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A posse de Joaci Góes na
Academia de Letras da Bahia
PONTO & VÍRGULA PUBLICAÇÕES
Salvador – 2010
© Copyright 2009 por Joaci Góes
Todos os direitos reservados
Transcrição parcial autorizada, desde que não envolva fins comerciais e
seja citada a fonte.
Organização, leiaute, capa, editoração e revisão: Sérgio Sinotti
(<[email protected]> e <[email protected]>)
Fotos: acervo de Joaci Góes
Sumário
07
A proposta
11
Discurso de posse de Joaci Góes
39
Saudação a Joaci Góes (I) – por João Carlos Teixeira
Gomes
57
Saudação a Joaci Góes (II) – por Edivaldo Boaventura
61
A representatividade das gerações (Edivaldo Boaventura)
65
Imortalidade (JBrito Alves)
69
Breve panorama da ALB
77
Mensagens de congratulações
83
Agradecimentos
89
Imagens da solenidade de posse
A proposta
João Carlos Teixeira Gomes (*)
Rio, 17 de setembro de 2007
Meu caro presidente e confrade Edivaldo Boaventura:
Aproveitando o ensejo para parabenizá-lo pela justa ascensão,
tomo a liberdade de indicar ao prezado amigo e demais confrades
acadêmicos o nome do jornalista, escritor e empresário Joaci Góes
para integrar o nosso sodalício.
Trata-se, com efeito, de nome amplamente conhecido em todo
o nosso Estado e mesmo nacionalmente, pelas múltiplas atividades
que vem desenvolvendo ao longo de uma vida laboriosa e fecunda.
Como jornalista, foi proprietário do jornal Tribuna da Bahia e
o dirigiu durante longo período, num tempo em que o prestigioso
jornal, fundado pelo saudoso Elmano Castro, se constituía numa
autêntica escola de profissionais da nossa terra, com uma redação
em que pontificavam verdadeiros astros da literatura e do jornalismo, com destaque para o escritor João Ubaldo Ribeiro, que foi seu
redator-chefe.
Como escritor, Joaci Góes destacou-se nos últimos anos pela
elaboração de primorosos ensaios sobre os sentimentos humanos de
ódio e inveja, na linha da tradição moralizante da grande literatura
barroca da Espanha do Século de Ouro, com ênfase na obra consagrada de um pensador do nível de Baltasar Gracián ou mesmo do
poeta Francisco de Quevedo. Tais ensaios percorreram todo o Brasil
7
nas magníficas edições da Editora Topbooks, com justa ressonância
na imprensa e entre a crítica especializada. Neste particular, tornouse Joaci, com merecimentos, um vexilário do ensaísmo erudito em
nosso país.
Como empresário, nosso indicado tornou-se responsável por
relevantes cometimentos a serviço da dinamização da economia
baiana, particularmente nas áreas da urbanização e da construção
civil. Nem podemos esquecer que, a este pendor para os negócios
materiais, soube arregimentar sua vocação empresarial em benefício
do ensino universitário, fundando no extremo sul da Bahia uma
Universidade que leva a marca do pioneirismo e da fremente audácia
na busca pelo saber.
Por fim, não menos relevante, devemos registrar a breve mas
vitoriosa passagem de Joaci Góes na esfera da militância política e
partidária, como membro do Congresso Nacional, numa época em
que essa Casa ainda zelava pela sua imagem como fortaleza democrática, longe de transformar-se no valhacouto do oportunismo, da
corrupção, do dilacerante compadrio e da falta de respeito público
em que se constituiu nestes últimos anos. Lembremos que, como
deputado federal, Joaci Góes foi o relator do Código de Defesa do
Consumidor, atividade que por si só marcaria toda a sua proficiente
passagem pela Câmara dos Deputados, ao lado de, posteriormente,
ter revelado rara desambição política, retirando-se da militância
parlamentar ainda no auge das suas melhores expectativas, numa
prova de desprendimento e consciência cívica, ante um quadro que
se anunciava desalentador, enfim deploravelmente confirmado.
Senhor presidente e caro amigo, pelo conjunto dos fatos expostos reitero, com ênfase, a minha indicação, lembrando que, por
estar residindo há vários anos no Rio, gostaria de receber informações adicionais, se necessárias, para a formalização regimental dos
procedimentos.
8
Reafirmando a minha tradicional admiração, envio ao prezado
amigo e a todos os demais confrades o abraço efusivo e as lembranças
do
João Carlos Teixeira Gomes
(*) (Carta enviada ao presidente da ALB)
9
Discurso de posse de Joaci Góes
A cadeira que passamos a ocupar nesta augusta Academia tem
como patrono e ocupantes algumas das figuras maiores da inteligência nacional, nas pessoas de José da Silva Lisboa, o visconde de
Cairu, o filólogo Ernesto Carneiro Ribeiro, o historiador Francisco
Borges de Barros, o jurista Aloísio de Carvalho Filho, o cientista
político Nelson de Souza Sampaio e o meu antecessor imediato, o
homem de letras e esteta Pedro Moacir Maia, que nos deixou em 8
de janeiro de 2008. É de evidência palmar que o ciclo de notáveis
que ocuparam a cadeira número sete sofre interrupção na solenidade
desta noite.
A admissão de nossa presença meio a tantas figuras ilustres do
passado e do presente, na vida intelectual da Bahia e do Brasil, decorre, para mim, de uma afortunada associação entre a generosidade
e o culto à diversidade dos membros desta Casa, que fazem dela
um corte transversal exemplar da inteligência baiana, em múltiplos
campos de ação.
Nos idos da adolescência acompanhei com encantamento
o pensador católico Gustavo Corção, discorrer em seu livro Nas
fronteiras da técnica sobre o caráter necessariamente intelectual de
todo obrar humano, não havendo razão, segundo sustentava, para
a distinção corrente entre trabalho físico e trabalho intelectual.
O trabalho do operário, do ourives, do cientista, do escritor, do
empresário, do artista ou do filósofo, seria igualmente intelectual,
11
variando, apenas, o modo de aplicação da inteligência e o nível de
qualidade da atividade executada.
Aos membros desta Academia que sufragaram nosso nome, a
quem nunca terei como ser suficientemente reconhecido, certamente
não se aplica a advertência de Ludwig von Mises, luminar da escola
de Economia de Viena, cada vez mais reconhecido como um dos
maiores economistas de todos os tempos – sucessor de Carl Menger
e mestre do Nobel Frederick Hayek –, ao verberar em A mentalidade
capitalista que: “a inútil arrogância dos escritores e dos artistas boêmios
considera as atividades dos homens de negócios como pouco intelectuais
e enriquecedoras. A verdade é que os empresários e os organizadores
de empresas comerciais demonstram maior capacidade intelectual e
intuitiva do que o escritor e o pintor médios. A inferioridade de muitos
intelectuais se manifesta exatamente no fato de não reconhecerem o
quanto de capacidade e raciocínio é necessário para desenvolver e fazer
funcionar com sucesso uma empresa comercial... A corrupção moral,
a licenciosidade e a esterilidade intelectual de uma classe de pretensos
autores e artistas é o preço que a humanidade deve pagar a fim de que
pioneiros inventivos não sejam impedidos de concluir seus trabalhos”.
Não terá sido como empresário, apenas, que fomos admitidos
nessa confraria de mulheres e homens notáveis. Nossa já longa
experiência empresarial haverá de ter somado ao conjunto dos atributos que compõem nossa modesta biografia, seja como jornalista
ou político que não cederam quando o guante da intolerância se
abateu sobre a alma da Bahia, emasculando-a, seja como articulista e
conferencista, seja, ainda, como relator do Código do Consumidor,
a lei mais popular do País, ou como autor de alguns ensaios.
Essas pequenas credenciais, suficientes para manter em bom
nível minha autoestima, nem de longe se aproximam do mínimo
necessário para emparelhar com meus notáveis antecessores.
Ainda que não possam ser avaliados para ingresso em academias,
há outros fatores em minha vida largamente contributivos para a
elevação de minha autoestima. A começar pela qualidade dos pais
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de quem nasci – João Góes, o velho e bom Seu Gosinho, e Mariana, a extraordinária D. Zilu –, exemplos incomparáveis de retidão,
amor ao trabalho e dedicação à família. Deles absorvi, por síntese
osmótica, o exercício do entendimento intuitivo de que integridade
é obediência ao que não é exigido, de tal modo que se o mundo
fosse feito de gente como eles, não haveria, então, necessidade do
aparato de instituições como a polícia e o Poder Judiciário. Seguiu-se
a comunidade de meus irmãos, caldo de cultura simulador e antecipatório das alegrias e dores do mundo, comunidade composta pelo
primogênito e saudoso Joilson, há seis meses tragado pela gratuita,
cruel e crescente violência das ruas; Jacira, Jéferson, Julival e os gêmeos Joildo e Joilda. Desse núcleo, já considerável, formou-se família
numerosa de cunhados e sobrinhos que aí estão, para satisfação do
outono de minha existência, concorrendo com sua criatividade e
trabalho diversificado e fecundo para o progresso de nossa terra.
Sinto-me feliz também por ter nascido na fazenda São Bento,
no município de Ipirá, berço, dentre outros homens e mulheres ilustres, de Eugênio Gomes, um dos mais sofisticados críticos literários
do País e membro da Academia Brasileira de Letras, bem como do
desembargador Carlos Dultra Cintra, com quem a Bahia contraiu
o débito irresgatável de haver libertado o seu Poder Judiciário da
submissão a forças que desnaturaram e comprometeram sua missão, ao lado de outros magistrados, a quem homenageio na pessoa
do irrepreensível Ministro do Superior Tribunal de Justiça Paulo
Furtado, aqui presente na pessoa de sua mulher, a competente juíza
Verônica Furtado.
Em Lídice, companheira querida de toda a vida, encontrei
o destino do meu coração, e com ela tive os amados filhos Joaci,
que me substitui com a vantagem de muitos corpos na atividade
empresarial, e Alex, poeta, cantor e compositor dos melhores. Por
último, fui premiado com a indizível felicidade do nascimento de
Maria Eduarda e Daniel – Duda e Dan –, a quem dediquei o meu
último livro, A força da vocação, estendendo a dedicatória aos pais
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Jô e Gabriela e a todos que concorrem para o aprimoramento da
educação deles e de todas as crianças do Brasil.
E como classificar o bem que faz a minh’alma a legião dos
amigos queridos aqui presentes?
Voltemos, porém, à memória dos meus antecessores na cadeira
n° 7, começando pelo patrono.
José da Silva Lisboa, figura notória nos livros de História do
Brasil, como o visconde de Cairu, nasceu em Salvador a 16 de julho
de 1756 e faleceu na cidade do Rio de Janeiro a 20 de agosto de 1835,
aos setenta e nove anos, portanto. Como a enriquecer a moldura de
sua excepcional biografia, ele que conquistou o baronato em 1825,
e o viscondado no ano seguinte, aos setenta anos, nasceu na capital
do Brasil-colônia e morreu na capital do Brasil-império.
O visconde de Cairu, patrono dos economistas brasileiros, é
reconhecido como um dos maiores vultos do Brasil em todos os tempos, tendo se distinguido como economista, historiador, publicista,
jurista e político eminente, com acentuada vocação para o exercício
das relações humanas, de que são testemunho as ações diplomáticas
que empreendeu com êxito. Segundo Alceu de Amoroso Lima, o
Tristão de Ataíde, Cairu foi o “verdadeiro patriarca da independência
moral e intelectual do Brasil”.
Filho do arquiteto português Henrique da Silva Lisboa e de
Helena Nunes de Jesus, aqui fez os estudos preparatórios, com ênfase
em Filosofia, Música e Piano, como era o padrão da época.
Seguiu para Portugal, aos dezoito anos, onde se graduou em
Filosofia e Direito, aos vinte e dois, em 1778, na Universidade de
Coimbra. No mesmo ano de sua formatura, foi nomeado professor
assistente das cadeiras de Grego e de Hebraico do Colégio das Artes
de Coimbra e designado professor de Filosofia nacional e moral para
a cidade do Salvador, na Bahia, cadeira que regeu por 19 anos, paralelamente ao ensino de grego, ao longo de cinco anos. Na sequência
de sua formatura, bacharelou-se em Cânones pela Universidade de
Coimbra, onde concluiu os cursos de Filosofia e Medicina.
14
Atento ao surgimento das teorias que agitavam o Século XVIII,
José da Silva Lisboa aderiu ao pensamento liberal do pai da Economia, o escocês Adam Smith, seu contemporâneo, trinta e três anos
mais velho, ainda hoje aclamado como o maior dos economistas,
cujas ideias centrais permanecem atuais.
Na linha da arguição do autor do conceito da mão invisível a
guiar a conduta do homo economicus, o visconde de Cairu pregava
que um país só progride se seus agentes econômicos dispuserem do
máximo de liberdade para acumular riqueza e gastar o que ganharem
como quiserem.
Sob a inspiração dessa crença, tão logo D. João desembarcou
no Brasil em 1808, Cairu pediu-lhe audiência para propor a abertura dos portos brasileiros ao comércio internacional. O Visconde
desconhecia que, por razões estratégicas, ditadas pela guerra contra
Napoleão, a corte portuguesa, em sintonia com a Inglaterra, sua aliada histórica, já se decidira pela abertura dos portos na denominada
“Convenção Secreta de Londres”.
Aos quarenta e cinco anos, em 1801, José da Silva Lisboa publicou, em Portugal, o primeiro de sete volumes de sua obra inaugural,
sob o caudaloso título de Princípios do Direito Mercantil e Leis da
Marinha para uso da mocidade portuguesa, que compreende o seguro
marítimo, o câmbio marítimo, as avarias, as letras de câmbio, os
contratos mercantes, os tribunais e as causas de comércio. Os outros
seis tomos viriam a lume até 1808, quando publicou, também, as
Observações sobre o comércio franco no Brasil, em dois volumes.
Em sua obra máxima, o tratado Princípios de Economia Política,
primeiro livro do gênero escrito em língua portuguesa, publicada
em 1804, abraçou, pioneiramente, as ideias expostas por Smith
em A riqueza das nações, sendo, portanto, o primeiro a divulgar os
princípios clássicos da Economia liberal. Nessa obra, entre as várias
causas da infelicidade dos povos, destacou as seguintes: 1) “A crença
de que os metais preciosos constituem a única e verdadeira riqueza dos
indivíduos e países”; 2) “A esperança de que será mais seguro e vasto
15
emprego quanto menores forem as trocas internacionais”; 3) “A opinião
de que os Estados são como os jogadores e que um não pode ganhar sem
que o outro perca, nem ser rico sem que os mais se empobreçam”; 4) “A
persuasão de que a quantidade de trabalho mecânico e penoso e o esforço
de viver – e não a inteligência que bem dirige e alivia o trabalho com
auxílio de instrumentos e máquinas e o esforço de melhorar a condição
e ter gozos da vida – são as principais causas da indústria e riqueza
das Nações”.
Aos seus múltiplos títulos como hebraísta, helenista, economista e jurista, o patrono da cadeira que passamos a ocupar era,
também, adepto da ortodoxia católica em matéria de política. Nesse
mesmo ano escreveu Observações apologéticas acerca da crítica que
faz contra Smith o autor das Memórias Políticas sobre as verdadeiras
bases da grandeza das nações. Nessa obra, Silva Lisboa invectivava as
críticas que então Rodrigues de Brito dirigira ao pai da Economia,
no terceiro volume de sua obra intitulada Memórias Políticas.
Quando o Príncipe Regente D. João chegou à Bahia, em 1808,
José da Silva Lisboa era funcionário da Mesa de Inspeção da Agricultura e Comércio. A ele os comerciantes de Salvador incumbiram de
redigir e fundamentar as razões pelas quais pleiteavam a suspensão
do embargo do comércio com Portugal, então sob ocupação francesa. A Carta Régia de 24 de janeiro de 1808 oficializou a medida.
Um mês depois de chegar ao Rio de Janeiro, na comitiva de D.
João, José da Silva Lisboa foi nomeado desembargador do Paço e da
Consciência e Ordens. Quatro meses mais tarde tornou-se deputado
da Real Junta do Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação do
Estado do Brasil. Em 1809 recebeu a incumbência de organizar um
código de comércio. Em 1810 foi agraciado com a mercê do hábito
de Cristo. Em 1815 foi encarregado das obras para a impressão.
Em 1821 integrou a lista dos membros da junta para o exame das
leis constitucionais e inspetor-geral dos estabelecimentos literários.
Para colaborar no seu propósito de evitar a separação do Brasil
de Portugal, Silva Lisboa fundou o jornal O Conciliador do Reino
16
Unido, onde defendeu os direitos do Príncipe e enfatizou as vantagens da monarquia continental. Ao perceber, porém, a irreversível
marcha do Brasil pela autonomia política, entregou-se ao combate
pela independência, publicando o livro As reclamações, de grande
repercussão, onde expôs suas ideias independentistas.
Advogado da centralização do poder, combateu através do seu
Rebate brasileiro a Confederação do Equador e o Typhis Pernambucano de Frei Caneca, hebdomadário que teve 29 edições, em sua
curta vida de sete meses e meio, de dezembro de 1823 a agosto de
1824. É dessa época a publicação do Apelo à honra brasileira contra
a facção Federalista de Pernambuco.
Mais tarde foi escolhido, sucessivamente, deputado e senador
do Império. Em 1832 pugnou pela criação de uma universidade no
Rio de Janeiro, fato que só veio a ocorrer quase um século depois.
José da Silva Lisboa, o visconde de Cairu, foi ainda um arguto
historiador dos fastos do seu tempo.
Em 1815 publicou as Memórias sobre a vida de Lord Wellington;
em 1818, as Memórias sobre os benefícios políticos de El-Rey Dom João
VI; ao longo da década de 1820 trouxe a lume vários volumes de sua
inacabada História dos principais sucessos políticos do Império do Brasil.
Nosso patrono o é também da última das vinte cadeiras de
sócios correspondentes que a Academia Brasileira de Letras criou
para corrigir imperdoáveis omissões quando de sua fundação.
Ernesto Carneiro Ribeiro, fundador, primeiro ocupante da
cadeira n° 7 e primeiro presidente da Academia, autor do clássico
Serões Gramaticais, um marco da língua portuguesa, nasceu em 12
de setembro de 1839, na ilha de Itaparica, e morreu em Salvador em
13 de novembro de 1920. Observe-se que, além de Carneiro Ribeiro,
a ilha de Itaparica tem sido um berçário de notáveis, a exemplo do
frade franciscano e poeta barroco do século XVIII, o Frei Manuel de
Santa Maria, conhecido como Frei Itaparica, o historiador Ubaldo
Osório, o romancista Xavier Marques e a figura solar de João Ubaldo
17
Ribeiro, um dos maiores romancistas do mundo. Isso sem falar em
Maria Felipa de Oliveira, valente mulher negra, envolvida na lenda e
na aura de grande e polêmica heroína da Guerra da Independência do
Brasil. A crédito de sua existência, militam os registros pioneiros de
Ubaldo Osório, em sua História sobre a ilha de Itaparica, e de Xavier
Marques, que a fez personagem do seu romance Sargento Pedro. De
tal modo Ubaldo Osório se impressionou com as façanhas atribuídas
a Maria Felipa, que batizou uma filha, mãe de João Ubaldo, com o
nome de nossa heroína. As personagens Maria da Fé, em Viva o Povo
Brasileiro, de Ubaldo, e Rosa Palmeirão, em Mar Morto, de Jorge
Amado, certamente se inspiraram em nossa Joana D´Arc.
Carneiro Ribeiro formou-se em Medicina em 1864. Cursou a
ciência de Hipócrates porque à época não havia escola de Direito na
Bahia. Os estudos filológicos, porém, a que se dedicou desde cedo,
constituíam sua verdadeira vocação, sendo o magistério a profissão
de toda a sua vida.
Entre seus alunos, além de Francisco Borges de Barros, seu
sucessor nesta Academia, destacam-se o oceânico Ruy Barbosa,
Euclides da Cunha e o virtuoso homem público Rodrigues Lima.
O momento mais alto de sua biografia, sem dúvida, foi a polêmica que sustentou com o mais famoso de seus discípulos, Ruy
Barbosa, tendo a língua portuguesa como tema, a partir da redação
do novo código civil. Se um dia o Brasil e a língua portuguesa se
impuserem ao mundo, essa discussão histórica, composta d´As primeiras impressões, da Réplica e da Tréplica, será reconhecida como o
maior monumento filológico de todos os tempos.
Francisco Borges de Barros, sucessor do mestre e amigo Ernesto
Carneiro Ribeiro, não é um nome conhecido do grande público,
não obstante o prestígio que desfrutou junto a seus coevos e que
desfruta, hoje, junto aos estudiosos da nossa História.
Esta figura singular, cuja biografia contribui para aureolar
o município de Santo Amaro, também como berço de notáveis,
morreu pobre, depois de prolongada moléstia. O longo tratamento
18
médico a que se submeteu, bem como as despesas dos seus funerais,
foi custeado por amigos e instituições a que serviu com competência
e desvelo. Morto pouco antes de completar 53 anos, dedicou sua
vida íntegra ao trabalho e ao estudo, fazendo quase sempre do seu
trabalho, como diretor do arquivo público, o objeto dos estudos que
tanto enriqueceram nossa historiografia. Destacou-se pelas pesquisas
que realizou nas áreas da História, Geografia e Genealogia.
Nascido em 1882, Borges de Barros renunciou às maciezas da
aristocracia rural, de que era herdeiro por longa tradição familiar,
para graduar-se em Direito em 1903, tendo realizado curso brilhante, ao lado de seu parente ilustre, Moniz Sodré, futuro senador e
governador da Bahia, famoso criminalista, autor do clássico As três
escolas penais, leitura obrigatória para os estudantes de Direito. Foi
dos primeiros a trabalhar pela criação da pinacoteca do Estado, de
qualidade reconhecida. Parecia inspirar-se em Leon Tolstoi, que recomendava o conhecimento da própria aldeia, antes de aventurarmonos à exploração do mundo, de tal modo se dedicava ao estudo da
realidade à sua volta. Nessa linha de operosidade, legou-nos extensa
bibliografia, parte substancial dela em suas contribuições aos jornais
O Regenerador, A Tarde, Gazeta do Povo, A Notícia, Jornal de Notícias,
A Cidade e outras publicações. Em 1913 publicou seu primeiro livro,
O Duque de Caxias na Política do Império, seguindo-se Memória e
História de Ilhéus; em 1914, Anais da Capitania de Ilhéus; em 1915,
À Margem dos Assuntos e, em 1916, À Margem da História da Bahia.
O ano de sua mais copiosa produção foi 1923, com Terras da Bahia,
Penetração das terras baianas, Bandeirantes e sertanistas e aquele que é,
provavelmente, seu magnum opus, o Dicionário geográfico e histórico
da Bahia.
Publicou ainda Esboço coreográfico da Bahia; Memória histórica
do município de Belmonte; J.J. Seabra; O Castelo da Torre de Garcia
d´Ávila; Do Amazonas ao Paraná, obra dedicada à excursão política de
Seabra como candidato a vice-presidente da República; Documentos
sobre a independência na Bahia; A Revolução de 1798; Antigas capita19
nias da Bahia; Povoadores dos sertões da Bahia; Revolução republicana
de 1817; Revolução dos Farrapos; Recursos minerais da Bahia; O comércio da Bahia na época colonial; Confederação dos Guerens; Batalha de
Pirajá; Sesmarias da Bahia; Primórdios das sociedades secretas na Bahia.
Conquistou o prêmio Caminhoá de literatura histórica.
Merece destaque, pelo seu caráter afetivo, o estudo que realizou
de seu pago, Patatiba, que ele descreveu como “imensa faixa de terra,
que se prolonga do sudoeste ao nordeste do município de Santo Amaro,
desde o arraial de São Braz até os engenhos Brejos, Glória, Vitória e
Pedra, daí seguindo para o nordeste até as matas seculares que bordam
as cabeceiras dos Sergi-mirim e Paraúna”.
Borges de Barros foi diretor do Arquivo Público, Inspetor de
Monumentos do Estado, presidente da Associação dos Funcionários
Públicos, conselheiro interino do Tribunal de Contas, grão-mestre
da Maçonaria local e chefe de gabinete nos dois quatriênios do
governo de J. J. Seabra.
A edição de A Tarde de 16 de fevereiro de 1935, ao noticiar o
sepultamento de Borges de Barros, assinala: “Como dissemos ontem,
o inditoso escritor morreu paupérrimo, tendo a Maçonaria, de que foi
grão-mestre, custeado as despesas dos funerais. Por sua vez, a Associação
dos Funcionários Públicos teria avocado outras despesas com a moléstia
e tratamento de seu benemérito presidente”.
Pelo que transparece dos escândalos em turbilhão que diariamente nos indignam, já não há tantos servidores públicos honrados
como antigamente.
Aloísio de Carvalho Filho, nascido e morto em Salvador, em
03 de março de 1901 e 28 de fevereiro de 1970, respectivamente, a
princípio eleito para a cadeira 26, permutou-a pela 7 com o Monsenhor Francisco de Paiva Marques, com apoio no argumento de que
“as afinidades espirituais que, dada a forma de atividade intelectual de
cada um, os colocam melhor nos lugares que solicitam”.
20
Aloísio de Carvalho Filho, que já muito antes de sua morte
gozava da reputação de ser um dos maiores penalistas brasileiros, foi
também jornalista, advogado e um político ilustre. Deputado federal
de 1934 a 35, foi colhido pela morte na metade do terceiro mandato
de senador da República, sendo substituído pelo seu suplente, Antônio da Silva Fernandes, personalidade modelar como pecuarista
inovador e deputado estadual em sucessivas legislaturas. Em paralelo
ao brilho invulgar no cumprimento de qualquer dessas atribuições, o
jurisconsulto Aloísio de Carvalho Filho primava pela exemplaridade
de sua postura. Tenho para mim que o rigor comportamental com
que Aloísio de Carvalho Filho vestia sua conduta trazia a subliminar
intenção de realçar o contraste entre seu comportamento pessoal e
o de seu famoso pai, o jornalista Aloísio de Carvalho, conhecido
como Lulu Parola, personalidade singularmente heterodoxa para
os costumes do tempo.
À frente do coro das mais respeitáveis vozes que proclamam,
à unanimidade, o valor moral e intelectual de Aloísio, recordo-me
do carinho, admiração, respeito e vigor apologético com que seu
discípulo e substituto na cátedra de Direito Penal da Faculdade de
Direito, Raul Affonso Nogueira Chaves, meu mestre, paraninfo e
amigo querido, referia-se ao louvado comentarista do Código Penal.
O saudoso mestre Raul Chaves incorporava ao seu rico acervo
pedagógico a prática de apontar em obras da literatura universal
situações, passagens e personagens típicas do delito sob exame.
Dentre muitas, lá estavam as de Shakespeare, Agatha Christie, Balzac, Dostoyewisky, Morris West e do nosso Machado de Assis. O
estudo da galeria de personagens delinquentes na obra machadiana
era enormemente facilitado pelos trabalhos produzidos por Aloísio,
como Crime e criminosos na obra de Machado de Assis, e o seu delicioso
O processo penal de Capitu, que continuam a correr mundo.
Nelson de Souza Sampaio foi o amigo e discípulo querido de
Aloísio que o substituiu nesta Academia. Amizade e mútua admira21
ção iniciadas quando Nelson, ainda cursando os primeiros anos da
Faculdade de Direito, saudou, em nome da classe, o mestre Aloísio,
que se ausentaria do magistério, para cumprir mandato de deputado
constituinte, como registrou Pedro Moacir Maia, meu eminente antecessor, no seu magnífico discurso de posse nesta Casa, estampado
no número 48 da Revista da Academia de Letras da Bahia, cujo pleno
teor subscrevo e incorporo a esta arenga.
Um pequeno trecho do discurso, então proferido por Nelson,
que contava, apenas, dezenove anos, serve para dar a medida do
intelectual erudito, culto, refinado e preciso que viria a enriquecer
a Ciência Política em nosso País: “Queremos que a lei traga em si o
sentido dinâmico que lhe permita acompanhar a evolução sem pôr em
risco a sua estabilidade; a lei que traga em si as forças de sua contínua
adaptação”. E numa demonstração do espírito de tolerância que
estava na base da inabalável higidez democrática que o acompanhou
ao túmulo: “Pregamos, sim, o justo equilíbrio entre as forças renovadoras
e as forças conservadoras da sociedade, no sentido de uma colaboração
recíproca para a criação e a seleção de valores”.
Fui aluno de Ciência Política do professor Nelson Sampaio,
no primeiro ano do curso de Direito da Universidade Federal da
Bahia. Nele, todos admirávamos o scholar, excepcionalmente dotado
de pendor para as lides acadêmicas, além do cavalheiro de gestos
pausados, impecavelmente vestido, dono do tempo, de tal modo a
lufa-lufa não fazia parte de sua vida.
Meio a extensa e qualificada bibliografia que nos legou, sendo
o excelente Ideologia e Ciência Política o título mais conhecido, há
uma monografia que merece destaque especial. Antes de mencionala, narrarei sugestivo episódio.
Corriam o ano de 1987 e os trabalhos da Constituinte para a
qual me elegera. Encontrava-me jantando, em Brasília, com o deputado Miro Teixeira, quando se aproxima o advogado Saulo Ramos,
então Consultor Geral da República do governo Sarney, com o qual
o PMDB baiano começava a se desentender. Feitas as apresentações,
22
Saulo Ramos exclamou: “Bahia! Terra do jurista brasileiro de maior
prestígio internacional”. Em lugar dos esperados Augusto Teixeira
de Freitas, o jurisconsulto do Império, Ruy Barbosa ou Orlando
Gomes, Saulo arrematou: – Nelson de Souza Sampaio! Fiquei
muito surpreso. Nome reconhecido como grande autoridade em
Ciência Política, Nelson não figurava entre nossos maiores juristas.
Seguiu-se a explicação de Saulo: “Participei de um congresso de Direito
Constitucional em Paris, em que o nome do professor Nelson Sampaio
foi unanimemente aclamado como autor de trabalho definitivo sobre os
limites do poder de reforma constitucional. Não sei de outro brasileiro
que tenha realizado façanha semelhante para a formação de um dos
ramos do conhecimento jurídico.”
Se, em 1980, não tivesse prevalecido o viés burocrático de
nossa universidade ao indeferir requerimento de Nelson Sampaio
para dedicar-se em regime de tempo integral, durante, apenas, um
ano, à preparação de um tratado, a partir do desenvolvimento de
seu conhecido estudo Prerrogativas do Poder Legislativo, em lugar de
um, possivelmente teríamos dois clássicos de sua autoria de reconhecimento universal.
Sucedendo a Nelson Sampaio, tragicamente desaparecido em
20 de dezembro de 1985, Pedro Moacir Maia toma posse da cadeira
n° 7 em 10 de março de 1987, sendo saudado pelo inesquecível Jorge
Calmon Moniz de Bittencourt. Ao chegar a esta Academia, Pedro
Moacir juntou-se ao seu querido irmão, já acadêmico, e o melhor
dos seus amigos, o consagrado contista Carlos Vasconcelos Maia,
de saudosa memória.
Filho caçula do comerciante Manoel de Almeida Maia e Asterolina Vasconcelos Maia, Pedro Moacir nasceu em Salvador, a 27 de
junho de 1929. Órfão de mãe em plena infância, a avó e a tia Zeca
dividiram com seu pai a tarefa de criá-lo e educá-lo. Ingressou na
escola de Direito, em atenção às solicitações paternas, abandonando-a
dois anos depois de frequentá-la, para graduar-se em Línguas Neolatinas e Letras, em 1956, pela Faculdade de Filosofia Ciências e
23
Letras da Universidade Federal da Bahia, onde mais tarde ensinaria
Literatura Portuguesa, paralelamente ao ensino de Português, entre
1957 e 1960, no Colégio Estadual da Bahia, onde cursou o secundário. Entre 1959 e 1960, publicou artigos no Jornal da Bahia, sob
a rubrica comum de “Livros e revistas de arte”. Dedicou toda sua
existência fecunda aos labores intelectuais vinculados à educação e à
cultura em geral, como professor, contista, crítico literário, cronista,
tradutor e historiador da arte. No exercício desse variado mister,
encontrou o leito de sua verdadeira vocação.
Iniciou sua atividade magisterial pelo Colégio Estadual da
Bahia, o mesmo velho Central de Abílio César Borges, Carneiro
Ribeiro, Castro Alves, Rui Barbosa e de tantas personalidades ilustres
que integram a História da Bahia contemporânea em suas múltiplas
dimensões, algumas delas integrantes desta Academia e muitas outras
presentes a esta solenidade. Foi aí que tive a honra de ser seu aluno,
integrando uma de suas primeiras turmas.
Logo depois ocupou a secretaria do Instituto de Estudos Portugueses da faculdade em que se formou, daí seguindo para lecionar no
Senegal, na Faculté de Lettres et Sciences Humaines, da Université
de Dakar, de janeiro de 1961 a julho de 1970, encarregando-se, paralelamente, dos assuntos culturais da Embaixada do Brasil naquele
país africano, entre 1964 e 1970.
Suas atividades em Dakar incluíam conferências, a publicação de artigos e a organização e montagem de exposições diversas
sobre assuntos brasileiros, na Universidade e em outras instituições
senegalesas.
Fazendo coro com o regozijo expresso pelo reitor Edgard Santos por havê-lo recomendado ao professor Pierre Nardin, diretor da
Faculdade de Letras e Ciências Humanas da Universidade de Dakar,
que logo reconheceu o grande valor do jovem mestre brasileiro, o
jornalista Márcio Moreira Alves publicou na revista Visão, em 14
de setembro de 1962, artigo sob o título “O magricela de Dacar”
em que exaltou a atuação de Pedro Moacir no continente africano,
24
conforme reproduzido pela A Tarde, em março de 2008. Moreira
Alves dá testemunho da inteligência e do empenho diuturno de
Pedro Moacir em promover as coisas brasileiras, fazendo de sua sala
um mostruário de fotos, de artes plásticas e de livros, entre os quais
centenas de obras dos principais romancistas, poetas e sociólogos
brasileiros. Moreira Alves, o mesmo que em 1968, como deputado
federal, deu a justificativa que os militares queriam para editar o AI 5,
ao concitar as jovens brasileiras a não namorarem os integrantes das
Forças Armadas, nem comparecerem às festas do sete de setembro,
destacou a indignação de Pedro Moacir contra quatro dos seis outros
brasileiros que também lá se encontravam, por gazetear o trabalho
e dar vazão a velhos preconceitos, inclusive raciais.
Observou Moreira Alves que Pedro Moacir fazia do campus
da própria universidade onde residia, “um escritório de propaganda
unitário e móvel”.
Da África, o difusor maior do significado histórico e valor
estético de nossa azulejaria migrou para a embaixada do Brasil na
Argentina, onde respondeu, de 1970 a 1976, como diretor do Centro de Estudos Brasileiros, ensinou Português, deu cursos diversos
sobre as artes no Brasil, organizou e montou exposições de variada
temática, particularmente de autores argentinos e brasileiros. É
oportuno destacar os cursos que ofereceu, sobre a literatura do Nordeste brasileiro, para graduados no Instituto de Letras da Facultad
de Letras de la Universidad de Buenos Aires, as conferências que
proferiu sobre arte e literatura brasileiras, bem como cursos sobre o
nosso Modernismo e sobre Castro Alves.
Completou Pedro Moacir seu périplo diplomático-cultural
na América Latina como diretor do Centro de Estudos Brasileiros
da Embaixada do Brasil em Santiago do Chile, entre setembro de
1976 e dezembro de 1981, onde, além de ensinar Português, deu
vários cursos, como “Algunos momentos o aspectos del arte em Brasil”,
no Departamento de História da Universidade do Chile, em 1978;
“Cristianismo y Barroco”, na Facultad de Teologia de la Universidad
25
Católica de Chile, em 1980, repetindo-o em 1981. A exemplo do
que fizera em Buenos Aires, organizou e montou diversas exposições
de artistas ou temas brasileiros e chilenos, deu entrevistas, escreveu
artigos e proferiu conferências para difundir a cultura brasileira.
Foram, portanto, vinte anos de vida no exterior, dedicados
a atividades como professor, conferencista, tradutor, curador de
exposições e organizador de seminários e congressos. Foi membro
da College Art Association of América, da American Society for
Hispanic Art and Historical Studies, da Tile Heritage Foundation,
dos Estados Unidos e da Tiles and Architectural Ceramics Society
da Inglaterra. Foi condecorado pelos governos do Brasil, Senegal,
Argentina, Chile e Portugal.
Acrescido dessa rica bagagem, Pedro Moacir retornou a Salvador, querido torrão natal, onde assumiu a direção do Museu de Arte
Sacra, aí permanecendo de 1982 a 1989, e reassumiu o magistério
no Instituto de Letras, até sua aposentadoria.
Foi no momento do retorno que se deu o acontecimento maior
de sua vida: a realização do grande e velho amor com a desde sempre
eleita do seu coração, Celeste Aída Galeão, mulher exemplar pela
beleza, inteligência, caráter, erudição, a mais de reconhecida pela sua
qualificada germanofilia. Para merecer este encontro definitivo de
su’alma, Pedro Moacir esperou vinte e um anos, sete a mais do que
Jacob serviu a Labão para merecer Raquel, serrana bela.
A atividade intelectual de Pedro Moacir à frente do Museu de
Arte Sacra, mais uma vez, evidenciou-se intensa. Já a partir de 1982,
aí organizou encontros, conferências, cursos diversos como um sobre
“A arte paleocristã”, exposições, lançamentos de livros e discos, concertos ao vivo. Instituiu o (novo) Livro do Tombo do acervo artístico
do Museu, além da fototeca completa dessas mesmas obras de arte.
Esta figura exemplar de nossas letras, a exemplo de Freud, em
lugar de fazer da publicação de livros seu objetivo principal, preferiu
entregar-se à produção de textos específicos, sob a forma de artigos,
destinados a publicações especializadas – livros, revistas ou jornais –,
26
com marcante presença no caderno cultural de A Tarde, nos últimos
vinte e cinco anos da vida.
Sua produção como editor-amador compreende dezessete livros
e cerca de cento e vinte plaquettes, sob a marca Edição Dinamene,
entre 1949 e 1981, fim do seu périplo no exterior.
Entre 1982 e 2005, a partir de quando sua saúde começou a
declinar, produziu cinco livros sobre artes na Bahia.
A fotografia, como arte, integrava o amplo leque de seus interesses intelectuais, de que é exemplo a grande quantidade de livros,
estatuetas e quadros sobre o assunto que enriqueciam seu habitat
estético.
Em 1987, sob o patrocínio de importante organização bancária,
editou o melhor trabalho existente sobre o Museu de Arte Sacra,
com textos e fotos que enchem os olhos e esclarecem o significado
dos seus altares, pinturas e afrescos, lápides tumulares, azulejaria,
esculturas, crucifixos, calvários, ourivesaria e prataria, utensílios
religiosos, móveis e diferentes ângulos de sua exuberante arquitetura.
São de 1990 seus textos sobre “Os cinco sentidos, os trabalhos dos
meses e as quatro partes do mundo em painéis de azulejos, no Convento
de São Francisco em Salvador”. Data de 1995 o livro Adoração dos
Pastores e dos Magos em Painéis de Azulejos.
Em 2002, publicou Vistas e festas lisboetas em azulejos na Bahia,
em que faz um estudo completo da azulejaria inspirada no tema
do título, encontradiça na Ordem Terceira de São Francisco, seu
claustro e seu consistório.
Muito no estilo de sua vocação de infatigável caçador de manifestações estéticas, participou, em 2003, da reedição do livro Azulejos
– Reitoria da Universidade Federal da Bahia, como editor e autor
das legendas explicativas da azulejaria daquele palácio universitário.
Membro altamente participativo da vida da ALB, como seu
segundo-secretário, no biênio 1989/90, e primeiro-secretário em
biênios seguintes, organizou exposições de livros raros e/ou ilustrados
de autores como Jorge Amado (1985), Manuel Bandeira (1986),
27
Castro Alves (1986) e Machado de Assis (1989). Ainda na sede da
ALB, proferiu conferências sobre obras e autores brasileiros, tendo,
igualmente, organizado e escrito textos para catálogos de diversas
exposições.
Graças à vitoriosa iniciativa do poeta Fernando da Rocha Peres,
autor do prefácio, veio a lume, postumamente, em maio de 2008, o
livro Cartas inéditas de Graciliano Ramos a seus tradutores argentinos
Benjamin de Garay e Raúl Navarro, com introdução, ensaios e notas
de Pedro Moacir, que adquiriu essa correspondência quando exercia
o cargo de adido cultural na embaixada brasileira na Argentina.
Impresso na Ufba, foi lançado aqui mesmo, nesta Academia. Prova
adicional de seu gosto requintado é o preito dedicado a dois vasos
sang-de-boeuf, em porcelana rubra, de sua propriedade, reputados seu
bem mais valioso, conforme testemunho de Celeste Aída Galeão, que
escreveu a orelha, companheira e musa nos derradeiros 25 anos de
uma existência dedicada à fruição dos valores e prazeres da estética.
Pedro Moacir deixou alguns trabalhos inéditos, como uma
Antologia comentada de Manuel Botelho de Oliveira, O Movimento
Caderno da Bahia (1948-1952) e O tema da natividade em azulejos
portugueses na Bahia.
Consoante seu desejo, sua biblioteca foi doada ao Mosteiro
de São Bento.
Meio à rica galeria de vultos das artes cujas obras reverenciava,
Pedro Moacir nutria especial admiração pelos artistas plásticos austríacos Gustav Klimt e Egon Schiele que, à exceção do talento, nada
tinham em comum. Enquanto Klimt exaltava a beleza de delicadas
e frágeis figuras humanas, Schiele dilacerava tragicamente as figuras
de suas construções pictóricas.
Produto de sua infatigável vocação de esteta, as artesanais edições Dinamene tiveram tiragens limitadas, de acesso restrito a amigos
e colecionadores, dentre os quais o empresário e seu admirador José
Mindlin, o mais famoso bibliófilo brasileiro, que afirmou serem
28
elas “pequenos primores gráficos que celebram a supranacionalidade
da poesia”.
José Mindlin recorda, no caderno cultural de A Tarde de 29
de março de 2008, em memória de Pedro Moacir, os trinta anos de
amizade com ele, amizade construída a partir do interesse comum
sobre o livro, seu conteúdo e formatos gráficos: “Nossos encontros,
tanto em Salvador como em São Paulo, sempre foram fonte de prazer,
agradáveis, estimulantes. Admirava-o de longa data, como excelente
artista gráfico e polivalente homem de cultura. O amor aos livros é um
poderoso fator de união espiritual; e ele nos uniu desde o longínquo
primeiro encontro. Antes mesmo de conhecê-lo pessoalmente, admirava
suas plaquetas avulsas da Dinamene, caprichosamente impressas, sempre
em tipo uniforme, com que divulgou poesias preferidas de Bandeira,
Drumond e João Cabral, entre outros... A existência de Pedro Moacir
foi profícua para o meio cultural brasileiro e vai fazer muita falta a nós,
seus amigos, e ao desenvolvimento da sensibilidade baiana”. Entre os
amigos referidos por Mindlin encontravam-se o médico memorialista
Pedro Nava e o crítico baiano Wilson Rocha.
O historiador e acadêmico Waldir Freitas Oliveira, ao ensejo
da morte de Pedro Moacir, observou: “Que posso dizer dele, senão que
sempre o considerei um dos mais sérios intelectuais da minha geração?
Não fazia alardes do seu vasto conhecimento. Não era de falar muito.
Mas como sabia das coisas! Poucos eram os assuntos sobre os quais não
tivesse opinião formada.”
Segundo a consagradora expressão de Carlos Drummond de
Andrade, na conhecida crônica escrita no já remoto 1973, sob o
título “Dinamene e seu anjo músico”, as edições Dinamene seriam
“ourivesaria gráfica”. Advertiu, ainda, Drummond: “Bibliófilos, já
sei que estais excitadíssimos, de gula e olhos acesos. As tiragens são limitadíssimas, e eu preveni que Maia não vende”... “Como um príncipe,
oferece as edições aos amigos do verbo, que são também seus amigos”.
A escritora austríaca Glória Kaiser, no seu discurso de posse
como Membro Correspondente Estrangeira desta Academia, em
29
maio de 2006, disse que “os ensaios de Pedro Moacir Maia sobre azulejos são preciosos e conduzem nosso olhar para obras muito especiais da
cultura lusitana. Além disso, os textos escritos pelo professor Pedro Moacir
são obras de arte que podem ser lidas e relidas com prazer. Cada uma
de suas frases é carregada de sentido profundo e de poesia. Trazem-me
à lembrança um ensaio maravilhoso sobre Antônio Vieira e Christina
da Suécia.”
Mas é com a opinião da psicanalista Urânia Maria Tourinho
que mais me identifico, ao arrematar em feliz síntese: “Para mim,
Pedro foi um professor da beleza”.
Dinamene foi a pranteada amante chinesa de Luís Vaz de
Camões que naufragou com ele na viagem que o transportava para
ser julgado em Goa pelos delitos administrativos que teria cometido
em Macau, onde se encontrava. Segundo a lenda, entre salvar os
manuscritos dos Lusíadas ou a amante, Camões preferiu a literatura.
Atormentado pelo remorso de sua “escolha de Sofia”, passou a dedicar
o melhor do seu estro a cantar a desditosa amada.
A esse conjunto de manifestações públicas, apropriadamente
laudatórias de Pedro Moacir, gostaria de acrescentar algumas memórias do tempo em que dele fui aluno, em 1958, no Colégio Central,
no curso de literatura que deu aos que concorreriam ao vestibular
daquele ano.
A admiração que provocava em seus alunos o então jovem
professor, formado há apenas dois anos, era unânime, pela didática,
pela capacidade de despertar genuíno interesse pelo tema exposto,
pela espontânea camaradagem da convivência e, sobretudo, pela
enorme sensibilidade para identificar o belo em contextos triviais ou
incomuns. Intuitivamente, Pedro Moacir orientava o seu magistério
pelo reconhecimento da supremacia da compreensão sobre o aprendizado papagueado, irrefletido, consoante a distinção piagetiana entre
o simples aprender e o compreender profundo.
30
Registre-se que o Central regurgitava de animação cultural, com
a presença de jovens talentosos que logo despontariam para as letras
e as artes, como João Ubaldo Ribeiro, Milze Soares, Raymundo Pinto, Raimundo Laranjeira, Ciro Matos, Antônio Guerra Lima, João
Carlos Teixeira Gomes, Hélio Contreiras, Glauber e Anecy Rocha,
Fernando da Rocha Peres, Affonso Manta Alves Dias e muito mais.
A Jogralesca e a geração Mapa saíram dessa tropa de elite que enchia
as paredes do Central com murais que abrigavam suas criações, sob
a forma de crônicas, artigos e poesias.
Recordo-me de um verso de Iracy Celestino, em que ela falava
do sofrimento pelo contraste entre seu abatimento emocional “enquanto a natureza arrebenta lá fora em gargalhadas de sol”. No dia
seguinte, o seu namorado e depois marido Joca escrevia: “Que os teus
ouvidos sejam como esponjas às minhas palavras molhadas de amor”.
Pedro Moacir vibrava com a atmosfera intelectual do velho
Central. Em uma aluna do primeiro ano, Ana Maria, Pedro pespegou
o apelido de Capitu, que permanece até hoje, referindo-se sucessivas
vezes a ela para explicar o que Machado de Assis queria dizer quando
se referia aos olhos de ressaca de sua mais famosa personagem.
De outra feita, amigavelmente questionado no dia seguinte à
eleição, pelo seu voto de Minerva, da miss Primavera do Central,
argumentou: “Entendo que vocês prefeririam aquela garota morena,
dotada de curvas generosas, no que teriam razão se as candidatas desfilassem nuas. Como desfilaram vestidas, não podemos excluir do julgamento
o todo formado pela beleza do corpo, o vestuário e suas cores, incluindo
as meias, os sapatos, o penteado, os adereços, o modo de andar, a dicção,
o conteúdo da conversa e o modo de falar. O sentido de beleza que se
deve valorizar não pode estar dissociado da harmonia do conjunto”.
Ali se manifestava, naquele pequeno episódio, na plenitude
de sua vocação primeira, o refinado esteta que seria por toda vida.
O jovem poeta Affonso Manta, então com dezessete anos, que
dividia comigo a tarefa de editar o mural O Alvorada, me mostrava,
diariamente suas criações poéticas. Ao ler algumas poesias de Affonso,
31
a meu pedido, Pedro Moacir concluiu que o garoto de Poções era um
bom poeta. Elogiou particularmente uma em que Affonso inquiria à
mãe e ao mundo onde ficara o seu segredo, aquele momento mágico
e indefinível que molda o destino dos homens. E, às tantas, Affonso
indagava, “Onde ficou meu segredo, minha mãe, onde ficou? Será que
ficou no monte, nas cercanias, na fonte? Será que ficou no sino, no sino
do velho Jacó? Jacó Sineiro era velho, morreu de triste, coitado, era quem
batia o sino nas festas do povoado. Com seu jornal de notícias, estridente
e galhofeiro, celebrava casamento de Janeiro até Janeiro. E quanta noiva
feliz Jacó não levou no sino, quanto velho, quanta velha, quanto corpo
de menino. Um dia a notícia veio e espalhou-se pelo outeiro. Quem
bateu o sino velho que enterrou Jacó Sineiro?”
Inspirado na sensibilidade de Pedro Moacir e em homenagem
a ele, Affonso escreveu em nosso O Alvorada estes versos:
“A beleza, poeta, existe na aparência das coisas mais sutis, das
brisas mais caladas, existe no mistério incluso da inocência, no despudor
das rosas desfolhadas”.
Em outra oportunidade, quando se falava dos grandes romancistas vivos, veio à baila o nome de William Somerset Maugham,
à época com 84 anos de idade, cujo romance Servidão Humana,
figurava, desde 1915, ano de sua publicação, como uma das obras
mais aplaudidas do século XX. Para estupefação geral, Pedro Moacir,
serenamente, como sempre, disse que à exceção de alguns contos
integrantes do livro Contos dos mares do sul, tudo o mais produzido
por Maugham não passava de bem composta subliteratura. Muitos
anos decorridos daquela que me pareceu uma afirmação pretensiosa,
tomei conhecimento de que o diagnóstico literário de Pedro Moacir
passou a ser o conceito assentado por parcela ponderável da crítica
revisionista da obra do famoso escritor inglês nascido em Paris.
Personalidade avessa aos extremos, Pedro Moacir era moderado
no aplauso como na crítica. Amante de uma boa piada, sorria, no
entanto, com a discrição dos pudorosos. Não obstante sua circuns32
pecção, certa vez, ao falar da poesia brasileira do Século XIX, com a
expressão revestida da habitual seriedade descontraída, disse que o
pernambucano (Antonio Peregrino) Maciel Monteiro (1804-1868),
médico, político, diplomata e poeta bissexto, considerado o introdutor da sensualidade e do lirismo erótico em nossa poesia, discípulo
de Lamartine e Victor Hugo, autor do conhecido soneto “formosa,
qual pincel em tela fina”, apesar do caráter circunstancial de sua
poesia, era muito invejado pelo sucesso que fazia com as mulheres,
a ponto de Silvio Romero ter dito dele que “trazia as mãos calosas
de arribar saias de seda”.
Senhoras e senhores acadêmicos, senhoras e senhores convidados:
Consciente do muito que tenho a fazer para reduzir a distância
abissal que me separa dos vultos ilustres que me antecederam nesta
cadeira de n° 7, assumo nesta noite, tão grata aos meus sentimentos, o solene compromisso de fazer dela o púlpito para continuar
defendendo, com ênfase crescente, o significado da educação para
a redenção dos povos, a nossa redenção.
O primeiro passo consiste em assoalhar a denúncia do continuado declínio do prestígio cultural e político de nossa terra, nas
últimas décadas, em compasso com a queda da qualidade do ensino
no estado. As sucessivas avaliações do MEC vêm apontando a Bahia
como detentora de um dos mais baixos rendimentos educacionais
no Brasil. Consectário inelutável desse panorama desolador é a própria Universidade Federal da Bahia que caiu de uma das primeiras
posições, quando a cursei, para o 37° lugar entre as universidades
brasileiras.
Quero observar que nunca uma Faculdade de Direito reuniu,
a um só tempo, em qualquer lugar ou época, no Brasil, uma plêiade
de professores com a qualidade dos mestres do meu tempo, do nosso
tempo, a exemplo de Orlando Gomes, de quem no corrente ano a
Bahia e o Brasil cultos celebram o centenário de nascimento. Temos
33
aqui, nesta noite, os dois remanescentes daquele time de notáveis, os
professores e queridos amigos Edson O´Dwyer e Luís Viana Neto.
O pior de tudo é que estamos em baixa, na qualidade e na
quantidade, já que à exceção da Universidade Federal do Recôncavo,
em implantação, contamos, apenas, com a UFBa, ao tempo em que
estados como Pernambuco e Minas Gerais contam, respectivamente,
com três e sete universidades federais. A prestação jurisdicional em
nossa terra vem de ser considerada pelo CNJ como a de mais baixo
desempenho entre as vinte e sete unidades da Federação. A segurança
em nosso estado saiu do plano da preocupação para um clima de
alarme permanente e geral, de tal modo se agigantam o crime e a
violência em suas mais torpes e cruéis modalidades. Enquanto não
formos capazes de dar consequência ao entendimento de que fora
da educação não há solução possível para os males que nos afligem,
e de que a educação é o caminho mais curto entre a pobreza e a
prosperidade, a barbárie em que nos encontramos e o patamar de
civilidade que almejamos, seremos, desgraçadamente, condenados a
conviver com o inquietante cisma social que ameaça e compromete
quando não destrói nossa paz individual e coletiva.
Já em 1989, no discurso de posse na cadeira 15, João Carlos
Teixeira Gomes, o Joca, romancista, crítico literário, grande poeta
maior e um dos mais talentosos jornalistas brasileiros, denunciando
nossa perda de prestígio cultural, observava que “as instituições de
cultura da Bahia têm uma responsabilidade muito grande. Vivemos
numa terra apontada como centro cultural importante em todo o
país, mas há muitos anos não temos sabido justificar essa fama. Tudo
nos falta. Não temos editoras, raras são as revistas especializadas,
entre as quais merecem louvor a da Empresa Gráfica da Bahia e a
da Fundação Casa de Jorge Amado, as bibliotecas enfrentam dificuldades para preservar e atualizar seu acervo. Nossa vida cultural
é fragmentária e dispersa, com suas manifestações tratadas como
se fossem algo de supérfluo, mero luxo ou adorno de civilização.”
34
Decorridos vinte anos do diagnóstico de Joca, o cenário para
o livro e o escritor no Brasil, em geral, e na Bahia, em particular, se
afigura ainda mais difícil, como se depreende da inteligente análise
da excepcional poeta Myriam Fraga, no seu discurso de saudação ao
ingresso de Evelina Hoisel nesta Academia:
“Frente aos surpreendentes avanços das artes ditas industriais, no
seio de uma sociedade que parecia mais disposta a privilegiar as manifestações culturais protagonizadas através do espetáculo, alicerçando
assim uma postura que conduzia à festa, à carnavalização, às manifestações coletivas, o livro, como instrumento tradicional de veiculação
de literatura, parecia estar cada vez mais condenado à marginalidade
e à exclusão.
Protagonistas do solitário ato de recriar o mundo através do silêncio,
aos escritores caberia apenas o lado escuro do palco.”
É oportuno lembrar que das três maiores fontes de poder – a
força, a riqueza e o conhecimento –, a força predominou dos primórdios da História até o início da Revolução Industrial, a partir
de quando o dinheiro assumiu a supremacia como a principal fonte
de poder, liderando até o começo da década de 1970. Desde então,
o conhecimento desbancou a força e o dinheiro como o centro do
poder. Hoje, como nunca, em função do conhecimento, os ricos, pessoas, empresas e povos, podem ser os pobres de amanhã e vice-versa.
A baixa prioridade atribuída na prática à educação pública,
em gritante conflito com os discursos eleitoreiros, como o meio
mais confiável para vencermos nossas crescentes desigualdades, a
corrupção e a violência, caracteriza fenômeno merecedor de diagnóstico no campo da psiquiatria social, uma vez que insistimos na
perseguição de resultados diferenciados a partir das mesmas causas,
atitude característica dos portadores de doenças mentais.
Todas as pessoas esclarecidas sabem, no Brasil e no mundo,
que nesta quadra da História em que vivemos, o conhecimento é,
acima da força e das riquezas materiais, a principal fonte de poder,
35
dos indivíduos e dos povos, como nos ensinam países como o Japão,
a Coreia do Sul e todos os países europeus. As exceções são Estados
Unidos e Noruega, que têm feito uso inteligente de suas riquezas
naturais, particularmente o petróleo, ao aplicarem os recursos delas
originados no desenvolvimento de sua infraestrutura física e educacional, entendida a educação como o amálgama de conhecimento
e valores éticos e morais.
Ao partilhar com moderado entusiasmo das prometidas riquezas do pré-sal, atento para a experiência histórica que adverte que
as riquezas naturais podem ser uma maldição, a exemplo dos países
do Oriente Médio e da vizinha Venezuela, que nada, absolutamente nada, conseguem produzir, além do óleo que jorra do subsolo.
Exauridas as reservas ou condenado o petróleo à obsolescência, o que
restará desses povos infelizes será uma multidão errante e esfomeada
a clamar por abrigo e esmolas internacionais.
Atuar na contramão desta verdade universal constitui, sim, caso
que reclama ajuda da psiquiatria social.
Senhoras e senhores,
Menos de dois lustros separam esta augusta Casa do seu centenário. “Servir à Pátria, honrando as letras”, este o nosso comando
supremo. Penso que serviremos com vigor redobrado a esses dois
elevados valores, se fizermos da educação o objetivo maior de nossa
ação coletiva. Até porque o processo educacional exige atenção
permanente, o que significa dizer que sua boa condução depende
da compreensão e da sensibilidade de cada um dos sucessivos e passageiros governos. A Academia de Letras da Bahia é uma instituição
comprometida com a perenidade. A docemente ilusória imortalidade
dos seus membros será alcançada na medida do significado de suas
obras para a construção sólida do presente e do futuro. E nada há
que possa competir com o compromisso com a educação como meio
para alcançá-la. Aí, então, a Academia poderia passar a incluir, como
prática, na lápide tumular de cada um dos seus saudosos membros,
36
a iniciar-se pela de Pedro Moacir Maia, que dedicou toda a sua vida
à educação, o imortal verso de Horácio: Exegi monumentum aere
perenius (“Eu construí um monumento mais duradouro do que o
bronze”).
37
Saudação a Joaci Góes (I)
Por João Carlos Teixeira Gomes (*)
Prezado amigo e confrade, Prof. Edivaldo Boaventura, eficiente
e devotado presidente desta instituição;
Demais componentes da ilustre mesa que preside os trabalhos;
Caro e operoso amigo Joaci Góes, que neste momento aqui se
empossa; senhoras e senhores,
Hoje é mais um dia de festa para a nossa Academia, tradicional
centro aglutinador das tradições humanísticas da Bahia, bem mais
do que um simples cenáculo de cultivadores da literatura. É oportuno destacar este fato no início do meu discurso, pois não devemos
esquecer nunca, nesta época de amargo empobrecimento da vida
cultural baiana, se comparada a décadas ainda tão próximas, que a
Bahia sempre foi considerada um centro irradiador de cultura no
plano nacional, reverente aos seus valores. Mas, já dizia Camões que
mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Hoje, convivemos
mais com zoada do que com refinamento. Entretanto, não sejamos
nunca resignados.
A Academia abre suas portas para receber o seu mais novo
integrante, Joaci Góes, baiano de Ipirá, de prestigioso currículo, e
cuja personalidade tem-se projetado, ao longo de uma vida laboriosa, sobre os múltiplos vetores de empresário, político, jornalista
e escritor. Ocupa hoje a vaga aberta com o falecimento do nosso
sempre lembrado e querido amigo Pedro Moacir Maia, em cadeira
39
que tem a pródiga tradição dos luminares já mencionados pelo nosso
homenageado, ao me preceder na tribuna.
É pois uma data de alegria para sua vasta legião de admiradores
e amigos. Autor de dois livros sobre a inveja e o ódio, raros na bibliografia brasileira, em ambos Joaci Góes esmiúça, com competência
e erudição, os desvãos da misteriosa alma humana, sob o embate
de algumas das suas emoções mais perturbadoras e violentas. Nada
mais precisaria escrever para que ingressasse nesta Casa, mas já nos
brinda com opulenta obra sobre vocação.
Ao completar a leitura dos dois volumes citados, tomei, pois,
do Rio de Janeiro, a iniciativa de indicar o nome de Joaci Góes a
uma das vagas existentes na Academia, sem favorecimentos, pelo
critério exclusivo do mérito. Foi um compromisso de elementar
justiça. Atentei para o fato de que vivemos hoje na Bahia e no
Brasil uma lamentável época de retração da crítica, de pobreza de
bons resenhistas de suplementos literários, que aliás escasseiam, da
perda de qualidade dos leitores interessados em comentar os livros
importantes, muitas vezes negligenciados.
Já não temos hoje em nosso universo de leitores nomes do porte
de Carlos Chiacchio, Pinto de Aguiar, que de tão obcecado leitor
acabou transformando-se em grande editor, fundador da memorável
editora baiana Progresso, Carvalho Filho, Godofredo Filho e Hélio
Simões, que, sendo escritores, tanto dignificavam também o exercício
da leitura, com preciosas críticas e sugestões aos autores, nascidas de
conhecimento e de sensibilidade humanística. Reina frequentemente
nos meios literários a insidiosa conspiração do silêncio, morte da
literatura. Era preciso vencê-la, e por isso fiz a presente indicação,
afinal vitoriosa, numa decisão que honra a Academia.
Não posso nem devo alongar-me, porque a festa é do confrade
que chega. Mas, para evitar a pecha de usurpador, não quero incorrer
na de omisso.
É da praxe acadêmica que falemos ao público sobre os aspectos mais destacados da vida e da obra do novo conviva, por mais
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conhecidas e louvadas sejam as suas qualificações. Tenho o dever
protocolar de fazê-lo, mas esta obrigação é também um prazer e um
privilégio, pela causa da boa literatura.
E já que falei em praxe, não pretendo observá-la, entretanto,
no tratamento, suprimindo as “excelências” e os “ilustríssimos”. A
Academia é sobretudo uma amorável reunião de pessoas dedicadas
às letras e às humanidades, que se organizam para perpetuar a tradição do saber e da escrita. Os credos e as distâncias aqui se anulam.
É, enfim, uma confraria de iguais, que detestam a retumbância das
etiquetas e o desnivelamento das hierarquias.
Se os fatos ligados a mim são hoje e aqui irrelevantes, quero
iniciar, contudo, com uma confissão pessoal. Jornalista como Joaci
Góes, também, como ele, em determinado momento da minha
vida, quis ser político. E isto porque Joaci encarnou, para mim, o
ideal do político em seu mais alto sentido, em seu significado mais
profundo: o daquele que, sacralizado na carreira pelo voto do povo,
soube colocar-se a serviço das aspirações públicas, com uma atitude
inédita, eu diria mesmo assombrosa, nos dias que correm: no auge
do seu prestígio, tendo à sua disposição a força eleitoral e os votos
que quisesse para reeleger-se à Câmara Federal, Joaci Góes renunciou
à vida pública, desiludido com o que testemunhara na convivência
parlamentar. E olhem que ele integrava a Constituinte que tinha o
dever de levar o Brasil à redemocratização, após a longa noite política
da ditadura de 64.
Fazia parte de um grupo de deputados comprometidos com a
abertura, alguns devotados e até mesmo heroicos nos seus compromissos para com os destinos do País, outros uns oportunistas que
iludiram a consciência democrática da Nação. Assim, entretanto, é
a vida pública, numa dualidade que, mais, talvez, do que uma realidade política, traduz as oscilações do frágil caráter humano, quando
confrontado com seus interesses.
Joaci Goés integrava, ao lado de Ulysses Guimarães, Teotônio
Vilela, Leonel Brizola, Mário Covas, Tancredo Neves, Sobral Pinto,
41
Barbosa Lima Sobrinho, Rômulo Almeida, Waldir Pires e outros
pró-homens da resistência ao militarismo recalcitrante, apoiado
pela subserviência e pelo oportunismo dos políticos beneficiários
do golpe, a grei ilustre dos combatentes que fustigavam a opressão
e se recusavam a viver sob as trevas. Espero não ter resvalado nas
omissões indesejáveis, mas não era certamente muito mais extensa
essa lista de bravos.
No âmago daquelas duras lutas políticas, em anos de ainda
dúbia e dificultosa definição de rumos para o país angustiado,
destacou-se, inclusive, como coordenador da bancada federal do
PMDB da Bahia, que iria ajudar nossa terra a libertar-se da tirania
local, e sobretudo como o relator do Código de Defesa do Consumidor, cuja Comissão presidiu no Parlamento, obtendo-lhe, enfim, a
aprovação, para o que foi decisiva sua presença em debates e palestras
realizados em todo o País, em 1989 e 1990. Foi o itinerante cruzado
da defesa do bolso do povo, num país que apenas privilegiava o interesse de quem produzia e vendia, mesmo produzindo com defeito
e vendendo sem ética.
Só essa notável vitória seria em si mesma suficiente para consagrá-lo como representante da sociedade brasileira no Congresso.
Tendo ajudado a redefinir os caminhos do País após o regime de
exceção, prestigiado como o parlamentar que obteve a elevação de
recursos orçamentários de modestos onze por cento para quarenta,
destinados especificamente ao Nordeste, conhecido pela ampla difusão do Código de Defesa do Consumidor e com seu nome sempre
lembrado para o Senado ou para o governo do Estado, certos rumos
da vida congressual ainda assim não se coadunavam com a sua visão
da função social e dos objetivos da política, e por isso mesmo Joaci
Góes encerrou por moto próprio a militância. Foi cuidar dos negócios
privados e fundar uma universidade.
Já antes, em 1969, por seu convite, o arquiteto Lúcio Costa, um
dos construtores de Brasília, veio a Salvador para projetar o bairro
Patamares, uma das mais significativas realizações da Goés-Cohabita,
42
por ele fundada e presidida, dentro do espírito empreendedor legado
pelo seu pai, o Sr. João Góes, o estimado “Sêo” Gosinho. Tempos
depois, tendo realizado um curso, em 1975, em Stanford, construiu
em Porto Seguro uma universidade, tomando como modelo o
campus norte-americano, cujo funcionamento observou nos EUA.
O primeiro complexo das Faculdades do Descobrimento, esse o
nome da nova instituição, recebeu o nome de Roberto Santos, em
homenagem ao grande governador, padrão de moralidade política e
de respeito à coisa pública. Não satisfeito, Joaci doou ainda a Porto
Seguro uma magnífica biblioteca aberta ao público, a que deu o
nome de “João Ubaldo Ribeiro”, numa homenagem ao escritor já
prestigiado nacionalmente.
O lugar comum do jargão político costuma definir o Parlamento como “o eixo da democracia”, “o suporte da democracia” e
coisas do mesmo gênero. Mas não são necessárias tantas palavras: o
Parlamento É a democracia. Até os piores regimes autoritários que
o mundo já conheceu, como o nazismo de Hitler e o comunismo
stalinista, não dispensavam o ornamento e a simulação de presumíveis casas congressuais, como o Reichstag e a Duma, para fingir que
ouviam representantes do povo, todos silenciados pela obediência
servil ou pelo medo do chicote opressor, o látego dos tiranos.
Por isso, senhoras e senhores, já encerrada a minha atividade
jornalística numa redação, pensei certo dia em candidatar-me a
deputado federal. Movia-me o idealismo. Achava digno continuar
a dura luta jornalística de toda a minha vida – mais de 20 anos de
presença diuturna num matutino, em tempos temerários, como
lembrava o belo título do livro de Nestor Duarte – no cenário do
Parlamento Nacional.
Peço licença ao nosso homenageado, que lá esteve e não quis
continuar, para ampliar esta breve confissão, pela primeira vez tornada pública: no início dos anos 90, agendei, no Rio de Janeiro,
uma reunião com Leonel Brizola para discutir as bases da minha
candidatura. Eu o admirava pela coerência política e pela bravura
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revelada no episódio traumático da deposição de Jango. O breve sonho logo se dissipou. Um dia antes do encontro, com prazo definido
e generoso, Brizola anunciava em jornais cariocas que apoiaria, na
Bahia, forças políticas que eu considerava retrógradas e abomináveis,
com as quais nunca subiria num palanque. Acabei ficando de uma
vez no Rio, para não ter que testemunhar no plano baiano o retorno
da hipocrisia, da impostura e da opressão.
Não tive, pois, a ventura de Joaci Góes e não pude tornar-me
deputado em luta pela consolidação democrática. Mas confesso que,
em meus livros e artigos de jornal, sempre usei a palavra “democracia”
no Brasil com grandes reservas.
Nem sei mesmo ainda hoje se, salvo de referência ao curto
hiato do governo Juscelino, podemos empregá-la no País sem constrangimento conceitual. Não me refiro à democracia formal, aquela
fundada na presumível partição dos poderes e no ambivalente jogo
das simulações institucionais, no jogo, enfim, do faz de conta. Penso
efetivamente na democracia como o predomínio do império das
leis a serviço da plenitude da cidadania e das aspirações coletivas. Já
escrevi em meu livro Memórias das Trevas, e o repeti várias vezes em
artigos, que no Brasil o poder não está nunca a serviço da sociedade,
mas sim do grupo que o detém.
É uma contrafacção histórica, cujo desdobramento levou à
degradação que todos os brasileiros estão testemunhando nos dias
que correm, sob o espanto da desmoralização progressiva do Parlamento, incluindo Câmara e Senado, da derrocada das instituições,
sem excluir parte da imprensa, e dos tribunais. Predomina hoje no
País, mais do que nunca, a ideologia do oportunismo, acintosa e corrosiva, promovida por conhecidos (e diariamente citados) políticos
desavergonhados, íntimos dos cofres públicos e privados. Só não os
cito nominalmente aqui porque, além de notoriamente conhecidos,
não pretendo perturbar com revelações óbvias este clima de confraternização e de festa. Mas todo momento é importante quando se trata
de denunciar e combater a fraude das instituições e o esvaziamento
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da democracia. A consciência social não pode acomodar-se e deve
agir como um instrumento de libertação.
Creio, meu bravo amigo Joaci Góes, que não estou deslustrando a sua investidura ou tampouco importunando o auditório que
veio ouvi-lo, pois, afinal, estou evocando fatos que em sua trajetória
política foram tenazmente combatidos. Da sua atividade no Congresso recebemos um legado de realizações e decência parlamentar,
coroado pela autodesejada e refletida interrupção de uma carreira
vitoriosa, como protesto. Neste particular, pôde o amigo mostrar-se
digno das lições de compostura e honradez pessoal historicamente
legadas à Bahia pelo grande líder Otávio Mangabeira, o “democrata
irredutível”, como bem o definiu Paulo Segundo da Costa, na biografia que lhe dedicou, e do qual o ágil poeta Sílvio Valente disse,
com graça, nestes tercetos:
Jamais no peito a grande voz calou-se!
E árvore antiga, hoje se enflora e exulta,
Dando a mangaba cada vez mais doce.
São de Otávio Mangabeira estas palavras proféticas: “Amaldiçoada a corrupção, desgraçadamente a grande lepra da atualidade na
República!”. Se vivo estivesse e avaliasse a vida nacional, estou convencido de que acharia ter despencado, hoje, num leprosário. Não
nos esqueçamos de que dele também é a frase famosa, segundo a qual
“pense em um absurdo, na Bahia há um precedente”. Basta evocarmos
a inconcebível mudança do nome do aeroporto Dois de Julho, data
sagrada e intocável dos baianos, para sentirmos a dura veracidade da
frase. Nenhuma terra esquece o que deve aos seus heróis.
Preciso agora falar do nosso homenageado como o jornalista
que, durante tantos anos, a partir de 1975, orientou e dirigiu, num
clima de ameaças da ditadura, sempre hostil à imprensa, o jornal
Tribuna da Bahia, fundada em 1969 pelo saudoso Elmano Castro,
45
com sentido renovador. Foi a Tribuna, suplantando o veículo cuja
redação eu comandava, o Jornal da Bahia, iniciado em 1958, o primeiro órgão da imprensa baiana a usar o sistema off-set de impressão,
considerável avanço tecnológico para a época. Sua redação era integrada por jovens competentes e dedicados, sob a chefia, primeiro,
do saudoso jornalista Quintino de Carvalho e, tempos depois, por
João Ubaldo Ribeiro, que já começava a trajetória literária que o
consagraria como romancista. Foi a Tribuna, sob a direção de Joaci
Góes, o jornal pelo qual respirava o governo democrático de Waldir
Pires, acossado noite e dia pelo desrespeito e pelas agressões, não só
políticas como pessoais, do seu rival e implacável opositor, derrotado
nas urnas. Mas, através de uma transação indecente, conseguira este
retransmitir na Bahia a programação de poderosa emissora de TV,
cujo noticiário local usava para difamar o novo governo.
Eu o integrava, então, como discreto assessor, mas, incomodado
com a falta de reação, inclusive na Assembleia Legislativa da Bahia,
fui procurar um dia Joaci Góes, que me recebeu gentilmente em seu
apartamento na Federação. Disse-lhe que estava acontecendo um
desastre e que era preciso reagir com firmeza às seguidas tentativas
de humilhação e deboche.
Propus, então, escrever na Tribuna uma série de artigos contestando as infâmias. Como se tratava de iniciativa exclusivamente
pessoal, deveria fazê-lo sob pseudônimo. Essa velha prática do
jornalismo brasileiro não me agradava, e eu jamais a utilizara antes
na minha carreira, mas a ela precisava recorrer, porque não tinha
nenhuma autorização oficial para lançar-me àquele tipo de luta.
Joaci Góes entendeu minha posição, concordou e organizamos ali,
espontaneamente, uma espécie de complô embrionário da resistência. São fatos trazidos a público pela primeira vez e engrandecem a
trajetória do jornalismo independente.
Lembro outro episódio: foi a Tribuna o jornal que noticiou
com mais destaque a vitória que obtive em 1972 – um dos anos mais
tenebrosos da ditadura, com mortes seguidas nas prisões – triunfan46
do, num Tribunal Militar, sobre os arreganhos do então governador
da Bahia, desejoso de encarcerar-me numa das masmorras do golpe.
Escapei graças à competência do advogado Heleno Fragoso, em
julgamento de grande repercussão nacional.
Também Joaci Góes teve que enfrentar as intimidações do
governador e do regime que o sustentava, particularmente no momento em que assinou um manifesto contra a cassação do deputado
Francisco Pinto, alvo da fúria castrense porque se colocara contra
a vinda, ao Brasil, do general Pinochet, o nazista que comandava o
Chile, depois de matar Allende.
Essa ocorrência impediu que o nosso homenageado pudesse
inscrever-se num curso na Escola Superior de Guerra, por veto do
Serviço Nacional de Informações, o SNI, órgão ativo da repressão.
Eram assim tratados os jornalistas independentes, naqueles tempos
selvagens. Lutávamos como podíamos, pois, segundo a frase de Leonor Roosevelt, que nosso homenageado gosta de lembrar, “ninguém
é capaz de humilhá-lo sem o seu consentimento”. Não consentíamos,
nunca consentimos, mas a luta era muito perigosa e desigual. Entretanto, lutamos. Não nos deve preocupar o medo de perder as
batalhas, mas sim o de não participar delas.
É preciso registrar, inclusive, fato pouco divulgado, que a
censura se tornava bem mais intolerante e drástica em relação à
imprensa do Norte e Nordeste, pois o golpe era mais cauteloso ao
vigiar os jornais do Sul, para evitar a repercussão internacional das
interdições e dos vetos. Um grupo de homens despóticos se julgava
no direito, que jamais pode existir numa sociedade civilizada, de
dizer aos cidadãos o que eles deviam pensar ou fazer. A tirania é a
mais repulsiva das manifestações do poder.
Mas certas discriminações, sobretudo no plano cultural, continuam presentes na vida do Brasil. Os valores regionais, e são muitos em variados domínios, precisam deixar suas áreas para triunfar
nacionalmente. A Bahia, por exemplo, quase não existe hoje para
os jornais, os suplementos, as editoras e as iniciativas culturais do
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Rio e de São Paulo, a não ser como a terra extravagante do acarajé,
do coco e do axé.
Não há duvida de que vamos perdendo, há anos, densidade
cultural. E se somos propositadamente isolados, pois é óbvio o intuito de colonialismo interno, era o caso de reagirmos, fazendo do
nosso rincão uma comunidade cada vez mais sólida, independente
e determinada, social e culturalmente.
É o momento de falarmos de Joaci Góes como escritor, prestigiado por suas duas obras básicas, os livros A inveja nossa de cada
dia e Anatomia do ódio, respectivamente de 2001 e 2004, ambos
editados pela Topbooks de José Mario Pereira, aqui presente, o editor do qual o reputado crítico Wilson Martins disse ser o único, no
Brasil, com visão e competência cultural, presentes em tantas obras
já divulgadas, inclusive de autores do passado.
O grosso volume de 526 páginas que o nosso homenageado
dedicou ao estudo da inveja é livro que lemos com delícia e ... temor.
A cada passo receamos identificar-nos naquelas páginas recheadas de invejas e invejosos célebres nas crônicas do mundo,
imemorialmente. Nas ciências, na literatura, nas artes, na música,
nos esportes, nas universidades, nos laboratórios, na política, nas
administrações públicas e privadas, nas academias, é claro, não há
quem já não tenha sentido inveja de uma descoberta, um livro, um
soneto, um quadro, uma melodia inspirada, uma jogada magistral,
uma conquista, um avanço, uma excepcional realização, qualquer
maravilha, em suma, que tenha sido concebida já não diríamos por
um rival, mas por um simples mortal que nos superou em capacitação, fantasia, força criadora, inventividade, domínio dos seus meios
de expressão.
A república das letras e das artes, por exemplo, costuma ser
povoada não por convictos democratas, mas por monarcas absolutistas, cada qual desejoso de impor a todos as suas leis (por isto são
implacáveis as teorias e as escolas) e levantar todos os troféus. É no
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terreno da criação artística, das letras e das humanidades, sempre
propensas a exaltar formalmente a dignidade da convivência humana, que a inveja costuma espalhar suas tropas mais aguerridas. Um
romance de excepcional êxito de público e crítica pode fulminar um
rival ou levá-lo a uma longa depressão. O grande Borges lembrou,
com exatidão, que diante de um belo verso sentimo-nos inclinados
a recitá-lo em voz alta. Eis uma forma sutil de apropriação, pois, na
verdade, gostaríamos de tê-lo escrito. Já os pastiches, por sua vez,
são invejas dissimuladas.
Joaci Góes começa o seu alentado livro, elogiado pelo prefaciador José Ângelo Gaiarsa, psicanalista afamado, que logo o considerou
exemplo de “documentação e argumentação impecáveis”, lembrando
que “a inveja é o mais presente e o mais nocivo de todos os sentimentos
(...), o maior segredo (...) e o mais inconfessável de todos os pecados”.
Também “um modo de ver carregado de amargura”, presente desde os
tempos bíblicos, pois nos Evangelhos ficamos sabendo que Lúcifer
acabou sendo um anjo amaldiçoado e decaído por revelar-se enciumado com o poder de Deus. O demônio nasceu da inveja.
Efetuando exaustivo levantamento da longa crônica da inveja
em todos os tipos de atividade, estudando o que sobre ela escreveram
ou como a ela reagiram filósofos, publicistas, poetas, músicos, chefes
de Estado e uma densa relação de fontes estudadas, Joaci a revelou
como uma realidade transistórica, imutável e permanente na vida
humana. Ela se instala como um lobo feroz no universo emocional
de homens e mulheres, em geral com efeitos devastadores.
Mostra o nosso homenageado, com pena detalhista, que à
inveja não ficaram imunes os mais altos poetas, os mais inspirados
pintores e músicos, cientistas, descobridores, gênios de todas as
épocas e lugares. É um fenômeno que transcende os homens para
instaurar-se entre nações, citando o autor o antijudaísmo de Hilter
como expressão de antiga inveja da Alemanha para com as práticas
e as tradições dos judeus, execrados longo tempo pelo cristianismo.
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Em trecho relevante, a investigação nos adverte que é unicamente em virtude dos mecanismos sociais de convivência que o
ser humano invejoso (potencialmente, todos nós) contêm os seus
impulsos destrutivos diante do objeto que o subjuga. Diz ele: “A
convivência social exerceria um papel imperativamente repressivo do
qual nasce o conformismo”. Quer dizer: invejosos... mas conformados
com o êxito alheio, fato que não se manifesta apenas na órbita das
altas criações, mas nas simples relações entre vizinhos, em que um
lamenta e deseja o carro novo do outro...
Num plano mais ambicioso, a inveja seria até mesmo, no rol
das reações humanas em escala universal, “um modelador em grande
medida da História”. Fato curioso: na longa lista de personalidades
citadas no livro para fundamentar a ampla conceituação da inveja
e suas consequências, nosso autor relaciona apenas homens, todos
luminares e famosos. Não surpreende a sua generosidade para com
as mulheres, desde quando, entre as suas teses mais estimulantes,
está a de que a inveja do homem nasce basicamente da rivalidade
que eles exercitam entre si, levados pelo instinto de competição e de
dominação “de coisas e pessoas”, o que naturalmente inclui a luta
pela posse das fêmeas. “O macho” – diz ele – “encararia a vida como
se fosse um campeonato interminável”, com o objetivo do “controle da
hierarquia”. Controle, enfim, nos negócios, na política, na guerra, na
criação, na vida e, naturalmente, no amor, que exacerba sentimentos
de disputa, confronto e posse.
Não devo mais, como é claro, por questões de limite de tempo,
estender-me sobre o livro de estreia do nosso homenageado, que
assim começou onde muita gente acaba. Mas se há uma palavra que
define com absoluta propriedade o que acabei de analisar, só me cabe
dizer: é uma obra ... invejável!
Gostaria de ressaltar que não me movem, neste discurso, as
obrigações acadêmicas de recipiendário, mas sim a formação e o
interesse do obstinado leitor e crítico literário que sempre fui, no
50
jornalismo, nos livros e no magistério, fato que me levou a indicar
o nome de Joaci Góes para a Academia como um ato de justiça
intelectual e cultural.
Seu segundo livro, o também alentado Anatomia do ódio, de
compactas 471 páginas, constitui a reafirmação das suas qualidades
de ensaísta, integrando-se numa linha pouco usual na literatura brasileira, onde são raras as obras de reflexão sobre a condição humana
no quadro das suas emoções fundamentais, fora, naturalmente, da
ficção. Por este aspecto, de certa forma Joaci vincula-se a uma tradição que vem da literatura ibérica dos chamados Séculos de Ouro, na
vertente do ensaísmo moralizante, em que se destacou, por exemplo,
Baltasar Gracián, com projeções na poesia cáustica de Francisco de
Quevedo. Reformadores da alma, empenhados em neutralizar-lhe os
venenos com o antídoto da literatura, numa tradição que remonta
ao estoicismo de Sêneca.
Não se preocupem, porém, que não vim aqui para fazer crítica
literária. O que desejo é apenas destacar o interesse pela leitura de
um livro que nos fala do ódio com uma profundidade e vastidão rara
em nossas letras (ou em outras, certamente), além de trazer sobre o
tema, no final, uma relação de breves pensamentos, alguns deliciosos,
como este de Byron: “O ódio é, de longe, o prazer que dura mais. Os
homens amam com pressa, mas odeiam devagar”. Reflitam também
sobre esta joia de Gandhi: “Olho por olho e o mundo acabará cego”.
E, no entanto, apesar de tanto sabermos do mal que esse sentimento nos causa, não há dúvida de que a história do mundo, desde
os tempos primitivos, é uma história de ódios. Esta lição eu e nosso
homenageado aprendemos diariamente à frente de um jornal, onde
nos acostumamos a conviver com “a cobiça e a desordem do mundo”,
para usar a expressão de Gay Talese, ao estudar a trajetória do New
York Times. Raro era o dia em que não nos obrigávamos a noticiar
uma agressão, um homicídio tenebroso, a irrupção de uma guerra
ou de um atentado, egoísmos, injustiças de governos, perseguições
51
religiosas ou políticas, racismo, discriminações etárias, supressão de
direitos, expansão do terrorismo e dos crimes políticos ou habituais.
Nossa experiência jornalística já nos havia revelado a intensidade do ódio político que se voltou contra nós na Bahia. Joaci
Góes, pois, ao escrever seu livro, não se entregou a um mero exercício intelectual, mas sim exprimiu o que lhe foi dado apreender
no enfrentamento pessoal do rancor e da intimidação. Livros assim
nascidos ajudam a compreender melhor a condição humana com o
objetivo de aperfeiçoá-la.
O grande reformador Luís Calvino, em sua obra fundamental
A instituição da religião cristã, asseverou que Deus permitiu aos homens as guerras, os crimes e a violência para que eles percebessem
que este mundo é falso, precário e fugaz, e se voltassem para a vida
eterna. Mas não é possível esquecer que a pátria do homem é antes o
mundo físico e que ele tem aqui um compromisso com a dignidade
e a decência da vida.
Anatomia do ódio é uma codificação da trajetória da violência
humana sobre os destinos do mundo, pontilhado de crueldades, permanentes conflitos devastadores, acumulação progressiva dos arsenais
de destruição e dos aparelhos repressivos de governos, instauração de
regimes despóticos com seus sistemas institucionalizados de tortura e
morte, esmagando os princípios universais do Direito e da dignidade
humana, sempre aviltados pelas tiranias. Vivemos sob o temor de
que a vastidão dos arsenais atômicos acabe rompendo o equilíbrio
mantido a custo pelo ser humano, dilacerado entre o impulso da
violência e o instinto de sobrevivência que as guerras neutralizam.
A insânia do homem já o fez despejar duas bombas atômicas sobre
populações civis. Milhares de pessoas morreram carbonizadas ou se
evaporaram em segundos, sob o impacto de um turbilhão de fogo
e radiotividade. Esse hediondo crime levou quem o autorizou a ser
considerado herói em seu país, da mesma forma que as praças do
mundo inteiro estão repletas de estátuas de guerreiros, invasores e
assassinos. Não espanta que seja assim, se o homem, semeador de
52
desertos e de mundos mortos, é também capaz de destruir os santuários da natureza de que ele precisa para sobreviver.
“O ódio é uma das emoções mais dolorosas e das mais difíceis
de lidar com sabedoria”, diz-nos Joaci, para, mais adiante, analisar
o ódio que nasce da opressão, não apenas a política, mas a que se
instaura também nas relações familiares ou de trabalho, além dos
ódios universais nascidos das guerras e das invasões, como a recente,
do Iraque, pelos Estados Unidos, que plantaram no mundo árabe
um caldeirão de ódios e de ressentimentos, embriões de retaliação
e vingança.
O ódio é a usina de ódios, mostra-nos a história dos povos, inclusive nas nações mais cultas. A notável França de escritores, pintores
e filósofos, eixo da cultura universal, foi também a sanguinária França
dos massacres dos protestantes, na noite de São Bartolomeu, e dos
banhos de sangue do Grande Terror revolucionário, quando, como
canibais, os cidadãos de Paris, entusiastas da guilhotina, também
decapitavam cabeças “lentamente, com serras”, marchavam com elas
na ponta de chuços e estacas, obrigavam as vítimas “a beber o sangue
dos mortos” e promoviam “estupros em série”, segundo revela David
Andress no livro O Terror. No seu famoso Dicionário Filosófico, Voltaire faz uma revelação surpreendente: o rei judeu David, o “Ungido
do Senhor”, vencedor de Golias, era um homem que, dominado
pela violência, degolava “crianças de peito”, chefiava 600 bandidos
invadindo terras dos aliados e matando velhos, mulheres e meninos,
traía amigos e espalhava a morte e a carnificina nas disputas tribais,
revelando uma personalidade desequilibrada e agressiva.
Com maior ou menor amplitude, Joaci Góes assinala os confrontos nascidos das discriminações políticas, religiosas, étnicas,
econômicas, gerando os guetos da miséria e da exclusão social. Parte
relevante é aquela em que aborda os efeitos da socialização sobre
a maneira com que homens e mulheres reagem ao sentimento de
ódio, os condicionamentos do sexo no contexto das reações violentas, não raro traduzindo bloqueios e interdições religiosas, éticas ou
53
históricas. Em suma, efetua um levantamento exaustivo, mas sempre
aliciante, da humana condição diante das solicitações extremas do
ódio, da raiva, da ira e da cólera, sob cujo influxo, diríamos nós, o
homem libera a sua congênita animalidade de predador. Em alguns
momentos, nosso homenageado aproxima as preocupações de análise
presentes nos dois livros citados, quando diz, por exemplo:
“A inveja (...) é um tipo de ódio contínuo, secreto, ardendo em
banho-maria”. Ou ainda: “A ira interage com muitas emoções, tais
como: temor, compaixão, arrependimento, alegria, vergonha, remorso,
amor, culpa, tristeza, ciúme, cobiça, ressentimento, inveja. Estas emoções
tanto podem preceder quanto suceder o sentimento de cólera”.
Busquei, pois, passar ao público uma ideia do conteúdo dos
livros iniciais de Joaci Góes, seus salvo-condutos para a cadeira que
hoje assume, e bem sei que outros estão chegando, inclusive A força
da vocação, em que, lembrando Confúcio, ele nos diz que “escolha
bem sua profissão, e você não terá que trabalhar um dia sequer em sua
vida”. Em gestação já se encontra o seu livro de memórias, que pressupõe o registro de uma vida dinâmica, completada nas atividades
de articulista e comentarista.
Nós o saudamos, pois, com emoção e com alegria, desejando
que, no convívio acadêmico, possa encontrar novos estímulos à sua
vocação de escritor, empenhado em transformar a educação num
fator de elevação moral e intelectual do povo brasileiro, como é do
seu confessado propósito.
Minhas senhoras e meus senhores, caro homenageado:
O homem tem a obsessão de tudo catalogar, classificar e dividir. Até o seu breve percurso existencial é fracionado em idades, a
última das quais recebe as ultrajantes palavras com que se execram a
velhice e a proximidade da morte inapelável. Mas a idade do homem,
a partir de quando ele adquire a consciência do mundo, é uma só,
inconsútil. Todo o tempo fugaz do ser humano deve ser o tempo do
54
amor e da amizade, da reverência à beleza e ao impulso mágico que
nos impele ao grande balé da vida, como frágeis dançarinos do acaso.
Não nascemos para a lamúria, para a renúncia ou para o desespero. E nós, escritores, que de alguma forma fomos contemplados
com o dom da palavra, devemos procurar usá-la para iluminar a
obscura consciência do homem, sempre indecifrável em seus desvãos.
Por mais irrelevantes que sejam esse dom e o nosso papel, temos todos
o dever de, com a magia e o mistério do verbo, conduzir para além
essa luz abençoada, farol do mundo, que nos ajuda a dilatar as nossas
esperanças e construir os nossos destinos, sob o império dos sonhos,
matriz das utopias, mas também da lucidez e da vontade soberana.
Muito obrigado a todos os presentes e ao nosso homenageado,
o novo acadêmico Joaci Góes.
Discurso de saudação ao ingresso de Joaci Góes
na ALB – Sessão solene em 24 de setembro de 2009.
55
Saudação a Joaci Góes (II)
Edivaldo M. Boaventura,
Presidente da Academia de Letras da Bahia
Companheiros da mesa alta,
Caras confreiras e estimados confrades,
Senhoras e Senhores,
Escritor João Ubaldo Ribeiro,
Senhora Lídice Góes,
Meu prezado acadêmico Joaci Fonseca de Góes,
A Cadeira de número 7, patrocinada pelo grande Cairu, está
novamente plena.
Joaci Fonseca de Góes entra nesta Companhia pela iniciativa
e pela palavra de João Carlos Teixeira Gomes, jornalista destemido,
escritor notável e articulista vibrante.
A Academia agradece ao confrade Teixeira Gomes a resposta
ao recipiendário.
Caro acadêmico de número 7 Joaci Góes,
Diria que a Academia repete a Universidade? Não.
A universidade se continua na Academia. A nossa alma mater,
a Universidade Federal da Bahia, está inclusa nesta Companhia,
liderada moralmente pelo nosso reitor de sempre, Roberto Figueira
Santos.
Conhecemos Joaci ainda na Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia, em 1959, ano consagrado ao centenário de
57
Clovis Bevilacqua. Foi o último do nosso curso jurídico e a primeira
série da sua turma, concluída em 1963. Foram os derradeiros anos
dourados, marcados pelo otimismo do desenvolvimento de JK. Dentre os seus colegas, destaco o advogado João Carlos Teles, consultor
jurídico deste sodalício para reforma dos estatutos.
Com inteligência enérgica, capacitado pela Faculdade, então
dirigida por Orlando Gomes, que este ano completa festejado centenário, Joaci ingressou no mundo empresarial, para o qual estava
vocacionado.
Cria e preside o grupo Góes-Coabita, complexo composto de
empresas que operam em distintos campos de atividade: construção
civil e rodoviária, imobiliário, comércio de veículos, hotelaria, comunicação, agropecuária, mercado financeiro, educacional e jornalístico.
Dirige a Tribuna da Bahia, de 1970 a 1997, hoje comandada por
Walter Pinheiro.
O empresário vitorioso agrega o sucesso político com a eleição
para a Assembleia Nacional Constituinte de 1988. Marca a atividade
parlamentar a contribuição ao Código de Defesa do Consumidor.
O nome de Joaci Góes é uma associação ao respeito democrático
ao cidadão consumidor.
A atividade do empresário direciona-se à educação e se aproxima
espiritualmente desta Companhia. Recentemente, deu à estampa A
força da vocação no desenvolvimento das pessoas e dos povos. “Mais que
um livro”, no dizer de Luciano Trigo, “trata-se da formulação de um
programa político para educação, a um tempo simples e ambicioso.”
A prática empresarial, política e educativa levam-no ao exercício de uma vertente moralizante, eticamente concebida. A reflexão
sobre costumes, virtudes, comportamentos, atitudes, tendências e
motivações expressa-se no robustecimento do filão que descobriu
e o explora com a força do seu potente talento manifestado nas
obras: A inveja nossa de cada dia, como lidar com ela; Anatomia do
ódio na família, no trabalho e na sociedade; e A força da vocação para
o desenvolvimento das pessoas e dos povos.
58
Indaguei-lhe como se descobriu um cultor da ética?
Respondeu-me:
– A integridade é obediência ao que não é exigido.
Com coragem, tem um marcante senso de autonomia e
confessou-me:
– Nunca humilhei ninguém e também nunca permiti que me
humilhassem.
Na trajetória de sucesso, Joaci é um vencedor, Deus Louvado!
Caro confrade e amigo Joaci Góes,
É uma alegria tê-lo conosco!
Você vem com o seu talento verbal, inteligência brilhante e
capacidade de trabalho, no momento em que a Academia se abre
para todo o território baiano.
Academia é honraria e é serviço, também, na síntese de Maurice Druon.
Soube bem se preparar para a chamada acadêmica, consagrada
pela eleição para suceder ao nosso querido Pedro Moacir Maia, que
primava em tudo pela qualidade, pelo requinte e pela distinção. Haja
vista a delicadeza das edições Dinamene. E nessa recordação chamo
Celeste Aída Galeão.
Aqui, na Academia, a sua reflexão ética sobre os costumes será
aquecida pela convivência na disseminação do conhecimento. O
nosso ofício é a convivialidade.
A Academia é bem o remanso da cordialidade sem dispensar
o humor e por vezes até a ironia, corretora inigualável dos excessos.
Caro Joaci,
Devidamente empossado, tudo que você precisa fazer agora
é acomodar-se na cadeira de Cairu, fundada por Ernesto Carneiro
Ribeiro, ilustrada por Borges de Barros, pelos nossos professores
59
Aloísio de Carvalho Filho e Nelson Sampaio e pelo bom gosto de
Pedro Moacir Maia.
Bem haja, meu caro confrade.
Seja bem-vindo.
Gratos a todos pela presença e mais ainda pela atenção.
Salvador, 24 de setembro de 2009.
60
A representatividade das gerações
Edivaldo M. Boaventura (*)
Toda tomada de posse é um momento solar na vida das academias. Provoca efeitos para a frente e para trás. Preencher uma cadeira
acadêmica é o final de um longo processo de escolha. Recorde-se
que toda eleição consagra, confirma Max Weber. A cadeia sucessória
é vivificada do patrono ao último ocupante no discurso do novo
acadêmico.
A tomada de posse do empresário e escritor Joaci Góes, em 24
de setembro de 2009, foi um previsível sucesso. O solar Góes Calmon encheu-se de gente e de emoções. O brilho da noite de posse
recordou momentos históricos passados quando era residência da
família do governador Francisco Marques de Góes Calmon. Recordese a recepção a Afonso Pena, candidato à presidência da República,
assim também a visita dos navegadores portugueses Gago Coutinho,
Sacadura Cabral e do príncipe Umberto de Sabóia.
Do mesmo modo, a mansão histórica abriu suas portas para
receber Joaci Góes com os seus familiares, amigos, colegas de faculdade e convidados. Sob os tetos impressionistas de Presciliano
Silva, só alegria!
Para começar a cerimônia, coube ao reitor Roberto Santos,
juntamente com as charmantes acadêmicas Consuelo Pondé de Sena,
presidente do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, e Myriam
Fraga, diretora da Fundação Casa de Jorge Amado, introduzi-lo no
sodalício.
61
Adentrado, acercou-se da mesa alta para a investidura. A sua
esposa, Lídice, colocou-lhe o colar, e o acadêmico nacional João
Ubaldo Ribeiro entregou-lhe o diploma. Assinado o termo de posse,
já como recipiendário, proferiu o discurso. Mas Joaci não leu o que
escreveu. Preferiu evocar o patrono da cadeira número 7, José da Silva
Lisboa, Visconde de Cairu, pai do liberalismo brasileiro, e rememorar
a cadeia sucessória, que começa com o fundador, Ernesto Carneiro
Ribeiro, primeiro presidente desta Academia. Carneiro Ribeiro foi o
responsável pela mais famosa polêmica gramatical havida neste país.
Bateu-se com Rui Barbosa, seu antigo aluno, resultando A réplica
e A tréplica. A polêmica acentuou o gosto baiano pela discussão do
vernáculo. Carneiro Ribeiro foi sucedido pelo historiador Francisco
Borges de Barros
Os seguintes ocupantes da cadeira de Cairu pertencem a uma
geração que está mais próxima de nós e que nos formou. Foram eles
Aloysio de Carvalho Filho, senador e professor de Direito Penal, em
suma, um democrata, e Nelson Sampaio, deputado e professor de
Teoria Geral do Estado, um dos fundadores da Ciência Política, na
Bahia. Nelson pode-se dizer que foi um scholar, espécie muito rara
entre nós.
Joaci sucede diretamente ao último ocupante, Pedro Moacir
Maia, que já é da nossa geração. Literato, adido cultural no Senegal,
Chile e Argentina, Pedro Moacir, estudioso das letras e da pintura.
Cuidou bem dos nossos azulejos e editou a requintada coleção
Dinamene.
É para a cadeira do inolvidável Carneiro Ribeiro que escolhemos Joaci Fonseca de Góes. A prática empresarial e política levam-no
ao exercício de uma vertente moralizante, eticamente concebida. A
reflexão sobre os costumes manifesta-se nas obras: A inveja nossa de
cada dia, como lidar com ela; Anatomia do ódio; e A força da vocação
para o desenvolvimento das pessoas e dos povos.
Na atividade empresarial, como na intelectual, Joaci é um vitorioso. Criou um grupo econômico com um complexo de empresas
62
que operam em distintos campos: construção civil e rodoviária,
imobiliário, comércio de veículos, hotelaria, comunicação, agropecuária, mercado financeiro, educação e jornal. Foi igualmente diretor
da Tribuna da Bahia
Indaguei-lhe como se descobriu um cultor da ética?
Respondeu-me:
– A integridade é obediência ao que não é exigido.
Na Companhia, a sua reflexão sobre os costumes será aquecida
pela convivência na disseminação do conhecimento. A convivialidade
é o nosso ofício.
Com coragem e energia, tem um marcante senso de autonomia
e confessou-me: nunca humilhei ninguém e também nunca permiti
que me humilhassem.
Contamos com Joaci para incrementar a abertura da Academia
para todo o território baiano e para novos programas.
A Academia é bem o remanso da cordialidade sem dispensar
o humor e por vezes até a ironia, corretora inigualável dos excessos.
(*) Artigo publicado no jornal A Tarde, em 09.10.2009.
63
Imortalidade
JBrito Alves (*)
O Aurélio dá como exemplos de imortais os membros da Academia Francesa e da Academia Brasileira de Letras. Ora bolas, os
membros da Academia de Letras da Bahia são, também, imortais,
por merecimento, pelos fatos e feitos de suas vidas, como é a de
Pedro Moacir Maia, que cedeu sua cadeira a Joaci Góes. Sei que as
letras que estão no nome da academia são um tesouro da tradição,
mas esses homens somente vivem sua imortalidade nos espaços
celestiais depois que dedicam a vida finita a cavoucar as minas das
oportunidades e do conhecimento, indo além das letras para atingir
o degrau mais alto e sublime do nirvana existencial.
A finitude que sedia a beleza da vida é o espaço entre o nascimento e a morte que delimita o ser e o não ser, mas a imortalidade
instituída pelas Academias altera o fato natural da morte como o
fim de um ciclo. Seria melhor reencarnar? Mas o reencarnado não
sabe que está reencarnado. E o morto não sabe que está morto.
Imortal é melhor!
Um poeta escreveu que “No céu você encontra os chatos de todas
as gerações, enquanto o mortal convive apenas com os chatos de uma
geração”. Mas lá você pode também escolher suas amizades. Assim
também é com os inimigos e desafetos não redimidos que estão no
inferno. Mas e as perdas? A maior delas são os amigos; são melhores
do que admiradores, pois estes cobram mais, enquanto os amigos
são carteiros do afeto. O imortal vê a despedida dos velhos amigos
de cada geração. Seu é o suplício de Sísifo. Quando faz uma porção
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deles, os novos amigos vão fazer festa no céu, quando começa de
novo a faina interminável do imortal para conquistar novas amizades.
A eternidade pode ser cansativa, do lado de cá e do lado de lá! Nas
duas situações, é preciso ascender, elevar-se sempre. É o que fazem os
melhores, pois dos piores não vamos falar, mas a estes a menor pena
imputável seria a leitura de todos os incunábulos legítimos, naquele
sentido de Friedrich Wilhelm Nietzsche para quem todo o mal que
lhes fizermos será para o bem deles, para que relinchem vida afora!
“A morte é comparável ao pôr-do-sol que representa ao mesmo
tempo o nascer do sol em outro lugar”, escreveu Schopenhauer. A fé
das pessoas religiosas fixa a possibilidade de suas características individuais serem conservadas numa alma imortal, como o começo de um
novo ciclo da vida, não extensivo aos ateus, mesmo imortalizados,
equivalente ao prêmio concedido pelas Academias de Letras. A morte
e a imortalidade têm algo em comum. Uma e outra são eternas, mas
se a morte iguala os homens, a imortalidade produz diferenças. O
homem renega a mortalidade assim como tem essa birra bizarra
com as diferenças, medidas pelo tamanho do ego de cada um, pois
enquanto uns querem construir o castelo, outros querem destruí-lo.
Todavia, os acadêmicos ainda não subtraíram a imortalidade de um
de seus pares. Imortal não tira a imortalidade de outro imortal – não
se trata de corporativismo –, mas o próprio imortal pode querer ir
embora, como o fez o inesquecível professor Pedro Moacir quando
decidiu fazer festa no céu. Mudou de casa! Joaci Góes vai desatar
nós na sua incomum rede neural para substituir o Pedro e suar e
molhar a camisa para representá-lo.
Epicuro dizia que “Quando nós estamos, a morte não está; quando a morte está, nós não estamos”. Se o imortal é inesquecível, nem
sempre é aquele que vive sempre. Matusalém ainda é lembrado, mas
seu feito maior foi ter vivido centenas de anos. Queremos mais dos
imortais, eis que a sua gravação eterna na lembrança dos homens
teria de emanar dos seus feitos, mas que uma parcela das coisas
que faz seja feita em benefício público, para transformar a graça da
66
imortalidade individual em prêmio dado tanto pela coletividade
como pela posteridade, naquilo que você ganha dos outros e que a
história registra porque foi merecido.
Advogado brasileiro, admirador quase devoto de Vila Lobos,
morreu já ocotogenário, ao ouvir pelo sistema de som uma música
do mestre no auditório onde palestraria sobre o mesmo. Uma boa
morte? Os homens santos se despediam dos mortais para cavalgar o
cavalo de São Jorge. Os orientais não temem a morte e o ocidental
não convive bem com a ideia da finitude das coisas e da vida. O cinema traz histórias dos Highlanders, homens que somente morreriam
se tivessem a cabeça cortada; no fim existiria apenas um deles agraciado com a mortalidade como o prêmio supremo. A imortalidade
acadêmica resolve o dilema, alimenta o ego, reforça a autoestima,
cria um estado de espírito que de velho torna o homem mais novo,
cheio de energias, mais forte para os embates da mortalidade. Como
os grandes homens que acabam acreditando nas próprias petas, o
imortal de classe é aquele que acredita na sua imortalidade!
(*) JBrito Alves, ex-secretário da Fazenda,
é PHD em Economia pela Columbia University (USA).
Artigo publicado na Tribuna da Bahia, edição de 9/10/2009.
67
Breve panorama da ALB
Constituída e instalada oficialmente em 7 de março de 1917,
a Academia de Letras da Bahia realizou sua sessão de instalação em
10 de abril daquele ano, sob a presidência do governador Antônio
Moniz.
Em 3 de julho de 1917 o governador sancionou lei que considerava a ALB de utilidade pública, comprometendo-se o governo
a dar-lhe instalação permanente em um edifício público, o que,
anos depois, se cumpriu, quando o interventor Landulfo Alves de
Almeida doou a sede que a Academia ocupou no Terreiro de Jesus.
Mais tarde, o então governador Antônio Carlos Magalhães ofereceu
a magnífica sede atual da ALB, no bairro de Nazaré (foto na contracapa desta publicação).
A proposta de criação da ALB previa a instalação de 40 cadeiras.
Durante a assembléia de constituição, porém, o dr. Américo Garcez
Fróes ponderou ser inadmissível a ausência, entre os fundadores, do
nome do dr. Arlindo Fragoso, razão pela qual renunciava à indicação
para corrigir aquela falha.
Uma solução alternativa resolveu a pendência. Foi criada, excepcionalmente, uma 41ª cadeira, provisória, a ser extinta assim que
surgisse a primeira vaga, o que veio a acontecer em 27 de setembro
de 1917.
A seguir, a relação completa das cadeiras, com os respectivos
patronos, fundadores e atuais titulares (em fevereiro de 2010):
69
Cadeira nº 1
Patrono: Frei Vicente do Salvador
Fundador: José de Oliveira Campos
Titular atual: Luís Henrique Dias Tavares
Cadeira nº 2
Patrono: Gregório de Matos
Fundador: Aloísio de Carvalho (Lulu Parola)
Titular atual: Paulo Ormindo de Azevedo
Cadeira nº 3
Patrono: Manuel Botelho de Oliveira
Fundador: Artur G de Sales
Titular atual: Anna Amélia Vieira Nascimento
Cadeira nº 4
Patrono: Sebastião da Rocha Pita
Fundador: Braz H. do Amaral
Titular atual: Geraldo Machado
Cadeira nº 5
Patrono: Luiz Antônio de Oliveira Mendes
Fundador: Carlos Chiacchio
Titular atual: Carlos Ribeiro
Cadeira nº 6
Patrono: Alexandre Rodrigues Ferreira
Fundador: Manuel A. Pirajá da Silva
Titular atual: Cleise Mendes
Cadeira nº 7
Patrono: José da Silva Lisboa, barão de Cairu
Fundador: Ernesto Carneiro Ribeiro
70
Titular atual: Joaci Góes
Cadeira nº 8
Patrono: Cipriano J. Barata
Fundador: Luiz Anselmo da Fonseca
Titular atual: Paulo Costa Lima
Cadeira nº 9
Patrono: Antônio Ferreira França
Fundador: José A. de Campos França
Titular atual: Cláudio Veiga
Cadeira nº 10
Patrono: José Lino dos S. Coutinho
Fundador: Antônio Moniz Sodré de Aragão
Titular atual: Mons. Gaspar Sadoc
Cadeira nº 11
Patrono: Francisco Gê Acaiaba de Montezuma, visconde de Jequitinhonha
Fundador: Antônio F. Moniz de Aragão
Titular atual: Yeda Pessoa de Castro
Cadeira nº 12
Patrono: Miguel Calmon du Pin e Almeida, marquês de Abrantes
Fundador: Miguel Calmon du Pin e Almeida
Titular atual: Aramis Ribeiro Costa
Cadeira nº 13
Patrono: Francisco Moniz Barreto
Fundador: Egas Moniz Barreto de Aragão
Titular atual: Myriam Fraga
71
Cadeira nº 14
Patrono: Francisco Gonçalves Martins, visconde de São Lourenço
Fundador: Bernardino José de Souza
Titular atual: Epaminondas Costa Lima
Cadeira nº 15
Patrono: Ângelo Moniz da Silva Ferraz, barão de Uruguaiana
Fundador: Otaviano Moniz Barreto
Titular atual: João Carlos Teixeira Gomes
Cadeira nº 16
Patrono: José Tomás Nabuco de Araújo
Fundador: Eduardo Godinho Espínola
Titular atual: João Eurico Matta
Cadeira nº 17
Patrono: Antônio Ferrão Moniz
Fundador: Gonçalo Moniz Sodré de Aragão
Titular atual: Ruy Espinheira Filho
Cadeira nº 18
Patrono: Zacarias de Góes e Vasconcelos
Fundador: José Joaquim Seabra
Titular atual: Waldir Freitas de Oliveira
Cadeira nº 19
Patrono: João Maurício Wanrderley, barão de Cotegipe
Fundador: Severino dos Santos Vieira
Titular atual: Cid Teixeira
Cadeira nº 20
Patrono: Augusto Teixeira de Freitas
Fundador: Carlos Gonçalves Fernandes Ribeiro
72
Titular atual: Aleilton Fonseca
Cadeira nº 21
Patrono: Francisco Bonifácio de Abreu, barão da Vila da Barra
Fundador: Filinto J. F. Bastos
Titular atual: Antônio Brasileiro
Cadeira nº 22
Patrono: José Maria da Silva Paranhos, visconde do Rio Branco
Fundador: Rui Barbosa
Titular atual: Clóvis Lima
Cadeira nº 23
Patrono: Antônio Januário de Faria
Fundador: João Américo Garcez Fróes
Titular atual: Samuel Celestino Silva Filho
Cadeira nº 24
Patrono: Demétrio Ciríaco Tourinho
Fundador: Luiz Pinto de Carvalho
Titular atual: Francisco Senna
Cadeira nº 25
Patrono: Pedro Eunápio da Silva Deiró
Fundador: Júlio Afrânio Peixoto
Titular atual: Fernando da Rocha Peres
Cadeira nº 26
Patrono: D. Antônio de Macedo Costa
Fundador: Cônego José Cupertino de Lacerda
Titular atual: Roberto Santos
73
Cadeira nº 27
Patrono: Francisco Rodrigues da Silva
Fundador: Frederico de Castro Rebelo
Titular atual: James Amado
Cadeira nº 28
Patrono: Luiz J. Junqueira Freire
Fundador: Francisco Torquato Bahia
Titular atual: Consuelo Ponde de Sena
Cadeira nº 29
Patrono: Agrário de S. Menezes
Fundador: Antônio Borges dos Reis
Titular atual: Hélio Pólvora
Cadeira nº 30
Patrono: Joaquim Monteiro Caminhoá
Fundador: Antônio do Prado Valadares
Titular atual: Paulo Furtado
Cadeira nº 31
Patrono: Belarmino Barreto
Fundador: Ernesto Simões da S. F. Filho
Titular atual: Florisvaldo Mattos
Cadeira nº 32
Patrono: André P. Rebouças
Fundador: Teodoro F. Sampaio
Titular atual: Gérson Pereira dos Santos
Cadeira nº 33
Patrono: Antônio de Castro Alves
Fundador: Francisco Xavier F. Marques
74
Titular atual: Ubiratan Castro
Cadeira nº 34
Patrono: Domingos Guedes Cabral
Fundador: José Virgílio de Lemos
Titular atual: Evelina Hoisel
Cadeira nº 35
Patrono: Manoel Vitorino Pereira
Fundador: Antônio Pacífico Pereira
Titular atual: Vago, em função do falecimento de Rubem Nogueira,
em janeiro de 2010
Cadeira nº 36
Patrono: Joaquim J. Fernandes da Cunha
Fundador: Afonso de Castro Rebelo
Titular atual: José Carlos Capinan
Cadeira nº 37
Patrono: João Batista de Castro Rebelo Jr.
Fundador: Almáquio Diniz Gonçalves
Titular atual: Dom Emanuel d’Able do Amaral
Cadeira nº 38
Patrono: Alfredo Tomé de Brito
Fundador: Oscar Freire de Carvalho
Titular atual: Armando Avena
Cadeira nº 39
Patrono: Francisco de Castro
Fundador: Clementino Rocha Fraga Jr.
Titular atual: Edivaldo M. Boaventura
75
Cadeira nº 40
Patrono: Francisco C. Mangabeira
Fundador: Octávio C. Mangabeira
Titular atual: Consuelo Novais Sampaio
Cadeira nº 41 (extinta)
Patrono: Manuel Alves Branco, visconde de Caravelas
Fundador: Arlindo Coelho Fragoso
Sérgio Sinotti (jornalista, editor)
Obs.: Dados históricos compilados do livro Breviário da Academia de Letras da Bahia — 1917 — 1994, de Renato Berbert de
Castro, 2ª ed., Conselho Estadual de Cultura, 1994.
76
Mensagens de congratulações
Sua presença na Academia de Letras da Bahia vem enriquecer o
já brilhante quadro de Acadêmicos da ALB e será motivo de orgulho
para todos nós.
Deputado Mário Negromonte (líder do Partido Progressista)
g
Na Academia de Letras, como em todas as outras atividades
exercidas pelo prezado amigo, você deixará a marca de sua excepcional
inteligência e sua marcante dedicação à causa pública e engrandecimento
da Bahia.
Adalberto Coelho
g
Dirijo-me ao prezado amigo para manifestar imensa satisfação
pela sua posse na cadeira nº 7 da Academia de Letras da Bahia.
Aproveito a oportunidade para externar votos de sucesso, felicidade
e desejo de uma profícua atuação na cadeira que ora assume.
Luiz Henrique da Silveira (governador do Estado de Santa
Catarina)
g
Cumprimentando-o pela filiação no tradicional sodalício, faço
votos de que a solenidade se revista do maior brilhantismo.
77
Aécio Neves da Cunha (governador do Estado de Minas Gerais)
g
O Tribunal de Contas do Estado da Bahia aprovou Moção de
Congratulações e Aplauso, de iniciativa do Exmo. Senhor Conselheiro
Antônio Honorato, em razão da posse de V. Sa. na Academia de Letras
da Bahia.
Na oportunidade, S. Exa. se pronunciou enaltecendo os relevantes aspectos da vida profissional e pessoal de V. Sa., com manifestações
expressas da Presidência da Sessão, que exercia naquela ocasião, e do
Exmo. Senhor Conselheiro França Teixeira, que a subscreveram.
Filemon Matos (conselheiro vice-presidente, no exercício da
Presidência).
g
Sua posse na cadeira nº 7 dessa Academia de Letras da Bahia
a enriquece enormemente com a chegada de tão respeitado escritor e
empresário.
Ellen Gracie (ministra do STF).
g
Quero parabenizá-lo por sua posse na cadeira nº 7 da Academia
de Letras da Bahia. Sua alegria em se tornar o mais novo acadêmico é
compartilhada por todos aqueles que o admiram e o respeitam. Tenho
pelo Estado da Bahia e também pelos baianos imenso respeito e admiração. Saiba que os aplausos não são apenas meus, mas de todos que o
têm como amigo.
Jarbas Vasconcelos (senador – Pernambuco)
g
Cumprimento com orgulho estimado amigo, por tão nobre acontecimento. Porto Seguro faz parte desta história. Lembramos do amigo
78
como precursor do desenvolvimento desta cidade, com elevadas decisões
e ações, desde os idos de 70, como até hoje acontece. É tempo e momento
de riqueza cultural e nos causaria especial regozijo, se vossa palestra sobre
“A Inveja” pudesse ser assistida por seus amigos desta cidade. A cadeira
7 está mais engrandecida e imortalizada.
Vivaldo Rêgo
g
A imortalidade que a Bahia lhe confere atribuindo-lhe merecido
assento na Academia de Letras da Bahia enche de justo orgulho os cidadãos da terra de Ruy Barbosa e a nós outros todos brasileiros.
Levamos aos amigos e aos acadêmicos baianos o abraço da comunidade jurídica de Minas Gerais, do Instituto dos Advogados de Minas,
do Colégio de Presidentes dos Institutos dos Advogados do Brasil e da
JASA Advocacia.
José Anchieta da Silva
Gustavo Henrique de Souza e Silva
(advogados )
g
O espírito do Barão e Visconde de Cairu, patrono da cadeira nº
7, ficará mais iluminado com o brilho do novo ocupante dessa cadeira
na Academia de Letras da Bahia.
Ganha a Academia, ganha a Bahia e, o principal, ganha a educação.
Alexandre Brust
g
Para ocupar a cadeira em que o Patrono é o Visconde de Cairu,
ninguém melhor que um homem público, político, escritor e empresário
cuja história é marcada pela coragem, dinamismo e seriedade.
79
Receba o meu abraço e transmita meus parabéns a quem também
merece: a Academia de Letras da Bahia.
Antônio Honorato (conselheiro do Tribunal de Contas do
Estado da Bahia)
g
Sinto-me honrado por tão nobre convite. Viver este momento é, sem
dúvida, de muito contentamento para mim e também Porto Seguro, que
vive vossa presença, interferência, colaboração e instrução de seu destino.
Ronaldo Torres
g
Alegro-me pela merecida escolha como Imortal da Academia de
Letras da Bahia, assumindo significativamente a cadeira nº 7, que teve
como patrono Visconde de Cairu.
Félix Mendonça (deputado federal)
g
A Bahia é prolífera em filhos que se destacam por suas obras literárias. A justa homenagem, com a cadeira de imortal, pela Academia
de Letras, sela esta vocação. Parabéns.
Geraldo Alckmin (ex-governador de São Paulo)
g
Cumprimento o prezado amigo no momento em que toma posse
na cadeira nº 7 da Academia de Letras da Bahia, com votos de continuidade do seu sucesso literário.
Profº Manoel J. F. de Barros Sobrinho (reitor da UNIFACS)
g
Cumprimento V. Exa. pela posse na Academia de Letras da Bahia,
desejando-lhe muito sucesso e felicidade.
80
João Otávio de Noronha (ministro do Superior Tribunal de
Justiça)
g
Envio meus cumprimentos pela posse na Academia de Letras da
Bahia.
Hamilton Carvalhido (ministro do Superior Tribunal de Justiça)
g
Venho cumprimentá-lo, com todo entusiasmo, pela posse na cadeira
nº 7 da Academia de Letras da Bahia. Manifesto a minha certeza de
que o notável literato e empresário prosseguirá na sua luminosa trajetória
de ser humano comprometido com a mais depurada ética e atualizada
competência.
Com todo apreço e admiração,
Carlos Ayres de Brito (ministro do STF – Supremo Tribunal
Federal)
g
Ganham todos os baianos e nós porto-segurenses por ter V. Exa.
no nosso convívio.
Vitória Alda (professora)
g
Meu caro Joaci,
Meu abraço de felicitações pelo seu ingresso na Academia Baiana
de Letras, engrandecida com seu talento, grande obra e cultura.
Camila e Zequinha pessoalmente expressarão nossa alegria, associados às alegrias da recepção e festa.
81
Espero receber os discursos.
O abraço do amigo e admirador
José Sarney (presidente do Senado Federal, ex-presidente da
República), em mensagem grafada de próprio punho, entregue
pessoalmente pelo deputado federal Zequinha Sarney.
g
Trecho do discurso proferido pelo deputado Geraldo Simões
(PT-BA), da tribuna da Câmara dos Deputados, na sessão de
29/09/2009:
Sr. Presidente,
Sras. e Srs. Deputados,
O Dr. Joaci Góes assumiu a cadeira que tem como patrono o ilustre
Visconde de Cairu.
O novo acadêmico é uma das personalidades mais importantes da
vida contemporânea baiana, seja pela rica e brilhante trajetória como
homem público, empresário, escritor, homem de imprensa e tantas outras
atividades às quais tem emprestado o contributo de seu reconhecido talento e operosidade, seja pela participação valorosa, meritória e corajosa
na vida recente de nossa terra.
A esta Casa, por exemplo, Sr. Presidente, Joaci Góes deu uma
contribuição digna dos maiores elogios, como registram os Anais deste
Legislativo, com destaque para o Código de Defesa do Consumidor, do
qual foi Relator, obra reconhecida como uma das mais importantes,
ofertada por este Parlamento à sociedade brasileira em defesa dos interesses
e direitos dos brasileiros.
82
Agradecimento
Nosso especial agradecimento às pessoas amigas que gentilmente
compareceram à sede da ALB para prestigiar nossa posse, com os
pedidos de escusas às que não estão mencionadas por ilegibilidade
de suas respectivas assinaturas no livro de registro:
Abigail Suarez, Adary Oliveira, Adelmo Oliveira, Adriana Lima
da Silva, Agenor Bomfim, Aidil Silva Conceição (desembargadora),
Aleilton Fonseca, Aleixo Belov, Alex Góes, Aline Ribeiro, Almir de
Oliveira, Almir Villas Leão, Almir Villas Leão Júnior, Altamirando
Borges, Aluísio Xavier de Albuquerque, Amanda Lorenzo, Américo
Paulo Paim e Souza, Ana Lúcia Frank, Ana Maria Moreira Costa,
Ana Maria Padilha, Anaiçara Góes, André Góes, André Menezes,
André Ney Negreiros Falcão, Andréa Maron Maia, Ângela Chaves,
Angélia Suarez Pinheiro, Angelina Garcez, Ângelo Calmon de Sá (exMinistro), Anita Soledade, Anna Paula Sandes de Oliveira, Antônia
M. C. Queiroz, Antonieta da Silva Carvalho, Antônio Burity, Antônio Carlos Bastos Baracho, Antônio Carlos Nogueira Reis, Antônio
Guerra Lima, Antônio Ivo, Antônio Lomanto Netto, Antônio Moura
Percontini, Antônio Moysés, Antônio S. Fernandes (ex-senador),
Antônio Walter dos Santos Pinheiro, Armando Cajazeiras Souza
Bento, Armênio Santos (diretor da Fundação Ulysses Guimarães),
Arquimedes Pedreira Franco, Arquimedes Teles de C. Neto, Arthur
Maia (deputado estadual), Artur Vicente Gallo Pedreira, Aurelice O.
Moreira, Aurélio Pires;
83
Berenice Ribeiro, Bruno Lopes do Rosário;
Camila Serra, Carlos Abreu Filho, Carlos Alberto Dultra Cintra
(desembargador), Carlos Alexandre, Carlos Boar, Carlos Sodré, Carmen Mueller, Carmen Regina F. Azevêdo, Ceci Alves, Celeste Aída
Galeão, César Lôbo, Cícero Sena, Clarindo Silva, Cláudia Carvalho,
Cláudio Mello, Cláudio Veiga, Conceição Maia, Conceição Queiroz,
Constança Castro Sales, Consuelo Novais Sampaio, Consuelo Pondé
de Sena, Creuza Damasceno;
Dalva Lopes Macêdo, Daniela C. de Oliveira, Diana Maria
Bezerra Gonçalves, Domingos Fernando Góes, Domingos Leonelli
(secretário de Turismo), Douglas de Almeida, Durval Freire de Carvalho Olivieri;
Edgard Teles, Edilson Santos, Edilson Vieira dos Santos, Edinei da Silva Gomes, Edison Góes de Araújo, Edith Coutinho Lima,
Edivaldo Machado Boaventura, Edlair Góes, Edna Cardoso S. Pedreira, Edna Moysés, Ednalva Mascarenhas Sampaio, Edson Calmon,
Edson Dias, Edson O’Dwyer, Edson Piaggio de Oliveira, Eduardo
Domingos, Eduardo Guimarães Pereira das Neves, Eduardo Pondé
de Sena, Eliana Kértesz, Eliete da Mota Ferreira, Elizama dos Santos
Souza, Elizeu Paranaguá, Elquisson Soares, Else Coutinho de Matos,
Emilia Maria, Emmanuel Oliveira, Eny Meirelles de Castro, Érica
Karina Andrade de Souza, Ernani Pettinati, Eugênio Mascarenhas;
Fátima Ruas Pedreira, Fernanda Martins, Fernando Frank,
Fernando Gentil, Fernando Moura Neto, Fernando N. Santos, Fernando Schmidt (chefe de gabinete do governador), França Teixeira
(conselheiro do Tribunal de Contas), Frances W. Landim, Francisco
Aguiar, Francisco Silveira, Francisco Xavier de Albuquerque (ministro
do Supremo Tribunal Federal);
Gabriela Garcia Mueller Góes, Geddel Vieira Lima (ministro da
Integração Nacional), Genaide Anízia Moreira dos Santos, Genebaldo
Correia (ex-deputado federal), Genilda de O. Santana, George Carvalhal, Geysa Mata, Giovanni V. Pisani (cônsul da Itália na Bahia), Gorgônio José de Araújo Neto (ex-deputado federal e juiz do Trabalho);
84
Hans Leusen (cônsul da Holanda na Bahia), Helaine Góes,
Hélbio Palmeira, Helena Carvalhal, Heleno Mendonça, Heliana
Praxedes, Heliane de Souza, Hélio Pólvora, Hermano Adolfo Gottschalck Souto, Hermano Augusto Machado, Hernani Silveira Castro,
Horácio Nelson Hastenreiter, Hugo Maia;
Iêda Barradas Carneiro, Ildásio Tavares, Ilza Carla Reis de Oliveira, Ioná Carqueijo Scarante, Iris Reis Ferraz, Isidro Otávio do Amaral
Duarte, Ismar Lobão Vieira, Itaberaba Lyra, Ivone Tourinho Viana;
Jaciara Fonseca de Góes Carvalho, Jacira de Góes Tourinho,
Janete Almeida, Jarbas Lopes de Menezes, Jayme Ramos de Queiroz,
Jayme Valverde Miranda, Jeferson Fonseca de Góes, Jeferson Góes
Filho, Joaci Góes Filho, João Alfredo Figueiredo, João Almeida
(deputado federal), João Carlos Teixeira Gomes, João Carlos Telles,
João da Costa Pinto Victoria, João Durval Carneiro (senador), João
Eurico Mata, João O. Torres, João Ubaldo Ribeiro, Johnson Barbosa
Nogueira, Joildo Góes, Jorge Tufic Derzi, José Álvaro de Carvalho
Sobrinho, José Araújo Almeida, José Arthur Lobão, José Carlos B.
Martins, José Cupertino Aguiar Cunha (promotor público), José
Dantas de Magalhães, José de Brito Alves, José de Oliveira Torres, José
Geminiano Conceição (desembargador), José Lúcio de Farias, José
Nilton Carvalho Pereira, José R. Bahia Sapucaia, José Sarney Filho
(deputado federal), Juan Baraúna, Jucilene Barreto Santos, Juliana
Melo, Juliana T. R. Cavalcante, Kamila Lopes de Oliveira;
Kathia Berbert, Kátia Lorena Piaggio de Oliveira;
Lealdina Torreão (desembargadora, primeira vice-presidente do
TJ-BA), Lêda Saraiva, Leonardo de Almeida Laroca, Leonor L. Paes
da Silva, Lêucio Flavio Moreira de Borges Sampaio, Leur Lomanto, Levi Alves Gomes, Lia Viana Queiros, Lídice da Mata e Souza
(deputada federal), Liege M. A. de Brito, Lise Weckerle, Lita Góes,
Lívia Amado Simões, Lívia Marta Viana Cohim, Lizin Arcanjo Alves, Lorena Piropo Azevêdo Leite, Lourenço Mueller, Lucas Oliveira
Moreira, Lucélia S. B. Mathias, Luciano Tourinho, Luci Barreto dos
Santos, Ludmilla Viana Cohim, Luís César Moreira dos Santos, Luís
85
Fernandes, Luís Viana Neto (ex-senador), Luiz Arthur, Luiz Carlos
Facó, Luiz Fernando Vilar, Luiz Fortunato Augusto da Silva e Cibele,
Luiz Henrique Dias Tavares, Luiz Maurício Costa Santana, Luiz Paulo
Eduardo L. Lopes, Luíza Pinheiro, Luzimar Novais;
Malba Cabral, Manoel Canário, Manoel Figueiredo Castro (presidente do Tribunal de Contas), Manoel Lorenzo, Marcelo Duarte,
Marcelo Gomes, Marcelo Nilo (presidente da Assembleia Legislativa
- BA), Marcelo Pessoa, Marcelo Silva Mathias, Marcelo Zarif, Márcia
Moura, Márcio Brito, Márcio de Oliveira Gusmão, Márcio Gomes,
Marcos Saraiva, Margarida Pereira da Silva, Maria Auxiliadora Figueiredo, Maria Bertine S. Fernandes, Maria das Graças Azevêdo,
Maria das Graças Góes Monteiro de Oliveira, Maria de Lourdes L.
Macedo, Maria Elisa Nunes, Maria Elizabete Saraiva, Maria Helena
Anunciação de Freitas, Maria Helena Póvoas, Maria José Sales Pereira
(desembargadora), Maria José Silva, Mariana de Góes Carvalho Baraúna, Maria Pólvora, Maria Solange Alves S. Paula, Maria Sepúlveda,
Mariângela Bião, Mariinha Raup (deputada federal pelo Estado de
Rondônia), Marilena T. Fonseca, Marilene Simas Góes, Maurício
Gonzalez, Meirelucia Ramos de Oliveira, Miguel Kertzman, Mollie
Cerqueira, Myriam Barradas, Myriam Fraga, Myrthes Chaves; Nair
de Carvalho, Nanci Silva, Nelson Cerqueira, Nelson José de Carvalho,
Nelson Teixeira, Nestor Duarte Neto (ex-deputado federal), Neuza
Castro, Ney Bianca R. Damasceno, Neyde Silva, Nilson Batista de
Souza, Nilson Silva, Nilzo Ribeiro;
Ocilene Lima, Oleone Coelho Fontes, Olga Lôpo Hastenreiter,
Oscar Santana, Osmar Sepúlveda, Oswaldith B. Fernandes;
Paulo Ferreira dos Santos, Paulo Ormindo, Paulo Salvatore,
Pedro Daltro, Pedro Dantas de Carvalho Júnior, Perla Andrade,
Priscila Castro Sales;
Raimundo Carvalho, Raimundo Heráclito de Carvalho, Raimundo Lopes Lisboa, Raimundo Pinto (desembargador, vice-presidente do Tribunal Regional do Trabalho), Ramon Dias Lisboa, Raul
Chaves Filho, Regina Cruz Rios, Regina Zobiak, Renata Carvalho,
86
Renato Mesquita Teixeira Gomes, Renato Simões (superintendente do
jornal A Tarde), Ricardo d’Ávila (juiz de Direito), Ricardo Paes,Rita
Vilar, Roberto Oliva, Roberto Santos (ex-governador da Bahia), Rogério Joaquim de Carvalho, Rogério da Costa Vargens (ex-reitor da
UFBa), Rômulo de Andrade Moreira (promotor público), Rômulo
Pondé, Rosana Ribeiro, Rozendo F. Neto, Rubem Mário, Ruth Pereira da Silva;
Samuel Celestino (presidente da Associação Baiana de Imprensa), Sara Silva de Brito (desembargadora), Sérgio Barradas Carneiro
(deputado federal), Sérgio Fraga Santos Faria, Sérgio Gaudenzi (exdeputado federal), Sérgio Sinotti, Sérgio Vieira, Sílvia Zarif (presidente do Tribunal de Justiça), Silvoney Sales, Siomara V. G. da Silva,
Sizenor Oliveira Lima, Solange Vianna Neto, Sônia Cansanção, Sônia
Jacobina Mesquita, Sônia Lemos Crespo (juíza de Direito), Sonia
Maceió, Susan Góes, Suzana Simões, Sylvia Athayde, Sylvio Marback;
Tarcila C. de Jesus, Telma Moutinho Ferreira, Tereza Fernanda,
Terezinha Cardoso, Terezinha Lima Santos, Terezinha Mendes, Thiara
P. S. Gomes,Ticiana Xavier Ferreira;
Valdir Raupp de Matos (senador pelo Estado de Rondônia),
Valmira Alice Cardoso, Valtécio Filho, Vanessa de Oliveira Barros,
Vanessa Santos de Jesus, Vânia de Jesus Dias, Vera Lúcia de Carvalho
Almeida, Vera Medauar Moreira (juíza de Direito), Verônica Nonato,
Victor Fernando Ollero Ventin (presidente da Federação das Indústrias
do Estado da Bahia), Vinicius Cansanção (ex-prefeito de Maceió,
ex-deputado federal), Virgínia Guimarães Góes;
Walter Baptista, Walter Mendonça, William Nascimento, Wilton Silva Mendes;
Zélia L. Lôbo, Zuleica Carneiro.
87
Imagens da solenidade de posse
A mesa solene da posse, composta, da dir. para a esq., pelo senador João Durval
Carneiro, senador Valdir Raupp, desembargadora Sílvia Zarif, ministro Geddel
Vieira Lima, Prof. Edivaldo Boaventura, deputado Marcelo Nilo, Fernando Schmidt, deputada Mariinha Raupp e Leonel Leal Neto.
Joaci recebe o diploma da imortalidade das mãos do amigo acadêmico, jornalista
e escritor João Ubaldo Ribeiro.
89
Em frente à mesa alta, Joaci recebe da esposa, Lídice, o colar de acadêmico da
ALB.
Joaci e a esposa, Lídice, e os filhos Joaci Filho (à direita) e Alex.
90
Joaci e Lídice Góes, deputada Mariinha Raupp e senador Valdir Raupp.
Joaci ladeado pelo deputado federal Zequinha Sarney e esposa, Camila.
91
Joaci, José Bahia Sapucaia, Jeferson Góes e Joildo Góes.
Joaci e o presidente do STF, ministro Xavier de Albuquerque.
92
Joaci, cumprimentado pelo ministro da
Integração Nacional,
Geddel Vieira Lima.
Joaci, Lourenço Mueller e
Gabriela Mueller Góes.
93
Joaci e o acadêmico João Eurico Matta e esposa, Geysa.
O ex-governador Roberto Santos assina o livro de presença.
94
Ministro Geddel Vieira Lima, Joaci, senador Valdir Raupp e esposa, deputada
federal Mariinha Raupp.
Joaci e o ex-reitor da UFBa, Rogério da Costa Vargens.
95
Joaci e o acadêmico João Carlos Teixeira Gomes, observados por Edivaldo
Boaventura.
Joaci e o ex-senador Luiz Viana Neto.
96
Joaci recebe os cumprimentos da desembargadora Lealdina Torreão.
Joaci e o presidente da FIEB, Victor Ollero Ventin.
97
Ex-ministro Ângelo Calmon de Sá, Joaci e senador Valdir Raupp.
Joaci e o deputado federal Sérgio Barradas Carneiro
98
Ao lado de Joaci, o ex-prefeito de Salvador e presidente do Tribunal de Contas
do Estado, Manoel Castro, e esposa, Neusa.
Joaci recebe os cumprimentos de Fernando Gentil, presidente do grupo financeiro
Darby - Private Equity.
99
Joaci, ladeado pelos acadêmicos Edivaldo Boaventura e João Ubaldo Ribeiro
Joaci e o jornalista Walter Pinheiro
100
Joaci e Antônio FrançaTeixeira, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado.
Joaci com Ednalva Sampaio e Marilene Góes.
101
Joaci com Ernani Castro, Priscila Castro Sales e Constança Castro Sales.
Mollie Cerqueira, Manoel Castro, Neuza Castro, Nélson Cerqueira e Joaci Góes.
102
Joaci e o colega acadêmico, prof. Cláudio Veiga.
Joaci com Fernando Frank e Ana Lúcia.
103
Joaci e sua irmã, Jacira Góes Tourinho.
104