ____/____/_____
BANCA EXAMINADORA
____________________________________
Prof. Dr. Edson Leite Ribeiro
Orientador
____________________________________
Prof. Dr. Eduardo Rodrigues Viana de Lima
Membro interno (PRODEMA)
___________________________________
Prof. Dr. Ricardo Cavalcanti Duarte
Examinador externo (CCS)
___________________________________
Profª. Drª. Jovanka Baracuhy C. Scocuglia
Suplente (PRODEMA)
Dedico e agradeço primeiramente a Deus e a Nossa Sra. das
Graças, meus protetores, pela força e luz no meu caminho nos
momentos mais difíceis. Ao meu esposo, Paulo Márcio, aos
meus pais, Paulo Germano e Sônia, pelo constante incentivo e
apoio. Ao meu amado e pequenino filho Pedro, de quem tive
que abdicar tantas vezes de sua convivência, não lhe dando a
atenção solicitada, mas que soube entender com tranqüilidade a
necessidade de minha ausência. Obrigada! Todos vocês foram
fundamentais para a realização desta conquista. E, por último,
dedico a uma pessoa muito especial, que se foi durante a
realização deste trabalho, a minha querida e inesquecível Tia
Gilza, exemplo de mulher guerreira.
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, aos meus orientadores: Prof. Dr. Edson Leite Ribeiro e Prof. Dra.
Maristela de Oliveira Andrade, pela luz no caminho que eu deveria trilhar nas horas em que
apareceram obstáculos aparentemente insuperáveis, contribuições estas valorosas, que
permitiram a concretização deste trabalho.
Aos profissionais da Secretaria Municipal de Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de João
Pessoa (SEMAM), pela valorosa contribuição nas medições de ruído e acesso ao material
bibliográfico e digital: Maria do Socorro Menezes, chefe do setor de controle da poluição
sonora, aos agentes ambientais que realizaram as medições oficiais de ruído, Zabdiel Gomes
da Silva Filho e Maria José da Silva Santos, e a Rivanilda da Silva Linhares pelo
processamento digital dos dados.
Aos funcionários da Secretaria de Planejamneto do Município (SEPLAN), pelo fornecimento
dos dados de geoprocessamento.
À SUDEMA, na pessoa do Sr. Yeure de Amaral Rolim, pela imensa contribuição nas
orientações referentes às legislações federais e estaduais sobre a poluição sonora pertinentes a
esta pesquisa, bem como pelo auxílio no cálculo do LAeq, com fornecimento de planilha
eletrônica para cálculo do mesmo.
Ao Prof. Dr. Antônio Coutinho, do Centro de Tecnologia da UFPB (Engenharia de
Produção), pela oportunidade de cursar sua disciplina de Conforto Ambiental, que
contribuindo para o fornecimento de dados desta pesquisa, através dos ensinamentos de
acústica.
À Fonoaudióloga Valéria de Sá B. Gonçalves por compartilhar comigo sua experiência e
conhecimentos teórico-práticos sobre análise de ruído ambiental.
Às Fonoaudiólogas Priscilla Gambarra e Divany Guedes Pereira pela ajuda no fornecimento
de material bibliográfico e, principalmente, pela competência, ética, profissionalismo e
carinho, atendendo meus pacientes durante o período de ausência no consultório.
À Fonoaudióloga Marine Rosas pelo apoio e apresentação à pesquisadora e Fonoaudióloga
Prof. Dra. Ângela Ribas, que contribuiu com importantes diretrizes que ajudaram a definir
meu campo de pesquisa, além de gentilmente me enviar material bibliográfico.
À Profª. Drª. Marize Rosas, pelo incentivo e luz no meu caminho, no momento de plantar a
sementinha inicial, sobre onde e qual tema escolher, para concorrer à seleção de Mestrado no
PRODEMA, de quem recebi material bibliográfico.
Ao Estatístico Cézar Matias, pela fundamental colaboração na análise dos dados.
À inestimável colaboração da Bibliotecária da BC/UFPB, Débora Chaves Gomes, pela
correção das citações e referências da presente dissertação, conforme as normas da ABNT.
A Heliane Ferreira de Andrade, pelo tradução do resumo para o inglês (ABSTRACT).
A Lucas Clemente de Brito Pereira, pela revisão gramatical.
Aos colegas de turma que me enviavam e-mails, sempre que encontravam material
bibliográficos relativos ao meu tema, e gentilmente lembravam de mim.
A todos os Professores do PRODEMA, os quais, em suas disciplinas, forneceram as
informações sobre Meio Ambiente, ajudando a montar o meu quebra cabeça, com novos focos
interdisciplinares e a formação de uma nova visão da imensa “Gaia”.
Às secretárias do PRODEMA Hélia Ramalho e Amélia, pela paciência, informações e
atendimento de nossas solicitações.
A todos os voluntários da comunidade do bairro da Torre participantes deste estudo.
“A poluição sonora parece ser a mais sutil e traiçoeira. Espaço acústico não é espaço visual ou
físico. Não se pode possuí- lo, ou demarcá- lo num mapa. É espaço compartilhado, possessão
comum, de onde todos os habitantes recebem sinais vitais. Pode-se destruí- lo facilmente,
produzindo ruídos irrefletidos ou imperialistas.”
Schafer, 1977
RESUMO
A presente pesquisa consiste na avaliação da percepção do impacto sonoro das atividades
madeireiras na qualidade de vida da população do bairro da Torre, em João Pessoa-PB. Foi
proposto um estudo comparativo com a finalidade de mensurar os níveis de ruído e a
percepção ambiental, comparando a comunidade do entorno de duas avenidas do mesmo
bairro, sendo uma predominantemente residencial e a outra exposta ao ruído de marcenarias.
A escolha do bairro foi feita através de levantamento na Secretaria de Finanças do Município.
Ambas as avenidas são classificadas pela Prefeitura Municipal de João Pessoa, de acordo com
o uso e ocupação do solo, como Zo na Comercial de Bairro (ZB), segundo dados levantados na
Secretaria de Planejamento do Município. A metodologia aplicada envolveu o uso dos
métodos quantitativo e qualitativo. As medições de ruído foram realizadas com a utilização de
um medidor de nível de pressão sonora, pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente e pela
pesquisadora, de acordo com as mesmas normas, para um confronto entre as medições. Foi
aplicado um questionário para avaliação da percepção do ruído e da qualidade de vida da
população participante do estudo. Os resultados das medições mostraram que os níveis de
ruído ultrapassaram a intensidade sonora de 55 dB(A), permitida pelo zoneamento urbano no
período diurno, regulamentado pela Lei Municipal nº 29/2002, nas duas avenidas pesquisadas.
A pesquisa qualitativa com base na aplicação de questionário foi constituída por 58
participantes, formados por moradores ou trabalhadores de pontos comerciais próximos às
duas avenidas, excluindo-se os funcionários das marcenarias. Foi detectado, através dos
questionários, que a comunidade do entorno das empresas madeireiras não correlaciona seus
problemas de saúde com o ruído ambiental e não tem a percepção do ambiente sonoro
insalubre no qual está inserida, sob o ponto de vista da qualidade de vida e de saúde, visto que
desconhecem a nocividade do ruído, apesar de saber o que é poluição sonora. Pelos
questionários aplicados às amostras do entorno de ambas as avenidas, constatou-se que, para
as populações, não há diferença entre morar ou não morar próximo ao ruído das madeireiras.
Foi verificado que o ruído das empresas madeireiras não é constante, apesar de ser de
intensidade elevada, e que, pelos dados analisados, o ruído que mais incomoda as duas
populações pesquisadas é do tráfego de veículos. Detectou-se que o ruído é proveniente de
fontes sonoras difusas e que, apesar de ultrapassar os limites adequados à saúde e à qualidade
de vida das pessoas, estas se habituam a conviver como barulho e não o percebem como fator
prejudicial a suas vidas e ao meio ambiente. Portanto, é importante levar ao conhecimento
público informações sobre os efeitos danosos do ruído, chamando atenção para a relação
sócio-ambiental desordenada do ruído no ambiente urbano, para que se possa sensibilizar e
conscientizar a população e os órgãos governamentais sobre tal problema, na busca de um
meio ambiente ecologicamente equilibrado.
Palavras-chave: Poluição sonora. Saúde. Meio ambiente. Qualidade de vida.
ABSTRACT
The present research consists on the evaluation of the perception of the sound impact of wood
activities in the quality of life in the Torre neighbourhood in the city of João Pessoa - Pb. A
comparative study with the purpose of measuring the levels of noise and the environment
perception was taken into consideratino regarding two avenues in the same neigbourhood, one
of them being predominantly residential and the other one exposed to the noises of sawmills.
In accordance to data raised by the Secretary of Planning of the city and according to the use
and occupation of the ground, both avenues are considered by municipal laws as a Comercial
Area. The methodology used in this research involved the quantitative and qualitave method.
The noise measurements which were held by the Secretary of Municipal Environment and the
researcher were made by the use of a measurer of sound pressure levels to a confrontation of
measumeremts. A questionnaire for the evaluation of the perception of the noise and the
quality of life of the participants in the study was applied. The measurement results in the
researched area showed that the noise levels exceeded the sonorous intensity of 55 dB (A),
allowed for the urban zoning in daylight which is regulated by the Municpal Law 29/2002.
The qualitative study consisted of 58 participants who lived or worked in the nearby area and
it did not consider people who worked in the sawmills. The questionnaire showed that the
community near the wood estlablishments did not relate their health problems with the
environmental sound and that they did not notice the unhealthy sonorous environment in
which they are living or working regarding quality of life and health once they are not aware
of how harmful this environment can be although they know what sound pollution is. The
questionnaires also showed that to the people living in these areas there is no difference
between living near or far from the sawmills noise. According the the analyzed data it could
be noticed that the noise in the sawmills is not constant although it is of a high intensity and
that the noise people in the area blames comes from the traffic. The data also showed that the
noise comes from different sources and that people got used to listening to it and that they do
not notice how harmful it is to their lives and environment. Therefore, it is important to show
the harmful effects of noise focusing attention on the social environment relationship of noise
in the urban environment so that people and authorities can be concious of this problem and in
the search of an ecological balanced environment.
Key- words: Sonorous pollution. Health. Environment. Quality of life.
LISTA DE FIGURAS
Págs.
Figura 1 - Limiar de audibilidade.
31
Figura 2 - Anatomia do ouvido.
34
Figura 3 - Cadeia ossicular.
35
Figura 4 - Fisiologia da audição.
36
Figura 5 - Cóclea.
37
Figura 6 - Estruturas do sistema auditivo.
37
Figura 7 - Formas de movimento do estribo: para sons normais e para sons acima
de 70-80 dB.
39
Figura 8 - Efeitos do excesso de ruído sobre o organismo.
46
Figura 9 - Avenida Miguel Santa Cruz.
76
Figura 10 - Avenida Professor Paredes.
77
Figura 11 - Imagem do satélite Quick-bird.
80
Figuras 12 - Bairro da Torre.
82
Figura 13 – Mapa dos bairros de João Pessoa.
86
Figura 14 - Ações comportamentais do ruído de tráfego.
132
LISTA DE GRÁFICOS
Págs.
Gráfico 1 - Seleção dos 5 bairros de João Pessoa com maior número de
empresas de marcenaria, carpintaria e serralharia.
74
Gráfico 2 - Distribuição da população por gênero.
83
Gráfico 3 - Composição etária do bairro da Torre.
84
Gráfico 4 - Pessoas responsáveis pelos domicílios particulares permanentes,
por grupos de anos de estudos.
84
Gráfico 5 - Índices de Qualidade Urbana em João Pessoa-PB.
85
Gráfico 6 - Seleção dos 5 bairros de João Pessoa com maior número de atividades
comerciais e de serviços.
85
LISTA DE TABELAS
Págs.
Tabela 1 - Nível de ruído aceitável por áreas conforme a NBR 10151.
57
Tabela 2 - Nível máximo de ruído equivalente (LAeq) por área e horário.
61
Tabela 3 - Nível máximo de ruído equivalente por área e horário (LAeq),
Em consonância com o Decreto nº 4793, de 21 de abril de 2003.
62
Tabela 4 - Distância do ponto de medição do ruído.
79
Tabela 5 - Demonstrativo da população do bairro da Torre.
87
Tabela 6 - Medições do ruído na Avenida Miguel Santa Cruz feitas pela
autora e pela Prefeitura, respectivamente.
91
Tabela 7 - Medições do ruído na Avenida Professor Paredes feitas pela autora
e pela Prefeitura.
95
Tabela 8 - Resultado do Teste t de Student para comparação das medições do ruído
na Avenida Miguel Santa Cruz feitas pela autora e pela Prefeitura.
99
Tabela 9 - Resultado do Teste t de Student para comparação das medições do
ruído na Avenida Professor Paredes feitas pela autora e
pela Prefeitura.
99
Tabela 10 - Distribuição por sexo da população das comunidades circunvizinhas
às madeireiras, segundo o local.
100
Tabela 11 - Distribuição por escolaridade da população das comunidades
circunvizinhas às madeireiras, segundo o local.
101
Tabela 12 - Resultado do cruzamento das variáveis: mora no local x trabalha no
local.
101
Tabela 13 - Freqüência do tempo de moradia das amostras da população que residem
no entorno dos pontos de medições.
102
Tabela 14 - Freqüência do tempo dos que trabalham na circunvizinhança
das avenidas onde foram realizadas as medições.
102
Tabela 15 - Cruzamento das variáveis: tempo de permanência na rua x trabalha
no local.
103
Tabela 16 - Cruzamento das variáveis: tempo de permanência na rua x vezes por semana. 103
Tabela 17 - Freqüências absolutas observadas ( Oij ) e esperadas ( Eij ) do cruzamento
das variáveis: foi ao médico x local.
104
Tabela 18 - Resultado do Teste Qui-Quadrado para as freqüências observadas esperadas
da Tabela 17.
104
Tabela 19 - Freqüências absolutas observadas ( Oij ) e esperadas ( Eij ) do cruzamento
das variáveis: uso de medicamento x local.
105
Tabela 20 - Resultado do Teste Qui-Quadrado para os dados da Tabela 19.
105
Tabela 21 - Problemas de saúde apresentados pelos entrevistados, segundo o local da
pesquisa.
106
Tabela 22 - Freqüências resultantes do cruzamento das variáveis: problema de saúde
pode ser provocado pelo ruído ambiental x local.
107
Tabela 23 - Freqüências absolutas observadas ( Oij ) e esperadas ( Eij ) do cruzamento
das variáveis: problema de cansaço x local.
107
Tabela 24 - Freqüências absolutas observadas ( Oij ) e esperadas ( Eij ) do cruzamento
das variáveis: problema de alergia x local.
108
Tabela 25 - Freqüências absolutas observadas ( Oij ) e esperadas ( Eij ) do cruzamento
das variáveis: problema de pressão alta x local.
108
Tabela 26 - Freqüências absolutas observadas ( Oij ) e esperadas ( Eij ) do cruzamento
das variáveis: problema de dor de cabeça x local.
109
Tabela 27 - Freqüências absolutas observadas ( Oij ) e esperadas ( Eij ) do cruzamento
das variáveis: problemas gastrintestinais x local.
109
Tabela 28 - Freqüências absolutas observadas ( Oij ) e esperadas ( Eij ) do cruzamento
das variáveis: problema circulatório x local.
110
Tabela 29 - Freqüências absolutas observadas ( Oij ) e esperadas ( Eij ) do cruzamento
das variáveis: problema de zumbidos x local.
110
Tabela 30 - Freqüências absolutas observadas ( Oij ) e esperadas ( Eij ) do cruzamento
das variáveis: problema respiratório x local.
111
Tabela 31 - Resultados do Teste Qui-Quadrado para os valores das Tabelas de 23 a 28.
111
Tabela 32 - Resultado do Teste Exato de Fisher.
112
Tabela 33 - Tipos de barulho que mais incomodam os entrevistados das
circunvizinhanças, segundo o local.
112
Tabela 34 - Freqüências do cruzamento das variáveis barulhos ruins para o me io
ambiente x local.
113
Tabela 35- Freqüência das respostas dadas à pergunta: você sabe o que é poluição
sonora?
113
Tabela 36 - Freqüências resultantes do cruzamento das variáveis relacionadas ao barulho
que prejudica, ou não, a saúde, segundo o local.
114
Tabela 37 - Freqüências resultantes do cruzamento das variáveis relacionadas ao
barulho que prejudica, ou não, a tranqüilidade e o bem-estar segundo o
local.
114
Tabela 38 - Freqüências resultantes do cruzamento das variáveis relacionadas ao
barulho das madeireiras que prejudicam ou não, a qualidade de vida,
segundo o local.
115
Tabela 39 - Distribuição de freqüências resultantes do cruzamento das variáveis
relacionadas ao barulho das madeireiras que impedem, ou não, o
desenvolvimento de alguma atividade, segundo o local.
115
Tabela 40 - Freqüências resultantes do cruzamento das variáveis relacionadas a sair do
imóvel por causa do barulho, segundo o local.
116
Tabela 41 - Freqüências resultantes do cruzamento das variáveis relacionadas ao ruído
constante das madeireiras, segundo o local.
116
Tabela 42 - Freqüências resultantes do cruzamento das variáveis relacionadas à
convivência com ambiente barulhento, segundo o local.
117
Tabela 43 - Freqüências resultantes do cruzamento das variáveis relacionadas à
diminuição do barulho, segundo o local.
117
Tabela 44 - Freqüências resultantes do cruzamento das variáveis relacionadas ao fato de
tomar alguma medida para diminuir o barulho, segundo o local.
118
Tabela 45 - Freqüências resultantes do cruzamento das variáveis relacionadas ao fato de
sentir problemas em função do barulho das madeireiras, segundo o local.
118
Tabela 46 - Freqüências resultantes do cruzamento das variáveis relacionadas
ao conhecimento dos males causados pelo barulho, segundo o local.
119
Tabela 47 - Freqüências resultantes do cruzamento das variáveis relacionadas ao contato
com campanhas de prevenção do barulho, segundo o local.
119
Tabela 48 - Distribuição de freqüências resultantes do cruzamento das variáveis
relacionadas ao fato de os órgãos governamentais tomarem alguma medida
para evitar o barulho, segundo o local.
120
SUMÁRIO
Págs.
1 INTRODUÇÃO
19
2 REVISÃO DE LITERATURA
24
2.1 ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS
25
2.1.1 Antecedentes do problema sócio-ambiental do ruído
25
2.1.2 O ruído e a Revolução Industrial
27
2.1.3 Ecologia acústica
28
2.2 O SOM
29
2.2.1 Propagação do som ao ar livre
32
2.3 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA AUDIÇÃO
33
2.3.1 Anatomia dos órgãos da audição
33
2.3.2 Fisiologia da audição
38
2.4 IMPACTOS AMBIENTAIS PROVOCADOS PELO RUÍDO NA
SAÚDE DO TRABALHADOR
39
2.5 O RUÍDO, A SAÚDE E O BEM-ESTAR DO SER HUMANO
42
2.6 RUÍDO URBANO E A QUALIDADE DE VIDA
47
2.6.1 Qualidade de vida e ambiente urbano
48
2.7. CIDADES SAUDÁVEIS COM SUSTENTABILIDADE
50
2.8 ASPECTOS LEGAIS
54
2.8.1.Esfera Federal
54
2.8.1.1 Inquérito Civil Público por meio de ação civil pública
Lei nº 7.347/85 (BRASIL, 1985)
54
2.8.1.2 Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras (SLAP)
54
2.8.1.3 Resolução CONAMA 001
55
2.8.1.4 Estatuto da Cidade: estudo de impacto de vizinhança
57
2.8.2 Esfera Estadual
58
2.8.2.1 Lei Ambiental nº 4335 de 16 de dezembro de 1981
58
2.8.3 Esfera Municipal
61
2.8.3.1 Código Municipal: Lei Municipal nº 29 da SEMAM
(Secretaria do Meio Ambiente)
61
2.9 ASPECTOS PSICOLÓGICOS E SUBJETIVOS DA PERCEPÇÃO
AMBIENTAL
63
2.9.1 Psicologia ambiental
63
2.9.2 Dimensão temporal
63
2.9.3 Sentimento de identidade
65
2.9.4 Percepção
66
2.9.5 Percepção ambiental do urbano pelo cidadão
67
2.10 ESTADO DA ARTE
68
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
73
3.1 COLETA DE DADOS E AMOSTRAS
75
3.1.1 Coleta do nível equivalente de ruído (LA eq)
77
3.1.2 Aplicação do questio nário às amostras
79
3.2 CONTEXTUALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO: O BAIRRO DA
TORRE
81
3.3 TRATAMENTO DOS DADOS
88
4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E DISCUSSÕES
89
4.1 Apresentação dos resultados do nível equivalente de pressão sonora (LA eq)
90
4.2 APRESENTAÇÃO DOS DADOS DOS QUESTIONÁRIOS
99
4.2.1 Dados do entrevistado
100
4.2.2 Dados sobre o ambiente
101
4.2.3 Dados sobre a saúde
104
4.2.4 Dados sobre a percepção do ambiente sonoro
112
4.2.5 Forma como as pessoas reagem
116
4.3 DISCUSSÕES DOS RESULTADOS
120
4.3.1 Discussões dos resultados das medições de ruído
120
4.3.2 Discussão dos resultados dos questionários
122
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES
128
5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS
129
5.2 RECOMENDAÇÕES
131
5.2.1 Ações de educação ambiental direcionadas aos órgãos
governamentais ambientais
131
5.2.2 Legislação de trânsito
132
5.2.3 Ações de fiscalização, controle, prevenção e redução dos padrões de
emissão de ruídos pelos órgãos governamentais ambientais
132
5.2.4 Zoneamento
133
5.2.5 Técnicas de atenuação sonora nas edificações
134
5.2.6 Atenuação sonora promovida por áreas verdes
134
REFERÊNCIAS
136
APÊNDICES
Apêndice A - Ficha de medição
Apêndice B – Questionário da pesquisa
146
147
148
ANEXOS
Anexo A - Certidão de Aferição (SEMAM)
Anexo B - Planilha eletrônica para cálculo do (LA eq)
Anexo C - Mapa de zoneamento do bairro da Torre
Anexo D - Zona comercial de bairro (ZB)
Anexo E - Isolamento acústico de algumas superfícies
Anexo F - Certidão do Comitê de Ética em pesquisa
151
152
153
154
155
156
157
19
CAPA
Capítulo 1: INTRODUÇÃO
20
Desde o início do século XX, o mundo vem passando por importantes
processos de reorganização. O sistema
produtivo, principalmente o dos
países
industrializados, gerou mudanças econômicas e tecnológicas de grande magnitude, em virtude
das quais a natureza tornou-se um meio para atingir determinado fim. Como resultado do
capitalismo e da Revolução Industrial, a natureza foi se transformando, cedendo lugar para o
ambiente construído e modificado, produzido pela sociedade moderna.
No mundo desenvolvido, o som tem menos importância, e a oportunidade de
experimentar sons “naturais” diminui a cada geração, devido à destruição dos habitats
naturais. O som torna-se algo que o indivíduo tenta bloquear, ao invés de ouvir; a paisagem de
ação antrópica, de baixa qualidade, pouco tem a oferecer. Como resultado, muitos indivíduos
tentam fechá- lo do lado de fora, usando vidros duplos ou o “perfume sonoro” – a música. A
música – paisagem sonora virtual – passa a ser utilizada como um meio de controlar o
ambiente sonoro, e não uma expressão natural (WRIGHTSON, 1999).
Porto (2005) relata que os altos níveis de ruído urbano transforma ram-se, nas
últimas décadas, em uma das formas de poluição que mais tem preocupado os urbanistas e
arquitetos. Os valores registrados acusam níveis de desconforto tão altos, que a poluição
sonora urbana passou a ser considerada como a forma de poluição que atinge o maior número
de pessoas. Trata-se da terceira maior forma de poluição do planeta, ficando apenas atrás da
poluição da água e do ar.
De acordo com Ribas (2006), na natureza, poucos sons atingem elevados
níveis de pressão sonora, a exemplo de um trovão e das quedas d`água, os quais chegam a 120
dBNPS (nível de pressão sonora), mas facilmente o homem se protege deles. O grande
problema são as invenções humanas, que extrapolam os limites permitidos pela frágil
estrutura dos nossos organismos. São exemplos: as máquinas industriais, os veículos, os
motores, os aviões e demais aparelhos criados pelos seres humanos. É sobre este tema que a
presente pesquisa pretende versar.
Hoje os riscos se expandem em quase todas as dimensões da vida humana,
obrigando-nos a questionar hábitos de consumo e produção. Um dos efeitos deste processo
pode ser chamado de “poluição.” A poluição sonora parece ser a mais sutil e traiçoeira. Mas,
que é a poluição sonora? É o conjunto de todos os ruídos provenientes de uma ou mais fontes
sonoras, manifestadas ao mesmo tempo num ambiente qualquer (PROGRAMA SILÊNCIO,
2007).
A poluição sonora acontece devido à relação desordenada entre sociedade e
natureza. É necessário refletirmos sobre isso, para, então, tomarmos as medidas necessárias à
21
conscientização e à real percepção do que é e o que causa o ruído, que se apresenta como um
problema ambiental, principalmente nos centros urbanos.
E que dizer do ruído? O ruído não esgota o meio ambiente, não “usa” matériaprima, mas degrada-o, deteriora os seres humanos, e seus efeitos (auditivos e extra-auditivos)
comprometem suas relações sociais.
O ruído é considerado um mal urbano e um efeito ecológico. Podemos dizer
que o atual cenário aponta para um futuro com queda acentuada na qualidade de vida e
degradação ambiental (RIBAS, 2006).
A referida autora acrescenta que existem duas vertentes tentando esclarecer o
estabelecimento do que vem a ser risco em nossa sociedade. Primeiro: os problemas se
convertem em objeto de preocupação quando impõem um dano significativo aos seres
humanos e à natureza; segundo: a emergência da preocupação ambiental não está
automaticamente relacionada com a magnitude do dano, mas com o significado que este tem
para a sociedade.
Esta exposição ao ruído tem seus efeitos: a perda auditiva, o estresse, doenças
gástricas, mudanças de humor. São sintomas que dificilmente serão correlacionados, por
leigos, ao ruído. Desta maneira, por não provocar danos aparentes (afinal, a surdez é
invisível), o ruído não estaria sendo devidamente percebido e valorado na nossa sociedade.
A problemática ambiental deve redefinir os espaços de inter-relações entre
natureza e sociedade, e novas perguntas e respostas podem emanar da ciência, da cultura e da
política, quando reflexões forem efetuadas, e novos conhecimentos, adquiridos.
Neste trabalho, pretende-se discutir alguns aspectos da problemática do ruído
urbano, particularmente o grau da percepção dos efeitos danosos do ruído para a saúde e para
a qualidade de vida dos moradores da comunidade do bairro da Torre, localizada em João
Pessoa, quanto aos ruídos produzidos pelas empresas madeireiras situadas nas áreas
estudadas. Busca-se ainda considerar os riscos de ordem auditiva e extra-auditiva no cenário
da poluição sonora desse bairro.
João Pessoa é uma cidade que vem crescentemente experimentando problemas
oriundos do processo de metropolização e urbanização, sendo o ruído constante uma
realidade. Com base em dados da Secretaria de Finanças do Município, foi constatado que o
bairro da Torre possui um número de vinte e cinco empresas do setor madeireiro, dentro do
universo dos bairros da grande João Pessoa.
A partir dessa constatação, sendo a Torre um bairro tradicional, atualmente
com forte tendência comercial, mas preserva ndo áreas tradicionalmente residenciais, que
22
resistem às transformações urbanísticas, nasceu o nosso interesse de pesquisar como essa
população vive neste misto de residências tão próximas a atividades comerciais, muitas vezes,
bastante ruidosas, como é o caso das empresas madeireiras.
O objetivo deste trabalho foi caracterizar o ambiente sonoro de duas ruas do
bairro da Torre, em João Pessoa, selecionadas de modo intencional, para permitir o estudo
comparativo entre uma rua onde se encontra um aglomerado de quatro empresas madeireiras e
a outra predominantemente residencial.
O intuito de comparar a comunidade adjacente às duas avenidas referidas foi o
de investigar o incômodo gerado pela poluição sonora das empresas do setor madeireiro à
comunidade da circunvizinhança, bem como avaliar suas queixas de saúde e a forma como as
pessoas percebem e reagem a estes sons, fazendo uma comparação entre duas amostras: a da
comunidade circunvizinha à primeira rua e a da comunidade circunvizinha a segunda rua.
O problema da presente pesquisa foi, portanto, avaliar como a população
residente ou que trabalha (excluindo-se os funcionários das empresas madeireiras) em outros
imóveis de atividades produtivas do entorno destas duas avenidas percebiam o ruído urbano
nos seguintes aspectos: como fator de risco ambiental ou como fator de risco para sua saúde,
qualidade de vida e bem-estar.
Portanto, trabalhamos em etapas, tais como: medição da intensidade da fonte
geradora de ruído em um ponto e aplicação de questionários na comunidade num raio de 60
m, para avaliar os aspectos físicos e psicológicos do ruído das marcenarias; verificou-se se o
nível de ruído contribuía para distúrbios do sono, aumento do estresse, irritabilidade,
dificuldade de concentração, dor de cabeça, cansaço, ansiedade, dentre outros sintomas, na
população das áreas adjacentes; investigou-se se havia utilização de medidas de prevenção
individual e/ou coletiva contra o ruído das empresas madeireiras por parte da população;
iferiu-se a percepção do incômodo sonoro referido por moradores das áreas próximas a tais
empresas e como estas pessoas reagiam ao ambiente sonoro ao qual estão expostas.
Logo, a hipótese inicial do trabalho foi: a associação da percepção da presença
da atividade ruidosa de serraria e\ou marcenaria como geradora de desconforto acústico para
comunidade circunvizinha a tais empresas, bem como geradora de riscos de problemas de
saúde para a referida comunidade.
Para trabalhar com tal conjectura, a investigação se dividiu em duas etapas: a
pesquisa do nível de ruído e a percepção do mesmo pela comunidade e sua associação à
qualidade de vida e saúde. Anteriormente foi delineada uma fundamentação teórica que
abordasse os temas pertinentes ao desenvolvimento da presente pesquisa. Para tal, buscamos,
23
no primeiro capítulo, resgatar os antecedentes históricos do ruído, bem como o som em suas
características físicas, o que nos encaminhou à questão auditiva, atentando-se para a anatomia
e para a fisiologia da audição.
Em seguida, foram abordadas as questões dos impactos amb ientais na saúde do
trabalhador. Posteriormente, tratou-se da correlação ruído x saúde e o bem-estar do ser
humano. No item seguinte, foi correlacionado o ruído urbano com a qualidade de vida e os
aspectos legais. A outra interface abordada referiu-se à percepção ambiental.
Para finalizar, foi feito um breve levantamento das pesquisas mais recentes a
respeito da temática do ruído, através do estado da arte. Posteriormente, exp useram-se os
procedimentos metodológicos, apresentando-se, em seguida, os resultados, a discussão e,
enfim, as conclusões e recomendações.
24
CAPA
Capítulo 2
REVISÃO DE LITERATURA
25
2.1 ASPECTOS HISTÓRICOS E CONCEITUAIS
2.1.1 Antecedentes do problema sócio-ambiental do ruído
A preocupação com o problema sócio-ambiental do ruído remonta aos
primórdios da civilização e, no mundo moderno, está presente nos ambientes de trabalho,
doméstico e no lazer, afetando adversamente o bem-estar físico e mental do ser humano.
Segundo Prudente (2007), quando o ser humano lascou a primeira pedra,
começou a história do ruído, que não parou de crescer mais, até se tornar hoje uma das piores
fontes de poluição. Os cidadãos das grandes cidades que o digam. "A poluição sonora
começou com as ferramentas de pedra, passou pelo bronze e pela pólvora até chegar na
Revolução Industrial", diz Yotaka Fukuda, citado pelo referido autor.
De acordo com Nudelmann et al (1997), por volta de 720 a.C. se têm as
primeiras referências relacionadas com a prevenção do ruído ocupacional, nos sibaritas,
originários de tribos helênicas, os quais fixaram seus bronzistas fora do perímetro urbano,
para que o barulho não atingisse o restante da comunidade, antecipando, por vinte e sete
séculos, o que hoje denominamos de distrito industrial.
Ainda conforme Prudente (2007), o assunto é bem mais antigo do que
pensamos. O Imperador César (101 - 44 a.C.) determinou “que nenhuma espécie de veículo
de rodas poderia permanecer dentro dos limites da cidade (Roma), do amanhecer à hora do
crepúsculo; os que tivessem entrado durante a noite deveriam ficar parados e vazios à espera
da referida hora”.
Martial (40 - 104 d.C.) reclamava dos ruídos da cidade de Roma, durante a
noite, enumerando-os e dizendo "que não podia dormir, porque tinha Roma aos pés da cama".
Consoante Santos (1999) e Nudelmann et al. (1997), a primeira referência
escrita dos efeitos do ruído para a audição datam do primeiro século, correlacionando surdez e
exposição ao ruído, no texto de “História Natural” de Plínio, o Velho, em que são relatados
casos de surdez em moradores próximos às cataratas do Rio Nilo.
Segundo Rios (2003), na China, na Idade Média (século XII), a atividade de
guerra passou a produzir grande número de deficientes auditivos com os conflitos militares e
a introdução de armamentos bélicos.
26
O silêncio, em seu sentido filosófico, também tem sido pensado desde a
Antigüidade por teóricos como o grego Pitágoras e o chinês Confúcio, para quem "o silêncio é
um amigo que nunca trai".
Prudente (2004) refere Altemeyer, que afirmou: “O silêncio é revolucionário,
e não reacionário, tanto que Gandhi fez uma revolução e resistiu aos colonizadores sem
atitudes barulhentas".
Quatro personagens notáveis fundaram as principais religiões do mundo:
Moisés, Cristo, Muhammad e Buda. Para todos eles, os ensinamentos de suas doutrinas
vieram à tona durante períodos de silêncio.
O decreto mais original sobre silêncio é relatado na obra “Ecologia e Poluição
- Problemas do século XX”, de Homero Rangel e Aristides Coelho: foi o da Rainha Elizabeth
I da Inglaterra, que reinou de 1588 a 1603 e “proibia aos maridos ingleses baterem em suas
mulheres depois das 10 horas da noite, a fim de não perturbarem os vizinhos com gritos”
(SANTOS, 2007).
Santos (1999) e Nudelmann et al (1997) citam ainda a obra de Ramazzini
(1713), com a descrição da surdez como uma das doenças dos bronzistas, e de Thomas Barr
(1800), que relatou a presença de surdez em trabalhadores da produção de vidro.
Mas, apenas no século passado, a comunidade científica intensificou seus
estudos sobre os efeitos do ruído sobre o organismo humano, principalmente após a
Revolução Industrial e a II Guerra Mundial. Es tas transformaram o modo de vida das
sociedades, com a utilização de tecnologias e máquinas geradoras de ruído comandadas pelo
trabalhador.
Os primeiros achados de ligação científica entre perda auditiva e ruído datam
de 1930, quando Fosbrook, na Inglaterra, registrou as perdas auditivas em ferreiros. Em 1934,
Obata realizou vários experimentos e concluiu que os efeitos do ruído sobre o homem vão
além da indução de perdas auditivas.
Tais estudos se tornaram mais conclusivos com o desenvolvimento
tecnológico, que permitiu à Audiologia 1 diagnósticos mais precisos de surdez em soldados da
Segunda Guerra Mundial.
Rios (2003) cita os trabalhos de Barrien (1946), Plutchik (1959) e Jerison
(1959), os quais, sob o prisma da psicologia e da fisiologia humana, constataram haver
1
Audiologia é a ciência da avaliação da audição e tem sua base científica na psicoacústica que, por sua vez, está relacionada com
aquilo que ouvimos, descrevendo as relações existentes entre nossas sensações auditivas e as propriedades físicas de um estímulo
sonoro, como freqüência, intensidade, forma de onda, velocidade etc. (Russo, 1997)
27
redução na eficiência do desempenho das pessoas, em suas rotinas de vida, em função das
altas intensidades de ruído.
No Brasil, a cidade de São Paulo foi pioneira na criação de leis de
regulamentação da poluição sonora. Em 1976, a prefeitura municipal contratou os serviços do
Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo – IPT, para realizar medições do
ruído em diversos pontos espalhados pela cidade.
Bontinck e Mark (1977), citados por Santos (2007), afirmam que "uma pessoa
de 80 anos que viva na África Central tem a mesma capacidade auditiva de um nova- iorquino
de 18 anos", pois está mergulhada numa paisagem silenciosa mais natural ao homem, que
predominou na Terra há milhões de anos, até meados do século XIX, quando houve a erupção
da era industrial nas cidades.
2.1.2 O ruído e a Revolução Industrial
A Revolução Industrial teve início no século XVIII, na Inglaterra, com a
mecanização dos sistemas de produção. Enquanto, na Idade Média, o artesanato era a forma
de produzir mais utilizada, na Idade Moderna, tudo mudou.
A poluição ambiental, o aumento da poluição sonora, o êxodo rural e o
crescimento desordenado das cidades também foram conseqüências nocivas para a sociedade
(REVOLUÇÃO INDUSTRIAL, 2007).
Segundo Franco e Druck (1998), tomando-se a Revolução Industrial como
marco que revolucionou tanto as relações sociais – exercidas entre os homens no desempenho
das atividades econômicas e na vida social – quanto as bases técnicas das atividades humanas
– avanços científicos e sua aplicação industrial sob a forma de tecnologia – é possível
compreender o processo deflagrado de crescente transformação da interação entre a
humanidade e o planeta, isto é, entre as atividades humanas e a biosfera.
A partir da Revolução Industrial – que se expandiu progressivamente da
Inglaterra para o resto do mundo ocidental e, no século XX, se desdobra ‘modernamente’ no
mundo oriental - podem ser destacados elementos marcantes de transformação profunda na
vida dos homens entre si e com o meio ambiente e, conseqüentemente, das condições
objetivas e subjetivas da saúde humana e da sustentabilidade ambiental.
28
As sociedades pré-Revolução Industrial utilizavam basicamente as forças
humana e animal, atividades estas pouco ruidosas. A Comunidade Européia recomenda níveis
ambientais de ruído de até 45 dB, mas, para a Organização Mundial de Saúde, o nível
ambiental de ruído deve ser de até 35 dB.
Uma característica da paisagem sonora pré- industrial ressaltada por Wrightson
(1999) é que o “horizonte acústico” pode estender-se por várias milhas. Essa sensação é
reforçada quando podemos ouvir sons emanados de povoados vizinhos, estabelecendo e
mantendo relações entre diversas comunidades locais.
Na paisagem sonora pós-Revolução Industrial, sons significativos podem ser
mascarados a tal ponto, que o “espaço auditivo” de um indivíduo seja reduzido. Quando esse
efeito é tão pronunciado que o indivíduo não pode ouvir as reflexões dos sons de seu próprio
movimento ou fala, o espaço auditivo encolheu até envolver o próprio indivíduo, isolando,
assim, o ouvinte do seu ambiente.
2.1.3 Ecologia acústica
O som de um lugar em particular pode, assim como a arquitetura, costumes e
indumentária – expressar a ident idade da comunidade, a ponto de os diferentes locais serem
reconhecidos e caracterizados por suas paisagens sonoras. Porém, desde a Revolução
Industrial, um número crescente de paisagens sonoras únicas vem desaparecendo
completamente, ou submergindo na nuvem de ruído anônimo e homogenizado que é a
paisagem sonora da cidade contemporânea, com sua tônica onipresente – o trânsito, afirma
Wrightson (1999) em seu trabalho.
Segundo este autor, a filosofia básica da Ecologia Acústica é simples, porém
profunda: seu criador, o autor - R. Murray Schafer, sugere que nós ouvimos o ambiente
acústico como se fosse uma composição musical e que, desta forma, temos uma
responsabilidade sobre essa composição. A profundidade da mensagem de Schafer se esconde
hoje atrás de um único termo: poluição sonora.
Wrightson (1999) refere o trabalho de Schafer, que afirma existir duas formas
de se melhorar a paisagem sonora. A primeira consiste em aumentar a competência sonora
através de programas educacionais que procurem imbuir as novas gerações de uma apreciação
ao som ambiente. Ele acredita que isso fomentará, em segundo lugar, uma nova postura no
29
modelo que incorporará um maior respeito ao som, e assim, reduzirá o desperdício de energia
que é o ruído.
Contudo, é vital que, para ouvirmos, precisamos parar ou ao menos
desacelerar, física e psicologicamente, tornando- nos “seres humanos”, em vez de “fazeres
humanos”. Para o Homo Urbanus, parar e escutar é uma decisão difícil.
Hoje, o interesse em Ecologia Acústica está crescendo graças às atividades do
Fórum Mund ial de Ecologia Acústica (WFAE) fundado durante a Primeira Conferência
Internacional de Ecologia Acústica em Banff, Alberta, Canadá, em agosto de 1993.
Resumindo, os valores adotados pela Ecologia Acústica, como o da audição e
o da qualidade da paisagem sonora, valem ser propagados.
Com a presença do homem na terra, a natureza está sendo sempre redesenhada,
desde o fim da história natural e a criação da natureza social ao desencantamento do mundo,
passando de uma ordem vital a uma ordem racional.
O problema emergente do espaço humano vem ganhando uma dimensão nunca
antes alcançada. A preocupação sempre ocorreu, mas, na fase atual, é redobrada, porque os
problemas estão crescendo de maneira geométrica. Chouard (2001) ressalta que se faz urgente
a regulamentação da intensidade sonora. Caso contrário, teremos, no futuro, uma geração de
surdos decorrente de traumatismos sonoros.
Nos últimos vinte anos, assiste-se à proliferação de inúmeros acordos e
tratados sobre o ambiente. E a questão do ruído? Certamente aqui se aplica a máxima popular
que diz “quem não é visto não é lembrado”. Apesar de a academia estudar e publicar artigos e
teses sobre o ruído e seus efeitos, pouco se fala dele em encontros e congressos, e pouco se
faz na comunidade para a redução deste problema.
2.2 O SOM
A física define o som como uma perturbação que se propaga nos meios
materiais e é capaz de ser detectada pelo ouvido humano. Na existência de outro som,
simultâneo ao que queremos ouvir, ocorre o mascaramento do som desejado, sendo necessário
aumentar -se a intensidade do som desejado, para se obter sua correta percepção (DE
MARCO,1940).
30
O som é definido por Cândido (2002) como um fenômeno vibratório resultante
das variações da pressão no ar. Essas variações de pressão sonora se dão em torno da pressão
atmosférica e se propagam longitudinalmente. Qualquer fenômeno capaz de causar ondas de
pressão no ar é considerado uma fonte sonora. Basicamente, todo som se caracteriza por três
variáveis físicas: freqüência, intensidade e timbre.
Russo e Santos (1993) definem freqüência como o número de vibrações por
unidade de tempo ou o número de ciclos que as partículas materiais realizam em um segundo
(ciclos/segundo). Esta unidade recebe o nome de Hertz (Hz). Relacionada à freqüência,
encontramos a altura (Pitch), que nos permite classificar o som em uma escala que varia de
grave a agudo. Quanto mais alta for a freqüência, mais agudo será o som; quanto mais baixa,
mais grave ele será .
Já a intensidade pode ser definida como sendo a energia que atravessa uma
área num intervalo de tempo ou, ainda, em função da pressão sonora, ou seja, a força exercida
pelas partículas materiais sobre uma superfície sobre a qual incidem. A intensidade
(Loudness) relaciona-se com sons fortes e fracos e não baixos e altos, como são usualmente
utilizados.
Para De Marco (1940), o timbre não é uma qualidade do som, mas sim da
fonte sonora, que pode ter os seguintes tipos de som:
- Tom puro: constituído por uma única freqüência. Ex: o som do diapasão. Na audiologia, ele
se revela muito importante, pois é utilizado para medir a acuidade auditiva dos indivíduos.
- Som complexo: quando existe uma superposição de freqüências relacionadas
harmonicamente. Ex: a voz humana e os instrumentos musicais.
- Ruído: trata-se da superposição de várias freqüências sem relação harmônica entre si.
De acordo com a Norma Técnica Estadual SELAP 002/PB, os ruídos podem
ser classificados da seguinte forma:
– Ruído contínuo: ruído que, no período de 5 (cinco) minutos, apresenta uma variação menor
maior
ou
igual
que
6
dB(A)
entre
seus
valores
máximo
e
mínimo.
– Ruído descontínuo: ruído que, no período de 5 (cinco) minutos, apresenta uma variação
maior que 6 dB(A) entre seus valores máximo e mínimo.
– Ruído constante: ruído que, no período de 5 (cinco) minutos, não apresenta qualquer
variação de nível.
– Ruído impulsivo ou de impacto: aque le que apresenta picos de energia acústica de duração
inferior a um segundo.
31
Existe uma nítida divisão entre os sons que se apresentam abaixo e acima da
voz humana. Os sons com níveis inferiores à nossa voz são naturais, confortáveis e não
causam perturbação. Ao contrário, os sons superiores à voz humana podem ser considerados
ruídos. Normalmente são produzidos por máquinas, são indesejáveis e causam perturbação ao
homem. A conversação humana situa-se na faixa de 45 a 75 dB2 .
Figura 1- Limiar de audibilidade
Fonte: (ALMEIDA, 1999)
Cândido (2002) define subjetivamente o ruído como toda sensação auditiva
desagradável ou insalubre. Fisicamente, como todo fenômeno acústico não periódico, sem
componentes harmônicos definidos.
Para Santos e Morata (1999), os termos som e ruído são freqüentemente
utilizados de forma indiferenciada mas, geralmente, som é utilizado para as sensações
prazerosas, como música ou fala, ao passo que ruído é usado para descrever um som
indesejável, como buzina, explosão, barulho de trânsito e máquinas.
2
Não se usa unidade de intensidade sonora, mas nível de intensidade sonora (NIS, ou Sound Intensity Level, SIL, em inglês) para a
forma como nosso ouvido reage a essa intensidade. Essas unidades são o Bel e o seu submúltiplo o decibel (dB). O nome Bel é uma
homenagem a Alexander Graham Bell, que inventou o telefone (1877), quando tentava desenvolver aparelhos de amplificação
sonora para deficientes auditivos (Menezes, 2005).
32
De acordo com Cândido (2002) para um som ser percebido, é necessário que
ele esteja dentro da faixa de freqüência captável pelo ouvido humano. Essa faixa para um
ouvido normal, varia em média de 16 a 20.000 Hz.
As freqüências audíveis são divididas em três faixas:
?
Baixas freqüências ou sons graves - as quatro oitavas de menor freqüência, ou seja,
31,25; 62,5 ; 125 e 250 Hz.
?
Médias freqüências ou sons médios - as três oitavas centrais, isto é, 500, 1.000 e 2.000
Hz.
?
Altas freqüências ou sons agudos - as três oitavas de maior freqüência, ou seja, 4.000,
8.000 e 16.000 Hz.
A propagação do som se dá a partir da fonte geradora, em todas as direções.
Por ser uma vibração longitudinal das moléculas do ar, esse movimento oscilatório é
transmitido de molécula para molécula, até chegar aos nossos ouvidos, gerando a audição.
A atenuação do som na propagação:
- É diretamente proporcional à freqüência, ou seja, o som agudo “morre” em poucos
metros, enquanto que o som grave se pode ouvir a quilômetros de distância.
- É inversamente proporcional à temperatura.
- É inversamente proporcional à umidade.
- A poluição do ar, principalmente o monóxido e dióxido de carbono, são muito
absorventes, atenuando bastante o som.
- Não sofre influência da pressão atmosférica.
Portanto, na propagação, o ar, oferecendo maior resistência à transmissão de
altas freqüências, causa maior distorção no espectro de freqüências. Por isso, nos sons
produzidos a grandes distâncias, nós ouvimos com maior intensidade os sons graves, ou seja,
os sons agudos são atenuados na propagação.
2.2.1 Propagação do som ao ar livre
A propagação sonora ao ar livre é normalmente estudada em termos de três
componentes: a fonte sonora, a trajetória de transmissão e o receptor. O nível sonoro se reduz
com a distância ao longo de sua trajetória.
33
Conforme Cândido (1999) pode-se controlar a transmissão do som pelo ar
através de obstáculos à sua propagação. Antes, porém, cabe lembrar que os sons de baixa
freqüência se transmitem mais facilmente pelo ar que os sons de alta freqüência.
Assim, quando possível, deve-se transformar os ruídos para a faixa mais aguda
do espectro, fazendo com que percam sua intensidade numa distância menor. O isolamento do
som na fonte ou no receptor pode ser feito por paredes, que obedecem aos princípios de
propagação
Para Gerges (2000), a energia gerada por fontes sonoras sofre atenuação ao se
propagar em ar livre. Os fatores causadores de atenuação são: distância percorrida, barreiras,
absorção atmosférica, vegetação, variação de temperatura, o solo e efeito do vento.
Na análise do campo acústico em comunidade, é importante desenvolver
relações entre a potência sonora das fontes, os níveis de pressão sonora no receptor
(comunidade) e a influência nos vários caminhos de propagação.
Déoux e Déoux (1996) referem que o som é produzido pelas vibrações de um
corpo – lâmina metálica, vidro, cordas vocais – ou de moléculas do ar. Propaga-se
gradualmente sob forma de uma onda acústica, cuja velocidade é de 340 m/s para uma
pressão atmosférica regular e uma temperatura de 15ºC. Essa passagem de uma onda acústica
produz uma variação da pressão do ar, a qual nem que seja ínfima, estimulará o nosso
aparelho auditivo.
2.3 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA AUDIÇÃO
2.3.1 Anatomia dos órgãos da audição
O ouvido funciona como o órgão coletor dos estímulos externos,
transformando as vibrações sonoras em impulsos sonoros para o cérebro. É, sem dúvida, a
estrutura mecânica mais sensível do corpo humano, pois detecta quantidades mínimas de
energia. Para fins de estudo, o ouvido é dividido em três partes: ouvido externo, ouvido médio
e ouvido interno (CÂNDIDO, 2002).
34
Figura 2 - Anatomia do ouvido
Fonte: Berr
O ouvido externo compõe-se do pavilhão auditivo (orelha), do canal auditivo e
do tímpano. A função da orelha é a de uma corneta acústica, capaz de dar um acoplamento de
impedâncias entre o espaço exterior e o canal auditivo, possibilitando uma melhor
transferência de energia.
Essa corneta, tendo característica diretiva, ajuda na localização da fonte
sonora. As paredes do canal auditivo são formadas de ossos e cartilagens. Em média, o canal
tem 25 mm de comprimento, 7 mm de diâmetro e cerca de 1 cm3 de volume total.
O tímpano (membrana timpânica) é oblíquo e fecha o fundo do canal auditivo.
Tem a forma aproximada de um cone, com diâmetro da base de 10 mm. É formado de uma
membrana de 0,05 mm de espessura e superfície de 85 mm2. Deve ficar claro que o tímpano
assemelha-se a um cone rígido, sustentado, em sua periferia, por um anel de grande
elasticidade, o qual lhe permite oscilar como uma unidade, sem sair do seu eixo.
De modo mais claro, Déoux, S. e Déoux, P. (1996) explicam que as ondas
sonoras captadas pelo ouvido externo fazem vibrar o tímpano, como uma pele de tambor ou a
membrana de um microfone.
35
Logo depois do tímpano, temos o ouvido médio: uma cavidade cheia de ar
conhecida também como cavidade do tímpano, cujo volume é da ordem de 1,5 cm3 e que
contém 3 ossículos: o martelo (23 g), a bigorna (27 g) e o estribo (2,5 g). A função de tais
ossículos é, através de uma alavanca, acoplar mecanicamente o tímpano à cóclea (caracol),
triplicando a pressão do tímpano.
Na parte interna da cavidade do tímpano, existem as janelas oval e redonda,
que são as aberturas do caracol. As áreas de tais janelas são da ordem de 3,2 e 2 mm,2
respectivamente. A janela redonda é fechada por uma membrana, e a oval é fechada pelo "pé"
do estribo (fig.3).
A cadeia ossicular do ouvido médio é mostrada na Figura 3.
Martelo
Bigorna
Estribo
Figura 3 - Cadeia ossicular
Fonte: (CÂNDIDO, 1999)
Na Figura 3, é possível visualizar o martelo com o ligamento superior (1),
ligamento anterior (2), ligamento lateral (3) e músculo tensor do tímpano (4); a bigorna com
seu ligamento superior (5) e ligamento posterior (6); e o estribo com o ligamento anular (7) e
o músculo estapédio (8). O músculo estapédio tem uma importante função na proteção da
audição contra os altos níveis de ruído.
Déoux e Déoux (1996) complementam: existe um elemento de proteção contra
o barulho no ouvido médio, o arco reflexo estapediano. Caso o barulho seja superior a 85 dB e
dure mais de um segundo, os músculos dos pequenos ossos (martelo, bigorna e estribo) vão
contrair-se para diminuir a vibração ao nível da janela oval e proteger o ouvido interno. É o
reflexo estapédico.
Mas, se a duração do barulho for inferior a um segundo, este reflexo não pode
ser estimulado, e compreende-se, então, a nocividade dos sons ditos impulsivos, que poderão
causar lesão definitiva à cóclea.
36
O ouvido interno inicia-se pela janela oval, seguindo um canal semicircular
que cond uz ao caracol (cóclea), que tem um comprimento de 30 a 35 mm e é dividido
longitudinalmente em duas galerias, pela membrana basilar.
O caracol tem aspecto de um caramujo de jardim e mede cerca de 5 mm do
ápice à base, com uma parte mais larga de aproximadamente 9 mm. Pode-se dizer que o
caracol consiste em um canal duplo enrolado por 2,5 voltas em torno de um eixo ósseo.
A janela oval fecha o compartimento superior e transmite suas vibrações para
a membrana basilar através da endolinfa, líquido viscoso que preenche esse conduto. O
comprimento da membrana basilar é de 32 mm; tem cerca de 0,1 mm de espessura próxima à
janela oval e 0,5 mm na outra extremidade.
A janela redonda é uma membrana circular, muito elástica, que fecha a parte
superior do canal e, mediante as suas contrações, compensa as variações de pressão
produzidas pelas oscilações da membrana basilar.
Figura 4 - Fisiologia da audição
Fonte: (PEREIRA, 2006)
Sobre a membrana basilar estão distribuídas as células acústicas (Órgão de
Corti), em número de 18 mil (externas e internas), de onde saem os nervos que formam o
nervo acústico e levam o sinal elétrico até o cérebro (fig.5).
37
Figura 5 - Cóclea
Fonte: Centro Auditivo Telex
A membrana basilar atua como um filtro seletivo ou analisador de freqüências,
em que a percepção de cada freqüência se realiza em um determinado ponto da membrana: as
altas freqüências excitam a parte próxima da janela oval, e, à medida que se caminha para
dentro do caracol, a freqüência diminui.
Sendo o som decomposto em sua freqüência fundamental e suas harmônicas, é
possível para nós distinguir o timbre dos sons, realizando uma verdadeira análise espectral.
Figura 6 - Estruturas do sistema auditivo
Fonte: Centro Auditivo Telex
Segundo Déoux e Déoux (1996), o ouvido está constantemente em estado de
alerta de dia e à noite. A sensibilidade do ouvido não é idêntica para todas as freqüências:
38
maior para os sons entre 2.000 Hz e 5.000 Hz e mais fracas para as freqüências mais altas e
mais baixas.
O limiar de audição é de 0 dB3 . Para diferenciar a intensidade de dois sons, 3 dB
são necessários. A partir de 60 dB, o barulho já é considerado incômodo. A OMS estima que
se torna nocivo a partir de 85-90 dB sobre uma duração de 8 horas. O limiar doloroso situa-se
em torno de 130 dB.
2.3.2 Fisiologia da audição
O processo fundamental da audição é a transformação do som em impulsos
elétricos ao cérebro. Esse processo passa pelas seguintes etapas: as ondas sonoras chegam até
o pavilhão auditivo e são conduzidas ao canal auditivo (meato acústico externo). Além de
conduzir o som ao canal auditivo, o pavilhão auditivo também ajuda na localização da fonte
sonora (CÂNDIDO, 2002).
As ondas sonoras percorrem o canal auditivo e incidem sobre o tímpano
(membrana timpânica), fazendo-o vibrar com a mesma freqüência e amplitude da energia do
som. As ondas sonoras (pressão) são transformadas em vibração. A vibração do tímpano é
transmitida para o cabo do martelo que faz movimentar toda a cadeia ossicular. A vibração do
martelo é transmitida para a bigorna e para o estribo, através de um sistema de alavancas que
aumentam em 3 vezes a força do movimento, diminuindo em 3 vezes a amplitude da vibração.
A vibração da platina do estribo é transmitida sobre a janela oval, que está em
contato com o líquido do ouvido interno. A vibração é transformada em ondas de pressão no
líquido. Como a relação entre as áreas do tímpano e da janela oval é de 14:1, ocorre uma
nova amplificação do som pela redução da área.
A vibração no líquido da cóclea é, portanto, uma onda sonora (longitudinal),
semelhante à onda sonora que chegou ao pavilhão auditivo, com a mesma freqüência, com a
amplitude reduzida de 42 vezes (3 x 14) e a pressão aumentada de 42 vezes.
3
O nome BEL foi dado em homenagem a Alexandre Graham Bell, pesquisador de acústica e inventor do
telefone, de onde foi criado o décimo do Bel, ou seja, o decibel (dB). O decibel não é uma medida, mas apenas
uma escala logarítmica (10 log), que satisfaz a construção fisiológica do nosso ouvido.
39
As ondas sonoras, propagando-se nos líquidos do ouvido interno, provocam a
vibração da membrana basilar e do Órgão de Corti. A vibração chega até as células ciliadas,
fazendo com que seus cílios oscilem, saindo de sua posição de repouso.
A oscilação dos cílios (na mesma freqüência da onda sonora original) causa
uma mudança na carga elétrica endocelular, provocando um disparo de um impulso elétrico
para as fibras nervosas, o qual é conduzido para o nervo acústico e para o cérebro.
A indicação de qual célula ciliada responderá ao estímulo vibratório depende
da freqüência do som: para sons agudos o deslocamento da membrana basilar é maior na
região basal (próxima à janela oval), estimulando as células desta região; se o som é grave, o
movimento maior da membrana basilar será na região apical.
Um importante mecanismo de proteção ocorre no ouvido médio. Quando o
estímulo sonoro atinge níveis acima de 70 - 80 dB, o processo de proteção é ativado,
estimulando a contração do músculo estapédio (através do nervo facial), que faz alterar a
forma de vibração do estribo sobre a janela oval.
A platina do estribo passa a vibrar paralelamente à membrana da janela oval,
impedindo a transmissão da vibração e inclusões muito pronunciadas, as quais poderiam
romper tal membrana (Figura 7).
.
Figura 7 - Formas de movimento do estribo: para sons normais e para sons acima de 70-80 dB
Fonte: (CÂNDIDO, 1999)
2.4 IMPACTOS AMBIENTAIS PROVOCADOS PELO RUÍDO NA SAÚDE DO
TRABALHADOR
Por ser o ruído um agente físico bastante presente no mundo contemporâneo,
desde a Revolução Industrial, e conseqüentemente no ambiente de trabalho, discutiremos um
pouco sobre seus efeitos na saúde do trabalhador, apesar de não ser esta a proposta da
presente pesquisa.
40
O ruído afeta adversamente o bem-estar físico e mental das pessoas, tanto no
ambiente profissional, como também no doméstico ou no lazer, pois, mesmo dormindo, os
habitantes das grandes cidades vivem imersos numa atmosfera de ruído, com que parecem ter
se acostumado: carros de som, tráfego, alarmes contra roubos, sirenes, discotecas, brinquedos,
buzinas, motores, algazarras etc.
Nas últimas décadas, em decorrência do avanço tecnológico, o ruído se
transformou na forma de poluição que atinge o maior número de pessoas. Para Félix (2005), a
proteção contra o ruído é um dever comum para o bem do indivíduo e da sociedade. A
atenuação sonora alcançou máxima importância no mundo moderno, e existem várias
sociedades que tentam diminuir o ruído nas grandes cidades.
Apesar do avanço dos conhecimentos, da maior difusão de sua nocividade, de
ser o ruído o agente mais comum nos ambientes profissionais e com forte repercussão no
meio ambiente das grandes cidades, no Brasil, os investimentos em seu controle ainda são
escassos e localizados.
Sebastian4 alerta que não existe na natureza ruído algum que tenha mais de 80
dB, exceto nas grandes quedas d’água, em cujas imediações não existe vida animal superior.
Para Hungria (1995), o ouvido humano é capaz de tolerar, sem prejuízo à audição, ruídos com
intensidade de até 80-85 dB (A)5 . A exposição contínua, durante seis a oito horas por dia, a
ruídos na intensidade ou acima de 85 dB (A) acarretará em indivíduos predispostos à lesões
auditivas irreversíveis.
Nas oficinas de tecelagem, de fabricação de cigarro, de caldeireiro, motores de
avião a jato, de metalurgia e nas serralharias, a intensidade sonora varia de 90 a 120 dB no
ambiente interno. Russo (1997) alerta que exposições continuadas a intensidades superiores a
85 dB podem causar perdas permanentes da audição. Acima deste nível, um aumento de
apenas 5 dB implica a redução do tempo de exposição pela metade.
Em 1995, a Organização Mundial de Saúde (OMS) incluiu o ruído na lista dos
maiores problemas de saúde dos Estados Unidos da América (FÉLIX, 2005). A perda de
audição induzida por ruído (PAIR) é perfeitamente prevenível e irrecuperável, conforme
afirmação da referida autora, que ainda afirma que o seu simples diagnóstico já significa o
resultado da falência de todo um sistema preventivo que deveria estar colocado à disposição
do trabalhador, constituindo a prevenção o único remédio para o mal.
4
A obra de Sebastian, Audiologia Prática. 3 ed. Rio de Janeiro: Enelivros, é uma tradução para o Portugûes, na qual a editora não refere o
ano da publicação.
5
No trabalho de Cândido (1999) é recomendado usar a escala de ponderação (A), quando se referir a intensidade sonora em relação a seres
humanos, pois esta é a escala mais parecida com o ouvido humano, por isso, utiliza-se dB (A).
41
Hungria (1995) afirma que não há tratamento para as lesões decorrentes do
ruído, a não ser o afastamento definitivo do indivíduo do amb iente ruidoso, a fim de evitar a
progressão da perda auditiva, ou conseguir eventualmente alguma recuperação da deficiênc ia
já instalada. Em virtude disso, o tratamento é profilático, isto é, preventivo, com a proteção do
operário contra ruídos contínuos de intensidade igual ou superior a 85 dB.
Segundo Aberti (1994), a Organização Mundial de Saúde, em conjunto com a
Federação Internacional de Sociedades Otorrinolaringológicas, acreditam que o ruído
provavelmente é o maior responsável pelas perdas auditivas isoladas no mundo moderno.
Diante deste universo, o ruído passou a ser considerado um proble ma de saúde pública,
durante Congresso Mundial realizado sobre poluição sonora na Suécia, em 1989.
Félix (2005) acrescenta que pesquisas sobre o ruído, além de ampliar os
conhecimentos sobre seus efeitos e influir nas políticas de sua redução, estão intimamente
ligadas à qualidade de vida da maioria dos trabalhadores e da população em geral.
De acordo com Ribas (2006), por ocasião da ECO-92, o ruído foi considerado
a terceira causa de poluição do planeta, estando apenas atrás da poluição do ar e da água. Os
prejuízos acarretados pelo ruído não estão restritos apenas à audição, mas afetam também
outros órgãos e funções do organismo, prejudicando atividades físicas, fisiológicas e mentais
do indivíduo.
Barrichello (2006) diz que a proteção da orelha é o único meio de prevenção
da doença que atinge, de forma irreversível, lenta e insidiosa, a orelha interna (cóclea e
labirinto), apresentando diversos sintomas auditivos e extra-auditivos, tais como: perda de
audição, zumbido, tontura, dificuldade de comunicação, irritabilidade, além de que o
indivíduo ser obrigado a conviver na presença do ruído no ambiente de trabalho.
O Barrichello (2006) acrescenta ainda que tais sintomas, associados a fatores
como estresse, outras doenças da orelha interna, surdez familiar, distúrbios circulatórios e
alguns medicamentos, podem aumentar a suscetibilidade do indivíduo à lesão auditiva
ocupacional, e as seqüelas ocasionadas pelo ruído serão mais marcantes na terceira idade.
Santos (1999) descreve outros efeitos auditivos do ruído, além da deficiência
auditiva propriamente dita. São eles: zumbidos, dificuldade na localização da fonte sonora,
dificuldade de conversação, dificuldade em perceber e discriminar sons na presença de ruído
de fundo e incômodo para sons altos.
Santos e Morata (1999) afirmam que, embora o ruído não afete apenas a
audição, é neste órgão do sentido que seus efeitos são mais caracterizados e percebidos,
levando à exaustão física e a alterações químicas, metabólicas e mecânicas do órgão sensorial
42
auditivo. A extensão e o grau do dano estão relacionados diretamente com a intensidade da
pressão sonora, a duração do tempo, a freqüência e a maior ou menor suscetibilidade
individual.
De acordo com a norma da ISO 2204/1973 (International Standard
Organization), os ruídos podem ser classificados como: contínuo, intermitente e de impacto.
Simpson (2001) afirma que as evidências laboratoriais e de campo indicam maior risco ao
ruído de impacto.
Segundo Fiorini (1998), o ruído provoca uma série de alterações no nosso
corpo, embora, em geral, quantifique-se apenas a perda auditiva. O som alto é um disparador
de adrenalina, aumentando a emoção. O barulho acaba transformando-se num vício. Na
verdade, hoje não é mais possível tirar o barulho do mundo. Mas, pode-se minimizá- lo.
Ibañez (1997) conclui que a prevenção da PAIR pode ser realizada através do
desenvolvimento de um bom Programa de Conservação Auditiva (PCA), através de um
conjunto de medidas coordenadas, que têm por objetivo impedir que determinadas condições
de trabalho provoquem a deterioração dos limiares auditivos em um grupo de trabalhadores.
Porém, a presente dissertação pretende versar sobre o ruído voltado para o
aspecto da qualidade de vida e da percepção da comunidade do entorno de empresas
madeireiras.
2.5 O RUÍDO, A SAÚDE E O BEM-ESTAR DO SER HUMANO
Que é a saúde? Ao lado da noção clara de prevenção das doenças, existe
também a noção de investigação das condições de vida mais favoráveis ao desenvolvimento
físico, psicológico e moral do homem.
A Carta Européia do Ambiente e da Saúde, publicada pela OMS em 1989,
definiu que: “Boa saúde e bem-estar exigem um ambiente limpo e harmonioso no qual todos
os fatores físicos, psicológicos, sociais e estéticos, recebem o seu justo lugar. Tal ambiente
deverá ser tratado como um recurso para o melhoramento das condições de vida e bem-estar”
(MATTEI, 1996).
O ambiente é reconhecido como um dos quatro grandes determinantes do
estado de saúde de uma população, ao lado dos fatores genéticos, dos comportamentos
individuais e da qualidade dos tratamentos médicos. A sua deterioração tem uma grande
43
responsabilidade nas doenças da civilização: depressão nervosa, hipertensão, perturbações
digestivas. Tratar os problemas do ambiente e da saúde separadamente é um erro.
Na obra de Déoux e Déoux (1996), René Dubos afirma que a influência de
estímulos ambientais e a dinâmica do organismo permitem a conservação do equilíbrio por
reações adaptativas, podendo o indivíduo ser considerado “ecoestável”. Adquire uma
determinada tolerância à poluição ambiente graças a uma adaptação qualificada de “criativa”.
Pelo contrário, nas pessoas “ecolábeis”, algumas agressões exteriores têm a
função de revelador de um estado de desequilíbrio até então inaparente. A desestabilização
leva a uma significativa redução dos índices de saúde e a um aumento das queixas,
especialmente no aspecto neurovegetativo e circulatório.
A adaptação humana aos agentes externos varia segundo os indivíduos e
segundo a duração do estresse ambiental. Deste modo que, nas grandes cidades, os novos
citadinos são aparentemente mais sensíveis à poluição urbana que os antigos.
Em geral, a primeira adaptação é reflexa. Se a perturbação for compensada, a
alteração será temporária e reversível. Se vários agentes estressantes combinarem as suas
ações, a mais durável desestabilização do organismo será a porta de entrada para a doença.
A doença é uma falta de adaptação, enquanto a saúde é uma adaptação
conseguida. Há muito tempo, os ambientalistas americanos definiram e mediram a saúde
“como capacidade de adaptação perante as circunstâncias e riscos ambientais.” O homem tem
uma grande adaptabilidade às mudanças do seu ambiente. É o mais adaptativo dos animais.
No entanto, criou, num século, uma extraordinária aceleração nas modificações do seu meio
vital.
Por outro lado, semelhante capacidade de adaptação não pode justificar que o
homem tenha a obrigação imperativa de se inclinar perante todas as agressões de uma técnica
moderna, apresentada como inevitável, pois “a adaptação, muitas vezes, realiza-se pelo preço
de uma mutilação; aprendemos a tolerar sacrificando alguma coisa da nossa vida. Por
exemplo, a adaptação ao barulho paga-se pela deterioração de uma determinada parte do
sistema auditivo, portanto, passa pela qualidade de vida baseada nas relações sociais. Não
morremos, mas é o preço a pagar para viver” (DÉOUX E DÉOUX, 1996).
Souza (2007) refere Bontinck e Mark (1977), as quais relatam que "uma
pessoa de 80 anos que viva na África Central tem a mesma capacidade auditiva de um novaiorquino de 18 anos", pois está mergulhada numa paisagem silenciosa mais natural ao
homem, que predominou na Terra há milhões de anos até meados do século XIX, quando
houve a erupção da era industrial nas cidades. O mesmo autor também faz referência a Glorig,
44
que propõe a substituição do termo "presbiacusia" pelo de "socioacusia", tendo em vista que
a perda auditiva com a idade é típica da sociedade industrializada e urbanizada.
Franco e Russo (2001) afirmam que a poluição sonora é considerada pela
Organização Mundial de Saúde como uma das três prioridades ecológicas para a próxima
década e a percepção desse problema é, muitas vezes, demorada. A perda auditiva induzida
por ruído (PAIR) não é causada apenas pelo ruído industrial, mas também por ruídos da vida
diária, sendo chamada de socioacusia.
Entretanto, Coghlan (2007) relata problemas de saúde mais graves, de acordo
com novas evidências de estudos publicados no último relatório da Worl Health Organization
(WHO). Em reportagem à Revista New Scientist (agosto, 2007), a WHO sugere que à
exposição a níveis de barulho superiores aos 50 decibels representam cerca de sete milhões de
pessoas do total de mortes provocadas por doenças cardíacas anualmente em todo o mundo.
Depois de uma perturbação devida a um estímulo ambiental, nem sempre o
organismo recupera o estado inicial, e, pouco a pouco, pela repetição das microagressões,
instala-se um imperceptível desregramento, que só se manifestará após um período
relativamente longo. Portanto, um tempo de estado latente aparente existe entre a exposição a
um agente exterior e o diagnóstico da doença.
A lentidão da evolução clínica das numerosas manifestações devidas aos
elementos exteriores também explica o atraso e as hesitações para ligar uma determinada
doença a uma agressão ambiental.
A gama dos efeitos das exposições ambientais sobre a saúde é muito ampla.
Todos os aparelhos e sistemas do organismo podem ser perturbados, por certo tempo de
exposição a vários níveis, pelos poluentes ambientais que intervêm nos diferentes estágios da
patologia. Alguns são fatores desencadeantes, porém a maioria é formada de favorecedores de
doenças, agravando predisposições genéticas ou estados patológicos preexistentes.
Pinto et al. (2006), em seu trabalho, cita Medeiros (1999) em relação aos
efeitos extra-auditivos, ou seja, alterações orgânicas, emocionais e sociais desencadeadas pelo
excesso de ruído: vertigem, náuseas e vômito, desmaio, diarréia ou prisão de ventre, dor de
cabeça, distúrbios hormonais, distúrbios cardiovasculares, dilatação das pupilas, distúrbios do
sono. Afinal o barulho causa irritabilidade, cansaço, falta de atenção e dificuldade de
concentração, queda de rendimento no trabalho, estresse, prejuízo quanto ao desempenho de
algumas tarefas, redução da potência sexual, mudanças na conduta e no humor, depressão,
ansiedade e distúrbios da comunicação, pois, em locais barulhentos, a comunicação verbal é
prejudicada, e, também, devido à dificuldade de entender a conversação, pelo déficit auditivo.
45
Seligman (1993) relata ainda alguns sintomas, além dos anteriormente citados:
dor no ouvido, dor no estômago, dores nas costas, dor na garganta, alterações metabólicas,
inapetência, ressaltando que é expressivo o número de queixas não auditivas em pacientes
submetidos a ruído intenso.
Conforme Cândido (2002), quando uma pessoa é submetida a altos níveis de
ruído, existe a reação de todo o organismo a esse estímulo.
As alterações na resposta vegetativa (involuntária ou inconsciente) são :
Principais alterações fisiológicas reversíveis:
- Dilatação das pupilas;
- Hipertensão sangüínea;
- Mudanças gastro- intestinais;
- Reação da musculatura do esqueleto;
- Vaso-constricção das veias.
Principais mudanças bioquímicas :
- Mudanças na produção de cortisona;
- Mudanças na produção de hormônio da tiróide;
- Mudança na produção de adrenalina;
- Fracionamento dos lipídios do sangue;
- Mudança na glicose sangüínea;
- Mudança na proteína do sangue.
Os efeitos cardio-vasculares são :
- Aumento do nível de pressão sangüínea - sistólica;
- Aumento do nível de pressão sangüínea - diastólica;
- Hipertensão arterial.
46
Figura 8 - Efeitos do excesso de ruído sobre o organismo
Fonte: (CÂNDIDO, 1999)
Quanto aos efeitos sociológicos da exposição ao ruído no ambiente comunitário :
- Níveis mais baixos que os ocupacionais ;
- Alto grau de incômodo - fator adicional de estresse ;
- Em ensaios com 1.000 pessoas, aquelas submetidas a níveis maiores que 70 dB(A), houve
alto índice de hipertensão arterial, o grupo mais suscetível foram as pessoas na faixa etária
entre 29 e 39 anos.
Em relação à reação da comunidade:
- Irritação geral e incômodo;
- Perturbação na comunicação, conversação, telefone, rádio, televisão;
47
- Prejudica o repouso e o relaxamento dentro e fora da residência;
- Perturbação do sono;
- Prejudica a concentração e performance;
- Sensação de vibração;
- Associação do medo e ansiedade;
- Mudança na conduta social.
2.6 RUÍDO URBANO E A QUALIDADE DE VIDA
A agitação das grandes cidades provoca a chamada poluição sonora, que é
composta dos mais variados ruídos: motores e buzinas de automóveis, martelos de ar
comprimido, rádios, televisores, entre vários outros ruídos indesejáveis. A intensidade
diminui à medida que o som se propaga, ou seja, quanto mais distante da fonte, menos intenso
é o som.
De acordo com a cartilha sobre poluição (2006), recomenda-se o nível de 40
dB (A) para o descanso e o sono, permitindo variação entre 35-45 dB(A), conforme
Associação Brasileira de Normas Técnicas, seguindo orientação da Organização Mundial de
Saúde. Os ruídos com intensidade de até 55 dB(A) não causam problemas graves às pessoas,
mas a partir desse nível há início do estresse auditivo, cujas conseqüências são incômodo,
fadiga, insônia e vários outros sintomas.
Acima de 80 dB(A), a saúde é afetada profundamente, mas os efeitos variam
de acordo com o tempo que as pessoas ficam expostas ao ruído e são cumulativos. Para a
maioria das pessoas, o nível de 120 dB (A) já provoca dor, causando surdez nervosa
irreversível.
Os efeitos na saúde podem causar problemas sociais, tais como: baixa
produtividade, baixa habilidade de aprender, ausência no trabalho e escola, aumento do uso de
drogas e acidentes (GERGES, 2006).
Além dos efeitos sociais e na saúde, podemos citar a perda de valor de
propriedade de imóveis. Portanto, a avaliação do ruído urbano é necessária, com elaboração
de normas, ações técnicas e administrativas e de custo/ benefício para proteger a população
contra este inimigo invisível.
48
Pode não só interferir na saúde e no bem-estar dos indivíduos em particular,
mas de uma população urbana como um todo, gerando um problema de saúde pública, como
apontado pela World Health Organization (2000).
Portanto, a poluição sonora não deve ser vista como algo não agressivo. O
ruído é um poluente invisível que, contínua e lentamente, agride os indivíduos, causando- lhes
danos tanto auditivos como em todo o organismo.
Hoje, os governos do Primeiro Mundo estão interessados em evitar maiores
danos à saúde dos homens, adotando atitudes educativas, a fim de prepará- los melhor,
intelectual e psicologicamente, para competirem na ponta da globalização. Seus cidadãos se
tornaram mais conscientes e exigem melhor qualidade de vida.
No entanto, em grande parte do Terceiro Mundo, industrializado ou urbanizado
mais tardiamente, o ruído ambiental continua excedendo o limite da salubridade, tornando
seus ambientes sonoros insalubres pelo uso intensivo de equipamentos ultrapassados e
barulhentos. Estes povos se mostram incapazes de queimar etapas com tecnologia limpa e
mais moderna para ingressarem diretamente na nova era pós-industrial.
Pol (2001) relata que o ruído mais traiçoeiro ocorre em níveis moderados,
porque mansamente vão instalando estresse, distúrbios físicos, mentais e psicológicos, insônia
e problemas auditivos. Muitos sinais passam despercebidos do próprio paciente pela
tolerância e aparente adaptação, sendo, ademais de difícil reversão. Diversas pessoas das
grandes cidades, não conseguem identificar o ruído como um dos principais agentes
agressores e, cada vez mais, menos o sentem, ficando desorientadas, por não saber localizar a
causa de tal mal.
2.6.1 Qualidade de vida e ambiente urbano
O conceito de qualidade ambiental urbana se apresenta muito ligado a dois
outros conceitos importantes: o de ecossistema urbano e o de qualidade de vida. Existe
sempre uma associação entre o meio natural e o construído, no qual se imprime a marca da
criatividade humana e das inovações culturais que humanizam o meio natural (RIBEIRO e
VARGAS, 2001).
O ecossistema urbano caracteriza-se pela forte presença da atividade humana,
transformando o ambiente natural pela produção e consumo constantes e pelo estabelecimento
49
de fluxos intensos de toda ordem (fluxo de pessoas, de energia, recursos econô micos e
relações sociais). Propõe-se uma evolução da gestão ambiental que promova o
desenvolvimento sustentável.
Para estas autoras, o ecossistema urbano pode ser dividido em dois
subsistemas, um físico e outro cultural, com um caráter holístico. Ressalta-se que as cidades,
por serem construções humanas e tendo suas particularidades históricas, socioeconômicas e
culturais, não constituem um modelo único, o que dificulta a criação de um conceito
universal.
Em relação ao conceito de qualidade de vida, Ribeiro e Vargas (2001) citam
Cutter (1985), que propõe o uso de indicadores de três ordens: sociais, ambientais e
perceptivos. Aos dois primeiros elementos, dá também uma dimensão perceptiva, isto é, de
bem-estar ou não em relação a um elemento objetivo. A referida autora procura avaliar as
condições objetivas também a partir da imagem subjetiva do indivíduo e de suas expectativas
em relação ao lugar. A qualidade do meio ambiente é julgada mediante valores da sociedade.
As avaliações da qualidade de vida devem iniciar-se pela caracterização do
meio ambiente urbano: a história, o quadro socioeconômico e cultural da população, seus
aspectos físicos, recursos disponíveis, elementos poluentes etc. A abordagem holística teria
como objetivo de análise a cidade, o bairro, inseridos num contexto cultural e subjetivo.
As diferenças culturais, geográficas, subjetivas de ordem pessoal (sejam elas
psicológicas ou de formação) colaboram para aumentar as dificuldades de se definir o que é
qualidade ambiental urbana, bem como de analisá-la e avaliá- la. Para isso, é fundamental
conceituar primeiramente o que é qualidade de vida.
Ribeiro e Vargas (2001), que referem o trabalho de Maslow (1954) para definir
qualidade de vida, sustentam-se na teoria das necessidades básicas. Segundo tais autores, as
necessidades humanas apresentam-se hierarquicamente da seguinte forma:
- necessidades fisiológicas: fome, sono;
- necessidades de segurança: estabilidade, ordem;
- necessidades de amor e pertinência: família e amigos;
- necessidade de estima: respeito, aceitação;
- necessidade de auto-atualização: capacitação.
A noção de bem-estar dos indivíduos para as autoras referidas relaciona-se à
qualidade do meio físico e social. Consideram, além da infra-estrutura, os serviços de saúde,
de recreação e lazer, a existência de estabelecimentos comerciais e bancários e de áreas
verdes. Ribeiro e Vargas (2001) referem ainda Chiavenato (1980), que afirma: somente
50
quando temos as nossas necessidades básicas individuais atendidas, passamos a nos preocupar
com o coletivo.
Cada ser humano também acrescenta um juízo de valor sobre as condições de
qualidade ambiental urbana que ela oferece, de acordo com seus interesses, objetivos e
expectativas de vida. Nesse sentido, o conceito de qualidade ambiental urbana (ou de vida
urbana) vai além dos conceitos de salubridade, saúde e segurança, bem como das
características morfológicas do sítio e do desenho urbano, finalizam Ribeiro e Vargas
(2001) em referência a Lynch (1960).
2.7. CIDADES SAUDÁVEIS COM SUSTENTABILIDADE
A Hipótese Gaia, teoria formulada no final dos anos 60 pelo físico inglês
James Lovelock e pela microbiologista norte-americana Lyn Margulis afirma que as
características da Terra teriam sido criadas pelos organismos vivos nela existentes, ao longo
do seu processo de evolução. Para os dois cientistas, são os seres vivos que moldam o meio
ambiente às suas características e criam as condições necessárias para sua sobrevivência.
Desse modo, contradizem a teoria tradicional, que defende o raciocínio
exatamente inverso: o de que a vida teria surgido e se desenvolvido de acordo com as
condições atmosféricas e climáticas.
Pela Hipótese Gaia, o planeta se comportaria como um organismo inteligente,
capaz de enfrentar e superar situações ameaçadoras e recriar a harmonia. A adaptação das
espécies a novas condições, a extinção de muitas delas e o surgimento de outras fazem parte
desse processo de equilíbrio. Esses mecanismos reguladores foram chamados pelos dois
cientistas de Gaia, como era chamada a deusa Terra dos gregos antigos. Vem daí o nome da
hipótese, que influencia fortemente o movimento ambientalista (BIODIVERSIDADE, 2005).
Cândido (2002) relata que o Brasil é um dos líderes mundiais em nível de
ruído. Eis alguns dados: as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro estão entre as cinco de
maior nível de ruído do mundo; nessas cidades, o ruído alcança, em média, 90 a 95 dB, com
picos de 105 dB. Apenas 5 % da população com problemas auditivos recorrem a médicos,
mas se vendem mais de 30 mil aparelhos auditivos por ano.
Entretanto, a preocupação com os níveis de ruído ambiental já existia desde
1981, pois, no Congresso Mundial de Acústica, na Austrália, as cidades de São Paulo e do Rio
51
de Janeiro passaram a ser consideradas as de maiores níveis de ruído do mundo. Nas cidades
médias brasileiras, onde a qualidade de vida ainda é preservada, o ruído já tem apresentado
níveis preocupantes, fazendo com que várias delas possuam leis que disciplinem a emissão de
sons urbanos.
Para Nudelmann et al. (1997), embora as grandes cidades do mundo tenham
leis contra o barulho, estas são, em geral, ineficientes. Em Nova Iorque, por exemplo, a
polícia emite aos transgressores milhares de advertências e intimações por ano, e, contudo, a
cidade é barulhenta. No Brasil, não é diferente. São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre,
Recife, entre outras, são alvos freqüentes de matérias jornalísticas que alertam para o ruído.
Numa visão mais ampla, o silêncio não deve ser encarado apenas como um
fator determinante para o conforto ambiental, mas deve ser visto como um direito do cidadão.
O bem-estar da população não deve ser tratado apenas com projetos de isolamento acústico
tecnicamente perfeitos, mas, além disso, exige uma visão crítica de todo o ambiente que vai
receber a nova edificação. É necessária uma discussão urbanística.
Outro conceito importante a ser discutido se refere às comunidades já
assentadas e ameaçadas pela poluição sonora de novas obras públicas. A transformação de
uma tranqüila rua em avenida, a construção de um aeroporto ou de uma auto-estrada, ou uma
via elevada, podem elevar o ruído a níveis insuportáveis.
Almeida (1999) alega que, embora exista legislação específica regula ndo os
limites de emissão de ruídos e estabelecendo medidas de prevenção para a coletividade dos
efeitos danosos da poluição sonora, constata-se que os níveis de ruído das diversas atividades
cotidianas estão acima dos valores determinados pelas legislações nacionais e internacionais.
A conscientização do problema por parte da população, aliada a outras
medidas de prevenção, seria uma valiosa contribuição para a redução do ruído urbano e
melhora da qualidade de vida da população.
Silva (2003) aborda os conceitos de desenvolvimento sustentável e qualidade
de vida, para avaliar a forma desordenada como se deu o desenvolvimento urbano. Para a
referida autora, as cidades grandes e pequenas, corresponderam aos motores do crescimento e
ao berço da civilização, propiciando a evolução dos conhecimentos, da cultura e das tradições,
bem como da indústria e do comércio. Todavia, as cidades constituem também espaço de
conflitos socioeconômicos, do uso irracional do território e ocupação desordenada do solo.
A planificação e a gestão integrada das cidades e de seus elementos devem
buscar equacionar o problema do desenvolvimento humano num ambiente desordenado,
impregnado de múltiplas formas de poluição.
52
Nesse sentido, a Declaração da Conferência das Nações Unidas, Habitat II –
Istambul, junho de 1996, colocou em evidência o problema das cidades, em seus aspectos
globais. Como respeitar o equilíbrio entre a cidade histórica e a cidade contemporânea, entre o
crescimento necessário à sobrevivência das cidades e à qualidade de vida de seus cidadãos?
Com base em dados de tráfego e nas características físicas do local, foram
desenvolvidos mapas de ruído, e procedeu-se a seu cruzamento com o zoneamento acústico
do território e com a população residente.
O desenvolvimento da vida humana em condições qualitativas nas urbes e o
crescimento da própria cidade implicam problemas de poluição, como o da poluição sonora,
os quais devem ser equacionados, proporcionalmente à plena realização do direito a cidades
sustentáveis.
Saliente-se que o direito a cidades sustentáveis constitui uma das diretrizes
gerais da política urbana e foi consagrado no inciso I do artigo 2º do Estatuto da Cidade (Lei
nº 10.257, de 10.07.2001).
O artigo de Silva (2003) tem como objetivo questionar as possíveis soluções
jurídicas para dois problemas da contemporaneidade: a poluição sonora e a poluição visual. O
direito à tranqüilidade não constitui direito supérfluo e elitista. Esse direito corresponde a uma
preocupação que se insere no contexto da saúde pública, do equilíbrio mental, psicológico e
físico dos cidadãos, de um meio ambiente ecologicamente equilibrado, do pleno exercício do
direito à cidade.
No artigo de Silva et al. (2006), apresenta-se uma abordagem do problema do
ruído urbano na cidade de Viana do Castelo, Portugal, que aceitou aderir ao Projeto Cidades
Sustentáveis e integrar a Rede Européia das Cidades Saudáveis.
Os autores relatam que o crescimento urbano, nas dimensões que atualmente
assumem, vem exercendo pressões, de forma continuada, nos recursos, nas infra-estruturas e
nos equipamentos, afetando negativamente o padrão de vida dos cidadãos.
Neste contexto, a avaliação e a monitorização da qualidade do meio ambiente
urbano tornou-se um item de primordial importância, quando considerado como um
instrumento de apoio à decisão para a construção de cidades mais sustentáveis e com melhor
qualidade de vida.
No projeto supracitado, a caracterização do ruído urbano, nomeadamente a
determinação dos níveis de intensidade sonora na zona urbana e da exposição da população ao
ruído ambiental, foi considerada uma das ações prioritárias.
53
Coelho (2004) relata que o desenvolvimento urbanístico, nas décadas recentes,
elevou o ruído urbano nas cidades européias, gerando a necessidade de se introduzir medidas
de gestão e redução de ruído em espaços urbanos.
Nesse sentido, foram aprovadas legislações nacionais e municipais em vários
países em anos recentes e, para o espaço europeu, a nova Directiva Européia 2002/49/EC.
Esta Directiva requer a avaliação acústica através da elaboração de mapas de ruído em
aglomerados com mais de 100.000 habitantes, bem como dos correspondentes planos de ação.
Diversos documentos legais de diferentes países, como é o caso do Regime
Legal sobre Poluição Sonora, em Portugal, compreendem exigências e requisitos técnicos em
consonância com a Directiva.
Os diferentes países têm adaptado diversas estratégias de controle e redução de
ruído no sentido de solucionar o conflito entre desenvolvimento e agressão ambiental, no que
diz respeito ao ruído.
As estratégias e as soluções técnicas para uma gestão eficaz do ruído nos
espaços urbanos, bem como os correspondentes benefícios e custos, têm sido discutidos em
diversos fóruns europeus, dada a escassa experiência existente.
Um adequado plano de gestão de ruído tem de contabilizar diversos fatores de
ordem técnica, funcional, urbanística, temporal e financeira. A gestão do espaço urbano
deverá, sempre, integrar o ambiente sonoro como fator determinante na percepção de
qualidade ambiental por parte do cidadão. A gestão do ruído urbano passa pela redução dos
níveis de ruído e pela criação de ambientes sonoros agradáveis, ou menos desagradáveis.
As soluções de redução de ruído terão que levar em consideração a dinâmica
própria da cidade e deverão ser desenvolvidas e implementadas sem causar problemas de
outra natureza na vivência cotidiana dos cidadãos.
A criação de ambientes sonoros agradáveis poderá passar, ainda, pela
introdução de novo s sons ou de condições de propagação de sons existentes, porém
agradáveis, que mascarem ruídos desagradáveis. O desenvolvimento sustentável busca
fórmulas que combinem progresso, tecnologia, conforto e equilíbrio do meio ambiente.
54
2.8 ASPECTOS LEGAIS
2.8.1 Esfera Federal
2.8.1.1 Inquérito Civil Público por meio de ação civil pública Lei nº 7.347/85 (BRASIL,
1985)
De acordo com a revista Meio Ambiente Industrial (2001), por se tratar de
problema social difuso, a poluição sonora deve ser combatida pelo poder público e pela
sociedade, individualmente, com ações judiciais de cada prejudicado, ou coletivamente,
através da ação civil pública (Lei nº 7.347/85) garantia do direito ao sossego público, o
qual está resguardado pelo artigo 225 da Constituição Federal (BRASIL, 1985).
Na legislação ambiental, poluição é definida no art. 3º, III, da Lei nº
6.938/81, como a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que, direta
ou indiretamente, prejudiquem a saúde, segurança e o bem-estar da população; criem
condições adversas às atividades sociais e econômicas; afetem desfavoravelmente a
biota; afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; lancem matérias ou
energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos (BRASIL, 1985).
A Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, dispõe sobre as sanções penais e
administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Em seu
artigo 54, configura crime “causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que
resultem ou possam resultar danos à saúde humana...”, o que inclui, nesta figura
delituosa, a poluição sonora pelas conseqüências que produz.
2.8.1.2 Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras (SLAP)
De acordo com Souza (2004), na Esfera Federal, a competência para o
licenciamento ambiental, monitoramento, fiscalização e controle ambiental é atribuído ao
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).
55
Em 1987, foi publicada a Norma ABNT 10151- Avaliação do ruído em áreas
habitadas visando o conforto da comunidade”, produzida a partir da norma ISO 1996.
2.8.1.3 Resolução CONAMA 001
Em 8 de março de 1990, foi elaborada a Resolução CONAMA 001, documento
este com força de lei, publicada em decreto no Diário Oficial da União, de 02 de abril de
1990, a qual preceitua :
“Considerando que os problemas dos níveis excessivos de ruído estão
incluídos entre os sujeitos ao Controle da Poluição de Meio Ambiente;
Considerando que a deterioração da qualidade de vida, causada pela poluição,
está sendo continuamente agravada nos grandes centros urbanos.”
Citaremos agora apenas os itens de interesse da presente pesquisa:
“Considerando que os critérios e padrões deverão ser abrangentes e de forma a permitir fácil
aplicação em todo o Território Nacional, resolve:
I - A emissão de ruídos, em decorrência de quaisquer atividades industriais, comerciais,
sociais ou recreativas, inclusive as de propaganda política, obedecerão, no interesse da saúde,
do sossego público, aos padrões, critérios e diretrizes estabelecidos nesta Resolução.
II - São prejudiciais à saúde e ao sossego público, para os fins do item anterior, os ruídos com
níveis superiores aos considerados aceitáveis pela norma NBR 10.151 - Avaliação do Ruído
em Áreas Habitadas visando o conforto da comunidade, da Associação Brasileira de Normas
Técnicas - ABNT.
(...)
IV - A emissão de ruídos produzidos por veículos automotores e os produzidos no int erior dos
ambientes de trabalho obedecerão às normas expedidas, respectivamente, pelo Conselho
Nacional de Trânsito - CONTRAN, e pelo órgão competente do Ministério do Trabalho.
(...)
56
VI - Para os efeitos desta Resolução, as medições deverão ser efetuadas de acordo com a NBR
10.151 - Avaliação do Ruído em Áreas Habitadas visando o conforto da comunidade, da
ABNT.
VII - Todas as normas reguladoras da poluição sonora, emitidas a partir da presente data,
deverão ser compatibilizadas com a presente Resolução”.
A Resolução CONAMA 001 cita a norma NBR 10151- “Avaliação do Ruído
em Áreas Habitadas, Visando o Conforto da Comunidade (versão 1987)”, a qual também tem
seu conteúdo baseado na Norma ISSO 1996, tendo esta sofrido revisão no ano de 2000.
1- Objetivo
1.1 – Esta Norma fixa as condições exigíveis para avaliação da aceitabilidade do ruído em
comunidades, independente da existência de reclamações.
1.2 – Esta Norma especifica um método para a medição do ruído, a aplicação de correções
nos níveis medidos se o ruído apresentar características especiais, e uma comparação dos
níveis corrigidos com um critério que leva em conta vários fatores.
1.3 – O método de avaliação envolve as medições do nível de pressão sonora equivalente
(LA eq) em decibels ponderados em “A”, comumente chamado de dB(A). Recomenda-se que
o equipamento possua recursos para medição de nível de pressão sonora equivalente
ponderado em “A” (LA eq), conforme a IEC 60804.
A seguir, vislumbra-se Tabela com os níveis de ruído estabelecidos por áreas
conforme a NBR 10151, de acordo com o uso e ocupação do solo.
57
Tabela 1 – Nível de ruído aceitável por áreas conforme a NBR 10151
Tipos de áreas
Áreas de sítios e fazendas
Áreas estritamente urbana ou de hospitais ou de
escolas
Área mista, predominantemente residencial
Área mista, com vocação comercial e administrativa
Área mista, com vocação recreacional
Área predominantemente industrial
Diurno
40
50
Noturno
35
45
55
60
65
70
50
55
55
60
Fonte: NBR 10151
Todas as Leis, Decretos e Normas Técnicas elaboradas a nível Estadual ou
Municipal deverão seguir as regulamentações da Legislação Federal. A Norma Técnica
L11.032 também estabelece normas baseadas na NBR 10151.
2.8.1.4 Estatuto da Cidade: estudo de impacto de vizinhança
O Estatuto da cidade prevê um novo instrumento para que se possa fazer a
mediação entre os interesses privados dos empreendedores e o direito à qualidade urbana
daqueles que moram ou transitam em seu entorno: o estudo do impacto de vizinhança.
O estudo do impacto de vizinhança é a maneira como são utilizados os imóveis
urbanos em consonância com a Lei – não diz respeito apenas à relação entre o proprietário do
lote ou empreendimento e o poder público. Cada interferência na utilização ou ocupação de
um determinado lote urbano produz impactos sobre seu entorno, podendo interferir
diretamente na vida e na dinâmica urbana de outros. Quanto maior for o empreendimento,
tanto maior será o impacto que ele produzirá sobre a vizinhança (ESTATUTO DA CIDADE,
2005).
A legislação tradicional atribuía ao Zoneamento toda a função de garantir a
proteção da população aos usos incômodos, à medida que estabelece zonas homogêneas, no
interior das quais apenas determinados usos são permitidos.
O Zoneamento, por si, só não é capaz de mediar todos os conflitos de
vizinhança, apesar de, em inúmeras cidades, ter logrado garantir a proteção da qualidade de
vida de alguns bairros.
58
2.8.2 Esfera Estadual
2.8.2.1 Lei Ambiental nº 4335, de 16 de dezembro de 1981
No Estado da Paraíba, foi criada a Lei Ambiental nº 4335, de 16 de dezembro
de 1981, entrando em vigor a partir da data de sua publicação no Diário Oficial do Estado
(DOE), em 18 de dezembro de 1981.
A referida Lei dispõe sobre a preservação e controle da poluição ambiental e
estabelece normas disciplinadoras para quaisquer espécies de poluição que degradem o meio
ambiente.
Visando a regulamentação da Lei nº 4335/81, foi editado o Decreto nº 15.357,
de 15 de junho de 1993, que dispõe sobre poluição sonora. Serão citados do decreto
supracitado apenas os itens relevantes ao tema desta dis sertação:
CAPÍTULO-I
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 1º - É vedado perturbar o sossego e o bem-estar público com ruídos, vibrações, sons
excessivos ou incômodos de qualquer natureza, produzidos sob qualquer forma ou que
contrariem os níveis máximos fixados neste Decreto.
Art. 2º - Cabe à Superintendência de Administração do Meio Ambiente - SUDEMA, órgão de
prevenção e controle do meio ambiente, impedir ou reduzir a poluição sonora em ação
conjunta com a Secretaria de Estado da Segurança Pública e Polícia Militar do Estado da
Paraíba.
Art. 3º - Para os efeitos do presente Decreto, consideram-se aplicáveis as seguintes definições:
59
I - POLUIÇÃO SONORA: Toda emissão de som que, direta ou indiretamente, seja ofensiva
ou nociva à saúde, à segurança e ao bem-estar da coletividade ou transgrida as disposições
fixadas neste Decreto;
II - MEIO AMBIENTE: conjunto formado pelo espaço físico e os elementos naturais nele
contidos, até o limite do território do Estado, passível de ser alterado pela atividade humana;
(...)
IV - RUÍDO: qualquer som que cause ou tenda a causar perturbações ao sossego público ou
produzir efeitos psicológicos e/ou fisiológicos negativos em seres humanos e animais;
(...)
VII - Distúrbio por Ruído ou Distúrbio Sonoro, significa qualquer som que:
a) - ponha em perigo ou prejudique a saúde de seres humanos e animais;
b)
-
cause
danos
de
qualquer
natureza
à
propriedade
pública
ou
privada;
c) - possa ser considerado incômodo ou que ultrapasse os níveis máximos fixados neste
Decreto.
(...)
XV - Horário: DIURNO, compreendido entre às 07:00 e 19:00 horas dos dias úteis,
VESPERTINO, compreendido entre às 19:00 e 22:00 horas, NOTURNO, compreendido entre
às 22:00 e 07:00 horas.
CAPÍTULO II
DA COMPETÊNCIA
Art. 4º - Na aplicação das normas estabelecidas por este Decreto, compete à Superintendência
de Administração do Meio Ambiente - SUDEMA:
60
I - estabelecer o programa de controle dos ruídos urbanos, exercendo, diretamente ou através
de delegação, o poder de controle e fiscalização das formas de poluição sonora;
(...)
IV - exercer fiscalização;
V
-
organizar
programas
de
educação
e
conscientização
a
respeito
de:
a) - causas, efeitos e métodos gerais de atenuação e controle de ruídos e vibrações;
b) esclarecimentos das ações proibidas por este Decreto e os procedimentos para o relato das
violações.
Art. 5º - Fica proibido perturbar o sossego e o bem-estar público através de distúrbios sonoros
ou distúrbios por vibrações.
CAPÍTULO III
DOS NÍVEIS MÁXIMOS PERMISSÍVEIS DE RUÍDOS
Art. 6º - A emissão de ruídos, em decorrência de qua isquer atividades industriais, comerciais,
prestação de serviços inclusive de propaganda, bem como sociais e recreativas, obedecerá aos
padrões e critérios estabelecidos neste regulamento.
(...)
Art. 9º - A medição do nível de som será feita utilizando a curva de ponderação "A" com
circuito de resposta rápida, e o microfone deverá estar afastado no mínimo, de 1,5m (hum
metro e cinqüenta centímetros) do solo.
61
Tabela 2 – Nível máximo de ruído equivalente (LAeq) por área e horário.
Áreas
Residencial (ZR)
Diversificada (ZD)
Industrial (ZI)
Diurno
55 dB (A)
65 dB (A)
70 dB (A)
Vespertino
50 dB (A)
60 dB (A)
60 dB (A)
Noturno
45 dB (A)
55 dB (A)
60 dB (A)
Fonte: Decreto nº 15.357 de 15 de junho de 1993
Para cálculo do nível de ruído equivalente, foi criada a Norma Técnica SELAP
003, que cita a SELAP 002, recomendando fazer , no mínimo, trinta medições do ruído no
local escolhido, observando um intervalo mínimo de dez segundos entre cada duas medições.
2.8.3 Esfera Municipal
2.8.3.1 Código Municipal: Lei Municipal nº 29 da SEMAM (Secretaria do Meio Ambiente)
Anteriormente à criação da Lei Municipal nº 29, de 05 de agosto de 2002,
regulamentava os níveis de emissão de ruído e os horários permitidos para tais emissões a Lei
Complementar nº 07, de 17 de agosto de 1995, de acordo com o Código de Posturas da
Secretaria de Planejamento do município de João Pessoa. Já o Decreto nº 15.357 sugeria
firmar convênio com a SUDEMA, delegando a esta o poder de fiscalizar o padrão de emissão
de ruídos, para garantir a ordem e o sossego público.
Para continuar garantindo a ordem e o sossego público, em relação ao ruído,
foi criada, sob o Código do Meio Ambiente Municipal, a Lei nº 29, de 05 de agosto de 2002,
regulamentada pelo Decreto nº 4.793, de 21 de abril de 2003, que aborda o nível permitido de
pressão sonora, competindo, a partir de então, segundo o decreto supracitado no artigo 2º, à
SEMAM (Secretaria Municipal do Meio Ambiente) o controle, a prevenção e a redução da
emissão de ruídos no município de João Pessoa.
O artigo 4º do Decreto nº 4.793, mais precisamente em seu inciso II, define a
poluição sonora, e o inciso V, alínea “a”, preceitua que o Decibel (dB): unidade de
intensidade física relativa ao som, deve ser medido na curva de ponderação A, dB (A),
definido na norma da ABNT, NBR 10.151. Em seu inciso VI, é definido o nível de som
62
equivalente (Leq), como nível médio de energia sonora, medido em dB (A), que deve ser
mensurado durante um período de tempo de interesse.
O artigo 5º determina que os níveis de pressão sonora fixados por este Decreto,
bem como os equipamentos utilizados para medição e avaliação, obedecerão às
recomendações das normas NBR 10.151 e NBR 10.152
A Lei Municipal nº 29, de 05 de agosto de 2002, é fundamentada na Resolução
do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) nº 001, de 08 de março de 1990, que
estabelece padrões, critérios e diretrizes a serem observados nas emissões de ruídos e segundo
a qual constituem prejuízos à saúde e ao sossego público a emissão de ruídos, em decorrência
de qualquer atividade industrial, comercial, social ou recreativa, inclusive as de propaganda
política, os ruídos com níveis superiores aos considerados aceitáveis.
De acordo com o artigo 143 da Lei Municipal nº 29, deve-se estabelecer
programas de controle de ruídos e exercer o poder de disciplinamento, fiscalização das fontes
de poluição sonora, aplicar sanções, interdições e embargos previstos na legislação vigente,
bem como organizar programas de educação e conscientização da população a respeito do
ruído, além de outras diretrizes.
O programa de educação ambiental e conscientização da população vem sendo
desenvolvido pela campanha contra poluição sonora intitulada: “Cidade com som alto,
educação lá embaixo”, com o número de telefone à disposição da população para as denúncias
necessárias.
De acordo com o artigo 145 da Lei nº 29, de 05 de agosto de 2002, fica
proibida a utilização ou o funcionamento de qualquer instrumento ou equipamento, fixo ou
móvel, que produza, reproduza ou amplifique som, de tal modo, que crie ruído além do limite
real do imóvel, observando-se o disposto no zoneamento previsto no Plano Diretor Urbano.
Tabela 3 – Nível máximo de ruído equivalente por área e horário (LAeq), em consonância
com o Decreto nº 4793, de 21 de abril de 2003.
Áreas
Residencial (ZR)
Diversificada (ZD)
Industrial (ZI)
Fonte: SEMAM/PMJP
Diurno: 7h às 19 h
55 dB (A)
65 dB (A)
70 dB (A)
Vespertino: 19 h às 22h
50 dB (A)
60 dB (A)
60 dB (A)
Noturno: 22h às 7h
45 dB (A)
55 dB (A)
60 dB (A)
63
2.9 ASPECTOS PSICOLÓGICOS E SUBJETIVOS DA PERCEPÇÃO AMBIENTAL
2.9.1 Psicologia ambiental
Na psicologia ambiental, orientada para a sustentabilidade, os temas
ambientais já não podem ser analisados sem levar em conta tudo que afeta o comportamento
humano, tais como: o comportamento social, as condições de vida e uma série de valores
como a solidariedade, elementos estes intrínsecos à questão ambiental. Na conferência da Rio
92, enfatiza-se muito a dimensão social e política (POL, 2001).
Qualquer impacto ambiental tem uma dimensão ecológica e uma dimensão
social, no sentido que afeta as comunidades. E, quando se prejudica a comunidade, interferese diretamente no comportamento dos seus membros, que podem ter comportamentos de
efeitos negativos para o meio ambiente, se não estão bem gestionados. Isso nos introduz ao
campo da gestão ambiental em uma nova agenda temática para a psicologia ambiental, que
tenta dar uma resposta aos novos planejamentos.
2.9.2 Dimensão temporal
Pode-se assumir que as pessoas, apropriando-se de seu ambiente e sentindo-se
em casa onde elas moram, também cuidam mais do ambiente em geral, isto é, comportam-se
mais ecologicamente.
Levar em consideração a dimensão temporal é indispensável para estudar as
condições de bem-estar e para compreender os modos de ancoragem ambiental do indivíduo.
A dimensão temporal proporciona, igualmente, novos insights na maioria dos assuntos
estudados pela psicologia ambiental. Referir a dimensão temporal é útil em todos os níveis
usuais de análise orientada pela psicologia ambiental (MOSER, 2001).
Mais particularmente, se examinados os principais temas envolvidos pela
psicologia ambiental, percebe-se que a dimensão temporal está presente na maioria das
pesquisas, mas sem ser um objeto específico de sua atenção. A dimensão temporal intervém
como uma referência na construção, pelo indivíduo, de sua própria identidade.
64
Moser (2001) relata que os efeitos de condições ambientais, tais como o
barulho, o calor, a poluição ou a densidade, são amplamente conhecidos e foram objeto de
diversas teorizações. Mas, os resultados dessas pesquisas são raramente analisados em termos
de adaptação a longo prazo ou de comparações antes-depois; contudo, pode-se supor que,
onde não há fatores coercitivos, o indivíduo reverte para um modo básico de reagir a seu
ambiente.
Além do conceito de “desamparo aprendido”, Moser (2001) acrescenta ainda
que poucos pesquisadores analisaram esse aspecto do ponto de vista tempo-de-exposição e da
durabilidade dos efeitos. É uma exceção, quando uma pesquisa que estuda a incidência do
barulho, do odor, da densidade, da adequação do meio construído sobre o comportamento (em
termos de relações sociais, agressão, comportamento de ajuda etc.) faz referência à dimensão
temporal. A avaliação ambiental e a expressão de emoções sobre o ambiente dependem
fortemente das dimensões temporal, histórica e cultural (memória de lugares).
Como desenvolvimento de novas tecnologias, a noção de proximidade está
sendo crescentemente expressada e sentida em termos do tempo necessário para alcançar
certos lugares. Isso necessariamente modifica relações espaciais e investimentos ambientais.
Percepção e representações do território certamente diferem entre indivíduos,
dependendo do seu status social, de sua mobilidade e de sua posição no ciclo vital.
Finalmente, a dimensão temporal continua reaparecendo na preservação do ambiente e de
recursos naturais.
De fato, uma das condições para se adotar comportamentos pró-ambientais é a
capacidade de se projetar no futuro, enquanto ele acontece: a capacidade de projetar além do
próprio ciclo vital e de agir no interesse das gerações futuras.
A psicologia ambiental tem de se afastar de uma visão “instantânea” ou do
“aqui-agora” da relação pessoa-ambiente para se tornar uma psicologia na qual a relação com
o ambiente funciona como referência à dimensão cultural humana e à dimensão temporal
(MOSER, 2001).
A psicologia ambiental está voltada, muito freqüentemente, para a
identificação de fatores que apenas podem adquirir sua inteira significação por meio do seu
reposicionamento no interior das dimensões culturais e temporais que condicionam as
percepções e os comportamentos de um indivíduo em um dado ambiente.
Cada indivíduo tem uma história pessoal e uma projeção no futuro que,
necessariamente, condiciona como ele se relaciona com o ambiente. Isso significa abandonar
a posição estática da psicologia ambiental para se mover claramente na direção de uma
65
psicologia ambiental dinâmica. Se as análises de comportamentos pró-ambientais nos
ensinaram a tornarmo-nos
interessados
no
horizonte
temporal,
poucas
pesquisas
explicitamente levam isso em consideração.
2.9.3 Sentimento de identidade
Nosso sentimento de identidade, “cerne e substância de nossa subjetivação”,
define nossa unidade resultante de todos os processos identificatórios pelos quais passamos,
tendo assim uma natureza intrinsecamente dinâmica e relacional. O sentimento de identidade
é fundamental para o ser humano.
Uma casa, uma cidade, um bairro, a cidade natal, a casa natal e nosso bairro
familiar passam a fazer parte de nossa identidade, o que nos dá suporte ao “ego”. Berry,
citado em Montagna (2001), assinala a importância de um enraizamento num lugar, na
construção de um tempo pessoal. O desígnio das casas, das ruas, das formas, do espaço dá às
lembranças um contorno de consistência. É assim que o espaço ajuda a estruturar o tempo.
Mas, uma grande questão da inserção do indivíduo na contemporaneidade,
representada pela cidade, vem a ser a enorme quantidade de estímulos externos
bombardeando o “eu”, num nível que sobrepassa em muito a capacidade de cada um de dar
conta deles.
No âmbito da percepção, em relação aos estímulos exteriores, no mundo de
hoje, o afluxo incessante, contínuo e assaz diversificado dos estímulos nos obriga a estar
sempre na tentativa de encontrar uma medida adequada à abertura e fechamento ao exterior. O
desafio passa a ser como permanecer na medida adequada de interiorização e exteriorização
diante de excesso de estímulos.
Juízos morais, isto é, as idéias subjetivas das pessoas sobre o que deve e o que
não deve ser feito, o que é certo ou errado, deve ser usado também na análise das questões
ambientais. A teoria de juízo moral oferece uma distinção ent re aceitação ou rejeição de uma
atividade ambiental como conteúdo e sua justificativa como estrutura.
66
2.9.4 Percepção
A relação com o ambiente global parece ser, de amplo modo, culturalmente
determinada. Nos últimos anos, as condições de modelização do engajamento em
comportamentos favoráveis à preservação ambiental em função dos valores de um lado, e da
relação bem-estar do outro, fizeram um tímido aparecimento na psicologia ambiental.
Sabe-se que a percepção, as atitudes e os comportamentos referentes ao
ambiente são diferentes de uma cultura para outra, na medida em que são modulados pelas
condições ambie ntais, pelo estado dos recursos e pelo contexto social: valores,
regulamentação, infra-estrutura, oportunidades de ação.
Essa clivagem está ligada, individualmente, a certas variáveis, como: o nível
educacional, a abertura de espírito, o horizonte temporal (apropriação da memória coletiva,
projeção), as preocupações ambientais (engajamento pró-ambiental, ética ambiental) e o
sistema ideológico.
Distinguem-se as representações em função dos valores que lhes são
atribuídos. Pode-se, assim, identificar uma visão factual e fragmentada, amplamente fundada
no vivido individual e dependente da proximidade temporal e espacial, ou no oposto, uma
visão ecológica global, abstrata, baseada na percepção da interdependência entre o homem e
seu ambiente, amplamente independente do ponto de vista temporal ou espacial.
Por exemplo, considerar o acesso à água como um direito ou, ao contrário,
aceitar uma distribuição aleatória e de má qualidade como uma fatalidade, influencia o modo
pelo qual as pessoas se comportarão com respeito à preservação da água.
A apropriação do lugar de residência está condicionada amplamente pela
história residencial do sujeito. Nostalgia pelo passado (especialmente pelos antigos lugares
não urbanos de residência) parece impedir um investimento positivo onde se vive no presente,
independentemente das condições reais de moradia.
Ao contrário, aqueles que foram capazes de construir para si próprios uma
identidade urbana fazem investimentos positivos em seu habitat, independentemente da má
qualidade de moradia.
Um importante aspecto da apropriação ambiental consiste em formar relações
sociais e interpessoais. Aqueles que investem emocionalmente em sua vizinhança e aí se
sentem bem têm uma apreciação positiva da população local, estão satisfeitos com os seus
67
vizinhos, com os quais se encontram freqüentemente e com os quais têm relação que vão além
da polidez.
Contudo, essas relações dependem amplamente da duração da residência do
sujeito, tanto para relações íntimas e de vizinhança quanto no contexto do trabalho e da
participação em grupos ou em organizações locais.
2.9.5 Percepção ambiental do urbano pelo cidadão
O ser humano cuida daquilo a que dá valor. Por questões biológicas, históricas
e culturais, o ser humano é o único ser vivo capaz de dar valor às coisas, sentimentos,
espaços, lugares etc. É capaz de discernir entre certo e errado, ético e anti-ético, moral e
imoral, limpo e sujo, bom e ruim. O ser humano valora porque percebe. A percepção está
colocada no plano da compreensão, da emoção. Ora, não raciocinamos sem emoção e damos
valor histórico, financeiro, moral e outros para aquilo que percebemos (RIBAS, 2006).
Para Landim (2004), ao se trabalhar com espaços urbanos, o corpo técnico
ainda considera o projeto para este espaço independente das expectativas da população
usuária do mesmo, porém a forma como esta população apreende este espaço raramente é
considerada.
Com este novo enfoque dado à cidade, todos os estudos preocupados em como
a cidade é percebida pelo cidadão são relevantes. Entretanto, pode-se estabelecer um diálogo
com a cidade. A facilidade de entendimento está diretamente ligada às formas que este espaço
urbano possui, e a idéia é que os projetos urbanísticos melhorem este diálogo.
O processo de Desenho Urbano, preocupado com a qualidade físico-ambiental
do meio ambiente, admite o potencial da contribuição do estudo da percepção ambiental para
a intervenção urbanística como fundamental, por tratar de interferir na cidade, na sua
reconstrução mental e em suas imagens, atributos e qualidades percebidas pela população.
Coelho (2004) relata que a frágil correlação entre os mapas de ruído e a
percepção sonora pelos cidadãos em grandes cidades têm, ainda, dado origem a novas
investigações sobre mapas qualitativos e paisagens sonoras no sentido de melhor traduzir o
fenômeno sonoro em espaço urbano e melhor desenhar soluções de controle de ruído.
68
Para Souza (2007), o ruído mais traiçoeiro ocorre em níveis moderados,
porque mansamente vão se instalando estresse, distúrbios físicos, mentais e psicológicos,
insônia e problemas auditivos.
Muitos sinais passam despercebidos do próprio cidadão pela tolerância e
aparente adaptação e são de difícil reversão. Muitas pessoas, perdidas no redemoinho das
grandes cidades, não conseguem identificar o ruído como um dos principais agentes
agressores e, cada vez mais, menos o sentem, ficando desorientados, por não saber localizar a
causa de tal mal.
Déoux, S. e Déoux, P. (1996) afirmam que a sensação do barulho não é a
mesma para todas as pessoas. Embora, na natureza, a sensibilidade ao barulho tenha permitido
as reações de alerta e de defesa contra os predadores, no atual mundo moderno, a extrema
sensibilidade ao barulho não é sempre sinal de uma boa adaptação ao meio ambiente.
Muitas vezes, as pessoas mais sensíveis ao barulho são indivíduos depressivos,
hipocondríacos, ansiosos, com problemas afetivos ou de relacionamento. Parece que os
sujeitos introvertidos são mais incomodados com o barulho do que os sujeitos extrovertidos.
De qualquer modo, torna-se imprescindível esclarecer a população sobre esses
efeitos e sobre as condutas preve ntivas frente a situações do cotidiano as quais os exponham
ao som intenso, para que possam ser evitadas.
2.10 ESTADO DA ARTE
Na literatura pesquisada, não foram encontrados muitos trabalhos a respeito de
ruídos em empresas madeireiras, e nenhum sobre ruído gerado por tais empresas com foco
voltado para o conforto acústico da comunidade, analisando-se o nível de ruído ambiental.
No trabalho de Guerra (2000), foram investigados os impactos ambientais
urbanos verificados no município do Rio de Janeiro, a partir do deferimento de perícia
ambiental, através de ações civis públicas ambientais ajuizadas pelo Ministério Público, no
período de outubro de 1986 a junho de 1999. O universo amostral foi composto por 52 ações,
cujo objetivo foi avaliar os incômodos sonoros denunciados pela população, os danos
ambientais e/ou ameaças que englobavam a poluição sonora e lesão ao ecossistema natural.
Foi feita uma classificação quantitativa, separada em sete categorias, para análise dos dados,
69
cujos resultados mostraram a poluição sonora decorrente de atividades diversas em primeiro
lugar nas sete categorias.
Déoux, S. e Déoux, P. (1996) realizaram suas pesquisas na França, através da
revisão de literatura de aproximadamente dois mil artigos científicos, visando ao estudo
comparativo entre ecologia e saúde, cuja análise mostrou que muitos dos problemas
ambientais são multifatoriais, o que torna sua avaliação difícil. Em relação ao barulho,
concluíram que: gera um estado de estresse, e a sua repetição, no decorrer dos anos, torna-se
uma patologia cumulativa. Níveis de exposição não perigosos para audição não são
necessariamente desprovidos de efeitos fisiológicos extra-auditivos, e, a partir de 60 dB (A), o
barulho é considerado incômodo.
A pesquisa de Souza (2000), realizada no laboratório de Psicofisiologia da
UFMG, com moradores e trabalhadores de Belo Horizonte, cujo objetivo era avaliar os efeitos
do ruído no homem dormindo e acordado, descreveu a reação hormonal nas pessoas
submetidas ao estresse ocasionado pelo ruído. Já Selye (1954), o descobridor do estresse,
constatou que, no seu primeiro nível, o estresse ocasiona a liberação de noradrenalina: num
segundo estágio, adrenalina. São os hormônios da violência e do medo, respectivamente. Em
um terceiro estágio, liberam-se glicocorticóides, que levam à inibição das gonadotrofinas e
oxitocinas, afetando a persistência, comportamentos sociais e sexuais, ainda provocando a
depressão psicológica, a deficiência imunológica, a desintegração orgânica, óssea, muscular
etc.
De acordo com os dados da pesquisa de Souza (2000), o barulho transitório a
partir de 35 dB(A), já provoca reações vegetativas, que, a longo prazo e em níveis mais
elevados, a partir de 70 dB(A),
convertem-se permanentemente em hipertensão arterial,
secreção elevada de catecolaminas e de hormônios corticosteróides e adrenocorticotróficos,
úlcera péptica, estresse, irritação, excitação maníaco-depressiva, arteriosclerose, infarto.
O mesmo autor refere em sua pesquisa o trabalho de Maurin e Lambert (1990),
realizado na França, após ter sido feito um esforço voltado para a melhoria da qualidade de
vida em todo o país, fazendo cair o incômodo em geral na habitação, de 70% para 34%, na
década 1976-86, mantendo sempre o ruído como o principal agente agressor, com 79% das
queixas em 86 pessoas, na qual a principal fonte de queixas era o trânsito, com percentual de
55%. Constatou-se ainda que cada carro de passeio é uma fonte emissora de cerca de 70-75
dB(A) a 7 metros de distância.
O principal resultado de Souza (2000) foi: a razão dessa tendência de saturação
do ruído das cidades modernas na vida das pessoas deve-se ao principal “vilão” da poluição
70
sonora: o tráfego de veículos automotivos, percebe-se que o ruído diurno prejudica o sono
noturno.
Zannin (2002) estudou a reação da população de Curitiba ao ruído ambiental,
através da distribuição aleatória de 1.000 questionários, dentre os quais foram avaliados 860.
As principais fontes de ruído causadoras de incômodo identificadas foram o tráfego de
veículos (73%) e os vizinhos (38%), sendo que estes foram classificados como a principal
fonte de desconforto. Todos os respondentes apontaram em pelo menos um dos seguintes
itens como geradores de ruído: vizinhos, animais, sirenes, construção civil, templos religiosos,
casas noturnas, brinquedos e aparelhos eletrodomésticos. As principais reações ao ruído
foram: irritabilidade (58%), baixa concentração (42%), insônia (20%) e dores de cabeça
(20%).
Para análise do nível de ruído na marcenaria da Universidade Católica de
Brasília, Costa, Travaglia Fº e Garavelli (2002) realizaram um estudo com 15 funcionários,
objetivando avaliar os níveis de ruídos e a dose de ruído aos quais os trabalhadores da referida
marcenaria estão expostos em suas jornadas de trabalho.
Seus achados mostraram que os níveis de ruídos são superiores aos permitidos
por lei e enfatizaram que devem ser tomadas medidas para a redução dos níveis de ruídos, tais
como: o uso de protetores auriculares, o rodízio dos trabalhadores nos setores da marcenaria,
pois aqueles que trabalham exclusivamente com o corte de madeira estão expostos a um nível
de intensidade sonora acima do permitido, enquanto que os trabalhadores da linha de
montagem estão expostos a um nível bem inferior.
Venturolli et al. (2003), em pesquisa dos níveis de ruído em quatro
marcenarias do Distrito Federal, em Brasília, utilizou um decibelímetro 6 posicionado próximo
ao ouvido do trabalhador, enquanto ele operava determinada máquina, conforme estabelece a
NR 15, avaliando-se as seguintes máquinas: serra circular, tupia, desempenadeira,
desengrossadeira, furadeira horizontal e lixadeira de cinta.
Como resultado, encontraram ruído médio na intensidade de 92,16 dB (A), e o
maior encontrado foi na serra circular em uma das empresas, na intensidade de 101 dB (A).
As máquinas utilizadas apresentaram problemas quanto à emissão de ruído, com exceção da
furadeira.
6
Decibelímetro é o equipamento que realiza a medição dos níveis de ruído.
71
Nas duas pesquisas, evidencia-se que a atividade de marcenaria gera poluição
sonora que degrada o meio ambiente e pode comprometer a saúde e a qualidade de vida não
somente dos trabalhadores envolvidos na atividade, mas da população do entorno.
Zannin (2003) realizou também um estudo da poluição sonora no parque do
Jardim Botânico de Curitiba. Efetuaram-se medições do nível sonoro equivalente LA eq em
dB(A), em 21 pontos espalhados dentro da área do parque, além de entrevistas com os
freqüentadores do local.
Em seus resultados, constatou que 47,6% dos pontos de medição apresentaram
níveis sonoros acima de Leq = 65 dB (A), considerado pela medicina preventiva como nível
máximo a que um cidadão pode se expor sem riscos à saúde, e 90,5% dos pontos avaliados
não satisfazem à Lei Municipal nº 8.583, que fixa o limite de 55 dB (A) como nível máximo
de emissões sonoras em áreas verdes. O resultado do questionário aplicado aos freqüentadores
do parque apontou o percentual de 24% de queixas relativas à poluição sonora.
Já na pesquisa de Lacerda et al (2005), avaliou-se a percepção da população da
cidade de Curitiba em relação ao ruído ambiental. Buscou-se identificar quais fontes sonoras
são percebidas com maior freqüência pela população e quais reações psicossociais
relacionadas ao ruído urbano são identificadas. Foram aplicados questionários em 892 pessoas
participantes da pesquisa, abrangendo aspectos demográficos e psicossociais referentes ao
ruído ambiental.
As principais fontes de ruído citadas pelos moradores como causadoras de
incômodo foram: 1) o tráfego de veículos (67%), 2) vizinhos (33%), 3) o barulho de sirenes
(23%), 4) o barulho de animais (21%) e 5) o barulho gerado pela construção civil (21%).
As principais reações psicossociais foram: 1) irritabilidade (55%), 2) baixa
concentração (28%), 3) insônia (20%) e 4) dor de cabeça (19%).
Os autores relatam que os resultados obtidos em sua pesquisa coincidem com
dados de outras pesquisas desenvolvidas na Europa, nos EUA e no Brasil, no sentido de que a
poluição sonora ambiental influencia a qualidade de vida da população, gerando reações
psicossociais importantes, que podem estar na base de outras doenças (disfunções
cardiovasculares).
A pesquisa realizada por Kasper et al (2005), desenvolvida no serviço de saúde
ocupacional do Hospital das Clínicas, na cidade de São Paulo, cujo objetivo foi relacionar a
possível perda auditiva ao grau de estresse, utilizou como metodologia a aplicação de
questionário sobre estresse e a realização de audiometria tonal em 21 trabalhadores dos
72
setores de serralheria e marcenaria, com idade entre 31 e 67anos. Constatou-se que não houve
correlação entre o grau da perda de audição e o grau de estresse.
Já a pesquisa de Ribas (2007) objetivou estudar a percepção da população
acerca dos pontos negativos que eles observavam no local onde moravam, em função do
incômodo acarretado pelo ruído de veículos, em um modelo trinário de vias de tráfego da
cidade de Curitiba, denominado de via estrutural do SEE-O.
Para tornar viável a pesquisa, a via de tráfego foi dividida em quatro quadras
para medição dos níveis de ruídos no interior das habitações, e se aplicaram questionários
numa amostra de 11 pessoas, obtendo os seguintes resultados: 81% da amostra,
espontaneamente, indicaram o ruído como um fator negativo, apenas 9% tomam alguma
medida para diminuir o barulho onde moram. A população conseguiu discriminar problemas
de saúde causados pelo ruído (72%), identificando ainda, que o tráfego de veículos é o
principal responsável pelas queixas relativas ao ruído urbano nesta região da cidade de
Curitiba (91% dos entrevistados). Ademais, 100% dos entrevistados afirmaram nunca ter tido
nenhum contato com campanhas de prevenção contra o ruído.
Ribas (2007) conclui que, apesar de as leis e recomendações que determinam
as limitações nas emissões sonoras existirem, elas não são respeitadas, o que torna, muitas
vezes, o ambiente doméstico, em alguns momentos do dia, insalubre do ponto de vista
auditivo. Ressalta ainda que é cômodo encontrar uma causa para efeitos espetaculares. Já não
acontece o mesmo quando os efeitos são difusos, diluídos no meio de outros, como é o caso
do ruído.
73
CAPA
Capítulo 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
74
Quanto à metodologia aplicada para a realização da presente pesquisa
exploratória, utilizaram-se os métodos quant itativo (medição de ruído) e qualitativo (aná lise
de questionário aplicado às amostras). No método quantitativo, foram medidos os níveis
equivalentes de pressão sonora (LA eq), no exterior dos domicílios, em dois pontos
previamente escolhidos das duas avenidas selecionadas. No método qualitativo, os
questionários foram aplicados na comunidade do entorno das duas áreas de medição do ruído,
num raio de sessenta metros dos pontos de medição. A definição desta distância foi subjetiva,
visto que por ser uma área urbana, há obstáculos, tais como edificações de natureza
residencial e comercial.
A escolha do bairro foi feita através de levantamento de dados, das empresas
cadastradas na Secretaria de Finanças do Município, encontrando-se a Torre em quarto lugar
em número de empresas do setor madeireiro, dentro do universo dos bairros de João Pessoa,
conforme pode ser visualizado no gráfico 01.
Atividades de marcenaria, carpintaria e serralharia
40
37
Nº de atividades
35
29
30
26
25
24
Varjão
Torre
Centro
25
20
15
10
5
0
Cruz das Armas
Oitizeiro
Bairros
Gráfico 1 – Seleção dos 5 bairros de João Pessoa com maior número de empresas de
marcenaria, carpintaria e serralharia.
Fonte: (SEFIN/PMJP, 2005)
A escolha do setor madeireiro se deu devido à observação de que tal atividade
geradora de significativa poluição sonora estava localizada em área residencial e comercial de
natureza diversificada. A partir daí, surgiu a curiosidade em avaliar a percepção e qualidade
de vida da população em relação aos malefícios do ruído para o meio ambiente e para a
própria comunidade.
A escolha das avenidas foi feita após a verificação de que, de todas as ruas do
bairro da Torre, a Avenida Miguel Santa Cruz possuía o maior número de empresas do setor
madeireiro, no espaço de apenas uma quadra. Como a intenção era de realizar um estudo
75
comparativo, foi selecionada uma quadra da Avenida Professor Paredes, na mesma zona
urbana e sem atividades comerciais geradoras de ruído. Fincou-se, desse modo, um ponto de
medição, no meio da quadra, em cada uma das avenidas.
Ambas são classificadas pela Prefeitura Municipal de João Pessoa, de acordo
com o uso e ocupação do solo, como Zona Comercia l de Bairro (ZB), segundo dados
levantados na Secretaria de Planejamento (SEPLAN).
A investigação se dividiu em duas etapas: a pesquisa do nível de ruído e a
aplicação de questionários nas duas amostras. Em seguida, serão abordados os procedimentos
metodológicos adotados para cada etapa da pesquisa acima mencionada.
3.1 COLETA DE DADOS E AMOSTRAS
Foram observados os aspectos éticos no que diz respeito à pesquisa envolvendo
seres humanos em nosso país, conforme recomendação da Resolução nº 196/96 do Conselho
Nacional de Saúde / Ministério da Saúde.
O protocolo de pesquisa foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa do
Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), sendo aprovado por
unanimidade em 25/10/2006, conforme protocolo nº 770/06.
Logo, os participantes da pesquisa tiveram respeitado o direito de decidir sobre
sua participação, como também lhes foi assegurado o anonimato. Só após tomadas estas
providências, deu-se início à pesquisa de campo, que ocorreu no período de março a setembro
de 2007.
A amostra constituiu-se de dois grupos de 29 pessoas, perfazendo um total de 58
participantes. O primeiro grupo era formado por pessoas que moravam e/ou trabalhavam no
entorno das empresas madeireiras, estando expostas aos efe itos nocivos das respectivas
marcenarias e/ou serrarias. O segundo grupo compunha-se apenas de pessoas envolvidas em
moradias e/ou pontos comerciais, do mesmo bairro, sem atividades madeireiras em suas
proximidades. A finalidade é de fazer um estudo comparativo entre ambos os grupos,
avaliando a forma como os mesmos são afetados.
Procuramos
propositadamente
pessoas
afetadas
diferentemente
pelas
conseqüências de saúde e/ou ecológicas da poluição sonora gerada por serrarias e/ou
marcenarias num primeiro grupo de pessoas (pessoas que moravam próximas às serrarias e/ou
76
marcenarias). Num segundo grupo aglomeraram-se moradores do mesmo bairro, numa região
de mesmo zoneamento (ZB = Zona Comercial de Bairro), conforme planejamento urbano da
Prefeitura Municipal de João Pessoa, sem, contudo, possuírem a atividade comercial
específica de serrarias e/ou marcenarias em sua circunvizinhança.
Vale ressaltar, que de acordo com o zoneamento de uso e ocupação do solo da
Prefeitura Municipal de João Pessoa, as Zonas Comercia is de Bairro (ZB) podem “ser
utilizadas para o uso misto dos centros comerciais de serviços classificado como
microempresa não poluente em todos os níveis” (Anexo - D)
Figuras 9 - Avenida Miguel Santa Cruz
Fonte: (FURTADO, 2007)
As marcenarias da Avenida Miguel Santa Cruz (Figura 9) envolvidas neste
trabalho estão classificadas no trabalho de Silva (2002), de acordo a referência de Lima
(1998), como microempresas, possuindo até quinze empregados, resumindo-se à fabricação
de móveis, esquadrias e à reforma de móveis usados. Geralmente, os marceneiros não
recebem treinamento externo para exercer a atividade, uma vez que todos aprenderam a
profissão dentro da própria marcenaria, iniciando o trabalho como ajudantes de marceneiro. A
própria família trabalha tanto diretamente com madeira como com a sua venda.
77
Figuras 10 - Avenida Professor Paredes
Fonte: (FURTADO, 2007)
Na Avenida Prof. Paredes visualiza-se a presença de residências na área de
medição do ruído, sem atividades comerciais de marcenaria.
3.1.1 Coleta do nível equivalente de ruído (LA eq)
As medições do nível equivalente de ruído foram realizadas de acordo com as
recomendações da NBR 10151, que estabelece que o equipamento possua recursos para
medição de Nível de Pressão Sonora Equivalente (LAeq ), em decibels ponderado em escala
“A” (dBA), no modo fast. Foram realizadas trinta leituras em cada ponto de medição, com
intervalos de dez segundos entre uma leitura e outra, conforme a IEC 60804.
As medições foram efetuadas em pontos afastados aproximadamente 1,2 –
1,5 m acima do solo e, pelo menos, 2 m de quaisquer outras superfícies refletoras, como
muros e paredes no exterior das habitações. Tais medições foram obtidas no meio da rua nas
duas quadras selecionadas de mesma zona urbana. O microfone foi protegido com protetor de
78
vento, conforme preconizado na NBR 10151 - “Avaliação do Ruído em Áreas Habitadas,
Visando o Conforto da Comunidade.”
As medições oficiais de ruído foram realizadas pela equipe técnica da
Secretaria Municipal do Meio Ambiente - SEMAM, conforme as normas supracitadas
(relatório técnico em anexo - A). Já as outras medições foram realizadas pela autora, também
de acordo com as mesmas normas utilizadas pela SEMAN.
A SEMAM utilizou decibelímetro digital da marca MINIPA, modelo MSL1351 C, e a pesquisadora utilizou o decibelímetro digital da marca MINIPA, modelo MSL1350, de acordo com o padrão IEC 651, tipo 2. Ambos foram calibrados de acordo com as
recomendações do fabricante.
O cálculo do nível de pressão sonora equivalente, LA eq, em dB(A), foi
realizado através de planilha eletrônica, desenvolvida pelo Professor João Crisóstomo de
Morais, já aposentado da UFPB, porém utilizada e gentilmente cedida pela SUDEMA e
SEMAM, por ser esta a forma como ambos os órgãos calculam o LA eq em suas aferições de
ruído ambiental. Os dados obtidos nas medições de ruído da autora foram registrados em uma
ficha elaborada para o estudo (Apêndice), baseada no modelo da planilha eletrônica para
processar o LA eq.
As medições foram realizadas com medidor de nível de pressão sonora
(decibelímetro), entre os meses de junho e setembro de 2007. Um fato constatado e que
estendeu o período das medições de ruído, é que houve dificuldade em encontrar as
madeireiras trabalhando em plena atividade. Foram várias as idas e voltas entre junho e
setembro, sem realizar nenhuma medição na Avenida Miguel Santa Cruz, e levando a crer que
as mesmas não trabalham no corte da madeira constantemente.
Já em setembro, conseguiu-se realizar as medições na Avenida Miguel Santa
Cruz em condições ideais: dia sem chuva e com as quatro madeireiras em funcionamento,
trabalhando no corte da madeira.
Os dados coletados foram tratados estatisticamente e serão apresentados
posteriormente.
79
3.1.2 Aplicação do questionário às amostras
Os questionários foram aplicados em 58 pessoas, moradores e/ou trabalhadores
do entorno das áreas de medição (excluindo-se os trabalhadores das marcenarias), em ambas
as avenidas, num raio de 60 m, conforme a Tabela 4.
Tabela 4 - Distância do ponto de medição do ruído
Distância do ponto
%
Frequência
%
0 |--- 20 m
20
34,5
34,5
20 |--- 40 m
20
34,5
69,0
40 |--- 60 m
18
31,0
100,0
Total
58
100
de medição
Acumulado
Fonte: Questionário aplicado às amostras (apêndice)
De acordo com a distância do ponto de medição do ruído (Tabela 4), os
respondentes do questionário da circunvizinhança das avenidas onde foram realizadas as
medições moram e/ou trabalham de 0 a 20 e de 20 a 40 metros do ponto de medição do ruído,
representando, juntos, 69% do total, ou seja, a grande maioria mora e/ou trabalha a uma
distância de 0 a 40 metros do ponto de medição.
O questionário utilizado para pesquisa foi elaborado a partir de recomendações
de Günther (2003), como por exemplo: não começar a intervenção por perguntas de dados
pessoais, a chamada seção de “identificação”.
Segundo o autor, não convém identificar os respondentes. Por isso, optamos
pelo anonimato, e os dados relacionados a idade, sexo e escolaridade foram colocados no final
do questionário.
De acordo com o mesmo autor, deve-se iniciar um questionário por perguntas
mais gerais, e, após ter estabelecido relação de confiança, o pesquisador contribui para obter
respostas autênticas. Logo, perguntas pessoais sobre o respondente devem constituir o último
conjunto.
Cada questionário foi analisado em sua totalidade na forma de estudo de caso.
A partir desta visão total da entrevista, buscaram-se os elementos da narrativa que identificam
os pontos de expressão da experiência do entrevistado em sua relação com figuras que se
80
referem a análises dos fatores de percepção ambiental e de saúde, no enfoque da qualidade de
vida no bairro da Torre, visando a um estudo comparativo entre as duas amostras.
A coleta de dados referiu-se tanto aos dados subjetivos quanto aos dados
objetivos com vistas a uma confrontação dos diferentes materiais obtidos. Foi compreendida
por duas formas: de um lado, as entrevistas com a comunidade do entorno das avenidas do
presente estudo; de outro lado, uma análise ambiental dos níveis equivalentes de ruído
(LA eq), na Avenida Miguel Santa Cruz, no trecho onde se localizam quatro marcenarias, e na
Avenida Professor Paredes, trecho residencia l.
Figura 11 – Imagem do satélite Quick-bird
Fonte: (SEPLAN/PMJP, 2007)
A figura 11 mostra imagem do satélite Quick-bird do bairro da Torre com as
áreas em destaque para os trechos das duas avenidas, Miguel Santa Cruz, esta com o
aglomerado de marcenarias, e a outra, Avenida Prof. Paredes, área estritamente residencial,
onde foram realizadas as medições do nível equivalente de ruído (LA eq), como também no
seu entorno, onde foram aplicados os questionário s.
81
3.2 CONTEXTUALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO: O BAIRRO DA TORRE
A Torre, tradicional bairro de João Pessoa, foi fruto de inúmeras
transformações urbanísticas, em função de sua localização próxima ao Centro e também aos
bairros mais nobres localizados na praia. Nasceu com característica predominantemente
residencial e hoje abriga diversificados setores de empreendimentos particulares, porém com
uma remanescente área de residências antigas que resistem ao longo do tempo.
O bairro da Torre deve seu nome a Joaquim Torres, administrador e morador
da antiga fazenda de Manoel Deodato. A maior parte dos terrenos dessa localidade pertencia a
Júlia Freire e Manoel Deodato. Hoje essas pessoas são homenageadas com o nome de duas
ruas do bairro (SOUSA, 2005).
De acordo com Silveira (2004), a orla marítima iniciou o processo de atração
da população pelo seu potencial paisagístico e ambiental, abrindo o caminho para a instalação
dos trilhos do trem os quais chegaram ao litoral em 1908. Coutinho (2004) afirma que se
planejou a abertura de uma estrada que ligasse o Centro até a Praia de Tambaú, o que se
concretizou no Governo Camilo de Holanda. Embora precária, estava aberta a ligação para o
Oceano Atlântico, através da Av. Epitácio Pessoa. Esse fato provocaria um processo de
modificação na paisagem que seguiria o percurso da nova avenida durante todo o século XX.
Seriam os extremos - o entorno do Sítio Cruz do Peixe no Varadouro e a orla marítima - que
se transformariam mais rapidamente, gerando os bairros da Torre e Tambaú durante a década
de 1920.
82
Av.Epitácio Pessoa
..........................
Bairro da Torre
Figura 12 - Bairro da Torre
Fonte: (SEPLAN/PMJP, 2007)
A figura 12 destaca, em amarelo, o bairro da Torre e mostra sua proximidade
com a Avenida Epitácio Pessoa, que faz a ligação da praia com diversos bairros ao longo de
seu percurso, dentre as quais o bairro da Torre, área de estudo da presente pesquisa.
De acordo com Vidal (2004), nos anos 1937 e 1938, foi urbanizada a área da
Torre, na época denominada Torrelândia. Surge como espaço de sustentação, com vocação
predominantemente residencial, na direção leste, contribuindo efetivamente para o avanço da
mancha urbana, em direção à orla marítima.
A partir da década de 1970 e, sobretudo, nos anos 90, Sousa (2005) relata que
a Torre passou a abrigar uma gama tal de novas atividades comerciais e de serviços que sua
economia e paisagem foram, completa e inevitavelmente modificadas.
Para Silveira (2005), com o passar dos anos, essa área tradicionalmente
habitacional
tornou-se
economicamente
muito
atrativa
e
comercialmente
bastante
desenvolvida, tendo, inclusive, extrapolado o primeiro modelo de zoneamento da cidade. O
modelo, até então planejado (1980), não resistiu ao crescimento mais espontâneo do bairro, e,
conseqüentemente, suas principais vias de circulação (as avenidas José Américo de Almeida,
Rui Barbosa, Juarez Távora e Barão de Mamanguape) transformaram-se em corredores
eminentemente comerciais.
Vidal (2004) afirma que, passadas mais de duas décadas da implantação das
primeiras ações dessa natureza na Torre, pode-se constatar nitidamente que o processo de
transformação e de modernização não foi total.
83
Hoje, a Torre é um verdadeiro mosaico de realidades: ao lado das avenidas
centrais, com modernos equipamentos destinados ao comércio e à prestação de serviços,
existem ruas tradicionais, eminentemente residenciais, um significativo número de vilas
habitadas por famílias de trabalhadores de baixa renda, além de casas de palha e mocambos
espalhados pelo interior do bairro.
Essa paisagem urbana, às vezes contrastante, é o Testemunho vivo de uma
resistência remanescente ao novo e ao moderno incorporados ao bairro em seu constante
processo de mudança. Desse modo, o bairro se desenvolve, mas ainda conserva características
de um espaço tradicional; o processo de modernização segue seu curso, mas verdadeiras ilhas
de resistência teimam em se manter inalteradas.
A Avenida Rui Barbosa é tida como a principal ave nida da Torre, ligando o
bairro à Reserva Florestal da Mata do Buraquinho. É uma avenida de grande tráfego e de
muita importância comercial para a área. O bairro tem como limites: ao norte, Bairro dos
Estados; ao sul, Mata do Buraquinho; a leste, Expedicio nários; a oeste, Centro e Jaguaribe.
Possui uma população totalmente urbana, estimada em 17.104 habitantes,
sendo 7.398 do sexo masculino (43%) e 9.706 do sexo feminino (57%), segundo o Censo do
IBGE (2001), como está representado no gráfico a seguir:
Mulheres
57%
Homens
43%
Gráfico 2 - Distribuição da população por gênero
Fonte: (RIBEIRO, E. et al., 2005)
O gráfico 2 mostra que a população do Bairro da Torre é composta, em sua
maioria por mulheres (57%).
Coutinho (2004) mostra os aspectos de qualidade de vida no bairro da Torre,
em seus diversos ângulos. Com relação aos aspectos sócio econômicos, a média do
rendimento das famílias residentes no Bairro da Torre é de 3 a 5 salários mínimos mensais,
podendo ser considerado um bairro de classe média. E a maior parte da população está na
faixa de vida ativa, ou seja, de 20 a 50 anos, como está representado nos gráficos a seguir.
75-79anos
65-69anos
55-59anos
45-49anos
35-39 anos
25-29 anos
18-19 anos
15 anos
5-9 anos
3 anos
1 600
1 400
1 200
1 000
800
600
400
200
1 ano
População
84
Faixa Etária
Gráfico 3 - Composição Etária do Bairro da Torre
Fonte: ( RIBEIRO, E. et al., 2005)
O gráfico 3 mostra que o número de pessoas na faixa etária até os 3 anos do
bairro da Torre encontra-se constante, tendo um bom crescimento na faixa de 5-9 anos e
atingindo o máximo na faixa etária dos 20 anos.
A população do bairro da Torre está distribuída em 4498 moradias, e a pessoa
responsável pelo domícílio (chefe de família) apresenta, em sua maioria, algum grau de
estudo, como podemos observar no gráfico 4.
Não determinados
Sem Instrução e menos
de 1 ano
15 anos ou mais
0% 7%
21%
11%
1 a 3 anos
4 a 7 anos
24%
11 a 14 anos
25%
12%
8 a 10 anos
Gráfico 4 - Pessoas Responsáveis pelos domicílios particulares permanentes, por grupos de anos de
estudos.
Fonte: ( RIBEIRO, E. et al., 2005)
85
De acordo com o gráfico 5, podemos afirmar que o bairro da Torre possui uma
boa qualidade de vida urbana, visto que o resultado dos indicadores de qualidade urbana estão
na média ou acima da média dos bairros da cidade de João Pessoa
IQHAB
IQFA
IACE
IQAM
IQU-JP
IDH-JP
IQVU-JP
Gráfico 5 – Índices de Qualidade Urbana em João Pessoa-PB
Fonte: (RIBEIRO, E. et al., 2005)
Va
rad
ou
ro
Va
len
tina
Tr
inc
he
ira
s
Tr
ez
ed
eM
aio
To
rre
Ta
mb
iá
Ta
m
ba
úz
inh
o
Ta
mb
aú
Sã
oJ
os
é
Ro
ge
r
1,20
1,00
0,80
0,60
0,40
0,20
0,00
7
Sousa (2005) relata que o bairro possui uma excelente localização, pois está
muito próximo do Centro da Cidade. Toda a área é plana, dotada de uma boa infra-estrutura,
tendo saneamento básico, 70% de suas ruas são pavimentadas, e dispõe de linha de transporte
coletivo própria.
A Torre é o segundo bairro de João Pessoa que abriga o maior número de
atividades comerciais e de serviços, conforme mostra o gráfico 6 (SEREM/PMJP, 2005).
Bairros de maiores atividades comerciais e de serviços
14000
12175
Nº de atividades
12000
10000
8000
5596
6000
4319
3813
4000
3306
2000
16,57%
7,61%
5,88%
5,19 %
4,50 %
0
Centro
Torre
Manaíra
Jaguaribe
Mangabeira
Bairros
Gráfico 6 – Seleção dos 5 bairros de João Pessoa com maior número de atividades comerciais e de
serviços.
Fonte: (SEREM/PMJP, 2005)
7
IQHAB - Índice de Qualidade Habitacional
IQFA - Indicadores de Qualidade de Facilidades Urbanas
IQACE - Indicador de Qualidade de Acessibilidades
IQAM - Indicador de Qualidade Ambiental
IQU - Indicadores de Qualidade Urbana
IDH - Índice de Desenvolvimento Urbano
IQUV - Índice de Qualidade de Vida Urbana
86
A Torre também possui localização próxima ao centro da cidade, conforme
pode ser observado no mapa abaixo (Figura 13)
TORRE
TORRE
Mangabeira
Figura 13 – Mapa dos bairros de João Pessoa
Nesta área, localizam-se três grandes hospitais, que são: Hospital Samaritano,
localizado na Av. Santa Júlia, Hospital Memorial São Francisco, na. Av. Rui Barbosa,
Hospital da Unimed, na Av. Ministro José Américo de Almeida. Há também um Posto de
Saúde, conhecido como o Lactário da Torre, da Secretaria de Saúde do Município e 03
87
Hospitais de Doença Mental. Em termos de saúde, o bairro possui atendimento diversificado,
tanto nas especialidades quanto na natureza do atendimento, público ou privado, como as
clínicas médicas.
Pode-se constatar que o bairro vem ganhando uma vocação por abrigar
equipamentos de saúde, especialmente hospitalares, áreas que tradicionalmente requerem
silêncio, num bairro que abriga atividades ruidosas como as madeireiras e serralharias.
No bairro, existem também igrejas católicas e protestantes, escolas estaduais e
municipais, colégios particulares, praças, supermercados, farmácias, postos de gasolina, minishoppings, mercado público e demais serviços de várias naturezas.
A Torre possui, outrossim, desigualdades sociais, com população carente
concentrada no aglomerado subnormal Padre Hildon Bandeira, sobre o qual não entraremos
em detalhes, visto que a área de pesquisa se localiza em outra região (Tabela 5).
Tabela 5 - Demonstrativo da população do bairro da Torre
População do Bairro da Torre
Torre
Aglomerado - Padre Hildon Bandeira
Total
15.654
1.450
17.104
Fonte: (RIBEIRO, E. et al., 2005)
“A Torre foi ponto relevante de transição para a expansão urbana, tanto na
direção leste quanto na direção sudeste da cidade, sendo um dos primeiros bairros com
vocação estritamente residencial, destinado à classe média, construído em João Pessoa pela
FCP (Fundação Casa Popular) e pelos Institutos existentes, nas décadas de 1940 e de 1950. O
bairro apresentava, por volta do ano de 1982, pouco menos da metade dos seus domicílios na
faixa considerada de padrão alto e normal - 46,8%, de sua área total”( SILVEIRA, 2004).
Apesar das transformações pelas quais passou o bairro da Torre, percebe-se
que o mesmo manteve seu caráter residencial, preservando hábitos da vida cotidiana de seus
moradores, conferindo- lhe a importância histórica que lhe é devida.
88
3.3 TRATAMENTO DOS DADOS
Todas as informações colhidas foram transformadas em um banco de dados
para processamento e análise dos mesmos. As informações contidas no banco de dados foram
transferidas para um pacote estatístico (SPSS - Statistical Package for Social Science, versão
11), com base no qual, em conjunto com o programa “Excell”, procedeu-se a uma análise
descritiva e inferencial dos dados. Na análise quantitativa dos dados (medição de ruído), foi
utilizado o Teste T de Student, obtendo-se a diferença entre duas médias. Para análise dos
dados obtidos com a aplicação dos questionários, foram utilizados os métodos de inferência, o
Teste de Hipótese, o Teste Qui-Quadrado ( ? 2 ) e o Teste Exato de Fisher.
89
CAPA
Capítulo 4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO
90
Na apresentação dos dados, serão mostradas as Tabelas dos resultados e, em
seguida, as correspondentes aos testes estatísticos, com um breve comentário sobre cada uma,
visto que a discussão dos resultados será feita na subseção posterior.
4.1 APRESENTAÇÃO DOS DADOS DO NÍVEL EQUIVALENTE DE PRESSÃO
SONORA (LA eq)
Para análise estatística dos dados foi utilizado o Teste T de Student da
diferença entre duas médias, visando-se a validar os resultados dessa medição. Trata-se de um
Teste paramétrico (exige conhecimento dos parâmetros da população), utilizado para verificar
a diferença observada entre duas médias obtidas de amostras não relacionadas.
91
Tabela 6 - Medições do ruído na Avenida Miguel Santa Cruz feitas pela autora e pela
equipe técnica SEMAM/PMJP
Identificador
Medição
Valores
Identificador
Medição
Valores
1
1
65,2
31
2
64,4
2
1
66,7
32
2
66,4
3
1
67,8
33
2
63,7
4
1
66,9
34
2
63,4
5
1
67
35
2
63,2
6
1
66,2
36
2
62,8
7
1
70,7
37
2
63,4
8
1
71,5
38
2
63,1
9
1
73,5
39
2
62,9
10
1
70,2
40
2
62,6
11
1
65,9
41
2
62,9
12
1
64,5
42
2
63,3
13
1
70
43
2
62,9
14
1
69,6
44
2
63,3
15
1
75,8
45
2
63,3
16
1
78,8
46
2
63,2
17
1
71,5
47
2
60,8
18
1
76
48
2
60,8
19
1
76
49
2
61,7
20
1
70,1
50
2
61,9
21
1
66,3
51
2
62,2
22
1
67,1
52
2
62,3
23
1
72,1
53
2
63,1
24
1
74,1
54
2
63,2
25
1
72,7
55
2
63,8
26
1
71,1
56
2
63,2
27
1
76,1
57
2
63,8
28
1
79,9
58
2
62,8
29
1
80,5
59
2
63,1
30
1
82,3
60
2
62,7
Nota: Medições 1 = Autora e 2 = SEMAM\PMJP (Equipe técnica)
92
Na Tabela 6, foram expostos e comparados os valores das trinta (30) medições
de ruídos obtidas pela autora e pela SEMAM/PMJP, na avenida onde se concentram as
madeireiras. A seguir visualiza-se as duas planilhas eletrônicas utilizadas para os cálculos dos
resultados dos LA eq, (nível médio equivalente de pressão sonora) pela Equipe Técnica da
SEMM/PMJP e pela autora, cujos valores foram respectivamente 61,8 dB e 74,7 dB.
93
PREFEITURA DE JOÃO PESSOA
Secretaria de Meio Ambiente
Divisão de Fiscalização - Processado por Rivanilda - Mat. 03.169-1
SOLICITANTE
JULIANA FURTADO SOARES MADRUGA
SEMAM - DIFI - DIVISÃO DE FISCAIZAÇÃO
LOCAL DAS MEDIÇÕES
CARACTERISTICAS DA OCORRÊNCIA
Zona urbana
Residencial
Diversificada
Período
Industrial
X
Diurno
Vespertino
Noturno
Local:
Av:Miguel Santa Cruz;s/n;Torre
DATA
30/05/07 - Inicio: 11:40 - Término: 11:45
X
Níveis medidos
64,4
66,4
63,7
63,4
63,2
62,8
1
63,4
63,1
62,9
62,6
62,9
63,3
62,9
63,3
63,3
63,2
60,8
60,8
61,7
61,9
62,2
62,3
63,1
63,2
63,8
63,2
63,8
62,8
63,1
62,7
J. CRIS
7
67,3
EEM
Quem defende o meio ambiente defende a prpria vida ...
Leq(dBA)
61,8
Fonte: (SEMAM/PMJP 2007)
Máx. permitido (dBA)
55,0
NÍVEL PERMITIDO ULTRAPASSADO
94
MEDIÇÃO REALIZADA PELA MESTRANDA: Juliana Furtado Soares Madruga
Medições de acordo com a NBR 10151.
Av. Miguel Santa Cruz
CARACTERIZAÇÃO DA OCORRÊNCIA
LOCAL
Zona urbana
Residencial
Diversificada
DATA
Industrial
X
Diurno
Vespertino
Noturno
AV . MIGUEL SANTA CRUZ , s/n - TORRE 06.09.2007 –Início: 10:30 - Término: 10:35
x
Níveis medidos
66,7
67,8
66,9
67,0
66,2
70,7
71,5
73,5
70,2
65,9
64,5
70,0
69,6
75,8
78,8
71,5
76,0
76,0
70,1
66,3
67,1
72,1
74,1
72,7
71,1
76,1
79,9
80,5
82,3
Leq(dBA)
74,7
Máx. permitido (dBA)
55,0
EEM
J. CRIS
65,2
Fonte: (FURTADO, 2007)
NÍVEL PERMITIDO ULTRAPASSADO
95
Tabela 7 - Medições do ruído na Avenida Miguel Santa Cruz feitas pela autora e
pela equipe técnica SEMAM/PMJP
Identificador
Medição
Valores
Identificador
Medição
Valores
1
1
61,3
31
2
70,1
2
1
62,2
32
2
70,2
3
1
62,1
33
2
69,9
4
1
64,2
34
2
69,4
5
1
61,8
35
2
70,3
6
1
61,9
36
2
71,2
7
1
66,0
37
2
70,5
8
1
61,6
38
2
73,3
9
1
62,0
39
2
72,6
10
1
62,1
40
2
73,3
11
1
62,3
41
2
77,7
12
1
62,0
42
2
78,1
13
1
74,3
43
2
78,0
14
1
61,9
44
2
75,1
15
1
61,6
45
2
75,7
16
1
62,6
46
2
75,9
17
1
61,8
47
2
76,9
18
1
61,5
48
2
76,7
19
1
62,1
49
2
77,7
20
1
68,2
50
2
77,3
21
1
61,7
51
2
78,3
22
1
61,4
52
2
78,4
23
1
61,9
53
2
78,6
24
1
62,7
54
2
78,3
25
1
64,8
55
2
78,4
26
1
65,4
56
2
78,6
27
1
62,9
57
2
78,5
28
1
63,9
58
2
78,6
29
1
62,0
59
2
78,5
30
1
61,7
60
2
78,5
Nota: Medições 1 = Autora e 2 = SEMAM\PMJP (Equipe técnica)
96
Na Tabela 7 foram expostos e comparados os valores das trinta (30) medições
de ruídos obtidas pela autora e pela SEMAM/PMJP, na avenida predominantemente
residencial. A seguir visualiza-se as duas planilhas eletrônicas utilizadas para os cálculos dos
resultados dos LA eq, (Nível médio equivalente de pressão sonora) pela Equipe Técnica da
SEMM/PMJP e pela autora, cujos valores foram respectivamente 77,2 dB e 65,2 dB.
97
PREFEITURA DE JOÃO PESSOA
Secretaria de Meio Ambiente
Divisão de Fiscalização - Processado por Rivanilda - Mat. 03.169-1
SOLICITANTE
JULIANA FURTADO SOARES MADRUGA
SEMAM - DIFI - DIVISÃO DE FISCAIZAÇÃO
LOCAL DAS MEDIÇÕES
CARACTERISTICAS DA OCORRÊNCIA
Zona urbana
Residencial
Diversificada
Período
Industrial
X
Diurno
Vespertino
Noturno
Local:
Av:Professor Paredes;s/n;Torre
DATA
30/05/07 - Inicio: 11:20 - Término: 11:25
X
Níveis medidos
70,2
69,9
69,4
70,3
71,2
70,5
73,3
72,6
73,3
77,7
78,1
78,0
75,1
75,7
75,9
76,9
76,7
77,7
77,3
78,3
78,4
78,6
78,3
78,4
78,6
78,5
78,6
78,5
78,5
J. CRIS
70,1
67,3
EEM
Quem defende o meio ambiente defende a própria vida.
Leq(dBA)
77,2
Fonte: (SEMAM/PMJP, 2007)
Máx. permitido (dBA)
55,0
NÍVEL PERMITIDO ULTRAPASSADO
98
MEDIÇÃO REALIZADA PELA MESTRANDA: Juliana Furtado Soares Madruga
Medições de acordo com a NBR 10151.
Av. Professor Paredes
CARACTERIZAÇÃO DA OCORRÊNCIA
LOCAL
Zona urbana
Residencial
Diversificada
DATA
Industrial
X
Diurno
Vespertino
Noturno
AV . PROFESSOR PAREDES, s/n – TORRE 20.06.2007 -Início: 10:55- Término: 11:00
X
Níveis medidos
62,2
62,1
64,2
61,8
61,9
66,0
61,6
62,0
62,1
62,3
62,0
74,3
61,9
61,6
62,6
61,8
61,5
62,1
68,2
61,7
61,4
61,9
62,7
64,8
65,4
62,9
63,9
62,0
61,7
Leq(dBA)
65,2
Máx. permitido (dBA)
55,0
EEM
J. CRIS
61,3
Fonte: (FURTADO, 2007)
NÍVEL PERMITIDO ULTRAPASSADO
99
Tabela 8 - Resultado do Teste t de Student para comparação das medições do
ruído na Avenida Miguel Santa Cruz feitas pela autora e pela SEMAM\PMJP
Teste t
Graus de liberdade (gl)
p-valor
9,33
58
0,0000
Fonte: Medições da pesquisadora e da Prefeitura (SEMAM\PMJP)
Tabela 9 - Resultado do Teste t de Student para comparação das medições do ruído na
Avenida Professor Paredes feitas pela autora e pela SEMAM\PMJP
Teste t
Graus de liberdade (gl)
p-valor
-15,83
58
0,0000
Fonte: Medições da pesquisadora e da Prefeitura (SEMAM\PMJP)
As Tabelas 8 e 9 apresentam os dados referentes aos valores das medições do
ruído das duas avenidas estudadas, feitas pela autora do trabalho e pela equipe técnica da
SEMAM\PMJP. Compararam-se as duas medições através do Teste t de Student.
Analisando-se o resultado do Teste t para comparação das medições do ruído
na Avenida Miguel Santa Cruz feita pela autora e pela Prefeitura, percebe-se que o Teste foi
significativo ao nível de 5% de significância (p- valor menor do 0,05), ou seja, há diferença
significativa entre as duas medições (Tabela 8). O mesmo ocorre para a Avenida Professor
Paredes, ao nível de 5% de significância. Há diferença significativa entre as medições feitas
pela autora e as oficiais feitas pela SEMAM\PMJP (Tabela 9).
4.2
APRESENTAÇÃO
DOS
DADOS
OBTIDOS
COM
APLICAÇÃO
DOS
QUESTIONÁRIOS
Para análise estatística deste item, foram utilizados testes paramétricos para
analisar os dados qualitativos. Os Testes utilizados foram:
- Qui-Quadrado ( ? 2 ) para duas ou mais amostras não relacionadas, o qual tem por finalidade
verificar se as distribuições absolutas das amostras diferem significativamente em relação à
determinada variável. Por exemplo : verificar se as pessoas que têm dor de cabeça constante
diferem significativamente do local onde vivem.
100
- Teste Exato de Fisher, que faz uso de uma Tabela de contingência 2x2, cuja indicação é
quando a amostra é pequena, na seguinte situação, se 20 ? n ? 40 e a menor freqüência
esperada é menor do que 5, usar o Teste Exato de Fisher.
- P-Valor é a probabilidade de não rejeição (aceitação) de H 0 . Logo, se, por exemplo, ? =
0,05 (probabilidade de rejeitar H 0 , sendo H 0 verdadeira - erro tipo I) e o p-valor é maior do
que alfa, digamos 0,06, então, a probabilidade de não rejeitar H 0 é maior que a de rejeitar,
portanto não se rejeita a hipótese nula. Pois, num Teste de hipótese, podemos decidir pela
aceitação ou rejeição da hipótese nula, observando-se o p-valor.
Os dados dos questionários colhidos e os respectivos Testes serão expostos em
seguida na apresentação da análise dos resultados do respectivo questionário aplicado às duas
amostras.
4.2.1 Dados dos entrevistados
Tabela 10 - Distribuição por sexo da população das comunidades circunvizinhas
às avenidas pesquisadas, segundo o local
Local
Sexo
Av. Miguel
Av. Professor
Santa Cruz
Paredes
Total
F
%
F
%
f
%
Masculino
9
32,1
13
44,8
22
38,6
Feminino
19
67,9
16
55,2
35
61,4
Total
28
100,0
29
100,0
57
100,0
Fonte: Questionário aplicado às amostras (apêndice)
Na Tabela 10, observa-se a análise da distribuição por gênero das populações
das duas amostras pesquisadas.
101
Tabela 11 - Distribuição por escolaridade da população das comunidades
circunvizinhas às avenidas pesquisadas, segundo o local
Local
Escolaridade
Av. Miguel
Av. Professor
Do Entrevistado
Santa Cruz
Paredes
Total
F
%
F
%
f
%
1 Nenhuma
1
3,4
2
6,9
3
5,2
2 Ensino Fundamental
4
13,8
5
17,2
9
15,5
3 Ensino Médio
18
62,1
19
65,5
37
63,8
4 Ensino Superior
6
20,7
3
10,3
9
15,5
29
100,0
29
100,0
58
100,0
Total
Fonte: Questionário aplicado às amostras (apêndice)
Na Tabela 11, analisou-se o grau de escolaridade das amostras nas duas
avenidas estudadas.
4.2.2 Dados sobre o ambiente
Tabela 12 - Resultado do cruzamento das variáveis: mora no local x
trabalha no local
Você trabalha neste local?
Você mora neste local?
Sim
Total
Não
F
%
F
%
F
%
Sim
10
27,0
27
73,0
37
100,0
Não
16
100,0
-
-
16
100,0
Fonte: Questionário aplicado às amostras (apêndice)
Na Tabela 12, todos os que fazem parte da pesquisa moram e/ou trabalham no
entorno do local de pesquisa, onde foram aplicados os questionários, verificando-se a
freqüência do tempo de moradia e/ou de trabalho destas pessoas.
102
Tabela 13 - Freqüência do tempo de moradia das amostras
da população que residem no entorno dos pontos de medições.
Há quanto tempo
F
%
% Acumulado
você mora no local?
Até 1 ano
8
20,0
20,0
De 2 a 5 anos
7
17,5
37,5
De 5 a 10 anos
7
17,5
55,0
Mais de 10 anos
18
45,0
100,0
Total
40
100,0
Fonte: Questionário aplicado às amostras (apêndice)
Na Tabela 13, analisou-se o tempo de moradia das amostras no intervalo de
tempo de meses a mais de 10 anos, no mesmo bairro.
Tabela 14 - Freqüência do tempo dos que trabalham na circunvizinhança
das avenidas onde foram realizadas as medições
Há quanto tempo
você
%
Trabalha neste local?
F
%
Acumulado
Até 1 ano
12
42,9
42,9
De 2 a 5 anos
2
7,1
50,0
De 5 a 10 anos
4
14,3
64,3
Mais de 10 anos
10
35,7
100,0
Total
28
100,0
Fonte: Questionário aplicado às amostras (apêndice)
Na Tabela 14, analisou-se o tempo de moradia das amostras no intervalo de
tempo de meses a mais de 10 anos, no mesmo bairro.
103
Tabela 15 - Cruzamento das variáveis: tempo de permanência na
rua x trabalha no local
Quantas horas por dia
Você trabalha neste local?
Sim
você permanece nesta rua?
Total
Não
F
%
F
%
F
De 5 a 8 horas
8
61,5
5
38,5
13
Mais de 9 horas
20
47,6
22
52,4
42
Fonte: Questionário aplicado às amostras (apêndice)
Na Tabela 15, analisou-se o tempo de permanência na rua onde o respondente
foi pesquisado, visando a analisar o número de pessoas que trabalham e/ou moram no local.
Há pessoas que passam mais de 9 horas no local porque trabalham e residem no mesmo lugar.
Não houve respostas para as categorias “Menos de 2 horas” e “De 2 a 4 horas”.
Tabela 16 - Cruzamento das variáveis: tempo de permanência na
rua x vezes por semana
Quantas vezes por semana?
Quantas horas por dia você De 3 a 6 dias
permanece nesta rua?
por semana
F
%
Os 7 dias
Total
da semana
F
%
F
De 5 a 8 horas
10
76,9
3 23,1
13
Mais de 9 horas
11
24,4
34 75,6
45
Fonte: Questionário aplicado às amostras (apêndice)
Na Tabela 16, houve o cruzamento dos dados em relação ao tempo de
permanência no mesmo local, visando a uma caracterização mais clara das pessoas que
moram ou trabalham no local. Não houve respostas para as categorias “Menos de 2 horas” e
“De 2 a 4 horas”
104
4.2.3 Dados sobre a saúde
Tabela 17 - Freqüências absolutas observadas ( Oij ) e esperadas ( Eij ) do
cruzamento das variáveis: foi ao médico x local
Local
Foi ao médico por causa de algum
Av. Miguel S. Cruz
problema de saúde nos últimos meses?
Av. Prof. Paredes
Total
Oij
Eij
Oij
Eij
Sim
17
15
13
15
30
Não
12
14
16
14
28
Total
29
29
58
Fonte: Questionário aplicado às amostras (apêndice)
A Tabela 17 apresenta as freqüências observadas e esperadas resultantes do
cruzamento das variáveis relacionadas ao fato de a pessoa ter ido ao médico por causa de
algum problema de saúde, segundo o local onde moram e/ou trabalham, dados necessários
para a aplicação do Teste Qui-Quadrado ( ? 2 ), cujo resultado encontra-se na Tabela 18.
Tabela 18 - Resultado do Teste Qui-Quadrado para as
freqüências observadas e esperadas
da
Tabela 17
Teste Qui-Quadrado ( ? 2 )
Estatística g.l p-valor
1,1048* 1
0,2932
Fonte: Tabela 7
*0% das células tem freqüência esperada menor do que 5, o mínimo é 14.
O resultado do Teste Qui-Quadrado (Tabela 18) mostra, através do p-valor
(maior que 0,05), que, ao nível de 5% de significância, não podemos rejeitar H 0 , ou seja, o
fato de o entrevistado ter ido ou não ao médico por causa de algum problema de saúde nos
últimos meses é indiferent e se ele mora na avenida das madeireiras ou não.
105
Tabela 19 - Freqüências absolutas observadas ( Oij ) e esperadas ( Eij ) do cruzamento das
variáveis: uso de medicamento x local
Local
Faz uso de algum medicamento? Av. Miguel S. Cruz
Av. Prof. Paredes
Total
Oij
Eij
Oij
Eij
Sim
12
10
8
10
20
Não
17
19
21
19
38
Total
29
29
58
Fonte: Questionário aplicado às amostras (apêndice)
Na Tabela 19, também se observam as freqüências observadas e esperadas do
cruzamento das variáveis relacionadas ao uso de medicamentos segundo o local, para verificar
se há independência entre essas duas variáveis através do Teste Qui-Quadrado ( ? 2 ).
Tabela 20 - Resultado do Teste Qui-Quadrado para os dados
da Tabela 19
Teste Qui-Quadrado ( ? 2 )
Estatística g.l p-valor
1,2211*
1
0,2692
Fonte: Tabela 9
*0% das células tem valor esperado menor do que 5, o mínimo é 10
Na Tabela 20, nota-se que o resultado do Teste Qui-Quadrado não foi
significativo ao nível de 5% (p-valor maior que 0,05), ou seja, o fato de uma pessoa fazer uso
ou não, de algum medicamento independe de ela morar e/ou trabalhar na Avenida Miguel
Santa Cruz (rua das madeireiras) ou não.
106
Tabela 21 - Problemas de saúde apresentados pelos entrevistados, segundo o local da pesquisa
Av. Miguel Santa
Av. Professor
Cruz
Paredes
Problemas de saúde
Total
Casos
%
Casos
%
1 Alteração da visão
16
43,2
21
56,8
37
2 Ansiedade
16
47,1
18
52,9
34
3 Estresse
16
48,5
17
51,5
33
4 Incômodo ao barulho
10
41,7
14
58,3
24
5 Cansaço*
13
59,1
9
40,9
22
6 Alergia*
13
65,0
7
35,0
20
7 Nervosismo
9
47,4
10
52,6
19
8 Irritabilidade
8
47,1
9
52,9
17
9 Pressão alta*
8
53,3
7
46,7
15
10 Dor de cabeça constante*
10
66,7
5
33,3
15
11 Dificuldade de concentração
6
42,9
8
57,1
14
12 Perda de audição
5
45,5
6
54,5
11
13 Problemas gastrintestinais*
6
54,5
5
45,5
11
14 Perturbações do sono
4
40,0
6
60,0
10
15 Problemas circulatórios*
6
60,0
4
40,0
10
3
37,5
5
62,5
8
17 Zumbidos*
4
66,7
2
33,3
6
18 Problema respiratório*
3
60,0
2
40,0
5
19 Problemas cardíacos
1
25,0
3
75,0
4
20 Nenhum
1
100,0
16 Dificuldades de compreender a
fala
1
Fonte: Questionário aplicado às amostras (apêndice)
É apresentado na Tabela 21, o número de casos, com seus respectivos
percentuais, dos problemas de saúde presentes nas comunidades circunvizinhas às áreas de
medição do nível equivalente de ruído (LA eq), segundo o local onde moram e/ou trabalham.
107
Tabela 22 - Freqüências resultantes do cruzamento das variáveis: problema de saúde pode ser
provocado pelo ruído ambiental x local
Local
Você acha que algum desses problemas
pode ser provocado pelo ruído ambiental
Av. Miguel S. Cruz
Av. Prof. Paredes
Total
desta região?
F
%
f
%
Sim
9
52,9
8
47,1
17
Não
20
48,8
21
51,2
41
Fonte: Questionário aplicado às amostras (apêndice)
Na Tabela acima, analisou-se a correlação entre a influência dos problemas de
saúde e a interferência acarretada pelo ruído ambiental na saúde da população circunvizinha à
área estudada.
As Tabelas 23 a 30, que virão a seguir, mostrarão a análise do Teste QuiQuadrado ( ? 2 ) ou Teste Exato de Fisher para duas amostras independentes, a fim de verificar
se os problemas de saúde que apresentam um maior percentual de queixas dos entrevistados
da rua das madeireiras é influenciado pelo ruído das mesmas.
Tabela 23 - Freqüências absolutas observadas ( Oij ) e esperadas ( Eij ) do
cruzamento
das variáveis: problema de cansaço x local
Local
Tem problema de cansaço? Av. Miguel S. Cruz
Av. Prof. Paredes
Total
Oij
Eij
Oij
Eij
Sim
13
11
9
11
22
Não
16
18
20
18
36
Total
29
29
58
Fonte: Questionário aplicado às amostras (apêndice)
Teste Qui-Quadrado aplicado na Tabela acima para verificar se existe relação
entre se expor ao ruído das madeireiras e o problema de cansaço, através da análise
comparativa entre duas amostras independentes, ou seja, a Avenida Miguel Santa Cruz e a
Avenida Prof. Paredes.
108
Tabela 24 - Freqüências absolutas observadas ( Oij ) e esperadas ( Eij ) do
cruzamento das variáveis: problema de alergia x local
Local
Tem proble ma de alergia? Av. Miguel S. Cruz
Av. Prof. Paredes
Total
Oij
Eij
Oij
Eij
Sim
13
10
7
10
20
Não
16
19
22
19
38
Total
29
29
58
Fonte: Questionário aplicado às amostras (apêndice)
Teste Qui-Quadrado aplicado na Tabela acima para verificar se existe relação
entre se expor ao ruído das madeireiras e o problema de alergia, através da análise
comparativa entre duas amostras independentes, ou seja, a Avenida Miguel Santa Cruz e a
Avenida Prof. Paredes.
Tabela 25 - Freqüências absolutas observadas ( Oij ) e esperadas ( Eij ) do cruzamento das
variáveis: problema de pressão alta x local
Local
Tem problema de pressão alta?
Av. Miguel S. Cruz
Av. Prof. Paredes
Total
Oij
Eij
Oij
Eij
Sim
8
7,5
7
7,5
15
Não
21
21,5
22
21,5
43
Total
29
29
58
Fonte: Questionário aplicado às amostras (apêndice)
Teste Qui-Quadrado aplicado na Tabela acima para verificar se existe relação
entre se expor ao ruído das madeireiras e o problema de pressão alta, através da análise
comparativa entre duas amostras independentes, ou seja, a Avenida Miguel Santa Cruz e a
Avenida Prof. Paredes.
109
Tabela 26 - Freqüências absolutas observadas ( Oij ) e esperadas ( Eij ) do cruzamento
das variáveis: problema de dor de cabeça x local
Local
Tem dor de cabeça constante? Av. Miguel S. Cruz
Av. Prof. Paredes
Total
Oij
Eij
Oij
Eij
Sim
11
8
5
8
16
Não
18
21
24
21
42
Total
29
29
58
Fonte: Questionário aplicado às amostras (apêndice)
Teste Qui-Quadrado aplicado na Tabela acima para verificar se existe relação
entre se expor ao ruído das madeireiras e o problema de dor de cabeça constante, através da
análise comparativa entre duas amostras independentes, ou seja, a Avenida Miguel Santa Cruz
e a Avenida Prof. Paredes.
Tabela 27 - Freqüências absolutas observadas ( Oij ) e esperadas ( Eij ) do cruzamento das
variáveis: problemas gastrintestinais x local
Local
Tem problemas gastrintestinais? Av. Miguel S. Cruz
Av. Prof. Paredes
Total
Oij
Eij
Oij
Eij
Sim
6
5,5
5
5,5
11
Não
23
23,5
24
23,5
47
Total
29
29
58
Fonte: Questionário aplicado às amostras (apêndice)
Teste Qui-Quadrado aplicado na Tabela acima para verificar se existe relação
entre se expor ao ruído das madeireiras e ter problemas gastrintestinais, através da análise
comparativa entre duas amostras independentes, ou seja, a Avenida Miguel Santa Cruz e a
Avenida Prof. Paredes.
110
Tabela 28 - Freqüências absolutas observadas ( Oij ) e esperadas ( Eij ) do
cruzamento das variáveis: problema circulatório x local
Local
Tem problema
circulatório?
Av. Miguel S. Cruz
Av. Prof. Paredes
Total
Oij
Eij
Oij
Eij
Sim
6
5
4
5
10
Não
23
24
25
24
48
Total
29
29
58
Fonte: Questionário aplicado às amostras (apêndice)
Teste Qui-Quadrado aplicado na Tabela acima para verificar se existe relação
entre se expor ao ruído das madeireiras e ter problema circulatório, através da análise
comparativa entre duas amostras independentes, ou seja, a Avenida Miguel Santa Cruz e a
Avenida Prof. Paredes.
Verifica-se que existem freqüências esperadas menores que 5 nas Tabela 29 e
30, assim, nestas condições, o Teste Qui-Quadrado não pode ser utilizado nestes dois casos.
Logo, o Teste utilizado foi o Exato de Fisher.
Tabela 29 - Freqüências absolutas observadas ( Oij ) e esperadas ( Eij ) do cruzamento
das variáveis: problema de zumbidos x local
Local
Tem problema de zumbidos? Av. Miguel S. Cruz
Av. Prof. Paredes
Total
Oij
Eij
Oij
Eij
Sim
4
3
2
3
6
Não
25
26
27
26
52
Total
29
29
58
Fonte: Questionário aplicado às amostras (apêndice)
Teste Exato de Fisher aplicado na Tabela acima para verificar se existe relação
entre se expor ao ruído das madeireiras e o problema de ter zumbido nos ouvidos, através da
análise comparativa entre duas amostras aleatórias e independentes, ou seja, a Avenida
Miguel Santa Cruz e a Avenida Prof. Paredes.
111
Tabela 30 - Freqüências absolutas observadas ( Oij ) e esperadas ( Eij ) do
cruzamento das variáveis: problema respiratório x local
Local
Tem problema respiratório? Av. Miguel S. Cruz
Av. Prof. Paredes
Total
Oij
Eij
Oij
Eij
Sim
3
2,5
2
2,5
5
Não
26
26,5
27
26,5
53
Total
29
29
58
Fonte: Questionário aplicado às amostras (apêndice)
Teste Exato de Fisher aplicado na Tabela acima para verificar se existe relação
entre se expor ao ruído das madeireiras e ter problema respiratório, através da análise
comparativa entre duas amostras aleatórias e independentes, ou seja, a Avenida Miguel Santa
Cruz e a Avenida Prof. Paredes.
Tabela 31 - Resultados do Teste Qui-Quadrado para os valores das Tabelas de 23 a 30
Teste Qui-Quadrado ( ? 2 )
Estatística g.l p-valor
1. Cansaço
1,1717*
1
0,2790
2. Alergia
2,7474*
1
0,0974
3. Pressão alta
0,0899*
1
0,7643
4. Dor de cabeça constante
3,1071*
1
0,0779
5. Problemas gastrintestinais
0,1122*
1
0,7377
6. Problemas circulatórios
0,4833*
1
0,4869
Fonte: Tabelas 23, 24, 25, 26, 27 e 28, respectivamente
*0% das células tem freqüência esperada menor do que 5, as
freqüências mínimas esperadas são, respectivamente, 11; 10; 7,5; 8; 5,5
e 5.
Os resultados do Teste Qui-Quadrado (Tabela 31) não foram significativos ao
nível de 5% (p-valores maiores que 0,05). Logo, não se rejeita a hipótese nula H 0 , ou seja, os
problemas de saúde, neste caso, independem do local.
112
Tabela 32- Resultado do Teste Exato de Fisher
Teste Exato de Fisher
p-valor
1. Zumbidos
0,6701
2. Problema respiratório
1,0000
Fonte: Tabelas 29 e 30
Para os problemas de zumbido e respiratório, o Teste Exato de Fisher (Tabela
32) também não é significativo ao nível de 5% (p-valor maior que 0,05).
4.2.4 Dados sobre a percepção do ambiente sonoro
Tabela 33 - Tipos de barulhos que mais incomodam os entrevistados das circunvizinhanças,
segundo o local
Local
Qual o tipo de barulho que mais o (a)
Av. Miguel Santa
Av. Professor
incomoda nesta rua?
Cruz
Paredes
Total
Casos
%
Casos
%
10
43,5
13
56,5
23
10
45,5
12
54,5
22
8
47,1
9
52,9
17
6
85,7
1
14,3
7
5. Barulho de outros pontos comerciais
1
33,3
2
66,7
3
6. Barulho da casa dos vizinhos
1
33,3
2
66,7
3
7. Barulho de animais
1
50,0
1
50,0
2
8. Barulho de construções
-
-
1
100,0
1
1. Barulhos de veículos (carros, ônibus,
motos, caminhões)
2. Som ligado (caixas de som nos postes,
som de carro)
3. Nenhum
4. Barulho das marcenarias/serrarias
próximas
Fonte: Questionário aplicado às amostras (apêndice)
113
Na Tabela 33, observa-se o número de casos, bem como as respectivas
percentagens, dos tipos de barulhos, segundo o local, os quais mais incomodam os que moram
e/ou trabalham na região.
Tabela 34 - Freqüências do cruzamento das variáveis barulho s ruins para o
meio ambiente x local
Local
Av.
Total
Você acha que o barulho Av. Miguel
Professor
deste local é ruim para o
Paredes
Santa Cruz
Meio ambiente?
F
%
f
%
f
%
Sim
14
46,7
16
53,3
30
100
Não
15
53,6
13
46,4
28
100
Total
29
50
29
50
58
100
Fonte Questionário aplicado às amostras (apêndice)
Na Tabela 34, observa-se o número de casos, bem como as respectivas
percentagens, referentes à percepção das pessoas em relação ao ruído ambiental para as duas
avenidas.
Tabela 35 - Freqüência das respostas dadas à pergunta:
você sabe o que é poluição sonora?
Você sabe o que é
Freqüência
%
Sim
47
81,0
Não
11
19,0
Total
58
100
poluição sonora?
Fonte Questionário aplicado às amostras (apêndice)
Na Tabela 35, avalia-se o conhecimento das duas amostras em relação ao
conhecimento sobre poluição sonora.
114
Tabela 36 - Freqüências resultantes do cruzamento das variáveis relacionadas ao
barulho que prejudica, ou não, a saúde, segundo o local
Local
Você acha que o barulho
Av.
Total
deste local prejudica a
Av. Miguel Santa
Professor
sua saúde?
Cruz
Paredes
F
%
F
%
F
%
Sim
7
46,7
8
53,3
15
100
Não
22
52,4
21
47,6
42
100
Total
29
50,9
29
49,1
57
100
Fonte: Questionário aplicado às amostras (apêndice)
Na Tabela 36, avalia-se a opinião dos respondentes, obtidas através das duas
amostras, sobre o mal causado pelo ruído à saúde através do cruzamento dos dados.
Tabela 37 - Freqüências resultantes do cruzamento das variáveis relacionadas ao
barulho que prejudica ou não a tranqüilidade e o bem-estar, segundo
o local
Local
O barulho deste local
prejudica a sua
Av. Miguel
Av. Professor
tranqüilidade e bem-
Santa Cruz
Paredes
Total
estar?
f
%
f
%
F
%
Sim
7
46,7
8
53,3
15
100
Não
22
51,2
21
48,8
43
100
Total
29
50,0
29
50,0
58
100
Fonte: Questionário da pesquisadora aplicado às amostras (apêndice)
A Tabela 37 realizou o cruzamento dos dados das duas amostras,
comparando-as a opinião dos respondentes quanto à interferência do ruído na
tranqüilidade e no bem-estar das pessoas.
115
Tabela 38 – Freqüências resultantes do cruzamento das variáveis relacionadas ao
barulho das madeireiras que prejudica ou não a qualidade de vida,
segundo o local
Local
O barulho das
marcenarias/serrarias
Av. Miguel
Av. Professor
deste bairro prejudicam a
Santa Cruz
Paredes
Total
sua qualidade de vida?
f
%
F
%
F
%
Sim
2
7,1
-
-
2
3,5
Não
26
92,9
-
-
26
45,6
Não há nesta região
-
-
29
100
29
50,9
Total
28
100,0
29
100
57
100,0
Fonte: Questionário aplicado às amostras (apêndice)
A Tabela 38 realizou o cruzamento dos dados das duas amostras,
comparando a opinião dos respondentes quanto à interferência do ruído na qualidade de
vida das pessoas.
Tabela 39 - Distribuição de freqüências resultantes do cruzamento das variáveis
relacionadas ao barulho das madeireiras que impedem ou não o
desenvolvimento de alguma atividade, segundo o local
O barulho das
Local
marcenarias/serrarias o
Av. Miguel
Av. Professor
(a) impede o
Santa Cruz
Paredes
desenvolvimento de
f
%
F
Total
%
alguma atividade?
%
F
Sim
3
10,3
-
-
3
5,2
Não
26
89,7
-
-
26
44,8
Não há nesta região
-
-
29
100
29
50,0
Total
29
100,0
29
100
58
100,0
Fonte: Questionário aplicado às amostras (apêndice)
A Tabela 39 realizou o cruzamento dos dados das duas amostras,
comparando a opinião dos respondentes quanto à interferência do ruído nas atividades
físicas e intelectuais da população estudada.
116
4.2.5 Forma como as pessoas reagem
Tabela 40 - Freqüências resultantes do cruzamento das variáveis relacionadas a
sair do imóvel por causa do barulho, segundo o local
Local
Você sairia deste imóvel
Av. Miguel
Av. Professor
por causa do barulho?
Santa Cruz
Paredes
Total
f
%
f
%
F
%
Sim
3
10,3
4
13,8
7
12,1
Não
26
89,7
25
86,2
51
87,9
Total
29
100,0
29
100,0
58
100,0
Fonte: Questionário aplicado às amostras (apêndice)
A Tabela 40 mostra as freqüências de respostas obtidas dos entrevistados,
relacionadas ao fato de sair do imóvel por caus a do barulho, segundo o local onde moram e/ou
trabalham.
Tabela 41 - Freqüências resultantes do cruzamento das variáveis relacionadas ao
ruído constante das madeireiras, segundo o local
Local
O ruído das
marcenarias/serrarias é
constante?
Av. Miguel
Av. Professor
Santa Cruz
Paredes
Total
F
%
f
%
F
%
Sim
7
24,1
-
-
7
12,1
Não
16
55,2
1
3,4
17
29,3
Não sabe
6
20,7
28
96,6
34
58,6
Total
29
100,0
29
100,0
58
100,0
Fonte: Questionário aplicado às amostras (apêndice)
Na Tabela 41, buscou-se descobrir se as marcenarias trabalham de modo
constante, considerando também a opinião dos moradores do entorno da Avenida Prof.
117
Paredes, em cuja proximidade não há empresas madeireiras, através do cruzamento dos dados
obtidos nas amostras.
Tabela 42 - Freqüências resultantes do cruzamento das variáveis relacionadas à
convivência com ambiente barulhento segundo o local
Local
Você acha que se
acostuma a conviver com
um ambiente barulhento?
Av. Miguel
Av. Professor
Santa Cruz
Paredes
Total
f
%
F
%
F
%
Sim
6
35,3
11
64,7
17
100
Não
23
56,1
18
43,9
41
100
Total
29
50,0
29
50,0
58
100
Fonte: Questionário aplicado às amostras (apêndice)
Na Tabela 42, analisou-se a tolerância das pessoas em morar num ambiente
ruidoso, através do cruzamento dos dados obtidos nas duas amostras.
Tabela 43 - Freqüências resultantes do cruzamento das variáveis relacionadas à
diminuição do barulho segundo o local
Local
Você faz alguma coisa
para diminuir o barulho
que o (a) incomoda?
Av. Miguel
Av. Professor
Santa Cruz
Paredes
Total
f
%
F
%
F
%
Sim
16
55,2
12
42,9
28
49,1
Não
13
44,8
16
57,1
29
50,9
Total
29
100,0
28
100,0
57
100,0
Fonte: Questionário aplicado às amostras (apêndice)
Na Tabela 43, analisou-se o comportamento individual das pessoas das duas
avenidas frente ao ruído que as incomoda.
118
Tabela 44 - Freqüências resultantes do cruzamento das variáveis relacionadas ao
fato de tomar alguma medida para diminuir o barulho, segundo o
local
Local
As pessoas desta região
Total
(moradores/trabalhadores)
Av. Miguel
Av. Professor
tomam medidas para
Santa Cruz
Paredes
diminuir o barulho?
F
%
f
%
F
%
Sim
9
31,0
6
21,4
15
26,3
Não
20
69,0
22
78,6
42
73,7
Total
29
100,0
28
100,0
57
100,0
Fonte: Questionário aplicado às amostras (apêndice)
Na Tabela 43, analisou-se o comportamento de modo coletivo das pessoas das
duas avenidas frente ao ruído que as incomoda.
Tabela 45 - Freqüências resultantes do cruzamento das variáveis relacionadas ao
fato de sentir problemas em função do barulho das madeireiras,
segundo o local
Local
Você sente algum
problema em função do
Av. Miguel
Av. Professor
barulho das
Santa Cruz
Paredes
Total
marcenarias/serrarias?
f
%
f
%
F
%
Sim
3
10,3
-
-
3
5,3
Não
26
89,7
1
3,6
27
47,4
Não há nesta região
-
-
27
96,4
27
47,4
Total
29
100,0
28
100,0
57
100,0
Fonte: Questionário aplicado às amostras (apêndice)
Na Tabela 45, pesquisou-se a existência de algum sintoma físico ou emocional
decorrente do ruído das empresas madeireiras.
119
Tabela 46 - Freqüências resultantes do cruzamento das variáveis relacionadas ao
conhecimento dos males causados pelo barulho, segundo o local
Local
Você conhece algum mal
Av. Miguel
Av. Professor
causado pelo barulho?
Santa Cruz
Paredes
Total
f
%
F
%
f
%
Sim
16
55,2
12
41,4
28
48,3
Não
13
44,8
17
58,6
30
51,7
Total
29
100,0
29
100,0
58
100,0
Fonte: Questionário aplicado às amostras (apêndice)
Na Tabela 46, pesquisou-se o conhecimento das pessoas participantes da
pesquisa em relação aos danos provocados pela poluição sonora à saúde do ser humano.
Tabela 47 - Freqüências resultantes do cruzamento das variáveis relacionadas ao
contato com campanhas de prevenção do barulho, segundo o local
Local
Você já teve contato com
alguma campanha de
Av. Miguel
Av. Professor
prevenção contra o
Santa Cruz
Paredes
Total
barulho?
F
%
F
%
f
%
Sim
2
6,9
4
13,8
6
10,3
Não
27
93,1
25
86,2
52
89,7
Total
29
100,0
29
100,0
58
100,0
Fonte: Questionário aplicado às amostras (apêndice)
Na Tabela 47, investigou-se o contato direto ou indireto da população de
ambas as avenidas com alguma campanha de prevenção contra a poluição sonora promovida
pelos órgãos governamentais ambientais.
120
Tabela 48 - Distribuição de freqüências resultantes do cruzamento das variáveis
relacionadas ao fato de os órgãos governamentais tomarem alguma
medida para evitar o barulho, segundo o local
Você percebe alguma
Local
medida tomada pelos
Av. Miguel
Av. Professor
órgãos governamentais
Santa Cruz
Paredes
Total
(SEMAM/SUDEMA)
nesta região para evitar o
F
%
F
%
F
%
Sim
8
27,6
11
39,3
19
33,3
Não
21
72,4
17
60,7
38
66,7
Total
29
100,0
28
100,0
57
100,0
barulho?
Fonte: Questionário aplicado às amostras (apêndice)
Na Tabela 48, investigou-se a ação dos órgãos governamentais ambientais,
Municipal e Estadual, respectivamente, em relação a suas atribuições determinadas pela
legislação em vigor, de controlar, prevenir e reduzir a emissão de ruídos no entorno das
avenidas estudadas.
4.3 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
4.3.1 Discussão dos resultados das medições de ruído
As Tabelas 6 e 7 apresentam os dados referentes aos valores das medições do
ruído das duas avenidas estudadas, feitas pela autora do trabalho e pela equipe técnica da
SEMAM\PMJP. Compararam-se as duas medições através do Teste t de Student.
Analisando-se o resultado do Teste t para a comparação das medições do
ruído na Avenida Miguel Santa Cruz feitas pela autora e pela Prefeitura, percebe-se que o
Teste foi significativo ao nível de 5% de significância (p-valor menor que 0,05), ou seja, há
diferença significativa entre as duas medições (Tabela 6). O mesmo ocorre para Avenida
121
Professor Paredes, ao nível de 5% de significância. Há diferença significativa entre as
medições feitas pela autora e as oficiais feitas pela SEMAM\PMJP (Tabela 7).
Esta pesquisa mensurou o LA eq, na rua do aglomerado de quatro marcenarias
e/ou serrarias, em que a autora encontrou ruído médio em 74,7 dB(A), e a SEMAM\PMJP,
verificou níveis médios de 61,8 dB(A).
Na Avenida Prof. Paredes, de predominância
residencial, os valores do LA eq obtidos, respectivamente, pela autora e pela SEMAM foram
de 65,2 dB(A) e de 77,2 dB(A).
Analisando-se a comparação das medições do ruído na Avenida Miguel
Santa Cruz e na Avenida Professor Paredes, feitas pela autora e pela SEMAM\PMJP,
infere-se que há diferença significativa entre as duas medições. Ressalta-se, porém, que
ambas foram realizadas de acordo com a NBR 10151.
Tais diferenças podem ser explicadas pelo horário das medições oficiais
feitas pela SEMAM\PMJP, pois foram realizadas próximas à hora de almoço, quando os
funcionários das madeireiras não estão trabalhando, bem como pelo fato de que as
madeireiras não trabalham no corte da madeira diariamente. Logo, provavelmente a
SEMAM\PMJP esteve também no dia e no horário em que havia apenas outros tipos de
ruído urbano.
Um fato importante que deve ser levado em consideração é que a Avenida
Prof. Paredes é mais próxima do Mercado da Torre, além de ter maior proximidade de ruas de
maior tráfego e de tráfego intermediário de veículos, o que pode ter contribuído para a
referida avenida ter tido maior LA eq no dia e horário das medições realizadas pela
SEMAM\PMJP.
Vale ressaltar, ainda, que, se as medições do ruído tivessem sido feitas no
interior das habitações, teríamos encontrado valores do LA eq menores que os constatados na
presente pesquisa.
Apesar das diferenças entre os valores mensurados pela autora e pela
SEMAM\PMJP, deve-se levar em consideração que todas as medições de ruído ultrapassaram
os 55 dB(A) recomendados pela Organização Mundial de Saúde (2000), pela NBR 10151 da
ABNT (2000) e pela Lei Municipal de João Pessoa nº 29, de 05 de agosto de 2002, para o
período diurno, de acordo com a zona urbana da área estudada. Tais valores podem ocasionar
problemas físicos de origem extra auditiva, ou seja, em outras partes do organismo, bem como
problemas de ordem psicológica.
122
4.3.2 Discussão dos resultados dos questionários
Conforme apresentado na Tabela 10, observa-se uma predominânc ia do sexo
feminino tanto na Avenida Miguel Santa Cruz quanto na Avenida Professor Paredes, com
aproximadamente 68% e mais de 55%, respectivamente.
Quanto à composição etária, entre todos os entrevistados nas duas amostras
constata-se uma idade mínima e uma máxima de 13 e 87 anos, respectivamente, perfazendo
uma idade média de 41 anos (em valores inteiros).
Com relação à escolaridade informada pelos entrevistados (Tabela 11),
destaca-se, para as duas avenidas, um maior percentual de pessoas com Nível Médio, com
mais de 62% e aproximadamente 66%, para a Avenida Miguel Santa Cruz e para a Avenida
Professor Paredes, respectivamente.
Nota-se, na Tabela 12, que 73% dos entrevistados das comunidades
circunvizinhas às avenidas onde foram realizadas as medições moram, mas não trabalham, no
local, e o restante deles, 27%, moram e trabalham. Na Tabela 13, percebe-se que, dos que
responderam que moram no local (40), as categorias até 1 ano, de 2 a 5 anos e de 5 a 10 anos
representam, juntas, 55% do total. E, entre todas as categorias, a que obteve um maior
percentual foi de “mais de 10 anos”, com 45%.
Dos que responderam que trabalham no local (28), metade deles tem um tempo
de serviço de até 5 anos, e, dessa metade, aproximadamente 43% têm um tempo de trabalho
de até 1 ano (Tabela 14).
Nota-se que, das pessoas que permanecem de 5 a 8 horas na rua, a grande
maioria delas (61,5%) trabalha no local. Já aquelas que passam mais de 9 horas na rua, a
percentagem cai para 47,6 %, pois são as pessoas que residem no local (Tabela 15).
Percebe-se que aproximadamente 77% das pessoas permanecem de 5 a 8 horas
por dia na rua, de 3 a 6 dias por semana, e, dos que permanecem mais de 9 horas,
provavelmente a grande maioria, aproximadamente 76%, mora no local, pois passa na rua os
sete dias da semana (Tabela 16).
Analisando-se conjuntamente as Tabelas 15 e 16, o que se observa é que as
pessoas entrevistadas, cujo tempo de permanência na rua e o número de vezes por semana que
fica no local é menor, respectivamente, de 5 a 8 horas e, 3 a 6 dias por semana,
compreendendo justamente, a maioria das pessoas que trabalham no local. Os dados do
123
questionário mencionados até então serviram para caracterizar o grupo pesquisado de ambas
as avenidas.
A Tabela 17 apresenta as freqüências observadas e esperadas resultantes do
cruzamento das variáveis relacionadas ao fato de a pessoa ter ido ao médico por causa de
algum problema de saúde, segundo o local onde mora e/ou trabalha, dados necessários para a
aplicação do Teste Qui-Quadrado ( ? 2 ), cujo resultado encontra-se na Tabela 18.
O resultado do Teste Qui-Quadrado (Tabela 18) mostra, através do p-valor
(maior que 0,05), que, ao nível de 5% de significância, não podemos rejeitar H 0 , ou seja, o
fato de o entrevistado ter ido ou não ao médico por causa de algum problema de saúde nos
últimos meses é indiferente se ele mora na avenida das madeireiras ou não.
Na Tabela 19, também se observam as freqüências observadas e esperadas do
cruzamento das variáveis relacionadas ao uso de medicamentos segundo o local, para verificar
se há independência entre essas duas variáveis através do Teste Qui-Quadrado ( ? 2 ).
Na Tabela 20, nota-se que o resultado do Teste Qui-Quadrado não foi
significativo ao nível de 5% (p-valor maior que 0,05). Ou seja, o fato de uma pessoa fazer uso
ou não de algum medicamento independe de ela morar e/ou trabalhar na Avenida Miguel
Santa Cruz (rua das madeireiras) ou não.
Os dados apresentados nas Tabelas 17 a 20 ainda não foram suficientes para
comprovar a influência do ruído das marcenarias como fator de interferência na saúde das
pessoas pesquisadas.
É apresentado na Tabela 21, o número de casos, com seus respectivos
percentuais, dos problemas de saúde presentes nas comunidades circunvizinhas às áreas de
medição do nível equivalente de ruído (LA eq), segundo o local onde moram e/ou trabalham.
Pode-se observar, na Tabela 21, que, comparando-se os problemas de saúde
apresentados pelos entrevistados da região das dua s avenidas, as pessoas que estão mais
expostas aos barulhos das marcenarias / serrarias, ou seja, as que moram e/ou trabalham no
entorno da Avenida Miguel Santa Cruz apresentam um maior percentual de casos de: cansaço
(59,1%), alergia (65,0%), pressão alta (53,3%), dor de cabeça constante (66,7%), problemas
gastrintestinais (54,5%), problemas circulatórios (60,0%), zumbidos (66,7%) e problema
respiratório (60,0%), ficando, portanto, um maior percentual dos demais problemas para os
entrevistados do entorno da Avenida Professor Paredes. Vale destacar que o número maior de
indivíduos com queixas de vários problemas de saúde estão na Avenida Prof. Paredes.
124
Dos que acham que todos esses problemas apresentados podem ser provocados
pelo ruído ambiental da região, a maioria, ou 52,9%, moram e/ou trabalham no entorno das
madeireiras (Tabela 22). Porém, analisando-se cada avenida de modo separado na Tabela 22,
constata-se que o maior número de pessoas pesquisadas não atribui seus problemas de saúde
ao ruído do meio ambiente.
Para verificar se os problemas de saúde que apresentam um maior percentual
de queixas dos entrevistados da rua das madeireiras é influenciado pelo ruído das mesmas, foi
realizado o Teste Qui-Quadrado ( ? 2 ) para duas amostras independentes.
As Tabelas de 23 a 30 mostram as freqüências observadas e esperadas,
respectivamente, para cada problema de saúde mais freqüente nos entrevistados da rua das
madeireiras.
Verifica-se que existem freqüências esperadas menores que 5 nas Tabelas 29 e
30, assim, nestas condições, o Teste Qui-Quadrado não pode ser utilizado nestes dois casos.
Logo, o teste utilizado foi o Exato de Fisher.
Os resultados do Teste Qui-Quadrado (Tabela 31) não foram significativos ao
nível de 5% (p- valores maiores que 0,05), logo não se rejeita a hipótese nula H 0 , ou seja, o
fato de os problemas de saúde, (cansaço, alergia, pressão alta, dor de cabeça constante,
problemas gastrintestinais e problemas circulatórios) apresentarem um percentual maior para
os que moram e/ou trabalham no entorno da rua das madeireiras não significa que tenham
sido influenciados pelo ruído das mesmas. Assim, tais problemas, neste caso, independem do
local.
Para os problemas de zumbido e respiratório, o Teste Exato de Fisher (Tabela
32) também não é significativo ao nível de 5% (p-valor maior que 0,05), ou seja, os
problemas de zumbido e respiratório também independem do local.
Logo, os dados das Tabelas 21 a 32 comprovaram que não foram, durante o
estudo, verificadas influências do ruído na saúde da população estudada.
Na Tabela 33, observa-se o número de casos, bem como as respectivas
percentagens dos tipos de barulhos, segundo o local, os quais mais incomodam os que moram
e/ou trabalham na região.
Comparando-se as percentagens de reclamações dos mesmos barulhos no
cruzamento dos dados nas duas avenidas, dentre todos os barulhos reclamados pelos
entrevistados do entorno da Avenida Miguel Santa Cruz, o único que apresenta um maior
percentual em relação ao da Avenida Professor Paredes é o barulho das marcenarias/serrarias
125
(85,7%). Tal dado é justificado pelo fato de que a Avenida Prof. Paredes não possui
marcenarias em sua proximidade.
Porém, ao analisarmos os dados da Tabela 33, em relação aos tipos de ruídos
urbanos que mais incomodam as comunidades circunvizinhas às duas avenidas, constatamos o
maior número de casos com queixas para os ruídos de veículos (carros, ônibus, motos,
caminhões). Tal achado contraria a hipótese inicial da pesquisa, segundo a qua l o ruído das
marcenarias\ serrarias era percebido pela comunidade do entorno das marcenarias como fator
de maior desconforto acústico em relação aos demais ruídos urbanos e corroboram com as
pesquisas de Souza (2000), Zannin (2002), Lacerda (2005) e Ribas (2007), examinadas no
estado da arte.
Das pessoas da comunidade adjacente às duas ruas supracitadas que
responderam que o barulho local é ruim para o meio ambiente, a maioria, ou 53,3%, não mora
na rua do aglomerado de madeireiras (Tabela 34).
Percebe-se que 81,0% do total de 58 pessoas pesquisadas da população da
comunidade adjacente às ruas supracitadas afirmam que sabem o que é poluição sonora
(Tabela 35).
Comparando-se os percentuais de respostas para os que acham que o barulho
local prejudica a sua saúde (Tabela 36), há um maior percentual para a Avenida Professor
Paredes (53,3%). O mesmo ocorre para os que acham que o barulho prejudica a sua
tranqüilidade e bem-estar (Tabela 37), também com 53,3% das respostas para a Avenida
Professor Paredes.
Dos que moram e/ou trabalham na Avenida Miguel Santa Cruz,
aproximadamente 93% responderam que o barulho das madeireiras do bairro não prejudica sua
qualidade de vida. Já na Avenida Professor Paredes, todos responderam que não há barulho de
madeireiras na região (Tabela 38).
Nota-se que aproximadamente 90,0% da população da Avenida Miguel Santa
Cruz acha m que o barulho das marcenarias/serrarias não impede o desenvolvimento de suas
atividades. Quanto à Avenida Professor Paredes, todos os entrevistados responderam que não
há barulho de madeireiras na região (Tabela 39).
Os dados relativos às Tabelas 34 a 39 revelam que a amostra exposta ao ruído
das marcenarias\serrarias não associam o ruído como fator degradante do meio ambiente, da
sua saúde, tranqüilidade, bem-estar e qualidade de vida, não impedindo os indivíduos de
desenvolver as suas atividades físicas e intelectuais. Vale ressaltar que a grande maioria das
pessoas das duas áreas responderam que sabem o que é poluição sonora, apesar de não
126
fazerem a associação deste fator com os seu malefícios. Portanto, tal conhecimento sobre
poluição sonora pode ser questionado.
A Tabela 40 mostra as freqüências de respostas dadas pelos entrevistados,
relacionadas à possibilidade de sair do imóvel por causa do barulho, segundo o local onde
moram e/ou trabalham. Percebe- se que quase todos os entrevistados da Avenida Miguel
Santa Cruz, bem como os da Avenida Professor Paredes, responderam que não deixariam seu
imóvel por causa do barulho com, aproximadamente, 90% e mais de 86% das respostas,
respectivamente.
Pode-se constatar que, apesar de ser uma região com níveis de ruído acima dos
limites aceitáveis para o bem-estar da população, de acordo com a legislação vigente, leva a
crer que as pessoas se habituaram a conviver com o ruído insalubre a que estão expostas.
Outro fato, ressaltado por Tassara (2001), pesquisadora em psicologia
ambiental, é que se percebe a dificuldade que as pessoas têm de saírem de suas casas devido
aos antigos amigos que ainda estão pelo bairro. Ta is pessoas desenvolvem laços afetivos e
uma identificação pessoal com o local, com os vizinhos e tentam perpetuar sua moradia no
bairro onde residem, apesar das transformações urbanísticas que ocorrem ao longo do tempo
no local.
Logo, as transformações do bairro da Torre são percebidas como um processo
natural que acompanha o crescimento e a expansão do bairro. No relato dos entrevistados,
quando se estendiam em alguma resposta do questionário, percebe-se essa transformação e
aceitação dos fatos.
Percebe-se que mais de 55% da população da região das madeireiras (Tabela
41) dizem que o ruído das mesmas não é constante. Já para a população da rua
predominantemente residencial, aproximadamente 97% não sabem. Tal cons tatação corrobora
com os dados anteriores, no sentido de que o ruído das mesmas não interfere em suas vidas,
não as levando a mudar para outro imóvel.
De acordo com os resultados da Tabela 42, nota-se que dos que responderam
que se acostumariam a conviver em um ambie nte barulhento, aproximadamente 65% não são
da avenida das madeireiras.
Dos entrevistados da circunvizinhança das madeireiras, mais de 55% fazem
algum esforço para diminuir o barulho que os incomoda, no entanto, mais de 57% da
população da avenida predominantemente residencial nada fazem para diminuir o barulho que
os incomoda (Tabela 43).
127
A grande maioria da população, 69% da Avenida Miguel Santa Cruz, e 79%
da Avenida Professor Paredes, negam que as pessoas da região (moradores/trabalhadores)
tomam medidas para diminuir o barulho (Tabela 44).
Os dados das Tabelas 43 e 44 levam a crer que as medidas para diminuir o
ruído, quando tomadas, são de caráter individual.
Analisando-se a população de cada avenida (Tabela 45), nota-se que,
aproximadamente 90% das pessoas da avenida onde se encontra o aglomerado de madeireiras
negam que sentem algum problema de saúde ocasionado pelo ruído das mesmas. Já para as
pessoas da Avenida Professor Paredes, mais de 96% afirmam que não há tal barulho na
região.
Dos entrevistados da Avenida Miguel Santa Cruz, mais de 55% conhecem
algum mal causado pelo barulho. Já 59% dos respondentes da Avenida Professor Paredes, não
conhecem mal algum. E, no geral, 51,7% responderam que não conhecem nenhum mal
causado pelo barulho (Tabela 46).
Os dados das Tabelas 45 e 46 demonstram a pouca informação que a
população em estudo possui sobre os malefícios do ruído.
Nota-se, na Tabela 47, que mais de 93% das pessoas da Av. Miguel Santa Cruz
e de 86% da Av. Professor Paredes, nunca tiveram contato com nenhuma campanha de
prevenção contra o barulho. Estes dados corroboram com a pesquisa de Ribas (2007), que
verificou que 100% de sua amostra nunca tiveram contato com nenhuma campanha de
prevenção contra o barulho, apesar de o ruído extrapolar os valores recomendados e
permitidos legalmente.
Mais de 72% e, aproximadamente 61% das pessoas das avenidas Miguel Santa
Cruz e Professor Paredes, respectivamente, não percebem nenhuma medida tomada pelos
órgãos governamentais (SEMAM/SUDEMA) para evitar o barulho na região. E, no geral,
aproximadamente 67% não percebem tais medidas (Tabela 48).
Constata-se
que
as
campanhas
esclarecedoras
de
sensibilização
e
conscientização por parte dos órgãos governamentais (SEMAM), voltadas para a população,
não estão atingindo os objetivos esperados, conforme mostra a Tabela 47, e a comunidade não
se une de forma coletiva para alertar os órgãos competentes (SEMAM / SUDEMA), a fim de
que sejam feitas fiscalizações na área das marcenarias, com o intuito de diminuir o nível do
ruído ambiental local, conforme Tabela 48, pois não têm a percepção do mesmo, ou seja, para
eles não há impacto sonoro das empresas madeireiras sobre suas vidas.
128
CAPA
Capítulo 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES
129
5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir do exposto e de tudo o que foi investigado, podemos afirmar que o
ruído se transformou numa preocupação global na sociedade contemporânea, diante dos
elevados níveis presentes no cotidiano dos cidadãos, seja no lazer, no trabalho ou mesmo
dentro da própria residência.
Para contornar tal conjuntura, considerada pela OMS como um problema de
saúde pública, várias são as legislações e regulamentações em diversos países, tentando
solucionar o conflito entre desenvolvimento, agressão ao meio ambiente e qualidade de vida
dos cidadãos das urbes, em busca da sustentabilidade ambiental, visto que o ruído foi
constatado no decorrer da pesquisa também como um problema ecológico.
A Comunidade Européia recomenda níveis ambientais de ruído de até 45 dB
(A), mas, para a Organização Mundial de Saúde, o nível ambiental de ruído deve ser de até 35
dB (A). No Brasil, os níveis de ruído recomendados para as áreas urbanas residenciais no
período diurno é de 55 dB (A). As duas amostras da comunidade pesquisada no bairro da
Torre, ou seja, a da Avenida Miguel Santa Cruz e a da Avenida Prof. Paredes estão expostas,
de acordo com as medições realizadas, a níveis de ruído superiores aos que foram citados
anteriormente.
Porém, a população do entorno das madeireiras, correspondente à amostra de
29 pessoas (50% da amostra total), não percebe e não associa os problemas ocasionados pelo
ruído à sua saúde, tanto no aspecto auditivo como no extra-auditivo, apesar de existirem
diversas queixas de saúde, tais como: ansiedade, estresse, cansaço, irritabilidade, dentre
outras.
Também não associa o ruído das marcenarias como fator degradante do meio
ambiente, da qualidade de vida ou do bem-estar. Não há denúncias individuais ou coletivas
aos órgãos ambientais governamentais, SEMAM e SUDEMA, em decorrência do ruído das
marcenarias. Poderíamos afirmar, de acordo com o provérbio popular, que: “quem não é visto
não é notado”. Para os grupo estudados, constata-se que não há impacto sonoro causado pelas
empresas madeireiras, não comprovando a hipótese inicial de que tal atividade gerava
desconforto acústico nesta comunidade.
Vale ressaltar que as madeireiras estão trabalhando abaixo de sua capacidade
em função da atual situação sócio-econômica. Caso houvesse necessidade de se trabalhar de
130
modo mais intenso, inclusive no período noturno, provavelmente o LA eq obtido seria outro,
assim como a percepção da população.
Outro fato a ser observado é que o bairro da Torre está em segundo lugar em
número de atividades comerciais e de serviços, ficando atrás apenas do centro da cidade. Por
este motivo as pessoas parecem estar mais acostumadas, ou tendo menor percepção da
agitação. Isso as torna mais tolerantes às diversas formas de poluição sonora, inclusive ao
ruído de tráfego, que se constatou como a maior queixa dentre os vários tipos de ruídos
ambientais para a comunidade do entorno das duas avenidas pesquisadas. Pode-se explicar
este achado para a Avenida Prof. Paredes, pelo fato de estar mais próxima ao Mercado da
Torre e de vias de tráfego intenso.
Um outro fator que pode ter contribuído também para a não percepção do ruído
das marcenarias por parte da população estudada é que os níveis de LA eq foram mensurados
no exterior das habitações, além de não terem atingido valores demasiadamente elevados,
conforme as expectativas iniciais da pesquisa. Logo, no interior das residências, tais valores
são ainda menores.
Pode-se afirmar que o estudo comparativo entre as duas áreas pesquisadas não
apresentou diferenças significativas entre as duas comunidades, em relação à forma como as
pessoas percebem e reagem ao som nos seus aspectos de saúde, qualidade de vida e em
relação ao meio ambiente, pois o ruído é difuso e proveniente, ao mesmo tempo, de diversas
fontes sonoras.
Constata-se que o ruído gerado pelas marcenarias não se destacou em relação
aos ruídos ocasionados pelas outras fontes sonoras, como era esperado, ficando na “sombra”
do ruído do tráfego de veículos. Talvez este seja o fator que realmente provoque impacto
sonoro na população do bairro da Torre, corroborando com os achados de outras pesquisas
sobre poluição sonora no habitat urbano.
Em última análise, é vital que não subestimemos o que fizemos ao término do
mais agitado e barulhento século de nossa história. Numa visão mais ampla, o silêncio não
deve ser encarado apenas como um fator determinante no conforto ambiental, mas deve ser
visto como um direito do cidadão. Estas ações pertinentes ao ruído de tráfego desrespeitam e
violam o direito do cidadão a um meio ambiente ecologicamente equilibrado do ponto de
vista sonoro.
Daí a nossa iniciativa de elencar algumas recomendações para a melhoria da
qualidade do ambiente sonoro para o bairro da Torre, como para toda a cidade.
131
5.2 RECOMENDAÇÕES
Conforme os resultados obtidos, o ruído de trânsito foi o destaque nas queixas
da população estudada, encobrindo os demais tipos de poluição sonora, visto que o ruído é
difuso e não provém de uma única fonte sonora, inclusive o ruído gerado pelas empresas do
setor madeireiro, foco de estudo da presente dissertação.
Neste sentido, far-se-ão algumas recomendações visando melhorar o ambiente
sonoro da cidade de João Pessoa e, em especial, da comunidade do bairro da Torre, foco de
estudo desta pesquisa. Tais recomendações não serão direcionadas apenas ao ruído
proveniente das marcenarias, o qual por situações particulares, não causou impacto sonoro na
comunidade estudada, mas também ao ruído de trânsito, tendo em vista a importância do
incômodo relatado pela amostra pesquisada a tal agente poluidor.
5.2.1 Ações de educação ambiental direcionadas aos órgãos governamentais ambientais
- As ações de educação ambiental têm se mostrado fundamentais nos países ou cidades que
têm adotado ações continuadas de sensibilização e educação. Tais ações de educação
passam por informações aos cidadãos em geral, como, por exemplo, palestras e trabalhos
práticos voltados aos alunos nas escolas com a integração do componente ruído nos
programas escolares de educação ambiental.
- As ações de educação ambiental no cotidiano da comunidade deve m ser realizadas visando à
formação de agentes transformadores e multiplicadores de práticas de educação ambiental
para fomentar melhorias na relação da comunidade com o espaço urbano. Campanhas
deveriam ser levadas às feiras, mercados coletivos e praças através de movimentos
significativos e com a participação ativa da comunidade.
- As campanhas educativas devem abordar a questão do ruído de tráfego, visto que grande
parte do ruído desta natureza é de ordem comportamental (ver figura 13), com atitudes tais
como: uso excessivo de buzinas, aceleração exagerada, retirada de silenciadores dos
escapamentos ou a própria falta de manutenção do veículo, além dos equipamentos como
132
alarmes sonoros, veículos de propagandas come rciais ou mesmo veículos particulares, em que
as pessoas parecem sentir prazer ouvindo músicas com níveis de intensidade demasiadamente
exagerados.
Figura 14 - Ações comportamentais do ruído de tráfego
Fonte: Imagens Google
5.2.2 Legislação de trânsito
A legislação em vigor relativa à emissão de ruídos de tráfego deve ser revista e
melhorada, visto que o Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN/98 permite o uso de
buzinas ou equipamentos similares, com emissões sonoras até 93 dB(A), e a Companhia de
Tecnologia de Saneamento Ambiental – CETESB aprova emissões sonoras de motores de
veículos, de acordo com a categoria dos mesmos, variando entre os níveis de 74 a 80 dB(A).
5.2.3 Ações de fiscalização, controle, prevenção e redução dos padrões de emissão de ruídos
pelos órgãos governamentais ambientais
- Sugere-se aos órgãos ambientais de João Pessoa, SEMAM e SUDEMA, o controle mais
efetivo do ruído publicitário oriundo de áreas comerciais ou institucionais próximas ao
Mercado da Torre, com controle dos níveis de ruído em fontes fixas ou móveis.
133
- Planejamento de ações pelos órgãos governamentais responsáveis, visando à diminuição dos
níveis de ruídos de tráfego e incentivando a população a utilizar mais os transportes coletivos.
- Instalação de mapas de ruído, como mais uma ferramenta de monitoramento e fiscalização,
os quais segundo Coelho (2004), são instrumentos importantes para a avaliação do ruído
urbano, para o desenvolvimento de planos de ação, para a redução do nível de ruído e para a
comunicação dos resultados aos políticos responsáveis, aos técnicos e à população em geral, a
fim de que todos conheçam a realidade do ambiente sonoro ao qual estamos expostos.
- Adaptar parâmetros decorrentes do Livro Verde sobre o Ruído, que requer a elaboração de
mapas de ruído em aglomerados com mais de 100.000 habitantes (COELHO, 2004).
5.2.4 Zoneamento
- Realizar o zoneamento dos espaços urbanos de acordo com a vocação de seus usos, com
limites distintos para cada zona.
- Avaliar a intensidade do ruído para novos projetos de urbanização.
- Elaborar projetos de acústica para licenciamento de diversos tipos de edificações.
- Elaborar planos de redução de ruído para as áreas onde os valores- limite são ultrapassados.
- Criar critério de emergência do ruído para atividades ruidosas permanentes e estabelecer
limitações para atividades ruidosas temporárias.
134
5.2.5 Técnicas de atenuação sonora nas edificações
- Vale ressaltar também a importância do uso de técnicas de atenuação nas edificações. O
ruído de marcenarias é constituído por uma fonte pontual fixa, sendo, portanto, de mais fácil
isolamento acústico em relação ao ruído de tráfego.
- O isolamento deve prevalecer em todas as superfícies que compõem o ambiente: paredes,
laje do teto, laje do piso, portas, janelas, visores e sistema de ventilação (CÂNDIDO, 1999).
- Aumentar a densidade do obstáculo ao som, para obter maior isolamento. Assim, as paredes
de tijolos maciços ou de concreto e de grande espessura apresentam as maiores atenuações; as
paredes de tijolos vazados atenuam menos; as lajes maciças de concreto atenuam mais que as
lajes de tijolos vazados.
- Aumentar a espessura de obstáculos (portas, janelas, vidros, etc): ao se dobrar a espessura de
um obstáculo, a atenuação não dobra; mas, colocando-se dois obstáculos idênticos, o
isolamento será dobrado. Desta forma, usam-se portas com 2 chapas de madeira, ou janelas
com 2 vidros separados em mais de 20 cm (Anexo - E).
Porém, o bem-estar da população não deve ser tratado apenas com projetos de
isolamentos acústicos tecnicamente perfeitos. Exige-se, outrossim, uma avaliação do meio
ambiente.
5.2.6 Atenuação sonora promovida por áreas verdes
- Atenuar os ruídos através de áreas verdes, que podem ser utilizadas em espaços do tecido
urbano da cidade, inclusive no bairro da Torre, pois não precisam ser extensas. Ao contrário,
podem ser pequenas em área, porém numerosas.
- O uso de vegetação fornece pouca atenuação de ruído, porém transmite um efeito
psicológico favoráve l, que não deve ser ignorado, pois realmente provoca uma diminuição da
sensibilidade ao ruído.
135
- Usar arborização, para que as folhagens das árvores espalhem os sons de alta freqüência,
transmitindo a sensação de “aspereza mecânica”. Desse modo, reduzir-se-á a sensação
auditiva negativa, produzindo-se sons agradáveis que mascaram os sons mais incômodos, e
contribuindo-se para a melhoria da qualidade de vida da comunidade.
136
CAPA
REFERÊNCIAS
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Nota: Este trabalho está de acordo com as normas de documentação da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) a saber:
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146
CAPA
APÊNDICES
147
Apêndice - A
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA / UNIVERSIDADE ESTADUAL DA
PARAÍBA
PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E
MEIO AMBIENTE – PRODEMA
Percepção da comunidade do bairro da Torre ao impacto sonoro gerado por empresas
madeireiras
Mestranda: Juliana Furtado Soares Madruga
Ficha para medição de ruído ambiental
MEDIÇÕES
Medições de acordo com a NBR 10151.
LOCAL:
DATA:
Residencial
X
01
02
03
04
05
INÍCIO:
TÉRMINO:
Caracterização da ocorrência
Zona urbana
Diversificada Industrial Diurno Vespertino
X
06
07
08
09
10
Fonte: (FURTADO, 2007)
Níveis medidos
11
16
12
17
13
18
14
19
15
20
21
22
23
24
25
Noturno
26
27
28
29
30
148
Apêndice – B
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA / UNIVERSIDADE ESTADUAL DA
PARAÍBA
PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E
MEIO AMBIENTE - PRODEMA
QUESTIONÁRIO PARA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO – Fonoaudióloga Juliana
Furtado. CRFa-6534/PB
Questionário nº ___________
Horário: Início - _______________
Término - ____________
Data da entrevista: ________________
Local - Circunvizinhança: Av. Miguel Santa Cruz ( )
Av. Prof. Paredes ( )
Distância do ponto de medição do nível de ruído: 0 - 20m ( ) 20 – 40m ( ) 40 – 60m ( )
a) Dados sobre o ambiente :
01. Você mora neste local ? Sim ( )
Não ( )
02. Há quanto tempo ?
( ) Até 1 ano
( ) De 2 a 5 anos
( ) De 5 a 10 anos
( ) Mais de 10 ano
03. Você trabalha neste local ? Sim ( )
Não ( )
04. Há quanto tempo ?
( ) Até 1 ano
( ) De 2 a 5 anos
( ) De 5 a 10 anos
( ) Mais de 10 anos
05. Quantas horas por dia você permanece nesta rua ?
( ) Menos de 2 horas
( ) De 2 a 4 horas
( ) De 5 a 8 horas
( ) Mais de 9 horas
06. Quantas vezes por semana ?
( ) Até 2 dias por semana
( ) De 3 a 6 dias por semana
( ) Os 7 dias da semana
149
b) Dados sobre a saúde:
01. Já foi ao médico por causa de algum problema de saúde nos últimos meses
Sim ( )
Não ( )
02. Faz uso de algum medicamento ? Sim ( )
Não ( )
03. Você possui algum desses problemas de saúde?
( ) perda de audição
( ) perturbações do sono
( ) estresse
( ) irritabilidade
( ) cansaço
( ) dor de cabeça constante
( ) nervosismo
( ) dificuldades de compreender a fala
( ) zumbidos
( ) ansiedade
( ) incômodo ao barulho
( ) alterações da visão
( ) problemas cardíacos
( ) problemas circulatórios
( ) problemas gastrintestinais
( ) dificuldade de concentração
( ) pressão alta
( ) alergia
( ) problema respiratório
( ) nenhum
04. Você acha que algum desses problemas pode ser provocado pelo ruído ambiental desta
região? Sim ( )
Não ( )
c) Dados sobre a percepção do ambiente sonoro:
01. Você acha esta rua silenciosa ? Sim ( )
Não ( )
02. Qual o tipo de barulho que mais o incomoda nesta rua ?
( ) barulho de veículos (carros, ônibus, motos, caminhões)
( ) som ligado (caixas de som nos postes, carro de som)
( ) shows
( ) comícios
( ) barulho das marcenarias/serrarias próximas
( ) barulho de outros pontos comerciais
( ) barulho da casa dos vizinhos
( ) barulho de construções
( ) barulho de animais
( ) nenhum
03.Você acha que o barulho deste local é ruim para o meio ambiente ? Sim ( )
Não ( )
04. Você sabe o que é poluição sonora ? Sim ( )
Não ( )
05. O barulho deste local prejudica a sua saúde ? Sim ( )
Não ( )
06. O barulho deste local prejudica a sua tranqüilidade e bem-estar ? Sim ( ) Não ( )
07. O barulho das marcenarias/serrarias deste bairro prejudica a sua qualidade de vida ?
Sim ( )
Não ( )
Não há nesta região ( )
08. O barulho das marcenarias/serrarias o impede de desenvolver alguma atividade ?
Sim ( )
Não ( ) Não há nesta região ( )
09. Você sairia deste imóvel por causa do barulho ? Sim ( ) Não ( )
10. O ruído das marcenarias/serrarias é constante ? Sim ( ) Não ( ) Não sabe ( )
11. Você acha que se acostuma a conviver com um ambiente barulhento? Sim ( ) Não ( )
12. Você faz alguma coisa para diminuir o barulho que o incomoda ? Sim ( ) Não ( )
13. As pessoas desta região (moradores/ trabalhadores) tomam medidas para diminuir o
barulho ? Sim ( ) Não ( )
14. Você sente algum problema em função do barulho das marcenarias/serrarias ?
Sim ( ) Não ( )
150
15. Você conhece algum mal causado pelo barulho ? Sim ( ) Não ( )
16. Você já teve contato com alguma campanha de prevenção contra o barulho ?
Sim ( ) Não ( )
17. Você percebe alguma medida tomada pelos órgãos governamentais (SEMAM /
SUDEMA) nesta região para evitar o barulho ? Sim ( ) Não ( )
18. Quais os barulhos fiscalizados na sua rua pelos órgãos governamentais ?
( ) barulho de veículos (carros, ônibus, motos, caminhões)
( ) som ligado (caixas de som nos postes, carros de som)
( ) shows
( ) comícios
( ) barulho de marcenarias/serrarias próximas
( ) barulho de outros pontos comerciais
( ) barulho da casa dos vizinhos
( ) barulho de construções
( ) barulho de animais
( ) nenhum
d) Dados do entrevistado:
Idade: _____________
Sexo: M ( ) F( )
Escolaridade:
( ) nenhuma
( ) Ensino Fundamental
( ) Ensino Médio
( ) Ensino Superior
ACEITO PARA PESQUISA: SIM( ) NÃO( )
OBS:______________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
151
CAPA PARA ANEXOS
152
Anexo - A
ESTADO DA PARAÍBA
PREFEITURA MUNICIPAL DE JOÃO PESSOA
SECRETARIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE
DIVISÃO DE FISCALIZAÇÃO
CERTIDÃO DE AFERIÇÃO
METODO ADOTADO NA COLETA DE DADOS -MEDIÇÕES
Como o objetivo básico das medições é o de estimar a intensidade média de energia
sonora ou o equivalente sonoro, foram realizadas 30 (trinta) leituras no local, com o
decibelímetro na escala (A) de ponderação em intervalos de 10 (dez) em 10 (dez) segundos,
entre uma leitura e outra.
Aplicando-se, em seguida, o modelo matemático de integração dos níveis pontuais de
ruídos para obtenção do equivalente sonoro. Foi utilizado o decibelímetro marca MINIPA –
modelo MSL – 1351C.
Foram realizadas medições com os equipamentos calibrados de acordo com as
recomendações do fabricante e posicionado a 1,50 metros do solo, ao lado do estabelecimento,
próximo à calçada do lado oposto da rua, distante aproximadamente 20 metros da fonte
emissora de ruído.
153
Anexo - B
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA / UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA
PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE – PRODEMA
Impacto sonoro das atividades madeireiras na qualidade de vida da população do bairro da Torre – João Pessoa - PB
Mestranda: Juliana Furtado Soares Madruga
Medições de acordo com a NBR 10151.
LOCAL
Caracterização da ocorrência
Zona urbana
Diversificada
Industrial
Diurno
Residencial
X
Início:
DATA
Vespertino
Noturno
Término:
80,0
60,0
X
40,0
01
02
03
04
05
Leq(dBA)
06
07
08
09
10
Níveis medidos
11
16
12
17
13
18
14
19
15
20
21
22
23
24
25
Máx. permitido (dBA)
20,0
26
27
28
29
30
0,0
1
55,0
3
5
7
9
11 13 15 17
19
21 23 25 27 29
NÍVEL DE ACORDO COM A LEGISLAÇÃO
Fonte: Planilha eletrônica para cálculo do LAeq, segundo modelo desenvolvido pelo Prof. João Crisóstomo de Morais
154
Anexo - C
TORRE
Fonte: (SEPLAN/PMJP, 2007)
Legenda:
Avenida de tráfego muito intenso
Mercado da Torre
Ruas de tráfego intenso
Área de pesquisa de campo
Ruas de tráfego de média intensidade
155
Anexo - D
ZONA COMERCIAL DE BAIRRO (ZB)
PODE SER UTILIZADO O USO MISTO PARA OS CENTROS DE COMÉRCIOS OU SERVIÇOS COM TODAS AS COMBINAÇÕES
HIERÁRQUICO SUPERIOR.
MICROEMPRESA CLASSIFICADA COMO NÃO POLUENTE EM TODOS OS NÍVEIS.
Fonte: (SEPLAN/PMJP, 2007)
156
Anexo - E
Isolamento acústico de algumas superfícies
Material
Parede de tijolo maciço com 45 cm de espessura
Parede de 1 tijolo de espessura de 23 cm
Parede de meio tijolo de espessura com 12 cm e rebocado
Parede de concreto de 8 cm de espessura
Parede de tijolo vazado de 6 cm de espessura e rebocado
Porta de madeira maciça dupla com 5 cm cada folha
Janela de vidro duplos de 3 mm cada separados 20 cm
Janela com placas de vidro de 6 mm de espessura
Porta de madeira maciça de 5 cm de espessura
Janela simples com placas de vidro de 3 mm de espessura
Porta comum sem vedação no batente
Laje de concreto rebocada com 18 cm de espessura
Fonte: (CÂNDIDO, 1999)
Atenuação
(PT)
55 dB
50 dB
45 dB
40 dB
35 dB
45 dB
45 dB
30 dB
30 dB
20 dB
15 dB
50 dB

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