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, Carta ao leitor Uma questão básica A lavoura de arroz do Brasil vive um momento de muita expectativa e poucas boas notícias. As demandas são enormes quando é preciso resolver questões fora da porteira. Do lado de dentro ainda existem problemas, mas com eles o arrozeiro nacional está aprendendo a ser mais competitivo, aplica tecnologia e busca produtividade e qualidade no produto final. Desde meados de 2004, porém, o arrozeiro divide-se entre a administração da lavoura e as manifestações para que o Governo Federal ajude a resolver os obstáculos do lado de fora da porteira. O mercado nacional vive aguda crise. E ninguém sabe melhor que os produtores as dificuldades que lhes são impostas. Por isso, é seu direito mostrar a inconformidade e buscar a solução dos problemas que afligem a categoria, a economia nacional e o principal O que os arrozeiros brasileiros querem e merecem é respeito alimento dos brasileiros. A entrada de arroz do Mercosul é parte do problema e torna-se alvo dos protestos porque os produtores organizados só podem lutar com as armas que têm. O problema está nos homens que construíram regras sem terem o mínimo conhecimento da real carga que o agronegócio brasileiro carrega em suas costas: um país inteiro. E a ganância dos cofres públicos, que só se abrem para receber os pesados impostos que retiram competitividade do setor diante de seus concorrentes. Num país em que o presidente da República teve seu batismo político nos piquetes e greves em portas de fábricas, quem seria capaz de censurar ou desrespeitar o direito à manifestação dos arrozeiros? A orizicultura não quer o fim do Mercosul e reafirmou repetidas vezes esta posição. Quer o fim das assimetrias, nem todas geradas além da fronteira, com origem numa pesadíssima carga tributária nacional, que impõe custos absurdos de produção. O que os arrozeiros querem não é só prazo para pagar as contas e mecanismos que lhes permitam vender o arroz acima do valor que pagaram para produzir. O que os arrozeiros brasileiros querem e merecem é respeito. O respeito que lhes é devido pelo Brasil e por seus governantes. Nesta edição Planeta Arroz apresenta tendências de mercado, novas tecnologias e a orizicultura profissional tocada por gestão familiar no Brasil NOSSA CAPA Arte de Pró!marca em fotografia de Robispierre Giuliani 3 6 8 10 12 Encarte CARTA AO LEITOR O BALANÇO DA SAFRA TRATORAÇO: CADÊ O MERCADO? PREVISÃO DE PLANTIO 2005/2006 RECORDE: ENFIM A EXPORTAÇÃO 14 SC: HIDRÔMETRO NA LAVOURA 15 MG: LANÇAMENTOS DA EPAMIG 16 MT DECIDE SAFRA SOB PRESSÃO 17 CIRAD: DIAS CONTADOS NO CENTRO-OESTE 19 O PERFIL DO ARROZ NO MARANHÃO 32 O peso da qualidade 26 34 CLEARFIELD: 2ª GERAÇÃO 38 ARTIGO: LUTZENBERGER PARBOILIZADO POPULAR www.planetaarroz.com.br O Rio Grande do Sul vive um momento de intensa valorização e aplicação de tecnologias na lavoura para obter maior produtividade e rentabilidade. A RiceTec apresenta neste encarte especial os resultados da primeira lavoura comercial de uma tecnologia que deu certo e abriu novos horizontes de produtividade para a lavoura irrigada: o arroz híbrido. 22 Embrapa põe sua Marca na lavoura 29 Lavoura de pai pra filho Publicação de Casa Brasil Editores Ltda/Fotos: Banco de Imagens Planeta Arroz, Robispierre Giuliani e Giuliano Fernandes/Editoração Eletrônica: Leandro Batista/Revisão: Carla Pires/Textos: Cleiton Santos e Giuliano Fernandes/Departamento Comercial: Ricardo Nunes - (51) 3722-2102 / Editor: Cleiton Santos/Supervisão: Liberato Dios/Circulação em todo o Brasil / Impressão de Gráfica Jacuí/Cachoeira do Sul-RS - (51) 3722-2402 DNA Planeta Planeta SAFRA Feitiço contra o FEITICEIRO segundo recorde de produção de arroz no Brasil só fez bem, até o momento, para o consumidor e os supermercados. Ao invés de comemorar a independência na produção do mais básico alimento, a cadeia produtiva vive momentos de crise. Em um ano, os preços pagos ao produtor já caíram perto de 35%, enquanto os preços ao consumidor não caíram mais do que 15%. Os excedentes do Mercosul acentuam a crise. Uruguai e Argentina têm 1,8 milhão de toneladas para vender ao Brasil. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em seu 5º Levantamento de Safra, indica que o Brasil colheu 13.290,9 toneladas de arroz, aumento de 3,6% sobre as 12.829,4 toneladas colhidas na safra 2003/2004. Só o Rio Grande do Sul representou 46,7% do total. O Mato Grosso, segundo maior produtor, colheu 15,4%. O Brasil plantou 3.918,5 hectares, ou 7,2% a mais do que na safra anterior (3.654,4), e obteve uma produtividade média de 3.392 quilos por hectare, uma redução de 3,4% sobre o ano passado, quando foram colhidos em média 3.511 quilos/hectare. PASSAGEM - O estoque de passagem do Brasil em 2005 deve ficar, no mínimo, em 2.348,1 toneladas (base casca), segundo dados da Conab. No quadro de oferta e demanda, o país deve somar 15,498 milhões de toneladas. O estoque final, segundo a Conab, portanto, somará, 2.348 milhões de toneladas (55% maior do que na entrada de 2005). Esses números indicam para 2006 mais um ano de difícil comercialização, a menos que Brasil e Mercosul tenham quebra na próxima safra. O Brasil colheu duas safras recordes. E agora paga o preço SAFRA BRASILEIRA 2004/2005 ÁREA (Em mil ha) PRODUTIVIDADE (Em kg/ha) PRODUÇÃO (Em mil t) REGIÃO/UF Safra 03/04 Safra 04/05 VAR. % Safra 03/04 Safra 04/05 VAR. % Safra 03/04 Safra 04/05 VAR. % NORTE 593,0 670,9 13,1 2.244 2.377 5,9 1.330,5 1.594,6 RR 25,0 25,5 2,0 5.350 5.300 (0,9) 133,8 135,2 19,8 1,0 RO 79,2 93,1 17,5 2.100 2.300 9,5 166,3 214,1 28,7 AC 27,0 26,2 (3,0) 1.400 1.370 (2,1) 37,8 35,9 (5,0) AM 12,4 14,7 18,5 1.870 2.100 12,3 23,2 30,9 33,2 AP 3,2 3,3 3,0 1.200 1.220 1,7 3,8 4,0 5,3 PA 280,5 314,2 12,0 1.930 2.300 19,2 541,4 722,7 33,5 TO 165,7 193,9 17,0 2.560 2.330 (9,0) 6,5 777,0 814,0 4,8 1.504 1.520 1,1 MA 517,7 528,1 2,0 1.391 1.340 PI 159,6 179,6 12,5 1.050 CE 37,5 36,8 (1,8) 2.460 RN 2,8 1,4 (50,0) 2.853 PB 9,0 8,9 (1,0) PE 9,4 9,5 1,0 AL 2,8 3,4 SE 9,5 BA NORDESTE CENTRO-OESTE 424,2 451,8 1.168,3 1.237,5 (3,7) 720,1 707,7 (1,7) 1.300 23,8 167,6 233,5 39,3 2.770 12,6 92,3 101,9 2.235 (21,7) 8,0 3,1 (61,3) 1.469 590 (59,8) 13,2 5,3 (59,8) 5.500 5.150 (6,4) 51,7 48,9 (5,4) 20,0 4.260 3.800 (10,8) 11,9 12,9 8,4 9,7 2,0 4.250 4.500 5,9 40,4 43,7 8,2 28,7 36,6 27,5 2.200 2.200 - 63,1 80,5 27,6 5,9 10,4 892,4 1.014,7 13,7 2.821 2.635 (6,6) 2.517,5 2.673,8 6,2 MT 675,6 776,9 15,0 2.860 2.630 (8,0) 1.932,2 2.043,2 5,7 MS 55,4 55,4 - 4.333 4.500 3,9 240,0 249,3 3,9 GO 161,3 182,3 13,0 2.140 2.090 (2,3) 345,2 381,0 10,4 DF 0,1 0,1 - 1.137 3.333 193,1 0,1 0,3 200,0 136,1 152,3 11,9 2.476 2.493 0,7 337,0 379,7 12,7 MG 94,4 111,4 18,0 2.250 2.300 2,2 212,4 256,2 20,6 ES 3,5 4,0 14,0 2.900 2.900 - 10,2 11,6 13,7 RJ 3,0 2,9 (3,0) 2.925 3.500 19,7 8,8 10,2 15,9 SP 35,2 34,0 (3,5) 3.000 2.990 (0,3) 105,6 101,7 SUL 1.255,9 1.266,6 0,9 5.953 5.847 (1,8) 7.476,1 7.405,3 (0,9) PR 65,9 62,6 (5,0) 2.650 2.400 (9,4) 174,6 150,2 (14,0) 999,8 1.049,9 5,0 6.301,7 6.205,2 (1,5) SUDESTE (3,7) SC 150,8 154,4 2,4 6.630 6.800 2,6 RS 1.039,2 1.049,6 1,0 6.064 5.912 (2,5) NORTE/NORDESTE 1.370,0 1.484,9 8,4 1.824 1.907 4,6 2.498,8 2.832,1 13,3 CENTRO-SUL 2.284,4 2.433,6 6,5 4.522 4.298 (5,0) 10.330,6 10.458,8 1,2 BRASIL 3.654,4 3.918,5 7,2 3.511 3.392 (3,4) 12.829,4 13.290,9 3,6 FONTE: CONAB - Levantamento: Jun/2005. QUADRO CONAB (SAFRA) Quadro Conab (estoque de passagem) Balanço de oferta e demanda Safra 2000/01 2001/02 2002/03 2003/04 2004/05 Estoque inicial 1.958,5 1.321,7 637,5 332,7 1.507,8 Produção 10.386,0 10.626,1 10.367,1 12.829,4 13.290,9 Importação Suprimento Consumo Exportação Estoque final 951,6 13.296,1 11.950 24,4 1.321,7 737,3 12.685,1 12.000 47,6 637,5 1.601,6 12.606,2 12.250 23,5 332,7 1.097,3 14.259,4 12.660 92,2 1.507,2 700,0 15.498,1 12.900 250,0 2.348,1 Fonte: Conab 8 Planeta A luta CONTINUA... COMERCIALIZAÇÃO crise de mercado que atinge a cadeia brasileira do arroz não tem prazo para acabar. Até o momento, o setor considera as ações do Governo Federal paliativos que mereceram nota 3 da Confederação Nacional da Agricultura (CNA). O ministro Roberto Rodrigues afirma que o Governo está sensível aos problemas da agricultura, mas que faltam recursos para atender todas as demandas. Nem mesmo a presença, em Brasília, de 20 mil agricultores, no tratoraço, apressou o atendimento das demandas. As primeiras medidas foram efetivadas um mês depois, frisou o vice-presidente da CNA, Carlos Sperotto. Para o presidente do Irga, Pery Sperotto Coelho, é importante agora salvar a colheita e evitar danos maiores à próxima. O setor está no vermelho. Paga R$ 30,00 para produzir um saco de arroz e recebe R$ 20,00 quando vende, frisa. A crise da orizicultura causou prejuízos à economia da metade sul gaúcha. Há municípios em que a atividade representa 80% do PIB. O nível de emprego caiu muito. O RS é o único estado brasileiro que acumula queda na atividade industrial nos últimos meses. Nem os leilões de opções, para comprar 1,5 milhão de toneladas, recuperaram preços. O mecanismo chegou com atraso e valores aquém da necessidade, sentencia o presidente da Federarroz, Valter José Pötter. A rolagem das dívidas de custeio foi aprovada apenas para Centro-oeste e Bahia. Nenhum dos problemas que afetam a lavoura tem origem dentro da porteira, frisa Pötter. Segundo ele, é difícil convencer os produtores que protestam contra o arroz do Mercosul de que há boa vontade do Governo em resolver os problemas e buscar uma equalização A Nem tratoraço deu jeito na crise do arroz Mobilização: arrozeiros foram a Brasília cobrar ajuda do Governo Razões da crise 1. Auto-suficiência brasileira com quase 26 milhões de toneladas colhidas em duas safras e entrada de quase dois milhões de toneladas de arroz do Mercosul 2. Alto estoque de passagem (1,5 milhão de toneladas em 2004/ 2005) com 1,1 milhão de toneladas importado 3. Falta de mecanismos de comercialização eficientes e na hora certa para equilibrar o fluxo de oferta/demanda 4. Concentração de 80% das exportações do Mercosul para o Brasil 5. Falta de mecanismos para restringir importação do Mercosul 6. Vantagens competitivas do Mercosul - menos tributos, custo de produção e subsídios para exportação de arroz beneficiado e isenção de PIS/Cofins para entrar no Brasil (9,25%) 7. Resíduo de importações de terceiros países em 2003/2004 8. Câmbio desfavorável 9. Alto custo nacional de produção 10. Baixo volume de exportação 11. Morosidade governamental para adotar ações que minimizem os prejuízos Fonte: cadeia produtiva do arroz para o mercado. Para isso é preciso reduzir impostos, restringir o ingresso de arroz do Mercosul, apressar os leilões de contratos de opção negociar volumes maiores com um limite de 10 contratos por produtor - rolar a dívida de custeio e criar incentivos ou isenções da pesada carga tributária brasileira para a exportação de arroz, resume o presidente da Câmara Setorial Nacional do Arroz, Francisco Schardong. Planeta 9 COMERCIALIZAÇÃO Cadê o MERCADO? Recuperação de preços não vem agora em o analista de mercados mais otimista arrisca dizer quando e como os preços pagos ao produtor no Brasil poderão apresentar alguma recuperação. E depois da próxima colheita as perspectivas são ainda mais complicadas. O Brasil entrará 2006 com um excedente de produção superior à produção do Mercosul. Volume que, somado aos excedentes desses países, será superior a quatro milhões de toneladas a pressionar o mercado. Para o consultor da Safras & Mercado, Aldo Lobo, apesar dos leilões de contratos de opções públicas e privadas, que não chegaram a refletir positivamente no mercado, preocupa muito o fato dos produtores terem represado as ofertas até agora, o que refletirá neste segundo semestre de 2005 e em 2006. O Rio Grande do Sul ainda tem 65% da safra estocados, enquanto que no Mato Grosso restam 45%. Além disso, quase todos os estados possuem arroz para consumo próprio, não há mais tanta dependência do RS e MT, revela. E boa parte desse arroz é de baixa qualidade, o que pressiona mais os preços. Como agravante, temos a expectativa de safra recorde no mundo: 625 milhões de toneladas base casca. ÁREA - Para Lobo, a única chance de preços bons no Brasil em 2006 seria uma forte redução de área plantada para a próxima safra. Se o Brasil produzir de 10 a 11 milhões de toneladas, pode ser que os preços melhorem, arrisca. Porém, as tendências não apontam para um cenário positivo. O presidente do Irga, Pery Sperotto Coelho, acredita que o mercado só se recupera a médio prazo, se houver mecanismos para exportar bastante. N Pötter: mais um documento entregue ao presidente Lula pedindo medidas Questão básica O presidente da Federarroz, Valter José Pötter, diz que a perspectiva do mercado não é das melhores. Para 2006, crê que só um sério problema climático afetará a produção do Mercosul. Ele não está convencido de uma redução significativa na colheita do Sul e aposta em redução mínima no Centro-oeste. Pötter acredita que o Governo brasileiro pode minimizar os efeitos da crise e alerta os produtores para reduzirem os custos de produção. Pauta de reivindicações 1. Agilidade e acesso a um maior número de produtores nos mecanismos de enxugamento de mercado (1,5 milhão de toneladas) 2. Prorrogação de duas parcelas do custeio (uma já vencida) para 2006 3. Desburocratização e isenção de impostos para exportar arroz 4. Restrição aos excedentes do Mercosul ou medidas compensatórias e redução das assimetrias 5. Inclusão dos custos de manutenção e depreciação de máquinas, equipamentos, entre outros, na formação do preço mínimo 6. TEC de 35% para terceiros países 7. Liberdade para importação de insumos mais baratos 8. Reforma fiscal (para acabar com a guerra do ICMS entre os estados) 9. Redução da carga tributária sobre a produção 10. Fiscalização tributária e sanitária efetiva nas fronteiras Fonte: Federarroz 10 Planeta ÁREA MENOR Mas não muito TENDÊNCIAS Brasil começa a decidir o plantio 2005 s produtores de arroz do Brasil estão definindo em agosto as dimensões da lavoura brasileira 2005/ 2006. A expectativa é para a redução na área plantada pelo baixo preço pago ao produtor, em média 30% abaixo do custo médio de produção, em todo o país. O fato de muitos arrozeiros trabalharem no prejuízo em 2005, rolarem dívidas para 2006 e, em muitos casos, atrasarem o pagamento do custeio e mesmo de compromissos com fornecedores, é determinante para a redução de área e de produtividade para a safra 2005/2006. Sem rentabilidade, o uso de tecnologia e insumos deve ser menor. O Centro-oeste vai puxar a tendência de redução de área, segundo especialistas. A suspensão das licenças para abertura de novas áreas no Mato Grosso e no Pará, principalmente, e as ações fiscalizadoras sobre o meio ambiente influenciarão na área de plantio. A perda das características do cultivar Cirad também influenciará na hora de decidir quanto plantar. Em alguns estados que vinham experimentando um incremento significativo de área, principalmente no sudeste, no norte e nordeste brasileiros, a tendência é de uma ligeira queda para a próxima safra. Como são produtores que estão entrando no setor arrozeiro, principalmente para a abertura de áreas de soja ou algodão, ou para recuperação de pastagens degradadas, não há interesse em manter a atividade com prejuízos. Só continuarão aqueles que estão no segundo ano de lavoura para abrir área. O Equilíbrio: produtor brasileiro precisa reduzir a oferta para obter rentabilidade Questão básica A empresa Safras & Mercado divulgou em julho o resultado de sua primeira pesquisa de intenção de plantio de arroz para a safra 2005/2006, indicando uma redução de 10% sobre a safra passada. Segundo a empresa, a área deve cair de 3,736 milhões de hectares para 3,370 milhões de hectares. A Safras prevê uma redução de 19% no Mato Grosso, 13% no Rio Grande do Sul, 12% no Mato Grosso do Sul e 10% em São Paulo, Goiás e Distrito Federal. A empresa estima a redução de 12,8% na produção e 4,9% na produtividade. No Sul a lavoura troca de mãos No sul do Brasil, que concentra mais de 60% da produção de arroz, o panorama não deve se alterar significativamente para a próxima safra. Apesar da crise, Santa Catarina manterá seus 155 mil hectares de lavouras e o Rio Grande do Sul, maior produtor nacional, não terá uma redução significativa, segundo as primeiras informações colhidas por Planeta Arroz. Devem acentuar-se, no entanto, as transferências de lavouras. Nos primeiros contatos sobre intenção de plantio, nota-se que os produtores de elite, com alta tecnologia e terras próprias, podem ampliar a área, pois operam com custo entre seis e oito dólares. Existem ainda os capitalizados, que aproveitarão os negócios de oportunidade assumindo as áreas dos endividados. Em alguns casos, em troca das dívidas. Entre os arrozeiros com alto grau de endividamento e com resultados pífios na lavoura e na comercialização existem aqueles que costumam ampliar a área, mesmo com o uso reduzido de tecnologias recomendadas para diminuir custo. O objetivo é tirar o prejuízo na próxima lavoura, estratégia que geralmente leva à falência. Por fim, ainda poderá interferir no Rio Grande do Sul a falta de água para irrigação em duas regiões importantes de produção: campanha e zona sul, onde os mananciais ainda estão com nível de água abaixo da média para esta época do ano. Planeta 12 EXPORTAÇÃO Recordes de EXPORTAÇÃO O Brasil descobriu nichos importantes no mercado externo O Brasil dá passos decididos para assumir seu espaço de fornecedor no concorrido mercado internacional de arroz. A ofensiva iniciou em 2004, quando quebrou o recorde de exportação em duas décadas, com 53,72 mil toneladas de arroz (base casca) e um faturamento de 7,61 milhões de dólares. Em 2005, a marca já foi ultrapassada e o faturamento, até junho, chegou a 19,22 milhões de dólares para 141 mil toneladas. As indústrias gaúchas, responsáveis por quase a totalidade das exportações, descobriram um nicho de mercado especial: o arroz quebrado (canjicão) para a África, já que o baixo preço do produto elevou o nível de exigência no mercado interno. Senegal é o maior cliente do Brasil. Já importou 103 mil toneladas de arroz (base casca). A Suíça e países da América Latina surgem como outros importantes parceiros, na compra de quebrados e de arroz parboilizado. O analista de mercados Tiago Sarmento Barata lê esses números como a confirmação de que o Brasil pode participar como ofertante no mercado internacional de arroz, evoluir neste sentido e fortalecer sua posição. Apesar de produzir grãos de excelente qualidade, as exportações do Brasil ainda se concentram nos quebrados (91%) para abastecer o mercado africano. Em junho, o país exportou 20,5 mil toneladas, oito mil toneladas menos que em maio, porém 22 vezes mais do que havia exportado em junho de 2004. É positivo para o país, que vem acumulando excedentes nos últimos anos, e importante para adquirir know-how e confiabilidade, fatores fundamentais para quem quer manter-se nesse mercado, frisa Barata. Para José Rubens Arantes, diretor de suprimentos da Camil, a redução dos preços no mercado interno tornou o arroz de maior qualidade mais acessível ao consumidor brasileiro, abrindo uma janela para a exportação de quebrados. Coincidiu com a demanda, principalmente dos africanos, e com uma condição de câmbio favorável para esse produto. A Camil pretende passar de um volume de 20 mil toneladas FIQUE DE OLHO Entre janeiro e maio de 2005, o Brasil exportou um volume de 82,245 mil toneladas de arroz beneficiado, quebrado, parboilizado, entre outros, sendo que 74,63 mil toneladas foram de quebrados, o que equivale a 120,76 mil toneladas em base casca. É mais que o dobro das 53,72 mil toneladas de arroz base casca exportadas em todo o ano de 2004. Em junho foram exportadas mais 20,5 mil toneladas de arroz - base casca -, somando no primeiro semestre 141 mil toneladas. para 50 mil toneladas (base casca) embarcadas para o exterior neste ano. ESFORÇO - O diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Arroz do Rio Grande do Sul, César Gazzaneo, afirma que além dos preços e dos excedentes, as exportações estão sendo aumentadas por conta de um grande esforço do setor. Sabemos do excedente que existe no Brasil e no Mercosul e precisamos tirar pelo menos uma parte deste excesso daqui para equalizar os preços da cadeia produtiva, explicou. 13 Expectativa no segundo semestre O analista da empresa Safras & Mercado, Aldo Lobo, acredita que o nível de negócios de exportação de arroz do Brasil deve reduzir no segundo semestre. Se o câmbio cair, o país perde competitividade. Uma provável falta de navios deve interferir também. Segundo Lobo, os embarques já realizados correspondem aos negócios firmados no início do ano. A oscilação do dólar por questões políticas agita o mercado, que a partir de agosto pode tomar novos rumos. Além disso, Senegal, o principal cliente, importa arroz de boa qualidade da Ásia e usa nosso quebrado para misturar. Para Lobo, o país africano importou o suficiente para abastecer- se, o que explica a queda da demanda. O economista Camilo Feliciano de Oliveira acredita que o Brasil tem condições de exportar mais de 250 mil toneladas em 2005. Com uma valorização do dólar para o patamar entre R$ 2,60 e R$ 2,70, seria favorecida também a exportação de produto de maior qualidade. Soltinho para o Japão Exportação em NÚMEROS n 53,72 mil toneladas* em 2004 n 7,61 milhões de dólares é o faturamento de 2004 n 141 mil toneladas* de janeiro a junho de 2005 n 19,22 milhões de dólares é o faturamento n 103 mil toneladas* foram exportadas para o Senegal n 250 mil toneladas* é a meta de exportação do Brasil * Base casca A indústria brasileira de arroz adota a estratégia de buscar mercados mais exigentes e viabilizar maior volume de negócios. É o caso da Josapar, do Rio Grande do Sul, que enviou 40,2 toneladas de arroz Tio João, marca líder no mercado nacional, para o Japão. A meta é atender os mais de 300 mil brasileiros que vivem no Japão e consomem arroz longo fino, soltinho, diferente do empapado consumido na Ásia. A Columbia Trading realizou o envio. Foi um passo para abrir mercados diferenciados com produtos de alto valor agregado, explicou Luciano Ferreira, gerente de vendas da Josapar. O Japão importa 600 mil toneladas por ano de diversos países. Essa é a primeira operação de exportação do arroz brasileiro ao mercado japonês. No ano passado, a empresa exportou sete mil toneladas (menos de 1% do total negociado no país). Até maio, 65% desse volume foi embarcado e a Josapar projeta exportações até 15% superiores a 2004. ASSINATURA REVISTA Questão básica O mercado internacional de arroz em 2005 representa apenas 4,1% (25,5 milhões de toneladas) da produção mundial de 621 milhões de toneladas estimada pela FAO. Tratase de um mercado absolutamente irreal pelo peso de altos subsídios conferidos pelos países exportadores e uma série de mecanismos de defesa de alguns países, como o Japão. Cerca de 90% de todo o arroz produzido e consumido no mundo está na Ásia. O Brasil ocupa a posição de maior produtor (13,29 milhões de toneladas) e consumidor (12,9 milhões de toneladas) de arroz fora deste eixo. É o nono maior produtor mundial e consta da relação dos 10 maiores importadores do mundo. Desde 2004 começou a surgir na lista dos exportadores com volumes significativos. Até então, não passava do patamar de 30 mil toneladas por ano. Planeta 14 RECURSOS HÍDRICOS Hidrômetro na Catarinenses medem quanto de água o arroz gasta s produtores de Santa Catarina preparam-se para rebater as acusações de que a lavoura de arroz irrigado é um dos empreendimentos que mais geram impacto ambiental, principalmente por consumir grande quantidade de água. Para a próxima safra, foi implantado em algumas áreas de irrigação um sistema que medirá o volume de água consumido. A medição será feita com calhas Parshall, espécie de hidrômetro que identifica o volume de água que passa no canal, entre o reservatório e a lavoura. Segundo o presidente da Associação Catarinense de Irrigação e Drenagem (Acid), Sérgio Marini, o objetivo é apresentar números reais, provar que a rizicultura irrigada não é uma vilã e preparar os produtores para a futura cobrança pela água. Além do monitoramento da água, os produtores catarinenses estão se ajustando às leis ambientais. Em acordos firmados com o Ministério Público, os lavoureiros estão se comprometendo a não plantar nas margens dos rios e arroios. Alguns produtores até recuaram suas lavouras, atendendo a exigência de não plantar a menos de 30 metros da mata ciliar. Os dados existentes sobre o consumo de água na lavoura de arroz são muito imprecisos, variando entre sete e 12 mil metros cúbicos por hectare. O volume varia conforme o controle do produtor, que pode evitar LAVOURA O Estrutura: produtores investem para regular o gasto com a água Questão básica O monitoramento do consumo de água na lavoura catarinense permitirá estabelecer o crescimento das áreas de cultivo nas safras futuras. Com a previsão de estiagem, será possível reduzir as áreas e garantir o abastecimento da população. O uso dos recursos hídricos é prioridade do ser humano. Em segundo lugar estão os animais e em terceiro, a agricultura. Para a próxima safra, apesar da crise de mercado, Santa Catarina vai manter os 155 mil hectares de lavouras. Em 2004/2005 a produtividade média foi de 6.741 quilos/hectare. desperdícios com o melhor manejo de taipas e evitando pontos de escape. Segundo Sérgio Marini, as lavouras catarinenses são cultivadas por 12,5 mil famílias e consomem entre sete e oito mil metros cúbicos de água. O sistema de cultivo pré-germinado ajuda a derrubar a média de consumo, pois usa menos água. Na safra passada, no muinicípio de Nova Veneza, os experimentos com a calha Parshall confirmaram esse consumo médio. algum tipo de irregularidade quanto ao meio ambiente. Preocupados em mudar esse quadro, os catarinenses registraram na última safra o maior volume de embalagens de agrotóxicos devolvidas para serem destruídas ou recicladas. Do total consumido na safra, 70% foram devolvidos. Fique de olho O presidente da Acid, Sérgio Marini, destaca que um levantamento apontou que 94% da área destinada para orizicultura em SC apresenta Planeta CULTIVARES Reforço MINEIRO 15 Minas Gerais lança três novas variedades A pesar da crise de preços na orizicultura, os órgãos de pesquisa de Minas Gerais não se acomodaram e estão colocando no mercado três novas cultivares. As variedades batizadas de Curinga, Seleta e Conai foram desenvolvidas atendendo demanda dos produtores, que enfrentam o desafio de produzir cada vez mais com menor custo. As novas sementes são o resultado da busca por plantas com características superiores, resistentes a doenças e às variações climáticas de Minas Gerais. As novas cultivares foram criadas através do programa de melhoramento genético do arroz de várzea da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), conduzido de maneira cooperativa e integrada com várias instituições de pesquisa do Brasil. Curinga, Seleta e Conai são cultivares que apresentam elevada produtividade, resistência a doenças e grãos com boas qualidades na indústria e na culinária. Questão básica O cultivo do arroz de sequeiro é considerado uma exploração de alto risco em Minas Gerais. O problema são as altas temperaturas que ocorrem nos meses de janeiro, fevereiro e março, causando perdas parciais ou totais das lavouras. A redução desse risco sempre foi uma preocupação da pesquisa, que vem procurando atenuar os danos do calor excessivo. Entre as alternativas possíveis estão: aumento da resistência à seca, o ajustamento da época de plantio, as práticas culturais como aração profunda e a redução do ciclo das cultivares. A obtenção de cultivares que associem resistência à seca com precocidade é um dos maiores desafios dos pesquisadores. Diversidade: Epamig desenvolve variedades adaptadas ao clima mineiro FIQUE DE OLHO Curinga, Seleta e Conai foram desenvolvidas pela Epamig e Universidade Federal de Lavras (Ufla), em parceria com a Embrapa Arroz e Feijão e apoio da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). As novidades de Minas Gerais CURINGA n Ciclo de 132 dias n Produtividade de 4.465 kg/ha n Cultivar melhorada para condições de várzea úmida ou drenada n Boa qualidade culinária. Grãos soltos e macios após cozimento n A primeira cultivar agulhinha, de alta qualidade de grãos, recomendada para as condições de várzea úmida ou drenada n Produção para sistemas de terras altas e várzea SELETA n Ciclo de 130 a 140 dias n Produtividade superior a 6,5 mil quilos por hectare n Resistente ao acamamento e maior resistência à brusone que as cultivares em uso em MG n Indicada para cultivo sob condições de arroz irrigado por inundação contínua, com controle da lâmina de água, ou em condições de várzea úmida CONAI n Ciclo de 108 dias n Produtividade média de 4.145 quilos por hectare n É a primeira cultivar de arroz de sequeiro superprecoce que possui grão agulhinha, os preferidos e os mais valorizados do mercado n Para plantio em terras altas 16 Planeta SAFRA BRASIL Panela de O PRESSÃO s orizicultores do Mato Grosso vão decidir o plantio da nova safra em um momento de muita tensão. Segundo maior produtor do Brasil, com 15,3% da colheita nacional, o Mato Grosso vive uma situação dramática para decidir a formação da nova lavoura. Os órgãos de fiscalização do meio ambiente cassaram licenças de abertura de área que já estavam autorizadas e suspenderam a emissão de novas autorizações. A principal variedade plantada no Mato Grosso, com maior área e rendimento e menor custo de produção - Cirad 141 -, perdeu suas características de longo fino e está valendo menos de um terço do que valia há um ano. Os produtores do Mato Grosso conseguiram a prorrogação do pagamento das parcelas de custeio de junho, julho e agosto para março e abril de 2006. Mesmo assim, o sistema financeiro ainda não liberou recursos ou as regras de financiamento para a próxima safra. Esta safra está bem mais difícil de ser decidida do que as demais, frisa Jorge Fagundes, da Futura Cereais, de Cuiabá (MT). Segundo ele, a falta de crédito, a suspensão das aberturas de área e a desclassificação do Cirad poderão reduzir a lavoura do Mato Grosso em 20%. O presidente da Associação dos Produtores de Arroz do Mato Grosso, Ângelo Maronezzi, acredita que a área poderá ser afetada em um percentual ainda maior. Para Safras & Mercado, a redução será de 19%. ABERTURA - O produtor de arroz em Feliz Natal, Moisés Debastiani, lembra que esta moratória das licenças para abertura de área deve refletir também na safra MT decidirá nova safra em momento tenso Maronezzi: muitos obstáculos para chegar à nova safra Questão básica Na safra passada, segundo dados da Conab, o Mato Grosso plantou 776,9 mil hectares de arroz, 15% a mais do que os 675,6 mil que havia plantado na safra 2003/2004. O Mato Grosso colheu em 2005 cerca de 2.630 quilos de arroz por hectare, totalizando uma produção de 2.673,8 toneladas, 6,2% a mais do que no ano passado. Se reduzir cerca de 20% sobre os números da Conab, que estão sendo indicados pelo setor, a lavoura de arroz do Mato Grosso terá 620 mil hectares. Repetindo a produtividade de 2.630 quilos por hectare, o estado alcançará uma produção de 1,63 milhão de toneladas. 2006/2007. A área aberta recebe o arroz por dois anos. Depois disso, tem que passar para soja ou outra cultura, pois a produtividade tende a diminuir ou o investimento passa a não compensar. Sendo assim, as áreas que deixarem de ser abertas neste ano, não receberão arroz no ano que vem. Planeta 17 SAFRA BRASIL Com os dias CONTADOS unanimidade: a cultivar de arroz Cirad 141, que chegou a ser considerada a salvação da lavoura de terras altas no Mato Grosso por mais de uma década, vai perder o seu espaço e será uma das razões para redução da área orizícola na safra 2005/2006. A Associação dos Produtores de Arroz do Mato Grosso (APA-MT) reconhece isso. Excelente para plantar em abertura de áreas, com boa estabilidade produtiva e rusticidade, o Cirad 141 foi bem aceito pelo mercado em seu lançamento (1994), valorizou a cultura do arroz de sequeiro e atraiu indústrias que marcaram o início das vendas do Mato Grosso para o país. A multiplicação de sementes crioulas e o baixo uso de sementes fiscalizadas e certificadas fizeram com que ao longo do tempo a variedade perdesse suas características de grão longo fino, enquadrando-se agora como longo. Bom para o produtor, o Cirad deixa a desejar na panela. Leva 90 dias para envelhecer e permitir o beneficiamento e comercialização, tem cheiro característico e gruda na panela, desagradando ao consumidor. Ovídio Costa Miranda, superintendente da Conab no MT, explicou que para ser longo fino, pelo menos 80% dos grãos precisam ter a espessura máxima de 1,90 milímetro. Os técnicos, entretanto, identificaram dimensões de 1,91 a 1,94 milímetro em mais de 80% dos grãos. Com isso, só a região de Sinop, no norte do MT, tem um prejuízo superior a R$ 500 milhões, segundo levantamento da APA-MT. O preço mínimo do saco de 60 quilos de arroz longo fino no MT é R$ 20,70, enquanto para o longo é de R$ 10,73. Atualmente, o Cirad com 50% de Cultivar Cirad 141 está condenada a desaparecer do MT É Variedade Cirad 141: o fim de um ciclo importante para a lavoura do MT Dito & Feito Não vamos apoiar o uso da semente Cirad 141 porque não é o arroz que a dona de casa quer. Presidente do Sindicato das Indústrias de Beneficiamento de Arroz de Mato Grosso, Marco Antônio Lorga, informando que a cultivar está descartada pelo mercado mato-grossense. Questão básica A capacidade ociosa das indústrias do Mato Grosso poderá ser suprida parcialmente pelo estoque de passagem, mas terá problemas porque é grande o volume de arroz comprometido por baixa qualidade, com alto índice de quebrados, grãos amarelos, picados de insetos, manchados e gessados. Sendo assim, é muito provável que o estado precise se abastecer de arroz nos estados vizinhos, no Sul e, se compensar, até importar do Mercosul. inteiros - que era vendido acima de R$ 30,00 há um ano - é negociado FOB/Sinop por R$ 9,00 a R$ 11,00. NOVA - O Primavera é vendido por R$ 17,50 a R$ 19,00 FOB e R$ 20,50 posto em Cuiabá. Para desovar parcialmente seu grande estoque, o Cirad tem sido misturado ao longo fino em percentual autorizado por lei. Diante deste cenário, os produtores vão optar pela cultivar Primavera, menos produtiva, mais exigente e de maior custo de produção, mas preferida pela indústria. A cadeia produtiva do MT e a Embrapa Arroz e Feijão, de Goiás, estão empenhadas na busca de novas e alternativas variedades para o Mato Grosso. 18 Planeta SAFRA BRASIL A lavoura ENCOLHEU redução da lavoura de arroz no estado do Mato Grosso do Sul está se tornando realidade. A aguda crise que atinge o mercado orizícola está levando os produtores a colocarem em prática a proposta do presidente da Associação dos Produtores de Arroz e Irrigantes (Apai), Roberto Coelho, que desde o final do ano passado defende a idéia de reduzir a lavoura. Segundo ele, os produtores precisam derrubar os custos de produção para permanecerem no mercado e isso só será possível trabalhando com áreas menores. Segundo Roberto Coelho, a receita é usar apenas a terra que é mais produtiva e de fácil manejo para reduzir custos. Coelho é proprietário da Fazenda San Francisco, onde está instalada a maior lavoura de arroz do estado do Mato Grosso do Sul, com cerca de 1,2 mil hectares. Para a safra 2005/ 2006, a San Francisco deverá reduzir em aproximadamente 30% a área cultivada com arroz. Na safra passada, foram cultivados no Mato Grosso do Sul cerca de 53,1 mil hectares de arroz e o rendimento médio foi de 4,6 toneladas por hectare. A MS reduzirá área na safra 2005/2006 de arroz irrigado Lavouras do Mato Grosso do Sul serão menores na safra 2005/2006 Questão básica O agrônomo Darci Azambuja, que trabalha na Fazenda San Francisco, explica que a baixa cotação do arroz no mercado afetou principalmente os produtores que trabalham em áreas arrendadas. Segundo ele, cerca de 70% dos arrozeiros do Mato Grosso do Sul dependem do arrendamento de áreas para plantar. Os produtores estão enfrentando dificuldades em buscar recursos para investir na próxima safra. Muitas empresas só aceitam vender à vista e quem tem pouco recurso terá que plantar menos e desenhar uma lavoura com baixa tecnologia, observa Azambuja. Cicatrizes da crise O péssimo momento do arroz no mercado brasileiro deixará cicatrizes. Sem recursos para investir no campo, os produtores do Mato Grosso do Sul já esperam uma queda de produtividade para as próximas safras. Sem investir em tecnologia, principalmente em semente de qualidade e adubação, os produtores irão colher menos, explica o agrônomo Darci Azambuja. Segundo ele, a Fazenda San Francisco alcançou a produtividade média de 7,5 mil quilos de arroz por hectare na safra passada e projeta colher no ano que vem uma média de aproximadamente 6,7 mil quilos por hectare. Além das perdas futuras na lavoura de arroz, muitas lavouras estão sendo substituídas pelo cultivo de soja, milho ou pecuária. A crise na orizicultura tem um sintoma bem claro: o preço do arroz não cobre os custos de produção. Planeta SAFRA BRASIL Corrida com 19 BARREIRAS Maranhão é o quinto maior produtor nacional egundo dados levantados em junho pela Conab, a produção maranhense de arroz foi de 707,7 mil toneladas na safra 2004/ 2005, queda de 1,7% frente à safra anterior. Com isso, o estado passa a ser o quinto maior produtor brasileiro de arroz, atrás do Rio Grande do Sul (6,2 milhões de toneladas), Mato Grosso (2,043 milhões de toneladas), Santa Catarina (1,049 milhão de toneladas) e Pará (722,7 mil toneladas). Até a pesquisa anterior, realizada em maio, o Maranhão ocupava a quarta posição nesse ranking, pois a produção paraense era estimada em 677,5 mil toneladas. O desenvolvimento da orizicultura no Maranhão enfrenta muitas barreiras. O isolamento é um problema sério. Temos também dificuldades de armazenagem e infra-estrutura. Além disso, doenças como brusone, mancha-preta e mancha-parda são comuns, afirma o produtor Mário Albuquerque, da Fazenda Santa Maria, localizada em Urbano Santos (MA). A falta de incentivo do poder público, tanto federal como estadual, é um dos maiores problemas, na opinião de Rodolfo Vieira, da Distribuidora Combate, da cidade de Balsas (MA). Ficamos à mercê da safra do Sul, diz. S Vantagem: o avanço da fronteira agrícola e a demanda por arroz O estudo publicado pela Embrapa Meio Norte em 2001, intitulado Cadeia produtiva do arroz no estado do Maranhão, aponta outros entraves. Custos elevados, forte taxação tributária, sementes pouco adaptadas, falta de maquinário especialmente colheitadeira - para alugar, a falta de informação sobre preços e sobre mercado, além da baixa qualidade do produto, são exemplos. VANTAGENS - Por outro lado, o estudo revela algumas das vantagens de se produzir arroz no estado. Dentre as principais, estão a possibilidade de avanço da fronteira agrícola (apesar das restrições ligadas à necessidade de preservação ambiental), a localização privilegiada do estado, a existência de pólos de crescimento econômico ativos e a demanda forte e pouco exigente por arroz. O consumo per capita de arroz branco no Maranhão é de cerca de 80 quilos/habitante/ano, sendo um dos maiores do Brasil (média de 50 quilos/ habitante/ano). Contudo, o arroz mais consumido no estado é o tipo 2, uma vez que a maior parte da população maranhense se encontra em camadas de médio a baixo poder aquisitivo. (Por Mariana Perozzi - www.arroz.agr.br) Planeta 20 SAFRA BRASIL Rotação INTELIGENTE Cabe um RS de arroz no Tocantins ocantins é o estado brasileiro que apresenta as condições tecnológicas e ambientais mais favoráveis para o aumento da produção de arroz nas próximas safras. Além de disponibilidade de área, os agricultores trabalham com um sistema inteligente de irrigação. A técnica é chamada de subirrigação e permite a rotação de culturas, rendendo até três safras por ano na mesma lavoura. A rotação favorece a cultura do arroz, que encontra maior fertilidade do solo e tem bom desempenho até mesmo no cultivo da soca. Segundo Luís Henrique Michelin, coordenador de sanidade vegetal da Agência de Defesa Agropecuária do Tocantins, o segredo está no manejo de água em canais de irrigação nas áreas de várzea durante as épocas de seca. O sistema eleva o lençol freático, permitindo que na entressafra do arroz irrigado a área seja aproveitada para as espécies de sequeiro, como soja, sorgo, algodão, melancia, milho, feijão, melão, tomate e abóbora. Com menor custo de produção e melhor qualidade sanitária, as espécies de sequeiro cultivadas nas várzeas muitas vezes são mais rentáveis economicamente que o arroz irrigado. O cultivo de arroz de terras altas está distribuído por todas Manejo do Tocantins usa água do subsolo e garante bom sistema de irrigação T Questão básica A planície da Bacia do Araguaia, no Tocantins, ocupa cerca de 1,2 milhão de hectares. O Vale do Araguaia constitui-se em uma das regiões mais promissoras para a expansão da orizicultura brasileira, com condições para atender o mercado das regiões Norte, Nordeste, Centro-oeste e Sudeste. O Tocantins poderá concentrar futuramente a mesma dimensão das lavouras de arroz do Rio Grande do Sul - 1,1 milhão de hectares -, onde é produzido cerca de 50% do arroz brasileiro. as regiões do Tocantins, enquanto o irrigado concentra-se nas regiões Centro-oeste e principalmente no Sudeste. As maiores produções de arroz irrigado estão nos municípios de Cristalândia, Dueré, Formoso do Araguaia, Lagoa da Confusão e Pium. Para a próxima safra, a área de arroz deverá ser mantida ou até sofrer uma pequena redução motivada pela crise no mercado orizícola. Na safra 2004/ 2005, foram cultivados 199 mil hectares de arroz, 23,1% mais que na safra anterior, quando foram cultivados 161,6 mil hectares. A produtividade média na safra passada foi de 2,3 mil quilos por hectare, sendo que o arroz de sequeiro rendeu uma média de 1,7 mil quilos por hectare e o irrigado, 4,4 mil quilos por hectare. Prós & contras n No Vale do Javaés, no Tocantins, há uma área de várzea com mais de 500 mil hectares. Localizada entre o Rio Araguaia e seus afluentes, Urubu, Javaés e Formoso, a região é considerada a maior área contínua para irrigação por gravidade do mundo. Nessa área estão instalados o Projeto Rio Formoso, no município de Formoso do Araguaia, e o Projeto Javaés, na Lagoa da Confusão. Ambos os projetos ocupam apenas 45 mil hectares com a cultura do arroz, no período chuvoso. n O fator limitante da cultura do arroz no Tocantins é a incidência de doenças, especialmente brusone, responsável por perdas consideráveis na produção e na qualidade dos grãos. O clima da região e o manejo deficiente da irrigação favorecem o surgimento da doença fúngica. Planeta 21 GENTE O congresso do professor O professor Enio Marchezan, do departamento de fitotecnia do curso de Agronomia do Centro de Ciências Rurais da Universidade Federal de Santa Maria (CCR/UFSM), dispensa apresentações para a lavoura gaúcha de arroz. Aos 52 anos, no entanto, está enfrentando um gigantesco desafio na presidência da Sociedade Sul-brasileira do Arroz Irrigado (Sosbai). Marchezan, que é doutor em fitotecnia e integra o grupo de arroz irrigado e uso alternativo de várzeas do CNPq, preside também o IV Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado e a XXVI Reunião da Pesquisa de Arroz Irrigado. O evento, que realiza com a Sosbai e a UFSM, apresenta os resultados das mais recentes pesquisas das universidades e instituições gaúchas e catarinenses de pesquisa, também gera as novas recomendações técnicas para as lavouras de arroz irrigado nestes estados e é um importante fórum da ciência e tecnologia em arroz, com a presença de cientistas dos demais estados brasileiros e de toda a América Latina. O congresso acontece de 9 a 12 de agosto, no Park Hotel Morotin, em Santa Maria (RS). O Valente do arroz O Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga) comemora um importante reforço. O engenheiro agrônomo especializado em irrigação e drenagem e uma das principais autoridades em orizicultura familiar do Rio Grande do Sul, Luis Antonio De Leon Valente, 56 anos, foi cedido pela Ascar/Emater-RS, onde ocupou o cargo de assistente técnico estadual do arroz, para assumir o cargo de chefe da Divisão de Assistência Técnica e Extensão Rural do Irga (Dater), c o o r d e n a n d o engenheiros agrônomos e técnicos em agropecuária dos escritórios regionais e núcleos de assistência técnica e extensão rural do instituto nos municípios arrozeiros gaúchos. Ele é extensionista há 32 anos na área de arroz, irrigação e drenagem. Valente é formado pela Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (UFPel), com especialização em irrigação e drenagem pela Universidade Federal de Lavras (UFL), de Minas Gerais, pelo Ciat (Colômbia) e na Alemanha. 22 Planeta PESQUISA A MARCA da tecnologia 20% mais produção, 30% menos custos Embrapa Clima Temperado está comemorando os bons resultados da primeira safra de arroz produzida com as orientações do projeto Marca. As regras para o Manejo Racional do Arroz (Marca) foram implantadas na safra 2004/2005 por seis produtores gaúchos que conseguiram aumento de produtividade com redução de custos de produção. Segundo o agrônomo José Alberto Petrini, pesquisador da Embrapa, o primeiro ano do projeto atingiu as expectativas, mostrando que a lavoura de arroz do Rio Grande do Sul pode se tornar mais eficiente, competitiva e rentável. Na safra 2004/2005, 110 hectares de arroz foram trabalhados com o Marca, colocando no campo técnicas de manejo aplicadas de modo racional e que não comprometem a qualidade ambiental. Os resultados mais significativos foram verificados na produtividade, 20% superior à média estadual, e nos custos de produção, 30% abaixo da média. Esse desempenho está relacionado com a redução de 20% na densidade de semeadura, menor uso de produtos químicos, economia de recursos hídricos e boa produtividade. Em uma área comercial, na Estância Guatambu (Dom Pedrito-RS), o Marca atingiu a média de 9.940 quilos/hectare de arroz. A média dos custos de produção do saco de arroz (50 quilos) com o projeto Marca foi de R$ 21,00, com produtividade média de7,3 milquilos/ hectare. No RS, o custo médio de produção foi de R$ 30,00, segundo o Irga. Produtividade de 6,1 mil quilos/ hectare. A Projeto Marca é sinônimo de excelência em produção de arroz Questão básica Para a safra 2005/2006, o projeto Marca será trabalhado por nove produtores das cidades gaúchas de Santa Vitória do Palmar, Jaguarão, Pelotas, Osório, Dom Pedrito, Rosário do Sul, Alegrete, Itaqui e Cachoeira do Sul. Cada lavoura terá entre 10 e 20 hectares e a área total chegará a 150 hectares. Na safra 2004/2005, o projeto foi desenvolvido em cinco propriedades do Rio Grande do Sul: Estação Experimental Terras Baixas/Embrapa Clima Temperado e na Granja da Várzea (Pelotas), Granja Bretanhas (Jaguarão) e fazendas Guatambu e Tulipa (Dom Pedrito). O objetivo é aumentar a produtividade de grãos no mínimo 20% acima da média do Rio Grande do Sul, destaca José Alberto Petrini. 23 Os eixos do projeto Marca Estruturação da área da lavoura n Orientações para a sistematização da superfície do solo, facilitando o manejo da água. Uniformidade na altura da lâmina de água é um dos fundamentos básicos da lavoura de arroz, assim como as definições de estradas e canais de irrigação. Preparo prévio da área n Recomendação para preparar a lavoura antecipadamente, de preferência no verão anterior à implantação da lavoura. O objetivo é viabilizar a utilização do plantio direto ou cultivo mínimo na época de semeadura adequada. As taipas, de base larga, também devem ser demarcadas e construídas previamente. Época de semeadura n O plantio deve ser feito de modo que a diferenciação da panícula (DP) ocorra, no máximo, até 1º de janeiro. Com base no zoneamento agroecológico para as diferentes regiões orizícolas do Rio Grande do Sul, foram estabelecidos oito grandes faixas de épocas de semeadura, sendo quatro para cultivares de ciclo médio e quatro para cultivares de ciclo precoce. Para as cultivares de ciclo médio, a semeadura deverá ser realizada de 21 de setembro a 20 de novembro nas regiões mais quentes e de 21 de outubro a 20 de novembro nas regiões mais frias. Para as cultivares de ciclo precoce, o período varia de 11 de outubro a 10 de dezembro nas regiões quentes e de 1º a 30 de novembro nas regiões frias. Densidade de semeadura n A quantidade de sementes deverá possibilitar um estande de 200 a 300 plantas por metro quadrado com cobertura uniforme da área. Para isto, o volume de sementes a ser utilizada pelo produtor será de 120 a 150 quilos para cada hectare, dependendo da porcentagem de germinação das sementes. Adubação n Recomenda-se a aplicação de fertilizantes NPK (nitrogênio, fósforo e potássio), de acordo com os resultados de análise do solo. O nitrogênio em cobertura deverá ser parcelado: uma quando a planta estiver no estágio de quatro a cinco folhas (início do perfilhamento), aplicado em solo seco. A submersão do solo deverá ser feita até 72 horas depois. A outra aplicação de nitrogênio deverá ser feita na época da diferenciação da panícula, sobre lâmina de água não circulante. Quando a dose de nitrogênio recomendada for igual ou inferior a 50 quilos por hectare, a adubação em cobertura deverá ser realizada na diferenciação da panícula. As doses de fósforo e potássio deverão ser aplicadas em pré-plantio incorporado ou em linha na semeadora. Controle de plantas daninhas n A orientação aos produtores é para aplicação de produtos com maior poder residual em pré-emergência e produtos em pós-emergência conforme a recomendação técnica que possibilitem um controle efetivo das plantas daninhas. Aplicar somente agrotóxicos registrados e reduzir em 20% a dose recomendada. Manejo da água n Manter uma altura de lâmina de água na lavoura de aproximadamente 10 centímetros. Em regiões com problema de frio, na microsporogê- nese (fase de emborrachamento - 55 a 65 dias após a emergência do arroz) elevar a lâmina de água para um mínimo de 15 centímetros por 15 a 20 dias. A entrada de água na lavoura deve ocorrer até 30 dias após a emergência das plântulas (estágios V4 e V5). Evitar ou minimizar o resíduo de pesticidas e nutrientes na água de drenagem. Não drenar a lavoura de arroz antes dos 30 dias após a aplicação de agrotóxicos. O término da irrigação, ou a supressão do fornecimento de água à lavoura, deverá ocorrer a partir do 10º dia após as plantas vencerem 80% do estágio de floração. O procedimento reduz a quantidade de água utilizada e facilita a colheita, evitando a degradação do solo. Diferenciação da panícula n O produtor deve identificar o estágio de diferenciação da panícula para efetuar a adubação de cobertura, pois esta é a fase indicada para a aplicação desse insumo. Colheita n A colheita deve ser feita tão cedo quanto possível, após a maturação fisiológica, com umidade do grão variando entre 18% e 23%. Entre as grandes lavouras da safra de verão, o cultivo de arroz é o que apresenta maiores perdas, chegando a 22% do total da produção. Cultivares com maior suscetibilidade ao trincamento de grão em pré-colheita deverão ser colhidas prioritariamente, não deixando atingir umidade do grão abaixo de 18%. Secagem n A secagem dos grãos deverá ser iniciada tão logo se realize a colheita ou, no máximo, até 24 horas após. Entretanto, se isso não for possível, é importante pré-limpar, aerar ou présecar o arroz, mantendo-o sob aeração constante até a secagem completa. Também é importante não deixar os grãos úmidos na moega, sem aeração. O rendimento de grãos deve ser monitorado constantemente, verificando a eficácia dos métodos de controle do trincamento. 24 Planeta PESQUISA ALTERNATIVAS para o sul gaúcho Linhagem tolera temperaturas médias mais baixas m dos principais problemas associados à lavoura de arroz irrigado no Rio Grande do Sul é a ocorrência de temperaturas baixas, que pode causar sérios danos quando na fase reprodutiva da planta, mas também prejudica o estabelecimento e desenvolvimento inicial da lavoura semeada no cedo. Por este motivo, o Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga) vem desenvolvendo um programa de melhoramento específico para tolerância ao frio, conduzido na Subestação Experimental do Arroz de Santa Vitória do Palmar (RS) desde a safra 1995/1996. Esse local foi escolhido por ser um dos que apresentam temperatura média mais baixa dentre as regiões orizícolas do estado. Na safra 2004/2005 foi apresentada aos produtores de arroz que participaram do dia de campo realizado na Subestação de Santa Vitória do Palmar uma linhagem, denominada Irga 2423-3-6V-3V-1, que atualmente é a mais promissora dentre as desenvolvidas neste projeto. A linhagem também foi apresentada no tradicional dia de campo realizado na Estação Experimental do Arroz do Irga, em Cachoeirinha (RS). A melhorista Renata Pereira da Cruz explica que devido ao contínuo processo de seleção nas condições ambientais de Santa Vitória, a linhagem Irga 2423-36V-3V-1 se mostra adaptada e altamente produtiva em ambiente em que predominam temperaturas médias e mínimas inferiores ao restante do estado. O material tem ciclo médio U Renata: experimentos podem resultar em variedade para a zona sul gaúcha FIQUE DE OLHO Questão básica Selecionada a campo, onde a temperatura às vezes não é baixa o suficiente para impor boa pressão de seleção, a linhagem não é considerada tolerante ao frio. Ela é adaptada para a zona sul gaúcha, com temperatura média mais baixa. A decisão sobre o lançamento como cultivar será tomada na próxima safra, após nova avaliação. A linhagem será plantada em parcelões de seis propriedades em diferentes regiões gaúchas. Os produtores vão opinar. n Sob a coordenação de Renata Cruz, é conduzido o melhoramento de cultivares tolerantes ao frio do Irga. Atualmente, a seleção de linhas conduzida na Subestação de Santa Vitória é complementada com uma seleção em condição de temperatura controlada, em que somente as plantas com capacidade de germinação em 13°C e de sobrevivência a uma temperatura de 10°C na fase vegetativa são selecionadas. tardio (cinco a 10 dias maior que a BRIrga 410), porte baixo, alto potencial de perfilhamento e elevado rendimento de grãos. A sua vantagem diz respeito à qualidade dos grãos, que além de apresentarem alto teor de amilose, têm menor centro branco e melhor rendimento industrial que as cultivares BR-Irga 410 e El Paso L 144, as mais plantadas atualmente na zona sul do estado. n Esses procedimentos, segundo Renata, permitem aliar a seleção de plantas com bom potencial agronômico com a seleção daquelas com maior tolerância ao frio nas fases iniciais. Esse trabalho é desenvolvido com o Fundo Latino-americano de Arroz Irrigado (Flar). Planeta 25 PESQUISA Semente protegida, BRUSONE CONTROLADA EMBRAPA ARROZ E FEIJÃO Doença é fator limitante no Centro-oeste entre as medidas preventivas para combate à brusone, a principal doença do arroz, encontra-se o tratamento químico das sementes. Contudo, qual seria o princípio ativo mais eficiente para o controle da doença nas folhas? Em busca dessa resposta, a pesquisadora Valácia Lobo, da Embrapa Arroz e Feijão, fez o teste em uma lavoura experimental em Santo Antônio de Goiás (GO), utilizando a cultivar BRS Primavera no sistema de cultivo de terras altas. Os tratamentos e doses (gramas de princípio ativo por 100 quilos de sementes) foram: azoxystrobin (100g); tiofanato metílico (175g); pyroquilon (400g); pyroquilon (200g); trifloxystrobin mais propiconazole (50 + 50g); tricyclazole (225g) e carboxin mais thiram (60g). Segundo Valácia Lobo, a menor severidade de brusone foi observada nas parcelas que receberam azoxystrobin e pyroquilon (400g). Este último, na dosagem menor (200g) apresentou resultado intermediário, bem como tricyclazole JHJKHJH e trifloxystrobin mais propiconazole. JáHKJHKJH o carboxin mais thiram e o tiofanato metílico não obtiveram êxito. HKHKH De acordo com a pesquisadora, os fungicidas tricyclazole e azoxystrobin são indicados para controle de brusone via aplicação foliar. No entanto, nas últimas safras esses produtos estão sendo amplamente usados pelos agricultores no tratamento de sementes, apresentando bons resultados. É preciso atenção às novas opções de controle, uma vez que o produto (pyroquilon) mais usado no D Ataque de brusone nas folhas da planta de arroz Parcela onde o tratamento Parcela em que não houve de sementes obteve sucesso a proteção da lavoura tratamento de sementes e que melhor proteção oferece às plantas não está mais disponível no mercado. Valácia finaliza com uma ressalva. Os dados do experimento são preliminares, sendo necessária a comparação com outros ingredientes ativos aplicados via semente para controle de doenças do arroz. Além disso, é preciso se levar em conta a relação custo/benefício para se fazer a recomendação ao agricultor. 26 Planeta PESQUISA CLEARFIELD: segunda geração ma verdadeira revolução no manejo de ervas daninhas na lavoura de arroz do Rio Grande do Sul foi provocada a três safras quando o Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga) colocou no mercado a cultivar Irga 422CL, desenvolvida especialmente para o sistema de produção Clearfield em parceria com a Basf, uma das principais empresas de insumos do mundo. A variedade Irga 422CL é tolerante ao princípio ativo do herbicida Only, da Basf, e esse sistema consegue eliminar da lavoura gaúcha de 80% a 98% de alguns dos principais inços, com destaque para o arroz vermelho. Apesar da eficiência desse processo, a pesquisa agrícola tem por princípio o desafio de sempre evoluir, buscando aperfeiçoar as tecnologias e/ou os meios de produção. Assim, entre as ações de pesquisa do Programa de Melhoramento Genético do Irga está o projeto Clearfield, no qual é objetivo o desenvolvimento de cultivares tolerantes a herbicidas do grupo das imidazolinonas para o controle do arroz vermelho, em parceria com a Basf. A cultivar Irga 422CL, lançada no ano de 2002, foi a primeira desenvolvida para o sistema de produção Clearfield no Rio Grande do Sul e no Brasil. Essa fase, chamada de primeira geração, não encerrou as pesquisas. Houve continuidade nos trabalhos de melhoramento genético para o desenvolvimento de novas cultivares para esse sistema de produção, porém baseado em outro gene que confere tolerância a herbicida também do grupo das imidazolinonas (segunda geração). 420 - A pesquisadora Mara Cristina Barbosa Lopes está realizando Sistema Clearfield ganhará novas cultivares Irga U Mara Lopes: novas variedades Clearfield a caminho Questão básica Em relação ao Irga 422CL, a nova cultivar está sendo selecionada para apresentar características diferenciais, como resistência a toxidez por ferro, maior potencial produtivo, ausência de pilosidade nas folhas e grãos e principalmente menor efeito de toxicidade nas plantas após a aplicação do herbicida. esse trabalho através do método de retrocruzamento, no qual foi utilizada como fonte doadora do gene uma linhagem americana, e como fontes recorrentes, cultivares e linhagens do programa de melhoramento do Irga. O material mais avançado é proveniente da cultivar Irga 420, onde já foram realizadas várias gerações de cruzamentos e seleções. Ainda existem algumas etapas a serem vencidas, como a identificação de plantas homozigotas para a tolerância ao herbicida, multiplicação de sementes e inclusão em ensaios de rendimento para diferentes avaliações, como p ro d u t i v i d a d e , c a r a c t e r i z a ç ã o fenotípica e adaptação regional. A perspectiva é de lançamento de uma nova cultivar no ano de 2008. 27 Busca do MELHOR A busca de cultivares mais produtivas, resistentes às adversidades, que atendam a demanda do produtor, da indústria e do consumidor é o grande desafio dos melhoristas. No caso específico das variedades para o sistema Clearfield, além da metodologia de retrocruzamento para o desenvolvimento de novas cultivares, a melhorista Mara Cristina Barbosa Lopes também conduz a seleção pelo método genealógico, onde são planejados cruzamentos utilizando fontes que contemplem características desejáveis como boa qualidade de cocção dos grãos, produtividade, resistência à brusone, toxidez por ferro e debulha dos grãos, entre outras. Segundo ela, os resultados serão obtidos a mais longo prazo. Entretanto, para acelerar o processo de desenvolvimento são realizados, no inverno, avanços de gerações em outra região do Brasil. O sistema de produção Clearfield contempla a cultivar, o herbicida e um programa de monitoramento junto aos produtores. Questão básica Segundo a pesquisadora Mara Cristina Barbosa Lopes, desde o início da implantação do sistema Clearfield no Rio Grande do Sul houve, paralelamente ao programa oficial, a pirataria das sementes, o que poderá prejudicar muito o bom andamento do uso desta tecnologia na lavoura de arroz. Irga 422CL: um marco na orizicultura gaúcha no combate ao arroz vermelho PROJETO CLEARFIELD Ações do Comitê de Gerenciamento da Tecnologia Clearfield/Arroz Irga-Basf contra a pirataria: da nova direta dos 1 Fortalecimento 2 Utilização 3 Ação do projeto legislação de sementes e produtores de Clearfield/IrgaBasf: ampliando a oferta de sementes, facilitando o acesso a tecnologia a um número maior de produtores. mudas, através do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e Associação dos Produtores de Sementes do RS (Apassul), realizando campanha para valorizar e incentivar a utilização de semente oficial. sementes Clearfield e Apassul junto aos agentes de crédito rural, para exigência do uso de semente certificada para lavouras financiadas por esses órgãos. de 4 Campanha conscientização dos riscos da utilização de sementes com origem desconhecida, na tecnologia Clearfield, através de material de divulgação da tecnologia e dos riscos e prejuízos, reuniões e palestras de esclarecimento a técnicos, produtores, canais e revendas de insumos. 28 Planeta PESQUISA Irga no mundo DO HÍBRIDO Instituto Rio-grandense do Arroz está desenvolvendo pesquisas com arroz híbrido. A meta é colocar no mercado gaúcho alternativas para aumentar o potencial produtivo das lavouras irrigadas. O trabalho de pesquisa iniciou em 2000, quando a Fazenda Ana Paula estabeleceu um convênio com o Instituto de Pesquisa em Arroz de Hunan, da China. A parceria envolveu o Irga em 2003. Em quatro safras, o híbrido que está sendo testado deve chegar ao mercado. Ricardo Scherer, consultor técnico da Ana Paula, observa que a pesquisa é necessária para a evolução tecnológica da orizicultura e oferece novas ferramentas de trabalho aos produtores. Além de Scherer, quatro chineses desenvolvem os estudos e experiências com arroz híbrido na Estação do Arroz, em Cachoeirinha (RS). Lianfang Wang é o líder do grupo. Segundo Scherer, o projeto Arroz Híbrido do Irga finalizou a segunda safra este ano confirmando o incremento médio de 20% sobre as variedades testemunhas. Para que as cultivares de arroz híbrido tenham aceitação pelos produtores e o mercado, alguns desafios devem ser superados através do melhoramento genético e do desenvolvimento de tecnologias adequadas à realidade brasileira, frisa. Segundo Scherer, num primeiro momento, as cultivares híbridas de arroz devem conferir o ganho em produtividade sem prejuízo da qualidade industrial e culinária. O apoio da agricultura de precisão na correta distribuição das sementes e adubos e o manejo otimizado para obtenção de altos rendimentos são indispensáveis no sentido de superar os custos adicionais de produção. Híbrido do Irga é um negócio da China O Chinês no Irga: tripla parceria permite pesquisas Questão básica O híbrido é o resultado do cruzamento de duas linhas geneticamente diferentes que explora o fenômeno da heterose (vigor). Essa tecnologia permite incrementar o potencial produtivo em média em 20%, mas não permite a multiplicação de sementes, pois haveria uma segregação gênica. O vigor híbrido significa que o vegetal herdou as boas características das plantas de origem. Na China, onde são cultivados cerca de 30 milhões de hectares de arroz, cerca de 50% das lavouras usam sementes híbridas. Na safra 2004/2005, a pesquisa do Irga e Fazenda Ana Paula trabalhou com seis linhas promissoras. As sementes foram cultivadas em diferentes localidades do Rio Grande do Sul e na região norte do Brasil. Os primeiros resultados da área de teste deverão ser divulgados no final de agosto. São critérios de avaliação a produtividade, a adaptação das plantas e a qualidade industrial. O pesquisador Lianfang Wang trabalha há 20 anos com pesquisas e destaca que a China é o berço dessa tecnologia. A menor densidade de semeadura do híbrido, variando entre 35 e 50 quilos por hectare, compensa o custo mais elevado das sementes. O sucesso do sistema está no maior perfilhamento, nas panículas maiores e nos grãos mais pesados. Um de seus fundamentos é não deixar faltar água no arroz durante a floração. Planeta 29 REPORTAGEM DE CAPA Edson, Alberto e Anderson Milbradt: trabalho em família Lavoura de pai PARA FILHO Gestão familiar: chave de sucesso na orizicultura lavoura de arroz brasileira vive uma reforma agrária natural, em família. Os filhos sucedem os pais e, na gestão da propriedade, mostram o poder da administração familiar na orizicultura e dão um sentido de continuidade e desenvolvimento tecnológico, social e econômico da propriedade. Mais do que o patrimônio da família, o agronegócio profissional, de produção em escala, demonstra que os números e as dimensões podem ser maiores, mas o perfil ainda é de agricultura familiar. A macroagricultura familiar, termo que pode estar sendo criado, mas com uma aplicação secular no Brasil, vive na atividade arrozeira dias de grande responsabilidade. A revista Planeta Arroz buscou exemplos e encontrou muitas lavouras que permanecem, geração após geração, produzindo o alimento básico do brasileiro sem sair das mãos de uma mesma família. É o caso da família Milbradt, de Cachoeira do Sul (RS). Instalados em 810 hectares, 700 dos quais plantados com arroz na próxima safra, Alberto Luiz Milbradt (52 anos) e seus filhos Edson (28) e Anderson (27) administram as A Graças ao vermelho Alberto Milbradt saiu jovem de Restinga Seca e foi para Bagé (RS) trabalhar de empregado. Dei sorte. O patrão confiou em mim e, anos depois, me entregou um trator equipado quando saí, financiou dois para pagar com arroz em cinco anos e formamos uma parceria no Uruguai. Deu certo: chegaram a plantar 1,4 mil hectares. Mas com os filhos crescendo e estudando a 200 quilômetros da lavoura, além de um acidente de trânsito com um deles, acelerou o retorno. Como tive perdas por seca no Uruguai, segui um conselho do meu pai e procurei uma área junto do Jacuí, onde nunca falta água, frisou. Compramos uma área muito inçada de arroz vermelho, prossegue Alberto. Conhecemos o arroz vermelho aqui, pois no Uruguai não tinha, diz Edson. O desafio de combater o vermelho fez a família Milbradt adotar alta tecnologia em sua lavoura e tornar-se uma campeã de produtividade na região. Com assessoria do agrônomo Jerson Santos, adotaram o sistema de cultivo semidireto, taipas largas e abriram a propriedade para a tecnologia. A lavoura recebe experimentos da Basf e integrou-se ao programa CFC, do Irga, de onde levaram novos conceitos de adubação e densidade de semeadura. Adotaram o arroz híbrido da RiceTec, colhendo até nove mil quilos por hectare. O vermelho é eliminado com o sistema Clearfield (Basf), a cultivar Irga 422CL e o híbrido Tuno CL. Para Alberto Milbradt, o momento é de crescer. Fui para Bagé sem nada. Hoje tenho minha própria lavoura, saúde e a família trabalhando comigo. Agora só queremos crescer juntos, reduzir os custos da lavoura hoje em sete dólares/saco de 50 quilos -, melhorar a qualidade dos grãos e criar os netos, avisa. Segundo ele, apesar de ainda andarem no colo, os três meninos em pouco tempo já começarão a fugir para os tratores. Aqui só nasce tratorista, brinca. lavouras com três empregados e um engenheiro agrônomo. A família mora na propriedade, onde chegou em 1998, após 19 anos plantando no Uruguai. Os Milbradt estão na terceira geração arrozeira. Comecei ainda criança numa lavoura de 30 hectares de meu pai, Armindo, em Restinga Seca, revela Alberto. Os guris também aprenderam as lides desde muito pequenos. - Com oito, nove anos a gente já pegava o trator e ia para a lavoura. Nem que fosse escondido, revela Anderson. 30 Planeta REPORTAGEM DE CAPA O suporte da GUATAMBU Família Pötter dá suporte para o líder dos arrozeiros Estância Guatambu, de Valter José Pötter, presidente da Federarroz, é uma referência em diversificação e alta tecnologia na agropecuária de escala. Em Dom Pedrito (RS), produz arroz com alta tecnologia e produtividade, milho e soja irrigados e sementes de forrageiras, e mantém unidades de secagem e armazenagem e fazenda do Mato Grosso do Sul. Na pecuária, é reconhecida pela qualidade genética dos plantéis hereford. É o tipo de propriedade que só se torna viável com uma gestão profissional e dedicação integral. Mas como fazer isso se o proprietário é dirigente arrozeiro e está envolvido na busca de soluções para a crise do setor? A resposta está na administração e coordenação técnica da Guatambu que ficam nas mãos da família. Veterinário, Valter é o administrador-geral, mas conta com as filhas Raquel Pötter Guindani e Gabriela Pötter, ambas engenheiras agrônomas. Raquel é administradora e coordena o setor agrícola. É pós-graduada em gestão empresarial. Gabriela cuida do marketing e da comunicação, da vitivinicultura e participa dos processos administrativos e agrícolas. Os três participam das decisões e execução dos projetos, mas o envolvimento de Valter com a Federarroz aumentou a carga de responsabilidade da família. As filhas mais jovens de Valter e Nara estão cursando faculdade em áreas distantes do agronegócio. Isadora cursa Direito e Mariana, Psicologia, em Porto Alegre. Hoje, com razão, elas me cobram mais presença na propriedade. Estão sobrecarregadas. Infelizmente, diante desta crise, é preciso buscar soluções para o setor 24 horas por dia, reconhece Valter Pötter. A Valter e Nara Pötter: Guatambu trabalha em família Valores diferenciados Na Estância Guatambu, o planejamento das lavouras é definido em reuniões dos administradores. Raquel Pötter Guindani, que cuida da administração, procede a compra de insumos, a organização do manejo das áreas e das tecnologias a serem aplicadas e o cronograma de realização das diferentes etapas da lavoura seguindo um check-list. Além disso, realiza várias funções técnicas como projetos de custeio agrícola, financiamentos, licenciamentos ambientais, cálculos de recomendação de adubação, entre outros. Gabriela Pötter cuida do site (www.estanciaguatambu.com.br) e de tudo que se refere a marca e organização de eventos que a Guatambu participa, além do material publicitário. Participa também das decisões e ações da lavoura, mas não integralmente, pois se dedica ao projeto de vitivinicultura da empresa. Valter José Pötter, mesmo viajando muito, participa ativamente do dia-adia da empresa por telefone e internet. Em Dom Pedrito, reuniões são realizadas para decidir e planejar o trabalho dos dias em que Valter Pötter fica ausente. Para Raquel, os valores de família são muito importantes, a base de todo o trabalho da Guatambu. Sabemos o imenso valor que a Guatambu tem, do amor e dedicação que foram colocados aqui por nossos avós e pais, afirma Raquel. Segundo ela, a empresa familiar é uma instituição forte e representativa no país, principalmente no setor agropecuário. É interessante como as empresas familiares têm referências de valores e cultura muito fortes, que permitem sua identificação perante o mercado, a comunidade e a equipe de forma muito clara. Na Guatambu, a família está no centro das decisões, participa de todos os processos, mas conta também com uma equipe treinada e que vem sendo formada desde a época de Valter Germano Pötter, pai de Valter José. A empresa vai bem porque trabalha em família, tem uma boa equipe, investe em tecnologia, redução de custos e produtividade, frisa Valter. Planeta REPORTAGEM DE CAPA A fazenda 31 VIROU CIDADE Família Debastiani é pioneira em arroz em Feliz Natal (MT) norte do Mato Grosso é a principal região brasileira de produção de arroz de terras altas. Trata-se de uma região de terras planas onde o arroz enquadra-se como cultura referencial na abertura de áreas. Nessa região está o município de Feliz Natal, considerado um grande produtor de arroz, com 35 mil hectares plantados. Esse cultivo chegou ao município pelas mãos do empresário Antônio Domingos Debastiani, que lançou as primeiras sementes em parceria com o filho Moisés Debastiani, em 1997. Não foi uma grande safra, mas analisamos os resultados com um agrônomo que considerou a terra melhor do que em outras regiões. Concluímos que com um pouco mais de manejo, adubação e calcário, a cultura daria resultado. E passamos a investir, explica Moisés. O investimento não aconteceu exclusivamente pelo arroz, mas como preparação para iniciar o cultivo da soja, grão muito valorizado nos últimos 10 anos. Depois que começaram a plantar, os Debastiani chamaram atenção de muitos sulistas e produtores de outras regiões que procuraram Feliz Natal em busca de terras mais baratas. Na safra 2004/2005, o município plantou 35 mil hectares de arroz e 45 mil de soja. Os Debastiani plantaram 1,2 mil hectares de arroz e 800 de soja. Para o próximo ano devem plantar 1,2 mil hectares de soja e 1,5 mil hectares de arroz por obrigação. Trata-se de uma área de segundo ano, em abertura, em que é preciso plantar o arroz para depois a soja, explica Moisés. Para ele, o município vai plantar 20% menos arroz em 2005/2006 por falta de sementes de qualidade, preços e pela moratória para abertura de novas áreas. O Moisés e Antônio Debastiani: parceria na lavoura Antônio, o desbravador Quando em 1979 o comerciante Antônio Domingos Debastiani adquiriu terras em uma encruzilhada conhecida pelo curioso nome de Feliz Natal, no norte do Mato Grosso, nem imaginava o que o destino lhe reservava. E nem pensava que um dia seria arrozeiro, sojicultor, prefeito de uma cidade que nem existia e administraria um enorme patrimônio pessoal com a ajuda de seus filhos Moisés, Tiago e Simoni. Debastiani é um desbravador. Deixou Maravilha (SC) em 1983 e se instalou em Sinop (MT) para trabalhar como madeireiro. Abriu as primeiras áreas quando os filhos ainda estudavam em Sinop, mas em 1989 mudou-se para Feliz Natal. Debastiani convenceu madeireiras do Sul a se instalarem na região e criou-se uma vila com 500 habitantes. Feliz Natal tornou-se distrito de Vera e, em 1996, emancipou-se com mais de cinco mil moradores. Em 1997, Debastiani, prefeito de Feliz Natal, abriu a primeira lavoura de arroz no município. Antes, em 1955, a família Matsubara, que colonizou a região, já havia plantado arroz. Mas abandonou a cultura. Questão básica Moisés Debastiani plantou arroz para abrir caminho à soja. Assumiu parte dos negócios porque seu pai elegeu-se prefeito em 1997 e permaneceu na Prefeitura até 2004. Atualmente, Moisés é sócio de Leandro Ribeiro em uma empresa de armazenagem e secagem de grãos. A sociedade instalará uma indústria de arroz de porte médio até o final do ano e utilizará a estrutura de logística de outra empresa de Ribeiro em São Paulo para agregar valor. Na agricultura, os Debastiani mantêm três mil hectares de arroz e soja, quatro secadores e um armazém para 350 mil sacos de grãos. Afora isso, mantêm investimentos em pecuária, no comércio e uma colonizadora. Tiago Debastiani, irmão de Moisés, participa da administração dos secadores da família. Planeta 32 NEGÓCIOS O peso da QUALIDADE Arroz de maior qualidade é mais valorizado do produtor ao consumidor Mercado premia o diferencial e não o peso alta produtividade da lavoura de arroz é um diferencial importante e reflete no resultado final da comercialização. A filosofia do mais em menos, instituída pela Revolução Verde, na década de 70, ainda se aplica às lavouras arrozeiras, mas com ressalva de dois fatores cada vez mais decisivos: a relação custo e benefício e a qualidade do produto final. Este último fator faz diferença no mercado brasileiro a duas safras. O Brasil colheu produção recorde, mas a qualidade média do cereal esteve abaixo das outras safras, mesmo no Rio Grande do Sul e no Mato Grosso. Este cenário evidenciou tendências. Por falta de matéria-prima, a indústria gaúcha instituiu premiação de até 10% sobre o preço de mercado das variedades de elite, como Irga 417 e BR-Irga 409. Esta mudança do perfil de negócios com a qualidade se sobrepondo às compras por peso desconsiderando a máxima de que arroz é arroz - ganha fôlego nos principais estados produtores. No Mato Grosso, a variedade Primavera se sobrepõe a qualquer outra. Este processo também é ditado pela tendência do mercado, que aponta preferência do consumidor por um arroz de maior qualidade. Está comprovado que à medida que o arroz tem redução de preços ou aumenta o poder de compra do consumidor, há uma migração para um produto superior, frisa o especialista em consumo Tiago Sarmento Barata. A Produto superior, pagamento também O diretor de mercados da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Valdemir João Simão, explica que toda a cadeia produtiva está envolvida com este processo: os pesquisadores observaram as tendências do mercado, desenvolveram e lançaram novos materiais que entraram no processo de produção. O consumidor experimentou e gostou, passou a buscar nos supermercados e estes passaram a cobrar da indústria. A partir daí, as empresas de beneficiamento passaram a valorizar um produto com novo padrão. Para Simão, a safra com bastante arroz fraco apenas acelerou esse processo. E o mercado sinalizou que pode pagar um pouco mais por este diferencial. Um exemplo é o que acontece na fronteira e no litoral norte gaúcho, onde a indústria estabeleceu preços até R$ 2,00 acima do mercado corrente para as variedades Irga 409 e Irga 417 com mais de 60% de grãos inteiros. Para uma lavoura descapitalizada e com preços de mercado abaixo do custo médio de produção, o impacto desse preço diferenciado por uma variedade pode significar o resultado líquido da atividade arrozeira. Mesmo assim, o produtor precisa qualificar seu processo produtivo para obter esses resultados e aplicar em cada prática agronômica conceitos de qualidade. Mas é preciso fazer as contas e buscar o equilíbrio entre a qualidade do produto final e a sustentabilidade da lavoura, frisou João Simão. Ainda assim, há um fator de pressão. Segundo ele, o produtor tem que fazer as contas e ver se a curto e médio prazos vale a pena buscar um produto superior ou seguir produzindo um arroz que o mercado está excluindo. 33 Qualidade é resultado de um processo O que determina a qualidade do arroz são as características físicoquímicas dos grãos de cada cultivar e a tecnologia empregada no processo de produção. Os principais fatores, que dependem das características individuais de cada cultivar, são aparência, teor de amilose, temperatura de gelatinização, rendimento de grãos inteiros e renda total. Quanto à tecnologia empregada no processo, os principais são preparo de solo adequado, drenagem, taipas baixas (para irrigação e maturação uniforme), semente de qualidade, época de plantio, adubação de base, bom controle de inços, adubação de cobertura, irrigação e ponto de colheita, enfim a exploração máxima dos recursos naturais, manejos e o emprego adequado da tecnologia. Além disso, é importante uma boa secagem e armazenagem. É em função desses fatores que se pode produzir um produto diferenciado e de alta qualidade, onde o consumidor possa ser seduzido pela aparência e que fique satisfeito quando ao prato por ficar soltinho, saboroso e 100% cozido. Diferencial é PREÇO O analista de mercado de arroz da Safras & Mercado, Aldo Lobo, acredita que esse excesso do cereal e o grande volume de produto de baixa qualidade vão sinalizar com a possibilidade de preços melhores por arroz de melhor qualidade. Há uma tendência natural de que a indústria busque arroz de qualidade superior. O que pode complicar é a existência de produto com essas características no Mercosul, que tem um grande excedente, frisou. Jorge Fagundes, da Corretora Futura Cereais de Cuiabá (MT), também acredita que o arroz Primavera de melhor qualidade obtenha melhor remuneração se o mercado se mostrar comprador. No momento, há muita oferta de arroz importado e arroz gaúcho e catarinense a preços competitivos e pouco arroz de melhor qualidade nas mãos dos produtores do Mato Grosso. Quando a indústria quiser esse produto, terá que pagar um preço diferencial, a menos que o produtor se obrigue a vender antes pela pressão das contas e formação de uma nova lavoura, enfatizou. Questão básica A norma de classificação e padronização do arroz brasileiro é datada de 1988, quando atendia as características das variedades então existentes. Atualmente, dezenas de novas variedades com características diferenciadas estão no mercado, exigindo a atualização da lei. Existem trabalhos na cadeia produtiva para a atualização das normas. 34 Planeta NEGÓCIOS Parboilizado E POPULAR arroz parboilizado, considerado até bem pouco tempo um produto de elite no país por ter preço diferenciado - de 10% a 20% maior do que o arroz branco tipo 1 -, caiu definitivamente no gosto do consumidor e abocanhou uma fatia importante do mercado brasileiro. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria do Arroz Parboilizado (Abiap), atualmente 23% do consumo de arroz do Brasil é do cereal que passa por parboilização. Segundo o presidente da Abiap, Alfredo Treichel, este índice é significativo, pois 25 anos atrás o produto representava 4% do mercado. Para Treichel, o processo de popularização se deu por vários fatores, mas principalmente pela qualidade e características do produto, como sabor diferenciado, aroma e a facilidade de ficar soltinho, além de ter maior valor nutritivo e rendimento de panela. Segundo ele, em diversos estados brasileiros esse produto é preferencial para a merenda escolar. Mas a popularização, segundo o empresário, também se dá por um outro fator, que se por um lado é muito bom para o consumidor, por outro é preocupante para o segmento. Muitas empresas estão ampliando suas plantas industriais com máquinas para parboilização. Como são marcas novas, trabalham com valores muito abaixo do mercado como estratégia de avançar no mercado e muitas vezes se equiparam ao arroz branco, explica. Apesar da concorrência, as marcas tradicionais mantêm o patamar de preços, naturalmente 10% acima do valor ao consumidor praticado pelo arroz branco. Produto cai no gosto do consumidor O Treichel: menor preço pelo aumento do mercado consumidor Novas marcas acirram a concorrência Dois fatores são considerados importantes para o declínio acentuado nos preços do arroz parboilizado: a abundância de matéria-prima com duas safras recordes seguidas e o significativo aumento de indústrias do ramo, principalmente no Sudeste e no Centro-oeste. No Mato Grosso é idéia corrente que por causa da baixa qualidade do cereal, principalmente o Cirad 141, é um grande negócio abrir uma emendadeira, nome que dão à indústria de parboilização. O presidente da Abiap, Alfredo Treichel, no entanto, não concorda. Segundo ele, o processo acentua ainda mais o aroma e o sabor do Cirad, grão mais abundante no Centro-oeste e que não tem grande aceitação das donas de casa. É um produto com gosto e cheiro diferentes, que não cai no gosto do consumidor, frisa. MT - O diretor da empresa Arrozil, de Várzea Grande (MT), Herbert Dantas Romão, acredita que o mercado do arroz parboilizado está crescendo muito no Brasil e há lugar para todos aqueles que têm qualidade e competitividade. Tradicional cerealista de arroz branco, a Arrozil trabalha de olho nos mercados do Nordeste e do Sudeste. Esse tipo de arroz caiu no gosto do consumidor. Por isso estamos acrescentando o parboilizado à nossa linha para ampliar a participação no mercado, frisou Romão. A nova planta industrial também é estratégica para absorver grandes volumes de arroz fraco produzido no Mato Grosso (40% a 45% de inteiros), a preços atraentes. 35 Meio século de Brasil O engenheiro químico Gilberto Wageck Amato, um dos maiores especialistas brasileiros no tema, revela que o parboilizado surgiu no Brasil na década de 1950, com base na tecnologia Malek, ao mesmo tempo em que se desenvolvia o processo de maceração por estufa, tecnologicamente menos evoluído. Foram multiplicando-se as empresas, tendo como lugar-comum a idéia de soldar grãos, buscando obter maior rendimento de inteiros. Assim, o investimento em equipamentos, classificados como custo fixo, era compensado pelos ganhos em custo operacional devido ao maior número de grãos inteiros. Com isso sedimentou-se uma relação diferentemente de outros locais no exterior. O processamento do arroz parboilizado é caracterizado por um tratamento hidrotérmico - lança mão somente de água e calor -, após o que passa pelo beneficiamento convencional. As operações unitárias principais são o encharcamento, a gelatinização e a secagem. O resultado é um produto mais rico em vitaminas e sais minerais, o que vale o reconhecimento de organismos internacionais, como a FAO e a OMS. Arroz VITAMINADO Questão básica Recentemente, tem sido levantada uma outra importante propriedade do parboilizado: suas propriedades nutracêuticas, devido à formação de amido resistente durante o processamento. Essa característica funcional é responsável pelo aumento no teor das tão desejadas fibras alimentares, uma das principais deficiências da moderna alimentação. Os trabalhos de pesquisa têm sido desenvolvidos pela UFSM e UFPel, contando com a parceria do Irga. A principal matéria-prima para a parboilização é a mesma usada para obter o arroz branco. Todavia, as indústrias buscam partidas com maior número de quebrados, mais baratas. Durante a operação de gelatinização, os grãos são soldados, ao mesmo tempo em que fixa as vitaminas e os sais minerais que seriam perdidos na extração do farelo. Para o especialista no assunto Gilberto Amato, consultor do Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga), em se tratando de tendências, os números são favoráveis a este produto: em duas décadas, sua participação no mercado subiu de 4% para quase 25%. No mundo, o consumo é igual. Isso que o pessoal que come com pauzinhos, como os chineses e japoneses, tem preferência pelo arroz que se gruda, propriedade contraposta ao parboilizado, com grãos soltinhos após o preparo, frisa. Amato diz que cada um dos subgrupos - branco ou parboilizado - têm características a motivar preferências do consumidor. O branco, com a peculiaridade de gosto neutro, combinando com qualquer tipo de vegetal ou carne; ou o parboilizado, para o consumidor que busca maior valor nutritivo, grãos soltinhos e rendimento de panela. Enfim, o primeiro país do mundo não-asiático na produção e consumo deste cereal tem boas opções para o arroz nosso de cada dia, finaliza. Planeta 36 Congresso NEWS Sob a coordenação da Embrapa Arroz e Feijão, Empresa Mato-grossense de Pesquisa e Extensão Rural (Empaer-MT) e Sindicato Intermunicipal das Indústrias da Alimentação no Estado do Mato Grosso (Siamt), será realizado o 2º Congresso Brasileiro da Cadeia Produtiva de Arroz e 8ª Reunião Nacional da Pesquisa de Arroz (Renapa), entre 3 e 6 de abril de 2006, em Cuiabá (MT). 1 A programação do evento está sendo finalizada e contará com palestras, painéis e grupos de trabalho abrangendo quatro temas: consumo, mercado, indústria e produção. Serão debatidos os transgênicos, o arroz híbrido, a diversificação da oferta de produtos à base do cereal, a padronização, classificação e qualidade de grãos e as estratégias de atuação no mercado nacional e internacional, com destaque para o Mercosul. A coordenação-geral do congresso é da chefe-geral da Embrapa Arroz e Feijão, Beatriz da Silveira Pinheiro. 2 Solo yo? A Argentina deverá ser o primeiro país membro do Mercosul com quem o Brasil deverá estabelecer a negociação de cotas de importação de arroz. Dentro do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio já existem negociações bilaterais para estabelecer uma negociação neste sentido. Vinho e pré-mezcla de farinha de trigo também entram num lote de quase 30 produtos que serão negociados apenas numa primeira etapa. Enfim, o Governo brasileiro se mexe para buscar solução para parte dos problemas de excedentes no Mercosul. A malícia castelhana, no entanto, se fez representar nas tratativas. A Argentina só aceita negociar se o Uruguai também entrar. Geladeira As pesquisas realizadas pela empresa AgroNorte para o desenvolvimento de uma cultivar híbrida de terras altas estão congeladas até março do ano que vem enquanto o programa está sendo reavaliado. Ângelo Maronezzi, diretor da empresa, explicou que apesar de promissoras, as pesquisas precisam de ajustes, e em meio à crise que o setor enfrenta no momento e os problemas com a variedade Cirad 141, a avaliação foi adiada para depois da próxima colheita. A As principais novidades tecnológicas apresentadas no Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado, que acontece de 9 a 12 de agosto de 2005 no Park Hotel Morotin, em Santa Maria (RS), estarão nas páginas da edição de número 16 da revista Planeta Arroz. Durante o evento será lançada a edição de número 15, em espaço gentilmente cedido pela Sosbai, presidida pelo doutor em fitotecnia Enio Marchezan. AGENDA 9 a 12 de agosto n 4º Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado n 26ª Reunião da Cultura do Arroz Irrigado n Park Hotel Morotin - Santa Maria (RS) n Promoção: Sosbai e UFSM 27 de agosto a 4 de setembro n 28ª Expointer n Parque Assis Brasil Esteio (RS) n Governo do RS e Farsul 29 de agosto a 22 de setembro n Curso de Formação de Classificadores de Grãos - Arroz, Feijão, Milho e Soja n Campus da UFPel - Capão do Leão (RS) n Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel - UFPel 37 Bayer arrozeira A Bayer CropScience e a Sumitomo realizam o desenvolvimento conjunto de um novo fungicida para a brusone do arroz, doença que contamina sementes e folhas, formando lesões nas plantas. Identificado como BYF1047 pela Bayer, será desenvolvido para o mercado japonês, mas as duas companhias têm o direito de comercializar produtos com a substância ativa no mercado global em 2010/2011. A Bayer também está lançando no Brasil o seu arroz híbrido, Arize 1003, com o qual pretende conquistar 14% de participação nas áreas de produção irrigada em cinco anos. A empresa não divulgou o preço da semente ou a quantidade disponível para a safra 2005/2006, mas informou que a densidade é de 40 quilos por hectare de sementes e a produtividade máxima dos ensaios chegou a 13,5 toneladas por hectare. I O gerente mundial da Bayer CropScience para arroz, Frédéric Arboucalot, informou que a empresa terá condições de colocar no Brasil, em 2008, sua primeira variedade de arroz transgênico, o Liberty Link, com tolerância a herbicidas com o glufosinato de amônia como ingrediente ativo. O produto está em testes, mas entrará no mercado internacional. Apesar da legislação brasileira de biossegurança abrir a possibilidade, a decisão depende de outros fatores. O arroz é um produto muito sensível e os transgênicos ainda são um tema polêmico para os consumidores", explicou. O arroz LL poderá ser híbrido, como forma de evitar a pirataria. II Planeta HUMOR Autonivelantes A New Holland acaba de lançar um kit para suas colheitadeiras TC59. Instalando-se o kit de peneiras autonivelantes numa máquina originalmente fixa, o produtor consegue obter resultados regulares durante a colheita em terrenos com até 23% de desnível, melhorando a limpeza dos grãos. Nas colheitadeiras dotadas de peneiras autonivelantes, um sistema automático mantém a peneira sempre na posição horizontal. Os engenheiros da New Holland calculam que o produtor consiga trabalhar com uma limpeza dos grãos até 85% maior, em área com declividade, em comparação com o sistema tradicional. Planeta ARTIGO O cultivo do arroz essoalmente, desde minha infância e juventude, sempre tive um relacionamento espiritual com a natureza. Por isso, lavouras de arroz que conheci, sempre me fascinaram. Naquela época a orgia dos agrotóxicos não era sequer imaginável. As lavouras ainda eram bem menores, taipas eram feitas a pá por peões e a colheita era manual, a foice, por grupos de trabalhadores migrantes. As trilhadeiras eram estacionárias. Muita água era puxada a locomóvel máquinas a vapor que queimavam lenha. Ainda na segunda metade dos anos 40, como estudante de Agronomia, trabalhava em lavouras de arroz, como agrimensor, a serviço do Banco do Brasil. Conheci e me extasiava a fantástica fauna avícola palustre - desde a jaçanã, maçarico (íbis), marrecos, mergulhões, até as garças, colhereiros, joão-grande, tajã e outros, mais os répteis, anfíbios e peixes, assim como insetos como a simpática libélula e infinidade de outros seres fascinantes, incluindo toda uma flora de grande diversidade e beleza. Não podia imaginar o que passei a ver quando, após 15 anos no exterior, voltei ao Rio Grande do Sul, em janeiro de 1971. As aves aquáticas estavam dizimadas. Os venenos reinavam na agricultura, inclusive nas lavouras de arroz. Conheci fazendeiros que, antes das aplicações, convidavam caçadores para que matassem o que pudessem, porque o veneno mataria de qualquer jeito. LUTA - Foi por isso, por desespero, que iniciei a luta ambiental que até hoje me prende, estou com 73 anos. Tenho hoje a grande satisfação, uma das maiores de minha vida, de ver essa fauna quase totalmente recuperada. Os venenos no arroz estão limitados a alguns herbicidas que, espero, desaparecerão em breve. A lavoura de arroz é um banhado P artificial. Juntamente com os açudes possível plantar arroz todos os anos que ela requer, constitui um no mesmo solo e manter alta a importante enriquecimento da produtividade. paisagem do pampa. Problemas Assim como a maioria domina começam a surgir com os métodos bem a técnica de irrigar suas lavouras agressivos da agricultura moderna, para o plantio, poderia igualmente especialmente com os agrotóxicos, drená-las bem no inverno e plantar mas temos lindos exemplos de como feno para o gado que, em geral, evitá-los com carece então de alimento. Poderiam os métodos ser semeadas de agricultura consorciações de regenerativa, azevém, aveia e entre eles o leguminosas. O proveito plantio préseria múltiplo: germinado, o preservação e melhora uso de da fertilidade do solo, herbicidas até produção adicional de diminuindo. feno para animais e com Muito graves o plantio todos os anos, também têm poderia aumentar sido e consideravelmente a continuam produção de arroz, sem José Lutzenberger sendo os falar na vantagem Maio de 2000 problemas ecológica. ecológicos Para que isto resultantes da Este artigo marca os acontecesse, seria d r a g a g e m cinco anos da Planeta desejável que o próprio destrutiva de Arroz. É atualíssimo, dono da terra plantasse banhados ou que os contratos de mesmo cinco anos naturais. arrendamento dessem após a morte do G r a v e s mais segurança ao ecologista também são plantador. os problemas A economicidade e que têm sua sustentabilidade do origem em fatores sociais e políticos. cultivo do arroz poderia ainda Em sua maioria, as lavouras de arroz ganhar com o aproveitamento de são feitas por arrendatários. Estes, sem algo que hoje quase sempre é tratado esperança econômica e sem garantia como lixo. Para uma política de poder voltar a plantar no mesmo energética racional, ele seria excelente lugar, não vêem interesse em trabalhar fonte de energia de biomassa, com para manter a fertilidade do solo. aproveitamento inclusive da cinza O plantio de arroz costuma ser que hoje é desperdiçada nos poucos feito no mesmo solo a cada três ou casos em que a casca de arroz é usada quatro anos. O solo não é, então, como combustível em secadores. cultivado entre os plantios e volta a Falta também uma decente ser pasto para o gado. Com o uso de política de preços que permita ao herbicidas, o pasto degrada, a lavoureiro trabalhar com produtividade primária decai. Prejuízo tranqüilidade, sem ver, como para o fazendeiro, dono da terra. acontece, o preço cair no momento ROTAÇÃO - Em rotação com da colheita devido às importações cultivos de inverno, será perfeitamente especulativas. ÃO AÇ I A M R ÁR FO CIT N I I BL U P Otto Prade: quase 16 mil quilos de arroz por hectare em Dom Pedrito (RS) RiceTec mostra resultados das lavouras de arroz híbrido e seus lançamentos A força do HÍBRIDO PUBLICITÁRIO Informe Híbrido - a nova 2 O novo horizonte da produtividade A s lavouras de arroz do Rio Grande do Sul ganharam nos últimos anos as vantagens do híbrido. A tecnologia chegou pelas mãos da empresa RiceTec, que na safra 2004/2005 colheu os primeiros resultados em áreas comerciais. Os números são impressionantes, com recordes de produtividade e rendimentos médios que superam em muito as variedades convencionais. Na última safra, os híbridos da RiceTec foram cultivados em uma área total de 2,2 mil hectares. Para a próxima safra, a projeção é de atingir seis mil hectares e no ano seguinte 27 mil hectares. O melhor desempenho deste ano foi registrado com Avaxi, híbrido que foi pesquisado por mais de 20 anos e chegou a render 14.050 quilos de grãos por hectare em lavoura na cidade de Santana do Livramento (RS). A RiceTec tem híbridos que se adaptam às diferentes regiões e situações do campo. Além do Avaxi, na safra 2004/ 2005 o Tuno CL, semente híbrida do sistema Clearfield, tolerante ao herbicida Only, alcançou resultados superiores a 12,4 mil quilos de grãos por hectare em áreas infestadas com arroz vermelho, na cidade de Rosário do Sul. Segundo o diretor regional da RiceTec para os países do Mercosul, Markus Ritter, 11 cultivares híbridas estão sendo testadas e deverão ser lançadas até 2010. Para a safra 2005/ 2006, será lançado o Tiba, cultivar de ciclo médio (130 dias) com alto potencial produtivo. Para a safra 2006/ 2007 será lançado o Ecco, de ciclo tardio (145 dias), que apresenta tolerância à toxidez por ferro e resistência à brusone - doença fúngica - e manchas foliares. Ambos os lançamentos apresentam excelente desempenho nos testes, com destaque para a qualidade industrial e de consumo. Depoimento n Em Cachoeira do Sul, na propriedade da família Milbradt, foram cultivados três hectares de sementes híbridas da RiceTec na safra 2004/2005. Édson Milbradt pretende aumentar a área, passando para pelo menos 10 hectares na próxima safra. Segundo ele, os resultados superaram a média geral de produtividade. O Tuno CL rendeu 8,5 mil quilos por hectare e o Avaxi chegou a 9,5 mil quilos por hectare. A área usada não era das melhores e mesmo assim o desempenho foi bom. Essa semente é mais cara, mas altamente produtiva, avalia Édson Milbradt. As vantagens do híbrido Alta produtividade n Em muitas lavouras, o rendimento das sementes RiceTec atingiu a marca de 14 mil quilos de grãos por hectare. Em média, o arroz híbrido produz 20% mais que as variedades convencionais, mas é comum atingir médias de produtividade até 50% maiores do que as obtidas com variedades comuns. Menos sementes n A semente híbrida apresenta alto potencial de perfilhamento e isso permite reduzir a densidade de semeadura. A média gaúcha, que fica entre 150 e 180 quilos por hectare, pode ser reduzida para 50 quilos se a lavoura for cultivada com híbridos. Graças à menor densidade de semeadura, o produtor economiza com o tratamento de sementes, com transporte e manejo, além de aproveitamento melhor dos equipamentos usados para o plantio. Raízes robustas n O híbrido da RiceTec realizou um sonho do produtor Otto Prade, que na safra passada, em Dom Pedrito, colheu a média de 15.240 quilos de grãos por hectare. Seco e limpo, a média de produtividade foi de 13.850 quilos de arroz por hectare. Aos 54 anos, filho de produtor de arroz, Otto Prade disse que nunca esperou atingir uma produtividade tão alta. O híbrido da RiceTec superou todas as minhas expectativas. Essa semente exige mais nitrogênio, mas o rendimento final é muito superior. A panícula é maior e a planta é mais resistente a doenças, ao acamamento e ao degrane. A área que eu usei, de dois hectares, não era das melhores e até sofreu com o ataque de passarinhos e com enchente. Estou muito satisfeito, e para a próxima safra pretendo plantar pelo menos 20 hectares de Avaxi, projeta Otto Prade. n Uma das características facilmente identificadas nas plantas de arroz híbrido é o maior volume de raízes. Por ser mais robusto, o sistema radicular garante melhor absorção de nutrientes e fixação no solo. A planta tem mais resistência ao acamamento, inclusive nas lavouras que trabalham com o sistema pré-germinado. Mais sanidade n Com resistência a doenças fúngicas e tolerância ao estresse ambiental, o arroz híbrido garante melhor rendimento na indústria e na panela. O rendimento de grãos inteiros, dimensões e aparência dos grãos são alguns dos diferenciais do produto RiceTec. O resultado é a satisfação de produtores, das indústrias e dos consumidores. PUBLICITÁRIO Informe geração do arroz 3 PUBLICITÁRIO Informe 4 Pioneirismo A RiceTec é a empresa pioneira no lançamento de arroz híbrido para os países da América do Sul. No Brasil, a tecnologia chegou em 2003 com a cultivar Avaxi. No ano seguinte, a empresa conseguiu conciliar o vigor híbrido com a vantagem do sistema Clearfield, colocando no mercado o Tuno CL. Os técnicos da RiceTec destacam que a alta produtividade e a qualidade e rentabilidade de grãos são sinônimo de confiança, e isso entusiasma os produtores a utilizarem as sementes híbridas da marca RiceTec. O arroz híbrido surgiu na década de 70, na China, país que atualmente é o maior produtor deste cereal. Da produção total do planeta, que gira na casa dos 412 milhões de toneladas, cerca de 20% é resultado de sementes híbridas. A RiceTec foi criada em 1990, no sul do Texas, nos Estados Unidos. Em 1993, o grupo estabeleceu uma parceria com o Centro de Pesquisa de Arroz Híbrido de Hunan, da China, para aperfeiçoar e buscar novos produtos. Depoimentos n Em Santa Cruz do Sul, o Tuno CL fez tanto sucesso na lavoura do produtor André Torquinst que para a próxima safra ele plantará apenas os híbridos da RiceTec na área de 55 hectares, que é totalmente sistematizada. Este ano, a média de produtividade foi de 11,8 mil quilos de arroz seco e limpo por hectare. Acredito que a qualidade industrial poderá ser melhorada, mas todo o restante está excelente. Se alguém me dissesse, eu não acreditaria que é possível colher tanto arroz assim, comemora André Torquinst. n O engenheiro agrônomo e produtor de arroz Newton Renato Rodrigues da Silva, de Itaqui (RS), cultivou 23 hectares de Tuno CL na safra 2004/2005 e aprovou o resultado desse híbrido do sistema Clearfield. Segundo ele, o rendimento médio desse produto foi de 9.011 quilos de grãos por hectare em área infestada de arroz vermelho. Newton destaca ainda a excelente qualidade de grãos e a resistência das plantas. Gostei muito do resultado e a área que estava tomada de vermelho ficou limpa, analisa o produtor. Informe PUBLICITÁRIO Assistência é fundamental Um dos segredos do bom desempenho das sementes RiceTec é o programa de assistência técnica aos produtores. Os excelentes resultados do arroz híbrido estão diretamente relacionados ao trabalho dos profissionais que garantem a assistência no campo. Além de orientações que vão desde a etapa de preparo do solo até a colheita, os técnicos também promovem reuniões e dias de campo que buscam a troca de experiências e a transferência de tecnologia para os produtores. 5 RiceTec no mundo O grupo RiceTec tem sua matriz em Vaduz, principado de Liechtenstein, e mantém atividades nos Estados Unidos, Porto Rico, Brasil, Argentina e Uruguai. Em uma fazenda com 200 hectares em Alvin, no Texas, a RiceTec mantém uma das suas unidades de pesquisas. No Brasil, a unidade de produção de sementes está instalada no estado de Roraima. O vigor híbrido O arroz híbrido é conseqüência do cruzamento de duas linhas parentais que resultam em uma semente que concentra o vigor e as melhores características. A principal delas é a maior produtividade. O objetivo desse processo é a combinação de vantagens que estão nas duas linhas que resultarão em uma única semente. Para produzir semente híbrida, os pesquisadores trabalham em faixas intercaladas com linhas de machos e fêmeas. O híbrido é resultado do cruzamento. As linhas fêmeas são machos estéreis, ou seja, não terão como se autofecundar. Depoimentos n Na propriedade de Claudiomar Sacconi, na Barra do Quaraí (RS), a produtividade do híbrido Avaxi chegou a 10.160 quilos por hectare. A área plantada na safra passada foi de dois hectares, e para a próxima, Sacconi pretende usar o híbrido da RiceTec em 20 hectares. É uma produtividade violenta. Além de resistência a toxicidade por ferro e bico-depapagaio, o rendimento médio de grãos inteiros chegou a 63%. É um produto excepcional, resume Sacconi. n O produtor de arroz e agrônomo Alexandre Grund, da cidade de Quaraí, pretende plantar na próxima safra uma área de 240 hectares com sementes híbridas da RiceTec. No ano passado, ele plantou a cultivar Tuno CL em uma área de 30 hectares e colheu em média 8,6 mil quilos por hectare. Apesar de ter sido cultivado em área infestada de arroz vermelho, a produtividade do híbrido foi maior do que as cultivares convencionais plantadas em solo mais fértil e sem plantas daninhas. n Em Alegrete (RS), o produtor Pedro Saul Caferati ficou positivamente surpreso com o arroz híbrido da RiceTec. Ele plantou 1,9 hectare na safra 2004/2005 e quer cultivar para a próxima cerca de 90 hectares somente da marca Avaxi. O resultado foi fantástico. Fiquei apreensivo quando o técnico da RiceTec recomendou plantar somente 50 quilos de semente por hectare. No início, a lavoura até parecia de milho, mas a perfilhação foi surpreendente. A produtividade foi muito boa, chegando aos 14.394 quilos de arroz verde por hectare e 12,1 mil quilos por hectare de arroz seco e limpo, relata Caferati. Os híbridos RiceTec n Avaxi tem alto potencial produtivo. Com um ciclo médio de 115 dias, apresenta boa resistência a doenças como brusone, mancha-parda e manchaestreita. Em média, o rendimento é de 60% de grãos inteiros. n Tuno CL é o híbrido desenvolvido para o sistema Clearfield. Com excelente controle de arroz vermelho e preto, a cultivar atinge alta produtividade e qualidade industrial. Seu rendimento médio é de 63% de grãos inteiros. Resultados médios de 79 experimentos em 4 anos de avaliações Resultados de 41 ensaios - 4 anos de avaliações 10000 11000 9000 9000 8000 kg/ha kg/ha PUBLICITÁRIO Informe 6 Ficha técnica 7000 6000 5000 Avaxi Variedade Ano Produtividade kg/ha Localidade 2005 14.050 Livramento, RS 2005 13.850 Dom Pedrito, Pedrito, RS 2005 12.096 Alegrete, RS 2005 10.179 Sta.Vitória, RS 2004 12.775 Rio Grande, RS 2004 11.098 Glorinha, Glorinha, RS 2003 10680 Maquiné, Maquiné, RS 2003 10.509 Guaíba, RS 2002 13.561 Mercedes, RA 2002 12.800 Dom Pedrito, Pedrito, RS 2002 11.857 Corrientes, Corrientes, RA 2001 11.114 Artigas, Artigas, UY 2001 12.480 Uruguaiana, RS Observação: os resultados médios de 79 experimentos, em quatro anos de avaliação, mostram que o Avaxi rendeu 9,7 mil quilos por hectare. A variedade convencional usada como testemunha teve o rendimento de 7,1 mil quilos por hectare. 7000 5000 3000 Tuno CL Test. CL Cult. comercial Ano Produtividade kg/ha Localidade 2005 12.444 Rosário do Sul, RS 2005 12.380 São Borja, RS 2005 10.216 Sta. Vitória, RS 2004 13.103 Mercedes, RA 2004 12.154 Palmares, RS 2004 10.413 Dom Pedrito, Pedrito, RS 2004 10.403 Corrientes, Corrientes, RA 2004 10.033 Chajari, Chajari, RA 2003 10.842 Mercedes, RA 2003 10.621 Maquiné, Maquiné, RS 2002 10.561 Treynta y Tres, Tres, UY 2002 10.284 Uruguaiana, RS Observação: ensaios em 41 áreas, durante quatro anos, apontaram um rendimento médio de 9,1 mil quilos por hectare, quase dois mil quilos mais que a variedade convencional apropriada para o sistema Clearfield. PUBLICITÁRIO Informe Lançamentos n Tiba - Híbrido adaptado para diversas regiões brasileiras que será lançado na próxima safra (2005/2006). Tem entre suas principais características o ciclo médio, ampla adaptabilidade em zonas temperadas, subtropicais e tropicais, boa qualidade industrial, tolerância à toxicidade de ferro, resistência à brusone e manchas foliares. n Ecco - Lançamento da RiceTec para a safra 2006/ 2007 adaptado para zonas subtropicais e tropicais. Excelente qualidade industrial e de consumo e resistência a doenças. Resultados médios de 30 experimentos em 2 anos de avaliações 10000 Resultados médios de 75 experimentos em 4 anos de avaliações kg/ha 9000 9000 7000 6000 8000 kg/ha 8000 5000 Ecco 7000 Variedade 6000 Ano Produtividade kg/ha Localidade 5000 2005 9.754 Agudo, RS 2005 9.141 Rosário do Sul, RS 2004 13.988 Corrientes, Corrientes, RA 2004 13.944 Corrientes, Corrientes, RA 2004 11.160 Palmas, RA Tiba Variedade Produtividade kg/ha Localidade 2005 12.232 Itaqui, Itaqui, RS 2004 10.245 Gal. Bogado, Bogado, PY 2005 11.768 Sta.Vitória, RS 2004 9.135 Maquiné, Maquiné, RS 2005 11.116 São Gabriel, RS 2003 11.481 Corrientes, Corrientes, RA 2004 12.509 São Borja, RS 2003 10.245 Guaíba, RS 2004 11.485 Camaquã, Camaquã, RS 2004 11.371 Camaquã, Camaquã, RS 2004 10.162 Gal. Bogado, Bogado, PY 2004 10.120 Treynta y Tres, Tres, UY Observação: na província de Corrientes, na Argentina, os ensaios com a cultivar Ecco chegaram a render 13,9 mil quilos de grãos por hectare. Nas duas últimas safras, em 30 áreas de avaliação, o rendimento do Ecco foi de 9,2 mil quilos por hectare, 2,4 mil quilos por hectare mais do que as variedade usadas como testemunha. 2004 10.003 Glorinha, Glorinha, RS Qualidade industrial 2003 10.910 Mercedes, RA Ano 2003 10.604 Corrientes, Corrientes, RA 2003 10.162 Pelotas, RS Observação: resultados médios de 75 experimentos, em quatro anos de avaliação, mostram que a nova cultivar teve um rendimento de 8,9 mil quilos por hectare, 1,8 mil quilos mais que as variedades usadas como testemunha. Total Inteiro Gesso Comprimento Largura Avaxi 70 62 4 7,09 2,13 Tuno CL 71 64 7 6,89 2,22 Tiba 69 59 6 7,01 2,11 Ecco 69 58 6 7,19 2,14 Irga 417 70 64 2 7,01 2,05 El Paso 144 69 61 6,5 7,03 2,14 7 PUBLICITÁRIO Informe 8 Tira-teimas Simulador expõe relação custo e benefício A RiceTec desenvolveu um simulador de custos e ganhos para comparar os seus produtos com três cultivares convencionais e muito usadas no Rio Grande do Sul. A planilha leva em consideração os custos das sementes e o resultado da produtividade para apontar o quanto o produtor pode ganhar se usar o híbrido. Na tabela, basta colocar a cotação da saca de arroz, a diferença de produtividade e a área cultivada para obter o resultado. Em uma simulação feita entre as cultivares Clearfield, Tuno CL e Irga 422 CL, o produto RiceTec tem um ganho de R$ 16,8 mil a mais. Para chegar a este resultado, o híbrido precisa atingir dois mil quilos a mais de média de produtividade em uma área de 50 hectares. No comparativo entre o híbrido Avaxi e a cultivar El Paso, o ganho seria de R$ 31,1 mil a mais para o produto RiceTec. Neste caso, a produtividade média do híbrido teria que ser de pelo menos 2,4 mil quilos por hectare a mais que a concorrente, também em uma área de 50 hectares. Depoimentos n O produtor e engenheiro agrônomo Edgar Walter Schmitz, de Uruguaiana (RS), destaca que a alta produtividade é a melhor característica do híbrido da RiceTec. Segundo ele, na área experimental de um hectare o rendimento foi de 10,7 mil quilos de grãos. Gostei e pretendo aumentar a área de híbrido para a próxima safra, analisa Schmitz. Simulador de custos reafirma vantagem do híbrido SIMULADOR DE GANHOS / HA R$ 22,00 Preço do arroz em casca no dia TUNO CL x VARIEDADE I Área a ser plantada (ha) 100 Custo de semente de TUNO CL / ha Relação arroz casca / TUNO CL (sacas) R$ 660,00 30,00 40 kg de semente de VARIEDADE 1 50 kg de semente TUNO CL / ha 120 kg de semente VARIEDADE 1 / ha R$ 55,00 R$ 660,00 R$ 165,00 Diferença Custo / ha de TUNO CL - VARIEDADE 1 (R$/ha) Diferença Custo / ha de TUNOCL - VARIEDADE 1 (sacas/ha) Diferença Custo / ha de TUNO CL - VARIEDADE 1 (kg/ha) Diferença de Produtividade TUNO CL / ha - VARIEDADE 1 (kg/ha) Diferença Pró TUNO CL em kg/ha Diferença Pró TUNO CL em sacas/ha Diferença Pró TUNO CL em R$/ha R$ 495,00 23 1.125 3.000 1.875 37,50 R$ 825,00 Ganho Pró TUNO CL em R$/área a ser plantada AVAXI x VARIEDADE 2 R$ 82.500,00 Área a ser plantada (ha) 50 Custo de semente de AVAXI / ha Relação arroz casca / AVAXI (sacas) R$ 480,00 21,82 50 kg de semente de VARIEDADE 2 50 kg de semente de AVAXI / ha 150 kg de semente de VARIEDADE 2 / ha R$ 33,00 R$ 480,00 R$ 99,00 Diferença Custo / ha de AVAXI - VARIEDADE 2 (R$/ha) Diferença Custo / ha de AVAXI - VARIEDADE 2 (sacas/ha) Diferença Custo / ha de AVAXI - VARIEDADE 2 (kg/ha) Diferença de Produtividade AVAXI / ha - VARIEDADE 2 (kg/ha) Diferença Pró AVAXI em kg/ha Diferença Pró AVAXI em sacas/ha Diferença Pró AVAXI em R$/ha R$ 381,00 17 866 3.000 2.134 42,68 R$ 939,00 Ganho Pró AVAXI em R$/área a ser plantada AVAXI x VARIEDADE 3 R$ 46.950,00 Área a ser plantada (ha) 100 Custo de semente de AVAXI / ha Relação arroz casca / AVAXI (sacas) R$ 480,00 21,82 50 kg de semente de VARIEDADE 3 50 kg de semente de AVAXI / ha 150 kg de semente de VARIEDADE 3 / ha R$ 33,00 R$ 480,00 R$ 99,00 Diferença Custo / ha de AVAXI - VARIEDADE 3 (R$/ha) Diferença Custo / ha de AVAXI - VARIEDADE 3 (sacas/ha) Diferença Custo / ha de AVAXI - VARIEDADE 3 (kg/ha) Diferença de Produtividade AVAXI / ha - VARIEDADE 3 (kg/ha) Diferença Pró AVAXI em kg/ha Diferença Pró AVAXI em sacas/ha Diferença Pró AVAXI em R$/ha R$ 381,00 17 866 2.400 1.534 30,68 R$ 675,00 Ganho Pró AVAXI em R$/área a ser plantada R$ 67.500,00 OBS. Preços vigentes no mercado na data do levantamento. n Em Agudo, região central do Rio Grande do Sul, o produtor Eldo Ari Karsburg plantou 3,5 hectares da cultivar Tuno CL. Segundo ele, as sementes da RiceTec tiveram ótimo desempenho, com produtividade de 10,8 mil quilos de grãos por hectare e limpeza da área infestada de arroz vermelho. Para a próxima safra, pretendo ampliar para 25 hectares a área de híbrido da RiceTec. Além da indiscutível produtividade, o arroz híbrido apresentou resistência a doenças e boa tolerância ao herbicida que mata o arroz vermelho e outras plantas daninhas, destaca o produtor.