A Iluminação Urbana como incentivadora do Turismo

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A Iluminação Urbana como incentivadora do Turismo
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A Iluminação Urbana como incentivadora do Turismo
dezembro/2014
A Iluminação Urbana como incentivadora do Turismo.
Joana F. Goulart – [email protected]
Iluminação e Design de Interiores
Instituto de Pós-Graduação e Graduação – IPOG
Porto Alegre, RS, 10/04/2014
Resumo
Este artigo mostra como a iluminação pode funcionar como incentivadora do turismo,
contribuindo para o desenvolvimento econômico e social de uma cidade, além de resgatar o
sentimento de valorização cívica, por parte de seus residentes.
A ideia deste tema surgiu após vivenciar o Festival de Iluminação de Berlim, em outubro de
2013, percebendo o quanto um evento pode movimentar uma cidade, atrair turistas, gerar
empregos e renda para um local, além de mudar a experiência e a percepção dos visitantes e
próprios moradores em relação aos espaços públicos. E, assim como em Berlim, outras
cidades também estão sediando festivais similares, que tem como base luz, tecnologia e
criatividade. Este trabalho tem como objetivo apresentar o que deu origem a esses eventos,
seus conceitos, como funcionam , e os beneficios que eles trazem para as suas cidades, e
principalmente, para os seus moradores e visitantes. Para este trabalho foram analisadas cinco
cidades da Europa e da Ásia que sediam Festivais de Iluminação, e as informações foram
coletadas através de websites dos próprios festivais, websites voltados ao turismo, websites de
jornais, que noticiam os eventos, além de outros websites contendo dicas de lugares e eventos
no mundo inteiro.
Palavras-chave: Iluminação. Festival de Iluminação. Luz. Iluminação Pública. Turismo.
1. Introdução
É de conhecimento geral que a iluminação é imprescindível para que possamos executar as
atividades normais do dia a dia. Também sabemos o quanto a iluminação influencia no
emocional das pessoas e na configuração e valorização dos objetos e dos ambientes. Tendo
isto, este trabalho tem como tema apresentar como a qualidade da iluminação dos espaços
públicos abertos pode melhorar a vida das pessoas em um local, dando exemplos de atitudes
que vem sendo tomadas por diversas cidades.
Festivais de Iluminação pela Europa, Ásia e EUA vem ganhando força, se transformando em
eventos cada vez mais reconhecidos e bem sucedidos do que dizem respeito ao
desenvolvimento socioeconômico e cultural das cidades envolvidas. O retorno é garantido em
todos os sentidos: o turismo é impulsionado, atividades relacionadas ao turismo crescem
consequentemente também para atender a demanda, inúmeras atividades culturais são
apresentadas e as pessoas podem usufruir dos benefícios de vivenciar o espaço urbano de uma
forma única e especial.
Neste trabalho, fala-se, num primeiro momento, sobre a importância da iluminação pública,
mostrando que a mesma deve ser pensada além dos aspectos de funcionalidade e segurança,
mas também do ponto de vista estético e criativo, com o objetivo de embelezar as cidades, e
não apenas iluminá-las.
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Num segundo momento, apresentam-se as tecnologias que existem atualmente na área da
iluminação, fator que possibilitou uma nova maneira de experimentar a luz.
E por último, apresentam-se exemplos de cinco cidades (Lyon, Berlim, Sydney, Amsterdam,
e Singapura), que através de Festivais de Iluminação, ganharam visibilidade internacional,
atraindo turistas e pensadores do mundo inteiro. Eventos como este conferem um maior
significado para as áreas públicas das cidades, recupera um sentimento de valorização das
pessoas em relação aos espaços abertos, agregando história, tecnologia, cultura e criatividade.
2. A importância da Iluminação Pública
Sabemos que a iluminação influencia diretamente no estado psicológico das pessoas, podendo
despertar sensações de maneira positiva ou negativa. Mas normalmente quando pensamos no
tema iluminação, ficamos mais focados na importância desta iluminação para ambientes
internos, onde passamos a maior parte do tempo. Quando pensamos em iluminação de uma
cidade, na questão da iluminação pública, normalmente as ações levam em conta somente os
aspectos de natureza funcional, pois exploram exclusivamente a iluminação viária,
prescindindo dos parâmetros urbanísticos, ambientais, estéticos e luminotécnicos, ou seja,
pensa-se numa iluminação pública muito mais de caráter de segurança urbana do que estético.
De modo geral, a iluminação das cidades é feita de maneira a deixar muitas lacunas, pois
explora exclusivamente a iluminação viária, além de que em muitos lugares fazem uso de
luminárias, lâmpadas e acessórios de tecnologia obsoleta.
Quando falamos de iluminação pública urbana, estamos falando da iluminação de ruas,
mobiliário urbano, parques, praças, semáforos, outdoors, ou seja, de um conjunto de
diferentes fontes de iluminação, onde todas elas têm a função de garantir a iluminação
necessária para o bom funcionamento das atividades de um local, e, embora esta iluminação
seja de extrema importância, ela não é suficiente para transformar locais de passagem e locais
de contemplação, também não tem força para expandir o horário de funcionamento de um
local, já que não funciona como um atrativo para as pessoas. Para isto, a iluminação deverá
assumir um caráter mais estético, funcionando como um ponto de destaque, e atrair pessoas
para um determinado local, fazendo com que novas atividades ocorram para abastecer aquele
espaço por um período mais longo. O correto trato da iluminação urbana resgata o sentimento
de valorização da cidade.
A partir do momento em que temos consciência do que representa a iluminação urbana para o
bem estar e desenvolvimento do município, entendemos que a função primordial da
iluminação urbana é, não só tornar a cidade um ambiente seguro, mas também torná-la um
ambiente confortável e bonito, onde as pessoas possam aproveitá-la à noite, pois claridade
noturna, além de trazer segurança, tem o poder de atrair pessoas e movimentar o comércio.
Um espaço público iluminado de forma adequada, possibilita que as pessoas sintam o espaço
onde vivem, permitindo uma experiência muito mais prazerosa para a comunidade. Praças,
parques, e jardins se tornam mágicos à noite, o que não aconteceria se não houvesse esses
cenários que a iluminação pode criar. As ruas deveriam ser como extensões de nossas casas,
deveriam ser lugares convidativos, onde as pessoas gostassem de estar, e não apenas um local
de passagem.
Percebe-se que em algumas cidades, passear na rua a noite é tao agradável ou mais do que
andar por ela durante o dia. À noite, as cidades se transformam, apresentam um diferente
cenário, e é a iluminação que tem fundamental importância sobre em qual cenário este local
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vai se inserir. É a noite que as pessoas saem para desfrutar o espaço onde vivem, em busca de
entreternimento e diversão. A claridade nortuna é quem será a protagonista dos espaços. Na
sua presença, espaços podem se transformar em verdadeiras áreas de convivência, lazer e
sociabilidade. Já na sua ausência, espaços podem se transformar em armadilhas para os seus
transeuntes.
Outro ponto importante salientar é que a claridade noturna ajuda também na preservação do
patrimônio da cidade e na proteção ao meio ambiente, melhorando a ambiência urbana e a
interação social. E, valorizando o patrimônio urbano, a iluminação embeleza o bem público e
propicia a utilização desses espaços por um período prolongado, mesmo quando as atividades
diurnas já tiverem seu expediente encerrado, outras atividades surgirão para atender à
população. A luz não é mais apenas para a segurança, tornou-se um componente essencial da
paisagem urbana.
Embora a Constituição Brasileira já tenha definido que compete aos municípios à
responsabilidade sobre a realização de serviços públicos de interesse local, em muitas cidades,
a iluminação pública não está sendo considerada uma questão tão importante quanto a questão
do lixo e da educação, por exemplo, sem contar que a iluminação tem uma íntima relação
com a segurança das pessoas, atuando também na prevenção da criminalidade. Inclusive a
iluminação de destaque em monumentos e fachadas é considerada também como iluminação
pública, de acordo com a Resolução Aneel 456 (Condições Gerais de Fornecimento de
Energia Elétrica de 29 de novembro de 2000).
É importante para a sociedade que a administração municipal tenha consciência do que
representa a iluminação urbana para o bem estar da comunidade, visto que esta se constitui
num dos vetores importantes para a segurança pública dos centros urbanos, no que se refere
ao tráfego de veículos e de pedestres, exercendo papel fundamental para o desenvolvimento
social e econômico dos municípios.
Mas este cenário está mudando desde que a iluminação urbana passou a ser considerada
essencial para a qualidade de vida da comunidade, e cada vez mais as prefeituras estão
retomando o controle da iluminação pública, visto a importância da iluminação também como
política pública e, principalmente, descobrindo que investir em iluminação urbana é um bom
negócio, pois os retornos são certos, rápidos e visíveis, já que a luz dá visibilidade às ações do
poder público.
Além de todos os benefícios acima expostos, a iluminação pública, pensada de maneira
inteligente, ainda pode ser explorada como uma atração turística, transformando a vida das
suas cidades. A iluminação tem o poder de transformar espaços e melhorar a qualidade de
vida das pessoas, e quando usada de forma inteligente e criativa, transforma espaços que
poderiam passar despercebidos em espaços de contemplação. Quando um ambiente está
iluminado de forma adequada, as pessoas sentem o espaço onde vivem.
Investir no turismo é investir em todas as áreas da economia de uma cidade ou país. Cidades
com um turismo efetivo contribuem para o desenvolvimento da economia, pois tem seu
comércio todo beneficiado, sejam eles diretamente ou indiretamente relacionados ao turismo.
E quando o assunto é turismo, devemos considerar que existe também o turismo noturno, que
só se torna possível quando existe uma iluminação pública adequada, pois é ela quem
possibilita que atividades diurnas possam ter seu período de atuação prolongado durante a
noite, atendendo a demanda dos usuários. Além do comércio, outras atividades, relacionadas
ao setor gastronômico e de entreternimento também são beneficiadas, pois normalmente em
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cidades com um número considerável de turistas, costumam acontecer outros tipos de eventos
ligados à cultura, como exposições de arte, shows, concertos, além do que a a iluminação
também pode ser considerada como uma atração turística por si só.
E para investir no turismo, é necessário investir nos pontos turísticos já que estes são os
principais atrativos de um lugar. Saber explorar estes pontos é fundamental para um bom
retorno para a cidade, e uma das maneiras de valorizar estes pontos turísticos é destacando-os
através da iluminação.
Toda esta nova visão de investir na iluminação pública como forma de desenvolver o turismo
local só pode ser viabilizada através das novas tecnologias em iluminação, pois o gasto de
energia é hoje uma das maiores preocupações em todo o mundo, já que mais de 20 % da
produção mundial de energia elétrica é usada somente para a iluminação.
E foi pensando que a iluminação pública pode atrair turistas, que o poder público tem o dever
de tomar iniciativa na busca de soluções para tais questões, tanto no que diz respeito à
formatação de um plano diretor de iluminação, como também no que diz respeito às parcerias
entre governos e a iniciativa privada, de fundamental importância. Além deles, outros agentes
também estarão atuando de maneira direta: empresas prestadoras de serviços, fornecedores de
tecnologias e equipamentos e consultores de serviços especializados. Cabe ao poder público
municipal as tomadas de decisões sobre a qualidade dos serviços que serão prestados a curto,
médio e longo prazo, à iniciativa privada prover recursos para tais serviços, e aos consultores,
o conhecimento técnico para garantir um resultado satisfatório para todas as partes. E como
resultado, a comunidade toda será beneficiada, com uma cidade mais bonita, bem iluminada
e mais segura.
3. A tecnologia LED
Nas últimas décadas, passou a existir uma maior sensibilização da fragilidade do nosso
planeta em relação às emissões de carbono. Questões climáticas, o aumento do preço da
energia elétrica e a escassez de fontes de energia estão exigindo urgência no que diz respeito à
forma como estamos utilizando a iluminação.
Alguns anos atrás, não seria possível usar a iluminação como fazemos hoje, e tudo isso se
deve aos LEDs, sendo a tecnologia de iluminação mais ambientalmente responsável e
sustentável disponível e que não está mais restrito a aplicações especiais, pois consomem
80% menos energia do que lâmpadas incandescentes ou halógenas , 50% menos do que
lâmpadas fluorescentes , e até 30% menos do que lâmpadas fluorescentes compactas,
possibilitando uma transformação no modo como pensamos e experimentados o uso da luz,
nos mais variados espaços e momentos do dia.
Pelo menos um terço da eletricidade consumida globalmente para a iluminação poderia ser
economizada através da substituição de fontes de iluminação por sistemas mais eficientes,
como por exemplo, a substituição das lâmpadas incandecentes, atualmente utilizadas nos
semaforos, por lâmpadas de LED, pode gerar uma economia de até 90%.
No Brasil, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a iluminação hoje
consome aproximadamente 17% de toda a energia produzida, sendo que a iluminação pública
corresponde a aproximadamente 4,5% da demanda nacional e a 3% do consumo total.
Segundo a Eletrobrás, há 15 milhões de pontos de iluminação pública, sendo que
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aproximadamente 9,5 milhões precisam ser renovados e 3 milhões necessitam de novas
instalações.
A nova era de luz já começou e vem ganhando impulso rapidamente nos setores públicos,
comerciais e residenciais, principalmente no setor comercial, pois, para a maioria das
organizações, a iluminação é responsável por até 50 % dos custos totais de eletricidade.
A tecnologia LED, também chamada de iluminação em estado sólido, não contém gases e
metais pesados (substâncias nocivas à saúde humana e à natureza, tais como mercúrio ou
ácido fluorídrico). Também não emitem calor e sem UV (Ultra Violeta) no raio luminoso, o
LED não atrai insetos e não agride os objetos iluminados por sua irradiação, evitando o
envelhecimento precoce.
Outra vantagem da tecnologia LED é a baixa manutenção, pois, além de ter longa vida útil,
estimada em pelo menos 50 mil horas, os equipamentos auxiliares, por serem eletrônicos,
possibilitam comando à distância, além de consumirem pouca energia.
Na iluminação externa, a luz gerada pelos LEDs permite aos designers mais opções e maior
liberdade de criação, qualidades que os tornam apropriados para uma ampla gama de novas
aplicações. Estas incluem sinalização, contornos de arquitetura, iluminação de fachadas e
monumentos, resultando no embelezamento urbano.
Com a tecnologia LED, o meio ambiente também será beneficiado com o uso racional de
energia e emissões mais baixas de gases tóxicos, e a economia do país será beneficiada com
custos mais baixos e maior competitividade.
Paralelo a isso, o mercado nesta área tem se mobilizado no sentido de atender a estas
necessidades e por isso empresas especializadas no trato da luz urbana estão surgindo e
oferecendo às prefeituras a prestação de serviços vinculados a iluminação de cidades. Vale
ressaltar também que o preço dos LEDs vem caindo de forma acelerada.
4. As cidades sedes dos Festivais de Iluminação
Festivais de Iluminação estão surgindo em todos os lugares ao redor do mundo,
transformando áreas públicas em verdadeiros palcos para espetáculos de luz. Eles
acrescentam mais significado para a área pública, promovendo o patrimônio urbano de forma
artística, demonstrando a cultura e a beleza existentes na cidade. Por alguns dias, durante a
noite, as principais atrações das cidades sedes, desde prédios históricos, monumentos,
esculturas, pontes, fontes d’água, praças e parques recebem instalações e iluminações
especiais, proporcionando verdadeiros espetáculos a uma plateia de milhões de espectadores,
que vivenciam a cidade de uma maneira inspiradora. É a luz promovendo a cultura e a
interação social entre moradores, turistas, profissionais de iluminação, designers, arquitetos,
estudantes, empresários da indústria criativa, em um cenário de espetáculo. Veja abaixo uma
relação das cidades onde acontecem os festivais de iluminação:
Europa
- Alingsas, Suécia: Lights in Alingsås
- Berlim, Alemanhã: Festival of Light
- Amsterdam, Holanda: Festival of Light
- Bruxelas, Bélgica: Festival des Lumières
- Chartre, Fança: Chatres en lumières
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- Durham, Inglaterra: Lumiere
- Eindhoven, Holanda: Glow
- Frankfurt, Germany: Luminale
- Ghent, Bélgica: Light Festival Ghent
- Helsinki, Finlandia: Lux Helsinki
- Lüdenscheid, Alemanhã: LichtRouten
- Lyon, França: Fête des lumières
- Tallinn, Estônia: Valgus Biennaal
- Turino, Itália: Luci d’artista
- York, Inglaterra: Illuminating York
Ásia
- Cingapura, Cingapura: i Light Marina Bay
- Beijing, China: Switch on light
- Osaka, Japão: Hikari Renaissance
América do Norte
- Nova Iorque, Estados Unidos : New York’s Festival of Light
- Montreal, Canadá: Montréal En Lumière
- Oriente Médio: Jerusalém, Israel: Lights in Jerusalem
- Austrália: Sydney, Austrália: Vivid Sydney
A razão para o sucesso dos festivais de iluminação é simples, como conclui a curadora do
festival de Berlim Bettina Pelz: "Na verdade, é bastante fácil, porque sempre que você fizer
alguma coisa com a luz em cidades durante a noite, as pessoas vêm. Se você fizer isso bem,
eles vêm duas vezes “. A curadora afirma também que a luz é um meio viável para eventos à
noite, pois atrai pessoas facilmente, fazendo com que as comunidades descubram o potencial
de suas cidades através da iluminação.
Com a intenção de promover a cidade, a ideia dos festivais é uma iniciativa muito atraente
para o turismo, trazendo benefícios econômicos e culturais para as cidades Os organizadores
dos festivais procuram utilizar projeções impressionantes, coloridas e dinâmicas, chamando
a atenção da mídia local e internacional. Os eventos também promovem a sociabilidade,
criando oportunidades onde as pessoas possam se reunir e se engajar em um diálogo aberto
sobre os espaços públicos
e sobre as instalações,
proporcionando uma experiência
enriquecedora para a comunidade. O conceito e a qualidade estética dos festivais vão variar
de acordo com a cidade, o conselho de turismo, a equipe técnica e os artistas e designers.
No ano de 2002, a cidade de Lyon, responsável pelo primeiro festival de iluminação, tomou a
iniciativa de criar a LUCI, com o objetivo de ajudar as cidades a encontrar a sua identidade
urbana, buscando as melhores soluções para as questões da iluminação, desde planos de
iluminação, até projetos e aplicação de novas tecnologias. A LUCI (Lighting Urban
Community International) é uma rede internacional que reúne cidades e profissionais, com
mais de 63 municípios em todo o mundo, comprometida com o uso da luz como uma
ferramenta para o desenvolvimento urbano sustentável.
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Além disso, devido a sua extensa rede internacional de profissionais de iluminação, a LUCI
é encarregada de coletar e disseminar as melhores práticas no âmbito da iluminação,
facilitando o intercâmbio entre seus membros, através do diálogo sobre a criação e tecnologia.
Com uma crescente conscientização da necessidade de conservação de energia, os
organizadores dos festivais também deverão se preocupar com gastos excessivos de energia.
O desafio é provar que as intervenções luminosas podem ser realizadas com o mínimo de
energia possível. Outro desafio dos próximos festivais será de encontrar a sua identidade,
como uma medida preventiva para que os festivais não sejam apenas cópias uns dos outros.
A curadora do Festival de Berlim, Bettina Pelz acredita que a diversidade de festivais de
iluminação também vai mudar nos próximos cinco anos: " A variedade vai mudar ... Eu acho
que teremos mais festivais que vão mais para o projeto de iluminação , para a arte e talvez até
mesmo para a tecnologia . Outros serão apenas por razões de marketing da cidade.”
Conheça como funcionam e o que representam os Festivais de Iluminação das cidades de
Lyon, na França, Berlim, na Alemanha, Sydney, na Austrália, Amsterdam, na Holanda, e por
fim, Singapura, em Singapura.
4. 1. Fetê dês Lumières – Lyon , França
O mais antigo dos festivais de iluminação é o “Fetê dês Lumières” , que acontece na cidade
francesa de Lyon. A origem deste festival é religiosa, e deu-se por volta do ano de 1643,
quando a cidade foi atingida pela peste bubônica. Se a cidade fosse livrada da praga, Maria,
mãe de Jesus, seria homenageada, e assim foi. Ainda hoje, junto à decoração de Natal, a
população sai às ruas em forma de procissão, com velas acessas, além de colocarem velas nas
janelas de suas casas ao longo do percurso. O evento acontece todos os anos, e tem o dia 8 de
dezembro como dia oficial, em homenagem a Virgem Maria. Com o tempo, a cerimônia foi
ganhando força, tornando-se uma referência mundial para outros festivais de iluminação.
Com o objetivo de tornar a cerimônia em um festival profissionalmente organizado, em 1989,
foi criado o Primeiro Plano de Iluminação , a fim de estabelecer regras para a iluminação
permanente da cidade, por iniciativas políticas e artísticas. Em 2004, o segundo Plano de
Iluminação completou e reforçou o primeiro. Desta vez, a luz se libertou de ser apenas uma
maneira de enfatizar os monumentos, e adaptou-se às atividades e os ritmos da cidade, com
destaque para os rios, colinas, silhuetas e autoestradas. Reconhecida como uma arte distinta, a
iluminação urbana tornou-se um fator essencial para o impacto internacional de Lyon e seus
subúrbios.
Hoje, o festival de Lyon é considerado o terceiro maior evento popular do mundo, ficando
atrás apenas do Carnaval do Rio de Janeiro e da Oktoberfest, em Munique. Durante o
festival, a cidade de Lyon se comporta como um teatro ao ar livre, onde designers, escultores,
arquitetos, artistas gráficos e engenheiros de iluminação transformam edifícios públicos em
verdadeiras obras de artes.
O espetáculo mostra a cidade no seu melhor e incorporam edifícios, rios e parques para o
show, mostrando o quão intensamente a arquitetura e os locais públicos são explorados
durante o festival, permitindo que os turistas e moradores locais possam experimentar muitas
rotas e áreas diferentes da cidade. Vídeo, música e efeitos sonoros também são usados para
acompanhar as imagens vibrantes espalhadas por toda a cidade.
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O festival, que tem duração de 4 dias, recebe um público de mais de 4 milhões de pessoas, de
acordo com um relatório de 2010 feito pela LUCI. Cada noite do evento traz um tema
diferente. Há mais de 70 instalações, a maioria deles ocorrendo no Centro Histórico da
cidade, tendo a Basílica de Fourvière, e a Place Bellecour como dois principais pontos de
destaque.
Veja abaixo algumas imagens do Festival de Lyon.
Figura 1 – Instalação do artista Skertzo, projetada sobre edifícios em torno da Place Bellecour
Fonte: http://www.telegraph.co.uk/ Foto: REUTERS / Robert Pratta
Figura 2 – Instalação Cubo Mágico
Fonte: http://www.fetedeslumieres.lyon.fr
Foto: Muriel Chaulet
Figura 3 – Luminárias remetem à Buquet de flores
Fonte: http://www.fetedeslumieres.lyon.fr
Foto: Michael Djaoui
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Figura 4 – Instalação do artista Damien Fontaine, projetada sobre a Basílica de Fourvière
Fonte: http://www.telegraph.co.uk/ Foto: REUTERS / Robert Pratta
4. 2. Lighting Festival – Berlim, Alemanha
O Festival de Iluminação teve sua primeira edição no ano de 2005, na cidade de Berlim,
quando uma nativa chamada Birgit Zander criou o conceito do evento - redescobrir a
arquitetura através da luz - juntamente com sua agência de eventos, com o intuito de que o
evento fosse reconhecido mundialmente. E foi o que aconteceu. Durante 10 noites por ano,
geralmente em outubro, a cidade de se transforma numa espécie de cenário, onde marcos
famosos, como prédios históricos, igrejas, monumentos culturais, e outros vários pontos
turísticos da cidade (são mais de 40 instalações) são iluminados por designs de iluminação de
várias partes do mundo, atraindo um público de mais de 1.5 milhões de pessoas. Em 2013, o
publico atingiu 2 milhões de pessoas, tendo pelo menos 650.000 reservas em hotéis.
Na programação, também esta incluída, além da iluminação, apresentações em 3D, projeções,
vídeos, além de ocorrer outros eventos relacionados à arte e a cultura, como apresentações
musicais em parques, até liquidações em shopping centers. As apresentações acontecem
sempre no fim do dia, e são gratuitas para todos os visitantes.
E para receber todos esses turistas, diversas atividades paralelas acontecem exclusivamente
neste período, como passeios guiados pelos monumentos iluminados, sejam eles de bicicleta,
ônibus, barco, carruagem, limusines e até mesmo a pé, em grupos de corrida. Além disso, os
visitantes têm a oportunidade de explorar lugares interessantes, como instituições,
organizações e edifícios sob uma nova luz fora das suas horas normais de abertura, pois em
diversos estabelecimentos, as atividades são prolongadas durante a noite.
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No primeiro dia do evento, acontece a cerimonia de abertura chamada “LightsOn”, com a
participação de autoridades do governo, personalidades e artistas. Concomitante ao Festival
das Luzes acontece também o Festival de Jazz, atraindo um público ainda maior para a
cidade.
O Festival das Luzes de Berlin tornou-se tão famoso e bem sucedido, que hoje eles oferecem
apoio para que outras cidades, inclusive fora da Alemanha, se tornem sedes deste tipo de
festival. Ajudam a desenvolver, juntamente com a locação interessada, um conceito próprio
para o festival, incentivando que cada local tenha a sua própria identidade e programação,
além de auxiliar também nas questões de patrocínios, orçamento, marketing e mídia e
relações públicas, com a intenção de garantir um retorno atraente sobre o investimento para a
cidade e os parceiros envolvidos, além de criar novas perspectivas e conexões entre as
pessoas, arte, cultura e mídia.
Figura 5 – Portão de Brandenburg recebe projeção 3D Vídeo Mapping
Fonte: http://festival-of-lights.de/ Foto: Frank Herrmann
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Figura 6, 7, 8 e 9 – Catedral de Berlim recebe diferentes projeções
Fonte: http://festival-of-lights.de/ Fotos 6 e 7: Frank Herrmann Fotos 8 e 9: NI
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Figura 10 – Projeções Pop Art sobre edificações na Potsdamer Pltaz
Fonte: http://festival-of-lights.de/ Foto: Oliver Brenneisen
4. 3. Vivid Festival – Sidney, Austrália
Outro festival que vem atraindo olhares do mundo inteiro é o Vivid Sydney, como o nome já
diz, na cidade de Sidney, Austrália. Acontece desde 2009, quando, em seu ano inaugural,
atraiu um publico de 200 mil pessoas. Em 2012, apenas três anos depois, o público visitante já
era de 500 mil, gerando cerca de 10 milhões de dólares australianos para o Estado, de acordo
com o Vice-Premier Andrew Stoner. No evento, realizado durante 18 dias, entre os meses de
maio e junho, profissionais corporativos, turistas, residentes, famílias e pessoas de todas as
gerações aproveitam o clima mais ameno do inverno de Sidney e mergulham em um show
verdadeiramente espetacular, que hoje é considerado um dos mais importantes do mundo.
A ideia do festival era transformar a cidade de Sidney em uma grande festa ao ar livre,
colorindo a cidade com criatividade e inspiração, misturando luz, música e cultura. Para o
consultor criativo do evento, Inácio Jones, o evento é uma celebração da indústria criativa de
Sidney. Jones diz também que, “O evento reúne profissionais criativos de todo o mundo para
compartilhar idéias , rede de contatos e criar novos negócios em uma cidade iluminada com as
mais recentes e mais brilhantes ideias que as indústrias criativas podem oferecer."
O Festival Vivid Sidney, além de transformar vários edifícios e monumentos da cidade em
uma tela ao ar livre, com projeção e espetáculo de luzes coloridas - são mais 60 pontos,
incluindo esculturas e fontes de água, com projeções em 3D que iluminam toda a cidade à
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noite - , a programação conta também com uma variedade de eventos , como performances
de músicos locais e internacionais, instalações imersivas de luz - projeções feitas dentro
d’água - , palestras públicas e debates com os principais pensadores criativos.
Outra atração do Festival Vivid é o “Light Walk “ ou Caminhada Iluminada, onde telas
multimídia de grande escala mostram uma série de fotos, com mais de cem anos, da cidade de
Sidney, sendo possível acompanhar o desenvolvimento e as mudanças que aconteceram na
cidade.
Uma curiosidade sobre o Vivid são as atividades interativas, onde os visitantes são capazes de
controlar a projeção em algumas das atrações, quando seus movimentos em frente ao
projetores são reproduzidos em tempo real na fachada do edifício.
O Sidney Opera House permanece como o ponto de destaque do festival, que além de que
servir de palco para concertos e shows, é cenário para as projeções de vídeos, com uma nova
tecnologia de projeção que vem sendo usada nestes espetáculos, chamada “videomapping”,
que quer dizer mapeamento de projeção ou de vídeo. É um software que transforma
superficies, mesmo que com formatos irregulares, em superficies de projeção de imagens. A
superficie a ser usada é previamente mapeada por este programa, que, com os dados
analisados, consegue fazer com que as projeções em vídeo se adequem perfeitamente às
superficies de projeção, criando a ilusão de movimentos em objetos estáticos. As projeções
geralmente são combinadas com músicas, que transformando o evento num verdadeiro show.
Figura 11 – Ópera House recebe 3D Vídeo Mapping
Fonte: www.facebook.com/vividsydney Foto: Tim Bolger Photografy
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Figura 12,13 e 14 - Instalações interativas encantam os visitantes
Fonte: www.facebook.com/vividsydney Foto: Destination NSW / Destination NSW / Daniel Boud
Figura 15 – Show Aquático Darlin Harbour
Fonte: www.facebook.com/vividsydney Foto: NI
4. 4. Lighting Festival – Amsterdam, Holanda
O quarto Festival de Iluminação que será abordado é o que acontece em Amsterdam. Em
2010, Felix Guttmann, atual presidente do festival, teve a ideia de usar uma imagem
projetada em um edificio para enriquecer a cidade durante o período de inverno. Então ele
contratou o “Lighting Designer” Rogier van der Heiden, conhecido internacionalmente, para
executar a tarefa. O feito agradou tanto a população, que no ano subsequente, o Lighting
Designer, Wim Dröge , foi contratado para o que seria chamado de Inverno Mágico de
Amsterdam. E novamente, a ação foi um sucesso, que então, no próximo ano, que seria 2012,
foi organizado o primeiro Festival de Iluminação, com o objetivo de demonstrar o charme e a
beleza que resultam do jogo de luz e água, criando uma atmosfera acolhedora para a cidade,
mesmo nas noites mais frias, onde multidões entusiasmadas se encantam com os espetáculos
que o evento proporciona.
E logo no seu primeiro ano, em 2012, o festival, que inicia dias antes do Natal e tem uma
duração média de 6 semanas, atraiu mais de 300 mil visitantes. Ainda no ano de estréia, o
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eventou contou com a participação de dezenas de voluntários, que trabalharam
desempenhando um papel fundamental para o sucessso do evento. Além de voluntários, o
festival contou também com um somatório de esforços do município, instituições culturais,
indústrias, e comércio, inclusive, após o primeiro ano do evento, estabelecimentos como
hotéis e restaurantes, contribuiem doando parte dos fundos arrecadados durante o eventos
para o próximo ano. E cada ano que passa, mais empresas querem participar do festival.
Durante as noites de inverno, o centro histórico da cidade recebe uma decoração
aconchegante, que demonstra o charme , a vitalidade e a humanidade da cidade, tendo a luz e
a água como elementos de ligação. Os eventos são temático, no ano de 2013, o tema foi
“Construindo com a Luz” e em 2014, o tema será “A Cidade Brilhante”, desafiando os artistas
a apresentar uma visão diferente sobre a cidade.
Museus, instituições e teatros são responsáveis por organizar atividades paralelas ao evento
relacionadas a luz, introduzindo os visitantes para as inovações na arte da luz. Restaurantes e
lojas também enriquecem a programação, tendo seu horário de funcionamento prolongado.
Diversas atividades noturnas, como concertos de músicas, shows e apresentações ajudam a
incrementar a programação.
No Festival de Amsterdãm, acontece também atividades de caráter social, onde pessoas de
todas as idades, e de diferentes regiões da cidade participam na criação de objetos que estarão
expostos durante o evento, como luminárias, por exemplo – em 2013, mais de 500 luminárias
foram criadas por crianças da escola primária para serem penduradas em 12 árvores
espalhadas pela cidade. Outro exemplo é um concurso realizado para escolher quem decora
sua bicicleta da maneira mais criativa, fazendo com que a comunidade
participe
efetivamente do evento, valorizando o sentimento das pessoas de vivenciarem a cidade.
O evento conta com duas principais rotas de iluminação: uma terrestre, chamada Iluminade,
que acontece ao longo do rio Amstel e atravessa o centro da cidade, onde vários prédios
públicos e esculturas são iluminados, e a outra rota se dá de barco, através dos canais,
famosos na cidade, chamado Cores de Água, onde o visitante pode observar as instalações de
um ponto de vista diferente, além de poder desfrutar de um encantador passeio de barco à
noite.
Figura 16 – Projeção de obras de arte da fachada da edificação
Fonte: http://www.amsterdamlightfestival.com/ Foto: Janus van den Eijnden
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Figura 17 – Projeção em vídeo sobre ponte
Fonte http://blog.fourshopping.it/2013/12/amsterdam-lighting-festival-2013/ Foto: NI
Figura 18 – Projeção sobre ponte
Fonte: http://blog.fourshopping.it/2013/12/amsterdam-lighting-festival-2013 Foto: NI
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Figura 19 : Torre Temporal
Figura 20: OVO - instalação multi-sensorial
Fonte: http://www.amsterdamlightfestival.com/
Fonte: http://www.amsterdamlightfestival.com/
Foto: Todd van Hulzen / Photo © Amsterdam Light Festival
Foto: NI
4. 5. i Light Marina Bay – Singapura , Singapura
O quinto e último festival a ser apresentado é o “ i Light Marina Bay “ que teve sua primeira
edição no ano de 2010, atraindo um público de 433 mil visitantes, sendo que mais de 70 mil
eram estrangeiros. Acontece a cada dois anos, na cidade de Singapura e na sua segunda
edição, em 2012, teve como tema “A Luz encontra a Ásia”. O evento acontece na beira mar
da cidade, criando um percurso de 3,5km de instalações de iluminação inovadoras,
transformando a orla da cidade em um espaço mágico de luz e cores, pelo período de três
semanas, no mês de março. Como os demais eventos apresentados, acontece no espaço
público, e é gratuito para os visitantes.
Com foco na sustentabilidade, os artistas participantes (locais e internacionais) incorporam
o uso de materiais recicláveis e adotam tecnologias de iluminação energeticamente eficientes
na criação de suas instalações. Para 2014, o evento contará com 28 instalações sobre o tema
Luz + Coração, onde cada aspecto do festival vai adotar uma gestão mais eficaz e eficiente
dos recursos para atender a esse compromisso com o meio ambiente, buscando formas
alternativas de fontes de energia , como o vento, solar e cinética, que será usada para gerar a
energia necessária para alimentar as instalações de arte, além de tentar minimizar o
desperdício dos materiais utilizados.
Assim como nos demais festivais, uma vasta gama de atividades noturnas complementam a
programação do evento, como performances de artistas, palestras e oficinas educativas,
sessões de cinema e jantares ao ar livre, exposições interativas e visitas guiadas, aulas de
yoga ao ar livre e competições de skate também fazem parte da programação, proporcionando
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ao público uma oportunidade enriquecedora e espetacular de vivenciar os espaços públicos,
iluminação, tecnologia, sustentabilidade e criatividade, além de poderem interagir entre si e
compartilhar ideias.
O i Light Marina Bay acredita na arte como uma maneira de destacar as questões sociais.
Suas instalações sustentáveis têm por objetivo envolver o público de maneira a despertar a
consciência das pessoas para as questões da sustentabilidade. Acredita também que os artistas
tem o poder de inspirar a comunidade através de ideias criativas com o uso de luz e de fontes
de energia alternativas, defendendo a ideia de que podemos ser todos responsáveis por um
futuro sustentável. Na próxima edição do evento, 52 estabelecimentos em torno do Marina
Bay serão convidados a desligar a iluminação não essencial, colaborando com o Earth Hour
(Hora da Terra) , a fim de levar uma mensagem de um comportamento ambientalmente
responsável e sustentável para um público mais amplo além do festival.
No website do festival, encontram-se várias dicas de como que as pessoas podem introduzir
atitudes no seu dia a dia, a fim de economizar energia, economizar dinheiro e reduzir o
desperdício.
Figura 21 – Equipamentos urbanos iluminados
Fonte http://ad009cdnb.archdaily.net/ Foto: Darren Chin
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Figura 22 – Tradição e tecnologia nas projeções
Fonte: https://apps.facebook.com/pico_sg_photo Foto: Weilun Sheng
Figura 23 - Instalação interativa
Figura 24 - Árvore de lâmpadas
Fonte: https://apps.facebook.com/pico_sg_photo Fonte: https://apps.facebook.com/pico_sg_photo
Foto: Surya Iskandar
Foto: Calvin Chan
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Figura 25 – Luminárias
Fonte: http://www.timeoutsingapore.com/ Foto: NI
5. Conclusão
A partir dos dados analisados neste trabalho, sobre as questões de iluminação pública,
percebemos o quanto a qualidade desta iluminação está relacionada à qualidade de vida dos
moradores e visitantes de um lugar. Vimos que quando existe uma preocupação maior sobre a
questão de iluminação pública, para que esta seja pensada além da questão funcional e de
segurança, e sim pensada como um componente essencial da paisagem urbana, com a
intenção de embelezar a cidade e valorizando o seu patrimônio, os benefícios são visíveis.
Além da questão social, valorizar os espaços públicos abertos incentiva também a
economia, visto que, quando bem iluminados, os espaços abertos começam a ser transformar
em locais de convivência, fazendo com que novas atividades comecem a surgir para atender
as novas necessidades daquele local e das pessoas que ali frequentam.
Vimos também que uma iluminação urbana bem planejada e de qualidade podem incentivar
atividades como o turismo, pois a claridade noturna é quem viabiliza o turismo à noite, sendo
que a própria iluminação, por si só, também pode funcionar também como um atrativo. Prova
disso são os Festivais de Iluminação, onde a luz é a principal protagonista.
Também pudemos entender, a partir das cinco cidades analisadas neste trabalho, que os
retornos para as cidades sedes de Festivais de Iluminação são garantidos e vantajosos,
conferindo um maior significado para as áreas públicas das cidades, além de incentivar de
maneira efetiva o desenvolvimento socioeconômico e cultural das cidades envolvidas,
resgatando também a valorização da cidade pelos moradores e visitantes.
6. Referências
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- http://www.channelnewsasia.com/news/singapore/i-light-festival-lights/1024424.html
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http://resources.made-in-china.com/article/culture-life/CExQqNDvgmib/Ilight-8217-SCelebration-of-Light-8211-Marina-Bay-Singapore/
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7. Anexos
Em anexo alguns dos mapas que as cidades sedes dos Festivais de Iluminação disponibilizam
em suas webpages, mostrando as instalações e atividades que irão acontecer a cidade. É
possível, através destes anexos, ter ideia do quanto é amplo a atividades relacionadas aos
eventos.
Anexo 1– Mapa das Instalações do Festival da Iluminação de Berlim
Fonte: http://festival-of-lights.de/en/
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Anexo 2– Mapa das Instalações do Festival da Iluminação de Singapura
Fonte: http://www.ilightmarinabay.sg/
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Anexo 3– Mapa das Instalações do Festival da Iluminação de Sydney
Fonte: http://www.vividsydney.com/
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Anexo 4 – Mapa das Instalações do Festival da Iluminação de Amsterdam
Fonte: http://www.amsterdamlightfestival.com/en/
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