Teoria Literária e Literaturas de Língua Portuguesa

Transcrição

Universidade Federal Fronteira Sul
Edital no 006/UFFS/2010
Caderno
de Prova
E6P08
23 de maio
das 14 às 17 h
3 h*
Teoria Literária e
Literaturas de Língua Portuguesa
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Prova de Conhecimentos
(30 questões)
1. No livro O tempo na narrativa, o crítico literário
Benedito Nunes se refere à anacronia como um dos
procedimentos tradicionais da narrativa literária.
3. Leia o poema “Epitáfio” de Oswald de Andrade:
NUNES, Benedito. O tempo na narrativa. 2ª. edição. São Paulo, Ática,
2003, p. 30-32.
Eu sou redondo, redondo
Redondo, redondo eu sei
Eu sou uma redond’ilha
Das mulheres que beijei
É possível afirmar:
a. ( X ) A prolepse ou prospecção é uma forma de
anacronia.
b. ( ) A anacronia pressupõe a obediência à apresentação cronológica dos fatos.
c. ( ) A anacronia é um procedimento que só
ocorre quando o narrador é onisciente.
d. ( ) A prospecção é o recurso central da literatura
fantástica.
e. ( ) A anacronia é uma invenção da narrativa
moderna.
2. Assinale a alternativa que não é adequada à noção
de heteronímia, tal como se apresenta na obra do
poeta Fernando Pessoa.
a. ( ) Os heterônimos de Fernando Pessoa remetem
a identidades biográficas distintas entre si.
b. ( ) O lirismo de Alberto Caeiro se caracteriza pela
referência constante à natureza e pela negação do pensamento.
c. ( ) Os heterônimos em Fernando Pessoa expressam estilos e ideologias distintas entre si tal
como diferentes personagens dramáticos.
d. ( ) Álvaro de Campos é o heterônimo que assina
os versos “Não sou nada/Nunca serei nada./
Não posso querer ser nada./ À parte isso,
tenho em mim todos os sonhos do mundo”.
e. ( X ) Os heterônimos de Fernando Pessoa expressam diferentes percepções do mundo, mas
um estilo poético único que se caracteriza
pela constante utilização da prosa poética.
Epitáfio
Por falecer do oh! amor
Das mulheres da minh’ilha
Minha caveira rirá ah! ah! ah!
Pensando na redondilha
ANDRADE, Oswald de. Poesias reunidas. 4ª edição, Rio de Janeiro,
Civilização Brasileira, 1974, p.177.
Assinale a alternativa correta.
a. ( ) “Epitáfio” trata da redondilha e se expressa
através desta forma fixa já que todos os seus
versos apresentam sete sílabas.
b. ( ) “Epitáfio” trata de forma irônica da redondilha,
pois nesta forma fixa os versos devem ter obrigatoriamente dez sílabas.
c. ( X ) “Epitáfio” é um metapoema na medida em
que seu referente é a forma fixa denominada
redondilha, cujas convenções o poema simultaneamente inscreve e transgride.
d. ( ) ”Epitáfio” é um metapoema por se referir de
forma irônica ao tema da morte.
e. ( ) “Epitáfio” se estrutura através da alternância
de versos cinco e sete sílabas.
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4. No artigo “Retórica da verossimilhança”, o crítico
literário Silviano Santiago se contrapõe à crítica que
analisa o romance Dom Casmurro de Machado de
Assis como uma narrativa sobre o adultério feminino.
Para Santiago, “o romance de Machado se estudo for, é
antes estudo do ciúme, e apenas deste”.
Assinale a alternativa que contém o elemento do
romance Dom Casmurro central na argumentação de
Silviano Santiago e que está implícito no próprio título
de seu artigo:
a. ( )
b. ( )
c. ( )
d. ( X )
e. ( )
o desfecho.
o narrador onisciente.
a ordem dos capítulos.
o ponto de vista da narrativa.
o constante uso de figuras de duração.
5. Leia o comentário referente ao formalismo russo:
“O que no século XIX não podia acontecer, no século
XX por mais de uma razão não devia acontecer, encontrou na Rússia sua realização na escola formalista: o
estabelecimento de novas orientações para a teoria da
compreensão poética, sob a influência direta de uma
nova práxis poética”.
STEMPEL, Wolf-Dieter. “Sobre a teoria formalista da linguagem
poética”. In LIMA, Luis Costa. Teoria da literatura em suas fontes, vol I.
Rio de janeiro, Francisco Alves, 1983 p. 389.
Assinale a alternativa correta.
a. ( ) O formalismo russo proclamava a precedência
do conteúdo sobre a forma.
b. ( ) O formalismo russo postulava a ausência de
fronteiras entre a linguagem literária e a linguagem científica.
c. ( ) Ao enfatizar a expressão, o formalismo russo
apaga as distinções entre a linguagem poética
e a linguagem prática.
d. ( ) O formalismo foi influenciado pelas ideias de
Rimbaud e Mallarmé principalmente no que
se refere à defesa de que a poesia é feita de
ideias e não de palavras.
e. ( X ) O futurismo russo enquanto estética compreendida como revolucionária estimulou as
reflexões teóricas que vieram a configurar o
formalismo russo.
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6. Leia o trecho escrito pelo crítico Antonio Candido:
“(…) Com efeito, ligam-se ao analfabetismo as manifestações de debilidade cultural: falta de meios de
comunicação e difusão (editoras, bibliotecas, revistas,
jornais); inexistência, dispersão e fraqueza dos públicos disponíveis para a literatura, devido ao pequeno
número de leitores reais (muito menor que o número
já reduzido de alfabetizados); impossibilidade de
especialização dos escritores em suas tarefas literárias,
geralmente realizadas como tarefas marginais ou
mesmo amadorísticas; falta de resistência ou discriminação em face de influências ou e pressões externas”
CANDIDO, Antonio. “Literatura e subdesenvolvimento”. In: A educação pela noite e outros ensaios. São Paulo, Ática, 1987, p. 143.
Assinale a alternativa que expressa a preocupação
central de Antonio Candido no trecho acima transcrito.
a. ( ) A relação entre analfabetismo e saúde mental
da população carente no Brasil.
b. ( ) O papel dos meios de comunicação de massa,
como rádio e televisão, na formação do leitor.
c. ( X ) A demanda do sistema literário brasileiro pela
configuração de um público receptor significativo para a literatura.
d. ( ) A impossibilidade de especialização dos escritores em gêneros literários específicos como
poesia, crônica e romance.
e. ( ) A necessidade de melhoria do sistema educacional brasileiro para a formação e conscientização do indivíduo enquanto cidadão.
7. Com as reflexões da crítica pós-moderna, o ensino
da literatura passa a vivenciar o desafio de compreender a cultura de uma forma mais ampla. Desta forma, à
cultura letrada e das elites sobrepõem-se os diferentes
aspectos da cultura, incluindo-se aí as manifestações
da cultura popular.
Assinale a alternativa que contém a obra que é considerada o marco dos Estudos Culturais:
a. ( )
b. ( )
c. ( )
d. ( X )
e. ( )
Profanações de Giorgio Agamben.
O prazer do texto de Roland Barthes.
O que é um autor? de Michel Foucault
Cultura e sociedade de Raymond Williams.
Um mestre na periferia do capitalismo, de
Roberto Schwarz.
8. Em 1928, Mario de Andrade publicou a rapsódia
Macunaíma, o herói sem nenhum caráter.
Sobre a obra, é possível afirmar:
a. ( ) Mario de Andrade se utiliza do elemento
mágico para delinear um personagem que
personifica a história do Brasil ao refazer o
percurso do colonizador e desbravar o território do litoral ao interior.
b. ( X ) Em Macunaíma, há um capítulo denominado “Carta pras Icamiabas” em que o herói
demonstra domínio da língua portuguesa
culta, ao parodiar a Carta de Pero Vaz
Caminha ao rei de Portugal, escrita em 1500.
c. ( ) Macunaíma foi lançado cinco anos depois
do “Manifesto antropófago” de Oswald de
Andrade como uma resposta muito particular
de Mario de Andrade à ideia de que a incorporação de múltiplas culturas se coloca no cerne
da compreensão da cultura brasileira.
d. ( ) Macunaíma expressa a posição conservadora
de Mario de Andrade dentro da tradição literária bem como suas relações com o Estado
Novo.
e. ( ) Macunaíma teve origem na lenda que Mario
leu na obra do etnólogo alemão Theodor
Koch-Grünberg, Vom Roraima zum Orinoco,
publicada no início do século XIX.
9. Assinale a alternativa incorreta, acerca da obra
Os Lusíadas , de Luis de Camões:
a. ( ) Os Lusíadas se compõe de dez cantos.
b. ( ) Os Lusíadas glorifica o povo português.
c. ( ) Os Lusídas tematiza a descoberta do caminho
marítimo para a Índia.
d. ( ) Os Lusíadas incorpora constantes referências à
mitologia greco-romana.
e. ( X ) Os Lusíadas foi publicada pela primeira vez em
1592.
10. kanon era palavra usada pelos gregos para definir um instrumento de medida e passa, na própria
Antiguidade, a ser aplicada às artes em sentido mais
amplo.
Tanto quanto para os teólogos, para os críticos literários, o cânone significa uma seleção de autores e obras
dignos de preservação.
Assinale a alternativa correta em relação à configuração do cânone literário brasileiro:
a. ( ) A escola cria um padrão de gosto mais determinante na formação do indivíduo do que os
meios de comunicação de massa.
b. ( ) Todo e qualquer indivíduo exerce um papel
social relevante na configuração do cânone
literário.
c. ( X ) As instituições educacionais são partes integrantes do sistema literário e participam na
configuração do cânone.
d. ( ) Tal como o cânone religioso, o cânone literário é fechado e não pode ser questionado por
novas gerações de leitores e críticos.
e. ( ) A partir do século XX, o cânone literário passa
a ser compreendido como algo individual,
uma lista de obras escolhida pelo leitor sem
qualquer mediação das instituições.
11. O crítico literário Antonio Candido, professor aposentado da Universidade de São Paulo, é considerado
o estudioso de literatura brasileira que mais uniu o
conhecimento da especificidade do discurso literário
com a abordagem sociológica necessária à reflexão
sobre o papel da cultura em um país colonizado.
Assinale a alternativa que contém apenas obras de
autoria de Antonio Candido:
a. ( X ) Literatura e sociedade ;
Na sala de aula e Vários escritos
b. ( ) Um mestre na periferia do capitalismo,
Literatura e sociedade ;
Formação da literatura brasileira.
c. ( ) O Brasil não é longe daqui, Formação da literatura brasileira ; Uma literatura nos trópicos.
d. ( ) Raízes do Brasil, Literatura e cordialidade ;
Na sala de aula
e. ( ) Dialética da malandragem, Pensando nos
trópicos ; Formação da literatura brasileira.
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12. Leia o trecho abaixo e o poema de Bandeira.
“Quanto ao fonema, é o estrato mais corpóreo e substancial do signo (…) Daí a clareza e a desenvoltura
com que certos fatos de natureza puramente fônica
(a rima, a assonância, a aliteração) são estudados pela
análise estrutural”.
BOSI, Alfredo. O ser e o tempo da poesia. p. 79. São Paulo, Companhia
das Letras, 2008.
Boi morto
Como em turvas águas de enchente,
Me sinto a meio submergido
Entre destroços do presente
Divido, subdividido,
Onde rola, enorme, o boi morto,
Boi morto, boi morto, boi morto.
Árvore da paisagem calma,
Convosco – altas tão marginais!
Fica a alma, a atônita alma,
Atônita para jamais.
Que o corpo, esse vai com o boi morto,
Boi morto, boi desconhecido,
Boi espantosamente, boi
Morto, sem forma ou sentido
Ou significado. O que foi
Ninguém sabe. Agora é boi morto,
13. No que diz respeito à relação entre poesia e infância , é correto afirmar:
a. ( ) O pensamento analógico é construído ao
longo do crescimento, com o processo de
aprendizagem que leva a criança à fruição da
poesia.
b. ( X ) O pensamento analógico é inerente à criança
que aprende, com a escolaridade, a aproximar-se gradativamente do pensamento
lógico.
c. ( ) A analogia não é a tendência comum da linguagem humana e ocorre, antes de tudo, nos
textos literários, não acessíveis às crianças.
d. ( ) As crianças são capazes de memorizar poemas em função de seus conteúdos e ideias e
não do ritmo e da sonoridade das palavras.
e. ( ) O pensamento analógico permite com que
duas coisas aparentemente afastadas se aproximem através das imagens, possibilitando
uma apreensão objetiva da realidade.
14. Analise a assertiva abaixo.
“Substituir a perspectiva visual e naturalista por uma
perspectiva do outra ordem; sentimental, intelectual,
irônica, ingênua”
BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro, Nova
Fronteira, p. 241.
A assertiva se apresenta como reivindicação de
um fazer poético revolucionário dentro da estética
modernista.
No trecho acima, Alfredo Bosi cita a rima, a assonância
e a aliteração como recursos da linguagem poética.
Assinale a alternativa que apresenta o Manifesto em
que se insere:
Assinale a alternativa correta em relação ao poema
“Boi morto”.
a. ( ) Itinerário de Passárgada, de Manuel Bandeira.
b. ( ) Manifesto antropófago, de Oswald de Andrade
c. ( X ) Manifesto da poesia pau-brasil, de Oswald de
Andrade.
d. ( ) A escrava que não é Isaura, de Mario de
Andrade
e. ( ) Prefácio interessantíssimo, de Mario de
Andrade.
a. ( ) O poema não explora significativamente o
contraste entre o fonema /o/ e o fonema /a/.
b. ( ) No sintagma “Boi morto”, a repetição do
fonema vocálico se define como aliteração.
c. ( ) No verso “Árvore da paisagem calma” é possível identificar duas rimas internas.
d. ( X ) No que diz respeito ao uso da assonância, o
poema explora significativamente o contraste
entre fonemas vocálicos abertos e fechados.
e. ( ) No sintagma “altas tão marginais”, a repetição do fonema consonantal se define como
assonância.
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15. Somente no século XX, os estudos literários se
desenvolvem de forma que o texto literário passa a
ser compreendido como entidade autônoma que
requer estratégias e métodos específicos para sua
abordagem.
A este respeito é correto afirmar:
a. ( ) Somente com a pós-modernidade surgem
estratégias para a compreensão da especificidade do texto literário.
b. ( X ) A crítica impressionista que predomina no
século XIX era baseada no prazer da leitura,
sem apresentar qualquer metodologia específica para a abordagem dos textos literários.
c. ( ) A crítica impressionista que predomina no
século XIX é substituída no século XX pelas
diferenciadas tendências nas abordagens do
texto literário em sua especificidade e inexiste
no contexto contemporâneo.
d. ( ) A estilística, o formalismo russo e o estruturalismo representam diferentes formas de
sobrepor o contexto de criação da obra ao
texto literário compreendido como objeto
regido por leis próprias.
e. ( ) A estilística, o formalismo russo e o estruturalismo são metodologias de abordagem do
texto literário que coincidem integralmente
entre si.
16. Em muitos momentos na cultura brasileira, a história e a literatura se encontram com a produção de
obras que se compreendem no limiar entre as duas
formas de escrita.
Assinale a alternativa que apresenta obras exemplares
para validar essa afirmativa:
a. ( X ) Os sertões de Euclides da Cunha e Retrato do
Brasil de Paulo Prado.
b. ( ) A hora da estrela de Clarice Lispector e Grande
sertão: veredas de Guimarães Rosa.
c. ( ) Os Lusíadas de Luis de Camões e O ano da
morte de Ricardo Reis, de José Saramago.
d. ( ) Desmundo de Ana Miranda e Senhora de José
de Alencar.
e. ( ) A hora da estrela, de Clarice Lispector e A hora
e a vez de Augusto Matraga de Guimarães Rosa.
17. A metaficção é a ficção que tem por objeto a própria ficção e que, de diferentes maneiras, pode sublinhar o caráter discursivo da representação do mundo.
Assinale a alternativa que contém somente obras da
literatura brasileria passíveis de serem definidas como
metaficcionais:
a. ( ) Os sertões de Euclides da Cunha e
Esaú e Jacó de Machado de Asssis.
b. ( ) Os Sertões de Euclides da Cunha e
Grande sertão: veredas de Guimarães Rosa.
c. ( ) A hora da estrela de Clarice Lispector e
O guarani de José de Alencar.
d. ( X ) A hora da estrela de Clarice Lispector e
As confissões de Ralfo de Sergio Sant’anna.
e. ( ) Iracema de José de Alencar e de
Helena de Machado de Assis.
18. O trecho a seguir traz uma reflexão de Umberto
Eco sobre as relações entre texto, autor e leitor.
“Um texto é um artifício que tende a produzir seu próprio leitor-modelo. O leitor empírico é aquele que faz
uma conjectura sobre o tipo de leitor-modelo postulado pelo texto. O que siginifica que o leitor empírico
é aquele que tenta conjecturas não sobre as intenções
do autor-empírico, mas sobre as do autor-modelo. O
autor-modelo é aquele que, como estratégia textual,
tende a produzir um certo leitor-modelo”.
ECO, Umberto. Os limites da interpretação. São Paulo, Editora
Perspectiva, 1995, p. 15.
Assinale a alternativa que não se justifica à luz do
pensamento de Umberto Eco.
a. ( ) O texto guia o leitor empírico a certas inferências e proíbe outras.
b. ( X ) O autor-empírico é aquele cuja experiência se
limita ao processo de escrita.
c. ( ) O leitor-modelo é parte integrante do texto e
prevê algumas leituras e não outras.
d. ( ) O autor-modelo é uma lugar textual, uma
estratégia e não o autor que nasce e vive em
dado tempo e lugar.
e. ( ) O ato de leitura pressupõe inferências sobre
as intencionalidades do texto e não do
autor-empírico.
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19. A história social da literatura pressupõe a abordagem das obras não como objetos que se sucedem no
tempo, mas como fenômenos que participam de uma
rede complexa de interações.
A história social da literatura leva em consideração:
a. ( ) Os estilos de época que se transformam a
cada século.
b. ( ) Os texto literário compreendido em sua
autonomia.
c. ( ) Os dados biográficos dos escritores como
principais fatores explicativos.
d. ( ) A ausência de distinções entre os contextos
históricos, de produção e recepção.
e. ( X ) A literatura como um sistema que pressupõe
produção, circulação, recepção e processamento de textos.
20. A produção artística brasileira sempre respondeu
de formas diferenciadas à demanda das diferentes
políticas governamentais pela representação da nação.
A partir da consideração da premissa acima como
válida, assinale a alternativa incorreta:
a. ( ) A complexidade da linguagem poética, que se
inscreve na canção brasileira na década de 70,
se relaciona com a censura no período militar.
b. ( ) A valorização da linguagem publicitária e da
cultura visual, presentes no concretismo, se
relaciona com o processo de modernização
no país na década de 50.
c. ( X ) O experimentalismo presente na linguagem utilizada por Mario de Andrade em
Macunaíma determina a atuação do escritor
no Departamento de Cultura da Prefeitura
Municipal de São Paulo na década de 30.
d. ( ) As ficções fundacionais produzidas por José
de Alencar no século XIX se relacionam com
a demanda por uma representação da nação
brasileira no período pós-independência.
e. ( ) A valorização do samba como gênero representativo da brasilidade se relaciona com
o ideário nacionalista do governo Getúlio
Vargas na década de 30.
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21. Do período colonial até o século XX, o sistema
literário brasileiro se transforma de forma significativa.
Assinale a alternativa que mais apropriadamente completa a assertiva acima.
a. ( ) Fato marcante no século XVII é a atuação de
Marquês de Pombal que torna obrigatório
o ensino em língua portuguesa. O fato tem
função preponderante na emergência de uma
literatura em língua portuguesa.
b. ( ) Acerca do período colonial, é possível se dizer
que Gregório de Matos é o único escritor
barroco de destaque. Sua obra chegou à posteridade através dos manuscritos deixados e
posteriormente publicados.
c. ( ) A literatura dos viajantes é, de fato, a única
literatura produzida no Brasil nos primeiros
anos do período colonial, já que se faz necessário enfatizar as fronteiras entre a cultura
letrada e as diversas formas de oralidade presentes na cultura popular.
d. ( ) No século XX, o modernismo brasileiro se dá
como mero reflexo da influência das vanguardas europeias. Prova disto é que os manifestos
modernistas são cópias pouco criativas dos
manifestos das vanguardas europeias.
e. ( X ) Somente no século XIX, é possível falar da
emergência de um mercado para a literatura,
com a configuração de um público receptor
não mais de literatos apenas. Exemplo disto
é a formação de um público para as ficções
fundacionais, como Iracema e O guarani, de
José de Alencar.
22. Assinale a alternativa em que todas as obras citadas tenham personagens principais masculinos.
a. ( X ) A maçã no escuro de Clarice Lispector e
Dom Casmurro de Machado de Assis.
b. ( ) Desmundo de Ana Miranda e
O guarani de José de Alencar.
c. ( ) Quarup de Antonio Callado e
Senhora de José de Alencar.
d. ( ) A hora da estrela de Clarice Lispector e
Esaú e Jacó de Machado de Assis.
e. ( ) Relato de um certo Oriente de Milton Hatoum e
Em liberdade, de Silviano Santiago.
23. Para além da produção da obra literária, do gesto
do escritor em escrever e preservar um texto que acredita ser literário, há uma série de ações sociais que precisam ser exercidas para que uma obra se torne visível.
Assinale a alternativa que comenta erroneamente a
observação acima:
a. ( ) A literatura pode ser vista como um sistema
de ações sociais e não como um conjunto de
propriedades textuais.
b. ( X ) O leitor é o agente social mais importante no
processamento de textos.
c. ( ) O editor exerce um papel crucial dentro do
sistema literário.
d. ( ) O crítico literário, o professor de literatura e o
historiador de literatura exercem o papel de
mediação entre obra e público receptor.
e. ( ) O crítico ou analista literário não é um leitor
autônomo, mas alguém que lê e escreve
sobre o que lê a partir das premissas e valores
que lhe são disponíveis em determinado contexto histórico.
24. Assinale a alternativa que contém apenas obras
representativas do regionalismo da década de 30:
a. ( ) Grande sertão: veredas de Guimarães Rosa,
A hora da estrela de Clarice Lispector e
Memórias do cárcere de Graciliano Ramos.
b. ( ) Ópera dos mortos de Autran Dourado,
Incidente em Antares de Érico Verissimo e
A polaquinha de Dalton Trevisan.
c. ( ) Negrinha de Monteiro Lobato, Juca Mulato de
Menotti del Picchia e Cobra Norato de Raul
Bopp.
d. ( X ) Menino de engenho de José Lins do Rego,
O Quinze de Raquel de Queiroz e Vidas secas
de Graciliano Ramos.
e. ( ) Urupês de Monteiro Lobato, Perto do coração
selvagem de Clarice Lispector, Os sertões de
Euclides da Cunha.
25. Assinale a alternativa que melhor traduz o trecho
a seguir:
“O maior drama do analfabetismo no Brasil é o de ter
ele servido de adubo para a mídia eletrônica do entretenimento, com o conseqüente desenraizamento
cultural da imprensa escrita. O brasileiro aprendeu a
escutar rádio e a ver televisão; poucos sabem ou querem ler. Essa afirmativa desconcertante não recobre
apenas a camada dos desprivilegiados, ela virou consenso nacional a partir ditadura militar de 1964”.
SANTIAGO, Silviano. “Uma literatura anfíbia. In: O cosmopolitismo do
pobre. Belo Horizonte, Editora da UFMG, 2004 p. 65.
a. ( ) A prevalência da mídia eletrônica de entretenimento no cotidiano dos brasileiros não é
maior do que o consumo e a leitura de livros,
sejam eles ou não obras literárias em função
das campanhas, governamentais, de estímulo
à leitura.
b. ( ) A mídia eletrônica do entretenimento promove a circulação de artefatos como resposta
direta aos padrões de gosto em circulação,
sem que fatores econômicos e políticos sejam
determinantes tanto para a existência destes
artefatos quanto para a configuração dos
próprios padrões de gosto.
c. ( X ) A prevalência da mídia eletrônica de entretenimento no cotidiano dos brasileiros se
dá, entre outros fatores, pelo despreparo da
população que, com a ditadura, passa a não
ter o senso crítico necessário para selecionar
artefatos culturais de qualidade.
d. ( ) A mídia eletrônica do entretenimento é a principal causa do desenraizamento da cultura
letrada do cotidiano da população carente no
Brasil, pois é esta que serve como adubo para
o analfabetismo.
e. ( ) A mídia eletrônica de entretenimento obedece à mesma lógica que determina o funcionamento do mercado editorial, na medida
em que os produtos culturais produzidos se
equivalem e se complementam.
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26. Assinale a alternativa que apresenta a obra vencedora do prêmio Jabuti de 2009, destinado ao melhor
romance publicado em 2008:
a. ( )
b. ( )
c. ( )
d. ( )
e. ( X )
O filho eterno de Cristovão Tezza.
Sinfonia em branco de Adriana Lisboa
Orfãos do Eldorado de Milton Hatoum
O livro de Zenóbia de Maria Esther Maciel.
Manual da paixão solitária de Moacyr Scliar.
27. Segundo a wikipédia, “A geração mimeógrafo,
também conhecida como literatura marginal, foi um
movimento sociocultural brasileiro imediatamente
posterior a Tropicália, que era de resistência a ditadura
militar e que contava com professores universitários,
poetas e artistas em geral”.
Assinale a alternativa que apresenta somente nomes
pertencentes a essa geração de poetas:
a. ( )
b. ( X )
c. ( )
d. ( )
e. ( )
Torquato Neto, Cacaso e Flavio Barreto.
Francisco Alvim, Ana Cristina Cesar e Chacal.
Cacaso, Maria Esther Maciel e Glauber Rocha.
Waly Salomão, Capinam e André Sant’Anna.
Roberto Schwarz, Victor Giudice e Rubem
Braga.
28. Assinale a alternativa que apresenta os nomes
dos principais integrantes do movimento concretista
na década de 50:
a. ( X ) Décio Pignatari, Augusto de Campos e
Haroldo de Campos.
b. ( ) Haroldo de Campos, Wally Salomão e João
Gilberto.
c. ( ) Décio de Almeida Prado, Sergio Buarque de
Holanda e Gilberto Mendonça Teles.
d. ( ) Décio Pignatari, Francisco Alvim e Millor
Fernandes.
e. ( ) Roberto Ventura, Décio Pignatari e Silviano
Santiago.
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29. Os concretistas foram responsáveis pela revisão
da história da literatura brasileira e da inscrição no
cânone literário de nomes de poetas das gerações
anteriores até então desconhecidos ou considerados
menores como:
a. ( ) Oswald de Andrade, Paulo Prado e
Sousândrade.
b. ( ) Gregório de Mattos, Patricia Galvão e Cruz e
Sousa.
c. ( ) Paulo Leminski, Décio Pignatari e Oswald de
Andrade.
d. ( X ) Sousândrade, Pedro Kilkerry e Oswald de
Andrade.
e. ( ) Haroldo de Campos, Décio Pignatari e Pedro
Kilkerry.
30. Cinco anos antes da Semana de Arte Moderna
ocorrida em 1922, dois fenômenos se colocam como
antecedentes das mudanças de paradigmas estéticos
que estariam por se dar de forma tão veemente nas
próximas décadas. São estes:
a. ( X ) A escrita do diário coletivo O perfeito cozinheiro das almas deste mundo e a exposição
da pintora Anita Malfatti.
b. ( ) A publicação de Memorais sentimentais João
Miramar de Oswald de Andrade e a publicação de Urupês de Monteiro Lobato.
c. ( ) A exposição de Tarsila do Amaral e a publicação de O espírito moderno de Graça Aranha.
d. ( ) A viagem do grupo modernista a Minas Gerais
e a viagem de Mario de Andrade à Europa.
e. ( ) A viagem de Oswald de Andrade à Europa e
seu casamento com Tarsila do Amaral
.
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