Anexos - Ideflor-bio
Transcrição
Anexos - Ideflor-bio
Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru ANEXOS Belém Maio 2011 Sumário 2 3 ANEXO 1 Diagnóstico da Biodiversidade das Unidades de Conservação Estaduais do Mosaico Calha Norte, estado do Pará Reserva Biológica Maicuru5 ANEXO 2 Ocorrência de espécies na Reserva Biológica Maicuru 73 ANEXO 3 Relatório da Oficina de Pesquisadores 91 ANEXO 4 Relatório da Oficina de Planejamento Participativo 105 ANEXO 5 Decreto Estadual de criação da Reserva Biológica Maicuru125 Plano Planode deManejo Manejoda daReserva ReservaBiológica BiológicaMaicuru Maicuru| |Anexo ANEXO 1 Planode deManejo Manejoda daReserva ReservaBiológica BiológicaMaicuru Maicuru| |Anexo ANEXO Plano 1 © CI / Adriano Gambarini 4 5 ANEXO 1 Diagnóstico da Biodiversidade das Unidades de Conservação Estaduais do Mosaico Calha Norte, estado do Pará – Reserva Biológica Maicuru Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 2 Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 2 © CI / Adriano Gambarini 1 Autores e participantes Alexandre Aleixo (Coordenador Científico, Pesquisador – Avifauna & Mastofauna, Editor do relatório final) Coordenação de Zoologia - Ornitologia Museu Paraense Emílio Goeldi – MCT/MPEG e-mail: [email protected] Luciano Fogaça de Assis Montag (Pesquisador – Ictiofauna) Instituto de Ciências Biológicas Universidade Federal do Pará e-mail: [email protected] Wolmar Benjamin Wosiacki (Pesquisador – Ictiofauna) Coordenação de Zoologia – Ictiologia Museu Paraense Emílio Goeldi – MCT/MPEG e-mail: [email protected] Fábio Ribeiro Silva (Pesquisador Colaborador – Ictiofauna) Coordenação de Zoologia - Ictiologia Museu Paraense Emílio Goeldi – MCT/MPEG e-mail: [email protected] Marinus S. Hoogmoed (Pesquisador Colaborador – Herpetofauna) Coordenação de Zoologia – Herpetologia Museu Paraense Emílio Goeldi – MCT/MPEG e-mail: [email protected] Rodrigo Teixeira D’Alincourt Fonseca (Pesquisador Colaborador – Mastofauna) Coordenação de Zoologia – Mastozoologia Museu Paraense Emílio Goeldi – MCT/MPEG e-mail: [email protected] Roberta de Fátima Rodrigues Coelho (Pesquisadora Colaboradora – Botânica) Escola Agrotécnica Federal de Castanhal – EAFC e-mail: [email protected] Wáldima Alves da Rocha (Bolsista do projeto Calha Norte – Herpetofauna) Coordenação de Zoologia – Herpetologia Museu Paraense Emílio Goeldi – MCT/MPEG e-mail: [email protected] Marcio Roberto Pietrobom da Silva (Bolsista do projeto Calha Norte – Botânica) Coordenação de Botânica Museu Paraense Emílio Goeldi – MCT/MPEG e-mail: [email protected] Auristela do Carmo (Bióloga – SEMA) Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Estado do Pará – SEMA e-mail: [email protected] Maria Goreti Coelho de Souza (Pesquisadora Colaboradora – Botânica) Secretaria Executiva de Educação do Estado do Pará – SEDUC e-mail: [email protected] Taxidermistas Arlindo Pinto de Souza Jr. Nilton Santa-Brigida Fabíola Poletto (Pesquisadora colaboradora – Avifauna) Coordenação de Zoologia - Ornitologia Museu Paraense Emílio Goeldi – MCT/MPEG e-mail: [email protected] Maria de Fátima Cunha Lima (Pesquisadora – Avifauna) Coordenação de Zoologia - Ornitologia Museu Paraense Emílio Goeldi – MCT/MPEG e-mail: [email protected] Tiago Magalhães da Silva Freitas (Aluno Mestrado – Ictiofauna) Coordenação de Zoologia - Ictiologia Museu Paraense Emílio Goeldi – MCT/MPEG e-mail: [email protected] Marcelo de Castro Silva (Bolsista do projeto Calha Norte – Logística e Avifauna) Coordenação de Zoologia – Ornitologia Museu Paraense Emílio Goeldi – MCT/MPEG e-mail: [email protected] Luiz Antonio Peixoto (Estagiário – Ictiofauna) Coordenação de Zoologia - Ictiologia Museu Paraense Emílio Goeldi – MCT/MPEG e-mail: [email protected] Rogério Vieira Rossi (Pesquisador Colaborador – Mastofauna) Coordenação de Zoologia – Mastozoologia Museu Paraense Emílio Goeldi – MCT/MPEG e-mail: [email protected] Arthur Brasil Araújo (Estagiário – Ictiofauna) Coordenação de Zoologia - Ictiologia Museu Paraense Emílio Goeldi – MCT/MPEG e-mail: [email protected] Cleuton Lima Miranda (Pesquisador Colaborador – Mastofauna) Coordenação de Zoologia – Mastozoologia Museu Paraense Emílio Goeldi – MCT/MPEG e-mail: [email protected] Teresa Cristina Sauer de Ávila-Pires (Pesquisadora – Herpetofauna) Coordenação de Zoologia – Herpetologia Museu Paraense Emílio Goeldi – MCT/MPEG e-mail: [email protected] 7 1 | Autores e Participantes © CI / Adriano Gambarini Lepidothrix serena Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 6 2 Perfil das Organizações Participantes 2 | Perfil das organizações Participantes MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CONSERVAÇÃO INTERNACIONAL – CI O Museu Paraense Emílio Goeldi/MPEG é um instituto de pesquisa do Ministério da Ciência e Tecnologia/MCT devotado a investigar o homem e a natureza na Amazônia. Desde os seus primórdios, no final do século XIX, as expedições biológicas organizadas pela instituição constituíram o esteio do conhecimento sobre espécies e suas distribuições geográficas na Amazônia brasileira. Pouco mais de um século depois, a Amazônia se converteu na mais recente fronteira agrícola nacional e num pólo minerador e gerador de energia elétrica e combustíveis fósseis para todo o Brasil, ao passo que, ao longo do mesmo período, o aprimoramento do conhecimento básico sofre a sua diversidade biológica não acompanhou nem de perto o mesmo ritmo do desenvolvimento econômico da região. Com o objetivo de preencher esta lacuna, o MPEG estruturou um moderno programa de “Expedições Biológicas”, cujo principal objetivo é realizar inventários detalhados e sistematizados da biodiversidade de vários pontos da região amazônica, com vistas a gerar, organizar e tornar disponível, informações inéditas e de alta qualidade sobre essa biodiversidade, contribuindo assim para o subsídio de políticas públicas que compatibilizem o uso sustentado e a conservação dos recursos biológicos existentes na região. O grande diferencial deste programa frente à ações isoladas de inventários biológicos rápidos realizados por demandas específicas e pontuais de vários setores da sociedade, atualmente em curso em vários pontos da Amazônia, é a conexão entre a realização do inventário propriamente dito por uma equipe de profissionais altamente experiente e qualificada e a coleção científica de espécimes e material genético destinados à coleções biológicas, elementos estes essenciais nas revisões taxonômicas modernas, que incorporam técnicas da biologia molecular às técnicas tradicionais, permitindo uma resolução inédita sobre a riqueza e distribuição de espécies dos diferentes grupos biológicos. A Universidade Federal do Pará é uma instituição federal de ensino superior, organizada sob a forma de autarquia, vinculada ao Ministério de Educação e Cultura (MEC) através da Secretaria de Ensino Superior (SESu). O princípio fundamental da UFPA é a integração das funções de ensino, pesquisa e extensão. Tem como missão gerar, difundir e aplicar o conhecimento nos diversos campos do saber, visando a melhoria da qualidade de vida do ser humano em geral, e em particular do amazônida, aproveitando as potencialidades da região, mediante processos integrados de ensino, pesquisa e extensão, com princípios de responsabilidade, de respeito à ética, a diversidade biológica, étnica e cultural, garantindo a todos o acesso ao conhecimento produzido e acumulado, de modo a contribuir para o exercício pleno da cidadania mediante formação humanística, crítica, reflexiva e investigativa, preparando profissionais competentes e atualizados para o mundo. A UFPA, hoje, é uma das maiores e mais importantes instituições do Trópico Úmido, abrigando uma comunidade composta por mais de 50 mil pessoas assim distribuídas: 2.368 professores, incluindo efetivos do 3º grau, efetivos do ensino básico, substitutos e visitantes; 2.337 servidores técnico-administrativos; 6.861 alunos de cursos de Pós-graduação, sendo 2.457 estudantes de cursos de pós-graduação stricto sensu; 31.174 alunos matriculados nos cursos de graduação, 20.460 na capital e 10.714 no interior do Estado; 1.851 alunos do ensino fundamental e médio, da Escola de Aplicação; 2.916 alunos dos Cursos Livres oferecidos pelo Instituto de Letras e Comunicação Social (ILC), Instituto de Ciência da Arte (ICA), Escola de Teatro e Dança, Escola de Música e Casa de estudos Germânicos, além de 664 alunos nos cursos técnico profisionalizantes do ICA. Oferece 338 cursos de graduação e 39 programas de pós-graduação, com 38 cursos de mestrado e 17 de doutorado (obs.: dados referentes a abril de 2008). A missão da Conservação Internacional (CI) é preservar a biodiversidade global e demonstrar que as sociedades humanas podem viver em harmonia com a natureza. A CI é uma organização privada, sem fins lucrativos, dedicada à conservação e utilização sustentada da biodiversidade. Fundada em 1987, em poucos anos a CI cresceu e se tornou uma das mais eficientes organizações ambientalistas do mundo. Atualmente, trabalha para preservar ecossistemas ameaçados de extinção em mais de 30 países distribuídos por quatro continentes. A organização utiliza uma variedade de ferramentas científicas, econômicas e de conscienti- MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI – MPEG Av. Magalhães Barata, 376- S. Braz- Belém – PA - Brasil Telefone. + 55 (91) 3249-1141 fax: + 55 (91) 3249-1141 www.museu-goeldi.br UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ – UFPA Rua Augusto Corrêa, 01 - Guamá. CEP 66075110. Caixa postal 479.PABX +55 91 3201-7000. Belém - Pará – Brasil www.ufpa.br © CI / Adriano Gambarini zação ambiental, além de estratégias que ajudam na identificação de alternativas que não prejudiquem o meio ambiente. No Brasil, o primeiro projeto de conservação da CI teve início em 1988. A CI-Brasil tem sede em Belo Horizonte-MG e possui outros escritórios localizados em Brasília-DF, Belém-PA, Campo Grande-MS e Salvador-BA. CONSERVAÇÃO INTERNACIONAL – Escritório Regional da Amazônia Rua Antonio Barreto, 130 - 4o andar - Sala 406 Umarizal - 66055-050 - Belém - Pará -Brasil Fone/fax: (55 91) 3225.3848 www.conservacao.org 9 Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 8 3 Este relatório é referente à um Inventário Ecológico Rápido (RAP) realizado na Reserva Biológica do Maicuru (daqui em diante denominada REBIO Maicuru), município de Almeirim, entre os dias 22 de outubro a 5 de novembro de 2008 e que contou com equipes de ictiologia, herpetologia, ornitologia, mastozoologia e botânica. A REBIO Maicuru conta com cerca 1,15 milhões de hectares e abrange os municípios de Almeirim (94,4%) e Monte Alegre (5,6%) no estado do Pará. Figura 1 – Mosaico de unidades de conservação da Calha Norte no estado do Pará, mostrando a localização da REBIO Maicuru em relação a outras unidades do mosaico. Suriname Guiana Francesa Brasil Guiana América do Sul Tumucumaque (3,1 milhões ha) A REBIO Maicuru foi criada pelo governo do Pará em dezembro de 2006 como parte de um grande mosaico de Unidades de Conservação no trecho paraense da calha norte do Rio Amazonas (Figura 1). A área da REBIO Maicuru está 100% inserida na zona destinada à criação de unidades de conservação no estado do Pará de acordo com as diretrizes do Macrozoneamento Ecológico-Econômico do estado (lei estadual nº 6.745/05). AMAPÁ Rebio Maicuru (1,2 milhão ha) Esec do Grão Pará (4,2 milhões ha) Rio Paru d’Este (1,2 milhão ha) Trombetas-Mapuera (4,0 milhões ha) Zo’É (0,6 milhão ha) Flota do Trombetas (3,2 milhões ha) Flota do Paru (3,6 milhões ha) Sumário da Expedição 11 A REBIO Maicuru incorpora porções importantes das bacias hidrográficas dos rios Maicuru, Paru e Jari, além de fazer limites com as seguintes terras indígenas e unidades de conservação que, juntas, integram o maior corredor de unidades de conservação de florestas tropicais do mundo: Parque Indígena do Tumucumaque, Terra Indígena Rio Paru D’Este, Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque e Floresta Estadual do Paru. Nas figuras 2, 3 e 4 mostradas abaixo são apresentados, respectivamente: a) a localização do sítio onde ocorreu o RAP na REBIO Maicuru; b) a carecterização altitidinal, e c) a caracterização vegetacional deste sítio. Figura 2 – Localização do sítio de amostragem do Inventário Ecológico Rápido (RAP) conduzido na REBIO Maicuru no período de 22 de outubro a 5 de novembro de 2008. O acampamento utilizado durante o RAP situava-se nas coordenadas 00o49’N e 53o55’W no município de Almeirim, Estado do Pará. Esec do Jari (0,2 milhão ha) Nhamundá Mapuera (1,0 milhão ha) 56°0'0"W 55°0'0"W 54°0'0"W 53°0'0"W 2°0'0"N 2°0'0"N PFS Monte Alegre APA Paytuna (0,006 milhão ha) (0,06 milhão ha) Oriximiná Faro Sedes Municipais Terra Santa Óbidos Curuá Alenquer Oficiais Não-oficiais Prainha Monte Alegre PARÁ Juruti REBIO Maicuru Santarém Limite Municipal Estradas AMAPÁ Desmatamento até 2006 Terras Quilombolas PN Montanhas do Tumucumaque Flona de Saracá-Taquera (0,4 milhão ha) Áreas Protegidas 0 25 50 100km 1°0'0"N TI Parque Indígena do Tumucumaque Terras Indígenas AMAZONAS 1°0'0"N ( ! UC - Proteção Integral UC - Uso Sustentável TI Rio Paru d´E ste RIO JA RI AMAZONAS Flona da Mulata (0,2 milhão ha) ES EC Grão-Pará RDS Rio Iratapuru 0°0'0" 0°0'0" TI Zo´é R IO E D ES TE 55°0'0"W ES EC Jari U FLOTA Parú FLOTA Parú R A IN M CU 50 Km PA 25 IO 56°0'0"W R 0 CURU RIO MAI Flota de Faro (0,6 milhão ha) Rebio Trombetas (0,4 milhão ha) Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 2 | Perfil das organizações Participantes FLOTA Trombetas Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 10 54°0'0"W 53°0'0"W N PA R 12 Guiana Francesa 13 Suriname 3 | Sumário da Expedição 3 | Sumário da Expedição Rápido (RAP) conduzido na REBIO Maicuru no período de 22 de outubro a 5 de novembro de 2008. T1, T2, T3 e T4 referem-se às trilhas utilizadas para o RAP. PARÁ 54°2'30"W 54°0'0"W 53°57'30"W 53°55'0"W 53°52'30"W 53°50'0"W 53°47'30"W 0°55'0"N 0°55'0"N 0°52'30"N 0°52'30"N a ing Ipit 0°50'0"N 0°50'0"N 0°47'30"N 0°47'30"N 0°45'0"N 0°45'0"N 54°2'30"W 54°0'0"W 0 53°57'30"W 2,5 5 53°55'0"W 53°52'30"W 10 53°50'0"W 15 Km 53°47'30"W Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 Rebio Maicuru Figura 4 – Fitofisionomias AMAPÁ encontradas no sítio de amostragem do Inventário Ecológico Figura 3 – Altimetria do sítio de amostragem do Inventário Ecológico Rápido (RAP) conduzido na REBIO Maicuru no período de 22 de outubro a 5 de novembro de 2008. T1, T2, T3 e T4 referem-se às trilhas utilizadas para o RAP. Rio Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 Brasil 4 Principais resultados 5 Conclusões e Recomendações Conservacionistas Gerais Ictiofauna - Peixes Mastofauna - Mamíferos Ictiofauna - Peixes Durante a campanha foram coletados 2535 indivíduos de peixes pertencentes a 88 espécies/ morfoespécies distribuídas em 19 famílias e seis ordens. O material coletado durante a expedição se encontra depositado na coleção de peixes do MPEG, necessitando de uma maior atenção no que diz respeito à taxonomia e identificação de novas espécies, principalmente dos grandes grupos da ictiofauna amazônica: Characidae, Cichlidae e Loricariidae. Durante os trabalhos de campo foram registradas 33 espécies de mamíferos distribuídas em oito ordens. Das 33 espécies registradas, 13 (cerca de 40%) podem ser consideradas de especial interesse para a conservação, atestando o valor da REBIO Maicuru como um sítio importante para a conservação de mamíferos. Registros com uma espécie de rato-de-bambú (Dactylomys sp.) constituem uma importante extensão da distribuição conhecida da espécie na Amazônia. Durante o RAP não foram coligidas espécies que figuram na Instrução Normativa Nο 203, de 22 de outubro de 2008, emitida pelo IBAMA, e que dispõe sobre as normas, critérios e padrões para a explotação com finalidade ornamental e de aquarofilia de peixes nativos ou exóticos de águas continentais. Do mesmo modo, não foram registradas espécies endêmicas do planalto das Guianas, mas um estudo mais aprofundado do material coletado e depositado na coleção ictiológica do MPEG pode levar a descrição de novas espécies, algumas possivelmente endêmicas da região das Guianas. Herpetofauna – Répteis e anfíbios Botânica - Plantas Durante o período de coleta foram registradas 65 espécies de répteis e anfíbios (19 famílias), sendo 31 de anfíbios anuros (seis famílias), 21 espécies de lagartos (seis famílias), 10 espécies de serpentes (quatro famílias), duas espécies de quelônios (duas famílias) e uma espécie de crocodiliano (uma família). Uma espécie de sapo fossorial da família Microhylidae (Chiasmocleis sp.) e uma espécie pequena de Scinax registrados durante a expedição provavelmente ainda não são descritos, tratando-se possivelmente de novas espécies. Para a REBIO Maicuru foram registradas 88 espécies de pteridófitas (uma família, um gênero e três espécies de licófita; 16 famílias, 34 gêneros e 85 espécies de monilófitas). Um levantamento fitossociológico focado nas espécies de fanerógamas amonstrou 1551 indivíduos, entre espécies arbóreas e herbáceas, pertencentes a 306 espécies, distribuídas em 161 gêneros e 60 famílias. Com base nestes resultados e outros estudos, verificou-se que a área possui alta representatividade, quanto ao número de famílias, gêneros e espécies. Avifauna – Aves e pássaros De um total de 302 espécies de aves registradas durante os trabalhos de campo, 58 podem ser consideradas de especial interesse para conservação. Registros obtidos para algumas espécies (Colaptes rubiginosus, Cercomacra nigrescens, Synallaxis macconnelli, Cranioleuca gutturata, Phyllomyias griseiceps, Pachyramphus viridis griseigularis, Parula pitiayumi e Euphonia plumbea) constituem extensões de distribuição bastante significativas para a região da Calha Norte no Brasil. Herpetofauna – Répteis e anfíbios Nenhuma espécie registrada para a área de estudo faz parte da lista nacional de espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção (www. mma.gov.br/port/sbf/fauna/ index.cfm); da lista vermelha de espécies ameaçadas da IUCN (www.iucnredlist.org), ou da lista de espécies ameaçadas para o Estado do Pará (www.sectam.pa.gov.br). Quatro répteis (Iguana iguana, Corallus hortulanus, Chelonoidis denticulata e Caiman crocodilus) e dois anfíbios (Allobates femoralis e Epipedobates hahneli) constam no Apêndice II da CITES (http://www.cites.org/eng/ app/e-appendices.pdf). A REBIO Maicuru abriga algumas espécies de valor cinegético – o jabuti Chelonoidis denticulata, o jacaré Caiman crocodilus e os lagartos Iguana iguana e Uranoscodon superciliosus –, além dos sapos Dendrobatidae Allobates femoralis e Epipedobates trivittatus e da perereca Phyllomedusa bicolor, apreciados como animais de terrrário e de interesse farmacêutico, por possuírem diversas toxinas na pele. Essas espécies devem ser monitoradas para se verificar se estão sob pressão de caça ou captura. Avifauna – Aves e pássaros Das 302 espécies de aves registradas na REBIO Maicuru, nenhuma é atualmente considerada ameaçada de extinção. Apenas o uiraçu-falso (Morphnus guianensis) é listado na categoria quase-ameaçada (“near-threatened”) pela IUCN (2008). Apesar disso, a avifauna registrada revelou que a unidade se encontra ainda em excelente estado de conservação, como atestado pelo registros com várias espécies indicadoras de boa qualidade ambiental, o que indica que atividades humanas na unidade como a formação de garimpos, por exemplo, podem ter um impacto bastante local. Recomenda-se que estudos futuros na unidade envolvendo a avifauna se concentrem no impacto local das atividades garimpeiras sobre a comunidade de aves. Mastofauna - Mamíferos Apesar de ter sido realizada apenas uma amostragem rápida, os resultados obtidos neste estudo demonstram que a REBIO Maicuru detém uma rica mastofauna com 13 espécies de especial interesse para a conservaçãode mamíferos, incluíndo três (tamanduá-bandeira - Mymercophaga tridactyla, onça-pintada - Panthera onca e sussuarana Puma concolor) consideradas ameaçadas de extinção na listas da fauna brasileira ameaçadas de extinção (MMA, 2003) e da fauna ameaçada do Estado do Pará (SEMA, 2007). Além disso, a presença regular de espécies de alto valor cinegético como a coamba ou coatá (Ateles paniscus), indica que a pressão de caça dentro da unidade é ainda modesta. Portanto, a REBIO Maicuru pode desempenhar um papel chave na conservação da mastofauna da região da Calha Norte paraense e, de maneira mais ampla, contribuir para a conservação das populações de mamíferos da área de endemismo das Guianas. Recomenda-se o monitoramento contínuo da mastofauna da área, com um enfoque na ampliação do levantamento da mastofauna e realização de censos das espécies de grandes mamíferos de interesse cinegético. Botânica - Plantas A REBIO Maicuru encontra-se em excelente estado de conservação como atestado pela grande representatividade de várias famílias de pteridófitas como Hymenophyllaceae e pelos altos valores de riqueza e diversidade para as angiospermas. Das 306 espécies de angiospermas registradas na REBIO Maicuru, seis são consideradas ameaçadas de extinção, o que torna a unidade importante para a preservação destas espécies, além do potencial de contribuir para a realização de estudos ligados aos seus respectivos planos de manejo. 15 Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 14 6 Ictiofauna Introdução A bacia Amazônica e as demais bacias que fazem parte do bioma Amazônia concentram a maior riqueza de peixes de água doce do mundo. Estima-se que possam existir entre 3500 e 5000 espécies de peixes na Amazônia (Bohlke et al., 1978; Malabarba et al., 1998). Ainda sem descrição taxonômica, muitas espécies se encontram em coleções de museus, sendo analisadas ou a espera de identificação, enquanto outras provavelmente ainda não foram encontradas na natureza. Ainda que a maioria dos estudos de ictiofauna desenvolvidos até o presente na Amazônia enfoque grandes rios e espécies explotadas comercialmente (Paiva, 1983; Ferreira et al., 1998; Sabino & Zuanon, 1998). Pesquisas sobre distribuição espacial e estrutura de comunidades de peixes em pequenos igarapés, realizadas recentemente, vem aumentado significativamente o número de espécies para a maior bacia hidrográfica do mundo (Bührnheim, 1999; Bührnheim & Cox-Fernandes, 2003), porém este número parece ser ainda um sub-estimativa desta rica ictiofauna, e as atividades antrópicas, mesmo que planejadas como no caso de áreas de concessão florestal, em áreas de proteção ambiental, podem estar gerando a perda de uma biodiversidade ainda desconhecida pela ciência. Na Amazônia, a grande extensão geográfica das bacias, aliada à condições climáticas favoráveis proporciona a formação de uma variedade de ambientes que sustentam comunidades ricas em organismos aquáticos. Como descrito por Goulding (1980); Goulding (1988) e Lowe & McConnell (1999), muitos peixes amazônicos apresentam adaptações relacionadas a estes ambientes como órgãos respiratórios acessórios semelhantes a pulmões, que permitem a respiração do ar atmosférico garantindo a sobrevivência de organismos adaptados a ambientes com baixo teor de oxigênio dissolvido; adaptações ecomorfológicas a vida em ambientes de alta energia como corredeiras; adaptações ao pulso de inundação como migrações alimentares e reprodutivas, ou adaptações que permitem a certas espécies passar por estiagens em poças isoladas no meio da floresta. De acordo com Sioli (1967, 1968), os rios amazônicos são classificados em três tipos quanto à cor das águas: há os rios de água branca, cujo maior exemplo é o rio Amazonas, de coloração barrenta devido a grande quantidade de sedimentos trazidos dos terrenos geologicamente jovens de suas nascentes nos Andes; os rios de água clara, como o rio Tapajós, que por terem 17 6 | ICTIOFAUNA Tabela 1.1 – Código, coordenadas e tipo de ambiente das estações de coleta estabelecidas na avaliação da ictiofauna da REBIO Maicuru. nascentes em terrenos geológicos antigos carreiam baixa quantidade de sedimentos conferindo a água maior transparência; e os rios de água preta, como o rio Negro, que apresentam esta coloração devido aos ácidos húmicos e fúvicos diluídos na água, provenientes da decomposição de matéria orgânica da floresta. Estação de Coleta (EC) Latitude (N) Longitude (O) ° ‘ Métodos aplicados ° ‘ ‘’ EC 52 0 51 13,8 53 57 5,8 Igarapé Rede de mão Rede de arrasto EC 53 0 49 59,2 53 56 7,7 Igarapé Rede de mão Malhadeira As características da água também moldam as comunidades de peixes, que para colonização desses habitats, desenvolveram diferentes estratégias adaptativas sob a influência da disponibilidade de minerais, nutrientes orgânicos, presença de algas, características de pH, oxigênio dissolvido, condutividade elétrica e temperatura. EC 54 0 48 44,8 53 56 55,7 Igarapé Rede de mão Rede de arrasto EC 55 0 49 2,0 53 56 27,0 Igarapé Rede de mão Rede de arrasto EC 56 0 49 51,9 53 57 19,6 Igarapé Rede de mão EC 57 0 49 43,8 53 56 53,4 Igarapé Rede de mão de arrasto EC 58 0 48 33,7 53 55 51,7 Igarapé Rede de mão A REBIO Maicuru está localizada na porção nordeste do estado do Pará (Figura 1, página VIII). Em seu territórios se encontram as bacias dos rios Ipitinga, Maicuru, Paru e Jari. Neste relatório são apresentados os resultados referentes à avaliação da ictiofauna da REBIO Maicuru. A avaliação foi realizada com base em uma campanha ocorrida na estação seca no mêses de outubro e novembro de 2008. Foram feitas amostragens no rio Ipitinga e igarapés em diversos pontos dentro da referida unidade de conservação. O objetivo do estudo foi fornecer embasamento técnico para a elaboração do plano de manejo da REBIO Maicuru. EC 59 0 49 38,3 53 55 29,6 Rio/Praia Rede de arrasto EC 60 0 49 0,4 53 55 43,6 Rio/Praia Rede de arrasto EC 61 0 49 24,2 53 55 46,4 Igapó Rede de mão Rede de arrasto Malhadeira Material e métodos ‘ Ambiente As peneiras ou redes de mão foram utilizadas em meio à vegetação marginal, de fundo e de superfície, folhiço e raspagem do leito, a fim de desalojar a fauna presente. O esforço de coleta em cada local selecionado foi de 200 peneiradas, dentro de um trecho de 20m selecionado de acordo com a facilidade de acesso. A rede de arrasto teve como esforço 50 lances, nas mesmas áreas da rede de mão. A combinação desses métodos foi padronizada na medida do possível em decorrência da estrutura física dos corpos d’água. ‘’ Rede de arrasto. Nos demais, foram utilizadas somente a rede de mão, em decorrência da estrutura dos mesmos, que impossibilitaram o manuseio da rede de arrasto. A utilização das redes de espera foi restrita a um igarapé e ao igapó, na tentativa de explorar uma fauna de coluna d’água e de maior porte, além de completar o inventário ictiológico. Nos ambientes de praias foram empregadas somente a rede de arrasto, com o mesmo número de lances previamente estabelecidos. As coletas foram autorizadas pela licença 001/2008, emitida pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente – SEMA-PA. No intuito de obter uma descrição dos corpos d’água amostrados, foram mensurados alguns parâmetros abióticos dos igarapés, a saber: largura, profundidade, pH, condutividade e temperatura. A amostragem foi concentrada em igarapés de pequeno porte, apresentando aproximadamente quatro metros de largura e 0,4m de profundidade, temperatura média de 24,5ºC, condutividade de 90 mV e pH ácido de 4,3. No total, as coletas foram realizadas em sete igarapés, duas praias e uma área alagada, denominada “igapó” (Tabela 1.1). Somente em quatro, dos sete igarapés, foram aplicados a combinação de rede de mão e rede Nas coletas, realizadas dos dias 23 a 30 de outubro de 2008, foram utilizados métodos tradicionais de coleta de peixes que abrangem rede de arrasto, redes de mão e redes de espera (Figura 1.1). As redes de mão ou peneiras tinham 50 cm de diâmetro e tela metálica de malha cinco milímetros. As redes de arrastos possuíam dois metros de comprimento e dois metros de altura (igarapés) e cinco metros de comprimento e dois metros de altura (praias), onde os seus tamanhos de malhas entre nós opostos eram igual a 0,5 cm. As redes de espera apresentaram malhas de 3, 4 e 5 cm entre nós opostos e permaneceram na água por aproximadamente 24 horas. a b c d Figura 1.1 - Alguns ambientes amostrados durante a avaliação da fauna de peixes da REBIO Maicuru: a) ambiente praia no rio Ipitinga; rede de arrasto; b) ambiente igarapé; rede de mão; c) ambiente “igapó”; rede de espera; d) aspecto geral dos igarapés. Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 16 6 | ICTIOFAUNA 19 6 | ICTIOFAUNA Preservação, fixação e rotina de curadoria Os exemplares coletados foram fixados em formol 10% durante um período mínimo de 50h, devidamente etiquetados e acondicionados em lotes. Ainda em campo, o material foi previamente triado e morfotipado, sendo em seguida preservado em álcool 70%. A subdivisão dos lotes segundo as espécies, contagem de exemplares por lotes e por espécie, etiquetagem e identificação, foram feitos com maior rigorosidade no laboratório de Ictiologia do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), onde fazem parte do acervo científico com a numeração MPEG 15529 e MPEG 15556 a 15813, totalizando 258 lotes. Os espécimes capturados foram identificados até categoria taxonômica mais particular possível com auxílio de bibliografia especializada (Mago-Leccia, 1994; Géry, 1977; Britski, et al. 1984; Whitehead, 1985a, 1985b; Vari, 1992, 1995; Buckup,1993; Burguess, 1989; Reis, 1996; Rosen & Greenwood, 1976; e Kullander, 1986), assim como de especialistas de diferentes grupos taxonômicos. Análise dos dados A eficiência do inventário dos corpos d’água amostrados foi avaliada pelos métodos de acumulação de espécies (rarefação) e estimativas de riqueza não paramétricas do Jackknife de 1ª ordem (Colwell & Coddington, 1994), ambos pelo programa Estimates® 7.52 com 1.000 aleatorizações, e o gráfico foi gerado no software Statisti- Tabela 1.2 – Lista de espécies de peixes da REBIO Maicuru coletados no período de 23 a 30 de outubro de 2008. ca 7.1 (1984-2005). Por se tratar de uma avaliação ecológica rápida, baseada em inventários intensivos, o estimador de riqueza Jackknife é bastante aconselhado, pois é fundamentado na ocorrência de singletons/doubletons, isto é, o número de espécies representadas por somente um ou dois indivíduos, respectivamente, para estimar a riqueza total e o desvio padrão (Colwell & Coddigton, 1994, Colwell, 2005). Foram estabelecidos como unidades amostrais os grupos de espécies capturados por um método, independente da localidade, totalizando 17 amostras (Tabela 1.1). ORDEM FAMÍLIA ESPÉCIE NºIND Acestrorhynchidae Acestrorhynchus falcatus (Bloch, 1794) 9 Anostomus ternetzi Fernández-Yépez, 1949 6 Leporinus sp. 11 Leporinus “sp.n.” 26 Aphyocharax sp. 16 Astyanax bimaculatus (Linnaeus, 1758) 4 Astyanax aff. microlepis Eigenmann, 1913 12 Bryconops caudomaculatus (Günther, 1864) 6 Bryconops durbini (Eigenmann, 1908) 116 Charax sp. 5 Cheirodon sp. 28 Hemigrammus cf. bellottii (Steindachner, 1882) 63 Hemigrammus lunatus Durbin, 1918 70 Hemigrammus aff. schmardae (Steindachner, 1882) 119 Hemigrammus sp. 28 Jupiaba acanthogaster (Eigenmann, 1911) 1 Jupiaba keithi (Géry, Planquette & Le Bail, 1996) 73 Jupiaba polylepis (Günther, 1864) 135 Knodus sp. 66 Microschemobrycon sp. 14 Moenkhausia collettii (Steindachner, 1882) 29 Moenkhausia lepidura (Kner, 1858) 23 Moenkhausia aff. oligolepis (Günther, 1864) 217 Phenacogaster megalostictus Eigenmann, 1909 58 Phenacogaster sp. 2 Poptella brevispina Reis, 1989 1 Roeboexodon cf. guyanensis (Puyo, 1948) 10 Anostomidae Resultados e discussão Foram coletados 2535 indivíduos, pertencentes a seis Ordens, 19 famílias e 88 espécies/morfoespécies (Tabela 1.2; Figura 1.2). Em relação à riqueza de espécies, houve uma predominância da Ordem Characiformes, que apresentou 53 espécies (60%), seguidos por Siluriformes (14 espécies; 16%), Gymnotiformes (12 espécies; 14%), Perciformes com seis espécies (7%), Cyprinodontiformes com duas espécies (2%) e Synbranchiformes representada por apenas um indivíduo de Synbranchus marmoratus Bloch, 1795 (Figura 1.3a). Dentre os Characiformes, a família Characidae foi a de maior representatividade em espécies (25 espécies; 47% dos Characiformes), seguida por Curimatidae (7; 13%), Lebiasinidae (5; 9%), Crenuchidae e Erythrinidae com 8% cada, representadas por quatro espécies; as demais famílias corresponderam 15% do total de espécies de Characiformes (Figura 1.3b). Characidae Characiformes Crenuchidae Curimatidae a b Erythrinidae c d Gasteropelecidae Figura 1.2 - Representantes da ictiofauna da REBIO Maicurú: a) Electrophorus electricus (CP=172 cm); b) Hoplerythrinus unitaeniatus (180mm); c) Krobia guianensis (87,5mm) e d) Tetragonopterus sp. (39mm). Lebiasinidae Serrapinnus sp. 1 Tetragonopterus sp. 110 Aphyocharacidium sp. 2 Characidium aff. zebra Eigenmann, 1909 184 Microcharacidium eleotrioides (Géry, 1960) 72 Microcharacidium aff. weitzemani Buckup, 1993 30 Cyphocharax festivus Vari, 1992 59 Cyphocharax helleri (Steindachner, 1910) 1 Cyphocharax mestomyllon Vari, 1992 9 Cyphocharax spilotus (Vari, 1987) 29 Cyphocharax spilurus (Günther, 1864) 31 Cyphocharax sp. 95 Steindachnerina sp. 24 Hoplerythrinus unitaeniatus (Spix & Agassiz, 1829) 2 Hoplias aimara (Valenciennes, 1847) 23 Hoplias malabaricus (Bloch, 1794) 33 Erythrinidae gen. sp1 1 Gasteropelecus maculatus Steindachner, 1879 27 Gasteropelecus sternicla (Linnaeus, 1758) 25 Copella compta (Myers, 1927) 16 Copella eigenmanni (Regan, 1912) 4 Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 18 FAMÍLIA Lebiasinidae Characiformes Prochilodontidae Cyprinodontiformes Rivulidae Gymnotidae Gymnotiformes Hypopomidae Perciformes Cichlidae Callichthyidae Heptapteridae Siluriformes Loricariidae Tricomycteridae Synbranchiformes Synbranchidae ESPÉCIE NºIND Copella metae (Eigenmann, 1914) 28 Pyrrhulina laeta (Cope, 1872) 7 Pyrrhulina sloti Boeseman, 1953 7 Prochilodus lacustris Steindachner, 1907 1 Prochilodus rubrotaeniatus Jardine & Schomburgk, 1841 1 Rivulus dibaphus Myers, 1927 11 Rivulus sp. 5 Electrophorus electricus (Linnaeus, 1766) 2 Gymnotus anguillaris Hoedeman, 1962 3 Gymnotus coatesi La Monte, 1935 32 Gymnotus coropinae Hoedeman, 1962 1 Gymnotus aff. inaequilabiatus (Valenciennes, 1839) 1 Gymnotus cf. paraguensis Albert & Crampton, 2003 15 Gymnotus sp.1 1 Gymnotus sp.2 9 Gymnotus sp.3 1 Brachyhypopomus beebei (Schultz, 1944) 2 Brachyhypopomus sp. 1 Hypopomus aff. artedi (Kaup, 1856) 3 Aequidens cf. mauesanus Kullander, 1997 33 Crenicichla albopunctata Pellegrin, 1904 14 Crenicichla aff. cyclostoma Ploeg, 1986 9 Crenicichla sp. 5 Krobia guianensis (Regan, 1905) 34 Krobia sp. 67 Callichthys callichthys (Linnaeus, 1758) 16 Corydoras sp.1 104 Corydoras sp.2 93 Pimelodella cristata (Müller & Troschel, 1849) 9 Pimelodella geryi Hoedeman, 1961 36 Pimelodella sp. 16 Farlowella cf. knerii (Steindachner, 1882) 1 Helogenes uruyensis Fernández-Yépez, 1967 5 Lasiancistrus sp. 1 Otocinclus mariae Fowler, 1940 2 Paraotocinclus sp. 22 Loricariidae gen. sp1 1 Ituglanis amazonicus (Steindachner, 1882) 8 Stegophilus sp. 1 Synbranchus marmoratus Bloch, 1795 1 Apenas duas ocasiões de coleta, consideradas ocasionais, não foram incluídas na rarefação e estimativa de riqueza (Jackknife 1ª ordem), pois as mesmas não apresentaram a padronização estabelecida para o estudo. Entretanto, apenas uma espécie, Electrophorus electricus, com dois indivíduos, não fez parte das aleatorizações das análises. Sendo assim, o estimador Jackknife propôs uma riqueza de aproximadamente 116±8 espécies, contra as 87 espécies capturadas, já subtraindo E. electricus (Figura 1.4), indicando que com a continuidade do esforço amostral poder-se-ia resultar em valores mais próximos da quantidade real de espécies para a área. Figura 1.3 - A) Percentual de espécies nas seis ordens de peixes capturadas; B) representatividade das famílias de Characiformes em relação ao número total de espécies encontrado durante a avaliação da ictiofauna da REBIO Maicuru A A 2% 1% 2% 1% 7% 7% 60% 60% 14% 14% I 5% I 5% Characiformes Characiformes Siluriformes Gymnotiformes Siluriformes Perciformes Gymnotiformes Cyprinodontiformes Perciformes Synbranchiformes Cyprinodontiformes Synbranchiformes 16% 16% B B A A 15% 15% 47% 47% 8% 8% Guildas (% I Guildas (% I H 5% H NP 5% 9% NP 9% F 77F 77 Characidae Characidae Curimatidae Lebiasinidae Curimatidae Crenuchidae Lebiasinidae Erythrinidae Crenuchidae Outros Erythrinidae Outros 8% 8% 9% 9% Educação Educação 13% 13% Figura 1.4 - Curva acumulativa de espécies de peixes (rarefação e estimativa de riqueza Jackknife 1ª ordem) para os corpos d’águas amostrados da REBIO Maicuru. 120 100 80 60 Spp.obs 40 Jackknife 1 20 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 amostras 10 11 12 13 14 15 16 17 nº de espécies ORDEM 21 6 | ICTIOFAUNA Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 6 | ICTIOFAUNA nº de espécies Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 20 das 87 espécies, aproximadamente 25%, enquadram-se na condição de singletons ou doubletons. Entretanto, foi observado que não houve predominância de espécies, pois nenhuma obteve mais de 10% da abundância relativa, como demonstra a figura 1.5. Provavelmente, a condição dos singletons ou doubletons mudaria caso houvesse um maior esforço de coleta, em períodos hidrológicos diferentes. Sendo assim, Spp.obs apesar da relativa eficiência da amostragem, os Jackknife 1 resultados indicam a necessidade de novas coletas nestes ambientes. nº de espécies Apenas dez espécies ocorreram em mais de 30% das localidades exploradas, o que repre100 senta aproximadamente 9% das espécies capturadas durante o estudo, a saber: Characidium aff. 80 zebra (n=184) , Hemigrammus aff. schmardae (n=119), H. lunatus (n=70), Hoplias aimara (n=23), Jupiaba polylepis (n=135), Krobia guia60 nensis (n=34), Krobia sp. (n=67), Moenkhausia aff. oligolepis (n=217), M. lepidura (n=23), Phe40 nacogaster megalostictus (n=58). A diferença numérica obtida entre a riqueza de espécies observada e a riqueza esperada possivelmente teria explicações devido ao fato de, 22 20 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 35 Referências 30 Böhlke, J.E., Weitzman, S.H. & Menezes, N.A. 1978. Estado atual da sistemática dos peixes de água doce da América do Sul. Acta Amazônica, 8(4):657-677. Mago-Leccia, F. 1994. Electric fishes of the continental waters of America. Caracas, Fundacion para el Desarrollo de las Ciencias Físicas, Matemáticas y Naturales, 29. 223p. Britski, H. A., Y. Sato & A. B. S. Rosa. 1984. Manual de identificação de peixes da região de Três Marias. Brasília, Câmara dos Deputados/CODEVASF, 115p. Malabarba, L.R.; Reis, R.E.; Vari, R.R.; Lucena, Z.M.S. & Lucena, C.A. 1998. Phylogeny and classification of neotropical fishes. EDIPUCRS, Porto Alegre, 603p. Bührnheim, C.M. 1999. Habitat abundance patterns of fish communities in three Amazonian rainforest streams. Biology of Tropical Fishes, 5: 63-74. Paiva, M. P. 1983. Peixes e Pescas de Águas Interiores do Brasil, Editora Editerra, Brasília, Distrito Federal, Brasil. 25 20 15 10 5 0 12 13 14 15 16 17 amostras Figura 1.5 – Abundância relativa das espécies de peixes encontradas durante a avaliação da REBIO Maicuru. 10 1 2 3 4 5 Bührnheim, C.M. & Fernandes, C.C. 2003. Structure of fish assemblages in Amazonian rain-forest streams: effects of habitats and locality. Copeia, (2): 255-262. 6 7 8 9 10 11 12 13 Buckup, P. A. 2007. Família Crenuchidae. Pp. 28-30. In: Bunúmero ckup, P. de A., amostras N. A. Menezes & M. S. Ghazzi (Eds.). Catálogo das espécies de peixes de água doce do Brasil. Rio de Janeiro, Museu Nacional, 195p. Burgess, W.E. 1989. An atlas of freshwater and marine catfishes. T.F.H. Publications, 784 p. 9,5 9 Colwell, R.K., 2005. EstimateS: Statistical estimation of species richness and shared species from samples. Version 7.5. Sinauer Associates, Sunderland, Massachusetts. 8,5 8 7,5 7 6,5 6 5,5 5 4,5 4 3,5 2,5 2 1 0,5 0 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55 57 59 61 63 65 67 69 71 73 75 77 79 81 83 85 87 espécies Espécies de especial interesse para a conservação Na área explorada da REBIO Maicuru não foram encontradas espécies sob risco de extinção. Dentre os exemplares identificados ao nível de espécie também não foram detectados casos de endemismo. Do ponto de vista científico, e por se tratar de uma região ainda pouco conhecida da Amazônia Brasileira, essa área passa a apresentar grande interesse para a conservação. O material coletado, que se encontra depositado na coleção de peixes do MPEG, necessita de uma maior atenção no que diz respeito à taxonomia e identificação de novas espécies, principalmente dos grandes grupos da ictiofauna amazônica: Characidae, Cichlidae e Loricariidae. Sabino, J. & Zuanon, J. 1998. A stream fish assemblage in Central Amazonia: distribution, activity patterns and feeding behavior. Ichthyol. Explor. Freshwaters, 8(3): 201-210. Sioli, H. 1967. Studies in amazonian waters. Atas do Simpósio sobre biota aquática, Vol. 3 (Liminologia): 9-50. Sioli, H. 1968. Principal Biotopes of Primary Production in the Water of Amazonia. In: Misra, R.; Gopal, B. (Eds.). Proceeding Symp Recent Adv. Tropical Ecology. The International Society for Tropical Ecology, Varanasi. p. 591-600. Ferreira, E.J.G., Zuanon, J.A.S. & dos Santos, G.M. 1998. Peixes comerciais do Médio Amazonas: Região de Santarém, Pará. Brasília, IBAMA, 211p. Vari, R. P. 1992. Systematics of the neotropical characiform genus Cyphocharax Fowler (Pisces: Ostariophysi). Smithsonian Contributions to Zoology, 529:1-137. Géry, J. 1977. Characoids of the world. TFH Publications, Neptune City. 672p. Vari, R. P. 1995. The Neotropical fish family Ctenoluciidae (Teleostei: Ostariophysi: Characiformes): supra and intrafamilial phylogenetic relationships, with a revisionary study. Smithsonian Contributions to Zoology, 564:1-97. Goulding, M.; Carvalho M. L. & Ferreira E. G. 1988. Rio Negro: rich life in poor water: Amazonian diversity and foodplain ecology as seen through fish communities. The Hague: SPB Academic Publishing. 200 pp. 1,5 Rosen, D. E. & P. H. Greenwood. 1976. A fourth neotropical species of synbranchid eel and the phylogeny and systematics of synbranchiform fishes. Bulletin of the American Museum of Natural History, 157(1): 1-70. Colwell, R. K. & J.A. Coddington, 1994. Estimating terrestrial biodiversity through extrapolation. Philosophical transactions of the Royal Society (Series B) 345: 101-118. Goulding, M. 1980. The fishes and the forest: explorations in Amazonian natural history. University of California Press, Berkeley. 280p. 3 Reis, R. E. 1996. Callichthyiidae. Documento publicado na Internet: http://www-personal.umich.edu/~rreis/tree/callichthyidae.htm. Kullander, S. O. 1986. Cichlid Fishes of the Amazon River Drainage of Peru. Stockholm: Swedish Museum of Natury History. 538p. Whitehead, J. P. 1985a. FAO species catalogue. Vol. 7. Clupeoid fishes of the world (suborder Clupeoidei). An annotated and illustrated catalogue of the herrings, sardines, pilchards, sprats, shads, anchovies and wolf-herrings. Part 1 – Chirocentridae, Clupeidae and Pristigasteridae. FAO Fisheries Synopsis (125), vol. 7, pt. 1:1-303. Whitehead, J. P. 1985b. FAO species catalogue. Vol. 7. Clupeoid fishes of the world (suborder Clupeoidei). An annotated and illustrated catalogue of the herrings, sardines, Curvas de Rarefação - Anfíbios e Répteis pilchards, sprats, shads, anchovies and wolf-herrings. Part Lowe-McConnell, R. H. 1999. Estudos Ecológicos de Co2 – Engraulididae. FAO Fisheries Synopsis (125), vol. 7, pt. munidades de Peixes Tropicais. Edusp, São Paulo. 366 pp. 2:305-379. Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 Curvas de Rarefação - Anfíbios e Répteis 120 nº de espécies 23 6 | ICTIOFAUNA 6 | ICTIOFAUNA abundância das espécies (%) Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 22 7 Herpetofauna Introdução Devido à dimensão continental da Amazônia, muitas regiões desse bioma ainda permanecem como lacunas de informação para a herpetofauna. A parte norte do estado do Pará constitui uma região onde há muito poucas áreas razoavelmente bem amostradas (Hoogmoed & Avila Pires: 1988 Rio Nhamundá e Cruz Alta, Trombetas; Galatti et al.,: 1999-2008 projeto Trombetas; Gardner et al.,: 2004-2005 Projeto Jari). Toda área do norte do Pará (informalmente chamada Calha Norte) forma parte da região das Guianas ou região guianense (Escudo Guianense e seu entorno), como definido por Hoogmoed (1979a). Dessa região delimitada pelos rios Orinoco, Negro e Amazonas, só uma parte da herpetofauna do Suriname (lagartos [Hoogmoed, 1973], alguns grupos de cobras [Hoogmoed, 1980] e anuros [Hoogmoed,1969a, b, 1979b]), da Guiana Francesa (anfíbios [Lescure & Marty, 2000; Kok et al., 2006a] e cobras [Gasc & Rodrigues, 1980; Chippeaux, 1986; Starace, 1998]), da região de Manaus (Lima et al., 2006; Martins & Oliveira, 1998; Vitt et al., 2008) e dos tepuis na parte Venezuelana das Guianas (anfíbios e répteis) foram estudados com alguma profundidade. Há também alguns estudos sobre quelônios no rio Trombetas (Vogt, 1994; Haller & Rodrigues, 2005, 2006). A herpetofauna da Guiana (com ênfase na área oeste do país) está sendo estudada intensivamente no momento por alguns pesquisadores (Cole & Kok 2006; Kok 2005, 2006a,b; Kok et al., 2006b; Kok, 2008a, b; Kok, 2009; Kok & Castroviejo-Fisher, 2008; Kok & Ernst, 2007; Kok & Kalamandeen, 2008; Kok et al., 2007; Lathrop & MacCulloch, 2007; MacCulloch & Lathrop 2001, 2002, 2004, 2005; McCulloch et al., 2008), mas o nosso conhecimento da herpetofauna deste pais ainda é fragmentário. A herpetofauna da região guianense partilha uma grande parte de suas espécies com outras regiões da Amazônia, mas também inclui um número de espécies endêmicas, especialmente na área dos tepuis, montanhas areníticas que se elevam acima de 1500 m (considerada inclusive como uma região biogeográfica à parte – Pantepui). Na área da Calha Norte não há tepuis e, portanto, as espécies endêmicas de tepuis não são aí esperadas, apenas aquelas que ocorrem nas terras baixas (< 750 m). A região das Guianas é considerada como uma área de endemismo, diferenciando-se claramente de outras regiões da Amazônia. Na Amazônia como um todo são registradas próximo de 350 espécies de répteis e um pouco mais de 350 espécies de anfíbios. Dessas, cerca de 62% entre os répteis e 82% entre os anfíbios são en- 25 7 | Herpetofauna dêmicas à região amazônica (Avila-Pires et al., 2007; Duellman, 1999). Hoogmoed (1979a) estimou que, do total de espécies presentes nas terras baixas das Guianas, cerca de 52% dos anfíbios e 26% dos répteis eram endêmicos dessa região. Contudo, à medida que novas áreas foram sendo melhor inventariadas observou-se que muitas das espécies consideradas próprias das Guianas apresentavam uma distribuição mais ampla. Considerando também os tepuis, Señaris & MacCulloch (2005) registraram 54% das espécies de anfíbios que ocorrem nas Guianas como endêmicas da região. Para os répteis, também incluindo as espécies dos tepuis, Avila-Pires (2005) indicou 30% de endêmicos em relação ao total de espécies encontradas na região. Apesar dos estudos já realizados, existem ainda grandes lacunas de conhecimento sobre a região das Guianas e tanto novos registros como novas espécies são ainda esperados. Kaieteur, Guyana (Kok & Kalamandeen, 2008). Em Hoogmoed (1979a; 1983), Hoogmoed & Ávila-Pires (1991b, 1992), Celsa Señaris & MacCullough (2005) e Avila-Pires (2005) pode-se encontrar listas da herpetofauna das Guianas, contando também com muitos dados provenientes dos estados do Amapá, Amazonas, Pará e Roraima. Os guias de campo para identificação dos sapos (Lima et al., 2006) e lagartos (Vitt et al., 2008) da Reserva Ducke, próxima a Manaus, também tratam de muitas espécies que podem ser encontradas no norte de Pará, apesar da distância geográfica, constituindo esses livros ferramentas adicionais para a identificação dos sapos e lagartos da região. O livro de Bartlett & Bartlett (2004) serve como um guia introdutório da herpetofauna na região amazônica, e Rueda-Almonacid et al. (2007) para os quelônios e jacarés (este inclusive com chaves de indentificação), mas não são completos. Até o momento, não há uma compilação publicada sobre a herpetofauna da Calha Norte ou do Estado do Pará como um todo. Os estudos mais intensos sobre a herpetofauna realizados no norte do Pará referem-se à área sob influência da mineração de bauxita em Trombetas, mas a maior parte desses dados não está publicada e não houve, de fato, um inventário intensivo da fauna aí existente. Foram realizadas coletas esparsas na região, especialmente nas proximidades dos grandes rios, mas os dados referentes à essas expedições estão dispersos. Em Ávila-Pires (1995), um catálogo sobre os lagartos da Amazônia brasileira, encontram-se vários espécimes analisados que possuem procedência do norte do Pará. A publicação de Vogt (2008) sobre quelônios da Amazônia fornece dados gerais sobre a distribuição de cada espécie e, em alguns casos, menciona especificamente o rio Trombetas como área de ocorrência. Contudo, até 2008, não haviam sido realizadas amostragens abrangentes no norte do Pará que pudessem eliminar várias das lacunas de informação existentes. Considerando-se a literatura, pode-se esperar, para a área da Calha Norte, cerca de 100 espécies de anfíbios anuros e até 9 de Gymnophiona (Lescure & Marty, 2000; Señaris & McCullough, 2005; obs. pess. MSH). Entre os répteis, o número de espécies de lagartos deve ser em torno de 40, dos anfisbenídeos 10, o número de ofídios em torno de 100, o de quelônios em torno de 11, e há três espécies de jacarés que aí ocorrem (Hoogmoed, 1973; Chippeaux, 1986; Starace, 1998; obs. pess. MSH). O trabalho de Ávila-Pires (1995) e alguns trabalhos sobre a herpetofauna da região das Guianas podem ser utilizados para identificar espécies encontradas no norte de Pará, como por exemplo, o catálogo de lagartos do Suriname (Hoogmoed, 1973), lagartos da Guiana Francesa (Hoogmoed & Lescure, 1975; Gasc, 1990), amphisbaenidae das Guianas (Hoogmoed & Ávila-Pires, 1991a; Starace, 1998), catálogos de serpentes da Guiana Francesa (Chippeaux, 1986; Starace, 1998), quelônios da Amazônia (Vogt, 2008) e da Venezuela (Pritchard & Trebbau, 1984), anfíbios da Guiana Francesa (Lescure & Marty, 2000) e anfíbios do Parque Nacional Apesar da existência de vários trabalhos da região das Guianas que indiretamente fornecem dados sobre a herpetofauna do norte do Pará, deve-se reconhecer que nessa área, especialmente nas áreas influenciadas diretamente pelo Rio Amazonas, podem ocorrer mais espécies tipicamente amazônicas do que o encontrado nas três Guianas (Guiana Francesa, Suriname e Guiana). Os resultados aqui apresentados referem a um Inventário Ecológico Rápido (RAP) de herpetofauna realizado na REBIO Maicuru, com o objetivo de gerar subsídios para a consolidação do plano de manejo desta e outras unidades do mosaico de unidades de conservação da Calha Norte no Estado do Pará. Ainda que esses resultados não sejam exaustivos e novos estudos sejam necessários para melhorar nosso entendimento sobre a herpetofauna desta unidade de conservação, eles representam um avanço importante, que permitirá estabelecer as bases para o seu plano de manejo. Objetivos Fornecer subsídios para um diagnóstico da diversidade da herpetofauna da REBIO Maicuru, tendo como base um RAP, de forma a embasar a elaboração do plano de manejo da referida unidades de conservação estadual. Material e métodos A amostragem da herpetofauna foi realizada através de dois métodos complementares – Procura Limitada por Tempo (PLT) e Armadilhas de Interceptação e Queda (AIQ): 1) Procura limitada por tempo (Greenberg et al., 1994; Ribeiro Jr. et al., 2008): procura ativa, computando-se o tempo dispendido, realizada nos períodos diurno e noturno, ao longo das trilhas demarcadas e ambientes contíguos considerados propícios para répteis e/ou anfíbios (unidade amostral = horas.homem). A expedição da REBIO Maicuru contou com dois herpetólogos. A PLT é importante para uma amostragem geral da herpetofauna, tanto em termos de cobertura taxonômica (armadilhas em geral são adequadas apenas a alguns grupos), como de cobertura dos diferentes ambientes. Por outro lado, é um método que exige pessoas treinadas e, mesmo com coletores experientes, é sujeita ao viés do coletor, o que traz dificuldades na comparação entre áreas ou estudos por esse método. 2) Armadilhas de interceptação e queda (Jones, 1981; Gibbons & Semlitsch, 1981; Corn, 1994; Cechin & Martins 2000; Ribeiro Jr. et al., 2008): cada armadilha foi composta por 4 baldes de 60L enterrados ao rés do chão, dispostos em Y, isto é, com um balde central ligado a 3 baldes periféricos por 8 m de lona plástica. Um total de 16 armadilhas foi utilizado, divididas em 2, 3 ou 4 conjuntos. Em cada conjunto as armadilhas distavam entre 125m-250m uma da outra. Cada conjunto ocupava uma trilha e buscou-se, no total das armadilhas, amostrar tantos ambientes quanto possível. As armadilhas foram verificadas diariamente (uma vez por dia) durante o período de amostragem; todos os indivíduos capturados foram coletados. As armadilhas foram montadas na semana anterior ao início de cada expedição e retiradas ao seu final. Coletas por AIQ têm a vantagem de serem independentes de coletor e amostrarem algumas espécies que raramente são capturadas em coleta ativa. Por outro lado, a armadilha se direciona a animais da serapilheira, ainda que capture algumas espécies arborícolas que eventualmente vêm ao solo; nem todos os grupos são captura- Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 24 dos; e nem sempre é possível instalá-las. Ambientes alagados ou rochosos, ou muito distantes do acampamento-base de cada expedição, não puderam ser amostrados por esse método, tendo em vista a impossibilidade de instalação dos baldes no primeiro caso, e a inviabilidade de se vistoriar diariamente as armadilhas em locais muito distantes. Exemplares encontrados ocasionalmente pela equipe de trabalho ou por terceiros na área de estudo foram considerados como encontros ocasionais. Para cada exemplar observado e/ou capturado pela equipe ou terceiros foram anotados os seguintes dados (quando aplicável): identificação, local, hábitat, microhábitat, dia, hora, e nome dos coletores. No caso de animais coletados, foram obtidas as medidas morfométricas padrão para cada grupo (com régua milimetrada) e, quando possível, verificado o sexo. Em muitos casos foram feitas anotações sobre a coloração em vida, fotos e obtida amostra de tecido para estudos moleculares. Os espécimes coletados foram acondicionados em sacos plásticos ou sacos de pano e sacrificados com uma dosagem letal de anestésico, fixados em solução de formol a 4% (1 parte de formol comercial 37% e 9 partes de água) por no maximo 24 horas, etiquetados com número de campo e preservados em solução de álcool 70%, exceto por girinos, fixados e preservados em formol 4% (Franco et al., 2002). Todos foram depositados na coleção herpetológica do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG). Os espécimes foram identificados com base no conhecimento e experiência dos pesquisadores e, quando necessário, com o auxílio da bibliografia especializada e por comparação com exemplares depositados em coleção. As coletas foram autorizadas pela licença 001/2008, emitida pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente – SEMA-PA. São apresentados o esforço amostral, número de espécies por grupo zoológico capturado e as curvas de rarefação para anfíbios e répteis separadamente; analisadas as estimativas de riqueza a partir dos estimadores Jackknife 1, Jackknife 2 e Bootstrap para anfíbios e répteis separadamente, combinando-se os dados dos dois métodos de captura; e comparadas as proporções de cada grupo capturadas por cada um dos dois métodos. As curvas de rarefação de espécies e de riqueza foram construídas com o auxílio do programa EstimateS versão 7.5 (Colwell, 2005), tendo como base os registros por PLT e AIQ, considerando-se como amostra o dia de coleta (ou seja, as curvas representam o número cumulativo de indivíduos coletados por dia versus o número cumulativo 27 7 | Herpetofauna 7 | Herpetofauna de espécies registradas). As estimativas de riqueza total foram baseadas no acúmulo de espécies em relação ao aumento do esforço de coleta (número de exemplares capturados por dia de coleta) e na proporção das espécies raras ou pouco freqüentes, utilizando estimadores não-paramétricos de riqueza total (Colwell & Coddington, 1994; Santos, 2003), com base em 50 aleatorizações. Foram utilizados os estimadores Jackknife de primeira ordem (Jack1) e Jackknife de segunda ordem (Jack2), por serem usualmente utilizados em trabalhos com herpetofauna e levar em consideração a ocorrência de espécies raras; e Bootstrap, que se baseia na proporção de cada espécie nas amostras. Além disso, identificam-se as espécies que apresentam algum interesse especial. As espécies foram consideradas endêmicas para as Guianas com base, principalmente, em Señaris & MacCulloch (2005), no caso de anfíbios, e Avila-Pires (2005), no caso dos répteis. podendo-se perceber marcas de inundação na vegetação com cerca de 0,5m de altura; a altitude variou entre 170m-180m. As trilhas 1 e 4 seguiam aproximadamente paralelas ao rio Ipitinga. Durante o período de coleta foram registradas 65 espécies de répteis e anfíbios (19 famílias), sendo 31 de anfíbios anuros (seis famílias), 21 espécies de lagartos (seis famílias), 10 espécies de serpentes (quatro famílias), duas espécies de quelônios (duas famílias) e uma espécie de crocodiliano (uma família). A lista das espécies é apresentada na tabela 2.1. Diversas espécies encontradas nesta expedição – a maior parte dos Hylidae registrados, Leptodactylus petersi, Pipa pipa, entre os anfíbios, e os lagartos Alopoglossus angulatus, Uranoscodon superciliosa e Iguana iguana – estavam em áreas das trilhas 1 e 4, sob a influência do rio Ipitinga. As margens do rio Ipitinga formavam, ao final de uma curta trilha a partir do acampamento, um ambiente de praia precedido por uma vegetação relativamente baixa em solo arenoso e por uma floresta baixa iundável. Embora não necessariamente ligado a ambiente ripário, o único Plica plica (um lagarto de floresta que vive em troncos de grande diâmetro) registrado durante a expedição encontrava-se numa grande sumauma na floresta inundável. Vários exemplares de Bufo guttatus foram capturados na praia junto ao rio Ipitinga, mas a espécie foi registrada também nas trilhas 1 e 4. Caiman crocodilus foi avistado no rio Ipitinga, à noite. Da perereca Phrynohyas hadroceps apenas um exemplar foi ouvido. Outros anfíbios ouvidos durante a expedição foram Hyla do grupo boans (junto ao rio e igarapés), Hyla calcarata e Phyllomedusa bicolor. Grande número do lagarto heliófilo Kentropyx calcarata foi encontrado, especialmente ao longo das trilhas 1 e 4, paralelas ao rio, refletindo a maior frequência nessas trilhas de ambientes relativamente abertos vinculados ao rio e áreas alagadas. Leposoma guianense, habitante da serapilheira, foi outro lagarto muito comum em toda Resultados e Discussão Esforço de captura e espécies registradas A expedição ocorreu entre 22 de outubro e 5 de novembro de 2008. A coleta ativa (procura limitada por tempo - PLT) foi realizada durante 13 dias, em quatro trilhas (percorridos principalmente os 2 km iniciais de cada uma) e ainda em uma curta trilha adicional, que levava a uma praia às margens do rio Ipitinga. As coletas com armadilha de interceptação e queda (AIQ) foram realizadas durante 15 dias, em três das trilhas – 4 armadilhas na trilha 1, 4 na trilha 2, 8 armadilhas na trilha 4. O esforço de coleta foi de 220 horas. homem por PLT, dos quais 162,5 horas.homem de coleta diurna e 57,5 horas.homem de coleta noturna; e 240 armadilhas.noite por AIQ. A maior parte da trilha 1 pareceu seguir por área não alagável (a julgar pela falta de vestígios de alagamento na vegetação), com altitudes variando de 170m-200m; três das armadilhas encontravam-se em terreno mais alto, a armadilha mais distante na trilha situava-se mais próxima da área alagável. Na trilha 2 predominou floresta de terra firme, exceto pelos 50-100m iniciais, com altitudes variando entre 200m-220m. Ainda assim apresentou sororocais (Musacea) em vários trechos e muita palmeira, com predomínio de Geonoma, segundo a equipe de botânica presente na expedição. Tanto na trilha 1 como na 2 alguns dos trechos em terreno mais alto praticamente não apresentavam sub-bosque, recobertos por um tipo de palmeira e árvores entremeadas. A trilha 4 percorria predominantemente uma floresta ripária alagável, em vários trechos Tabela 2.1 - Lista das espécies de répteis e anfíbios registradas na REBIO Maicuru, Pará, Brasil. AMPHIBIA ANURA Allop hrynidae Allophryne ruthveni Physalaemus ephippifer Bufonidae Bufo guttatus Bufo margaritifer Bufo marinus Dendrophryniscus minutus Pipidae Pipa pipa Dendrobatidae Allobates femoralis Anomaloglossus baeobatrachus Colostethus spumaponens Epipedobates hahneli Hylidae Hyla boans Hyla calcarata Hyla dentei Hyla fasciata Hyla geographica Hyla leucophyllata Osteocephalus leprieuri Phyllomedusa bicolor Phyllomedusa hypochondrialis Phrynohyas hadroceps Scinax garbei Scinax sp.nov. Leptodactylidae Adenomera andreae Eleutherodactylus chiastonotus Eleutherodactylus fenestratus Eleutherodactylus inguinalis Leptodactylus bolivianus Leptodactylus knudseni Leptodactylus petersii Lithodytes lineatus Microhylidae Chiasmocleis sp.nov. REPTILIA SQUAMATA Gekkonidae Coleodactylus amazonicus Gonatodes humeralis Lepidoblepharis heyerorum Pseudogonatodes guianensis Gymnophthalmidae Alopoglossus angulatus Arthrosaura kockii Arthrosaura reticulata Bachia flavescens Cercosaura argulus Leposoma guianense Tretioscincus agilis Iguanidae Iguana iguana Polychrotidae Anolis fuscoauratus Anolis nitens chrysolepis Anolis ortonii Tropiduridae Plica plica Plica umbra Uranoscodon superciliosus Scincidae Mabya nigropunctata Teiidae Ameiva ameiva Kentropyx calcarata SERPENTES Boidae Corallus hortulanus Colubridae Dendrophidion dendrophis Dipsas catesbyi Erytrholamprus aesculapii Leptodeira annulata Liophis reginae Pseustes sulphureus Xenopholis scalaris Elapidae Micrurus lemniscatus Viperidae Lachesis muta CHELONIA Testudinidae Chelonoidis denticulata Pelomedusidae Mesoclemmys gibba CROCODYLIA Alligatoridae Caiman crocodilus Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 26 10 0 1 7 | Herpetofauna 7 | Herpetofauna 3 5 7 9 11 29 13 0 número de amostras Figura 2.3 - Curva de estimadores de riqueza de répteis para os dois métodos utilizados, baseados no número de amostras válidas (dias efetivamente coletados, computando-se o número de exemplares registrados por dia). tos de ambientes úmidos da serapilheira; e Bachia flavescens e Cercosaura argulus, que vive entre a vegetação e o solo, na floresta. Com relação a Anolis ortonii, apenas um indivíduo foi observado na trilha 2, próximo a um tronco caído, não tendo sido possível captura-lo. Estimadores de Riqueza - Répteis 70 350 60 número de espécies a área (encontrado em todas as trilhas). L. percarinatum, que frequentemente é sintópico a L. guianense, não foi encontrado. Entre as espécies com hábitos mais secretivos encontradas na REBIO Maicuru mencionam-se Lepidoblepharis heyerorum, Pseudogonatodes guianensis, ambos lagar- Figura 2.1 – Curva de rarefação de répteis e anfíbios, utilizando PLT e AIQ. A curva representa o número cumulativo de espécies em relação ao número cumulativo de exemplares, por dia, aleatorizada. As linhas pontilhadas referem-se ao intervalo de confiança de 95%. Curvas de Rarefação - Anfíbios e Répteis 300 50 Espécies Observadas Jack 1 Jack 2 Bootstrap 40 30 20 10 100 0 1 nº de espécies 25 2 3 4 5 6 7 8 9 50 10 11 12 13 14 número de amostras 0 20 1 15 Curvas de 10 Tabela 2.2 – Número e porcentagem de espécies coletadas por cada método amostral, em anfíbios e diferentes grupos de répteis, na REBIO Maicuru, entre 22/10 e 5/11/2008 (PLT = procura limitada por tempo; AIQ = armadilhas de interceptação Rarefação - Anfíbios e Répteis e queda). PLT AIQ Total %PLT %AIQ Anfíbios 29 11 31 93,5 35,5 Lagartos 16 15 21 76,2 71,4 Serpentes 9 1 10 90 10 Quelônios 2 0 2 100 0 Jacarés 1 0 1 100 0 Total 57 27 65 87,7 41,5 EC 58 Igarapé Rede de mão EC 59 Rio/Praia Rede de arrasto EC 60 Rio/Praia Rede de arrasto EC 61 Igapó Rede de mão Rede de arrasto Malhadeira 5 0 1 17 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 número de amostras Um exemplar do quelônio aquático Mesoclemmys gibba foi encontrado durante o crepúsculo, caminhando no chão da floresta próximo a uma extensa área alagada. Uma carapaça de Chelonioides denticulata predada (toda a parte dorsal da carapaça faltando, com marcas de dentes) por um grande felino (onça parda ou pintada) foi encontrada ao lado de um igarapé. Em relação aos ofídios, exceto por Liophis reginae (com 3 indivíduos capturados) e Lachesis muta (2 indivíduos), apenas um exemplar de cada espécie foi registrado. O encontro de dois indivíduos de surucucu, L. muta, é algo excepcional, pois é uma espécie difícil de ser localizada. Esses dois indivíduos eram jovens, ainda mais difíceis de serem encontrados. Figura 2.4 –Número de espécies coletadas com os dois métodos de coleta empregados na REBIO Maicuru, entre 22/10 e 5/11/2008. PLT: procura Limitada por Tempo; AIQ: Armadilha de Interceptação e Queda. Figura 2.2 - Curva de estimadores de riqueza de anfibios para os dois métodos utilizados, baseados no número de amostras válidas (dias efetivamente coletados, computando-se o número de exemplares registrados por dia). Estimadores de Riqueza - Anfíbios 60 50 60 Estimadores de Riqueza - Anfíbios 30 20 50 30 Espécies Observadas Jack 1 Jack 2 Bootstrap 20 10 10 0 1 0 1 3 5 7 9 número de amostras 11 número de espécies 40 50 40 13 3 número de espécies 50 número de espécies 9 61 63 65 67 69 71 73 75 77 79 81 83 85 87 200 150 35 30 250 40 Espécies Observadas Jack 1 Jack 2 Bootstrap 30 Jacarés Quelônios 30 20 Jacarés Anfíbios Quelônios Lagartos Anfíbios Serpentes Lagartos 20 10 Curvas -13Anfíbios e Répteis 5 7 de Rarefação 9 11 número de amostras 40 10 Serpentes 0 PLT 0 AIQ métodos de Coleta PLT AIQ métodos de Coleta Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 PLT número de espécies ife 1 28 Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 s 10 21 7 | Herpetofauna Representatividade das amostras e estimativas de riqueza As curvas de rarefação (Figura 2.1) não atingiram a assíntota, indicando que, mesmo para os ambientes amostrados e as condições encontradas durante o período da expedição, o esforço de amostragem não foi suficiente para se registrar toda a herpetofauna aí presente. Para obter estimativas da riqueza das espécies presentes na área estudo, foram considerados os estimadores de riqueza Jackknife 1 e 2 e Bootstrap, para os métodos de captura (PLT e AIQ). Quando considerado o total de amostras, foram estimadas entre 35,0 (Bootstrap), 37,5 e 34,8 (Jackknife 1 e 2) espécies de anfíbios existentes na área, para uma riqueza observada de 31 espécies (Figura 2.2). Para répteis, considerando o total de amostras válidas, foram estimadas entre 39,9 (Bootstrap), 49,7 e 62,0 (Jackknife 1 e 2) espécies, para uma riqueza observada de 33 espécies (Figura 2.3). Assim como as curvas de rarefação, esses estimadores baseiam-se nos dados efetivamente obtidos, ou seja, são específicos aos ambientes amostrados, dentro das condições do momento amostrado 31 7 | Herpetofauna Listas de espécies ameaçadas e CITES Nenhuma espécie registrada para a área de estudo faz parte da lista nacional de espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção (www. mma.gov.br/port/sbf/fauna/ index.cfm); da lista vermelha de espécies ameaçadas da IUCN (www.iucnredlist.org), ou da lista de espécies ameaçadas para o Estado do Pará (www.sectam.pa.gov.br). Dois anfíbios (Allobates femoralis, Epipedobates hahneli) e quatro répteis (Iguana iguana, Corallus hortulanus, Chelonoidis denticulata e Caiman crocodilus) constam no Appendice II de CITES (http://www.cites.org/ eng/app/e-appendices.pdf ). Táxons endêmicos Não foram registradas espécies endêmicas para a área da REBIO Maicuru, porém algumas espécies ou subespécies de anfibios (mas não de répteis) encontradas na área são conhecidas apenas para a região das Guianas: Anomaloglossus baeobatrachus, Colostethus spumaponens, Hyla dentei, Phrynohyas hadroceps, Eleutherodactylus chiastonotus. Espécies de interesse econômico ou cinegéticas Espécies de interesse médicoveterinário ou de risco para a saúde O jabuti Chelonoidis denticulata, o jacaré Caiman crocodilus e, em alguns lugares, o lagarto Iguana iguana são apreciados como alimento. O lagarto Uranoscodon superciliosus costumava ser comercializado seco no mercado Ver-o-Peso, em Belém, por supostas propriedades místicas, mas não sabemos se localmente essa espécie é explorada. Os Dendrobatidae Allobates femoralis e Epipedobates hahneli são apreciados como animais de terrrário, especialmente na Europa, Estados Unidos e Japão. Além do mais, esses anfíbios são de interesse farmacêutico, por possuírem diversas toxinas na pele. Igualmente de interesse farmacêutico são os sapos da família Bufonidae, por possuírem glândulas (paratóides) que produzem grandes quantidades de veneno, assim como a perereca Phyllomedusa bicolor, que secreta um veneno pela pele utilizado como alucinógeno pelos índios Tikuna da Amazônia ocidental (Brasil e Colômbia). Entre os ofídios peçonhentos, foram registrados na área a surucucu ou pico-de-jaca, Lachesis muta, e uma cobra-coral, Micrurus lemniscatus, mas outras espécies devem também estar presentes. A surucucu é a major epécie de serpente peçonhenta do Brasil e uma mordida dela pode ter consequências graves, podendo mesmo ser fatal. O eoncontro dessa serpente é apenas ocasional, exemplares sendo encontrados apenas de vez em quando, não sendo registradas em muitas campanhas de campo. A captura de dois exemplares numa expedição é um evento raro e pode significar que a populaçao de L. muta nessa área é relativamente alta. O jacaré Caiman crocodilus pode oferecer algum risco de ataque a seres humanos, mas são poucos os casos de ataque registrados. Ademais, há os anfíbios citados acima, que apresentam interesse farmacêutico. . Comparação entre os métodos Do total de espécies registradas, 41,5% o foram pelas armadilhas de interceptação e queda (AIQ), 87,7% pela procura ativa (PLT). Embora um maior número de espécies tenha sido registrado por PLT que por AIQ, os dois métodos mostraram-se complementares. Entre os anfíbios, 35,5% das espécies foram registradas por AIQ, 93,5% por PLT. Entre os répteis, PLT teve um desempenho equivalente a AIQ para amostrar as espécies de lagartos (respectivamente 76,2% e 71,4%). Para serpentes PLT obteve 90% das espécies, mas a única espécie obtida por AIQ não o foi por AIQ (Tabela 2.2, Figura 2.4). Espécies nova para a ciência Referências Uma espécie de sapo fossorial da família Microhylidae (Chiasmocleis sp.) provavelmente ainda não está descrita. Essa espécie, parecida a C. hudsoni, também foi encontrada em outros pontos amostrados nas expedições do projeto Calha Norte. Há também uma possível nova espécie de uma pequena Scinax encontrada na vegetação alagável da trilha 4. Avila-Pires, T.C.S., 1995. Lizards of Brazilian Amazonia (Reptilia: Squamata). Zoologische Verhandelingen Leiden, 299: 1- 706. Colwell, R.K., 2005. EstimateS: Statistical estimation of species richness and shared species from samples. Version 7.5. Sinauer Associates, Sunderland, Massachusetts. Avila-Pires, T.C.S., 2005. Reptiles. In: T. Hollowel & R.P Reynolds: Checklist of the terrestrial vertebrates of the Guiana Shield. Bulletin of the Biological Society of Washington, 13: 22-40. Colwell, R.K. & J.A. Coddington, 1994. Estimating terrestrial biodiversity through extrapolation. Philosophical transactions of the Royal Society (Series B) 345: 101-118. Avila-Pires, T.C.S., M.S. Hoogmoed & L.J. Vitt, 2007. Herpetofauna da Amazônia. In: L.B. Nascimento & M.E. Oliveira, Herpetologia no Brasil II. Sociedade Brasileira de Herpetologia, Belo Horizonte: 13-43. Corn, P.S., 1994. Straight line drift fences and pitfall traps. In: W.R. Heyer, M.A. Donnelly, R.W. McDiarmid, L.C. Hayek and M.S. Foster (Eds). 1994. Measuring and monitoring biological diversity: standard methods for amphibians: 109117. Smithsonian Institution Press, Washington. Outros novos registros Bartlett, R.D., & P. Bartlett, 2003. Reptiles and amphibiansof the Amazon. An ecotourist guide: 1-291. University Press of Florida, Gainesville. Duellman, W. E., 1978. The biology of an equatorial herpetofauna in Amazonian Ecuador. Miscellaneous Publications, Museum of Natural History, University of Kansas 65: 1-352. Boistel, R., J.-C. de Massary & A. Angulo, 2006. Description of A new species of the genus Adenomera (Amphibia, Anura, Leptodactylidae) from French Guiana. Acta Herpetologica 1: 1-14. Duellman, W.E., 1999. Distribution patterns of amphibians in South America. In: W.E. Duellman (ed.): Patterns of distribution of amphibians: a global perspective: 255-328. John Hopkins University Press, Baltimore. Cechin, S.Z. & M. Martins, 2000. Eficiência de armadilhas de queda (pitfall traps) em anfíbios e répteis no Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, 117 (3): 729-740. Duellman, W.E., 2005. Cusco Amazónico. The lives of amphibians and reptiles in an Amazonian forest: i-xv, 1-433. Comstock Publishing Association, Ithaca and London. Chippeaux, J.P., 1986. Les serpents de la Guyane française. Faune Tropicale 27: 1-165. Editions ORSTOM, Paris Franco, F.L., M.G. Salomão & P. Auricchio, 2002. Répteis. In: P. Auricchio, Manual de Técnicas e Preparação de Vertebrados: 77-121. Instituto Pau-Brasil de Historia Natural, São Paulo. Leptodactylus bolivianus é conhecido das Guianas, mas ainda não o era do Brasil até a expedição à FLOTA Trombetas (ver Figura 1, página VIII). Phrynohyas hadroceps tampouco é registrada para o Brasil, contudo nenhum exemplar foi coletado, a espécie tendo sido identificada apenas pelo canto. Scinax garbei é conhecido da parte oeste e central da bacia amazônica, no Brasil, mas ainda não havia sido registrado no Pará. Cole, C.J., & P.J.R. Kok, 2006. A new species of gekkonid lizard (Sphaerodactylinae: Gonatodes) from Guyana, South America. American Museum Novitates 3524:1–13. Gans, C., 1971. Redescription of three monotypic genera of amphisbaenians from South America: Aulura Barbour, Bronia Gray, and Mesobaena Mertens. American Museum Novitates, 2475: 1-32. Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 30 7 | Herpetofauna Gasc, J.P., & M.T. Rodrigues, 1980. Liste préliminaire des serpentsde la Guyane française. Bulletin Museum National d´Histoire Naturelle Paris 4e série,v. 2, section A (2): 5509-598. Gibbons, J.W. & R.D. Semlitsch, 1981. Terrestrial drift fences with pitfall traps: an effective technique for quantitative sampling of animal populatuions. Brimleyana 7: 1-16. Greenberg, C.H., D.G. Neary, &. L.D Harris, 1994. A comparison of herpetofaunal sampling effectiveness of pitfall, single-ended, and double-ended funnel traps used with drift fences. Journal of Herpetology 28: 319-324. Haller, E.C.P. & M.T. Rodrigues. 2005. Podocnemis unifilis (Yellow-spotted River Turtle). Nests and Nesting. Herpetological Review, 36 (1): 60. Haller, E.C.P. & M.T. Rodrigues. 2006. Reproductive biology of the Amazonian Turtle Podocnemis sextuberculata (Testudinata: Pelomedusidae) in the Biological Reserve of Rio Trombetas, Pará, Brazil. Chelonian Conservation and Biology, 5: 280-284. Heyer, W.R., 1995. South American rocky habitat Leptodactylus (Amphibia: Anura: Leptodactylidae) with description of two new species. Proceedings of the Biological Society of Washington 108(4): 695-716. Hoogmoed, 1969a. Notes on the fauna of Surinam II. – On the occurrence of Allophryne ruthveni Gaige (Amphibia, Salientia, Hylidae) in Surinam. Zoologische Mededelingen Leiden 44(5): 75-81. Hoogmoed, M.S. 1969b. Notes on the herpetofauna of Surinam III. – A new species of Dendrobates (Amphibia Salientia, Dendrobatidae) from Surinam. Zoologische Mededelingen Leiden 44(9): 133-141 Hoogmoed, M.S. 1973. Notes on the herpetofauna of Surinam. IV. The lizards and amphisbaenians of Surinam. Biogeographica 4: 1-417. Dr. W. Junk Publishers, The Hague. Hoogmoed, M.S., 1979a. The herpetofauna of the Guianan region. In: W.E. Duellman (ed.): The South American herpetofauna: its origin, evolution and dispersal. Museum of Natural History The University of Kansas Monographs 7: 241-279. Hoogmoed, M.S., 1979b. Resurrection of Hyla ornatissima Noble (Amphiobia, Hylidae) and remarks on related speciesof green tree frogs from the Guiana area. Notes on the herpetofauna of Surinam VI. Zoologische Verhandelingen Leiden 172: 1-46. Hoogmoed, M.S., 1980. Revision of the genus Atractus in Surinam, with the resurrection of two species (Reptilia, Colubridae). Notes on the herpetofauna of Surinam VII. Zoologische Verhandelingen Leiden 175: 1-47. Hoogmoed, M.S., 1983 [1982]. Snakes of the Guianan Region. Memórias do Instituto Butantan 46: 219-254. Hoogmoed, M.S., & T.C.S. Pires, 1989. Observations on the nocturnal activity of lizards in a marshy area in Serra do Navio, Brazil. Tropical Zoology 2:165-173. Hoogmoed, M.S., & T.C.S. Avila-Pires, 1991a. A new species of Amphisbaena (Reptilia: Amphisbaenia: Amphisbaenidae) from western Amazonian Brazil. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Zoologia 7(1): 77-94. Hoogmoed, M.S. & T.C.S. Avila-Pires, 1991b. Annotated checklist of the herpetofauna of Petit Saut, Sinnamary River, French Guiana. Zoologische Mededelingen Leiden 65(5): 53-88. 33 7 | Herpetofauna Hoogmoed, M.S. & T.C.S. Avila Pires, 1992. Studies on the species of the South American lizard genus Arthrosaura Boulenger (Reptilia: Sauria: Teiidae), with the resurrection of two species. Zoologische Mededelingen Leiden 66(35): 453-484 Hoogmoed, M.S., & J. Lescure, 1975. An annotated checklist of the lizards of French Guiana, mainly based on two recent collections. Zoologische Mededelingen Leiden 49(13): 141-171. Hoogmoed, M.S., R.R. Pinto, W.A. Rocha, & E.G. Pereira. A new species of Mesobaena Mertens, 1925 (Squamata: Amphisbaenidae) from Brazilian Guiana, with a key to the Amphisbaenidae of the Guianan region. Herpetologica (no prelo). Jones, K.B., 1981. Effects of grazing on lizard abundance and diversity in western Arizona. – Southwestern Naturalist 26: 107-115. Kok, P.J.R., 2005. A new genus and species of gymnophthalmid lizard (Squamata: Gymnophthalmidae) from Kaieteur National Park, Guyana. Bulletin de l´Institut Royal des Sciences Naturelles de Belgique, Biologie 75: 35-45. Kok, P.J.R., 2006a. A new species of Hypsiboas (Amphibia: Anura: Hylidae) from Kaieteur National Park, eastern edge of the Pakaraima Mountains, Guyana. Bulletin de l’Institut Royal des Sciences naturelles de Belgique, Biologie 76: 191–200. Kok, P.J.R., 2006b. A new snake of the genus Atractus Wagler, 1828 (Reptilia: Squamata: Colubridae) from Kaieteur National Park, Guyana, northeastern South America. Zootaxa 1378: 19–35. Kok, P.J.R., 2008a. A new highland species of Arthrosaura Boulenger, 1885 (Squamata: Gymnophthalmidae) from Maringma tepui on the border of Guyana and Brazil. Zootaxa 1909: 1-15. Kok, P.J.R., 2008b. Lizard in the clouds: a new highland genus and species of Gymnophthalmidae (Reptilia: Squamata) from Maringma tepui, western Guyana Zootaxa 1992: 53-67. Kok, P.J.R., 2009. A new species of Oreophrynella (Anura: Bufonidae) from the Pantepui region of Guyana, with notes on O. macconnelli Boulenger, 1900. Zootaxa 2071: 35–49., Kok, P.J.R. & S. Castroviejo-Fisher, 2008. Glassfrogs (Anura: Centrolenidae) of Kaieteur National Park, Guyana, with notes on the distribution and taxonomy of some species of the family in the Guiana Shield. Zootaxa 1680: 25-53 Kok, P.J.R. & R. Ernst, 2007. A new species of Allobates (Anura: Aromobatidae: Allobatinae) exhibiting a novel reproductive behaviour. Zootaxa 1555: 21-38. Kok, P.J.R. & M. Kalamandeen. 2008. Introduction to the taxonomy of the amphibians of Kaieteur National Park, Guyana. Abc Taxa, 5: 1-278, Brussels. Kok, P.J.R., M.N.C., Kokubum, R.D. MacCulloch, & A. Lathrop, 2007. Morphological variation in Leptodactylus lutzi (Heyer, 1975) (Anura: Leptodactylidae) with description of its advertisement call and notes on its courtship behavior. Phyllomedusa 6(1): 45-60. Kok, P.J.R., R.D., MacCulloch, P. Gaucher, E.H.Poelman, G.R. Bourne, A. Lathrop, & G.L. Lenglet, 2006a. A new species of Colostethus (Anura: Dendrobatidae) from French Guiana with a redescription of Colostethus beebei (Noble, 1923) from its type locality. Phyllomedusa 5(1): 43-66. Kok, P.J.R., H. Sambhu, I. Roopsind, G.L. Lenglet, & G.R. Bourne. 2006. A new species of Colostethus (Anura: Dendrobatidae) with maternal care from Kaieteur National Park, Guyana. Zootaxa 1238 : 35–61. Myers, C.W., & A.S. Rand, 1969. Checklist of amphibians and reptiles of Barro Colorado Island, with comments on faunal change and sampling. Smithsonian Contributions to Zoology 10: 1-1. Lathrop, A., & R.D. MacCulloch. 2007. A new species of Oreophrynella (Anura: Bufonidae) from the highlands of Guyana. Herpetologica 63: 87–93. Pritchard, P.C.H. & P. Trebbau. 1984. The turtles of Venezuela: 1-399. Society for the Study of Amphibians and Reptiles. Lescure, J., & C. Marty, 2000. Atlas des amphibiens de Guyane. Patrimoines Naturels 45: 1-388. Ribeiro-Junior., M.A., T.A. Gardner, & T.C.S. Avila-Pires, 2008. Evaluating the effectiveness of herpetofaunal sampling techniques across a gradient of habitat change in a tropical forest landscape. Journal of Herpetology 42(4): 733-749. Lima, A.P., W.E. Magnusson, M. Menin, L.K.Erdmann, D.J. Rodrigues, C. Keller & W. Hödl, 2006. Guia de sapos da Reserva Adolpho Ducke, Amazônia Central: 1-168. INPA, Manaus. MacCulloch, R.D. & A. Lathrop. 2001. A new species of Arthrosaura (Sauria: Teiidae) from the highlands of Guyana. Caribbean Journal of Science 37: 174–181. MacCulloch, R.D., & A. Lathrop. 2002. Exceptional diversity of Stefania (Anura: Hylidae) on Mount Ayanganna, Guyana: three new species and new distribution records. Herpetologica 58: 327–346. MacCulloch, R.D., & A. Lathrop. 2004. A new species of Dipsas (Squamata: Colubridae) from Guyana. Revista de Biología Tropical 52: 239–247. MacCulloch, R.D., & A. Lathrop. 2005. Hylid frogs from Mount Ayanganna, Guyana: new species, redescriptions, and distributional records. Phyllomedusa 4: 17–37. MacCulloch, R.D., A. Lathrop P.J.R.,, Kok, L.R. Minter, S.Z. Khan, & C.L. Barrio-Amorós. 2008. A new species of Adelophryne (Anura: Eleutherodactylidae) from Guyana, with additional description of A. gutturosa. Zootaxa 1884: 36-50. Martins, M. & M.E. Oliveira. 1998. Natural history of snakes in forests of the Manaus region, Central Amazonia, Brazil. Herpetological Natural History 6 (2): 78-150. Medem, F. 1983. Los Crocodylia de Sur America. Volumen II: 1-270. Universidade Nacional de Colombia & Colciencias, Bogotá. Rueda-Almonacid, J.V., J.L. Carr, R.A. Mittermeier, J.V. Rodríguez-Mahecha, R.B. Mast, R.C. Vogt, A.G.J. Rhodin, J. Ossa-Velásquez, J.N. Rueda & C.G. Mittermeier. 2007. Las Tortugas y los cocodrilianos de los países andinos del trópico: 1-537. Serie Guías Tropicales de Campo, Conservación Internacional, Bogotá. Santos, A.J. 2003. Estimativas de Riqueza em espécies: pp. 19-41. In: Culler Jr, L., R. Rudran e C. Valladares-Pádua (orgs.). Métodos de estudo em biologia da conservação e manejo da vida silvestre. Ed. da Universidade Federal do Paraná, Curitiba. Señaris, J.C. & R. MacCulloch. 2005. Amphibians. In: T. Hollowel & R.P Reynolds, Checklist of the terrestrial vertebrates of the Guiana Shield. Bulletin of the Biological Society of Washington 13: 9-23. Starace, F., 1998. Guide des serpents et amphisbènes de Guyane: 1-449. Ibis Rouge Editions, Guyane. Vitt, L.J., W.E. Magnusson, T.C.S. de Ávila-Pires & A.P. Lima, 2008. Guia de lagartos da Reserva Adolpho Ducke, Amazônia Central: 1-175. INPA, Manaus. Vogt, R.C. 1994. Reproduction of the cabeçudo, Peltocephalus dumerilianus, in the Biological Reserve of Rio Trombetas, Brazil. Chelonian Conservation and Biology, 1: 159-162. Vogt, R.C. 2008. Amazon turtles: 1-104. Grafica Biblio, Lima. Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 32 8 Avifauna Introdução O Centro de Endemismo Guiana (daqui em diante CE Guiana) é o maior da Amazônia, com área superior a 1.7 milhões de km2 (Silva et al., 2005). O conhecimento sobre a avifauna desta região é ainda altamente heterogêneo: algumas localidades, como aquelas situadas nas proximidades de Manaus, estão entre as mais bem conhecidas de toda a Amazônia (Cohn-Haft et al., 1997), enquanto outras mais distantes da costa, dos grandes rios e estradas são praticamente desconhecidas (Milensky et al., 2005). No contexto do projeto para a elaboração dos planos de manejo de cinco recentes unidades de conservação contíguas criadas no norte do estado do Pará, que formam em conjunto o “Corredor de Biodiversidade do Norte do Pará” (Figura 1 na página VIII), são apresentados aqui os dados relativos a um Inventário Ecológico Rápido (RAP) do grupo Aves para a REBIO Maicuru, uma das unidades que compõe o referido mosaico. Objetivos 1. Realizar o inventário da avifauna da REBIO Maicuru, com a formação de uma coleção de referência de espécimes e vocalizações das espécies que ocorrem na unidade; 2.Identificar espécies de aves de especial interesse para a conservação que ocorrem na REBIO Maicuru e avaliar sua representatividade na unidade; 3.Caracterizar a avifauna associada a cada um dos principais ambientes da REBIO Maicuru amostrados, fornecendo assim informações para a consolidação do plano de manejo da unidade. Material e métodos No período de 22 de outubro a 5 de novembro de 2008, realizamos levantamentos qualitativos de avifauna na REBIO Maicuru ao longo de transecções distribuídas em três tipos de ambientes principais: 1) floresta de terra-firme primária; 2) floresta ripária (igapó) com predomínio de bambús e 3) rios e lagos. Os levantamentos foram realizados num raio de cerca de 10 km nas imediações de uma área focal remota situada no norte do município de Almeirim, Pará (00o49’N; 53o55’W; ver figuras 2, 3 e 4). O levantamento qualitativo consistiu em caminhadas diurnas e noturnas através de ambientes e vegetações distintos na área de estudo com o objetivo de registrar as aves presentes a partir de con- 35 8 | Avifauna tatos visuais e auditivos. O esforço de amostragem total deste levantamento foi de aproximadamente 150 h. Durante este levantamento, diversas espécies de aves observadas foram documentadas com a gravação digital de suas vocalizações por um gravador Marantz® PMD 670 acoplado a um microfone direcional Sennheiser® ME-88. Estimativas relativas de abundância para as diferentes espécies registradas foram obtidas através do método “Listas de 20 espécies”, onde os registros ornitológicos são agrupados em sucessivas listas de 20 espécies; nesse método, a primeira lista consiste das primeiras 20 espécies observadas, a segunda lista inclui as próximas 20 espécies (que pode ou não conter espécies já registradas na lista anterior) e assim sucessivamente (Herzog et al., 2002). Ao final da amostragem, a porcentagem em que cada espécie é registrada no total de listas independentes compiladas é interpretada como um indicativo direto da sua abundância na área. Foram utilizadas redes de neblina de 12 x 2 m para a captura de aves com o objetivo de complementar o levantamento qualitativo descrito acima. A cada dia de amostragem, redes instaladas nas proximidades dos mesmos transectos percorridos durante o levantamento qualitativo permaneciam abertas durante a manhã por um período de pelo menos 6 horas (geralmente entre 6:00 – 12:00 hs). Um total de 20 redes de neblina foi utilizado ao longo de 12 dias, permitindo o acúmulo de um esforço total de amostragem de aproximadamente 1.500 h / rede. O levantamento qualitativo baseado nas “Listas de 20 espécies” e aquele baseado em capturas com redes de neblina foram utilizados em conjunto para maximizar a amostragem da comunidade de aves da REBIO Maicuru. Enquanto o levantamento baseado nas “Listas de 20 espécies” é extremamente importante para o registro de espécies dos estratos médio e superior da floresta (geralmente não capturadas pelas redes), sua principal limitação é a grande dependência de registros auditivos com as diferentes espécies, que diminuem sensivelmente em freqüência durante a estação chuvosa. Por outro lado, embora as capturas com redes de neblina sejam quase que exclusivamente direcionadas a apenas uma parcela da comunidade (espécies de subosque), ela independe da intensidade das manifestações vocais da avifauna, desse modo compensando a principal deficiência do levantamento baseado em registros auditivos e visuais, particularmente durante o período chuvoso. Parte igualmente importante do inventário da avifauna local foi a coleta de espécimes testemunho de algumas espécies registradas visualmente e/ou gravadas, notadamente aquelas de difícil identificação e de ocorrência previamente não documentada na região. As coletas foram realizadas com o auxílio de redes de neblina e uma espingarda calibre 16. Para cada espécime coletado, os seguintes dados foram registrados durante sua dissecação: localidade de coleta (com coordenadas obtidas a partir de GPS), peso, estágio na muda de penas, sexo, tamanho das gônadas, presença ou ausência da bursa de Fabricius, grau de ossificação do crânio, quantidade de gordura, cor da íris e partes nuas e finalmente habitat e estrato da vegetação onde o espécime foi coletado. Para cada espécime coletado, uma amostra de tecido foi também preservada em álcool etílico absoluto imediatamente após o sacrifício do animal. Geralmente, essas amostras incluíram partes do fígado, coração e músculo peitoral. Todos os espécimes coletados foram depositados na coleção ornitológica do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) em Belém, Pará. As coletas foram autorizadas pela licença 001/2008, emitida pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente – SEMA-PA. Resultados e Discussão Registramos um total de 302 espécies de aves nos diferentes ambientes amostrados da REBIO Maicuru ao longo de 181 “Listas de 20 espécies” (Figura 3.1). A Tabela 3.1 contém a lista de espécies de aves observadas (nomes científico e popular) na área de estudo, juntamente com: 1) uma estimativa das suas abundâncias relativas obtidas com base no método “Listas de 20 espécies”; 2) o(s) ambiente(s) predominantes em que foram observadas e 3) o(s) tipo(s) de documentação obtido(s) para algumas delas (gravação de vocalizações e/ ou coleta de espécimes testemunho). Tabela 3.1 - Lista sistemática das espécies de aves registradas por um levantamento qualitativo de 150 horas de observação na REBIO Maicuru, Almeirim, estado do Pará, entre 22 de outubro a 5 de novembro de 2008. Inclui também espécies capturadas em redes de neblina durante um esforço de 1.500 h / rede. Nomenclatura e nomes populares seguem CBRO (2008). Família e espécie Nome popular A1 F2 D3 Tinamus major (Gmelin, 1789) * C 4 inhambu-de-cabeça-vermelha C FT C (1) Crypturellus cinereus (Gmelin, 1789) inhambu-preto F FT, I Crypturellus erythropus (Pelzeln, 1863) * DL inhambu-de-perna-vermelha R I G Crypturellus variegatus (Gmelin, 1789) inhambu-anhangá F FT C (4) pato-do-mato R R TINAMIDAE (4) ANATIDAE (1) Cairina moschata (Linnaeus, 1758) * C CRACIDAE (4) Ortalis motmot (Linnaeus, 1766) aracuã-pequeno I FT, I Penelope marail (Statius Muller, 1776) * C, EN jacumirim F FT, I Aburria cumanensis (Jacquin, 1784) * C jacutinga-de-garganta-azul R I Crax alector Linnaeus, 1766 * C mutum-poranga F FT, I C (1), G uru-corcovado I FT C (1) biguatinga R R socó-boi R I, R Cathartes melambrotus Wetmore, 1964 urubu-da-mata R FT, I, R Sarcoramphus papa (Linnaeus, 1758) urubu-rei R FT Elanoides forficatus (Linnaeus, 1758) gavião-tesoura R FT, I Buteogallus urubitinga (Gmelin, 1788) gavião-preto R I Morphnus guianensis (Daudin, 1800) * IUCN uiraçu-falso R FT Spizaetus tyrannus (Wied, 1820) gavião-pega-macaco R FT Spizaetus ornatus (Daudin, 1800) gavião-de-penacho I FT, I ODONTOPHORIDAE (1) Odontophorus gujanensis (Gmelin, 1789) ANHINGIDAE (1) Anhinga anhinga (Linnaeus, 1766) ARDEIDAE (1) Tigrisoma lineatum (Boddaert, 1783) CATHARTIDAE (2) ACCIPITRIDAE (5) C (1) G Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 34 8 | Avifauna Família e espécie Nome popular A1 F2 gavião-de-anta I I, R D3 Ibycter americanus (Boddaert, 1783) gralhão F FT Daptrius ater Vieillot, 1816 gavião-de-anta I I, R Ibycter americanus (Boddaert, 1783) gralhão F FT Herpetotheres cachinnans (Linnaeus, 1758) acauã R I Micrastur ruficollis (Vieillot, 1817) falcão-caburé I FT Micrastur gilvicollis (Vieillot, 1817) falcão-mateiro I FT Micrastur mirandollei (Schlegel, 1862) tanatau R FT Micrastur semitorquatus (Vieillot, 1817) falcão-relógio R FT Nome popular A1 F2 Falco rufigularis Daudin, 1800 cauré R FT, I jacamim-de-costas-cinzentas F FT, I D3 anu-preto R I, R Megascops choliba (Vieillot, 1817) corujinha-do-mato R I Megascops watsonii (Cassin, 1849) corujinha-orelhuda F FT Lophostrix cristata (Daudin, 1800) coruja-de-crista I FT Strix virgata (Cassin, 1849) coruja-do-mato R FT Glaucidium hardyi Vielliard, 1990 caburé-da-amazônia F FT, I Nyctibius grandis (Gmelin, 1789) mãe-da-lua-gigante R I Nyctibius leucopterus (Wied, 1821) urutau-de-asa-branca R FT Lurocalis semitorquatus (Gmelin, 1789) tuju I FT Nyctidromus albicollis (Gmelin, 1789) bacurau I R C (2) Hydropsalis climacocerca (Tschudi, 1844) acurana I R C (1) andorinhão I FT, I Threnetes niger (Linnaeus, 1758) * EN balança-rabo-escuro R FT, I Phaethornis ruber (Linnaeus, 1758) rabo-branco-rubro I FT C (1) Phaethornis bourcieri (Lesson, 1832) rabo-branco-de-bico-reto R FT C (1) Phaethornis superciliosus (Linnaeus, 1766) rabo-branco-de-bigodes C FT C (5) Campylopterus largipennis (Boddaert, 1783) asa-de-sabre-cinza R FT, I STRIGIDAE (5) C (1) C (1) C (1) C (1) G G NYCTIBIIDAE (2) CAPRIMULGIDAE (3) PSOPHIIDAE (1) Psophia crepitans Linnaeus, 1758 * EN Família e espécie Crotophaga ani Linnaeus, 1758 FALCONIDAE (8) Daptrius ater Vieillot, 1816 37 8 | Avifauna C (1) RALLIDAE (2) APODIDAE (1) Aramides cajanea (Statius Muller, 1776) saracura-três-potes R I Laterallus viridis (Statius Muller, 1776) sanã-castanha R R maçarico-solitário R R Columbina passerina (Linnaeus, 1758) rolinha-cinzenta R R Columbina talpacoti (Temminck, 1811) rolinha-roxa R R Patagioenas speciosa (Gmelin, 1789) pomba-trocal I I Patagioenas plumbea (Vieillot, 1818) pomba-amargosa F FT, I Florisuga mellivora (Linnaeus, 1758) beija-flor-azul-de-rabo-branco F FT, I C (2) Patagioenas subvinacea (Lawrence, 1868) pomba-botafogo F FT, I Thalurania furcata (Gmelin, 1788) beija-flor-tesoura-verde F FT, I C (1) Hylocharis sapphirina (Gmelin, 1788) beija-flor-safira I FT G Trogon melanurus Swainson, 1838 surucuá-de-cauda-preta F FT, I Trogon viridis Linnaeus, 1766 surucuá-grande-de-barriga-amarela F FT, I Chaetura sp. 5 TROCHILIDAE (8) SCOLOPACIDAE (1) Tringa solitaria Wilson, 1813 * M COLUMBIDAE (8) Leptotila verreauxi Bonaparte, 1855 juriti-pupu I FT, I Leptotila rufaxilla (Richard & Bernard, 1792) juriti-gemedeira F FT, I Geotrygon montana (Linnaeus, 1758) pariri I FT C (1) C (1) TROGONIDAE (4) C (1) PSITTACIDAE (16) Ara ararauna (Linnaeus, 1758) arara-canindé I FT, I Trogon violaceus Gmelin, 1788 surucuá-violáceo I FT, I Ara chloropterus Gray, 1859 arara-vermelha-grande C FT, I Trogon collaris Vieillot, 1817 surucuá-de-coleira I FT Ara severus (Linnaeus, 1758) maracanã-guaçu F FT, I Aratinga leucophthalma (Statius Muller, 1776) periquitão-maracanã I FT, I Megaceryle torquata (Linnaeus, 1766) martim-pescador-grande I R C (1) ALCEDINIDAE (5) Pyrrhura picta (Statius Muller, 1776) * EN tiriba-de-testa-azul I FT Chloroceryle amazona (Latham, 1790) martim-pescador-verde R R Forpus modestus (Cabanis, 1848) tuim-de-bico-escuro R FT Chloroceryle aenea (Pallas, 1764) martinho I I Brotogeris chrysoptera (Linnaeus, 1766) periquito-de-asa-dourada C FT, I Chloroceryle americana (Gmelin, 1788) martim-pescador-pequeno R R Touit huetii (Temminck, 1830) apuim-de-asa-vermelha R FT Chloroceryle inda (Linnaeus, 1766) martim-pescador-da-mata R I Touit purpuratus (Gmelin, 1788) apuim-de-costas-azuis F FT Pionites melanocephalus (Linnaeus, 1758) marianinha-de-cabeça-preta I FT, I udu-de-coroa-azul F FT, I G MOMOTIDAE (1) Momotus momota (Linnaeus, 1766) GALBULIDAE (5) Pyrilia caica (Latham, 1790) * EN curica-caica I FT G Pionus menstruus (Linnaeus, 1766) maitaca-de-cabeça-azul C FT, I C (2) Brachygalba lugubris (Swainson, 1838) ariramba-preta I I, R C (1), G C (3) Pionus fuscus (Statius Muller, 1776) maitaca-roxa F FT, I C (1), G Galbula albirostris Latham, 1790 ariramba-de-bico-amarelo I FT, I Amazona amazonica (Linnaeus, 1766) curica F FT, I G Galbula leucogastra Vieillot, 1817 ariramba-bronzeada I I G Galbula dea (Linnaeus, 1758) ariramba-do-paraíso F FT, I Jacamerops aureus (Statius Muller, 1776) jacamaraçu I FT Notharchus macrorhynchos (Gmelin, 1788) * EN macuru-de-testa-branca I FT, I Notharchus tectus (Boddaert, 1783) macuru-pintado I FT, I Bucco tamatia Gmelin, 1788 rapazinho-carijó R FT Amazona farinosa (Boddaert, 1783) papagaio-moleiro F FT, I Deroptyus accipitrinus (Linnaeus, 1758) anacã F FT, I Coccycua minuta (Vieillot, 1817) chincoã-pequeno R I Piaya cayana (Linnaeus, 1766) alma-de-gato F FT, I Piaya melanogaster (Vieillot, 1817) chincoã-de-bico-vermelho R FT Crotophaga major Gmelin, 1788 anu-coroca R I, R BUCCONIDAE (6) CUCULIDAE (5) Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 36 Família e espécie Nome popular A1 F2 D3 Terenura spodioptila Sclater & Salvin, 1881 zidedê-de-asa-cinza I FT G FT, I Cercomacra cinerascens (Sclater, 1857) chororó-pocuá I FT, I R Cercomacra tyrannina (Sclater, 1855) chororó-escuro I I Cercomacra nigrescens (Cabanis & Heine, 1859) chororó-negro R I I FT, I Myrmoborus leucophrys (Tschudi, 1844) papa-formiga-de-sobrancelha R I Hypocnemis cantator (Boddaert, 1783) * EN cantador-da-guiana F FT, I C (5) F FT, I Hypocnemoides melanopogon (Sclater, 1857) solta-asa-do-norte I I C (2) Nome popular A1 F2 D3 Malacoptila fusca (Gmelin, 1788) barbudo-pardo R FT G Monasa atra (Boddaert, 1783) * EN chora-chuva-de-asa-branca F Chelidoptera tenebrosa (Pallas, 1782) urubuzinho R capitão-de-bigode-carijó tucano-grande-de-papo-branco CAPITONIDAE (1) RAMPHASTIDAE (5) Ramphastos tucanus Linnaeus, 1758 Família e espécie THAMNOPHILIDAE (35) BUCCONIDAE (6) Capito niger (Statius Muller, 1776) * EN 39 8 | Avifauna 8 | Avifauna Ramphastos vitellinus Lichtenstein, 1823 tucano-de-bico-preto F FT, I Percnostola rufifrons (Gmelin, 1789) * EN formigueiro-de-cabeça-preta F FT, I C (4) Selenidera piperivora (Linnaeus, 1766) * EN araçari-negro I FT, I Schistocichla leucostigma (Pelzeln, 1868) formigueiro-de-asa-pintada R FT, I G Pteroglossus viridis (Linnaeus, 1766) * EN araçari-miudinho I FT, I I FT, I C (5) araçari-de-bico-branco F FT, I Myrmeciza ferruginea ferruginea (Statius Muller, 1776) * EN formigueiro-ferrugem Pteroglossus aracari (Linnaeus, 1758) Myrmeciza atrothorax (Boddaert, 1783) formigueiro-de-peito-preto R I Picumnus exilis (Lichtenstein, 1823) pica-pau-anão-de-pintas-amarelas I FT, I Myrmornis torquata (Boddaert, 1783) pinto-do-mato-carijó R FT C (2), G Melanerpes cruentatus (Boddaert, 1783) benedito-de-testa-vermelha R FT Pithys albifrons (Linnaeus, 1766) papa-formiga-de-topete F FT, I C (4) Veniliornis cassini (Malherbe, 1862) * EN pica-pau-de-colar-dourado I FT, I Gymnopithys rufigula (Boddaert, 1783) * EN mãe-de-taoca-degarganta-vermelha F FT, I C (3) Hylophylax naevius (Gmelin, 1789) guarda-floresta I FT, I C (3) Willisornis poecilinotus (Cabanis, 1847) rendadinho I FT, I C (2) Grallaria varia (Boddaert, 1783) tovacuçu I FT Hylopezus macularius (Temminck, 1823) torom-carijó I FT C (1), G Myrmothera campanisona (Hermann, 1783) tovaca-patinho I FT G galinha-do-mato F FT, I C (3) I FT, I C (1) PICIDAE (13) Piculus flavigula (Boddaert, 1783) pica-pau-bufador I FT, I Piculus chrysochloros (Vieillot, 1818) pica-pau-dourado-escuro R I Colaptes rubiginosus (Swainson, 1820) * DL pica-pau-oliváceo R FT Celeus undatus (Linnaeus, 1766) pica-pau-barrado F FT, I Celeus elegans (Statius Muller, 1776) pica-pau-chocolate R FT Celeus flavus (Statius Muller, 1776) pica-pau-amarelo R FT, I Celeus torquatus (Boddaert, 1783) pica-pau-de-coleira R FT Dryocopus lineatus (Linnaeus, 1766) pica-pau-de-banda-branca R FT, I Campephilus rubricollis (Boddaert, 1783) pica-pau-de-barriga-vermelha F FT, I Campephilus melanoleucos (Gmelin, 1788) pica-pau-de-topete-vermelho R FT, I Cymbilaimus lineatus (Leach, 1814) papa-formiga-barrado I FT, I Frederickena viridis (Vieillot, 1816) * EN borralhara-do-norte R FT Taraba major (Vieillot, 1816) choró-boi R I, R C (2), G C (1) GRALLARIIDAE (3) G FORMICARIIDAE (2) Formicarius colma Boddaert, 1783 Formicarius analis (d'Orbigny & Lafresnaye, 1837) pinto-do-mato-de-cara-preta SCLERURIDAE (3) THAMNOPHILIDAE (35) C (1) Sclerurus mexicanus Sclater, 1857 vira-folha-de-peito-vermelho I FT, I C (2) Sclerurus rufigularis Pelzeln, 1868 vira-folha-de-bico-curto I FT, I C (3) Sclerurus caudacutus (Vieillot, 1816) vira-folha-pardo R FT C (2) Dendrocincla fuliginosa (Vieillot, 1818) arapaçu-pardo F FT, I C (2) Dendrocincla merula (Lichtenstein, 1829) arapaçu-da-taoca I FT C (1) G DENDROCOLAPTIDAE (14) Thamnophilus murinus Sclater & Salvin, 1868 choca-murina I FT, I Thamnophilus punctatus (Shaw, 1809) choca-bate-cabo R I Thamnophilus melanothorax Sclater, 1857 * EN choca-de-cauda-pintada R FT, I C (1), G R FT choca-canela R I C (1) Deconychura longicauda longicauda (Pelzeln, 1868) * EN arapaçu-rabudo Thamnophilus amazonicus Sclater, 1858 Thamnomanes ardesiacus (Sclater & Salvin, 1867) uirapuru-de-garganta-preta F FT, I C (5) Sittasomus griseicapillus (Vieillot, 1818) arapaçu-verde R FT Glyphorynchus spirurus (Vieillot, 1819) arapaçu-de-bico-de-cunha F FT, I C (4) Thamnomanes caesius (Temminck, 1820) ipecuá F FT, I C (4) Dendrexetastes rufigula (Lesson, 1844) arapaçu-galinha I FT, I C (1) Epinecrophylla gutturalis (Sclater & Salvin, 1881) * EN choquinha-de-barriga-parda I FT C (5) Dendrocolaptes certhia (Boddaert, 1783) arapaçu-barrado F FT, I C (1) Myrmotherula brachyura (Hermann, 1783) choquinha-miúda I FT, I G Dendrocolaptes picumnus Lichtenstein, 1820 arapaçu-meio-barrado I FT Myrmotherula surinamensis (Gmelin, 1788) * EN choquinha-estriada I I Dendroplex picus (Gmelin, 1788) arapaçu-de-bico-branco I I, R Myrmotherula guttata (Vieillot, 1825) * EN choquinha-de-barriga-ruiva I FT, I Xiphorhynchus pardalotus (Vieillot, 1818) * EN arapaçu-assobiador F FT, I C (5), G C (4) Xiphorhynchus obsoletus (Lichtenstein, 1820) arapaçu-riscado R I C (3) Myrmotherula axillaris (Vieillot, 1817) choquinha-de-flanco-branco I FT, I C (2) Xiphorhynchus guttatus (Lichtenstein, 1820) arapaçu-de-garganta-amarela I I G Myrmotherula longipennis Pelzeln, 1868 choquinha-de-asa-comprida F FT, I C (2) Lepidocolaptes albolineatus albolineatus (Lafresnaye, 1845) * EN arapaçu-de-listras-brancas I FT, I C (1) Campylorhamphus procurvoides procurvoides (Lafresnaye, 1850) * EN arapaçu-de-bico-curvo I FT, I C (1), G Myrmotherula menetriesii (d'Orbigny, 1837) choquinha-de-garganta-cinza F FT, I C (4) Herpsilochmus sticturus Salvin, 1885 * EN chorozinho-de-cauda-pintada C FT, I G Herpsilochmus stictocephalus Todd, 1927 * EN chorozinho-de-cabeça-pintada F FT Microrhopias quixensis microstictus (Berlepsch, 1908) * EN papa-formiga-de-bando I I C (2) Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 38 40 8 | Avifauna 41 8 | Avifauna 60 Estimadores de Riqueza - Anfíbios Synallaxis macconnelli Chubb, 1919 * EN Cranioleuca gutturata (d'Orbigny & Lafresnaye, 1838) A1 F2 D3 joão-escuro 30 joão-pintado I I C (3), G R I C (1), G 50 Família e espécie 20 limpa-folha-de-sobre-ruivo I FT C (3), G Philydor pyrrhodes (Cabanis, 1848) limpa-folha-vermelho R FT, I C (2) Automolus infuscatus (Sclater, 1856) 10 barranqueiro-pardo I FT C (5) Automolus rubiginosus obscurus (Pelzeln, 1859) * EN R FT C (1) Automolus rufipileatus (Pelzeln, 1859) barranqueiro-ferrugem 0 1 3 5 barranqueiro-de-coroa-castanha I7 I 9 C11 (4), G Xenops minutus (Sparrman, 1788) bico-virado-miúdo Espécies Observadas Jack 1 Jack 2 Bootstrap 13 I de amostras FT, I C (1) número Mionectes oleagineus (Lichtenstein, 1823) abre-asa R FT C (3) Mionectes macconnelli (Chubb, 1919) abre-asa-da-mata R FT, I C (1) Leptopogon amaurocephalus Tschudi, 1846 cabeçudo R I G Corythopis torquatus (Tschudi, 1844) estalador-do-norte I FT, I C (2) Lophotriccus vitiosus (Bangs & Penard, 1921) maria-fiteira Hemitriccus zosterops (Pelzeln, 1868) maria-de-olho-branco 60 I FT Myiornis ecaudatus (d'Orbigny & Lafresnaye, 1837) caçula I FT, I número de espécies Hemitriccus josephinae (Chubb, 1914) * EN I FT, I G Estimadores de Riqueza - Répteis caga-sebinho-de-penacho I FT, I C (1), G 70 maria-bicudinha I FT, I C (4), G 50 bem-te-vi-da-copa Tyrannopsis sulphurea (Spix, 1825) suiriri-de-garganta-rajada Tyrannus melancholicus Vieillot, 1819 30 suiriri Rhytipterna simplex (Lichtenstein, 1823) vissiá Sirystes sibilator 20 (Vieillot, 1818) gritador Myiarchus tuberculifer (d'Orbigny & Lafresnaye, 1837) 10 (Gmelin, 1789) Myiarchus ferox Ramphotrigon ruficauda (Spix, 1825) 0 Attila cinnamomeus (Gmelin, 1789) FT G R FT G R FT Myiopagis gaimardii (d'Orbigny, 1839) maria-te-viu 20 maria-pechim I FT, I Myiopagis caniceps (Swainson, 1835) 10 guaracava-cinzenta R FT, I Myiopagis flavivertex (Sclater, 1887) R I Ornithion inerme Hartlaub, 1853 guaracava-de-penacho-amarelo 0 poiaeiro-de-sobrancelha 1 2 3 4 5 Camptostoma obsoletum (Temminck, 1824) risadinha Zimmerius gracilipes (Sclater & Salvin, 1868) poiaeiro-de-pata-fina Phylloscartes virescens Todd, 1925 * DL borboletinha-guianense I FT Inezia subflava (Sclater & Salvin, 1873) amarelinho R R Rhynchocyclus olivaceus (Temminck, 1820) bico-chato-grande R FT I FT Tolmomyias poliocephalus (Taczanowski, 1884) bico-chato-de-cabeça-cinza I FT, I Tolmomyias flaviventris (Wied, 1831) bico-chato-amarelo I I Platyrinchus saturatus Salvin & Godman, 1882 patinho-escuro R FT Platyrinchus coronatus Sclater, 1858 patinho-de-coroa-dourada R FT, I Platyrinchus platyrhynchos (Gmelin, 1788) patinho-de-coroa-branca I FT C (1) Onychorhynchus coronatus (Statius Muller, 1776) maria-leque R FT, I C (2) Myiobius barbatus (Gmelin, 1789) assanhadinho R FT C (1) Terenotriccus erythrurus (Cabanis, 1847) papa-moscas-uirapuru I FT, I C (2) Lathrotriccus euleri (Cabanis, 1868) enferrujado R I C (2), G Curvas Rarefação -bico-chato-da-copa Anfíbios e Répteis Tolmomyias assimilis (Pelzeln,de 1868) 6R 7 FT, 8 I 9 Jacarés I FT R Quelônios Anfíbios I FT Lagartos I SerpentesR FT, I maria-cavaleira-pequena R FT, I maria-cavaleira R I, R bico-chato-de-rabo-vermelho I FT, I tinguaçu-ferrugem I I I FT, I AIQ Attila spadiceus (Gmelin, 1789) capitão-de-saíra-amarelo métodos de Coleta COTINGIDAE (7) D3 R FT Phoenicircus carnifex (Linnaeus, 1758) saurá I FT, I Procnias albus (Hermann, 1783) * DL araponga-da-amazônia R FT G Figura 3.1 – Número cumulativo de espécies de aves por esforço amostral (medido pelo número de acumulado de “Listas de 20 espécies”) obtido por um levantamento qualitativo de 150 horas de observação na REBIO Maicuru entre 22 de outubro a 5 de novembro de 2008. G R Tyrannulus elatus (Latham, 1790) F2 350 ferreirinho-de-sobrancelha 40 piolhinho-de-cabeça-cinza 30 Phyllomyias griseiceps (Sclater & Salvin, 1871) * DL Conopias parvus 40 (Pelzeln, 1868) PLT TYRANNIDAE (46) Todirostrum pictum Salvin, 1897 * EN A1 TYRANNIDAE (46) Philydor erythrocercum (Pelzeln, 1859) Lophotriccus galeatus (Boddaert, 1783) Nome popular 300 Espécies Observadas Jack 1 Jack 2 Bootstrap 250 200 150 100 G 10 11 12 13 14 R FT número de amostras I FT, I 50 0 1 21 41 61 81 101 121 141 161 181 esforço amostral G Contopus virens (Linnaeus, 1766) * M piui-verdadeiro R FT, I Contopus albogularis (Berlioz, 1962) * EN piui-queixado I FT Legatus leucophaius (Vieillot, 1818) bem-te-vi-pirata R FT, I Myiozetetes cayanensis (Linnaeus, 1766) bentevizinho-de-asa-ferrugínea R I, R C (2) Myiozetetes luteiventris (Sclater, 1858) bem-te-vi-barulhento R FT C (1) G Quando comparado com o levantamento de aves mais completo existente para uma localidade do escudo Guianense no Brasil (área do Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais – PDBFF, ao norte de Manaus), onde cerca de 400 espécies de aves foram registradas ao longo de mais de duas décadas (Cohn-Haft et al., 1997), o presente levantamento pode ser considerado preliminar, mas representativo da área, já que mesmo com um período reduzido de amostragem (cerca de 2 semanas), pouco mais de 75% ou 3/4 da riqueza de espécies registrada no projeto PDBFF foi encontrada na REBIO Maicuru. Essa conclusão é reforçada pela curva cumulativa de espécies registradas por esforço amostral, cuja taxa de ascensão veio decrescendo continuamente ao longo da amostragem (Figura 3.1). Embora nenhuma espécie de ave registrada na REBIO Maicuru seja considerada ameaçada de extinção, seja em nível estadual (SEMA, 2007), nacional (IBAMA, 2003) ou mundial (IUCN, 2008), as seguintes 58 espécies observadas na REBIO Maicuru podem ser consideradas de especial interesse para conservação pelos motivos especificados abaixo: 1) Endêmicas e com distribuição restrita no CE Guiana (Penelope marail - Cracidae, Psophia crepitans – Psophidae, Pyrrhura picta, Pyrilia caica – Psittacidae, Threnetes niger – Trochilidae, Notharchus macrorhynchos, Monasa atra – Bucconidae, Capito niger – Capitonidae, Selenidera piperivora, Pteroglossus viridis – Ramphastidae, Veniliornis cassini – Picidae, Frederickena viridis, Thamnophilus melanothorax, Epinecro- Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 FURNARIIDAE (8) Nome popular 40 número de espécies Família e espécie número de espécies Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 50 8 | Avifauna phylla gutturalis, Myrmotherula surinamensis, Myrmotherula guttata, Herpsilochmus sticturus, Herpsilochmus stictocephalus, Microrhopias quixensis microstictus, Hypocnemis cantator, Percnostola rufifrons, Myrmeciza ferruginea ferruginea, Gymnopithys rufigula – Thamnophilidae, Deconychura longicauda longicauda, Xiphorhynchus pardalotus, Campylorhamhus procurvoides procurvoides, Lepidocolaptes albolineatus albolineatus – Dendrocolaptidae, Synallaxis macconnelli, Automolus rubiginosus obscurus – Furnariidae, Hemitriccus josephinae, Todirostrum pictum, Contopus albogularis – Tyrannidae, Perissocephalus tricolor – Cotingidae, Tyranneutes virescens, Corapipo gutturalis, Lepidothrix serena– Pipridae, Schiffornis olivacea – Tityridae, Cyanocorax cayanus – Corvidae e Phaeothlypis mesoleuca - Parulidae); 2) Raras e com distribuições locais na Amazônia (Crypturellus erythropus – Tinamidae, Colaptes rubiginosus – Picidae, Phyllomyias griseiceps e Phylloscartes virescens – Tyrannidae, Procnias albus, Haematoderus militaris – Cotingidae, Pachyramphus viridis griseigularis, Pachyramphus surinamus – Tityridae, Tachyphonus phoenicius, Cyanicterus cyanicterus – Thraupidae e Euphonia plumbea - Fringillidae); 3) Quase ameaçada de extinção, segundo IUCN (2008): Morphnus guianensis – Accipitridae); 4) Populações perseguidas por caçadores (Tinamus major – Tinamidae, Cairina moschata – Anatidae, Aburria cumanensis e Crax alector – Cracidae); 5) Migratórias (Tringa solitaria – Scolopacidae, Contopus virens – Tyrannidae e Vireo olivaceus – Vireonidae). Os resultados do presente levantamento permitem concluir que a REBIO Maicuru é uma unidade de conservação chave na preservação da rica avifauna e endemismos associados a diversos tipos florestais do CE Guiana. Deve-se, contudo, enfatizar o caráter ainda preliminar do levantamento de avifauna realizado e que serviu de base para as análises aqui apresentadas. Embora o levantamento possa ser considerado representativo, ele ainda está longe de ser completo. Algumas espécies de aves com ampla distribuição no 43 8 | Avifauna CE Guiana (Cohn-Haft et al., 1997, Milensky et al., 2005) não foram registradas na REBIO Maicuru devido a vários fatores, em especial o acaso e o fato de o levantamento ter sido realizado num relativo curto período de tempo. Campanhas de campo futuras, seguramente levarão ao registro de mais espécies de aves. Por outro lado, foram feitos registros importantes de algumas espécies (Colaptes rubiginosus – Picidae, Synallaxis macconnelli e Cranioleuca gutturata – Furnariidae, Phyllomyias griseiceps – Tyrannidae, Pachyramphus viridis griseigularis – Tityridae, Parula pitiayumi – Parulidae e Euphonia plumbea - Fringillidae) que constituem extensões de distribuição bastante significativas para o CE Guiana no Brasil (Restall et al., 2006), atestando a relevância do presente levantamento, apesar de preliminar. Referências Cohn-Haft, M., A. Whittaker & Stouffer, P. C. 1997. A new look at the “species poor” central Amazon: the avifauna north of Manaus, Brazil. Ornithological Monographs 48: 205-235. Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos. 2008. Lista das aves do Brasil. Versão 5/10/2008. Disponível em <http://www.cbro.org.br>. Acesso em 19/05/2009. Herzog, S.K., Kessler, M. & Cahill, T.M. 2002. Estimating species richness of tropical bird communities from rapid assessment data. The Auk 119: 749-769. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA. 2003. Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. (acesso em: http://www.mma.gov.br/port/sbf/fauna/index.cfm). IUCN. 2008. 2008 IUCN Red List of Threatened Species. Disponível em http://www.redlist.org/> Acesso em 19/05/2009. Restall, R., C. Rodner & Lentino, M. 2006. Birds of northern South America: an identification guide. Yale University Press, New Haven. SEMA. 2007. Lista de espécies da flora e da fauna ameaçadas no Estado do Pará. Disponível em http://www.sema. pa.gov.br/resolucoes_detalhes.php?idresolucao=54 Acesso em 20/08/2008. Silva, J. M. C., Rylands, A. B. & da Fonseca, G. A. B. 2005. The fate of Amazonian areas of endemism. Conservation Biology 19: 689-694. © CI / Adriano Gambarini Conclusões e recomendações A avifauna registrada na REBIO Maicuru revelou que a unidade se encontra ainda em excelente estado de conservação. Praticamente todas as espécies de aves representativas das florestas do CE Guiana esperadas para a área com base em literatura (Milensky et al., 2005) foram registradas na REBIO Maicuru, atestando o seu bom estado de conservação, sem dúvida, proporcionado pelo isolamento e dificuldade de acesso à área amostrada, que a poupa de atividades predatórias como a extração de madeira e a caça profissional ilegal. Esse diagnóstico é reforçado pela presença de várias espécies indicadoras de boa qualidade ambiental como Sclerurus caudacutus, Dendrocincla merula e Campylorhamphus procurvoides procurvoides e outras procuradas por caçadores, como Aburria cumanensis e Crax alector, estiveram presentes na área em bom número. Esse conjunto de dados parece indicar que atividades humanas na unidade como a formação de garimpos, por exemplo, podem ter um impacto bastante local. Recomenda-se que estudos futuros na unidade envolvendo a avifauna se concentrem no impacto local sobre a comunidade de aves das atividades garimpeiras. Milensky, C. M., H. Hinds, A. Aleixo & Lima, M. F. C. 2005. Birds. In: Check-list of the terrestrial vertebrates of the Guiana Shield. Bulletin of the Biological Society of Washington 13: 43-73. Ramphotrigon ruficauda Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 42 9 Mastofauna Introdução O conhecimento sobre a fauna de mamíferos da região amazônica ainda é incipiente, principalmente em relação às espécies de pequenos roedores, marsupiais e morcegos (Voss & Emmons, 1996). Este conhecimento não se encontra homogeneamente distribuído por toda a região, devido aos diferentes esforços de amostragem empregados (Voss & Emmons, 1996), e também por esta área apresentar várias unidades geográficas abrigando um conjunto de espécies únicas e insubstituíveis, denominadas áreas de endemismo (Silva et al., 2005). A maior parte dos inventários de mamíferos para a região amazônica foi realizada em sítios de estudo na América central e na Amazônia peruana e colombiana (veja Voss & Emmons, 1996). Para a área de endemismo das Guianas (sensu Silva et al., 2005), onde está inserida a região da calha norte do Estado do Pará, existem poucos inventários da mastofauna, sendo os mais intensivos e criteriosos realizados por Simmons & Voss (1998) para morcegos em Paracou, Guiana Francesa, e por Voss et al., (2001) para mamíferos não-voadores nesta mesma localidade. Outra obra de referência para o estudo da mastofauna da área de endemismo das Guianas é o livro de Husson (1978), que traz descrições bem elaboradas das espécies presentes no Suriname, realizadas com base em exemplares depositados em coleções. A partir de dados extraídos de Eisenberg & Redford (1999), Rylands et al., (2000), Silva Júnior (2001), Simmons & Voss (1998) e Voss et al., (2001), estima-se que existam 180 espécies de mamíferos em toda a região da calha norte, das quais 93 de mamíferos não-voadores e 87 de morcegos. Entre estas espécies, três foram descritas e nove foram revalidadas nos últimos 10 anos (Simmons & Voss, 1998; Voss et al., 2001), evidenciando o grau de desconhecimento da fauna de mamíferos da região. Dado o pequeno número de inventários de mastofauna realizados no centro de endemismo das Guianas, e conseqüentemente o conhecimento insatisfatório da diversidade de mamíferos neste centro de endemismo, evidencia-se a importância dos inventários relacionados ao projeto de “Diagnóstico da Biodiversidade das Unidades de Conservação Estaduais do Mosaico ‘Calha Norte’, Estado do Pará” para reverter este quadro e gerar informação para subsidiar políticas públicas de conservação e desenvolvimento sustentável. 45 9 | mastofauna Este relatório apresenta as atividades realizadas pela equipe de mamíferos durante a quinta expedição de campo deste projeto, realizada na REBIO Maicuru, município de Almeirim, Pará. São apresentados também os resultados obtidos durante a expedição, seguidos de discussão, conclusões e recomendações. Objetivos O objetivo geral deste estudo é levantar dados referentes à comunidade de mamíferos da REBIO Maicuru, Pará, que servirão de base para a confecção do futuro plano de manejo desta unidade de conservação. Desta forma, os objetivos específicos deste estudo são: 1. Realizar um inventário preliminar da mastofauna da REBIO Maicuru; 2. Identificar espécies de mamíferos de especial interesse para a conservação; 3. Verificar possíveis impactos às populações locais de mamíferos. Material e métodos No período de 23 de outubro a 5 de novembro de 2008 foi realizado um levantamento da comunidade de mamíferos da REBIO Maicuru como parte de um Inventário Ecológico Rápido (RAP) para a região da Calha Norte do Estado do Pará. As observações ocorreram ao longo de transecções distribuídas em três tipos de ambientes principais: 1) floresta de terra-firme primária e secundária; 2) floresta ripária secundária (igapó) e 3) rios e praias. Seguem abaixo os métodos utilizados para este inventário, apresentados separadamente para as comunidades de pequenos mamíferos não-voadores, mamíferos de médio e grande porte e quirópteros. Pequenos mamíferos não-voadores Para a captura de pequenos mamíferos não-voadores (marsupiais e pequenos roedores) foram empregados dois tipos de armadilhas: armadilhas de queda e armadilhas de contenção viva. A descrição das armadilhas de queda encontra-se no subitem “Material e métodos” do item “Herpetofauna”, pois foram também utilizadas para a amostragem de anfíbios e répteis. Considerando- -se que foram empregados 64 baldes como armadilhas de queda, e que cada balde representa uma estação de captura, o esforço de captura para este método totalizou de 832 baldes-noite. Foram empregados dois tipos de armadilhas de contenção viva: Sherman (25x9x8 cm) e gaiola (30x16x16 cm). Um total de 80 Shermans e 40 gaiolas foram distribuídas entre 400 e 1000m de três trilhas, denominadas T1, T2 e T4. As armadilhas foram iscadas com uma massa feita a partir da mistura de pasta de amendoim, sardinha e fubá, sendo checadas diariamente durante o período de amostragem. Este método compreendeu um esforço de captura de 1080 armadilhas-noite. Cada indivíduo coletado foi taxidermizado e incorporado à coleção mastozoológica do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG). O crânio e esqueleto destes exemplares serão limpos no referido museu, e serão utilizados na identificação dos espécimes em nível específico. Adicionalmente, foram anotados todos os registros ocasionais realizados pela equipe de mastofauna e por outras equipes durante o período de estadia na REBIO Maicuru, além de entrevistas com os trabalhadores que participaram da construção do acampamento utilizado para realização do RAP e que chegaram à área antes dos pesquisadores. Parte também importante do inventário de mamíferos de médio e grande porte foi a coleta de espécimes-testemunho de algumas espécies registradas visualmente, notadamente aquelas de difícil identificação em campo, que possuem amostras exíguas em museus brasileiros ou que apresentem problemas de natureza taxonômica e/ou de distribuição geográfica relacionados à região de estudo. As coletas foram realizadas com uma espingarda calibre 36. As coletas foram autorizadas pela licença 001/2008, emitida pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente – SEMA-PA. Quirópteros Mamíferos de médio e grande porte Espécies de mamíferos de médio e grande porte foram inventariadas a partir de caminhadas a uma velocidade constante (1,5 km/hora) ao longo de toda a extensão das quatro trilhas de amostragem, com um total de 112 km percorridos. A cada registro foram anotados os seguintes dados: espécie observada, número de indivíduos do grupo (no caso de espécies sociais), modo de detecção (visual ou auditivo), local e horário do avistamento e hábitat, além da distância perpendicular do animal em relação à trilha. Estas caminhadas iniciavam-se entre 05h30min e 06h00min da manhã e procediam em regime ininterrupto até entre 18h00min e 19h00min, tendo sido realizadas por um único observador (Alexandre Aleixo). A coleta de morcegos foi realizada em floresta de terra firme ao longo de quatro transecções (T1, T2, T3 e T4) e em ambiente de praia na beira do rio Ipitinga. Nas transecções T1, T2, T3 e trilha da praia apenas um ponto foi amostrado, ao passo que na transecção T4 dois pontos foram amostrados (Tabela 4.1). A metodologia empregada na amostragem de quirópteros consistiu na utilização de redes de neblina para capturas noturnas, além de buscas ativas diurnas. Nas capturas noturnas utilizou-se um conjunto de dez redes de neblina com dimensões de 12x3 m, e malhas de 15x15 mm. Estas redes foram dispostas em ziguezague nos pontos de amostragem, perpendicularmente à transecção. O período de observação das redes foi de seis Tabela 4.1 – Dados relativos à coleta de quirópteros com redes de neblina na REBIO Maicuru. Hábitat: TF = Terra Firme. * A intensidade das chuvas (pluviosidade) está disposta em classes conforme observação pessoal em campo. Transecção Pontos de Amostragem Habitat Esforço (metros. rede.hora) Pluviosidade* T1 P1 (1000m) TF 1440 Chuva moderada T2 P1 (1000m) TF 1440 Sem chuva T3 P1 (1000m) TF 720 Chuva moderada T4 P1 (2000m); TF 2880 Sem chuva a chuva leve Trilha da Praia P2 (1000m) Praia de rio 2160 Chuva leve Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 44 9 | mastofauna horas (18-24h) em todos os pontos, com inspeções a cada 15 minutos. Para este método foi empregado um total de 8640 metros-rede-hora. Nas buscas ativas diurnas, foram verificados locais que possivelmente albergassem morcegos como troncos caídos, buracos no solo e folhagem de palmeiras. Durante as observações das redes de neblina ou nas buscas ativas diurnas, os indivíduos capturados foram acondicionados no interior de sacos de algodão etiquetados com informações referentes ao ponto de coleta e período da captura. Ao final do período de coleta diária, os espécimes capturados foram transportados até a base de campo para um posterior registro dos dados de cada indivíduo. De cada espécime foi verificado e anotado o estado etário, reprodutivo, e dados morfométricos de importância para a identificação taxonômica, além de informações sobre o ponto, data e horário de captura. O estado etário foi determinado conforme técnica descrita por Anthony (1988), mediante análise dos discos cartilaginosos das articulações metacarpo-falangeanas. Os morcegos jovens não exibem ossificação nessas articulações, enquanto os adultos geralmente apresentam ossificações e calosidades. Concluída em campo a fase de registro e organização de dados, os animais foram sacrificados e a seguir extraiu-se material para futuras análises a nível molecular e citogenético, com a posterior fixação dos indivíduos em solução de formol (10%), preservação em álcool etílico 70% e deposição na coleção mastozoológica do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG). Tratamento dos dados Uma listagem de espécies para a área de estudo foi gerada e acrescida de informações sobre hábitat, nichos tróficos (no caso dos quirópteros) a elas associados, e estado de conservação. A eficiência do esforço empregado no inventário dos três grupos da mastofauna amostrados foi avaliada através de curvas acumulativas de espécies ao longo do período de permanência dos pesquisadores em campo. Os resultados do censo de mamíferos de médio e grande porte são apresentados na forma de taxas de avistamento (número de avistamentos por 10 km percorridos), que fornecem um índice relativamente confiável da abundância de cada espécie. Este índice parece bastante adequado nos casos de amostras pequenas e na comparação entre diferentes pontos de coleta. 47 9 | mastofauna Resultados Em um total de 14 dias de amostragem na REBIO Maicuru foram registradas 33 espécies de mamíferos distribuídas em oito ordens (Tabela 4.2). A classificação apresentada nesta lista segue Wilson & Reeder (2005), com exceção de Cebus (Silva Júnior, 2001), Hylaeamys (Weksler et al., 2006) e Mazama (Rossi, 2000). Dentre estas espécies, três constam de listas de espécies ameaçadas (lista nacional das espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção - IBAMA, 2003 e lista da fauna ameaçada do Estado do Pará – SEMA, 2007). Dentre as ordens amostradas, Chiroptera apresentou o maior número de espécies (n= 11), seguida pelas ordens Rodentia (n=9), Primates (n=4), Carnivora (n= 3), Artiodactyla (n=2), Xenarthra (n=2) e Didelphimorphia e Perissodactyla (n=1). Pequenos mamíferos não-voadores Apenas as armadilhas de queda foram responsáveis pela captura dos únicos exemplares de pequenos mamíferos não-voadores coletados: dois espécimes de Neacomys cf. paracou e um de Rhipidomys sp. O rato-do-mato, Neacomys cf. paracou, é considerado de especial interesse para a conservação por ser endêmico da região das Guianas. Tabela 4.2 – Lista das espécies de mamíferos registradas na REBIO Maicuru com os seus respectivos nomes vulgares e métodos pelos quais cada uma foi detectada. Col = coleta; Ent = entrevista; Cen = observação durante censo; Oca = observação ocasional. 1 = espécies sob ameaça de extinção segundo MMA (2003); 2 = espécie ameaçada de extinção do Estado do Pará (SEMA-PA, 2007). Espécie Nome vulgar Tipo de registro cuíca Col Mymercophaga tridactyla 1,2 tamanduá-bandeira Cen Cabassous unicinctus tatu rabo-de-couro Col Alouatta macconnelli guariba-vermelha Cen Ateles paniscus coatá-de-cara-vermelha Col, Cen Cebus apella macaco-prego Col, Cen Saguinus midas sauim Col, Cen Saccopteryx bilineata morcego Col Phyllostomus elongatus morcego Col Trachops cirrhosus morcego Col Lonchophylla thomasi morcego Col Carollia brevicauda morcego Col Carollia perspicillata morcego Col Phyllostomus hastatus morcego Col Rhinophylla fischerae morcego Col Artibeus lituratus morcego Col Artibeus obscurus morcego Col Desmodus rotundus morcego-vampiro Col Didelphimorphia Marmosops cf. parvidens Xenarthra Primates Chiroptera Uma espécie de cuica (Marmosa cf. parvidens) foi registrada ocasionalmente através de um registro fotográfico colhido por um integrante da equipe de herpetofauna (T. C. Avila-Pires). Carnivora Registros auditivos ocasionais obtidos durante o crepúsculo com pelo menos dois indivíduos de uma espécie de rato-de-bambú (Dactylomys sp.) nas imediações do acampamento utilizado durante a expedição, constituem uma importante extensão da distribuição conhecida da espécie na Amazônia. Perissodactyla Mamíferos de médio e grande porte Através de um esforço de 112 Km percorridos para censo foram obtidos 29 registros para 10 espécies de mamíferos, das quais três primatas: Saguinus midas (n = 4), Cebus apella (n = 4) e Ateles paniscus (n = 8), um tamanduá (Mymercophaga tridactyla; n = 2), um veado (Mazama americana n = 1), um carnívoro (Eira barbara; n = 3) e dois roedores (Dasyprocta leporina; n = 6 e Sciurillus pusillus; n = 1). Embora registradas ao longo dos censos, o primata Alouatta macconnelli e o roedor Sciurus aestuans não foram vizualizados, não contando, portanto para as estimativas quantitativas de abundância reportadas abaixo. Eira barbara irara, papa-mel Col, Cen Panthera onca1,2 onça-pintada Oca, Ent Puma concolor1,2 sussuarana Oca anta Oca Mazama americana veado-mateiro Cen Mazama nemorivaga veado-fuboca Oca Cuniculus paca paca Oca Dasyprocta leporina cutia Col, Cen Hydrochoerus hydrochaeris capivara Oca Tapirus terrestris Artiodactyla Rodentia Myoprocta acouchy cutiara Col Dactylomys sp. rato-de-bambu Oca Neacomys cf. paracou rato-do-mato Col Rhipidomys sp. rato-do-mato Col Sciurillus pusillus esquilo, quatipuru Col, Cen Sciurus aestuans esquilo, quatipuru Col, Cen Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 46 49 9 | mastofauna 12 10 12 10 10 15 dias de amostragem 8 6 4 8 12 6 10 4 número de espécies 6 consideradas de especial inPara este grupo, são teresse para a conservação: S. midas, A. paniscus 4 e M. acouchy (endêmicas da região das Guianas), M. tridactyla, P. concolor e P. onca (espé2 extinção no Brasil e no Pará), cies ameaçadas de A. paniscus, A. macconnelli, M. americana, M. 0 nemorivaga, T. terrestris, C. paca, H. hydrocha0 5 eris e D. leporina (espécies cinegéticas). número de espécies Além das espécies registradas nos censos, outras oito (C. unicinctus, P. onca, P. concolor, T. terrestris, M. nemorivaga, C. paca, H. hydrocha- Figura 4.2 – Curva acumulativa de espécies de morcegos registradas na REBIO Maicuru. número de espécies Como pode ser visto na figura 4.1, a curva estabilizou-se a partir do décimo primeiro dia de amostragem, o que não descarta a possibilidade de que novas espécies fossem registradas, caso a amostragem se prolongasse por um tempo maior. eris e M. acouchy) foram registradas apenas em observações 12ocasionais diretas e indiretas (através de rastros) realizadas durante o RAP por 10 de diferentes equipes, totavários integrantes lizando 18 espécies de médio e grande porte 8 inventariadas (Tabela 4.2). número de espécies A espécie que apresentou a maior taxa de avistamento para cada 10 km percorridos foi A. paniscus (0,71), seguida de D. leporina (0,53), C. apella e S. midas (0,35), E. barbara (0,26), M. tridactyla (0,18) e M. americana (0,09). 2 2 0 0 0 0 5 Figura 4.1 – Número acumulativo de espécies de mamíferos de médio e grande porte por esforço de amostragem registrados nos censos (medido em dias de amostragem). 5 10 15 10 número de capturas dias de amostragem 20 15 8 6 4 2 0 0 12 8 6 Carollia perspicilata 12 Artibeus lituratus 10 número de espécies 10 9,1% Lonchophylla thomasi 4 2 0 5 10 Figura 4.3 – Abundância relativa e absoluta das espécies de morcegos na REBIO Maicuru. 18,2% 8 Carollia perspicilata 6 Artibeus lituratus Trachops cirrhosus 4,5% Saccopteryx bilineata 4,5% 15 Rhinhophylla fischerae 4,5% 2 Phyllostomus elongatus 4,5% 0 0 40,9% 4 40,9% 18,2% 9,1% Lonchophylla thomasi Trachops cirrhosus 4,5% Saccopteryx bilineata 4,5% dias de amostragem 0 Quirópteros Foram efetuadas 22 capturas de morcegos na REBIO Maicuru, resultando no registro de 10 espécies, como pode ser observado na tabela 4.2. Carollia perspicilata Com base na inclinação da porção terminal da curva cumulativa de espécies (Figura 4.2), estiArtibeus lituratus ma-se grande possibilidade de novos registros caso seja empregado um maior esforço de capLonchophylla thomasi tura para as metodologias aplicadas. Desmodus rotundus 4,5% A análise da abundância relativa entre guildas revelou que os morcegos frugívoros corresponCarollia brevicaudaem número 4,5% dem a mais de 70% das amostras de indivíduos, seguidos pelos nectarívos-polinívoros, hematófagos,Artibeus insetívoros e carnívoros. Em 40,9% obscurus 4,5% relação às espécies capturadas cerca de 60% pertencem a guilda frugívora (Figura 4.4). 18,2% 0 1 2 Quanto ao status de conservação, nenhuma das9,1% espécies registradas consta na lista de espécies ameaçadas no estado do Pará, elaboraEntre as 10 espécies coletadas, Carollia perspici- da pela Secretaria de Estado de Meio AmbienTrachops cirrhosus 4,5% lata e Artibeus lituratus destacaram-se por apre- te (SEMA-PA, 2007), ou na lista de Espécies da sentar abundância total superior ou igual a qua- Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do InsSaccopteryx bilineata tro indivíduos, que somados representam apro-4,5%tituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recurximadamente 60% das amostras (Figura 4.3). sos Naturais Renováveis (MMA, 2003). Rhinhophylla fischerae 4,5% Phyllostomus elongatus 4,5% Desmodus rotundus 4,5% 3 5 4 5 10 6 7 15 20 númeroRhinhophylla de capturas fischerae 4,5% Phyllostomus elongatus 4,5% Desmodus rotundus 4,5% Carollia brevicauda 9 10 4,5% Artibeus obscurus 4,5% 8 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 9 | mastofauna número de espécies Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 48 5 9 | mastofauna Discussão O número de espécies de mamíferos registrado na REBIO Maicuru foi relativamente baixo, mesmo considerando-se o breve período de amostragem do levantamento. A riqueza de espécies de mamíferos para esta Unidade de Conservação poderá ser incrementada quando for realizado um inventário mais detalhado, considerando-se os diferentes períodos (seco e chuvoso) e outros pontos de amostragem dentro da REBIO Maicuru. Esta idéia torna-se evidente quando examinadas as curvas cumulativas de espécies para quirópteros, e também quando confrontado o número de espécies registradas neste estudo (33 espécies em 14 dias de amostragem) com o número de espécies catalogadas por Simmons & Voss (1998) e Voss et al. (2001) em Paracou, Guiana Francesa, área de estudo também situada na região biogeográfica das Guianas (143 espécies catalogadas durante quatro anos de amostragem). Vários fatores podem ter contribuído para o baixo número de registros apresentado neste relatório, destacando-se aqui o período em que a amostragem foi efetuada (estação seca). Este período é o menos propício para a captura de pequenos mamíferos e morcegos, fato que tem sido freqüentemente constatado em outros inventários nos centros de endemismo das Guianas e Belém (Rossi, obs. pess.). A amostragem de mamíferos de médio e grande porte também é prejudicada nesta época, pois o acúmulo de folhas secas nas trilhas onde são realizados os censos aumenta o ruído provocado pelo observador, permitindo que os animais o detectem e fujam antes de serem observados. Apesar da relativa baixa riqueza de espécies, foram registradas na REBIO Maicuru 13 espécies (cerca de 40% do total) consideradas como de interesse especial para a conservação (incluindo três ameaçadas de extinção), demonstrando a importância desta Unidade de Conservação. Em relação aos resultados para os morcegos, a maior incidência de Carollia perspicillata parece ter relação com seu hábito alimentar. C. perspicillata pode ser considerada uma espécie generalista no uso de recursos alimentares. A ampla disponibilidade de frutos também é uma característica ambiental favorável, e tem sua influência reforçada pela maior abundância de indivíduos e espécies de morcegos frugívoros. Porém, é válido lembrar que a subamostragem da localidade, 51 9 | mastofauna pelos diversos fatores já mencionados, dificulta uma caracterização da comunidade de forma mais precisa e acentua as diferenças observadas entre os frugívoros e as outras guildas. O 2% 1% baixo número de capturas 7% de insetívoros tam60% bém pode estar relacionado à sua facilidade em detectar as redes por meio do avançado meca14% nismo de ecolocalização. No caso das espécies nectarívoras-polinívoras, a sazonalidade e o período de floração das espécies vegetais da região podem favorecer uma menor disponibilidade destes recursos, o que pode dispersar e reduzir o contingente destas espécies localmente. Fato 16% similar foi observado no trabalho por Fonseca (2006), para o mesmo período do ano. Figura 4.4 – Distribuição da abundância (A) e da riqueza (B) de espécies de morcegos entre guildas (dieta preferencial) na REBIO Maicuru. Chave: carnívora (C), frugívora (F), hematófaga (H), insetívora (I) e nectarívora-polinívora (NP). Guildas (% Indivíduos) A NP 9% Characiformes Siluriformes Gymnotiformes Perciformes Cyprinodontiformes Synbranchiformes Em função das limitações expostas acima, recomenda-se o monitoramento contínuo da mastofauna da área, com um enfoque na ampliação do levantamento da mastofauna e realização de censos das espécies de grandes mamíferos de interesse cinegético. H 10% C 10% NP 10% I 5% I 10% B F 77% B Apesar destas limitações, os resultados obtidos já demonstram 9% que a REBIO Maicuru detém uma rica mastofauna com 13 espécies de espe13% mamíferos, cial interesse para a conservaçãode incluíndo três (tamanduá-bandeira - Mymercophaga tridactyla, onça-pintada - Panthera onca e sussuarana Puma concolor) consideradas ameaçadas de extinção na listas da fauna brasileira ameaçadas de extinção (MMA, 2003) e da fauna ameaçada do Estado do Pará (SEMA, 2007). Além disso, a presença regular de espécies de alto valor cinegético como a coamba ou coatá (Ateles paniscus), indica que a pressão de caça dentro da unidade é ainda modesta. Portanto, a REBIO Maicuru pode desempenhar um papel chave na conservação da mastofauna da região da Calha Norte paraense e, de maneira mais ampla, contribuir para a conservação das populações de mamíferos da área de endemismo das Guianas. C 4% A Conclusões e recomendações 15% de mamíferos seja Embora este levantamento 47% satisfatório para subsidiar o futuro plano de manejo da referida Unidade de Conservação, deve-se enfatizar o seu caráter ainda preliminar, 8% uma vez que os resultados obtidos foram gerados em um curto período de amostragem durante o período seco, não contemplando, por8% tanto, a sazonalidade. Além disso, apenas uma localidade da REBIO Maicuru foi amostrada. H 5% Guildas (% Espécies) Characidae Curimatidae Lebiasinidae Crenuchidae Erythrinidae Outros F 60% Referências Anthony, E. L. 1988. Age determination in bats. Pp. 47-58 in Kunz, T.H. (ed). Ecologycal and Behavioral Methods for the Study of Bats. Washington, D.C. Smithsonian Institution Press. Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Estado do Pará. 2007. Lista da Fauna Ameaçada do Estado do Pará. Disponível em: www.sectam.pa.gov.br/especiesameacadas/ consulta. Acesso em 20/03/2008. Bernard, E. & M.B. Fenton. 2002. Species Diversity of Bats Educação (Mammalia: Chiroptera) in Forest Fragments, Primary Forests, and Savannas in Central Amazonia, Brazil. Canadian Journal of Zoology, Ottawa, 80: 1124-1140. Silva, J.M.C.; Rylands, A.B. & Fonseca, G.A.B. 2005. O Destino das Áreas de Endemismo da Amazônia. Megadiversidade, 1 (1): 124-131. Eisenberg, J.F.; Redford, K.H. 1999. Mammals of the Neotropics: Ecuador, Bolivia, Brasil. Vol 3. University of Chicago Press, Chicago. 609 p. Silva Júnior, J.S. 2001. Especiação nos Macacos-Prego e Caiararas, Gênero Cebus Erxleben, 1777 (Primates, Cebidae). Tese de Doutorado, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 377 p. Fonseca, R.T.D. 2006. Diversidade da Quiropterofauna (Mammalia) no Parque Ecológico de Gunma, Santa Bárbara do Pará. Dissertação de Mestrado. Belém, Museu Paraense Emílio Goeldi, Universidade Federal do Pará, 107 p. Simmons, N.B. & R.S. Voss. 1998. The Mammals of Paracou, French Guiana: A Neotropical Lowland Rainforest Fauna. Part 1. Bats. Bulletin of The American Museum of Natural History, New York, 237: 1-219. Husson, A. M. 1978. The Mammals of Suriname. E. J. Brill, Leiden. Weksler, M.; Percequillo, A.R. & Voss, R.T.S. 2006. Ten New Genera of Oryzomyine Rodents (Cricetidae: Sigmodontinae). American Museum Novitates, 3537: 1-29. Ministério do Meio Ambiente. 2003. Lista das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção, Ministério do Meio Ambiente, Ibama, Brasília. Disponível em http://www. ibama.gov.br/fauna/extinção. Acesso em 10/03/2008. Rocha, M.M.B. 1999. Levantamento da Quiropterofauna (Mammalia: Chiroptera) da Ilha de Cotijuba, PA, com Observações Sobre sua Ecologia. Dissertação de Mestrado. Belém, Museu Paraense Emílio Goeldi, Universidade Federal do Pará, 116 p. Rossi, R.V. 2000. Taxonomia de Mazama Rafinesque, 1817 do Brasil (Artyodactyla, Cervidae). Dissertação de Mestrado em Zoologia. Universidade de São Paulo, São Paulo. 174 p. Rylands, A. B.; Schneider, H.; Langguth, A.; Mittermeier, R. A.; Groves, C. P. & Rodríguez-Luna, E. 2000. An assessment of the diversity of New World primates. Neotropical Primates, 8(2): 61-93. Wilson, D.E. & Reeder, D.M. 2005. Mammal Species of the World. A Taxonomic and Geographic Reference. Vol 1 e 2. 3rd. ed. Smithsonian Institution Press, Washigton. 2142 p. Voss, R.S. & L.H. Emmons. 1996. Mammalian Diversity in Neotropical Lowland Rainforests: A Preliminary Assessment. Bulletin of The American Museum of Natural History, New York, 230: 1-115. Voss, R.S.; Lunde, D.P. & Simmons, N.B. 2001. The Mammals of Paracou, French Guiana: A Neotropical Lowland Rainforest Fauna Part 2. Nonvolant Species. Bulletin of the American Museum of Natural History, 263: 1-236. Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 50 10 Botânica Introdução A REBIO Maicuru conta com um território de 1,15 milhões de hectares e integra o maior corredor contínuo de unidades de conservação de florestas tropicais do mundo (Amazônia, 2006). Os conhecimentos florístico e fitossociológico das florestas de terra firme da região são condições essenciais para a conservação de sua elevada diversidade. A obtenção e padronização dos atributos de diferentes ambientes florísticos e fisionômicos, são atividades básicas para a conservação e preservação, possibilitando a proposição de modelos mais adequados de manejo às florestas de terra firme na Amazônia. Objetivos 1. Realizar o inventário de pteridófitas e angiospermas ocorrentes na REBIO Maicuru, na calha norte do rio Amazonas, através de parcelas. Para a análise da estrutura e da composição florística das florestas forma medidos todos os indivíduos com Circunferência à Altura do Peito (CAP) ≥ 10 cm. A Tabela 5.1 apresenta os sítios em que foram coletadas as amostras. Todos os indivíduos encontrados foram mensurados quanto a seu hábito, classificados, segundo Martins et al., (2008), em arbóreo (incluindo árvores, arvoretas e palmeiras), arbustivo (incluindo arbustos e subarbustos), herbáceo (incluindo terrestre, saprófitas e aquáticas), epífita (incluindo hemi-epífita), liana (incluindo herbáceas e lenhosas) e hemiparasita. As ocorrências de espécies e formas biológicas foram comparadas com as de outros levantamentos realizados na região amazônica. Além dos inventários dentro das parcelas, foi feita uma amostragem qualitativa ao longo das trilhas demarcadas para maximizar a cobertura do maior número possível de ambientes ocorrentes nos diferentes tipos vegetacionais de cada localidade de estudo. 2. Obter dados e informações sobre a flora de forma a suprir as necessidades requeridas por uma Avaliação Ecológica Rápida (RAP). Coleta e herborização do material 3. Evidenciar as espécies das classes consideradas, que tenham importância, tanto para a conservação como para a caracterização das comunidades naturais. O material botânico foi coletado e herborizado segundo metodologia padrão para plantas vasculares segundo Fidalgo & Bononi (1989) e Windisch (1992). 4. Destacar as espécies ameaçadas de extinção, vulneráveis, endêmicas, bio-indicadoras ou que sejam objeto de exploração. 5. Identificar áreas de importância ecológica especial e prioritárias e que mereçam estudos mais aprofundados. Material e métodos Área amostral O inventário florístico das angiospermas foi realizado em quatro transectos de extensões diferentes: T1, T2, T3 e T4 (ver Figuras 3 e 4). Ao todo foram estabelecidas 16 parcelas de 50x50m em T1 (n = 4), T2 (n = 4), T3 (n= 7) e T4 (n = 1). Em T1, T2 e T3 as parcelas foram separadas por cerca de 1km. Ao todo, 3,75 ha foram amostrados em conjunto, nos diferentes transectos (1 ha em T1 e T2, 1,5 ha em T3 e 0,25 ha em T4). Pteridófitas foram coletadas ao longo dos quatro transectos de forma aleatória e priorizando os ambientes de maior ocorrência das mesmas, como ao longo dos cursos de água, encostas e afloramentos rochosos. 53 10 | botânica Foram efetuadas coletas de angiospermas apenas quando a identificação dos espécimes não foi feita diretamente no campo. Para as pteridófitas, foram coletados exemplares testemunhos independentes de terem sido identificados no campo ou não. O material testemunho foi depositado no herbário MG do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e as duplicatas serão enviadas como doação para herbários no Brasil, exterior e para identificação junto a especialistas. Identificação dos exemplares As amostras das plantas superiores (angiospermas) foram identificadas por técnicos do herbário do Museu Paraense Emílio Goeldi através da morfologia comparada com as exsicatas disponíveis no herbário do MG e de consultas à literatura especializada (Costa et al., 1999). Alguns exemplares foram identificados em nível genérico por serem indivíduos muito jovens, ou por estarem sem as estruturas reprodutivas ou porque serão ainda encaminhados para especialistas para confirmar e/ou revisar as identificações. Para os exemplares de pteridófitas, a identificação foi realizada pelo especialista do grupo do Museu Paraense Emílio Goeldi (Marcio Roberto Pietrobom da Silva) mediante consulta de literatura especializada sobre as floras das Guianas Lellinger (1994), do Peru (Smith, 1992; Tryon & Stolze, 1989a,b, 1991, 1993, 1994), da Guiana Venezuelana (Smith, 1995) e Mesoamericana (Moran & Riba, 1995), além das revisões para família e/ou gêneros como Mickel & Smith (2004), Prado & Moran (2008) e Sylvestre (2001). Tabela 5.1 – Informações sobre as localidades principais onde foram realizados levantamentos rápidos de botânica na REBIO Maicuru no período de 23 a 31 de outubro de 2008. Localidades Tipos de vegetação predominante Período (s) Esforço amostral (m)2 Transecto 1 (4 km) parcela 1 ca. 00º51´09,5”S-53º57’08,0”W. Floresta ombrófila aberta platô; 221m de alt. 30/10/2008 2500m2 Transecto 1 (3 km) parcela 2 ca. 00º50’42,6”S-53º56’58,2”W. Floresta ombrófila aberta encosta; 224m de alt. 30/10/2008 2500m2 Transecto 1 (2 km) parcela 3 ca. 00º50’28”S-53º56’32,9”W. Floresta ombrófila aberta; platô; 180m de alt. 31/10/2008 2500m2 Transecto 1 (1 km) parcela 4 ca. 00º50’10,2”S-53º56’11,5”W. Floresta ombrófila aberta platô; 157m de alt. 31/10/2008 2500m2 Transecto 2 (4 km) parcela 1 ca. 00º50’06,2”S-53º57’52,1”W. Floresta ombrófila aberta, platô; 252m de alt. 27/10/2008 2500m2 Transecto 2 (3 km) parcela 2 ca. 00º49’51,9”S-53º57’19,6”W. Floresta ombrófila aberta, platô; 223m de alt. 27/10/2008 2500m2 Transecto 2 (2 km) parcela 3 ca. 00º49’43,8”S-53º56’53,4”W. Floresta ombrófila aberta, encosta; 144m de alt. 28/10/2008 2500m2 Transecto 2 (1 km) parcela 4 ca. 00º49’38,9”S-53º56’20,5”W. Floresta ombrófila aberta, platô; 242m de alt. 28/10/2008 2500m2 Transecto 3 (5 km) parcela 1 ca. 00º48’22”S-53º58’12,1”W. Floresta ombrófila aberta, topo da serra; 692m de alt. 25/10/2008 2500m2 Transecto 3 (4 km) parcela 2 ca. 00º48’29”S-53º57’22,6”W. Floresta ombrófila aberta, encosta. 25/10/2008 2500m2 Transecto 3 (3 km) parcela 3 ca. 00º48’44,8”S-53º56’55,7”W. Floresta ombrófila aberta, encosta; 250m alt. 26/10/2008 2500m2 Transecto 3 (2 km) parcela 4 ca. 00º48’56,3”S-53º56’31,1”W. Floresta ombrófila aberta, platô; 214m de alt. 26/10/2008 2500m2 Transecto 4 (2,8 km) parcela 1 ca. 00º47’40,1”S-53º55’23,2”W. Floresta ombrófila aberta de várzea; 188m de alt. 23/10/2008 2500m2 Transecto 3 (2,3 km) parcela 2 ca. 00º48’34,8”S-53º55’47,1”W. Floresta ombrófila aberta terra firme. 23/10/2008 2500m2 Transecto 3 (1,8 km) parcela 3 ca. 00º48’57,9”S-53º55’42,9”W. Floresta ombrófila aberta terra firme. 24/10/2008 2500m2 Transecto 3 (1 km) parcela 4 ca. 00º49’13,2”S-53º55’47”W. Floresta ombrófila aberta de terra firme; 160m alt. 24/10/2008 2500m2 Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 52 10 | botânica Sistema de classificação adotado Para o grupo das pteridófitas a circunscrição para as famílias e gêneros de Monilophyta segue Smith et al., (2006), exceto para o tratamento dos gêneros das famílias Hymenophyllaceae e Thelypteridaceae onde seguiu-se, Pryer et al., (2001) e Smith (1992), respectivamente. Para as Lycophyta a circunscrição das famílias e gêneros foi seguido o que está contido em Kramer & Green (1990). Os termos “Lycophyta” e “Monilopyta” foram baseados em Pryer et al., (2004). Para as angiospermas foi seguido a circunscrição para família e gêneros contida no site www. mobot.org/W3search/vast.htlm ou www.tropicos.org, baseado na APG II (2003). A abreviatura dos nomes dos autores das espécies de pteridófitas seguiu Pichi – Sermolli (1996). As espécies de angiospermas coletadas foram comparadas com o acervo constante na página da WEB do Missouri Botanical Garden (http://mobot.bobot.org/W3T/Search/vas.html). Aquelas amostras não identificadas com nomes científicos receberam códigos de morfotipo. A lista dos táxons foi organizada em ordem alfabética de família, gênero e espécie em cada divisão. Análise fitossociológica Os dados dos formulários e do material botânico foram incorporados a planilhas eletrônicas, a partir das quais foram processados os dados para cálculo de todos os parâmetros fitossociológicos, estruturais e florísticos. Os parâmetros fitossociológicos estimados foram: Densidade, Freqüência e Dominância Absolutas e Relativas, além dos Índices de Valor de Cobertura (IVC) e Importância (IVI), segundo Müller-Dombois & Ellemberg (1974). Estimou-se ainda a importância ecológica das famílias a partir do Índice de Valor de Importância Familiar (IVIF), sendo este o resultado da soma da diversidade (no de espécies da família / no total de espécies), densidade e dominância relativas (Mori & Boom, 1983). 55 10 | botânica Para os cálculos dos parâmetros fitossociológicos foi utilizado o programa EXCEL. O índice de diversidade de Shannon e a riqueza foram calculados pelo programa PCORD 4.0. Na análise estrutural da vegetação seguiram-se as recomendações de Brower et al., (1998), considerando-se os seguintes índices: • • • • • • • Abundância absoluta (N = ni, onde: ni é o número de indivíduos da espécie i); Freqüência absoluta (Fa = fi /K, onde: fi é o número de parcelas em que ocorreu a espécie i e K é o número total de parcelas); Dominância absoluta (Dabs= Gi; onde, Gi= Somatório da seção transversal dos fustes de todos os indivíduos da espécie em hectare); Densidade relativa (Dr = (ni /N)*100, onde: ni é o número de indivíduos da espécie i e N é o número total de indivíduos amostrados); Dominância relativa (Dor = (G / åGt)*100, onde: G é a área basal da espécie i e åGt é a somatória da área basal de todas as espécies amostradas); Freqüência relativa (Fr = (Fai /åFa)*100, onde: Fai é a freqüência absoluta da espécie i e åFa é a somatória das freqüências absolutas de todas as espécies amostradas); Índice de valor de importância (IVI = Dri + Dori + Fri). Tabela 5.2 – Lista das espécies de pteridófitas registradas na REBIO Maicuru, Estado do Pará, Brasil. Hábito: herb – herbácea; epif – epífita; hepif – hemiepífita; hepar – hemiparasita; sub-arbor – sub-arborescente. Trans 1 – Transecto 1; Trans 2 – Transecto 2; Trans 3 – Transecto 3; Trans 4 – Transecto 4. AP = áreas preservadas; AA = áreas antropizadas. Famílias Espécie Para a REBIO Maicuru foram registradas 88 espécies de pteridófitas (uma família, um gênero e três espécies de licófita; 16 famílias, 34 gêneros e 85 espécies de monilófitas). Para as fanerógamas, foram inventariados 1551 indivíduos, entre espécies arbóreas e herbáceas, pertencentes a 306 espécies, distribuídas em 161 gêneros e 60 famílias (Tabelas 5.2, 5.3, 5.4 e 5.5). trans 2 x trans 3 trans 4 Acampamento heliponto Espécie indicadora LICÓFITAS Selaginellaceae Selaginella fragilis A. Braun Herb Selaginella pedata Klotzch Herb x x x AP Selaginella radiata (Aubl.) Spring Herb x x x x AP MONILÓFITAS Aspleniaceae Asplenium angustum Sw. Epif Asplenium auritum Sw. Epif x x x x x x Asplenium juglandifolium Lam. Epif x x Asplenium salicifolium L. Epif x x Asplenium serratum L. Epif x x AP AP AP x AP x Blechnaceae Salpichlaena hookeriana (Kuntze) Alston Liana x x AP x AA Cyatheaceae Cyathea microdonta (Desv.) Domin subarbor Cyathea pungens (Willd.) Domin subarbor Cyathea surinamensis (Miq.) Domin subarbor x AP x AP Dennstaedtiaceae Hypolepis repens (L.) C. Presl Resultados e discussão Hábito trans 1 Herb x AP x AP Dryopteridaceae Cyclodium meniscioides (Willd.) C. Presl var. meniscioides Herb x Didymochlaena truncatula (Sw.) J. Sm. Herb x Elaphoglossum flaccidum (Fée) T. Moore Epif x x Elaphoglossum glabellum J. Sm. Epif x x Elaphoglossum laminarioides (Bory ex Fée) T. Moore Epif x x Elaphoglossum luridum (Fée) H. Christ Epif x x x Lomagramma guianensis (Aubl.) Ching Hepif x x AP Polybotrya caudata Kunze Hepif x x AP x x AP AP x AP AP x x AP Hymenophyllaceae Dicranoglossum desvauxii (Klotzsch) Proctor Epif x x Didymoglossum angustifrons Fée Epif x Didymoglossum ekmanii (Wess. Boer) Ebihara & Dubuisson Epif x Didymoglossum krausii (Hook. & Grev.) C. Presl Epif x Didymoglossum pinnatinervium (Jenman) Pic. Serm. Epif x x x AP AP x AP x AP AP Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 54 10 | botânica Famílias Espécie Hábito trans 1 trans 2 trans 3 trans 4 Acampamento heliponto Espécie indicadora Hymenophyllaceae Epif Hymenophyllum polyanthos (Sw.) Sw. Epif Trichomanes ankersii C. Parker ex Hook. & Grev. Hepif x x Trichomanes hostmannianum (Klotszch) Kunze Herb x Trichomanes pedicellatum Desv. Hepif x x Trichomanes pinnatum Hedw. Herb Trichomanes trollii Bergdolt Herb Trichomanes tuerckheimii H. Christ Hepif Trichomanes vittaria D.C. ex Poir. Herb x x Lindsaea dubia Spreng. Herb Lindsaea guianensis (Aubl.) Dryand. Herb Lindsaea lancea (L.) Bedd. var. lancea Herb Lindsaea macrophylla Kaulf. Herb trans 2 trans 3 trans 4 x Acampamento heliponto Espécie indicadora Adiantum argutum Splitg. Herb x x x Herb xx x x Adiantum dolosum Kunze Herb x Adiantum glaucescens Klotzsch Herb x x x Adiantum humile Kunze Herb x x x Adiantum latifolium L. Herb x Adiantum multisorum A. Samp. Herb x x AP x x AP x AP x x AP x x AP AP x AP Adiantum obliquum Willd. Herb x x AP Adiantum paraense Hieron. Herb x x AP Adiantum terminatum Kunze ex Miq. Herb x Epif AP Ananthacorus angustifolius (Sw.) Underw. & Maxon Anetium citrifolium (L.) Splitg. Epif x x x x x x x x x x x x Hepif x x x x x x Hecistopteris pumila (Spreng.) J. Sm. Epif Pityrogramma calomelanos (L.) Link var. calomelanos Herb Polytaenium guayanense (Hieron.) Alston Epif x Pteris pungens Willd. Herb x Pteris tripartita Sw. Herb x x Vittaria lineata (L.) Sm. Epif x x AP AP x AP AP x x x x x AA x AA AP x x x x AP x AP x AA x x AP AP Saccolomataceae Lomariopsis prieuriana Fée Hepif x x x Nephrolepis biserrata (Sw.) Schott Epif x x x Nephrolepis rivularis (Vahl) Mett. ex Krug Epif x x x x AP Saccoloma elegans Kaulf. Herb x AA Saccoloma inaequale (Kunze) Mett. Herb x AP AP x AP Tectariaceae Lygodiaceae Liana x Herb x x Tectaria incisa Cav. Herb x AP Triplophyllum crassifolium Holttum Herb x AP Triplophyllum dicksonioides (Fée) Holttum Herb x Triplophyllum funestum (Kunze) Holttum Herb Triplophyllum hirsutum (Holttum) J. Prado & R.C. Moran Herb x x Thelypteris abrupta (Desv.) Proctor Herb x x Thelypteris biolleyi (H. Christ) Proctor Herb Thelypteris chrysodioides (Fée) C.V. Morton Herb Thelypteris hispidula (Decne.) C.F. Reed Herb Thelypteris interrupta (Willd.) K. Iwats. Herb Thelypteris leprieurii (Hook.) R.M. Tryon Herb Thelypteris macrophylla (Kunze) C.V. Morton Herb Thelypteris serrata (Cav.) Alston Herb Thelypteris tristis (Kunze) R.M. Tryon Herb Marattiaceae Metaxyaceae Metaxya rostrata (Humb., Bonpl. et Kunth) C. Presl trans 1 Adiantum cajennense Willd. ex Klotzsch Lomariopsidaceae Danaea trifoliata Rchb. ex Kunze Hábito AP Lindsaeaceae Lygodium volubile Sw. Famílias Espécie Pteridaceae Didymoglossum punctatum (Poir.) Desv. Lomariopsis japurensis (Mart.) J. Sm. 57 10 | botânica Herb x x x Polypodiaceae Campyloneurum phyllitidis (L.) C. Presl Epif x Cochlidium serrulatum (Sw.) L.E. Bishop Epif x x Microgramma fuscopunctata (Hook.) Vareschi Epif x x Microgramma lycopodioides (L.) Copel. Epif x Microgramma percussa (Cav.) de la Sota Epif Microgramma persicariifolia (Schrad.) C. Presl Epif Microgramma reptans (Cav.) A.R. Sm. Epif Serpocaulon triseriale (Sw.) A.R. Sm. Epif x x x x x AP x x x x x x x AP AP x x AP x x x Thelypteridaceae AP x x x x x x x x AP x AP x AP x x AA x AP x x x x x AP AA Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 56 10 | botânica Tabela 5.3 – Lista das espécies de angiospermas registradas na REBIO Maicuru, Estado do Pará, Brasil. Hábito: arbor – arbórea; arbus – arbustiva; herb – herbácea; epif – epífita; hepif – hemiepífita; hepar – hemiparasita; sub-arbor – subarborescente. Trans 1 – Transecto 1; Trans 2 – Transecto 2; Trans 3 – Transecto 3; Trans 4 – Transecto 4. Família Espécie Nome vulgar Hábito trans 1 trans 2 trans 3 trans 4 Astronium lecointei Ducke Breu de leite Campnosperma gummiferum (Benth.) Marchand Arbor x Arbor x Arbor x x Annona foetida Mart. Envira cana Duguetia pycnastera Sandwith Arbor x Arbor x Arbor Duguetia stelechantha (Diels) R.E. Fr. Hábito trans 1 Astrocaryum gynacanthum Mart. Arbor x Astrocaryum munbaca Mart. Herb x Arbor x x Attalea microcarpa Mart. Palha preta Herb Euterpe caatinga Barb. Rodr. Açai chumbinho Arbor Geonoma maxima var. chelidonura (Spruce) A.J. Hend. Ubim Herb x Herb x Bacaba Arbor x Paxiuba Arbor x Socratea exorrhiza (Mart.) H. Wendl. Paxiuba Arbor Syagrus inajai (Spruce) Becc. Pupunha brava Arbor x Herb x x Não identificada 7 x Bignoniaceae Fusaea longifolia (Aubl.) Saff. Envira preta Arbor x Guatteria amazonica R.E. Fr. Envira amarela Arbor x Guatteria olivacea R.E. Fr. Envira bobó Arbor x Arbor x Tetrameranthus Duckei R.E. Fr. Arbor Xylopia amazonica R.E. Fr. Arbor x Xylopia calophylla R.E. Fr. Arbor x Xylopia nitida Dunal Envira branca Xylopia sp. x Jacaranda copaia (Aubl.) D. Don Parapará Arbor Tabebuia incana A.H. Gentry Ipê amarelo Arbor Não identificada 3 x x x x x x Liana x Bombacaceae x Arbor x Arbor x Apocynaceae Bombacopsis nervosa (Uittien) A. Robyns Arbor x x Quararibea ochrocalyx (K. Schum.) Vischer Arbor x x Rhodognaphalopsis duckei A. Robyns Arbor Cordia nodosa Lam. Arbor Cordia sp. Arbor x x x x Bromeliaceae Aspidosperma marcgravianum Woodson Carapanauba amarela Arbor Aspidosperma spruceanum Benth. ex Müll. Arg. Carapanauba Arbor Quinarana Arbor Couma guianensis Aubl. Geissospermum sericeum Benth. & Hook. f. ex Miers trans 4 x Socratea exorrhiza (Mart.) H. Wendl. Arbor Rollinia insignis R.E. Fr. trans 3 x Oenocarpus bacaba Mart. Arbor x trans 2 Arecaceae Virola preta Duguetia surinamensis R.E. Fr. Nome vulgar Geonoma maxima var. maxima Annonaceae Duguetia flagellaris Huber Família Espécie Attalea maripa (Aubl.) Mart. Anacardiaceae Thyrsodium spruceanum Benth. 59 10 | botânica x Bromelia sp. x Arbor Himatanthus sp. x x Arbor x Crepidospermum rhoifolium (Benth.) Triana & Planch. Arbor x Protium altsonii Sandwith Arbor x Arbor x Protium decandrum (Aubl.) Marchand x Lacmellea gracilis (Müll. Arg.) Markgr. Pau de colher Arbor Macoubea guianensis Aubl. Amapá amargoso Arbor Odontadenia sp. Cipó cururu Liana x Protium opacum Swart Arbus x Protium pallidum Cuatrec. Carapanauba preta Arbor Couma utilis (Mart.) Müll. Arg. Sovinha Arbor x x x Arbus Não identificada 6 x x Protium krukoffii Swart Breu sem cheiro 1 Arbor x Protium nitidifolium (Cuatrec.) D.C. Daly Breu amarelo Arbor x x Arbor Breu sem cheiro 3 Arbor x Protium strumosum D.C. Daly Breu paredão Arbor x Schefflera morototoni Aubl.) Maguire, Steyerm. & Frodin x x Protium spruceanum (Benth.) Engl. Caryocaraceae x x x Trattinnickia sp. Arbor x x Arbor Araliaceae Morototó x Arbor Breu folha grande Caryocar glabrum (Aubl.) Pers. Arbor Breu manga Piquiarana x Arbor Protium sp. Tetragastris altissima (Aubl.) Swart x x Arbor Protium unifoliolatum Engl. x Arbor Arbor Breu sem cheiro 2 Breu branco x x Protium hostmannii (Miq.) Engl. Protium paniculatum Engl. x Araceae Dieffenbachia sp. Arbor Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand Sucuba Aspidosperma desmanthum Benth. ex Müll. Arg. Breu vermelho Protium giganteum Engl. Himatanthus sucuuba (Spruce ex Müll. Arg.) Woodson Tabernaemontana muricata Link ex Roem. & Schult. Arbor Herb Burseraceae Arbor x x Arbor x Arbor x Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 58 10 | botânica Família Espécie Nome vulgar Hábito trans 1 trans 2 trans 3 trans 4 Cecropiaceae Família Espécie Arbor Cecropia sciadophylla Mart. Arbor x Pourouma cuspidata Mildbr. Arbor x x Sloanea guianensis (Aubl.) Benth. Pourouma minor Benoist Arbor x x Sloanea schomburgkii Spruce ex Benth. Pourouma sp. Arbor x Euphorbiaceae Pourouma tomentosa Mart. ex Miq. Arbor x x Dichapetalum rugosum (Vahl) Prance Arbor x x Cupiuba Arbor x x Arbor trans 2 trans 3 trans 4 x x Arbor x Arbor x x Seringueira Arbor Hura crepitans L. Assacu Arbor Arbor x Conceveiba guianensis Aubl. Arbor Arbor Castanha de galinha Arbor x Couepia robusta Huber Pajurá Arbor x Fabaceae Couepia ulei Pilg. Caripe pintadinho 2 Arbor x Hirtella bicornis Mart. & Zucc. Farinha seca branca Arbor Abarema floribunda (Spruce ex Benth.) Barneby & J.W. Grimes Hirtella hispidula Miq. x Arbor Hirtella macrophylla Benth. ex Hook. f. Farinha seca amarela Arbor Hirtella obidensis Ducke Caripe vermelho Arbor Hirtella piresii Prance Farinha seca vermelha Arbor Hirtella rodriguesii Prance x x x Farinha seca Arbor x Licania canescens Benoist Caripê Arbor x Arbor Caripe pintadinho 1 Arbor Licania impressa Prance Caripe branco Arbor Licania micrantha Miq. Caripe pintadinho Arbor Licania niloi Prance Licania oblongifolia Standl. x x x Arbor Licania rodriguesii Prance Caripé pintadinho Arbor Licania sp. 1 Farinha seca preta Arbor Licania sp. 2 x x Arbor Arbor x Arbor x Jacareuba Arbor x Symphonia globulifera L. f. Arbor x Tovomita sp. 1 Arbor x Arbor x Herb x Curcubitaceae Guarania sp. x Campsiandra laurifolia Benth. Acapu da várzea Arbor Dimorphandra coccinea Ducke Fava peluda Arbor Dimorphandra schomburgkii Fava peluda Arbor Dinizia excelsa Ducke Angelim vermelho Arbor x Dipteryx odorata (Aubl.) Willd. Cumaru Arbor x Dipteryx oppositifolia (Aubl.) Willd. Cumarurana Arbor x Liana x Cyperaceae Herb Tiririca Herb x x x x x x x Arbor x Inga alba (Sw.) Willd. Ingá vermelho Arbor x Inga cayennensis Sagot ex Benth. Ingá folha miuda Arbor x Inga gracilifolia Ducke Inga xixi Arbor x Inga grandis T.D. Penn. Inga folha grande Arbor Inga heterophylla Willd. Ingá Xixica Arbor Inga paraensis Ducke Ingá de piriquito Arbor Inga pezizifera Benth. Ingá da mata Arbor Inga sp. Herb Inga splendens Willd. Arbor x x x x x x x x x Arbor x Ormosia flava (Ducke) Rudd Tento preto Arbor x Ormosia grossa Rudd Tento vermelho Arbor x Ormosia paraensis Ducke Tento amarelo Arbor Parkia multijuga Benth. Paricá Arbor Parkia pendula (Willd.) Benth. ex Walp. Diplasia sp. x x Arbor Inga stipularis DC. x Connaraceae Connarus erianthus Elmer x Liana Hymenolobium heterocarpum Ducke Combretaceae Buchenavia guianensis Alwan & Stace Liana Bauhinia sp. 3 Arbor Lorostemon coelhoi Paula x Bauhinia sp. 2 Arbor Clusiaceae x x Jatobá cachorro x x Liana Jitaiaçú x x Liana Hymenaea parvifolia Huber x Arbor Escada de jaboti Hymenaea courbaril L. x Licania tomentosa (Benth.) Fritsch Bauhinia guianensis Aubl. x Arbor x x Arbor Sucupira preta Eperua grandiflora (Aubl.) Benth. x Licania heteromorpha Benth. Andira micrantha Ducke x Arbor Caripe amarelo Arbor Bauhinia sp. 1 x Hirtella sprucei Benth. ex Hook. f. Licania caudata Prance x x Arbor x x Couepia longipendula Pilg. Scleria secans (L.) Urb. Urucurana Hevea brasiliensis (Willd. ex A. Juss.) Müll. Arg. Conceveiba martiana Baill. Calophyllum aff. brasiliense Cambess. Liana trans 1 Mabea speciosa Müll. Arg. Couepia guianensis Aubl. Licania sprucei (Hook. f.) Fritsch Cipó de fogo Amanoa gracillima W.J. Hayden Embaúba benguê Chrysobalanaceae Licania elata (Pilg.) Pilg. ex L. Williams Hábito Elaeocarpaceae Celastraceae Goupia glabra Aubl. Nome vulgar Dilleniaceae Cecropia purpurascens C.C. Berg Pourouma villosa Trécul 61 10 | botânica Parkia reticulata Ducke Faveira x x Arbor x Arbor x Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 60 10 | botânica Família Espécie Nome vulgar Hábito trans 1 Pentaclethra macroloba (Willd.) Kuntze Pracaxi Arbor x Sclerolobium chrysophyllum Poepp. Tachi amarelo Arbor x Sclerolobium tinctorium Benth. Tachi pitomba Arbor x Swartzia cuspidata Spruce ex Benth. Arbor x Swartzia lamellata Ducke Arbor Swartzia recurva Poepp. trans 2 trans 3 trans 4 Sucupira amarela Arbor Tachi preto Arbor Vouacapoua americana Aubl. Acapu Arbor x x x x Angelim pedra Mata calado Arbor x x Ischinosiphon sp. Herb Monotagma sp. 1 Herb x x x Monotagma sp.2 x Herb Clidenia sp. x x Arbor x Arbor x Chichuá Liana Uxi Arbor Vantanea guianensis Aubl. x x x x x Arbor x x Arbus x Miconia alata (Aubl.) DC. Arbus x Miconia tomentosa (Rich.) D. Don ex DC. Arbor Lacistema grandifolium Schnizl. Arbor Lacistema guyanense Gand. Arbor x Mouriri collocarpa Ducke Miraúba Arbor Muriri folha miuda Arbor x Casca preciosa Arbor Aniba fragrans Ducke Louro rosa Arbor x Aniba gigantifolia O.C. Schmidt Louro peludo Arbor Aniba panurensis (Meisn.) Mez x x x x Arbor x Aniba parviflora (Meisn.) Mez Louro capitiu Arbor x Licaria cannella (Meisn.) Kosterm. Louro preto Arbor x Licaria chrysophylla (Meisn.) Kosterm. Arbor Louro amarelo Arbor x Mouriri ficoides Morley Arbor x Mouriri nigra (DC.) Morley Arbor Miconia sp. Arbor x Louro cravo Rhodostemonodaphne sordida Madriñán Arbor x Arbor x Arbor x Andiroba Arbor x Guarea silvatica C. DC. Jatauba amarela Arbor x Trichilia lecointei Ducke Jataúba branca Arbor Arbor Eschweilera pedicellata (Rich.) S.A. Mori Arbor Eschweilera truncata A.C. Sm. Arbor Lecythis gracieana S.A. Mori x x x Arbor Sapucaia Arbor x x x x Liana x Monimiaceae Bracteanthus glycycarpus Ducke Capitiu folha grande Arbor x x Siparuna glycycarpa (Ducke) S.S. Renner & Hausner Capitiu folha grande Arbor Siparuna cuspidata (Tul.) A. DC. Capitiu Arbor x Siparuna decipiens (Tul.) A. DC. Capitiu Arbor x Amapá amarelo Arbor x Moraceae Brosimum parinarioides Ducke Amapá folha grande Arbor Brosimum potabile Ducke Amapá amargoso Arbor Arbor Tanibuca x x x x Arbor Helianthostylis sprucei Baill. Arbor Sorocea muriculata Miq. Arbor x x x x x Myristicaceae x Matamatá branco x Arbor Abuta grandifolia (Mart.) Sandwith Buchenavia parvifolia Ducke Lecythidaceae Couratari stellata A.C. Sm. x x Carapa guianensis Aubl. Brosimum rubescens Taub. x Ocotea sp. x Meliaceae Brosimum guianense (Aubl.) Huber x Ocotea matogrossensis Vatt. x Menispermaceae x Lauraceae Aniba canellila (H.B.K.) Mez x Mouriri Duckeana Morley Trichilia schomburgkii C. DC. Lacistemataceae Lecythis pisonis Cambess. trans 4 x Não identificada 4 Humiriaceae Eschweilera coriacea (DC.) S.A. Mori x trans 3 Potalia amara Aubl. Hippocrateaceae Persea jariensis Vattimo Arbor trans 2 Marantaceae Arbor Ryania speciosa Vahl Ocotea costulata (Nees) Mez trans 1 Loganiaceae Flacourtiaceae Endopleura uchi (Huber) Cuatrec. Hábito Melastomataceae Zygia juruana (Harms) L. Rico Tontelea fluminensis (Peyr.) A.C. Sm. Nome vulgar Linaceae x Arbor Tachigali myrmecophila (Ducke) Ducke Laetia procera (Poepp.) Eichler Família Espécie Roucheria punctata (Ducke) Ducke Swartzia sp. Zygia racemosa (Ducke) Barneby & J.W. Grimes 63 10 | botânica Iryanthera coriacea Ducke Arbor Iryanthera elliptica Ducke Arbor Iryanthera juruensis Warb. Arbor x x x Iryanthera laevis Markgr. Ucuuba vermelha Arbor Iryanthera lancifolia Ducke Ucuuba vermelha Arbor x Virola flexuosa A.C. Sm. Ucuuba branca Arbor Virola guggenheimii W.A. Rodrigues Ucuuba amarela Arbor x Virola michelii Heckel Ucuuba preta Arbor x Virola guggenheimii W.A. Rodrigues Ucuuba amarela Arbor x x x Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 62 10 | botânica trans 4 Família Espécie Arbor x Sapotaceae Arbor x Família Espécie Nome vulgar Hábito Virola pavonis (A. DC.) A.C. Sm. Ucuuba folha grande Virola sp. trans 1 trans 2 trans 3 Myrtaceae Eugenia cupulata Amshoff x Eugenia sp. Myrciaria floribunda (H. West ex Willd.) O. Berg 65 10 | botânica Arbus x Goiabinha Arbor x x Neea sp. 1 João mole duro Arbor Pisonia tomentosa Casar. João mole amarelo Arbor x Ouratea coccinea Engl. Arbor x Ouratea discophora Ducke Arbor x x Ouratea odora Poepp. ex Engl. Arbor x x x Nictaginaceae x Ochnaceae Olacaceae Minquartia guianensis Aubl. Quariquara Arbor Ptychopetalum olacoides Benth. Muirapuama Arbor x x Orchidaceae Não identificada 8 Epif x Piperaceae Nome vulgar Hábito Chrysophyllum amazonicum T.D. Penn. Abiu casca grossa Arbor Manilkara huberi (Ducke) Chevalier Maçaranduba Arbor Micropholis sp. trans 1 Micropholis venulosa (Mart. & Eichler) Pierre Abiu folha grande Arbor Nemaluma sp. Rosada brava Arbor Pouteria anomala (Pires) T.D. Penn. Abiu rosadinho Arbor Pouteria cladantha Sandwith Abiu vermelho Arbor Pouteria guianensis Aubl. Arbor Pouteria laevigata (Mart.) Radlk. Arbor x x x x x x x x Pouteria lasiocarpa (Mart.) Radlk. Abiu casca seca Arbor Pouteria laurifolia (Gomes) Radlk. Abiu seco Arbor x x Pouteria reticulata (Engl.) Eyma Abiu casca fina Arbor x Abiu folha grande Arbor x Pouteria stipulifera T.D. Penn. Abiu amarelo Arbor x Pradosia cochlearia ssp. praealta Abiu doce Arbor x Arbor x Piper alatabaccum Trel. & Yunck. Herb x Richardella spruceana Herb x Sterculiaceae Piper sp. 2 Herb Sterculia excelsa Mart. Arbor x Não identificada 9 Arbus x Theobroma silvestre Spruce ex K. Schum. Arbor x Herb x Strelitziaceae Ichnanthus panicoides P. Beauv. Olyra latifolia L. Taboquinha Herb Phenakospermum guianensis Aubl. x Sororoca Arbor Quiina amazonica A.C. Sm. Arbor Quiina obovata Tul. Arbor Touroulia guianensis Aubl. Arbor Clavija sp. x x x Tiliaceae x Lueheopsis rosea (Ducke) Burret x x Herb x Herb x Açoita cavalo Arbor x Quariquarana Violaceae Rubiaceae Pau mulato Arbor Chimarrhis turbinata DC. Pau de remo Arbor Duroia macrophylla Huber Puruí Arbor Hillia sp. Arbus Pagamea sp. Arbor Psychotria brachybotrya Müll. Arg. Arbus Psychotria sp. Arbus Não identificada 2 Arbus Não identificada 5 Herb x Rhabdodendron amazonicum (Spruce ex Benth.) Huber Arbor x x x x x Rinorea amapensis Hekking Arbor x Rinorea guianensis Aubl. Arbor x Rinorea macrocarpa (C. Mart. ex Eichler) Kuntze Arbor x Vochysiaceae Qualea cassiquiarensis Spruce ex Warm. x x Rutaceae Arbor Mandioqueira Arbor x Ruizterania albiflora (Warm.) Marc.-Berti Mandioqueira vermelha Arbor x Vochysia divergens Pohl Quaruba branca Arbor x Arbor x Vochysia sp. x x Qualea rosea Aubl. x Zingiberaceae Zanthoxylum rhoifolium Lam. Tamanqueira Arbor x Costus sp. Herb Zanthoxylum sp. Tamanqueira Arbor x Renealmia floribunda K. Schum. Herb Costus congestiflorus Rich. ex L.F. Gagnep. Herb Sapindaceae Paullinia sp. 1 Liana Paullinia sp. 2 Liana Talisia mollis Kunth ex Cambess. x Theophrastaceae Quiinaceae Capirona decorticans Spruce x Pouteria spruceana (Mart. & Miq.) Baehni Abiu ferro trans 4 x Piper sp. 1 Poaceae trans 3 Arbor Pradosia decipiens Ducke x trans 2 Arbor x x Não identificada 1 x Não identificada 10 Cipó titica x x x Herb Herb x Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 64 67 10 | botânica 10 | botânica Tabela 5.4 – Parâmetros fitossociológicos das espécies de angiospermas (CAP≥10 cm) mais abundantes inventariadas na REBIO Maicuru, em ambiente de floresta de terra firme. Número de indivíduos (N), Densidade relativa (Dr %), Freqüência relativa (Fr %); Dominância absoluta (Dabs), Dominância relativa (Dor %); Índice de Valor de Importância (IVI). Tabela 5.5 – Número de indivíduos e espécies nas famílias arbóreas e herbáceas de angiospermas registradas na REBIO Maicuru. Número de indivíduos (N); Número de espécies (N Sp). Espécie Familia N Dabs Dr (%) Frabs Fr (%) Doabs Dor (%) IVI IVI(%) Protium decandrum (Aubl.) Marchand Burseraceae 82 0,03 5,77 0,36 5,77 2,70 13,59 4,53 59 N Sp. 1 Fabaceae 261 43 31 Tiliaceae 7 1 2 Burseraceae 212 17 32 Flacourtiaceae 5 2 3 Chrysobalanaceae 120 24 33 Monimiaceae 5 4 4 Sapotaceae 91 17 34 Rutaceae 5 3 5 Arecaceae 85 12 35 Sapindaceae 5 3 6 Apocynaceae 84 12 36 Bignoniaceae 4 3 7 Myristicaceae 82 11 37 Caryocaraceae 4 1 8 Meliaceae 52 5 38 Cyperaceae 4 2 9 Annonaceae 51 15 39 Marantaceae 4 4 10 Melastomataceae 45 8 40 Nictaginaceae 3 2 0,17 2,67 2,25 1,71 7,06 2,35 Euterpe caatinga Barb. Rodr. Arecaceae 37 0,01 2,60 0,16 2,60 0,37 0,28 5,49 1,83 Carapa guianensis Aubl. Meliaceae 36 0,01 2,53 0,16 2,53 2,99 2,27 7,34 2,45 Vouacapoua americana Aubl. Fabaceae 32 0,01 2,25 0,14 2,25 6,84 5,20 9,71 3,24 Tachigali myrmecophila (Ducke) Ducke Fabaceae 30 0,01 2,11 0,13 2,11 4,81 3,66 7,88 2,63 11 Cecropiaceae 38 7 41 Poaceae 3 2 Protium pallidum Cuatrec. Burseraceae 28 0,01 1,97 0,12 1,97 1,27 0,96 4,90 1,63 12 Lauraceae 37 12 42 Zingiberaceae 3 3 Dinizia excelsa Ducke Fabaceae 27 0,01 1,90 0,12 1,90 41,66 31,69 35,49 11,83 13 Rubiaceae 31 9 43 Cipó titica 3 1 Mouriri ficoides Morley Melastomataceae 26 0,01 1,83 0,11 1,83 0,74 0,56 4,22 1,41 14 Euphorbiaceae 28 6 44 Araceae 3 3 Manilkara huberi (Ducke) Chevalier Sapotaceae 25 0,01 1,76 0,11 1,76 4,37 3,32 6,84 2,28 15 Anacardiaceae 27 3 45 Araliaceae 2 1 Protium hostmannii (Miq.) Engl. Burseraceae 16 Humiriaceae 27 3 46 Boraginaceae 2 2 17 Lecythidaceae 23 6 47 Curcubitaceae 2 1 18 Violaceae 21 3 48 Dilleniaceae 2 1 3,36 4,27 N 2,67 0,40 12,81 Familia 0,02 0,53 4,51 Número 38 1,48 5,93 N Sp. Myristicaceae 0,09 4,15 N Iryanthera laevis Markgr. 1,48 0,26 Familia Apocynaceae 0,01 4,15 Número Geissospermum sericeum Benth. & Hook. f. ex Miers 21 0,02 2,05 1,12 Endopleura uchi (Huber) Cuatrec. Humiriaceae 20 0,01 1,41 0,09 1,41 1,13 0,86 3,67 1,22 19 Sterculiaceae 20 3 49 Elaeocarpaceae 2 2 Licania micrantha Miq. Chrysobalanaceae 20 0,01 1,41 0,09 1,41 0,77 0,59 3,40 1,13 20 Bombacaceae 18 3 50 Hippocrateaceae 2 1 Socratea exorrhiza (Mart.) H. Wendl. Arecaceae 20 0,01 1,41 0,09 1,41 0,21 0,16 2,98 0,99 21 Celastraceae 18 2 51 Strelitziaceae 2 1 Thyrsodium spruceanum Benth. Anacardiaceae 22 Moraceae 18 7 52 Theophrastaceae 2 1 23 Ochnaceae 14 3 53 Bromeliaceae 1 1 24 Vochysiaceae 13 5 54 Burmaniaceae 1 1 25 Myrtaceae 11 3 55 Combretaceae 1 1 26 Quiinaceae 10 4 56 Connaraceae 1 1 27 Lacistemataceae 9 2 57 Linaceae 1 1 28 Olacaceae 9 2 58 Loganiaceae 1 1 19 0,01 1,34 0,08 1,34 0,70 0,53 3,20 1,07 Conceveiba guianensis Aubl. Euphorbiaceae 18 0,01 1,27 0,08 1,27 0,44 0,33 2,86 0,95 Hirtella macrophylla Benth. ex Hook. f. Chrysobalanaceae 18 0,01 1,27 0,08 1,27 0,50 0,38 2,91 0,97 Sclerolobium tinctorium Benth. Fabaceae 18 0,01 1,27 0,08 1,27 1,66 1,26 3,79 1,26 Virola michelii Heckel Myristicaceae 18 0,01 1,27 0,08 1,27 1,28 0,97 3,50 1,17 29 Piperaceae 8 4 59 Menispermaceae 1 1 30 Clusiaceae 7 4 60 Orchidaceae 1 1 Sub-totais 1470 255 81 51 Total 1551 306 Goupia glabra Aubl. Celastraceae 17 0,01 1,20 0,07 1,20 2,75 2,09 4,49 1,50 Pouteria anomala (Pires) T.D. Penn. Sapotaceae 17 0,01 1,20 0,07 1,20 1,33 1,01 3,41 1,14 Protium krukoffii Swart Burseraceae 17 0,01 1,20 0,07 1,20 0,39 0,29 2,69 0,90 Chimarrhis turbinata DC. Rubiaceae 15 0,01 1,06 0,07 1,06 1,02 0,78 2,89 0,96 Inga gracilifolia Ducke Fabaceae 15 0,01 1,06 0,07 1,06 0,91 0,69 2,80 0,93 Inga paraensis Ducke Fabaceae 15 0,01 1,06 0,07 1,06 1,31 1,00 3,11 1,04 Pentaclethra macroloba (Willd.) Kuntze Fabaceae 15 0,01 1,06 0,07 1,06 2,20 1,67 3,78 1,26 Protium spruceanum (Benth.) Engl. Burseraceae 15 0,01 1,06 0,07 1,06 0,83 0,63 2,75 0,92 Quararibea ochrocalyx (K. Schum.) Vischer Bombacaceae 15 0,01 1,06 0,07 1,06 0,32 0,24 2,35 0,78 Subtotal (29 ssp. arbóreas) 733 0,29 51,58 3,22 51,58 92,18 70,11 173,28 57,76 Outras espécies arbóreas (187) 688 0,28 48,42 3,03 48,42 39,25 29,86 126,69 42,23 Outras espécies (90) 130 - - - - - - - - 1551 0,6 100,0 6,2 100,0 131,5 100,0 300,0 100,0 Com base nestes resultados e outros estudos, verificou-se que a área possui alta representatividade, quanto ao número de famílias e gêneros (Trindade et al., 2007; Costa et al., 2006; Freitas & Prado, 2005; Lima Filho et al., 2004; Oliveira & Amaral, 2004; Amaral et al., 2000). Entre os 1551 indivíduos amostrados, 1083 distribuem-se em apenas dez famílias botânicas (Tabela 5.5), entre elas: Fabaceae (261), Burseraceae (212), Chrysobalanaceae (120), Sapotaceae (91), Arecaceae (85), Apocynaceae (84), Myristicaceae (82), Meliaceae (52), Annonaceae (51) e Melastomataceae (45) que representam 69,8% desse total; os demais indivíduos distribuem-se entre as outras 50 famílias, evidenicando uma alta densidade em poucas famílias botânicas, conforme observado em outros estudos na Amazônia. Contudo, a alta densidade destas mesmas famílias também é mencionada por outros estudiosos na Amazônia (Trindade et al., 2007; Lima-Filho et al., 2001; Oliveira & Amaral, 2004, 2005; Amaral et al., 2000). Segundo Finegan (1996), as famílias arbóreas mais representativas em uma floresta madura de terra firme são Fabaceae, Moraceae, Lauraceae, Annonaceae, Chrysobalanaceae, Sapotaceae e Myristicaceae, demonstrando que a REBIO Maicuru segue o padrão geral de outras florestas amazônicas. Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 66 10 | botânica Tabela 5.5 – Riqueza de espécie (s) e Índice de diversidade de Shannon (H) analisadas para as angiospermas registradas na REBIO Maicuru. Figura 5.1 – Curva cumulativa de espécies por esforço amostral (área em m2) para as angiospermas amostradas na REBIO Maicuru. Ambiente Riqueza (s) Shannon (H) Floresta de Terra Firme 306 4.7 250 218 224 226 A alta densidade de Euterpe caatinga é devido a ocorrência de uma faixa de várzea existente no Transecto 4, haja vista que espécies do gênero Euterpe são comuns em ambiente de florestas sazonais alagadas (Gama et al., 2005; Santos et al., 2004; Queiroz et al., 2005). Alguns autores relacionam as altas densidades de Euterpe à estratégia reprodutiva por perfilhamento (na área foi observado um único indivíduo que tinha oito caules perfilhados) e germinação de sementes (Pollak et al., 1995; Nogueira, 1997; Jardim, 2000 apud Santos & Jardim, 2006). Quanto à riqueza, a REBIO Maicuru contou com 306 espécies e um índice de diversidade de 4,7 (Tabela 5.6). A riqueza de espécies observada na REBIO Maicuru é bastante elevada, demonstrando o seu bom estado de conservação, sendo similar ao encontrado por outros levantamentos na região Amazônica (Rodrigues et al., 2007; Santos et al., 2004). O índice de diversidade de Shannon-Wiener para florestas tropicais normalmente varia de 3,83 a 5,85, valores considerados altos para qualquer tipo de vegetação (Knight, 1975 apud Oliveira & Amaral, 2004). Diante disso, pode-se concluir que a REBIO Maicuru possui grande diversidade florística, com índices superiores aos registrados por vários autores (Anderson et al., 1985; Queiroz & Mochiutti, 2000; Conceição, 1990; Ramos, 2000; Lima et al., 2001 apud Santos & Amaral, 2004). A curva espécie/área para as angiospermas mostrou tendência de estabilização, o que indica que a amostragem foi significativa, embora não exaustiva (Figura 5.1). Numa análise comparativa entre famílias com maior riqueza específica e densidade, verificou-se que há uma relação entre riqueza e densidade para as famílias Fabaceae (43 spp.; N= 261 ind.), Chrysobalanacae (24 spp.; N= 120 ind.), Burseraceae (17 spp.; N= 212 ind.) e Sapotaceae (17 ssp.; 91 ind.) (Prance, 1990; Ribeiro et al, 1994; Tello, 1995; Amaral, 1996 apud Amaral et al., 2000). Para as pteridófitas, as famílias mais representativas para as pteridófitas foram Pteridaceae (18 spp.), Hymenophyllaceae (14spp.), Thelypteridaceae (9 spp.) e Polypodiaceae (8 spp.) e os gêneros com maior número de espécies foram Adiantum (10 spp.), Thelypteris (8 spp.) e Trichomanes (7 spp.). Estas famílias e gêneros também apresentam maior riqueza em outras localidades amazônicas (Costa & Pietrobom, 2007; Costa et al., 2006; Freitas & Prado, 2005), exceto Thelypteridaceae. Foram registradas 8 espécies de pteridófitas restritas ao centro de endemismo das Guianas [sensu Tryon, 1972; Adiantum multisorium A. Samp., A. paraense Hieron., Cyathea surinamensis (Miq.) Domin, Didymoglossum pinnatinervium (Jenman) Pic. Serm., Trichomanes pedicellatum Desv., Lindsaea macrophylla Kaulf., Danaea trifoliata Rchb. ex Kunze e Triplophyllum 200 204 170 150 142 177 183 190 153 149 129 100 87 50 99 110 46 crassifolium Holttum] e 10 espécies endêmicas para a região amazônica como um todo [Asplenium angustum Sw., Elaphoglossum laminarioides (Bory ex Fée) T. Moore, Lindsaea dubia Spreng., Microgramma fuscopunctata (Hook.) Vareschi, Salpichlaena hookeriana (Kuntze) Alston, Selaginella fragilis A. Braun, Trichomanes hostmannianum (Klotszch) Kunze, Trichomanes trollii Bergdolt, Trichomanes vittaria D.C. ex Poir. e Triplophyllum dicksonioides (Fée) Holttum]. Os registros das seguintes espécies de pteridófitas são considerados inéditos para o estado do Pará: Didymoglossum ekmanii (Wess. Boer) Ebihara & Dubuisson (Hymenophyllaceae – monilófita), Lindsaea dubia Spreng. (Lindsaeaceae – monilófita), Microgramma fuscopunctata (Hook.) Vareschi (Polypodiaceae – monilófita), Pteris tripartita Sw. (Pteridaceae – monilófita), Saccoloma inaequale (Kunze) Mett. (Saccolomataceae – monilófita), Selaginella fragilis A. Braun, S. pedata Klotzsch (Selagiellaceae – licófita), Thelypteris biolleyi (H. Christ) Proctor e T. chrysodioides (Fée) C.V. Morton (Thelypteridaceae – monilófita), Triplophyllum crassifolium Holttum (Tectariaceae – monilófita). Adiantum multisorum A. Samp. é endêmica do Brasil, considerada rara, e até então conhecida de apenas duas localidades em Rondônia e no Pará (Maciel 2008). O registro de A. multisorum A. Samp. para a REBIO Maicuru é o terceiro conhecido da espécie. 40000 37500 35000 32500 30000 27500 25000 22500 20000 17500 15000 12500 10000 0 7500 As famílias fanerogâmicas arbóreas mais abundantes também foram as que apresentaram maior riqueza específica: Fabaceae (43 spp.), Chrysobalanaceae (24 ssp.), Sapotaceae e Burseraceae (17 ssp.) e Annonaceae (15 ssp.); juntas, estas famílias representam 37,9% do total de espécies arbóreas, demonstrando que há famílias com alta concentração de espécies, como verificado também pelos estudos de Trindade et. al., (2007) e Amaral et al. (2000). O mesmo ocorre entre os gêneros com maior número de espécies, tais como: Protium (14 ssp.), Licania (13 ssp.), Inga (10 spp.), Pouteria (9 spp.), Hirtella (7 ssp.), Virola (6 spp.), Aniba, Iryanthera e Pouroma (5 ssp.) (Tabelas 5.4 e 5.5). Conjuntamente, estes nove gêneros representam 24% das espécies registradas e também foram reportados por Carneiro et. al., (2005) como entre os mais abundantes numa floresta de terra firme em Manaus. Todavia, dos 161 gêneros amostrados, 98 foram representados por apenas uma espécie, demonstrando um padrão mais geral de baixa riqueza de espécies por gênero (Pinheiro, 2007). 5000 Analisando o número de indivíduos por espécie arbórea (abundância), verificou-se que 29 espécies detêm 733 indivíduos (Tabela 5.4), representando 47% da densidade total. Dentre as espécies mais abundantes Protium decandrum (Burseraceae) contribui com 82 indivíduos, sendo esta responsável por 5,2% da densidade total amostrada, seguida por Geissospermum sericium (59), Iryanthera laevis (38) e Euterpe caatinga (37), entre outras. Existe alta densidade em poucas espécies, haja vista que 277 espécies encontram-se representadas por um baixo número de indivíduos. Estes são resultados comuns encontrados em outras matas da região (Trindade et al., 2007; Lima-Filho et al., 2001; Oliveira & Amaral, 2004; Coraiola & Netto, 2003; Amaral et al., 2000). Lindsaea macrophylla Kaulf. é considerada extremamente rara, sendo conhecida apenas para o Norte do Brasil segundo Cremers & Kramer (1991). O registro de Lindsaea macrophylla Kaulf. para a REBIO Maicuru é o primeiro em mais de 50 anos para a espécie e o segundo confirmado para o estado do Pará. Conclusões e recomendações De maneira geral, a flora da REBIO Maicuru teve uma composição similar ao observado em outras partes da Amazônia para ambientes em bom estado de conservação. Este ambiente analisado apresenta-se em bom estado de conservação, o que pode ser observado pela presença de famílias de pteridófitas como Hymenophyllaceae e pelos altos valores de riqueza e diversidade para as angiospermas. Com relação as angiospermas registradas na REBIO Maicuru, seis espécies registradas estão listadas como ameaçadas de extinção no Brasil (MMA, 2008): Tabernaemontana muricata Link ex Roem. & Schult. – Apocynaceae (estado de conservação: em perigo), Vouacapoua americana Aubl. – Fabaceae (estado de conservação: criticamente em perigo), Trichilia lecointei Ducke – Meliaceae (estado de conservação: LR/cd), Minquartia guianensis Aubl. – Olacaceae (estado de conservação: LR/nt), Ptychopetalum olacoides Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 69 10 | botânica 2500 Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 68 10 | botânica Benth. – Olacaceae (estado de conservação: vulnerável) e Manilkara huberi (Ducke) Chevalier – Sapotaceae (estado de conservação: vulnerável). As espécies T. muricata Link ex Roem. & Schult., Vouacapoua americana Aubl., T. lecointei Ducke e Minquartia guianensis Aubl também estão listadas como ameaçadas pela IUCN, enquanto P. olacoides Benth. e M. huberi (Ducke) Chevalier são também listadas com ameaçadas do estado do Pará (SEMA, 2007). Dessa forma, a REBIO Maicuru constitui uma importante unidade de conservação para a preservação destas espécies ameaçadas, além do potencial de contribuir para a realização de estudos ligados aos planos de manejo para a conservação destas espécies. Referências Amaral, I.L.; Matos, F.D.A. & Lima, J. 2000. Composição florística e parâmetros estruturais de um hectare de floresta densa de terra firme no rio Uatumâ, Amazônia, Brasil. Acta Amazônica 30(3): 377-392. Amazonia 2006. Acessado no dia 28. 04.09: http://www. amazonia.org.br APG II. 2003. An update of APG classification for the orders and families of flowering plants. Botanical Journal of the Linnean Society 141: 399-436. Bentes-Gama, M.M.; Scolforo, J.R.S.; Gama, J.R.V. & Oliveira, A.D. 2002. Estrutura e valoração de uma floresta de várzea alta na Amazônia. Cerne 8(1): 88-102. Brower, E.J.; Zar, J.H. & Van Ende, C.N. 1998. Field and laboratory methods for general ecology. 4a ed. New York: WCB/McGraw, 273p. Carneiro, V.M.C.; Higuchi, N.; Santos, J.; Pinto, A.C.M.; Teixeira, L.M.; Lima, A.J.N.; Silva, R.P. & Rocha, R.M. 2005. Composição florística e análise estrutural da floresta de terra firme na região de Manaus, Estado do Amazonas, Brasil. Relatório de Pesquisa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazónia, Coordenação de Pesquisas em Silvicultura Tropical. Coraiola, M. & Netto, P.S. 2003. Análise da estrutura horizontal de uma floresta estacional semidecidual localizada no Município de Cássia – MG. Revista Acadêmica: Ciências agrárias e ambientais 1(2): 11-19. Costa, F.R.C. 2004. Structure and composition of the ground-herb comunity in a terra-firme Central Amazonian forest. Acta Amazônica 34(1): 1-9. Costa, J.M. & Pietrobom, M.R. 2007. Pteridófitas (Lycophyta e Monilophyta) da Ilha de Mosqueiro, Município de Belém, Estado do Pará, Brasil. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, Ciências Naturais, 2(2): 45-56. Costa, J.M.; Souza, M.G.C. & Pietrobom, M.R. 2006. Levantamento florístico das pteridófitas (Lycophyta e Monilophyta) do Parque Ambiental de Belém (Belém, Pará, Brasil). Revista de Biologia Neotropical 3(1): 4-12. 71 10 | botânica Costa, M.A.S.; Prado, J.; Windisch, P.G.; Freitas, C.A.A. & Labiak, P.H. 1999. Pteridophyta. Pp. 97-117. In: Ribeiro, J.E.L.S.; Hopkins, M.J.G.; Vicentini, A.; Sothers, C.A.; Costa, M.A.S.; Brito, J.M.; Souza, M.A.D.; Martins, L.P.H.; Lohmann, L.G.; Assunção, P.A.C.L.; Pereira, E.C.; Silva, C.F.; Mesquita, M.R. & Procópio, L.C. (orgs). Flora da Reserva Ducke. Guia de identificação das plantas vasculares de uma floresta de terra-firme na Amazônica Central. Manaus: INPA/DFID. Lima-Filho, D.A.; Matos, F.D.A.; Amaral, I.L.; Revilla, J.; Coêlho, L.S.; Ramos, J.F. & Santos, J.L. 2001. Inventário florístico de floresta ombrófila densa de terra firme, na região do Rio Urucu-Amazonas, Brasil. Acta Amazonica 31: 565-579. Rodrigues, M.A.C.M.; Miranda, I.S. & Kato, M.S.A. 2007. Estrutura de florestas secundárias após dois diferentes sistemas agrícolas no nordeste do estado do Pará, Amazônia Oriental. Acta Amazonica 37(4): 591-598. Lima-Filho, D.A.; Revilla, J.; Amaral, I.L.; Matos, F.D.A.; Coêlho, L.S.; Ramos, J.F.; Silva, G.B. & Guedes, J.O. 2004. Aspecto florístico de 13 hectares de área de Cachoeira Porteira – PA. Acta Amazonica 34(3): 1-9. Santos, G.C. & Jardim, M.A.G. 2006. Florística e estrutura do estrato arbóreo de uma floresta de várzea no município de Santa Bárbara do Pará, Estado do Pará, Brasil. Acta Botanica 36 (4): 1-10. Maciel, S. 2008. Lycophyta e Monilophyta do Campo Experimental da EMBRAPA Amazônia Oriental, município de Moju, Estado do Pará, Brasil. Dissertação de mestrado. Universidade Federal Rural da Amazônia – Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém 144p. Santos, S.R.M.; Miranda, I.S. & Tourinho, M.M. 2004. Análise florística e estrutural de sistemas agroflorestais das várzeas do rio Juba, Cametá, Pará. Acta Amazônica 34(2): 251-263. Martins, S.E.; Rossi, L.; Sampaio, P.S.P. & Magenta, M.A.G. 2008. Caracterização florística de comunidades vegetais de restinga em Bertioga, SP, Brasil. Acta Botânica Brasílica 22(1): 249-274. Mickel, J.T. & Smith, A.R. 2004. The Pteridophytes of Mexico. Memoirs of the New York Botanical Gardens 88: 1-1054. Ministério do Meio Ambiente – MMA. 2008. Lista oficial das espécies da flora Brasileira ameaçadas de extinção. (acesso em: http://www.mma.gov.br/estruturas/ascom_boletins/_ arquivos/83_19092008034949.pdf). SEMA. 2007. Lista de espécies da flora e da fauna ameaçadas no Estado do Pará. Disponível em http://www.sema. pa.gov.br/resolucoes_detalhes.php?idresolucao=54 Acesso em 20/08/2008. Smith, A.R. 1992. Thelypteridaceae. In: R.M. Tryon & R.G. Stolze (eds.). Pteridophyta of Peru. Part III. 16. Thelypteridaceae. Fieldiana, Bot. n.s. 29: 1-80. Smith, A.R. 1986. Revision of the Neotropical fern genus Cyclodium. American Fern Journal 76(2): 56-98. Smith, A.R. 1995. Pteridophtes. In: P.E. Berry; B.K. Holst & K. Yatskievych (eds.). Flora of the Venezuelan Guyana. Vol 2. Pteridophytes, Spermatophytes: Acanthaceae-Araceae. Timber Press. Portland. Ebihara, A.; Dubuisson, J.-Y.; Iwatsuki, K.; Hennequin, S. & Ito, M. 2006. A taxonomic revision of Hymenophyllaceae. Blumea 51: 221–280. Moran, R.C. & Riba, R. 1995. Flora Mesoamericana. Vol. I Psilotaceae a Salviniaceae. Universidad Nacional Autónoma de México, Ciudad de México. 470 p. Fidalgo, O. & Bononi, V.L.R. 1989. Técnicas de coleta, preservação e herborização de material botânico. São Paulo: Instituto de Botânica, 62p. Mori, A.S. & Boom, B. 1983. Ecological importance of Myrtaceae in na eastern Brazilian wet forest. Biotropica 15:6870. Smith, A.R.; Pryer, K.M.; Schuettpelz, E.; Korall, P.; Schneider, H. & Wolf, P. 2008. Fern Classification. In. Rauker, T.A. & Haufler, C.H. (Eds.). Biologyand Evolution of ferns and Lycophytes. New York: Cambridge University Press, p. 417-467. Finegan, B. 1996. Pattern and process in neotropical secondary rain forests: the first 100 years of succession. Tree 11(3): 119-124. Müller-Dombois, D. & Ellemberg, H. 1974. Aims and methods for vegetation ecology. John Wiley & Sons, New York, USA. 547pp. Sylvestre, L.S. 2001. Revisão taxonômica das espécies de As pleniaceae A.B. Frank ocorrentes no Brasil. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo, São Paulo. 571f. Freitas, C.A.A. & Prado, J. 2005. Lista anotada das pteridófitas de florestas inundáveis do alto Rio Negro, Município de Santa Izabel do Rio Negro, AM, Brasil. Acta Botânica Brasílica 19(2): 399-406. Oliveira, A.A. 2000. Inventários quantitativos de árvores em matas de terra firme: histórico com enfoque na Amazônia brasileira. Acta Amazonica 30(4): 543-567. Trindade, M.J.S.; Andrade, C.R. & Souza, L.A.S. 2007. Florística e fitossociologia da Reserva do Utinga, Belém, Pará, Brasil. Revista Brasileira de Biociências 52(2): 234-236. Oliveira, A.N. & Amaral, I.L. 2004. Florística e fitossociologia de uma floresta de vertente na Amazônia Central, Amazonas, Brasil. Acta Amazônica 34(1): 21-34. Tryon, R.M. 1972. Endemic areas and geographic speciation in tropical American ferns. Biotropica 4(3): 121-131. Gama, J.R.V.; Souza, A.L.; Martins, S.V. & Souza, D.R. 2005. Comparação entre florestas de várzea e terra firme do estado do Pará. Revista Árvore 29(4): 607-616. IUCN. 2008. 2008 IUCN Red List of Threatened Species. Disponível em http://www.redlist.org/> Acesso em 20/06/2009. Pichi-Sermolli, R.E.G. 1996. Authors of Scientifc names in Pteridophyta. Royal Botanical Garden, Kew. 78p. Tryon, R.M. & Stolze, R.G. 1989. Pteridophyta of Peru. Part. II. 13. Pteridaceae - 15. Dennstaedtiaceae. Fieldiana, Botany, n.s. 22: 1-128. Kramer, K.U. & Green, P.S. 1990. The families and genera of vascular plants. Vol 1 Pteridophytes and Gymnosperms. Berlin: Springer Verlag. New York. 404 p. Pinheiro, T. F. 2007. Caracterização de fitofisionomias em uma Floresta de terra-firme da Amazônia Central por inventário florístico e por textura de imagens simulação do mapsar (multi-application purpose sar). Dissertação de Mestrado, INPE, 125p. Lellinger, D.B. 1994. Hymenophyllaceae. In: Rijn, A.R.A.G. (ed.). Flora of the Guianas Fasc. 3. Koeltz Scientific Books, Königstein. pp. 1-63. Prado, J. & Moran, R.C. 2008. Revision of the neotropical species of Triplophyllum (Tectariaceae). Brittonia 60(2): 103-130. Windisch, P. G. 1992. Pteridófitas da Região Norte-Ocidental do Estado de São Paulo - Guia para excursões. 2a ed. Editora Universitária-UNESP, São José do Rio Preto. 110p. Queiroz, J.A.L.; Mochiutti, S.; Machado, S.A. & Galvão, F. 2005. Composição florística e estrutura de floresta em várzea alta estuarina amazônica. Floresta 35 (1): 41-56. Zuquim, G.; Costa, F.R.C.; Prado, J. & Tuomisto, H. 2008. Guia de samambaias e licófitas da REBIO Uatumã – Amazônia Central. Manaus: INPA. 316p. Tryon, R.M. & Stolze, R.G. 1993. Pteridophyta of Peru. Part. V. 18. Aspleniaceae-21. Polypodiaceae. Fieldiana, Botany, n.s. 32: 1-190. Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 1 70 © CI / Adriano Gambarini ANEXO 2 Ocorrência de espécies na Reserva Biológica Maicuru Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 2 Ocorrência de espécies na Reserva Biológica Maicuru Tabela 1. Espécies de peixes encontrados na REBIO Maicuru Ordem Família Nome científico Acestrorhynchidae Acestrorhynchus gr. Falcatus (Bloch, 1794) Copella compta Anostomus ternetzi Fernández-Yépez, 1949 Copella eigenmanni Anostomidae Ordem Lebiasinidae Leporinus sp. Leporinus "sp. n." Família Characiformes Pyrrhulina sloti Astyanax bimaculatus (Linnaeus, 1758) Prochilodontidae Astyanax aff. microlepis Eigenmann, 1913 Bryconops durbini Cyprinodontiformes Rivulidae Gymnotus anguillaris Gymnotus coatesi Gymnotus coropinae Gymnotidae Gymnotus aff. inaequilabiatus (Valenciennes, 1839) Gymnotus cf. paraguensis Gymnotiformes Gymnotus sp.1 Jupiaba keithi Gymnotus sp.2 Jupiaba polylepis Gymnotus sp.3 Knodus sp. Brachyhypopomus beebei Hypopomidae Microschemobrycon sp. Brachyhypopomus sp. Moenkhausia collettii (Steindachner, 1882) Hypopomus aff. artedi Moenkhausia lepidura Aequidens cf. mauesanus Kullander, 1997 Moenkhausia aff. oligolepis (Günther, 1864) Crenicichla albopunctata Phenacogaster megalostictus Eigenmann, 1909 Phenacogaster sp. Perciformes Cichlidae Crenicichla aff. cyclostoma Crenicichla sp. Poptella brevispina Krobia guianensis Roeboexodon cf. guyanensis (Puyo, 1948) Krobia sp. Serrapinnus sp. Callichthys callichthys Callichthyidae Tetragonopterus sp. Aphyocharacidium sp. Characidium aff. zebra Pimelodella cristata Heptapteridae Microcharacidium eleotrioides (Géry, 1960) Cyphocharax festivus Cyphocharax helleri Corydoras sp.1 Corydoras sp.2 Microcharacidium aff. weitzemani Buckup, 1993 Pimelodella geryi Pimelodella sp. Farlowella cf. knerii Siluriformes Cyphocharax mestomyllon Helogenes uruyensis Loricariidae Cyphocharax spilotus Lasiancistrus sp. Otocinclus mariae Cyphocharax spilurus Paraotocinclus sp. Cyphocharax sp. Loricariidae gen. sp1 Steindachnerina sp. Trichomycteridae Hoplerythrinus unitaeniatus Erythrinidae Rivulus sp. Hemigrammus cf. bellottii (Steindachner, 1882) Jupiaba acanthogaster (Eigenmann, 1911) Curimatidae Rivulus dibaphus Cheirodon sp. Hemigrammus sp. Crenuchidae Prochilodus rubrotaeniatus Electrophorus electricus Hemigrammus aff. schmardae (Steindachner, 1882) Characiformes Prochilodus lacustris Charax sp. Hemigrammus lunatus Characidae Copella metae Pyrrhulina laeta Aphyocharax sp. Bryconops caudomaculatus (Günther, 1864) Nome científico Hoplias aimara Hoplias malabaricus Erythrinidae gen. sp1 Synbrachiformes Synbranchidae Ituglanis amazonicus (Steindachner, 1882) Stegophilus sp. Synbranchus marmoratus 75 Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 2 Ocorrência de espécies na Reserva Biológica Maicuru 74 Ocorrência de espécies na Reserva Biológica Maicuru Ocorrência de espécies na Reserva Biológica Maicuru Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 2 Tabela 2. Espécies de répteis encontrados na REBIO Maicuru Tabela 3. Espécies de anfíbios encontrados na REBIO Maicuru Família Gekkonidae Nome científico Família Nome científico Coleodactylus amazonicus Allophrynidae Allophryne ruthveni Phyllomedusa bicolor Gonatodes humeralis Bufo guttatus Phyllomedusa hypochondrialis Lepidoblepharis heyerorum Bufo margaritifer Phrynohyas hadroceps Pseudogonatodes guianensis Gymnophthalmidae Squamata Iguanidae Tropiduridae Nome científico Bufo marinus Scinax garbei Alopoglossus angulatus Dendrophryniscus minutus Scinax sp.nov. Arthrosaura kockii Allobates femoralis Adenomera andreae Arthrosaura reticulata Anomaloglossus baeobatrachus Eleutherodactylus chiastonotus Bachia flavescens Dendrobatidae Colostethus spumaponens Eleutherodactylus fenestratus Cercosaura argulus Epipedobates hahneli Eleutherodactylus inguinalis Leposoma guianense Hyla boans Tretioscincus agilis Hyla calcarata Leptodactylus knudseni Hyla dentei Leptodactylus petersii Hyla fasciata Lithodytes lineatus Iguana iguana Anolis fuscoauratus Polychrotidae Bufonidae Família 77 Hylidae Leptodactylidae Leptodactylus bolivianus Anolis nitens chrysolepis Hyla geographica Anolis ortonii Hyla leucophyllata Microhylidae Physalaemus ephippifer Chiasmocleis sp.nov. Plica plica Osteocephalus leprieuri Pipidae Pipa pipa Plica umbra Uranoscodon superciliosus Scincidae Teiidae Boidae Mabya nigropunctata Tabela 4. Espécies de aves encontradas na REBIO Maicuru Ameiva ameiva Kentropyx calcarata Família Corallus hortulanus Dendrophidion dendrophis Tinamidae Dipsas catesbyi Erytrholamprus aesculapii Serpentes Colubridae Leptodeira annulata Anatidae Liophis reginae Pseustes sulphureus Cracidae Xenopholis scalaris Elapidae Chelonia Crocodylia Micrurus lemniscatus Nome Científico Nome popular Tinamus major (Gmelin, 1789) *C inhambu-de-cabeça-vermelha Crypturellus cinereus (Gmelin, 1789) inhambu-preto Crypturellus erythropus (Pelzeln, 1863) *DL inhambu-de-perna-vermelha Crypturellus variegatus (Gmelin, 1789) inhambu-anhangá Cairina moschata*C pato-do-mato Ortalis motmot (Linnaeus, 1766) aracuã-pequeno Penelope marail (Statius Muller, 1776)*C, EN jacumirim Aburria cumanensis (Jacquin, 1784)*C Crax alector Linnaeus, 1766 *C mutum-poranga Odontophorus gujanensis (Gmelin, 1789) uru-corcovado Viperidae Lachesis muta Odontophoridae Testudinidae Chelonoidis denticulata Anhingidae Anhinga anhinga (Linnaeus, 1766) biguatinga Plomedusidae Mesoclemmys gibba Ardeidae Tigrisoma lineatum (Boddaert, 1783) socó-boi Alligatoridae Caiman crocodilus Cathartidae Accipitridae Falconidae Cathartes melambrotus Wetmore, 1964 urubu-da-mata Sarcoramphus papa (Linnaeus, 1758) urubu-rei Elanoides forficatus (Linnaeus, 1758) gavião-tesoura Buteogallus urubitinga (Gmelin, 1788) gavião-preto Morphnus guianensis (Daudin, 1800)*IUCN uiraçu-falso Spizaetus tiranus (Daudin, 1800) gavião-de-cara-preta Spizaetus ornatus (Daudin, 1800) gavião-de-penacho Daptrius ater Vieillot, 1816 gavião-de-anta Ibycter americanus (Boddaert, 1783) gralhão Herpetotheres cachinnans (Linnaeus, 1758) acauã Micrastur ruficollis (Vieillot, 1817) falcão-caburé Micrastur gilvicollis (Vieillot, 1817) falcão-mateiro Micrastur mirandollei (Schlegel, 1862) tanatau Micrastur semitorquatus (Vieillot, 1817) falcão-relógio Falco rufigularis Daudin, 1800 cauré Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 2 76 Ocorrência de espécies na Reserva Biológica Maicuru Família Psophiidae Columbidae Psittacidae Cuculidae Strigidae Nyctibiidae Caprimulgidae Apodidae Trochilidae Nome Científico Nome popular Ocorrência de espécies na Reserva Biológica Maicuru Família Nome Científico Nome popular Psophia crepitans Linnaeus, 1758 *EN jacamim-de-costas-cinzentas Florisuga mellivora (Linnaeus, 1758) beija-flor-azul-de-rabo-branco Aramides cajanea (Statius Muller, 1776) saracura-três-potes Thalurania furcata (Gmelin, 1788) beija-flor-tesoura-verde Laterallus viridis (Statius Muller, 1776) sanã-castanha Hylocharis sapphirina (Gmelin, 1788) beija-flor-safira Tringa solitaria Wilson, 1813 *M maçarico-solitário Trogon melanurus Swainson, 1838 surucuá-de-cauda-preta Columbina passerina (Linnaeus, 1758) rolinha-cinzenta Trogon viridis Linnaeus, 1766 surucuá-grande-de-barriga-amarela Columbina talpacoti (Temminck, 1811) rolinha-roxa Trogon violaceus Gmelin, 1788 surucuá-pequeno Patagioenas speciosa (Gmelin, 1789) pomba-trocal Trogon collaris Vieillot, 1817 surucuá-de-coleira Patagioenas plumbea (Vieillot, 1818) pomba-amargosa Megaceryle torquata (Linnaeus, 1766) martim-pescador-grande Patagioenas subvinacea (Lawrence, 1868) pomba-botafogo Chloroceryle amazona (Latham, 1790) martim-pescador-verde Chloroceryle aenea (Pallas, 1764) martinho Trochilidae Alcedinidae Leptotila verreauxi Bonaparte, 1855 juriti-pupu Leptotila rufaxilla (Richard & Bernard, 1792) juriti-gemedeira Chloroceryle americana (Gmelin, 1788) martim-pescador-pequeno Geotrygon montana (Linnaeus, 1758) pariri Chloroceryle inda (Linnaeus, 1766) martim-pescador-da-mata Ara ararauna (Linnaeus, 1758) arara-canindé Momotus momota (Linnaeus, 1766) udu-de-coroa-azul Brachygalba lugubris (Swainson, 1838) ariramba-preta Ara chloropterus Gray, 1859 arara-vermelha-grande Ara severus (Linnaeus, 1758) maracanã-guaçu Momotidae Galbulidae Galbula albirostris Latham, 1790 ariramba-de-bico-amarelo Galbula leucogastra Vieillot, 1817 ariramba-bronzeada Aratinga leucophthalma (Statius Muller, 1776) periquitão-maracanã Pyrrhura picta (Statius Muller, 1776)*EN tiriba-de-testa-azul Galbula dea (Linnaeus, 1758) ariramba-do-paraíso Forpus modestus (Cabanis, 1848) tuim-de-bico-escuro Jacamerops aureus (Statius Muller, 1776) jacamaraçu Brotogeris chrysoptera (Linnaeus, 1766) periquito-de-asa-dourada Notharchus macrorhynchos (Gmelin, 1788)*EN macuru-de-testa-branca Touit huetti (Temminck, 1830) apuim-de-asas-vermelhas Notharchus tectus (Boddaert, 1783) macuru-pintado Touit purpuratus (Gmelin, 1788) apuim-de-costas-azuis Bucconidae Bucco tamatia Gmelin, 1788 rapazinho-carijó Bucco capensis Linnaeus, 1766 rapazinho-de-colar Pionites melanocephalus (Linnaeus, 1758) marianinha-de-cabeça-preta Pyrilia caica (Latham, 1790)*EN curica-caica Malacoptila fusca (Gmelin, 1788) barbudo-pardo Pionus menstruus (Linnaeus, 1766) maitaca-de-cabeça-azul Monasa atra (Boddaert, 1783)*EN chora-chuva-de-asa-branca Pionus fuscus (Statius Muller, 1776) maitaca-roxa Chelidoptera tenebrosa (Pallas, 1782) urubuzinho Amazona amazonica (Linnaeus, 1766) curica Capito niger (Statius Muller, 1776)*EN capitão-de-bigode-carijó Amazona farinosa (Boddaert, 1783) papagaio-moleiro Ramphastos tucanus Linnaeus, 1758 tucano-grande-de-papo-branco Ramphastos vitellinus Lichtenstein, 1823 tucano-de-bico-preto Deroptyus accipitrinus (Linnaeus, 1758) anacã Coccycua minuta (Vieillot, 1817) chincoã-pequeno Capitoniidae Ramphastidae Selenidera piperivora (Linnaeus, 1766) *EN araçari-negro Pteroglossus viridis (Linnaeus, 1766) *EN araçari-miudinho Piaya cayana (Linnaeus, 1766) alma-de-gato Piaya melanogaster (Vieillot, 1817) chincoã-de-bico-vermelho Pteroglossus aracari (Linnaeus, 1758) araçari-de-bico-branco Crotophaga major Gmelin, 1788 anu-coroca Picumnus exilis (Lichtenstein, 1823) pica-pau-anão-de-pintas-amarelas Crotophaga ani Linnaeus, 1758 anu-preto Melanerpes cruentatus (Boddaert, 1783) benedito-de-testa-vermelha Megascops cholina (Vieillot,1817) corujinha-do-mato Veniliornis cassini (Malherbe, 1862) *EN pica-pau-de-colar-dourado Megascops watsonii (Cassin, 1849) corujinha-orelhuda Piculus flavigula (Boddaert, 1783) pica-pau-bufador Lophostrix cristata (Daudin, 1800) coruja-de-crista Piculus chrysochloros (Vieillot, 1818) pica-pau-dourado-escuro Strix virgata (Cassin, 1849) coruja-do-mato Colaptes rubiginosus (Swainson, 1820) *DL pica-pau-oliváceo Celeus undatus (Linnaeus, 1766) pica-pau-barrado Picidae Glaucidium hardyi Vielliard, 1990 caburé-da-amazônia Nyctibius grandis (Gmelin, 1789) mãe-da-lua-gigante Celeus elegans (Statius Muller, 1776) pica-pau-chocolate Nyctibius leucopterus (Wied, 1821) urutau-de-asa-branca Celeus flavus (Statius Muller, 1776) pica-pau-amarelo Lurocalis semitorquatus (Gmelin, 1789) tuju Celeus torquatus (Boddaert, 1783) pica-pau-de-coleira Nyctidromus albicollis (Gmelin, 1789) bacurau Dryocopus lineatus (Linnaeus, 1766) pica-pau-de-banda-branca Hydropsalis climacocerca(Tschudi, 1844) acurana Campephilus rubricollis (Boddaert, 1783) pica-pau-de-barriga-vermelha Chaetura sp. andorinhão Campephilus melanoleucos (Gmelin, 1788) pica-pau-de-topete-vermelho Threnetes niger (Linnaeus, 1758) *EN balança-rabo-escuro Cymbilaimus lineatus (Leach, 1814) papa-formiga-barrado Phaethornis ruber (Linnaeus, 1758) rabo-branco-rubro Frederickena viridis (Vieillot, 1816) *EN borralhara-do-norte Phaethornis bourcieri (Lesson, 1832) rabo-branco-de-bico-reto Taraba major (Vieillot, 1816) choró-boi Thamnophilus murinus Sclater & Salvin, 1868 choca-murina Thamnophilus punctatus (Shaw, 1809) choca-bate-cabo Thamnophilus melanothorax Sclater, 1857 *EN choca-de-cauda-pintada Phaethornis superciliosus (Linnaeus, 1766) rabo-branco-de-bigodes Campylopterus largipennis (Boddaert, 1783) asa-de-sabre-cinza Thamnphilidae 79 Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 2 Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 2 78 Ocorrência de espécies na Reserva Biológica Maicuru Família Thamnphilidae Grallariidae Formicariidae Scleruridae Dendrocolaptidae 81 Ocorrência de espécies na Reserva Biológica Maicuru Família Nome Científico Nome popular choca-canela Xiphorhynchus guttatus (Lichtenstein, 1820) arapaçu-de-garganta-amarela uirapuru-de-garganta-preta arapaçu-de-listras-brancas Dendrocolaptidae Lepidocolaptes albolineatus albolineatus (Lafresnaye, 1845) EN Campylorhamphus procurvoides procurvoides (Lafresnaye, 1850)EN arapaçu-de-bico-curvo Synallaxis macconnelli Chubb, 1919 *EN joão-escuro Cranioleuca gutturata (d'Orbigny & Lafresnaye, 1838) joão-pintado Philydor erythrocercum (Pelzeln, 1859) limpa-folha-de-sobre-ruivo Nome Científico Nome popular Thamnophilus amazonicus Sclater, 1858 Thamnomanes ardesiacus (Sclater & Salvin, 1867) Thamnomanes caesius (Temminck, 1820) ipecuá Epinecrophylla gutturalis (Sclater & Salvin, 1881) *EN choquinha-de-barriga-parda Myrmotherula brachyura (Hermann, 1783) choquinha-miúda Myrmotherula surinamensis (Gmelin, 1788) *EN choquinha-estriada Myrmotherula guttata (Vieillot, 1825) *EN choquinha-de-barriga-ruiva Myrmotherula axillaris (Vieillot, 1817) choquinha-de-flanco-branco Myrmotherula longipennis Pelzeln, 1868 choquinha-de-asa-comprida Myrmotherula menetriesii (d'Orbigny, 1837) choquinha-de-garganta-cinza Herpsilochmus sticturus Salvin, 1885 *EN chorozinho-de-cauda-pintada Herpsilochmus stictocephalus Todd, 1927 *EN chorozinho-de-cabeça-pintada Microrhopias quixensis microstictus (Berlepsch, 1908)*EN papa-formiga-de-bando Terenura spodioptila Sclater & Salvin, 1881 zidedê-de-asa-cinza Cercomacra cinerascens (Sclater, 1857) chororó-pocuá Cercomacra tyrannina (Sclater, 1855) chororó-escuro Cercomarca nigrescens (Cabanis & Heine, 1859) chororó-negro Myrmoborus leucophrys (Tschudi, 1844) papa-formiga-de-sobrancelha Hypocnemis cantator (Boddaert, 1783) *EN papa-formiga-cantador Hypocnemoides melanopogon (Sclater, 1857) solta-asa-do-norte Percnostola rufifrons (Gmelin, 1789)*EN formigueiro-de-cabeça-preta Schistocichla leucostigma (Pelzeln, 1868) formigueiro-de-asa-pintada Myrmeciza ferruginea ferruginea (Statius Muller, 1776)*EN formigueiro-ferrugem Myrmeciza atrothorax (Boddaert, 1783) formigueiro-de-peito-preto Myrmornis torquata (Boddaert, 1783) pinto-do-mato-carijó Myiopagis caniceps (Swainson, 1835) guaracava-cinzenta Pithys albifrons (Linnaeus, 1766) papa-formiga-de-topete Myiopagis flavivertex (Sclater, 1887) guaracava-de-penacho-amarelo Gymnopithys rufigula (Boddaert, 1783)*EN mãe-de-taoca-de-garganta-vermelha Ornithion inerme Hartlaub, 1853 poiaeiro-de-sobrancelha Hylophylax naevius (Gmelin, 1789) guarda-floresta Camptostoma obsoletum (Temminck, 1824) risadinha Willisornis poecilinotus (Cabanis, 1847) rendadinho Zimmerius gracilipes (Sclater & Salvin, 1868) poiaeiro-de-pata-fina Grallaria varia (Boddaert, 1783) tovacuçu Phylloscartes virescens Todd, 1925 * DL borboletinha-guianense Hylopezus macularius (Temminck, 1823) torom-carijó Inezia subflava (Sclater & Salvin, 1873) amarelinho Myrmothera campanisona (Hermann, 1783) tovaca-patinho Rhynchocyclus olivaceus (Temminck, 1820) bico-chato-grande Formicarius colma Boddaert, 1783 galinha-do-mato Tolmomyias assimilis (Pelzeln, 1868) bico-chato-da-copa Formicarius analis (d'Orbigny & Lafresnaye, 1837) pinto-do-mato-de-cara-preta Tolmomyias poliocephalus (Taczanowski, 1884) bico-chato-de-cabeça-cinza Sclerurus mexicanus Sclater, 1857 vira-folha-de-peito-vermelho Tolmomyias flaviventris (Wied, 1831) bico-chato-amarelo Sclerurus rufigularis Pelzeln, 1868 vira-folha-de-bico-curto Platyrinchus saturatus Salvin & Godman, 1882 patinho-escuro Sclerurus caudacutus (Vieillot, 1816) vira-folha-pardo Platyrinchus coronatus Sclater, 1858 patinho-de-coroa-dourada Dendrocincla fuliginosa (Vieillot, 1818) arapaçu-pardo Platyrinchus platyrhynchos (Gmelin, 1788) patinho-de-coroa-branca Dendrocincla merula (Lichtenstein, 1829 arapaçu-da-taoca Onychorhynchus coronatus (Statius Muller, 1776) maria-leque Deconychura longicauda longicauda (Pelzeln, 1868) * EN arapaçu-rabudo Myiobius barbatus (Gmelin, 1789) assanhadinho Sittasomus griseicapillus (Vieillot, 1818) arapaçu-verde Terenotriccus erythrurus (Cabanis, 1847) papa-moscas-uirapuru Glyphorynchus spirurus (Vieillot, 1819) arapaçu-bico-de-cunha Lathrotriccus euleri (Cabanis, 1868) enferrujado Dendrexetastes rufigula (Lesson, 1844 arapaçu-galinha Contopus virens (Linnaeus, 1766) *M piui-verdadeiro Dendrocolaptes certhia (Boddaert, 1783) arapaçu-barrado Contopus albogularis (Berlioz, 1962) *EN piui-queixado Dendrocolaptes picumnus Lichtenstein, 1820 arapaçu-meio-barrado Legatus leucophaius (Vieillot, 1818) bem-te-vi-pirata Dendroplex picus (Gmelin, 1788) arapaçu-de-bico-branco Myiozetetes cayanensis (Linnaeus, 1766) bentevizinho-de-asa-ferrugínea Xiphorhynchus pardalotus (Vieillot, 1818) *EN arapaçu-assobiador Myiozetetes luteiventris (Sclater, 1858) bem-te-vi-barulhento Xiphorhynchus obsoletus (Lichtenstein, 1820) arapaçu-riscado Conopias parvus (Pelzeln, 1868) bem-te-vi-da-copa Furnariidae Philydor pyrrhodes (Cabanis, 1848) limpa-folha-vermelho Automolus infuscatus (Sclater, 1856) barranqueiro-pardo Automolus rubiginosus obscurus (Pelzeln, 1859) *EN barranqueiro-ferrugem Automolus rufipileatus (Pelzeln, 1859) barranqueiro-de-coroa-castanha Xenops minutus (Sparrman, 1788) bico-virado-miúdo Mionectes oleagineus (Lichtenstein, 1823) Mionectes macconnelli (Chubb, 1919) Leptopogon amaurocephalus Tschudi, 1846 Corythopis torquatus (Tschudi, 1844) Lophotriccus vitiosus (Bangs & Penard, 1921) Lophotriccus galeatus (Boddaert, 1783) Hemitriccus josephinae (Chubb, 1914) * EN Hemitriccus zosterops (Pelzeln, 1868) Myiornis ecaudatus (d'Orbigny & Lafresnaye, 1837) Todirostrum pictum Salvin, 1897 * EN Tyrannidae Phyllomyias griseiceps (Sclater & Salvin, 1871) *DL piolhinho-de-cabeça-cinza Tyrannulus elatus (Latham, 1790) maria-te-viu Myiopagis gaimardii (d'Orbigny, 1839) maria-pechim Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 2 Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 2 80 Ocorrência de espécies na Reserva Biológica Maicuru Família Tyrannidae Cotingidae Pipridae Tityridae Vireonidae Vireonidae Corvidae Hirundinidae Troglodytidae Polioptilidae Nome Científico Nome popular Tyrannopsis sulphurea (Spix, 1825) Tyrannus melancholicus Vieillot, 1819 Ocorrência de espécies na Reserva Biológica Maicuru Família Nome Científico Nome popular suiriri-de-garganta-rajada Turdus fumigatus Lichtenstein, 1823 sabiá-da-mata suiriri Turdus albicollis Vieillot, 1818 sabiá-coleira Rhytipterna simplex (Lichtenstein, 1823) vissiá Coereba flaveola (Linnaeus, 1758) cambacica Sirystes sibilator (Vieillot, 1818) gritador Lamprospiza melanoleuca (Vieillot, 1817) pipira-de-bico-vermelho Myiarchus tuberculifer (d'Orbigny & Lafresnaye, 1837) maria-cavaleira-pequena Tachyphonus surinamus (Linnaeus, 1766) tem-tem-de-topete-ferrugíneo Myiarchus ferox (Gmelin, 1789) maria-cavaleira Tachyphonus phoenicius Swainson, 1838 *DL tem-tem-de-dragona-vermelha Ramphotrigon ruficauda (Spix, 1825) bico-chato-de-rabo-vermelho Lanio fulvus (Boddaert, 1783) pipira-parda Attila cinnamomeus (Gmelin, 1789) tinguaçu-ferrugem Ramphocelus carbo (Pallas, 1764) pipira-vermelha Attila spadiceus (Gmelin, 1789) capitão-de-saíra-amarelo Thraupis palmarum (Wied, 1823) sanhaçu-do-coqueiro Phoenicircus carnifex (Linnaeus, 1758) saurá Cyanicterus cyanicterus (Vieillot, 1819) *DL pipira-azul Procnias albus (Hermann, 1783)*DL araponga-da-amazônia Tangara mexicana (Linnaeus, 1766) saíra-de-bando Lipaugus vociferans (Wied, 1820) cricrió Tangara chilensis (Vigors, 1832) sete-cores-da-amazônia Xipholena punicea (Pallas, 1764) anambé-pompadora Tangara velia (Linnaeus, 1758) saíra-diamante Querula purpurata (Statius Muller, 1776) anambé-una Tersina viridis (Illiger, 1811) saí-andorinha Haematoderus militaris (Shaw, 1792) *DL anambé-militar Cyanerpes cyaneus (Linnaeus, 1766) saíra-beija-flor Perissocephalus tricolor (Statius Muller, 1776) *EN maú Hemithraupis guira (Linnaeus, 1766) saíra-de-papo-preto Tyranneutes virescens (Pelzeln, 1868) *EN uirapuruzinho-do-norte Sporophila angolensis (Linnaeus, 1766) curió Piprites chloris (Temminck, 1822) papinho-amarelo Arremon taciturnus (Hermann, 1783) tico-tico-de-bico-preto Corapipo gutturalis (Linnaeus, 1766)*EN dançarino-de-garganta-branca Caryothraustes canadensis (Linnaeus, 1766) furriel Lepidothrix serena (Linnaeus, 1766) *EN uirapuru-estrela Saltator grossus (Linnaeus, 1766) bico-encarnado Manacus manacus (Linnaeus, 1766) rendeira Saltator maximus (Statius Muller, 1776) tempera-viola Dixiphia pipra (Linnaeus, 1758) cabeça-branca Cyanoloxia cyanoides (Lafresnaye, 1847) azulão-da-amazônia Parula pitiayumi (Vieillot, 1817) mariquita Phaeothlypis mesoleuca (Sclater, 1866) *EN pula-pula-da-guiana Turdidae Thraupidae Emberizidae Cardinalidae Pipra erythrocephala (Linnaeus, 1758) cabeça-de-ouro Schiffornis olivacea (Ridgway, 1906) *EN flautim-oliváceo Laniocera hypopyrra (Vieillot, 1817) chorona-cinza Ganatellus pelzelni Sclater, 1865 polícia-do-mato Tityra cayana (Linnaeus, 1766) anambé-branco-de-rabo-preto Psarocolius viridis (Statius Muller, 1776) japu-verde Pachyramphus viridis griseigularis Salvin & Goodman, 1883 *DL caneleiro-verde Psarocolius decumanus (Pallas, 1769) japu Cacicus cela (Linnaeus, 1758) xexéu Pachyramphus marginatus (Lichtenstein, 1823) caneleiro-bordado Molothrus oryzivorus (Gmelin, 1788) iraúna-grande Pachyramphus surinamus (Linnaeus, 1766) caneleiro-da-guiana Euphonia plumbea Du Bus, 1855*DL gaturamo-anão Pachyramphus minor (Lesson, 1830) caneleiro-pequeno Euphonia chrysopasta Sclater & Salvin, 1869 gaturamo-verde Cyclarhis gujanensis (Gmelin, 1789) pitiguari Euphonia minuta Cabanis, 1849 gaturamo-de-barriga-branca Vireolanius leucotis (Swainson, 1838) assobiador-do-castanhal Euphonia cayennensis (Gmelin, 1789) gaturamo-preto Vireo olivaceus (Linnaeus, 1766) *M juruviara Hylophilus thoracicus Temminck, 1822 vite-vite Hylophilus semicinereus Sclater & Salvin, 1867 verdinho-da-várzea Hylophilus muscicapinus Sclater & Salvin, 1873 vite-vite-camurça Hylophilus ochraceiceps Sclater, 1860 vite-vite-uirapuru Cyanocorax cayanus (Linnaeus, 1766) *EN gralha-da-guiana Atticora tibialis (Cassin, 1853) calcinha-branca Stegidopteryx ruficollis (Vieillot, 1817) andorinha-serradora Microcerculus bambla (Boddaert, 1783) uirapuru-de-asa-branca Pheugopedius coraya (Gmelin, 1789) garrinchão-coraia Cantorchilus leucotis (Lafresnaye, 1845) garrinchão-de-barriga-vermelha Henicorhina leucosticta (Cabanis, 1847) uirapuru-de-peito-branco Cyphorhinus arada (Hermann, 1783) uirapuru-verdadeiro Microbates collaris (Pelzeln, 1868) bico-assovelado-de-coleira Ramphocaenus melanurus Vieillot, 1819 bico-assovelado Polioptila plumbea(Gmelin, 1788) balança-rabo-de-chapéu-preto Parulidae Icteridae Fringillidae C- espécie cinegética EN- endêmica Centro Escudo Guianas DL-rara/ distrib. local IUCN-ameaçada extinção lista IUCN 83 Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 2 Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 2 82 Ocorrência de espécies na Reserva Biológica Maicuru Ocorrência de espécies na Reserva Biológica Maicuru Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 2 Tabela 5. Espécies de mamíferos encontrados na REBIO Maicuru Tabela 6. Espécies de plantas encontradas na REBIO Maicuru Ordem Nome Científico Nome popular Didelphimorphia Marmosops cf. parvidens cuíca Cabassous unicinctus tatu rabo-de-couro Xenarthra Chiroptera Primates Mymercophaga tridactyla Perissodactyla Artiodactyla Rodentia Família Lycophyta Selaginellaceae Nome científico Nome comum Hábito Selaginella fragilis A. Braun herbácea Selaginella pedata Klotzch herbácea tamanduá-bandeira Selaginella radiata (Aubl.) Spring herbácea Saccopteryx bilineata morcego Asplenium angustum Sw. epífita Phyllostomus elongatus morcego Asplenium auritum Sw. epífita Trachops cirrhosus morcego Asplenium juglandifolium Lam. epífita Lonchophylla thomasi morcego Asplenium salicifolium L. epífita Carollia brevicauda morcego Asplenium serratum L. epífita Carollia perspicillata morcego Phyllostomus hastatus morcego Rhinophylla fischerae morcego Artibeus lituratus morcego Artibeus obscurus morcego Desmodus rotundus morcego-vampiro Alouatta macconnelli guariba-vermelha Ateles paniscus coatá-de-cara-vermelha Cebus apella macaco-prego 1,2 Saguinus midas Carnivora Divisão 85 Aspleniaceae Blechnaceae Cytheaceae Dennstaedtiaceae Dryopteridaceae sauim Eira barbara irara, papa-mel Panthera onca1,2 onça-pintada Puma concolor1,2 sussuarana Tapirus terrestris anta Mazama americana veado-vermelho Mazama nemorivaga veado-fuboca Cuniculus paca paca Dasyprocta leporina cutia Hydrochoerus hydrochaeris capivara Myoprocta acouchy cutiara Monilophyta Hymenophyllaceae Salpichlaena volubilis (Kaulf.) J. Sm. Cyathea microdonta (Desv.) Domin sub-arborescente Cyathea pungens (Willd.) Domin sub-arborescente Cyathea surinamensis (Miq.) Domin sub-arborescente Hypolepis repens (L.) C. Presl herbácea Cyclodium meniscioides (Willd.) C. Presl var. meniscioides herbácea Lomagramma guianensis (Aubl.) Ching herbácea Polybotrya caudata Kunze hemiepífita Dicranoglossum desvauxii (Klotzsch) Proctor epífita Didymoglossum angustifrons Fée epífita Didymoglossum ekmanii (Wess. Boer) Ebihara & Dubuisson epífita Didymoglossum krausii (Hook. & Grev.) C. Presl epífita Didymoglossum pinnatinervium (Jenman) Pic. Serm. epífita Didymoglossum punctatum (Poir.) Desv. epífita Hymenophyllum polyanthos (Sw.) Sw. epífita Trichomanes ankersii C. Parker ex Hook. & Grev. hemiepífita Dactylomys sp. rato-de-bambu rato-do-mato Trichomanes hostmannianum (Klotszch) Kunze herbácea Neacomys cf. paracou Rhipidomys sp. rato-do-mato Trichomanes pedicellatum Desv. hemiepífita Sciurillus pusillus esquilo, quatipuru Trichomanes pinnatum Hedw. herbácea esquilo, quatipuru Trichomanes trollii Bergdolt herbácea Trichomanes tuerckheimii H. Christ hemiepífita Trichomanes vittaria D.C. ex Poir. herbácea Lindsaea dubia Spreng. herbácea Lindsaea guianensis (Aubl.) Dryand. herbácea Lindsaea lancea (L.) Bedd. var. lancea herbácea Lindsaea macrophylla Kaulf. herbácea Lomariopsis japurensis (Mart.) J. Sm. hemiepífita Lomariopsis prieuriana Fée hemiepífita Nephrolepis biserrata (Sw.) Schott epífita Nephrolepis rivularis (Vahl) Mett. ex Krug epífita Lygodiaceae Lygodium volubile Sw. Liana Marattiaceae Danaea trifoliata Rchb. ex Kunze herbácea Metaxyaceae Metaxya rostrata (Humb., Bonpl. et Kunth) C. Presl herbácea Oleandraceae Oleandra pilosa Hook. epífita Sciurus aestuans Lindsaeaceae Lomariopsidaceae Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 2 84 Ocorrência de espécies na Reserva Biológica Maicuru Divisão Família Polypodiaceae Pteridaceae Monilophyta Saccolomataceae Tectariaceae Thelypteridaceae Nome científico 87 Ocorrência de espécies na Reserva Biológica Maicuru Nome comum Hábito Divisão Família Nome científico Nome comum Hábito Campyloneurum phyllitidis (L.) C. Presl epífita Astronium lecointei Ducke Cochlidium serrulatum (Sw.) L.E. Bishop epífita Thyrsodium spruceanum Benth. Microgramma fuscopunctata (Hook.) Vareschi epífita Microgramma lycopodioides (L.) Copel. epífita Annona foetida Mart. Microgramma percussa (Cav.) de la Sota epífita Duguetia flagellaris Huber Microgramma persicariifolia (Schrad.) C. Presl epífita Duguetia pycnastera Sandwith arbórea Duguetia stelechantha (Diels) R.E. Fr. arbórea Microgramma reptans (Cav.) A.R. Sm. epífita Serpocaulon triseriale (Sw.) A.R. Sm. epífita Adiantum argutum Splitg. herbácea Adiantum cajennense Willd. ex Klotzsch herbácea Adiantum dolosum Kunze herbácea Adiantum glaucescens Klotzsch herbácea Adiantum humile Kunze herbácea Adiantum latifolium L. herbácea Adiantum multisorum A. Samp. herbácea Adiantum obliquum Willd. herbácea Adiantum paraense Hieron. herbácea Adiantum terminatum Kunze ex Miq. herbácea Ananthacorus angustifolius (Sw.) Underw. & Maxon Anacardiaceae Annonaceae arbórea Breu de leite Campnosperma gummiferum (Benth.) Marchand arbórea arbórea arbórea Envira cana arbórea Duguetia surinamensis R.E. Fr. Virola preta arbórea Fusaea longifolia (Aubl.) Saff. Envira preta arbórea Guatteria amazonica R.E. Fr. Envira amarela arbórea Guatteria olivacea R.E. Fr. Envira bobó arbórea Rollinia insignis R.E. Fr. arbórea Tetrameranthus duckei R.E. Fr. arbórea Xylopia amazonica R.E. Fr. arbórea Xylopia calophylla R.E. Fr. arbórea Xylopia nitida Dunal Envira branca Xylopia sp. arbórea arbórea Aspidosperma marcgravianum Woodson Carapanauba amarela arbórea epífita Aspidosperma spruceanum Benth. ex Müll. Arg. Carapanauba arbórea Anetium citrifolium (L.) Splitg. epífita Couma guianensis Aubl. Hecistopteris pumila (Spreng.) J. Sm. epífita Pityrogramma calomelanos (L.) Link var. calomelanos herbácea Polytaenium guayanense (Hieron.) Alston epífita Pteris pungens Willd. Geissospermum sericeum Benth. & Hook. f. ex Miers Angiospermae arbórea Quinarana Himatanthus sp. arbórea arbórea Himatanthus sucuuba (Spruce ex Müll. Arg.) Woodson Sucuba arbórea herbácea Lacmellea gracilis (Müll. Arg.) Markgr. Pau de colher arbórea Pteris tripartita Sw. herbácea Macoubea guianensis Aubl. epífita Amapá amargoso arbórea Vittaria lineata (L.) Sm. Saccoloma elegans Kaulf. herbácea Odontadenia sp. Cipó cururu Liana Saccoloma inaequale (Kunze) Mett. Apocynaceae Tabernaemontana muricata Link ex Roem. & Schult. herbácea arbustiva Tectaria incisa Cav. herbácea Triplophyllum crassifolium Holttum herbácea Aspidosperma desmanthum Benth. ex Müll. Arg. Carapanauba preta arbórea Triplophyllum dicksonioides (Fée) Holttum herbácea Couma utilis (Mart.) Müll. Arg. Sovinha arbórea Triplophyllum funestum (Kunze) Holttum herbácea Triplophyllum hirsutum (Holttum) J. Prado & R.C. Moran herbácea Thelypteris abrupta (Desv.) Proctor herbácea Thelypteris biolleyi (H. Christ) Proctor herbácea Thelypteris chrysodioides (Fée) C.V. Morton herbácea Thelypteris hispidula (Decne.) C.F. Reed herbácea Araceae Araliaceae Thelypteris interrupta (Willd.) K. Iwats. herbácea herbácea Thelypteris macrophylla (Kunze) C.V. Morton herbácea Thelypteris serrata (Cav.) Alston herbácea Thelypteris tristis (Kunze) R.M. Tryon herbácea arbustiva Não identificada 6 Schefflera morototoni (Aubl.) Maguire, Steyerm. & Frodin arbórea Morototó Astrocaryum gynacanthum Mart. Arecaceae Thelypteris leprieurii (Hook.) R.M. Tryon Dieffenbachia sp. arbórea arbórea Astrocaryum munbaca Mart. herbácea Attalea maripa (Aubl.) Mart. arbórea Attalea microcarpa Mart. Palha preta herbácea Euterpe caatinga Barb. Rodr. Açai chumbinho arbórea Geonoma maxima var. chelidonura (Spruce) A.J. Hend. Ubim herbácea Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 2 Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 2 86 Ocorrência de espécies na Reserva Biológica Maicuru Divisão Família Nome científico Nome comum Geonoma maxima var. maxima Arecaceae Bombacaceae Boraginaceae Bromeliaceae Burseraceae arbórea Socratea exorrhiza (Mart.) H. Wendl. Paxiuba arbórea Socratea exorrhiza (Mart.) H. Wendl. Paxiuba arbórea Syagrus inajai (Spruce) Becc. Pupunha brava arbórea Pará-pará arbórea Tabebuia incana A.H. Gentry Ipê amarelo arbórea Não identificada 3 Liana Bombacopsis nervosa (Uittien) A. Robyns arbórea Quararibea ochrocalyx (K. Schum.) Vischer arbórea Rhodognaphalopsis duckei A. Robyns arbórea Cordia nodosa Lam. arbórea Cordia sp. arbórea Bromelia sp. herbácea Hábito Couepia ulei Pilg. Caripe pintadinho 2 arbórea Hirtella bicornis Mart. & Zucc. Farinha seca branca arbórea Hirtella hispidula Miq. arbórea Hirtella macrophylla Benth. ex Hook. f. Farinha seca amarela arbórea Hirtella obidensis Ducke Caripe vermelho arbórea Hirtella piresii Prance Farinha seca vermelha arbórea Hirtella rodriguesii Prance arbórea Hirtella sprucei Benth. ex Hook. f. Farinha seca arbórea Licania canescens Benoist Caripê arbórea Licania caudata Prance Chrysobalanaceae Angiospermae arbórea Licania elata (Pilg.) Pilg. ex L. Williams Caripe pintadinho 1 arbórea Licania impressa Prance Caripe branco arbórea Caripe pintadinho arbórea arbórea Protium altsonii Sandwith arbórea Licania niloi Prance arbórea Licania oblongifolia Standl. Protium giganteum Engl. arbórea Licania rodriguesii Prance arbórea Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand arbórea Caripé pintadinho Licania sp. 1 Farinha seca preta arbórea Breu vermelho arbórea arbórea Protium hostmannii (Miq.) Engl. Breu sem cheiro 2 arbórea Protium krukoffii Swart Breu sem cheiro 1 arbórea Protium nitidifolium (Cuatrec.) D.C. Daly Breu amarelo arbórea Licania heteromorpha Benth. arbórea arbórea Licania tomentosa (Benth.) Fritsch arbórea arbórea Calophyllum aff. brasiliense Cambess. arbórea Lorostemon coelhoi Paula arbórea Symphonia globulifera L. f. arbórea Tovomita sp. 1 arbórea Buchenavia guianensis Alwan & Stace arbórea Protium opacum Swart Breu branco Breu folha grande arbórea Protium spruceanum (Benth.) Engl. Breu sem cheiro 3 arbórea Protium strumosum D.C. Daly Breu paredão arbórea Protium unifoliolatum Engl. Tetragastris altissima (Aubl.) Swart arbórea Breu manga Trattinnickia sp. Caryocar glabrum (Aubl.) Pers. arbórea arbórea Piquiarana arbórea Cecropia purpurascens C.C. Berg arbórea Cecropia sciadophylla Mart. arbórea Pourouma cuspidata Mildbr. arbórea Pourouma minor Benoist arbórea Pourouma sp. arbórea Pourouma tomentosa Mart. ex Miq. Goupia glabra Aubl. arbórea Cupiúba Couepia guianensis Aubl. Chrysobalanaceae Nome comum Crepidospermum rhoifolium (Benth.) Triana & Planch. Protium sp. Celastraceae Nome científico Licania micrantha Miq. Protium paniculatum Engl. Cecropiaceae Família herbácea Jacaranda copaia (Aubl.) D. Don Protium pallidum Cuatrec. Caryocaraceae Divisão herbácea Bacaba Protium decandrum (Aubl.) Marchand Angiospermae Hábito Oenocarpus bacaba Mart. Não identificada 7 Bignoniaceae 89 Ocorrência de espécies na Reserva Biológica Maicuru arbórea arbórea Couepia longipendula Pilg. Castanha de galinha arbórea Couepia robusta Huber Pajurá arbórea Licania sp. 2 Licania sprucei (Hook. f.) Fritsch Clusiaceae Combretaceae arbórea Caripe amarelo Jacareuba arbórea arbórea Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 2 Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 2 88 ANEXO 3 Relatório da Reunião Técnica de Prezoneamento Construção e Consolidação dos Planos de Manejo da REBIO Maicuru e ESEC Grão-Pará Produto elaborado através do Contrato entre Conservação Internacional do Brasil – Programa Amazônia – e Cinco Reinos – Serviços e Pesquisas Ambientais. © CI / Adriano Gambarini Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 3 93 Relatório da Oficina de Pesquisadores Agradecimentos 1. Apresentação 2.1 Atividades Programadas Aos pesquisadores e técnicos comprometidos não só com a pesquisa científica, mas com as implicações que esta tem para o planejamento e a gestão de áreas protegidas, bem como para políticas públicas eficazes de conservação da natureza: O presente relatório detalha a metodologia aplicada, as atividades realizadas e os resultados alcançados na Reunião Técnica de Prezoneamento da Reserva Biológica Maicuru e da Estação Ecológica Grão-Pará, criadas em 2006 pelo governo do Estado do Pará, na região da Calha Norte do Rio Amazonas; estas Unidades de Conservação estão sendo implementadas por um consórcio de instituições, entre elas a Conservação Internacional do Brasil. As atividades programadas para o dia foram: Thaís Kasecker César Haag Conservação Internacional do Brasil Joanísio Cardoso Mesquita Joyce Lameira Manoel R. Silva Potiguar Charles B. Souza Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Pará Jakeline Pereira IMAZON Marinus Steven Hoogmoed Teresa C. S. Avila Pires Alexandre Aleixo MPEG Essa etapa do trabalho faz parte da construção do Capítulo III (“Planejamento das Unidades de Conservação - UC”) dos Planos de Manejo dessas UC. Seguindo a proposta do Roteiro Metodológico para elaboração de Planos de Manejo das Unidades de Conservação Estaduais do Pará (SEMA, 2009) buscou-se, com essa reunião, criar um espaço que permitisse a participação de pesquisadores, gestores estaduais e técnicos das instituições parceiras componentes do Consórcio Calha Norte na discussão e na elaboração de Alvos de Conservação, Critérios de Conservação e proposta de Prezoneamento para as UC citadas. 2. Descrição da reunião Para a configuração do prezoneamento da Reserva Biológica Maicuru e da Estação Ecológica Grão-Pará foi programada uma reunião técnica em Belém, Pará, com pesquisadores, gestores e técnicos chave. A proposta era a realização de um encontro anterior à Oficina de Planejamento Participativo (OPP) para estruturação inicial desses zoneamentos. Foram convidados os membros das instituições componentes do Consórcio Calha Norte: Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Pará, Conservação Internacional do Brasil – CI, Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia – Imazon, Museu Paraense Emilio Goeldi – MPEG, Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará – Ideflor, Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola – Imaflora e a Agência de Cooperação Técnica Alemã – GTZ. A reunião ocorreu no dia 09 de agosto de 2010 e estiveram presentes gestores da SEMA-PA, representantes da CI e do Imazon, pesquisadores do MPEG e os consultores responsáveis pela consolidação dos Planos de Manejo das UC em questão (os participantes estão citados nos agradecimentos). • Apresentação inicial dos dados sistematizados para os Capítulos I e II (Aspectos Gerais da UC e Diagnóstico da UC); • Definição dos Alvos de Conservação para REBIO e ESEC; • Apresentação sobre Zoneamento de Unidades de Conservação e sobre a metodologia de Convergência/ Ponderação de Critérios versus Zonas; • Ponderação de cada Alvo de Conservação com uso de Critérios de Conservação estabelecidos para a ESEC e a REBIO; • Elaboração do Prezoneamento usando como referência os Alvos de Conservação em bases cartográficas georreferenciadas e o resultado da ponderação desses alvos. 3. Metodologia O objetivo central da reunião foi a elaboração de uma proposta de Prezoneamento para as UC REBIO Maicuru e ESEC Grão-Pará. Para isso, foi feita uma apresentação inicial pela equipe responsável pela consolidação desses Planos de Manejo a respeito dos dados já sistematizados para essas unidades. Foram apresentados e discutidos os Capítulos I (Aspectos Gerais da UC) e II (Diagnóstico da UC) desses planos. Sobre o Capítulo I foram apresentados: a Ficha Técnica das UC; Localização e Acesso; Histórico de Criação, Planejamento e Gestão da UC; Contextualização da UC nos Sistemas de Unidades de Conservação e Aspectos Legais de Gestão e Manejo da UC. Sobre o Capítulo II foram apresentados os dados da Caracterização da Paisagem; Bioma (Áreas de Endemismo; Megareservas); Relevos e Tipos Vegetacionais; Características Biológicas e Situação Atual de Gestão da Unidade. A proposta foi utilizar essas informações na discussão dos Alvos de Conservação para as unidades. Em seguida, foi feita, então, uma atividade para definição dos Alvos de Conservação, a partir da metodologia de “Chuva de Idéias”. Por essa metodologia (utilizada em reuniões e oficinas menores) o facilitador anota as idéias principais dos participantes para posterior definição dos alvos (Figura 1). As idéias são então agrupadas (dentro do possível) caso sejam bastante semelhantes, para depois ser feita a escolha (eleição) dos alvos que serão avaliados. Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 3 RELATÓrio DA OFIcina de pesquisadores 92 Figura 1. Atividade em plenária para levantamento dos Alvos de Conservação. Após a definição dos Alvos de Conservação foi feita uma apresentação sobre Zoneamento em UC, com foco nas categorias Reserva Biológica e Estação Ecológica. Foram apresentados os tipos de zonas indicados pelo Roteiro Metodológico para elaboração de Planos de Manejo das Unidades de Conservação Estaduais do Pará (SEMA, 2009) (Figura 2). Nesse momento também foi apresentada a metodologia sugerida no roteiro para se trabalhar a definição do Zoneamento: a ferramenta Convergência/Ponderação de Critérios de Conservação versus Zonas. Nesse método, os critérios, tais como fragilidade do meio físico, grau de conservação da vegetação, representatividade de ecossistemas, riqueza e/ 95 Relatório da Oficina de Pesquisadores Relatório da Oficina de Pesquisadores ou diversidade de espécies, entre outros, foram identificados e ponderados, possibilitando o estabelecimento de prioridades e considerando sua compatibilidade com níveis de intensidade de intervenção: nenhuma, baixa, média e alta. Após essa explicação, para cada Alvo de Conservação foi realizada a ponderação desses critérios e a análise de em qual tipo de Zona os Alvos poderiam ser alocados (de acordo com as prioridades, intensidade de intervenção e oportunidades identificadas). Finalizando o dia de trabalho, os Alvos e suas Zonas foram identificados em mapas para a elaboração de uma proposta de Prezoneamento. 1. Resultados • Riqueza e ou diversidade de espécies 4.1 Alvos de Conservação • Presença de espécies ameaçadas A partir da “chuva de idéias” realizada com os participantes, foram definidos 05 Alvos de Conservação para a ESEC Grão-Pará e 05 para a REBIO Maicuru. Para a ESEC foram determinados como alvos: (1) Áreas acima de 400 – 450 metros, com destaque para os Platôs e a Serra do Acari; (2) Savanas e Florestas de Transição; (3) a Cabeceira do Rio Trombetas; (4) os Lajedos; e (5) Espécies ameaçadas e endêmicas. Para a REBIO os alvos seguiram a mesma idéia geral: (1) Áreas acima de 400 – 450 metros; (2) Florestas de Transição; (3) Florestas Sazonalmente Alagadas e Bambuzais (localizadas às margens dos rios Paru, Ipitinga, Jaru e Maicuru); (4) os Lajedos; e (5) Espécies ameaçadas e endêmicas. De modo geral, os alvos selecionados focaram aspectos físicos e/ou biológicos únicos das unidades de conservação. A idéia foi destacar a importância de áreas/habitat diferenciados e que representassem a diversidade de ambientes dessas UC, assim merecendo o foco em conservação. Para compreender melhor as particularidades de cada alvo, segue no presente relatório a caracterização dos Critérios de Conservação utilizados nessa discussão e sua ponderação para cada Alvo. • Presença de espécies cinegéticas 4.2 Critérios de Conservação Seguindo novamente o Roteiro Metodológico para elaboração de Planos de Manejo das Unidades de Conservação Estaduais do Pará (SEMA, 2009) foram estabelecidos Critérios de Conservação, isto é, características que determinam a organização do zoneamento. Esses critérios foram pensados para indicar as singularidades das UC, os valores de conservação e a vocação de uso de cada zona. Foram elencados 34 critérios, sendo eles: • Fragilidade do Meio Físico • Habitat Único ou Muito Raro • Variabilidade Ambiental (relevo) • Grau de Conservação da Vegetação • Presença de espécies raras • Presença de espécies endêmicas • Presença de novos registros de espécies • Presença de novas espécies • Áreas degradadas ou com predomínio de espécies exóticas • Potencial espécies de fauna para manejo • Presença de conectividade de florestas, indicando corredores de biodiversidade • Variabilidade Hídrica (tipos de rios) • Potencial de recursos pesqueiros • Presença de infra-estrutura • Proximidade de local de acesso • Monumento natural de beleza cênica (voltado para educação) • Potencial para sensibilização (educação ambiental) • Áreas com programa de conservação e pesquisa • Área de sobreposição indígena • Presença de sítios arqueológicos/ paleontológicos (para região de entorno) • Potencial de visitação (para região de entorno) • Potencial para manejo de produtos florestais e não-florestais (para região de entorno) • Presença de população tradicional • Á r e a d e u s o d o s r e c u r s o s p e l a população tradicional • Susceptibilidade Ambiental (parte biótica) • Presença de atividades conflitantes com os objetivos da UC - Áreas de mineração • Representatividade de ecossistemas, habitats e/ou fitofisionomias • Presença de atividades conflitantes com os objetivos da UC - Áreas de desmatamento • Áreas de Transição Figura 2. Apresentação dos tipos de Zonas indicados pelo Roteiro Metodológico. • Presença de espécies de distribuição restrita • Especificidade das Espécies Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 3 Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 3 94 Figura 3. Ponderação dos Critérios para cada Alvo de Conservação. 4.3 Ponderação dos Critérios para cada Alvo de Conservação A partir dos critérios citados, cada alvo foi trabalhado separadamente, pensando-se na área ocupada por eles nas UC. Cada alvo foi classificado seguindo os níveis de afinidade com esses 97 Relatório da Oficina de Pesquisadores critérios (ALTO, MÉDIO, BAIXO ou, ainda, NÃO SE APLICA – NA) (Figura 3). Seguem, abaixo, as tabelas com esses resultados para a ESEC e para a REBIO (Tabelas 1 e 2, respectivamente). Tabela 1. Ponderação dos critérios para cada alvo de conservação da Estação Ecológica Grão-Pará. Critérios de Conservação Savanas e Florestas de Transição Áreas acima de 400 – 450 metros, com destaque para os Platôs e a Serra do Acari Cabeceira do Rio Trombetas Fragilidade do Meio Físico MÉDIA ALTA ALTA Habitat Único ou Muito Raro ALTA MÉDIA MÉDIA Variabilidade Ambiental (relevo) ALTA ALTA ALTA Grau de Conservação da Vegetação ALTA ALTA ALTA Susceptibilidade ambiental (parte biótica) ALTA ALTA ALTA Representatividade de ecossistemas, habitats e/ ou fitofisionomias ALTA ALTA ALTA Áreas de Transição ALTA MÉDIA BAIXA Especificidade das espécies ALTA MÉDIA BAIXA Riqueza e ou diversidade de espécies MÉDIA ALTA MÉDIA Presença de espécies ameaçadas BAIXA BAIXA BAIXA Presença de espécies cinegéticas MÉDIA MÉDIA BAIXA Presença de espécies de distribuição restrita ALTA MÉDIA Presença de espécies raras MÉDIA MÉDIA Critérios de Conservação Savanas e Florestas de Transição Áreas acima de 400 – 450 metros, com destaque para os Platôs e a Serra do Acari Cabeceira do Rio Trombetas Presença de espécies endêmicas BAIXA MÉDIA MÉDIA Presença de novos registros de espécies MÉDIA BAIXA BAIXA Presença de novas espécies BAIXA BAIXA BAIXA Áreas degradadas ou com predomínio de espécies exóticas NA NA NA Potencial espécies de fauna para manejo NA NA NA Presença de conectividade de florestas, indicando corredores de biodiversidade NA NA ALTA Variabilidade Hídrica (tipos de rios) BAIXA BAIXA BAIXA Potencial de recursos pesqueiros BAIXA BAIXA BAIXA Presença de infra-estrutura BAIXA BAIXA NA Proximidade de local de acesso BAIXA BAIXA NA Monumento natural de beleza cênica (voltado para educação e não para visitação) ALTA ALTA ALTA Potencial para sensibilização (educação) ambiental ALTA MÉDIA BAIXA Áreas com programa de conservação e pesquisa ALTA ALTA ALTA Área de sobreposição indígena ALTA MÉDIA ALTA Presença de sítios arqueológicos/ paleontológicos (para região de entorno) NA NA NA Potencial de visitação (para região de entorno) NA NA NA Potencial para manejo de produtos florestais e não-florestais (para região de entorno) NA NA NA Presença de população tradicional NA NA NA área de uso dos recursos naturais pela população tradicional NA NA NA Presença de atividades conflitantes com os objetivos da UC - Áreas de mineração / GARIMPO NA NA NA Presença de atividades conflitantes com os objetivos da UC - Áreas de desmatamento BAIXA NA NA Tabela 2. Ponderação dos critérios para cada alvo de conservação da Reserva Biológica Maicuru. Critérios de Conservação Florestas de Transição Áreas acima de 400 – 450 metrosi Florestas Sazonalmente Alagadas e Bambuzais (localizadas às margens dos rios Paru, Ipitinga, Jaru e Maicuru)s Fragilidade do Meio Físico MÉDIA ALTA ALTA Habitat Único ou Muito Raro ALTA MÉDIA ALTA Variabilidade Ambiental (relevo) ALTA ALTA BAIXA MÉDIA Grau de Conservação da Vegetação ALTA ALTA ALTA BAIXA Susceptibilidade ambiental (parte biótica) ALTA ALTA ALTA Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 3 Relatório da Oficina de Pesquisadores Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 3 96 ALTA MÉDIA MÉDIA Especificidade das espécies ALTA MÉDIA MÉDIA Riqueza e ou diversidade de espécies MÉDIA ALTA MÉDIA Presença de espécies ameaçadas BAIXA BAIXA BAIXA Presença de espécies cinegéticas MÉDIA MÉDIA ALTA Presença de espécies de distribuição restrita ALTA MÉDIA MÉDIA Presença de espécies raras MÉDIA MÉDIA MÉDIA Presença de espécies endêmicas BAIXA MÉDIA MÉDIA Presença de novos registros de espécies MÉDIA BAIXA BAIXA Presença de novas espécies BAIXA BAIXA BAIXA Áreas degradadas ou com predomínio de espécies exóticas NA NA MÉDIA Potencial espécies de fauna para manejo NA NA Presença de conectividade de florestas, indicando corredores de biodiversidade NA Variabilidade Hídrica (tipos de rios) Tabela 3. Matriz de refêrencia utilizada para definição do tipo de zona de cada alvo de conservação. Fragilidade do Meio Físico ALTA ALTA MÉDIA BAIXA MÉDIA NA NA NA Habitat Único ou Muito Raro ALTA ALTA MÉDIA BAIXA MÉDIA NA NA NA Variabilidade Ambiental (relevo) ALTA ALTA MÉDIA BAIXA MÉDIA NA NA NA Grau de Conservação da Vegetação ALTA ALTA MÉDIA BAIXA BAIXA NA NA NA NA Susceptibilidade ambiental (parte biótica) ALTA ALTA MÉDIA BAIXA MÉDIA NA NA NA NA ALTA Representatividade de ecossistemas, habitats e/ou fitofisionomias ALTA ALTA MÉDIA BAIXA NA NA NA NA Áreas de Transição ALTA ALTA MÉDIA BAIXA MÉDIA NA NA NA BAIXA BAIXA MÉDIA Especificidade das Espécies ALTA ALTA MÉDIA BAIXA MÉDIA NA NA NA Potencial de recursos pesqueiros BAIXA BAIXA ALTA Presença de infra-estrutura BAIXA BAIXA ALTA Proximidade de local de acesso BAIXA BAIXA ALTA Monumento natural de beleza cênica (voltado para educação e não para visitação) ALTA ALTA BAIXA Potencial para sensibilização (educação) ambiental ALTA Áreas com programa de conservação e pesquisa ALTA Área de sobreposição indígena Riqueza e ou diversidade de espécies ALTA ALTA MÉDIA BAIXA NA NA NA NA Presença de espécies ameaçadas ALTA ALTA MÉDIA BAIXA NA NA NA NA Presença de espécies cinegéticas ALTA ALTA MÉDIA BAIXA NA NA NA NA Presença de espécies de distribuição restrita ALTA ALTA MÉDIA BAIXA NA NA NA NA Presença de espécies raras ALTA ALTA MÉDIA BAIXA NA NA NA NA MÉDIA Presença de espécies endêmicas ALTA ALTA MÉDIA BAIXA NA NA NA NA ALTA ALTA MÉDIA BAIXA NA NA NA NA ALTA MÉDIA Presença de novos registros de espécies BAIXA BAIXA BAIXA Presença de sítios arqueológicos/ paleontológicos (para região de entorno) NA NA NA Potencial de visitação (para região de entorno) NA NA NA Potencial para manejo de produtos florestais e nãoflorestais (para região de entorno) NA NA NA Presença de população tradicional NA MÉDIA NA NA Presença de novas espécies ALTA ALTA MÉDIA BAIXA NA NA NA NA Áreas degradadas ou com predomínio de espécies exóticas BAIXA BAIXA MÉDIA MÉDIA ALTA NA NA NA Potencial espécies de fauna para manejo NA NA NA NA NA NA NA ALTA Presença de conectividade de florestas, indicando corredores de biodiversidade ALTA ALTA MÉDIA MÉDIA NA NA NA NA Variabilidade Hídrica (tipos de rios) ALTA ALTA MÉDIA BAIXA BAIXA NA NA NA Potencial de recursos pesqueiros NA NA NA NA NA NA NA ALTA Presença de infra-estrutura NA NA NA ALTA NA NA NA ALTA NA BAIXA MÉDIA ALTA MÉDIA NA NA NA área de uso dos recursos naturais pela população tradicional NA NA NA Proximidade de local de acesso BAIXA MÉDIA ALTA NA NA NA ALTA NA ALTA MÉDIA Monumento natural de beleza cênica (voltado para educação e não para visitação) NA Presença de atividades conflitantes com os objetivos da UC - Áreas de mineração / garimpo Potencial para sensibilização (educação) ambiental NA BAIXA MÉDIA ALTA ALTA NA ALTA ALTA Presença de atividades conflitantes com os objetivos da UC - Áreas de desmatamento BAIXA Áreas com programa de conservação e pesquisa MÉDIA ALTA ALTA MÉDIA MÉDIA NA NA NA Área de sobreposição indígena NA NA NA NA NA MÉDIA ALTA ALTA NA MÉDIA Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 3 Áreas de Transição Zona de Amortecimento MÉDIA Zona de Ocupação Temporária ALTA Zona Conflitante ALTA Zona de Recuperação Representatividade de ecossistemas, habitats e/ ou fitofisionomias A partir dessa ponderação, o padrão de respostas e cores para cada alvo foi comparado com uma Matriz de Referência feita para os diferentes tipos de Zona, que se encontra a seguir (Tabela 3). Por essa matriz, cada alvo foi relacionado a um tipo de zona (resultado citado no próximo item do presente relatório – Tabela 4). Zona de Alta Intervenção Áreas acima de 400 – 450 metrosi Os alvos “Lajedos” e “Espécies ameaçadas e endêmicas” não foram classificados dessa forma porque os participantes entenderam que faltam informações sobre esses temas, inclusive em relação à área ocupada por eles. De qualquer maneira, esses alvos deverão ser considerados para a elaboração de programas no Plano de Manejo de ambas as UC. Zona de Intervenção Moderada Florestas de Transição Florestas Sazonalmente Alagadas e Bambuzais (localizadas às margens dos rios Paru, Ipitinga, Jaru e Maicuru)s Critérios de Conservação 99 Relatório da Oficina de Pesquisadores Zona de Baixa Intervenção Relatório da Oficina de Pesquisadores Zona de Intervenção Nula Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 3 98 101 Relatório da Oficina de Pesquisadores Zona de Baixa Intervenção Zona de Intervenção Moderada Zona de Alta Intervenção Zona de Recuperação Zona Conflitante Zona de Ocupação Temporária Zona de Amortecimento Tabela 4. Definição dos tipos de zonas para cada alvo na ESEC Grão-Pará E REBIO Maicuru. Presença de sítios arqueológicos/ paleontológicos (para região de entorno) NA NA NA NA NA NA NA ALTA Potencial de visitação (para região de entorno) NA NA NA NA NA NA NA ALTA Potencial para manejo de produtos florestais e não-florestais (para região de entorno) NA NA NA NA NA NA NA ALTA Presença de população tradicional NA NA NA NA NA MÉDIA ALTA ALTA Área de uso dos recursos naturais pela população tradicional NA NA NA NA NA MÉDIA ALTA ALTA Presença de atividades conflitantes com os objetivos da UC - Áreas de mineração / garimpo BAIXA BAIXA BAIXA BAIXA ALTA ALTA MÉDIA NA Presença de atividades conflitantes com os objetivos da UC - Áreas de desmatamento BAIXA BAIXA BAIXA MÉDIA ALTA ALTA MÉDIA NA 4.1 Zoneamento Conforme o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC, Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000, o zoneamento constitui um importante instrumento de ordenamento territorial e estabelece usos diferenciados para cada zona, segundo seus objetivos e os objetivos de cada categoria de UC. O Roteiro Metodológico para elaboração de Planos de Manejo das Unidades de Conservação Estaduais do Pará (SEMA, 2009), por sua vez, cita o zoneamento como uma das mais importantes ferramentas do Plano de Manejo, sendo parte essencial para se atingir a missão e visão de futuro das UC. O Zoneamento prevê a definição de normas para as diferentes zonas e deve facilitar a gestão da UC, devendo ter, portanto, objetividade em suas normas e delimitação. ESEC GRÃO-PARÁ Savanas e Florestas de Transição Áreas acima de 400 – 450 metros, com destaque para os Platôs e a Serra do Acari Cabeceira do Rio Trombetas Zona de Baixa Intervenção Zona de Baixa Intervenção Zona de Moderada Intervenção Florestas de Transição Áreas acima de 400 – 450 metros Florestas Sazonalmente Alagadas e Bambuzais (localizadas às margens dos rios Paru, Ipitinga, Jaru e Maicuru) Zona de Baixa Intervenção Zona de Baixa Intervenção Zona de Moderada Intervenção + Zona de Ocupação Temporária REBIO MAICURU Com base nessas características, a reunião técnica aqui descrita objetivou a discussão dos limites prováveis de cada zona para a ESEC Grão-Pará e REBIO Maicuru, seguindo os alvos já citados (trabalho de Prezoneamento). Já os programas e usos foram discutidos na OPP (descrição em relatório anexo). A Tabela 4 mostra os resultados alcançados para esse prezoneamento. Utilizando como base os mapas já gerados para as UC sobre relevo, hidrografia, tipos vegetacionais, geologia e solos (Figura 4), e as informações até agora descritas, foi construído um mapa de Prezoneamento para a ESEC Grão-Pará em conjunto com a REBIO Maicuru (Figura 5). A Figura 6 detalha as características de cada uma das zonas pensadas, citando os alvos que levaram a definição daquela área. Vale salientar que para delimitação das zonas também foram considerados os limites do meio físico, de modo a facilitar a identificação em campo. Figura 4. Utilização dos diferentes mapas das UC para o Prezoneamento. Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 3 Relatório da Oficina de Pesquisadores Zona de Intervenção Nula Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 3 100 Relatório da Oficina de Pesquisadores NA Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 3 103 Relatório da Oficina de Pesquisadores TD VE Figura 5. Mapa de Prezoneamento para a ESEC Grão-Pará em conjunto com a REBIO Maicuru. As áreas em verde GY NS FG CO RR representam Zonas de Baixa Intervenção (ZB), em laranja, Zonas de Moderada Intervenção (ZM) e em azul, Zona AP de BR Ocupação Temporária (ZOT). O quadro ilustrado acima da figura está detalhado na Figura 2. AM PE PA MA Guyana Amazonian Park Figura 6. Detalhes dos Tipos de Zonas para a ESEC Grão-Pará e REBIO Maicuru Nome UC Zonas Código Área-hectares Alvos REBIO Maicuru Zona de Baixa Intervenção ZB1 370,755.37 Floresta Alagada do Rio Jari; Floresta com Parma Tucumaque Zona de Baixa Intervenção ZB2 250,210.50 Áreas com altitude>400m Zona de Baixa Intervenção ZB3 84,496.39 Áreas com altitude>400m Zona de Moderada Intervençao ZM1 279,251.91 Áreas com altitude>400m; Floresta de transição; Floresta Alagada dos Rios Maicuru e Paru D’Este Zona de Moderada Intervençao ZM2 103,568.39 Zona de Ocupação Temporária ZOT S ipaliwini NR PARNA Montanhas do Tumucumaque ZB1 PI Tumucumaque Rio Jari ZM REBIO Maicuru ZB2 ZB3 ZB4 85,801.97 Garimpos e pistas de pouso ilegais 1,174,084.53 ES EC do Grão-Pará ZM2 ESEC do Grão-Pará TI Rio Paru d'Es te Rio Paru ZB2 Zona de Baixa Intervenção ZB1 424,498.56 Áreas com altitude>400m; Platôs Zona de Baixa Intervenção ZB2 603,542.34 Savanas e Floresta de transição; Proximidade com indígenas isolados Zona de Baixa Intervenção ZB3 531,903.65 Áreas com altitude>400m; Floresta de transição Zona de Baixa Intervenção ZB4 1,225,9543.96 Áreas com altitude>400m; Serra do Acari Zona de Moderada Intervençao ZM ZOT Rio Trombetas Rio Erepecuru ZM1 ZB1 TI Trombetas /Mapuera ZB3 FES do Trombetas Rio Mapuera Floresta de Transição, savanas e floresta alagada do rio Ipitinga TI Zo´é 1,412,569.18 Cabeceira do rio Trombetas 4,198,057.69 FES do Paru (FES ) TI Nhamundá-Mapuera REBIO do Rio Trombetas FLONA de Mulata REBIO do Uatumã (REBIO) FLONA de Mulata FES de Faro FLONA de S aracá-Taquera 0 425 850 NA 1.700 Km TD VE CO PE GY NS FG RR AP AM BR PA MA Como é possível observar na figura 6, foram identificados 03 tipos de zonas para a REBIO Maicuru: Zona de Baixa Intervenção (ZB), Zona de Moderada Intervenção (ZM) e Zona de Ocupação Temporária (ZOT). Já para a ESEC Grão-Pará, foram identificados apenas 02 tipos zonas: Zona de Baixa Intervenção (ZB) e Zona de Moderada Intervenção (ZM). Para ambas as UC, a característica principal da ZB foi a conservação da natureza e dos seus alvos de conservação, com pouca ou nenhuma intervenção humana. A atividade principal para essa zona foi definida como pesquisa científica. Também para a ZM o foco principal foi conservação da natureza e pesquisa científica, sendo que as atividades nessa zona não devem modificar as características do ambiente e da paisagem. A proposta é que após a estruturação do órgão gestor para a aplicação de ações de educação ambiental Referências SEMA, Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Estado do Pará. 2009. Roteiro metodológico para elaboração de planos de manejo das Unidades de Conservação Estaduais do Pará. nas UC, essas zonas moderadas sejam também foco de uso controlado, e que nelas sejam delimitadas pequenas Zonas de Alta Intervenção quando necessárias, para acesso e construção de infraestrutura. Já a ZOT da REBIO foi pensada para abranger as áreas de garimpo, tendo caráter provisório, uma vez que essa ocupação deverá ser solucionada (sendo depois essa zona incorporada a outro tipo, seguindo nova avaliação dos alvos de conservação e recomendações técnicas do órgão gestor). Após a construção dessa proposta de Prezoneamento, os dados aqui descritos foram encaminhados para a OPP para validação dos tipos de zonas, coleta de novas características das UC e seu entorno e definição de programas relacionados. Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 3 102 © CI / Adriano Gambarini ANEXO 4 Relatório da Oficina de Planejamento Participativo Construção e Consolidação dos Planos de Manejo da REBIO Maicuru e ESEC Grão-Pará Produto elaborado através do Contrato entre Conservação Internacional do Brasil – Programa Amazônia – e Cinco Reinos – Serviços e Pesquisas Ambientais. Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 4 relatório da oficina de planejamento participativo 107 Oficina de Planejamento Participativo – ESEC Grão-Pará e REBIO Maicuru 1. Apresentação De 11 a 13 de agosto de 2010, Belém, Pará O presente relatório consta como produto previsto no contrato firmado entre a Conservação Internacional do Brasil e Cinco Reinos – Pesquisas e Serviços Ambientais Ltda. Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 4 RELATÓrio DA OFIcina de planejamento participativo 106 Agradecimentos Um planejamento participativo só é possível com o engajamento social. Pessoas que, com suas idéias, sugestões e opiniões, colaboram na construção de processos. Manifestamos nossos sinceros agradecimentos aos participantes da Oficina de Planejamento Participativo da Estação Ecológica Grão-Pará e da Reserva Biológica Maicuru: Adilson Antônio Nemer Secretaria de Meio Ambiente do Município de Almeirim Antônio Francisco de Souza Jambo Presidente da Câmara de Almeirim Antônio Ribeiro de Meireles Câmara de Vereadores do Município de Monte Alegre Márcia C. Sarges Joanísio Cardoso Mesquita Manoel R. Silva Potiguar Angela Amanakwa Kachiuana Nara Fernanda Reis Cláudia de Nazaré Leitão Charles B. Souza Este documento descreve a Oficina de Planejamento Participativo (OPP) como etapa da construção e consolidação dos Planos de Manejo da ESEC Grão-Pará e REBIO Maicuru, no Estado do Pará, e está dividido em (1) descrição da metodologia utilizada para construção da Missão e Visão de Futuro de cada UC, para avaliação dos Alvos de Conservação, validação do Prezoneamento e para a elaboração dos Programas de Manejo e (2) resultados das diferentes atividades realizadas na OPP. Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Pará Bruno Daniel Brilhante dos Santos Presidente do Sindicato de Trabalhadores e trabalhadoras do Município de Almeirim Cíntia da Cunha Soares Cecilia Awaeko Apalai Mariana Vedoveto Jakeline Pereira Coordenadora da Associação dos Povos Indígenas do Tumucumaque – APITU Cid José Bahia dos Santos Secretário de Meio Ambiente do Município de Monte Alegre Décio Horita Yokota Instituto de Pesquisa e Formação Indígena – IEPE Ernesto Horácio da Cruz Associação de Defesa Etno-Ambiental Kanindé – Rondônia Fátima Guerreiro Reale Secretaria de Meio Ambiente do Município de Oriximiná Juventino Pesirima Kaxuyana Presidente da Associação de Povos Indígenas Tiriyó, Kaxuyana, Txik – Yana – APITIKATXI Maria Gardene Pimentel Trajano Fundação Estadual de Meio Ambiente Ciência Tecnologia de Roraima – FEMACT Paulo Manoel dos Santos Presidente da Associação de Povos Indígenas Mapuera – APIM Sinéia Bezerra do Valle Conselho Indígena do Estado de Roraima Thaís KaseckerCésar Haag Conservação Internacional do Brasil IDEFLOR IMAZON Marinus Steven Hoogmoed Teresa C. S. Avila Pires Alexandre Aleixo José de Souza e Silva Júnior MPEG Juscelino Arlindo do Carmo Bessa FUNAI – Belém Ana Lucia Augusto Ministério Público –Núcleo de Meio Ambiente – NUMA 2. A Oficina de Planejamento Participativo (OPP) O processo de elaboração dos Planos de Manejo das Unidades de Conservação (UC) no Pará deve considerar seu contexto político local, regional e nacional e permitir um nível de participação que pressuponha integração dos diversos grupos de interesse e flexibilização para as mudanças no planejamento e gestão. A Oficina de Planejamento Participativo (OPP) é uma etapa do processo de elaboração dos Planos de Manejo do Estado do Pará, proposta no Roteiro Metodológico (SEMA 2009). Nesta etapa são elaboradas diretrizes e identificadas estratégias de gestão que possibilitem alcançar a Missão e a Visão de Futuro da UC e os objetivos do Plano de Manejo. A partir de informações básicas e dos diagnósticos que compõem os Capítulos I e II dos Planos de Manejo foram definidas metodologias específicas de trabalho envolvendo diferentes atores sociais, locais e regionais, que se relacionam de alguma forma com as UC ESEC Grão-Pará e REBIO Maicuru, e instituições de importância reconhecida para as UC. Dessa forma, diversas atividades foram executadas durante a oficina, com o intuito de planejar participativamente aspectos importantes dos Planos de Manejo dessas áreas, como a Missão e Visão de Futuro da UC, Alvos de Conservação, Zoneamento das UC e Programas de Manejo (mais bem detalhados a seguir). Acredita-se que a participação da sociedade na elaboração dos Planos de Manejo deve ir além daquelas possibilidades previstas em Lei, como é o caso das Consultas Públicas e dos Conselhos Gestores de UC. Devem ser criados espaços que permitam a participação em todas as etapas de elaboração do Plano (SEMA 2009). A participação social é fundamental para a consolidação da UC, para sua proteção e para o alcance dos seus objetivos de conservação. Entretanto, este apoio só é efetivado na medida em que a UC seja um fator de melhoria da qualidade de vida da sociedade local (SEMA 2009). 2.1 Contato com os atores sociais relacionados às UC e seu entorno Anteriormente à OPP foram contatados e mobilizados os atores sociais (indivíduos, grupos, organizações, instituições e comunidades) envolvidos na conservação da ESEC Grão-Pará e da REBIO Maicuru ou afetados por elas. Esta tarefa ficou sobre a responsabilidade da Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Pará (SEMA), órgão gestor das UC, que por meio desse trabalho também já mobilizou os potenciais conselheiros (ou os próprios preconselheiros), promovendo uma integração e participação desses no processo de planejamento e gestão destas áreas protegidas. O convite para participar da OPP foi feito, então, a 36 atores sociais de diferentes representações, seja do poder público ou da sociedade civil. Efetivamente participaram da oficina 21 representantes (Tabela 1). relatório da oficina de planejamento participativo relatório da oficina de planejamento participativo Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 4 TABELA 1. RELAÇÃO DOS ATORES SOCIAIS E PRESENTES NA OFICINA DE PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO DA ESEC GRÃO-PARÁ E REBIO MAICURU, DE 11 A 13 DE AGOSTO DE 2010. 2.2 Atividades iniciais da OPP 22.1 Apresentação Inicial Convidados/Presentes Poder Público Sociedade Civil Prefeitura de Caroebe Associação do Povo Indígena Wai-Wai - APIW Fundação Estadual de Meio Ambiente Ciência Tecnologia de Roraima – FEMACT RR Associação do Povo Indígena Wai-Wai Local - APIWX Prefeitura de Monte Alegre Câmara dos Vereadores de Monte Alegre Conselho Indígena do Estado de Roraima - CIR Instituto de Pesquisa e Formação Indígena - IEPE Prefeitura de Alenquer Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira - Coiab Prefeitura de Oriximiná Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia - IPAM Prefeitura de Óbidos Associação de Defesa Etno-Ambiental Kanindé - Rondônia Funai Pará Funai Roraima Defensores da Amazônia Deama – Monte Alegre Museu Paraense Emílio Goeldi - MPEG Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras do Município de Almeirim - STTR Universidade Federal do Oeste do Pará – UFOPA Instituto do Homem e Meio Ambiente - Imazon Prefeitura de Almeirim Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola - Imaflora Câmara de Vereadores de Almeirim Instituto Chico Mendes de Biodiversidade -ICMBio- Parna Tumucumaque ICMBIo - Esec Jari ICMBio - Belém Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Estado do Pará - SEMA Assessoria de Povos Indígenas - SEMA Ministério Público – Núcleo de Meio Ambiente – NUMA Após as boas vindas aos participantes pela SEMA e pela equipe Consultora, iniciou-se uma apresentação inicial em Powerpoint para nivelar informações importantes entre todos os presentes: o que é um Plano de Manejo e o zoneamento de uma área protegida, o que são unidades de conservação e suas categorias, além de outras noções gerais do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC). Nesta apresentação também foram mostrados dados relevantes da ESEC Grão-Pará e da REBIO Maicuru, um resumo do que está contido nos capítulos I e II dos respectivos Planos de Manejo. A apresentação foi finalizada com um fluxograma (Figura 1) de como seria a oficina, de onde se partiria e onde se gostaria de chegar após os três dias. Quais os sonhos e expectativas em relação às UC criadas? Essa pergunta remeterá aos alvos de conservação e oportunidades importantes para a configuração do zoneamento Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará - Ideflor Agência de Cooperação Técnica Alemã - GTZ Associação de Povos Indígenas Mapuera - APIM Associação dos Povos Indígenas do Tumucumaque - APITU Associação de Povos Indígenas Tiriyó, Kaxuyana, Txik – Yana - APITIKATXI Pergunta para iniciar a discussão das estratégias de conservação e os programas de manejo Essa pergunta remeterá à Missão e Visão de Futuro da UC O que é importante ser conservado na ESEC e na REBIO? Quais as oportunidades e os problemas? Conservação Internacional - CI 109 Dirá respeito às ameaças à conservação O que fazer para valorizar as oportunidades e resolver os problemas? Figura 1. Fluxograma apresentado no primeiro dia da OPP, na apresentação inicial. 2.2.2 Barco dos Desejos Essa atividade consistiu em fazer com que os participantes colocassem seus desejos, sonhos e expectativas em relação às UC que foram criadas e que se apresentassem em plenária de uma forma mais dinâmica. Primeiramente, foram distribuídos entre as pessoas presentes quatro peixes de cores diferentes (dois para a ESEC e dois para a REBIO). Nestes peixes os participantes tiveram que escrever, para cada UC a qual se relacionavam, o porquê da UC ter sido criada, ou seja, seu objetivo de criação (Peixe 1), e quais os seus desejos, sonhos e expectativas em relação a UC (Peixe 2). Em seguida, cada pessoa se apresentava e comentava o que havia escrito nos peixes, colocando-os no barco que “navegou” entre os participantes (Figura 2). 2.2.3 Definição em plenária da Missão e da Visão de cada UC Após a apresentação de todos os participantes, explicou-se o que seria Missão e Visão de Futuro de uma UC. Os peixes relacionados ao motivo da UC ter sido criada foram agrupados para formar a Missão de cada UC e a partir de termos semelhantes destacou-se algumas idéias principais. O mesmo ocorreu com os peixes relacionados aos sonhos, expectativas, desejos, que foram agrupados para compor a Visão de Futuro. Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 4 108 Figura 2. Atividade do Baco dos Desejos. 2.3 Resultados da Participação Social em termos de representatividade 2.4 A Missão e a Visão de Futuro das Unidades de Conservação No primeiro dia de oficina participaram 27 pessoas, no segundo dia 23 e no terceiro 21. A representatividade, em termos quantitativos, do Poder Público e Sociedade Civil foi praticamente similar, 57,9% e 58,8% respectivamente, ou seja, um pouco mais da metade dos atores sociais convidados para a OPP, tanto do poder público como sociedade civil, foram representados por no mínimo uma pessoa. A Missão e a Visão de Futuro da UC norteiam a identificação dos objetivos do Plano de Manejo. A Missão expressa o motivo de criação da UC, representando a sua unicidade dentro do SNUC. A Visão de Futuro, por sua vez, representa o cenário desejado para a UC em longo prazo (10-15 anos), considerando a sua Missão, e sintetiza os anseios e as expectativas dos diferentes atores envolvidos em seu planejamento. Ela deve indicar aonde se quer chegar e deve ser de fácil compreensão, pois é o passo inicial na construção das estratégias de ação do Plano de Manejo. Qualitativamente, a participação desses atores parece ter sido efetiva, pois suas colocações, anseios e sugestões foram a todo tempo ouvidas e discutidas, tanto em plenária, quanto nos trabalhos em grupos menores, visto que várias modificações, complementações e observações feitas foram adicionadas aos Alvos de Conservação e Zoneamento prepropostos (maiores informações ainda neste relatório) e que os Programas de Manejo foram construídos com esses atores por meio de seus olhares, opiniões e visões de mundo. Neste contexto, vários itens foram listados para a Missão e a Visão de Futuro de cada UC na OPP, colocados a seguir: Missão da ESEC Grão-Pará: • Proteger a biodiversidade, rios e ambientes únicos; • Proteção, conservação e manutenção da integridade física e biológica; • Pesquisa Científica e Educação Ambiental; • Preservação e segurança do entorno e das Terras Indígenas; • Para ser uma megareserva (ter um enorme tamanho); • Garantir o ordenamento territorial; • Consolidar o maior Corredor Ecológico do Planeta (Mosaico da Calha Norte). relatório da oficina de planejamento participativo 111 Visão de Futuro da ESEC Grão-Pará: • Corredor Calha Norte estabelecido; • Ser referência em gestão e pesquisa (ser um modelo de gestão); • Ser uma área estratégica para conservação e pesquisa da UC na fronteira (manutenção da integridade em área de fronteira); • Perpetuação da biodiversidade e processos ecológicos; • Equilíbrio da Sociobiodiversidade; • Aumentar o conhecimento da região (aumentar a quantidade de estudos na UC e entorno); • Divulgação dos estudos (retorno para comunidade e para gestão); • Ter visibilidade nacional e internacional; • Ter contribuído para segurança e sustentabilidade para as Terras Indígenas; • Ter desenvolvido parceria com o entorno; • Ser uma área livre de conflitos socioeconômicos e ambientais. Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 4 relatório da oficina de planejamento participativo Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 4 110 Missão da REBIO Maicuru: • Preservação da Biodiversidade; • Importância para o Mosaico; • Ordenamento territorial; • Pesquisa e Educação Ambiental; • Garantir o patrimônio ambiental; • Barreira contra o desmatamento e outras atividades ilegais. Visão de Futuro da REBIO Maicuru: • Resolução dos conflitos; • Alcançar os objetivos da UC; • Divulgação e Educação Ambiental; • Gestão efetiva e integrada com outras áreas protegidas; • Modelo de UC e de gestão; • Garantir a preservação eternamente para as futuras gerações; • Segurança das Terras Indígenas; • Ter garantido que a flora e fauna permaneçam intactas; • Realizado pesquisas compatíveis com os objetivos da UC e divulgado os resultados (retorno para comunidade); • Auxiliado no desenvolvimento de políticas públicas; • Servir de referência para políticas públicas; • Melhoria do entorno; • Garantir o ordenamento territorial da Calha Norte. A partir dos itens listados formulou-se pelos consultores, após o término da OPP, a Missão e a Visão de Futuro de cada UC trabalhada. Missão da ESEC Grão-Pará: “A ESEC Grão-Pará foi criada para ser uma megareserva, proteger a biodiversidade, rios e ambientes únicos, conservando e mantendo sua integridade física e biológica e permitindo pesquisa científica e educação ambiental. Junto com outras áreas protegidas, tem também como objetivo consolidar o maior corredor ecológico do Planeta, o Mosaico Calha Norte, atuando na preservação e segurança do entorno e das Terras Indígenas, bem como na garantia do ordenamento territorial local.” Visão de Futuro da ESEC Grão-Pará: “Espera-se que a ESEC Grão-Pará continue perpetuando a biodiversidade, os processos ecológicos e o equilíbrio da sociobiodiversidade, sendo uma área estratégica para conservação e pesquisa na fronteira norte do Brasil. Que ela seja referência, modelo, em gestão e pesquisa, com visibilidade nacional e internacional, tendo desenvolvido parceria com o entorno, aumentado o conhecimento científico da região e divulgado os estudos realizados.” Missão da REBIO Maicuru: “A REBIO Maicuru foi criada para proteger a biodiversidade e compor o mosaico de áreas protegidas da Calha Norte do Rio Amazonas, permitindo a pesquisa científica e a educação ambiental, assim garantindo um patrimônio ambiental. De grande importância para o ordenamento territorial, a REBIO pode atuar como uma barreira contra o desmatamento e outras atividades ilegais.” Visão de Futuro da REBIO Maicuru: “Espera-se que a REBIO Maicuru garanta a preservação intacta da flora e da fauna para as futuras gerações, com a realização de pesquisas científicas e educação ambiental compatíveis com os objetivos da UC e divulgando os resultados. Que seja modelo de UC e de gestão efetiva e integrada com outras áreas protegidas, atuando na resolução de conflitos, na segurança das Terras Indígenas ao redor, na melhoria do entorno e no auxílio ao desenvolvimento de políticas públicas.” relatório da oficina de planejamento participativo 113 relatório da oficina de planejamento participativo Tabela 2: Tabela das características de cada zona de manejo. Intervenção Nome Nenhuma Baixa Moderada Objetivos Principais Características Principais Exemplos de Atividades Compatíveis com ESEC e REBIO Zona de intervenção nula Proteger integralmente os ecossistemas e seus recursos genéticos. Zona de alta prioridade para a conservação, onde se encontram áreas naturais preservadas sem alterações humanas. • Pesquisa científica, de acordo com as normas da zona. Zona de prioridade média a alta para conservação, onde se encontram pouca ou nenhuma intervenção humana. • Pesquisa científica; Zona de baixa intervenção Preservar o ambiente natural, permitindo atividades de baixo impacto que não alterem o ambiente. Compatibilizar a conservação da natureza com o manejo sustentável dos recursos naturais. Zona de prioridade média a alta para conservação. As atividades nesta zona não devem modificar as cacterísticas do ambiente e da paisagem. É constituída em sua maior parte por áreas conservadas, podendo apresentar áreas com alterações antrópicas. • Pesquisa científica; Harmonizar as atividades de gestão da UC e uso dos recursos naturais com a conservação da área. Contituída por áreas naturais comservadas e por áreas antropizadas, onde serão admitidas as atividades de maior impacto, que alteram as características do ambiente e da paisagem. É desejável que esta zona esteja localizada em áreas de baixa a média prioridade para conservação e, sempre que possível, na periferiada UC. • Infraestrutura de administração da UC (oficinas, alojamentos, postos e outros); Área antropizada na UC que necessita de recuperação ambiental. É uma zona provisória que, uma vez recuperada, será incorporada novamente a uma das zonas permanentes. • Pesquisa científica; Zona de recuperação Deter a degradação dos recursos e recuperar a qualidade ambiental da área. Zona conflitante Minimizar os impactos sobre a UC resultantes das atividades não-compatíveis com os objetivos da sua categoria de manejo. Áreas ocupadas por empreendimentos de utilidade pública que são incompatíveis com os objetivos da UC, como barragens, linhas de transmissão, dentre outros. • Manutenção e proteção das infraestruturas relativas aos empreendimentos de utilidade pública; Manutenção e monitoramento do ambiente natural de áreas com concentração de populações humanas e suas áreas de uso. Áreas que concentram os locais de moradia e uso das populaçãos humanas. Esta tem caráter provisório e, depois de realocadas as populações, deverá ser incorporada a outra zona. • Educação ambiental; Minimizar os impactos negatvos sobre a Unidade, resultantes das atividades humanas no seu entorno. Área externa aos limites de uma UC, na qual as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas. • Atividades sujeitas a normas e restrições estabelecidas no plano de manejo da UC e atendendo às especificidades de licenciamento do órgão ambiental. Zona de moderada intervenção Figura 3. Participantes em momento de reflexão a respeito dos Alvos de Conservação. 2.5 Apresentação e Discussão sobre os Alvos de Conservação Inicialmente, foi feita uma apresentação em Powerpoint explicando o que são Alvos de Conservação. Foi definido “Alvo de Conservação” como sendo algo que se deseja cuidar dentro de uma Unidade de Conservação, podendo contemplar ambientes específicos, animais e plantas, espécies ameaçadas, espécies endêmicas, tipo de relevo, rios ou outros corpos hídricos ou ainda, um determinado tipo de vegetação. Em seguida, comentou-se a respeito da Reunião de Prezoneamento realizada com gestores e pesquisadores e os Alvos por eles escolhidos foram apresentados. Para a ESEC Grão-Pará, foram considerados Alvos as áreas acima de 400450m (Platôs e Serra do Acari), Savanas e Florestas de Transição, a Cabeceira do rio Trombetas, os Lajedos e as plantas e animais endêmicos e os ameaçados de extinção. Na REBIO Maicuru foram considerados Alvos de Conservação as áreas acima de 400-450 m, as Florestas de Transição, as Florestas Sazonalmente Alagadas (floresta de várzea) e Bambuzais (localizados às margens dos rios Paru, Ipitinga, Jari e Maicuru), os Lajedos (caso também sejam localizados nesta área) e as plantas e animais endêmicos e os ameaçados de extinção. Em continuidade, mapas de relevo, tipos vegetacionais e hidrografia tanto da ESEC quanto da REBIO foram mostrados com o objetivo de localizar esses Alvos predefinidos. Após essa apresentação, os Alvos foram discutidos e o passo seguinte foi sua validação. Através de uma “chuva de idéias”, onde o moderador anotou em folha flip-chart as idéias principais dos participantes, novos alvos foram identificados. Os participantes validaram os alvos propostos pelos pesquisadores e gestores na Reunião Técnica de Prezoneamento e foram acrescentados à lista outros dois Alvos: a Zona de Amortecimento das Terras Indígenas (10 km para dentro da ESEC e da REBIO) e os Sítios Arqueológicos. Alta Zona de alta intervenção 2.6 Apresentação do Zoneamento O passo seguinte foi trabalhar o Zoneamento das Unidades de Conservação. Foi realizada uma breve apresentação explicando a importância do Zoneamento e suas características, como por exemplo, o fato da área ser dividida em diferentes zonas que apresentam objetivos e normas específicas, que focam na proteção da biodiversidade, proteção de interesses histórico-culturais, uso dos recursos naturais e culturais para pesquisa e educação e nas características de acesso e manutenção. Explicou-se que as zonas são classificadas de acordo com o “Nível de Intervenção” que se deseja que haja em cada zona. Foram distribuídas cópias da tabela abaixo (uma adaptação feita da tabela apresentada do “Roteiro Metodológico”) a cada participante, para em seguida ser feita uma leitura conjunta e respectiva explicação. Variada Zona de ocupação temporária Zona de amortecimento • Educação ambiental. • Educação ambiental. • Pesquisa científica; • Educação ambiental. • Interpretação; • Recuperação de áreas alteradas. • Educação ambiental. • Pesquisa científica; • Monitoramento ambiental. Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 4 Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 4 112 relatório da oficina de planejamento participativo relatório da oficina de planejamento participativo Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 4 Após a leitura do quadro e explicação das características de cada zona, foram apresentados os resultados da Reunião Técnica de Prezoneamento realizada dois dias antes da OPP. Nesse momento, foi comentado que o objetivo da reunião realizada com os técnicos, pesquisadores e gestores foi a definição de uma idéia de zoneamento para as UC, com base nas características técnicas já levantadas tanto para a ESEC quanto para a REBIO. Explicou-se que a proposta para a OPP seria a discussão do mapa de Prezoneamento gerado, e que após esse exercício seriam definidas as características de cada zona. Figura 5. Detalhes dos Tipos de Zonas resultantes da reunião de Prezoneamento para a ESEC Grão-Pará e REBIO Maicuru. Ao final da apresentação, foi mostrado, então, o mapa da ESEC Grão-Pará e da REBIO Maicuru com seus respectivos zoneamentos (Figura 4). Para otimizar as discussões e esperando uma maior participação dos atores presentes na OPP, o próximo passo foi a divisão dos participantes em grupos para se trabalhar essa proposta de zoneamento e as demais ações descritas a seguir. NA Área-hectares 115 Nome UC Zonas Código Alvos REBIO Maicuru Zona de Baixa Intervenção ZB1 370,755.37 Floresta Alagada do Rio Jari; Floresta com Parma Tucumaque Zona de Baixa Intervenção ZB2 250,210.50 Áreas com altitude>400m Zona de Baixa Intervenção ZB3 84,496.39 Áreas com altitude>400m Zona de Moderada Intervençao ZM1 279,251.91 Áreas com altitude>400m; Floresta de transição; Floresta Alagada dos Rios Maicuru e Paru D’Este Zona de Moderada Intervençao ZM2 103,568.39 Zona de Ocupação Temporária ZOT Floresta de Transição, savanas e floresta alagada do rio Ipitinga 85,801.97 Garimpos e pistas de pouso ilegais 1,174,084.53 TD VE GY NS FG Figura 4. Mapa definido na reunião de Prezoneamento para a ESEC Grão-Pará em conjunto com a REBIOCO Maicuru. As áreas RR AP em verde representam Zonas de Baixa Intervenção (ZB), em laranja, Zonas de Moderada Intervenção (ZM) e em azul, Zona BR AM PE PA MA de Ocupação Temporária (ZOT). O quadro ilustrado acima da figura está detalhado na Figura 5. Guyana Amazonian Park ESEC do Grão-Pará Zona de Baixa Intervenção ZB1 424,498.56 Áreas com altitude>400m; Platôs Zona de Baixa Intervenção ZB2 603,542.34 Savanas e Floresta de transição; Proximidade com indígenas isolados Zona de Baixa Intervenção ZB3 531,903.65 Áreas com altitude>400m; Floresta de transição Zona de Baixa Intervenção ZB4 1,225,9543.96 Áreas com altitude>400m; Serra do Acari Zona de Moderada Intervençao ZM S ipaliwini NR 1,412,569.18 Cabeceira do rio Trombetas 4,198,057.69 PARNA Montanhas do Tumucumaque ZB1 PI Tumucumaque Rio Jari ZM REBIO Maicuru ZB2 ZB3 2.7 Atividades propostas para os grupos ZB4 ES EC do Grão-Pará ZM2 Para melhor aproveitamento e continuidade do trabalho, os participantes foram divididos, então, em 3 grupos (2 para a ESEC e 1 para a REBIO) e cada grupo contou com a presença de um moderador. Para esta divisão, levou-se em conta o interesse pessoal de cada participante em participar mais detalhadamente do planejamento da ESEC ou da REBIO, e também a necessidade de haver representação dos diferentes setores governamentais e da sociedade civil em cada um dos grupos. Cada grupo trabalhou na validação do zoneamento, completou uma matriz identificando as ameaças e oportunidades relacionadas a cada Alvo de Conservação, qualificou a Zona de Amortecimento e trabalhou nos Programas relacionados ao manejo das UC. TI Rio Paru d'Es te Rio Paru ZB2 ZOT Rio Trombetas Rio Erepecuru ZM1 ZB1 TI Trombetas /Mapuera ZB3 FES do Trombetas Rio Mapuera TI Zo´é FES do Paru (FES ) TI Nhamundá-Mapuera REBIO do Rio Trombetas FLONA de Mulata REBIO do Uatumã (REBIO) FLONA de Mulata FES de Faro FLONA de S aracá-Taquera 0 425 850 NA 2.7.1 Material para Validação do Zoneamento 1.700 Km Foi distribuído a cada grupo um mapa impresso proposto na Reunião de Prezoneamento da UC TD em questão, em tamanho A0. Os Alvos de Conservação foram revisados dentro de cada grupo e também foram disponibilizadas as apresentações até então realizadas, os relatórios técnicos e todos os mapas digitais. Esses documentos embasaram a discussão e análise do Prezoneamento e, a partir daí, cada grupo desenhou no mapa as suas sugestões de Zoneamento. 2.7.2 Matriz de Planejamento dos Alvos Cada pequeno grupo ficou responsável por responder perguntas sobre os Alvos de Conservação da sua UC. Estas perguntas objetivaram definir a localização do Alvo, as ameaças que sofrem, as possíveis oportunidades a eles relacionadas e indicar as estratégias de conservação que irão compor os Programas e Sub-programas de Manejo a serem implementados nas UC. Para isso, uma matriz de planejamento referente aos Alvos foi trabalhada nos grupo, seguindo o exemplo abaixo: VE CO PE GY NS FG RR AP AM BR PA Alvo de Conservação MA Ameaças (Problemas) Oportunidades Possível solução (Programas) Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 4 114 116 relatório da oficina de planejamento participativo Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 4 2.7.3 Qualificação da Zona de Amortecimento relatório da oficina de planejamento participativo Foi distribuído também, a cada grupo, um mapa impresso da região de entorno das UC (tamanho A0) (Figura 6), e com base nos critérios mencionados para essa zona, cada grupo analisou e identificou as ameaças e potenciais da região de entorno de cada UC. Depois de finalizada esta etapa, e seguindo as orientações contidas no Roteiro Metodológico, cada grupo delineou os programas de conservação para o que eles haviam considerados ameaças e oportunidades e, quando possível, foram citados os possíveis responsáveis e os prazos de execução para cada um deles. NA TD VE CO CO Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 4 2.7.4 Programas GY NS RR AP BR AM PA MA Figura 6. Mapa da ESEC Grão-Pará e REBIO Maicuru com seu entorno. Venezuela Réserve Biologique Domaniale de Lucifer Dékou-Dék Réserve naturelle de la Trinité TI S anta Inês TI Raposa S erra do S ol Central S uriname Nature Reserve Réserve naturelle des Nouragues TI Ananás TI AnaroTI S ão Marcos TI Cajueiro TI Ouro TI Aningal ES E C de Maracá TI Barata/Livramento TI S erra da Moça TI Boqueirão TI Truaru TI Jaboti TI S ucuba TI Uaçá I e II TI Bom Jesus Guyana TI Manoá/Pium FLONA de Roraima Guyana Amazonian Park TI CanauanimTI Moskow TI Tabalascada TI Malacacheta TI Muriru TI Yanomami Brazil TI Juminá TI Galibi PARNA do Cabo Orange S uriname TI Araçá TI Ponta da S erra FE S do Amapá (FES ) S ipaliwini NR TI Jacamim PARNA Montanhas do Tumucumaque ES E C de Caracaraí PI Tumucumaque ES E C Niquiá PARNA do Viruá Brazil REBIO Maicuru TI Wai-Wai FLONA do Amapá REBIO Maicuru ES EC do Grão-Pará TI Waiãpi FE S do Amapá (FES ) ES E C do Grão-Pará Rio Jari FLONA de Anauá TI Rio Paru d'E ste RDS do Rio Iratapuru FE S do Amapá (FES ) Rio Trombetas APA do Curiaú TI Trombetas/Mapuera Rio Erepecuru FE S do Trombetas REBIO de Fazendinha (RE BIO) TI Zo´é FES do Trombetas Rio Mapuera Rio Paru FE S do Paru (FE S ) ES E C do Jari RES E X do Rio Cajari Brazil RDS de Itatupã-Baquiá FES do Paru (FES ) TI Nhamundá-Mapuera TI Waimiri-Atroari NA FLONA de Mulata REBIO do Rio Trombetas REBIO do Uatumã (RE BIO) FLONA de Mulata FE S de Faro CO FLONA de S aracá-Taquera PARNA do Jaú (PARNA) APA Caverna do Maroaga (Pres idente Figueiredo) APA Margem Es querda do Rio Negro Brazil RDS do Uatumã FE S do Rio Urubu ARIE PDBFF - Proj. Dinâmica B. de Fragmentos Flores tais ES E C de Anavilhanas FLONA Caxiuanã PES Monte Alegre (PES ) APA Paytuna CO GY NS RR AP AM BR PA RES E X Verde para S empre PES Nhamundá (PES ) APA de Nhamundá (APA) Brazil PES do Rio Negro S etor S ul 0 450 900 1.800 Km APA Margem Direita do Rio Negro - S etor Paduari-S olimões APA Margem Es querda do Rio Negro RES E C de S auim-Cas tanheira TI Jatuarana TI Rio Urubu TI Fortaleza do Patauá TI Paraná do Arauató TI Boa Vista TI Tracajá TI GaviãoTI Murutinga TI PoncianoTI Cuia TI Paracuhuba TI Lago do Marinheiro TI Capivara TI Ilha do Camaleão FE S de Maués TI Tabocal TI Trincheira TD VE RES E X Gurupá-Melgaço FES de Faro RES E X do Rio Unini RES E X Tapajós -Arapiuns FLONA do Tapajós TI Paquiçamba TI Andirá-Marau PARNA da Amazônia TI Arara TI Arara da Volta Grande do Xingu TI Koatinemo 117 MA 118 relatório da oficina de planejamento participativo 119 relatório da oficina de planejamento participativo 2.8 Resultados do trabalho dos grupos 2.8.1 Zoneamento ESEC Um dos grupos que trabalhou com a ESEC Grão-Pará, em função da Zona de Amortecimento das Terras Indígenas (TI) ter sido considerada como um Alvo de Conservação, demarcou uma área de 10 km nos limites da ESEC com as TI (exceto ao redor da TI Zo’é que, seguindo o Decreto n°1.310 de 26/09/08 de criação de Zonas Intangíveis de 20 km em outras UC ao redor da TI Zo’é, foi considerada uma área de 20 km). Para o grupo, essa Zona foi considerada como de Intervenção Nula. Este mesmo grupo, considerando ainda que possa haver a presença de índios isolados perto de uma das nascentes do Rio Trombetas, aumentou a área de abrangência da Zona de Baixa Intervenção nessa região, que anteriormente havia sido considerada como Zona de Moderada Intervenção. O Prezoneamento proposto nas demais áreas foi validado por este grupo. No outro grupo que trabalhou a ESEC, surgiram duas propostas em relação à zona considerada como Zona de Moderada Intervenção no Prezoneamento: uma proposta podia ser a validação do Prezoneamento, e a outra a proposta de que toda esta área se transformasse em Zona de Baixa Intervenção, pelo critério de ocorrer nesta zona uma rota de passagem indígena. Este grupo identificou, ainda, uma rota de migração de indígenas que segue o rio Erepecuru e foi sugerido que uma área de 50 km a partir de cada margem do rio fosse considerada como Zona de Moderada Intervenção. Nas demais áreas, o Prezoneamento proposto foi validado por este grupo. REBIO O grupo que trabalhou com a REBIO Maicuru sugeriu que a área da Zona de Ocupação Temporária aumentasse em função da localização, pelos participantes, da presença de outros garimpos e pistas de pouso na região. Foi sugerido que, depois de resolvidos os problemas com os garimpos, toda essa área passasse a fazer parte de uma Zona de Recuperação e, em seguida, depois de recuperada, se transformasse em Zona de Moderada Intervenção. Em função de ter sido identificada nesta região uma antiga rota de migração indígena, mencionou-se também a possibilidade da presença de sítios arqueológicos (entorno do Rio Paru). O restante da região ao sul dessa área (que anteriormente havia sido considerada como Zona de Moderada Intervenção) foi considerada como Zona de Baixa Intervenção. Partindo-se do limite sul da considerada ZB2 no Prezoneamento, sairia uma linha horizontal imaginária até o limite com a TI Paru d’Este. Esta área ao norte, que antes havia sido considerada de Moderada Intervenção, passaria agora a constituir outra Zona de Baixa Intervenção. Os pontos de desmatamento identificados no mapa de vegetação foram considerados pelo grupo como Zona de Recuperação e acredita-se que esta seja uma antiga área de garimpo. Para finalizar, uma área de 10km em todo limite oeste da REBIO (que faz fronteira com terras indígenas) passou a ser considerada como Zona de Baixa Intervenção, seguindo a mesma idéia de se proteger o Alvos de Conservação Zona de Amortecimento das Terras Indígenas (TI). Alvo de Conservação Ameaças (Problemas) Oportunidades Áreas acima de 400-450m Falta de Pesquisa Coletar mais dados de fauna, flora, ambientes e de grupos indígenas • Fazer pesquisa • Buscar financiamentos Pelotão de Fronteiras, possibilidade futura de instalação de base militar (militares da Força Nacional a cada 200km na fronteira da Calha Norte) Base para fiscalização, vigilância, pesquisa e presença do governo • Mitigar os impactos; • Contato prévio e permanente com o Ministério da Defesa; • Contatar o exército para identificar responsáveis pela seleção de pessoas e da base • Inserir essas pessoas no acompanhamento do Plano de Manejo e no Conselho Gestor; • Capacitação que venha de encontro com objetivos da UC • Regras de instalação; • Indicativos/acordos (Serra do Acari) Parceria para fiscalização • Possível solução (Programas) Áreas acima de 400-450m (Serra do Acari) Possibilidade futura de exploração de mineral pelas Guianas Criação de UC complementares na Guiana • Diálogo Internacional Áreas acima de 400-450m (Platôs) Mineração de bauxita Mobilização da participação social de base • Garantir a participação social do Conselho Gestor nas discussões sobre o tema; • Promover a ampla divulgação dos resultados do Grupo de Trabalho (GT) da Calha Norte em relação à mineração • Manter a integridade da ESEC • Gestão Integrada da Calha Norte Falta de pesquisa (maior ênfase de pesquisa nos Platôs que na Serra do Acari) Coletar mais dados de fauna, flora, ambientes e de grupos indígenas Savanas e Florestas de Transição Nas demais áreas, o Prezoneamento proposto foi validado pelo grupo. Cabeceira do Rio Trombetas 2.8.2 Matriz de Planejamento dos Alvos Abaixo, encontram-se as matrizes de planejamento dos Alvos de Conservação, com a informação separada por Unidade de Conservação. Essas informações são também provenientes dos trabalhos em grupo. Pressão de Caça (possibilidade futura) • Divulgação da existência da ESEC; • Educação Ambiental • Monitoramento Falta de pesquisa (maior ênfase) Coletar mais dados de fauna, flora, ambientes e de grupos indígenas Desconhecimento da importância desse ecossistema Cenário favorável a visitação com fins educacionais Reativação da BR ao longo do Rio Trombetas (sai de Cachoeira Porteira-N) Coletar mais dados de fauna, flora, ambientes e de grupos indígenas Presença de índios isolados Lajedos Falta de Pesquisa Coletar mais dados de fauna, flora e ambientes diferenciados Plantas e Animais ameaçados de extinção e espécies endêmicas Falta de Conhecimento Pesquisa Possibilidade de tráfico de animais e plantas silvestres (por comunidades e estrangeiros) • Fazer pesquisa • Buscar financiamentos • Educação Ambiental • Evitar o avanço da BR com os limites da ESEC Preservação das Nascentes Falta Pesquisa (menor urgência) • Fazer pesquisa • Buscar financiamentos Educação Ambiental • Fazer pesquisa • Buscar financiamentos • Regularização fundiária indígena • Fazer pesquisa • Buscar financiamentos • Educação Ambiental • Fiscalização • Pesquisa: convênio com instituições de pesquisa, principalmente nacionais • Programa de EA na área e entorno Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 4 Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 4 ESEC 120 relatório da oficina de planejamento participativo relatório da oficina de planejamento participativo 121 Alvo de Conservação Ameaças (Problemas) Oportunidades Possível solução (Programas) Zona Diferenciada (fronteira com TI) Possíveis conflitos pela utilização dos recursos (castanhado-pará, recursos pesqueiros, etc.) Plaqueamento e Sinalização dos limites da UC • Fiscalização das Atividades Sítios Arqueológicos Carência de estudos da localização de todos os Sítios Potencial fonte de pesquisa • Pesquisas • Convênios com instituições locais de pesquisa • Conservação do patrimônio histórico-arqueológico-cultural Não se sabe o valor dos artefatos • Estudos das origens desses garimpeiros; • Revitalização do Posto de Fiscalização PPTAL (RR) • Criação de outros postos de fiscalização nos limites da ESEC Presença de supostos garimpeiros e colonos (assentamentos) 2.8.3 Qualificação da Zona de Entorno 2.8.4 Programas de Conservação ESEC Como fechamento dos trabalhos em grupo foram citados alguns Programas de conservação para cada UC. Um dos grupos considerou como Zona de Amortecimento 10 km para fora dos limites da ESEC em toda região de entorno, com exceção das TI e das áreas de fronteira com outros países. Destacou-se a área de fronteira com Roraima como sendo uma área potencial para instalação de um posto de fiscalização (por haver um antigo posto do PPTAL - Projeto Integrado de Proteção às Populações Indígenas e Terras Indígenas da Amazônia Legal (INCRA) - que pode ser restaurado) e também para instalação de infraestrutura da UC (base administrativa para gestão e base para pesquisa). O outro grupo delimitou os 10 km de Zona de Amortecimento apenas na fronteira com o estado de Roraima, e sugeriu que nas demais áreas limítrofes com outras Unidades de Conservação (Flota do Trombetas e Flota do Paru) fosse seguido o zoneamento estabelecido por cada uma delas. REBIO Alvo de Conservação Ameaças (Problemas) Áreas acima de 400-450m • Garimpos (ZOT) (Hg) • Desmatamento (ZR) • Sul: Possibilidade de pressão do garimpo; • Dificuldade de corpo técnico; • Equipamento de logística • Fazer pesquisa • Parceria com TI • Parcerias com outras instituições Áreas Alagadas e de Transição Garimpo (rio Paru) Pesquisa Lajedos Falta de conhecimento Pesquisas para saber locais de ocorrência Espécies ameaçadas e endêmicas • Garimpo • Caça Pesquisas para saber locais de ocorrência Sítio Arqueológico • Garimpo • Retirada de material Pesquisas para saber locais de ocorrência Área diferenciada (TI – 10km) • Garimpo • Uso da área para muita pesquisa • Pesquisa somente com autorização dos indígenas (PI Tumcumaque e TI Paru D’este) Oportunidades Possível solução (Programas) • Fiscalização • Monitoramento remoto • Tentar parceria com exército • Guarda-parque (ACT - Amazon Conservation) • Capacitação de Gestores • Retorno das pesquisas para Conselho Gestor Ambos os grupos identificaram rotas de migração indígena e as traçaram nos mapas. REBIO Uma vez que a REBIO Maicuru está totalmente cercada por outras Unidades de Conservação, o grupo que com ela trabalhou decidiu que para o zoneamento da Zona de Amortecimento, ficaria valendo o zoneamento determinado pelas outras UC. Em relação a outros fatores que se devia levar em consideração a respeito da área de entorno da REBIO, foi mencionada uma possível pressão sofrida no limite sudoeste da REBIO (fronteira com a ESEC Grão-Pará e com a Flota do Paru) em função do interesse pela exploração mineral nesta área. Sugeriu-se que esta região seja mais bem monitorada na execução dos programas de fiscalização. A área de desmatamento presente dentro da REBIO foi citada como sendo a área de um antigo garimpo. Para a ESEC Grão-Pará surgiram os seguintes Programas: Infraestrutura • Construção de uma base de fiscalização e pesquisa (posto avançado) • Viabilização de uma Sede de Gestão em um município próximo onde a logística seja mais favorável • Sinalização dos limites da UC • Geração de Conhecimento • Flora e Fauna • Sítios Arqueológicos • Proteção dos Mananciais • Platôs • Savanas • Florestas de Transição • Fiscalização e Controle • Monitoramento da caça • Monitoramento via satélite Educação Ambiental • Divulgação da existência e importância da ESEC aos diferentes públicos • EA direcionada às Savanas e Florestas de Transição • EA direcionada à preservação das nascentes • Divulgação das Pesquisas Comunicação • Confecção de Materiais de Divulgação Capacitação • Capacitação dos Gestores • Capacitação dos Conselheiros • Capacitação dos líderes comunitários e indígenas Valorização das Comunidades do Entorno • Fortalecimento Comunitário • Apoio à Geração de Renda Efetividade de Gestão • Garantir a participação social no Conselho Gestor • Gestão Integrada da Calha Norte • Diálogo interinstitucional e internacional • Criação do Conselho Gestor Sustentabilidade Financeira • Criação de um fundo • Arrecadação por Compensação Ambiental, de Pesquisas Realizadas e Serviços Ambientais Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 4 Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 4 ESEC relatório da oficina de planejamento participativo Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 4 Para a REBIO Maicuru surgiram os seguintes Programas: Gestão da Unidade • Criação do Conselho Gestor • Inserir a REBIO no Planejamento da Calha Norte • Criar uma base em Almeirim – no distrito de Monte Dourado • Desenvolver um cronograma de fiscalização • Capacitação de Conselheiros e Gestores: incluir a UC no processo de Formação Continuada já existente na Sema e no Consórcio Calha Norte • Capacitação de Agentes Ambientais: parceria ACT – Amazon Conservation • Sustentabilidade Financeira: estudar nos conselhos uma forma de “gratificação” por ações dos conselheiros; pagamento de serviços ambientais Pesquisa • Pesquisa de Sítios Arqueológicos • Pesquisa de Biodiversidade • Pesquisa no entorno para uso sustentável em Terras Indígenas • Consulta prévia ao Conselho e divulgação posterior no Conselho Gestor para realização de pesquisas Valorização do Entorno • Parceria com as TI para fortalecer o monitoramento da REBIO • Intercâmbio de conhecimento • Participação no Conselho Gestor Recuperação e resolução do conflito dos garimpos • Criação de uma Câmara Técnica Interconselhos para tratar do tema 2.9 Discussão e Validação dos resultados do trabalho em grupo em plenária Depois de concluídas as atividades nos pequenos grupos, um representante de cada equipe apresentou, de forma resumida, os resultados em plenária. As matrizes dos Alvos de Conservação e as sugestões dos Programas de Manejo foram acatadas assim como descritas nos resultados citados acima (itens 2.8.2 e 2.8.4). Em relação ao Zoneamento, as novas propostas foram discutidas e complementadas em plenária, originando um Zoneamento Final. A Figura 7 mostra essa proposta de Zoneamento para a ESEC Grão-Pará e para a REBIO Maicuru. Para a ESEC, a Zona de Baixa Intervenção proposta pelos grupos na área da cabeceira do Rio Trombetas foi assunto de discussão. Considerando que dentro de um dos grupos que trabalhou a ESEC havia dúvidas se realmente o Zoneamento deveria mudar de Zona de Moderada Intervenção para de Baixa Intervenção, foram relembradas as características mais marcantes que levaram a definição da área como “Moderada” (na Reunião Técnica de Prezoneamento). Essas características foram: menor afinidade da área para critérios como presença de espécies de interesse para conservação e ambientes únicos, possibilidade de realização de pesquisa e possibilidade de realização de atividades de Educação Ambiental. Como a maior justificativa para a mudança foi a presença de grupos indígenas transitando na região, ao longo do Rio Trombetas, chegou-se a conclusão que a área poderia continuar como Zona de Moderada Intervenção, pois este único critério não anularia todos os outros que já haviam sido trabalhados anteriormente na reunião técnica; contudo, a descrição da zona deverá destacar a presença dessas rotas de trânsito indígena. O mapa de zoneamento a ser gerado para o Plano de Manejo deverá, portanto, conter essas características. Sobre a área de 10 km proposta ao redor das Terras Indígenas (para dentro da UC) como Zona de Intervenção Nula (e no caso da TI Zoé de 20 km) foi discutido que ao invés da criação de uma zona específica para proteção desses grupos, o Plano de Manejo deve deixar clara a complementaridade entre a ESEC e as TI do seu entorno, sendo citada essa importância inclusive na Missão e Visão da UC. Com esses resultados, portanto, foi concluído que o Zoneamento da ESEC deverá manter as Zonas propostas na Reunião de Prezoneamento, sendo agora incorporado ao Plano de Manejo o detalhamento alcançado no trabalho participativo dos grupos, em especial as rotas utilizadas por diferentes grupos indígenas. Já para a REBIO, as alterações sugeridas pelo grupo que trabalhou essa UC (aumento da Zona de Ocupação Temporária; redefinição da parte sul dessa área – antes como Zona de Moderada Intervenção – como Zona de Baixa Intervenção; definição de uma Zona de Recuperação no norte da REBIO e a definição de uma Zona de Baixa Intervenção ao redor da TI Paru d’Este) foram acatadas pela plenária. Seguindo os argumentos apresentados e discutidos para a ESEC em relação à criação de uma zona ao redor das TI, para a REBIO também foi 123 relatório da oficina de planejamento participativo definido que não haverá uma zona específica, mas que o Plano de Manejo deve deixar clara a complementaridade entre a REBIO e as TI do seu entorno, sendo citada essa importância inclusive na Missão e Visão da UC. Para ambas as UC foi discutido, também, que seja considerada a possibilidade de mudança do zoneamento nos locais onde forem identificados sítios arqueológicos, considerando que pouco se sabe sobre o assunto nessas unidades. Ainda sobre a REBIO, apesar de ter sido acatada em plenária que a ZM1 se tornasse uma zona de baixa intervenção, no momento de elaborar tecnicamente o mapa do zoneamento final, percebeu-se que sobraria uma faixa muito pequena para uma zona de moderada intervenção entre ZB4 (antiga ZM2) e a ZOT, o que não justificaria a sua permanência, sendo incorporada então esta área a ZB4. Sendo assim, se a ZM1 fosse alterada, não restaria nenhuma área de moderada intervenção na REBIO. Por isso, achou-se mais viável manter a ZM1 de forma original, como proposta no prezoneamento. Figura 7. Zoneamento final da ESEC Grão-Pará e REBIO Maicuru. Suriname Guiana Francesa Guiana PARNA Montanhas do Tumucumaque ZB1 PI Tumucumaque ZB2 ZM ESEC Grão-Pará ZR ZB3 ZB4 ZB2 ZB3 TI Rio Paru d'Es te ZB2 ZOT REBIO Maicuru ZB1 TI Trombetas /Mapuera ZM ZB4 Flota Trombetas TI Zo´é Flota Paru TI Nhamundá-Mapuera FLONA de Mulata REBIO do Rio Trombetas REBIO do Uatumã (REBIO) FLONA de Mulata Flota Faro FLONA de S aracá-Taquera 0 425 850 1.700 Km NA TD VE CO PE GY NS FG RR AP AM BR PA MA Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 4 122 124 relatório da oficina de planejamento participativo Plano de Manejo da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 4 3. Fechamento da OPP e Encaminhamentos Depois de discutidos e validados os resultados obtidos nos três dias de OPP, a equipe da SEMA e os mediadores da reunião agradeceram a presença de todos, ressaltando a continuidade do processo participativo para o fortalecimento da gestão da ESEC Grão-Pará e REBIO Maicuru. Alguns participantes também manifestaram entusiasmo nessa construção e agradeceram a possibilidade de participação. Vale citar que, colaborando com essa proposta de participação dos diferentes atores sociais e instituições na gestão dessas UC, a SEMA dedicou um período da OPP para discussão e definição dos preconselheiros de ambas as unidades. Esses resultados serão apresentados em reuniões previstas em municípios do entorno das UC, em datas a serem confirmadas pelo órgão gestor. ANEXO 5 Decreto Estadual de criação da Reserva Biológica Maicuru Decreto Estadual no. 2610 de 04/12/2006 Dispõe sobre a criação da Reserva Biológica Maicuru nos Municípios de Almeirim e Monte Alegre, Estado do Pará, e dá outras providências. © CI / Adriano Gambarini Decreto Estadual de criação da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 5 D e c r e t o E s t a d u a l n o . 2 610 d e 04/12/2006 Dispõe sobre a criação da Reserva Biológica Maicuru nos Municípios de Almeirim e Monte Alegre, Estado do Pará, e dá outras providências. O GOVERNADOR DO ESTADO DO PARÁ, no uso das atribuições que lhe confere o art. 135, inciso V, da Constituição Estadual, e tendo em vista o disposto nos arts. 23, incisos VI e VII, e 225, § 1º, inciso III, da Constituição Federal, e de acordo com o art. 17, incisos VI e VII, combinado com o art. 255, inciso V, da Constituição do Estado do Pará, bem como o disposto no art. 22, § 4º, combinado com o art. 10 da Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000, no art. 8° da Lei Estadual nº 6.745, de 6 de maio de 2005, que trata do Macrozoneamento Ecológico-Econômico do Estado do Pará e dá outras providências, e o que consta do processo n° 2006/404144 da Secretaria Executiva de Estado de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente – SECTAM, DECRETA: Art. 1º Fica criada a Reserva Biológica Maicuru nos Municípios de Almeirim e Monte Alegre, Estado do Pará, com o objetivo de preservar os ecossistemas naturais existentes e contribuir para a manutenção dos serviços ambientais e recargas de aqüíferos, possibilitando a realização de pesquisas científicas, o desenvolvimento de atividades controladas de educação ambiental, bem como a preservação integral da biota e dos demais atributos naturais existentes em seus limites, sem interferência humana direta ou modificações ambientais, excetuando-se as medidas de recuperação de seus ecossistemas alterados e as ações de manejo necessárias para recuperar e preservar o equilíbrio natural, a diversidade biológica e os processos ecológicos naturais, conforme dispuser o plano de manejo da unidade de conservação. Art. 2º A Reserva Biológica Maicuru tem uma área com forma de um polígono irregular, envolvendo uma superfície aproximada de 1.151.760,95ha (um milhão, cento e cinqüenta e um mil setecentos e sessenta hectares e noventa e cinco centiares), sendo 1.088.163,77ha (um milhão, oitenta e oito mil cento e sessenta e três hectares e setenta e sete centiares) localizados no Município de Almeirim e 63.597,18ha (sessenta e três mil quinhentos e noventa e sete hectares e dezoito centiares) no Município de Monte Alegre, e perímetro de 1.008,93km (mil e oito quilômetros e noventa e três metros). Esta Reserva Biológica confronta com a Terra Indígena Parque do Tumucumaque, com a Terra Indígena Rio Paru D’Este, com o Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, com a Floresta Estadual do Paru e com a Estação Ecológica Grão-Pará. Apresenta todas as coordenadas geográficas referenciadas ao Datum SAD69 e coletadas com auxílio do mapa de drenagem do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): Dados Espaciais Vetoriais e Alfanuméricos do IBGE (Bloco 5 e 6); Ano 9/5/2005 - CEU/ SECTAM. Este memorial inicia a descrição do perímetro no ponto 1, de coordenadas geográficas aproximadas (c.g.a.) 0°19’11” S e 54°36’52” Wgr., localizado na foz de uma drenagem sem denominação, à esquerda do Rio Maicuru; deste ponto, segue à montante pela margem direita da referida drenagem até o ponto 2, de c.g.a. 0°03’13” S e 54°23’46” Wgr., localizado na cabeceira deste tributário; deste ponto, segue em linha reta até o ponto 3, de c.g.a. 0°03’16” S e 54°23’13” Wgr., localizado na nascente de uma drenagem sem denominação da margem esquerda do Igarapé Tacurana; deste ponto, segue à jusante pela margem direita da drenagem citada até o ponto 4, de c.g.a. 0°08’30” S e 54°18’09” Wgr., localizado na confluência da referida drenagem com o Igarapé Tacurana; deste ponto, segue à jusante pela margem direita do Igarapé Tacurana até o ponto 5, de c.g.a. 0°08’02” S e 53°59’19” Wgr., localizado na confluência de uma drenagem sem denominação, na margem direita do Igarapé Tacurana; deste ponto, segue à jusante pela drenagem citada até o ponto 6, de.c.g.a. 0°05’34” S e 53°55’32” Wgr., localizado na cabeceira da referida drenagem; deste ponto, segue em linha reta até o ponto 7, de c.g.a. 0°05’18” S e 53°53’57” Wgr., localizado na cabeceira de uma drenagem sem denominação de um tributário da margem direita do Rio Paru D’Este; deste ponto, segue à jusante pela margem direita da drenagem citada até o ponto 8, de c.g.a. 0°04’30” S e 53°52’01” Wgr., localizado na foz de uma drenagem originada de um tributário sem denominação da margem direita do Rio Paru D’Este; deste ponto, segue à jusante pela margem esquerda do tributário sem denominação até o ponto 9, de c.g.a. 0°05’02” S e 53°50’17” Wgr., localizado na confluência do tributário citado com o Rio Paru D’Este; deste ponto, segue à montante pela margem direita do Rio Paru D’Este até o ponto 10, de c.g.a. 0°12’23” N e 53°49’58” Wgr., localizado na confluência do Rio Paru D’Este com o Igarapé Apupariú; deste ponto, segue à montante pela margem direita do Igarapé Apupariú até o ponto 11, Decreto Estadual de criação da Reserva Biológica Maicuru 127 de c.g.a. 0°19’26” N e 53°43’39” Wgr., localizado na cabeceira do Igarapé Apupariú; deste ponto, segue em linha reta até o ponto 12, de c.g.a. 0°21’19” N e 53°42’41” Wgr., localizado na cabeceira de uma drenagem sem denominação, na margem direita do Igarapé dos Patos; deste ponto, segue à jusante da drenagem citada até o ponto 13, de c.g.a. 0°24’49” N e 53°41’56” Wgr., localizado na confluência da referida drenagem com o Igarapé dos Patos; deste ponto, segue à jusante pela margem direita do Igarapé dos Patos até o ponto 14, de c.g.a. 0°30’03” N e 53°35’54” Wgr., localizado na foz do Igarapé dos Patos com o Rio Ipitinga; deste ponto, segue à montante pela margem esquerda do Rio Ipitinga até o ponto 15, de c.g.a. 0°45’50” N e 53°52’44” Wgr., localizado na confluência do Rio Ipitinga com uma drenagem sem denominação, na margem esquerda do rio citado; deste ponto, segue à montante desta drenagem sem denominação até o ponto 16, de c.g.a. 0°57’48” N e 53°47’14” Wgr., localizado na cabeceira da referida drenagem; deste ponto, segue em linha reta até o ponto 17, de c.g.a. 1°01’51” N e 53°48’18” Wgr., localizado na cabeceira de uma drenagem sem denominação da margem direita do Rio Jarí; deste ponto, segue à jusante pela margem direita da referida drenagem até o ponto 18, de c.g.a. 1°14’35” N e 53°32’45” Wgr., localizado na foz da referida drenagem com o Rio Jarí e na fronteira com o limite do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, conforme o Decreto de 22 de agosto de 1997; deste ponto, segue contornando o Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque até o ponto 19, de c.g.a. 1°50’41” N e 54°45’33” Wgr., localizado na confluência do Rio Jarí com a Terra Indígena Parque do Tumucumaque; deste ponto, segue contornando a Terra Indígena Parque do Tumucumaque até o ponto 20, de c.g.a. 1°21’09” N e 54°37’25” Wgr., localizado na confluência da Terra Indígena Parque do Tumucumaque com a Terra Indígena Rio Paru D’Este, conforme o Decreto nº 1.775, de 8 de janeiro de 1996; deste ponto, segue contornando a Terra Indígena Rio Paru D’Este até o ponto 21, de c.g.a. 0°03’01” S e 54°36’30” Wgr., localizado no limite da Terra Indígena Rio Paru D’Este com o Rio Maicuru; deste ponto, segue pelo Rio Maicuru no sentido jusante, confrontando com a Estação Ecológica Grão-Pará até atingir o ponto inicial desta descrição, fechando o perímetro. Decreto Estadual de criação da Reserva Biológica Maicuru | Anexo 5 Decreto Estadual de criação da Reserva Biológica Maicuru 126 Parágrafo único. O subsolo da área descrita no “caput” deste artigo integra os limites da Reserva Biológica Maicuru. Art. 3º As áreas inseridas nos limites da Reserva Biológica Maicuru poderão ser utilizadas para fins de instituição de sistemas de gestão de reserva legal na forma da legislação federal e estadual pertinente e nos termos do seu plano de manejo. Art. 4º Ficam autorizados a Procuradoria-Geral do Estado e o Instituto de Terras do Pará - ITERPA a promoverem as medidas administrativas e judiciais necessárias à regularização fundiária das áreas integrantes da Reserva Biológica Maicuru. Parágrafo único. As terras de domínio de ente de outra esfera de governo inseridas na área da Reserva Biológica Maicuru serão objeto de gestão, por parte do Estado do Pará, para fins de celebração de convênios específicos visando à regularização fundiária. Art. 5º Caberá à Secretaria Executiva de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente - SECTAM administrar e presidir o Conselho Consultivo da Reserva Biológica Maicuru, a ser constituído por representantes de órgãos públicos e de organizações da sociedade civil, adotando as medidas necessárias à sua efetiva proteção e implantação. Art. 6° Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. PALÁCIO DO GOVERNO, 4 de dezembro de 2006. SIMÃO JATENE Governador do Estado VILMOS DA SILVA GRUNVALD Secretário Especial de Estado de Produção RAUL PINTO DE SOUZA PORTO Secretário Executivo de Estado de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente