A vida no corredor da morte
Transcrição
A vida no corredor da morte
w w w . s t u d i o t o r o. com expediente sans nom lado a a linha fina entre o bem e o mal lado b mumia abu-jamal conta como é a vida no corredor da morte ürbe o fotógrafo otto stupakoff visto na pele de um mero cidadão comum art o grafiteiro nunca exibe a sua arte em pleno deserto africano prato feito as latinhas de sopa campbells, paginadas por andy warhol, conquistam gerações ensaio militarismo em alta, medalhas em baixa - é hora de escapar das armadilhas dos estereótipos noivas sem chance de subir ao altar, as noivinhas abandonadas pela guerra, perdem a cabeça party in bunker a festa invade os endereços secretos do solo urbano e agita as fogueiras de vaidades tour escolha o destino cheio de adrenalina e embarque na melhor aventura da temporada expediente editoras Adriana Brito [email protected] Patrícia Favalle [email protected] chefe de redação Ariana Brink [email protected] editor de estilo Ray Mendel [email protected] editor de fotografia Marcelo Guarnieri [email protected] produtores Franco Milani [email protected] Helen Pessoa [email protected] redação Sergio Martins [email protected] Paula Queiroz [email protected] Alex Mendes [email protected] estagiários Ana Luisa Linhares Daniel Froes designer visual Robson Lopes [email protected] colaboradores Agência Fotosite, Ana Cristina Marques Silva, Anton Reiner, Antonio Cruz, Carlos Vicente Neto, Christian Von Ameln, Daniel Malva, Gabriela Jummes Machado, Lêda Villas Bôas, Liège Wisnievski, Michael Schiffmann, Rafael Cañas, Sandi Dias, Thiago Monteiro, Tita Berg Vamos à guerra! Ao olhar pela janela, aquela sensação de déjà vu invade o pensamento e nos obriga a questionar os reais caminhos da moda. Longe de circular por aí a bordo de alguma criação revolucionária, as peças que recheiam as prateleiras – sejam das lojas bacanas ou dos magazines fast-fashions – são as mesmas que já encantaram na temporada passada (e talvez na outra também...). Que o contexto é cíclico, todos sabemos, mas repetir as tendências frequentemente é quase como cometer plágio. Trocando em miúdos, o verde-oliva que tremula abaixo do mastro da bandeira só pode ser encarado como provável desertor! Depois de algumas décadas aquartelados, os militares ganharam as ruas de tal maneira que só mesmo uma rebelião para colocar os recrutas de volta aos pelotões. Mas antes de organizar as filas e lustrar os coturnos, por que não explorar os campos minados? Primeiro, fomos a balada escondida dos olhos do alto-comando, instalada num bunker sobre rodas, com jeito modernoso e perfume quarentinha; depois, avançamos por mares turbulentos e ancoramos num belo casarãvvo habitado por noivas condenadas à própria sorte. Experimentamos a sopa Campbell’s, ícone dos cardápios das trincheiras, escutamos a voz rouca, porém potente, do jornalista Mumia Abu-Jamal, trancafiado no corredor da morte desde os anos 80, reviramos o baú de Otto Stupakoff em busca de tesouros esquecidos e mapeamos os roteiros que aliam charme e boas doses de adrenalina mundo afora. Atrás de mais peleja, reabrimos a discussão sobre o nazismo e num movimento preenchido pela arte, assistimos a intervenção do grafiteiro NUNCA nos desertos sudaneses. Por fim (e sem meias-verdades), esta edição desarmou a batalha de “cabo a rabo”: miramos o tráfico de drogas, raspamos no antissemitismo e acertamos a homofobia de peito aberto. sans nom a constituição de uma raça que trará em si as qualidades primitivas, evitando assim a degradação física e intelectual de hoje”, justificou o Führer sobre o extermínio dos “inferiores”. Nem é preciso dizer que boa parte da indústria farmacêutica se valeu do farto material humano para testar novos medicamentos, entre os quais, a descoberta da aspirina e da novocaína. De acordo com a documentação oficial referente ao assunto, foram feitos 178 tipos de exames, das aplicações de corante nos olhos sem o uso de anestesia às amputações, esterilizações e até a privação completa de alimentos observada pelos médicos (e monstros) Friedrich Entress, Helmuth Vetter e Eduard Wirths. No campo de Auschwitz, cuja capacidade para queimar corpos era de 4.756 por dia, foi instalada a Interessengemeinschaft Farbenindustrie Aktiengesellschaft (associação de interesses comuns chamada de IG Farben, que reunia as seis gigantes do setor, entre elas, BASF, Hoechst e Bayer). É neste contexto que fica clara a tênue linha que se dissipa em meio às trincheiras e impõe o sofrimento e as humilhações aos confinados. “A natureza sempre se vinga inexoravelmente de todas as usurpações contra o seu domínio. Por isso, acredito agora que ajo de acordo com as prescrições do Criador Onipotente (sic). Lutando contra o judaísmo, estou realizando a obra de Deus”, escreveu Hitler. Ironicamente, o ônus pela usura foi cobrado com a sua morte – o “intocável” se suicidou com um tiro na cabeça – e com a divisão da Alemanha por décadas, talhada entre americanos, ingleses e russos. Vidas que, mesmo poupadas, acabaram exibidas como troféus de uma geopolítica polarizada por ideologias deturpadas, fronteiradas por 66,5 quilômetros de concreto e 127 redes eletrificadas. Foram necessários 28 anos (de 1961 a 1989) até a cicatrização da ferida mais sangrenta da cena contemporânea. lado a Por Patrícia Favalle Fotos Divulgação Numa guerra se perde tudo: o nome, a família, os amigos, a cultura, a pátria, os valores e a condição humana de respeito ao próximo A linha entre o bem e o mal Há 66 anos, o mundo assistiu a rendição das tropas da Alemanha nazista e silenciou para contabilizar os mortos que tombaram durante a II Guerra Mundial. Ao todo, mais de 60 milhões de pessoas – número equivalente à população da França de hoje –, sendo 40 milhões de civis, perderam a vida nos combates que se estenderam de 1939 a 1945. Os países do bloco do Eixo (Alemanha, Itália e Japão) investiram forças para ampliar seus territórios e impor uma das práticas mais cruéis já registradas na história: o genocídio de seres humanos. Depois da invasão da Polônia, em 1º de setembro de 1939, fato considerado o estopim para a declaração bélica, o austríaco Adolf Hitler, pintor frustrado e homem medíocre, ascendeu ao comando do Partido Socialista dos Trabalhadores Alemães por conta de seu discurso tingido por um nacionalismo controverso, integralmente exposto no livro autobiográfico Mein Kampf (Minha Luta). O conceito pregado por ele incitava o xenofobismo e o antissemitismo. Inacreditavelmente, Hitler não só conquistou o apoio das massas como convenceu outros líderes a lutarem em prol de seu projeto “ariano”, que clamava pela pureza das raças. A partir daí, judeus, homossexuais, ciganos, presos políticos e portadores de deficiências (mentais e físicas) foram usados como cobaias em experimentos pseudocientíficos comandados por Josef Mengele e posteriormente assassinados. “Se realizar um plano de procriação dos mais sadios, o resultado será Imagem do Atlas Pernkopf, obra de Eduard Pernkopf produzida com a dissecação de 1.377 vítimas do nazismo lado b Por Anton Reiner e Michael Schiffmann Fotos Divulgação procedimentos que seguem denotam a diferença. Na área de trabalho, entregamos os passaportes, assinamos a lista de visitas e esvaziamos os bolsos. Um letreiro avisa que não é permitida a entrada de câmeras, gravadores, cadernos e canetas. “Limpos”, podemos ingressar nas entranhas do monstro: a primeira porta tem sistema de radiografia, sensor antidrogas e saleta de espera. Uma porta de aço é aberta deslizando num volume quase inaudível e se fecha atrás de nós. Um longo corredor nos leva através de outra porta de ferro aonde três agentes por trás de um vidro à prova de balas checam os próximos passos. O ambiente é significativamente mais tenso. Finalmente, nos permitem passar pelo acesso para percorrer um sombrio caminho emoldurado por paredes que desemboca no corredor da morte. A porta final nos leva para a sala de visitas com cabines alinhadas em ambos os lados. De repente, estamos diante do homem que havíamos falado muitas vezes, de quem havíamos escrito tanto, para quem havíamos tentado construir apoio – o homem que nunca havíamos conhecido. O ser humano Nossa ansiedade atingiu o limite. Vestido com um macacão laranja tipo de Guantánamo, ele bateu forte no vidro que divide as pequenas celas em duas áreas de 1,5 metros quadrados cada uma. Sua ruidosa boas-vindas fez com que o vidro balançasse. Essa é uma das poucas chances que um preso tem para fazer contato com o exterior. Surpreende-nos o aspecto rejuvenescido de Mumia. As últimas fotos foram feitas há quase 15 anos, assim, esperávamos encontrar um homem que aparentasse seus 56 anos ou mais, marcado por ter passado metade da vida na prisão. Mas não, quem estava diante de nós era vibrante, intenso e versátil, alguém no auge de seus 45 anos, cuja pele é fresca e relaxada, a expressão facial alegre, a postura saudável e os dredlocs ligeiramente grisalhos quase alcançam o chão. Muitas pessoas ouvem a voz séria de Mumia quando ele lê os próprios ensaios gravados pela Prison Radio, mas ele também prova que tem senso de humor. Outra de suas características é a percepção aguda. Ele nos faz um monte de perguntas e regressa a elas várias horas depois, quase sempre mencionando detalhes precisos. Preso Pantera O ex-integrante do movimento Panteras Negras, o jornalista norte-americano Mumia Abu-Jamal fala sobre como é viver no corredor da morte: “É um lugar cruel, onde as piores coisas acontecem” Em 29 de abril de 2010, dois ativistas alemães que apoiam o preso político Wesley Cook, conhecido como Mumia Abu-Jamal, Anton Reiner (Berlim) e Michael Schiffmann (Heidelberg), tiveram a oportunidade de visitá-lo no corredor da morte do presídio SCI Greene, em Waynesburg, na Pensilvânia, Estados Unidos, acompanhados por Linn Washington, jornalista e amigo de Mumia há anos. Após uma longa e rigorosa preparação, os três falaram com o detento por quase seis horas – a entrevista contou com temas sobre a vida cotidiana na prisão, o trabalho como jornalista, os interesses políticos, a avaliação das futuras decisões judiciais e o apelo popular que pede a sua liberdade. Entrando no SCI Greene Um pouco antes das 9 horas da manhã, chegamos a um sinal de trânsito com um nome irônico, State Correctional Institution Greene, Progress Drive 169-175 (Instituição Correcional Greene, Avenida Progresso 169-175). Localizada em um vale, a prisão está espalhada por uma extensa área coberta por prédios baixos com tetos de telhas coloridas sem janelas visíveis do exterior, duas cercas de arame farpado que brilham no sol e um estacionamento cheio de câmeras. O lobby lembra o de um hospital, mas os As condições carcerárias A cela de Wesley Cook mede 1,8 x 3 metros e é fechada com uma porta de aço que tem uma ranhura por onde se passa a refeição. Tem duas janelas estreitas, de vidro à prova de balas, com vistas para o corredor. Na parede oposta à porta há uma pequena janela que mede 60 x 80 cm. As paredes e o teto são pintados de branco. Não há outra cor. É proibido fazer pinturas ou expor fotos. Sua cama começa a um metro da porta e se estende até a divisória exterior. À esquerda há uma unidade de aço inoxidável com pia, vaso sanitário e espelho turvo, este também feito de aço, no qual quase nada é visível. Do mesmo lado há um armário de metal para colocar pertences pessoais. O único mobiliário é uma cadeira. Nenhuma mesa. Mumia senta-se na cama para comer e para escrever. A lâmpada do teto fica acesa 24 horas por dia. Há uma televisão e um rádio que lhe permitem receber dois canais da administração penitenciária, estes transmitem anúncios oficiais e filmes ruins. Com a recepção por cabo, a televisão tornou-se uma importante fonte de informação. No entanto, custa 16 dólares por mês, e o apoio institucional para os presos sem fundos é de 17 dólares. Sobre esta situação, Mumia brinca que duas vezes por mês, o preso comum tem o privilégio de ver TV com um doce que custa 0,50 na loja da prisão. Após dez anos tentando obter uma máquina de escrever elétrica, ele finalmente conseguiu a regalia em 2005. Infelizmente, o “moderno” aparelho quebrou no começo deste ano e ainda está na oficina. Mais uma vez, escrever à mão com uma caneta tinteiro é a sua única alternativa. A ausência de cores em seu restrito universo é um grande problema. Ele conta que durante os primeiros dias de abril, perdeu horas olhando a grama apenas para admirar o verde e o amarelo dos campos. Os presos tampouco têm variedade de nuances nos modelos que vestem. Além do macacão laranja, a segunda opção é tingida na cor marrom. A solução antimonotonia vem pelo correio, nas cartas que Abu-Jamal recebe diariamente. Nós perguntamos se tanta fama provoca inveja ou causa problema com outros presos. “Às vezes, sim.” E completa: “Suspeito que eu tenha a imagem de um tipo animado e divertido, o que facilita a minha estada por aqui”. A vida no corredor da morte O dia começa às 6h da manhã com café ou chá e um biscoito. Das 7h às 9h, Mumia vai ao pátio para fazer exercício. Dois guardas acorrentam as suas mãos e os pés para levá-lo. A área é dividida em gaiolas de 3 x 4 metros, com o máximo de dois prisioneiros trancados em cada uma. Antes, o lugar era aberto a todos os detidos, mas depois de um protesto contra uma decisão oficial, o recinto foi dividido de modo que os guardas pudessem lidar com os prisioneiros individualmente. Enquanto está ali, ele gosta de jogar rebote. “O quê, neste cubículo?” O tempo fora do cárcere é o único momento para realizar conversas sérias com os outros presos e serve para troca de informações jurídicas. Às 10h o almoço é servido através da abertura na porta. Uma das brincadeiras favoritas dos guardas é retirar a comida imediatamente se o preso não está “ligado” e, em seguida, ridicularizá-lo, dizendo: “Eu vejo que você não está com fome hoje”. Isso geralmente acontece quando alguém está doente ou quando um deles foi espancado pelos vigias. A comida servida em bandejas de plástico raramente traz algo fresco. O menu tem arroz ou batatas, legumes picados e um pouco de carne cozida, todos aquecidos no micro-ondas. Durante anos, Mumia e outros prisioneiros tentaram conseguir pelo menos um pouco de frutas. A comunidade de Bruderhof, perto da detenção, se ofereceu para levar alimentos orgânicos, mas SCI Greene rejeitou. Janta-se por volta das quatro horas da tarde. E este é o fim de um dia comum no corredor da morte. Luz no túnel Com muita paciência, Mumia Abu-Jamal responde sobre a arquitetura de onde é forçado a viver. O corredor da morte de Greene é composto por quatro unidades com um terminal de monitoramento no centro, a partir dos quais quatro passagens levam para as demais unidades, que contam com dois andares, com quatro celas de isolamento cada. Lá também está o “buraco”, onde os prisioneiros são mantidos 24 horas, sem luz natural. Mumia esteve ali várias vezes, mas não quis relatar a experiência durante a nossa visita. Quando mencionamos que a limpeza da prisão parece com a de um hospital, ele rapidamente concordou e até disse que seria possível comer no chão, mas não conseguiria ver quem está atrás de você. “É um lugar cruel, onde as piores coisas acontecem.” Ele acha que o trabalho no corredor da morte tem que ser atraente para os guardas, afinal, eles não têm quase nada para fazer, o que não significa que tratem os detentos bem. Mumia acredita que cerca de dois terços dos vigias sejam racistas e brutais, e que se valem da violência com frequência. Charles Graner, um dos torturadores envolvidos no escândalo de Abu Ghraib, foi policial no SCI Greene antes de ir para o Iraque. Mumia não o conheceu pessoalmente, mas sabe que ele foi condenado em 2005, e que a administração prisional afirmou que ele poderia voltar a Greene, caso perdesse o emprego no Exército. Falando da política mundial Diferente dos outros encarcerados, Mumia – que é jornalista por formação – está sempre informado sobre os acontecimentos políticos no mundo, mas agora tem muitas perguntas sobre a Alemanha. Está interessado em aprender mais sobre a guerra contra a Iugoslávia, em 1999, a participação atual da Alemanha no Afeganistão e as reações da população germânica. Ele também pergunta sobre a transição da antiga República Democrática Alemã de um estado socialista para uma sociedade capitalista. Durante a conversa, insiste que em qualquer teoria política, a coisa mais importante é saber se organizar. “Ninguém deve subestimar o que um grupo de pessoas organizadas pode conseguir, mesmo um pequeno grupo. Minha própria sobrevivência é a prova da capacidade da ação coordenada.” Claro, também falamos sobre o presidente Obama. Mumia assume que Obama sabe a respeito da contínua discriminação contra afro-americanos e os seus graves problemas. O único erro, diz, é supor que ele queira encabeçar uma mudança social. “Na verdade, o Obama era a pessoa mais adequada para aproveitar o descontentamento generalizado em relação ao Bush. No fundo, é o belo rosto negro do imperialismo ou um homem negro com a mentalidade branca.” O caso Black Panter Preso em 9 de Dezembro de 1981, sob a acusação de ter assassinado o oficial Daniel Faulkner, na Filadélfia, Mumia Abu-Jamal sempre alegou ser inocente e vítima de uma retaliação racista por conta de sua luta contra a discriminação e em prol de direitos iguais. O processo que o condenou é recheado de irregularidades, depoimentos contraditórios e testemunhas coagidas. O então jovem Wesley Cook havia se metido numa confusão com o policial morto para defender o irmão, que estava sendo espancado. Entretanto, na cena do crime, havia uma quarta pessoa, que fugiu após os disparos. A arma encontrada nunca foi periciada, evidências sumiram e a ligação passada com o movimento Black Panters veio à tona para linkar as prováveis razões para o homícidio do policial branco. Levado a julgamento na condição de “réu confesso” (ele não admitiu tal confissão), onze jurados negros foram desqualificados e a defesa completamente desmantelada. O sistema injusto Ao falar da justiça, o jornalista observa que promotores e juízes têm mais problemas hoje em encontrar jurados dispostos a impor a pena de morte, mas alerta que ainda há o desejo de emplacar sentenças especialmente longas e cruéis. Nossas últimas horas na prisão são dedicadas ao caso dele e as suas expectativas. Ele concordou que o advogado da Filadélfia não está preocupado em dar-lhe a oportunidade de apresentar o seu caso perante um novo júri. O Terceiro Tribunal de Apelações tampouco. Mas esta continua a ser a sua meta. Apesar de uma audiência só poder resultar em prisão perpétua ou na fatídica pena de morte, Mumia Abu-Jamal continua a envidar os esforços para comprovar a sua histó- ria. Acha que o Terceiro Tribunal tem pelo menos duas opções: ou pode decidir se o juiz William Yohn estava certo em desfazer a pena de morte em 2001, ou enviar o caso para o Tribunal Distrital novamente. Antes de tomar esta decisão, porém, o Terceiro Tribunal pode realizar uma audiência estritamente sobre a prova. Ele acrescenta que os precedentes jurídicos ajudaram o caso, mas que os seus direitos jamais foram respeitados. No final, ele enfatiza a importância de lutar contra a pena de morte, o caráter abusivo de seu julgamento em 1982, e o fato de que a promotoria nunca apresentou provas válidas que o incriminassem. Mumia sabe que os seus simpatizantes têm batalhado para sensibilizar a opinião pública e reverter este desfecho. “Os movimentos devem encontrar seu próprio caminho e formar as suas próprias opiniões.” Fim da linha Depois de conversar durante seis horas, temos que ir. Juntamos as palmas das mãos através do vidro que nos separa. Mumia se despede dizendo: “mover” com o punho levantado. Temos de nos esforçar para sair, e quando nos afastamos vemos que ele pôs o punho sobre o coração. Nós fazemos o mesmo. Achamos inconcebível que este homem tão cheio de energia agora seja levado de volta para o “inferno brilhante”, enquanto nós, depois de passar pelos vários cadeados e trancas, desfrutamos de uma bela tarde ensolarada de primavera. *Este texto foi originalmente escrito para o periódico Abu-Jamal News #4 (http://abu-jamal-news.com/ docs/proof.pdf) e cedido para republicação através da Agência de Notícias Anarquistas (ANA), de Portugal. Alguns termos foram modificados para o melhor entendimento da entrevista. ürbe Texto e fotos Rafael Cañas Foco Algumas decisões nos levam para longe do objetivo – mas a vida é como a guerra: é preciso errar para entender a simplicidade das ações Não me lembro do lugar de onde vinha. Por volta das 2h de uma madrugada quente, estava eu sozinho andando pelas ruas de São Paulo, rumo a minha casa. Ele estava do outro lado, no repente, com sua aura de flashes. Era Otto Stupakof. A cabeça compreende imediatamente a figura e o olhar assimila nitidamente o momento. “Com licença... Cara, admiro muito a sua obra (...)”. “Você vê quanta beleza há neste lixo?”, ele pergunta. Com uma snapshot nas mãos, Otto expressa a poesia retirada daqueles sacos pretos entulhados num poste à meia-luz, alguns escancarados, outros ainda intactos. Não os enxergava; apenas a ele. “Você toma uma cerveja?” “Tomo”, respondi de pronto. Lá se foram duas garrafas e a tentativa quase em vão de explicar a graça presente no lixo. Sabia que estava no xis da questão. Lembro-me de como ele olhava as mulheres que transitavam pelo bar, com a elegância desperta pelo desejo de vida, pelas mulheres da vida. Ele queria colocar as garotas das esquinas num ensaio da Vogue... [Naquela época, Otto era consultor de imagem da Carta Editorial]. “Elas têm um encanto inacreditável. A verdadeira alma brasileira está aqui.” Terminamos a bebida e fomos até o flat onde ele residia, isso lá pelas 3h30 da manhã. O lugar se resumia a um espaço apertado, com uma desordem organizada em plasticidade de artista ferrado. Eram esculturas autorais e arquivos aquários na luz baixa. Otto contou sobre um garoto de rua de 12 anos para quem emprestou uma câmera digital – “Ele deveria devolver em uma semana”, disse. “O menino era um gênio. Quis ajudá-lo neste caminho artístico, mas a mãe o impediu e até fui parar na delegacia! Quando cheguei ao distrito, ele veio falar sobre as fotos, e o delegado percebeu que não havia maldade na atitude, então, me mandou embora. Nunca mais o vi...”. Emendando um assunto noutro, como se o tempo lhe faltasse, Otto explicou como gostaria de clicar as mulheres comuns. Mergulhei numa reta para nunca mais voltar. Cada imagem refletia a verdade, a entrega e o talento do mestre. Eu amava a imagem da mulher na fotografia; ele amava a mulher na fotografia. Foram horas de aprendizado. Queria ficar ali e remontar cada trecho daquela biografia fas- cinante, mas viajaria para Nova York em duas semanas. “Preciso ir agora, já está amanhecendo e tenho que resolver muita coisa.” Ele ficou puto, porém, manteve o silêncio. Descemos. “Vou atrás de um táxi.” “Táxi é pra lá, e eu vou pra cá.” Eram caminhos opostos. Antes de sair, ele disse: “Você, rapaz, vai se dar mal se agir assim naquela cidade”. Foi uma porrada para eu crescer e enxergar que a vida é única, rara. E esta é a sua maior beleza. Só hoje sou capaz de compreender a oportunidade que tive – e a que deixei pra trás. Ali ficou o meu adeus e o agradecimento ao maior fotógrafo que o Brasil já teve. Popularmente chamada de tattoo, o adereço – pessoal e intransferível, que já estampou rituais de passagem, símbolos religiosos, status e posição social –, hoje parece fadada à banalização. Cada vez mais empregada como recurso estético, a pintura figura com prazo de validade curto, ainda mais depois da invenção do laser (técnica que promete limpar a área dos arrependidos). Na semana que antecedeu o casamento real inglês, o site SWNS Reporter divulgou nota que rodou o mundo: “Um britânico pra lá de patriota, gastou mil libras esterlinas para tatuar nos dentes da frente os rostos do príncipe William e de Kate Middleton”. Na sociedade do fast-tudo, onde o homem vive sob o redemoinho de mudanças e renovações constantes, a tatuagem se tornou adorno muitas vezes superficial. Na contramão do consumo desenfreado, da produção em série de estrelas, fadas, golfinhos, dragões e carpas, num ateliê da zona leste de São Paulo, Totó Severo se encarregou de dar ao meio um quê de obra de arte marginal. Desenhista autodidata, grafiteiro por afinidade e tatuador por necessidade, o jovem buscou refúgio nos traços fortes para fazer valer a sua assinatura. Outro que apostou no filão da tatto-art foi o recifense Jun Matsui. Com descendência nipônica e muita influência sacada das ilhas do Pacífico, principalmente dos Maoris (aqueles citados algumas linhas acima), Jun tem um trabalho superautoral. Numa atmosfera zen, ele cria sem pressa os desenhos que logo estarão na tez dos frequentadores do seu estúdio. Matsui acredita que a tatuagem surge na vida através de uma circunstância extrema: “Quando o estresse se une ao consumismo ou num instante de total equilíbrio, solidez e confiança. O momento é o ponto exato que define quem é quem nessa história”. art Por Paula Queiroz Work in Progress O grafiteiro brasuca NUNCA faz sucesso no mercado internacional com mais um de seus trabalhos inusitados e de grande porte A caminho de Serra Leoa, na África Ocidental, o avião cargueiro Antonov An-12 levava bem mais que o contrabandista internacional Yuri Orlov – tinha a bordo um carregamento ilegal de armas. A aeronave jamais chegou ao seu destino, acabou interceptada pelo jato L-39 e fez pouso de emergência numa pista de terra local, despistando o caça. Mas por uma dessas ironias inexplicáveis, a valiosa carga foi separada pelos aldeões e simplesmente desapareceu em meio ao deserto. O trecho acima é narrado no filme Senhor das Armas, baseado em fatos reais, e que agora serve de inspiração para acolher o projeto que está rolando em sigilo absoluto. Da ficção para a realidade, uma trupe descolada deu outro destino aos aviões da II Guerra Mundial, que também foram abandonados por aquele chão árido. Próximo à base norte-americana de Serra Leoa, mas ainda sem local exato, cinco artistas plásticos foram escalados para pintarem os grandalhões alados. A ideia batizada de “The Boneyard Project” é do galerista Eric Firestone, de Nova York, que se encarregou de escolher pessoalmente os três ianques, o mexicano e o brasileiro que dariam contornos a sua imaginação. O grafiteiro Francisco Rodrigues, conhecido nas ruas de Sampa como NUNCA, pretende gastar 800 sprays na intervenção. “Os aviões estão em perfeito estado, alguns ainda têm marcas de bala na fuselagem e nos vidros dianteiros. Levarei duas semanas para concluir o trabalho, cuja inspiração foi sacada das impressões que senti em torno da cidade onde eles estão e do contexto histórico.” Depois de colorir a fachada da galeria londrina Tate Modern para a expo Street Art, e o Castelo de Kelburn, em Glasgow, na Escócia, junto com osgemeos e Nina, o paulistano mostra que a consistência do seu portfólio o mantém entre os mais versáteis [e requisitados] artistas do mercado. prato feito Por Alex Mendes Traduzida por Andy Warhol como ícone da pop art em 1962, as famosas embalagens das latas da Campbell´s não estão mais dando pinta por aí Tem de tomate, vegetal, galinha ou até mesmo de creme de cogumelos. Mas, para alguns, pouco importa o sabor, desde que a sopa venha fresquinha dentro de um must have da contracultura dos anos 60 e 70, nas cores branca e vermelha, imortalizada pelo artista Andy Warhol. Depois do sucesso nas trincheiras das I e II Guerras, e de deslanchar como obra de arte nos museus, a grife Campbell´s quer ser menos pop e mais sopa. Para mudar este hábito de consumo no menu dos entusiastas do conceito instant, ou como justificam os fabricantes, conquistar as fatias do mercado mais nobres, a marca dos caldos hypes meteu a colher onde não foi chamada. De olho nas pesquisas, incluindo técnicas do neuromarketing para descobrir quais são os estímulos visuais e os envolvimentos emocionais que despertam o desejo das pessoas, a lata bacanuda está a caminho do setor de raridades. A roupagem dos enlatados já passou por mudanças radicais, e em alguns países - pasmem! - ficou tão slim que é até difícil reconhecê-la: a silhueta redondinha do passado ganhou as linhas quadradas das caixinhas e dos sachês bidimensionais. O novo modelo reveste 25 itens da gama de produtos, é livre de corantes e abusa dos ingredientes naturebas. Século 21 - atestam os responsáveis pelo assassinato em massa. Uma pena, pois o marketing nem sempre é o pai da razão; e, neste caso, dá até para arriscar dizer que uma imagem vale mais que dezenas de colheradas. Nem vem de garfo, porque hoje é dia de sopa Dados corporativos •Origem: Estados Unidos •Fundação: 1869 •Fundador: Joseph Campbell e Abrahan Anderson •Sede mundial: Camden, New Jersey •Proprietário da marca: Campbell Soup Company •Faturamento: US$ 7.67 bilhões (2010) •Lucro: US$ 830 milhões (2010) •Valor de mercado: US$ 10.7 bilhões (abril/2011) •Valor da marca: US$ 3.241 bilhões (2010) •Presença global: 120 países •Presença no Brasil: Sim •Funcionários: 18.400 •Segmento: Alimentos •Principais produtos: Sopas, alimentos enlatados e sucos •Marcas: Campbell’s, V8, Arnott’s e Pepperidge Farm •Ícones: As latas de suas sopas •Slogan: It’s Amazing What Soup Can Do. •Site: http://www.campbellsoup.com moda Guerra aos modismos! Fotos Thiago Monteiro Edição de Estilo Ray Mendel Diferente da atmosfera sombria que reinava nos tempos da Guerra Fria – ou ainda, durante boa parte do século 20 –, hoje as lideranças estão empenhadas em manter a paz globalizada. Os maus, em algum momento, acabam na condição de caça, mas não devem ser esquecidos, pois o pensamento deturpado de gente como Adolf Hitler, Benito Mussolini, Mao Ze-Dong, Kim II, General Tito, Joseph Stálin, General Franco, Pol Pot, Saddam Hussein, Slobodan Milošević, Idi Amin, Papa Doc, Guy Mollet, Osama Bin Laden, apenas para citar os mais assombrosos genocídios da Era Moderna (e deixando de fora as ditaduras africanas e latino-americanas), mataram milhões e arruinaram as vidas de outros milhares. A matemática do horror aproveita-se dos modismos para lançar um grito de alerta, já que as miudezas exibidas com tanta pompa nos looks bacanas que desfilam pelas grandes cidades pertencem a trechos da história que quase ninguém quer se lembrar. Se a cocaína tomba vítimas em batalhas silenciosas – e nos faz aludir à sujeira varrida para debaixo dos tapetes –, o que dizer dos casacos garimpados em brechós que talvez tenham sido usados pela última vez sobre os corpos frios de jovens mortos em trincheiras? É com este discurso que colocamos a moda na contramão da estupidez humana; conduzidos pela coragem de remexer nas feridas do passado e certos de que é possível reinventar finais mais açucarados. Modelo Antonio Cruz/ L’Equipe Agradecimento: Estúdio 321 e Ideias Montagens moda Acho que ele não vem Fotos Daniel Malva Editor de Estilo Ray Mendel Beauty Tati Vieira Produção Franco Milane O chamado da Pátria parece mais urgente do que o sim da amada – e lá se vão os soldados em busca das vitórias contra os inimigos e das condecorações. Ainda que a esperança pelo retorno dos combatentes seja compartilhada e aguardada, quem ficou para trás amarga o gostinho do abandono: são noivas no limiar da loucura, que escolhem transitar pelo universo da fantasia, recobertas por modelitos cândidos e nada serenos. Agradecimentos: Centro Cultural da Marinha, Avenida Nove de Julho, 4.597, São Paulo. Tel. (11) 3051-7858, site: www.mar.mil.br/8dn/centrocultural.htm; e-mail: ccmsp@ ig.com.br Gift & Co. Rua Prof. Túlio Ascarelli, 18, São Paulo. Tel. (11) 3213-0670, site: www. giftsandco.com.brcurso que colocamos a moda na contramão da estupidez humana; conduzidos pela coragem de remexer nas feridas do passado e certos de que é possível reinventar finais mais açucarados. moda Party in Bunker Fotos Christian Von Ameln e Marcelo Guarnieri Editor de Estilo Ray Mendel Beauty Liège Wisnievski Produção Lêda Villas Bôas e Franco Milane O chamado da Pátria parece mais Imagine viver em uma época dividida pelos conflitos ideológicos ou religiosos? Não muito distante da realidade, jovens líbios, afegãos, norte-coreanos, palestinos, egípcios, cubanos, iranianos, sudaneses e sírios se desdobram para conciliar guerra e diversão – ainda que o aiatolá, o ditador e as balas perdidas insistam em confinar as saídas públicas dos olhos das multidões. O jeito é se jogar na pista improvisada dos bunkers modernos e não perder o quê de diva quarentinha! Modelos: Carlos Vicente Neto, Gabriela Jummes Machado e Ana Cristina Marques Silva Agradecimentos: Bus Party. Tel. (11) 6377-8128, www.busparty.com.br, [email protected]; Joy Models, www.joymodelmanagement.com; Keka Piva, Bob Store; Agência Cartaz, www.agenciacartaz.com.br tour Por Adriana Brito fotos Tita Berg Noiva neurótica, mundo Nervoso Mesmo que a ternura quebre barreiras, o terror ainda dita as regras de quando, com quem e até onde você pode ir Norte-americanos odiavam soviéticos, que odiavam afegãos, que amavam talibãs, que amavam Osama, que odiava o Tio Sam, que não amava ninguém... Os Estados Unidos perderam as gêmeas, a União Soviética se desmantelou, o Afeganistão continua execrado, Bin Laden foi morto e a Al Qaeda garante que continuará exterminando gente. Desde que o mundo é o que é, a “Quadrilha”, poema do brasileiro Carlos Drummond de Andrade, e no qual o início deste texto é inspirado, parece ditar as regras da humanidade. Do lado certo e às avessas. No amor e na guerra. Guiados pelo romantismo característico da estação, separamos quatro roteiros ideais para curtir o tão sonhado “enfim, sós”, cheios de belezas extraordinárias, mas que por aquelas bestialidades do destino, tem o medo como efígie de boas-vindas. Colômbia Egito Dono da segunda maior biodiversidade do mundo, com 1,6 mil quilômetros de orla no mar do Caribe, o país apresenta paisagens de tirar o fôlego. Bem ali, no extremo noroeste do continente sul-americano, a Colômbia é vizinha do Brasil, Venezuela, Peru e Equador, além de dividir linhas marítimas com a Jamaica, República Dominicana, Haiti, Nicarágua, Honduras e Costa Rica. As influências culturais e multiétnicas refletem a história que é comum aos latinos – colonização europeia, choque com os indígenas, importação de mão-de-obra escrava e independência sofrida. Entre os lugares recomendados pelo Ministério do Turismo, estão o Amazonas colombiano e seus Parques Naturais, os bailes de salsa de Cáli e a amabilidade de Cartagena das Índias, cidade que foi declarada Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO. É por lá, aliás, que se encontra um dos hotéis mais luxuosos do lugar, o Sofitel Cartagena Santa Clara. Ponto Negativo: É o berço do grupo narcoterrorista FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Prova de que a ameaça assusta até mesmo o governo e desponta na frase que abre o portal oficial do turismo: “Colômbia, o perigo é você querer ficar”. Acesse: www.colombia.travel/po Quem não gostaria de começar a temporada a dois num dos pontos mais incríveis do planeta? Situado no norte da África, a oeste da Líbia, a leste da Faixa de Gaza e ao sul do Sudão, o território egípcio está numa área, digamos, delicada. Mesmo assim, encanta os turistas pela história de seus faraós Nefertiti, Tutancâmon, Ramsés e Cleópatra, e pela arquitetura memorável das pirâmides, mastabas, templos e esfinges – sim, existem mais destas esculturas, além da comentada Gizé. As águas minerais do distrito de Safga proporcionam banhos revigorantes e fôlego para se jogar em outros passeios. Anote alguns deles: safáris na montanha de St. Catherine; visitas às mesquitas islâmicas; caminhadas entre os oásis do vale do Nilo e tour pela cidade ultracharmosa de Sharm El-Sheikh, próxima à península de Sinai. Quando estiver no local, uma boa dica de hospedagem é o Hyatt Regency Sharm El Sheikh. Ponto Negativo: Conhecida como Jihad Islâmica ou Al Jihad, entre outras denominações, a facção criminosa tem como alvos o governo egípcio, o Estado de Israel e os Estados Unidos. Com quase 90% da população muçulmana, o berço dos faraós também está mira de conflitos deflagrados na Faixa de Gaza. Acesse: www.sis.gov.eg/En Um dos maiores atrativos da “terra das oportunidades” é exatamente ser o que é. As jardas do futebol, o home run conquistado por rebatidas poderosas, o fumo mascado, a calçada da fama, o hambúrguer, as divas e a Coca-Cola estão entre os ícones culturais adotados em cada pontinho norte-americano. Não à toa, conhecer o lugar, para alguns, é reconhecer-se. Entre os pit stops obrigatórios contam-se a Casa Branca e o Capitólio; os estúdios cinematográficos da Califórnia; o Grand Canyon; os bares da Bourbon Street; os teatros da Broadway e, claro, a Estátua da Liberdade. Outro diferencial ianque está nas federações estabelecidas fora dos limites continentais, caso da ilha do Havaí e da península do Alasca. Se estiver em Nova York descanse no Hotel Plaza Athénée. Observação: embora a pátria seja interessante de uma ponta a outra da Rota 66, conseguir o visto de permanência emitido pelo Consulado Americano, no Brasil, funciona como um teste de paciência. Ponto Negativo: A morte do radical saudita Osama Bin Laden, ocorrida em 1º de maio de 2011, colocou uma questão no ar: a rede Al Qaeda tentaria um novo ataque nos moldes do 11 de setembro? Sem prender-se ao alarmismo, mas considerando que o continente retomou o alerta máximo de segurança, eis uma boa dica para a lua de mel com doses extras de adrenalina. Acesse: www.cr.nps.gov/nr/travel Estados Unidos Rússia Talvez o maior entrave para quem viaja a Moscou e a São Petersburgo seja mesmo o idioma. Tanto que o Comitê Municipal de Turismo comemorou a instalação de 135 placas de sinalização nos pontos mais movimentados da cidade escritas com o alfabeto romano. De olho no burburinho dos transeuntes, o órgão anunciou o investimento de 20 milhões de rublos para melhorar a infraestrutura. Depois de duas décadas do fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), esta nova versão do estado russo ainda passa por transformações que tingem as ruas com o melhor – e o pior – do capitalismo, observado nas grandes grifes que ocupam as ruas e nos carrões financiados pelo petróleo. Ao desembarcar, conheça a Praça Vermelha, o Kremlin e os distritos do interior que atravessam o chamado Anel de Ouro, como Vladimir, onde está a Catedral de São Demetrius e o Suzdal, eleito Patrimônio Histórico da Humanidade. Há vagas? Experimente as acomodações do Moscow Marriott Royal Aurora Hotel. Ponto Negativo: O grupo islâmico Emirado do Cáucaso, formado por rebeldes chechenos, e os nacionalistas russos, respondem pelos piores ataques no território dos czares. Num deles, em setembro de 2004, uma escola em Beslan foi invadida resultando na morte de 335 pessoas. Destas, 156 eram crianças. Acesse: http://tourism.minstm.gov.ru